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CÓD: SL-056JL-21

7908433208457

PC-SP
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Perito Criminal (2ª Edição 2021)


A APOSTILA PREPARATÓRIA É ELABORADA ANTES DA
PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL
ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS.
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura E Interpretação De Diversos Tipos De Textos (Literários E Não Literários) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sinônimos E Antônimos; Sentido Próprio E Figurado Das Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Classes De Palavras: Substantivo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição E Conjunção: Emprego E Sentido Que
Imprimem Às Relações Que Estabelecem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Concordância Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6. Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Colocação Pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Biologia
1. Citologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Diversidade Dos Seres Vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Fisiologia Humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. Genética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5. Citogenética E Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Física
1. Sistema Internacional de Unidades, grandezas físicas escalares e vetoriais, medições das grandezas físicas e algarismos significati-
vos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Termologia e Termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4. Ondulatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5. Óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6. Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Química
1. materiais e suas propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estrutura atômica e Classificação Periódica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Ligação Química . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Relações entre massa e quantidade de matéria - Estequiometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Energia nas transformações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Cinética química e Equilíbrio químico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
8. Funções da Química Inorgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9. Eletroquímica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
10. Princípios básicos da análise química. Fundamentos de química orgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Matemática
1. Teoria dos conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Geometrias Plana e Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Análise combinatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
ÍNDICE

6. Noções básicas de estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16


7. Sequências e progressões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
8. Matrizes, determinantes e sistemas lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
9. Geometria analítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
10. Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
11. Trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Constituição Federal
1. Artigos 1.º a 5.º e 144 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Código Penal
1. Código Penal 6.2.1. Dos Crimes Contra a Vida – artigos 121 a 128 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Dos Contra o Patrimonio – artigos 155 a 183 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral – artigos 312 a 327. Dos Crimes contra a Adminis-
tração da Justiça – artigos 338 a 359 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis – artigos 293 a 295 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Código Processual Penal


1. Do Inquérito Policial: Artigos 4.º A 23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Do Exame Do Corpo De Delito, E Das Perícias Em Geral: Artigos 155 A 184 Geral: Artigos 155 A 184 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Dos Indícios: Artigo 239 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Dos Peritos E Intérpretes: Artigos 275 A 281 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5. Lei Orgânica Da Polícia Do Estado De São Paulo (Lei Complementar N.º 207/79 E Lei Complementar N.º 922/02) . . . . . . . . . . . . . . 12

Noções de Criminologia
1. Conceito, método, objeto e finalidade da Criminologia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Teorias sociológicas da criminalidade; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Vitimologia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4. O Estado Democrático de Direito e a prevenção da infração penal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Noções de Criminalística
1. Definições E Objetivos Áreas De Atuação Da Criminalística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Corpo De Delito – Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Locais De Crime – Definição E Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
4. Preservação De Locais De Crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
5. Vestígios E Indícios Encontrados Nos Locais De Crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
6. Modalidades De Perícias Criminais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
ÍNDICE

Noções de Medicina Legal


1. Medicina Legal: Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Traumatologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Toxicologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Sexologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Antropologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Tanatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Conhecimentos em Lógica
1. Conceitos Iniciais Do Raciocínio Lógico: Proposições, Valores Lógicos, Conectivos, Tabelas-Verdade, Tautologia, Contradição, Equivalência
Entre Proposições, Negação De Uma Proposição, Validade De Argumentos; Estruturas Lógicas E Lógica De Argumentação; Questões De
Associação; Verdades E Mentiras; Diagramas Lógicos (Silogismos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Conhecimentos em Informática
1. Sistemas Operacionais Ms Windows Xp, Vista E 7; Operação E Configuração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Softwares Aplicativos: Processadores De Texto, Planilhas Eletrônicas, Bancos De Dados, Multimídia, Armazenamento De Dados, Cópia
De Segurança, Geração E Digitalização De Material Escrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3. Softwares Utilitários Básicos Dos Sistemas Operacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Internet E Intranet: Navegadores, Correio Eletrônico, Transferência De Arquivos, Sistemas De Busca E Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Comunicação: Noções De Protocolos De Comunicação Em Redes; Acesso Remoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
6. Computadores Pessoais (Desktops, Notebooks, Tablets E Netbooks) E Periféricos: Classificação, Noções Gerais E Operação . . . . . 33
7. Segurança Da Informação: Hash, Criptografia, Códigos Maliciosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Contabilidade
1. Contabilidade Geral: Conceito, Objeto E Finalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Patrimônio: Conceito, Aspectos Do Ativo, Do Passivo E Da Situação Líquida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Escrituração: Métodos E Processos De Escrituração, Formalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Demonstrações Financeiras Obrigatórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
5. Contabilidade Industrial E Comercial: Conceitos E Campo De Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
6. Impostos, Taxas E Tributos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
7. Matemática Financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Leitura E Interpretação De Diversos Tipos De Textos (Literários E Não Literários) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sinônimos E Antônimos; Sentido Próprio E Figurado Das Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Classes De Palavras: Substantivo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição E Conjunção: Emprego E Sentido Que
Imprimem Às Relações Que Estabelecem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Concordância Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6. Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Colocação Pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS) verbal com a não-verbal.

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para
todo o seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa
habilidade é essencial e pode ser um diferencial para a realização
de uma boa prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e
interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um
tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
mas podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
é feliz. damos a este processo é intertextualidade.
Percebeu a diferença?
Interpretação de Texto
Tipos de Linguagem Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada
que facilite a interpretação de textos. ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. deduzir de um texto.
Ela pode ser escrita ou oral. A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um
determinado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo
lido estabeleça uma relação com a informação já possuída, o que
leva ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que
haja uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo
conteúdo lido, afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos
de leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura
analítica e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de
notícias (e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente - Leia livros sobre diversos temas para sugar informações
imagens, fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. ortográficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
polêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é
tentar compreender o sentido global do texto e identificar o seu
objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Sublinhe as ideias mais importantes. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um tex-
principal e das ideias secundárias do texto. to: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
– Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo CACHORROS
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e
mutável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
– Retorne ao texto sempre que necessário. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo.
os enunciados das questões. Essa amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as
pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perce-
– Reescreva o conteúdo lido. beram que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, deles e comer a comida que sobrava. Já os homens descobriram
tópicos ou esquemas. que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e
a tomar conta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar colaborava com o outro e a parceria deu certo.
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o
são uma distração, mas também um aprendizado. possível assunto abordado no texto. Embora você imagine que
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente
a compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também o que ele falaria sobre cães. Repare que temos várias informa-
estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, ções ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem
atualiza, melhora nosso foco, cria perspectivas, nos torna dos cães, a associação entre eles e os seres humanos, a dissemi-
reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de nação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre
fala, de escrita e de memória. cães e homens.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias As informações que se relacionam com o tema chamamos
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto de subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se inte-
pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a gram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer
conclusão do texto. uma unidade de sentido. Portanto, pense: sobre o que exata-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a
mente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa-
identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se
mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a rela-
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações,
ção entre homens e cães. Se foi isso que você pensou, parabéns!
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões
Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
apresentadas na prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i-
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por
deias-secundarias/
isso o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar
com algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao
IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
texto, e nunca extrapole a visão dele.
TEXTOS VARIADOS
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as dife- está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio
rentes informações de forma a construir o seu sentido global, ou ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou
um todo significativo, que é o texto. expressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um novo sentido, gerando um efeito de humor.
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Exemplo:
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura
porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se
atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É
muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferen-
tes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, pre-
ferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro,
sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuida-
dos com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são pra-
ticamente infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é
condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então,
começar nossos estudos?

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O


Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- GÊNERO EM QUE SE INSCREVE
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a Compreender um texto trata da análise e decodificação do
intenção são diferentes. que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che-
gar ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação
Ironia de situação trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, texto.
o resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem pla- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
neja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Assis, a personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen-
sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou
famoso após a morte. Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
Ironia dramática (ou satírica) os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre apreensão do conteúdo exposto.
nos textos literários quando a personagem tem a consciência de Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem
que suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
por um caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram expli-
o que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil citadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conce-
aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por der espaço para divagações ou hipóteses, supostamente conti-
exemplo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da das nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não
história irão morrer em decorrência do seu amor. As persona- quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto,
gens agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas e
objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão bem-suce- inespecíficas.
didos.
Importância da interpretação
Humor A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e
pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de
humor. conteúdos específicos, aprimora a escrita.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compar- Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros
tilham da característica do efeito surpresa. O humor reside em fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes
ocorrer algo fora do esperado numa situação. presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre
as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos
cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, fre- surpreendentes que não foram observados previamente. Para
quentemente acessadas como forma de gerar o riso. auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certa-
em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. mente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se

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LÍNGUA PORTUGUESA
de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia-
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite
porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hie- as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, aju-
rárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas dando os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje-
para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entre- tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma
linhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer certa liberdade para quem recebe a informação.
que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
damental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve ser
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós Fato
leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A exis-
tência do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato
Diferença entre compreensão e interpretação pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de al-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do guma maneira, através de algum documento, números, vídeo ou
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre- registro.
tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. Exemplo de fato:
O leitor tira conclusões subjetivas do texto. A mãe foi viajar.
Gêneros Discursivos Interpretação
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
causas, previmos suas consequências.
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se
No romance nós temos uma história central e várias histórias
apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja
secundárias.
plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças
ou diferenças sejam detectáveis.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmen-
te imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas
Exemplos de interpretação:
personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas
outro país.
ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen- são do que com a filha.
ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e
tem a história principal, mas também tem várias histórias secun- Opinião
dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando
local são definidos pelas histórias dos personagens. A história um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a inter-
(enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por pretação que fazemos do fato.
ter um texto mais curto. Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coe-
rência que mantêm com a interpretação do fato. É uma inter-
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações pretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato.
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a iro- Esta opinião pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores
nia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica socioculturais.
o tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe-
quenos intervalos como horas ou mesmo minutos. Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpreta-
ções anteriores:
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo- outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
criação de imagens. são do que com a filha. Ela foi egoísta.

Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assun- Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
to que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previ-
convencer o leitor a concordar com ele. sões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação,
já estamos expressando nosso julgamento.
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informa- principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quan-
ções. Tem como principal característica transmitir a opinião de do analisamos um texto dissertativo.
pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: NÍVEIS DE LINGUAGEM
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se impor-
tando com o sofrimento da filha. Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, grá-
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento dependendo da idade, cultura, posição social, profissão etc. A
do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto,
as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no determina nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão
texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen- pessoal).
samento e o do leitor. As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam,
com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que
Parágrafo só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que grupo social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam
é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser na língua e caem em desuso.
formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. Língua escrita e língua falada
No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geral- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar gran-
mente apresentada na introdução. de parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entona-
ção, e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua
Embora existam diferentes formas de organização de pará- falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se
grafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade
jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutu- de expressão do falante. Nessas situações informais, muitas re-
ra consiste em três partes:  a ideia-núcleo,  as ideias secundá- gras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome
rias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafir- da naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade
ma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão. estilística do falante.

Introdução:  faz uma rápida apresentação do assunto e já Linguagem popular e linguagem culta
traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lin-
você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está guagem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na
sendo escrito. Normalmente o tema e o problema são dados fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que
pela própria prova. ela esteja presente em poesias (o Movimento Modernista Bra-
sileiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e romances em que o diálogo é usado para representar a língua
e ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É falada.
possível usar argumentos de várias formas, desde dados estatís-
ticos até citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se
Conclusão:  faz uma retomada breve de tudo que foi abor- quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de ví-
dado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias cios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do de- pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da lín-
senvolvimento. gua. A linguagem popular está presente nas conversas familiares
ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conec- de TV e auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais
tores. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura etc.
mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico en-
tre as ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior A Linguagem Culta ou Padrão
do período, e o tópico que o antecede. É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quan- que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes-
to ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência tam- soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se
bém para a clareza do texto. pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, ad- na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural.
vérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está
muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos,
obscuro, sem coerência. comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumen- etc.
tativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa
estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensa-
mento mais direto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Gíria Porque penico não tinha ali
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais Mas era feita com muito esmero
como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses gru- Na rua dos bobos, número zero
pos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para (Vinícius de Moraes)
que as mensagens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
os novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos
pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vo- e comportamentos, nas leis jurídicas.
cabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “gale- Características principais:
ra”, “mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com
verbos de comando, com tom imperativo; há também o uso do
Linguagem vulgar futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar 2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Elei-
Linguagem regional toral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam expri-
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua mir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária
padrão, quanto às construções gramaticais e empregos de cer- ou definitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistá-
tas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares veis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha,
amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas mili-
Tipos e genêros textuais tares de ensino superior para formação de oficiais.
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e
abrangentes que objetivam a distinção e definição da estrutura,
bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descri- Tipo textual expositivo
ção e explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver ra-
forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco ciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de expo-
tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, sição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A
expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. dissertação pode ser expositiva ou argumentativa.
Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um
um deles. assunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de
maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar de-
Tipo textual descritivo bate.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma Características principais:
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
um movimento etc. • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, in-
Características principais: formar.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor ad- • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no pre-
jetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua fun- sente.
ção caracterizadora. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa de ponto de vista.
enumeração. • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• A noção temporal é normalmente estática.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a de- Exemplo:
finição. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um
anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. determinado tema.
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disser-
Exemplo: tação expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opina-
Era uma casa muito engraçada tiva).
Não tinha teto, não tinha nada Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Ninguém podia entrar nela, não sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipo textual dissertativo-argumentativo GÊNEROS TEXTUAIS
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concursos — Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes de
apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias apresenta- expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um texto
das de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, clareza, res- se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu produtor. Logo, os
peito pelo registro formal da língua e coerência, seu intuito é a defesa gêneros apresentam maior diversidade e exercem funções sociais es-
de um ponto de vista que convença o interlocutor (leitor ou ouvinte). pecíficas, próprias do dia a dia. Ademais, são passíveis de modificações
ao longo do tempo, mesmo que preservando características prepon-
Características principais: derantes. Vejamos, agora, uma tabela que apresenta alguns gêneros
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimen- textuais classificados com os tipos textuais que neles predominam.
to e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (es-
tratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, tes- Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
temunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato,
exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos princi- Descritivo Diário
pais com sugestão/solução). Relatos (viagens, históricos, etc.)
Biografia e autobiografia
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumen-
Notícia
tações informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (nor-
Currículo
malmente nas argumentações formais) para imprimir uma atem-
Lista de compras
poralidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito.
Cardápio
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
Anúncios de classificados
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Injuntivo Receita culinária
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o Bula de remédio
desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Manual de instruções
Regulamento
Exemplo: Textos prescritivos
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Expositivo Seminários
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Palestras
administração política (tese), porque a força governamental cer- Conferências
tamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negli- Entrevistas
gência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes Trabalhos acadêmicos
metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do Enciclopédia
RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for Verbetes de dicionários
do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-es-
Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
tar da população, isso é plenamente possível (estratégia argu-
Carta de opinião
mentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, que
Resenha
não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude do Artigo
governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre Ensaio
terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão). Monografia, dissertação de
mestrado e tese de doutorado
Tipo textual narrativo
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Narrativo Romance
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e Novela
lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um en- Crônica
redo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Contos de Fada
Fábula
Características principais: Lendas
• O tempo verbal predominante é o passado.
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da
história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são flui-
– onisciente). dos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
INTERTEXTUALIDADE
prosa, não em verso.
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro.
Exemplo: Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de pro-
Solidão dução de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo,
era o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, forma ou de ambos: forma e conteúdo.
só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos,
Casam-se. Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as pro-
certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade. duções textuais que apresentem diversas linguagens (visual,
Nelson S. Oliveira auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura,
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias,
reais/4835684 programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Intertextualidade fazer o interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais pro-
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral- vável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que
mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do a outra, é preferível à outra.
grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
“para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poe- um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
sia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos enunciador está propondo.
programas humorísticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta-
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pre-
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utiliza- tende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente
ção de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (para- das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
phrasis), significa a “repetição de uma sentença”. postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
científicos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamen-
Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” to:
(posição superior) e “graphé” (escrita). A é igual a B.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa pro- A é igual a C.
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem Então: C é igual a A.
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de
outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apre- Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoria-
sentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. mente, que C é igual a A.
Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar. Outro exemplo:
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Todo ruminante é um mamífero.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por A vaca é um ruminante.
dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Logo, a vaca é um mamífero.
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
também será verdadeira.
ARGUMENTAÇÃO No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem -se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz -se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o -nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
texto diz e faça o que ele propõe. e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
todo texto contém um componente argumentativo. A argumen- peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um ban-
tação é o conjunto de recursos de natureza linguística destina- co. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo
dos a persuadir a pessoa a quem a comunicação se destina. Está seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às te- Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
ses e aos pontos de vista defendidos. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar entender bem como eles funcionam.
a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
disse acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o in- acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o au-
terlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como ver- ditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fá-
dadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence cil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
uso de recursos de linguagem. um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
Para compreender claramente o que é um argumento, é que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja
a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis vem com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacio-
quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”. nal. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que
desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argu- no Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vinculado
mentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde.
Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais Tipos de Argumento
desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a
recurso que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso sig- fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
nifica que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para argumento. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento de Autoridade Argumento quase lógico
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconheci- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como
das pelo auditório como autoridades em certo domínio do sa- causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra-
ber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos
Esse recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimen- raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer relações ne-
to do produtor do texto a respeito do assunto de que está tratan- cessárias entre os elementos, mas sim instituir relações prová-
do; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, veis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual
não fazer do texto um amontoado de citações. A citação precisa a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma
ser pertinente e verdadeira. Exemplo: relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Ami-
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” go de amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade
lógica, mas uma identidade provável.
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmen-
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- te aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
nhecimento. Nunca o inverso. concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico:
Alex José Periscinoto. fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afir-
mações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele ex-
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im- trair generalizações indevidas.
portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mun- Argumento do Atributo
do. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas É aquele que considera melhor o que tem propriedades tí-
devem acreditar que é verdade. picas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo,
o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é
Argumento de Quantidade melhor que o que é mais grosseiro, etc.
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fun- beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o con-
damento desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publi- sumidor tende a associar o produto anunciado com atributos da
cidade faz largo uso do argumento de quantidade. celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
Argumento do Consenso competência linguística. A utilização da variante culta e formal
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta- da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
-se em afirmações que, numa determinada época, são aceitas socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir
como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a me- um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que
nos que o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, correspon- Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú-
de ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
aquilo que não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente
por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser mais adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta
protegido e de que as condições de vida são piores nos países produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de com-
subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o petência do médico:
risco de passar dos argumentos válidos para os lugares comuns, - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando
os preconceitos e as frases carentes de qualquer base científica. em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica
houve por bem determinar o internamento do governador pelo
Argumento de Existência período de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular hospital por três dias.
enuncia o argumento de existência no provérbio “Mais vale um
pássaro na mão do que dois voando”. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documen- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
tais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunica-
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. ção deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
o exército americano era muito mais poderoso do que o iraquia- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falan-
no. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, te traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de
poderia ser vista como propagandística. No entanto, quando do- um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicu-
cumentada pela comparação do número de canhões, de carros larizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
de combate, de navios, etc., ganhava credibilidade. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos epi-
sódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
não outras, etc. Veja:

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LÍNGUA PORTUGUESA
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida-
trocavam abraços afetuosos.” des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, ra-
zões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informa-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que no- tiva, apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade,
ras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhi- a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto
do esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de
termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa vista na dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de
inesperada. argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser defi-
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando nida como discussão, debate, questionamento, o que implica a
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou con-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão cordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental,
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É ne-
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmen- cessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os
te, pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras porquês da defesa de um ponto de vista.
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude ar-
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação gumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo
do meio ambiente, injustiça, corrupção). de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas evidencia.
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posi-
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para ções, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de
destruir o argumento. vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, mui-
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do tas vezes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando- sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom
-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar con-
caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias siste em desenvolver as seguintes habilidades:
não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição to-
visando a reduzir outros à sua dependência política e econômi- talmente contrária;
ca”. - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais
os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apre-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a si- sentaria contra a argumentação proposta;
tuação concreta do texto, que leva em conta os componentes - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a oposta.
comunicação, o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não cos- argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclu-
tumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em sões válidas, como se procede no método dialético. O método
fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de
óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao
verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. fenômeno em questão e da mudança dialética que ocorre na na-
Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifes- tureza e na sociedade.
tam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o
A argumentação é a exploração de recursos para fazer pare- método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que par-
cer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a te do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
um ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que em partes, começando-se pelas proposições mais simples até
inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de per- alcançar, por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha
suadir. Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem rela- de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema,
ções para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir dividi-lo em partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enu-
é um processo de convencimento, por meio da argumentação, merar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada um
no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar no conjunto da dedução.
seu pensamento e seu comportamento. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão vá- argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs qua-
lida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou tro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais,
proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do ra- uma série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em
ciocínio empregado na argumentação. A persuasão não válida busca da verdade:
apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chan- - evidência;
tagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a in- - divisão ou análise;
flexão de voz, a mímica e até o choro. - ordem ou dedução;
- enumeração.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omis- Indução
são e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par-
quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o pro- ticular)
cesso dedutivo. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu-
A forma de argumentação mais empregada na redação aca- lar)
dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge-
a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, ral – conclusão falsa)
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
alguns não caracteriza a universalidade. pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si- fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Re-
logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que dentor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas
vai do particular para o geral. A expressão formal do método de- ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou
dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subje-
baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o parti- tivos, baseados nos sentimentos não ditados pela razão.
cular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à pre- mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
visão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
Fulano é homem (premissa menor = particular) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Logo, Fulano é mortal (conclusão) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas mé-
todos sistemáticos, porque pela organização e ordenação das
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, ba- ideias visam sistematizar a pesquisa.
seiase em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga-
Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes
seja, parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo,
desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes,
causa. Exemplo: enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes.
O calor dilata o ferro (particular) Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das
O calor dilata o bronze (particular) partes. Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não
O calor dilata o cobre (particular) significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amon-
O ferro, o bronze, o cobre são metais toado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) organizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem de
relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria recons-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido truído.
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fa- por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
tos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando podem ser assim relacionadas:
o sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se cha- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
mar esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra- Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? A análise tem importância vital no processo de coleta de
- Lógico, concordo. ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante
- Claro que não! na escolha dos elementos que farão parte do texto.
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
Exemplos de sofismas: é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e ex-
perimentais. A análise informal é racional ou total, consiste em
Dedução “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
Todo professor tem um diploma (geral, universal) constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto
Fulano tem um diploma (particular) ou fenômeno.
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) A análise decompõe o todo em partes, a classificação es-
tabelece as necessárias relações de dependência e hierarquia
entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a

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LÍNGUA PORTUGUESA
ponto de se confundir uma com a outra, contudo são procedi- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
mentos diversos: análise é decomposição e classificação é hie-
rarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fe-
nômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências Elemento especie diferença
naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um pro- a ser definido específica
cesso mais ou menos arbitrário, em que os caracteres comuns e
diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con- É muito comum formular definições de maneira defeituo-
vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, sa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo
ordens, subordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classi- em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto;
ficação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. quando é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espé-
A classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais cie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadê-
ou menos caótica é artificial. mica. Tão importante é saber formular uma definição, que se
recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar os “requisitos da
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresen-
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, tar os seguintes requisitos:
relógio, sabiá, torradeira. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramen-
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. ta ou instalação”;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente res-
Os elementos desta lista foram classificados por ordem al- trito para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
fabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer cri- - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
térios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
importância, é uma habilidade indispensável para elaborar o - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons-
desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impac- - deve ser breve (contida num só período). Quando a de-
to do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na finição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem definição expandida;d
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo)
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun-
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex- tos (as diferenças).
pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguís-
e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas tica que consiste em estabelecer uma relação de equivalência
também os pontos de vista sobre ele. entre a palavra e seus significados.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verda-
uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento deira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser de-
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica monstrada com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico
que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. e racional do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição de uma fundamentação coerente e adequada.
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e
ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações;
a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três ele- outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de
mentos: modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
- o termo a ser definido; é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem
- o gênero ou espécie; um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer,
- a diferença específica. verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em segui-
da, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há
O que distingue o termo definido de outros elementos da coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contra-
mesma espécie. Exemplo: dição. Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por
dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacio-
nar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação
entre as premissas e a conclusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen- Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afir- um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
mação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. concretos, estatísticos ou documentais.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declara-
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme ções, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apre- opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade com-
sentação de causas e consequências, usando-se comumente as provada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, juízo que expresse uma opinião pessoal só terá validade se fun-
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. damentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é ex- provas, validade dos argumentos, porém, pode ser contestada
plicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os
alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela processos de contra-argumentação:
interpretação. Na explicitação por definição, empregamse ex- Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons-
pressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a con-
isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as traargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de, cordeiro”;
consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A ex- Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
plicitação se faz também pela interpretação, em que são comuns para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de vista. verdadeira;
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à
de elementos que comprovam uma opinião, tais como a enu- opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a uni-
meração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, versalidade da afirmação;
em que são frequentes as expressões: primeiro, segundo, por Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
sucessivamente, respectivamente. Na enumeração de fatos em
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes expres-
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador ba-
sões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de,
seou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou in-
no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no sul,
consequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se,
no leste...
por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
produz o desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é incon-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
sequente, pois baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma relação
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
inversa: “o desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais
que, menos que, melhor que, pior que. Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumen- para desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adapta-
tar o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: das ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e,
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autorida- em seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser ado-
de reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma tados para a elaboração de um Plano de Redação.
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações li- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-
terais no corpo de um texto constituem argumentos de autorida- lução tecnológica
de. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, res-
contidos na linha de raciocínio que ele considera mais adequada ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê
para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de da resposta, justificar, criando um argumento básico;
argumento tem mais caráter confirmatório que comprobatório. - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refuta-
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como ção que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqua-
válido por consenso, pelo menos em determinado espaço socio- lificá-la (rever tipos de argumentação);
cultural. Nesse caso, incluem-se - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de
- A declaração que expressa uma verdade universal (o ho- ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as
mem, mortal, aspira à imortalidade); ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos pos- e consequência);
tulados e axiomas); - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na- o argumento básico;
tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a pró- - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as
pria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transfor-
(gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas mam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a
(creio, ainda que parece absurdo). ideia do argumento básico;

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma A coerência:
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con-
ou menos a seguinte: ceitual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo,
Introdução com o aspecto global do texto;
- função social da ciência e da tecnologia; - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
- definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. Coesão
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do tex-
Desenvolvimento to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desen- vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via
volvimento tecnológico; gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou vocabulário, tem-se a coesão lexical.
as condições de vida no mundo atual; A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pa-
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologi- lavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele-
camente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre
subdesenvolvidos; os componentes do texto.
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a le-
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do xical, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos,
passado; apontar semelhanças e diferenças; nomes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é conse-
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros guida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjeti-
urbanos; vo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para huma- e numerais.
nizar mais a sociedade. A coesão:
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
Conclusão - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequen-
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse- cial;
quências maléficas; - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumen- componentes do texto;
tos apresentados. - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das fra-
ses.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
redação: é um dos possíveis.
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS; SENTIDO PRÓPRIO E FI-
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração GURADO DAS PALAVRAS
de um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as
ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcan- Significação de palavras
çado: a compreensão textual. Na redação espera-se do autor As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunica-
capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar ção. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem
de modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente,
correta e adequada. com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos
conteúdos que compõem este estudo.
Coerência
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. Antônimo e Sinônimo
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação Começaremos por esses dois, que já são famosos.
semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias.
(Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a ou-
bate com outra”). tras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que significado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre
se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a com- com homem que é antônimo de mulher.
preender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual
cada uma das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados
conjunto dos elementos formativos de um texto. e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respei- é muito importante para produções textuais, porque evita que
to aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando
dos elementos textuais. os mesmos exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um fa- alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.
lante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre
as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competên-
cia linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falan-
te reconhecer de imediato a coerência de um discurso.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperôni-
mo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E ani-
mais domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo
com substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo,
não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, diciona-
rizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do
contexto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da
loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma
palavra, frase ou textos inteiros.

PONTUAÇÃO

Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ],
reticências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples
[ – ], travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ponto ( . ) Aspas ( “ ” )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer particular (na linguagem falada é em geral proferida com ento-
tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa ação especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto
e as reticências. ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É
Estaremos presentes na festa. utilizada, ainda, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação inter- Vírgula
rogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada re- São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Evi-
tórica. denciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação.
Você vai à festa? Antes disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em re-
lação à vírgula:
Ponto de exclamação ( ! ) 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “sen-
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação excla- timos” o momento certo de fazer uso dela.
mativa. 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
Ex: Que bela festa! alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgu-
la, o leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra.
Reticências ( ... ) Afinal, cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão textos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que
com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso inter- ela é menos importante e que pode ser colocada depois.
locutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma
Ex: Essa festa... não sei não, viu. ordem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Ver-
bo > Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Dois-pontos ( : ) Maria foi à padaria ontem.
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluí- Sujeito Verbo Objeto Adjunto
da. Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma
citação (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enu- Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso
merativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva ocorre por alguns motivos:
apositiva. 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
Ponto e vírgula ( ; ) verbo e o adjunto.
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que
o ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vír- Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
gulas, para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
uma enumeração (frequente em leis), etc. é necessária:
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi Ontem, Maria foi à padaria.
também uma linda decoração e bebidas caras. Maria, ontem, foi à padaria.
À padaria, Maria foi ontem.
Travessão ( — )
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é ne-
com o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so- cessário:
-lu-ta-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode • Separa termos de mesma função sintática, numa enume-
substituir vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma ex- ração.
pressão intercalada e pode indicar a mudança de interlocutor, na Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades
transcrição de um diálogo, com ou sem aspas. a serem observadas na redação oficial.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa aposto.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa vocativo.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semân- Brasileiros, é chegada a hora de votar.
tico mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer • Separa termos repetidos.
maior intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a in- Aquele aluno era esforçado, esforçado.
serção do parêntese é assinalada por uma entonação especial.
Intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva, • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exem-
os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os plificativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizen-
parênteses, para introduzirem uma nova inserção. do, ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes,
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo com efeito, digo.
governador) O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem cla-
ra, ou seja, de fácil compreensão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus comple- SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/
mentos). nomeiam ações, estados, bondade/
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os parti- qualidades e sentimentos que confiança/
culares. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) não tem existência própria, ou lembrança/
seja, só existem em função de amor/
• Separa orações coordenadas assindéticas. um ser. alegria
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava
as ideias na cabeça... SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
• Isola o nome do lugar nas datas. de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. mesmo quando empregado
no singular e constituem um
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, substantivo comum.
dessa forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
expressões conectivas, como: em primeiro lugar, como supraci- QUE NÃO ESTÃO AQUI!
tado, essas informações comprovam, etc.
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para Flexão dos Substantivos
amenizar o problema. • Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: mascu-
lino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes
ou uniformes
CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NU- – Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
MERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigre-
E CONJUNÇÃO: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM sa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma
única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes divi-
CLASSES DE PALAVRAS dem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invari-
Substantivo áveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, pal-
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima- meira macho/palmeira fêmea.
ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo con-
e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.  texto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o
criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
Classificação dos substantivos c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma
tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ agente, o/a estudante, o/a colega.
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais
sua estrutura. macaco/João/sabão de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/ diminutivo.
são os que dão origem a mundo/ – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
outras palavras, ou seja, ela é população – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
a primeira. /formiga – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/ – Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
são formados por outros populacional/formigueiro
radicais da língua. Adjetivo
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substan-
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
designa determinado ser /Brasil tivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expres-
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da são composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro subs-
espécie. São sempre iniciados Liberdade tantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função
por letra maiúscula. que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da
tarde (jornal vespertino).
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
referem-se qualquer ser de cachorro/prima Flexão do Adjetivos
uma mesma espécie. • Gênero:
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femi-
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas nino: homem feliz, mulher feliz.
própria. Esses seres podem /lobisomem – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
reais ou imaginários. japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namora-
dores, japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes de Tratamento Emprego


Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no
tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três:
presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles ama-
ram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas
infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada
pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição
por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas,
às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo,
etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pou-
co, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é
determinante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e
a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância Nominal • Regência Nominal 


Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os ar- A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs-
tigos concordam em gênero e número com os substantivos aos tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com-
quais se referem. pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amis- complemento é estabelecida por uma preposição.
tosa.
• Regência Verbal
Casos Especiais de Concordância Nominal A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam Isto pertence a todos.
alerta.
Regência de algumas palavras
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na for-
mação de palavras compostas: Esta palavra combina com Esta preposição
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-pode-
roso. Acessível a
Apto a, para
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam
Atencioso com, para com
de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Coerente com
Conforme a, com
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quan-
do pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis Dúvida acerca de, de, em, sobre
quando advérbios: Empenho de, em, por
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Fácil a, de, para,
Usou meia dúzia de ovos.
Junto a, de
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Pendente de
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Preferível a
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando Próximo a, de
o substantivo estiver determinado por artigo: Respeito a, com, de, para com, por
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Situado a, em, entre
Concordância Verbal Ajudar (a fazer algo) a
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa: Aludir (referir-se) a
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram
enormes. Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Concordância ideológica ou silepse
Deparar (encontrar) com
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gê-
nero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido Implicar (consequência) Não usa preposição
no contexto. Lembrar Não usa preposição
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Pagar (pagar a alguém) a
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o Precisar (necessitar) de
número gramatical (singular ou plural) que está subentendido Proceder (realizar) a
no contexto.
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os Responder a
aplausos. Visar ( ter como objetivo a
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pretender)
pessoa gramatical que está subentendida no contexto. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
O povo temos memória curta em relação às promessas dos QUE NÃO ESTÃO AQUI!
políticos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Colocação do pronome átono nas locuções verbais
COLOCAÇÃO PRONOMINAL Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução ver-
bal não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia deverá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
da frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do Exemplos:
pronome antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que Devo-lhe dizer a verdade.
a norma culta prescreve o emprego do pronome no meio – me- Devo dizer-lhe a verdade.
sóclise – ou após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar an-
inicia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lin- tes do auxiliar ou depois do principal.
guagem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem Exemplos:
escrita, formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Não lhe devo dizer a verdade.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem Não devo dizer-lhe a verdade.
bem as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que
estas não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos Verbo principal no particípio: Se não houver fator de prócli-
que prejudique a eufonia da frase. se, o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes
do auxiliar.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero
pacientemente. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a êncli- depois do infinitivo.
se: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Exemplos:
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Hei de dizer-lhe a verdade.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Observação
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Devo-lhe dizer tudo.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não
Estava-lhe dizendo tudo.
sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Havia-lhe dito tudo.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plan-
tando, tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus CRASE
intentos são para nos prejudicarem.

Ênclise A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a


Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
demonstrativo.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verda- • Devemos usar crase:
de! – Antes palavras femininas:
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela Iremos à festa amanhã
preposição em: Saí, deixando-a aflita. Mediante à situação.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com O Governo visa à resolução do problema.
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou prócli-
se: Apressei-me a convidá-los. – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado
Mesóclise nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substan-
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou tivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a
no futuro do pretérito que iniciam a oração. crase. Mas... há crase, sim!
Dir-lhe-ei toda a verdade. Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
Far-me-ias um favor? -me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.

Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de – Expressões fixas


qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso
Eu lhe direi toda a verdade. de crase:
Tu me farias um favor?

