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RELATÓRIO DE PESQUISA

ADOÇÃO E USO DE CÂMERAS CORPORAIS


PELA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL​
Fase 1 - Revisão da Literatura

Ket Jeffson Vasconcelos Leitão


Luanda Naiade Oliveira da Silva
Luciano Brinck Peres
Manuel Hermeto Vasconcelos Junior
Márcio José Freire Ribeiro
Rodrigo Kraemer
Wagner Rafael Maciel de Souza

Julho de 2023

Universidade da Polícia Rodoviária Federal


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 3
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................................ 4
3. EIXO SOCIOPOLÍTICO....................................................................................................... 5
3.1. Panorama de estudos na perspectiva do eixo sócio-político...................................... 5
3.2. Percepções de policiais...............................................................................................6
3.3. Questões raciais..........................................................................................................7
3.4. Redução do uso da força............................................................................................ 8
3.5. Vitimização policial.................................................................................................... 10
4. EIXO GESTÃO ORGANIZACIONAL E TÉCNICO-OPERACIONAL................................ 10
4.1. Panorama de estudos na perspectiva do eixo de gestão organizacional e
técnico-operacional.......................................................................................................... 10
4.2. Adesão ao protocolo operacional..............................................................................13
4.3. Tendências de despoliciamento................................................................................ 14
4.4. Impactos na rotina operacional................................................................................. 14
4.5. Redução das reclamações........................................................................................15
4.6. Verificação de problemas sistêmicos e estruturantes............................................... 15
4.7. As imagens em processos judiciais.......................................................................... 16
4.8. Uso de imagens e credibilidade das ações policiais................................................. 16
5. EIXO TECNOLÓGICO....................................................................................................... 16
5.1. Parâmetros básicos das câmeras............................................................................. 17
5.2. Posicionamento das câmeras................................................................................... 18
5.3. Privacidade dos abordados e dos policiais............................................................... 18
5.4. Infraestrutura de suporte........................................................................................... 20
5.5. Custo de implantação................................................................................................21
6. RESUMO DOS RESULTADOS......................................................................................... 22
6.1 Eixo sócio-político...................................................................................................... 22
6.2 Eixo gestão organizacional e técnico operacional..................................................... 23
6.3 Eixo tecnológico......................................................................................................... 24
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................... 25

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APRESENTAÇÃO

O presente relatório descreve os resultados obtidos na primeira etapa das atividades


de pesquisa relacionadas ao Projeto Estratégico Bodycam. O objetivo desta revisão é
apresentar à equipe do projeto, bem como ao efetivo da PRF e demais atores interessados,
aquilo que de mais relevante foi produzido acerca deste tema na literatura científica. Além
disso, o texto permitirá a esta equipe de pesquisa desenvolver as demais etapas do projeto
com base em sólida fundamentação teórica. O relatório, então, possui caráter
eminentemente descritivo e formativo em detrimento de análises dos métodos utilizados e
dos resultados obtidos nos estudos citados, as quais poderão ser exploradas na fase
experimental do projeto.

1. INTRODUÇÃO

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) publicou em em 04 de outubro de 2020 a


Portaria DG/PRF n. 844, que instituiu o primeiro Grupo de Trabalho (GT) “direcionado a
estudos sobre o uso de câmeras corporais por policiais rodoviários federais” (PRF, 2022). A
citada iniciativa veio em atendimento à Recomendação n. 14/2022, do Inquérito Civil n.
1.35.003.000063/2022-89, de autoria da 7ª Câmara de Coordenação e Revisão, órgão de
do Ministério Público Federal (MPF) em Sergipe (MPF, 2023, p. 8).
Posteriormente, em março de 2023, a PRF ampliou sensivelmente a extensão do GT
inicial, criando uma equipe multissetorial, formada por treze integrantes de diferentes áreas
administrativo-operacionais internas, conforme Portaria DG/PRF n. 64/23 (PRF, 2023a). Na
sequência, ainda no mesmo mês, foi instituído o Projeto Estratégico BODYCAM
(PE-BODYCAM), Portaria DG/PRF n. 86/2023, com o objetivo explícito de “implementar o
uso de câmeras corporais por policiais rodoviários federais no âmbito da Polícia Rodoviária
Federal” (PRF, 2023b). As medidas amplificadoras e assertivas mencionadas tinham por
escopo reiterar o compromisso da instituição em dar efetiva resposta à Recomendação
14/2022 do MPF, bem como à orientação legal subsequente, expedida pelo mesmo órgão,
constante na Recomendação n. 01/2023/MPF/PRM/PRP/SE/GAB-FPCM (MPF, 2023).
Como desdobramento das atividades das equipes multissetoriais do GT e frente à
necessidade da apresentação de subsídios científicos para o Projeto Estratégico, a
Universidade Corporativa da Polícia Rodoviária Federal (UniPRF) publicou o Edital n.
6/2023, que instituiu o projeto de pesquisa sobre o tema “ADOÇÃO E USO DE CÂMERAS
CORPORAIS PELA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL​”.

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A equipe formada a partir dessa iniciativa tem por objetivo realizar pesquisa
inter/transdisciplinar dentro das áreas de segurança pública e das ciências policiais a partir
do emprego da tecnologia de captação de imagens. O foco específico é a elaboração de
estudos e análises que abordem, tecnicamente, aspectos positivos e negativos sobre
possíveis modelos de implementação de tecnologias relativas ao registro audiovisual de
ocorrências policiais por meio da adoção e uso de câmeras corporais pela Polícia
Rodoviária Federal (PRF, 2023c). O trabalho foi planejado para ser realizado em três fases:
um mapeamento do conhecimento já produzido na área; uma proposta de aplicação; e um
projeto piloto na PRF. O objetivo deste relatório de pesquisa é o de apresentar os resultados
da primeira fase, um mapeamento da literatura apresentando o panorama das pesquisas
realizadas sobre câmeras corporais.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A primeira reunião da equipe de pesquisa científica ocorreu no dia 11 de abril de


2023. Na ocasião, foi apresentado o projeto estratégico aos presentes e discutidas as
melhores formas de trabalho para o alcance dos resultados esperados. Optou-se por
fazer-se uma busca sistemática de literatura, valendo-se de diferentes bases científicas:
Scopus, Scielo, Web Of Science (WoS) e IEEExplore.
Para as bases Scopus e WoS, os descritores utilizados foram “body”, “worn” e
“camera”. Na Scopus foram usados os campos “título”, “resumo” e “palavras-chave”; já na
WoS, foi realizada pesquisa em tópico. A base Scopus retornou 672 resultados e base WoS
801 trabalhos científicos listados.
Na base IEEExplore também foram aplicados os descritores “body”, “worn” e
“camera”. Essa base retornou sete resultados. Nas consultas realizadas via Scielo, foram
utilizados os descritores "câmera" e “polícia”. Não foram encontrados resultados relevantes
na base Scielo.
A partir dos achados, foi gerada uma planilha com os resultados, a qual foi
disponibilizada à equipe, que ficou responsável por filtrar os resultados mais relevantes,
pela leitura dos títulos e dos resumos dos documentos selecionados. Ademais, a equipe
buscou abarcar estudos produzidos em diferentes momentos e locais, com o objetivo de
apresentar o desenvolvimento da produção ao longo dos anos e os resultados obtidos sob
diferentes condições. Com o intuito de refinar a triagem e melhorar a abrangência e a
apresentação, o resultado desse trabalho é dividido em três eixos temáticos: sócio-político,
gestão organizacional e técnico-operacional, e tecnológico.

