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Interpretação de Texto
Edital
Compreensão de texto.
PROCEDIMENTOS
2. identificação do tipo de texto (artigo, editorial, notícia, crônica, textos literários, científicos,
etc.);
Crônica (linguagem predominantemente coloquial): fotografia do cotidiano, realizada por
olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual do dia a dia, para,
posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase exclusivamente em seu ponto de
vista.
3. leitura do enunciado.
EXEMPLIFICANDO
TJ-RJ – 2013
Crônicas
E, subitamente, é a era do Automóvel. O monstro transformador irrompeu, bufando, por
entre os descombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora,
tudo transformou com aparências novas e novas aspirações. Quando os meus olhos se abriram
para as agruras e também para os prazeres da vida, a cidade, toda estreita e toda de mau piso,
eriçava o pedregulho contra o animal de lenda, que acabava de ser inventado em França. Só
pelas ruas esguias dois pequenos e lamentáveis corredores tinham tido a ousadia de aparecer.
Um, o primeiro, de Patrocínio, quando chegou, foi motivo de escandalosa atenção. Gente de
guarda-chuva debaixo do braço parava estarrecida como se tivesse visto um bicho de Marte
ou um aparelho de morte imediata. Oito dias depois, o jornalista e alguns amigos, acreditando
voar com três quilômetros por hora, rebentavam a máquina de encontro às árvores da rua
da Passagem. O outro, tão lento e parado que mais parecia uma tartaruga bulhenta, deitava
tanta fumaça que, ao vê-lo passar, várias damas sufocavam. A imprensa, arauto do progresso,
e a elegância, modelo do esnobismo, eram os precursores da era automobílica. Mas ninguém
adivinhava essa era. Quem poderia pensar na futura influência do Automóvel diante da
máquina quebrada de Patrocínio? Quem imaginaria velocidades enormes na corriola dificultosa
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que o conde Guerra Duval cedia aos clubes infantis como um brinco idêntico aos baloiços e aos
pôneis mansos? Ninguém! Absolutamente ninguém. [...]
Para que a era se firmasse fora preciso a transfiguração da cidade. [...] Ruas arrasaram-se,
avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou,
arrastando desvairadamente uma catadupa de automóveis. Agora, nós vivemos positivamente
nos momentos do automóvel, em que o chofer é rei, é soberano, é tirano.
(João do Rio. “A era do automóvel”. Crônicas. São Paulo: Companhia das Letras. 2005. p. 17-18)
Anotações
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EXEMPLIFICANDO
Minha última consideração é sobre o negro no samba. E uma vez mais, há que bendizer
os poetas. Cartola diz: “Habitada por gente simples e tão pobre, que só tem o sol que a todos
cobre, como podes Mangueira cantar?”
A indagação vai além da Mangueira. Como podem os do morro fazer com que cantem os
do asfalto? Amplie-se a indagação. Como puderam os negros, ao longo de séculos de tanto
sofrimento, construir uma cultura poderosa, da qual somos todos herdeiros? Amplie-se a
indagação para o país. Como uma história como a nossa – tão dura e, por tanto tempo, tão
brutal – pôde construir uma cultura tão rica?
É nisso que temos muito a aprender com as Escolas. A começar pelo senso de disciplina e
de organização que as leva a realizar, no Rio de Janeiro, o maior espetáculo de arte popular do
mundo. Além da disciplina e da organização, a maior beleza das Escolas, creio, é a alegria e o
orgulho de serem o que são. Alegria e orgulho que expressam nas cores que adotam e no toque
das baterias que elevam o tambor ancestral a extrema sofisticação. Pelo rufar dos tambores e o
som dos tamborins, o povo identifica a Escola, antes mesmo que possa vê-la.
Ninguém se surpreenda, portanto, se, ao cantar sua Escola, o poeta invocar os céus, os
santos e os orixás. Se invocar a “graça divina”. Se disser de sua Escola que “vista assim do alto
mais parece um céu no chão”. Se discorrer sobre os grandes temas da história, se cantar o
nome de Joaquim José da Silva Xavier e os grandes heróis da pátria. Ninguém se surpreenda se
o poeta disser que as cores da sua Escola são como o manto azul de Nossa Senhora Aparecida,
abrindo a “procissão do samba”.
As Escolas afirmam suas raízes e sua identidade e, ao fazê-lo, afirmam também as raízes e
a identidade do Brasil. Nascidas do povo mais humilde do Brasil, as Escolas afirmam a vocação
dos brasileiros, de todos os brasileiros, para a grandeza. E o fazem com a dignidade e a elegância
de quem oferece ao mundo um belo exemplo de humanidade.
(Trecho do discurso de Francisco Weffort, na entrega da Ordem do Mérito Cultural, 07 de novembro de 2001.
TAM. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo: Andreato, fevereiro de 2002. p. 17)
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ERROS COMUNS
EXTRAPOLAÇÃO
Ocorre quando o leitor sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
normalmente porque já conhecia o assunto devido à sua bagagem cultural.
REDUÇÃO
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um ou outro aspecto, esquecendo-se de
que o texto é um conjunto de ideias.
Bichos para a Saúde
Está nas livrarias a obra O poder curativo dos bichos. Os autores, Marty Becker e Daniel Morton,
descrevem casos bem-sucedidos de pessoas que derrotaram doenças ou aprenderam a viver
melhor graças à ajuda de algum animalzinho. Cães, gatos e cavalos estão entre os bichos
citados.
(ISTOÉ)
EXEMPLIFICANDO
a) pessoas que têm animais de estimação são menos afeitas a contrair doenças.
b) a convivência entre seres humanos e animais pode contribuir para a cura de males físicos
daqueles.
c) indivíduos que têm cães e gatos levam uma existência mais prazerosa.
d) apenas cães, gatos e cavalos são capazes de auxiliar o ser humano durante uma
enfermidade.
e) pessoas bem-sucedidas costumam ter animais de estimação.
Comentário:
a) EXTRAPOLAÇÃO: contrair doenças ≠ derrotar doenças.
b) REDUÇÃO: cães e gatos < animalzinho.
c) REDUÇÃO: cães, gatos e cavalos < animalzinho.
d) EXTRAPOLAÇÃO: pessoas bem-sucedidas > casos bem-sucedidos de pessoas
que derrotaram doenças.
Anotações
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ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS
1. PALAVRAS DESCONHECIDAS = PARÁFRASES e CAMPO SEMÂNTICO/LEXICAL.
Paráfrase = versão de um texto, geralmente mais extensa e explicativa, cujo objetivo é torná-lo
mais fácil ao entendimento.
Campo Semântico/Lexical = conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de
conhecimento.
Exemplo:
•• Medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação, etc.
EXEMPLIFICANDO
BB – 2012
Adeus, caligrafia
01. O anúncio do fim dos exercícios para aprimoramento da letra cursiva – as velhas
02. práticas de caligrafia – ocorreu recentemente em Indiana, nos Estados Unidos.
