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a solução para o seu concurso!

SME-SP
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DA
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Professor de Ensino Fundamental


II e Médio - Ciências

EDITAL Nº 01/2022

CÓD: SL-046ST-22
7908433226819
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Concepção de linguagem verbal em seu processo de interlocução e sua relação com todas as áreas de conhecimento.
quanto ao domínio das capacidades de leitura e de escrita para os diferentes gêneros e práticas sociais ............................... 7
2. Uso da variedade culta da língua escrita para a produção de texto.................................................................................................. 22
3. Leitura e compreensão de texto................................................................................................................................................. 25

Conhecimentos Específicos
Professor de Ensino Fundamental II e Médio - Ciências
1. Matéria, Energia e suas Transformações: Propriedade dos materiais; Transformação química: formação de novos materiais e
substâncias; Mudanças de estados físicos da matéria................................................................................................................. 33
2. Composição e permeabilidade do solo;...................................................................................................................................... 43
3. Fotossíntese e respiração celular; .............................................................................................................................................. 44
4. Decomposição; .......................................................................................................................................................................... 45
5. Fluxo de energia e matéria nos ecossistemas; ........................................................................................................................... 45
6. Máquinas térmicas e equilíbrio termodinâmico; ........................................................................................................................ 46
7. Ondas: luz e som; ......................................................................................................................................................................... 47
8. Elementos químicos.................................................................................................................................................................... 72
9. Átomos e estrutura da matéria; Transformação química em termos de recombinação de átomos; ........................................ 77
10. Eletricidade e matriz energética; Magnetismo; Eletromagnetismo. .......................................................................................... 82
11. Cosmos, Espaço e Tempo: Formação de rochas e solos; Estrutura geológica da Terra; Dia, noite e fases da Lua; Propriedades
e escalas dos corpos no sistema solar; Eclipses, marés e estações do ano; Medidas de tempo; Velocidade; Clima e previsão
do tempo; Efeito estufa e camada de ozônio; Origem do Universo e da Terra; Gravidade; Exploração do espaço pelo ser
humano. ..................................................................................................................................................................................... 94
12. Vida, Ambiente e Saúde: Célula como unidade da vida; Adaptações dos vegetais ao solo; Relação presa predador e dinâmica
populacional; Digestão, respiração, circulação e excreção em diversos seres vivos; Locomoção e sistemas locomotores
em diversos seres vivos; Reprodução em diversos seres vivos; Adaptação; Sistema endócrino e puberdade; Identidade de
gênero e orientação sexual; Drogas, sistema nervoso e órgãos sensoriais; Origem da vida na Terra; ........................................ 99
13. Alimentação humana: valores nutricionais, conservação de alimentos e dietas; ...................................................................... 102
14. Biodiversidade;............................................................................................................................................................................ 109
15. Sistema imunológico e vacinas; Vacinação e saúde pública; ...................................................................................................... 109
16. Hereditariedade, seleção natural e processos evolutivos. ......................................................................................................... 110
17. Estrutura e construção de Sequências de Ensino Investigativo; .................................................................................................. 132
18. Uso de práticas científicas como aspectos primordiais na construção e proposição de conhecimentos nas ciências; .............. 133
19. Promoção da alfabetização científica nos estudantes; ............................................................................................................... 134
20. Contextualização social, cultural e histórica................................................................................................................................ 134

Conhecimentos Pedagógicos - Currículos e Orientações Didáticas


1. São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: Ensino Fundamental:
componente curricular: Ciências da Natureza. – 2.ed - São Paulo: SME / COPED, 2019............................................................. 137
2. São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: Educação de Jovens e
Adultos: Ciências Naturais– São Paulo: SME / COPED, 2019....................................................................................................... 142
3. São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Orientações didáticas do currículo da cidade:
Ciências Naturais. – 2.ed. – São Paulo: SME / COPED, 2019........................................................................................................ 142

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ÍNDICE

Referência bibliográfica - Conhecimentos Específicos


1. Carvalho, Anna Maria Pessoa de. (Org.). Ensino de Ciências por Investigação: condições para implementação em sala de aula.
São Paulo: Cengage Learning, 2013.............................................................................................................................................. 145
2. Sasseron, Lúcia Helena; MACHADO, V.F. Alfabetização Científica na Prática: Inovando a Forma de Ensinar Física. São Paulo:
Livraria da Física. 1ª Edição, 2017 ................................................................................................................................................ 145
3. Sonia M. Vanzella Castellar. 1. ed.Metodologias ativas : introdução / organizadora São Paulo : FTD, 2016................................. 146

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,


fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM VERBAL EM SEU PROCESSO
DE INTERLOCUÇÃO E SUA RELAÇÃO COM TODAS AS
ÁREAS DE CONHECIMENTO. QUANTO AO DOMÍNIO
DAS CAPACIDADES DE LEITURA E DE ESCRITA PARA OS
DIFERENTES GÊNEROS E PRÁTICAS SOCIAIS .

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro. verbal com a não-verbal.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos


identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
damos a este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso
e, por fim, uma leitura interpretativa. o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e
É muito importante que você: nunca extrapole a visão dele.
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo; IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
ortográficas, gramaticais e interpretativas; tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
polêmicos; significativo, que é o texto.
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
Dicas para interpretar um texto: o assunto que será tratado no texto.
– Leia lentamente o texto todo. Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
– Sublinhe as ideias mais importantes. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
principal e das ideias secundárias do texto. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
– Separe fatos de opiniões. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
mutável).
CACHORROS
– Retorne ao texto sempre que necessário.
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
enunciados das questões. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
– Reescreva o conteúdo lido. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
tópicos ou esquemas. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas outro e a parceria deu certo.
são uma distração, mas também um aprendizado. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela As informações que se relacionam com o tema chamamos de
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
do texto. ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
apresentadas na prova. capaz de identificar o tema do texto!

Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
cundarias/

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LÍNGUA PORTUGUESA
IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM Ironia dramática (ou satírica)
TEXTOS VARIADOS A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que
Ironia tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
Ironia  é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
novo sentido, gerando um efeito de humor. da narrativa.
Exemplo: Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia de situação NERO EM QUE SE INSCREVE
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que principal. Compreender relações semânticas é uma competência
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
morte. Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Busca de sentidos tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
apreensão do conteúdo exposto. curto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
citadas ou apresentando novos conceitos. nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas como horas ou mesmo minutos.
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
Importância da interpretação imagens.
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
específicos, aprimora a escrita. que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- vencer o leitor a concordar com ele.
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de de destaque sobre algum assunto de interesse.
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen- Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es- za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para berdade para quem recebe a informação.
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Fato
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
Diferença entre compreensão e interpretação ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do Exemplo de fato:
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- A mãe foi viajar.
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
leitor tira conclusões subjetivas do texto. Interpretação
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Gêneros Discursivos quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- sas, previmos suas consequências.
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- ças sejam detectáveis.
dárias.
Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente
tro país.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única
do que com a filha.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho.
Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a que fazemos do fato.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O

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LÍNGUA PORTUGUESA
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên- Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto-
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais. ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe-
ríodo, e o tópico que o antecede.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
anteriores: ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- para a clareza do texto.
tro país. Ela tomou uma decisão acertada. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
do que com a filha. Ela foi egoísta. vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
sem coerência.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
mos expressando nosso julgamento. mais direto.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando NÍVEIS DE LINGUAGEM
analisamos um texto dissertativo.
Definição de linguagem
Exemplo: Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
com o sofrimento da filha. gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
e o do leitor.
e caem em desuso.
Parágrafo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é Língua escrita e língua falada
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela-
ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
sentada na introdução.
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- Linguagem popular e linguagem culta
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria o diálogo é usado para representar a língua falada.
prova.
Linguagem Popular ou Coloquial
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- expressão dos esta dos emocionais etc.
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Culta ou Padrão Exemplo:
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que Era uma casa muito engraçada
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- Não tinha teto, não tinha nada
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- Ninguém podia entrar nela, não
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem Porque na casa não tinha chão
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Ninguém podia dormir na rede
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Porque na casa não tinha parede
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- Ninguém podia fazer pipi
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Gíria Na rua dos bobos, número zero
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como (Vinícius de Moraes)
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os comportamentos, nas leis jurídicas.
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário Características principais:
de pequenos grupos ou cair em desuso. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
“mina”, “tipo assim”. do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
Linguagem vulgar
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
Exemplo:
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
comida”.
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
Linguagem regional
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
perior para formação de oficiais.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Tipo textual expositivo
Tipos e genêros textuais
A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem
discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e
pode ser expositiva ou argumentativa.
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás-
sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou
neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
Tipo textual descritivo
• O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
mar.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma
• Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto,
• Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
um movimento etc.
de ponto de vista.
Características principais:
• Apresenta linguagem clara e imparcial.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
Exemplo:
caracterizadora.
O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu-
questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
meração.
pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• A noção temporal é normalmente estática.
terminado tema.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini-
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
ção.
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo.
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún-
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipo textual dissertativo-argumentativo GÊNEROS TEXTUAIS
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur- Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in- dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são
(leitor ou ouvinte). passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser-
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela
Características principais: que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento textuais que neles predominam.
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho Tipo Textual Gêneros Textuais
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, Predominante
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
gestão/solução). Descritivo Diário
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações Relatos (viagens, históricos,
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente etc.)
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e Biografia e autobiografia
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Notícia
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Currículo
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Lista de compras
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Cardápio
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o Anúncios de classificados
desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro- Injuntivo Receita culinária
deios. Bula de remédio
Manual de instruções
Exemplo: Regulamento
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Textos prescritivos
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
administração política (tese), porque a força governamental certa- Expositivo Seminários
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Palestras
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Conferências
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Entrevistas
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Trabalhos acadêmicos
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Enciclopédia
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Verbetes de dicionários
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Dissertativo- Editorial Jornalístico
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o argumentativo Carta de opinião
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Resenha
cobrança efetiva (conclusão). Artigo
Ensaio
Tipo textual narrativo Monografia, dissertação de
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta mestrado e tese de doutorado
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Narrativo Romance
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Novela
Crônica
Características principais: Contos de Fada
• O tempo verbal predominante é o passado. Fábula
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Lendas
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo:
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se.
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni-
rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Nelson S. Oliveira

Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684

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LÍNGUA PORTUGUESA
ARGUMENTAÇÃO se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
texto diz e faça o que ele propõe. mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo entender bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
de linguagem. Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e Tipos de Argumento
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse argumento. Exemplo:
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que Argumento de Autoridade
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
enunciador está propondo. texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. verdadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas conhecimento. Nunca o inverso.
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais
Então: C é igual a B. importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo.
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
que C é igual a A. acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior
Logo, a vaca é um mamífero. número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
também será verdadeira. largo uso do argumento de quantidade.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento do Consenso socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de médico:
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as por bem determinar o internamento do governador pelo período
frases carentes de qualquer base científica. de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
Argumento de Existência alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar hospital por três dias.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o Como dissemos antes, todo texto tem uma função
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
mão do que dois voando”. para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
navios, etc., ganhava credibilidade. episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
não outras, etc. Veja:
Argumento quase lógico “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa trocavam abraços afetuosos.”
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
provável. amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente,
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais meio ambiente, injustiça, corrupção).
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
indevidas. um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
Argumento do Atributo o argumento.
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
que é mais grosseiro, etc. exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o outros à sua dependência política e econômica”.
consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
da celebridade. A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos
competência linguística. A utilização da variante culta e formal na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística assunto, etc).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas sociedade.
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. dedução.
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
pensamento e seu comportamento. da verdade:
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão - evidência;
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia - divisão ou análise;
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo - ordem ou dedução;
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não - enumeração.
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares,
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
inflexão de voz, a mímica e até o choro. e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor A forma de argumentação mais empregada na redação
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, alguns não caracteriza a universalidade.
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se
fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva
vista. à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais,
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. para o efeito. Exemplo:
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, Fulano é homem (premissa menor = particular)
a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, Logo, Fulano é mortal (conclusão)
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase
desenvolver as seguintes habilidades: em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso,
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O
totalmente contrária; percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O calor dilata o ferro (particular)
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria O calor dilata o bronze (particular)
contra a argumentação proposta; O calor dilata o cobre (particular)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação O ferro, o bronze, o cobre são metais
oposta. Logo, o calor dilata metais (geral, universal)

A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição

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inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar dos elementos que farão parte do texto.
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
- Lógico, concordo. experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
- Claro que não! constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
Exemplos de sofismas: as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
Indução menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. são empregados de modo mais ou menos convencional. A
(particular) classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é
– conclusão falsa) artificial.

Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores; canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- sabiá, torradeira.
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
“simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
sentimentos não ditados pela razão. Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação Os elementos desta lista foram classificados por ordem
da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
sistematizar a pesquisa. classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, os pontos de vista sobre ele.
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
relógio estaria reconstruído. linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
ser assim relacionadas: palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:

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- o termo a ser definido; indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que
- o gênero ou espécie; o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
- a diferença específica. a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
O que distingue o termo definido de outros elementos da argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
mesma espécie. Exemplo: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
Elemento especiediferença os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela
a ser definidoespecífica apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta assim, desse ponto de vista.
ou instalação”; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
expandida;d uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
diferenças). menos que, melhor que, pior que.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
palavra e seus significados. afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
fundamentação coerente e adequada. tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas Nesse caso, incluem-se
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, mortal, aspira à imortalidade);
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar postulados e axiomas);
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por

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- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda argumento básico;
que parece absurdo). - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados menos a seguinte:
concretos, estatísticos ou documentais.
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação Introdução
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: - função social da ciência e da tecnologia;
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - definições de ciência e tecnologia;
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, Desenvolvimento
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que - apresentação de aspectos positivos e negativos do
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na desenvolvimento tecnológico;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- condições de vida no mundo atual;
argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
argumentação: tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação países subdesenvolvidos;
demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
cordeiro”; passado; apontar semelhanças e diferenças;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga urbanos;
verdadeira; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento mais a sociedade.
à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
universalidade da afirmação; Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/
consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de consequências maléficas;
autoridade que contrariam a afirmação apresentada; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em apresentados.
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por redação: é um dos possíveis.
meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois INTERTEXTUALIDADE
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados que ela é inserida.
para a elaboração de um Plano de Redação. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
tecnológica a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
resposta, justificar, criando um argumento básico; textos caracterizada por um citar o outro.
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
(rever tipos de argumentação); – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
consequência); um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
argumento básico;

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Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com Pastiche é uma recorrência a um gênero.
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao a recriação de um texto.
ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos comum ao produtor e ao receptor de textos.
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido daquela citação ou alusão em questão.
ou lido.
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
Tipos de Intertextualidade A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
A intertextualidade acontece quando há uma referência implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a A intertextualidade explícita:
intertextualidade. – é facilmente identificada pelos leitores;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando – não exige que haja dedução por parte do leitor;
as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. – apenas apela à compreensão do conteúdos.

Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do A intertextualidade implícita:


texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, – não é facilmente identificada pelos leitores;
reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
com outras palavras o que já foi dito. – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros parte dos leitores;
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. a compreensão do conteúdo.
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma PONTO DE VISTA
reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
narrador-observador e o narrador-personagem.
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que Primeira pessoa
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
só descobrimos ao decorrer da história.
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem Segunda pessoa
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o sinta quase como outro personagem que participa da história.
termo “citação” (citare) significa convocar.

A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros


textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas USO DA VARIEDADE CULTA DA LÍNGUA ESCRITA PARA A
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa PRODUÇÃO DE TEXTO
em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
disse.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será A Linguagem Culta ou Padrão
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes-
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela
acompanhando a leitura não fique confuso. obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na lin-
guagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais
Coerência artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem.
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
outra”). A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa-
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou-
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola
elementos formativos de um texto. e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo
elementos textuais. ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante variedades linguísticas.
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo- Certas palavras e construções que empregamos acabam de-
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e,
imediato a coerência de um discurso. às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso
da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa-
A coerência: cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas,
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te-
tual; levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem:
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou
o aspecto global do texto; profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do-
Coesão mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes-
ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática, ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
tem-se a coesão lexical. gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala- participamos.
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos A norma culta é responsável por representar as práticas lin-
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo- guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos
nentes do texto. formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati-
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza-
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados ção, maior a adequação com a língua padrão.
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
A coesão: Exemplo:
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial; conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao
componentes do texto; movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem
se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun-
ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Popular ou Coloquial Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mos- principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também
tra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas reco-
vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; mendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida.
barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; ca-
cofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bici-
coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A lin- cleta.
guagem popular está presente nas conversas familiares ou entre
amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e audi- “Para mim” ou “para eu”
tório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc. Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase
com um verbo, deve usar “para eu”.
Dúvidas mais comuns da norma culta Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para
eu curtir as fotos dele.
Perca ou perda
Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara “Tem” ou “têm”
que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra- Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo
ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo. “ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo
no plural.
Embaixo ou em baixo Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de
O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continua- mudança.
rei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais
são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está “Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos
embaixo da cama atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que
Ver ou vir ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções: Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O
Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das romance começou muito tempo atrás.
frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás,
ficar de castigo! de Raul Seixas, está incorreta.

Onde ou aonde VARIAÇÃO LINGUÍSTICA


Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está? É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas,
Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi- como na linguagem regional. Elas  reúnem as variantes da língua
ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Fica? Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó-
ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
Como escrever o dinheiro por extenso? Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os
Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al- seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se
garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100 que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes-
R$ 1400,00 ou R$ 1400. mo significado dentro de um mesmo contexto.
As variações que distinguem uma variante de outra se mani-
Obrigado ou obrigada festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico,
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao sintático e lexical.
agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer
obrigada. Variações Morfológicas
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en-
Mal ou mau tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a – uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. -versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o
Mau é o adjetivo contrário de bom. champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad-
“Vir”, “Ver” e “Vier” jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro
A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas indicado, as noite fria, os caso mais comum.
situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é, – o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o
por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”. Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver- eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que
bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”. ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o
“Ao invés de” ou “em vez de” superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem
“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo),
para expressar oposição. uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan-
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda. te (em vez de possantíssimo).

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– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula- – a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
o recado, quando ele repor (repuser). gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: Esse amigo é um carinha maior esforçado.
vareia (varia), negoceia (negocia).
Designações das Variantes Lexicais:
Variações Fônicas – Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala- bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa-
vra. Entre esses casos, podemos citar: va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supim-
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- pa.
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de – Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria-
pessoas de baixa condição social. das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A
– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das na computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, prin-
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande tar.
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): – Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma
– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social. linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas
– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo.
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida-
hoje frequentes na fala caipira. de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações
– a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma- básicas).
relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem – Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como
oral coloquial. a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é no-
Variações Sintáticas tícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, barriga.
como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va- – Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser
riante e outra. Como exemplo, podemos citar: entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida-
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar).
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com – Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro:
o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista).
dele (em vez de cuja família eu já conhecia). – Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de
– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal,
se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com arruinou-se).
você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz
me irrita. Tipos de Variação
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che- As variações mais importantes, são as seguintes:
gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se- – Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com
mana muitos alunos; Comentou-se os episódios. certa facilidade.
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não – Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão características da pronúncia de uma determinada região dá-se o
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque
e ele. gaúcho etc.
– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de – De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns-
“o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de
– a ausência da preposição adequada antes do pronome relati- falar compatível com determinada situação é incompatível com
vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: outra
de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) – Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com
eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio. o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti-
do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.
Variações Léxicas
Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do
léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri- LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTO
zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
plos possíveis de citar:
– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi
vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a abordado em tópicos anteriores.
lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil
chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por-
tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno
almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de
suéter, malha, camiseta.

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(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo
QUESTÕES poder do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre
o corpo dos supliciados.
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela
um campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer
1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é controle e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO sua organização em delinqüência.
se fundamenta em intertextualidade é:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido 6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR –
há muito tempo.” 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se (A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
mete onde não é chamada.” extraordinária de imitar vários estilos musicais.
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente (B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar
mesmo!” sentimentos pessoais por meio de sua música.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
tudo bem.” composições do músico na cultura ocidental.
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compositor
termina em uma cena de reconciliação entre os personagens.
2. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
alternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”. 7. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
(C) “sérios”, “potência”, “após”. padrão na seguinte sentença:
(D) “Goiás”, “já”, “vários”. (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(E) “solidária”, “área”, “após”. (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
3. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
ADMINISTRATIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
objetivo exclusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada
com esse objetivo é a seguinte: 8. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(A) pôr. DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(B) ilhéu. pontuação em:
(C) sábio. (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos
(D) também. convidados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(E) lâmpada. (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu
sorrateiramente pela porta?
4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras: tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem
vermelho. muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, os irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
infra-assinado. (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. arrependeria. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
contrarregra.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- 9. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está
mencionado. inteiramente correta a pontuação do seguinte período:
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de pequenas
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente providências que, tomadas por figurantes aparentemente sem
empregadas e grafadas. importância, ditam o rumo de toda a história.
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
poder de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
qualquer excesso e violência. providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser importância, ditam o rumo de toda a história.
exatamente nem juízes, nem professores, nem contramestres, (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
nem suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
tudo isso, num modo de intervenção específico. providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o sem importância, ditam o rumo de toda a história.
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revolta pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
que ambos possam suscitar. providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
importância, ditam o rumo de toda a história.

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(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, 16. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de pequenas 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está
providências, que tomadas por figurantes, aparentemente, correta.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
10. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) – (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo 35% deles fosse despejado em aterros.
mesmo processo de formação é: (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso; (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer; de lixo.
(C) deslealdade, colunista, incrível;
(D) anoitecer, festeiro, infeliz; 17. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012)
(E) reeducação, dignidade, enriquecer. Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
de concordância no texto abaixo.
11. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação lucratividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a favoráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores
palavra primitiva foi formada respectivamente é: reais, deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação Amplo (IPCA), as receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica
parassintética (en + trist + ecer); (IRPJ), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(en + triste + cer); (Cofins). O crescimento da massa de salários fez aumentar a
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e a receita
parassintética (en + trist + ecer); de tributação sobre a folha da previdência social. Não menos
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação relevantes foram os elevados ganhos de capital, responsáveis
prefixal (des + entristecer); pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintética (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
(des + entristecer). plural em “deflacionados”.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
12. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – em “Elevaram-se”.
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
formada por derivação: regras de concordância com “economia”.
(A) parassintética; (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
(B) prefixal; singular em “fez aumentar”.
(C) sufixal; (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
(D) imprópria; com “relevantes”.
(E) regressiva.
18. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamente
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) pronome; (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(B) adjetivo; (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) advérbio; (C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) substantivo; (D) Ele gosta de bife à cavalo.
(E) preposição.
19. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-
(A) Pronome demonstrativo. se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
(B) Pronome relativo. locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
(C) Pronome possessivo. marcada com o acento, EXCETO em:
(D) Pronome pessoal. (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
(E) Pronome indefinido. (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
eleitorado pelo resultado final.
15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, (C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de (D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolúvel.
trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos (E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o
sublinhados classificam-se, respectivamente, em sistema.
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.

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20. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração 25. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No
e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são
um (a): classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças “Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia,
americanas, entre na fila.” mas nunca à custa de nossos filhos...”
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e (A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada
subordinadas. sindética adversativa;
(B) Período, composto por três orações. (B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética
(C) Oração, pois possui sentido completo. explicativa;
(D) Período, pois é composto por frases e orações. (C) subordinada adverbial conformativa e subordinada
adverbial concessiva;
21. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS (D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada
– 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e sindética adversativa;
não dormiu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a (E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial
segunda oração. concessiva.
(A) Oração coordenada assindética aditiva.
(B) Oração coordenada sindética aditiva. 26. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No
(C) Oração coordenada sindética adversativa. período “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve
(D) Oração coordenada sindética explicativa. um governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar
(E) Oração coordenada sindética alternativa. a história.”, a oração sublinhada é classificada como:
(A) coordenada assindética;
22. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia (B) subordinada substantiva completiva nominal;
a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer (C) subordinada substantiva objetiva indireta;
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas (D) subordinada substantiva apositiva.
orações.
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada Leia o texto abaixo para responder a questão.
adversativa. A lama que ainda suja o Brasil
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva. Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada
aditiva. A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasileira:
consecutiva. a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de um
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio Doce,
adverbial consecutiva. o governo federal ainda não apresentou um plano de recuperação
efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tampouco a
23. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela anglo-
Analise sintaticamente a oração em destaque: australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplicação da
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de que ela
recompensados” (Machado de Assis). será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha profunda
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
(B) oração subordinada adverbial causal. coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
(D) oração coordenada sindética conclusiva. se tornou uma bomba relógio na região.”
(E) oração coordenada sindética explicativa. Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segundo
24. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
ADMINISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de barragens de mineração em todo o País apresentam condições
ser um processo de observação cristalina para assumir um discurso de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar
de políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
quase nada retratam as necessidades de populações distintas.”. Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
(A) subordinada substantiva predicativa; tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco
(B) subordinada adjetiva restritiva; regulatório da mineração, por sua vez, também concede prioridade
(C) subordinada substantiva subjetiva; à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
(D) subordinada substantiva objetiva direta; judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
(E) subordinada adjetiva explicativa. Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA
MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL

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27. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo
fato. o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
gênero textual editorial. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
que se trata de uma reportagem. costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
se trata de um editorial. orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
Analise as assertivas e responda: isto uma cor poética. E dizia a agulha:
(A) Somente a I é correta. — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
(B) Somente a II é incorreta. Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
(C) Somente a III é correta que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
(D) A III e IV são corretas. e acima…
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
28. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
ainda suja o Brasil”: o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E
no desenvolvimento do assunto. era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
problemas no uso de conjunções e preposições. costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
de palavras e da ordem sintática. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
temática e bom uso dos recursos coesivos. dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
Analise as assertivas e responda: alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
(A) Somente a I é correta. perguntou-lhe:
(B) Somente a II é incorreta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(C) Somente a III é correta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
(D) Somente a IV é correta. vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Leia o texto abaixo para responder as questões. Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça
UM APÓLOGO grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: —
Machado de Assis. Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda fico.
enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? Contei esta história a um professor de melancolia, que me
— Deixe-me, senhora. disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está a muita linha ordinária!
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça. 29. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Assis e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem personagens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual,
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos indique a opção em que a fala não é compatível com a associação
outros. entre os elementos dos textos:
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?

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LÍNGUA PORTUGUESA
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda 33. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberdades
enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a nossa
(L.02) Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. acima, na ordem dada, as expressões:
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06) (A) a que – de que;
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, (B) de que – com que;
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço (C) a cujas – de cujos;
e mando...” (L.14-15) (D) à que – em que;
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (E) em que – aos quais.
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando 34. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
abaixo e acima.” (L.25-26) Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela (A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. fecha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
Onde me espetam, fico.” (L.40-41) maior taxa registrada na última década.
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
30. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
outros valores semânticos além da noção de dimensão, como conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
afetividade, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
afirmar que os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas em que atingimos um bom superávit em conta-corrente,
“unidinha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: em que se revela queda no desemprego e até se anuncia a
(A) dimensão e pejoratividade; ampliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta
(B) afetividade e intensidade; de novas fontes de petróleo.
(C) afetividade e dimensão; (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
(D) intensidade e dimensão; percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuída
(E) pejoratividade e afetividade. a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação
menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
31. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
comum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
alternativa cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
expressividade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado. um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa que o do Brasil.
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 35. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
Agulha não tem cabeça.” (L.06) 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem,
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um o seguinte par de palavras:
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) (A) estrondo – ruído;
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha (B) pescador – trabalhador;
ordinária!” (L.43) (C) pista – aeroporto;
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?” (D) piloto – comissário;
(L.25) (E) aeronave – jatinho.

32. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo 36. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
presente no texto: sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação tem como antônimo:
equânime em ambientes coletivos de trabalho; (A) fortuna;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação (B) opulência;
equânime em ambientes coletivos de trabalho; (C) riqueza;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, (D) escassez;
cada sujeito possui atribuições próprias. (E) abundância.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente coletivo
de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do sujeito. 37. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA –
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, 2019)
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto
afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício
destinado ao presidente do Congresso Nacional é
(A) Senhor Presidente.
(B) Excelentíssimo Senhor Presidente.
(C) Presidente.
(D) Excelentíssimo Presidente.
(E) Excelentíssimo Senhor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
38. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR 41. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018)
ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 ) Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da
Referente à aplicação de elementos de gramática à redação língua. Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que
oficial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática fundamentem esses usos.
e têm várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3:
a pontuação que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar 1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de
ênfase ao que se quer dizer. Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem.
(A) Dois-pontos. 2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª
(B) Ponto-e-vírgula. Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime.
(C) Ponto-de-interrogação. 3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um
(D) Ponto-de-exclamação. relacionamento difícil com a mãe e teria discutido com ela
momentos antes de desferir os golpes.
39. (UNIR - TÉCNICO DE LABORATÓRIO - ANÁLISES CLÍNICAS-
AOCP – 2018)  INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso
Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o da vírgula em cada frase.
Poder Público redige atos normativos e comunicações. Em relação ( ) Para destacar deslocamento de termos.
à redação de documentos oficiais, julgue, como VERDADEIRO ou ( ) Para separar adjuntos adverbiais.
FALSO, os itens a seguir. ( ) Para indicar um aposto.
A língua tem por objetivo a comunicação. Alguns elementos A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
são necessários para a comunicação: a) emissor, b) receptor, c) (A) 1 – 2 – 3.
conteúdo, d) código, e) meio de circulação, f) situação comunicativa. (B) 2 – 1 – 3.
Com relação à redação oficial, o emissor é o Serviço Público (C) 3 – 1 – 2.
(Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção). O (D) 3 – 2 – 1.
assunto é sempre referente às atribuições do órgão que comunica.
O destinatário ou receptor dessa comunicação ou é o público, o
conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos
outros Poderes da União.
( ) Certo
( ) Errado

40. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 )


Determinadas palavras são frequentes na redação oficial.
Conforme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vigor
em 2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras
grafadas conforme o Acordo.
I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico,
capitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador.
II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei,
diretor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente.
III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-
diretor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário.
IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-graduação,
pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Secretaria-
Geral.
V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário, pró-
ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secretaria-
Executiva, tenente-coronel.

Assinale a alternativa CORRETA:
(A) As afirmações I, II, III e V estão corretas.
(B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas.
(C) As afirmações II, III e IV estão corretas.
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas.
(E) As afirmações III, IV e V estão corretas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES
GABARITO
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1 E ______________________________________________________

2 A ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 B
6 C ______________________________________________________
7 B ______________________________________________________
8 E
______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 A
11 A ______________________________________________________
12 D ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 E
15 B _____________________________________________________
16 E _____________________________________________________
17 A
______________________________________________________
18 A
______________________________________________________
19 D
20 B ______________________________________________________
21 C ______________________________________________________
22 C
______________________________________________________
23 E
24 A ______________________________________________________

25 D ______________________________________________________
26 B
______________________________________________________
27 C
______________________________________________________
28 D
29 E ______________________________________________________
30 D ______________________________________________________
31 D
______________________________________________________
32 D
33 A ______________________________________________________

34 D ______________________________________________________
35 E ______________________________________________________
36 D
______________________________________________________
37 B
38 B ______________________________________________________
39 A ______________________________________________________
40 E
______________________________________________________
41 C
______________________________________________________

30
30
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
ANOTAÇÕES
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32
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CONHECIMENTOS
LÍNGUA PORTUGUESA
ESPECÍFICOS
Professor de Ensino Fundamental
II e Médio - Ciências

MATÉRIA, ENERGIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES: PROPRIEDADE DOS MATERIAIS. TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA: FORMAÇÃO
DE NOVOS MATERIAIS E SUBSTÂNCIAS; MUDANÇAS DE ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA

CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA
Algumas definições são importantes no estudo da Constituição da Matéria:

Matéria é um meio para introduzir a ideia de que a matéria tem existência física real. É dito com frequência que matéria é tudo que
tem massa e ocupa espaço. Ela é formada por minúsculas partículas, denominadas átomos.
Peso de um objeto é a força gravitacional que atrai o objeto para a Terra, e esta depende da massa do objeto e de dois outros fatores:
- A massa da Terra e
- A distância entre o objeto e o centro da Terra (centro de massa).

Classificação da matéria
Substâncias são um conjunto de átomos com as mesmas propriedades químicas constitui um elemento químico, e cada substância é
caracterizada por uma proporção constante desses elementos.
Elas podem ser classificadas de acordo com sua composição:

Substância pura: Tipo de matéria formada por unidades químicas iguais, sejam átomos, sejam moléculas, e por esse motivo apresen-
tando propriedades químicas e físicas próprias. Elas podem ser simples ou compostas
- Simples: A substância formada por um ou mais átomos de um mesmo elemento químico é classificada como substância pura simples
ou, simplesmente, substância simples.
- Compostas: As moléculas de determinada substância são formadas por dois ou mais elementos químicos, ela é classificada como
substância pura composta ou, simplesmente, substância composta.

Misturas
São formadas por duas ou mais substâncias, cada uma delas sendo denominada componente. As misturas apresentam composição
variável, têm propriedades — como ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade — diferentes daquelas apresentadas pelas substâncias
quando estudadas separadamente.
A maioria dos materiais que nos cercam são misturas, o próprio ar que respiramos é um misturas de outros gases:
• gás nitrogênio (N2) = 78%;
• gás oxigênio (O2) = 21%;
• gás argônio (Ar) ≈ 1%;
• gás carbônico (CO2) ≈ 0,03%.

Tipos de misturas
Elas são classificadas de acordo com o aspecto visual em função do seu número de fases.

Fase: cada uma das porções que apresenta aspecto visual homogêneo (uniforme), o qual pode ser contínuo ou não, mesmo quando
observado ao microscópio comum. Observe a figura:

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seu concurso!
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fonte: Usberco, João - Química — volume único / João Usberco, Edgard Salvador. — 5. ed.
reform. — São Paulo: Saraiva, 2002.

As misturas são classificadas em função de seu número de fases:


- Mistura homogênea: toda mistura que apresenta uma única fase. Elas também são chamadas de soluções. Alguns exemplos: água
de torneira, vinagre, ar, álcool hidratado, pinga, gasolina, soro caseiro, soro fisiológico e algumas ligas metálicas. Além dessas, todas as
misturas de quaisquer gases são sempre misturas homogêneas.
- Mistura heterogênea: toda mistura que apresenta pelo menos duas fases. Alguns exemplos de misturas heterogêneas: água e óleo,
areia, granito, madeira, sangue, leite, água com gás. As misturas formadas por n sólidos apresentam n fases, desde que estes sólidos não
formem uma liga ou um cristal misto.

Sistemas
- Sistema homogêneo: Apresenta aspecto contínuo, ou seja, é constituído por uma única fase.
- Sistema heterogêneo: apresenta um aspecto descontínuo, ou seja, é constituído por mais de uma fase.

Fonte: Usberco, João - Química — volume único / João Usberco, Edgard Salvador. — 5. ed.
reform. — São Paulo: Saraiva, 2002.

Estados físicos da matéria


Toda matéria é constituída de pequenas partículas e, dependendo do maior ou menor grau de agregação entre elas, pode ser encon-
trada em três estados físicos: sólido, líquido e gasoso.
Esse três estados de agregação apresentam características próprias — como o volume, a densidade e a forma —, que podem ser alte-
radas pela variação de temperatura (aquecimento ou resfriamento).
Quando uma substância muda de estado, sofre alterações nas suas características macroscópicas (volume, forma etc.) e microscópicas
(arranjo das partículas), não havendo, contudo, alteração em sua composição.

Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mudanças de estado físico
O diagrama mostra as mudanças de estado, com os nomes particulares que cada uma delas recebe.

- Fusão: Passagem, provocada por um aquecimento, do estado sólido para o estado líquido. O aquecimento provoca a elevação da
temperatura da substância até ao seu ponto de fusão. A temperatura não aumenta enquanto está acontecendo a fusão, isto é, somente
depois que toda a substância passar para o estado líquido é que a temperatura volta a aumentar.
- Solidificação: Passagem do estado líquido para o estado sólido, através de arrefecimento (resfriamento). Quando a substância líqui-
da inicia a solidificação, a temperatura fica inalterada até que a totalidade esteja no estado sólido, e só depois a temperatura continua a
baixar.

Observação: Este estágio que ocorre nos processos, onde a temperatura constante completar todo o processo, é denominado pata-
mar. Graficamente temos:

- Vaporização: Passagem do estado líquido para o estado gasoso, por aquecimento. Se for realizada lentamente chama-se evaporação,
se for realizada com aquecimento rápido chama-se ebulição.
Durante a ebulição a temperatura da substância que está a passar do estado líquido para o estado gasoso permanece inalterada, só
voltando a aumentar quando toda a substância estiver no estado gasoso.

- Liquefação ou Condensação: Passagem do estado gasoso para o estado líquido, devido ao um arrefecimento (resfriamento). Quando
a substância gasosa inicia a condensação, a temperatura fica inalterada até que a totalidade esteja no estado líquido, e só depois a tem-
peratura continua a baixar.
- Sublimação: Passagem direta de uma substância do estado sólido para o estado gasoso, por aquecimento, ou do estado gasoso para
o estado sólido, por arrefecimento. Ex. Gelo seco, naftalina.

Transformações da matéria
Qualquer modificação que ocorra com a matéria é considerada um fenômeno: água em ebulição, massa do pão “crescendo”, explosão
de uma bomba etc.
Os fenômenos podem ser classificados em físicos ou químicos.
- Fenômenos físicos: NÃO ALTERAM a natureza da matéria, isto é, a sua composição. Observamos que nesses fenômenos, a forma, o
tamanho, a aparência e o estado físico podem mudar, porém a constituição da substância não sofre alterações. Um exemplo são os fenô-
menos físicos que são as mudanças de estado físico.
- Fenômenos químicos: ALTERAM a natureza da matéria, ou seja, a sua composição. Quando ocorre um fenômeno químico, uma ou
mais substâncias se transformam e dão origem a novas substâncias. Então, dizemos que ocorreu uma reação química.

Para reconhecermos a ocorrência de um fenômeno químico, uma maneira bem simples, é a observação visual de alterações que
ocorrem no sistema.
A formação de uma nova substância está associada à:
1. Mudança de cor. Exemplos: queima de papel; cândida ou água de lavadeira em tecido colorido; queima de fogos de artifício.
2. Liberação de um gás (efervescência). Exemplos: antiácido estomacal em água; bicarbonato de sódio (fermento de bolo) em vinagre.
3. Formação de um sólido. Exemplos: líquido de bateria de automóvel + cal de pedreiro dissolvida em água; água de cal + ar expirado
pelo pulmão (gás carbônico).
4. Aparecimento de chama ou luminosidade. Exemplos: álcool queimando, luz emitida pelos vaga-lumes.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Algumas reações ocorrem sem essas evidências visuais. A formação de novas substâncias é constatada pela mudança das proprieda-
des físico-químicas.

Propriedades gerais da matéria


- Inércia: A matéria conserva seu estado de repouso ou de movimento, a menos que uma força aja sobre ela.
- Massa: É uma propriedade relacionada com a quantidade de matéria e é medida geralmente em quilogramas. A massa é a medida
da inércia. Quanto maior a massa de um corpo, maior a sua inércia. Massa e peso são duas coisas diferentes.
- Extensão: Toda matéria ocupa um lugar no espaço. Todo corpo tem extensão.
- Impenetrabilidade: Duas porções de matéria não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo.
- Compressibilidade: Quando a matéria está sofrendo a ação de uma força, seu volume diminui.
- Elasticidade: A matéria volta ao volume e à forma iniciais quando cessa a compressão.
- Divisibilidade: A matéria pode ser dividida em partes cada vez menores.
- Descontinuidade: Toda matéria é descontínua, por mais compacta que pareça.

Propriedades Específicas da Matéria


- Organolépticas (que são sentidas pelos nossos sentidos):
a) Cor: a matéria pode ser colorida ou incolor.
b) Brilho: a capacidade de uma substância de refletir kluz é a que determina o seu brilho.
c) Sabor: uma substância pode ser insípida (sem sabor) ou sápida (com sabor).
d) Odor: a matéria pode ser inodora (sem cheiro) ou odorífera (com cheiro).

- Físicas:
a) Densidade: é o resultado da divisão entre a quantidade de matéria (massa) e o seu volume.
b) Dureza: é a resistência que a superfície de um material tem ao risco. Um material é considerado mais duro que o outro quando
consegue riscar esse outro deixando um sulco.

Propriedades Funcionais
As propriedades funcionais são características constantes em determinadas matérias, sendo pertencentes a um mesmo grupo funcio-
nal, tais como os ácidos, bases, óxidos e sais.

Fonte: Disponível em https://www.todamateria.com.br/propriedades-da-materia/ Acesso em 03.12.2020

Referências Bibliográficas:
USBERCO, João - Química — volume único / João Usberco, Edgard Salvador. — 5. ed. reform. — São Paulo: Saraiva, 2002.
Disponível em: www.soquimica.com.br Acesso em 03.12.2020
Disponível em: https://www.mundovestibular.com.br/estudos/quimica/propriedades-gerais-da-materia/ Acesso em 03.12.2020

Misturas, soluções e propriedades coligativas


Solução é uma mistura homogênea constituída por duas ou mais substâncias numa só fase. As soluções são formadas por um solvente
(geralmente o componente em maior quantidade) e um ou mais solutos (geralmente componente em menor quantidade). Suas proprieda-
des físicas e químicas podem não estar relacionadas com aquelas das substâncias originais, diferentemente das propriedades de misturas
heterogêneas que são combinações das propriedades das substâncias individuais. As soluções incluem diversas combinações em que um
sólido, um líquido ou um gás atua como dissolvente (solvente) ou soluto.

Componentes de uma solução

Exemplos:
-Ao misturarmos 1g de cloreto de sódio (NaCl) em 1 litro de H2O, teremos uma solução, na qual o NaCl é o soluto e a água é o solvente
-O álcool comercial comprado em supermercados trata-se de uma mistura homogênea entre álcool e água, geralmente constituída de
92% de álcool e 8% de água. Nesse caso, o álcool é o solvente e a água é o soluto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Solução é sempre formada pelo soluto e pelo solvente.

Concentração das soluções


A concentração de uma solução é a relação entre a quantidade de soluto e a quantidade de solução (solvente).

Concentração comum (C)


A concentração comum de um solução é a relação entre a massa de um soluto (m1) e o volume (V) da solução

Onde,
-m1= massa do soluto em gramas
-V= volume da solução em litros

Exemplo: Em uma solução verdadeira de NaOH de concentração 80g/L, devemos entender que em cada litro de solução conterá 80g
de NaOH.
Importante: A relação massa/litro poderá ser expressa em: Kg/L; g/ml; g/cm³ e et.

Densidade (d):
A densidade de uma solução representa a relação entre a massa da solução e o volume da solução.

Onde,
- msolução = msoluto + msolvente

-V = volume da solução
Exemplo: Se uma solução apresenta d= 1,2g/ml, isso significa que em casa mililitro da solução existe uma massa total de 1,2 g.
Importante: A relação massa da solução/volume da solução poderá ser expressa em: g/L; g/ml; g/cm³ e et.

Concentração molar (mol/L) ou Molaridade (ɱ):


Quantidade, em mols, do soluto existente em 1 litro de solução (soluto + solvente). Esta cai bastante nas provas!!!
ou
Onde,
-M1= massa molar do soluto
-m1= massa do soluto
-n1 = número de mols do soluto (mol) -lembrando que o índice 1 indica grandezas relacionadas ao soluto
-V = volume da solução (L)
Unidades: mol/L ou M

Título em massa
O título representa a relação da massa do soluto pela massa da solução. Pode ser multiplicado por 100 e, assim, corresponder ao
que é considerado a porcentagem em massa do soluto na massa da solução.
Exemplo: Considerando 20g de H2SO4 dissolvidos em 80g de água, o título da solução será:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Porcentagem em massa (ppm)
Para indicar concentrações extremamente pequenas, principalmente de poluentes do ar, da terra e da água, usamos a unidade partes
por milhão, representada por ppm. Esse termo é frequentemente utilizado para soluções muito diluídas e indica quantas partes do soluto
existem em um milhão de partes da solução.
Assim Uma solução 20 ppm contém 20 gramas do soluto em 1 milhão de gramas da solução. Como a solução é muito diluída, a massa
de solvente é praticamente igual à massa da solução. Então, quando trabalhamos com ppm, consideramos que a massa do solvente cor-
responde à massa da solução.
A relação matemática para a determinação do ppm pode ser dada por:

PROPRIEDADES COLIGATIVAS
Propriedades coligativas das soluções são propriedades que dependem apenas do número de partículas dispersas na solução, inde-
pendentemente da natureza dessas partículas, podendo ser moléculas ou íons. As propriedades coligativas incluem pressão máxima de
vapor, ebulição, ponto de fusão e pressão osmótica.

Efeitos coligativos
A água em seu estado puro à pressão de 1 atm possui ponto de fusão de 0oC e ponto de ebulição de 100oC. Porém, quando adiciona-
mos um soluto à água, o soluto modifica as propriedades físicas da água. Agora a água congela abaixo de 0oC e ferve acima de 100oC. Estas
alterações das propriedades físicas da água devido à adição do soluto são denominadas de efeitos coligativos. Para cada propriedade física
que modifica temos uma propriedade coligativa que estuda este efeito:

-Pressão Máxima de Vapor (PMV)


A pressão máxima de vapor é pressão exercida pelo vapor quando está em equilíbrio dinâmico com o liquido correspondente.
A PMV depende da temperatura e da natureza do líquido. Observa-se experimentalmente que, numa mesma temperatura, cada
líquido apresenta sua pressão de vapor, pois esta está relacionada com a volatilidade do líquido.

Fatores que Influenciam


A pressão máxima de vapor depende de alguns fatores:
- Natureza do Líquido - Líquidos mais voláteis como éter, acetona etc. evaporam-se mais intensamente, o que acarreta uma pressão
de vapor maior. Quanto maior a pressão de vapor de um líquido, ou melhor, quanto mais volátil ele for, mais rapidamente entrará em
ebulição.
- Temperatura - Aumentando a temperatura, qualquer líquido irá evaporar mais intensamente, acarretando maior pressão de vapor.

Tonoscopia (ou Tonometria)


A tonoscopia estuda os efeitos do abaixamento da pressão de vapor máxima de certo líquido, cujo responsável é uma solução não-
-volátil adicionada à solução.
Em uma solução, quanto maior for o número de mols do soluto, menor será a pressão máxima de vapor dessa solução.

Ebulioscopia
A ebulioscopia é uma propriedade coligativa que ocasiona a elevação da temperatura de um líquido quando a ele se adiciona um
soluto não-volátil e não-iônico.
A temperatura em que se inicia a ebulição do solvente em uma solução de soluto não-volátil é sempre maior que o ponto de ebulição
do solvente puro (sob mesma pressão).
Isso acontece porque a água, por exemplo, só entrará em ebulição novamente se receber energia suficiente para que sua pressão de
vapor volte a se igualar à pressão externa (atmosférica), o que irá acontecer numa temperatura superior a 100°C.

Exemplo:
Água pura: P.E. = 100°C
Água com açúcar: P.E. maior que 100°C

Quanto maior a quantidade de partículas em uma solução, maior será o seu P.E.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diagrama de Fases e o Ponto Triplo
A transformação de cada estado físico possui um nome. Observe:

Existe um gráfico que representa as curvas de variação da temperatura de ebulição e da variação da temperatura de solidificação de
uma substância qualquer em função da pressão de vapor. Essas curvas coincidem num ponto específico de cada substância.

Fonte: http://estadofisico.blogspot.com/2007/08/as-substncias-podem-mudar-de-estado.html

As curvas de variação das temperaturas de ebulição e de solidificação da água em função da pressão de vapor coincidem no ponto
em que a pressão é igual a 4,579mmHg e a tempertura é 0,0098°C.Esta coordenada representa o Ponto Triplo da água e o equilíbrio das
fases. Isto quer dizer que a substância pode ser encontrada, neste ponto exato da curva,nos três estados físicos ao mesmo tempo: sólido,
líquido e gasoso.

Equilíbrio das fases:

Crioscopia
É uma propriedade coligativa que ocasiona a diminuição na temperatura de congelamento do solvente. É provocado pela adição de
um soluto não-volátil em um solvente. Esta relacionado com o ponto de solidificação (PS) das substâncias.
Esta propriedade pode ser chamada também de criometria. Quando se compara um solvente puro e uma solução de soluto não-vo-
látil, é possível afirmar que o ponto de congelamento da solução sempre será menor que o ponto de congelamento do solvente puro.

Osmometria
A osmose está relacionada à passagem espontânea de um solvente por uma membrana semipermeável, por causa da diferença de
concentração entre dois meios.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Verifique a Figura abaixo:

Um exemplo comum é evidenciado ao se temperar verduras


com sal de cozinha. Nota-se que as verduras murcham após certo
tempo de exposição ao tempero. Isso ocorre em função da saída do
líquido (solvente) do ve­getal, que é um meio menos concentrado
em relação ao sal.

A osmometria mede a pressão máxima de vapor: o líquido com


maior pressão máxima de vapor tende a atra­vessar uma membrana
semipermeável com maior facili­dade e intensidade que aquele que
possui baixa pressão máxima de vapor.
A pressão osmótica equivale à pressão que deve ser aplicada Métodos de separação de misturas
sobre a solução mais concentrada do sistema para bloquear a en- As misturas podem ser classificadas em homogêneas e hetero-
trada de água nela (osmose), por meio de uma membrana semi- gêneas. A diferença entre elas é que a mistura homogênea é uma
permeável. O sistema a seguir mostra a pressão aplicada n sobre a solução que apresenta uma única fase enquanto a heterogênea
solução, para bloquear o fluxo osmótico. pode apresentar duas ou mais fases. Fase é cada porção que apre-
Para o cálculo da pressão osmótica, usa-se a seguinte expres- senta aspecto visual uniforme.
são:
Misturas homogêneas
Nesse tipo de mistura não há superfícies de separação visíveis
entre seus componentes, mesmo que a observação seja realizada
a nível de um microscópio eletrônico. Exemplo: Solução de água e
Para as soluções iônicas: alcoolr

Misturas heterogêneas
As misturas heterogêneas são aquelas em que são possíveis
as distinções de fases (regiões visíveis da mistura onde se encon-
tram os componentes), na maioria das vezes sem a necessidade de
Onde: utilizar equipamentos de aumento (como o microscópio). Um bom
π= pressão osmótica (atm) exemplo é o ar poluído das grandes cidades: apesar da aparência
V= volume (L) homogênea, os sólidos em suspensão podem ser retidos por uma
n= número de mol (n) simples peneira.
T= temperatura (K)
M= molaridade (mol/L) Sistema homogêneo e Heterogêneo: Fases
R= Constante de Clapeyron=0,082 atm.L/mol.K
I= fator de correção Van´t Hoff Sistema homogêneo
Apresenta as mesmas propriedades em qualquer parte de sua
As soluções podem ser classificadas quanto às suas pressões extensão em que seja examinado. Pode ser um mistura (solução)
osmóticas. ou uma substância pura.
Sendo duas soluções A e B com mesma temperatura:

Hipertônica, isotônica e hipotônica refere-se à solução A em


relação à solução B.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Sistema heterogêneo b) Líquido e líquido
Não apresenta as mesmas propriedades em qualquer parte Separa líquidos imiscíveis (exemplo: água e óleo) com a utiliza-
de sua extensão em que seja examinado. Pode ser uma substância ção de um funil de decantação. Após a decantação, abre-se a tor-
pura em mudança de estado físico (fusão, vaporização, etc...) neira, deixando passar o líquido mais denso.

Fases:
São diferentes porções homogêneas, limitadas por superfícies
de separação visíveis (com ou sem aparelhos de aumento), que Centrifugação
constituem um sistema heterogêneo. A centrifugação é uma maneira de acelerar o processo de de-
Um sistema heterogêneos apresenta sempre uma única fase, cantação envolvendo sólidos e líquidos realizada num aparelho
isto é, constitui um sistema monofásico. Entretanto, sistema hete- denominado centrífuga. Na centrífuga, devido ao movimento de
rogêneo constitui sempre um sistema polifásico (muitas fases), que rotação, as partículas de maior densidade, por inércia, são arremes-
pode ser bifásico, trifásico, tetrafásico e etc. sadas para o fundo do tubo.

Processos de separação de misturas


Na natureza, raramente encontramos substâncias puras. As-
sim, para obtermos uma determinada substância, é necessário usar
métodos de separação.

Decantação Processo utilizado para separar dois tipos de mis-


turas heterogêneas.

a) Líquido e sólido
A fase sólida (barro), por ser mais densa, sedimenta-se, ou seja, Filtração
deposita-se no fundo do recipiente, e a fase líquida pode ser trans- É utilizada para separar substâncias presentes em misturas he-
ferida para outro frasco. A decantação é usada, por exemplo, nas terogêneas envolvendo sólidos e líquidos.
estações de tratamento de água -Filtração simples: A fase sólida é retida no papel de filtro, e a
fase líquida é recolhida em outro frasco.

-Filtração a vácuo: A água que entra pela trompa d’água arrasta


o ar do interior do frasco, diminuindo a pressão interna do kitassa-
to, o que torna a filtração mais rápida.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Destilação
É utilizada para separar cada uma das substâncias presentes em misturas homogêneas envolvendo sólidos dissolvidos em líquidos e
líquidos miscíveis entre si.
-Destilação Simples: Na destilação simples de sólidos dissolvidos em líquidos, a mistura é aquecida, e os vapores produzidos no balão
de destilação passam pelo condensador, onde são resfriados pela passagem de água corrente no tubo externo, se condensam e são reco-
lhidos no erlenmeyer. A parte sólida da mistura, por não ser volátil, não evapora e permanece no balão de destilação

-Destilação fracionada: Na destilação fracionada, são separados líquidos miscíveis cujas temperaturas de ebulição (TE) não sejam
muito próximas. Durante o aquecimento da mistura, é separado, inicialmente, o líquido de menor TE; depois, o líquido com TE intermedi-
ária, e assim sucessivamente, até o líquido de maior TE. À aparelhagem da destilação simples é acoplada uma coluna de fracionamento.
Conhecendo-se a TE de cada líquido, pode-se saber, pela temperatura indicada no termômetro, qual deles está sendo destilado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Liquefação fracionada
Separa gases com pontos de fusão diferentes. Nesse processo
um dos gases se liquefaz primeiro, podendo assim ser separado do
outro gás.

Cromatografia em papel
Esta técnica é assim chamada porque utiliza para a separação e
identificação das substâncias ou componentes da mistura a migra-
Ventilação ção diferencial sobre a superfície de um papel de filtro de qualida-
Esse método é usado, por exemplo, para separar a palha do de especial (fase estacionária). A fase móvel pode ser um solvente
grão de arroz. É aplicada uma corrente de ar, e a palha, que é mais puro ou uma mistura de solventes.
leve, voa. Este método é muito útil para separar substâncias muito po-
lares, como açúcares e aminoácidos. Possui o inconveniente de
Tamisação poder-se cromatografar poucas quantidades de substância de cada
Feita com uma peneira muito fina chamada tamise, separa só- vez.
lidos maiores dos menores. Ex: cascalhos e pequenas pedras pre-
ciosas.
COMPOSIÇÃO E PERMEABILIDADE DO SOLO
Sublimação
As substâncias participantes desse processo podem ser separa-
das das impurezas através da sublimação e posterior cristalização. COMPOSIÇÃO DO SOLO1
A composição do solo é variável de um tipo de solo para outro,
Separação Magnética pois os elementos químicos presentes na sua composição variam
É um método que utiliza a força de atração do ímã para separar por meio de fatores como: umidade, Sol, vento, organismos vivos,
materiais metálicos ferromagnéticos dos demais. Uma mistura de li- clima e até a presença de biodiversidade. No entanto, encontra-se
malha (pó) de ferro com outra substância, pó de enxofre, por exem- na composição dos solos, de modo geral, 45% de elementos mine-
plo, pode ser separada com o emprego de um ímã. Aproximando rais, 25% de ar, 25% de água e 5% de matéria orgânica.
o ímã da mistura, a limalha de ferro prende-se a ele, separando-se O solo é composto por três fases distintas: sólido, que compre-
do enxofre. ende matéria orgânica e inorgânica; líquido, que é a solução do solo
ou água do solo; e gasoso, que é o ar do solo. As matérias orgânica
ou inorgânica compreendem partículas minerais do solo, originadas
do intemperismo da rocha, ou seja, da sua desintegração. Há tam-
bém materiais orgânicos provenientes de animais e plantas, que
entram em decomposição e formam a camada de húmus (primeira
camada do solo).

Cada horizonte dos solos possui composições diferentes, obser-


ve:
Horizonte O – Camada com alta presença de matéria orgânica,
água, animais e plantas.
Horizonte A – Mais escura por possuir matéria orgânica, água e
sais minerais.
Horizonte B – Acumula sais minerais e materiais dos horizontes
O e A, possui presença maior de ar.
Horizonte C – Constituído por fragmentos de rochas desintegra-
das do horizonte D; grande presença de ar.
Horizonte D ou R – Rocha matriz ou originária do solo.

1 Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br Acesso em


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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fotossíntese  é um processo pelo qual ocorre a  conversão da


energia solar em energia química  para realização da síntese de
compostos orgânicos. A fotossíntese é a principal responsável pela
entrada de energia na biosfera e é realizada por organismos deno-
minados fotossintetizantes, como plantas e algas.
A fotossíntese  ocorre em duas etapas  nos  cloroplastos, orga-
nelas presentes nas células dos organismos  eucariontes  fotossin-
tetizantes. Essas organelas armazenam os  pigmentos fotossinte-
tizantes, que são responsáveis pela absorção da luz. Dentre esses
diversos pigmentos, como os carotenoides, ficobilinas, destaca-se
a clorofila como principal, sendo encontrada em todos os organis-
mos fotossintetizantes.

Os solos apresentam grande variedade química, física e biológi- Etapas da fotossíntese


ca em sua composição. São 13 classes contidas no sistema de solos
brasileiro. São exemplos: Argissolos, Cambissolos, Chernossolos,
Esposossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos, Notsso-
los, Organossolos, Planossolos, Plintossolos, Vertissolos.

PERMEABILIDADE DO SOLO2
É um dos atributos físicos mais importantes para indicar a quali-
dade de um solo (MARTINS et al., 2002). Ela pode ser definida como
a maior ou menor facilidade que os solos oferecem à passagem de
água (ALONSO, 1999).
A permeabilidade é dependente de vários atributos do solo, Fase ou reação luminosa ou fotoquímica: Nessa fase estão en-
principalmente da densidade, porosidade, macro e microporosi- volvidos dois fotossistemas, fotossistema I e fotossistema II. No
dade (MESQUITA & MORAES, 2004). A granulometria e a estrutura primeiro, os pigmentos absorvem comprimentos de ondas de 700
apresentam influência sobre o espaço poroso do solo, sua porosi- nm ou maiores; já no segundo, absorvem comprimentos de ondas
dade total e distribuição de poros, dificultando em maior ou me- 680 nm ou menores. Os componentes dos dois fotossistemas são o
nor intensidade o movimento da água (MESQUITA, 2001). Segundo complexo antena e o centro de reação.
Neves (1987), pode-se determinar o coeficiente de permeabilidade No fotossistema II, moléculas de pigmento do complexo an-
por diferentes maneiras: fórmulas empíricas; ensaios de laboratório tena absorvem a energia luminosa, e os elétrons energizados são
(com o uso de permeâmetros), ou ensaios de campo. transferidos de uma molécula a outra, até atingir o centro de rea-
ção.

FOTOSSÍNTESE E RESPIRAÇÃO CELULAR Fase ou reação de fixação do carbono: Ocorre por meio de rea-
ções, executadas em três etapas, denominadas Ciclo de Calvin, no
estroma do cloroplasto. As moléculas de NADPH e ATP, produzidas
A respiração celular e a fotossíntese são processos diferentes, na fase luminosa para a produção de açúcares a partir da redução
porém, interligados. do carbono fixado, serão utilizadas nessa fase.
Na respiração celular, ocorre a liberação de energia para ser A primeira etapa consiste na  fixação do carbono  a um açúcar
utilizada pelo organismo, no entanto, essa energia é produzida por constituído por cinco carbonos com dois grupos fosfato, conhecido
outro processo, a fotossíntese. como ribulose 1,5-bifosfato, formando, geralmente, duas moléculas
Já na fotossíntese produz moléculas orgânicas nos organismos de 3-fosfoglicerato ou ácido 3-fosfoglicérico (PGA).
produtores fotossintetizantes, como plantas e algas. Assim, os or- Na segunda etapa, ocorre a redução do 3-fosfoglicerato a glice-
ganismos heterotróficos, como os animais, obtêm essas moléculas raldeído 3-fosfato ou 3- fosfogliceraldeído (PGAL). Na terceira eta-
por meio da alimentação, seja alimentando-se de organismos pro- pa, cinco das seis moléculas de gliceraldeído 3-fosfato forma-
dutores, seja de outros heterotróficos. das na segunda são usadas para regenerar três moléculas
de ribulose 1,5-bifosfato.

