Você está na página 1de 5

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/341815207

AUTOMATIZAÇÃO DO EXPERIMENTO PÊNDULO SIMPLES PARA AULAS DE


FÍSICA

Conference Paper · September 2019

CITATIONS READS

0 481

2 authors, including:

Marcio Vinicius Corrallo


Federal Institute of Education, Science and Technology of São Paulo
43 PUBLICATIONS 44 CITATIONS

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Marcio Vinicius Corrallo on 02 June 2020.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


IV Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

AUTOMATIZAÇÃO DO EXPERIMENTO PÊNDULO SIMPLES PARA AULAS DE


FÍSICA1

SOUZA SILVA, Ian Ricardo2


CORRALLO, Marcio Vinicius3

RESUMO

Este artigo descreve o processo de construção e automatização de um experimento da


física clássica, conhecido como pêndulo simples. Tendo como mote o uso da tecnologia
livre (plataforma de prototipagem eletrônica programável) associada com materiais de baixo
custo, bem como a busca pelo refinamento no processo de coleta de dados, favorecendo,
assim, as inferências e conclusões sobre os fenômenos estudados. Sendo, portanto, uma
alternativa mais viável à realidade econômica das escolas brasileiras, quando comparada
às tecnologias de automatização de coletas de dados com sistemas proprietários
embarcados. Como resultado preliminar, o protótipo se apresentou bastante confiável,
disponibilizando, assim, medidas similares às obtidas por vias manuais. Novos ajustes e
testes serão propostos no protótipo para que finalmente seja replicado e disponibilizado
para o laboratório didático de física do IFSP – Câmpus São Paulo.

Palavras-chave: Atividade experimental. Ensino de Física. Arduino.

INTRODUÇÃO

A busca por recursos pedagógicos que estejam em consonância com a realidade do


mundo contemporâneo é cada vez mais almejada em âmbito escolar. Recursos esses que
possam romper com a passividade tão presente entre os estudantes, alavancando uma
participação mais ativa durante o processo de ensino e aprendizagem. Nessa conjuntura,
surge a plataforma de prototipagem Arduino, além de ser uma plataforma aberta de
prototipagem eletrônica programável, trabalha com o IDE Arduino, isto é, ambiente de
desenvolvimento que possibilita a programação e criação de lógicas para os mais diversos
projetos. McRoberts (2013, p. 24) lembra que a “[..] maior vantagem do Arduino em relação
a outras plataformas de desenvolvimento de microcontroladores é a sua facilidade de
utilização, o que permite que pessoas que não sejam de áreas técnicas possam aprender
o básico e criar seus próprios projetos [...]”. Na mesma linha, Corrallo, Junqueira e Schuler
(2018) destacam que
[...] a plataforma de prototipagem Arduino tem se mostrado mais adequada
às condições econômicas das escolas brasileiras e aos professores, frente
às plataformas de coleta de dados com sistemas proprietários.
Evidentemente, pelo fato de ser uma tecnologia aberta, torna-se mutável e

1
Projeto de Iniciação Científica (IC) do Instituto Federal de São Paulo – Câmpus São Paulo.
2
Graduando em Tecnologia em Automação Industrial no IFSP; Câmpus São Paulo; ian.ricardoss@gmail.com.
3
Doutor em Ensino de Física, docente no IFSP, Câmpus São Paulo; marciocorrallo@gmail.com.
Página 1 de 4
adaptável às realidades do usuário. A versatilidade da plataforma permite
que o professor possa utilizar a mesma base para coleta de dados em
diversas áreas da Física. (CORRALLO; JUNQUEIRA; SCHULER, 2018, p.
639)