03. Dezenas de escolas já adotaram o currículo que desobriga os estudantes de ter uma
04. “boa letra” – já dada como anacronismo.
05. O fim do ensino da letra cursiva nos EUA provocou no Brasil uma onda, se não de
06. protestos, ao menos de lamento e nostalgia. As lamúrias têm m precedente ilustre: “A
07. escrita mecanizada priva a mão da dignidade no domínio da palavra escrita e degrada
08. a palavra, tornando-a um simples meio para o tráfego da comunicação”, queixou-se,
09. há quase setenta anos, o filósofo Martin Heidegger. “Ademais, a escrita mecanizada
10. tem a vantagem de ocultar a caligrafia e, portanto, o caráter do indivíduo”. Heidegger
11. reclamava, numa palestra que fez em 1942, da adoção progressiva das máquinas de
12. escrever.
13. Os jovens americanos nunca escreveram tanto como hoje. Segundo estudos
14. realizados recentemente, o adolescente daquele país manda e recebe todo mês cerca
15. de 3.300 mensagens de texto por celular. O fim do ensino da letra cursiva reflete esses
16. novos hábitos – um dia também foi preciso tirar do currículo a marcenaria para
17. meninos e a costura para as meninas.
18. As crianças que deixarem de aprender letra cursiva (também já chamada de “letra
19. de mão”) pagarão um certo custo cognitivo, ao menos segundo alguns estudiosos. A
20. escrita manual estimularia os processos de memorização e representação verbal. A
21. prática do desenho de letras favoreceria a atividade cerebral em regiões ligadas ao
22. processamento visual.
23. Mas a substituição da escrita manual pela digitação não assusta o neurocientista
24. Roberto Lent. “Não há grande diferença entre traduzir ideias em símbolos com
25. movimentos cursivos ou por meio da percussão de teclas. Ambas são atividades
26. motoras e envolvem grupos neuronais diferentes da mesma área do cérebro”, afirmou.
27. Para ele, as implicações culturais da mudança são mais preocupantes do que as de
28. fundo biológico. “Será interessante para a humanidade não saber mais escrever a
29. mão?” – indaga. O tempo dirá.
(Adaptado da Revista PIAUÍ 59, agosto/2011. p.74)
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3. (12242) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em
a) As lamúrias têm um precedente ilustre (l.06) = os lamentos têm um nobre antecedente
b) o currículo que desobriga os estudantes (l.03) = a grade escolar que sanciona os alunos
c) pagarão um certo custo cognitivo (l.19) = demandarão prejuízo da percepção
d) por meio da percussão de teclas (l.25) = na prática rítmica do teclado
e) implicações culturais da mudança (l.27) = inclusões da altercação cultural
2. PALAVRAS DE CUNHO CATEGÓRICO NAS ALTERNATIVAS:
•• advérbios e expressões totalizantes;
•• expressões enfáticas;
•• expressões restritivas;
•• elementos referenciais;
•• artigos;
•• pontuação.
EXEMPLIFICANDO
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TRT-SP (Técnico Judiciário) – Interpretação de Texto – Profª Maria Tereza
23. Mas a substituição da escrita manual pela digitação não assusta o neurocientista
24. Roberto Lent. “Não há grande diferença entre traduzir ideias em símbolos com
25. movimentos cursivos ou por meio da percussão de teclas. Ambas são atividades
26. motoras e envolvem grupos neuronais diferentes da mesma área do cérebro”, afirmou.
27. Para ele, as implicações culturais da mudança são mais preocupantes do que as de
28. fundo biológico. “Será interessante para a humanidade não saber mais escrever a
29. mão?” – indaga. O tempo dirá.
(Adaptado da Revista PIAUÍ 59, agosto/2011. p.74)
Expressões enfáticas
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c) provocou uma reação crítica, anacrônica e injustificável por parte de quem vê como
indispensável ter “boa letra”.
d) repercutiu desfavoravelmente entre nós, em uma reação menos crítico-analítica do que
emocional.
e) granjeou sérios adversários, que passaram a alertar contra os riscos de uma degradação
neurológica.
TJ-RJ – 2013
Expressões restritivas
Receita de casa
Juro que entendo alguma coisa de arquitetura urbana, embora alguns pobres arquitetos
profissionais achem que não.
Assim vos direi que a primeira coisa a respeito de uma casa é que ela deve ter um porão,
um bom porão com entrada pela frente e saída pelos fundos. Esse porão deve ser habitável
porém inabitado; e ter alguns quartos sem iluminação alguma, onde se devem amontoar
móveis antigos, quebrados, objetos desprezados e baús esquecidos. Deve ser o cemitério das
coisas. Ali, sob os pés da família, como se fosse no subconsciente dos vivos, jazerão os leques,
as cadeiras, as fantasias do carnaval do ano de 1920, as gravatas manchadas, os sapatos que
outrora andaram em caminhos longe.
(Adaptado de Rubem Braga, Casa dos Braga – Memórias de infância)
7. (12235) Depreende-se do texto que, para o autor, o porão é o espaço de uma casa
a) destinado ao despejo de coisas inúteis, inexpressivas e sem vida, que nenhum membro da
família vê sentido em preservar.
b) caracterizado tanto pelo aspecto sombrio como pelos mais variados vestígios de um tempo
morto, ali acumulados.
c) reservado às vivas lembranças de uma época mais feliz, que a família faz absoluta questão
de não esquecer.
d) resguardado de qualquer vestígio do presente que possa macular a história solene dos
antepassados, ali recolhida e administrada.
e) esvaziado de sentido, tanto pelo fato de não ser funcional como por parecer um desses
museus que a ninguém mais interessa visitar.
Elementos Referenciais
TJ-RJ – 2012
Manuel Bandeira publicou diversos textos durante o “mês modernista”, espaço aberto para
o movimento no jornal carioca A Noite, em dezembro de 1925. O poeta era então assíduo
frequentador do restaurante Reis, no velho centro do Rio. Eram dias de vida boêmia, e, apesar
de todo o resguardo que tocava a um “tísico profissional”, Bandeira descia do morro do Curvelo
ao sorvedouro da Lapa e vizinhanças, à vida pobre e corriqueira aos pés da Glória, onde a poesia
se mesclava a um pouco de tudo. O poeta já não é o ser exclusivamente voltado para si mesmo,
na busca da expressão da pura subjetividade, mas antes um sujeito que se abre ao mundo.
Uma tal atitude, cheia de consequências para a poesia brasileira, tinha enormes implicações.
Implicava algo geral e, ao mesmo tempo, muito particular: uma abertura maior da vida do
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Artigos
TST- 2012
Cursos
Os cursos universitários a distância costumavam ser malvistos na academia brasileira.