2 Disponível em https://www.scielo.br Acesso em 15.09.2022


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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Importância da fotossíntese Decompositores
São as bactérias e os fungos, que são capazes de realizar o pro-
cesso de decomposição como forma de adquirir energia. Existem
decompositores aeróbios, os quais necessitam de oxigênio para re-
alizar suas atividades, e os anaeróbios, os quais não necessitam de
oxigênio.

Fatores que interferem na decomposição


- Temperatura: é fundamental para a decomposição, pois o ca-
lor é um importante fator de aceleração do processo, garantindo
uma maior reprodução dos micro-organismos.
A energia contida na matéria orgânica produzida pelos orga- - Umidade: é importante porque garante um local adequado
nismos heterotróficos é transmitida aos heterotróficos pela cadeia para a proliferação dos fungos e bactérias, além de gerar um am-
alimentar. biente propício para a germinação de esporos.
Além disso, a fotossíntese também é responsável pela produ- - Oxigênio: permite que ocorra a respiração celular e é funda-
ção de  energia  para praticamente todos os seres vivos. Os orga- mental para decompositores aeróbios.
nismos autotróficos fotossintetizantes são a base das  cadeias ali-
mentares tanto terrestres quanto aquáticas. A energia presente na Caso a decomposição não ocorresse, os nutrientes não ficariam
matéria orgânica produzida por eles é transmitida aos seres hetero- disponíveis novamente e nenhum outro ser vivo poderia utilizá-los.
tróficos pela cadeia alimentar. Além de um processo essencial para Assim sendo, teríamos vários cadáveres no planeta de animais,
a existência da vida na Terra da maneira que a encontramos hoje, plantas e outros seres vivos e nenhuma nova forma de vida poderia
pois é por meio da fotossíntese que o oxigênio existente no planeta, surgir, o que causaria a extinção de todas as espécies vives.
essencial para a sobrevivência de grande parte dos organismos, é Ela é responsável, ainda, por destruir nossos alimentos, sendo
produzido. assim, evitá-la é um procedimento importante nesses casos.
O processo de fotossíntese pode ser resumido na equação, mas A não decomposição também é importante para a Paleonto-
é importante destacarmos que as primeiras moléculas produzidas logia. O surgimento de fósseis só é possível por causa de um so-
são de açúcares mais simples, com apenas três átomos de carbono terramento rápido e de uma baixa taxa de decomposição. Alguns
mamutes foram encontrados intactos no gelo, o que indica que a
6 CO2 + 12 H2O + energia luminosa → C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O decomposição não ocorreu nesses seres, provavelmente em virtu-
de das baixas temperaturas.
Etapas da respiração celular
A respiração celular é um processo que pode ser dividido em
três etapas: FLUXO DE ENERGIA E MATÉRIA NOS ECOSSISTEMAS
- Glicólise: A glicólise pode ocorrer tanto na presença quanto na
ausência desse elemento. Na glicólise ocorre a degradação da mo-
lécula de glicose, com seis carbonos, em duas moléculas contendo
três carbonos cada uma, o piruvato. Essa etapa ocorre no citosol Para compreender melhor o conceito de fluxo de energia4, ou
das células. de biomassa, é importante entender como estão dispostos os or-
- Ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs): No ciclo do Ácido cítrico, ganismos em um ecossistema, bem como as relações estabelecidas
também conhecido como ciclo de Krebs, ocorre a oxidação comple- entre eles, pois é através dessa relação que a energia e a matéria
ta da glicose. são deslocadas no ecossistema.
Uma característica fundamental de um ecossistema é a relação
estável entre o espaço físico, o fluxo de energia e os fatores bióticos
DECOMPOSIÇÃO e abióticos. Com isso, nem todo sistema biológico pode ser cha-
mado de ecossistema, caso não seja autossuficiente e não possua
autorregulação

DECOMPOSIÇÃO3 FLUXO DE ENERGIA


Termo usado para descrever os processos em que a matéria or- A energia presente em um ecossistema caminha entre os diver-
gânica é degradada em partículas menores e em nutrientes. Esses sos níveis tróficos com base na alimentação dos organismos, tendo
nutrientes são devolvidos ao meio e podem ser reaproveitados por como objetivo principal adquirir energia para ser armazenada e uti-
outros organismos. lizada nos diversos processos metabólicos.
Sendo assim, temos os decompositores que são organismos O fluxo de energia, dessa forma, em um ecossistema inicia-se
fundamentais para a realização dos ciclos biogeoquímicos, tais com os produtores, que conseguem converter a energia luminosa,
como o do carbono e do nitrogênio, pois liberam essas substâncias através da fotossíntese, ou inorgânica, através da quimiossíntese,
para que possam ser reutilizadas. em energia bioquímica, que o organismo utilizará para o seu desen-
volvimento e sobrevivência.
Conforme o nível trófico vai se elevando ao longo da cadeia, a
energia do sistema tende a diminuir, ao passo que um organismo se
alimenta de outro. Parte dessa energia é perdida na forma de calor
ou utilizada para os seus próprios processos metabólicos. Portanto,
a energia dentro de uma cadeia alimentar tende a diminuir de um
3 SANTOS, Vanessa Sardinha dos. “Decomposição”; Brasil Escola. Dis- nível trófico para outro.
ponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/decomposicao.htm. Acesso
em 15.09.2022. 4 Disponível em https://querobolsa.com.br Acesso em 15.09.2022
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A pirâmide ecológica de energia, dessa forma, apresentará um
único arranjo, com a base sempre maior que os demais níveis, sem- MÁQUINAS TÉRMICAS E EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO
pre expressa em cal/m². ano (calorias por metro quadrado ao ano)
ou ainda kcal/m². ano (quilocalorias por metro quadrado ao ano).

Todas as máquinas térmicas5 operam de acordo com um ciclo


termodinâmico, isto é, sequências de estados termodinâmicos que
se repetem. Esses ciclos apresentam diferentes estados de volume,
pressão e temperatura, que são geralmente representados por grá-
ficos de pressão em função do volume. Os ciclos termodinâmicos
são projetados em busca da maior eficiência energética, ou seja,
busca-se sempre a produção de motores capazes de extrair uma
grande quantidade de trabalho.

FLUXO DE MATÉRIA OU BIOMASSA


O fluxo de matéria, ou biomassa, está diretamente relaciona-
do com o fluxo de energia em um ecossistema, isso porque ao se
alimentar para adquirir energia e outros compostos, o organismo
ingere uma quantidade de biomassa pertencente ao organismo que
ele consumiu.
Dessa forma, a quantidade de matéria consumida em um deter- Em qualquer ciclo termodinâmico, é possível calcular o trabalho
minado nível trófico pode ser esquematizada em uma pirâmide de graficamente. Para tanto, é necessário calcular a área do interior
biomassa, geralmente expressa em g/m² (gramas por metro qua- do gráfico, o que pode ser complicado de ser feito, caso o ciclo em
drado). questão tenha algum formato irregular. Além disso, o sentido das
De forma mais comum, em um ecossistema, a quantidade de setas, horário ou anti-horário, indica se o ciclo em questão é o ciclo
biomassa ou matéria pertencente ao nível trófico dos produtores é de uma máquina térmica ou de um refrigerador.
maior e, à medida que se avança para os níveis tróficos posteriores, - Ciclo no sentido horário: Se o sentido do ciclo for horário, o
a quantidade de matéria tende a diminuir. ciclo é o de uma máquina térmica, a qual absorve calor e produze
Em alguns casos, entretanto, a pirâmide de biomassa terá a trabalho.
base menor que os níveis subsequentes. Isso ocorre quando os - Ciclo no sentido anti-horário: No caso em que o sentido de um
produtores, embora ocupem uma área extensa, possuem biomassa ciclo é anti-horário, ele precisa receber trabalho mecânico e liberar
bem pequena, como nos biomas marinhos, em que os produtores calor, como no caso dos motores de refrigerador.
podem ser espécies de fitoplânctons que possuem massa (em gra-
mas) pequena, muito embora ocupem uma extensa área (m²) do Toda máquina térmica apresenta uma configuração similar: dis-
território. põe de uma fonte de calor (fonte quente), da qual extrai a energia
Uma desvantagem da pirâmide de biomassa é que ela não con- necessária para o seu funcionamento, e um sorvedouro (fonte fria),
sidera o tempo de produção dessa biomassa e, dessa forma, não para onde uma parte do calor absorvido é dissipada.
mostra a velocidade com que a matéria é produzida.

“De acordo com a primeira lei da Termodinâmica, as máquinas


térmicas precisam receber certa quantidade de calor para funcio-
nar. No entanto, apenas uma pequena fração dessa quantidade de
calor, que é uma forma de energia, pode ser convertida em trabalho
útil.

5 Disponível em HELERBROCK, Rafael. “Máquinas térmicas”; Brasil


Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/maquina-termica-
aplicacao-segunda-lei-termodinamica.htm. Acesso em 16.09.2022.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As razões dessa limitação são essencialmente duas: a primeira Chamamos de Fonte qualquer objeto que possa criar ondas. A
diz respeito à capacidade técnica de se produzir uma máquina que onda é somente energia, pois ela só faz a transferência de energia
não dissipe energia – o que é impossível –, e a segunda é uma limi- cinética da fonte, para o meio. Portanto, qualquer tipo de onda,
tação da própria natureza: pela 2ª lei da Termodinâmica, nenhuma não transporta matéria!. As ondas podem ser classificadas seguindo
máquina térmica pode apresentar um rendimento de 100%. Confira três critérios:
o que diz a 2ª lei da Termodinâmica, conhecida como lei da entro-
pia, de acordo com o enunciado de Kelvin: Classificação das ondas segundo a sua Natureza
“Não é possível que qualquer sistema, a certa temperatura, ab-
sorva calor de uma fonte e transforme-o integralmente em traba- Quanto a natureza, as ondas podem ser dividas em dois tipos:
lho mecânico, sem que ocorram modificações nesse sistema ou em - Ondas mecânicas: são todas as ondas que precisam de um
suas vizinhanças.”” meio material para se propagar. Por exemplo: ondas no mar, ondas
sonoras, ondas em uma corda, etc.
- Ondas eletromagnéticas: são ondas que não precisam de um
meio material para se propagar. Elas também podem se propagar
em meios materiais. Exemplos: luz, raio-x , sinais de rádio, etc.

Classificação em relação à direção de propagação

As ondas podem ser dividas em três tipos, segundo as dire-


ções em que se propaga:
- Ondas unidimensionais: só se propagam em uma direção
(uma dimensão), como uma onda em uma corda.
- Ondas bidimensionais: se propagam em duas direções (x e y
do plano cartesiano), como a onda provocada pela queda de um
objeto na superfície da água.
- Ondas tridimensionais: se propagam em todas as direções
possíveis, como ondas sonoras, a luz, etc.

Classificação quanto a direção de propagaçã


EQUILÍBRIO TÉRMICO - Ondas longitudinais: são as ondas onde a vibração da fonte é
Também chamado de equilíbrio termodinâmico, é quando dois paralela ao deslocamento da onda. Exemplos de ondas longitudi-
corpos ou substâncias atingem a mesma temperatura. nais são as ondas sonoras (o alto falante vibra no eixo x, e as ondas
Este conceito da termodinâmica está relacionado com a transfe- seguem essa mesma direção), etc.
rência de calor espontânea (energia térmica) que ocorre entre dois - Ondas transversais: a vibração é perpendicular à propagação
corpos em contato. da onda. Ex.: ondas eletromagnéticas, ondas em uma corda (você
Nesse processo, o corpo mais quente transfere calor para o cor- balança a mão para cima e para baixo para gerar as ondas na corda).
po mais frio até que ambos tenham a mesma temperatura.
Características das ondas

Todas as ondas possuem algumas grandezas físicas, que são:


- Frequência: é o número de oscilações da onda, por um certo
período de tempo. A unidade de frequência do Sistema Internacio-
nal (SI), é o hertz (Hz), que equivale a 1 segundo, e é representada
pela letra f. Então, quando dizemos que uma onda vibra a 60Hz,
significa que ela oscila 60 vezes por segundo. A frequência de uma
onda só muda quando houver alterações na fonte.
A troca de energia entre dois corpos (energia calorífica) resulta -Período: é o tempo necessário para a fonte produzir uma onda
na perda de energia térmica do corpo mais quente e no ganho de completa. No SI, é representado pela letra T, e é medido em segun-
energia do corpo mais frio. dos.
É possível criar uma equação relacionando a frequência e o
período de uma onda:
f = 1/T
ONDAS: LUZ E SOM ou
T = 1/f

Ondulatória é a parte da Física que estuda as ondas. Qualquer - Comprimento de onda: é o tamanho de uma onda, que pode
onda pode ser estudada aqui, seja a onda do mar, ou ondas eletro- ser medida em três pontos diferentes: de crista a crista, do início ao
magnéticas, como a luz. A definição de onda é qualquer perturba- final de um período ou de vale a vale. Crista é a parte alta da onda,
ção (pulso) que se propaga em um meio. Ex: uma pedra jogada em vale, a parte baixa. É representada no SI pela letra grega lambda (λ)
uma piscina (a fonte), provocará ondas na água, pois houve uma - Velocidade: todas as ondas possuem uma velocidade, que
perturbação. Essa onda se propagará para todos os lados, quando sempre é determinada pela distância percorrida, sobre o tempo
vemos as perturbações partindo do local da queda da pedra, até ir gasto. Nas ondas, essa equação fica:
na borda. Uma sequência de pulsos formam as ondas. v = λ / T ouv = λ . 1/T ou ainda v = λ . f

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Amplitude: é a “altura” da onda, é a distância entre o eixo da Sistema Massa-Mola Comprimido
onda até a crista. Quanto maior for a amplitude, maior será a quan- À medida que afastamos o bloco de massa m da posição de
tidade de energia transportada. equilíbrio, a força restauradora vai aumentando (estamos tomando
o valor de X crescendo positivamente à direita do ponto de equilí-
Movimento Harmônico Simples, Período, Frequência, Pêndulo brio e vice-versa), se empurramos o bloco de massa m para a es-
Simples, Lei de Hooke, Sistema Massa-Mola querda da posição 0, uma força de sentido contrário e proporcional
ao deslocamento X surgirá tentando manter o bloco na posição de
Movimento Harmônico Simples (MHS) equilíbrio 0.
Um dos comportamentos oscilatórios mais simples de se esten- Se dermos um puxão no bloco de massa m e o soltarmos vere-
der, sendo encontrado em vários sistemas, podendo ser estendido mos o nosso sistema oscilando. Você teria ideia de por quê o nosso
a muitos outros com variações é o Movimento Harmônico Simples sistema oscila? Se haveria, e se sim, qual a relação da força restau-
(M.H.S). radora e do fato de nosso sistema ficar oscilando?
Muitos comportamentos oscilatórios surgem a partir da exis- Na tentativa de respondermos a essa pergunta começaremos
tência de forças restauradoras que tendem a trazer ou manter sis- discutindo o tipo de movimento realizado por nosso sistema massa-
temas em certos estados ou posições, sendo essas forças restaura- -mola e a natureza matemática deste tipo de movimento.
doras basicamente do tipo forças elásticas, obedecendo, portanto, Perfil de um comportamento tipo M.H.S.
a Lei de Hooke (F = - kX). Oscilando em torno de um ponto central, apresentando uma
Um sistema conhecido que se comporta dessa maneira é o sis- variação de espaço maior nas proximidades do ponto central do
tema massa-mola (veja a figura abaixo). Consiste de uma massa de que nas extremidades. Você saberia dizer qual o tipo de função re-
valor m, presa por uma das extremidades de uma certa mola de presentada em nosso esquema? Esse formato característico perten-
fator de restauração k e cuja outra extremidade está ligada a um ce a que tipo de funções? Uma explicação para esse tipo de gráfico
ponto fixo. obtido poderia sair de uma análise das forças existentes no sistema
massa-mola, mesmo que a compreensão total da mesma somente
possa ser entendida a fundo a nível universitário.
Sabendo-se que a força aplicada no bloco m do nosso siste-
ma massa-mola na direção do eixo X será igual à força restauradora
exercida pela mola sobre o bloco na posição X aonde o mesmo se
encontrar (3a. Lei de Newton) podemos escrever a seguinte equa-
Sistema Massa-Mola ção:
Esse sistema possui um ponto de equilíbrio ao qual chamare- F (X) = - kX
mos de ponto 0. Toda vez que tentamos tirar o nosso sistema desse
ponto 0, surge uma força restauradora (F = -kX) que tenta trazê-lo Passando o segundo termo para o primeiro membro temos:
de volta a situação inicial. F (x) + kX = 0

Usando da 1a. Lei de Newton sabemos que F(X) = ma(X), tendo


nós agora:
ma(X) + kX = 0

Podemos perceber também que X = X(t) já que a posição de X


varia com o tempo enquanto o nosso sistema oscila, ficando a nossa
equação:
Sistema Massa-Mola na Posição de Equilíbrio ma(X(t)) + kX(t) = 0

É possível se ver em um curso de Cálculo Diferencial e Integral


a nível superior que em sistemas dependentes do tempo como este
podemos aplicar uma função de função chamada derivada aonde
podemos dizer que a(X(t)) = d^2X(t)/d^2t, ou seja, que a derivada
segunda de X em relação ao tempo é igual à aceleração de nos-
so sistema. Tendo a nossa equação o seguinte aspecto agora: m(-
Sistema Massa-Mola Estendido d2X(t)/d2t) + kX(t) = 0
Onde a solução desta equação sendo chamada de equação di-
ferencial é a função de movimento de nosso sistema massa-mola.
Apesar de não termos conhecimentos para resolve-la, comentários
podem ser feitos sobre a mesma para termos uma ideia de como se
resolve. Primeiro vamos tentar entender melhor o que seja uma de-
rivada. Em uma função você sempre dá um número e a função lhe
devolve outro número. A derivada que é uma função de função não
é muito diferente, você lhe dar uma função e ela lhe dá outra fun-
ção. Sendo a derivada segunda de uma função, o resultado depois
de ter passado duas vezes uma função por uma derivada. Passado
esse ponto vamos tentar entender melhor o que seja resolver uma
equação diferencial. Você sabe resolver uma equação de 2o. Grau
não sabe? Pois bem, você deve se lembrar que você tem algo do
tipo: aX2 + bX + c2 = 0
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
E que a ideia de resolver a equação de segundo grau é encon- A função obtida é do tipo seno ou coseno.
trar valores de X que satisfaçam a equação, ou seja, que se forem O comportamento dessa equação de movimento pode ser mais
substituídos na expressão acima ela será igual a zero. Você se lem- bem compreendido ao tratarmos também outros parâmetros im-
bra do procedimento do algoritmo, não? portantes como a velocidade, a aceleração, a dinâmica e a energia
delta = b2 - 4ac X = (-b ± ((delta)1/2))/2a no M.H.S.
A partir da projeção do vetor velocidade no M.C.U. (usando de
Onde você encontra aos valores que satisfazem a equação de um pouco de conhecimentos de trigonometria) também podemos
2o. Grau. Pois bem, a ideia de resolver uma equação diferencial não deduzir que a função velocidade também será do tipo seno ou co-
é muito diferente, somente que em vez de valores você deverá en- seno, sendo somente que v(t) = -wA sen(wt + ø) ou v(t) = wA cos(wt
contrar as funções que satisfazem a equação diferencial, funções + ø), o que também pode ser escrito v(t) = ±wX(t).
que quando substituídas na equação diferencial no nosso caso dê Em um curso de Cálculo Diferencial e Integral poderemos ver
uma expressão final igual a zero. Mesmo sem sabermos como re- que a função velocidade é a derivada da função deslocamento em
solver à equação, posso dizer que um conjunto de funções que a relação ao tempo, ou seja, que dX(t)/dt = v(t). E que disso, podere-
resolve são funções do tipo seno e coseno, o que corrobora muito mos deduzir que v(t) = dX(t)/dt = -wA sen(wt + ø) ou wA cos(wt + ø),
bem com o esquema apresentado no começo da seção. considerando que X(t) será igual a A cos(wt + ø) ou a A sen(wt + ø).
Em outras palavras, a nossa função de movimento X(t) terá a
forma A cos(wt + ø) ou A sen(wt + ø), ou seja, X(t) = A cos(wt + ø) ou
X(t) = A sen(wt + ø).
Onde A é amplitude do nosso M.H.S, que seria o deslocamento
máximo realizado pelo bloco em relação à posição de equilíbrio, w
é a frequência angular do nosso movimento periódico em radianos
por segundo (w = 2*p*f, sendo f o número de vezes que o ciclo se
repete a cada unidade de tempo), t é a nossa grandeza de tempo,
e ø é uma fase ou deslocamento angular acrescida ao nosso M.H.S.
Não existe grande diferença entre uma função seno ou coseno se
virmos pela questão de que uma função seno ou coseno se trans-
forma na outra ou essa multiplicada por (-1) se deslocarmos 90
graus ou p/2 uma em relação à outra.
Uma outra forma para se ver que a equação de movimento do
M.H.S. é do tipo seno ou coseno é a partir da projeção do Movimen-
to Circular Uniforme (M.C.U.) sobre o eixo x, onde sabemos que
projeções são feitas a partir das funções seno e coseno.

Vetores Velocidade e Aceleração do M.C.U.

Projeção do M.C.U. sobre o M.C.U. com uma diferença de fase


ø.

Gráficos da função deslocamento, função velocidade e função


aceleração do M.H.S.

Entretanto, podemos fazer uma análise dimensional e verifi-


car a coerência da forma apresentada. Podemos usar uma análise
dimensional para verificar se em termos de unidades a expressão
é coerente. Por exemplo, os termos cos(wt + ø) e sen(wt + ø) são
termos adimensionais, ou seja, não são representarmos em termos
de m/s, m/s2, kg, N, oC, J ou qualquer unidade física, são apenas
números que no caso dessas funções apenas assumem valores que
vão de (-1) a 1.
M.C.U. eixo x produzindo um M.H.S.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A amplitude A, no entanto está representando o valor máxi-
mo de deslocamento do nosso sistema massa-mola em relação à
posição de equilíbrio em unidades de distância, que no nosso caso
usaremos o m. A frequência angular w, que é igual a 2*p*f, onde a
frequência linear f é dada em termos de 1 sobre a nossa unidade
de tempo t ,(1/t), já que f dá o número de repetições de ciclos em
uma unidade de tempo t, também será dada em termos de 1 sobre
a unidade de tempo t já que 2*p também é adimensional. A nossa
unidade de tempo no caso será o segundo. A expressão será coe-
rente dimensionalmente se as unidades do primeiro membro forem
iguais a do segundo membro. Ou seja, que as unidades do segundo
membro dêem a unidade m/s que é correspondente à grandeza ve-
locidade.
Tudo isso pode ser escrito da seguinte maneira: 1o. Membro:
[v] = m/s 2o. Membro: [A][w] = m * 1/s = m/s

Então dimensionalmente, a expressão é coerente. A análise


dimensional não permite definir se existem constantes ou outros
termos adimensionais multiplicando as grandezas, mas com certeza A partir da figura com a decomposição de forças existentes no
é uma ferramenta útil para dirimir discrepâncias e vermos a coerên- pêndulo simples podemos ver que a força restauradora do sistema
cia de expressões. Para a aceleração do M.H.S. também podemos pêndulo simples é do tipo F(teta) = -mg sen(teta), que é diferente
ver que a mesma é do tipo seno ou coseno a partir da projeção do do tipo de força restauradora do nosso sistema massa-mola e que
vetor aceleração do M.C.U., somente que a sua expressão é dada caracteriza um movimento harmônico simples F(X) = -kX, contudo
por a(t) = -(w2)A cos(wt + ø) ou -(w2)A sem(wt + ø). A partir de um para ângulos pequenos de teta, sen teta ~ teta, podendo nós fazer-
curso de Cálculo Diferencial e Integral também podemos ver que a mos a seguinte substituição para a força restauradora do pêndulo
aceleração é a derivada segunda em relação ao tempo da função simples para ângulos pequenos, F(teta) = -mg sen (teta) ~ -mg(teta).
deslocamento X(t), ou seja, que a(t) = dv(t)/dt = d(dX(t)/dt)/dt = O que nos permitiria chegarmos a uma equação muito pareci-
d2X(t)/dt = -(w2)X(t), de onde podemos deduzir que a(t) = -(w2)A da com a que encontramos para o nosso sistema massa-mola:
cos(wt + ø) ou -(w2)A sen(wt + ø); mas podemos fazer uma análise F(teta) + mg*teta = 0
dimensional para a função aceleração assim como fizemos para a Onde teta também é teta = teta(t), conseguindo nós assim que:
função velocidade. F(teta(t)) + mg*teta(t) = 0
Assim sendo: 1o. Membro: [a] = m/(s2) 2o. Membro: [A][w2] =
[A][w][w] = m * 1/s * 1/s = m * 1/(s2) = m/(s2) O que comprova que Que pelo o que comentamos anteriormente podemos reescre-
a equação dimensionalmente é coerente. ver como:
A essa altura você deve estar se perguntando como podemos d2(teta(t))/dt + mg*teta(t) = 0
saber qual é o valor de w? Posso dizer que w, que é a nossa frequên-
cia angular, determinando a variação angular do nosso oscilador no De onde dessa equação diferencial se é possível obter uma
tempo, que está diretamente relacionado a nossa frequência linear equação de movimento similar à equação de movimento do siste-
f, que determina o número de ciclos realizados por nosso oscilador ma massa-mola:
em uma unidade de tempo, dependerá do fator de restauração k da teta(t) = A cos (wt + ø)
mola e do fator de inércia m do bloco, ambas respectivamente com
unidades físicas de [k] = N/m e [m] = kg. Como [w] = 1/s, podemos Todas as demais considerações que foram feitas para o siste-
encontrar uma maneira de arranjar as grandezas físicas k e m de ma massa-mola poderão ser generalizadas para o pêndulo simples
maneira a termos uma expressão aproximada para w. agora, com a observação que a única representante de energia po-
De antemão já digo que essa expressão será obtida tirando-se tencial a entrar no somatório de energias para dar Et é a energia
a raiz quadrada da razão de k/m, ficando: (([k]/[m])1/2) = (((N/m)/ potencial gravitacional (Epg), de maneira a conservar a energia total
kg)1/2) = ((((kg * m/(s2))/m)/kg)1/2) = ((((kg/m)*(m/(s2)))/kg)1/2) do sistema, com energia potencial gravitacional se convertendo em
= (((kg/(s2))/kg)1/2) = (((kg/kg)*(1/(s2)))1/2)= ((1/(s2))1/2) = 1/s energia cinética e vice-versa, sendo que a nossa posição de equilí-
brio é exatamente o ponto mais baixo do sistema.
onde já poderíamos considerar pela análise dimensional que De maneira análoga a que fizemos para encontrar a expressão
uma expressão próxima da que determinasse w seria w ~ ((k/m)1/2), de w para o sistema massa-mola podemos fazer para encontrar a
o que não permite sabermos se existiriam termos adimensionais ou expressão de w para o pêndulo simples; onde em vez de k e m, as
constantes, mas experimentalmente já fora comprovado a bastante grandezas físicas a serem consideradas serão as grandezas g e l.
tempo que realmente w = ((k/m)1/2). Reescrevendo a equação de w agora com g e l ficamos que w
= ((g/l)1/2), sobre a qual podemos fazer uma análise dimensional
Na próxima seção, compreendermos como se dá o processo para verificar a sua coerência:
de conservação de energia dentro do sistema massa-mola, como (([g]/[l])1/2) = (((m/(s2))/m)1/2) = ((1/(s2))1/2) = 1/s [w] = 1/s
se dão as conversões de energia potencial em cinética e vice-versa, o que confere com o esperado, podendo se reescrever a ex-
antes de chegarmos a Dinâmica do M.H.S., onde poderemos ver pressão w = ((g/l)1/2) como o período de oscilação T, onde T = 1/f
algumas variações do nosso sistema massa-mola apresentado. = 1/(w/2*p) = 2*p/w = 2*p/((g/l)1/2) = 2*p*((l/g)1/2), tendo nós
deduzido a expressão:
Pêndulo Simples T = 2* p * ((l/g)1/2)
O pêndulo simples é um tipo de oscilador que para certas con-
dições pode ser considerado um oscilador harmônico simples.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Esse resultado nós diz que o período de oscilação do pêndulo Exemplo: Ondas em corda.
simples independe da abertura angular em que ele é solto, somente
dependendo de parâmetros considerados fixos como o comprimen-
to do fio do pêndulo ou haste e da gravidade local (no caso do siste-
ma massa-mola os parâmetros a ser considerados como vimos é o
fator de restauração k e o fator de inércia m). Dessa forma podemos
concluir que não deverá haver variações no período do pêndulo po-
dendo o mesmo ser utilizado como medidor do tempo.

Lei de Hooke
Medida de uma força: deformação elástica. Podemos medir a
intensidade de uma força pela deformação que ela produz num cor- Longitudinais: são aquelas cujas vibrações coincidem com a di-
po elástico. O dispositivo utilizado é o dinamômetro, que consiste reção de propagação.
numa mola helicoidal envolvida por um protetor. Na extremidade Exemplos: Ondas sonoras, ondas em molas.
livre da mola há um ponteiro que se desloca do ponto de uma es-
cala. A medida de uma força é feita por comparação da deforma-
ção causada da deformação causada por essa força com a de força
padrão. Uma mola apresenta uma deformação elástica se, retirada
a força que a deforma, ela retorna ao seu comprimento e forma
originais.

Robert Hooke, cientista inglês enunciou a seguinte lei, valida


para as deformações elásticas: “A intensidade da força deformado-
ra (F) é proporcional à deformada (X).”
A expressão matemática da Lei de Hooke é: F = K . X
Onde K = constante de proporcionalidade característica da
mola (constante elástica da mola). ONDAS EM UMA CORDA, VELOCIDADE, FREQUÊNCIA E COM-
PRIMENTO DE ONDA, ONDAS ESTACIONÁRIAS NUMA CORDA FIXA
Ondas Mecânicas, Ondas Transversais e Longitudinais EM AMBAS AS EXTREMIDADES
As ondas podem ser classificadas de três modos.
Velocidade de Propagação de uma Onda Unidimensional
Quanto à natureza Considere uma corda de massa m e comprimento ℓ, sob a ação
Ondas mecânicas: são aquelas que precisam de um meio mate- de uma força de tração .
rial para se propagar (não se propagam no vácuo).
Exemplo: Ondas em cordas e ondas sonoras (som).
Ondas eletromagnéticas: são geradas por cargas elétricas os-
cilantes e não necessitam de uma meio material para se propagar,
podendo se propagar no vácuo.
Exemplos: Ondas de rádio, de televisão, de luz, raios X, raios
laser, ondas de radar etc.

Quanto à direção de propagação Suponha que a mão de uma pessoa, agindo na extremidade
Unidimensionais: são aquelas que se propagam numa só dire- livre da corda, realiza um movimento vertical, periódico, de sobe-
ção. -e-desce. Uma onda passa a se propagar horizontalmente com ve-
Exemplo: Ondas em cordas. locidade .
Bidimensionais: são aquelas que se propagam num plano.
Exemplo: Ondas na superfície de um lago. Cada ponto da corda sobe e desce. Assim que o ponto A come-
Tridimensionais: são aquelas que se propagam em todas as di- ça seu movimento (quando O sobe), B inicia seu movimento (quan-
reções. do O se encontra na posição inicial), movendo-se para baixo.
Exemplo: Ondas sonoras no ar atmosférico ou em metais.
O ponto D inicia seu movimento quando o ponto O descreveu
Quanto à direção de vibração um ciclo completo (subiu, baixou e voltou a subir e regressou à po-
Transversais: são aquelas cujas vibrações são perpendiculares à sição inicial).
direção de propagação. Se continuarmos a movimentar o ponto O, chegará o instante
em que todos os pontos da corda estarão em vibração.
A velocidade de propagação da onda depende da densidade
linear da corda e da intensidade da força de tração , e é dada por:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Extremidade livre
Se a extremidade é livre, o pulso sofre reflexão e volta ao mes-
mo semiplano, isto é, ocorre inversão de fase.

Refração de um pulso numa corda


Se, propagando-se numa corda de menor densidade, um pul-
so passa para outra de maior densidade, dizemos que sofreu uma
refração.

Em que: F = a força de tração na corda µ = , a densidade


linear da corda

Aplicação: Uma corda de comprimento 3 m e massa 60 g é A experiência mostra que a freqüência não se modifica quando
mantida tensa sob ação de uma força de intensidade 800 N. Deter- um pulso passa de um meio para outro.
mine a velocidade de propagação de um pulso nessa corda.

Resolução:

Essa fórmula é válida também para a refração de ondas bidi-


mensionais e tridimensionais.
Observe que o comprimento de onda e a velocidade de propa-
gação variam com a mudança do meio de propagação.

Aplicação: Uma onda periódica propaga-se em uma corda A,


com velocidade de 40 cm/s e comprimento de onda 5 cm. Ao passar
para uma corda B, sua velocidade passa a ser 30 cm/s. Determine:
a) o comprimento de onda no meio B
Reflexão de um pulso numa corda b) a frequência da onda
Quando um pulso, propagando-se numa corda, atinge sua ex-
tremidade, pode retornar para o meio em que estava se propagan- Resolução:
do. Esse fenômeno é denominado reflexão.

Essa reflexão pode ocorrer de duas formas:

Extremidade fixa
Se a extremidade é fixa, o pulso sofre reflexão com inversão de
fase, mantendo todas as outras características.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Princípio da Superposição Ondas Estacionárias
Quando duas ou mais ondas se propagam, simultaneamente, São ondas resultantes da superposição de duas ondas de mes-
num mesmo meio, diz-se que há uma superposição de ondas. ma freqüência, mesma amplitude, mesmo comprimento de onda,
Como exemplo, considere duas ondas propagando-se confor- mesma direção e sentidos opostos.
me indicam as figuras: Pode-se obter uma onda estacionária através de uma corda fixa
Supondo que atinjam o ponto P no mesmo instante, elas causa- numa das extremidades.
rão nesse ponto uma perturbação que é igual à soma das perturba- Com uma fonte faz-se a outra extremidade vibrar com movi-
ções que cada onda causaria se o tivesse atingido individualmente, mentos verticais periódicos, produzindo-se perturbações regulares
ou seja, a onda resultante é igual à soma algébrica das ondas que que se propagam pela corda.
cada uma produziria individualmente no ponto P, no instante con-
siderado.

Em que: N = nós ou nodos e V= ventres.


Após a superposição, as ondas continuam a se propagar com as Ao atingirem a extremidade fica, elas se refletem, retornando
mesmas características que tinham antes. com sentido de deslocamento contrário ao anterior.
Os efeitos são subtraídos (soma algébrica), podendo-se anular Dessa forma, as perturbações se superpõem às outras que es-
no caso de duas propagações com deslocamento invertido. tão chegando à parede, originando o fenômeno das ondas estacio-
nárias.
Uma onda estacionária se caracteriza pela amplitude variável
de ponto para ponto, isto é, há pontos da corda que não se movi-
mentam (amplitude nula), chamados nós (ou nodos), e pontos que
vibram com amplitude máxima, chamados ventres.

É evidente que, entre nós, os pontos da corda vibram com a


mesma freqüência, mas com amplitudes diferentes.
Observe que: Como os nós estão em repouso, não pode haver
passagem de energia por eles, não havendo, então, em uma corda
estacionária o transporte de energia.
A distância entre dois nós consecutivos vale .

A distância entre dois ventres consecutivos vale .


Em resumo:
Quando ocorre o encontro de duas cristas, ambas levantam o A distância entre um nó e um ventre consecutivo vale .
meio naquele ponto; por isso ele sobe muito mais.
Quando dois vales se encontram eles tendem a baixar o meio Aplicação: Uma onda estacionária de freqüência 8 Hz se esta-
naquele ponto. belece numa linha fixada entre dois pontos distantes 60 cm. Incluin-
Quando ocorre o encontro entre um vale e uma crista, um de- do os extremos, contam-se 7 nodos. Calcule a velocidade da onda
les quer puxar o ponto para baixo e o outro quer puxá-lo para cima. progressiva que deu origem à onda estacionária.
Se a amplitude das duas ondas for a mesma, não ocorrerá desloca-
mento, pois eles se cancelam (amplitude zero) e o meio não sobe e Resolução:
nem desce naquele ponto.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ONDAS SONORAS, NATUREZA DO SOM, PROPAGAÇÃO, VELO- * Nível sonoro: o mínimo que o ouvido de um ser humano nor-
CIDADE, ALTURA, INTENSIDADE, TIMBRE mal consegue captar é de 20Hz, ou seja, qualquer corpo que vibre
em 20 ciclos por segundo. O máximo da sensação auditiva, para o
Ondas Sonoras ser humano é de 20.000Hz (20.000 ciclos por segundo). Este míni-
Som é uma onda que se propaga em meio material, água, ar, mo é acompanhado de muita dor, por isso também é conhecido
etc. O som não se propaga no vácuo, não se percebe o som sem um como o limiar da dor.
meio material. Há uma outra medida de intensidade de som, que chamada
A intensidade do som é tanto quanto maiorque a amplitude da de Bell. Inicialmente os valores eram medidos em Béis, mas torna-
onda sonora. ram-se muito grandes numericamente. Então, introduziram o valor
dez vezes menor, o deciBell, dB. Esta medida foi uma homenagem
* Velocidade de propagação das ondas: a Alexander Graham Bell. Eis a medida de alguns sons familiares:

a) Quanto mais tracionado o material, mais rápido o pulso se Fonte sonora ou dB Intensidade descrição de ruído em W.m-2
propagará.
b) O pulso se propaga mais rápido em um meio de menor mas- Limiar da dor 120 1
sa.
c) O pulso se propaga mais rápido quando o comprimento é Rebitamento 95 3,2.10-3
grande. Trem elevado 90 10-3
d) Equação da velocidade:
Tráfego urbano
pesado 70 10-5
Conversação 65 3,2.10-6
Automóvel silencioso 50 10-7
Rádio moderado 40 10-8
ou ainda pode ser V = l.f Sussurro médio 20 10-10
* A equação acima nos mostra que quanto mais rápida for a Roçar de folhas 10 10-11
onda maior será a freqüência e mais energia ela tem. Porém, a fre- Limite de audição 0 10-12
qüência é o inverso do comprimento de onda (l), isto quer dizer
que ondas com alta freqüência têm l pequenos. Ondas de baixa fre- * Refração: mudanças na direção e na velocidade.
qüência têm l grandes Refrata quando muda de meio.
Refrata quando há mudanças na temperatura

* Difração:Capacidade de contornar obstáculos. O som tem


grande poder de difração, porque as ondas têm um l relativamente
grande.

* Interferência: na superposição de ondas pode haver aumento


de intensidade sonora ou a sua diminuição.
Destrutiva - Crista + Vale - som diminui ou para.
Construtiva - Crista + Crista ou Vale + Vale - som aumenta de
intensidade.
* Ondas Unidimensionais: São aquelas que se propagam em
um plano apenas. Em uma única linha de propagação. Difração:
* Ondas Bidimensionais: São aquelas que se propagam em Ocorre quando uma onda encontra obstáculos à sua propaga-
duas dimensões. Em uma superfície, geralmente. Movimentam-se ção e seus raios sofrem encurvamento.
apenas em superfícies planas.
* Ondas Tridimensionais: São aquelas que se propagam em to- Timbre
das as direções possíveis. O Timbre é a “cor” do som. Aquilo que distingue a qualidade do
tom ou voz de um instrumento ou cantor, por exemplo a flauta do
Som clarinete, o soprano do tenor.
O som é uma onda (perturbação) longitudinal e tridimensional, Cada objeto ou material possui um timbre que é único, assim
produzida por um corpo vibrante sendo de cunho mecânico. como cada pessoa possui um timbre próprio de voz.
* Fonte sonora: qualquer corpo capaz de produzir vibrações.
Estas vibrações são transmitidas às moléculas do meio, que por sua Fenômenos Ondulatórios, Reflexão, Eco, Reverberação, Refra-
vez, transmitem a outras e a outras, e assim por diante. Uma molé- ção, Difração e Interferência
cula pressiona a outra passando energia sonora. Já que sabemos o que é o som, nada mais justo do que enten-
* Não causa aquecimento: As ondas sonoras se propagam em der como o som se comporta. Vamos então explorar um pouco os
expansões e contrações adiabáticas. Ou seja, cada expansão e cada fenômenos sonoros.
contração, não retira nem cede calor ao meio. Na propagação do som observam-se os fenômenos gerais da
* Velocidade do som no ar: 337m/s propagação ondulatória. Devido à sua natureza longitudinal, o som
não pode ser polarizado; sofre, entretanto, os demais fenômenos,
a saber: difração, reflexão, refração, interferência e efeito Doppler.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Se você achar esta matéria cansativa, não se preocupe. Estare- 0,1 segundo. O resultado é uma ‘confusão’ auditiva, o que prejudica
mos voltando a estes tópicos toda vez que precisarmos deles como o discernimento tanto do som direto quanto do refletido. É a cha-
suporte. Você vai cansar de vê-los aplicados na prática... e acaba mada continuidade sonora e o que ocorre em auditórios acustica-
aprendendo ;-) mente mal planejados.
A difração é a propriedade de contornar obstáculos. Ao en- No eco, o som breve refletido chega ao tímpano após este ter
contrar obstáculos à sua frente, a onda sonora continua a provocar sido excitado pelo som direto e ter-se recuperado dessa excitação.
compressões e rarefações no meio em que está se propagando e Depois de ter voltado completamente ao seu estado natural (com-
ao redor de obstáculos envolvidos pelo mesmo meio (uma pedra pletou a fase de persistência auditiva), começa a ser excitado nova-
envolta por ar, por exemplo). Desta forma, consegue contorná-los. mente pelo som breve refletido. Isto permite discernir perfeitamen-
A difração depende do comprimento de onda. Como o comprimen- te as duas excitações.
to de onda (?) das ondas sonoras é muito grande - enorme quando Ainda derivado do fenômeno da reflexão do som, é preciso
comparado com o comprimento de onda da luz - a difração sonora considerar a formação de ondas estacionárias nos campos ondula-
é intensa. tórios limitados, como é o caso de colunas gasosas aprisionadas em
tubos. O tubo de Kundt, abaixo ilustrado, permite visualizar através
A reflexão do som obedece às leis da reflexão ondulatória nos de montículos de pó de cortiça a localização de nós (regiões isentas
meios materiais elásticos. Simplificando, quando uma onda sonora de vibração e de som) no sistema de ondas estacionárias que se
encontra um obstáculo que não possa ser contornado, ela “bate e estabelece como resultado da superposição da onda sonora direta
volta”. É importante notar que a reflexão do som ocorre bem em su- e da onda sonora refletida.
perfícies cuja extensão seja grande em comparação com seu com-
primento de onda. Ondas Estacionárias
A reflexão, por sua vez, determina novos fenômenos conheci- A distância (d) entre dois nós consecutivos é de meio compri-
dos como reforço, reverberação e eco. Esses fenômenos se devem mento de onda ( d = ? / 2 ). Sendo a velocidade da onda no gás Vgás
ao fato de que o ouvido humano só é capaz de discernir duas ex- = ?×f tem-se Vgás = 2×f×d, o que resulta num processo que permite
citações breves e sucessivas se o intervalo de tempo que as separa calcular a velocidade de propagação do som em um qualquer gás!
for maior ou igual a 1/10 do segundo. Este décimo de segundo é a A frequência f é fornecida pelo oscilador de áudio-frequência que
chamada persistência auditiva. alimenta o auto-falante.
A refração do som obedece às leis da refração ondulatória. Este
Reflexão do som fenômeno caracteriza o desvio sofrido pela frente da onda quando
ela passa de um meio para outro, cuja elasticidade (ou compressi-
bilidade, para as ondas longitudinais) seja diferente. Um exemplo
seria a onda sonora passar do ar para a água.
Quando uma onda sonora sofre refração, ocorre uma mudança
no seu comprimento de onda e na sua velocidade de propagação.
Sua frequência, que depende apenas da fonte emissora, se mantém
inalterada.
Como já vimos, o som é uma onda mecânica e transporta ape-
nas energia mecânica. Para se deslocar no ar, a onda sonora precisa
ter energia suficiente para fazer vibrar as partículas do ar. Para se
deslocar na água, precisa de energia suficiente para fazer vibrar as
partículas da água. Todo meio material elástico oferece uma certa
“resistência” à transmissão de ondas sonoras: é a chamada impe-
dância. A impedância acústica de um sistema vibratório ou meio
de propagação, é a oposição que este oferece à passagem da onda
sonora, em função de sua frequência e velocidade.
Suponhamos que uma fonte emita um som breve que siga dois A impedância acústica (Z) é composta por duas grandezas: a
raios sonoros. Um dos raios vai diretamente ao receptor (o ouvido, resistência e a reactância. As vibrações produzidas por uma onda
por exemplo) e outro, que incide num anteparo, reflete-se e diri- sonora não continuam indefinidamente pois são amortecidas pela
ge-se para ao mesmo receptor. Dependendo do intervalo de tem- resistência que o meio material lhes oferece. Essa resistência acús-
po (?t) com que esses sons breves (Direto e Refletido) atingem o tica (R) é função da densidade do meio e, consequentemente, da
ouvido, podemos ter uma das três sensações distintas já citadas: velocidade de propagação do som neste meio. A resistência é a par-
reforço, reverberação e eco. te da impedância que não depende da frequência. É medida em
Quando o som breve direto atinge o tímpano dos nossos ouvi- ohms acústicos. A reactância acústica (X) é a parte da impedância
dos, ele o excita. A excitação completa ocorre em 0,1 segundo. Se que está relacionada com a frequência do movimento resultante
o som refletido chegar ao tímpano antes do décimo de segundo, o (onda sonora que se propaga). É proveniente do efeito produzido
som refletido reforça a excitação do tímpano e reforça a ação do pela massa e elasticidade do meio material sobre o movimento on-
som direto. É o fenômeno do reforço. dulatório.
Na reverberação, o som breve refletido chega ao ouvido antes Se existe a impedância, uma oposição à onda sonora, podemos
que o tímpano, já excitado pelo som direto, tenha tempo de se re- também falar em admitância, uma facilitação à passagem da onda
cuperar da excitação (fase de persistência auditiva). Desta forma, sonora. A admitância acústica (Y) é a recíproca da impedância e de-
começa a ser excitado novamente, combinando duas excitações fine a facilitação que o meio elástico oferece ao movimento vibra-
diferentes. Isso ocorre quando o intervalo de tempo entre o ramo tório. Quanto maior for a impedância, menor será a admitância e
direto e o ramo refletido é maior ou igual a zero, porém menor que vice-versa. É medida em mho acústico (contrário de ohm acústico).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A impedância também pode ser expressa em unidades rayls Batimento
(homenagem a Rayleigh). A impedância característica do ar é de Se suas frequências não forem rigorosamente iguais, ora eles
420 rayles, o que significa que há necessidade de uma pressão de se superpõem em concordância de fase, ora em oposição de fase,
420 N/m2 para se obter o deslocamento de 1 metro, em cada se- ocorrendo isso a intervalos de tempo iguais, isto é, periodicamente
gundo, nas partículas do meio. se reforçam e se extinguem. É o fenômeno de batimento e o inter-
Para o som, o ar é mais refringente que a água pois a impedân- valo de tempo é denominado período do batimento.
cia do ar é maior. Tanto é verdade que a onda sonora se desloca Distingue-se um som forte de um som fraco pela intensidade.
com maior velocidade na água do que no ar porque encontra uma Distingue-se um som agudo de um som grava pela altura. Distingue-
resistência menor. -se o som de um violino do som de uma flauta pelo timbre.
Quando uma onda sonora passa do ar para a água, ela tende a
se horizontalizar, ou seja, se afasta da normal, a linha marcada em Efeito Doppler
verde (fig.6). O ângulo de incidência em relação à água é impor- O Efeito Doppler é consequência do movimento relativo entre
tante porque, se não for suficiente, a onda sonora não consegue o observador e a fonte sonora, o que determina uma modificação
“entrar” na água e acaba sendo refletida. aparente na altura do som recebido pelo observador.

Refração da água para o ar


A refração, portanto, muda a direção da onda sonora (mas não
muda o seu sentido). A refração pode ocorrer num mesmo meio,
por exemplo, no ar. Camadas de ar de temperaturas diferentes pos-
suem impedâncias diferentes e o som sofre refrações a cada cama-
da que encontra.
Da água para o ar, o som se aproxima da normal. O som passa
da água para o ar, qualquer que seja o ângulo de incidência.
Dada a grande importância da impedância, tratada aqui apenas
para explicar o fenômeno da refração, ela possui um módulo pró-
prio. É um assunto relevante na geração e na transmissão de sons.

Interferência O efeito doppler ocorre quando um som é gerado ou refletido


A interferência é a consequência da superposição de ondas por um objeto em movimento. Um efeito doppler ao extremo causa
sonoras. Quando duas fontes sonoras produzem, ao mesmo tempo o chamado estrondo sônico. Se tiver curiosidade, leia mais sobre
e num mesmo ponto, ondas concordantes, seus efeitos se somam; o assunto em “A Barreira Sônica”. A seguir, veja um exemplo para
mas se essas ondas estão em discordância, isto é, se a primeira pro- explicar o efeito doppler.
duz uma compressão num ponto em que a segunda produz uma
rarefação, seus efeitos se neutralizam e a combinação desses dois Imagine-se parado numa calçada. Em sua direção vem um au-
sons provoca o silêncio. tomóvel tocando a buzina, a uma velocidade de 60 km/h. Você vai
ouvir a buzina tocando uma “nota” enquanto o carro se aproxima
Trombone de Quincke porém, quando ele passar por você, o som da buzina repentina-
O trombone de Quincke é um dispositivo que permite consta- mente desce para uma “nota” mais baixa - o som passa de mais
tar o fenômeno da interferência sonora além de permitir a deter- agudo para mais grave. Esta mudança na percepção do som se deve
minação do comprimento de onda. O processo consiste em enca- ao efeito doppler.
minhar um som simples produzido por uma dada fonte (diapasão, A velocidade do som através do ar é fixa. Para simplificar, diga-
por exemplo) por duas vias diferentes (denominados ‘caminhos de mos que seja de 300 m/s. Se o carro estiver parado a uma distância
marcha’) e depois reuni-los novamente em um receptor analisador de 1.500 metros e tocar a buzina durante 1 minuto, você ouvirá o
(que pode ser o próprio ouvido). som da buzina após 5 segundos pelo tempo de 1 minuto.
Observando a fig.9 percebe-se que o som emitido pela fonte Porém, se o carro estiver em movimento, vindo em sua direção
percorre dois caminhos: o da esquerda (amarelo), mais longo, e a 90 km/h, o som ainda será ouvido com um atraso de 5 segundos,
o da direita (laranja), mais curto. As ondas entram no interior do mas você só ouvirá o som por 55 segundos (ao invés de 1 minuto).
trombone formando ondas estacionárias dentro do tubo. Como o O que ocorre é que, após 1 minuto o carro estará ao seu lado (90
meio no tubo é um só e as ondas sonoras são provenientes de uma km/h = 1.500 m/min) e o som, ao fim de 1 minuto, chega até você
mesma fonte, é óbvio que as que percorrem o caminho mais curto instantaneamente. Da sua perspectiva, a buzinada de 1 minuto
cheguem primeiro ao receptor. Depois de um determinado período foi “empacotada” em 55 segundos, ou seja, o mesmo número de
de tempo, chegam as ondas do caminho mais longo e se misturam ondas sonoras foi comprimida num menor espaço de tempo. Isto
às do caminho mais curto: é a interferência. De acordo com as fases significa que a frequência foi aumentada e você percebe o som da
em que se encontram as ondas do caminho mais longo e as ondas buzina como mais agudo.
do caminho mais curto, o efeito pode ser totalmente diverso. Quando o automóvel passa por você e se distancia, ocorre o
Se as ondas amarelas chegarem em concordância de fase com processo inverso - o som é expandido para preencher um tempo
as ondas laranja, ocorre uma interferência construtiva e, o que se maior. Mesmo número de ondas num espaço de tempo maior signi-
ouve, é um aumento na intensidade do som. fica uma frequência menor e um som mais grave.
Se as ondas amarelas chegarem em oposição de fase com as
ondas laranja, ocorre uma interferência destrutiva, o que determi-
na o anulamento ou extinção delas. O resultado é o silêncio.
Dois sons de alturas iguais, ou seja, de frequências iguais, se
reforçam ou se extinguem permanentemente conforme se super-
ponham em concordância ou em oposição de fase.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Reflexão do Som Quando uma lâmina de aço vibra, ela também provoca uma
Se você joga uma bola de borracha perpendicularmente contra perturbação no ar em sua volta. Propagando-se pelo ar, essa per-
uma parede, ela bate na parede e volta na mesma direção. Se a turbação produz regiões de compressão e distensão. Como nosso
bola é jogada obliquamente contra a parede, depois de bater ela aparelho auditivo é sensível e essa vibração do ar, podemos perce-
se desvia para outra direção. Nos dois casos a bola foi refletida pela bê-las sob a forma de som.
parede. O mesmo acontece com as ondas sonoras. Além das cordas vocais e lâminas de aço, existem inúmeros
Timbre: o “documento de identidade” dos instrumentos. outros corpos capazes de emitir som. Corpos com essa capacidade
Todo instrumento musical tem o seu timbre, isto é, seu som são denominados fontes sonoras. Como exemplo, podemos citar os
característico. Assim, o acordeão e o violão podem emitir uma mes- diapasões, os sinos, as membranas, as palhetas e os tubos.
ma nota musical, de mesma frequência e intensidade, mas será fácil
distinguir o som de um e do outro. Frequência do som audível
Na música, o importante não é a frequência do som emitido O ouvido humano só é capaz de perceber sons de frequências
pelos diversos instrumentos, mas sim a relação entre as diversas compreendidas entre 16Hz e 20.000Hz, aproximadamente. Os in-
frequências de cada um. Os, por exemplo, um dó e um mi são toca- fra-sons, cuja frequência é inferior a 16Hz, e os ultra-sons, cuja fre-
dos ao mesmo tempo, o som que ouvimos é agradável e nos dá uma quência é superior a 20.000Hz, não são captados por nosso olvido,
sensação de música acabada. Mas, se forem tocadas simultanea- mas são percebidos por alguns animais, como os cães, que ouvem
mente o fá e o sí, ou sí e o ré, os sons resultantes serão desagradá- sons de 25.000Hz, e os morcegos, que chegam a ouvir sons de até
veis, dando a sensação de que falta alguma coisa para completá-las. 50.000Hz.
Isso acontece porque, no primeiro caso, as relações entre frequên-
cias são compostas de números pequenos, enquanto no segundo, Propagação do som
esses números são relativamente grandes. O som exige um meio material para propagar-se. Esse meio
Com o progresso da eletrônica, novos instrumentos foram pro- pode ser sólido, líquido ou gasoso.
duzidos, como a guitarra elétrica, o órgão eletrônico etc., que nos O som não se propaga no vácuo, o q poder ser comprovado
proporcionam novos timbres. pela seguinte experiência: colocando um despertador dentro de
O órgão eletrônico chega mesmo a emitir os sons dos outros uma campânula onde o ar é rarefeito, isto é, onde se fez “vácuo”, o
instrumentos. Ele pode ter, inclusive, acompanhamento de bateria, som da campainha praticamente deixa de ser ouvido.
violoncelo, contrabaixo e outros, constituindo-se numa autentica
orquestra eletrônica, regida por um maestro: executante da música. Velocidade do som
A propagação do som não é instantânea. Podemos verificar
Características das Ondas esse fato durante as tempestades: o trovão chega aos nossos ouvi-
As ondas do mar são semelhantes às que se formam numa cor- dos segundos depois do relâmpago, embora ambos os fenômenos
da: apresentam pontos mais elevados – chamados cristas ou mon- (relâmpago e trovão) se formem ao mesmo tempo. (A propagação
tes – e pontos mais baixos – chamados vales ou depressões. da luz, neste caso o relâmpago, também não é instantânea, embora
As ondas são caracterizadas pelos seguintes elementos: sua velocidade seja superior à do som.)
Amplitude – que vai do eixo médio da onda até o ponto mais Assim, o som leva algum tempo para percorrer determinada
auto de uma crista ou até o ponto mais baixo de um vale. distância. E a velocidade de sua propagação depende do meio em
Comprimento da onda – distâncias entre duas cristas sucessi- que ele se propaga e da temperatura em que esse meio se encontra.
vas ou entre dois vales sucessivos. No ar, a temperatura de 15ºC a velocidade do som é de cer-
Frequência – números de ondas formadas em 1s; a frequência ca de 340m/s. Essa velocidade varia em 55cm/s para cada grau de
é medida em hertz: 1 Hz equivale a uma onda por segundo; temperatura acima de zero. A 20ºC, a velocidade do som é 342m/s,
Período – tempo gasto para formar uma onda. O período é o a 0ºC, é de 331m/s.
inverso da frequência. Na água a 20ºC, a velocidade do som é de aproximadamente
1130m/s. Nos sólidos, a velocidade depende da natureza das subs-
Tipos de onda tâncias.
Ondas como as do mar ou as que se formam quando movimen-
tamos uma corda vibram nas direções vertical, mas se propagam na Qualidades fisiológicas do som
direção horizontal. Nessas ondas, chamadas ondas transversais, a A todo instante distinguimos os mais diferentes sons. Essa dife-
direção de vibração é perpendicular à direção de propagação. renças que nossos ouvidos percebem se devem às qualidades fisio-
Existem ondas que vibram na mesma direção em que se pro- lógicas do som: altura, intensidade e timbre.
pagam: são as ondas longitudinais. Pegue uma mola e fixe uma de
suas extremidades no teto. Pela outra extremidade, mantenha a Altura
mola esticada e puxe levemente uma das espirais para baixo. Em Mesmo sem conhecer música, é fácil distinguir o som agudo
seguida, solte a mola. Você verá que esta perturbação se propaga (ou fino) de um violino do som grave (ou grosso) de um violoncelo.
até o teto prodazido na mola zonas de compressão e distensão. Essa qualidade que permite distinguir um som grave de um som
agudo se chama altura.
Estudo do som Assim, costuma-se dizer qu o som do violino é alto e o do vio-
Encoste a mão na frente de seu pescoço e emita um som qual- loncelo é baixo. A altura de um som depende da frequência, isto é,
quer. Você vai sentir a garganta vibrar enquanto dura o som de sua do número de vibrações por segundo. Quanto maior a frequência
voz. O som produzido resulta de um movimento vibratório das cor- mais agudo é o som e vice versa. Por sua vez, a frequência depende
das vocais, que provoca uma perturbação no ar a sua volta, cujo do comprimento do corpo que vibra e de sua elasticidade; Quanto
efeito é capaz de impressionar o ouvido. maior a atração é mais curta for uma corda de violão, por exemplo,
mais agudo vai será o som por ela emitido.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Você pode constatar também a diferença de frequências usan- Um som é caracterizado por vibrações (variação de pressão) no
do um pente que tenha dentes finos e grossos. Passando os dentes ar. O ser humano normal médio consegue distinguir, ou ouvir, sons
do pente na bosta de um cartão você ouvirá dois tipos de som emi- na faixa de frequência que se estende de 20Hz a 20.000Hz aproxi-
tidos pelo cartão: o som agudo, produzido pelos dentes finos (maior madamente. Acima deste intervalo, os sinais são conhecidos como
frequência), e o som grave, produzido pelos dentes mais grossos ultrassons e abaixo dele, infrassons.
(menor frequência). O emissor de som, em aparelhos de som, é o alto-falante. Um
cone de papelão movido por uma bobina imersa em um campo
Intensidade magnético , produzido por um imã permanente. Este cone pode
É a qualidade que permite distinguir um som forte de um som “vibrar” a frequências de áudio e com isto impulsionar o ar promo-
fraco. Ele depende da amplitude de vibração: quanto maior a am- vendo ondas de pressão que ao atingirem o ouvido humano, são in-
plitude mais forte é o som e vice versa. terpretados como sons audíveis. Porém, à medida que a frequência
Na prática não se usa unidades de intensidade sonora, mas de das vibrações aumenta, a amplitude das vibrações vai se reduzin-
nível de intensidade sonora, uma grandeza relacionada à intensida- do. Para gerar sons de alta-frequência e ultrassons geralmente são
de sonora e à forma como o nosso ouvido reage a essa intensidade. utilizados cerâmicas ou cristais piezoelétricos, os quais produzem
Essas unidades são o bel e o seu submúltiplo o decibel (dB), que oscilações mecânicas em resposta a impulsos elétricos.
vale 1 décimo do bel. O ouvido humano é capaz de suportar sons
de até 120dB, como é o da buzina estridente de um carro. O ruído ÓPTICA
produzido por um motor de avião a jato a poucos metros do obser- A óptica é um ramo da Física que estuda a luz ou, mais ampla-
vador produz um som de cerca de 140dB, capaz de causar estímulos mente, a radiação eletromagnética, visível ou não. A óptica explica
dolorosos ao ouvido humano. A agitação das grandes cidades pro- os fenômenos de reflexão, refração e difração, a interação entre a
vocam a chamada poluição sonora composta dos mais variados ruí- luz e o meio, entre outras coisas. Geralmente, a disciplina estuda
dos: motores e buzinas de automóveis, martelos de ar comprimido, fenômenos envolvendo a luz visível, infravermelha, e ultravioleta;
rádios, televisores e etc. Já foi comprovado que uma exposição pro- entretanto, uma vez que a luz é uma onda electromagnética, fe-
longada a níveis maiores que 80dB pode causar dano permanente nômenos análogos acontecem com os raios X, microondas, ondas
ao ouvido. A intensidade diminui à medida que o som se propaga de rádio, e outras formas de radiação electromagnética. A óptica,
ou seja, quanto mais distante da fonte, menos intenso é o som. nesse caso, pode se enquadrar como uma subdisciplina do eletro-
Timbre – imagine a seguinte situação: um ouvinte que não en- magnetismo. Alguns fenômenos ópticos dependem da natureza da
tende de música está numa sala, ao lado da qual existe outra sala luz e, nesse caso, a óptica se relaciona com a mecânica quântica.
onde se encontram um piano e um violino. Se uma pessoa tocar a Segundo o modelo para a luz utilizada, distingue-se entre os se-
nota dó no piano e ao mesmo tempo outra pessoa tocar a nota dó guintes ramos, por ordem crescente de precisão (cada ramo utiliza
no violino, ambas com a mesma força os dois sons terão a mesma um modelo simplificado do empregado pela seguinte):
altura (freqüência) e a mesma intensidade. Mesmo sem ver os ins- - Óptica geométrica: Trata a luz como um conjunto de raios que
trumentos, o ouvinte da outra sala saberá distinguir facilmente um cumprem o princípio de Fermat. Utiliza-se no estudo da transmis-
som de outro, porque cada instrumento tem seu som caracterizado, são da luz por meios homogêneos (lentes, espelhos), a reflexão e a
ou seja, seu timbre. refração.
- Óptica ondulatória: Considera a luz como uma onda plana,
Podemos afirmar, portanto, que timbre é a qualidade que nos tendo em conta sua frequência e comprimento de onda. Utiliza-se
permite perceber a diferença entre dois sons de mesma altura e para o estudo da difração e interferência.
intensidade produzidos por fontes sonoras diferentes. - Óptica eletromagnética: Considera a luz como uma onda ele-
tromagnética, explicando assim a reflexão e transmissão, e os fenô-
INFRA-SOM E ULTRASSOM. menos de polarização e anisotrópicos.
Infrassons são ondas sonoras extremamente graves, com fre- - Óptica quântica ou óptica física: Estudo quântico da interação
quências abaixo dos 20 Hz, portanto abaixo da faixa audível do ou- entre as ondas eletromagnéticas e a matéria, no que a dualidade
vido humano que é de 20 Hz a 20.000 Hz. onda-corpúsculo joga um papel crucial.
Ondas infrassônicas podem se propagar por longas distâncias,
pois são menos sujeitas às perturbações ou interferências que as de Óptica é o ramo da física que estuda os fenômenos relaciona-
frequências mais altas. dos à luz. Devido ao fato do sentido da visão ser o que mais con-
Infrassons podem ser produzidos pelo vento e por alguns tipos tribui para a aquisição do conhecimento, a óptica é uma ciência
de terremotos. Os elefantes são capazes de emitir infrassons que bastante antiga, surgindo a partir do momento em que as pessoas
podem ser detectados a uma distância de 2 km. começaram a fazer questionamentos sobre o funcionamento da vi-
É comprovado que os tigres têm a mais forte capacidade de são e sua relação com os fenômenos ópticos.
identificar infrassons. Seu rugido emite ondas infrassônicas tão po- Os princípios fundamentais da óptica são:
derosas que são capazes de paralisar suas presas e até pessoas. Há 1º - Princípio da Propagação Retilínea: a luz sempre se propa-
mais de 50 anos é estudada uma forma de usar o infrassom em ga em linha reta;
armas de guerra, já que sua potência pode destruir construções e
até mesmo estourar órgãos humanos. 2º - Princípio da Independência de raios de luz: os raios de luz
Ultrassom é um som a uma frequência superior àquela que o são independentes, podendo até mesmo se cruzarem, não ocasio-
ouvido do ser humano pode perceber, aproximadamente 20.000 nando nenhuma mudança em relação à direção dos mesmos;
Hz. 3º - Princípio da Reversibilidade da Luz: a luz é reversível. Por
Alguns animais, como o cão, golfinho e o morcego, têm um li- exemplo, se vemos alguém através de um espelho, certamente essa
mite de percepção sonora superior ao do ouvido humano e podem, pessoa também nos verá. Assim, os raios de luz sempre são capazes
assim, ouvir ultrassons. Existem “apitos” especiais nestas frequên- de fazer o caminho na direção inversa.
cias que servem a estes princípios.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A luz pode ser propagada em três diferentes tipos de meios. • Conceitos básicos
Os meios transparentes permitem a passagem ordenada dos
raios de luz, dando a possibilidade de ver os corpos com nitidez. Raios de luz
Exemplos: vidro polido, ar atmosférico, etc. São a representação geométrica da trajetória da luz, indicando
Nos meios translúcidos a luz também se propaga, porém de sua direção e o sentido da sua propagação. Por exemplo, em uma
maneira desordenada, fazendo com que os corpos sejam vistos sem fonte puntiforme são emitidos infinitos raios de luz, embora apenas
nitidez. Exemplos: vidro fosco, plásticos, etc. alguns deles cheguem a um observador.
Os meios opacos são aqueles que impedem completamente Representa-se um raio de luz por um segmento de reta orienta-
a passagem de luz, não permitindo a visão de corpos através dos do no sentido da propagação.
mesmos. Exemplos: portas de madeira, paredes de cimento, pes-
soas, etc.
Quando os raios de luz incidem em uma superfície, eles podem
ser refletidos regular ou difusamente, refratados ou absorvidos Feixe de luz
pelo meio em que incidem. É um conjunto de infinitos raios de luz; um feixe luminoso pode
A reflexão regular ocorre quando um raio de luz incide sobre ser:
uma superfície e é refletido de forma cilíndrica, diferentemente da • Cônico convergente: os raios de luz convergem para um
reflexão difusa, onde os feixes de luz são refletidos em todas as ponto;
direções.
A refração da luz ocorre quando os feixes de luz mudam de
velocidade e de direção quando passam de um meio para outro.
A absorção é o fenômeno onde as superfícies absorvem parte ou
toda a quantidade de luz que é incidida.

