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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
AUTORIDADES
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
APRESENTAÇÃO
Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia mais
latente e veloz em nossa rotina diária.
Este curso tem por objetivo , aperfeiçoar os 2º Sargentos da Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro. Para tal, o Curso ocorrerá na modalidade semipresencial,
através de módulos, sendo destes um disponibilizado no ambiente virtual de
aprendizagem, por intermédio da Escola Virtual, no Centro de Educação a Distância
da Polícia Militar (CEADPM) e um módulo de disciplinas práticas ministrado do Centro
de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP 31 Vol.).
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá na parte EaD autonomia
de estudos e de horários, mas também é necessário disciplina e dedição para o êxito
dessa jornada, pois depende do esforço coletivo e também individual para que
tenhamos policiais cada vez mais qualificados,bem treinados e aperfeiçoados para
cumprirmos nossa missão, buscando cada vez mais a excelência de nossas ações.
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da informação
e da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de garantir uma tropa
consciente, respeitosa, pautada em valores morais e institucionais, garantindo assim o
cumprimento de suas funções com dignidade e excelência.
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos através deste
curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a sociedade, seus
companheiros de profissão. Que seja um momento de repensar as práticas e
fortelecer seu vínculo profissional, ampliando cada vez mais seus conhecimentos para
lidar com as particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Desenvolvedores
CEADPM
Supervisão Geral EAD
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva
Equipe Técnica
SUBTEN PM Wilian Jardim de Souza
3º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos
Diagramação
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes
CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira
CB PM Thiago Silva Amaral
Design Instrucional
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva
CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira
Vídeo e animação
CB PM Joyce Gaspar de Almeida
Designer Gráfico
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes
SD PM Leonardo da Silva Ramos
Suporte ao Aluno
2º SGT PM Anderson Inácio de Oliveira
CFAP
Supervisão Geral do Curso
MAJ PM Maria Isabel Conceição Silva Sardinha
Coordenação Pedagógica
CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva
Equipe Técnica
TEN PM Ped Paulo Paulo Baptista
2ºSGT PM Elaine Xavier Oliveira Alves de Lima
CB PM Juliana Pereira de Carvalho
Conteudista
1º TEN PM Daniele Teodoro Ferreira
1º TEN PM Luciana Ribeiro Almeida
Revisor de Conteúdo
1º TEN PM Claudio Cesar Peres Rodrigues A. Farias
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................6
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL ..............................................................................8
FINALIDADE DO DIREITO PENAL ............................................................................... 10
O ATUAL CÓDIGO PENAL BRASILEIRO .................................................................... 11
DIREITO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO ................................... 12
TEORIA GERAL DO CRIME INFRAÇÃO PENAL ........................................................ 12
CONCEITO DE CRIME ................................................................................................... 13
FATO TÍPICO .................................................................................................................. 15
SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................... 28
OBJETO DO CRIME ....................................................................................................... 29
PUNIBILIDADE ............................................................................................................... 29
ITER CRIMINIS ............................................................................................................... 29
CONSUMAÇÃO .............................................................................................................. 32
EXAURIMENTO .............................................................................................................. 32
ARREPENDIMENTO POSTERIOR ................................................................................ 40
CRIME IMPOSSÍVEL ...................................................................................................... 41
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO ......................................................................... 42
CRIME PRETERDOLOSO.............................................................................................. 49
TEORIA DO ERRO ......................................................................................................... 50
CAUSAS DE EXCLUSÃO DO FATO TÍPICO ............................................................... 52
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) ................................................................................. 53
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE .................................................... 54
LEGÍTIMA DEFESA ........................................................................................................ 57
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL ........................................................... 61
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO ............................................................................ 62
EXCESSO PUNÍVEL....................................................................................................... 64
IMPUTABILIDADE .......................................................................................................... 65
CONCURSO DE PESSOAS ........................................................................................... 65
CONCURSO DE CRIMES .............................................................................................. 67
AÇÃO PENAL ................................................................................................................. 69
DOS CRIMES CONTRA A VIDA .................................................................................... 73
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HOMICÍDIO ..................................................................................................................... 74
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR ....................................................... 78
LESÃO CORPORAL....................................................................................................... 80
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE ................................................................ 83
DOS CRIMES CONTRA A HONRA ............................................................................... 87
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL ..................................................... 89
DOS CRIMES DE VIOLAÇÃO DE DOMICILIO ............................................................. 92
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ..................................................................... 93
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL...................................................... 106
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA ............................................. 108
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL .................................................................................... 113
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
EM GERAL .................................................................................................................... 120
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 126
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INTRODUÇÃO
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A primeira parte, a chamada geral, contém como o próprio nome sugere regras
gerais a serem aplicadas aos crimes previstos na parte especial do Código Penal,
conceitos gerais sobre diversos aspectos, como a definição do que vem a ser de fato o
crime; a forma como serão aplicadas as penas, possibilidade de prescrição e extinção
da punibilidade. A parte Especial prevê unicamente os crimes em espécie e suas
respectivas penas.
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CONCEITO DE CRIME
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(furtar, por exemplo), mas não o será se não houver previsão legal (não será
legalmente crime). Poderá, ainda, ser formalmente crime (no caso do exemplo da lei
que criminalizava a conduta de chorar em público), mas não o será materialmente se
não trouxer lesão ou ameaça a lesão de algum bem jurídico de terceiro.
MATERIAL
CRIME BIPARTIDA
ANALÍTICO TEORIA
TRIPARTIDA
TEORIA
ADOTADA
QUADRIPARTIDA PELO
P
FATO TÍPICO
Conduta Humana
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EXEMPLO
Pedro passava por uma rua quando percebeu que Maria se encontrava
caída no chão, clamando por ajuda. Pedro até podia ajudar, sem que isso
representasse qualquer risco para sua pessoa. Todavia, Pedro decidiu não
prestar socorro à Maria.
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Como se vê, o tipo penal estabelece que aquele que não fizer o que norma
determina responderá por aquele crime. Assim, no crime omissivo puro o agente
simplesmente descumpre a norma penal, que impunha o dever de agir.