Lutava-se contra a sua regulamentação, que só se deu em 1996. A má fama dessa modalidade
em que o aluno se forma praticamente sem ir à universidade − já tão disseminada em
países de educação de alto nível − persiste até hoje no Brasil. Em parte, pela resistência de
uma turma aferrada à velha ideia de que ensino bom, só na sala de aula. Mas também pelo
desconhecimento que ainda paira sobre esses cursos. Uma nova pesquisa, conduzida pela
Fundação Victor Civita, retirou um conjunto deles dessa zona de sombra, produzindo um estudo
que rastreou as fragilidades e o que dá certo e pode ser exemplar para os demais. Durante
cinco meses, os especialistas analisaram os cursos de oito faculdades (públicas e particulares)
que oferecem graduação a distância em pedagogia, a área que, de longe, atrai mais alunos. O
retrato que emerge daí ajuda a desconstruir a visão de que esses cursos fornecem educação
superior de segunda classe. Em alguns casos, eles já chegam a ombrear com tradicionais ilhas
de excelência. Mas, no geral, resta muito que avançar.
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Pontuação
BB – 2013
Ao longo do século XVII, a Holanda foi um dos dois motores de um fenômeno que
transformaria para sempre a natureza das relações internacionais: a primeira onda da chamada
globalização. O outro motor daquela era de florescimento extraordinário das trocas comerciais
e culturais era um império do outro lado do planeta − a China. Só na década de 1650, 40.000
homens partiram dos portos holandeses rumo ao Oriente, em busca dos produtos cobiçados
que se fabricavam por lá. Mas a derrota em uma guerra contra a França encerrou os dias da
Holanda como força dominante no comércio mundial.
Se o século XVI havia sido marcado pelas grandes descobertas, o seguinte testemunhou a
consequência maior delas: o estabelecimento de um poderoso cinturão de comércio que ia da
Europa à Ásia. “O sonho de chegar à China é o fio imaginário que percorre a história da luta da
Europa para fugir do isolamento”, diz o escritor canadense Timothy Brook, no livro O chapéu de
Vermeer.
Isso determinou mudanças de comportamento e de valores: “Mais gente aprendia novas
línguas e se ajustava a costumes desconhecidos”. O estímulo a esse movimento era o desejo
irreprimível dos ocidentais de consumir as riquezas produzidas no Oriente. A princípio
refratários ao comércio com o exterior, os governantes chineses acabaram rendendo-se à
evidência de que o comércio significava a injeção de riqueza na economia local (em especial
sob a forma de toneladas de prata).
Sob vários aspectos, a China e a Holanda do século XVII eram a tradução de um mesmo
espírito de liberdade comercial. Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem
econômica transnacional. A Companhia das Índias Orientais − a primeira grande companhia
de ações do mundo, criada em 1602 − foi a mãe das multinacionais contemporâneas.
Beneficiando-se dos baixos impostos e da flexibilidade administrativa, ela tornou-se a grande
potência empresarial do século XVII.
(Adaptado de: Marcelo Marthe. Veja, p. 136-137, 29 ago. 2012)
10. (12205) A Companhia das Índias Orientais – a primeira grande companhia de ações do mundo,
criada em 1602 – foi a mãe das multinacionais contemporâneas.
O segmento isolado pelos travessões constitui, no contexto, comentário que
a) busca restringir o âmbito de ação de uma antiga empresa de comércio.
b) especifica as qualidades empresariais de uma companhia de comércio.
c) contém informações de sentido explicativo, referentes à empresa citada.
d) enumera as razões do sucesso atribuído a essa antiga empresa.
e) enfatiza, pela repetição, as vantagens oferecidas pela Empresa.
Anotações
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INFERÊNCIA
EXEMPLIFICANDO
BB – 2012
Da solidão
01. Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão. Basta que em redor delas se
02. arme o silêncio, que não se manifeste aos seus olhos nenhuma presença humana, para
03. que delas se apodere imensa angústia: como se o peso do céu desabasse sobre a sua
04. cabeça, como se dos horizontes se levantasse o anúncio do fim do mundo.
05. No entanto, haverá na terra verdadeira solidão? Tudo é vivo e tudo fala, em redor
06. de nós, embora com vida e voz que não são humanas, mas que podemos aprender a
07. escutar, porque muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso
11. próprio mistério.
12. Pintores e fotógrafos andam em volta dos objetos à procura de ângulos, jogos de
13. luz, eloquência de formas, para revelarem aquilo que lhes parece não o mais estático
14. dos seus aspectos, mas o mais comunicável, o mais rico de sugestões, o mais capaz de
15. transmitir aquilo que excede os limites físicos desses objetos, constituindo, de certo
16. modo, seu espírito e sua alma.
17. Façamo-nos também desse modo videntes: olhemos devagar para a cor das
18. paredes, o desenho das cadeiras, a transparência das vidraças, os dóceis panos tecidos
19. sem maiores pretensões. Não procuremos neles a beleza que arrebata logo o olhar:
20. muitas vezes seu aspecto – como o das criaturas humanas – é inábil e desajeitado.
21. Amemos nessas humildes coisas a carga de experiências que representam, a
22. repercussão, nelas sensível, de tanto trabalho e história humana. Concentradas em sua
23. essência, só se revelam quando nossos sentidos estão aptos para as descobrirem. Em
24. silêncio, nos oferecerão sua múltipla companhia, generosa e quase invisível.
(Adaptado de Cecília Meireles, Escolha o seu sonho)
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11. (12257) Depreende-se do texto que, para a autora, o sentimento humano da solidão mais
profunda só se justificaria se
a) fôssemos incapazes de considerar os nossos semelhantes com o mesmo olhar afetivo que
dedicamos aos objetos familiares.
b) não houvesse no mundo tanta vida à nossa volta, à espera de que o nosso olhar atento
reconheça a linguagem viva dos objetos.
c) nossa vaidade soubesse reconhecer nosso próprio valor nas coisas à nossa volta, que nos
refletem e nos homenageiam.
d) fôssemos capazes de ignorar a presença divina que se insinua até mesmo nos objetos mais
baratos, símbolos de um amor maior.
e) não encontrássemos consolo para nossa miserabilidade em cada simples fato cotidiano, tal
como o fazem os mais humildes.
Anotações
EXTRATEXTUALIDADE
A questão formulada por meio do texto encontra-se fora do universo textual, exigindo do aluno
conhecimento mais amplo de mundo.
EXEMPLIFICANDO
TJ-RJ – 2012
Crônicas
E, subitamente, é a era do Automóvel. O monstro transformador irrompeu, bufando, por
entre os descombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora,
tudo transformou com aparências novas e novas aspirações. Quando os meus olhos se abriram
para as agruras e também para os prazeres da vida, a cidade, toda estreita e toda de mau piso,
eriçava o pedregulho contra o animal de lenda, que acabava de ser inventado em França. Só
pelas ruas esguias dois pequenos e lamentáveis corredores tinham tido a ousadia de aparecer.
