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CNU
Bloco 8 - Nível Intermediário
NV-012JN-24-CNU-BLOCO-8-NIV-INTERM
Cód.: 7908428807337
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS RENILDO COSTA - 010.822.983-10, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa
NOÇÕES DE DIREITO • Aline Costa, Caroline Matos, Ana Philippini, Fernando Zantedeschi, Isadora
Terra e Ricardo Reis
REALIDADE BRASILEIRA • Bianca Capizzani, Camila Cury, Ednilson Silva, Jean Talvani, Juliana Azola,
Lucas Afonso, Maria Clara Iunes, Otávio Massaro, Vinícius Bernardo, Vitor Augusto Grimaldi, Yago
Junho e Zé Soares
ISBN: 978-65-5451-290-9
Edição: Janeiro/2024
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
COMPREENSÃO DE TEXTOS.............................................................................................................. 11
COERÊNCIA E COESÃO....................................................................................................................... 17
ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 21
DERIVAÇÃO........................................................................................................................................................26
COMPOSIÇÃO....................................................................................................................................................27
Linguagem Figurada......................................................................................................................................28
A ESTRUTURAÇÃO DO PERÍODO...................................................................................................... 34
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 56
REDAÇÃO DISCURSIVA...................................................................................................69
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO DISCURSIVA.......................................................................................... 69
NOÇÕES DE DIREITO........................................................................................................97
DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
E COLETIVOS....................................................................................................................................... 97
NACIONALIDADE.............................................................................................................................................120
Cidadania......................................................................................................................................................123
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DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS ...............................................139
Direitos e Vantagens....................................................................................................................................161
PODER REGULAMENTAR................................................................................................................................167
VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE.........................................................................................................172
ATRIBUTOS .....................................................................................................................................................174
CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................................................................176
Eficácia e Validade.......................................................................................................................................177
CONTROLE JUDICIAL......................................................................................................................................195
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO .......................................................................................................195
MATEMÁTICA.................................................................................................................... 231
CONJUNTOS NUMÉRICOS: NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS E REAIS...................................231
NÚMEROS NATURAIS.....................................................................................................................................231
MÚLTIPLOS E DIVISORES...............................................................................................................................234
POTÊNCIAS E RAÍZES.......................................................................................................................234
COMPRIMENTO...............................................................................................................................................238
MASSA.............................................................................................................................................................239
ÁREA.................................................................................................................................................................239
VOLUME...........................................................................................................................................................239
TEMPO..............................................................................................................................................................239
RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................239
PORCENTAGEM...............................................................................................................................................247
EQUAÇÃO DO 1º GRAU.....................................................................................................................252
EQUAÇÃO DO 2º GRAU.....................................................................................................................252
SISTEMAS DE EQUAÇÕES................................................................................................................253
FUNÇÕES...........................................................................................................................................255
AFINS................................................................................................................................................................258
QUADRÁTICAS.................................................................................................................................................260
EXPONENCIAIS................................................................................................................................................262
LOGARÍTMICAS...............................................................................................................................................262
PERMUTAÇÃO.................................................................................................................................................267
ARRANJO.........................................................................................................................................................268
COMBINAÇÃO..................................................................................................................................................268
PROBABILIDADE...............................................................................................................................269
ESTATÍSTICA BÁSICA......................................................................................................................272
Média............................................................................................................................................................274
Mediana........................................................................................................................................................274
Moda.............................................................................................................................................................275
GEOMETRIA PLANA.........................................................................................................................275
POLÍGONOS E ÁREAS......................................................................................................................................275
PERÍMETROS...................................................................................................................................................278
CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO........................................................................................................................278
TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................279
PRISMA............................................................................................................................................................280
PIRÂMIDE.........................................................................................................................................................280
CILINDRO..........................................................................................................................................................281
CONE.................................................................................................................................................................281
ESFERA.............................................................................................................................................................281
DA INDEPENDÊNCIA À REPÚBLICA...............................................................................................................289
O ESTADO GETULISTA....................................................................................................................................292
MATRIZ ENERGÉTICA......................................................................................................................312
MUDANÇA CLIMÁTICA...................................................................................................................................313
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA..............................................................................................................................318
SISTEMAS PRODUTIVOS.................................................................................................................326
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Dica
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do
texto nas linhas apresentadas.
sua aprovação. Por isso, convidamos você a estudar com seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
afinco e dedicação, sem esquecer de praticar seus conhe- tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento
cimentos realizando a seleção de exercícios finais, sele- de mundo na interpretação de textos.
cionados especialmente para que este material cumpra o
propósito de alcançar sua aprovação. A Indução
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa conhecimento linguístico;
espécie de animal. O que observei neles, no tempo conhecimento textual;
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- conhecimento de mundo.
te para não os amar, nem os imitar. São em geral
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo z Conhecimento Linguístico
critério de beleza. (Barreto, 2010, p. 21)
Esse é o conhecimento basilar para compreensão
O trecho em destaque na citação do escritor Lima e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de nhecimento das regras de uma língua.
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- É importante salientar que as regras de reconhe-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, cimento sobre o funcionamento da língua não são,
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
ção cronológica de um texto. que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
A propriedade vocabular leva bo-objeto (SVO) etc.
o cérebro a aproximar as pa- Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso- linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
ciação com o tema do texto sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
Os conectivos (conjunções, cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o
preposições, pronomes) conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
ATENÇÃO AOS Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
são marcadores claros de
CONECTIVOS dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
opiniões, espaços físicos e
localizadores textuais
A Dedução
Agora tente responder às seguintes perguntas Uma última informação muito importante sobre tipos
sobre o texto: textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
Quem é o herói de que trata o texto? composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a
Quem são as três irmãs? existência de predominância de algumas sequências em
Qual é o planeta inexplorado? detrimento de outras, de acordo com o texto.
Certamente, você não conseguiu responder nenhu- A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe
LÍNGUA PORTUGUESA
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- de tipos textuais, reconhecendo suas principais carac-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será terísticas e marcas linguísticas.
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
responder às questões; certamente você não terá mais PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol- Narrativo
tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimen- Os textos compostos predominantemente por
to prévio que é essencial para a interpretação de sequências narrativas cumprem o objetivo de contar
questões. uma história, narrar um fato. Por isso, precisam manter
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua
A elipse é uma forma de omissão de uma informa- O candidato não cumpriu sua
ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos CONCLUSIVA promessa. Ficamos, portan-
a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de to, desapontados com ele
linguagem de uma gramática. Neste material, iremos
nos deter a maiores aspectos da elipse também nes- Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro- da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
pósito de manter a coesão textual. orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omi- ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
tir um termo, uma expressão ou até mesmo uma sidade, como demonstra a conjunção “mas”. 19
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Conjunções Subordinativas
Sempre haverá con-
junção integrante em Perguntei se ele estava
Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
orações substantivas e, em casa.
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
consequentemente, em Perguntei. O quê? Isso
apresentadas num texto, porém, diferentemente
períodos compostos
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
para terem o sentido apreendido. COESÃO RECORRENCIAL
Exemplos de conjunções subordinativas atuando
na coesão: Uso de Repetições
O novo acordo ortográfico é um documento que normaliza diversas mudanças na língua portuguesa. Ele foi
assinado em 1990, mas seu uso só passou a ser obrigatório a partir de 2016. Esse documento foi elaborado com
base nas mudanças práticas da língua e nos estudos desenvolvidos por linguistas. Além disso, tem o objetivo de
padronizar a ortografia em diversos países nos quais se fala e escreve a língua portuguesa.
É importante estudar essas mudanças na língua, pois a ortografia é um aspecto responsável por “tirar” pontos
na avaliação da redação, logo, pode ser essencial para prejudicar sua nota.
ALFABETO
z Como era:
A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z;
z Como está:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfabeto; agora, contamos com o acréscimo das letras K, W e
Y, totalizando 26 letras no alfabeto do português brasileiro. Essa mudança ocorreu com a intenção de oficializar
letras que, na prática, já faziam parte de diversas palavras em português. Ou seja, as letras não estavam no alfa-
beto, mas já eram utilizadas no cotidiano em nomes de pessoas, marcas, ou abreviações como: km, Yago, Kamila,
Wilson, Olympikus, entre outros.
Pensando nisso, o acordo procurou tornar oficial as letras que já eram utilizadas pelos falantes do português.
Importante!
Ter tornado essas letras oficiais não muda a escrita de palavras que já existem, ou seja, palavras como “quilo”
e “quilômetro” não passarão a ser escritas como “kilo” e “kilômetro”. A oficialização significa, sim, que a partir
de agora novas palavras podem usar essas letras.
Além do alfabeto, as principais mudanças trazidas pelo novo acordo ortográfico foram: o fim do uso do trema,
mudanças na acentuação e mudanças no uso do hífen, que detalharemos a seguir:
O trema já estava caindo em desuso, visto que não é necessário ter o acento para identificar a pronúncia.
Com o novo acordo ortográfico, de forma oficial, o trema não é mais utilizado, seja em palavras portuguesas ou
aportuguesadas.
Muitos não lembram, mas o trema era representado por dois pontinhos em cima do “u” que indicavam hiato.
Atenção: o trema ainda é usado em nomes próprios estrangeiros como Bündchen e Müller, por exemplo.
Acentuação
O acento diferencial não é mais usado em palavras paroxítonas com vogal tônica aberta ou fechada que
possuem a mesma escrita.
Nos casos em que o acento marca a diferença entre verbos no singular e plural, como em vem (singular) e vêm
(plural) e tem (singular) e têm (plural), o acento foi mantido.
O acento circunflexo não é mais usado com e e o aberto e fechado (mêdo: medo, almôço: almoço), nem em
letras repetidas, como em palavras paroxítonas terminadas em “êem” nem em palavras com o hiato “oo”.
É comum confundir com as paroxítonas com as oxítonas terminadas em ditongo aberto. As oxítonas com
ditongos abertos continuam com acento: herói e dói.
O acento em palavras paroxítonas com i e u tônico depois de ditongo não é mais utilizado.
PRINCIPAIS MUDANÇAS
Assunto Mudança Como era Como ficou
ACENTUAÇÃO
Só aparece em palavras estrangeiras.
Conseqüência Consequência
Trema Deixou de ser utilizado em palavras da
Agüentar Aguentar
língua portuguesa
Ditongo em palavras Idéia Ideia
Não recebem mais acento
paroxítonas Assembléia Assembleia
Hiatos com paroxítonas com “i”
Não recebem mais acento Feiúra Feiura
ou “u”
Enjôo Enjoo
Letras repetidas: ee/oo Não recebem mais acento
Lêem Leem
Pára Para
Acento diferencial Deixou de ser utilizado
Pêlo Pelo
Acento diferencial em conjuga- Ele tem. Ele tem.
Mantido
ções verbais Eles têm. Eles têm.
Hífen
z Não se usa hífen nos casos em que o primeiro termo acaba em vogal e o segundo termo começa com vogal
inicial diferente.
Ex.: semiárido, autoestima, contraindicação;
z Exceção: em palavras com prefixo com o segundo elemento começando em -h, utiliza-se hífen.
Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano;
z Usa-se hífen nas palavras com o primeiro terminado em vogal e que o segundo elemento começa com vogal
igual.
Ex.: anti-inflamatório, micro-ondas, arqui-inimigo;
z Exceção: nos prefixos átonos (sem acento) co-, pre-, re-, e pro-, o hífen não é usado.
Exemplos: reenviar, preestabelecer, coordenação;
z Não se usa hífen em palavras compostas, quando, pelo uso, se perde a noção de composição.
Exemplos: paraquedas, paraquedista, mandachuva;
z Exceção: o hífen permanece em palavras compostas que não têm um elemento de ligação e que formam uma
unidade, como as que definem animais e plantas.
Exemplos: erva-doce, quinta-feira, cavalo-marinho.
A seguir, há um quadro comparativo com algumas palavras mais comuns em relação ao uso do hífen:
Microondas Micro-ondas
LÍNGUA PORTUGUESA
Semi-analfabeto Semianalfabeto
Co-autor Coautor
Infra-estrutura Infraestrutura
Extra-escolar Extraescolar
Ultra-som Ultrassom
Re-eleição Reeleição
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Uso Das Letras Maiúsculas nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos e pala-
vras novas que podem ser criadas a partir da estrutura
De acordo com o novo acordo ortográfico da língua da língua; não é à toa que, muitas vezes, somos surpreen-
portuguesa, as letras maiúsculas são usadas em didos com o uso inédito de algum termo.
Porém, precisamos ter consciência de que nem todo
z nomes próprios de pessoas, animais, lugares (cida- contexto é apropriado para o uso de novas estruturas
des, países, continentes...), acidentes geográficos, vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos estudar os
rios, instituições e entidades; processos de formação de palavras e as consequências
z marcas; dessas novas constituições, focando nesse conteúdo;
z nomes de festas e festividades; sempre cobrado pelas bancas mais exigentes.
z nomes astronômicos;
z títulos de periódicos e em siglas; ESTRUTURA DAS PALAVRAS
z símbolos ou abreviaturas.
Radical e Morfema Lexical
Exemplos: Luiza, IBGE, Espanha, Riachuelo, Ala-
goas, Jogos Olímpicos, Revista Veja. As palavras são formadas por estruturas que, unidas,
As letras minúsculas são usadas em todas as outras podem se modificar e criar novos sentidos em contextos
situações, como: dias da semana, meses e estações do diversos. Os morfemas são as menores unidades grama-
ano e pontos cardeais. Exemplo: terça-feira, janeiro, ticais com sentido da língua. Para identificá-los é preciso
verão, sul, nordeste. notar que uma palavra é formada por pequenas estru-
O uso da letra maiúscula ou minúscula é opcional turas. Para isso, podemos imaginar que uma palavra é
para títulos de livros (totalmente em maiúsculas ou uma peça de um quebra-cabeça no qual podemos juntar
apenas com maiúscula inicial), palavras de catego- outra peça para formar uma estrutura maior; porém, se
rizações (rio, rua, igreja…), nomes de áreas do saber você já montou um quebra-cabeça, deve se lembrar que
(biologia), matérias e disciplinas (português, matemá- não podemos unir as peças arbitrariamente, é preciso
tica), versos que não iniciam o período e palavras liga- buscar aquelas que se encaixam.
das a uma religião. Assim, como falantes da língua, reconhecemos essas
estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois, a todo
Uso Do Acento Grave momento estamos aptos a criar novas palavras a partir
das regras que o sistema linguístico nos oferece.
Apesar da dificuldade de muitos com as regras do Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o sur-
uso de crase, o novo acordo prevê que o acento grave gimento de novos vocábulos a partir de “peças” existentes
continue a ser utilizado apenas para marcar a ocor- na língua, algumas misturando termos de outras línguas
rência de crase, nos casos já previstos nas normas gra- com morfemas da língua portuguesa para a formação de
maticais. Não há alteração quanto a novas formas de novas palavras, como: blogueiro (blogger), deletar (dele-
uso ou proibição da crase. te); já algumas palavras ganham novos morfemas e, con-
Exemplos: à, às, àquele, àquela, àquilo. sequentemente, novas acepções nas redes sociais como,
por exemplo, biscoiteiro, termo usado para se referir a
Divisão Silábica pessoas que buscam receber elogios nesse ambiente.
As peças do quebra-cabeças que formam as palavras
O novo acordo mantém as regras de divisão silá- da língua portuguesa possuem os seguintes nomes:
bica já existentes; no entanto, faz uma especificação
sobre a separação das palavras em linhas diferentes. Radical, Desinência, Vogal Temática, Afixos,
Quando é necessário separar as palavras que já Consoantes e Vogais de Ligação
têm hífen, a nova regra prevê que o hífen seja repeti-
do em cima e em baixo. O radical, também chamado de semantema, é o
Exemplo: Naquela cidade, a festa repetia- núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual
-se todos os anos. se anexam os demais morfemas, criando as palavras
derivadas. Devido a essa importante característica, o
radical é também conhecido como morfema lexical,
pois se trata da significação própria dos vocábulos,
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti-
CLASSE, ESTRUTURA, FORMAÇÃO E do propriamente dito.
SIGNIFICAÇÃO DE VOCÁBULOS Alguns exemplos de radicais:
Ex.: pastel — pastelaria — pasteleiro;
No dia a dia, usamos unidades comunicativas para pedra — pedreiro — pedregulho;
estabelecer diálogos e contatos, formando enunciados. Terra — aterrado — enterrado — terreiro.
Essas unidades comunicativas chamamos de palavras.
Elas surgem da necessidade de comunicação e os pro-
cessos de formação para sua construção são conhecidos Importante!
da nossa competência linguística, pois como falantes da
língua, ainda que não saibamos o significado de antever, Palavras da mesma família etimológica, ou seja,
podemos inferir que esse termo tem relação com o ato que apresentam o mesmo radical e guardam o
de ver antecipadamente, dado o uso do prefixo diante do mesmo valor semântico no radical, são conheci-
verbo ver. das como cognatas.
Reconhecer os processos que auxiliam na formação
de novas palavras é essencial para o estudante da lín-
gua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido pelo
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Afixos ou Morfemas Derivacionais Não confunda:
Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos;
outras formas e sentidos pelos morfemas derivacio- Morfema lexical: radical.
nais, que são assim chamados pois auxiliam no pro- Morfema gramatical: significado interno à estrutu-
cesso de criação de palavras a partir da derivação, ou ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções
seja, a inclusão de prefixos e sufixos no radical dos etc.
vocábulos.
Vale notar que algumas bancas denominam os afi- Vogais Temáticas
xos de infixos.
São morfemas derivacionais os afixos, estruturas A vogal temática liga o radical a uma desinência,
morfológicas que se anexam ao radical das palavras e que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver-
auxiliam o processo de formação de novos vocábulos. bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao
Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias: radical para a união de outras desinências.
Ex.: Amar e Amor.
z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante- Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju-
rior do radical. gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou
Exs.: 3º conjugação:
In: infeliz. Exs.:
Anti: antipatia. Amar — 1ª conjugação;
Pós: posterior. Comer — 2ª conjugação;
Bi: bisavô. Partir — 3ª conjugação.
Contra: contradizer. É importante não se confundir: a vogal temática
z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste- não existe em palavras que apresentam flexão de
rior do radical. gênero. Logo, as palavras gato/gata possuem uma
Exs.: desinência e não uma vogal temática!
mente: felizmente. Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja
dade: lealdade. (essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis-
eiro: blogueiro. te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá
ista: dentista. ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s.
gudo: narigudo. Note que as palavras terminadas em vogais tônicas
não apresentam vogal temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó.
É importante destacar que essa pequena amostra,
listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue- Tema
sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que
você tenha consciência do quão rico é o processo de O tema é a união do radical com a vogal temática.
formação de palavras por afixos. A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,
Além disso, não é interessante que você decore esses esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá
morfemas derivacionais, mas que você compreenda o apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras
valor semântico que cada um deles estabelece na língua, que não apresentem vogal temática também não irão
como os sufixos -eiro e -ista que são usados, comumente, possuir tema.
para criar uma relação com o ambiente profissional de Exs.:
alguma área, como: padeiro, costureiro, blogueiro, den- Vendesse — tema: vende;
tista, escafandrista, equilibrista etc. Mares — tema: mare.
Os sufixos costumam mudar mais as classes das
palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos Vogais e Consoantes de Ligação
vocábulos.
As consoantes e vogais de ligação têm uma função
Desinências ou Morfemas Flexionais eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais
Os morfemas flexionais, mais conhecidos como de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên-
desinências, são os mais estudados na língua portu- cias, aquelas facilitam a pronúncia.
guesa, pois são esses os morfemas que organizam as Exs.:
estruturas no singular e no plural, os verbos em tem- Gas - ô - metro;
pos e conjugações e as relações de gênero em femini- Alv - i - negro;
no e masculino. Tecn - o - cracia;
LÍNGUA PORTUGUESA
2 O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 25
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PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Inquietude: sufixo -tude;
Sofrimento: sufixo -mento;
A partir do conhecimento dos morfemas que auxi- Harmonizar: sufixo -izar;
liam o processo de ampliação das palavras da língua, Gentileza: sufixo -eza;
podemos iniciar o estudo sobre os processos de for- Lotação: sufixo -ção;
mação de palavras. Assessoria: sufixo -ria.
As palavras na língua portuguesa são criadas a
partir de dois processos básicos que apresentam clas- Derivação Prefixal e Sufixal
ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os
processos de formação de palavras: Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
FORMAÇÃO DE PALAVRAS mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem
DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO (prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração
(prefixo -re com sufixo -ção).
� Prefixal � Justaposição
� Sufixal � Aglutinação
Derivação Parassintética
� Prefixal e sufixal
� Parassintética
Na derivação parassintética, um acréscimo simul-
� Regressiva
tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma
� Imprópria ou conversão
estrutura primitiva. É importante não confundir, con-
tudo, com o processo de derivação por sufixação e
Como é possível notar, os dois processos de formação
prefixação. Veja:
de palavras são a derivação e a composição. As palavras
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o senti-
formadas por processos derivativos apresentam mais
do, como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “ema-
classes a serem estudadas. Vamos conhecê-las agora!
gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para
estabelecer por qual processo a palavra foi formada:
DERIVAÇÃO retirar o prefixo ou o sufixo da palavra em que paira
dúvida. Caso a palavra que restou exista, estaremos
As palavras formadas por processos de derivação diante de um processo por derivação sufixal e prefi-
são classificadas a partir de seis categorias: xal; caso contrário, a palavra terá sido formada por
derivação parassintética.
z prefixal ou prefixação; Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar,
z sufixal ou sufixação; entediar etc.
z prefixal e sufixal;
z parassintética ou parassíntese; Derivação Regressiva
z regressiva;
z imprópria ou conversão. Já na derivação regressiva, a nova palavra será
formada pela subtração de um elemento da estrutura
A seguir, iremos estudar a diferença entre cada primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos:
uma dessas classes e identificar as peculiaridades de Almoço (almoçar);
cada uma. Ataque (atacar);
Amasso (amassar).
Derivação Prefixal A derivação regressiva, geralmente, forma substanti-
vos abstratos derivados de verbos. É possível que alguns
Como o próprio nome indica, as palavras forma- autores reconheçam esse processo como redução.
das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
mo de um prefixo à estrutura primitiva, como: Derivação Imprópria
Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
mem; infeliz; refazer. A derivação imprópria, a partir de seu processo de
Pré-vestibular: prefixo pré-; formação de palavras, provoca a conversão de uma
Disposição: prefixo dis-; classe gramatical, que pode passar de verbo a subs-
Deslealdade: prefixo des-; tantivo, por exemplo.
Super-homem: prefixo super; A seguir, apresentamos alguns processos de con-
Infeliz: prefixo in-; versão das palavras por derivação imprópria:
Refazer: prefixo re-.
z Particípio do verbo — substantivo: teria passado
Derivação Sufixal — o passado;
z Verbos — substantivos: almoçar — o almoço;
De maneira comparativa, podemos afirmar que z Substantivos — adjetivos: o gato - mulher gato;
a formação de palavras por derivação sufixal refere- z Substantivos comuns — substantivos próprios:
-se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, leão — Nara Leão;
como em: z Substantivos próprios — comuns: Gillete — gile-
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri- te; Judas — ele é o judas do programa.
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Lealdade: sufixo -dade; Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos
Francesa: sufixo -esa; são mais comuns no processo de formação de deter-
26 Belíssimo: sufixo -íssimo; minadas classes gramaticais, vejamos:
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z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti- z Composição por aglutinação: na formação de
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço; palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer, cidade dos termos envolvidos, que passam a ser
-izar, -ar; subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-
z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.: leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente);
-mente. vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê).
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a Agora que já conhecemos os processos de forma-
seguir que podem auxiliar na compreensão do proces- ção de palavras, precisamos identificar as palavras
so de formação de palavras. Novamente, alertamos que que são compostas e as palavras que são derivadas.
essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a
ser decorada, mas como um método para apreender o z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente
sentido de alguns desses radicais e prefixos. etc.;
z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc.
RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir
RADICAL/ de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras
SENTIDO EXEMPLO
PREFIXO
que detêm a raiz com sentido lexical independente.
Acro Alto Acrofobia/acrobata São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc.
Agro Campo Agropecuária A partir das palavras primitivas, o falante pode
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala-
Algia Dor Nevralgia vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um
Bio Vida Biologia dos seis processos derivacionais.
Biblio Livro Biblioteca Já as palavras compostas guardam a independên-
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala-
Crono Tempo Cronologia vras para a formação de um novo sentido.
Caco Mau cacofonia
Cali Belo Caligrafia USO DO HÍFEN CONFORME O NOVO ACORDO
ORTOGRÁFICO
Dromo Local Autódromo
O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformu-
Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da lado com a reforma ortográfica da língua que entrou
língua portuguesa também se aglutinam a radicais e em vigor em 2009 no Brasil.
prefixos latinos. A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos
contextos, o que podemos ver como uma facilitação
RADICAIS E PREFIXO LATINOS do aprendizado de quando usá-lo ou não.
RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO A regra básica para o aprendizado do uso do hífen,
conforme o novo acordo ortográfico, é esta:
Arbori Árvore Arborizar
Beli Guerra Belicoso z Palavras com final em vogais iguais: usa-se hífen.
Cida Que mata Homicida Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório.
Des- dis Separação Discordar Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa
Equi Igual Equivalente regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem-
Ex- Para fora Exonerar plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar
seu aprendizado.
Fide Fé Fidelidade
Mater Mãe Materno z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão
unidos por hífen quando o segundo termo apre-
COMPOSIÇÃO sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: coo-
rientador, coautor, preenchimento, reeleição,
As palavras formadas por processos de composi- reeducação, preestabelecer;
ção podem ser classificadas em duas categorias: justa- z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen
LÍNGUA PORTUGUESA
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: Classificação do Sujeito Quanto à Voz
Ocorre quando há dois núcleos significativos: Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo exercem função de objeto direto, os pronomes oblí-
transitivo, predicativo do objeto). quos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) função sintática.
Verbo intransitivo: parou Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Predicativo do sujeito: atento quem? A minha pessoa”)
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
considerado predicativo do sujeito. Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo “Convidaram quem? Ela”)
Bilac) Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
Verbo intransitivo: marchou “Receberam quem? Nós”)
Predicativo do sujeito: desorientado Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- pronome relativo que.
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha- esse algo é o objeto direto)
do de Assis) Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
Verbo transitivo direto: achou feminino definido)
Objeto direto: o raciocínio
Predicativo do objeto: exato z Objeto direto preposicionado
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos preposição no seu complemento, algumas palavras
concluir que temos um caso de predicativo do obje- requerem o uso da preposição para não perder o sen-
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é tido de “alvo” do sujeito.
o sujeito. Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
O que é o predicativo do objeto? facultativos.
É o termo que confere uma característica, uma
qualidade, ao que se refere. Exemplos com Ocorrência Obrigatória de
A formação do predicativo do objeto se dá por um Preposição:
adjetivo ou por um substantivo.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso. Não entendo nem a ele nem a ti.
Predicativo do objeto: proveitoso Respeitava-se aos mais antigos.
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas. Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Predicativo do objeto: vitoriosa Amavam-se um ao outro.
Para facilitar a identificação do predicativo do “Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres- feita.” (Ciro dos Anjos).
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
fica é relacionar o predicativo ao nome. Exemplos com Ocorrência Facultativa de Preposição:
O filme foi proveitoso.
Ela era vitoriosa. Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre- le templo.
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de A escultura atrai a todos os visitantes.
ligação (foi e era, respectivamente). Não admito que coloquem a Sua Excelência num
pedestal.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO Ao povo ninguém engana.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
São vocábulos que se agregam a determinadas No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
estruturas para torná-las completas. De acordo com sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
a gramática da língua portuguesa, esses termos são sente para indicar parte de um todo, quando assim
divididos em: for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
LÍNGUA PORTUGUESA
É o complemento de um verbo na voz passiva ana- z Tempo: Quero que ele venha logo;
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
raramente, da preposição de. z Modo: O dia começou alegremente;
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares z Intensidade: Almoçou pouco;
ser, estar, viver, andar, ficar. z Causa: Ela tremia de frio;
z Companhia: Venha jantar comigo;
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
roupas;
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu- z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo;
ra básica da oração, são importantes para compreen- z Finalidade: Vivia para o trabalho;
são do enunciado porque trazem informações novas. z Meio: Viajou de avião devido à rapidez;
32 Esses termos são chamados acessórios da oração. z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
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z Negação: Não permitirei que permaneça aqui; O noticiário disse que amanhã fará muito calor —
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã; ideia que não me agrada;
z Origem: Descendia de nobres. � Distributivo: dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
Não confunda! para as perguntas.
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de Sua presença era inesperada, o que causou
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- surpresa.
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
o sentido seja parecido. Dica
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
é um adjunto adnominal) � O aposto pode aparecer antes do termo a que
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um se refere, normalmente antes do sujeito.
adjunto adverbial) Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
Aposto � Segundo o gramático Cegalla, quando o apos-
to se refere a um termo preposicionado, pode ele
Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes vir igualmente preposicionado.
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon- tudo ele tinha medo.
tar algo, alguém ou um fato. � O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
bicicleta.
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)
Aposto: filha de D. Raimunda
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
des obras.
Aposto: Machado de Assis. de modo).
Classifica-se nas seguintes categorias:
z Diferença de aposto especificativo e adjunto
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. adnominal: Normalmente, é possível retirar a
Separa-se do substantivo a que se refere por uma preposição que precede o aposto. Caso seja um
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
ou dois-pontos. fica prejudicada.
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
ontem, acabaram de voltar de férias. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de O clima de Fortaleza é quente.
todos; (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?);
� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante- aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo. adjetivo.
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
riachos. (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado — ad-
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber, pre- jetivo)
conceito, antipatia e arrogância; Homem desesperado, João sempre perde o con-
z Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado para trole.
resumir termos anteriores. É expresso, normalmen- (aposto; núcleo: homem — substantivo).
te, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos Vocativo
estavam empolgados com a feira.
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bis- O vocativo é um termo que não mantém relação
sau, países africanos onde se fala português; sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
� Comparativo: estabelece uma comparação tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
implícita. chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo; ja se comunicar. É um termo independente, pois
� Circunstancial: exprime uma característica não faz parte da estrutura da oração.
circunstancial. Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha
consulta.
LÍNGUA PORTUGUESA
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era � Orações subordinadas adverbiais coordenadas
falsa. entre si
Nosso planeta, ameaçado constantemente por Ex.: Não só quando estou presente, mas também
nós mesmos, ainda resiste; quando não estou, sou discriminado.
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- Oração subordinada adverbial 1: quando estou
ria problemas. (condicional) presente
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. Oração subordinada adverbial 2: quando não
(causal/temporal) estou;
Comprada a casa, a família se mudou logo. � Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
(temporal). mo período
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
O particípio concorda em gênero e número com os seu papel, no entanto a realidade não é assim.
termos referentes. Oração principal: Presume-se
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- Oração subordinada subjetiva da principal: as
quentes em provas de concurso. penitenciárias cumpram seu papel
Oração coordenada sindética adversativa da ante-
Períodos Mistos rior: no entanto a realidade não é assim.
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois A classificação dos substantivos admite nove tipos
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os diferentes. São eles:
meninos eram bons em português;
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma série. z Simples: formados a partir de um único radical.
Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; chegou em Ex.: vento, escola;
último/penúltimo/antepenúltimo lugar; z Compostos: formados pelo processo de justaposi-
z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.: z Primitivos: possibilitam a formação de um novo
Ele ganha o triplo no novo emprego; substantivo. Ex.: pedra, dente;
LÍNGUA PORTUGUESA
z Fracionários: indicam frações, divisões ou dimi- z Derivados: são formados a partir de substantivos
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), dentista (dente),
um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele florista (flor);
recebeu metade do pagamento. z Concretos: designam seres com independência
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, pendentemente de sua conotação espiritual ou
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;
quantidade exata de seres/conceitos. Veja: z Abstratos: indicam estado, sentimento, ação, qua-
Dúzia: conjunto de doze unidades; lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
Novena: período de nove dias; em função de outros seres. A feiura, por exemplo,
Década: período de dez anos; depende de uma pessoa, um substantivo concreto
Século: período de cem anos; a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-
Bimestre: período de dois meses. gem, liberalismo, feiura; 37
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z Comuns: designam todos os seres de uma espécie. Além disso, algumas palavras na língua causam
Ex.: homem, cidade; dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
z Próprios: designam uma determinada espécie. das em contextos informais com gêneros diferentes.
Ex.: Pedro, Fortaleza; Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
z Coletivos: usados no singular, designam um con- a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
junto de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, fonema; o trema.
manada. Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
É importante destacar que a classificação de um masculino quanto no feminino: o personagem / a per-
substantivo depende do contexto em que ele está inse- sonagem; o laringe / a laringe; o xerox / a xerox.
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma Flexão de Número
pessoa = Próprio);
O amigo mostrou-se um judas (judas significando Os substantivos flexionam-se em número, de
traidor = comum). maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.:
casa / casas.
Flexão de Gênero Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc.
Os gêneros do substantivo são masculino e Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
feminino. das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni- terminada em L e que tem como plural “males”.
formes. Os substantivos uniformes podem ser: Já os substantivos terminados em al, el, ol, ul fazem
plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral / corais;
z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma- papel / papéis; anzol / anzóis.
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles
/ a cliente; o líder / a líder; e méis.
z Epicenos: designam geralmente animais que apre- Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
sentam distinção entre masculino e feminino, mas plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
a diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho Ex.: capelães, capitães, escrivães.
ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça Contudo, há substantivos que admitem até três
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; formas de plural, como os seguintes:
girafa macho / girafa fêmea;
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne- z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
a criança; o monstro; a testemunha; o indivíduo.
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
Já os substantivos biformes designam os substan- que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
tivos que apresentam duas formas para os gêneros órgãos; órfão / órfãos.
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam Plural dos Substantivos Compostos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino: Os substantivos compostos são aqueles formados
Ex.: ator/atriz; ateu/ ateia; réu/ré. por justaposição. O plural dessas formas obedece às
Outros substantivos modificam o radical para seguintes regras:
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no. Estes são chamados de substantivos heteroformes: z Variam os dois elementos:
Ex.: pai/mãe; boi/vaca; genro/nora.
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes-
Gênero e Significação tres -salas;
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-
Alguns substantivos uniformes podem aparecer das -noturnos;
com marcação de gênero diferente, ocasionando uma Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
modificação no sentido. Veja, por exemplo: Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças
-feiras.
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
z O testemunho: relato de experiência, associado a z Varia apenas um elemento:
religiões.
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
Algumas formas substantivas mantêm o radical e canas-de-açúcar;
a pequena alteração no gênero do artigo interfere no Substantivo + substantivo com função adjetiva.
significado: Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; abaixo-assinados.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
38 z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
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Destacamos, ainda, que os substantivos compostos Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar
formados por pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
verbo + advérbio aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e
verbo + substantivo plural vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha. forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos
por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-
Variação de Grau las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; demonstrando seu caráter adverbial.
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: As locuções adjetivas também desempenham fun-
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- numerais e orações substantivas.
fados com maiúsculas apenas quando utilizados Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican- Já as locuções adverbiais desempenham função de
do uma direção, devem ser escritos com minúscu- advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
las. Ex.: Correu a América de norte a sul; orações adjetivas com esses valores.
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv. 39
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Adjetivo de Relação Ex.: O candidato é o mais humilde dos concor-
rentes? (Superlativo relativo de superioridade).
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer O candidato é o menos preparado entre os con-
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. inferioridade).
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
seguintes características: Importante! Ao compararmos duas qualidades de
um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- (mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- Ex.: A modelo é mais alta que magra.
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
de quem o descreve; Porém, se uma mesma característica referir-se
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
a seres diferentes, empregamos a forma sintética
relação sempre são posicionados após o substanti-
(melhor, pior, menor etc.).
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
— pai; mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus compara- Formação dos Adjetivos
tivo e superlativo não são admitidos. Ex.: Não pode
ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”. Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
simples ou compostos.
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presidente
americano (não é subjetivo; posicionado após o substan- z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras
tivo; derivado de substantivo; não existe a forma variada palavras. A partir deles, é possível formar novos
em grau “americaníssimo”); plataforma petrolífera; eco- termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
nomia mundial; vinho francês; roteiro carnavalesco. z Derivados: são palavras que derivam de verbos
ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-
Variação de Grau rengo etc.;
z Simples: apresentam um único radical. Ex.: portu-
O adjetivo pode variar em dois graus: compara- guês, escuro, honesto etc.;
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas z Compostos: formados a partir da união de dois ou
respectivas categorias. mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
amarelo-ouro etc.
z Grau comparativo: exprime a característica de
um ser, comparando-o com outro da mesma classe Dica
nos seguintes sentidos:
O plural dos adjetivos simples é realizado da
Igualdade: compara elementos colocando-os mesma forma que o plural dos substantivos.
em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos Plural dos Adjetivos Compostos
quanto simplórios;
Superioridade: compara, evidenciando um O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
elemento como superior ao outro. Mais do que, tes regras:
melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente
do que o dinheiro; z Invariável:
Inferioridade: compara, evidenciando um ele-
mento como inferior ao outro. Menos do que, os adjetivos compostos azul-marinho, azul-ce-
pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
leste, azul-ferrete;
do que mulheres.
locuções formadas de cor + de + substantivo,
como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-
vo, é importante considerar que o valor semântico
quesa, camisas amarelo-ouro.
desse grau apresenta variações, podendo indicar:
z Varia o último elemento:
Característica de um ser elevada ao último
grau: superlativo absoluto, que pode ser analí-
tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso- primeiro elemento é palavra invariável, como
ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo). em mal-educados, recém-formados;
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-cla-
absoluto analítico). ros, cabelos castanho-escuros.
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
sintético); Adjetivos Pátrios
Característica de um ser relacionada com
outros indivíduos da mesma classe: superla- Os adjetivos pátrios, também conhecidos como
tivo relativo, que pode ser de superioridade (o gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade
40 mais) ou de inferioridade (o menos). de seres e objetos.
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O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
em nosso país.
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
LÍNGUA PORTUGUESA
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
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NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
GRAU Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
COMPARATIVO
Muito Mais - -
Pouco Menos - -
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Superioridade: o
Pouco Pouquíssimo -
menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
LÍNGUA PORTUGUESA
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente. 43
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PRONOMES Não devemos usar pronomes do caso reto como
objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”.
Pronomes são palavras que representam ou acom- Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é pos-
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função sível usar os pronomes do caso reto como comple-
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- mento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos
vra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefini- “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
ção, quantidade, localização no tempo, no espaço e no Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei ape-
meio textual, entre outras funções. nas ela na festa.
Os pronomes exercem papel importante na análi- Após a preposição “entre”, em estrutura de recipro-
se sintática e também na interpretação textual, pois cidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
colaboram para a complementação de sentido de ter- Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
mos essenciais da oração, além de estruturar a orga-
nização textual, contribuindo para a coesão e também Pronomes de Tratamento
para a coerência de um texto.
Os pronomes de tratamento são formas que expres-
Pronomes Pessoais sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- apresentam algumas peculiaridades importantes:
curso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais infor-
mações sobre eles: z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à
2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a
PRONOMES DO PRONOMES DO esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
PESSOAS do singular.
CASO RETO CASO OBLÍQUO
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
1ª pessoa do Me, mim, z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à
Eu
singular comigo 3ª pessoa).
2ª pessoa do Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tri-
Tu Te, ti, contigo bunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
singular
3ª pessoa do Se, si, consigo
Ele/Ela Os pronomes de tratamento estabelecem uma hie-
singular o, a, lhe
rarquia social na linguagem, ou seja, a partir das for-
1ª pessoa do mas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso
Nós Nos, conosco
plural e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
2ª pessoa do Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem
Vós Vos, convosco ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
plural
reconhecidos socialmente por suas funções, como juí-
3ª pessoa do Se, si, consigo zes, reis, clérigos, entre outras.
Eles/Elas
plural os, as, lhes Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de
tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções
sociais que designam:
Os pronomes pessoais do caso reto costumam
substituir o sujeito.
z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquidu-
Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
ques e seus respectivos femininos;
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam fun-
z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais;
cionar como complemento verbal ou adjunto.
z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do gover-
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.
no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus
z Os pronomes que estarão relacionados ao obje- respectivos femininos;
to direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes;
Informei-o sobre todas as questões; z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos gra-
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — complementados cerimonioso a comerciantes importantes;
por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo z Vossa Santidade (V. S.): papa;
a ele). z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev-
ma.): bispos.
Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são
pronomes substantivos. Os exemplos apresentados fazem referência a pro-
Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não nomes de tratamento e suas respectivas designações
podem ser regidos por preposição e que os pronomes sociais conforme indica o Manual de Redação oficial
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblí- da Presidência da República. Portanto, essas designa-
quos, dependendo da função que exercem. ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne-
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de ro textual abordado for um gênero oficial.
preposição e costumam ter função de complemento: Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
z 1ª pessoa: mim, comigo (singular); nós, conosco z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra-
(plural); tamento é importante destacar que o plural de
z 2ª pessoa: ti, contigo (singular); vós, convosco (plural); algumas abreviaturas é feito com letras dobradas,
z 3ª pessoa: si, consigo (singular ou plural); ele(s), como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na
ela(s). maioria das abreviaturas terminadas com a letra
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a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. z 1ª pessoa: este, estes / esta, estas;
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; z 2ª pessoa: esse, esses / essa, essas;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z 3ª pessoa: aquele, aqueles / aquela, aquelas;
tíssimo Juiz; z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-
blica nunca deve ser abreviado. Usamos este, esta, isto para indicar:
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme- Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
ro com a coisa possuída. a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome a uma coisa.
cujo: Cujo o, cuja a Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o
Não podemos substituir cujo por outro pronome pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação
relativo. do pronome é com o objeto da posse.
O pronome relativo cujo pode ser preposicionado. Outras funções dos pronomes possessivos:
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per- z delimitam o substantivo a que se referem;
gunta: “de quem/do que?” z concordam com o substantivo que vem depois
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor dele;
do que? Do filme). z não concordam com o referente;
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de z o pronome possessivo que acompanha o substan-
quem? Do rapaz). tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. O tempo designa o recorte temporal em que a ação
Casos que atraem o pronome para mesóclise: verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro.
os pronomes devem ficar no meio dos verbos Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe
que estejam conjugados no futuro, caso não haja a seguir:
nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: Dar-te-
-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei dos nos-
z Presente:
sos estudantes.
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos Pode expressar não apenas um fato atual, como
que atraem o pronome para ênclise: também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias
no mesmo horário.
Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me muito Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e
honrada com esse título. instala uma ditadura.
Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor. Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais!
Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o quan- (equivalente a estudarei).
to sou importante.
z Passado:
Casos proibidos:
Pretérito perfeito: ação realizada plenamente
Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / no passado.
Dá-me esse caderno! (certo). Ex.: Estudei até ser aprovado.
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem- Pretérito imperfeito: ação inacabada, que
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou
de nada (correto). durativa.
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato Ex.: Estudava todos os dias.
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à
outra mais antiga.
VERBOS Ex.: Quando notei (passado), a água já trans-
bordara (ação anterior) da banheira.
Certamente, a classe de palavras mais complexa e
importante dentre as palavras da língua portuguesa é o z Futuro:
verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e
os agentes desses atos, além de ser uma importante clas- Futuro do presente: indica um fato que deve
se sempre abordada nos editais de concursos; por isso, ser realizado em um momento vindouro.
atente-se às nossas dicas. Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam Futuro do pretérito: expressa um fato poste-
em número, pessoa, modo e tempo, além da designação rior em relação a outro fato já passado.
da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.
As flexões verbais são marcadas por desinências, que
podem ser:
A partir dessas informações, podemos também
identificar os verbos conjugados nos tempos simples
z Número-pessoal: indicando se o verbo está no sin-
gular ou plural, bem como em qual pessoa verbal foi e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples
flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); são formados por uma única palavra, ou verbo, conju-
z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo ver- gado no presente, passado ou futuro.
bais a ação foi realizada. Já os tempos compostos são formados por dois
verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o ver-
bo auxiliar é o único a sofrer flexões.
LÍNGUA PORTUGUESA
O “se” exercerá essa função apenas: z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor;
z Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI; z Ver: antever, rever, prever;
com verbos que concordam com o sujeito; z Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
com a voz passiva sintética.
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto dire- ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. preensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” fun- verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais que
cionará nessa condição quando não for possível terminam em -iar. Os verbos com essa terminação são,
LÍNGUA PORTUGUESA
5 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação. Exemplo:
a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o termo que
52 completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
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z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Meio: Ir por terra;
z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Meio: Viver de ilusões; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Modo: Olhar alguém de frente; z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Preço: Caderno de 10 reais; z Tempo: Viver por muitos anos.
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa “Sem”
corajosa.
z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
“Desde” dinheiro.
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri. xo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de;
adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
“Por” junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a
fim de; por meio de; em virtude de.
z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
sorteio; Algumas locuções prepositivas apresentam seme-
z Causa: Encontrar alguém por coincidência; lhanças morfológicas, mas significados completamen-
z Conformidade: Copiar por original; te diferentes. Observe estes exemplos6:
z Favor: Lutar por seus ideais; A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
z Medida: Vendia banana por quilo; jamento inicial = Concordância.
etc.
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
tivesse gostado.
Importante! A palavra “senão” pode funcionar Trabalhava, por mais que a perna doesse.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha- � Condicional: iniciam uma oração com ideia de
marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”). hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
que, a menos que, somente se etc.
z Explicativas: ligam orações, de forma que em uma Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi-
delas explica-se o que a outra afirma. Que, porque, do sua mensagem.
pois, (se vier no início da oração), porquanto. Posso lhe ajudar, caso necessite.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a � Proporcional: ideia de proporcionalidade. À pro-
enxada! porção que, à medida que, quanto mais...mais,
Viva bem, pois isso é o mais importante. quanto menos...menos etc. 55
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Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
� Final: expressam ideia de finalidade. Final, para Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
que, a fim de que etc.
Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
Ex.: A professora dá exemplos para que você
aprenda! Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
Comprou um computador a fim de que pudesse Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
trabalhar tranquilamente.
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
� Temporal: iniciam a oração expressando ideia de
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
logo que, desde que etc.
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia É salutar lembrar que o sentido exato de cada
do Futuro. interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
Mal cheguei à cidade, fui assaltado. texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
Importante! Os valores semânticos das conjun- interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
ções não se prendem às formas morfológicas desses expresso no texto.
elementos. O valor das conjunções é construído con- Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
textualmente, por isso, é fundamental estar atento aos va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
sentidos estabelecidos no texto. nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a por exemplo, que são interjeições por excelência, mas
procura? (Se = causal = já que) que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto alterado.
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
Conjunções Integrantes que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!
As conjunções integrantes fazem parte das orações
subordinadas; na realidade, elas apenas integram
uma oração principal à outra, subordinada. Existem
apenas dois tipos de conjunções integrantes: “que” e
“se”.
PONTUAÇÃO
Um tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
� Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
mos a seguir as regras sobre seus usos.
nome “isso”, estamos diante de uma conjunção
integrante.
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? USO DE VÍRGULA
Isso).
� Sempre haverá conjunção integrante em orações A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
substantivas e, consequentemente, em períodos funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
compostos. voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
quê? Isso). qualquer ambiguidade.
� Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver- Quando se trata de separar termos de uma mesma
bo e uma conjunção integrante. oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
(errado). � Para separar os termos de mesma função:
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo). Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
INTERJEIÇÕES enumeração:
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
As interjeições também fazem parte do grupo de arrastado pelo tsunami;
palavras invariáveis, tal como as preposições e as � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri- já apareceu na frase) do verbo:
to e emoções; por isso, apresentam forte conotação Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
uma frase. Ex.: Tchau! filmes de terror;
As interjeições indicam relações de sentido diver- � Para separar palavras ou locuções explicativas,
sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen- retificativas:
timentos e sensações mais expressos pelo uso de Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
interjeições: anos;
� Para separar datas e nomes de lugar:
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Advertência Cuidado! Devagar! Calma! � Para separar as conjunções coordenativas, exceto
e, nem, ou:
56 Alívio Arre! Ufa! Ah!
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
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A vírgula também é facultativa quando o termo � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for distributivo ou uma oração subordinada substan-
uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos: tiva apositiva:
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço sores, jornalistas, médicos;
em casa. � Introduzir uma explicação ou enumeração após
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. saber, como:
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações Filosofia, Ciências...;
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
� Entre o sujeito e o verbo: (relação semântica de oposição, explicação/causa
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- ou consequência):
ram a explicação. (errado) Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- homem culto.
sertaram minha visão. (errado); Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- cautela;
dicativo do sujeito: � Marcar invocação em correspondências:
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- Ex.: Prezados senhores:
ção. (errado) Comunico, por meio deste, que...
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado) TRAVESSÃO
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
(errado); � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
� Entre um substantivo e seu complemento nominal discurso de interlocutor: Ex.:
ou adjunto adnominal: — Bom dia, Maria!
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida — Bom dia, Pedro!;
pelos alunos. (errado); � Serve também para colocar em relevo certas
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
passiva: tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele colchetes:
professor para a feira. (errado); Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
Considero interessantes, as suas aulas. (errado). vamos jantar. (oração intercalada)
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
USO DE PONTO E VÍRGULA na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
� É empregado para marcar o fim de uma frase com � Para incluir num texto uma observação de nature-
entonação exclamativa: za elucidativa:
Ex.: Que linda mulher! Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
Coitada dessa criança!; Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”;
� Aparece após uma interjeição: � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Ex.: Nossa! Isso é fantástico; a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
� Usado para substituir vírgulas em vocativos que pareça, o texto original é assim mesmo:
enfáticos: Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”; do.” (Machado de Assis);
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer � Para indicar os sons da fala, quando se estuda
marcar uma ênfase: Fonologia:
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy];
metros em 20 segundos!!! � Para suprimir parte de um texto (assim como
parênteses):
RETICÊNCIAS Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
desceu as escadas apressadamente.
São usadas para: ou
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
� Assinalar interrupção do pensamento: ceu as escadas apressadamente (caso não preferí-
Ex.: ― Estou ciente de que... vel segundo as normas da ABNT).
― Pode dizer...;
� Indicar partes suprimidas de um texto: ASTERISCO
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode � É colocado à direita e no canto superior de uma
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e palavra do trecho para se fazer uma citação ou
depois desceu as escadas apressadamente.); comentário qualquer sobre o termo em uma nota
� Para sugerir prolongamento da fala: de rodapé:
Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias? Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...; triste acrescido do sufixo -eza*.
� Para indicar hesitação: *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha vo, o que origina um novo substantivo;
vergonha; � Quando repetido três vezes, indica uma omissão
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
mente com outras intenções: tuição a um substantivo próprio:
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
nhado aos responsáveis;
USO DAS ASPAS � Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
São usadas em citações ou em algum termo que é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí- Ex.: Parecer, do latim *parescere;
das por itálico ou negrito, que têm a mesma função � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
de destaque. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
Usam-se nos seguintes casos: da gramática.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
� Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
58 afirma Dad Squarisi, 64;
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USO DA BARRA a) águas e vêm
b) última e vêm
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: c) reúne e águas
d) reúne e países
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser e) países e última
substituída pela conjunção “ou”:
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. 3. (CESGRANRIO — 2023)
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- Floresta amazônica vai virar savana
ção das conjunções e/ou:
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais Pesquisadores afirmam que mudança no ecossiste-
e/ou escritos; ma da Amazônia é iminente
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
ção entre si: Se a Amazônia perder mais de 20% de sua área para
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número o desmatamento, ela pode se descaracterizar de tal
(plural/singular). forma que deixaria de ser uma floresta e se transfor-
O carro atingiu os 220 km/h; maria em área de savana, alertam dois conceitua-
� Para separar os versos de poesias, quando escritos dos pesquisadores da área, em um artigo publicado
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas recentemente. Hoje, o desmatamento acumulado está
barras para indicar a separação das estrofes: em 17%.
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- Os cientistas acreditam que as sinergias negativas
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- entre desmatamento, mudanças climáticas e uso
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles; indiscriminado de incêndios florestais indicam um
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra tipping point (ponto crítico), um ponto sem volta, para
não foi escrita na sua totalidade: transformar as partes Sul, Leste e central da Amazô-
Ex.: a/c = aos cuidados de; nia em um ecossistema não florestal se o desmata-
s/ = sem; mento chegar a entre 20% e 25%.
� Para separar o numerador do denominador nos
números fracionários, substituindo a barra da Os pesquisadores partiram do conceito da “savaniza-
fração: ção” da Amazônia, que surgiu após a descoberta de
Ex.: 1/3 = um terço; que as florestas interferem no regime de chuvas. Na
� Nas datas: Amazônia, por exemplo, estima-se que metade das
Ex.: 31/03/1983 chuvas na região é resultado da umidade produzida
� Nos números de telefone: pela evapotranspiração (a transpiração das árvores),
Ex.: 225 03 50/51/52; que “recicla” as correntes de ar úmido provenientes
� Nos endereços: do Oceano Atlântico.
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232;
� Na indicação de dois anos consecutivos: Caso perca uma quantidade grande de árvores, a flo-
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso; resta recicla menos chuva, ficando mais suscetível a
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: incêndios. O fogo altera a vegetação, favorecendo o
Ex.: /s/. avanço de gramíneas onde antes havia espécies flo-
restais. O resultado desse processo ecológico é que
Embora não existam regras muito definidas sobre grandes fragmentos de florestas se transformam em
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- savanas ou cerrados, descaracterizando a Amazônia
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- como a conhecemos hoje.
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
A primeira estimativa de qual seria o tipping point para
a Amazônia virar savana foi feita em um estudo em
2007, e chegou à conclusão de que esse valor era de
HORA DE PRATICAR! 40% de florestas derrubadas. Só que esse estudo ava-
liou apenas uma variável, o desmatamento. Segundo
1. (CESGRANRIO — 2018) A seguinte frase está escrita um dos autores, quando se consideram outros fato-
de acordo com as normas da ortografia vigente: res, como os incêndios florestais e o aquecimento
global, essa margem diminui consideravelmente. Os
a) Eu me sinto mais vunerável quando viajo à noite. focos de incêndio têm aumentado. O aquecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
b) Preciso que vocês viagem para o Perú imediatamente. global já está acontecendo, com um aumento de 1
c) Alguns roteiros tem um acúmulo grande de grau Celsius na temperatura média da Amazônia.
deslocamentos.
d) Fiz um voo gratuito porque ganhei uma passagem De acordo com uma especialista em ciência e Amazô-
num sorteio. nia, a hipótese de savanização precisa ser encarada
e) Fizemos um multirão para arrumar as malas, mas com seriedade, porque a floresta amazônica tem resi-
conseguimos. liência, ela consegue resistir a algum desmatamen-
to. Mas essa possibilidade não é infinita, chega a um
2. (CESGRANRIO — 2016) Das palavras acentuadas reú- ponto que não tem retorno. Além disso, é preciso con-
ne, países, águas, última e vêm, as duas que recebem siderar a população da região, investindo na produção
acento por seguirem a mesma norma ortográfica são: com sustentabilidade.
59
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Uma das propostas para que se possa evitar o tipping
point é o reflorestamento. Com esse objetivo, o Brasil Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas
se comprometeu, na Conferência da ONU sobre Clima sondagens antes de chegar até onde queria, os tais
em Paris, em 2015, a reflorestar 12 milhões de hecta- rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquan-
res até 2030. to enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época
esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe
CALIXTO, B. O Globo. Sociedade. Rio de Janeiro, 22 fev. 2018. e ele não tinham viajado para o exterior.
Adaptado.
Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo
No trecho “metade das chuvas na região é resulta- Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas
do da umidade produzida pela evapotranspiração viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esque-
(a transpiração das árvores)” (parágrafo 3), a pala- cer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele
vra destacada é derivada do verbo transpirar, com o acrescentou. Mas por que essa curiosidade?
acréscimo do sufixo “ção”.
Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a
O grupo em que todos os verbos também formam gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem
substantivos pelo acréscimo do sufixo “ção” é: nascido lá longe e assim eu estaria hoje escreven-
do em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o
a) ceder, conservar, repercutir livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu
b) conceder, transgredir, poluir
com todas as letras, nossa língua é sepultura mes-
c) evaporar, inserir, preservar
mo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra,
d) renovar, devastar, admitir
e) transmitir, permitir, introduzir desaparece!
4. (CESGRANRIO — 2018) As palavras juiz, suor e vár- Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado.
zea, ao serem passadas para o plural, apresentam a Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me
seguinte grafia: encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso
de querer renegar a própria língua. Se você chegar a
a) juízes; suores; várzeas escrever bem, não precisa ser em italiano ou espa-
b) juizes; suores; varzeas nhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo,
c) juízes; suóres; várzeas está me compreendendo? E as traduções? Renegar
d) juizes; suórs; varzeas a língua é renegar o país, guarde isso E depois (ele
e) juízeis; suóreis; várzeeis voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta
escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e
5. (CESGRANRIO — 2016) A frase em que a palavra des- obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa
tacada está flexionada de acordo com a norma-pa- língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultu-
drão da língua portuguesa é: ra e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora?
– acrescentou e levantou- se. Deu alguns passos e
a) Se você ver águas paradas, tome uma providência ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já
para evitar a proliferação do mosquito. fez a sua lição de casa?
b) Para comunicar a seus acionistas o resultado finan-
ceiro semestral, o relatório abrangeu os aspectos Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria
principais relacionados à produção da empresa. mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da pol-
c) Se os moradores obterem lâmpadas modernas para
trona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de
iluminar suas casas, farão economia de eletricidade.
vime e ia para a rede ou simplesmente começava a
d) Quando o Congresso propor que as lâmpadas incan-
descentes não sejam mais vendidas no país, a popu- andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então
lação terá de se acostumar ao novo padrão. a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.
e) O governo interviu na fabricação de lâmpadas quando
decidiu que novos modelos deveriam tornar-se obri- Tantos anos depois, quando me avisaram lá do peque-
gatórios no nosso país. no hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pen-
sando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse
6. (CESGRANRIO — 2023) instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa
de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e
À moda brasileira fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!
Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal a) escrever seus contos em outra língua.
de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultu- b) escrevera seus contos em outra língua.
ra eu entendia bem, disso eu entendia, repensei bai- c) tiver escrito seus contos em outra língua.
xando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) d) teria escrito seus contos em outra língua.
pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a e) tivesse escrito seus contos em outra língua.
60 sepultura que esperava por esses meus escritos?
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7. (CESGRANRIO — 2022) O emprego do pronome oblí- Em “No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais
quo em destaque respeita a norma-padrão da língua quente deste verão que inaugura o século e o milê-
em: nio.”, o pronome destacado
a) Quando perguntaram sobre as grades, fiquei sem a) torna ambíguo o termo referido.
saber o que lhes dizer. b) marca a temporalidade do enunciado.
b) O sol oblíquo nasce atrás dos prédios, mas ainda não c) afasta o leitor da narração.
conseguiu vencer-lhes. d) descentraliza o foco narrativo.
c) A velha senhora está sempre lá. Já espero lhe ver e) introduz um caráter irônico ao texto.
quando saio todas as manhãs.
d) Ainda demora para o sol nascer, mas, mesmo assim, a 9. (CESGRANRIO — 2018) O pronome relativo tem a fun-
velha senhora já está lá a lhe esperar. ção de substituir um termo da oração anterior e esta-
e) Quando as pessoas passam na calçada, aquela belecer relação entre duas orações.
senhora tem o sorriso pronto para lhes cumprimentar.
Considerando-se o emprego dos diferentes prono-
8. (CESGRANRIO — 2016) mes relativos, a frase que está em DESACORDO com
os ditames da norma-padrão é:
O suor e a lágrima
a) É um autor sobre cujo passado pouco se sabe.
Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer coisa, quase b) A ficção é a ferramenta onde os escritores trabalham.
41. No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais c) Já entrei em muitas livrarias, em todas por quantas
quente deste verão que inaugura o século e o milênio. passei.
Cheguei ao Santos Dumont, o vôo estava atrasado, d) O autor de quem sempre falei vai autografar seus
decidi engraxar os sapatos. Pelo menos aqui no Rio, livros na Bienal.
são raros esses engraxates, só existem nos aeropor- e) Os poemas por que os leitores mais se interessam
tos e em poucos lugares avulsos. estarão na coletânea.
O engraxate era gordo e estava com calor — o que me Vem. A explicação mais popular diz que os soldados
pareceu óbvio. Elogiou meus sapatos, cromo italiano, da Roma Antiga recebiam seu ordenado na forma de
fabricante ilustre, os Rosseti. Uso-o pouco, em parte sal. Faz sentido. O dinheiro como o conhecemos sur-
para poupá-lo, em parte porque quando posso estou giu no século 7 a.C., na forma de discos de metal pre-
sempre de tênis. cioso (moedas), e só foi adotado em Roma 300 anos
depois.
Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e começou
seu ofício. Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa Antes disso, o que fazia o papel de dinheiro eram
e a calva. Pegou aquele paninho que dá brilho final itens não perecíveis e que tinham demanda garanti-
nos sapatos e com ele enxugou o próprio suor, que da: barras de cobre (fundamentais para a fabricação
era abundante. de armas), sacas de grãos, pepitas de ouro (metal
favorito para ostentar como enfeite), prata (o ouro de
Com o mesmo pano, executou com maestria aqueles segunda divisão) e, sim, o sal.
movimentos rápidos em torno da biqueira, mas a todo
instante o usava para enxugar-se — caso contrário, o Num mundo sem geladeiras, o cloreto de sódio era o
suor inundaria o meu cromo italiano. que garantia a preservação da carne. A demanda por
ele, então, tendia ao infinito. Ter barras de sal em casa
E foi assim que a testa e a calva do valente filho do funcionava como poupança. Você poderia trocá-las
povo ficaram manchadas de graxa e o meu sapato pelo que quisesse, a qualquer momento.
adquiriu um brilho de espelho à custa do suor alheio.
Nunca tive sapatos tão brilhantes, tão dignamente As moedas, bem mais portáteis, acabariam se tornan-
suados. do o grande meio universal de troca – seja em Roma,
seja em qualquer outro lugar. Mas a palavra “salário”
Na hora de pagar, alegando não ter nota menor, dei- segue viva, como um fóssil etimológico.
xei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado,
LÍNGUA PORTUGUESA
retribuiu a gorjeta me desejando em dobro tudo o que Só há um detalhe: não há evidência de que soldados
eu viesse a precisar nos restos dos meus dias. romanos recebiam mesmo um ordenado na forma
de sal. Roma não tinha um exército profissional no
Saí daquela cadeira com um baita sentimento de cul- século 4 a.C. A força militar da época era formada
pa. Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos por cidadãos comuns, que abandonavam seus afaze-
assim, por míseros tostões, fizera um filho do povo res voluntariamente para lutar em tempos de guerra
suar para ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e (questão de sobrevivência).
tive vergonha daquele brilho humano, salgado como
lágrima. A ideia de que havia pagamentos na forma de sal
vem do historiador Plínio, o Velho (um contemporâ-
CONY, C. H. In: NESTROVSKI, A. (Org.). Figuras do Brasil – 80 neo de Jesus Cristo). Ele escreveu o seguinte: “Sal era
autores em 80 anos de Folha. São Paulo: Publifolha. 2001. p. 319
uma das honrarias que os soldados recebiam após 61
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batalhas bem-sucedidas. Daí vem nossa palavra a) causa
salarium.” Ou seja: o sal era um bônus para voluntá- b) instrumento
rios, não um salário para valer. Quando Roma passou c) consequência
a ter uma força militar profissional e permanente, no d) conformidade
século 3 a.C., o soldo já era mesmo pago na forma de e) proporcionalidade
moedas.
12. (CESGRANRIO — 2022) Considerando-se o emprego
VERSIGNASSI, A. A palavra salário vem mesmo de “sal” VC S/A, São da vírgula, a frase que está de acordo com o padrão
Paulo: Abril, p. 67, Jun. 2021. Adaptado. formal escrito da língua é
A palavra destacada em “bem mais portáteis” (pará- a) Eu que era frágil, sentia-me seguro, em sua presença.
grafo 4) traz para o trecho uma ideia de b) Todos os dias, Maria José lia poemas para seu filho.
c) Seu desejo, era sempre, estar por perto para me
a) adição proteger.
b) adversidade d) Maria José era uma mulher terna e, ao mesmo tempo
c) comparação firme.
d) extensão e) Nem ela, nem o médico, nem eu, esperávamos aquele
e) soma desfecho, triste.
Bem velhinho, que [precise] usar um bastão / Eu hei Dificilmente alguém discordaria de que a sociedade da
de ter um netinho, ah... / Pra me levar pela mão / No informação é o principal traço característico do deba-
carnaval, eu não fico em casa / Eu não fico, eu vou te público sobre desenvolvimento, seja em nível local
brincar! / Nem que eu vá me sentar na calçada / Pra ou global, neste alvorecer do século XXI. Das propos-
ver meu bloco passar...” tas políticas oriundas dos países industrializados e
das discussões acadêmicas, a expressão “sociedade
Lupicínio Rodrigues — autor de elaboradas e densas de informação” transformou-se rapidamente em jar-
canções de amor — surpreende escrevendo, em 1936, gão nos meios de comunicação, alcançando, de for-
ano em que nasci, essa singela e comovente marchi- ma conceitualmente imprecisa, o universo vocabular
nha carnavalesca. Uma raridade que constrói e, ao do cidadão.
mesmo tempo, define um carnaval. O carnaval como
um ritual — como um encontro necessário, como as A expressão “sociedade da informação” passou a
festas religiosas e algumas cerimônias cívicas — e ser utilizada como substituta para o conceito com-
não como uma brincadeira da qual se escolhe, livre plexo de “sociedade pós-industrial”, como forma de
e individualmente, participar. O carnaval faz parte do transmitir o conteúdo específico do “novo paradigma
calendário religioso católico romano que, mesmo no técnico-econômico”. A realidade que os conceitos
Brasil republicano, burguês e pós-moderno, continua das ciências sociais procuram expressar refere-se
a ser observado. Hoje, ao lado da Semana Santa e da às transformações técnicas, organizacionais e admi-
Semana da Pátria, ele talvez seja mais um feriado fes- nistrativas que têm como “fator-chave” não mais os
tivo do que uma ocasião que coage o nosso compor- insumos baratos de energia — como na sociedade
tamento, obrigando à participação, como deixa claro industrial — mas os insumos baratos de informação
a marchinha de Lupicínio. propiciados pelos avanços tecnológicos na microele-
trônica e nas telecomunicações.
Ouvi a música pelo piano de mamãe quando era um
menino: supunha-me o netinho que levava o avô pela Nesta sociedade pós-industrial, ou “informacional”,
mão até o seu bloco de carnaval. Hoje, sendo um avô as transformações em direção à sociedade da infor-
feliz e orgulhoso de cinco lindas moças e três belos mação, em estágio avançado nos países industriali-
rapazes, tenho nada mais nada menos do que 16 zados, constituem uma tendência dominante mesmo
mãos dispostas a, amorosamente, me conduzirem ao para economias menos industrializadas e definem
meu bloco que passa todo ano pela minha calçada. um novo paradigma, o da tecnologia da informação,
que expressa a essência da presente transformação
Leitor querido: se você tiver alguma recordação dessa tecnológica(a) em suas relações com a economia e
música, ouça-a. Se você não souber manipular algum a sociedade. Esse novo paradigma tem as seguintes
aparelho eletrônico, seu netinho o ajuda. E ouvindo a características fundamentais: a informação é sua
simplicidade dessa tocante canção, você vai ler esta matéria-prima (no passado, o objetivo dominante era
crônica como eu a escrevo: com os olhos molhados utilizar informação para agir sobre as tecnologias); os
dos antigos carnavais. efeitos das novas tecnologias têm alta penetrabilida-
de (a informação é parte integrante de toda ativida-
DAMATTA, R. O Globo, Rio de Janeiro, 10 fev. 2016. Primeiro de humana, individual ou coletiva e, portanto, todas
Caderno, p. 13. Adaptado
essas atividades tendem a ser afetadas diretamente
pela nova tecnologia); a tecnologia favorece proces-
A conjunção que empregada na primeira linha do Tex- sos reversíveis devido a sua flexibilidade; trajetórias
to I tem o seguinte valor: de desenvolvimento tecnológico em diversas áreas
do saber tornam-se interligadas e transformam-se
as categorias segundo as quais pensamos todos
62
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os processos (microeletrônica, telecomunicações, O emprego de duas vírgulas tem, entre outras, a fun-
optoeletrônica, por exemplo). ção de isolar expressões que detalham uma informa-
ção anterior, como em “o principal traço característico
O foco sobre a tecnologia pode alimentar a visão ingê- do debate público sobre desenvolvimento, seja em
nua de determinismo tecnológico segundo o qual as nível local ou global, neste alvorecer do século XXI”.
transformações em direção à sociedade da informa- As vírgulas foram utilizadas com a mesma função em:
ção resultam da tecnologia, seguem uma lógica téc-
nica e, portanto, neutra e estão fora da interferência a) “definem um novo paradigma, o da tecnologia da
de fatores sociais e políticos(b). Nada mais equivo- informação, que expressa a essência da presente
cado: processos sociais e transformação tecnológica transformação tecnológica”
resultam de uma interação complexa em que fatores b) “seguem uma lógica técnica e, portanto, neutra e estão
sociais preexistentes como a criatividade, o espírito fora da interferência de fatores sociais e políticos”
empreendedor, as condições da pesquisa científica c) “fatores sociais preexistentes como a criatividade,
afetam o avanço tecnológico(c) e suas aplicações o espírito empreendedor, as condições da pesquisa
sociais. científica afetam o avanço tecnológico”
d) “identificar o papel que essas novas tecnologias
No campo educacional dos países em desenvolvi- podem desempenhar no processo de desenvolvimen-
mento, decisões sobre investimentos para a incor- to educacional e, isso posto, resolver como utilizá-las”
poração da informática e da telemática implicam e) “aceleração do processo em direção à educação para
também riscos e desafios. Será essencial identificar todos, ao longo da vida, com qualidade e garantia de
o papel que essas novas tecnologias podem desem- diversidade”
penhar no processo de desenvolvimento educacional
e, isso posto, resolver como utilizá-las(d) de forma a 14. (CESGRANRIO — 2023) A frase em que a concordân-
facilitar uma efetiva aceleração do processo em dire- cia nominal do elemento em destaque se dá de acor-
ção à educação para todos, ao longo da vida, com do com as regras da norma-padrão é:
qualidade e garantia de diversidade(e). As novas tec-
nologias de informação e comunicação tornam-se, a) As mulheres da vila eram bastantes sérias e
hoje, parte de um vasto instrumental historicamente silenciosas.
mobilizado para a educação e a aprendizagem. Cabe b) As lembranças e o sentimento novas causaram muita
a cada sociedade decidir que composição do conjun- surpresa.
to de tecnologias educacionais mobilizar para atingir c) Foi solicitado muita dedicação para preparar os cor-
suas metas de desenvolvimento. pos para a sepultura.
d) O morto está quite com a vila: pagou o sepultamento
A Unesco tem atuado de forma sistemática no sen- com a ressurreição.
tido de apoiar as iniciativas dos Estados Membros e) Os olhos do morto eram azuis-celeste e de uma pro-
na definição de políticas de integração das novas fundidade impressionante.
tecnologias aos seus objetivos de desenvolvimento.
No Programa Informação para Todos, as ações des- 15. (CESGRANRIO — 2016) Texto
se organismo internacional estão concentradas em
duas áreas principais: conteúdo para a sociedade da Biodiversidade queimada
informação e “infoestrutura” para esta sociedade em
evolução, por meio da cooperação para treinamento, A Mata Atlântica tornou-se o ecossistema mais
apoio ao estabelecimento de políticas de informação ameaçado do Brasil. O desmatamento tem-se
e promoção de conexões em rede. ampliado excessivamente, principalmente no tre-
cho mais ao norte dessa floresta, em áreas costeiras
No espírito da Declaração Universal dos Direitos do dos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio
Homem, que constitui a base dos direitos à infor- Grande do Norte, onde restam apenas cerca de 10%
mação na sociedade da informação, e levando em da vegetação nativa original. O risco é maior nessa
consideração os valores e a visão delineados ante- parcela da mata porque a região apresenta uma das
riormente, o novo Programa Informação para Todos maiores densidades populacionais do Brasil.
deverá prover uma plataforma para a discussão glo-
bal sobre acesso à informação, participação de todos O censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geogra-
na sociedade da informação global e as consequên- fia e Estatística (IBGE.), registrou pouco mais de 12
cias éticas, legais e societárias do uso das tecnolo- milhões de pessoas nos 271 municípios na área de
gias de informação e comunicação. Deverá prover ocorrência da Mata Atlântica ao norte do rio São
também a estrutura para colaboração internacional Francisco. Desse total, cerca de 2 milhões foram clas-
LÍNGUA PORTUGUESA
e parcerias nessas áreas e apoiar o desenvolvimento sificados como população rural. Na região, portanto,
de ferramentas comuns, métodos e estratégias para a Mata Atlântica está cercada de gente por todos os
a construção de uma sociedade de informação global lados e, infelizmente, uma parcela importante dessas
e justa. pessoas está em situação de pobreza. Imersas nes-
sa combinação indesejável de pobreza e degradação
WERTHEIN, J. Ciência da Informação. Brasília, v. 29, n. 2, p. 71- 77,
ambiental estão dezenas de espécies de aves, anfí-
maio/ago. 2000. Disponível em: <http://revista.ibict.br/ciinf/index.
php/ciinf/article/view/254> bios, répteis e plantas, muitas já criticamente amea-
çadas de extinção.
Acesso em: 10 maio 2015. Adaptado
É nesse cenário que, ao longo de mais de uma década,
pesquisadores têm feito estudos para entender como
a perturbação extrema da paisagem altera a dinâmica 63
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
vital dos remanescentes da Mata Atlântica, causan- d) Os anos de 2009 a 2011 correspondem ao período
do perda de espécies, colapso da estrutura florestal onde a pesquisa foi realizada por meio de entrevistas
e redução de serviços ambientais importantes para o em vários estados do Nordeste.
bem-estar humano. e) Esses estudos devem ser complementados por estra-
tégias onde possa ser evitado o desmatamento pro-
Esses são os efeitos em grande escala, resultantes vocado pelo uso doméstico da madeira.
de modificações severas na estrutura da paisagem.
Há, porém, outras perturbações de origem humana e 16. (CESGRANRIO — 2016) Texto
de menor escala, mas contínuas e generalizadas, que
podem ser descritas como crônicas: a caça, a reti- Homem no mar
rada ocasional de madeira (a maior parte da madei-
ra nobre já desapareceu) e a coleta de lenha, entre De minha varanda vejo, entre árvores e telhados,
outros. Um desses estudos, recentemente concluído, o mar. Não há ninguém na praia, que resplende ao
buscou quantificar esse ‘efeito formiguinha’ e trouxe sol(a). O vento é nordeste, e vai tangendo, aqui e ali,
dados inéditos sobre o impacto da retirada de lenha no belo azul das águas, pequenas espumas que mar-
para consumo doméstico sobre a Mata Atlântica cham alguns segundos e morrem(b), como bichos
nordestina. alegres e humildes; perto da terra a onda é verde.
A madeira foi o primeiro combustível usado pela Mas percebo um movimento em um ponto do mar; é
humanidade para cozinhar alimentos. Estima-se que, um homem nadando. Ele nada a uma certa distância
hoje, no mundo, mais de 2 bilhões de pessoas ainda da praia, em braçadas pausadas e fortes; nada a favor
precisem de lenha e/ou carvão para uso doméstico. das águas e do vento, e as pequenas espumas que
Como a dependência de biomassa para fins energé- nascem e somem parecem ir mais depressa do que
ticos está diretamente associada à pobreza, o sim- ele. Justo: espumas são leves, não são feitas de nada,
ples ato de acender um fogão a gás para preparar as toda a sua substância é água e vento e luz, e o homem
refeições é uma realidade distante para mais de 700 tem sua carne, seus ossos, seu coração, todo o seu
mil habitantes da região da Mata Atlântica do Nor- corpo a transportar na água.
deste, a porção de floresta mais ameaçada do Bra-
sil. Essas pessoas dependem ainda, para cozinhar, Ele usa os músculos com uma calma energia; avança.
de lenha retirada dos remanescentes de floresta. Já Certamente não suspeita de que um desconhecido
que, em média, cada indivíduo queima anualmente o vê(c) e o admira porque ele está nadando na praia
meia tonelada de lenha, a Mata Atlântica perde 350 deserta. Não sei de onde vem essa admiração, mas
mil toneladas de madeira por ano, em séria ameaça encontro nesse homem uma nobreza calma, sinto-me
à conservação dos fragmentos florestais que ainda solidário com ele, acompanho o seu esforço solitário
resistem nessa parte do país. como se ele estivesse cumprindo uma bela missão.
Já nadou em minha presença uns trezentos metros;
Os dados da pesquisa foram coletados de 2009 a antes, não sei; duas vezes o perdi de vista, quando ele
2011, a partir de entrevistas sistematizadas com 270 passou atrás das árvores, mas esperei com toda con-
chefes de família e medição do uso de lenha em cada fiança que reaparecesse sua cabeça, e o movimento
casa. Foram investigadas áreas rurais, assentamen- alternado de seus braços. Mais uns cinquenta metros,
tos e vilas agrícolas de usinas de açúcar em Pernam- e o perderei de vista, pois um telhado o esconderá.
buco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte. O estudo Que ele nade bem esses cinquenta ou sessenta
registrou o consumo de lenha de 67 espécies de árvo- metros(d), isto me parece importante, é preciso que
res (apenas sete exóticas) e, do total da lenha utiliza- conserve a mesma batida de sua braçada, que eu o
da, 79% vieram diretamente da Mata Atlântica. veja desaparecer assim como o vi aparecer, no mes-
mo rumo, no mesmo ritmo, forte, lento, sereno. Será
SPECHT, M. J.; TABARELLI, M.; MELO, F. Revista Ciência Hoje, n.308. perfeito; a imagem desse homem me faz bem.
Rio de Janeiro: Instituto Ciência Hoje, out. 2013. p. 18-20. Adaptado
66
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Para que pudesse enxergar seu caminho à noite, o
homem buscou o desenvolvimento de fontes de ilu- 7 A
minação artificial. Os primeiros humanos recolhiam 8 B
restos de queimadas naturais, mantendo as chamas
em fogueiras. Posteriormente, descobriu-se que o 9 B
fogo poderia ser produzido ao se atritarem pedras ou
madeiras, dando o primeiro passo rumo à tecnologia 10 C
de iluminação artificial. 11 C
O objetivo do Texto é
9 GABARITO
LÍNGUA PORTUGUESA
1 D
2 D
3 C
4 A
5 B
6 E
67
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ANOTAÇÕES
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Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes
e de como elaborá-las separadamente: como se cons-
trói um parágrafo; quais são as fases de sua elabora-
ção; quais são os diferentes tipos de parágrafos.
Também é mostrado como podem ser os parágrafos
REDAÇÃO DISCURSIVA que introduzem, desenvolvem e concluem um texto dis-
sertativo. E só depois de exercitar esses primeiros pro-
cedimentos é que se passa à produção de um trabalho
completo, buscando a eficiência do todo por intermédio
do agrupamento de cada uma das partes estudadas até a
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO DISCURSIVA formação de um bloco contínuo e completo.
O truncamento desse trabalho ocorrerá certamen-
Neste material, vamos trabalhar a redação discur- te se o aprendiz não se dispuser a praticar esses con-
siva. Você estudará algumas características inovado- ceitos. É aí que começa a frustração dos potenciais
ras no conceito de produção de textos para quem quer autores, pois muitas vezes só vão tentar praticar a
atingir um melhor resultado em provas que exijam do escritura da sua redação após terem terminado o estu-
candidato a habilidade de produzir um texto. do do livro didático e sentem muita dificuldade no
momento do agrupamento, isto é, de fazer virar o todo
Aqui, serão apresentados os aspectos gerais da
aquilo que aprendeu a fazer por partes. Se o resultado
redação discursiva em sua estrutura textual, bem
não for satisfatório, eles simplesmente assumirão a
como todos os passos para a sua produção com efi- dificuldade como uma inabilidade pessoal.
ciência. Porém, antes de iniciarmos, é importante dar Como proposta de solução para essa dificulda-
atenção às dúvidas que geralmente são apresentadas de, vamos partir de um princípio inverso em que se
pelos alunos para que se possa dar solução aos princi- começa da materialização do texto eficiente, satisfa-
pais problemas que eles relatam. zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo
todo para depois estudarmos as partes.
DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA Esse trabalho consiste na elaboração de máscaras
CONCURSOS PÚBLICOS de redação, o que proporciona um ponto de partida
concreto na produção de redações eficientes a partir
Por que é tão difícil produzir um texto eficiente? de modelos prontos e que poderão ser reproduzidos
e adaptados para qualquer tema proposto pela banca
organizadora do concurso, respeitando ainda o cará-
Sempre se ouvem os temores de alunos quanto
ter da originalidade e da criatividade de cada autor.
às provas que cobram dos candidatos habilidades na As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
produção de questões discursivas. Alguns dizem se os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
sentirem tão despreparados que terminam por desis- doras dos critérios de correção dos textos, tais como
tir dos concursos que trazem a redação como critério progressão textual e sequencialização, coesão e, con-
de classificação. sequentemente, coerência, além de atender natural-
Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não mente à estrutura própria dos textos dissertativos.
está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e Outro ponto importante é o de permitir ao candi-
que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exer- dato uma projeção bem aproximada da extensão do
citam essa habilidade normalmente em ambientes seu texto em número de linhas.
virtuais, como sites de comunicação e elaboração de Essa proposta também tem a finalidade de desen-
e-mails. Nesses expedientes, ocorre o que chamam de volver uma maior agilidade na projeção e na constru-
ção da redação, otimizando o tempo de sua elaboração
“pacto da mediocridade” (sem intenção ofensiva), que
durante a prova.
caracteriza a postura displicente de como se escreve e
a aceitação mútua de erros e desvios da norma culta
Qual o peso ou a importância da redação em um
escrita: “ele escreve errado, mas eu aceito para não concurso público?
ser cobrado por ele da mesma forma quando errar”.
Usam-se imagens, símbolos gráficos, abreviações que O peso da redação é muito grande, por isso, ela
mais se assemelham a códigos criptografados do que faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais,
à própria língua portuguesa. a redação tornou-se o passaporte para o ingresso em
O maior problema é que isso gera um reforço nega- grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale
tivo: treina-se uma escrita que não promove a prática um resultado positivo na prova objetiva se não obti-
ideal da comunicação verbal normatizada. O resul- ver sucesso em sua redação.
tado é que, quando ocorre a exigência da produção Os candidatos costumam dedicar seu tempo de
REDAÇÃO DISCURSIVA
escrita, a prática que se tem não promove a eficiência estudos à prova objetiva e deixar a redação por últi-
nessa categoria de comunicação. mo. Na maioria das vezes, passam naquela e repro-
vam nesta. Não dá para subestimar a redação, é
preciso exercitar sempre.
Como, em pouco tempo, desenvolver a habilidade da
escrita em quem tem dificuldade de passar para o
O que conta mais para um bom resultado: ter bons
papel o que tem na sua cabeça? conhecimentos sobre o assunto apresentado na
proposta ou ter bons conhecimentos em língua
Inicialmente, em um procedimento tradicional de portuguesa?
produção de textos, começa-se pela apresentação de
exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estru- Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
tura, apresentam-se as partes que o compõem. importância. No que diz respeito aos conhecimentos de
língua portuguesa, estamos referindo-nos à estrutura e 69
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à linguagem do texto dissertativo. Subentende-se que O que é texto em prosa?
quem domina esses dois aspectos não tenha dificulda-
des com a ortografia e outros aspectos gramaticais que, Texto em prosa é aquele que naturalmente usa-
em prova, inclusive, pouco peso têm. mos para escrever um bilhete, uma carta, nos comu-
nicarmos em e-mail etc. Ele se constrói em estrutura
linear (linha cheia) por meio de parágrafos. É a forma
Qual é a diferença entre tema e título?
comum de escrever.
É contrária ao verso, que exige uma elaboração estru-
z Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem cará- tural e demonstra preocupação com rimas e arranjos
ter geral e abrangente e propõe questões que devem vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exemplo de texto
ser abordadas obrigatoriamente com objetividade pelo em verso:
candidato. Essa objetividade é um fator determinante
para que sua composição fique delimitada àquilo que é
A rosa de Hiroxima
possível desenvolver em sua redação.
Pensem nas crianças
E o que é a delimitação do tema? É simples. É a Mudas telepáticas
elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi- Pensem nas meninas
cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o Cegas inexatas
número de linhas que é proposto para se desenvolver Pensem nas mulheres
o tema é limitado. Geralmente, não passa de 30 linhas, Rotas alteradas
por isso, é preciso ser claro e direto no desenvolvi- Pensem nas feridas
mento da argumentação; Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
z Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem Da rosa da rosa
a função de apresentar e chamar a atenção sobre Da rosa de Hiroxima
o assunto desenvolvido. Porém, é importante lem- A rosa hereditária
brar que são poucas as instituições que solicitam A rosa radioativa
que o candidato dê um título ao texto. Se ele não Estúpida e inválida
for pedido, não é para colocá-lo. A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Se tiver de pôr título, qual palavra dele deve-se pôr Sem cor sem perfume
em maiúscula? Sem rosa sem nada. 1
z A primeira forma convencionada diz que só a pri- Hiroshima ou Hiroxima (広島市 'Hiroshima-shi')
meira palavra do título deve ser iniciada por letra é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É
maiúscula, como em: cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais
dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um
É bom fazer redação com o Nélson! castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de
cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante
a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95).
z A segunda forma permite que você coloque todas
Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção
mundo arrasada pela bomba atômica de fissão deno-
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti- minada Little Boy, lançada pelo governo dos Estados
do próprio), como preposições e artigos: Unidos, resultando em 250 000 mortos e feridos.2
É Bom Fazer Redação com o Nélson! É importante notar que redação para concurso é
em prosa.
Por causa desses elementos descritivos, somos leva- marcante entre os dois tipos de texto é a progressão do
dos a imaginar o cenário estático. Observe que o todo do tempo. Para confirmar a progressão nesse texto, basta
texto compõe uma imagem que nós, leitores, consegui- percebermos a mudança apresentada no contexto: o
mos criar em nosso raciocínio, como se fosse uma foto. leiteiro estava vivo, trabalhando, e agora está morto.
Note ainda que isso ocorre porque não há passa- Para completar a análise desse texto, a partir do
gem do tempo, isto é, não houve sucessão de fatos, tan- levantamento das características da narração, vamos
to que o cenário é único e nada se altera, nada muda reconhecer seus elementos:
do começo ao fim, logo, é um texto que não apresenta
progressão temporal. Por isso, o que predomina na z Personagens: o leiteiro e o morador da cidade;
leitura desse texto realmente é a imagem; trata-se, z Narrador: aquele que nos conta o fato;
então, de uma descrição. z Tempo: nesta madrugada;
z Lugar: nossa cidade;
z Ação: assassinato. 71
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Atenção: o que realmente diferencia a narração desenvolvimento da ideia apresentada no início do texto
dos outros tipos de texto é a progressão temporal. em relação à vida humana, ao que chamamos de progres-
são dissertativa, afinal, a ideia “progrediu”, a ideia inicial
Dissertação foi ficando sólida à medida que o texto se desenrolou.
O que caracteriza definitivamente o texto disserta-
A dissertação é o tipo de texto mais comum de ser tivo, então, é a existência de uma ideia base apresen-
cobrado em provas de concurso, tanto na argumenta- tada, a tese e o seu desenvolvimento, culminando
ção geral sobre temas diversos, quanto na exposição de em seu fortalecimento por meio dos argumentos.
seus conhecimentos em questões discursivas. Esse fortalecimento chama-se fundamentação.
Na dissertação, propõe-se uma tese sobre uma No texto bem elaborado, a tese é tida como verda-
suposta verdade. Tal verdade deve ter existência de pela fundamentação, portanto, podemos reconhe-
substancial, por isso, é representada por uma pala- cer nele a progressão discursiva.
vra substantiva. A sustentação dessa verdade, por sua Por ora, vamos retomar o esquema anterior e
vez, pode ser ilustrada por outras palavras substanti- aprofundá-lo para que não se esqueça de como dife-
vas. Veja o texto a seguir: renciar os três tipos de texto:
Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este é o proble-
ma: estou dura. Pode também fazer uma referência de especificação a um elemento já expresso (referência anafórica).
Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao cinema.
Esse: refere-se a um elemento já mencionado no texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina. Esse
remédio é ótimo.
Este: refere-se à última informação antecedente a ele no texto;
Aquele: refere-se à informação mais distante dele no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quieta, esse
fala pouco e aquela fala muito.
z Período Composto
Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa. Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo;
Quem: refere-se à pessoa, sempre preposicionado. Ex.: Esta é a aluna de quem falei;
Cujo (parecido com o possessivo): estabelece posse. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo;
Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde (em que) moro é movimentada.
Atenção!
Observar a palavra a que se refere o pronome relativo para evitar erros de concordância verbal. Ex.: Lemos
os livros que foram indicados pelo professor (que = os quais → livros);
Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando a preposição exigida quando necessário. Ex.: Este é o
livro a que me refiro.
O verbo “referir-se” pede a preposição “a”; por isso, ela aparece antes do “que”. Ex.: Esta é a obra por que
tenho admiração. A preposição “por” foi exigida pelo substantivo “admiração”;
As orações adjetivas são iniciadas sempre por pronomes relativos e podem ser de dois tipos:
Explicativa: O homem, que é racional, mata. A oração adjetiva deste caso não tem sentido restritivo,
pois todos os homens são racionais;
Restritiva: O homem que fuma morre mais cedo. A oração adjetiva deste caso reporta-se apenas ao
homem fumante.
Esta é a jovem de
CUJO cujo pai eu lhe falei.
Concorda com o substantivo posterior e indica
SUBS . CUJO SUBS. que esse substantivo pertence a outro termo
substantivo anterior ao cujo. Este é o pai de cuja
POSSE jovem eu lhe falei.
Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ainda, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água crista-
lina brota da terra e busca seu caminho por entre as pedras; 75
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Adversidade/oposição: mas, porém, contudo, Veja, como exemplo, o que diz o professor Othon
todavia, entretanto, no entanto, não obstante. Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa
Ex.: Este candidato não estudou muito, mas foi Moderna:
aprovado;
Alternância: ou... ou, ora... ora, quer... quer, Se coordenação é, como vimos, um processo de
seja... seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova; encadeamento de valores sintáticos idênticos, é
Conclusão: logo, portanto, pois (depois de ver- justo presumir que quaisquer elementos da frase —
bo), por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode sejam orações, sejam termos dela —, coordenados
causar vício, portanto sua venda deve ser con- entre si, devam — em princípio, pelo menos — apre-
siderada ilícita; sentar estrutura gramatical idêntica, pois — como,
Explicação: que, porque, pois (antes do verbo), aliás, ensina a gramática de Chomsky — não se
podem coordenar frases que não comportem cons-
porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arru-
tituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: as
marei toda esta bagunça.
ideias similares devem corresponder forma verbal
similar. Isso é o que se costuma chamar paralelis-
z Conjunções Subordinativas Adverbiais mo ou simetria de construção3A
Causa: porque, como (somente no início do Vejamos agora alguns exemplos de construções
período), que, já que, visto que, por (+ infinitivo), que apresentam erros de paralelismo:
graças a, na medida em que, em virtude de (+ infi-
nitivo), em face de, desde que, uma vez que. Ex.: Paralelismo semântico: Em sua última via-
Como estava muito doente, foi ao médico; gem pela América Latina como representan-
Comparação: mais... que, menos... que, tão/ te do governo brasileiro, o presidente visitou
tanto... como, assim como, como. Ex.: Ele sem- Havana, a República Dominicana, Washington
pre se posicionou como um líder; e o Presidente Barack Obama.
Concessão: embora, conquanto, ainda que,
mesmo que, se bem que, apesar de (+ infini-
Observe que nesse caso o verbo “visitou” está sen-
tivo), em que pese a (+ infinitivo), posto que,
do empregado de maneira a sugerir que se pode visitar
malgrado. Ex.: Embora não esteja me sentindo
uma cidade da mesma forma como se visita uma pessoa,
bem, assistirei à aula até o final;
ou seja, está empregado de forma errada, já que ocorre
Condição: se (às vezes prevalece a ideia de cau-
um duplo sentido a esse verbo com essa construção.
sa, outras vezes, de tempo, ou, ainda, de oposi-
Uma forma correta de representar a ideia pretendida
ção), caso, desde que, a não ser que, a menos
pelo texto é: Em sua última viagem pela América Latina
que (a ideia pode ser desdobrada em de conces-
como representante do governo brasileiro, o presidente
são), contanto que, uma vez que. Ex.: Eles não
visitou Havana, a República Dominicana, Washington e
conseguirão vaga para este ano letivo, a menos
nesta última cidade foi ver o Presidente Barack Obama.
que haja alguma desistência;
Conformidade: conforme, como, segundo,
Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou
consoante. Ex.: Tudo aconteceu como eles
bastante em todos os jogos, mas conseguiram
imaginaram;
se tornar os campeões este ano.
Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que,
de maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou,
Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde-
que progrediu muito na vida;
vidamente empregada, dando uma ideia de que ser
Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo),
campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer.
que, porque, para que, para (+ infinitivo). Ex.:
O correto nesse caso seria empregar uma conjunção
Faça bem a sua parte do projeto para que não
que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia
haja reclamações;
da vitória apresentada na segunda oração, como em:
Proporcionalidade: à proporção que, à medi-
Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por
da que, na medida em que, quanto mais, quanto
isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
menos, conforme. Ex.: À medida que o progres-
guiu se tornar o campeão este ano.
so avança, o romantismo diminui;
Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada
Progressão Textual
em ideia de condição), enquanto, mal, logo que,
assim que, sempre que, desde que, conforme.
Ex.: Mal ele chegou, todas o rodearam. A progressão textual é o processo pelo qual o texto
se constrói a partir de elementos semânticos e grama-
ticais. Novas informações devem ser somadas e liga-
Paralelismo
das às informações anteriores e não apenas repetidas.
Deve haver a continuidade e a evolução dos concei-
Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio da
tos já apresentados que podem ser conquistadas por
organização textual, promovendo no texto coerência
intermédio dos elementos de coesão.
em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. Esse
Veja uma simulação do projeto de máscaras de
mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos perío-
redação e observe na prática como a progressão tex-
dos, pois sua redação também deve apresentar uma
tual ocorre:
sequência lógica para que ele tenha sentido claro e
realmente dê a informação pretendida pelo seu autor.
76 3 GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV: 2010, p. 52-53.
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Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá, 4° Parágrafo
blá, blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que
alguns fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e Ainda convém lembrarmos outro hábito que
(blá, blá, blá) são a base do desenvolvimento desse contribui para o sucesso do nosso bem elaborado
problema. As consequências imediatas de (blá, blá, cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após
blá) só poderão ser avaliadas quando (blá, blá, blá). as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
O primeiro passo a se tomar é o de (blá, blá, blá). reabastece nosso cérebro de energia desviada para
Além de (blá, blá, blá), também se pode especular os órgãos processadores da digestão no momento em
que (blá, blá, blá). que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolên-
Ainda convém chamar a atenção para mais um cia típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos.
ponto determinante sobre (blá, blá, blá), que é (blá, blá,
blá). 5° Parágrafo
O resultado de todo esse esforço é (blá, blá, blá) e
é em busca de (blá, blá, blá) que se deve (blá, blá, blá). Levando-se em consideração esses aspectos prá-
Sendo assim, (blá, blá, blá). ticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar
Você pode perceber que, mesmo não abordando que não é apenas por prazer que somos seduzidos
assunto algum, há um encadeamento lógico da estru- pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
tura do texto que conduz a uma eficiência argumen- nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo
tativa que admite a idealização de uma vasta margem assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos
de desenvolvimentos sobre variados temas. causará debilidade, além de insatisfação.
Observe o texto apresentado e sua estrutura.
TEORIA DAS MÁSCARAS Imaginemos que o tema proposto a nós fosse “A ali-
mentação do brasileiro” e que, a partir desse tema,
Depois de observar as dificuldades que as pessoas tivéssemos que produzir uma dissertação sobre ele.
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos A primeira coisa a fazer seria a delimitação do
aqui soluções definitivas para esses problemas, sem a
tema, ou seja, deveríamos buscar com objetividade
pretensão de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar
uma tese, dentro desse tema, sobre a qual fôssemos
um referencial mais concreto e imediato.
capazes de argumentar, como esta:
Leia inicialmente o texto piloto de nosso projeto:
“A comida dos brasileiros é muito saudável e tem tudo
z Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão; de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”.
z Tema: A alimentação do brasileiro; O próximo passo seria o de levantar alguns argu-
z Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável e mentos que sustentassem a tese proposta com valor
tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de verdade. Veja como fizemos:
de trabalho; Já que estávamos falando da alimentação dos
z Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; brasileiros, nada melhor do que falarmos sobre seus
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do pontos positivos, pontos estes reconhecidos até por
cafezinho preto com açúcar. especialistas em alimentação mundial: o valor nutri-
cional que compõe o nosso prato mais popular — isso
1° Parágrafo mesmo, o “PF”, “prato feito”, que encontramos em
bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei-
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi- jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos
com açúcar, fornecem um completo abastecimento de
o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso
energia somada ao prazer.
primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas”
2° Parágrafo presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à
“cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
É de fundamental importância o consumo de temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
alimentos ricos no fornecimento de energia para a O próximo passo é juntar tudo no primeiro pará-
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, grafo, de maneira organizada, de forma que as ideias
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente sejam apresentadas em uma sequência que deixe cla-
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em ro ao leitor sobre o que será falado e também qual
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe será a sequência de argumentos que será apresentada
REDAÇÃO DISCURSIVA
da energia própria consumida durante o dia. para dar credibilidade a nossa tese.
Veja o modelo do primeiro parágrafo:
3° Parágrafo
Além disso, as proteínas da carne no bife que come- Todos sabem o quanto, em nosso país, _____
mos servem para repor a massa muscular perdida ____________________________________. Verifica-se que
durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras ________________________, __________________________,
das verduras e folhas, que ajudam no processamento dos além de ______________________, fornecem (ou: resul-
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de tam, culminam, têm como consequência...) ________.
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. Compare agora com o parágrafo preenchido com
a tese e com os argumentos e veja a amarração que
conseguimos: 77
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Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida Veja as estruturas vazias e seus respectivos pará-
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi- grafos completos:
tam para o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no 3º Parágrafo
bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
com açúcar, fornecem um completo abastecimento Além disso, _____________________________________
de energia somada ao prazer. _________. E, somando-se a isso, ________________ que
A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos _________________________________________________.
seguintes, impondo a eles estruturas programadas Daí _______________________ e de ____________________
__________________.
com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
berá que a continuidade e a progressão textual foram
sendo procuradas e construídas para dar evolução ao Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
texto e aos argumentos. mos servem para repor a massa muscular perdida
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras
de apresentação que valoriza o primeiro argumento, das verduras e folhas que ajudam no processamento dos
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de
depois fomos completando os espaços em branco que
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
ligavam os argumentos entre si com relações preesta- tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
belecidas de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
explicação ― com o “que” ― causa ― com a locução
“por causa de”. 4º Parágrafo
Veja que, para manter a continuidade textual
recuperando sempre a ideia central do parágrafo,
Ainda convém lembrarmos ____________
preocupamo-nos em acrescentar o pronome demons- ___________________, (que é): _______________.
trativo “Esse”, fechando com uma conclusão sobre Esse ____________________________________ para
esse argumento. ____________________________. Essa(s) _______________
___________________________.
É de fundamental importância o _________________
________________ para _______________. Podemos men- Ainda convém lembrarmos outro hábito que
cionar, por exemplo, ___________ que _______________, contribui para o sucesso do nosso bem elaborado
por causa de ____________. Esse _____________________
cardápio, que é o de tomarmos um cafezinho após
____________________________________.
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
reabastece nosso cérebro de energia desviada para
Observe como ficou a sequência completa do os órgãos processadores da digestão no momento em
segundo parágrafo: que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolên-
cia típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos.
É de fundamental importância o consumo de
Para os parágrafos de desenvolvimento, também
alimentos ricos no fornecimento de energia para a podemos relacionar frases que você poderá escolher
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, para dar originalidade ao seu texto:
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em z Ao se examinarem alguns..., verifica-se que...
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe z Pode-se mencionar, por exemplo, ...
da energia própria consumida durante o dia. z Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ...
Veja agora uma coletânea de frases que podem z Alguns argumentam que...
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais: z Além disso...
z Outro fator existente...
z Outra preocupação constante...
z É de conhecimento geral que...
z Ainda convém lembrar...
z Todos sabem que, em nosso país, há tempos,
z Por outro lado...
observa-se... z Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto...
z Cogita-se, com muita frequência, que...
z Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... Lembramos que esses exemplos são apenas suges-
z É de fundamental importância o (a).... tões e que você poderá desenvolver construções que
z Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- atendam sua necessidade a partir de quando for
brir as causas de.... adquirindo experiência com a produção de textos.
z Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual... Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu-
ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
Acompanhe a organização de nosso último parágrafo:
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
às relações de coesão. As conjunções foram posicio-
nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de Levando-se em consideração esses aspectos
argumentação. _________________, somos levados a acreditar que
_________________, mas também _____________________.
Sendo assim, _________________________________.
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Teremos, após preencher o modelo:
Levando-se em consideração esses aspectos práticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar que não
é apenas por prazer que somos seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos oferece para
a manutenção de nossa saúde. Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos causará debilidade além
de insatisfação.
Os aspectos conclusivos presentes nesse último parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se chegou ao
final do desenvolvimento da tese inicial.
As frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo, conduzindo a sequência textual a uma possível solução
para os problemas propostos, ou, ainda, podem gerar simples constatações das verdades idealizadas.
Você também pode contar com uma pequena lista de frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa:
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e como se deu a criação da primeira máscara:
MÁSCARA 1
1º Parágrafo
2º Parágrafo
3º Parágrafo
4º Parágrafo
REDAÇÃO DISCURSIVA
Ainda convém lembrarmos ____________ (que é): _______________. Esse ________________ para __________________.
Essa(s) __________________________.
5o Parágrafo
Levando-se em consideração esses aspectos ________________, somos levados a acreditar que _____________,
mas também _______________. Sendo assim, ___________________.
Agora que vimos o processo de criação das máscaras, você poderá começar também seu trabalho de produção.
Antes, porém, vamos apresentar mais dois outros modelos de máscaras de redação que você poderá usar como
base para suas próprias criações.
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Observe como as máscaras garantem o encadea-
mento das ideias, a coesão entre as orações e a coe- Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágrafos
rência com as várias possibilidades argumentativas. A para os argumentos “b” e “c”
seguir, temos mais um exemplo de máscara: ____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
MÁSCARA 2
____________________________________________________
1º Parágrafo ___________________________________________________.
3º Parágrafo ____________________________________________________
____________________________________________________
Outra preocupação constante é _______________, ____________________________________________________
pois _______________. Como se isso não bastasse, ____________________________________________________
____________ que ________________. Daí ______________ _______________________________________________.
que _____________ e que ________________________.
Modelo nº 4: Modelo nº 6:
No caso das proteínas do bife e da salada que sões satisfatórias que todos poderão usar em seus tex-
comemos, seria melhor não generalizar, porque cada tos dissertativos.
qual tem seus próprios valores para a alimentação.
Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem Conclusão por Síntese ou Resumo
as perdas musculares pelo desgaste do dia a dia, as
verduras, por sua vez, oferecem as fibras que nos O primeiro recurso com que trabalharemos será
auxiliam no processamento dos alimentos pelo nosso o do resumo ou da síntese geral. Nesse caso, retoma-
organismo ajudando na absorção dos nutrientes. -se, resumidamente, aquilo que se explorou durante
o texto:
Desenvolvimento por Exploração de Causa e
Consequência
4 Ibidem, p. 232. 83
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Modelo nº 1: Preenchendo o modelo, teremos:
O que mais há para ser tomado como positivo e Modelo nº 3 — Desenvolvimento (Temporal)
prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos
leva a acreditar que não é apenas por prazer que No passado, quando pensávamos em ____________,
somos seduzidos pela nossa culinária, mas também notávamos que ________________ era _________________
por tudo o que ela nos oferece para a manutenção comparada à que vemos recentemente. Hoje, por
de nossa saúde. E a falta desses ingredientes mudará outro lado, _____________________________ tornaram-
a saúde de nossa população? Certamente que sim, -se ____________. O resultado disso é que __________,
na atualidade, tornou-se _____________________.
pois a carência de tais ingredientes nos causará debi-
lidade, além de insatisfação.
Modelo nº 4 — Desenvolvimento (Contraste de
Ideias)
Conclusão por Resposta, Solução ou Proposta
Levanta-se uma (ou mais) hipóteses ou sugestões Muitos acreditam que _____________________, por
do que se deve fazer para transformar a história mos- causa da _________________. Por outro lado, sabe-se
também que ________________, quando muitas vezes
trada durante o desenrolar do texto.
_______________.
Modelo nº 3:
Modelo nº 5 — Conclusão (Síntese ou Resumo)
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Nova máscara
Observe que fizemos a opção por abrir nossa redação com uma declaração inicial. Como abordamos um tema
geral, sem uma relevância científica notória e que representa na verdade um conhecimento cultural somado às
observações de médicos e nutricionistas, a declaração foi a melhor alternativa, já que não se compromete com a
obrigatoriedade de recorrência a uma fonte de conhecimento referencial.
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desenvolvimento mesclando os vários modelos apresentados
anteriormente.
Ao mesmo tempo em que eles nos ofereciam diversas alternativas para a estruturação de nosso projeto,
também nos orientavam dando caminhos a seguir na argumentação. É como se montássemos realmente um
quebra-cabeça.
Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos de desenvolvimento para esse projeto: por enumerações, o
temporal e o por contraste. Forçamos um pouco a barra, primeiro criando a máscara para, só depois, completar
nossa redação. Afinal de contas, essa é a vantagem do projeto de máscaras. Veja como ficou:
É fato notório que a comida dos brasileiros é muito boa e tem tudo de que eles necessitam para o seu longo
dia de trabalho. Sabe-se que o arroz com feijão nos fornece um completo abastecimento de energia somado ao
prazer.
Entre os aspectos referentes a esse par considerado completo que é o arroz com feijão, três pontos mere-
cem destaque especial. O primeiro está na riqueza de carboidratos presentes nele e que nos reabastece repondo
a energia consumida durante o dia; o segundo nos reporta ao sabor exótico e marcante que o alimento oferece,
tornando-o sempre uma escolha positiva quanto ao prazer e, por fim, deve-se levar em conta a vantagem do
baixo custo dessa combinação se comparado a outros alimentos também computados como importantes para a
composição de uma alimentação rica.
No passado, quando pensávamos em alimentação, notávamos que sua relação com sobrevivência era
muito maior comparada à que vemos recentemente. Hoje, por outro lado, a qualidade desses alimentos e
a qualidade da saúde que eles proporcionam tornaram-se o foco desse pensamento. O resultado disso é que
comer, na atualidade, tornou-se um ritual de bem viver.
Muitos acreditam que a comida presente em nossas mesas é uma das mais saudáveis do mundo, por causa
REDAÇÃO DISCURSIVA
da sua variedade e equilíbrio. Por outro lado, sabe-se também que poderá engordar, quando muitas vezes
for consumida sem medida, com inspiração apenas no sabor e no prazer que oferece.
Levando-se em consideração esses aspectos práticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar que
não é apenas por prazer que somos seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos oferece para
a manutenção de nossa saúde. Sendo assim, concluímos que a falta desse ingrediente em nossa mesa nos causará
debilidade, além de insatisfação.
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Com esses modelos apresentados, desejamos mos- Dessa forma, os candidatos perdem a oportunidade
trar como é possível programar e treinar nossos tra- de disputar a vaga para esse concurso, pois são desclas-
balhos de redação se exercitarmos essas habilidades. sificados como se não houvessem feito sua redação.
Porém, é de fundamental importância que você busque Como falam sobre um lugar apropriado para a
ou crie um modelo de máscara com o qual você mais se transcrição do texto e declaram que não considera-
identifique. Isso para que, no momento de produção de rão fragmentos de textos escritos em lugar indevido,
sua redação, principalmente se ocorrer durante uma os candidatos deverão ficar atentos às margens e ao
prova de concurso, você já esteja organizado. número de linhas disponibilizado. Ou seja, se ultrapas-
Com isso, espera-se que você tenha a vantagem de sadas as trinta linhas da folha, certamente a conclusão
partir direto para a elaboração de seu texto sem ter ficará fragmentada. Se a margem for ultrapassada,
de ficar parado buscando inspiração em um momento aquela parte da palavra não será lida. O resultado des-
em que todo segundo é importante. sas desatenções prejudicará toda a coerência do texto,
além de comprometer a estrutura dissertativa.
PROJETO DE TEXTO — ANÁLISE DE PROPOSTAS E Por fim, vêm as orientações quanto ao erro de gra-
RESPECTIVOS PROJETOS POSSÍVEIS fia, que nem sempre aparecem nesse quadro inicial,
mas que sempre servem como referência para todas
Neste tópico, trabalharemos com a análise de uma as provas. Lembre-se sempre de que o corretor não
proposta de redação para observar como vêm sendo é um perito do serviço de inteligência nacional, que
apresentados os temas e como agir diante das diferentes busca meios científicos e investigativos para decodifi-
exigências feitas em provas de concursos. car informações relevantes de uma mensagem secre-
Depois passaremos ao trabalho de orientação de ta. Por isso, se seu texto tiver problemas quanto à
como evitar erros comuns e como buscar soluções para legibilidade, mais pontos serão perdidos, ou pior, será
alguns problemas que venhamos a enfrentar quando desclassificado caso não se possa ler o que foi escrito.
estivermos escrevendo a nossa redação durante a prova. Veja como as bancas costumam trabalhar com
Veja a proposta a seguir: o possível erro na transcrição de uma palavra. Você
deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase,
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o res-
PROVA DISCURSIVA pectivo substituto.
� Nesta folha, faça o que se pede, usando, caso dese- Exemplo:
je, o espaço para rascunho indicado no presente ca-
Errou?
derno. Em seguida, transcreva o texto para a folha de
texto definitivo da prova discursiva, no local apropria- Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito
do, pois não será avaliado fragmento de texto escrito felizes.
em local indevido Corrigiu!
� Qualquer fragmento de texto além da extensão má-
xima de linhas disponibilizadas será desconsiderado
Como informação extra, eles alertam para que não
� Na Folha de Texto Definitivo, a presença de qualquer
se usem parênteses com essa finalidade. Os parênte-
marca identificadora no espaço destinado à transição
ses são elementos gramaticais de pontuação e, como
do texto definitivo acarretará a anulação da sua prova
tais, devem ser usados em sua indicação correta, iso-
discursiva
lando termos pertinentes ao texto, e é dessa forma
� Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 13,00
que será avaliado seu uso.
pontos, dos quais até 0,60 ponto será atribuído ao
Observe agora os seguintes textos motivadores e o
quesito apresentação (legibilidade, respeito às mar-
tema que deve ser abordado obrigatoriamente:
gens e indicação de parágrafos) e estrutura textual
(organização das ideias em texto estruturado) Direito à Saúde
O direito à saúde é parte do conjunto de direitos cha-
Inicialmente, o candidato é orientado a usar a mados de direitos sociais, que têm como inspiração
folha de rascunho e depois transcrevê-la para a folha o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil, esse
definitiva. Por quê? Porque muitos candidatos deixam direito apenas foi reconhecido na CF; antes disso, o Esta-
para fazer suas redações ao término da prova objeti- do apenas oferecia atendimento à saúde para trabalha-
va, quando a prova discursiva ocorre concomitante- dores com carteira assinada e suas famílias; as outras
pessoas tinham acesso a esses serviços como um favor
mente a esta, e acabam administrando mal o tempo.
e não como um direito. Na Constituinte de 1988, as res-
Quando isso ocorre, acabam fazendo suas redações
ponsabilidades do Estado foram repensadas, e promo-
diretamente na folha definitiva e têm de assumir os ver a saúde de todos passou a ser seu dever: “A saúde é
riscos de cometer erros que não podem ser revertidos. direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
Ou, ainda, não conseguem passar o texto “a limpo” e políticas sociais e econômicas que visem à redução do
esperam que seja corrigido assim mesmo. risco de doença e de outros agravos e ao acesso univer-
sal e igualitário às ações e serviços para a promoção,
proteção e recuperação” (CF, art. 196).
Importante! A saúde é um direito de todos porque sem ela não há
condições de uma vida digna, e é um dever do Estado
Por determinação apresentada geralmente nos porque é financiada pelos impostos que são pagos pela
editais, os rascunhos não serão lidos. população. Dessa forma, para que o direito à saúde seja
uma realidade, é preciso que o Estado crie condições
de atendimento em postos de saúde, hospitais, progra-
mas de prevenção, medicamentos etc., e, além disso, é
preciso que esse atendimento seja universal (atingindo
a todos os que precisam) e integral (garantindo tudo de
86 que a pessoa precise).
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A criação do SUS está diretamente relacionada à Para garantir a todos o direito à saúde, já que se
tomada de responsabilidade por parte do Esta- trata de uma determinação de nossa Constituição,
do. Organizado com o objetivo de proteger, o SUS prestando serviços de atendimento ao público;
deve promover e recuperar a saúde de todos os Para destacar que a humanização dos serviços
brasileiros, independentemente de onde morem, públicos não é apenas uma aspiração de perfeição
de trabalharem ou não e de quais sintomas apre- moral, mas, antes de tudo, um programa de melho-
sentem. Infelizmente, esse sistema ainda não está ria nas relações de convívio com os agentes de
completamente organizado e ainda existem muitas saúde, promovendo o desenvolvimento de novos
falhas, no entanto seus direitos estão garantidos procedimentos de atendimento aos pacientes;
e devem ser cobrados para que sejam cumpridos. Para poder denunciar as especulações e a mer-
cantilização dos serviços médicos e criticar a
Internet: nev.incubadora.fapesp.br (com adaptações). instituição em sua totalidade e rejeitar proposi-
ções que não atendam às aspirações populares.
A humanização é um movimento com crescente e
disseminada presença, assumindo diferentes sentidos Agora, vamos criar uma tese que se encaixe com
segundo a proposta de intervenção eleita. Aparece, à essas respostas, como, por exemplo:
primeira vista, como a busca de um ideal, pois, surgin- Já passou da hora de reconhecer no povo brasilei-
do em distintas frentes de atividades e com significados ro o valor de homem vivente e não apenas de ver esse
variados, segundo os seus proponentes, tem represen- povo como se fosse um coletivo impessoal; como se
tado uma síntese de aspirações genéricas por uma não respirassem, nem pensassem; como se fossem um
perfeição moral das ações e relações entre os sujeitos
número em um gráfico de estatística e não existissem.
humanos envolvidos. Cada uma dessas frentes arrola
Em seguida, vamos buscar, nas respostas que
e classifica um conjunto de questões práticas, teóricas,
comportamentais e afetivas que teriam uma resultante elaboramos, ações que promovam essa proposta de
humanizadora. humanização, como, por exemplo:
Nos serviços de saúde, essa intenção humanizadora se
traduz em diferentes proposições: melhorar a relação Treinar os profissionais de saúde para que
médico-paciente; organizar atividades de convívio, recepcionem os pacientes com um atendimen-
amenizadas e lúdicas, como as brinquedotecas e outras to mais atencioso nesse momento de carência;
ligadas às artes plásticas, à música e ao teatro; garantir Unificar as informações sobre o oferecimen-
acompanhante na internação da criança; implementar to de serviços apropriados aos pacientes, bem
novos procedimentos na atenção psiquiátrica, na rea- como oferecer meios de locomoção contínua
lização do parto — parto humanizado — e na atenção aos que necessitam buscar outras unidades que
ao recém-nascido de baixo peso — programa da mãe- possam atendê-los;
-canguru —; amenizar as condições do atendimento Fiscalizar e avaliar continuamente a qua-
aos pacientes em regime de terapia intensiva; denun- lidade dos serviços oferecidos, expondo
ciar a “mercantilização” da medicina; criticar a “insti- os resultados à população, além de apresen-
tuição total” e tantas outras proposições.
tar cronogramas dos projetos de evolução de
desenvolvimento científico e tecnológico a
Internet: www.scielo.br
serem implementados em prol da saúde.
A Necessidade de Humanização dos Serviços
Feito isso, vamos usar o processo inverso com as pala-
Públicos de Saúde
vras-chave e organizar nosso projeto de texto. Observe:
Já passou da hora de reconhecer no povo brasi-
z Compreendendo a Proposta
leiro o valor de homem vivente e não apenas de ver
esse povo como se fosse um coletivo impessoal; como
O primeiro passo, ao analisar os textos propostos, se não respirassem, nem pensassem; como se fossem
é buscar os principais pontos de maior destaque por um número em um gráfico de estatística e não existis-
eles abordados. Destacamos as palavras-chave de cada sem. Para que o homem prevaleça com sua dignidade,
parágrafo para construir uma síntese sobre as princi- deve-se procurar treinar melhor os profissionais
pais ideias. Essa é uma atitude que também pode ser de saúde, unificar as informações sobre o ofereci-
tomada durante a análise das propostas, pois é assim mento de serviços, além de fiscalizar e avaliar con-
que poderá se construir a tese em sintonia com o tema. tinuamente a qualidade dos serviços oferecidos.
O próximo passo é organizar essas informações, rela- Daqui para frente, você já sabe: é o arroz com fei-
cionando-as ao tema, como se elas pudessem responder a jão, ou seja, os modelos que apresentamos extensa-
uma pergunta feita a partir dele. Veja uma possibilidade: mente ao longo do material.
Demonstramos aqui algumas formas diferentes de
z Como Humanizar os Serviços Públicos de Saúde? análise de propostas, mas que compreendem pratica-
REDAÇÃO DISCURSIVA
Tema 4: ABIN — Agente de Inteligência (CEBRASPE- Tema 6: Polícia Civil do Maranhão — Escrivão
CESPE — 2018)
(CEBRASPE-CESPE — 2018)
Denominamos “cooperação descentralizada” as
Discorra sobre os princípios penais da reserva
iniciativas de cooperação protagonizadas pelas
administrações locais e regionais, especialmente legal; da anterioridade da lei penal e da intranscen-
governos municipais e estaduais. Essa cooperação dência da pena, abordando o conceito de cada um, sua
descentralizada expressa o surgimento, na Améri- natureza jurídica e seus objetivos.
ca, de uma nova forma de cooperação, a partir do
envolvimento da sociedade fronteiriça e de atores Tema 7: Superior Tribunal de Justiça — Técnico
políticos locais. Nesse tipo de cooperação, vê-se Administrativo (CEBRASPE-CESPE — 2018)
alto nível de articulação da comunidade fronteiriça
em detrimento do governo central. Declaração Universal dos Direitos Humanos
(…)
Renata Furtado. 35 anos da lei da faixa de fronteira: avanços e
Art. 19 Todo ser humano tem direito à liberdade de
desafios à integração sul-americana. In: Revista Brasileira de
Inteligência, n.º 9. ABIN, 2015 (com adaptações). opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade
de, sem interferência, ter opiniões e de procurar,
Tendo o fragmento de texto apresentado como receber e transmitir informações e ideias por quais-
referência inicial, redija um texto dissertativo a res- quer meios e independentemente de fronteiras.
peito do papel dos governos municipal, estadual e
Internet: www.unicef.org
federal nas relações políticas e sociais nas áreas de
fronteira do Brasil.
Em seu texto, aborde os seguintes tópicos: Código Civil
(…)
Art. 187 Também comete ato ilícito o titular de um
z A fronteira como espaço geopolítico e espaço de
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
relações sociais; [valor: 10,00 pontos]
limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
z Distintas relações do Brasil com os países vizinhos
pela boa-fé ou pelos bons costumes.
e principais problemas presentes nas regiões fron-
Internet: www.planalto.gov.br
teiriças; [valor: 18,00 pontos]
z Papel da área de inteligência na análise das ques-
“Não podemos confundir liberdade de expressão
tões relacionadas às fronteiras. [valor: 10,00 pontos]
nas redes sociais com irresponsabilidade, senão o
exercício dessa liberdade torna-se abuso de direi-
Tema 5: ANVISA — Técnico Administrativo
to”, alerta a advogada Patrícia Peck Pinheiro, espe-
(CEBRASPE-CESPE — 2016)
cialista em direito digital. “O que mais prejudica
a liberdade de todos é o abuso de alguns, a ofensa
Historicamente, instruir os que não sabem, alimentar
covarde e anônima, isso não é democracia”.
os famintos e cuidar dos doentes têm sido algumas
Os chamados crimes contra a honra na Internet —
das missões diárias indicadas aos devotos de dife-
que envolvem ameaça, calúnia, difamação, injúria
rentes religiões. Em tempos modernos, a essas mis-
sões foi acrescentado um novo item: zelar pelo meio e falsa identidade — têm gerado cada vez mais pro-
ambiente, como revela, por exemplo, uma mensagem cessos judiciais. Um levantamento divulgado pelo
escrita pelo Papa Francisco, exortando as sociedades, Superior Tribunal de Justiça lista sessenta e cinco
REDAÇÃO DISCURSIVA
independentemente de suas crenças, a tomar medidas julgamentos recentes que resultaram em pagamen-
urgentes para frear as mudanças climáticas. Para o to de indenizações, retirada de páginas do ar, res-
representante máximo do catolicismo, “o cuidado da ponsabilização de agressores e outras condenações
casa comum requer simples gestos cotidianos, pelos em favor das vítimas.
quais quebramos a lógica da violência, da explora- Na opinião de Patrícia Peck, a falta de educação e a
ção, do egoísmo, e manifestamos o amor em todas as impunidade contribuem para os excessos na Inter-
ações que procuram construir um mundo melhor”. net. Segundo ela, “Sem educação em ética e leis,
corremos o risco de a liberdade de expressão e o
O Globo, 2/9/2016, p. 29 (com adaptações). anonimato digital se converterem em verdadeiros
entraves à evolução da sociedade digital, pois tor-
Considerando que o fragmento de texto acima tem narão o ambiente da Internet selvagem e inseguro”.
caráter unicamente motivador, redija um texto dis-
sertativo acerca do seguinte tema: Internet: www.cartacapital.com.br (com adaptações) 89
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Considerando as ideias precedentes nos fragmen- z Propósito de cada um desses modelos; [valor: 9,00
tos textuais apresentados anteriormente, redija um pontos]
texto dissertativo a respeito do seguinte tema: z Princípios e práticas norteadores (apresente, ao
O anonimato digital e o abuso do direito à liber- menos, três para cada modelo). [valor: 20,00 pontos]
dade de expressão
Ao construir seu texto, apresente um exemplo de Tema 11: Tribunal Regional Eleitoral Piauí – Analista
situação em que emissão de opinião no meio digital Judiciário – Área Judiciária (CEBRASPE-CESPE — 2016)
pode significar abuso de direito e discuta maneiras de
prevenir ou coibir esse tipo de comportamento. No Brasil, a legislação sobre compras públicas
foi inovada com a introdução da Lei n.º 12.462/2011,
Tema 8: Tribunal Regional do Trabalho (8ª Região) conhecida como Lei do Regime Diferenciado de Con-
— Técnico Judiciário — Área Administrativa tratações Públicas (RDC), que foi regulamentada pelo
(CEBRASPE-CESPE — 2016) Decreto n.º 7.581/2011.
Considerando essas informações, redija um texto
Considerando a integração da gestão da qualidade dissertativo sobre a introdução do RDC no ordena-
no cotidiano das organizações, redija um texto disser- mento jurídico brasileiro, abordando, fundamentada-
tativo acerca do seguinte tema: mente, os seguintes aspectos:
1. A motivação para sua criação; [valor: 2,00 pontos]
CICLO PDCA 2. Exigências aplicáveis ao objeto da licitação; [valor:
2,00 pontos]
3. Objetivos expressos na Lei do RDC; [valor: 2,50
Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir:
pontos]
4. Diretrizes relativas às licitações e aos contratos
z Conceitue o ciclo PDCA; [valor: 10,00 pontos] administrativos. [valor: 3,00 pontos]
z Cite e defina as quatro fases do ciclo PDCA; [valor:
15,00 pontos] Tema 12: Câmara de Vereadores de Piracicaba/SP —
z Apresente o detalhamento das etapas da primeira Técnico em Contabilidade (VUNESP — 2021)
fase do ciclo PDCA. [valor: 13,00 pontos]
Texto 1
Tema 9: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Quem viaja para os Estados Unidos ou Europa e
dos Territórios (TJDF) — Analista Judiciário — Área aluga um carro geralmente não sabe muito o que
Judiciária (CEBRASPE-CESPE — 2015) fazer ao parar para reabastecer pela primeira vez.
Sem a figura dos frentistas, o próprio motoris-
Toda conduta dolosa ou culposa pressupõe uma ta manuseia a bomba e realiza o pagamento pelo
finalidade. A diferença entre elas reside no fato cartão, diferentemente do que ocorre no Brasil,
de que, em se tratando de conduta dolosa, como onde a profissão de frentista é protegida pela Lei
regra, existe uma finalidade ilícita, ao passo que, nº 9.956/00, que proíbe o funcionamento de bombas
tratando-se de conduta culposa, a finalidade é qua- de autosserviço em todo território nacional e aplica
se sempre lícita. Nesse caso, os meios escolhidos e multas caso seja descumprida.
empregados pelo agente para atingir a finalidade “Pensando só em números, o preço do combustível
lícita é que são inadequados ou mal utilizados. poderia baixar com a automação, mas não é pos-
sível avaliar quanto”, diz o tributarista João Paulo
Rogério Greco. Curso de direito penal – parte geral. p. 196 (com Muntada, que afirma que a mão de obra e os encar-
adaptações). gos relacionados representam o segundo custo que
mais onera a operação de empreendimentos em
Considerando que o fragmento de texto acima tem geral no país, atrás apenas do produto em si e dos
caráter unicamente motivador, redija um texto dis- impostos que incidem sobre ele.
sertativo acerca dos crimes culposos.
Seu texto deve conter, necessariamente: (Isadora Carvalho e Leo Nishihata. “Todo posto de combustível é
obrigado a ter frentistas no Brasil”. https://quatrorodas.abril.com.br,
14.09.2018. Adaptado)
z Os elementos do crime culposo e a descrição de pelo
menos dois desses elementos; [valor: 12,00 pontos] Texto 2
z Os conceitos de culpa inconsciente, culpa cons- O Projeto de Lei nº 2.302/19 permite o funciona-
ciente e dolo eventual e suas diferenças; [valor: mento de bombas de autosserviço – operadas pelo
12,00 pontos] próprio consumidor – nos postos de abastecimento
z Os conceitos de culpa imprópria e tentativa. [valor: de combustíveis. Em análise na Câmara dos Depu-
14,00 pontos] tados, o projeto revoga a Lei nº 9.956/00, que hoje
proíbe essas bombas. O deputado Vinicius Poit,
Tema 10: STM — Analista Judiciário — Área autor da proposta, diz que a permissão de postos
Administrativa (CEBRASPE-CESPE — 2018) com autosserviço é uma das sugestões constantes
em estudo do Conselho Administrativo de Defesa
Na trajetória da administração pública brasileira, Econômica (Cade) de 2018 para aumentar a con-
corrência no setor de combustíveis e reduzir os pre-
destacam-se o modelo burocrático, associado ao poder
ços dos combustíveis. O parlamentar ressalta que o
racional-legal, e o modelo gerencialista, representado
modelo existe nos Estados Unidos desde a década
pela nova administração pública. Discorra sobre os de 50 e permite a venda por um preço mais barato,
seguintes tópicos, relacionados a esses dois modelos: já que reduz o custo trabalhista do empresário.
z Contextos em que esses modelos surgiram; [valor: (Lara Haje. “Projeto permite bombas de autosserviço em postos de
90 9,00 pontos] combustíveis”. www2.camara.leg.br, 06.06.2019. Adaptado)
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Texto 3 Eles influenciam a pauta de conversas tanto com
Em 2014, o senador Blairo Maggi apresentou Pro- material que gera engajamento entre os telespec-
jeto de Lei do Senado nº 407/14, que previa a ins- tadores, como com publicidades criativas. O levan-
talação de bombas de autosserviço nos postos de tamento da Kantar IBOPE Media aponta que 51%
abastecimento de combustíveis. Representantes das pessoas acham que a propaganda na TV é inte-
dos frentistas, à época, estimaram que cerca de 500 ressante e proporciona assunto para conversar. E,
mil frentistas seriam demitidos caso a proposta se entre os que acessam a internet enquanto veem TV,
tornasse lei. 23% comentam nas redes sociais o que assistem –
O presidente da Federação dos Empregados em mostrando que a televisão segue marcando presen-
Postos de Combustíveis do Estado de São Paulo ça no dia a dia do brasileiro.
(Fepospetro), Luiz de Souza Arraes, afirmou que a
medida visava “única e exclusivamente aumentar o (João Paulo Reis. “Televisão: a abrangência e a influência do
lucro de quem já lucra muito”. O secretário de Rela- meio mais presente na vida dos brasileiros”, 24.12.2018. https://
ções Institucionais da União Geral dos Trabalhado- observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br. Adaptado)
res (UGT), Miguel Salaberry Filho, pediu a imediata
retirada do projeto. “Para que mudar uma lei e Com base nas informações dos textos e em seus
desempregar 500 mil trabalhadores?”, questionou. próprios conhecimentos, escreva um texto dissertati-
vo, de acordo com a norma-padrão da língua portu-
(Rodrigo Baptista. “Frentistas pedem arquivamento de projeto que guesa, sobre o tema:
libera bombas de autosserviço nos postos”. www12.senado.leg.br, A popularização da internet ameaça o poder de
07.12.2015. Adaptado)
influência da televisão?
Com base nos textos apresentados e em seus pró-
Tema 14: PRF — Policial Rodoviário Federal
prios conhecimentos, escreva um texto dissertati-
(CEBRASPE-CESPE — 2019)
vo-argumentativo, empregando a norma-padrão da
língua portuguesa, sobre o tema: A Lei n.º 11.705/2008, conhecida como Lei Seca, por
Bombas de autosserviço: entre a redução do reduzir a tolerância com motoristas que dirigem
preço do combustível e o risco de desempregar embriagados, colocou o Brasil entre os países com
frentistas. legislação mais severa sobre o tema. No entanto, a
atitude dos motoristas pouco mudou nesses dez anos.
Tema 13: PM-SP — Soldado PM de 2ª Classe Um levantamento, por meio da Lei de Acesso à Infor-
(VUNESP — 2019) mação, indicou mais de 1,7 milhão de autuações, com
crescimento contínuo desde 2008. O avanço das infra-
Texto 01 ções nos últimos cinco anos ficou acima do aumento
Pela primeira vez, a população deve consumir mais da frota de veículos e de pessoas habilitadas: o núme-
conteúdo midiático na internet do que pela TV, de ro de motoristas flagrados bêbados continua cres-
acordo com relatório da agência de mídia Zenith. cendo, em vez de diminuir com o endurecimento das
Conforme a previsão, já em 2019 as pessoas devem punições ao longo desses anos.
passar mais horas navegando pela internet, fazen-
do compras, assistindo a filmes, séries e vídeos, Internet: (com adaptações).
conversando ou ouvindo música, do que assistindo
à televisão. Nas estradas federais que cortam o estado de
Pernambuco, durante o feriadão de Natal, a PRF
(“Internet irá ultrapassar TV já em 2019, indica relatório”, registrou cento e três acidentes de trânsito, com
18.06.2018. https://epocanegocios.globo.com. Adaptado) cinquenta e dois feridos e sete mortos. Segundo
a corporação, seis motoristas foram presos por
Texto 02 dirigir bêbados e houve oitenta e sete autuações
De acordo com estudo divulgado pela empresa pela Lei Seca. Os números são parte da Operação
Morrison Foster, as pessoas passam, em média, Integrada Rodovia, deflagrada pela PRF. Em 2017,
sete horas por dia nas redes sociais. E é exatamen- foram registrados noventa acidentes. No ano pas-
te esse o local ocupado pelos influenciadores, que sado, a ação da polícia teve um dia a menos.
também estão conectados e produzindo conteúdos
para seus seguidores a todo tempo. Segundo uma Internet: (com adaptações).
outra pesquisa, publicada pela Sprout Social, 74%
dos consumidores guiam suas decisões de compra Considerando que os fragmentos de texto acima
com base nas redes sociais. Ou seja, o público está têm caráter unicamente motivador, redija um texto
atento às opiniões da internet e, principalmente, aos
REDAÇÃO DISCURSIVA
Texto I — Lei mais que seca 20 DICAS COM SÍNTESE DE ALGUNS ASPECTOS DE
Um cidadão honesto e decente, que não mete a mão
GRANDE RELEVÂNCIA
no dinheiro alheio, não bate na mulher nem cospe no
chão, pode, de repente, transformar-se num perigo
para a comunidade e para si mesmo? Todo mundo Vamos passar agora para o acabamento de nossa
sabe a resposta: pode sim, quando enche a cara e se redação, pois alguns aspectos devem ser observados
arrisca a voltar para casa pilotando um automóvel. antes que fechemos a nossa redação.
No Brasil, dirigir embriagado é crime, mas há um Reunimos aqui algumas informações importantes
problema que reduz consideravelmente a eficácia da para a organização e revisão de seu trabalho. Algumas
legislação: a prova do pileque é atestada pelo bafôme-
já foram trabalhadas anteriormente, mas as retomare-
tro. E ninguém pode ser obrigado a produzir prova
contra si mesmo. O que é compreensível em muitos
mos para criar um procedimento de observação geral.
outros casos, mas complica um bocado a eficácia da
legislação que visa a impedir acidentes nas estradas. 1º Estética: Grafia / Alinhamento / Paragrafação /
O problema é sério, como mostram os números sobre Respeito às Margens
a situação nas estradas do Estado do Rio. Nos últimos
três anos, mais de 600 mil motoristas foram aborda- Essa serve para qualquer prova de concurso. A
dos em blitzes da polícia e 47 mil deles se recusaram maioria das bancas exige que os candidatos apresen-
a passar pelo bafômetro – e não há punição para isso.
tem uma escrita que permita a leitura clara do texto
A situação pode melhorar com um projeto que está
sendo discutido pelo governo e o Congresso. A ideia sem a preocupação com o tipo de letra, respeitando
é não limitar a prova do pileque ao teste do bafôme- apenas questões de caixa alta (letra grande marcan-
tro: o estado do motorista seria atestado por filma- do o início de frases e nomes próprios) e caixa baixa
gens, fotos ou depoimentos de testemunhas. Nada (letra pequena compondo o restante da palavra).
demais: é o que acontece com muitos outros crimes. A segunda parte deste item aborda o respeito às
E o castigo será consideravelmente mais pesado, margens. É de fundamental importância a disposição
com multa maior, mais tempo com a carteira sus- do texto na folha definitiva. O texto deverá respeitar
pensa e até três anos de cadeia. Em suma, é uma lei
consideravelmente muito mais seca.
os limites impostos pelas margens direita e esquerda,
nunca ultrapassando seus limites nem se distancian-
REDAÇÃO DISCURSIVA
Texto II
Quinze minutos para ser atendido no banco e um margens
para cancelar o contrato com a operadora de tele-
fone. Não ter que ligar para reclamar daquele segu-
ro de perda e roubo do cartão de crédito que você Na margem esquerda da folha definitiva de reda-
nunca pediu e completar 65 anos com a tranquili- ção, deve-se iniciar a escrita imediatamente ao lado
dade de ser atendido preferencialmente no caixa do da linha, sem deixar folga alguma entre a primeira
supermercado. O cenário parece impossível, mas letra e a demarcação da margem.
cada uma das situações acima é amparada por
uma lei específica no país. O que não acontece por
aqui é o cumprimento da legislação. Vezes porque margens
não há fiscalização e outras por desconhecimento 93
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Na margem direita, a preocupação do candidato aumenta, pois além de se preocupar com as questões de divi-
são silábica e o correto emprego do hífen para essa função, ele também deverá se preocupar em não ultrapassar
a linha demarcatória da margem.
2 cm Parágrafo
margens
O último item deste quesito trata da paragrafação, ou seja, a disposição dos parágrafos dentro da redação.
O candidato deverá deixar bem clara a distância em que se iniciará a escritura do parágrafo para que se faça a
diferença com a escrita iniciada junto à margem. Um afastamento de aproximadamente 2 cm já é suficiente.
Dica
Para marcar o recuo de parágrafo, recorra à velha dica da escola e deixe o espaço de dois dedos antes de
começar a escrever.
2º O Erro
Insira apenas uma linha sobre as palavras erradas. Você deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase,
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o respectivo substituto.
Exemplo: Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito felizes.
(1) É de fundamental importância o ___________ para_____________. / (2) Podemos mencionar, por exemplo,
_______________________ que ____________________, por causa ______________________. / (3) Esse __________________ do
que _______________________.
Uma das importantes regras de pontuação que determina o correto emprego da vírgula orienta que, se a ora-
ção estiver em ordem direta (sujeito + verbo + complementos), não se deve usar vírgula para separar termos que
se complementam sintaticamente.
Ou seja, se estiver com alguma dúvida quanto ao uso de vírgula, reorganize a oração para ver se fica mais fácil
a compreensão da estrutura. Exemplo:
Termo
deslocado
(Complemento
adverbial)
Sujeito Complemento verbal
Verbo
z Ordem direta:
5º Colocação Pronominal
Os pronomes pessoais oblíquos átonos podem ocupar três posições distintas na oração: anteposto ao verbo (prócli-
se), posposto ao verbo (ênclise) e entremeio ao verbo (mesóclise). Em regra, a posição que esses pronomes vão ocupar
em determinada oração é estabelecida perante a presença ou ausência de palavras atrativas.
Advérbios, conjunções subordinativas, termos que exprimem sentido negativo, pronomes relativos, indefini-
dos e demonstrativos são exemplos de palavras capazes de atrair o pronome pessoal oblíquo átono para antes do
verbo. Assim, não havendo nenhuma palavra atrativa antes do verbo da oração, subentende-se que a colocação
94 pronominal dar-se-á pela ênclise ou mesóclise, a depender da construção sintática.
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Falaria-se muito sobre este assunto naquele dia. (errado)
Falar-se-ia muito sobre este assunto naquele dia. (certo)
Ou
Muito se falaria sobre este assunto naquele dia. (sempre certo)
6º Impessoalidade
As verdades gerais sempre têm maior valor. As opiniões pessoais pouco contribuem para a sustentação de uma ideia.
Por isso, as afirmações apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem representações gerais de valor coletivo:
Acredita-se em vez de Acredito
Sabe-se em vez de Sei
E outras expressões generalizantes como:
É de conhecimento geral... / Muitos entendem que... / Muito se tem discutido sobre...
7º Tese
É importante que seja bem fundamentada, pois é quando você apresenta seu ponto de vista, seu posiciona-
mento diante do tema.
É comum a cobrança de temas próprios às funções dos cargos disputados, por isso, preste sempre atenção nos
assuntos recorrentes dos textos da prova.
9º Título
Não se põe título nas redações para concursos, a menos que isso seja uma exigência do edital.
11º Vocabulário
Procure sempre a clareza na apropriação vocabular. A linguagem simples torna o texto mais fluente: pense em
explicar seus argumentos como se falasse a uma criança de 10 anos. Não use erudições do tipo “hodiernamente”;
diga: atualmente ou hoje em dia.
Se possível, apresente propostas que deem solução aos problemas levantados na redação. Não fique apenas
fazendo constatações óbvias.
Essa postura é pobre e pouco criativa — é o que se chama de lugar comum. É como pedir emprego em uma
empresa e criticar o patrão durante a entrevista. Isso é ser muito ingênuo.
É a sua garantia de poder fazer uma revisão eliminando erros. Vale sempre a pena caprichar. Lembre-se de que é
função de quem escreve seduzir o leitor e o estímulo visual contribui para que haja uma boa impressão.
REDAÇÃO DISCURSIVA
Atente-se para as expressões vagas ou de significado amplo e sua adequada contextualização. Exemplos: con-
ceitos como “certo”, “errado”, “democracia”, “justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
Evite expressões como “belo”, “bom”, “mau”, “incrível”, “péssimo”, “triste”, “pobre”, “rico” etc., pois são juízos de valor
sem carga informativa, imprecisos e subjetivos.
95
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17º Evite o Senso Comum a) 1 — Descrição. Nesse fragmento, não há progres-
são temporal; note que, ao final da leitura do texto,
Fuja do lugar-comum, de frases feitas e expressões temos a formação da imagem da paisagem.
cristalizadas, como “a pureza das crianças”, “a sabe- b) 3 — Dissertação. Nesse fragmento, não há pro-
doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da gressão temporal, tanto que não há fatos que se
linguagem oral devem ser evitados, bem como o uso sucedem, tampouco a elaboração de uma imagem.
de “etc.” e as abreviações. O que percebemos pela leitura é a análise do com-
portamento da mulher diante de um novo perfil seu
18º Uso de Aspas “que emerge da ruptura de sua antiga identidade”.
c) 2 — Narração. A leitura desse trecho revela uma
Não se usam entre aspas palavras estrangeiras sucessão de fatos do Presidente da República. Esse
sem correspondência na língua portuguesa: hippie, fragmento mostra bem o que se diz sobre a narra-
status, dark, punk, chips etc. ção ser uma “fofoca”.
d) 1 — Descrição. Sem progressão discursiva ou
19º Atenção às Repetições e Fugas ao Tema temporal, o trecho revela a criação da imagem das
roupas dos velhinhos interioranos; note como os
Observe se não há repetição de ideias, falta de cla- adjetivos se destacam.
reza, construções sem nexo (conjunções mal-empre- e) 2 — Narração. Novamente, temos um trecho que
gadas), falta de concatenação (coesão) de ideias nas mostra uma sucessão de fatos que nada mais são do
frases e nos parágrafos entre si, divagação ou fuga ao que as ações de um homem que caminha pela rua
tema proposto. com seu chefe e vê um amigo seu do outro lado da
rua, “uma fofoca”.
20º Cumpra o Proposto no Texto f) 3 — Dissertação. Encontramos outra vez um
exemplo de fragmento dissertativo, pois apresenta
Caso você tenha feito uma pergunta na tese ou no
progressão discursiva em relação à proibição da
corpo do texto, verifique se a argumentação responde à
caça no Brasil. Note que o argumento que se desta-
pergunta. Se você eventualmente encerrar o texto com
ca nessa passagem para o fortalecimento da ideia
uma interrogação, esta pode estar corretamente empre-
é a citação da Constituição Brasileira. Resposta:
gada desde que a argumentação responda à questão. Se
1-3-2-1-2-3.
o texto for vago, a interrogação será retórica e vazia.
Apresentamos a seguir um exercício comentado
de reconhecimento de tipologia textual.
NOÇÕES DE DIREITO Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
DIREITO E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS: DIREITOS E DEVERES Conforme prevê o art. 5º, da CF, de 1988, todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
za, garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberda-
de, à igualdade, à segurança e à propriedade.
DIREITO À VIDA, À LIBERDADE, À IGUALDADE, À
SEGURANÇA E À PROPRIEDADE
Princípio da Igualdade entre Homens e Mulheres
Com forte expressão no pós-guerra, os direitos e
Art. 5º […]
garantias fundamentais, apesar de seu teor sensivelmen-
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
te constitucional, são interdisciplinares e se relacionam obrigações, nos termos desta Constituição;
a todos os ramos do direito. Diz-se isso, pois, pautados
na busca de justiça e paz social, aqueles refletem um Como o próprio nome diz, o princípio prega a igual-
compromisso geral do direito e da justiça de proteção e dade de direitos e deveres entre homens e mulheres.
garantia de uma vida digna a todos os cidadãos. O princípio da igualdade, previsto também no
Além disso, toda a legislação infraconstitucional caput, do art. 5º, da CF, é muito importante, e, deste
também reflete, de forma geral, a preocupação com princípio, inúmeros outros decorrem diretamente,
políticas adequadas que possam conciliar o desen- conforme veremos a seguir.
volvimento econômico, social e cultural. De todas as
circunstâncias acima citadas, parte a interdiscipli- z Igualdade na Lei x Igualdade Perante a Lei
naridade entre os direitos e garantias fundamentais
e outros ramos do direito, tais como o direito penal, A igualdade na lei vincula o legislador a tratar todos
civil, trabalhista e processual. da mesma forma ao criar as normas, já a igualdade
A amplitude temática dos direitos e garantias fun- perante a lei significa que quem administra o Estado
damentais é uma questão de toda a seara jurídica, também deve observar o princípio da igualdade — por
visto que a consolidação e efetivação dos direitos fun- exemplo, o Poder Executivo ao administrar e o Poder
damentais encontram-se diretamente relacionadas à Judiciário ao julgar. Importante frisar que o princípio
própria condição da vida humana. da igualdade também tem efeitos aos particulares.
Os direitos fundamentais, portanto, estão localiza-
dos no Título II, da CF, de 1988, do art. 5º ao art. 17, e z Igualdade Formal x Igualdade Material
estão classificados em cinco grupos: direitos individuais
e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, A igualdade formal, ou também chamada de
direitos políticos e direitos relacionados à existência, igualdade jurídica, significa que todos devem ser
organização e participação em partidos políticos. Tam- tratados da mesma forma. Já a igualdade material
bém são classificados em três dimensões de direito, significa tratar igual os iguais e os desiguais com desi-
pois surgiram em épocas diferentes. Vejamos: gualdade, na medida de suas desigualdades, ou seja, é
uma forma de proteção a certos grupos sociais, certos
DIREITOS DIREITOS DIREITOS grupos de pessoas que foram discriminadas ao longo
FUNDAMEN- FUNDAMEN- FUNDAMEN- da história do Brasil. Isso ocorre por meio das chama-
TAIS DE 1ª TAIS DE 2ª TAIS DE 3ª das ações afirmativas, que visam, por meio da políti-
DIMENSÃO DIMENSÃO DIMENSÃO ca pública, reduzir os prejuízos. Por exemplo, temos o
sistema de cotas para os afrodescendentes nas univer-
Direitos sociais, sidades públicas. Sobre o tema, o STF (Supremo Tribu-
Direitos civis e
econômicos e Fraternidade nal Federal) já se posicionou pela constitucionalidade,
políticos
culturais e a decisão foi tomada no julgamento do Recurso
Extraordinário (RE 597285), com repercussão geral,
NOÇÕES DE DIREITO
Dito isso, é importante reafirmarmos que estes em que um estudante questionava os critérios adota-
direitos e garantias não estão taxativamente expres- dos pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande
sos na Constituição Federal. Trata-se de uma matéria do Sul) para reserva de vagas1.
esparsa, consubstanciada em toda legislação nacio-
nal, inclusive infraconstitucional. Entretanto, apesar z Igualdade nos Concursos Públicos
de não se tratar de uma matéria exaustiva e taxati-
va, numerus clausus, o rol dos direitos fundamentais Tem como base o também chamado princípio da
previstos na Constituição Federal, de 1988, é exempli- isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado
ficativo. Por isso, é importante estudarmos alguns dis- sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo
positivos da Carta Magna. respectivo concurso público.
1 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012. 97
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Entretanto, alguns concursos exigem, por exem- dispuser obrigação alguma, é dado ao particular fazer
plo, idade, altura etc. Note que todas as exigências o que bem entender, ou seja, não havendo qualquer
contidas no edital que façam distinção entre as pes- proibição disposta em lei, o particular está livre para
soas somente serão lícitas e constitucionais desde agir, vigorando nesse ponto o princípio da autonomia
que preencham dois requisitos: da vontade.
Referente ao poder público, o conteúdo do prin-
deve estar previsto em lei — igualdade formal; cípio da legalidade é outro: esse tem a ideia de que
deve ser necessário ao cargo. o Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo, de que
governar é atividade a qual a realização exige a edição
Por exemplo: concurso para contratação de agen- de leis, sendo que o poder público não pode atuar,
te penitenciário para presídio feminino com o edital nem contrário às leis, nem na ausência da lei.
constando que é permitido somente mulheres para
investidura do cargo. Vedação de Práticas de Tortura Física e Moral,
Exemplo muito comentado também é sobre a proi- Tratamento Desumano e Degradante
bição de tatuagem contida nos editais de concurso
público; sobre o tema, o STF assim entendeu (abaixo, Art. 5º […]
a tese de repercussão geral fixada): III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento desumano ou degradante;
Editais de concurso público não podem estabelecer
restrição a pessoas com tatuagem, salvo situa- São vedados a prática de tortura física e moral e
ções excepcionais, em razão de conteúdo que vio-
qualquer tipo de tratamento desumano, degradante
le valores constitucionais2.
ou contrário à dignidade humana realizados por qual-
quer autoridade ou até mesmo entre os próprios cida-
Entenda: tatuagem que viole os princípios cons-
dãos. A proibição à tortura, cláusula pétrea de nossa
titucionais e os princípios do Estado brasileiros. Ex.:
Constituição, visa resguardar o direito de uma vida
tatuagem de suástica nazista.
digna. A prática da tortura é, ainda, crime inafiançá-
vel na legislação penal brasileira.
z União Estável Homoafetiva
Liberdade de Manifestação do Pensamento e
Tema muito comentado, e, em 2011, o STF se posi-
Vedação do Anonimato, Visando Coibir Abusos e
cionou sobre o reconhecimento da união estável para
Não Responsabilização pela Veiculação de Ideias e
casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argu-
mento que o inciso IV, art. 3º, da CF, veda qualquer Práticas Prejudiciais
discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que,
Art. 5º […]
nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou dis-
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
criminado em função de sua orientação sexual.
vedado o anonimato;
“O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não
se presta para desigualação jurídica”, conclui-se, por-
tanto, que qualquer depreciação da união estável Aqui, temos consubstanciada a liberdade de
homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV, do art. expressão. A Constituição Federal pôs fim à censura,
3º, da CF3. tornando livre a manifestação do pensamento. Entre-
tanto, esta liberdade não é absoluta, uma vez que
Princípio da Legalidade e Liberdade de Ação deve se pautar nos princípios da justiça e do direito.
Nesse sentido, é vedada a liberdade abusiva, prejudi-
Art. 5º […] cial aos direitos de outrem, e, também, o anonimato,
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de de forma a coibir práticas prejudiciais sem identifica-
fazer alguma coisa senão em virtude de lei; ção de autoria.
A vedação constitucional ao anonimato, contudo,
Todo ser humano é livre e só está obrigado a fazer não impede que uma autoridade pública, ao receber
ou não algo que esteja previsto em lei. Deste princípio, uma denúncia anônima, proceda com as investiga-
decorre a ideia de que “não há crime sem lei anterior ções preliminares, de forma a apurar os indícios de
que o defina”, ou seja, a concepção de que “crime” é materialidade narrados na denúncia.
aquilo que está expressamente previsto na lei penal. Cumpre ainda ressaltar que, no Brasil, a denúncia
O princípio da legalidade está previsto no inciso II, anônima é permitida. Contudo, o poder público não
art. 5º, da CF, e preceitua que “ninguém será obrigado pode iniciar o procedimento formal tendo como base
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em vir- única uma denúncia anônima.
tude de lei”. Note que, quando se fala em princípio da
legalidade, se está falando no âmbito particular, e não
da administração pública. Importante!
No que tange aos particulares, o princípio da lega-
lidade quer dizer que apenas a lei possui a legitimida- O STF considerou desnecessária a utilização de
de de criar obrigações de fazer, comumente chamadas diploma de jornalismo e registro profissional no
de obrigações positivas e, também, as chamadas obri- Ministério do Trabalho como condição para o
gações de não fazer, conhecidas como obrigações exercício da profissão de jornalista, pois tem na
negativas. Sendo assim, nos casos em que a lei não sua essência a manifestação do pensamento.
2 Recurso Extraordinário 898450. Tema de Repercussão Geral. STF. Min. Luiz Fux, julgado em 17.08.2016.
98 3 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011.
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Direito de Resposta e Indenização aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem
imperativo de consciência decorrente de crença
Art. 5º […] religiosa ou de convicção filosófica ou política, para
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional se eximirem de atividades de caráter essencialmen-
ao agravo, além da indenização por dano material, te militar.
moral ou à imagem; § 2º Entende-se por Serviço Alternativo o exercício de
atividades de caráter administrativo, assistencial,
De acordo com o inciso acima, o direito de respos- filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição
ta, associado à indenização por dano material, moral às atividades de caráter essencialmente militar.
ou à imagem, é assegurado às pessoas físicas e jurídi- § 3º O Serviço Alternativo será prestado em
cas quando estas, por meio dos canais midiáticos de organizações militares da ativa e em órgãos de
formação de reservas das Forças Armadas ou
comunicação, recebem ofensas a:
em órgãos subordinados aos Ministérios Civis,
mediante convênios entre estes e os Ministérios
z sua honra;
Militares, desde que haja interesse recíproco e,
z sua reputação; também, sejam atendidas as aptidões do convocado.
z seu conceito; § 4º O Serviço Alternativo incluirá o treinamento
z seu nome; para atuação em áreas atingidas por desastre, em
z sua marca; situação de emergência e estado de calamidade,
z sua imagem etc. executado de forma integrada com o órgão federal
responsável pela implantação das ações de prote-
Liberdade Religiosa e de Consciência ção e defesa civil. (Incluído pela Lei nº 12.608, de
2012)
Art. 5º […] § 5º A União articular-se-á com os Estados e o
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de Distrito Federal para a execução do treinamento a
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul- que se refere o § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei
tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote- nº 12.608, de 2012)
ção aos locais de culto e a suas liturgias; Art. 4º Ao final do período de atividade previsto no
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de § 2º do art. 3º desta lei, será conferido Certificado
assistência religiosa nas entidades civis e militares de Prestação Alternativa ao Serviço Militar Obriga-
de internação coletiva; tório, com os mesmos efeitos jurídicos do Certifica-
VIII - ninguém será privado de direitos por moti- do de Reservista.
vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou § 1º A recusa ou cumprimento incompleto do Ser-
política, salvo se as invocar para eximir-se de obri- viço Alternativo, sob qualquer pretexto, por motivo
gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir de responsabilidade pessoal do convocado, implica-
prestação alternativa, fixada em lei; rá o não-fornecimento do certificado corresponden-
te, pelo prazo de dois anos após o vencimento do
O Estado brasileiro é laico, ou seja, não se apoia período estabelecido.
nem se opõe a nenhuma religião. Por isso, a liber- § 2º Findo o prazo previsto no parágrafo anterior,
dade de crença e de consciência são direitos fun- o certificado só será emitido após a decretação,
damentais previstos na Magna Carta. A Constituição pela autoridade competente, da suspensão dos
assegura, ainda, a liberdade de cultos, a proteção dos direitos políticos do inadimplente, que poderá, a
locais religiosos e a não privação de direitos em razão qualquer tempo, regularizar sua situação mediante
da crença pessoal. cumprimento das obrigações devidas.
A escusa de consciência consiste no direito indi-
vidual de se recusar a cumprir determinada obriga- Liberdade de Expressão e Proibição de Censura
ção ou a praticar determinado ato comum por este ser
contrário às suas crenças religiosas ou à sua convic- Art. 5º […]
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
ção filosófica ou política. Nesses casos, de acordo com
artística, científica e de comunicação, independen-
a lei, a pessoa deve cumprir uma prestação alternati-
temente de censura ou licença;
va, fixada em lei. Serve como exemplo desse direito o
cidadão que deixa de prestar serviço militar obrigató-
Aqui, mais uma vez, é consubstanciada a liberdade
rio por motivo de crença.
de expressão. Além disso, de acordo com o inciso, é
Se o cidadão que invocar a escusa de consciência
vedada a censura às atividades intelectuais, artísticas,
em seu benefício deixar de cumprir a prestação alter-
científicas e de comunicação.
nativa imposta, poderá incorrer na perda dos direitos
políticos, segundo a doutrina majoritária, ou na sus-
pensão destes, a teor do que se estabelece no § 2º, art. Proteção à Imagem, Honra e Intimidade da Pessoa
NOÇÕES DE DIREITO
No Brasil, são plenas a liberdade de associação e a Como característica dos direitos fundamentais, o
criação de associações e cooperativas para fins lícitos. direito de propriedade também não é um direito abso-
Por isso, estas não podem sofrer intervenção do Estado. luto. Apesar da exigência de que a propriedade aten-
A expressão utilizada como “plena” no dispositivo da uma função social, há outras hipóteses em que
é no mesmo sentido de ser considerada livre a liber- o interesse público pode justificar a imposição de
dade de associação, desde que para fins lícitos. limitações.
Por conseguinte, o Texto Constitucional prevê a Ao elaborar a Constituição, o legislador se preo-
possibilidade de criação de associações e cooperati- cupou em atribuir tratamento especial à política de
vas, independentemente de autorização. Ainda, só desenvolvimento urbano. Referente à desapropria-
poderão ser dissolvidas ou suspensas as atividades ção de imóvel rural, somente é lícita a desapropria-
por decisão judicial. Além disso, ninguém pode ser ção para fins de interesse social, ou seja, imóvel
obrigado a associar-se ou permanecer associado. rural que não estiver cumprindo sua função social
Por fim, o Texto Constitucional autoriza, desde que é desapropriado.
expressamente autorizada, a representação dos asso- Nesse sentido, é importante verificar a importân-
ciados pelas entidades associativas. cia do inciso XXIV, do art. 5°, que determina o poder
Forças paramilitares, também conhecidas como geral de desapropriação por interesse social. Ora,
milícias, são grupos ou associações civis armadas, desde que seja paga a indenização mencionada neste
normalmente com fins político-partidários, religiosos artigo, qualquer imóvel poderá ser desapropriado por
ou ideológicos, e com estrutura semelhante à militar, interesse social para fins de reforma agrária.
mas que não fazem parte das Forças Armadas oficiais.
No Brasil, a Segurança Nacional e Defesa Social é atri- Intervenção do Estado na Propriedade
buição exclusiva do Estado, por isso as associações
paramilitares são vedadas. Art. 5º […]
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa-
Direito de Propriedade e sua Função Social propriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia
Art. 5º […] indenização em dinheiro, ressalvados os casos pre-
XXII - é garantido o direito de propriedade; vistos nesta Constituição;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
ridade competente poderá usar de propriedade
Uma importante garantia constitucional é o direito particular, assegurada ao proprietário indenização
de propriedade. Entretanto, este direito não é absolu- ulterior, se houver dano;
to, pois está limitado ao atendimento de sua função
social, ou seja, além da ideia de pertença, toda pro- O direito de propriedade não é absoluto. Dada a
priedade deve atender a interesses de ordem pública supremacia do interesse público sobre o particular,
e privada, não sendo nociva à coletividade em seu uso nas hipóteses legais, é permitida a intervenção do
102 e fruição. Estado na propriedade.
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Pequena Propriedade Rural Direito de Sucessão e Herança
Por sua vez, a propriedade industrial é o ramo da to de taxa, tem direito à obtenção de informações, a
propriedade intelectual que resguarda os trabalhos protocolo de petição e à obtenção de certidões junto
intelectuais, também chamados de obras utilitárias, aos órgãos públicos de acordo com suas necessidades,
voltados às atividades industriais, abrangendo, por salvo a imprescindibilidade do sigilo de determinadas
exemplo, o autor de determinado processo, invenção, informações para segurança jurídica das partes.
modelo, desenho ou produto. Estas criações são pro- Assim, quanto ao direito de certidão, o Estado é
tegidas por meio de patentes e registros (CNJ, 2016). obrigado a fornecer as informações solicitadas, com
Atenção! Enquanto a proteção ao direito autoral exceção nas hipóteses de proteção por sigilo. Caso
busca reprimir o plágio, a proteção à propriedade haja uma violação desse direito, que é líquido e cer-
industrial busca conter a concorrência desleal. to, o remédio constitucional cabível é o mandado de
segurança, tema também abordado no título “Garan-
tias Constitucionais”. 103
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Direito adquirido é aquele que cumpriu todos O juízo ou tribunal de exceção determina-se como
os requisitos previstos em lei, como, por exemplo, aquele criado exclusivamente para o julgamento de
o homem que cumpriu todos os requisitos exigidos um fato específico já acontecido, no qual os julgadores
para concessão da aposentadoria por idade, confor- são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda
me determina o inciso I, § 7º, do art. 201, da CF, tem o tal prática, pois todos os casos devem se submeter a
direito adquirido para requerer seu benefício. julgamento dos juízos e tribunais já existentes confor-
me suas competências prefixadas.