Neste caso, é irrelevante avaliar se houve qualquer resultado (no exemplo, é
irrelevante saber se houve dano à vítima), pois o agente responde criminalmente pelo
simples fato de ter violado a norma penal, descumprindo o mandamento.
EXEMPLO:
Maria é casada com José. Todavia, Maria possui uma filha de 11 anos de
idade, Joana, oriunda de seu casamento anterior. Certo dia, Maria descobre que
José está tendo relações sexuais com sua filha. Com receio de que José se separe
dela, Maria não adota nenhuma providência, ou seja, acompanha a situação sem
nada fazer para impedir que sua filha seja estuprada.
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O( Três são as principais teorias que buscam explicar a conduta: Teoria causal-
naturalística (ou clássica), finalista e social.
Para a teoria causal-naturalística, conduta é a ação humana. Assim, basta que
haja movimento corporal para que exista conduta. Esta teoria está praticamente
abandonada, pois entende que não há necessidade de se analisar o conteúdo da
vontade do agente nesse momento, guardando esta análise (dolo ou culpa) para
quando do estudo da culpabilidade.
Para a teoria causalista a conduta seria um simples processo físico, um
processo físicocausal, desprovido de qualquer finalidade por parte do agente. A
finalidade seria objeto de análise na culpabilidade.
Para a teoria finalista, adotada pelo direito penal brasileiro, a conduta
humana é a ação (positiva ou negativa) voluntária dirigida a uma determinada
finalidade. Assim: Conduta = vontade + ação ou omissão, portanto, retirando-se um
dos elementos da conduta, esta não existirá, o que acarreta a inexistência de fato
típico. É necessária, portanto, a conjugação do aspecto objetivo (ação ou omissão) e
do aspecto subjetivo (vontade).
EXEMPLO: João olha para Roberto e o agride, por livre espontânea vontade.
Estamos diante de uma conduta (quis agir e agrediu) dolosa (quis o resultado).
Agora, se João dirige seu carro, vê Roberto e sem querer, o atinge, estamos
diante de uma conduta (quis dirigir e acabou ferindo) culposa (não quis o
resultado).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Ora, se a lei prevê que o erro sobre um elemento do tipo exclui o dolo e a
culpa, se inevitável, ou somente o dolo, se evitável, é porque entende que estes
elementos subjetivos estão no tipo (fato típico), não na culpabilidade. Assim, a conduta
é, necessariamente, voluntária.
A grande evolução da teoria finalista, portanto, foi conceber a conduta como
um “acontecimento final”, ou seja, somente há conduta quando o agir de alguém é
dirigido a alguma finalidade (seja ela lícita ou não).
Para terceira teoria, a teoria social, a conduta é a ação humana, voluntária e
que é dotada de alguma relevância social. Há críticas a esta teoria minoritária, pois a
relevância social não seria um elemento estruturante da conduta, mas uma qualidade
que esta poderia ou não possuir. Assim, a conduta que não fosse socialmente
relevante continuaria sendo conduta.
Resultado Naturalístico
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Crime material – Homicídio. (art. 121 do CP) - Para que o homicídio seja
consumado, é necessário que a vítima venha a óbito. Caso isso não ocorra,
estaremos diante de um homicídio tentado (ou lesões corporais culposas);
Crime formal – Extorsão (art. 158 do CP) - Para que o crime de extorsão se
consume não é necessário que o agente obtenha a vantagem ilícita, bastando
o constrangimento à vítima;
Crime de mera conduta (art. 150 do CP) - Invasão de domicílio. Nesse caso,
a mera presença do agente, indevidamente, no domicílio da vítima caracteriza
o crime. Não há um resultado previsto para esse crime. Qualquer outra conduta
praticada a partir daí configura crime autônomo (furto, roubo, homicídio, etc.).
Nexo de Causalidade
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EXEMPLO: Marcelo acorda de manhã, toma café, compra uma arma e encontra
Júlio, seu desafeto, disparando três tiros contra ele, causando-lhe a morte.
Retirando-se do curso o café tomado por Marcelo, concluímos que o resultado
teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a compra da arma do
curso do processo, o crime não teria ocorrido.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
EXEMPLO
EXEMPLO
EXEMPLO
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EXEMPLO
Pedro resolve matar João, desta vez, ministrando em sua bebida certa
dose de veneno. Entretanto, antes que o veneno faça efeito, Marcelo aparece e
dispara 10 tiros de pistola contra João, o mantando. Nesse caso, Pedro
responderá somente por homicídio tentado.
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EXEMPLO
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EXEMPLO
Pedro resolve matar João, e dispara 25 tiros contra ele, usando seu
fuzil calibre 7.62. João fica estirado no chão, é socorrido por uma ambulância
e, no caminho para o Hospital, sofre um acidente de carro (a ambulância bate
de frente com uma carreta) e João vem a morrer em razão do acidente, não
dos ferimentos causados por Pedro. Nesse caso, Pedro responde apenas por
tentativa de homicídio. Por qual motivo? Sua conduta não foi a causa da
morte. Mas, se suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido?
Não. Pedro teve a intenção de produzir o resultado? Sim. Então por que não
responde pelo resultado??
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
EXEMPLO
Tipicidade
Não há muito o que se falar acerca da tipicidade formal. Basta que o intérprete
proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso concreto e a conduta prevista na
Lei Penal (subsunção). Se a conduta praticada se amoldar àquela prevista na Lei
Penal, o fato será típico, ou seja, haverá adequação típica, por estar presente o
elemento “tipicidade”.
A tipicidade material, que é a ocorrência de uma ofensa (lesão ou exposição a
risco) significativa ao bem jurídico. Assim, não haverá tipicidade material quando a
conduta, apesar de formalmente típica (prevista na Lei como crime), não for capaz de
afetar significativamente o bem jurídico protegido pela norma. Um exemplo disso
ocorre nas hipóteses em que há aplicação do princípio da insignificância.