Um, o primeiro, de Patrocínio, quando chegou, foi motivo de escandalosa atenção. Gente de
guarda-chuva debaixo do braço parava estarrecida como se tivesse visto um bicho de Marte
ou um aparelho de morte imediata. Oito dias depois, o jornalista e alguns amigos, acreditando
voar com três quilômetros por hora, rebentavam a máquina de encontro às árvores da rua
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da Passagem. O outro, tão lento e parado que mais parecia uma tartaruga bulhenta, deitava
tanta fumaça que, ao vê-lo passar, várias damas sufocavam. A imprensa, arauto do progresso,
e a elegância, modelo do esnobismo, eram os precursores da era automobílica. Mas ninguém
adivinhava essa era. Quem poderia pensar na futura influência do Automóvel diante da
máquina quebrada de Patrocínio? Quem imaginaria velocidades enormes na corriola dificultosa
que o conde Guerra Duval cedia aos clubes infantis como um brinco idêntico aos baloiços e aos
pôneis mansos? Ninguém! Absolutamente ninguém. [...]
Para que a era se firmasse fora preciso a transfiguração da cidade. [...] Ruas arrasaram-se,
avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou,
arrastando desvairadamente uma catadupa de automóveis. Agora, nós vivemos positivamente
nos momentos do automóvel, em que o chofer é rei, é soberano, é tirano.
(João do Rio. “A era do automóvel”. Crônicas. São Paulo: Companhia das Letras. 2005. p. 17-18)
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Denotação: significação objetiva da palavra – valor referencial; é a palavra em “estado de
dicionário“.
Conotação: significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades
devido às associações que ela provoca.
EXEMPLIFICANDO
TJ-RJ – 2013
Receita de casa
Juro que entendo alguma coisa de arquitetura urbana, embora alguns pobres arquitetos
profissionais achem que não.
Assim vos direi que a primeira coisa a respeito de uma casa é que ela deve ter um porão,
um bom porão com entrada pela frente e saída pelos fundos. Esse porão deve ser habitável
porém inabitado; e ter alguns quartos sem iluminação alguma, onde se devem amontoar
móveis antigos, quebrados, objetos desprezados e baús esquecidos. Deve ser o cemitério das
coisas. Ali, sob os pés da família, como se fosse no subconsciente dos vivos, jazerão os leques,
as cadeiras, as fantasias do carnaval do ano de 1920, as gravatas manchadas, os sapatos que
outrora andaram em caminhos longe.
(Adaptado de Rubem Braga, Casa dos Braga – Memórias de infância)
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13. (12236) O porão, ao ser caracterizado pelo autor, reveste-se de qualidades tais que o aproximam
da condição humana, tal como sugerem os elementos
a) arquitetura urbana e um bom porão.
b) deve ser habitável e ter alguns quartos.
c) o cemitério das coisas e no subconsciente dos vivos.
d) sem iluminação e onde se devem amontoar móveis antigos.
e) sob os pés da família e entrada pela frente e saída pelos fundos.
TIPOLOGIA TEXTUAL
Narração: modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não – que ocorreram em
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Há uma relação de anterioridade
e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado.
EXEMPLIFICANDO
BB – 2012
EXEMPLIFICANDO
TRE-SP – 2012
Pela primeira vez, um estudo pretende demonstrar como as plantações de citros favorecem,
ou não, a fauna de uma região. Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar),
campus de Sorocaba, mostra que pelo menos 50% das aves mais comuns na região vivem e se
reproduzem em fragmentos de mata naturais, e não em áreas agrícolas e pomares. De acordo
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TRT-SP (Técnico Judiciário) – Interpretação de Texto – Profª Maria Tereza
com o estudo, a possível redução das reservas previstas na proposta do novo Código Florestal
pode levar ao desaparecimento de diversas espécies.
O trabalho de campo para a pesquisa foi realizado na zona rural de Pilar do Sul, próxima
a Sorocaba. A área é tomada por plantações de tangerinas, além de pastos e campos de
produção de grãos. O objetivo da pesquisa era verificar se as espécies avaliadas poderiam usar
as plantações de tangerina, que são culturas permanentes, como acréscimo ao seu hábitat
natural − ou até substituí-lo.
Segundo o estudo, das 122 espécies da amostra, 60 foram detectadas nas plantações e nos
fragmentos florestais (áreas com vegetação nativa), e as demais somente nesses fragmentos,
ou seja, 62 espécies não ocorrem nos pomares. “A mata nativa quase não existe mais e, por
causa disso, muitas espécies desapareceram ou estão ameaçadas”, lamenta o pesquisador
Marcelo Gonçalves Campolin.
A pesquisa também chama a atenção para o novo Código Florestal, que prevê a redução
de algumas áreas − hoje legalmente protegidas, como matas ciliares e topos de morros −,
para serem utilizadas para a agropecuária. “Ficamos receosos de que as mudanças nas áreas
protegidas possam ser terríveis para as aves e para outros animais, que vão perder ambientes
naturais. E aquelas que não conseguem sobreviver nas plantações tendem a se tornar raras ou
até mesmo a desaparecer”, prevê o professor.
(José Maria Tomazela. O Estado de S. Paulo, Vida, A15, 26 de junho de 2011, com adaptações)
EXEMPLIFICANDO
TRE-SP – 2012
Adoniran Barbosa é um grande compositor e poeta popular, expressivo como poucos; mas
não é Adoniran nem Barbosa, e sim João Rubinato, que adotou o nome de um amigo do Correio
e o sobrenome de um compositor admirado. A idéia foi excelente, porque um artista inventa
antes demais nada a sua própria personalidade; e porque, ao fazer isto, ele exprimiu a realidade
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tão paulista do italiano recoberto pela terra e do brasileiro das raízes européias. Adoniran é um
paulista de cerne que exprime a sua terra com a força da imaginação alimentada pelas heranças
necessárias de fora.
Já tenho lido que ele usa uma língua misturada de italiano e português. Não concordo. Da
mistura, que é o sal da nossa terra, Adoniran colheu a flor e produziu uma obra radicalmente
brasileira, em que as melhores cadências do samba e da canção, alimentadas inclusive pelo
terreno fértil das Escolas, se alia com naturalidade às deformações normais de português
brasileiro, onde Ernesto vira Arnesto e assim por diante.
São Paulo muda muito, e ninguém é capaz de dizer aonde irá. Mas a cidade que nossa
geração conheceu (Adoniran é de 1910) foi a que se sobrepôs à velha cidadezinha caipira,
entre 1900 e 1950; e que desde então vem cedendo lugar a uma outra, transformada em vasta
aglomeração de gente vinda de toda parte. Esta cidade que está acabando, que já acabou com
a garoa, os bondes, o trem da Cantareira, o Triângulo, as Cantinas do Bexiga, Adoniran não a
deixará acabar, porque graças a ele ela ficará, misturada vivamente com a nova mas, como o
quarto do poeta, também “intacta, boiando no ar.”
