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PM-CE
Soldado
NV-004OT-22
Cód.: 7908428803360
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA / INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Monalisa Costa
e Nelson Sartori
ISBN: 978-85-93690-68-6
Edição: Outubro/2022
Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-line
materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta deste
livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 34
ORTOGRAFIA OFICIAL........................................................................................................................ 58
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 58
PROCESSO ORGANIZACIONAL.......................................................................................................134
PLANEJAMENTO.............................................................................................................................................134
DIREÇÃO ..........................................................................................................................................................134
COMUNICAÇÃO...............................................................................................................................................134
CONTROLE E AVALIAÇÃO...............................................................................................................................137
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA.................................................................................................138
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO...................................................................................................138
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO....................................................................................................139
AGÊNCIAS REGULADORAS.............................................................................................................................141
GESTÃO DE PROCESSOS.................................................................................................................145
GESTÃO DE CONTRATOS.................................................................................................................153
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO....................................................................................................159
ÉTICA E CIDADANIA.........................................................................................................................170
DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................210
DIREITOS POLÍTICOS......................................................................................................................................212
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO............................................................................................................212
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA..............................................................................................213
União................................................................................................................................................................ 213
Estados............................................................................................................................................................ 214
Distrito Federal................................................................................................................................................ 216
Municípios....................................................................................................................................................... 216
Territórios........................................................................................................................................................ 216
PODER LEGISLATIVO........................................................................................................................217
CONGRESSO NACIONAL.................................................................................................................................217
PODER EXECUTIVO...........................................................................................................................222
PODER JUDICIÁRIO..........................................................................................................................225
MINISTÉRIO PÚBLICO.....................................................................................................................................226
ADVOCACIA ....................................................................................................................................................227
DEFENSORIAS PÚBLICAS...............................................................................................................................227
DA SEGURANÇA PÚBLICA...............................................................................................................229
IMPUTABILIDADE PENAL.................................................................................................................243
CONCURSO DE AGENTES.................................................................................................................244
PENAS................................................................................................................................................245
APLICAÇÃO DA PENA.....................................................................................................................................245
PENAS ACESSÓRIAS.......................................................................................................................................250
EFEITOS DA CONDENAÇÃO............................................................................................................................251
MEDIDAS DE SEGURANÇA...............................................................................................................251
AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................253
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE..........................................................................................................254
INQUÉRITO POLICIAL.......................................................................................................................291
AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................302
CRIMINOSO NATO...........................................................................................................................................338
CRIMINOSO OCASIONAL................................................................................................................................339
CRIMINOSO PASSIONAL.................................................................................................................................339
CRIMINOSO ALIENADO...................................................................................................................................339
A MULHER CRIMINOSA...................................................................................................................................340
INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE
INTERPRETAÇÃO
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
espécie de animal. O que observei neles, no tempo assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
te para não os amar, nem os imitar. São em geral
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de Conhecimento Linguístico
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos
detalhados e impotentes para generalizar, cur- Esse é o conhecimento basilar para compreensão
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21)
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
nhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe-
O trecho em destaque na citação do escritor Lima
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías cimento sobre o funcionamento da língua não são,
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
indutivo compõe a interpretação e decodificação de que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- bo-objeto (SVO) etc.
ção cronológica de um texto. Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
A propriedade vocabular leva o cé- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
PROCURE rebro a aproximar as palavras que o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
SINÔNIMOS têm maior associação com o tema Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
do texto dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Os conectivos (conjunções, pre-
ATENÇÃO AOS posições, pronomes) são marca-
CONECTIVOS dores claros de opiniões, espaços
físicos e localizadores textuais
A DEDUÇÃO
3º Parágrafo
Todos sabem o quanto, em nosso país, __
_______________________________________. Verifica-se que
________________________, __________________________, Além disso, ________________________________
além de ______________________, fornecem (ou: resultam, ______________. E, somando-se a isso, ________________
culminam, têm como consequência...) ________. que ________________________________________________.
Daí _______________________ e de ____________________
Compare agora com o parágrafo preenchido com __________________.
a tese e com os argumentos e veja a amarração que
conseguimos: Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida mos servem para repor a massa muscular perdida
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi- durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras
tam para o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que das verduras e folhas que ajudam no processamento dos
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de
bife com salada, além da glicose no cafezinho preto reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
com açúcar, fornecem um completo abastecimento tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
14 de energia somada ao prazer. hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
4º Parágrafo Você também pode contar com uma pequena lista
de frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa:
Ainda convém lembrarmos __________
z Em virtude dos fatos mencionados...
_____________________, (que é): _______________.
z Por isso tudo...
Esse ____________________________________ para
z Levando-se em consideração esses aspectos...
____________________________. Essa(s) _______________
z Dessa forma...
___________________________. z Em vista dos argumentos apresentados...
z Dado o exposto...
Ainda convém lembrarmos outro hábito que z Por todos esses aspectos...
contribui para o sucesso do nosso bem elaborado z Pela observação dos aspectos analisados...
cardápio, que é o de tomarmos um cafezinho após z Portanto... / logo... / então...
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
reabastece nosso cérebro de energia desviada para Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
os órgãos processadores da digestão no momento em com as seguintes frases:
que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolên-
cia típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos. z ...somos levados a acreditar que...
Para os parágrafos de desenvolvimento, também z ...é-se levado a acreditar que...
podemos relacionar frases que você poderá escolher z ...entendemos que...
para dar originalidade ao seu texto: z ...entende-se que...
z ...concluímos que...
z Ao se examinarem alguns..., verifica-se que... z ...conclui-se que...
z Pode-se mencionar, por exemplo, ... z ...é necessário que...
z Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ... z ...faz-se necessário que...
z Alguns argumentam que...
z Além disso... Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
z Outro fator existente... como se deu a criação da primeira máscara:
z Outra preocupação constante...
z Ainda convém lembrar...
z Por outro lado... MÁSCARA 1
z Porém, mas, contudo, todavia, no entanto,
entretanto... 1º Parágrafo
Lembramos que esses exemplos são apenas suges- Todos sabem o quanto, em nos-
tões e que você poderá desenvolver construções que
so país, __________________________________
atendam sua necessidade a partir de quando for
adquirindo experiência com a produção de textos. ____. Verifica-se que _____________________,
Tanto quanto podemos criar padrões para a intro- _______________________________ além de
dução e para o desenvolvimento de nossas redações, ______________________________ fornecem (ou: re-
também podemos criá-los para a conclusão de nossa sultam, culminam, têm como consequência...)
dissertação. _______________________.
Acompanhe a organização de nosso último
parágrafo: 2º Parágrafo
MÁSCARA 2
(2º parágrafo) Justificativas (por que isso ocorre?): argu-
mento “a” + provas e exemplos (mostre casos conhecidos
1º Parágrafo ou dê exemplos semelhantes ao seu argumento)
4º Parágrafo ____________________________________________________
____________________________________________________
Também merece destaque _____________ o ____________________________________________________
(a) qual ____________________________. Diante disso, ____________________________________________________
_____________________ para que __________________________. ____________________________________________________
_________.
A elaboração de um parágrafo por alusão histórica Após o primeiro parágrafo, que, como já vimos,
é um recurso que desperta sempre a curiosidade do pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
leitor por meio de fatos históricos, lendas, tradições, cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
crendices, anedotas ou acontecimentos de que o autor dar os elementos que sustentarão essas afirmações
tenha sido participante ou testemunha (desenvolve-se iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
geralmente por meio da comparação com o presente recursos argumentativos que articularão o convenci-
ou retorno a ele). mento do leitor quanto à tese apresentada.
A vantagem desse método é o de podermos mos-
trar o desenvolvimento cronológico de um assunto, z Tipos Diferentes de Parágrafos de Desenvolvi-
expondo sua evolução no tempo. mento
Ao utilizar um fato histórico para sustentar uma
tese, lembre-se de que a história é a ciência que estuda As possibilidades de ordenação do parágrafo são
o homem e sua ação no tempo e no espaço, concomi- várias: exploração de aspectos espaciais e temporais,
tantemente à análise de processos e eventos ocorridos enumeração de pormenores, apresentação de analo-
no passado, e, como ela é uma ciência, tem, por conse- gia ou contraste, citação de exemplos e apresentação
guinte, um grande valor argumentativo. de causas e consequências. Acompanhe a seguir.
Observe como é simples: Desenvolvimento por Exploração Espacial
Modelo nº 4:
Ao argumentar, você pode se servir da exposição
de informações relativas ao lugar em que os fatos
Desde a época da __________, sabe-se
ocorreram.
que ___________________ para _________________.
Modelo nº 1:
Principalmente hoje em dia, reconhece-se que
___________________________.
A cidade (ou região) em desta-
Preenchendo o modelo, temos: que é ____________, que fica localizada em
Desde a época da escravidão no Brasil, sabia-se ____________________, região __________ de ____________.
que a alimentação dada a esses novos brasileiros era É aí onde se localiza ________________________ dessa
boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir região. Cercada por ________________________, foi bem
no centro desse ____________________________________
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em
dia, principalmente, já se reconhece que os carboi- ___________.
dratos do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das
verduras fornecem um completo abastecimento de Preenchendo o modelo, teremos:
energia somada ao prazer, justificando os hábitos do A cidade em destaque é Pindaíba da Serra, que
passado como responsáveis pela tradição alimentar fica localizada em Monte Mole, região nobre de
que preservamos. Pindorama. É aí onde se localiza uma das mais belas
reservas naturais de paioca-rija, um cipó medicinal
Interrogação e afrodisíaco muito cobiçado pelos moradores dessa
região. Cercada por uma densa floresta de mambutis
A ideia núcleo do parágrafo por interrogação é gigantes, foi bem no centro desse santuário tropical
colocada por intermédio de uma pergunta a qual ser- que a próspera cidadezinha se tornou uma espécie
ve mais como recurso retórico, uma vez que a questão de centro cultural da região por preservar até hoje
levantada deve ser respondida pelo próprio autor. um dos mais tradicionais rituais de nossa história: a
Seu desenvolvimento é feito por intermédio da sagração da taioba-plus, entidade sagrada e reveren-
ciada pelos devotos naobilicos.
confecção de uma resposta à pergunta.
Modelo nº 5: Desenvolvimento por Exploração Temporal
Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda- Com esses modelos apresentados, desejamos mos-
ção com uma declaração inicial. Como abordamos um trar como é possível programar e treinar nossos tra-
tema geral, sem uma relevância científica notória e balhos de redação se exercitarmos essas habilidades.
que representa na verdade um conhecimento cultural Porém, é de fundamental importância que você busque
somado às observações de médicos e nutricionistas, ou crie um modelo de máscara com o qual você mais se
a declaração foi a melhor alternativa, já que não se identifique. Isso para que, no momento de produção de
compromete com a obrigatoriedade de recorrência a sua redação, principalmente se ocorrer durante uma
uma fonte de conhecimento referencial. prova de concurso, você já esteja organizado. 21
Com isso, espera-se que você tenha a vantagem de Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
partir direto para a elaboração de seu texto sem ter para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
de ficar parado buscando inspiração em um momento passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
em que todo segundo é importante. são. A autora afirma que a coerência:
Podemos usar uma metáfora muito interessante O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que
quando se trata de compreender os processos de coe- vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira.
são e coerência. Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem pro-
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com missor, mas nunca se interessou realmente em evoluir,
um prédio. Tal qual uma boa construção precisa de preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony
um bom alicerce para manter-se em pé, um texto bem Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo
construído depende da organização das nossas ideias, gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e
da forma como elas estão dispostas no texto. Isso sig- o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
nifica que precisamos utilizar adequadamente os pro- primeira luta que fez com Apollo Creed.
cessos coesivos, a fim de defendermos nossas ideias
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
adequadamente. 30/09/2020. Adaptado.
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
cipais formas de marcação, em um texto, de processos
que buscam organizar as ideias em um texto, princi- A partir da leitura, podemos perceber que todos
palmente, os processos de coesão que, como dissemos, os termos destacados fazem referência a um mesmo
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti- referente: Rocky Balboa. O processo de referenciação
cas que os processos envolvendo a coerência. utilizado foi o uso de anáforas que assumem variadas
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas formas gramaticais e buscam conectar as ideias do
características da coerência em um texto e como esse texto.
processo liga-se não apenas às formas gramaticais, Já os processos referenciais catafóricos apontam
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
para porções textuais que ainda não foram mencio-
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus- a seguir: “Os documentos requeridos para os candi-
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico datos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e
22 que se encontra mais na mente que no texto”. reservista”
Dica Não é possível saber qual dos homens estava
acompanhado.
Em provas de concursos e seleções, ainda se
Por fim, destacamos que as classes de palavras
encontra a terminologia “expressões referen-
relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
ciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
no material. No entanto, é importante salientar
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
que, para linguistas e estudiosos, as anáforas
escolares. O interesse das principais bancas de con-
são os processos referenciais que recuperam e/
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
ou apontam para porções textuais.
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise
Uso de Pronomes ou Pronominalização de processos coesivos visa analisar a capacidade do
candidato de reconhecer a que e qual elemento está
Utilizar pronomes para manter a coesão de um construindo as referências textuais.
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como Uso de Numerais
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
estudo os principais pronomes utilizados em recursos Conforme mencionamos anteriormente, o uso de
textuais para manter a coesão. categorias gramaticais concorre para a progressão
A pronominalização é a base de recursos anafó- textual; uma das classes gramaticais que auxilia esse
ricos que recuperam porções textuais ou ainda um processo é o uso de numerais.
nome específico a que o autor faz referência no texto. Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
Vejamos dois exemplos: essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-
foi quente, com diversas interrupções e acusações riores numa relação de coesão.
pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indica- Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o
ção de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para primeiro era para os professores, o segundo para os
a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Gins-
alunos.
burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois
os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifi- As formas destacadas são numerais ordinais que
ca essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que recuperam informação no texto, evitando a repetição
eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […]. de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA
são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões Uso de Advérbios
de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wal-
lace perguntou aos dois o que eles fariam até que uma Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-
vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
que Trump “não tem um plano para essa tragédia”. Já processo de coesão. As formas adverbias que marcam
Trump começou sua resposta atacando a China - “deve-
tempo e espaço podem também ser denominadas de
riam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou
em dúvida as estatísticas da Rússia e da própria China marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente tra- Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
balho” nesse momento dos EUA. Perceba que esses advérbios só podem ser associa-
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
php. Acessado em: 17/10/2020.
Parônimos
Infográficos
Gráfico
Componentes de um gráfico:
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coe- Período Composto por Coordenação
rência. São Paulo: Parábola, 2005.
CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São As orações são sintaticamente independentes. Isso
Paulo: Contexto, 2013. significa que uma não possui relação sintática com
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
da leitura. 16. ed. Campinas: Pontes, 2016. período.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e com- Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
preender: os sentidos do texto. 3. ed . São Paulo: (Fernando Pessoa)
Contexto, 2015. Oração coordenada 1: Deus quer
SACCONI, L. A. Nossa Gramática Completa Sac- Oração coordenada 2: o homem sonha
coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova Oração coordenada 3: a obra nasce.
Geração, 2010. Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
SCHLITTLER, J. M. M. Recursos de Estilo em sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
Redação Profissional. Campinas: Servanda, 2008. Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
SINTAXE: PROCESSOS DE Conjunção adversativa: mas nada
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Terei saído.
� Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
particípio.
Ex.: Teria estudado.
� Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal particípio.
Ex.: (que eu) Tenha estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: (se eu) Tivesse estudado
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.
z Particípio: Marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
-so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a janela.
Ela tinha pago a conta.
z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:
Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina;
Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da e vírgula (;):
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
qualquer ambiguidade.
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
Quando se trata de separar termos de uma mesma
ficou triste;
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
� Para separar os termos de mesma função Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta; to, exausto;
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
enumeração. Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi ouvinte.
arrastado pelo tsunami; Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que sorvete;
já apareceu na frase) do verbo � Em enumerações, portarias, sequências
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, o Procurador-Geral da República;
filmes de terror; o Colégio de Procuradores da República;
� Para separar palavras ou locuções explicativas, o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
retificativas
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 DOIS-PONTOS
anos;
� Para separar datas e nomes de lugar Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985; não foi concluída. Servem para:
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto
e, nem, ou. � Introduzir uma citação (discurso direto):
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
A vírgula também é facultativa quando o termo respostas”;
que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos: distributivo ou uma oração subordinada substan-
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. tiva apositiva
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
em casa. sores, jornalistas, médicos;
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / � Introduzir uma explicação ou enumeração após
Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
saber, como.
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Filosofia, Ciências...;
� Entre o sujeito e o verbo
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
ram a explicação. (errado) (relação semântica de oposição, explicação/causa
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- ou consequência)
sertaram minha visão. (errado); Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- homem culto.
dicativo do sujeito: Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- cautela;
ção. (errado) � Marcar invocação em correspondências
Os alunos precisam de, que os professores os aju- Ex.: Prezados senhores:
34 dem. (errado) Comunico, por meio deste, que...
TRAVESSÃO Ex.: Que linda mulher!
Coitada dessa criança!
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de � Aparece após uma interjeição:
discurso de interlocutor: Ex.: Ex.: Nossa! Isso é fantástico;
— Bom dia, Maria! � Usado para substituir vírgulas em vocativos
— Bom dia, Pedro! enfáticos:
� Serve também para colocar em relevo certas Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
expressões, orações ou termos. Pode ser subs- � É repetido duas ou mais vezes quando se quer
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou marcar uma ênfase:
colchetes: Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario- metros em 20 segundos!!!
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que RETICÊNCIAS
vamos jantar. (oração intercalada)
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui- São usadas para:
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
� Assinalar interrupção do pensamento:
PARÊNTESES Ex.: ― Estou ciente de que...
― Pode dizer...
Têm função semelhante à dos travessões e das � Indicar partes suprimidas de um texto:
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter- Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
mos, expressões ou orações. desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) depois desceu as escadas apressadamente.)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos � Para sugerir prolongamento da fala:
jantar. (oração intercalada) Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
PONTO-FINAL � Para indicar hesitação:
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
É o sinal que denota maior pausa. Usa-se: vergonha.
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de mente com outras intenções:
período. Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade; USO DAS ASPAS
� Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento. São usadas em citações ou em algum termo que
sec. = secretário. precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí-
a.C. = antes de Cristo. das por itálico ou negrito, que têm a mesma função
de destaque.
Dica Usam-se nos seguintes casos:
� É empregado para marcar o fim de uma frase com � Para incluir num texto uma observação de nature-
entonação exclamativa: za elucidativa: 35
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de Ex.: a/c = aos cuidados de;
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”; s/ = sem;
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), � Para separar o numerador do denominador nos
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado números fracionários, substituindo a barra da
que pareça, o texto original é assim mesmo: fração:
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- Ex.: 1/3 = um terço;
do.” (Machado de Assis); � Nas datas:
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda Ex.: 31/03/1983
Fonologia: � Nos números de telefone:
Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy]; Ex.: 225 03 50/51/52;
� Para suprimir parte de um texto (assim como � Nos endereços:
parênteses) Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232;
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois � Na indicação de dois anos consecutivos:
desceu as escadas apressadamente. ou Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso;
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: /s/.
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
vel segundo as normas da ABNT).
Embora não existam regras muito definidas sobre
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
ASTERISCO
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
� É colocado à direita e no canto superior de uma
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE
triste acrescido do sufixo -eza*. PALAVRAS
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo; INTRODUÇÃO
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- No dia a dia, usamos unidades comunicativas
tuição a um substantivo próprio: para estabelecer diálogos e contatos, formando enun-
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de
nhado aos responsáveis; palavras. Elas surgem da necessidade de comunica-
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- ção e os processos de formação para sua construção
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto são conhecidos da nossa competência linguística, pois
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: como falantes da língua, ainda que não saibamos o
Ex.: Parecer, do latim *parescere; significado de antever, podemos inferir que esse ter-
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- mo tem relação com o ato de ver antecipadamente,
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
da gramática. Reconhecer os processos que auxiliam na forma-
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. ção de novas palavras é essencial para o estudante da
língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido
USO DA BARRA pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos e
palavras novas que podem ser criadas a partir da estru-
tura da língua; não é à toa que, muitas vezes, somos
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
surpreendidos com o uso inédito de algum termo.
Porém, precisamos ter consciência de que nem todo
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
contexto é apropriado para o uso de novas estruturas
substituída pela conjunção “ou”: vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos estudar os
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. processos de formação de palavras e as consequências
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta; dessas novas constituições, focando nesse conteúdo;
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- sempre cobrado pelas bancas mais exigentes.
ção das conjunções e/ou.
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais ESTRUTURA DAS PALAVRAS
e/ou escritos;
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- Radical e Morfema Lexical
ção entre si.
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número As palavras são formadas por estruturas que, uni-
(plural/singular). das, podem se modificar e criar novos sentidos em
O carro atingiu os 220 km/h; contextos diversos. Os morfemas são as menores uni-
� Para separar os versos de poesias, quando escritos dades gramaticais com sentido da língua. Para iden-
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas tificá-los é preciso notar que uma palavra é formada
barras para indicar a separação das estrofes. por pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que que uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- no qual podemos juntar outra peça para formar uma
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- estrutura maior; porém, se você já montou um que-
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles; bra-cabeça, deve se lembrar que não podemos unir as
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra peças arbitrariamente, é preciso buscar aquelas que
36 não foi escrita na sua totalidade: se encaixam.
Assim, como falantes da língua, reconhecemos z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois, rior do radical.
a todo momento estamos aptos a criar novas pala- Exs.:
vras a partir das regras que o sistema linguístico nos mente: Felizmente.
oferece. dade: Lealdade.
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o eiro: Blogueiro.
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças” ista: Dentista.
existentes na língua, algumas misturando termos de gudo: Narigudo.
outras línguas com morfemas da língua portuguesa
para a formação de novas palavras, como: bloguei- É importante destacar que essa pequena amostra,
ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
ganham novos morfemas e, consequentemente, novas sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que
acepções nas redes sociais como, por exemplo, biscoi- você tenha consciência do quão rico é o processo de
teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus- formação de palavras por afixos.
cam receber elogios nesse ambiente. Além disso, não é interessante que você decore
As peças do quebra-cabeças que formam as pala- esses morfemas derivacionais, mas que você com-
vras da língua portuguesa possuem os seguintes preenda o valor semântico que cada um deles esta-
nomes: belece na língua, como os sufixos -eiro e -ista que são
usados, comumente, para criar uma relação com o
Radical, Desinência, Vogal Temática, Afixos, ambiente profissional de alguma área, como: padeiro,
Consoantes e Vogais de Ligação costureiro, blogueiro, dentista, escafandrista, equili-
brista etc.
O radical, também chamado de semantema, é o Os sufixos costumam mudar mais a classes das
núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos
se anexam os demais morfemas, criando as palavras vocábulos.
derivadas. Devido a essa importante característica, o
radical é também conhecido como morfema lexical, Desinências ou Morfemas Flexionais
pois se trata da significação própria dos vocábulos,
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti- Os morfemas flexionais, mais conhecidos como
do propriamente dito. desinências, são os mais estudados na língua portu-
Alguns exemplos de radicais: guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro; estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
pedra – pedreiro - pedregulho; pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
Terra – aterrado – enterrado - terreiro. no e masculino.
Para facilitar a compreensão, podemos dividir os
morfemas flexionais em:
Importante!
Palavras da mesma família etimológica, ou seja, z Aditivos: Adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro-
que apresentam o mesmo radical e guardam o fessor/professora; livro/livros;
mesmo valor semântico no radical, são conheci- z Subtrativos: Elimina-se um elemento do morfema
lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã;
das como cognatas.
z Nulos: Quando a ausência de uma letra indica
uma flexão. Ex.: o singular dos substantivos é mar-
Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos z Composição por justaposição: nesse processo,
são mais comuns no processo de formação de deter- as palavras envolvidas conservam sua autonomia
minadas classes gramaticais, vejamos: morfológica, permanecendo a tonicidade original
de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz
z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti- de conta, navio-escola, malmequer;
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço; z Composição por aglutinação: na formação de
z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer, palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
-izar, -ar; cidade dos termos envolvidos, que passam a ser
z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.: subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-
-mente. leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente);
vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê).
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS
Palavras Compostas e Derivadas
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lis-
Agora que já conhecemos os processos de forma-
ta a seguir que podem auxiliar na compreensão do ção de palavras, precisamos identificar as palavras
processo de formação de palavras. Novamente, aler- que são compostas e as palavras que são derivadas.
tamos que essa lista não deve ser encarada como
uma “tabuada” a ser decorada, mas como um método z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente
para apreender o sentido de alguns desses radicais e etc.;
prefixos. z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc. 39
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir Importante!
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras
A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen
que detêm a raiz com sentido lexical independente.
das palavras compostas por justaposição com
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc.
um termo de ligação. Assim, palavras como Pé
A partir das palavras primitivas, o falante pode
de moleque, que antes contavam com o hífen,
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala-
agora já não utilizam mais. Porém, não foram
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um
todas as palavras justapostas que foram atin-
dos seis processos derivacionais.
gidas pela reforma; palavras justapostas que
Já as palavras compostas guardam a independên-
designam plantas ou bichos ainda são escritas
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala-
com hífen. Ex.: Cana-de-açúcar; pimenta-do-rei-
vras para a formação de um novo sentido.
no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi;
USO DO HÍFEN CONFORME O NOVO ACORDO
porco-da-Índia.
ORTOGRÁFICO
Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire- z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor;
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
z Ver: Antever, rever, prever;
z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun- z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
cionará nessa condição quando não for possível
identificar o sujeito explícito ou subentendido. Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
Além disso, não podemos confundir essa função ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi- preensão dessas conjugações verbais.
ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
estar na voz ativa.
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
Outra importante característica do “se” como índi- que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em ção são, predominantemente, regulares.
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá PRESENTE — INDICATIVO
estar na 3ª pessoa do singular. Eu Crio
Ex.: Acredita-se em Deus.
Tu Crias
z Pronome reflexivo: Na função de pronome refle- Ele/Você Cria
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci- Nós Criamos
procidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin- Vós Criais
cipais características são: Eles/Vocês Criam
Tu Aderes 2ª pessoa do
Vós Vos, convosco
plural
Ele/Você Adere
3ª pessoa do Se, si, consigo
Nós Aderimos Eles/Elas
plural os, as, lhes
Vós Aderis
Eles/Vocês Aderem Os pronomes pessoais do caso reto costumam
substituir o sujeito.
Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam fun-
São conjugados da mesma forma os verbos dispor, cionar como complemento verbal ou adjunto.
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.
entrepor, supor.
z Os pronomes que estarão relacionados ao obje-
PRESENTE — INDICATIVO to direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.:
Informei-o sobre todas as questões;
Eu Ponho z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
Tu Pões Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
Ele/Você Põe
a ele).
Nós Pomos
Vós Pondes Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são
pronomes substantivos.
Eles/Vocês Põem
Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não
podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblí-
quos, dependendo da função que exercem.
PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de
preposição e costumam ter função de complemento:
TRATAMENTO E COLOCAÇÃO
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
PRONOMES (plural);
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
Pronomes são palavras que representam ou acom- (plural);
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s),
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- ela(s).
vra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefini-
ção, quantidade, localização no tempo, no espaço e no Não devemos usar pronomes do caso reto como
meio textual, entre outras funções. objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”.
Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é pos-
Os pronomes exercem papel importante na análi-
sível usar os pronomes do caso reto como comple-
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de Usamos este, esta, isto para indicar:
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem � Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
variar e podem ser invariáveis. Observe a seguinte dade de algo ao falante.
tabela: Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
como prova.
� Referência ao tempo presente.
PRONOMES INDEFINIDOS3
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
Variáveis Invariáveis pagarei a última prestação da casa.
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém � Referência ao espaço textual.
Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
Nenhum, nenhuma, nenhuns, Ninguém
curava um presente para o marido (o pronome
nenhumas
refere-se ao último termo mencionado).
Todo, toda, todos, todas Quem
Outro, outra, outros, outras Outrem Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
me “este” refere-se ao próprio texto).
Muito, muita, muitos, muitas Algo Usamos esse, essa, isso para indicar:
3 Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
48 quanto-qual.htm>. Acesso em: 14 jul. de 2020.
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta- � O pronome relativo quem pode fazer referência
mento de algo de quem fala. a algo subentendido: Quem cala consente (aquele
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você. que cala).
z Indicar distância que se deseja manter. � Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con- deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
fia nesses políticos. vo; pode sofrer flexões.
z Referência ao tempo passado. Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
estive em São Paulo. � Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. para indicar posse e aparecer relacionando dois
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter termos que devem ser um possuidor e uma coisa
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes- possuída.
sa expressão utilizada. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: matéria (coisa possuída).
� Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
to de quem fala e de quem ouve.
ro com a coisa possuída.
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
� Referência a um tempo muito remoto, um passa-
cujo: Cujo o, cuja a
do muito distante.
Não podemos substituir cujo por outro pronome
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-
tas abertas. Bons tempos aqueles! relativo.
� Referência a um afastamento afetivo. O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
Ex.: Não conheço mais aquela mulher. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
� Referência ao espaço textual, indicando o pri- Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
meiro termo de uma relação expositiva. gunta: “de quem/do que?”
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
riu beber chá; aquela, refrigerante. do que? Do filme).
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
Dica quem? Do rapaz).
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun- � Emprego do pronome relativo onde: Empregado
ção demonstrativa referencial. Veja: para indicar locais físicos.
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
esqueceu de preencher o gabarito. � Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- mindo as formas aonde e donde.
ceu de preencher o gabarito. Ex.: Irei aonde você for.
� O relativo “onde” pode ser empregado sem
Pronomes Relativos antecedente.
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os � Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
pronomes relativos têm função muito importante na e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
língua, refletida em assuntos de grande relevância
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas Dá-me esse caderno! (certo).
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas -se de nada (correto).
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
que atraem o pronome para ênclise: sujeito.
50 4 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
exorbitante. viver bem.
Diferentes situações: Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
multidão gritou entusiasmada; � Os verbos bater, dar e soar concordam com o
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
verbo posterior ao pronome relativo concorda palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limi- chegou (Duas horas deram...).
tes do Brasil que se situam mais próximos do Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
Meridiano?; Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o badaladas soaram).
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio
quem resolveu a questão;
da escola soou dez badaladas).
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
dem-se casas de veraneio aqui.
nós quem resolvemos a questão.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
interessada;
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- Majestade está preocupada?
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos Suas Excelências precisam de algo?
essa questão; z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- Concordância Verbal com o Sujeito Composto
ver artigo definido antes de uma palavra plura-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados ticais diferentes
Unidos continuam uma potência. Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
z Estados Unidos continua uma potência. � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
de de Santos fica em São Paulo.”) garam ontem;
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
ou nenhum
Importante! Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o ter o espírito esportivo;
verbo fica no singular ou no plural. � Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram singular
Camões. Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
davam (preferencialmente no singular);
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
Concordância do Infinitivo
� Sujeito posposto distanciado
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal: Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- cal brasileira seres estranhos;
to esclarecido) � Verbos impessoais (haver e fazer)
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
implícito “nós”) Havia problemas no setor.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
(dois pronomes implícitos: eu, nós) vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
Até me encontrarem, vocês terão de procurar � Verbo na voz passiva sintética
muito. (preposição no início da oração) Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. � Verbo concordando com o antecedente correto
(verbos pronominais) do pronome relativo ao qual se liga
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
indicando tempo) tinham experiência;
Estudo para me considerarem capaz de aprova- � Sujeito coletivo com especificador plural
52 ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
� Sujeito oracional Há casos em que o adjetivo concordará apenas
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
singular); tencer somente a este.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
to ou complemento no plural Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
atrito. (verbo no singular). minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
Casos Facultativos Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o do por dois ou mais adjetivos pode-se:
estádio; Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
fizeram rir; francesa e alemã.
z Fui eu quem faltou/faltei à aula; Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
brasileira; língua inglesa, a francesa e a alemã.
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
ciência. (1,5% corresponde ao singular); z Com função de predicativo do sujeito
z Chegaram/Chegou João e Maria;
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
aqui; com a soma dos elementos.
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
brasileira; Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z O problema do sistema é/são os impostos; jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
z Hoje é/são 22 de agosto; sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos quanto com o nome mais próximo.
a aprovação; Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
Silepse de Número e de Pessoa
substantivos por um pronome:
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
Conhecida também como “concordância irregular,
(substitui-se por “eles”)
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
existem complicados”.
z Silepse de número: usa-se um termo discordando Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
do número da palavra referente, para concordar então é um adjunto adnominal.
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- z Com função de predicativo do objeto
dade: todas as flores);
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
z Nos substantivos compostos formados por subs- � Pronome reflexivo com a função sintática de obje-
tantivo + substantivo em que o segundo termo to direto
limita o sentido do primeiro termo: Ex.: Elas não se encontram na redação;
decreto-lei – decretos-lei; � Pronome reflexivo com a função sintática do obje-
cidade-satélite – cidades-satélite; to indireto
público-alvo – públicos-alvo; Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar;
elemento-chave – elementos-chave. � Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
ca do objeto direto
Nestes substantivos também é possível a flexão
Ex.: Admiravam-se de longe;
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
públicos-alvos, elementos-chaves;
ca do objeto indireto
z Nos substantivos compostos preposicionados:
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas;
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar; � Pronome reflexivo com a função de sujeito de um
pôr do sol – pores do sol; infinitivo
fim de semana – fins de semana; Ex.: Ela deixou-se ir;
pé de moleque – pés de moleque. � Pronome apassivador
Ex.: Compram-se jornais;
Flexão Apenas do Segundo Elemento � Pronome de realce
Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução;
� Nos substantivos compostos formados por tema � Índice de indeterminação do sujeito
verbal ou palavra invariável + substantivo ou Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo;
adjetivo: � Parte integrante dos verbos essencialmente
bate-papo – bate-papos; pronominais
quebra-cabeça – quebra-cabeças; Ex.: Queixou-se muito da vida;
arranha-céu – arranha-céus; � Conjunção subordinativa integrante
ex-namorado – ex-namorados; Ex.: Ela queria ver se conseguiria;
vice-presidente – vice-presidentes; � Conjunção subordinativa condicional
� Nos substantivos compostos em que há repeti- Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos.
ção do primeiro elemento:
FUNÇÕES DO QUE
zum-zum – zum-zuns;
tico-tico – tico-ticos;
Funções Morfológicas
lufa-lufa – lufa-lufas;
reco-reco – reco-recos;
z Pronome;
� Nos substantivos compostos grafados ligada-
z Substantivo;
mente, sem hífen: z Preposição;
girassol – girassóis; z Advérbio;
pontapé – pontapés; z Interjeição;
mandachuva – mandachuvas; z Conjunção.
fidalgo – fidalgos;
� Nos substantivos compostos formados com Funções Sintáticas
grão, grã e bel:
60
7. (IDECAN — 2021) por exemplo, determinação para que os aspirantes
tenham acesso a um módulo de 14 horas de aulas
Policiais assassinados no Brasil são negros na sobre diversidade étnico-racial.
maioria Procurado, o Ministério da Justiça não respondeu.
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no (Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo
país, e 63% deles eram negros. Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
Folha de S.Paulo, 1º ago.2021.)
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Bra-
sileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais
“A formação profissional está eivada de crenças,
são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o
valores e preconceitos de um sistema de representa-
aumento no número de mortes.
ção sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa mulher, o que é o menor e o que é o negro”, aponta.
da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por Pela sequência em destaque no período acima, os
dia.” termos polícia, criminoso, mulher, menor e negro são,
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas respectivamente,
nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes
de agentes de segurança pública cresceu 13% no país a) adjetivo, adjetivo, adjetivo, substantivo, substantivo.
em relação a 2019. b) adjetivo, adjetivo, adjetivo, adjetivo, adjetivo.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de c) substantivo, substantivo, substantivo, adjetivo, adjetivo.
Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora d) substantivo, substantivo, substantivo, substantivo,
do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos substantivo.
em passeios, no trajeto de ida e volta da corporação e) substantivo, adjetivo, substantivo, adjetivo, substantivo.
ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ile-
gais, mas realizados para complementar a renda. 8. (IDECAN — 2021)
A reportagem ouviu um policial militar que atua no Rio
de Janeiro há 20 anos. Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser
indicativo de vida
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixo-
nei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para
identificado. chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O que a presença de metano nas quantidades observa-
policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da das nas plumas de água que são ejetadas da lua de
falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanis-
superiores ao trabalho do policial. mo conhecido, salvo vida.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da O resultado lembra muito as conclusões dos pesqui-
violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, sadores liderados por Jane Greaves, da Universidade
ocorre porque a maioria da população é de pessoas de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas
negras. “Policial não escolhe criminoso.” nuvens de Vênus(a). Eles também não cravaram que era
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanis-
UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas mo alternativo capaz de explicar as quantidades.
de formação são um dos fatores que explicam o O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Univer-
desempenho policial. “Muitas vezes, há um currículo sidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da
ajustado à matriz nacional, mas não há professores
Brasil conquista 3 bronzes na Olimpíada Internacional 16. (IDECAN — 2022) Assinale a alternativa em que a pon-
de Astrofísica tuação está corretamente empregada.
O Brasil terminou a 13ª Olimpíada Internacional de a) O homem que esteve aqui ontem, falou que voltaria hoje.
Astronomia com três medalhas conquistadas e duas b) Amanhã de manhã, todos iremos ver a apresentação.
menções honrosas. O bom desempenho na disputa c) Os alunos só vislumbravam uma possibilidade; estudar!
intelectual foi um feito de Raul Basilides Gomes (17), d) Gostávamos muito de, georgrafia, matemática e inglês.
de Fortaleza, Giovanna Girotto (16) e Luã de Souza e) Assim dizia Júlio César; “vim, vi e venci”.
Santos (17), de São Paulo, que garantiram três meda-
lhas de bronze, e dos estudantes de São Paulo, Lucas 17. (IDECAN — 2021) Texto para a questão.
Shoji (16) e Bruna Junqueira de Almeida (16), com
duas menções honrosas. Cultura alimentar nas políticas culturais do Brasil
O evento aconteceu em Kszthely, na Hungria. Dos dias
2 a 10 deste mês, 254 estudantes de 47 países foram A ideia de que “comida é cultura” talvez seja facilmen-
submetidos a provas práticas, teóricas e de análise de te compreendida, pois o ato de se alimentar constrói
dados. A competição reuniu um número recorde de sentidos, significados, memórias, silenciamentos, vio-
delegações. lência, opressões apagamentos em cada individuo e
Para formar a equipe que competiu, foi necessário na coletividade. A cultura, assim como a comida, por
aplicar provas em todo o território nacional. Os cinco estar presente em diferentes dimensões da vida e das
integrantes do time brasileiro tiveram que percorrer um prática sociais, corre o risco de, muitas vezes, ser des-
longo caminho na Olimpíada Brasileira de Astronomia locada e realocada na produção de conhecimento e
e Astronáutica (OBA) realizada em 2018. A seleção foi na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centra-
dividida em etapas: a primeira com mais de 100 mil lidade da cultura no desenvolvimento da humanidade,
inscritos, dos quais 5,3 mil foram escolhidos para rea- que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem
lizar uma prova online, então 150 participantes foram à sua Inclusão nas poIíticas públicas.
convocados para realizar uma prova presencial. O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel
Mas os testes não pararam por aí. Na prova presen- Gracia compreendem a cultura alimentar como um
cial, 30 jovens foram selecionados para fazer treina- conjunto de representações, crenças, conhecimentos
mentos intensivos classificatórios durante 1 semana e práticas. Pode ser herdada ou aprendida esta asso-
com astrônomos. Essa etapa aconteceu no primeiro ciada à alimentação compartilhada por indivíduos de
semestre de 2019, e só então foi escolhida a equipe uma cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma
dos cinco. cultura, Contreras e Gracia afirmam que tendemos a
atuar de forma similar como fazemos com a comida,
Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/ciencia/144968- ou seja, somos guiados por orientações, preferências
brasil-conquista-tres-bronzes-olimpiada-internacional-astrofisica.
e sanções autorizadas por determinada cultura.
htm/. Acesso em: 28/11/201
Em diálogo com essa perspectiva, a antropóloga Maria
Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante
14. (IDECAN — 2020) No período “Para formar a equipe
do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimen-
que competiu, foi necessário aplicar provas em todo
tar e Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substan-
o território nacional.” (l. 7), o trecho em destaque é
tivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e
classificado, sintaticamente, como
não como um adjetivo. Considera que a alimentação
se expressa em representações, envolve escolhas,
a) oração subordinada substantiva objetiva direta.
símbolos e classificações que mostram as visões
b) oração subordinada substantiva subjetiva.
sobre a história e as tradições alimentares.
c) oração subordinada adjetiva.
É também no contexto histórico de lutas por direitos
d) oração subordinada adverbial.
sociais que o sentido político da cultura vem sendo
e) sujeito simples.
construido. Em 2016, a carta política do II Seminário
Nacional de Educação em Agroecologia, organizado
15. (IDECAN — 2020) Assinale a única alternativa que nos pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA),
apresenta uma informação que está implícita no Texto destacou a cultura como “elemento político de diálogo
3. com os territórios, uma vez que é a representação da
diversidade e dos saberes populares” e a definiu como
a) Todos os inscritos na Olimpíada Brasileira de Astrono- memória por denotar a necessidade de reconhecer os
mia e Astronáutica tinham intenção de concorrer às 5 saberes ancestrais, aprender com eles e renová-los.
vagas brasileiras para a 13ª Olimpíada Internacional Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensa-
de Astronomia. dor francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória
b) Não são realizadas provas presenciais na Olimpíada generativa depositária das regras de organização social,
Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). ela É fonte produtora de saberes, competências e progra-
c) 30 jovens que fizeram treinamentos intensivos clas- mas de comportamento”. Morin a considera como um
sificatórios com astrônomos durante uma semana patrimônio informacional, pois organiza a experiência
não participaram da 13ª Olimpíada Internacional de humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange
Astronomia. os conhecimentos acumulados por gerações sobre o
64 ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefa- Após o registro do evento, catalogado como MOA-
tos, as crenças, a visão de mundo etc., em que se retem- -2010-BLG-477Lb, o grupo liderado por Joshua
pera e se regenera a comunidade. Blackman, da Universidade da Tasmânia, na Austrália,
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas fez observações subsequentes no Observatório Keck,
condições de formação e concepção. Para esse pensa- em 2015, 2016 e 2018. O objetivo: encontrar a estrela
dor, à cultura e a sociedade, via cultura, estão no interior responsável pela microlente. O planeta, muito menos
do conhecimento humano e produz conhecimento. A brilhante, não seria visível. [C] Mas a estrela sim – se
comida é uma prática cultural que contribui para enxer- fosse um astro ativo, como o Sol.
gar a complexidade da vida é a condição humana no As imagens colhidas no infravermelho próximo de
seu conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo início indicaram uma possível candidata, mas com o
o complexo vivo do nosso organismo, das células às passar do tempo ela mostrou ter movimento incon-
moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sistente com o visto na microlente. Em suma, não era
sociais e espirituais. É uma via concreta - é comestível - ela. Nem havia qualquer outra possível candidata. [D]
para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da Aí o grupo aplicou o clássico raciocínio sherlockiano,
estratégias para intervir em realidades. segundo o qual quando se elimina tudo que é impossí-
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e orga- vel, o que quer que reste, por improvável que seja, tem
nizações da sociedade civil têm forjado coletivamente de ser a verdade.
a compreensão do que entendem por cultura alimentar, Já que não era possível que fosse uma estrela viva e
bem como têm criado estratégias para sua inserção nas ativa (inconsistente com as imagens), nem um cadáver
políticas públicas. À essas concepções de cultura, gera- de estrela de alta massa, como uma estrela de nêutrons
das nas lutas sociais e com pensadores da complexida- ou um buraco negro (inconsistente com as imagens e
de e das ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o a microlente), restou apenas uma alternativa: era uma
lugar da comida nas políticas culturais no Brasil. anã branca, com um planeta joviano ao seu redor.
(...) É o destino final do Sol: quando seu combustível
nuclear se esgotar, ele inchará como uma gigante
(Juliana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique, 30 de novembro vermelha, depois perderá suas camadas superiores e
de 2020, com alterações) tudo que restará é um núcleo em processo de resfria-
mento. Quando o Sistema Solar passar por essa fase,
Considera que a alimentação se expressa em repre- será um barata-voa danado nas regiões mais inter-
sentações, envolve escolhas, símbolos e classifica- nas. Mercúrio, Vênus e possivelmente a Terra serão
ções que mostram às visões sobre a história e as engolidos pela fase gigante vermelha do Sol. Porém,
tradições alimentares. simulações sugerem que Júpiter, em sua órbita mais
afastada, tem boa chance de resistir ao cataclismo.
Assinalo a alternativa em que, alterando-se o verbo do Só que um sistema análogo com sobreviventes nunca
segmento sublinhado no período acima, NÃO se tenha havia sido observado. Até agora.
mantido adequação à norma culta. Não leve em conta Esse parece ter aberto a porteira, trazendo um retrato
as alterações de sentido. triste e sombrio do futuro longínquo de nosso peque-
no quintal na vastidão do cosmos. A anã branca deve
a) aspiram às visões sobre a história e as tradições alimentares ter cerca de 53% da massa do Sol, e o planeta aproxi-
b) visam às visões sobre a história e as tradições alimentares madamente 40% mais massa que Júpiter. A descober-
c) assistem às visões sobre a história e as tradições ta foi divulgada em artigo publicado na revista Nature.
alimentares
d) almejam às visões sobre a história e as tradições (Salvador Nogueira. Folha de S.Paulo, 24.out.2021)
alimentares
18. (IDECAN — 2021) Texto a) Trata-se de um efeito que surge – Tratam-se de efeitos
que surgem
Grupo encontra sistema que reflete futuro do Sistema b) um objeto com massa, ainda que discreto, transita à
Solar após a morte do Sol frente de outro mais distante e luminoso – objetos
com massa, ainda que discretos, transitam à frente de
Usando um telescópio no Havaí, um grupo internacional outros mais distantes e luminosos
de astrônomos encontrou um planeta similar a Júpiter c) O planeta, muito menos brilhante, não seria visível. – Os
que é um sobrevivente da morte de sua estrela mãe, planetas, muito menos brilhantes, não seriam visíveis.
compondo um retrato similar ao que tende a ser o desti- d) Nem havia qualquer outra possível candidata. – Nem
no do Sistema Solar em mais uns 6 bilhões de anos. havia quaisquer outras possíveis candidatas.
