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ESTADO DE RORAIMA

POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA


DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA – DEP
COORDENADORIA DE ENSINO POLICIAL – CEP
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – CFSD PM 2021
"Amazônia: Patrimônio dos Brasileiros

PRODUÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA POLICIAL


MILITAR - PDT
Instrutor: MAÉZIO FEITOSA FERREIRA – 2° TEN QCO PM

BOA VISTA – RR
2021
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – CFSD PM 2021

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA......................................................................................4
1. ELEMENTOS ESSENCIAIS DA COMUNICAÇÃO HUMANA..................................5
2.1 Texto Dissertativo.............................................................................................................6
2.1.1 O Padrão dissertativo-expositivo .............................................................................6
2.1.2 O Padrão dissertativo-argumentativo......................................................................6
2.2 Texto Narrativo................................................................................................................7
2.3 Texto Descritivo................................................................................................................8
3. QUALIDADES DO TEXTO OFICIAL............................................................................9
3.1 Impessoalidade.................................................................................................................9
3.2 Clareza..............................................................................................................................9
3.3 Precisão.............................................................................................................................9
3.4 Coesão e Coerência.........................................................................................................10
3.5 Concisão..........................................................................................................................10
3.6 Formalidade....................................................................................................................10
3.7 Padronização..................................................................................................................10
4. DEFEITOS DO TEXTO OFICIAL................................................................................11
4.1 Obscuridade....................................................................................................................11
4.2 Ambiguidade...................................................................................................................11
4.3 Prolixidade......................................................................................................................12
4.4 Incoerência......................................................................................................................13
5. REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS...................................................14
5.1 Vocativos e Pronomes de tratamento mais utilizados..................................................14
5.1.1 Decreto nº 9.758, de 11 de abril de 2019.................................................................15
5.2 O Padrão Ofício..............................................................................................................17
5.3 Memorando.....................................................................................................................22
5.4 Requerimento.................................................................................................................22
5.5 Ata...................................................................................................................................22
6. DOCUMENTOS INERENTES À PROFISSÃO POLICIAL MILITAR.....................24
6.1 Relatório Ocorrência Policial – ROP............................................................................24
6.1.1 Preenchimento do ROP PM - Parte 1 - Dados Gerais do Atendimento..................25
6.1.2 Preenchimento do ROP PM - Parte 2 – Local da Ocorrência.................................26
6.1.3 Preenchimento do ROP PM – Parte 3 – Pessoas Relacionadas..............................26
6.1.4 Preenchimento do ROP PM - Parte 4 – Armas, Objetos, Valores, Veículos,
Materiais Apreendidos ......................................................................................................27
6.1.5 Preenchimento do ROP PM - Parte 5 - Redação do Histórico do ROP..................27

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6.1.6 Preenchimento do ROP PM - Parte 6 – Identificação do Responsável pelo ROP


PM.......................................................................................................................................29
6.1.7 Dicas para um bom preenchimento de ROP............................................................29
6.1.8 Por que tudo isso?.....................................................................................................29
6.1.9 Consequências de um ROP mal elaborado..............................................................30
6.1.10 ROP - Canaimé SCI ...............................................................................................30
6.2 Auto de Resistência e Auto de Resistência e Prisão.....................................................31
6.3 Comunicação Disciplinar...............................................................................................32
6.4 Queixa Disciplinar..........................................................................................................32
6.5 Representação.................................................................................................................33
6.6 Razões Escritas de Defesa..............................................................................................33
6.7 Recurso Disciplinar........................................................................................................33
6.8 Parte................................................................................................................................34
7. SISTEMA ELETRÔNICO DE INFORMAÇÕES.............................................................35

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Uma nova fase inicia-se na vida dos senhores e senhoras. Foram muitas as
batalhas vencidas para que hoje pudessem estar aqui, integrando o quadro de
profissionais de segurança pública do Estado de Roraima. Acredito que cada etapa
vencida trouxe a cada um a motivação para seguir em frente e a concretização da última
fase de um concurso tão sonhado, com certeza trouxe consigo a sensação de realização
pessoal.
A conclusão dessa fase marcará o início de outra, que trará muitos desafios e
exigirá de todos vocês dedicação para agregar valor à nova função a ser exercida. Nesse
contexto, a disciplina de Produção de Documentação Técnica Policial Militar buscará
desenvolver os princípios essenciais utilizados na redação técnica, especialmente os que
se aplicam à polícia militar, de forma que satisfaça a necessidade efetiva tanto da
atividade fim, quanto da atividade meio.
A correta utilização da linguagem não somente é um fator importante para
nossa vida, também é uma exigência no mundo moderno, onde aqueles que detém o
conhecimento estão um passo à frente daqueles que não o possuem.
Escrever bem, saber se comunicar, saber expressar ideias por meio da
linguagem escrita para muitos parece ser algo impossível, porém apesar de ser um
processo um tanto complexo, pode ser agradável e prazeroso quando há predisposição,
treinamento e empenho no conhecimento da língua portuguesa.
Levando isso em consideração, se faz necessário que o estudo para fins de
formação do profissional de segurança pública ocorra dentro do próprio contexto da
segurança pública, ou seja, aplicado à função a ser exercida, pois a língua portuguesa se
compõe e se faz necessária no uso diário de nossas atividades.
Desejo que, a partir desse material, vocês encontrem inspiração e busquem
novas leituras que os levem a enriquecer o vocabulário e a compreender a importância
de escrever bem para suas vidas e para a profissão que vocês abraçaram.
Esta apostila subdivide-se em capítulos de fácil leitura, sempre que possível
acompanhados de exemplos que serão importantes para sua aplicação prática, bem
como para seu crescimento como estudante e profissional.
Desde já desejo muito sucesso aos futuros soldados policiais militares!

Cristiane Monteiro Amorim dos Santos


- ST QPC PM -

“O coração do que possui discernimento


adquire conhecimento, e o ouvido dos sábios anseia por
mais entendimento. ”

Provérbios 18:15

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PRODUÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA POLICIAL


MILITAR - PDT
1. ELEMENTOS ESSENCIAIS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Os elementos da comunicação estão divididos da seguinte maneira:

Emissor Mensagem Receptor

Ou seja:
a) Alguém que comunique (emissor);
b) Algo a ser comunicado (mensagem);
c) Alguém que receba essa comunicação (receptor).

No caso da redação oficial, o comunicador é o serviço público (este ou aquele


Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); aquilo que é
comunicado é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que expede a
comunicação; o receptor ou destinatário dessa comunicação pode ser o público, o
conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público. Além disso, devem-se considerar a
intenção do emissor e a finalidade do documento, para que o texto esteja adequado à
situação comunicativa.
Por meio disso, fica evidente também que as comunicações oficiais são
necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o serviço público) e
o receptor dessas comunicações ou é o próprio serviço público (no caso de expedientes
dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratadas de
forma homogêneas (o público).

1.1 O que é Redação Oficial?


Em uma frase, pode-se dizer que “redação oficial é a maneira pela qual o Poder
Público redige comunicações oficiais e atos normativos” (BRASIL, 2018).
1.2 Documentos norteadores da Comunicação Oficial
- Manual de Redação da Presidência da República;
- Manual de Redação do Senado Federal;
- Manual de Redação da Câmara dos Deputados.