A sua poesia e a sua música são ao mesmo tempo brasileiras em geral e paulistanas em
particular. Sobretudo quando entram (quase sempre discretamente) as indicações de lugar,
para nos porem no Alto da Mooca, na Casa Verde, na Avenida São João, na 23 de Maio, no Brás
genérico, no recente metrô, no antes remoto Jaçanã. Talvez João Rubinato não exista, porque
quem existe é o mágico Adoniran Barbosa, vindo dos carreadores de café para inventar no
plano da arte a permanência da sua cidade e depois fugir, com ela e conosco, para a terra da
poesia, ao apito fantasmal do trenzinho perdido da Cantareira.”
Adaptado de Antônio Cândido. Texos de intervenção. São Paulo, Duas Cidades, Ed.34, 2002, p.211-213
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EXEMPLIFICANDO
TRE-SP – 2012
O teatro de mamulengos, como a maioria das artes de bonecos, chegou ao Brasil, com os
portugueses, sob a forma de presépio. Esse tipo de apresentação já era realizado na Europa
desde a Idade Média, com o objetivo de difusão religiosa, característica que faz com que
religião e teatro de bonecos se misturem desde a origem.
Muita coisa mudou na arte do mamulengo, a começar pela duração dos espetáculos.
Histórias e linguagem também variam bastante de um grupo para outro. Histórias são passadas
de geração para geração, enquanto outras são criadas. Esse teatro tem como principal
característica o improviso, e os espectadores participam dele o tempo todo, por isso o roteiro e
o enredo não são fixos.
Com o tempo se desenvolveram dentro da modalidade dois tipos de mamulengos. O
rural é o mais tradicional, que conserva figuras alegóricas bíblicas, como a alma e o diabo, e
cujo universo social reproduz os hábitos cotidianos, os valores culturais, os conflitos entre os
humildes e as autoridades nas fazendas e povoados. Já o mamulengo urbano adota novas
personagens e circunstâncias relacionadas à dinâmica das cidades e do tempo e mantém um
enredo, embora não abra mão do improviso.
(Conhecimento Prático Língua Portuguesa. São Paulo: escala educacional, no 21, p. 46-49, com adaptações)
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EXEMPLIFICANDO
Anotações
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GÊNEROS TEXTUAIS
EDITORIAL: texto opinativo/argumentativo, não assinado, no qual o autor (ou autores) não
expressa a sua opinião, mas revela o ponto de vista da instituição. Geralmente, aborda assuntos
bastante atuais. Busca traduzir a opinião pública acerca de determinado tema, dirigindo-se
(explícita ou implicitamente) às autoridades, a fim de cobrar-lhes soluções.
EXEMPLIFICANDO
TST-2012
Cursos
Os cursos universitários a distância costumavam ser malvistos na academia brasileira.
Lutava-se contra a sua regulamentação, que só se deu em 1996. A má fama dessa modalidade
em que o aluno se forma praticamente sem ir à universidade − já tão disseminada em
países de educação de alto nível − persiste até hoje no Brasil. Em parte, pela resistência de
uma turma aferrada à velha ideia de que ensino bom, só na sala de aula. Mas também pelo
desconhecimento que ainda paira sobre esses cursos. Uma nova pesquisa, conduzida pela
Fundação Victor Civita, retirou um conjunto deles dessa zona de sombra, produzindo um estudo
que rastreou as fragilidades e o que dá certo e pode ser exemplar para os demais. Durante
cinco meses, os especialistas analisaram os cursos de oito faculdades (públicas e particulares)
que oferecem graduação a distância em pedagogia, a área que, de longe, atrai mais alunos. O
retrato que emerge daí ajuda a desconstruir a visão de que esses cursos fornecem educação
superior de segunda classe. Em alguns casos, eles já chegam a ombrear com tradicionais ilhas
de excelência. Mas, no geral, resta muito que avançar.
À luz das boas experiências, não há dúvida sobre os caminhos que elevam o nível. Os
melhores cursos souberam implementar o mais básico. “Não dá para deixar o aluno por si só
o tempo inteiro. É preciso fazer uso constante da tecnologia para conectá-lo ao professor”,
alerta a doutora em educação Elizabeth Almeida, coordenadora da pesquisa. Isso significa, por
exemplo, usar a internet para envolver os estudantes em debates liderados por um mestre
que, se bem treinado, pode alçar a turma a um novo patamar. Outra fragilidade brasileira diz
respeito ao tutor, profissional que deve guiar os estudantes nos desafios intelectuais. Muitos
aqui não estão preparados para a função, como enfatiza a pesquisa. Os casos bem-sucedidos
indicam ainda a relevância de o aluno não ir à faculdade apenas para fazer prova ou assistir a
aulas esporádicas nas telessalas, como é usual. Ele precisa ser também incentivado a visitar à
vontade a biblioteca e os laboratórios.
No Brasil, até uma década atrás, os cursos de graduação a distância estavam em instituições
pequenas e pouco conhecidas. Hoje, esparramaram-se pelas grandes e vão absorver quase
um terço dos universitários até 2015. São números que reforçam a premência da busca pela
excelência.
(Adaptado de VEJA. ano 45, n. 31, 1o de agosto de 2012. p. 114)
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19. (12202) Os cursos de graduação a distância bem-sucedidos
a) priorizam o bom relacionamento dos alunos com os colegas, por meio de atividades lúdicas
mediadas pela tecnologia, como bate-papos virtuais.
b) incentivam os alunos a usar a internet o máximo de tempo possível, desde que sob a
supervisão do professor.
c) procuram despertar no aluno o desejo de frequentar outras instalações importantes para
os estudos, além das telessalas.
d) promovem a autonomia do aluno, deixando-o livre para frequentar a telessala apenas nos
momentos em que estiver verdadeiramente concentrado.
e) contam com avaliações virtuais frequentes, por meio das quais o professor pode fornecer
ao aluno um retorno imediato de seu progresso.
ARTIGOS: são os mais comuns. São textos autorais – assinados –, cuja opinião é da inteira
responsabilidade de quem o escreveu. Seu objetivo é o de persuadir o leitor.
EXEMPLIFICANDO
TRF-2ª REGIÃO – 2012
O Brasil é um país de preguiçosos. A pequena parcela da população com disposição de
calçar um par de tênis para se exercitar é formada majoritariamente por homens jovens e com
alto poder aquisitivo. O futebol é, disparado, o esporte mais praticado, seguido por corrida
e caminhada. Essas são as principais conclusões da maior pesquisa já feita sobre os hábitos
esportivos dos brasileiros. Os resultados preocupam. É indiscutível que a prática de esportes,
associada a uma alimentação regrada, está diretamente ligada a uma vida mais saudável.
A pesquisa traçou ainda um mapa da prática de esportes no Brasil. Poder aquisitivo
e questões culturais explicam as modalidades favoritas de cada região. Porto Alegre e
Florianópolis, locais de alto padrão de renda, são as cidades em que a população mais se
exercita. Já Recife é a capital do sedentarismo. Pelos mesmos motivos, os brasileiros se mexem
mais do que habitantes de países pobres da América Latina, África e Ásia. Mas bem menos do
que europeus, japoneses e americanos. O Rio de Janeiro, com suas praias e a tradição de seus
times, é a capital do futebol. Brasília, plana e cheia de parques, é onde mais se corre.