Tudo começou com o registro de um evento de micro-
lente gravitacional, em 2 de agosto de 2010. Trata-se de 19. (IDECAN — 2022) Texto IV
um efeito que surge [A] quando um objeto com massa,
ainda que discreto, transita à frente de outro mais dis- Pedocracia: A ditadura das crianças que mandam nos
tante e luminoso [B]. A gravidade então distorce os raios pais
de luz que vêm do fundo, como uma lente. Ao analisarem
o padrão, os pesquisadores podem estimar o objeto que As birras, as pirraças, os gritos, os gestos agressi-
causou o efeito. No caso em questão, dois objetos: uma vos, as palavras ofensivas são o que normalmente
estrela com massa um pouco menor que a do Sol acom- se caracterizam como as crianças ‘donas da casa’. A
panhada por um planeta do porte de Júpiter. infantolatria foi o nome dado à ‘ditadura’ de crianças
que não aceitam ouvir ‘não’, querem tudo do jeito e na
65
hora delas. Mas em que momento isso passou a ser normal? A psicanalista Marcia Neder, autora de “Déspotas Mirins,
o poder nas novas famílias”, da Zagodoni Editora, em entrevista ao “Saia Justa”, chama o fenômeno de pedocracia e
nos dá algumas orientações.
“A pedocracia é alimentada pela idealização da maternidade. Qual é o ideal que temos da maternidade? O de uma mãe que
abre a mão da sua vida para se dedicar ao filho. Por que as mães embarcam na idealização, por que se sentem santas mães
proibidas de ter raiva, de perder a paciência? Aí vem uma culpa fenomenal. Acima da dor dela, tem o que ela aprendeu, que
é a suprema felicidade e bem-estar do seu filho”, explica a especialista.
Segundo ela, na atual cultura de idolatração dos filhos, eles precisam se sentir amados pelos pais. “E eles dizem que
‘se não dermos alguma coisa a eles, eles ficam chateados e dizem que não amam a gente’. É uma inversão total de
valores”, reforça Neder.
“É mais fácil deixar a criança ser rei. É mais fácil do que aguentar o chilique. Dá trabalho educar. Para evitar isso, que-
rem tudo do jeito e na hora delas. Se você não estabelece desde o início, tentar estabelecer depois fica complicado”,
sugere.
“O processo de mudança nos conceitos de família, iniciado no século XVIII por Jean-Jacques Rousseau, chegou ao
século XX com a ‘religião da maternidade’, em que o bebê é um deus e a mãe, uma santa. Instituiu-se o que é uma boa
mãe sob a crença de que ela é responsável e culpada por tudo que acontece na vida do filho, tudo que ele faz e fará.
Muitos afirmam que a mulher venceu, pois emancipou-se e foi para o mercado de trabalho, mas não: é a criança que
entra no século XXI como a vitoriosa. Esta é a semente da infantolatria”, elucida a especialista.
A definição de infantolatria por Marcia Neder consiste em “a instituição da mãe como súdita do filho e o adulto se
colocando absolutamente disponível para a criança”. E ____¹ a criança de qualquer responsabilidade sobre o seu com-
portamento: “Um bebê não tem poder para determinar como será a dinâmica familiar. Se isso acontece, é porque os
pais promovem”.
Ainda reforça: na fase adulta, esse filho cobrará dos pais. “Ele olhará ao redor e verá outras pessoas se realizando
independentemente dele. A criança que acha que o mundo tem que parar para ela passar não consegue imaginar isso
acontecendo e não está preparada para lidar com a menor das frustrações. Em algum ponto, acusará os pais de terem
sido omissos”.
66
A respeito da leitura Interpretativa do quadrinho acima,
sem efetuar extrapolações, analise as afirmativas a seguir:
Assinale
9 GABARITO
1 E
2 D
3 C
4 B
5 C
6 D
7 D
8 E
9 B
10 C
11 C
12 C
13 E
14 B
16 B
17 D
18 A
19 E
20 C
ANOTAÇÕES
67
ANOTAÇÕES
68
z Na linguagem natural:
RACIOCÍNIO LÓGICO
z Na linguagem simbólica:
p ⊻ q.
MATEMÁTICO Condicional (Conectivo Se e Então)
Representação simbólica: →
Exemplo:
ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES
ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, z Na linguagem natural:
LUGARES, OBJETOS OU EVENTOS
Se estudar, então vai passar.
FICTÍCIOS
z Na linguagem simbólica:
ESTRUTURA LÓGICA
p → q.
A Negação com o Conectivo “Não”
Bicondicional (Conectivo “Se e Somente se”)
Representação simbólica: (~p) ou (¬p).
Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos, Representação simbólica:
isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa, Exemplo:
e vice-versa. Exemplo:
p: Matemática é difícil. z Na linguagem natural:
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.
Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
Outras maneiras que podemos usar para negar dinheiro.
uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro-
vas de concursos são: z Na linguagem simbólica:
Maria é bailarina ou Juliano é atleta. 2. (CEBRASPE-CESPE —2018) Julgue o seguinte item, rela-
tivo à lógica proposicional e à lógica de argumentação.
z Na linguagem simbólica: A proposição “A construção de portos deveria ser
uma prioridade de governo, dado que o transporte
p v q. de cargas por vias marítimas é uma forma bastante
econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
Disjunção Exclusiva (Conectivo Ou...ou) representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
são proposições simples adequadamente escolhidas.
Representação simbólica: ⊻
Exemplos: ( ) CERTO ( ) ERRADO 69
A representação simbólica apresentada para julgar- DIAGRAMAS LÓGICOS
mos é de uma conjunção e na questão foi apresen-
tada uma proposição composta pela condicional na Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos
forma “camuflada” dentro de uma relação de causa Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas,
e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado. que são elementos que especificam a extensão da vali-
dade de um predicado sobre um conjunto de constan-
3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Considere as seguintes tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente que indicam que houve quantificação. São exemplos
receberá medicação; R: O paciente receberá visitas. de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
Tendo como referência essas proposições, julgue o pelo menos um, nenhum.
item a seguir, considerando que a notação ~S significa Esses quantificadores podem ser classificados em
a negação da proposição S. dois tipos:
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se
o paciente receber alta, então ele não receberá medi- z Quantificador Universal;
cação ou não receberá visitas. z Quantificador Existencial (particulares).
Quando Nenhum A é B é verdadeira, os valores Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há
lógicos das outras proposições categóricas, interpre- contato de alguns elementos de A com B
tando o diagrama, serão os seguintes:
Veja que em todas as representações o conjunto
z Todo A é B: é falsa; A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
z Algum A é B: é falsa; conjunto B. Então, quando Algum A não é B é verda-
z Algum A não é B: é verdadeira. deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
Quantificador Particular (Afirmativo): Algum / Pelo
Menos um / Existe z Todo A é B: é falsa;
z Nenhum A é B: é indeterminada;
Exemplos: z Algum A não é B: é indeterminado.
z Algum A é B; SILOGISMOS
z Algum homem joga bola.
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar três proposições, em que de duas delas, que funcio-
que Algum A é B significa que o conjunto A tem pelo nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou proposição que é a sua conclusão ou consequente.
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode- Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de
mos fazer representações com diagramas: argumento.
Cássio: Jair é o culpado do crime. 2. (FCC — 2019) Antônio, Bruno e Carlos correram uma
Ernesto: Geraldo é o culpado do crime. maratona. Logo após a largada, Antônio estava em
Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime. primeiro lugar, Bruno em segundo lugar e Carlos em
Álvaro: Ernesto não cometeu o crime. terceiro lugar. Durante a corrida Bruno e Antônio tro-
caram de posição 5 vezes, Bruno e Carlos trocaram de
Jair: Eu não cometi o crime. posição 4 vezes e Antônio e Carlos trocaram de posi-
ção 7 vezes. A ordem de chegada foi:
Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos,
a) Antônio (1º), Carlos (2º) e Bruno (3º).
exatamente três mentiram na declaração. Sendo
b) Bruno (1º), Carlos (2º) e Antônio (3º).
assim, o único inocente que declarou a verdade foi:
c) Bruno (1º), Antônio (2º) e Carlos (3º).
a) Cássio. d) Carlos (1º), Bruno (2º) e Antônio (3º).
b) Ernesto. e) Carlos (1º), Antônio (2º) e Bruno (3º).
c) Geraldo.
d) Álvaro. Para resolver essa questão basta saber que: se o
e) Jair. número de trocas for PAR (não importa a quantida-
de) as posições vão ser mantidas, se for ímpar (não
Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó- importa a quantidade), serão trocadas.
rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA. Logo,
Cássio: Jair é o culpado do crime. 1º Antônio
Jair: Eu não cometi o crime. 2º Bruno
Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é culpado 3º Carlos
e disse a verdade como o enunciado afirmou. Mas, note Bruno e Antônio trocaram 5 vezes número ímpar,
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
que não podemos ter duas verdades como a situação então, Antônio trocará de lugar com Bruno: 1º Bru-
apresentada nos mostrou, pois é uma contradição. Logo, no 2º Antônio 3º Carlos
Jair foi quem disse a verdade e não foi quem cometeu o Bruno e Carlos trocaram 4 vezes número par, cada
crime, ou seja, é um inocente e falou a verdade. um ficará no seu lugar: 1º Bruno 2º Antônio 3º Carlos
Resposta: Letra E. Antônio e Carlos trocaram 7 vezes número ímpar,
LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO: PROBLEMAS então, Antônio trocará de lugar com Carlos:
ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO 1º Bruno 2º Carlos 3º Antônio. Resposta: Letra B.
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre 3. (VUNESP — 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra-
os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira, Ana
agora resolver algumas questões que envolvem pro- chegou depois de Bete, e Carol chegou antes de Ana.
blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria, Nesse dia, Carol não foi a primeira a chegar no serviço.
pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar no
já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação serviço nesse dia foram:
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos
resolver questões para entendermos como são cobra- a) Bete, Ana e Carol.
das em provas. b) Bete, Carol e Ana. 75
c) Ana, Carol e Bete. Obedecendo todas as regras, o quarto pode ser Alber-
d) Ana, Bete e Caro. to ou Bruno, então, necessariamente deixa o item
e) Carol, Bete e Ana. errado, pois tem outra forma.
Resposta: Errado.
Ana chegou depois de Bete Então, Ana não foi a
primeira a chegar, elimine as alternativas C e D. ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/
Carol chegou antes de Ana Se Carol chegou antes CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO
de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
foi a última a chegar, elimine a alternativa A. Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
Carol não foi a primeira a chegar no serviço. Já remos interessados em verificar se eles são válidos ou
que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a inválidos. Então, passemos a seguir a entender o que sig-
alternativa E. nifica um argumento válido e um argumento inválido.
Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana.
Resposta: Letra B. Argumentos Válidos
4. (IBADE — 2020) Numa avenida em linha reta, a agên- Também podem ser chamados de argumentos
cia dos correios fica entre a escola e o restaurante, e bem-construído ou legítimo.
a escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con- Para que o argumento seja válido, não basta que a
clui-se que: conclusão seja verdadeira, é preciso que as premissas e
a conclusão estejam relacionadas corretamente, ou seja,
a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos correios. quando a conclusão é uma consequência necessária
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios. das premissas, dizemos que o argumento é válido.
c) a escola fica entre a agência dos correios e o restaurante. Vamos analisar o exemplo:
d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola.
e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios. z p1: Todo padre é homem;
z p2: José é padre;
Primeiro: Escola__Correios__Restaurante z c: José é homem.
Segundo: A escola fica entre o restaurante e a ótica.
Ótica__Escola__Correios__Restaurante Quando temos argumentos utilizando os quantifica-
(A escola está entre a ótica e o restaurante, nessa dores lógicos, representamos por meio dos diagramas
representação). lógicos para saber a validade de um argumento. Veja
Resposta: Letra E. que temos uma proposição do tipo Todo A é B, logo:
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)
Gostam de chocolate
Percebe-se, então, que o argumento está de acordo
com a nossa valoração inicial, ou seja, não deu erro.
Logo, nosso argumento é inválido.
Crianças Sabendo disso, guarde o esquema abaixo.
Comparando a validade formal dos dois argumentos e z “Alguns homens jogam xadrez”.
a plausibilidade das primeiras premissas de cada um, z “Quem joga xadrez tem bom raciocínio”.
é correto concluir que:
A partir dessas afirmações, é correto concluir que:
a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, mes-
mo que a primeira premissa de I seja mais plausível a) “Todos os homens têm bom raciocínio”.
que a de II. b) “Mulheres não jogam xadrez”.
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri- c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez”
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis. d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga xadrez”.
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito das pri- e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis.
d) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, pois
Vamos desenhar os diagramas para facilitar a nos-
a primeira premissa de II é mais plausível que a de I.
sa chegada à conclusão:
e) o argumento I é válido e o argumento II é inválido, mesmo
que a primeira premissa de II seja mais plausível que a de I. Bom raciocínio
Na lógica temos apenas dois valores lógicos – ver- � Perguntas: são as orações interrogativas.
dadeiro ou falso. Quando temos uma declaração ver- Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
dadeira, o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é Essa pergunta não pode ser classificada como ver-
falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F). dadeira ou falsa; 79
� Exclamações: são frases exclamativas. Sentenças Interrogativas(?)
Exemplo: Que lindo cabelo!
Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre- Sentenças sem Verbo
sentam percepções subjetivas; NÃO SÃO
PROPOSIÇÕES
� Ordens: são orações com verbo no imperativo.
Sentenças com Verbo no Imperativo
Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Sentenças Abertas
Uma ordem não pode ser classificada como verda-
deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração, Paradoxo
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
sição lógica.
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL
Não são proposições – perguntas, exclamações e
ordens.
É fundamental que você conheça três princípios para
Temos um outro caso menos cobrado em provas,
deixarmos tudo alinhado com as proposições lógicas. Veja:
mas que também não é proposição lógica, sendo o
paradoxo. Para ficar mais claro, veja o exemplo a
z Princípio do terceiro excluído: uma proposição
seguir:
deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra
Ex.: Esta frase é uma mentira.
possibilidade. Não é possível que uma proposição
Quando atribuímos um valor de verdade para a
seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”;
frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
z Princípio da não contradição: dizemos que uma
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor falso,
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo,
então a frase é verdade, pois ela diz ser uma mentira
verdadeira e falsa;
e já sabemos que isso é falso.
z Princípio da Identidade: cada ser é único, ou seja,
Perceba que sempre que valoramos a frase ela nos
uma proposição não assume o significado de outra
resulta um valor contrário, ou seja, estamos diante de
proposição lógica.
uma frase que é contraditória em si mesma. Isso é a
definição de um paradoxo.
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
SENTENÇA ABERTA
Temos proposições compostas quando há duas ou
mais proposições simples ligadas por meio dos conec-
Dizemos que uma sentença é aberta quando não
tivos lógicos. Veja os exemplos:
conseguimos ter a informação completa que a oração
nos mostra. Veja o exemplo a seguir:
z Sabino corre e Marcos compra leite;
z O gato é azul ou o pato é preto;
Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar.
Perceba que há presença do verbo e que consegui-
mos parcialmente entender o que a frase quer dizer.
Todavia, logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa Cada conectivo tem sua representação simbólica e
informação não consegue ser completa e por isso temos sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:
mais um caso que não é proposição lógica. Observe ou-
tros exemplos: CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA
e Conjunção ^
X + 5 = 10
Aquele carro é amarelo. ou Disjunção v
5+5 Disjunção v
ou...ou
X – Y = 20 Exclusiva
se...então Condicional →
Todos os exemplos acima são sentenças abertas,
se e somente se Bicondicional ⟷
então podemos resumir da seguinte forma:
As variáveis: ele, aquele ou variáveis matemáti-
cas (X ou Y) tornam a sentença aberta. Exemplos:
Sempre será uma proposição lógica na escrita
matemática e podemos notar que há verbos nos casos z Na linguagem natural:
a seguir:
O macaco bebe leite e o gato come banana;
z = (é igual); Maria é bailarina ou Juliano é atleta;
z ≠ (é diferente); Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta;
z > (é maior); Se estudar, então vai passar;
z < (é menor); Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
z ≥ (é maior ou igual); dinheiro.
z ≤ (é menor ou igual);
z Na linguagem simbólica:
Esquematizando o que não são proposições lógicas:
p ^ q;
p v q;
p v q;
p → q;
80 p ⟷ q.
Agora que conhecemos os conectivos lógicos, P Q PVQ
vamos ver algumas camuflagens dos operadores lógi-
V
cos que podem aparecer na prova. Veja:
V
� Conectivos “e” usando “mas”: F
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor; F
� Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
ambos”:
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas z 4º passo: preencher as demais colunas com agru-
não ambos; pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela
� Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso, metade do agrupamento anterior.
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”:
Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia; Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima
Caso você estude, irá passar no concurso; será de 1 em 1).
Basta Ana comer massas, e engordará;
Quem joga bola é rápido; P Q PVQ
Todos os médicos sabem operar;
V V
Qualquer criança anda de bicicleta;
Toda vez que chove, não vou à praia. V F
F V
É importante saber que na condicional a primeira F F
proposição é o termo antecedente e a segunda é o
termo consequente.
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
P→Q mos aprender qual o resultado que teremos quando com-
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógicos.
P = antecedente
Número de linhas da tabela verdade:
Q = consequente 2n = 2proposições (onde n é o número de proposições).
Bom! Vamos caminhar mais um pouco e apren-
TABELA VERDADE der todas as combinações lógicas possíveis para cada
conectivo lógico.
Trata-se de uma tabela na qual conseguimos apresen-
tar todos os valores lógicos possíveis de uma proposição. Negação (~P)
Números de Linhas de Tabela Verdade Uma proposição, quando negada, recebe valores
lógicos opostos ao da proposição original. O símbolo
Neste momento, vamos aprender a construir tabe- que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.
las verdade para proposições compostas.
P ~P
z 1º passo: contar a quantidade de proposições
V F
envolvidas no enunciado.
F V
Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
Dupla Negação ~(~P)
z 2º passo: calcular a quantidade de linhas da tabela
usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o número A dupla negação nada mais é do que a própria pro-
de proposições). posição. Isto é, ~(~P) = P
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas. P ~P ~(~P)
V F V
P Q PVQ F V F
P Q P^Q
z 3º passo: dispor os valores “V” e “F” na primeira
coluna fazendo o agrupamento pela metade do V V V
número de linhas da tabela. V F F
F V F
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da
F F F
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F). 81
Conectivo Disjunção “Ou” (v) P ~P P V ~P
Teremos resposta verdadeira quando, pelo menos, V F V
um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro. F V V
CONTRADIÇÃO
P Q PVQ
V V F É uma proposição cujo valor lógico é sempre falso.
V F V Exemplo: A proposição P ^ (~P) é uma contradição, pois
o seu valor lógico é sempre F, conforme a tabela verdade.
F V V
F F F
P ~P P ^ (~P)
Conectivo Bicondicional “Se e Somente Se” () V F F
F V F
Teremos resposta verdadeira quando os valores
lógicos envolvidos forem iguais. CONTINGÊNCIA
Você precisa guardar esta dica: A proposição que Os conectivos lógicos ou operadores lógicos, como
contiver uma afirmação com o conectivo ou mais a também podem ser chamados, servem para ligar duas
negação dessa mesma afirmação (ou vice-versa) será ou mais proposições simples e formar, assim, propo-
sempre uma tautologia. Então, sições compostas.
É verão em Gramado ou não é verão em Gramado. Temos 05 (cinco) operadores lógicos no total e cada
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu um tem sua nomenclatura e representação simbólica.
valor lógico é sempre “verdadeiro”. Resposta: Letra B. Veja a tabela abaixo:
5. (VUNESP — 2018) Seja M a afirmação: “Marília gosta z Conjunção (conectivo “e”): sua representação
de dançar”. Seja J a afirmação “Jean gosta de estu- simbólica é ^.
dar”. Considere a composição dessas duas afirma-
ções: “Ou Marília gosta de dançar ou Jean gosta de Exemplo:
estudar”. A tabela verdade que representa corretamen-
te os valores lógicos envolvidos nessa situação é: Na linguagem natural: O macaco bebe leite e o
gato come banana;
TABELA - VERDADE Na linguagem simbólica: p ^ q.
M J Ou M ou J
z Disjunção Inclusiva (conectivo “ou”): sua repre-
V V 1 sentação simbólica é v.
V F 2
F V 3 Exemplo:
F F 4
Na linguagem natural: Maria é bailarina ou
Juliano é atleta; 83
Na linguagem simbólica: p v q. Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia;
Caso você estude, irá passar no concurso;
z Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”): sua Basta Ana comer massas, e engordará;
representação simbólica é: v. Quem joga bola é rápido;
Todos os médicos sabem operar;
Exemplo: Qualquer criança anda de bicicleta;
Toda vez que chove, não vou à praia.
Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápi-
do ou a raposa é lenta; Dica
Na linguagem simbólica: p v q.
Na condicional a 1° proposição é o termo ante-
cedente e a 2° é o termo consequente.
z Condicional (conectivos “se, então”): sua repre-
PQ
sentação simbólica é →.
P = antecedente
Q = consequente
Exemplo:
Revise seus conhecimentos com as questões
Na linguagem natural: Se estudar, então vai
comentadas a seguir.
passar;
Na linguagem simbólica: p → q.
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) As proposições P, Q e R a
seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
z Bicondicional (conectivo “se e somente se”): sua Carlos, Paulo e Maria:
representação simbólica é ⟷. P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
Exemplo: Considerando que ~X representa a negação da propo-
sição X, julgue o item a seguir.
Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se e A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
somente se ele receber dinheiro; culpada.” pode ser representada simbolicamente por
Na linguagem simbólica: p⟷q. (~Q)↔(~R).
F V F V V V F V Implicação Material
F F V V V F V V
Na lógica proposicional, temos uma regra de subs-
F F F F F F F F tituição que diz que é válido que uma sentença con-
dicional seja substituída por uma disjunção em que
Idempotência o antecedente é negado e essa é a Implicação Mate-
rial. A regra determina que P implica Q é logicamente
equivalente a não ~P ou Q e pode substituir o outro
z p ⇔ (p ∧ p)
em provas lógicas: P → Q ⟺ ~P v Q.
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
P P P∧P substituído em uma prova com.”
Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
V V V exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
F F F substituída por «~P v Q”.
Exemplo:
z p ⇔ (p ∨ p) Se ele é um tigre P, então ele pode correr Q.
Assim, ele não é um tigre ~P ou ele pode correr Q.
Se for descoberto que o tigre não podia correr, escri-
P P P∨P to simbolicamente como P v ~Q, ambas as sentenças são
V V V falsas, mas caso contrário, elas são ambas verdadeiras.
F F F
Transposição
V F F V F F F
Leis Comutativas
F V V F V V V
F F V V V V V z Conjunção “e”:
Exemplo: A ^ B ⇔ B ^ A
EQUIVALÊNCIA BICONDICIONAL
Joana é magra e Maria é baixa. ⇔ Maria é baixa
e Joana é magra.
Geralmente aprendemos somente a equivalência
básica desse conectivo (a comutação), mas precisa-
mos ficar atentos para os casos especiais. O conectivo A B A^B B^A
“se e somente se” tem mais duas equivalências lógicas
V V V V
quando interpretamos de maneira mais minuciosa o
seu significado e sua tabela verdade. A seguir veremos V F F F
esses detalhes que estão aparecendo cada vez mais F V F F
nas provas. Então vamos lá!
F F F F
Comutação
z Disjunção Inclusiva “ou”:
Exemplo: A ⟷ B ⇔ B ⟷ A
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. Exemplo: A v B ⇔ B v A
⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul.
João anda de barco ou Sabrina vai à praia. ⇔
Sabrina vai à praia ou João anda de barco.
z Com o conectivo “e” e “se...então”
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Para fazer essa equivalência vamos interpretar o z Disjunção Exclusiva “ou...ou”:
conectivo “se e somente se”. Na sua nomenclatura
temos uma bicondicional e o quê isso significa exa- Exemplo: A v B ⇔ B v A
tamente? Significa que temos duas condicionais (se... Ou Romeu compra uma moto ou ele vende o
então). E, pensando nisso, podemos dizer então que carro. ⇔ Ou Romeu vende o carro ou ele com-
temos uma condicional indo e uma condicional vol- pra uma moto.
tando; repare que a simbologia (⟷) são duas setas.
Agora vamos traduzir isso tudo com um exemplo.
Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A → B) ^ (B → A) A B A⊻B B⊻A
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. V V F F
⇔ Se o céu ficará azul, então hoje não vai chover e se V F V V
hoje não vai chover, então o céu ficará azul.
F V V V
z Com o conectivo “ou” e “tabela verdade” F F F F
Já para entendermos essa equivalência, precisa-
mos lembrar dos casos na tabela verdade do cone- Bicondicional “se e somente se”
tivo “se e somente se” quando temos resultados Exemplo: A ⟷ B ⇔ B A 87
O céu ficará azul se e somente se hoje não cho- Considerando esse argumento, julgue o item seguinte.
ver. ⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu A proposição P3 é equivalente à proposição “Se os
ficar azul. servidores públicos que atuam nesse setor não pade-
cem, então o trabalho dos servidores públicos que
atuam no setor Alfa não fica prejudicado.”.
A B A⟷B B⟷A
V V V V ( ) CERTO ( ) ERRADO
V F F F Proposição: P3: “Se o trabalho dos servidores públicos
F V F F que atuam no setor Alfa fica prejudicado, então os ser-
F F V V vidores públicos que atuam nesse setor padecem.”.
Equivalência:
(Inverte e nega tudo mantendo “se então”)
z Condicional “Se então”: é o único conectivo lógi- “Se os servidores públicos que atuam nesse setor
co que não aceita a propriedade de comutação, não padecem, então o trabalho dos servidores públi-
pois o seu antecedente não pode ser o consequente cos que atuam no setor Alfa não fica prejudicado.”
e vice-versa. Resposta: Certo.
P Q negando dica P ^ ~Q
Se o fogo for desencadeado por curto-circuito no siste-
ma elétrico (P), então será recomendável iniciar o com- RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
bate às chamas com extintor à base de espuma. (Q)
Negando:
O fogo foi desencadeado por curto-circuito no sistema a b c
elétrico (P) e não será recomendável iniciar o combate
às chamas com extintor à base de espuma. (~Q).
Resposta: Certo. d
z O elemento “d” não faz parte de nenhum dos dois Em algumas situações, a intersecção entre os con-
conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per- juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo.
tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é Isso acontece quando todos os elementos de B são
a junção das regiões dos dois conjuntos e é repre- também elementos de A. Veja isso no gráfico a seguir:
sentada simbolicamente por X ∪ Y. Assim, d ∉ (X
∪ Y) – o elemento “d” não pertence à união entre X
os conjuntos X e Y.
Diagrama de VENN 5
z Identifique os conjuntos;
z Represente em forma de diagramas;
z Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
z Preencha as demais informações no diagrama;
z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen- 20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
tos envolvidos.
Vamos à resolução:
5
z Identifique os conjuntos;
z Represente em forma de diagramas: 10+10+20+5 = X 93
X = 45 alunos é o total dessa sala. z Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações):
Também seria possível resolver esse tipo de ques-
tão usando a seguinte fórmula: André Bernardo
Total = X
6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas
2 4
C 5 3
=
6
C+D a c a + 2b c + 2d
C
=
D
= = = =
3 2 3+2 b d b d
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
então podemos substituir na proporção:
proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
C D C+D
= = = 10.000 = 2.000 empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
3 2 3+2 5 Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,
Aqui cabe uma observação importante: esse valor temos:
2.000, que chamamos de “Constante de Proporcionali- A
=
B
dade”, é que nos mostra o valor real das partes dentro 2 3
da proporção. Veja:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
C funcionários na categoria B, podemos escrever que a
= 2.000 soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
3
C = 2000 x 3 2A + 3B = 13.000
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
Agora, multiplicando em cima e embaixo de um
D lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
= 2.000
2
2A 3B
=
D = 2.000 x 2 4 9
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
Aplicando a propriedade das somas externas,
podemos escrever o seguinte:
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
ber R$4.000; 2A 3B 2A + 3B
= =
4 9 4+9
z Somas Internas:
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
a c a+b c+d porção, temos:
= = =
b d b d
2A 3B 2A + 3B 13.000
= = = = 1.000
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno- 4 9 4+9 13
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da Logo,
proporção.
2A
= 1.000
a c a+b = c+d 4
= =
b d a c
2A = 4 x 1.000
Vejamos um exemplo:
2A = 4.000
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
x 2
= A = 2.000
14 - x 5
Fazendo a mesma resolução em B:
x + 14 - x 2+5
= 3B
x 2 = 1.000
9
14 7
x
=
2 3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
7 · x = 2 · 14
B = 3.000
14 · 2
x= =4
7
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
Portanto, encontramos que x = 4. anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será:
Observação: vale lembrar que essa propriedade
também serve para subtrações internas; Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000 97
Agora vamos estudar um tipo de problema que 1–5–1|5
aparece frequentemente em provas de concursos
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
envolvendo razão e proporção.
X = 60.000 x 4 a) 43 homens.
X = 240.000 b) 45 homens.
c) 44 homens.
Inversamente Proporcional d) 46 homens.
e) 47 homens.
É um tipo de questão menos recorrente, mas, não
menos importante. Consiste em distribuir uma quan- A razão entre o número de mulheres e o número
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um total de alunos é de 5/8:
quinhão inversamente proporcional a três números.
M 5
Vejamos um exemplo: =
T 8
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6. A turma tem 120 alunos, então: T = 120
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res- Fazendo os cálculos:
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao M 5
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso =
T 8
cálculo, veja:
M 5
=
X X X 120 8
+ + = 740.000
4 5 6
8 x M = 5 x 120
4–5–6|2 M = 75
2–5–3|2 A quantidade de homens da sala:
98 1–5–3|3 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
2. (VUNESP — 2020) Em um grupo com somente pessoas A = D + 36
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número A= 231+36= 267
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com W = A - 44
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes- W= 267-44
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma W= 223
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é: son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D.
a) 30.
b) 29. 4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) A respeito de razões, pro-
c) 28. porções e inequações, julgue o item seguinte.
d) 27. Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam
e) 26. R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham,
para ser divido entre elas, de forma inversamente propor-
A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes-
número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5. sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500.
120 4x
=
121 5x Total de 9x ( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (IBADE — 2018) Três agentes penitenciários de um (Valor que Sandra irá receber é MAIOR que 2.500).
país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem Resposta: Errado.
juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que 5. (IESES — 2019) Uma escola possui 396 alunos matri-
o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária culados. Se a razão entre meninos e meninas foi de
de cada um, em ordem crescente de valores. 5/7, determine o número de meninos matriculados.
X = 160 a) 2.666.
b) 2.160.
As três impressoras produziriam 2000 panfletos c) 1.215.
em 160 minutos, que correspondem a 2 horas e 40 d) 1.500.
minutos. e) 1.161.
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
vamos analisar mais um exemplo. Primeiro vamos passar para minutos:
Exemplo 2: Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas 5h = 300min.
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
4h30min= 270min.
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o
número de linhas por página e para 40 o número de min.-----Dias-----Pag.
letras (ou espaços) por linha. Considerando as novas 300 -------4-------1800
condições, determine o número de páginas ocupadas.
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante- 270 -------3-------X
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida. Resolvendo temos:
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e Final - Inicial 180 - 200 20
= =– = - 0,10
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres- Inicial 200 200
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo
que estamos especificando. Para descobrir a quanto Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000. que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
10 errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
10% de 1000 = 100 x 1000 = 100
A seguir, analise os exercícios abaixo.
Dessa maneira, 1000 é o todo, enquanto 100 é a
parte que corresponde a 10% de 1000. 1. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Em determinada loja, uma
Quando o todo varia, a porcentagem também bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em duas
varia, veja um exemplo: vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma parcela de R$
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira. 920 com vencimento para o mês seguinte. Caso queira
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total antecipar o crédito correspondente ao valor da parcela,
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas a lojista paga para a financeira uma taxa de antecipa-
por Roberto? ção correspondente a 5% do valor da parcela.
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan-
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês.
2 1
=
8 4 ( ) CERTO ( ) ERRADO
Vamos somar todos os valores e igualar ao total que 2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% 3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
95% + X = 100% 4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
X = 5%.
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
Resposta: Letra E. 105
Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais a) Menor que 2%.
de juros. b) Maior que 2% e menor que 2,5%.
Fórmulas utilizadas em juros simples: c) Maior que 2,5% e menor que 2,75%.
d) Maior que 2,75% e menor que 3%.
e) Maior que 3%.
J=C·i·t
1.908 - 1.410 = 498 (juros durante 12 meses)
M=C+J J=C·I·t
498 = 1410 · 12 · i / 100
M = C · (1 + i ·J) 49800 = 16920i
Onde, i = 49800/16920
i = 2,94%. Resposta: Letra D.
z J = juros;
z C = capital; 2. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Uma pessoa atrasou em 15
z i = taxa em percentual (%); dias o pagamento de uma dívida de R$ 20.000, cuja taxa
z t = tempo; de juros de mora é de 21% ao mês no regime de juros
z M = montante. simples.
Acerca dessa situação hipotética, e considerando o
Taxas Proporcionais e Equivalentes mês comercial de 30 dias, julgue o item subsequente.
No regime de juros simples, a taxa de 21% ao mês é
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im- equivalente à taxa de 252% ao ano.
portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas ( ) CERTO ( ) ERRADO
que a taxa de juros é de “5%”, é preciso saber se essa
taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
No regime simples, sabemos que taxas propor-
taxas de juros são proporcionais quando guardam a
mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo, cionais são também equivalentes. Como temos 12
12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam- meses no ano, a taxa anual proporcional a 21%am
bém é proporcional a 1% ao mês. é, simplesmente:
Basta efetuar uma regra de três simples. Para 21% x 12 = 252% ao ano
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que Esta taxa de 252% ao ano é proporcional e também
é proporcional à taxa de 12% ao ano: é equivalente a 21% ao mês. Portanto, o item está
certo.
12% ao ano ----------------------- 1 ano Resposta: Certo.
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
3. (FUNDATEC — 2020) Qual foi a taxa mensal de uma
Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei- aplicação, sob regime de juros simples, de um capital
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade de R$ 3.000,00, durante 4 bimestres, para gerar juros
temporal, temos: de R$ 240,00?
5. (IBADE — 2019) Juliana investiu R$ 5.000,00, a juros Podemos fazer a comparação entre juros simples e
simples, em uma aplicação que rende 3% ao mês, compostos. Observe a tabela abaixo:
durante 8 meses. Passados 8 meses, Juliana retirou
todo o dinheiro e investiu somente metade em uma JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
outra aplicação, a juros simples, a uma taxa de 5% ao
Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1
mês por mais 4 meses. O total de juros arrecadado por
Juliana após os 12 meses foi: Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
Juros capitalizados no final Juros capitalizados periodi-
a) R$ 1.200,00. do prazo camente (“juros sobre juros”)
b) R$ 1440,00.
Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
c) R$ 620,00.
d) R$ 1820,00. Valores similares para pra- Valores similares para pra-
e) R$ 240,00. zos e taxas curtos zos e taxas curtos
Imagine que você pegou um empréstimo de Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é
R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea- igual à subtração dos logaritmos de cada número.
lizado após 4 meses, à taxa de juros de 10% ao mês. Também, é importante ter em mente que “logA”
Ficou combinado que o cálculo de juros de cada mês significa “logaritmo do número A na base 10”.
será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e Observe um exemplo:
não somente sobre o valor inicialmente emprestado. No regime de juros compostos com capitalização
Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com- mensal à taxa de juros de 1% ao mês, a quantidade de
postos. Podemos montar a seguinte tabela: meses que o capital de R$100.000 deverá ficar investi-
do para produzir o montante de R$120.000 é expressa
por:
MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
1º MÊS 11.000,00 log2, 1
2º MÊS 12.100,00 log1, 01
3º MÊS 13.310,00
4º MÊS 14.641,00 Temos a taxa j=1%am, capital C=100.000 e montan-
te M=120.000. Na fórmula de juros compostos:
Logo, ao final de 4 meses você deverá devolver
M = C x (1+j)t
ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial
(R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00. 120000 = 100000 x (1+1%)t
Fórmula utilizada em juros compostos:
12 = 10 x (1,01)t
1. (FCC — 2017) A Cia. Escocesa, não tendo recursos para 4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Um indivíduo investiu a
pagar um empréstimo de R$ 150.000,00 na data do ven- quantia de R$ 1.000 em determinada aplicação, com
cimento, fez um acordo com a instituição financeira cre- taxa nominal anual de juros de 40%, pelo período de 6
dora para pagá-la 90 dias após a data do vencimento. meses, com capitalização trimestral. Nesse caso, ao
Sabendo que a taxa de juros compostos cobrada pela final do período de capitalização, o montante será de:
instituição financeira foi 3% ao mês, o valor pago pela
empresa, desprezando-se os centavos, foi, em reais, a) R$ 1.200.
b) R$ 1.210.
a) 163.909,00. c) R$ 1.331.
b) 163.500,00. d) R$ 1.400.
c) 154.500,00. e) R$ 1.100.
d) 159.135,00.
e) 159.000,00. Temos a taxa de 40% a. a. com capitalização trimes-
tral, o que resulta em uma taxa efetiva de 40%/4 =
Temos uma dívida de C = 150.000 reais a ser paga após 10% ao trimestre. Em t = 6 meses, ou melhor, t = 2
t = 3 meses no regime de juros compostos, com a taxa trimestres, o montante será:
de j = 3% ao mês. O montante a ser pago é dado por: M = C x (1+j)t
M = C x (1+j)t M = 1.000 x (1+0,10)2
M = 150.000 x (1+0,03)3 M = 1.000 x 1,21
M = 150.000 x (1,03)3 M = 1.210 reais
M = 150.000 x 1,092727 Resposta: Letra B.
M = 15 x 10927,27
M = 163.909,05 reais 5. (CEBRASPE-CESPE — 2017) Julgue o item seguinte,
Resposta: Letra A. relativo à matemática financeira.
Considere que dois capitais, cada um de R$ 10.000,
2. (FCC — 2017) O montante de um empréstimo de 4 tenham sido aplicados, à taxa de juros de 44% ao mês —
anos da quantia de R$ 20.000,00, do qual se cobram 30 dias —, por um período de 15 dias, sendo um a juros
juros compostos de 10% ao ano, será igual a: simples e outro a juros compostos. Nessa situação, o
montante auferido com a capitalização no regime de
a) R$ 26.000,00. juros compostos será superior ao montante auferido
com a capitalização no regime de juros simples.
b) R$ 28.645,00.
c) R$ 29.282,00.
( ) CERTO ( ) ERRADO
d) R$ 30.168,00.
e) R$ 28.086,00.
Veja que a taxa de juros é mensal, e o prazo da apli-
cação foi de t = 0,5 mês (quinze dias).
Temos um prazo de t = 4 anos, capital inicial C =
Quando o prazo é fracionário (inferior a 1 unida-
20000 reais, juros compostos de j = 10% ao ano. O
de temporal), juros simples rendem MAIS que juros
montante final é:
compostos. Logo, o montante auferido com a capi-
M = C x (1+j)t talização no regime de juros compostos será INFE-
M = 20000 x (1+0,10)4 RIOR ao montante auferido no regime simples.
M = 20000 x 1,14 Resposta: Errado.
M = 20000 x 1,4641
M = 2 x 14641 PROBLEMAS ARITMÉTICOS
M = 29282 reais
Resposta: Letra C. Vimos no início dessa apostila toda a parte teóri-
ca que nos dá suporte para que cheguemos até aqui
3. (FGV — 2018) Certa empresa financeira do mundo e consigamos resolver mais algumas questões sobre
real cobra juros compostos de 10% ao mês para os esse tópico. Todavia antes disso, lembre-se que, geral-
empréstimos pessoais. Gustavo obteve nessa empre- mente, os tópicos como fração, razão e proporção e
sa um empréstimo de 6.000 reais para pagamento, porcentagem são os mais cobrados e por isso este é o
incluindo os juros, três meses depois. nosso foco principal. Mãos à obra.
O valor que Gustavo deverá pagar na data do vencimento é:
1. (FGV — 2015) Francisco vendeu seu carro e, do valor rece-
a) 6.600 reais. bido, usou a quarte parte para pagar dívidas, ficando então
b) 7.200 reais. com R$ 21.600,00. Francisco vendeu seu carro por:
c) 7.800 reais.
d) 7.986 reais. a) R$ 27.600,00.
108 e) 8.016 reais. b) R$ 28.400,00.
c) R$ 28.800,00. que a idade de Fernando (39) é igual à soma das ida-
d) R$ 29.200,00. des dos filhos, ou seja,
e) R$ 29.400,00. 39 = X + X+1 + X+2
39 = 3X + 3
Aqui temos uma questão clássica sobre problemas 3X = 39 – 3
com frações. Para resolver, você precisa ficar atento
3X = 36
ao enunciado da questão para extrair os dados da
X = 12
melhor maneira possível. Veja:
O filho mais velho tem X+2 = 12+2= 14 anos.
Se Francisco usou 1/4 do valor recebido para pagar
Resposta: Letra C.
dívidas, a fração restante é igual a 3/4, pois essa é
a fração complementar para completar um inteiro
¼ + ¾ = 1. 4. (VUNESP — 2018) Três quartos do total de uma ver-
Assim, 3/4 do valor do carro equivalem a R$ ba foi utilizada para o pagamento de um serviço A, e
21.600,0. Qual o valor do carro todo? um quinto do que não foi utilizado para o pagamento
3/4x = 21600 desse serviço foi utilizado para o pagamento de um
4x * 21600 = 3 serviço B. Se, da verba total, após somente esses
x = 28800. pagamentos, sobraram apenas R$ 200,00, então, é
Resposta: Letra C. verdade que o valor utilizado para o serviço A, quando
comparado ao valor utilizado para o serviço B, corres-
2. (FCC — 2016) Em um curso de informática, 2/3 dos alu- ponde a um número de vezes igual a:
nos matriculados são mulheres. Em certo dia de aula,
2/5 das mulheres matriculadas no curso estavam pre- a) 13.
sentes e todos os homens matriculados estavam pre- b) 14.
sentes, o que totalizou 27 alunos (homens e mulheres) c) 15.
presentes na aula. Nas condições dadas, o total de alu- d) 16.
nos homens matriculados nesse curso é igual a: e) 17.
a
P α
b
c
r A B
d
A D a
Por duas retas distintas
B E
b
α C F
c
D G
S d
r
Vamos destacar algumas proporções:
Semirreta AB
A B u
111
Como 360o representam uma volta completa, 180º Os ângulos A e B são suplementares, pois a soma
representam meia-volta, como você pode ver a seguir entre eles é de 180o, assim como a soma dos ângulos B
e C, C e D, e D e A.
180° Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma medida.
Uma outra unidade de medida de ângulos é cha-
mada de “radianos”. Dizemos que 180o correspondem
a π (“pi”) radianos. Vamos usar uma regra de três sim-
ples para convertermos qualquer ângulo em radia-
nos. Veja, vamos converter 60o para radianos:
Por sua vez, 90o representa metade de meia-volta,
isto é, ¼ de volta. Esse ângulo é conhecido como ângu- 180° ---------------------------------- π radianos
lo reto e tem uma representação bem característica:
60° ------------------------------------ x radianos
180x = 60 π
60r r
x= = radianos
180 3
Polígonos
90°
Polígono é qualquer figura geométrica fechada for-
mada por uma série de segmentos de reta. Observe:
Os ângulos podem ser classificados quanto ao
valor do ângulo em relação à 90°:
A/2
C D
A/2
Para calcular o número de diagonais de um polígo-
no, vamos precisar levar em consideração os vértices
(lados). Dessa forma, chegaremos na seguinte fórmula:
Agora observe esse cruzamento de retas. Vamos
tirar algumas conclusões interessantes. n # (n - 3)
D=
2
B
Veja que o pentágono (n = 5) possui 5 diagonais.
A
C
z A soma do ângulo interno e do ângulo externo de
D um mesmo vértice é igual a 180º;
z A soma dos ângulos internos de um polígono de n
Os ângulos formados pelo cruzamento das retas lados é:
são denominados ângulos opostos pelo vértice e tem
112 o mesmo valor, ou seja, A = C e B = D. S = (n – 2) × 180°
Dica x + 55 = 180
A soma dos ângulos internos de um triângulo (n = x = 125º
Logo, x + a = 190º.
3) é 180º e nos quadriláteros (polígonos de 4 lados)
Resposta: Letra D.
esta soma é 360º.
Os polígonos que possuem todos os lados iguais e todos 2. (CONSULPLAN — 2018) A soma dos ângulos internos
os ângulos internos iguais (congruentes) são chamados de de um polígono regular que tem 20 diagonais é:
polígonos regulares. Conheça algumas nomenclaturas dos
principais polígonos regulares e os seus números de lados. a) 495.
b) 720.
c) 990.
Nº DE Nº DE
LADOS
NOME
LADOS
NOME d) 1080.
3 Triângulo 9 Eneágono
Vamos aplicar a fórmula das diagonais de um polí-
4 Quadrilátero 10 Decágono gono para descobrir o número de lados:
5 Pentágono 11 Undecágono
n # (n - 3)
6 Hexágono 12 Dodecágono D=
2
7 Heptágono ... ... 2
n - 3n
8 Octógono 20 Icoságono 20 =
2
Exercite seus conhecimentos realizando os exercí- 40 = n2 - 3n
cios que seguem.
n2 – 3n - 40 = 0
1. (IDECAN — 2013) No triângulo a seguir, o lado KL é Vamos achar as raízes da equação do 2° grau:
paralelo ao segmento DE.
x
D E 3 ± √9 + 160
n=
115°
2
a 55°
3 ± 13
K L n=
2
A soma dos valores dos ângulos “x” e “a” é:
Como “n” é o número de diagonais, precisamos ape-
a) 170°. nas pegar o resultado positivo. Logo,
b) 180°.
c) 185°. 3 + 13
n= = 8 lados
d) 190°.
2
e) 195°.
β=α+θ
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
β = 44°30’ + 55°30’ = 99°60’ = 100° (quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
Resposta: Letra A.