FUNDAMENTOS

Luz - Comportamento e princípios


A luz, ou luz visível como é fisicamente caracterizada, é uma • Cônico divergente: os raios de luz divergem a partir de um
forma de energia radiante. É o agente físico que, atuando nos ór- ponto;
gãos visuais, produz a sensação da visão.

Para saber mais...


Energia radiante é aquela que se propaga na forma de ondas
eletromagnéticas, dentre as quais se pode destacar as ondas de rá-
dio, TV, micro-ondas, raios X, raios gama, radar, raios infravermelho,
radiação ultravioleta e luz visível.
Uma das características das ondas eletromagnéticas é a sua ve-
locidade de propagação, que no vácuo tem o valor de aproximada-
mente 300 mil quilômetros por segundo, ou seja:
• Cilíndrico paralelo: os raios de luz são paralelos entre si.

Podendo ter este valor reduzido em meios diferentes do vácuo,


sendo a menor velocidade até hoje medida para tais ondas quando
atravessam um composto chamado condensado de Bose-Einstein,
comprovada em uma experiência recente.
A luz que percebemos tem como característica sua frequência
que vai da faixa de (vermelho) até (violeta).
Esta faixa é a de maior emissão do Sol, por isso os órgãos visuais de Fontes de luz
todos os seres vivos estão adaptados a ela, e não podem ver além Tudo o que pode ser detectado por nossos olhos, e por outros
desta, como por exemplo, a radiação ultravioleta e infravermelha. instrumentos de fixação de imagens como câmeras fotográficas, é a
luz de corpos luminosos que é refletida de forma difusa pelos cor-
Divisões da Óptica pos que nos cercam.
Óptica Física: estuda os fenômenos ópticos que exigem uma
teoria sobre a natureza das ondas eletromagnéticas. Fonte de luz são todos os corpos dos quais se podem receber
luz, podendo ser fontes primárias ou secundárias.
Óptica Geométrica: estuda os fenômenos ópticos em que apre- • Fontes primárias: Também chamadas de corpos lumino-
sentam interesse as trajetórias seguidas pela luz. Fundamenta-se sos, são corpos que emitem luz própria, como por exemplo, o Sol,
na noção de raio de luz e nas leis que regulamentam seu compor- as estrelas, a chama de uma vela, uma lâmpada acesa,...
tamento. O estudo em nível de Ensino Médio restringe-se apenas a • Fontes secundárias: Também chamadas de corpos ilumi-
esta parte da óptica. nados, são os corpos que enviam a luz que recebem de outras fon-
tes, como por exemplo, a Lua, os planetas, as nuvens, os objetos
visíveis que não têm luz própria,...

Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quanto às suas dimensões, uma fonte pode ser classificada • Fenômenos ópticos
como: Ao incidir sobre uma superfície que separa dois meios de pro-
• Pontual ou puntiforme: uma fonte sem dimensões consi- pagação, a luz sofre algum, ou mais do que um, dos fenômenos a
deráveis que emite infinitos raios de luz. seguir:
Reflexão regular
A luz que incide na superfície e retorna ao mesmo meio, re-
gularmente, ou seja, os raios incidentes e refletidos são paralelos.
Ocorre em superfícies metálicas bem polidas, como espelhos.

Reflexão difusa
A luz que incide sobre a superfície volta ao mesmo meio, de
forma irregular, ou seja, os raios incidentes são paralelos, mas os
refletidos são irregulares. Ocorre em superfícies rugosas, e é res-
ponsável pela visibilidade dos objetos.

Refração
A luz incide e atravessa a superfície, continuando a se propagar
• Extensa: uma fonte com dimensões consideráveis em re- no outro meio. Ambos os raios (incidentes e refratados) são parale-
lação ao ambiente. los, no entanto, os raios refratados seguem uma trajetória inclinada
em relação aos incididos. Ocorre quando a superfície separa dois
meios transparentes.

Absorção
A luz incide na superfície, no entanto não é refletida e nem
refratada, sendo absorvida pelo corpo, e aquecendo-o. Ocorre em
corpos de superfície escura.

Princípio da independência dos raios de luz


Quando os raios de luz se cruzam, estes seguem independente-
mente, cada um a sua trajetória.

Meios de propagação da luz


Os diferentes meios materiais comportam-se de forma diferen-
te ao serem atravessados pelos raios de luz, por isso são classifica-
dos em:

- Meio transparente
É um meio óptico que permite a propagação regular da luz, ou
seja, o observador vê um objeto com nitidez através do meio. Exem-
plos: ar, vidro comum, papel celofane, etc...
Princípio da propagação retilínea da luz
- Meio translúcido Todo o raio de luz percorre trajetórias retilíneas em meios
É um meio óptico que permite apenas uma propagação irregu- transparentes e homogêneos.
lar da luz, ou seja, o observador vê o objeto através do meio, mas Para saber mais...
sem nitidez. Um meio homogêneo é aquele que apresenta as mesmas ca-
racterísticas em todos os elementos de volume.
Um meio isótropo, ou isotrópico, é aquele em que a velocidade
de propagação da luz e as demais propriedades ópticas indepen-
dem da direção em que é realizada a medida.
Um meio ordinário é aquele que é, ao mesmo tempo, transpa-
rente, homogêneo e isótropo, como por exemplo, o vácuo.

Sombra e penumbra
Quando um corpo opaco é colocado entre uma fonte de luz e
um anteparo, é possível delimitar regiões de sombra e penumbra.
A sombra é a região do espaço que não recebe luz direta da
fonte. Penumbra é a região do espaço que recebe apenas parte da
luz direta da fonte, sendo encontrada apenas quando o corpo opa-
- Meio opaco co é posto sob influência de uma fonte extensa. Ou seja:
É um meio óptico que não permite que a luz se propague, ou
seja, não é possivel ver um objeto através do meio.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fonte de luz puntiforme Reflexão e refração difusa
Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atinge
uma superfície rugosa, ou agitada, fazendo com que os raios de luz
refletidos e refratados tenham direção aleatória por todo o espaço.

Reflexão e refração seletiva


A luz branca que recebemos do sol, ou de lâmpadas fluorescen-
tes, por exemplo, é policromática, ou seja, é formada por mais de
uma luz monocromática, no caso do sol, as sete do arco-íris: verme-
lho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
Fonte de luz extensa Sendo assim, um objeto ao ser iluminado por luz branca “sele-
ciona” no espectro solar as cores que vemos, e as refletem de forma
difusa, sendo assim, vistas por nós.
Se um corpo é visto branco, é porque ele reflete todas as cores
do espectro solar.
Se um corpo é visto vermelho, por exemplo, ele absorve todas
as outras cores do espectro, refletindo apenas o vermelho.
Se um corpo é “visto” negro, é por que ele absorve todas as
cores do espectro solar.
Chama-se filtro de luz a peça, normalmente acrílica, que deixa
Câmara escura de orifício passar apenas um das cores do espectro solar, ou seja, um filtro
Uma câmara escura de orifício consiste em um equipamento vermelho, faz com que a única cor refratada de forma seletiva seja
formado por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que a vermelha.
no meio de uma das faces existe um pequeno orifício.
Ao colocar-se um objeto, de tamanho o, de frente para o orifí- Para saber mais...
cio, a uma distância p, nota-se que uma imagem refletida, de tama- É muito comum o uso de filtros de luz na astronomia para ob-
nho i, aparece na face oposta da caixa, a uma distância p’, mas de servar estrelas, já que estas apresentam diferentes cores, conforme
foma invertida. Conforme ilustra a figura: sua temperatura e distância da Terra, principalmente.

Ponto imagem e ponto objeto


Chama-se ponto objeto, relativamente a um sistema óptico, o
vértice do feixe de luz que incide sobre um objeto ou uma superfí-
cie, sendo dividido em três tipos principais:
• Ponto objeto real (POR): é o vértice de um feixe de luz di-
vergente, sendo formado pelo cruzamento efetivo dos raios de luz.
• Ponto objeto virtual (POV): é o vértice de um feixe de luz
convergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário do pro-
longamente dos raios de luz.
Desta forma, a partir de uma semelhança geométrica pode-se • Ponto objeto impróprio (POI): é o vértice de um feixe de
expressar a seguinte equação: luz cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.

Chama-se ponto imagem, relativamente a um sistema óptico,


o vértice de um feixe de luz emergente, ou seja, após ser incidido.
• Ponto imagem real (PIR): é o vértice de um feixe de luz
emergente convergente, sendo formado pelo cruzamento efeitivo
Esta é conhecida como a equação da câmara escura. dos raios de luz.
• Ponto imagem virtual (PIV): é o vértice de um feixe de luz
Tipos de reflexão e refração emergente divergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se do prolongamento dos raios de luz.
propagar no meio de origem, após incidir sobre uma superfície de • Ponto imagem impróprio (PII): é o vértice de um feixe de
separação entre dois meios. luz emergente cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.
Refração é o fenômeno que consiste no fato de a luz passar de
um meio para outro diferente. Sistemas ópticos
Durante uma reflexão são conservadas a frequência e a veloci- Há dois principais tipos de sistemas ópticos: os refletores e os
dade de propagação, enquanto durante a refração, apenas a frequ- refratores.
ência é mantida constante. O grupo dos sistemas ópticos refletores consiste principalmen-
te nos espelhos, que são superfícies de um corpo opaco, altamente
Reflexão e refração regular polidas e com alto poder de reflexão.
Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atin-
ge uma superfície totalmente lisa, ou tranquila, desta forma, os fei-
xes refletidos e refratados também serão cilíndricos, logo os raios
de luz serão paralelos entre si.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a reta
normal.
r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta nor-
mal.

Leis da reflexão
Os fenômenos em que acontecem reflexão, tanto regular quan-
to difusa e seletiva, obedecem a duas leis fundamentais que são:

1ª lei da reflexão
O raio de luz refletido e o raio de luz incidente, assim como a
reta normal à superfície, pertencem ao mesmo plano, ou seja, são
No grupo dos sistemas ópticos refratores encontram-se os coplanares.
dioptros, que são peças constituídas de dois meios transparentes
separados por uma superfície regular. Quando associados de for- 2ª Lei da reflexão
ma conveniente os dioptros funcionam como utensílios ópticos de O ângulo de reflexão (r) é sempre igual ao ângulo de incidência
grande utilidade como lentes e prismas. (i).

Espelho Plano
Um espelho plano é aquele em que a superfície de reflexão é
totalmente plana.
Os espelhos planos têm utilidades bastante diversificadas,
desde as domésticas até como componentes de sofisticados instru-
mentos ópticos.

Representa-se um espelho plano por:

Sistemas ópticos estigmáticos, aplanéticos e ortoscópicos


• Um sistema óptico é estigmático quando cada ponto obje-
to conjuga apenas um ponto imagem.
• Um sistema óptico é aplanético quando um objeto plano
e frontal também conjuga uma imagem plana e frontal.
• Um sistema óptico é ortoscópico quando uma imagem é
conjugada semelhante a um objeto.
O único sistema óptico estigmático, aplanético e ortoscópico
para qualquer posição do objeto é o espelho plano.

REFLEXÃO DA LUZ
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a
se propagar no meio de origem, após incidir sobre um objeto ou
superfície. As principais propriedades de um espelho plano são a simetria
É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte da reflexão
uma superfície polida, da seguinte forma: que acontece é regular.
Para saber mais...
Os espelhos geralmente são feitos de uma superfície metálica
bem polida. É comum usar-se uma placa de vidro, onde se deposita
uma fina camada de prata ou alumínio em uma das faces, tornando
a outra um espelho.

Construção das imagens em um espelho plano


Para se determinar a imagem em um espelho plano, basta ima-
ginarmos que o observador vê um objeto que parece estar atrás
do espelho. Isto ocorre porque o prolongamento do raio refletido
passa por um ponto imagem virtual (PIV), “atrás” do espelho.
Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm sem-
pre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro deve ser
virtual. Portanto, para se obter geometricamente a imagem de um
objeto pontual, basta traçar por ele, através do espelho, uma reta e
AB = raio de luz incidente marcar simétricamente o ponto imagem.
BC = raio de luz refletido
N = reta normal à superfície no ponto B
T = reta tangente à superfície no ponto B
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Translação de um espelho plano Associação de dois espelhos planos
Considerando a figura: Dois espelhos planos podem ser associados, com as superfícies
refletoras se defrontando e formando um ângulo entre si, com
valores entre 0° e 180°.
Por razões de simetria, o ponto objeto e os pontos imagem fi-
cam situados sobre uma circunferência.
Para se calcular o número de imagens que serão vistas na asso-
ciação usa-se a fórmula:

Sendo o ângulo formado entre os espelhos.


Por exemplo, quando os espelhos encontra-se perpendicular-
A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma dis- mente, ou seja =90°:
tância do espelho, logo a imagem aparece a uma distância em
relação ao espelho.

Na parte inferior da figura, o espelho é transladado para a


direita, fazendo com que o observador esteja a uma distância do
espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x para a direita. Portanto, nesta configuração são vistas 3 pontos imagem.
Pelo desenho podemos ver que:
Espelhos esféricos
Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que seja
polida e possua alto poder de reflexão.
Que pode ser reescrito como:

Mas pela figura, podemos ver que:

Logo:

É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz parte


Assim pode-se concluir que sempre que um espelho é transla- tem duas faces, uma interna e outra externa. Quando a superfície
dado paralelamente a si mesmo, a imagem de um objeto fixo sofre refletiva considerada for a interna, o espelho é chamado côncavo.
translação no mesmo sentido do espelho, mas com comprimento Já nos casos onde a face refletiva é a externa, o espelho é chamado
equivalente ao dobro do comprimento da translação do espelho. convexo.
Se utilizarmos esta equação, e medirmos a sua taxa de varia-
ção em um intervalo de tempo, podemos escrever a velocidade de
translação do espelho e da imagem da seguinta forma:

Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual ao


dobro da velocidade de deslocamento do espelho.
Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser
considerada é a a velocidade relativa entre o observador e o espe-
lho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja: Reflexão da luz em espelhos esféricos
Assim como para espelhos planos, as duas leis da reflexão tam-
bém são obedecidas nos espelhos esféricos, ou seja, os ângulos de
incidência e reflexão são iguais, e os raios incididos, refletidos e a
reta normal ao ponto incidido.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Aspectos geométricos dos espelhos esféricos


Para o estudo dos espelhos esféricos é útil o conhecimento dos No caso dos espelhos convexos, a continuação do raio refletido
elementos que os compõe, esquematizados na figura abaixo: é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios refletidos se
originassem do foco.

• C é o centro da esfera;
• V é o vértice da calota;
• O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é
chamado eixo principal. Determinação de imagens
• As demais retas que cruzam o centro da esfera são chama- Analisando objetos diante de um espelho esférico, em posição
das eixos secundários. perpendicular ao eixo principal do espelho podemos chegar a algu-
• O ângulo , que mede a distância angular entre os dois ei- mas conclusões importantes.
xos secundários que cruzam os dois pontos mais externos da calota, Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos espelhos, dize-
é a abertura do espelho. mos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do espelho. No
• O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de caso de espelhos esféricos a imagem de um objeto pode ser maior,
curvatura do espelho. menor ou igual ao tamanho do objeto. A imagem pode ainda apa-
recer invertida em relação ao objeto. Se não houver sua inversão
Um sistema óptico que consegue conjugar a um ponto obje- dizemos que ela é direita.
to, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os espelhos
esféricos normalmente não são estigmáticos, nem aplanéticos ou Equação fundamental dos espelhos esféricos
ortoscópicos, como os espelhos planos.
No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para os
raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma pequena
inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho com essas pro-
priedades é conhecido como espelho de Gauss.
Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (incidência
próxima do vértice e pequena inclinação em relação ao eixo princi-
pal) é dito astigmático. Um espelho astigmático conjuga a um ponto
uma imagem parecendo uma mancha.

Focos dos espelhos esféricos


Para os espelhos côncavos de Gauss, pode-se verificar que to-
dos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma direção para-
lela ao eixo secundário passam por (ou convergem para) um mesmo
ponto F - o foco principal do espelho.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Dadas a distância focal e posição do objeto, é possível determinar analiticamente a posição da imagem através da equação de Gauss,
que é expressa por:

REFRAÇÃO DA LUZ
Refração da luz é o fenômeno em que ela é transmitida de um meio para outro diferente. Nesta mudança de meios a frequência da
onda luminosa não é alterada, embora sua velocidade e o seu comprimento de onda sejam. Com a alteração da velocidade de propa-
gação ocorre um desvio da direção original.

Cor e frequência
No intervalo do espectro eletromagnético que corresponde à luz visível, cada frequência equivale à sensação de uma cor.
Conforme a frequência aumenta, diminui o comprimento de onda, assim como mostra a tabela e o trecho do espectroeletromagné-
tico abaixo.

Quando recebemos raios de luz de diferentes frequências podemos perceber cores diferentes destas, como combinações.
A luz branca que percebemos vinda do Sol, por exemplo, é a combinação de todas as sete cores do espectro visível.

Luz mono e policromática


De acordo com sua cor, a luz pode ser classificada como monocromática ou policromática.
Chama-se luz monocromática aquela composta de apenas uma cor, como por exemplo a luz amarela emitida por lâmpadas de sódio.
Chama-se luz policromática aquela composta por uma combinação de duas ou mais cores monocromáticas, como por exemplo a luz
branca emitida pelo sol ou por lâmpadas comuns.
Usando-se um prisma, é possível decompor a luz policromática nas luzes monocromáticas que a formam, o que não é possível para as
cores monocromáticas, como o vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
Um exemplo da composição das cores monocromáticas que formam a luz branca é o disco de Newton, que é uma experiência com-
posta de um disco com as sete cores do espectro visível, que ao girar em alta velocidade, “recompõe” as cores monocromáticas, formando
a cor policromática branca.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cor de um corpo
Ao nosso redor é possível distinguir várias cores, mesmo quando estamos sob a luz do Sol, que é branca.
Esse fenômeno acontece pois quando é incidida luz branca sobre um corpo de cor verde, por exemplo, este absorve todas as outras
cores do espectro visível, refletido de forma difusa apenas o verde, o que torna possível distinguir sua cor.
Por isso, um corpo de cor branca é aquele que reflete todas as cores, sem absorver nenhuma, enquanto um corpo de cor preta absorve
todas as cores sobre ele incididas, sem refletir nenhuma, o que causa aquecimento.

Luz - Velocidade
Há muito tempo sabe-se que a luz faz parte de um grupo de ondas, chamado de ondas eletromagnéticas, sendo uma das característi-
cas que reune este grupo a sua velocidade de propagação.
A velocidade da luz no vácuo, mas que na verdade se aplica a diversos outros fenômenos eletromagnéticos como raios-x, raios gama,
ondas de rádio e tv, é caracterizada pela letra c, e tem um valor aproximado de 300 mil quilômetros por segundo, ou seja:

No entanto, nos meios materiais, a luz se comporta de forma diferente, já que interage com a matéria existente no meio. Em qualquer
um destes meios a velocidade da luz v é menor que c.
Em meios diferentes do vácuo também diminui a velocidade conforme aumenta a frequência. Assim a velocidade da luz vermelha é
maior que a velocidade da luz violeta, por exemplo.

Índice de refração absoluto


Para o entendimento completo da refração convém a introdução de uma nova grandeza que relacione a velocidade da radiação mono-
cromática no vácuo e em meios materiais, esta grandeza é o índice de refração da luz monocromática no meio apresentado, e é expressa
por:

Onde n é o índice de refração absoluto no meio, sendo uma grandeza adimensional.


É importante observar que o índice de refração absoluto nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade possível em um
meio é c, se o meio considerado for o próprio vácuo.
Para todos os outros meios materiais n é sempre maior que 1.
Alguns índices de refração usuais:

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Índice de refração relativo entre dois meios Onde:
Chama-se índice de refração relativo entre dois meios, a rela- • Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e comprimento
ção entre os índices de refração absolutos de cada um dos meios, de onda característico;
de modo que: • Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e comprimento
de onda característico;
• A reta tracejada é a linha normal à superfície;
• O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o ângulo
de incidência;
• O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o ângulo
Mas como visto: de refração;
• A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano.

Conhecendo os elementos de uma refração podemos entender


o fenômeno através das duas leis que o regem.
Então podemos escrever:
1ª Lei da Refração
A 1ª lei da refração diz que o raio incidente (raio 1), o raio refra-
tado (raio 2) e a reta normal ao ponto de incidência (reta tracejada)
estão contidos no mesmo plano, que no caso do desenho acima é
o plano da tela.

Ou seja: 2ª Lei da Refração - Lei de Snell


A 2ª lei da refração é utilizada para calcular o desvio dos raios
de luz ao mudarem de meio, e é expressa por:

Observe que o índice de refração relativo entre dois meios


pode ter qualquer valor positivo, inclusive menores ou iguais a 1.

Refringência No entanto, sabemos que:


Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando
seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é
mais refringente que a água.
De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais refrin-
gente que outro quando a luz se propaga por ele com velocidade
menor que no outro. Além de que:

Leis da Refração da Luz


Chamamos de refração da luz o fenômeno em que ela é trans-
mitida de um meio para outro diferente.
Nesta mudança de meios a frequência da onda luminosa não
é alterada, embora sua velocidade e o seu comprimento de onda Ao agruparmos estas informações, chegamos a uma forma
sejam. completa da Lei de Snell:
Com a alteração da velocidade de propagação ocorre um des-
vio da direção original.
Para se entender melhor este fenômeno, imagine um raio de
luz que passa de um meio para outro de superfície plana, conforme
mostra a figura abaixo:
Dioptro
É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e trans-
parentes.
Quando esta separação acontece em um meio plano, chama-
mos então, dioptro plano.
A figura abaixo representa um dioptro plano, na separação en-
tre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e transparentes.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para separar a
luz branca policromática nas sete cores monocromáticas do espec-
tro visível, além de que, em algumas situações poder refletir tais
luzes.

Funcionamento do prisma
Quando a luz branca incide sobre a superfície do prisma, sua
velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz branca tem um
índice de refração diferente, e logo ângulos de refração diferentes,
chegando à outra extremidade do prisma separadas.

Tipos de prismas
Prismas dispersivos são usados para separar a luz em suas co-
res de espectro.
Formação de imagens através de um dioptro Prismas refletivos são usados para refletir a luz.
Considere um pescador que vê um peixe em um lago. O peixe Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz em compo-
encontra-se a uma profundidade H da superfície da água. O pesca- nentes de variadas polaridades.
dor o vê a uma profundidade h. Conforme mostra a figura abaixo:
LENTES ESFÉRICAS
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre
cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esféri-
ca e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.
Dentre todas as aplicações da óptica geométrica, a que mais se
destaca pelo seu uso no cotidiano é o estudo das lentes esféricas,
seja em sofisticados equipamentos de pesquisa astronômica, ou em
câmeras digitais comuns, seja em lentes de óculos ou lupas.
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre
cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esférica
e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.
Para um estudo simples consideraremos que o segundo meio
A fórmula que determina estas distância é: é a lente propriamente dita, e que o primeiro e terceiro meios são
extamente iguais, normalmente a lente de vidro imersa em ar.

Tipos de lentes
Dentre as lentes esféricas que são utilizadas, seis delas são de
maior importância no estudo de óptica, sendo elas:
Prisma
Um prisma é um sólido geométrico formado por uma face su- - Lente biconvexa
perior e uma face inferior paralelas e congruentes (também cha-
madas de bases) ligadas por arestas. As laterais de um prisma são
paralelogramos.
No entanto, para o contexto da óptica, é chamado prisma o
elemento óptico transparente com superfícies retas e polidas que é
capaz de refratar a luz nele incidida.
O formato mais usual de um prisma óptico é o de pirâmide com
base quadrangular e lados triangulares.

É convexa em ambas as faces e tem a periferia mais fina que a


região central, seus elementos são:

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lentes convergentes
- Lente plano-convexa Em uma lente esférica com comportamento convergente, a luz
que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
que convergem a um único ponto.
Tanto lentes de bordas finas como de bordas espessas podem
ser convergentes, dependendo do seu índice de refração em rela-
ção ao do meio externo.
O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um
exemplo de lente com comportamento convergente é o de uma len-
te biconvexa (com bordas finas):

É plana em uma das faces e convexa em outra, tem a perferia


mais fina que a região central, seus elementos são:

Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor ín-


dice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente com
comportamento convergente é o de uma lente bicôncava (com bor-
das espessas):

- Lente côncavo-convexa

Lentes esféricas divergentes


Em uma lente esférica com comportamento divergente, a luz
que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
que divergem a partir de um único ponto.
Tanto lentes de bordas espessas como de bordas finas podem
ser divergentes, dependendo do seu índice de refração em relação
Tem uma de suas faces côncava e outra convexa, tem a perife- ao do meio externo.
ria mais fina que a região central. Seus elementos são: O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um
exemplo de lente com comportamento divergente é o de uma lente
bicôncava (com bordas espessas):

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Vergência
Dada uma lente esférica em determinado meio, chamamos
vergência da lente (V) a unidade caracterizada como o inverso da
distância focal, ou seja:

A unidade utilizada para caracterizar a vergência no Sistema In-


ternacional de Medidas é a dioptria, simbolozado por di.
Um dioptria equivale ao inverso de um metro, ou seja:

Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor


índice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente Uma unidade equivalente a dioptria, muito conhecida por
com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa (com quem usa óculos, é o “Grau”.
bordas finas): 1di = 1grau

Quando a lente é convergente usa-se distância focal positiva


(f>0) e para uma lente divergente se usa distância focal negativa
(f<0).

Por exemplo:
1) Considere uma lente convergente de distância focal 25cm =
0,25m.

Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de +4di


ou que ela tem convergência de 4di.
Vergência
2) Considere uma lente divergente de distância focal 50cm =
Focos de uma lente 0,5m.

- Focos principais
Uma lente possui um par de focos principais: foco principal ob-
jeto (F) e foco principal imagem (F’). Ambos localizam-se a sobre o
eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou seja, a distân- Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de -2di
cia OF é igual a distância OF’. ou que ela tem divergência de 2di.

- Foco imagem (F’) Associação de lentes


É o ponto ocupado pelo foco imagem, podendo ser real ou vir- Duas lentes podem ser colocadas de forma que funcionem
tual. como uma só, desde que sejam postas coaxialmente, isto é, com
eixos principais coincidentes. Neste caso, elas serão chamadas de
- Foco objeto (F) justapostas, se estiverem encostadas, ou separadas, caso haja uma
É o ponto ocupado pelo foco objeto, podendo ser real ou vir- distância d separando-as.
tual. Estas associações são importantes para o entendimento dos
instrumentos ópticos.
Distância focal Quando duas lentes são associadas é possível obter uma len-
É a medida da distância entre um dos focos principais e o cen- te equivalente. Esta terá a mesma característica da associação das
tro óptico, esta medida é caracterizada pela letra f. duas primeiras.
Lembrando que se a lente equivalente tiver vergência positiva
Pontos antiprincipais será convergente e se tiver vergência negativa será divergente.
São pontos localizados a uma distância igual a 2f do centro óp-
tico (O), ou seja, a uma distância f de um dos focos princiapais (F ou Associação de lentes justapostas
F’). Esta medida é caracterizada por A (para o ponto antiprincipal Quando duas lentes são associadas de forma justaposta, utili-
objeto) e A’ (para o ponto antiprincipal imagem). za-se o teorema das vergências para definir uma lente equivalente.
Como exemplo de associação justaposta temos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Instrumentos ópticos
Os instrumentos ópticos baseiam-se em princípios da óptica e
têm a finalidade de facilitar a visualização de determinados objetos.

Este teorema diz que a vergência da lente equivalente à asso-


ciação é igual à soma algébrica das vergências das lentes compo-
nentes. Ou seja:

Que também pode ser escrita como:

Associação de lentes separadas


Quando duas lentes são associadas de forma separada, utiliza-
-se uma generalização do teorema das vergências para definir uma
lente equivalente. O microscópio é um instrumento óptico que tem como finalida-
Um exemplo de associação separada é: de a ampliação de objetos
Os instrumentos ópticos são utilizados no nosso cotidiano e
baseiam-se nos princípios da óptica para permitir, facilitar ou aper-
feiçoar a visualização de determinados objetos, que vão desde se-
res minúsculos, como alguns tipos de bactérias, até enormes plane-
tas e estrelas.
Existe uma infinidade de instrumentos ópticos, podemos ci-
tar: microscópio, telescópio, projetores, lupa, câmera fotográfica,
óculos, lentes etc. Veja a seguir como ocorre o funcionamento de
alguns dos instrumentos ópticos que são utilizados no nosso coti-
diano.
A generalização do teorema diz que a vergência da lente equi-
valente à tal associação é igual a soma algébrica das vergências dos O olho humano
componetes menos o produto dessas vergências pela distância que É formado basicamente por três partes:
separa as lentes. Desta forma: Cristalino: funciona como uma lente biconvexa. Ele está situa-
do na região anterior do globo ocular;

Retina: localizada no “fundo” do globo ocular e funciona como


um anteparo sensível à luz;
Que também pode ser escrito como:
Nervo óptico: parte que recebe as sensações luminosas rece-
bidas pela retina.
Quando olhamos para um objeto, a imagem é percebida pelo
cristalino, que forma uma imagem real e invertida, ou seja, de “ca-
beça para baixo”. Essa imagem deve ser focalizada exatamente
sobre a retina para que seja enxergada nitidamente. A imagem é
“enviada” para o cérebro através do nervo óptico. O cérebro, ao
receber a imagem, processa sua inversão, de forma que possamos
observar o objeto em sua posição real.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A lupa
É o instrumento óptico mais simples, sendo constituída por
uma lente convergente que produz uma imagem virtual e ampliada
de um objeto.

Para que a imagem formada pela lupa seja nítida, é necessário


que o objeto seja colocado entre o foco F e o centro óptico. Caso
contrário, a imagem forma-se desfocada.

As principais partes do olho humano

Se a imagem recebida pelo cristalino não se formar exatamente


sobre a retina, então a pessoa não enxergará nitidamente os obje-
tos, o que caracteriza um defeito da visão. De acordo com a posição
onde a imagem é formada, podemos classificar três tipos de defei-
tos da visão. São eles: A imagem formada pela lupa é maior que o objeto

Miopia: a imagem do objeto forma-se antes da retina, pois o


globo ocular das pessoas que apresentam esse defeito é mais alon-
gado. Nesse caso, a pessoa enxerga os objetos sem nitidez. Para ELEMENTOS QUÍMICOS
corrigir o problema, é necessário utilizar óculos com lentes diver-
gentes.
Cada quadro da tabela fornece os dados referentes ao elemen-
Hipermetropia: As pessoas com esse problema na visão apre- to químico: símbolo, massa atômica, número atômico, nome do
sentam o globo ocular mais curto que o normal, o que faz com que elemento, elétrons nas camadas e se o elemento é radioativo.
a imagem se forme atrás da retina. Esse defeito é corrigido com o As colunas verticais constituem as famílias ou grupos, nas quais
uso de óculos com lentes convergentes. os elementos estão reunidos segundo suas propriedades químicas.
As filas horizontais são denominadas períodos. Neles os ele-
Presbiopia: Chamado popularmente de “vista cansada”, é um mentos químicos estão dispostos na ordem crescente de seus nú-
problema que ocorre em virtude do envelhecimento natural do meros atômicos. O número da ordem do período indica o número
nosso organismo, quando o cristalino fica mais rígido e não acomo- de níveis energéticos ou camadas eletrônicas do elemento.
da imagens de objetos próximos. Nesse caso, a imagem forma-se
atrás da retina. Esse problema também pode ser corrigido por len- Famílias ou Grupos
tes convergentes. As Famílias da Tabela Periódica são distribuídas de forma ver-
tical, em 18 colunas. Os elementos químicos que estão localizados
Máquina fotográfica na mesma coluna da Tabela Periódica são considerados da mesma
É um instrumento óptico que projeta e armazena uma imagem família pois possuem propriedades físicas e químicas semelhantes.
sobre um anteparo e funciona de forma semelhante ao olho hu- Esses elementos fazem parte de um mesmo grupo porque apresen-
mano. Possui um sistema de lentes, denominado objetiva, que se tam a mesma configuração de elétrons na última camada
comporta como uma lente convergente e forma uma imagem real A tabela periódica atual é constituída por 18 famílias. A nume-
e invertida do material fotografado. Para que a imagem fique nítida ração das Famílias da Tabela Periódica se inicia no 1A (representado
sobre o filme fotográfico, a câmera possui uma série de sistemas em nossa tabela periódica com o número 1) e continua até o zero
que aproximam ou afastam a objetiva, focalizando a imagem. ou 8A (representado em nossa tabela periódica pelo número 18).
Se essa focalização não for bem feita, a imagem não se forma Existe também a Família B.
sobre o filme e, portanto, não fica nítida. Quando se aciona o bo-
tão para a foto, o diafragma da câmera é aberto, permitindo que a
luz proveniente do objeto incida sobre o filme. Como o filme foto-
gráfico é fabricado com um material sensível à luz, ele “gravará” a
imagem recebida.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Famílias A ou zero
Os elementos que constituem essas famílias são denominados elementos representativos, e seus elétrons mais energéticos estão
situados em subníveis s ou p. Nas famílias A, o número da família indica a quantidade de elétrons na camada de valência. Elas recebem
ainda nomes característicos.

Famílias B
Os elementos dessas famílias são denominados genericamente elementos de transição. Uma parte deles ocupa o bloco central da
tabela periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), e apresenta seu elétron mais energético em subníveis d.

A outra parte deles está deslocada do corpo central, constituindo as séries dos lantanídeos e dos actinídeos. Essas séries apresen-
tam 14 colunas. O elétron mais energético está contido em subnível f (f1 a f14).
O esquema a seguir mostra o subnível ocupado pelo elétron mais energético dos elementos da tabela periódica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Períodos ou séries
Cada fila horizontal da tabela periódica constitui o que chamados de período ou série de elementos.
Cada período corresponde ao número de camadas eletrônicas existentes nos elementos que os constituem. Os períodos são sete
conforme pode ser observado no esquema abaixo.

Lantanídeos e Actinídeos
As séries dos lantanídeos e dos actinídeos correspondem, respectivamente, aos apêndices embaixo da tabela.

Importante:
a) Lantânio (La) e Actíneo (Ac) não pertencem às séries
b) Essas séries são chamadas Elementos de transição Interna
c) Os lantanídeos também são chamados lantanóides ou terras-raras.
d) Os actinídeos também são chamados actinóides
e) O uso dos termos “lantanóide” e actinóide” foi reconhecido pela IUPAC.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Classificação dos elementos químicos
Uma outra maneira de classificar os elementos pode ser feita relacionando o subnível energético de cada um.
Assim temos:

Outra maneira de classificar os elementos é agrupá-los, segundo suas propriedades físicas e químicas, em: metais, ametais, semime-
tais, gases nobres e hidrogênio.

-Hidrogênio
É um elemento atípico, pois possui a propriedade de se combinar com metais, ametais e semimetais. Nas condições ambientes, é um
gás extremamente inflamável.

-Gases nobres
Como o próprio nome sugere, nas condições ambientes apresentam-se no estado gasoso e sua principal característica química é a
grande estabilidade, ou seja, possuem pequena capacidade de se combinar com outros elementos.

Propriedades periódicas
As propriedades periódicas são aquelas que, à medida que o número atômico aumenta, assumem valores crescentes ou decrescentes
em cada período, ou seja, repetem-se periodicamente. Exemplo: o número de elétrons na camada de valência.
Vamos agora detalhar algumas propriedades periódicas da Tabela.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1. Raio atômico Ao retirarmos o primeiro elétron de um átomo, ocorre uma di-
O raio atômico é uma propriedade periódica difícil de ser medi- minuição do raio. Por esse motivo, a energia necessária para retirar
da. Pode-se considerar que corresponde à metade da distância (d) o segundo elétron é maior. Assim, para um mesmo átomo, temos:
entre dois núcleos vizinhos de átomos do mesmo elemento químico
ligados entre si. 1ª E.I. < 2ª E.I. < 3ª E.I.
Em uma família (grupo) tente a aumentar de cima para baixo
(sentido em que aumenta também o número de camadas preenchi- AFINIDADE ELETRÔNICA (AE) OU ELETROAFINIDADE
das pela eletrosfera de um átomo. Eletroafinidade é a energia liberada quando um átomo isolado,
Em um período, o raio atômico tende a aumentar da direita no estado gasoso, “captura” um elétron.
para a esquerda. Isso ocorre porque o número de prótons e elé-
trons aumenta para a direita. Logo, no lado direito do período, os X 0 (g) + e– -X– (g) + energia
átomos têm o mesmo número de camadas, maior números de pró-
tons e elétrons e, portanto, a força de atração entre eles é maior. A medida experimental da afinidade eletrônica é muito difícil e,
Isso provoca uma contração da eletrosfera e a consequente dimi- por isso, seus valores foram determinados para poucos elementos.
nuição do raio atômico.

Resumindo... A variação da afinidade eletrônica na tabela peri-


ódica: aumenta de baixo para cima e da esquerda para a direita.
2. Raio iônico
Quando um átomo ganha ou perde elétrons, transforma-se em 4. Eletronegatividade e Eletropositividade
íon. Nessa transformação, há aumento ou diminuição das dimen- A eletronegatividade e a eletropositividade são duas proprie-
sões do tamanho do átomo inicial. dades periódicas que indicam a tendência de um átomo, numa li-
- Raio de cátion: Quando um átomo perde elétron, a repulsão gação química, em atrair elétrons compartilhados.Ou ainda, podem
da nuvem eletrônica diminui, diminuindo o seu tamanho. Inclusive representar a força com que o núcleo atrai a eletrosfera.
pode ocorrer perda do último nível de energia e quanto menor a -Eletropositividade: tendência que um átomo tem de perder
quantidade de níveis, menor o raio. elétrons. É muito característico dos metais. Pode ser também cha-
mado de caráter metálico. É o inverso da eletronegatividade.
Exemplo: -Eletronegatividade: a força de atração exercida sobre os elé-
trons de uma ligação.
. Essa força de atração tem relação com o raio atômico: quanto
menor o tamanho do átomo, maior será a força de atração, pois a
distância núcleo-elétron da ligação é menor. A eletronegatividade
não é definida para os gases nobres.
As variações de eletronegatividade podem ser representadas
pela ilustração a seguir:

Portanto: raio do átomo > raio do cátion

Raio do ânion: quando um átomo ganha elétron, aumenta a


repulsão da nuvem eletrônica, aumentando o seu tamanho.

3. Energia de Ionização
A maior ou menor facilidade com que o átomo de um elemento
perde elétrons é importante para a determinação do seu comporta-
mento. Um átomo (ou íon) em fase gasosa perde eletron(s) quando
recebe energia suficiente. Essa energia é chamada de energia (ou Importante:
potencial) de ionização. Na tabela periódica, a eletronegatividade cresce de baixo para
Quanto maior o raio atômico, menor será a atração exercida cima e da esquerda para a direita. A eletronegatividade relaciona-se
pelo núcleo sobre o elétron mais afastado; portanto, menor será a com o raio atômico: de maneira geral, quanto menor o tamanho de
energia necessária para remover esse elétron. um átomo, maior será a força de atração sobre os elétrons.
O cientista Linus Pauling propôs uma escala de valores para a
Generalizando: Quanto maior o tamanho do átomo, menor eletronegatividade:
será a primeira energia de ionização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Por meio de medidas experimentais, verifica-se que:
- numa mesma família, o volume atômico aumenta com o au-
mento do raio atômico;
- num mesmo período, o volume atômico cresce do centro para
as extremidades.

De maneira geral, a variação do volume atômico pode ser re-


4. Densidade presentada pelo seguinte esquema:
Experimentalmente, verifica-se que:
a) Entre os elementos das famílias IA e VIIA, a densidade au-
menta, de maneira geral, de acordo com o aumento das massas
atômicas, ou seja, de cima para baixo.
b) Num mesmo período, de maneira geral, a densidade aumen-
ta das extremidades para o centro da tabela.
Assim, os elementos de maior densidade estão situados na
parte central e inferior da tabela periódica, sendo o ósmio (Os) o
elemento mais denso (22,5 g/cm3).

ÁTOMOS E ESTRUTURA DA MATÉRIA; TRANSFORMAÇÃO


QUÍMICA EM TERMOS DE RECOMBINAÇÃO DE ÁTOMOS

Histórico
A preocupação com a constituição da matéria surgiu em mea-
dos do século V a. C., na Grécia. Alguns filósofos grego acreditavam
que toda a matéria era formada por quatro elementos: água, terra,
5.Temperatura de fusão (TF) e temperatura de ebulição (TE) fogo e ar, que eram representados por:
Experimentalmente, verifica-se que:
a) Nas famílias IA e IIA, os elementos de maiores TF e TE estão
situados na parte superior da tabela. Na maioria das famílias, os
elementos com maiores TF e TE estão situados geralmente na parte
inferior.
b) Num mesmo período, de maneira geral a TF e a TE crescem
das extremidades para o centro da tabela.
Assim, a variação das TF e TE na tabela periódica pode ser re-
presentada como no esquema acima.

A estes elementos foram atribuídas “qualidades” denomina-


das: quente, frio, úmido e seco, conforme pode ser observado na
figura abaixo:

6. Volume atômico
Usamos a expressão “volume atômico”. Na verdade, usamos
essa expressão para designar — para qualquer elemento — o volu-
me ocupado por uma quantidade fixa de número de átomos.
O volume atômico sempre se refere ao volume ocupado por
6,02 x 1023 átomos, e pode ser calculado relacionando-se a massa
desse número de átomos com a sua densidade.

Assim, temos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De acordo com esses filósofos tudo no meio em que vivemos Então 18g de água tem sempre 16g de oxigênio e 2g de hidro-
seria formado pela combinação desses quatro elementos em dife- gênio. A molécula água está na proporção 1:8.
rentes proporções. Entretanto por volta de 400 a. C., os filósofos
Leucipo e Demócrito elaboraram uma teoria filosófica (não cien- mH2= 2g= 1
tífica) segundo a qual toda matéria era formada devido a junção ____ _____
de pequenas partículas indivisíveis denominadas átomos (que em
grego significa indivisível). Para estes filósofos, toda a natureza era m O 16g 8
formada por átomos e vácuo.
No final do século XVIII, Lavoisier e Proust realizaram experiên- As Leis de Lavoisier e de Proust são chamadas de Leis Ponde-
cias relacionado as massas dos participantes das reações químicas, rais porque estão relacionadas à massa dos elementos químicos
dando origem às Leis das combinações químicas (Leis ponderais). nas reações químicas.

Leis Ponderais -Lei de Dalton


Em 1808, John Dalton propôs uma teoria para explicar essas
-Lei de Lavoisier: leis ponderais, denominada teoria atômica, criando o primeiro mo-
A primeira delas, a Lei da Conservação de Massas, ou Lei de La- delo atômico científico, em que o átomo seria maciço e indivisível.
voisier é uma lei da química que muitos conhecem por uma célebre A teoria proposta por ele pode ser resumida da seguinte maneira:
frase dita pelo cientista conhecido como o pai da química, Antoine 1. Tudo que existe na natureza é formado por pequenas partí-
Lavoisier: culas microscópicas denominadas átomos;
2. Estas partículas, os átomos, são indivisíveis (não é possível
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” seccionar um átomo) e indestrutíveis (não se consegue destruir
Ao realizar vários experimentos, Lavoisier concluiu que: mecanicamente um átomo);

“Num sistema fechado, a massa total dos reagentes é igual à 3. O número de tipos de átomos (respectivos a cada elemento)
massa total dos produtos” diferentes possíveis é pequeno;

4. Átomos de elementos iguais sempre apresentam caracterís-


ticas iguais, bem como átomos de elementos diferentes apresen-
tam características diferentes. Sendo que, ao combiná-los, em pro-
porções definidas, definimos toda a matéria existente no universo;
5. Os átomos assemelham-se a esferas maciças que se dispõem
através de empilhamento;
6. Durante as reações químicas, os átomos permaneciam inal-
terados. Apenas configuram outro arranjo.

Ao mesmo tempo da publicação dos trabalhos de Dalton foi


desenvolvido o estudo sobre a natureza elétrica da matéria, feita
no início do século XIX pelo físico italiano Volta, que criou a primei-
ra pilha elétrica. Isso permitiu a Humphry Davy descobrir dois novos
elementos químicos: o potássio (K) e o sódio (Na). A partir disso, os
trabalhos a respeito da eletricidade foram intensificados.
Em meados de 1874, Stoney admitiu que a eletricidade estava
Exemplo: intimamente associada aos átomos em que quantidades discretas
Mercúrio metálico + oxigênio → óxido de mercúrio II e, em 1891, deu o nome de elétron para a unidade de carga elétrica
100,5 g 8,0 g 108,5 g negativa.

-Lei de Proust A descoberta do elétron


O químico Joseph Louis Proust observou que em uma reação Em meados do ano de 1854, Heinrich Geissler desenvolveu um
química a relação entre as massas das substâncias participantes é tubo de descarga que era formado por um vidro largo, fechado e
sempre constante. A Lei de Proust ou a Lei das proporções defini- que possuía eletrodos circulares em suas pontas. Ele notou que
das diz que dois ou mais elementos ao se combinarem para formar quando se produzia uma descarga elétrica no interior do tubo de
substâncias, conservam entre si proporções definidas. vidro, utilizando um gás que estivesse sob baixa pressão, a descarga
Em resumo a lei de Proust pode ser resumida da seguinte ma- deixava de ser barulhenta, e no tubo uma cor aparecia –que iria
neira: depender do gás, de sua pressão e da voltagem a ele aplicada–. Um
exemplo dessa experiência é o tubo luminoso de neon que normal-
“Uma determinada substância composta é formada por subs- mente se usa em estabelecimentos como placa.
tâncias mais simples, unidas sempre na mesma proporção em mas- Já em 1875, William Crookes se utilizou de gases bastante rare-
sa”. feitos, ou seja, que estavam em pressões muito baixas, e os colocou
em ampolas de vidro. A eles depositou voltagens altíssimas e assim,
Exemplo: A massa de uma molécula de água é 18g e é resulta- emissões denominadas raios catódicos surgiram. Isso porque esses
do da soma das massas atômicas do hidrogênio e do oxigênio. raios sempre se desviam na direção e sentido da placa positiva,
H2 – massa atômica = 1 → 2 x 1 = 2g quando são submetidos a um campo elétrico externo e uniforme, o
O – massa atômica = 16 → 1 x 16 = 16g que prova que os raios catódicos são de natureza negativa.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Esse desvio ocorre sempre da mesma maneira, seja lá qual for A descoberta da radioatividade
o gás que se encontra no interior da ampola. Isso fez os cientistas Wilhelm Conrad Röntgen foi um físico alemão que, em 8 de no-
imaginarem que os raios catódicos seriam formados por minúscu- vembro de 1895, realizando experimentos em que utilizava gases
las partículas negativas, e que estas existem em toda e qualquer altamente rarefeitos em uma ampola de Crookes, descobriu aci-
matéria. A tais partículas deu-se o nome de elétrons. Assim, pela dentalmente que, a partir da parte externa do tubo, eram emitidos
primeira vez na história, constatava-se a existência de uma partícu- raios que conseguiam sensibilizar chapas fotográficas. Ele chamou
la subatômica, o elétron. esses raios de raios X.
Isso possibilitou que, em 1886, Becquerel descobrisse a radio-
Modelo atômico de Thomson atividade e a descoberta do primeiro elemento capaz de emitir ra-
No final do século XIX, Thomson, utilizando uma aparelhagem diações semelhantes ao raio X: o urânio. Logo a seguir o casal Curie
semelhante, demonstrou que esses raios poderiam ser considera- descobriu dois outros elementos radioativos: o polônio e o rádio.
dos como um feixe de partículas carregados negativamente, uma Com a finalidade de estudar as radiações emitidas pelos ele-
vez que que eram atraídos pelo pólo positivo de um campo elétrico mentos radioativos, foram realizados vários tipos de experimentos,
externo e independiam do gás contido no tubo. dentre os quais o mais conhecido é o representado a seguir, em que
Thomson concluiu que essas partículas negativas deveriam fa- as radiações são submetidas a um campo eletromagnético externo.
zer parte dos átomos componentes da matéria, sendo denomina-
dos elétrons. Após isto, propôs um novo modelo científico para o A experiência de Rutherford
átomo. Para Thomson, o átomo era uma esfera de carga elétrica Em meados do século de XX, dentre as inúmeras experiências
positiva “recheada” de elétrons de carga negativa. Esse modelo realizadas por Ernest Rutherford e seus colaboradores, uma ga-
ficou conhecido como “pudim de passas”. Este modelo derruba a nhou destaque, uma vez que mostrou que o modelo proposto por
ideia de que o átomo é indivisível e introduz a natureza elétrica da Thomson era incorreto.
matéria. A experiência consistiu em bombardear uma fina folha de ouro
com partículas positivas e pesadas, chamada de α, emitidas por um
elemento radioativo chamado polônio.

A descoberta do próton
Em 1886, Goldstein, físico alemão, provocando descargas elé-
tricas num tubo a pressão reduzida (10 mmHg) e usando um cátodo
perfurado, observou a formação de um feixe luminoso (raios ca-
nais) no sentido oposto aos raios catódicos e determinou que esses
raios era constituídos por partículas positivas

Rutherford observou que:


a) grande parte das partículas α passaram pela folha de ouro
sem sofrer desvios (A) e sem altera a sua superfície;
b) algumas partículas α desviaram (B) com determinados ân-
gulos de desvios;
c) poucas partículas não atravessaram a folha de ouro e volta-
ram (C).

Os raios canais variam em função do gás contido no tubo. O modelo de Rutherford


Quando o gás era hidrogênio, obtinham-se os raios com partículas A experiência da “folha de ouro” realizada pelo neozelandês
de menor massa, as quais foram consideradas as partículas funda- Ernest Rutherford foi o marco decisivo para o surgimento de um
mentais, com carga positiva, e denominadas próton pelo seu des- novo modelo atômico, mais satisfatório, que explicava de forma
cobridor, Rutherford, em 1904. mais clara uma série de eventos observados:
O átomo deve ser constituído por duas regiões:
a) Um núcleo, pequeno, positivo e possuidor de praticamente
toda a massa do átomo;
b) Uma região positiva, praticamente sem massa, que envolve-
ria o núcleo. A essa região se deu o nome de eletrosfera.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para que fique mais claro, vamos agora relacionar o modelo


de Rutherford com as conclusões encontrados em sua experiência. Hoje, acreditamos que, com uma exceção, o núcleo de muitos
átomos contém ambas as partículas: prótons e nêutrons, chama-
dos núcleons. (A exceção é o núcleo de muitos isótopos comuns
Observações Conclusões
de hidrogênio que contém um próton e nenhum nêutron.) Como
Boa parte do átomo é vazio. mencionamos, é geralmente conveniente designar cargas em par-
Grande parte das partículas
No espaço vazio (eletrosfera) tículas em termos de carga em um elétron. De acordo com esta
alfa atravessa a lâmina sem
provavelmente estão convenção, um próton tem uma carga de +1, um elétron de -1, e
desviar o curso.
localizados os elétrons. um nêutron de 0.
Deve existir no átomo uma
Poucas partículas alfa (1 em
pequena região onde está
20000) não atravessam a
concentrada sua massa (o
lâmina e voltavam.
núcleo).
O núcleo do átomo deve ser
Algumas partículas alfa
positivo, o que provoca uma
sofriam desvios de trajetória
repulsão nas partículas alfa
ao atravessar a lâmina.
(positivas).

Em resumo: o modelo de Rutherford representa o átomo con-


sistindo em um pequeno núcleo rodeado por um grande volume no
qual os elétrons estão distribuídos. O núcleo carrega toda a carga
positiva e a maior parte da massa do átomo. Devido ao modelo atô-
mico de Thomson não ser normalmente usado para interpretar os
resultados dos experimentos de Rutherford, Geiger e Marsden, o
modelo de Rutherford logo o substituiu. De fato, isto é a base para
o conceito do átomo.
Em resumo, podemos então descrever um átomo como apre-
O átomo moderno sentando um núcleo central, que é pequeníssimo, mas que contém
a maior parte da massa do átomo e é circundado por uma enorme
Quando Rutherford realizou seu experimento com um feixe de região extranuclear contendo elétrons (carga -1). O núcleo contém
partículas alfa, e propôs um novo modelo para o átomo, houve al- prótons (carga +1) e nêutrons (carga 0). O átomo como um todo
gumas controvérsias. Entre elas era que o átomo teria um núcleo não tem carga devido ao número de prótons ser igual ao número
composto de partículas positivas denominadas prótons. No entan- de elétrons. A soma das massas dos elétrons em um átomo é pra-
to, Rutherford concluiu que, embora os prótons contivessem toda ticamente desprezível em comparação com a massa dos prótons e
a carga do núcleo, eles sozinhos não podem compor sua massa. nêutrons.
O problema da massa extra foi resolvido quando, em 1932,o
físico inglês J. Chadwick descobriu uma partícula que tinha aproxi- Número atômico e número de massa
madamente a mesma massa de um próton, mas não era carregada Um átomo individual (ou seu núcleo) é geralmente identifica-
eletricamente. Por ser a partícula eletricamente neutra, Chadwick do especificando dois números inteiros: o número atômico Z e o
a denominou de nêutron. número de massa A.

O número atômico ( Z ) é o número de prótons no núcleo.


Como um átomo é um sistema eletricamente nêutron, se conhe-
cermos o seu número atômico, teremos então duas informações: o
número de prótons e o número de elétrons.