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3. EIXO SOCIOPOLÍTICO

A seção inicial do presente tópico descreve os dados destacáveis nas pesquisas


científicas estudadas, com ênfase nos aspectos de interesse social e político.
Analisou-se, num primeiro plano, quais fatores dessas esferas de convivência em
sociedade serviram como indutoras para a implementação das câmeras corporais em
efetivos policiais. Além disso, como desdobramento, verificou-se como os estudos
científicos debruçaram-se sobre a avaliação da percepção policial, antes e após a
implementação do equipamento.
Por fim, foram trazidas considerações acerca de questões étnico-raciais, dos
impactos no uso da força policial e vitimização policial.

3.1. Panorama de estudos na perspectiva do eixo sócio-político


No geral, os estudos publicados até o ano de 2015 buscaram sedimentar os
parâmetros para análise da eficácia do uso de câmeras corporais por instituições policiais.
Em relação à padronização terminológica, a nomenclatura e a sigla predominantemente
utilizadas nas pesquisas eram “body-worn cameras” e “BWC”.
Cubitt et al. (2016) apontaram que, até aquele ano, os principais pontos a serem
observados para a avaliação dos impactos dessa política pública tratavam do interesse
social na prestação de contas pelos órgãos policiais, com destaque para: diminuição das
reclamações de usuários, com foco no controle do uso da força por parte dos policiais;
redução da violência (assault) contra os agentes; aumento da transparência e accountability
das instituições; e melhora da produção de provas para o processo penal. Esses foram os
pontos destacados pelos autores de maior pressão social para a indução das políticas de
implementação.
Desta forma, uma vez que as câmeras corporais passaram a ser empregadas como
resposta dos governos à reivindicação pública de maior transparência nas ações policiais, a
maior parte dos trabalhos, sejam anteriores ou posteriores às efetivas implementações,
trataram das percepções dos agentes e da comunidade sobre o uso do equipamento
(MASKALY et al. 2017).
Apesar da importância desses estudos pioneiros sobre a pré e pós-implementação,
naquele momento havia uma pequena quantidade de pesquisas desenvolvidas, bem como
uma consequente dificuldade de padronização metodológica para a comparação desse
pequeno grupo de resultados obtidos (CUBITT et al. 2016).
Embora os problemas apontados nessa etapa inicial de formulação de estudos não
tenham sido completamente resolvidos, alguns pesquisadores indicaram maneiras de lidar

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com o volume e complexidade de dados gerados pelas câmeras. Lessing (2021) sugere
como requisito metodológico a necessidade da correta caracterização dos objetivos da
implementação das câmeras corporais para uma avaliação acurada dos resultados obtidos,
isto é, seria preciso fazer a decomposição das análises em linha com os objetivos
perseguidos, por meio de delimitações precisas, para melhor avaliação dos fenômenos
relacionados à aplicação das câmeras. Essa leitura reflete o padrão de publicações
científicas sobre o tema, posteriores ao período inicial da década passada, que, via de
regra, ficaram limitadas à avaliação de apenas uma ou de poucas dimensões do uso da
tecnologia.

3.2. Percepções de policiais


Um dos primeiros artigos científicos a investigar a percepção de policiais sobre o uso
de câmeras em Orlando, Miami (JENNINGS et. al., 2014), apresenta descobertas
importantes para o processo de implementação da tecnologia em análise pela PRF, uma
vez que foi realizado antes da disponibilização dos equipamentos para os policiais.
Na referida pesquisa, apurou-se que 62,7% dos agentes eram favoráveis à adoção
da tecnologia. Apesar dessa manifestação majoritariamente favorável, em contrapartida,
apenas um em cada cinco policiais acreditava que as câmeras aumentariam a segurança
dos agentes (18,7%). O estudo ainda revelou que 42,9% dos policiais acreditava que a
tecnologia aumentaria a aderência das ações dos agentes aos procedimentos-padrão,
enquanto que apenas uma parcela pequena (3,3%) acreditava que haveria mudanças no
padrão de uso da força (JENNINGS et al., 2014).
Uma avaliação de ordem qualitativa feita com agentes das polícias Inglesa e do País
de Gales, entre 2019 e 2020 aponta pouca mudança no comportamento policial, porém,
destacam-se duas alterações observadas: a) aumento da confiabilidade do policial na
interação com o cidadão, uma vez que as ações deste último estão sendo objeto de
filmagem; b) diminuição da verbalização do policial, com tendência para maior introspecção
e silêncio durante as interações (HARRISON et al., 2022).
O mesmo autor ainda relatou que a utilização das BWCs por outros países europeus
e EUA também foi avaliado comumente como algo positivo pelos policiais. Incluem-se entre
tais aspectos de avaliação: melhoria no comportamento do cidadão frente a câmera
(JENNINGS et al., 2014; DEMIR et al., 2020 apud HARRISON et al. 2022); redução do uso
da força (READY e YOUNG, 2015 apud HARRISON et al. 2022); aumento da cooperação
com a polícia; (READY e YOUNG, 2015 apud HARRISON et al., 2022) e diminuição das
reclamações públicas (ARIEL et al., 2015, 2016a apud HARRISON et al., 2022).
Recentemente, Cochran e Worden (2023) afirmam que os policiais, em geral,
constroem uma percepção equivocada dos efeitos do uso de câmeras corporais em suas

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atividades profissionais. Na visão dos autores, tal concepção seria comprovada pela
mudança de entendimento verificada em avaliações posteriores à implantação da
tecnologia. Em geral, os policiais acreditam que o equipamento irá interferir sobremaneira
no desempenho de suas atribuições. Após a adoção da tecnologia, verifica-se um uma
estabilidade das ocorrências e uma adaptação de boa parte da estrutura institucional, no
sentido de incorporar tecnicamente a nova realidade (COCHRAN e WORDEN, 2023).