A saúde aparece como o principal motivo para a procura por atividades físicas. No ranking
da Organização Mundial de Saúde dos principais fatores de risco para as causas mais comuns
de morte, como infarto e derrame, o sedentarismo figura na quarta posição, atrás apenas de
diabetes, tabagismo e hipertensão. “O corpo humano foi feito para se mexer”, diz o fisiologista
Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo. “Em movimento constante, nosso
organismo realiza melhor todas as suas funções. Parado, adoece.”
(Otávio Cabral e Giuliana Bergamo. Veja, 28 de setembro de 2011, p. 103-104, com adaptações)
20. (12212) Os mesmos motivos para a prática de exercícios físicos, referidos no 2º parágrafo, são
a) alimentação regrada e hábitos esportivos.
b) sedentarismo e modalidades favoritas.
c) praias e tradição dos times de futebol.
d) poder aquisitivo e questões culturais.
e) parques e existência de áreas planas.
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NOTÍCIAS: são autorais, apesar de nem sempre serem assinadas. Seu objetivo é tão somente o
de informar, não o de convencer.
EXEMPLIFICANDO
Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos
econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Desenvolvimento
sustentável foi um termo utilizado pela primeira vez em 1987, como resultado da Assembleia
Geral das Nações Unidas, e definido como aquele que “atende as necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas”.
Trata-se, portanto, de uma nova visão de mundo com implicação direta nas relações político-
sociais, econômicas, culturais e ecológicas, ao integrar em um mesmo processo o equilíbrio
entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais. Diz respeito à necessidade de revisar e
redefinir meios de produção e padrões de consumo vigentes, de tal modo que o crescimento
econômico não seja alcançado a qualquer preço, mas considerando-se os impactos e a geração
de valores sociais e ambientais decorrentes da atuação humana.
(Adaptado de: http://www.bb.com.br/portalbb/page251,8305,3912,0,0,1,6.bb?codigoNoticia=28665)
EXEMPLIFICANDO
TJ-RJ – 2012
Crônicas
E, subitamente, é a era do Automóvel. O monstro transformador irrompeu, bufando, por
entre os descombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora,
tudo transformou com aparências novas e novas aspirações. Quando os meus olhos se abriram
para as agruras e também para os prazeres da vida, a cidade, toda estreita e toda de mau piso,
eriçava o pedregulho contra o animal de lenda, que acabava de ser inventado em França. Só
pelas ruas esguias dois pequenos e lamentáveis corredores tinham tido a ousadia de aparecer.
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Um, o primeiro, de Patrocínio, quando chegou, foi motivo de escandalosa atenção. Gente de
guarda-chuva debaixo do braço parava estarrecida como se tivesse visto um bicho de Marte
ou um aparelho de morte imediata. Oito dias depois, o jornalista e alguns amigos, acreditando
voar com três quilômetros por hora, rebentavam a máquina de encontro às árvores da rua
da Passagem. O outro, tão lento e parado que mais parecia uma tartaruga bulhenta, deitava
tanta fumaça que, ao vê-lo passar, várias damas sufocavam. A imprensa, arauto do progresso,
e a elegância, modelo do esnobismo, eram os precursores da era automobílica. Mas ninguém
adivinhava essa era. Quem poderia pensar na futura influência do Automóvel diante da
máquina quebrada de Patrocínio? Quem imaginaria velocidades enormes na corriola dificultosa
que o conde Guerra Duval cedia aos clubes infantis como um brinco idêntico aos baloiços e aos
pôneis mansos? Ninguém! Absolutamente ninguém. [...]
Para que a era se firmasse fora preciso a transfiguração da cidade. [...] Ruas arrasaram-se,
avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou,
arrastando desvairadamente uma catadupa de automóveis. Agora, nós vivemos positivamente
nos momentos do automóvel, em que o chofer é rei, é soberano, é tirano.
(João do Rio. “A era do automóvel”. Crônicas. São Paulo: Companhia das Letras. 2005. p. 17-18)
EXEMPLIFICANDO
TRT 6ª REGÃO PE – 2012
Um dos mitos narrados por Ovídio nas Metamorfoses conta a história de Aglauros. A jovem
é irmã de Hersé, cuja beleza extraordinária desperta o desejo do deus Hermes. Apaixonado,
o deus pede a Aglauros que interceda junto a Hersé e favoreça os seus amores por ela;
Aglauros concorda, mas exige em troca um punhado de moedas de ouro. Isso irritou Palas
Atena, que já detestava a jovem porque esta a espionara em outra ocasião. Não admitia que
a mortal fosse recompensada por outro deus; decide vingar-se, e a vingança é terrível: Palas
Atena vai à morada da Inveja e ordena-lhe que vá infectar a jovem Aglauros.
A descrição da Inveja feita por Ovídio merece ser relembrada, pois serviu de modelo a todos
os que falaram desse sentimento: “A Inveja habita o fundo de um vale onde jamais se vê o sol.
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TRT-SP (Técnico Judiciário) – Interpretação de Texto – Profª Maria Tereza
Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre
trevas espessas. A palidez cobre o seu rosto e o olhar não se fixa em parte alguma. Ela ignora o
sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor alheia. Assiste com despeito aos sucessos
dos homens, e este espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e
este é seu suplício”.
(Adaptado de Renato Mezan. “A inveja”. Os sentidos da
paixão. São Paulo: Funarte e Cia. das Letras, 1987. p.124-25)
CHARGE: é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar algum acontecimento atual
com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga,
ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco. Apesar de ser
confundida com cartum, é considerada totalmente diferente: ao contrário da charge, que tece
uma crítica contundente, o cartum retrata situações mais corriqueiras da sociedade. Mais do
que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social mediante o artista expressa
graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas por meio do humor e da sátira.
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CHARGE
CARTUM
QUADRINHOS: hipergênero, que agrega diferentes outros gêneros, cada um com suas
peculiaridades.
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TEXTO LITERÁRIO
EXEMPLIFICANDO
TRF-2ª REGIÃO – 2012
Texto I
No Pão de Açúcar
De cada dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De cada dia
(Andrade, Oswald. Pau-Brasil. Obras completas de Oswald de Andrade. São Paulo, Globo, Secretaria de Estado da
Cultura, 1990, p. 63)
Texto II
O texto abaixo reproduz algumas afirmativas do Manifesto Pau-Brasil, que Oswald de
Andrade, um dos mentores do movimento modernista brasileiro de 1922, lançou no Correio da
Manhã em 18 de março de 1924.
A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o sol
cabralino, são fatos estéticos. O carnaval do Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil.
Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. A
poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança. A língua sem arcaísmos, sem erudição.
Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como
somos. Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos
livres. Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a
geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Um misto
de “dorme nenê que o bicho vem pegá” e de equações. Obuses de elevadores, cubos de arranha-
céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um
pouco sensual, amorosa.
