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9ª EXPOCEMI - Exposição de Ciências e Tecnologia do Centro de

Ensino Médio Integrado à Educação Profissional do Gama-DF

APLICAÇÃO PEDAGÓGICA DOS CELULARES NAS


AULAS DE FÍSICA
Christyan Brayan do Amaral Carvalho - christyankev@gmail.com,
Gabriel de Araújo Caldas - gabrieldeacaldas@gmail.com, Samuel
Lopes Rocha – samulopes119@gmail.com, Prof. Sebastião Portela -
sebastiao.portela@gmail.com

RESUMO
O uso do celular em sala de aula tem sido um tema controverso. Há profissionais que
argumentam que atrapalha e tira a atenção dos alunos, enquanto outros o veem como um
possível aliado do processo formativo. Nesse contexto, o objetivo desse estudo é testar duas
possibilidades do uso do celular nas aulas da disciplina de Física tornando-a mais práticas e
interessantes. Do ponto de vista metodológico, foi utilizado um App gerador de sinal associado
a dois aparatos experimentais construídos pelo grupo. O primeiro, trata-se de uma cuba de
ondas cujo aplicativo Physics ToolBox Sensor Suite é o responsável por gerar um sinal senoidal
num um alto-falante que produz as ondas mecânicas na água. O segundo consiste na constatação
de como ocorre a transferência de energia à distância sem o emprego de cabos, como no
carregamento dos celulares mais modernos. Com base na Lei de Indução Eletromagnética de
Faraday, neste experimento em particular, recorre-se ao auxílio do smartphone com o aplicativo
Physics ToolBox Sensor Suite para reprodução de uma corrente alternada. Os resultados
obtidos por ambos experimentos até então são preliminares, mas, encaminham para evidenciar
que é possível o celular ser um aliado do processo de aprendizagem da física.

Palavras-chave: Celular, sala de aula, ensino de Física, educação, aplicativos.

1) INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
O smartphone trouxe novos conceitos a diversos aspectos humanos e em diversos
campos, mas, em relação ao antro educacional ainda existe um receio quanto ao seu uso pelo
devido a razão de que, dentro de sala de aula, o celular muita das vezes é um grande fator de
distração e isto faz com que o seu enorme potencial para subsidiar o estudo e a aprendizagem
seja diminuído ou deixado de lado.
O tema central desta pesquisa é a aplicação pedagógica dos smartphones dos alunos
durantes as aulas de física, tornando os dispositivos aliados à educação. Muitas escolas não
possuem uma boa infraestrutura que seja capaz de viabilizar a utilização de celulares dentro de
sala de aula, tendo em vista que no ambiente escolar, muitas das vezes os telefones são usados
como artifício exclusivo de lazer, o que dificulta trabalhar com esta tecnologia. Por conta disso,
a maioria dos educadores são contra esta tecnologia dentro do ambiente escolar
Diante dessas dificuldades, o principal problema surge da indagação: é possível utilizar
o celular como um aliado à educação através de aplicativos e o desenvolvimento de
experimentos que possibilitem articular as funções dos “apps” aos celulares nas aulas de física?
Com o progresso da pesquisa, pode-se chegar a conclusões preliminares, as quais indicam a
grande capacidade pedagógica que o celular possui, se trabalhado da maneira correta, pode vir

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a ser uma forte e prática ferramenta com um tamanho que cabe dentro dos bolsos, mas com um
potencial colossal.

2) OBJETIVOS

2.1) OBJETIVO GERAL


Utilizar o celular como auxílio ao estudo e à aprendizagem durante as aulas de física por
meio de dois experimentos aplicados.

2.2) OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Desenvolver protótipos aplicados no ensino da física integrados ao celular e aos
aplicativos.
• Evidenciar o uso pedagógico que o celular possui como auxiliador da educação e da
aprendizagem.

3) REFERENCIAL TEÓRICO

3.1) O USO DA TECNOLOGIA EM SALA DE AULA

O smartphone ainda não é bem utilizado no processo de aprendizagem, pois falta


incentivos, consciência por parte dos estudantes, preparação dos professores e estudos para a
sua efetiva aplicação como instrumento aliado do processo de ensino e aprendizagem. O seu
uso na escola pode ser benéfico uma vez que influências externas das novas tecnologias já
invadem o dia a dia dos estudantes, além disso é um aparelho de fácil mobilidade e que uma
grande parcela dos indivíduos, bem como principalmente a classe jovem dos alunos, possui já
em seu acesso.

Os usos dos aparelhos eletrônicos móveis, como os celulares, possuem um uso bem
flexível, dando margem para diferentes possibilidades e aplicações, em diferentes ambientes.
Navegar na internet para propósitos acadêmicos é um grande exemplo da versatilidade desses
equipamentos que proporciona busca fácil e espontânea de conhecimentos por diferentes fontes.
Há também grande disponibilidade de softwares, não apenas aqueles já criados para o auxílio
cotidiano, como calculadoras, agendas e etc, mas programas criados especificamente para
utilização no contexto do estudo e ainda aqueles que atendem às necessidades de disciplinas
específicas como o o Physics ToolBox Sensor Suite, com soluções pensadas para a matéria da
Física.

