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Maria Judite de Carvalho (1921-1998) começou a publicar em

Maria Judite

Maria Judite de Carvalho


Palavras, Tempo, Paisagem
volume no ano de 1959 (Tanta gente, Mariana) e foi autora de

de Carvalho
uma obra regularmente editada, em sua vida e postumamente.
Os seus textos cabem nas categorias narrativas da forma breve

Palavras,
(conto, novela, crónica), mas estendem-se ao teatro, à poesia e ao
diarismo ficcionado, constituindo um corpus em perfeito acordo

Tempo, Paisagem
com o que de mais interessante e novo se passou literariamente
no seu tempo. Neles, temas como o retrato social juntam-se à
criação dos universos interiores de personagens entregues aos
seus pequenos mundos, ao quotidiano, ao malogro, à felicidade
Organização
precária, às estratégias de sobrevivência e de desistência de gente
Paula Morão
comum, equilibrada no arame dos dias a que alude um título de Cristina Almeida Ribeiro
1979, evidenciando profundo conhecimento de um tempo e de
uma sociedade em que os leitores se podem continuar a rever.
Neste volume encontramos contributos doravante
indispensáveis para ler não só a obra de Maria Judite de
Carvalho, mas para considerar por exemplo as relações dela com
outros autores e com outras artes (a pintura, o cinema), com a
problemática e os limites dos géneros na contemporaneidade,
com os limites da literatura de autoria feminina, com a
questionação ontológica do tempo e a representação do real.

UID/ELT/0509/2013

ISBN 978‑989‑755‑176‑5
MARIA JUDITE DE CARVALHO
PALAVRAS, TEMPO, PAISAGEM

Organização: Paula Morão


Cristina Almeida Ribeiro

Capa: António Pedro


Imagem da capa: pintura de Maria Judite de Carvalho,
 sem título (pormenor)

© Edições Húmus, Lda., 2015


End.Postal: Apartado 7081
4764­‑908 Ribeirão – V.N.Famalicão
Tel. 926 375 305
humus@humus.com.pt

Impressão: Papelmunde – V. N. Famalicão


1.a edição: Dezembro de 2015
Depósito Legal n.o: 400010/15
ISBN: 978­‑989­‑755‑176‑5

Índice

7 Apresentação
11 O espírito do coleccionador (Maria Judite de Carvalho)
Helena Carvalhão Buescu

17 Coração imóvel: silêncio e incomunicabilidade em
Maria Judite de Carvalho
Isabel Cristina Rodrigues

27 Mariana e Graça: de que são feitas as paredes que as isolam
Joana Marques de Almeida

37 A obra de Maria Judite de Carvalho: “Uma maneira de dizer adeus”
José Manuel da Costa Esteves

49 Uma estranha deformação da realidade: a presença do fantástico em
Os Idólatras, de Maria Judite de Carvalho
Ana Filipa Prata

59 Uma geometria gelada: alienação e iluminação nas crónicas
de Maria Judite de Carvalho
Pedro Serra

71 O adeus ao corpo em “Tanta gente, Mariana”, de Maria Judite de Carvalho
Maria Graciete Besse

83 Janelas fingidas ou as estratégias do olhar fílmico em
Maria Judite de Carvalho
Mário Jorge Torres
107

Intermitências do olhar e da voz em Maria Judite de Carvalho
Maria Graciete Gomes da Silva
119

Maria Judite de Carvalho e a questão da literatura
José Nobre da Silveira
131

Crónica ou microconto? Maria Judite de Carvalho
e os caminhos cruzados da narrativa breve
Cristina Almeida Ribeiro
147

O trabalho da ironia nas crónicas
de Maria Judite de Carvalho e José Gomes Ferreira
Carina Infante do Carmo
161

As Melhores Histórias de Amor traduzidas por Maria Judite de Carvalho
(Um achado no arquivo de uma Biblioteca Escolar)
Ruth Navas
173

Maria Judite de Carvalho: a melancolia do realismo
António Manuel Ferreira
179

Motivos melancólicos na poesia de Maria Judite de Carvalho
Paula Morão
Apresentação

Maria Judite de Carvalho (1921-1998) começou a publicar em


volume no ano de 1959 (Tanta gente, Mariana) e foi autora de uma obra
regularmente editada, em sua vida e postumamente. Os seus textos
cabem nas categorias narrativas da forma breve (conto, novela, crónica),
mas estendem-se ao teatro, à poesia e ao diarismo ficcionado, consti‑
tuindo um corpus em perfeito acordo com o que de mais interessante e
novo se passou literariamente no seu tempo. Para o comprovar e fazer
justiça ao lugar que a escritora ocupa na literatura portuguesa con‑
temporânea, o Centro de Estudos Comparatistas e o Departamento de
Literaturas Românicas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
organizaram um colóquio dedicado à sua obra: Maria Judite de Carvalho
– Palavras, Tempo, Paisagem. Nos cinquenta anos de As Palavras Poupadas.
Palavras indicia a linguagem como representação do mundo ou, se
quisermos, do real: a escritora desenha retratos ou quadros (para citar
um seu título de 1983, Além do Quadro) de uma sociedade, composta
de personagens homens e mulheres, vistos tanto em situação como
entrando nas suas consciências, num notável trabalho sobre o monólogo
interior e outras técnicas de que é cultora exímia. Lembre-se o traquejo
de reportagem e de registo jornalístico, representado nas suas crónicas,
textos curtos ou mais longos, demonstrando a agudeza da observação e o
realismo da arte de criar cenas e cenários. Por outro lado, a ligação entre
palavras, tempo e paisagem suscitava reflexões cruzadas sobre aspectos da
obra que manifestam a actualidade e a qualidade superior da sua arte.
MARIA JUDITE DE CARVALHO PALAVRAS, TEMPO, PAISAGEM