(http://www.lumiarte.com/luardeoutono/oswald/manifpaubr.html acesso-em-11/02/2012)
24. (12259) Conclui-se corretamente do último parágrafo do Texto II que Oswald de Andrade
a) critica alguns hábitos brasileiros que fazem parte do que ele vinha apontando como
exemplos de uma visão poética ultrapassada.
b) relaciona elementos brasileiros que estão distantes de tudo aquilo que ele havia
considerado como uma autêntica poesia Pau-Brasil.
c) constata que a mistura entre elementos tradicionais de um povo e aqueles que atestam o
progresso é incompatível com a poesia.
d) mostra desconhecer alguns elementos da realidade brasileira, embora esteja defendendo
alguns de seus valores.
e) enumera algumas características da realidade brasileira que podem constituir assunto a ser
transformado em poesia.
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EXERCITANDO
BB – 2013
Ao longo do século XVII, a Holanda foi um dos dois motores de um fenômeno que
transformaria para sempre a natureza das relações internacionais: a primeira onda da chamada
globalização. O outro motor daquela era de florescimento extraordinário das trocas comerciais
e culturais era um império do outro lado do planeta – a China. Só na década de 1650, 40.000
homens partiram dos portos holandeses rumo ao Oriente, em busca dos produtos cobiçados
que se fabricavam por lá. Mas a derrota em uma guerra contra a França encerrou os dias da
Holanda como força dominante no comércio mundial.
Se o século XVI havia sido marcado pelas grandes descobertas, o seguinte testemunhou a
consequência maior delas: o estabelecimento de um poderoso cinturão de comércio que ia da
Europa à Ásia. “O sonho de chegar à China é o fio imaginário que percorre a história da luta da
Europa para fugir do isolamento”, diz o escritor canadense Timothy Brook, no livro O chapéu de
Vermeer.
Isso determinou mudanças de comportamento e de valores: “Mais gente aprendia novas
línguas e se ajustava a costumes desconhecidos”. O estímulo a esse movimento era o desejo
irreprimível dos ocidentais de consumir as riquezas produzidas no Oriente. A princípio
refratários ao comércio com o exterior, os governantes chineses acabaram rendendo-se à
evidência de que o comércio significava a injeção de riqueza na economia local (em especial
sob a forma de toneladas de prata).
Sob vários aspectos, a China e a Holanda do século XVII eram a tradução de um mesmo
espírito de liberdade comercial. Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem
econômica transnacional. A Companhia das Índias Orientais – a primeira grande companhia
de ações do mundo, criada em 1602 – foi a mãe das multinacionais contemporâneas.
Beneficiando-se dos baixos impostos e da flexibilidade administrativa, ela tornou-se a grande
potência empresarial do século XVII.
(Adaptado de: Marcelo Marthe. Veja, p. 136-137, 29 ago. 2012)
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O planeta discute, e não é de hoje, o fim da Idade do Petróleo. Como define o ex-ministro
Delfim Netto, a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, mas pelo fato de outras
tecnologias mais eficientes terem sido inventadas. Não há dúvida de que o estilo de vida e o
modo de produção impulsionados pelo uso do petróleo são os principais responsáveis pela
degradação do planeta. O que não se sabe, porém, é como e em que ritmo faremos a transição
para uma nova etapa. E se seremos capazes de realizá-la a tempo de reverter ou ao menos
estancar os problemas que ameaçam a nossa própria existência.
O consumo mundial de petróleo não dá sinal de trégua: cresceu quase 30% entre 1990 e
2008, de 67 milhões para 86 milhões de barris por dia. No mesmo período, a demanda de
petróleo na Índia mais do que dobrou e a da China triplicou. O ritmo de crescimento deve se
repetir em 2011.
Ao mesmo tempo, a escalada nas cotações internacionais tende a aumentar a pressão sobre
os custos dos alimentos, dos produtos de limpeza doméstica, de higiene pessoal e de energia
para indústrias. Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo da matéria-prima
e dos insumos, o que significa um impacto no valor de embalagens plásticas, fertilizantes,
combustíveis para colheita e para transporte da safra agrícola.
No século XXI, com o aumento da temperatura global, de dois graus em relação aos níveis
pré-industriais, o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços mundiais para reduzir
a queima de combustíveis. Mas o homem moderno estaria preparado para abrir mão de seu
conforto?
(Darlene Menconi. Carta Verde. Carta Capital, 27 de abril de 2011, p. 45-46, com adaptações)
BB – 2013
Ao longo do século XVII, a Holanda foi um dos dois motores de um fenômeno que
transformaria para sempre a natureza das relações internacionais: a primeira onda da chamada
globalização. O outro motor daquela era de florescimento extraordinário das trocas comerciais
e culturais era um império do outro lado do planeta – a China. Só na década de 1650, 40.000
homens partiram dos portos holandeses rumo ao Oriente, em busca dos produtos cobiçados
que se fabricavam por lá. Mas a derrota em uma guerra contra a França encerrou os dias da
Holanda como força dominante no comércio mundial.
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Se o século XVI havia sido marcado pelas grandes descobertas, o seguinte testemunhou a
consequência maior delas: o estabelecimento de um poderoso cinturão de comércio que ia da
Europa à Ásia. “O sonho de chegar à China é o fio imaginário que percorre a história da luta da
Europa para fugir do isolamento”, diz o escritor canadense Timothy Brook, no livro O chapéu de
Vermeer.
Isso determinou mudanças de comportamento e de valores: “Mais gente aprendia novas
línguas e se ajustava a costumes desconhecidos”. O estímulo a esse movimento era o desejo
irreprimível dos ocidentais de consumir as riquezas produzidas no Oriente. A princípio
refratários ao comércio com o exterior, os governantes chineses acabaram rendendo-se à
evidência de que o comércio significava a injeção de riqueza na economia local (em especial
sob a forma de toneladas de prata).
Sob vários aspectos, a China e a Holanda do século XVII eram a tradução de um mesmo
espírito de liberdade comercial. Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem
econômica transnacional. A Companhia das Índias Orientais – a primeira grande companhia
de ações do mundo, criada em 1602 – foi a mãe das multinacionais contemporâneas.
Beneficiando-se dos baixos impostos e da flexibilidade administrativa, ela tornou-se a grande
potência empresarial do século XVII.
(Adaptado de: Marcelo Marthe. Veja, p. 136-137, 29 ago. 2012)
27. (12200) “O sonho de chegar à China é o fio imaginário que percorre a história da luta da
Europa para fugir do isolamento”. (2º parágrafo) / O estímulo a esse movimento era o desejo
irreprimível dos ocidentais de consumir as riquezas produzidas no Oriente. (3º parágrafo)
Considerando-se o contexto, as expressões grifadas nas afirmativas acima seriam corretamente
substituídas, respectivamente, por
a) a onda inicial – A curiosidade pelo desconhecido
b) o caminho fictício – A causa desse impulso
c) o desejo consumista – A busca de riqueza
d) o intenso comércio – A cobiça de bens
e) a finalidade lucrativa – O motor desse fenômeno
_____________________________________________________________________________
TST – 2012
Todos os jogos se compõem de duas partes: um jogo exterior e um jogo interior. O exterior
é jogado contra um adversário para superar obstáculos exteriores e atingir uma meta externa.