EXEMPLO
SUJEITOS DO CRIME
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
OBJETO DO CRIME
O objeto do crime é o bem jurídico tutelado pelo Direito Penal, pode ser
jurídico ou material.
PUNIBILIDADE
ITER CRIMINIS
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Cogitação (cogitatio)
É a representação mental do crime na cabeça do agente, a fase inicial, na qual
o agente idealiza como será a conduta criminosa. Trata-se de uma fase interna, ou
seja, não há exteriorização da ideia criminosa, adoção de preparativos, nada disso.
Assim, a cogitação é sempre impunível, pois não sai da esfera psicológica do agente.
Ex.: José quer matar Maria. Para tanto, José vai até uma loja e compra uma faca bem
grande. Em razão do princípio da “exteriorização do fato” ou “materialização do fato”,
que impede a punição de atitudes internas das pessoas.
Como regra, os atos preparatórios são impuníveis, já que o agente não chega,
sequer, a iniciar a execução do crime. Todavia, os atos preparatórios serão puníveis
quando configurarem, por si só, um delito autônomo.
Ex.: José quer falsificar várias notas de R$ 100,00 (quer praticar o crime de moeda
falsa, art. 289 do CP). Assim, José compra um maquinário destinado a falsificar
moeda. A princípio, essa conduta seria um mero ato preparatório impunível. Todavia,
neste específico caso o CP já criminaliza essa conduta preparatória, estabelecendo
um tipo penal autônomo, que é o crime de “petrechos de falsificação” (art. 291 do CP20),
ou seja, o CP já considera crime a aquisição do maquinário!
Atos executórios
Os atos executórios são aqueles por meio dos quais o agente, efetivamente, dá
início à conduta delituosa, por meio de um ato capaz de provocar o resultado.
Ex.: José quer matar Maria. Para tanto, espera Maria passar pela porta de sua casa e,
quando ela passa, dispara contra ela um projétil de arma de fogo. Neste momento se
inicia a execução.
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CONSUMAÇÃO
EXAURIMENTO
Ex.: José pratica falso testemunho num processo que envolve Maria (crime de
falso testemunho consumado, art. 342 do CP). Após isso, Maria é condenada em
razão do testemunho falso de José (consequência que é mero exaurimento do delito,
não alterando a tipificação do crime).
TENTATIVA
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Assim, nos crimes tentados, por não haver sua consumação (ocorrência de resultado naturalístico
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Disse “em regra”, porque pode acontecer que um crime tentado produza
resultados, que serão analisados de acordo com a conduta do agente e sua aptidão
para produzi-los.
Nesse caso, como o objetivo não era causar lesão corporal, mas sim matar, o
crime não foi consumado, pois a morte não ocorreu. Entretanto, não se pode negar
que houve resultado naturalístico e nexo causal, embora este resultado não tenha sido
o pretendido pelo agente quando da prática da conduta criminosa. O crime consumado
nós já estudamos, cabe agora analisar as hipóteses de crime na modalidade tentada.
No caso acima, Marcelo responderá pelo tipo penal de
homicídio (art. 121 do CP), na modalidade tentada (art. 14, II do
CP). Mas se vocês analisarem, o art. 121 do CP diz “matar
alguém”. Marcelo não matou ninguém.
Assim, como enquadrá-lo na conduta prevista pelo art.
121? Isso é o que chamamos de adequação típica mediata,
conforme já estudamos. Na adequação típica mediata o agente
não pratica exatamente a conduta descrita no tipo penal, mas em
razão de uma outra norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo
penal, ele deve responder pelo crime. Assim, no caso em tela, Marcelo só responde
pelo crime em razão da existência de uma norma que aumenta o alcance objetivo
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(relativo à conduta) do tipo penal para abarcar também as hipóteses de tentativa (art.
14, II do CP).
O inciso II do art. 14 fala em “circunstâncias alheias à vontade do agente”. Isso
significa que o agente inicia a execução do crime, mas em razão de fatores externos, o
resultado não ocorre. No caso concreto que citei, o fator externo, alheio à vontade de
Marcelo, foi provavelmente sua falta de precisão no uso da arma de fogo e o socorro
eficiente recebido por Rodrigo, que impediu sua morte.
Art. 14 (...)
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alheias à sua vontade. Ex.: José atira em Maria, com dolo de matar, e acerta o
alvo. Maria, todavia, sofre apenas lesões leves no braço, não vindo a falecer.
Tentativa perfeita – Ocorre quando o agente esgota completamente os meios
de que dispunha para lesar o objeto material. Ex.: José atira em Maria, com
dolo de matar, descarregando todos os projéteis da pistola. Acreditando ter
provocado a morte, vai embora satisfeito. Todavia, Maria é socorrida e não
morre.
Tentativa imperfeita – Ocorre quando o agente, antes de esgotar toda a sua
potencialidade lesiva, é impedido por circunstâncias alheias, sendo forçado a
interromper a execução. Ex.: José possui um revólver com 06 projéteis. Dispara
os 03 primeiros contra Maria, mas antes de 21 Em contraposição à Teoria
objetiva há a Teoria subjetiva, que sustenta que a punibilidade da tentativa
deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta é o mesmo do
crime consumado (é tão reprovável a
conduta de “matar “quanto a de “tentar
matar”). Para esta Teoria, a tentativa
deveria ser punida da mesma forma que o
crime consumado. Na verdade, adotou-se
no Brasil uma espécie de Teoria objetiva
“temperada” ou mitigada. Isto porque a
regra do art. 14, II admite exceções, ou
seja, existem casos na legislação pátria
em que se pune a tentativa com a mesma pena do crime consumado.