Assim, a plataforma de prototipagem Arduino difundiu-se rapidamente pelo mundo


devido ao seu enorme potencial para projetos simples. No ensino de física não foi diferente,
inúmeras proposições vêm surgindo na literatura especializada, como é o caso do trabalho
de Silva e colaboradores (2015), no qual relatam um projeto de montagem de uma estação
meteorológica, apoiada na tecnologia Arduino, em uma parceria entre a escola básica e a
universidade. Porém, não basta apenas a substituição de métodos tradicionais de coleta de
dados em laboratório didático de física, é preciso criar situações pedagógicas que permitam
ao estudante expressar de maneira crítica, gerando informações e reformulando o
conhecimento. Tornando o aluno não um simples usuário de tecnologia, mas um sujeito
crítico que possa propor e interagir a partir do diálogo e reflexão acerca das tecnologias 4.
A confecção de experimento automatizado, com o auxílio de sensores e algoritmos
lógicos, possibilita aos estudantes a redução de tempo da tarefa, muitas vezes enfadonha,
de coleta de dados, liberando, portanto, maior tempo à dedicação na propositura de
modelos matemáticos e algoritmos que possam contemplar o fenômeno em estudo, bem
como a implantação e testes de hipóteses subjacentes a partir de modelo construído
(HAUGEN; MOORE, 2014). Sendo assim, o desenvolvimento de um laboratório
modernizado pode otimizar o processo de coleta de dados, favorecendo, assim, a resolução
de alguns questionamentos levantados durante os experimentos, trazendo maior clareza
nas conclusões decorrentes das análises realizadas.

OBJETIVOS

Visando ampliar o repertório de experimentos disponíveis na Diretoria de Ciências e


Matemática – subárea Física do IFSP – Câmpus São Paulo, nossa proposta vislumbra a
confecção de experimento automatizado que possa, por meio de sensores, algoritmos
lógicos e tecnologia livre, fornecer dados sobre o período de oscilação do pêndulo simples,
auxiliando professores e alunos na formação de conclusões durante aulas experimentais.
Nesse sentido, o projeto busca ampliar as possibilidades de experimentos já existentes no
laboratório didático de física do IFSP, bem como a análise pormenorizada entre os dados
coletados manualmente e os de forma automatizada, permitindo um melhor planejamento
quando aplicado em sala de aula.

METODOLOGIA

A versão inicial do protótipo, para cronometragem do período de oscilação do


pêndulo, teve como base o Arduino R3, com coleta de dados via comunicação serial. Sendo
que a coleta era feita a partir do tempo de interrupção de um feixe de luz produzido por um
diodo laser de 5V, que incidia em um LDR (Light Dependent Resistor) (vide figura 1).

4
É importante ressaltar que este trabalho de IC é uma proposição inicial de automatização de um experimento
amplamente utilizando no IFSP. Nossa abordagem, até aqui, não abarca a aplicação de uma sequência
didática mais participativa. No entanto, apostamos que o professor, de posse do produto, possa adotar
estratégias com um viés investigativo, tendo em vista que o processo de coleta de dados se torna simplificado,
abrindo espaço, durante a aula, para discussões acerca dos resultados e itinerário metodológico.
Página 2 de 4
Contudo, visto que mesmo algumas versões mais robustas não possuem tecnologia de
transmissão e recepção Wi-Fi, necessitando, portanto, de Shield para esse fim, resolvemos
substituir o Arduino R3 pelo ESP-01 (vide figura 2), possibilitando a funcionalidade de Wi-
Fi embarcado, além de ser programado pela mesma plataforma de desenvolvimento que o
Arduino. Na parte lógica, temos um algoritmo que inicia assim que o pêndulo gera a primeira
interrupção, permitindo que o algoritmo devolva o período de oscilação do pêndulo.

Figura 2: ESP-01. Fonte: Disponível:


https://www.filipeflop.com/produto/modulo-
Figura 1: Esquema inicial do sistema de automatização. wifi-esp8266-esp-01/. Acesso:
Fonte: os autores. 31 jul. 2019.