4. (ESAF — 2003) Os ângulos de um triângulo encon- ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100
tram-se na razão 2 : 3 : 4. O ângulo maior do triângulo,
portanto, é igual a:
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
a) 40°.
b) 70°. :100 :100 :100 :100 :100 :100
c) 75°.
d) 80°.
e) 90°. Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2:
Se os ângulos do triângulo se encontram na razão Para sair do metro quadrado e chegar no cen-
2:3:4, podemos chamá-los de 2x, 3x e 4x e a soma dos tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000
ângulos de um triângulo qualquer é sempre 180º. (100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em
Assim, 2x + 3x + 4x = 180° centímetro quadrado. Logo, 5,3m2 = 5,3 x 10000 =
9x = 180° 53000 cm2.
x = 20°
O maior ângulo é 4x = 4 ∙ 20° = 80° Medidas de Volume (Capacidade)
Resposta: Letra D.
A unidade principal tomada como referência é o
MÉTRICA, ÁREAS E VOLUMES, ESTIMATIVAS, metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
APLICAÇÕES diferentes que servem para medir dimensões maiores
ou menores. A conversão de unidades de superfície
Sistema de Unidades de Medidas segue potências de 1000. Veja o esquema a seguir
Quando estudamos o sistema de medidas nos Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
atentamos ao fato de que ele serve para quantificar cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
Todavia existem as conversões entre as unidades para ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000
uma melhor interpretação e leitura.
A unidade principal tomada como referência é o :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000
metro. Além dele, temos outras seis unidades dife-
rentes que servem para medir dimensões maiores ou
menores. A conversão de unidades de comprimento Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3:
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo: Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro
cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
Km hm dam m dm cm mm pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
cúbico. Logo,
×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10 5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.
Km hm dam m dm cm mm
h h
B
L L
a c
L L h
D b#h
A=
L L 2
Paralelogramo
A A
b
C A
a c
b
A A Círculo
a 3
h=
2
2
a 3
A=
4
z Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°. A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π ×
r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14.
Vejamos um exemplo para calcular a área de um
B círculo com 10 centímetros de raio:
c
a A = π × r2
A = π × (10)2
A
A = π × 100
b
Substituindo π por 3,14, temos:
h2 = m×n
b2 = m×a 117
Repare na figura a seguir: O cubo é um caso particular do paralelepípedo re-
to-retângulo, ou seja, basta que igualemos os valores
A de a = b = c.
Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
-retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
α Veja:
B V=a×b×c
C
V = a × a × = a3
360° --------------------- 2 πr
α -------------------------- Comprimento do setor circular
GEOMETRIA ESPACIAL V = Ab × h
Paralelepípedo Reto-Retângulo e Cubo Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são
perpendiculares às bases. Observe a figura a seguir:
c a
b
a a
118
Cone
Geratriz
Geratriz
Cilindro equilátero: ℎ = 2r
H H
G
R C
Quando estamos estudando a esfera, precisamos Temos, também, a área lateral que é dada pela fór-
lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio, mula πrg , onde “g” é o comprimento da geratriz do
ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar. cone.
Para calcularmos o volume de um cone, basta
sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
da base pela altura. Veja:
2
rr h
V=
3
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Em um cone equilátero a sua geratriz será igual ao
diâmetro, ou seja, 2r.
Pirâmides
a) 450 m2.
b) 500 m2.
c) 400 m2.
d) 350 m2.
e) 550 m2.
Pirâmide Pirâmide
Hexagonal Heptagonal Foi dado o perímetro dessa praça, que corresponde
à soma de todos os lados. Logo:
O segmento de reta que liga o centro da base a um 2x + 2(x + 20) = 160
ponto médio da aresta da base é denominado “apótema 2x + 2x + 40 = 160
da base”. Por sua vez, indicaremos por “m” o apótema 4x = 120
da base. E o segmento que liga o vértice da pirâmide ao x = 30 m
ponto médio de uma aresta da base é denominado “apó- A área, portanto, será:
tema da pirâmide”. Indicaremos por m′ o apótema da Área = 30 x (30 + 20)
pirâmide. Veja: Área = 30 x 50 = 1500 m²
Como 70% está recoberta por grama, 100 – 70 = 30%
não é recoberta. Logo:
Área não recoberta = 0,3 x 1500 = 450 m². Resposta:
Letra A.
a) 20 m².
m b) 100 m².
c) 1.000 m².
d) 1.900 m².
A área lateral da pirâmide é dada por: e) 2.000 m².
a) 48 cm2.
b) 50 cm2.
c) 52 cm2.
× d) 60 cm2.
e) 64 cm2.
; E
5 -3
C A=
1 7
A
a
a Veja que temos 2 linhas e 2 colunas, ou seja, Aij = A2x2.
O termo a12, por exemplo, é igual a -3.
B
É importante saber que dizemos que a ordem des-
ta matriz é 2x2. A partir dela, podemos criar a matriz
Temos 4 vértices A, B, C e V. Também sabemos que transposta AT, que é construída trocando a linha de
temos 4 faces. O número de arestas pode ser conta- cada termo pela sua coluna, e a coluna pela linha.
do ou, então, obtido pela relação: Repare que a ordem de AT é 2x2:
V+F=A+2
< 3 7F
5 1
4+4=A+2
AT =
A = 6 arestas . -
Resposta: Letra D.
5. (VUNESP — 2018) Em um reservatório com a forma Uma matriz é quadrada quando possui o mesmo
de paralelepípedo reto retângulo, com 2,5 m de com- número de linhas e colunas. Foi o que aconteceu no
primento e 2 m de largura, inicialmente vazio, foram nosso exemplo.
despejados 4 m³ de água, e o nível da água nesse Uma matriz possui uma diagonal principal, que no
reservatório atingiu uma altura de x metros, conforme nosso exemplo da matriz A2x2 é formada pelos núme-
mostra a figura. ros 5 e 7. A outra diagonal é dita secundária, formada
pelos números -3 e 1.
; E
5 -3
A=
1 7
Secundária Principal
×
Falamos que há uma matriz de identidade de ordem
“n” quando a matriz quadrada possui todos os termos
h da diagonal principal iguais a 1 e todos os demais termos RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
iguais a zero. Veja a matriz identidade de ordem 3:
2
RS1 0 0V
W
SS W
2,5 SS0 1 0W
W
SS0 WW
0 1W
I3 = T X
Sabe-se que para enchê-lo completamente, sem trans-
bordar, é necessário adicionar mais 3,5 m³ de água.
Nessas condições, é correto afirmar que a medida da Dada uma matriz A, chamamos de inversa de A, ou
altura desse reservatório, indicada por h na figura, é, A-1, a matriz tal que:
em metros, igual a:
A x A-1 = I (matriz identidade)
a) 1,25.
b) 1,5. Determinantes
c) 1,75.
d) 2,0. O determinante de uma matriz é um número a ela
e) 2,5. associado. Vejamos como calcular. 121
z Matriz de ordem 1 Multiplicar cada termo da linha ou coluna
escolhida pelo seu respectivo cofator e, então,
Em uma matriz quadrada de ordem 1, o determi- somar tudo.
nante é o próprio termo que forma a matriz. Exemplo:
Cofator
Se A = [4], então det(A) = 4.
O cofator de uma matriz de ordem n ≥ 2 é definido
z Matriz de ordem 2 como:
Aij = (-1) i + j. Dij
Em uma matriz quadrada de ordem 2, o determi-
nante é dado pela subtração entre o produto da dia- Veja um exemplo:
gonal principal e o produto da diagonal secundária.
Veja: JK1 2 1 0N
O
KK O
KK2 3 1 0O
O
; E
5 -3 Se A =
KK2 O
Se A = -3 2 1O
OO
1 7 KK
2 1 1 4O
L P
Então det(A) = 5×7 – (-3) × 1 = 38.
Então, devemos seguir os passos apresentados
z Matriz de ordem 3 acima:
Em uma matriz quadrada de ordem 3, o determi- Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê
nante é calculado da seguinte forma: preferência para a que tiver mais zeros);
RS 1 1 2V
W
SS W JK1 2 1 0N
Se A = SS- 2 3 5W
W KK O O
SS 0 WW 3 1 0O
7 - 1W KK2 O O
T X KK2 3 2 1O
OO
KK
2 1 1 4O
Então, veja o passo a passo como calcular o det(A). L P
Repetir as duas primeiras colunas: Calcular o cofator relativo a cada termo da
linha ou coluna escolhida;
1 1 2 1 1
Os termos da quarta coluna são o a14, a24, a34 e a44, e
-2 3 5 -2 3 chamaremos os respectivos cofatores de A14, A24, A34 e
0 7 -1 0 7 A44. Como os termos a14 e a24 são iguais a zero, eu não pre-
ciso calcular os cofatores A14 e A24, pois eles serão multi-
Multiplicar os termos no sentido da diagonal plicados por zero e o resultado final será igual a zero.
principal (retas pontilhadas) e subtrair a mul- O cofator A34 será:
tiplicação dos termos no sentido da diagonal
secundária (retas lisas): Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê
preferência para a que tiver mais zeros);
1 1 2 1 1
-2 3 5 -2 3
JK1 2 1 0N
O
KK O
0 7 -1 0 7 KK2 3 1 0O
O
KK2 O
3 2 1O
OO
KK
[(1 × 3 × (-1) +1 × 5 × 0 + 2 × (-2) × 7)] - [(2 × 3 × 0 + 1 × 2 1 1 4O
5 × 7 + 1 × (-2) × (-1))]
L P
(-3 + 0 – 28) – (0 + 35 + 2) = Olhando somente para os termos que sobraram,
veja que temos uma matriz com 3 linhas e 3 colunas
-31 – 37 = -68.
apenas, cujo determinante sabemos calcular:
Determinante = 1.3.1 + 2.1.2 + 2.1.1 – 1.3.2 – 2.2.1
Logo, o det(A) = -68.
– 1.1.1
Determinante = -2
z Matriz de ordem 4 ou superior
O cofator A34 será:
Siga os seguintes passos:
A34 = (-1)3+4 × determinante
Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê A34 = (-1)7 × (-2)
preferência para a que tiver mais zeros);
A34 = (-1) × (-2)
Calcular o cofator relativo a cada termo da
122 linha ou coluna escolhida; A34 = 2
Agora, vamos calcular o cofator A44. Para isso, d) 1.900 m².
devemos excluir a quarta linha e a quarta coluna da e) 2.000 m².
matriz original, ficando com:
A área de um quadrado é L². Inicialmente, os lados
do quadrado deveriam medir L = 100 m, portanto a
JK1 2 1 0N
O área seria A = 100² = 10000 m². Porém, L foi regis-
KK O
KK2 3 1 0O
O trado com 10% a menos, ou seja, 100 – 10% x 100 =
KK2 O 90 m. Logo, a área passou a ser 90² = 8100 m².
-3 2 1O
OO
KK Então, a área que deixou de ser registrada foi de:
2 1 1 4O 10000 – 8100 = 1900 m². Resposta: Letra D.
L P
2. (FCC — 2017) Um terreno tem a forma de um trapézio.
Calculando o determinante 3x3 que restou, temos: Os lados não paralelos têm a mesma medida.
Determinante = 1.3.2 + 2.1.2 + 2.(-3).1 – 1.3.2 – 1.(- A base maior desse trapézio mede 12 m, a base menor
3).1 – 2.2.2 mede 6 m e a altura mede 4 m. A área e o perímetro
Determinante = -7 desse terreno são, respectivamente, iguais a:
Assim, o cofator A44 é:
a) 32 m² e 28 m.
A44 = (-1)4+4× determinante b) 36 m² e 28 m.
A44 = (-1)8 × (-7) c) 36 m² e 24 m.
d) 32 m² e 24 m.
A44 = 1 × (-7) e) 36 m² e 26 m.
A44 = -7.
Extraindo os dados temos B = 12 m, b = 6 m e H =
Agora, podemos calcular o determinante da matriz 4m. Vamos chamar os lados não paralelos de “L”.
original: Veja como fica esse trapézio:
Determinante = a14× A14 + a24× A24 + a34 × A34 + a44× A44 6m
Determinante = 0A14 + 0A24 + 1.2 + 4 (-7)
Determinante = 0 + 0 + 2 - 28 L L
Determinante = -26 4m
12 m
z O determinante de A é igual ao de sua transposta AT
z Se uma fila (linha ou coluna) de A for toda igual a
Para descobrir o valor de L, basta aplicar o Teore-
zero, det(A) = 0;
ma de Pitágoras no triângulo formado pelo lado L
z Se multiplicarmos todos os termos de uma linha
com a altura de 4m e o trecho de 3m. Veja:
ou coluna de A por um valor “k”, o determinante
da matriz será também multiplicado por k; L² = 4² + 3²
z Se multiplicarmos todos os termos de uma matriz
L² = 16 + 9
por um valor “k”, o determinante será multiplica-
do por kn, onde n é a ordem da matriz; L² = 25
z Se trocarmos de posição duas linhas ou colunas de A,
L=5m
o determinante da nova matriz será igual a –det(A);
z Se A tem duas linhas ou colunas iguais, então det(A) = 0; O perímetro do trapézio é dado pela soma de seus
z Sendo A e B matrizes quadradas de mesma ordem, quatro lados. Logo:
det(AxB) = det(A)det(B);
L + L + 6 + 12 = 5 + 5 + 18 = 28 m
z Uma matriz quadrada A é inversível se, e somente
se, det(A) ≠ 0; A área é dada por:
z Se A é uma matriz inversível, det(A-1) = 1/det(A).
(B + b) # h
A=
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
PROBLEMAS GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS 2
(12 + 6) # 4
Agora que já relembramos a parte teórica sobre A=
2
geometria e matrizes, chegou o momento de resolver-
mos mais questões sobre esses tipos de problemas. A=
18 # 4
Assim, saberemos exatamente como as questões são 2
cobradas em provas.
72
A= = 36m2
2
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Os lados de um terreno
quadrado medem 100 m. Houve erro na escrituração, e Resposta: Letra A.
ele foi registrado como se o comprimento do lado medis-
se 10% a menos que a medida correta. Nessa situação, 3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) O preço do litro de deter-
deixou-se de registrar uma área do terreno igual a: minado produto de limpeza é igual a R$ 0,32. Se um
recipiente tem a forma de um paralelepípedo retângu-
a) 20 m². lo reto, medindo internamente 1,2 dam × 125 cm × 0,08
b) 100 m². hm, então o preço que se pagará para encher esse reci-
c) 1.000 m². piente com o referido produto de limpeza será igual a: 123
a) R$ 3,84. Sabendo que o volume dessa peça é 720 cm3, a área
b) R$ 38,40. da base é:
c) R$ 384,00.
d) R$ 3.840,00. a) 40 cm2.
e) R$ 38.400,00. b) 48 cm2.
c) 44 cm2.
Devemos colocar todas as medidas na mesma uni- d) 36 cm2.
dade. Veja que: e) 52 cm2.
1,2 dam = 12m = 120dm = 1200 cm
0,08hm = 0,8dam = 8m = 80dm = 800cm O volume é dado pela multiplicação das dimensões,
Assim, o volume total é de: ou seja,
V = 1200 x 125 x 800 720 = 15 . 6 . x
V = 120.000.000 cm3 120 = 15 . x
V = 120.000 dm3 40 = 5 . x
V = 120.000 litros 8=x
Se cada litro custa 0,32 reais, o preço total será de: A área da base é:
Preço = 0,32 x 120.000 Área = 6.x = 6.8 = 48 cm2.
Preço = 38.400 reais. Resposta: Letra E. Resposta: Letra B.
HORA DE PRATICAR!
; E e B = < 1 2F
3 -2 1 4
A=
1 2 - 1. (IDECAN — 2019) Dados os conjuntos A = {0, 1, 2, 3, 5, 7}
e B = {1, 3, 5, 6, 7, 9}, quantos números naturais ímpares
podem ser formados utilizando 4 algarismos distintos
Então, o resultado da expressão: com os elementos do conjunto resultante de A ∩ B?
detA a) 18.
detB b) 24.
c) 120.
É igual a: d) 1470.
e) 1680.
a) 4/3.
b) -2. 2. (IDECAN — 2022) Em uma escola os estudantes devem
c) 3/4. praticar um esporte, que pode ser futebol ou basquete.
d) 2. Se quiserem poderão praticar as duas modalidades.
e) ½. Sabendo que:
Para encontra a resposta da questão, você precisa � 200 alunos praticam basquete.
achar o determinante de cada matriz. Sendo assim: � 130 alunos praticam futebol.
3 2 � O Total de alunos na escola é de 270.
det A = = 3 × 2 – (-2 × 1) = 6 + 2 = 8
1 2 Determine a quantidade de alunos que pratica somen-
te futebol.
1 4
det B = = 1 × 2 – 4 × (-1) = 6
1 2 a) 70 alunos
b) 140 alunos
Logo, c) 60 alunos
d) 100 alunos
detA
=
8
=
4 e) 130 alunos
detB 6 3
Resposta: Letra A. 3. (IDECAN — 2019) Em um determinado colégio com
470 estudantes, verificou-se que 250 alunos gostam
de matemática, 180 alunos gostam de português e
5. (VUNESP — 2017) Uma peça de madeira tem o for-
200 alunos não gostam nem de matemática nem de
mato de um prisma reto com 15 cm de altura e uma
português. Observou-se ainda que alguns alunos gos-
base retangular com 6 cm de comprimento, conforme
tam de matemática e português. Pode-se concluir cor-
mostra a figura.
retamente que nesse colégio
Matheus 1,72 P Q ?
Rubens 1,63 V V V
Jorge 1,67 F V V
F F F
Coloque em ordem crescente e assinale o item correto.
a) p ∨ ∼ (p ∧ q)
a) 1,58 > 1,63 > 1,67 > 1,72 > 1,80 b) p ∨ (p ∧ ∼ q)
b) 1,67 > 1,72 > 1,80 > 1,58 > 1,63 c) (p ↔ q) → ∼ (p ∨ ∼ q)
c) 1,58 < 1,63 < 1,67 < 1,72 < 1,80 d) p ∨ (q ↔ ∼ p)
d) 1,58 < 1,63 < 1,67 > 1,72 > 1,80 e) p ↔ q
e) 1,72 > 1,80 > 1,58 > 1,63 > 1,67
13. (IDECAN — 2019) A alternativa que apresenta corre-
8. (IDECAN — 2020) Em uma sessão de teatro, 1/5 do tamente a negação da frase “Se passar no concurso
público era formado por adolescentes, 3/10 do públi- público é ótimo, então eu preciso estudar” é
co por idosos e o público restante era de adultos.
Sabendo que a diferença entre o número de adultos na a) “Se passar no concurso público não é ótimo, então eu
sessão e o número de adolescentes é igual 30, qual o preciso estudar”.
número de idosos presentes na sessão de teatro?
125
b) “Passar no concurso público não é ótimo ou eu não d) Gabriel é estudante ou Bianca é criança.
preciso estudar”. e) Gabriel é estudante e criança.
c) “Passar no concurso público não é ótimo e eu não pre-
ciso estudar”. 18. (IDECAN — 2022) Sabendo-se que toda pessoa que
d) “Passar no concurso público é ótimo mas eu não pre- estuda matemática aprende sobre a vida e consegue
ciso estudar”. tirar notas boas em concursos, é possível afirmar que:
e) “Ou estudo ou passo no concurso público”.
a) Existe alguém que estuda matemática e não aprende
14. (IDECAN — 2019) No conto de fadas da Cinderela, Cin- sobra a vida.
derela vivia como pobre e escrava por conta de sua b) Existe alguém que estuda matemática e não consegue
madrasta malvada, e o jovem príncipe, filho do rei, era tirar boas notas em concursos.
muito bonito. A negação lógica para a afirmação “Cin- c) Todas as pessoas que aprendem sobre a vida e conse-
derela não é pobre ou o príncipe é bonito” é: gue tirar boas notas em concursos estudam matemática.
d) Podem existir pessoas que aprendem sobre a vida,
a) Se Cinderela é pobre, então o príncipe não é bonito. mas não conseguem tirar notas boas em concursos.
b) Cinderela é pobre e o príncipe não é bonito. e) Todas as pessoas que tiram notas boas em concursos
c) Cinderela é rica e o príncipe é feio. sempre aprendem sobre a vida.
d) Cinderela é rica ou o príncipe é feio.
e) Cinderela é pobre ou o príncipe não é bonito. 19. (IDECAN — 2022) Considerando “Todo esporte é saudável”
como uma proposição verdadeira, correto afirmar que:
15. (IDECAN — 2019) João lançou dois dados sobre uma
mesa e cobriu rapidamente com uma caixa escu- a) Nenhum esporte é saudável – é uma proposição
ra. Entretanto, Maria viu o resultado dos dois dados necessariamente verdadeira.
(números que estão na face superior dos dados) e b) Algum esporte é saudável – é uma proposição neces-
afirmou que somente uma das proposições abaixo é sariamente verdadeira.
verdadeira: c) Algum esporte não é saudável – é uma proposição
verdadeira ou falsa.
I. O número 3 ou o número 4, ou ambos, são resultados d) Algum esporte é saudável – é uma proposição verda-
do lançamento. deira ou falsa.
II. O número 3 ou o número 5, ou ambos, são resultados e) Algum esporte não é saudável – é uma proposição
do lançamento. necessariamente verdadeira.
Com base nessas proposições e na afirmação de 20. (IDECAN — 2019) O treinador de futebol da seleção
Maria, é correto afirmar que brasileira masculina disse em uma entrevista que o
jogador da Argentina Lionel Messi é um E.T. Com base
a) o número 3 não foi o resultado de nenhum dos dois nesta frase, considere que as proposições a seguir
dados. estão corretas:
b) o número 3 é o que possui maior probabilidade de ser
o resultado do lançamento. I. Lionel Messi é um jogador de futebol excepcional.
c) os números 3, 4 e 5 possuem a mesma probabilidade II. Todo jogador de futebol excepcional é um E.T.
de ser o resultado do lançamento.
d) com certeza o resultado do lançamento foi o número 4. Com base nas proposições anteriores, pode-se con-
e) a soma dos números que foram resultado do lança- cluir com certeza que
mento dos dados é inferior a 4.
a) Messi é um jogador de futebol excepcional e não E.T.
16. (IDECAN — 2019) Se Davi é surfista, então Ana não é b) existe algum E.T. que não é um jogador de futebol
bailarina. Bruno não é jogador de futebol ou Cinthia excepcional.
não é ginasta. Sabendo-se que Cinthia é ginasta e que c) se Maradona é um E.T., então ele é um jogador de fute-
Ana é bailarina, pode-se concluir corretamente que bol excepcional.
d) se Pelé é um jogador de futebol excepcional, então
a) Bruno é jogador de futebol e Davi é surfista. Pelé não é um E.T.
b) Bruno é jogador de futebol e Davi não é surfista. e) Lionel Messi não é um jogador de futebol excepcional
c) Bruno não é jogador de futebol e Davi é surfista. e não é um E.T.
d) se Bruno não é jogador de futebol, então Davi é surfista.
e) Bruno não é jogador de futebol e Davi não é surfista. 9 GABARITO
17. (IDECAN — 2019) Considere as proposições a seguir
verdadeiras: 1 B
2 A
I. Gabriel é estudante.
II. Bianca não é criança. 3 A
8 E
9 A
10 A
11 D
12 D
13 D
14 B
15 A
16 E
17 D
18 D
19 B
20 B
ANOTAÇÕES
127
ANOTAÇÕES
128
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / ÉTICA NO
SERVIÇO PÚBLICO
Estrutura Funcional
A estrutura funcional é mais lógica e intuitiva, sendo as tarefas divididas de acordo com a função, tais como
recursos humanos, logística, marketing, produção, entre outros. O administrador ou diretor geral é responsável
por toda a organização e os membros são divididos em funções específicas. Logo, a gestão é realizada de forma
vertical por meio de supervisão, regras e procedimentos.
Essa estrutura é apropriada para:
PRESIDENTE
EXECUTIVO
Recursos
Operações Marketing Finanças
humanos
Pesquisa de Recrutamento
Qualidade Contabilidade
mercado e seleção
Comunicação
Manutenção Treinamento Tesouraria
e publicidade
Em todos os tipos de estrutura, a departamentalização funcional também está presente. A diferença é que a
função deixa de ser o principal critério para ordenar as tarefas. Apesar das vantagens associadas à estrutura fun-
cional, algumas desvantagens também podem ser mencionadas.
VANTAGENS DESVANTAGENS
Permite economias e utiliza de forma mais eficiente os recur- Visão limitada dos objetivos organizacionais e foco nos obje-
sos organizacionais tivos de cada área funcional
Dificulta a coordenação e comunicação entre as áreas
Cria condições para centralização das decisões
funcionais 129
VANTAGENS DESVANTAGENS
Facilita a direção e o controle da organização pelos Em razão da centralização, pode ser demorado responder às
administradores/diretores mudanças externas
Possibilita treinar e aperfeiçoar os trabalhadores em suas Dificulta a avaliação da contribuição de cada área funcio-
funções nal para o desempenho da organização como um todo
Facilita a comunicação e a coordenação dentro das áreas Dificulta identificar os responsáveis por um problema ou
funcionais decisão
Estrutura Divisional
A estrutura divisional agrupa as tarefas em unidades parcialmente autônomas de acordo os objetivos e resul-
tados desejados. Em cada divisão estão presentes todos os recursos necessários para a produção de bens ou
serviços.
Essa estrutura é apropriada para:
PRESIDENTE
EXECUTIVO
Recursos
Finanças
humanos
VANTAGENS DESVANTAGENS
Possibilita melhor distribuição dos riscos, uma vez que cada ad-
Os interesses das divisões podem se sobrepor aos interesses gerais
ministrador de divisão é responsável por um produto, mercado ou
da organização
cliente
Necessita de um maior número de recursos, já que as funções apa-
Proporciona maior agilidade de resposta em razão da descentraliza-
recem de forma redundante na organização. Como resultado, há
ção da tomada de decisão em cada divisão
perda de eficiência
Permite manter um alto nível de desempenho, com foco em resultados Tendência à burocratização em cada divisão
Pode estimular a concorrência e rivalidade entre as divisões, espe-
Facilita a avaliação e o controle do desempenho por divisões
cialmente para a obtenção de recursos
Possibilita maior proximidade com o cliente e, consequentemente, Menor competência técnica já que a especialização funcional ocor-
maior conhecimento de suas necessidades re na divisão, onde os departamentos funcionais são menores
A estrutura matricial é considerada um modelo híbrido que integra as vantagens das estruturas funcional e divisio-
nal. Esse tipo de estrutura reúne os especialistas em cada área funcional, o que contribui para a obtenção dos melhores
resultados da divisão do trabalho. Além disso, é possível coordenar as atividades em direção aos objetivos gerais da
organização e adaptar mais rapidamente às condições de mudança do ambiente externo.
Nas organizações com projetos que necessitam de equipes multidisciplinares e temporárias, a estrutura matricial pode
ser a mais adequada. É possível ainda que os trabalhadores estejam envolvidos em mais de um projeto ao mesmo tempo.
Os funcionários possuem dois gerentes na estrutura matricial: gerente da função (produção, marketing, recursos huma-
nos etc.) e gerente do produto (produto A, produto B, produto C etc.). A estrutura matricial combina uma cadeia de comando
vertical e hierárquica com uma cadeia de comando horizontal ou transversal e é frequentemente encontrada em agências
de publicidade, consultorias, entre outras. Um exemplo dessa estrutura pode ser visualizado na figura a seguir.
Produto A
Produto B
Produto C
VANTAGENS DESVANTAGENS
Potencializa as vantagens das estruturas funcional e Dificulta a coordenação e controle em razão da duplicidade
divisional de autoridade
Pode melhorar a eficiência, já que reduz a multiplicação e
É uma forma estrutural complexa
dispersão de recursos
Permite maior flexibilidade e adaptabilidade da organiza- Perda de tempo em reuniões para resolução de problemas
ção em ambiente dinâmicos e instáveis e conflitos
Facilita a cooperação entre os departamentos Dificulta identificar os responsáveis por um problema
Estrutura em Rede
A estrutura em rede é um termo genérico para definir alternativas às estruturas organizacionais tradicionais e buro-
cráticas apresentadas anteriormente. Envolve as organizações em rede, de clusters e virtuais, estruturas por equipes de
trabalho, entre outras. Nesse tipo de estrutura, a divisão de trabalho ocorre de acordo com os conhecimentos, o que significa
que os indivíduos fazem parte da organização porque possuem especialização ou experiência prática em uma área/função
específica. De forma simplificada, a figura abaixo ilustra a estrutura em rede. O princípio é o de que os trabalhadores
podem estar em diversas localidades e contribuindo com mais de um departamento, desde que tenham expertise para tal.
131
Por fim, vamos analisar as vantagens e desvantagens da estrutura em rede:
VANTAGENS DESVANTAGENS
Permite maior flexibilidade e adaptabilidade da organiza-
Dificulta identificar os responsáveis por um problema
ção em ambiente dinâmicos e instáveis
Estimula o desenvolvimento de competitividade em escala Inexistência de um controle ativo em razão da dispersão
global das unidades
Possibilidade de perda de uma parte importante da estru-
Promove um ambiente de trabalho desafiador e motivador tura (um parceiro, por exemplo), o que gera impactos im-
previsíveis na organização
Dificulta desenvolver uma cultura organizacional forte e,
Reduz os gastos gerais em função da baixa necessidade
consequentemente, diminui a lealdade dos membros à
de supervisão
organização
A estrutura organizacional é o resultado do processo de organização e indica como as atividades são ordena-
das visando o alcance dos objetivos. A partir da especificação das tarefas, dos recursos necessários e dos papéis
que cada um deve desempenhar, o resultado das atividades dos trabalhadores tende a ter um desempenho supe-
rior. Sobral destaca as funções básicas da estrutura organizacional:
z Possibilita que os trabalhadores executem variadas atividades, sempre levando em consideração a especiali-
zação necessária (habilidades, competências e conhecimentos, por exemplo), a padronização (os trabalhado-
res devem seguir os padrões preestabelecidos de desempenho das tarefas) e departamentalização de tarefas
e funções (cada departamento ou unidade funcional é responsável por certos conjuntos de tarefas e cabe a ele
realizá-los);
z Permite que os trabalhadores tenham suas atividades organizadas e coordenadas pelos superiores responsá-
veis, além de definir as regras e os procedimentos para realização do trabalho e proporcionar treinamento e
socialização;
z Define até onde vai as responsabilidades da organização e sua relação com o ambiente externo, tais como
fornecedores, parceiros e clientes.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO
A departamentalização é o nome dado à especialização horizontal nas empresas por meio da criação de depar-
tamentos com o intuito de cuidar das atividades organizacionais.
Atualmente, parte da literatura especializada prefere a nomenclatura “Estruturação” pois estas criam unidades, fra-
ções organizacionais, podendo ser divisões, gerências, superintendências, conselhos e departamentos.
Nesse sentido, podemos conceituar estruturação (departamentalização) como uma forma sistematizada de
agrupar atividades em frações organizacionais definidas conforme algum critério predeterminado, objetivando à
melhor adequação da estrutura organizacional a sua dinâmica de ação.
Nessa esteira, o mestre Chiavenato - um dos maiores especialistas na ciência da Administração e “queridinho”
das bancas examinadoras, nos ensina: “o desenho departamental refere-se à especialização horizontal da organi-
zação e o seu desdobramento em unidades, departamentos ou divisões”.
E quais são os objetivos da departamentalização?
z Aproveitar a especialização: saber tirar proveito da qualificação das pessoas da organização, alocando cada
colaborador em uma função que permita o aumento da eficiência de cada um;
z Maximizar os recursos disponíveis: com o agrupamento ou reajustamento das atividades é possível maximi-
zar os recursos através da estruturação das unidades;
z Controlar: a departamentalização proporciona a clara delimitação de responsabilidades, assim consequente-
mente facilitando o controle;
z Coordenar: com os departamentos bem definidos, a coordenação torna-se tarefa mais integrada e ainda per-
mite maior agilidade, evitando assim ajustes posteriores;
z Reduzir conflitos: os conflitos existem, devem ser minimizados, pois raramente são eliminados. Nesse senti-
do, com a transparente alocação das responsabilidades, os conflitos tendem a diminuir.
O trabalho de decidir entre as melhores técnicas de departamentalização vai depender do estudo de diversas
variáveis, mas sempre é importante preparar a organização para o crescimento e competição, desenvolvendo
alternativas estruturais para a organização.
132 Na figura abaixo, encontramos as principais técnicas de departamentalização:
Departamentalização Funcional
ao gestor alocar recursos e pessoas específicos para a
demanda de cada tipo de cliente.
Nesse tipo de estruturação, o foco principal é o
Departamentalização por produtos ou serviços cliente, e não as necessidades internas da empresa.
Para facilitar o aprendizado, temos como exemplo
Departamentalização por clientes clássico: o atendimento personalizado das instituições
financeiras para com seus diferentes tipos de clientes
Departamentalização por processo
(gerência Pessoa Física – cliente Classe “A”, gerência Pessoa
Jurídica “grande porte”, gerência para microempresas).
Departamentalização por projetos
PRESIDENTE
Departamento
Departamento Departamento de
de Gestão de Setor de Setor de Setor de
Financeiro Marketing
Como o próprio nome nos indica, consiste no agru- Este tipo de departamentalização normalmente
pamento das funções conforme o tipo de produto e/ou utiliza a estrutura matricial, a qual implica a utilização
serviço a ser ofertado.
de pessoal de alta qualificação técnica trabalhando
Podemos citar como vantagens: as facilidades
de mensurar os resultados, possibilitar um melhor concomitantemente nas suas funções administrativas
conhecimento do produto e melhor coordenação das e em projetos específicos.
atividades fins da fabricação do produto. Dessa maneira, uma das vantagens deste tipo de
Entretanto, neste tipo de departamentalização, estruturação é o alto grau de flexibilidade e adaptabi-
encontramos várias seções com a mesma especialida- lidade a novas ideias, além de permitir a maximização
de, dificultando a padronização e o treinamento. da mão de obra (pois, muitas vezes, os colaboradores
No exemplo abaixo, percebemos a divisão dos depar- participam de diversos projetos ao mesmo tempo,
tamentos conforme as classes de produtos ofertados: minimizando assim, o tempo ocioso de cada um).
PRESIDENTE
Produção Financeiro Marketing
NÍVEIS
PLANEJAMENTO DE
NÍVEIS DE CARGOS
ABRANGÊNCIA
DIREÇÃO ENVOLVIDOS
ORGANIZAÇÃO
Definição dos objetivos: Concepção dos planos:
A empresa
resultados, propósitos, in- guias que integram e coor- Estratégico Direção
Diretores e altos
ou áreas da
tenções ou estados futu- denam as atividades da executivos
empresa
ros que as organizações organização de forma a Cada
pretendem alcançar. alcançar esses objetivos. Gerentes e
departamento
Tático Gerência pessoal do meio
ou unidade da
Fonte: adaptado de Sobral (2013). do campo
empresa
Alguns conceitos importantes devem ser fixados: Cada grupo
Supervisores e
Operacional Supervisão de pessoas ou
encarregados
z Planejamento: é necessário para que sejam defi- tarefas
nidos os objetivos que a organização pretende
alcançar. Durante o planejamento, são concebidos Fonte: adaptado de Chiavenato (2004).
os planos que guiarão o atingimento das metas
levando em consideração os recursos disponíveis; COMUNICAÇÃO
z Objetivos: indicam onde a organização pretende
chegar, isto é, os resultados esperados a partir da A palavra comunicação é derivada do latim
ação dos membros e da alocação dos recursos; communicare e significa partilhar, tonar algo comum.
z Plano: é a consequência do planejamento. Indica o Trata-se, portanto, do processo de transmitir/parti-
que deve ser feito, quando fazer, como e por quem. lhar uma mensagem com outra(s) pessoa(s) e ser com-
preendido por quem recebe a informação.
DIREÇÃO
Funções da Comunicação
A direção é a função administrativa que ocorre após
realizados o planejamento e a organização. Essa função A comunicação inclui a transferência e a comuni-
remete à interação entre os trabalhadores e os líderes, cação dos significados daquilo que se quer expressar.
ou seja, está diretamente associada com as pessoas. A comunicação possui quatro funções principais1 em
Sobral aponta que dirigir é unir esforços para que um grupo ou organização:
os objetivos da organização sejam atingidos. Não se
trata de uma tarefa simples, pois não raro os objetivos z Controle: a comunicação serve para controlar,
e interesses e individuais não são compatíveis com os seja formal ou informalmente, o comportamento
objetivos e interesses da organização. das pessoas no ambiente de trabalho. O controle
134 1 Robbins (2005)
formal ocorre, por exemplo, quando os trabalha- z Canal: meio pelo qual a mensagem é conduzida.
dores comunicam ao líder algum problema no tra- Pode ser formal ou informal. Os canais formais são
balho e quando os gerentes comunicam aos seus definidos pela organização e disseminam mensagens
subordinados que eles devem seguir as políticas associadas com as atividades de trabalho; geralmen-
organizacionais. Por outro lado, o controle infor- te seguem a estrutura hierárquica, o que significa
mal ocorre, por exemplo, quando um grupo de que a comunicação é transmitida de cima para bai-
trabalho reclama com um membro que não está xo. Os canais informais são mais espontâneos e ser-
contribuindo para a realização das atividades; vem para conduzir as comunicações pessoais;
z Motivação: a comunicação pode facilitar a moti- z Receptor: pessoa que recebe a mensagem do
vação já que por meio dela os trabalhadores são emissor;
capazes de identificar as atividades que devem z Decodificador: mecanismo utilizado para decifrar
fazer, como devem desempenhá-las, recebem fee- a mensagem;
dback sobre o quão bom é o seu trabalho e como z Ruído: inclui as barreiras para a comunicação que
podem aperfeiçoá-lo. Alguns exemplos de situações alteram o sentido da mensagem. Os ruídos podem
em que a comunicação desperta a motivação são: ser provenientes do emissor ou do receptor e são
definição de metas claras e específicas (de acordo apresentados mais adiante;
com a teoria da determinação de metas de Locke, z Feedback: é o elo final do processo de comunica-
os trabalhadores têm necessidade de visualizar ção. Por meio do feedback é possível constatar se
objetivos), feedback sobre os resultados obtidos de a transmissão da mensagem teve sucesso ou não.
acordo com os objetivos previamente estabeleci- A mensagem é transmitida com sucesso quando o
dos e reforço do comportamento esperado; receptor entende exatamente aquilo que o recep-
z Expressão emocional: para muitos trabalhado- tor pretendia comunicar.
res, a fonte primária de interação ocorre na orga-
nização, em seu grupo de trabalho. Sendo assim, O processo de comunicação é apresentado na figu-
por meio da comunicação que ocorre nos grupos, ra a seguir.
os membros podem expressar seus sentimentos,
sejam eles de desapontamento ou satisfação; Fonte Receptor
z Informação: por meio da comunicação, as pes-
Mensagem a Mensagem Mensagem
soas transmitem informações que podem facilitar ser enviada
Codificação
da mensagem recebida decodificada
a tomada de decisões. Isso porque a comunicação
de dados e informações podem contribuir para
Canal
que os tomadores de decisões visualizem cenários
e escolham as melhores alternativas.
Ruído
Dados ≠ Informações
UNIÃO
Descentralização
Cidadania
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
A concentração é quando o cumprimento das competências administrativas acontece por meio de órgãos
públicos despersonalizados e sem nenhuma divisão interna.
Esta técnica existe na teoria, mas na prática é muito difícil de acontecer. Pois, em regra, os órgãos públicos são
repartidos (secretarias, departamentos) para facilitar a gestão e a divisão de tarefas.
Na concentração, pressupõe-se a ausência completa de divisão de tarefas internamente: é como se fosse um
órgão público sem nenhum departamento e sem nenhuma hierarquia.
Já na desconcentração, as atribuições são alocadas entre os órgãos públicos pertencente a mesma pessoa jurí-
dica, mantendo a vinculação hierárquica.
A informação que você deve levar para a sua prova é que na desconcentração não há a criação de outras pes-
soas jurídicas, mas simplesmente as competências são distribuídas dentro de uma única pessoa jurídica.
São exemplos clássicos de desconcentração a transferência de competência e atribuições do Governo Federal
para os seus ministérios (exemplos: Justiça, Economia, Cidadania).
Percebemos, nos exemplos acima, que se trata de uma divisão das atividades internamente, permanecendo na
mesma pessoa jurídica.
Desconcentração UNIÃO
Polícia
Receita Federal
Federal
Os órgãos públicos pertencem às pessoas jurídicas, mas não são pessoas jurídicas!
Outro ponto bastante cobrado nas provas é a impossibilidade, em regra, de órgão públicos figurarem no passi-
vo de ações judiciais, ou melhor, não são acionados diretamente perante o poder judiciário.
Dessa maneira, exemplificando, caso o cidadão tenha alguma pendência judicial contra a Receita Federal do Bra-
sil, a ação judicial será proposta contra a União. As bancas examinadoras “adoram” explorar as diferenças entre a
descentralização e desconcentração, desse modo, o quadro abaixo é de suma importância para sua aprovação:
DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
Competências atribuídas a órgão públicos sem perso- Competências atribuídas a entidades com personalidade
nalidade própria jurídica autônoma
139
DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
Exemplos: Ministérios da União, Secretarias esta- Exemplos: Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públi-
duais e municipais, Polícia Federal, Receita Federal cas e Sociedade de Economia Mista
Antes de iniciarmos as questões comentadas, e para finalizar a teoria deste tópico, vamos sintetizar em uma
mesma figura os institutos da descentralização e da desconcentração!
Administração Direta
Desconcentração (Centralizada)
Órgãos
UNIÃO
Receita
Federal
ão
aç
liz
tra
en
sc
De ECT Banco do
IBAMA
(Correios) Brasil
Autarquias
Fundação Públicas
Empresas Públicas
Sociedade de Economia Mista
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
Infraestrutura
análise do processo!
Gestão de Recursos Humanos A análise do processo visa entender o estado atual do
Desenvolvimento Tecnológico processo e suas atividades (análise AS-IS, ou em portu-
Margens
guês, “como está”) e mensurar quais pontos estão benefi-
Aquisição e Compras ciando e/ou atrasando o alcance dos objetivos do negócio.
Essa análise do processo atual permite iniciar a
Marketing e
definição do desenho do novo processo, adotando o
Logística Operações Serviços
vendas que está funcionando e eliminando as rupturas que
interferem no desempenho do processo.
Atividades Primárias De acordo com o BPM CBOK V3.0 – Business Pro-
cess Management / Common Body of Knowledge Ver-
são 3.0, ou em português, Guia para Gerenciamento
A utilização da metodologia da cadeia de valor de Processos de Negócio (considerado a “bíblia” para
possibilita à organização a melhora da análise sobre a gestão de processos), a informação gerada a partir
seus processos, alcançando as seguintes vantagens: da análise de processos inclui:
Para facilitar o entendimento, na figura abaixo, sin- z Uma tarefa é observada e estudada crítica e sis-
tetizamos o caminho a ser percorrido para a implan- tematicamente, para permitir a identificação de
tação da melhoria dos processos de uma organização: aprimoramentos necessários;
z Com base na análise crítica, entendimento de sua
Mapeamento Análise Desenho lógica e eventual comparação com outras formas
mais eficientes de fazê-la, desenvolve-se uma
alternativa mais racional e eficiente;
Detalhar Propor
z A alternativa mais eficiente é implantada, por meio
Identificar os
atividades e melhorias da alteração dos movimentos e eventualmente da
pontos críticos
tarefas atuais
substituição de máquinas e equipamentos. 149
REENGENHARIA DE PROCESSOS O BPM (em português: gestão de processos de negó-
cio) é considerado a maior inovação gerencial deste
Enquanto a racionalização do trabalho e a elimi- século, possibilitando otimizar a tecnologia em benefício
nação de desperdícios procuram melhorar continua- de um modelo gerencial amplo e apto para preparar as
mente um processo existente, a fim de aumentar sua organizações no enfrentamento das inúmeras mudan-
eficiência, a reengenharia de processos procura criar ças no ambiente atual, de forma inteligente e eficaz.
um processo totalmente novo e mais eficiente, com o De acordo com Tadeu Cruz (2008), o BPM “é o con-
uso inteligente da tecnologia da informação. junto formado por metodologias e tecnologias cujo obje-
A ideia é a reinvenção da empresa. tivo é possibilitar que processos de negócios integrem.
A reengenharia de processos é um redesenho radi- Lógica e cronologicamente, clientes, fornecedores, par-
ceiros, influenciadores, funcionários e todo e qualquer
cal com o intuito de implantar mudanças drásticas no
elemento com que possam, queiram ou tenham que
modo de se fazerem as coisas dentro dos processos interagir, dando à organização visão completa e essen-
organizacionais. cialmente integrada do ambiente interno e externo das
Essa visão de reestruturação radical dos proces- suas operações e das atuações de cada participante em
sos foi proposta pelos autores Hammer e Champy na todos os processos de negócios”.
década de 1990, como uma forma de responder às Sintetizando o conceito, de uma maneira mais
intensas mudanças ocorridas nos cenários econômi- simples e direta: O BPM é capaz de interligar todos os
cos, tecnológicos e culturais. processos principais e secundários, com todos os partici-
Partindo do pressuposto de que a maioria das pantes da cadeia, em prol dos objetivos organizacionais.
organizações criaram seus processos em décadas pas- Para a sua prova de concurso, é essencial (e sufi-
sadas, e assim seus fluxos de trabalho e normas foram ciente) conhecer as principais aplicações e facilidades
baseados em demandas e desafios que já não existem. que o BPM oferece na melhoria da gestão de proces-
Dessa maneira, a melhor ação para a busca da melho- sos, são elas:
ria dos processos é “começar do zero”, ou melhor, não
aproveitar nada do que está sendo feito, e sim dese- z Possibilidade de representar graficamente todos
nhar a partir do zero. os tipos de processos, fluxos e desvios;
Segundo os autores Hammer & Champy (1993), a z Facilidade na gestão de pessoas: definição clara
reengenharia é “o repensar fundamental e a reestru- dos responsáveis de cada atividade e tarefa;
turação radical dos processos empresariais que visam z Maximiza a eficiência e produtividade com a
alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos padronização dos processos;
e contemporâneos de desempenho, tais como, custos z Integração entre a tecnologia da informação e
qualidade, atendimento e velocidade”. pessoas;
z Filosofia de gestão horizontal e flexível;
z Possibilita alcançar os objetivos organizacionais
Dica estratégicos com maior transparência.