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
de previdência social, nos termos da lei, obedecidas Tribunal do Júri
as seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e Art. 5º […]
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser- XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
vado tempo mínimo de contribuição; organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
z Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, conforme b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
a lei vigente ao tempo que se realizou, pois, neste
d) a competência para o julgamento dos crimes
caso, já cumpriu todos os requisitos conforme a lei
dolosos contra a vida;
vigente na época, tornando-se, portanto, completo;
z Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judi- O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional desti-
cial, decisão judicial à qual não cabe mais recurso, nado exclusivamente para o julgamento da prática de
tornando-a imutável e indiscutível. crimes dolosos contra a vida. Mais do que ampla, a
defesa no âmbito do Tribunal do Júri é plena e a deci-
Princípio da Proteção Judiciária ou da são dos jurados, cidadãos comuns do povo previamen-
Inafastabilidade do Controle Jurisdicional te alistados e selecionados por sorteio, é soberana.
A tabela abaixo sintetiza o conteúdo dos inci- Pelo princípio da intranscendência da pena, a
sos. Por isso, a título de compreensão destes, vamos aplicação desta será sempre pessoal e não poderá ser
estudá-la. cumprida ou imputada a outro indivíduo. Em caso de
reparação de dano, pode a obrigação ser estendida
aos sucessores do responsável até o limite do valor do
CRIMES patrimônio sucedido.
CRIMES
INAFIANÇÁVEIS E
INAFIANÇÁVEIS E
INSUSCETÍVEIS DE
IMPRESCRITÍVEIS Individualização da Pena
GRAÇA E ANISTIA
Em regra, todos os atos processuais são públicos, A liberdade provisória é o instituto processual que
salvo o segredo de justiça, que pode ser determinado garante ao acusado o direito de aguardar em liber-
de ofício pelo juiz da causa para: dade o transcorrer do processo criminal até o trân-
sito em julgado de sua sentença penal condenatória,
z segurança jurídica das partes; mediante o estabelecimento ou não de determinadas
z proteção dos interesses de indivíduos menores de condições, podendo ser revogado a qualquer tempo,
idade; diante do descumprimento das condições impostas,
z interesse social ou demanda de grande da não colaboração com as investigações ou se a auto-
repercussão; ridade entender que a liberdade pode colocar em ris-
z a requerimento justificado das partes do processo. co o julgamento do processo.
Prisão Civil
Legalidade da Prisão
Art. 5º […]
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 5º […] LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito do responsável pelo inadimplemento voluntário e
ou por ordem escrita e fundamentada de autorida- inescusável de obrigação alimentícia e a do depo-
de judiciária competente, salvo nos casos de trans- sitário infiel;
gressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei; A Constituição Federal, de 1988, extinguiu, em
regra, a prisão civil por dívidas. Logo, após a promul-
Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado gação da Carta Magna, a prisão não se caracteriza
preso por autoridade policial mediante ordem judi- mais como medida punitiva ao devedor, salvo nos
cial escrita e devidamente fundamentada. casos de não pagamento de pensão alimentícia e do
depositário infiel.
107
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Lembre-se: o depositário infiel, de acordo com a GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS E
Constituição, é o indivíduo que ficou responsável pela GARANTIAS DOS DIREITOS COLETIVOS, SOCIAIS E
guarda de um bem que não lhe pertence e deixou que POLÍTICOS
este bem perecesse, desaparecesse ou fosse roubado.
É importante ressaltar que os direitos e garantias É importante não confundir direitos fundamentais
previstos em nossa Constituição não excluem outros com garantias fundamentais. Os direitos fundamentais
decorrentes do regime e dos princípios por ela ado- são vantagens, proteção em favor das pessoas, como,
por exemplo, o direito de informação. Já as garantias
tados, bem como de tratados internacionais em que o
fundamentais são instrumentos processuais para
Brasil seja signatário.
defesa daqueles direitos, conhecidos como ações ou
remédios constitucionais, como, por exemplo: habeas
data, habeas corpus, mandado de segurança, manda-
Importante! do de injunção e a ação popular, conforme veremos
Súmula Vinculante nº 25 É ilícita a prisão a seguir.
civil de depositário infiel, qualquer que seja a
Habeas Corpus
modalidade do depósito.
Art. 5º […]
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
(PIDCP) aduz, em seu art. 11, que “ninguém poderá ser
lência ou coação em sua liberdade de locomoção,
preso apenas por não poder cumprir com uma obriga- por ilegalidade ou abuso de poder;
ção contratual”. A Convenção Americana sobre Direi-
tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), por sua O habeas corpus é um remédio constitucional que
vez, em seu § 7º, art. 7º, assevera: consiste na ação judicial cabível, com o objetivo de
proteger o direito de liberdade de locomoção ao lesa-
Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio do ou ameaçado por ato ilegal ou abusivo.
não limita os mandados de autoridade judiciária Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir,
competente expedidos em virtude de inadimple- ou seja, sempre que alguém sofrer ou se achar amea-
mento de obrigação alimentar. çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, está
Ainda assim, vale mencionar que restou mantida a fundamentado no inciso LXVIII, art. 5º, da CF, e art.
jurisprudência pela constitucionalidade da prisão do 647 ao art. 667, do CPP (Código de Processo Penal).
depositário infiel, uma vez que o pacto ingressou no Pode ser habeas corpus preventivo para evitar uma
ordenamento jurídico na qualidade de norma infra- futura violação à liberdade, ou habeas corpus repres-
constitucional. Após a Emenda Constitucional nº 45, sivo, o qual busca o fim de uma coação já cometida.
de 2004, que acrescentou o inciso LXXVIII, § 3º, do art. Importante frisar também que não existe a necessida-
de de um advogado para entrar com a ação.
5º, os tratados e convenções internacionais de direitos
humanos dos quais o Brasil for signatário e que forem
z Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa;
aprovados pelo Congresso Nacional, em votação de
z Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou
dois turnos, por três quintos de seus membros, passam
estrangeiro;
a ter status equivalente às emendas constitucionais. z Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen-
Contudo, o Pacto de São José da Costa Rica foi apro- te público que cometeu ilegalidade ou abuso de
vado por maioria simples. Tal questão acerca do sta- poder contra particular;
tus dos tratados de direitos humanos gerou profundas
discussões nos tribunais e o STF decidiu que os trata- Habeas corpus também pode ser impetrado por
dos internacionais sobre direitos humanos ratificados estrangeiro (desde que na língua portuguesa) contra
pelo Brasil antes das alterações trazidas pela Emen- particular.
da Constitucional nº 45, de 2004, ou seja, sem passar Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar
pelo processo de aprovação previsto no § 3º, do art. militar, salvo se imposta pela autoridade competente.
5º, deveriam ter status supralegal, hierarquicamente Destacamos a seguir algumas súmulas importan-
inferior às normas constitucionais, mas superior às tes do STF sobre o tema:
normas infraconstitucionais.
Súmula nº 395 Não se conhece de recurso de
Assim, a prisão do depositário infiel não foi con-
habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o
siderada inconstitucional, pois sua previsão segue ônus das custas, por não estar mais em causa à
na Constituição, mas, na prática, passou a ser ilegal, liberdade de locomoção.
uma vez que as leis que regulam tal medida coercitiva
estão abaixo dos tratados internacionais de direitos Súmula nº 431 É nulo o julgamento de recurso
humanos. Esse entendimento do caráter supralegal criminal, na segunda instância, sem prévia
dos tratados devidamente ratificados e internalizados intimação, ou publicação da pauta, salvo em
na ordem jurídica brasileira, sem submeter-se ao pro- habeas corpus.
cesso legislativo estipulado pelo § 3º, art. 5º, da CF, de
Súmula nº 692 Não se conhece de habeas corpus
1988, foi reafirmado pela edição da Súmula Vinculan- contra omissão de relator de extradição, se
te nº 25, STF, em 2009. fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova
não constava dos autos, nem foi ele provocado a
108 respeito.
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Súmula nº 693 Não cabe habeas corpus contra z ato judicial em fase recursal.
decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena Cuidado! Referente aos atos que transitaram em
pecuniária seja a única cominada. julgado hoje, a jurisprudência entende por uma possí-
vel mitigação da Súmula nº 268, do STF. Vejamos:
Súmula nº 694 Não cabe habeas corpus contra
a imposição da pena de exclusão de militar ou de No entanto, sendo a impetração do mandado de
perda de patente ou de função pública. segurança anterior ao trânsito em julgado da
decisão questionada, mesmo que venha a aconte-
Súmula nº 695 Não cabe habeas corpus quando já cer, posteriormente, não poderá ser invocado o
extinta a pena privativa de liberdade. seu não cabimento ou a sua perda de objeto, mas
preenchidas as demais exigências jurídico-proces-
Mandado de Segurança suais, deverá ter seu mérito apreciado. (EDcl no MS
22.157/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Rel. p/
Agora, passaremos à análise do mandado de segu- Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em
rança, sendo que este pode ser individual ou coletivo. 14.03.2019, DJe 11.06.2019)
Vejamos:
z Agente ativo: pessoa física ou jurídica. Agentes
Art. 5º […] políticos podem ser sujeitos ativo ou passivo;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para z Agente passivo: autoridade, pessoa física revestida
proteger direito líquido e certo, não amparado por de poder público. União, estados e DF ingressarão
habeas corpus ou habeas data, quando o responsá- como litisconsortes necessários, por meio de seus
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autorida- procuradores — no caso do município, através de
de pública ou agente de pessoa jurídica no exercício seu prefeito;
de atribuições do Poder Público;
z Liminar: cabimento conforme inciso III, art. 7°, da
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
Lei nº 12.016, de 2009, o juiz poderá determinar a
impetrado por:
suspensão do ato (que causou a violação do direi-
a) partido político com representação no Congresso
Nacional; to), desde que exista motivo relevante. Vejamos:
b) organização sindical, entidade de classe ou asso-
ciação legalmente constituída e em funcionamento Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de [...]
seus membros ou associados; III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedi-
do, quando houver fundamento relevante e do ato
impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
O mandado de segurança é uma ação constitucional
caso seja finalmente deferida, sendo facultado exi-
que visa tutelar direito líquido e certo ameaçado ou
gir do impetrante caução, fiança ou depósito, com
violado por autoridade pública ou por aquele que o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa
estiver no exercício de funções desta natureza. Esta jurídica.
ação tem caráter residual e só é aplicável quando não
for cabível outro remédio constitucional, tal como o Mandado de Segurança Coletivo
habeas corpus ou habeas data.
Atenção! Por direito líquido e certo entende-se O mandado de segurança coletivo, que está previs-
aquele claro e inequívoco, com prova pré-constituí- to no inciso LXX, art. 5º, da CF, e no art. 21, da Lei nº
da, que não dependa de instrução probatória ou de 12.016, de 2009, tem o objetivo de proteger certo gru-
declaração por juízo competente em processo de po de pessoas (corporativo). Os requisitos e o prazo
conhecimento. decadencial são os mesmos do mandado de segurança
individual.
Mandado de Segurança Individual
z Agente ativo: partido político com representação
Previsto no inciso LXIX, art. 5º, da CF, e Lei nº no Congresso Nacional; ou organização sindical,
12.016, de 2009, tem o objetivo de proteger direito entidade de classe ou associação legalmente cons-
líquido e certo (requerido no prazo de 120 dias do tituída e em funcionamento há pelo menos um
conhecimento da lesão), devidamente comprovado ano, em defesa de seus membros ou associados,
com provas documentais, não há prova testemunhal deve demonstrar pertinência temática;
nem pericial. Tem caráter subsidiário, ou seja, quando z Agente passivo: autoridade coatora;
não for caso de habeas corpus nem habeas data. z Liminar: cabimento conforme inciso III, § 2º, art.
Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de 7º, e art. 22, da Lei nº 12.016, de 2009. Basta repre-
NOÇÕES DE DIREITO
autoridade pública. A Súmula nº 625, do STF, dispõe sentar os requisitos “fumus boni iuris” e “periculum
que, “Controvérsia sobre matéria de direito não impe- in mora”.
de concessão de mandado de segurança”, ou seja, caso
houver dúvida a respeito de interpretação da lei, não Súmulas importantes do STF sobre o tema:
impede o deferimento do mandado de segurança.
Atenção! Não cabe mandado de segurança nos Súmula nº 629 (STF) A impetração de mandado de
seguintes casos: segurança coletivo por entidade de classe em favor
dos associados independe da autorização destes.
z atos meramente informativos; Súmula nº 630 (STF) A entidade de classe tem legi-
z atos que transitaram em julgado; timação para o mandado de segurança ainda quan-
z ato administrativo que comporte recurso com efei- do a pretensão veiculada interesse apenas a uma
to suspensivo; parte da respectiva categoria. 109
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Mandado de Injunção A ação popular é o instrumento constitucional
adequado por meio do qual qualquer cidadão pode vir
Art. 5º […] a questionar a validade de atos que considera lesivos
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre ao patrimônio público, à moralidade administrativa,
que a falta de norma regulamentadora torne inviá- ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
vel o exercício dos direitos e liberdades constitucio- A ação popular pode ter duas formas: a preventi-
nais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
va, que é ajuizada antes da consumação dos efeitos do
à soberania e à cidadania;
ato, e a repressiva, que visa corrigir os atos danosos
consumados.
O mandado de injunção é ação constitucional pró-
pria a reivindicar a regularização de um direito cons-
titucional que necessite de norma regulamentadora. z Agente ativo: qualquer cidadão brasileiro. Se este
Tem previsão no inciso LXXI, art. 5º, da CF, e Lei abandonar a ação, outro cidadão poderá assumir.
nº 13.300, de 2016 (Lei do MS), não tem lei específica
própria, devem ser observadas as normas da Lei do Atenção! O Ministério Público não pode propor,
mandado de segurança, conforme prevê o parágrafo mas pode assumir andamento e dar execução a deci-
único, art. 24, da Lei nº 8.038, de 1990. são da ação popular (legitimidade extraordinária ou
superveniente).
Art. 24 [...]
No mandado de injunção e no habeas data, serão z Agente passivo: administrador da entidade que
observadas, no que couber, as normas do manda- lesionou.
do de segurança, enquanto não editada legislação z Liminar: basta representar os requisitos “fumus
específica. boni iuris” e “periculum in mora”.
z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamenta- Súmula nº 101 (STF) O mandado de segurança
dora de direito, liberdade constitucional e das prer- não substitui a ação popular.
rogativas inerentes à nacionalidade, soberania e
cidadania. Buscar o exercício do direito para uma Súmula nº 365 (STF) Pessoa jurídica não tem legi-
pessoa ou certo grupo de pessoas. Exemplo: conse- timidade para propor ação popular.
guir se aposentar ou exercer o direito de greve;
z Agente ativo: qualquer pessoa; Atenção! A ação popular é isenta de custas judi-
z Liminar: mandado de injunção não tem liminar. ciais e do ônus de sucumbência.
Sobre o tema, vejamos também o § 4º, art. 5º, da
Habeas Data Lei nº 4.717, de 1965:
Art. 5º […]
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é
LXXII - conceder-se-á habeas data:
competente para conhecer da ação, processá-la e
a) para assegurar o conhecimento de informações
julgá-la o juiz que, de acordo com a organização
relativas à pessoa do impetrante, constantes de
judiciária de cada Estado, o for para as causas que
registros ou bancos de dados de entidades governa-
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
mentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se ou ao Município.
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou [...]
administrativo; § 4º Na defesa do patrimônio público caberá à
suspensão liminar do ato lesivo impugnado.
O habeas data é um remédio constitucional que
consiste na ação judicial cabível, com o objetivo de Ainda, é possível requerer a condenação por per-
conhecer ou retificar informações constantes nos das e danos dos responsáveis pela lesão, sendo que
registros e bancos de dados de entidades governa- cabe a todos os cidadãos a fiscalização da vida públi-
mentais ou de caráter público. ca, auxiliando o Estado na boa gestão desta.
Assistência Judiciária
Importante!
Art. 5º […]
A doutrina e jurisprudência admitem que cônju- LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte-
ge, ascendente, descendente ou irmão podem gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
impetrar habeas data em favor de terceiro, caso de recursos;
este esteja incapacitado ou ausente.
Todos aqueles que não podem arcar com as custas
judiciárias sem prejuízo de seu sustento pessoal e de
Ação Popular
sua família, para se ter o acesso à justiça, têm direito à
assistência judiciária gratuita.
Art. 5º […]
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesi- Indenização por Erro Judiciário
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao Art. 5º […]
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de judiciário, assim como o que ficar preso além do
110 custas judiciais e do ônus da sucumbência; tempo fixado na sentença;
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Os erros do Poder Judiciário são passíveis de O rol dos direitos elencados no art. 5º, da CF, de
indenização. 1988, não é taxativo, mas, sim, exemplificativo. Os
direitos e garantias ali expressos não excluem outros
Gratuidade de Serviços Públicos de caráter constitucional ou infraconstitucional
decorrentes de princípios constitucionais, do regime
Art. 5º […]
democrático, da legislação esparsa ou de tratados
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) internacionais.
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e Importante!
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários
� Rol taxativo ou numerus clausus: somente o
ao exercício da cidadania (Regulamento).
que está escrito na lei. É determinado e não per-
A Constituição Federal traz, como direito funda- mite interpretações extensivas;
mental, a gratuidade dos seguintes serviços públicos � Rol exemplificativo: trata-se de uma lista de
aos economicamente hipossuficientes: exemplos, como uma amostra, podendo se
estender e permitir novas interpretações.
z registro civil;
z obtenção de certidão de óbito;
z ações de habeas corpus e habeas data. Tratados e Convenções Internacionais de Direitos
Humanos
Princípio da Celeridade Processual
Art. 5º […]
Art. 5º […] § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra- direitos humanos que forem aprovados, em cada
tivo, são assegurados a razoável duração do pro- Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua três quintos dos votos dos respectivos membros,
tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional serão equivalentes às emendas constitucionais.
nº 45, de 2004).
Ruy Barbosa (1921), jurisconsulto brasileiro, já Sanando discussões sobre a hierarquia desses dis-
dizia que a “justiça tardia não é justiça, senão injus- positivos, com a Emenda Constitucional nº 45, de 2004,
tiça qualificada e manifesta”. Assim, é fundamental a as normas de tratados internacionais sobre direitos
garantia da razoável duração do processo, de forma a humanos passaram a ser reconhecidas como normas
evitar que direitos se percam no transcorrer proces- de hierarquia constitucional — porém, somente se
sual pela demora do Judiciário. aprovadas pelas duas casas do Congresso, por 3/5 de
seus membros em dois turnos de votação.
Proteção de Dados Pessoais
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal
Art. 5º […] Internacional
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito
à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios Art. 5º […]
digitais. § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
A Emenda Constitucional nº 115, de 10 de fevereiro tado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional
de 2022, adicionou o inciso LXXIX, ao art. 5º, da Cons- nº 45, de 2004).
tituição Cidadã. A partir deste, a proteção de dados
pessoais passou a incluir os direitos e garantias fun- O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição
damentais. Quanto a esse tema, cabe ressaltar que a do Tribunal Penal Internacional (TPI), também conhe-
competência para legislar sobre a proteção e o trata- cido por Corte ou Tribunal de Haia, instituído pelo
mento de dados pessoais é privativa da União. Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho de 2002
pelo Brasil. A Emenda Constitucional nº 45, de 2004,
Aplicabilidade das Normas de Direitos e Garantias
deu a esta adesão força constitucional. O objetivo do
Fundamentais
TPI é identificar e punir autores de crimes contra
Art. 5º […]
a humanidade.
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata. DIREITOS SOCIAIS
NOÇÕES DE DIREITO
Assim, todas as normas relativas aos direitos e Os direitos sociais têm previsão do art. 6º ao art.
garantias fundamentais são autoaplicáveis. 11, da Constituição, e também podem ser encontrados
no Título VIII, da Constituição Federal, que trata da
z Rol Exemplificativo ordem social.
São direitos que pertencem à segunda geração dos
Art. 5º […] direitos fundamentais, ou seja, da dimensão que tra-
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Cons- ta dos direitos da democracia e informação, e alguns
tituição não excluem outros decorrentes do regime doutrinadores também os chamam de liberdades
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados positivas, quando o Estado precisa deixar de ser omis-
internacionais em que a República Federativa do so com o objetivo de assegurar uma compensação
Brasil seja parte. resultante da desigualdade entre as pessoas. 111
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Os direitos sociais exigem uma atuação do Estado trabalhador — este, parte hipossuficiente da relação
em face da desigualdade social e têm aplicabilidade trabalhista.
imediata. Nesse sentido, com o objetivo de garantir a Após longo período de exploração do trabalho
igualdade formal (ou também chamada de igualdade escravo e a posterior propagação do trabalho livre,
jurídica, conforme prevê a CF, de 1988, significa que passou-se, cada vez mais, de acordo com as circuns-
todos devem ser tratados da mesma forma). tâncias dos novos modelos econômicos, a surgir uma
Ainda, a Constituição dividiu os direitos sociais em certa preocupação com a proteção do trabalho. Nesse
três espécies: ínterim, desenvolveram-se movimentos classistas que
culminaram, por exemplo, na luta pela liberdade de
z direitos sociais destinados a toda sociedade (art. associação e criação de algumas normas trabalhistas.
6º, da CF); À vista disso, em 1930, Getúlio Vargas criou o
z direitos sociais para os trabalhadores (art. 7º, da Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, promo-
CF); vendo, nos anos seguintes, a edição de vários decretos
z direitos sociais coletivos dos trabalhadores (art. 8º de caráter trabalhista que, dentre outros, deram início
ao art. 11, da CF). ao chamado “constitucionalismo social”. Atualmente,
em nossa Constituição, são contemplados todos os
Direitos Sociais Destinados a Toda Sociedade principais direitos e garantias trabalhistas que, dada
a sua importância, não podem ser abolidos nem por
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú- meio de emendas constitucionais.
de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o É através do trabalho que o homem pode contri-
transporte, o lazer, a segurança, a previdência buir para com a sociedade. O direito ao trabalho é,
social, a proteção à maternidade e à infância, portanto, o maior mecanismo de inclusão social da
a assistência aos desamparados, na forma des- pessoa humana, inserindo o homem na vida social de
ta Constituição. maneira participativa. O trabalho faz com que a pes-
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vul- soa seja vista pelo que produz e tem sido a forma mais
nerabilidade social terá direito a uma renda básica eficaz de assegurar à pessoa humana não apenas a
familiar, garantida pelo poder público em programa sua subsistência, mas, também, a manutenção de sua
permanente de transferência de renda, cujas normas
dignidade. Daí a importância da proteção dos direitos
e requisitos de acesso serão determinados em lei,
trabalhistas.
observada a legislação fiscal e orçamentária. (Incluí-
do pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de
É importante destacar que o parágrafo único, do
sua condição social:
art. 6º, foi incluído recentemente pela EC nº 114, de [...]
2021, estabelecendo que todo brasileiro em situação
de vulnerabilidade social terá direito a uma renda Proteção Contra Despedida Arbitrária ou Sem Justa
básica familiar. O trecho “cujas normas e requisitos Causa
de acesso serão determinados em lei”, estabelece que
esta é uma norma de eficácia limitada, pois depende
Art. 7º [...]
de regulamentação posterior. I - relação de emprego protegida contra despedida
Trata-se, portanto, de direitos garantidos para toda arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
a sociedade brasileira, com exceção, por exemplo, da complementar, que preverá indenização compensa-
previdência social — neste caso, só terá benefício tória, dentre outros direitos;
quem for contribuinte e preencher todos os requisitos
legais exigidos. Pelos princípios da proteção e da continuidade das
relações laborais, os contratos de trabalho, em regra,
z Direito à Propriedade x Direito à Moradia são feitos por prazo indeterminado e protegidos con-
tra despedida arbitrária ou sem justa causa. Assim,
Durante a prova, cuidado! Direito de propriedade este inciso estabelece a indenização para dispensa
é um direito individual, conforme já estudado neste arbitrária. Destarte, na hipótese de dispensa arbi-
material; já o direito à moradia é um direito social, trária, haverá uma indenização compensatória que,
localizado no caput, do art. 6º, da CF, de 1988. de acordo com o entendimento majoritário, diz res-
peito à multa complementar de 40% sobre o saldo do
z Direito à Segurança, Localizado no Art. 5º fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS).
(Direito Individual) e Art. 6º (Direito Social) —
Entenda a Diferença Seguro-Desemprego
o tempo de serviço do trabalhador nos 36 meses que dor, regida pela Lei nº 8.036, de 1990.
antecederam a data de dispensa que originou o reque-
rimento do seguro-desemprego, vedado o cômputo de Salário Mínimo
vínculos empregatícios utilizados em períodos aquisi-
tivos anteriores. Art. 7º [...]
Assim, o número de parcelas a receber será deter- IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
minado de acordo com o tempo de serviço efetivo do unificado, capaz de atender a suas necessidades
trabalhador, não só do último vínculo empregatício, vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
mas de todos os vínculos dos últimos 36 meses que mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
antecederam o requerimento e que não tenham sido ne, transporte e previdência social, com reajustes
utilizados ou computados para solicitações anterio- periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
res, conforme a tabela a seguir: sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 113
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O salário mínimo é uma importante garantia Assim, é garantida, ao trabalhador, a remuneração do
constitucional. Seu valor, em 2020, correspondia a R$ trabalho noturno superior à do diurno.
1.045. Importante mencionar que esse valor mínimo é Para tais fins, considera-se trabalho noturno:
o estabelecido para jornada padrão de 44 horas sema-
nais, podendo ser proporcional, em caso de jornada z o desempenhado entre as 22h de um dia até as 5h
inferior. do dia seguinte para trabalhadores urbanos;
z o desempenhado entre as 21h de um dia até as 5h
Piso Salarial do dia seguinte, para os trabalhadores rurais, das
atividades de plantio e colheita;
Art. 7º [...] z o desempenhado entre as 20h de um dia até as 4h
V - piso salarial proporcional à extensão e à com- do dia seguinte, para os trabalhadores rurais da
plexidade do trabalho; atividade pecuária.
O piso salarial corresponde ao menor salário que Nos termos da CLT, o adicional noturno correspon-
determinada categoria profissional pode receber pela de a 20% a mais sobre a hora diurna trabalhada para
sua jornada de trabalho, considerando a extensão e
os trabalhadores urbanos e 25% para os trabalhado-
complexidade do trabalho desenvolvido e devendo
res rurais.
ser sempre superior ao salário mínimo nacional.
Proteção do Salário Contra Retenção Dolosa
Irredutibilidade do Salário
Art. 7º [...]
Art. 7º [...]
X - proteção do salário na forma da lei, constituin-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
do crime sua retenção dolosa;
convenção ou acordo coletivo;
O pagamento de horas extras caracteriza-se pela Com vias a garantir a isonomia de condições labo-
remuneração superior em, no mínimo, 50% das horas rais, a proteção ao trabalho da mulher é questão de
trabalhadas, além da jornada diária — lembrando ordem pública. Assim, são vedadas diferenciações
que a legislação trabalhista permite o excedente em arbitrárias, salvo quando a natureza da atividade,
apenas duas horas extraordinárias diárias, totali- pública ou notoriamente, o exigir.
zando 10 horas diárias trabalhadas, salvo condições Ademais, são vedadas as diferenciações em razão
excepcionais. É lícita também a compensação de jor- do gênero para fins de remuneração, formação profis-
nada (banco de horas), quando, ao invés de receber sional e possibilidades de ascensão. A proteção à gra-
o acréscimo salarial que lhe é devido, o trabalhador videz e a proibição de revistas íntimas ou de práticas
NOÇÕES DE DIREITO
passa a ter direito a usufruir a compensação das que venham a ferir a dignidade feminina são alguns
horas excedentes em períodos de folga para descanso dos exemplos de medidas de proteção do mercado de
e lazer, mediante o cumprimento de alguns requisitos trabalho da mulher.
legais pela empregadora.
Aviso Prévio
Férias Remuneradas
Art. 7º [...]
Art. 7º [...] XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de servi-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo ço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da
menos, um terço a mais do que o salário normal; lei;
115
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Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste z inflamáveis;
na comunicação da rescisão do contrato de trabalho z explosivos;
por uma das partes, empregador ou empregado, com z energia elétrica;
a antecedência mínima de 30 dias. O aviso prévio z segurança pessoal ou patrimonial com o uso de
pode ser trabalhado ou indenizado quando concedido motocicleta, entre outros.
por qualquer uma das partes.
O adicional de periculosidade é correspondente a
Redução dos Riscos do Trabalho 30% do salário-base.
Atenção! A insalubridade é diferente da peri-
Art. 7º [...] culosidade e os adicionais não são cumulativos. Em
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por síntese, na insalubridade, a saúde do trabalhador é
meio de normas de saúde, higiene e segurança; constantemente afetada por agentes físicos, químicos
ou biológicos. Na periculosidade, por sua vez, o ris-
É dever da empregadora a redução dos riscos ine- co à vida é acentuado em virtude da exposição per-
rentes às atividades desempenhadas por seus colabo- manente do trabalhador a situações de perigo. Em
radores, através do cumprimento de todas as normas alguns casos, a insalubridade e a periculosidade
regulamentadoras de saúde, higiene e segurança, bem podem ser eliminadas ou parcialmente afastadas pelo
como do fornecimento de equipamentos de proteção uso de equipamentos de proteção adequados
individual e da exigência da execução de todas as nor-
mas da empresa por seus funcionários, sob pena de Aposentadoria
justa causa.
Art. 7º [...]
Adicional por Atividades Penosas, Insalubres ou XXIV - aposentadoria;
Perigosas
Mais do que o sonho da maioria dos brasileiros,
Art. 7º [...] a aposentadoria é um benefício garantido constitu-
XXIII - adicional de remuneração para as ativida- cionalmente e concedido pela previdência social ao
des penosas, insalubres ou perigosas, na forma da trabalhador segurado da previdência que preencher
lei; os requisitos legais para sua concessão. De forma bre-
ve, a aposentadoria consiste na prestação pecuniária
O trabalho penoso é aquele considerado extrema- recebida mensalmente pelo aposentado, calculada
mente desgastante para a pessoa humana, pois o tra- conforme suas contribuições à previdência ao longo
balhador depreende um esforço além do normal para de toda a sua vida laboral.
o desempenho de suas atividades, as quais, por sua
própria natureza ou em razão de fatores ambientais, Assistência aos Filhos Pequenos
provocam acentuado desgaste, com sobrecarga física
e psíquica para o trabalhador. São exemplos de ativi- Art. 7º [...]
dades penosas: XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda
z cortar cana;
Constitucional nº 53, de 2006).
z colher café;
z carregar e descarregar objetos;
A Constituição Federal, com vistas à proteção do
z esforços repetitivos etc.
trabalho dos genitores de filhos e dependentes peque-
nos, garante assistência gratuita para o cuidado com
Apesar de sua previsão na Constituição Federal, a os últimos. Entretanto, tal dispositivo ainda depende
percepção de um adicional pelo trabalho penoso não de regulamentação para o seu pleno exercício.
está regulamentada e quase não ocorre na prática
laboral, podendo ser reconhecida em caso de deman- Reconhecimento das Convenções e Acordos
da judicial. Coletivos de Trabalho
O trabalho insalubre, por sua vez, define-se como
aquele no qual o empregado, no exercício de suas ati- Art. 7º [...]
vidades, expõe-se a qualquer agente físico, químico XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
ou biológico, nocivo à saúde, e que, com o passar do coletivos de trabalho;
tempo, pode ocasionar uma doença ocupacional.
O adicional de insalubridade pode variar entre: Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu
as convenções e acordos coletivos feitos conforme o
z 10% em grau mínimo; texto constitucional como instrumentos com força de
z 20% em grau médio; lei entre as partes. A reforma trabalhista reforçou a
z 40% em grau máximo de exposição, calculado regra do “negociado sobre o legislado”, isto é, a con-
sobre o salário mínimo, nos termos da lei. cepção de que a negociação pode estar acima da lei
em determinadas situações.
São exemplos de atividades insalubres as exerci-
das por profissionais da saúde, radiologistas, minera- Proteção em Face da Automação
dores, entre outros.
Por fim, o trabalho perigoso é aquele que envol- Art. 7º [...]
ve constante risco à integridade física do trabalhador. XXVII - proteção em face da automação, na forma
116 São exemplos as atividades profissionais com: da lei;
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A proteção em face da automação consiste na sal- Trabalho do Menor
vaguarda da classe trabalhadora do desemprego pela
automação abusiva, bem como da garantia efetiva à Art. 7º [...]
saúde e à segurança no meio ambiente de trabalho XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
automatizado. insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
Seguro Contra Acidentes de Trabalho de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
Art. 7º [...]
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a Com vias a combater a exploração infantil e pro-
cargo do empregador, sem excluir a indenização a mover o acesso à educação, é vedado o exercício de
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou atividade laboral ao menor de 14 anos.
culpa;
As entidades sindicais possuem a denominada Por fim, o parágrafo único estabelece que essas
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e
melhores condições e direitos aos trabalhadores, o de pescadores.
inciso IV estabelece como obrigatória a participação Passaremos então a estudar o artigo 9º da Consti-
dos sindicatos nas negociações coletivas. tuição Federal, o qual irá dispor acerca do direito de
Assim, o referido dispositivo consagra o princípio greve. Assim, Preliminarmente cumpre trazermos o
chamado de interveniência sindical na normatização conceito de greve, que nada mais é que a uma forma
coletiva, segundo o qual elenca que para que tenha de suspensão do contrato de trabalho, em que os tra-
validade jurídica a negociação coletiva de trabalho é balhadores pressionam o empregador para a obten-
imprescindível (obrigatória) a participação das enti- ção de melhorias em suas condições trabalhistas.
dades sindicais, de forma a garantir segurança jurídi-
ca para as partes. 119
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Neste sentido, vejamos o dispositivo: O direito de associação sindical tem relação com
o princípio da liberdade de associação. O direito de
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo greve, citado no art. 9º, não é o mesmo direito de gre-
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de ve assegurado ao servidor público no art. 37, da CF,
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio ou seja, a greve mencionada no art. 9º é autoaplicável
dele defender. (norma de eficácia contida) — não precisa de lei para
[…]
regulamentar o direito de greve. Já sobre o direito de
representação, fique atento com os números também,
Inicialmente, há de se esclarecer que a expressão
como, por exemplo, no art. 11, da CF.
“trabalhadores” se refere aos empregados da iniciati-
va privada, geralmente regidos pela CLT. Em síntese,
NACIONALIDADE
greve é a suspensão temporária das atividades labo-
rais desenvolvidas e tem como causa o interesse dos
trabalhadores. A nacionalidade é a condição de sujeito que, por
Ademais, salienta-se, conforme já cobrado em ser natural do Estado, pode participar dos atos perti-
prova, que a greve, apesar de ser um direito social nentes à nação.
conferido ao trabalhador, não depende de específica A atribuição da nacionalidade se dá por dois
prestação estatal para que seja exercida. critérios:
nalidade derivado. Com outras palavras, trata-se de b) revogada. (Redação dada pela Emenda Constitu-
uma forma de aquisição secundária da nacionalidade cional nº 131, de 2023)
brasileira permitida ao estrangeiro ou apátrida6 que § 5º A renúncia da nacionalidade, nos termos
preencher os requisitos necessários. do inciso II do § 4º deste artigo, não impede o
A Lei nº 13.445, de 2017, que institui a Lei de Migra- interessado de readquirir sua nacionalidade bra-
ção, trata de diversas questões acerca da nacionalida- sileira originária, nos termos da lei. (Incluído pela
de e do processo de naturalização. Emenda Constitucional nº 131, de 2023)
Extradição, Repatriação, Deportação e Expulsão O art. 50, da Lei nº 13.455, de 2017 (Lei de Migra-
ção), aduz que a deportação é medida decorrente de
Extradição, repatriação, deportação e expulsão procedimento administrativo que consiste na retirada
são medidas, instrumentos do Estado soberano, para compulsória de pessoa que se encontre em situação
enviar uma pessoa que se encontra refugiada em seu migratória irregular em território nacional.
território a outro Estado estrangeiro. A repatriação, por último:
Importante frisar que o brasileiro nato não pode
ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao Ocorre quando o clandestino é impedido de ingres-
TPI, sendo que podem ser entregues a este tribunal os sar em território nacional pela fiscalização fron-
teiriça e aeroportuária brasileira. A repatriação
brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros.
ocorre a expensas da transportadora ou da pessoa
Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Inter-
responsável pelo transporte do estrangeiro para o
nacional, em seu art. 102, Decreto-Lei nº 4.388, de Brasil. É repatriado o estrangeiro indocumentado
2002, define a diferença entre a entrega e a extradi- ou que não possui visto para ingressar no País ou
ção. Vejamos: aquele que apresenta visto divergente da finalidade
para a qual veio ao Brasil.
z por “entrega” entende-se a entrega de uma pessoa
por um Estado ao tribunal nos termos do presente O art. 49, da Lei nº 13.455, de 2017 (Lei de Migração),
estatuto; aduz que a repatriação consiste em medida adminis-
z por “extradição” entende-se a entrega de uma trativa de devolução de pessoa em situação de impe-
pessoa por um Estado a outro Estado, conforme dimento ao país de procedência ou de nacionalidade.
previsto em um tratado, em uma convenção ou no Atenção! A diferença essencial entre as duas medi-
direito interno. das de retirada compulsória do estrangeiro, deporta-
ção e repatriação, dá-se com relação ao momento em
Extradição que ocorrem. A repatriação ocorre no momento da
chegada do estrangeiro que, impedido de ingressar
Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país) em território nacional, deve retornar ao país de ori-
de pessoa acusada de delito ou já condenada. Note gem ou nacionalidade. Na deportação, por sua vez, o
que, conforme a Súmula nº 421, do STF, não há impe- estrangeiro já se encontra em território nacional.
dimento à extradição o fato de o extraditado ser casa-
do com brasileiro ou ter filho brasileiro. Expulsão
Conforme prevê o inciso XV, art. 22, da CF, compete
à União legislar sobre extradição. Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo
A Constituição brasileira também dispõe, no inciso coativo, por infração ou ato que o torne inconveniente
LI, do art. 5º, que à defesa e à conservação da ordem interna do Estado.
Neste caso, a União é responsável por legislar
Art. 5º […] sobre expulsão, inciso XV, art. 22, da CF.
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife-
naturalizado, em caso de crime comum, praticado rente da extradição, a expulsão não será admitida
antes da naturalização, ou de comprovado envolvi- quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde
mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas que não esteja divorciado ou separado de fato) e o
afins, na forma da lei; casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos,
ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob
122 sua guarda e dependência econômica.
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A expulsão define-se enquanto medida administra- I - plebiscito;
tiva de retirada compulsória de migrante ou visitante II - referendo;
do território nacional, conjugada com o impedimento III - iniciativa popular
de reingresso por prazo determinado. Este, configura-
do pela prática de crimes em território brasileiro. A seguir, apresentam-se as definições de alguns
O banimento, entrega de um brasileiro para julga- conceitos muito importantes para as provas. Vejamos.
mento no exterior, prática comum na época da dita-
dura militar, é vedado pela Constituição. z Sufrágio universal: direito subjetivo, instrumen-
talizado e exteriorizado por intermédio do voto
Deportação ou pela capacidade de ser votado. Desta maneira,
tem-se que o sufrágio é a capacidade eleitoral ativa
Nesse caso, se refere ao estrangeiro que ingres- somada à capacidade eleitoral passiva;
sou ou permaneceu de forma irregular no território z Plebiscito: forma de consulta ao povo acerca de
nacional, ou seja, é a devolução do estrangeiro por determinado tema de grande relevância. Difere-
entrar no Brasil de forma irregular. Assim, não há -se do referendo quanto ao momento da consulta.
deportação de brasileiros no Brasil (inciso XV, art. 5º, Aqui, a consulta se dá previamente à expedição de
da CF). determinado ato legislativo ou administrativo;
Note que a deportação não tem relação com a prá- z Referendo: assim como o plebiscito, o referendo é
tica do estrangeiro em território brasileiro, mas, sim, uma consulta, porém é realizado posteriormente à
do não cumprimento dos requisitos legais para sua
edição do ato legislativo ou administrativo. Assim,
entrada.
o povo tem o condão de aprovar ou desaprovar o
Além disso, não existe mais o instituto do banimen-
ato;
to, que era o envio compulsório de brasileiros para o
z Iniciativa popular: direito de uma parcela da
exterior. Observe, também, que há vedação constitu-
população (1% do eleitorado) apresentar, ao Poder
cional de seu restabelecimento no inciso XLVII-d, art.
5º, da CF. Legislativo, um projeto de lei que deverá ser exa-
minado e votado. Os eleitores também podem usar
Idioma e Símbolos Nacionais deste instrumento em nível estadual e municipal.
Para que um projeto de lei de iniciativa popular
Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial da possa tramitar no Legislativo, este precisa atender
República Federativa do Brasil. aos seguintes requisitos:
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. assinatura de 1% do eleitorado brasileiro;
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuir o apoio de pelo menos cinco estados
poderão ter símbolos próprios. brasileiros, manifestando cada um deles no
mínimo por 0,3% dos eleitores;
DIREITOS POLÍTICOS ser referente a apenas um assunto, nos termos
do art. 13, da Lei n º 9.709, de 1998, que regula-
Os direitos políticos são medidas assecuratórias da menta os instrumentos de democracia semidi-
participação do indivíduo na vida política e estrutural reta previstos no art. 14, CF.
de seu próprio Estado, garantindo-lhe a possibilidade
de acesso à condução da coisa pública e à participação
na vida política. Assim, estes abrangem o poder que
Dica
qualquer cidadão tem na condução dos destinos de Muitas pessoas confundem o plebiscito com o
sua coletividade de uma forma direta ou indireta, ou referendo. Se este for o seu caso, tenha a ordem
seja, sendo eleitos ou elegendo representantes junto alfabética como referência — sabendo qual vem
aos poderes públicos.
antes, você saberá o momento da consulta em
relação à expedição do ato:
Cidadania
� Plebiscito: antes;
z Cidadania e Nacionalidade � Referendo: depois.
Atenção! O termo “nacional” difere-se do ter- Direitos Políticos Ativos: Alistamento Eleitoral
mo “cidadão”. Logo, “cidadania” é diferente de
“nacionalidade”. Os direitos políticos ativos consistem na capacida-
A condição de nacional é um pressuposto para a de de de votar, participar de plebiscito e referendo, subs-
NOÇÕES DE DIREITO
cidadão. A cidadania, em sentido estrito, é o status de crever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, poder ação popular. Dá-se através do alistamento eleitoral.
participar do processo governamental, sobretudo Vejamos o que os §§ 1º e 2º, do art. 14, informam acer-
pelo voto. Assim, a nacionalidade é condição necessá- ca da temática:
ria, mas não suficiente, da cidadania.
Vejamos o que dispõe o art. 14 acerca do exercício § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
da cidadania: I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
Art. 14 A soberania popular será exercida pelo a) os analfabetos;
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, b) os maiores de setenta anos;
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito
mediante: anos. 123
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§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estran- Art. 14 (CF) […]
geiros e, durante o período do serviço militar obri- § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
gatório, os conscritos. titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre-
A tabela abaixo apresenta, de forma clara e conci- sidente da República, de Governador de Estado ou
sa, o conteúdo do dispositivo. Observemos: Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
ALISTAMENTO ELEITORAL eletivo e candidato à reeleição.
Tenha em mente que, aqui, temos uma exceção Recusa de cumprir obrigação a
DIREITOS todos imposta ou prestação
quanto ao princípio da publicidade. Veja que as ações POLÍTICOS
de impugnação de mandato correrão em segredo de Incapacidade civil absoluta
justiça e, em caso de má-fé ou com o intuito temerário,
Condenação criminal transitada
o autor da ação responderá conforme a lei. Suspensão
em julgado
Recentemente, a Emenda Constitucional nº 111, de
2021, incluiu os §§ 12 e 13. Vejamos: Improbidade administrativa
Art. 14 (CF) […] Ademais, vejamos o que dispõe o art. 16, bastante
§ 12 Serão realizadas concomitantemente às eleições
discutido quando da propositura do projeto de lei que
municipais as consultas populares sobre questões
dispunha sobre o voto impresso. A discussão girava
locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e enca-
minhadas à Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias em torno da aplicação ou não das disposições em caso
antes da data das eleições, observados os limites ope- de aprovação.
racionais relativos ao número de quesitos. (Incluído Caso fosse aprovado antes de um ano das eleições,
pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021) seriam aplicadas às eleições de 2022; do contrário,
§ 13 As manifestações favoráveis e contrárias às não poderiam ser utilizadas, mesmo que aprovado.
questões submetidas às consultas populares nos
termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entra-
eleitorais, sem a utilização de propaganda gratui- rá em vigor na data de sua publicação, não se apli-
ta no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda cando à eleição que ocorra até um ano da data de
Constitucional nº 111, de 2021) sua vigência.
Art. 37 […]
Art. 37 […] § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri-
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
para ilícitos praticados por qualquer agente, tração direta e indireta que possibilite o acesso a
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, informações privilegiadas.
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de
conduta das autoridades da administração pública, de
Nos termos do § 5º, os prazos prescricionais e as
modo a tentar minimizar a possibilidade de conflito
ações de ressarcimento serão disciplinadas em lei. entre o interesse privado e o dever funcional. Ainda,
Vale lembrar que a lei que disciplina as regras apli- se objetiva a criação de mecanismos, a fim de regula-
cáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade mentar o acesso às informações.
administrativa é a Lei nº 8.429, de 1992.
Art. 37 […]
Art. 37 […] § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
financeira dos órgãos e entidades da admi-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e
nistração direta e indireta poderá ser amplia-
as de direito privado prestadoras de serviços
da mediante contrato, a ser firmado entre seus
públicos responderão pelos danos que seus administradores e o poder público, que tenha por
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, objeto a fixação de metas de desempenho para o
assegurado o direito de regresso contra o respon- órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
sável nos casos de dolo ou culpa. I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desem-
O § 6º trata da responsabilidade civil objetiva penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes;
do Estado, o que significa que o Estado é responsável
III - a remuneração do pessoal.
civilmente pelos atos praticados por seus agentes ou
pelos prestadores de serviço público de forma obje- O § 8º busca alcançar melhores resultados na
tiva, isto é, independentemente de culpa. Trata-se da administração pública por meio da criação de novos
chamada teoria do risco administrativo. instrumentos no âmbito do direito público, de modo
Portanto, o Estado é responsável quando um de seus a conferir maior autonomia ou estabelecer parcerias
agentes, no desempenho da função, gera dano a um ter- com entidades privadas sem fins lucrativos. Dessas
ceiro, independentemente da comprovação de dolo medidas, atente-se para o contrato de gestão.
Entende-se por contrato de gestão o contrato admi-
ou culpa, sendo necessário, apenas, demonstrar o nexo
nistrativo firmado pelo poder público na condição de
causal da atividade do agente e o dano de terceiro. contratante e entidade privada ou da administração
Cumpre mencionar, por necessário, que é possível indireta, no qual é instrumentalizada parceria.
ao Estado ingressar com ação regressiva para cobrar
do agente o valor que pagou a esse terceiro. No entanto, Art. 37 […]
ao contrário do que ocorre com o Estado, a responsabi- § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empre-
sas públicas e às sociedades de economia mis-
lidade do agente é subjetiva, ou seja, para que ele seja
ta, e suas subsidiárias, que receberem recursos
responsabilizado civilmente, é preciso demonstrar que da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
houve dolo ou culpa. Em relação a isso, vejamos, de for- Municípios para pagamento de despesas de pes-
132 ma simples o exposto no fluxograma a seguir: soal ou de custeio em geral.
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As regras com relação ao teto e subteto de remu- O § 11 traz uma regra com relação ao teto e subte-
neração são estendidas aos empregados das empresas to do funcionalismo público. Trata-se do não cômputo
públicas e sociedades de economia mista, bem como das verbas indenizatórias, tais como diárias, ajuda de
às suas subsidiárias. No entanto, conforme o dispos- custo, entre outras, no limite remuneratório.
to no § 9º, incidirá sobre as remunerações de direto-
res de empresas estatais que receberem recursos dos Art. 37 […]
entes da federação para pagamento de despesas de § 12 Para os fins do disposto no inciso XI do caput
pessoal ou de custeio em geral, como, por exemplo, deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
nos casos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesqui- Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
sa Agropecuária) e da Radiobras. respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
O modo pelo qual a Lei Complementar nº 101, de limite único, o subsídio mensal dos Desembarga-
2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), denomina as dores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
empresas públicas e sociedades de economia mista se
cento do subsídio mensal dos Ministros do Supre-
encaixa como “empresa estatal dependente”, expres-
mo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto
são disposta no § 9º.
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
Art. 37 […]
§ 10 É vedada a percepção simultânea de pro-
O dispositivo regulamenta a possibilidade de fixa-
ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40
ção do subteto de forma única. Nesse caso, o valor
ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de car-
go, emprego ou função pública, ressalvados os máximo da remuneração para todo e qualquer servi-
cargos acumuláveis na forma desta Constitui- dor corresponderá ao subsídio dos desembargadores
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão do Tribunal de Justiça, ficando de fora desse subteto
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. apenas o subsídio dos deputados e dos vereadores.
Vejamos a decisão do STF no julgamento da ADI
O § 10 veda a percepção simultânea de proventos 6.221 MC:
de aposentadoria com remuneração de cargo, empre-
go ou função pública, ressalvada a hipótese de cargos A faculdade conferida aos Estados para a regulação
acumuláveis, na forma da Constituição, cargos eleti- do teto aplicável a seus servidores (art. 37, § 12, da
vos e cargos em comissão. CF) não permite que a regulamentação editada com
fundamento nesse permissivo inove no tratamento
Esse dispositivo foi acrescentado pela Emenda
do teto dos servidores municipais, para quem o art.
Constitucional nº 20, de 1998, que também resguar-
37, XI, da CF, já estabelece um teto único.
dou o direito daqueles servidores aposentados que,
até a data da promulgação da emenda, retornaram à Art. 37 […]
atividade antes da proibição. § 13 O servidor público titular de cargo efetivo
poderá ser readaptado para exercício de cargo
cujas atribuições e responsabilidades sejam compa-
Importante! tíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
capacidade física ou mental, enquanto permanecer
A proibição aplica-se aos servidores públicos
nesta condição, desde que possua a habilitação
efetivos e aos militares, tanto das Forças Arma- e o nível de escolaridade exigidos para o cargo
das como das Polícias Militares e Corpos de de destino, mantida a remuneração do cargo de
Bombeiros Militares. origem.
que inacumuláveis os cargos. Em qualquer hipóte- do nessa situação até a ocorrência de vaga no cargo
se, é vedada a acumulação tríplice de remunera- compatível.
ções, sejam proventos, sejam vencimentos. (ARE
848.993 RG) Art. 37 […]
§ 14 A aposentadoria concedida com a utiliza-
Art. 37 […] ção de tempo de contribuição decorrente de
§ 11 Não serão computadas, para efeito dos limi- cargo, emprego ou função pública, inclusive do
tes remuneratórios de que trata o inciso XI do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
caput deste artigo, as parcelas de caráter inde- rompimento do vínculo que gerou o referido
nizatório previstas em lei. tempo de contribuição.
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O § 14 disciplina o rompimento do vínculo quando o agente público solicita aposentadoria e se utiliza do tem-
po de contribuição decorrente daquele cargo, emprego ou função pública. Assim, o servidor será desligado da
administração pública.
Neste sentido, o agente público que pretende se aposentar não poderá mais continuar a trabalhar no local em
que utilizou o tempo para comprovação de contribuição.
Art. 37 […]
§ 15 É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por morte a seus
dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que extinga
regime próprio de previdência social.
O § 15 proíbe toda espécie de complementação que não seja aquela decorrente de Regime de Previdência Com-
plementar, como, por exemplo, as complementações com base na Lei Estadual (São Paulo) nº 200, de 1974, pagas
a ex-empregados e a seus dependentes da Nossa Caixa, BANESPA, SABESP, VASP e FEPASA.
Art. 37 […]
§ 16 Os órgãos e entidades da administração pública, individual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das
políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados alcançados, na forma da lei.
O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021, e tem como objetivo aprimorar o mecanismo
de participação da sociedade na administração pública.
Art. 38 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada
a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será conta-
do para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente
federativo de origem.
O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional que
passar a desempenhar cargo eletivo, ou seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo.
Ao servidor público estadual, quando eleito para cargo eletivo federal, estadual e distrital, aplica-se a
seguinte regra: afastamento do cargo público estadual para se dedicar exclusivamente ao mandato, receben-
do obrigatoriamente a remuneração do cargo para o qual foi eleito.
Em contrapartida, quando o servidor público estadual é eleito para cargo eletivo municipal, podem ocorrer
duas situações distintas. Se o cargo é de prefeito, ele será afastado para dedicação exclusiva do cargo e pode
escolher entre a remuneração do cargo público ou do cargo eletivo.
Já se o cargo é de vereador, é necessário saber se há ou não compatibilidade de horário. Se houver compati-
bilidade de horários, ele não precisa se afastar, podendo exercer as duas atividades ao mesmo tempo, receben-
do pelos dois. Se não houver compatibilidade, aplica-se a mesma regra do prefeito, ou seja, será afastado para
dedicação exclusiva do cargo, podendo escolher entre a remuneração do cargo público ou do cargo eletivo.
Eleito para cargo federal, estadual ou distrital Eleito para cargo municipal
Prefeito Vereador
Para que a administração pública possa desempenhar suas atividades, ela necessita de pessoas que exerçam
as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de agentes públicos. A expressão agente público é utilizada como
gênero, designando toda e qualquer pessoa que exerça uma função pública, quer de forma remunerada ou gra-
tuita, quer de natureza política ou administrativa, quer com investidura definitiva ou transitória.
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Os agentes públicos dividem-se em quatro catego- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
rias, quais sejam: demais componentes do sistema remuneratório
observará:
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a
Agentes políticos complexidade dos cargos componentes de cada
carreira;
II - os requisitos para a investidura;
Servidores públicos III - as peculiaridades dos cargos.
AGENTES § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal
PÚBLICOS manterão escolas de governo para a formação
Particulares em
e o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
público
constituindo-se a participação nos cursos um
dos requisitos para a promoção na carreira,
Militares facultada, para isso, a celebração de convênios ou
contratos entre os entes federados.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de car-
Os agentes políticos são aqueles que exercem as go público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
típicas atividades de governo, ou seja, são responsá- XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
veis por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
tais como os chefes do Poder Executivo (presidente, de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
governador e prefeito e seus vices) e seus auxiliares § 4º O membro de Poder, o detentor de manda-
diretos (ministros e secretários) e os membros do to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá-
Poder Legislativo (senadores, deputados federais, rios Estaduais e Municipais serão remunerados
exclusivamente por subsídio fixado em parcela
deputados estaduais e vereadores).
única, vedado o acréscimo de qualquer gratifica-
Os particulares em colaboração com o poder
ção, adicional, abono, prêmio, verba de representa-
público são aqueles que prestam serviços ao Estado,
ção ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
porém sem vínculo estatutário ou celetista de tra- qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
balho, podendo ou não ter remuneração. Exemplo: § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal
jurados, mesários, notários e registradores (serviços e dos Municípios poderá estabelecer a relação
notariais). entre a maior e a menor remuneração dos ser-
Os servidores públicos civis dividem-se em: vidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
disposto no art. 37, XI.
z Servidores públicos estatutários: exercem cargo § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão publicarão anualmente os valores do subsí-
vinculados a um estatuto; dio e da remuneração dos cargos e empregos
z Empregados públicos: possuem emprego público públicos.
e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal
do Trabalho; e dos Municípios disciplinará a aplicação de
z Servidores temporários: categoria à parte, por- recursos orçamentários provenientes da eco-
que não titularizam cargo público nem possuem nomia com despesas correntes em cada órgão,
autarquia e fundação, para aplicação no desenvol-
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, como
vimento de programas de qualidade e produtivida-
os empregados públicos. São contratados por tem-
de, treinamento e desenvolvimento, modernização,
po determinado para atender à necessidade tem-
reaparelhamento e racionalização do serviço públi-
porária de excepcional interesse público por meio co, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
de um processo de seleção simplificado. Exercem produtividade.
funções públicas sem ocupar cargos ou empregos § 8º A remuneração dos servidores públicos
públicos e são regidos por regime especial, veicu- organizados em carreira poderá ser fixada nos
lado por meio de lei específica. termos do § 4º.
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de
Os servidores da administração pública direta, das caráter temporário ou vinculadas ao exercício
autarquias e das fundações públicas estão sujeitos ao de função de confiança ou de cargo em comis-
regime jurídico de direito público administrativo, são à remuneração do cargo efetivo.
instituído em lei, a qual também instituirá planos de
carreira. No que tange ao art. 39, a primeira observação a
O regime adotado é o estatutário. Não obstante, a ser feita é que o caput foi alterado pela Emenda Cons-
lei assegurará aos servidores isonomia de vencimen- titucional nº 19, de 1998. No entanto, como sua eficá-
tos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas cia se encontra suspensa devido à decisão do STF na
NOÇÕES DE DIREITO
do mesmo poder ou entre servidores dos Poderes Exe- ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra
cutivo, Legislativo e Judiciário, excetuadas as vanta- em vigor. Vejamos:
gens de caráter individual e as relativas à natureza ou
ao local de trabalho. Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
A partir do art. 39, da CF, de 1988, inicia-se o tema Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
quanto às regras aplicadas aos servidores públicos. cia, regime jurídico único e planos de carreira para
Vejamos o que dispõem esses artigos: os servidores da administração pública direta, das
autarquias e das fundações públicas.
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão conselho de política de admi- A CF, de 1988, estabelece regras para a fixação dos
nistração e remuneração de pessoal, integrado por padrões de vencimento e dos demais componen-
servidores designados pelos respectivos Poderes. tes do sistema remuneratório, que deverá observar: 135
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a natureza, o grau de responsabilidade e a comple- observados o tempo de contribuição e os demais
xidade dos cargos que compõem cada carreira; os requisitos estabelecidos em lei complementar do
requisitos para a investidura nos cargos e as demais respectivo ente federativo.
peculiaridades dos cargos.
Tais requisitos poderão influenciar na fixação dos O art. 40, da CF, de 1988, regulamenta o Regime
vencimentos e dependem de aprovação de lei espe- Previdenciário Próprio de Previdência Social
cífica, assim como para o seu aumento, alteração ou (RPPS). Em síntese, o sistema previdenciário do ser-
criação de nova vantagem pecuniária. vidor público foi alterado com a EC nº 103, de 2019, da
Por lei, também serão estabelecidos os reajustes seguinte forma:
diferenciados para corrigir equívocos, como no caso
de servidores que desempenham atividades seme- z Desconstitucionalização das regras de previdência,
lhantes, mas percebem valores muito diferentes. de modo que vários regramentos sobre aposenta-
Salienta-se que a revisão geral da remuneração dos doria e pensão passaram a ser de competência de
servidores públicos, sem distinção de índices entre lei infraconstitucional;
civis e militares, será feita. z Nova mudança no cálculo da pensão;
Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do z Maior aproximação do RGPS (Regime Geral de Pre-
profissional, o dispositivo estabelece a realização de vidência Social) e RPPS;
cursos oficiais como requisito obrigatório para promo- z Modificações no abono de permanência;
ção na carreira, sendo facultada, para tanto, a celebra- z Previsão de readaptação antes de aposentadoria
ção de convênios com os demais entes da federação. por incapacidade permanente;
Outra regra de extrema importância é a que z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de man-
assegura ao servidor público civil da administração dato eletivo nas regras do RGPS;
pública direta, autárquica e fundacional os direitos z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de
previstos nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, contribuição;
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º, da CF, z Regras especiais para carreiras policiais previstas
de 1988, e aos direitos que, nos termos da lei, visem à na CF.
melhoria de sua condição social e da produtividade
e da eficiência no serviço público, em especial o prê- Art. 40 […]
mio por produtividade e o adicional de desempenho. § 2º Os proventos de aposentadoria não pode-
Atente-se aos limites de remuneração de rão ser inferiores ao valor mínimo a que se refe-
servidores: re o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo
estabelecido para o Regime Geral de Previdência
z Mínimo: salário mínimo; Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16.
z Máximo: vide inciso XI, art. 37, da CF (EC nº 41, de § 3º As regras para cálculo de proventos de
2003). aposentadoria serão disciplinadas em lei do res-
pectivo ente federativo.
É importante conhecer o texto da Súmula Vincu- § 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité-
lante nº 6, do STF: rios diferenciados para concessão de benefícios
em regime próprio de previdência social, ressalva-
Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
o estabelecimento de remuneração inferior ao salá- § 4º-A Poderão ser estabelecidos por lei comple-
rio mínimo para as praças prestadoras de serviço mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
militar inicial. de contribuição diferenciados para aposentadoria
de servidores com deficiência, previamente sub-
Art. 40 O regime próprio de previdência social metidos a avaliação biopsicossocial realizada por
dos servidores titulares de cargos efetivos terá equipe multiprofissional e interdisciplinar.
caráter contributivo e solidário, mediante contri- § 4º-B Poderão ser estabelecidos por lei comple-
buição do respectivo ente federativo, de servidores mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
ativos, de aposentados e de pensionistas, observa- de contribuição diferenciados para aposentadoria
dos critérios que preservem o equilíbrio financeiro de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de
e atuarial. agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso
previdência social será aposentado: XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput
I - por incapacidade permanente para o tra- do art. 144.
balho, no cargo em que estiver investido, quando § 4º-C Poderão ser estabelecidos por lei comple-
insuscetível de readaptação, hipótese em que será mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
obrigatória a realização de avaliações periódicas de contribuição diferenciados para aposentadoria
para verificação da continuidade das condições que de servidores cujas atividades sejam exercidas com
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
de lei do respectivo ente federativo; lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
II - compulsoriamente, com proventos propor- agentes, vedada a caracterização por categoria
cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) profissional ou ocupação.
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
idade, na forma de lei complementar; mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) idades decorrentes da aplicação do disposto no
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo
cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito de efetivo exercício das funções de magistério na
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, educação infantil e no ensino fundamental e médio
na idade mínima estabelecida mediante emen- fixado em lei complementar do respectivo ente
136 da às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, federativo.
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§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos § 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é total dos proventos de inatividade, inclusive quando
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
à conta de regime próprio de previdência social, públicos, bem como de outras atividades sujeitas
aplicando-se outras vedações, regras e condições a contribuição para o regime geral de previdência
para a acumulação de benefícios previdenciários social, e ao montante resultante da adição de pro-
estabelecidas no Regime Geral de Previdência ventos de inatividade com remuneração de cargo
Social. acumulável na forma desta Constituição, cargo em
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
quando se tratar da única fonte de renda formal neração, e de cargo eletivo.
auferida pelo dependente, o benefício de pensão § 12 Além do disposto neste artigo, serão
por morte será concedido nos termos de lei do observados, em regime próprio de previdência
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma social, no que couber, os requisitos e critérios
diferenciada a hipótese de morte dos servidores de fixados para o Regime Geral de Previdência Social.
que trata o § 4º-B decorrente de agressão sofrida no § 13 Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi-
exercício ou em razão da função. vamente, de cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem-
porário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego
No que tange à aposentadoria, suas modalidades
público, o Regime Geral de Previdência Social.
são:
§ 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, por lei de iniciativa do res-
z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea pectivo Poder Executivo, regime de previdência
vontade, desde que cumpridos os requisitos dis- complementar para servidores públicos ocupantes
postos a seguir: de cargo efetivo, observado o limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social
para o valor das aposentadorias e das pensões em
HOMEM MULHER regime próprio de previdência social, ressalvado o
IDADE 65 anos 62 anos disposto no § 16.
§ 15 O regime de previdência complementar de que
TEMPO DE 25 anos 25 anos trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente
CONTRIBUIÇÃO na modalidade contribuição definida, observará o
disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio
TEMPO NO SERVIÇO 10 anos 10 anos de entidade fechada de previdência complementar
PÚBLICO ou de entidade aberta de previdência complementar.
Art. 40 [...]
§ 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção,
Art. 40 […] o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefí- servidor que tiver ingressado no serviço público até
cios para preservar-lhes, em caráter permanente, o a data da publicação do ato de instituição do cor-
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. respondente regime de previdência complementar.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, § 17 Todos os valores de remuneração considerados
distrital ou municipal será contado para fins para o cálculo do benefício previsto no § 3º serão
de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º devidamente atualizados, na forma da lei.
e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspon- § 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de
dente será contado para fins de disponibilidade. aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de que trata este artigo que superem o limite
de contagem de tempo de contribuição fictício. máximo estabelecido para os benefícios do regime 137
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geral de previdência social de que trata o art. 201, I - em virtude de sentença judicial transitada
com percentual igual ao estabelecido para os servi- em julgado;
dores titulares de cargos efetivos. II - mediante processo administrativo em que lhe
§ 19 Observados critérios a serem estabelecidos em seja assegurada ampla defesa;
lei do respectivo ente federativo, o servidor titular III - mediante procedimento de avaliação perió-
de cargo efetivo que tenha completado as exigên- dica de desempenho, na forma de lei complemen-
cias para a aposentadoria voluntária e que opte tar, assegurada ampla defesa.
por permanecer em atividade poderá fazer jus a um § 2º Invalidada por sentença judicial a demis-
abono de permanência equivalente, no máximo, ao são do servidor estável, será ele reintegrado, e o
valor da sua contribuição previdenciária, até com- eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi-
pletar a idade para aposentadoria compulsória. do ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponi-
Além disso, a constituição federal estabelece que bilidade com remuneração proporcional ao tempo
de serviço.
será vedado mais de um regime próprio de previdên-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne-
cia, vejamos as disposições pertinentes:
cessidade, o servidor estável ficará em disponi-
bilidade, com remuneração proporcional ao
Art. 40 [...] tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
§ 20 É vedada a existência de mais de um regime mento em outro cargo.
próprio de previdência social e de mais de um órgão § 4º Como condição para a aquisição da esta-
ou entidade gestora desse regime em cada ente bilidade, é obrigatória a avaliação especial de
federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e desempenho por comissão instituída para essa
entidades autárquicas e fundacionais, que serão finalidade.
responsáveis pelo seu financiamento, observados
os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica Por fim, o art. 41, da CF, de 1988, trata da estabi-
definidos na lei complementar de que trata o § 22. lidade, que prevê a regra de que a estabilidade é
§ 21 (Revogado).
adquirida após três anos de efetivo exercício. Tra-
§ 22 Vedada a instituição de novos regimes pró-
ta-se de uma garantia constitucional de permanência
prios de previdência social, lei complementar
no serviço público outorgada ao servidor aprovado
federal estabelecerá, para os que já existam, nor-
em concurso público e nomeado a cargo de provimen-
mas gerais de organização, de funcionamento e de
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre to efetivo que tenha transposto o período de estágio
outros aspectos, sobre: probatório e sido aprovado na avaliação especial de
I - requisitos para sua extinção e consequente desempenho. Uma vez efetivo, o servidor só perderá
migração para o Regime Geral de Previdência o cargo em três hipóteses: sentença judicial transi-
Social; tada em julgado; processo administrativo e procedi-
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili- mento de avaliação periódica de desempenho.
zação dos recursos; Assim, para a contratação de pessoal na admi-
III - fiscalização pela União e controle externo e nistração pública, é realizado concurso público para
social; preenchimento de cargos públicos. Com isso, a pessoa
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; que foi aprovada dentro do número de vagas previs-
V - condições para instituição do fundo com finali- tas no certame tem o direito de ser nomeada para o
dade previdenciária de que trata o art. 249 e para cargo público. Com a nomeação, essa pessoa assina o
vinculação a ele dos recursos provenientes de con- termo de posse e pode, a partir de então, exercer efeti-
tribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer vamente o cargo público.
natureza; Nos primeiros três anos de exercício, esse servi-
VI - mecanismos de equacionamento do deficit dor passa por um período de avaliação. Trata-se do
atuarial; estágio probatório, ou seja, um período durante o qual
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do será analisado seu desempenho funcional. Completa-
regime, observados os princípios relacionados com dos três anos de serviço público e tendo sido aprovado
governança, controle interno e transparência; no estágio probatório, o servidor adquire a denomina-
VIII - condições e hipóteses para responsabilização da estabilidade.
daqueles que desempenhem atribuições relacio- O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de
nadas, direta ou indiretamente, com a gestão do
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão
regime;
judicial, do servidor público ilegalmente desligado
IX - condições para adesão a consórcio público;
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e
transformação. Salienta-se que ele fará jus ao rece-
definição de alíquota de contribuições ordinárias e
extraordinárias.
bimento de todas as vantagens que teria auferido no
período em que ficou desligado, inclusive das promo-
ções por antiguidade que teria conquistado.
Assim, nota-se a preocupação do constituinte em
definir parâmetros e diretrizes para assegurar o regi-
me de previdência aos servidores públicos. Ademais, é
também garantido pela constituição federal a estabili-
Importante!
dade aos concursados, após três anos do exercício efe- É possível, também, que decisão administrativa
tivo do cargo, conforme elenca o artigo 41, vejamos: invalide a demissão.
um conceito, determinar sua natureza, estabelecer ficado. A matéria encontra-se de um modo muito mais
seu objeto, e também as fontes de onde se origina. amplo. É possível verificar normas administrativas
A doutrina possui divergências quanto ao concei- presentes, como exemplos, na Constituição Federal
to de direito administrativo. Enquanto uma corrente de 1988, em seu art. 37, que estabelece os membros
doutrinária define direito administrativo tendo como da Administração Pública e seus princípios; na Lei nº
base a ideia de função administrativa, outros prefe- 8.666, de 1993, que dispõe sobre normas de licitações
rem destacar o objeto desse ramo jurídico, isto é, o e contratos administrativos; na Lei nº 8.987, de 1995,
Estado, a figura pública composta por seus órgãos e que regulamenta as concessões e permissões de ser-
agentes. Há também uma terceira corrente de dou- viços públicos para entidades privadas; entre outros.
trinadores que, ao conceituar direito administrativo, É costume dividir as fontes de direito administrati-
destacam as relações jurídicas estabelecidas entre as vo em fontes primárias e fontes secundárias. As fontes
pessoas e os órgãos do Estado. primárias são aquelas de caráter principal, capazes de 139
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originar normas jurídicas por si só. Já as fontes secun- Assim, esquematicamente, temos os princípios
dárias são derivadas das primeiras, por isso possuem constitucionais da:
caráter acessório. Elas ajudam na compreensão, inter- Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
pretação e aplicação das fontes de direito primárias. Direito, as atividades do gestor público estão submis-
São fontes de direito administrativo: sas à forma da lei. A legalidade promove maior segu-
rança jurídica para os administrados, na medida em
z Legislação: em sentido amplo, seja na constitui- que proíbe que a Administração Pública pratique atos
ção, seja nas leis esparsas, nos princípios, em qual- abusivos. Ao contrário dos particulares, que podem
quer veículo normativo. fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, a Administra-
z Doutrina: todo o trabalho científico realizado por ção só pode realizar o que lhe é expressamente auto-
um renomado autor, seja uma obra, ou um parecer rizado por lei.
jurídico, com o objetivo de divulgar conhecimento; Impessoalidade: a atividade da Administração
z Jurisprudência: o conjunto de diversos julgados Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
num mesmo sentido; haver qualquer forma de tratamento diferenciado
z Costumes jurídicos: tudo que for considerado entre os administrados. Há uma forte relação entre a
uma conduta que se repete no tempo. impessoalidade e a finalidade pública, pois quem age
por interesse próprio não condiz com a finalidade do
Importante frisar que, das fontes mencionadas, interesse público.
apenas a lei é fonte primária do direito administrati- Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
vo, sendo o único veículo habilitado para criar direta- tes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
mente obrigações de fazer e não fazer. A doutrina, a buscando atuar com base nos valores da moral
jurisprudência e os costumes jurídicos são considera- comum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé e lealdade. A
das fontes secundárias. moralidade não é somente um princípio, mas também
requisito de validade dos atos administrativos.
Publicidade: a publicação dos atos da Administra-
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ção promove maior transparência e garante eficácia
erga omnes. Além disso, também diz respeito ao direi-
Os princípios gerais de Direito Administrativo são
to fundamental que toda pessoa tem de obter acesso
os princípios basilares desse ramo jurídico, sendo
a informações de seu interesse pelos órgãos estatais,
aplicáveis ante o fato de a Administração Pública ser
salvo as hipóteses em que esse direito ponha em risco
considerada pessoa jurídica de direito público.
a vida dos particulares ou o próprio Estado, ou ainda
O princípio da supremacia do interesse públi-
que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos.
co é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à
Eficiência: implementado pela reforma adminis-
Administração Pública. A supremacia do interesse
trativa promovida pela Emenda Constitucional nº 19
público sobre o privado é um aspecto fundamental
de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Adminis-
para o exercício da função administrativa. Podemos tração de alcançar os seus resultados de uma forma
citar como exemplo a desapropriação de um imóvel célere, promovendo melhor produtividade e rendi-
pertencente a um particular: o particular pode ter mento, evitando gastos desnecessários no exercício
interesse em não ter seu bem desapropriado, ou achar de suas funções. A eficiência fez com que a Adminis-
o valor da indenização injusto, mas ele não pode ter tração brasileira adquirisse caráter gerencial, tendo
interesse em extinguir o instituto da expropriação maior preocupação na execução de serviços com per-
administrativa. Trata-se de um instituto que deve feição ao invés de se preocupar com procedimentos
existir, independentemente da sua vontade. e outras burocracias. A adoção da eficiência, todavia,
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com não permite à Administração agir fora da lei, ou seja,
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso não se sobrepõe ao princípio da legalidade.
que ao Estado também lhe incumbe uma série de deve- Um método que facilita a memorização desses
res, fundados pelo princípio da indisponibilidade princípios é a palavra “limpe”, pois temos os princí-
do interesse público. Tal princípio pressupõe que o pios da:
Poder Público não é dono do interesse público, ele deve Legalidade
manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por Impessoalidade
isso que ele não pode se desfazer de patrimônio públi- Moralidade
co, contratar quem ele quiser, realizar gastos sem pres- Publicidade
tar contas a seu superior, etc. Tais atos configuram em Eficiência
desvio de finalidade, uma vez que o objetivo principal
deles não é de interesse público, mas apenas do pró-
prio agente, ou de algum terceiro beneficiário.
Princípios Constitucionais
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA
UNIÃO
São os princípios previstos no Texto Constitucio-
nal, mais especificamente no caput do art. 37. Segundo ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO ESTADO
o referido dispositivo: BRASILEIRO E O DECRETO-LEI Nº 200, DE 1967
Art. 37 A administração pública direta e indireta Neste tópico estudaremos a organização adminis-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do trativa do Estado brasileiro. Serão apresentadas as
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos principais características da Administração direta e
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- indireta, bem como os institutos da centralização, des-
140 de, publicidade e eficiência [...]. centralização, concentração e desconcentração.
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A organização administrativa envolve o estudo da Na centralização/descentralização, costuma-se uti-
estrutura interna da Administração Pública, ou seja, lizar com frequência o termo entidade. Nos termos
os órgãos e pessoas jurídicas (PJs) que a compõem. do inciso II, § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de 1999:
Trata-se de assunto relevante para a compreensão da “Para os fins desta Lei, consideram-se: [...] II - entidade
“máquina pública” e seus possíveis mecanismos de - a unidade de atuação dotada de personalidade jurí-
planejamento, gestão e controle. dica”. Entidade da Administração, assim, é qualquer
Esse tema é visto com maior profundidade na dis- pessoa jurídica autônoma cujo serviço público foi
ciplina de direito administrativo. Sabendo disso, nos- outorgado pela entidade federativa, isto é, pelas pes-
so objetivo não é esgotar todo o assunto, e sim trazer soas jurídicas de direito público interno (União, esta-
os principais pontos que são cobrados pelos examina- dos, municípios, Distrito Federal etc.). Os membros
dores na disciplina de Administração Pública. federais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de
O tema em tela é positivado na Constituição Fede- controle e fiscalização do serviço prestado pela enti-
ral, de 1988, mais especificamente no famoso art. 37, dade outorgada.
o qual nos informa os princípios da Administração Outra característica importante para a sua prova
Pública que todos os entes públicos (de todas as esfe- é que essas entidades (descentralizadas) respondem
judicialmente pelos prejuízos causados por seus agen-
ras) devem seguir: legalidade, impessoalidade, mora-
tes públicos.
lidade, publicidade e eficiência.
Exemplificando: se um cidadão se sentiu lesado
por alguma decisão do Ibama — Instituto Brasileiro
Art. 37 A administração pública direta e indireta
do Meio Ambiente (autarquia), na ação judicial o polo
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
passivo vai ser o próprio Ibama (e não a União).
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- Atenção! A descentralização pressupõe a criação
de, publicidade e eficiência. de pessoas jurídicas autônomas.
A descentralização pode ocorrer de duas manei-
ras: mediante outorga ou delegação. Vejamos a seguir.
Dica
As iniciais dos princípios da Administração z Descentralização Mediante Outorga
Pública formam o famoso mnemônico: LIMPE.
O Estado, mediante lei, cria ou autoriza a criação
Na esfera federal, esse assunto é disciplinado pelo de uma entidade e atribui a ela determinado servi-
Decreto nº 200, de 1967, que dispõe sobre a organi- ço público por prazo indeterminado. Neste caso,
zação da Administração federal trazendo conceitos transfere-se a titularidade e a execução do serviço
inerentes à ciência da administração, além de estabe- público.
lecer diretrizes para a reforma administrativa. A descentralização mediante outorga decorre do
princípio da especialidade, de modo que se criam
Vamos, agora, conhecer como é realizada essa
entidades para o desempenho de finalidades espe-
estruturação da Administração Pública brasileira!
cíficas. Como exemplo, tem-se a criação da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em 1969; à
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
época (vigente a Constituição, de 1967), era de compe-
tência da União manter os serviços postais e o Correio
A centralização se dá quando o Estado executa
Aéreo Nacional. Neste caso, ocorreu a descentraliza-
diretamente suas tarefas por intermédio de órgãos
ção mediante outorga, instituindo a ECT, na forma
e agentes administrativos subordinados a uma única de empresa pública, com a competência de executar
pessoa política (Carvalho Filho, 2014). Na prática, é o e controlar os serviços postais em todo o território
que ocorre com as atribuições exercidas diretamente nacional.
pela União, estados, Distrito Federal e municípios. Cabe ressaltar que não há que se falar em vín-
Dessa maneira, quando dissemos que as compe- culo de hierarquia e subordinação entre o poder
tências estão centralizadas no governo federal, isso outorgante e o outorgado. Apenas ocorre uma forma
indica que a personalidade jurídica da União é res- de vinculação, na qual impera o controle finalístico
ponsável pelas atribuições impostas pelo ordenamen- (supervisão ou tutela administrativa), que busca fis-
to jurídico. calizar e apurar se os fins objetivados estão sendo
Por outro lado, a descentralização é a técnica por alcançados.
meio da qual a Administração Pública atribui suas
competências a pessoas jurídicas autônomas, criadas z Descentralização por Delegação
por ela própria para esse fim. Na descentralização
NOÇÕES DE DIREITO
administrativa, o Estado executa indiretamente suas O Estado, mediante ato ou contrato, transfere a
tarefas, que são delegadas a outras entidades (Admi- execução de determinado serviço público por prazo
nistração indireta ou particulares prestadores de ser- determinado. Podemos citar como exemplo a dele-
viços públicos). gação da União à empresa de telefonia fixa XPTO,
A descentralização corresponde a um princípio mediante contrato, da prestação de serviços públicos
fundamental da própria Administração, nos termos de telefonia fixa.
do inciso III, art. 6º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967: Na descentralização por delegação, também não
existe vínculo de hierarquia e subordinação, mas
Art. 6º As atividades da Administração Federal o controle é mais amplo e rígido, podendo ser exer-
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: cido pelo poder concedente ao particular de diversas
[…] formas.