3.3. Questões raciais


A implementação das câmeras corporais nos Estados Unidos foi impulsionada em
resposta à pressão pública por mecanismos que evitassem as disparidades raciais nas
abordagens conduzidas pelos agentes de segurança (HUFF, 2022). A autora realizou o
estudo com o objetivo de identificar se a utilização das câmeras auxilia positivamente nas
abordagens policiais em comunidades compostas por grupos minoritários, hispânicos e de
negros, em especial no que concerne à redução do uso da força e prisões ilegais.
Como primeiro resultado, constatou-se que, em comunidades negras, as chances de
prisão foram reduzidas em 38%, todavia, não se observou nenhum tipo de alteração desse
parâmetro com relação à comunidade hispânica. Apesar dos resultados, o estudo é enfático
em salientar que a redução das disparidades raciais e a promoção de abordagens mais
equitativas não são suficientes, e afirma que são necessárias mudanças políticas
estratégicas, que sejam vias estruturais para auxiliar na resolução destes problemas
(MCDONALD e BRAGA, 2019 apud HUFF, 2022).
O estudo de Voight et al. (2017) é de especial interesse para o projeto da PRF
porque tem foco nas abordagens policiais da fiscalização de trânsito. Conforme os autores,
esse tipo de interação é bastante frequente, pois mais de um quarto do público (com 16
anos ou mais) tem interação com a polícia ao longo do ano, comumente em abordagens de
trânsito.
O pressuposto do estudo era o de que as abordagens cotidianas, neste caso,
ligadas ao trânsito, são as que asseguram a confiabilidade na polícia e no sistema de
justiça, pois tal modalidade de fiscalização está ligada à maneira como o cidadão é
comumente tratado pelas forças policiais em situações corriqueiras e normais. Enfoca-se,
assim, a análise subjetiva da abordagem, se ela é realizada de maneira respeitosa, haja
vista o fato de as pessoas negras retratarem comumente que são tratadas de maneira
distinta e grosseira em relação à população branca. A pesquisa, portanto, trabalha com
variáveis complexas, relacionadas ao respeito e à formalidade, com base na interação entre
os policiais e as comunidades brancas e negras, tendo na linguagem utilizada nas
abordagens, e gravadas com as câmeras, o principal elemento de análise. Os resultados
apontaram que 61% das interações entre policiais e membros da comunidade negra tendem

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a ser menos respeitosas, em contrapartida, 57% das interações tendem a ser mais
respeitosas em comunidades brancas.
Alguns estudos aprofundaram as análises dos impactos das câmeras corporais e
discutiram um dos pontos críticos da interação da polícia com a comunidade negra: o
excesso no uso da força letal. Em um deles (RAY et al. 2017), tentou-se verificar se as BWC
têm a possibilidade de mitigar os assassinatos advindos das interações entre policiais e
comunidade afro-americana.
Em geral, esse estudo constatou que a maior parte dos entrevistados acredita que
as câmeras serão positivas para dar maior transparência às ações policiais, além de
reforçar outros meios de contenção e uso da força, antes da utilização do armamento letal.
Verificou-se ainda que a comunidade branca teve interações mais positivas com a polícia,
em contraste a esse achado, a comunidade negra apresentou maior temor no uso da força
policial de maneira injustificada, durante as abordagens.
Embora alguns entrevistados tenham declarado aumento de confiabilidade nas
abordagens, depois da implantação das câmeras, outros se mostraram céticos em relação a
essa inovação. Um grupo desses incrédulos vê o equipamento como um problema de
privacidade e de elevação de risco para o policial; já outra parte entende que a adoção da
tecnologia não mudará a estrutura das relações de poder vigentes na sociedade entre
comunidades brancas e não brancas. Ademais, o estudo aponta que a maior visibilidade
das ações policiais não corresponderá necessariamente à responsabilização efetiva de
casos de racismo, seja em âmbito corporativo ou judicial, o que reforça conclusões similares
de estudos anteriores (STUART, 2011; RAY e ROSOW, 2012 apud RAY et al. 2017). Por
fim, o estudo também evidenciou que os entrevistados sugeriram oficinas sobre preconceito
velado, diversidade e policiamento cidadão, a fim de melhorar a relação da polícia com os
cidadãos oriundos de camadas historicamente marginalizadas.

3.4. Redução do uso da força


Como visto nas seções precedentes, um dos principais indutores e dos objetivos da
implantação das câmeras corporais é a redução do uso da força pelas polícias. Segundo
Magaloni et al (2019), esse processo pode ocorrer por meio de dois mecanismos
inter-relacionados: aumento do monitoramento do comportamento de policiais, permitindo a
detecção e respectiva sanção pelo descumprimento de protocolos existentes; e dissuasão
de comportamentos abusivos pela maior probabilidade condenação, tendo em vista a
produção de provas mais robustas acerca de tais práticas.
Uma pesquisa com resultados significativos, desenvolvida na cidade de Rialto, EUA
(ARIEL et al. 2014), constatou que, após a implementação de câmeras corporais, além de

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expressiva diminuição no número de reclamações dos usuários contra os policiais (90%),
houve uma sensível redução no uso da força pelos agentes (50%). Neste mesmo trabalho,
os pesquisadores elaboram uma discussão sobre as definições do que seria uso da força.
Há uma miríade de conceituações e tratamentos dessas informações na literatura, o que
dificulta a comparabilidade entre estudos distintos, porque não apresentam em detalhes o
que cada autor de tais estudos entende como uso da força. Não obstante as diferentes
metodologias e definições utilizadas, cada qual com suas lacunas, as quais são
apresentadas de imediato pelos próprios autores ou discutidas a posteriori pelos seus pares
acadêmicos, obteve-se, de maneira geral, uma consistente redução no uso da força
(READY e YOUNG, 2015; JENNINGS et al. 2015; JENNINGS et al, 2016).
Ademais, estudos como o de Ariel et al (2016) indicam que a quantidade de
situações em que houve uso da força por agentes policiais que portam a câmeras corporais
é dirigido pela discricionariedade quanto à ativação ou não do equipamento. Nesses casos
em específico, a redução dos incidentes foi mais acentuada quando a possibilidade de ligar
ou desligar a câmera é minimizada.
Resultados obtidos na análise da experiência na cidade de Birmingham no Reino
Unido estão em linha com aqueles observados nas agências policiais dos Estados Unidos,
com sensível redução no uso da força (HENSTOCK e ARIEL, 2017). Mais uma vez,
destaca-se que a variável sobre uso da força pode fornecer resultados inconclusivos,
quando utilizada de modo genérico. No caso Britânico, quando os autores incluíram o
procedimento ordinário de utilização de algemas (compliant handcuffing), utilizado para
transporte e busca pessoal, não houve redução significativa do uso da força. Contudo, se
esse componente é retirado do indicador, a redução torna-se relevante. Os dados do estudo
demonstram maior probabilidade da utilização de algemas quando os policiais fazem uso
das câmeras, isto porque, segundo hipóteses levantadas pelos pesquisadores, o recurso
passa a ser utilizado para evitar que situações de agressões verbais tornem-se ocorrências
de maior gravidade.
Por fim, quanto à realidade nacional, uma breve análise dos dados apresentados em
estudos que avaliaram experiências similares no Brasil apontam para as mesmas
conclusões dos estudos internacionais. Informações do programa do Estado de São Paulo
reportaram sensível diminuição da letalidade policial e do uso da força, especialmente sobre
a população negra (MONTEIRO et al. 2022). De modo similar, durante o uso de câmeras,
foi registrada diminuição do uso da força dos policiais de Santa Catarina (BARBOSA et al.
2021). Por outro lado, os resultados da experiência no Rio de Janeiro, apontaram para uma
tendência comportamental de despoliciamento, quando os policiais se tornam menos
proativos durante o serviço, bem como não foi observada redução no número de confrontos

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armados registrados, embora menos disparos tenham sido efetuados (MAGALONI et al.
2019).