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2. TIPOLOGIA TEXTUAL
Um texto é um todo. Um todo é constituído de diversas partes. A interpretação
é, sobremaneira, uma tentativa de reconhecer as intenções de quem comunica
recompondo as partes para uma visão global do todo.
Para podermos interpretar, é necessário termos o conhecimento prévio a
respeito dos tipos de texto que, fortuitamente, podemos nos deparar. A seguir, veremos
algumas distinções fundamentais em relação aos tipos de texto.

2.1 Texto Dissertativo


Nas acepções mais comuns do dicionário, o verbo dissertar significa “discorrer
ou opinar sobre algum tema”. O texto dissertativo apresenta uma ideia básica que
começa a ser desdobrada em subitens ou termos menores. Cabe ressaltar que não existe
apenas um tipo de dissertação, há mais de uma maneira de o autor escrever um texto
dessa natureza.

2.1.1 O Padrão dissertativo-expositivo


A caraterística fundamental do padrão expositivo da dissertação é utilizar a
estrutura da prosa não para convencer alguém de alguma coisa , e sim para apresentar
uma ideia, apresentar um conceito. O princípio do texto expositivo não é a persuasão, é
a informação e, justamente por tal fato, ficou conhecido como informativo. Para garantir
uma boa interpretação desse padrão textual, é importante buscar a ideia principal (que
deve estar presente na introdução do texto) e, depois, entender quais serão os aspectos
que farão o texto progredir.

 Onde posso encontrar esse tipo de texto? Jornais, revistas, sites sobre o
mundo de economia e finanças. Diz-se que esse tipo de texto focaliza a função
referencial da linguagem.

2.1.2 O Padrão dissertativo-argumentativo


No texto do padrão dissertativo-argumentativo, existe uma opinião sendo
defendida e existe uma posição ideológica por detrás de quem escreve o texto. Se
analisarmos a divisão dos parágrafos de um texto com características argumentativas,
perceberemos que a introdução apresenta sempre uma tese (ou hipótese) que é
defendida ao longo dos parágrafos.

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2.2 Texto Narrativo


Em uma definição bem simplista, narrar significa “sequenciar ações”. É um
dos gêneros mais utilizados e mais conhecidos pelo ser humano, quer no momento de
relatar algum evento para alguém – em um ambiente mais formal - , quer na conversa
informal sobre o resumo de um dia de trabalho. O fato é que narramos, e o fazemos de
maneira praticamente instintiva. É importante, porém, conhecer quais são os seus
principais elementos de estruturação.
Os operadores do texto narrativo são:
 Narrador: é a voz que conduz a narrativa.
o Narrador-protagonista: narra o texto em primeira pessoa.
o Narrador-personagem (testemunha): nesse caso, quem conta a história
não participou como protagonista, no máximo como personagem
adjuvante na história.
o Narrador onisciente: narrador que está distanciado dos eventos e
conhece aquilo que se passa na cabeça dos personagens.
 Personagens: são aqueles que efetivamente atuam na ordem da narração, ou
seja, a trama está atrelada aos comportamentos que eles demonstram ao longo do
texto.
 Tempo: claramente, é o lapso em que transcorrem as ações narradas. Segundo a
classificação tradicional, divide-se o tempo da narrativa em: cronológico,
psicológico e da narrativa.
 Espaço: é o local físico em que as ações ocorrem.
 Trama: é o encadeamento de ações propriamente dito. A trama é composta
pelos seguintes elementos:
o Situação inicial: em que os personagens e o lugar da narrativa são
apresentados. Trata-se do contexto para dar início às ações narradas.
o Conflito: situação que desencadeia os fatos da narrativa.
o Nó: momento em que a situação do conflito fica mais tensa em razão de
uma ou mais ações ocorridas.
o Clímax: ponto mais alto da narrativa. Trata-se do momento em que o
leitor ambiciona saber a resolução dos problemas.
o Desfecho: resolução das situações narradas, em que se indica o destino
de cada personagem da ação.

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Talvez você não encontre precisamente todos os elementos em uma narrativa,


mas é provável que ache alguns deles no desenvolvimento das narrações. O fato mais
importante é que não há narração sem personagens.

2.3 Texto Descritivo


O texto descritivo é aquele que levanta características para montar algum tipo
de panorama. Essas características, mormente, são físicas, entretanto, não é necessário
ser sempre desse modo. Podemos dizer que há dois tipos de descrição:

a) Objetiva: em que surgem aspectos sensoriais diretos, ou seja, não há uma


subjetividade por parte de quem escreve.
b) Subjetiva: em que há impressões particulares do autor do texto. Há maior
valorização dos sentimentos insurgentes daquilo que se contempla.

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3. QUALIDADES DO TEXTO OFICIAL


3.1 Impessoalidade
A redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade. O
tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações
oficiais decorre:

a) da ausência de impressões individuais de quem comunica;


b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação; e
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado.

3.2 Clareza
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto. Ela diz respeito à maneira
como as ideias são organizadas, a fim de que o objetivo final seja alcançado: a
compreensão textual. Para a obtenção de clareza em um documento oficial, sugere-se:
a) Utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido comum, salvo quando o texto
versar sobre assunto técnico, hipótese em que se utilizará nomenclatura própria da área;
b) Usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar as orações na ordem direta e evitar
intercalações excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere-se a
adoção da ordem inversa da oração;
c) Buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto;
d) Não utilizar regionalismos e neologismos;
e) Pontuar adequadamente o texto;
f) Explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela; e
g) Utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando indispensáveis, em
razão de serem designações ou expressões de uso já consagrado ou de não terem exata
tradução.

3.3 Precisão
O atributo da precisão complementa a clareza e é conseguida utilizando a
palavra que expressa exatamente o que se quer dizer, evitando-se expressões coloquiais,
palavras genéricas que diluem o significado. Caracteriza-se por:
a) Articulação da linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da ideia
veiculada no texto;
b) Manifestação do pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando o
emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico; e

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c) Escolha de expressão ou palavra que não confira duplo sentido ao texto.


É indispensável, também, a releitura de todo o texto redigido. Na revisão de um
expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O que
nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros.

3.4 Coesão e Coerência


É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atributos favorecem
a conexão, a ligação, a harmonia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto
tem coesão e coerência quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e
os parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
Coesão é a estratégia de conexão das partes internas do texto.
A coerência consiste basicamente na garantia do cabimento das ideias
veiculadas no texto. Quando se fala a respeito disso, costuma-se mencionar uma lista de
pontos de atenção para a manutenção da coerência:
 Relação entre os elementos do texto;
 Progressão de ideias;
 Aprofundamento de conceitos;
 Não contradição;
 Fundamentação de ideias;
 Consistência e relevância.

3.5 Concisão
Consiste em exprimir o máximo de ideias com o mínimo de palavras, para,
desse modo, agilizar a comunicação oficial. Devem ser evitadas redundâncias,
explicações desnecessárias e partes que não façam parte da matéria da comunicação.
Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que
nada acrescentem ao que já foi dito.

3.6 Formalidade
As comunicações oficiais devem ser sempre formais. Não só ao correto
emprego deste ou daquele pronome de tratamento, mais do que isso, a formalidade diz
respeito à polidez e à civilidade.