III - Descentralização. 141
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Para facilitar seu estudo, veja a tabela a seguir:
DESCENTRALIZAÇÃO
Administração direta
(centralizada)
União
Descentralização
Administração indireta
(descentralizada)
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
Concentração é o fenômeno em que temos uma absorção ou avocação de competências de um órgão sobre
outro. Difere-se da descentralização justamente neste aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das autarquias,
fundações etc., não têm personalidade jurídica própria e, por isso, não possuem a mesma autonomia dos entes
descentralizados, permanecendo vinculados hierarquicamente ao Estado.
Em outras palavras, a concentração é quando o cumprimento das competências administrativas acontece por
meio de órgãos públicos despersonalizados e sem nenhuma divisão interna.
Esta técnica existe na teoria, mas, na prática, é muito difícil de acontecer — pois, em regra, os órgãos públicos
são repartidos (secretarias, departamentos) para facilitar a gestão e a divisão de tarefas.
Importante!
Na concentração, pressupõe-se a ausência completa de divisão de tarefas internamente: é como se fosse um
142 órgão público sem nenhum departamento e sem nenhuma hierarquia.
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Desconcentração é a técnica utilizada para o exercício de competências administrativas, mediante órgãos
públicos despersonalizados e vinculados hierarquicamente aos entes da Federação. Há a repartição das atribui-
ções entre os órgãos públicos pertencentes a uma mesma pessoa jurídica, por isto a sua vinculação hierárquica.
Cabe ressaltar que a desconcentração pode ocorrer tanto na Administração direta (criação de órgãos) quanto na
Administração indireta (distribuição e subdivisão da entidade em órgãos, departamentos etc.). Veja os pontos
mais importantes quanto à desconcentração:
Dica
Lembre-se do jogo de palavras a seguir para diferenciar a descentralização da desconcentração:
� desCEntralização: Cria Entidade;
� desCOncentração: Cria Órgão.
Assim, na desconcentração as atribuições são alocadas entre os órgãos públicos pertencentes à mesma pessoa
jurídica, mantendo a vinculação hierárquica; não há a criação de outras pessoas jurídicas: simplesmente as com-
petências são distribuídas dentro de uma única PJ.
São exemplos clássicos de desconcentração a transferência de competência e atribuições do governo federal
para os seus ministérios (exemplos: Justiça, Economia, Cidadania). Portanto, percebemos, nos exemplos, que se
trata de uma divisão das atividades internamente, permanecendo na mesma pessoa jurídica.
Administração direta
Desconcentração
União
Receita Polícia
Federal Federal
Por fim, quanto aos assuntos acima abordados, as bancas examinadoras tendem a explorar as diferenças entre
a descentralização e a desconcentração. Desse modo, o quadro abaixo é de suma importância para sua aprovação:
DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
Competências atribuídas a órgão públicos sem persona- Competências atribuídas a entidades com personalidade
lidade própria jurídica autônoma
Exemplos: ministérios da União, secretarias estaduais e Exemplos: autarquias, fundações públicas, empresas
municipais, Polícia Federal, Receita Federal públicas e sociedade de economia mista
NOÇÕES DE DIREITO
Órgãos Administrativos
Muito importante para a desconcentração é a noção de órgão público ou órgão administrativo. Nos termos
do inciso I, § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de 1999, órgão público é “a unidade de atuação integrante da estrutura
da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.
Assim, podemos definir órgão administrativo (ou órgão público) como um núcleo de competências do Esta-
do sem personalidade jurídica própria. Por ser órgão despersonalizado, não pode integrar os polos ativo ou
passivo das ações que objetivam a reparação de danos causados pelo exercício da Administração, devendo a pes-
soa jurídica à qual o órgão pertence ser acionada em tais hipóteses.
Atenção! Os órgãos públicos pertencem às pessoas jurídicas, mas não são pessoas jurídicas. 143
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Outro ponto bastante cobrado nas provas é a z Quanto à composição:
impossibilidade, em regra, de órgãos públicos figura-
rem no passivo de ações judiciais, ou seja, eles não são Órgãos simples: são aqueles que possuem um
acionados diretamente perante o Poder Judiciário. único centro de competência. Sua característi-
Dica: a teoria do órgão (também pode aparecer ca fundamental é a ausência de outro órgão em
como princípio da imputação volitiva) é uma inven- sua estrutura para auxiliá-lo no desempenho
ção doutrinária que procura imputar as ações come- de suas funções;
tidas pelos agentes e servidores públicos à pessoa Órgãos compostos: possuem em sua estrutu-
jurídica à qual ele esteja ligado. Pela teoria do órgão, ra outros órgãos menores, seja com o desem-
os agentes públicos não podem responder pessoal-
penho de função principal ou com o auxílio
mente pelos atos que praticam no exercício de suas
nas atividades. As funções são distribuídas em
funções, uma vez que a responsabilidade pela execu-
vários centros de competência, sob a supervi-
ção de tais tarefas é do Estado, sendo representado
são do órgão de chefia.
por seus órgãos e entes com personalidade jurídica
própria.
A criação e a extinção dos órgãos públicos se z Quanto à forma de atuação funcional:
dão sempre mediante lei, igual ao que ocorre com as
autarquias e demais entidades da Administração indi- Órgãos singulares: são aqueles que decidem e
reta, com personalidade jurídica de direito público. atuam por meio de um único agente, o chefe.
Entretanto, as regras quanto ao seu funcionamen- Possuem agentes auxiliares, mas sua caracte-
to, a sua estruturação e outros aspectos secundários rística de singularidade é desenvolvida pela
são regulamentadas pelo Poder Executivo, mediante função de um único agente, em geral, o titular;
decreto. Órgãos coletivos: aqueles que decidem pela
Outra característica interessante dos órgãos públi- manifestação de muitos membros, de forma
cos diz respeito à sua capacidade processual. Em conjunta e por maioria, sem manifestação de
regra, órgãos públicos não podem ingressar em juízo, vontade de um único chefe. A vontade da maio-
porque eles não têm personalidade jurídica própria. ria é imposta de forma legal, regimental ou
Entretanto, existem algumas exceções. São os estatutária.
casos dos órgãos públicos independentes. Por serem
independentes (e não autônomos), eles não estão vin- Em relação às modalidades de desconcentra-
culados a outro órgão ou entidade, possuindo prerro- ção, a doutrina tende a classificá-la em três espécies
gativas de ordem constitucional e sendo titulares de
distintas:
direitos subjetivos. É o caso da Câmara dos Deputados,
da presidência da República, do Senado, do Supremo
z Desconcentração territorial ou geográfica: é
Tribunal Federal (STF) etc. Todos esses órgãos inde-
aquela em que todos os órgãos recebem as mes-
pendentes possuem capacidade postulatória para
ingressar em juízo, a fim de defender os seus pró- mas competências em relação à matéria, a diferen-
prios interesses. ça encontra-se apenas nas regiões em que devem
Há, inclusive, uma classificação quanto às diferen- atuar. É o caso das delegacias de polícia;
tes espécies de órgãos, podendo ser: z Desconcentração material ou temática: distribui
as competências administrativas tendo em vista a
z Quanto à posição estatal: especialização de cada órgão em um assunto espe-
cífico. Exemplo: Ministério da Cultura da União;
Órgãos independentes: como vimos, são os z Desconcentração hierárquica ou funcional:
que representam o Estado em seus Três Pode- o elemento diferenciador é a relação de subor-
res, não havendo uma relação de hierarquia dinação e hierarquia entre os órgãos públicos.
entre eles (Congresso Nacional, Câmara dos Exemplo: os tribunais administrativos possuem
Deputados, tribunais, varas judiciais etc.); subordinação em relação aos órgãos de primeira
Órgãos autônomos: órgãos subordinados instância.
diretamente à cúpula da Administração. Têm
grande autonomia administrativa, financeira ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
e técnica, caracterizando-se como órgãos dire-
tivos (ministério público, defensoria pública, A administração (organização administrativa) é
Advocacia-Geral da União, Procuradoria-Geral o instrumento disponibilizado ao Estado que permi-
da República etc.);
te a divisão das competências para pôr em prática
Órgãos superiores: possuem poder de dire-
as opções do governo, isto é, buscar a satisfação dos
ção, controle, decisão e comando dos assuntos
interesses essenciais da coletividade. Nesse sentido,
de sua competência específica. Representam as
a Administração Pública tem o poder de criar órgãos
primeiras divisões dos órgãos independentes e
autônomos (gabinetes, coordenadorias, depar- e entidades públicas para execução de suas políticas
tamentos, divisões etc.); governamentais.
Órgãos subalternos: destinam-se à execução Afinal, qual a diferença entre órgãos e entidades
dos trabalhos de rotina e cumprem ordens públicas? Órgão é uma unidade de atuação consti-
superiores (portarias, seções de expediente tuída na estrutura interna de determinada entidade
etc.). política ou administrativa, e, por isso, não possui per-
sonalidade jurídica própria. Em regra, faz parte da
144 Administração direta do Estado.
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Dica Importante!
O órgão é um elemento despersonalizado por A criação de entidades da Administração indire-
não possuir personalidade jurídica própria. ta é em respeito ao princípio da especialidade,
ou seja, são criadas para servir uma finalidade
Por outro lado, a entidade é uma unidade de atua- específica.
ção dotada de personalidade jurídica, ou seja, uma
pessoa jurídica, pública ou privada, abrangendo tan-
to as entidades políticas (autonomia política) como as DOS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
entidades administrativas (capacidade de gerir seus INDIRETA: AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES,
próprios negócios). EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE
Desse modo, percebemos que a principal diferença ECONOMIA MISTA
entre o órgão e a entidade é em relação à sua persona-
lidade jurídica: As entidades da Administração indireta podem
ter personalidade jurídica de direito público ou de
Órgão Entidade direito privado. Tal diferença é relevante no que diz
respeito ao procedimento de criação dessas entidades
autônomas.
As pessoas jurídicas de direito público são cria-
Elemento das por lei (inciso XIX, art. 37, da CF, de 1988) e a sua
despersonalizado (sem Personalidade jurídica personalidade jurídica advém no momento em que
personalidade jurídica própria
a legislação entra em vigor no âmbito jurídico, não
própria)
havendo necessidade de registro em cartório. As pes-
soas jurídicas de direito privado, todavia, são auto-
rizadas pela lei (inciso XX, art. 37, da CF, de 1988), ou
Assim, a divisão da Administração se dá por meio
seja, a legislação deve permitir que ela exista para que
da Administração direta e indireta, conforme vere-
o Poder Executivo regulamente suas funções median-
mos no art. 4º, do Decreto-Lei nº 200, de 1976:
te a expedição de decretos. Sua personalidade jurídi-
Art. 4º A Administração Federal compreende: ca, dessa forma, está condicionada ao seu registro em
I - A Administração Direta, que se constitui dos ser- cartório. Assim, acompanhemos os tópicos a seguir.
viços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios. z São pessoas jurídicas de direito público: mem-
II - A Administração Indireta, que compreende as bros da Administração indireta — autarquias,
seguintes categorias de entidades, dotadas de per- fundações públicas, agências reguladoras e asso-
sonalidade jurídica própria: ciações públicas;
a) Autarquias; z São pessoas jurídicas de direito privado: empre-
b) Empresas Públicas;
sas públicas, sociedades de economia mista, fun-
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas. dações governamentais com estrutura de pessoa
jurídica de direito privado, subsidiárias e consór-
Administração direta, ou centralizada, é a parte cios públicos de direito privado.
da Administração Pública que compreende as pessoas
jurídicas de direito público interno (União, estados, Em relação à natureza jurídica das entidades da
municípios e Distrito Federal), somados a todos os Administração indireta, as autarquias e as fundações
seus ministérios, ouvidorias, secretarias e outros tan- públicas possuem o regime jurídico público; já as esta-
tos órgãos despersonalizados. tais, isto é, empresas públicas e sociedades de econo-
Já a Administração indireta ou descentraliza- mia mista, são regidas pelo direito privado.
da é a expressão utilizada para designar o conjunto
de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo próprio
Estado para atingir determinada finalidade pública. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
Se as entidades são dotadas de personalidade jurídi- Direito público Direito privado
ca própria, elas têm patrimônio próprio, que não se
confunde com o patrimônio pessoal de seus agentes, Autarquias Empresas públicas
e também têm responsabilidade pelos danos e prejuí-
zos causados por seus agentes públicos, podendo res- Sociedades de economia
Fundações públicas
mista
NOÇÕES DE DIREITO
Pela razão de ser 100% capital público, então a empresa pública terá somente um único dono? A resposta é
não! Não existe a obrigatoriedade de ser de um único ente público. É possível a criação de empresa pública com
a integração do capital entre dois ou mais entes públicos.
Nesse sentido, a empresa pública pode ser classificada como unipessoal se o capital pertencer a uma única
entidade pública. Nas situações em que duas ou mais pessoas políticas ou administrativas detiverem o seu capital,
estaremos diante de uma empresa pública pluripessoal.
EMPRESA
PÚBLICA Capital: uma única entidade pública
Unipessoal
Exemplo: ECT (Correios) = 100% (União)
Pluripessoal
Exemplos: Terracap — Companhia Imobiliária de Brasília
(51% de recursos do Distrito Federal e 49% de recursos
da União)
Em relação às demandas judiciais, o foro competente para julgar as causas em que seja parte a empresa públi-
ca federal é a Justiça federal.
Atenção! As empresas públicas podem assumir qualquer forma empresarial admitida em direito, tais como:
sociedade civil, sociedade comercial, sociedade anônima ou qualquer outra forma empresarial.
Já as sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado cuja criação também depende
de autorização legal e de registro em cartório. Possuem a maioria de seu capital público e devem ser obriga-
toriamente organizadas como sociedades anônimas. São sociedades de economia mista: Petrobras, Banco do
Brasil, Eletrobras (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.).
Vejamos o conceito trazido pelo Decreto-Lei nº 200, de 1967:
Percebemos algumas diferenças entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A primeira diz
respeito ao capital constitutivo: enquanto nas empresas públicas todo o seu capital deve ser público (o Decre-
to-Lei nº 200, de 1967, dispõe que seu capital deve advir totalmente “da União”, mas se admite também o capital
de origem estadual e municipal), as sociedades de economia mista admitem a presença do capital de origem
privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações com direito a voto devem pertencer ao Estado.
Além disso, outra diferença relevante é em relação à forma de sua organização: as sociedades de economia
mista devem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anônima; trata-se de disposição legal do próprio
Decreto-Lei nº 200, de 1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem essa imposição, podendo adotar a
estrutura que desejarem.
No quadro abaixo, sintetizamos as diferenças mais importantes entre a empresa pública e a sociedade de
economia mista:
Outro ponto importante a ser levantado diz respeito às empresas subsidiárias de empresa pública e socieda-
de de economia mista. Isso ocorre quando as EPs ou SEMs, visando melhorar a organização das suas operações,
criam outras empresas, conhecidas como subsidiárias.
As empresas subsidiárias integram a Administração indireta e possuem personalidade jurídica própria. De
acordo com o Decreto nº 8.945, de 2016, as subsidiárias possuem a maioria das ações com direito a voto perten-
cente direta ou indiretamente à EP ou SEM.
Cabe destacar também a diferença entre as empresas subsidiárias e as sociedades empresárias que possuem
participação do Estado. A primeira diferença está no fato de que as empresas subsidiárias de EP e SEM integram a
Administração indireta, diferentemente das sociedades por participação. Outro ponto importante é que o Estado
não possui controle da entidade que tem participação. Por fim, lembre-se: é possível a participação estatal em
sociedades privadas, com o capital minoritário e sob o regime de direito privado.
Quanto ao regime jurídico aplicável às EPs e SEMs, é necessário ter uma atenção especial. Em regra, o regi-
me aplicável é o de direito privado, porém esse regime mudará a depender da atividade a ser desenvolvida. Para
tanto, quando a EP ou SEM exercer atividade econômica em sentido estrito, estará sujeita a normas do direito
privado. Já se prestar serviços públicos, aplicará o regime jurídico de direito público. Para facilitar seu estudo,
veja o esquema a seguir:
Quanto à imunidade tributária, cabe ressaltar que, quando a EP ou a SEM explorarem atividade econômica
em sentido estrito, não farão jus à imunidade tributária recíproca ou a privilégios fiscais. Por outro lado, caso
prestem serviços públicos, sem cunho econômico, farão jus às imunidades e aos privilégios mencionados.
Outro ponto importantíssimo diz respeito à responsabilidade civil por danos que seus agentes, nessa quali-
dade, causarem a terceiros. A responsabilidade será objetiva quando a EM ou a SEM forem prestadoras de ser-
viços públicos. Já caso a estatal seja exploradora de atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva,
ou seja, ela só será obrigada a indenizar os danos causados por culpa ou dolo.
O juízo competente será a Justiça estadual quando se tratar de EP ou SEM de níveis estadual ou municipal.
Em contrapartida, quando se tratar de estatais da esfera federal, devemos separá-las: EPs federais serão julgadas
pela Justiça federal; SEMs federais serão julgadas pela Justiça estadual.
Para sistematizar as informações vistas, acompanhe os esquemas a seguir:
EP Federal: Justiça
Federal
Juízo competente
EP Estadual ou
Municipal: Justiça
NOÇÕES DE DIREITO
Estadual
151
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Somente poderá ser
constituída na forma
de Sociedade Anônima
(S.A.)
Objetiva, quando
prestadora de serviço
público
Responsabilidade civil
SOCIEDADE DE Subjetiva, quando
ECONOMIA MISTA explorar atividade
econômica
AGENTES PÚBLICOS
ESPÉCIES E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, são agentes públicos as pessoas que exercem uma função públi-
ca, ainda que em caráter temporário ou sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla e genérica, uma vez
que engloba todos aqueles que, dentro da organização da Administração Pública, exercem determinada função
pública.
Importante mencionar ainda que, para que a Administração Pública Direta ou Indireta possa desempenhar
suas atividades, ela necessita de pessoas que exerçam as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de agentes
públicos.
A expressão agente público é utilizada como gênero, designando toda e qualquer pessoa que exerça uma
função pública, quer de forma remunerada ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa, quer com
investidura definitiva ou transitória.
Os agentes públicos dividem-se em quatro categorias:
Agentes
políticos
Servidores
Agentes públicos
públicos
Particulares em
colaboração
Militares
Os agentes políticos são aqueles que exercem as típicas atividades de governo, ou seja, os responsáveis por
fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, tais como os chefes do Poder Executivo (presidente, governador e
prefeito e seus vices) e seus auxiliares diretos (ministros e secretários), e os membros do Poder Legislativo (sena-
dores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores).
Os particulares em colaboração com o poder público são aqueles que prestam serviços ao Estado, porém
sem vínculo estatutário ou celetista de trabalho, podendo ou não ter remuneração. Exemplo: jurados, mesários,
notários e registradores (serviços notariais).
Os servidores públicos civis dividem-se em:
z Servidores públicos estatutários: exercem cargo público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão vincu-
lados a um estatuto;
z Empregados públicos: possuem emprego público e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis do Traba-
lho (CLT);
z Servidores temporários: categoria à parte, porque não titularizam cargo público nem possuem qualquer
vínculo trabalhista regido pela CLT, como os empregados públicos. São contratados por tempo determinado
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público por meio de um processo de seleção
simplificado. Exercem funções públicas sem ocupar cargos ou empregos públicos e são regidos por regime
especial, veiculado por meio de lei específica.
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, o qual comporta diversas espécies, como os agentes polí-
ticos, os agentes militares, os servidores públicos estatutários, os empregados públicos, os agentes honoríficos,
152 entre outros. Por isso, vamos especificar cada um deles com maiores detalhes.
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Agentes Políticos Além da estabilidade, são também assegurados aos
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas.
Os agentes políticos possuem como característica Vejamos aqui os mais importantes, de acordo com o §
principal o fato de exercerem uma função pública de 3º, art. 39, da CF, de 1988:
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante
eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o z salário mínimo;
condão de extinguir a relação destes com o Estado de z remuneração de trabalho noturno superior ao
modo automático pelo simples decurso do tempo. Per- diurno;
cebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o Esta- z repouso semanal remunerado;
do não é profissional, mas estatutária ou institucional. z férias trabalhadas;
São agentes políticos os parlamentares, o presidente da z licença à gestante.
República, os prefeitos, os governadores, bem como seus
respectivos vices, ministros de Estado e secretários. Empregado Público
z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe- I - retribuição pelo exercício de função de direção,
cial de remuneração, feita em uma única parcela. chefia e assessoramento;
O regime de subsídios, previsto no § 4º, art. 39, da II - gratificação natalina;
CF, de 1988, foi introduzido com a finalidade de III – revogado;
coibir os “supersalários” comumente existentes no IV - adicional pelo exercício de atividades insalu-
regime de servidores públicos brasileiros. Impor- bres, perigosas ou penosas;
tante ressaltar que recebem por subsídios somente V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; 157
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VI - adicional noturno; Segundo o art. 86, da Lei nº 8.112, de 1990, o servi-
VII - adicional de férias; dor terá direito à licença, sem remuneração, durante
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do o período que mediar entre a sua escolha em con-
trabalho; venção partidária, como candidato a cargo eletivo, e
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. a véspera do registro de sua candidatura perante a
Justiça Eleitoral, e a partir do registro da candidatura
Gratificação por encargo de curso ou concurso é e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor
devida ao servidor que (art. 76-A): fará jus à licença, assegurados os vencimentos do car-
go efetivo, somente pelo período de três meses (§ 2º,
I - atuar como instrutor em curso de formação, de do mesmo artigo).
desenvolvimento ou de treinamento regularmen-
te instituído no âmbito da administração pública
V - para capacitação;
federal;
II - participar de banca examinadora ou de comis-
são para exames orais, para análise curricular, Após cada quinquênio do efetivo exercício público,
para correção de provas discursivas, para elabora- sendo do interesse da administração, o servidor pode-
ção de questões de provas ou para julgamento de rá se afastar do cargo com a efetiva remuneração por
recursos intentados por candidatos; até três meses, para fazer curso de capacitação profis-
III - participar da logística de preparação e de sional (art. 87, da Lei nº 8.112, de 1990).
realização de concurso público envolvendo ativi-
dades de planejamento, coordenação, supervisão, VI - para tratar de interesses particulares;
execução e avaliação de resultado, quando tais
atividade não tiverem incluídas em suas funções A critério da Administração Pública, poderá ser
permanentes; concedida, somente ao servidor público que ocupe
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar
cargo efetivo (desde que não esteja em estágio proba-
provas de exames de vestibular ou de concurso
tório), licença para cuidar de interesse particulares
público ou supervisionar essas atividades.
por até três anos consecutivos, sem o recebimento de
remuneração (art. 91, da Lei nº 8.112, de 1990).
O servidor, em relação às férias, fará jus a 30 dias
de licença para cada 12 meses de serviço, “que podem
VII - para desempenho de mandato classista.
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso
de necessidade do serviço [...]” (art. 77, Lei nº 8.112, de
1990). Poderão ser parceladas em até três períodos, Nessa situação será concedida licença sem remu-
desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte- neração ao servidor que for desempenhar mandato
resse da administração pública, na forma do § 3º, do em confederação, federação, associação de classe de
mesmo dispositivo legal. âmbito nacional, sindicato representativo de catego-
ria ou entidade fiscalizadora de profissão (art.92, da
Das Licenças Lei nº 8.112, de 1990).
Apesar de haver previsão para concessão de licen-
As licenças são uma espécie de afastamento com ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipótese
algumas características próprias. Ou seja, os casos de acabou sendo revogada pela Lei nº 9.527, de 1997.
licença ocorrem, via de regra, por interesse e a pedido As licenças, como se depreende, são hipóteses de
do particular. Estão dispostas nos arts. 81 e seguintes, desligamento temporário do servidor com o seu res-
da Lei dos Servidores Públicos Federais. De acordo pectivo cargo, havendo uma expectativa para o seu
com o art. 81, conceder-se-á licença ao servidor: retorno. As licenças poderão ser concedidas com ou
sem remuneração, a depender de cada situação.
I - por motivo de doença em pessoa da família;
Dos Afastamentos
Essa licença somente poderá ser concedida se for
indispensável assistência direta do servidor, de forma Os afastamentos propriamente ditos não se con-
que não possa ser prestada simultaneamente com o fundem com as licenças já estudadas. Tratam-se de
exercício das funções públicas, pelo que dispõe o § 1º, hipóteses em que ocorre o afastamento do servidor
do art. 83, da Lei nº 8.112, de 1990. de suas funções por determinação da Administração
Pública, e, em regra, o servidor receberá sua remu-
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou neração integral. A previsão legal está elencada nos
companheiro; arts. 93 e seguintes, da Lei nº 8.666, de 1990. São qua-
tro hipóteses:
Trata-se de licença que poderá ser deferida ao ser-
vidor para acompanhar cônjuge que foi deslocado z para servir a outro órgão ou entidade;
para outro ponto do território nacional, para o exte- z para exercício de mandato eletivo;
rior ou para exercer mandato eletivo dos poderes z para estudos ou missões no exterior;
executivo e legislativo. Nesse caso, a licença será por z para participação em programa de pós-graduação
prazo indeterminado e sem remuneração, nos temos stricto sensu dentro do país.
do caput e § 1º, do art. 84, da Lei nº 8.112, de 1990.
A hipótese arrolada no inciso I tem sua regulamen-
Lei nº 8.112, de 1990 tação no art. 93, e será cedida ao servidor nas seguin-
Art. 85 [...] tes condições: para exercício de cargo em comissão
III - para o serviço militar; ou função de confiança e em casos previstos em leis
158 IV - para atividade política; específicas.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 94, da Lei nº 8.112, de 1990, traz as especifi-
LICENÇA AFASTAMENTO
cações necessárias para o afastamento para exercício
de mandato eletivo: Finalidade é de interes- Finalidade é de interesse
se exclusivo do agente do agente e da Adminis-
Art. 94 Ao servidor investido em mandato eletivo público tração Pública
aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou dis-
Ex: doença do cônjuge/ Ex: realização de espe-
membro da família; para cialização; realização
trital, ficará afastado do cargo;
exercer atividade política; de missão no exterior;
II - investido no mandato de Prefeito, será afasta-
para tratar de interesses para servir a outro órgão/
do do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
particulares entidade
remuneração;
III - investido no mandato de vereador: Possui prazos mais cur- Possui prazos mais lon-
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá tos (dias, semanas) gos (meses, anos)
as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remu-
neração do cargo eletivo; Uma questão que costuma cair com bastante fre-
b) não havendo compatibilidade de horário, será quência nas provas de concurso público é sobre a
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela remuneração de servidor afastado para exercício
sua remuneração. de mandato eletivo (art. 94, Lei nº 8.112, de 1990). A
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor regra geral é que, para exercer um mandato eletivo,
contribuirá para a seguridade social como se em
o servidor deve se afastar do cargo e deixar de rece-
exercício estivesse.
ber sua remuneração. Porém, tratando-se de exercício
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou
de mandato de prefeito, o servidor afastado poderá
classista não poderá ser removido ou redistribuí-
optar, dentre as duas remunerações, por aquela que
do de ofício para localidade diversa daquela onde
lhe for mais vantajosa (valores maiores, mais benefí-
exerce o mandato.
cios etc.).
Outro aspecto importante: no caso de mandato
Para que o servidor público possa afastar-se de
de vereador, o servidor poderá exercer os dois car-
suas funções para o estudo ou missão no exterior, a
gos e receber ambas as remunerações, desde que
Lei nº 8.112, de 1990, também apresenta algumas
comprovada a compatibilidade de horários (atua
regras a serem observadas com disposição nos arts.
como vereador de dia e como agente público de noite,
95 e 96: e vice-versa). Sendo incompatível o horário dos dois
cargos, o vereador pode optar pela remuneração mais
Art. 95 O servidor não poderá ausentar-se do País
vantajosa, igual ao prefeito. Isso é assim porque, mui-
para estudo ou missão oficial, sem autorização do
tas vezes, a remuneração dos prefeitos e vereadores
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
de pequenos municípios costuma ser menor do que
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribu-
a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
nal Federal.
facilmente se locomover de um ambiente de trabalho
§ 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e
para outro nesse município de porte menor.
finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
período, será permitida nova ausência.
§ 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste
Das Concessões
artigo não será concedida exoneração ou licença
para tratar de interesse particular antes de decor- Diz respeito às ocasiões em que o servidor poderá
rido período igual ao do afastamento, ressalvada a se ausentar do serviço e não deixará de receber remu-
hipótese de ressarcimento da despesa havida com neração, de acordo com o art. 97, da Lei nº 8.112, de
seu afastamento. 1990.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
dores da carreira diplomática. Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor
[...] ausentar-se do serviço:
Art. 96 O afastamento de servidor para servir em I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para
organismo internacional de que o Brasil participe
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita-
ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias;
remuneração.
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
a) casamento;
NOÇÕES DE DIREITO
Servidor público não é empregado. Por isso, não se Com base na Lei nº 8.112, de 1990 (art. 186), ao
aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido servidor federal poderá ser concedida aposentadoria:
também como RGPS. Os servidores possuem um regi-
me próprio denominado Regime Próprio de Previdên- z por invalidez permanente, sendo os proven-
cia dos Servidores (ou RPPS). tos integrais quando decorrente de acidente em
O regime em questão tem suas políticas elaboradas serviço, moléstia profissional ou doença grave,
e executadas pela Secretaria de Previdência do Minis- contagiosa ou incurável, especificada em lei, e pro-
tério da Fazenda. Esse regime é compulsório para o porcionais nos demais casos (inciso I, do art. 186);
servidor público do ente federativo que o tenha ins- z compulsória, aos 70 anos de idade, com proven-
tituído, com teto e subtetos definidos pela Emenda tos proporcionais ao tempo de serviço (inciso II, do
Constitucional nº 41, de 2003. art. 186);
Mas o Regime de Previdência dos Servidores tam- z voluntária, de acordo com os seguintes critérios
bém possui dispositivos previstos na Lei nº 8.112, de de idade e de contribuições: aos 35 anos de servi-
1990. Segundo o art. 184, da referida lei: ço, se homem, e aos 30, se mulher, com proventos
integrais; aos 30 anos de efetivo exercício em fun-
Art. 184 O Plano de Seguridade Social visa a dar ções de magistério se professor, e 25 se professora,
cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor com proventos integrais; aos 30 anos de serviço,
e sua família, e compreende um conjunto de benefí- se homem, e aos 25 se mulher, com proventos pro-
cios e ações que atendam às seguintes finalidades: porcionais a esse tempo; aos 65 anos de idade, se
I - garantir meios de subsistência nos eventos de homem, e aos 60, se mulher, com proventos pro-
doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, ina- porcionais ao tempo de serviço (alíneas a, b e c,
tividade, falecimento e reclusão; inciso III, do art. 186).
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
III - assistência à saúde.
Importante!
De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é
garantido os seguintes benefícios previdenciários: Com a entrada em vigor da Emenda Constitucio-
nal nº 103, de 2019, as regras para a aposenta-
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Cons- doria voluntária dos agentes públicos sofreram
tituição Federal quanto na Lei nº 8.112, de 1990. algumas alterações. As chances de uma ques-
O Regime Próprio de Previdência dos Servidores tão sobre essas novas regras caírem em uma
(RPPS) também sofreu alterações na chamada prova no momento são pequenas, mas é impor-
“reforma da previdência”, promulgada pela Emen- tante se prevenir. Existem, também, regras de
da Constitucional nº 103, de 2019. Com isso, temos transição mais específicas, as quais devem ser
dois textos normativos que, até o presente momen- conhecidas pelo candidato, ao menos um pou-
to, dispõem sobre a aposentadoria. co. Por isso, uma leitura da Emenda Constitu-
cional nº 103, de 2019, na íntegra, é altamente
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor recomendada.
será aposentado:
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
dos casos previstos em lei, o desempenho de atri- públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
buição que seja de sua responsabilidade ou de seu co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
subordinado; gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
inclusive, para as entidades da Administração Indire-
Atribuir serviço à pessoa de repartição, diversa ta. O caput, do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990, dispõe
responsabilidade fora de sua competência de atuação. no mesmo sentido:
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de Art. 118 Ressalvados os casos previstos na Cons-
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou tituição, é vedada a acumulação remunerada de
a partido político; cargos públicos.
A liberdade de associação sindical é um direi- Apesar de o referido texto legal dispor sobre
to fundamental previsto pela Constituição Federal. agentes públicos no âmbito federal, entendemos que
também possa ser aplicado aos agentes públicos dos
Sendo assim, é vedado ao servidor utilizar-se de sua
estados, municípios e Distrito Federal.
hierarquia funcional como meio de coagir outros ser-
A proibição de acumular cargos estende-se tam-
vidores a se filiarem a algum sindicato ou associação.
bém a empregos e funções em autarquias, fundações
públicas, empresas públicas, sociedades de economia
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
mista da União, do Distrito Federal, dos estados, dos
ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente até o segundo grau civil; territórios e dos municípios (§ 1º, art. 118).
Pela leitura do dispositivo, percebe-se que a pró-
pria Constituição Federal dispõe de um rol de casos
Essa proibição tem o fito de evitar a prática do
excepcionais em que é permitida a acumulação des-
nepotismo e garantir a aplicação da garantia constitu-
sas funções. Há entendimento praticamente unânime
cional da impessoalidade administrativa.
de que se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas
apenas aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
ção pública;
titucionalmente autorizadas são:
X - participar de gerência ou administração de
sociedade privada, personificada ou não personifi- z dois cargos de professor (“a”, XVI, art. 37);
cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de z um cargo de professor com outro técnico ou cientí-
acionista, cotista ou comanditário; fico (“b”, XVI, art. 37);
XI - atuar, como procurador ou intermediário, jun- z dois cargos ou empregos privativos de profissio-
to a repartições públicas, salvo quando se tratar de nais na área da saúde (“c”, XVI, art. 37);
benefícios previdenciários ou assistenciais de paren- z um cargo de vereador com outro cargo, emprego
tes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; ou função pública (III, art. 38);
z um cargo de magistrado e outro de magistério (I,
É proibido ao servidor exercer a chamada advo- parágrafo único, art. 95);
cacia administrativa. Essa é uma situação em que o z um cargo de membro do ministério público e outro
agente público, aproveitando de sua influência, faz de magistério (“d”, II, § 5º, art. 128).
uso de sua condição de servidor público para benefi-
ciar as pessoas que estiver representando. Segundo o § 2º, do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990,
a acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio-
XII - receber propina, comissão, presente ou van- nada à comprovação da compatibilidade de horários.
tagem de qualquer espécie, em razão de suas Considera-se também como acumulação proibida a
atribuições; percepção de vencimento de cargo ou emprego públi-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta- co efetivo com proventos da inatividade, salvo quando
do estrangeiro; os cargos de que decorram essas remunerações forem
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; acumuláveis na atividade (§ 3º, do art. 118).
Cargos em comissão são os cargos ocupados de
Fica proibido ao servidor público realizar emprés- forma transitória por servidores públicos nomeados
timos com taxas de juros excessivos. por autoridade competente. Nos termos do art. 119,
ao servidor também não será permitida a ocupação
XV - proceder de forma desidiosa; de mais de um cargo comissionado.
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar- O servidor vinculado ao regime desta lei que acu-
162 tição em serviços ou atividades particulares; mular dois cargos efetivos, quando investido em cargo
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de provimento em comissão, ficará afastado de ambos Art. 132 [...]
os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver I - crime contra a administração pública;
compatibilidade de horário e local com o exercício de II - abandono de cargo;
um deles, declarada pelas autoridades máximas dos III - inassiduidade habitual;
órgãos ou entidades envolvidos (art. 120). IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
RESPONSABILIDADE CIVIL, CRIMINAL E repartição;
ADMINISTRATIVA VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a par-
Por fim, em relação à responsabilidade dos ser- ticular, salvo em legítima defesa própria ou de
vidores públicos, o art. 121, da Lei nº 8.112, de 1990, outrem;
é bastante claro ao dispor que “O servidor responde VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
civil, penal e administrativamente pelo exercício irregu- IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
lar de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única razão do cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
conduta praticada pelo referido servidor pode ensejar
mônio nacional;
em responsabilização em três esferas distintas.
XI - corrupção;
A responsabilidade civil do servidor público
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
decorre da prática de atos comissivos ou omissivos,
ções públicas;
dolosos ou culposos, que sejam capazes de causar
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
danos materiais ao erário (patrimônio público), ou a
terceiros, pelo que dispõe o art. 122, da Lei nº 8.112,
de 1990. Muitas dessas hipóteses impedem que o infrator
A responsabilidade penal do servidor tem seu retorne ao serviço público federal, por isso trata-se de
fundamento na apuração de uma conduta criminal, uma das penalidades mais gravosas;
isto é, a hipótese em que o servidor público possa pra-
ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade z Cassação de aposentadoria ou da disponibilida-
penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma de: o servidor inativo que houver praticado falta
vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto punível com a demissão terá a sua aposentadoria
pela condenação do servidor condenado quanto pela ou sua disponibilidade cassada;
sua absolvição devido à falta de provas materiais ou z Destituição de cargo em comissão ou função
pela negação de sua autoria, sendo estas últimas hipó- comissionada: caso o servidor ocupante de car-
teses apenas exceções, segundo aludido pelo art. 123. go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da
A responsabilidade administrativa resulta de pena de suspensão e demissão, poderá perder o
ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor seu cargo de confiança ou função comissionada.
no desempenho de cargo ou função, à luz do art. 124.
Consiste na instauração de processo disciplinar, Segundo o art. 136, a demissão ou a destituição de
motivo pelo qual haverá a verificação da conduta deli- cargo em comissão em decorrência da prática de atos
tuosa do agente, bem como a aplicação da pena mais contra o erário público, nos casos dos incisos IV, VIII, X
adequada. Imprescindível reforçar que a aplicação de e XI, do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens
qualquer pena ao servidor público pressupõe um pro- (bens adquiridos pelo servidor em decorrência de
cesso administrativo, sendo assegurado ao acusado atos cometidos contra os cofres públicos utilizando-se
direito ao contraditório e à ampla defesa, sendo obri- da condição de servidor) e o ressarcimento ao erário,
gatória, inclusive, a presença do advogado em todas sem prejuízo da ação penal cabível.
as fases do referido processo (Súmula nº 343, do STJ). A demissão ou a destituição de cargo em comis-
Todavia, tal entendimento vem sofrendo alterações,
são, por infringência dos incisos IX e XI, do art. 117,
pois o STF já reconheceu na Súmula Vinculante nº 5
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
que a falta de defesa técnica no processo administrati-
em cargo público federal, pelo prazo de cinco anos.
vo disciplinar não é inconstitucional.
Ou seja, dentro desse prazo estabelecido, ainda que
Em relação às penalidades administrativas apli-
o ex-servidor público demitido ou destituído preste
cáveis aos servidores públicos, a Lei nº 8.112, de 1990,
(art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções: novo concurso e se classifique, não poderá ser investi-
do e tomar posse de novo cargo.
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável Não poderá retornar ao serviço público federal o
por escrito para o servidor que cometer atos como: servidor que for demitido ou destituído do cargo em
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar comissão por infringência dos incisos I, IV, VIII, X e XI,
fé a documento público; retirar qualquer docu- art. 132, (parágrafo único, do art. 137).
NOÇÕES DE DIREITO
mento da repartição sem a devida autorização; Configura abandono de cargo a ausência inten-
manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou cional do servidor ao serviço por mais de 30 dias
parente até o segundo grau; entre outros; consecutivos (art. 138). Nesse caso, o servidor deixa
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor de comparecer ao serviço por mera liberalidade por
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- mais de 30 dias seguidos.
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas à Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser serviço, sem causa justificada, por 60 dias, interpola-
aplicada por prazo maior a 90 dias; damente, durante o período de 12 meses (art. 139).
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri-
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será inassiduidade habitual, também será adotado o
aplicada nos seguintes casos: procedimento sumário a que se refere o art. 133 [...]. 163
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O procedimento administrativo sumário é aplicá- § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de
vel somente em situações de verificação de acúmulo processo disciplinar interrompe a prescrição, até a
ilegal de cargos, inassiduidade habitual e abandono decisão final proferida por autoridade competente.
de cargo, e em todos esses casos é cabível e penalidade § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo
de demissão. começará a correr a partir do dia em que cessar a
E ainda para que se aplique o procedimento sumá- interrupção.
rio é importante que se siga os requisitos apresenta-
dos a seguir, indicando a materialidade da infração Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito,
administrativa, ou seja, apresentando provas de que o Princípios, Fases e Modalidades
fato ocorreu e deve ser julgado.
O processo administrativo é o instrumento desti-
Art. 140 [...] nado a apurar as responsabilidades do servidor por
I - a indicação da materialidade dar-se-á: infração praticada no exercício de suas atribuições ou
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica- relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
ção precisa do período de ausência intencional do rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
servidor ao serviço superior a trinta dias; A sindicância é definida como uma averiguação
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação sumária promovida no intuito de obter informações
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada,
ou esclarecimentos necessários à determinação do
por período igual ou superior a sessenta dias inter-
verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
poladamente, durante o período de doze meses;
rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
II - após a apresentação da defesa a comissão ela-
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
peças principais dos autos, indicará o respectivo ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao Segundo o art. 145:
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo
à autoridade instauradora para julgamento. Art. 145 Da sindicância poderá resultar:
I - arquivamento do processo;
Os responsáveis pela aplicação das penalidades II - aplicação de penalidade de advertência ou sus-
disciplinares serão (art. 141): pensão de até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Como forma de impedir que o servidor venha
Federais e pelo Procurador-Geral da República, interferir de forma negativa durante a investigação
quando se tratar de demissão e cassação de apo- da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o
sentadoria ou disponibilidade de servidor vincula- seu afastamento preventivo:
do ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierar- Art. 147 Como medida cautelar e a fim de que o ser-
quia imediatamente inferior àquelas mencionadas vidor público não venha a influir na apuração da
no inciso anterior quando se tratar de suspensão irregularidade ao mesmo atribuída, a autoridade
superior a 30 (trinta) dias; instauradora do processo administrativo-discipli-
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades
nar, verificando a existência de veementes indícios
na forma dos respectivos regimentos ou regula-
de responsabilidades, poderá ordenar o seu afasta-
mentos, nos casos de advertência ou de suspensão
mento do exercício do cargo.
de até 30 (trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomea-
ção, quando se tratar de destituição de cargo em z Do Processo Disciplinar
comissão.
Uma vez encerrada a sindicância e constatada
Mesmo que a Administração Pública tenha o dever uma conduta irregular, temos o início do processo
de responsabilizar os seus servidores públicos pelas administrativo disciplinar (PAD) ou ordinário. Segun-
infrações praticadas de que tiver conhecimento, é do o art. 148,
importante observar que essas penalidades devem
ser aplicadas a contar da data em que o fato se tornou Art. 148 O processo disciplinar é o instrumento
conhecido. A prescrição da ação disciplinar é regula- destinado a apurar responsabilidade do servidor
mentada pelo art. 142. público pela infração praticada no exercício de
suas atribuições ou que tenha relação com as atri-
Art. 142 A ação disciplinar prescreverá: buições do cargo em que se encontre investido.
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
com demissão, cassação de aposentadoria ou dis- Segundo o art. 149,
ponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; Art. 149 O processo será conduzido por Comissão
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. composta de três servidores estáveis designados
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data pela autoridade competente, observado o disposto
em que o fato se tornou conhecido. no § 3º, do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal presidente, que deverá ser ocupante de cargo efeti-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas vo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de esco-
164 também como crime. laridade igual ou superior ao do indiciado.
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Não temos a figura de um juiz de direito no proces- Se a testemunha for servidor público, a expedição
so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”. do mandado tem que ser “imediatamente comunicada
A comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do
fica encarregada de realizar um relatório contendo dia e hora marcados para inquirição” (parágrafo único,
todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente art. 157). O servidor não pode se ausentar de seu servi-
investigados. ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto.
Ao todo, são três as fases do processo administra- Concluída a inquirição das testemunhas, a comis-
tivo disciplinar (art. 151): são promoverá o interrogatório do acusado, observa-
dos os procedimentos previstos nos arts. 158 e 159.
I - instauração, com a publicação do ato que cons-
No caso de mais de um acusado, cada um deles será
tituir a comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende ins- ouvido separadamente e, sempre que divergirem em
trução, defesa e relatório; suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será
III - julgamento. promovida a acareação entre eles.
Art. 152 O prazo para a conclusão do proces- A citação do indiciado está disposta no art. 161.
so disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, Tipificada a infração disciplinar, será “formulada a
contados da data de publicação do ato que consti- indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a
tuir a comissão, admitida a sua prorrogação por ele imputados e das respectivas provas.”
igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. O indiciado será citado por mandado expedido
pelo presidente da comissão para apresentar defesa
z Do Inquérito Administrativo
escrita, no prazo de 10 dias, sendo assegurado dar vis-
O inquérito administrativo é a fase em que temos ta do processo na repartição, isto é, olhar página por
a apuração da responsabilidade disciplinar do servi- página, parágrafo por parágrafo, tudo o que já foi pro-
dor público. Ela compreende a fase instrutória (colhei- duzido no PAD (§ 1º, do art. 161).
ta de provas), a citação e apresentação da defesa do Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
servidor que está sendo acusado, além da produção mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
de um documento chamado relatório. A revelia será declarada por termo nos autos do pro-
cesso e devolverá o prazo para a defesa (caput, § 1º,
Art. 155 Na fase do inquérito, a comissão promoverá do art. 164).
a tomada de depoimentos, acareações, investigações Uma vez apuradas todas as provas, a comissão ela-
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, borará um relatório de tudo que foi constado no pro-
recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será
de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
encaminhado para a autoridade julgadora.
Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que:
z Do Julgamento
Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de
acompanhar o processo pessoalmente ou por inter- A fase do julgamento tem início com o recebimen-
médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu- to do relatório da comissão e terá prazo máximo de 20
nhas, produzir provas e contraprovas e formular dias para decidir se acata o relatório ou não (art. 167).
quesitos, quando se tratar de prova pericial. O caput e parágrafo único, art. 168, dispõe, de modo
geral, que a autoridade julgadora não está subordina-
O art. 156 trata de um conteúdo muito importante,
da ao que foi dito no relatório da comissão.
ou seja, cuida do direito de defesa do servidor público.
Não é porque não estamos em um processo judicial
Art. 168 O julgamento acatará o relatório da comis-
(com a figura de um membro do Poder Judiciário) que
são, salvo quando contrário às provas dos autos.
não devem ser aplicados seus princípios mais básicos
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
e fundamentais.
contrariar as provas dos autos, a autoridade jul-
É cabível, no processo administrativo, a aplicação
gadora poderá, motivadamente, agravar a penali-
dos princípios do contraditório e ampla defesa, a dis-
dade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
paridade de armas, o direito de ter ciência e conheci- responsabilidade.
mento do processo, o direito de ser representado por
autoridade competente etc.
À luz do disposto no art. 172, o servidor que res-
A seguir, temos alguns meios de prova que são
ponder a processo disciplinar só poderá ser exone-
admitidos no processo administrativo, sendo, pratica-
rado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após
mente, os mesmos meios de prova admitidos em pro-
a conclusão do processo e o cumprimento da penali-
cesso judicial.
dade, acaso aplicada. Ocorrida a exoneração de que
As testemunhas estão dispostas no art. 157:
NOÇÕES DE DIREITO
Quem convoca as testemunhas para colher seus A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão
respectivos depoimentos — e quem faz toda a colhei- do procedimento administrativo, a pedido ou de ofí-
ta de todos os meios de prova — é a comissão, e não cio, quando se aduzirem fatos novos ou circunstân-
a autoridade julgadora que, por sua vez, somente vai cias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou
atuar no PAD quando todo o trabalho da comissão a inadequação da penalidade aplicada (art. 174).
tiver encerrado. 165
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A revisão é uma forma de defesa utilizada pelo Abuso de poder pode manifestar-se no exercício
acusado ou seu representante, para que a autoridade das funções administrativas sob duas formas: pelo
possa realizar um novo julgamento do PAD, porque excesso de poder e pelo desvio de finalidade.
apareceu um fato ou circunstância nova que compro- Excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos
vem a inocência do requerente. poderes administrativos pela qual a autoridade pra-
A revisão de que trata este artigo poderá ser reque- tica algum ato desrespeitando os limites impostos,
rida em caso de falecimento, ausência ou desapare- exorbitando o uso de suas faculdades administrativas.
cimento do servidor público, por qualquer pessoa da Ao exceder sua competência legal, o agente respon-
família, ou, ainda, em caso de incapacidade mental do sável age com exageros e desproporcionalidade, o que
servidor público, pelo respectivo curador (§§ 1º e 2º, torna o ato praticado por ele absolutamente inválido.
art. 174). Mas o excesso de poder admite convalidação, ou seja, há
No processo revisional, o ônus da prova recai sem- hipóteses em que se pode corrigir vício cometido no ato
pre ao requerente, correndo em apenso ao processo preservando sua eficácia, dependendo do caso concreto.
original (arts. 175 e 178). Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato
A comissão revisora terá 60 dias para a conclusão administrativo, praticado sempre por autoridade
dos trabalhos de revisão (art. 179). O prazo para jul- competente, que tem fim diverso daquele previs-
gamento será de 20 dias, contados do recebimento to, explícita ou implicitamente, nas regras de compe-
do processo, no curso do qual a autoridade julgadora tência da legislação (alínea “e”, parágrafo único, art.
poderá determinar diligências (parágrafo único, do 2º, da Lei nº 4.717, de 1965). A finalidade diversa não
art. 181). macula os requisitos essenciais dos atos administrati-
Lembrando que se da revisão do processo resultar vos (competência, objeto, forma, motivo), mas tende a
a inocência do servidor, ele tem direito de ser reinte- macular o ato, tornando-o nulo. O único caminho pos-
grado ao cargo que antigamente ocupava, exceto em sível para esse ato é a anulação, ou seja, não há pos-
relação ao cargo em comissão, que será convertido em sibilidade de convalidação. O desvio de finalidade
exoneração. pode ocorrer tanto nas condutas comissivas, em seu
A revisão do processo não admite a reformatio in campo de atuação, quanto nas condutas omissivas,
pejus, o que significa que não poderá resultar agrava- isto é, quando o agente público se abstém de realizar
mento da penalidade já aplicada (parágrafo único, do
tarefa legalmente imposta.
art. 182).
Exemplos de desvio de finalidade são bastante
comuns na Administração Pública brasileira:
do maior concretude aos comandos gerais e abstratos Quanto às suas características, diz-se que o poder
presentes na legislação. Não se confunde com o decre- hierárquico é interno e permanente. Interno é o
to, que é outro ato administrativo o qual introduz o poder que atinge apenas os próprios membros da
regulamento em si. Decreto representa a forma do ato Administração, não tem o condão de atingir as rela-
administrativo, enquanto o regulamento representa ções dos particulares. É também um poder perma-
seu conteúdo. nente, porque não é exercido de modo esporádico e
Ambos os decretos e regulamentos são atos em episódico, como o que acontece no poder disciplinar.
posição de inferioridade em relação às leis e, por Do poder hierárquico são decorrentes certas facul-
isso, não são capazes de criar direitos e obrigações dades implícitas ao superior, tais como dar ordens e
aos particulares sem fundamento legal. Suas funções fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atri-
primordiais, no entanto, são a redução da margem de buições, bem como rever atos de seus inferiores.
interpretação das normas, pois se um decreto dispõe 167
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A delegação é a transferência temporária de com- O que existe para as entidades da Administração
petência administrativa de seu titular a outro órgão Indireta é uma forma de controle fiscalizatório e fina-
ou agente público. A delegação poderá ser vertical, lístico de seus atos, o qual se denomina supervisão
quando a matéria for outorgada a um outro órgão ou ministerial. A supervisão é feita pelo ente controla-
agente público subordinado à autoridade outorgante, dor, geralmente são os entes da Administração Direta
permanecendo na mesma linha hierárquica. Mas a (União, estados, municípios, Distrito Federal e os seus
delegação também poderá ser feita para outro órgão órgãos, ministérios e secretarias).
ou agente que esteja fora da sua linha hierárquica, A supervisão não se confunde com subordinação,
hipótese que denominamos de delegação horizontal. pois entende-se que na supervisão o ente controlado
O art. 12, da Lei nº 9.784, de 1999, dispõe do mesmo possui uma maior margem de liberdade do que os
modo: órgãos hierarquicamente subordinados. A supervisão
ministerial não admite, por exemplo, a possibilidade
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode- de revisão dos atos praticados pela entidade contro-
rão, se não houver impedimento legal, delegar par- lada, pois a revisão é uma forma de controle de méri-
te da sua competência a outros órgãos ou titulares, to dos atos administrativos. Isso infere na autonomia
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente garantida constitucionalmente a essas entidades.
subordinados, quando for conveniente, em razão de Cuidado para não confundir alguns conceitos.
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, Quando um ato administrativo é ilícito (contrário à
jurídica ou territorial. Lei), a hipótese de controle recai sobre a legalidade do
ato. Se o vício for insanável, a hipótese é de anulação,
Essa transferência de competência é sempre pro- e pode ser realizada tanto pela Administração Pública
visória, o que significa que pode ser revogada a qual- quanto pelo Poder Judiciário. Por outro lado, quando
quer tempo. o ato for considerado inconveniente e inoportuno,
A regra geral é sempre a delegabilidade das com- discricionário, o Poder Judiciário não pode exercer
petências. Todavia, a própria legislação (art. 13, da controle de mérito, pois essa é uma tarefa exclusiva
Lei nº 9.784, de 1999) assevera três matérias que não da Administração, dentro da sua linha hierárquica. O
podem ser delegadas. Assim, são indelegáveis: método mais correto para o ato inconveniente, neste
caso, é o da revogação. Esquematicamente, temos:
z a edição de ato de caráter normativo, pois cons-
tituem-se em regras gerais aplicáveis a todos os
órgãos, incompatível com a delegação; Importante!
z a decisão em recursos administrativos, para evi- Ato ilícito → controle de legalidade (vinculação)
tar que a mesma autoridade possa julgar o mesmo → Administração ou Poder Judiciário → Anulação
processo mais de uma vez pela delegação; Ato inconveniente/inoportuno → controle de mérito
z as matérias que forem consideradas de competên-
(discricionariedade) → somente a Administração
cia exclusiva do órgão ou autoridade.
Pública, dentro da linha hierárquica → Revogação
A avocação encontra-se disposta no art. 15, da Lei
nº 9.784, de 1999. Consiste na possibilidade da auto- Lembre-se de que são considerados entes da Admi-
ridade competente chamar para si a competência de nistração Indireta: as autarquias, as fundações, as
um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida empresas públicas e as sociedades de economia mista.
excepcional e temporária, e somente pode ser realiza-
da dentro da mesma linha hierárquica, o que significa PODER DISCIPLINAR
que a avocação só pode ser vertical, não se admite a
avocação horizontal. Esquematicamente, temos: O poder disciplinar consiste na faculdade da
Administração de punir seus agentes, nas hipóteses
DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO em que estes tenham cometido alguma infração de
ordem funcional. Correlato com o poder hierárquico,
Distribuição de Absorção de mas não se confunde com ele. No poder hierárquico,
competências competências a Administração Pública distribui e escalona as suas
funções executivas. Já no uso do poder disciplinar, a
Admite horizontal e Admite apenas Administração simplesmente controla o desempenho
vertical horizontal de funções e a conduta de seus servidores, responsa-
bilizando-os pelas faltas porventura cometidas.
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos Em relação às suas características, o poder disci-
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus plinar é interno, não permanente ou temporário,
aspectos para a análise de sua manutenção ou inva- e discricionário. Assim como o poder hierárquico, a
lidação. É possível somente a revisão de atos prati- imposição de sanções pela Administração não se apli-
cados pelos órgãos públicos e agentes subordinados ca aos particulares, somente a seus próprios servido-
hierarquicamente. res, salvo as hipóteses de estes serem contratados pela
Para as entidades da Administração Indireta, real- Administração Pública. Todavia, distingue-se do poder
mente, não há como aplicar o poder hierárquico, uma hierárquico na medida em que é não permanente, isto
vez que, por definição, elas não integram a mesma é, será aplicado apenas se e quando o servidor come-
linha de hierarquia. São entes diferentes do seu cria- ter infração funcional.
dor, com personalidade jurídica própria, com patri- Percebe-se, então, que o poder disciplinar apresenta
mônio exclusivo e podendo se responsabilizar em caráter punitivo e sancionador, enquanto o poder hie-
168 juízo sem o auxílio da Administração Direta. rárquico advém da simples obediência dos subalternos
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para com a entidade detentora deste poder. A discri- licenças ou concessões pelo poder público. O legisla-
cionariedade do poder disciplinar traduz-se na possi- dor deve, então, elaborar os requisitos necessários
bilidade de a Administração em poder escolher qual para o exercício do poder de polícia pelo Estado.
a punição mais apropriada para cada caso, isto é, ela O poder de polícia tem por objeto a imposição de
possui certa margem de liberdade para o seu exercício. limitações à liberdade e propriedade dos particu-
Os servidores públicos que cometerem qualquer lares, instituindo condições capazes de compatibili-
infração no exercício de suas funções estão sujeitos zar seu exercício às necessidades de interesse público.
às seguintes penalidades, dispostas no art. 127, da Lei Tais imposições também podem ser aplicadas ao Esta-
nº 8.112, de 1990: advertência; suspensão; demissão; do. Isso significa que até mesmo o poder público pode
cassação de aposentadoria ou disponibilidade; desti- ter suas liberdades e propriedades sofrendo limita-
tuição de cargo em comissão; e destituição de função ções em face das necessidades do interesse público.
comissionada. A aplicação de qualquer uma dessas Para o seu exercício, a Administração Pública deve
penalidades depende de prévio processo administra- regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos.
tivo, respeitada a garantia de contraditório e ampla Em regra, o poder de polícia manifesta-se em obrigações
defesa, sob pena de nulidade da sanção. negativas, ou de não fazer, impostas aos particulares,
limitando a esfera de atuação dos seus direitos. Excep-
PODER DE POLÍCIA cionalmente, pode também se manifestar mediante
obrigações positivas ou de fazer, como é o caso da impo-
A expressão “poder de polícia” pode ser interpre- sição da função social da propriedade ao dono do imó-
tada de duas maneiras: em um sentido amplo, cor- vel, disposta no inciso XXII, art. 5º, da CF, de 1988.
responde a qualquer limitação estatal à liberdade e O poder de polícia manifesta-se pela expedição de
propriedade privada, de origem administrativa ou atos normativos, como é o caso das regras sobre o
legislativa. Há também o poder de polícia em senti- direito de construir, ou por meio de atos concretos,
do restrito, mais utilizado pela doutrina, que engloba como a obtenção de licença para a reforma de um
apenas as restrições impostas pelas limitações admi- imóvel, cujo interesse é exclusivo do particular (pro-
nistrativas, excluindo as limitações de ordem legal. prietário do imóvel, no caso).
Em sentido restrito, envolve atividades administrati- Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de
vas de fiscalização e condicionamento da esfera priva- polícia, qual seja, agir em prol do interesse público.
da de interesses, em prol da coletividade. Por isso, o Estado deve conciliar os direitos individuais
O poder de polícia tem grande destaque no exercí- com o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica
cio das funções da Administração moderna, junto com da Administração Pública, pois tem como fundamento
a prestação de serviços públicos e o fomento à inicia- o princípio sistêmico da primazia do interesse público
tiva privada. Porém, essas duas funções representam sobre o privado.
uma atuação estatal ampliativa, enquanto o poder de
polícia representa uma atuação restritiva do Estado, Natureza Jurídica do Poder de Polícia
limitando a liberdade e a propriedade individual em
favor do interesse público. Quanto à sua natureza jurídica, é entendimento
O art. 78, do Código Tributário Nacional (CTN), tem majoritário que o poder de polícia é discricionário.
seu conceito legal de poder de polícia: Na doutrina, muitos autores costumam definir poder
de polícia, utilizando-se a expressão “faculdade que o
Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade da Estado possui de impor limites...”. Isso quer dizer que
administração pública que, limitando ou discipli- não apresenta características de obrigação legal, mas
nando direito, interesse ou liberdade, regula a práti-
de uma permissão. A escolha sobre qual método utili-
ca de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
zar para o exercício do referido poder, e quando, com-
público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes, à disciplina da produção e do merca- pete somente à própria Administração Pública.
do, ao exercício de atividades econômicas dependen- Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de
tes de concessão ou autorização do Poder Público, à licença. A licença é ato administrativo relacionado ao
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e poder de polícia, que apresenta previsão legal para a
aos direitos individuais ou coletivos. sua obtenção, tratando-se por isso, de ato vinculado.
Com isso, podemos afirmar que a manifestação do
Diante de tudo que foi exposto, podemos concei- poder de polícia pode ocorrer mediante a expedição
tuar poder de polícia como a atividade da Administra- de atos no exercício da competência discricionária da
ção Pública, com fundamento na lei e na supremacia Administração, ou por meio de atos vinculados, com a
geral, que consiste na imposição de limites à liberdade devida previsão legal.
e à propriedade dos particulares, regulando a prática O poder de polícia também é em regra indelegá-
desses atos, ou a abstenção dos mesmos, manifestan- vel, uma vez que pressupõe a posição de superiori-
NOÇÕES DE DIREITO
do-se por meio de atos normativos ou concretos, tudo dade de quem o exerce, não podendo ser transferido
isso em benefício do interesse público. a particulares (inciso III, art. 4º, da Lei nº 11.079, de
Ao dizer que se trata de atividade da Administra- 2004). Obviamente, o poder de império é único e
ção Pública, procuramos enfatizar a concepção stric- exclusivo do Estado; se ele transferisse a particulares,
to sensu do poder de polícia, que não se confunde com seria um atentado contra a paz social.
as limitações à liberdade e ao direito de propriedade Todavia, isso não impede que o poder público
impostas pelo legislador. Por ser atividade da Admi- possa delegar, ao menos, as atividades consideradas
nistração, deve ser exercida respeitando os princípios preparatórias ou sucessivas do poder de polícia. Essa
da razoabilidade e proporcionalidade. delegação é possível, desde que esses entes que rece-
A fundamentação legal é outro aspecto importan- bem essa delegação (entes da Administração Indireta,
te do poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o pessoas jurídicas de direito privado, particulares etc.)
exercício de determinadas atividades à obtenção de tenham um vínculo com a própria Administração. 169
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Polícia Administrativa e Polícia Judiciária
Fato Jurídico
(Sentido Estrito)
A concepção do poder de polícia abrange muito FATO JURÍDICO
(Sentido Amplo)
mais do que a simples promoção de segurança públi-
Ato
ca. Todavia, imprescindível destacar as atividades Ato Jurídico
Administrativo
estatais de prevenção e repressão da criminalidade
sob a ótica do poder de polícia. Assim, costuma-se
dividir a atuação do Estado para promoção da segu- Assim, pode-se dizer que o ato administrativo é
rança pública em duas categorias de “polícias” distin- uma espécie de ato jurídico praticado pela Adminis-
tas: a polícia administrativa e a polícia judicial. tração Pública. Vejamos o conceito dado pelo doutri-
A polícia administrativa tem um caráter pre- nador Hely Lopes Meirelles (2016):
ventivo. Isso significa que a sua atuação deve ocorrer
antes da prática do crime, tendo por finalidade evitar a Ato administrativo é toda manifestação unilateral
sua ocorrência. Submete-se às regras de direito admi- da administração pública, que agindo nessa quali-
nistrativo. No Brasil, a polícia administrativa é exer- dade, tenha por fim imediato, adquirir, resguardar,
cida por diversos órgãos de fiscalização de diversas transferir, modificar, extinguir e declarar direito,
áreas, como saúde, educação, trabalho, previdência e ou impor obrigações aos administrados ou a si
assistência social. A polícia administrativa protege os própria.
interesses primordiais da sociedade ao impedir com-
Já Celso Antônio Bandeira de Mello (2010) concei-
portamentos individuais que possam causar prejuízos
tua os atos administrativos de forma mais abrangente:
maiores à coletividade.
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta cará-
Declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes
ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constata-
— como, por exemplo, um concessionário de servi-
ção do crime. Após a ocorrência do crime, a polícia
ço público), no exercício de prerrogativas públicas,
judiciária deve abrir um processo de investigação em manifestada mediante providências jurídicas com-
busca da autoria e materialidade do crime. Sua razão plementares da lei a título de lhe dar cumprimen-
de ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras to, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão
de direito processual penal. Ela incide sobre pessoas, jurisdicional.
ao contrário da polícia administrativa, que age sobre
a atividade das pessoas. A polícia judiciária é exercida Portanto, atos administrativos são ações pratica-
pelas corporações especializadas, denominadas Polí- das pela Administração Pública com objetivo de exer-
cia Civil e Polícia Federal. cer suas funções e cumprir suas atribuições; pode-se
dizer que é uma espécie do gênero atos da administra-
ção. Vejamos a diferença entre eles:
pratica o ato esteja respaldada por atos normativos, to às competências exclusivas do órgão subordinado.
Ademais, cumpre salientar que deverá se dar apenas
ainda que infralegais.
de forma excepcional, devidamente justificada e de
Competência diz respeito à capacidade do agente
forma temporária.
público para o exercício dos atos administrativos.
Vejamos agora alguns vícios que podem recair
É requisito de validade, haja vista que, no direito sobre o requisito competência.
administrativo, a lei é a responsável por estabelecer as Inicialmente temos o usurpador de função. Neste
competências atribuídas a seus agentes para o desem- caso, uma pessoa passa-se por agente público, exer-
penho de suas funções. Quando o agente atua fora dos cendo suas atribuições sem ter qualquer ligação com
limites da lei, diz-se que cometeu ato nulo por excesso a Administração Pública. Aqui não há possibilidade
de poder. É, por isso, sempre um ato vinculado. de convalidação do ato (conserto, correção), pois ele
é inexistente. 171
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Tal conduta é crime previsto no art. 328, do Código Podemos ter como base o exemplo clássico de um
Penal. Exemplo: pessoa finge-se de fiscal para extor- servidor que, ao cometer uma infração, é punido com
quir e aplica multa. a remoção para um local que possui déficit daque-
Em seguida, temos o excesso de poder, que ocorre le tipo de servidor. Vejamos alguns pontos para que
quando a autoridade competente pratica um ato até possamos identificar a finalidade geral e a finalidade
previsto no ordenamento jurídico, mas fora de suas específica.
atribuições. Tal ato é passível de convalidação, des- É sabido que a Administração Pública, pelo prin-
de que seja realizado pela autoridade que teria com- cípio da indisponibilidade do interesse público, não
petência para praticar o ato inicialmente. Exemplo: admite o cometimento de infrações e, sendo elas
superior hierárquico aplica pena de suspensão de 20 cometidas, deverão ser punidas. Ao punir o servidor,
dias, quando a lei permitia a aplicação de até 15 por a finalidade geral foi atendida, já que considerou o
ele, sendo competente outra autoridade para a aplica- interesse público. Contudo, a finalidade específica
ção de 20 dias.
que embasaria a remoção pelo motivo de carência
Finalmente, temos a função de fato. Neste caso,
daquele tipo de servidor foi violada, já que o ato foi
temos o exercício de um cargo público, por exemplo,
realizado com o intuito de penalizar o agente, pos-
por um empossado irregular. Imaginemos que João
suindo, assim, desvio de finalidade.
prestou concurso para um cargo que possui como
requisito o ensino superior; contudo, quando da apre-
sentação dos documentos, não apresentou o certifica- VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE
do de conclusão de ensino superior, detalhe este que
passou despercebido pelos responsáveis. Posterior- Forma
mente, o vício é identificado e João deixa de ocupar o
cargo. Assim, os atos praticados enquanto João exer- A forma é o modo pelo qual o ato administrativo é
cia a função pública deverão ser considerados válidos, exteriorizado; trata-se, portanto, do seu revestimento.
desde que tenha havido boa-fé dos terceiros interes- Ressalta-se que como os atos administrativos devem
sados, conforme teoria da aparência de legalidade, a obedecer estritamente às disposições legais, estão
qual prevê, por exemplo, que não há como o terceiro submetidos, em regra, ao princípio da solenidade.
interessado ser prejudicado pela irregularidade do Embora haja predominância da escrita, é permi-
agente se, a priori, não sabia sobre tal fato. tida a prática de atos administrativos por meio de
Atenção! Somente praticam atos administrativos gestos, palavras, sinais ou imagens. Como exemplos,
os órgãos públicos aos quais foi atribuída tal função. temos o guarda de trânsito, que emite gestos, a fim de
Os atos administrativos praticados por quem não pos- controlar o fluxo de automóveis em determinada via,
sua competência são considerados inválidos. ou o semáforo, que indica, por meio de imagem, quan-
do o condutor deve prosseguir e quando deve parar,
Finalidade entre outros.
Assim, trata-se de ato vinculado, quando exigido
Pode-se dizer que a finalidade é o objetivo que o por lei, e discricionário, quando a sua escolha couber
ato busca alcançar, é o seu propósito. De forma geral, ao próprio agente público.
todo ato administrativo tem como finalidade satisfa- Em regra, os atos administrativos são sempre exte-
zer o interesse público, contudo, cada um deles terá riorizados por escrito, mas podem também ser orais,
também uma finalidade específica. gestuais ou até mesmo expedidos por máquinas. O art.
Em outras palavras, a finalidade é o objetivo a ser 22, da Lei nº 9.784, de 1999, determina que:
almejado pela prática daquele ato administrativo. Em
muitos casos, o objetivo almejado é a proteção do inte- Art. 22 Os atos do processo administrativo não
resse público. Sempre que o ato for praticado tendo dependem de forma determinada senão quando a
em vista o interesse alheio, será nulo por desvio de lei expressamente a exigir.
finalidade.
Por exemplo: o trancamento de um estabelecimen- Em caso de equívoco ao exteriorizar determina-
to, após constatação de falta de cuidados higiênicos
do ato administrativo, o vício, geralmente, é sanável.
com os alimentos, visa à proteção da vida e da saúde
Contudo, o desrespeito à forma do ato acarreta sua
dos cidadãos que frequentam aquele local. Pode-se
nulidade.
afirmar, de modo geral, que a finalidade de um ato
De forma geral, pode-se dizer que enquanto no
administrativo sempre será a proteção dos direitos e
direito privado a regra é pela liberdade da forma, no
garantias fundamentais da pessoa humana.
No entanto, de acordo com o contexto aplicável, direito público a liberdade é exceção. Os atos adminis-
teremos uma finalidade específica àquele ato pratica- trativos devem seguir o formato que lhes é preestabe-
do. Diante disso temos dois conceitos: finalidade geral lecido por lei. Um exemplo são os concursos públicos,
(mediata) e finalidade específica (imediata). estabelecidos por um ato administrativo que informa
sobre o certame: o edital.
z Finalidade geral (mediata): satisfação do interes-
se público; Motivo
z Finalidade específica (imediata): alcance do
resultado específico esperado para o ato. Agora vamos ao requisito motivo, que correspon-
de aos fundamentos de fato e de direito que respaldam
O vício que recai sobre finalidade não poderá ser a execução do ato administrativo; em outras palavras,
convalidado. Aqui temos duas hipóteses, que vão é a justificativa para que tenha sido realizado o ato.
seguir a linha dos conceitos de finalidade colocados Vamos entender melhor isso.
172 acima.
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Em outras palavras, temos que o motivo é a circunstância de fato ou de direito que determina ou autoriza
a prática do ato, isto é, a situação fática que justifica a realização do ato.
Aqui temos duas definições passíveis de serem cobradas em prova.
z Motivo de direito: a previsão em lei de hipótese que irá permitir a execução do ato;
z Motivo de fato: a ocorrência da hipótese prevista em lei no mundo real.
Para o melhor entendimento, é interessante um exercício de imaginação. Imagine-se diante do espelho. A sua
imagem é uma projeção abstrata, enquanto você é real. Assim são os motivos de fato e de direito. Eles são como
o corpo e a imagem. Para que o ato possa ser praticado, você deve ter tanto a ocorrência na realidade como a sua
previsão abstrata em lei.
O motivo pode ser tanto requisito vinculado como discricionário, dependendo do comando legal imposto aos
agentes. Assim, o motivo será vinculado quando a lei expressamente obrigar o agente a agir de um certo modo,
como na hipótese de lançamento tributário (o fiscal da receita não tem direito de escolha, se deve ou não fazer o
lançamento).
Situação diversa é a do pedido de demissão de servidor público no caso de incontinência pública (inciso V, art.
132, da Lei nº 8.112, de 1990), hipótese em que a autoridade competente tem maior liberdade para avaliar se a
demissão é realmente ato necessário ou não, dependendo do caso concreto.
Temos agora uma informação com a qual você deve ter muito cuidado: não confunda motivo com motivação.
A motivação é o próprio ato de exposição do motivo. Para ficar mais clara a diferença entre motivo e moti-
vação, tenha em mente que o motivo é um acontecimento no mundo de algo que a legislação prevê, enquanto a
motivação é a exposição do fato, relacionando-o à previsão legal no próprio papel.
Ademais, tem-se que o motivo é elemento de formação, sendo, portanto, obrigatório estar presente em todos
os atos. Já a motivação não necessita ser sempre observada, contudo é obrigatória sua observância e, se não cum-
prida, resulta em vício de forma.
MOTIVO MOTIVAÇÃO
Vejamos agora o que traz a Lei nº 9.784, de 1999, sobre a motivação de atos administrativos.
Há a possibilidade da motivação de um ato administrativo por meio da referência a outro ato ou processo. É o
que a doutrina chama de motivação aliunde, que significa “a outro lugar”.
Finalmente, é importante que se conheça a Teoria dos Motivos Determinantes, bastante cobrada em provas.
Segundo ela, se os motivos apontados no ato administrativo forem inválidos, também o será o ato administrativo
praticado, mesmo que a motivação tenha se dado de forma desnecessária.
É o caso de exoneração de ocupante de cargo em comissão. A lei prevê que, para esse tipo de exoneração, não
é necessária a motivação, sendo de livre nomeação e exoneração. Contudo, caso a autoridade exonere o ocupante
com fundamento (motivação) em falta de verba e isso não seja verificado, a exoneração torna-se nula, devido à
NOÇÕES DE DIREITO
referida teoria.
Objeto
Por fim, temos o objeto do ato administrativo, que será o próprio conteúdo do ato, seu efeito jurídico, a alte-
ração que ele causa. Pode ser confundido com a finalidade, porém esta possui efeito mediato, enquanto o objeto
possui efeito imediato.
Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas concer-
nentes a pessoas, bens ou atividades sujeitas ao exercício do poder público. É por meio dele que a administração:
O objeto pode não estar previsto expressamente na legislação, cabendo ao agente competente a opção que seja
mais oportuna e conveniente ao interesse público. A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por isso,
de ato discricionário.
Assim, todo ato administrativo, para ser formado, precisa necessariamente seguir os cinco elementos elenca-
dos anteriormente: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. O descumprimento de qualquer um desses
requisitos, via de regra, pode desencadear a nulidade do ato.
O vício no elemento objeto é insanável.
O motivo e o objeto são os elementos que constituem o mérito administrativo, que é a margem de escolha e
valoração por parte do agente competente.
O mérito administrativo também pode ser citado pelo examinador por meio do termo discricionariedade.
Nada mais é do que outra forma de se referir à margem de escolha que o agente competente tem diante de um
ato administrativo discricionário.
Por fim, ressalta-se a importantíssima informação quanto à vinculação e discricionariedade dos elementos do
ato administrativo, classificação que se estende aos requisitos. A competência, a finalidade e a forma possuem
somente natureza vinculada. Já o motivo e o objeto podem ter tanto natureza vinculada quanto discricionária, a
critério da lei. A fim de memorizar isso, atente-se às informações dispostas na tabela a seguir:
ATRIBUTOS
Atributos são as características dos atos administrativos que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois
estão submetidos ao regime jurídico administrativo. Essas características traduzem em prerrogativas concedidas
à administração pública para que ela possa atender de maneira adequada às necessidades da população.
Os atos administrativos possuem características fundamentais para que possam atingir os fins a que se pro-
põem. São elas: presunção de veracidade e de legitimidade, autoexecutoriedade, tipicidade e imperatividade.
Para auxiliar na memorização de todos os atributos/características, tenha em mente o mnemônico PATI:
Ademais, outra dica que pode auxiliar é o fato de que os atributos iniciados por consoante estão presentes em
todos os atos administrativos.
Os atos administrativos gozam de presunção de veracidade e de legitimidade; todo ato administrativo é tido
como válido e produz efeitos jurídicos, até que se prove o contrário. Em termos simples, significa que as informa-
ções trazidas pelos atos administrativos deverão ser tidas como verdadeiras (veracidade) e conforme a lei (legiti-
midade) até que haja prova em contrário. Uma vez praticado o ato administrativo, ocorre a inversão do ônus da
prova (em regra), cabendo ao particular provar eventual impropriedade que ele contenha.
Se, pelo princípio da legalidade, ao administrador só cabe fazer o que a lei permite, então, presume-se que o
fez respeitando a lei.
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Nosso direito admite duas formas de presunção: Importante ressaltar, ainda, que os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade impõem limites na
z presunção juris et de jure, que significa “de direi- atuação coercitiva dos agentes públicos. A autoexecu-
to e por direito”; é presunção absoluta, que não toriedade (leia-se o uso de força física) deve ser utili-
admite prova em contrário; zada com bom senso e moderação.
z presunção juris tantum, resultante do próprio
direito e, embora por ele estabelecida como verda- Tipicidade
deira, admite prova em contrário.
Finalmente temos o atributo da tipicidade. Ele
Atenção! A presunção relativa, que estudamos impõe que os atos administrativos praticados devem
neste momento, é também conhecida como presun- ser previamente definidos em lei, não cabendo ao
agente competente para a prática criar atos que não
ção juris tantum. Em sentido oposto, a presunção
sejam previamente constantes da lei.
absoluta, não aplicável neste tema, é também conhe-
Nesse contexto, o avaliador poderá usar o termo
cida como presunção jure et de jure.
ato inominado para referir-se aos atos administrati-
Portanto, a presunção atinge todos os atos, inclu- vos sem prévia previsão em lei.
sive aqueles praticados pela administração com base Sendo assim, a lei deve sempre estabelecer os
no direito privado. Qualquer que seja o ato pratica- tipos de atos e suas consequências, promovendo ao
do pela Administração Pública, será presumidamente particular a garantia de que a Administração Pública
legítimo e verdadeiro. não fará uso de atos inominados, sem tipificação, que
imponham obrigações cuja previsão legal não exis-
Autoexecutoriedade te. É um atributo que deriva do próprio princípio da
legalidade.
A autoexecutoriedade é a característica dos atos Portanto, a tipicidade é uma característica mar-
administrativos que confere à Administração Pública cante da expropriação de bens particulares pelo
a capacidade de executar diretamente seus atos inde- poder público. É o caso de desapropriação adminis-
pendentemente de recorrer a qualquer outro poder. trativa, hipótese em que o poder público tem a prer-
Os atos administrativos são unilaterais, ou seja, são rogativa de tirar da esfera de alguma pessoa física a
praticados por uma única parte, sendo esta a Adminis- titularidade sobre bem imóvel, transformando-o em
tração Pública. Em outras palavras, eles criam obriga- bem público.