A reengenharia é inerente ao princípio da folha
em branco, ou seja, inicia-se do zero como se Então, o BPM é um sistema de tecnologia da infor-
fosse a primeira escrita! mação (software)? A resposta é um sonoro não!
O BPM é uma filosofia de gestão de processos com
O ponto crucial não é a busca de melhorar o que já foco no negócio da empresa!
existe, e sim em indagar o que é feito, por que é feito, Para auxiliar a implantação dessa filosofia, surgi-
se é necessário, por quem é feito, para quem é feito. ram os BPMS (Business Process Management Systems)!
Nesse sentido, a reengenharia não busca consertar O BPMS é o sistema informatizado que dá suporte
nada! Busca melhorias radicais nos processos! para o gerenciamento de processos na organização.
Esse software dá suporte às atividades como mapea-
mento, modelagem, análise e aprimoramento dos
Mudanças Melhorias processos, integrando a gestão de informação aos pro-
Radicais Drásticas cessos de negócios.
BPM
Reengenharia ✓ Filosofia de Gestão
(Business Process ✓ Foco nos negócios
Management)
Fazer MAIS Começar do ZERO
com menos (Folha em branco)
BPM
✓ Software
A reengenharia é uma forma de intervenção estra- (Business Process ✓ Foco em Tecnologia da
tégica para adaptar as organizações às mudanças no Management Informação (T.I)
ambiente em que atuam, provocando fortes altera- Systems)
ções na sua estrutura.
Primeiramente, vamos relembrar as duas prerro- Vale ressaltar que as contratações diretas (dispensa
gativas que estarão presentes em todos os contratos e inexigibilidade) são exceção a esta característica. Nes-
154 administrativos: se caso, a contratação não é precedida de uma licitação.
ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO DA
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS EXECUÇÃO DOS CONTRATOS
Fiscalização
Art. 67 A execução do contrato deverá ser acom-
panhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado, permitida
a contratação de terceiros para assisti-lo e subsi-
O sistema de gestão de contratos constitui em um diá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
planejamento. Ele deve conter de forma clara os obje-
tivos, processos, responsabilidades, competências e O artigo acima citado é de grande incidência nas
atores responsáveis destinados em acompanhar e provas de concurso, em que o examinador explora se
Qual cargo o funcionário ocupa? sam estar expressos na legislação para que a doutri-
⟶ Qual é sua experiência profissional? ⟶ na aceite sua existência, afinal, sem esses princípios
Quais suas habilidades e conhecimentos? a Administração não poderia funcionar direito. São
dois: o princípio da supremacia do interesse público, e
o princípio da indisponibilidade do interesse público.
Quais os objetivos que o funcionário deve O princípio da supremacia do interesse públi-
alcançar? co é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à
O que já foi realizado?
Administração Pública. A supremacia do interesse
O que falta para alcançar 100% da meta?
público sobre o privado é um aspecto fundamental
para o exercício da função administrativa. Podemos
Quais são as tarefas já executadas pelo citar como exemplo a desapropriação de um imóvel
funcionário?
pertencente a um particular: o particular pode ter
Quais tarefas pode desenvolver no futuro?
Qual o potencial de desenvolvimento?
interesse em não ter seu bem desapropriado, ou achar
o valor da indenização injusto, mas ele não pode ter
interesse em extinguir o instituto da expropriação
administrativa. Trata-se de um instituto que deve
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014, p. 440). existir, independentemente da sua vontade.
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
que ao Estado também lhe incumbe uma série de
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilida-
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
de do interesse público. Tal princípio pressupõe que
PÚBLICA o Poder Público não é dono do interesse público, ele
deve manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe.
Noção geral de princípio É por isso que ele não pode se desfazer de patrimô-
nio público, contratar quem ele quiser, realizar gas-
Por motivos didáticos, costuma-se dividir as nor- tos sem prestar contas a seu superior, etc. Tais atos
mas cogentes em regras e princípios. Regras são nor- configuram em desvio de finalidade, uma vez que o
mas cogentes que traduzem um comando direto, são objetivo principal deles não é de interesse público,
criadas pelo legislador (portanto, são positivadas), mas apenas do próprio agente, ou de algum terceiro
162 e são utilizadas para a solução de casos concretos e beneficiário.
Princípios Constitucionais da Administração Pública
São os princípios expressos, previstos no Texto Constitucional, mais especificamente no caput do art. 37. Segun-
do o referido dispositivo:
Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
z Legalidade: fruto da própria noção de Estado de Direito, as atividades do gestor público estão submissas a
forma da lei. A legalidade promove maior segurança jurídica para os administrados, na medida em que proí-
be que a Administração Pública pratique atos abusivos. Ao contrário dos particulares, que podem fazer tudo
aquilo que a lei não proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe é expressamente autorizado por lei;
z Impessoalidade: a atividade da Administração Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado haver qual-
quer forma de tratamento diferenciado entre os administrados. Esse princípio apresenta algumas vertentes
que são importantes conhecer. A primeira diz respeito à finalidade: há uma forte relação entre a impessoalida-
de e a finalidade pública, pois quem age por interesse próprio não condiz com a finalidade do interesse públi-
co. A outra vertente diz respeito a pessoa do administrador, pois a atividade administrativa é considerada de
seus órgãos e pessoas jurídicas, e nunca de seus agentes; pessoas físicas. Esse é o fundamento da chamada
“Teoria do Órgão”. Por causa disso, é vedada a possibilidade do agente público de utilizar os recursos da Admi-
nistração Pública para fins de promoção pessoal, conforme aponta o § 1º do art. 37 da CF, de 1988;
z Moralidade: a Administração impõe a seus agentes o dever de zelar por uma “boa-administração”, buscando
atuar com base nos valores da moral comum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade. A moralidade não é
somente um princípio, mas também requisito de validade dos atos administrativos;
z Publicidade: a publicação dos atos da Administração promove maior transparência e garante eficácia erga
omnes. Além disso, também diz respeito ao direito fundamental que toda pessoa tem de obter acesso a infor-
mações de seu interesse pelos órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse direito ponha em risco a vida dos
particulares ou o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos;
z Eficiência: implementado pela reforma administrativa promovida pela Emenda Constitucional nº 19 de 1998,
a eficiência se traduz na tarefa da Administração de alcançar os seus resultados de uma forma célere, pro-
movendo melhor produtividade e rendimento, evitando gastos desnecessários no exercício de suas funções.
A eficiência fez com que a Administração brasileira adquirisse caráter gerencial, tendo maior preocupação
na execução de serviços com perfeição ao invés de se preocupar com procedimentos e outras burocracias. A
adoção da eficiência, todavia, não permite à Administração agir fora da lei, não se sobrepõe ao princípio da
legalidade;
Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito constitucional. Existem outros princípios cuja previ-
são não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação infraconstitucional, sendo reconhecidos tanto pela
doutrina como pela jurisprudência. É o caso do disposto no caput do art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999:
Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
eficiência.
Princípio da Autotutela
A autotutela é um princípio que diz respeito ao controle interno que a Administração Pública exerce sobre
os seus próprios atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo ilícito ou que seja inconveniente e
contrário ao interesse público, não é necessária a intervenção judicial para que a própria Administração anule
ou revogue esses atos.
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, quis o legislador que a Administração possa, dessa
forma, promover maior celeridade na recomposição da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior
proteção ao interesse público contra os atos inconvenientes.
163
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784, de Quanto ao momento correto para sua apresenta-
1999: ção, entende-se que a motivação pode ocorrer simul-
taneamente, ou em um instante posterior a prática do
Art. 53 A Administração deve anular seus próprios ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motiva-
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode ção intempestiva, isso é, aquela dada em um momen-
revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni- to demasiadamente posterior, é causa de nulidade do
dade, respeitados os direitos adquiridos. ato administrativo.
z Quanto à finalidade
INOVAÇÕES INTRODUZIDAS PELA Serviços administrativos: são os serviços
CONSTITUIÇÃO DE 1988 que a Administração executa para atender às
suas necessidades internas ou preparar outros
SERVIÇOS ESSENCIALMENTE PÚBLICOS E serviços que serão prestados ao público. São,
SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA assim, os serviços característicos da Adminis-
tração Pública. Um exemplo diferente e que
Os serviços públicos podem ser dos mais variados não mencionamos até agora é o caso do servi-
tipos. O professor Hely Lopes Meirelles12 apresenta uma ço da imprensa oficial, que tem como função
boa classificação para os serviços públicos, que podem divulgar todos os atos prestados pelo Poder
ser agrupados com base nos seguintes critérios: Público, promovendo maior transparência e
Como vimos, os serviços públicos podem ser executados diretamente pelo Poder Público, ou indiretamente
por terceiros, que podem ser pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado. Aqui há uma delegação da
competência administrativa. Resta saber quais são as principais formas de delegação dos serviços públicos, são
três: concessão, permissão e autorização
O termo “concessão” é empregado para designar a atividade da Administração Pública de delegar ao particu-
lar a prestação de um serviço, ou a execução de obra pública, ou ainda o uso de bem público.
Concessão de serviço público é o contrato pelo qual a Administração promove a prestação indireta de um ser-
viço, delegando-o a particulares. Exemplos: a construção de linha ferroviária ou metrô para transporte de passagei-
ros, transmissão áudio sonora (rádio) ou por imagens e sons (televisão), etc. Possui previsão legal na Lei nº 8.987, de
1995 (Lei de Concessões dos Serviços Públicos), bem como previsão constitucional no art. 175 da CF, de 1988:
Dessa forma, podemos concluir que a prestação do serviço público pode ocorrer diretamente pela Adminis-
tração Pública, ou indiretamente, mediante delegação do serviço a concessionários e permissionários que, por
expressa determinação legal, necessita de prévio procedimento de licitação.
A concessão de serviço público é contrato administrativo bilateral, o que significa que depende, para a sua
formação, além dos requisitos essenciais a todo negócio jurídico dispostos no art. 104 do Código Civil (agente
capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei), a convergência de vontades distintas. Temos de um lado
o poder concedente, que tem por objetivo a execução do serviço público em prol da coletividade; e do outro, a
entidade concessionária que deve executar o serviço, com o objetivo de lucrar mediante a arrecadação de tarifas
dos usuários beneficiados com aquele serviço. O contrato deve ser obrigatoriamente por escrito e rege-se pelas
regras de Direito Administrativo.
Ao mencionar a transferência para pessoa jurídica privada, quis o legislador que a delegação do serviço
não pudesse, em regra, ser feita a pessoas físicas, mas somente à empresa ou a um consórcio de empresas. É o
caso, por exemplo, da Sabesp, que é sociedade de economia mista, na prestação do serviço de abastecimento de
água no Estado de São Paulo.
Essa modalidade de contrato tem por objeto a prestação de serviço público. A delegação ocorre apenas sobre
a execução do serviço, nunca sobre sua titularidade, que continua sendo do poder concedente.
Apesar de a execução do serviço público não ser feita pelo poder concedente, a legislação (art. 29, da Lei nº
8.987, de 1995) prevê outras obrigações para o Estado. São deveres do poder concedente:
Art. 29 [...]
I - Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço concedido. A fiscalização é uma forma de exercício de controle
da execução do serviço público, pois por mais que o Estado não esteja realizando a execução do serviço per si, nada
impede que ele possa fiscalizar se a execução está ocorrendo de forma correta. Ele pode mandar um agente vincula-
do à Administração, ou um terceiro contratado justamente para esse fim.
II - Intervir na execução do serviço, nos casos previstos em lei. A intervenção advém do próprio ato de fiscalização:
se a execução do serviço não se mostrar adequada ou estiver conforme o que foi explícito no contrato, o poder con-
cedente pode requisitar a paralisação da execução, por exemplo.
III - Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou no contrato. As penalidades pela inexecução do serviço público estão
166 previstas no artigo 87 da Lei nº 8.666, de 1993, podendo variar de uma simples advertência, multa, ou até mesmo
uma declaração de inidoneidade para licitar ou indenização do particular, que teve sua proprieda-
contratar com a Administração Pública enquanto de privada obstruída.
perdurarem os motivos determinantes da punição V - Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros
ou até que seja promovida a reabilitação. necessários à prestação do serviço. Todos os encar-
IV - Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas gos do serviço público ficam a cargo do concessio-
cobradas. A revisão é uma ferramenta que pode ser nário. Logo, faz parte dessa lógica que ele deve ter
utilizada tanto na fase de estipulação do contrato, poder de decisão sobre os recursos econômicos e
como na fase de execução do serviço público. Se res- financeiros relacionados com a prestação do servi-
tar comprovado que a tarifa de um serviço público ço público.
se tornou demasiadamente alta, é possível realizar
alguns ajustes. Contudo, esses ajustes geralmente Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987, de 1995 dispõe
são muito pequenos, e geralmente costumam ser sobre as modalidades de extinção da concessão do
para elevar o preço da tarifa, e não para diminuí-la. serviço público. São seis ao todo:
V - Atender as reclamações e outras queixas advin-
das dos usuários, zelando pela boa qualidade
z Advento do termo contratual: trata-se da extin-
do serviço. Não faria muito sentido os usuários
ção do contrato pelo encerramento de seu prazo
mandarem suas reclamações pela má qualidade
do serviço prestado para justamente a concessio- de vigência. É a extinção natural do contrato, haja
nária que está executando o referido serviço. Tais vista que nosso direito não admite contrato de con-
reclamações são recebidas pelo superior na linha cessão por prazo indeterminado;
hierárquica, para que ele possa tomar as medidas z Encampação ou resgate: nos termos do art. 37 da
cabíveis. Lei nº 8.987, de 1995, é “a retomada do serviço pelo
VI - Declarar os bens necessários à execução do poder concedente durante o prazo da concessão, por
serviço de necessidade ou utilidade pública. Pode motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
ocorrer que a concessionária, para equilibrar o seu específica e após prévio pagamento da indenização
patrimônio, pretenda promover a alienação de um [...]”. Aqui, não ocorreu nenhum tipo de infração de
ou mais bens. Porém, o poder concedente pode atri- algum termo do contrato, o concessionário simples-
buir alguns limites, declarando esses bens como de mente abandonou a execução do contrato (é muito
necessidade, ou de utilidade pública. Dessa forma, comum algumas dessas empresas “desaparecerem”
esses bens tornam-se inalienáveis, e também impe- no meio da prestação do serviço). Por isso, não é
nhoráveis, o que significa que a concessionária não
possível aplicar sanções ao contratado;
pode se dispor deles livremente.
z Caducidade: é a modalidade em que a execução
do serviço não é realizada, no todo ou em parte,
Por outro lado, incumbe à concessionária do servi-
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à
ço público as seguintes tarefas: (art. 31 da Lei nº 8.987,
concessionária. A caducidade deve ser declarada,
de 1995):
havendo a ocorrência de um dos eventos descri-
tos no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987, de 1995, tais
Art. 29 [...]
z Formação: fase inicial, caracterizada pela incerteza. Inicia-se a definição de propósito, da estrutura e da lide-
rança. Os membros começam a se reconhecer como participantes;
z Conflito (agitação, tormenta, ebulição): é a fase de ajustes e de resistência ao controle e aos limites impostos pelo
grupo. O líder passa a coordenar os trabalhos, negociando e ajustando as disputas e as responsabilidades de cada um;
z Normalização (acordo, estabilização, confiança): nesta fase desenvolvem-se os relacionamentos, a coesão
e os papeis são definidos;
z Desempenho (execução): é a fase da produtividade, a energia se move para a tarefa e para o trabalho. Cria-se
uma grande sinergia entre os membros;
z Desintegração (dispersão): com a conclusão das atividades e a entrega do trabalho, a equipe é desfeita. Ini-
cia-se um novo processo.
z Conhecimento: é o saber. É a busca contínua do aprendizado, capacidade de aprender. É adquirido por meio
da formação educacional;
z Habilidade: é o saber fazer. É a transformação do conhecimento em resultado por meio da utilização e aplica-
ção do conhecimento para resolver problemas e/ou inovar. É conquistada por meio da experiência profissional;
z Atitude: é saber fazer acontecer. É a busca pela autorrealização do seu potencial com determinação, responsabili-
dade, comprometimento, motivação, confiança e iniciativa. São os atributos pessoais, intrínsecos a cada indivíduo.
Conhecimentos
(Saber)
COMPETÊNCIA
Habilidades Atitudes
(Saber Fazer) (Querer Fazer)
Dica
Para nunca mais esquecer, utiliza-se o mnemônico C. H. A. da Competência, ou seja, Conhecimento, Habili-
dade e Atitude.
169
FATORES POSITIVOS DO RELACIONAMENTO Já a compreensão mútua consiste na busca do
consenso entre diversas opiniões e é uma importante
Em regra, o trabalho em equipe costuma tomar característica de equipe de alto desempenho. Atual-
mais tempo e consumir mais recursos do que o traba- mente, as organizações procuram formar as equipes
lho individual. Desse modo, para serem considerados com a máxima diversidade, permitindo assim dife-
mais viáveis, os benefícios das equipes devem superar rentes opiniões e um enriquecimento das decisões.
os seus custos. Em regra, o atrito e as hostilidades interpessoais,
Neste sentido, o sucesso do desempenho de uma inerentes aos conflitos de relacionamento, reduzem a
equipe está estreitamente ligado aos fatores positivos compreensão mútua, o que impede a realização das
do relacionamento de seus membros. Esse relacio- tarefas organizacionais.
namento de cooperação, além de trazer benefícios e Desse modo, é crucial ao gestor conhecer as melho-
resultados vantajosos para os membros da equipe, res práticas de gerenciamento de conflitos e liderar a
proporciona a organização um fortalecimento da cul- equipe para a total sinergia, e consequentemente ao
tura organizacional. alto desempenho.
Equipes eficazes são aquelas em que o somatório
de fatores positivos se sobressai dos fatores negativos.
São fatores positivos detectados em equipes eficazes:
z Ética: a ética é a parte da filosofia que estuda a Cidadão: pessoa que faz Moral: conceito temporal,
moral, ou seja, temos uma ciência — a filosofia — parte de uma comunidade, limitado e correspondente
possuindo direitos e a uma realidade — define
e, dentro dela, uma grande área — a ética. A moral deveres concomitantes valores
é um campo de estudo dentro da ética. Esse cam-
po reflete e questiona sobre as regras morais. Uma
ação ética pode ser um tipo de comportamento Regras jurídicas: são as Valores: oriundos da moral,
regrado por princípios e valores morais; leis, positivadas por meio são usados para construir
do sistema legislativo ou regras jurídicas, morais ou
dos decretos executivos de costume
Filosofia
Regras morais: definições de
certo ou errado que não são
leis no seu sentido formal
Ética
Importante
Moral
Immanuel Kant diferencia o direito da moral de
forma bastante objetiva:
� A moral relaciona-se com as condutas que res-
peitam o dever, o amor e o bem;
� O direito preocupa-se com a conduta e com
seus aspectos exteriores.
Vínculo
Participação
de
política
pertencimento
ELEMENTOS
DA
CIDADANIA
Direitos
e
deveres
Neste sentido, conforme o mestre Marshal, a cidadania moderna pode ser entendida como um status conce-
dido àqueles que pertencem a uma sociedade, possuindo igualdade nos seus direitos e obrigações pertinentes ao
Estado.
Esse conjunto de direitos e obrigações é identificado em 3 dimensões (gerações) de direitos. São elas:
Dica
As dimensões estão na ordem do lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Inferimos, assim, que a cidadania é a grande possibilidade de o indivíduo participar ativamente da vida social
e política do seu país. Nesta senda, é importante conhecer o brilhante ensinamento sobre esse tema do mestre
Dalmo Dallari, o qual já foi cobrado em diversas provas de concursos:
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do
governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de deci-
sões, ficando em uma posição de inferioridade dentro do grupo social.14
Por fim, percebemos que a cidadania está em permanente construção, sendo uma verdadeira conquista da
sociedade, através daqueles que lutam por um mundo mais justo, com mais direitos, maior liberdade e melhores
garantias individuais e coletivas.
172 14 DALLARI, D. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p. 14.
Em provas, é comum que o examinador traga
LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA probidade e moralidade como sinônimos e essa vem
- LEI 8.429, DE 1992 sendo a regra nas provas, mas é importante que
você saiba essa sutil diferença caso a banca queira
No dia 26 de outubro de 2021 foi publicada a Lei aprofundar.
nº 14.230, de 2021, que traz alterações significativas à
Lei de Improbidade Administrativa — Lei nº 8.429, de Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de
1992. Faremos a análise da Lei de Improbidade apon- improbidade administrativa tutelará a probidade
tando tais alterações. A improbidade administrativa na organização do Estado e no exercício de suas
tem fundamento no princípio da moralidade e no § 4º, funções, como forma de assegurar a integrida-
art. 37, da Constituição Federal: de do patrimônio público e social, nos termos
desta Lei.
Art. 37 [...]
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- A primeira mudança importante da lei é que os
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda atos de improbidade passam a depender de uma con-
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o duta dolosa, ou seja, não é mais admitida a modalida-
ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre- de culposa nos atos de improbidade.
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. O § 2º traz o conceito de dolo. Além disso, é impor-
Dica tante que você saiba que o dolo aqui descrito é o dolo
específico, ou seja, a intenção de alcançar o resultado.
Para memorizar as sanções do mencionado arti- Exemplo: um servidor frauda a licitação para benefi-
go, utilize o mnemônico PARIS: ciar um amigo.
Perda da função pública
Ação penal § 1º Consideram-se atos de improbidade adminis-
Ressarcimento trativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º,
Indisponibilidade dos bens 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em
Suspensão dos direitos políticos leis especiais.
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de
Nesse sentido, percebe-se que a Administração alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e
Pública, além da legalidade formal, precisa observar, 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente.
também, os princípios éticos de lealdade, da boa-fé e § 3º O mero exercício da função ou desempenho de
competências públicas, sem comprovação de ato
de regras que assegurem a boa administração.
doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade
O art. 1º dispõe que o sistema de responsabiliza-
por ato de improbidade administrativa.
ção por atos de improbidade administrativa tutelará
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disci-
a probidade na organização do Estado. E qual seria a
plinado nesta Lei os princípios constitucionais do
diferença entre probidade e moralidade? Existe dife-
direito administrativo sancionador.
Conforme dispõe o § 6º, se um agente estiver sendo processado pelo mesmo fato nas três esferas (criminal, civil
e administrativa) e ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano em sede de improbidade adminis-
trativa deverá deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias referidas.
O § 10 fala sobre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença condenatória. A sentença condenató-
ria transitada em julgado é aquela da qual não caiba mais recurso, tornando-se definitiva. Já a decisão colegiada
é a decisão proferida em 2ª instância. Sendo assim, a contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos
políticos será a partir da condenação em 2ª instância.
Importante lembrar, também, que as sanções trazidas no art. 12 só podem ser executadas após o trânsito
em julgado da sentença condenatória que será proferida após o regular processo judicial que garanta contra-
ditório e ampla defesa ao acusado.
Percebe-se que a parte das disposições gerais da lei, o capítulo referente aos atos de improbidade e o capítulo
das penas são os mais cobrados em provas de concursos. É claro que tudo que está previsto na lei pode ser abor-
dado em provas, mas já que esse é um dos tópicos de maior incidência, segue um quadro para facilitar a memori-
zação das sanções previstas na lei.
Multa civil Valor do acréscimo patrimonial Valor do dano Até 24X o valor da remuneração
Proibição de contratar
ou receber benefícios Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
fiscais
Importante: Ressarcimento integral do dano → aplicável sempre que houver dano efetivo.
DA DECLARAÇÃO DE BENS
Na redação anterior, ou o agente entregava a declaração de bens elaborada por ele mesmo ou poderia de
forma facultativa entregar a cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na
conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza.
Na atual redação, o agente deve entregar a declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Fede-
ral (Declaração de Imposto de Renda). Tal declaração deve ser atualizada anualmente e na data em que o agente
público deixar o cargo. Se o agente deixar de prestar a declaração ou prestá-la falsa, sofrerá a pena de demissão.
Art. 13 A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração de impos-
to de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal
do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1º (Revogado).
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data em que o
agente público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recu-
sar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do prazo determinado ou que
prestar declaração falsa.
§ 4º (Revogado).
O procedimento administrativo é realizado internamente com o intuito de investigar o suposto ato praticado por
um agente público. O início do processo administrativo pode dar-se de ofício, ou seja, pela própria administração
ou mediante representação de qualquer pessoa. Após a representação, a autoridade determinará a apuração dos
fatos, observada a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente; se for um agente
federal, por exemplo, o procedimento observará a Lei nº 8.112, de 1990.
180
Já o processo judicial é instaurado no Judiciário a indisponibilidade. Além disso, não existe mais o
mediante petição apresentada pelo Ministério Públi- sequestro de bens na lei.
co, que é o titular da referida ação, para aplicação das
penalidades referidas no art. 12 aos agentes públicos e Art. 16 Na ação por improbidade administrativa
aos particulares que, mesmo não sendo agentes públi- poderá ser formulado, em caráter antecedente
cos, induzam ou concorram dolosamente para a práti- ou incidente, pedido de indisponibilidade de
ca do ato de improbidade. bens dos réus, a fim de garantir a integral recom-
São procedimentos independentes; no processo posição do erário ou do acréscimo patrimonial
administrativo serão aplicadas as sanções de natureza resultante de enriquecimento ilícito.
administrativa, podendo inclusive ser aplicada a pena § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
de 2021)
de demissão. O processo administrativo é mais rápi-
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que
do e a decisão de demissão em âmbito administrativo
se refere o caput deste artigo poderá ser formu-
produz efeitos imediatos em decorrência dos princí-
lado independentemente da representação de
pios da autoexecutoriedade e da presunção de legiti- que trata o art. 7º desta Lei.
midade dos atos. Sendo assim, a entidade que sofreu § 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibili-
a lesão poderá instaurar um processo administrativo, dade de bens a que se refere o caput deste artigo
demitir o agente público e na ação judicial haverá a incluirá a investigação, o exame e o bloqueio
aplicação das demais penalidades referidas na lei. de bens, contas bancárias e aplicações finan-
ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos
Art. 14 Qualquer pessoa poderá representar à termos da lei e dos tratados internacionais.
autoridade administrativa competente para que § 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que
seja instaurada investigação destinada a apurar a se refere o caput deste artigo apenas será defe-
prática de ato de improbidade. rido mediante a demonstração no caso concreto
§ 1º A representação, que será escrita ou redu- de perigo de dano irreparável ou de risco ao
zida a termo e assinada, conterá a qualifica- resultado útil do processo, desde que o juiz se
ção do representante, as informações sobre o convença da probabilidade da ocorrência dos atos
fato e sua autoria e a indicação das provas de descritos na petição inicial com fundamento nos
que tenha conhecimento. respectivos elementos de instrução, após a oitiva
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a repre- do réu em 5 (cinco) dias.
sentação, em despacho fundamentado, se esta
não contiver as formalidades estabelecidas no Importante ressaltar que agora a lei exige a
§ 1º deste artigo. A rejeição não impede a repre- demonstração de perigo irreparável, antes o Supe-
sentação ao Ministério Público, nos termos do rior Tribunal de Justiça entendia que o periculum in
art. 22 desta lei. mora — perigo da demora — era implícito, presumido
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a
no referido dispositivo. Com as alterações, é preciso
autoridade determinará a imediata apuração dos
demonstrar perigo de dano irreparável ou de risco ao
fatos, observada a legislação que regula o processo
administrativo disciplinar aplicável ao agente.
resultado útil do processo.
A nova lei trouxe alguns dispositivos que possivelmente vão gerar uma certa discussão entre doutrinadores e
estudiosos do direito administrativo e talvez você já tenha até lido algum artigo a respeito ou ouviu algum profes-
sor falando sobre isso, mas para provas de concursos, fique com o que está previsto na letra da lei. Para facilitar
o entendimento deste tópico, veja o fluxograma que segue:
A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório
prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que recomen-
dem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.
A lei, em seu § 11, art. 16, traz uma ordem para que o juiz determine a indisponibilidade dos bens, qual seja:
Além disso, existem hipóteses em que a indisponibilidade de bens será vedada, §§ 13 e 14, do art. 16:
z Quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações
financeiras ou em conta corrente;
z Bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.
PROCESSO JUDICIAL
No texto anterior da Lei nº 8.429, de 1992, tanto o Ministério Público quanto a pessoa jurídica lesada tinham
legitimidade para dar início à ação judicial de improbidade. Com as alterações trazidas pela Lei nº 14.230, de 2021,
182
o Ministério Público passa a ser o único legitimado § 10-C Após a réplica do Ministério Público, o juiz
para propor a ação. proferirá decisão na qual indicará com precisão
a tipificação do ato de improbidade administrati-
Art. 17 A ação para a aplicação das sanções va imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar
de que trata esta Lei será proposta pelo Minis- o fato principal e a capitulação legal apresentada
tério Público e seguirá o procedimento comum pelo autor.
previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 § 10-D Para cada ato de improbidade administra-
(Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta tiva, deverá necessariamente ser indicado apenas
Lei. um tipo dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e
§ 1º (Revogado). 11 desta Lei.
§ 2º (Revogado). § 10-E Proferida a decisão referida no § 10-C deste
§ 3º (Revogado). artigo, as partes serão intimadas a especificar as
§ 4º (Revogado). provas que pretendem produzir.
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo § 10-F Será nula a decisão de mérito total ou
deverá ser proposta perante o foro do local parcial da ação de improbidade administrati-
onde ocorrer o dano ou da pessoa jurídica va que:
prejudicada. I - condenar o requerido por tipo diverso daquele
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput definido na petição inicial;
deste artigo prevenirá a competência do juízo para II - condenar o requerido sem a produção das pro-
todas as ações posteriormente intentadas que pos- vas por ele tempestivamente especificadas.
suam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. § 11 Em qualquer momento do processo, verificada
§ 6º A petição inicial observará o seguinte: a inexistência do ato de improbidade, o juiz julgará
I - deverá individualizar a conduta do réu e apon- a demanda improcedente.
tar os elementos probatórios mínimos que demons- § 12 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
trem a ocorrência das hipóteses dos arts. 9º, 10 e de 2021)
11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossibilidade § 13 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
devidamente fundamentada; de 2021)
II - será instruída com documentos ou justificação § 14 Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurí-
que contenham indícios suficientes da veracidade dica interessada será intimada para, caso queira,
dos fatos e do dolo imputado ou com razões fun- intervir no processo.
damentadas da impossibilidade de apresentação § 15 Se a imputação envolver a desconsideração de
de qualquer dessas provas, observada a legislação pessoa jurídica, serão observadas as regras previstas
vigente, inclusive as disposições constantes dos nos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de
arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
2015 (Código de Processo Civil). § 16 A qualquer momento, se o magistrado
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as identificar a existência de ilegalidades ou
tutelas provisórias adequadas e necessárias, de irregularidades administrativas a serem
nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105, de sanadas sem que estejam presentes todos os
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). requisitos para a imposição das sanções aos
A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe de forma mais detalhada os requisitos para que se possa realizar um acordo de
não persecução civil no âmbito da improbidade administrativa. Trata-se de um acordo celebrado entre o Minis-
tério Público e pessoas físicas ou jurídicas investigadas pela prática de improbidade administrativa com o intuito
de não prosseguir com a ação caso o acordo seja aceito e homologado pelo Judiciário; entretanto, para a aplicação
desse acordo, devem ser observados alguns requisitos, veja:
Art. 17-B O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concreto, celebrar acordo de não
persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados:
I - o integral ressarcimento do dano;
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de agentes privados.
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo dependerá, cumulativamente:
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à propositura da ação;
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério Público competente para
apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da ação;
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois do ajuizamento da
ação de improbidade administrativa.
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo considerará a personalidade
do agente, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de improbidade, bem
como as vantagens, para o interesse público, da rápida solução do caso.
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas
competente, que se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo de 90 (noventa) dias.
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser celebrado no curso da investigação de apuração
do ilícito, no curso da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória.
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério
Público, de um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá contemplar a adoção de mecanismos e procedi-
mentos internos de integridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação
efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras
medidas em favor do interesse público e de boas práticas administrativas.
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará
impedido de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do conhecimento pelo Ministério Público do
efetivo descumprimento.
184
O acordo de não persecução civil poderá ser reali- pessoal previstas nesta Lei, e não constitui
zado em 3 momentos: ação civil, vedado seu ajuizamento para o con-
trole de legalidade de políticas públicas e para a
z No curso da investigação de apuração do ilícito; proteção do patrimônio público e social, do meio
z No curso da ação de improbidade; ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e
z No momento da execução da sentença individuais homogêneos.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o
condenatória.
controle de legalidade de políticas públicas e a res-
ponsabilidade de agentes públicos, inclusive polí-
O art. 17-C estabelece que a sentença deverá obser- ticos, entes públicos e governamentais, por danos
var, além dos requisitos previstos no Código de Pro- ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direi-
cesso Civil, também os trazidos na lei. Destaca-se que tos de valor artístico, estético, histórico, turístico
o § 2º fala sobre a hipótese de litisconsórcio passivo, e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso ou
que ocorre quando se tem mais de um réu no proces- coletivo, à ordem econômica, à ordem urbanística,
so. Nessas circunstâncias, a lei prevê que a condena- à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou
ção ocorrerá no limite da participação e dos benefícios religiosos e ao patrimônio público e social subme-
diretos de cada um, vedada qualquer solidariedade; tem-se aos termos da Lei nº 7.347, de 24 de julho
ou seja, cada réu responderá pela sua participação ou de 1985.
de acordo com os seus benefícios em decorrência da Art. 18 A sentença que julgar procedente a
prática do ato ilícito. ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei con-
denará ao ressarcimento dos danos e à perda
Art. 17-C A sentença proferida nos processos a que ou à reversão dos bens e valores ilicitamente
se refere esta Lei deverá, além de observar o dispos- adquiridos, conforme o caso, em favor da pes-
to no art. 489 da Lei nº 13.105, de 16 de março de soa jurídica prejudicada pelo ilícito.
2015 (Código de Processo Civil): § 1º Se houver necessidade de liquidação do
I - indicar de modo preciso os fundamentos que dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá
demonstram os elementos a que se referem os arts. a essa determinação e ao ulterior procedimen-
9º, 10 e 11 desta Lei, que não podem ser presumidos; to para cumprimento da sentença referente ao
II - considerar as consequências práticas da deci- ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou
são, sempre que decidir com base em valores jurí- à reversão dos bens.
dicos abstratos; § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais as providências a que se refere o § 1º deste arti-
do gestor e as exigências das políticas públicas a go no prazo de 6 (seis) meses, contado do trân-
seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos adminis- sito em julgado da sentença de procedência da
trados e das circunstâncias práticas que houve- ação, caberá ao Ministério Público proceder
rem imposto, limitado ou condicionado a ação do à respectiva liquidação do dano e ao cumpri-
agente; mento da sentença referente ao ressarcimento
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de do patrimônio público ou à perda ou à rever-
são dos bens, sem prejuízo de eventual responsa-
O art. 18-A traz a possibilidade de unificação das penas. Após o juiz proferir a sentença judicial transitada em
julgado, da qual não caiba mais recurso, a próxima fase é cumprir o que foi determinado na sentença. Nessa fase
de cumprimento, o juiz unificará, ou seja, vai reunir eventuais sanções aplicadas com outras já impostas em
outros processos da seguinte forma:
z Se houver continuidade de ilícito, o juiz aplica a maior sanção aumentada de 1/3 (um terço), ou soma as
penas optando por aquilo que for mais benéfico ao réu;
z No caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.
Importante!
Nas hipóteses do art. 18-A, a suspensão de direitos políticos e a proibição de contratar ou de receber incentivos
fiscais observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos (parágrafo único, do art. 18-A).
Natureza repressiva,
caráter sancionatório
(art. 17-D)
Importante: não existe mais a defesa preliminar; o requerido já será citado para apresentar a contestação.
As sanções trazidas na Lei de Improbidade Administrativa têm natureza repressiva, de caráter sancionatório.
O único momento em que a lei trata de alguma sanção penal é no art. 19, mas nesse caso a sanção será aplicada
ao denunciante e não ao agente que cometeu ato de improbidade.
Art. 19 Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
cargo, do emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instru-
ção processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por
igual prazo, mediante decisão motivada.
Muitas pessoas acham estranho quando se fala que o afastamento do agente público do exercício do cargo,
emprego ou função ocorrerá sem prejuízo da sua remuneração, mas isso ocorre em decorrência da presunção de
inocência. Todos se presumem inocentes até que se prove o contrário por meio do devido processo legal.
Portanto, enquanto não houver uma decisão condenatória, não é possível que o servidor seja, desde já, conde-
nado a perder sua remuneração. Esse afastamento ocorrerá quando for necessário para a instrução processual ou
para evitar o cometimento de novos ilícitos. Por não ser uma sanção, deverá ter prazo determinado de até 90 dias,
podendo ser prorrogado mais uma vez por igual prazo. O afastamento não é por 90 dias e sim por até 90 dias,
186 sendo assim, se o for determinado que o agente se afaste por 60 dias, a prorrogação só poderá ser por mais 60 dias.
Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento e às condutas
previstas no art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de
Contas.
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão considerados pelo juiz quando tiverem servido de funda-
mento para a conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as correspondentes decisões deverão ser consideradas na
formação da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na conduta do agente. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem
pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão colegiada, impede
o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição pre-
vistos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser compensadas com as sanções apli-
cadas nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 22 Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14
desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a ins-
tauração de inquérito policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido ao investigado a oportunidade
de manifestação por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações e auxiliem na
elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
A ABSOLVIÇÃO CRIMINAL EM AÇÃO QUE DISCUTA OS MESMOS FATOS, CONFIRMADA POR DECISÃO
COLEGIADA:
Impede o trâmite da ação de improbidade, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previs-
tos no CPP
DA PRESCRIÇÃO
Tese de repercussão geral STF nº 897 São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática
de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.17
Com as alterações da Lei nº 14.230, de 2021, o prazo prescricional passou a ser de 8 (oito) anos em todas as
hipóteses e a contagem se dá a partir da ocorrência do fato.
Art. 23 A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da
ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência. (Redação
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - (revogado);
II - (revogado);
III - (revogado);
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para apuração dos ilícitos referidos
nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias corridos, reco-
meçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 (trezentos e ses-
senta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
17 [Lei 8.429, de 1992, arts. 9 a 11 (1)]. RE 852475/SP, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 8.8.2018.
(RE-852475) 187
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias,
se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - pela publicação da sentença condenatória;
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma
sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão condenatório
ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão condenatório ou
que reforma acórdão de improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela metade do prazo
previsto no caput deste artigo.
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que concorreram para a
prática do ato de improbidade.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a
qualquer deles estendem-se aos demais.
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a requerimento da parte inte-
ressada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre os
marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo.
z Suspensão: após a instauração de inquérito civil ou de processo administrativo, o prazo prescricional suspen-
de por até 180 dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo,
esgotado o prazo de suspensão;
z Interrupção: após a ocorrência das hipóteses previstas, volta a contar o prazo do zero.
Os conceitos de interrupção e suspensão são trazidos pela doutrina e é importante saber a diferença entre os
institutos para entender o conteúdo.
O § 5º traz uma inovação, que é a prescrição intercorrente. Essa modalidade de prescrição só ocorre depois
da apresentação da ação de improbidade, ou seja, ocorre dentro do processo e será contada pela metade.
Exemplo: um agente praticou um ato de improbidade há 6 anos, o Ministério Público apresenta a ação e no dia
da apresentação o prazo será interrompido. Na interrupção o prazo volta a contar do zero, ou seja, com a apre-
sentação da Ação de Improbidade Administrativa pelo Ministério Público voltaríamos a contar os 8 anos, mas na
prescrição intercorrente do § 5º o prazo volta a ser contado pela metade, ou seja, 4 anos. Podemos dizer então que
o prazo da prescrição intercorrente será de 4 anos.
Outro ponto importante é sobre a possibilidade de o Ministério Público, de ofício, a requerimento de auto-
ridade administrativa ou mediante representação, instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo
assemelhado e requisitar a instauração de inquérito policial para apurar os ilícitos.
Percebe-se aqui algumas possibilidades trazidas pela lei para que o Ministério Público possa obter os ele-
mentos necessários para a instauração da ação de improbidade administrativa. E conforme os §§ 2º e 3º, art. 23,
o inquérito civil deve respeitar o prazo de 365 dias, podendo ser prorrogado uma única vez por igual período.
Importante!
O prazo do inquérito civil é de 365 dias corridos, prorrogável uma vez por igual período mediante fundamen-
tação, ou seja, 365 + 365. Cuidado com as provas: são 365 dias e não 1 ano.
Art. 23-A É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e políticos que atuem com
prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa.
Art. 23-B Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolu-
mentos, de honorários periciais e de quaisquer outras despesas.
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais despesas processuais serão pagas ao final.
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação de improbidade se com-
provada má-fé.
188
Art. 23-C Atos que ensejem enriquecimento ilícito, a) funcional
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbara- b) linha-staff
tamento ou dilapidação de recursos públicos dos c) matricial
partidos políticos, ou de suas fundações, serão res- d) projetizada
ponsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de e) linear
setembro de 1995.
Das Disposições Finais 3. (IDECAN — 2019) Toda empresa é uma organização,
Art. 24 Esta lei entra em vigor na data de sua porém nem toda organização é uma empresa. São
publicação. características de uma organização:
Art. 25 Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de
junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e
a) a geração de lucratividade e de riquezas e a forma
demais disposições em contrário.
como os lucros são distribuídos.
b) qualquer grupo social formado por pessoas, com uma
REFERÊNCIAS
série de tarefas e uma administração.
c) são empreendimentos saudáveis e seus conflitos não
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da são duradouros.
República Federativa do Brasil de 1988. Brasí- d) são flexíveis e possuem enorme capacidade de
lia, DF: Presidência da República. Disponível em: ajustamento.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ e) possuem identidade própria, cultura específica que,
constituicao.htm. Acesso em: 26 set. 2022. normalmente, é repassada de pai para filho.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Portal da Câmara
dos Deputados, 2022. Disponível em: https://www.
4. (IDECAN — 2019) Uma organização é um organismo
camara.leg.br/. Acesso em: 26 set. 2022.
vivo que busca a sobrevivência e, como os seres vivos,
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito
busca também a vida, a longevidade e a melhoria con-
Administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2019.
tínua. Neste contexto, Barnard se concentra em três
CARVALHO, M. Manual de Direito Administrati-
elementos considerados essenciais para que as orga-
vo. 9ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
nizações possam prosperar:
CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
Guia da política de governança pública. Brasília:
a) formalização, racionalidade e hierarquia.
Casa Civil da Presidência da República, 2018.
b) integração pessoal, atividades pessoais e forças
CASTRO JÚNIOR, R. de. Manual de Direito Admi-
coordenadas.
nistrativo. 1ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
c) estrutura elaborada, autoridade e responsabilidades.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 33ª Ed.
d) divisão do trabalho, objetivo e desempenho.
São Paulo: Atlas, 2020.
e) comunicação, motivação e o propósito comum.
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasi-
leiro. 44ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
5. (IDECAN — 2019) As organizações somente sobrevi-
MELLO, C. A. B. Curso de Direito Administrativo.
vem, crescem ou se tornam bem-sucedidas através de
17. (IDECAN — 2019) A organização administrativa da 20. (IDECAN — 2022) O fenômeno através do qual a Admi-
União está cercada de entidades da chamada Admi- nistração Pública cria autarquias e fundações públi-
nistração Indireta, entre elas as empresas públicas e cas é chamado de
as sociedades de economia mista.
a) descentralização.
Nesse cenário, assinale a alternativa correta. b) deslegalização.
c) desregulação.
a) Somente por lei complementar poderá ser criada uma d) desconcentração.
empresa pública. 191
21. (IDECAN — 2021) As prerrogativas especiais da Admi- 25. (IDECAN — 2021) De acordo com a Lei Federal nº
nistração Pública de desapropriar, requisitar bens, 8.429/92, que dispõe sobre as sanções aplicáveis em
rescindir unilateralmente contratos administrativos, virtude da prática de atos de improbidade administra-
convocar particulares para prestar serviços públicos tiva, quando o agente público concorre para que tercei-
decorrem do princípio ro se enriqueça ilicitamente, está configurado(a)
10 E
11 C
12 D
13 C
14 A
15 E
16 E
17 D
18 E
19 D
20 A
21 A
22 D
23 A
24 B
25 D
26 B
27 E
ANOTAÇÕES
193
ANOTAÇÕES
194
de ir e vir (liberdade de locomoção). Garantias são os
instrumentos através dos quais se assegura o exercí-
cio do referido direito, tanto preventivamente, como,
por exemplo, o habeas corpus, quanto repressivamen-
NOÇÕES DE DIREITO
te, quando, por exemplo, busca assegurar a sua repa-
ração no caso de violação.
Antes de adentrar no estudo dos direitos e garan-
CONSTITUCIONAL tias fundamentais propriamente ditos, é importante
conhecermos suas características. A primeira delas é
a universalidade, ou seja, os direitos e garantias fun-
damentais aplicam-se a todos os indivíduos.