3.7 Padronização
A clareza de digitação, o uso de papéis uniformes e a correta diagramação do
texto são indispensáveis à padronização.

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4. DEFEITOS DO TEXTO OFICIAL


Os vícios de linguagem são desvios não intencionais da norma-padrão da
língua, gerando problemas de entendimento do enunciado ou ruídos na comunicação.
Estão relacionados a desvios de sintaxe, erros no emprego de uma palavra, pleonasmo
não intencional, ambiguidade de sentido, entre outros problemas de comunicação.
Vejamos a seguir os vícios de linguagem mais comuns, seguidos se seus
respectivos exemplos.

4.1 Obscuridade
Consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne obscuro,
embaraçado, ininteligível.
Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o
neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise (hipérbato vicioso),
o parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as
circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções
intrincadas e a má pontuação.

4.2 Ambiguidade

Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido.


Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial, deve-se atentar para as
construções que possam gerar equívocos de compreensão.
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de identificar-se a que palavra
se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.
Pode ocorrer com:

a) Pronomes pessoais:
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que ele seria exonerado.
Claro: O Ministro comunicou a própria exoneração a seu secretariado.
Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exoneração deste (o pronome
deste retoma o último elemento citado, no caso, o secretariado).

b) Pronomes possessivos e pronomes oblíquos:


Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em seu discurso, e
solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso não o surpreendeu.

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Observe-se que o excesso de ambiguidade no exemplo acima dificulta a compreensão


da frase.
Claro: Em seu discurso, o Deputado saudou o Presidente da República. No
pronunciamento, solicitou a intervenção federal no Estado de Minas Gerais, o que não
surpreendeu o Chefe do Poder Executivo.

c) Pronome relativo:
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costumava trabalhar.
Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração se refere à mesa ou ao gabinete.
Essa ambiguidade se deve ao pronome relativo “que”, sem a marca de gênero. A
solução é recorrer às formas “o qual”, “a qual”, “os quais”, “as quais”, que marcam
gênero e número.
Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costumava trabalhar.
Se o entendimento é outro, então:
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costumava trabalhar.
Há, ainda, a ambiguidade decorrente da dúvida sobre a que se refere a oração reduzida:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe advertiu o funcionário.
Para evitar a ambiguidade do exemplo acima, deve-se deixar claro qual o sujeito da
oração reduzida.
Claro: O Chefe advertiu o funcionário por ser este indisciplinado.
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora chamou o médico.
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi chamado por uma
senhora.

4.3 Prolixidade
A prolixidade é um problema que compromete a escrita. A tendência desse tipo
de produção é abusar da escrita, da prorrogação desnecessária do discurso, é a
superabundância de argumentos e de palavras. Isso não é bom, pois o texto fica confuso,
monótono, entediante.
O escritor não sabe a hora de parar, de pontuar, tampouco consegue organizar
as ideias de maneira concisa e clara.

Exemplo: A vida na Terra poderia ser uma vida mais tranquila, uma vida mais pacífica
e sossegada.
Observe a reprodução dispensável da palavra “vida”, bem como das informações
(tranquila, pacífica e sossegada têm o mesmo sentido).

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Seria melhor escrever: A vida na Terra poderia ser mais tranquila.

4.4 Incoerência
A coerência corresponde ao aspecto textual pertinente às relações de sentido
que são estabelecidas. O contrário do que se pode imaginar, a coerência não depende,
exclusivamente, do texto em si; necessita, apenas, que os recursos linguísticos e
coesivos estejam adequados à expressão de sentido.
Veja o seguinte exemplo:
Não pude subir os degraus do piano,
Não pude ouvir os gritos das paredes,
Só pude sentir o cheiro do vermelho
E a textura do amarelo
Enquanto pensava em você

(texto feito por um aluno do segundo ano)

Observe que o texto não faz sentido em termos literais. Em pianos não há
degraus, as paredes não gritam e cores não tem nem cheiros nem texturas. Entretanto, há
sentido no texto em razão da última frase, pois ela deixa claro que o autor se encontra
apaixonado. Como todos conhecem o estado eufórico da paixão, a quebra de sentido
estabelecida pela falta de lógica entre as locuções não prejudica a compreensão do texto,
ao contrário, chega, mesmo, a corroborar sua construção.
Isso, portanto, é a coerência: o aspecto de sentido depreendido de um texto
organizado e estruturalmente coeso. A falta disso em um texto o torna incoerente.

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5. REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS


O propósito inicial de qualquer comunicação consiste em transmitir uma
informação. A depender da relação entre as partes comunicadoras, surgem as distinções
entre os tipos de comunicação. A comunicação oficial difere das demais pelos critérios
fundamentais de formalidade e de rigor na produção dos textos.
Vale mencionar que, apesar de o texto oficial possuir padrões específicos para
sua formatação, a burocracia comunicativa deve ser evitada, ou seja, não existe uma
linguagem de redação oficial, não há um “burocratês” para a redação de expediente.

É importante destacar que a impessoalidade deve ser primordial na elaboração


do texto. A impessoalidade decorre de princípio constitucional (Constituição, art. 37),
cujo significado remete a dois aspectos: o primeiro, à obrigatoriedade de que a
administração pública proceda de modo a não privilegiar ou prejudicar ninguém, de que
o seu norte seja, sempre, o interesse público; o segundo sentido é o da abstração da
pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a ação administrativa ser exercida
por intermédio de seus servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal.
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em
atendimento ao interesse geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos
expedientes oficiais não devem ser tratados de outra forma que não a estritamente
impessoal.

5.1 Vocativos e Pronomes de tratamento mais utilizados


Na redação oficial, é necessário atenção para o uso dos pronomes de
tratamento em três momentos distintos: no endereçamento, no vocativo e no corpo do
texto. No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início do documento. No corpo
do texto, pode-se empregar os pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou por
extenso. O endereçamento é o texto utilizado no envelope que contém a
correspondência oficial.
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas comunicações oficiais, o
vocativo será sempre seguido de vírgula.
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder (Executivo, Legislativo e
Judiciário), utiliza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentíssima Senhora e o
cargo respectivo, seguidos de vírgula.
Exemplos:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

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Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,


Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal,

As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas por Vossa Excelência,


receberão o vocativo Senhor ou Senhora seguido do cargo respectivo.
Exemplos:
Senhora Senadora,
Senhor Juiz,
Senhora Ministra,

ATENÇÃO:
 Em comunicações oficiais, está abolido o uso de Digníssimo (DD) e de
Ilustríssimo (Ilmo.).
 Deve-se evitar também o uso de “doutor”. O tratamento por meio de Senhor
confere a formalidade desejada.