ções, direitos ou efeitos jurídicos para terceiros sem a
necessidade de acordo ou consentimento desses. Imperatividade
De forma similar à imperatividade, nem sempre
estará presente nos atos administrativos. Temos também a imperatividade, que é o poder
da Administração Pública de impor ao particular seus
A expressão “auto” advém do fato de que o poder
atos administrativos, mesmo que contrários ao inte-
público não necessita de autorização judicial para des-
resse particular. É decorrente do poder extroverso do
constituir a situação irregular e violadora da ordem
Estado, que permitirá a imposição de deveres e obri-
jurídica, o que a difere da exigibilidade, que não tem gações ao particular.
o condão de, por si só, desconstituir a irregularidade Compreendida também como coercibilidade, os
do ato, apenas pune o infrator. Para tanto, necessita atos administrativos impõem-se aos destinatários,
da presença de dois requisitos: a previsão legal, como independentemente de sua concordância, outorgan-
nos casos de poder de polícia, e o caráter de urgên- do-lhes deveres e obrigações.
cia, a fim de preservar o interesse coletivo. A imperatividade garante ao poder público a capa-
De forma resumida, para facilitar seus estudos, cidade de produzir atos que geram consequências
pode-se dizer que a autoexecutoriedade poderá fazer- perante terceiros. O Estado somente consegue alcan-
-se presente em duas hipóteses: çar seus objetivos de forma eficiente se ele se encon-
trar em posição superior aos seus governados.
z casos expressamente previstos em lei; Assim, todo ato administrativo tem um caráter
z urgência da situação apresentada/grande possibi- obrigatório, sendo seu descumprimento geralmente
lidade de dano. vinculado à aplicação de sanções. Assim, a adminis-
tração poderá unilateralmente criar uma obrigação
Assim, não há necessidade de intervenção judicial aos particulares, mesmo sem a anuência destes.
nas hipóteses de: apreensão de mercadorias contra- Importante ressaltar que esse é um atributo que
bandeadas, na demolição de construção irregular, nem sempre estará presente nos atos administrativos,
pois mostrar-se-á apenas quando impuser condições
na interdição de estabelecimento comercial irregu-
NOÇÕES DE DIREITO
ao particular.
lar, entre outros. Todavia, afirmar que a execução
A justificativa da criação unilateral dos atos admi-
independe de manifestação do Judiciário não signifi-
nistrativos, ainda que contra a vontade dos admi-
ca dizer que escapa do controle judicial. Poderá ser
nistrados, é o poder coercitivo do Estado, também
levada ao crivo, mas somente a posteriori, depois de denominado poder extroverso ou poder de impé-
seu cumprimento, se houver provocação da parte rio. Esse não é um atributo comum a todos os atos,
interessada. mas tão somente aos que impõem obrigações aos
As medidas judiciais mais adequadas para contes- administrados.
tar a força coercitiva administrativa são o mandado Assim, não têm essa característica os atos que
de segurança e o habeas data (incisos LXIX e LXVIII, outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
art. 5º, CF, de 1988). bem como aqueles meramente administrativos (cer-
tidão, parecer). 175
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EXTINÇÃO, DESFAZIMENTO E SANATÓRIA Desta forma, são várias as classificações dos atos
administrativos. Destacaremos aqui algumas que
Os atos administrativos possuem um ciclo de estão entre as mais cobradas em concursos públicos.
vida. Eles são criados, começam a produzir efeitos, e,
depois de um tempo, desaparecem. Vamos analisar Quanto aos Destinatários
com mais detalhes justamente o desaparecimento
dos atos administrativos, embora seja preferível uti- Os atos podem ser gerais ou individuais.
lizar o termo “extinção” (ou “invalidação”) dos atos
administrativos. z Atos gerais: os destinatários são indeterminados;
Para melhor compreensão do tema, a doutrina uti- z Atos individuais: seus destinatários são determinados.
liza-se de uma sistematização das formas de extinção
dos atos administrativos. A principal divisão que deve A classificação não leva em conta o número de des-
ser feita é em relação à produção de efeitos: existem tinatários, mas se eles são determinados ou não.
atos administrativos eficazes, bem como atos inefica-
zes. Quando ineficaz, o ato pode ser extinto pela reti- Quanto ao Grau de Liberdade
rada ou pela sua recusa pelo beneficiário. Tratando-se
de atos eficazes, há quatro formas de extinção dos Os atos podem ser discricionários ou vinculados.
atos administrativos:
z Atos discricionários: possuem margem de valo-
Extinção Ipsu Iure pelo Cumprimento dos Efeitos ração e escolha para o agente público que o prati-
ca, conhecida como mérito administrativo. Neste
É a extinção que ocorre pelo cumprimento integral caso, há uma avaliação subjetiva prévia à edição
dos efeitos do ato administrativo. É a extinção natural do ato. É o caso das permissões para o uso de bem
esperada por todo ato administrativo. Pode ocorrer público. No caso de o ato discricionário não ser
mediante: mais conveniente e oportuno para a Administra-
ção Pública, a solução mais correta para sua extin-
z esgotamento do conteúdo, como a vacinação de ção é a revogação;
enfermos após expedição de ordem de entrega das z Atos vinculados: são aqueles praticados pela
vacinas; Administração Pública sem nenhuma liberdade de
z execução da ordem, como o guinchamento de atuação; há pouca ou nenhuma margem de esco-
veículo; lha na prática dos atos administrativos. Assim, a lei
z implemento de condição resolutiva ou termo define todas as margens de sua conduta. Havendo
final, como o prazo final para renovação da CNH. vício no ato vinculado, pode-se pleitear a sua anu-
lação, pois trata-se de vício de legalidade. É o caso,
Extinção Ipsu Iure pelo Desaparecimento da Pessoa por exemplo, da concessão de aposentadoria para
ou Objeto o contribuinte beneficiário.
Os atos administrativos podem tratar das pessoas Lembrando os elementos dos atos administrati-
ou coisas. Desaparecendo um desses elementos, o vos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto),
ato extingue-se automaticamente, pois perdeu a sua destacamos que a diferença nessa classificação que
utilidade. acabamos de colocar recai apenas sobre dois deles:
As pessoas “desaparecem” com seu falecimen- motivo e objeto. Ou seja, todos os demais termos são
to, como a morte de servidor público que receberia vinculados, enquanto estes dois que citamos são dis-
promoção; e as coisas, com a sua ruína ou destruição, cricionários, se assim for o ato.
como o desabamento de prédio que recebeu licença
para a sua reforma. Quanto ao Âmbito de Aplicação
z Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio Os atos podem ser internos e externos.
beneficiário abre mão da situação proporcionada
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de z Atos internos: produzem efeitos apenas dentro da
cargo público a pedido do seu ocupante; estrutura da Administração Pública;
z Retirada do ato: é a forma mais importante de z Atos externos: impactam os administrados.
extinção dos atos administrativos para os concur-
sos públicos. É a extinção que se dá pela expedi- Destacamos que, uma vez que os atos externos
ção de um segundo ato, elaborado para extinguir recairão sobre o cidadão, deverão ser necessariamen-
ato administrativo anterior a ele. Comporta cin- te publicados, o que não se aplica aos atos internos.
co modalidades, que serão vistas com mais deta-
lhes: revogação, anulação, cassação, caducidade e Quanto à Manifestação de Vontade
contraposição.
Os atos podem ser simples, complexos ou
CLASSIFICAÇÃO compostos.
Atos administrativos existem dos mais variados z Atos simples: são aqueles que nascem da manifes-
tipos. Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e tação de vontade de apenas um órgão, seja ele uni-
agrupá-los, formando-se uma verdadeira classificação pessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado
desses atos. Portanto, passemos a analisar as diversas (composto por várias pessoas). O ato que altera
176 modalidades de atos administrativos. o horário de atendimento da repartição pública,
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emitido por uma única pessoa, bem como a deci- z Atos extintivos: também denominados atos des-
são administrativa do Conselho de Contribuintes constitutivos, extinguem um direito ou relação
do Ministério da Fazenda, que expressa vontade jurídica, são aqueles que põem termo a um direito
única apesar de ser órgão colegiado, são exem- ou dever preexistentes. Exemplo: a demissão de
plos de atos simples. Portanto, pode-se dizer que servidor público;
há uma única manifestação de vontade, ainda que z Atos modificativos: são os que têm capacidade de
de um órgão que seja composto por mais de um alterar a situação já existente, sem que seja extin-
agente público; ta. Todavia, não têm o condão de criar direitos e
z Atos complexos: são aqueles que se formam pela obrigações. Exemplo: a alteração do horário de
união de várias vontades, isto é, que necessitam da atendimento da repartição;
manifestação de vontade de dois ou mais órgãos z Atos declaratórios: afirmam uma situação já exis-
diferentes para a sua formação. Enquanto todos os tente, seja de fato ou de direito. Não criam, trans-
órgãos competentes não se manifestarem da for- ferem ou extinguem situação jurídica, apenas a
ma devida, o ato não estará perfeito; reconhecem. É o caso da expedição de uma certi-
z Atos compostos: são aqueles que advêm de mani- dão de tempo de serviço.
festação de apenas um órgão. Porém, para que
produzam efeitos, dependem da aprovação, visto Eficácia e Validade
ou anuência de outro ato, que os homologa, como
condição para a executoriedade. z Atos perfeitos ou imperfeitos: a perfeição diz
respeito aos atos que completaram seu processo de
Costuma-se afirmar que o ato posterior é acessó- formação, isto é, que já apresentam todos os cinco
rio do anterior, pois a manifestação do segundo ato elementos do ato administrativo (agente, forma,
não possui a mesma matéria do primeiro: ele apenas finalidade, objeto e motivo). Por outro lado, atos
complementa a aplicação deste. Exemplo: a nomeação
imperfeitos são os que ainda não completaram seu
de servidor público, que deve sempre anteceder a sua
processo de formação, seja porque carecem de um
aprovação em concurso público.
dos cinco elementos, seja porque recai uma con-
dição suspensiva que impede que o ato se torne
Quanto à Formação
perfeito;
z Atos válidos ou inválidos: a validade não é sinô-
Os atos podem ser unilaterais, bilaterais ou
nimo de perfeição, uma vez que possui relação
multilaterais.
com o ordenamento jurídico, e não com os elemen-
tos constitutivos. Todo ato administrativo válido
z Ato unilateral: manifestação de apenas uma
deve ter uma norma jurídica como fundamento,
pessoa;
caso contrário, é considerado um ato ilícito (inváli-
z Ato bilateral: manifestação de duas pessoas;
do), podendo ser anulado;
z Ato multilateral: manifestação de várias pessoas.
z Atos eficazes ou ineficazes: o critério analisado
aqui é a eficácia dos atos administrativos. Ato efi-
Quanto ao Objeto
caz é aquele que já está produzindo efeitos concre-
tos. São considerados eficazes porque sobre eles
Os atos poderão ser de império, de gestão ou de
não recai nenhum prazo ou condição suspensiva.
expediente.
Já os atos ineficazes são aqueles que não podem
produzir seus efeitos, seja por motivos de perfei-
z Atos de império: possuem em si o poder extro-
verso de Estado, impondo ao particular a vontade ção, seja pela ausência de um outro ato adminis-
da Administração Pública. Pode-se dizer que são trativo que o homologue. É o caso, por exemplo,
aqueles praticados pela administração em posição da investidura de candidato em um cargo público.
de superioridade perante os particulares, como na Tal ato por si só é ineficaz, se o candidato não tiver,
imposição de multa por infração administrativa; além de sido aprovado em concurso público, rea-
z Atos de gestão: praticados com intuito de gerir o lizado outro ato, que é a assinatura do termo de
patrimônio público, em pé de igualdade com os posse.
particulares. É o caso da alienação de bem público;
z Atos de expediente: são atos de mera rotina inter- Alguns autores, como Celso Antônio Bandeira de
na das repartições, sem conteúdo decisório, ela- Mello, salientam que há uma mescla dessa última
borados por autoridade subalterna, que não tem classificação, o que significa que o ato administrativo
capacidade decisória. Exemplo: numeração dos pode se encontrar de diversas formas, tais como:
NOÇÕES DE DIREITO
cer o que vem a ser serviço público e o que o diferen- Assim, para o serviço público stricto sensu, pode-
cia das atividades de fomento, do exercício do poder mos elencar, dentre todos os conceitos, alguns ele-
de polícia e da intervenção no domínio econômico. mentos identificadores que estão presentes em todas
as definições. São eles:
Conceito e Elementos Constitutivos do Serviço
Público z Elemento subjetivo: a titularidade do serviço
público é exclusiva do Estado. O serviço público
A matéria dos serviços públicos está contida, de é de responsabilidade do Estado e por ele deve
modo geral, na Constituição Federal e na Lei nº 8.987, ser prestado, direta ou indiretamente. Quando
de 1995, que disciplina o regime de concessão e per- a prestação do serviço se der por meio indireto,
missão dos serviços públicos. teremos uma delegação de serviço público por
meio de concessão ou permissão. Nesses casos, 179
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os particulares assumem apenas a prestação tem- Importante!
porária do serviço, mantendo a titularidade deste
sob responsabilidade do Estado. Então, nunca se Indispensável observar, contudo, que a titularida-
esqueça de que a titularidade de serviço público de do serviço público permanecerá com o Estado.
deve permanecer sempre com pessoa jurídica de
direito público; Também temos certas atividades que, embora
z Elemento objetivo: é a atividade caracterizada sejam consideradas de serviço público, contam com
como serviço público (geralmente atende a um serviços que satisfazem também interesses particula-
interesse público). O serviço público objetiva aten- res (elemento objetivo), como no caso do serviço de
der necessidade coletiva e proporcionar comodi- distribuição de alimentos em prisões.
dade para os usuários. Essa é a principal diferença Por fim, o regime do serviço público pode ser de
entre serviço público e o poder de polícia: enquan- direito privado (elemento formal), seguindo as nor-
to este busca uma limitação para o particular, mas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para
o regime de contratação de funcionários, e os bens
aquele proporciona uma atuação de natureza
podem ser alienados ou penhorados, pois pertencem
ampliativa dos seus interesses;
às empresas privadas.
z Elemento formal: em qual regime o serviço é
Assim, pode-se concluir que a noção de serviço
prestado. Na maioria dos casos, trata-se do regi-
público está intrinsecamente ligada à forma de atua-
me de direito público. O serviço público deve ser ção do Estado. Uma das principais dificuldades de
prestado sob o regime de direito público (ou par- buscar um conceito de serviço público reside justa-
cialmente público, como defendem alguns auto- mente nesse fato: a depender do modelo de Estado,
res). Mesmo quando o serviço está sendo prestado sua forma de atuação poderá ser mais liberal ou mais
por um particular (concessão, por exemplo), ele intervencionista. Desta forma, o conceito de serviço
será prestado por um regime parcialmente públi- público também poderá ser mais ou menos abrangen-
co. Nesses casos, o particular que estiver prestando te para cada país.
serviço público deverá obedecer aos princípios de José dos Santos Carvalho Filho é o autor jurista que
direito público inerentes à execução da atividade, apresenta muito bem essa dificuldade ao definir ser-
podendo incidir sobre ele algumas regras do direi- viço público como
to privado. Ex.: o art. 7º, da Lei de Concessões (Lei
nº 8.987, de 1995), permite a aplicação subsidiária [...] toda atividade prestada pelo Estado ou por
das regras do Código de Defesa do Consumidor (Lei seus delegados, basicamente sob regime de direito
público, com vistas à satisfação de necessidades
nº 8.078, de 1990) em relação aos direitos dos usuá-
essenciais e secundárias da coletividade. (Carvalho
rios do serviço público; Filho, 2015, p. 333)
z Elemento material: o serviço público é uma utili-
dade ou comodidade material prestada à socieda- É importante que nos atentemos para não confun-
de de forma contínua. É utilidade ou comodidade dir a prestação de serviço público com:
material porque é uma tarefa exercida no plano
concreto pelo Estado, e não apenas uma atividade z Obras: a obra de construção de um hospital não
normativa ou intelectual. Ou seja, caso estejamos se confunde com a prestação do serviço público
diante uma atividade essencialmente intelectual de saúde. A obra de construção de um terminal
exercida pelo Estado (função legislativa, jurisdi- de integração não se confunde com a prestação do
cional e política), é necessário que nos lembremos serviço público de transporte urbano;
z Poder de polícia: o serviço público oferta como-
de que ela não pode ser considerada como servi-
didade e utilidade para a sociedade. Já o poder de
ço público. Além disso, para ser serviço público,
polícia impõe limitações e restrições para o parti-
a prestação de serviço não pode ter início, meio e
cular, não oferecendo benefícios ou comodidade;
fim. Por isso uma obra de via pública, por exem-
z Exploração de atividade econômica pelo Esta-
plo, não pode ser considerada serviço público. do: ainda que exercida para buscar o interesse
público, a exploração de atividade econômica pelo
O fenômeno conhecido como a “crise do serviço Estado (empresas estatais) é feita sob o regime de
público” se deu com o advento do Estado Regulador, direito privado (Estado renunciando às prerroga-
na primeira metade do século XX. Ele traz a ideia de tivas públicas).
um Estado que procura regular as atividades consi-
deradas serviços públicos. Se antes a execução dessas Os Princípios Aplicáveis aos Servidores Públicos
tarefas era exclusiva do regime público, atualmente
a execução desses serviços pode ser feita sob regime Por estarem submetidos a um regime especial,
privado. O Estado carece de recursos para cuidar de que pode ser total ou parcialmente de direito públi-
co, os princípios de direito administrativo, previstos
tantos setores simultaneamente.
no caput, do art. 37, da CF, de 1988, são aplicáveis à
Em suma, por isso a necessidade de delegar tais
prestação dos serviços públicos. Porém, há ainda
serviços mediante concessão ou permissão, como
alguns princípios específicos aos serviços públicos
também criação de pessoas jurídicas próprias para
que devem ser melhor analisados. São eles:
controlar tais atividades. Há, assim, uma mitigação
dos elementos identificadores do serviço público. z Princípio da continuidade do serviço público: é
Atualmente, admite-se que os serviços públicos o princípio que diz respeito à obrigação do Estado
sejam executados por particulares (elemento subjeti- de prestar o serviço público, que não pode parar,
vo). Há uma delegação da execução do serviço, o qual dada a sua relevante finalidade pública. É dizer
poderá ocorrer mediante concessão ou permissão do que o Estado tem um poder-dever (obrigatorieda-
180 serviço público, nos termos da Lei nº 8.987, de 1995. de) de prestar tal atividade.
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O serviço deve ser ininterrupto, porém o § 3º, do É ilegítimo o corte no fornecimento de energia
art. 6º, da Lei nº 8.987, de 1995, admite que, nos casos elétrica em razão de débito irrisório, por confi-
de serviços concessionados a entidades privadas, não gurar abuso de direito e ofensa aos princípios
se caracterizam descontinuidade do serviço a parali- da proporcionalidade e razoabilidade, sen-
sação quando motivada por razões de ordem técnica do cabível a indenização ao consumidor por
ou de segurança das instalações, tampouco situações danos morais;
de inadimplemento do usuário, considerado o interes- É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços
se da coletividade. públicos essenciais quando a inadimplência
Portanto, temos que por este princípio, uma vez do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma
instituído o serviço público, ele deve ser prestado; vez que a interrupção pressupõe o inadimple-
desse modo, não deve sofrer interrupção. Além disso, mento de conta regular, relativa ao mês do
o serviço público deve ser prestado conforme a neces- consumo;
sidade da população, que pode ser: É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços
públicos essenciais quando o débito decorrer
absoluta, para o caso de o serviço ter que ser de irregularidade no hidrômetro ou no medi-
prestado sem qualquer interrupção, uma vez dor de energia elétrica, apurada unilateral-
que a população necessita permanentemente mente pela concessionária.
deste serviço, como no caso de hospitais, distri-
buição de água, entres outros; z Princípio da mutabilidade do regime jurídico: o
relativa, para o caso de o serviço ser presta- interesse público não é estanque, mas variável ao
do periodicamente, levando em consideração longo do tempo. A instauração de serviço público
as necessidades intermitentes da população, mediante certo regime jurídico não gera um “direi-
como no caso de biblioteca pública, museus,
to adquirido”, o que significa que o poder público
quadras esportivas etc.
pode alterar um estatuto ou contrato adminis-
trativo para promover maior adequação na pres-
Neste sentido, o inadimplemento do usuário gera,
tação do referido serviço;
no caso de o serviço ser facultativo, a possibilidade
z Princípio da isonomia dos usuários: trata-se de
do concessionário ou permissionário suspender sua
uma decorrência direta do princípio constitucional
prestação, desde que observadas as formalidades
da impessoalidade. O serviço público deve aten-
legais, que perdurará enquanto não houver o paga-
der a todos, geralmente de forma individualiza-
mento das tarifas ou preço público em atraso, como
da, sem discriminações e privilégios, respeitando
no caso do serviço de telefonia.
a igualdade formal e material (tratar igualmente
Em contrapartida, no caso de o serviço ser obri-
os iguais e desigualmente os desiguais, na medida
gatório, ele não pode ser suspenso, uma vez que sua
suspensão privaria o particular de serviços básicos e de suas desigualdades). Exemplos: cotas para uni-
integrantes do núcleo essencial da sua dignidade. versidades públicas; tarifa social com valores mais
Atente-se para algumas das teses do STJ sobre a baixos para usuários de baixa renda;
continuidade dos serviços públicos e interrupção de z Princípio da modicidade das tarifas: as tarifas
serviços públicos essenciais. não devem ser exorbitantes, pois o serviço deve
ser aproveitado pelo maior número de usuários
É legítimo o corte no fornecimento de serviços possível, independentemente de sua classe eco-
públicos essenciais por razões de ordem técni- nômica. O valor a ser exigido dos usuários deve
ca ou de segurança das instalações, desde que ser o menor possível para, também, remunerar o
precedido de notificação; prestador do serviço, com uma pequena margem
O corte no fornecimento de energia elétrica de lucro. Com o objetivo de reduzir ao máximo o
somente pode recair sobre o imóvel que ori- valor da tarifa cobrada, a legislação brasileira pre-
ginou o débito, e não sobre outra unidade de vê alguns mecanismos especiais, que se apresen-
consumo do usuário inadimplente; tam como fontes alternativas de remuneração do
É legítimo o corte no fornecimento de servi- prestador do serviço público. É o caso, por exem-
ços públicos essenciais quando inadimplente plo, de espaços publicitários utilizados nos arre-
o usuário, desde que precedido de notificação; dores de uma rodovia. A menor tarifa é também
É legítimo o corte no fornecimento de serviços critério essencial para avaliação de proposta em
públicos essenciais quando inadimplente pes- uma licitação do tipo concorrência pública;
soa jurídica de direito público, desde que pre-
cedido de notificação e a interrupção não atinja Dica
NOÇÕES DE DIREITO
Centralizados: são aqueles prestados pela pró- Aos estados, por outro lado, a Constituição men-
pria Administração Pública por meio dos seus ciona que compete explorar diretamente, ou median-
órgãos públicos. São exemplos: serviço peni- te concessão, os serviços locais de gás canalizado (§ 2º,
tenciário, segurança pública, saúde, educação, art. 25, CF, de 1988).
justiça, entre outros.
Descentralizados: aqueles em que o poder Art. 25 […]
público transfere a execução do serviço públi- § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
co para entidades da Administração indireta ou mediante concessão, os serviços locais de gás cana-
para empresas privadas ou particulares. Exem- lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
plos: Banco do Brasil, Petrobras, Correios etc. provisória para a sua regulamentação.
Art. 236 Os serviços notariais e de registro são As formas de execução, que não se confundem
exercidos em caráter privado, por delegação do com as formas de prestação, são apenas duas: execu-
Poder Público. ção direta e execução indireta.
A execução direta ocorre sempre que o poder públi-
Tais serviços envolvem a organização técnica e co emprega meios próprios para a sua prestação. Aqui
administrativa, sendo destinados a garantir a publici- são englobadas tanto a Administração direta como a
dade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurí- Administração indireta, isto é, a execução por intermé-
dicos, nos termos do art. 1º, da Lei nº 8.985, de 1994. dio de pessoas jurídicas de direito público ou de direito
Os serviços de notas e registros são regulamentados privado que foram instituídas para tal fim.
pela referida lei.
Dica
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de
obras públicas e as permissões de serviços públi- São pessoas jurídicas de direito público inte-
cos reger-se-ão pelos termos do art. 175 da Cons- grantes da Administração indireta as autarquias
tituição Federal, por esta Lei, pelas normas legais e algumas fundações públicas (exceção). São
pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis
pessoas de direito privado integrantes da Admi-
contratos.
nistração indireta as fundações públicas (regra),
as empresas públicas e as sociedades de eco-
As parcerias público-privadas (PPPs) são contratos
administrativos de concessão, podendo apresentar-se
nomia mista. Por outro lado, os integrantes da
nas modalidades de concessão patrocinada ou conces- Administração direta são: a União, os estados, o
são administrativa, na forma do caput, do art. 2º, da Distrito Federal e os municípios.
Lei nº 11.079, de 2004. É uma hipótese que se mostra
muito mais viável e atraente para o particular, uma A execução indireta, por sua vez, ocorre sempre
vez que ele recebe uma contraprestação pecuniária que o poder público concede a pessoas jurídicas ou
do ente público, o que diminui o valor a ser cobrado pessoas físicas estranhas à entidade estatal a possi-
como taxa para os usuários do serviço. bilidade de executar os serviços, mediante o regime
de concessão e permissão.
Das Formas de Prestação e Meios de Execução A execução indireta caracteriza-se pelo fato de que
tais serviços são prestados pela esfera privada, isto
Formas de prestação dos serviços públicos dizem é, são empresas que não possuem qualquer tipo de
respeito ao titular do referido serviço. São várias as vínculo com a Administração Pública (direta ou indi-
entidades que podem prestar serviços públicos. Essas reta), ou seja, não fazem parte dela.
184 formas de prestação variam para cada tipo de serviço:
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DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO, mas somente à pessoa jurídica ou a um consórcio de
AUTORIZAÇÃO empresas. É o caso, por exemplo, da Sabesp (Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que é
Os serviços públicos podem ser executados dire- sociedade de economia mista, na prestação do serviço
tamente pelo poder público, ou, indiretamente, por de abastecimento de água no estado de São Paulo.
terceiros, que podem ser pessoas jurídicas de direito Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
público ou de direito privado. Aqui, há uma delega- tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
ção da competência administrativa. Resta saber quais sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titulari-
são as principais formas de delegação dos serviços dade, que continua sendo do poder concedente.
públicos. São três: concessão, permissão e autorização. Apesar de a execução do serviço público não ser fei-
O termo “concessão” é empregado para designar a ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29, da Lei nº
atividade da Administração Pública de delegar ao par- 8.987, de 1995) prevê outras obrigações para o Estado.
ticular a prestação de um serviço, ou a execução de
obra pública, ou, ainda, o uso de bem público. Art. 29 Incumbe ao poder concedente:
Concessão de serviço público é o contrato pelo I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar
qual a administração promove a prestação indireta de permanentemente a sua prestação;
um serviço, delegando-o a particulares. Exemplos: ser- II - aplicar as penalidades regulamentares e
viço de transporte público de passageiros, transmissão contratuais;
áudio-sonora (rádio) ou por imagens e sons (televisão) III - intervir na prestação do serviço, nos casos e
etc. Possui previsão legal na Lei nº 8.987, de 1995 (Lei condições previstos em lei;
de Concessões dos Serviços Públicos), bem como previ- IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nes-
são constitucional no art. 175, da CF, de 1988: ta Lei e na forma prevista no contrato;
V - homologar reajustes e proceder à revisão das
Art. 175 (CF, de 1988) Incumbe ao poder público, tarifas na forma desta Lei, das normas pertinentes
na forma da lei, diretamente ou sob regime de con- e do contrato;
cessão ou permissão, sempre através de licitação, a VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regula-
prestação de serviços públicos. mentares do serviço e as cláusulas contratuais da
[…] concessão;
Parágrafo único. A lei disporá sobre: VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber,
I - o regime das empresas concessionárias e permis- apurar e solucionar queixas e reclamações dos
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de usuários, que serão cientificados, em até trinta
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as dias, das providências tomadas;
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da VIII - declarar de utilidade pública os bens neces-
concessão ou permissão; sários à execução do serviço ou obra pública,
promovendo as desapropriações, diretamente ou
Art. 2º (Lei nº 8.987, de 1995) Para os fins do dis- mediante outorga de poderes à concessionária,
posto nesta Lei, considera-se:
caso em que será desta a responsabilidade pelas
[...]
indenizações cabíveis;
II - concessão de serviço público: a delegação de
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública,
sua prestação, feita pelo poder concedente, median-
para fins de instituição de servidão administrativa,
te licitação, na modalidade concorrência ou diá-
os bens necessários à execução de serviço ou obra
logo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio
de empresas que demonstre capacidade para seu pública, promovendo-a diretamente ou mediante
desempenho, por sua conta e risco e por prazo outorga de poderes à concessionária, caso em que
determinado; (Redação dada pela Lei nº 14.133, de 2021) será desta a responsabilidade pelas indenizações
cabíveis;
X - estimular o aumento da qualidade, produtivida-
Dessa forma, podemos concluir que a prestação
de, preservação do meio-ambiente e conservação;
do serviço público pode ocorrer diretamente pela
XI - incentivar a competitividade; e
Administração Pública, ou indiretamente, median-
XII - estimular a formação de associações de usuá-
te delegação do serviço a concessionários e permis-
rios para defesa de interesses relativos ao serviço.
sionários — esta última, por expressa determinação
legal, necessita de prévio procedimento de licitação.
Assim, são deveres do poder concedente:
A concessão de serviço público é contrato admi-
nistrativo bilateral, o que significa que depende, para
a sua formação, além dos requisitos essenciais a todo z Regulamentar e fiscalizar a execução do servi-
negócio jurídico dispostos no art. 104, do Código Civil ço concedido: a fiscalização é uma forma de exer-
(agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não cício de controle da execução do serviço público,
pois, por mais que o Estado não esteja realizando
NOÇÕES DE DIREITO
personae (personalíssima) e promove a delegação te o uso de satélites que ocupem posições orbitais
do serviço público mediante prévia licitação para um notificadas pelo Brasil, têm assegurado o direito à
particular denominado permissionário. concessão desta exploração.
A autorização, por sua vez, é um ato administrativo por meio do qual a Administração Pública possibilita ao
particular a realização de alguma atividade de predominante interesse deste, ou a utilização de um bem público.
A autorização é um ato unilateral, discricionário, precário e independente de licitação. Todavia, difere-se da per-
missão ante o fato de que o interesse da autorização é predominantemente privado. A exemplo, temos a autorização
para o porte de arma: apenas o particular tem interesse de ter em sua posse arma de fogo.
Parte da doutrina entende que é incabível a utilização de autorização para a prestação de serviços públicos,
por força do art. 175, da CF, de 1988.
REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de direito administrativo. 28ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2015.
CRETELLA JÚNIOR, J. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1980.
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª ed. Editora Malheiros, 2020.
A doutrina não é unânime em relação ao tema. Todavia, boa parte dos autores costumam dividir os diversos
tipos de instrumentos de controle dos atos administrativos com base nos seguintes critérios.
z Controle legislativo: é o controle realizado pelo Poder Legislativo, ou seja, o parlamento, no exercício da
sua função fiscalizadora. O controle no âmbito federal é diretamente exercido pelas Casas do Congresso
Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) e, indiretamente, pelo Tribunal de Contas da União.
Exemplo: investigação realizada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito — CPIs (controle parlamentar
direto) e auditoria realizada pelo TCU em uma obra pública (controle parlamentar indireto);
z Controle administrativo: é o controle dos atos administrativos feito pelos órgãos e entidades da própria
administração pública. É a manifestação do princípio da autotutela. E é, por isso, uma modalidade de contro-
188 le interno, podendo ser feito de ofício ou mediante provocação.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Exemplo: revogação de um ato administrativo, anulação de um ato pela própria administração, etc.;
z Controle judicial: o controle feito pelos integrantes do Poder Judiciário no exercício da função típica, qual
seja, a função julgadora. Devido ao princípio da inércia da jurisdição, jamais poderá atuar de ofício, apenas
mediante provocação.
z Controle interno: quando os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estão analisando os seus próprios
atos, tem-se o controle interno de legalidade. É aquele exercido internamente, por cada um dos Poderes, em
relação aos seus próprios atos (exercendo a autotutela).
São exemplos de controle interno: as corregedorias dos órgãos públicos, que fiscalizam os atos praticados
pelos seus servidores através de comissões de inquérito disciplinar (PAD); os órgãos especializados que são res-
ponsáveis pelo controle interno de um poder, mesmo sem relação de hierarquia (ex.: CGU);
z Controle externo: quando a legalidade dos atos editados por um Poder está sendo analisada por outro Poder,
ocorre o controle externo de legalidade. Será controle externo, então, o controle dos atos administrativos exer-
cido por um Poder diferente daquele responsável pela sua edição.
Essa possibilidade está amparada no art. 2º, da CF, de 1988, ao afirmar que:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
São exemplos de controle externo: anulação de ato administrativo do Poder Executivo pelo Poder Judiciário; o
controle realizado pelos Tribunais de Contas (que auxilia o Legislativo) sobre os atos do Executivo e do Judiciário;
o julgamento anual, pelo Congresso Nacional (Legislativo), das contas prestadas pelo presidente da República
(Executivo) — inciso V, art. 49, CF, de 1988, entre outros.
O controle externo de maior abrangência, certamente, é aquele exercido pelo Poder Judiciário, que tem a
prerrogativa de analisar a legitimidade e a legalidade dos atos editados pelos demais poderes, em caráter de defi-
nitividade (coisa julgada material).
Quanto ao controle externo devemos ficar atentos, pois quando usamos o termo em sentido amplo, podemos
dividi-lo em controle externo judicial e legislativo:
Controle externo judicial: realizado mediante provocação e atua somente sobre os aspectos legais da
atuação administrativa (controle de legalidade);
Controle externo legislativo: realizado mediante provocação ou de ofício, atua tanto em relação aos
aspectos legais, quanto de mérito da atuação administrativa (controle de legalidade e de mérito).
NOÇÕES DE DIREITO
Por outro lado, quando utilizamos controle externo em sentido estrito, ficaremos adstritos aos termos da Cons-
tituição Federal, que dispõe apenas do controle externo legislativo — o qual será exercido com o auxílio do Tri-
bunal de Contas.
Quanto à Natureza
z Controle de legalidade: consiste em verificar se o ato praticado está em conformidade com o ordenamento
jurídico, ou seja, verificar se ato é legal. Constatando-se a incompatibilidade da conduta administrativa com
a norma ou com princípios administrativos, a revisão da conduta (comissiva ou omissiva) é medida que se
impõe. 189
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A legalidade tratada aqui é de forma ampla. Dessa pode verificar aspectos relativos à legalidade do ato,
forma, legalidade irá englobar: ou seja, se a negação ou a concessão estaria de acordo
com os preceitos legais.
Normas em geral: a CF, de 1988; leis, resolu- Quando a administração pública efetua o controle
ções, instruções normativas, portarias, regula- de mérito e entende que não é mais conveniente ou
mentos, entre outros; oportuno manter a produção de efeitos de um deter-
Princípios administrativos: impessoalidade, minado ato administrativo, poderá, então, revogá-lo.
moralidade, publicidade, eficiência, contraditó- O controle de mérito pode ter dois resultados
rio e ampla defesa, razoabilidade e proporcio- distintos:
nalidade, etc.
Confirmação da conveniência do ato: no caso
O controle de legalidade pode ser realizado tan-
em que, após a análise do mérito do ato, cons-
to por meio de controle interno (dever de autotu-
tata-se que é conveniente ou oportuno para a
tela da administração pública), como por meio do
controle externo (exercido pelo Poder Judiciário ou administração que ele continue existente;
Legislativo). Revogação: quando o ato, embora seja válido,
O controle de legalidade interno refere-se à anu- é tido como inoportuno ou inconveniente para
lação de licitação pela própria administração, após a administração.
constatado vício de ilegalidade em seu procedimento.
O controle de legalidade externo refere-se ao Quanto à Iniciativa
exame de legalidade pelo Poder Judiciário no caso
de impetração de mandado de segurança, visando à z Controle de ofício: é aquele praticado pela pró-
nomeação de candidato aprovado em concurso públi- pria administração, no exercício do poder de
co, ou pelo Poder Legislativo. autotutela, independentemente da provocação
O controle de legalidade pode ter três resultados de terceiros. Ocorre, por exemplo, quando uma
distintos: autoridade administrativa anula ou revoga um ato
administrativo praticado por subordinado.
Confirmação da validade do ato: no caso em
que, após a análise da validade do ato, consta- Exemplo: ocorre o controle preventivo e de ofício
ta-se que ele não goza de nenhuma ilegalidade; quando o setor de Tesouraria da Prefeitura verifica se
Anulação: quando é detectada alguma ilegali- foram cumpridos todos os requisitos e se estão corre-
dade no ato, ele será retirado do ordenamento tos todos os documentos, antes de efetuar o pagamen-
jurídico por meio da anulação;
to de algum serviço ou compra de material;
Convalidação: quando o ato é ilegal, passível
de ser “consertado” e tal ilegalidade pode ser
z Controle mediante provocação: o controle pro-
suprida.
vocado é aquele que tem o seu início mediante o
z Controle de mérito: no controle de mérito, não acionamento ou a provocação de terceiros, a exem-
se analisa a conformidade da edição do ato com plo do que acontece nos recursos administrativos.
a lei, mas sim a conveniência e a oportunidade Se a administração pública proferir uma decisão
da conduta administrativa. Ou seja, não basta que que não é de interesse do particular, por exemplo,
o ato praticado pelo administrador público esteja este poderá recorrer à autoridade superior com o
apenas em conformidade com a lei, ele tem que objetivo de tentar rever a decisão.
ser oportuno, conveniente, adequado ou justo
para que a administração pública possa alcançar Quanto ao Momento
os seus fins. É o que chamamos, também, de con-
trole discricionário. z Controle preventivo, prévio ou a priori: é o con-
trole exercido antes da prática do ato adminis-
Em regra, o controle de mérito é feito pelo próprio trativo (antes da “perfeição” do ato), possuindo
Poder que praticou o ato (controle interno). Dessa for- natureza preventiva.
ma, somente o Poder Executivo pode exercer o contro-
le de mérito sobre os atos praticados por seus agentes, Como exemplo, temos a necessidade de aprovação
o que também ocorre em relação aos demais poderes. da nomeação do procurador-geral da República pelo
Também pode ocorrer o controle de mérito quan- Senado Federal. Veja-se que nesse exemplo também
do exercido pelo Poder Legislativo, o chamado contro- se trata de uma forma de controle externo, pois temos
le político, embora seja mais incomum.
um Poder (Legislativo) exercendo controle sobre
A exemplo, temos a concessão de férias ou licen-
outro Poder (Executivo);
ças a servidores: é um ato discricionário do adminis-
A regra no ordenamento jurídico atual é a de que
trador que os chefia, no que se refere ao momento
oportuno para a concessão. Ou seja, o administrador não existe a necessidade de homologação prévia dos
verificará qual o melhor período para que o servidor Tribunais de Contas para o alcance da eficácia dos
se afaste do serviço, de forma que o trabalho não seja atos ou contratos administrativos.
prejudicado. Todavia, a lei pode expressamente exigir que o Tri-
Nesse exemplo, somente o próprio administra- bunal de Contas exerça este controle prévio, em casos
dor é que poderá rever o ato de concessão ou não de excepcionais. Como exemplo, podemos citar as licita-
férias ou licenças a seus servidores. Não pode, então, ções para concessão de serviços públicos no âmbito
o Poder Judiciário interferir quanto ao mérito da con- federal, que devem estar no edital submetido à apro-
190 cessão ou não das referidas férias ou licenças, mas vação ao Tribunal de Contas antes de ser publicado.
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z Controle concomitante ou pari passu: controle Existe uma divergência doutrinária importan-
efetuado no ato administrativo durante a sua prá- te sobre o tema. Parte da doutrina (encabeçada por
tica, possuindo também natureza preventiva. Maria Sylvia Zanella Di Pietro) entende que o controle
por vinculação é o controle externo, visto que sai dos
Exemplo: auditorar atos ou contratos administrati- limites da hierarquia e exerce controle sobre outra
vos que ainda estão em curso, tal como uma obra que pessoa jurídica, mesmo que seja dentro de um mesmo
se encontra em andamento e que passa por auditoria poder (executivo). Todavia, tal posicionamento não é
realizada pelo TCU; unanimidade, visto que a outra corrente doutrinária
(encabeçada por Celso Antônio Bandeira de Mello)
z Controle subsequente, posterior ou a posterio- considera que se o controle por vinculação é exercido
ri: é aquele efetuado após a conclusão (após a dentro de um mesmo poder, tal controle será inter-
formação perfeita) do ato ou atividade adminis- no, não importando se seria exercido por uma pessoa
trativa com o objetivo de confirmá-los ou corrigi- (administração direta) sobre os atos praticados por
-los. Assim, primeiro pratica-se o ato ou realiza-se pessoa diversa (administração indireta).
o procedimento, para depois verificar a sua legali- O último posicionamento parece ser mais lógico e
dade ou legitimidade. É a forma mais utilizada de é o mais aceito pela doutrina, mas as provas de con-
controle e possui natureza corretiva. curso já alternaram bastante os dois entendimentos.
O mais correto seria que a banca não viesse a cobrar
Temos como exemplo a aprovação das contas de uma questão colocando em confronto os dois enten-
um administrador público pelo Tribunal de Contas: dimentos. Por sinal, já houve questão de prova que
primeiro houve a prática de inúmeros atos ao longo abordou essa temática e, posteriormente, anulou a
do ano (compra de materiais, gastos com pessoal, rea- questão por alegar divergência doutrinária.
lização de obras, etc.), depois são verificadas a legali- Convém fazer breves considerações sobre os con-
dade e legitimidade de todos eles. Outro exemplo é a troles administrativo, legislativo e judicial, haja vis-
homologação do procedimento licitatório; e o exem- ta que o critério da extensão abrange todos os demais.
plo mais usado em provas: a anulação e revogação de
atos administrativos. CONTROLE ADMINISTRATIVO
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CONTROLE LEGISLATIVO z Controle operacional e financeiro: é o respeito
aos procedimentos legais de entrada e saída de
O Poder Legislativo tem como uma de suas funções verbas. Pode-se afirmar que todas as verbas públi-
típicas o exercício do controle, isto é, a fiscalização dos cas têm um procedimento específico para que
atos do Executivo. As hipóteses de controle legislati- entrem e saiam dos cofres públicos;
vo estão todas previstas na Constituição Federal, e se z Controle patrimonial: o patrimônio público não
dividem em dois grandes grupos, quais sejam, o con- envolve apenas valores financeiros (dinheiro), mas
também bens móveis, imóveis, direitos reais de
trole político e o controle financeiro.
garantia etc. As alterações patrimoniais do Estado
O controle político tem por finalidade a proteção
também estão sujeitas ao controle do Legislativo;
dos interesses superiores do Estado e da sociedade,
z Controle orçamentário: trata-se, pura e sim-
abrangendo a fiscalização dos atos do Executivo, plesmente, do cumprimento das regras previstas
quanto à legalidade e quanto ao mérito, questionan- nas leis orçamentárias. As leis orçamentárias são
do a conveniência e oportunidade dos atos à luz do aquelas que, de modo geral, dispõem sobre o que
interesse público. É o caso das autorizações dentro será gasto pela administração pública, bem como
das competências das Casas parlamentares, dispostas quanto será gasto em cada setor.
nos arts. 49 a 52, da CF, de 1988.
A atuação do Congresso Nacional no controle polí- Entretanto, o art. 70 também apresenta outro
tico é bastante ampla e geral, seja na apuração de aspecto importante: além de expor as espécies de con-
condutas irregulares — com o auxílio das Comissões trole, dispõe, também, sobre os parâmetros de fiscali-
Parlamentares de Inquérito (CPIs) —, seja para mane- zação. Sendo estes dois, atente-se:
jar o processo de impeachment do presidente da Repú-
blica, entre outros. z Legalidade: os gastos públicos devem estar com-
Não vemos o Congresso exercer seu controle polí- patíveis, primeiramente, com a lei orçamentária
tico com muita frequência, sob o argumento de que e, sobretudo, com a própria Constituição Federal.
Temos, aqui, a vinculação do dinheiro público com
o controle em demasia poderia demonstrar uma rup-
a legislação;
tura com o sistema de separação dos três Poderes.
z Legitimidade e economicidade: são parâmetros
Todavia, ele tem previsão constitucional, e deve ser que atuam de forma conjunta. A legalidade pro-
utilizado sempre que possível, independentemente cura verificar se o gasto alcançou a finalidade
dos interesses políticos por trás deste. almejada, analisando a Lei Orçamentária. Já a eco-
O controle financeiro, por sua vez, ocorre com nomicidade verifica a relação de custo-benefício
muito mais frequência e corresponde à avaliação da daqueles gastos, isto é, se foi o menor possível e,
legalidade e da qualidade dos gastos públicos. Tem com isso, o mais eficiente possível.
relação com a fiscalização (se o gasto ocorre de acordo
com as normas legais) contábil e financeira, prevista O art. 74, da CF, de 1988, preceitua a possibilidade
no art. 70, da CF, de 1988. de um controle interno, isto é, órgãos dentro dos três
Salientamos que, embora o Poder Legislativo ava- Poderes com funções que seriam para exercer a fis-
lie e questione o mérito da atuação administrativa, ele calização de seus próprios atos, com a finalidade de:
não é capaz de revogar os atos administrativos.
Dispõe o art. 70, da CF, de 1988 que: Art. 74 […]
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
plano plurianual, a execução dos programas de
Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orça-
governo e dos orçamentos da União;
mentária, operacional e patrimonial da União
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
e das entidades da administração direta e indireta, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
quanto à legalidade, legitimidade, economicida- ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
de, aplicação das subvenções e renúncia de recei- da administração federal, bem como da aplica-
tas, será exercida pelo Congresso Nacional, ção de recursos públicos por entidades de direito
mediante controle externo, e pelo sistema de privado;
controle interno de cada Poder. III - exercer o controle das operações de crédito,
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
O controle realizado pelo Congresso Nacional é um da União;
controle parlamentar direto e eminentemente políti- IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
missão institucional (art. 74, CF/1988).
co. Da leitura do dispositivo constitucional, podemos
destacar quais são as modalidades de controle exerci-
Por fim, é importante ressaltar o papel do Tribu-
do pelo Congresso Nacional:
NOÇÕES DE DIREITO
194 8 RE 636553. Repercussão Geral – Mérito (Tema 445). Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 19/02/2020.
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Podem ocorrer situações em que o TCU se depare É um tipo de controle exercido sempre median-
com alguma irregularidade ou abusos que não sejam te provocação e que abrange apenas o aspecto da
de sua competência. Nestes casos, o TCU deve repre- legalidade do ato administrativo. Os instrumentos
sentar (dar ciência) ao Poder competente sobre a irre- de controle judicial dos atos do Executivo são todas as
gularidade constatada. ações admissíveis que tratem sobre ilegalidade.
É o caso, por exemplo, do mandado de segurança,
Art. 71 […] do habeas data, do mandado de injunção, e das ações
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será de controle de constitucionalidade.
adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
Dentre as características, podemos destacar a
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medi-
necessidade de provocação decorrente do princípio
das cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo,
da inércia da jurisdição. O Judiciário não age de ofício,
no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas é necessário que seja provocado por legitimados para
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidi- que inicie o controle judicial.
rá a respeito. Cabe ressaltar também que o Controle Judicial rea-
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte impu- liza apenas o controle da legalidade dos atos e nun-
tação de débito ou multa terão eficácia de título ca de mérito. Em outras palavras, o controle judicial
executivo. pode apenas resultar na anulação dos atos adminis-
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacio- trativos e nunca na sua revogação.
nal, trimestral e anualmente, relatório de suas O controle judicial pode versar sobre os aspectos
atividades. de legalidade tanto em atos vinculados quanto em
atos discricionários. Nos atos discricionários (liberda-
Dica de de atuar dentro do previsto em lei), o Poder Judiciá-
O Poder Legislativo é o titular do controle externo, rio pode avaliar se a atuação se deu dentro ou fora dos
limites da autonomia do gestor. Lembre-se: o controle
mas este é exercido pelo Tribunal de Contas. Para
é somente quanto à legalidade e não sobre o mérito.
lembrar da atuação do TCU, por meio do controle
Parte da doutrina admite a hipótese de controle de
externo, lembre-se do mnemônico “COFOP”. O
mérito dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
TCU atua nos aspectos: contábil, orçamentário, apreciando critérios de conveniência e oportunidade,
financeiro, operacional e patrimonial. isto é, as razões que justificaram a prática daquele ato.
É o caso, por exemplo, da implementação de polí-
Do dispositivo apresentado, deve-se fazer duas ticas públicas, pleiteadas pelos cidadãos que passam
ponderações. necessidade, mas que não são cumpridas dada a inér-
Observe que o TCU possui uma função consultiva, cia do Executivo em implementá-las. Apesar de ser
ao emitir parecer prévio à prestação de contas do pre- uma posição crescente, ela é minoritária, pois a atua-
sidente da República. Isso porque o TCU não julga as ção do Judiciário é voltada para anular os atos admi-
contas do presidente — essa é uma tarefa exclusiva da nistrativos, e não os revogar.
Câmara dos Deputados. Mas o TCU também apresenta Para facilitar o estudo, vejamos a tabela compara-
função judicante, isto é, de deliberar sobre as contas tiva dos principais pontos divergentes entre o contro-
dos administradores, bem como dos demais responsá- le administrativo e o controle judicial:
veis pelos valores e bens públicos da administração,
seja ela direta ou indireta.
Lembre-se de que, para os servidores públicos, CONTROLE
CONTROLE JUDICIAL
qualquer ato que enseje em prejuízos financeiros ADMINISTRATIVO
ao erário é caracterizado como ato de improbidade
administrativa, nos termos da Lei nº 8.429, de 1992. Somente se inicia me-
Pode iniciar de ofício ou
A decisão do Tribunal de Contas poderá julgar as diante provocação,
por provocação
contas dos administradores como: nunca de ofício
Controle de legalidade
z Regulares: se apresentarem com exatidão aquilo Controle de legalidade
ou de mérito
expresso nos demonstrativos contábeis;
z Regulares com ressalvas: significa que há uma Anula ou revoga os atos Somente anula os atos
impropriedade formal, mas que não é suficiente
para causar prejuízo ao erário (questões de proce- RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
dimento, mera solenidade);
z Irregulares: quando as contas apresentam algum
Responsabilidade Civil do Estado no Direito
erro material capaz de ensejar prejuízos ao erário.
Brasileiro
Se houve prejuízo de fato, o Tribunal condena ao
NOÇÕES DE DIREITO
Deste modo, todas as pessoas jurídicas de direito públicos, devemos dividir a responsabilidade em pri-
público respondem objetivamente pela conduta de
mária e subsidiária. Vejamos:
seus agentes. Já para caracterizar a responsabilida-
Em um dano provocado por agente de uma conces-
de objetiva das pessoas de direito privado, devemos
sionária de serviço público, o particular deve cobrar
observar outras características.
Para que as pessoas de direito privado sejam respon- a indenização da própria concessionária: trata-se da
sabilizadas objetivamente, devemos atentar-nos ao fato responsabilidade primária (objetiva).
de que estas devem ser prestadoras de serviço públi- Por outro lado, caso a concessionária não possua
co, alcançando até mesmo aqueles que não pertencem à forças para cumprir a obrigação de reparar o dano
Administração Pública em si, mas que recebem, por dele- causado, a responsabilidade será do Estado de forma
gação, a incumbência de prestar serviços públicos. subsidiária (objetiva).
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Importante ressaltar que, em consonância com a A excludente mostra-se de maneira simples de
jurisprudência pátria, não haverá distinção no caso compreender: ocorrerá quando o cidadão prejudica-
de o terceiro prejudicado ser usuário ou não da pres- do, ou um terceiro, tiver culpa exclusiva no evento
tadora de serviço eventualmente envolvida em um danoso, de forma que a Administração Pública não
incidente. Vejamos: causou qualquer dano. Exemplos: cidadão avança o
sinal e colide com viatura oficial que estava respei-
Art. 37 [...] tando todas as regras de trânsito aplicáveis; pessoa se
I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas joga na frente do metrô para cometer suicídio etc.
de direito privado prestadoras de serviço público é
objetiva relativamente a terceiros usuários e
não-usuários do serviço, segundo decorre do art.
Dica
37, § 6º, da Constituição Federal. Veja o entendimento do STF no caso de acidente
II - A inequívoca presença do nexo de causalidade em transporte de passageiros:
entre o ato administrativo e o dano causado ao ter-
Súmula 187 (STF) A responsabilidade contratual
ceiro não-usuário do serviço público, é condição
suficiente para estabelecer a responsabilidade do transportador, pelo acidente com o passagei-
objetiva da pessoa jurídica de direito privado.9 ro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o
qual tem ação regressiva.
Importante: as pessoas de direito privado respon-
derão segundo o § 6º, art. 37, da CF, de 1988, quando z Culpa Concorrente
prestadoras de serviço público.
A culpa concorrente, diferentemente da culpa
Ação Regressiva exclusiva da vítima, é uma causa atenuante e ocorre-
rá quando existir culpa concorrente da Administração
Ao fim do dispositivo (§ 6º, art. 37, da CF), temos a Pública com o prejudicado. Ou seja, são os casos em
possibilidade da ação regressiva. Essa ação regressi- que a vítima e o agente público provocam, por culpa
va não influencia de forma alguma na responsabilida- recíproca, a ocorrência do prejuízo (dano). O agente
de do Estado perante o prejudicado. Será apenas um público de fato causou dano, no entanto, o particular
instrumento do Estado para se ressarcir dos prejuízos também teve parcela de culpa.
causados pelos seus agentes. Exemplo: viatura oficial avança sinal e colide com
De acordo com a jurisprudência do STF, não é pos- cidadão que também avança sinal de trânsito.
sível ao prejudicado propor a ação contra o Estado Na culpa concorrente, é necessária a discus-
e contra o agente público simultaneamente. A res- são sobre culpa ou dolo, ou seja, aplica-se a teoria
ponsabilidade deve recair sobre o Estado, que irá, subjetiva.
se for o caso, cobrar o agente público por meio de A responsabilidade do Estado é reduzida de manei-
ação regressiva. Importante diferenciar que, nesse ra proporcional à sua contribuição para o resultado
momento, a responsabilidade será subjetiva (culpa danoso. Nesses casos, para determinar o maior culpa-
civil comum), ou seja, existente apenas quando com- do pelo dano, deve-se realizar a produção de provas
provado que o agente agiu com dolo ou culpa. periciais.
Devemos lembrar dos requisitos necessários à
caracterização da responsabilidade civil do Estado: z Caso Fortuito e Força Maior
z Dano: material, estético ou moral; Outra situação que ensejará a exclusão da culpa
z Conduta oficial: agir de pessoa enquadrada como da Administração Pública será a ocorrência de fatos
agente público; imprevisíveis e extraordinários, que são o caso for-
z Nexo causal: relação de causa e consequência tuito e a força maior. Em termos simples, devemos
entre a conduta e o dano ocorrido. entendê-los da seguinte maneira:
Importante: a responsabilidade pessoal do agen- z Força maior: eventos da natureza que causam pre-
te público causador do dano somente será subjetiva juízo sem qualquer participação humana. Exemplo:
perante o Estado, ou seja, apenas quando comprovar furacão;
que o agente agiu com dolo ou culpa. z Caso fortuito: situação extraordinária causada
por conduta humana. Exemplo: guerra.
Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade z Culpa de Terceiros
Temos também as excludentes e atenuantes, já Nesta hipótese, o dano foi causado por ato pratica-
abordadas anteriormente, mas que ainda carecem de do por outra pessoa (terceiro), ou seja, embora tenha
um detalhamento. ocorrido uma atuação do Estado no serviço público,
o dano foi causado por pessoa alheia (fora da relação
z Culpa Exclusiva da Vítima Estado x particular).
Nestes casos, a regra é que o Estado não responde
A culpa exclusiva da vítima é uma forma exclu- de maneira objetiva, vez que inexiste o nexo entre a
dente de responsabilidade estatal e ocorre quando o atuação estatal e o dano sofrido pelo particular. Entre-
prejuízo é consequência da intenção exclusiva do pró- tanto, na hipótese em que ficar comprovado que o
prio prejudicado. A vítima utiliza o serviço público Estado deveria agir para evitar o dano, mas se omitiu,
para causar dano a si mesma. ele poderá ser chamado a indenizar o responsável.
9 STF - RE: 591874 MS, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 26/08/2009, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
198 REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO.
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Para facilitar seu estudo, veja a tabela a seguir:
EXCLUDENTES ATENUANTES
Culpa exclusiva da vítima
Força maior
Culpa concorrente
Caso fortuito
Culpa de terceiros
A discussão sobre a responsabilidade civil do Estado no caso de atos omissivos é um pouco mais complexa,
dependendo do tema específico e do direcionamento jurisprudencial. Por isso, conheceremos o tema de maneira
geral, adentrando aos casos específicos mais importantes e cobrados em provas.
Então, compilando com o que vimos no item anterior, teremos o seguinte:
Como regra geral, na responsabilidade civil do Estado brasileiro por ato omissivo, será aplicada a Teoria da
Culpa Administrativa. Deste modo, a vítima deverá comprovar a falha na prestação do serviço público, ou
seja, provar que era dever do Estado prestá-lo e que isso não ocorreu ou ocorreu de maneira deficiente.
De acordo com esta teoria, a pessoa lesada deverá comprovar o dano sofrido, a falha no serviço público e o
nexo de causalidade entre a falha do serviço e o dano sofrido. Basta que seja comprovada a omissão do Estado e
que esta deu causa ao dano, inexigindo a individualização do agente público.
Vimos, neste momento, a regra geral no que concerne à omissão estatal; porém, existem exceções.
Nos casos em que o Estado possui um dever específico quanto a sua atuação, adotando uma posição de garan-
te, e descumpre sua atribuição, será caracterizada a omissão específica. Na omissão específica, o Estado respon-
derá de maneira objetiva pelo dano que vier a causar. Neste caso, aplica-se a Teoria do Risco Administrativo.
OMISSÃO ESTATAL
Omissão genérica (imprópria) Omissão específica (própria)
Estado como posição de garante
Responsabilidade subjetiva
Responsabilidade objetiva
Teoria da Culpa Administrativa Teoria do Risco Administrativo
Um tema que costuma cair bastante em questões de prova diz respeito à morte do preso. Segundo entendi-
mento do STF, o Estado tem o dever de garantir que a pessoa do detento cumpra sua pena com dignidade, tendo
respeitados os seus direitos humanos fundamentais. Assim, o Estado, como regra geral, responde de modo objeti-
vo pelos danos sofridos pelos detentos quando é omisso no tratamento digno.
Por outro lado, existem situações em que o dano ocorreria em qualquer lugar, independentemente de o indi-
víduo estar preso ou não (ex.: problema de saúde prévio). Nestas situações, ocorre o rompimento do nexo causal
(requisito para responsabilidade), o que não gera a responsabilidade do Estado.
Vejamos o importante julgado:
da Constituição Federal).
4. O dever constitucional de proteção ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no
sentido de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade
civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal.
5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do
detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a
responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do risco inte-
gral, ao arrepio do texto constitucional.
6. A morte do detento pode ocorrer por várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural,
sendo que nem sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis.
7. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa impeditiva
da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 199
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8. Repercussão geral constitucional que assenta a Outro caso que é bastante comum e costuma cair
tese de que: em caso de inobservância do seu em questões de prova diz respeito ao serviço público
dever específico de proteção previsto no arti- de transporte coletivo. Indaga-se como deve recair a
go 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o responsabilidade do Estado quando, por exemplo, um
Estado é responsável pela morte do detento. motorista de ônibus atropela um civil andando na rua,
9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu que é considerado um terceiro não usuário do serviço.
a comprovação do suicídio do detento, nem outra Segundo o entendimento do STF, as pessoas jurídicas
causa capaz de romper o nexo de causalidade da concessionárias do serviço de transporte possuem
sua omissão com o óbito ocorrido, restando escor- responsabilidade civil objetiva quando o dano for
reita a decisão impositiva de responsabilidade civil
causado contra terceiros, sejam eles usuários do
estatal.
serviço ou não. A presença do nexo de causalidade é
10. Recurso extraordinário DESPROVIDO.10
bastante evidente.
Outro julgado muito interessante, e cobrado recen-
CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTA-
temente em prova, diz respeito ao preso internado em DO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS
hospital de custódia encontrado morto nas proximida- JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS
des do local de fuga. Neste caso, o tribunal entendeu DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU
que o Estado é responsável pela reparação do dano se PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE TRANSPOR-
constatada a falta de vigilância interna do estabeleci- TE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
mento. Vejamos: EM RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO
SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO.
RESPONSABILIDADE CIVIL. PESSOA JURÍDICA I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas
DE DIREITO PÚBLICO (ESTADO DE SANTA CATA- de direito privado prestadoras de serviço público é
RINA). FUGA E MORTE, POR AFOGAMENTO, DE objetiva relativamente a terceiros usuários e não-u-
PESSOA QUE FORA INTERNADA EM HOSPITAL suários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º,
DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO. da Constituição Federal.
DEVER DE COMPENSAR O DANO MORAL SUPOR- II - A inequívoca presença do nexo de causalidade
TADO POR SEUS FAMILIARES. SENTENÇA PAR- entre o ato administrativo e o dano causado ao
CIALMENTE REFORMADA. terceiro não-usuário do serviço público, é condição
01. A “responsabilidade objetiva prevista no art. suficiente para estabelecer a responsabilidade obje-
37, § 6º, da Constituição Federal abrange também tiva da pessoa jurídica de direito privado.
os atos omissivos do Poder Público” (AgRgAI n. III - Recurso extraordinário desprovido.13
766.051, Min. Gilmar Mendes; AgRgRE n. 607.771,
Min. Eros Grau; AgRgRE n. 697.396, Min. Dias Tof- É importante destacar também os casos de danos
foli; AgRgRE n. 594.902, Min. Cármen Lúcia). decorrentes de comércio de fogos de artifício. Fogos
02. Cumpre ao Estado assegurar “aos presos de artifício são produtos altamente perigosos e que
o respeito à integridade física e moral” (CR, podem causar danos a diversas vítimas, sejam elas o
art. 5º, XLIX). Essa obrigação se estende às pes- adquirente do produto ou terceiros. O Poder Público,
soas internadas em hospital de custódia e tra- de acordo com previsão legal de determinados entes
tamento psiquiátrico. Se em razão da falta de federativos, possui o dever específico de fiscalizar o
vigilância o interno se evadiu e veio a ser encon- comércio de fogos de artifício (posição de garante).
trado morto, asfixiado por afogamento, em riacho O STF firmou entendimento de que é objetiva a
existente nas proximidades do instituto psiquiátri- responsabilidade civil do Estado quando houver a vio-
co, responde o Estado pela reparação do dano lação de um dever jurídico específico de agir, ou seja,
moral suportado pelos familiares da vítima.11 quando existir previsão legal que determine tal fim.
Vejamos o julgado:
Quanto aos presidiários que escaparam e causa-
ram danos, os tribunais têm entendido que, em regra, […] 4. Fixada a seguinte tese de Repercussão Geral:
o Estado não responde pelos atos praticados por fora- “Para que fique caracterizada a responsabilidade
gidos do sistema penitenciário, salvo por aqueles civil do Estado por danos decorrentes do comér-
danos que decorreram diretamente ou imediatamen- cio de fogos de artifício, é necessário que exis-
te do ato de fuga. Vejamos o entendimento do STF: ta a violação de um dever jurídico específico
de agir, que ocorrerá quando for concedida
Nos termos do artigo 37 §6º da Constituição Fede- a licença para funcionamento sem as caute-
ral, não se caracteriza a responsabilidade civil las legais ou quando for de conhecimento do
objetiva do Estado por danos decorrentes de crime poder público eventuais irregularidades pra-
praticado por pessoa foragida do sistema prisio- ticadas pelo particular”. 14
nal, quando não demonstrado o nexo causal direto
entre o momento da fuga e a conduta praticada.12
10 (RE 841526, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-159
DIVULGAÇÃO 29-07-2016 PUBLICAÇÃO 01-08-2016).
11 TJSC, AC n. 2006.009090-4, Des. Ricardo Roesler; AC n. 2012.012798-7, Des. Júlio César Knoll; TJDF, AC n. 2007.011028788-8, Des. Waldir
Leoncio C. Lopes Júnior.
12 STF - RE: 598356 SP, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 8/5/2018.
13 (RE 591874, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 26/08/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-237 DIVULG
17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-10 PP-01820 RTJ VOL-00222-01 PP-00500).
14 (RE 136861, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 11/03/2020, ACÓRDÃO
200 ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-201 DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020).
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Por fim, algumas questões cobram o entendimento Já a probidade é prevista em lei. A improbidade é
quanto aos danos decorrentes de má conservação gênero que alcança atos de ilegalidade, imoralidade
de rodovia. A jurisprudência entende que a responsa- e qualquer violação aos princípios da Administração
bilidade do Estado, quando há falta ou má prestação Pública. Ainda nos ensinamentos de Di Pietro,
de serviço público de conservação de rodovia, é subje-
tiva, e aplicar-se-á a Teoria da Culpa Administrativa.15 Comparando moralidade e probidade, pode-se afir-
mar que como princípios, significam praticamente
a mesma coisa, embora algumas leis façam referên-
cia às duas separadamente, do mesmo modo que
há referência aos princípios da razoabilidade e da
SANÇÕES APLICÁVEIS AOS ATOS DE proporcionalidade como princípios diversos, quan-
do este último é apenas um aspecto do primeiro.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI No entanto, quando se fala em improbidade como
Nº 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES) ato ilícito, como infração sancionada pelo orde-
namento jurídico, deixa de haver sinonímia entre
DISPÕE SOBRE AS SANÇÕES APLICÁVEIS EM as expressões improbidade e imoralidade, porque
VIRTUDE DA PRÁTICA DE ATOS DE IMPROBIDADE aquela tem um sentido muito mais amplo e muito
ADMINISTRATIVA, DE QUE TRATA O § 4º DO ART. mais preciso que abrange não só atos desonestos
37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL; E DÁ OUTRAS ou imorais, mas também e principalmente atos ile-
gais. Na lei de improbidade administrativa (lei nº
PROVIDÊNCIAS
8.429, de 1992), a lesão à moralidade administrati-
va é apenas uma das inúmeras hipóteses de atos de
No dia 26 de outubro de 2021 foi publicada a Lei improbidade previstas na lei.16
nº 14.230, de 2021, que traz alterações significativas à
Lei de Improbidade Administrativa — Lei nº 8.429, de Em provas, é comum que o examinador traga
1992. Faremos a análise da Lei de Improbidade apon- probidade e moralidade como sinônimos e essa vem
tando tais alterações. sendo a regra nas provas, mas é importante que
A improbidade administrativa tem fundamento no você saiba essa sutil diferença caso a banca queira
princípio da moralidade e no § 4º, art. 37, da Constitui- aprofundar.
ção Federal:
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de
Art. 37 [...] improbidade administrativa tutelará a probidade
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- na organização do Estado e no exercício de suas
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda funções, como forma de assegurar a integrida-
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o de do patrimônio público e social, nos termos
ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre- desta Lei.
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. Parágrafo único. Revogado
z Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, O sujeito ativo é aquele que pratica o ato descrito na
bem como a administração direta e indireta, no Lei de Improbidade. Segundo dispõe a norma, conside-
âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e ra-se sujeito ativo os agentes políticos, servidores públi-
do Distrito Federal; cos, aqueles que exercem, ainda que transitoriamente
z Entidade privada que receba subvenção, bene- ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa-
fício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes ção, contratação ou qualquer outra forma de investidu-
públicos ou governamentais citados acima; ra ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Aqui
z Entidade privada para cuja criação ou custeio entra a figura do mesário, do jurado, do estagiário etc.
o erário haja concorrido ou concorra no seu Além deles, temos como sujeito ativo também
patrimônio ou receita atual, limitado o ressarci- aqueles que, mesmo não sendo agentes públicos,
mento de prejuízos, nesse caso, à repercussão do induzam ou concorram dolosamente para a prática
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. do ato de improbidade.
ministrativa por crimes de responsabilidade Observe que o parágrafo único, do art. 8º-A, traz
[...]17. uma redação cheia de detalhes importantes e pode
ser muito explorado em provas. A banca examinadora
Ou seja, para os Prefeitos e Governadores temos pode usar tal dispositivo para elaborar questões que
a possibilidade de aplicação da Lei de Improbidade, podem induzi-lo ao erro. Por isso, é muito importante
inclusive com a possibilidade de duplo regime sancio- memorizar o conteúdo, já que a maioria das provas
natório (pela Lei de Improbidade e mediante impea- cobra o texto da lei. Sendo assim, atente-se para as
chment) e não há foro por prerrogativa de função, ou informações na tabela a seguir.
seja, o julgamento será em primeira instância.
17 Pet 3240 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2018,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 21-08-2018 PUBLIC 22-08-2018. 203
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IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qual-
FUSÃO E INCORPORAÇÃO quer bem móvel, de propriedade ou à disposição
de qualquer das entidades referidas no art. 1º
Responsabilidade da sucessora será restrita à obriga-
desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de
ção de reparação integral do dano causado
empregados ou de terceiros contratados por essas
Até o limite do patrimônio transferido entidades;
Não aplicando as demais sanções decorrentes de V - receber vantagem econômica de qualquer
atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ou natureza, direta ou indireta, para tolerar a explo-
da incorporação ração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de
narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-
Exceto no caso de simulação ou de evidente intuito
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de
de fraude, devidamente comprovados
tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA natureza, direta ou indireta, para fazer declara-
ção falsa sobre qualquer dado técnico que envolva
As hipóteses de improbidade administrativa estão obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre
divididas em três espécies: quantidade, peso, medida, qualidade ou caracterís-
tica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer
z Art. 9º: atos que importam enriquecimento ilícito; das entidades referidas no art. 1º desta Lei;
z Art. 10: atos que causam prejuízo ao erário; VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercí-
cio de mandato, de cargo, de emprego ou de função
z Art. 11: atos que atentam contra os princípios da
pública, e em razão deles, bens de qualquer nature-
Administração Pública.
za, decorrentes dos atos descritos no caput deste
artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução
O art. 10-A, incluído em 2016, que tratava dos atos do patrimônio ou à renda do agente público, asse-
de improbidade administrativa decorrentes de con- gurada a demonstração pelo agente da licitude da
cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro origem dessa evolução;
ou tributário, deixou de existir como espécie de ato VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
e foi incorporado em uma das hipóteses de atos que atividade de consultoria ou assessoramento
causam lesão ao erário. para pessoa física ou jurídica que tenha interesse
Além disso, o rol de hipótese que antes era exem- suscetível de ser atingido ou amparado por ação
plificativo agora se tornou rol taxativo. O rol exem- ou omissão decorrente das atribuições do agente
plificativo é aquele que pode ser acrescido por outras público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para inter-
hipóteses, já o rol taxativo traz uma relação de situa-
mediar a liberação ou aplicação de verba pública
ções restritas às quais não haverá acréscimo.
de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer
Dos Atos de Improbidade Administrativa que natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
Importam Enriquecimento Ilícito de ofício, providência ou declaração a que esteja
obrigado;
Com a leitura dos artigos você vai perceber que XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri-
nesta espécie existe um enriquecimento, um aumento mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes
patrimonial do agente com a prática dos atos descritos. do acervo patrimonial das entidades mencionadas
Observe os verbos: receber, perceber, adquirir, no art. 1° desta lei;
usar, incorporar, utilizar para conseguir qualquer XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, ver-
tipo de vantagem patrimonial indevida. bas ou valores integrantes do acervo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrati-
va importando em enriquecimento ilícito auferir, Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de Prejuízo ao Erário
vantagem patrimonial indevida em razão do exer-
cício de cargo, de mandato, de função, de emprego Já nos atos que causam prejuízo ao erário, não há
ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º um proveito econômico pelo agente, ocorre um pre-
desta Lei, e notadamente: juízo aos cofres públicos. Aqui, o agente vai contri-
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem buir para que outro enriqueça às custas do dinheiro
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco- público, deixar de observar alguma exigência previs-
nômica, direta ou indireta, a título de comissão, ta em lei, e essa inobservância causa algum prejuízo,
percentagem, gratificação ou presente de quem por exemplo: frustrar a licitude de licitação ou proces-
tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser so seletivo, acarretando perda patrimonial etc. Perce-
atingido ou amparado por ação ou omissão decor- ba que com esse raciocínio não dá para confundir as
rente das atribuições do agente público; duas espécies.
II - perceber vantagem econômica, direta ou
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou Art. 10 Constitui ato de improbidade administra-
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou
de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprova-
preço superior ao valor de mercado; damente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
III - perceber vantagem econômica, direta ou malbaratamento ou dilapidação dos bens ou have-
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou res das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
locação de bem público ou o fornecimento de ser- notadamente:
viço por ente estatal por preço inferior ao valor de I - facilitar ou concorrer, por qualquer for-
204 mercado; ma, para a indevida incorporação ao patrimônio
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particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, pública a entidade privada mediante celebração de
de rendas, de verbas ou de valores integrantes do parcerias, sem a observância das formalidades
acervo patrimonial das entidades referidas no art. legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
1º desta Lei; XVIII - celebrar parcerias da administração
II - permitir ou concorrer para que pessoa físi- pública com entidades privadas sem a obser-
ca ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas vância das formalidades legais ou regulamen-
ou valores integrantes do acervo patrimonial das tares aplicáveis à espécie;
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a XIX - agir para a configuração de ilícito na
observância das formalidades legais ou regu- celebração, na fiscalização e na análise das
lamentares aplicáveis à espécie; prestações de contas de parcerias firmadas pela
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao administração pública com entidades privadas;
ente despersonalizado, ainda que de fins educativos XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do administração pública com entidades privadas sem
patrimônio de qualquer das entidades menciona- a estrita observância das normas pertinentes
das no art. 1º desta lei, sem observância das for- ou influir de qualquer forma para a sua apli-
malidades legais e regulamentares aplicáveis à cação irregular.
espécie; XXI - Revogado;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou XXII - conceder, aplicar ou manter benefício
locação de bem integrante do patrimônio de qual- financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o
quer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº
ainda a prestação de serviço por parte delas, por 116, de 31 de julho de 2003.
preço inferior ao de mercado; § 1º Nos casos em que a inobservância de forma-
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou lidades legais ou regulamentares não implicar
locação de bem ou serviço por preço superior ao de perda patrimonial efetiva, não ocorrerá impo-
mercado; sição de ressarcimento, vedado o enriqueci-
VI - realizar operação financeira sem obser- mento sem causa das entidades referidas no art.
vância das normas legais e regulamentares ou 1º desta Lei.
aceitar garantia insuficiente ou inidônea; § 2º A mera perda patrimonial decorrente da
VII - conceder benefício administrativo ou fis- atividade econômica não acarretará improbi-
cal sem a observância das formalidades legais dade administrativa, salvo se comprovado ato
ou regulamentares aplicáveis à espécie; doloso praticado com essa finalidade.
VIII - frustrar a licitude de processo licitató-
rio ou de processo seletivo para celebração de
O parágrafo segundo, do referido artigo, reforça a
parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou
dispensá-los indevidamente, acarretando perda
ideia de que os atos descritos na Lei de Improbidade
patrimonial efetiva; precisam de dolo, ou seja, a vontade livre e consciente
IX - ordenar ou permitir a realização de despe- de alcançar o resultado ilícito.
sas não autorizadas em lei ou regulamento;
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou Dos Atos de Improbidade Administrativa que
de renda, bem como no que diz respeito à conserva- Atentam Contra os Princípios da Administração
ção do patrimônio público; Pública
XI - liberar verba pública sem a estrita obser-
vância das normas pertinentes ou influir de Com relação aos atos de improbidade que aten-
qualquer forma para a sua aplicação irregular; tam contra os princípios, a conduta do agente de
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que alguma forma vai violar os princípios que norteiam
terceiro se enriqueça ilicitamente; a atividade da Administração Pública. Como é um rol
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
menor, se você memorizar as hipóteses do art. 11 e
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
tiver em mente o raciocínio explicado acima nos arts.
material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas 9º e 10, fica fácil identificar na questão o que é o enri-
no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi- quecimento ilícito e o prejuízo ao erário.
dor público, empregados ou terceiros contratados
por essas entidades. Art. 11 Constitui ato de improbidade administra-
XIV - celebrar contrato ou outro instrumento tiva que atenta contra os princípios da admi-
que tenha por objeto a prestação de serviços públi- nistração pública a ação ou omissão dolosa que
cos por meio da gestão associada sem observar viole os deveres de honestidade, de imparcialidade
as formalidades previstas na lei; e de legalidade, caracterizada por uma das seguin-
XV - celebrar contrato de rateio de consórcio tes condutas:
público sem suficiente e prévia dotação orça- I - Revogado;
mentária, ou sem observar as formalidades II - Revogado;
NOÇÕES DE DIREITO
Com relação à sanção de proibição de contratar, em regra, será aplicada só no âmbito do ente lesado, por
exemplo, um servidor municipal cometeu um ato de improbidade que gerou lesão ao erário no respectivo Municí-
pio. Sendo assim, a proibição de contratar com o poder público será aplicada somente ao Município onde ocorreu
a lesão.
No entanto, excepcionalmente e por motivos relevantes devidamente justificados, a sanção de proibição de
contratar poderá extrapolar o ente público lesado.
Além disso, outro ponto importante acrescido pela Lei nº 14.230, de 2021, é a necessidade de a sanção de
proibição de contratação com o poder público constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
(CEIS), observadas as limitações territoriais contidas na decisão judicial.
Art. 12 […]
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à apli-
cação de multa, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos, quando for o caso,
nos termos do caput deste artigo.
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o
ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto os mesmos
fatos.
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão
observar o princípio constitucional do non bis in idem.
§ 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público deverá constar do Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, observadas as
limitações territoriais contidas em decisão judicial, conforme disposto no § 4º deste artigo.
§ 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser executadas após o trânsito em julgado da sen-
tença condenatória.
§ 10 Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos políticos, computar-se-á retroa-
tivamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Conforme dispõe o § 6º, se um agente estiver sendo processado pelo mesmo fato nas três esferas (criminal, civil
e administrativa) e ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano em sede de improbidade adminis-
trativa deverá deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias referidas.
O § 10 fala sobre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença condenatória. A sentença condenató-
ria transitada em julgado é aquela da qual não caiba mais recurso, tornando-se definitiva. Já a decisão colegiada
é a decisão proferida em 2ª instância. Sendo assim, a contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos
políticos será a partir da condenação em 2ª instância.
Importante lembrar, também, que as sanções trazidas no art. 12 só podem ser executadas após o trânsito
em julgado da sentença condenatória que será proferida após o regular processo judicial que garanta contra-
ditório e ampla defesa ao acusado.
Percebe-se que a parte das disposições gerais da lei, o capítulo referente aos atos de improbidade e o capítulo
das penas são os mais cobrados em provas de concursos. É claro que tudo que está previsto na lei pode ser abor-
dado em provas, mas já que esse é um dos tópicos de maior incidência, segue um quadro para facilitar a memori-
zação das sanções previstas na lei.
Perda da função
Sim Sim ---
pública
Multa civil Valor do acréscimo patrimonial Valor do dano Até 24X o valor da remuneração
Proibição de contra-
tar ou receber benefí- Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
cios fiscais
Importante: Ressarcimento integral do dano → aplicável sempre que houver dano efetivo.
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DA DECLARAÇÃO DE BENS Art. 14 Qualquer pessoa poderá representar à
autoridade administrativa competente para que
Na redação anterior, ou o agente entregava a seja instaurada investigação destinada a apurar a
declaração de bens elaborada por ele mesmo ou pode- prática de ato de improbidade.
ria de forma facultativa entregar a cópia da declara- § 1º A representação, que será escrita ou redu-
ção anual de bens apresentada à Delegacia da Receita zida a termo e assinada, conterá a qualifica-
ção do representante, as informações sobre o
Federal na conformidade da legislação do Imposto
fato e sua autoria e a indicação das provas de
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza.
que tenha conhecimento.
Na atual redação, o agente deve entregar a declara- § 2º A autoridade administrativa rejeitará a repre-
ção anual de bens apresentada à Delegacia da Receita sentação, em despacho fundamentado, se esta
Federal (Declaração de Imposto de Renda). Tal decla- não contiver as formalidades estabelecidas no
ração deve ser atualizada anualmente e na data em § 1º deste artigo. A rejeição não impede a repre-
que o agente público deixar o cargo. Se o agente dei- sentação ao Ministério Público, nos termos do
xar de prestar a declaração ou prestá-la falsa, sofrerá art. 22 desta lei.
a pena de demissão. § 3º Atendidos os requisitos da representação, a
autoridade determinará a imediata apuração dos
Art. 13 A posse e o exercício de agente públi- fatos, observada a legislação que regula o processo
co ficam condicionados à apresentação de administrativo disciplinar aplicável ao agente.
declaração de imposto de renda e proventos Art. 15 A comissão processante dará conhecimento
de qualquer natureza, que tenha sido apresentada ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de
à Secretaria Especial da Receita Federal do Bra- Contas da existência de procedimento administra-
sil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal tivo para apurar a prática de ato de improbidade.
competente. Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal
§ 1º Revogado. ou Conselho de Contas poderá, a requerimento,
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput designar representante para acompanhar o proce-
deste artigo será atualizada anualmente e na dimento administrativo.
data em que o agente público deixar o exercí-
cio do mandato, do cargo, do emprego ou da INDISPONIBILIDADE DE BENS
função.