A historicidade é outra característica a ser men-
DIREITOS E GARANTIAS cionada, uma vez que os direitos e garantias são frutos
FUNDAMENTAIS de um desenvolvimento histórico, ou seja, são traça-
dos e estruturados de acordo com o desenvolvimento
Antes de adentrarmos especificamente no tema, da própria sociedade. Considerar o contexto histórico
é válido fazermos uma breve introdução quanto às é extremamente importante para se entender o por-
gerações dos direitos fundamentais. quê da proteção dada pelos direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais são segregados em gera- Como exemplo, pode-se citar as políticas afirmativas,
ções devido ao fato de não terem surgido todos ao como a política de quotas em concursos públicos.
mesmo tempo; portanto, são classificados conforme a Além dessas, os direitos e garantias fundamen-
doutrina majoritária em: tais têm, como característica, a inalienabilidade. Por
terem a liberdade, a justiça e a paz como fundamento,
z Direitos de Primeira Geração: os quais se tradu- não podem ser transferidos ou negociados. Assim, são
zem na liberdade quanto à atuação do Estado nas conferidos a todos os indivíduos, que deles não podem
ações de indivíduo. Aqui estão compreendidos os se desfazer, porque são indisponíveis, tendo em vista
direitos civis e políticos; a proteção da pessoa humana.
z Direitos de Segunda Geração: aqui compreen- A imprescritibilidade também é uma de suas
didos os direitos decorrente das obrigações do características, visto que não deixam de ser exigíveis
Estado em prol dos indivíduos (direito à saúde, em razão da falta de uso, ou seja, não prescrevem. Por
educação e o direito ao trabalho), tendo como pri- exemplo, o fato de determinada pessoa passar grande
mazia o valor “igualdade”; parte de sua vida sem ter uma religião específica não
z Direitos de Terceira Geração: são os direitos rela- a impede de optar por uma ou outra ou, até mesmo,
por nenhuma, pois seu direito à liberdade de crença
cionado ao valor “fraternidade”. São direitos que
e exercício de culto não se perde em razão do tempo.
vão além do individual; busca-se o bem coletivo
Verifica-se, ainda, a irrenunciabilidade como uma
(ex.: direito a um meio ambiente ecologicamen-
característica importante, na medida que nenhum ser
te equilibrado, direito do consumidor e direito ao
humano pode abrir mão de possuir direitos fundamen-
desenvolvimento).
tais. O indivíduo pode não usufruir deles adequadamen-
te, mas não pode renunciar à possibilidade de exercê-los.
Dica Outra característica dos direitos fundamentais é
Leve em conta os valores compreendidos em a indivisibilidade. Não existe hierarquia entre tais
direitos, pois todos possuem o mesmo valor. Conse-
cada geração (lema da Revolução Francesa),
quentemente, eles são indivisíveis na medida em que,
pois isso também já foi cobrado em muitas
para a garantia de um, pressupõe-se a observância
questões de prova. dos demais. Sendo assim, quando um deles é violado,
� 1ª geração — liberdade os outros também o são.
� 2ª geração — igualdade Por fim, outra característica importante é a limi-
� 3ª geração — fraternidade/solidariedade tabilidade, isto é, os direitos fundamentais não são
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
absolutos, de modo que podem ser limitados sempre
Os direitos e garantias fundamentais estão discipli- que houver uma hipótese de colisão de direitos fun-
nados no Título II, da CF, de 1988. Em síntese, a norma damentais. É da limitabilidade que advém a regra de
constitucional divide tais elementos em cinco grupos, que nenhum direito é absoluto. Por exemplo, mes-
a saber: mo possuindo o direito de locomoção, não é possível
ingressar em uma propriedade alheia fora das hipó-
z Direitos individuais e coletivos; teses previstas na CF, de 1988 (quais sejam: convite,
z Direitos sociais; desastre, flagrante delito, prestar socorro ou ordem
z Direitos de nacionalidade; judicial durante o dia), podendo, inclusive, caracteri-
z Direitos políticos; zar o crime de invasão de domicílio.
z Partidos políticos.
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Neste sentido, conclui-se que os direitos funda-
mentais constituem o gênero, do qual os direitos Os direitos individuais e coletivos estão disciplina-
individuais, coletivos, sociais, nacionais e políticos dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas
são espécies. de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten-
Importante: Direitos e garantias não podem ser so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo),
confundidos. Direitos são bens e vantagens prescritos por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos.
na norma constitucional, como, por exemplo, o direito Vejamos cada uma de suas partes: 195
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin- Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra- mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País tar a todos de maneira igual, independentemente de
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, qualquer condição. Já a igualdade material busca a
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
termos seguintes: direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- desiguais, na medida de sua desigualdade.
rem todos os demais direitos estruturados nos seus
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor- Art. 5º [...]
rem o direito à integridade física e moral, a proibição II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
da pena de morte e a proibição de venda de órgãos. fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei-
ros residentes no país”, não significa que o estrangei- O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
ro não residente não possua direitos, pois os direitos portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
fundamentais são destinados a qualquer pessoa que da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as
se encontre em território nacional. pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo
A CF, de 1988, adota o critério quantitativo para que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou
definir os titulares dos direitos fundamentais, ou seja, deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode
a população brasileira — todos aqueles que residem limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou
em território brasileiro. não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia de máscaras faciais de proteção.
ou da igualdade (“todos são iguais perante a lei, sem Ressalta-se que o princípio da legalidade possui
distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem, duas facetas, sendo uma delas destinada aos parti-
como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem culares e a outra destinada à Administração. A lega-
com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade
brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
tanto o legislador como os aplicadores da lei. ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela-
ção à Administração, seus atos são engessados, sendo
z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de modo assim, somente pode praticar atos dispostos em lei.
a vedar a elaboração de dispositivos que estabele-
çam desigualdades ou privilégio entre as pessoas; Art. 5º [...]
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica- III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar tamento desumano ou degradante;
critérios discriminatórios na aplicação da norma,
salvo nos casos em que a própria norma consti- O inciso III decorre do direito à vida, por decorrer
tucional estabelece a aplicação desigual. Como da violação à integridade humana, tanto física como
exemplo, podem-se citar o caso da exclusão de psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo sofrimento
mulheres e eclesiásticos do serviço militar obriga- físico ou mental como forma de intimidação ou castigo. É,
tório em tempo de paz, ou os casos de existência também, utilizar-se de métodos como forma de anular a
de um pressuposto lógico e racional que justifique personalidade ou diminuir a capacidade física ou metal,
a desequiparação efetuada, como a existência de mesmo que sem dor. Assim, a CF, de 1988, veda tanto a
assentos reservados para gestantes, idosos e pes- tortura como qualquer tipo de tratamento desumano ou
soas com deficiência nos transportes coletivos. degradante. Temos como exemplo prático de tal inciso
a Súmula Vinculante nº 11, a qual dispõe sobre o uso de
Art. 5º [...] algemas, que, se for de forma arbitrária, pode acarretar
I - homens e mulheres são iguais em direitos e em tratamento desumano ou degradante.
obrigações, nos termos desta Constituição;
Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de alge-
O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se mas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou
da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi-
te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são
cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
relativamente recentes, de modo que grande parte da responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
diferenciadas entre homens e mulheres, como, por processual a que se refere, sem prejuízo da respon-
exemplo, a necessidade de autorização marital para sabilidade civil do Estado.
que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como Art. 5º [...]
o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
outros deveres, a administração dos bens do casal. vedado o anonimato;
Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades Todas as pessoas possuem direito atinentes à liber-
legais, como aos operadores do direito, para que não dade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções reli-
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios. giosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuindo,
196 1 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.
portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem Art. 5º [...]
direito de expressar livremente esses pensamentos. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
Assim, o direito à expressão do pensamento, que de assistência religiosa nas entidades civis e
decorre do direito à liberdade de expressão (sendo militares de internação coletiva;
este fundamento do Estado Democrático de Direito),
está disciplinado no inciso IV. O inciso VII é decorrência do direito à liberdade de
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser crença e culto, de modo a garantir aos internados em
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen- estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à assis-
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir. tência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se de que
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado, essa admissão não influi no fato de o Estado ser laico.
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres- Art. 5º [...]
são que decorrem a proibição de censura e a vedação VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
assumam a responsabilidade pelo que exteriorizam.
Além disso, a vedação ao anonimato é aplicada,
O inciso VIII traz a chamada escusa de consciên-
também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o
cia ou objeção de consciência. Trata-se do direito de
recebimento de denúncias anônimas, contudo, isso
não cumprir um serviço obrigatório por razões rela-
não impede que o Estado apure de forma sumária a
cionadas a sua consciência ou crença, de modo a asse-
verossimilhança das alegações.
gurar que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou
políticos em decorrência de tal recusa. Por exemplo:
Art. 5º [...]
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio-
a pessoa que, por questão religiosa, seja contrária ao
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- serviço militar poderá alegar tal imperativo de cons-
rial, moral ou à imagem; ciência em seu alistamento militar. No entanto, a CF,
de 1988, estabelece que, mesmo que dispensada da
A expressão do pensamento é livre, porém, não prática dessa atividade, ela terá que cumprir serviço
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua alternativo.
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém,
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e Art. 5º [...]
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
penalmente. Além disso, a CF, de 1988, estabelece o
artística, científica e de comunicação, indepen-
direito de resposta, ou seja, o exercício do direito de
dentemente de censura ou licença;
defesa da pessoa que foi ofendida em razão da mani-
festação do pensamento de outra, como, por exemplo,
O inciso IX trata da liberdade de expressão das
no caso de notícia inverídica ou errônea. Salienta-se
atividades intelectual, artística, científica e de comu-
por fim que o direito de resposta é aplicado tanto à
nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente,
pessoa física quanto à jurídica.
qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a
proveniente de atuação jurisdicional.
Cumpre esclarecer os conceitos de censura e
Importante! licença:
O inciso V prevê a indenização por dano material,
moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº z Censura é a verificação da compatibilidade ou não
37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos entre um pensamento que se pretende expressar
são acumuláveis. com as normas legais vigentes;
z Licença é a exigência de autorização para que o
pensamento possa ser exteriorizado.
A liberdade de associação encontra-se disciplina- O inciso XXI é o último dispositivo que trata do
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso- direito de associação. Ele se refere à representação
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o do filiado pela associação, quer em âmbito judicial
caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma quer em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à
associação. É importante mencionar que tanto a reu- legitimação da associação para atuar em nome dos
nião como a associação devem possuir fins pacíficos. associados. 199
Cabe esclarecer que representante é aquele que social da propriedade. Nela, a indenização não é prévia,
age em nome alheio, defendendo direito alheio. No sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida Pública) de 10
caso das associações, para que estas atuem na condi- (dez) anos para bens urbanos e de 20 (vinte) anos para
ção de representantes, é preciso autorização expressa bens rurais. Ainda, não confunda desapropriação com
dos filiados, não bastando que exista autorização em expropriação, que consiste na perda da propriedade no
estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida- caso de cultivo de substâncias entorpecentes ou de tra-
mente autorizadas pelos associados. balho escravo. Nela, não há pagamento de indenização.
Além disso, ao contrário da representação, a subs-
tituição judicial ou extrajudicial da associação inde- Art. 5º [...]
pende de autorização, uma vez que, na substituição, a XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
associação atua em nome próprio, defendendo direito ridade competente poderá usar de propriedade
alheio (dos associados). particular, assegurada ao proprietário indeniza-
ção ulterior, se houver dano;
Art. 5º [...]
XXII - é garantido o direito de propriedade; A requisição temporária da propriedade está
disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade
O direito de propriedade encontra-se disciplina- de o Poder Público, em momentos de calamidade (já
do no inciso XXII, do art. 5º. Tratam-se dos direitos ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de
pessoais de natureza econômica. bem particular, para assegurar a preservação de direi-
De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direito tos mais importantes que a propriedade, tais como a
de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar e dis- vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso
por da coisa, assim como o direito de reavê-la do poder de de uma enchente em um determinado local, o Poder
quem quer que, injustamente, a possua ou a detenha. Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local,
Observa-se, no entanto, que, em termos constitucionais, um hospital de atendimento às vítimas.
o direito de propriedade é mais amplo que no direito civil, A requisição temporária é uma exceção ao princí-
por abranger qualquer direito de conteúdo patrimonial ou pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
econômico, ou seja, tudo aquilo que possa ser convertido está condicionado à existência de danos.
em dinheiro, alcançando créditos e direitos pessoais.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...] XXVI - a pequena propriedade rural, assim defini-
XXIII - a propriedade atenderá a sua função da em lei, desde que trabalhada pela família, não
social; será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
O inciso XXIII traz um limite ao direito de pro- sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
priedade. Assim, a utilização de um bem deve ser fei-
ta de acordo com a conveniência social da utilização O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade
da coisa, ou seja, atendendo a sua função social. Por- da pequena propriedade rural, por ser esta consi-
tanto, o direito do dono deve ajustar-se aos interesses derada bem de família e, portanto, insuscetível de
da sociedade. penhora, de modo a ficar a salvo de execuções por
dívidas decorrentes da atividade produtiva. Além
Art. 5º [...] disso, a CF, de 1988, estabelece que esta deverá rece-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para ber os recursos previstos em lei que financiem o seu
desapropriação por necessidade ou utilidade desenvolvimento.
pública, ou por interesse social, mediante justa Embora o dispositivo não conceitue pequena pro-
e prévia indenização em dinheiro, ressalvados priedade rural, o entendimento mais amplo é de que
os casos previstos nesta Constituição; esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis-
cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na
O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do sua única fonte de sobrevivência.
poder de intervenção do Estado na economia: a desa-
propriação. A desapropriação é o ato pelo qual o Art. 5º [...]
Estado toma para si ou para outrem (terceira pessoa) XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
bens de particulares, por meio do pagamento de jus- de utilização, publicação ou reprodução de suas
ta e prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
hipóteses de aquisição originária da propriedade. É que a lei fixar;
cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:
O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda-
z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci-
a ser desapropriado é imprescindível para a reali- mento de autoria em produções. Existem três tipos de
zação de uma atividade essencial do Estado; propriedade intelectual, quais sejam:
z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não
é imprescindível, mas é conveniente para a reali- z Propriedade industrial: criações que movimen-
zação de uma atividade estatal; tam o mercado e são empregadas para manter a
z Por interesse social: hipótese na qual a desapro- competitividade. Seu foco é voltado para a área
priação é conveniente para o desenvolvimento da empresarial. São exemplos: as patentes, marcas,
sociedade. desenhos, indicações geográficas, entre outros;
z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e
Atenção! Não confundir com desapropriação san- científicas, como, por exemplo, as obras intelec-
200 cionatória, hipótese em que o bem não respeita a função tuais, literárias e artísticas;
z Proteção sui generis: são as criações híbridas, isto é, benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
aquelas que se encontram em um estado intermediá- pre que não lhes seja mais favorável a lei pes-
rio entre a propriedade industrial e os direitos auto- soal do de cujus;
rais. Exemplos: a topografia dos circuitos integrados
(mask works), a proteção de Cultivares (obtenções Ainda com relação ao direito de herança, o inci-
vegetais ou variedades vegetais) e conhecimentos so XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso
tradicionais associados aos recursos genéticos. a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no
Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira
Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei-
direito exclusivo de utilização, publicação ou repro- ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
dução de suas obras, sendo esse direito transmitido de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem- será aplicada.
po que a lei fixar.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...] XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: defesa do consumidor;
a) a proteção às participações individuais em
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor
humanas, inclusive nas atividades desportivas; como um dos direitos e deveres individuais e coleti-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
econômico das obras que criarem ou de que parti- promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci-
vas representações sindicais e associativas; da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
estabelece as regras de proteção ao consumidor.
O inciso XXVIII também protege a propriedade
intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a Art. 5º [...]
proteção de tais direitos ao indivíduo que participou XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
de obra coletiva, além de proteger a reprodução da públicos informações de seu interesse particu-
imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa-
obras individuais como nas coletivas. bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;
Art. 5º [...]
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
industriais privilégio temporário para sua utili- O inciso XXXIII decorre do direito de informação.
zação, bem como proteção às criações industriais, Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
à propriedade das marcas, aos nomes de empresas de informações relativas à sua pessoa, quando cons-
e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte- tantes de banco de dados de entidades governamen-
resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco- tais ou abertas ao público, bem como de informação
nômico do País; de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar
que não óbice à divulgação da remuneração de ser-
O último dispositivo que trata da propriedade inte- vidor público.
lectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de inven-
tos industriais os privilégios para sua utilização, ainda Art. 5º [...]
que de forma temporária. Além disso, assegura a pro- XXXIV - são a todos assegurados, independente-
teção às criações industriais, à propriedade das marcas, mente do pagamento de taxas:
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos. a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;
Art. 5º [...]
b) a obtenção de certidões em repartições públi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXX - é garantido o direito de herança;
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
O direito de herança, que decorre do direito à pro-
priedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-se da O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
modificação da titularidade do bem em decorrência do direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi-
falecimento (sucessão hereditária). Assim, o patrimônio víduos o direito de formular pedidos para a Adminis-
do de cujus transmite-se aos seus herdeiros, os quais se tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
sub-rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
ativo como no passivo, até os limites da herança. ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
agentes do Estado. Assegura, ainda, o direito de plei-
tear, do Estado, documento expedido por este, que,
Importante! por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a
O direito de sucessão está regulado no Código existência de um fato. Deste modo, assegura ao indi-
Civil. víduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal.
O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja, inde-
Art. 5º [...] pendem de qualquer pagamento. Importante men-
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa- cionar que, embora o dispositivo empregue o termo
dos no País será regulada pela lei brasileira em “taxas”, esta foi utilizada em sentido amplo, visto que 201
proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa, z Ato jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado
tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que
obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez esta tenha sido posteriormente revogada ou modi-
que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul- ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona- de ter completado a idade núbil nas hipóteses per-
do ao pagamento. mitidas pelo Código Civil terá seu casamento como
válido mesmo após a alteração da lei civil, pela Lei
nº 13.811, de 2019, que proibiu, expressamente, o
Importante! casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, pois
seus efeitos são protegidos pela lei anterior;
Fique atento ao remédio constitucional aplicado z Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões
para sanar ilegalidade quanto ao direito de certidão do Poder Judiciário quando destas não caiba mais
— Mandado de Segurança —, pois as bancas cos- recurso, de modo a impedir a modificação ou dis-
tumam tentar confundir o candidato, dizendo que cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma ação de
paternidade foi julgada procedente após o supos-
o remédio constitucional cabível é o habeas data.
to pai ter se recusado a realizar o exame de DNA.
Assim, não é possível que, tempos depois, o suposto
Art. 5º [...] pai resolva fazer o exame para se eximir da paterni-
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder dade, pois a decisão não pode ser mais modificada.
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate-
O princípio da inafastabilidade de jurisdição rial — quando impede a discussão em qualquer pro-
ou do controle do Poder Judiciário está disciplina- cesso — e coisa julgada formal — quando impede a
discussão no mesmo processo.
do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
Art. 5º [...]
princípio garante que todas as pessoas tenham acesso XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
ao Poder Judiciário.
A proibição dos tribunais de exceção, que decor-
Art. 5º [...] re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci-
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; sejam criados especialmente para julgar determina-
dos crimes ou pessoas (nos casos concretos).
O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do Atenção! Tribunal de exceção não se confunde
direito à segurança. Trata-se da garantia constitucio- com Justiças especializadas e foro privilegiado.
nal de que as novas leis não retirem das pessoas os
direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de Art. 5º [...]
modo que as situações disciplinadas por uma norma XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
devem continuar protegidas por esta mesmo depois de organização que lhe der a lei, assegurados:
sua revogação ou substituição por outra em três casos3: a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pessoa d) a competência para o julgamento dos crimes
quando esta cumpriu todos os requisitos para a sua dolosos contra a vida;
concessão pela norma anterior antes de ocorrer a alte-
ração legal. Exemplo: uma pessoa completou o tempo Outro desdobramento do direito à segurança é a
de contribuição previsto pela lei para aposentar, mas garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em
optou por permanecer trabalhando. Se nova lei alterar crimes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (art.
os requisitos para aposentadoria, de modo a aumentar 121, CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
o tempo de contribuição, essa pessoa não será prejudi- ou à automutilação (art. 122, CP), infanticídio (art. 123,
cada, pois adquiriu o direito pela lei anterior; CP) e aborto (arts. 124 a 128, CP); contudo, salienta-se
que lei ordinária poderá ampliar a competência do
Atenção! Direito adquirido não se confunde com Tribunal do Júri, não havendo qualquer ofensa quan-
expectativa de direito. Se a pessoa não completou to ao disposto na CF.
todos os requisitos para a concessão do direito, ela Trata-se de direito do indivíduo de ser julgado por
não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi- seus pares e, não, por um juízo de critério eminente-
mente técnico.
to. Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que
se complete o tempo de contribuição previsto pela lei
Súmula Vinculante nº 45 A competência consti-
para se aposentar. Antes de preencher tal requisito, tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
a lei é alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não por prerrogativa de função estabelecido exclusiva-
poderá se aposentar, pois tinha apenas expectativa mente pela Constituição Estadual.
de direito, uma vez que todos os requisitos não foram
preenchidos para a sua concessão;
3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto Lei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consu-
mado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º
202 Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
Art. 5º [...] Dica: para lembrar dos crimes, memorize: T T T
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi- H ou 3TH:
na, nem pena sem prévia cominação legal;
Tortura;
Os princípios da anterioridade e da reserva Tráfico;
da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege) Terrorismo;
encontram-se disciplinados no inciso XXXIX. Em sín- Hediondos.
tese, pelo princípio da reserva legal, não há crime sem
lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Já A graça e o indulto são modalidades de perdão
pelo princípio da anterioridade, a lei que estabelece o concedidas pelo Presidente da República, de modo
crime e a pena deve ser anterior a sua prática. a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na
graça, o perdão é concedido de forma individual por
Art. 5º [...] meio de decreto e mediante provocação do interes-
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene- sado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por
ficiar o réu; decreto, o qual não possui destinatário certo e inde-
pende de provocação. O indulto pode ser total ou par-
O princípio da irretroatividade da lei penal mais
cial (comutação).
gravosa está disciplinado no inciso XL. Em termos de
Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso
direito penal, a regra é a lei do tempo do crime, ou seja,
Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
será aplicada a lei do tempo da ação ou omissão. É pos-
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a
sível, no entanto, aplicar lei posterior caso esta seja
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade.
mais benéfica ao réu. Exemplo: nova lei deixa de consi-
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas
derar o fato como crime ou diminui a sua pena.
Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos
A retroatividade da lei penal mais benéfica é abso-
administrativos, como, por exemplo, às transgres-
luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive, condenações
sões disciplinares de servidores estaduais.
já transitadas em julgado. Exemplo: sujeito que cum-
É importante mencionar que esses crimes são
pre pena por um crime que lei posterior deixou de
prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi-
considerar respectivo ato como crime (caso de abolitio
sória. Ainda, a Lei nº 9.455, de 1997, trata dos crimes
criminis) será colocado em liberdade.
de tortura; a Lei nº 11.343, de 2006, dos crimes de dro-
gas; a Lei nº 13.260, de 2016, do terrorismo; a Lei nº
Art. 5º [...]
8.072, de 1990, cuida dos crimes hediondos.
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta-
tória dos direitos e liberdades fundamentais; Art. 5º [...]
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri-
O inciso XLI decorre do direito à igualdade. tível a ação de grupos armados, civis ou milita-
Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os res, contra a ordem constitucional e o Estado
indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas Democrático;
proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli-
cada de modo discriminatório, como também deverá O inciso XLIV também traz hipóteses de não con-
punir tais discriminações com base em qualquer con- cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga-
dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras. da a qualquer tempo, independentemente da data em
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos
Art. 5º [...] pelas organizações criminosas contra a ordem consti-
XLII - a prática do racismo constitui crime tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850, de 2013,
reclusão, nos termos da lei; é que trata das organizações criminosas.
210
Direito à segurança, localizado no art. 5º (direi- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
to individual) e art. 6º (direito social), entenda a desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
diferença: creches e pré-escolas;
Segurança mencionada no art. 5º da CF se refere à XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
segurança jurídica, já a segurança mencionada no art. coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma
6º da CF refere-se ao direito à segurança pública.
da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
Direitos Sociais Para os Trabalhadores do empregador, sem excluir a indenização a que este
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das rela-
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua ções de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
condição social: para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
I - relação de emprego protegida contra despedida dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com- XXX - proibição de diferença de salários, de exercí-
plementar, que preverá indenização compensatória, cio de funções e de critério de admissão por motivo
dentre outros direitos; de sexo, idade, cor ou estado civil;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego XXXI - proibição de qualquer discriminação no
involuntário; tocante a salário e critérios de admissão do traba-
III - fundo de garantia do tempo de serviço; lhador portador de deficiência;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
unificado, capaz de atender a suas necessidades técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali- XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie- insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
ne, transporte e previdência social, com reajustes lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, de aprendiz, a partir de quatorze anos;
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
V - piso salarial proporcional à extensão e à com- com vínculo empregatício permanente e o trabalha-
plexidade do trabalho; dor avulso
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
convenção ou acordo coletivo; trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
para os que percebem remuneração variável; XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
VIII - décimo terceiro salário com base na remune- atendidas as condições estabelecidas em lei e obser-
ração integral ou no valor da aposentadoria; vada a simplificação do cumprimento das obriga-
ções tributárias, principais e acessórias, decorrentes
IX - remuneração do trabalho noturno superior à
da relação de trabalho e suas peculiaridades, os pre-
do diurno;
vistos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem
X - proteção do salário na forma da lei, constituin-
como a sua integração à previdência social.
do crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa- O mencionado dispositivo aborda os direitos dos
ção na gestão da empresa, conforme definido em lei; trabalhadores de uma forma genérica, pois todos são
XII - salário-família pago em razão do dependente tratados de forma específica em legislação especial.
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; Cabe ressaltar neste tópico que os examinadores
XIII - duração do trabalho normal não superior a das bancas costumam perguntar datas e questões
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, numéricas. Por exemplo, um tema sempre muito
facultada a compensação de horários e a redução cobrado em provas é sobre a prescrição trabalhista,
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva ou seja, o prazo máximo para entrar com a reclama-
de trabalho; ção trabalhista após o término do contrato de trabalho
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realiza- para discutir os últimos cinco anos; ou seja, os crédi-
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
União
A União é a entidade federativa autônoma e exerce as atribuições de soberania do Estado brasileiro. Conforme
preleciona Pedro Lenza (2020), a União possui “dupla personalidade”, assumindo um papel internamente, como
pessoa de direito público interno, componente da Federação e detentor de autonomia financeira, administrativa
e política, e um papel internacionalmente, representando a República Federativa do Brasil8.
A União representa o Estado brasileiro nas relações internacionais, perante os Estados estrangeiros a ela. Rege-
-se pelo princípio da independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos,
não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo
e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e concessão de asilo político (art. 4º, CF,
de 1988).
As competências da União estão elencadas no texto constitucional, organizadas pelo legislador originário com
base no chamado princípio da predominância do interesse público pelo particular. Neste sentido, as atribuições
de interesse nacional são de competência da União, por exemplo: declarar guerra e celebrar paz.
As competências da União são classificadas como competência administrativa e legislativa; a primeira se
relaciona com as funções de organização do Estado, e a segunda é a competência de legislar. Vejamos os exemplos:
O estudo das competências será abordado de forma mais aprofundada em tópico específico na sequência deste
material.
Cuidado para não confundir União com República Federativa do Brasil:
z A República Federativa do Brasil é um Estado Federado, ou seja, é constituído por um conjunto de Estados-
-Membros. Vale ressaltar que os Estados-Membros são autônomos, pois são dotados de autonomia e autogover-
no. Por outro lado, não são soberanos, uma vez que a soberana é somente a Federação como um todo. No nosso
pacto federativo, o poder é descentralizado, pois a Constituição prevê núcleos de poder e concede autonomia
para os seus entes (União, Estados, Municípios e Distrito Federal);
z A União é uma entidade federativa, pessoa jurídica de direito público interno que integra a República Federa-
tiva do Brasil. É através da União que o país é representado nas relações internacionais.
Os bens da União estão enumerados no art. 20, da Constituição Federal, que compreende:
8 LENZA, P. Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 497. 213
Entenda melhor na ilustração a seguir: Exemplo: recursos minerais, como petróleo, extraí-
do da plataforma continental.
VI - o mar territorial;
Estados
Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o Estado de
Santa Catarina e o Estado do Rio Grande do Sul.
Os Estados possuem autonomia para se organiza-
rem (auto-organização), caracterizada por um auto-
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
governo, autoadministração e autolegislação, em que
com outros países; as praias marítimas; as ilhas o povo escolhe diretamente os seus representantes
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que no Poder Legislativo e Executivo local, sem que haja
contenham a sede de Municípios, exceto aque- subordinação por parte da União (arts. 27, 28 e 125,
las áreas afetadas ao serviço público e a unidade da CF). Acompanhe esses conceitos a seguir:
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
z Autogoverno: autonomia política para eleger seus
Exemplo: a ilha do Bananal, situada no Estado de representantes, por exemplo, eleição de Governa-
Tocantins, considerada a maior ilha fluvial do Brasil, dor (arts. 27 e 28, da CF, de 1988);
com 25.000 km2. z Autoadministração: decorre das competências
administrativas conferidas aos Estados, por exem-
V - os recursos naturais da plataforma continental plo, os Estados poderão, mediante lei complemen-
214 e da zona econômica exclusiva; tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organiza-
ção, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (§ 3º, art. 25);
z Autolegislação: tem competência de elaborar sua própria Constituição, ou seja, cada Estado tem autonomia
de criar a sua própria constituição estadual, entretanto, esta deve sempre obedecer à lei maior (CF, de 1988).
Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem. Ainda, o art. 25, da CF, consagra
aos Estados federados autonomia política e administrativa, com capacidade de elaborar suas próprias Constitui-
ções estaduais, obedecendo às diretrizes da Constituição Federal de 1988.
AUTOGOVERNO
Na forma prevista do inciso VI, do art. 48, da CF, de 1988, a estrutura territorial do Brasil poderá ser modificada
por meio de alteração dos limites territoriais dos diferentes entes federados existentes. Por exemplo, em 1988 o
norte do Estado de Goiás foi desmembrado, formando o Estado de Tocantins.
Além do mais,
Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado
nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: [...]
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
Assembleias Legislativas;
Ainda, conforme o art. 235, da Constituição, nos dez primeiros anos de sua criação, a Assembleia Legislativa
será composta de dezessete Deputados se a população do Estado for inferior a seiscentos mil habitantes, e de vinte e
quatro, se igual ou superior a esse número, até um milhão e quinhentos mil. O Governo terá no máximo dez Secreta-
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos de idade, em exercício na área do novo Estado ou do
Estado originário;
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de comprovada idoneidade e saber jurídico, com dez
anos, no mínimo, de exercício profissional, obedecido o procedimento fixado na Constituição;
Caso o novo Estado seja proveniente de Território Federal, os cinco primeiros Desembargadores poderão ser
escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte do País. Em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, Promo-
tor de Justiça e Defensor Público serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de provas e títulos.
É possível a incorporação, a subdivisão e o desmembramento de Estado, vejamos:
z Incorporação: quando dois ou mais Estados se unem com outro nome, perdendo sua personalidade por inte-
grarem um novo Estado. Por exemplo, se houvesse a incorporação do Estado de Santa Catarina e Rio Grande
do Sul, passando a ser um só Estado;
215
z Subdivisão: quando um Estado se divide em Municípios
novos vários Estados, todos estes com persona-
lidades diferentes. Por exemplo, o Estado do Rio No Brasil, não só os Estados-Membros, mas tam-
Grande do Sul deixa de existir, ou seja, o Estado bém os Municípios têm autonomia política, ou seja, o
foi dividido em dois ou mais Estados, cada um com nosso pacto federativo é formado pela União, Estados,
personalidades distintas; Distrito Federal e Municípios. Tal autonomia está pre-
z Desmembramento: hipótese de separar uma ou vista no caput do art. 18, da CF, de 1988, vejamos.
mais partes de um Estado sem que este perca sua
identidade. Por exemplo, como ocorreu com o Art. 18 A organização político-administrativa da
Estado de Goiás, formando o Estado de Tocantins. República Federativa do Brasil compreende a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
Vejamos os requisitos e procedimento para a incor-
poração, a subdivisão e o desmembramento do Estado
(§ 3º, art. 18, da CF): Como exemplo da autonomia municipal, podemos
citar a capacidade de normatização, que consiste na
capacidade do Município de elaborar a sua própria lei
1º: PLEBISCITO orgânica e demais legislações municipais.
Conforme art. 30, do texto constitucional, os Muni-
Consulta prévias às populações diretamente interes- cípios têm competência legislativa local, ou seja, podem
sadas (expressão da vontade e da opinião do povo, legislar sobre assuntos de interesse local e suplementando
demonstrada através de votação) a legislação federal e estadual no que couber. Por exem-
Atenção! O plebiscito é condição prévia, caso não plo, é de competência do Município a fixação do horário
houver aprovação, não passará para a próxima fase de funcionamento do comércio local (Súmula 645, do STF).
2º: PROPOSITURA DE PROJETO DE LEI Ainda, os Municípios também têm autonomia polí-
COMPLEMENTAR tica, por exemplo, têm a capacidade de eleger Prefeito,
Vice-Prefeito e Vereadores sem a intervenção do Estado
Caso a população seja favorável no plebiscito, será ou da União. Além de autonomia administrativa, ou seja,
proposto projeto de lei complementar perante qual- têm capacidade de atuar sobre assuntos de interesse
quer uma das casas do Congresso Nacional local, por exemplo, cabe ao Município promover a pro-
teção do patrimônio histórico-cultural local.
3º: OITIVA DA ASSEMBLEIA
A imunidade é uma espécie de proteção aos par- Também denominada de processual, formal ou
lamentares no exercício de suas funções, para que adjetiva, é uma imunidade relativa. Na imunidade
eles tenham ampla liberdade de expressão e debate formal, há a possibilidade de suspensão da prisão e
de ideias nas questões de interesse de seus represen- do processo para a maioria absoluta dos membros da
tados. Ainda, a imunidade material é absoluta, o que respectiva casa. Consiste no julgamento pelo STF, des-
significa que as palavras e opiniões do parlamentar de a expedição do Diploma. Note que os vereadores
ficam excluídas de ação condenatória. não podem ser presos, salvo em flagrante de crime
Por exemplo, determinado Senador, ao discutir inafiançável.
temas políticos com outro parlamentar, profere pala-
vras de injúria e acusa o parlamentar de praticar
fatos definidos como crime. Nesse caso, o parlamentar Importante!
ofendido não pode mover processo contra o Senador,
A diplomação ocorre antes da posse, pois é um
pois as ofensas proferidas estão relacionadas ao exer-
ato que comprova que o candidato foi eleito e
cício da atividade parlamentar.
está apto para tomar a posse da carreira. É neste
Portanto, protege o congressista da incriminação
ato que ocorre a entrega do documento (diplo-
civil ou penal pelos chamados crimes de opinião ou
ma) pela justiça eleitoral.
palavra. Como consequência, a imunidade material
exclui a própria natureza delituosa do fato, visto
que não haverá responsabilização penal e civil do
parlamentar por suas opiniões, palavras e votos, Art. 53 Os Deputados e Senadores são invioláveis,
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
afastando, inclusive, o pedido de interpelação judicial
(pedido de explicações). Salienta-se, por necessário, palavras e votos.
que a imunidade material é absoluta (todas as pala- [...]
§ 3º Recebida à denúncia contra o Senador ou Deputado,
vras e opiniões são excluídas de ação repressiva ou
por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
condenatória), permanente (aplica-se mesmo após Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva,
extinto o mandato para os fatos que ocorreram na que, por iniciativa de partido político nela representado
vigência desse) e de ordem pública (guarda rela- e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a
ção com a função exercida e não com a pessoa do decisão final, sustar o andamento da ação.
parlamentar). § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa
Cumpre esclarecer, no entanto, que só protege respectiva no prazo improrrogável de quarenta e
o parlamentar quando as manifestações se derem cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
no exercício do mandato, uma vez que a imunida- § 5º A sustação do processo suspende a prescrição,
de material está ligada à ideia de desempenho do enquanto durar o mandato.
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obriga-
mandato (prática in officio) e em razão do manda-
dos a testemunhar sobre informações recebidas ou
to (prática propter officium). Consequentemente, as prestadas em razão do exercício do mandato, nem
palavras, votos e opiniões sem nenhuma relação com sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles rece-
o desempenho da função não são alcançados pela beram informações.
inviolabilidade. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputa-
dos e Senadores, embora militares e ainda que em 219
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Art. 53 […]
Casa respectiva. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputa-
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores dos e Senadores, embora militares e ainda que em
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo tempo de guerra, dependerá de prévia licença da
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos Casa respectiva.
membros da Casa respectiva, nos casos de atos pra-
ticados fora do recinto do Congresso Nacional, que Estado de Sítio
sejam incompatíveis com a execução da medida.
Outra garantia prevista no Estatuto do Congressis-
Caso seja determinada a prisão de algum Depu- ta é que a imunidade material e formal dos parlamen-
tado ou Senador após a diplomação, os autos serão tares subsiste no período de exceção constitucional.
enviados para a respectiva casa, para que, pelo voto
Ressalta-se que, ao contrário de toda a população
da maioria de seus membros, seja resolvido sobre a
que terá direitos suspensos e limitados na vigência
prisão; assim, poderá ser determinada a sustação do
do estado de sítio, os deputados e senadores somente
andamento da ação até o final do mandato.
Cumpre mencionar, ainda, que a imunidade for- terão suas garantias suspensas no caso de voto de dois
mal impede a condução coercitiva do parlamentar terços membros da Casa. No entanto, a imunidade que
que se nega a comparecer em interrogatório. poderá ser suspensa é apenas aquela decorrente dos
atos praticados fora da Casa Legislativa e desde que
Prerrogativa de Foro sejam incompatíveis com a execução da garantia.
Suspensão de suas funções, por até 180 dias, com ou sem julgamento.
I - Instauração do processo:
Suspensão de suas funções, por até 180 dias, com ou sem julgamento.
z Crime Comum:
I - Julgamento (STF).
z Crime de Responsabilidade:
Condenação (por 2/3): Pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qual-
quer função pública;
Absolvição.
Os Ministros de Estado
Os Ministros de Estado são membros auxiliares do Executivo livremente nomeados pelo Presidente, desde que
maiores de 21 anos e em pleno exercício de seus direitos políticos.
Competem aos Ministros a direção do Ministério ou seção administrativa que lhe houver sido confiada. Podem
também referendar atos presidenciais, expedir instruções para a boa execução das leis, decretos e regulamentos
e inclusive, receber delegação do Presidente da República para a realização de atos próprios da chefia do Poder
Executivo.
Art. 87 Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos
direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na
lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua
competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.
Art. 88 A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
224
respectivamente. Em regra, as decisões proferidas
PODER JUDICIÁRIO pelas Turmas Recursais dos Juizados são definitivas.
Não cabe Recurso Especial contra decisão de Turma
Mais do que o Poder incumbido da função e pres- Recursal (Súmula n. 203, STJ), mas em caso de viola-
tação jurisdicional, é o Poder Judiciário o guardião ção à preceito constitucional é devida a interposição
da Constituição e garantidor dos direitos fundamen- de Recurso Extraordinário ao STF.
tais. A função jurisdicional só pode ser desempenhada Importante também mencionar que a Constituição
pelo Poder Judiciário, único poder capaz de produzir Federal, em tese, reconhece implicitamente apenas 2
decisões que venham se revestir da força de coisa graus de jurisdição, pelo princípio do duplo grau de
julgada. jurisdição. Isso porque, a competência do STJ e STF
não consiste em uma terceira e/ou quarta análise
meritória ou do caso concreto, por meio dos Recur-
DISPOSIÇÕES GERAIS
sos Especiais ou Extraordinários, mas sim, de lesão
ou ameaça a preceitos legais e constitucionais, pelo
O Judiciário não é subordinado ao governo e suas
que não caracterizam necessariamente, instâncias do
principais características são a independência, auto-
judiciário.
nomia e a imparcialidade, fundamentais para que a Entretanto, o caráter recursal das medidas Espe-
lei possa ser aplicada ao caso concreto até mesmo em ciais ou Extraordinárias a que as decisões são subme-
desfavor do governo e da administração. tidas nos Tribunais Superiores, e o entendimento do
A função típica do Poder Judiciário é a prestação próprio STF que o cumprimento da pena deve come-
jurisdicional, mas este também exerce funções atípi- çar após esgotamento de recursos em todas as ins-
cas, legislativas, como a edição de normas regimentais tâncias e, não após decisão de 2ª instância transitada
de seus órgãos, e administrativas, como a concessão em julgado, reforçam a hierarquia das instâncias do
de férias aos seus membros e serventuários e o pro- judiciário e o entendimento de que na prática, o STF
vimento dos cargos de juiz de carreira na respectiva funciona como quarta instância. “O Brasil é o único
jurisdição. país do mundo que tem, na verdade, quatro instân-
Para garantir a independência do exercício da cias recursais. O STF funciona como quarta instância”
jurisdição, os membros do Poder judiciário gozam de (Min. César Peluso, 2010). É o que disse o ex-presiden-
algumas garantias, tais como: vitaliciedade, inamo- te do STF, Min. César Peluso, em entrevista concedida
vibilidade e irredutibilidade de vencimentos. ao Jornal Estadão e publicada pela Associação Nacio-
nal dos Defensores Públicos Federais.
Estrutura do Poder Judiciário Conforme preceitua o art. 92 CF, são, portanto,
órgãos do Poder Judiciário:
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF
11 ministros
Art. 92 [...]
I - o Supremo Tribunal Federal - STF;
STJ I - A o Conselho Nacional de Justiça - CNJ;
33 ministros II - o Superior Tribunal de Justiça - STJ;
II - A - o Tribunal Superior do Trabalho - TST;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fede-
rais - TRFs;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
Tribunais Turma
Turma Tribunais de
TJM Regionais Recursal V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
Recursal Justiça
Federais Federal VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
Federal e Territórios.
Juizados Juizados
Juízes de Juízes e Juízes
Especiais Especiais
Direito Conselhos de Federais
Justiça Militar
Federais O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional
Estadual de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
Federal, Brasília e jurisdição em todo o território nacional.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
TST TSE STM Dica
27 ministros 7 ministros 15 ministros
O CNJ é um órgão do Poder Judiciário, entretan-
to, goza de autonomia e independência e não
está hierarquicamente subordinado a nenhum
TRT TRE
outro órgão de nenhuma das instâncias. Tam-
bém não está acima do STF ou abaixo dele,
pois exerce a fiscalização dos atos de todos os
Juízes do Juízes
Juízes e Conselhos outros órgãos e o controle disciplinar de todos
de Justiça Militar
Trabalho Eleitorais
da União os membros do Judiciário.
Advocacia Pública
DEFENSORIAS PÚBLICAS
A Advocacia Pública é a instituição que representa
a União, judicial e extrajudicialmente, que, assim como Função essencial individualizada da advocacia pela
todo ente jurídico, têm seus problemas e interesses, Emenda Constitucional nº 80, de 2014, a Defensoria
que precisam ser defendidos perante o Poder Público. Pública é instituição permanente do Estado, que também
Assim, é a Advocacia-Geral da União, chefiada por um tem como finalidade primordial a orientação jurídica e
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Pre- a defesa do cidadão em todos os graus, caracterizando-
sidente da República, entre cidadãos maiores de trinta e -se por garantir o acesso à justiça aos mais necessitados.
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada Possui autonomia funcional e administrativa, com-
e integrada por muitos advogados que atuam vincula-
petindo-lhe a promoção dos direitos humanos, a defesa,
dos e subordinados à defesa dos interesses da nação.
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos e a orientação jurídica dos cida-
Art. 131 A Advocacia-Geral da União é a instituição
que, diretamente ou através de órgão vinculado, dãos que não possuem recursos financeiros suficientes
representa a União, judicial e extrajudicialmente, para a contratação de um advogado particular.
cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento, 227
A independência funcional no desempenho de suas Dica
atribuições, a inamovibilidade, a irredutibilidade de As forças armadas estão inseridas na estrutura
vencimentos e a estabilidade são também garantias do Poder Executivo.
dos defensores públicos. São princípios institucionais
da Defensoria Pública: Os membros das forças armadas são denomina-
dos como militares e tem função subsidiária, ou seja,
z A unidade; desempenham funções que originalmente são de
z A indivisibilidade; competência das forças da segurança pública (polícia
z A independência funcional. federal, civil e militar dos estados e DF).
Ainda, conforme dispõe o art. 142 do texto constitu-
O ingresso na carreira de defensor também deve cional, as forças armadas estão sob a autoridade supre-
se dar por concurso público. ma do Presidente da República, e destinam-se à defesa
Diante da omissão constitucional sobre a neces- da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
sidade de o defensor público continuar inscrito nos iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
quadros da OAB, dada a similitude das atividades da
Defensoria Pública com a advocacia, discute-se nos FORÇAS ARMADAS
Tribunais superiores a obrigatoriedade da inscrição PRESIDENTE DA REPÚBLICA É AUTORIDADE
na OAB para os defensores públicos. SUPREMA
MARINHA EXÉRCITO AERONÁUTICA
Art. 134 A Defensoria Pública é instituição perma-
nente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do Internamente são subordinadas aos seus respecti-
regime democrático, fundamentalmente, a orienta- vos comandantes, integrados no Ministério da Defesa
ção jurídica, a promoção dos direitos humanos e a com obediência ao Presidente da República. Assim, as
defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos patentes são conferidas pelo Presidente da República,
direitos individuais e coletivos, de forma integral e entretanto a perda desta só ocorrerá se for julgado
gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
do art. 5º desta Constituição Federal (Redação dada decisão de tribunal militar de caráter permanente,
pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014). em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria de guerra, conforme incisos I e VI do art. 142 da CF,
Pública da União e do Distrito Federal e dos Territó- de 1988.
rios e prescreverá normas gerais para sua organiza- Aos militares é proibida a sindicalização e greve.
ção nos Estados, em cargos de carreira, providos, na Ainda, no serviço ativo não pode estar filiado a parti-
classe inicial, mediante concurso público de provas do político.
e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia STF já se posicionou sobre o tema:
da inamovibilidade e vedado o exercício da advoca-
cia fora das atribuições institucionais (Renumerado z O exercício do direito de greve, sob qualquer for-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). ma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura- a todos os servidores públicos que atuem direta-
das autonomia funcional e administrativa e a inicia- mente na área de segurança pública;
tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites z É obrigatória a participação do poder público em
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e mediação instaurada pelos órgãos classistas das
subordinação ao disposto no art. 99, § 2º (Incluído carreiras de segurança pública, nos termos do art.
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 165 do CPC, para vocalização dos interesses da cate-
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias goria. (STF. ARE 654.432, rel. Min. Alexandre de
Públicas da União e do Distrito Federal (Incluído Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11.60.2018, Tema 541)
pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013).