5.1.1 Decreto nº 9.758, de 11 de abril de 2019


“Dispõe sobre a forma de tratamento e
de endereçamento nas comunicações
com agentes públicos da administração
pública federal.”
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,
caput, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,

DECRETA:
Objeto e âmbito de aplicação

Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a forma de tratamento empregada na comunicação,


oral ou escrita, com agentes públicos da administração pública federal direta e indireta,
e sobre a forma de endereçamento de comunicações escritas a eles dirigidas.
§ 1º O disposto neste Decreto aplica-se às cerimônias das quais o agente público federal
participe.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto:
I - Aos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo;
II - Aos militares das Forças Armadas ou das forças auxiliares;
III - Aos empregados públicos;
IV - Ao pessoal temporário;

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V - Aos empregados, aos conselheiros, aos diretores e aos presidentes de


empresas públicas e sociedades de economia mista;
VI - Aos empregados terceirizados que exercem atividades diretamente para os
entes da administração pública federal;
VII - Aos ocupantes de cargos em comissão e de funções de confiança;
VIII - Às autoridades públicas de qualquer nível hierárquico, incluídos os
Ministros de Estado; e
IX - Ao Vice-Presidente e ao Presidente da República.
§ 3º Este Decreto não se aplica:
I - Às comunicações entre agentes públicos federais e autoridades estrangeiras
ou de organismos internacionais; e
II - às comunicações entre agentes públicos da administração pública federal e
agentes públicos do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal de Contas, da
Defensoria Pública, do Ministério Público ou de outros entes federativos, na hipótese de
exigência de tratamento especial pela outra parte, com base em norma aplicável ao
órgão, à entidade ou aos ocupantes dos cargos.

Pronome de tratamento adequado


Art. 2º O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com agentes públicos
federais é “senhor”, independentemente do nível hierárquico, da natureza do cargo ou
da função ou da ocasião.

Parágrafo único. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino e para o plural.

Formas de tratamento vedadas


Art. 3º É vedado na comunicação com agentes públicos federais o uso das formas de
tratamento, ainda que abreviadas:
I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
II - Vossa Senhoria;
III - Vossa Magnificência;
IV - Doutor;
V - Ilustre ou ilustríssimo;
VI - Digno ou digníssimo; e
VII - Respeitável.

INSTRUTOR: MAÉZIO FEITOSA FERREIRA – 2° TEN QCO PM 16


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§ 1º O agente público federal que exigir o uso dos pronomes de tratamento de que trata
o caput , mediante invocação de normas especiais referentes ao cargo ou carreira,
deverá tratar o interlocutor do mesmo modo.
§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo ou admoestar o interlocutor nos
autos do expediente caso haja erro na forma de tratamento empregada.

Endereçamento de comunicações
Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes públicos federais não
conterá pronome de tratamento ou o nome do agente público.
Parágrafo único. Poderão constar o pronome de tratamento, na forma deste Decreto, e o
nome do destinatário nas hipóteses de:
I - A mera indicação do cargo ou da função e do setor da administração ser
insuficiente para a identificação do destinatário; ou
II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente público específico.
Art. 5º Este Decreto entra em vigor em 1º de maio de 2019.

Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independência e 131º da República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO


Marcelo Pacheco dos Guaranys

Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.4.2019 - Edição extra

5.2 O Padrão Ofício


Quando se trata de Redação Oficial é importante entender como os documentos se
estruturam, seguindo o que preconiza o Manual de Redação da Presidência da
República.
Estrutura de correspondência no Padrão Ofício:

a) Cabeçalho
É utilizado apenas na primeira página do documento, centralizado na área
determinada pela formatação.

b) Identificação do Expediente
Os documentos oficiais devem ser identificados da seguinte maneira:
i. Nome do documento: tipo de expediente por extenso, com todas as letras
maiúsculas;

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ii. Indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”, padronizada como


Nº;
iii. Informações do documento: número, ano (com quatro dígitos) e siglas usuais
do setor que expede o documento, da menor para a maior hierarquia, separados
por barra (/); e
iv. Alinhamento: à margem esquerda da página.

Exemplo: OFÍCIO Nº 652/2020/SPOP/DEP/PMRR

c) Local e data do documento


Na grafia de datas em um documento, o conteúdo deve constar da seguinte
forma:
i. Composição: local e data do documento;
ii. Informação de local: nome da cidade onde foi expedido o documento, seguido
de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da unidade da federação depois do nome
da cidade;
iii. Dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do mês e em
numeração cardinal para os demais dias do mês. Não se deve utilizar zero à
esquerda do número que indica o dia do mês;
iv. Nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
v. Pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e
vi. Alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem direita da página.
Exemplo:
Boa Vista, 2 de novembro de 2020.
d) Endereçamento
O endereçamento é a parte do documento que informa quem receberá o
expediente. Nele deverão constar os seguintes elementos:
i. Vocativo: na forma de tratamento adequada para quem receberá o expediente ;
ii. Nome: nome do destinatário do expediente;
iii. Cargo: cargo do destinatário do expediente;
iv. Endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, dividido em duas
linhas:
a. Primeira linha: informação de localidade/logradouro do destinatário ou,
no caso de ofício ao mesmo órgão, informação do setor;

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b. Segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação, separados por


espaço simples. Na separação entre cidade e unidade da federação pode
ser substituída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao
mesmo órgão, não é obrigatória a informação do CEP, podendo ficar
apenas a informação da cidade/unidade da federação; e
v. Alinhamento: à margem esquerda da página.
O pronome de tratamento no endereçamento das comunicações dirigidas às
autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o
Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senhoria, o endereçamento a ser
empregado é “Ao Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a expressão
“A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senhoria a Senhora”.
Exemplos:
A Sua Excelência o Senhor
À Senhora Ao Senhor
[Nome]
[Nome] [Nome]
Ministro de Estado da Justiça
Diretora de Gestão de Pessoas Chefe da Seção de Compras
Esplanada dos Ministérios Bloco T
SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I Diretoria de Material, Seção
70064-900 Brasília/DF
70070-030 Brasília. DF Brasília — DF

e) Assunto
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta.
Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
i. Título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o conteúdo do
documento, seguida de dois-pontos;
ii. Descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser
escrita com inicial maiúscula, não se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de
quatro a cinco palavras;
iii. Destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser
destacado em negrito;
iv. Pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; e
v. Alinhamento: à margem esquerda da página.
Exemplos:
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão julho/2018.
Assunto: Aquisição de computadores.

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f) Texto do documento
O texto do documento oficial deve seguir a seguinte padronização de estrutura:
I – Nos casos em que não seja usado para encaminhamento de documentos, o
expediente deve conter a seguinte estrutura:
i. Introdução: em que é apresentado o objetivo da comunicação. Evite o uso das
formas: Tenho a honra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que.
Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico;
ii. Desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de
uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o
que confere maior clareza à exposição; e
iii. Conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto.

II – Quando forem usados para encaminhamento de documentos, a estrutura é


modificada:
i. Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o
encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve
iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar,
indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data,
origem ou signatário e assunto de que se trata) e a razão pela qual está sendo
encaminhado; e
ii. Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a
respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de
desenvolvimento. Caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em
expediente usado para encaminhamento de documentos.

III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto do documento deve ser
formatado da seguinte maneira:

i. Alinhamento: justificado;
ii. Espaçamento entre linhas: simples;
iii. Parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo;
iv. Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
v. Numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais
parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
vi. Fonte: Calibri ou Carlito;
a. Corpo do texto: tamanho 12 pontos;

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b. Citações recuadas: tamanho 11 pontos; e


c. Notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
vii. Símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as
fontes Symbol e Wingdings.

g) Fechos para comunicações


O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de
arrematar o texto, saudar o destinatário. Os modelos para fecho anteriormente utilizados
foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do Ministério da Justiça, que estabelecia
quinze padrões.
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, o Manual de Redação da
Presidência da República estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para
todas as modalidades de comunicação oficial:
a) Para autoridades de hierarquia superior à do remetente, inclusive o
Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou
demais casos: Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades
estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios.
O fecho da comunicação deve ser formatado da seguinte maneira:
i. Alinhamento: alinhado à margem esquerda da página;
ii. Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
iii. Espaçamento entre linhas: simples;
iv. Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; e
v. Não deve ser numerado.

h) Identificação do signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as
demais comunicações oficiais devem informar o signatário segundo o padrão:
i. Nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem
negrito. Não se usa linha acima do nome do signatário;
ii. Cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as
iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as palavras do cargo devem ser
grafadas em minúsculas; e

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iii. Alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página.


Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada
do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Exemplo:
(espaço para assinatura)
NOME
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República

 Modelo de Ofício: Anexo A.

5.3 Memorando
É a modalidade de comunicação eminentemente interna, que ocorre entre
unidades administrativas de um mesmo órgão, as quais podem estar hierarquicamente
em mesmo nível ou em níveis diferentes. O uso corrente do memorando deve-se a sua
simplicidade e a sua rapidez, isso quer dizer que é uma comunicação célere.
Quando à forma, o memorando segue o modelo do Padrão Ofício, todavia com
uma distinção: o destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.

 Modelo de Memorando: Anexo B.

5.4 Requerimento
O Requerimento é um tipo de pedido, em que o signatário pede algo que pense
ser justo ou legal. Qualquer indivíduo que tenha interesse no serviço público pode se
valer de um requerimento, que será dirigido a uma autoridade competente para tomar
conhecimento, analisar e solucionar o caso, podendo ser escrito ou digitado.
Na Polícia Militar de Roraima utiliza-se o requerimento padrão.
 Modelo de Requerimento: Anexo C.

5.5 Ata
A ata é o documento que possui como finalidade o registro de ocorrências,
resoluções e decisões de assembleias, reuniões ou sessões realizadas por comissões,
conselhos ou outras entidades.

Estrutura da Ata:

a) Dia, mês, ano e hora (por extenso);


b) Local da reunião;

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c) Pessoas presentes, devidamente qualificadas;


d) Presidente e secretário dos trabalhos;
e) Ordem do dia (discussões, votações, deliberações, etc.);
f) Fecho.

ATENÇÃO:

 Não há disposição geral quanto à quantidade de pessoas que deve assinar a ata,
no entanto, em algumas circunstâncias ela é apenas assinada pelos membros que
presidiram a sessão (presidente e secretário). O mais comum é que todos os
participantes da sessão assinem o documento.
 A ata é documento de valor jurídico. Por isso, deve ser redigida de modo que
não sejam possíveis alterações posteriores à assinatura. Os erros são ressalvados,
no texto, com a expressão “digo” e, após a redação, com a expressão “em
tempo”.
 Não há parágrafos ou alíneas em uma ata. Deve-se redigir tudo em apenas um
parágrafo, evitando os espaços em branco.
 A ata deve apresentar um registro fiel dos fatos ocorridos em uma sessão. Em
razão disso, sua linguagem deve primar pela clareza, precisão e concisão.

 Modelo de Ata: Anexo D.


g)

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6. DOCUMENTOS INERENTES À PROFISSÃO POLICIAL MILITAR


Neste capítulo veremos os documentos mais utilizados na administração
policial militar, seu correto preenchimento, bem como suas particularidades.

6.1 Relatório Ocorrência Policial – ROP


É o formulário destinado ao registro de dados acerca da ocorrência atendida
pela Polícia Militar. Serve de fonte para estudos técnicos e estatísticos, controle
operacional e registro público imediato das circunstâncias, causas e consequências das
ocorrências, podendo ser utilizado como instrumento para determinação da
responsabilidade administrativa, penal ou civil, devendo, portanto, ter seu
preenchimento com a maior correção e isenção possíveis.
A princípio, deve ser alvo de registro em ROP PM todo e qualquer atendimento
de ocorrência envolvendo infração penal ou dano patrimonial.
Não existe na Policia Militar de Roraima uma normatização padrão quanto à
estrutura de um Relatório de Ocorrência Policial. A Diretriz Operacional Nº
001/CMDO/2002 – PROTOCOLO ALFA, feito no comando do CEL QOPM
ARNÓBIO VENÍCIO LIMA BESSA não chegou a ser publicado em Boletim Geral
para garantir a efetiva publicidade e consequente padronização.
E nos casos abaixo, o que fazer?
a) Ocorrência Resolvida pela PM: é a ocorrência em que não há indícios de
crime e os patrulheiros, com sua atuação, foram capazes de solucionar satisfatoriamente
o caso;
b) Ocorrência Resolvida Sem Intervenção: a guarnição, após chegar ao local,
não atua por ser desnecessária, sua intervenção por qualquer motivo. Neste caso
incluem-se o “NADA MAIS HAVIA”, “NADA CONSTATADO” ou “DSIPENSADO
PELO SOLICITANTE”;
c) Duplicidade de Chamada: quando constatado o duplo despacho de Viatura
para uma mesma ocorrência e é cancelado um deles:
d) Endereço Inexistente: quando a guarnição não localiza o endereço
fornecido pelo solicitante, nem a este;
e) Trote com Despacho: chegando ao local dos fatos a guarnição verifica que
ninguém solicitou a PM e o fato notificado não existe. Nestes casos o CIOPS deve
empenhar-se em tentar localizar o solicitante, confirmando-se o trote ou não;

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f) Condução ao PS ou Hospital: quando não havendo indício de infração


penal, a guarnição somente efetuou auxílio ao público;
Nesses casos, a orientação é a confecção do ROP PM direcionado ao Oficial de
Operações da área para fins de conhecimento e elaboração de estatística.

6.1.1 Preenchimento do ROP PM - Parte 1 - Dados Gerais do Atendimento


O correto preenchimento dos campos elencados no ROP é de fundamental
importância, pois esse documento muitas vezes é a peça inicial de uma investigação. É
imprescindível a correta identificação de todos os campos previstos. O preenchimento
errado dessas informações, muitas vezes por esquecimento ou falta de atenção, causa
transtornos a quem por ventura possa precisar do ROP para comprovação de algum fato
na justiça (casos de acidente de trânsito, por exemplo).

Imagem 1 – Dados Gerais do Atendimento

VTR – Prefixo da viatura operacional.


SUOp – Unidade operacional.
DATA - data da ocorrência.
S/SETOR- setor da ocorrência (1° BPM / 2° BPM/ zona rural, etc..).
H/TRANSM - horário de transmissão da ocorrência via CIOPS ou quando se deparou
durante o patrulhamento.
H/INI - hora que iniciou o deslocamento para ocorrência.
CH/H - hora de chegada no local da ocorrência, ou quando se deparou é o mesmo da
transmissão.
H/FIN - hora de conclusão da ocorrência na DP.
CÓD. DA OCORRÊNCIA - conforme codificação definida.
CÓD. DE PROV.- conforme codificação definida.
CÓD. SERV. PREST.- conforme codificação definida (apoios, socorros, etc...)

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KM INIC. – quilometragem de deslocamento da viatura para ocorrência ou quando se


deparou.
KM FINAL- quilometragem de chegada na DP ou especializada finalizando a
ocorrência.