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ARREPENDIMENTO POSTERIOR
O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o crime, pois este já se
consumou, mas é causa obrigatória de diminuição de pena. Ocorre quando, nos
crimes em que não há violência ou grave ameaça à pessoa, o agente, até o
recebimento da denúncia ou queixa, repara o dano provocado ou restitui a coisa. Nos
termos do art. 16 do CP:
EXEMPLO
Vejam que não se aplica o instituto se o crime for cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa. A Doutrina entende que se a violência for culposa, pode ser
aplicado o instituto. Assim, se o agente comete lesão corporal culposa (violência
culposa), e antes do recebimento da queixa paga todas as despesas médicas da
vítima, presta todo o auxílio necessário, deve ser aplicada a causa de diminuição de
pena.
O arrependimento posterior também se comunica aos demais agentes
(coautores). A Doutrina entende, ainda, que se a vítima se recusar a receber a coisa
ou a reparação do dano, mesmo assim o agente deverá receber a causa de
diminuição de pena. O quantum da diminuição da pena (um terço a dois terços) irá
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
CRIME IMPOSSÍVEL
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra Maria. Marcelo
chega, à surdina, de noite, e percebendo que Maria dorme no sofá, desfere contra ela
10 facadas no peito. No entanto, no laudo pericial se descobre que Maria já estava
morta, em razão de um mal súbito que sofrera horas antes.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Nesse caso, o crime é impossível, pois o objeto material (a sogra, Maria) não
era uma pessoa, mas um cadáver. Logo, não há como se praticar o crime de
homicídio em face de um cadáver.
No mesmo exemplo, imagine que Marcelo pretenda matar sua sogra a tiros e,
surpreenda-a na servidão que dá acesso à casa. Entretanto, quando Marcelo aperta o
gatilho, percebe que, na verdade, foi enganado pelo vendedor, que o vendeu uma arma
de brinquedo.
Nesse último caso o crime é impossível, pois o meio utilizado por Marcelo é
completamente ineficaz para causar a morte da vítima.
Em ambos os casos temos hipótese de crime impossível. Na verdade, o crime
impossível é uma espécie de tentativa, com a circunstância de que jamais poderá se
tornar consumação, face à impropriedade do objeto ou do meio utilizado. Por isso, não
se pode punir a tentativa nestes casos, eis que não houve lesão ou sequer exposição
à lesão do bem jurídico tutelado, não bastando para a punição do agente o mero
desvalor da conduta, devendo haver um mínimo de desvalor do resultado.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Crime Doloso
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime
doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
uma conduta dolosa não é necessário, hoje, saber se o agente tinha consciência de
que sua conduta era contrária ao Direito, o que só será analisado na culpabilidade.
Há, ainda, o que a Doutrina chama de dolo indireto. O dolo indireto se divide
em dolo eventual e dolo alternativo.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
EXEMPLO
EXEMPLO
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Crime Culposo
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Exemplo: Júlio, dirigindo seu veículo, avança o sinal vermelho e colide com o
veículo de Carlos, que vinha na contramão. Ambos agiram com culpa e causaram-se
lesões corporais. Nesse caso, ambos respondem pelo crime de lesões corporais, um
em face do outro.
CRIME PRETERDOLOSO
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
TEORIA DO ERRO
Erro sobre elemento constitutivo do tipo (CP, art. 20, caput): "O erro sobre
elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei". Tal erro pode referir-se a uma
situação de fato.
Exemplo: o caçador atira em uma pessoa, pensando tratar-se de um animal
perigoso.
Descriminantes putativas (CP, art. 20, § 1°): "É isento de pena quem, por
erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que,
se existisse, tornaria a ação legítima". Trata-se do erro de tipo inevitável
(invencível ou escusável) e, sendo assim, exclui a punição por dolo ou por
culpa. O fato, portanto, é atípico. Importante lembrar que: "Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo."
(CP, art. 20, § 1°, parte final).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3°, CP): "O erro quanto à pessoa contra a qual
o crime é praticado não isenta depena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime". Ocorre quando, por exemplo, o agente mata A
pensando tratar-se de B, fato que não altera a figura típica do homicídio.
Erro sobre a ilicitude do fato (art. 21, CP): "O desconhecimento da lei é
inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
CP, art. 20, Parágrafo único: “Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas
circunstâncias, ter ou atingir essa consciência".
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Exemplo: José pega Maria à força e, segurando seu braço, faz com que Maria
esfaqueie Joana, que está dormindo. Neste caso, Maria não teve conduta, pois não
teve dolo ou culpa. Maria não escolheu esfaquear, foi coagida fisicamente a fazer isso.
Exemplo: José pega o celular que está em cima do balcão da loja e vai
embora, acreditando ser o seu celular. Todavia, quando chega em casa, vê que pegou
o celular de outra pessoa, pois confundiu com o seu. Neste caso, José praticou, em
tese, o crime de furto (art. 155 do CP). Todavia, como houve erro inevitável sobre um
dos elementos do tipo (o elemento “coisa alheia”, já que José acreditava que a coisa
era sua), José não responderá por crime algum.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE)
Não basta, para a ocorrência de um crime, que o fato seja típico (previsto em
lei). É necessário também que seja antijurídico, ou seja, contrário a lei penal, que viole
bens jurídicos protegidos pelo ordenamento jurídico, portanto, a antijuridicidade (ou
ilicitude) é a condição de contrariedade da conduta perante o Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato típico), presume-se presente a
ilicitude, devendo o acusado comprovar a existência de uma causa de exclusão da
ilicitude. Percebam, assim, que uma das funções do fato típico é gerar uma presunção
de ilicitude da conduta, que pode ser desconstituída diante da presença de uma das
causas de exclusão da ilicitude.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
a) estado de necessidade;
b) legítima defesa;
c) exercício regular de um direito;
d) estrito cumprimento do dever legal.
Além de típico, para ser considerado crime o fato deve ser também antijurídico.
O art. 23 do CP dispõe que não há crime quando o agente pratica o fato nos seguintes
casos:
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
EXEMPLO
Marcos e João estão num avião que está caindo. Só há uma mochila
com paraquedas. Marcos agride João até causar-lhe a morte, a fim de que o
paraquedas seja seu e ele possa se salvar. Nesse caso, o bem jurídico que
Marcos buscou preservar (vida) é de igual valor ao bem sacrificado (Vida de
João). Assim, Marcos não cometeu crime, pois agiu coberto por uma
excludente de ilicitude, que é o estado de necessidade.
Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi ele
mesmo quem deu causa, não poderá sacrificar o direito de um terceiro a
pretexto de salvar o seu).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
EXEMPLO
Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei não permite o estado de
necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente;
A situação de perigo deve estar expondo a risco de lesão um bem jurídico do
próprio agente ou de um terceiro. O agente não pode ter o dever jurídico enfrentar o
perigo.
Ser conhecida pelo agente – O agente deve saber que está agindo em estado de
necessidade (elemento subjetivo).
Inevitável – O bem jurídico protegido só seria salvo daquela maneira. Não havia
outra forma de salvar o bem jurídico.
Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o agente sacrifica bem
jurídico de um terceiro que não provocou a situação de perigo.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
LEGÍTIMA DEFESA
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
O agente deve ter praticado o fato para repelir uma agressão. Contudo, há
alguns requisitos.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Quando uma pessoa é atacada por um animal, em regra não age em legítima
defesa, mas em estado de necessidade, pois os atos dos animais não podem ser
considerados injustos.
Entretanto, se o animal estiver sendo utilizado como instrumento de um crime
(dono determina ao cão bravo que morda a vítima), o agente poderá agir em legítima
defesa. Entretanto, a legítima defesa estará ocorrendo em face do dono (lesão ao seu
patrimônio, o cachorro), e não em face do animal.
Com relação às agressões praticadas por inimputável, a Doutrina se divide,
mas a maioria entende que nesse caso há legítima defesa, e não estado de
necessidade.
Na legítima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de necessidade, o
agredido (que age em legítima defesa) não é obrigado a fugir do agressor, ainda que
possa. A lei permite que o agredido revide e se proteja, ainda que lhe seja possível.
A reação do agente, por sua vez, deve ser proporcional. Ou seja, os meios
utilizados por ele devem ser suficientes e necessários a repelir a agressão injusta.
Vejamos:
Sargento Paulo, em discussão de trânsito com outro motorista amis alto e mais
forte que Paulo e dadas as condições físicas dos dois e se sentindo ameaçado pois o
outro motorista ameaça de agredi-lo e de forma a repelir a injusta agressão, saca sua
pistola e o e desfere 05 tiros no peito do outro motorista, provocando sua morte.
Neste caso, Sargento Paulo não pode alegar legítima defesa, eis que sua reação
não foi proporcional, já que não utilizou moderadamente dos meios necessários.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Caso o agredido erre ao revidar a agressão e atinge pessoa que não tem
relação com a agressão (erro sobre a pessoa), continuará amparado pela excludente
de ilicitude, pois o crime se considera praticado contra a pessoa visada, não contra a
efetivamente atingida.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Não cabe legítima defesa real em face de legítima defesa real, pois se o
primeiro age em legítima defesa real, sua agressão não é injusta, o que
impossibilita reação em legítima defesa.
Cabe legítima defesa real em face de legítima defesa putativa. Assim, se A
pensa estar sendo ameaçado por B e o agride (legítima defesa putativa), B
poderá agir em legítima defesa real. Isto porque a atitude de A não é justa, logo,
é uma agressão injusta, de forma que B poderá se valer da legítima defesa (A
até pode não ser punido por sua conduta, mas isso se dará pela exclusão da
culpabilidade em razão da legítima defesa putativa).
Sempre caberá legítima defesa em face de conduta que esteja acobertada
apenas por causa de exclusão da culpabilidade (pois nesse caso a agressão é
típica e ilícita, embora não culpável).
NUNCA haverá possibilidade de legítima defesa real em face de qualquer
causa de exclusão da ilicitude real.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato típico, mas o faz
em cumprimento a um dever previsto em lei. Assim, o Policial tem o dever legal de
manter a ordem pública. Se alguém comete crime, eventuais lesões corporais
praticadas pelo policial (quando da perseguição) não são consideradas ilícitas, pois
embora tenha sido provocada lesão corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial
agiu no estrito cumprimento do seu dever legal.
O Código Penal prevê essa excludente da ilicitude também no art. 23, III:
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
O exercício regular de direito ocorre quando o agente age dentro dos limites
autorizadores pelo ordenamento jurídico.
Dessa forma, quem age no legítimo exercício de um direito seu, não poderá
estar cometendo crime, pois a ordem jurídica deve ser harmônica, de forma que uma
conduta que é considerada um direito da pessoa, não pode ser considerada crime, por
questões lógicas. Trata-se de preservar a coerência do sistema, mas o direito deve
estar previsto em lei? Sim! A Doutrina majoritária entende que os direitos derivados
dos costumes locais não podem ser invocados como causas de exclusão da ilicitude.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
O consentimento deve ser válido – O consentimento deve ser prestado por pessoa
capaz, mentalmente sã e livre de vícios (coação, fraude, etc.).
O bem jurídico deve ser próprio e disponível – Assim, não há que se falar em
consentimento do ofendido quando o bem jurídico pertence a outra pessoa ou é
indisponível como, por exemplo, a vida.
O consentimento deve ser prévio ou concomitante à conduta – O consentimento do
ofendido após a prática da conduta não afasta a ilicitude.
EXCESSO PUNÍVEL
Art. 23 (...)
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
IMPUTABILIDADE
CONCURSO DE PESSOAS
Normalmente, o crime é praticado por uma única pessoa. Contudo, pode ser
praticado por duas ou mais. Assim sendo, o CP utiliza o termo concurso de pessoas,
adotando a teoria unitária ou monista, segundo a qual, no concurso, existe um só
crime, em que todos os participantes respondem por ele.
Entende-se por concurso de pessoas a reunião de vários agentes concorrendo
de forma relevante para realização do mesmo evento criminoso agindo todos com
identidade de propósitos. A Cooperação pode ocorrer em fases diversas desde o
planejamento até a consumação do delito e em intensidade variável, razão pela qual é
valorada de acordo com a contribuição de cada um dos agentes para o sucesso da
ação criminosa.