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Conforme dispõe o § 2º do art. 142 da CF, não cabe
Pública a unidade, a indivisibilidade e a indepen- habeas corpus em caso de punição militar, sendo que
dência funcional, aplicando-se também, no que cou- este segue as próprias regras de hierarquia e disciplina.
ber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 Mas cuidado! A doutrina e jurisprudência enten-
desta Constituição Federal (Incluído pela Emenda de que se aplica o mencionado dispositivo quanto ao
Constitucional nº 80, de 2014). mérito das punições militares, ou seja, quando for
o caso de ilegalidade dos pressupostos, como com-
petência e cumprimento de regras estabelecidas no
regulamento militar é cabível a impetração de habeas
corpus para análise do poder judiciário.
DAS FORÇAS ARMADAS
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMI-
As forças armadas estão consagradas no título V da
NAL. PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. Não há
Constituição Federal, conforme art. 142, as forças arma- que se falar em violação ao art. 142, § 2º, da CF, se
das são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáu- a concessão de habeas corpus, impetrado con-
tica, a qual são instituições nacionais permanentes e tra punição disciplinar militar, volta-se tão-so-
regulares, organizadas com base na hierarquia e dis- mente para os pressupostos de sua legalidade,
ciplina, sob autoridade do Presidente da República. As excluindo a apreciação de questões referentes
funções das forças armadas, além da defesa da pátria, ao mérito. Concessão de ordem que se pautou pela
também englobam a defesa do estado e das instituições apreciação dos aspectos fáticos da medida punitiva
democráticas (garantidoras da lei e da ordem). militar, invadindo seu mérito. A punição disciplinar
228 militar atendeu aos pressupostos de legalidade,
quais sejam, a hierarquia, o poder disciplinar, o ato penais federal, estadual e distrital, esta última acres-
ligado à função e a pena susceptível de ser aplica- centada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019.
da disciplinarmente, tornando, portanto, incabível Conforme o § 8º do art. 144 da CF os municípios
a apreciação do habeas corpus. Recurso conhecido podem constituir guardas municipais destinados à pro-
e provido. (STF. RE 338.840, rel. min. Ellen Gracie, teção de seus bens, serviços e instalações (deve atuar
Segunda Turma, DJ de 12.09.2003) somente na municipalidade). Cuidado! Esse órgão não
integra a estrutura de segurança pública para exercer
A Constituição também prevê o serviço militar a função de polícia ostensiva.
obrigatório, conforme art. 143, entretanto o inciso Para o STF os órgãos que compõe a segurança
VIII do art. 5º desobriga o alistado do serviço militar pública estão relacionados nos incisos I ao VI do art.
por motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou 144 da CF, sendo esse rol taxativo, ou seja, não podem
política, desde que cumpra prestação alternativa, que os municípios ou estados criarem outros órgãos para
é de competência das forças armadas atribuir. integrarem à segurança pública.
Art. 143 O serviço militar é obrigatório nos termos Art. 144 A segurança pública, dever do Estado,
da lei. direito e responsabilidade de todos, é exercida para
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, a preservação da ordem pública e da incolumidade
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
paz, após alistados, alegarem imperativo de cons- órgãos:
ciência, entendendo-se como tal o decorrente de I - polícia federal;
crença religiosa e de convicção filosófica ou políti- II - polícia rodoviária federal;
ca, para se eximirem de atividades de caráter essen- III - polícia ferroviária federal;
cialmente militar. IV - polícias civis;
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do V - polícias militares e corpos de bombeiros
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujei- militares.
tos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
Exemplo prático de uso das Forças Armadas: Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou:
Em 20/10/2020 foi publicado no DOU decreto pre-
sidencial que autoriza o uso das Forças Armadas nas Os Estados-membros, assim como o Distrito Fede-
eleições municipais de 2020. ral, devem seguir o modelo federal. O art. 144 da
O objeto é garantir a ordem pública durante a Constituição aponta os órgãos incumbidos do exer-
votação e segurança do processo eleitoral. cício da segurança pública. Entre eles não está o
Departamento de Trânsito. Resta, pois, vedada aos
DECRETO Nº 10.522, DE 19 DE OUTUBRO DE 2020 Estados-membros a possibilidade de estender o rol,
Autoriza o emprego das Forças Armadas para a que esta Corte já firmou ser numerus clausus, para
garantia da ordem pública durante a votação e a alcançar o Departamento de Trânsito.
apuração das eleições de 2020. [ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11-
2005, P, DJ de 10-3-2006.]
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribui- Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-
ções que lhe confere o art. 84, caput , incisos IV e XIII, 2010, P, DJE de 6-4-2011
da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 15
da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, e no Serviços da segurança pública são custeados
art. 23, caput , inciso XIV, da Lei nº 4.737, de 15 de julho mediante impostos, sendo que não é permitida a cria-
de 1965 - Código Eleitoral, DECRETA: ção de taxa para esta finalidade, ainda, a remunera-
ção dos servidores será exclusivamente por subsídio
Art. 1º Fica autorizado o emprego das Forças Arma- fixado em parcela única, na forma do § 4º do art. 39
das para a garantia da ordem pública durante a vota- da CF, de 1988.
ção e a apuração das eleições de 2020.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
230
Especificamente, no tocante à desapropriação por c) direitos humanos.
interesse social, qual regra não está especificamente d) garantias coletivas.
prevista na Constituição Brasileira de 1988?
9. (IDECAN — 2021) A licença à gestante é um direito de
a) As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas toda trabalhadora urbana ou rural, sendo concedida
em títulos precatórios. sem prejuízo do emprego e do salário. A duração des-
b) São isentas de impostos federais, estaduais e munici- sa licença, conforme prevê a Constituição Federal, não
pais as operações de transferência de imóveis desa- pode ser inferior a
propriados para fins de reforma agrária.
c) O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos a) cento e vinte dias.
da dívida agrária, assim como o montante de recursos b) trinta dias.
para atender ao programa de reforma agrária no exercício. c) sessenta dias.
d) Cabe à lei complementar estabelecer procedimento d) noventa dias.
contraditório especial, de rito sumário, para o proces-
so judicial de desapropriação. 10. (IDECAN — 2020) Assinale a única alternativa que não
e) O decreto que declarar o imóvel como de interesse contemple um direito social previsto na Constituição
social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a Federal.
propor a ação de desapropriação.
a) direito ao lazer
5. (IDECAN — 2022) Neste interim, qual especificidade, b) direito à previdência social
vinculada ao associativismo, não está prevista no arti- c) direito à alimentação
go quinto da Constituição Brasileira? d) direito à ampla defesa
e) direito à educação
a) As entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus 11. (IDECAN — 2021) Se o Município X e o Município Y
filiados judicial ou extrajudicialmente. resolverem acertar uma fusão para formarem o Muni-
b) É plena a liberdade de associação para fins ilícitos, cípio Z, a Constituição Federal exige que haja
vedada a de caráter paramilitar.
c) Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per- a) referendo popular.
manecer associado. b) plebiscito.
d) As associações só poderão ser compulsoriamente c) aprovação por lei complementar estadual.
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- d) a divulgação de estudos de viabilidade municipal, apre-
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito sentados e publicados na forma de lei complementar
em julgado. federal.
e) A criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
perativas independem de autorização, sendo vedada a 12. (IDECAN — 2021) A respeito da repartição de compe-
interferência estatal em seu funcionamento. tências entre a União, Estados, Distrito Federal e Muni-
cípios é correto afirmar que
6. (IDECAN — 2021) A respeito das associações é corre-
to afirmar que a) a competência para legislar sobre direito tributário é
exclusiva da União.
a) a liberdade de associação é plena e irrestrita. b) a competência para legislar sobre direito financeiro é
b) decisão judicial passível de reforma pode dissolver concorrente entre União, Estados e Distrito Federal.
uma associação. c) a competência para legislar sobre proteção à infância
c) podem ter suas atividades suspensas após decisão e à juventude é concorrente entre União, Estados, Dis-
judicial. trito Federal e Municípios.
d) ao se filiar, o associado confere poderes implícitos d) a competência para legislar sobre procedimentos em
para ser representado judicialmente pela associação. matéria processual é exclusiva dos Estados e Distrito
e) a criação de uma associação depende de autorização. Federal.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
e) a competência para legislar sobre juntas comerciais é
7. (IDECAN — 2021) Conforme prediz a Constituição, é exclusiva da União.
um direito social
13. (IDECAN — 2021) Em 2019, a Constituição Federal
a) o meio ambiente equilibrado. contemplou, no âmbito da segurança pública, a cria-
b) a proteção à juventude. ção das polícias penais, em prol da preservação da
c) a liberdade religiosa. ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
d) a alimentação. patrimônio. Nesse caso, é correto afirmar que a polícia
e) a autodeterminação. penal pode ser
16. (IDECAN — 2021) Sabe-se que o Senado Federal é 19. (IDECAN — 2021) Nos termos do art. 129 da Consti-
composto de representantes dos Estados e do Dis- tuição da República Federativa do Brasil, é função do
trito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. Ministério Público
No caso de determinado candidato ser eleito Senador,
pode-se afirmar que ele terá a) promover, privativamente, a Ação Civil Pública.
b) zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
a) a partir de três suplentes. serviços de relevância pública aos direitos assegura-
b) somente dois suplentes. dos na Constituição.
c) no máximo três suplentes. c) opinar sobre a decretação da intervenção federal.
d) a partir de dois suplentes. d) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal na administração direta e indireta.
17. (IDECAN — 2021) Quando se estudam temas proces- e) realizar a consultoria jurídica do Poder Legislativo.
suais penais como prisão, ação penal e processo,
algumas regras constitucionais devem ser observa- 20. (IDECAN — 2021) Aos integrantes da Defensoria Pública
das, especialmente relativas à pessoa que ocupe car- é garantido:
go com prerrogativa de função. Nessas hipóteses,
a Constituição Federal e algumas Leis Orgânicas I. provimento dos cargos de carreira, na classe inicial,
nacionais estabelecem normas claras que devem ser mediante concurso público de provas e títulos;
cumpridas para dar regular andamento processual de II. exercício de função essencial à Justiça com o objetivo
acordo com o devido processo legal. de defender os direitos individuais dos autossuficien-
tes, de forma integral e gratuita;
As alternativas a seguir mencionam hipóteses relaciona- III. inamovibilidade, permitido o exercício da advocacia
das aos Congressistas (Deputados Federais e Senadores), fora das atribuições institucionais;
ao Chefe do Executivo Federal (Presidente da República) e IV. vitaliciedade, vedado o exercício da advocacia fora
aos Magistrados e Membros do Ministério Público. das atribuições institucionais;
V. vitaliciedade, permitido o exercício da advocacia fora
Nesse contexto, assinale a afirmativa INCORRETA. das atribuições institucionais.
19 B
22. (IDECAN — 201) A segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a 20 E
preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, por meio do seguinte órgão: 21 D
22 C
a) Polícia Comunitária.
b) Guarda Municipal. 23 D
c) Polícia Ferroviária Federal.
d) Polícia Judiciária. 24 D
e) Polícia Marítima.
1 D
2 C
3 B
4 A
5 B
6 C
7 D
8 B
9 A
233
ANOTAÇÕES
234
órgão do Governo Federal que exerce a direção supe-
rior das Forças Armadas, a qual é constituída pelos
Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
z O “assemelhado” era um servidor civil submetido
Os tipos penais previstos neste Capítulo terão A Entrada em Vigor da Lei Penal Militar e seu
vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. Período de Vigência
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo z Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar re-
de paz: formado;
II - os crimes previstos neste Código e os previstos z Sujeito passivo: patrimônio sob à administração
na legislação penal, quando praticados: militar, ordem administrativa militar.
a) por militar em situação de atividade ou asse-
melhado contra militar da mesma situação ou Art. 9° [...]
assemelhado; b) em lugar sujeito à administração militar contra
militar em situação de atividade ou assemelhado, ou
z Sujeito ativo: militar da ativa; contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça
z Sujeito passivo: militar da ativa. Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;
Obs.: o termo assemelhado (Art. 21, do CPM) não z Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar
existe mais no universo jurídico desde a edição do reformado;
Decreto nº 23.203, de 1947. z Circunstâncias: lugar sujeito à administração militar;
z Sujeito passivo: militar da ativa, funcionário de
Art. 9° [...] ministério militar ou justiça militar no exercício
b) por militar em situação de atividade ou asseme- de função.
lhado, em lugar sujeito à administração militar,
contra militar da reserva, ou reformado, ou asse- Art. 9° [...]
melhado, ou civil; c) contra militar em formatura, ou durante o período
e prontidão, vigilância, observação, exploração, exer-
z Sujeito ativo: militar da ativa; cício, acampamento, acantonamento ou manobras;
z Circunstância: lugar sujeito à administração militar;
z Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar z Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar
reformado. reformado; 241
z Circunstâncias: formatura, prontidão, vigilância, Art. 183 Deixar de apresentar-se o convocado à
observação, exploração, acampamento, acantona- incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado,
mento, manobras; ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato ofi-
z Sujeito passivo: militar. cial de incorporação.
Embriaguez
Embriaguez habitual;
Note-se que qualquer agente que tenha praticado
Ocasião em que o agente se embriaga para melhor
a conduta direta ou indireta responde na mesma pro-
praticar o crime. É circunstância agravante nos ter-
porção pelo crime.
mos do art. 70, II, c, e Parágrafo Único.
Enio Luiz Rossetto, para ilustrar, conta o caso de
Caio que entrega uma arma de fogo para Tício matar
z Requisitos da inimputabilidade na embriaguez outra pessoa. Nesse contexto, a atividade de Caio e a
acidental: de Tício são condições do resultado e, portanto, não há
diferenças objetivas.
Casual: embriaguez acidental decorrente de
caso fortuito ou força maior; Para essa teoria todos os agentes que dão causa
Quantitativo: embriaguez completa; ao evento são considerados autores, independente
Cronológico: embriaguez existe ao tempo da de terem ou não praticado a ação descrita no tipo
conduta; penal (Cícero Coimbra).
Consequencial: afeta a capacidade de querer e
entender. Teoria formal objetiva ou restritiva.
Art. 72 [...]
É importante destacar que se o condenado, quando
I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de
proferida a sentença, já estiver na reserva, ou reformado setenta anos;
ou aposentado, a pena prevista no art. 324, do CPM, será II - ser meritório seu comportamento anterior;
convertida em pena de detenção de três meses a um ano. III - ter o agente: 247
a) cometido o crime por motivo de relevante valor Diante do exposto, fica claro que a suspensão
social ou moral; condicional da pena é aplicada ao condenado à pena
b) procurado, por sua espontânea vontade e com privativa de liberdade, não se estendendo, portanto,
eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar- às condenações às penas de reforma, suspensão do
-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, exercício do posto, graduação ou função ou à pena
reparado o dano;
acessória, nem excluindo a aplicação de medida de
c) cometido o crime sob a influência de violenta
segurança não detentiva.
emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontânea mente, perante a autori- Na sentença, o juiz ou o Conselho de Justiça deve espe-
dade, a autoria do crime, ignorada ou imputada a cificar as condições a que fica subordinada a suspensão.
outrem; Por exemplo, o condenado deverá:
e) sofrido tratamento com rigor não permitido em
lei. Não atendimento de atenuantes z Tomar ocupação, dentro de prazo razoável, se for
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima apto para o trabalho;
cominada é de morte, ao juiz é facultado atender, z Não se ausentar do território da jurisdição do juí-
ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas zo, sem prévia autorização;
no artigo. z Não portar armas ofensivas ou instrumentos capa-
zes de ofender;
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA z Não frequentar casas de bebidas alcoólicas ou de
casa noturna;
A suspensão condicional, ou sursis, do mesmo modo z Não mudar de habitação, sem aviso prévio à auto-
que no direito penal comum, está relacionado à pena, ridade competente.
sendo um instituto que busca evitar o recolhimento do
condenado ao cárcere. Trata-se de um benefício que só Vejamos, agora, o que rege o art. 85 do CPM.
pode ser concedido ao acusado que for condenado, sem
possibilidade de antecipar a aplicação. Art. 85 A sentença deve especificar as condições a
Neste sentido, o momento de conceder a sursis é que fica subordinada a suspensão.
na execução da pena privativa de liberdade (reclusão,
detenção ou prisão). É importante saber que a pena A suspensão condicional da pena pode ser revoga-
privativa de liberdade sobre a qual versa o benefício da pelo juízo da execução.
não pode ser superior a 2 (dois) anos e que a suspen-
são condicional do cumprimento da pena será de 2 Art. 86 A suspensão é revogada se, no curso do pra-
(dois) anos a 4 (quatro) anos. zo, o beneficiário:
Para que o juiz ou o Conselho de Justiça conceda I - é condenado, por sentença irrecorrível, na
a sursis, o sentenciado não pode ter sofrido, no país Justiça Militar ou na comum, em razão de crime,
ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro ou de contravenção reveladora de má índole ou a
crime com pena privativa de liberdade, salvo se: que tenha sido imposta pena privativa de liberdade;
II - não efetua, sem motivo justificado, a repara-
ção do dano;
z A condenação anterior tenha ocorrido entre a data III - sendo militar, é punido por infração discipli-
do cumprimento ou extinção da pena e o crime nar considerada grave.
posterior decorrido em período superior a cinco Revogação facultativa
anos; § 1º A suspensão pode ser também revogada, se o
z Da análise dos antecedentes, da personalidade, dos condenado deixa de cumprir qualquer das obriga-
motivos, das circunstâncias do crime, bem como ções constantes da sentença.
da conduta do agente seja possível presumir que Prorrogação de prazo
ele não tornará a praticar novo crime. § 2º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao
invés de decretá-la, prorrogar o período de prova
Vejamos como dispõe o art. 84 do Código Penal até o máximo, se este não foi o fixado.
Militar: § 3º Se o beneficiário está respondendo a processo
que, no caso de condenação, pode acarretar a revo-
gação, considera-se prorrogado o prazo da suspen-
Art. 84 A execução da pena privativa da liberdade,
são até o julgamento definitivo.
não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por
2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que:
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no A classificação da infração disciplinar, que prevê
estrangeiro, condenação irrecorrível por outro cri- o inciso III, do art. 86, depende da legislação de cada
me a pena privativa da liberdade, salvo o disposto força. Por exemplo, o Regulamento Disciplinar da
no 1º do art. 71; Aeronáutica classifica grave a transgressão em que o
II - os seus antecedentes e personalidade, os moti- militar põe em risco a saúde de outrem.
vos e as circunstâncias do crime, bem como sua A suspensão pode ser facultativamente revogada
conduta posterior, autorizem a presunção de que se o condenado deixa de cumprir qualquer das obriga-
não tornará a delinqüir. ções constantes da sentença. Nesse caso, por se tratar de
revogação facultativa, o juiz pode, ao invés de revogá-la,
Restrições prorrogar o período de prova até o máximo, isto é, 4 (seis)
anos, desde que já não esteja fixado esse período.
Art. 84 [...] O condenado que tiver o benefício da suspensão con-
Parágrafo único. A suspensão não se estende às dicional da pena, não cumprirá a pena privativa de liber-
penas de reforma, suspensão do exercício do posto, dade. Porém, se durante a sursis houver alguma causa de
graduação ou função ou à pena acessória, nem exclui revogação da suspensão, o condenado deverá cumprir a
248 a aplicação de medida de segurança não detentiva. pena privativa de liberdade. Vide art. 87:
Art. 87 Se o prazo expira sem que tenha sido revo- z Não frequentar casas de bebidas alcoólicas ou de
gada a suspensão, fica extinta a pena privativa de casa noturna;
liberdade. z Não mudar de habitação, sem aviso prévio à auto-
ridade competente.
Após transcorrido o prazo da suspensão condicio-
nal da pena, o juízo da execução julga extinta a pena Preliminares da Concessão
privativa de liberdade.
Art. 91 O livramento sòmente se concede mediante pare-
cer do Conselho Penitenciário, ouvidos o diretor do esta-
Art. 88 A suspensão condicional da pena não se belecimento em que está ou tenha estado o liberando e
aplica: o representante do Ministério Público da Justiça Militar;
I - ao condenado por crime cometido em tempo de e, se imposta medida de segurança detentiva, após perí-
guerra; cia conclusiva da não periculosidade do liberando.
II - em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de alicia- Observação Cautelar e Proteção do Liberado
ção e incitamento, de violência contra superior, ofi-
cial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia Art. 92 O liberado fica sob observação cautelar e
ou plantão, de desrespeito a superior, de insubordi- proteção realizadas por patronato oficial ou par-
nação, ou de deserção; ticular, dirigido aquêle e inspecionado êste pelo
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, Conselho Penitenciário. Na falta de patronato, o
235, 291 e seu parágrafo único, incisos I a IV. liberado fica sob observação cautelar realizada por
serviço social penitenciário ou órgão similar.
Em tempo de paz, a suspensão condicional da pena Revogação Obrigatória
não será aplicada ao condenado, nos termos da alínea
“b”, do inciso II, pelos crimes de desrespeito a supe- Art. 93 Revoga-se o livramento, se o liberado vem
rior, desrespeito a símbolo nacional, despojamento a ser condenado, em sentença irrecorrível, a penal
desprezível, pederastia ou outro ato de libidinagem e privativa de liberdade:
receita ilegal e casos assimilados. I - por infração penal cometida durante a vigência
do benefício;
II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de
LIVRAMENTO CONDICIONAL ser unificadas as penas, não fica prejudicado o
requisito do art. 89, nº I, letra a.
Art. 89 O condenado a pena de reclusão ou de
detenção por tempo igual ou superior a dois anos Nos termos do inciso II, do art. 93, revoga-se o livra-
pode ser liberado condicionalmente, desde que: mento por infração penal anterior, salvo se, tendo de
I - tenha cumprido: ser unificadas as penas, não fica prejudicado o requi-
a) metade da pena, se primário; sito de ter cumprido metade da pena, se primário.
b) dois terços, se reincidente;
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê- Revogação Facultativa
-lo, o dano causado pelo crime;
III - sua boa conduta durante a execução da pena, Art. 93 [...]
Art. 99 A perda de pôsto e patente resulta da con- Art. 105 O condenado a pena privativa de liberdade
denação a pena privativa de liberdade por tem- por mais de dois anos, seja qual for o crime pra-
po superior a dois anos, e importa a perda das ticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder,
condecorações. tutela ou curatela, enquanto dura a execução da
pena, ou da medida de segurança imposta em subs-
Indignidade Para o Oficialato tituição (art. 113).
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz
Art. 100 Fica sujeito à declaração de indignidade decretar a suspensão provisória do exercício do
para o oficialato o militar condenado, qualquer que pátrio poder, tutela ou curatela.
seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou
cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. A pena acessória de suspensão dos direitos políti-
161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, cos é a consequência da execução da pena privativa
250 311 e 312. de liberdade ou da medida de segurança imposta em
substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para z As medidas de segurança patrimoniais são a
a função pública. Isso significa que o condenado, seja interdição de estabelecimento ou sede de socieda-
civil ou militar, não pode votar, nem ser votado. Veja de ou associação, e o confisco.
a redação do art. 106, do CPM:
São pessoas sujeitas às medidas de segurança:
Art. 106 Durante a execução da pena privativa de
liberdade ou da medida de segurança imposta em
Pessoas Sujeitas às Medidas de Segurança
substituição, ou enquanto perdura a inabilitação
para função pública, o condenado não pode votar,
nem ser votado. Art. 111 As medidas de segurança somente podem
ser impostas:
EFEITOS DA CONDENAÇÃO I - aos civis;
II - aos militares ou assemelhados, condenados a
Os efeitos da condenação está previsto no artigo pena privativa de liberdade por tempo superior a
109 do Código Penal Militar.1 dois anos, ou aos que de outro modo hajam perdi-
do função, pôsto e patente, ou hajam sido excluídos
Art. 109. São efeitos da condenação: das fôrças armadas;
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resul- III - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 48;
tante do crime; IV - aos militares ou assemelhados, no caso do art.
Perda em favor da Fazenda Nacional 115, com aplicação dos seus § § 1º, 2º e 3º.
I - a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalva-
do o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: De acordo com o inciso III do art. 111, as medidas
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam
de segurança podem ser impostas aos militares que
em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
no momento da ação ou da omissão, não possui a capa-
detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor cidade de entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
que constitua proveito auferido pelo agente com a minar-se de acordo com esse entendimento, em virtude
sua prática. de doença mental, de desenvolvimento mental incom-
pleto ou retardado. Essa definição está prevista no art.
48, ao tratar sobre os inimputáveis.
Já nos termos do inciso IV do art. 111, essas medidas
MEDIDAS DE SEGURANÇA também poderão ser impostas aos militares que tiverem
a cassação de licença para dirigir veículos motorizados.
Acompanhe a seguir quais são as espécies de medi- O art. 112 fala sobre o manicômio judiciário. Acom-
das de segurança: panhe a leitura:
Art. 110 As medidas de segurança são pessoais ou Art. 112 Quando o agente é inimputável (art. 48), mas
patrimoniais. As da primeira espécie subdividem-se suas condições pessoais e o fato praticado revelam que
Além da prescrição descrita no art. 125, do CPM, deve- Art. 125 [...]
-se ter muita atenção à prescrição específica para o crime § 1º Sobrevindo sentença condenatória, de que
de Deserção e de Insubmissão, bem como para o crime somente o réu tenha recorrido, a prescrição passa a
em que a pena cominada é de reforma. Para o crime de regular-se pela pena imposta, e deve ser logo declara-
Suspensão da Prescrição
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa: civil ou Art. 144 [...]
militar. Destacamos aqui a figura do espião, indiví- § 3º Se a revelação é culposa:
duo que, clandestinamente, com disfarce ou sob o fal- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
so pretexto, procura informações com a finalidade de no caso do artigo; ou até 4 (quatro) anos, nos casos
as comunicar ao inimigo. O sujeito passivo é o Estado. dos § § 1º e 2º. 259
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa: civil ou Penetração com o Fim de Espionagem
militar. O sujeito passivo é o Estado. A conduta típi-
ca refere-se a revelar (descortinar, descobrir) algo, Art. 146 Penetrar, sem licença, ou introduzir-se
demonstrando haver sigilo em jogo. clandestinamente ou sob falso pretexto, em lugar
O foco, nas palavras de Nucci, é notícia, informa- sujeito à administração militar, ou centro indus-
ção ou documento, formado em segredo, que possa trial a serviço de construção ou fabricação sob
comprometer a segurança externa do Brasil, bem jurí- fiscalização militar, para colher informação desti-
dico tutelado.
nada a país estrangeiro ou agente seu:
O crime é doloso e não há elemento específico na
figura do caput. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
Admite-se a modalidade culposa, pois, imagine que Parágrafo único. Entrar, em local referido no arti-
alguém encarregado da guarda do segredo, ou poden- go, sem licença de autoridade competente, munido
do evitar a sua revelação, deixa de o fazer por descuido. de máquina fotográfica ou qualquer outro meio
A figura qualificada pelo resultado é que a reve- hábil para a prática de espionagem:
lação do segredo de Estado pode gerar algum tipo de Pena - reclusão, até 3 (três) anos.
prejuízo ao arsenal militar brasileiro, motivo pelo
qual cria-se um perigo concreto à segurança externa. Tutela-se a segurança externa, mas também as ins-
A pena é agravada com maior rigor se o fato com-
talações militares. O sujeito ativo pode ser qualquer
prometer a preparação bélica do país.
pessoa: civil ou militar. O sujeito passivo é o Estado.
Turbação de Objeto ou Documento Busca-se punir quem ingressa, de algum modo,
sem autorização, em local administrado pelos mili-
Art. 145 Suprimir, subtrair, deturpar, alterar, des- tares ou em centro industrial (fábrica em geral) que
viar, ainda que temporariamente, objeto ou docu- produza produtos concernentes ao interesse militar.
mento concernente à segurança externa do Brasil:
O ingresso é fundado pelo objetivo de alcançar
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
informação voltada a país ou espião estrangeiro.
Resultado Mais Grave É crime doloso e se revela na penetração clandesti-
na ou sob falso pretexto, ou sem licença de autoridade
Art. 145 [...] competente. Observe que há elemento subjetivo especí-
§ 1º Se o fato compromete a segurança ou a eficiên- fico, consistente em colher informação destinada a país
cia bélica do país: estrangeiro ou agente seu. Não há a modalidade culposa.
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
A ação penal é pública condicionada à requisição
Modalidade Culposa do Ministro da Defesa.
Art. 216 Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignida- z Honra do Presidente da República ou de chefe
de ou o decoro: de governo estrangeiro: o legislador entendeu ser
Pena - detenção, até 6 (seis) meses. especialmente grave o ataque à honra, objetiva ou
subjetiva, do representante maior de uma nação,
No crime de injúria, o sujeito ativo pode ser qual- seja ele brasileiro ou estrangeiro. No caso do Bra-
quer pessoa, civil ou militar, pois o agente é aquele sil, o Presidente da República é o Chefe Supremo
das Forças Armadas, o que faz com que a lei penal
que ofende a outrem na dignidade ou decoro. O sujei-
militar trate o fato de modo especial;
to passivo somente pode ser a pessoa física.
z Honra de superior: em função dos princípios da
Injuriar significa humilhar, achincalhar, ofender, hierarquia e da disciplina, quando o superior é víti-
ridicularizar, atentar contra a honra. É preciso que a ma do subordinado, é viável a agravação da pena;
ofensa atinja a dignidade, ou seja, a respeitabilidade, z Honra de militar ou funcionário público civil: o
ou o decoro, isto é, a compostura de alguém. aumento da pena tem por finalidade preservar o
O crime de injúria é doloso e não há a modalidade interesse da administração pública militar;
culposa. É inadmissível a exceção da verdade, pois não z Presença de duas ou mais pessoas com a facili-
se pode pretender provar um insulto ou uma afronta. tação da divulgação da agressão à honra: Tem por
objetivo punir com maior rigor o agente que se
Injúria Real valha de meio de fácil propagação da calúnia, da
difamação ou da injúria.
Art. 217 Se a injúria consiste em violência, ou outro
ato que atinja a pessoa, e, por sua natureza ou pelo O parágrafo único prevê a majorante subsidiária,
meio empregado, se considera aviltante: isto é, somente será aplicada se o fato não constituir
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, crime mais grave. Tem por majorante subsidiária a
além da pena correspondente violência. paga ou promessa de recompensa, que consiste no
recebimento ou expectativa de qualquer soma em
dinheiro ou outra vantagem, bem como o motivo tor-
No crime de injúria real, a lei menciona expressa-
pe, ou seja, aquele que é repugnante.
mente o elemento material: violência ou outro ato que
atinja a pessoa, considerado aviltante.
OFENSA ÀS FORÇAS ARMADAS
A violência é a ofensa à integridade corporal de
outrem, enquanto outro ato que atinja a pessoa repre- Art. 219 Propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes
senta a via de fato, ou seja, uma forma de violência de ofender a dignidade ou abalar o crédito das forças
que não chega a lesionar a integridade física ou a saú- armadas ou a confiança que estas merecem do público:
268 de de uma pessoa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
Parágrafo único. A pena será aumentada de 1/3 Outra imunidade, a literária, artística e científica,
(um terço), se o crime é cometido pela imprensa, diz respeito à liberdade de expressão, permitindo que
rádio ou televisão. haja crítica acerca de livros, obras de arte ou produ-
ções científicas de toda ordem, ainda que sejam pare-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, civil ceres ou conceitos negativos.
ou militar. O sujeito passivo são as Forças Armadas: A imunidade funcional pertence ao funcionário
Marinha, Exército e Aeronáutica, excluindo as Polícia público (civil ou militar) no cumprimento do dever
Militares e Bombeiros Militares, por constituírem as
inerente ao seu ofício, permitindo construir parecer
Forças Auxiliares.
desfavorável, expondo opinião negativa a respeito de
Segundo Nucci (2016), qualquer crime contra a
alguém, passível de macular a reputação da vítima ou
honra exige a determinação do sujeito passivo, seja
como pessoa física, seja como jurídica. É fundamental ferir a sua dignidade ou o seu decoro. Exemplo: no
a precisão de quem se trata, pois se lida com a imagem âmbito militar, quando o superior emite conceito de
de alguém, não sendo admissível “ofender” um ente aferição do merecimento de promoção.
sem personalidade jurídica, como o Estado, o Brasil,
a Polícia etc.
No caso do tipo do art. 219, embora as Forças Arma-
das não possuam personalidade jurídica, abre-se CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
exceção legal para estabelecer crime contra a honra.
O verbo nuclear é propalar, cujo significado é FURTO
divulgar ou espalhar algo. O tipo especifica que sejam
fatos inverídicos aptos a prejudicar a imagem das Furto Simples
Forças Armadas ou a confiança que elas merecem da
sociedade, não bastando simples críticas envolvendo Art. 240 Subtrair, para si ou para outrem, coisa
as instituições militares. alheia móvel:
O crime exige o dolo direto, advindo da expressão Pena - reclusão, até 6 (seis) anos.
que sabe inverídica; basta que a ofensa seja apta a
produzir o resultado pretendido. Furto Atenuado
É causa de aumento de pena o meio facilitado de
divulgação da ofensa, relativo à imprensa escrita, Art. 240 [...]
radio ou televisão. Podemos acrescentar como meio § 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de divulgação a internet, principalmente por meio das
de detenção, diminuí-la de 1 (um) a 2/3 (dois terços),
mídias sociais. ou considerar a infração como disciplinar. Entende-se
pequeno o valor que não exceda a 1/10 (um décimo) da
EXCLUSÃO DE PENA quantia mensal do mais alto salário mínimo do país.
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igual-
Art. 220 Não constitui ofensa punível, salvo quan- mente aplicável no caso em que o criminoso, sendo
do inequívoca a intenção de injuriar, difamar ou primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o
No Código Penal Militar, quando o resultado mor- Segundo Nucci (2016), o crime de extorsão median-
te for causado culposamente, o roubo possui causa de te sequestro no Código Penal Militar possui redação
aumento de pena (um terço até metade). Quando o diferenciada do art. 159 do Código Penal comum,
resultado morte for provocado dolosamente, o roubo crime hediondo. No Código Penal comum, o crime
se baseia no sequestro de pessoa com o fim de obter
é qualificado (pena de reclusão, de 15 a 30 anos).
vantagem como condição ou preço do resgate. No art.
EXTORSÃO 244 do CPM, omite-se o verbo sequestrar, optando-se
pelo núcleo extorquir, obter algo mediante emprego
Extorsão Simples de violência ou ameaça.
A extorsão mediante sequestro é crime complexo
Art. 243 Obter para si ou para outrem indevida em que tutela aos mesmos tempos, os bens jurídicos
vantagem econômica, constrangendo alguém, do patrimônio e a liberdade individual de locomoção.
mediante violência ou grave ameaça:
Não se admite tentativa, pois essa forma é equipa-
a) a praticar ou tolerar que se pratique ato lesivo
rada à consumada. O crime delito é doloso e não há a
do seu patrimônio, ou de terceiro;
modalidade culposa.
b) a omitir ato de interesse do seu patrimônio, ou
As formas qualificadas do crime de extorsão
de terceiro:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 15 (quinze) anos. mediante sequestro estão dispostas nos parágrafos do
Formas qualificadas art. 244 do CPM:
§ 1º Aplica-se à extorsão o disposto no § 2º do art.
242. z Lapso temporal ou idade da vítima (menos de 16
§ 2º Aplica-se à extorsão, praticada mediante vio- anos ou mais de 60 anos) ou pelo concurso de mais
lência, o disposto no § 3º do art. 242. de dois agentes;
z Quando resulta grave sofrimento físico ou moral,
O crime de extorsão também tem similaridade em razão de maus tratos recebidos ou da natureza
entre a definição contida no Código Penal Militar e na do sequestro, que podemos relacionar à prática de
legislação penal comum. Tutela-se o patrimônio. tortura;
Os sujeitos ativo e passivo podem ser qualquer pes- z Emprego de violência contra o sequestrado, oca-
soa, civil ou militar. Neste crime, o objetivo do agente sião em que se aplicam as disposições do roubo
é conseguir algo indevido com vantagem econômica. qualificado e do latrocínio.
Não se esqueça de que a extorsão é uma forma de
constrangimento por meio de violência ou grave ameaça, Chantagem
com a finalidade de obtenção de vantagem econômica.
As formas qualificadas de extorsão são as mesmas Art. 245 Obter ou tentar obter de alguém, para si
do roubo: ou para outrem, indevida vantagem econômica,
mediante ameaça de revelar fato, cuja divulgação
z Se a violência ou ameaça é exercida com emprego pode lesar a sua reputação ou de pessoa que lhe
de arma; seja particularmente cara:
z Se há concurso de duas ou mais pessoas; Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
z Se a vítima está em serviço de transporte de Parágrafo único. Se a ameaça é de divulgação
valores; pela imprensa, radiodifusão ou televisão, a pena é
z Se a vítima está em serviço de natureza militar; agravada.
z Se ocorre a morte preterintencional;
z Se o agente ocasiona dolosamente a morte de O crime de chantagem, apesar de estar tipificado
alguém. na legislação penal militar, pode ter qualquer pessoa
na condição de sujeito ativo e sujeito passivo.
Extorsão Mediante Sequestro Às vezes, o militar pratica a conduta contra um
civil, por exemplo, um fornecedor de gêneros alimen-
Art. 244 Extorquir ou tentar extorquir para si ou tícios para o quartel. Ou o civil, que presta serviços
para outrem, mediante sequestro de pessoa, indevi- de manutenção em rede elétrica do quartel, pratica o
da vantagem econômica: crime contra um militar.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 15 (quinze) anos. O crime é doloso, com o elemento subjetivo especí-
Formas Qualificadas fico que consistente na finalidade de obter algo para si
ou para outrem. Não há a modalidade culposa.
Art. 244 [...] O parágrafo único estabelece a agravação da pena
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) quando a ameaça é de divulgação pela imprensa,
horas, ou se o sequestrado é menor de 16 (dezes- radiodifusão, televisão, e também pela internet, por
272 seis) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime meio das mídias digitais e redes sociais.
Extorsão Indireta Apropriação de Coisa Havida Acidentalmente
Art. 246 Obter de alguém, como garantia de dívida, Art. 249 Apropriar-se alguém de coisa alheia vin-
abusando de sua premente necessidade, documento da ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
que pode dar causa a procedimento penal contra o natureza:
devedor ou contra terceiro: Pena - detenção, até 1 (um) ano.
Pena - reclusão, até 3 (três) anos.
Apropriação de Coisa Achada
O sujeito ativo é o credor de uma dívida. O sujei-
to passivo é o devedor, que entrega o documento ao Art. 249 [...]
agente, ou terceira pessoa potencialmente prejudica- Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
da pela apresentação do documento às autoridades. acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
O crime consiste em exigir ou receber o instru- ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
mento dessa ameaça, seja legítimo ou não o crédito. legítimo possuidor, ou de entregá-la à autoridade
Dois verbos são necessários para estudá-lo: competente, dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
z Obter, que significa conseguir algo, tendo por No caput do art. 249 do CPM, encontramos o delito
objeto o documento apto a desencadear investiga- de apropriação de coisa havida acidentalmente, e no
ção ou processo criminal; parágrafo único do mesmo artigo, o crime de apro-
z Abusar, que significa exagerar, usando de modo priação de coisa achada.
inconveniente alguma coisa. Em ambas as infrações, o sujeito ativo pode ser
qualquer pessoa, civil ou militar. O sujeito passivo
O crime é doloso e não existe a modalidade culposa. também pode ser civil ou militar, mas deve ser o pro-
prietário da coisa desviada ou perdida por erro ou aci-
APROPRIAÇÃO INDÉBITA dente, ou o legítimo possuidor da coisa perdida.
Tutela-se o patrimônio. Neste crime, a coisa alheia vem
Apropriação Indébita Simples ao poder do agente não por confiança de seu proprietário
ou possuidor, mas por evento estranho à sua vontade, ou
Art. 248 Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que seja, por haver acidentalmente ou por achar a coisa.
tem a posse ou detenção: O caso fortuito ou força maior (na lei está identi-
Pena - reclusão, até 6 (seis) anos. ficado por força da natureza) é evento acidental, que
faz com que um objeto termine em mãos erradas.
Agravação de Pena O crime é doloso e não há a modalidade culposa.
Art. 248 [...] z Coisa perdida: sumiu por causa estranha à vontade
Parágrafo único. A pena é agravada, se o valor da do proprietário ou possuidor, que não mais a encontra;
coisa excede vinte vezes o maior salário mínimo, ou z Coisa esquecida: saiu de sua esfera de vigilância
Art. 255 Adquirir ou receber coisa que, por sua Conhecendo as condutas, observe, agora, que o
natureza ou pela manifesta desproporção entre o delito de usurpação tem por objetivo punir aquele
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, que se apropria de bem imóvel alheio, eliminando
deve presumir-se obtida por meio criminoso: ou mudando o local de marcas divisórias. Vejamos
Pena - detenção, até 1 (um) ano. alguns termos, segundo Nucci (2016): 275
z Tapume é uma cerca ou uma vedação feita com Para que a crime ocorra, é necessário que a con-
tábuas ou outro material, utilizada, sobretudo, duta do agente seja indevida, ilícita. Entretanto, se
para separar propriedades imóveis; houver modificação da marca de um rebanho porque
z Marco é qualquer tipo de sinal demarcatório, existe autorização judicial ou alteração de proprieda-
natural ou artificial; de, a conduta é lícita.
z Sinal indicativo de linha divisória é qualquer O crime é doloso e não se pune a modalidade
símbolo ou expediente destinado a servir de adver- culposa.
tência ou reconhecimento objetivando demons-
trar a fronteira existente entre bens imóveis. DANO
z Desviar significa mudar a direção ou o destino de O delito de danos tem similaridade entre a legisla-
algo; ção penal militar e a comum.
z Represar quer dizer deter o curso das águas; Os sujeitos ativo e passivo podem ser qualquer pes-
z Invadir significa entrar à força, visando à dominação. soa, civil ou militar. Tutela-se o patrimônio do Estado.
Quais são as condutas que caracterizam o crime de
Por fim, a lei penal militar inclui o esbulho, que dano? As condutas são, conforme ensina Guilherme
configura a infração de usurpação, que é quando o Nucci (2014):
agente invade um imóvel utilizando de violência físi-
ca desferida contra uma pessoa ou quando há grave z Destruir quer dizer arruinar, extinguir ou eliminar;
ameaça e violência contra a coisa. Saiba que:
z Inutilizar significa tornar inútil ou imprestável
alguma coisa aos fins para os quais se destina;
z O Código Penal Militar exige o concurso de duas ou
z Deteriorar é a conduta de quem estraga ou cor-
mais pessoas;
rompe alguma coisa parcialmente.
z O Código Penal comum exige concurso de mais de
duas, pelo menos três.
O crime é doloso e não há a modalidade culposa.
O crime de dano, na legislação penal militar, prote-
A usurpação é crime doloso e não existe a modali-
dade culposa. ge o patrimônio do Estado, mas o delito é qualificado
quando a coisa pertence à administração militar, pela
Aposição, Supressão ou Alteração de Marca simples razão de ter maior proteção.
z Violência física ou da ameaça séria voltada contra Guilherme Nucci complementa que há também a
a pessoa, e não contra a coisa, pois a destruição, conduta residual, que é causar avaria, ou seja, provo-
inutilização ou deterioração; car qualquer estrago em embarcação.
z Emprego de substância inflamável ou explosiva pode Adapta-se o conteúdo deste tipo penal à Polícia
qualificar o dano, se não se constituir em crime mais Militar e ao Corpo de Bombeiros, no que for aplicá-
grave; vel. Por exemplo, as corporações não possuem navio
z Motivo egoísmo, que quem o agente danifica patri- de guerra, mas pode ser viável uma lancha de patru-
mônio alheio somente para satisfazer um capricho ou lhamento ou salvamento, principalmente no caso de
incentivar um desejo de vingança ou ódio pela vítima Bombeiros Militares (NUCCI, 2014).
deve responder mais gravemente pelo que faz. O crime é doloso e há a modalidade culposa.
Adverte Guilherme Nucci que se prevê a possi-
Dano em Material ou Aparelhamento de Guerra bilidade de apenar o agente não somente pelo dano
qualificado pelo resultado lesão grave ou morte, mas
Art. 262 Praticar dano em material ou aparelhamen- igualmente pela violência. O sujeito pode ser punido
to de guerra ou de utilidade militar, ainda que em por dano e lesão corporal ou por dano e homicídio.
construção ou fabricação, ou em efeitos recolhidos
Acompanhe a seguir o dano em aparelhos e insta-
a depósito, pertencentes ou não às forças armadas:
lações de aviação e navais e em estabelecimentos
Pena - reclusão, até 6 (seis) anos.
militares:
De maneira lógica, somente na lei penal militar há
Art. 264 Praticar dano:
o delito de dano em material ou aparelhamento de
I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou insta-
guerra. Mesmo com tipificação apenas na legislação
lações de campo de aviação, engenho de guerra
penal militar, o sujeito ativo pode ser qualquer pes-
motomecanizado, viatura em comboio militar,
soa, civil ou militar. O sujeito passivo é a instituição
arsenal, dique, doca, armazém, quartel, alojamento
militar, podendo ser também a pessoa proprietária
ou em qualquer outra instalação militar;
do depósito (caso o material bélico esteja estocado na
II - em estabelecimento militar sob regime indus-
fábrica, por exemplo).
trial, ou centro industrial a serviço de construção
Tutela-se o patrimônio do Estado. ou fabricação militar:
Guilherme Nucci ensina que o objeto do dano é o Pena - reclusão, de 2 (dois) a 10 (dez) anos.
material ou aparelhamento de guerra, material bélico, Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos parágra-
incluindo-se armas, binóculos, fardamento, capace- fos do artigo anterior.
tes, coletes, barracas, viaturas, ainda que em processo
de construção ou fabricação, ou os efeitos, coisas em
Na mesma sistemática que os crimes anteriores, o
geral que servem às atividades das Forças Armadas.
delito de dano em aparelhos e instalações de aviação e
O crime é doloso e admite-se a modalidade culposa.
navais e em estabelecimentos militares tem por sujei-
Desacato a superior é crime doloso devido à vontade O crime de ingresso clandestino significa entrar, em
livre e consciente de proferir palavra ou praticar ato inju- síntese, em quartel por lugar onde não exista passagem
rioso e o especial fim de agir na finalidade de despresti- regular, por exemplo, pulando muro, ou iludindo a sen-
278 giar a autoridade do superior hierárquico. Vejamos: tinela para poder entrar no estabelecimento militar.