6.1.2 Preenchimento do ROP PM - Parte 2 – Local da Ocorrência


A dinâmica da ocorrência pode fazer com que haja mais de um endereço a ser
relacionado, porém o endereço principal deve ser aquele onde ocorreu o fato. Os demais
endereços devem ser narrados no histórico, conforme a sequência dos fatos.

Imagem 2 – Local da Ocorrência

6.1.3 Preenchimento do ROP PM – Parte 3 – Pessoas Relacionadas


A identificação das partes envolvidas é, sem dúvidas, de grande importância
quando há essa possibilidade. Quando uma das partes está ausente/evadida é importante
deixar clara essa condição.
No modelo de ROP atualmente utilizado não há a previsão do campo
“nacionalidade”. Em virtude da particularidade vivida no Estado de Roraima com o
fenômeno de imigração, essa informação se torna demasiadamente importante para a
identificação de incidências criminais e demandas policiais militares cujas ocorrências
tenham envolvimento de estrangeiros. Portanto, sempre que houver essa informação,
deve-se fazer constar no campo de identificação das partes. Sugere-se que a informação
seja colocada ao lado do nome da parte envolvida entre parêntesis.
É importante especificar qual a condição da parte relacionada no ROP, se é
vítima, infrator/menor infrator, testemunha, envolvido, conduzido, etc.

Imagem 3 – Pessoas Relacionadas

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6.1.4 Preenchimento do ROP PM - Parte 4 – Armas, Objetos, Valores, Veículos,


Materiais Apreendidos
Ao relacionar armas/objetos/valores/veículos/drogas, atentar para a correta
descrição e deixar claro se foi roubado, recuperado, apreendido ou se apenas está
relacionado para entregar na delegacia, sem ter relação direta com a ocorrência (é o caso
de objetos pessoais do conduzido, como pulseiras, anéis, documentos, chaves, etc.).
Deve ficar claro também a quem pertencem os objetos ou com quem estava quando foi
apreendido.
Caso sejam verificadas lesões, hematomas, escoriações, vermelhidão, inchaços,
arranhões, marcas de algemas, dentro outros, descreva com detalhes. Se for mais de um
indivíduo, relacione o estado físico com a pessoa arrolada. Se por ventura seja resultado de
resistência à prisão ou abordagem legal, autuar com auto de resistência e prisão.

Imagem 4 - Armas, Objetos, Valores, Veículos, Materiais Apreendidos

Ao entregar o ROP e as pessoas conduzidas na DP, solicitem que o servidor faça


uma verificação visual na pessoa apresentada e confira os objetos relacionados, assim
como toda materialidade colhida na ocorrência.

6.1.5 Preenchimento do ROP PM - Parte 5 - Redação do Histórico do ROP


a) Inicia-se com o vocativo à autoridade a quem você está destinando o
relatório (Delegado de Polícia Civil, Delegado de Polícia Federal, Oficial PM de
Operações, Oficial PM de 2ª Malha, Chefe de Plantão da DICAP, Conselheiro Tutelar,
etc.). Em todos esses casos podem ser usados o vocativo “Senhor”.
b) Em seguida deverá ser narrada que atividade estava executando e onde,
quando foi informado da ocorrência. Isso servirá para ratificar que você estava
efetivamente no exercício da sua função policial militar. Você precisa sinalizar para a

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autoridade a quem endereça seu ROP que estava legalmente investido da função
pública.
c) Formas de acionamento: a primeira delas é através do CIOPS, via rádio, se
você estiver munido de um sistema de comunicação. A segunda, é quando você é
interpelado por um cidadão do povo e este lhe dá ciência de fato delituoso. Neste caso,
você deverá dar conhecimento a CIOPS antes de iniciar o atendimento da ocorrência. A
terceira forma é quando você se depara com a ocorrência, e nesse caso existe a
necessidade de comunicar o CIOPS com a maior brevidade possível.
Qualquer outra forma de acionamento que não seja via CIOPS deve ser
comunicada ao rádio operador, para que se faça constar no sistema o empenho da
viatura/guarnição no atendimento da ocorrência.
Na hipótese de você ter recebido a comunicação da CIOPS, via rádio, ou ter
sido procurado pessoalmente por alguém, deverá informar qual foi o fato informado que
motivou seu deslocamento. Muitas vezes um fato é informado e quando a guarnição
chega ao local a situação é outra totalmente diferente da que foi narrada.
d) Circunstâncias com as quais o policial se deparou ao chegar no local da
ocorrência.
e) Providências adotadas: nada mais é do que relatar as providências
devidamente fundamentadas e motivadas.
f) Ao narrar os fatos, deve-se fazê-lo de forma imparcial, de modo a citar quem
forneceu as informações descritas, caso não tenha presenciado o fato. Deve-se fornecer
o máximo de informações de forma concisa.
g) Casos de ocorrências que iniciam em um local e terminam em outro, deve-se
informar ambos os endereços, bem como a dinâmica dos fatos (um caso de
acompanhamento tático, por exemplo).
h) Deve ficar claro no relatório se houve resistência à prisão por parte de algum
dos envolvidos, bem como se foi feito o uso de algemas de acordo com o que preconiza
a legislação vigente acerca desse tema. Em caso de morte ou lesão corporal oriunda da
resistência pelo infrator, devem ser preenchidos os autos de resistência/resistência e
prisão.
i) Como a ocorrência foi solucionada é o arremate final de todo seu relato.
Servirá para que outras pessoas que venham a ler seu ROP saibam que solução você deu
à ocorrência (se está sendo apresentado na delegacia, se as partes entraram em acordo
no local, se as partes foram orientadas, etc.).

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6.1.6 Preenchimento do ROP PM - Parte 6 – Identificação do Responsável pelo


ROP PM.
Nada mais é do que identificar o responsável pela confecção do relatório, com
nome e matrícula/cadastro, bem como assinatura.

6.1.7 Dicas para um bom preenchimento de ROP


a) Preencha o documento de forma limpa, sem rasura. Não tenha pressa no
preenchimento, afinal, a ocorrência já foi atendida.
b) Ao narrar o histórico, não coloque códigos de ocorrência, pois só você os
conhece. Tipifique as condutas como se deram (roubo, furto, lesão corporal, etc.) e as
providências adotadas (averiguação, condução, remoção, etc.).
c) Procure aprimorar sua capacidade de expressão. Prime pela grafia correta
das palavras. Na dúvida sobre a correta ortografia da palavra use um sinônimo ou
pesquise na ferramenta de buscas Google. Dificilmente alguém não possui celular com
tecnologia de internet.
d) Evite usar termos chulos ou vulgares para denominar qualquer dos arrolados
no ROP.
e) Não omita detalhes importantes como o fato de ter dado “voz de prisão” ao
infrator, informando os motivos da sua prisão e o comunicando seus direitos
constitucionais. Assim, você estará agindo dentro da lei.
f) Não tenha preguiça de escrever. Procure enriquecer seu relato. Não dê
ouvido a policiais que trabalham de má vontade. Seu nome e o da corporação estão em
jogo.