O art. 29 do CP estatui: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime,
incide nas penas a este cominadas na medida de sua culpabilidade”. Além disso, a lei
penal distingue coautoria de participação (§ 1º, art. 29, CP).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Exemplos: ele vigia a rua, enquanto o autor furta bens do interior da casa; ele
empresta a arma para o autor matar a vítima etc.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
CONCURSO DE CRIMES
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Ocorre quando o agente mediante uma conduta (ação ou omissão) pratica dois
ou mais crimes, ainda que idênticos ou não. Exemplo: Agente A, com a intenção de
tirar a vida da Agente B, grávida de 8 meses, desfere várias facadas em sua nuca, B e
o bebê morrem.
Aplica-se a pena mais grave, aumentada de 1/6 até 1/2, e somente uma das
penas, se iguais, aumentada de 1/6 até 1/2. Aplicam-se as penas, cumulativamente,
se a ação ou omissão for dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
AÇÃO PENAL
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Finalidade
Fundamento Legal
A Ação Penal tem previsão legal no Código Penal/CP, art. 100, Código de
Processo Penal/CPP, arts. 24 a 62 e na Constituição Federal- CF, art. 5.°,XXXV e LIX.
Classificação
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Importante salientar que, nos crimes em que se procede mediante ação penal
pública, havendo indícios de autoria e materialidade colhidos, durante as
investigações, o oferecimento da DENÚNCIA - pelo MP - pelo Princípio da
obrigatoriedade é obrigatório.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
A ação privada deve ser intentada no prazo de seis meses, a contar da data em
que o ofendido souber quem é o autor da infração penal - art. 38, CPP. Se nada for
feito, ocorrerá a decadência=perda do direito de ação e extinção da punibilidade do
autor do crime.
Esta deve ser ajuizada no prazo máximo de seis meses (art. 38,
parte final, CPP); se não o fizer, cabe apenas ao MP promovê-la,
desde que a punibilidade não esteja extinta pelo decurso do prazo
prescricional (art. 109 do CP).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Conceito
O Título I da Parte Especial do Código Penal cuida somente dos crimes contra
a pessoa e está dividido em seis capítulos: “Dos crimes contra a vida”; “Das lesões
corporais”; “Da periclitação da vida e da saúde”; “Da rixa”; “Dos crimes contra a honra;
e “Dos crimes contra a liberdade individual”.
É um dos mais relevantes objetos da tutela penal. Não a protege o Estado
apenas por obséquio ao indivíduo, mas, principalmente, por exigência de indeclinável
interesse público ou atinente a elementares condições da vida em sociedade. Pode-se
dizer que, à parte os que ofendem ou fazem periclitar os interesses específicos do
Estado, todos os crimes constituem, em última análise, lesão ou perigo de lesão contra
a pessoa.
Não é para atender a uma diferenciação essencial que os crimes
particularmente chamados contra a pessoa ocupam setor autônomo entre as espécies
de delito. A distinção classificadora justifica-se apenas porque tais crimes são os que
mais imediatamente afetam a pessoa. Os bens físicos ou morais que eles ofendem ou
ameaçam estão intimamente consubstanciados com a personalidade humana. Tais
são: a vida, a integridade corporal, a honra e a liberdade.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
HOMICÍDIO
Conceitos
Objeto Jurídico
Objeto Material
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Crime Material
Sujeito Ativo
Sujeito ativo da conduta típica é qualquer ser humano que pratica a figura típica
descrita na lei, isolada ou conjuntamente com outros autores. O conceito abrange não
só aquele que pratica o núcleo da figura típica (quem mata), como também o partícipe,
que é aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para
a produção do resultado. Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por
qualquer pessoa.
Sujeito Passivo
Homicídio Simples
Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição
de pena.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Homicídio Qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II Por motivo fútil;
III Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
Homicídio Culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Formas de Homicídios
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Bem jurídico, vida humana, Sujeito ativo, somente a mãe, Sujeito passivo, o
ser humano nascente ou recém-nascido, Tipo objetivo: matar, sob influência do
estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Aborto
Tipo penal (art. 124): provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem
lhe provoque. Pena: detenção, de um a três anos.
LESÃO CORPORAL
Conceito
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
vai sofrer a alteração, que vão desde tatuagens a amputações, passando por todas as
alterações físicas provocadas pela ação ou omissão maliciosa de outrem, que pode ter
utilizado meios diretos ou indiretos para gerar o dano.
Para caracterizar a lesão corporal é necessário que esteja configurada a
alteração física, mesmo que apenas temporária, sendo que sensações como
desconforto ou dor física não são consideradas como formas de lesão corporal.
§ 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro,
sentido ou função; IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente;
V - aborto:
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
• Qualquer pessoa.
Sujeito
ativo
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Crime de Perigo
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Objeto Jurídico
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Abandono de Incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância
ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena -
detenção, de seis meses a dois anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Objeto Jurídico
Elementos do Tipo
Sujeito Ativo
Esse crime somente pode ser cometido por aquele que tenha o indivíduo sob o seu
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. O crime é próprio, exigindo a descrição
típica que exiba o agente especial vinculação com o sujeito passivo, vinculação esta
inserida no dever de assistência que o primeiro tem em relação ao segundo. O dever
de assistência pode decorrer de lei, de um contrato, ou de um fato (lícito ou mesmo
ilícito). Exemplo: O enfermeiro que cuida de pessoa portadora de doença grave.
Guarda é a assistência duradoura.
Ex.: menores sob a guarda dos pais. Vigilância é a assistência
acauteladora.
Sujeito Passivo
Qualquer pessoa que se encontre sob o cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade do sujeito ativo e por qualquer motivo seja incapaz de defender-se dos
riscos advindos do abandono. A incapacidade não é a civil, podendo ser corporal
ou mental, durável ou temporária. Pode também ser absoluta (inerente à condição da
vítima, uma criança, um ancião, um alucinado, um cego) ou relativa (decorrente do
lugar, do tempo, das circunstâncias do abandono da vítima, deixada à própria sorte
enquanto embriagada, enferma, amarrada).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Calúnia
Tipo penal (art. 138): Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime. Pena: reclusão, de seis meses a dois anos, e multa.