8 Assim, temas como o já mencionado retrato social juntam-se à criação


dos universos interiores de personagens entregues aos seus pequenos
mundos, ao quotidiano, ao malogro, à felicidade precária, às estraté‑
gias de sobrevivência e de desistência de gente comum, equilibrada no
arame dos dias a que alude o título de 1979 O Homem no Arame. A obra
de Maria Judite descreve um tempo que, nos anos 60, era de fecha‑
mento e desistência, mas depois de 1974 prossegue a linha do profundo
conhecimento de um tempo e de uma sociedade em que os leitores se
podem continuar a rever.
Ora, a resposta que universitários nacionais e estrangeiros deram à
sugestão implícita na chamada para comunicações a apresentar – aquelas
que aqui se publicam – veio confirmar aquilo que nos havia levado a pro‑
mover este colóquio. Neste volume encontramos contributos doravante
indispensáveis para ler não só a obra de Maria Judite de Carvalho, mas
para considerar por exemplo as relações dela com outros autores e com
outras artes (a pintura, o cinema), com a problemática e os limites dos
géneros na contemporaneidade, com os limites da literatura de autoria
feminina, com a questionação ontológica do tempo e a representação
do real. Por isso devemos uma palavra de reconhecimento a todos os
estudiosos que deram o melhor do seu entusiasmo a esta iniciativa, e
nos confiaram os textos que ora publicamos. Estamos, porém, certas de
que todos compreenderão que aqui façamos uma referência especial a
José Nobre da Silveira, profundo admirador da escritora, que sobre ela
escreveu alguns trabalhos de referência e que, ao longo dos anos, a leu e
deu a ler a estudantes portugueses e estrangeiros. O seu contributo para
este livro é também o seu último ensaio, um ensaio em cuja versão final
trabalhava com afinco, mas que a morte, prematura e brutal, o impediu
de concluir. Publicamos o texto de José Nobre da Silveira, em jeito de
homenagem, na sua forma imperfeita de work in progress, o que não
teria sido possível sem a colaboração dos filhos do autor, Tiago e André,
a quem agradecemos a confiança que em nós depositaram quando nos
facultaram o original resgatado do computador do pai.
Queremos ainda deixar expressos dois outros agradecimentos. O pri‑
meiro a Urbano Tavares Rodrigues, que, com sacrifício pessoal, nos honrou
com a sua presença no primeiro dia dos trabalhos e que, numa das suas
últimas intervenções públicas na Faculdade de Letras, proporcionou aos
presentes uma comovida e comovente evocação da escritora, que para ele
foi também companheira de uma vida. O segundo a Isabel Fraga, filha de
Apresentação

Maria Judite e de Urbano: o seu discreto apoio foi essencial esteio desta 9
iniciativa; a cedência da imagem que usamos, por gentileza sua, na capa
deste volume, é apenas a marca concreta dessa presença.
Esperamos que os ensaios aqui publicados constituam um passo
mais no caminho da revisão e da releitura da obra de Maria Judite de
Carvalho, no qual contamos com a feliz companhia do volume com as
comunicações apresentadas no colóquio realizado em Paris em 2009,
várias vezes evocado ao longo deste livro. Não se trata de um banal
gesto de luta contra o indevido esquecimento da autora – mas de dizer
ao público em geral, e aos universitários em especial, que com os seus
livros ficamos menos pobres, mais conscientes do nosso tempo e de nós
mesmos[1].

Paula Morão
Cristina Almeida Ribeiro

1 Os trabalhos aqui reunidos seguem ou não o AO90, conforme orientação dos respectivos
autores.
Maria Judite de Carvalho (1921-1998) começou a publicar em
Maria Judite

Maria Judite de Carvalho


Palavras, Tempo, Paisagem
volume no ano de 1959 (Tanta gente, Mariana) e foi autora de

de Carvalho
uma obra regularmente editada, em sua vida e postumamente.
Os seus textos cabem nas categorias narrativas da forma breve

Palavras,
(conto, novela, crónica), mas estendem-se ao teatro, à poesia e ao
diarismo ficcionado, constituindo um corpus em perfeito acordo

Tempo, Paisagem
com o que de mais interessante e novo se passou literariamente
no seu tempo. Neles, temas como o retrato social juntam-se à
criação dos universos interiores de personagens entregues aos
seus pequenos mundos, ao quotidiano, ao malogro, à felicidade
Organização
precária, às estratégias de sobrevivência e de desistência de gente
Paula Morão
comum, equilibrada no arame dos dias a que alude um título de Cristina Almeida Ribeiro
1979, evidenciando profundo conhecimento de um tempo e de
uma sociedade em que os leitores se podem continuar a rever.
Neste volume encontramos contributos doravante
indispensáveis para ler não só a obra de Maria Judite de
Carvalho, mas para considerar por exemplo as relações dela com
outros autores e com outras artes (a pintura, o cinema), com a
problemática e os limites dos géneros na contemporaneidade,
com os limites da literatura de autoria feminina, com a
questionação ontológica do tempo e a representação do real.

UID/ELT/0509/2013

ISBN 978‑989‑755‑176‑5

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