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LÍNGUA PORTUGUESA
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma
à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às estrutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí,
vezes, às pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à ao menos um profissional preparado se encarrega de receber o
esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à aluno e sua família para definir atividades e de auxiliar os docen-
mão, às escondidas, à medida que, à proporção que. tes do período regular nas técnicas pedagógicas.
• NUNCA devemos usar crase: Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe-
– Antes de substantivos masculinos: te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele-
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé. cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar
em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con-
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo.
plural) usado em sentido generalizador: (Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado)
Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
NãofoiFEITAMENÇÃOAMULHER,NEMACRIANÇA,TAMPOUCOA Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição
HOMEM. do pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parên-
teses, a redação permanece em conformidade com a norma-pa-
– ANTES DE ARTIGO INDEFINIDO “UMA” drão de colocação dos pronomes.
IREMOS A UMA REUNIÃO MUITO IMPORTANTE NO DOMINGO. (A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com
deficiência. (incluem-se)
– ANTES DE PRONOMES (B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito
OBS.:ACRASEANTESDEPRONOMESPOSSESSIVOSÉFACULTATIVA. mais que 100 mil deles no país. (se contam)
(C) Não se  concebe que possa haver um especialista em
FIZEMOS REFERÊNCIA A VOSSA EXCELÊNCIA, NÃO A ELA. cada sala de aula. (concebe-se)
A QUEM VOCÊS SE REPORTARAM NO PLENÁRIO? (D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de
ASSISTOATODAPEÇADETEATRONORJ,AFINAL,SOUUMCRÍTICO. receber o aluno... (encarrega-se)
(E) ... que não  se  confunde com incapacidade, como
– ANTES DE VERBOS NO INFINITIVO felizmente já vamos aprendendo. (confunde-se)
APARTIRDEHOJESEREIUMPAIMELHOR,POISVOLTEIATRABALHAR.
2. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - AGENTE COMUNI-
TÁRIO DE SAÚDE - FCM - 2019)
EXERCÍCIOS
Dieta salvadora
1. (PREFEITURA DE PIRACICABA - SP - PROFESSOR - EDU- A ciência descobre um micróbio adepto de um
CAÇÃO INFANTIL - VUNESP - 2020) alimento abundante: o lixo plástico no mar.

Escola inclusiva O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar


o câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um
É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros destino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brin-
concordam que há melhora nas escolas quando se incluem dar os mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-
alunos com deficiência. -os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre e até carcaças de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado
os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de num curso d’água, subterrâneo ou a céu aberto, que se encami-
uma educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas nha inevitavelmente para o mar. O resultado está nas ilhas de
para tal perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, lixo que se formam, da Guanabara ao Pacífico.
ela se tornou lei em 2015 e criou raízes no tecido social. De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itá-
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente lia, China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gre-
qualificados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o gas um micróbio marinho que se alimenta do carbono contido
que dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades. no plástico jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o ao sol e atacado pelo sal, o plástico, seja mole, como o das saco-
enfrentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados las, ou duro, como o das embalagens, fica quebradiço – no ponto
por limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais. para que os micróbios, de guardanapo ao pescoço, o decompo-
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para nham e façam a festa. Os cientistas estão agora criando réplicas
minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, desses micróbios, para que eles ajudem os micróbios nativos a
discorda de que crianças com deficiência devam aprender só na devorar o lixo. Haja estômago.
companhia de colegas na mesma condição. Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de con- Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na
tar com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em co-
com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar in- lher pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas
dica 1,2 milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha que as salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para
triplicado o número de professores com alguma formação em se defenderem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as sala-
educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mandras se reproduzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais,
mil deles no país. Não se concebe que possa haver um especia- aprendem a falar e inundam os continentes. São agora bilhões e
lista em cada sala de aula. tomam o mundo.

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Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos
se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salaman- o “salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Ben-
dras aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os mi- jamin, em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual
cróbios no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo. um tigre mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. interessa para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo.
Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019. (Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https://
www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado)
Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao ver-
bo, possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo co-
(no meio do verbo) e ênclise (depois do verbo). nhecido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevi-
Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblí- vência na natureza. 
quos nos trechos a seguir.
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados
“E não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus empregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de re-
próprios dejetos.” gência e colocação.
II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por ver- Uma nuvem de problematização supostamente filosófica
bo: “Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, compu- também rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitu-
tadores, sofás e até carcaças de automóveis.” al poderia marcar o ambientalismo apologético.
III – A próclise é sempre empregada quando há locução ver- (A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar
bal: “Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo po- (B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele
dem se tornar as salamandras de Čapek.” (C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar
IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser (D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar
humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e (E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo
produzir um ‘Dom Quixote’”.
4. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE -
Está correto apenas o que se afirma em TÉCNICO EM SANEAMENTO - IBFC - 2019)
(A) I e II.
(B) I e III.
Vou-me embora pra Pasárgada,
(C) II e IV.
lá sou amigo do Rei”.
(D) III e IV.
(M.Bandeira)
3. (PREFEITURA DE BIRIGUI - SP - EDUCADOR DE CRECHE
- VUNESP - 2019)
Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale
a alternativa correta.
Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente
(A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente
busca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de
ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado
fato é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável).
Alguma ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo posposto ao verbo.
apologético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tem- (B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente
pos, culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no en- ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado
tanto, como condição de sobrevivência. Há quem tenha encontra- posposto ao verbo.
do normas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito (C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente
romano. São Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado
padroeiro das causas ambientais; falava com plantas e animais. posposto ao verbo.
A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instinti- (E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo afir-
va, predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é mativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.
o meu argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria
freudiana, a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, 5. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP - INSPETOR DE ALUNOS
dado que resiste a uma pressão contínua, variável na intensida- - VUNESP - 2019)
de. Assim, numa dimensão qualitativa, e não quantitativa, é que
se deveria enfrentar a questão, que também é cultural. E que Pelo fim das fronteiras
culturalmente pode ser abordada.
O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pu-
dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente ramente racional, ela é a solução para vários problemas globais.
passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse Mas, como o mundo é um lugar menos racional do que deve-
sentido que a chamada internalização da externalidade negativa ria, pessoas que buscam refúgio em outros países costumam ser
exige justificativa para uma atuação contra-fática. recebidas com desconfiança quando não com violência, o que
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica diminui o valor da imigração como remédio multiuso.
também rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra
a proteção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada seria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria
no próprio homem. Os geocêntricos piamente entendem que a o PIB mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos
natureza deva ser protegida por próprios e intrínsecos funda- estejam inflados, só uma fração de 10% já significaria um incre-
mentos e características. Posições se radicalizam. mento da ordem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do na Rua XV de Novembro nesta manhã acompanhando o desfi-
que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob le, de acordo com estimativa da Fundação Cultural, conheceram
sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016 um pouco mais da vida do fundador do município. [...] O desfile
de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra- também apresentou aspectos da colonização alemã no Vale do
balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem Itajaí. Dessa forma, as bandeiras e moradores das 42 cidades do
e transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 território original de Blumenau, que foi fundado por Hermann,
mil. também estiveram representadas na Rua XV de Novembro. [...]
A imigração se torna ainda mais tentadora quando se con- Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile-
sidera que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que -em-blumenau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-a-
enfrentam o problema do envelhecimento populacional. nos-do-fundador>.Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado]
Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser mal-
tratados e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especial- No mesmo excerto “Dessa forma, as bandeiras e morado-
mente se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até res das 42 cidades do território original de Blumenau,  que  foi
no Brasil, que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que fundado por Hermann, também estiveram representadas na Rua
estão em operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que XV de Novembro.”, a palavra destacada pertence à classe grama-
membros de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que tical:
uma solução. (A) conjunção
De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigra- (B) pronome
ção, tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangei- (C) preposição
ros dê pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los (D) advérbio
com inteligência, minimizando choques culturais e distribuindo (E) substantivo
as famílias por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É
tudo o que não estamos fazendo. 8. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - POR-
(Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol. TUGUÊS – MATUTINO - FURB – 2019)
com.br/colunas/.28.08.2018. Adaptado)
Considere as frases: Determinado, batalhador, estudioso, dedicado e inquieto.
• países desenvolvidos que enfrentam o problema do enve- Muitos são os adjetivos que encontramos nos livros de histó-
lhecimento populacional. (4º parágrafo) ria para definir Hermann Blumenau. Desde os primeiros anos da
• ... minimizando choques culturais e distribuindo as famí- colônia, esteve determinado a construir uma casa melhor para
lias por regiões e cidades em que podem ser mais viver com sua família, talvez em um terreno que lhe pertencia
úteis. (6º parágrafo) no morro do aipim. Infelizmente, nunca concretizou este sonho,
porém, nunca deixou de zelar por tudo aquilo que lhe dizia res-
A substituição das expressões em destaque por pronomes peito.[...]
está de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação Disponível em: <https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/
em: fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-ao-comemoraacaao-
(A) enfrentam-no; distribuindo-lhes. -200-anos-dr-blumenau85>. Acesso em: 05 set. 2019. [adapta-
(B) o enfrentam; lhes distribuindo. do]
(C) o enfrentam; distribuindo-as.
(D) enfrentam-no; lhes distribuindo. Sobre a colocação dos pronomes átonos nos excertos: “...tal-
(E) lhe enfrentam; distribuindo-as. vez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.” e “...
zelar por tudo aquilo que lhe  dizia respeito.”, podemos afirmar
6. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP – SECRETÁRIO DE ESCO- que ambas as próclises estão corretas, pois o verbo está prece-
LA - VUNESP - 2019) dido de palavras que atraem o pronome para antes do verbo.
Considere a frase a seguir. Como as crianças são naturalmen- Assinale a alternativa que identifica essas palavras atrativas dos
te agitadas, cabe aos adultos impor às crianças limites que ga- excertos:
rantam às crianças um desenvolvimento saudável. Para eliminar (A) palavras de sentido negativo
as repetições da frase, as expressões destacadas devem ser (B) advérbios
substituídas, em conformidade com a norma-padrão da língua, (C) conjunções subordinativas
respectivamente, por (D) pronomes demonstrativos
(A) impor-nas ... lhes garantam (E) pronomes relativos
(B) impor-lhes ... as garantam
(C) impô-las ... lhes garantam 9. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE-
(D) impô-las ... as garantam RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado cor-
(E) impor-lhes ... lhes garantam retamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
7. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - GEO- (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
GRAFIA – MATUTINO - FURB – 2019) (C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) Ele gosta de bife à cavalo.
O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que com-
pleta 169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data 10. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na ora-
especial para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor ção “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando
Hermann Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram o ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, ob-

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serva-se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa- 14. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE –
-alta. Nas locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que 2008) Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
deve ser marcada com o acento, EXCETO em: (A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema. crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia fecha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamen-
do eleitorado pelo resultado final. te a maior taxa registrada na última década.
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sis- (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
tema. serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema inso- a conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CE-
lúvel. PAL).
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o (C) Não há dúvida de que os números são bons, num mo-
sistema. mento em que atingimos um bom superávit em conta-cor-
rente, em que se revela queda no desemprego e até se
11. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – anuncia a ampliação de nossas reservas monetárias, além
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está da descoberta de novas fontes de petróleo.
correta. (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continen-
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Pau- te, percebe-se que nossa performance é inferior a que foi
lo. atribuída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. participação menor no conjunto dos bens produzidos pela
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que América Latina.
35% deles fosse despejado em aterros. (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rús-
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. sia, com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta inteiro da América Latina, o organismo internacional está
de lixo. atribuindo um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um
pouco maior do que o do Brasil.
12. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE –
2012) Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as 15. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título
relações de concordância no texto abaixo. do artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal”
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou é:
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior (A) pronome;
lucratividade das empresas foi decisiva para os resultados fis- (B) adjetivo;
cais favoráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores (C) advérbio;
reais, deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (D) substantivo;
(IPCA), as receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), (E) preposição.
a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contri-
buição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O 16. Assinale a alternativa que apresenta a correta classifica-
crescimento da massa de salários fez aumentar a arrecadação ção morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e a receita de tributa- (A) Pronome demonstrativo.
ção sobre a folha da previdência social. Não menos relevantes (B) Pronome relativo.
foram os elevados ganhos de capital, responsáveis pelo aumento (C) Pronome possessivo.
da arrecadação do IRPF. (D) Pronome pessoal.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de (E) Pronome indefinido.
plural em “deflacionados”.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de 17. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto,
plural em “Elevaram-se”. na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos
as regras de concordância com “economia”. sublinhados classificam-se, respectivamente, em
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
de singular em “fez aumentar”. (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concor- (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
dância com “relevantes”. (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
13. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liber-
dades ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocu- 18. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
pa a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
da frase acima, na ordem dada, as expressões: padrão na seguinte sentença:
(A) a que – de que; (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(B) de que – com que; (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
(C) a cujas – de cujos; (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(D) à que – em que; (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(E) em que – aos quais. (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.

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19. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMA- (A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter mor-
GEM DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos rido há muito tempo.”
sinais de pontuação em: (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos con- mete onde não é chamada.”
vidados e retirou-se da sala: era o final da reunião. (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sor- gente mesmo!”
rateiramente pela porta? (D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou- tudo bem.”
-se tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo. (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem
muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, Leia o texto abaixo para responder a questão.
com os irmãos e o mundo mágico dos brinquedos. A lama que ainda suja o Brasil
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre- Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia. A maior tragédia ambiental da história do País escancarou
um dos principais gargalos da conjuntura política e econômica
20. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está intei- brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos
ramente correta a pontuação do seguinte período: diante de um desastre de repercussão mundial. Confirmada a
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de pe- plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de
quenas providências que, tomadas por figurantes aparente- intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controlada pela
mente sem importância, ditam o rumo de toda a história. brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única me-
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis dida concreta foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sendo
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de peque- que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito do
nas providências que tomadas por figurantes, aparentemen- rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num
te sem importância, ditam o rumo de toda a história. córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana,
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de peque- Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba reló-
nas providências, que, tomadas por figurantes aparente- gio na região.”
mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história. Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem ris-
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis cos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Se-
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de peque- gundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos
nas providências, que tomadas por figurantes aparentemen- 16 barragens de mineração em todo o País apresentam condições
te sem importância, ditam o rumo de toda a história. de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque- Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
nas providências, que tomadas por figurantes, aparente- do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em
mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história. um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo
marco regulatório da mineração, por sua vez, também conce-
21. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS de prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento
– 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa or- dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor
dem, o seguinte par de palavras: empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio
(A) estrondo – ruído; Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos ir-
(B) pescador – trabalhador; reversíveis podem ocorrer.
(C) pista – aeroporto; FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA
(D) piloto – comissário; MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
(E) aeronave – jatinho.
24. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
22. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma fato.
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em desta- ao gênero textual editorial.
que tem como antônimo: III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositi-
(A) fortuna; vas, já que se trata de uma reportagem.
(B) opulência; IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas,
(C) riqueza; já se trata de um editorial.
(D) escassez;
(E) abundância. Analise as assertivas e responda:
(A) Somente a I é correta.
23. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualida- (B) Somente a II é incorreta.
de é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que (C) Somente a III é correta
NÃO se fundamenta em intertextualidade é: (D) A III e IV são corretas.

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25. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agu-
ainda suja o Brasil”: lha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem proble- que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela
mas no desenvolvimento do assunto. não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo si-
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta lêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic
problemas no uso de conjunções e preposições. da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das clas- o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto
ses de palavras e da ordem sintática. acabou a obra, e ficou esperando o baile.
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira,
temática e bom uso dos recursos coesivos. que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho,
Analise as assertivas e responda: para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vesti-
(A) Somente a I é correta. do da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui
(B) Somente a II é incorreta. ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar
(C) Somente a III é correta. da agulha, perguntou-lhe:
(D) Somente a IV é correta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
Leia o texto abaixo para responder as questões. vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
UM APÓLOGO Vamos, diga lá.
Machado de Assis. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de
cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agu-
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: lha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enro- ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha
lada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
— Deixe-me, senhora. Onde me espetam, fico.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que Contei esta história a um professor de melancolia, que me
está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agu-
lha a muita linha ordinária!
que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
26. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual
Assis e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as
tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a
personagens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visu-
dos outros.
al, indique a opção em que a fala não é compatível com a asso-
— Mas você é orgulhosa.
ciação entre os elementos dos textos:
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ig-
nora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
e mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baro-
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
nesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baro-
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
nesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao
da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra que eu faço e mando...” (L.14-15)
iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de co? Não repara que esta distinta costureira só se importa
Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26)
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixi-
abaixo e acima… nha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para
ninguém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)

29
LÍNGUA PORTUGUESA
27. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar
outros valores semânticos além da noção de dimensão, como
GABARITO
afetividade, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se
afirmar que os valores semânticos utilizados nas formas diminuti-
vas “unidinha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: 1 D
(A) dimensão e pejoratividade;
(B) afetividade e intensidade; 2 A
(C) afetividade e dimensão; 3 E
(D) intensidade e dimensão;
(E) pejoratividade e afetividade. 4 A
5 C
28. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alter- 6 E
nativa cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da ex- 7 B
pressividade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de
8 E
nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11) 9 A
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
10 D
lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06)
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo 11 E
um pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) 12 A
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha or-
dinária!” (L.43) 13 A
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou- 14 D
co?” (L.25)
15 A
29. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de 16 E
modo metafórico, considerando as relações existentes em um
ambiente de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a 17 B
uma ideia presente no texto: 18 B
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho; 19 E
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação 20 A
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
21 E
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de traba-
lho, cada sujeito possui atribuições próprias. 22 D
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente co-
23 E
letivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes
do sujeito. 24 C
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, 25 D
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
26 E
27 D
28 D
29 D