Figura na condição de sujeito ativo qualquer pessoa O peculato somente pode ser praticado por fun-
entre na organização militar por local que não seja o cionário público, militar ou civil. Se o peculato for
portal principal do quartel, por exemplo, a pessoa que culposo e o funcionário ressarcir o patrimônio antes
pula o muro para entrar no estabelecimento militar. da sentença transitar em julgado, será extinta a
Vejamos o art. 302, do CPM: punibilidade.
O crime de peculato é dividido da seguinte forma:
Art. 302 Penetrar em fortaleza, quartel, estabeleci-
mento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro z Peculato-apropriação;
lugar sujeito a administração militar, por onde seja z Peculato-furto;
defeso ou não haja passagem regular, ou iludindo a z Peculato culposo.
vigilância de sentinela ou de vigia.
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, se o fato não Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte
constitui crime mais grave. divisão para o crime de peculato:
Art. 322 Deixar de responsabilizar subordinado Art. 342 Usar de violência ou grave ameaça, com
que comete infração no exercício do cargo, ou, o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
quando lhe falte competência, não levar o fato ao tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa
conhecimento da autoridade competente: que funciona, ou é chamada a intervir em inqué-
Pena – se o fato foi praticado por indulgência, detenção, rito policial, processo administrativo ou judicial
até 6 meses; se por negligência, detenção até 3 meses. militar:
Pena – reclusão, até 4 (quatro) anos, além da pena
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA correspondente à violência.
MILITAR
z O sujeito ativo no crime de coação pode ser qual-
Recusa de Função na Justiça Militar quer pessoa, civil ou militar. Já o sujeito passivo é
o Estado podendo ser também a pessoa que sofreu
Art. 340 Recusar o militar ou assemelhado exercer, a violência ou a grave ameaça.
sem motivo legal, função que lhe seja atribuída na
administração da Justiça Militar: Podemos sintetizar a conduta do agente, aquele
Pena – suspensão do exercício do posto ou cargo, de
que usa, emprega ou se serve, de violência, coação
2 (dois) a 6 (seis) meses.
física, ou grave ameaça, séria intimidação, para coa-
gir pessoa envolvida em inquérito policial militar ou
O crime de recusa de função na Justiça Militar requer
que o sujeito ativo seja militar. Simples, o militar pode processo administrativo.
ser convocado para ser Juiz Militar ou até mesmo para De acordo com os ensinamentos de Guilherme
outras atividades na Auditoria da Justiça Militar. Nucci, quanto ao caráter da ameaça, não se exige cau-
sar à vítima algo injusto, mas há de ser intimidação
z O sujeito passivo é o Estado, particularmente a Jus- envolvendo uma conduta ilícita do agente, ou seja,
tiça Militar; configura-se o delito quando alguém usa, contra pes-
z A conduta recusar, ou de não aceitar, está ligada ao soa que funcione em um processo judicial, por exem-
282 exercício de função na administração da Justiça Militar; plo, de grave ameaça justa, para obter vantagem.
O objeto da conduta é a autoridade, parte ou qual- Para o crime de comunicação falsa de crime, o
quer outra pessoa que funcione no feito, tratando-se sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, civil ou militar.
de interpretação analógica. Estas pessoas podem ser Contudo, o sujeito passivo é o Estado ou a adminis-
o Encarregado do Inquérito Policial Militar, o Encar- tração da Justiça Militar.
regado de Sindicância, o Presidente do Auto de Prisão Vejamos, provocar no contexto do delito de comu-
em Flagrante, a Autoridade que apura ou aplica san- nicação falsa de crime, tem o significado de dar causa,
ção em Processo Administrativo Disciplinar. gerar ou proporcionar, que deve ser interpretado em
Segundo Nucci, o crime é doloso, havendo elemen- conjunto com comunicar, fazer saber ou transmitir,
to subjetivo do tipo específico, consistente na finali- resultando na conduta mista de dar origem à ação da
dade de favorecer interesse próprio ou alheio em autoridade por conta da transmissão de uma informa-
processo ou em juízo arbitral. ção inverídica (Nucci, 2016).
Na prática, o agente faz denúncia de irregularida-
des no processo licitatório da organização militar. Pelo
Importante! relato do fato, instaura-se Inquérito Policial Militar,
que no curso das investigações não encontra elemen-
Havendo o emprego de violência, no lugar da gra- tos de materialidade, sendo, posteriormente, o juízo
ve ameaça, fica o agente responsável também decide por arquivar o procedimento investigatório.
pelo que causar à integridade física da pessoa, A comunicação pode ser por escrita ou oral. A ocor-
devendo responder em concurso material (Nuc- rência de crime diverso do comunicado à autoridade não
ci, 2014). configura o delito de comunicação falsa de crime, pois a
ação da autoridade identificou, por meio do procedimen-
to investigatório, outro delito, inexistindo, portanto, qual-
Denunciação Caluniosa quer prejuízo à administração da justiça (Nucci, 2016).
O crime é doloso, e não se pune a modalidade
Art. 343 Dar causa à instauração de inquérito poli- culposa.
cial ou processo judicial militar contra alguém,
imputando-lhe crime sujeito à jurisdição militar, de Autoacusação Falsa
que o sabe inocente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Art. 345 Acusar-se, perante a autoridade, de crime
Agravação de pena sujeito à jurisdição militar, inexistente ou praticado
Parágrafo único. A pena é agravada, se o agente se por outrem:
serve do anonimato ou de nome suposto. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Exploração de Prestígio
Art. 353 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, órgão do Ministério
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, na Justiça Militar:
Pena – reclusão, até 5 (cinco) anos.
Aumento de pena
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
também se destina a qualquer das pessoas referidas no artigo.
No crime de exploração de prestígio, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, civil ou militar, e o sujeito pas-
sivo será apenas o Estado.
São duas condutas que podem configurar o delito:
As condutas têm por finalidade inspirar juiz, membro do Ministério Público, serventuários da justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha.
Vale-se o agente de dinheiro ou outra utilidade, entendida como algo significativo como o é o dinheiro.
O crime é doloso e não se pune a modalidade culposa.
Se o agente, que não estão envolvidos com o fato, alegar ou insinuar que o dinheiro ou a utilidade destina-se,
também, ao juiz, membro do Ministério Público, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemu-
nha, sua pena deve ser aumentada em um terço.
Art. 354 Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão da
Justiça Militar:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
O sujeito ativo somente pode ser a pessoa suspensa ou privada de direito por decisão judicial. Já sujeito passivo
é o Estado, a administração militar.
O verbo exercer, no contexto deste delito, significa desempenhar com habitualidade.
Objetiva-se punir a pessoa que teve função, atividade, direito, autoridade ou múnus suspenso por decisão
judicial.
Vejamos os esclarecimentos (Nucci, 2016):
E vejamos:
Os crimes especialmente
previstos para o tempo de
guerra
Um ponto importante a respeito dos crimes praticados em tempo de guerra é a possibilidade de aumento de
pena em 1/3, daquelas cominadas para o tempo de paz. Vejamos:
Art. 20 Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as penas cominadas
para o tempo de paz, com o aumento de um terço.
ANOTAÇÕES
287
ANOTAÇÕES
288
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados
sob a vigência da lei anterior.
O Pacote Anticrime reconheceu que não há impar- Não se sabe exatamente quando surgiu um proce-
cialidade se o mesmo julgador intervém na fase dimento que, de alguma forma, visava apurar as infra-
investigatória e, ao mesmo tempo, aprecia o mérito, ções penais; no entanto, os primeiros relatos que se
condenando ou absolvendo o acusado. Isso é perceptí- tem dando conta de uma forma organizada de investi-
vel, uma vez que, na investigação, o juiz se contamina gação remontam à época da Roma Antiga. É de lá que
com elementos de informação. Logo, a nova legislação se origina o termo inquérito, que vem da expressão em
separa a figura do juiz das garantias da do juiz da ins- latim in + quaerere e quer dizer buscar alguma coisa
trução e julgamento. em uma determinada direção, procurar, perguntar.
No entanto, perceba que o juiz das garantias pos- Muito embora tenham existido outras normas ante-
sui a função de garantidor dos direitos fundamentais riores que estabeleceram procedimentos destinados a
na fase investigatória, mas não é dotado de iniciati- apurar a autoria e a materialidade de um crime, no Bra-
va acusatória, como erroneamente pode ser pensado. sil, o primeiro diploma legal a trazer expressamente o
Alerte-se para o fato de que o Pacote Anticrime veda termo e a definição de inquérito policial, com esse nome,
expressamente a iniciativa do juiz na fase de inves- foi o Decreto nº 4.824, de 22 de novembro de 1871, que
tigação. A intervenção do juiz das garantias na fase regulamentou a Lei nº 2.033, de 20 de setembro de 1871:
investigatória deve ser contingente e excepcional.
Art. 42 (Decreto nº 4.824, de 1871) O inquérito
Art. 3º-E O juiz das garantias será designado con- policial consiste em todas as diligencias necessá-
forme as normas de organização judiciária da rias para o descobrimento dos factos criminosos,
União, dos Estados e do Distrito Federal, obser- de suas circunstancias e dos seus autores e cômpli-
vando critérios objetivos a serem periodicamente ces; e deve ser reduzido a instrumento escrito [...].
divulgados pelo respectivo tribunal.
Com a publicação do atual Código de Processo Penal,
Estabelece o art. 3º-E que a atuação dos juízes em 3 de outubro de 1941, o inquérito policial consoli-
Art. 3º-F O juiz das garantias deverá assegurar o Conceito de Inquérito Policial
cumprimento das regras para o tratamento dos
presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer Inquérito policial pode ser definido como um
autoridade com órgãos da imprensa para explorar a
procedimento administrativo, conduzido pelo
imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de
Delegado de Polícia, que objetiva a apuração da
responsabilidade civil, administrativa e penal.
materialidade e autoria de uma infração penal,
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as auto-
ridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oiten- visando a que o titular da ação penal (Ministério
ta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a Público ou ofendido) possa ingressar em juízo.
realização da prisão e a identidade do preso serão, Além de identificar a autoria e materialidade, o
de modo padronizado e respeitada a programação inquérito policial presta-se, também, a identificar as
normativa aludida no caput deste artigo, transmi- circunstâncias que envolveram a prática da infração
tidas à imprensa, assegurados a efetividade da per- (modo de agir, motivos), uma vez que estas podem ser-
secução penal, o direito à informação e a dignidade vir como qualificadora, privilégio, causa de aumento
da pessoa submetida à prisão. ou diminuição de pena. 291
Dica: O inquérito policial é instaurado para apurar CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL
infrações penais cuja pena seja superior a 2 anos. As
infrações penais de menor potencial ofensivo (crimes O inquérito policial possui algumas características
cuja pena máxima não seja superior a 2 anos e con- próprias. Algumas estão previstas na própria lei; outras
travenções penais) são apuradas por meio de termo têm origem na doutrina e nas jurisprudências. O IP é:
circunstanciado, conforme determina o art. 69, da Lei
dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099, de 1995). Excep- Escrito
cionalmente, em duas hipóteses as infrações de menor
potencial ofensivo são apuradas por meio de IP: quando Todos os atos que forem produzidos durante o inquéri-
revestirem-se de alguma complexidade e quando envol- to policial devem ser escritos ou, quando forem realizados
verem violência doméstica ou familiar contra a mulher. de forma oral, reduzidos a termo. Tal previsão encontra-se
no art. 9º, do CPP, que será estudado mais adiante.
Natureza Jurídica
Inquisitivo
Quando se pergunta a natureza jurídica de um instituí-
do jurídico, busca-se conhecer sua essência. Nesse sentido, O IP é um procedimento administrativo destinado
o inquérito policial tem natureza jurídica de procedimen- a reunir as mínimas informações necessárias para a
to administrativo preparatório para a ação penal. propositura da ação penal; nele, não se aplica o prin-
O inquérito policial é um procedimento e não cípio do contraditório.
um processo administrativo. O que caracteriza um
processo é a presença de partes e a possibilidade de Indisponível
gerar sanção; no inquérito policial, não existem par-
tes, mas sim a figura do Delegado de Polícia (auto- De acordo com o art. 17, do CPP, uma vez instaura-
ridade policial), que é o responsável por apurar os do o inquérito policial, a autoridade policial não pode-
fatos que constituam infrações penais, bem como sua rá mais arquivá-lo.
autoria (o indicado não é parte, mas objeto da inves-
tigação); além disso, no inquérito não há aplicação de Dispensável
qualquer tipo de sanção.
O inquérito policial não é obrigatório. Como já men-
Finalidade e Destinatário cionado, o IP possui um caráter meramente informativo
e busca reunir informações a respeito do crime. Deste
modo, quando o titular da ação já possui os elemento
A finalidade do inquérito policial é colher elemen-
necessários para o oferecimento da ação penal, o inqué-
tos de informação a respeito da autoria, materialida-
rito será dispensável. Quanto a este tema, dispõe o § 5º,
de e das circunstâncias do crime a fim de formar a
do art. 39, do Código de Processo Penal:
convicção do titular da ação penal.
A convicção do titular da ação penal de que hou-
Art. 39 […]
ve um crime e sobre quem é seu autor é chamada de
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inqué-
opinio delicti. rito, se com a representação forem oferecidos elemen-
O destinatário do inquérito policial é o Ministério tos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste
Público, que é titular da ação penal pública, ou o ofen- caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
dido, que é o titular da ação penal de iniciativa privada.
Existe uma pequena parcela da doutrina que defen-
Valor Probatório de ser o inquérito policial indispensável; no entanto,
para fins de prova, adote a posição da dispensabilidade.
Como regra, não são produzidas provas durante
o inquérito policial, mas sim são colhidos elementos Discricionário
de informação. Para que se configure em prova, o ele-
mento deve ser colhido observando-se o contraditó- A autoridade policial pode conduzir e determinar
rio e a ampla defesa, o que não ocorre no inquérito. o rumo das diligências da maneira que entender ser
Assim sendo, o valor probatório do inquérito é rela- mais adequada. Trata-se da inexistência de um padrão
tivo, isto é, deve ser confirmado por outros elementos (formalidade) a seguir.
colhidos no curso da ação penal. É importante destacar que a discricionariedade não
está relacionada à instauração ou não do inquérito poli-
Dica cial, mas sim está ligada à condução das investigações.
Deste modo, caso haja elementos suficientes para a ins-
Eventuais nulidades ocorridas durante a investi- tauração do IP, este deve ser instaurado. A discriciona-
gação não contaminam a ação penal.1 riedade reflete a liberdade da autoridade em realizar as
diligências necessárias de acordo com cada caso concreto.
Excepcionalmente, ocorre a produção de provas A discricionariedade do Inquérito Policial não se
durante o inquérito policial, como no caso da produção confunde com arbitrariedade. A discricionariedade
de provas urgentes (provas, por exemplo, que podem vir diz respeito à liberdade de atuação da autoridade
a se perder se não forem produzidas); no entanto, duran- policial nos limites estabelecidos em lei. Quando a
te o processo, as partes podem se manifestar sobre essas autoridade policial ultrapassa tais limites, ela passa a
provas (é o que se denomina contraditório diferido). atuar de forma arbitrária (contrária à lei).
292 1 (STJ - AgRg no HC 235840/SP).
Oficial Art. 2º (Lei nº 12.830, de 2013) [...]
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de auto-
Incumbe ao delegado de polícia (civil ou federal) a ridade policial, cabe a condução da investigação
presidência do inquérito policial. criminal por meio de inquérito policial ou outro
procedimento previsto em lei, que tem como objeti-
Oficioso vo a apuração das circunstâncias, da materiali-
dade e da autoria das infrações penais.
Ao tomar conhecimento de notícia de crime de
ação penal pública incondicionada, a autoridade poli- Do art. 4º, do CPP, é possível identificar a caracte-
cial é sempre obrigada a agir de ofício. rística do inquérito de ser oficial (oficialidade), uma
vez que se encontra sob o encargo de autoridades
Sigiloso públicas (delegado de polícia).
O cargo de delegado (Civil ou Federal) é de carreira
Segundo o art. 20, do CPP, o inquérito policial, em (concursado) e é auxiliado em suas funções por investiga-
regra, será sigiloso às pessoas em geral. No que con- dores de polícia, escrivães e agentes policiais, entre outros.
cerne aos envolvidos (ofendido, indiciado, advogados O fundamento constitucional do exercício das fun-
etc.), esta regra não será aplicável. ções de polícia judiciária pela Polícia Federal encon-
Nesse sentido, vale observar o que diz a Súmula tra-se no § 1º, art. 144, da CF; por sua vez, a previsão
Vinculante nº 14: do exercício pelas Polícias Civis dos estados e do Dis-
trito Federal encontra-se no § 4º, art. 144, da CF. De
Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor, acordo com tais dispositivos, cabe aos órgãos da Polí-
no interesse do representado, ter acesso amplo cia Federal e da Polícia Civil realizar as investigações
aos elementos de prova que, já documenta- necessárias, colhendo provas e formando o inquérito
dos em procedimento investigatório realizado por policial, que servirá de base para futura ação penal.
órgão com competência de polícia judiciária, digam O parágrafo único, do art. 4º, do CPP, deixa claro
respeito ao exercício do direito de defesa. que, além do inquérito policial, admitem-se outros
meios de produzir provas com a finalidade de funda-
Assim, não poderá ser negado ao defensor do inves- mentar a ação penal, como, por exemplo, o inquérito
tigado o acesso aos elementos de prova que já constem policial militar, as sindicâncias e os processos admi-
nos autos do inquérito policial. Esse acesso aos autos não nistrativos e as Comissões Parlamentares de Inquérito.
abrange aquelas diligências investigatórias que ainda
estão em andamento, tendo em vista que o acesso por
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO
parte do defensor pode gerar prejuízos à investigação.
POLICIAL
Por exemplo, caso o advogado tivesse acesso à intercep-
tação telefônica de seu cliente que ainda está em curso,
As formas de instauração (início) do inquérito poli-
poderia instruí-lo a não falar a respeito do crime investi-
cial dependem da natureza da ação penal correspon-
gado, o que geraria grandes prejuízos à investigação.
dente ao crime que se apura.
Vale lembrar que, de acordo com o art. 100, do Códi-
Dica go Penal, ação pública é aquela cuja iniciativa cabe ao
Utilize o mnemônico É ID²OSO para se lembrar MP. A ação pública subdivide-se em incondicionada
das características do inquérito policial: (que não exige manifestação da vítima solicitando, de
Escrito forma expressa, a atuação do Estado) e condicionada
Inquisitorial (inquisitivo) (que exige a manifestação do ofendido no sentido de
Indisponível querer ver o fato apurado). Como regra, quando a lei
Dispensável nada fala em contrário, a ação é pública.
Discricionário
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito
Como visto, o art. 5º, do CPP, estabelece cinco formas pelas quais pode se instaurar um IP. O fluxograma a
seguir sistematiza as informações trazidas pelo artigo:
Instauração de Ofício
A instauração de ofício (I, art. 5º, do CPP) ocorre por ato voluntário da autoridade policial, sem que alguém
tenha feito um pedido expresso. Sempre que a autoridade policial tomar conhecimento da ocorrência de um cri-
me de ação pública, dentro de sua área de atuação, deve obrigatoriamente instaurar inquérito policial, mediante
a produção de um documento denominado portaria (é usual que se utilize a expressão “baixar portaria”).
A informação (chamada de notitia criminis) pode chegar ao conhecimento do delegado de polícia, por exem-
plo, mediante a lavratura de um boletim de ocorrência na delegacia, por uma matéria publicada na imprensa ou,
ainda, por meio de fatos trazidos por outros policiais ou pessoas do povo. Veja que, conforme dispõe o § 3º, art. 5º,
do CPP, qualquer pessoa — não necessariamente a vítima — pode levar ao conhecimento do delegado a ocorrên-
cia de um fato que consiste em infração penal (é o que se chama de delatio criminis).
Notitia criminis é o nome que se dá ao conhecimento pela autoridade policial de um fato criminoso. A notitia
crimininis de cognição imediata, direta ou espontânea é aquela em que a autoridade toma conhecimento do fato
por meio de suas atividades rotineiras (como, por exemplo, por informações trazidas por outros policiais ou pela
imprensa). Já a notitia criminis de cognição mediata, indireta ou provocada é que se dá de forma indireta (como
quando há requerimento do ofendido). Por sua vez, a notitia criminis de cognição obrigatória ou compulsória
ocorre quando o delegado toma conhecimento sobre o crime no caso da prisão em flagrante delito. Por fim, a
delatio criminis é uma espécie de notitia criminis que ocorre quando a comunicação do crime se dá por terceiro
(e não pela vítima). A denúncia anônima, que pode dar origem às investigações, mas que não autoriza por si só a
instauração do IP, é chamada de notitia criminis inqualificável ou apócrifa.
Para facilitar a compreensão das espécies de notitia criminis, veja o esquema a seguir:
Imediata ou
direta Autoridade toma conhecimento do fato por meio de suas atividades rotineiras
Mediata ou É provocada
NOTITIA CRIMINIS
indireta Autoridade toma conhecimento de forma indireta (requerimento)
Coercitiva ou
Casos em que autoridade toma conhecimento por meio do APF
obrigatória
Vale mencionar que o STF, ao analisar o Inquérito 1.957/PR, decidiu que a autoridade policial não pode instaurar
um IP de imediato quando a notícia da prática de um crime vier de fonte anônima e desacompanhada de qualquer
elemento de prova. Nessa hipótese, a autoridade policial deve determinar a realização de diligências preliminares
e, somente caso se confirme a possibilidade da ocorrência do delito, é que pode dar início ao inquérito.
A requisição, tanto do juiz quanto do MP, é sinônimo de ordem. Ou seja, a autoridade policial está obrigada a
dar início ao IP, baixando portaria, quando recebe requisição de um juiz ou promotor de justiça.
Dica
Nem o juiz nem o representante do Ministério Público são superiores hierárquicos do delegado; por tal moti-
vo, não podem dar ordens à autoridade policial. Nesse sentido, ao requisitar a instauração do IP, o MP ou o
juiz estão apenas fazendo com que o delegado cumpra a lei.
Muito embora, como prevê o § 3º, art. 5º, qualquer pessoa possa levar ao conhecimento do delegado a ocor-
rência de um crime (normalmente por meio da lavratura de um boletim de ocorrência), o legislador optou por
possibilitar que a vítima possa solicitar formalmente à autoridade policial o início do inquérito.
De acordo com o § 1º, art. 5º, do CPP, o requerimento do ofendido deve conter a indicação detalhada da ocor-
rência e do objeto da investigação (não cabe uma petição genérica, simplesmente requerendo a instauração de
inquérito). Muito embora o § 1º faça referência somente ao requerimento do ofendido, que não pode ser genérico,
o entendimento é que se aplica tal regra também à requisição feita pelo juiz ou promotor.
A autoridade policial pode indeferir o requerimento, conforme determina o § 3º, art. 5º, do CPP. Neste caso,
o ofendido pode recorrer ao chefe de polícia (parte da doutrina entende ser o Delegado-Geral; outro entendem
ser o Secretário de Segurança Pública). Caso o recurso seja deferido, o IP é instaurado sem a necessidade de a
autoridade baixar portaria.
Importante!
O requerimento para instauração de IP pode ser feito tanto em crimes de ação pública quando em crimes de
ação privada (§ 5º, art. 5º, do CP).
O auto de prisão em flagrante consiste no documento que contém as informações relativas à prisão em flagrante.
Uma vez lavrado o auto de prisão em flagrante, o inquérito já está instaurado (não requer que se baixe portaria).
Conforme dispõe o § 5º, art. 5º, do CPP, nos crime de ação privada, o IP só pode ser instaurando mediante a
apresentação de requerimento do titular da ação (ofendido ou seu representante legal, ou, no caso de morte, o
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). Veja que não se exige que seja feito por intermédio de advogado.
Por fim, para facilitar a memorização, o fluxograma a seguir reúne as formas de instauração do inquérito policial:
Ofício
APF
FORMAS DE INSTAURAÇÃO
Crimes de ação penal Necessária a representação
DO INQUÉRITO POLICIAL
pública condicionada à da vítima
representação
Necessário o requerimento
Crimes de ação privada
da vítima
DILIGÊNCIAS
Assim que a notitia criminis chegar ao conhecimento da autoridade policial, o delegado deve observar o que
determinam os arts. 6º e 7º, do CPP. A seguir, analisaremos esses dispositivos. 295
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da O inciso V cuida do interrogatório do indiciado, que
infração penal, a autoridade policial deverá: é a pessoa a quem se aponta, na fase do inquérito, como
I - dirigir-se ao local, providenciando para que autor da infração penal (indiciar é verificar que existe
não se alterem o estado e conservação das coisas, a probabilidade do até então suspeito ser o agente).
até a chegada dos peritos criminais; O § 6º, art. 2º, da Lei nº 12.830, de 2013, exige que
a autoridade policial, ao indiciar o suspeito, aponte
O inciso I, art. 6º, cuida da preservação do local nos autos do IP os motivos que levaram a proceder
de crime, que visa impedir que se altere o local dos
ao indiciamento, bem como justifique a classificação
fatos que possam prejudicar a realização da perícia.
feita em determinado tipo penal.
Ao interrogatório do indiciado aplicam-se as
Dica regras do interrogatório judicial, previstas nos arts.
A modificação dolosa de local de crime, com a 185 a 196, do CPP, com as devidas adaptações (uma
finalidade de induzir a erro o juiz ou perito, con- vez que o indiciado ainda não é réu. Nesse sentido,
figura o delito de fraude processual, previsto no não é necessária a presença do defensor no inter-
art. 347, do CP. Por sua vez, o art. 312, do Código rogatório feito na delegacia, assim como o advogado
de Trânsito Brasileiro, define como crime a con- não tem direito de interferir no interrogatório a
duta de inovar artificiosamente, em caso de aci- fim de fazer perguntas. No entanto, o delegado não
pode proibir o advogado de acompanhar o interroga-
dente automobilístico com vítima, na pendência
tório. Vale lembrar que o inciso LXIII, art. 5º, da CF,
do respectivo procedimento policial ou processo
assegura ao indiciado o direito de permanecer calado
penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
durante o interrogatório.
a fim de induzir a erro o agente policial, o perito
Voltando ao art. 6º, do CP, o inciso V cuida, ainda,
ou juiz.
da chamadas testemunhas instrumentárias. A auto-
ridade policial deve assegurar que o termo de inter-
Art. 6° [...]
II - apreender os objetos que tiverem relação com rogatório seja assinado por duas testemunhas que
o fato, após liberados pelos peritos criminais; presenciaram a leitura da peça para o indiciado.
O inciso X foi incluído no art. 6º pela Lei nº 13.257, Art. 3-B […]
de 2016, denominada Lei da Primeira Infância. O dis- § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garan-
positivo visa à proteção das crianças de até 6 anos de tias poderá, mediante representação da autoridade
idade que podem sofrer consequências decorrentes policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma
da prática de crimes por seus pais. Com base em tal única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze)
conhecimento, a autoridade policial pode, por exem- dias, após o que, se ainda assim a investigação não
plo, solicitar apoio de órgãos de assistência social ou for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
de proteção da criança.
Em que pese haver a previsão de prorrogação do
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a prazo do inquérito, esse artigo está suspenso por pra-
infração sido praticada de determinado modo, a zo indeterminado; embora não aplicável, ainda está
autoridade policial poderá proceder à reprodução previsto no texto do CPP.
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a Deste modo, a regra prevista no CPP é que o pra-
moralidade ou a ordem pública. zo do inquérito policial é de 10 dias (preso) e 30 dias
(solto), com possibilidade de prorrogação de 15 dias
O art. 7º trata da reconstituição do crime, que (preso) por uma única vez (lembre-se: esta possibili-
consiste em uma simulação dos fatos, muito comum dade está suspensa). Porém, existem outros prazos,
principalmente em homicídios. conforme se vê na tabela a seguir: 297
PRESO SOLTO
É de suma importância destacar que, estando o indiciado solto, a violação do limite estabelecido no art. 10, do
CPP, não possui repercussão, pois não gera prejuízos ao insidiado. O STJ entende que tal prazo é considerado como
prazo impróprio (seu desatendimento não gera consequências).
RELATÓRIO FINAL
Art. 10 [...]
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar
onde possam ser encontradas.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz
a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
O inquérito deve encerrado por minucioso relatório dando conta de tudo o que foi apurado (materialidade e
autoria da infração ou sua ausência), relatando as diligências efetuadas, como regra, em ordem cronológica.
Uma vez relatado, o IP é remetido ao juiz competente, que é identificado segundo os critérios de competência
jurisdicional estabelecidos nos arts. 69 e seguintes, do CPP.
O § 2º, art. 10, do CPP, menciona a hipótese de indicação de testemunhas não inquiridas, o que deve ser excep-
cional, cabível somente no caso de investigado preso cujo prazo para terminar o inquérito é de 10 dias. No caso de
investigado solto, o delegado pode pedir a dilação do prazo do IP, prevista no § 3º.
Art. 11 Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos
do inquérito.
Os instrumentos do crime, assim como os objetos de interesse da prova, devem ser encaminhados ao fórum,
juntamente com o IP, para apreciação pelo juiz ou pelos jurados ou, ainda, para que neles possa ser feita contra-
prova caso haja contestação pela defesa.
Instrumentos do crime são os objetos usados pelo agente para cometer crime, tais como armas e documentos
falsos. Objetos de interesse da prova, por sua vez, são coisas que servem para demonstrar a verdade do ocorrido,
tais como telefone celular, computador, objeto da vítima com marcas de violência, entre outros.
Art. 12 O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
O inquérito não é imprescindível para o oferecimento da denúncia (peça acusatória inicial apresentada pelo
Ministério Público nos casos de ação penal pública) nem da queixa (peça acusatória inicial apresentada por meio
do advogado do ofendido quando a ação for de iniciativa privada). No entanto, de acordo com o art. 12, do CPP,
quando o IP servir de base para a denúncia ou queixa, deve obrigatoriamente acompanhar uma ou outra.
Tratando-se de crime de ação penal pública, uma vez recebidos os autos do inquérito policial, o Ministério
Público pode agir de várias formas. Dentre elas, o MP pode oferecer a denúncia, caso entenda que se encontram
presentes os elementos para dar origem à ação penal. Pode, por outro lado, requerer a devolução do inquérito
policial (IP) à autoridade policial para a realização de novas diligências necessárias ao oferecimento da denúncia.
Também pode, conforme será estudado mais adiante, formalizar acordo de não persecução penal. E, caso entenda
que o juízo perante o qual atua não é o competente para o julgamento do feito, o MP pode declinar de sua compe-
tência, requerendo ao juiz que remeta os autos ao juiz competente.
Além das medidas citadas, o MP pode determinar o arquivamento do IP quando se encontrar diante de uma
das seguintes hipóteses:
z Ausência de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal (por exemplo, quando a
vítima retira a representação que havia feito);
z Falta de justa causa para o exercício da ação penal (por exemplo, quando não há informações sobre a autoria
do fato);
z Atipicidade do fato (quando o fato, de forma evidente, não constitui crime);
z Certeza da existência de excludente de ilicitude (como um caso claro de legítima defesa);
z Existência clara de excludente de culpabilidade, exceto se tratar-se de hipótese de inimputabilidade (o inim-
putável previsto no art. 26, do CP, deve ser denunciado a fim de que, ao final do processo, por meio de sentença
absolutória imprópria, seja imposta a ele medida de segurança);
z Causa extintiva da punibilidade (como a morte do agente);
z Cumprimento do acordo de não persecução penal (conforme art. 28-A, do CPP).
Atipicidade do fato
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO
POLICIAL
Excludente de ilicitude
Extinção da punibilidade
Presente qualquer das hipóteses mencionadas, o procedimento a ser seguido é o que consta no art. 28, do CPP,
e que foi recentemente alterado de forma substancial pela Lei nº 13.964, de 2019, conhecida por Lei Anticrime.
Vale conferir as diferenças entre a antiga e a nova redação do art. 28, do CPP, conforme consta no quadro a
seguir.
Art. 28 Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar Art. 28 Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de
a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar im- do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à
procedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a de- revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
núncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferece- § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com
-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trin-
o juiz obrigado a atender ta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimen-
to da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do
inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a
quem couber a sua representação judicial
A grande mudança trazida pela Lei nº 13.964, de 2019, nas regras relativas ao arquivamento do inquérito
policial, é que deixa de haver qualquer tipo de controle judicial sobre o arquivamento apresentado pelo MP.
304 O controle total sobre o arquivamento passa a ser do Ministério Público.
§ 4º Para a homologação do acordo de não perse-
Importante! cução penal, será realizada audiência na qual o juiz
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da
Tendo em vista concessão de liminar STF na ADI
oitiva do investigado na presença do seu defensor, e
6305/DF, a alteração feita no art. 28 referente ao sua legalidade.
arquivamento do inquérito policial encontra-se § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou
suspensa. Dessa forma, a redação revogada do abusivas as condições dispostas no acordo de não per-
art. 28 permanece em vigor enquanto vigorar a secução penal, devolverá os autos ao Ministério Públi-
decisão do Ministro Luiz Fux. co para que seja reformulada a proposta de acordo,
com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não per-
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL secução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério
Público para que inicie sua execução perante o juízo
Uma grande novidade introduzida no CPP pela Lei de execução penal.
nº 13.964, de 2019 (Lei Anticrime), foi a previsão do § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta
acordo de não persecução penal, introduzido no art. que não atender aos requisitos legais ou quando não
28-A, do CPP: for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste
artigo.
Art. 28-A Não sendo caso de arquivamento e tendo § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os
o investigado confessado formal e circunstancial- autos ao Ministério Público para a análise da necessi-
mente a prática de infração penal sem violência dade de complementação das investigações ou o ofere-
ou grave ameaça e com pena mínima inferior a cimento da denúncia.
4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor § 9º A vítima será intimada da homologação do acor-
acordo de não persecução penal, desde que necessá- do de não persecução penal e de seu descumprimento.
rio e suficiente para reprovação e prevenção do § 10 Descumpridas quaisquer das condições estipula-
crime, mediante as seguintes condições ajustadas das no acordo de não persecução penal, o Ministério
cumulativa e alternativamente: Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
na impossibilidade de fazê-lo; § 11 O descumprimento do acordo de não persecução
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indica- penal pelo investigado também poderá ser utiliza-
dos pelo Ministério Público como instrumentos, pro- do pelo Ministério Público como justificativa para o
duto ou proveito do crime; eventual não oferecimento de suspensão condicional
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades do processo.
públicas por período correspondente à pena mínima § 12 A celebração e o cumprimento do acordo de
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em não persecução penal não constarão de certidão
local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma de antecedentes criminais, exceto para os fins pre-
do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de vistos no inciso III do § 2º deste artigo.
1940 (Código Penal); § 13 Cumprido integralmente o acordo de não per-
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos secução penal, o juízo competente decretará a extin-
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de ção de punibilidade.
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade públi- § 14 No caso de recusa, por parte do Ministério Públi-
ca ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da co, em propor o acordo de não persecução penal, o
execução, que tenha, preferencialmente, como função investigado poderá requerer a remessa dos autos a
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição O acordo de não persecução penal consiste em um
indicada pelo Ministério Público, desde que proporcio- negócio jurídico (acordo) realizado extrajudicialmen-
nal e compatível com a infração penal imputada. te entre o Ministério Público e o infrator (acompanha-
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito do por seu defensor) que confessa de modo formal e
O art. 32, do CPP, fundamenta-se no que prevê o As fundações, associações ou sociedades legal-
inciso LXXIV, art. 5º, da CF, que garante a prestação de mente constituídas podem propor ação penal priva-
assistência jurídica integral e gratuita às pessoas que da; quem oferece a queixa-crime são os indivíduos
comprovarem insuficiência de recursos. designados em seus atos constitutivos (por exemplo,
o chefe do setor jurídico). Caso não exista previsão
Vítima Incapaz nos contratos ou estatutos, a função de representação
recai sobre os diretores ou sócios-gerentes.
Art. 33 Se o ofendido for menor de 18 anos, ou men-
talmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver DECADÊNCIA
representante legal, ou colidirem os interesses des-
te com os daquele, o direito de queixa poderá ser
A decadência consiste na perda do direito de ação
exercido por curador especial, nomeado, de ofício
ou do direito de representação quando não são exer-
ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
cidos dentro do prazo legal. A decadência é prevista
competente para o processo penal.
no inciso IV, art. 107, do Código Penal, como uma das
causas que extinguem a punibilidade. O CPP, por sua
Nem sempre a vítima menor de 18 anos ou mental-
vez, dispõe:
mente enferma ou retardada tem quem a represente
ou, caso tenha, pode ser que seus interesses colidam
Art. 38 Salvo disposição em contrário, o ofendi-
com os seus representantes (por exemplo, quando
do, ou seu representante legal, decairá no direito
o agressor é um familiar e o representante legal da de queixa ou de representação, se não o exercer
vítima se recusa a defender os interesses do incapaz). dentro do prazo de seis meses, contado do dia
Nesses casos, o juiz, de ofício ou a pedido do MP, pode em que vier a saber quem é o autor do crime,
nomear um curador especial (muitas vezes, um outro ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
parente ou um advogado de confiança do juízo) para prazo para o oferecimento da denúncia.
que represente a vítima incapaz (pode ser qualquer Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direi-
pessoa, desde que maior de 18 anos). to de queixa ou representação, dentro do mesmo pra-
zo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
Titularidade do Direito de Queixa — Direito
Concorrente do Menor de 21 Anos A regra geral do prazo decadencial que consta no
art. 38, do CPP, é a mesma prevista no art. 103, do CP,
Art. 34 Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 ou seja, 6 meses para que o ofendido ou seu repre-
anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele sentante exerça o direito de queixa (na ação privada)
ou por seu representante legal. ou de representação (na ação pública condicionada à
representação). O prazo começa a contar:
Art. 59 A aceitação do perdão fora do processo Art. 62 No caso de morte do acusado, o juiz somen-
constará de declaração assinada pelo querelado, te à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o
por seu representante legal ou procurador com Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
poderes especiais.
Nos casos de extinção da punibilidade por morte do
PEREMPÇÃO DA AÇÃO PENAL PRIVADA agente, esta é comprovada por meio de certidão de óbito.
Perimir quer dizer “matar”. Quando se fala que ação DISPOSIÇÕES GERAIS
está perempta, quer dizer que ela está “morta”.
Medidas Cautelares
O art. 60, do CPP, cuida da perempção na ação
penal privada, isto é, da extinção da ação por falta de Art. 282 As medidas cautelares previstas neste
impulso de quem deve praticar determinados atos. Título deverão ser aplicadas observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para
As razões que levam à perempção são o abandono da
a investigação ou a instrução criminal e, nos
ação penal por seu autor, que deixa de movimentá- casos expressamente previstos, para evitar a prá-
-la, ou o desaparecimento do autor, sem deixar suces- tica de infrações penais;
sores. Mais especificamente, levam à perempção da II - adequação da medida à gravidade do crime,
ação penal privada: circunstâncias do fato e condições pessoais do indi-
ciado ou acusado.
z a inércia do querelante por 30 dias;
z a ausência de sucessor ou representante no prazo Medidas cautelares são as providências que bus-
de 60 dias após o falecimento do querelante; cam garantir a efetividade e a utilidade do processo,
z a ausência não justificada do querelante em atos preservando situações ou coisas que sejam de valor
presenciais; para a causa, impedindo que sejam modificadas, fal-
z a não formulação do pedido de condenação nas sificadas ou que venham a perder o significado ou
de acordo com a gravidade do crime (se for muito grave o crime e, presentes outros elementos, decreta-se
a prisão; se foi de média gravidade, impõe-se medida cautelar alternativa;
às circunstâncias do fato;
às condições pessoas do indiciado ou acusado.
Nem sempre basta que o juiz decrete uma medida de forma isolada. Assim, dependendo do caso concreto, o
juiz poderá aplicar mais de uma medida cautelar.
São medidas decretadas exclusivamente pelo juiz a requerimento das partes (durante a fase processual) ou
por representação do delegado de polícia, ou por requerimento do Ministério Público.
A medida cautelar alternativa impõe algumas obrigações ao indiciado ou réu; em caso de descumprimento, o
juiz pode impor uma das seguintes medidas:
Substituição da medida
DESCUMPRIMENTO DA CAUTELAR
Aplicação de outra cumulativamente
ALTERNATIVA
Tratam-se medidas de caráter provisório, devendo ser revogadas sempre que não forem mais necessárias ou
adequadas ao fim ao qual foram impostas.
Por se tratar de medida mais drástica, a prisão preventiva somente é decretada em último caso.
Art. 283 Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal
transitada em julgado.
Prisão nada mais é do que a privação da liberdade de alguém, por motivo lícito ou por ordem legal.
312 A prisão somente pode ocorrer nas seguintes situações:
Flagrante
Preventiva
(arts. 311 a 318, CPP)
PRISÃO
Prisão cautelar Temporária
Ordem ou provisória (Lei n° 7.960/1989)
fundamentada
do juiz Condenação
Domiciliar
transitada em
(arts. 318 e 318, CPP)
julgado
Se para a infração não houver previsão de pena privativa de liberdade, não caberá a aplicação de medida
cautelar prisional.
Inviolabilidade do Domicílio
Seja qual for a espécie de prisão, esta poderá ser efetuada 24 horas por dia, 7 dias por semana. No entanto, para
que esta seja realizada no interior de uma casa, devem ser respeitadas as regras previstas no inciso XI, do art. 5º, da CF:
Dica
O melhor entendimento sobre o conceito de “dia” é o período compreendido entre o alvorecer e o anoitecer,
sem fixação de horário.
A Lei nº 4.737, de 1965 (Código Eleitoral), determina, em seu art. 236, que nenhuma autoridade poderá prender
Art. 284 Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa
de fuga do preso.
O uso de força no cumprimento da medida somente se justifica se for indispensável ao impedimento de resis-
tência ou tentativa de fuga.
Sobre o uso de algemas, é de suma importância o conhecimento da Súmula Vinculante nº 11:
Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou
do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 313
Mandado de Prisão Prisão Fora da Jurisdição (Precatória)
Art. 285 A autoridade que ordenar a prisão fará Art. 289 Quando o acusado estiver no território
expedir o respectivo mandado. nacional, fora da jurisdição do juiz processan-
Parágrafo único. O mandado de prisão: te, será deprecada a sua prisão, devendo constar da
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela precatória o inteiro teor do mandado.
autoridade; § 1º Havendo urgência, o juiz poderá requisitar
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por a prisão por qualquer meio de comunicação, do
seu nome, alcunha ou sinais característicos; qual deverá constar o motivo da prisão, bem como
c) mencionará a infração penal que motivar a o valor da fiança se arbitrada.
prisão; § 2º A autoridade a quem se fizer a requisição
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quan- tomará as precauções necessárias para averiguar
do afiançável a infração; a autenticidade da comunicação.
e) será dirigido a quem tiver qualidade para § 3º O juiz processante deverá providenciar a remo-
dar-lhe execução. ção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
contados da efetivação da medida.
O mandado é a ordem exclusivamente determina-
da pelo juiz (e por ele assinada) e deve conter os requi- O art. 289, do CPP, cuida da hipótese de prisão rea-
sitos do parágrafo único, do art. 285, do CPP. A prisão lizada por meio de carta precatória, que é utilizada
sem mandado, nos casos que sua posse é obrigatória quando a pessoa a ser presa se encontra em jurisdi-
(art. 287, do CPP), implica na prática de crime de abu- ção diversa da do juiz que determinou o recolhimen-
so de autoridade, previsto na Lei nº. 13.869, de 2019. to. Deprecar significa pedir, solicitar. O pedido de um
juiz a outro se faz por meio de carta precatória, da
Duplicidade do Original do Mandado qual deverá constar o inteiro teor do mandado.
Veja que, em caso de urgência, a precatória pode
Art. 286 O mandado será passado em duplicata, ser transmitida por qualquer meio de comunicação,
e o executor entregará ao preso, logo depois da tal como e-mail, telefone etc.
prisão, um dos exemplares com declaração do
dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá Controle do Mandado de Prisão
o preso passar recibo no outro exemplar; se
recusar, não souber ou não puder escrever, o Art. 289-A O juiz competente providenciará o ime-
fato será mencionado em declaração, assinada diato registro do mandado de prisão em banco
por duas testemunhas. de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justi-
ça para essa finalidade.
O mandado de prisão é expedido em duas vias ori- § 1º Qualquer agente policial poderá efetuar a pri-
são determinada no mandado de prisão registrado
ginais; uma é entregue ao preso mediante recibo. Caso
no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da
preso não queira ou não possa assinar, duas testemu- competência territorial do juiz que o expediu.
nhas, chamadas de instrumentárias, assinam certifi- § 2º Qualquer agente policial poderá efetuar a pri-
cando o ato (podem ser chamadas em juízo, caso haja são decretada, ainda que sem registro no Conselho
dúvida sobre execução da ordem de prisão). Nacional de Justiça, adotando as precauções neces-
sárias para averiguar a autenticidade do mandado
Mandado de Prisão e Infração Inafiançável e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este
providenciar, em seguida, o registro do mandado
Art. 287 Se a infração for inafiançável, a falta na forma do caput deste artigo
de exibição do mandado não obstará a prisão, § 3º A prisão será imediatamente comunicada ao juiz
e o preso, em tal caso, será imediatamente apresen- do local de cumprimento da medida o qual providencia-
tado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a rá a certidão extraída do registro do Conselho Nacio-
realização de audiência de custódia. nal de Justiça e informará ao juízo que a decretou.
§ 4º O preso será informado de seus direitos, nos ter-
mos do inciso LXIII do art. 5ºda Constituição Federal
Veja que não se trata de falta de ordem de prisão (o e, caso o autuado não informe o nome de seu advoga-
que seria ilegal), mas sim da falta de sua exibição no do, será comunicado à Defensoria Pública.
caso de infrações mais graves (inafiançáveis). § 5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre
a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a
Recolhimento à Prisão identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2º do
art. 290 deste Código.