6.1.8 Por que tudo isso?


a) Para subsidiar a lavratura do APF e/ou a instrução criminal.
b) Levar, a quem de direito, informações importantíssimas do trabalho que
você realiza (Delegacia de Polícia/Conselho Tutelar/Hospitais, etc.).
c) Elaboração de dados estatísticos confiáveis, que servirão para:
o Subsidiar o planejamento operacional da Instituição;
o Subsidiar demandas de planejamento institucional, como por exemplo o
PPA – Plano Plurianual, que necessita de dados de quantitativo de
solicitações de atendimento x quantitativo de ocorrências atendidas;
o Justificar gastos com combustíveis e manutenção de viaturas;

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o Subsidiar demandas externas à corporação quanto ao atendimento de


ocorrências envolvendo estrangeiros, casos de Maria da Penha, entre
outros;

6.1.9 Consequências de um ROP mal elaborado


a) A absolvição de criminosos em face de um ROP mal elaborado, com falhas,
inverdades ou omissões.
b) A responsabilização do policial militar nas esferas penal, civil e
administrativa, sob a acusação de desídia, falsidade ideológica ou mesmo prevaricação.
c) A maioria dos presos liberados nas AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA, o são
em virtude ROP’s mal elaborados.
 Modelo de ROP PM: Anexo E.

6.1.10 ROP - Canaimé SCI

O Sistema Canaimé é um banco de dados da SEJUC e da Divisão de Inteligência


e Captura (DICAP), desenvolvido e administrado pelo ACPCRR Arthur R. de Almeida
Jr., especialista em Inteligência Policial Judiciária.
Foi criado para cadastro de pessoas, investigações, controle de foragidos da
justiça, mandados de prisão, mandados de busca e apreensão, passagens em audiência
de custódia, ocorrências policiais, relatórios policiais, entre outros.
É utilizado pela Defensoria Pública do Estado (DPE), Departamento Estadual de
Sistema Penitenciário (DESIPE), Divisão de Inteligência e Captura (DICAP), Polícia
Civil, Polícia Militar e Tribunal de Justiça. A Polícia Militar através do Departamento
de Informação e Inteligência (DII) realiza o controle das ocorrências policiais,
registrando dados dos abordados, conduzidos entre outros, juntamente com os batalhões
de área.
O nome Canaimé é uma homenagem à cultura roraimense, que apresenta forte
influência indígena. Buscando resgatar um pouco dessa cultura e ao mesmo tempo
homenagear o Estado de Roraima, a lenda do Canaimé foi a que se aproximou mais
com o objetivo dos Sistemas pois parte da lenda deste ser mitológico, que julga pelas
próprias mãos quem faz mal a natureza, pode-se fazer uma analogia com a busca do
homem moderno pela justiça pelos meios legais.
Os sistemas Canaimé possuem diversos pontos de funcionalidade de acordo com
as atividades e unidades policiais e ou prisionais que os utilizam. A Policia Militar

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utiliza especificamente o Sistema Canaimé SCI (Sistema para Controle de Inteligência),


que entre as muitas funcionalidades permite:
a) Cadastro de Pessoas: cadastro de dados característicos, anotações, tatuagens,
entre outros.
b) Controle Administrativo: cadastro de documentos administrativos, agenda,
livro de plantão, entre outros.
c) Controle de Mandados de Prisão: cadastro e Controle de Mandados de Prisão
em aberto, cumpridos e devolvidos. Documentos de procedimento de cumprimento de
mandado de prisão e estatística.
d) Controle de Foragido: cadastro de pessoas foragidas da justiça com controle
de fuga e prisões com documentações de procedimentos de recaptura e estatística.
e) Controle de ROP: Controle de registros de Relatórios de Ocorrência Policial
com dados dos abordados, conduzidos, descritivo da ocorrência, objetos, armas, e outros
apreendidos.
f) Controle de Custódia: Cadastro de pessoas com passagem em audiência de
custódia, crimes cometidos, decisões e estatística.

6.2 Auto de Resistência e Auto de Resistência e Prisão


 Auto de Resistência: Quando utilizar? Quando o resistente vier à óbito.
 Auto de Resistência e Prisão: Quando utilizar? Quando o resistente utilizar
força física, apresentar escoriações, hematomas, lesões corporais, etc.

 Modelo de Auto de Resistência: Anexo F.


Os referidos autos deverão ser individuais para cada resistente, ou seja, se
tiverem 5 infratores resistentes no ato da prisão, deverão ser preenchidos 5 autos, 1 para
cada. Se todos estiverem envolvidos na mesma ocorrência, será confeccionado 1 ROP e
os autos individualizados irão como anexos do ROP.
Os aspectos legais quanto ao que configura ou não resistência devem ser vistos
em outra disciplina. É de grande importância ter certeza da legalidade de sua atuação,
pois é imprescindível confeccionar tanto o ROP quanto o Auto de Resistência/Auto de
Resistência e Prisão em caso de uso da força. Não é preciosismo, é questão de amparar a
atuação policial e não deixar margens a futuros questionamentos.

 Modelo de Auto de Resistência e Prisão: Anexo G.

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6.3 Comunicação Disciplinar


A Lei nº 963, de 06/02/2014, que institui o Código de Ética e Disciplina dos
Militares do Estado de Roraima, prevê em seu artigo 28 a confecção da Comunicação
Disciplinar.

Art. 28. Todo militar que tiver conhecimento de um fato contrário à disciplina deverá
comunicá-lo ao seu chefe imediato, por escrito, no prazo máximo de 05 (cinco) dias
úteis, contados da observação ou do conhecimento do fato.
§1º A Comunicação Disciplinar é a formalização escrita, assinada por militar
estadual e dirigida à autoridade competente acerca de ato ou fato contrário à
disciplina.
§2º A comunicação deve ser clara, concisa e precisa, contendo dados capazes de
identificaras pessoas ou coisas envolvidas, o local, a data e a hora da ocorrência,
com caracterização das circunstâncias que a envolvem, sem tecer comentários ou
opiniões pessoais.
§3º A autoridade a quem a Comunicação Disciplinar é dirigida deve tomar
providências no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis.
§4º A comunicação deve ser a expressão da verdade, cabendo à autoridade a quem
for dirigida encaminhá-la ao acusado, através de notificação formal, para que este
no prazo de 05 (cinco) dias úteis apresente as suas alegações de defesa por escrito, a
contar do
recebimento.
§5º Recebidas as alegações de defesa, a autoridade, após analisá-las, poderá
arquivar, caso o fato seja justificado, ou instaurar procedimento que o caso requeira.
§6º A autoridade que receber a comunicação, não sendo competente para tomar as
providências devidas, deverá encaminhá-la a seu superior imediato, com a
observância do prazo previsto no § 3º deste artigo.

A Comunicação Disciplinar deve ser feita por meio de Parte, levando em


consideração todos os aspectos previstos em lei, principalmente no que diz respeito aos
prazos.
6.4 Queixa Disciplinar
Também está prevista na Lei nº 963, de 06/02/2014, que institui o Código de
Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Roraima.
Art. 29. Queixa Disciplinar é a comunicação por escrito feita pelo militar estadual
subordinado, atingido por ato pessoal de superior hierárquico que repute irregular
ou injusto.
§1º A apresentação da queixa será feita no prazo máximo de 05 (cinco) dias úteis, a
contar da data do fato e encaminhada à autoridade superior a quem está sendo
apresentada a queixa.
§2º A autoridade de que trata o § 1º deste artigo terá prazo de 10 (dez) dias úteis
para adotar providências disciplinares, sob pena de incorrer em falta disciplinar.
§3º O queixoso deve ser afastado da subordinação direta da autoridade contra quem
formulou a queixa, até que esta seja julgada, devendo, no entanto, permanecer na
localidade onde serve, salvo a existência de fatos que contraindiquem a sua
permanência.
§4º Na formulação da queixa será observado o disposto no §2º do art. 28 desta Lei.