Para o domínio desse jogo, especialistas dão instruções sobre como utilizar uma raquete ou um
taco e como posicionar os braços, as pernas ou o tronco para alcançar os melhores resultados.
Mas, por algum motivo, a maioria das pessoas têm mais facilidade para lembrar estas instruções
do que para executá-las.
Minha tese é que não encontraremos maestria nem satisfação em algum jogo se
negligenciarmos as habilidades do jogo interior. Este é o jogo que se desenrola na mente do
jogador, e é jogado contra obstáculos como falta de concentração, nervosismo, ausência de
confiança em si mesmo e autocondenação. Em resumo, este jogo tem como finalidade superar
todos os hábitos da mente que inibem a excelência do desempenho.
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TRT-SP (Técnico Judiciário) – Interpretação de Texto – Profª Maria Tereza
Muitas vezes nos perguntamos: Por que jogamos tão bem num dia e tão mal no outro? Por
que ficamos tensos numa competição ou desperdiçamos jogadas fáceis? Por que demoramos
tanto para nos livrar de um mau hábito e aprender um novo? As vitórias no jogo interior talvez
não acrescentem novos troféus, mas elas trazem recompensas valiosas, que são permanentes
e que contribuem de forma significativa para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como
fora dela.
(Adaptado de W. Timothy Gallwey. O jogo interior de tênis. Trad. de Mario R. Krausz. S.Paulo: Textonovo, 1996.
p.13)
TST – 2012
Desde as priscas eras do Orkut, noto o fenômeno. Entro no perfil de uma moça e começo a
olhar suas fotos: encontro-a ali ainda criança, vestida de odalisca, num Carnaval já amarelado do
século 20; vejo-a numa praia, com uma turma na piscina de um sítio, no final da adolescência.
Então, sem que eu me dê conta, um retrato puxa meu olhar. Minha reação imediata,
naquele interregno mental em que as pupilas já captaram a imagem, mas o cérebro ainda
não teve tempo de processá-la, é de surpresa: como ela saiu bem nessa foto! Só um segundo
depois percebo o engano: quem saiu bem não foi a garota do perfil, mas uma atriz famosa,
cuja imagem foi contrabandeada para aquele álbum por conta de alguma semelhança com sua
dona. Olho as outras fotos. Comparo. E da distância − às vezes menor, às vezes maior – entre a
estrela de cinema e a mulher do Facebook surgem sentimentos contraditórios.
De início, topar com a destoante atriz me dava certa pena: afinal, por mais bonita que
fosse a moça, ela nunca alcançava a musa. Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação
de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós mesmos. Quando cito uma frase
de Nietzsche, mesmo quando posto uma foto de um churrasco, não estou eu, também,
editando-me? Tentando pegar esse aglomerado de defeitos, qualidades, ansiedades, desejos e
frustrações e emoldurá-lo de modo a valorizar o quadro – engraçado, profundo, hedonista?
Hoje, portanto, admiro as moças que colocam fotos de belas atrizes entre as suas. Vejo ali
um pouco de ousadia, um pouco de esperança, e, acima de tudo, algo oposto ao que eu via
antes: não um delírio, a tentativa de fugir de si próprias, mas a capacidade de aceitarem-se na
harmoniosa mistura entre o que são e o que gostariam de ser.
(Adaptado de Antonio Prata. Folha de S. Paulo, 4/7/12)
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29. (12204) Depreende-se do texto que o autor
a) acredita que pessoas com baixa autoestima tendem a cultuar ícones do cinema nos seus
perfis das redes sociais.
b) constata que a imagem transmitida no perfil de uma rede social é em parte real e em parte
idealizada, o que, para ele, não se configura como um problema.
c) critica perfis em que se publicam fotos de artistas famosos, por transmitirem a ideia de que
se deve atingir um modelo de perfeição que só é possível no mundo virtual.
d) elogia a tecnologia das redes sociais, por meio da qual é possível conhecer pessoas novas e
observar fotografias de diversas fases de suas vidas.
e) ressalta a superficialidade dos perfis das redes sociais, nos quais são postadas fotografias
pouco realistas e citadas frases de efeito que nada revelam sobre a personalidade do
usuário.
_____________________________________________________________________________
BB – 2012
A morte das celebridades
01. Quando morre uma dessas duvidosas celebridades que povoam os espaços da
02. mídia, uma chusma de outras duvidosas celebridades é convidada a manifestar-se
03. diante das câmeras. Os óculos escuros ocultam a lágrima inexistente. Esbanja-se
04. criatividade: “É uma perda irreparável”, “O Brasil está mais pobre”, “Continuará vivo
05. em nossos corações” etc.
06. A morte de Chico Anysio (uma celebridade por mérito) teve uma repercussão
07. singular: cada lembrança de colega, amigo ou fã, cada imagem recuperada na TV
08. lembrava, em pleno velório, o riso aberto, que foi o sentido de sua vida e de seu
09. trabalho. Ficava difícil se apoiar em algum chavão. As inúmeras personagens que ele
10. criou iam aparecendo na tela, suas vozes eram ouvidas em seus bordões, verdadeiras
11. e vivas, como sempre. Todas as personalidades morrem, mas há personagens que
12. recusam o silêncio. É mentira, Terta?
(Bonifácio Mourinho, inédito)
30. Considerando-se o contexto, a ironia da frase Esbanja-se criatividade (l. 03-04) enfatiza o fato
de que
a) as situações mais radicais, como o confronto com a morte, despertam nos homens comuns
o talento e a originalidade.
b) a gravidade de certas situações não impede que alguns se valham da linguagem para exibir
seus achados literários
c) a insinceridade humana busca, sobretudo nas manifestações públicas, o exibicionismo fácil
das frases feitas.
d) a morte de Chico Anysio ensejou, mais uma vez, a oportunidade para que se manifestasse
o artificialismo dos bordões
e) a originalidade da linguagem humana é diretamente proporcional à gravidade da situação
que ela busca representar.
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Para ver a explicação do professor sobre as questões, acesse o link a seguir ou baixe
um leitor QR Code em seu celular e fotografe o código.
http://acasadasquestoes.com.br/prova-imprimir.php?prova=94946
Gabarito: 1. (12238) E 2. (12242) E 3. (12241) A 4. (12228) C 5. (12240) E 6. (12231) D 7. (12235) B 8. (12248) B
9. (12201) B 10. C 11. (12257) B 12. (12237) A 13. (12236) C 14. (12252) A 15. (12229) C 16. (12256) D
17. (12227) D 18. D 19. (12202) C 20. (12212) D 21. (12211) E 22. (12239) C 23. (12215) E 24. (12259) E
25. (12194) C 26. (12210) C 27. (12200) B 28. (12198) E 29. (12204) B 30. C
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