“A arte existe porque a vida não basta”: uma importante frase dita pelo escritor e poeta Ferreira

Gullar em seu famoso livro “Poema sujo”, no qual o autor que vivia em um período político
complicado na época, descreve tanto um desabafo do exílio que vivia e do momento político quanto
uma retomada de suas raizes da infância em São Luís do Maranhão. Essa frase é muito poderosa,
mas que também mostra uma certa visão niilista sobre a vida que pode gerar um desconforto.
No ano de 2020, o mundo enfrentou uma grande pandemia na qual sua principal necessidade era o
isolamento. A falta do contato humano gerou uma tristeza geral, com a população global reclusa em
suas casas sem poder se entreter com suas rotinas. Neste período, foi feita uma pesquisa por um
jornal britânico, apresentando as cinco profissões mais desnecessárias a pandemia e “Artistas” foram
colocados em primeiro lugar. Isso não condiz com a realidade, visto que os serviços de “streaming”
de filmes e séries tiveram um crescimento de 243% em procura em relação a antes de 2020.
A arte foi muito necessária. Ela nos permitiu continuarmos sãos e humanos em uma realidade tão
pesada. Nesse sentido, a frase dita por Gullar se faz verdadeira com o sentido de que a arte é
grandiosa, como também uma forma de escape, proporcionando emoções em tempos tão sombrios.
A vida, talvez, seja curta demais para a grandiosidade que é a arte, possibilitando que ela seja
possivelmente imune ao tempo, possibilitando que gerações após gerações possam desfrutar de
artes tão antigas como pinturas, livros, peças e até mesmo religiões, levando essas emoções e
sentimentos através do tempo.
Porém, também há a interpretação bastante pessimista do autor em relação à vida como um todo.
O sentido que o autor dá a frase, propõe o entendimento de que a vida não é suficiente, que ela não
é completa, como se fosse necessárias ações externas para atribuir sentido a ela. Na obra
“Sociedade dos Poetas Mortos”, a frase dita pelo ator Robin Williams, “Medicina, direito,
administração, engenharia: são atividades nobres e necessárias à vida''. Mas a poesia, beleza,
romance, amor… São as coisas que valem a pena viver” compreende-se que a vida é completa, a
arte é um meio de apreciá-la, atribuí-la à cor, além de utilizá-la como forma de denúncia, contemplar
significados, passar mensagens e mover revoluções.
Após uma reflexão sobre todos os detalhes do dia-a-dia, tanto a arte quanto a vida são completas e
um tece o caminho da outra sendo intrínsecas entre si. Um não existe sem o outro, viver é uma arte.