3.5. Vitimização policial


Ariel et al. (2016) revelam que menos estudos se debruçaram sobre o impacto das
câmeras corporais na violência cometida contra os policiais. A meta-análise realizada a
partir de estudos publicados em diversos países, demonstra que houve aumento no número
de agressões contra policiais quando eles usavam câmeras. Os autores observaram que
esses resultados foram fortemente influenciados por estudos com baixa amostragem,
contudo, mesmo excluindo os dados provenientes desses trabalhos, houve uma tendência
de alta desse parâmetro. Estudos dessa natureza incorporam externalidades ainda mais
relevantes quanto às questões metodológicas e, do ponto de vista qualitativo, das
realidades experimentadas pelas diferentes agências policiais ao redor do mundo.
Quanto aos resultados encontrados sobre vitimização policial (morbimortalidade) nas
pesquisas nacionais, aponta-se a diminuição acentuada das mortes entre os policiais em
serviço, após a adoção das câmeras (MARQUES et al., 2023). Contudo, não há dados
sobre lesões não letais.

4. EIXO GESTÃO ORGANIZACIONAL E TÉCNICO-OPERACIONAL

O eixo gestão organizacional e técnico-operacional compreende uma vertente


transdisciplinar do estudo sobre aplicação e uso de câmeras corporais. Tal assertiva dá-se
pelo fato de nesse subtema agregarem, questões de ordem social, jurídica, institucional e
tática, que precisam ser analisadas com vistas a um duplo escopo: a aplicação prática, com
resultados efetivos em âmbito operacional; e o controle gerencial, em âmbito
organizacional. A presente seção pretende trazer destaques pertinentes, que possam
colaborar na superação das muitas etapas dessa trilha de ações gerenciais, subsidiando a
aplicação de um novo recurso tecnológico.

4.1. Panorama de estudos na perspectiva do eixo de gestão organizacional


e técnico-operacional
A ênfase das análises da aplicação das câmeras em âmbito acadêmico nacional é o
controle da letalidade, sobretudo em contextos de discriminação social e racial, aspectos
com grande ênfase do campo de estudos brasileiro (MAGALONI et al., 2019; BARBOSA et
al, 2021; LIMA et al., 2022; MONTEIRO et al., 2022; MARQUES et al., 2023). Outros
aspectos de interesse gerencial e operacional, tais como melhora nos indicadores de

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esforços operacionais e a vitimização policial são explorados de forma incidente,
coadjuvando ou apenas servindo como reforço argumentativo para fundamentar os
aspectos mais enfatizados.
Apesar de existirem protocolos de intenção de diversos estados brasileiros para
aderirem ao uso das câmeras corporais policiais, a implantação efetiva da tecnologia
ocorreu em maior escala apenas nas polícias militares dos estados de São Paulo (LIMA et
al., 2022; MONTEIRO et al., 2022; MARQUES et al., 2023) e de Santa Catarina (BARBOSA
et al., 2021).
A unidade federativa de Rondônia apresenta-se como pioneira na adoção da
tecnologia (GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA, 2021), mas não há informações
oficiais ou acadêmicas mais detalhadas sobre a iniciativa. O estado do Pará está em fase
de aplicação experimental (GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, 2022), mesma situação em
que se encontra o Distrito Federal (PM/DF, 2022). No Espírito Santo, a adoção está adstrita
à polícia penal (GOVERNO DO ESPÍRITO SANTO, 2023). No Rio de Janeiro, houve
apenas testes preliminares (MAGALONI et al, 2019). Por fim, Minas Gerais (PM/MG, 2022),
Pernambuco (SDS-PE, 2023), Bahia (SSP-BA, 2023) e Paraná (GOVERNO DO ESTADO
DO PARANÁ, 2023) fizeram movimentações administrativas para efetuar a compra de
equipamentos, mas não se tem conhecimento, até então, de aplicação efetiva ou de testes
de aplicabilidade.
Dessa forma, como consequência, há poucos estudos com análises concretas
acerca dos impactos gerenciais e operacionais da aplicação das câmeras corporais policiais
no Brasil. Portanto, o quadro a seguir propõe-se a fazer a comparação entre os modelos de
câmeras corporais adotados por duas unidades da federação pioneiras no uso das
câmeras, e que já foram objeto de escrutínio científico: São Paulo e Santa Catarina.

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Quadro 1 - Comparativo entre a implementação de câmeras corporais policiais
(PMESP e PMSC)
UNIDADE MARCOS TECNOLOGIAS TIPO DE ALCANCE AVALIAÇÃO ACADÊMICA DAS
FEDERATIVA INAUGURAIS E UTILIZADAS ACIONAMENTO INICIATIVAS
OBJETIVOS

São Paulo Início a partir de 2020 Equipamento: Gravação Até julho de LIMA et al, 2022:
(PM/SP) (MARQUES et. al, Câmera “Axon ininterrupta, em 2022, foram Quanto ao objetivo de redução do
2023) e intensifica a Body 3”, fabricada baixa resolução e compradas e uso da força, as evidências indicam
implementação dos pela empresa sem áudio estão em uso que o programa teria evitado, em
equipamentos a partir americana Axon. durante todo o aproximadam média, 0,81 mortes por intervenções
de 2021 (MONTEIRO Fixação: região período que se ente 10 mil policiais por mês, por cada batalhão
et al, 2022). Os dois do tórax. encontra ligada, câmeras, participante do programa. Não há
objetivos principais do Funcionalidades: independente de majoritariame resultados em relação à coleta de
programa: reduzir o Possui sistema ação do policial. nte em provas.
uso da força e “buffer Uma vez batalhões da
aperfeiçoar a coleta pré-evento”, acionada pelo, capital MONTEIRO et al, 2022:
de provas. recuperando 90 passa a gravar paulista Quanto ao objetivo de redução do
segundos com resolução full (MONTEIRO uso da força, cerca de 104 mortes
anteriores ao HD e com áudio. et al, 2022) foram evitadas nos primeiros 14
acionamento. Segundo UNICEF meses de introdução das câmeras,
Recarga: em (ROSSANO, 2022 considerada apenas a região
dockstation. apud MARQUES metropolitana da capital paulista.
Gestão dos et al., 2022), é a Não há resultados em relação à
dados: são primeira vez que coleta de provas.
armazenados em uma instituição
nuvem incluída no policial adota a MARQUES et al, 2023:
contrato com a tecnologia de Quanto ao objetivo de redução da
fabricante. gravação força, considerando o período
ininterrupta. imediatamente anterior à
implantação do programa, ou seja, o
ano de 2019, e o último período
(2022), verificou-se redução de
62,7% nas mortes por intervenções
de policiais militares em serviço,
sendo 76,2% nos batalhões que
compõem o programa e 33,3% nos
batalhões que não possuem as
COP.