Número de prótons= número de elétrons


O número de massa A é o número total de núcleons (prótons
mais nêutrons) no núcleo.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Número de massa= número de prótons + número de nêutrons Carga elétrica total: +16 -16 =0
Pode-se ver destas definições que o número de nêutrons no
núcleo é igual a A - Z. -S (Z=16)
Um átomo específico é identificado pelo símbolo do elemen- Número de prótons: 16à carga: +16
to com número atômico Z como um índice inferior e o número de Número de elétrons: 19 à carga: -18
massa como um índice superior. Assim, Carga elétrica total: +16 -18 = -2

O elemento químico

Um elemento químico é definido como sendo o conjunto for-


mado por átomos de mesmo número atômico (Z).
A cada elemento químico atribui-se um nome; a cada nome
corresponde um símbolo e, consequentemente, a cada símbolo
Indica um átomo do elemento X com o número atômico Z e corresponde um número atômico.
número de massa A. Por exemplo:
Elemento químico Símbolo Número atômico
Hidrogênio H 1
Oxigênio O 8
Cálcio Ca 20
Cobre Cu 29
Refere-se a um átomo de oxigênio comum número atômico 8 e
Prata Ag 47
um número de massa 16.
Platina Pt 78
Todos os átomos de um dado elemento têm o mesmo número Mercúrio Hg 80
atômico, porque todos têm o mesmo número de prótons no nú-
cleo. Por esta razão, o índice inferior representando o número atô- Relações atômicas
mico é algumas vezes omitido na identificação de um átomo indi-
vidual. Por exemplo, em vez de escrever 16O8, é suficiente escrever -Isótopos:
16
O, para representar um átomo de oxigênio -l6. Átomos de um dado elemento podem ter diferentes números
de massa e, portanto, massas diferentes porque eles podem ter di-
Íons ferentes números de nêutrons em seu núcleo. Como mencionado,
Os átomos podem perder ou ganhar elétrons, originando no- tais átomos são chamados isótopos.
vos sistemas, carregados eletricamente: os íons.
Nos íons, o número de prótons é diferente do número de elé- Exemplo: considere os três isótopos de oxigênio de ocorrência
trons. natural: 16O8, 17O8 e 18O8; cada um destes tem 8 prótons no seu nú-
cleo. (Isto é o que faz com que seja um átomo de oxigênio.).
ÍONS :Número de prótons ≠ Número de elétrons
Os átomos, ao ganharem elétrons, originam íons negativos,
ou ânions, e, ao perderem elétrons, originam íons positivos, os cá- Átomos Prótons Nêutrons Elétrons
tions. 1 0 1

Cátions (íons positivos) 1 1 1


Em um cátions, o número de prótons é SEMPRE maior do que o
número de elétrons. Veja abaixo um exemplo de cátion: 1 2 1
-Cl (Z=17)
Número de prótons: 17 à carga:: +17
8 8 8
Número de elétrons: 17 à carga: -17
Carga elétrica total: +16-16= 0
8 9 8
-Cl+ ( Z=17)
Número de prótons: 17à carga: +17 8 10 8
Número de elétrons: 16 à carga: -16
Carga elétrica total: +17 -16= +1 92 142 92

Ânions (íons negativos) 92 143 92


Em um ânion, o número de prótons é menor do que o número
de elétrons. Vamos agora relacionar o átomo de enxofre (S) com 92 146 92
seu ânion bivalente (S2-).

-S (Z=16)
Número de prótons: 16à carga: +16
Número de elétrons: 16 à carga: -16
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cada isótopo também apresenta (A - Z) nêutrons, ou 8, 9 e 10
nêutrons, respectivamente. Devido aos isótopos de um elemento
apresentar diferentes números de nêutrons, eles têm diferentes
massas.

-Isóbaros:
São átomos de diferentes números de próton, mas que pos-
suem o mesmo número de massa (A). Assim, são átomos de ele-
mentos químicos diferentes, mas que têm mesma massa, já que um
maior número de prótons será compensado por um menor número
de nêutrons, e assim por diante. Desse modo, terão propriedades
físicas e químicas diferentes.

-Isótonos:
São átomos de diferentes números de prótons e de massa, mas
que possuem mesmo número de nêutrons. Ou seja, são elementos
diferentes, com propriedades físicas e químicas diferentes.

ELETRICIDADE E MATRIZ ENERGÉTICA; MAGNETISMO;


ELETROMAGNETISMO
O estudioso Ampère, que se dedicava àquela altura a corren-
tes elétricas, expos uma teoria bastante interessante: existência de
O eletromagnetismo é a área da Física responsável por analisar determinadas partículas de eletricidade, que fossem elementares
e estudar as propriedades magnéticas e elétricas da matéria. Sobre- e, ao se movimentar enquanto estivessem nas substâncias, auxi-
tudo, em particular, as relações entre tais propriedades. liariam a provocar relação magnética. Contudo, mesmo que fosse
Segundo uma lenda da Grécia, um pastor, de nome Magnes, uma teoria interessante, Ampère jamais conseguiu comprovar a
ficou muito surpreso ao perceber como a bola de ferro que estava existência das partículas.
em seu cajado ficava atraída por uma pedra específica e bem mis- Faraday, a seguir, acabou trazendo uma outra noção, que aju-
teriosa: o âmbar – ou “elektron” do grego. Essa pequena história, dou a avançar com os estudos sobre o tema. Trata-se da noção de
independente de ser fato ou ficção, expõe claramente o interesse campo.
que o homem tem, desde sempre, pelos fenômenos relativos à área Segundo esse conceito, qualquer espaço detém uma série de
da eletromagnética. linhas de força, isto é, correntes que não podem ser vistas a olho nu.
A seguir explicaremos um pouco mais sobre os fenômenos que Mesmo assim, essas forças seriam as administradoras do movimen-
envolvem esse tópico científico, bem como sua importância para a to de todo objeto, sendo criadas, também, pela presença de cada
nossa vida, nos dias de hoje. um dos corpos em um mesmo momento.
Desde o tempo em que as primeiras descobertas inovadoras Desse modo, uma carga de eletricidade, móvel, faz com que se-
do grande cientista Isaac Newton começaram a ser divulgadas, che- jam produzidas perturbações eletromagnéticas no espaço ao redor.
gou-se a uma interpretação, amplamente aceita naquele momento, Assim, qualquer carga mais próxima é capaz de identificar a presen-
de causalidade do universo. Segundo essa visão, todo efeito que ça justamente pelas linhas de força do campo. Matematicamente,
pudesse ser observado, deveria obedecer a forças que estivessem essa ideia foi desenvolvida pelo inglês James Clerk Maxwell, o que
sendo exercidas por objetos a uma distância relativa. ajudou a por abaixo a ideia, muito forte naquele tempo, de que
Nessa época, portanto, ganha luz a teoria eletromagnética, que forças agiam sob uma espécie de “controle remoto”.
afirmava justamente que quaisquer repulsões de cunho magnético Em 1897, o eletromagnetismo foi finalmente comprovado, no
e/ou elétrico são resultado de ação de corpos a alguma distância. momento em que a descoberta do elétron foi feita por Sir Joseph
Era imprescindível, portanto, que fosse encontrada a causa John Thomson. Assim, pode-se verificar a força magnética no mo-
de tais forças, com base na teoria da massa gravitacional, de Isaac vimento orbital comum a elétrons, que ficavam ao redor de núcleo
Newton, ao mesmo tempo em que se poderia explicar, com rigor, de átomos.
exatamente tais mecanismos de relação eletromagnética entre cor- O eletromagnetismo é utilizado, hoje em dia, em múltiplas fi-
pos e objetos. nalidades, tais como:
• Construção de geradores de energia elétrica;
• Radiografias,
• Fornos de microondas, entre muitos outros.

Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é


mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua vida,
se não existisse?
Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e tudo
pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, alguns aparelhos
de telefone, o aparelho de som, o computador, o microondas, os
elevadores etc.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Corpos carregados
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positi-
vamente carregado.
Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente
carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao
número de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da ele-
tricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado
por um barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã,
notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o dei-
xarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que
tenha sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os
bastões se repelem.

Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das es-


tações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na tomada.
Mas há muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia
elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada, como o ce-
lular, o rádio, os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos
energia de pilhas e baterias. elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os materiais
Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a vidro e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica
energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter registros positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga elétrica ne-
armazenados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as gativa. Os sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são
bússolas para nos localizarmos etc. uma convenção científica.
A revolução que a humanidade experimentou advinda das apli-
cações da eletricidade e do magnetismo se intensificou quando os Cargas elétricas interagem
cientistas perceberam a relação entre ambos. Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em
outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica po-
Cargas elétricas sitiva, e o outro, carga elétrica negativa.
Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anterior-
Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez, mente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elé-
são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e tricas de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais
elétrons. iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter
Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os cargas elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair.
elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletrosfe- Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de
ra. Os prótons e os elétrons possuem uma propriedade denomina- mesmo sinal, passam a se repelir.
da carga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos. Por isso
a do próton foi convencionada como positiva e a do elétron como A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação
negativa. A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas
obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação). So-
bre cada um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença
do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo módu-
lo) e a mesma direção (mesma linha de atuação), mas diferentes
sentidos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as for- De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os me-
ças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois cor- tais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. Entre eles,
pos possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se o cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação
afastar. elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além
Eletrização por atrito da madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura e pressão
Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. ambientes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de
Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais ad- plástico).
quirem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito. A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um des-
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos ses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há, contudo,
cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir carga certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas
elétrica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros. duas categorias, mas sim em um grupo intermediário, conhecidos
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germânio,
como a mostrada abaixo. empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados
em aparelhos eletrônicos.

Eletrização por contato


Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neu-
tro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferida para
ele, que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletri-
zação por contato.

Condutores elétricos Corrente elétrica


Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos
uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletrizada. Se condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é chamado de
um bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifi- corrente elétrica.
ca-se que parte da carga elétrica é transferida para a outra esfera. A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos apa-
Porém, se utilizarmos um bastão de madeira, a carga permaneceria relhos elétricos; estes somente funcionam quando a corrente passa
na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa por eles.
carga. Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho
se este pertencer a um circuito fechado.

Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando liga-


dos corretamente, formam um circuito fechado. Quando ligamos
os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos
garantir que fazem parte de um circuito fechado quando passa cor-
rente elétrica através de seus fios.

Entendendo a corrente elétrica


Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se-
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou de
metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos
trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas que pas-
sam por minuto.
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas
passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pessoas, você
responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma
média melhor, você pode contar por mais tempo. Digamos que te-
nha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
Esse experimento evidencia que o metal é o material condu- nuto.
tor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico. Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas
que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver
isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre consideram
a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência
fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou
700 kg”).
Massa média

Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de


corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual a
1,6.10- 19 C .

Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que


atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia afirmar Lei dos Nós
que a intensidade da corrente elétrica é: A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
soma das correntes que saem.
Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja
soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado per-
manece constante.
Se contasse por um período qualquer, e representando a
carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar: Exemplo
Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito per-
corrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram
(nó):
Esta é a expressão matemática associada à intensidade da cor-
rente elétrica.
A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb
por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode ser
contínua ou alterada.
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo
dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu
movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse tipo de
corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede
doméstica. A razão de a corrente ser alternada está relacionada a
forma como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas
casas.

Leis de Kirchhoff Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão che-


As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensida- gando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos:
des das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzi- i1 + i 2 = i 3 + i 4
dos a circuitos simples.
Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei
em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887), dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo,
quando ele era estudante na Universidade de Königsberg. se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1).
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica
aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja, Lei das Malhas
nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós). A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da ener-
Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos ca- gia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado
minhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou ten-
são) é igual a zero.
Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido
que iremos percorrer o circuito.
A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sen-
tido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito.
Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor
é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mes-
mo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de en-
trada no sentido que adotamos para a malha.
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo:

Solução
Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes
e também o sentido que iremos seguir na malha.

Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abai-


Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, tere- xo:
mos:
UAB + UBE + UEF + UFA = 0

Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os


sinais das tensões:
• ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário
(sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
• R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
• ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horá-
rio (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo;
• R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no O próximo passo é escrever um sistema com as equações esta-
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; belecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos:
• R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; por i1 - i2 nas demais equações:
Resolvendo o sistema por soma, temos:
Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode- Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda
mos escrever a equação desta malha como: equação o valor encontrado para i2:
ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0 Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na pri-
meira equação, para encontrar o valor de i3:
Passo a Passo
Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são:
passos: 3A, 8A e 5A.
1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e esco-
lher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Es- Diferença de potencial
sas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso
para escolher de forma coerente esses sentidos. ocorre porque existe uma diferença de energia potencial entre o
• 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e local em que o corpo estava e o solo.
Lei das Malhas. Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim
• 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular, en-
das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores des- fim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual
conhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que precisa de
número de incógnitas. elétrons e o outro que os tem sobrando.
Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé-
Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se ligásse-
percorrem os diferentes ramos do circuito. mos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entra-
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a riam em movimento e uma corrente surgiria no fio.
sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido
contrário.
Exemplo
No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em
todos os ramos.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam
nesses cabos não são eletrocutados?

Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma
Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada na das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial entre
pilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto situado elas.
a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento. Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios
Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio. de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo, tocar
A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada pelo em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um
volt (V). choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver diferença
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece de potencial significativa entre os pontos tocados.
12 V.
O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de Resistência elétrica
nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependendo da re- Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade
gião do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligar para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade é de-
os aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para nominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são
funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem queimar e bons condutores, apresentam resistência. A unidade de medida da
até provocar acidentes graves. resistência é o ohm ( ).
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são
essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, por denominados resistores. Os resistores são usados em um circuito
isso tome cuidado! para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica que
o percorre.

Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras


que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com obs-
táculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média
dos corredores. Em um circuito acontece da mesma forma: quanto
mais resistência elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio
condutor.
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elé-
trica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que se mo-
vem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerando
calor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em nosso dia-a-
-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elé-
tricos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”.

Devido a diferença de potencial, podemos levar choques.


Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocarmos
em dois pontos que existe diferença de potencial, uma corrente
atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade dessa cor-
rente e do caminho que ela percorrer no corpo um choque pode até
mesmo levar à morte.

A própria lâmpada incandescente converte mais energia elé-


trica em energia térmica do que em energia luminosa, sendo essa
última a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é
transformada em calor. Ao contrário, as lâmpadas fluorescentes,
consideradas “lâmpadas frias”, têm uma parte bem menor da ener-
Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A ten- gia elétrica convertida em calor e por isso são econômicas.
são nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não brinque
próximo a postes de energia elétrica.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Primeira lei de Ohm A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente.
Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que a Matematicamente, temos:
corrente estabelecida em um circuito é diretamente proporcional
à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência dos
dispositivos do circuito e dos fios que os conectavam. Ou seja:
quanto maior a tensão do gerador, maior a corrente e quanto maior Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede
a resistência, menor a corrente. Essa relação é expressa matemati- de 110V, podemos calcular a corrente que o percorre:
camente por:

Os ímãs
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma
em que: U é a tensão região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz
R é a resistência parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair
i é a corrente pedaços de ferro.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de
Vejamos um exemplo: minério de ferro).
Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V.
Sabendo que a sua resistência, é de determine a corrente que
percorre a lâmpada.

Sabemos que .

Como ,

Temos que:

Potência elétrica
Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dis-
positivos elétricos que compramos que existe uma etiqueta especi-
ficando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou
essa informação? simplesmente ímã.
Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A
energia elétrica que é convertida nesses aparelhos para várias fina- Forças magnéticas
lidades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a pro-
calor (resistores), gerar energia luminosa (lâmpadas), dividida pelo priedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é denomina-
tempo que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na da de magnetismo.
mecânica, medimos em Watts (joules/segundo A força magnética do imã atua sobre certos metais como o
ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denominados
ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os
metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o
cobre não são atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã,
nela fica representada a área de influência desse imã.

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88
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã co-
agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência meça com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de energia)
desses polos é uma das importantes características dos imãs. e um fio.

O imã apresenta sempre dois polos. O que a pilha produz são os elétrons.
Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará
novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca isolar
um dos polos do imã.

Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por


exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
direção geográfica Norte-Sul. (-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pilha
Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. Normal- Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positi-
mente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo vo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
Sul do imã. 1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado
positivo o mais rápido que puderem;

2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minutos).


Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia conectar os 2 ter-
minais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente, você
conecta algum tipo de carga no meio do fio. Essa carga pode ser um
motor, uma lâmpada, um rádio;
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pe-
queno campo magnético que é a base de um eletroímã.

Campo Magnético
É a região próxima a um ímã que influencia outros ímãs ou ma-
teriais ferromagnéticos e paramagnéticos, como cobalto e ferro.
Compare campo magnético com campo gravitacional ou campo
elétrico e verá que todos estes têm as características equivalentes.
Também é possível definir um vetor que descreva este campo,
chamado vetor indução magnética e simbolizado por  . Se pu-
dermos colocar uma pequena bússola em um ponto sob ação do
campo o vetor   terá direção da reta em que a agulha se alinha e
sentido para onde aponta o polo norte magnético da agulha.
Se pudermos traçar todos os pontos onde há um vetor indução
magnética associado veremos linhas que são chamadas linhas de
indução do campo magnético. estas são orientados do polo norte
em direção ao sul, e em cada ponto o vetor   tangencia estas li-
nhas.
Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola,
que, desde o século XI, tem sido usada para orientar navegadores
e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússo-
la, desempenhou papel fundamental na orientação pelos mares até
então desconhecidos.

Eletroímãs
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É
um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado em
um pedaço de ferro e que se comporta como um imã.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As linhas de indução existem também no interior do ímã, portanto são linhas fechadas e sua orientação interna é do polo sul ao polo
norte. Assim como as linhas de força, as linhas de indução não podem se cruzar e são mais densas onde o campo é mais intenso.

Campo Magnético Uniforme


De maneira análoga ao campo elétrico uniforme, é definido como o campo ou parte dele onde o vetor indução magnética  é igual
em todos os pontos, ou seja, tem mesmo módulo, direção e sentido. Assim sua representação por meio de linha de indução é feita por
linhas paralelas e igualmente espaçadas.

A parte interna dos imãs em forma de U aproxima um campo magnético uniforme.

Efeitos de um campo magnético sobre cargas


Como os elétrons e prótons possuem características magnéticas, ao serem expostos à campos magnéticos, interagem com este, sendo
submetidos a uma força magnética  .
Supondo:
• campos magnéticos estacionários, ou seja, que o vetor campo magnético   em cada ponto não varia com o tempo;
• partículas com uma velocidade inicial   no momento da interação;
• e que o vetor campo magnético no referencial adotado é  ;

Podemos estabelecer pelo menos três resultados:

Carga elétrica em repouso


“Um campo magnético estacionário não interage com cargas em repouso.”
Tendo um Ímã posto sobre um referencial arbitrário R, se uma partícula com carga q for abandonada em sua vizinhança com velocida-
de nula não será observado o surgimento de força magnética sobre esta partícula, sendo ela positiva, negativa ou neutra.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Carga elétrica com velocidade na mesma direção do campo
“Um campo magnético estacionário não interage com cargas que tem velocidade não nula na mesma direção do campo magnético.”
Sempre que uma carga se movimenta na mesma direção do campo magnético, sendo no seu sentido ou contrário, não há aparecimen-
to de força eletromagnética que atue sobre ela. Um exemplo deste movimento é uma carga que se movimenta entre os polos de um Ímã.
A validade desta afirmação é assegurada independentemente do sinal da carga estudada.

Carga elétrica com velocidade em direção diferente do campo elétrico


Quando uma carga é abandonada nas proximidades de um campo magnético estacionário com velocidade em direção diferente do
campo, este interage com ela. Então esta força será dada pelo produto entre os dois vetores,   e   e resultará em um terceiro vetor
perpendicular a ambos, este é chamado um produto vetorial e é uma operação vetorial que não é vista no ensino médio.
Mas podemos dividir este estudo para um caso peculiar onde a carga se move em direção perpendicular ao campo, e outro onde a
direção do movimento é qualquer, exceto igual a do campo.

• Carga com movimento perpendicular ao campo


Experimentalmente pode-se observar que se aproximarmos um ímã de cargas elétricas com movimento perpendicular ao campo
magnético, este movimento será desviado de forma perpendicular ao campo e à velocidade, ou seja, para cima ou para baixo. Este será o
sentido do vetor força magnética.

Para cargas positivas este desvio acontece para cima:

E para cargas negativas para baixo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A intensidade de  será dada pelo produto vetorial  , que para o caso particular onde   e  são perpendiculares é calculado
por:

A unidade adotada para a intensidade do Campo magnético é o tesla (T), que denomina  , em homenagem ao físico iugoslavo
Nikola Tesla.

Consequentemente a força será calculada por:

Medida em newtons (N)


• Carga movimentando-se com direção arbitrária em relação ao campo
Como citado anteriormente, o caso onde a carga tem movimento perpendicular ao campo é apenas uma peculiaridade de interação
entre carga e campo magnético. Para os demais casos a direção do vetor   será perpendicular ao vetor campo magnético   e ao vetor
velocidade  .

Para o cálculo da intensidade do campo magnético se considera apenas o componente da velocidade perpendicular ao campo, ou
seja,  , sendo   o ângulo formado entre   e   então substituindo v por sua componente perpendicular teremos:

Aplicando esta lei para os demais casos que vimos anteriormente, veremos que:
• se v = 0, então F = 0
• se   = 0° ou 180°, então sen  = 0, portanto F = 0
• se   = 90°, então sen  = 1, portanto  .

Regra da mão direita


Um método usado para se determinar o sentido do vetor   é a chamada regra da mão direita espalmada. Com a mão aberta, se
aponta o polegar no sentido do vetor velocidade   e os demais dedos na direção do vetor campo magnético.

Para cargas positivas, vetor   terá a direção de uma linha que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai da palma
da mão.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O seu funcionamento é baseado na criação de uma corrente
Para cargas negativas, vetor   terá a direção de uma linha induzida no secundário, a partir da variação de fluxo gerada pelo
que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai do primário.
dorso da mão, isto é, o vetor que entra na palma da mão.
Indução Eletromagnética A tensão de entrada e de saída são proporcionais ao número de
Quando uma área delimitada por um condutor sofre varia- espiras em cada bobina. Sendo:
ção de fluxo de indução magnética é criado entre seus terminais
uma força eletromotriz (fem) ou tensão. Se os terminais estiverem
ligados a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente esta
força eletromotriz ira gerar uma corrente, chamada corrente indu-
zida. Onde:
Este fenômeno é chamado de indução eletromagnética, pois é
causado por um campo magnético e gera correntes elétricas.
A corrente induzida só existe enquanto há variação do fluxo,   é a tensão no primário;
chamado fluxo indutor
é a tensão no secundário;
Lei de Lenz
Segundo a lei proposta pelo físico russo Heinrich Lenz, a partir é o número de espiras do primário;
de resultados experimentais, a corrente induzida tem sentido opos-
to ao sentido da variação do campo magnético que a gera. é o número de espiras do secundário.
• Se houver diminuição do fluxo magnético, a corrente indu-
zida irá criar um campo magnético com o mesmo sentido do fluxo; Por esta proporcionalidade concluímos que um transformador
• Se houver aumento do fluxo magnético, a corrente indu- reduz a tensão se o número de espiras do secundário for menor que
zida irá criar um campo magnético com sentido oposto ao sentido o número de espiras do primário e vice-verso.
do fluxo. Se considerarmos que toda a energia é conservada, a potência
no primário deverá ser exatamente igual à potência no secundário,
Se usarmos como exemplo, uma espira posta no plano de uma assim:
página e a submetermos a um fluxo magnético que tem direção
perpendicular à página e com sentido de entrada na folha.
• Se   for positivo, ou seja, se a fluxo magnético aumen-
tar, a corrente induzida terá sentido anti-horário;
• Se   for negativo, ou seja, se a fluxo magnético dimi-
nuir, a corrente induzida terá sentido horário.

Lei de Faraday-Neumann Corrente Alternada


Também chamada de lei da indução magnética, esta lei, ela- Chama-se corrente elétrica o movimento ordenado das cargas
borada a partir de contribuições de Michael Faraday,  Franz Ernst elétricas em um condutor. Estas cargas são aceleradas pela diferen-
Neumann e Heinrich Lenz entre 1831 e 1845, quantifica a indução ça de potencial a que estão submetidas. Se a diferença de potencial
eletromagnética. for constante, o movimento das cargas elétricas terá um único sen-
A lei de Faraday-Neumann relaciona a força eletromotriz ge- tido e velocidade constante, em circuitos comuns com certa resis-
rada entre os terminais de um condutor sujeito à variação de fluxo tência. Ou seja, neste caso o fluxo de cargas elétricas em uma área
magnético com o módulo da variação do fluxo em função de um de seção transversal é constante ao longo do tempo. O sentido real
intervalo de tempo em que esta variação acontece, sendo expressa da corrente elétrica é o sentido do movimento dos elétrons, confor-
matematicamente por: me mostra a figura abaixo:

O sinal negativo da expressão é uma consequência da Lei de


Lenz, que diz que a corrente induzida tem um sentido que gera um
fluxo induzido oposto ao fluxo indutor.

Transformadores Mas o sentido convencional adotado no meio científico é o sen-


Os transformadores de tensão, chamados normalmente de tido do movimento das cargas positivas:
transformadores, são dispositivos capazes de aumentar ou reduzir
valores de tensão.
Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um
material altamente imantável, e duas bobinas com número dife-
rente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobina que
recebe a tensão da rede) e secundário (bobina em que sai a tensão
transformada).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Porém, se a diferença de potencial variar com o tempo, o fluxo
de cargas elétricas vai mudar, de acordo com a variação na tensão. COSMOS, ESPAÇO E TEMPO: FORMAÇÃO DE ROCHAS E SO-
Quando esta variação da tensão oscila entre valores positivos e ne- LOS; ESTRUTURA GEOLÓGICA DA TERRA; DIA, NOITE E FA-
gativos, ou seja, a polaridade alterna-se entre positiva e negativa, SES DA LUA; PROPRIEDADES E ESCALAS DOS CORPOS NO
pode-se dizer que a corrente elétrica gerada é uma corrente alter- SISTEMA SOLAR; ECLIPSES, MARÉS E ESTAÇÕES DO ANO;
nada. MEDIDAS DE TEMPO; VELOCIDADE; CLIMA E PREVISÃO DO
TEMPO; EFEITO ESTUFA E CAMADA DE OZÔNIO; ORIGEM
As  correntes elétricas alternadas  em geral obtidas variam de DO UNIVERSO E DA TERRA; GRAVIDADE. EXPLORAÇÃO
forma senoidal com o tempo. Ou seja, oscila senoidalmente entre DO ESPAÇO PELO SER HUMANO
valores máximos e mínimos. A expressão para a  força eletromo-
triz tem a forma:
ε = εm . senω . t ROCHAS E SOLO
A crosta terrestre possui várias camadas compostas por três ti-
εm é a amplitude máxima da força eletromotriz e ω é a frequ- pos de rochas, que são formadas pela mistura de diferentes mate-
ência angular em rad/s. Conforme mudam os valores do tempo, a riais. Essas rochas podem ser:
amplitude da força eletromotriz também muda. Para os diferentes - Rochas magmáticas ou ígneas: são originadas do interior da
n inteiros a partir de 0, a força eletromotriz é nula. Os valores mí- Terra, onde são fundidas em altíssima temperatura. Nas erupções
nimos ocorrem para os n.π, com n variando de 0 a ∞. Os valores de vulcões, essas rochas são lançadas do interior da Terra, para a
máximos da força eletromotriz ocorrem para os (n + ½).π, com n superfície. Sofrem, então, resfriamento rápido e se solidificam. Ou-
inteiros variando de 0 a ∞. tras vezes, ficam nas proximidades da superfície, onde se resfriam
Imediatamente após aplicada a tensão, a corrente elétrica varia lentamente e, também, se solidificam.
de maneira irregular com o tempo. Este é o chamado efeito tran- - Rochas sedimentares: se forma a partir de mudanças ocorridas
siente. Após cessar o transiente, a corrente elétrica  oscila de ma- em outras rochas. Chuva vento, água dos rios, ondas do mar: tudo
neira senoidal da mesma forma que a tensão aplicada. isso vai, aos poucos, fragmentando as rochas em grãos de mine-
A expressão para a intensidade da corrente elétrica tem a mes- rais. Pouco a pouco, ao longo de milhares de anos, até o granito
ma forma da equação para a tensão, embora agora seja necessário mais sólido se transforma em pequenos fragmentos. Esse processo
introduzir a constante de fase Φ, entre a força eletromotriz e a cor- é chamado de intemperismo.
rente. Deste modo, podemos escrever: Os fragmentos de rochas são transportados pelos ventos ou
pela água da chuva até os rios, que, por sua vez, os levam para o
i = im. sen(ωt – Φ) fundo de lagos e oceanos. Lá os fragmentos vão se depositando em
camadas. Esses fragmentos ou sedimentos vão se acumulando ao
Para a análise das correntes alternadas, usa-se um circuito RLC longo do tempo. As camadas de cima exercem pressão sobre as ca-
com ambos os componentes, resistor, indutor e capacitor em série, madas de baixo, compactando-as. Essa pressão acaba por agrupar e
conectados a uma fonte de força eletromotriz alternada. O símbolo cimentar os fragmentos e endurece a massa formada. é assim que
utilizado para corrente alternada, assim como para força eletromo- surgem as rochas sedimentares.
triz alternada ε, é representado pelo símbolo ~:

- Rochas metamórficas: são assim chamadas porque se origi-


nam da transformação de rochas magmáticas ou sedimentares por
processos que alteram a organização dos átomos de seus minerais.
Surge, então, uma nova rocha, com outras propriedades e, às ve-
zes, com outros minerais. Muitas rochas metamórficas se formam
quando rochas de outro tipo são submetidas a intensas pressões ou
elevadas temperaturas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ciclo das rochas Existem muitos tipos de solo e a maioria deles é composta de
As rochas magmáticas são formadas tanto pela cristalização do areia e argila, vindas da fragmentação das rochas, e de restos de
magma no interior da terra como pela lava liberada dos vulcões. plantas e animais mortos (folhas, galhos, raízes, etc.). Esses restos
Mas as rochas magmáticas - e também as metamórficas - po- estão sempre sendo decompostos por bactérias e fungos, que pro-
dem ser quebradas em pequenos pedaços ou fragmentos que se duzem uma matéria orgânica escura, chamadas húmus. À medida
acumulam em camadas de sedimentos e acabam se transformando, que a decomposição continua, o húmus vai sendo transformado em
por compressão, em rochas sedimentares. sais minerais e gás carbônico. Ao mesmo tempo, porém, mais ani-
mais e vegetais se depositam no solo e mais húmus é formado.
A decomposição transforma as substâncias orgânicas do húmus
em substâncias minerais, que serão aproveitadas pelas plantas.
Desse modo, a matéria é reciclada: a matéria que formava o corpo
dos seres vivos acabará fazendo novamente parte deles depois de
decomposta.

ESTRUTURAS GEOLÓGICAS6
As principais estruturas geológicas da Terra são os crátons, as
bacias sedimentares e os dobramentos modernos. Ela é a classifi-
cação da litosfera terrestre conforme as suas diferentes origens e
as composições de suas rochas. Assim, todo o relevo terrestre foi
dividido a partir de seus três principais tipos.
Os crátons, ou escudos cristalinos ou maciços antigos (na verda-
de, esses nomes representam um de seus subtipos), são formações
geológicas consideradas antigas, formadas nas primeiras eras geo-
lógicas do planeta, durante a sua formação.
As bacias sedimentares são composições rochosas formadas a
partir de extensas e inúmeras camadas de rochas sedimentares,
que surgiram a partir da deposição de sedimentos ao longo das
eras. São as mais extensas das estruturas geológicas, recobrindo
FORMAÇÃO DO SOLO cerca de 70% do relevo terrestre.
A camada de rochas na superfície da Terra está, há milhões de Os dobramentos modernos, ou cadeias orogênicas, são forma-
anos, exposta a mudanças de temperatura e à ação da chuva, do ções geológicas consideradas recentes, cujo início ocorreu na era
vento, da água dos rios e das ondas do mar. Tudo isso vai, aos pou- cenozoica, no período Terciário (há cerca de 250 milhões de anos).
cos, fragmentando as rochas e provocando transformações quími-
cas. Foi assim, pela ação do intemperismo, que, lentamente, o solo DIA, NOITE E AS FASES DA LUA
se formou. Os seres vivos também contribuem para esse processo A lua possui um total de oito fases, sendo quatro principais e
de transformação das rochas em solo. quatro intermediárias. Sendo as fases principais da lua são: nova,
crescente, cheia e minguante.

- A chuva e o vento desintegram as rochas.


- Pedaços de liquens ou sementes são levados pelo vento para
uma região sem vida. A instalação e a reprodução desses organis-
mos vão aos poucos modificando o local. Os liquens, por exemplo,
produzem ácidos que ajudam a desagregar as rochas. As raízes de
plantas que crescem nas fendas das rochas irão contribuir para isso.
- À medida que morrem, esses organismos enriquecem o solo As fases intermediárias da lua são: quarto crescente, crescente
em formação com matéria orgânica e, quando ela se decompõe, gibosa, minguante gibosa e quarto minguante. A existência das fa-
o solo se torna mais rico em sais minerais. Outras plantas, que ne- ses da lua é explicada pelo movimento de revolução desse satélite
cessitam de mais nutrientes para crescer, podem então se instalar em torno da Terra e também em torno do Sol (translação), o que
no local. faz com que haja alternância na face iluminada da lua e na maneira
como ela é observada da superfície terrestre.
O ciclo lunar tem duração de 29,5 dias. A posição da lua com
relação à Terra e ao Sol produz os eclipses lunar e solar.

6 Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br Acesso


16.09.2022
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O dia e a noite estão relacionados com o movimento de rotação da Terra. Esse é quando a Terra gira em torno do seu próprio eixo que
leva exatamente 24 horas ou um dia. Ela gira no sentido Oeste-Leste. É o Sol que ilumina a Terra. Enquanto a Terra gira, em um lado que
está iluminado, é dia. No outro, está escuro e é noite.

MARÉS
São o movimento de descida e subida das águas em relação ao litoral. Esse movimento é causado pela atração entre o nosso planeta
e a Lua.
A maior responsável pela movimentação das águas dos oceanos é a Lua – nosso satélite natural. Sem o poder de atração que ela exerce
sobre as águas, os oceanos e mares ficariam no mesmo nível. “Esse “poder” da Lua é a força gravitacional que ela exerce sobre todos os
objetos na Terra, mas, com a água, isso é muito mais visível. Quando a Lua gira em torno de nosso planeta, atrai a Terra para si – como se
estivesse “puxando” – e essa atração provoca mudanças nos níveis das águas. As marés podem ser altas ou baixas.

ORIGEM DO UNIVERSO
Existem várias explicações sobre a origem do Universo. Há, sobre esse assunto, as explicações religiosas e as científicas. Trataremos
aqui da visão científica, ou seja, de como os cientistas procuram explicar os fenômenos que observam no Universo.
O telescópio Hubble consegue captar a luz de estrelas, que mostra como elas eram há bilhões de anos. Através da análise da luz
das estrelas, é possível saber a velocidade com que elas estão se afastando ou se aproximando de nós, sua composição química, idade,
temperatura e massa, entre outros aspectos. Então os cientistas descobriram algo inesperado: as galáxias estão se afastando da Terra. Se
elas está se expandindo, podemos concluir que, no passado as galáxias estavam mais próximas. Quanto mais voltarmos no tempo, mais
próximas elas estavam.
Podemos supor então um momento em que toda a matéria do Universo estava compactada em um único ponto, infinitamente com-
prida em temperaturas enormes. Foi então o que aconteceu o que os cientistas chamam de “a grande explosão” ou, em inglês, o big-bang.
Era o início do Universo, que teria ocorrido há mais ou menos 15 bilhões de anos.
Depois da explosão, a temperatura inicial, que era de mais de um trilhão de graus Celsius, começou a diminuir, e os átomos como for-
mam a matéria hoje se originaram a partir dos prótons, elétrons e outras partículas.
Neste aspecto primeiramente, os átomos se agruparam em nuvens de gases. Então cerca de um bilhão de anos depois, as primeiras
estrelas e galáxias surgiram.

Sistema Solar
É formado pelo conjunto de oito planetas, e pelos diversos objetos e corpos celestes (asteroides, cometas) que orbitam a principal
estrela dele: o Sol. Cada um se mantém em sua respectiva órbita em virtude da intensa força gravitacional exercida pelo astro, que possui
massa muito maior que a de qualquer outro planeta.
Os corpos mais importantes do sistema solar são os oito planetas que giram ao redor do sol, descrevendo órbitas elípticas, isto é, ór-
bitas semelhantes a circunferências ligeiramente excêntricas.

Observação7: Plutão foi considerado um planeta do sistema solar, durante décadas. Contudo, em agosto de 2006, a União Astronômica
Internacional (IAU) classificou esse corpo celeste como um dos três planetas anões: Ceres, Eris e Plutão. Essa decisão foi motivada pelas
características de Plutão, em especial pela sua forma e tamanho.”

O sol não está exatamente no centro dessas órbitas, razão pela qual os planetas podem encontrar-se, às vezes, mais próximos ou mais
distantes do astro.

O sol e o Sistema Solar tiveram origem há 4,5 bilhões de anos a partir de uma nuvem de gás e poeira que girava ao redor de si mesma.

Sistema solar em escala


É constituído por astros extremamente diferenciados entre si. Apresentam peculiaridades individuais e estão situados em órbitas
bastante distanciadas umas das outras. Os diâmetros de seus astros bem como as distâncias entre eles são apresentados fora de escala,
passando uma imagem muito aquém do que seja nosso Sistema Planetário.
A partir deste novo conceito, os planetas e outros corpos do Sistema Solar ficaram definidos em três categorias distintas:
Planetas clássicos – “são corpos celestes que orbitam o Sol, que tem massa suficiente para ter gravidade própria para superar as forças
rígidas de um corpo de modo que assuma uma força equilibrada hidrostática, ou seja, redonda e que definiram as imediações de suas
órbitas”. São eles: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno;
7 Disponível em www.brasilescola.uol.com.br Acesso em 15.09.2022
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Planetas anões – “são corpos celestes que orbitam o Sol, que tem massa suficiente para ter gravidade própria para superar as forças
rígidas de um corpo de modo que assumam uma forma equilibrada hidrostática, ou seja, redonda, mas que não definiram as imediações
de suas órbitas e que não são satélites.” Até o momento são considerados planetas anões: Plutão, Eris (UB303 ou Xena) e Ceres. Porém
existem 12 outros corpos do Sistema Solar que estão na lista de possíveis planetas anões da União Astronômica Internacional, dependendo
de mais estudos para que sejam classificados como planetas anões ou como pequenos corpos do Sistema Solar;
Pequenos corpos – “todos os outros corpos que orbitam o Sol, que não sejam satélites, serão referidos coletivamente desta forma”.

Medidas de tempo
Antigamente, para saber o melhor momento de caçar e plantar, entre outras atividades, as civilizações observavam a natureza, ou seja,
utilizavam-se de fenômenos naturais periódicos.
A unidade básica para a contagem do tempo é o dia, que corresponde ao período de tempo entre dois eventos equivalentes sucessi-
vos: por exemplo, o intervalo de tempo entre duas ocorrências do nascer do Sol, que corresponde, em média (dia solar médio), a 24 horas.
O ano solar é o período de tempo decorrido para completar um ciclo de estações (primavera, verão, outono e inverno). O ano solar
médio tem a duração de aproximadamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 47 segundos (365,2422 dias). Também é conhecido como ano
trópico. A cada quatro anos, as horas extra acumuladas são reunidas no dia 29 de fevereiro, formando o ano bissexto, ou seja, o ano com
366 dias.
Temos uma maneira prática de verificar se um ano é bissexto:
- Se o número que indica o ano é terminado em 00, esse ano será bissexto se o número for divisível por 400.
- Se o número que indica o ano não é terminado em 00, esse ano será bissexto se o número for divisível por 4.
Os calendários antigos baseavam-se em meses lunares (calendários lunares) ou no ano solar (calendário solar) para contagem do
tempo. Eles ainda podem definir outras unidades de tempo, como a semana, para o propósito de planejar atividades regulares que não se
encaixam facilmente com meses ou anos.
O Ano é dividido em 12 meses, os meses, em semanas, e cada semana, em 7 dias.
O período de 2 meses corresponde a um bimestre, o de 3 meses a um trimestre e o de 6 meses, a um semestre.
Concluindo:
- 1 ano tem 365 a 366(bissexto) dias;
- 1 ano está dividido em 12 meses;
- 1 mês tem de 30 a 31 dias;
- 1 dia tem 24 horas

Em geral, os relógios marcam as HORAS, os MINUTOS e os SEGUNDOS.


- 1 dia tem 24 horas.
- 1 hora tem 60 minutos.
- 1 minuto tem 60 segundos.
Observe-se que não é correto escrever 3,20 horas como forma de representar 3h20min, pois o sistema de medida de tempo não é
decimal. O 0,20h representa 12 minutos, pois 0,20.60 min = 12, logo 3,20h = 3horas 12 minutos.

Medidas de velocidade
A velocidade de um corpo é dada pela relação entre o deslocamento de um corpo em determinado tempo. Pode ser considerada a
grandeza que mede o quão rápido um corpo se desloca.
Segundo o S.I (Sistema Internacional de medidas) as unidades mais utilizadas para se medir a velocidade é Km/h (Quilômetro por hora)
e o m/s (metro por segundo).
Quando ouvimos que carro se desloca a uma velocidade de 20 km/h, isto significa que ele percorre 20 km em 1 hora.
Muitas questões pedem para que passemos de km/h para m/s, para efetuarmos essa transformação, basta utilizarmos o que segue na
figura abaixo:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ECLIPSE
É um fenômeno que ocorre de tempos em tempos e pode ser
previsto por astrônomos. Há dois tipos de eclipse que podemos ob-
servar:
- Eclipse lunar: a sombra da Terra encobre o disco lunar.
- Eclipse solar: ocorrem quando a Lua se posiciona entre a Terra
e o Sol, o que ocorre quando a face visível da Lua não está ilumina-
da (Lua nova). Como os três corpos (Sol, Lua e Terra) estão alinha-
dos, a Lua acaba encobrindo o Sol. Em consequência temos o que
denominamos estações dos anos.
GRAVIDADE8
ESTAÇÕES DO ANO É o fenômeno de atração que comanda a movimentação dos
A Terra orbita o Sol, realizando um movimento de translação, objetos. Na Terra, a gravidade é a propriedade que faz com que os
que leva cerca de um ano. O intervalo de tempo que corresponde corpos sejam atraídos para o centro da terra. Este fenômeno é uma
a um ano com quatro fases climáticas bem definidas, ou estações, consequência da curvatura formada no espaço-tempo do objeto só-
que se sucedem: primavera, verão, outono e inverno. lido, de acordo com a teoria da relatividade de Einstein.
A inclinação do eixo de rotação da Terra é determinante para
que os raios solares não cheguem com a mesma intensidade em Ela atua sobre a massa de um objeto e quanto maior for a massa
toda a parte iluminada da superfície terrestre. desse objeto, maior é a sua força gravitacional. Como a massa da
Terra é superior à de uma pessoa, a pessoa é “atraída” para o seu
PREVISÃO DO TEMPO centro, o que explica a razão dos objetos caírem. Cada objeto possui
O rádio, a televisão, os jornais e os sites anunciam diariamente um centro de gravidade, ou seja, o ponto onde é exercida a força da
a previsão do tempo. Dentro de certa margem de segurança, fica- gravidade.
mos sabendo se vai chover, se vai fazer frio ou calor. Para facilitar
o estudo da atmosfera, os cientistas a dividem em várias camadas. EXPLORAÇÃO DO ESPAÇO PELO SER HUMANO
A ciência que estuda os fenômenos atmosféricos e suas varia- A primeira pessoa a ir ao espaço foi o russo Yuri Gagarin (1934-
ções é a Meteorologia. 1968) em 1961 e, em 1969, o estadunidense Neil Armstrong (1930-
Para a Meteorologia, tempo é o conjunto das condições de 2012) foi a primeira pessoa a pisar na Lua. Nas últimas décadas,
temperatura, umidade, nuvens, pressão do ar, ventos e chuvas em dezenas de astronautas já estiveram fora do planeta cumprindo
determinado local e em um momento específico. São esses fenô- diferentes missões.
menos atmosféricos que determinam se o tempo estará quente ou A Lua é o corpo celeste mais próximo da Terra, a uma distância
frio, seco ou chuvoso, nublado ou ensolarado. de mais de 380 000 km. Na primeira missão tripulada, a viagem até
o satélite durou mais de 50 horas. Se considerarmos planetas mais
CLIMA distantes, como Saturno, essa distância chega a muito mais do que
O clima é determinado por condições naturais de diferentes 1 275 000 000 km! Sendo assim, viagens interplanetárias, ou seja, o
regiões ao redor do planeta. Porém, ações humanas têm causado deslocamento entre planetas, não é uma tarefa simples.
alterações nos padrões climáticos em todo o mundo nas últimas
décadas. Essas alterações podem, inclusive, levar a mudanças nas O plano da Nasa para transformar Marte em um planeta ha-
paisagens naturais e estão diretamente relacionadas ao modo de bitável
vida atual. Cientistas da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, dizem
Os mesmos fatores que influenciam o tempo estão relacionados que Marte poderia ser habitável caso fosse criado artificialmente
ao clima de uma região: temperatura, umidade, intensidade de luz, algo que a Terra já tem: um campo magnético protetor.
chuvas e ventos, entre outros. No entanto, tempo não é sinônimo Esse escudo é essencial para evitar o impacto da radiação e ven-
de clima. Consideramos tempo o conjunto dessas condições duran- tos solares potentes. De acordo com pesquisadores da Divisão de
te intervalos curtos (dias ou semanas), enquanto o clima de uma Ciência Planetária da Nasa (PSD, sua sigla em inglês), é possível ge-
região é determinado pela análise do tempo durante um período rar um campo semelhante ao redor do Planeta Vermelho.
de muitos anos.

8 Disponível em https://www.significados.com.br Acesso 16.09.2022


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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Ribossomos - fabricam as proteínas nas células. Organelas fun-
VIDA, AMBIENTE E SAÚDE: CÉLULA COMO UNIDADE DA damentais ao crescimento a à regeneração celular;
VIDA. ADAPTAÇÕES DOS VEGETAIS AO SOLO. RELAÇÃO - Retículo endoplasmático - rede de canais e reentrâncias onde
PRESA PREDADOR E DINÂMICA POPULACIONAL. DIGES- circulam proteínas, gorduras, sais etc;
TÃO, RESPIRAÇÃO, CIRCULAÇÃO E EXCREÇÃO EM DIVER- - Complexo golgiense - formado por pequenas bolsas achata-
SOS SERES VIVOS. LOCOMOÇÃO E SISTEMAS LOCOMO- das. Produz certos “açúcares”, modifica e armazena proteínas e ou-
TORES EM DIVERSOS SERES VIVOS. REPRODUÇÃO EM tras substâncias. Também produz os lisossomos;
DIVERSOS SERES VIVOS. ADAPTAÇÃO. SISTEMA ENDÓCRI- - Lisossomos - realizam a digestão dentro da célula;
NO E PUBERDADE. IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIEN- - Centríolos - pequenas estruturas cilíndricas que participam da
TAÇÃO SEXUAL. DROGAS, SISTEMA NERVOSO E ÓR- divisão da célula;
GÃOS SENSORIAIS. ORIGEM DA VIDA NA TERRA - Vacúolos - vesículas - pequenas bolsas que armazenam ou
transportam enzimas, água etc.
- Cloroplastos - organelas presentes apenas em células vegetais,
CÉLULA responsáveis pela fotossíntese.
É a menor unidade dos seres vivos com formas e funções defini- O núcleo - é a central de comando das atividades celulares. Em
das. Isolada forma todo o ser vivo, no caso dos organismos unicelu- geral situa-se no centro da célula. É envolvido por uma membrana
lares ou junto com outras células, no caso dos pluricelulares. nuclear ou carioteca.
A célula tem todo o material necessário para realizar processos
vitais, como nutrição, liberação de energia e reprodução. ADAPTAÇÕES DAS PLANTAS9
Assim como os animais, as plantas também tiveram dificuldades
para se fixar em terra firme. Os desafios eram muitos e as plantas
precisavam enfrentar problemas.
Para evitar a dessecação, o surgimento da cutícula foi essencial.
A cutícula, que é encontrada recobrindo a epiderme das plantas,
é formada por substâncias lipofílicas e tem por função diminuir a
transpiração.
Para o problema da sustentação foi resolvido com o surgimento
de duas estruturas: raízes e tecidos vasculares. As raízes estão rela-
cionadas à fixação da planta ao substrato e à absorção de nutrientes
e água do solo. Os tecidos vasculares estão relacionados principal-
A células que formam o organismo de muitos dos seres vivos mente com o transporte de seiva bruta e seiva elaborada, entre-
apresentam uma membrana envolvendo seu núcleo, por isso são tanto, as células do xilema, por apresentarem paredes lignificadas,
chamadas de células eucariotas. A célula eucariota é constituída de conferem também à planta certa sustentação.
membrana plasmática, citoplasma e núcleo. O problema da reprodução foi solucionado com o surgimento
Diferente das células eucariotas, a célula procariota não possui de esporos, que são considerados uma grande adaptação ao meio
membrana nuclear nem estruturas membranosas no seu interior. terrestre. Essas estruturas reprodutivas, muito resistentes, são leva-
Membrana plasmática ou membrana celular - é uma espécie de das pelo vento e pela água. Além disso, outra adaptação relaciona-
película que envolve e protege a célula. da à reprodução é a capacidade do zigoto de permanecer retido por
Na célula vegetal, além da membrana celular existe ainda, mais algum tempo no gametófito, o que confere proteção ao embrião.
externamente, a parede celular, formada de celulose. O processo que levou as plantas a conquistarem o ambiente ter-
O citoplasma - é a parte da célula que fica entre a membrana restre levou milhões de anos, e diferentes organismos surgiram e
celular e o núcleo. É constituído por um material gelatinoso chama- extinguiram-se até que a total conquista acontecesse. Sem dúvidas,
do hialoplasma. sem essa conquista, seria impossível a sobrevivência de diversas es-
pécies na Terra, inclusive a sobrevivência humana.

RELAÇÃO PRESA PREDADOR E DINÂMICA POPULACIONAL


Diferentes populações que partilham o mesmo ecossistema po-
dem interagir umas com as outras em um circuito fechado de retro-
alimentação. Nós temos, então, uma população que nós chamamos
de predadores e a outra população (que é aquela que está servindo
de alimento) que nós chamamos de presas.
As relações ecológicas ocorrem dentro da mesma população
(isto é, entre indivíduos da mesma espécie), ou entre populações
diferentes (entre indivíduos de espécies diferentes). Essas relações
estabelecem-se na busca por alimento, água, espaço, abrigo, luz ou
parceiros para reprodução.
O predador pode atacar e devorar também plantas, como acon-
tece com o gafanhoto, que, em bandos, devoram rapidamente toda
uma plantação. Nos casos em que a espécie predada é vegetal, cos-
Entre as organelas destacam-se: tuma-se dar ao predatismo o nome de herbivorismo.
- Mitocôndrias - é a usina energética das células. Realizam a res-
piração celular e liberam a energia de que a célula necessita para as
suas atividades;
9 Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br Acesso em
17.09.2022
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Raros são os casos em que o predador é uma planta. As plantas Tipos de reprodução
carnívoras, no entanto, são excelentes exemplos, pois aprisionam e Reprodução sexuada é aquela em que há participação de células
digerem principalmente insetos. especiais, os gametas. Os gametas são células que carregam parte
Ao diminuir a população de presas é possível que ocorra a di- do material genético que formará um novo ser. No animal, o gameta
minuição dos predadores por falta de comida. Em consequência, a masculino é o espermatozoide e o gameta feminino é o óvulo.
falta de predadores pode provocar um aumento da população de A união dos gametas, que dá origem a um novo ser, chama-se
presas. Essa regulação do controle populacional colabora para a fecundação. A fecundação pode ser interna, ou seja, o gameta mas-
manutenção do equilíbrio ecológico. culino encontra o gameta feminino dentro do corpo da fêmea, ou
externa, ou seja, o gameta masculino encontra o gameta feminino
SISTEMA LOCOMOTOR fora do corpo da fêmea.
O sistema locomotor é formado pela união de três sistemas: es- A reprodução assexuada não envolve estas etapas especiais, os
quelético, muscular e articular. Ele é responsável pela realização dos gametas; depende apenas das células.
diversos movimentos do corpo e pela locomoção. A regeneração, um tipo de reprodução assexuada, ocorre, por
Ele é formado pela união de três sistemas atuando em conjunto: exemplo, nas planárias. Reneração em planárias: se o corpo desse
esquelético, muscular e articular. Esse sistema permite que os indi- animal for cortado em alguns pedaços, cada um deles pode originar
víduos realizem diversos movimentos e possam locomover-se, seja uma planária inteira.
em busca de alimentos, fuga de predadores, entre outros. A reprodução sexuada é mais vantajosa para a espécie que a
- Sistema muscular: atua nos movimentos por meio do processo assexuada. Enquanto a reprodução assexuada origina indivíduos
de contração muscular, além de unir as peças ósseas, mantendo a geneticamente iguais aos seus antecessores, a reprodução sexuada
postura do esqueleto. Os músculos são formados por feixes que se produz indivíduos diferentes dos seus pais.
fixam, em suas extremidades, a um ponto fixo (origem) e a um pon-
to móvel (inserção), por meio de tendões e aponeuroses. SISTEMA ENDÓCRINO
- Sistema esquelético: é constituído pelos ossos e estruturas É composto de várias glândulas que se situam em diferentes
relacionadas, como cartilagens e tendões, que, juntos, atuam nos pontos do nosso corpo. Glândulas são estruturas que produzem
movimentos do corpo. Além do movimento, o sistema esquelético substâncias que tem determinada função no nosso corpo.
também tem a função de sustentação, proteção, armazenamento
de cálcio e fósforo e produção de células sanguíneas. As glândulas endócrinas e as suas funções
- Sistema articular: é constituído pelas articulações ou juntu- Elas produzem e lançam no sangue substâncias reguladoras de-
ras, estruturas formadas por tecido conjuntivo presentes nos locais nominadas hormônios – estes, ao serem lançados no sangue, per-
onde os ossos se unem, permitindo essa união e auxiliando nos correm o corpo até chegar aos órgãos-alvo sobre os quais atuam.
movimentos. As articulações são classificadas de diversas formas,
conforme a sua constituição, movimentação, entre outras.

Os animais se movimentam rápida e ativamente, nadando, cor-


rendo ou voando sendo, portanto, mais facilmente identificável.
Movimentando-se os animais realizam, com mais facilidade, algu-
mas tarefas básicas, como buscar alimentos, se defender e atacar.
Nas plantas a constatação dos movimentos requer uma observação
mais cuidadosa pois ocorre mais lentamente.