3.2) AS LEGISLAÇÕES E PROIBIÇÕES DO USO DO CELULAR

Variando de regimento para regimento, há proibições contra o uso do celular em escolas,


e em outras não. Por exemplo, em São Paulo há a Lei Nº 16. 567, de 06 de novembro de 2017,
que vigora uma lei anterior, de 2007, proibindo a utilização do telefone celular nos
estabelecimentos de ensino do Estado, durante o horário das aulas. Vale notar que no mesmo
há uma ressalva para o uso para finalidades pedagógicas.

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Há ainda uma lei de maio de 2008, no DF, que proíbe da mesma forma a utilização de
celulares e aparelhos eletrônicos em escolas públicas e privadas da Educação Básica. O projeto
de lei que originou a norma argumenta que o uso do telefone poderia desviar a atenção dos
alunos, possibilitar fraudes durante as avaliações e provocar conflitos entre professores e alunos
e alunos entre si. Esta visão é compartilhada em diversas escolas e outras informalmente
também veem como problema o celular em sala de aula.

3.3) PHYSICS TOOLBOX SENSOR SUITE E OS APLICATIVOS


EXISTENTES PARA O APRENDIZADO DA FÍSICA

Existem diversos aplicativos focados em ser auxiliares para o aprendizado acadêmico


de crianças e adolescentes, alguns exemplos de apps que não foram utilizados para o projeto de
pesquisa, mas como citação e menção, e que também estão na seção “Aplicativos semelhantes”
do Physics Toolbox:
• Phyphox - criado pela RWTH Aachen University, Templergraben Alemanha.
Conjunto de sensores para realização de experimentos de física.
• Blynk - permite controlar remotamente um hardware programável como Arduino,
Raspberry Pi e semelhantes.
• ConvertAll - conversor de unidade com 30 módulos diferentes, entre eles, IMC,
temperatura, peso, força e energia.
• GPS Status & Toolbox - GPS com ferramenta de nivelamento, posição, potência do
sinal dos satélites, precisão, velocidade, aceleração, altitude, rolamento, altitude e
estado da bateria do telefone. Está na décima posição dos “Mais rentáveis Turismo e
local” da Google Play.

Apesar da variedade de aplicativos, o Physics Toolbox Sensor Suite foi o software usado
nos protótipos do presente projeto, o seu título poderia ser livremente traduzido para algo como
“Suíte de Ferramentas e sensores de Física”.
O aplicativo foi desenvolvido pela Vieyra Software, criada por Chrystian e Rebeca
Vieyra, desenvolvedor de software e educadora de física, que tem como objetivo, segundo eles,
fornecer ferramentas de análise de dados gratuitas e de baixo custo para aproveitar o poder dos
sensores móveis, aprimorar a educação científica e facilitar a pesquisa e o uso industrial. O
software possui diversas funcionalidades que utilizam do hardware do aparelho para mostrar os
dados em tempo real, como giroscópio, detector de proximidade e estroboscópio. O sensor
usado nos protótipos do projeto de pesquisa é o gerador de tons, que dá a possibilidade de
definir a frequência de 0 a 20.000 Hz, a forma de onda como senoidal, quadrada, dente de serra
ou triangular e os tons musicais. A figura 1 ilustra a interface do aplicativo.

Figura 1: Physics ToolBox Sensor Suite, interface do app.

Fonte: Google Play Store.

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4) METODOLOGIA
O trabalho foi iniciado efetivamente com um levantamento bibliográfico por volta do
final de abril. As principais fontes para o embasamento científico foram artigos científicos, sites
de ciência e sites educacionais. A pesquisa em trabalhos científicos forneceu parâmetros para
serem analisados, tais como: opinião dos professores sobre o tema, opinião dos alunos, dentre
outros. Assim foi possível obter uma confirmação positiva mais veemente para a validação do
trabalho.
A confecção dos protótipos experimentais foi feita nas dependências da escola Centro
de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional do Gama. Todo o processo de
desenvolvimento foi realizado inteiramente pelos integrantes do grupo com a supervisão do
orientador do projeto, os materiais componentes dos experimentos foram obtidos por compras
e doações.
O desenvolvimento dos protótipos para aplicação pedagógica do celular, consiste em
dois experimentos aplicados, sendo um, a cuba de ondas e outro a demonstração da
transferência de energia à distância pela lei de indução eletromagnética de Faraday.
A cuba de ondas (Figura 2) funciona da seguinte maneira: um tanque de vidro com
fundo transparente, montado em um suporte acima de um projetor de luz. Quando o projetor é
ligado, reflete a luz para cima, a qual é direcionada para frente, a luz atravessa a água e pode-
se projetar o que acontece dentro do tanque. Na cuba deste projeto, o sinal é gerado pelo celular,
mais precisamente pelo sensor “gerador de tons” do aplicativo Physics ToolBox Sensor Suite,
que faz o alto-falante vibrar na frequência indicada pelo aplicativo e assim mover a haste que
está fixada no dispositivo de som e consequentemente gerar ondulações na água.
O outro experimento aplicado, consiste na demonstração de carregamento à distância,
amparado pela lei de indução eletromagnética de Faraday, o físico percebeu que ao introduzir
um ímã em uma bobina esta apresentava a presença de uma corrente elétrica na mesma, ou seja,
a intensidade da força eletromotriz induzida (ε) é igual a variação do fluxo magnético no interior
da espira. Como ilustrado a figura 3.