Santa Surgiu a partir do Equipamento: Acionamento Em parceria BARBOSA et al., 2021:


Catarina: Projeto “CopCast para Câmera remoto pela com o TJSC Quanto à transparência das ações
CopCast para utilização de Câmeras desenvolvida pela Central de foram policiais, os resultados mostram que
utilização de Corporais”, iniciativa DITEC Smart Operações, logo adquiridas há melhora na precisão dos
Câmeras compartilhada entre a Solutions. após 2.425 relatórios dos profissionais. Quanto
Corporais PMSC e o Instituto Aplicativo encaminhamento câmeras ao uso da força, constatou-se que
(PM/SC) Igarapé. Esse projeto utilizado: de demanda de corporais com as câmeras reduzem-na em cerca
envolveu etapas CopCast, criado ocorrência. custo de 61,2% e que essa diminuição
pilotos nos anos de pelo Instituto estimado de ocorre predominantemente em
2017 e 2018, sendo Igarapé. Fixação: aproximadam eventos de baixa gravidade. As
implementado em tórax. ente três câmeras de corpo são eficazes para
larga escala a partir Funcionalidades: milhões de melhorar a natureza da interação
de 2019. Os dois gravação de até reais. polícia-cidadão, aspecto indireto que
objetivos principais do 12 horas. Atualmente influencia na prevenção do uso da
programa: aumentar Recarga: em todas as força.
a transparência das dockstation para guarnições
ações policiais e recarga. Gestão tem pelo
coibir casos de de dados: em menos um
violência e excessos nuvem fornecido integrante
nas abordagens. pela DITEC. utilizando.

FONTE: OS AUTORES

A partir do Quadro 1, constata-se que os dois modelos em uso no Brasil possuem


tecnologia semelhante no que concerne ao armazenamento em nuvem e à recarga em
dockstation, mas se diferenciam quanto à forma de acionamento. Nesse quesito em
particular, a PMSC optou por acionamento remoto a partir das demandas repassadas à
central, que fica responsável por iniciar a gravação, enquanto a PMESP optou pela

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gravação passiva e ininterrupta, combinada ao acionamento ativo e suplementar, em melhor
resolução, ativada por decisão e iniciativa do policial.
Essas distinções entre os modelos adotados causam impactos na quantidade e
qualidade das imagens gravadas e, por consequência, na modalidade de armazenamento
das imagens e nos custos financeiros subsequentes, como será explorado com mais
detalhes no eixo tecnológico do presente relatório.
Por fim, cumpre mencionar ainda o modelo adotado no Rio de Janeiro, no qual, o
próprio policial que faz o acionamento da câmera, a partir de protocolos estabelecidos pela
corporação. Foi o modelo adotado no estudo experimental conduzido por Magaloni et al.
(2019) na UPP da Rocinha, na capital fluminense; entretanto, não se tem informação oficial
se há algum outro estado da federação que esteja adotando ou interessado em adotar esse
protocolo de acionamento ativo.

4.2. Adesão ao protocolo operacional


A pesquisa realizada no Rio de Janeiro concluiu que a adesão ao protocolo é uma
questão crítica da implementação. Foi constatado, nesse estudo da realidade carioca,em
que o dispositivo seria acionado por iniciativa policial, que “a maioria dos policiais se
recusou a ligar suas câmeras” (MAGALONI et al., 2019, p.4).
Contudo, mesmo com a limitação do uso das câmeras, pode-se identificar
claramente a ocorrência de dois resultados: 1) a redução do uso de força letal; e 2) o
aumento das estratégias para o despoliciamento, com o propósito de se evitar conflitos que
pudessem ser registrados.
Para a realização da pesquisa citada, foram disponibilizadas 75 câmeras. Foi
necessário providenciar melhorias na infraestrutura do Batalhão que fazia a guarda dos
equipamentos, como obras para receber energia elétrica adequada para as estações de
docking e a instalação de um link de dados dedicado para o processo de download diário
das gravações. Um aspecto crítico foi o armazenamento e gerenciamento das gravações, e
foram utilizados seis policiais, sob a supervisão de um Major, apenas para tal serviço.
O estudo mostrou que “a liderança local influenciou fortemente os resultados do
projeto“, e que a decisão do uso das câmeras foi uma decisão estratégica do alto comando,
mas os comandantes locais “nunca foram consultados sobre o recebimento do projeto”
(MAGALONI et al., 2019, p.15). Foi percebido também que os comandantes locais não
observaram o uso das câmeras como uma ferramenta benéfica, o que pode ter afetado os
resultados da implementação. Contatou-se também que os policiais ficaram “extremamente
desconfortáveis” com a decisão de que o uso de gravação seria em tempo integral e a
frequência de acionamento das câmeras foi diminuindo ao longo dos meses (MAGALONI et
al., 2019).

13
Apesar da diminuição do engajamento do efetivo, foi possível constatar uma redução
de eventos de uso da força e redução de munição gasta em relação aos dois anos
anteriores à implantação.

4.3. Tendências de despoliciamento


O despoliciamento é um fenômeno comportamental que pode ser definido, em
síntese, como uma passividade na atividade policial, com a redução do trabalho pró-ativo
das polícias (WALLACE et al., 2018; MAGALONI et al., 2019), ou seja, trata-se de uma
abstenção do policial em agir, um “não fazer”, pelo excesso de cautela “para evitar o
cometimento de erros ou acusações de desrespeito a protocolos, mesmo em situações em
que o uso da força seria adequado” (DEVI e FRYER JR., 2020 apud MARQUES et al.,
2023, p. 6).
O tema ainda é controverso. Alguns estudos mostram que policiais têm maior
probabilidade de realizar menos abordagens e menos prisões (JUSTIN et al., 2015;
PETERSON et al., 2018 apud MAGALONI et al., 2019). Já outro trabalho mostrou o
aumento da iniciativa de policiais com câmeras (WALLACE et al., 2018).

4.4. Impactos na rotina operacional


A implantação de câmeras corporais nas polícias podem desencadear mudanças
significativas e imprevistas na prática policial em diversos setores organizacionais (SESAY
et al. 2017). Em um estudo de caso realizado com dados de oito departamentos de polícia
do Colorado (EUA), identificaram-se alterações e impactos nas áreas operacional, de
suporte e estratégica, a seguir relatados.
Na área operacional foram relatados como aspectos positivos: percepção de mais
civilidade recíproca durante as interações; menor preocupação com reclamações civis;
crença de que haveria uma probabilidade reduzida de processos resultarem em
pagamentos; redução do tempo demandado para testemunhos em tribunal, devido às
evidências em vídeo; possibilidade de maior precisão em relatórios. Foram relatados como
aspectos operacionais negativos: desconforto devido à bateria quente e ao peso do
equipamento; irritabilidade ao som vibratório durante a operação; e mais tempo gasto na
burocracia de preenchimento de relatórios (SESAY et al. 2017).
Na área de suporte não foram relatados aspectos positivos, talvez pela sobrecarga
de trabalho e de responsabilidades que esse setor recebe a partir da implementação da
tecnologia. Como aspecto negativo foi apontada a necessidade de pessoal adicional para
ajudar no gerenciamento de evidências de vídeo (SESAY et al. 2017).
Na área estratégica foram relatados como aspectos positivos: custo único para
câmeras; taxas de armazenamento em nuvem contínuas; períodos de retenção reduzidos;

14
reclamações e processos reduzidos; possibilidade de revisão aleatória de uma amostra de
vídeos para garantia da conformidade. Não foram registrados aspectos negativos (SESAY
et al. 2017).