O passo seguinte foi montar uma estrutura para que o sensor pudesse ser explorado
no experimento. Os itens utilizados foram: um pedaço de madeira para a base; uma
cantoneira de ferro em “L”; parafusos; e uma chapa de metal para fixar a estrutura do
pêndulo à base de madeira (vide figura 3). Com a estrutura montada, fixamos no ponto “A”
(vide figura 3) o laser para a transmissão de luz e no ponto “B” o LDR para servir de receptor
da luz emitida. Detectando, portanto, quando o pêndulo estava em movimento, isto é,
quando a linha (ponto “C” da figura 3) bloqueava o laser um sinal era enviado, iniciando a
contagem de tempo até os dois subsequentes bloqueios, a partir daí era possível
determinar o período de uma oscilação. Cabe mencionar que algumas alterações no projeto
foram introduzidas visando um refinamento na coleta de dados, como: a colocação de um
pedaço de fita isolante na linha para minimizar o intervalo de bloqueio da luz; e a troca do
laser e LDR por um par emissor-receptor de infravermelho (vide figura 4), pois notamos que
a iluminação do ambiente influenciava de forma danosa a qualidade das medidas.

Figura 3: Suporte para o Figura 4: Esquema com emissor-receptor infravermelho do sistema de


pêndulo. Fonte: os autores. automatização. Fonte: os autores.

Página 3 de 4
RESULTADOS E DISCUSSÃO

O protótipo se apresentou bastante confiável, tanto na versão que utilizou o Arduino


R3 (com coleta de dados via comunicação serial), quanto a versão que utilizou o ESP-
01(com a possibilidade de compartilhamento de dados via Wi-Fi). É importante perceber
que o compartilhamento de dados via Wi-Fi pode ser uma alternativa para as aulas de
laboratório de física. Isto é, principalmente às aulas em que o professor não disponha de
computador no laboratório de física, ou ainda o número de equipamentos experimentais
não seja suficiente para atender a demanda de alunos. Portanto, uma alternativa que nos
parece bastante plausível é a realização da coleta de dados diretamente pelo smartphone
dos alunos. Todavia, independentemente da forma de coleta de dados adotada pelo
professor, é prudente que as análises dos dados coletados sejam realizadas pelos próprios
alunos e com ferramentas computacionais diversas, provendo uma maior partição durante
as aulas, e possivelmente rompendo com a passividade que os processos automatizados
de coleta de dados a priori possam intuir.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância do uso das atividades práticas para o ensino de física é, sem dúvida,
um consenso entre os professores da área; porém, sua adoção nem sempre é tão frequente
nas escolas brasileiras. Nesse contexto, apostamos que a plataforma de prototipagem
Arduino (ou similar, como o ESP-01) pode ser um caminho para inserção, tanto da
experimentação quanto da própria articulação com os aspectos tecnológicos, elementos
estes bastante ressaltados e incentivados sua adoção pelos documentos oficiais.

Cabe finalmente mencionar que o protótipo receberá adaptações e ajustes visando


a coleta de dados de forma mais fidedigna possível, isto é, comparando os dados obtidos
de forma automatizada com o histórico de dados coletados nos laboratórios de forma
manual. Feito os devidos ajustes, o protótipo será replicado e destinado ao acervo do
laboratório didático de física do IFSP – Câmpus São Paulo.

REFERÊNCIAS

CORRALLO, M. V.; JUNQUEIRA, A. C.; SCHULER, T. E. Ciclo de Modelagem associado


à automatização de experimentos com o Arduino: uma proposta para formação continuada
de professores. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 35, n. 2, p. 634-659, set. 2018.

HAUGEN, A. J.; MOORE, N. T. A model for including Arduino microcontroller programming


in the introductory physics lab. Physics Education, v1. p.1-11, 2014.

MCROBERTS, M. Arduino Básico. 1ª ed. São Paulo: Novatec Editora, 2013.

SILVA, R. B. et al. Estação meteorológicas de código aberto: Um projeto de pesquisa e


desenvolvimento tecnológico. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 37, n. 1, 2015.

Página 4 de 4

View publication stats

Você também pode gostar