Na calúnia irrogada contra os mortos, são sujeitos passivos seus cônjuges,
ascendentes, descendentes ou irmãos.
A falsidade exigida pode referir-se tanto ao próprio fato como à sua autoria. O
fato imputado deve ser definido como crime e ser determinado. Na mesma pena
incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala, propaga, espalha ou divulga - a
torna pública ou notória (art. 138, § 1°, CP).
Admitem-se vários meios de execução (palavras, escritos, desenhos, gestos
etc.). É prescindível que a imputação ocorra na presença do ofendido. É punível a
calúnia contra os mortos (art. 138, § 2°, CP).
Difamação
Tipo penal (art. 139): difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa.
a) A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador;
b) A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de difamar;
c) O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Na primeira e
terceira hipótese, responde pela difamação quem lhe dá publicidade (art. 142,
parágrafo único, CP).
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Injúria
Tipo penal (art. 140): injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
BEM A honra
JURÍDICO
TIPO
Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
OBJETIVO Consiste na atribuição genérica de qualidades negativas ou de
fatos vagos e indeterminados. Prescinde da falsidade a
imputação feita. Admitem-se vários meios de execução
(palavras, gestos, escritos, canções, imagens, caricaturas etc.)
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Constrangimento Ilegal
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Ameaça
Maus Tratos
Tipo penal (art. 136): expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para fins de educação, ensino, tratamento ou
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-
a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou
disciplina. Pena: reclusão, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave. Pena: detenção, de um a
quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte. Pena: reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena em um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor.
90
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Bem • Liberdade
individual.
jurídico
ativo
• Qualquer pessoa, mesmo que não disponha da possibilidade de
Sujeito locomover-se por si mesmo.
Passivo
Tipo Penal (Art. 149.) Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar,
alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso,
com a finalidade. Pena: reclusão de 04 a 08 anos e multa.
Esse crime possui um especial fim de agir que está previsto nos incisos do caput,
vejamos:
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Violação De Domicílio
92
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Furto
Tipo penal (art. 155): subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel. Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
TIPO OBJETIVO A conduta de subtrair (tirar, retirar de alguém) pode ser direta ou mesmo
indireta
Furto qualificado (art. 155, § 4º): a pena do furto passa a ser de 2 a 8 anos de
reclusão, e multa, se o crime é praticado:
a) Escalada, ou seja, utilização de via anormal para adentrar no local onde o furto
será realizado. Exige-se emprego de algum instrumento, como corda ou
escada, ou de esforço para adentrar no local.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Tipo penal (art. 156): subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para
outrem, coisa comum a quem legitimamente a detém. Pena: detenção, de 6 meses a 2
anos, ou multa.
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a
dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a
fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018).
95
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
96
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Roubo Próprio
Tipo penal (art. 157, caput): subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
A tentativa é admissível.
Concurso de crimes:
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Roubo Impróprio
Conceito (art. 157, § 1º, do CP): quando o agente, "logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro."
Características:
a) inadmissível (Damásio).
b) admite-se a tentativa (Mirabete).
Majorado ou agravado: roubo com causa de aumento de pena (art. 157, § 2º).
A Lei 13.964/2019 passou a prever mais uma majorante, que incide no caso de
emprego de arma branca.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Roubo Qualificado
Extorsão
Observações:
99
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Tipo penal (art. 159): sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate. Pena: reclusão, de 8
a 15 anos.
Observações:
100
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Apropriação Indébita
Tipo penal (art. 168, do CP): apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a
posse ou a detenção.
Tentativa
Observações:
Para a configuração do crime são exigidos os seguintes requisitos:
101
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Tipo penal (art. 169, parágrafo único, lI, do CP): achar coisa alheia perdida e
dela se apropriar, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze dias.
Estelionato
Tipo penal (art. 171, do CP): obter, para si ou para outrem, vantagem indevida,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou
qualquer meio fraudulento.
Observações:
Se a vantagem for lícita, há exercício arbitrário das próprias razões (art. 345,
CP);
Obs: Se o crime for praticado contra idoso a pena será aplicada em dobro,
conforme § 4º, do art. 171 do CP, acrescentado pela Lei nº 13.228, de 28.12.2015.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Receptação
Observações:
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Receptação dolosa simples imprópria: art. 180, caput, parte final, do CP.
Observações:
104
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Receptação qualificada
Tipo penal (art. 180, § 1º, do CP): adquirir, receber, ocultar, ter em depósito,
conduzir, transportar, montar, desmontar, remontar, vender ou expor à venda ou de
qualquer forma utilizar, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que (a
pessoa) deve saber ser produto de crime.
Observações:
c) Não se deve confundir o art. 180, § 1º, do CP com o art. 334, § 1º, do CP
(conduta equiparada a contrabando ou descaminho), que se dá quando o
sujeito "adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos
que sabe serem falsos".
Receptação culposa
Tipo penal (art. 180, § 3º, do CP): "Adquirir ou receber coisa que, por sua
natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso".
O tipo do art. 180, § 6º, elenca a receptação de bens públicos, forma grave que
fez o legislador colocar a causa de aumento de pena, dobrando a pena para o agente
que recepta esses bens.
§ 6º: Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito
Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade
de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dobro a pena prevista no caput deste artigo.
Já o artigo 180-A, introduzido pela Lei nº 13.330/2016, trouxe uma novidade, a
receptação de semovente, vejamos:
105
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Tipo penal: Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber
ser produto de crime: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Estupro
Estupro de Vulnerável
Tipo Penal (art. 217- A, do CP): ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de catorze anos:
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave.
§ 4º Se da conduta resulta morte
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Observações:
107
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Incêndio
II se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social
ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo
de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou
inflamável;
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Incêndio culposo.