ADAPTAÇÕES
As adaptações dos seres vivos não ocorrem por acaso e muito
menos ocorreram de uma hora para outra. Ao longo do processo
evolutivo, alguns organismos sofreram transformações que lhes
possibilitaram maiores chances de sobrevivência no meio ambien-
te, ajustando-se morfologicamente e fisiologicamente ao ecossiste-
ma em que vivem.
O termo adaptação pode ser empregado em vários sentidos.
Quando desenvolvemos atividades físicas, nossa temperatura au-
menta. Um dos mecanismos que o organismo encontra para baixar Hipófise
a temperatura é a transpiração. Esse tipo de ajustamento é chama- Pode ser considerada a “glândula-mestre” do nosso corpo. Ela
do homeostase, que constitui um tipo de adaptação. produz vários hormônios e muitos deles estimulam o funcionamen-
to de outras glândulas, com a tireoide, as suprarrenais e as glân-
REPRODUÇÃO dulas-sexuais (ovários e testículos). O hormônio do crescimento é
É uma das características comuns a todas as espécies de seres um dos hormônios produzidos pela hipófise. O funcionamento do
vivos. Ter filhotes, isto é, ter descendentes, é importante para ga- corpo depende do equilíbrio hormonal. O excesso, por exemplo,
rantir a ocupação do ambiente e para se manter como espécie. Se de produção do hormônio de crescimento causa uma doença cha-
não deixa descendentes, à medida que os indivíduos mais velhos mada gigantismo (crescimento exagerado) e a falta dele provoca o
vão morrendo, a espécie tende a desaparecer. Daí a importância da nanismo, ou seja, a falta de crescimento do corpo. Outro hormônio
reprodução para a manutenção da existência da espécie. presente no corpo humano e também produzido pela hipófise é o
antidurético (ADH). Essa substância permite ao corpo economizar
água na excreção (formação de urina).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Puberdade
É o nome dado ao período de transição entre a infância e a fase
adulta e acontece em meninas entre os 8 e 13 anos de idade e em
meninos entre 9 e 14 anos. Essa fase é marcada, principalmente,
pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e o início
da fase reprodutiva, tanto do homem quanto da mulher. Nas me-
ninas, o primeiro sinal da puberdade é o surgimento do chamado
broto mamário, enquanto que nos meninos é o aumento dos tes-
tículos.
O início da puberdade é influenciado por uma série de fatores,
incluindo fatores psicológicos, genéticos, condições ambientais e
até mesmo a saúde do indivíduo e sua nutrição. Nessa etapa, o in-
divíduo perceberá, entre outras alterações, o surgimento de pelos,
modificações na oleosidade da pele, surgimento das mamas em
meninas e aumento do testículo em meninos. De uma maneira ge-
ral, podemos dizer que, independentemente do sexo, as principais
modificações que ocorrem na puberdade são:
- Estirão puberal (rápido crescimento em estatura, que dura cer-
ca de 2 a 4 anos);
- Desenvolvimento do sistema reprodutor;
Tireoide - Desenvolvimento do sistema esquelético e muscular;
Produz a tiroxina, hormônio que controla a velocidade de me- - Aparecimento de caracteres sexuais secundários.
tabolismo do corpo.
A puberdade termina por volta dos 18 anos de idade. Nesse mo-
Paratireoides mento, termina o crescimento físico e também o amadurecimento
São quatro glândulas localizadas em volta da tireoide. Elas pro- do sistema genital.
duzem o paratormônio, hormônio que regula a quantidade de cál-
cio e fósforo no sangue. IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL
A sexualidade humana é constituída por diversos fatores rela-
Suprarrenais cionados às questões biológicas, psicológicas, sociais e culturais. A
Duas glândulas que se situam acima dos rins, produzem adre- sexualidade humana é formada por uma múltipla combinação de
nalina, também conhecida como hormônio das “situações de emer- fatores e é composta basicamente por quatro elementos: identida-
gência”. A adrenalina prepara o corpo para a ação, ou seja, em ter- de de gênero, expressão de gênero, orientação sexual e sexo bio-
mos biológicos, para atacar ou fugir. lógico.
Sexo biológico é considerado pela ciência como o conjunto de
Pâncreas informações cromossomiais. Se baseia na identificação genotípica e
Produz dois hormônios importantes na regulação da taxa de gli- considera os órgãos sexuais do nascimento, a capacidade de repro-
cose (açúcar) no sangue: dução e as principais características físicas e fisiológicas que dife-
- Insulina facilita a entrada da glicose nas células (onde ela será renciam o masculino do feminino, ou macho da fêmea.
utilizada para a produção de energia) e o armazenamento no fíga-
do, na forma de glicogênio. Ela retira o excesso de glicose do san- Atração ou orientação sexual
gue, mandando-o para dentro das células ou do fígado. Isso ocorre, Considerada como a atração afetiva e/ou sexual, manifestada
logo após as refeições, quando a taxa de açúcar sobe no sangue. A por uma pessoa frente a outra, de maneira involuntária ao seu de-
falta ou a baixa produção de insulina provoca o diabetes, doença sejo. Existem alguns tipos de orientação sexual, na maioria dos ca-
caracterizada pelo excesso de glicose no sangue (hiperglicemia). sos encontramos:
- Glucagon funciona de maneira oposta à insulina. Quando o - Heterosexual: atração afetiva e sexual por pessoas do sexo
organismo fica muitas horas sem se alimentar, a taxa de açúcar no oposto;
sangue cai muito e a pessoa pode ter hipoglicemia, que dá a sensa- - Homossexual: atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo
ção de fraqueza, tontura, podendo até desmaiar. Quando ocorre a sexo e gênero;
hipoglicemia o pâncreas produz o glucagon, que age no fígado, esti- - Bissexual: atração afetiva e sexual por pessoas de ambos os
mulando-o a “quebrar” o glicogênio em moléculas de glicose. A gli- sexos/gêneros.
cose é, então enviada para o sangue, normalizando a taxa de açúcar.
Gênero
Glândulas sexuais É a construção social. Homens e mulheres são diferentes em
São os ovários (femininos) e os testículos (masculinos). Os ová- seu nascimento, mas se diferenciam ainda mais, por causa de ou-
rios e os testículos são estimulados por hormônios produzidos pela tras questões, que na história da humanidade se relacionam com a
hipófise. Enquanto os ovários produzem estrogênio e progesterona, expressão cultural, construindo uma realidade social de existência
os testículos produzem testosterona. que produz um paradigma de comportamento e expressão.
A regulação hormonal obedece a um equilíbrio dinâmico que se
estabelece por meio da retroalimentação ou do feedback, ou seja,
do mecanismo através do qual o efeito controla a causa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Identidade de gênero Com base nos conhecimentos sobre a evolução da vida na Ter-
É considerada a percepção que a pessoa possui de si, em rela- ra, é possível buscar condições semelhantes em outras regiões do
ção ao gênero feminino, masculino ou ambos, e até nenhum dos Universo que possam favorecer a manutenção da vida. Em um sis-
dois. Independe do sexo biológico. É a compreensão da pessoa so- tema planetário, a zona habitável é definida pela região ao redor de
bre ela mesma, como ela se vê e deseja ser reconhecida. Pode ou uma estrela onde a radiação emitida por ela permite temperaturas
não concordar com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento. adequadas para manter a água em estado líquido. Outra caracterís-
- Cisgênero:  A Identificação do gênero de acordo com o deter- tica fundamental em zonas habitáveis é a composição e a pressão
minado em seu nascimento; da atmosfera e sua capacidade de reter energia térmica, ou seja, de
- Transgênero: Não se identifica com comportamentos conven- possibilitar o efeito estufa.
cional do gênero de seu nascimento;
- Queer: Não se enquadra em nenhuma identidade ou expres-
são de gênero.  ALIMENTAÇÃO HUMANA: VALORES NUTRICIONAIS, CON-
- Mulheres Transexuais e Homens Trans: São aquelas pessoas SERVAÇÃO DE ALIMENTOS E DIETAS
que possuem identidade de gênero diferente do sexo biológico.
Se afastam do sexo biológico se identificando psiquicamente pelo
sexo oposto. Podem realizar modificações corporais por meio de A alimentação está diretamente ligada à saúde, é um compo-
terapias hormonais ou cirurgias, em busca do atributo físico que as nente importante para a sobrevivência de todas as espécies da ter-
fazem felizes.  ra. Uma boa dieta deve ser bem planejada e nutritiva, seguindo as
- Intersexual: Quando há variação na pessoa do padrão de quatro características denominadas como “Leis Fundamentais da
masculino ou feminino culturalmente estabelecido, nas condições Alimentação” ou Leis de Escudero, que são: lei da quantidade, lei da
fisiológicas. qualidade, lei da harmonia e lei da adequação, onde a alimentação
deve ser quantitativamente suficiente, qualitativamente completa,
EFEITOS DAS SUBSTÂNCIAS NO SISTEMA NERVOSO10 harmoniosa em seus nutrientes e adequada a finalidade individual.
As drogas causam vários efeitos na atividade do sistema nervo- Os nutrientes têm funções específicas no organismo, e o estu-
so central, cujo órgão principal é o cérebro. As drogas podem ser: do da composição dos alimentos é fundamental para uma refeição
- Depressoras – diminuem a atividade do cérebro, deixando o equilibrada e um consumo moderado, tendo em vista que cada nu-
indivíduo “desligado”. Reduzem a tensão emocional, a atenção, a triente desempenha seu papel, podemos classificá-los em macro e
concentração, a memória e a capacidade intelectual. Podem produ- micronutrientes.
zir sonolência, embriaguez e até coma. São depressores o álcool, os
barbitúricos (soníferos), os ansiolíticos (tranquilizantes), os sedati- Macronutrientes
vos (calmantes), o ópio e a morfina, os xaropes e gotas para tosse, e • Carboidratos: primeira fonte de energia do corpo, sendo
os inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores). combustível para realização das atividades diárias, cada grama de
- Estimulantes – aumentam a atividade do cérebro, fazendo carboidrato contém 4 calorias;
com que a pessoa fique “ligada”, “elétrica”. As principais são as • Proteínas: principal fonte de construção, manutenção e recu-
anfetaminas, a nicotina (presente no cigarro) e a cocaína, que ge- peração dos tecidos, assim como produção de hormônios, enzimas
ralmente inibem as sensações de fome, cansaço e sono, podendo e anticorpos, também fornece 4 calorias por grama de proteína;
produzir estados de excitação e aumento da ansiedade. • Lipídios: participam do transporte e absorção das vitaminas
- Perturbadoras – também chamadas de alucinógenas, modifi- lipossolúveis, contém 9 calorias para cada grama de gordura, prote-
cam a qualidade da atividade do cérebro, que passa a funcionar de gem os órgãos e do isolamento térmico do corpo.
forma anormal. Alteram a percepção e o pensamento e produzem
alucinações e delírios. As principais são a maconha, o ecstasy e o Micronutrientes
LSD 25. • Vitaminas: participam de diversas etapas do metabolismo e
são divididas em lipossolúveis e hidrossolúveis. As vitaminas lipos-
Existem ainda os esteróides anabolizantes, usados para au- solúveis são as vitaminas A, D, E e K, recebem esse nome pois são
mentar a força muscular, que podem causar hipertensão, tumores solúveis em gordura (lipídio) e as vitaminas hidrossolúveis, são solú-
no fígado, impotência, calvície, ataque cardíaco. veis em água, fazendo parte deste grupo as vitaminas do complexo
B e a vitamina C;
ORIGEM DA VIDA NA TERRA • Minerais: são nutrientes essenciais para diversas funções do
A formação da Terra, ocorreu há cerca de 4,6 bilhões de anos. organismo e manutenção da saúde, a falta ou até mesmo o excesso
Já o fóssil mais antigo que se conhece data de aproximadamente destes podem levar o corpo a desenvolver diversas doenças.
3,5 bilhões de anos. Assim, a vida deve ter surgido no intervalo de
tempo entre esta data e a formação da Terra. Conceitos em nutrição
Como se originaram os primeiros seres vivos, não se sabe, mas Para compreender melhor o campo da nutrição e dietética,
a formação de coacervados sugere que sistemas orgânicos comple- compete o entendimento e a diferenciação de alguns termos e con-
xos, como as primeiras células, poderiam ter se formado na Terra ceitos, que seguem:
primitiva, marcando assim o início da vida. Além disso, teriam sur- • Alimentação: ato de fornecer, prover e consumir alimentos;
gido moléculas complexas capazes de se replicar, fazendo cópias de • Alimentos: toda substância utilizada pelos seres vivos como
si mesmas. Dessa célula ancestral descendem, por evolução, todos fonte de matéria e energia para poderem realizar as suas funções
os demais seres vivos. vitais, incluindo o crescimento, movimento e reprodução;
• Calorias: pode ser representado pela sigla Kcal, unidade usa-
da para indicar equivalente energético.
• Dietética: aplicação da nutrição no planejamento e elabora-
ção das refeições com fins específicos, para pessoas com necessi-
dades especiais;
10 Fonte: Agência Senado
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Metabolismo: união de processos nos quais o corpo obtém e A digestão do carboidrato, dá-se início na boca, através da ação
gasta energia proveniente do consumo dos alimentos; da amilase salivar, passando pelo estômago e por fim no intestino
• Nutrição: é a atividade que estuda a fundo as propriedades delgado através da ação das enzimas amilase pancreática, maltase,
dos alimentos e busca soluções para promover a saúde a partir da sacarase e lactase, hidrolisando os carboidratos em monossacarí-
alimentação, resultando em uma vida saudável, qualidade de vida e dios para a absorção e posteriormente armazenas no fígado em for-
consciência a respeito daquilo que se come; ma de glicose, o que chamamos de glicogênio.
• Nutricionista: é o profissional que atua com educação de há-
bitos saudáveis, auxilia na prevenção, promoção e recuperação da Proteínas
saúde humana; São blocos de aminoácidos que podem ser classificados por es-
• Nutrientes: elementos presentes nos alimentos essenciais senciais (fornecidos exclusivamente pelos alimentos), não essências
para o bom funcionamento do corpo, classificados como carboi- (sintetizados pelo organismo, a partir de aminoácidos essenciais)
dratos, proteínas, lipídios, vitaminas, minerais, fibras alimentares e ou condicionalmente essenciais (essenciais em alguma fase da vida
água; ou situações clínicas). Os aminoácidos se ligam uns aos outros, for-
mando ligações peptídicas, que se transformam em proteínas.
Classificação dos nutrientes
Os nutrientes também podem ser classificados pelos papéis NÃO CONDICIONALMENTE
ESSENCIAIS
que desempenham no organismo, que são três: ESSENCIAIS ESSENCIAIS
• Construtores ou Plásticos: promovem o crescimento e repa- Histidina Alanina Arginina
ro de todos os tecidos do corpo, sua fonte principal são as proteínas
animal e vegetal, cálcio e fósforo; Isoleucina Asparagina Glutamina
• Energéticos: fornecem calorias (energia) para o organismo, Leucina Aspartato Glicina
suas fontes principais são os carboidratos, proteínas e os lipídios Lisina Glutamato Prolina
ou gorduras;
• Reguladores: regulam e controlam as funções do corpo, atu- Metionina Serina Tirosina
ando no sistema imunológico e na digestão, suas principais fontes Fenilalanina Cisteína
são as proteínas, as vitaminas, os minerais e as fibras. Treonina
Através desta classificação, conseguimos definir com a ajuda
da pirâmide alimentar a composição de uma alimentação saudável, Triptofano
utilizando de forma visual e de fácil entendimento um instrumento Valina
de orientação para promoção da saúde e hábitos alimentares sau-
dáveis. A digestão da proteína se inicia no estômago com a ação da en-
A composição da pirâmide alimentar brasileira é formada por zima pepsina e se completa no intestino delgado através as enzimas
oito blocos que se dividem em quatro grupos que são: alimentos proteolíticas, tripsina, quimotripsina, carboxipepdidase, dipeptida-
energéticos, os carboidratos (pão, mandioca, batata, arroz e ou- de e aminopeptidase.
tros); alimentos reguladores, verduras, legumes e frutas; alimentos
construtores, leites e derivados, carnes, ovos, leguminosas e olea- Lipídios
ginosas; alimentos energéticos extras, óleos, gorduras, açúcares e São moléculas orgânicas insolúveis em água, compostas de car-
doces. bono, oxigênio e hidrogênio. Podem ser encontrados em alimentos
de origem vegetal e animal.
Composição dos nutrientes São classificados em lipídios simples os monoglicerídios, os di-
glicerídios e os triglicerídeos.
Os Nutrientes e seu Metabolismo
Os lipídios compostos são aqueles que apresentam, além de
Carboidrato
ácidos graxos e glicerol, outras substâncias adicionais não lipídica,
Podem ser chamados de hidrato de carbono ou glicídios, são
por exemplo, os fosfolipídios.
compostos de oxigênio, hidrogênio e carbono é fonte primária de
E ainda os lipídios derivados, que são substâncias produzidas
energia para o organismo. na hidrólise dos outros grupos de lipídios, por exemplo o colesterol.
Pode ser classificado como: Além disso, podemos classificá-los por ácidos graxos essenciais
— Monossacarídios – açúcares simples, que não sofrem hi- (adquiridos através da alimentação) como, ômega 3 ou linolênico
drólise (quebra) por já estarem em seu elemento final, solúveis em e o ômega 6 ou linoleico. E os ácidos graxos não essenciais (adqui-
água e estão presente em todo o organismo, GLICOSE, FRUTOSE ridos através da síntese do organismo após o consumo dos ácidos
(encontrado nas frutas e mel) e GALACTOSE (encontrado no leite essenciais) como, ômega 9 ou oleico e ácido araquidônico.
e derivados). Ácidos graxos saturados, sua fonte são os produtos de origem
— Dissacarídios – açúcares formados por dois monossacarídios, animal e alguns óleos como, de coco e dendê, na maior parte sóli-
solúveis em água e podem sofrer hidrólise para serem absorvidos. dos em temperatura ambiente. Ácidos graxos insaturados, são en-
• Lactose = glicose + galactose (açúcar do leite) contrados em produtos vegetais, e são os monoinsaturados líquidos
• Sacarose = glicose + frutose (açúcar de mesa ou açúcar bran- em temperatura ambiente e os poli-insaturadoscom duas ou mais
co) duplas ligações também são de origem vegetal e líquidos em tem-
• Maltose = glicose + glicose (encontrado nos grãos, principal- peratura ambiente.
mente na produção de cerveja) E por fim, o ácido graxo trans ou gorduras trans presentes em
— Polissacarídios – açúcares complexos, formados pela união produtos de origem industrial, pela adição de hidrogênio, alterando
muitos monossacarídios, sofrem hidrólise para serem absorvidos a consistência e a palatabilidade dos produtos alimentícios, podem
na formo de monossacarídios. São encontrados na forma de AMI- ser prejudiciais a saúde sua recomendação é de 2g/dia.
DO, DEXTRINAS, GLICOGÊNIO e CELULOSE.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A digestão dos lipídios se inicia no estômago através da enzima Excesso: Raro em ingestão alimentar, presente em super suple-
lipase gástrica e se completa no intestino delgado através da bile, li- mentação através de terapias medicamentosas.
pase pancreática e lipase entérica, após a digestão os ácidos graxos Fontes: Amendoim e pasta de amendoim, leite e ovos, levedu-
entram na corrente sanguínea. ra de cerveja e carnes.

Vitaminas • Vitamina B5 ou Ácido Pantotênico, presente no metabolis-


São elementos orgânicos, no qual o organismo não produz, de- mo das células, da produção de energia através das gorduras e car-
vendo ser introduzido através da alimentação. São essenciais para boidratos, e produção de hormônios e ácidos graxos ou colesterol.
os processos bioquímicos do corpo, e suas principais fontes são as Carência: Raro.
frutas, verduras e legumes, além dos demais alimentos presentes Excesso: Diarreia.
na natureza vegetais ou animais. Fontes: Rim, fígado, ovo, brócolis e carnes de vaca.

Vitaminas Lipossolúveis: • Vitamina B6 ou Piridoxina, atua no metabolismo do triptofa-


• Vitamina A ou Retinol, atua no crescimento e desenvolvi- no, no sistema nervoso central, no metabolismo dos lipídios, e no
mento dos tecidos, auxilia na integridade da visão, principalmente carreamento de aminoácidos pela membrana celular.
noturna. Carência: Insônia, anemia, irritabilidade e convulsões.
Carência: cegueira noturna, secura nos olhos, atrofia da cór- Excesso: Ataxia e insônia
nea. Fontes: Batata, banana, aveia, leguminosas, carne de porco e
Excesso: unhas quebradiças, pele seca, peles e olhos amare- vísceras.
lados.
Fontes: manteiga, leite, queijos, gema de ovo, abóbora, cenou- • Vitamina B8 ou Biotina, participa da produção de gliconeo-
ra e outras frutas, verduras e legumes amarelo-alaranjado-verme- gênese, na síntese de gorduras e excreção da degradação de pro-
lho. teínas.
Carência: Alterações de pele.
• Vitamina D, auxilia na absorção de cálcio e fósforo. Excesso: Raro.
Carência: raquitismo e osteomalácia; Fontes: Gema de ovo, fígado, rim, feijão, soja, nozes e peixes.
Excesso: hipercalemia, fraqueza, constipação, anorexia e vômi-
tos. • Vitamina B9 ou Ácido Fólico, presentes na síntese de DNA e
Fontes: gema de ovo, manteiga, fígado e peixes gordurosos. RNA, também atua na produção de hemácias e leucócitos e atua no
metabolismo dos carboidratos.
• Vitamina E ou Tocoferol, age como antioxidante e auxilia na Carência: Anemia megaloblástica, glossite, defeitos do tubo
prevenção de algumas doenças cardiovasculares e alguns tipos de neural na formação do feto e distúrbios intestinais.
câncer. Fontes: Verduras verde-escuras, fígado, feijão, brócolis, aspar-
Carência: distúrbios neurológicos e neuropatias.
gos, carnes bovinas e preparações enriquecidas.
Excesso: raro.
Fontes: Óleos vegetais e de sementes e em menor quantidade
• Vitamina B12 ou Cobalamina, Atua como coenzima no meta-
em frutas, verduras, legumes e gorduras de origem animal.
bolismo dos aminoácidos e na formação da porção heme da hemo-
globina; essencial para a síntese de DNA e RNA; participa na forma-
• Vitamina K ou Quinona, presente no sistema de coagulação
ção de células vermelhas do sangue.
e protombina.
Carência: Perda de Apetite, anemia perniciosa, distúrbios neu-
Carência: raro.
rológicos, fraqueza e formigamento nos membros inferiores princi-
Excesso: Anemia hemolítica e icterícia em recém-nascidos.
Fontes: Vegetais verdes folhosos, fígado, feijão, ervilha e ce- palmente pés.
noura. Excesso: Raro.
Fontes: Proteínas de origem animal.
Vitaminas Hidrossolúveis:
Vitaminas do Complexo B • Vitamina C ou Ácido Ascórbico, antioxidante, atua na cicatri-
• Vitamina B1 ou Tiamina, atua na transformação de energia zação de feridas, contra infecções e na absorção do ferro.
proveniente dos carboidratos, proteínas e gorduras. Carência: Sangramento de gengivas, escorbuto, falta de apetite
Carência: Beribéri. e fraqueza.
Excesso: Raro Excesso: Cálculos renais.
Fontes: Gérmen de trigo e carne de porco são fontes principais. Fontes: Frutas cítricas e Verduras Cruas.

• Vitamina B2 ou Riboflavina, participa da produção de ener- Minerais


gia através dos alimentos, crescimento e manutenção dos tecidos. Obtidos através da alimentação, os minerais participam do pro-
Carência: Queilose, glossite, fotofobia, e dermatite seborreica. cesso de produção de energia, de reações orgânicas, da contração
Excesso: Raro. muscular e do equilíbrio de fluidos corporais no nosso organismo.
Fontes: leite e derivados, carnes, leveduras, verduras verdes- Entre os mais importantes, estão:
-escuros e pães enriquecidos. • Ferro, auxilia na formação da hemoglobina e certas enzimas,
e no fornecimento de oxigênio às células.
• Vitamina B3 ou Niacina, participa da produção de energia Carência: predispõe a fadiga crônica, por causa de quantidade
dentro das células e nas ações das coenzimas no metabolismo. reduzida de oxigênio para os tecidos, o que é chamado de anemia.
Carência: Fraqueza muscular, pelagra, anorexia, indigestão, Excesso: é tóxico em grandes quantidades; provoca distúrbios
erupções cutâneas, demência, dermatite e diarreia. gastrointestinais.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fontes: carnes, miúdos, gema de ovo, leguminosas e verduras • Cobre, essencial no sistema imunológico, principalmente na
verdes-escuras. maturação dos leucócitos, auxilia na síntese da hemoglobina, hor-
mônios e outros tecidos.
• Cálcio, mineral presente na formação dos ossos e dentes, Carência: associada a anemia macrocítica.
na regulação da pressão arterial, coagulação sanguínea, contração Excesso: diarreia, vômitos e hemorragias.
muscular, secreção hormonal, transmissão nervosa e para a absor- Fontes: fígado, frutos do mar, grãos integrais e vegetais verde-
ção do cálcio, é necessário a presença da vitamina D. -escuros.
Carência: deformação óssea, osteoporose, fraturas, fraqueza
muscular. • Iodo, presente na produção dos hormônios da tireoide, ne-
Excesso: cálculo renal, insuficiência renal. cessário no controle do crescimento e metabolismo.
Fontes: leites e derivados, vegetais verde-escuros, soja, maris- Carência: presença do bócio e Cretinnismo.
cos e ostras. Excesso: desregulação do hormônio da tireóide.
Fontes: sal iodado e produtos do mar.
• Fósforo, auxilia na construção de ossos e dentes, presente na
estrutura das células, reações bioquímicas. • Fibra Alimentar
Carência: não ocorre em situações normais, já que é encontra- São de origem vegetal, não digerível pelo organismo, constituí-
do na maioria dos alimentos, mas, em casos isolados, sua carência da de polissacarídios, tem como função regularizar o hábito intesti-
pode causar fraturas e atrofia muscular. nal, aumentar o bolo fecal, controlar níveis de glicemia e colesterol
Excesso: interfere na absorção do cálcio, aumenta a porosidade e outras doenças.
dos ossos Classifica-se entre fibras solúveis, aquelas que são solúveis em
Fontes: leites e derivados, cereais integrais, nozes, leguminosas água, como por exemplo: Pectina, Gomas, Mucilagem, e algumas
e carnes. Hemiceluloses que estão presentes nas frutas, aveia, cevada e le-
guminosas. E fibras insolúveis, que não são solúveis em água, como
• Magnésio, presente na contração e relaxamento muscular e por exemplo: Lignina, Celulose e a maioria das Hemiceluloses e suas
na produção de anticorpos. fontes são as verduras, cereais integrais e o farelo de trigo.
Carência: fraqueza, hipertensão, aumento da sensibilidade tér- A recomendação é de 20 a 35g/dia, segunda a ADA (American
mica. Diabetic Association).
Excesso: não são comuns efeitos adversos, mas pode causar
diarreia. • Água
Fontes: nozes, castanhas, leguminosas, aveia, verduras verde- Está presente em aproximadamente 70% do corpo, a água é
-escuros e grãos integrais. um líquido insipido, incolor e inodora, que não fornece nenhuma
caloria, mas está presente no transporte dos nutrientes, na absor-
• Cloro, Sódio e Potássio, estão presente em todos os líquidos ção e excreção, na lubrificação de articulações e regula a tempera-
do corpo humano, participam da bomba sódio e potássio, que re- tura corporal. Sua recomendação é de um consumo de 35 ml/kg de
gula líquidos das células. peso em adultos.
Carência: muito raro por se encontrar em abundância na natu-
reza, se apresentando como hipocloremia, hipocalcemia e hipona- Qualidade dos alimentos
tremia, em algumas doenças. A qualidade do alimento está diretamente relacionada ao tipo
Excesso: ocorre principalmente pelo sódio, pressão alta, ata- de processamento que ele sofreu, assim distinguimos os alimentos
que cardíaco, aumento da perda de cálcio. em:
Fontes do cloro: sal de cozinha, alimentos processados, fontes • Alimentos in natura: são obtidos diretamente de plantas ou
de animais, que não sofreram qualquer alteração após deixar a na-
de sódio e de potássio.
tureza. Exemplo: legumes, verduras, frutas, batata, mandioca, ou-
Fontes do sódio: sal de cozinha, alimentos processados, carnes
tras raízes, ovos e leite de vaca.
defumadas.
• Alimentos minimamente processados: são aqueles alimen-
Fontes do potássio: frutas e verduras.
tos in natura que foram submetidos a processos simples como,
limpeza, remoção de partes indesejáveis, fracionamento, moagem,
• Zinco, indispensável para o crescimento, presente na produ-
secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamen-
ção de enzimas, no sistema imune e ação antioxidante.
to e outros processos similares que não incluam a adição de sal,
Carência: retarda o crescimento normal, deprime o sistema
açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento original.
imunológico, baixa a libido, reduz a maturação sexual, perda do pa- Exemplo: arroz, farinhas, frutas secas e castanhas sem sal ou açúcar,
ladar e do olfato. cravo, especiarias e ervas frescas ou secas, massas frescas ou secas
Excesso: vômitos e náuseas. feitas com essas farinhas e água, carnes, leite pasteurizado, ultra-
Fontes: carnes, frutos do mar, ovos, leguminosas, grãos inte- pasteurizado ou em pó e outros alimentos.
grais e castanhas. • Alimentos processados: em sua produção, principalmente na
indústria, a adição de sal ou açúcar, ou até de outra substância de
• Selênio, combate as atividades dos radicais livres, age em uso culinário aos alimentos de origem in natura para torná-los mais
conjunto com a vitamina E. duráveis e agradáveis ao paladar. Exemplo: alimentos em conserva
Carência: pode contribuir a doenças cardíacas como, cardio- como, palmito, milho, ervilha, extrato de tomate (com sal e ou açú-
miopatia juvenil, aparecimento de alguns cânceres. car), frutas em calda e frutas cristalizadas, carnes salgadas; peixes
Excesso: altas doses podem promover a perda de cabelo, enlatados, queijos e alguns pães.
unhas e dentes.
Fontes: peixes, ovos, castanha-do-pará e grãos integrais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Alimentos ultraprocessados: são formulações industriais fei- Na fase escolar, que compreende a faixa etária de 7 a 9 anos
tas com a utilização de substâncias extraídas de alimentos, consti- e 11 meses que é caracterizada por um período de crescimento e
tuintes de alimentos ou sintetizadas em laboratório, com técnicas altas demandas nutricionais. A alimentação das crianças nessa faixa
de manufatura como, extrusão, moldagem, e pré-processamento etária, já está mais semelhante à alimentação da família, por isso
por fritura ou cozimento. Exemplo: bolachas e biscoitos, sorvetes, é importante os hábitos alimentares saudáveis da família já que,
doces destinados a crianças como, bala, chiclete, misturas para uma alimentação equilibrada refletirá diretamente na saúde da
bolo, barras de cereal, sopa e macarrão ‘instantâneos’, molhos criança. Nesta fase o gasto energético da criança está aumentado
prontos, salgadinhos, refrescos e refrigerantes, iogurtes e bebidas devido a intensa atividade física e mental, nesta fase é comum que
lácteas com açúcar e corantes, bebidas energéticas, produtos con- as crianças reduzam o consumo de leite, ocasionando uma carên-
gelados, pães de forma, e produtos que incluam gordura vegetal cia de cálcio em algumas crianças por isso é imprescindível que os
hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros responsáveis fiquem atentos ao consumo de leite e derivados nesta
aditivos. faixa etária.

ALIMENTAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DA VIDA Tabela 1: Recomendação de ferro mg/dia por faixa etária se-
Uma alimentação equilibrada é essencial para o crescimento, gundo a RDA
desenvolvimento e manutenção da saúde das crianças. Na infância
é a fase em que nossos hábitos alimentares são formados, muitos Faixa etária/estágio Feminino* Masculino*
hábitos levamos para a vida inteira.
A fase pré-escolar que engloba a faixa etária de 2 aos 6 anos e 0 a 6 meses 0,27** 0,27**
11 meses de idade, é caracterizada por um crescimento estrutural 7 a 12 meses 11 11
e ganho de peso. Nesta etapa do crescimento a criança não neces-
sita de uma ingestão energética tão grande igual acontece na faixa 1 a 3 anos 7 7
etária de 0 a 2 anos de idade e na fase escolar. Nesta fase a criança 4 a 8 anos 10 10
está mais seletiva, é uma fase em que ocorre um desenvolvimento
9 a 13 anos 8 8
da capacidade de selecionar os alimentos a partir do sabor, textura,
aparência, cor, não podemos esquecer que os hábitos alimentares
da criança também são influenciados pelos hábitos da família, pode Fonte: Governo de Minas, Departamento de pediatria, 2013.
surgir uma relutância em experimentar alimentos novos nesta fase,
a neofobia, por isso devemos ofertar um alimento até 10 vezes para Tabela 2: Recomendações de cálcio conforme as faixas etárias
uma criança em momentos diferentes.
Nesta fase a anemia ferropriva é comum, apresentando uma Idade Recomendações (mg/dia)
prevalência alta, por isso o ministério da saúde recomenda que s 0-2 anos
responsáveis pela criança fiquem atentos quanto a suplementação
adequada de ferro através da alimentação. O Ministério da Saúde 0-6 meses 210
e a Organização Pan – americana da saúde adotam 10 passos como
guia para uma alimentação saudável de crianças pré-escolares, são 6-12 meses 270
eles: 1-2 anos 500
• Procure oferecer alimentos de diferentes grupos, distribuin-
do-os em pelo menos três refeições e dois lanches por dia. 3-6 anos
• Inclua diariamente alimentos como cereais (arroz, milho),
3-4 anos 500
tubérculos (batatas), raízes (mandioca/macaxeira/ aipim), pães e
massas, distribuindo esses alimentos nas refeições e lanches ao 4-6 anos 800
longo do dia.
7-11 anos
• Procure oferecer diariamente legumes e verduras como parte
das refeições da criança. As frutas podem ser distribuídas nas refei- 7-8 anos 800
ções, sobremesas e lanches.
• Ofereça feijão com arroz todos os dias, ou no mínimo cinco 8-11 anos 1300
vezes por semana.
• Ofereça diariamente leite e derivados, como queijo e iogurte, Fonte: Governo de Minas, Departamento de pediatria, 2013.
nos lanches, e carnes, aves, peixes ou ovos na refeição principal.
• Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados; prefira CARACTERÍSTICA ADEQUADA DOS ALIMENTOS
alimentos assados, grelhados ou cozidos. Carne bovina
• Evite oferecer refrigerantes e sucos industrializados, balas, Na hora de escolher a carne bovina algumas características de-
bombons, biscoitos doces e recheados, salgadinhos e outras gulo- vem ser observadas, para garantir a qualidade da carne. Devemos
seimas no dia a dia. prestar atenção em como está a coloração da carne, uma carne de
• Diminua a quantidade de sal na comida. cor avermelhada com um tom de vermelho mais vivo é um indica-
• Estimule a criança a beber bastante água e sucos naturais de dor de que essa carne está em boas condições; o dor também deve
frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, ser observado, os cortes de carne bovina devem ter seu cheiro sua-
para manter a hidratação e a saúde do corpo. ve de carne nada forte parecendo podre ou rançoso; a cor da gordu-
• Incentive a criança a ser ativa e evite que ela passe muitas ho- ra também deve ser um foco de atenção, uma gordura de cor mais
ras assistindo TV, jogando videogame ou brincando no computador. amarelada significa que a carne é mais fresca, está em bom estado
para consumo; a consistência deve ser firme e elástica; a tempera-
tura de recebimento dessa carne é importante de ser observada,
o ideal é que a temperatura da carne na hora do recebimento não
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
passe de 7ºC; a embalagem a vácuo também ajuda a conservar o aroma de produto condimentado e defumado. Quando se trata de
frescor da carne por mais tempo, neste tipo de embalagem uma sabor a salsicha tem um sabor defumado com uma leve picância
carne mais marrom é normal, pela ausência de oxigênio a carne fica misturando com o sabor condimentado característico da salsicha;
com essa cor; quando falamos em embalagem também devemos a consistência deve estar macia. Um cheiro de ranço, uma cor es-
nos atentar ao selo do serviço de inspeção federal o SIF que certifi- branquiçada pode indicar que o produto está mal conservado e até
ca que a carne foi avaliada por fiscais do Ministério da agricultura; mesmo estragado.
também devemos nos atentar as instruções de armazenamento do
fornecedor, lá estará descrito a temperatura ideal para se armaze- Pães e bolos
nar a carne, modo de descongelamento apropriado para aquele Quando estamos recebendo pães e bolos devemos prestar
corte de carne, entre outras informações importantes. atenção a maciez, ao cheiro que deve característico do bolo ou pão,
devemos verificar a embalagem se está intacta, se há informações
Carne suína como validade, dados como endereço e nome do fabricante, lote.
A carne de porco possui características que devemos observar Ao apresentar coloração esverdeada ou esbranquiçada não carac-
com bastante atenção. A cor da carne deve ser rosada e avermelha- terística daquele tipo de bolo ou pão, isso pode significar que está
da com uma gordura branca; deve estar firme, mas com sua maciez havendo crescimento de fungos, bolores e mofo. Esses alimentos
característica; a carne suína não deve estar com uma cor escura devem ser armazenados em local seco e com boa ventilação em
ou com odor forte; a embalagem deve ter o selo do Ministério da temperatura ambiente ou conforme orientação do fabricante.
agricultura o SIF; é importante prestar atenção nas informações de
armazenamento que tem na embalagem de cada corte suíno, isso Legumes
fará com que a qualidade da carne se mantenha. Ao receber legumes o que devemos prestar atenção são na
integridade, desses legumes, a coloração comum de cada legume
Carne de aves deve ser observada; se há muitos legumes estragados, podres entre
As aves devem ter uma coloração pálida com um leve tom de os bons; o estado de maturação deve ser observado, se os legumes
rosado; a consistência da carne de aves deve ser firme e elástica, recebidos são para consumo nas próximas 24h eles devem estar
a carne deve estar com uma boa aderência aos ossos; nunca re- maduros, se for pra ser consumido ao longo da semana devem estar
ceba uma carne que esteja com aspecto mole demais, pegajosa quase maduros para não estragarem na dispensa. Legumes emba-
com odor forte ou coloração esverdeada. Na hora de verificarmos lados deve ser observado se o peso que está na embalagem condiz
a embalagem, devemos prestar atenção em embalagens que tem com o real; a temperatura de recebimento e armazenagem também
muito gelo, ou estão com muita água; odor forte não característico deve ser observada.
de frango ou outras aves devem ser observados pois indicam que
a carne está estragada; também deve ser observado o selo do SIF Frutas
na embalagem e as instruções de armazenamento fornecidas pelo
O recebimento de frutas segue o que é preconizado para os
produtor.
legumes, as frutas devem estar com sua cor habitual, deve ser ob-
servado se estão maduras de acordo com o consumo nos próximos
Peixes
dias. A embalagem deve ser observada se há realmente o peso des-
O peixe fresco deve estar parecido com o peixe vivo, os olhos
crito, olhar se as frutas que estão em baixo nas caixas estão em boas
devem estar brilhantes, as brânquias devem estar vermelhas ou em
condições.
tom rosado e úmidas. O peixe que vem em embalagem devemos
observar se tem água embaixo do peixe na embalagem, porque isso
Verduras
é sinal de que o peixe não foi bem embalado e o risco dele estar
com problemas de má conservação é grande. Os peixes congelados, Quando recebemos verduras a integridade das folhas devem
devemos ficar atentos a quantidade de gelo e água na embalagem. ser observadas com cuidado, as folhas não devem estar com uma
O selo do SIF também é importante e seguir as instruções de arma- cor amarelada, murchas, sem manchas. O ideal é que as folhas es-
zenamento que o fornecedor descreve na embalagem. tejam com uma cor verde aparentando frescor, não estarem em
caixas muito apertadas que podem causar a perda de várias folhas
Leite e derivados fazendo com que a quantidade comprada seja reduzida depois de
O leite é um alimento que deve apresentar algumas caracte- retirar as folhas machucadas no transporte.
rísticas sensoriais tais como: uma coloração branca e opaca; uma
consistência homogênea sem grumos; o odor deve ser caracterís- Feculentos (batata, cará, inhame, mandioca, mandioquinha)
tico de leite, suave e adocicado sem apresentar cheiro de azedo A casca dos feculentos deve estar sem mancha, furos feitos por
ou de ranço. Os leites que vêm em embalagem longa vida não es- insetos, com a cor característica de cada feculento preservada, sem
tar com a embalagem estufada; os que vêm em sacos devem ser a presença de bolores, fungos. Os feculentos também não devem
entregues resfriados e armazenados na temperatura indicada pelo estar com odor forte que não é característico, e não devem estar
fornecedor. Os derivados com queijos, requeijões e iogurtes devem soltando água além disso a consistência deve ser firme. Após o re-
ser entregues resfriados, e logo armazenados em temperatura de cebimento as caixas de armazenamento do produtor devem ser tro-
geladeira até 10º C; devemos verificar as embalagens se estão in- cadas pelas caixas da própria unidade de alimentação.
tactas e se tem o selo do SIF.
Cereais (arroz, milho e trigo)
Salsicha Os cereais devem possuem características de consistência rí-
A salsicha é um embutido, ou seja, um alimento que passou gida, devem estar em uma embalagem que preserve os grãos dei-
por vários processos de fabricação com a adição de alguns aditi- xando – os livres de contato com a água, com insetos e protegidos
vos, por ser um embutido as características sensoriais que devemos de chuva e sol. A embalagem não deve ter pequenos insetos, deve
prestar atenção na coloração que deve ser alaranjada ou rosada (no ser pesada para verificar se o peso está correto com o descrito na
caso das salsichas de peru ou outras aves), o aroma deve ser um embalagem e deve – se atentar as prazo de validade.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Leguminosas Estocagem de alimentos
As leguminosas têm o grão rígido sem furos que possam ter A estocagem correta dos alimentos é muito importante para o
sido feito por insetos, a coloração deve estar viva de acordo com bom funcionamento de uma Unidade de alimentação - UAN, uma
a cor correspondente do grão. Grãos com coloração acinzentadas estocagem correta que atenda as necessidades da unidade no dia
pode indicar que ele está velho ou com alguma doença ou inseto. A a dia traz diversos benefícios como não deixar os produtos estraga-
embalagem deve estar lacrada sem a possibilidade de entrar água, rem por estar em uma temperatura inadequada até praticidade na
insetos ou poeira. hora de encontrar determinado alimento ou produto no estoque.
Após o pedido ser feito e os alimentos ou produtos chegarem na
Enlatados unidade os seguintes passos devem ser seguidos:
Ao receber ou comprar os enlatados devemos observar a em- • As mercadorias devem ser retiradas das caixas de papelão,
balagem neste caso a lata, devemos verificar se a lata não está es- sacos ou caixas do fornecedor;
tufada, isso porque algumas bactérias produzem gases que podem • As embalagens devem ter a identificação como marca, nome
estufar a lata ou seja uma lata estufada significa a presença de bac- do produto, data de validade, lote, composição do produto e regis-
térias. Uma lata enferrujada ou amassada também não deve ser tro no órgão competente ex. selo do SIF do Ministério da agricultu-
aceita pois o alimento que está dentro da lata pode ter sido atingido ra. Quando não houver esses dados nas embalagens que ficaram
o que o torna improprio para consumo. para armazenamento devemos fazer uma etiqueta com essas infor-
mações;
Embalagem de plástico ou papel • Depois devemos separar alimentos de produtos de limpeza
As embalagens plásticas podem ser moldadas para diferentes e descartáveis;
utilidades, essas embalagens cada dia têm sido mais usadas para • Os produtos devem ser armazenados com pelo menos 25 cm
proteger alimentos. O plástico protege de água, de insetos, poei- do chão;
ra, é indicado para vários tipos de alimentos como grãos, farinhas, • Devemos guardar primeiro os produtos de congelador, câma-
pães, carnes. As embalagens de papel são embalagens muito usa- ra fria e geladeira;
das como embalagens primárias, isso quer dizer que são usadas • Os alimentos ou itens de limpeza devem ficar em locais de
como proteção externa dos alimentos, um exemplo, as caixas de armazenamento separados, onde devemos deixar pelo menos 10
papelão elas protegem os alimentos que estão envolvidos por ou- cm de distância da parede, 60 cm do teto para permitir a circulação
tras embalagens como a de plástico por exemplo. Em alguns casos de ar;
a embalagem de papel é usada para envolver os alimentos direta- • Quando for necessário empilhar as embalagens devemos nos
mente é o caso das farinhas e frutas por exemplo. atentar a altura e alinhamento das pilhas, não devemos fazer pilhas
muito altas para evitar possíveis acidentes;
Embalagem de vidro • Os alimentos que estiverem em latas ou vidros devem ficar
O vidro é uma das embalagens mais antigas que temos, é uma distantes dos grãos para evitar infestação de insetos;
embalagem que ajuda na conservação do alimento e na proteção • Vidros nunca devem ser armazenados de cabeça pra baixo
dele contra calor, poeira, insetos ou outros animais, água e a luz é para evitar que a tampa enferruje;
o caso dos vidros âmbar que são escuros para proteger o alimento • Quando alguma embalagem estiver aberta ou for danifica-
da luz, isso por que alguns alimentos se deterioram mais rápido ou da devemos colocar o alimento em outra embalagem de plástico
perdem suas propriedades quando estão em contato com a luz. Há por exemplo e colocar uma etiqueta com todas as informações do
se não houver uma embalagem primária de papelão boa e cuidado produto, neste caso a validade será de 30 dias já que o produto foi
no transporte o vidro pode se quebrar causando bastante prejuízo. aberto.

Embalagem com lacre Controle de estoque


As embalagens com lacre são consideradas embalagens funcio- Após realizar o armazenamento doa produtos temos que fazer
nais, isso porque elas auxiliam na conservação do alimento e quan- um controle de estoque para evitar problemas como vencimento de
do o consumidor vai usá-las elas são práticas para o dia a dia, princi- produtos e falta de outros por exemplo.
palmente as que possuem o sistema abri e fecha. Essas embalagens • O consumo de produtos de acordo com a data de validade de-
na hora da compra devem estar com o lacre intacto, sem nenhuma les, é muito importante para evitar que produtos mais novos sejam
abertura porque é ele que garante a conservação do produto se consumidos primeiro que os mais antigos que vencerão primeiro.
houve alguma abertura no lacre essa garantia não existe mais e o Para isso temos o sistema PVPS(primeiro que vence primeiro que
produto pode ter sido alterado. sai) sempre colocamos na frente os produtos que vão vencer pri-
meiro para serem consumidos primeiro.
Laticínios • Para facilitar o controle uma planilha simples deve ser feita,
Os laticínios devem apresentar uma característica própria de com informações como a preparação que será feita, a quantidade
produtos a base de leite sem odores fortes ou coloração alterada. A de cada alimento que será retirado da dispensa. É importante para
embalagem não deve estar estufada, com o lacre de proteção aber- que haja um controle que quando deve ser feito um novo pedido.
to ou furada para garantir que o alimento vai estar próprio para o • Para ajudar no controle de estoque é importante que se faça
consumo. A conservação também é muito importante e deve seguir um inventário, que nada mais é que a contagem dos itens que estão
a recomendação do fabricante. em estoque, essa verificação nos ajuda a ter noção dos produtos
que estão há mais tempo em estoque, que estão saindo com mais
frequência e os que não estão saindo. O inventário pode ser feito a
cada 15, 30, 40 dias depende do gestor da UAN.
• Treinar alguns funcionários para que façam o inventário ajuda
bastante, um funcionário bem treinado que domina a ferramenta
proporciona uma boa execução reduzindo as falhas.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Reaproveitamento de alimentos A exploração excessiva de algumas espécies também pode cau-
O aproveitamento integral dos alimentos traz bons resultados sar a sua completa extinção. Por causa do uso medicinal de chifres
econômicos e de nutrientes também. Quando usamos um alimento de rinocerontes em Sumatra e em Java, por exemplo, o animal foi
por inteiro como por exemplo as folhas e os talos temos a opor- caçado até o limiar da extinção.
tunidade de criar pratos que podem ser preparações ainda mais A poluição é outra grave ameaça à biodiversidade do planeta.
nutritivas, já que, muitas vitaminas e minerais estão nos talos das Na Suécia, a poluição e a acidez das águas impede a sobrevivência
verduras e hortaliças, das frutas podemos aproveitar as cascas que de peixes e plantas em quatro mil lagos do país.
muitas vezes é onde se encontra maior parte do sabor das frutas A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes
além de ter mais fibras que são nutrientes importantes para saúde ecossistemas também pode ser prejudicial, pois acaba colocando
do intestino, que ajudam nos níveis de açúcar e colesterol do san- em risco a biodiversidade de toda uma área, região ou país.
gue. Um caso bem conhecido é o da importação do sapo cururu
Além de todos esses benefícios nutricionais ainda temos os pelo governo da Austrália, com objetivo de controlar uma peste nas
benefícios financeiros, que o reaproveitamento nos proporciona. plantações de cana-de-açúcar no nordeste do país.
Estudos mostram que unidades de alimentação que começaram a O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e anfíbios
aproveitar integralmente seus alimentos, houve uma diminuição da região, tornando-se um problema a mais para os produtores, e
nos custos com produtos alimentícios. não uma solução.

BIODIVERSIDADE SISTEMA IMUNOLÓGICO E VACINAS; VACINAÇÃO E SAÚDE


PÚBLICA

O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - descreve A imunização é um conjunto de métodos terapêuticos destina-
a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais dos à aquisição de proteção imunológica contra doenças de caráter
e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da infeccioso. É uma ferramenta comprovada para controle e elimina-
matéria-prima industrial consumida pelo ser humano. ção de doenças infecciosas que ameaçam a vida e estima-se evitar
Para entender o que é a biodiversidade, devemos considerar entre 2 e 3 milhões de mortes a cada ano.
o termo em dois níveis diferentes: todas as formas de vida, assim O desenvolvimento do primeiro método de imunização é atri-
como os genes contidos em cada indivíduo, e as inter-relações, ou buído ao médico inglês Edward Jenner no final do século XVIII.
ecossistemas, na qual a existência de uma espécie afeta diretamen- Jenner comprovou que a varíola bovina conferia proteção contra a
te muitas outras. varíola humana, inoculando em seres humanos material obtido das
A diversidade biológica está presente em todo lugar: no meio lesões da varíola das vacas. Procedimentos de imunização contra
dos desertos, nas tundras congeladas ou nas fontes de água sulfu- varíola, parecidos ao elucidado por Jenner, já eram usados popu-
rosas. larmente na China, no Sudão e em outros países. A esse processo
A diversidade genética possibilitou a adaptação da vida nos deu-se o nome de variolação, e mais tarde, após os experimentos
mais diversos pontos do planeta. As plantas, por exemplo, estão na de Louis Pasteur, ficou conhecido por vacinação.
base dos ecossistemas. Os processos que conferem imunidade podem ser classificados
Como elas florescem com mais intensidade nas áreas úmidas como imunidade passiva e imunidade ativa. A imunidade passiva é
e quentes, a maior diversidade é detectada nos trópicos, como é o a imunização por meio da transferência de anticorpos específicos
caso da Amazônia e sua excepcional vegetação. de um indivíduo imunizado para um não-imunizado. A imunidade
passiva é natural quando há transferência de anticorpos da mãe
Quantas espécies existem no mundo? para o filho via placenta ou pela amamentação; é artificial quando
Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no há a passagem de anticorpos prontos em soros. A imunidade ativa é
mundo. As estimativas variam entre 10 e 50 milhões, mas até agora aquela produzida pelo corpo após exposição a um antígeno. Assim,
os cientistas classificaram e deram nome a somente 1,5 milhão de o indivíduo imunizado tem um papel ativo na geração da resposta
espécies. imunológica. A imunidade ativa pode ser natural, quando adquiri-
Entre os especialistas, o Brasil é considerado o país da “me- da através de doença, ou passiva, quando adquirida por meio de
gadiversidade”: aproximadamente 20% das espécies conhecidas no vacinas.
mundo estão aqui. É bastante divulgado, por exemplo, o potencial A maioria das vacinas são administradas profilaticamente, ou
terapêutico das plantas da Amazônia. seja, antes da exposição ao patógeno. No Brasil, a vacinação é ação
usual nos serviços de atenção primária à saúde, e apresentam gran-
Quais as principais ameaças à biodiversidade? de influência nas condições gerais de saúde, especialmente na saú-
A poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão de da criança. Os processos de vacinação representam expressivo
da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais, a expan- avanço tecnológico nas últimas décadas, e são considerados proce-
são urbana e industrial, tudo isso está levando muitas espécies ve- dimentos eficazes na prevenção a doenças.
getais e animais à extinção. As vacinas podem ser classificadas de acordo com os diferentes
A cada ano, aproximadamente 17 milhões de hectares de flo- processos em que foram elaboradas. Elas podem conter patógenos
resta tropical são desmatados. As estimativas sugerem que, se isso vivos atenuados (enfraquecidos ou alterados); patógenos inativos
continuar, entre 5% e 10% das espécies que habitam as florestas ou mortos; toxinas inativadas (doenças bacterianas causadas por
tropicais poderão estar extintas dentro dos próximos 30 anos. toxinas); ou simplesmente segmentos do patógeno (isso inclui tan-
A sociedade moderna - particularmente os países ricos - des- to subunidade quanto vacinas conjugadas).
perdiça grande quantidade de recursos naturais. A elevada pro-
dução e uso de papel, por exemplo, é uma ameaça constante às
florestas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As vacinas podem causar reações locais e sistêmicas, tais como: Mendel, de posse dos trabalhos anteriores a ele que não tive-
dor, edema, eritema, febre, mal-estar, erupções cutâneas, dores de ram sucesso, abordou a questão da hereditariedade com visão mo-
cabeça e musculares, e anorexia. Em raros casos podem ocasionar derna para a época. Escolheu sete características facilmente identi-
reações alérgicas. Normalmente, as vacinas são contra-indicadas ficáveis e que não se modificavam com o ambiente, autocruzou as
para aqueles que têm alergias aos componentes da formulação e/ plantas e obteve estabilidade das características a serem analisa-
ou que apresentaram reação alérgica numa primeira dose. Pesso- das. Eram elas: forma da semente, cor dos cotilédones, cor da casca
as com doenças agudas moderadas ou graves devem evitar tam- da semente, forma da vagem, cor da vagem imatura, posição das
bém. As vacinas de patógenos vivos atenuados não são indicadas a flores e comprimento do caule.
mulheres grávidas, pacientes imunossuprimidos, e que receberam Os resultados de Mendel foram tão bem sucedidos que até
transfusão de componentes sanguíneos. Com relação a pacientes hoje se estuda características governadas por um ou dois genes em
HIV positivos assintomáticos, eles podem receber todas as vacinas todas as plantas, principalmente as cultivadas.
do esquema básico, já os doentes com AIDS, não podem receber a As Leis de Mendel são um conjunto de fundamentos que expli-
vacina BCG contra tuberculose. cam o mecanismo da transmissão hereditária durante as gerações.
Em alguns países, há um movimento crescente contrário a vaci- Os estudos do monge Gregor Mendel foram à base para expli-
nação. Algumas organizações e muitos pais afirmam que as vacinas car os mecanismos de hereditariedade. Ainda hoje, são reconheci-
podem causar autismo, apesar de não existirem estudos compro- dos como uma das maiores descobertas da Biologia. Isso fez com
vando tal relação. No entanto, a comunidade científica vem publi- que Mendel fosse considerado o “Pai da Genética”.
cando estudos demonstrando a inexistência de relação entre a vaci- Em seus experimentos, Mendel teve o cuidado de utilizar ape-
nação e o aumento de casos de autismo. nas plantas de linhagens puras, por exemplo, plantas de sementes
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) é citado verdes que só originassem sementes verdes e plantas de sementes
como referência mundial pela Organização Pan-Americana da Saú-
amarelas que só originassem sementes amarelas. Você deve estar
de (OPAS), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS). O PNI,
se perguntando, como Mendel sabia que as plantas eram puras?
criado em 18 de setembro de 1973, mostra resultados e avanços
Pois bem, para que ele tivesse certeza de qual planta era pura, ele
consideráveis, que estão muito além do que foi conseguido por ou-
as observava durante seis gerações, período de aproximadamente
tros países. Desde as primeiras vacinações, em 1804, o Brasil de-
senvolveu estratégias diversas que erradicaram algumas doenças e dois anos. Se durante essas gerações as plantas originassem indiví-
controlaram outras tantas. duos diferentes da planta inicial, elas não eram consideradas puras,
mas se ocorresse o contrário e elas só originassem descendentes
com as mesmas características da planta inicial, eram consideradas
HEREDITARIEDADE, SELEÇÃO NATURAL E PROCESSOS puras.
EVOLUTIVOS Primeira Lei de Mendel ou Princípio da Segregação ou Lei da
pureza dos gametas:
Mendel concluiu que os padrões hereditários são determina-
A Genética nasceu das pesquisas de Gregor Johann Mendel. dos por fatores (genes) que ocorrem em pares em um indivíduo,
Monge agostiniano, professor de Física e História Natural desen- mas que segregam um do outro na formação das células sexuais
volveu seu trabalho durante os anos de 1845 a 1865 com alunos (gametas) de modo que qualquer gameta recebe apenas um ou ou-
secundaristas em Brunn, hoje Brno, maior cidade da República tro alelo pareado. O número duplo de genes é então estabelecido
Tcheca, cultivando ervilhas de jardim (Lathyrus odoratus) tentando na prole.
esclarecer o comportamento de algumas das características. Mendel observou que as diferentes linhagens de um ances-
Mendel não foi o primeiro a se dedicar ao estudo da heredi- tral comum para os diferentes caracteres escolhidos, eram sempre
tariedade, mas foi o que obteve resultados positivos, devido sua puras, isto é, não apresentavam variações ao longo das gerações.
capacidade de interpretar corretamente os resultados dos cruza- Por exemplo, a linhagem que apresentava sementes da cor ama-
mentos feitos. Seu trabalho assíduo e paciencioso foi o de cultivar rela produziam descendentes que apresentavam exclusivamente a
e analisar cerca de 10.000 plantas de ervilhas, para elaborar suas semente amarela. O mesmo caso ocorre com as ervilhas com se-
duas leis que formaram as bases da Genética, até então. mentes verdes. Essas duas linhagens eram, assim, linhagens puras.
As Leis de Mendel publicadas em 8 de fevereiro de 1865 no Mendel resolveu então estudar esse caso em especifico.
Proceedings of Natural History Society of Brunn podem ser assim A flor de ervilha é uma flor típica da família das Leguminosae.
resumidas: 1º - Os caracteres herdados são produzidos por “fato- Apresenta cinco pétalas, duas das quais estão opostas formando a
res” independentes que se transmitem inalterados, de geração a carena, em cujo interior ficam os órgãos reprodutores masculinos
geração; e 2º - Estes fatores se apresentam aos pares nos indivídu-
e femininos. Por isso, nessa família, há autofecundação, ou seja, o
os, cada um deles originário de cada um dos pais; geralmente um
grão de pólen da antera de uma flor cair no pistilo da própria flor,
domina o outro, e é chamado dominante, ao passo que o outro,
não ocorrendo fecundação cruzada. Logo, para cruzar uma linha-
mais fraco, cujos efeitos desaparecem numa geração é chamado
gem com a outra era necessário evitar a autofecundação.
recessivo. Na formação de gametas, os dois fatores de cada par em
cada um dos pais, se separam ou segregam, e apenas um de cada Mendel escolheu alguns pés de ervilha de semente amarela e
par vai para o descendente. Qualquer gene de um determinado par outros de semente verde, emasculou as flores ainda jovens, ain-
que vai para um dado gameta, independe de qualquer outro par da não-maduras. Para isso, retirou das flores as anteras imaturas,
que vai para o mesmo gameta. tornando-as, desse modo, completamente femininas. Depois de
Os trabalhos de Mendel ficaram obscurecidos por cerca de 35 algum tempo, quando as flores se desenvolveram e estavam ma-
anos sendo então descobertos por três pesquisadores independen- duras, polinizou as flores de ervilha amarela com o pólen das flores
tes, em 1900. Foram eles Correns, na Alemanha; Tchesmak, na Áus- verdes, e vice-versa. Essas plantas constituem portanto as linhagens
tria e De Vries, na Holanda. parentais. Os descendentes desses cruzamentos constituem a pri-
meira geração em estudo designada por geração F1, assim como as
seguintes são designadas por F2.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Primeira Lei de Mendel também recebe o nome de Lei da Se- → Cruzamento monoíbrido: Aquele no qual apenas um cará-
gregação dos Fatores ou Moibridismo. Ela possui o seguinte enun- ter está sendo considerado.
ciado: I) Dominância completa: Situação na qual um dos alelos de um
“Cada caráter é determinado por um par de fatores que se se- gene se expressa totalmente em relação ao outro alelo também
param na formação dos gametas, indo um fator do par para cada presente. Ao realizar o cruzamento monoíbrido entre dois indivídu-
gameta, que é, portanto, puro”. os homozigotos, um verde e outro amarelo, todos os filhos nascem
amarelos, como um dos genitores. O caráter expresso é denomina-
do dominante e outro, recessivo.
II) Dominância incompleta: Situação na qual um dos alelos de
um gene se expressa parcialmente em relação ao outro alelo tam-
bém presente. Ocorre em indivíduos heterozigóticos que apresen-
tam fenótipos intermédios entre os seus progenitores de linhagens
puras, isto acontece porque uma única copia do gene funcional
não ser suficiente para assegurar o fenótipo, em outras palavras, a
expressão gênica de um único gene não é suficiente para produzir
uma quantidade mínima de enzima, por exemplo.