30
BIOLOGIA
1. Citologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Diversidade Dos Seres Vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Fisiologia Humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. Genética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5. Citogenética E Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
BIOLOGIA
das, o núcleo e o citoplasma. Assim, os portadores dessa classe
CITOLOGIA de células são denominados eucariotas, existindo diversos re-
presentantes desse grupo, como animais e plantas, por exemplo.
Em 1663, Robert Hooke colocou fragmentos de cortiça sob A constituição de cada célula varia bastante de acordo com
a lente de um microscópio e, a partir de suas observações, nas- qual sua classe, tipo e função. Isso ficará mais claro a seguir.
cia a biologia celular. Esse ramo da ciência, também conhecido Para fins didáticos, separemos a célula em três partes: mem-
como citologia, tem como objeto de estudo as células, abran- brana plasmática, estruturas externas à membrana e estruturas
gendo a sua estrutura (morfologia ou anatomia) e seu funcio- internas à membrana. A membrana plasmática ou celular é o
namento (mecanismos internos da célula). A citologia se torna envoltório que separa o meio interno e o meio externo das cé-
importante por, em conjunto com outras ferramentas ou não, lulas. Ela está presente em todos os tipos celulares e é formada
buscar entender o mecanismo de diversas doenças, auxiliar na por fosfolipídios e proteínas. Essa membrana possui uma carac-
classificação dos seres e, também, por ser precursora ou co- terística de extrema importância para a manutenção da vida, a
nhecimento necessário de diversas áreas da atualidade, como permeabilidade seletiva. Isso quer dizer que tudo o que entra
a biotecnologia. Por essa razão, diversos conteúdos da biologia ou sai das células depende diretamente da membrana celular.
celular estão intimamente relacionados com os da biologia mo- A estrutura supracitada se trata de algo bastante delicado,
lecular, histologia, entre outras. por essa razão surgiram estruturas que conferem maior resis-
tência às células: a parede celular, cápsula e o glicocálix. A pare-
de celular é uma camada permeável e semi-rígida, o que confere
maior estabilidade quanto a forma da célula. Sua composição é
variada de acordo com o tipo da célula e sua função é relaciona-
da à proteção mecânica. Nesse sentido, as paredes celulares es-
tão presentes em diversos organismos, como bactérias, plantas,
fungos e protozoários.
A cápsula, por sua vez, é um envoltório que ocorre em al-
gumas bactérias, em geral patogênicas, externamente à parede
celular. Sua função também é a defesa, mas, diferentemente da
parede celular, essa confere proteção contra a desidratação e,
também, se trata de uma estrutura análoga a um sistema imune.
Sob o aspecto morfológico, sua espessura e composição química
são variáveis de acordo com a espécie, se tratando de um polí-
mero orgânico. Já o glicocálix se trata de uma camada formada
por glicídios associados, externamente, à membrana plasmática.
Esquema de uma célula animal e suas organelas. Ilustração:
Embora não confira rigidez à célula, o glicocálix também tem
master24 / Shutterstock.com [adaptado]
uma função de resistência. Fora isso, ele confere capacidade de
reconhecimento celular, barrar agentes do meio externo e reter
As células são a unidade fundamental da vida. Isso quer
moléculas de importância para célula, como nutrientes.
dizer que, com a exceção dos vírus, todos os organismos vivos
Com relação à parte interna da membrana celular, existe
são compostos por elas. Nesse sentido, podemos classificar os uma enorme diversidade de estruturas com as mais diferentes
seres vivos pela sua constituição celular ou complexidade estru- funções. Para facilitar a compreensão, pode-se dividir em cito-
tural, existindo os unicelulares e os pluricelulares. Os organis- plasma e material genético, esse que, nos procariotas, está solto
mos unicelulares são todos aqueles que são compostos por uma no citoplasma. O material genético é composto de ácidos nucléi-
única célula, enquanto os pluricelulares, aqueles formados por cos (DNA e RNA) e sua função é comandar a atividade celular.
mais de uma. Com relação a seu tamanho, existem células bem Por ele ser transmitido de célula progenitora para a progênie,
pequenas que são visíveis apenas ao microscópio, como bacté- é a estrutura responsável pela transmissão das informações he-
rias e protozoários, e células gigantes visíveis a olho nu, como reditárias. Já o citoplasma corresponde a todo o restante, com-
fibras musculares e algumas algas. posto pela matriz citoplasmática ou citosol, depósitos citoplas-
Assim como acontece com o tamanho, as células se apre- máticos e organelas.
sentam em diversas formas: retangulares, esféricas, estreladas, O citosol é composto de água, íons, proteínas e diversas ou-
entre outras. Isso ocorre porque a forma é um reflexo da função tras moléculas importantes para a célula. Por ser aquoso, ele é
celular exercida, por exemplo, as fibras musculares são afiladas responsável por ser o meio em que ocorrem algumas reações
e longas, o que é adequado ao caráter contrátil das mesmas. e a locomoção dentro da célula. Quanto aos depósitos, esses
Entre os diversos tamanhos e formas celulares, basicamente, são as concentrações de diversas substâncias soltas no citosol.
existem apenas duas classes de células: as procariontes, nas A importância dessas estruturas tem relação com a reserva de
quais o material genético não é separado do citoplasma, e as nutrientes ou pigmentos. Por fim, as organelas não possuem
eucariontes, cujo núcleo é bem delimitado por um envoltório conceituação bem definida, mas, grosso modo, são todas as es-
nuclear denominado carioteca. Em resumo, pode-se dizer que truturas internas com funções definidas, como ribossomos, mi-
a diferença entre as classes reside na complexidade das células. tocôndrias, complexo de Golgi, retículos endoplasmáticos, entre
As células procariontes têm poucas membranas, em geral, outros. Suas funções variam desde a síntese protéica até a res-
apenas a que delimita o organismo, denominada de membrana piração celular.
plasmática. Os seres vivos que possuem esse tipo de célula são Enfim, a citologia é uma extensa área da biologia que se co-
chamados de procariotas e o grupo representativo dessa classe munica com outras disciplinas para concatenar os conhecimen-
é o das bactérias. Já as células eucariontes são mais complexas e tos a fim de utilizá-los nas ciências aplicadas, como ocorre na
ricas em membranas, existindo duas regiões bem individualiza- terapia gênica ou engenharia genética, por exemplo.

1
BIOLOGIA
• Filo Anthocerophyta – antóceros
DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS • Filo Pterophyta – avencas e samambaias
• Filo Sphenophyta – cavalinha
REINO VEGETAL E REINO ANIMAL • Filo Lycophyta – os licopódios e selaginelas
Reino Vegetal • Filo Psilotophyta – psilotáceas
As plantas são seres eucariontes e pluricelulares, assim sen- • Filo Coniferophyta – coníferas, pinheiros e ciprestes
do, são semelhantes aos animais. A diferença é que as plantas • Filo Gnetophyta – gnetáceas
são capazes de realizar fotossíntese, pois são seres autótrofos. • Filo Cycadophyta – cicas
Isso significa dizer que os vegetais são capazes de converter a • Filo Ginkgophyta – gincobilobas
luz do sol em energia Vamos ver o slide e um vídeo logo abaixo. • Filo Magnoliophyta ou Anthophyta – árvores, gramíneas,
Logo depois e depois continue com o texto. etc.).

As plantas: importância ecológica A classificação procura refletir a evolução das plantas. As-
As plantas são organismos fotossintetizantes e multicelula- sim, o cladograma a seguir representa as relações evolutivas en-
res. Em seu corpo, as células estão organizadas em conjuntos tre os filos que formam o reino das plantas: briófitas, hepatófi-
com funções específicas, chamados tecidos. As algas e os fungos tas, antocerófitas, pteridófitas, licófitas, shenófitas, psilotófitas,
multicelulares, que estudamos nas unidades anteriores, não são gimnospermas e angiospermas. Note que o grupo das plantas,
formados por tecidos. tão diversificado, é descendente de um grupo ancestral relacio-
Por serem fotossintetizantes, as plantas são organismos au- nado com as algas verdes.
tótrofos, assumindo o papel de produtores nos ecossistemas, Veja na figura abaixo um cladograma resumido do Reino
como as cianobactérias e as algas. Plantae. Observe que está sendo considerado os grupos mais
Os organismos fotossintetizantes possuem células que con- abundantes e estudados que são as briófitas, pteridófitas, gim-
têm o pigmento verde clorofila. Em algumas plantas podem exis- nospermas e angiospermas.
tir outros pigmentos, de cores diferentes, que podem dar outra
coloração a elas que não a verde. Assim, a cor predominante da
planta pode não ser a verde, mas a clorofila está presente. Isso
também ocorre com diversas espécies de algas.
Nos eucariontes fotossintetizantes, a clorofila se localiza no
interior de organelas chamadas cloroplastos. Nas cianobacté-
rias, que são fotossintetizantes, mas procariontes, não há cloro-
plastos. Dizemos que os cloroplastos estão presentes em células
eucarióticas de algas e plantas.
As células das plantas apresentam, além dos cloroplastos,
uma parede celular externa à membrana plasmática, feita de
celulose, que confere resistência à célula. Há também os vacúo-
los de suco celular, que são organelas nas quais a água é arma-
zenada. Dependendo da espécie de planta e do tecido vegetal,
também podem existir pigmentos no vacúolo, como o pigmento
avermelhado que dá cor às folhas da planta coração-de-maria.
Além da importância ecológica, as plantas têm, para o ser Criptógamas e Fanerógamas
humano, grande valor econômico. Muitas espécies são utiliza- Podemos dividir as plantas em dois grandes grupos: as Crip-
das em nossa alimentação e, em função disso, cada vez mais tógamas e Fanerógamas. Mas quais é a diferenças entre criptó-
são desenvolvidas técnicas agrícolas que visam melhorar a qua- gamas e fanerógamas?
lidade e aumentar a produção. O Brasil, por exemplo, tornou-se
grande g exportador de café, soja, mi- ! lho, laranja, manga, me- Criptógamas
lão e | várias outras plantas e seus 1 derivados, o que favorece a São as plantas que não possuem flores. Nesse grupo temos
| economia de muitas cidades ° e estados brasileiros. as briófitas e pteridóftas. São os vegetais mais simples e tam-
Há espécies de plantas utilizadas como matéria-prima na bém os mais dependentes de água.
produção de remédios e outras, ainda, que fornecem madeira,
utilizada na fabricação de móveis, casas, pontes e dormentes de Fanerógamas
ferrovias, por exemplo. São as plantas que realizam a sua reprodução sexuada atra-
O Brasil é um país muito rico em relação a biodiversidade de vés de flores. Flores nada mais são que os órgãos sexuais das
plantas. Há especialmente 6 biomas brasileiros que merecem plantas. No caso, das gimnospermas e angiospermas.
ser estudados. Briófitas
Um fato interessante sobre as plantas é que elas tem capa- As briófitas são plantas sem vasos especializados para o
cidade de movimento. Entre eles podemos destacar o tropismo, transporte de seiva. Elas ocorrem geralmente em ambientes
tactismo e nastismo. Esses movimentos são fundamentais para úmidos e abrigados da luz direta. São exemplos de briófitas os
as plantas. musgos e as hepáticas.
A classificação das plantas Assim como todas as plantas, as briófitas possuem alternân-
Resumidamente podemos classificar assim as plantas. cia de gerações em seu ciclo de vida. Em uma geração, há produ-
• Filo Hepatophyta – são as hepáticas ção de gametas (geração ga- metofítica) e, em outra geração, há
• Filo Bryophyta – os musgos produção de esporos (geração esporofítica).

2
BIOLOGIA
Os gametas são células destinadas à reprodução sexuada. Um gameta masculino une-se a um feminino no processo da fecun-
dação, dando origem ao zigoto, a partir do qual se desenvolve um novo indivíduo.
Os esporos são células reprodutivas especiais e cada um dá origem a um novo indivíduo.
Na geração gametofítica, os indivíduos são chamados gametófitos; na geração esporofítica, os indivíduos são chamados espo-
rófitos.
A figura a seguir ilustra e descreve o ciclo de vida de um musgo, que é uma briófita

Pteridófitas
As pteridófitas sáo plantas que possuem vasos condutores de seiva, porém sua reprodução depende da água para o desloca-
mento dos gametas masculinos, como acontece com as briófitas. São exemplos de pteridófitas as samambaias e as avenças, comuns
nas matas tropicais e muito usadas como plantas ornamentais.
As folhas jovens das pteridófitas formam os báculos – estruturas semelhantes a cajados, bastões de extremidade recurvada.
Quando se desenvolvem, as folhas jovens crescem e se desenrolam. Na face inferior, as folhas maduras apresentam estruturas for-
madoras de esporos, os quais ficam reunidos formando os soros.
Os esporos são liberados e, ao germinar, dão origem ao gametófito, que nesse grupo é denominado prótalo. Em um mesmo
prótalo desenvolvem-se as estruturas produtoras de gametas (gametângios) femininos e masculinos. O deslocamento dos gametas
masculinos até os femininos, que são imóveis, é feito batimento de flagelo que depende da água, como já comentamos. Depois da
fecundação do gameta feminino pelo gameta masculino, forma-se o embrião, que dará origem ao esporófito, reiniciando o ciclo de
vida.
Representação esquemática do ciclo de vida de uma pteridófita. Estruturas representadas em diferentes escalas.

3
BIOLOGIA
Gimnospermas
As gimnospermas sáo plantas vasculares e de grande porte. Ao contrário das briófitas e das pteridófitas, elas apresentam
independência da água para se reproduzir. Por isso, as gimnospermas são amplamente distribuídas no ambiente terrestre. São
abundantes principalmente em regiões temperadas, onde formam vegetações como as das florestas boreais (taiga) no Hemisfério
Norte, nas quais predominam os pinheiros, e a Mata de Araucárias na Região Sul do Brasil. São também exemplos de gimnospermas
as cicas e as sequoias, entre outras.
Nas gimnospermas, as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada encontram-se reunidas em estróbilos. Nos estróbilos
masculinos são formados os grãos de pólen que vão originar gametas masculinos. Estes não são flagelados. Nos estróbilos femininos
são formados os gametas femininos.
O gameta feminino fica no interior do óvulo. Após a fecundação, há formação do embrião e o óvulo transforma-se em semente,
cuja função é proteger o embrião e fornecer-lhe alimento.
A denominação gimnospermas deriva do fato de as sementes serem nuas, isto é, não abrigadas no interior de frutos {gymnos
= nu; spermae = semente).
Na gimnosperma mais conhecida do Brasil, o pinheiro-do-paraná, as sementes são os pinhões e o estróbilo feminino que con-
tém as sementes se chama pinha.
Nas gimnospermas, o grão de pólen é transportado pelo vento. Após a polinização, o grão de pólen desenvolve uma estrutu-
ra chamada tubo polímco, que transporta o gameta masculino até o feminino. O tubo polínico é fundamental para a reprodução
das fanerógamas, ou seja, das angiospermas e das gimnospermas, pois ele leva o gameta masculino (que não é flagelado) até o
feminino, sem necessidade de meio líquido. O surgimento dessa estrutura foi importante para a evolução das plantas, permitindo
a conquista de ambientes terrestres mesmo sem umidade elevada. Ocorrendo a fecundação, forma-se o embrião, e o óvulo trans-
forma-se em semente.

Representação esquemática mostrando o ciclo de vida de uma gimnosperma. Estruturas em diferentes escalas.

Angiospermas
Nas angiospermas, as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada encontram-se reunidas nas flores.
As flores completas são formadas pelo pedúnculo e pelo receptáculo, onde se inserem os verticilos, que são:
• cálice: conjunto de sépalas, geralmente verdes;
• corola: conjunto de pétalas, que podem apresentar várias cores;
• androceu: formado pelos estames;
• gineceu: formado por um ou mais pistilos.

4
BIOLOGIA

O estame é composto pelo filete e pela antera, no interior da qual se formam os grãos de pólen.
O pistilo é composto pelo ovário e pelo estilete, cujo ápice é o estigma. No interior do ovário situa-se o óvulo.
Há flores que apresentam apenas o androceu ou o gineceu, sendo, portanto, flores masculinas ou flores femininas, respectiva-
mente. A maioria delas, entretanto, possui androceu e gineceu na mesma flor.
Na maioria das angiospermas, a polinização é realizada por animais, principalmente insetos e aves.
Após a fecundação, com o desenvolvimento do embrião, os tecidos do óvulo tornam- -se desidratados e impermeáveis, e a
estrutura toda passa a ser denominada semente.
À medida que a semente se forma, a parede do ovário também se desenvolve, dando origem ao fruto, que é formado, portanto,
pelo desenvolvimento do ovário. As sementes ficam, assim, abrigadas no interior de frutos. Daí provém a denominação angiosper-
mas angio = urna; spermae = semente).

Ao germinar, a semente dá origem à planta jovem (plântula), que se desenvolve, tornando-se uma planta adulta.casos, as flores
geralmente possuem características que atraem esses animais: podem ser vistosas, coloridas, exalar odor característico, produzir
substâncias nutritivas. Essas substâncias nutritivas constituem o néctar, que é produzido nos nectários, na maioria das vezes loca-
lizados no interior da flor.

Reino Animal
O Reino Animal é sem dúvida fascinante. Também é conhecido como Reino Animalia ou Reino Metazoa. Possui imensa diver-
sidade e complexidade de organismos. Contar a história deste Reino é contar uma boa parte da história natural de nosso planeta.
Vamos ver primeiro uma vídeo-aula e um slide e depois falamos um pouco mais no texto abaixo.

5
BIOLOGIA
Os animais são seres eucariontes, ou seja, possuem em suas células um núcleo individualizado, que tem a finalidade de prote-
ger o DNA. São heterotróficos, isto quer dizer que não são capazes de produzir o próprio alimento.
No Reino Animal podemos encontrar desde seres microscópicos, como um ácaro, pequenos crustáceos e nematódeos e até um
gigante pesando várias toneladas como é o caso da baleia azul ou um elefante. Em relação ao comportamento, seu nicho ecológico,
habitats são tão diversos que parece em algumas vezes que determinados seres não podem estar no mesmo reino. Um exemplo
disso são os poríferos, representados pelas esponjas do mar, que possuem uma estrutura orgânica extremamente simples, não
possuem nem órgãos, nem tecidos bem definidos e sequer podem se locomover por conta própria. Quando comparamos com um
leão, que possui um organismo altamente complexo com vários tipos celulares, estes dois animais parecem serem de reinos com-
pletamente distintos. Por isso o Reino Animal é dividido em dois sub reinos, invertebrados e vertebrados e em diversos filos.

Características gerais do reino animal.


De forma resumida, podemos dizer que os representantes do Reino Animal são eucariontes, pluricelulares, heterótrofos ae-
róbios. Isso é o mesmo que dizer que possuem várias células com seu DNA protegida pelo núcleo, precisam procurar alimentos e
necessitam de oxigênio para realizar suas atividades.
Um erro muito comum na caracterização do Reino Animas é fazer uma oposição ao Reino Plantae, em que , se os vegetais não
se locomovem por conta própria os animais se locomovem. Esse é um erro, pois há animais que são sésseis, ou seja, não se loco-
movem, como é o caso dos poríferos.
Logo abaixo veja alguns tópicos das características gerais do animais.
• Animais são Eucariontes –> no interior das células há um núcleo que tem como uma das funções a proteção do DNA.
• São Pluricelulares –> ou seja, são organismo formados por várias células.
• São Heterótrofos: isso significa dizer que os seres do reino animal necessitam ingerir outros seres vivos, justamente porque
são incapazes de produzir seu próprio alimento.
• Animais são Aeróbicos –> isso quer dizer que utilizam oxigênio retirado ou da água ou do ar. Fazem isso pra realizar a respi-
ração celular.
• Reprodução Sexuada –> é aquela em que existe o encontro do gameta feminino com o gameta masculino. Nos animais o
gameta masculino se chama espermatozoide e o feminino se chama óvulo. em alguns animais hermafrodita pode acontecer a auto-
fecundação. Alguns invertebrados também podem se reproduzir de maneira assexuada.
• Ausência de Clorofila –> por serem exclusivamente heterótrofos você nunca irá encontrar um animal com clorofila.