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A Queixa Disciplinar também deve ser feita por meio de Parte, levando em
consideração todos os aspectos previstos em lei, principalmente no que diz respeito aos
prazos.
6.5 Representação
Também está prevista na Lei nº 963, de 06/02/2014, que institui o Código de
Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Roraima.
Art. 30. A Representação é o instrumento, normalmente redigido sob forma de
requerimento, interposto por militar estadual que se considere vítima de abuso por
parte de autoridade funcionalmente superior que, no exercício de suas funções,
atente contra direito legalmente garantido.
Art. 31. A interposição de Representação deve ser dirigida à Corregedoria, ser feita
individualmente, tratando de casos específicos, cingir-se aos fatos que a motivaram e
fundamentar-se em argumentos e indícios de provas.
Parágrafo único. O prazo para a interposição de Representação é de 30 (trinta) dias,
a contar do conhecimento do fato considerado abusivo, devendo ser apreciado em
igual período.

A interposição de Representação deve ser feita por meio de Requerimento


dirigido à Corregedoria PM.

6.6 Razões Escritas de Defesa


Deve ser feita por meio de Parte ou Parte Especial, seguindo o modelo padrão
de escrita e anexando, se houver, documentos necessários para comprovação dos fatos.

6.7 Recurso Disciplinar


Também está prevista na Lei nº 963, de 06/02/2014, que institui o Código de
Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Roraima.
Art. 83. Interpor, na esfera administrativa, recurso disciplinar é direito do militar
que se sentir prejudicado, ofendido ou injustiçado por qualquer ato ou decisão
administrativa.
Art. 84. Da decisão que aplicar sanção disciplinar caberá recurso à autoridade
superior, com efeito suspensivo, no prazo de 05 (cinco) dias úteis, contados a partir
do primeiro dia útil posterior ao da publicação do ato ou decisão administrativa.
Parágrafo único. Expirado esse prazo e não interposto nenhum recurso, a
autoridade que aplicou a sanção certificará o trânsito em julgado da decisão e
adotará providências para o cumprimento da sanção disciplinar.
Art. 85. O recurso disciplinar, encaminhado por intermédio da autoridade que
aplicou a sanção, será dirigido à autoridade imediatamente superior àquela, por
meio de petição ou requerimento, contendo os seguintes requisitos:
I – Exposição do fato e do direito;
II – As razões do pedido de reforma da decisão.
Parágrafo único. Recebido o recurso disciplinar, a autoridade que aplicou a sanção
poderá reconsiderar a sua decisão, no prazo de 05 (cinco) dias úteis, se entender
procedente o pedido, e, caso contrário, encaminhá-lo-á ao destinatário, instruído
com os argumentos e documentação necessários.

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Art. 86. A autoridade imediatamente superior proferirá decisão em 05 (cinco) dias


úteis, explicitando o fundamento legal, fático e a finalidade.

A interposição de Recurso deve ser feita por meio de Requerimento.


6.8 Parte
É a modalidade de comunicação eminentemente interna, utilizada
especificamente na administração policial militar, sendo utilizada por unidades que
estão em níveis hierárquicos diferentes.
Possui uma formatação padrão específica, porém a estrutura de escrita é
baseada no padrão oficial e, assim como no memorando, o destinatário deve ser
mencionado pelo cargo que ocupa.

 Modelo de Parte: Anexo H.

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7. SISTEMA ELETRÔNICO DE INFORMAÇÕES

O Sistema Eletrônico de Informações (SEI), desenvolvido pelo Tribunal Regional


Federal da 4ª Região (TRF4), é uma plataforma que engloba um conjunto de módulos e
funcionalidades que promovem a eficiência administrativa. Trata-se também de um
sistema de gestão de processos e documentos eletrônicos, com interface amigável e
práticas inovadoras de trabalho, tendo como principais características a libertação do
paradigma do papel como suporte físico para documentos institucionais e o
compartilhamento do conhecimento com atualização e comunicação de novos eventos
em tempo real.
O SEI foi escolhido como a solução de processo eletrônico no âmbito do projeto
Processo Eletrônico Nacional (PEN), iniciativa conjunta de órgãos e entidades de
diversas esferas da administração pública, com o intuito de construir uma infraestrutura
pública de processos e documentos administrativos eletrônicos. Coordenado pelo
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o PEN proporciona a integração de
diferentes esforços que já estavam em curso no âmbito do governo federal e objetiva a
melhoria no desempenho dos processos da administração pública, com ganhos em
agilidade, produtividade, transparência, satisfação do público usuário e redução de
custos.
Devido às características inovadoras do SEI e do sucesso da prática de cessão da
ferramenta sem ônus para outras instituições, o SEI transcendeu a classificação de
sistema eletrônico da Justiça Federal da 4ª Região, para galgar a posição de projeto
estratégico para toda a administração pública, amparando-se em premissas altamente
relevantes e atuais, tais como: a inovação, a economia do dinheiro público, a
transparência administrativa, o compartilhamento do conhecimento produzido e a
sustentabilidade.
Com a cessão gratuita do SEI, a economia do dinheiro público é incomensurável,
uma vez que as instituições que o adotam deixam de gastar alguns milhões de dólares
com a compra de soluções de mercado que, não raro, não solucionam as demandas para
as quais são adquiridos. É a inovação advinda da implantação de uma cultura de
socialização do conhecimento desenvolvido pela administração pública com os outros
entes que a compõem. Se tal prática for mantida, será inegável que a gestão do
orçamento público, a cada dia mais contingenciado, será sensivelmente mais racional.

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Não há mais espaço para aquisições milionárias quando há soluções gratuitas


disponíveis.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República


/Gilmar Ferreira Mendes e Nestor José Forster Júnior. 3.ed. rev., atual. e ampl. Brasília:
Presidência da República, 2018.
JAMILK, Pablo. Português Sistematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2019.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. Secretaria Nacional de
Segurança Pública - SENASP. Matriz curricular nacional para ações formativas dos
profissionais da área de segurança pública /Secretaria Nacional de Segurança
Pública, coordenação: Andréa da Silveira Passos... [et al.]. Brasília: Secretaria Nacional
de Segurança Pública, 2014.
RITA, Flávia. Coerência textual – você sabe o que é?, Blog Flávia Rita, 2019.
Disponível em:
https://blog.flaviarita.com/coerencia-textual-voce-sabe-o-que-e/#.X7bI97d7nIU, acesso
em 11 nov. 2020.
RORAIMA. Governo do Estado de Roraima. Sobre o SEI. Disponível em:
https://sei.rr.gov.br/portalsei/?page_id=635. Acesso em: 20 jul. 2021.
VIANA, Guilherme. Vícios de linguagem. Disponível em:
https://www.portugues.com.br/redacao/vicios-de-linguagem.html, acesso em 11 nov.
2020.
VILARINHO, Sabrina. Como evitar um texto prolixo. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/como-evitar-um-texto-prolixo.htm, acesso
em 11 nov. 2020.

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