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem A indisponibilidade de bens é uma medida caute-
prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente públi- lar que pode ser requerida antes ou no curso da ação
co que se recusar a prestar a declaração dos principal e visa garantir a futura devolução de dinhei-
bens a que se refere o caput deste artigo dentro do ro público em caso de condenação. Imagine que um
prazo determinado ou que prestar declaração agente público esteja sendo investigado pela possível
falsa. prática de ato que gerou enriquecimento ilícito; é
§ 4º Revogado. possível que o indiciado acabe com todo o seu patri-
mônio, transfira para outras pessoas e ao final do pro-
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO cesso judicial não seja possível o ressarcimento aos
PROCESSO JUDICIAL cofres públicos. Para evitar que isso ocorra, o Ministé-
rio Público irá requerer ao juiz essa medida cautelar
O procedimento administrativo é realizado inter- para garantir o ressarcimento do prejuízo quando for
namente com o intuito de investigar o suposto ato proferida a decisão transitada em julgado.
praticado por um agente público. O início do proces- Quando essa medida for deferida pelo juiz, o inves-
so administrativo pode dar-se de ofício, ou seja, pela tigado ou indiciado não poderá se desfazer de seus
própria administração ou mediante representação de bens. Tal medida de certa forma “trava” o patrimônio,
qualquer pessoa. Após a representação, a autoridade bloqueia os bens e ele não poderá, por exemplo, ven-
determinará a apuração dos fatos, observada a legis- der imóveis, movimentar aplicações financeiras, valo-
lação que regula o processo administrativo disciplinar res em conta bancária etc. Foram acrescidos alguns
aplicável ao agente; se for um agente federal, por exem- artigos que regulamentam de forma mais detalhada
plo, o procedimento observará a Lei nº 8.112, de 1990. a indisponibilidade. Além disso, não existe mais o
Já o processo judicial é instaurado no Judiciário sequestro de bens na lei.
mediante petição apresentada pelo Ministério Públi-
co, que é o titular da referida ação, para aplicação das Art. 16 Na ação por improbidade administrativa
penalidades referidas no art. 12 aos agentes públicos e poderá ser formulado, em caráter antecedente
aos particulares que, mesmo não sendo agentes públi- ou incidente, pedido de indisponibilidade de
cos, induzam ou concorram dolosamente para a práti- bens dos réus, a fim de garantir a integral recom-
posição do erário ou do acréscimo patrimonial
NOÇÕES DE DIREITO
ca do ato de improbidade.
São procedimentos independentes; no processo resultante de enriquecimento ilícito.
administrativo serão aplicadas as sanções de natureza § 1º Revogado.
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que
administrativa, podendo inclusive ser aplicada a pena
se refere o caput deste artigo poderá ser formu-
de demissão. O processo administrativo é mais rápi-
lado independentemente da representação de
do e a decisão de demissão em âmbito administrativo que trata o art. 7º desta Lei.
produz efeitos imediatos em decorrência dos princí- § 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibili-
pios da autoexecutoriedade e da presunção de legiti- dade de bens a que se refere o caput deste artigo
midade dos atos. Sendo assim, a entidade que sofreu incluirá a investigação, o exame e o bloqueio
a lesão poderá instaurar um processo administrativo, de bens, contas bancárias e aplicações finan-
demitir o agente público e na ação judicial haverá a ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos
aplicação das demais penalidades referidas na lei. termos da lei e dos tratados internacionais. 209
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§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo apenas será deferido mediante a
demonstração no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo,
desde que o juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com fundamento
nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.
Importante ressaltar que agora a lei exige a demonstração de perigo irreparável, antes o Superior Tribunal
de Justiça entendia que o periculum in mora — perigo da demora — era implícito, presumido no referido disposi-
tivo. Com as alterações, é preciso demonstrar perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo.
Para entender melhor, imagine o seguinte. Um agente público está sendo investigado por, supostamente, ter
incorporado ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas na lei.
Há fortes indícios da prática do referido ato e no curso da investigação o Ministério Público percebe que o
agente está começando a dilapidar todo o seu patrimônio, gerando o perigo de dano irreparável ou de risco
ao resultado útil do processo, uma vez que essa conduta poderia inviabilizar o ressarcimento dos valores
indevidamente incorporados. No caso hipotético narrado, se o Ministério Público conseguir convencer o juiz de
que a conduta do investigado gera perigo de dano irreparável (desfazer-se do patrimônio) ou risco ao resultado
útil do processo (impossibilitando a futura reparação do dano), a indisponibilidade de bens será deferida.
Art. 16 […]
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório
prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que
recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indisponíveis não poderá superar o
montante indicado na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilícito.
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de dano indicada na petição inicial, permitida
a sua substituição por caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, a requerimento
do réu, bem como a sua readequação durante a instrução do processo.
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da demonstração da sua efetiva concorrência para
os atos ilícitos apurados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de incidente de descon-
sideração da personalidade jurídica, a ser processado na forma da lei processual.
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei, no que for cabível, o regime da tutela provisória de
urgência da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à indisponibilidade de bens caberá agravo de instru-
mento, nos termos da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 10 A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem exclusivamente o integral ressarcimento do
dano ao erário, sem incidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou
sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade lícita.
§ 11 A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis
em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e empresárias, pedras e metais
preciosos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a subsistência do
acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo do processo.
§ 12 O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os
efeitos práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarretar prejuízo à prestação de serviços públicos.
§ 13 É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados
em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta corrente.
§ 14 É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel
seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
A nova lei trouxe alguns dispositivos que possivelmente vão gerar uma certa discussão entre doutrinadores e
estudiosos do direito administrativo e talvez você já tenha até lido algum artigo a respeito ou ouviu algum profes-
sor falando sobre isso, mas para provas de concursos, fique com o que está previsto na letra da lei. Para facilitar
o entendimento deste tópico, veja o fluxograma que segue:
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A indisponibilidade de bens poderá ser decre- arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
tada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o con- 2015 (Código de Processo Civil).
traditório prévio puder comprovadamente frustrar a § 6º-A O Ministério Público poderá requerer as
efetividade da medida ou houver outras circunstân- tutelas provisórias adequadas e necessárias,
cias que recomendem a proteção liminar, não poden- nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105, de
do a urgência ser presumida. 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
A lei, em seu § 11, art. 16, traz uma ordem para que § 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos
o juiz determine a indisponibilidade dos bens, qual seja: do art. 330 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil), bem como quando
não preenchidos os requisitos a que se referem os
z Veículos de via terrestre;
incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando
z Bens imóveis; manifestamente inexistente o ato de improbidade
z Bens móveis em geral; imputado.
z Semoventes; § 7º Se a petição inicial estiver em devida for-
z Navios e aeronaves; ma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a
z Ações e quotas de sociedades simples e empresárias; citação dos requeridos para que a contestem
z Pedras e metais preciosos; no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o
z Apenas na inexistência desses, o bloqueio de con- prazo na forma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16
tas bancárias, de forma a garantir a subsistência de março de 2015 (Código de Processo Civil).
do acusado e a manutenção da atividade empresá- § 8º Revogado.
ria ao longo do processo. § 9º Revogado.
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preli-
Além disso, existem hipóteses em que a indisponi- minares suscitadas pelo réu em sua contestação
bilidade de bens será vedada, §§ 13 e 14, do art. 16: caberá agravo de instrumento.
§ 10 Revogado.
z Quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos § 10-A Havendo a possibilidade de solução con-
sensual, poderão as partes requerer ao juiz a
depositados em caderneta de poupança, em outras
interrupção do prazo para a contestação, por
aplicações financeiras ou em conta corrente;
prazo não superior a 90 (noventa) dias.
z Bem de família do réu, salvo se comprovado que
§ 10-B Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvi-
o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial do o autor, o juiz:
indevida. I - procederá ao julgamento conforme o estado do
processo, observada a eventual inexistência mani-
PROCESSO JUDICIAL festa do ato de improbidade;
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas
No texto anterior da Lei nº 8.429, de 1992, tanto a otimizar a instrução processual.
o Ministério Público quanto a pessoa jurídica lesada § 10-C Após a réplica do Ministério Público, o juiz
tinham legitimidade para dar início à ação judicial de proferirá decisão na qual indicará com precisão
improbidade. Com as alterações trazidas pela Lei nº a tipificação do ato de improbidade administrati-
14.230, de 2021, o Ministério Público passa a ser o úni- va imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar
co legitimado para propor a ação. o fato principal e a capitulação legal apresentada
pelo autor.
Art. 17 A ação para a aplicação das sanções § 10-D Para cada ato de improbidade administra-
de que trata esta Lei será proposta pelo Minis- tiva, deverá necessariamente ser indicado apenas
tério Público e seguirá o procedimento comum um tipo dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e
previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 11 desta Lei.
(Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta § 10-E Proferida a decisão referida no § 10-C deste
Lei. artigo, as partes serão intimadas a especificar as
§ 1º Revogado. provas que pretendem produzir.
§ 2º Revogado. § 10-F Será nula a decisão de mérito total ou
§ 3º Revogado. parcial da ação de improbidade administrati-
§ 4º Revogado. va que:
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo I - condenar o requerido por tipo diverso daquele
deverá ser proposta perante o foro do local definido na petição inicial;
onde ocorrer o dano ou da pessoa jurídica II - condenar o requerido sem a produção das pro-
prejudicada. vas por ele tempestivamente especificadas.
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput § 11 Em qualquer momento do processo, verificada
deste artigo prevenirá a competência do juízo para a inexistência do ato de improbidade, o juiz julgará
todas as ações posteriormente intentadas que pos- a demanda improcedente.
§ 12 Revogado.
NOÇÕES DE DIREITO
A possibilidade de conversão de ação de improbidade administrativa em ação civil pública é uma forma de
viabilizar a economia processual. Da decisão de conversão caberá recurso de agravo de instrumento.
Art. 17 […]
§ 17 Da decisão que converter a ação de improbidade em ação civil pública caberá agravo de instrumento.
§ 18 Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o
seu silêncio não implicarão confissão.
§ 19 Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia;
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil);
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo fato, competindo ao Con-
selho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros de Ministérios Públicos distintos;
IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolução de mérito.
§ 20 A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos atos administrativos
praticados pelo administrador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este venha a respon-
der ação por improbidade administrativa, até que a decisão transite em julgado.
§ 21 Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento, inclusive da decisão que rejeitar questões
preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação.
A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe de forma mais detalhada os requisitos para que se possa realizar um acordo de
não persecução civil no âmbito da improbidade administrativa. Trata-se de um acordo celebrado entre o Minis-
tério Público e pessoas físicas ou jurídicas investigadas pela prática de improbidade administrativa com o intuito
de não prosseguir com a ação caso o acordo seja aceito e homologado pelo Judiciário; entretanto, para a aplicação
desse acordo, devem ser observados alguns requisitos, veja:
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Legitimidade para propor Ministério Público
O art. 17-C estabelece que a sentença deverá observar, além dos requisitos previstos no Código de Processo
Civil, também os trazidos na lei. Destaca-se que o § 2º fala sobre a hipótese de litisconsórcio passivo, que ocorre
quando se tem mais de um réu no processo. Nessas circunstâncias, a lei prevê que a condenação ocorrerá no
limite da participação e dos benefícios diretos de cada um, vedada qualquer solidariedade; ou seja, cada réu
responderá pela sua participação ou de acordo com os seus benefícios em decorrência da prática do ato ilícito.
Art. 17-C A sentença proferida nos processos a que se refere esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil):
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta
Lei, que não podem ser presumidos;
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre que decidir com base em valores jurídicos abstratos;
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem
prejuízo dos direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicio-
nado a ação do agente;
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada ou cumulativa:
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
c) a extensão do dano causado;
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente;
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequências advindas de sua conduta omissiva ou comissiva;
g) os antecedentes do agente;
V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das sanções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente;
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, quando for o caso, a sua atuação específica, não
admitida a sua responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver concorrido ou das quais não tiver
obtido vantagens patrimoniais indevidas;
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objetivos que justifiquem a imposição da sanção.
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não configura ato de improbidade.
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e dos benefícios diretos,
vedada qualquer solidariedade.
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata esta Lei.
Art. 17-D A ação por improbidade administrativa é repressiva, de caráter sancionatório, destinada à
aplicação de sanções de caráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado seu ajuiza-
mento para o controle de legalidade de políticas públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade
de agentes públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por danos ao meio ambiente, ao consumi-
dor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso
ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. 213
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 18 A sentença que julgar procedente a z Se houver continuidade de ilícito, o juiz aplica a
ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei con- maior sanção aumentada de 1/3 (um terço), ou
denará ao ressarcimento dos danos e à perda soma as penas optando por aquilo que for mais
ou à reversão dos bens e valores ilicitamente benéfico ao réu;
adquiridos, conforme o caso, em favor da pes- z No caso de prática de novos atos ilícitos pelo
soa jurídica prejudicada pelo ilícito. mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do
dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá
a essa determinação e ao ulterior procedimen-
Importante!
to para cumprimento da sentença referente ao
ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou Nas hipóteses do art. 18-A, a suspensão de direi-
à reversão dos bens. tos políticos e a proibição de contratar ou de rece-
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote ber incentivos fiscais observarão o limite máximo
as providências a que se refere o § 1º deste arti-
de 20 (vinte) anos (parágrafo único, do art. 18-A).
go no prazo de 6 (seis) meses, contado do trân-
sito em julgado da sentença de procedência da
ação, caberá ao Ministério Público proceder Esquematizando alguns pontos importantes:
à respectiva liquidação do dano e ao cumpri-
mento da sentença referente ao ressarcimento
Proposta pelo MP,
do patrimônio público ou à perda ou à rever- único legitimado
são dos bens, sem prejuízo de eventual responsa- (art. 17)
bilização pela omissão verificada.
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimen- Natureza repressiva,
to, deverão ser descontados os serviços efetivamen- caráter sancionatório
(art. 17-D)
te prestados.
Se não se identificam O juiz pode converter
O § 4º estabelece a possibilidade de parcelamento AÇÃO todos os requisitos a ação de improbidade
em até 48 parcelas do débito decorrente da condena- JUDICIAL para a caracterização em ação civil pública
ção, mas para isso o réu tem que demonstrar que não do ato de improbidade (§ 16, art. 17)
pode efetuar todo o pagamento de uma só vez. A assessoria jurídica que emitiu o parecer
atestando a legalidade prévia dos atos
Art. 18 […] administrativos praticados pelo administrador
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em público ficará obrigada a defendê-lo
judicialmente, caso este venha a responder
até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais corrigi-
a ação por improbidade administrativa até o
das monetariamente, do débito resultante de conde- trânsito em julgado (§ 20, art. 17)
nação pela prática de improbidade administrativa
se o réu demonstrar incapacidade financeira
de saldá-lo de imediato. (Incluído pela Lei nº Importante: não existe mais a defesa prelimi-
14.230, de 2021) nar; o requerido já será citado para apresentar a
Art. 18-A A requerimento do réu, na fase de contestação.
cumprimento da sentença, o juiz unificará
eventuais sanções aplicadas com outras já DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
impostas em outros processos, tendo em vista
a eventual continuidade de ilícito ou a prática de As sanções trazidas na Lei de Improbidade Admi-
diversas ilicitudes, observado o seguinte: (Incluído nistrativa têm natureza repressiva, de caráter san-
pela Lei nº 14.230, de 2021) cionatório. O único momento em que a lei trata de
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz pro- alguma sanção penal é no art. 19, mas nesse caso a
moverá a maior sanção aplicada, aumentada sanção será aplicada ao denunciante e não ao agente
de 1/3 (um terço), ou a soma das penas, o que
que cometeu ato de improbidade.
for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
Art. 19 Constitui crime a representação por ato
II - no caso de prática de novos atos ilícitos
de improbidade contra agente público ou terceiro
pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
inocente.
Parágrafo único. As sanções de suspensão de
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
direitos políticos e de proibição de contratar
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denun-
ou de receber incentivos fiscais ou creditícios
ciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos
do poder público observarão o limite máximo
danos materiais, morais ou à imagem que houver
de 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
provocado.
2021)
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão
dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito
O art. 18-A traz a possibilidade de unificação das em julgado da sentença condenatória.
penas. Após o juiz proferir a sentença judicial tran- § 1º A autoridade judicial competente poderá
sitada em julgado, da qual não caiba mais recurso, a determinar o afastamento do agente público
próxima fase é cumprir o que foi determinado na sen- do exercício do cargo, do emprego ou da fun-
tença. Nessa fase de cumprimento, o juiz unificará, ção, sem prejuízo da remuneração, quando a
ou seja, vai reunir eventuais sanções aplicadas com medida for necessária à instrução processual
outras já impostas em outros processos da seguinte ou para evitar a iminente prática de novos
214 forma: ilícitos.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste arti- Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previs-
go será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis tos nesta Lei, será garantido ao investigado a
uma única vez por igual prazo, mediante deci- oportunidade de manifestação por escrito e de
são motivada. juntada de documentos que comprovem suas
alegações e auxiliem na elucidação dos fatos.
Muitas pessoas acham estranho quando se fala (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
que o afastamento do agente público do exercício do
cargo, emprego ou função ocorrerá sem prejuízo da
sua remuneração, mas isso ocorre em decorrência da SENTENÇAS CIVIS E PENAIS PRODUZIRÃO EFEI-
presunção de inocência. Todos se presumem inocen- TOS EM RELAÇÃO À AÇÃO DE IMPROBIDADE
tes até que se prove o contrário por meio do devido QUANDO CONCLUÍREM:
processo legal. Pela inexistência da
Portanto, enquanto não houver uma decisão con- Pela negativa da autoria
conduta
denatória, não é possível que o servidor seja, desde
já, condenado a perder sua remuneração. Esse afas- A ABSOLVIÇÃO CRIMINAL EM AÇÃO QUE DISCUTA
tamento ocorrerá quando for necessário para a ins- OS MESMOS FATOS, CONFIRMADA POR DECISÃO
trução processual ou para evitar o cometimento de COLEGIADA:
novos ilícitos. Por não ser uma sanção, deverá ter pra-
Impede o trâmite da ação de improbidade, havendo co-
zo determinado de até 90 dias, podendo ser prorro-
municação com todos os fundamentos de absolvição
gado mais uma vez por igual prazo. O afastamento
previstos no CPP
não é por 90 dias e sim por até 90 dias, sendo assim, se
o for determinado que o agente se afaste por 60 dias, a
prorrogação só poderá ser por mais 60 dias. DA PRESCRIÇÃO
Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta A prescrição ocorre quando o decurso do tempo
lei independe: impede que o titular da ação de improbidade possa
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio aplicar a sanção ao suposto autor do ato de improbi-
público, salvo quanto à pena de ressarcimento e às dade. Esse instituto existe no direito brasileiro para
condutas previstas no art. 10 desta Lei; (Redação resguardar a segurança jurídica. Sendo assim, o Esta-
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
do tem um tempo determinado para poder sancionar
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo
os atos de improbidade. A demora do Estado extingue
órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas. a possibilidade de punir o suposto autor do ato ímpro-
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou exter- bo praticado por agentes públicos e particulares.
no serão considerados pelo juiz quando tiverem Se, por exemplo, um agente público comete ato de
servido de fundamento para a conduta do agente improbidade que causa prejuízo ao erário, o Ministé-
público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rio Público tem um prazo para ingressar com a ação e
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de efetivar as sanções previstas na lei; passado o prazo,
controle e as correspondentes decisões deverão ser o Estado não poderá mais responsabilizar o acusado.
consideradas na formação da convicção do juiz, Importante! Atente-se para este julgado, que tra-
sem prejuízo da análise acerca do dolo na conduta
ta da imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao
do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
erário:
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efei-
tos em relação à ação de improbidade quando
concluírem pela inexistência da conduta ou Tese de repercussão geral STF nº 897 São
pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário
14.230, de 2021) fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei
§ 4º A absolvição criminal em ação que discu- de Improbidade Administrativa.18
ta os mesmos fatos, confirmada por decisão
colegiada, impede o trâmite da ação da qual Com as alterações da Lei nº 14.230, de 2021, o pra-
trata esta Lei, havendo comunicação com todos zo prescricional passou a ser de 8 (oito) anos em
os fundamentos de absolvição previstos no art. 386 todas as hipóteses e a contagem se dá a partir da
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 ocorrência do fato.
(Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
Art. 23 A ação para a aplicação das sanções pre-
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em
vistas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos, con-
outras esferas deverão ser compensadas com
tados a partir da ocorrência do fato ou, no
as sanções aplicadas nos termos desta Lei.
caso de infrações permanentes, do dia em que
NOÇÕES DE DIREITO
18 [Lei 8.429, de 1992, arts. 9 a 11 (1)]. RE 852475/SP, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 8.8.2018.
(RE-852475) 215
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e oitenta) dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo,
esgotado o prazo de suspensão.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 (trezentos e ses-
senta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias,
se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - pela publicação da sentença condenatória;
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma
sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão condenatório
ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão condenatório ou
que reforma acórdão de improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela metade do prazo
previsto no caput deste artigo.
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que concorreram para a
prática do ato de improbidade.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a
qualquer deles estendem-se aos demais.
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a requerimento da parte inte-
ressada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre os
marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo.
z Suspensão: após a instauração de inquérito civil ou de processo administrativo, o prazo prescricional suspen-
de por até 180 dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo,
esgotado o prazo de suspensão;
z Interrupção: após a ocorrência das hipóteses previstas, volta a contar o prazo do zero.
Os conceitos de interrupção e suspensão são trazidos pela doutrina e é importante saber a diferença entre os
institutos para entender o conteúdo.
O § 5º traz uma inovação, que é a prescrição intercorrente. Essa modalidade de prescrição só ocorre depois
da apresentação da ação de improbidade, ou seja, ocorre dentro do processo e será contada pela metade.
Exemplo: um agente praticou um ato de improbidade há 6 anos, o Ministério Público apresenta a ação e no dia
da apresentação o prazo será interrompido. Na interrupção o prazo volta a contar do zero, ou seja, com a apre-
sentação da Ação de Improbidade Administrativa pelo Ministério Público voltaríamos a contar os 8 anos, mas na
prescrição intercorrente do § 5º o prazo volta a ser contado pela metade, ou seja, 4 anos. Podemos dizer então que
o prazo da prescrição intercorrente será de 4 anos.
Outro ponto importante é sobre a possibilidade de o Ministério Público, de ofício, a requerimento de auto-
ridade administrativa ou mediante representação, instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo
assemelhado e requisitar a instauração de inquérito policial para apurar os ilícitos.
Percebe-se aqui algumas possibilidades trazidas pela lei para que o Ministério Público possa obter os ele-
mentos necessários para a instauração da ação de improbidade administrativa. E conforme os §§ 2º e 3º, art. 23,
o inquérito civil deve respeitar o prazo de 365 dias, podendo ser prorrogado uma única vez por igual período.
Importante!
O prazo do inquérito civil é de 365 dias corridos, prorrogável uma vez por igual período mediante fundamen-
tação, ou seja, 365 + 365. Cuidado com as provas: são 365 dias e não 1 ano.
Art. 23-A É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e políticos que atuem com
216 prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa.
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Art. 23-B Nas ações e nos acordos regidos por esta Dica
Lei, não haverá adiantamento de custas, de prepa-
ro, de emolumentos, de honorários periciais e de A Lei nº 9.784 é conhecida como “Lei do Pro-
quaisquer outras despesas. cesso Administrativo” e, em geral, as bancas
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as examinadoras costumam cobrar a “letra da lei”
demais despesas processuais serão pagas ao final. (a própria lei seca).
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumben-
ciais em caso de improcedência da ação de impro- Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre
bidade se comprovada má-fé. o processo administrativo no âmbito da Admi-
Art. 23-C Atos que ensejem enriquecimento ilícito, nistração Federal direta e indireta, visando, em
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbara- especial, à proteção dos direitos dos administrados e
tamento ou dilapidação de recursos públicos dos ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
partidos políticos, ou de suas fundações, serão res- § 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos
ponsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União,
setembro de 1995. quando no desempenho de função administrativa.
Das Disposições Finais § 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
Art. 24 Esta lei entra em vigor na data de sua I - órgão - a unidade de atuação integrante da estru-
publicação. tura da Administração direta e da estrutura da
Art. 25 Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de Administração indireta;
junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e II - entidade - a unidade de atuação dotada de per-
demais disposições em contrário. sonalidade jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público dota-
do de poder de decisão.
REFERÊNCIAS
Diante do dispositivo acima elencado, nota-se que
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da
a lei que regula o processo administrativo no âmbi-
República Federativa do Brasil de 1988. Brasí-
to da Administração Pública federal aplica-se aos três
lia, DF: Presidência da República. Disponível em:
poderes da União (Poder Executivo, Poder Legislati-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
vo e Poder Judiciário), no exercício de suas funções
constituicao.htm. Acesso em: 26 set. 2022.
administrativas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Portal da Câmara
Além disso, a lei define conceitos importantes.
dos Deputados, 2022. Disponível em: https://www. Vejamos:
camara.leg.br/. Acesso em: 26 set. 2022.
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito z Órgão: corresponde a uma unidade da Adminis-
Administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2019. tração Pública que exerce uma função específica
CARVALHO, M. Manual de Direito Administrati- dentro de outra unidade maior, sendo que não
vo. 9ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021. possui personalidade jurídica própria. Temos
CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. como exemplo uma secretaria ou uma diretoria de
Guia da política de governança pública. Brasília: determinada entidade;
Casa Civil da Presidência da República, 2018. z Entidade: refere-se a uma unidade da Adminis-
CASTRO JÚNIOR, R. de. Manual de Direito Admi- tração Pública detentora de direitos e obrigações,
nistrativo. 1ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021. pois possui personalidade jurídica própria. Como
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 33ª Ed. exemplo podemos citar uma autarquia, fundação
São Paulo: Atlas, 2020. ou até mesmo uma empresa pública;
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasi- z Autoridade: trata-se do servidor público que,
leiro. 44ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2020. representando a Administração Pública, possui
MELLO, C. A. B. Curso de Direito Administrativo. o poder de emitir ordens ou pareceres, podendo
34ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2019. influenciar diretamente na decisão de um proces-
PLANALTO. Portal da Legislação, 2022. Disponí- so administrativo, por exemplo.
vel em: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/.
Acesso em: 26 set. 2022. Ao estudar a referida lei, pode-se ver que ela será
SENADO FEDERAL. Senado Federal, 2022. Dispo- aplicada tanto nos órgãos da Administração Pública
nível em: https://www12.senado.leg.br/hpsenado. direta como também da Administração Pública indi-
Acesso em: 26 set. 2022. reta, conforme evidenciado no fluxograma a seguir:
NOÇÕES DE DIREITO
Agora vejamos o parágrafo único, do art. 2º, que Sintetizando os direitos dos administrados, temos:
estabelece critérios a serem observados nos processos
administrativos: z ser tratado com respeito;
z ter ciência da tramitação dos processos
Art. 2º […] administrativos;
Parágrafo único. Nos processos administrativos z formular alegações e apresentar documentos
serão observados, entre outros, os critérios de: antes da decisão;
I - atuação conforme a lei e o Direito; z fazer-se assistir, facultativamente, por advogado,
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada
salvo exceções.
a renúncia total ou parcial de poderes ou competên-
cias, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse Estabelecidos os direitos dos administrados, temos,
público, vedada a promoção pessoal de agentes ou no art. 4º, deveres que precisam ser observados:
autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, Art. 4º São deveres do administrado perante a
decoro e boa-fé; Administração, sem prejuízo de outros previstos
V - divulgação oficial dos atos administrativos, em ato normativo:
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na I - expor os fatos conforme a verdade;
Constituição; II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a III - não agir de modo temerário;
imposição de obrigações, restrições e sanções em IV - prestar as informações que lhe forem solicita-
medida superior àquelas estritamente necessárias das e colaborar para o esclarecimento dos fatos.
ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de Sintetizando, os administrados devem:
direito que determinarem a decisão;
VIII - observância das formalidades essenciais
z expor os fatos conforme a verdade;
à garantia dos direitos dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para z proceder com lealdade, urbanidade (afabilidade)
propiciar adequado grau de certeza, segurança e e boa-fé;
respeito aos direitos dos administrados; z não agir de modo temerário;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apre- z prestar informações e colaborar para o esclareci-
218 sentação de alegações finais, à produção de provas mento dos fatos.
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O início do processo é disciplinado nos arts. 5º a 8º. Por fim, atente-se ao seguinte:
Veja a disposição da lei:
z é vedada à Administração a recusa imotivada
Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de recebimento de documentos e o servidor deve
de ofício ou a pedido de interessado. orientar o interessado quanto à necessidade de
Art. 6º O requerimento inicial do interessado, sal- suprir eventuais falhas;
vo casos em que for admitida solicitação oral, z os órgãos e entidades administrativas devem ela-
deve ser formulado por escrito e conter os seguin- borar modelos ou formulários padronizados para
tes dados: assuntos que importem pretensões equivalentes
I - órgão ou autoridade administrativa a que (assuntos similares);
se dirige; z quando os pedidos de uma pluralidade de interes-
II - identificação do interessado ou de quem o sados tiverem conteúdos e fundamentos idênticos,
represente; poderão ser formulados em um único requeri-
III - domicílio do requerente ou local para recebi-
mento (salvo preceito legal em contrário).
mento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos
O Capítulo V abrange os arts. 9º e 10, que dispõem
e de seus fundamentos;
sobre os legitimados como interessados no processo
V - data e assinatura do requerente ou de seu
representante.
administrativo. Veja:
Parágrafo único. É vedada à Administração a
recusa imotivada de recebimento de docu- Art. 9º São legitimados como interessados no
mentos, devendo o servidor orientar o interessado processo administrativo:
quanto ao suprimento de eventuais falhas. I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como
titulares de direitos ou interesses individuais ou no
Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas
exercício do direito de representação;
deverão elaborar modelos ou formulários padro-
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
nizados para assuntos que importem pretensões
direitos ou interesses que possam ser afetados pela
equivalentes.
decisão a ser adotada;
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de
III - as organizações e associações representativas,
interessados tiverem conteúdo e fundamentos idên-
no tocante a direitos e interesses coletivos;
ticos, poderão ser formulados em um único requeri-
IV - as pessoas ou as associações legalmente consti-
mento, salvo preceito legal em contrário.
tuídas quanto a direitos ou interesses difusos.
Art. 10 São capazes, para fins de processo admi-
No que se refere às formas de início do processo nistrativo, os maiores de dezoito anos, ressalva-
administrativo, a lei estabelece que poderá dar-se de da previsão especial em ato normativo próprio.
duas maneiras. Vejamos:
Vejamos de forma esquematizada no fluxograma a
z De ofício: quando a Administração Pública, por seguir quais são as pessoas que a lei define que podem
iniciativa própria ou por determinação legal, ins- participar, acompanhar e interferir tanto no anda-
taura um determinado processo administrativo mento como no resultado do processo disciplinar:
com o objetivo de apurar ou decidir sobre algum
fato de sua competência; Pessoas físicas ou jurídicas
z A pedido de interessado: ou seja, quando uma Aqueles com interesses ou direitos
pessoa, seja ela física ou jurídica, que tenha direi- LEGITIMADOS Organizações e associações
to ou interesse em alguma questão administrativa COMO representativas
solicita a instauração do processo administrativo INTERESSADOS
Pessoas ou associações legalmente
para requerer, reclamar ou recorrer sobre deter- constituídas (quanto a direitos ou
minado fato. interesses difusos)
Para facilitar a compreensão, vejamos o fluxogra- Passaremos agora nossos estudos para um tema
ma a seguir: de grande importância e relevância para prova: com-
petência dos órgãos administrativos. Neste sentido, a
PROCESSO Ofício competência pode ser definida como um conjunto das
Por escrito
ADMINISTRATIVO (regra) atribuições conferidas aos ocupantes de um cargo,
(INÍCIO) A pedido do
interessado emprego ou função pública.
Oral (exceção) Além disso, a competência é uma condição de vali-
dade dos atos administrativos, conforme entendimen-
NOÇÕES DE DIREITO
ma especial ou comprovada necessidade de maior dias para decidir, salvo prorrogação por igual
prazo. período expressamente motivada.
§ 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar
de ser emitido no prazo fixado, o processo não Importante ressaltar que a Lei nº 14.210, de
terá seguimento até a respectiva apresentação, 2021, adicionou o “Capítulo XI-A” à Lei nº 9.784, de
responsabilizando-se quem der causa ao atraso. 1999, em comento. Deste modo, veja os dispositivos
§ 2º Se um parecer obrigatório e não vinculante adicionados:
deixar de ser emitido no prazo fixado, o proces-
so poderá ter prosseguimento e ser decidido com Art. 49-A No âmbito da Administração Pública
sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de federal, as decisões administrativas que exijam a
quem se omitiu no atendimento. participação de 3 (três) ou mais setores, órgãos ou
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entidades poderão ser tomadas mediante decisão Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria
coordenada, sempre que: estranha ao objeto da convocação.
I - for justificável pela relevância da matéria; e Art. 49-G A conclusão dos trabalhos da decisão
II - houver discordância que prejudique a cele- coordenada será consolidada em ata, que conterá
ridade do processo administrativo decisório. as seguintes informações:
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão I - relato sobre os itens da pauta;
coordenada a instância de natureza interinstitu- II - síntese dos fundamentos aduzidos;
cional ou intersetorial que atua de forma compar- III - síntese das teses pertinentes ao objeto da
tilhada com a finalidade de simplificar o processo convocação;
administrativo mediante participação concomitan- IV - registro das orientações, das diretrizes, das solu-
te de todas as autoridades e agentes decisórios e ções ou das propostas de atos governamentais rela-
dos responsáveis pela instrução técnico-jurídica, tivos ao objeto da convocação;
observada a natureza do objeto e a compatibilida- V - posicionamento dos participantes para subsi-
de do procedimento e de sua formalização com a diar futura atuação governamental em matéria
legislação pertinente. idêntica ou similar; e
§ 2º (VETADO). VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à
§ 3º (VETADO). matéria sujeita à sua competência.
§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsa- § 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complemen-
bilidade originária de cada órgão ou autoridade tada a fundamentação da decisão da autoridade ou
envolvida. do agente a respeito de matéria de competência do
§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios órgão ou da entidade representada.
da legalidade, da eficiência e da transparência, com § 2º (VETADO).
utilização, sempre que necessário, da simplificação § 3º A ata será publicada por extrato no Diário
do procedimento e da concentração das instâncias Oficial da União, do qual deverão constar, além do
decisórias. registro referido no inciso IV do caput deste artigo,
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos os dados identificadores da decisão coordenada e
processos administrativos: o órgão e o local em que se encontra a ata em seu
I - de licitação; inteiro teor, para conhecimento dos interessados.
II - relacionados ao poder sancionador; ou
III - em que estejam envolvidas autoridades de Pode- Quanto à motivação dos atos, nos respectivos pro-
res distintos. cessos administrativos, vejamos as disposições do art.
50, da Lei nº 9.784, de 1999.
Conforme elencado no dispositivo, decisão coor-
denada no processo administrativo trata-se da pos- Art. 50 Os atos administrativos deverão ser moti-
sibilidade de decisão tomada de forma conjunta e vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
integrada por três ou mais setores, órgãos ou entida- jurídicos, quando:
des da Administração Pública federal. I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
Art. 49-B Poderão habilitar-se a participar da deci- sanções;
são coordenada, na qualidade de ouvintes, os inte- III - decidam processos administrativos de concur-
ressados de que trata o art. 9º desta Lei. so ou seleção pública;
Parágrafo único. A participação na reunião, que IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
poderá incluir direito a voz, será deferida por deci- cesso licitatório;
são irrecorrível da autoridade responsável pela V - decidam recursos administrativos;
convocação da decisão coordenada. VI - decorram de reexame de ofício;
Art. 49-C (VETADO). VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre
Art. 49-D Os participantes da decisão coordenada a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro-
deverão ser intimados na forma do art. 26 desta postas e relatórios oficiais;
Lei. VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo.
Desta forma, é imprescindível que os terceiros § 1º A motivação deve ser explícita, clara e
participantes da decisão coordenada, na qualidade de congruente, podendo consistir em declaração de
ouvintes, sejam devidamente intimados, sendo eles: concordância com fundamentos de anteriores pare-
ceres, informações, decisões ou propostas, que, nes-
os interessados que sejam titulares de direitos ou inte-
te caso, serão parte integrante do ato.
resses que possam ser afetados pela decisão ou que
§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma natu-
tenham qualquer relação jurídica com a matéria ou o reza, pode ser utilizado meio mecânico que repro-
objeto do processo. duza os fundamentos das decisões, desde que não
prejudique direito ou garantia dos interessados.
Art. 49-E Cada órgão ou entidade participante é § 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados
responsável pela elaboração de documento específi- e comissões ou de decisões orais constará da res-
co sobre o tema atinente à respectiva competência, pectiva ata ou de termo escrito.
a fim de subsidiar os trabalhos e integrar o proces-
so da decisão coordenada.
A lei também dispõe sobre a desistência e outros
Parágrafo único. O documento previsto no caput
casos de extinção do processo. Desta forma, o art. 51
deste artigo abordará a questão objeto da decisão
diz-nos que o interessado poderá, mediante mani-
coordenada e eventuais precedentes.
Art. 49-F Eventual dissenso na solução do objeto da festação escrita, desistir total ou parcialmente do
decisão coordenada deverá ser manifestado duran- pedido formulado ou, ainda, renunciar aos direitos
te as reuniões, de forma fundamentada, acompa- disponíveis. Veja:
nhado das propostas de solução e de alteração
necessárias para a resolução da questão.
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Art. 51 O interessado poderá, mediante manifes- É importante mencionar, também, que a anulação
tação escrita, desistir total ou parcialmente do dos atos administrativos pode ser realizada tanto pela
pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos própria Administração Pública quanto pelo Poder
disponíveis. Judiciário, por meio de provocação.
§ 1º Havendo vários interessados, a desistência ou
renúncia atinge somente quem a tenha formulado. Revogação
§ 2º A desistência ou renúncia do interessado, con-
forme o caso, não prejudica o prosseguimento do
A revogação do ato administrativo é o desfazi-
processo, se a Administração considerar que o inte-
resse público assim o exige. mento de um ato válido; por motivo de conveniência
Art. 52 O órgão competente poderá declarar extin- e oportunidade, a Administração Pública retira-o do
to o processo quando exaurida sua finalidade ou universo jurídico. É importante ressaltar que o ato é
o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou válido e perfeito, porém, a Administração Pública, ao
prejudicado por fato superveniente. entender que o ato se tornou inconveniente ou ino-
portuno, resolve revogá-lo.
ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO A revogação do ato administrativo possui natureza
discricionária, ou seja, a Administração Pública pode
O Capítulo XIV dispõe sobre a anulação, revoga- revogá-lo por motivo de conveniência ou oportuni-
ção e convalidação dos atos administrativos. Trata-se dade, respeitados os direitos adquiridos. Trata-se de
de um importante tema para sua prova. uma análise de mérito realizada pela Administração.
Destaca-se que os efeitos da revogação não são
Art. 53 A Administração deve anular seus pró- retroativos, mas, sim, prospectivos (ex nunc), ou seja,
prios atos, quando eivados de vício de legalidade, fazem efeitos a partir da própria revogação. Todos os
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou atos realizados até a data da revogação permanecem
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. válidos.
Art. 54 O direito da Administração de anular os Além dos pontos já apresentados, podemos desta-
atos administrativos de que decorram efeitos favo- car que o ato de revogação é um ato discricionário e
ráveis para os destinatários decai em cinco anos, apenas incide sobre atos discricionários.
contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.
Art. 55 Em decisão na qual se evidencie não acar- ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
retarem lesão ao interesse público nem prejuízo
a terceiros, os atos que apresentarem defeitos Ato nulo (contrário à
Ato válido e perfeito
sanáveis poderão ser convalidados pela própria norma jurídica)
Administração.
Desfazimento do ato por
Desfazimento do ato
motivo de conveniência
Anulação administrativo quando
e oportunidade da Admi-
eivado de ilegalidade
nistração Pública
A anulação é uma forma de desfazimento do ato
administrativo quando eivado de ilegalidade (ato Efeito prospectivo (ex
Efeito retroativo (ex tunc)
agride uma norma). A ilegalidade atinge a origem do nunc)
ato, ou seja, o ato é nulo desde o seu nascimento. Des-
ta forma, diz-se que a anulação do ato administrativo Natureza vinculada quan-
possui efeitos retroativos (ex tunc). do o ato é insanável Natureza discricionária
A anulação do ato possui natureza de decisão vin- Natureza discricionária (analisa o mérito)
culada, ou seja, a Administração Pública deve anular se o ato for sanável
seus próprios atos quando eivados de vício insaná- A anulação alcança
vel de legalidade. Essa regra comporta uma exceção: A revogação alcança
atos vinculados e
quando o vício for sanável, a Administração poderá atos discricionários
discricionários
optar entre anular ou convalidar o ato.
Destaca-se que há um limite temporal para a anu- Prazo de cinco anos Não possui prazo
lação dos atos, conforme dispõe o art. 54, que diz que
o direito da Administração Pública de anular os atos Convalidação
decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé. A convalidação, conforme dispõe o art. 53, é uma
Veja duas importantes súmulas do STF sobre anu- forma de corrigir e regularizar um ato administrativo,
lação e revogação: desde que não acarrete lesão ao interesse público, não
cause prejuízo a terceiros e os defeitos sejam sanáveis.
NOÇÕES DE DIREITO
Súmula n° 346 (STF) A Administração pública A convalidação gera efeitos retroativos (ex tunc),
pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
pois o ato é corrigido desde a sua origem.
Súmula nº 473 (STF) A Administração pode anu-
lar seus próprios atos, quando eivados de vícios RECURSO ADMINISTRATIVO E REVISÃO
que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência No que se refere ao recurso administrativo e à
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiri- revisão, vejamos os dispositivos pertinentes:
dos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial. Art. 56 Das decisões administrativas cabe recurso,
em face de razões de legalidade e de mérito.
225
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§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que pro- recurso não poderá suspender a execução ou efeitos
feriu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no de uma decisão administrativa, até o seu julgamento.
prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade Ademais, conforme disposto no art. 63 da referida
superior. lei, o recurso não será conhecido nos seguintes casos:
§ 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso
administrativo independe de caução. Fora do prazo
Não será Perante órgão incompetente
Cumpre ressaltar que o recurso no processo admi- RECURSO
Conhecido Por não legitimados
nistrativo nada mais é do que o direito de pedir a revi-
são ou a reforma de uma decisão administrativa, que, Após exaurida a esfera adm.
ao entender do administrado, seja contrária aos seus
interesses ou direitos. Art. 66 Os prazos começam a correr a partir da
Para auxiliar no entendimento da fase recursal em data da cientificação oficial, excluindo-se da
processos administrativos, vejamos o fluxograma a contagem o dia do começo e incluindo-se o do
seguir: vencimento.
A interposição de recurso administrativo inde- Art. 68 As sanções, a serem aplicadas por auto-
pende de caução (salvo exigência legal). ridade competente, terão natureza pecuniária
ou consistirão em obrigação de fazer ou de não
fazer, assegurado sempre o direito de defesa.
Art. 57 O recurso administrativo tramitará no
máximo por três instâncias administrativas, sal- Desta forma, tais sanções deverão ser aplicadas
vo disposição legal diversa.
pela autoridade competente, ou seja, autoridade que
tenha o poder de impor tal penalidade. A sanção terá
O dispositivo estabelece um limite máximo de natureza pecuniária, a qual poderá dar-se de três
órgãos ou autoridades administrativas que podem formas:
revisar ou reformar uma decisão que seja contrária
aos interesses ou aos direitos do administrado.
z Multa: refere-se ao pagamento em dinheiro de
Desta forma, tal limitação visa garantir a eficiên-
uma determinada quantia, como forma de sanção;
cia, celeridade e a razoabilidade do processo adminis-
z Obrigação de fazer: realização de um ato ou
trativo, buscando evitar a demora desnecessária ou a
serviço que inicialmente não foi observado pelo
multiplicidade de recursos que possam acarretar pre-
infrator;
juízo para a decisão final da Administração Pública.
z Obrigação de não fazer: abstenção de um ato ou
serviço, o qual o infrator fez ou pretendia fazer,
Art. 58 Têm legitimidade para interpor recurso
porém de forma indevida.
administrativo:
I - os titulares de direitos e interesses que forem
parte no processo; Sendo assim, tais disposições visam garantir a
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem legalidade, proporcionalidade e a razoabilidade
indiretamente afetados pela decisão recorrida; das sanções administrativas, bem como assegurar a
III - as organizações e associações representa- proteção dos direitos e garantias fundamentais dos
tivas, no tocante a direitos e interesses coletivos; administrados.
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direi-
tos ou interesses difusos. REFERÊNCIAS
Art. 59 Salvo disposição legal específica, é de dez
dias o prazo para interposição de recurso adminis- CARVALHO, M. Manual de Direito Administra-
trativo, contado a partir da ciência ou divulgação tivo. 3ª Ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2016, p.
oficial da decisão recorrida. 121.
§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o RMS nº 26.967-DF, rel. Min. Eros Grau, 2ª Turma do
recurso administrativo deverá ser decidido no pra-
STF, julgamento em 26.02.2008, DJe de 03.04.2008.
zo máximo de trinta dias, a partir do recebimento
SILVA, N. M. de F. Requisitos de validade dos Atos
dos autos pelo órgão competente.
§ 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior
Administrativos. Conteúdo Jurídico, 2012. Dis-
poderá ser prorrogado por igual período, ante ponível em: https://conteudojuridico.com.br/
justificativa explícita. consulta/Artigos/31668/requisitos-de-validade-
Art. 61 Salvo disposição legal em contrário, o -dos-atos-administrativos. Acesso em: 28 dez. 2023.
recurso não tem efeito suspensivo.
3. (CESGRANRIO — 2018) São princípios constitucio- 8. (CESGRANRIO — 2018) Quando um ato administra-
nais que regem a administração pública, EXCETO tivo é revogado por conveniência e oportunidade da
Administração, deve ser observado, quanto à forma, o
a) Legalidade princípio da
b) Impessoalidade
c) Moralidade a) simetria
d) Marketing b) motivação
e) Publicidade c) vinculação
d) acidentalidade
4. (CESGRANRIO — 2018) É considerado um princípio e) essencialidade
geral do direito administrativo, o princípio da
9. (CESGRANRIO — 2018) Quando se afirma que os atos
a) isonomia administrativos são sempre nulos, está sendo aplica-
b) dualidade da a denominada teoria
c) probabilidade
d) unitariedade a) diferenciada
e) finalidade b) circunscrita
c) monista
5. (CESGRANRIO — 2023) Determinado cidadão foi eli- d) especialista
minado de concurso público, a investigação social, e) avançada
por ter cometido ilícito sete anos antes do certame.
No recurso contra sua eliminação, aduziu que, além 10. (CESGRANRIO — 2023) J é gerente responsável pelas
do tempo decorrido, passou a exercer outro cargo compras do município Z e as realiza de acordo com a
público, onde permanece, com elogios a sua atuação. moldura legal existente. Dado ao excesso de trabalho,
Nos termos dos princípios aplicáveis à administração postula à autoridade local a indicação de novo ser-
NOÇÕES DE DIREITO
pública, o ato que eliminou o cidadão do concurso vidor para auxiliar nas tarefas necessárias. Houve a
ofende a edição de ato nomeando P para cargo efetivo no setor,
que, posteriormente, foi declarado nulo, sendo edita-
a) veracidade da nova portaria para designar P para exercício de
b) necessidade cargo em comissão. Nesse caso, observada a teoria
c) validade dos atos administrativos, houve a
d) publicidade
e) proporcionalidade a) permissão
b) conversão
6. (CESGRANRIO — 2018) A logística inbound de uma c) convolação
empresa é o setor da logística que, entre outras ativida- d) transformação
des, realiza a compra de materiais, sempre buscando o e) edição 227
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11. (CESGRANRIO — 2023) A Administração Pública 15. (CESGRANRIO — 2019) O Supremo Tribunal Federal,
indireta é composta por entes descentralizados, de ao julgar a constitucionalidade de lei que concedeu
competência do governo, criados para desempenha- passe livre às pessoas portadoras de deficiência,
rem variadas funções de serviços à população. Nesse assentou que, dentre os temas constitucionais, ocor-
sentido, existe uma entidade que assume a forma de reria a realização do fundamento da
pessoa jurídica, cuja criação é autorizada por lei, como
um instrumento de ação do Estado, dotada de perso- a) soberania
nalidade de Direito Privado, mas submetida a certas b) política
regras especiais, decorrentes dessa sua natureza c) dignidade da pessoa humana
auxiliar da atuação governamental. Ela é constituída d) autodeterminação
sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com e) origem
direito a voto pertencem em sua maioria à União ou
a uma entidade de sua administração indireta, sobre 16. (CESGRANRIO — 2019) Ao estabelecer o Supremo Tri-
remanescente acionário de propriedade particular. bunal Federal que não deve ser admitida a prerrogati-
va de foro para ex-ocupantes de cargos públicos, está
Essa entidade é chamada de sendo aplicado o fundamento constitucional da
12. (CESGRANRIO — 2022) A iniciativa, no âmbito do pro- 17. (CESGRANRIO — 2019) O Supremo Tribunal Federal,
cesso legislativo, para a criação de uma autarquia ao julgar extradição, exerce, observados os direitos e
federal, que é ente da administração pública indireta, as garantias fundamentais expressos na Constituição
compreendida como o serviço autônomo, criado por Federal, o papel de
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Admi- a) trabalhador voluntário
nistração Pública que requeiram, para seu melhor b) autoridade central
funcionamento, gestão administrativa e financeira c) órgão de execução
descentralizada, é atribuída d) agente especial
e) juiz natural
a) exclusivamente aos membros do Congresso Nacional
b) concorrentemente aos membros do Congresso 18. (CESGRANRIO — 2018) Nos termos da Constituição
Nacional e ao Presidente da República de 1988, o direito de propriedade é um direito
c) privativamente aos senadores
d) privativamente ao Presidente da República a) social, cabendo ao proprietário respeitar os limites da
e) privativamente aos deputados federais função social.
b) social, pois não possibilita ao proprietário dispor con-
13. (CESGRANRIO — 2018) Considerando as característi- forme o seu próprio e exclusivo interesse.
cas dos entes que compõem a administração pública c) individual, que impede qualquer tipo de intervenção
indireta, uma das diferenças entre as empresas públi- do Estado.
cas e as sociedades de economia mista baseia-se na d) individual absoluto, que possibilita ao proprietário
sempre dispor conforme o seu próprio e exclusivo
a) estrutura de propriedade interesse.
b) criação por meio de lei e) individual relativo, cabendo ao proprietário respeitar
c) regras de admissão de pessoal os limites da função social.
d) personalidade jurídica privada
e) possibilidade de falência 19. (CESGRANRIO — 2017) Nos termos da Constituição
Federal, é direito do trabalhador urbano e rural a redu-
14. (CESGRANRIO — 2019) O presidente de comissão de ção dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
sindicância e processo administrativo de determi- mas de:
nado órgão público competente para julgar todos os
servidores que pratiquem atos contrários ao Estatuto a) saúde, higiene e segurança
do Servidor deseja abdicar dessa função. b) saúde, higiene e alimentação
c) saúde, previdência e segurança
Nos termos da Lei nº 9.784/1999 e suas alterações, a d) saúde, cultura e higiene
competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos e) saúde, felicidade e segurança
administrativos a que foi atribuída como própria, sal-
vo os casos de delegação e 20. (CESGRANRIO — 2019) Um médico ortopedista, exer-
cendo suas atividades em determinado município,
a) transferência com horário livre, resolveu realizar concurso para
b) modificação ocupar cargo no Estado. Após aprovação no certa-
c) conexão me, ele passa a exercer atividades nos dois órgãos,
d) avocação o municipal e o estadual, ocupando cargos de médi-
e) continência co. Em determinado momento, o serviço de medicina
228 do Estado passa por uma troca de chefia. Esse novo
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chefe exige que o ortopedista modifique os seus dias
de plantão para melhor atender ao interesse públi-
co. Ocorre que os dias indicados coincidem com os
realizados no município. O ortopedista, então, requer
que seus dias de plantão sejam mantidos para poder
exercer seu direito de acumulação de cargos.
a) conhecimentos
b) horários
c) gerentes
d) locais
e) órgãos
9 GABARITO
1 C
2 B
3 D
4 A
5 E
6 B
7 B
8 A
9 C
10 B
11 D
12 D
13 A
14 D
15 C
16 B
17 E
18 E
19 A
20 B
ANOTAÇÕES
NOÇÕES DE DIREITO
229
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ANOTAÇÕES
230
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Também é importante lembrar que:
MATEMÁTICA 12 + 8 = 20 | 12 – 8 = 4;
Conceitos básicos relacionados aos números Os números inteiros são os números naturais e
naturais: seus respectivos opostos (negativos). Veja: Z = {..., –7,
–6, –5, –4, –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}.
z Sucessor: é o próximo número natural. O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
importante é saber que todos os números naturais
Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de são inteiros, mas nem todos os números inteiros são
51 é 52. Ou seja, o sucessor do número “n” é o naturais. Sendo assim, podemos representar por meio
número “n + 1”; de diagramas e afirmar que o conjunto de números
naturais está contido no conjunto de números intei-
z Antecessor: é o número natural anterior. ros, ou ainda que N é um subconjunto de Z. Observe:
serem divididos por 2, não deixam resto. Por isso, z Números inteiros não negativos: {4, 5, 6...}. Veja
o zero também é par. Logo, todos os números que que são os números naturais;
terminam em 0, 2, 4, 6 ou 8 são pares; z Números inteiros não positivos: {… –3, –2, –1, 0}.
z Números naturais ímpares: ao serem divididos Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
por 2, deixam o resto 1; pois ele não é positivo nem negativo;
z Todos os números que terminam em 1, 3, 5, 7 ou z Números inteiros negativos: {… –3, –2, –1}. O zero
9 são ímpares. não faz parte;
z Números inteiros positivos: {5, 6, 7...}. Novamen-
te, o zero não faz parte. 231
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Operações com Números Inteiros
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Há quatro operações básicas que podemos efetuar
Operações Resultados
com estes números, são elas: adição, subtração, multi-
plicação e divisão. + + +
Adição – – +
– + –
232
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Atenção: Representação Fracionária e Decimal
z A divisão de números de mesmo sinal tem resulta- Há 3 tipos de números no conjunto dos números
do positivo: 60 ÷ 3 = 20; (–45) ÷ (–15) = 3; racionais:
z A divisão de números de sinais diferentes tem
resultado negativo: 25 ÷ (–5) = –5; (–120) ÷ 5 = –24 8 3 7
z Frações: 3 , 5 , 11 etc.;
Esquematizando: z Números decimais com finitas casas: 1,75;
z Dízimas periódicas: 0,33333...
Dividendo
Divisor
Operações e Propriedades dos Números Racionais
30 5
As operações de adição e subtração de números
0 6
racionais seguem a mesma lógica das operações com
Quociente números inteiros. Veja:
Resto
NÚMEROS REAIS
Q
É o conjunto que envolve todos os outros conjun-
tos, ou seja, aqui encontramos os números naturais,
MATEMÁTICA
30 ÷ 30 = 1
Operações e Propriedades dos Números Reais 30 ÷ 15 = 2
30 ÷ 10 = 3
As operações adição, subtração, multiplicação e 30 ÷ 6 = 5
divisão ocorrem com os números reais tal como ocor- 30 ÷ 5 = 6
re com os números racionais. 30 ÷ 3 = 10
30 ÷ 2 = 15
30 ÷ 1 = 30
NÚMEROS PRIMOS
Temos, então, que o conjunto D dos divisores de 30
Um número natural é definido como primo se
é dado por D = {1, 2, 3, 5, 6, 10, 15 e 30}.
tiver exatamente dois divisores: o número 1 e ele mes-
Perceba que, ao contrário do conjunto dos múlti-
mo. Contudo, temos que, por definição, os números 0
plos, o conjunto dos divisores é finito!
e 1 não são números primos. Lembre-se de que o 2 é o
único número par que também é primo!
Base
que, ao ser multiplicado 3 vezes por si mesmo, é igual a
8; nesse caso, o número deve pertencer ao conjunto dos
O expoente recebe, também, o nome de potência; reais e ser positivo como condição necessária para usar
assim, dizemos que a base 2 está elevada a 4ª potência essa notação. A representação em linguagem matemá-
ou ao expoente 4. tica desse raciocínio é
3
8 = 2.
Para entendermos que os expoentes podem fazer Assim como na representação matemática da
parte de qualquer conjunto de número (aqui, vamos potenciação, cada número recebe um nome na estru-
até o conjunto dos números R ), precisamos compreen- tura da radiciação:
→
der um pouco mais sobre a multiplicação. Baseados
na soma que gerou a multiplicação, podemos fazer Índice 3
8
uma multiplicação um pouco mais complexa do que
→
aquela do exemplo acima usando os fatores de soma. Base
Vejamos:
35 · 10,5 = 367,5 é feito usando um algoritmo de Em geral nos problemas sobre radiciação, pode-
multiplicação aprendido cedo na escola: mos usar o conceito de fatoração.
35
× 10,5
Importante!
175
+ 00
A fatoração é a decomposição de um produto
35 por seus componentes básicos. Uma vez que
367,5 os números primos são por definição divisíveis
apenas por 1 e por si mesmos, fatorar um núme-
Aqui vemos a soma intrínseca na multiplicação; o ro qualquer é decompô-lo no produto entre os
uso desse algoritmo é feito multiplicando cada núme- números primos pelos quais ele é divisível.
ro do 10.5 por 35. Com o aumento de uma casa deci-
mal, o resultado do produto avança uma casa para a
esquerda, por isso, o 0 está debaixo do 7 e o 5, debaixo Para a raiz cúbica de 216 ^3 216 h , veja a fatoração
do 3. Feita a soma, conta-se o número de casas deci- em números primos:
mais, nesse caso, uma, e coloca-se no resultado da
soma a vírgula ou ponto após o mesmo número de 216 2
casas contadas nos produtos. 108 2
Um dos principais problemas no ensino de mate-
54 2
mática é a escassez de informações fornecidas aos
estudantes sobre o uso correto do sistema decimal. 27 3
É de bom alvitre que o estudante procure conhecer 9 3
melhor os algoritmos derivados das operações mate- 3 3
máticas básicas em função dos conhecimentos do sis-
1
tema decimal.
Em função do que explicamos, podemos fazer
aquela conta mentalmente, veja: separamos a casa Dizemos que 216 fatorado é 216 = 2 · 2 · 2 · 3 · 3 · 3 =
MATEMÁTICA
decimal, 0,5 e fazemos a multiplicação de 35 por 10, (23 · 33) = (2 · 3)3, fazendo a substituição 216 = (2.3)
3 3 3
que dá 350, e somamos a multiplicação de 0,5 vezes = 2 · 3 = 6. Observe que a multiplicação de bases dife-
35, que, na verdade, é a metade de 35, i.e., 17,5. rentes com o mesmo expoente é a multiplicação das
Agora ficou fácil, somamos 350 a 17,5 e temos bases, entre parênteses, elevada ao expoente igual.
367,5. Podemos ter casos vários casos dentro dos con-
Baseados nesse raciocínio, podemos, também, usá- juntos de números com algumas restrições que serão
-lo na potenciação, vejamos um caso como exemplo: mostradas à frente. Aqui, queremos que entenda as
23.5 = considerando a composição de fatores,temos, ideias e os raciocínios. Vamos analisar o caso de um
2 ∙ 21 ∙ 21 ∙ 20.5 = 23 ∙ 20.5
1
número cuja raiz enésima com índice de valor n (veja 235
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o que é índice na figura de raiz cúbica de 8, acima) de 2 vezes, porém –22 indica que está sendo multiplicado
um número qualquer não apresenta valor inteiro ou por si mesmo 2 vezes e o resultado multiplicado por
racional. (–1).
Considere 18 (nos casos em que o índice é omiti- Para a radiciação, as conclusões anteriores permi-
do, n = 2). Fatorando, temos: tem analisar dois casos distintos.
Se b > 0, para qualquer que seja o valor de n, a > 0,
18 2 que é uma propriedade básica da radiciação.
9 3 Vejamos isso com calma. A operação 4 = –2 é
uma afirmação incorreta, apesar de (–2)2 = 4, pois não
3 3
existe um número real que multiplicado por ele mes-
1 mo gere –2.
Aproveitemos para melhorar a relação entre poten-
2 ciação e radiciação e explicar o que dissemos acima.
Então, temos, neste caso 18 = 3 ·2 = 3· 2 .
n m = m
Veja que o 3 foi retirado da raiz quadrada por estar Temos que b b , e que um expoente elevado a
n
elevado ao quadrado, e o 2 permaneceu. Essa simpli- um outro expoente pode ser multiplicado, i.e., (an)m = an
ficação é considerada elegante entre os matemáticos. ∙m
. Veja que essa relação pode ser entendida diretamen-
te, pois multiplicando m vezes n, termos n · m.
POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO COM EXPOENTES
NATURAIS Agora podemos explicar o motivo de 4 = –2
não poder existir dentro dos conceitos matemáticos.
Então, teremos:
Consideremos uma potência cuja base é a ∈ R e o
expoente é p > 0 e p ∈ N (lembre-se de traduzir cal-
41 = –2 & 4 2 = –2 & ]2 g2 = - 2 & (2) 2 = –2 &
1 1 1
2·
mamente para o português a linguagem matemática).
2 2
2 –1
2
2 ·3 2·2·3 POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO COM EXPOENTES
2 ·2 ·3 = = 2·3 = 6 REAIS
2 2
Uma observação importante é que, pela definição Por fim, ao tratarmos de potências cujos expoentes
acima, o número 0n é um símbolo sem significado, pertencem ao conjunto dos números reais, estamos
uma vez que o inverso de 0 não existe para o conjunto nos referindo aos casos em que o expoente m ∈ Q v
dos números reais. (ou) m ∈ I. Sendo Q o símbolo dos números racionais
e I dos irracionais.
POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO COM EXPOENTES Os casos em que m ∈ I dificilmente são pedidos no
RACIONAIS ensino médio, apesar de existirem, e são calculados
a partir de aproximações utilizando expoentes racio-
Os números racionais são aqueles que possuem nais. Por exemplo, o número π com casas decimais
casas decimais finitas ou infinitas com repetição dos infinitas e não repetitivas é usado para calcular rotas
números. de navegações interplanetárias, a NASA usa o número
A potenciação com expoentes racionais abre pre- π com 15 casas decimais.
cedente para uma interpretação mais detalhada da No caso de um expoente irracional α e uma base
ideia da radiciação. Já vimos isso anteriormente, mas real a, temos então que, para quaisquer dois expoentes
agora falaremos novamente. racionais r e s tais que r < α < s, é verdadeiro ar < aα < as.
Tomemos
2 2 2 2
16 = 2 ·2 = (2·2) = 2·2 = 2 . É Como consequências das noções de potências de
expoentes naturais e expoentes negativos: 0α é um
possível perceber que, se 24 = 42 = 16 ⟺ 16 = 4 = 2
4
4 = ^ 4 h = 4 2 2 = 4 4 = ]2 g4 = 2 4 = 2 2 =
1 1 1
2
1 1 2 1 z a
2.
2 ·
3
2
2 =2 ·2 =2 = 21
3 –2 3+(–2)
Acompanhe as operações acima com calma e
atenção. 2
Como raciocinar dessa maneira está longe da
MATEMÁTICA
z (a · b)p = ap · bp
praticabilidade em uma prova, vamos resumir isso
afirmando que qualquer radiciação de radicando b e (2·3)2 = (2 · 3) · (2 · 3)=2 · 2 · 3 · 3 = 22 · 32= 4 · 9 = 36
índice n pode ser escrita como uma potência de base
bal
1 p p
b e expoente . a
n b
=
b
p
z
Voltemos ao primeiro exemplo:
b3l
3 3
3 3 3 3 3 3
= = · · · = 3 3 = 27
2 2 ·2
·
1
4
1 2 2 2 2 2 8
16 = 16 2 = (2 ) 2 237
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z (ap)q = ap·q Foi usada a soma, pois 10 está mais próximo da
raiz exata de 9 do que da raiz exata de 16. Lembre-se
(22)2 = (22) · (22) = 22 + 2 =22 · 2 = 24 = 16 que essa fórmula é aproximada para você fazer uma
prova objetiva, não uma prova discursiva, mas, se
Dica você quiser usá-la, justifique.
Atente-seq à interpretação de notações! Ape- Veja que a 10 , usando uma calculadora, é
3.162277; portanto, a fórmula gerou uma boa aproxi-
sar de ap e (ap)q possuírem notações similares,
mação e mais fácil de executar do que o algoritmo de
o primeiro caso representa que o expoente p
cálculo de raiz quadrada.
está elevado ao expoente q, enquanto o segun-
Para calcular qualquer raiz (isso quase não é usado
do indica que a potência de ap está elevada ao no ensino médio), a não ser para raízes exatas, podemos
expoente q. usar uma aproximação também derivada do cálculo:
n p n·m p·m n
a = a x + (n–1) ·y
z n
x = n–1
n·y
2.2 3.2 3·2 3 3
4
26 = 2 = 2 2·2 = 2 2 = 2 = 2· 2
3
Por exemplo, para a raiz 11 , fazemos:
n n n
z a·b = a· b 3 3
3 11 + (3–1) ·2 11 + (2) (2 ) 11 + 2·8
11 = 3–1 = = =
1 1 1 3·2 3·4 12
6 = 2·3 = (2·3) 2 = 2 2 ·3 2 = 2· 3 11 + 16 27
= = 2.25
12 12
n n
a a
b
=
n O valor exato é 2.2239, portanto, uma boa aproxi-
z b mação novamente.
=b2l = 1 =
1
2 2 22 2
3 3 32 3
SISTEMAS DE UNIDADES DE MEDIDAS
n p n p
z ( a) = ( a ) Foram várias as unidades de medidas usadas ao
longo do tempo desde a antiguidade. Não há muito
^ 2h =
4
2· 2 · 2· 2 = 2·2·2·2 =
4
2 =4
tempo, o número de sapatos no Brasil era medido
através do tamanho de feijões colocados um do lado
do outro em sua maior extensão. Isso ocorria na zona
m n m· n
z · a = a rural, onde, para comprar sapatos na cidade, uma pes-
soa fazia as compras para os outros, essa foi a origem
2 2 = ^2 2 h = 2 4 =
1 1
1 1 do número/tamanho dos sapatos no Brasil, mas em
2 4
2 = 2 outros países, os valores são outros.
Os pés, antebraço, braço de governantes eram as
A aplicação dos princípios anteriores facilita na medidas usadas nos países europeus. Devido a essa
hora de resolução de cálculos envolvendo números diversidade, a França convocou seus melhores cientis-
grandes ou expressões extensas. O primeiro caso per- tas para gerar um sistema métrico que pudesse servir
mite que operações envolvendo multiplicação ou divi- de base para relações internas e internacionais.
são sejam feitas utilizando valores menores, enquanto A França, no final do século XVIII, ofereceu ao
o segundo reduz expressões para formas mais inteligí- mundo o Sistema Métrico Decimal ou Sistema Inter-
veis e fáceis de analisar. nacional de Unidades (SI) com valores objetivos para
Agora, em termos de cálculo da raiz quadrada e as várias grandezas de comprimento, massa, tempo,
outras raízes, você receberá algoritmos que poderão principalmente, e seus múltiplos e submúltiplos.
diminuir em muito o tempo dos seus cálculos em
provas. COMPRIMENTO
Uma dica para cálculo muito aproximado de raiz
quadrada a partir do uso de cálculo diferencial adap- A medida de comprimento padrão do SI é o metro
tada para o ensino médio: (m), cujos múltiplos são quilômetro (km), hectômetro
(hm), decâmetro (dam), e os submúltiplos são decíme-
1 tro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm). Existem
x b w!
mais múltiplos e submúltiplos que não são tão impor-
2·
√ (w) raiz exata de um número natural
N mais próximo de x tantes nessa fase de sua formação, o que não o impede
de pesquisá-los.
Por exemplo: As relações dos valores dos múltiplos e submúlti-
plos do metro são mostrados na tabela abaixo.
1
10 b 9 ! b 3 + 1 = 3 + 1 = 3 + 1.66667 =
2· 9 2·3 6
MÚLTIPLOS METRO SUBMÚLTIPLOS
= 3.166667 km hm dam m dm cm mm
1.000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001 m
238
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Dica A partir do ℓ, tem-se os múltiplos: quilolitro (kℓ),
hectolitro (hℓ) e o decalitro (daℓ); e os submúltiplos:
Para transformar m em km, pense que o km é decilitro (dℓ), centilitro (cℓ) e o mililitro (mℓ).
1.000 vezes maior que o m, logo o valor final de Um litro equivale a 0,001 m3, essa é uma relação
m deverá ser um número 1.000 vezes menor que que você deve ter em mente para fazer as transfor-
o valor inicial dado, i.e, se o desejo é transformar mações entre ℓ e m3 e, também, para os múltiplos e
10 m em km, a relação usada será 10/1.000 = submúltiplos de ambos.
0,01. Não faz sentido o m ser maior que o km!
MÚLTIPLOS LITRO SUBMÚLTIPLOS
MASSA kl hl da l l dl cl ml
1.000 m 100 m 10 m 1m 0,1 m 0,01 m 0,001 m
No SI as unidades de medidas de massa são km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
derivadas do grama. Os múltiplos seguem a mes- 1l 0,1l 0,01l 0,001l 0,0001l 0,00001l 0,000001l
ma nomenclatura e símbolos, i.e., k_ para mil vezes
maior que o grama, h_ para 100 vezes maior, da_ para
A tabela de conversão de expoentes cúbicos requer
10 vezes maior, logo, os submúltiplos são dez vezes
que a conversão seja feita usando 103 (1.000). Veja a
menores para cada medida a direita, i.e., d_ 10 ou 0,1
tabela a seguir.
vezes o valor do grama, c_ 100 ou 0,01 vezes o valor
do grama e, m_ 1000 ou 0,001 vezes o valor do grama.
Esse raciocínio serve para todos os casos. 103x 103x 103x 103x 103x 103x
De fato, em termos gerais, as transformações
seguem o modelo acima de cálculo, dos múltiplos K_ h_ da_ x_ d_ c_ m_
para os submúltiplos multiplica-se, para cada medida
à direita, o valor 10, e dos submúltiplos para os múlti-
plos, divide-se cada medida à esquerda pelo valor 10. ÷ 103 ÷ 103 ÷ 103 ÷ 103 ÷ 103 ÷ 103
Veja que esse algoritmo serve para todos os tipos de
medidas com capacidade de expoente 1, e está repre-
TEMPO
sentado na figura a seguir.
Medindo intervalos de tempo, temos como mais
10x 10x 10x 10x 10x 10x conhecidos hora, minuto e segundo. Veja como se faz
a relação nessa unidade:
K_ h_ da_ x_ d_ c_ m_
z Para transformar de uma unidade maior para uma
unidade menor, multiplica-se por 60: 1 hora = 60
÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 minutos. Ou seja, 4 h = 4 · 60 = 240 minutos;
z Para transformar de uma unidade menor para
ÁREA uma unidade maior, divide-se por 60: 20 minutos =
20 2 1
= = da hora.
60 6 3
As medidas de área são diretamente derivadas do
metro (m), assim como as de volume que serão estu-
dadas a seguir. O ponto central é a medida m2 e seus
múltiplos e submúltiplo são o km2, o hm2, o dam2 e
os submúltiplos do m2 são o dm2, o cm2 e o mm2. As
RAZÃO E PROPORÇÃO
conversões de medidas elevadas ao expoente 2 (ao
A razão entre duas grandezas é igual à divisão
quadrado) são feitas via múltiplos de 102 (100), veja
a figura: entre elas. Veja:
2
100x 100x 100x 100x 100x 100x 5
X = 12 ÷ 3 a c a+b c+d
= = =
X=4 b d b d
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol- É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro- minador ao efetuar essa soma interna, desde que
priedade fundamental. Porém, algumas questões o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser proporção.
útil conhecer algumas propriedades para facilitar.
Vamos a elas! a c a+b c+d
= = =
b d a c
Propriedade das Proporções
Vejamos um exemplo:
z Somas Externas
x 2
=
a c a+c 14 - x 5
= =
b d b+d
x + 14 - x 2+5
=
Vamos entender um pouco melhor resolvendo x 2
uma questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê- 14
=
7
mio de R$ 10.000 para seus dois empregados (Carlos x 2
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos 7 · x = 2 · 14
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos. Quan-
to cada um vai receber? 14 · 2
x= =4
Resolução: 7
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que Portanto, encontramos que x = 4.
Diego vai receber, temos:
C
=
D Importante!
3 2
Vale lembrar que essa propriedade também ser-
Utilizando a propriedade das somas externas: ve para subtrações internas.
C D C+D
= = z Soma com Produto por Escalar
3 2 3+2
a c a + 2b c + 2d
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), = = =
b d b d
então podemos substituir na proporção:
Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
C D C+D 10.000
= = = = 2.000 Uma empresa vai dividir o prêmio de R$ 13.000
3 2 3+2 5
proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
Aqui cabe uma observação importante! empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de Resolução:
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
partes dentro da proporção. Veja: o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,
temos:
C
= 2.000
3 A B
=
C = 2.000 · 3 2 3
240
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Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3 X Y Z
funcionários na categoria B, podemos escrever que a
= = = constante de proporcionalidade.
4 5 6
soma total dos prêmios é igual a R$ 13.000.
Usando uma das propriedades da proporção,
2A + 3B = 13.000 somas externas, temos:
2A 3B
= A menor dessas partes é aquela que é proporcional
4 9
a 4, logo:
2A 3B 2A + 3B X = 60.000 · 4
= =
4 9 4+9 X = 240.000
x = 600
DIRETAMENTE
PROPORCIONAL + / + OU - / -
Sendo assim, Sandra está inversamente proporcio-
nal a:
9x Aqui, as grandezas aumentam ou diminuem juntas
2 (sinais iguais).
Agora vamos somar 5x com 7x = 12x Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
dezas e depois identificar se é direta ou inversamente
12x é igual ao total que é 396
proporcional.
12x = 396
12 m -------- 2.160 (tijolos)
x = 33
30 m -------- X (tijolos)
Portanto o número de meninos será:
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumento (+)
Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. Resposta: Letra C. e que para fazermos um muro maior vamos precisar
de mais tijolos, ou seja, também deverá ser aumentado
REGRA DE TRÊS SIMPLES E REGRA DE TRÊS (+). Logo, as grandezas são diretamente proporcionais
COMPOSTA e vamos resolver multiplicando cruzado. Observe:
Existem dois tipos principais de proporcionalida- z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para
MATEMÁTICA
des que aparecem frequentemente em provas de con- corrigir as provas de um vestibular. Considerando
cursos públicos. Veja a seguir: a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro-
fessores para corrigir as provas?
z Grandezas diretamente proporcionais: o aumento
de uma grandeza implica o aumento da outra; Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
z Grandezas inversamente proporcionais: o aumen- montar a relação e analisar:
to de uma grandeza implica a redução da outra;
5 (prof.) --------- 12 (dias)
30 (prof.) -------- X (dias) 243
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Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um Analisando isoladamente duas a duas:
aumento (+), mas, como agora estamos com uma equipe
maior, o trabalho será realizado de forma mais rápida. 1.000 (panf.) -------- 40 (min)
Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (–). Desta 2.000 (panf.) -------- X (min)
forma, as grandezas são inversamente proporcionais e
vamos resolver multiplicando na horizontal. Observe: Perceba que de 1.000 panfletos para 2.000 pan-
fletos o valor aumenta (+) e que o tempo também irá
5 (prof.) 12 (dias) aumentar (+). Logo, as grandezas são diretas e deve-
mos manter a razão.
30 (prof.) X (dias)
30 · X = 5 · 12 40 3 1000
= ·
X 6 2000
30X = 60
X=2 Agora, basta resolver a proporção para acharmos
o valor de X.
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias
para corrigir as provas. 40 3000
X
= 12000
Regra de Três Composta
3X = 40 · 12
A regra de três composta envolve mais de duas 3X = 480
variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta-
X = 160
mente e inversamente proporcionais devem ser feitas
cautelosamente levando em conta alguns princípios:
As três impressoras produziriam 2.000 panfletos
em 160 minutos, que correspondem a 2 horas e 40
z as análises devem sempre partir da variável
minutos.
dependente em relação às outras variáveis;
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
z as análises devem ser feitas individualmente, ou
vamos analisar mais um exemplo.
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
mantendo as demais constantes;
Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas cada
z a variável dependente fica isolada em um dos
uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
lados da proporção.
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o
número de linhas por página e para 40 o núme-
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
ro de letras (ou espaços) por linha. Consideran-
como isso tudo funciona:
do as novas condições, determine o número de
páginas ocupadas.
z Se 6 impressoras iguais produzem 1000 panfletos
em 40 minutos, em quanto tempo 3 dessas impres-
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
soras produziriam 2.000 desses panfletos?
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
Da mesma forma que na regra de três simples,
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
cada uma delas isoladamente duas a duas. X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras)
6 ? ?
6 (imp.) -------- 1.000 (panf.) -------- 40 (min) X
=
?
·?
3 (imp.) -------- 2.000 (panf.) -------- X (min)
Analisando isoladamente duas a duas:
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a parte
dependente de um lado e igualando as razões da seguin-
6 (pág.) -------- 45 (linhas)
te forma — se for direta, vamos manter a razão, agora, se
for inversa, vamos inverter a razão. Observe: X (pág.) -- ----- 30 (linhas)
40 ? ?
= · Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor
X ? ? diminui (–) e que o número de páginas irá aumentar
(+). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver-
Analisando isoladamente duas a duas: ter a razão.
6 (imp.) -------- 40 (min) 6 30 ?
3 (imp.) -------- X (min) = ·
X 45 ?
Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
o valor diminui (–) e que o tempo irá aumentar (+), Analisando isoladamente duas a duas:
pois agora teremos menos impressoras para realizar
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos 6 (pág.) -------- 80 (letras)
inverter a razão.
X (pág.) ------- 40 (letras)
40 3 ?
= ·
X 6 ?
244
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Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui Com 1 litro ele faz 10 km.
(–) e que o número de páginas irá aumentar (+). Logo, Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
as grandezas são inversas e devemos inverter a razão. dizer que com 1dm³ ele faz 10km.
Portanto,
6 30 40 10 km -------- 1dc³
X
=
45
· 80 1.100 km --------- x
10x = 1.100
6 2 1
= · x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
X 3 2
Resposta: Errado.
6 2
=
X 6 3. (VUNESP – 2020) Uma pessoa comprou determinada
quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2
2X = 36 guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar
X = 18 15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guar-
danapos por dia. O número de guardanapos compra-
O número de páginas a serem ocupadas pelo texto dos foi
respeitando as novas condições é igual a 18.
a) 60.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo- b) 70.
ria com exercícios comentados de diversas bancas. c) 80.
Vamos lá! d) 90.
e) 100.
1. (CEBRASPE-CESPE – 2019) No item seguinte apre-
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser- x = dias
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, 3 guardanapos por dia -------- x
porcentagens e descontos. 2 guardanapos por dia -------- x+15
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- São valores inversamente proporcionais, quanto
prou alimentos em quantidades suficientes para que mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30 Assim, multiplicamos na horizontal:
3x = 2 · (x+15)
dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos
3x = 30+2x
chegou de surpresa para passar o restante do mês
3x – 2x = 30
com a família.
x = 30
Nessa situação, se cada uma dessas seis pessoas
Podemos substituir em qualquer uma das duas
consumir diariamente a mesma quantidade de ali-
situações:
mentos, os alimentos comprados pelo casal acabarão
3 guardanapos · 30 dias = 90
antes do dia 20 do mesmo mês.