Sub reinos do Reino Animal


O mundo da zoologia pode ser dividido em dois sub reinos, sendo eles os invertebrados e os vertebrados

Invertebrados
Os invertebrados,como o próprio nome diz, são aqueles que não possuem vértebras. a maioria dos animais são invertebrados.
Os insetos, moluscos, águas vivas, minhocas, corais, aranhas, estrelas do mar, vermes. Todos eles fazem parte deste sub Reino. Para
ser mais específico vejamos quais os filo que compões os invertebrados.
• Poríferos
• Cnidários ou celenterados
• Platelmintos
• Nematódeos
• Anelídeos
• Moluscos
• Artrópodes
• Equinodermos

6
BIOLOGIA
Vertebrados
São todos os seres do Reino Animal que possuem uma coluna vertebral, como nós, seres humanos. são exemplos de vertebra-
dos os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Há exemplares aquáticos e terrestres e se distribuem por quase todo o globo
terrestres.

Evolução do Reino Animal


Os fósseis animais mais antigos já encontrados datam do período pré-cambriano, entre 640 a 550 milhões de anos atrás. Esses
fósseis mostram animais muito simples que não possuem sequer um esqueleto duro para sua sustentação. Tão simples que nem
mesmo possuem órgãos ou tecidos bem definidos.
Fósseis de animais com esqueleto duro são datado do período Cambriano onde ocorre um grande aumento na diversidade de
fósseis. Nesse período podemos encontrar fósseis de vários filos animais que encontramos hoje em dia. Veja abaixo uma imagem
com uma árvore filogenética contando um pouco da história da evolução dos animais.

Principais Filos do Reino Animal


Vamos começar dos seres com estruturas mais simples para os mais complexos. Seguindo a lógica evolutiva os animais mais
simples foram os primeiros a surgirem no planeta Terra.

Poríferos

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BIOLOGIA
Os poríferos são os animais mais antigos que conhecemos. Sua São os primeiros animais a apresentarem sistema nervoso
estrutura é muito simples, pois não possem órgão e nem tecidos ganglionar, ou seja, há o aparecimento de gânglios nervosos na
definidos. São sesseis e em seu organismos estão presentes poros região da cabeça.
que realizam a filtragem da água pra obtenção de alimentos. Devi-
do a presença de poros por todo o seu corpo são chamado de porí- Nematoides
feros. Também podemos encontrar o nome Animais Espongiários.
A saída de água recebe o nome de ósculo e também pode-
mos citar as células coanócitos e pinacócitos nesses animais.

Cnidários ou celenterados

As lombrigas, o ancilostoma, são os representantes mais


conhecidos. Podem causar doenças tanto em humanos e em
outros animais. Outras doenças causadas por nematoides são a
ancilostomose e a filariose mais conhecida popularmente como
elefantíase. Verminoses como o bicho geográfico erroneamente
chamado de micose também é causada por estes animais.
Possuem aproximadamente 90 mil espécies já catalogadas e
Os cnidários são também criaturas bem simples. São ani- podem ser de vida livre ou parasitas
mais importantíssimos para a ecologia marinha, pois os corais São os primeiros animais a apresentarem sistema digestório
fazem parte deste filo. Os mais conhecidos são as águas vivas, as completo, com boca e ânus bem definidos.
anêmonas do mar e a hidra, que é a única representante de água
doce. Os cnidários também são conhecidos como celenterados. Anelídeo
Os celenterados (cnidários também podem ser chamados
de celenterados) possuem um sistema digestório incompleto,
ou seja, o alimento entra cavidade oral e os detritos do processo
digestivos e saem pelo mesmo lugar.
Estes animais possuem um tipo celular chamado cnidócito
que é utilizado para armazenar e injetar veneno em presas ou
em predadores. Um dos animais mais venenosos do mundo, a
vespa do mar ou jellyfish, é um exemplo de cnidário.

Platelmintos
As minhocas são os representantes mais conhecidos. San-
guessugas e poliquetas são os outros representantes. Uma ca-
racterística marcante nesses animais é a presença de anéis por
todo o corpo daí vem o nome do filo.
O Filo dos anelídeos é o primeiro do Reino animal em que
a circulação aparece vários corações rudimentares bombeiam o
sangue que possui hemoglobina pelo corpo do animal. Seu siste-
ma digestório é completo pois possui boca e ânus.
As minhocas desempenham um papel ecológico muito im-
portante na saúde do solo. Como diz o ditado, “solo bom é solo
com minhoca” vem do fato desses animais digerirem os resto de
matéria orgânica e transformar em húmus, além de fazer túneis
Os platelmintos é o filo dos vermes achatados e alguns de no solo que possibilita a circulação do ar.
seus representantes podem causar algumas doenças em seres
humanos. Possuem um par de olhos muito simples, vivem em
ambientes aquáticos ou muito úmidos. O principal representan-
te desse filo são as planárias, as tênias e o esquistossomo.
Suas verminoses estão geralmente associadas ao baixo sa-
neamento básico e aparecem em regiões onde não há o devido
tratamento de água. Doenças como esquitossomose, teníase e
cisticercose estão entre algumas verminoses causados por ani-
mais desse filo.

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BIOLOGIA
Moluscos Equinodermos

Os Moluscos são animais que podem ser encontrados tanto Equinodermo são os animais de pele dura e seus repre-
em ambientes aquáticos quanto terrestres. São animais de cor- sentantes mais conhecidos são as estrelas do mar, as bolachas
po mole. Entre alguns de seus representantes marinhos estão o do mar e o ouriços. Possuem sistema digestivo completo e sua
polvo, a lula, ostras e mexilhões . As lesmas caracóis são terres- respiração se dá por meio de branquias. São animais exclusiva-
tres porém precisam de um ambiente úmido, pois sua respira- mente marinhos e bentônicos. Possuem um sistema único no
ção se dá pela pele. Reino Animal, é o sistema ambulacral, que permite a locomoção
Os moluscos possuem um sistema nervoso bastante desen- e alimentação do animal. Possuem um endoesqueleto calcário
volvido, seu sistema digestório é completo e também possuem revestido por uma membrana epidérmica muito fina.
um sistema circular fechado. O filo dos equinodermos está dividido em cinco classes. Pepinos
Possuem uma grande importância econômica, pois podem do mar, lírio do mar e ofiuro são exemplares de animais deste filo.
ser utilizados como alimentos e como ornamentos. há os que
causam prejuízo e doenças também. Cordados
Os moluscos podem ser divididos em três classes principais:
os cefalópodes, gastrópodes e bivalves

Artrópodes

Os cordados são os representantes vertebrados do Reino


Animal. São os que possuem maior complexidade orgânica do
reino. Alguns de seus representantes possuem sangue frio e ou-
tros podem regular a própria temperatura. Nos seres humanos
Os artrópodes são o maior grupo dentre todos os animais. fazemos parte do filo dos cordados, cuja característica comum a
São os mais abundantes e podem ser considerados como um todos e possuir notocorda em alguma fase do desenvolvimento
da vida. São 5 as classes desse filo sendo ela os peixes, anfíbios,
verdadeiro sucesso evolutivo devido a sua distribuição em todos
répteis, aves e mamíferos.
os cantos do globo terrestre. O nome artrópode vem do fatos
que esses animais possuem pés articulados. Há 3 classes princi- Na pré-história o homem vivia em pequenas tribos, nô-
pais, sendo elas a dos Insetos, aracnídeos e crustáceos. mades, coletoras e caçadoras. Para garantir sua sobrevivência,
Esses possuem como características um forte exoesqueleto, desde as mais antigas civilizações, o homem tem se preocupado
a presença de apêndices motores articulados, que alias, por essa em compreender o ambiente onde vive. Procurou entender as
característica, dá nome ao filo. Outra característica marcante é forças da natureza, as relações dos animais, o ciclo das plantas.
fenômeno da muda ou ecdise, que consiste na troca do exoes- Assim, por exemplo, ele relacionou as variações climáticas
queleto de tempos em tempos para permitir que o animal con- com as alterações na vegetação e nos hábitos dos animais, o que
tinue crescendo. conduziu ao aparecimento da agricultura.
Em relação a sua fisiologia e anatomia, possuem sistema di- A evolução das sociedades humanas na Terra está intima-
gestório completo e a presença dos sistemas circulatório, respi- mente ligada à busca de fontes energéticas pelo homem. A
ratório excretor e nervoso. primeira fonte utilizada foi a energia solar (radiante). Com o
domínio do fogo, uma nova fonte energética, o homem apri-
morou a cerâmica. Passou também a trabalhar com metais e
com eles fabricar ferramentas mais eficientes, ampliando o seu
domínio sobre a natureza de um modo geral.

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BIOLOGIA
Com o crescimento populacional e o desenvolvimento da Como ciência pura, a ecologia procura entender os desequilíbri-
agricultura, o homem passou a viver em sociedades maiores. As os, o equilíbrio e as modificações da matéria e da energia na na-
cidades foram criadas, a divisão de trabalho aumentou, os trans- tureza. Como ciência aplicada a ecologia procura descobrir como as
portes terrestres e marítimos se desenvolveram. A necessidade condições essenciais para a vida podem ser mantidas atualmente.
de organizar a produção se fez sentir de modo cada vez mais
forte.... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/discipli- Níveis de organização
nas/ciencias/ecologia-1-o-que-e-ecologia-e-o-que-ela-estuda. Ao estudar ecologia é importante saber que ela se divide em
htm?cmpid=copiaecola níveis de organização, que se dividem em população, comunida-
No século 18 foi inventada a máquina a vapor e iniciou-se a de, ecossistemas e biosfera.
Revolução Industrial, o que acelerou muito o processo de pro-
dução. População
A população representa o conjunto de organismos da mes-
Fontes de energia ma espécie que vivem juntos e apresentam maiores chances de
A necessidade do uso de lenha como fonte energética lev- reprodução entre si.
ou a sua escassez em algumas regiões. Novas fontes de energia Inicialmente, essa organização era utilizada apenas para
passaram a ser buscadas e utilizadas. A partir do século 16, com grupos humanos, depois foi ampliado para qualquer grupo de
a urbanização acelerada, a extração de carvão mineral se expan- organismos.
diu. As espécies, por sua vez, são os organismos com caracterís-
No século 19, o homem conheceu e aprendeu a lidar com ticas genéticas semelhantes. Com isso, o cruzamento de indiví-
a eletricidade. Criou a lâmpada, a usina hidroelétrica, o motor duos da mesma espécie gera descendentes férteis. Exemplos:
elétrico e o trem elétrico. Apareceram também os motores à caranguejos, ursos, pau-brasil, etc;
combustão e com isso os primeiros automóveis.
Desde o início do século 20, a humanidade tem transforma- Comunidade
do o nosso planeta de forma drástica. O crescimento industrial, A comunidade representa o conjunto das populações que
agrícola, as inovações tecnológicas, o consumo de bens e recur- vivem numa mesma região, no qual vivem em determinado lo-
sos têm interferido profundamente no meio ambiente. Surgiram cal, com condições ambientais específicas e interagindo entre
então os grandes problemas ambientais. si. Também chamado de comunidade biológica, biocenose ou
biótopo.
Problemas ambientais
Como exemplo de comunidades pode ser citado as aves, in-
Em função de problemas como a poluição, o efeito estufa
setos e plantas de uma região.
e as mudanças climáticas, faz-se necessário conhecer melhor o
meio em que vivemos para podermos continuar sobrevivendo
Ecossistemas
na Terra. O estudo da ecologia tornou-se, na atualidade, uma
O ecossistema é o conjunto de comunidades que interagem
questão de sobrevivência.
entre si e com o ambiente. Ele é formado pela interação de bio-
Alguns setores da sociedade tomaram consciência do prob-
cenoses e biótopos.
lema e passaram a promover discussões na busca de um desen-
A reunião de diferentes ecossistemas é conhecido como bio-
volvimento que proteja e preserve os recursos naturais e a qual-
ma e nele estão reunidas características próprias de diversidade
idade de vida da população. Porém, as melhorias nesse sentido biológica e condições ambientais.
ainda são insuficientes. Alguns exemplos de biomas brasileiros são: a Mata Atlânti-
Desde então, a palavra ecologia passou a ser amplamente ca, o Cerrado e a Amazônia.
utilizada nos meios de comunicação, em vários sentidos. Fala-se
muito em atividades ou produtos ecológicos - turismo ecológico, Biosfera
detergente ecológico, etc. A palavra ecologia entrou na moda. A biosfera é o nível mais amplo, pois ele corresponde ao
conjunto de todos os ecossistemas das diferentes regiões do
Não confunda ecologia com meio ambiente planeta, ou seja, o local onde estão todos os seres vivos. É a
É correto falar preserve o meio ambiente. No entanto, por reunião de toda a biodiversidade existente na Terra.
vezes, nos deparamos com a expressão: «Preserve a ecologia». A biodiversidade, por sua vez, significa a variedade de vida
Como é possível preservar o estudo das relações dos seres existente, englobando toda a riqueza das espécies.
viventes entre si e com os demais componentes do ambiente
vivos e não vivos? Podemos valorizar esse estudo, divulgá-lo, de- Conceitos básicos da ecologia
senvolvê-lo, mas o que se quer preservar é o meio, o ambiente e Para melhor compreensão do mundo vivo, além dos níveis
não a ecologia propriamente dita. de organização, a ecologia moderna abrange diversos conceitos
Fala-se também de produtos ecológicos: sabão ecológico, que são fundamentais.
roupa ecológica, aquecedor ecológico, passeio ecológico. Conheça a seguir o seguir as definições dos principais con-
ceitos que a ecologia estuda.
Ecologia é assunto de interesse público
A ecologia é também foco de interesse público. Para se Habitat
tomar certas decisões político-administrativas muitas vezes O habitat é o ambiente físico em que vivem determinadas
recorre-se à ecologia. Regiões de terras próximas a nascentes espécies. As condições do ambiente dependem de fatores abió-
de rios ou a encostas marítimas são ou não liberadas para ocu- ticos que afetam diretamente os seres vivos presentes.
pação humana após uma avaliação do impacto ambiental que Alguns exemplos são: o habitat do leão, as savanas e, o ha-
isso poderá gerar. bitat do tatu, as florestas.

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BIOLOGIA
Nicho ecológico
O Nicho Ecológico representa os hábitos e o modo de vida dos animais que representam seu nicho.
Por exemplo: no grupo dos leões são as leoas que caçam e cuidam dos filhotes, enquanto os machos defendem de invasores.

Fatores bióticos e abióticos


Os fatores bióticos e abióticos são os seres vivos e não vivos de um ecossistema e são interdependentes.
Os seres vivos representam os componentes bióticos, como as plantas, animais e bactérias. Já o conjunto de componentes físi-
cos e químicos do meio, tais como umidade, temperatura e luminosidade são os componentes abióticos.

Relações ecológicas
As relações ecológicas são as interações que ocorrem entre os seres vivos dentro dos ecossistemas.
Elas podem ser entre indivíduos da mesma espécie (intraespecífica) ou entre espécies diferentes (interespecíficas). E também
podem ser benéficas (positivas) ou prejudiciais (negativas) para as partes envolvidas.

Cadeia alimentar
A cadeia alimentar representa as relações alimentares entre os organismos da biota.
É através dos níveis tróficos da cadeia alimentar que é realizado o fluxo contínuo de energia e matéria.

Ciclos biogeoquímicos
Os ciclos biogeoquímicos representam o processo realizado entre energia e a matéria, que por sua vez se movimentam pelo
ambiente de forma cíclica, fazendo assim a ciclagem dos nutrientes essenciais à manutenção da vida.
Alguns exemplos dos ciclos biogeoquímicos são: ciclo do carbono, do nitrogênio, do oxigênio e da água.

Cadeias, teias e níveis tróficos


Na cadeia alimentar, organismos estabelecem relação de alimentação em um ecossistema. A cadeia é composta por produtores,
consumidores e decompositores. No meio ambiente, os seres vivos interagem entre si, transferindo matéria e energia por meio de
nutrição. Essa sequência de seres vivos em que um serve de alimento para o outro pode ser chamada tanto de cadeia alimentar
quanto de teia alimentar, sendo essa última denominação no caso de cadeias alimentares interligadas.
Cada etapa da cadeia alimentar é chamada de nível trófico. Em um ecossistema, o primeiro nível trófico é representado pelos
produtores, que nos ecossistemas terrestres são seres autotróficos fotossintetizantes ou quimiossintetizantes, as plantas e as
bactérias do solo, respectivamente. Eles produzem sua própria matéria orgânica, que será utilizada pelo segundo nível trófico, os
consumidores primários, cujos representantes principais são os herbívoros, como as capivaras, que dependem diretamente dos
vegetais para sua nutrição. Os consumidores primários servem de alimento, ou melhor, são a presa para o terceiro nível trófico, os
consumidores secundários, que são carnívoros e predadores como a onça, por exemplo.
Os onívoros podem participar tanto como consumidores primários, quanto como secundários, uma vez que se alimentam de
vegetais e animais (caso do homem, por exemplo). A seguir, todos os próximos consumidores serão carnívoros e se alimentarão do
nível trófico anterior. Ao final da cadeia alimentar, ocupando o último nível trófico, encontram-se os decompositores, que são os
seres sapróbios ou saprófagos, principalmente os fungos e bactérias que vivem no solo e na água e são responsáveis por reciclar a
matéria orgânica, que inclui dejetos dos seres detritívoros (como a minhoca e urubus) e cadáveres.
Com a molécula de glicose (C6H12O6) ocorre a respiração celular (C6H12O6+6O2→6CO2+6H2O), que libera substâncias mine-
rais (gás carbônico e água) utilizadas pelos produtores (plantas) na fotossíntese.