Figura 2: Protótipo da cuba de ondas Figura 3: Indução eletromagnéticas em bobinas

Fonte: os autores Fonte: os autores

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5) RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após todo o desenvolvimento da pesquisa, foi possível chegar a resultados satisfatórios.
Foi possível, por meio da cuba de ondas, caracterizar os fenômenos de interferência entre ondas
e observar relações entre frequência e comprimento de onda.
Foi observado a interferência de ondas ocorrendo em tempo real, que nada mais é do
que a superposição de duas ondas no mesmo espaço (figura 4).
Figura 4: Interferência de ondas

Fonte: Os autores
Na segunda observação, é possível perceber a relação entre comprimento de onda e
frequência. O comprimento de onda (λ) possui uma relação inversa com a frequência, isto fica
mais claro observando na cuba de ondas. É possível perceber que o comprimento de ondas vai
se torando cada vez menor quando a frequência é aumentada. Pode-se observar claramente essa
relação com as frequências de 25 Hz, 30 Hz e 45 Hz, da esquerda para direita, respectivamente
(figura 5)
Figura 5: Relação entre comprimento de onda e frequência

Fonte: Os autores
Diante do que foi citado, embasando-se com trabalhos científicos da área e com os dados
coletados até o momento, está evidenciado que o celular é um forte aliado à educação, quando
abordado da maneira certa. Pode ser um grande aliado ao estudo, tornar as aulas mais
interessantes e buscar a praticidade que mostrou-se necessária nas aulas de física.
Com relação a transferência de energia entre as bobinas, foi possível verificar que
a inserção de um sinal senoidal de 25 Hz numa bobina, gerou um sinal de mesma
frequência numa bobina secundária nas proximidades. A experiência pode ser associada
as formas mais recentes de carregamento de celulares com carregadores sem fio e
mostra-se como uma oportunidade de aproximação do conteúdo com o contexto do aluno.

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6) CONCLUSÃO
Desta maneira, conclui-se que apesar de ser visto hoje por muitas pessoas como um
artifício mais exclusivo do lazer, o celular possui um potencial pedagógico muito grande e
precisa ser explorado dentro do cenário escolar.
A necessidade de busca pela dimensão prática nas aulas é grande. A Física é uma
matéria teórica e pode ser considerada maçante por alguns alunos, o que faz com que seja
preciso algo novo para fixar a atenção e permitir uma melhor assimilação do conteúdo.
Por ser muito presente na vida dos seres humanos, a utilização do celular como uma
ferramenta de auxílio ao estudo e à aprendizagem torna-se extremamente viável na análise
escolar, porém, é preciso que o corpo docente esteja preparado para trabalhar com esta
tecnologia dentro da escola. Imprescindível ressaltar que os resultados obtidos até então com
os experimentos são preliminares e a pesquisa continua avançando.
É fundamental ressaltar que os protótipos não se encontram finalizados ainda, precisam
de aprimoramentos que serão realizados posteriormente e é essencial esclarecer que não são
apenas estes protótipos que o grupo pensa em desenvolver, há ainda mais experimentos
aplicados que podem ser realizados na área de Física envolvendo o celular e que podem ser
desenvolvidos futuramente.
Após a fabricação e teste dos componentes necessários, análise dos dados e pesquisas
sobre as legislações que vigoram no cenário brasileiro, é perceptível que o celular pode ser uma
ferramenta muito útil no ambiente escolar.

7) REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Mauro Sérgio Teixeira; ABIB, Maria Lúcia Vital dos Santos. Atividades
Experimentais no Ensino de Física: Diferentes Enfoques, Diferentes Finalidades.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbef/v25n2/a07v25n2 Acesso: 05. ago. 2018.

POSSOBSON, Renata. Cuba de ondas. Disponível em: <https://www.ifi.unicamp


.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809videos/F609_2016_sem1/RenataP-
Thiago_Alegre-F609-RF3%20ANTIGO.pdf> Acesso em: 22 abr. 2018.

RAMOS, Márcio Roberto Vieira. O uso de tecnologias em sala de aula. Disponível


em:http://www.uel.br/revistas/lenpes-
pibid/pages/arquivos/2%20Edicao/MARCIO%20RAMOS%20-
%20ORIENT%20PROF%20ANGELA.pdf Acesso: 1. mar. 2018.

DIONISIO, Paulo et al. Demonstre força eletromotriz em aula devida ao


movimento. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/viewFile/6816/6300 Acesso em: 22 abr.
2018.

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