2 guardanapos · 45 (30+15) dias = 90. Resposta:
Letra D.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. (FUNDATEC – 2017) Cinco mecânicos levaram 27
4 pessoas ------- 24 dias minutos para consertar um caminhão. Supondo que
6 pessoas ------- x dias fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e
Temos grandezas inversas, então é só multiplicar ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan-
na horizontal: tos minutos levariam para concluir o conserto desse
6x = 4 · 24 mesmo caminhão?
6x = 96
x = 96 ÷ 6 a) 20 minutos.
x = 16 b) 35 minutos.
Como já haviam comido por 6 dias é só somar: c) 45 minutos.
6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por d) 50 minutos.
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril). e) 55 minutos.
Resposta: Errado.
Mecânicos ------ Minutos
2. (CEBRASPE-CESPE – 2018) O motorista de uma 5 ---------------- 27
empresa transportadora de produtos hospitalares 3 ---------------- x
deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gas-
de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproxima- tarão para finalizar o trabalho; logo a grande-
damente 1.100 km, ele estimou, para controlar as des- za é inversamente proporcional. Multiplica na
pesas com a viagem, o consumo de gasolina do seu horizontal:
MATEMÁTICA
a) 10 deputadas.
b) 14 deputadas. Vamos somar todos os valores e igualar ao total que
c) 15 deputadas. é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100%
d) 20 deputadas. 95% + X = 100%
e) 25 deputadas. X = 5%.
Resposta: Letra E.
50 parlamentares
Deputadas = X 5. (FUNCAB – 2015) Adriana e Leonardo investiram R$
Deputados = 50-X 20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7 que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de meses. O restante foi investido em uma aplicação,
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
valor de X. o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
20% x + 10% (50 – x) = 7 no sistema de juros simples.
20/100 · x + 10/100 . (50 – x) = 7 Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles
2/10 · x + 1/10 · (50 – x) = 7 tiveram:
2x/10 + 50 – x/10 = 7 (faz o MMC)
248 2x + 50 – x = 70
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) prejuízo de R$2.800,00. J = juros
b) lucro de R$3.200,00. C = capital
c) lucro de R$2.800,00. i = taxa em percentual (%)
d) prejuízo de R$6.000,00 t = tempo
e) lucro de R$5.000,00. M = montante
M = C · (1 + i)t M = C x (1+j)t
120.000 = 100.000 · (1+1%)t
Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem-
12 = 10 · (1,01)t
plo. Veja:
1,2 = (1,01)t
M = 10.000 · (1 + 10%) 4
a) R$ 1.200.
b) R$ 1.210.
EQUAÇÃO DO 2º GRAU
c) R$ 1.331.
d) R$ 1.400.
Equações do segundo grau são equações nas quais
e) R$ 1.100.
o maior expoente de x é igual a 2.
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0, em
Temos a taxa de 40% a. a. com capitalização trimes-
que a, b e c são os coeficientes da equação.
tral, o que resulta em uma taxa efetiva de 40%/4 =
10% ao trimestre. Em t = 6 meses, ou melhor, t = 2
a é sempre o coeficiente do termo em x²;
trimestres, o montante será:
b é sempre o coeficiente do termo em x;
M = C · (1+j)t
c é sempre o coeficiente ou termo independente.
M = 1.000 · (1+0,10)2
M = 1.000 · 1,21
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto é, exis-
M = 1.210 reais. Resposta: Letra B.
tem 2 valores de x que tornam a igualdade verdadeira.
10. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Julgue o item seguinte,
CÁLCULO DAS RAÍZES DA EQUAÇÃO
relativo à matemática financeira.
Considere que dois capitais, cada um de R$ 10.000,
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de
tenham sido aplicados, à taxa de juros de 44% ao mês
Bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e
— 30 dias —, por um período de 15 dias, sendo um a
colocá-los na seguinte expressão:
juros simples e outro a juros compostos. Nessa situa-
ção, o montante auferido com a capitalização no regime
2
de juros compostos será superior ao montante auferido –b ! b – 4ac
com a capitalização no regime de juros simples. x=
2a
Substituindo na fórmula:
EQUAÇÃO DO 1º GRAU -b ! 2
b - 4ac
x=
A forma geral de uma equação do primeiro grau 2a
é: ax + b = 0.
O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é –(–3) ± √(–3)2 – 4 · 1 · 2
x=
chamado de termo independente. 2·1
Para resolver uma equação do 1º grau, devemos
isolar todas as partes que possuem incógnitas de um 3! 9-8
lado igual e, do outro, os termos independentes. Veja x=
2
um exemplo:
10x = 5x + 20 (vamos achar o valor de “x”) 3!1
x=
10x – 5x = 20 (passamos o “5x” para o outro lado do 2
igual com o sinal trocado) 3+1
5x = 20 x1 = =2
2
20
x= (isolamos o “x” transferindo o seu coefi-
5 3-1
ciente “5” dividindo) x2 = =1
2
252 x=4
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Na fórmula de Bhaskara, podemos usar um discri- Vamos aplicar no nosso exemplo:
minante que é representado por “”. Seu valor é igual Isolando “x” na primeira equação:
a: x = 10 – y
4x - y = 5
SISTEMAS DE EQUAÇÕES Nesse exemplo não vamos precisar fazer uma mul-
tiplicação, pois já temos a condição necessária para
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DE PRIMEIRO GRAU eliminarmos o “y” da equação. Então devemos fazer
(SISTEMAS LINEARES) apenas a soma das equações. Veja:
*
x + y = 10 x + y = 10
3 + y = 10
4x - y = 5 y = 10 – 3
MATEMÁTICA
y=7
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
do o método da substituição. Este método é muito sim-
Veja um outro exemplo em que vamos precisar
ples, e consiste basicamente em duas etapas:
multiplicar:
z isolar uma das variáveis em uma das equações;
*
z substituir essa variável na outra equação pela x + y = 10
expressão achada no item anterior.
x - 2y = 4
253
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Multiplicando por –1 a primeira equação, temos: A
= 0,4
b
(
- x - y = - 10 A = 0,4B
Substituindo essa última equação na primeira,
x - 2y = 4
temos:
0,4B = B – 3.000
Fazendo a soma: 3.000 = B – 0,4B
3.000 = 0,6B
(
- x - y = - 10
3.000
x - 2y = 4 B=
0, 6
–3y = –6 B = 5.000
–6 Lembrando que A = 0,4B, podemos obter o valor de
y= A:
–3
y= 2 A = 0,4 · 5.000
A = 2.000
Substituindo o valor de “y” na primeira equação, Total: A + B = 5.000 + 2.000 = 7.000
achamos o valor de “x”: O número de inscritos para o cargo B, em relação
ao total, será:
x + y = 10 5.000 5
x + 2 = 10 = . Resposta: Letra E.
7.000 7
x = 10 – 2
x=8 2. (FGV – 2017) O número de balas de menta que Júlia
tinha era o dobro do número de balas de morango.
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores
para sua irmã, agora o número de balas de menta que
Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O
Vamos usar o mesmo método principal para resol-
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era:
vermos os sistemas de equações do 2º grau que utili-
zamos no sistema de equações do 1º grau, ou seja, o
a) 42.
método da substituição. Veja um exemplo: b) 36.
c) 30.
(
x+y=3 d) 27.
2
x -y =-3
2 e) 24.
Me = 2 · Mo
Isolando x na primeira equação, temos que x = Após dar 5 balas = Me – 5 e Mo – 5. Agora, as de
3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação, menta são o triplo das de morango:
temos que: Me – 5 = 3 · (Mo – 5)
(3 – y)2 – y2 = –3 Me – 5 = 3 · Mo – 15
9 – 6y + y – y2 = –3 Me = 3 · Mo – 10
y=2 Na segunda equação podemos substituir Me por 2
Logo, x = 3 – y = 3 – 2 = 1 · Mo.
2 · Mo = 3 · Mo – 10
Exercite seus conhecimentos com alguns exercí- 10 = 3 · Mo – 2 · Mo
cios comentados. 10 = Mo
O valor de Me é:
1. (VUNESP – 2018) Em um concurso somente para os Me = 2 · Mo
cargos A e B, cada candidato poderia fazer inscrição Me = 2 · 10
para um desses cargos. Sabendo que o número de Me = 20
candidatos inscritos para o cargo A era 3000 unidades Total: 10 + 20 = 30 balas. Resposta: Letra C.
menor que o número de candidatos inscritos para o
3 (CEBRASPE-CESPE – 2013) Considere que em um
cargo B, e que a razão entre os respectivos números,
escritório de patentes, a quantidade mensal de pedi-
nessa ordem, era igual a 0,4, então é verdade que o
dos de patentes solicitadas para produtos da indús-
número de candidatos inscritos para o cargo B corres-
tria alimentícia tenha sido igual à soma dos pedidos
pondeu, do total de candidatos inscritos, a de patentes mensais solicitadas para produtos de
outra natureza. Considere, ainda, que, em um mês,
3 além dos produtos da indústria alimentícia, tenham
a)
7 sido requeridos pedidos de patentes de mais dois
5
b) tipos de produtos, X e Y, com quantidades dadas por
9 x e y, respectivamente. Supondo que T seja a quanti-
4
c) dade total de pedidos de patentes requeridos nesse
7 escritório, no referido mês, julgue os itens seguintes.
2
d)
3
Se T = 128, então as quantidades x e y são tais que x
5
e) + y = 64, com 0 ≤ x ≤ 64.
7
254 A = B – 3.000 ( ) CERTO ( ) ERRADO
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Seja “a” a quantidade de pedidos de patentes da
–b – √∆ b
–3 – √25
fx( x==) ax 2a
+b > 0 →
= x>− ;
indústria alimentícia. Foi dito que esse total é igual = –2
1
à soma dos demais pedidos, que são x e y, ou seja, 2 · 2a
a=x+y
–b + √∆ –3 +√25b 1
O total de pedidos é: fx( x==) ax +b < 0 →
= x<− ; =
T = a + x + y = a + a = 2a 2
2a 2 · 2a 2
Como T = 128, temos
128 = 2a S = {–2,
1
}
a = 64. Resposta: Certo. 2
EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS
Se, em determinado mês, a quantidade de pedidos de
patentes do produto X foi igual ao dobro da quanti-
Equações logarítmicas são aquelas equações
dade de pedidos de patentes do produto Y, então a
do tipo: logaf(x) = logag(x) ou logaf(x) = α, α∈ℝ e com
quantidade de pedidos de patentes de produtos da
(α∈ℜ*+ –{1}).
indústria alimentícia foi o quádruplo da quantidade
A fórmula para solucionar a equação logarítmica
de pedidos de patentes de Y.
é dada por f(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade
( ) CERTO ( ) ERRADO inversa e transformando em equação exponencial,
logaf(x) = a → f(x) = aa.
Sendo x o dobro de y, ou seja, x =2y, temos que: Acompanhe o exemplo da equação logarítmica log4
a=x+y (3x + 2) = log4 (2x + 5). Para resolvê-la vamos seguir os
a = 2y + y seguintes passos:
a=3
Assim, as patentes da indústria alimentícia (“a”) –2 b
f ( x= 0 →+xb>> 0 → x > − a ;
são o triplo das patentes de Y. Resposta: Errado. 3x + 2 < ax
)
3
f ( x= –5 b
Se T = 128 e a quantidade x foi 18 unidades a mais do que 2x + 5
) 0 →+xb>< 0 → x < − a ;
> ax
2
a quantidade y, então a quantidade y foi superior a 25.
log4(3x + 2) = log4(2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5)
( ) CERTO ( ) ERRADO (3x + 2) = (2x + 5) →3 x – 2x = 5 – 2 → x = 3
S = & –4, 0
ax = ay ⇔ x = y, (a∈ℜ*+ –{1}). 3
Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu- 2
ção o valor de x igual a:
MATEMÁTICA
2x = 128 → 2x = 27 → x = 7
FUNÇÕES
S = {7}
2 Quando temos a relação entre elementos de dois
Agora para a equação exponencial 52x +3x–2
= 1 conjuntos, sendo que cada elemento de um conjun-
temos x igual a:
to tenha ligação com somente um outro elemento do
2+3x–2 2+3x–2 outro conjunto, dizemos que é uma função. Para ficar
52x = 1 → 52x = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0
mais fácil de entender esse conceito, veja o exemplo
∆ = b2 – 4ac = 32 – 4 · 2 · (–2) = 9 + 16 = 25 abaixo: 255
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FUNÇÃO NÃO É FUNÇÃO função é definida para qualquer número real x. O con-
D tradomínio, por outro lado, é o conjunto de todos os
A B C
valores que f(x) podem assumir quando x varia sobre
2 4 1 4 o conjunto dos números reais.
4 8 Para encontrar o contradomínio da função f(x) =
3 6 x2, precisamos considerar todos os valores possíveis
6 16 5 que x² pode assumir para qualquer número real x.
8 20 Como x² é sempre não negativo para qualquer núme-
ro real x, o contradomínio é o conjunto de todos os
números reais não negativos.
Note que o conjunto A tem todos os seus elemen- Em notação matemática, o contradomínio CD(f) da
tos ligados apenas em um único elemento do conjunto função f(x) = x2 é:
B, então dizemos que é uma função. Já o conjunto C,
além de não ter todos os seus elementos sendo ligados CD(f) = {y ∈ R | y ≥ 0}
ao único elemento de D, ainda tem o “elemento 3” sen-
do relacionado a mais de um elemento do conjunto D. Isso significa que qualquer número real não nega-
Então, não há relação de função nessa situação. tivo (incluindo zero) pode ser assumido como valor de
saída (y) quando a função f(x) = x2 é aplicada a algum
DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM valor de x no seu domínio R.
Há alguns pontos que você precisa saber identifi- Imagem da Função (I)
car em uma função:
É formada apenas pelos valores do contradomínio
Domínio da Função (D) efetivamente ligados a algum elemento do domínio. Em
outras palavras, é o conjunto de todos os valores de y que
É o conjunto em que a função é definida, ou seja, a função realmente assume para algum valor de x no seu
contém todos os elementos que serão ligados aos ele- domínio.
mentos de outros conjuntos (olhando para o nosso Para compreender melhor, vamos considerar a fun-
exemplo: de onde saem as setas). Trata-se do conjun- ção f(x) = 2x + 1. Para encontrar a imagem, precisamos
to A apenas, pois o conjunto C não é uma função. Em considerar todos os valores que 2x + 1 pode assumir à
medida que x varia sobre todos os números reais. Como
outras palavras, é o conjunto de todos os valores de x
esta é uma função linear, para qualquer valor de x, 2x + 1
para os quais a função produz um valor de saída cor-
será um número real. Em outras palavras, não há restri-
respondente. O domínio é uma parte fundamental ao
ções sobre os valores que 2x + 1 podem assumir.
se trabalhar com funções, pois determina quais entra-
Portanto, a imagem da função f(x) = 2x + 1 é o con-
das são aceitáveis e quais não são. Vamos considerar junto de todos os números reais. Em notação matemá-
o exemplo a seguir para ilustrar melhor o conceito de tica, a imagem Im(f) desta função é:
domínio de uma função. Considere a função:
Im(f)= {y ∈ R}
f((x) = x–3
Por fim, veja o exemplo abaixo para que sua com-
Para determinar o domínio dessa função, preci- preensão se dê de forma efetiva:
samos considerar a restrição de que o radicando (o
número dentro da raiz quadrada) não pode ser nega- 2 4
tivo, porque não podemos calcular a raiz quadrada de
um número negativo em conjunto dos números reais. 4 8
Portanto, o domínio de f((x) = x – 3 é o conjunto 6 16
de todos os números reais não negativos maiores ou 8 20
iguais a 3. Em notação matemática, o domínio D(f) é
dado por: D(f) = {x ∈ R ∣ x ≥ 3}.
Isso significa que qualquer número real não nega- Temos o conjunto A como domínio, o conjunto B como
tivo maior ou igual a 3 pode ser inserido na função contradomínio e o conjunto imagem definido pelo con-
junto formado apenas pelos elementos 8 e 16, pois os ele-
f((x) = x – 3 , como seu valor de x.
mentos 4 e 20 do conjunto B não estão ligados a nenhum
termo do conjunto A. Logo, eles fazem parte do contrado-
Contradomínio da Função (CD)
mínio, porém não fazem parte do conjunto imagem.
É o conjunto onde se encontram todos os elementos
que poderão ser ligados aos elementos do domínio. Neste Dica
caso, trata-se do conjunto B somente, pois, como já vimos, Função: relação de cada elemento do domínio com
o conjunto D não é uma função. Enquanto o domínio se apenas um único elemento do contradomínio.
refere aos valores de entrada para os quais a função é
definida, o contradomínio refere-se a todos os valores FUNÇÃO INJETORA, SOBREJETORA E BIJETORA
que a função pode assumir como saída. Em outras pala-
vras, é o conjunto de todos os valores de y que podem
Função Injetora
ser obtidos aplicando a função a valores no seu domínio.
Para exemplificar, considere a função f(x) = x2, que
Se cada elemento do conjunto imagem estiver liga-
mapeia números reais para seus quadrados. Neste
do a um único elemento do domínio, a função é cha-
caso, o domínio são todos os números reais, porque a
256 mada injetora. Vejamos o exemplo:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A B f(x) = 3x
2 4
Quando “x” for igual a 1, por exemplo, precisare-
4 8 mos substituir o valor dele na função. Veja: f(1) = 3 · 1
6 16 = 3. Afirmamos, então, que, para x = 1, a função tem
resultado 3.
8 20
24 FUNÇÕES INVERSAS
O conjunto imagem é I = {4, 8, 16, 20}. Por mais Representamos a função inversa por “f–1(x)”. Para
que o 24 não esteja relacionado a nenhum elemento que uma função seja inversa, ela necessariamente
do domínio A, vemos que cada elemento da imagem precisa ser bijetora. Vamos obter uma função inversa
está ligado a apenas um elemento do domínio A. a seguir. Veja:
A B
Quando todos os elementos do contradomínio fize-
rem parte do conjunto imagem, teremos uma função 2 4
sobrejetora. Em outras palavras, contradomínio é 4 8
igual a imagem. Vejamos o exemplo:
6 12
A B 8 16
2 4
4 8 Na função inversa, as setas estarão no sentido con-
6 16 trário, ou seja, elas sairão do contradomínio para o
8 20 domínio, mas, claro, precisamos ter uma relação entre
as funções. Veja que, nesse exemplo, está fácil notar
10
que o contradomínio é o dobro do domínio, então a
função inversa será a metade. Veja:
Função Bijetora
f–1(x) = x ÷ 2
Se as duas coisas acima acontecerem ao mesmo A B
tempo, ou seja, se a função for injetora e sobrejetora
ao mesmo tempo, a função será dita bijetora. Vejamos 2 4÷2
o exemplo: 4 8÷2
A B 6 12 ÷2
8 16 ÷2
2 4
4 8
6 16 Siga os passos abaixo para achar a função inversa
8 20 de uma função f(x) qualquer.
Agora, vamos fazer com g(f(x)). Acompanhe nos Colocando os pontos no plano cartesiano, temos:
tópicos a seguir:
y
z g(x + 3) = x + 2;
10
z g(x + 3) = x + 3 + 2;
� g(f(x)) = x + 5 (aqui está a nossa função composta).
8
E
Atenção! 6
f(x) = x – 4
2
f(3) = 32 – 4 = 5 -6
f(–3) = (–32) – 4 = 5
Raiz de uma Função Afim
Funções ímpares são aquelas para as quais f(x) =
–f(x), ou seja, quando “x” assume valores opostos e Para tirar a raiz de uma função do 1º grau, basta
gera imagens opostas. Veja: igualar a zero. Veja:
f(x) = 2x f(x) = 2x +3
f(4) = 2 · 4 = 8 2x +3 = 0
f(–4) = 2 · (–4) = –8 2x = –3
3
x=–
AFINS 2
em que r representa a renda familiar e C representa o A expressão algébrica f(x) que pode representar o
consumo mensal em reais. salário mensal desse vendedor é
x= 2 - 12
-b ! b 4ac
2a 10
z Substituindo na fórmula:
a>0 a<0
2
x = –b ! b – 4ac
2a
–(–3) ± √(–3)2 – 4 · 1 · 2 Concavidade para cima Concavidade para baixo
x=
2·1
260 ∆ = b2 – 4ac
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a>0eΔ=0 a<0eΔ=0 e) y = ax, com a ≠ 0, real
a) –7
Xv = –
b b) –2/5
2a c) 1/3
D d) 3/4
Yv = – e) 2
4a
–5 –3 –1 –1
-1 1 3 5
A precipitação pluvial média no dia 1º foi igual ao
–3 dobro da ocorrida no último dia desse mês.
–5
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
z O termo que buscamos é o da décima posição, isto z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
é, a10; iguais.
z A razão da PA é 2, portanto r = 2;
z O termo inicial é 1, logo a1 = 1; Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
z n, ou seja, a posição que queremos é a de número
10: n = 10. Dica
PA crescente: se r > 0;
MATEMÁTICA
Logo,
PA decrescente: se r < 0;
an = a1 + (n – 1) · r PA constante: se r = 0.
a10 = 1 + (10 – 1) · 2 Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
a10 = 1 + 2 · 9 segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
a10 = 1 + 18
a10 = 19 PA (a1, a2, a3) a2 = (a1 + a3) ÷ 2
263
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PA (2, 4, 6) 4 = (2+6) ÷ 2 4 = 4 4 a1 + 6 · (–24) = 1.240
4 a1 – 144 = 1.240
Exercite seus conhecimentos com as questões a1 = 346
comentadas a seguir. Encontrando a4:
a4= 346 + (4 – 1) · r
1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes a4= 346 + 3r
entre os números 23 e 125 é: a4= 346 + 3 · (–24)
a4 = 274. Resposta: Letra D.
a) 25.
b) 26. 3. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Em cada item a seguir é
c) 27. apresentada uma situação hipotética, seguida de uma
d) 28. assertiva a ser julgada, a respeito de modelos lineares,
e) 24. modelos periódicos e geometria dos sólidos.
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente,
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o últi- considerado apto na avaliação médica das condições
mo é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma de saúde física e mental, foi convocado para o tes-
PA de razão igual a 4. Então, temos as seguintes te de aptidão física, em que uma das provas consiste
informações: em uma corrida de 2.000 metros em até 11 minu-
a1 = 24 tos. Como Manoel não é atleta profissional, ele pla-
an = 124 neja completar o percurso no tempo máximo exato,
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para aumentando de uma quantidade constante, a cada
obter os múltiplos). minuto, a distância percorrida no minuto anterior.
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos Nesse caso, se Manoel, seguindo seu plano, correr 125
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos): metros no primeiro minuto e aumentar de 11 metros a
an = a1 + (n – 1)r distância percorrida em cada minuto anterior, ele com-
124 = 24 + (n – 1)4 pletará o percurso no tempo regulamentar.
124 = 24 + 4n – 4
124 – 24 + 4 = 4n ( ) CERTO ( ) ERRADO
104 = 4n
n = 26. Resposta: Letra B. Veja que no primeiro minuto ele percorre 125
metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter-
2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em ceiro 125 + 2 · 11 = 147 metros, e assim por diante.
4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá Estamos diante de uma progressão aritmética (PA)
em cada dia será diferente e formará uma progressão de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme- primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é:
tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km. an= a1 + (n – 1) · r
Desse modo, é correto concluir que o número de quilô-
a11 = 125 + (11 – 1) · 11
metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último
dia de viagem será igual a a11 = 125 + 110 = 235 metros
A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros
a) 334.
minutos é dada pela fórmula da soma dos termos da PA:
b) 280.
c) 322. Sn = n $ (a1 + an)
d) 274. 2
e) 310. S11 = 11 $ (125 + 235)
2
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos S11 = 11 $ 360
o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para 2
podermos substituir na média. Usando a fórmula S11 = 180 · 11
do termo geral:
r = –24 S11 = 1.980
an= a1 + (n – 1) · r A distância total percorrida é menor do que 2.000
Achando a1: metros. Logo, Manoel não completará o percurso no
a1 = a1 + (1–1) · r tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta: Errado.
a1 = a1
Colocando a2 em função de a1: 4. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe
a2= a1+ (2 – 1) · r a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi-
a2 = a1 + r do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas
Colocando a3 em função de a1: de água, no 1° dia do experimento ela recebeu
a3= a1+ (3 – 1) · r
a3 = a1 + 2r a) 64 gotas.
Colocando a4 em função de a1: b) 49 gotas.
a4 = a1 + (4 – 1) · r c) 59 gotas.
a4 = a1 + 3r d) 44 gotas.
Substituindo na fórmula da média aritmética: e) 54 gotas.
(a1 + a2 + a3 + a4 ) ÷ 4 = 310
(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) ÷ 4 = 310
264 4 a1 + 6r = 310 · 4
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374, Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG
então, o a1 é dado por:
a65= a1 + (n – 1) · r A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
374 = a1 + (65 – 1)5 primeiros termos da progressão geométrica:
374 = a1 + 64 · 5
n
374 = a1 + 320 a1 · (q - 1)
Sn =
a1 = 54 gotas. Resposta: Letra E. q-1
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
5. (CEBRASPE-CESPE – 2014) Em determinado colégio,
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
todos os 215 alunos estiveram presentes no primeiro
16, 32...}.
dia de aula; no segundo dia letivo, 2 alunos faltaram;
no terceiro dia, 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alu- 4
2 · (2 - 1)
nos faltaram, e assim sucessivamente. S4 =
Com base nessas informações, julgue os próximos 2-1
itens, sabendo que o número de alunos presentes às 2 · (16 - 1)
S4 =
aulas não pode ser negativo. 1
No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos. 2 · 15
S4 = 1
( ) CERTO ( ) ERRADO S4 = 30
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25) Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão
Geométrica
Termo Geral da P.A.
an= a1 + (n – 1) · r
Suponha que você corra 1000 metros, depois, você
a25 = 215 + (25 – 1) · (–2)
corra 500 metros, depois, você corra 250 metros e,
a25 = 215 + (24 · – 2)
depois, 125 metros — sempre metade do que você
a25 = 215 – 48 correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
a25 = 167 alunos Observe que o que temos é exatamente uma progres-
Logo, 215 – 167 = 48 alunos ausentes. Resposta: são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
Errado. Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos:
Observe a sequência a seguir:
a1 · (0 - 1)
S∞ =
{2, 4, 8, 16, 32...} q-1
a1
Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2. S∞ =
1-q
Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti- Dica
do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
mo número, o que chamamos de razão da progressão
Em uma progressão geométrica, o quadrado do
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q. termo do meio é igual ao produto dos extremos.
No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é {a1, a2, a3} (a2)2 = a1 · a3
a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral 82 = 4 · 16
e a soma dos termos. 64 = 64.
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter- Serve para facilitar e acelerar resolução de ques-
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo: tões. Veja sua representação simbólica:
y² = (y + 30) · (y – 60)
y² = y² – 60y +30y – 1.800 Fatorial de N = n!
y² – y² +60y – 30y = –1.800
30y = –1.800 Sendo “n” um número natural, observe como
y = –1.800 ÷ 30 desenvolver o fatorial de n:
y = –60. Resposta: Letra D.
n! = n · (n-1) · (n-2) · ... · 2 · 1, para n ≥ 2
4. (FUNDATEC – 2019) A sequência (x-120; x; x+600) for- 1! = 1
ma uma progressão geométrica. O valor de x é:
0! = 1
a) 40.
b) 120. Exemplos:
c) 150.
d) 200. 3! = 3 · 2 · 1= 6
e) 250. 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24
5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 120
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo: Agora, veja esse outro exemplo:
x2 = (x – 120) · (x+600)
x2 = x2 + 600x – 120x – 72.000 Calcular 6!
x2 – x2 = 480x – 72.000 4!
480x = 72.000
x = 72.000 ÷ 480 Resolução:
x = 150. Resposta: Letra C. 6! 6·5·4·3·2·1 = 6 · 5 = 30
=
4! 4·3·2·1
5. (IESES – 2019) Em uma progressão geométrica de
razão r = 3 a soma dos 5 primeiros termos é igual a Poderíamos, também, resolver abrindo o 6! até 4! e
968. depois simplificar. Veja:
266
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6! 6·5·4! Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120
4! = 6 · 5 = 30
=
4! maneiras de ordenar os livros na estante.
Agora, observe um outro exemplo:
PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM Quantos são os anagramas da palavra CAJU?
Resolução:
Podemos, também, encontrar como princípio mul- Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das
tiplicativo. Vamos esquematizar uma maneira que vai letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U.
ser bem simples para resolvermos problemas sobre o
tema, observe o lembrete: CUJA ACJU
CAJU AUJC
z Identificar as etapas do enunciado; CAUJ CJUA ACUJ ...
z Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
z Multiplicar. CUAJ CJAU AUCJ ...
Exemplo: para fazer uma viagem São Paulo-For- Desta maneira, o número de anagramas é 4! =
taleza-São Paulo, você pode escolher como meio de 4·3·2·1 = 24 anagramas.
transporte ônibus, carro, moto ou avião. De quantas
maneiras posso escolher os transportes? Dica
Resolução: usando o lembrete acima:
Anagrama é a ordenação de maneira distinta das
z Identificar as etapas do enunciado; letras que compõem uma determinada palavra.
z Escolher o meio de transporte para ida e para a
volta; Permutação com Repetição
z Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
z Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ôni- Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O
bus, carro, moto ou avião) e para a volta temos 4 problema é causado por conta da repetição de letras
possibilidades de escolha (ônibus, carro, moto ou na palavra ARARA.
avião); Veja que temos 3 letras A e 2 letras R. De maneira
z Multiplicar: tradicional, faríamos 5! (número de letras na palavra),
mas é preciso que descontemos as letras repetidas.
4 · 4 = 16 maneiras. Assim, devemos dividir pelo número de letras fatorial,
ou seja, 3! e 2!.
E se o problema dissesse que você não pode voltar
no mesmo transporte que viajou na ida. Qual seria a 5!
=
5·4·3! = 5·4
= 10
resolução? O desenvolvimento é o mesmo, apenas vai 3!·2! 3!·2·1 2
mudar na quantidade de possibilidades de escolhas
para voltar. Veja: Temos, então, 10 anagramas na palavra ARARA.
Resolução: usando o lembrete:
Dica
z Identificar as etapas do enunciado;
Na permutação com repetição devemos des-
z Escolher o meio de transporte para ida e para a
volta; contar os anagramas iguais, por isso dividimos
z Calcular todas as possibilidades em cada etapa; pelo fatorial do número de letras repetidas.
z Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ônibus,
carro, moto ou avião) e para a volta temos 3 possi- Permutação sem Repetição
bilidades de escolha (não posso voltar no mesmo
meio de transporte); Vamos imaginar que temos uma mesa circular com
z Multiplicar: 5 lugares e queremos ordenar 5 pessoas de maneiras
distintas. Observe as duas disposições das pessoas A,
B, C, D, e E ao redor da mesa:
4 · 3 = 12 maneiras.
PERMUTAÇÃO A E
Permutação Simples A
B D
E
Imagine que temos 5 livros diferentes para serem MESA MESA
ordenados em uma estante. De quantas maneiras é
possível ordenar? Para questões envolvendo permu-
MATEMÁTICA
Em nosso exemplo, o número de possibilidades de Para entendermos esse tema, vamos imaginar
posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será: que queremos fazer uma salada de frutas e precisa-
mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã,
Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã,
banana e morango e depois colocando em um prato.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã
ARRANJO
para colocar em um outro prato.
Você percebeu que a ordem aqui não importou?
Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
É exatamente isso, a ordem não importa e estamos
soas nas cadeiras de uma praça, mas tínhamos apenas
diante de um problema de Combinação. Será preciso
3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería-
calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos-
mos fazer isso?
sível formar.
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí-
Para resolvermos é necessário usar a fórmula:
veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei-
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi n!
utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira C(n, p) = (n - p) !p!
cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas
restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas
em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de Substituindo na fórmula, os valores do exemplo,
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada temos:
pela multiplicação a seguir:
4!
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras = C(4, 3) =
(4 - 3) !3!
5 · 4 · 3 = 60 4·3·2·1
C(4, 3) =
1·3·2·1
O exemplo acima é um caso típico de arranjo sim-
ples. Sua fórmula é dada a seguir: C(4, 3) = 4
A(n, p) =
n! Dica
(n - p) !
No arranjo a ordem importa.
Na combinação a ordem não importa.
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele-
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
da outra. ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Observe a resolução do nosso exemplo usando a Vamos lá!
fórmula:
1. (VUNESP – 2016) Um Grupamento de Operações
5! 5! Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
A(5, 3) = = = 5·4·3·2·1 = 60
(5 - 3) ! 2! 2·1 investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
Uma outra informação muito importante é que
tes de se fazer essa distribuição é
nos problemas envolvendo arranjo simples a ordem
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as a) 6.
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme- b) 10.
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as c) 12.
pessoas na praça: d) 18.
e) 20.
CADEIRA 1ª 2ª 3ª C(6, 3) = 6!
= 6 · 5 · 4 · 3! =
6·5·4
=
6·5·4
=
(6 - 3) !3! 3!3! 3! 3·2·1
OCUPANTE Clara Bianca Ana
5 · 4 = 20. Resposta: Letra E.
A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a
Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou
268
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2. (IDECAN – 2016) Felipe é uma criança muito bagun- de possibilidades será dado pela combinação de 14
ceira e sempre espalha seus brinquedos pela casa. elementos, tomados um a um.
Quando vai brincar na casa da sua avó, ele só pode C(14,1) = 14 possibilidades.
levar 3 brinquedos. Felipe sempre escolhe 1 carrinho, Resposta: Letra D.
1 boneco e 1 avião. Sabendo que Felipe tem 7 carri-
nhos, 5 bonecos e 4 aviões diferentes, quantas vezes 5. (CEBRASPE-CESPE– 2018) Em um processo de coleta
Felipe pode visitar a sua avó sem levar o mesmo con- de fragmentos papilares para posterior identificação de
junto de brinquedos já levados antes? criminosos, uma equipe de 15 papiloscopistas deverá se
revezar nos horários de 8 h às 9 h e de 9 h às 10 h.
a) 100 vezes. Com relação a essa situação hipotética, julgue o item a
b) 115 vezes. seguir.
c) 130 vezes. Se dois papiloscopistas forem escolhidos, um para aten-
d) 140 vezes. der no primeiro horário e outro no segundo horário, então
a quantidade, distinta, de duplas que podem ser forma-
das para fazer esses atendimentos é superior a 300.
Perceba que Felipe tem 7 carrinhos para escolher 1,
5 bonecos para escolher 1 e 4 aviões para escolher
( ) CERTO ( ) ERRADO
1, queremos formar grupos de 3 brinquedos, sendo
um de cada tipo. O total de possibilidades será dado
Quantos servidores há para escolher que ficará no
por: 7 · 5 · 4 = 140 possibilidades (conjuntos de brin-
1° horário? 15.
quedos diferentes). Resposta: Letra D.
Agora, já para escolher o que ficará no 2º horário,
temos apenas 14, pois um já foi escolhido para ficar
3. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Em um aeroporto, 30 no 1º horário. Multiplicando as possibilidades = 15 ·
passageiros que desembarcaram de determinado 14 = 210. Resposta: Errado.
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais
ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
para ser examinados. Constatou-se que exatamente
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6 PROBABILIDADE
desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti-
Com referência a essa situação hipotética, julgue o ca que cria modelos que são utilizados para estudar
item que segue. experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ-
são do resultado de determinado experimento.
A quantidade de maneiras distintas de se escolher 2
dos 30 passageiros selecionados de modo que pelo Espaço Amostral e Evento
menos um deles tenha estado em C é superior a 100.
Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
( ) CERTO ( ) ERRADO os resultados possíveis do experimento.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
Se 25 passageiros tiveram em A ou B e nenhum deles uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
em C, então, C teve 5 passageiros (é o que falta para isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
o total de 30). Vamos escolher 2 passageiros, de conjunto dos resultados possíveis de um determinado
modo que pelo menos um seja de C, teremos: experimento aleatório (não se pode prever o resul-
Podemos achar o total para escolha dos 2 passagei-
tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
ros que seria:
algum padrão).
30 · 29 Agora, pense que você só tem interesse nos núme-
C30,2 = = 15.29 = 435
2 ros ímpares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa-
Agora, tiramos a opção de nenhum deles ser de C, ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
que seria: apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe-
25 · 45 cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
C25,2 = = 25.12 = 300 la para calcular a probabilidade de um evento de um
2
determinado experimento aleatório, é o que podemos
Então, pelo menos um deles é de C, teremos:
chamar de probabilidade de um evento qualquer.
435 – 300 = 135.
Resposta: Certo.
Dica
4. (IBFC – 2015) Paulo quer assistir um filme e tem dis- Espaço amostral é igual a todas as possibilida-
ponível 5 filmes de terror, 6 filmes de aventura e 3 fil-
des possíveis e o evento é um subconjunto do
mes de romance. O total de possibilidades de Paulo
assistir a um desses filmes é de: espaço amostral.
MATEMÁTICA
2
P (A\B) = = 66,6%
3
Eventos Independentes
Uma outra forma de calculá-la é por meio da
Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen- seguinte divisão:
tos consecutivos do dado, obtermos um resultado
ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe- P (A k B)
P (A\B) =
rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança- P (B)
mento e o segundo lançamento do dado. O resultado
do primeiro lançamento em nada influencia o resulta- A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor-
do do segundo. rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba-
Quando temos experimentos independentes, a bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a
probabilidade de ter um resultado favorável em um e probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram
um resultado favorável no outro é feita pela multipli- simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4),
cação das probabilidades de cada experimento: temos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3.
Isto é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende.
P(2 lançamentos) = P(lançamento 1) · P(lançamento 2) Logo,
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B
recorrente em questões de concursos. Imagine que quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
vamos lançar um dado, e estamos analisando 2 even- to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
tos distintos:
270 A: sair um resultado ímpar P (A ∪ B) = P (A) + P (B) – P (A∩B)
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A fórmula pode ser traduzida como a probabilida- O “e” que aparece na pergunta é que determina a
de da união de dois eventos é igual a soma das pro- utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a
babilidades de ocorrência de cada um dos eventos, probabilidade de sair um número ímpar e o número
subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois 5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não
eventos simultaneamente. interfere na ocorrência do outro. Temos, então, dois
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even- eventos independentes.
tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5};
(A) + P (B). Evento B: sair o número 5 = {5};
Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao Logo,
acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
plo de 3 ou de 5? 3 1
Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e P(A) = =
6 2
isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
do assim, podemos extrair os dados para aplicar na 1
P(B) =
fórmula: 6
1 1 1
z P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3 P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · =
2 6 12
Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ria com exercícios comentados de diversas bancas.
6 Vamos lá!
P(A) =
20
1. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Em um grupo de 10
z P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5 pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele-
cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a
Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades probabilidade de que no máximo duas dessas pes-
soas sejam crianças é igual a
4
P(B) =
20
a) 1/6.
b) 2/6.
z P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo c) 3/6.
de 3 e 5 d) 4/6.
e) 5/6.
Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo
tempo. Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o
que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
1
P(A ∩ B) = obter os casos favoráveis.
20 6 5 4
Probabilidade de sortear 3 crianças: · · =
1 1 5 10 9 8
Aplicando na fórmula, temos: 1– = . Resposta: Letra E.
6 6 6
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) – P (A ∩ B) 2. (VUNESP – 2017) Um centro de meteorologia infor-
6 4 1 6+4-1 9 mou ao CIPM que é de 60% a probabilidade de chuva
P (A ∪ B) = 20 + 20 - 20 = 20
=
20 no dia programado para ocorrer a operação. Mediante
essa informação, o oficial no comando afirmou que as
probabilidades de que a operação seja realizada nesse
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS
dia são de 20%, caso a chuva ocorra, e de 85%, se não
EVENTOS houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de
que a operação ocorra no dia programado é de
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A
probabilidade de A ∩ B é dada por: a) 59%.
b) 46%.
P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B) c) 41%.
d) 34%.
Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de e) 28%.
ocorrer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A
(probabilidade condicional). Se a probabilidade de chover é de 60%, então, a proba-
Se a ocorrência do evento A não interferir na pro- bilidade de não chover é de 40%. Para que a operação
MATEMÁTICA
babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde- ocorra no dia programado, temos duas situações:
pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade chove (60%) e ocorre a operação (20%) = 60% x 20%
da intersecção será dada por: = 12%
não chove (40%) e ocorre a operação (85%) = 40%
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) x 85% = 34%
Somando as probabilidades desses dois cenários,
Imagine que você vai lançar dois dados sucessi- temos: 12% + 34% = 46%. Resposta: Letra B.
vamente. Qual a probabilidade de sair um número
ímpar e o número 5? 271
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3. (CEBRASPE-CESPE – 2019) A sorte de ganhar ou perder, Como queremos que seja escolhido um homem no
num jogo de azar, não depende da habilidade do jogador, sábado e um homem no domingo, multiplicamos as
mas exclusivamente das probabilidades dos resultados. 4 3 12 4
probabilidades: · = = .
Um dos jogos mais populares no Brasil é a Mega Sena, 9 8 72 24
que funciona da seguinte forma: de 60 bolas, numeradas 4
A questão é errada, pois não é igual ou maior
de 1 a 60, dentro de um globo, são sorteadas seis bolas. 4 24
À medida que uma bola é retirada, ela não volta para den- que . Resposta: Errado.
9
tro do globo. O jogador pode apostar de 6 a 15 números
distintos por volante e receberá o prêmio se acertar os
seis números sorteados. Também são premiados os
acertadores de 5 números ou de 4 números.
A partir dessas informações, julgue o item que se
ESTATÍSTICA BÁSICA
segue.
A probabilidade de a primeira bola sorteada ser um A apresentação de dados estatísticos por meio de
número múltiplo de 8 é de 10%. tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con-
( ) CERTO ( ) ERRADO junto de dados, resumindo as suas informações prin-
cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são
Múltiplos de 8: {0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, 72...} ferramentas muito importantes.
Números da Mega Sena: 1 a 60.
Os múltiplos de 8 na Mega Sena são: 8, 16, 24, 32, 40, LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
48, 56, ou seja, 7 números. REPRESENTADOS EM TABELAS E GRÁFICOS
7
Logo = 11%. Resposta: Errado. Tabelas
60
4. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Em um jogo de azar, dois Para descrever um conjunto de dados, um recurso
jogadores lançam uma moeda honesta, alternada- muito utilizado são tabelas, como essa a seguir, refe-
mente, até que um deles obtenha o resultado cara. O rente à observação da variável “Sexo dos moradores
jogador que detiver esse resultado será o vencedor. de São Paulo”:
A probabilidade de o segundo jogador vencer o jogo
logo em seu primeiro arremesso é igual a
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
2 Masculino 34
a) .
3
1 Feminino 26
b) .
2
1 Observe que na coluna da esquerda colocamos as
c) .
2 categorias de valores que a variável pode assumir, ou
1
d) . seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
8
camos o número de Frequências, isto é, o número de
3
e) . observações (ou repetições) relativas a cada um dos
4
valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
Precisamos calcular a probabilidade do primei- 60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
ro jogador tirar coroa e o segundo jogador obter Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
1 mos, ainda, representar as frequências relativas (per-
cara. Probabilidade de o primeiro tirar coroa:
1 1 1 1 2 centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em
e o segundo tirar cara: . Logo, · = . Res- 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:
2 2 2 4
posta: Letra C.
1,89m 2 15
Gráficos Estatísticos
Média de Notas Escolares Trimestrais
MATEMÁTICA
z Média Ponderada
Histograma
Para o cálculo da média aritmética ponderada (em
É muito utilizado na representação gráfica de que levamos em consideração os pesos de cada parte),
dados agrupados em classes (distribuição de fre- devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo
quências). Imagine que realizamos uma pesquisa peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja:
sobre os salários dos funcionários de uma empresa
de cosméticos e obtivemos a seguinte distribuição de X = X1P1+X2P2+ ⋯ +XnPn
frequências: P1+P2+ ⋯ +Pn
Salário dos Funcionários da Empresa de Cosméticos X Em MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)
Milhares de Reais
18
16 Matemática 9,7 4
14 Física 8,8 4
12
10 Química 7,3 2
8
História 6,0 1
6
4 Biologia 5,7 1
2
0
(10 - 15) (15 - 20) (20 - 25) (25 - 30) Vamos calcular a média ponderada das notas des-
se aluno:
É importante destacar que a área de cada retângu-
lo é proporcional à frequência. 9,7 · 4 + 8,8 · 4 + 7,3 · 2 + 6,0 · 2 + 5,7 · 1
X=
4+4+2+1+1
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL
38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7
X=
Média 5
Para acharmos a mediana é necessário ordenar Vamos considerar n (n ≥ 3) pontos ordenados A1,
os números primeiro e depois fazer a média entre os A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
dois termos centrais, pois o número de elementos é secutivos determinados por estes pontos (A1 A2 , A2 A3 ,
par. Vejamos: f, An A1) , de modo que não existam dois segmentos
consecutivos colineares. Definimos polígono como a
C: {2;3;3;5;5;5;6;6;7;8} = a mediana é a média entre reunião dos pontos dos n segmentos considerados.
os termos centrais, ou seja, (5+5)/2 = 10. Vejamos alguns exemplos:
Dica A
Moda I
1,53 3
1,64 7
MATEMÁTICA
1,71 10
1,77 15
1,80 5
1,81 2
275
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Região Poligonal
G
A região poligonal é a reunião do polígono com o
I
seu interior.
G H
F
A
F
J
D E B
Polígono côncavo.
Observação:
z 2º caso: n é múltiplo de 10
A
n = 10 — Decágono
n = 20 — Icoságono
C n = 30 ֫— Tricágono
n = 40 — Quadricágono
n = 50 — Pentacágono
n = 60 — Hexacágono
E n = 11 — Unodecágono
D n = 17 — Heptdecágono
n = 26 — Hexaicoságono
n = 35 — Pentatricágono
Área de um Quadrado
Polígono convexo.
A área de um quadrado é dada pelo lado (L) ao
quadrado. Isto é, A = L2:
Observação:
h
L
B
H
L D
b
Área de um quadrado.
Área de um triângulo.
Área de um Retângulo
B
A área de um retângulo é dada pelo produto das
suas dimensões, comprimento vezes largura; ou seja,
base vezes a altura: A = b · h.
B C
h
b
Área de um paralelogramo.
MATEMÁTICA
Área de um Triângulo
B
b
Área do Círculo
P
D
d r
C
Área de um losango.
Área de um Trapézio
h CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO
^ b + Bh · h
r
A= C
2
Circunferência λ.
278
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z Círculo: definimos círculo como o conjunto Perceba que o exercício nos fornece alguns dados: a
de todos os pontos de um plano cuja distância a hipotenusa é 5 m e um dos catetos vale 3 m, então preci-
um ponto fixo é menor ou igual a uma constante samos achar o valor do outro cateto. Sabemos que a² = b²
positiva. + c², então, substituindo os valores na fórmula temos que:
52 = 32 + x2 → 25 = 9 + x2 → 25 – 9 = x2 → x2 = 16 → x
= 16 → x = 4
TEOREMA DE PITÁGORAS
cateto oposto a B B
sen B = =
hipotenusa A
a
c cateto oposto a C C
sen C = =
hipotenusa A
cateto adjacente a B C
cos B = =
A C hipotenusa A
b
3m 5m Observações:
MATEMÁTICA
A 4 B
z A hipotenusa BC
z Sen B Prisma triangular Prisma Prisma Prisma
z Cos B Pentagonal Hexagonal Quadrangular
z Tg B
z Sen C O volume para qualquer tipo de prisma será sem-
z Cos C pre o produto da área da base pela altura. Veja:
z Tg C
V = Ab · h
Para encontrar a hipotenusa, vamos aplicar o Teo-
rema de Pitágoras: A área total de um prisma será a soma da área late-
ral com duas bases.
z a2 = b2 + c2
a2 = 32 + 42 AT = Al + 2Ab
a2 = 9 + 16
a2 = 25 PIRÂMIDE
a = ± 25
A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí-
a=±5
gono regular, no caso estamos falando apenas de pirâ-
a=5
mides regulares.
Descartamos o valor negativo, pois estamos tratan-
do de medida e não existe medida negativa.
cateto oposto a B 3
� sen B = =
hipotenusa 5
Pirâmide Pirâmide Pirâmide
cateto adjacente a B 4 Triangular Quadrangular Pentagonal
� cos B = =
hipotenusa 5
cateto oposto a B 3
� tg B = =
cateto adjacente a B 4
cateto oposto a C 4
� sen C = =
hipotenusa 5
Pirâmide Pirâmide
Hexagonal Heptagonal
cateto adjacente a c 3
� cos C = =
hipotenusa 5 O segmento de reta que liga o centro da base a um
ponto médio da aresta da base é denominado “apó-
tema da base”. Por sua vez, indicaremos por “m”
cateto oposto a C 4 o apótema da base. E o segmento que liga o vértice
� tg C = = da pirâmide ao ponto médio de uma aresta da base
cateto adjacente a C 3
é denominado “apótema da pirâmide”. Indicaremos
por m′ o apótema da pirâmide. Veja:
280
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H H
m '
R C
(k·m’) Geratriz
Aℓ = n ·
2
A área total da pirâmide é dada por:
AT = Ab + Aℓ
base (círculo)
R
Geratriz
Temos, também, a área lateral que é dada pela fór-
mula πrg , onde “g” é o comprimento da geratriz do cone.
A distância entre as duas bases é chamada de altu- Para calcularmos o volume de um cone, basta
ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
da base, o cilindro é chamado de equilátero. da base pela altura. Veja:
Cilindro equilátero: ℎ = 2r 2
rr h
V=
3
A base do cilindro é um círculo. Portanto, a área da
MATEMÁTICA
base do cilindro é igual a πr2. Em um cone equilátero a sua geratriz será igual ao
Perceba que se “desenrolarmos” a área lateral e diâmetro, ou seja, 2r.
“abrirmos” todo o cilindro, temos o seguinte:
ESFERA
A = 4 · πr2
Sabendo que 70% da área dessa praça estão recobertos 4. (IBFC – 2017) A alternativa que apresenta o número
de grama, então, a área não recoberta com grama tem total de faces, vértices e arestas de um tetraedro é:
Foi dado o perímetro dessa praça, que corresponde Um tetraedro é uma figura formada por 4 faces ape-
à soma de todos os lados. Logo: nas, veja:
2x + 2(x + 20) = 160
2x + 2x + 40 = 160
V
4x = 120
x = 30 m a
A área, portanto, será: a
Área = 30 · (30 + 20)
Área = 30 · 50 = 1500 m² C
Como 70% está recoberta por grama, 100 – 70 = 30%
não é recoberta. Logo: A
Área não recoberta = 0,3 · 1.500 = 450 m². Resposta: a
a
Letra A.
B
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os lados de um terreno qua-
drado medem 100 m. Houve erro na escrituração, e ele foi
Temos 4 vértices A, B, C e V. Também sabemos que
registrado como se o comprimento do lado medisse 10%
temos 4 faces. O número de arestas pode ser conta-
a menos que a medida correta. Nessa situação, deixou-se
do ou, então, obtido pela relação:
de registrar uma área do terreno igual a
V+F=A+2
4+4=A+2
a) 20 m². A = 6 arestas. Resposta: Letra D.
282 b) 100 m².
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5. (VUNESP – 2018) Em um reservatório com a forma
ALCATRÃO (MG) FREQUÊNCIA
de paralelepípedo reto retângulo, com 2,5 m de com-
primento e 2 m de largura, inicialmente vazio, foram [10, 14) 2
despejados 4 m³ de água, e o nível da água nesse
reservatório atingiu uma altura de x metros, conforme [14, 18) 4
mostra a figura.
[18, 22) x
[22, 26) y
[26, 30] 2
a) 6
h b) 8
c) 10
2
d) 12
e) 14
2,5
3. (CESGRANRIO — 2022) Em um determinado concur-
so, a nota final de cada candidato é calculada por
Sabe-se que para enchê-lo completamente, sem trans-
meio da média aritmética ponderada das notas de
bordar, é necessário adicionar mais 3,5 m³ de água.
quatro provas: Matemática, Português, Informática
Nessas condições, é correto afirmar que a medida da
e Inglês. A Tabela a seguir mostra os pesos de cada
altura desse reservatório, indicada por h na figura, é,
prova e as notas de um candidato em três delas, pois
em metros, igual a
ele desconhece sua nota na prova de Inglês.
a) 1,25.
Matemática Português Informática Inglês
b) 1,5.
c) 1,75. Nota 7 6 8 ?
d) 2,0.
e) 2,5. Peso 2 1 3 2
O volume total do reservatório é de 4 + 3,5 = 7,5m3. Supondo que esse candidato tenha recebido nota x na
Usando a fórmula para calcular o volume, ou seja, prova de Inglês, a sua nota final será dada por
Volume = comprimento · largura · altura
7,5 = 2,5 · 2 · h 44 + 2X
3=2·h a)
4
h = 1,5m. Resposta: Letra B.
21 + X
b)
8
22 + 2X
HORA DE PRATICAR! c)
4
d) Entre 40 e 42 min
e) Menos de 40 min Sim 300 250
2. (CESGRANRIO — 2022) A Tabela abaixo representa De acordo com os dados dessa pesquisa, a probabili-
as frequências referentes aos resultados de alcatrão dade de uma pessoa
(mg) encontrados em cigarros sem filtro, a partir de
uma amostra de 30 cigarros selecionados de várias
marcas.
283
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a) utilizar o modo rodoviário é de 53,3% e de utilizar o 8. (CESGRANRIO — 2018) Uma notícia disseminada nas
modo rodoviário e estar satisfeita é de 20%. redes sociais tem 2% de probabilidade de ser falsa.
b) utilizar o modo ferroviário é de 30% e de utilizar o Quando a notícia é verdadeira, um indivíduo reconhe-
modo ferroviário e estar satisfeita é de 16,7%. ce corretamente que é verdadeira. Entretanto, se a
c) utilizar o modo rodoviário é de 63,3% e de utilizar o notícia é falsa, o indivíduo acredita que é verdadeira
modo rodoviário e estar satisfeita é de 33,3%. com probabilidade p.
d) estar satisfeita é de 63,3%.
e) utilizar o modo ferroviário é de 36,7%. A probabilidade de esse indivíduo reconhecer corre-
tamente uma notícia disseminada nas redes sociais é
5. (CESGRANRIO — 2018) Em uma fábrica existem três
máquinas (M1, M2 e M3) que produzem chips. As a) 0,02p
máquinas são responsáveis pela produção de 20%, b) 1 - 0,02p
30% e 50% dos chips, respectivamente. Os percen- c) 0,98 + 0,02p
tuais de chips defeituosos produzidos pelas máqui- d) 0,02 - 0,02p
nas M1, M2 e M3 são 5%, 4% e 2%, respectivamente. e) 0,02 - 0,98p
Ao se retirar aleatoriamente um chip, constata-se que
ele é defeituoso; então, a probabilidade de ele ter sido 9. (CESGRANRIO — 2018) Observe, na Tabela abaixo, os
produzido pela máquina M1 é de, aproximadamente: tipos de pacotes de papel higiênico à venda em certo
mercado e a quantidade de rolos em cada pacote.
a) 0,025
b) 0,032 Pacotes Quantidade de rolos por pacote
c) 0,31
d) 0,55 Tipo 1 4
e) 0,78
Tipo 2 8
6. (CESGRANRIO — 2023) Uma moeda com faces cara Tipo 3 12
e coroa e um dado usual, com seis faces nume-
radas de 1 a 6, ambos honestos, serão lançados
simultaneamente. Ontem, foram vendidos três pacotes do tipo 1, dois do
tipo 2 e seis do tipo 3.
Qual é a probabilidade de o resultado do lançamento
ser coroa e um número par menor do que 6? Quantos rolos de papel higiênico foram vendidos
ontem?
a) 1
6 a) 24
5 b) 40
b) c) 72
6
d) 88
c)
1 e) 100
4
2 10. (CESGRANRIO — 2018) Com os elementos de A = {1, 2,
d) 3, 4, 5, 6}, podemos montar numerais de 3 algarismos
3
distintos.
1
e)
3 Quantos desses numerais representam números
7. (CESGRANRIO — 2018) Um banco lança um deter- múltiplos de 4?
minado fundo e avalia a rentabilidade segundo dois
cenários econômicos. a) 16
b) 20
O primeiro cenário é o de aumento da taxa de juros c) 24
e, nesse caso, a rentabilidade do fundo é certamente d) 28
positiva. e) 32
No segundo cenário, de queda ou de manutenção da
taxa de juros, a probabilidade de a rentabilidade do 11. (CESGRANRIO — 2022) Sejam a, b e c números reais
fundo ser positiva é de 0,4. Considere ainda que a pro- tais que a ≠ 0 e a < b < c.
babilidade de a taxa de juros subir seja de 70%.
É necessariamente verdadeiro que
A probabilidade de que a rentabilidade do fundo seja
positiva, é de a) a . b < b . c
b) b - a < c - b
a) 70% b c
c) <
b) 74% a a
c) 78% d) a . b < a . c
d) 82% e) a + b < a + c
e) 100%
284
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12. (CESGRANRIO — 2018) Considere o produto 6·0,2. 8
d)
15
Esse produto pode ser escrito como a fração
10
e)
6 21
a)
5 16. (CESGRANRIO — 2018) Em uma lanchonete, foram
5 produzidos 120 litros de refresco de laranja, adicio-
b) nando-se 30 litros de água a 90 litros de suco de
6
laranja. Em um restaurante, foi produzida uma quanti-
1 dade menor de refresco de laranja, segundo a mesma
c)
2 proporção usada na lanchonete, gastando- se apenas
12 15 litros de suco de laranja.
d)
100
Quantos litros de refresco de laranja foram produzi-
100 dos no total por ambos os estabelecimentos?
e)
12
a) 140
13. (CESGRANRIO — 2018) Em uma rede de distribuição b) 150
de gás verificou-se haver três vazamentos. As medi- c) 165
das estimadas do volumes de gás perdidos em cada d) 180
vazamento, até os reparos, foram 1,398 dam3, 1,45 e) 210
dam3 e 1,6 dam3.
17. (CESGRANRIO — 2023) Considere que, em média,
Em decâmetros cúbicos (dam3), a medida do maior dois funcionários de um banco atendam 80 clientes
vazamento excede a medida do menor vazamento em em um período de 5 horas. O banco deseja montar
uma equipe de funcionários para atender 500 clientes
a) 0,520 em, no máximo, 8 horas. Diante da média de atendi-
b) 0,392 mentos considerada e da intenção do banco, qual é o
c) 0,390 número mínimo de funcionários a serem utilizados na
d) 0,444 equipe?
e) 0,202
a) 5
14. (CESGRANRIO — 2018) Um professor de Matemática b) 7
escreveu no quadro a seguinte expressão: c) 8
d) 10
5 + 7 = 12 e) 20
Tal como foi apresentada, essa expressão é um exem- 18. (CESGRANRIO — 2023) Um carro partiu de um pon-
plo direto de que é FALSA a afirmação: to A até um ponto B andando com uma velocidade
constante de 80 km/h. Posteriormente o carro refez
a) A soma de dois números é maior ou igual ao dobro do o mesmo percurso, mas agora com velocidade cons-
menor número. tante igual a 100 km/h, e gastou 30 minutos a menos
b) A soma de dois números negativos é um número do que na primeira vez. Quanto tempo o carro levou
positivo. para ir do ponto A ao ponto B, na primeira vez?
c) A soma de dois números ímpares é par.
d) A soma de dois números ímpares é ímpar. a) 3h
e) A soma de dois números menores que dez pode ser b) 2h30min
maior que vinte. c) 2h
d) 1h50min
15. (CESGRANRIO — 2016) Uma determinada solução é a e) 1h30min
mistura de 3 substâncias, representadas pelas letras
P, Q e R. Uma certa quantidade dessa solução foi pro- 19. (CESGRANRIO — 2018) Na guerra do Golfo, em janei-
duzida, e sua massa é igual à soma das massas das ro de 1991, as forças iraquianas abriram as válvulas
três substâncias P, Q e R, usadas para compô-la. As de poços de petróleo e oleodutos ao se retirarem do
massas das substâncias P, Q e R dividem a massa da Kuwait. O volume de petróleo despejado foi estimado
solução em partes diretamente proporcionais a 3, 5 e em 770 piscinas olímpicas, causando o maior vaza-
7, respectivamente. mento deliberado de petróleo da história.
A que fração da massa da solução produzida corres-
ponde a soma das massas das substâncias P e Q uti- Sobre esse desastre ambiental, considere as seguin-
MATEMÁTICA
a) 260
b) 265
c) 270
d) 275
e) 280
O valor de 2X + 3Y é igual a
23. (CESGRANRIO — 2017) A soma dos n primeiros ter- Y X
mos de uma progressão geométrica é dada por a) 4,8
3 n + 4 - 81 b) 5,0
Sn = 2x3 n .
c) 5,4
d) 6,0
Quanto vale o quarto termo dessa progressão e) 6,4
geométrica?
286
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27. (CESGRANRIO — 2016) Na Figura a seguir, PQ mede 6 30. (CESGRANRIO — 2022) Um laboratório possui dois
cm, QR mede 12 cm, RS mede 9 cm, e ST mede 4 cm. recipientes de vidro. O primeiro recipiente tem a forma
de uma esfera cujo raio mede R metros, e o segundo
tem a forma de um cone, cujo raio da base e cuja altu-
ra medem R metros.
a) 2
b) 3
c) 4
d) 6
e) 8
9 GABARITO
1 D
A distância entre os pontos P e T, em cm, mede
2 B
a) 17
3 E
b) 21
c) 18 4 A
d) 20
e) 19 5 C
6 A
28. (CESGRANRIO — 2018) Foram gastos 300 ladrilhos
para ladrilhar o piso de uma sala retangular. 7 D
a) 200 11 E
b) 450
12 A
c) 1.500
d) 1.800 13 E
e) 5.400
14 D
29. (CESGRANRIO — 2018) Carlos e Eduardo estão em
15 D
um pátio circular e notaram que, se ambos estives-
sem sobre a circunferência que limita o pátio, então 16 A
a maior distância que um deles poderia ficar do outro
mediria 24 metros. Ao notarem isso, eles se dispuse- 17 C
ram em posições que realizam tal distância máxima.
18 B
Se Eduardo ficar parado em sua posição, e Carlos 19 D
caminhar até ele, pela circunferência do pátio, então,
a medida mínima do comprimento percorrido por Car- 20 B
los, em metros, será mais próxima de
21 B
22 D
23 A
24 C
a) 30 25 C
MATEMÁTICA
b) 15
c) 45 26 B
d) 38
27 A
e) 70
28 D
29 D
30 C
287
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ANOTAÇÕES
288
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A Regeneração também inovava ao propor a trans-
ferência da soberania – antes circunscrita ao rei – às
chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cortes
constituídas fizeram com que D. João retornasse com
REALIDADE BRASILEIRA
sua família a Portugal, em abril de 1821, deixando,
entretanto, seu filho D. Pedro de Alcântara no Brasil.
A promulgação da Constituição proposta pela
Assembleia Constituinte de 1820 teria validade para
todos os portugueses, o que incluía os habitantes das
colônias portuguesas, inclusive na América. Algumas
FORMAÇÃO DO BRASIL
medidas, no entanto, causaram profundo desconfor-
CONTEMPORÂNEO to nos grandes comerciantes do Brasil que já estavam
acomodados sob os privilégios concedidos pela pre-
DA INDEPENDÊNCIA À REPÚBLICA sença da corte na colônia.
A presença da corte no Brasil (1808-1820) foi moldan-
Período Joanino do as consciências dos colonos a respeito da possibilida-
de de se constituir um governo real que permanecesse
Quando a corte portuguesa embarcou, fugindo estra- no Brasil. Assim, a ideia de independência começa a
tegicamente de Lisboa em novembro de 1807, o fez por- ganhar força por volta de 1821, como uma reação à Rege-
que tinha consciência dos acontecimentos recentes na neração de 1820, uma vez que esta era entendida como
Europa, em um momento em que o expansionismo de uma revolução contrária ao Brasil.
Napoleão Bonaparte parecia irrefreável. Com o conflito de interesses latente, os colonos que
Uma experiência ainda mais próxima de Portugal ganharam com a presença da corte reivindicavam um
acendeu para a monarquia o sinal vermelho e mos- governo no Brasil; a percepção da necessidade de um
trou que os prognósticos eram corretos: o rei espa- Estado Nacional brasileiro evoluiu, o que foi a grande
nhol, Fernando VII, foi deposto do trono por Napoleão, novidade revolucionária. Foi nessa configuração que
em maio de 1808. entrou a figura do príncipe regente, futuro D. Pedro I.
A fuga da corte portuguesa foi um sucesso em Outra determinação polêmica das Cortes era que
curto prazo; contudo, a longo prazo ocasionou uma as províncias do Brasil se transformassem em pro-
quebra de legitimidade do Império português em um víncias portuguesas, o que gerou, segundo comenta
momento em que os ares eram revolucionários. D. Pedro em carta a seu pai, “um choque mui grande
A presença da corte no Brasil causava incômodo nos brasileiros”. O que o príncipe regente precisava
em algumas parcelas da população; o exemplo mais fazer era equilibrar-se em um cenário instável, no
evidente desse desconforto foi a Revolução Pernam- qual havia a necessidade de se cumprir os decretos
bucana, que estourou na província de Pernambuco, das Cortes ao mesmo tempo em que era necessário
em 1817. Antes da chegada da corte, em 1808, essa corresponder os interesses do povo do território no
província ligava seu comércio diretamente a Portugal, qual ele se encontrava.
posto que as dificuldades logísticas – como rotas ter- Enquanto as Cortes foram convocadas com a fina-
restres ou fluviais – impediam o estabelecimento de lidade de reorganizar o Império Português dentro da
relações com o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim des- dinâmica colonial, os colonos agrupavam-se cada vez
ses benefícios concedidos ao comércio pernambucano mais em torno da ideia de separação.
um período de graves secas e crises de abastecimento. Já em 1822, o príncipe regente também recebia
O movimento revolucionário pautava a necessi- pressões a fim de que retornasse a Portugal, o que
dade de se combater a crise e recuperar os benefícios gerou um episódio bastante curioso no dia 9 de janei-
comerciais, assim como a possibilidade de se romper ro de 1822, o “Dia do Fico”. Naquele dia, D. Pedro rece-
com a monarquia. Em partes, e por um curto período, os beu um requerimento que continha 8 mil assinaturas
revoltosos – homens livres, escravizados, ricos e pobres solicitando-o que ficasse no Brasil. Não se sabe quais
– saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir foram as verdadeiras palavras proferidas pelo jovem
o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma príncipe regente; contudo, consagrou-se na memória
república; entretanto, foram violentamente reprimidos social a perspectiva de que ele ficaria a fim de preser-
com prisões e condenações em praça pública. var os interesses da população brasileira.
Na Europa, cessada a agitação política entre portu- Um governo foi organizado por D. Pedro logo após
gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim, esse evento, tendo figuras proeminentes, como José
gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia
pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse campanhas por maior autonomia da colônia, mas não
REALIDADE BRASILEIRA
a Portugal. A relutância do rei em retornar causava reivindicava uma separação radical. Foram convoca-
indignação na população lusa, em um momento no dos representantes de todas as províncias e, mais tar-
qual a metrópole passava por uma grave crise de pro- de, uma assembleia legislativa e constituinte.
dução agrícola e de desvalorização do papel moeda. Já a politização da sociedade colonial, com a chegada
Essa agitação culminou na chamada Revolução Libe- da corte em 1808, deu-se em conteúdos bastante inova-
ral do Porto, também conhecida como Regeneração de dores. Aspectos da ainda recente Revolução Francesa
1820. O prolongamento da ausência régia na metrópole (1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode-
evidenciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei” lo estamental de sociedade, procurando novas formas
não era mais cabível. Assim, profissionais liberais, advo- organização da sociedade, e também na crítica aos pri-
gados, médicos e comerciantes reuniram-se na cidade do vilégios da nobreza e dos corpos sociais mais altos.
Porto a fim de redigirem uma Constituição que, embora Depois da revolução de independência do Haiti
conservadora, propunha a limitação do poder do monar- (1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era
ca e sua submissão à carta constitucional. preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma 289
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revolução menos radical que a francesa e bem menos z Existência do poder moderador, que poderia sus-
radical que a de São Domingos, que fora liderada por pender os poderes legislativo, executivo e judiciário;
escravos que, em alguns dias, dizimaram os senhores z Poder hereditário;
de engenho e suas famílias para formar um governo z Voto censitário, calculado pela renda.
antiescravista, consolidado em 1804.
Esse movimento era muito temido na perspectiva Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu-
das elites coloniais brasileiras. A escravidão foi um
co, a Confederação do Equador, que exigia uma repú-
elemento importante: a dimensão do escravismo na
blica liberal, a abolição da escravidão e a ampliação
América Portuguesa era tão grande que foi capaz de
dos direitos sociais. Esse movimento teve como prin-
influenciar todos os outros aspectos da vida social,
como valores, formas de pensar, comportamento e cipal líder Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida.
práticas políticas.
A independência, nesse sentido, mudou a forma de
compreender a sociedade: não era mais uma socieda-
de estamental legitimada por Deus, embora o rico ain-
da fosse rico, mas agora havia um parlamento; assim,
a escravidão tornou-se uma escravidão nacional, e
não mais portuguesa.
A chegada da corte também dinamizou fluxos eco-
nômicos internos, graças à necessidade de abasteci-
mento. Em verdade, essa dinâmica e a diversificação
da produção era anterior à chegada da corte, mas se
intensificou a partir de 1808. O Rio de Janeiro foi um
epicentro que conectou São Paulo, Minas Gerais e Rio
Grande de São Pedro (atualmente Rio Grande do Sul),
tanto é que essas foram as primeiras regiões a encam- O fuzilamento de Frei Caneca.
parem o projeto de independência centrada na figura
de Pedro I, justamente por esses auspícios econômi- Fonte: Meio Norte.
cos, mas também políticos.
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina
entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do
Rio da Prata. Após um desgastante e custoso conflito
(o Banco do Brasil chegou a falir), a independência do
Uruguai foi reconhecida.
A instabilidade política também podia ser veri-
ficada em episódios como a Noite das Garrafadas,
demonstrando a grande divergência entre brasileiros
e portugueses. Juntava-se a isso a crise econômica e a
disputa pela sucessão do trono em Portugal, levando
D. Pedro I à abdicação do trono em 7 de abril de 1831.
Período Regencial
Independência ou morte, Pedro Américo.
pelo imperador.
Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição pareceu
O Segundo Reinado foi marcado também por uma
inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo
sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi-
do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da
bindo seus eventos e organizando ataques.
Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu-
Diante da iminência de uma guerra civil, o Império
midores, além de algumas condições internas:
decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea,
em 13 de maio de 1888, o que fez com que perdesse o
z Abertura de caminhos que ligavam o litoral ao inte-
rior passando pelo Vale do Paraíba; apoio dos cafeicultores do Vale do Paraíba, que fica-
z Disponibilidade de terras herdadas da política de ram conhecidos como “republicanos de última hora”.
vigilância na época do ouro; Por fim, um golpe militar com o apoio de setores civis
z Sistema de transporte modernizado com a instala- realizou a Proclamação da República, em 1889.
ção das ferrovias a partir de 1860. 291
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PRIMEIRA REPÚBLICA: ELITE AGRÁRIA E A
POLÍTICA DA ECONOMIA CAFEEIRA
z Tenentismo: os “tenentes”, que apoiavam Vargas, ximo presidente. Mas o golpe no Novo Estado frustrou
passaram a fazer parte de seu governo, defenden- as expectativas democráticas (Fausto, B., 2019; Vianna,
do a continuidade de sua ditadura. Eles foram uti- 2010).
lizados para combater as oligarquias estaduais.
No dia 10 de novembro de 1937, tropas da polí-
No ano de 1932, as lideranças políticas começa- cia militar cercaram o Congresso e impediram a
ram a suspeitar de que Vargas tinha a intenção de entrada dos congressistas. O ministro da Guerra —
prolongar o seu governo provisório, o que levou à general Dutra — se opusera a que a operação fosse
mobilização para exigir eleições imediatas. Os paulis- realizada por forças do exército. À noite, Getúlio
tas estavam cada vez mais insatisfeitos com o governo anunciou uma nova fase da política e a entrada
de Vargas, que havia retirado deles o controle sobre a em vigor de uma Carta constitucional elaborada
produção de café e também a autonomia do Estado, por Francisco Campos. Era o início do Estado Novo.
ao nomear interventores. (Fausto, B., 2019, p. 311) 293
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Vargas foi o único civil a comandar uma dita- A vitória da oposição liberal nas eleições de 1965
dura no Brasil. Esse regime, que tocava as orlas do fez com que o governo planejasse, também, o controle
fascismo europeu1, teve como base a leitura de alguns do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio-
pensadores conservadores, como Alberto Torres, que nal (AI-2) tinha como finalidade evitar que a oposição
defendia a ideia de que era responsabilidade do Esta- ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei-
do organizar a sociedade, realizar mudanças no país e ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava
dar um propósito à nação (Schwarcz; Starling, 2018). criar uma fachada democrática.
Uma das sugestões apresentadas consistia na imple- A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi
mentação de controle social por meio da presença de substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança
um Estado poderoso liderado por um indivíduo caris- Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB
mático, com a habilidade de guiar as massas em dire- (Movimento Democrático Brasileiro), partido oposi-
ção à estabilidade (Capelato, 2010). cionista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indire-
Durante o período do Estado Novo de Vargas, que tas para presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. Já
ocorreu entre 1937 e 1945, houve uma forte presença o terceiro Ato Institucional (AI-3) previa eleições indi-
de autoritarismo, centralização de poder, restrição retas para os governos estaduais. A Lei da Imprensa
das liberdades civis e políticas, censura à imprensa e e a Lei de Segurança Nacional, de 1967, solaparam de
perseguição política. vez a liberdade de expressão e quarto Ato Institucio-
Vargas também implementou princípios trabalhis- nal (AI-4) foi baixado para garantir a aprovação da
tas, com políticas voltadas para os direitos dos trabalha- nova Constituição Federal.
dores. Um exemplo disso foi a criação da Consolidação Na intenção de erradicar a elite política e intelec-
das Leis do Trabalho, em 1943, que estabeleceu direitos tual reformista do coração do Estado, o governo de
e garantias para os empregados, refletindo sua tentati- Marechal Castelo Branco apelou ao uso irrestrito de
va de conciliar o controle estatal com uma abordagem Inquéritos Policiais Militares (IPMs), sendo mais de
favorável aos interesses trabalhistas. Além disso, Var- 700 processos tocados. Além disso, outras 3644 pessoas
gas impulsionou a industrialização e exerceu controle receberam sanções políticas baseadas nos Atos Institu-
sobre a economia, buscando consolidar um Estado for- cionais, o que correspondeu a 65% de todo o ocorrido
te com base em sua liderança carismática. dessa natureza nos 21 anos de ditadura, e 90% das 1230
Após enfrentar intensa pressão, em 28 de feverei- punições aos militares oposicionistas ao longo de todo
ro Getúlio Vargas anunciou que eleições seriam rea- o regime foram efetuadas sob seu mando.
lizadas em um prazo de 90 dias. Em 2 de dezembro A economia ficou a cargo de Roberto Campos, e suas
de 1945, ocorreriam as eleições para a presidência da principais medidas estavam sintetizadas no Plano de
República, e em 6 de maio de 1946, para os governos Ação Econômica do Governo (Paeg), cujas prioridades
estaduais. Vargas declarou que não seria candidato,
eram a contenção da inflação, o retorno da capacidade
mas foi durante seu governo que surgiu a candidatura
do Estado em investir em infraestrutura produtiva, a
de Dutra, então ministro da Guerra. O principal opo-
reorganização das finanças públicas mediante um novo
sitor seria Eduardo Gomes (Schwarcz; Starling, 2018;
sistema tributário e, por fim, a renegociação da dívida
Fausto, B., 2019).
externa a fim de alcançar novos empréstimos.
No que se refere à nova política salarial, os salá-
DEMOCRACIA E RUPTURAS DEMOCRÁTICAS NA
rios eram reajustados baseados em um cálculo que
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
considerava não somente a inflação dos últimos doze
meses, como também a previsão de inflação dos próxi-
Ditadura Militar
mos doze meses. Assim, “como a inflação era sistema-
z Castelo Branco ticamente subestimada, a nova legislação provocou
perda salarial sistemática, com perversos efeitos dis-
Cumprindo o rito institucional, o Congresso Nacional tributivos” (LUNA; KLEIN, 2014, p. 94).
elegeu, no dia 9 de abril de 1964, o Marechal Humberto Esse arrocho salarial era visto pelo governo como
de Alencar Castelo Branco, com 361 votos, à presidên- um fator para a insatisfação popular e para a conse-
cia da república. O discurso oficial afirmava, com apoio quente instabilidade do novo regime; assim, em 1964,
de importantes lideranças como Juscelino Kubitschek foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH),
e Carlos Lacerda, que os militares permaneceriam no mais tarde incrementado pela criação do Fundo de
poder apenas por um período curto, até que a corrupção Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), formando
fosse extinta e o crescimento econômico fosse retomado, uma política de financiamento para a construção de
gozando, assim, de grande legitimidade. Contudo, logo casas populares e um fundo para o trabalhador demi-
descobriu-se que a intervenção de 1964 seria muito dife- tido sem justa causa. Por fim, o projeto de moder-
rente das demais intervenções militares. nização autoritária pressupunha o controle das
No dia 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucio- organizações de trabalhadores urbanos e rurais pelo
nal (AI-1) foi baixado, tendo sido elaborado por Fran- Estado, assim como a perseguição de líderes sindicais.
cisco Campos, simpatizante do fascismo e idealizador
do Estado Novo, e possuía validade de 2 dois anos. z Costa e Silva
Esse ato previa a cassação dos direitos políticos dos
cidadãos, o controle do Congresso Nacional, o decre- O Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo
to do estado de sítio, assim como marcava as eleições militar a ocupar a presidência e, empossado em 15 de
presidenciais para o dia 3 de outubro de 1965, o que, março de 1967, pertencia ao grupo conhecido como
evidentemente, não aconteceu. Esse ato marcou as “linha dura”, diferentemente de seu antecessor. Além
primeiras dissidências dos liberais que apoiaram ini- disso, implementou uma política externa mais nacio-
cialmente o golpe como Lacerda e Kubitschek. nalista e menos alinhada aos Estados Unidos.
294 1 Apesar disso, não deve ser considerado um regime fascista.
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Seu breve governo ficou marcado pela implementa- a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições
ção do quinto Ato Institucional (AI-5), cujo conteúdo de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a
viabilizou o terrorismo de Estado. Esse ato estabele- tese de que o Partido Comunista havia se infiltrado no
cia a cassação ampla e irrestrita de políticos e cidadãos, partido de modo a ampliar o número de votos.
suspendia o habeas corpus de presos políticos, permitia Além disso, militares de extrema direita respon-
a decretação de estado de sítio sem autorização prévia deram violentamente às medidas propostas por Gei-
mediante a centralização excessiva do poder Executivo sel, participando de diversos ataques terroristas, ao
Federal e, por fim, a censura prévia sob todos os meios mesmo tempo em que organizações anticomunistas
de comunicação e sob os produtos culturais. tornavam a ganhar fôlego. Ainda em seu governo,
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela
z Médici repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen-
sura foi largamente utilizada até 1976.
O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar- Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com
rastazu Médici, o general de maior patente entre sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor
os pré-candidatos e que também pertencia à “linha jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia
dura” palaciana. Seu governo ficou conhecido como suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma
os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos vez que setores importantes da sociedade descredita-
direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser vam o comunicado oficial. Diante do ocorrido, o pre-
acusado de subversivo, baseado em uma simples sus- sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir
peita, e ficando sujeito à detenção, à tortura e à morte. o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo.