Cor das pétalas da flor “maravilha”:


A cor das pétalas pode ser, quando em homozigose, vermelha
ou branca. O cruzamento de linhagens puras dos dois tipos origi-
▪ Geração F1: na uma flor rosa, ou seja, com características intermédias às dos
Todas as sementes obtidas em F1, foram amarelas, portanto progenitores. Isto acontece porque a expressão gênica de um único
iguais a um dos pais. Uma vez que todas as sementes eram iguais, alelo para pétalas vermelhas, não é capaz de produzir uma dada
Mendel plantou-as e deixou que as plantas quando florescessem, quantidade de enzima e, conseqüentemente, pigmento vermelho
autofecundassem-se, produzindo assim a geração F2. suficiente para dar à pétala a cor vermelha. Assim, a pouca quanti-
dade de pigmento vermelho origina a cor rosa.
▪ Geração F2: -Proporção fenotípica: 1:2:1
As sementes obtidas na geração F2 foram amarelas e verdes, -Proporção genotípica: 1:2:1
sempre na proporção de 3 para 1.
III) Codominância: Condição de heterozigotos na qual os dois
Interpretação dos resultados: membros de um par de alelos contribuem para o fenótipo, o qual
Para explicar a ocorrência de somente sementes amarelas em é então uma mistura das características fenotípicas produzidas por
F1 os dois tipos em F2, Mendel admitiu a existência de fatores que ambas as condições homozigotas. Em outras palavras, o indivíduo
passassem dos pais para os filhos por meio dos gametas, que são heterozigoto que apresenta dois genes funcionais, produz os dois
haplóides em relação ao conjunto cromossômico. Cada fator seria fenótipos, isto é, ambos os alelos do gene em um indivíduo diplóide
responsável pelo aparecimento de um caráter. Assim, existiria um se expressam, produzindo proteínas distintas, que são detectadas
fator que condiciona o caráter amarelo e que podemos representar isoladamente. Nessa interação entre alelos de um gene não há re-
por A, e um fator que condiciona o caráter verde e que podemos lação de dominância.
representar por v. Quando a ervilha amarela pura é cruzada com
uma ervilha verde pura, o híbrido F1, recebe o fator A e o fator v, Cor da pelagem de bovinos da raça Shorthorn:
sendo portanto, portador de ambos os fatores. As ervilhas obtidas A raça possui genes para as pelagens vermelha e branca. O
em F1 eram todas amarelas, isso quer dizer que, embora tendo o cruzamento entre indivíduos homozigotos para as características
fator v para verde, esse não se manifestou. Mendel chamou de do- vermelha (R1R1) e branca (R2R2) produz uma prole (R1R2) cuja
minante o fator que se manifesta em F1, e de recessivo o que não pelagem a distância parece cinzaavermelhada ou cor ruão. Superfi-
aparece. Já os indivíduos em F2 ocorrem sempre na proporção de 3 cialmente, esse caso parece ser de dominância incompleta, porém
dominantes para 1 recessivo. o exame minucioso revela que os ruões apresentam uma mistura
Mendel chegou à conclusão de que o fator para verde só se de pêlos vermelhos e brancos, em vez de pêlos de tonalidade in-
manifesta em indivíduos puros, ou seja com ambos os fatores iguais termediária.
a v. Em F1 as plantas possuiam tanto os fatores A quanto o fator -Proporção fenotípica: 1:2:1
v sendo, assim, necessariamente amarelas. Podemos representar -Proporção genotípica: 1:2:1
os indivíduos da geração F1 como Av. Logo, para poder formar in-
divíduos vv na geração F2 os gametas formados na fecundação só Tipos sangüíneos:
poderiam ser vv. O tipo sanguíneo humano, apresenta 3 alelos IA, IB e i. Portan-
O fenômeno só seria possível se ao ocorrer a fecundação hou- to, existem 6 genótipos diferentes que originam 4 fenótipos dife-
vesse uma segregação dos fatores A e v presentes na geração F1, rentes: A, B, AB e O.
esse fatores seriam misturados entre os fatores A e v provenientes IA IA / IA i → Tipo A
do pai e os fatores A e v provenientes da mãe, tendo como possíveis IB IB / IB i → Tipo B
resultados AA, Av, Av e vv. IA IB → Tipo AB, no qual são expressos os dois antígenos de
Esse fato foi posteriormente explicado pela meiose, que ocorre membrana.
durante a formação dos gametas. Mendel havia criado então sua i i → Tipo O
teoria sobre a hereditariedade e da segregação dos fatores.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Uma vez constatado que as plantas eram puras, Mendel esco- Exemplo: Quando jogamos uma moeda para cima, temos duas
lheu uma característica, por exemplo, plantas puras de sementes possibilidades de resultado: ela cair com a face “cara” voltada para
amarelas com plantas puras de sementes verdes, e realizou o cruza- cima, ou com a face “coroa” voltada para cima. Portanto temos
mento. Essa primeira geração foi chamada de geração parental ou duas possibilidades. A possibilidade de sair cara é de 1/2 ou 50%,
geração P. Como resultado desse cruzamento, Mendel obteve todas pois temos uma chance (sair cara) em duas possibilidades (cara ou
as sementes de cor amarela e a essa geração denominou de gera- coroa).
ção F1. Os indivíduos obtidos nesse cruzamento foram chamados
por Mendel de híbridos, pois eles descendiam de pais com caracte-
rísticas diferentes.
Em seguida, Mendel realizou uma autofecundação entre os in-
divíduos da geração F1, chamando essa segunda geração de gera-
ção F2. Como resultado dessa autofecundação, Mendel obteve três
sementes amarelas e uma semente verde (3:1). A partir dos resul-
tados obtidos, Mendel concluiu que como a cor verde não apareceu
na geração F1, mas reapareceu na geração F2, as sementes verdes
tinham um fator que era recessivo, enquanto as sementes amarelas
tinham um fator dominante. Por esse motivo, Mendel chamou as
sementes verdes de recessivas e as sementes amarelas de domi- A probabilidade é um evento esperado, uma possibilidade, por-
nantes. tanto, não é certeza que vá ocorrer. Quanto mais repetições ocorre-
Em diversos outros experimentos, Mendel observou caracterís- rem, mais chances a previsões terão de dar certo.
ticas diferentes na planta, como altura da planta, cor da flor, cor da Quando utiliza-se cálculos de probabilidades em genética, não
casca da semente, e notou que em todas elas algumas característi- pode-se dizer que os indivíduos que irão nascer terão obrigatoria-
cas sempre se sobressaíam às outras. mente os  genótipos  calculados, pois é questão de sorte. Quanto
mais indivíduos nascerem, mais chances dos resultados práticos se
aproximarem dos cálculos.
Diante desses resultados, Mendel pôde concluir que:
- Cada ser vivo é único e possui um par de genes para cada
característica; Eventos independentes
- As características hereditárias são herdadas metade do pai e Quando a ocorrência de um evento não afeta a probabilidade
metade da mãe; de ocorrência de um outro, fala-se em eventos independentes. Por
- Os genes são transmitidos através dos genes; exemplo, ao lançar várias moedas ao mesmo tempo, ou uma mes-
ma moeda várias vezes consecutivas, um resultado não interfere
- Os descendentes herdarão apenas um gene de cada caracte- nos outros. Por isso, cada resultado é um evento independente do
rística de seus pais, ou seja, para uma determinada característica, outro.
haverá apenas um gene do par, tanto da mãe quanto do pai. Da mesma maneira, o nascimento de uma criança com um
Dessa forma, podemos enunciar a primeira lei de Mendel, tam- determinado fenótipo é um evento independente em relação ao
bém chamada de lei da segregação dos fatores da seguinte forma: nascimento de outros filhos do mesmo casal. Por exemplo, imagine
Todas as características de um indivíduo são determinadas por ge- uma casal que já teve dois filhos homens; qual a probabilidade que
nes que se segregam, separam-se, durante a formação dos game- uma terceira criança seja do sexo feminino? Uma vez que a forma-
tas, sendo que, assim, pai e mãe transmitem apenas um gene para ção de cada filho é um evento independente, a chance de nascer
seus descendentes. Texto adaptado de BURNS. G. W; BOTTINO. P. J. uma menina, supondo que homens e mulheres nasçam com a mes-
ma frequência, é 1/2 ou 50%, como em qualquer nascimento.
Probabilidade genética
Acredita-se que um dos motivos para as idéias de Mendel A regra do “e”
permanecerem incompreendidas durante mais de 3 décadas foi o A teoria das probabilidades diz que a probabilidade de dois
raciocínio matemático que continham. Mendel partiu do princípio ou mais eventos independentes ocorrerem conjuntamente é igual
que a formação dos gametas seguia as leis da probabilidade, no to- ao produto das probabilidades de ocorrerem separadamente. Esse
cante a distribuição dos fatores. princípio é conhecido popularmente como regra do “e”, pois cor-
responde a pergunta: qual a probabilidade de ocorrer um evento E
Para que Mendel pudesse chegar aos seus resultados, ele utili- outro, simultaneamente?
zou muitos métodos estatísticos para sua interpretação, calculando Suponha que você jogue uma moeda duas vezes. Qual a proba-
as probabilidades de ocorrer os eventos. A probabilidade serve para bilidade de obter duas caras, ou seja, cara no primeiro lançamento
estimar matematicamente a possibilidade de ocorrer eventos que e cara no segundo? A chance de ocorrer cara na primeira jogada
acontecem ao acaso, ou seja, por questão de sorte. Pode ser defini- é, como já vimos, igual a 1/2; a chance de ocorrer cara na segun-
da pela seguinte fórmula: da jogada também é igual a1/2. Assim a probabilidade desses dois
eventos ocorrer conjuntamente é 1/2 X 1/2 = 1/4.
No lançamento simultâneo de três dados, qual a probabilidade
de sortear face 6 em todos? A chance de ocorrer face 6 em cada
dado é igual a 1/6. Portanto a probabilidade de ocorrer face 6 nos
três dados é 1/6 X 1/6 X 1/6 = 1/216. Isso quer dizer que a obtenção
de três faces 6 simultâneas se repetirá, em média, 1 a cada 216
Onde P é a probabilidade de um evento ocorrer, A é o número jogadas.
de eventos desejados e S é o número total de eventos possíveis.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um casal quer ter dois filhos e deseja saber a probabilidade de A regra da adição de probabilidades
que ambos sejam do sexo masculino. Admitindo que a probabili- Em alguns problemas genéticos, você pode precisar calcular a
dade de ser homem ou mulher é igual a 1/2, a probabilidade de o probabilidade de que qualquer um de vários eventos ocorra. Nesse
casal ter dois meninos é 1/2 X 1/2, ou seja, 1/4. caso, você precisará usar outra regra de probabilidade: a regra da
soma. Segundo a regra da soma, a probabilidade de que qualquer
A regra do “ou” um de vários eventos mutuamente excludentes ocorra é igual a
Outro princípio de probabilidade diz que a ocorrência de dois soma das probabilidades individuais dos eventos.
eventos que se excluem mutuamente é igual à soma das probabili- Por exemplo, se você jogar um dado de seis lados, você terá 1/6
dades com que cada evento ocorre. Esse princípio é conhecido po- de chance de tirar qualquer um dos números, mas você pode tirar
pularmente como regra do “ou”, pois corresponde à pergunta: qual apenas um número em cada jogada. Você nunca pode tirar 1 e 6 ao
é a probabilidade de ocorrer um evento OU outro? mesmo tempo; os resultados são mutuamente excludentes. Assim,
Por exemplo, a probabilidade de obter cara ou coroa, ao lan- a probabilidade de tirar ou 1  or  6 é: (probabilidade de tirar 1) +
çarmos uma moeda, é igual a 1, porque representa a probabilidade (probabilidade de tirar 6) = (1/6) +(1/6) = 1/3.
de ocorrer cara somada à probabilidade de ocorrer coroa (1/2 + Você pode pensar na regra da soma como a regra do “ou”: se
1/2 =1). Para calcular a probabilidade de obter face 1 ou face 6 no um resultado requer que ou o evento X ou o evento Y ocorra, e se
lançamento de um dado, basta somar as probabilidades de cada X e Y são mutuamente excludentes (se apenas um dos dois eventos
evento: 1/6 + 1/6 = 2/6. podem ocorrem em uma dada situação), então a probabilidade do
Em certos casos precisamos aplicar tanto a regra do “e” como resultado pode ser calculada somando-se as probabilidades de X e
a regra do “ou” em nossos cálculos de probabilidade. Por exemplo, Y.
no lançamento de duas moedas, qual a probabilidade de se obter Como exemplo, vamos usar a regra da soma para prever a fra-
cara em uma delas e coroa na outra? Para ocorrer cara na primeira ção da prole de um cruzamento Aa x Aa que terá o fenótipo domi-
moeda E coroa na segunda, OU coroa na primeira e cara na segun- nante (genótipo AA ou Aa). Nesse cruzamento, há três eventos que
da. Assim nesse caso se aplica a regra do “e” combinada a regra do podem gerar um fenótipo dominante:
“ou”. A probabilidade de ocorrer cara E coroa (1/2 X 1/2 = 1/4) OU
Dois gametas A se encontram (formando um genótipo AA), ou o
coroa e cara (1/2 X 1/2 = 1/4) é igual a 1/2 (1/4 + 1/4).
gameta;
O mesmo raciocínio se aplica aos problemas da genética. Por
A da mãe encontra o gameta a do pai (formando um genóti-
exemplo, qual a probabilidade de uma casal ter dois filhos, um do
po Aa), ou;
sexo masculino e outro do sexo feminino? Como já vimos, a pro-
babilidade de uma criança ser do sexo masculino é ½ e de ser do O gameta a da mãe encontra o gameta A do pai (formando um
sexo feminino também é de ½. Há duas maneiras de um casal ter genótipo Aa).
um menino e uma menina: o primeiro filho ser menino E o segundo Em cada evento de fertilização, apenas uma dessas três possibi-
filho ser menina (1/2 X 1/2 = 1/4) OU o primeiro ser menina e o lidades pode acontecer (eles são mutuamente excludentes).
segundo ser menino (1/2 X 1/2 = 1/4). A probabilidade final é 1/4 +
1/4 = 2/4, ou 1/2. Como essa é uma situação “ou” em que os eventos são mutu-
amente excludentes, podemos aplicar a regra da soma. Usando a
A regra do produto regra do produto, como fizemos acima, podemos determinar que
Uma regra de probabilidade que é muito útil na genética é a cada evento individual tem a probabilidade de 1/4. Então, a proba-
regra do produto, a qual afirma que a probabilidade de dois (ou bilidade de uma prole com fenótipo dominante é: (probabilidade
mais) eventos independentes ocorrerem juntos pode ser calcula- de A da Mãe e A do Pai) + (probabilidade de Ada Mãe e a do Pai) +
da multiplicando-se as probabilidades individuais dos eventos. Por (probabilidade de a da Mãe e A do Pai) = (1/4) + (1/4) + (1/4)= 3/4.
exemplo, se você rolar um dado de seis lados de uma vez, você tem Texto adaptado de MENDONÇA. A.
uma chance de 1/6 de conseguir um seis. Se você rolar dois dados
ao mesmo tempo, sua chance de conseguir duas vezes o seis é: (a Árvore genealógica
probabilidade de um seis no dado 1) x (a probabilidade de um seis Temos mais em comum do que aparentamos. A matemática
no dado 2) = (1/6). (1/6) = 1/36. assim como muitas religiões afirma, com grande propriedade, que
Em geral, você pode pensar na regra do produto como a regra somos todos irmãos. Se não fôssemos todos parentes, cada habi-
do “e”: se ambos evento X e evento Y devem acontecer para que tante da Terra hoje teria um número astronômico de antepassados
ocorra um determinado resultado, e se X e Y são independentes um contabilizados até o ano 1 do calendário cristão.
do outro (um não afeta a probabilidade do outro), então você pode Ao refletir sobre a árvore genealógica de cada indivíduo, po-
usar a regra do produto para calcular a probabilidade do resultado demos notar facilmente que qualquer pessoa foi gerada por outras
multiplicando as probabilidades de X e Y. duas: o pai e a mãe. Para gerar esse pai e essa mãe, foram necessá-
Podemos usar a regra do produto para prever a frequência de rias mais quatro pessoas (quatro avós). Considerando uma duração
eventos de fertilização. Por exemplo, considere o cruzamento entre
aproximada de 25 anos para cada geração já que, segundo o físico
dois indivíduos heterozigotos (Aa). Quais são as chances de se ter
australiano John Pattison, a idade média em que as mulheres têm
um indivíduo aa na próxima geração? A única forma de se ter um
engravidado nos últimos séculos em várias civilizações é de 26 ±
indivíduo aa é se a mãe contribui com um gameta a e o pai contribui
2 anos, verificamos que, do ano 1 d.C até agora, já se passaram
com um gameta a. Cada progenitor tem 1/2 das chances de fazer
um gameta a. Logo, a chance de uma prole aa é: (probabilidade da 80 gerações. Em contagem retroativa, cada indivíduo deveria ter,
mãe contribuir a) x (probabilidade do pai contribuir a) = (1/2). (1/2) em um século, dois pais, quatro avós, oito bisavós e 16 trisavós. No
= 1/4. século anterior, seriam 32 tetravós, 64 pentavós, 128 hexavós e 256
heptavós; um verdadeiro crescimento exponencial. Isso nos leva à
conclusão, improvável, de que a existência de uma única pessoa no
início do século 21 exigiu o incrível número de 279 (ou 604 sexti-
lhões) de pessoas no ano 1.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Apenas para comparação, os astrônomos Pieter von Dokkum (holandês) e Charlie Conroy (norte-americano) estimam existirem por
volta de 300 sextilhões de estrelas no universo. Embora o raciocínio matemático da árvore genealógica esteja correto, é evidente que tal
resultado é impossível.
Trata-se de um aparente paradoxo ou colapso genealógico, já que o número de ancestrais em qualquer geração não pode ser superior
à população da referida época.
Se as contas estão coerentes, o que estaria errado? Uma das razões para essa contradição seria a existência de casamentos entre
parentes próximos, consanguíneos.
Embora seja uma situação difícil de admitir nos dias atuais por questões culturais com algumas exceções, é bastante plausível que
casamentos entre parentes tenham acontecido em um passado não tão remoto assim.
Provavelmente a prática tenha sido mais comum do que imaginamos, sobretudo se considerarmos cidades com pequenas popula-
ções, vilarejos e povoados há mais de 100 anos, com pessoas se deslocando por enormes distâncias e sem facilidade de comunicação. E
o que poderíamos esperar de pequenas vilas e aldeias, com apenas dezenas ou centenas de moradores há cinco séculos, no início da co-
lonização brasileira? Nesse contexto, os parentes mais próximos deviam ser considerados na formação de uma família, pois fortaleceriam
laços, seriam de classes sociais semelhantes, teriam a mesma religião, cultura e tradições, pertenceriam ao mesmo grupo étnico e falariam
a mesma língua, além de fazerem parte do mesmo círculo social.

Esquema da árvore genealógica de qualquer pessoa, evidenciando o rápido crescimento de antepassados em aproximadamente 175
anos, considerando que toda nova geração surja a cada 25 anos. Caso não houvesse casamentos consanguíneos, um número muito gran-
de de ancestrais seria necessário para a existência de cada um de nós no presente.

Portanto, provavelmente temos em cada árvore genealógica alguns ramos ausentes por estarem sendo preenchidos pelas mesmas
pessoas. Exemplo disso foi observado em algumas tribos da Amazônia, em que os índios se casavam com suas primas tradição que foi
cunhada como ‘teoria da aliança’ por grandes pesquisadores como o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009).
Em geral, nossos ancestrais casavam-se com pessoas próximas da família, frequentemente sem conhecimento, mas em outras si-
tuações de forma intencional. Basta lembrar que casamentos reais entre parentes foram uma prática costumeira entre nobres famílias
européias, em particular a Dinastia dos Habsburgo. Casos clássicos também foram os casamentos do naturalista inglês Charles Darwin
(1809-1882), que era neto de dois primos e casou-se com sua prima em primeiro grau, Emma. O mesmo fez o físico de origem alemã Al-
bert Einstein (1879-1955) em seu segundo casamento, com sua prima Elsa, ou ainda o poeta e dramaturgo norte-americano Edgar Allan
Poe (1809-1849), com sua prima Virginia. Por sinal, um dos primeiros a tratar da questão do paradoxo genealógico foi o próprio filho de
Darwin, o astrônomo e matemático inglês George Howard (1845-1912), em 1875. Ao chamar a atenção para o assunto, os geneticistas de
populações passaram a perceber e estudar esse problema.
As migrações, que têm modificado o povoamento de alguns países de tempos em tempos, como o Brasil, poderiam ser apontadas
como um fator relevante para essa questão e que aparentemente evitaria a consanguinidade, mantendo intactos grandes ramos da árvore
genealógica e diversificando a carga genética nas famílias. No entanto, observando a história mundial, o número de imigrantes e emigran-
tes representa apenas uma pequena parcela da população de um país (caso da Grã-Bretanha, por exemplo) e, mesmo nos locais onde as le-
vas migratórias não são desprezíveis, nada impede que a consanguinidade tenha se estabelecido em gerações anteriores às que migraram.
É um grande alento, portanto, perceber que os pouco mais de 7,3 bilhões de seres humanos que vivem hoje na Terra têm muito mais
em comum do que se pensa. Mensagens como as de paz e igualdade entre os homens poderiam também ser apresentadas em termos
matemáticos, seguindo esse raciocínio sobre a árvore genealógica de cada um. Esse argumento poderia ser aprendido desde a mais tenra
idade nas escolas, associando, quem diria, matemática e fraternidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Somos de fato mais aparentados uns com os outros do que Exemplos de alelos letais
pensamos, apesar das visíveis diferenças de crença, ideologia, cor Existem diversos casos de alelos que, em homozigose, causam
da pele, traços culturais, língua e perfil econômico. Nesse contexto, a morte do indivíduo, inclusive na espécie humana. Um desses ale-
parece ingênuo o homem que procura se convencer de que, não los é responsável pela Tay-Sachs, isto é, uma doença neurodegene-
sendo galho da mesma árvore, não é, também, árvore da mesma rativa que provoca degeneração física e mental intensa e normal-
floresta. Somos realmente frutos de uma mesma árvore, a da vida. mente ocasiona a morte do indivíduo antes dos cinco anos de vida.
Além da doença de Tay-Sachs, a acondroplasia também é um
Normalmente coloca-se o nome do ancestral mais antigo de exemplo de problema desencadeado por um alelo letal. Se os alelos
que se conseguiu dados e, a partir desse, seus descendentes até para acondroplasia, que são dominantes, aparecerem em homozi-
chegar ao membro mais novo da família ou então até na pessoa que gose, o embrião morrerá antes mesmo do nascimento. Se o alelo
se tem interesse.  aparecer em dose simples, ocorrerá o nanismo.
Para montar a árvore genealógica é preciso primeiramente Podemos citar ainda a fibrose cística, que é causada por um
descobrir de onde vieram os ancestrais de uma família, o que pode gene autossômico recessivo. O gene causador dessa doença afeta
ser feito buscando a origem dos sobrenomes do pai e da mãe de um as glândulas exócrinas, o que desencadeia problemas na produção
indivíduo. Posteriormente devem ser anotados os seguintes dados: de secreções, que se tornam espessas e apresentam-se em maior
Nome completo de todas as pessoas pesquisadas;  quantidade, afetando o desenvolvimento de alguns órgãos, como
Data e local do nascimento das mesmas;  os pulmões.
Certidão de casamento, constando data e local;  Podemos citar ainda casos de genes letais que ocorrem em ou-
Certidão de óbito, constando data e local;  tros organismos, como é o caso de plantas. No milho, por exemplo,
Informações gerais sobre cada indivíduo, como profissão, es- podem nascer plantas homozigóticas recessivas completamente
colaridade, títulos especiais, história da família no Brasil, origem do desprovidas de clorofila. Sem esse pigmento, as plantas não reali-
nome, do sobrenome e mais.  zam fotossíntese e, consequentemente, morrem.
Em camundongos um gene dominante A determina pigmenta-
Normalmente quando se estrutura a árvore genealógica de ção amarela dos pêlos, e seu alelo  recessivo a determina um pa-
uma família com poucas informações ela é representada por uma drão de pigmentação acinzentada denominada aguti. Observou-se
pequena árvore, quando os elementos são de maior proporção a que o  cruzamento de ratos amarelos entre si sempre resulta em
sua feição torna-se mais complexa, pois os dados passam a ficar uma prole na qual há 2 indivíduos amarelos  para cada um aguti
mais desarranjados; quando isso acontece a visualização melhora (2:1).
através de uma representação gráfica.

Uma árvore genealógica é de extrema importância para as fa- A presença dos descendentes aguti indica que os pais amarelos
mílias, pois por meio delas é possível ter conhecimento da ascen- são heterozigotos. E neste caso, a  proporção fenotípica esperada
dência familiar, da existência de títulos até então desconhecidos, entre descendentes dominantes (amarelos) e recessivos (agutis)
sem dizer que futuramente, ela pode ser útil nos tratamentos de seria  de  3:1. A explicação para o aparecimento da inesperada pro-
diversas anomalias e doenças genéticas. Texto adaptado de NASCI- porção 2:1 é o fato de que indivíduos  homozigotos dominantes (A
MENTO. M. L. F. A) morrem ainda no estágio embrionário.
 
Genes letais
Alguns alelos, formas alternativas de um mesmo gene, causam
a morte de seus portadores e, por isso, são chamados de letais. Os
alelos letais podem ser completos, quando matam seus portadores
antes da idade reprodutiva, ou semiletais, quando os portadores
sobrevivem além da idade reprodutiva.

Como os alelos letais foram descobertos?


Os alelos letais, como muitas informações importantes das ci-
ências, foram descobertos ao acaso. Um geneticista, Lucien Cuenot,
estudava a cor da pelagem em camundongos em 1905 quando per-
cebeu que era impossível conseguir linhagem pura desses animais
com fenótipo amarelo.
Diante desses resultados, o geneticista resolveu realizar alguns
cruzamentos-teste. Nesses cruzamentos, ele utilizou dois indivídu-
os amarelos, e o resultado sempre era 2/3 de camundongos amare- Posteriormente descubriu-se que camundongos homozigotos
los e 1/3 de camundongos cinza. não chegavam a nascer, morrendo no útero materno na fase em-
Ao observar a proporção de 2:1, Cuenot percebeu que indiví- brionária. Concluiu-se então que os genes para pelagem amarela
duos homozigóticos para a pelagem amarela não se desenvolviam em dose dupla são letais ao indivíduo, já que provocam sua morte.
e que o alelo condicionante provavelmente era letal. Sendo assim, Textos adaptado de SANTOS. V. D.
todo camundongo amarelo deveria ser obrigatoriamente heterozi-
goto. Herança sem  dominância
Para ter certeza de sua descoberta, o geneticista resolveu testar O gene dominante bloqueia totalmente a atividade do seu ale-
sua hipótese. Para isso, cruzou um camundongo amarelo com um lo recessivo, de maneira que apenas o caráter condicionado pelo
camundongo cinza e obteve metade dos descendentes amarelos e gene dominante se manifesta.Nesses casos, portanto, um indivíduo
a outra metade cinza. Esse resultado confirmou, então, sua teoria. heterozigoto(Aa) exibirá o mesmo fenótipo do homozigoto(AA). Tal
fenômeno é chamado de dominância completa.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mas existem casos em que o gene interage com seu alelo, de maneira que o híbrido ou o heterozigoto apresenta um fenótipo dife-
rente e intermediário em relação aos pais homozigotos ou então expressa simultaneamente os dois fenótipos paternos.Fala-se, então, de
ausência de dominância.
Podemos identificar dois tipos básicos de ausência de dominância, cujos os estudos foram desenvolvidos em épocas posteriores á de
Mendel:a herança intermediária e co-dominância.

Herança intermediária
A  herança intermediária é o tipo de dominância em que o indíviduo heterozigoto exibe um fenótipo diferente e intermediário em
relação aos genitores homozigotos.Vejamos os seguintes exemplos:
Exemplo 1.  A planta Maravilha (Mirabilis jalapa) apresenta duas variedades básicas para a coloração das flores: a variedade alba(com
flores brancas) e a variedade rubra (com flores vermelhas). chamando o gene que condiciona flores brancas de B e o gene para flores
vermelhas de V, o genótipo de uma planta com flores brancas é BB, e o genótipo de uma planta com flores rubras é VV. Cruzando-se esses
dois tipos de plantas (VV X BB), os descendentes serão todos VB; as flores dessas plantas (VB) serão rosas, isto é, exibirão um fenótipo
intermediário em relação aos fenótipos paternais(flores vermelhas e brancas).

Plantas que produzem flores cor-de-rosa são heterozigotas, enquanto os outros dois fenótipos são devidos à condição homozigota.
Supondo que o gene V determine a cor vermelha e o gene B, cor branca, teríamos:

VV = flor vermelha


BB = flor branca
VB = flor cor-de-rosa

Apesar de anteriormente usarmos letras maiúsculas para indicar, respectivamente, os genes dominantes e recessivos, quando se trata
de dominância incompleta muitos autores preferem utilizar apenas diferentes letras maiúsculas.
Fazendo o cruzamento de uma planta de maravilha que produz flores vermelhas com outra que produz flores brancas e analisando os
resultados fenotípicos da geração F1eF2, teríamos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agora, analisando os resultados genotípicos da geração F1e F2, teríamos:

Cruzando, agora, duas plantas heterozigotas (flores cor-de-rosa), teríamos:

Exemplo 2. Nas galinhas de raça andaluza, o cruzamento de um galo de plumagem preta(PP) com uma galinha de plumagem bran-
ca(BB) produz descendentes com plumagem azulada (PB). Percebe-se então que a interação do gene para a plumagem preta(P) com o
gene para plumagem branca(B) determina o surgimento de um fenótipo intermediário(plumagem azulada).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Co-dominância
A co-dominância é o tipo de ausência de dominância em que o indivíduo heterozigoto expressa simultaneamente os dois fenótipos
paternos.Como exemplo podemos considerar da cor da pelagem em bovinos da raça Shorthon: os indivíduos homozigotos AA tem pe-
lagem vermelha; os homozigotos BB tem pelagem branca;e os heterozigotos AB têm pêlos brancos e pêlos vermelhos alternadamente
distribuídos. Texto adaptado de SANTOS. V. D.

Segunda lei de Mendel
A segunda lei de Mendel ou também enunciada por diibridismo, refere-se à segregação independente dos fatores, isto é, a separação
de dois ou mais pares de genes alelos localizados em diferentes pares de cromossomos homólogos, para formação dos gametas.
O princípio para essa segregação tem suporte na anáfase I da divisão meiótica, instante em que ocorre o afastamento dos cromosso-
mos homólogos (duplicados), paralelamente dispostos ao longo do fuso meiótico celular.
Mendel, ao obter o mesmo resultado para todas as características estudadas em separado, decidiu verificar qual era o comporta-
mento se seu estudo fosse dirigido para duas características juntas. O cruzamento realizado foi entre plantas que produziam sementes
amarelas com tegumento liso cruzadas com sementes verdes com tegumento rugoso.
Dessa forma, a proposição da segunda lei de Mendel, tem como fundamento a análise dos resultados decorrentes às possibilidades
que envolvem não mais o estudo de uma característica isolada (Primeira Lei de Mendel), mas o comportamento fenotípico envolvendo
duas ou mais características, em consequência da probabilidade (combinação) de agrupamentos distintos quanto à separação dos fatores
(genes alelos / genótipo) na formação dos gametas.
Após o estudo detalhado de cada um dos sete pares de caracteres em ervilhas, Gregor Mendel passou a estudar dois pares de ca-
racteres de cada vez. Para realizar estas experiências, Mendel usou ervilhas de linhagens puras com sementes amarelas e lisas e ervilhas
também puras com sementes verdes e rugosas. Portanto, os cruzamentos que realizou envolveram os caracteres cor (amarela e verde) e
forma (lisas e rugosas) das sementes, que já haviam sido estudados, individualmente, concluindo que o amarelo e o liso eram caracteres
dominantes. Mendel então cruzou a geração parental (P) de sementes amarelas e lisas com as ervilhas de sementes verdes (vv) e rugosas
(rr), obtendo, em F1, todos os indivíduos com sementes amarelas e lisas, como os pais dominantes. O resultado de F1 já era esperado por
Mendel, uma vez que os caracteres amarelo e liso (LL ou Lr) eram dominantes. Posteriormente, realizou a autofecundação dos indivíduos
F1, obtendo na geração F2 indivíduos com quatro fenótipos diferentes, incluindo duas combinações inéditas.
Os números obtidos aproximam-se da proporção 9:3:3:1 Observando-se as duas características, simultaneamente, verifica-se que
obedecem à Primeira Lei de Mendel. Em F2, se considerarmos cor e forma, de modo isolado, a proporção de três dominantes para um
recessivo permanece. Analisando os resultados da geração F2, percebe-se que a característica cor da semente segrega-se de modo inde-
pendente da característica forma da semente e vice-versa. Essa geração dos genes, independente e ao acaso, constituiu-se no fundamento
básico da Segunda lei de Mendel ou Lei da segregação independente.

→ Cruzamento diíbrido:
Aquele entre indivíduos que diferem em dois pares de genes.
P: LL AA x rr vv → F1: Lr Av
F1 x F1: Lr Av x Lr Av → F2:

Mendel concluiu que as características analisadas não dependiam uma das outras, portanto, são consideradas características inde-
pendentes. Texto adaptado de MORAES. P. L.

Alelos  múltiplos: grupos sanguíneos dos sistemas ABO, Rh e MN


Polialelia, ou alelos múltiplos, é o nome dado ao fenômeno em que os genes possuem mais de duas formas alélicas, ou seja, uma
mesma característica pode ser determinada por três ou mais alelos (formas alternativas de um gene).
A explicação para a coexistência polialélica, deriva dos processos mutagênicos produzindo séries alélicas selecionadas e adaptadas ao
ambiente.
Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene, ocupando um dado locus num cromossomo. Consiste em uma
sequência de núcleotídeos de um gene específico.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um alelo pode ser mutante, resultando em um fenótipo altera- O alelo i é recessivo.
do, ou selvagem, caracterizado por um produto gênico ativo e um Os alelos IA e IB são co-dominantes, ou seja, indivíduos hete-
fenótipo “normal”. rozigotos IAIB têm tanto antígeno A como B nas hemáceas, sendo
Indivíduos diplóides → cromossomos homólogos → 2 alelos do essas proteínas detectadas isoladamente na corrente sanguínea.
mesmo gene Porém, indivíduos AB não apresentam anticorpos anti-A e anti-B.
Assim:

Alelos múltiplos ou polialelia:


Quando existe mais de dois alelos para um dado gene em uma
espécie. Assim, um locus específico pode ser ocupado por uma sé-
rie de alelos múltiplos, de forma que um indivíduo diplóide possa
apresentar quaisquer dois alelos de um gene. Eles produzem varia-
bilidade genética na população.

Exemplos de polialelia:
- Alelos sanguíneos ABO em seres humanos:

Em coelhos
Um exemplo disso ocorre em coelhos, onde podem ser distin-
guidos quatro fenótipos distintos para a cor da pelagem: selvagem
(cinza-escuro, quase negro), chinchila (cinza-claro homogêneo), hi-
malaia (branco, com focinho, orelhas e extremidades das patas e da
cauda negras) e albino (inteiramente branco).
Esses quatro fenótipos originam-se a existência de quatro alelos
distintos de um mesmo lócus. O gene C determina a manifestação
O locus ABO tem 3 alelos comuns: IA, IB e i. O locus controla o selvagem e é dominante sobre todos os outros alelos. O gene cch-
tipo de glicosídeo encontrado na superfície do eritrócito. Um deter- condiciona o fenótipo chinchila e é recessivo para selvagem, mesmo
minado glicolipídeo fornece determinantes antigênicos que reagem sendo dominante para os outros. O gene ch é determinante da ma-
com anticorpos específicos presentes no soro sanguíneo. nifestação da pelagem Himalaia, sendo dominante apenas sobre o
Os tipos sanguíneos são determinados por três alelos diferen- albino. O gene c produz o fenótipo albino e é recessivo para todos
tes para um único gene: IA, IB e i. O alelo IA é responsável pela pre- os demais alelos.
sença do antígeno A na hemácia; o alelo IB é responsável pela pre-
sença do antígeno B, e o alelo i é responsável pela ausência desse
antígeno. Os alelos IA e IB exercem dominância sobre o alelo i, mas
entre IA e IB existe um caso de codominância.

Os três alelos existentes nos grupos sanguíneos permitem a


existência de seis diferentes genótipos para os quatro fenótipos en-
contrados na população. Veja abaixo os genótipos e fenótipos dos
grupos sanguíneos:
IAIA, IAi – Sangue A
IBIB, IBi – Sangue B
IAIB – Sangue AB
ii – Sangue O

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O interessante de observar nos coelhos, é que esses quatro fenótipos diferentes, estão na dependência de 10 genótipos distintos,
conforme o quadro a seguir:

A diferença na cor da pelagem do coelho em relação à cor da semente das ervilhas é que agora temos mais genes diferentes atuando
(4), em relação aos dois genes clássicos. No entanto, é fundamental saber a 1ª lei de Mendel continua sendo obedecida, isto é, para a de-
terminação da cor da pelagem, o coelho terá dois dos quatro genes. A novidade é que o número de genótipos e fenótipos é maior quando
comparado, por exemplo, com a cor da semente de ervilha.
O surgimento dos alelos múltiplos (polialelia) deve-se a uma das propriedades do material genético, que é a de sofrer mutações.
Assim, acredita-se que a partir do gene C (aguti), por um erro acidental na duplicação do DNA, originou-se o gene Cch (chinchila). A exis-
tência de alelos múltiplos é interessante para a espécie, pois haverá maior variabilidade genética, possibilitando mais oportunidade para
adaptação ao ambiente (seleção natural).
A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo clássico de alelos múltiplos e também de codominância na
espécie humana.
Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 – 1943) verificou que, quando amostras de sangue de determinadas
pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados semelhantes a coágulos.
Landsteiner concluiu que determinadas pessoas têm sangues incompatíveis.
E, de fato, pesquisas posteriores revelaram a existência de diversos tipos sanguíneos nos diferentes indivíduos da população.

Aglutinogênios e aglutininas

No sistema ABO existem quatro tipos de sangue: A, B, AB e O.


Esses tipos são caracterizados pela presença ou não de certas substâncias na membrana das hemácias: os aglutinogênios.
E pela presença ou ausência de outras substâncias – as aglutininas – no plasma sanguíneo.
Existem dois tipos de aglutinogênio ou antígeno – A e B – e dois tipos de aglutinina ou anticorpo – anti-A e anti-B.
Pessoas do grupo A possuem aglutinogênio A nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma.
As do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A no plasma.
Pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina no plasma.
E pessoas do grupo O não têm aglutinogênios nas hemácias, mas possuem os dois anticorpos anti-A e anti-B no plasma.

O que acontece quando você recebe um sangue diferente do seu


Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de sangue incompatível com o seu, as hemácias transferidas vão se agluti-
nando assim que penetram na circulação.
Ocorre então a formação de aglomerados compactos que podem obstruir os capilares prejudicando a circulação do sangue.
Essas aglutinações, que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema, acontecem quando uma pessoa possuidora de
determinada aglutinina (anticorpo) recebe sangue com o aglutinogênio correspondente (antígeno).
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B.


Isso porque as hemácias A, ao entrarem na corrente sanguínea do receptor B, são imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele pre-
sente.

A recíproca é verdadeira.
Indivíduos do grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A.
Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O.
Uma vez que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de aglutinogênios A e B ou de ambos.
Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de aglutinogênio (antígeno) da hemácia do doador e o tipo de aglutinina
(anticorpo) do plasma do receptor.
Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer pessoa.
Isso porque não possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias.
Esses indivíduos são chamados doadores universais.

Já os indivíduos AB, por outro lado, podem receber qualquer tipo de sangue, porque não possuem aglutininas no plasma.
Por isso, pessoas do grupo AB são chamadas receptores universais.
Devemos ressaltar que indivíduos com o tipo sanguíneo O podem doar seu sangue para qualquer indivíduo.
Entretanto, só podem receber sangue de pessoas do mesmo grupo sanguíneo O.

Herança dos Grupos Sanguíneos no Sistema ABO

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A produção de aglutinogênios A e B é determinada, respectivamente, pelos alelos IA e IB.
Um terceiro alelo, chamado i, condiciona a não produção de aglutinogênios.
Trata-se, portanto, de um caso de alelos múltiplos.
Entre os alelos IA e IB há codominância (IA = IB), uma vez que o heterozigoto AB produz os dois tipos de proteínas (aglutinogênio).
Entretanto, cada um deles é dominante em relação ao alelo i (IA > i e IB> i).

O Fator Rh do sangue

O fator Rh é um dos dois grupos de antígenos eritrocitários (encontrados nas hemácias) de maior importância clínica, estando envol-
vido nas reações de transfusão de sangue, juntamente com os antígenos pertencentes ao sistema ABO.
O fator Rh foi descoberto em 1940 por Landesteiner e Wiene em experimentos realizados com coelhos e macacos.
Nesses experimentos, foi injetado sangue de um macaco do gênero Rhesus em cobaias, onde se obteve como resposta a formação de
anticorpos capazes de aglutinar as hemácias provenientes do macaco.
O anticorpo produzido no sangue da cobaia foi denominado anti-Rh e usado para testar sangue humano.
Os indivíduos cujo sangue aglutinava com o anticorpo produzido pela cobaia apresentavam o fator Rh e passaram a ser designados
Rh+, o que geneticamente se acreditava corresponder aos genótipos RR ou Rr.
Os indivíduos que não apresentavam o fator Rh foram designados Rh- e apresentavam o genótipo rr, sendo considerados genetica-
mente recessivos.

Herança do fator Rh na população humana


Os anticorpos extraídos das cobaias foram testados na população humana.
Nesses testes, verificou-se que parte da população humana apresentava reação de aglutinação enquanto outra se mostrava insensível.
Os indivíduos que apresentavam reação de aglutinação com anticorpos foram considerados pertencentes ao grupo Rh+.
Os demais, que não apresentavam aglutinação, pertenciam ao grupo Rh-.
Em estudos genéticos, ficou comprovado que a herança do fator Rh é monogênica com apenas 2 alelos.
Sendo que a presença do antígeno Rh é condicionada pela presença de um alelo dominante (R) e a ausência do antígeno Rh, pelo alelo
recessivo (r).
Doença Hemolítica do Recém-nascido (Dhr) – Eritroblastose Fetal: um problema genético

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mulheres Rh- (rr) que se casam com homens Rh+ (RR ou Rr) podem dar origem a crianças Rh+.
Como existe a possibilidade de o sangue materno ser transferido para o feto, em razão de um defeito na placenta ou hemorragias
durante a gestação e o parto, é possível que se formem, no organismo materno, anticorpos anti-Rh na primeira gestação.
Com isso, as crianças de partos subsequentes, que forem do grupo Rh+ podem apresentar sérios problemas.
Os anticorpos produzidos pela mãe na gestação anterior poderão atingir o sangue do feto e provocar a destruição de suas hemácias.
Isso resulta em problemas para o bebê. Tais como: morte intrauterina; morte logo após o parto; anemia grave; crianças surdas ou
deficientes mentais; icterícia (coloração amarela anormal devido ao derrame da bile no corpo e no sangue, devido às bilirrubinas) e insu-
ficiência hepática.
Essa doença que resulta da incompatibilidade sanguínea entre mãe e feto é chamada Eritroblastose Fetal.

O que se faz nesses casos


Nos dias atuais, já existem algumas alternativas para contornar ou amenizar o problema decorrente do risco da Eritroblastose fetal.
Como, por exemplo, utilizar anticorpos incompletos após a primeira gestação de uma criança Rh+ por uma mãe Rh-.
Isso é feito injetando-se na mãe uma quantidade de anticorpos anti-Rh, que é uma imunoglobulina, cuja função é destruir rapidamen-
te as hemácias fetais Rh+ que penetram na circulação da mãe durante o parto, antes que elas sensibilizem a mulher, para que não haja
problemas nas seguintes gestações.

A vacina injetada é chamada Rhogan.


Este tipo de anticorpo não aglutina os glóbulos vermelhos do sangue Rh+.
Em vez disso, os anticorpos anexam-se aos antígenos receptores, nas suas superfícies, e os revestem.
Esses anticorpos incompletos podem ser injetados na mãe Rh- imediatamente após o parto e são destruídos dentro de poucos meses,
não apresentando qualquer perigo para a mãe ou suas gerações posteriores. Esse é o procedimento padrão atualmente.
Nos casos em que a mãe é do grupo Rh+ e o filho é Rh-, não há problemas para a mãe, pois a produção de anticorpos pela criança só
se inicia cerca de seis meses após o seu nascimento.
Em um processo de doação de sangue, devemos considerar o sistema ABO juntamente com o fator Rh para prever a compatibilidade
sanguínea entre o doador e o receptor.

Interação Gênica
A interação gênica ocorre quando dois ou mais pares de genes, com distribuição independente, determinam conjuntamente um único
caráter. Esses pares de genes interagem entre si. 
É possível explicar a interação gênica através de um exemplo clássico na genética: a forma da crista nas galinhas. Existem quatro tipos
distintos de cristas na galinha; a crista simples, a crista rosa, a crista ervilha e a crista noz. Cada forma distinta de crista é condicionada pela
interação de dois pares de genes, resultando nos seguintes genótipos:
 - Crista simples: eerr 
- Crista rosa: eeR_ (eeRr/eeRR) 
- Crista ervilha: E_rr (EErr/Eerr) 
- Crista noz: E_R_ (EeRr/EERR) 

No caso dos genótipos acima apresentados, note que nas cristas em forma de ervilha, noz e rosa os genes vêm acompanhados de um
traço. Esse traço significa um gene desconhecido. Portanto, tomando como exemplo a crista rosa, é possível afirmar que essa crista irá se
manifestar toda vez que aparecerem, ao mesmo tempo, os genes (e) em dose dupla e o (R) em dose simples, ou seja, os genótipos eeRr e
eeRR manifestam a forma da crista rosa. 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Da mesma maneira, a crista em forma de ervilha irá se mani- o gene (a) aparecer a coloração dos pelos será determinada pelo
festar sempre que aparecerem, ao mesmo tempo, os genes (E) em gene dominante (A ou C). Quando os genes A e C aparecem juntos
dose simples e o (r) em dose dupla. A crista em forma de noz surgirá a coloração produzida é pardo-acinzentada. E quando o gene (c)
com os genes (E) e (R) em dose simples e juntos. Já a crista simples surge em homozigose junto ao gene (A) os ratos serão albinos, já
sempre será determinada pela dose dupla dos genes (e) e (r), mani- que o par cc é epistático sobre o locus (A). 
festando sempre com o mesmo genótipo: eerr. 
Portanto, ao cruzar galinhas de crista ervilha, puras, com ga- Herança Quantitativa
linhas de crista simples obtêm-se uma F1 com 100% de seus des- A herança quantitativa ou herança poligênica também é uma
cendentes de crista ervilha. Cruzando as galinhas de F1 entre si, modalidade da interação gênica, na qual se avalia variações de ca-
obtêm-se uma F2 com galinhas de crista ervilha e de crista simples, racteres, ao contrário dos caracteres que apresentam fenótipo sim
na proporção de 3:1.  ou não, como no caso do daltonismo, onde o indivíduo é daltônico
Proporção: 3:1 (três galinhas de crista ervilha e uma galinha de ou apresenta visão normal.
crista simples)  Caracteres com variações apresentam gradação contínua do
Quando galinhas de crista em forma de ervilha são cruzadas fenótipo entre os extremos. Como por exemplo, o tom de pele.
com galinhas com crista rosa obtêm-se uma F1 com 100% de seus Não existe apenas pele branca ou escura. Existem peles alvas, bran-
descendentes de crista em forma de noz. Ao cruzar as galinhas de cas, morenas, amarelas, pardas, mulatas, negras. Assim, a herança
F1 entre si, obtêm-se uma F2 com galinhas de crista noz, crista ervi- quantitativa irá estudar todos esses fenótipos intermediários entre
lha, crista rosa e crista simples, na proporção de 9:3:3:1.  os extremos.
Proporção: 9:3:3:1 (nove galinhas de crista noz, três galinhas Essas variações contínuas ocorrem de maneira suave, como no
de crista ervilha, três galinhas de crista rosa e uma galinha de crista caso da estatura. Existem indivíduos com altura de 1,50m, 1,51m,
simples).  1,52m, 1,53m, e assim por diante.
Como é possível galinhas de crista ervilha cruzarem com gali- A herança quantitativa não apresenta dominância. Um gene
nhas de crista rosa e gerarem descendentes de crista noz? E ainda, não apresenta dominância sobre o outro. Nessa herança, conside-
como é possível esses descendentes de crista noz cruzarem entre si ra-se o número de genes aditivos. Voltando ao exemplo da tona-
e gerarem quatro fenótipos distintos?  lidade de pele, consideram-se os genes (A) e (B) como genes que
Isso acontece porque a forma da crista é definida por dois pa- acrescentam melanina ao fenótipo básico, já os genes (a) e (b) não
res de genes, (E) e (e) no caso da crista ervilha e (R) e (r) no caso da acrescentam melanina. Os genes (A) e (B) são chamado de genes
crista rosa. Esses pares de genes possuem segregação independen- acrescentadores ou aditivos.
te, porém não se manifestam de forma independente.  Portanto, a tonalidade da pele será determinada pela quanti-
dade de genes aditivos no fenótipo. No caso da pele negra os dois
Epistasia  genes aditivos são encontrados (AABB), na pele mulata escura são
A epistasia é uma modalidade da interação gênica na qual, ge- encontrados 3 genes aditivos (AaBB ; AABb), na pele mulata mé-
dia dois genes aditivos (aaBB; AaBb ; AAbb), na pele mulata clara
nes de um lócus inibem a manifestação de genes de outro lócus. O
apenas um gene(aaBb ; Aabb) e na branca, nenhum gene aditivo é
efeito epistático manifesta-se entre genes não alelos. Genes epistá-
encontrado (aabb). Esse exemplo foi dado de maneira simplificada,
ticos são os que impedem a atuação de outros, e hipostáticos são
apenas para facilitar o entendimento, já que existe uma variação
os genes inibidos. 
muito maior na tonalidade da pele e portanto, mais genes aditivos.
Portanto consideraremos dois pares de genes: 
O gene (A) é dominante sobre o alelo recessivo (a), assim como
Logo, a herança quantitativa é determinada por dois ou mais
o gene (B) é dominante sobre o alelo recessivo (b). Porém, o gene
pares de genes que apresentam seus efeitos somados, em relação
(A) não é dominante sobre o par Bb, pois são genes diferentes em
a um mesmo caráter, de maneira a ocasionar a manifestação de um
lócus diferentes. Nesse caso, o gene (A) é epistático sobre o par Bb,
fenótipo em diferentes intensidades.
já que inibe seu efeito. E os genes (B) e (b) são hipostáticos, pois são Na herança quantitativa o número de fenótipos é determinado
inibidos pelo gene (A).  por:
A epistasia pode ser dominante ou recessiva. Será dominan-
te quando uma característica determinada por um par de genes Número de genes +1
depende, em parte, da ação de outro par de genes. Galinhas da Diante disso, se considerarmos os fenótipos da cor da pele do
raça Leghorn apresentam plumagem colorida condicionada pelo exemplo citado acima, quatro genes são atuantes. Assim, 4 genes
gene dominante (C), assim galinhas coloridas terão os genótipos: +1 = 5 fenótipos. Os cinco fenótipos são representados por peles
CC ou Cc. O gene recessivo (c) condiciona plumagem branca, assim branca, mulata clara, mulata média, mulata escura e negra.
galinhas brancas terão o genótipo cc. E o gene (I) é epistático em Outro exemplo é o da flor maravilha que apresenta como genes
relação a (C), inibindo a manifestação de cor. Seu alelo recessivo (i) atuantes o (V) e o (B), mas apresenta três fenótipos, já que 2 genes
permite que a cor se manifeste. Assim, sempre que os genótipos +1 = 3 fenótipos. Sendo assim, os três fenótipos das cores das flores
forem CCii ou Ccii as galinhas terão plumagem colorida, e quando são cor-de-rosa, vermelha e branca.
os genótipos forem CCII, CcII, CcIi, ccII, ccIi e ccii as galinhas terão
plumagem branca.  Pleiotropia
A epistasia recessiva ocorre quando o alelo recessivo em ho- A Pleiotropia é a denominação utilizada para definir o estado
mozigose funciona como epistático de um gene em outro lócus. É de um gene, quando esse possui mais de uma atuação sobre o fe-
possível exemplificar através da cor da pelagem de certos ratos. A nótipo, ou seja, é um mecanismo genético controlador de várias
cor da pelagem depende dos dois pares de genes: Aa e Cc. Sendo características a partir da expressão de um único gene.
que, (A) determina a pelagem amarela, (C) determina a pelagem Os processos pleiotrópicos ocorrem com frequência nas espé-
preta, (a) não produz pigmento, e (c) em homozigose condiciona cies. Contudo para facilitar a compreensão, não é mencionado dida-
a ausência total de pigmento, ou seja, o albinismo. Sempre que ticamente, sendo cada genótipo estudado de forma isolada.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um bom exemplo da influência gênica envolvendo esse fenô- As funções desempenhadas pelas células de Sertoli são diver-
meno é a manifestação condicionante de um gene em ervilhas, as sas. Dentre elas, auxiliam na troca de nutrientes e metabólitos dos
mesmas estudadas por Mendel. Tanto a cor do tegumento da se- espermatócitos, espermátides e espermatozóides. A barreira for-
mente (a casca), a coloração das flores e a presença de manchas na mada pelas células de Sertoli também protege os espermatozóides
base das folhas, são codificadas por um único gene. em desenvolvimento de ataque imunológico. Outra função desem-
Em organismos homozigóticos dominantes e heterozigóticos, penhada pelas células em questão é a  fagocitose  de excessos de
são produzidas ervilhas com tegumento acinzentado da semen- fragmentos de citoplasma liberados durante a espermiogênese.
te, as flores são púrpuras e as folhas são caracterizadas por uma Também secretam continuamente nos túbulos seminíferos um
mancha roxa nas proximidades da inserção ao ramo. O contrário é fluído que é  transportado na direção dos ductos genitais e é usado
observado nas espécimes homozigóticas recessivas: a cor das flo- para transporte de espermatozóides. A secreção de uma proteína-
res é branca, a casca da semente também é branca e as folhas não ligante de andrógeno pelas células de Sertoli é controlada por hor-
possuem manchas. mônio folículo-estimulante e testosterona e serve para concentrar
Na espécie humana um exemplo típico de pleiotropia bem ob- testosterona nos túbulos seminíferos, onde ela é necessária para a
servado é a fenilcetonúria. Condicionada por uma falha cromossô- espermatogênese. Células de Sertoli podem converter testosterona
mica responsável pela tradução de uma enzima que metaboliza o em estradiol e também secretam um peptídeo denominado inibina,
aminoácido fenilalanina presente no fígado, provoca diversos danos que suprime a síntese e a liberação de FSH pela hipófise.
ao organismo: diminuição da quantidade de pêlos, efeito sobre a A partir da sétima semana, se o embrião é geneticamente do
pigmentação da pele e redução da capacidade intelectual. sexo masculino, observa-se que os cordões sexuais desenvolvem-se
Outro aspecto está relacionado à dominância gênica em algu- e invadem a medula da gônada.
mas síndromes (síndrome de Marfan), causando deformidades ós- O mesênquima intertubular, origina-se e dá origem a um me-
seas, deformidades nos olhos e afecções pulmonares e cardíacas. sênquima intertubular diferenciado, com células potencializadas
Texto adaptado de MELDAU. D. C. para formação de um grupo de células endócrinas (as células inters-
ticiais de Leydig, que na 8ª semana começam a secretar testostero-
Determinação do sexo na) e as células conjuntivas. As células germinativas primordiais ori-
O sexo genético é estabelecido na fertilização, mas a genitália ginam espermatogônias no interior dos túbulos seminíferos e são
externa não adquire características masculinas ou femininas distin- de grande importância para o desenvolvimento gonadal, uma vez
tas até a décima segunda semana. Os órgãos reprodutores se de- que o desenvolvimento das gônadas depende da chegada destas
senvolvem a partir de primórdios, que são idênticos em ambos os células às saliências.
sexos. Durante o estágio indiferenciado, um embrião tem potencial Os cordões testiculares separam-se da superfície que lhes deu
para se desenvolver tanto como no macho quanto como na fêmea. origem e abaixo desta aparece uma cápsula de tecido conjuntivo
O desenvolvimento do sistema genital é conseguido através denso, a albugínea.
da produção de gametas e de hormônios. A produção de gametas O desenvolvimento de uma túnica albugínea densa é a indi-
(espermatozóides e óvulos) se dá através das células da linhagem cação característica do desenvolvimento testicular no feto. Gradu-
germinativa, as quais são mantidas por células de natureza epitelial almente, o testículo em crescimento se separa do mesonefro em
(células de Sertoli e células Foliculares). Já a produção de hormô- degeneração e torna-se suspenso pelo seu próprio mesentério, o
nios depende de uma outra população celular, as células intersti- mesorquidio.
ciais e as células da teca interna. Os cordões testiculares permanecem sólidos até o sexto mês
quando também formam os túbulos seminíferos, túbulos retos e
Apesar do sexo cromossômico e genético de um embrião ser rede testicular.
determinado na fertilização pelo tipo de espermatozóide que ferti- Os túbulos seminíferos sofrem canalização e adquirem luz, ao
liza o óvulo, as características masculinas e femininas só começam a mesmo tempo em que às células germinativas primordiais dão ori-
se desenvolver na sétima semana. gem a duas categorias de espermatogônias (a tipo A e a tipo B). As
O sistema genital se desenvolve em íntima associação com o espermatogônias do tipo A originam as células troncas, e as do tipo
sistema urinário ou excretor. B formam os espermatócitos primários.
A linhagem germinativa provêm de células chamadas gonóci- Os cordões sexuais primitivos dão origem aos tubos retos e à
tos, as quais têm origem extragonadal, pois formam-se no endo- rede testicular, além dos túbulos seminíferos. A diferenciação des-
derma do saco vitelino. Os gonócitos, idênticos em ambos os se- tes cordões está na presença do cromossomo Y, que possui um fator
xos, são células grandes que migram para o local onde as gônadas determinante capaz de induzir a região medular das gônadas indife-
se formam. Eles misturam-se com células epiteliais proliferantes e renciadas, recebendo o nome de fator Testículo Determinante. Na
juntos se dispõem formando cordões, chamados cordões sexuais 8ª semana, os túbulos mesonéfricos iniciam um processo de desen-
primitivos. volvimento no qual sua parte proximal estrutura-se em ductos efe-
Os cordões sexuais primitivos formam-se na parede do saco rentes e porção epididimárias, enquanto a distal constitui os canais
vitelino, durante a quarta semana e migram para as gônadas em deferentes e a porção corresponde ao ducto ejaculador, além das
desenvolvimento, onde se diferenciam em células germinativas, vesículas seminais.
ovogônias/espermatogônias. Evaginações múltiplas de porção prostática da uretra em for-
mação crescem e constituem a porção epitelial glandular da prós-
Desenvolvimento do Órgão Reprodutivo Masculino tata. Já na porção membranosa da uretra, desenvolvem-se evagi-
Na 6ª semana, a região cortical das gônadas começa a se dege- nações que levam a formação das glândulas de Cowper. O pênis se
nerar e a região medular origina-se em formação tubular (túbulos forma com o desenvolvimento do seio urogenital. O mesenquima
seminíferos) contendo as células germinativas migratórias e as célu- forma as saliências genitais, que se diferenciarão em saliências es-
las mesenquiais derivadas do epitélio superficial que darão origem crotais para formar o escroto, que ficam separados um do outro
às células de sustentação, as células de Sertoli. pelo septo escrotal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ovários, tubas uterinas, útero, vagina, vulva e mama As pregas urogenitais não se fundem, exceto na parte posterior,
Os ovários, situados um em cada lado da linha média do cor- onde elas se unem para formar o frênulo dos pequenos lábios. As
po, têm origem semelhante à dos testículos, considerando-se que partes não fusionadas das pregas urogenitais formam os pequenos
de sua formação tomam parte as células germinativas primordiais lábios. A maior parte da pregas labioescrotais permanece não fu-
e as saliências genitais até a fase gonadal indiferenciada, na qual sionada e forma duas grandes pregas de pele, os grandes lábios.
os cordões sexuais primitivos ocupam as regiões cortical e medu- Enquanto isso o clitóris surge com discreto alongamento do tubér-
lar das estruturas gonadais em desenvolvimento. Deste modo, não culo genital. Com a abertura do sulco urogenital, surge o vestíbulo.
temos como distingui-los dos testículos, antes do primeiro mês de O hímen é formado devido a uma invaginação da parede poste-
vida fetal. A presença de dois cromossomos X nas células do em- rior do seio urogenital, o que resulta na expansão da porção caudal
brião é de suma importância na caracterização fenotípica feminina da vagina. O hímen geralmente se rompe durante o período peri-
e no desenvolvimento de partes gonadais e ductais do sistema ge- natal e permanece como uma delgada prega de membrana mucosa
nital. Todavia, parece que o desenvolvimento ovariano não se limita dentro do orifício vaginal.
à dependência da carga genética do cromossomo X, admitindo-se Os restos do ducto mesonéfrico formam o sexo feminino e as
o envolvimento de um gene autossômico neste processo. Nestas mamas surgem durante o período de organogênese, que se desen-
gônadas, os cordões sexuais primitivos que brotam do seu epitélio volvem em direção ao mesênquima subjacente. O mesênquima
superficial e mergulham no mesênquima formam na região medu- aprofunda-se ao longo de faixas ectodérmicas desde as regiões axi-
lar em desenvolvimento a rete ovarii que degenera posteriormente. lares às inguinais, estas faixas são as cristas mamárias. De um broto
Com a degeneração da porção cordonal medular, o córtex se mamário inicial surgem vários brotos secundários de onde resultam
estrutura através de novos cordões mergulhados no mesênquima os ductos lactíferos, sob a influência de hormônios que atravessam
subjacente, agora denominados cordões corticais, aos quais se in- a placenta e chegam ao feto.
corporam as células germinativas primordiais no 3º mês de vida
pré-natal. Mais tarde, com a desagregação das células cordonais, Determinação do sexo
grupos isolados destas células se dispõem ao redor de células ger- O sexo cromossômico e genético é estabelecido na fertilização
minativas primordiais, que dão origem a ovogônias, estas apresen- e depende da fertilização de um óvulo que contenha um cromosso-
tam grande atividade mitótica, e muitas delas degeneram durante ma X e por um espermatozóide que contenha um X ou um Y. O tipo
a vida fetal, as restantes aumentam ligeiramente de volume, trans- de gônada que se desenvolve depende do complexo cromossômico
formando-se em ovócitos. sexual do embrião (XX ou XY). Antes da sétima semana, as gônadas
No 7º mês de vida intra-uterina, estes ovócitos, que já entraram dos dois sexos são idênticas em aparência e são chamadas de gôna-
na primeira divisão meiótica e permanecem na fase de diplóteno das indiferenciadas. O desenvolvimento do fenótipo masculino re-
até a puberdade, circundados por células planas oriundas da desa- quer um cromossoma Y. Dois cromossomas X são necessários para
gregação cordonal, formando nesta região os folículos primordiais. o desenvolvimento do fenótipo feminino.
Os ovócitos encontrados nestes folículos são ditos ovócitos primá- A ausência de um cromossoma Y resulta na formação de um
rios. Alguns destes folículos degeneram antes da puberdade, outros ovário. Consequentemente, o tipo de complexo cromossômico se-
podem entrar em degeneração nesta época, enquanto alguns ex- xual estabelecido na fertilização, determina o tipo de gônada que
perimentam crescimento e maturação sob a influência hormonal. se diferenciará a partir da gônada indiferenciada. O tipo de gôna-
O gubernáculo prende-se ao útero, próximo ao local de ligação da presente, então, determina o tipo de diferenciação sexual que
da tuba uterina. A parte cranial do gubernáculo torna-se o ligamen- ocorre nos ductos genitais e na genitália externa. A testosterona,
to ovariano, e a parte caudal forma o ligamento redondo do útero. produzida pelo testículo fetal, determina masculinidade. A diferen-
ciação sexual feminina ocorre se os ovários estiverem ausentes e,
Há evidências de que as células planas (células foliculares) que aparentemente, não está sob influência hormonal.
envolvem os ovócitos secretam uma substância inibidora da meio- Texto adaptado de FERREIRA, R. B. R. T; MARTINS, M. M. G; SILVA,
se, e, por isso, os ovócitos primários não completam sua divisão I.
antes da puberdade.
As tubas uterinas têm origem nos ductos paramesonéfricos
(ductos de Müller) respondendo pela formação das camadas de te- Herança dos cromossomos sexuais
cido conjuntivo e muscular. Logo, das porções cefálicas destes duc- Na natureza, a maioria dos animais e muitas plantas, apresen-
tos é que deriva o epitélio tubário. As porções caudais dos ductos tam diferença sexual, onde encontramos organismos masculinos
de Müller fundem-se, originando o epitélio uterino e o epitélio da e femininos. Geralmente, essa diferenciação é determinada por
parte superior da vagina. O mesênquima circundante se encarre- cromossomos especiais, denominados cromossomos sexuais. As
ga de originar o restante da parede destes órgãos (útero e vagina). características determinadas pelos genes presentes nesses cromos-
Desta fusão também resulta a aproximação das duas pregas perito- somos também terão padrão de herança diferente dos genes locali-
neais, formando os ligamentos largos direito e esquerdo e as bolsas zados nos demais cromossomos (autossomos).
retouterinas e vesicouterinas.
Já que a parte superior da vagina originou-se da fusão dos duc- Todos os gametas (óvulos) formados por meiose em uma mu-
tos paramesonéfricos, o restante da vagina no que diz respeito ao lher possuem o cromossomo X, enquanto os homens podem for-
seu epitélio, deriva-se do endoderma do seio urogenital. Quando os mar gametas (espermatozóides) que apresentam o cromossomo X
ductos de Muller se fundirem e formarem o conduto uterovaginal, e outros, que apresentam o cromossomo Y. Por isso dizemos que as
que fica em contato com o seio urogenital, originase o tubérculo do mulheres são o sexo homogamético e os homens são o sexo hete-
seio. Tal contato induz à formação dos bulbossinovaginais que, ao rogamético.
se fundirem originam a placa vaginal, cujas células centrais se de- Embora não sejam totalmente homólogos, os cromossomos X
sintegram para o surgimento da luz vaginal e as periféricas parecem e Y possuem pequenas regiões homólogas nas pontas, o que garan-
contribuir para a formação do epitélio dos dois terços inferiores da te, num indivíduo do sexo masculino, o emparelhamento dos dois
vagina, embora haja quem admita que todo o epitélio vaginal venha cromossomos e sua distribuição normal para as células filhas na pri-
destas células meira divisão da meiose.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O cromossomo Y é mais curto e possui menos genes que o cro- A região homóloga entre X e Y são importantes por promover
mossomo X, além de conter uma porção encurtada, em que exis- um pareamento parcial entre esses cromossomos durante a divisão
tem genes exclusivos do sexo masculino. Observe na figura 1 abaixo meiótica, o que garante sua segregação na formação dos gametas.
que uma parte do cromossomo X não possui alelos em Y, isto é, Nas regiões não homólogas do cromossomo X, encontram-se genes
entre os dois cromossomos há uma região não-homóloga. de importância estrutural, inclusive genes para algumas doenças
que serão estudadas a seguir. No cromossomo Y, em sua porção não
homóloga, encontramos genes masculinizantes e de características
exclusivas para o sexo masculino. Esses genes são denominados
holândricos.