Exemplo de cadeia alimentar (Foto: Colégio Qi)

Nos ecossistemas aquáticos, os principais produtores são as algas microscópicas, que formam o fitoplâncton e servem de ali-
mento para o zooplâncton, que são os consumidores primários representados pelos protozoários, pequenos invertebrados, dentre
outros. Os peixes são considerados os consumidores secundários. Como consumidores terciários, encontram-se peixes maiores e
até mesmo o homem. Assim como no ecossistema terrestre, no ambiente aquático os decompositores são os fungos e as bactérias.
Ao longo da cadeia alimentar, algumas substâncias tóxicas e não biodegradáveis se acumulam nos seres vivos, como metais
pesados, por exemplo, mercúrio e chumbo. Conforme os níveis tróficos vão aumentando, há uma elevada concentração dessas
substâncias no organismo dos seres vivos, tal processo é denominado bioacumulação ou magnificação trófica. Nos seres humanos,
o efeito dessas substâncias tóxicas provocam diversas doenças como câncer, esterilidade e danos aos sistemas nervoso e muscular.

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BIOLOGIA
Um exemplo de teia alimentar pode ser visto na imagem abaixo, que apresenta cadeias alimentares conectadas.

Exemplo de teia alimentar, ligando várias cadeias. (Foto: Colégio Qi)

Relações ecológicas

Colméia: relação ecológica intraespecífica harmônica.

Seres vivos de uma mesma comunidade relacionam entre si e com o meio. Tal interação ocorre não só entre indivíduos da mes-
ma espécie (relações intraespecíficas), mas também de outras populações (relações interespecíficas); podendo consistir em laços
benéficos, ou não.
Relações ecológicas podem ser harmônicas ou desarmônicas. O primeiro caso ocorre quando ambos os indivíduos são benefi-
ciados; ou apenas um, mas sem causar dano ao outro. Já o segundo, quando isto não ocorre.

Como relações intraespecíficas harmônicas, temos:


- Sociedade: Representantes da mesma espécie cooperam entre si, por meio da divisão de trabalho. Ex: abelhas e cupins.

- Colônia: Associação anatomicamente entre indivíduos, unidos entre si, e que podem desempenhar funções específicas. Ex:
corais.

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BIOLOGIA
E as desarmônicas:
- Canibalismo: Um indivíduo se alimenta de outro de sua espécie sendo este, geralmente, menos capaz.
- Competição intraespecífica: Competição por território, parceiros reprodutivos, alimentos, dentre outros.

Como relações interespecíficas harmônicas, temos:


- Mutualismo: Ambas as espécies, associadas entre si, se beneficiam, sendo tal relação imprescindível à sobrevivência destas.
Ex: liquens (fungos + algas).
- Protocooperação: Ambas as espécies se beneficiam, mas sem estar dependentemente, e tampouco obrigatoriamente, unidas.
Ex: Caranguejo-eremita e anêmonas-do-mar.
- Inquilinismo: Uma espécie fornece proteção ou moradia à outra, sem se prejudicar. Ex: orquídeas epífitas.
- Comensalismo: Um organismo se alimenta de restos da alimentação de outro. É uma relação que fornece benefícios apenas a
uma espécie, enquanto a outra permanece indiferente.

E as desarmônicas:
- Amensalismo: O desenvolvimento ou próprio nascimento de indivíduos de uma espécie sendo prejudicado graças à secreção
de substâncias tóxicas, produzidas por outra. Ex: secreção antibiótica dos Penicillium.
- Herbivoria: Herbívoros se alimentam de partes ou mesmo de plantas inteiras. Ex: boi - capim.
- Predatismo: Consiste na captura, morte e alimentação de suas presas. Ex: plantas carnívoras, aranhas e leões.
- Parasitismo: Um parasita se alimenta de seu hospedeiro sem, necessariamente, levá-lo a óbito. Ex: carrapato (ectoparasita) e
lombrigas (endoparasita).
- Competição interespecífica: Disputa por recursos, entre espécies diferentes, geralmente de nichos ecológicos semelhantes.

FISIOLOGIA HUMANA

O corpo humano é formado por vários órgãos e sistemas, que trabalham de maneira conjunta para garantir o funcionamento
perfeito do organismo. Se observamos a nível microscópico, podemos perceber a presença de milhares e milhares de células, que
formam os tecidos, os órgãos e os sistemas, característica essa que nos permite afirmar que os seres humanos são organismos
pluricelulares.

Níveis de organização do corpo humano


O corpo humano pode ser analisado em diferentes níveis de organização. Podemos estudar as células, os tecidos, os órgãos ou
ainda os vários sistemas. Considerando as células como o primeiro nível hierárquico de organização, temos:

As células  são consideradas as unidades funcionais e estruturais dos seres vivos. No nosso corpo, encontramos milhares de
células e, por isso, somos classificados como organismos pluricelulares. As células encontradas no nosso corpo são eucariontes, ou
seja, apresentam um núcleo definido e organelas membranosas.
Nos seres vivos pluricelulares, um grupo de células semelhantes e que desempenham a mesma função recebe o nome de teci-
do. Temos quatro tipos básicos de tecidos em nosso corpo: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.
Os tecidos podem estar organizados em órgãos, que são definidos como agrupamentos de tecidos que desempenham algumas
funções específicas. Os órgãos, por sua vez, podem estar interligados formando sistemas, que desempenham funções ainda mais
complexas.

13
BIOLOGIA

O corpo humano apresenta vários órgãos, os quais apresentam funções


específicas para garantir o funcionamento do corpo como um todo.

Para entender melhor esses níveis, imaginemos, por exemplo, os  osteoblastos, osteócitos e osteoclastos. Essas células são
do  tecido ósseo, o qual é responsável por formar os ossos, órgãos que compõem o sistema esquelético. O sistema esquelético,
juntamente a outros sistemas, tais como o digestório, muscular, cardiovascular e nervoso, formam o corpo humano.

→ Células do corpo humano


O corpo humano apresenta diversos tipos celulares, os quais desempenham as mais variadas funções. Veja a seguir alguns tipos
celulares encontrados em nosso corpo e sua função.
• Adipócitos: células que armazenam gorduras.
• Célula de Schwann: produzem a bainha de mielina dos neurônios.
• Células beta: células do pâncreas responsáveis por produzir insulina.
• Condroblastos: células jovens do tecido cartilaginoso que formam a matriz da cartilagem.
• Condrócitos: células do tecido cartilaginoso, derivadas dos condroblastos, que ocupam lacunas na matriz da cartilagem.
• Espermatozoides: gametas masculinos.
• Hemácias, eritrócitos ou glóbulos vermelhos: células sanguíneas que garantem o transporte de oxigênio pelo corpo.
• Hepatócitos: células do fígado que sintetizam proteínas e a bile, além de garantir a detoxificação de várias substâncias.
• Leucócitos ou glóbulos brancos: células sanguíneas que atuam na defesa do organismo. Os tipos de leucócitos existentes
são neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos.

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BIOLOGIA
O tecido epitelial caracteriza-se pela presença de células
próximas umas das outras.
• Tecido conjuntivo:  apresenta como característica
principal a presença de grande quantidade de matriz extracelular,
característica essa que o diferencia do tecido epitelial. Existem
vários tipos de tecidos conjuntivos, a saber: tecido conjuntivo
propriamente dito, tecido adiposo, tecido sanguíneo, tecido car-
tilaginoso e tecido ósseo.
• Tecido muscular:  destaca-se pela presença de células
com capacidade de contração. Podemos classificar o tecido
muscular em três tipos: muscular não estriado ou liso, muscular
estriado esquelético e muscular estriado cardíaco.

No corpo humano, é possível observar diferentes tipos ce-


lulares.
• Neurônios:  células responsáveis pela transmissão dos
impulsos nervosos.
• Osteoblastos: células do tecido ósseo responsáveis por
produzir a parte orgânica da matriz óssea.
• Osteócitos: células maduras do tecido ósseo que derivam
de osteoblastos e são encontradas em lacunas na matriz óssea.
• Osteoclastos:  células do tecido ósseo que atuam na
reabsorção desse tecido.
• Ovócito: gameta feminino. O tecido muscular apresenta capacidade de contração e
pode ser classificado em três tipos diferentes.
→ Tecidos do corpo humano • Tecido nervoso:  apresenta células capazes de captar,
• Tecido epitelial:  apresenta como característica mais interpretar e transmitir os chamados impulsos nervosos.
importante a presença de células justapostas com pouca matriz
extracelular. Pode ser classificado em dois tipos básicos: tecido Órgãos do corpo humano
epitelial de revestimento e tecido epitelial glandular. Um órgão humano pode apresentar vários tecidos, como é
possível perceber no esquema a seguir:

15
BIOLOGIA
Todos os órgãos do nosso corpo apresentam importância, Além das glândulas endócrinas, existem órgãos que também
mas alguns são vitais e outros não. Veja alguns exemplos a se- secretam hormônios, como é o caso do coração, do estômago,
guir. do intestino delgado e dos rins. Os hormônios secretados por
• Bexiga: local de armazenamento da urina após a forma- esses órgãos geralmente apresentam efeitos locais.
ção desse produto pelos rins. O controle hormonal é realizado pelo sistema endócrino,
• Coração:  órgão responsável por impulsionar o sangue composto por glândulas e por outras estruturas com função en-
para o corpo. Graças a esse bombeamento, as células conseguem dócrina do nosso organismo.
adquirir oxigênio e outros nutrientes necessários A ação conjunta dos diversos hormônios e do sistema ner-
• Esôfago:  tubo muscular que garante que o alimento voso garante a coordenação e a harmonia das funções do nosso
seja levado da boca para o estômago. organismo.
• Estômago:  órgão do sistema digestório em que parte
da digestão acontece. Ele é responsável por produzir o suco Glândulas do Sistema Endócrino
gástrico e transformar o bolo alimentar em quimo. As glândulas endócrinas estão localizadas em diferentes
• Intestino delgado: onde acontece o fim do processo de partes do corpo: hipófise, tireoide e paratireoides, suprarrenais,
digestão e a absorção de grande parte dos nutrientes retirados pâncreas e as glândulas sexuais.
dos alimentos.
• Intestino grosso: onde acontece a absorção da água e Hipófise
a formação das fezes.
• Laringe: esse órgão do sistema respiratório une a farin- A hipófise também denominada glândula pituitária, é uma
ge à traqueia. É na laringe que se encontram as pregas vocais. pequena glândula com cerca de 1 cm de diâmetro. Aloja-se na
• Ovários:  órgãos exclusivos das mulheres onde são sela túrcica ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cé-
produzidos gametas femininos e hormônios sexuais femininos. rebro. Está localizada abaixo do hipotálamo e posteriormente ao
• Pâncreas: glândula mista responsável por produzir suco quiasma óptico, sendo ligada ao hipotálamo pela haste pedún-
pancreático e dois importantes hormônios (insulina e glucagon), culo hipofisário ou infundíbulo, é envolvida pela dura – máter.
que atuam na regulação da taxa de glicose no sangue. A hipófise é considerada uma glândula mestra, pois secreta hor-
• Pulmões:  órgãos esponjosos do sistema respiratório mônios que controlam o funcionamento de outras glândulas,
ricos em alvéolos, que são os locais onde ocorrem as trocas sendo grande parte de suas funções reguladas pelo hipotálamo.
gasosas.
A hipófise é dividida anatomicamente e funcionalmente em
duas partes (anterior e posterior). Cada parte será responsável
CARO(A) CANDIDATO(A) SEGUEM BAIXO ALGUNS DOS
por funções fisiológicas diferenciadas. Sendo assim, reconhece
PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO, PORÉM OS DEMAIS
-se na hipófise:
SISTEMAS E INFORMAÇÕES PERTINENTES AO ASSUNTO DE
CORPO E SAÚDE SE ENCONTRAM NO ITEM SOBRE FISIOLOGIA
-Adeno-hipófise (hipófise anterior):Secreta os hormônios
ANIMAL PARA COMPLEMENTAR SEUS ESTUDOS
que controlam o funcionamento de outras glândulas endócrinas,
quando estimuladas a fazer isso pelo hormônios do hipotálamo.
Sistema Endócrino
-TSH (hormônio tireotrófico): hormônio que estimula e re-
O Sistema Endócrino é o conjunto de glândulas responsá- gula a atividade da tireoide na produção dos hormônios T3 e T4;
veis pela produção dos hormônios que são lançados no sangue -ACTH (hormônio adrenocorticotrófico): que controla a ativi-
e percorrem o corpo até chegar aos órgãos-alvo sobre os quais dade do córtex da glândula suprarrenal;
atuam. Junto com o sistema nervoso, o sistema endócrino coor- -LH (hormônio luteinizante): hormônio que regula as ativi-
dena todas as funções do nosso corpo. O hipotálamo grupo de dades das gônadas masculinas e femininas, como a produção de
células nervosas localizadas na base do encéfalo, faz a integra- testosterona nos testículos, indução da ovulação e formação do
ção entre esses dois sistemas. corpo lúteo.
-FSH (hormônio folículo-estimulante): hormônio que atua na
Controle hormonal produção dos folículos, nos ovários; e dos espermatozoides, nos
testículos.
Hormônios são substâncias produzidas por glândulas Somatotrofina, hormônio do crescimento ou GH: hormô-
especiais, chamadas endócrinas. Eles são liberados dessas nio que promove a captação de aminoácidos para a formação
glândulas diretamente nos líquidos corporais-sangue e linfa- de proteínas. Com isso, esse hormônio atua no crescimento de
e atuam em células-alvo geralmente distantes do seu local todo o organismo, incluindo tecidos, ossos e cartilagens, pro-
de produção. Uma vez recebidos pelo alvo, os hormônios movendo o aumento na estatura principalmente dos jovens na
desencadeiam uma série de reações químicas, exercendo ação puberdade. Após a puberdade, a produção desse hormônio cai
de controle do metabolismo das células; seu efeito pode ser consideravelmente. Há casos em que, em virtude de uma dis-
imediato ou levar vários dias para aparecer, persistindo por função na hipófise, a pessoa continua a produzir esse hormônio
meses ou até anos, dependendo do hormônio. mesmo após a puberdade. Quando isso ocorre, não há aumento
Ao contrário das glândulas endócrinas, as glândulas exócri- da estatura, mas os ossos do crânio, da face, das mãos e dos pés
nas não produzem hormônios e liberam suas secreções por du- aumentam, causando uma doença que chamamos de acrome-
tos ou canais, como é o caso das glândulas lacrimais, sudoríparas galia.
e salivares. Existe glândula mista, representada pelo pâncreas, O excesso do hormônio do crescimento provoca o aumento
que apresenta uma porção endócrinas que secreta hormônios e exagerado no tamanho do corpo, o que chamamos de gigantis-
uma porção exócrina, que secreta suco pancreático no duodeno mo; já a sua deficiência (que geralmente é causada por fatores
através do duto pancreático. genéticos), provoca o nanismo. Algumas crianças que têm de-

16
BIOLOGIA
ficiência na produção do hormônio do crescimento podem ser
tratadas com injeções desse hormônio para promover o seu
crescimento.
Prolactina: esse hormônio atua promovendo a produção de
progesterona nos ovários femininos e também na produção de
leite nas glândulas mamárias, durante a gravidez e a amamen-
tação.

-Neuro- Hipófise (hipófise posterior): Só armazena


hormônios produzido pelo hipotálamo.
O lado posterior é conectado à parte do cérebro chamada
de hipotálamo através do infundíbulo. Os hormônios são feitos
nos corpos celulares dos nervos posicionados no hipotálamo, e
estes hormônios são então transportados pelos axônios das cé-
lulas nervosas em direção à hipófise posterior. Figura 01. Liberação dos hormônios tiroxina (T4) e triofoti-
ronina (T4) regulada pela hipófise.
Os hormônios secretados pela hipófise posterior são:
-Ocitocina: hormônio que atua nas contrações do útero du- Problemas relacionados a tireoide
rante o parto, estimulando a expulsão do bebê. Em alguns casos,
os médicos aplicam esse soro contendo ocitocina na mãe para Os distúrbios da tireoide ocorrem quando essa glândula
estimular o parto. Esse hormônio também promove a liberação para de funcionar corretamente, podendo produzir mais ou me-
de leite durante a amamentação. nos hormônios do que o normal. Uma vez que a glândula tireoi-
-ADH (hormônio antidiurético): esse hormônio atua no con- de é controlada pela glândula pituitária no e pelo hipotálamo,
trole da eliminação de água pelos rins, portanto tem efeito an- distúrbios de estes nestes tecidos também podem afetar a fun-
tidiurético, ou seja, é liberado quando a quantidade de água no ção da tireoide.
sangue diminui, provocando uma maior absorção de água no
túbulo renal e diminuindo a urina. Quando o nível desse hor- -Hipertireoidismo
mônio está acima do normal, ocorre a contração das arteríolas,
provocando um aumento da pressão arterial, por isso o nome O hipertiroidismo, também conhecido como hiperfunciona-
vasopressina. Há casos em que a quantidade de ADH no organis- mento da tiroide, é uma doença metabólica caracterizada pela
mo da pessoa é deficiente, provocando excesso de urina e muita produção excessiva de hormônios tireoidianos (chamados T3 e
sede. A esse quadro damos o nome de diabetes insípida T4). Esses hormônios desempenham um papel fundamental da
regulação do metabolismo, incluindo funções vitais como as fre-
Tireoide quências cardíaca e respiratória. Se os hormônios T3 e T4 são
produzidos em excesso, geram uma variedade de sintomas.
A tireoide ou tiroide é uma glândula em forma de borboleta Os sintomas do hipertireoidismo, que se manifestam em vá-
(com dois lobos- esquerdo e direito), que fica localizada na parte rias semanas, podem ser os seguintes:
anterior pescoço, logo abaixo da região conhecida como Pomo – nervosismo, tremores nas mãos
de Adão (ou popularmente, gogó). É uma das maiores glândulas – Perda de peso;
do corpo humano e tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas – Transpiração excessiva: pele úmida, quente;
(no adulto). – Problemas psíquicos: ansiedade, distúrbios do sono;
Ela age na função de órgãos importantes como o coração, – Palpitações e/ou um ritmo cardíaco mais acelerado;
cérebro, fígado e rins. Interfere, também, no crescimento e de- – Distúrbios menstruais nas mulheres;
senvolvimento das crianças e adolescentes; na regulação dos ci- – Diarréia;
clos menstruais; na fertilidade; no peso; na memória; na concen- – Bócio (aumento do volume da glândula tireóide);
tração; no humor; e no controle emocional. É fundamental estar
em perfeito estado de funcionamento para garantir o equilíbrio
e a harmonia do organismo.
A tireoide utiliza o iodo para produzir os hormônios vitais,
sendo que os principais são a tiroxina (T4) e a triiodotironina
(T3). Esses hormônios são responsáveis pelo nosso metabolismo
basal, ou seja, é ele que estimula as células a trabalharem e ga-
rante que tudo funcione corretamente no corpo.
A função dessa glândula é regulada por um mecanismo de
auto controle que envolve o cérebro. Quando os níveis de hor-
mônios da tiroide estão baixos, o hipotálamo no cérebro produz
um hormônio conhecido como liberador de tirotrofina (TRH), – olhos saltados (exoftalmia), nas pessoas atingidas pela
que faz com que a glândula pituitária (adenoipóifise) libere o doença de Basedow;
hormônio estimulador da tireoide (TSH) (figura 01).