Seu governo coincidiu, ainda, com o período do Em 1976, outra morte tornou-se pública e como-
“milagre econômico”, cuja taxa de crescimento veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho
médio foi de 10% ao ano. A maior expansão industrial apareceu morto após ser interrogado pelas forças da
ficou concentrada — e sustentada pelos juros baixos repressão. Somente após forte pressão houve a demis-
— no setor de bens de consumo duráveis, além de um são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des-
crescimento exponencial no setor automobilístico. No tacar que embora somente esses dois casos tenham
campo social, contudo, a situação não era favorável, repercutido de forma mais ampla, outras centenas de
uma vez que o arrocho salarial e a concentração de denúncias eram feitas em relação às torturas.
renda não permitiram a transformação dos ganhos de Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro-
produtividade dos trabalhadores. ta do partido governista nas eleições do ano seguinte,
O endividamento externo é, também, marca des- fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun-
se período, agravado ainda mais pela primeira crise to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote
do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão
internacionais cresceram vertiginosamente. O maior do mandato do presidente, de cinco para seis anos,
problema estava no financiamento das indústrias eleições indiretas para governadores de Estado e a
estatais mediante crédito de bancos privados inter- nomeação de um terço do Senado pelo presidente.
nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros A “Lei Falcão” foi promulgada na esteira do pacote,
altíssimas e flutuantes. O endividamento externo sal- inviabilizando o acesso da oposição à televisão.
tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para O governo Geisel, por fim, marcou um avanço na
mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem- industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico,
po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên- nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais,
cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo-
alocavam entre os últimos. ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento
econômico, dependendo cada vez mais de quantidade
vultuosa de investimentos exteriores, é possível afirmar
z Geisel
que a crise econômica efetivamente havia se iniciado em
seu governo, intercalada com períodos de crescimento,
Ernesto Beckmann Geisel firmou-se como suces-
que seguiriam até o início do governo Figueiredo.
sor de Médici, tornando-se o quarto presidente da dita-
dura. O novo presidente ficou responsável por uma
z Figueiredo
nova fase de institucionalização do regime, conhecida
como “lenta, gradual e segura” até transição para um
O último presidente da ditadura foi João Baptista
poder civil.
Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso-
Geisel propôs quatro objetivos estratégicos: o pri-
lidação da abertura. O último presidente não possuía
meiro diz respeito ao restabelecimento da profissiona- a mesma expertise política de seu antecessor e não
lização dos quadros das Forças Armadas e à redução do
REALIDADE BRASILEIRA
z Cotas raciais nas universidades: as cotas raciais nas universidades geram impactos extremamente positivos na
educação brasileira, que repercutem, principalmente, nas classes sociais menos favorecidas.
z Valorização da cultura negra: Zumbi dos Palmares foi reconhecido como herói nacional e a História afro-bra-
sileira tornou-se obrigatória nas grades escolares.
Alterações Legislativas
Em janeiro de 2023, foi sancionada a Lei nº. 14.532, que tipifica como crime de racismo a injúria racial. O racis-
mo é compreendido como um crime contra a coletividade e, anteriormente à referida lei, a injúria era percebida
como um crime contra o indivíduo (SENADO NOTÍCIAS, 2023).
A Lei nº. 7.716 de 1989, que aborda crimes raciais, não havia englobado a injúria racial, que permaneceu
apenas no Código Penal. Neste cenário, com a nova alteração, as penalidades também foram modificadas. A pena
para injúria racial, antes da modificação legislativa, consistia em um a três anos e, após a mudança, passou para
de três a cinco anos (SENADO NOTÍCIAS, 2023).
Desafios Atuais
Apesar dos avanços, os negros ainda enfrentam diversos desafios. A desigualdade racial continua sendo uma
realidade no Brasil. Os negros têm menor escolaridade, menor renda e maior taxa de desemprego do que os bran-
cos. Segundo o IBGE, a taxa de analfabetismo entre negros é de 10,3%, enquanto entre brancos é de 4,3%. A renda
média mensal dos negros é de R$ 1.772, enquanto a dos brancos é de R$ 2.400. A taxa de desemprego entre negros
é de 13,4%, enquanto a dos brancos é de 10,2%.
z Racismo
O racismo é um desafio enfrentado pelos negros. O racismo é a discriminação contra alguém por causa de
sua raça ou etnia. Ele pode se manifestar de diversas formas, como a violência física, a violência psicológica e a
discriminação no mercado de trabalho.
De acordo com o Atlas da Violência 2022, os negros são as principais vítimas de homicídios no Brasil. Em 2021,
a taxa de homicídios de negros foi de 23,5%, enquanto a de brancos foi de 7,2%.
z Violência
A violência é outro desafio enfrentado pelos negros. Os negros são mais propensos a serem vítimas de violên-
cia policial, violência urbana e violência doméstica.
De acordo com o relatório “Violência contra a população negra no Brasil: 2022”, publicado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a taxa de homicídios por intervenção policial entre negros é duas vezes
maior do que entre brancos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Violência contra a população negra no Brasil: 2022. Brasília:
IPEA, 2022.
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Plano Nacional de Promoção da
Igualdade Racial (PNPIR). Brasília: SEPPIR, 2022.
REALIDADE BRASILEIRA
z Tupi: viviam no litoral e foram os primeiros a entrar em contato com os portugueses. Utilizavam-se da pesca,
caça e coleta na mata. Eram considerados desse tronco os tamoios, os guaranis, os tupinambás, os tabajaras,
entre outros;
z Macro-Jê: algumas comunidades viviam na Serra do Mar, mas se localizavam, principalmente, no Planalto
Central. Apenas no século XVII, foi que os grupos macro-jê passaram a ser atacados, por conta da escraviza-
ção indígena. Eram considerados desse tronco os timbiras, os aimorés, os Goitacazes, os carijós, os carajás, os
bororós, os botocudos, entre outros; 301
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z Karib: ocupavam a região da Planície Amazônica, além dos atuais Amapá e Roraima. Bastante hostis aos inva-
sores, praticavam, inclusive, a antropofagia. Assim como os macro-jê, entraram em contato com os brancos no
século XVII, por conta dos aldeamentos religiosos e das fortificações militares. Eram considerados desse tronco
os atroari e os uaimiri;
z Aruak: estabeleciam-se na região amazônica e na Ilha de Marajó, com destaque para seus utensílios em cerâ-
mica. Eram considerados desse tronco os aruá, pareci, cunibó, guaná e terena.
Fonte: Atlas Histórico Escolar. 8ª ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 12.
Os tupis, por habitarem o litoral e terem sido os primeiros a entrarem em contato com os colonizadores, são
os mais conhecidos e descritos nos documentos da época. Sobre eles, temos conhecimento graças às descrições
feitas por padres, viajantes e funcionários da Coroa portuguesa que resultaram em uma imagem dos povos pré-
-cabralinos, como se todos fossem iguais. O que sabemos sobre eles serve de base para o entendimento das demais
sociedades tribais.
A organização social básica era a tribo, que se subdividia em aldeias ou tabas, cada uma delas com um chefe.
A aldeia era formada por um conjunto de quatro a sete ocas, dispostas de forma circular, delimitando uma praça
central — a ocara — onde eram realizadas as cerimônias religiosas, as festas e a reunião dos líderes para decidir
uma guerra ou migração. Geralmente, em torno da aldeia, era levantada uma cerca de troncos — a caiçara — com
a finalidade de defendê-la.
As aldeias ligadas entre si por parentesco, costumes e tradição formavam uma tribo. O parentesco garantia
a manutenção do modo de ser do grupo e perpetuava-se através de uniões obrigatórias com pessoas de fora. A
relação de parentesco criava a relação de aliança grupal, na qual o casamento significava uma possibilidade
de reforço do poderio do grupo. A família era patriarcal e o casamento poligâmico em algumas comunidades e
monogâmico em outras.
A chefia realizava a organização interna da aldeia. Entre os tupis, a chefia era exercida pelos homens mais
velhos e os líderes guerreiros. Eles tomavam as decisões sobre a guerra, a migração, as grandes caçadas e o sacri-
302 fício dos inimigos.
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Para prover a sua alimentação, os povos indígenas z Exemplos
caçavam, pescavam e coletavam crustáceos, frutos
e raízes. A divisão do trabalho nas aldeias obedecia De acordo com a Fundação Nacional do Índio
a dois critérios: sexo e idade. Os homens derruba- (FUNAI), entre 2019 e 2022, foram registrados 1.051
vam as matas, preparavam o terreno para o plantio, ataques a povos indígenas no Brasil.
caçavam, pescavam, guerreavam e confeccionavam Em 2022, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
canoas, arcos, flechas e adornos. As mulheres planta- registrou 180 assassinatos de indígenas no Brasil.
vam, colhiam, faziam cestaria e cerâmica. Quanto às Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
crianças, a divisão entre meninos e meninas ocorria tística (IBGE), a taxa de analfabetismo entre indígenas
a partir dos cinco anos de idade, quando as meninas é de 26,2%, enquanto a média nacional é de 9,5%.
brincavam e ajudavam as mulheres em seus traba-
lhos e os meninos seguiam o exemplo dos homens, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
buscando aprender sobre a caça e a pesca.
Quando os recursos próximos à aldeia se esgota- Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Relatório
vam, migravam para outro lugar. O nomadismo da Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil 2022.
população indígena também ocorria pela procura de Brasília: FUNAI, 2022.
um lugar ideal e quase utópico, chamado “terra sem Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Relatório
mal”, onde teriam prosperidade constante. Os indí- Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil 2022.
genas procuravam lugares próximos aos rios e lagos, Brasília: CIMI, 2022.
para ter acesso mais fácil à caça e, eventualmente, à Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
agricultura. A chegada em um território ocupado por (IBGE). Censo Demográfico 2022. Rio de Janeiro: IBGE,
outra comunidade podia gerar guerras.
Os povos indígenas estavam muito envolvidos com 2022
a natureza e tinham uma maneira peculiar de enten-
dê-la, por meio de uma concepção mítica de mundo.
A própria natureza era tida como uma dádiva das
divindades ou transformava-se na própria divindade, DINÂMICA SOCIAL NO BRASIL:
como a mãe-terra. Portanto, a religião indígena pode
ser classificada como politeísta.
ESTRATIFICAÇÃO, DESIGUALDADE E
Nas épocas de plantio, de colheita, de caça, ou nas EXCLUSÃO SOCIAL
estações de chuva ou de seca, os membros da aldeia
se reuniam e os pajés, líderes religiosos, relatavam as SOCIEDADES ESTRATIFICADAS
lendas e os mitos de cultuar. O pajé, preocupado em
manter vivas as tradições tribais, usava vestimentas As denominadas “sociedades estratificadas” são
especiais, como mantos, plumas coladas ao corpo, aquelas divididas em estratos sociais. Isto significa que
máscaras de madeira, visando à transmissão de sua os indivíduos que a compõem ocupam classes e cama-
mensagem. Também bebia o cauim, fumava o taba- das distintas. A estratificação pode ocorrer em âmbito
co, cantava, dançava e invocava os mitos. O ambiente econômico (há distribuição de riquezas e bens de for-
revestia-se dessa atmosfera mágica e religiosa, a fim ma distinta), em âmbito político (há desigual distribui-
de agradecer a chuva, uma boa colheita ou a decisão ção do poder de comandar a sociedade) e, por fim, em
do conselho de chefes para migração. âmbito profissional — nesta hipótese, há valorização
de algumas profissões em detrimento de outras.
Atualidade
DIFERENÇAS CULTURAIS E DESIGUALDADES
Atualmente, os povos indígenas representam cer-
ca de 0,5% da população brasileira. Eles ainda enfren- Embora se tenha elaborado a ideia de uma cultura
tam diversos desafios, como a perda de territórios, a nacional, como forma de preservar a unidade do Estado-
violência e a discriminação. -Nação, as sociedades nacionais e as sociedades em geral
se caracterizam por serem multiculturais. Quando o
z Perda de territórios debate da cultura ou das culturas se torna central para
pensar a realidade, seja ela nacional ou local, portanto,
Os povos indígenas têm seus territórios reconhe- também é necessário se atentar às diversidades e dife-
cidos pela Constituição Federal de 1988. No entanto, renças nos modos de pensar, de se organizar, nas cren-
esses territórios estão constantemente sendo invadi- ças, costumes e línguas presentes nessas sociedades. E
como o contato constante entre diferentes culturas, seja
dos por madeireiros, garimpeiros e fazendeiros.
REALIDADE BRASILEIRA
Marcha sobre Washington por Emprego e Liberdade — 28 de agosto de 1963. Fonte: Revista Galileu. Foto: Wikimedia Commons2.
Povo na rua pela libertação e contra o domínio português em Moçambique. Fonte: DW. Foto: picture-alliance/dpa3.
Marcha dos cem mil. Fonte: Jornalistas Livres. Foto: Evandro Teixeira4.
Em 28 de março de 1968, o estudante secundarista Edson Luís foi assassinado pela polícia militar no restau-
rante da Universidade Federal do Rio de Janeiro, conhecido como “Calabouço”, quando alunos se organizaram
para protestar contra o aumento do preço da comida. Esse episódio despertou grandes manifestações no Rio de
Janeiro e em São Paulo, protagonizadas, principalmente, pelo movimento estudantil. Destacam-se, nesse período,
os movimentos secundarista e universitário, que estiveram massivamente nas ruas contra as privatizações, por
melhores condições das estruturas de ensino, pela justiça social e em defesa das liberdades democráticas.
Os movimentos sociais desse período, através das mobilizações massivas e das pressões políticas para melho-
res condições de vida, acesso amplo e irrestrito à saúde, educação e defesa do patrimônio nacional, foram decisi-
vos para a conquista de direitos sociais, incorporados, posteriormente, pela nova Constituição Federal, de 1988.
De acordo com Gohn (2011), na década de 1990 surgem novas formas de organização popular mais institucio-
nalizadas, diferentes dos movimentos que vinham ocorrendo em anos anteriores. Nesse período, ergueram-se os
fóruns, como o Fórum Nacional por Moradia e o Fórum Nacional de Participação Popular, que estabeleceram a
dinâmica de encontros e reuniões nacionais, com a definição de metas, análise de conjuntura nacional e articula-
ção de estratégias. Gohn (2011) indica que o ano de 1990 tem como um dos marcos a criação da Central dos Movi-
REALIDADE BRASILEIRA
mentos Populares, que gera um saltO a nível de organização dos movimentos populares de diversos segmentos e
uma maior aproximação da sociedade civil organizada com o setor público, através da concepção de programas
como o Bolsa-Escola e a Renda Mínima.
Essa década também se destaca pela implementação da política neoliberal no Brasil, com maior arrocho e
desemprego, carestia de vida e grande desigualdade social. Junto a isso, eclodem ações de movimentos que levan-
tam pautas a favor do emprego, contra as flexibilizações dos contratos e pela moradia digna. A autora também
destaca mais três movimentos sociais que cresceram nesse período: o do funcionalismo público, o dos ecologistas
e o dos povos indígenas, este último com pauta central sendo a demarcação das suas terras.
Nesse período, cresce o que viria a ser um dos maiores movimentos sociais da América Latina: o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com a expansão da fronteira agrícola, maior concentração fundiária
e mecanização do campo — que contribuíram de modo significativo para o êxodo rural no Brasil —, o MST surge
com o propósito de organizar os trabalhadores do campo, que viviam em grande situação de pobreza, sem meios
4 Disponível em: https://jornalistaslivres.org/democracia-sem-povo-tem-nome-ditadura/. Acesso em: 5 abr. 2023. 307
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de produção, a lutarem por um pedaço de terra para continuarem no campo, produzindo e criando seus filhos
com melhores condições de vida. A tática realizada pelo MST consistiu nas ocupações de terras, que se tornaram
conhecidas em todo o país e que geraram grandes conflitos no campo. Ao ocupar terras improdutivas e levantar
acampamento, o movimento tinha como principal objetivo pressionar o governo a desapropriar a terra e destiná-
-la para a reforma agrária. Ao longo dos anos, muitos acampamentos transformaram-se em assentamentos, sendo
construídos, pelo movimento, escolas e cooperativas.
Marcha do MST até Brasília. Fonte: Agência Brasil. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil5.
O MST torna-se, assim, o principal movimento que protagoniza o conflito social no Brasil. No fim dos anos
1990, o país era marcado pela recessão, pelas reformas administrativas realizadas e pelo aumento das taxas
de desemprego. Nesse período, novos atores sociais surgem e os movimentos sociais de rua voltaram a crescer,
como a greve, o movimento estudantil e os protestos dos profissionais de educação, bem como as manifestações
indígenas.
No Brasil, o Movimento Diretas Já tomou as ruas. Com o intuito de pedir a volta da democracia, as mobiliza-
ções aconteceram no início dos anos 1980, quando, nos principais estados brasileiros, foram eleitos governadores
de oposição ao regime militar. Em São Paulo, venceu as eleições de 1982 Franco Montoro; em Minas Gerais, Tan-
credo Neves, e, no Rio de Janeiro, Leonel de Moura Brizola. Milhares de pessoas saíram às ruas exigindo o fim da
ditadura e eleições democráticas para presidente. Esse movimento culminou com o deputado federal Dante de
Oliveira apresentando a proposta de Emenda Constitucional nº 5, devolvendo ao povo o direito de escolher seu
presidente, no dia 2 de março de 1983. Essa emenda foi rejeitada, o que fez com que as eleições presidenciais de
1985 transcorressem de forma indireta, com Tancredo Neves vencendo Paulo Maluf. Somente em 1989 voltamos
a escolher, através do voto, nossos presidentes, com a Câmara Federal restituindo o voto popular nas eleições
presidenciais.
O primeiro presidente eleito após a ditadura militar foi Fernando Collor de Mello, que assumiu a chefia do
país em 1990 e sofreu um processo de impeachment em 1992. O governo Collor começou com o confisco da pou-
pança dos brasileiros. Na década de 1980, um dos maiores problemas nacionais era a inflação alta. Isso minava o
poder de compra dos salários, ocasionando, entre inúmeras outras adversidades, o baixo crescimento econômico
do Brasil. Como uma medida para tentar abaixar a inflação, a equipe econômica da gestão Collor fez um plano
que bloqueou o dinheiro dos cidadãos depositado nas cadernetas de poupança. Tal providência reduziu de vez o
poder de compra dos brasileiros e gerou um desgaste muito grande para o governo, que passou a ser visto com
desconfiança pela população.
Somados a esse desgaste, começaram a aparecer escândalos de corrupção envolvendo o tesoureiro da campa-
nha de Collor, Paulo César Farias. Com o desdobramento da cobertura jornalística sobre os acontecimentos, sur-
giu um clamor popular pela destituição de Collor da presidência. Liderados pela União Nacional dos Estudantes
(UNE), jovens de todo o país saíram às ruas exigindo a saída do presidente, mobilização que ficou conhecida como
“movimento dos Caras Pintadas”. Todas essas movimentações foram decisivas para a alteração do cenário político
e para a consideração e incorporação de elementos políticos e sociais oriundos da demanda popular.
308 5 Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-02/dilma-vai-receber-mst-nesta-quinta-feira. Acesso em: 6 abr. 2023.
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Protesto dos sem-teto por moradias no vão do MASP, em São Paulo. Fonte: Wikimedia Commons6.
Outro movimento social surgido nos finais da década de 1990 foi o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), cujo objetivo é a luta pela moradia. O MTST tem sua atuação nos grandes centros urbanos, organizando a
luta pelo cumprimento do art. 6º da Constituição Brasileira, que diz:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.
A forma de luta utilizada pelo MTST para chamar a atenção dos poderes públicos para o problema do déficit
habitacional é a ocupação de imóveis em situação irregular, ato gerador das maiores críticas ao MTST. Impor-
tante ressaltar que o direito à propriedade é garantido em nossa constituição, porém o direito à propriedade é
assegurado desde de que ela tenha função social. Por “imóvel em situação irregular” entende-se os que foram
abandonados e que estão ociosos.
Os ativistas do movimento são: pessoas que não conseguiram mais arcar com os preços dos aluguéis; famílias
que moravam em áreas consideradas de risco, e pessoas despejadas de suas casas. Um dos maiores problemas
brasileiros é o déficit habitacional. Dados de 2019 da Fundação João Pinheiro apontavam que a deficiência de
habitação brasileira era de 5,8 milhões de casas. Aqui, entram pessoas que não tem casa, bem como casas em que
moram mais de uma família.
A moradia é um direito fundamental. Nos últimos anos, nas principais cidades do país, o número de pessoas
morando debaixo de viadutos e marquises aumentou muito. Além disso, famílias inteiras nas ruas pela falta de
oportunidades de emprego foi outra situação constatada, assim como a insuficiência de políticas públicas gover-
namentais para solucionar essa realidade, vivida por milhares de pessoas. A moradia é um direito fundamental,
assim como educação e saúde, e é uma pauta urgente que precisa de atenção especial dos governos.
Observamos, portanto, que, ao longo de toda a história, os movimentos sociais tiveram um importante papel
no desenvolvimento das forças coletivas em torno de alguma bandeira, sendo a principal delas a luta contra a
exclusão e a desigualdade social. No entanto, observamos também que nenhum movimento é estático, mas são,
sim, forças que se modificam, incorporando novos elementos ao longo de sua trajetória e de suas experiências
sociais e políticas, podendo lançar mão de greves, passeatas, protestos, ocupações e negociações, dependendo de
cada situação.
Assim, os movimentos sociais foram fundamentais para pôr fim à situação de extrema desigualdade e violên-
cia, como vimos nas lutas pela libertação nacional, ou para a reivindicação de algo, como a contenda pela moradia
REALIDADE BRASILEIRA
e pela terra.
Os direitos humanos têm como a universalidade, ou seja, tratam-se de direitos previstos para qualquer pessoa
independentemente de qualquer característica, origem ou local em que viva.
Entretanto, os direitos humanos são de extrema relevância para a proteção de grupos vulneráveis e minorias
que são vítimas constantes de violação de direitos humanos.
Porém, é necessário tomar cuidado com este assunto porque os grupos vulneráveis podem surgir em sua
prova.
Petróleo e
Derivados da
derivados
cana
REALIDADE BRASILEIRA
36,4%
12,0%
Hidráulica
12,0%
Gás natural
13,0%
Nuclear
1,4%
7 APROBIO, 2019. Disponível em: https://aprobio.com.br/noticia/voce-sabe-o-que-e-o-efeito-estufa. Acesso em: 11 maio 2021. 313
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As Consequências do Aquecimento Global
São várias as consequências do Aquecimento Global e algumas delas já podem ser sentidas em diferentes
partes do planeta. Os efeitos provenientes das mudanças climáticas são problemas mundiais e atingem todos os
ecossistemas.
Estudos revelam que o significativo aumento da temperatura média do planeta tem elevado o nível do mar,
devido ao derretimento das calotas polares. Tal fato pode ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades litorâ-
neas densamente povoadas, alteração no clima global e nas correntes oceânicas (Figura 21).
Ainda, pode-se citar, como consequências do Aquecimento Global, a ocorrência de eventos climáticos extre-
mos, como tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca, nevascas, furacões, tornados e tsunamis, os
quais podem causar a extinção de espécies de animais e de plantas.
No Brasil, acredita-se que a elevação do nível do mar pode afetar regiões costeiras. Dentre os principais dese-
quilíbrios que as alterações climáticas podem causar, destacam-se o aumento da frequência e intensidade de
enchentes e secas, expansão de vetores de doenças endêmicas, mudança do regime hidrológico, perdas na agri-
cultura e ameaças à biodiversidade.
Entre as atividades humanas que favorecem o aumento do aquecimento, por emitirem ampla quantidade de
CO2 e de gases formadores do Efeito Estufa, estão a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia,
atividades industriais e transportes, conversão do uso do solo, agropecuária, descarte de resíduos sólidos e o des-
matamento. O Brasil é um dos líderes mundiais em emissões de gases de efeito estufa (GEE) em decorrência das
mudanças do uso do solo e do desmatamento.
Vale destacar que as áreas de florestas e os ecossistemas naturais são grandes reservatórios e sumidouros de
carbono, os quais absorvem e estocam CO2. No entanto, quando ocorre um incêndio florestal ou uma área é des-
matada, esse carbono é liberado para a atmosfera, contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. Além
disso, as emissões de GEE pela agropecuária e geração de energia vêm aumentando ao longo dos anos (Figura 22).
Água CO2
Água
Fotossíntese
Lenha Vapor de água
Calor
Água + Minerais
O2 Resíduos de
combustão
EMISSÕES EM
POSIÇÃO PAÍSES % DE EMISSÃO GLOBAL
2017(MTCO2)
1º China 10.668 30,2 %
Aqui, cabe um questionamento: o que se pode fazer para combater o Aquecimento Global?
Existem inúmeras maneiras de diminuir as emissões dos gases de Efeito Estufa e, consequentemente, o
aumento do Aquecimento Global. Para isso, é necessário que ocorra, em caráter de urgência, a redução do des-
matamento, o investimento em reflorestamento e a conservação de áreas naturais, o incentivo ao uso de energias
renováveis, a utilização de biocombustíveis, a redução e o reaproveitamento de materiais, o investimento em
tecnologias de baixo carbono, entre outros. Tais medidas podem ser estabelecidas através de políticas nacionais e
REALIDADE BRASILEIRA
Os países membros da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Frame-
work Convention on Climate Change — UNFCCC), base de cooperação internacional, buscam estabelecer políticas
para reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa em um nível no qual as atividades humanas não
interfiram seriamente nos processos climáticos.
Vale ressaltar que a primeira reunião aconteceu em 1992 durante a Eco 92, Conferência Internacional sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro. O texto da Convenção foi assinado e ratificado por 175 paí-
ses, os quais reconheceram a necessidade de um empenho global para o enfrentamento das questões climáticas.
10 Disponível em: http://www.globalcarbonatlas.org/en/CO2-emissions. Acesso em: 28 nov. 2022. 315
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Após seu estabelecimento e entrada em vigor, os representantes dos diferentes países passaram a se reu-
nir anualmente, a fim de discutir a sua implementação. Tais reuniões são chamadas de Conferências das Partes
(COPs).
Desta forma, os países desenvolvidos, por serem responsáveis históricos das emissões e por terem mais condi-
ções econômicas para arcar com os custos, seriam os primeiros a assumir as metas de redução até 2012 (NAHUR;
GUIDO; SANTOS, 2015; MMA, 2021; WWF, 2021).
No ano de 2012, durante a COP 18, em Doha, estava prevista a finalização do Protocolo de Quioto. Porém,
observou-se que diversos países não atingiram as metas e o Protocolo foi prorrogado até 2020.
Atenção: o Protocolo de Quioto constituiu um tratado internacional que estipulou as metas de reduções obri-
gatórias dos principais gases de efeito estufa para o período de 2008 a 2012. Embora tenha havido resistência por
parte de alguns países desenvolvidos, foi acordado o princípio da responsabilidade comum.
Essa é uma ferramenta de mercado que possibilita, aos países que tenham a obrigatoriedade de reduzir suas
emissões, a compra de créditos de carbono de um país que já tenha atingido a sua meta e, portanto, possui crédi-
tos excedentes para vender.
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um instrumento que integra o Protocolo de Quioto e permite
que os países desenvolvidos invistam em projetos para a redução de emissões de gases em países em desenvolvi-
mento. As emissões reduzidas são contabilizadas e geram créditos de carbono, que podem ser comercializadas no
comércio de emissões. O MDL inclui, ainda, a implantação de atividades para a redução dos gases do Efeito Estufa.
Cabe ressaltar que esses projetos são baseados em fontes renováveis e alternativas de energia, eficiência e
conservação de energia ou reflorestamento. Todos com o foco nas reduções de emissões adicionais àquelas que
ocorreriam na ausência do projeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a mitigação
da mudança do clima.
A Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) é um plano de incentivo desenvolvi-
do no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 2013, durante a Conferência
das Partes em Bali, na Indonésia. Seu principal objetivo é indenizar os países em desenvolvimento pela redução
de emissões dos GEE provenientes do desmatamento e da degradação florestal. Ou seja, a cada ano, caso o país
diminua significativamente suas emissões relativas a desmatamentos e degradações florestais, ele terá o direito
de receber uma indenização da UNCCC.
Além disso, leva-se em consideração o papel da conservação de estoques de carbono florestal, manejo susten-
tável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal denominado REED+ (REED plus, em inglês) (MMA,
2016).
Felizmente, existe uma série de iniciativas sendo aplicadas tendo em vista tais mecanismos. No Brasil, o World
Wide Fund for Nature (WWF), organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação,
investigação e recuperação ambiental, em parceria com o governo do Acre, vem apoiando a construção do REDD
no âmbito do programa de pagamentos por serviços ambientais.
Neste sentido, pode-se concluir que o REDD é uma importante ferramenta para os países com florestas nativas,
a qual busca contribuir para a conservação, redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa
(Figura 23).
Outras
UNFCCC GCF
Internacional fontes
Compensação
Pagamentos por por resultados
resultados de REDD+ Resultados (tCO2e) nacionais
(USD/tCO2e)
Em suma, a distribuição de benefícios do REDD+ tem início assim que o país em desenvolvimento apresenta à
UNFCCC todos os elementos para a obtenção do reconhecimento de seus resultados de REDD+. Quando o processo
é finalizado, os resultados de REDD+ medidos em tCO2 serão inseridos no Lima Information Hub.
316 11 MMA, 2016. Disponível em: https://www.bio3consultoria.com.br/o-que-e-redd/. Acesso em: 11 maio 2021.
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Na decisão 9, da CP 19, a COP decidiu estabelecer o Lima REDD+ Information Hub na REDD+ Web Platform,
como um meio para publicar informações sobre os resultados das atividades de REDD+ e os correspondentes
pagamentos baseados em resultados. O Lima REDD+ Information Hub visa aumentar a transparência das infor-
mações sobre ações baseadas em resultados de REDD+.
Assim, quando o país está apto a captar recursos de pagamentos por resultados, os pagamentos são efetuados
por diversas fontes internacionais, em particular do Fundo Verde para o Clima (GCF na sigla em inglês).
A distribuição de benefícios, portanto, ocorre de acordo com regras definidas nacionalmente. Não há regras
e/ou exigências quanto ao uso desse recurso, uma vez que o pagamento se deu por ações executadas no passado
(MMA, 2016).
Em novembro de 2021, os representantes dos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) esti-
veram reunidos por 12 dias com o intuito de estabelecer novas metas e estratégias capazes de frear o avanço de
um inimigo comum: a emergência climática. Ocorreu, portanto, na Escócia, a 26ª Conferência das Partes sobre
a Mudança Climática (COP 26). A reunião foi marcada pelo terceiro encontro entre os 195 países signatários do
Acordo de Paris.
Após cinco anos desde a assinatura do Acordo climático, chegara, então, a hora de fazer um balanço do que foi
realizado nesse tempo em prol da redução de emissão de GEE. Até o final de 2020, 75 signatários, que represen-
tam 30% das emissões, submeteram à ONU suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs na sigla em
inglês), por meio de documentos que especificam as metas e medidas que serão implementadas a curto, médio e
longo prazo, para diminuir as emissões.
A percepção geral foi de que as iniciativas apresentadas pelos países foram insuficientes para frear o aumento
da temperatura do planeta. “Os governos estão longe do nível de ambição necessário para limitar as mudanças
climáticas a 1,5 °C e cumprir os objetivos do Acordo de Paris”, analisa o secretário-geral da ONU, António Guterres,
em comunicado publicado no dia 26 de fevereiro de 2021.
Neste sentido, a orientação dada a esses países foi de que, até a realização da COP 26, suas metas fossem refei-
tas, a fim de que contribuam, verdadeiramente, com o controle da emergência climática (Figura 24). Para o secre-
tário-geral, “a ciência é clara: para limitar o aumento da temperatura global em 1,5 °C, devemos cortar as emissões
globais em 45% até 2030, em relação aos níveis de 2010” (LOPES, 2021).
Assim, esperava-se que 2021 fosse um ano decisivo para o cumprimento do Acordo de Paris em prol da preven-
REALIDADE BRASILEIRA
ção de uma verdadeira catástrofe, conforme prevê o Fórum Econômico Mundial. Nesse sentido, ao final da COP 26
ficaram acordados dois principais pontos:
z que os países desenvolvidos criariam um fundo de pelo menos US$ 100 bilhões para ajudar os países em
desenvolvimento e subdesenvolvidos a lidarem com os efeitos das mudanças que sentem em seus territórios,
bem como tentar diminuir o aumento da temperatura;
z a facilitação e regulamentação do mercado de compra de carbono, visando a diminuir as emissões.
No entanto, ambos os pontos têm sido criticados desde a assinatura do comprometimento entre os quase 200
países signatários da conferência. O primeiro, porque vários detalhes e prazos ficaram em aberto, deixando mar-
gem para o não cumprimento do compromisso (total ou parcialmente), além do valor de 100 bilhões de dólares
12Globo,2021.Disponívelem:https://revistagalileu.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2021/04/por-que-2021-e-um-ano-decisivo-para-o-cumpri-
mento-do-acordo-de-paris.html. Acesso em: 11 maio 2021. 317
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ser visto como insuficiente para seus objetivos — cien- era usada em moinhos para moer grãos, navegar em
tistas especialistas da área falam que o mínimo neces- barcos a vela e bombear água.
sário seria um valor na casa do trilhão. Essa energia consiste em aproveitar a força eólica
Já o segundo ponto recebe críticas não necessaria- (dos ventos) para gerar energia. Os danos ambientais
mente pelas regras desenhadas na COP 26, mas pelo dessa energia, quando comparados aos das fontes de
fato de ser uma compensação de poluição que parece energias tradicionais, são inexistentes. Mas, pensan-
ser contraditória. Isso porque permite que um país do fora da régua da queima de carvão ou petróleo,
muito poluente compre parte do “direito de poluir” de existem alguns impactos ambientais, pois modifica as
um país menos poluente. Ou seja, em outras palavras, paisagens com grandes torres e hélices, ameaçando
é como se o planeta não fosse integrado e as popula- pássaros quando instaladas em região de migração
ções não sofressem com os prejuízos locais por conta desses animais.
de negociações financeiras. Em relação aos humanos, a geração dessa energia
Por outro lado, existia uma expectativa alta em pode emitir ruídos incômodos e causar interferências
relação à COP 27 para rever e repensar alguns pon- em aparelhos como TVs. De modo geral, no Brasil,
tos e ser mais propositiva e eficiente do que a COP 26. existem perspectivas para o aumento da utilização
Na COP 27, ocorrida no segundo semestre de 2022, no da energia gerada pelos ventos (Camisa; Hernandes,
Egito, foram conversados e/ou pré-decididos alguns 2020).
pontos principais:
As mazelas sociais existentes nos países subde- O crescimento demográfico no mundo é carac-
senvolvidos têm raízes bem mais profundas que as terizado pelo aumento do número de habitantes no
geradas pelo crescimento demográfico acelerado. planeta. Esse fenômeno é consequência do crescimen-
Neste sentido, acobertar os efeitos devastadores dos to vegetativo ou crescimento natural da população,
baixos salários e das péssimas condições de vida que resultado do saldo entre as taxas de natalidade (nas-
vigoram nos países subdesenvolvidos a partir de um cimentos) e de mortalidade (mortes). Quando as taxas
argumento demográfico ou, ainda, dizer que os paí- de natalidade são superiores às taxas de mortalidade,
ses subdesenvolvidos desviaram dinheiro do setor ocorre um crescimento vegetativo positivo, caso con-
produtivo para os investimentos sociais é, no mínimo, trário, o crescimento vegetativo é negativo – as taxas
hipocrisia. de mortalidade maiores que as taxas de natalidade.
As taxas de crescimento da população no mundo
z Teoria Reformista intensificaram-se apenas no final do século XVII e
início do século XVIII, já que, antes desse período, a
Os estudiosos desta teoria defendem a ideia de que expectativa de vida era muito baixa, fato que aumen-
os miseráveis não são responsáveis por sua miséria, tava as taxas de mortalidade. Em 1930, a população
por terem muitos filhos, como querem demonstrar da Terra já era superior a 2 bilhões de pessoas e, em
os neomalthusianos. Para eles, a origem da miséria, 1960, atingiu o número de 3 bilhões de pessoas, com
nos países subdesenvolvidos, tem raízes históricas na as taxas de crescimento médio populacional de 2% ao
política social e econômica direcionada para atender ano. Durante a década de 1980, a população mundial
à maioria da população. Neste sentido, a miséria não ultrapassou a marca de 5 bilhões de pessoas.
seria um fenômeno decorrente da falta de recursos Atualmente, a taxa de crescimento da população
financeiros, mas, sim, de fatores estruturais crônicos, mundial é menor que de 1% ao ano e é considerada
320 como a distribuição desigual da renda interna. baixa.
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No entanto, a expectativa de vida está aumentan- Com relação às migrações externas, pode-se citar
do em virtude de avanços na medicina, melhorias no dois tipos:
saneamento básico, maiores investimentos na saúde,
entre outros fatores. Portanto, o número de habitan- z Migração intercontinental;
tes do mundo continua aumentando, porém em um z Migração intracontinental.
ritmo menos acelerado que em outros momentos da
nossa história. A cada dia, cresce o número de imigrantes no
De acordo com dados divulgados, em 2021, pelo mundo. Esse fenômeno nunca afetou tantas pessoas
Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP), a e tantos países na história da humanidade. As reper-
população mundial é de 7,874 bilhões de habitantes. cussões tornam-se cada vez mais complexas, princi-
Segundo as estimativas da Organização das Nações palmente, nos planos político e econômico.
Unidas (ONU), a população total do planeta atingirá No plano internacional, o principal motivo das
a marca de 9 bilhões de habitantes em 2050, ou seja, migrações é o econômico, que decorre das diferen-
haverá um acréscimo de pouco mais de 1,2 bilhão de ças existentes entre os crescimentos econômico e
habitantes, elevando a taxa de crescimento de 0,33% populacional. O deslocamento humano, nesse caso,
ao ano. está relacionado à busca de oportunidades de traba-
Vale ressaltar que o aumento populacional ocor- lho e de melhores condições de vida.
re de maneiras diferentes em cada um dos continen- Os países ou regiões que apresentam um cresci-
tes do planeta. No continente africano, por exemplo, mento populacional superior às suas capacidades de
registram-se índices de crescimento populacional em crescimento econômico costumam apresentar o fenô-
torno de 2,3% ao ano. Já a Europa, por sua vez, apre- meno da emigração. Já os países ou regiões em que o
crescimento econômico é superior ao populacional, o
senta taxa de 0,1% ao ano. A taxa de crescimento na
movimento é inverso.
América e na Ásia gira em torno de 1,1% ao ano e, na
Os EUA e a Alemanha, por exemplo, são os países
Oceania, 1,3% ao ano.
desenvolvidos que mais recebem imigrantes de acor-
do com a ONU. Em 1997, os dois países, juntos, recebe-
Transição Demográfica ram 1,4 milhões de pessoas, seguidos por Japão, Reino
Unido e Canadá.
O processo de transição demográfica faz parte A ONU calcula que mais de 2% da população
de estudos realizados pelo demógrafo estaduniden- mundial vive longe de seu país de origem. Entre
se Frank Notestein, durante a primeira metade do refugiados, imigrantes legais e ilegais, são, no total,
século XX. O estudioso pretendia confrontar, através 175 milhões de pessoas que deixaram a terra natal.
de números e dados, a teoria malthusiana, que, como Em sua maioria, chegaram ao país de destino por
vimos, afirmava que o crescimento demográfico mun- canais estritamente regulamentados, sobretudo aos
dial ocorria em ritmo exponencial, através de pro- países ocidentais. Os refugiados representam de 20
gressão geométrica (P.G). a 25% deste total. Os demais são, primordialmente,
Na transição demográfica, é possível verificar que pessoas que se reuniram a um ou vários membros de
existem tendências que comprovam que as popula- suas famílias ou trabalhadores temporários em situa-
ções, em diferentes espaços e diferentes momentos ção irregular. A taxa anual do crescimento da popula-
históricos, tendem a crescer de acordo com ques- ção migrante, que era de 1,2% entre 1965 a 1975, hoje,
tões e ciclos que se intensificam, alcançando o auge atinge 2,6% no período de 1985 a 1995 segundo a ONU.
e, depois, passam por um processo de redução pelos As migrações internacionais adquiriram dimen-
mais variados motivos. são mundial. Em consequência disso, atualmente, é
A teoria da transição demográfica afirma que o essencial fazer um balanço da magnitude e do signifi-
crescimento populacional não é um processo único e cado desse fenômeno. Se, por um lado, para os países
constante, podendo ocorrer variações de acordo com o do Hemisfério Sul, essas migrações são sumamente
período histórico e as condições socioeconômicas dos importantes, na medida em que dependem cada vez
locais. Afirma-se que a tendência é de que ocorra uma mais delas, por outro, os países do Hemisfério Norte
estabilização em relação ao crescimento demográfico, adotam medidas que convergem para um maior con-
por conta das sucessivas alterações nas taxas de nata- trole da imigração e desembocam na exclusão.
lidade e mortalidade. As principais consequências do
processo de transição demográfica são o aumento na URBANIZAÇÃO
expectativa de vida, o envelhecimento populacional e
a redução nas taxas de natalidade. Processo de Urbanização
e de localização das sedes e filiais de empresas para mobilidade urbana. Os grandes congestionamentos nas
estabelecer a gestão empresarial. avenidas desses polos representam uma das maiores
A oferta de equipamentos e serviços também adversidades, que, atualmente, também atingem as cida-
identifica que esses centros possuem informações des de médio porte. Por fim, vale ressaltar que inúme-
de ligações aéreas, deslocamentos para internações ras atividades econômicas envolvem ações à margem
hospitalares, áreas de cobertura das emissoras de da formalidade, ou seja, trabalhos que não possuem fir-
televisão, oferta de ensino superior, diversidade de ma registrada, não emitem notas fiscais, não possuem
atividades comerciais, oferta de serviços bancários, empregados com carteira assinada e, principalmente,
entre outros. Existem, no Brasil, doze grandes redes de não recolhem impostos para o governo.
influência:
15 BBC NEWS MUNDO. Quem mora em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, vive em média 10 anos menos do que os moradores
do Morumbi. Globo, 2020. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2020/02/por-que-america-latina-e-regiao-mais-desi-
gual-do-planeta.html. Acesso em: 18 Jan. 2023. 323
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CRESCIMENTO DAS CIDADES E PROBLEMAS uma ocupação desordenada do espaço e provocando
URBANOS o processo de formação de periferias e, posteriormen-
te, da favelização.
Processo de Urbanização Como as cidades são lugares de segregação e exclu-
são a dinâmica de construção de imóveis e de ocupa-
Até quase a metade do século XX (por volta de ção de territórios atende ao interesse do capital (por
1940), o Brasil ainda era classificado como um país vezes especulativo), fazendo com que dentro de uma
que possuía atividades econômicas concentradas, em mesma área estejam, lado a lado, prédios verticais de
sua totalidade, no meio rural; a maioria da popula- alto padrão e condomínios horizontais, além do que,
ção vivia no campo. De acordo com o geógrafo Mil- em áreas não tão distantes, uma grande quantidade
ton Santos, o processo de urbanização brasileiro foi de pessoas vive em condições extremamente precá-
rápido, intenso, violento e heterogêneo no século XX, rias, em barracos, embaixo de viadutos e, até mesmo,
diferentemente de vários outros países do mundo. Tal em caixas de papelão. No contexto atual, esses fatores
processo provocou um conjunto de mudanças entre continuam ocorrendo, tendo em vista que o processo
as regiões do nosso país. de desigualdade e exclusão são cada vez mais percep-
O modelo agrário e exportador foi importante para tíveis na sociedade brasileira.
a estruturação urbana e territorial do país. Algumas A geografia urbana tem, como principal objetivo, o
cidades, como, por exemplo: São Paulo, Curitiba e Belo estudo do espaço geográfico das cidades, metrópoles e
Horizonte organizaram suas atividades comerciais megalópoles. Esse estudo ocorre a partir da observação
voltadas para a exportação. No final do século XIX e da produção do espaço e das atividades econômicas,
início do XX, o processo de urbanização do nosso país políticas e sociais, além da preocupação com a origem,
ocorria de forma lenta e gradual, em especial centra- crescimento, desenvolvimento e com as relações de
lizados nas cidades administrativas do setor agrário dependência e influência que uma cidade estabelece
exportador. No ano de 1872, cerca de 10% da popula- com todas as outras que estão em seu entorno.
ção brasileira vivia em áreas urbanas. Nesse contexto, Também, é objeto de estudo da geografia humana
destacamos as três principais cidades da época: Rio de a dinâmica de crescimento da população das cidades,
Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE). a forma como ocorre o processo de organização terri-
No período entre 1940 e 1980, há menos de 40 anos, torial, o modo como se deram os diversos processos de
a localidade de residência de uma grande parcela da urbanização e quais foram os papéis desempenhados
população se inverteu. De acordo com o Censo demo- pelas cidades para a ocorrência do fenômeno, conhe-
gráfico de 2010, no ano de 1940 o índice de urbaniza- cido como êxodo rural. A geografia urbana trabalha
ção do país era de 31,24%. No ano de 1980, esse índice em linhas diferentes da geografia rural, pois o objeto
atingiu o percentual de 67,59. A população total do país de estudo da segunda é a análise e a compreensão dos
triplicou durante essas quatro décadas; já a popula- espaços rurais e agrícolas que foram se transforman-
ção urbana multiplicou-se por mais de sete vezes nes- do com o passar dos anos, mesmo estando separados
se mesmo período. Em 2010, a população brasileira, fisicamente (em alguns casos, não mais). O espaço
nas áreas urbanas, representava cerca de 84,36% da urbano e o espaço rural estão interligados, sendo que
população total do país, com um número de habitantes um acaba por exercer os processos de influência e
maior que toda a população do país em 1991. dependência para com o outro.
Já no ano de 2020, de acordo com dados do IBGE, a A geografia urbana tem vários conceitos que pro-
população residente em áreas urbanas está em torno porcionam o estudo e a compreensão do espaço geo-
de 84,4%, apresentando, assim, certa estabilização em gráfico nas cidades, como seus processos de alteração
relação aos grandes deslocamentos populacionais. O e transformação. Dentre os principais conceitos dessa
êxodo rural, por sua vez, vem apresentando quedas área de conhecimento, podemos destacar:
significativas nas últimas décadas.
É importante destacar que o crescimento urbano z Espaço ou meio urbano: compreende-se como es-
ocorreu de forma paralela ao processo de industriali- paço geográfico ou meio urbano as atividades, po-
zação e esteve concentrado em algumas áreas no país, líticas públicas e práticas sociais que são responsá-
em especial no Sudeste, com destaque para o esta- veis pela formação da paisagem de um determina-
do de São Paulo e para as cidades industriais de seu do território; nesse espaço, encontramos, em sua
entorno. O processo de industrialização serviu como composição, habitações (algumas organizadas e
incentivo para um processo acelerado de migrações bem estruturadas) e outras cidades, pontos de co-
internas para as regiões citadas. Neste contexto, as mércio e os complexos de indústrias. No espaço ur-
pessoas migravam em busca de empregos e melhores bano, a produção de atividades econômicas e toda
condições de vida. essa mega estrutura proporcionam hábitos que ca-
Porém, vale destacar que, como é uma lógica do racterizam o modo de vida do ser humano;
próprio sistema capitalista, o crescimento popula- z Cidade: o conceito de cidade está ligado ao proces-
cional dos centros urbanos de forma acelerada e so estabelecido de acordo com o número de habi-
desordenada, foi superior à oferta total de vagas no tantes; nesse espaço, caracterizado como cidade,
mercado de trabalho para toda a população. Tal fato ocorre a produção de diversas e variadas ativida-
gerou uma maior competitividade por empregos, des econômicas.
moradias nas áreas mais centralizadas e alimentos,
acirrando a segregação espacial. Os valores dos ter- De acordo com os critérios do IBGE, são conside-
renos em áreas urbanas não possibilitaram o acesso radas cidades rurais todas as cidades com popula-
de grande parte dos trabalhadores à casa própria e ção inferior a vinte mil habitantes. Assim, as cidades
acabou por expulsar das áreas centrais das cidades os podem ser divididas em cidades rurais e cidades urba-
trabalhadores mais pobres que se deslocaram à pro- nas, sendo que as cidades rurais podem se formar
cura de moradia em áreas inadequadas, degradadas em áreas que possuem as características do espaço
324 ou distantes dos centros das grandes cidades, gerando urbano;
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z Metrópole: a metrópole é uma capital do estado ou z quais são os impactos gerados pelo processo de
é uma cidade com altas taxas de desenvolvimento; industrialização nos centros urbanos, como a for-
promove impactos, influência e dependência em mação de ilhas de calor, ocorrência de chuvas áci-
relação às outras cidades, sendo que tais influên- das e o processo de inversão térmica.
cias são nos campos social, político e econômico;
Nesse contexto, a geografia urbana tem extrema
As metrópoles são classificadas da seguinte maneira: importância e nos ajuda a compreender o processo de
produção do espaço urbano, as relações que ocorrem
Metrópole Regional: exerce influência em ní- entre os seres humanos e esse meio, além de com-
veis e esferas locais e, como exercem influên- preender o crescimento das grandes cidades e como
cia, são de extrema importância para uma de-
ocorre o processo de influência dessas cidades com
terminada região;
outras localidades e territorialidades a partir da ótica
Metrópoles Nacionais: formada pelo conjunto
geopolítica. Também é possível compreender, através
de grandes cidades do país, realiza o processo
de impacto em diversas localidades e diversas da geografia urbana, como os processos de organiza-
regiões. ção das cidades, as políticas habitacionais deficitárias
que causam problemas habitacionais que são impul-
z Macrorregião, Megalópoles e Conurbação: com- sionados pelo crescimento das populações de forma
preende-se como macrorregião todos os municí- rápida e desorganizada.
pios que estão localizados em seus limites territo- A partir desses estudos é possível a criação e o esta-
riais e que se influenciam de forma mútua. As me- belecimento de políticas públicas que sejam eficientes
galópoles são formadas pelo conjunto de metrópo- e suficientes para a cidade se reestruturar e continuar
les que estão interligadas e próximas do ponto de crescendo, porém, a partir deste momento, de forma
vista geográfico. O processo de delimitação e de- organizada e planejada.
marcação das divisas e limites fica quase impossí-
vel de ser determinado. O processo de conurbação Problemas Urbanos
pode ser compreendido como a junção entre dois
ou mais municípios os quais se unem devido ao rá- As RIDEs foram criadas com o intuito de proporcio-
pido processo de crescimento de ambos e não é pos- nar o desenvolvimento econômico e social. A ideia é
sível identificar as áreas de limite de cada um. promover investimentos em áreas de extrema impor-
tância para o cidadão, como: saneamento ambiental,
Podemos destacar, também, outros objetos de
educação, turismo, segurança pública, saúde, habita-
estudo da geografia urbana, a qual não se limita em
ção, geração de empregos, proteção ao meio ambien-
somente compreender, entender e analisar os pro-
te, serviços de telecomunicação, infraestrutura, entre
cessos de urbanização em todo o mundo. Ocorre uma
correlação com outras áreas, como a história das outros fatores.
cidades, as suas principais características, os modos Vale destacar, que as RIDEs da região do Entorno
de produção que foram e são estabelecidos ali e com de Brasília — atende à demanda das cidades satélites,
todo o processo de relação que existe no meio urbano. sendo que algumas funcionam como cidades-dor-
Os outros assuntos que são desenvolvidos e estu- mitórios, na qual o cidadão só vai para dormir, pois
dados pela geografia urbana são: trabalha em outro município; a RIDE de Juazeiro e
Petrolina e, por último, a RIDE localizada na região da
z o processo de urbanização que ocorre em uma cidade; Grande Teresina no Piauí.
z os problemas que são gerados pelo fato de as cida-
des crescerem de forma não organizada e não
estruturada e quais são as consequências geradas
por esses processos; DESENVOLVIMENTO RURAL
z a questão da dinâmica de circulação de pessoas, os
desafios da implantação e da solução para os pro- BRASILEIRO: ESTRUTURA E
blemas de mobilidade urbana, o fluxo e a logística CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA -
no setor de transportes;
RELAÇÃO DE TRABALHO NO CAMPO
z os modelos e modos de produção que são repro-
duzidos nas cidades, bem como quais os tipos de
A estrutura da terra do Brasil é caracterizada pela
trabalho que são oferecidos naquela localidade
concentração: os grandes proprietários de terras têm
específica;
REALIDADE BRASILEIRA
moeda nacional, crises e conflitos armados. Este contex- natura em produtos industrializados. Essa etapa
to propiciou o surgimento do processo de substituição é crucial para agregar valor aos produtos primá-
de importações no país, caracterizado pela adaptação da rios, promovendo maior diversificação na oferta
produção industrial para atender à crescente demanda de produtos agropecuários no mercado, além de
interna e pelo estabelecimento de parques industriais contribuir para o desenvolvimento econômico
nacionais (Scarlato, 1996; Mariano et. al., 2018). regional e nacional.
No intervalo entre 1933 e 1939, a indústria expe-
rimentou um notável crescimento anual de 7,2%. No Esses três pilares (agricultura, pecuária e agroin-
que concerne à efetivação do processo de industria- dústria) constituem uma tríade essencial para a sus-
lização brasileira, dados de 2016 indicam que 14,2% tentabilidade e o dinamismo do setor agropecuário
da população brasileira estavam empregados no setor brasileiro.
industrial (Scarlato, 1996; Mariano et. al., 2018).
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Atenção! associados ao uso indiscriminado de agrotóxicos susci-
tam dúvidas, pois resultam em prejuízos para a saúde
z A soja é um dos principais produtos agrícolas do humana, degradação ambiental e a manutenção de um
Brasil; suas extensas plantações e sua versatilida- sistema agrícola insustentável (Pozzetti et. al., 2021).
de tornaram essa commodity um produto essencial A origem dessa Revolução foi motivada pela apreen-
para a indústria alimentícia brasileira, para produ- são relacionada à iminente ameaça de uma significativa
ção de ração animal e para as exportações do país; crise alimentar global, agravada pelo crescimento popu-
z O café, produto que remonta ao período imperial, lacional desproporcional em relação à produção de ali-
é reconhecido no exterior pela sua qualidade. O mentos. Para abordar esse desafio, foi proposta a adoção
produto constitui uma importante fonte de recei- de técnicas avançadas, caracterizadas pelo emprego de
ta para o setor agrícola do país. O Brasil é um dos “tecnologias de ponta” (Pozzetti et. al., 2021).
maiores produtores e exportadores globais de café; Inicialmente, durante a Guerra do Vietnã, a empresa
z A cana-de-açúcar tem forte presença na região Monsanto, originalmente uma fabricante de produtos
centro-sul do país. É a principal matéria-prima químicos bélicos, desenvolveu o “agente laranja”, cuja
para a produção de açúcar e etanol em território aplicação foi posteriormente redirecionada para a pro-
verde e amarelo, desempenhando um importante dução de agrotóxicos após o término do conflito. Com o
papel na matriz energética brasileira intuito de preservar seus ganhos financeiros, a Monsan-
to efetuou uma transição para o setor alimentício, con-
Diante desse contexto, uma questão crucial é a centrando-se na fabricação de agrotóxicos e sementes
denominada “Revolução Verde”, um processo que geneticamente modificadas (Pozzetti et. al., 2021).
remonta ao século XX, no período pós-Segunda Guer- Essa estratégia envolveu uma reconfiguração da
ra Mundial. Este período ganhou notoriedade por sua imagem corporativa, juntamente com a propagação
natureza revolucionária, pois testemunhou o ápice da concepção de que a produção em larga escala, com
do desenvolvimento agrícola. Essa transformação foi a aplicação desses produtos, era essencial para mitigar
alcançada por meio de uma série de medidas que pro- a ameaça da fome global. No entanto, críticos susten-
moveram técnicas baseadas na melhoria genética das tam que, apesar de estudos indicarem que a produção
plantas, visando aumentar a produção de alimentos. orgânica seria suficiente para suprir as necessidades
A evolução das práticas durante a revolução efeti- alimentares da população mundial, a Monsanto, por
vamente impulsionou a produção, especialmente de meio de estratégias de marketing, enfatizou a supos-
grãos e cereais. Apesar dos benefícios evidentes na ta imprescindibilidade de agrotóxicos e biotecnologia
época, o processo enfrentou críticas contemporâneas (Pozzetti et. al., 2021).
devido aos seus impactos ambientais e ao processo de A agricultura familiar desempenha um papel
concentração de terras em poucas mãos, marcantes essencial no Brasil, não apenas assegurando a dispo-
nessa evolução. nibilidade de alimentos, mas também impulsionando
As críticas destacavam as preocupações relaciona- o desenvolvimento rural sustentável — uma alternati-
das ao uso excessivo de insumos químicos, à perda de va aos processos insustentáveis. No entanto, a realida-
biodiversidade e aos problemas associados à mono- de enfrentada pelos agricultores familiares é marcada
cultura. Além disso, a concentração de grandes pro- por desafios, como a limitação de área e o baixo valor
priedades de terras nas mãos de poucos proprietários bruto de produção, levando a uma significativa parce-
pode ter efeitos negativos na equidade e na distribui- la desses produtores vivendo em condições de extre-
ção de recursos, tornando-se um ponto de debate rele- ma pobreza. Nesse contexto, a inovação tecnológica
vante no cenário atual. mostra-se crucial, embora a falta de acesso a informa-
Em suma, a Revolução Verde deixou suas marcas ções e à infraestrutura inadequada representem obs-
em termos do volume de produção agrícola, e as refle- táculos significativos (Bittencourt, 2020).
xões sobre modelos mais sustentáveis e equitativos no A necessidade de inserção nos mercados desta-
âmbito social também devem ser observadas. Pode-se ca-se como uma estratégia vital, mesmo diante das
notar a questão sendo levantada por exemplo na pes- adversidades competitivas. A bioeconomia, o Progra-
quisa de Pozzetti et. al. (2021, p. 1-2), ao afirmarem: ma Nacional de Proteção da Agricultura Familiar (Pro-
naf) e a exploração de mercados alternativos, como
A conclusão a que se chegou foi a de que o uso de produtos tradicionais e o “mercado verde”, surgem
agrotóxicos, de forma indiscriminada tem trazido como oportunidades promissoras (Bittencourt, 2020).
inúmeros prejuízos ao meio ambiente, causando Em última análise, a promoção do empreendedoris-
desequilíbrio ambiental e o surgimento de inúme- mo, a busca pela modernização e o acesso a mercados
ras mazelas aos seres que habitam o planeta ter- emergentes são elementos fundamentais para viabilizar
ra; dessa forma, a revolução verde, da forma como a inclusão produtiva da agricultura familiar, superando
está concebida no Brasil, está em desacordo com os desafios estruturais e contribuindo para a transfor-
o Princípio da proibição de Retrocesso Ambiental. mação sustentável desse setor (Bittencourt, 2020).
do à modernização, refletida na expansão das áreas China e Rússia, parceiros brasileiros nos BRICS, são
agricultáveis e na adoção de novas técnicas e insumos hoje vistas como potências rivais aos Estados Uni-
agrícolas. Essa modernização, impulsionada pela vin- dos e países europeus. Mais do que disputas econô-
culação da agropecuária ao capital, resultou em um micas e comerciais, essa rivalidade já se manifesta
considerável aumento da produtividade, destacando por meio de conflitos militares, seja por meio do
o Brasil como líder mundial nesse aspecto (Mariano; apoio às partes beligerantes no conflito sírio, seja
Gigliotti; Santos, 2018). no mais recente embate na Ucrânia. Isso soma-se
A concentração da modernização nas regiões à disputa desses atores por influência na Ásia, Áfri-
Sul, Sudeste e Centro-Oeste, focada na produção de ca ou, até mesmo, na América Latina, limitando a
commodities como soja e cana-de-açúcar, contribuiu capacidade de ação brasileira nessas regiões. (Car-
para que o Brasil se tornasse um dos maiores expor- valho, 2023, p. 138)
tadores de grãos do mundo. Dados do Ministério da
Agricultura indicam um crescimento significativo na
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O governo também destaca medidas voltadas para o campo dos direitos humanos; no primeiro mês do gover-
no Lula III, o país se retirou do Consenso de Genebra, devido ao seu caráter conservador, e aderiu ao Compro-
misso de Santiago e à Declaração do Panamá, que tem como objetivo maior igualdade de gênero. Também adotou
uma postura mais ativa no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH) (Carvalho, 2023).
Dica
Anteriormente citado, o BRICS, é um grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O objetivo
do grupo é promover a cooperação econômica e política entre as nações emergentes.
A participação brasileira no grupo tem destaque em áreas como o comércio internacional e cooperação em
desenvolvimento sustentável
REFERÊNCIAS
CARVALHO, T. Uma política mais estratégica? Perspectivas para a política externa de Lula III. Conjuntura
Austral, [s. l.], v. 14, n. 68, p. 135-149, 2023. DOI: 10.22456/2178-8839.133369. Disponível em: https://seer.ufrgs.
br/index.php/ConjunturaAustral/ article/view/133369. Acesso em: 14 jan. 2024.
SCARLATO, F. C. O espaço industrial brasileiro. In: ROSS, J. L. Geografia do Brasil. 4ª ed. São Paulo: Edusp, 1996.
MARIANO, M. F; GIGLIOTTI, M. S.; SANTOS, A. L. Geografia do Brasil. Londrina: Editora e Distribuidora Edu-
cacional S.A., 2018.
CEPEA, 2023. Disponível em: http://tinyurl.com/42phkhxr. Acesso em: 12 jan. 2023.
O Estado, para ser um Estado constitucional, deve ser um Estado democrático de direito. O Estado brasileiro é
democrático porque é regido por normas democráticas, pela soberania da vontade popular, com eleições livres,
periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo respeito das autoridades públicas aos direitos e garan-
tias fundamentais, refletindo a afirmação dos direitos humanos.
O Estado de direito caracteriza-se pela legalidade, pelo seu sistema de normas pautado na preservação da
segurança jurídica, pela separação dos poderes e pelo reconhecimento e garantia dos direitos fundamentais, bem
como pela necessidade do direito ser respeitoso com as liberdades individuais tuteladas pelo poder público.
Para Moraes (2018), existirá o Estado de direito onde houver a supremacia da legalidade. Ademais, o princípio
democrático exprime fundamentalmente a exigência da integral participação de todos e de cada uma das pessoas
na vida política do país, a fim de garantir o respeito à soberania popular.
O Estado constitucional, portanto, é mais do que o Estado de direito: é, também, o Estado democrático, introduzido
no constitucionalismo como garantia de legitimação e limitação do poder (MORAES, 2018, p. 41).
A constituição promulgada em 05 de outubro de 1988 foi um divisor de águas no sentido de assegurar Direitos
e Garantias Fundamentais em relação ao ponto de vista constitucional.
Já do ponto de vista da Gestão Pública, a Constituição de 1988 é considerada um verdadeiro retrocesso buro-
crático. Vamos entender o porquê dessa expressão.
Após a redemocratização, o governo Sarney — diante de uma democracia incipiente e frágil — e aliado com
seu fraco apoio político, promoveu uma distribuição de cargos públicos entre os seus aliados, como forma de
garantir sustentação política e governabilidade, minimizando assim a transição da ditadura para a democracia.
Para combater esse loteamento dos cargos públicos, a Constituição de 1988 promoveu um surpreendente
engessamento do aparelho estatal, ao estender para toda Administração Pública (Administração Direta e Admi-
nistração Indireta) as mesmas regras burocráticas, tais como: necessidade de concurso público para contratação
de novos servidores e empregados, obrigatoriedade de licitação e centralização administrativa.
Neste sentido, a nova constituição é considerada um retrocesso burocrático sem precedentes, muito devido
aos seguintes fatores:
z perda da autonomia do poder executivo para tratar da estruturação dos órgãos públicos;
z retirou a flexibilidade operacional da Administração Indireta;
z instituiu a obrigatoriedade do Regime Jurídico Único para os servidores civis;
z abandonou o caminho rumo a uma Administração Pública Gerencial.
Na figura abaixo, percebemos que a Constituição de 1988 centralizou as atividades administrativas na esfera
330 federal e, por outro lado, descentralizou o poder político e a arrecadação de recursos.
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Centralização Administrativa
Constituição 1988
Descentralização Política e de recursos
Outro ponto também criticado pela literatura especializada é em relação ao seu conteúdo, extenso e minucio-
so, abrangendo assuntos que seriam mais bem tratados em legislação de nível inferior (Leis complementares e
Leis ordinárias).
No mapa mental abaixo sintetizamos as principais palavras-chave que você deve levar para a sua prova:
Constituição de 1988
Descentralização
Engessamento estatal política
Regime único dos servidores
Em relação ao retrocesso burocrático, a Constituição Federal de 1988 pode ser considerada um grande marco
na busca pelo Estado do bem-estar social, assegurando a todos os cidadãos os famosos direitos e garantias funda-
mentais. O Estado Brasileiro através de uma constituição moderna e pragmática evolui para uma implantação de
políticas públicas que garantisse o mínimo existencial para cada Brasileiro.
Assim, muitas dessas previsões iniciais da Constituição foram alvo da tentativa de mudanças impulsionada
pela reforma da década de 90, cujos alicerces se encontram no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado.
HORA DE PRATICAR!
1. (CESGRANRIO — 2016)
REALIDADE BRASILEIRA
331
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O estado do Sudeste com menor população absoluta é Sobre a matriz energética brasileira, reconhece-se
que, comparada à matriz energética mundial, ela
a) Rio Grande do Sul apresenta
b) São Paulo
c) Rio de Janeiro a) mais equilíbrio, apesar de a participação do petróleo
d) Minas Gerais ultrapassar a média mundial.
e) Espírito Santo b) muito desequilíbrio, por ser mais dependente do
petróleo que a maioria dos países.
2. (CESGRANRIO — 2013) Em janeiro de 2013, o governo c) pouca expressão do setor renovável em relação ao
do Estado de São Paulo sancionou projeto que fecha setor não renovável.
empresas que submetem trabalhadores a condições d) menor representação das fontes de energia limpa.
análogas à escravidão. Essa medida do governo cas- e) participação inexpressiva do álcool combustível.
sa a inscrição no cadastro do ICMS dos estabeleci-
mentos comerciais envolvidos na prática desse crime, 5. (CESGRANRIO — 2016)
seja diretamente, seja no processo de produção, ou
ainda como nos casos de terceirização ilegal. Além Participação do setor informal na Economia Brasileira -
disso, os autuados ficarão impedidos por dez anos de 1950 a 2008 - em % do PIB
exercer o mesmo ramo de atividade econômica.
a) naval
b) têxtil
c) aeronáutico
d) farmacêutico
e) automobilístico
CASTILLO, R. e TREVISAN, L. Racionalidade e controle dos fluxos 6. (CESGRANRIO — 2016) O Atlas Geográfico Escolar do
materiais no território brasileiro: o sistema de monitoramento de IBGE de 2002 apresenta uma classificação de cidades
veículos por satélite no transporte rodoviário de carga. In: Dias, L. e
Silveira, L. (Org.). Redes, sociedades e territórios. Santa Cruz do Sul:
no Brasil, tais como: centros regionais, metrópoles
EDUNISC, p.207. Adaptado.
regionais, metrópoles nacionais e metrópoles globais.
Esse conjunto de fases e escalões referido à logística Sendo assim, com base nesse Atlas, Rio de Janeiro e
do território é conceitualmente denominado Belo Horizonte são cidades classificadas, respectiva-
mente, como:
a) localidade central
b) difusão de inovações a) metrópole global e metrópole regional
c) hinterlândia metropolitana b) metrópole nacional e metrópole regional
d) zona de influência urbana c) metrópole global e metrópole nacional
e) circuito espacial da produção d) metrópole nacional e centro regional
e) metrópole global e centro regional
4. (CESGRANRIO — 2011) Estabelecendo-se uma rela-
ção entre espaço urbano/industrial e problemas
ambientais, um dos desafios a ser enfrentado no
mundo é gerar cada vez mais energia, ampliando a
participação de fontes renováveis e limpas.
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7. (CESGRANRIO — 2016)
a) regiões administrativas
b) centros regionais
c) regiões metropolitanas
d) capitais estaduais
e) regiões de integração
8. (CESGRANRIO — 2013) A economia brasileira cresceu com força no segundo trimestre. Com a ajuda da safra recorde,
a agropecuária foi um dos principais destaques do PIB, com a soja à frente desse desempenho. A previsão do IBGE é
de aumento de 23,7% na quantidade produzida em 2013, para um crescimento de 10,8% da área plantada. Somente
de soja, foram exportadas 17,5 bilhões de toneladas no início do ano. A soja, sozinha, respondeu por 12,6% das expor-
tações totais.
ALMEIDA, C., CARNEIRO, L. e VIEIRA, S. PIB surpreende e cresce 1,5% O Globo, 31 ago. 2013. p. 29. Adaptado
Na fronteira agrícola brasileira, o desempenho dessa produção para a exportação está mais consolidado na agricul-
tura modernizada da região
a) Sul
b) Norte
c) Sudeste
d) Nordeste
e) Centro-Oeste
MAGNOLI, D. e ARAUJO, R. Geografi a geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 1997, p. 239. Adaptado.
a) jardinagem
b) regadio
c) subsistência
d) precisão
e) plantation
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10. (CESGRANRIO — 2012) Um aspecto fundamental da territorialidade humana é que ela tem uma multiplicidade de
expressões, referentes a vários tipos de territórios, com suas particularidades socioculturais. Assim, demandam-se
abordagens etnográficas. No intuito de entender a relação particular que um grupo social mantém com seu território,
uso um conceito definido como os saberes ambientais, ideologias e identidades – coletivamente criados e historica-
mente situados – que um grupo social utiliza para estabelecer e manter seu território.
LITTLE, P. Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade. Série Antropologia, n. 322, 2002, p. 4.
Adaptado.
No texto acima, a definição apresentada por Paul Little corresponde ao seguinte conceito:
a) topofilia
b) topolatria
c) cosmografia
d) regionalidade
e) racionalidade
11. (CESGRANRIO — 2008) O gráfico abaixo compara a quantidade de CO2 emitida entre 1990 e 2006 nos Estados Uni-
dos da América (EUA), China e Europa, além do CO2 acumulado entre 1900 e 2006.
Quais foram as unidades geográficas que mais contribuíram para o efeito estufa per capita no ano 1990, total no ano
de 2006, e total entre 1900 e 2006, respectivamente?
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Maiores contribuições para o efeito estufa
12. (CESGRANRIO — 2011) Durante os mais de trezentos anos de colonização, a América Portuguesa passou por diver-
sas alterações em sua estrutura político-administrativa.
Qual das associações abaixo apresenta a relação entre o evento e a sua causa direta?
13. (CESGRANRIO — 2010) A consciência do viver em colônias manifestou-se em um conjunto de episódios de revolta
ou de tentativa de sublevação – Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana, Conspiração do Rio de Janeiro – os quais,
a despeito de suas particularidades, explicitaram o crescimento de tensões e confrontos entre colonos, colonizado-
res e colonizados, em finais do século XVIII.A consciência do viver em colônias manifestou-se em um conjunto de
episódios de revolta ou de tentativa de sublevação – Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana, Conspiração do Rio
de Janeiro – os quais, a despeito de suas particularidades, explicitaram o crescimento de tensões e confrontos entre
colonos, colonizadores e colonizados, em finais do século XVIII.
PORQUE
A conjuntura de crise que afetara a economia mineradora gerou a estagnação do mercado interno colonial de tal
forma que a Coroa portuguesa, tendo em vista a compensação de sua receita, ampliou a carga tributária sobre a
agroexportação. Analisando as afirmações acima, conclui-se que
14. (CESGRANRIO — 2011) A prosperidade da produção açucareira no Brasil chamou a atenção dos holandeses que, em
1630, invadiram Pernambuco, maior produtor de açúcar da época. Os flamengos passaram então a trabalhar no local,
adquirindo a experiência necessária do cultivo da cana-de-açúcar para, após sua expulsão, poderem utilizar este apren-
dizado, e foi o que aconteceu. Após a expulsão, foram para as Antilhas, onde prosseguiram com a cultura do açúcar,
passando a ser durante os séculos XVII e XVIII, concorrentes do Brasil no abastecimento do mercado europeu.
Quando o açúcar brasileiro perdeu força no mercado internacional, uma nova etapa da economia brasileira vem a se
consolidar.
15. (CESGRANRIO — 2010) “Em agosto de 1820, irrompeu em Portugal uma revolução liberal inspirada nas ideias ilustra-
das. Os revolucionários procuravam enfrentar o momento de profunda crise na vida portuguesa. Crise política (...);
crise econômica (...); crise militar (...). Basta lembrar que, na ausência de D. João, Portugal foi governado por um
conselho de regência presidido pelo marechal inglês Beresford.”
no litoral quanto no interior do país, onde predomina- c) direito de voto para os analfabetos, a partir de 1946.
vam os latifúndios improdutivos. Eram elas a razão d) reconhecimento da liberdade sindical, a partir de
principal da miséria e da submissão da massa rural. 1937.
e) proteção dos direitos indígenas, a partir de 1891.
Necessidades mínimas, como remuneração justa do
trabalho, boa alimentação e saúde, estavam longe de
ser atendidas, o que gerava insegurança e insatisfa-
ção, além de poder resultar, em certas condições, em
fatores de revoltas violentas contra o poder oligárqui-
co. Foi o que aconteceu em diferentes regiões entre
as últimas décadas do Império e as primeiras déca-
das da República. Bandos de cangaceiros irrompiam
no sertão, assaltando propriedades dos coronéis, 337
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23. (CESGRANRIO — 2011) O ano de 1961 marcou para o De acordo com a interpretação reproduzida acima,
movimento sindical nacional, segundo líderes operários, o principal motivo da mobilização dos militares bra-
uma transformação sensível, principalmente pelo apro- sileiros para destituir o presidente João Goulart em
fundamento das divergências existentes entre os dirigen- 1964 teria sido a percepção de que a
tes sindicais de esquerda (comunistas e não comunistas)
e do chamado grupo democrata, com resultados mais a) corrupção no Poder Executivo atingira um nível
favoráveis para os primeiros pela falta de penetração que alarmante.
os do grupo ‘democrata’ tem na massa de trabalhadores. b) quebra da hierarquia militar era estimulada pelo
presidente.
Diário Carioca, Rio de Janeiro, 3 jan.1962. c) solidez da família cristã estava sob ameaça de disso-
lução pelo ateísmo.
O início da década de 1960 foi extremamente contur- d) articulação de uma revolução comunista tinha apoio
bado para a política no Brasil. do governo federal.
e) mobilização popular contra Jango dava respaldo a
Do ponto de vista do movimento sindical, a transfor- uma intervenção militar.
mação citada na reportagem foi resultado da
26. (CESGRANRIO — 2014) A ditadura militar teve a dura-
a) morte do presidente Getúlio Vargas ção de 21 anos, de 31 de março de 1964 a 15 de mar-
b) campanha pela legalização do Partido Comunista ço de 1985. [...] Foi o mais longo período de supressão
c) articulação para a criação do Comando Geral dos Tra- das liberdades políticas na história republicana do
balhadores (CGT) Brasil.
d) tentativa de impedir a posse do presidente Juscelino
Kubitschek Revista Atualidades. São Paulo: Abril, edição 18, 2o sem. 2013,
e) organização de greves e mobilizações conhecidas p.110.
como “Panela Vazia”
O ano de 1968 foi um ano emblemático desse período
24. (CESGRANRIO — 2014) Juscelino Kubitschek chegou porque nesse ano aconteceu o seguinte conjunto de
à Presidência da República do Brasil com a promessa episódios:
de realizar nos 5 anos de mandato aquilo que, segun-
do ele, outros governantes levariam 50 anos para
a) a extinção dos partidos políticos, a decretação do
realizar. Para isso, ele instituiu um conjunto de medi-
AI-1 e a posse de Castelo Branco
das destinado a promover, a partir de vultosos inves-
b) a posse do presidente Costa e Silva, a decretação do
timentos, a dinamização da economia nas áreas de
energia, transporte, indústria, educação e alimentos. AI-2 e o sequestro do embaixador dos EUA
c) a posse do general Geisel, o início da abertura lenta e
gradual e o atentado ao Riocentro
Esse conjunto de medidas consta do
d) a Marcha dos Cem Mil, o fechamento do Congresso e
a decretação do AI-5
a) Plano Trienal, que se construiu com base numa visão
marxista. e) o fim do milagre econômico brasileiro, a posse do
b) Plano Real, que se construiu com base numa visão General Médici e a decretação do AI-5
neoliberal.
c) Plano de Metas, que se construiu com base numa 27. (CESGRANRIO — 2012) A vitória dos aliados na
visão desenvolvimentista. Segunda Guerra Mundial fez a democracia retornar
d) Plano de Integração Nacional, que se construiu com a muitos governos derrotados, incluindo a Alemanha
base numa visão liberal. Ocidental e o Japão. O começo do fim do domínio
e) Programa de Aceleração do Crescimento, que se colonial levou a democracia a algumas nações da
construiu com base numa visão estruturalista. África e de outros lugares. Alguns países latino-ame-
ricanos, inclusive o Brasil, com o fim da era Vargas,
25. (CESGRANRIO — 2011) Analise o depoimento do constituíram democracias limitadas e instáveis. Nes-
general Osvaldo Cordeiro de Farias, que foi ministro sa onda democrática, o Brasil passou por um período
do Governo Castelo Branco, acerca das causas do de grandes transformações.
golpe civil-militar de 1964.
Embora não se possa falar de uma liberdade ple-
Havia uma mentalidade revolucionária! Jango, nos últi- na, houve intensa efervescência política entre 1946
mos dias de seu governo, fez tudo o que era preciso e 1964. Multiplicaram-se os movimentos sociais e
para levantar o Exército contra ele, com as atitudes que a participação organizada de diferentes setores da
tomou. Em primeiro lugar, a rebeldia dos marinheiros. sociedade passou a ecoar na atividade política.
Oficiais da Marinha, naquele dia, procuraram-me em
prantos, chocados com a subversão hierárquica. Em BRYM, Robert J. et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo
seguida, o Comício da Central e a reunião de Jango com São Paulo: Thomson Learning, 2006, p.342. Adaptado
os sargentos, no Automóvel Clube. [...] A indignação
militar era enorme! [...] Quem fez a revolução militar não Alguns cientistas sociais consideram a existência de
fomos nós, foi Jango, com sua política, com suas atitu- algumas “ondas democráticas” importantes na histó-
des. Não há exagero nenhum nisso. Ele colocou o Exér- ria mundial. Uma dessas “ondas” inicia-se com o fim
cito num dilema trágico: rendição à anarquia ou reação! da Segunda Guerra Mundial, conforme apresentado
no texto.
CAMARGO, Aspásia; GÓES, Walder de (orgs.). Meio século de
combate: diálogo com Cordeiro de Farias. Rio de Janeiro: Nova Um exemplo marcante desse contexto no Brasil é
Fronteira, 1981. Adaptado. representado por
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a) greves de metalúrgicos na região industrial chamada 29. (CESGRANRIO — 2010) Nas cidades gregas da Anti-
“ABC paulista” guidade, a democracia limitava-se à minoria da popu-
b) movimento pela reforma agrária no Sudeste, chama- lação. Os escravos e as mulheres não tinham direitos
do de “Ligas Camponesas” políticos. Além disso, só aqueles que nasciam na
c) campanha em defesa da nacionalização do petróleo, cidade de Atenas podiam ser cidadãos.
chamada “O petróleo é nosso”
d) criação de novos partidos políticos, inclusive o cha- De acordo com a Constituição Brasileira de1988,
mado “Partido dos Trabalhadores” quem NÃO pode votar no Brasil atualmente são os
e) manifestação em defesa do ensino de horário integral,
chamada “Pelo horário integral no ensino público” a) maiores de 70 anos.
b) maiores de dezesseis anos.
28. (CESGRANRIO — 2011) c) estrangeiros naturalizados.
d) analfabetos.
e) que estão cumprindo o serviço militar obrigatório.
1 E
2 B
3 E
4 A
5 C
6 C
7 C
8 E
9 E
10 C
11 A
12 C
13 C
14 E
15 B
16 D
17 A
18 E
19 B
20 D
21 B
22 A
23 C
24 C
25 B
26 D
27 C
28 E
29 E
30 E
ANOTAÇÕES
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