4.5. Redução das reclamações


Estudos sobre a redução de reclamações têm fornecido resultados variados. Alguns
desses estudos demonstram reduções nas queixas civis que variam de 10% a 30%,
enquanto outros encontraram reduções ainda mais expressivas, superando os 50%. No
entanto, meta-análises recentes sugerem que as reduções médias nas queixas civis estão
em torno de 16% (ALDA, 2023).
Apesar dos avanços nessa área de pesquisa, os mecanismos pelos quais os
câmeras corporais levam a reduções nas queixas civis ainda não estão totalmente
esclarecidos. Alguns estudos sugerem que essas reduções podem ser resultado de
interações aprimoradas entre policiais e cidadãos, assim como mudanças nos relatórios
(MALM, 2019). Por outro lado, outros apontam que o uso desta tecnologia têm um efeito
civilizador ao provocar mudanças comportamentais tanto nos policiais quanto nos cidadãos
(HEADLEY et al., 2017).

4.6. Verificação de problemas sistêmicos e estruturantes


Alguns estudos apontaram que o uso de câmeras corporais, com a função precípua
de reduzir desvios de conduta ou abuso de autoridade, não podem desconsiderar a
continuidade do enfrentamento às causas sistêmicas e estruturantes desses problemas
Não se pode considerar os dispositivos tecnológicos como efetivos saneadores ou plenos
mitigadores de óbices mais complexos que atingem as atividades de segurança pública.
Nesse sentido, o uso de câmeras deve ser visto, como uma das ferramentas de auxílio
gerencial e estratégico, não como um fim em si mesmo, de onde sairiam as soluções
coordenadas de dificuldades decorrentes do contexto social e ao serviço público de modo
geral (WILSON et al, 2023).
Um estudo realizado em Chicago, Estados Unidos, em 2021, mostra que foram
reduzidas as prisões ou as conduções coercitivas relacionadas a eventos de menor
complexidade e risco, como o uso ou porte de pequenas quantidades de entorpecentes, o
que para alguns especialistas pode ser visto como perda de eficiência da atividade policial
ou pode ser interpretado como uma falha das políticas de implementação de policiamento
preventivo (FERRAZARES, 2021).

15
4.7. As imagens em processos judiciais
Estudos realizados em Miami, nos EUA (PETERSEN, 2023), mostraram uma
proporção significativamente maior de registros de crimes contra policiais, mas com menor
condenações.
Alguns estudos indicaram que as pessoas são influenciadas por ações valorativas.
Desse modo, quando uma imagem de uso da força por uma entidade policial é disseminada
de certa forma nos meios de comunicação, adicionada ao julgamento prévio realizado pelos
perpetradores da divulgação, há potencial para edificar opiniões, por intermédio de uma
interpretação valorativa da ocorrência. Isso pode, inclusive, minar a legitimidade da ação
policial, mesmo que seja uma ação latente de cumprimento do dever legal (SCHNEIDER,
2023).
Ainda segundo o autor, essa conjuntura vai de encontro às análises que defendem
que a atividade policial gerará mais bem-estar social quando for permeada pela observação
permanente dos atos de seus agentes. É impossível concluir positivamente no sentido de tal
benefício social, pois as análises por vezes são contraditórias e não conseguem delinear
com clareza esse efeito otimizador da prestação pública do serviço policial. Outro ponto a
ser considerado é avaliar se a pressão da opinião pública não atrapalha a visão de que as
imagens são também meios de prova positiva em nome do Estado, podendo justificar o uso
da força nas situações mais extremas, todavia executadas dentro do estrito cumprimento do
dever legal (SCHNEIDER, 2023).

4.8. Uso de imagens e credibilidade das ações policiais.


Um estudo realizado no Canadá demonstrou que os participantes relataram uma
maior confiança na polícia após a verificação de imagens positivas de atendimentos e
ocorrências policiais. A disseminação de vídeos positivos, retirados das câmeras corporais,
aumentou a vontade de cooperar com a polícia, segundo a pesquisa, que realizou também
um comparativo entre os policiais canadenses e os norte-americanos (SAULNIER e
SYTSMA, 2023). Os resultados desse estudo sugerem que as relações polícia-comunidade
podem ser aprimoradas pela circulação de vídeos que retratam atos de cordialidade e
ações exitosas dos policiais registrados pelas câmeras.

16
5. EIXO TECNOLÓGICO

Durabilidade da bateria, resolução, compressão, taxa de quadros, armazenamento,


são apenas algumas das questões tecnológicas a serem respondidas para a implantação
do sistema de câmeras corporais. Um sistema tecnológico que vise a aquisição de dados,
precisa estar preparado para captar essas informações de maneira fidedigna, armazená-las
pelo tempo necessário com segurança.
Sendo a câmera um dispositivo que o policial deve carregar em seu corpo, ela deve
ser portátil e leve o suficiente para não atrapalhar suas atividades diárias, porém, um
sistema muito leve ou pequeno, fica suscetível a ações ambientais como movimento do
policial, vento e tempo de duração da bateria. As câmeras disponíveis no mercado atual,
embora dotadas de pequenas variações, apresentam características que permitem o uso
contínuo de 12 horas, sem fadigar o policial que a carrega.
Outra questão relevante, é a infraestrutura necessária para receber todo o aparato
necessário para o funcionamento do sistema de câmeras. O fato de o policial ter captado as
informações em campo é apenas parte do caminho, sendo necessário ainda que essas
informações sejam enviadas para os bancos de dados da corporação e que as pessoas
competentes possam acessá-las sempre que necessário, de onde quer que elas estejam.
Sendo assim, alguns critérios são de relevante discussão para a implementação do sistema
de câmeras corporais:

5.1. Parâmetros básicos das câmeras


Em uma revisão sobre uso de câmeras policiais na China, Zhang (2022) relatou que
o padrão estabelecido naquele país é o de câmeras que possuam os seguintes requisitos:
1) posição georreferenciada; 2) transmissão de vídeo on-line (4G/5G); 3) intercomunicador
integrado (entre plataforma e a câmera, entre dois equipamentos, entre grupos de câmeras
corporais); 4) luz infravermelha, para captar imagens à noite; e 5) lanterna embutida para
iluminar a gravação. Além disso, o sistema deve ser composto por câmeras, estações de
docagem (para carregamento e transmissão) e plataformas de suporte (sistema de
gerenciamento e armazenamento).
Os parâmetros básicos das referidas câmeras são mostrados no Quadro 2.