HERANÇA LIGADA AO CROMOSSOMO X


Também conhecida como “herança ligada ao sexo”, engloba o
estudo de genes presentes no cromossomo X. Estes genes apresen-
tam padrão de herança diferente do convencional, descrito pelas
leis mendelianas, pois, nos machos, se encontram em hemizigose.
Como no cromossomo Y não existe a região de homologia para es-
ses genes, os machos apresentam apenas um alelo e vão expressar
a característica determinada por ele. Características de expressão
recessiva, basta um alelo presente no X para que a mesma se ex-
presse em indivíduos do sexo masculino. Nesses casos dizemos que
a característica foi transmitida pela mãe, pois, o alelo responsável
está presente no cromossomo X herdado dela. Vejamos alguns
exemplos:
Entretanto, o fato de apresentarem regiões sem homologia
tem implicações na herança de algumas características. Os genes DALTONISMO
localizados na região do cromossomo X, que não possui homologia A percepção de cores pelo olho humano ocorre em células dos
em Y, seguem um padrão de herança denominada herança ligada cones que revestem a retina. Estas células detectam três tipos de
ao cromossomo X  ou  herança ligada ao sexo.  Herança ligada ao cores específi cas: azul, verde e vermelho (as demais cores são re-
cromossomo Y  ou  herança restrita ao sexo  é a que se refere aos sultado da combinação realizada em nosso cérebro). O tipo mais
genes localizados somente no cromossomo Y, chamados de genes comum de daltonismo em humanos é o que não distingue as cores
holândricos. vermelho e verde. Os genes que determinam a capacidade para a
percepção destas cores estão localizados no cromossomo X.
HERANÇA DE CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO SEXO Os possíveis genótipos e fenótipos correspondentes são:
A diferença cromossômica entre machos e fêmeas promove
também a ocorrência de um mecanismo de herança característico
para os genes localizados nestes cromossomos. Havendo uma dife-
rença morfológica entre os cromossomos sexuais, regiões homólo-
gas e não homólogas serão encontradas nos mesmos. As regiões
não homólogas são chamadas de regiões diferenciais, pois apresen-
tarão genes presentes apenas naquele tipo de cromossomo, assim,
esses genes não terão homólogos no outro cromossomo sexual.

Os homens daltônicos e hemofílicos transmitem os alelos d e h


somente para as filhas.
Um exemplo de teste para daltonismo está na Figura 3. Obser-
vação: O gene para detecção da cor azul está localizado no cromos-
somo 7, portanto, tem padrão de herança autossômica.

Figura 2. Representação dos cromossomos X e Y humanos, desta-


cando as regiões de homologia e região não homóloga.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os possíveis genótipos e fenótipos correspondentes são:

Figura 3. Exemplo de teste para daltonismo. Indivíduos daltônicos


não conseguem visualizar o número na figura.

Veja o cruzamento (Figura 4) apresentando um casal forma- DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE


do por uma mulher portadora (XDXd) e um homem normal (XDY). Doença caracterizada pelo enfraquecimento e atrofia progres-
A possibilidade de descendentes é de 25% para mulher normal siva dos músculos, manifesta-se por volta dos quatro anos de idade,
(XDXD), 25% para mulher portadora (XDXd), 25% para homem nor- quando os meninos começam a apresentar dificuldades em movi-
mal (XDY) e 25% para homem daltônico (XdY). Neste cruzamento é mentos comuns do cotidiano como se levantar de uma cadeira ou
possível visualizar que, para características ligadas ao cromossomo subir uma escada. A doença progride lentamente até comprometer
X, é a mãe portadora quem transmite o alelo defeituoso ao filho. funções vitais, causando insuficiência cardíaca e respiratória. Ge-
ralmente os indivíduos com esta característica sobrevivem até por
volta dos vinte anos de idade. Como estes pacientes ao atingirem
a idade fértil já se encontram muito comprometidos pela doença,
não chegam a se reproduzir e por esse motivo, não são encontradas
mulheres com distrofia muscular, pois, para estas apresentarem a
doença, seria necessário herdar um par de alelos defeituosos (Xd)
do pai e da mãe.

HERANÇA LIGADA AO CROMOSSOMO Y


Na porção diferencial do cromossomo Y não vamos encontrar
Figura 4. Cruzamento entre um homem normal XDY e uma mulher genes estruturais como encontramos no cromossomo X. Nesse cro-
portadora do alelo para o daltonismo XDXd. Os descendentes. mossomo encontramos apenas genes ligados a características ex-
clusivas ao sexo masculino, como o gene SRY que produz o fator de
Nos heredogramas para características ligadas ao sexo usa-se diferenciação testicular (TDF), responsável pela diferenciação em-
representar o indivíduo portador com um sinal diferente ao do in- brionária do testículo. Outra característica também ligada ao cro-
divíduo normal. Veja a representação deste padrão de herança na mossomo Y é a ocorrência de pêlos nas bordas das orelhas (Figura
Figura 5. Observe também que homens que apresentam a caracte- 6), característica não muito comum, mas, exclusiva a indivíduos do
rística não a transmitem para seus filhos do sexo masculino, mas, sexo masculino. Um homem que apresente essa característica vai
suas filhas serão todas portadoras do alelo para a característica transmiti-la a todos os seus descendentes do sexo masculino.

Figura 5. Heredograma para representação de característica ligada


ao sexo

HEMOFILIA Figura 6. Indivíduo normal e indivíduo com pêlos nas bordas


A hemofilia é uma doença caracterizada pela deficiência na das orelhas
produção de fatores de coagulação do sangue. Esta característica é
determinada por um gene presente no cromossomo X. Indivíduos
portadores do alelo XH são capazes de produzir a proteína respon-
sável pela coagulação do sangue, enquanto o alelo Hh não produz
essa proteína.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
HERANÇA INFLUENCIADA PELO SEXO
Alguns genes localizados em autossomos tem comportamento diferente dependendo do sexo do individuo, comportando a caracterís-
tica, hora como dominante, hora como recessiva, se o individuo for do sexo masculino ou feminino. Um exemplo para esse tipo de herança
é a calvície, que no homem é uma característica dominante, enquanto na mulher, é recessiva. Portanto, enquanto as mulheres precisam
apresentar dois genes para serem calvas, basta um gene C para a calvície se manifestar nos homens. (Figura 7).

Figura 7. Calvície – característica dominante no sexo masculino e recessiva no sexo feminino

MECANISMO DE COMPENSAÇÃO DE DOSES


No início do período embrionário das fêmeas de mamíferos ocorre a inativação aleatória de um dos cromossomos X em cada célula.
Essa inativação ocorre por meio da compactação do material genético que fica visível como uma pequena região de coloração mais densa
no núcleo.
Essa inativação persiste por todas as mitoses, sendo transmitida às células filhas seguintes e, dessa forma, uma célula que anulou
um cromossomo X herdado do pai, vai gerar toda uma linhagem de células com este mesmo cromossomo compactado. Por esse motivo
de apresentarem linhagens uma de células com inativação do cromossomo X paterno, e outra do X materno, as fêmeas são consideradas
mosaicos de células. Na visualização microscópica, esse ponto do material genético correspondente ao cromossomo X anulado por com-
pactação é denominado cromatina sexual ou corpúsculo de Barr (Figura 8) e fica localizado próximo à membrana do núcleo. A cromatina
sexual está presente apenas em células femininas, pois, os machos apresentam apenas um cromossomo X não sofrem inativação desse
cromossomo.

Figura 8. Cromatina sexual presente em células femininas

Texto adaptado de OLIVEIRA. G. V. D.


Doenças genéticas
As doenças genéticas podem ser classificadas em três grupos principais:
(1) distúrbios cromossômicos,
(2) distúrbios monogênicos e
(3) distúrbios poligênicos.

Os distúrbios cromossômicos são o resultado da perda, do ganho ou do rearranjo anormal de um ou mais cromossomos, resultando
em deficiências do material genético ou em material genético excessivo. Os distúrbios monogênicos são o resultado de um único gene
mutante e apresentam padrões típicos de herança mendeliana (autossômico dominante, autossômico recessivo e ligado ao X). Os distúr-
bios poligênicos ou multifatoriais resultam de múltiplos fatores genéticos e/ou epigenéticos que não se encaixam nos padrões típicos de
herança mendeliana.

Distúrbios de um Único Gene


Distúrbios de único gene envolvem a mutação de um gene que é responsável pelo fenótipo observado no indivíduo afetado. Esses
distúrbios em geral acompanham um dos três padrões de herança: (1) autossômico dominante, (2) autossômico recessivo ou (3) ligado ao
X. A frequência de distúrbios monogênicos entre a população geral é de cerca de 10 em 1.000 nascidos vivos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Distúrbios Autossômicos Dominantes a doença associada à mutação. Dessa forma, uma mutação que
Distúrbios autossômicos dominantes são aqueles em que a apresente 100% de penetrância irá produzir doença em todo indi-
presença de uma única cópia de um gene mutante (alelo) resulta víduo portador da mutação. Em contrapartida, uma mutação que
em doença. Desse modo, tanto indivíduos homozigotos quanto he- apresente 50% de penetrância irá produzir doença em apenas 50%
terozigotos expressam o fenótipo da doença, homens e mulheres dos portadores da mutação. A expressividade variável refere-se à
são igualmente afetados, e qualquer indivíduo afetado pode trans- observação de que, em um grupo de indivíduos com uma doença
mitir a condição para seus descendentes. Na maioria dos casos, associada à mutação, a manifestação da doença pode ser diferente
os indivíduos afetados por um desses distúrbios apresentam pelo (diferenças na gravidade, no fenótipo da doença). Os mecanismos
menos um dos pais que também é afetado. O padrão autossômico responsáveis pela penetrância reduzida e pela expressividade variá-
dominante de herança é caracterizado pela transmissão vertical da vel não são bem conhecidos. Entretanto, acredita-se que os efeitos
doença de uma geração para outra, expressão igual entre homens e de outros genes ou fatores ambientais possam influenciar a expres-
mulheres, ausência de filhos afetados a partir de pais não afetados, são das mutações causadoras de doenças. Diferenças na idade de
chance de 50% de filhos afetados a partir de pais afetados, e a maio- início da doença refletem a observação de que algumas doenças
ria dos indivíduos afetados apresenta um dos pais afetado. Indiví- associadas a mutações se desenvolvem no início da vida e outras
duos com distúrbio autossômico dominante, mas sem um dos pais se desenvolvem em adultos ou mais tarde na vida. Esse fenômeno
afetado, em geral apresentam uma mutação fundadora no gene da provavelmente está relacionado ao contexto fisiológico e de desen-
doença. Mutações fundadoras não são encontradas nas linhagens
volvimento em que os genes causadores de doença se expressam.
germinativas dos pais, mas ocorrem no espermatozóides ou no óvu-
Distúrbios autossômicos dominantes afetam vários sistemas,
lo antes da fertilização. Desse modo, o filho afetado carrega o gene
incluindo o sistema nervoso (doença de Huntington, neurofibro-
mutante em sua linhagem germinativa e pode passar a mutação
matose, distrofia miotônica, esclerose tuberosa), o sistema uriná-
para sua prole. Os irmãos de indivíduos com mutações fundadoras
não são afetados e não apresentam um risco maior de desenvolvi- rio (doença do rim policístico), o sistema gastrintestinal (polipose
mento da doença. colônica familiar), o sistema hematopoiético (doença de von Wille-
brand) e o sistema esquelético (síndrome de Marfan, osteogênese
imperfeita, acondroplasia e outras). Além disso, alguns distúrbios
autossômicos dominantes representam doenças metabólicas (tais
como hipercolesterolemia familiar). Essa lista de exemplos procura
ser representativa, mas não completa.

Distúrbios Autossômicos Recessivos


Distúrbios autossômicos recessivos são aqueles em que duas
cópias do gene mutante são necessárias para a expressão do fenó-
tipo da doença. Desse modo, indivíduos heterozigotos são indistin-
guíveis de indivíduos portadores de duas cópias normais do gene
associado à doença. Entretanto, deve ser observado que, em alguns
indivíduos heterozigotos, há alterações sutis em vários parâmetros
bioquímicos, que não são facilmente detectáveis, pois não provo-
cam sintomas discerníveis. Esses indivíduos heterozigotos (que car-
regam um gene normal e um gene mutante) são denominados por-
tadores. A prole de dois portadores do mesmo gene mutante terá
uma chance de 25% de desenvolver a doença (devido à herança
homozigótica do gene mutante) e uma chance de 50% de se tor-
nar portadora (devido à herança heterozigótica do gene mutante).
 Padrões de herança associados a distúrbios monogênicos au- Em contraste com os distúrbios autossômicos dominantes, os dis-
tossômicos dominantes e autossômicos recessivos. (A) Heredogra- túrbios autossômicos recessivos apresentam uma expressão mais
ma representando o padrão de herança autossômico dominante de
uniforme do defeito, a penetrância completa é comum, e o iní- cio
uma doença genética. Este é o padrão associado a doenças como
da doença em geral ocorre precocemente na vida. Dessa maneira, o
doença de Huntington, neurofibromatose, distrofia miotônica, hi-
padrão de herança autossômico recessivo é caracterizado por pene-
percolesterolemia familiar e várias outras. Círculo, mulher; quadra-
trância horizontal, indivíduos homozigóticos afetados apresentan-
do, homem; aberto, não afetado; sólido, afetado. (B) Heredograma
apresentando o padrão de herança autossômico recessivo de uma do pais heterozigóticos não afetados, e pais heterozigóticos (mãe e
doença genética. Este é o padrão associado a doenças como fibrose pai) com uma chance de 25% de ter um filho afetado.
cística, doença de Tay-Sachs, anemia falciforme e vários distúrbios
metabólicos. Círculo, mulher; quadrado, homem; aberto, não afeta- Distúrbios Ligados ao X
do; sólido, afetado; parcialmente preenchido, portador. Genes responsáveis por distúrbios ligados ao X são transporta-
A expressão da doença refletida nas características clínicas en- dos pelo cromossomo X. O risco de desenvolvimento desses distúr-
tre indivíduos afetados por distúrbios autossômicos dominantes bios e sua gravidade variam entre homens e mulheres em função
pode variar em função da penetrância reduzida e da expressividade do fato de os homens apresentarem um cromossomo X e as mu-
variável. Do mesmo modo, a idade do início da doença pode va- lheres dois. Desse modo, as mulheres podem ser heterozigóticas ou
riar, indo da primeira infância à fase adulta tardia. Alguns indivíduos homozigóticas para um gene mutante ligado ao X, e a característica
que herdam um gene mutante serão fenotipicamente normais (sem associada pode se expressar de modo dominante ou recessivo. Em
evidência da doença). Isso reflete uma penetrância incompleta da contrapartida, os homens expressam o gene mutante ligado ao X
doença associada à mutação. A penetrância é uma medida de quão sempre que ele for herdado. Não há transmissão de homem para
frequentemente os pacientes com um alelo mutante expressam homem de distúrbios ligados ao X, e todas as filhas de homens afe-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tados herdam o gene mutante da doença. Distúrbios recessivos li- plos. Outros exemplos de doenças poligênicas incluem hipertensão,
gados ao X afetam principalmente homens. No caso de distúrbios doença cardíaca isquêmica, doença de Alzheimer e diabetes melito.
dominantes ligados ao X, todas as filhas de homens afetados tam- Em todos esses casos, a manifestação da doença está associada a
bém são afetadas. A inativação do X resulta na expressão de genes interações de vários genes alterados e fatores ambientais. Dada a
ligados ao X de apenas um cromossomo X. Assim, a expressão de complexidade dessas doenças (e famílias de doenças), não há uma
um distúrbio ligado ao X em uma mulher dependerá da presença do compreensão das complexidades genéticas da maioria das doenças
gene mutante, bem como de sua localização em um cromossomo poligênicas, e a elucidação da patogênese molecular de distúrbios
X ativo. multifatoriais permanece pouco conhecida.
A herança recessiva ligada ao X é responsável por um pequeno
número de condições clínicas bem definidas. Alguns desses distúr- Distúrbios Citogenéticos
bios ligados ao X afetam sistemas de órgãos específicos, incluindo Distúrbios citogenéticos são doenças que estão associadas a
o sistema musculoesquelético (distrofia muscular de Duchenne), o alterações cromossômicas. Em alguns casos, essas doenças são ca-
sangue (hemofilia A, hemofilia B, doença granulomatosa crônica, racterizadas por anomalias do cariótipo envolvendo números anor-
deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase), o sistema imune mais de cromossomos (perdas ou ganhos), enquanto, em outros,
(agamaglobulinemia) ou o sistema nervoso (síndrome do X frágil). elas estão associadas ao rearranjo anormal de um ou mais cromos-
Além disso, alguns distúrbios metabólicos são doenças ligadas ao somos. Independente da manifestação molecular da anomalia cro-
X, incluindo a síndrome de Lesch-Nyhan e o diabetes insípido. Essa mossômica, todos esses distúrbios resultam em deficiências de ma-
lista de exemplos procura ser representativa, mas não completa. terial genético ou em material genético excessivo. O complemento
cromossômico normal de uma mulher é 46XX (referindo-se a 22 pa-
Distúrbios Mitocondriais res de autossomos e os cromossomos sexuais XX), e o complemen-
A mitocôndria humana (e de outros mamíferos) contém sua to cromossômico normal de um homem é 46XY (referindo-se a 22
própria molécula de DNA de cerca de 17 kb, que apresenta vários pares de autossomos e os cromossomos sexuais XY). A monossomia
genes que codificam proteínas associadas à função mitocondrial e envolvendo um autossomo normalmente é fatal na fase embrioná-
especificamente ao metabolismo energético (codificando algumas ria, refletindo a perda de muitas informações genéticas para a via-
das proteínas dos complexos enzimáticos da cadeia transportadora bilidade do feto em desenvolvimento. Entretanto, algumas anoma-
de elétrons e a enzima ATP-sintase mitocondrial). Cada mitocôndria lias numéricas, envolvendo a trissomia de autossomos, permitem
pode conter várias cópias do cromossomo mitocondrial, e cada cé- um nascimento vivo. No entanto, com raras exceções (síndrome de
lula contém um grande número (talvez centenas) de mitocôndrias. Down), essas trissomias autossômicas levam a recém-nascidos gra-
Mutações em genes codificados pelo DNA mitocondrial estão as- vemente incapacitados, que morrem em uma idade precoce. Em
sociadas a várias doenças. Entretanto, a expressão de um estado contraste, vários distúrbios cromossômicos afetando o nú- mero de
doente necessita do acúmulo de números suficientes de cópias cromossomos sexuais foram caracterizados.
do DNA mitocondrial mutante (por deriva aleatória e segregação
citoplasmática) para resultar em disfunção mitocondrial no nível DOENÇAS NEOPLÁSICAS
celular. A herança de distúrbios associados à mitocôndria é estrita-
mente materna. Portanto, mulheres transmitem características de- Classificação de Doenças Neoplásicas
terminadas pelas mitocôndrias a todos os seus filhos. Em casos ra- A palavra neoplasia é derivada do grego, significando condi-
ros, mães afetadas terão uma criança não afetada. Esse fenômeno ção de novo crescimento. O termo tumor com frequência é utili-
provavelmente reflete segregação citoplasmática de mitocôndrias zado para se referir a uma neoplasia. Tumor significa literalmente
mutantes no tecido formador de gametas. um inchaço. No início dos anos de 1950, R.A. Willis forneceu uma
Distúrbios mitocondriais incluem epilepsia mioclônica e do- descrição de neoplasia que ainda utilizamos nos dias de hoje: Uma
ença de fibras vermelhas rotas, neuropatia óptica hereditária de neoplasia é uma massa de tecido anormal cujo crescimento é ex-
Leber, fraqueza muscular neurogênica/ataxia/retinite pigmentosa, cessivo e descontrolado em relação àquele dos tecidos normais e
síndrome de Kearns-Sayre, síndrome hereditária materna de Lei- persiste da mesma maneira após a interrupção dos estímulos que
gh, oftalmoplegia progressiva e várias outras doenças. Essa lista de provocaram a alteração. Mais recentemente, outros pesquisadores
exemplos procura ser representativa, mas não completa. É notável descreveram os tumores como resultado de um processo patoló-
que muitas dessas doenças mitocondriais se manifestem como gico em que uma única célula adquire a capacidade de proliferar
defeitos musculares, refletindo o grande consumo energético dos de modo anormal (crescimento clonal), resultando em acúmulo de
tecidos musculares e o fato de que a maioria dessas doenças mi- células da progênie, e definem o câncer como tumores que adquiri-
tocondriais se caracteriza por comprometimento do metabolismo ram a capacidade de invadir os tecidos normais circundantes. Essa
energético. definição ressalta um dos fatores de distinção mais importantes na
classificação geral de neoplasias a distinção entre tumores benignos
Doenças Poligênicas e malignos.
Doenças poligênicas ou multifatoriais resultam de múltiplos
fatores genéticos e/ou epigenéticos (mutações ou eventos de si- A divisão de doenças neoplásicas em benignas e malignas é
lenciamento gênico) e não se encaixam nos padrões mendelianos extremamente importante, tanto para a compreensão da biologia
tradicionais de herança. Desse modo, elas representam patologias dessas neoplasias quanto para o reconhecimento das alterações
em que um único gene ou evento mutacional não irá diagnosticar clínicas potenciais para tratamento. No nível mais básico, as neo-
definitivamente ou ser capaz de prever o risco. Distúrbios poligêni- plasias são classificadas como benignas ou malignas. As neoplasias
cos incluem doenças crônicas da fase adulta, malformações congê- benignas não apresentam características invasivas e são considera-
nitas e síndromes dismórficas. Em alguns casos, amplas classes de das como tumores que apresentam baixa probabilidade de invasão
doenças refletem patogênese molecular poligênica; por exemplo, e dispersão. Em contraste, as neoplasias malignas apresentam com-
câncer (em quase todos os casos) é um distúrbio de genes múlti- portamentos invasivos e/ou alto risco de dispersão metastática.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Uma subclassificação adicional das neoplasias malignas traça uma
distinção entre (1) cânceres da infância versus cânceres que afetam ESTRUTURA E CONSTRUÇÃO DE SEQUÊNCIAS DE ENSINO
principalmente adultos, (2) tumores sólidos versus neoplasias he- INVESTIG ATIVO
matopoiéticas e (3) cânceres hereditários versus neoplasias espo-
rádicas. Tanto neoplasias benignas quanto malignas são compostas
por células neoplásicas que formam o parênquima e por estroma
não neoplásico que é composto de tecido conectivo, vasos sanguí- Para Carvalho (2013, p. 9), a sequência de ensino investigati-
neos e outras células que dão suporte ao parênquima do tumor. O va (SEI) pode ser descrita como uma sequência de atividades que
estroma do tumor apresenta uma função crítica no apoio do cresci- abrange um tópico do programa escolar onde cada atividade pla-
mento das neoplasias fornecendo irrigação sanguínea para nutrien- nejada deve buscar a interação dos conhecimentos prévios do alu-
tes e oxigênio. Em quase todos os casos, as células do parênquima no com os novos <conhecimentos> de maneira que possa passar
determinam o comportamento biológico (e o curso clínico) da ne- do conhecimento espontâneo ao científico, buscando entender os
oplasia. Além disso, o tipo de célula do parênquima da neoplasia conhecimentos já estruturados por gerações anteriores. Como o
determina como a lesão é nomeada. processo de ensino aprendizagem não é algo que se apresenta de
imediato “[...] o número de aulas necessárias para a aplicação <da
Predisposição Genética de Doença Neoplásica SEI> dependerá das condições particulares de ensino, ou seja, nú-
O câncer não é uma doença, mas uma miríade de doenças com mero de alunos por sala, quantidade de aulas disponíveis, e ainda,
tantas manifestações diferentes quanto tecidos ou tipos celulares da escolha do professor em aprofundar certos temas [...]” (BELLU-
no corpo humano. Todos esses estados de enfermidade têm em CO; CARVALHO, 2014, p.39-40).
comum certas propriedades biológicas das células que compõem
os tumores, incluindo crescimento celular descontrolado (clonal), Ensino de Ciências e os resíduos sólidos
dificuldade de diferenciação celular, invasividade e potencial me- Na segunda metade do século XX, o Homem passou a preocu-
tastático. Atualmente, sabe-se que o câncer, na sua forma mais par-se com o planeta onde vive. Efeitos como a diminuição da es-
simples, é uma doença genética. Mais precisamente, ele é uma pessura na camada de ozônio e o aquecimento global da Terra des-
doença de expressão gênica anormal. Os mecanismos moleculares pertaram a população mundial para o que estava acontecendo com
que governam a proliferação celular descontrolada na doença ne- o meio ambiente. Nesse “despertar”, a questão da geração e desti-
oplásica envolvem perda, mutação ou desregulação de genes que nação final dos resíduos foi percebida, juntamente com a mudança
positivamente ou negativamente controlam a proliferação, a migra- no seu perfil. Desde as primeiras ações do nosso dia até a hora do
ção e a diferenciação celulares. A carcinogênese é um processo em descanso, estamos produzindo resíduos. Ao mesmo tempo em que
múltiplas etapas pelas quais o câncer se desenvolve em resposta nos deparamos com ele em todos os lugares onde passamos, ruas,
a alterações na expressão gênica conduzidas por alterações cro- acampamentos, trilhas, centros urbanos, e principalmente, dentro
mossômicas, mutações gênicas e alterações epigenéticas do DNA. da escola. As únicas diferenças observadas são a sua quantidade e
A ideia de que a carcinogênese é um processo em etapas múltiplas composição.
é apoiada por observações morfológicas das transições entre cres- Dois fatores vieram modificar essa ideia fundamental da passa-
cimento celular pré-maligno (benigno) e tumores malignos. No cân- gem do conhecimento de uma geração para outra. A primeira foi o
cer colorretal (e em alguns outros tipos de câncer), a transição de aumento exponencial do conhecimento produzido – ninguém hoje
uma lesão benigna para uma neoplasia maligna pode ser facilmente tem a capacidade de saber tudo, assim passou-se a privilegiar mais
o processo de obtenção do conhecimento, sem se esquecer do pró-
documentada e ocorre em etapas discerníveis, incluindo adenoma
prio conteúdo, mas diminuindo a quantidade destes, optando-se
benigno, carcinoma in situ, carcinoma invasivo e finalmente metás-
pelos conhecimentos fundamentais. Foi uma escolha pela quali-
tase local e distante. Além disso, demonstrou-se que alterações ge-
dade e não pela quantidade. O segundo fator foram os trabalhos
néticas específicas se correlacionam com cada uma dessas etapas
de epistemólogos e psicólogos mostrando como os conhecimentos
histopatológicas bem definidas do desenvolvimento e da progres-
eram construídos tanto em nível individual como social.
são do tumor. Entretanto, é importante reconhecer que é o acúmu-
A linguagem é outra questão de extrema importância quer nos
lo de alterações genéticas múltiplas em células afetadas (e padrões
trabalhos de Vigotsky quer no desenvolvimento científico. É preciso
de expressão gênica anormais associados), e não necessariamente
levar os alunos da linguagem cotidiana à linguagem científica e essa
a ordem em que essas alterações se acumulam, que determina a transformação, da palavra que os alunos trazem para a sala de aula,
formação e a progressão do câncer. com significados cotidianos, para a construção de significados acei-
tos pela comunidade científica tem um papel importante na cons-
Interação entre Genética e Epigenética no Câncer trução de conceitos, pois como mostra Lemke (1997)
O sequenciamento completo do genoma revelou uma alta fre- (...) ao ensinar ciência, ou qualquer matéria, não queremos
quência de mutações específicas do câncer em genes conhecidos que os alunos simplesmente repitam as palavras como papagaios.
por direcionar e participar de processos epigenéticos que ocorrem Queremos que sejam capazes de construir significados essenciais
em múltiplos tipos de câncer. Esses genes incluem enzimas que são com suas próprias palavras (...) mas estas devem expressar os mes-
necessárias para a metilação do DNA (DNMTs), a metilação de lisina mos significados essenciais se hão de ser cientificamente aceitáveis
de histona (EZH2, MLL) e a remodelagem da cromatina (SMARCB1). (1997, p. 105).
Portanto, eventos epigenéticos aberrantes podem ser a base das
anomalias genéticas. As consequências fenotípicas das mutações Para que os alunos sejam alfabetizados cientificamente, tem-se
não são bem conhecidas. Além disso, a herança de algumas alte- de organizar nossas aulas de maneira compatível com os referen-
rações ou mutações genéticas pode aumentar a probabilidade de ciais teóricos, o que não é fácil, pois a sala de aula é um ambiente
a metilação do DNA ter como alvo genes-chave tais como MLH1 e completamente diferente tanto dos laboratórios científicos como
possivelmente contribuir aos cânceres familiares e ao início precoce dos estudos de Piaget e Vigotsky.
da doença. Texto adaptado de ASHLEY G. RIVERBARK E WILLIAM B.
COLEMAN.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Temos de compatibilizar os objetivos do ensino, realizado pe- Desde meados do século passado, o campo da Educação em Ci-
las atividades das SEIs, com a avaliação da aprendizagem dos alu- ências vem discutindo e incorporando novos propósitos à ideia de
nos nos mesmos termos: avaliação dos conceitos, termos e noções Alfabetização Científica (AC). No atual momento histórico, tem sido
científicas, avaliação das ações e processos da ciência e avaliações defendida uma perspectiva formativa para a AC comprometida com
das atitudes exibidas durante as atividades de ensino. a transformação social. Considerando essa perspectiva, retomamos
Esse processo exige uma mudança da postura do professor em as ideias já consolidadas na literatura sobre os Eixos Estruturantes
relação às formas de avaliar a aprendizagem dos alunos. É impor- (EE) da AC e propomos sua releitura a partir de considerações so-
tante que esteja atento o tempo todo à sua turma, às ações e aos bre o ensino de ciências como prática social e sobre os domínios
resultados por ela realizados e alcançados. A observação e os re- conceitual, epistêmico, material e social do conhecimento científi-
gistros do professor sobre os alunos são um instrumento de ava- co, com vistas à proposição de um referencial teórico para a área.
liação importante no sentido de acompanhar o desempenho dos Na perspectiva da AC apresentada, detectamos a complexidade do
estudantes. segundo EE, visto que ele congrega os diferentes domínios do co-
nhecimento.

USO DE PRÁTICAS CIENTÍFICAS COMO ASPECTOS PRIMOR- Sobre conhecimento


DIAIS NA CONSTRUÇÃO E PROPOSIÇÃO DE CONHECIMEN- Na busca do saber o sujeito pode adquirir informações empiri-
TOS NAS CIÊNCIAS camente, aprendendo a fazer sem compreender o nexo causal que
dá origem ao fenômeno. Pode ter um conhecimento por experiên-
cia como, por exemplo, o modo de dirigir um automóvel sem que
Considera-se como construção11 o ato de construir algo, e, como tenha a compreensão do processo mecânico que sua ação desen-
ato ou ação a terceira fase do processo da vontade. Ante um objeto cadeia. Pode ainda aceitar, por um comportamento de fé, um ensi-
que mobilize o sujeito vão ocorrer três etapas: a deliberação, a de- namento que lhe é transmitido sem nenhuma consciência de seu
cisão e por fim, a execução. A ação é entendida como um processo conteúdo como é o caso das superstições. Aquele que toma uma
racional e livre decorrente portanto da inteligência e da vontade. cápsula de remédio, acreditando curar a sua doença com tal proce-
Embora se possa falar em ato reflexo, ato instintivo e ato espontâ- dimento, não tem, na maioria das vezes, nenhum conhecimento da
neo como movimentos que partem do sujeito independentemente relação da substância contida na pílula com o seu mal-estar. Não se
da sua vontade, percebe-se que nesses casos não se tem propria- pode, nesses casos, falar em conhecimento propriamente dito ou,
mente um ato, uma ação livre, mas apenas um movimento involun- pelo menos, em conhecimento científico.
tário indeterminado. A ciência se define por um discurso crítico, pois exerce contro-
O termo construção aplicado à educação pode ser entendido le vigilante sobre seus procedimentos utilizando critérios precisos
como já se viu, em dois sentidos: de validação. A démarche científica é, ao mesmo tempo, reflexiva
- como constituição do saber feita pelo estudioso, pelo cientista, e prospectiva. Os pressupostos de uma ciência são justamente as
pelo filósofo resultante da reflexão e da pesquisa sistemática que ideias, os critérios e os princípios que ela emprega na sua efetua-
leva a novos conhecimentos. Nesse sentido, construíram-se e cons- ção.
troem-se através do tempo, os conteúdos da Física, da Química, da O novo conceito de ciência inicia-se com Kant (1957) com a afir-
Biologia, da Medicina, [...]. O homem não “descobre” o conheci- mação de ser a ciência “construída” pelo homem por meio dos juí-
mento pronto na natureza, mas relaciona os dados dela recebidos zos sintéticos a priori, contrapondo-se à concepção proveniente do
constituindo os saberes. A ciência é o resultado desta elaboração empirismo da apreensão pela experiência, do conhecimento cientí-
mental, da reflexão, do estabelecimento de relações, da observação fico captado da própria natureza. Kant vai entender a ciência como
de causas, de conseqüências, de continuidades, de contiguidades, constructo humano por meio dos juízos sintéticos a priori.
de oposições, [...]. Pode-se, portanto entender a construção do co- De acordo com as inúmeras concepções filosóficas e epistemo-
nhecimento como a constituição dos saberes que resulta da investi- lógicas varia o entendimento sobre o processo de produção do sa-
gação filosófico-científica. ber. Algumas características desse processo são, no entanto, univer-
- Outra possibilidade de compreensão da ideia de “construção” salmente aceitas nos dias atuais:
do conhecimento refere-se apenas ao modo pelo qual cada um - a provisoriedade dos saberes científicos.
apreende a informação e aprende algum conteúdo. Neste caso, o Não mais se aceita o conhecimento como um processo cumula-
sujeito não propriamente “constrói” o saber, somente apropria-se tivo. Há, na ciência, uma revisão constante decorrente da possibili-
de um conhecimento já estabelecido. O conteúdo é passado pelo dade de novos pontos de vista. O mesmo objeto pode ser analisado
ensino, já pronto e definido embora sempre passível de modifica- de diferentes ângulos, o que leva não a um relativismo, mas à cons-
ções, e cada um vai apreendê-lo de modo semelhante, mas não tatação da relatividade do conhecimento;
idêntico. Note-se, no entanto, que essa apreensão é feita de modo
semelhante por todos, caso contrário não poderia ser entendido - a interferência do imaginário na produção do conhecimento
pela comunidade científica. Há, como mostra Husserl (1980), uma pela via da cosmovisão e da ideologia.
intersubjetividade entre os que dominam a mesma área do saber Admitindo-se como cosmovisão a visão de mundo do sujeito
que atesta uma identidade na construção do conhecimento. cognoscente pela sua posição histórico-geográfico, cultural e eco-
A chamada “construção do conhecimento” não é então total- nômica e a ideologia como orientação originária do imaginário que
mente livre e aleatória levando ao solipsismo e à incomunicabili- determina os papéis e as funções sociais, percebe-se a interferência
dade. Ela deve corresponder a uma unidade de pensamento, a desses dois fatores na produção do conhecimento.
uma concordância, a um consenso universal. Não se pode imaginar
que possa, cada um, “construir” o seu conhecimento de modo to- - a impossibilidade de neutralidade axiológica.
talmente pessoal e independente sem vínculo com a comunidade Não sendo possível a neutralidade e a imparcialidade na consti-
científica e com o saber universal. tuição dos saberes, há sempre uma interferência dos valores acei-
tos pelo sujeito na produção do conhecimento.
11 Disponível em https://www.scielo.br/j/ensaio/ Acesso em 18.09.2022
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A contextualização social, histórica e cultural da ciência e da tec-
PROMOÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA NOS ESTU- nologia é fundamental para que elas sejam compreendidas como
DANTES empreendimento humanos e sociais. Na BNCC, portanto, propõe-se
também discutir o papel do conhecimento científico e tecnológico
na organização social, nas questões ambientais, na saúde humana
A ideia de Alfabetização Científica não é recente nas pesquisas e na formação cultural, ou seja, analisar as relações entre ciência,
da área de Educação em Ciências. Em artigo de 1998, Paul Hurd afir- tecnologia, sociedade e ambiente (BNCC, p. 549).
ma ter sido o autor do primeiro artigo, publicado em 1958, em que Estudos recentes (MARTINS, 2015b; MARTINS; RYDER, 2014) es-
scientific literacy é exposto como objetivo do ensino de ciências e tabelecem uma tríade de questões importantes para a pesquisa e
traça um breve histórico de como ideias similares ao que hoje con- ensino de ciências, que seriam: “por quê”, “o quê” e “como” ensinar
cebemos pela expressão scientific literacy surgiram em discussões sobre as ciências, considerando a necessidade de reflexão sobre as
nos campos filosófico, social, político e educacional. questões meta-científicas no ensino de ciências.
A expressão Enculturação Científica sempre surge com a inten- Nessa tríade, o “como” se refere às questões metodológicas do
ção de que os estudantes, em aulas de ciências, tenham a oportu- ensino, da didática e da prática; “o quê” diz respeito à seleção de
nidade de vivenciar aspectos da cultura científica (Mortimer, 1996, temas, questões e conteúdo que deveriam figurar nos currículos e
Vogt, 2006, Carvalho & Tinoco, 2006, Carvalho, 2013). Apesar de o “por quê” se relaciona com as razões de se estudar ciências em
sua baixa incidência, é possível encontrar marcas do processo de níveis básicos de formação geral.
enculturação nas definições de Letramento Científico e de Alfabe-
tização Científica quando estas revelam a intenção de que o ensino
de ciências permita aos estudantes o contato com diferentes aspec- Referências bibliográficas:
tos da investigação científica e não apenas com os conceitos, leis e LOPES, Sônia - Inovar ciências da natureza, 6º ao 9º ano: ensino
teorias. fundamental, anos finais / Sônia Lopes, Jorge Audino. -- 1.ed. -- São
O Ensino da Astronomia (EA) permite o desenvolvimento da Paulo : Saraiva, 2018.
compreensão da natureza como um processo dinâmico frente à so- SEQUÊNCIA DE ENSINO INVESTIGATIVA (SEI) – UM OLHAR IN-
ciedade. Nesse sentido, o EA atua como um agente transformador, TERDISCIPLINAR ACERCA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
ao mesmo tempo em que apresenta uma grande bagagem de co- São Paulo. Governo do Estado. Secretaria da Justiça e da Defesa
nhecimento histórico e filosófico da construção e desenvolvimento da Cidadania. Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexu-
da ciência, da resolução de problemas científicos, das interações al. Diversidade sexual e cidadania LGBT. 3ª ed. São Paulo: SJDC/SP,
entre o ser humano e a natureza, a confecção de modelos expli- 2018. 47 p.
cativos para sistemas tecnológicos, entre outros (DIAS; RITA, 2008; Santos, Juliana Spinula dos, Silva, Rodrigo Nogueira da e Ferrei-
BRETONES, 1999, LANGHI; NARDI, 2009). ra, Márcia de AssunçãoHealth of the LGBTI+ Population in Primary
No âmbito da Educação Básica, a Astronomia está inserida nos Health Care and the Insertion of Nursing. Escola Anna Nery, v. 23,
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN+) n. 4, 2019.
(BRASIL, 2002) no eixo estruturador “Universo, Terra e Vida”. Nestes Silva, Jumar Reis da et al. Health care for LGBTI+ elders living in
documentos, a Astronomia se encontra descrita com maior ênfase Nursing Homes. Revista Brasileira de Enfermagem, , v. 74, n. Suppl
na disciplina escolar específica de Física, para o Ensino Médio. En- 2, 2021.
tretanto, ainda nos PCN se reconhece que esta é uma ciência inter- Disponível em https://pebmed.com.br Acesso em 17.09.2022
disciplinar, possuindo diversas interfaces com disciplinas tais como
Biologia, Física, Química, História, Geografia, entre outras (BRASIL,
2002).
QUESTÕES

CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIAL, CULTURAL E HISTÓRICA 1. PREFEITURA DE OEIRAS - PI - PROFESSOR CLASSE B NÍVEL


I – CIÊNCIAS - COPESE - UFPI – 2022
A área de Ciências da Natureza propõe aos estudantes investi-
Muitas vezes o processo de ensino é pautado por metodologias gar características, fenômenos e processos relativos ao mundo na-
tradicionais com foco na memorização mecânica de conteúdo sem tural e tecnológico, explorar e compreender alguns de seus concei-
uma articulação com contextos mais amplos. Tal aspecto ao se falar tos fundamentais e suas estruturas explicativas, além de valorizar
da área de Ciências pode acabar disseminando uma imagem equi- o compromisso com a sustentabilidade e o exercício da cidadania.
vocada do que é Ciência e de como se faz Ciência. Sobre o ensino de Ciências da Natureza, em conformidade com a
Trivialmente a Ciência é compreendida como neutra, fruto de BNCC, julgue as assertivas a seguir em V (verdadeiras) ou F (falsas):
um método científico, produzida somente por gênios isolados, em I. A contextualização social, histórica e cultural da ciência e
que seus conhecimentos são construídos de maneira acumulativa da tecnologia é fundamental para que elas sejam compreendidas
através de experiências exitosas (PÉREZ et al, 2001). Essas visões como empreendimentos humanos e sociais;
acabam por referenciar a Ciência características que suprimem di- II. Reflexão sobre o papel do conhecimento científico e tecno-
mensões sociais e as influências do contexto sócio histórico de sua lógico na organização social, nas questões ambientais, na saúde
produção. humana e na formação cultural, ou seja, análise das relações entre
Comumente ao se falar de Contextualização Histórica remete a ciência, tecnologia, sociedade e ambiente;
ideias da História da Ciência (HC), aspecto que pode ter articulação, III. A aprendizagem deve valorizar a aplicação dos conhecimen-
mas não necessariamente. A Contextualização Histórica é ampla, tos na vida individual, nos projetos de vida, no mundo do trabalho,
no contexto da BNCC envolve um olhar para aspectos históricos da favorecendo o protagonismo dos estudantes no enfrentamento de
produção e desenvolvimento do conhecimento científico e tecnoló- questões sobre consumo, energia, segurança, ambiente, saúde, en-
gico da área das Ciências da Natureza. tre outras.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Marque a opção com a sequência CORRETA: 5. PREFEITURA DE FLORES DA CUNHA - RS - PROFESSOR DE
(A) V, F, F. CIÊNCIAS - FUNDATEC – 2022
(B) V, V, V. “Quando ilhas vulcânicas se formam, ou geleiras encolhem, des-
(C) F, F, F. cobrindo a rocha nuas, os líquens são os primeiros organismos a se
(D) F, V, V. estabelecer e formar o solo no qual as plantas criarão raízes” (Fonte:
(E) V, F, V. SHELDRAKE, M. A trama da Vida. Editora Fósforo e Ubu Editora. 368
p.). Os líquens são associações simbióticas entre quais organismos?
2. PREFEITURA DE OEIRAS - PI - PROFESSOR CLASSE B NÍVEL (A) Fungos e algas.
I – CIÊNCIAS - COPESE - UFPI – 2022 (B) Fungos e musgos.
A sociedade contemporânea está fortemente organizada com (C) Algas e musgos.
base no desenvolvimento científico e tecnológico, ou seja, ciência e (D) Fungos e protozoários.
tecnologia vêm se desenvolvendo de forma integrada com os mo- (E) Musgos e cianobactérias.
dos de vida em que as diversas sociedades humanas organizaram
ao longo da história. Entretanto, o mesmo desenvolvimento cien- 6. PREFEITURA DE CASCAVEL - PR - PROFESSOR TEMPORÁ-
tífico e tecnológico que resulta em novos ou melhores produtos e RIO - UNIOESTE – 2022
serviços também pode promover desequilíbrios na natureza e na Considerando as afirmativas a seguir, assinale a que está INCOR-
sociedade (BNCC, 2017). Neste sentido, para debater e posicionar- RETA.
-se sobre alimentos, medicamentos, combustíveis, transportes, co- (A) Tanto a célula animal quanto a vegetal são caracterizadas
municações, contracepção, saneamento e manutenção da vida na como ‘eucariontes’, um tipo celular que contém membrana nu-
Terra, entre muitos outros temas, os educandos necessitam clear individualizada.
(A) que a área de Ciências da Natureza não tenha o compromis- (B) Células são unidades estruturais e funcionais de todos os
so com o desenvolvimento do letramento científico, mas que, organismos vivos, incluindo as bactérias, os protozoários e os
necessariamente, assegure a capacidade de compreender e in- vírus.
terpretar o mundo natural, social e tecnológico. (C) Enquanto as doenças virais requerem células para se repro-
(B) que a área de Ciências da Natureza tenha o compromisso duzir, as bactérias não necessitam disso e circulam livremente
com o desenvolvimento do letramento científico, mas que, ne- no organismo.
cessariamente, não assegure a capacidade de compreender e (D) Enquanto as proteínas ajudam a manter o sistema imuno-
interpretar o mundo natural, social e tecnológico. lógico fortalecido, as gorduras são importantes para a manu-
(C) de conhecimentos éticos, políticos, culturais e científicos. tenção da temperatura corporal e para o transporte e absorção
(D) da capacidade de compreender e interpretar o mundo, mas de vitaminas.
também de transformá-lo com base nas experiências cotidia- (E) O homem é um organismo pluricelular, em que células se-
nas e não necessariamente em aportes teóricos e processuais melhantes e interdependentes podem agrupar-se para realizar
das ciências. determinadas funções, constituindo os tecidos.
(E) ter acesso à diversidade de conhecimentos científicos pro-
duzidos ao longo da história, bem como a aproximação grada- 7. PREFEITURA DE CASCAVEL - PR - PROFESSOR TEMPORÁ-
tiva aos principais processos e práticas, mas que não envolvam RIO - UNIOESTE – 2022
procedimentos da investigação científica. Considerando as afirmativas a seguir, assinale a que está inte-
gralmente CORRETA.
3. PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS - MT -
(A) Solstício e equinócio são termos relacionados ao movimen-
PROFESSOR II – CIÊNCIAS - SELECON – 2022
to aparente do Sol e à incidência desigual de raios solares nos
Na célula vegetal, observa-se a presença de uma estrutura que
hemisférios Sul e Norte.
pode ocupar grande parte do espaço celular e que desempenha,
(B) A cadeia trófica é constituída por uma relação de reação
entre suas funções, o equilíbrio osmótico. Essa estrutura é deno-
química entre elementos abióticos.
minada:
(C) Chuva ácida é o nome que se dá ao fenômeno de precipi-
(A) leucoplasto
tação de componentes ácidos causado pelo buraco de ozônio.
(B) ribossomo
(C) vacúolo (D) Ecossistema é o nome dado a um conjunto de comunidades
(D) cloroplasto que vive em determinado local, constituindo um sistema está-
vel, equilibrado e autossuficiente que ainda não sofreu ação
4. PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS - MT - humana.
PROFESSOR II – CIÊNCIAS - SELECON – 2022 (E) Os pontos colaterais, Norte, Sul, Leste e Oeste, são subdivi-
Existem diversos métodos contraceptivos para evitar uma gra- sões dos pontos cardeais que formam um ângulo de 45º.
videz indesejada, bem como infecções sexualmente transmissíveis.
Entre eles, há os chamados “métodos de barreira” como: 8. PREFEITURA DE BANDEIRANTE - SC - PROFESSOR DE CIÊN-
(A) a vasectomia CIAS - EDITAL 02 - AMEOSC – 2021
(B) o dispositivo intrauterino Sobre a formação dos solos, julgue os itens abaixo em verdadei-
(C) a pílula contraceptiva oral ro (V) ou falso (F):
(D) os adesivos cutâneos com hormônios I.(__)O processo de origem e constituição dos solos é conhecido
como pedogênese.
II.(__)Os solos resultam da interação entre cinco fatores de for-
mação: organismos, clima, material de origem, relevo e tempo.
III.(__)Em regiões de clima tropical com altas taxas de precipi-
tação pluviométrica e altas temperaturas, o intemperismo é baixo,
sendo formados solos pouco profundos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Após análise, assinale a alternativa que apresenta a sequência
CORRETA dos itens acima, de cima para baixo:
ANOTAÇÕES
(A) Apenas a I é verdadeira.
(B) Apenas II e III são verdadeiras. ______________________________________________________
(C) Todas são verdadeiras.
(D) Apenas I e II são verdadeiras. ______________________________________________________

9. PREFEITURA DE MAJOR ISIDORO - AL - PROFESSOR DE CI- ______________________________________________________


ÊNCIAS - ADM&TEC – 2018
Leia as afirmativas a seguir: ______________________________________________________
I. O Sistema Solar é composto por oito planetas.
______________________________________________________
II. A Via Láctea possui um modelo espiral, sendo constituída por
três elementos principais: o disco, o bojo e o halo. ______________________________________________________
III. Compreender a cidadania como participação social e política
não é um dos objetivos do Ensino Fundamental nas escolas públi- ______________________________________________________
cas.
Marque a alternativa CORRETA: ______________________________________________________
(A) Nenhuma afirmativa está correta.
(B) Está correta a afirmativa I, apenas. ______________________________________________________
(C) Está correta a afirmativa II, apenas.
______________________________________________________
(D) Estão corretas as afirmativas I e II, apenas.
(E) Todas as afirmativas estão corretas. ______________________________________________________
10. PREFEITURA DE IPORÃ DO OESTE - SC - PROFESSOR DE ______________________________________________________
CIÊNCIAS - AMEOSC – 2020
Dos planetas que compõe o sistema solar, os mais próximos à _____________________________________________________
Terra são:
(A) Marte e Mercúrio. _____________________________________________________
(B) Vênus e Júpiter.
(C) Júpiter e Mercúrio. ______________________________________________________
(D) Vênus e Marte.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 B ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 C
4 B ______________________________________________________
5 A ______________________________________________________
6 B
______________________________________________________
7 A
8 D ______________________________________________________
9 D ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
CURRÍCULOS E ORIENTAÇÕES
DIDÁTICAS

A Alfabetização Científica, tomada como objetivo do ensino de


SÃO PAULO (SP). SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Ciências, considera que os estudantes devem ter contato com a cul-
COORDENADORIA PEDAGÓGICA. CURRÍCULO DA CIDADE: tura das ciências, seus modos de organizar, propor, avaliar e legiti-
ENSINO FUNDAMENTAL: COMPONENTE CURRICULAR: CI- mar conhecimentos. Ademais, possibilita a construção de sentidos
ÊNCIAS DA NATUREZA. – 2.ED - SÃO PAULO: SME / COPED, sobre o mundo e permite o desenvolvimento de senso crítico para
2019 avaliação e tomada de decisão consciente acerca de situações de
seu entorno, seja ela local ou global.
Com a finalidade de alfabetizar cientificamente, aproximando
Currículo de Ciências Naturais para a Cidade de São Paulo1 os estudantes da cultura das ciências, torna-se necessário, em situ-
ações de ensino, permitir e incentivar o contato desses com ações
Introdução e concepções do componente curricular para a investigação de problemas. Essas ações envolvem a busca
No Ensino Fundamental, o componente curricular de Ciências por informações em diferentes meios e de diversos modos, a or-
aborda os fenômenos da natureza que são estudados em diversas ganização de dados, a tomada de consciência sobre fatores que in-
áreas de conhecimento, das quais fazem parte a Biologia, a Física, fluenciam o fenômeno em análise, a interpretação das situações, a
a Química, as Geociências, a Astronomia e a Meteorologia. Sendo construção de modelos, a apresentação e o debate de ideias.
assim, os fenômenos estudados, no âmbito das Ciências Naturais, A importância das ações acima mencionadas ocorre pelo desen-
recebem atenção das diferentes áreas dentro de suas especificida- volvimento de práticas do fazer científico que representam ativida-
des, e essas particularidades revelam o desafio de tratar os conhe- des para a construção de entendimentos que permeiam diferentes
cimentos das ciências de maneira articulada e integrada. ações didáticas. Na produção de conhecimento, a constituição de
A abordagem das Ciências Naturais nas salas de aula deve con- hipóteses e o teste das mesmas, por exemplo, envolvem processos
gregar, portanto, os conhecimentos construídos sobre o mundo de busca de informações em fontes diversas, como livros, revistas
natural e as práticas que envolvem a produção, a divulgação e a ou por meio de conversas e entrevistas com pessoas que revelam
legitimação de conhecimentos, como forma de contribuir para que algum contato com o fenômeno em observação ou com elementos
os estudantes ampliem seu repertório e valorizem a ciência como destas situações.
prática cultural. Na comunicação do conhecimento, a organização das ideias,
O ensino de Ciências tanto pode permitir que o estudante com- expressa de modo oral ou escrito, demanda a apresentação lógica
preenda a presença e as influências do conhecimento científico na e estruturada. A argumentação, com base em evidências obtidas e
sociedade, como também contribuir com a construção de conheci- relações construídas, costuma ser um modo de como essa comuni-
mentos que servem como instrumentos para uma visão crítica de cação é feita.
mundo. Essas duas dimensões dão sentido à frequente pergunta: Ao avaliar o conhecimento produzido, é esperado que a crítica
“por que se estuda Ciências Naturais na escola? ”. surja como fator determinante: não a crítica que busca destruir o
Tais dimensões são contempladas por meio de uma perspectiva pensamento apresentado, mas aquela que investiga como os co-
que entende o ato de aprender ciências como sendo relacionado às nhecimentos propostos foram constituídos e os limites e avanços
demandas de equidade e diversidade de uma sociedade em cons- trazidos pela nova proposição considerando conhecimentos já es-
tante transformação. tabelecidos. O debate de ideias entre estudantes e professor, sobre
Não é novidade, nem reflexão recente, a necessidade de am- o conhecimento que já possuem e os conhecimentos com os quais
pliar o escopo do ensino de Ciências Naturais para uma perspectiva estão começando a tomar contato, é um modo privilegiado para
que vai além de conceitos e do desenvolvimento de habilidades de que as interações ocorram.
memorização e identificação, garantindo oportunidades aos estu- Associado a isso e em decorrência desse processo, proposições
dantes de analisar, questionar e aplicar o conhecimento científico a começam a figurar como conhecimentos legitimados pelo grupo,
fim de intervir e melhorar a qualidade de vida individual, coletiva e e o papel do professor, como conhecedor desses conhecimentos
socioambiental, além de respeitar princípios éticos. avaliados e validados pela comunidade científica, permite que as
Tal concepção encontra forte relação com a ideia de alfabetiza- construções realizadas estejam de acordo com os conhecimentos
ção, à medida que considera o ato de aprender para além do domí- aceitos pela sociedade.
nio de técnicas de escrever e de ler. Entende-se que essa aprendi-
zagem envolve o domínio consciente dessas técnicas e considera as
práticas sociais em que os estudantes estão inseridos.