17
BIOLOGIA
Além de aumentar a concentração de Ca2+ plasmático, o
hormônio da paratireóide reduz a concentração de fosfato san-
guíneo. Este efeito resulta da atividade do paratormônio em cé-
lulas dos túbulos renais, diminuindo a reabsorção de fosfato e
aumentando sua excreção na urina. O paratormônio aumenta
indiretamente a absorção de Ca2+ no trato digestivo, estimulan-
do a síntese de vitamina D, que é necessária para esta absorção.
A secreção das células paratireóides é regulada pelos níveis san-
guíneos de Ca2+.

Hipoparatireoidismo
– fadiga (falta de energia) e fraqueza– osteoporose– cabelos
quebradiços e oleosos– dor muscular– unhas quebradiças. É a doença resultante da falta de produção de paratormônio
pelas glândulas paratireóides. A falta desse hormônio causa a
-Hipotireoidismo redução do cálcio no sangue.
Os sintomas são decorrentes da falta de cálcio: fraqueza,
Assim como o hipertireoidismo, o hipotireoidismo também cãibras, sensação de formigamento no corpo e dormência nas
causa um aumento de volume da tireóide. Contudo, esse au- mãos, espasmos involuntários dos músculos da face, e, mais ra-
mento não é acompanhado de mais produção dos hormônios ramente, malformações dos dentes e das unhas.
tireoidianos, mas sim pela queda na produção dos hormônios T3 A causa mais frequente da doença é consequência da reti-
(triiodotironina) e T4 (tiroxina). rada das paratireóides durante cirurgias, sejam elas para a re-
Como outros males da tireóide, o hipotireoidismo é mais tirada de tumores de paratireóide ou em cirurgias de tireoide.
comum em mulheres, mas pode ocorrer em qualquer indivíduo A segunda causa mais frequente são doenças auto-imunes das
independente de gênero ou idade. Os endocrinologistas orien- paratireóides. As outras causas incluem doenças genéticas, ex-
tam mulheres, especialmente acima de 40 anos, a fazerem o au- posição à radiação, doenças infiltrativas e falta de magnésio.
to-exame da tireóide regularmente.
Hiperparatireoidismo
Entre os sintomas do hipotireoidismo estão:
É a doença resultante do excesso de produção de
Depressão paratormonio pelas glândulas paratireóides. O excesso deste
Desaceleração dos batimentos cardíacos hormônio causa o aumento do cálcio no sangue e na urina.
Intestino preso A maioria dos pacientes não apresenta sintomas. No en-
Menstruação irregular tanto, uma pequena parcela pode apresentar fraqueza, falta de
Diminuição da memória apetite, náuseas, vômitos, intestino preso, confusão mental, de-
Cansaço excessivo pressão, muita sede e muita vontade de urinar (poliúria). Além
Dores musculares disso, os portadores de hiperparatireoidismo podem ter cálculos
Sonolência excessiva renais e osteoporose.
Pele seca A causa mais frequente é o adenoma (tumor benigno) de
Queda de cabelo uma das quatro glândulas paratireóides. A segunda causa mais
Ganho de peso frequente é um aumento das quatro glândulas da paratireóide,
Aumento do colesterol no sangue conhecido como “hiperplasia primária das paratireóides”. Rara-
mente o aumento de PTH é decorrente de um câncer maligno
Paratireoide (carcinoma) de paratireóide.

As paratireóides são quatro pequenas glândulas que se lo- Pâncreas


calizam atrás da glândula da tireoide, na região do pescoço. Es-
sas glândulas secretam um hormônio chamado de paratormônio O pâncreas é uma glândula anfícrena que pertence aos sis-
(PTH) e são responsáveis pelo equilíbrio do cálcio e manutenção temas digestivo e endócrino, com cerca de 12,5 cm de compri-
da massa óssea. mento, em forma de folha, situada atrás do estômago, entre a
O paratormônio é uma proteína com massa molecular de porção superior do intestino e o baço.
8.500 Da. Ele se liga a receptores em osteoblastos, sendo este O pâncreas é composto por três regiões principais: cabeça,
um sinal para estas células produzirem um fator estimulante de que é a parte que se encaixa no duodeno, o corpo e a cauda, que
osteoclastos que aumenta o número e atividade dessas células, é a parte final.
promovendo assim a reabsorção da matriz óssea calcificada e
a liberação de Ca2+ no sangue. Por outro lado, o aumento da
concentração de Ca2+ suprime a produção de hormônio da pa-
ratireóide. A calcitonina produzida na glândula tireóide também
influencia os osteoclastos, inibindo tanto sua ação de reabsor-
ção de osso como a liberação de Ca2+, diminuindo a concentra-
ção deste íon no plasma e estimulando a osteogênese, tendo,
portanto, ação oposta a do paratormônio.

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BIOLOGIA

O pâncreas pode ser classificado de acordo com seu funcionamento:

-Pâncreas Exócrino: Tem a função de produzir sucos digestivos e enzimas que ajudam a partir em pedaços menores as proteí-
nas, os açúcares e as gorduras, para que possam passar para o intestino, auxiliando na digestão dos alimentos e metabolismo dos
nutrientes;
-Pâncreas Endócrino: Tem uma função importante na produção de hormônios, como a insulina e glucagon, os quais regulam a
forma como o organismo utiliza os açúcares.
Por terem funções diferentes, o pâncreas exócrino e endócrino são formados por células diferentes, por exemplo, o pâncreas
endócrino é formado por conglomerados de células chamadas ácinos que irão produzir o suco pancreático. Misturados com os
ácinos, encontram-se os Ilhotas de Langerhans, que são grupos isolados de células que produzem os hormônios que fazem o con-
trole dos níveis de açúcar no sangue.

Insulina

A insulina é um hormônio sintetizado no pâncreas, que promove a entrada de glicose nas células e também desempenha papel
importante no metabolismo de lipídeos e proteínas. Existem algumas patologias relacionadas à função da insulina no corpo, como:
diabetes, resistência à insulina e hiperinsulinemia. Conheça agora um pouco mais sobre a importância deste hormônio para nossa
saúde.

Atuação no organismo: Os carboidratos que ingerimos através dos alimentos (pão, massas, açúcares, cereais) são mais rapida-
mente convertidos em glicose quando precisamos de energia. Para a glicose penetrar em cada célula do corpo é necessário que haja
insulina circulante, que faz com que o hormônio chegue aos receptores de insulina nas células (Figura 01).

19
BIOLOGIA

Figura 01. Mecanismo de penetração de glicose na célula

Quando a glicemia (taxa de glicose no sangue) aumenta após uma refeição, a quantidade de insulina também aumenta para que
o excesso de glicose possa ser rapidamente absorvido pelas células.

Diabetes

O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina
exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas
não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este
hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina promove a redução da glicemia ao permitir
que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se
houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente,
o diabetes.

Diabetes tipo I

As células do pâncreas são incapazes de produzir insulina e se não há insulina circulante a absorção de glicose fica prejudicada
e ocorre o aumento de glicose no sangue. Neste caso é necessário injetar insulina subcutânea para que possa ser absorvida pelo
sangue.

Diabetes tipo II

As células musculares e adiposas são incapazes de utilizar toda a insulina secretada pelo pâncreas. Assim, a glicose no sangue é
pouco aproveitada por essas células.

Hiperinsulinemia

Algumas das causas da hiperinsulinemia são: obesidade, sedentarismo e consumo elevado de carboidratos refinados, que pro-
voca aumento de glicose no sangue e conseqüentemente aumento na produção de insulina.
Resistência à insulina

Ocorre dificuldade de penetração da glicose nas células e dessa forma é produzido mais insulina, já que este é o seu papel, levar
glicose à célula, só que devido a essa dificuldade este hormônio não atua de forma ideal, não desempenha sua função por completo.
Esse excesso de insulina pode gerar um estado de pré-diabetes ou diabetes mesmo.

20
BIOLOGIA
Suprarrenais progesterona e o estrógeno começam a cair e o estímulo para
manutenção da parede do endométrio cessa, provocando sua
As glândulas supra-renais têm este nome devido ao fato de descamação, caracterizando a menstruação. Então, o LH e o FSH,
se situarem sobre os rins, apesar de terem pouca relação com que estavam baixos, começam a subir novamente, iniciando um
estes em termos de função. As supra-renais são glândulas vitais novo ciclo, conforme o gráfico abaixo.
para o ser humano, já que possuem funções muito importantes,
como regular o metabolismo do sódio, do potássio e da água,
regular o metabolismo dos carboidratos e regular as reações do
corpo humano ao stress.

Hormônios produzidos pelas suprarrenais:

- Aldosterona: A principal ação da aldosterona é a retenção


de sódio. Onde há sódio, estão associados íons e água. Portan-
to, a aldosterona age profundamente no equilíbrio dos líquidos,
afetando o volume intracelular e extracelular dos mesmos. Glân-
dulas salivares e sudoríparas também são influenciadas pela al-
dosterona para reter sódio. O intestino aumenta a absorção de
sódio como reação à aldosterona.

- Adrenalina e a Noradrenalina: Tais hormônios são secre-


tados em resposta à estimulação simpática e são considerados
como hormônios gerais. Liberados em grandes quantidades de-
pois de fortes reações emocionais como, por exemplo, susto ou
medo, estes hormônios são transportados pelo sangue para to-
das as partes do corpo, onde provocam reações diversas, prin-
cipalmente constrição dos vasos, elevação da pressão arterial,
aumento dos batimentos cardíacos, etc.
Tais reações resultam no aumento do suprimento de oxi-
gênio às células. Além disso, a adrenalina, que aumenta a gli-
cogenólise hepática e muscular e a liberação de glicose para o
sangue, eleva o metabolismo celular. A combinação dessas rea-
ções possibilita, por exemplo, reações rápidas de fuga ou de luta -Homem
frente a diferentes situações ameaçadoras.
Os hormônios do sistema genital masculino são pro-
- Cortisol: O cortisol serve para ajudar o organismo a contro- duzidos nas gônadas masculinas, muito conhecidas como
lar o estresse, reduzir inflamações, contribuir para o funciona- testículos. São os hormônios que determinam as ca-
mento do sistema imune e manter os níveis de açúcar no sangue racterísticas sexuais secundárias, induzem a formação
constantes, assim como a pressão arterial. dos gametas masculinos e promovem o impulso sexual.

Glândulas sexuais É na puberdade, aproximadamente entre os 11 e os 14


anos, que começam a ocorrer as mudanças psicológicas e
O hipotálamo produz GnRH, que estimula a adeno-hipófise a também fisiológicas no corpo dos meninos. Nessa fase da
liberar LH e FSH que, por sua vez, agirão sobre as gônadas, esti- vida, dois hormônios produzidos pela adeno-hipófise agem
mulando a produção de testosterona, estrógeno e progesterona. sobre os testículos, estimulando a produção de testosterona.
Esses hormônios são o hormônio folículo-estimulante (FSH)
-Mulher e o hormônio luteinizante (LH), também chamados de
Na mulher o aumento de LH e FSH é o estímulo para a ma- gonadotrofinas por atuarem sobre as gônadas.
turação folicular. O folículo, em processo de amadurecimento, No homem, o hormônio luteinizante também pode ser cha-
passa a secretar estrógeno, o qual prepara o útero para receber mado de hormônio estimulador das células intersticiais (ICSH),
o embrião, provocando espessamento da parede do endomé- porque age estimulando as células intersticiais, ou de Leydig, a
produzirem testosterona. A testosterona e os hormônios gona-
trio, aumento da irrigação sanguínea e da produção de muco.
dotróficos FSH e LH atuam juntos na ativação da espermatogê-
Quando o folículo rompe, o nível de estrógeno cai e, como ele
nese (produção de espermatozoides).
tem efeito inibitório sobre a secreção de LH e FSH, esses hor-
A testosterona é o principal hormônio masculino. Ela de-
mônios têm um pico, provocando a liberação do óvulo de 16 a
termina o desenvolvimento dos órgãos genitais, a descida dos
24 horas depois. Forma-se, então, o corpo lúteo, que começa a
testículos para a bolsa escrotal e o aparecimento das caracte-
secretar progesterona.
rísticas sexuais secundárias masculinas, como a distribuição de
Caso haja a fecundação, os níveis de estrógeno e de proges-
pelos pelo corpo, engrossamento da voz, desenvolvimento dos
terona seguem aumentando, inibindo o eixo hipotálamo-hipófi-
músculos e dos ossos, entre outras. Também é a testosterona
se ao longo da gestação. Assim, nesse período, o LH e o FSH se
que induz o amadurecimento dos órgãos genitais, além de pro-
mantêm baixos, e a mulher se torna anovulatória. Se não houver
mover o impulso sexual.
a fecundação, o óvulo entra em involução em até 72 horas. A

21
BIOLOGIA
A testosterona começa a ser produzida ainda na fase em- Fagócitos
brionária e é a presença dela que determina o desenvolvimento
dos órgãos sexuais masculinos. Se houver ausência desse hor- Os fagócitos têm a função de neutralizar, englobar e des-
mônio, ou a falta de receptores compatíveis a ele nas células do truir as partículas estranhas e microorganismos invasores. São
embrião, o sexo que se desenvolverá será o feminino. produzidos na medula óssea e sua diferenciação é provocada
por citocinas. Quando estas células estão no sangue circulante
O sistema imunológico são chamadas de monócitos, quando estão nos tecidos são cha-
madas de macrófagos.
O sistema imunológico ou sistema imune é de grande efi- O monócito é uma célula grande, maior que o linfócito e
ciência no combate a microorganismos invasores. Mas não é só possui um núcleo com muitos grânulos em forma de ferradura.
isso; ele também é responsável pela “limpeza” do organismo,
ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determi- Neutrófilos: Os neutrófilos são células fagocíticas e são mui-
nadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória imunológica. to numerosos, compreendendo cerca de 90% dos granulócitos
Também é ativo contra células alteradas, que diariamente sur- que circulam na corrente sanguínea. É a primeira célula a chegar
gem no nosso corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas ao local de defesa e tem vida curta.
células, se não forem destruídas, podem dar origem a tumores. Eosinófilos: São células com função de apreender e danificar
os invasores, principalmente os parasitas extracelulares grandes.
Sistema Imunitário humano Quando estimulados, eles liberam seus grânulos, liberando
toxinas, histaminas e arilsulfatase. Os eosinófilos combatem
O sistema imunológico é a defesa do organismo contra orga- principalmente os vermes, pois não podem ser fagocitados. As
nismos infecciosos e outros invasores. Através de uma série de substâncias produzidas também ajudam a diminuir a resposta
passos, o sistema imunitário ataca organismos e substâncias que inflamatória.
invadem o corpo e causam a doença.
O sistema imunológico é composto de uma rede de células, Basófilos e mastócitos: Estas células estão em quantidades
tecidos e órgãos que trabalham juntos para proteger o corpo. muito pequenas no sangue. Possuem grânulos no citoplasma
As células envolvidas são os glóbulos brancos ou leucócitos, que que produzem inflamação no tecido circundante. Estão associa-
vêm em dois tipos básicos que se combinam para procurar e dos com as reações alérgicas.
destruir organismos causadores de doenças ou substâncias.
Os leucócitos são produzidos ou armazenados em vários lo- Como funciona o sistema imunológico humano
cais do corpo, incluindo o timo, baço e medula óssea. Por esta
razão, eles são chamados de órgãos linfóides. Há também gru- Quando os antígenos são detectados, vários tipos de células
pos de tecido linfóide pelo corpo, principalmente em gânglios trabalham em conjunto para reconhecê-los e responder. Estas
linfáticos, que abrigam os leucócitos. células acionam os linfócitos B a produzir anticorpos, proteínas
Os leucócitos circulam através do corpo entre os órgãos e gân- especializadas que travam os antígenos. Uma vez produzidos,
glios via vasos linfáticos e vasos sanguíneos. Desta forma, o siste-
estes anticorpos continuam a existir no corpo de uma pessoa,
ma imunitário funciona de forma coordenada para acompanhar o
de modo que se o mesmo é apresentado para o sistema imuno-
corpo para germes ou substâncias que possam causar problemas.
lógico mais uma vez, os anticorpos já estão lá para fazer o seu
trabalho. Assim, se alguém fica doente com uma determinada
Células do sistema imune
doença, a pessoa geralmente não fica doente de novo.
Esta é também a forma como as imunizações previnem cer-
Linfócitos
tas doenças. Uma imunização introduz no corpo um antígeno
numa maneira que não faz mal a ninguém, mas não permite que
Os linfócitos são responsáveis pelo reconhecimento do in-
o organismo produza anticorpos que irá proteger a pessoa de fu-
vasor e produção da resposta imune. São produzidos na medu-
la óssea e timo, que são órgãos linfóides primários ou centrais turos ataques com a bactéria ou substância que produz a doença
e migram para o baço, linfonodo e amídalas, que são tecidos em questão.
linfóides secundários. Os linfócitos B são produzidos na medula Embora os anticorpos possam reconhecer um antígeno e
óssea e os linfócitos T são produzidos no timo. bloqueá-lo, eles não são capazes de destruí-lo sem ajuda. Essa é
a função das células T, que são parte do sistema que destrói os
-Linfócitos B: os linfócitos B reconhecem o receptor de su- antígenos que foram marcados por anticorpos ou células que fo-
perfície do antígeno e transformam-se em plasmócitos, que pro- ram infectadas ou de alguma forma alteradas. (Algumas células
duzem e secretam anticorpos que se ligam especificamente com T são realmente chamadas células “assassinas”).
o antígeno. Os linfócitos B ficam concentrados os gânglios linfá- Os anticorpos também podem neutralizar as toxinas (subs-
ticos, prontos para uma reação. tâncias tóxicas ou nocivas), produzida por diferentes orga-
nismos. Por último, os anticorpos podem ativar um grupo de
-Linfócitos T: os linfócitos T são bastante variados e possuem proteínas chamado complemento que também fazem parte do
um número grande de funções. Eles interagem com os linfócitos sistema imunológico. O complemento ajuda a matar as bacté-
B. As células T auxiliares (TH) auxiliam os linfócitos B na produ- rias, vírus ou as células infectadas.
ção de anticorpos, divisão e diferenciação celular. Os linfócitos T Todas essas células especializadas fazem parte do sistema
citotóxicos destroem células infectadas do hospedeiro, utilizan- imunológico do corpo de proteção contra a doença. Esta prote-
do um receptor especifico para antígenos das células T (TCR). Os ção é chamado de imunidade.
efeitos dos linfócitos T estão relacionados com a liberação de
citocinas, que são emissores químicos de sinais para as células.