17
Quadro 2 - Requisitos para as câmeras corporais na China

Características Requisitos
Tamanho ≤120*80*40mm
Peso ≤200g
Vídeo resolução ≥1920*1080,
≥1280*720
Taxa de quadros de vídeo ≥25 fps
Campo de visão ≥90°
distorção geométrica ≤20%
Gravação intervalo ≤0,1s
(FONTE: ZHANG, 2022)

5.2. Posicionamento das câmeras


As câmeras disponíveis no mercado atualmente possibilitam a montagem tanto no
corpo quanto na cobertura do policial. Estudos mostram que, em 93% dos casos analisados
na literatura, as câmeras são usadas no corpo e apenas 7% na cobertura, usualmente do
tipo boné. A montagem no corpo do policial normalmente pode ser feita sem a necessidade
de utensílios, deixando-a diretamente no colete do policial, ou seja, em alguma região do
tórax. A maior limitação que esta montagem sofre é que ela aponta sempre para frente, não
mostrando, de fato, a percepção do policial. Estudos mostram que em alguns desses casos,
a câmera acaba sendo um agente contraditor ao depoimento policial (HEUBL, 2020). Em
outros casos, se a câmera não estiver posicionada corretamente, ela poderá ser ofuscada
pela luz do sol, por estar apontando levemente para cima.
O posicionamento no boné do policial pode evitar os problemas citados quando a
câmera está no corpo do policial, mas essa opção diferenciada traz novos desafios. Caso o
acionamento da câmera seja realizado por ação do policial, a câmera em posição elevada
dificulta o movimento. Como alguns fabricantes não oferecem feedback auditivo, alertando
que a ação de acionamento foi realizada, essa lacuna tecnológica poderá fazer com que as
imagens não sejam capturadas. Por outro lado, o próprio movimento de acionamento do
policial pode alterar o seu posicionamento, o que levaria ao mesmo problema das câmeras
torácicas, conforme observa Braga et. al., (2017). Esse mesmo estudo ainda revela que em
15% dos casos analisados, a câmera não estava adequadamente posicionada, desde o
início das capturas de imagens.

5.3. Privacidade dos abordados e dos policiais


Usando o sistema de georreferenciamento citado por Zhang (2022), a literatura
apresenta como alternativa para garantir a privacidade dos usuários abordados, o
pós-processamento offline, que seria realizado após o fim do expediente de trabalho do

18
policial. Esta forma está descrita em Wang et al. (2015) e usa o algoritmo descrito na Figura
1 e a descrição das variáveis está demonstrada na Figura 2.
Figura 1 - Algoritmo proposto para garantir privacidade

FONTE: WANG et al., 2015

Figura 2 - Descrição das variáveis do algoritmo

FONTE: WANG et al., 2015

19
5.4. Infraestrutura de suporte
Uma projeção inicial do impacto, em termos de dados gerados do sistema de
câmeras aplicável à instituição, pode ser estimada a partir das especificações técnicas
mostradas no Quadro 2 supra. Dessa forma, adotando-se a resolução de 1920x1080,
conjugada à força de trabalho ordinária operacional da PRF, a quantidade de dados gerados
por policial, por plantão de 24 horas, seriam as demonstradas no Quadro 3 infra.

Quadro 3 - Simulação da quantidade diária de dados gerados pela PRF (dados brutos)
Minuto (MB) Dia (GB) Ano (TB) PRFs dia
Por policial 10 14,06 1,67 2369
Pelo efetivo 23690,00 33314,06 3958,21
FONTE: OS AUTORES

Pelo grande volume de dados projetados pela simulação, fica evidente a


necessidade de que o sistema adotado seja capaz de comprimir os dados gerados. Do
contrário, o armazenamento dos originais e a geração de cópias de backup tornariam o uso
das câmeras corporais inviável.
Frente à realidade posta, é preciso pontuar que um sistema eficiente de
armazenamento de vídeo necessita de um algoritmo capaz de comprimir esses dados com
o mínimo ou nenhuma perda na qualidade da informação. Técnicas de compressão de
vídeo como a H.264/AVC, que são capazes de diminuir expressivamente o espaço
necessário para armazenar esses dados, podem também aumentar o custo de implantação
do sistema (LIU et al. 2009).
O uso do algoritmo citado pode diminuir a quantidade de dados. Contudo, mesmo
sendo uma diminuição significativa, ainda assim, a quantidade de dados gerados
permaneceria enorme, sobretudo pela necessidade de se fazer o backup, que é um
protocolo de segurança indispensável, mas que tem o potencial para multiplicar o espaço
necessário de armazenamento de três a cinco vezes, conforme o valor mostrado na
simulação a seguir, do Quadro 4.

20
Quadro 4 - Simulação da quantidade diária de dados gerados pela PRF (com
pós-processamento)

Dados pós-processados
Minuto (MB) Dia (GB) Ano (TB) PRFs dia
Por policial 0,7 0,98 0,12 2369
Pelo efetivo 1658,30 2331,98 277,07
FONTE: OS AUTORES

A literatura também mostra que existem câmeras no mercado capazes de captar


imagens acima da qualidade de 1080p, sendo a resolução de 640x480 a mínima em todos
os modelos. A escolha pela resolução irá impactar diretamente na qualidade das imagens e
no espaço de armazenamento necessário. Em 2016, National Institute of Justice, dos
Estados Unidos, fez um levantamento nacional sobre a resolução das câmeras usadas
pelas instituições policiais e revelou que em 59% dos casos analisados, as gravações são
feitas em resolução mínima 480p e 12% em 720p. Também revelou que em 81% dos casos,
a resolução máxima utilizada é de 1080p.
A diferença na resolução adotada pode ser explicada devido ao momento em que a
câmera está gravando as imagens. Em situações basais (em que não está havendo
abordagem policial ou o policial não a considera de maior relevância) as imagens são
gravadas em uma resolução menor (JAMES e JAMES, 2023). Isso diminui
consideravelmente o espaço necessário para armazenamento das imagens. Em momentos
considerados mais relevantes, a câmera pode ser acionada para gravar imagens com maior
resolução. Esta técnica já é utilizada no Brasil pela Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Outra preocupação quanto ao armazenamento é a capacidade que a câmera possui
para armazenar as imagens em memória interna ou no cartão de memória. Caso o cartão
de memória venha a ser excedido, qualquer tentativa de captura de imagens posterior não
será realizada. Para evitar esse problema, algumas polícias utilizam o método de streaming,
em que as imagens são enviadas para um servidor conforme são gravadas.

5.5. Custo de implantação


Os custos de implantação dos sistemas de câmeras possuem custos diretos e
indiretos. Os custos indiretos estão associados à adaptações nos uniformes, espaço físico
de trabalhos dos PRFs, entre outros. Uma descrição não exaustiva dos custos associados
se encontram abaixo.
Custos diretos:
- Custo das câmeras (valor unitário * quantidade de câmeras * 2);
- Custo das dock stations (valor unitário * quantidade de docks ).

21
Custos indiretos:
- Ajustes nos uniformes;
- Adaptação nas unidades operacionais para receberem as dock stations;
- Mecanismos de acionamento/auto acionamento das câmeras;
- Armazenamento dos dados;
- Infraestrutura de transmissão dos dados;
- Licença dos softwares;
- Treinamento da equipe de TI;
- Treinamento de equipes administrativas que gerenciarão os dados.