1 São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria


Pedagógica. Currículo da cidade: Ensino Fundamental: componente curricular:
Ciências da Natureza. – 2.ed. – São Paulo: SME / COPED, 2019.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS - CURRÍCULOS E ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Ensinar e aprender Ciências Naturais no Ensino Fundamental É importante colocar em cena que as ciências são um conjun-
Pelo exposto, ensinar Ciências Naturais na educação básica tor- to de áreas que constroem conhecimentos sobre o mundo em que
na-se um compromisso social e cultural que garante à população o vivemos. Esses conhecimentos geram avanços dos mais variados
contato com mais uma das formas de conhecer o mundo em que tipos, podendo impactar, positiva ou negativamente, nosso modo
se vive, as relações entre seres e objetos, os diversos fenômenos de viver. Não é exagero afirmar que as condições materiais e de
e, é claro, em diferentes escalas. No ensino das Ciências Naturais, produção de formas de viver atuais estão relacionados direta ou
desde os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), indiretamente aos conhecimentos produzidos pelas ciências.
afirmava-se a necessidade de que os conhecimentos prévios dos Do mesmo modo, é possível afirmar que as ciências trazem
estudantes fossem considerados e que, também, possibilitassem impacto para nosso bem-estar, para a saúde e para os diferentes
relações entre o cotidiano do estudante e as novas construções meios que utilizamos para nos locomover, comunicar e relacionar.
permitidas pelas abordagens em sala de aula. Como áreas de conhecimento, as ciências se desenvolvem por meio
Apareceram, entre os objetivos do ensino de Ciências nos PCNs, de ações humanas sendo, portanto, atividades sociais. Marcam es-
ações para experimentar, construir explicações, relatar e comunicar sas atividades, as relações entre as diferentes pessoas e os diferen-
fatos e conceitos, valorizar atitudes e comportamentos face aos se- tes grupos que estudam fenômenos assemelhados.
res vivos e ao ambiente. Essas ações deveriam ser trabalhadas na Nessas relações, o conhecimento é proposto e avaliado confor-
relação direta com os blocos temáticos das Ciências Naturais pro- me as práticas anteriormente mencionadas. O processo de apre-
postos para o Ensino Fundamental, nos quais se pretendiam abor- sentação e análise de novas ideias é acompanhado de crítica e de
dar temas sobre: Ambiente, Ser Humano e Saúde, Recursos Tecno- reconhecimento dos saberes já existentes.
lógicos e Terra e Universo. Ainda que esses processos sejam disciplinados, eles são, ao
Outra novidade trazida pelos PCNs, que também impactou o mesmo tempo, criativos e estão relacionados diretamente ao es-
ensino de Ciências, foram os temas transversais. Esses não eram copo e ao fenômeno em estudo. Portanto, não se pode estabele-
conteúdos curriculares exclusivos do componente, mas represen- cer que haja um método único e privilegiado por meio do qual os
tavam aspectos a serem trabalhados a fim de que a formação dos conhecimentos científicos são construídos, mas é possível afirmar
estudantes pudesse ocorrer de modo geral e pleno. que a investigação é a base da construção de conhecimentos em
Portanto, ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural e ciências.
orientação sexual eram temas propostos transversalmente ao cur- Uma investigação em ciências se dá de maneiras variadas e, em
rículo, uma vez que não representam componentes curriculares do muitos casos, a ação manipulativa de objetos em laboratórios se-
núcleo comum, mas, sim, atitudes que os cidadãos expressam em quer ocorre, dando lugar à análise de imagens ou dados produzidos
suas atividades. e correspondentes ao fenômeno em estudo. O próprio desenvolvi-
Mais recentemente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para mento científico e tecnológico contribuiu para que muitos fenôme-
a Educação Básica (BRASIL, 2013) afirmavam que a formação dos nos, hoje em dia, possam ser observados longe de onde ocorrem e
estudantes por meio das disciplinas deveria considerar princípios em espaços que não condizem diretamente com o âmbito original.
éticos, estéticos e políticos. Da mesma forma, por não serem com- O uso de telescópios, por exemplo, ilustra a ação de objetos tec-
ponentes curriculares de uma disciplina específica, esses princípios nológicos para novas observações e, possivelmente, como elemen-
deveriam ser colocados em prática nas diferentes aulas de todas as tos determinantes para que novos conhecimentos sejam propostos.
disciplinas que compõem o currículo escolar. Contudo, isso não torna a Astronomia uma ciência experimental,
Ainda na direção de tomar como referência os documentos na- pois os fenômenos, ainda que possam ser investigados em labora-
cionais nesta discussão, é importante dizer que, no cenário atual, tório, por meio de imagens cada vez mais sofisticadas, não sofrem a
a Base Nacional Comum Curricular, ao apresentar o componente interferência humana, não são manipulados pelos cientistas; a ação
curricular de Ciências da Natureza, afirma claramente que o proces- ocorre no conhecimento, pelo estudo de imagens e de informações,
so investigativo deve ser elemento central da formação dos estu- na manipulação destes, mas não no objeto.
dantes. Destaca-se que são aspectos desse processo a definição de No ambiente educativo, a sala de aula, o laboratório de ciências,
o pátio, o parque, a sala de leitura, o laboratório de tecnologias para
problemas, o levantamento, a análise e a representação, a comuni-
aprendizagem e os mais variados espaços tornam-se apropriados
cação e a intervenção.
para uma investigação. Considerando que os problemas em estudo
podem ser diversos, a adequação ao espaço ocorre na relação com
Objetivos do ensino de Ciências Naturais
o foco da análise.
O ensino de Ciências Naturais no Ensino Fundamental tem o
Uma investigação em ciências exige que se saiba sobre conhe-
compromisso com o desenvolvimento de habilidades importantes
cimentos já existentes acerca do fenômeno ou da situação em aná-
para que os estudantes possam apreciar a natureza, ter contato
lise. Para tanto, o acesso a livros e revistas especializados, a par-
com os conhecimentos construídos pelos cientistas ao longo dos
ticipação em reuniões e conferências científicas e o debate com
tempos, ampliar os conhecimentos que já possuem, desenvolver colegas são atividades que os cientistas realizam para comunicar
modos de raciocinar sobre acontecimentos e de avaliar situações, suas ideias, assim como para conhecer o que as demais pessoas
aprimorar e incrementar formas de analisar situações, consideran- estão construindo, incorporando esses conhecimentos aos estudos
do a crítica como elemento central, compreender que concepções e às novas propostas.
diferentes podem estar vinculadas aos conhecimentos à disposição No ensino das Ciências Naturais, essas ações se desencadeiam
de um grupo em um dado momento e continuar aprendendo ao pelas interações discursivas estabelecidas entre professor e estu-
longo de sua vida, refletindo sobre o que aprendem e regulando dantes, explorando conhecimentos prévios e novas construções,
seus processos de aprendizagem. incentivando o debate de ideias e o respeito pela opinião diferente.
Além disso, frente à crescente disponibilidade de fontes de in- Essas ações também ocorrem pela pesquisa orientada sobre temas
formações, o componente curricular de Ciências Naturais pode con- em estudo e pela consulta a livros didáticos, sites especializados,
tribuir, também, com o desenvolvimento de critérios que permitam conversas e entrevistas direcionadas a públicos diversos, como pes-
a seleção dessas informações de forma justificada, a reflexão sobre soas de diferentes faixas etárias e profissionais que atuam em uma
elas e a tomada de decisão de maneira embasada. determinada área.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS - CURRÍCULOS E ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Todas essas atividades, seja nas ciências ou na escola, permi- O segundo eixo está também ligado à compreensão dos proces-
tem que um rol de novas informações seja levantado e considerado sos envolvidos na construção de conhecimento científico, os quais
para solucionar problemas, construir explicações ou responder a estão relacionados aos momentos históricos e às comunidades cul-
questões de investigação. Uma investigação científica pode ter seu turais em que acontecem.
início bem marcado, mas o final não ocorre, necessariamente, no
momento previsto, assim como pode não obter os resultados es- • O entendimento das relações existentes entre ciência, tecno-
perados. logia, sociedade e ambiente.
Isso não significa que a investigação tenha sido malsucedida: O terceiro eixo investiga de que forma as interações entre ciên-
imprevistos na coleta de informações, erros de coleta, organização cia, tecnologia, sociedade e ambiente podem resultar em consequ-
e interpretação de dados, além de dificuldades em encontrar evi- ências a serem avaliadas.
dências para um fenômeno que parecia evidente, constituem-se
em obstáculos e desvios para uma investigação, mas, provavelmen- Os três eixos estruturantes da Alfabetização Científica são igual-
te, podem contribuir para que novas hipóteses e propostas de estu- mente importantes e vinculam-se à prática de sala de aula do en-
do sejam construídas. sino de Ciências, devendo ser contemplados com o mesmo inves-
Em aulas de Ciências Naturais, o erro também deve ser conce- timento nas escolhas curriculares, metodológicas e avaliativas, de
bido como um passo importante para o entendimento da situação. modo a contribuir com a formação integral dos estudantes. Os eixos
Em algumas atividades, sobretudo as experimentais manipulativas, estruturantes também são elementos importantes para a constitui-
o erro representa fator central para que os estudantes possam rea- ção de ferramentas e formas de avaliação.
lizar outras variáveis e mesmo analisar quais são aquelas que efeti- Eles indicam modos diferentes de se relacionar com os temas
vamente interferem no fenômeno em investigação. das ciências e trazem, em sua concepção, a percepção de que o co-
Todas essas atividades envolvem práticas científicas importan- nhecimento científico necessário para uma Alfabetização Científica
tes de serem consideradas para o ensino de Ciências Naturais. En- inclui os conceitos, as leis, as teorias e os modelos, mas extravasam
volver os estudantes em práticas científicas permitirá que elaborem esses tópicos, sendo necessário considerar o papel dos processos
compreensões sobre os aspectos envolvidos na produção de co- de construção de conhecimento e as relações que interferem nessa
nhecimento científico, tais como: produzir perguntas, criar modos construção, as influências sofridas pelas ciências considerando os
imaginativos e sistematizados para respondê-las, coletar, registrar contextos sociais, históricos e culturais, bem como as influências
e organizar as informações; reconhecer padrões nessas informa- que as ciências geram na sociedade.
ções que levem a possíveis generalizações; propor explicações e Nesse sentido, uma avaliação coerente com esses princípios
soluções para os problemas e justificar, avaliar e refletir sobre as deve considerar a integração entre essas três dimensões dos obje-
explicações propostas. tivos do ensino de Ciências, dando espaço para a reflexão sobre os
Essas são ações que aproximam os estudantes do modo de atu- aprendizados que ocorrem ao longo do processo de investigação.
ar no mundo por meio do olhar das Ciências Naturais, uma vez que
permitem o desenvolvimento de uma postura investigativa sobre os Estrutura do currículo de Ciências Naturais
fenômenos naturais e sociais. Mais do que isso, os estudantes com- A fim de evidenciar a promoção da Alfabetização Científica, o
preendem que essas ações e explicações são diferentes, de acordo documento de Ciências Naturais está organizado em: abordagens
com o momento histórico e com as diferentes culturas. Além dis- temáticas, práticas científicas, eixos temáticos, objetos de conhe-
so, mobilizam saberes e vivências das Ciências Naturais em diálogo cimento e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Esses
com outras áreas de conhecimento, ampliando a leitura de mundo elementos devem estar presentes em todos os anos escolares do
dos estudantes. Ensino Fundamental.
Por outro lado, o exercício das práticas científicas na Educação Trata-se de uma estrutura que permite o desenvolvimento con-
Básica, além de permitir ao estudante incrementar seus conheci- tínuo e progressivo dos objetivos de aprendizagem e desenvolvi-
mentos sobre o próprio funcionamento das ciências, tem papel mento e, como consequência, o desenvolvimento da Alfabetização
fundamental no desenvolvimento de habilidades de pensamento
Científica entre os estudantes.
importantes envolvidas no estabelecimento do raciocínio crítico.
As abordagens temáticas trazem, de modo explícito, aspectos
Ambientes de aprendizagem em que o estudante tem oportunida-
epistemológicos, culturais e sociais envolvidos na construção de co-
des de propor, criar, elaborar, organizar, registrar, reconhecer, entre
nhecimento científico. Sua importância reside em tornar evidente
outras, ampliam as habilidades presentes em sala de aula de Ci-
que o ensino das Ciências Naturais é mais do que o ensino de uma
ências para além da memorização e listagem de fatos e conceitos,
lista de conceitos, leis e teorias.
contribuindo para a formação integral dos indivíduos.
Por meio das abordagens temáticas, os objetivos de aprendiza-
Neste currículo de Ciências Naturais, conteúdos, práticas e
gem e desenvolvimento podem ser trabalhados, integrando os três
contextos se entrelaçam com o intuito de promover a Alfabetiza-
ção Científica. Para tanto, utilizamos, como referência, três eixos eixos estruturantes da Alfabetização Científica e colocando em exe-
estruturantes, propostos por Sasseron e Carvalho (2008), os quais cução as práticas científicas realizadas em diversos tempos históri-
auxiliam no planejamento de aulas de Ciências que dialogam com a cos e sociais e suas relações com as dimensões culturais, ambientais
concepção proposta neste documento. São eles: e tecnológicas.
As práticas científicas relacionam-se à constituição de possibi-
• A compreensão básica de termos, conhecimentos e concei- lidades para que elementos da construção de conhecimento nas
tos científicos fundamentais. ciências sejam explorados. Neste documento, as práticas científicas
O primeiro eixo envolve a construção de conhecimentos cientí- elencadas associam-se aos ciclos de formação dos estudantes, ha-
ficos, em adequação ao nível de ensino e à faixa etária, com vistas à vendo uma progressão entre elas ao longo de todo o Ensino Fun-
aplicação desses conhecimentos em situações diversas. damental. De mesmo modo, é esperado que a concretização dos
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, ao apresentarem
• A compreensão da natureza das ciências e dos fatores éticos conceitos e práticas das ciências, possibilite a integração de todos
e políticos que circundam sua prática. os elementos estruturantes da Alfabetização Científica.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS - CURRÍCULOS E ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Os eixos temáticos relacionam-se de modo muito direto ao pri- O ensino por investigação está ligado ao desenvolvimento de
meiro eixo estruturante da Alfabetização Científica e revelam quais práticas científicas entre os estudantes, bem como ao seu envol-
os assuntos de ciências serão considerados para a formação básica vimento nas discussões que antecedem e acompanham essas prá-
inicial dos estudantes. ticas. O ensino por investigação não está associado a estratégias
Os objetos de conhecimento derivam dos eixos temáticos, reve- e práticas didáticas específicas, mas a ações e procedimentos do
lando unidades de ideias a serem discutidas em cada ano escolar. professor para constituir um ambiente de trabalho investigativo em
Considerando a progressão do conhecimento, um mesmo objeto que os estudantes atuam para resolver problemas, discutem ações,
de conhecimento pode aparecer em diferentes anos da escolariza- analisam situações e constroem explicações sobre fatos em estudo.
ção, pois sua abordagem, levando em conta as práticas científicas, Nesse sentido, fundamentam o ensino por investigação: o pa-
estará submetida a mudanças que permitem um novo olhar para o pel ativo dos estudantes, a construção de relações entre práticas
assunto e a compreensão de novas dimensões e perspectivas. cotidianas dos estudantes e o ensino que se dá para além dos con-
teúdos conceituais e a aprendizagem para a mudança social. Não
Importante ressaltar que o Currículo da Cidade incorporou os se trata de dar mais ênfase ao desenvolvimento de habilidades, em
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), pactuados na detrimento do trabalho com conceitos científicos em sala de aula, o
Agenda 2030 pelos países-membros das Nações Unidas, como te- que poderia acarretar um esvaziamento do currículo.
mas inspiradores a serem trabalhados de forma articulada com os Pelo contrário, no ensino por investigação, é possível que a
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento nos diferentes com- aprendizagem de conceitos, procedimentos e habilidades aconteça
ponentes curriculares. Nos quadros de objetivos de aprendizagem de maneira integrada e significativa, permitindo que os estudantes
e desenvolvimento há uma correspondência com os ODS relevantes operem com ações intelectuais de maneira mais ativa, ao mesmo
para aquele objetivo, seja do ponto de vista temático quanto sob o tempo em que constroem compreensões sobre a natureza da ciên-
olhar metodológico e de abordagens inovadoras de aprendizado. cia. Tais aspectos se coadunam com os eixos estruturantes da Alfa-
Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento e os ODS ex- betização Científica e, por isso, o ensino por investigação é um bom
pressam como cada tema ou unidade de conhecimento pode ser modo de desenvolvê-la.
trabalhado em cada ano escolar, considerando o contato com as Outro aspecto central e primordial para que o ensino por in-
Ciências Naturais que os estudantes já tenham tido. Isso marca uma vestigação possa promover a Alfabetização Científica é o papel do
vez mais a progressão na abordagem dos conceitos e das práticas professor como promotor de atividades e de situações em que os
no currículo. estudantes sejam envolvidos com a resolução e a discussão de pro-
Educadores e estudantes são protagonistas na materialização blemas sobre as ciências. Por esse motivo, o ensino por investiga-
dos ODS como temas de aprendizagem e têm ampla liberdade ção tem sido entendido como uma abordagem didática.
para também criar projetos autorais a respeito, assim como bus- Em aulas investigativas, os estudantes tomam contato com
car parceiros com o objetivo de promover maior cooperação entre conhecimentos conceituais, processuais e epistêmicos, tornando
os diferentes atores sociais e da comunidade escolar na geração e possível o desenvolvimento de raciocínio científico. Neste docu-
compartilhamento do conhecimento e da prática. Formas de inte- mento, por meio das práticas científicas explicitadas nos objetivos
grar os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento com os ODS de aprendizagem e desenvolvimento para os diferentes objetos de
na prática escolar serão detalhadas no documento de orientações conhecimento, é possível que esses conteúdos sejam desenvolvidos
didáticas dos diferentes componentes curriculares. junto aos estudantes.
Cabe destacar ainda que as abordagens temáticas, as práticas Para tal, as interações entre professor, estudantes e materiais
científicas e os ODS são pontos fundamentais para a proposição do didáticos devem ser planejadas para que ocorram de modo intenso,
currículo de Ciências Naturais, pois fundamentam a concepção de permitindo que a análise de objetos e fenômenos seja o motor das
ensino de Ciências com a finalidade de desenvolver a Alfabetização ações manipulativas e que a construção de entendimento sobre es-
Científica durante o Ensino Fundamental para uma educação mais sas situações considere os diferentes modos de perceber aspectos
inclusiva, equitativa e de qualidade. envolvidos.
Alguns elementos centrais devem ser considerados no plane-
Orientações para o trabalho do professor - investigação em jamento e na implementação de atividades de ensino por investi-
sala de aula de Ciências Naturais gação: o problema apresentado aos estudantes, os conhecimentos
Temos defendido que o ensino de Ciências deve ter como obje- teóricos ou empíricos que eles já possuem e que permitem a nova
tivo a Alfabetização Científica dos estudantes. Isso implica desen- investigação, as condições para o estabelecimento de interações
volver entre eles o conhecimento sobre conceitos das Ciências Na- entre professor, estudantes e conhecimentos e a elaboração de
turais, sobre modos de construir conhecimentos científicos e sobre modos para resolver o problema e o questionamento de ideias em
influências mútuas entre ciência e sociedade, de tal maneira que construção ou já estabelecidas.
possam interagir de modo consciente na sociedade, percebendo fe- Em sala de aula, é papel do professor trazer os problemas para
nômenos e ações e posicionando-se de modo crítico frente a eles. os estudantes investigarem. Isso não quer dizer que os estudantes
Para isso, o trabalho didático com os temas das ciências deve con- fiquem à margem desse processo: suas dúvidas, questionamentos
siderar elementos do próprio fazer científico e, entre eles, ganha e curiosidades são elementos nos quais o professor deve se apoiar
destaque o Ensino por Investigação. para construir os problemas a serem trabalhados em aula. Isso im-
Atualmente, é bastante reconhecida a importância de que os plica em considerar conhecimentos teóricos e empíricos que os es-
estudantes possam participar de modo ativo em sala de aula, sendo tudantes já possuem como modo de tornar o problema significativo
sujeito que propõe e debate ideias ao longo de seu aprendizado. O e possível de ser investigado por eles.
protagonismo dos estudantes, a partir das condições construídas e Tão importante quanto o problema a ser investigado, são as
oferecidas pelo professor, é marca do Ensino de Ciências por Inves- possibilidades conferidas aos estudantes para que possam interagir
tigação. com materiais, com conhecimentos que já possuem, com seus cole-
gas e com seu professor.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS - CURRÍCULOS E ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Em muitas dessas interações, usam-se a fala ou os gestos. Tais
interações discursivas marcam as relações entre os estudantes e
entre estudantes e professor. Mais do que apenas a expressão de
opiniões, as interações discursivas trazem possibilidades para que
diferentes pontos de vista, diferentes observações e diferentes mo-
dos de entender uma situação sejam colocados em debate. Isso au-
xilia no processo de construção de entendimento sobre um conhe-
cimento científico, bem como ajuda a avaliar posições, legitimando
acordos alcançados. Essas ações são marcas importantes do fazer
científico.
Nas interações discursivas, são também debatidas formas e
estratégias para resolver o problema que está em investigação. A
proposição de um plano de trabalho não é uma atividade simples
nas ciências e representa elemento central em muitas das pesqui-
sas realizadas.
As estratégias de trabalho congregam aspectos teóricos, de co-
nhecimentos já aceitos e com a construção das hipóteses. Em sala
de aula, na maioria das vezes, o plano de trabalho não é discutido
com os estudantes, nem se dá oportunidade a eles para que pos-
sam refletir sobre ações que podem ajudar na resolução de um
problema, o que restringe as ações à mera consecução de etapas
e pode reforçar a percepção de que o conhecimento científico é Fases e subfases do ciclo de investigação
construído por meio de passos lineares que acumulam achados e
levam à proposição de um novo saber.
Ao pensar no ensino de Ciências, que ocorre por meio de inves-
tigações levadas à sala de aula, as práticas científicas, anteriormen- http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/50633.
te mencionadas, ganham concretude. Nesse sentido, o trabalho pdf
com os problemas e o desenvolvimento das interações discursivas
em sala de aula tornam-se aliados para o desenvolvimento de ações A fase de orientação envolve o estímulo à curiosidade dos es-
que permitam o tratamento da informação, o plano de trabalho e a tudantes e apresentação do problema que será resolvido por eles.
construção de explicações. Neste momento, podem ser levantadas as concepções prévias dos
É bastante comum assumir a relação entre o ensino de Ciências estudantes sobre o assunto a ser trabalhado.
e o desenvolvimento de experimentação em sala aula. Os experi- Na fase de conceitualização, são elaboradas questões de inves-
mentos são práticas das ciências, não são as únicas, mas uma entre tigação e/ou hipóteses que poderão ser investigadas.
as importantes. Elas são reconhecidas, por vezes, como o desenvol- A investigação consiste no planejamento de ações para respon-
vimento de etapas subsequentes e bem definidas de observação e der às perguntas ou testar as hipóteses. Essas ações podem con-
coleta de dados e estabelecimento de conclusões. sistir em experimentos científicos, com controle de variáveis, ou
Essas ações podem permitir contato com aspectos do fazer cien- podem ser baseadas em explorações, ou seja, estratégias didáticas
tífico, mas não valorizam outros aspectos do processo investigativo diferenciadas, que utilizem fontes diversas de dados (textos, jogos,
que permeiam as ciências, como o problema de investigação, as debates, simulações, atividades práticas, observações em campo
negociações, a criatividade e a imaginação, a busca por razões que etc.) que possam ser analisados e interpretados de forma que pos-
expliquem evidências e conclusões, a avaliação das proposições e sibilitem a elaboração de explicações e novos conhecimentos que
o papel dos conhecimentos já construídos para o estabelecimento respondam à questão de investigação na fase de conclusão.
de novos. Ao longo de todo o processo investigativo, acontece a fase de
Como forma de dar mais concretude e auxiliar o professor a pla- discussão, que envolve o trabalho em grupo, a apresentação dos re-
nejar seu ensino de maneira investigativa, frequentemente o ensino sultados obtidos e interpretações e a reflexão e avaliação das ações
por investigação é organizado em fases que são conectadas logica- e acontecimentos que possibilitaram a construção de conhecimen-
mente em ciclos de investigação. Apresentaremos na figura a seguir tos durante a investigação.
a proposta de Pedaste et al (2015), por ser baseada em uma revisão
dos ciclos existentes na literatura. Além dessas fases, é relevante que os conhecimentos elabora-
dos possam ser aplicados em novas situações ou na resolução de
novos problemas, dando origem a novas questões e, portanto, a
novos ciclos de investigação. A proposta aqui não é que o professor
siga o ciclo de investigação como uma sequência de etapas lineares.
As próprias flechas do esquema indicam que o ciclo investigati-
vo é complexo e há um ir e vir ao longo de todo o processo. Apesar
de, em geral, a questão de investigação orientar o planejamento de
ações para a coleta de dados e informações, ao produzirmos esse
planejamento, muitas vezes, temos que nos voltar novamente à
questão para refiná-la ou adequá-la aos instrumentos e métodos
disponíveis, por exemplo.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS - CURRÍCULOS E ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Nesse sentido, é importante considerar que as fases são ele- No caso específico de Ciências Naturais, demanda ainda a deli-
mentos do ensino por investigação que estão conectados de manei- beração sobre concepções a respeito da natureza do conhecimento
ra a contribuir com a criação de um ambiente investigativo, interati- científico e do papel do ensino de Ciências Naturais na formação de
vo e reflexivo nas salas de aulas de Ciências Naturais. jovens e adultos.
Ao longo desses movimentos, conhecimentos já existentes en-
tre os estudantes, advindos de sua experiência cotidiana ou de seu O presente documento, em sua integralidade, encontra-se
contato formal com a escola, surgirão e devem ser debatidos à luz disposto no seguinte endereço eletrônico:
das novas informações para que conceitos e ideias mais completas
sejam construídos. O processo de debate, considerado como uma https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/
prática científica e realizado a partir de interações que instiguem a uploads/2020/03/CC-EJA-Ciencias.pdf
crítica, deve colocar em cena elementos processuais da construção
de conhecimento no âmbito das ciências.
Todos estes elementos, processuais, conceituais e interacionais,
devem ser considerados para a avaliação dos estudantes, assim SÃO PAULO (SP). SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO.
como para a avaliação que o professor faz de sua própria prática. COORDENADORIA PEDAGÓGICA. ORIENTAÇÕES DIDÁTI-
Isso também pode ocorrer como uma investigação, em que avanços CAS DO CURRÍCULO DA CIDADE: CIÊNCIAS NATURAIS. –
são analisados, bem como os esforços despendidos para atingi-los. 2.ED. – SÃO PAULO: SME / COPED, 2019

O presente documento, em sua integralidade, encontra-


-se disposto no seguinte endereço eletrônico: A proposta curricular de Ciências Naturais da Secretaria Mu-
nicipal de Educação de São Paulo, além da ação com professores,
http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Fi- da consulta à Rede e em trabalhos sobre concepções de currículo,
les/50633.pdf fundamentou-se em estudos que analisam e propõem o papel das
ciências na sociedade atual.
“A escola ensina conteúdo”. Essa ideia é bastante comum e di-
fundida; e, em certos aspectos, é uma ideia correta. Mas a esco-
SÃO PAULO (SP). SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. la ensina mais. Nas aulas de Ciências Naturais, além dos temas e
COORDENADORIA PEDAGÓGICA. CURRÍCULO DA CIDADE: tópicos de interesse dessa área, podem ser ensinados os próprios
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: CIÊNCIAS NATURAIS– modos de construir conhecimento científico, além das múltiplas re-
SÃO PAULO: SME / COPED, 2019 lações e influências existentes entre ciência e sociedade.
A escola é para os estudantes um espaço importante de intera-
ção. É espaço, ainda, em que suas subjetividades e as suas individu-
Currículo da Cidade – EJA2 alidades destacam-se e se complexificam, ao mesmo tempo em que
A Secretaria Municipal de Educação (SME), com objetivo de po- convivem com objetividades e individualidades múltiplas de outros.
tencializar o ensino e a aprendizagem dos estudantes da Educação Qualquer pessoa que tenha frequentado a escola lembrará des-
de Jovens e Adultos (EJA) no Município de São Paulo, apresenta o se espaço, trazendo à tona aspectos emotivos, estejam eles ligados
Currículo da Cidade: Educação de Jovens e Adultos que constitui-se às angústias sofridas em épocas de avaliação, como também às ale-
como o resultado de um trabalho coletivo e dialógico que contou grias pelo convívio social e pelas oportunidades de enriquecimen-
com a participação de professores das diversas formas de atendi- to cultural e de desenvolvimento. Fato é que não saímos ilesos da
mento da EJA (Regular, Modular, Centros Integrados de Educação escola: somos modificados por ela e a modificamos, pelo trabalho
de Jovens e Adultos – CIEJAs e Movimento de Alfabetização de São com a formação de novas habilidades cognitivas e novos convívios.
Paulo – MOVA), representantes das Diretorias Regionais de Educa- Juízos sobre convivência, amizade, respeito e colaboração são
ção (DREs), técnicos da Coordenadoria Pedagógica (COPED) e pes- construídos também em atividades e experiências escolares. Isso
quisadores da área. reafirma algo que é claro aos professores: a escola ensina muito
mais do que apenas conteúdos disciplinares. Por vezes o desen-
→ Ciências Naturais – EJA volvimento de ideias e atitudes, como as acima elencadas, ocor-
A elaboração de um currículo, entendida como processo de deli- re espontaneamente, mas em outras, o trabalho é intencional e,
beração sobre finalidades, objetivos, conhecimentos, metodologias portanto, práticas são implementadas com o objetivo de que os es-
e formas de avaliação a serem contemplados na escolarização, im- tudantes tenham a oportunidade de envolverem-se com aspectos
plica a reflexão prévia sobre a função social da escola e o conheci- atitudinais e procedimentais, a partir dos cognitivos.
mento do público-alvo. Nesse sentido, no Currículo da Cidade para Um grande embate que pode surgir na tênue linha que separa
a EJA, a escolha de Objetos de Conhecimento articula-se à definição e une a abordagem de conceitos do trabalho com outras habilida-
de Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento e estes, por sua des igualmente importantes para o desenvolvimento dos estudan-
vez, dialogam com as ­finalidades pretendidas para a escolarização, tes é trabalhar atitudes e procedimentos sem relacioná-los com o
considerando as especificidades da modalidade, das etapas e dos conteúdo. Pois, ainda que esteja à margem dessa abordagem, pode
estudantes. Invertendo-se a equação, temos que a seleção de Ob- gerar o não reconhecimento das atitudes e procedimentos, além
jetos de Conhecimento e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvi- das partes integrantes e dos componentes do conteúdo disciplinar.
mento demanda uma reflexão prévia sobre o perfil do estudante da Considerando as Ciências Naturais como pertencentes a uma
Educação de Jovens e Adultos e a função social dessa modalidade. área de conhecimento da humanidade, saberes e práticas foram
trazidos para a proposta e são igualmente discutidos na apresen-
tação dos eixos norteadores do currículo, dos objetos de conhe-
cimento a serem trabalhados em aulas de Ciências Naturais e na
proposição dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para
2 https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/educacao-de-jovens-e-adul-
o Ensino Fundamental.
tos-eja/publicacoes-eja/curriculo-da-cidade-eja/
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS - CURRÍCULOS E ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Leva-se em consideração, também, a contextualização da ______________________________________________________
aprendizagem no interior da Matriz de Saberes assim como nos 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Agenda ______________________________________________________
2030.
O trabalho escolar voltado para conhecimentos e práticas das ______________________________________________________
ciências possibilita aos estudantes o contato com modos de produ-
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ção de conhecimento e, em decorrência, surge a necessidade de
discutir aspectos sociais, culturais e políticos que interagem mutua- ______________________________________________________
mente representando novos conhecimentos, novos modos de com-
portamento, outras perspectivas de entender o mundo. ______________________________________________________
Tendo fundamentado a proposta curricular, o olhar conjunto
para práticas e conhecimentos em aulas de Ciências Naturais deve ______________________________________________________
apoiar o professor no trabalho didático e pedagógico.
Temas abordados: ______________________________________________________
• Gestão da sala de aula;
______________________________________________________
• Avaliação de Ciências Naturais;
• Possibilidades para o Desenvolvimento dos Eixos Temáticos ______________________________________________________
no Ensino Fundamental;
• O Ensino por Investigação na Construção de Percursos Forma- ______________________________________________________
tivos na Prática de Sala de Aula;
• O Ensino de Ciências como Cultura para Todos. ______________________________________________________
Para estudar o documento completo acesse: https://educacao.
sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/05/50720.pdf ______________________________________________________

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CARVALHO, ANNA MARIA PESSOA DE. (ORG.). ENSINO DE SASSERON, LÚCIA HELENA; MACHADO, V.F. ALFABETIZA-
CIÊNCIAS POR INVESTIGAÇÃO: CONDIÇÕES PARA IMPLE- ÇÃO CIENTÍFICA NA PRÁTICA: INOVANDO A FORMA DE
MENTAÇÃO EM SALA DE AULA. SÃO PAULO: CENGAGE LE- ENSINAR FÍSICA. SÃO PAULO: LIVRARIA DA FÍSICA. 1ª EDI-
ARNING, 2013 ÇÃO, 2017

Em razão da enorme quantidade de conhecimento que a huma- O termo “Alfabetização Científica”


nidade vinha (e vem) adquirindo, tornou-se praticamente impossí- Ao estudar a literatura estrangeira relacionada à Didática das
vel ensinar tudo a todos, então foi-se otimizando os conhecimentos Ciências, percebemos uma variação no uso do termo que defina
e sendo repassados às gerações posteriores principalmente aquilo o ensino de Ciências preocupado com a formação cidadã dos alu-
que era julgado como mais importante, daí se passou a prezar mais nos para ação e atuação em sociedade. Os autores de língua espa-
pela qualidade do ensino do que por quantidade. nhola, por exemplo, costumam utilizar a expressão “Alfabetización
Epistemólogo Piaget, Psicólogo Vigotsky: Dois grandes estu- Científica” para designar o ensino cujo objetivo seria a promoção
diosos no que se refere à aprendizagem, através de seus estudos, de capacidades e competências entre os estudantes capazes de
que apesar de primeiramente aparentarem opostos, revelaram- permitir-lhes a participação nos processos de decisões do dia-a-dia
-se suplementares um ao outro e, trouxeram, juntos, importantes (Membiela, 2007, Díaz, Alonso e Mas, 2003, Cajas, 2001, Gil-Pérez
avanços no âmbito em questão, mostrando que o professor deve e Vilches-Peña, 2001); nas publicações em língua inglesa o mesmo
ser somente um guia que leve o aluno a pensar, analisar e criticar, objetivo aparece sob o termo “Scientific Literacy” (Norris e Phillips,
estimulando seu raciocínio através questões contextualizadas com 2003, Laugksch, 2000, Hurd, 1998, Bybee, 1995, Bingle e Gaskell,
o cotidiano, levando em consideração o conhecimento prévio que 1994, Bybee e DeBoer, 1994); e, nas publicações francesas, encon-
eles possuem sobre os assuntos a serem tratados, para assim in- tramos o uso da expressão “Alphabétisation Scientifique” (Fourez,
tegrarem o novo conhecimento ao já existente (o que constitui a 2000, 1994, Astolfi, 1995).
Aprendizagem Significativa), através de problematizações com que Os autores brasileiros que usam a expressão “Enculturação
os aluno possam interagir ativamente para explorar o novo conteú- Científica” partem do pressuposto de que o ensino de Ciências pode
do em busca de soluções lógicas. e deve promover condições para que os alunos, além das culturas
No texto também é falado sobre a ZDP (zona de desenvolvimen- religiosa, social e histórica que carregam consigo, possam também
to proximal), que pode promover uma interação mais fácil do aluno fazer parte de uma cultura em que as noções, ideias e conceitos
com o objeto de estudo, gerando mais comodidade e foco no pro- científicos são parte de seu corpus. Deste modo, seriam capazes
cesso de assimilação do conteúdo, sendo isso bastante útil princi- de participar das discussões desta cultura, obtendo informações e
palmente para lidar com pessoas tímidas, pois estimula a discussão fazendo-se comunicar.
sobre a problematização do assunto proposto, com um pequeno Os pesquisadores nacionais que preferem a expressão “Letra-
grupo de colegas (Peer Instruction), ao invés de ser diretamente mento Científico” justificam sua escolha apoiando-se no significado
com o professor ou com toda a classe. A utilização de artefatos cul- do termo defendido por duas grandes pesquisadores da Linguística:
turais, sejam eles teóricos ou práticos, como ferramentas de ensino Angela Kleiman e Magda Soares. Soares (1998) define o letramento
é algo importante pois se trata de uma ligação que o aluno tem com como sendo “resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e es-
algo que já é conhecido, o que promove uma maior assimilação do crever: estado ou condição que adquire um grupo social ou um in-
conteúdo, uma vez que está sendo associado a algo que o aluno já divíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita” (p.18).
conhece, resultando desta maneira em uma mais propícia consoli- Utilizamos a expressão “Alfabetização Científica” alicerçadas na
dação do novo aprendizado. ideia de alfabetização concebida por Paulo Freire:
As problematizações contextualizadas com as ferramentas e/ou “...a alfabetização é mais que o simples domínio psicológico e
artefatos culturais podem, e preferencialmente devem, ser usadas mecânico de técnicas de escrever e de ler. É o domínio destas téc-
de início como abordagem temática, utilizando uma das três formas nicas em termos conscientes. (...) Implica numa autoformação de
constantes, que são os problemas experimentais, demonstrações que possa resultar uma postura interferente do homem sobre seu
investigativas e, problemas não experimentais, sendo necessária a contexto.” (p.111, 1980)
atenção do professor à faixa etária do aluno, para que seja promo-
vida a problematização de acordo com a capacidade cognitiva do O Conceito de Alfabetização Científica
mesmo. Para compreender o que seria a Alfabetização Científica, reali-
zamos uma revisão do conceito na literatura da área de Didática das
Ciências, e procuramos salientar algumas das preocupações consi-
deradas na proposição da AC como objetivo para a formação de
cidadãos críticos para a atuação na sociedade.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA - CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Alfabetização Científica e o currículo de Ciências
Hurd (1998) comenta sobre as modificações sofridas pelos SONIA M. VANZELLA CASTELLAR. 1. ED.METODOLOGIAS
currículos de Ciências nos Estados Unidos da América ao longo do ATIVAS : INTRODUÇÃO / ORGANIZADORA SÃO PAULO :
século XX. O autor lembra que na década de 1930 surgiram algu- FTD, 2016
mas manifestações a favor de um currículo que levasse em conta
as dimensões socioculturais das ciências, ou seja, um currículo que
considerasse o impacto do progresso promovido por esses conheci- Como saber se os alunos estão aprendendo e compreendendo
mentos e suas aplicações na vida, sociedade e cultura de cada pes- o que o professor ensina em sala de aula? O conteúdo ensinado é
soa. Outro momento marcante, como ressalta Hurd, são os anos pós adequado ao ano escolar e à idade dos alunos? As experiências de
Segunda Guerra Mundial, quando o mundo todo e, consequente- um professor de outra escola podem valer para a minha classe? De
mente, as Ciências sofreram mudanças. Alterações na prática cientí- que maneira posso estimular os alunos a participar da aula e apren-
fica representaram impactos para as dimensões social, econômica e der? Por que alguns alunos acham as aulas entediantes?
política de diversos países, além de alterações no modo de vida das Questionamentos como esses são recorrentes no cotidiano de
pessoas. Programas de ensino de Ciências começaram a ser repen- professores. Às vezes, a sensação é de não saber o que fazer para
sados e replanejados por todo o mundo e, muitos deles, visavam a que os alunos se envolvam com as atividades, pois há momentos
formação de jovens cientistas. A este respeito, Hurd afirma que os em que eles parecem viver em um mundo à parte e momentos em
currículos de ciências nas décadas de 1950 e 1960 enfatizavam o que se entediam facilmente. Envolvê-los no processo de ensino-
“entendimento das estruturas clássicas das disciplinas científicas e -aprendizagem é um desafio.
seu modo de investigação” (1998, p.408, tradução nossa). Diante dessas e de outras questões que o professor enfrenta
Laugksch (2000) enfatiza esta preocupação nos anos 1950 e em sua prática educativa, foi desenvolvido este trabalho sobre me-
1960, mais acentuada nos países desenvolvidos, de se formar es- todologias ativas, que visa abordar intervenções pedagógicas que
tudantes com habilidades capazes de despertarem-lhes o desejo de estimulam os alunos a se envolver no processo de construção do
trabalharem na pesquisa científica. Qualifica, então, este período conhecimento, possibilitando-lhes refletir, estabelecer relações, fa-
como a época de legitimação do conceito de AC, embora lembre zer descobertas e dar sentido aos conteúdos estudados.
que, no mesmo período, o conceito ainda não era foco de atenção A proposta é apresentar possíveis mudanças na prática escolar,
de pesquisadores em ensino e, portanto, estava longe de possuir por meio de metodologias que permitam aos alunos e professores
uma definição minimamente clara. Laugksch mostra-nos que nas construírem o conhecimento e ampliarem os saberes, em um am-
duas décadas seguintes começam a se desenrolar diversas tenta- biente desafiador e respeitoso.
tivas de interpretação do significado da AC. Ele ainda ressalta que, Este volume Metodologias Ativas: Introdução apresenta um di-
preocupado com a competitividade econômica, o governo dos Es- álogo sobre o que são e como se desenvolvem as metodologias ati-
tados Unidos da América, em especial, volta a se preocupar com os vas, a fim de que se estabeleça uma conexão entre conteúdo, prá-
rumos do ensino das ciências e a AC paulatinamente torna-se um ticas pedagógicas, processo de ensino e aprendizagem significativa.
objetivo nas escolas daquele país. Os questionamentos levantados na apresentação deste volume
são ao mesmo tempo provocadores e estimuladores, pois fazem
Alfabetizados Cientificamente: O que é? Quem é? Quais as ha- todos os envolvidos no ensino -aprendizagem pensarem sobre a
bilidades? complexidade do processo, que o processo é contínuo e exige uma
No artigo “How Literacy in Its Fundamental Sense is Central to organização das práticas pedagógicas para tornar a experiência es-
Scientific Literacy”, colar significativa.
publicado em 2003, Stephen Norris e Linda Phillips exploram a Práticas escolares que valorizam o aluno como protagonista per-
idéia de alfabetização e mostram a importância de se saber ler e mitem que ele participe do processo e se envolva na construção de
escrever para que haja a Alfabetização Científica. diferentes conhecimentos. Dessa forma, o aluno pode compreen-
Para esses autores, ler e escrever são habilidades fundamentais der a realidade e a explicação para os fenômenos naturais, a criação
para a AC, uma vez que todos os conhecimentos científicos existen- de um objeto técnico, a descoberta de uma vacina, entre outros.
tes e aceitos pela comunidade científica precisam passar por ava- Um aluno estimulado busca sentido no que aprende; se deses-
liações e julgamentos que se dão, na grande maioria das vezes, por timulado, não encontrando sentido naquilo que está estudando,
meio de publicação de artigos e teses. Norris e Phillips, no entanto, reforça os obstáculos que podem dificultar a aprendizagem.
fazem questão de enfatizar que ter habilidades de leitura e escrita
são condições necessárias, mas não suficientes para a AC. Perspectivas para a prática pedagógica
“Ler e escrever estão intrinsecamente ligados à natureza da ci- Os questionamentos levantados na apresentação deste volume
ência e ao fazer científico e, por extensão, ao aprender ciência. Reti- são ao mesmo tempo provocadores e estimuladores, pois fazem
rando-os, lá se vão a ciência e o próprio ensino de ciências também, todos os envolvidos no ensino -aprendizagem pensarem sobre a
assim como remover a observação, as medidas e o experimento complexidade do processo, que o processo é contínuo e exige uma
destruiriam a ciência e o ensino dela.” (2003, p.226, tradução nossa) organização das práticas pedagógicas para tornar a experiência es-
colar significativa. Práticas escolares que valorizam o aluno como
protagonista permitem que ele participe do processo e se envolva
na construção de diferentes conhecimentos. Dessa forma, o aluno
pode compreender a realidade e a explicação para os fenômenos
naturais, a criação de um objeto técnico, a descoberta de uma va-
cina, entre outros.
Um aluno estimulado busca sentido no que aprende; se deses-
timulado, não encontrando sentido naquilo que está estudando,
reforça os obstáculos que podem dificultar a aprendizagem.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA - CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na prática pedagógica, é importante o professor conhecer as Essas práticas educativas apresentam os requisitos para garantir
motivações dos alunos, suas concepções espontâneas e seus inte- uma aprendizagem significativa, colocando o aluno como respon-
resses para que possa planejar e organizar estratégias de ensino sável por seu processo de construção de conhecimento. As estraté-
que facilitem a aprendizagem. Também é necessário estabelecer as gias utilizadas nessas práticas são apresentadas como metodologias
finalidades educativas, por meio de o que ensinar, para que ensinar, ativas, cuja concepção é colocar o aluno em estado de mobilização,
quem ensinar, como ensinar. Sendo o aluno o protagonista e grande utilizando recursos e abordagens adequados para os alunos e para
participante do processo de ensino -aprendizagem, cabe ao profes- os conteúdos e objetivos definidos.
sor ser o mediador, facilitando o acesso ao conhecimento. A crença de que todo aprendizado é interativo e de que os alu-
Um processo de aprendizagem orientado e mediado pelo pro- nos são potenciais ativos de aprendizagem, pelo simples fato de
fessor permite a todos os envolvidos superar obstáculos e dificul- ouvirem as explicações que lhes eram fornecidas, encontrou muitas
dades. Ações pedagógicas adequadas e alinhadas a fundamentos resistências (explicitadas na literatura científica pedagógica e nas
teóricos da disciplina enriquecem o trabalho em sala de aula. áreas de conhecimento específicas).
Inspirar -se na lição dos inovadores implica superar as dificul-
dades que surgem com as mudanças em relação aos conteúdos e Escola: espaço para construção de conhecimento
métodos apropriados a uma nova perspectiva pedagógica. A filo- A escola é um espaço importante não apenas para a construção
sofia da experiência defende uma prática pedagógica voltada para de conhecimento como também para uma real compreensão e di-
o fazer, para a vivência e para a construção de saberes científicos mensão da democracia. Como Dewey (2002) afirma, a escola pode
por meio de ações. Para romper com uma visão simplista das prá- propiciar o entendimento de democracia participativa; isso significa
ticas pedagógicas, materializada por um conjunto de exercícios de uma escola com equidade e igualdade tanto na forma de organiza-
fixação, é necessário associar o conhecimento disciplinar aos co- ção quanto no acesso ao conhecimento. Não há dúvidas de que a
nhecimentos didáticos, dinamizando as ações em sala de aula para gestão da escola corrobora com o processo democrático.
torná-las significativas e contextualizadas socialmente. Entender a escola como o lugar em que o aluno organiza seu
Nessa perspectiva, é fundamental a superação da cultura edu- conhecimento, compreende os conceitos científicos e entende que
cacional tradicional; fica mais viável pensar o que ensinar, como esse conhecimento é um produto social tem sido um dos enfoques
ensinar, para que ensinar e para quem quando há superação dos nos estudos de quem trabalha na área de Metodologia de Ensino.
Estudos relacionados às metodologias de ensino mostram a ne-
obstáculos epistemológicos e didáticos.
cessidade de se pensar em soluções eficazes para que ocorra uma
Para estabelecer mudanças, convém primeiramente saber
aprendizagem significativa, voltada à compreensão de conceitos
quem são os alunos, qual é sua idade e o que já aprenderam. Isso
científicos. Esses estudos procuram mostrar maneiras de integração
significa compreender a dimensão psicopedagógica, que está rela-
entre as diferentes áreas.
cionada à cognição e às teorias de aprendizagens, e reconhecer o
Outros estudos propõem uma aprendizagem em que o profes-
conhecimento que o aluno já possui.
sor seja intermediário na construção de conhecimento e considere
Em segundo lugar é importante saber o que se ensina e para
que os alunos levam para a sala de aula hipóteses que a própria vida
que se ensina, articulando a construção do conhecimento e os
cotidiana lhes oferece.
conceitos científicos com a teoria do conhecimento, o que implica Para que essa aprendizagem ocorra, é importante saber as in-
compreender a história das disciplinas, das ciências e do currículo; tenções de educar, ou seja, compreender a finalidade do ensino,
trata-se, portanto, dos fundamentos das disciplinas, da epistemolo- que está fundamentada na pergunta: O que tenho de ensinar e por
gia dos conteúdos. Por fim, deve-se compreender o como, que se que devo ensinar esse conteúdo? É impossível realizar qualquer
vincula à didática, às metodologias, ou seja, aos métodos de ensi- atividade de ensino sem conhecer as razões que a justificam (CAR-
nar, para que o aluno possa fazer suas descobertas, construir seu MEN, 2001; ZABALA, 2006, p. 82).
conhecimento, aprender conteúdos com as inovações ou descobrir Essa concepção de ensino contribui para se pensar: Quais são as
estratégias didáticas em sala de aula. funções dos conteúdos que ensinamos? ou melhor, para compre-
ender o valor e a função de cada conteúdo das áreas que os alunos
Dimensões pedagógicas e epistemológicas devem aprender.
A dimensão pedagógica permite compreender o processo de O entendimento de que o processo de democratização da es-
ensino- -aprendizagem e contribuir para ampliação da dinâmica cola, bem como das aulas, é fundamental para que os alunos se-
do trabalho em sala de aula. Isso compreende: conhecer os alunos jam estimulados a pensar criticamente, analisando situações do
(quem são os alunos), prover atividades investigativas a partir do cotidiano e relacionando-as aos conteúdos estudados em sala de
que já conhecem e vivenciam sobre determinado assunto (o que aula é a concepção central para uma aprendizagem por meio de
sabem e para que) e promover a articulação entre a teoria e a prá- metodologias ativas. Estimular significa fazer escolhas de acordo
tica para que percebam o sentido dos conteúdos e os diferentes com as características e com o contexto escolar para privilegiar os
conceitos (o que ensinar). Já a dimensão epistemológica sustenta conhecimentos que são fundamentais para a escola.
o conhecimento disciplinar e o trabalho científico do professor na
sala de aula em uma perspectiva investigativa. O construtivismo
(...)As informações apresentadas até aqui reforçam a necessi- As pesquisas em torno do construtivismo trouxeram significa-
dade de mudança de paradigmas na prática pedagógica e em como tivos avanços para o ensino. Vários resultados dessas pesquisas
planejar, replanejar ou reorganizar as estratégias ou metodologias indicam a necessidade de diversificar as maneiras de o professor
do ensino para estimular os alunos e despertar-lhes o interesse pe- organizar suas aulas a partir de uma concepção que leve em consi-
los conteúdos disciplinares. Um dos objetivos a ser estabelecido deração o processo de aprendizagem indo além da mera apresenta-
para estimula-los é diminuir a distância entre a atividade do pro- ção de uma informação.
fessor (ensinar) e o resultado obtido (aprender). A concepção de
ensino, quando organizada por objetivos e metas, foca, em primeiro
plano, na forma como o aluno aprende e, em segundo plano, em
como se ensina.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA - CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Uma das maneiras de avançar na aprendizagem à luz da pers- Mito 2. Ao ouvir, o aluno vai formulando suas hipóteses, inte-
pectiva do construtivismo é prover situações em que o aluno se riorizando conhecimento e teorias.
coloque em uma situação ativa de aprendizagem, o que implica a Ouvir e trabalhar com hipóteses, quando feito apenas pelo alu-
prática de ações que estimulam o pensamento. O construtivismo no ou de uma forma que o professor não acompanhe o processo
tem como suporte teórico a teoria de Piaget (1997) sobre a equili- de raciocínio do aluno, não garante uma aprendizagem ativa. Neste
bração e o modo como ocorrem a assimilação e a acomodação no sentido, participar como ouvinte de uma palestra não faz parte da
pensamento da criança. aprendizagem ativa. Ao contrário, para a prática se qualificar como
A teoria de equilibração, central na teoria da psicologia ge- aprendizagem ativa, é essencial que professor e aluno participem
nética, explica o mecanismo que permite ao sujeito alcançar um de outras dinâmicas, que ouçam e se envolvam em atividades em
esquema ou estrutura de ordem superior ao sair de um nível de grupo. As estratégias de trabalho em grupo são importantes na di-
menor conhecimento para um nível de maior conhecimento; há um nâmica do trabalho em sala de aula, pois todos os alunos aprendem
desequilíbrio em relação ao que se sabia e ao que se reelaborou e a ouvir, a respeitar a fala do outro, o posicionamento do colega;
interiorizou. Esse mecanismo pode ser entendido na reestruturação essas posturas estimulam o processo de aprendizagem.
que ocorre quando o sujeito entra em desequilíbrio com o objeto; a
percepção do esquema anteriormente formado e o novo que se for- O que caracteriza a aprendizagem ativa A aprendizagem ativa é
mou gera um desequilíbrio cognitivo. Como já afirmado, a preocu- caracterizada por:
pação, nessa perspectiva, é com a compreensão do conhecimento e - aprendizagem colaborativa, em que há envolvimento de mais
as mudanças dos níveis de complexidade do pensamento. alunos no processo de construção de conhecimento e trocas entre
Em vários contextos históricos e épocas, entender os processos eles para que o aprendizado ocorra. Deve haver envolvimento dos
de construção do conhecimento ou a maneira como se desenvolve alunos para fazerem coisas e estimulá-los a pensarem sobre elas;
a inteligência de uma criança sempre foi o desafio de teóricos como - um contínuo de tarefas simples para complexas, em que se vai
Dewey, Piaget, Ausubel, Vigotski, entre outros. Eles influenciaram exigindo, aos poucos, um nível maior do uso das funções cognitivas;
muitas gerações de pesquisadores nos séculos XX e XXI e impul- - instrução direta dos professores e trabalho dos alunos a partir
sionaram estudos que possibilitaram um entendimento maior so- dessa instrução;
bre os processos de ensino e de aprendizagem e as maneiras pelas - aprendizagem individual, levada pelo próprio aluno, em que
quais o ato de ensinar e de aprender pode se tornar menos “passi- este sistematizará o que foi trabalhado e aprendido no grupo e for-
vo” e mais ativo. mará para si um conhecimento. Ou seja, a aprendizagem, mesmo
que ocorra em grupo, é individual.
Aprendizagem ativa
A aprendizagem ativa engloba experiência concreta (um even- Esta aprendizagem individual pode ser operacionalizada, por
to) e experimentação ativa (planejamento de uma experiência). Ao exemplo, a partir de estratégias que envolvam a escrita. Assim, é
mesmo tempo exige reflexão, observação (pensar sobre o que ocor- possível superar os mitos apresentados anteriormente, tornando
reu) e abstração de um conceito (pensar sobre o que aprendeu e as atividades mais significativas, estimulando os alunos a ouvir os
estabelecer relação com o que já foi aprendido). A aprendizagem, outros, pensar sobre o que está sendo discutido e, por fim, elaborar
em uma perspectiva da metodologia ativa, é vista como um gradual, um registro coletivo e individual.
mas cumulativo desenvolvimento de saberes por meio da participa- Ao pensar no cotidiano escolar, muitas vezes a apropriação de
ção em atividades nas quais o conhecimento é progressivamente conhecimento científico pelo aluno pode parecer impossível, mas o
construído, aplicado e revisto. propósito deste volume Metodologias ativas: introdução é apresen-
É importante considerar, quando se trabalha com aprendizagem tar sugestões e apontar caminhos para que as ações em sala de aula
ativa, que há uma série de aquisições a serem feitas por alunos e sejam instigantes e envolvam os alunos nas atividades.
professores que vão além de conceitos a serem adquiridos. Nesse A ação pedagógica dá uma direção, um rumo às práticas educa-
sentido, interessa a aquisição, por parte dos alunos, de estratégias, tivas, conforme os interesses, determinando finalidades sociopolí-
habilidades, valores, capacidade de analisar, sintetizar, além de ou- ticas e formas de intervenção organizativa e metodológica do ato
tras. educativo. Essas concepções, portanto, tirariam os alunos da inér-
Há, ainda, resistência por parte de alguns professores em rela- cia. Pensar pedagogicamente os saberes escolares, em uma pers-
ção à aprendizagem ativa, por considerarem difícil aplica-la quando pectiva metodológica significativa para os alunos, implica desenvol-
os alunos não possuem um conhecimento mínimo necessário para ver ações que eliminem essa inércia, desencadeando reações mais
que sejam trabalhados alguns conteúdos. Essa resistência muitas positivas e propositivas em relação à construção do conhecimento
vezes revela uma falta de conhecimento das estratégias que podem escolar. Tirar os alunos da inércia do pensar e do fazer implica com-
ser utilizadas, até por desconhecimento da existência dessa teoria. preender a função social da escola, reconhecer que o conhecimen-
Entretanto, é importante lembrar que nenhum modelo de ensino to científico é importante, mas construído social e historicamente,
pode ser visto como uma salvação para o ensino. que o currículo é político e também reflete a dimensão cultural em
Em vista disso, retomamos a afirmação, presente na apresenta- que a escola está inserida.
ção deste volume, de que não há uma metodologia de ensino que Nessa perspectiva, elaborar um projeto curricular que conside-
garanta por si só o sucesso do ensino e da aprendizagem. Aqueles re os contextos socioculturais dos alunos é estabelecer conteúdos
que trabalham em uma perspectiva de construção do conhecimen- que representem elementos culturais mais relevantes, significati-
to – e, portanto, da aprendizagem pela metodologia ativa – preci- vos, integrados, interdisciplinares, contribuindo para desenvolver o
sam tomar cuidado com dois mitos: raciocínio dos estudantes.

Mito 1. O fazer garante aprendizagem ativa. A avaliação no contexto das metodologias ativas
É necessário haver atividades, mas é necessário que elas sejam Avaliação sempre foi um tabu na escola. Tabu porque, ao avaliar
relevantes. Nesse sentido, precisa haver relação entre atividades e o aluno, também são avaliadas as aulas, a maneira de trabalhar em
objetivos de aprendizagem, e ambos (atividades e objetivos) devem sala de aula, as estratégias de ensino, as concepções sobre os fun-
levar à reflexão. damentos das disciplinas ministradas e, ainda, se o caminho adota-

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do está adequado. Outro ponto que também incomoda quando se A ideia de fracasso, embora não seja utilizada nas diretrizes do
trata da avaliação é se o rendimento do aluno será classificado ou sistema educacional ou nas produções acadêmicas no âmbito da
analisado. educação, ainda está presente nas escolas, às vezes no inconsciente
A avaliação na proposta das metodologias ativas é compreendi- dos professores e da direção da escola.
da também como parte essencial do processo de ensino-aprendiza- Ao estabelecer práticas tradicionais, que não estimulam o aluno
gem. A avaliação não está dissociada da proposta didática e curri- a construir conhecimento, mas apenas a absorver informações des-
cular do professor, e, portanto, deverá ser levada em consideração tituídas de significado, os professores acabam contribuindo para os
para diagnosticar o que ocorre pedagogicamente com os alunos. conflitos em sala de aula – o aluno não vê significado no que está
Ao elaborar a avaliação, perguntas como estas a seguir são uma aprendendo, e os professores assumem que não precisam mudar a
maneira de valorizar o processo de apreensão do conhecimento: maneira de ensinar.
- Quais são as operações mentais que estou mobilizando no Ao adotar uma estratégia exclusivamente de transmissão verbal
aluno para que ele responda a essa pergunta ou resolva esse pro- dos conteúdos disciplinares, sem considerar o que o aluno sabe,
blema? suas crenças e visão de mundo – prática bastante recorrente na
- O instrumento que construí para a avaliação me dará informa- escola –, o professor acredita que está ocorrendo aprendizagem e
ções para analisar a apropriação dos conceitos? que, se o aluno não aprende, é por falta de estudo ou em função de
- Consigo realizar uma análise cuidadosa para verificar a eficácia seu grau de inteligência.
do ensino para a aprendizagem? No cenário proposto pela perspectiva das metodologias ativas,
criam -se oportunidades para que o professor passe a ser valorizado
Por fim, a avaliação não deve se limitar a apenas um instrumen- por mérito, pela maneira como constrói o percurso educativo, em
to, como a prova escrita. Esse tipo de procedimento pode manter uma escola estruturada e com condições de trabalho adequadas,
a mesma lógica de avaliação, por fixação de informação, e dessa com uma gestão do currículo, nada justificando o fato de o aluno
forma não suprir deficiências em relação ao processo de aprendiza- não aprender.
gem. Para que o processo de avaliação seja coerente e justo, alguns Para ocorrer aprendizagem, é importante que se construa, em
cuidados devem ser tomados. sala de aula, uma relação estimuladora da crítica, mediada por ou-
Krasilchik (2001) chama a atenção para que, no processo de tros saberes anteriormente construídos. Nas discussões, devem ser
avaliação, o docente tenha cuidado ao observar o aluno: precisa incorporadas as representações que os alunos têm da realidade em
superar os preconceitos para não gerar injustiças entre os alunos que vivem.
considerados “bons” e os “maus”. Deve ser possível colocar em jogo as várias concepções dos ob-
Para evitar erros e melhorar a avaliação, a autora sugere que jetos em estudo, oferecendo explicações coerentes e mais profun-
os professores organizem e sistematizem os dados de observação das sobre esses objetos e fenômenos. Por meio de metodologias
contínua, preparem os instrumentos de avaliação e garantam que inovadoras e ativas, que provocam surpresas quando há desco-
os alunos adquiram familiaridade com estes. É importante utilizar bertas e que estimulam a elaboração de outros questionamentos,
vários instrumentos de avaliação e atentar para que eles sejam co- podem ocorrer momentos de superação das dificuldades de apren-
erentes com os assuntos e habilidades indicados nos objetivos/ex- dizagem. Certamente, o problema de não aprender não se resol-
pectativas da aprendizagem do planejamento. ve com medidas imediatistas e avaliações classificatórias, que res-
A avaliação, dessa forma, tornar -se -á uma relação entre o que pondem apenas a uma expectativa estatística e não à qualidade da
existe e o que era esperado, entre um dado comportamento e um aprendizagem.
comportamento alvo, entre uma realidade e um modelo ideal. Essa A cultura escolar continua considerando todos os alunos da
relação é estabelecida entre o avaliador e o sujeito por ele avaliado, mesma idade em igual condição de aprender, seguindo o mesmo
currículo e o mesmo tipo de aula, sem notar as diferenças. As es-
entre professor e aluno, e, a partir dela, é possível verificar a inten-
colas continuam abordando os temas com um único referencial
ção do avaliador e reorganizar suas ações.
científico e adotando a mesma avaliação para todos os alunos de
Pode -se averiguar, por exemplo, se a avaliação permite encarar
um mesmo ano, sem levar em consideração que os processos são
o aluno como um sujeito capaz de transformar seu mundo, se o
individuais, apesar de acontecerem coletivamente.
resultado dela reflete os conflitos da relação entre professor e alu-
Mesmo percebendo que as salas de aula são heterogêneas, as
no ou, ainda, se permite ao professor obter novos dados sobre os
escolas elaboram uma única avaliação. Como consequência dessa
alunos. (CASTELLAR E VILHENA, 2011, p. 150).
postura, os professores acabam trabalhando mais em sala de aula
A escola – na concepção apresentada acerca dos desafios en-
do que os alunos, que normalmente não executam nenhuma ativi-
frentados no processo de ensino-aprendizagem – é o lugar privi- dade ou não querem se envolver
legiado para pensar novas estratégias que incentivem os alunos a
refletir sobre sua vida, sobre o que desejam da escola e sobre o
papel dos jovens na sociedade. No entanto, a atuação na perspec-
tiva de alterar a postura dos professores quanto à organização das
aulas e ao trato com os alunos era algo que precisava de tempo para
amadurecer e ser incorporado.
A escola é também o lugar em que os alunos aprendem a viver
e fixam experiências que podem ajudá-los a elevar sua autoestima.
Ter clareza disso é importante para todos aqueles que atuam na
educação, já que a escola é o lugar onde se aprende a conviver, res-
peitar, querer e construir a identidade individual e coletiva, além, é
claro, de ser o lugar onde se tem acesso ao conhecimento escolar.
Para entender como educar os jovens em uma sociedade do co-
nhecimento e da informação, é necessário conhecer a realidade da
comunidade escolar e seus referenciais culturais.

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