Art. 288 Ninguém será recolhido à prisão, sem § 6º O Conselho Nacional de Justiça regulamen-
que seja exibido o mandado ao respectivo diretor tará o registro do mandado de prisão a que se
ou carcereiro, a quem será entregue cópia assina- refere o caput deste artigo.
da pelo executor ou apresentada a guia expedida
pela autoridade competente, devendo ser passado O banco de dados a que se refere o art. 289-A, do
recibo da entrega do preso, com declaração de dia CPP, é o atual Banco Nacional de Medidas Penais e Pri-
e hora. sões (BNMP 3.0), sistema digital mantido pelo Conse-
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no lho Nacional de Justiça (CNJ).
próprio exemplar do mandado, se este for o docu-
mento exibido. Prisão em Perseguição
É proibido o recolhimento à prisão sem a apresen- Art. 290 Se o réu, sendo perseguido, passar ao
tação do mandado ao carcereiro ou diretor do estabe- território de outro município ou comarca, o execu-
314 lecimento prisional. tor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde
o alcançar, apresentando-o imediatamente à entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for
autoridade local, que, depois de lavrado, se for obedecido imediatamente, o executor convocará
o caso, o auto de flagrante, providenciará para a duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na
remoção do preso. casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noi-
§ 1º Entender-se-á que o executor vai em persegui- te, o executor, depois da intimação ao morador, se
ção do réu, quando: não for atendido, fará guardar todas as saídas, tor-
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem inter- nando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
rupção, embora depois o tenha perdido de vista; arrombará as portas e efetuará a prisão.
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, Parágrafo único. O morador que se recusar a entre-
que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal gar o réu oculto em sua casa será levado à presença
ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for da autoridade, para que se proceda contra ele como
no seu encalço. for de direito.
§ 2º Quando as autoridades locais tiverem funda-
das razões para duvidar da legitimidade da pessoa O art. 293, do CPP, trata da intimação ao morador
do executor ou da legalidade do mandado que apre- que acolhe o procurado. Tendo em vista a inviola-
sentar, poderão pôr em custódia o réu, até que fique bilidade do domicílio, devem ser seguidas as regras
esclarecida a dúvida. previstas no artigo a fim de que se evite acusação de
abuso contra o executor da ordem.
A perseguição do réu, indiciado ou suspeito (a
interpretação feita é extensiva) não deve ser inter- Art. 294 No caso de prisão em flagrante, observar-se-
rompida por aspectos formais. Nas situações do § 1º, -á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.
do art. 290, a polícia pode ingressar em área de outra
Comarca ou Estado para prender o indivíduo, que, Prisão Processual Especial
caso apreendido, deverá ser apresentado ao juiz do
local onde se executou a prisão. Art. 295 Serão recolhidos a quartéis ou a prisão
especial, à disposição da autoridade competente,
Formalidades da Prisão por Mandado quando sujeitos a prisão antes de condenação
definitiva:
Art. 291 A prisão em virtude de mandado I - os ministros de Estado;
entender-se-á feita desde que o executor, fazendo- II - os governadores ou interventores de Estados
-se conhecer do réu, lhe apresente o mandado e o ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
intime a acompanhá-lo. respectivos secretários, os prefeitos municipais, os
vereadores e os chefes de Polícia;
A prisão efetiva-se no momento em que o execu- III - os membros do Parlamento Nacional, do Con-
tor apresenta o mandado ao indiciado ou réu e inti- selho de Economia Nacional e das Assembleias
ma-o a acompanhá-lo. Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;
Terceiros que Resistem V - os oficiais das Forças Armadas e os militares
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
Art. 292 Se houver, ainda que por parte de terceiros, VI - os magistrados;
resistência à prisão em flagrante ou à determinada VII - os diplomados por qualquer das faculdades
por autoridade competente, o executor e as pessoas superiores da República;
que o auxiliarem poderão usar dos meios necessá- VIII - os ministros de confissão religiosa;
rios para defender-se ou para vencer a resistência, IX - os ministros do Tribunal de Contas;
do que tudo se lavrará auto subscrito também por X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamen-
duas testemunhas. te a função de jurado, salvo quando excluídos da
lista por motivo de incapacidade para o exercício
daquela função;
Terceiros que buscam impedir a execução da
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos
É permitido que a autoridade policial faça tantas Art. 305 Na falta ou no impedimento do escri-
cópias do mandado de prisão quanto forem necessá- vão, qualquer pessoa designada pela autoridade
rias ao seu cumprimento. lavrará o auto, depois de prestado o compromis-
so legal.
Art. 306 A prisão de qualquer pessoa e o local
Art. 298 (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
onde se encontre serão comunicados imedia-
Art. 299 A captura poderá ser requisitada, à vista
tamente ao juiz competente, ao Ministério
de mandado judicial, por qualquer meio de comu-
Público e à família do preso ou à pessoa por ele
nicação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer
indicada.
a requisição, as precauções necessárias para averi-
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realiza-
guar a autenticidade desta
ção da prisão, será encaminhado ao juiz competen-
Art. 300 As pessoas presas provisoriamente
te o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado
ficarão separadas das que já estiverem defini-
não informe o nome de seu advogado, cópia inte-
tivamente condenadas, nos termos da lei de exe-
gral para a Defensoria Pública.
cução penal.
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso,
Parágrafo único. O militar preso em flagrante
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
delito, após a lavratura dos procedimentos autoridade, com o motivo da prisão, o nome
legais, será recolhido a quartel da instituição a do condutor e os das testemunhas.
que pertencer, onde ficará preso à disposição das Art. 307 Quando o fato for praticado em presença
autoridades competentes. da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
funções, constarão do auto a narração deste fato, a
DA PRISÃO EM FLAGRANTE voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os
depoimentos das testemunhas, sendo tudo assina-
Art. 301 Qualquer do povo poderá e as auto- do pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas
ridades policiais e seus agentes deverão pren- e remetido imediatamente ao juiz a quem couber
der quem quer que seja encontrado em flagrante tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for
delito. a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 302 Considera-se em flagrante delito quem: Art. 308 Não havendo autoridade no lugar em que
I - está cometendo a infração penal; se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apre-
sentado à do lugar mais próximo.
II - acaba de cometê-la;
Art. 309 Se o réu se livrar solto, deverá ser posto
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
em flagrante.
faça presumir ser autor da infração; Art. 310 Após receber o auto de prisão em flagran-
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, te, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas
armas, objetos ou papéis que façam presumir após a realização da prisão, o juiz deverá promover
ser ele autor da infração. audiência de custódia com a presença do acusado,
Art. 303 Nas infrações permanentes, entende-se seu advogado constituído ou membro da Defensoria
o agente em flagrante delito enquanto não ces- Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
sar a permanência. audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
Art. 304 Apresentado o preso à autoridade compe- I - relaxar a prisão ilegal; ou
tente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
316 sua assinatura, entregando a este cópia do termo e quando presentes os requisitos constantes do art.
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
insuficientes as medidas cautelares diversas da pri- colocado imediatamente em liberdade após a iden-
são; ou tificação, salvo se outra hipótese recomendar a
III - conceder liberdade provisória, com ou sem manutenção da medida.
fiança § 2º Não será admitida a decretação da prisão pre-
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em fla- ventiva com a finalidade de antecipação de cumpri-
grante, que o agente praticou o fato em qualquer mento de pena ou como decorrência imediata de
das condições constantes dos incisos I, II ou III investigação criminal ou da apresentação ou rece-
do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 bimento de denúncia.
de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fun- Art. 314 A prisão preventiva em nenhum caso será
damentadamente, conceder ao acusado liberdade
decretada se o juiz verificar pelas provas constan-
provisória, mediante termo de comparecimento
tes dos autos ter o agente praticado o fato nas con-
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
dições previstas nos incisos I, II e III do caput do
de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
ou que integra organização criminosa armada ou de 1940 - Código Penal.
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, Art. 315 A decisão que decretar, substituir ou
deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem denegar a prisão preventiva será sempre moti-
medidas cautelares. vada e fundamentada.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação § 1º Na motivação da decretação da prisão preven-
idônea, à não realização da audiência de custódia tiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá
no prazo estabelecido no caput deste artigo respon- indicar concretamente a existência de fatos novos
derá administrativa, civil e penalmente pela omis- ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da
são. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) medida adotada.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o § 2º Não se considera fundamentada qualquer deci-
decurso do prazo estabelecido no caput deste arti- são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
go, a não realização de audiência de custódia sem acórdão, que:
motivação idônea ensejará também a ilegalidade I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à pará-
da prisão, a ser relaxada pela autoridade compe- frase de ato normativo, sem explicar sua relação
tente, sem prejuízo da possibilidade de imediata com a causa ou a questão decidida;
decretação de prisão preventiva. II - empregar conceitos jurídicos indeterminados,
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
DA PRISÃO PREVENTIVA no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar
Art. 311 Em qualquer fase da investigação poli- qualquer outra decisão;
cial ou do processo penal, caberá a prisão pre- IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos
ventiva decretada pelo juiz, a requerimento do no processo capazes de, em tese, infirmar a conclu-
Ministério Público, do querelante ou do assistente, são adotada pelo julgador;
ou por representação da autoridade policial. V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decreta- súmula, sem identificar seus fundamentos determi-
da como garantia da ordem pública, da ordem nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
econômica, por conveniência da instrução
se ajusta àqueles fundamentos;
criminal ou para assegurar a aplicação da lei
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, juris-
penal, quando houver prova da existência do
prudência ou precedente invocado pela parte, sem
crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado. demonstrar a existência de distinção no caso em
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decre- julgamento ou a superação do entendimento.
Art. 316 O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
tada em caso de descumprimento de qualquer das
partes, revogar a prisão preventiva se, no cor-
obrigações impostas por força de outras medidas
rer da investigação ou do processo, verificar a fal-
cautelares (art. 282, § 4º).
ta de motivo para que ela subsista, bem como
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva
novamente decretá-la, se sobrevierem razões que
Nessa hipótese, assinale a alternativa correta. a) Janaína pode ser responsabilizada pelo delito de
aborto segundo a lei penal brasileira, pois a execução
a) Na primeira situação, a queixa-crime deverá ser ofe- começou a se dar no território nacional, já que ela alu-
recida até o dia 7/7/2021 (quarta-feira), sob pena de gou um barco com essa finalidade.
decadência, e, na segunda situação, o condenado b) Janaína não praticou crime algum. O aborto foi come-
poderá ser capturado até o dia 19/7/2021 (segunda- tido fora do território nacional, mais precisamente em
-feira) para começar a cumprir a pena. território holandês, pois a embarcação holandesa esta-
b) Na primeira situação, a queixa-crime poderá ser oferecida va em alto-mar. Dessa forma, Janaína não pode ser
até o dia 8/7/2021 (quinta-feira), e, na segunda situação, responsabilizada pela lei penal brasileira na hipótese.
o condenado poderá ser capturado até o dia 19/7/2021 c) Como Janaína alugou uma embarcação privada para
(segunda-feira) para começar a cumprir a pena. dirigir-se até o navio da ONG, considera-se que o início
c) Na primeira situação, a queixa-crime deverá ser ofe- da execução do delito se deu em território nacional;
recida até o dia 12/7/2021 (segunda-feira), sob pena portanto, a lei penal brasileira é aplicável, e Janaína
de decadência, e, na segunda situação, o condenado poderá responder pelo delito de aborto.
poderá ser capturado até o dia 20/7/2021 (terça-feira) d) Houve crime de aborto e Janaína poderá ser res-
para começar a cumprir a pena. ponsabilizada por ele, mesmo tendo sido praticada,
d) Na primeira situação, a queixa-crime poderá ser ofe- a conduta, a bordo de um navio privado de bandeira
recida até o dia 7/7/2021 (quarta-feira), e, na segunda holandesa, pois, como a embarcação é privada, aplica-
situação, o condenado poderá ser capturado até o dia -se a lei penal brasileira.
18/7/2021 (domingo) para começar a cumprir a pena. e) Como a embarcação é privada e estava em alto-mar,
e) Na primeira situação, a queixa-crime deverá ser ofe- vale a lei penal brasileira, razão pela qual Janaína
recida até o dia 12/7/2021 (segunda-feira), sob pena poderá ser responsabilizada pelo delito de aborto des-
de decadência, e, na segunda situação, o condenado de que a Holanda não resolva processá-la criminal-
poderá ser capturado até o dia 19/7/2021 (segunda- mente pelo fato.
-feira) para começar a cumprir a pena.
6. (IDECAN — 2021) O Ministério Público denunciou Joa-
4. (IDECAN — 2021) Em relação ao lugar do crime, terri- na, servidora ocupante de função de direção de deter-
torialidade e extraterritorialidade da lei penal, assinale minada autarquia, por delito de peculato, mas com a
a alternativa correta. incidência da causa de aumento de pena prevista no
parágrafo segundo do art. 327 do Código Penal, in
a) Se a execução de um delito ocorrer em território nacional, verbis: “A pena será aumentada da terça parte quando
mas o resultado ocorrer em território estrangeiro, não é cor- os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
reto afirmar que tal delito ocorreu em território nacional. ocupantes de cargos em comissão ou de função de
b) Ficam sujeitos à lei penal brasileira, embora cometi- direção ou assessoramento de órgão da administra-
dos no estrangeiro, independentemente de condições, ção direta, sociedade de economia mista, empresa
os crimes praticados por brasileiro contra brasileiro ou pública ou fundação instituída pelo poder público.”
estrangeiro residente no Brasil. Acerca do caso, assinale a alternativa correta.
c) Se a execução de um delito ocorrer em território estrangei-
ro, mas o resultado ocorrer em território nacional, é correto a) A incidência da causa de aumento está correta, pois
afirmar que tal delito ocorreu em território nacional. as autarquias podem ser equiparadas a órgãos da
324 administração pública direta.
b) A causa de aumento de pena descrita somente poderá b) Como o inquérito policial é presidido pela autoridade poli-
incidir se Joana tiver se aproveitado de sua condição cial, cabe a ela, também, decidir pelo seu arquivamento.
de diretora da autarquia para praticar o delito. c) Tratando-se de prisão em flagrante, no delito de este-
c) Não incide a causa de aumento de pena, pois as autar- lionato, o delegado de polícia está obrigado a instau-
quias não foram mencionadas em referida causa de rar inquérito policial mesmo que a vítima do delito não
aumento e, com base no princípio da legalidade, veda- compareça nem faça tal solicitação.
se analogia in malam partem. d) O inquérito policial é capaz de produzir provas que
d) O delito praticado por Joana não foi peculato, pois poderão fundamentar de modo exclusivo o entendi-
diretor de autarquia não se equipara a funcionário mento do juiz em eventual sentença condenatória.
público para fins de aplicação da lei penal. e) Eventuais nulidades ou irregularidades ocorridas no
e) Não incide a causa de aumento de pena, pois estamos inquérito policial contaminarão o processo penal e
diante de uma lei penal excepcional, que apenas será poderão culminar no trancamento da ação penal.
aplicada subsidiariamente, ou seja, quando não hou-
ver nenhuma lei específica. 10. (IDECAN — 2021) Jorge, engenheiro, e José, policial
militar, efetuaram a prisão em flagrante de Paulo,
7. (IDECAN — 2021) Diante da virtualização de proces- conhecido por furtar objetos no centro da cidade. Na
sos judiciais e da falta de necessidade de fazer car- sua última investida, ao tentar furtar o celular de Jorge,
ga de processos físicos nas Comarcas, o funcionário este saiu em perseguição a Paulo, juntamente com o
público João de Deus resolveu, dolosamente, se apro- policial militar José, que, presenciando o fato, também
priar do único veículo da Procuradoria-Geral, do qual saiu em disparada no intuito de capturar o criminoso, o
detinha posse em razão do seu cargo de motorista. que foi feito.
Nesse caso, é possível afirmar que
Levado para a Delegacia Policial e apresentado à auto-
a) nenhum crime foi cometido por João de Deus, já que a ridade, esta determinou a oitiva do condutor/teste-
viatura estava sem uso. munha José, da vítima Jorge e do conduzido Paulo,
b) se a viatura tiver algum valor econômico, João de determinando seu recolhimento à prisão. Acerca das
Deus responderá por crime de prevaricação. disposições sobre prisão em flagrante no Código de
c) há dois crimes contra a Administração Pública para serem Processo Penal, assinale a alternativa correta.
imputados a João de Deus: concussão e corrupção ativa.
d) João de Deus deve responder pela prática do crime de a) A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
peculato. de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor,
deverão assiná-lo pelo menos três pessoas que hajam
8. (IDECAN — 2021) O conceito clássico do inquérito testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
policial dado pela doutrina é que se trata de um pro- b) Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efe-
cedimento administrativo que visa apurar autoria e tuado a prisão, os prazos serão contados em dobro.
materialidade. A investigação realizada pela Autorida- c) Em até 48 (quarenta e oito) horas após a realização da
de Policial faz parte da persecução penal. prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
Acerca da persecução penal, assinale a afirmativa de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
INCORRETA. d) Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
constar a informação sobre a existência de filhos, res-
a) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
de inquérito não caberá recurso. nome e o contato de eventual responsável pelos cui-
b) A notitia criminis pode ser de cognição imediata, cog- dados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
nição mediata e cognição coercitiva. e) Transcorridas 48 (quarenta e oito) horas após a pri-
c) A delatio criminis ocorre quando qualquer do povo são em flagrante sem a realização de audiência de
comunica à autoridade policial a existência de um cri- custódia sem motivação idônea ensejará também a
me de ação penal pública (art. 5º, §3º do CPP). ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade
5 B
6 C
7 D
8 A
9 A
10 D
11 E
12 B
13 D
14 C
15 E
16 E
17 B
18 A
19 D
20 B
ANOTAÇÕES
328
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
PREVENÇÃO DELITIVA
Direta Indireta
Sobre o crime — antes ou depois de iniciado Meio em que o indivíduo vive Políticas públicas sociais
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O Ministério Público atua na condição de fiscal da lei, primando, por exemplo, pela probidade administrativa
dos gastos públicos, fiscalizando os gastos com a saúde dos indivíduos, com a educação — atua na prevenção
indireta do delito.
Tal como dita o art. 144, da Constituição Federal, a prevenção criminal é dever de todos os setores do Poder
Público, que deverão agir visando a obtenção de níveis aceitáveis da criminalidade, vez que acabar com ela seria
uma utopia.
Veja-se que o esforço de todo o Estado Democrático de Direito mune-se para evitar a ocorrência do delito, o
que podemos denominar de prevenção delitiva. Podemos classificar a prevenção delitiva pela criminologia em
primária, secundária e terciária.
Assim, vê-se que os níveis de aplicação de medidas preventivas são prevenção primária, secundária e terciária.
Cada uma das polícias tem a sua atuação, dentro da prevenção da criminalidade, definidas em nossa Consti-
tuição Federal. Acompanhe:
Art. 144 A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo
da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha-
mento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União,
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares,
além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subor-
dinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira
a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei.
Trazendo as disposições legais para a criminologia, temos que o policial, especialmente aquele da força mili-
tar que se dedica ao policiamento ostensivo, deverá conhecer a comunidade em que atua, seu espaço geográfico,
as pessoas pertencentes à comunidade, seu nível socioeconômico e os principais locais onde ocorrem furtos e
roubos. Isso possibilitará que ele atue com maior amplitude, pois conhecerá e compreenderá também as causas
da criminalidade, a forma como os criminosos daquela área atuam, o que lhe permitirá traçar estratégias que
possam contribuir para a diminuição da reincidência dos criminosos.
A polícia ostensiva auxilia a prevenção da reincidência também por meio das estatísticas criminais que elabo-
ra, sobretudo porque através delas torna-se possível realocar o policiamento para os locais com maior índice de
incidência criminosa. Por outro lado, é de essencial importância também a participação da sociedade no controle
do crime, vez que este é entendido como um fenômeno comunitário.
Dito isso, passaremos ao estudo das instâncias de controle da criminalidade, que são o conjunto de mecanis-
330 mos sociais que visam submeter o homem ao convívio social-comunitário normal e harmônico.
INSTÂNCIAS DE CONTROLE SOCIAL DA Desta forma, falhando todos os controles sociais
CRIMINALIDADE informais que citamos, ao Estado impõe-se, através
do poder de polícia, o dever de aplicar a punição de
Conforme Rousseau, em sua obra “Do Contrato forma coercitiva.
Social”, a sociedade politicamente organizada utiliza- O primeiro representante da força estatal na
rá o monopólio da força para manter a paz social, a repreensão dos crimes é a polícia. O controle social
ordem e a harmonia entre os cidadãos. formal do Estado é dividido em três seleções. A pri-
A polícia é responsável pelo controle da criminali- meira é representada pela polícia judiciária ou polí-
dade de maneira formal, mas tem-se também outros cia civil. A segunda seleção diz respeito à atuação do
responsáveis por esse controle, mesmo que de manei- Ministério Público como titular da ação penal. Por sua
ra informal: família, escola, empregos e profissões, vez, a terceira seleção surge após o processo judicial e
igrejas, entre outros. seu trânsito em julgado.
Participam ainda do controle social formal da cri- Na terceira seleção de controle social formal, o
minalidade o Ministério Público, ao atuar como titular Estado impõe sua força máxima através da restrição
da ação penal pública, o Poder Judiciário, ao processar de liberdade do indivíduo. Para muitos autores da cri-
e condenar os criminosos, e a Administração Peniten- minologia moderna, a pena corpórea cumprida nos
ciária, ao controlar os meios de execução das penas estabelecimentos penais brasileiros apenas degrada o
alternativas e privativas de liberdade. homem e não o recupera para o convívio harmônico
em sociedade.
Para sintetizar, acompanhe os pontos a seguir
INSTÂNCIAS DE CONTROLE
referentes ao controle social formal:
Formal — Estado Informal — Sociedade
z 1ª seleção: Polícia Judiciária;
Família z 2ª seleção: Ministério Público, titular da ação
Polícia
Escola penal;
Ministério Público
Igrejas z 3ª seleção: Poder judiciário — prisão.
Judiciário
Emprego
Primeira Seleção — Atuação da Polícia Judiciária
A família é o primeiro seio social do indivíduo,
núcleo da sociedade que participa da vida dos cida- Com o fato criminoso, surge para o Estado o dever
dãos durante toda sua existência, moldando o caráter de punir os responsáveis, chamado de “ius puniendi”.
e comportamento através da necessária autoridade O direito de punir constitui monopólio do Estado, não
que exerce. cabendo ao cidadão exercer a justiça (ou o que pensa
A escola possui a tarefa de contribuir com a edu- ser justo) com suas próprias mãos ou com os seus pró-
cação das crianças; assim, desempenha um papel fun- prios meios.
damental na formação dos indivíduos. Contudo, com Tal conduta, inclusive, é tipificada como crime
a falta de investimento público, esse papel nos dias de pelo Código Penal Brasileiro:
hoje está cada vez mais escasso.
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para
Dica satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
do a lei o permite:
A educação constitui forma de controle social Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
informal na prevenção delitiva. Atente-se a este além da pena correspondente à violência.
ponto, pois já foi cobrado em concursos.
É importante frisar que o dever de punir do Estado
A igreja, por sua vez, sempre acompanhou a também não poderá ser exercido de forma arbitrá-
sociedade, participando da contenção de comporta- ria. É necessário que se obedeça, por estrito comando
mentos antissociais. Ela é uma motivação de estabili- constitucional, o devido processo legal.
dade social e de obediência às boas normas sociais e A etapa preliminar desse processo é representada
comunitárias. pelo Inquérito Policial, que tem por objetivo elucidar
Por fim, o trabalho e a oferta de emprego desem- a autoria do fato criminoso e a sua materialidade, isto
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
penham importante papel no controle informal da é, colher os requisitos da ação penal. Essa etapa pre-
criminalidade, posto que possuir um trabalho ou pre- liminar poderá nascer com a lavratura de um bole-
tender ter um pressupõe a disciplina do empregado tim de ocorrência, com a instauração de Inquérito
no seu dia a dia e nos horários de labor. A ocupação em desfavor de alguém, com a prisão em flagrante
de seu tempo com o trabalho gera uma contribuição delito ou, ainda, em se tratando de crimes de menor
sinalagmática (de mão dupla), pois o empregado faz potencial ofensivo, através da lavratura do termo
uma contribuição para a sociedade e recebe em con- circunstanciado.
trapartida um amparo econômico (salário). Outra providência que é privativa do delegado,
Veja como é necessária a participação de todos no autoridade da polícia judiciária, que não pode ser
controle formal e informal da criminalidade, especial- esquecida é o indiciamento do acusado, mácula admi-
mente o policial, que, dentro da comunidade, trabalha nistrativa criminal que o perseguirá para sempre, vez
desfazendo paradigmas distorcidos e não permitindo que tal registro sempre constará e ficará disponível
que criminosos — por conta da ausência do Estado — para consulta dentro dos sistemas da polícia civil e do
passem a captar jovens e crianças para atuação ilícita. Poder Judiciário. 331
Segunda Seleção — Atuação do Ministério Público Tal sistema, que já foi cobrado em concursos públi-
cos, sofreu críticas, pois o isolamento poderia levar ao
Embora muito se fale sobre a atuação do Ministé-
agravamento de psicoses, doenças mentais e outros
rio Público como titular da ação penal, a atuação des-
se órgão não se limita a isso; incumbe também a ele o sofrimentos psíquicos, além de não ajudar na resso-
dever de propor Inquérito Civil, Ação Civil Pública e cialização do indivíduo. Não havia trabalho nem visi-
também termos de ajustamento de conduta. tas; utilizava-se o isolamento absoluto, com passeio
Dentro da criminologia e da prevenção delitiva, a isolado do sentenciado em um pátio circular.
atuação do Ministério Público como titular da Ação
penal, denunciando o indivíduo pela prática delituo- Sistema Auburniano
sa, é o que traz maior estigma social.
Este sistema foi assim batizado pois nasceu na
Terceira Seleção — Atuação do Poder Judiciário
cidade de Auburn, Estados Unidos. Ainda que adotas-
A terceira seleção ocorre com a atuação do Poder se a regra do silêncio absoluto (ou silent system), ele
Judiciário, decorrente da sentença judicial e do pro- permitia que os detentos trocassem poucas palavras e
cesso condenatório ou, ainda, sob a forma de prisão em baixo tom com os guardas, apenas mediante auto-
cautelar, aquela que ocorre antes do trânsito em jul- rização prévia.
gado da decisão judicial.
O silent system não impediu a comunicação dos
A pena privativa de liberdade é a mais gravosa e
representa o total poder do Estado, ao excluir o con- detentos, que passaram a comunicar-se com batidas
denado do contexto social à que pertencia. Impõe-se, na parede, sinais com as mãos e pelo sinal da descarga
aqui, citar Nelson Sampaio Penteado Filho: dos sanitários.
É considerado menos rigoroso que o anterior, pois
[...] As penitenciárias brasileiras são depósitos de permitia o trabalho dentro das celas ou até mesmo
lixo humano, ofendem a consciência jurídica e éti-
ca do País e transformam o homem naquilo de pior
por pequenos grupos de detentos. Importante frisar
que lhe poderiam rotular: ex homem, porque a pró- que os detentos, no caso de transgressão de alguma
pria arquitetura do cárcere muitas vezes é respon- norma, seriam punidos de forma coletiva.
sável por sua despersonalização, convertendo-o em Contudo, o trabalho dentro das cadeias ou o apren-
autômato, desmontando sua dignidade.2 dizado de ofício passaram a ser criticados pelos então
sindicalistas, que viam no labor dos condenados uma
Dica
forma de concorrência aos seus ofícios e ainda critica-
Conteúdo já cobrado em concursos: um exemplo vam o fato de terem que trabalhar ao lado de detentos.
de política de prevenção criminal prioritariamen- Não houve consenso de escolha entre os dois sistemas,
te terciária é a previsão do direito do condenado ficando a Europa com o primeiro e os Estados Unidos,
de abreviar o tempo imposto em sua sentença com o segundo.
penal mediante trabalho, estudo ou leitura.
Sistema Pensilvânico ou Celular Foi o primeiro sistema a colocar nas mãos do con-
denado o seu tempo de cumprimento de pena, através
Também chamado de filadélfico ou belga, consistia
no isolamento total do apenado, que era incentivado de um sistema de marcas (ou mark system), em que o
à leitura da Bíblia e não podia manter contato com tempo variava pela gravidade do delito, pelo trabalho
qualquer outra pessoa dentro ou fora do estabeleci- desenvolvido ou pelo seu comportamento dentro do
mento prisional. sistema prisional.
332 2 FILHO, N. S. P. Manual Esquemático da Criminologia. 5ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2015, p. 136.
O cumprimento da pena passaria por três estágios:
Considerando o sucesso do sistema progressivo inglês, foi criado o sistema progressivo irlandês, que apenas
se diferencia do primeiro por existir antes da liberdade condicional um sistema intermediário no qual condena-
do ficaria em uma condição de semiliberdade em um local que não poderia ser envolto por grades. É relevante
salientar que nesse sistema intermediário era possível que o preso executasse trabalho externo.
z Sistema de Elmira
O Reformatório de Elmira era destinado à recuperação de condenados entre 16 e 30 anos que tivessem cometido o
primeiro delito. Ele era baseado em um sistema de marcas que compreendiam o trabalho, a obediência e a orientação
religiosa. Além disso, contemplava o direito ao livramento condicional da pena; contudo, a disciplina era rigorosa, o
exercício de uma profissão era obrigatório e até mesmo a prática de esportes foi utilizada para conseguir recuperar
os condenados.
Ao fim da pena, os detentos recebiam uma pequena soma em dinheiro para que pudessem custear seus pri-
meiros dias de liberdade. Contudo, em 1915 o reformatório de Elmira atingiu uma superlotação que levou a sua
decadência.
z Sistema de Montesinos
Criado pelo Coronel Manuel Montesino e Molina, esse sistema chegou a erradicar os níveis de reincidência em
Valência, na Espanha, e em outros períodos reduziu drasticamente os números.
O sistema eliminou o castigo corporal, através da criação de um sistema de trabalho que incluía remuneração
aos detentos, além de ainda abolir o isolamento dos condenados. O Coronel tinha como lema recuperar o homem,
deixando o delito fora dos muros de seu presídio.
Apesar dos números e dos avanços, seu sistema passou a incomodar os produtores e artesãos locais e, ceden-
do à grande pressão, o governo deixou de apoiar os seus ideais. Em razão disso, o sistema carcerário regrediu e
Montesinos deixou a direção do presídio de Valência.
z Sistema Borstal
O sistema Borstal surgiu na cidade de Nottinghamshire, Inglaterra, quando um grupo de condenados cons-
truiu uma moradia destinada a jovens entre 16 a 21 anos.
Tal sistema defendia a vigilância reduzida e primava pelo contato com os amigos e a família. Esse sistema é
considerado como representante do nascimento do regime penitenciário aberto.
A situação econômica que um país ou a situação que ele atravessa possui grande influência nos números da
criminalidade.
A dificuldade em encontrar um emprego, por conta do fechamento de indústrias, do aumento velado da infla-
ção (que diminui o poder aquisitivo das famílias), costuma estar associada à multiplicação voraz da criminalida-
de, especialmente dos crimes contra o patrimônio.
Dentre todos os fatores citados por diversos autores sobre o aumento da criminalidade, o mais importante e
predominante é o econômico. 333
A POBREZA E A MISÉRIA COMO FATORES DE A partir da Lei Seca, diversas substâncias passa-
EXPANSÃO DA CRIMINALIDADE ram por regularização para o comércio, tendo seus
valores inflacionados, e outras passaram a ser proi-
A pobreza e a miséria, há muito tempo, são enten- bidas para consumo e comercialização. Deste modo,
didas como fatores que contribuem para o aumento nasceu, clandestinamente, um potente e próspero
da criminalidade e sua expansão. Além disso, no perfil negócio chamado Narcotráfico.
da maioria dos criminosos, é possível encontrar uma Outro ponto histórico de grande relevância foi o
má formação moral e familiar e uma situação econô- pós-Segunda Guerra Mundial, durante o qual a procu-
mica com traços de pobreza ou miséria, fatores que ra por psicoativos, que deveria diminuir por conta da
contribuem para que o indivíduo nutra um verdadei- legislação antidrogas em vigor, acabou sofrendo um
ro sentimento de ódio por aqueles que possuem status preocupante aumento.
privilegiado, isto é, que possuem grandes fortunas ou Ao mesmo tempo em que se modernizavam os
bens materiais vultuosos. meios de transporte no pós-guerra, crescia o fluxo de
drogas entre os países, devido ao incentivo dos lucros
O maior grau de pobreza atingido por um ser
gerados pela ilegalidade. Esse mercado internacional
humano é chamado de miséria, classificada como a
emergiu de forma substancial a partir dos anos 1950.
condição dos indivíduos que tem pouco ou nada para
O proibicionismo andava a passos largos entre
sua sobrevivência. Aqueles que padecem ou nascem
as nações, culminando na Convenção Única sobre
dentro de uma condição de miserabilidade são alvos
Drogas, da ONU, no ano de 1961. A importância des-
fáceis daqueles que aliciam para a prática de cri-
se documento é tamanha, pois estabeleceu a lista de
mes. Ocorre que o indivíduo em situação de extrema psicoativos de “uso médico” e os que não estavam
pobreza, que, muitas vezes, é desamparado pelo Esta- contemplados nessa lista deveriam ser proibidos para
do, encontra no crime um caminho fácil para restabe- consumo, fabricação e comércio, reforçando a neces-
lecer sua condição financeira. sidade de criminalizar o tráfico e o uso dos tais ilícitos.
Ao estudar os níveis de criminalidade de algumas Nessa toada, seguiram um verdadeiro consenso de
sociedades, vimos que, assim como as crises econômi- diplomacia entre as nações que deveriam travar uma
cas, a má distribuição de riquezas leva ao aumento de verdadeira guerra contra as drogas. Nos anos de pre-
crimes de natureza patrimonial, inclusive com desfecho sidência de Nixon, nos EUA, tal guerra se fortaleceu,
trágico, pela consequente morte das vítimas de forma basicamente, dividindo as nações entre consumidoras
impetuosa. Esses fatores agravam e contribuem para a e produtoras dos psicoativos.
expansão da criminalidade no Brasil e no mundo. Sob a tutela de Nixon, foi criada a DEA – Drug
Deste modo, pode-se afirmar que a pobreza e a Enforcement Administration – em 1974, investindo em
miséria estão intimamente ligadas aos fatores desen- formação de grupos militares e atacando os “países
cadeantes da criminalidade em se tratando de crimes produtores”, como o México, Bolívia, Peru e Colômbia.
contra o patrimônio Após Nixon, Ronald Reagan identifica a associação
entre o tráfico e as guerrilhas de esquerda representa-
das massivamente pelas FARC – Forças Armadas Revo-
lucionárias da Colômbia – e pelo Sendero Luminoso
do Peru como uma nova ameaça à segurança conti-
O CRIME COMO FENÔMENO nental que foi conhecida como Narcoterrorismo.
DE MASSA: NARCOTRÁFICO, Reagan insiste na tese das narcoguerrilhas, deter-
TERRORISMO E CRIME ORGANIZADO minando que o narcotráfico era uma ameaça à segu-
rança nacional dos EUA e de qualquer país em que
O Narcotráfico e a Guerra às Drogas existissem narcotraficantes. Determinou, ainda, que
as forças armadas estadunidense se envolvessem
A guerra contra as drogas teve início na década diretamente no combate e repressão aos chamados
de 70, quando os EUA passaram a considerar o nar- “narcos”. Tal decisão foi recebida com críticas até
cotráfico uma ameaça à soberania nacional. O regime mesmo entre os militares americanos.
George Bush implementa e incrementa as mesmas
internacional de controle de drogas teve seu primeiro
políticas de uso de militares no combate aos narcotra-
centenário em 2012 se considerarmos a Conferência
ficantes, focando suas atenções no Peru, na Bolívia e,
de Haia, em 1912, como o marco desse processo, pois,
com muito mais ênfase e força militar, na Colômbia,
nela, foi produzido o primeiro tratado internacional
apontando tais países como os principais produtores
sobre a questão.
das drogas consumidas em território americano.
Desta forma, podemos dizer que, há cerca de cem Com o Governo Clinton, nada houve de novo, des-
anos ou um pouco mais, não havia o combate ao con- tacando-se que, após a Conferência de Viena sobre
sumo indiscriminado de drogas, sendo que a maio- Drogas, registrou-se que o narcotráfico deveria ser
ria das drogas psicoativas não era regulamentada e considerado uma ameaça à ordem internacional e um
sequer proibida. problema de segurança global.
Ainda nos EUA, a primeira grande legislação sobre Após os ataques terroristas de 2001, as FARC, bem
as drogas fora a Lei Seca, que vigorou de 1919 até como o Exército de Libertação Nacional (ELN) e os
1933. As drogas e seu consumo passaram a ser atri- paramilitares foram todos classificados como grupos
buídos de forma xenofóbica e racista a certos grupos terroristas. Deste modo, passaram a ser alvo de ata-
étnicos e raciais, como, por exemplo, a associação do ques massivos, sofrendo sérias derrotas que incluí-
uso de heroína a prostitutas e cafetões, vigorando um ram a libertação de seus notórios reféns. Pode-se dizer
consenso de proibição quanto ao consumo e comer- que as FARC e as demais organizações paramilitares
334 cialização de psicoativos. congêneres retrocederam a níveis precários.
Conclui-se, forçosamente que os demais países, ao III - (VETADO);
aderirem à agenda americana de combate às drogas e IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com
terrorismo, progrediram para o fortalecimento de seu violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se
Estado, culminando no enfraquecimento das forças de mecanismos cibernéticos, do controle total ou
paramilitares terroristas. parcial, ainda que de modo temporário, de meio de
comunicação ou de transporte, de portos, aeropor-
tos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais,
O Terrorismo
casas de saúde, escolas, estádios esportivos, ins-
talações públicas ou locais onde funcionem servi-
O grande marco de uma ação terrorista ocorreu ços públicos essenciais, instalações de geração ou
nos EUA, em 11 de setembro de 2001, quando dois transmissão de energia, instalações militares, ins-
aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas, do talações de exploração, refino e processamento de
World Trade Center, em Nova York, vitimando milha- petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de
res de pessoas. A edificação tombada era um símbolo atendimento;
do capitalismo norte-americano e isso diz muito sobre V - atentar contra a vida ou a integridade física de
a ação do grupo terrorista que assumiu a autoria dos pessoa:
ataques. Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das
Através dos anos, as organizações terroristas e sanções correspondentes à ameaça ou à violência.
seus meios de atuação demonstram a relevância de se § 2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta
promover o diálogo entre as ciências do Direito Penal individual ou coletiva de pessoas em manifestações
e a abordagem através da criminologia crítica. políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos,
Após o fatídico 11 de setembro de 2001, em Nova de classe ou de categoria profissional, direcionados
York, compreendeu-se que a violência e o terror têm por propósitos sociais ou reivindicatórios, visan-
em comum a propagação do ódio xenofóbico, étnico- do a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o
objetivo de defender direitos, garantias e liberdades
-racial, de gênero e orientação sexual.
constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal
Esse acontecimento levou toda a sociedade inter-
contida em lei.
nacional a despertar para a necessidade de endure- Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar
cimento da legislação penal nacional e internacional auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a
e, consequentemente, do tratamento diferenciado a organização terrorista:
tipos específicos de delinquentes – terroristas, facções Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.
criminosas, pedófilos, rede de traficantes de drogas e § 1º (VETADO).
de pessoas. § 2º (VETADO).
O uso de medidas de segurança de contenção favo- Art. 4º (VETADO).
receu o aumento do poder punitivo do Estado, o qual Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo
poderia tratar de forma desigual seus inimigos. Nesta com o propósito inequívoco de consumar tal delito:
concepção, o Estado Democrático de Direito é orga- Pena - a correspondente ao delito consumado, dimi-
nizado de modo a garantir a harmonia e bem-estar nuída de um quarto até a metade.
social. § 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com o
O terrorismo seria considerado pela criminologia propósito de praticar atos de terrorismo:
como o ato criminoso ausente de respeito à condição I - recrutar, organizar, transportar ou municiar
humana das pessoas vitimadas. indivíduos que viajem para país distinto daquele de
sua residência ou nacionalidade; ou
No Brasil, em 2016, fora sancionada a Lei n° 13.260,
II - fornecer ou receber treinamento em país distin-
de 2016 – “Lei Antiterrorismo” –, pela qual o elemen-
to daquele de sua residência ou nacionalidade.
to subjetivo, ou seja, o dolo do indivíduo está calçado,
§ 2º Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não
justamente, na intolerância, no ódio, ainda que não envolver treinamento ou viagem para país distinto
haja qualquer motivação política ou governamental. daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena
Essa lei, a qual foi citada, a seguir, na integralidade, será a correspondente ao delito consumado, dimi-
tem apenas vinte artigos e foi duramente criticada por nuída de metade a dois terços.
conter generalidades e ser aprovada às vésperas dos Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar,
Jogos Olímpicos realizados em nosso país. manter em depósito, solicitar, investir, de qual-
quer modo, direta ou indiretamente, recursos, ati-
Art. 1º Esta Lei regulamenta o disposto no inciso vos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer
XLIII do art. 5º da Constituição Federal, discipli- natureza, para o planejamento, a preparação ou a
nando o terrorismo, tratando de disposições inves- execução dos crimes previstos nesta Lei:
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
à moral e aos bons costumes, que revela o caráter vil, um diretor de empresa que descobriu desvios de
infame e indecoroso do agente criminoso. dinheiro, para impedir que este vá à polícia e denun-
A paga ou promessa de recompensa corresponde a cie o crime patrimonial.
qualquer vantagem patrimonial ou econômica, sendo
a paga o recebimento anterior ao crime e a promessa Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
de recompensa posterior a sua consumação. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
Vale dizer que, existindo a qualificadora da paga ou feminino:
promessa de recompensa, haverá sempre a figura do man-
dante do homicídio, que configura o concurso de pessoas. O feminicídio diferencia-se do femicídio, por ser o
homicídio cometido por motivação de misoginia, de
II – por motivo futil; desprezo pela condição feminina, que ocorre geral-
mente na intimidade de um relacionamento. Tal cri-
A motivação fútil não é a ausência de motivação, me, ao que se observa, é cometido com crueldade e
pois, como já dito, não existe o crime sem motivo, sen- barbárie extrema, revelando que o homem detém,
do a motivação fútil aquela tão insignificante que seja ainda, sobre a mulher, a impressão de que seu corpo 337
o pertence. Assim, motivado pela perda da propriedade VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito
sobre ele, o agente passaria a apresentar comportamen- ou proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
to de ódio pelo então objeto amado, querendo destruí-lo. (Vigência)
Destaca-se que reconhecer a proteção da mulher
ante a sua inferioridade física em face do homem não A arma de fogo de uso restrito ou proibido tem por
viola o princípio da igualdade. Sendo assim, a neces- escopo penalizar, com maior gravidade, a entrada de
sária alteração legislativa tem por objetivo punir as armas de maior letalidade em nosso território, desti-
condutas criminais crescentes que vitimam as mulhe- nado, ainda, a integrantes de organizações criminosas
res cuja maioria esmagadora acontece dentro dos internacionais que possuem maior facilidade de aces-
seus lares. A repetição do ciclo da violência impede a so a tais armamentos
resistência física e psicológica das vítimas.
O feminicídio representa a última etapa de um ciclo
crescente de violência doméstica do agressor que ten-
ta submeter a mulher à dominação masculina que foi
aprendida ao longo de gerações. Portanto, calçados nes- CLASSIFICAÇÃO DE TIPOS
sas premissas, podemos tipificar o crime de feminicídio CRIMINOSOS
com os pressupostos de premeditação, intencionalida-
de, com vistas à destruição do corpo feminino, com Não há como iniciar o tema “classificação dos
crueldade desmedida, que pode levar à desfiguração. criminosos” sem citar o nome de Cesare Lombroso.
Esse crime pode ser cometido na intimidade do lar, Sua obra, “Tratado Antropológico Experimental do
dentro do relacionamento amoroso ou, ainda, por um Homem Delinquente”, é considerada a primeira den-
desconhecido, mas sempre com a motivação de des- tro do estudo sistematizado da criminologia. De fato,
truir o feminino. Cabe mencionar que pode ser víti- alguns de seus postulados ainda são estudados dentro
ma o transexual submetido à mudança de sexo, pois, do âmbito do Direito.
juridicamente, esse é considerado mulher. O sujeito Lombroso, que era médico e antropólogo, acredi-
ativo pode ser homem ou mulher, como coautora ou tava fortemente que os delinquentes era um ponto
partícipe. É irrelevante que a vítima seja lésbica para perdido entre o homem atual e os homens da antigui-
a configuração do crime de feminicídio.
dade, que de alguma forma não encontraram a evolu-
ção, pertencendo a uma raça inferior à daqueles que
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
não se dedicavam ao crime.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Junto com Enrico Ferri e Raffaele Garofalo, Cesare
Pública, no exercício da função ou em decorrência Lombroso foi um dos grandes representantes da cri-
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- minologia positivista.
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa Os três autores citados desenvolveram a classifi-
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015); cação dos criminosos: natos, loucos, de ocasião e por
paixão. Garofalo classificava-os também em assassi-
Para entender quais são essas autoridades previs- nos, enérgicos ou violentos, e, ainda, em ladrões ou
tas no inciso VII, é necessário termos conhecimento neurastênicos.
dos arts. 142 e 144, da Constituição Federal. Vejamos: Importante dizer que as conclusões de Lombro-
so vieram do seu trabalho como médico no sistema
Art. 142 (CF/88) As Forças Armadas, constituídas penitenciário italiano, onde necropsiou cadáveres de
pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, presos e concluiu acerca dos sinais da crimogênese.
são instituições nacionais permanentes e regula- Cesare Lombroso necropsiou, catalogou e estudou
res, organizadas com base na hierarquia e na dis- mais de 380 cadáveres antes de escrever a sua famosa
ciplina, sob a autoridade suprema do Presidente
obra que o levou a ser chamado, até os dias de hoje, de
da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciati-
“pai da criminologia”.
va de qualquer destes, da lei e da ordem.
Art. 144 (CF/88) A segurança pública, dever do CRIMINOSO NATO
Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer-
cida para a preservação da ordem pública e da Para o autor, o criminoso nato teria como carac-
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através terísticas físicas cabeça pequena, deformada, fronte
dos seguintes órgãos: fugidia, sobrancelhas salientes, orelhas malformadas,
I - polícia federal; braços compridos e tatuagens. Já como características
II - polícia rodoviária federal; psicológicas: seria impulsivo, mentiroso e teria um
III - polícia ferroviária federal; dialeto repleto por gírias.
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros
militares.