Fazer um levantamento prévio sobre o quanto o sistema todo irá custar seria leviano
neste momento. Esse levantamento requer protocolos experimentais bem definidos que
definam regras de acesso, segurança do sistema e tempo de armazenamento das imagens.
Em seu estudo, SOUZA (2023), concluiu que o custo das câmeras é de apenas 5% do
preço final contratado, sendo que o sistema de armazenamento das imagens pode chegar a
70% do valor total. Tais valores podem mudar de acordo com a realidade de cada instituição
e o custo de uma, não pode ser adotado como regra para a implantação da outra. Para que
se possa fazer esse levantamento, um estudo piloto deve ser realizado para identificar quais
soluções tecnológicas atendem a realidade da PRF em âmbito nacional.

6. RESUMO DOS RESULTADOS

O presente relatório apresentou o mapeamento da literatura científica sobre o uso de


câmeras corporais policiais. Dividido em três eixos, os principais resultados são resumidos a
seguir.

6.1 Eixo sócio-político


Os estudos mostram que, embora a maioria dos policiais seja favorável ao uso de
câmeras corporais, suas percepções sobre os efeitos e benefícios da tecnologia variam,
com evidências de melhorias no comportamento dos cidadãos, redução do uso da força e
estabilidade nas ocorrências após a implementação.
A implementação de câmeras corporais nos EUA foi impulsionada pela pressão
pública para reduzir disparidades raciais nas abordagens policiais, mas os estudos indicam
resultados mistos em relação à redução do uso da força, prisões e melhoria nas interações
com comunidades minoritárias.

22
A implantação de câmeras corporais busca reduzir o uso da força policial e as
reclamações contra policiais, mostrando resultados consistentes na diminuição do uso da
força, embora haja variações na ativação das câmeras e nos efeitos observados em
diferentes regiões.
Violência contra policiais é um tema pouco explorado na literatura. Estudos
internacionais indicam que o uso de câmeras corporais pode aumentar as agressões contra
policiais. No contexto nacional, observou-se uma diminuição acentuada das mortes entre
policiais em serviço após a adoção das câmeras, mas não há informações disponíveis
sobre lesões não letais.

6.2 Eixo gestão organizacional e técnico operacional


No Rio de Janeiro, a implementação das câmeras corporais enfrentou resistência
dos policiais, resultando em baixa adesão ao protocolo, porém, mesmo com as limitações,
observou-se uma redução no uso da força letal e no engajamento policial. Foi necessário
realizar melhorias na infraestrutura e no armazenamento e gerenciamento das gravações
O despoliciamento, caracterizado pela passividade e redução do trabalho pró-ativo
dos policiais, ainda é controverso, com estudos mostrando que policiais com câmeras
corporais têm maior probabilidade de realizar menos abordagens e prisões, enquanto outros
estudos mostram um aumento na iniciativa dos policiais com câmeras.
A implantação de câmeras corporais nas polícias pode trazer mudanças
significativas nas áreas operacional, de suporte e estratégica. Na áreas operacional foram
observadas mudanças como maior civilidade nas interações, redução de reclamações,
evidências em vídeo para testemunhos em tribunal e precisão em relatórios, porém,
também houve desconforto e burocracia adicional. Na área de suporte, houve necessidade
de pessoal adicional para gerenciar as evidências de vídeo. Na área estratégica,
destacaram-se aspectos positivos como custo único para as câmeras, armazenamento em
nuvem contínuo, redução de reclamações e processos, além da possibilidade de revisão
aleatória de vídeos para garantir a conformidade.
Os estudos mostram resultados variados quanto à redução de reclamações civis
com o uso de câmeras corporais, com reduções médias em torno de 16%; os mecanismos
por trás dessas reduções ainda não estão totalmente esclarecidos, mas podem envolver
interações aprimoradas entre policiais e cidadãos, mudanças nos relatórios e efeito
civilizador na conduta de ambos.
O uso de câmeras corporais não pode ser considerado como a solução completa
para problemas sistêmicos e estruturais relacionados aos desvios de conduta e abuso de
autoridade; as câmeras são apenas uma ferramenta de auxílio gerencial e estratégico; um
estudo em Chicago mostrou uma redução nas prisões relacionadas a eventos de menor

23
complexidade, o que pode ser interpretado como uma perda de eficiência policial ou uma
falha nas políticas de implementação do policiamento preventivo.
Estudos mostraram que o uso de câmeras corporais pode aumentar o registro mas
diminuir a condenação por crimes contra policiais A disseminação de imagens de uso da
força policial pode minar a legitimidade das ações, enquanto as análises sobre o benefício
social do uso das câmeras são contraditórias.
A divulgação de vídeos positivos capturados pelas câmeras corporais pode
aumentar a confiança na polícia, promover a cooperação da comunidade e melhorar as
relações entre a polícia e os cidadãos.

6.3 Eixo tecnológico


Na China, o uso de câmeras policiais seguem um padrão estabelecido que inclui
requisitos como georreferenciamento, transmissão de vídeo online, intercomunicador
integrado, luz infravermelha e lanterna embutida. Além disso, o sistema é composto por
câmeras, estações de docagem e plataformas de suporte.
As câmeras corporais podem ser montadas tanto no corpo quanto na cobertura do
policial, sendo a montagem no corpo mais comum. No entanto, essa montagem apresenta
limitações, como apontar sempre para frente e não refletir a percepção do policial. A
montagem no boné pode evitar esses problemas, mas traz desafios adicionais, como
dificultar o movimento e a possibilidade de falhas no acionamento da câmera.
A literatura propõe o uso do pós-processamento offline como alternativa para
preservar a privacidade dos usuários abordados pelos policiais, por meio de um sistema de
georreferenciamento e algoritmo específico
A adoção de um sistema de câmeras corporais resultaria em uma grande
quantidade de dados gerados. O uso de técnicas de compressão de vídeo, como a
H.264/AVC, pode diminuir o espaço necessário para armazenar os dados, mas também
aumenta o custo de implantação do sistema. Mesmo com a aplicação de algoritmos de
compressão, a quantidade de dados gerados ainda seria considerável, especialmente
considerando a necessidade de backups para garantir a segurança dos registros.
Existem câmeras no mercado capazes de captar imagens acima da qualidade de
1080p, sendo a resolução de 640x480 a mínima em todos os modelos. A resolução pode
variar e impactar diretamente na qualidade das imagens e no espaço de armazenamento
necessário. A escolha da resolução depende do momento em que as imagens são
gravadas, sendo utilizada uma resolução menor em situações consideradas menos
relevantes. O armazenamento das imagens pode ser feito internamente na câmera ou por
meio de streaming para um servidor externo.

24
Os custos de implantação de sistemas de câmeras corporais envolvem tanto custos
diretos, como o valor das câmeras e dock stations, quanto custos indiretos, como ajustes
nos uniformes, adaptação das unidades operacionais e treinamento da equipe. O custo total
do sistema pode variar de acordo com a realidade de cada instituição, sendo que o
armazenamento das imagens pode representar a maior parte dos custos. Um estudo piloto
é necessário para identificar as soluções tecnológicas que atendam à realidade da PRF em
nível nacional.

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