108
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Qualquer pessoa pode praticar esse crime, inclusive o proprietário da coisa incendiada.
Sujeito ativo
É a coletividade.
Sujeito
passivo
Explosão
Aumento de pena.
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses
previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Modalidade culposa
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos
análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de
detenção, de três meses a um ano.
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jurídico
Passivo
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
jurídico
• Consiste em expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.
O meio de execução é que difere dos demais crimes de perigo comum, pois o
Elementos agente se utiliza de gás tóxico ou asfixiante. trata-se aqui de crime de perigo comum
do tipo e concreto.
jurídico
Passivo
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
(art. 287, do
CP)
qualquer pessoa.
Sujeito ativo
a coletividade.
Sujeito
passivo
e tentativa
Trata-se de crime doloso, que pode ser praticado por qualquer meio: oral,
escrito, gestos, atitudes etc.
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Associação Criminosa
Peculato
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
o peculato é crime próprio. Somente o funcionário público pode praticá-lo (art. 327
do
CP). O particular que, de qualquer forma, concorrer para o crime, estará nele incurso
Sujeito por força do disposto no art. 30 do mesmo CP.
Ativo
Conduta típica: no art. 312, caput, 1º parte, vem expressa pelo verbo
flexionado apropriar-se, que significa apossar-se, apoderar-se, tomar para si. Trata-se
da modalidade de peculato-apropriação, semelhante ao tipo penal da apropriação
indébita, com a diferença de sujeito ativo.
Já no art. 312, caput, 2º parte, a lei pune também a modalidade de peculato-
desvio, em que o funcionário público, embora sem o ânimo de apossamento definitivo
da coisa, emprega-a de forma diversa da sua destinação, de maneira a obter benefício
próprio ou alheio, devolvendo-a, após.
É certo que a lei tutela não apenas os bens públicos, mas também aqueles
pertencentes aos particulares que estejam sob a guarda, vigilância, custódia etc. da
Administração.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Peculato-furto
Tipo penal (art. 312, § 1º, do CP): vem expresso pelo verbo subtrair, que
significa tirar, suprimir, assenhorear-se; e pelo verbo concorrer, que significa cooperar,
contribuir.
O peculato mediante erro de outrem é crime previsto no art. 313 do CP, tendo
como objetividade jurídica a tutela da Administração Pública e do patrimônio público.
A coisa deve ter vindo ao poder do funcionário público por meio de erro de
outrem, ou seja, de forma espontânea e equivocada.
É imprescindível que a entrega do bem ao funcionário tenha sido feita ao sujeito
ativo em razão do cargo que ocupa junto à Administração Pública, e que o erro tenha
relação com o seu exercício.
Concussão
Tipo penal (art. 316, do CP): exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la - mas em razão dela - vantagem
indevida.
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019 – Pacote anticrime)
a tutela da Administração
Bem Pública.
jurídico
somente o funcionário público (art. 327 do CP), ainda que fora da função,
ou antes,
Sujeito de assumi-la, mas em razão dela (crime próprio). O particular pode ser
Ativo coautor ou partícipe do crime, por força do disposto no art. 30 do
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
A conduta típica vem expressa pelo verbo exigir, que significa ordenar, intimar,
impor como obrigação.
Objeto material: vantagem indevida, ou seja, vantagem ilícita, ilegal, não
autorizada por lei, expressa por dinheiro ou qualquer outra utilidade, de ordem
patrimonial ou não.
Trata-se de crime doloso.
Corrupção Passiva
a proteção da Administração
Bem Pública.
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
A conduta típica vem expressa pelos verbos solicitar (que significa pedir,
requerer), receber (que significa tomar, obter) e aceitar (que significa anuir, consentir
no recebimento).
Prevaricação
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
ativo
passivo
a) Retardar ato de ofício, o que significa protelar, procrastinar, atrasar o ato que
deve executar (conduta omissiva).
b) Deixar de praticar ato de ofício, o que significa omitir-se na realização do ato
que deveria executar (conduta omissiva).
c) Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei, que significa executar o
ato de ofício de maneira irregular, ilegal (conduta comissiva).
Advocacia Administrativa
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Resistência
Tipo penal (art. 329): opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competente para executá-la ou a quem lhe esteja prestando
auxílio.
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
Desobediência
Desacato
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público fora do exercício de suas
funções.
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Tráfico de Influência
Tipo penal (art. 332, do CP): solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado
por funcionário público no exercício da função.
A conduta típica vem expressa
pelos verbos solicitar (pedir, rogar,
requerer), exigir (ordenar, impor, intimar),
cobrar (pedir pagamento) e obter (alcançar,
conseguir).
Corrupção Ativa
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LEGISLAÇÃO PENAL COMUM – CAS 2020
qualquer pessoa, inclusive o funcionário público que não esteja no exercício da função.
Sujeito
ativo
o Estado.
Sujeito
passivo
o parágrafo único do art. 333 do CP prevê a corrupção ativa qualificada, que ocorre
quando, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
Corrupção ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Essa hipótese trata do exaurimento da
ativa corrupção ativa.
qualificada
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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EM. Multa maior para cominhoneiros inibe bloqueio nas rodovias. Disponível em
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ta-maior-para-caminhoneiros-inibe-bloqueios-nas-rodovias.shtml
FANTÁSTICO. Tradição indígena faz pais tirarem a vida de crianças com deficiência
física. 2014, Disponível em:http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/12/tradicao-
indigena-faz-pais-tirarem-vida-de-crianca-com-deficiencia-fisica.html. Acesso em:
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GAZETA DO POVO. Mais de 150 PMs são presos no Rio de por transgressões.
Disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/mais-de-150-
pms-sao- presos-no-rio-por-transgressoes-6vam6d07eaehu7h8vlpi1i89a
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MEIRELES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 32ª. Ed. São Paulo: Malheiros,
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DIRETO. Poder Constituinte. Disponível em
https://www.passeidireto.com/arquivo/5104299/poder-constituinte-slide
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