22
BIOLOGIA
O sistema imunológico e a diapedese

O processo de diapedese consiste na passagem dos leucócitos através da parede dos capilares sanguíneos, vénulas e até arte-
ríolas, penetrando através das junções entre as células endoteliais. Este processo é possível graças à capacidade que os leucócitos
apresentam de alterar a sua forma, deslocando-se por movimentos ameboides.
A lesão por microrganismos, dá início a uma reação inflamatória. Este processo caracteriza-se por alterações da microcircula-
ção, gerando um maior aporte sanguíneo ao local, vasodilatação, edema e aumento da permeabilidade vascular, permitindo a saída
de e plasma para os tecidos afetados.
No local afetado ocorre a emissão de moléculas com propriedades quimiotáxicas, que vão atuar sobre os leucócitos, estimulan-
do-os a sair dos vasos em direção ao local lesionado, através do processo de diapedese.
O processo de diapedese implica três fases consecutivas: marginação, pavimentação e migração.

-Marginação: Em resultado da inflamação, ocorrem alterações na corrente sanguínea, diminuindo a velocidade de circulação.
Esta alteração faz com que os leucócitos, que normalmente circulam na zona central do fluido, se aproximem da parede do vaso,
num processo denominado de marginação.
-Pavimentação: Na fase de pavimentação, os leucócitos achatam-se contra a parede do vaso, aderindo ao endotélio.
-Migração: Nessa fase ocorre com a passagem do leucócito, por movimentos ameboides, através dos espaços entre as células
que formam a estrutura do vaso sanguíneo, movimentando-se através do tecido conjuntivo até atingiram o foco da infeção. A pas-
sagem não afeta as células endoteliais nem as ligações entre elas.

Órgãos linfóides

Órgãos linfóides primários: São os locais onde os linfócitos são produzidos. Compreendem o timo e a medula óssea.
Órgãos linfóides secundários: Após serem produzidos nos órgãos linfóides primários, migram para os secundários, onde se en-
contram e interagem. Compreendem o baço, linfonodos e tecidos linfóides associados a mucosas.

Sistema linfático

O sistema linfático está presente nos vertebrados tem a mesma função em todos eles. No homem, o sistema linfático está re-
presentado por um sistema de vasos revestidos por endotélio, que recolhe o liquido intercelular e o devolve ao sangue. O líquido,
assim colhido e transportado, recebe o nome de linfa e, ao contrário do sangue, circula em apenas um sentido, isto é, da periferia
em direção ao coração.

A linfa equivale ao plasma filtrado através da parede capilar e desempenha papel importante na distribuição de material entre
as células.

De acordo com o calibre, os canais do sistema são chamados capilares (menor calibre), vasos e ductos linfáticos (maior calibre).
O duto ou canal torácico desemboca na veia subclávia esquerda, e a grande veia linfática ou duto linfático direto desemboca
na veia subclávica direita. A parede dos dutos linfáticos tem estrutura semelhante à das veias.
No trajeto dos vasos linfáticos, encontram-se dilatações denominadas gânglios linfáticos ou linfonodos. Tais gânglios são cons-
tituídos de tecido conjuntivo hematopoiético linfoide. Por sua riqueza em macrófagos os linfonodos representam filtros para a linfa,
fagocitando elementos estranhos. Neles, formam-se glóbulos brancos do tipo monócitos e, principalmente, linfócitos. Além disso,
por sua riqueza em plasmócitos, representam locais de formação de anticorpos.
O líquidos intersticial ou líquidos intercelular é semelhante ao plasma sanguíneo, embora contenha bem menos proteínas. A
pressão sanguínea faz com que o plasma sanguíneo atravesse a parede dos capilares, com exceção das proteínas de grande peso
molecular, e passe para os espaços intercelulares. Esse plasma filtrado pelos capilares recebe o nome de liquido intercelulares ou
intersticial e será utilizado como suprimento de substâncias as células.
O liquido intercelular (intersticial) é mantido normalmente em equilíbrio entre o sangue e o fluido dos tecidos, uma vez que ele
é continuamente reconduzido à corrente sanguínea pelo sistema de vasos linfáticos. O fluido, agora dentro dos vasos passa a ser
chamado de linfa.

23
BIOLOGIA

Hipótese de Starling

As proteínas plasmáticas desempenham um papel importante na transferência de liquido através da parede do capilar. O líqui-
do pode sair da corrente sanguínea para o liquido intercelular e também pode passar dos espaços intercelulares para a corrente
sanguínea. O sentido da passagens desses líquidos é determinado pela pressão sanguínea dos capilares e pela pressão osmótica das
proteínas do plasma.
Pressão sanguínea: em razão da sístole ventricular, o sangue é bombeado pelo sistema arterial sob alta pressão. Essa pressão
decresce à medida que o sangue se distancia do coração, de tal modo que, ao passar das arteríolas para os capilares, atinge valores
de 35 mmHg. Na saída dos capilares, o valor da pressão sanguínea é de apenas 15mmHg, em média. Desse modo, a pressão sanguí-
nea média nos capilares é da ordem de 25 mmHg. Esta pressão é suficiente para fazer o líquido extravasar o plasma sanguíneo (sem
a maior parte das proteínas) e chegar aos espaços intercelulares (interstício).
Em virtude da maior concentração do plasma sanguíneo (apresenta proteínas) em relação ao liquido intercelular, há uma maior
pressão osmótica no interior do vaso. Em consequência dessa diferença, tem-se movimento do liquido dos espaços intercelulares
para o interior da parede capilar (semipermeável). A pressão osmótica das proteínas plasmática é da ordem de 25mmHg. Desse
modo, observa-se um equilíbrio dinâmico do movimento do liquido entre o sangue dos capilares e do liquido intercelular dos tecido.
A pressão sanguínea força o fluido para fora do capilar, de maneira decrescente, da terminação arterial para a terminação ve-
nosa. A pressão osmótica das proteínas força o fluido dos espaços intercelulares para o interior do capilar. Na terminação arterial
sai mais fluido do que entra e, na terminação venosa, verifica-se o contrário.

24
BIOLOGIA

GENÉTICA

A Genética é uma área da biologia que estuda os mecanismos da hereditariedade ou herança biológica.
Para estudar as formas de transmissão das informações genéticas nos indivíduos e populações, existem várias áreas de conheci-
mento que se relacionam com a genética clássica como a biologia molecular, a ecologia, a evolução e mais recentemente se destaca
a genômica, em que se utiliza a bioinformática para o tratamento de dados.

Conceitos Básicos
Conheça os principais conceitos genéticos e entenda sobre cada um deles:

Células Haploides e Diploides

Célula diploide e haploide

As células haploides (n) possuem apenas um conjunto de cromossomos. Assim, nos animais, as células sexuais ou gametas são
haploides. Essas células possuem metade do número de cromossomos da espécie.
As células diploides (2n) são aquelas que possuem dois conjuntos de cromossomos, como é o caso do zigoto, que possui um conjunto de cro-
mossomos originários da mãe e um conjunto originário do pai. São células diploides, os neurônios, células da epiderme, dos ossos, entre outras.

Cromossomos

Os cromossomos são encontrados no núcleo da célula

Os cromossomos são sequencias da molécula de DNA, em forma de espiral, que apresentam genes e nucleotídeos.
O número de cromossomos varia de uma espécie para outra, é representado por n.
Por exemplo, a mosca Drosophila possui 8 cromossomos nas células do corpo e 4 nos gametas. A espécie humana possui um
número total de 46 cromossomos nas células diploides e 23 nos gametas.

25
BIOLOGIA
Cromossomos Homólogos Alelos e Alelos Múltiplos
Cada cromossomo presente no espermatozoide encontrará
correspondência nos cromossomos do óvulo.
Em outras palavras, os cromossomos de cada gameta são
homólogos, uma vez que possuem genes que determinam cer-
ta característica, organizados na mesma sequência em cada um
deles.

Exemplos de genes alelos

Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do


mesmo gene que ocupa um locus no cromossomos e atuam na
determinação do mesmo caráter. Os alelos múltiplos ocorrem
quando os genes apresentam mais de duas formas alélicas.
Nesse caso, mais de dois alelos estão presentes na determi-
Representação de cromossomos homólogos e a localiza- nação de um caráter.
ção (ou locus gênico) de alguns genes alelos, que determinam
características específicas.

Genes

Homozigotos e Heterozigotos

Genes são fragmentos de DNA encontrados no núcleo da célula

Os genes são esses fragmentos sequenciais do DNA, respon-


sáveis por codificar informações que irão determinar a produção Exemplos de homozigotos e heterozigotos
de proteínas que atuarão no desenvolvimento das característi-
cas de cada ser vivo. Os seres homozigotos são aqueles que apresentam pares de
Eles são considerados a unidade funcional da hereditarie- genes alelos idênticos (AA/aa), ou seja, possuem genes alelos
dade. idênticos.
Os genes alelos são aqueles que ocupam o mesmo lócus em Enquanto isso, os heterozigotos caracterizam os indivíduos
cromossomos homólogos e estão envolvidos na determinação que possuem dois genes alelos distintos (Aa).
de um mesmo caráter.
Eles são responsáveis pela determinação de certa caracte- Genes Dominantes e Recessivos
rística, por exemplo, cor do pelo nos coelhos, possuem varia- Quando um indivíduo heterozigótico possui um gene alelo
ções, determinando características diferentes, por exemplo pelo dominante ele se expressa determinando uma certa característi-
marrom ou branco. Além disso, ocorrem aos pares, sendo um de ca. Os genes dominantes são representados por letras maiúscu-
origem materna e outro de origem paterna. las (AA, BB, VV) e expressos fenotipicamente em heterozigose.
Quando o gene alelo não se expressa nesse indivíduo, ele é
um gene recessivo. Os genes recessivos são representados por
letras minúsculas (aa, bb, vv) donde os fenótipos são expressos
somente em homozigose.

26
BIOLOGIA
Fenótipo e Genótipo
CITOGENÉTICA E EVOLUÇÃO

1
A origem “das coisas” sempre foi uma preocupação central
da humanidade; a origem das pedras, dos animais, das plantas,
dos planetas, das estrelas e de nós mesmos. Mas a origem mais
fundamental de todas parece ser a origem do universo como um
todo – tudo o que existe. Sem esse, nenhum dos seres e objetos
citados nem nós mesmos poderíamos existir.
Talvez por essa razão, a existência do universo como um
todo, sua natureza e origem foram assuntos de explicação em
quase todas as civilizações e culturas. De fato, cada civilização
conhecida da antropologia teve uma cosmogonia – uma histó-
Fenótipo e Genótipo ria de como o mundo começou e continua, de como os homens
surgiram e do que os deuses esperam de nós. O entendimento
O genótipo é o conjunto das informações contidas nos ge- do universo foi, para essas civilizações, algo muito distinto do
nes, desse modo, irmãos gêmeos têm o mesmo genótipo pois que nos é ensinado hoje pela ciência. Mas a ausência de uma
possuem os mesmo genes. Ele representa a constituição gené- cosmologia para essas sociedades, uma explicação do mundo
tica do indivíduo. em que vivemos, seria tão inconcebível quanto a ausência da
Já o fenótipo é a expressão dos genes, ou seja, é o conjunto própria linguagem. Essas explicações, por falta de outras formas
das características que vemos nos seres vivos, por exemplo, a de entendimento da questão, sempre tiveram fundamentos re-
cor dos olhos, o tipo sanguíneo, a cor das flores de uma planta, ligiosos, mitológicos ou filosóficos. Só recentemente a ciência
a cor do pelo de um gato, entre outras. pôde oferecer sua versão para os fatos. A razão principal para
isso é que a própria ciência é recente. Como método científico
Herança Ligada ao Sexo experimental, podemos nos referir a Galileu Galilei (1564-1642,
Os cromossomos sexuais são aqueles que determinam o astrônomo, físico e matemático italiano) como um marco impor-
sexo dos indivíduos. tante. Não obstante, já os gregos haviam desenvolvido métodos
As mulheres possuem 2 cromossomos X, enquanto os ho- geométricos sofisticados e precisos para determinar órbitas e
mens possuem um cromossomo X e um Y. Desse modo, é o ga- tamanhos de corpos celestes, bem como para previsão de even-
meta masculino que determina o sexo dos filhos. tos astronômicos. Não podemos nos esquecer de que egípcios
Como os cromossomos X tem muito mais genes o que o Y, alguns e chineses, assim como incas, maias e astecas também sabiam
dos genes do X não têm alelo correspondente no Y, desse modo de- interpretar os movimentos dos astros.
terminam a herança ligada ao cromossomo sexual ou ligada ao sexo. É surpreendente que possamos entender o universo físico
de forma racional e que ele possa ser pesquisado pelos métodos
da física e da astronomia desenvolvidos nos nossos laboratórios
e observatórios. A percepção dessa dimensão e da capacidade
científica nos foi revelada de forma mais plena nas décadas
de 10, 20 e 30 do século XX. Mas a história da cosmologia (a
estrutura do universo) e da cosmogonia (a origem do universo)
não começou, nem parou aí.

2
Cosmologias da Terra plana

Como era a cosmovisão, a forma do universo imaginada


pelos antigos egípcios, gregos, chineses, árabes, incas, maias e
tupi-guaranis, que não tinham acesso às informações da moder-
na astronomia? Para quase todas as civilizações, sempre foi ne-
cessário acomodar não só a face visível da Terra e do céu, mas
também incluir, possivelmente no espaço, o mundo dos mortos,
tanto os abençoados como os condenados, além dos reinos dos
deuses e dos demônios. A experiência do cotidiano sugere que o
mundo em que vivemos é plano; além disso, muitas cosmologias
eram interpretações associadas ao ambiente físico ou cultural
da civilização em questão. Por exemplo, para os egípcios, o uni-
Representação da transmissão hereditária da hemofilia, verso era uma ilha plana cortada por um rio, sobre a qual estava
cujos genes se localizam no cromossomo X suspensa uma abóbada sustentada por quatro colunas. Na Índia
antiga, as várias cosmologias dos hindus, brâmanes, budistas
O daltonismo e a hemofilia são exemplos de doenças etc. tinham em comum o pressuposto da doutrina da reencar-
determinadas por genes presentes no cromossomo X. O nação e as configurações físicas deveriam acomodá-la, incluindo
daltonismo, que é um tipo de cegueira para cores, é uma condi- 1 Steiner., J. E. 2006. A origem do universo e do homem. Estudos avançados,
ção produzida por um alelo mutante responsável pela produção v.20, n. 58.
de um dos pigmentos visuais. 2 Damineli, A. Hubble: a expansão do universo. São Paulo: Odysseus, 2003.

27
BIOLOGIA
os diversos níveis de céus e infernos por ela demandada. Para os Cerca de dois mil anos mais tarde, Copérnico (Nicolaus
hindus – por exemplo – o universo era um ovo redondo coberto Copernicus, 1473-1543, astrônomo polonês) descreveu o seu
por sete cascas concêntricas feitas com distintos elementos. Já modelo heliocêntrico, em 1510, na obra Commentariolus, que
os babilônios imaginavam um universo em duas camadas conec- circulou anonimamente; Copérnico parece ter previsto o im-
tadas por uma escada cósmica. A civilização maia era fortemen- pacto que sua teoria provocaria, tanto assim que só permitiu
te dependente do milho e das chuvas, muitas vezes escassas, que a obra fosse publicada após a sua morte. A teoria foi publi-
que vinham do céu. Para eles, no começo havia apenas o céu, o cada abertamente em 1543 no livro De Revolutionibus Orbium
mar e o criador; esse, após várias tentativas fracassadas, conse- Coelesti e dedicada ao papa Paulo III.
guiu construir pessoas a partir de milho e água. O modelo heliocêntrico provocou uma revolução não so-
No antigo testamento judaico-cristão, a Terra era relatada mente na astronomia, mas também um impacto cultural com
em conexão ao misterioso firmamento, às águas acima do fir- reflexos filosóficos e religiosos. O modelo aristotélico havia sido
mamento, às fontes do abismo, ao limbo e à casa dos ventos. O incorporado de tal forma no pensamento, que tirar o homem do
livro do Gênesis narra, também, que o universo teve um come- centro do universo acabou se revelando uma experiência trau-
ço: “No princípio Deus criou os céus e a Terra. A Terra, porém, mática.
estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito Por fim, o modelo heliocêntrico de Copérnico afirmou-se
de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: ‘Faça-se a luz’. E a como o correto. Mas por que o modelo de Aristarco de Samos
luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das tre- não sobreviveu, cerca de 2.000 anos antes, se afinal também
vas. Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Houve uma tarde estava certo? Basicamente porque, para fins práticos, não fazia
e uma manhã: foi o primeiro dia”. muita diferença quando comparado com o modelo geocêntrico.
As medidas não eram muito precisas e tanto uma teoria quan-
Modelos geocêntricos to a outra davam respostas satisfatórias. Nesse caso, o modelo
geocêntrico parecia mais de acordo com a prática do dia-a-dia;
Há cerca de 2.400 anos, os gregos já haviam desenvolvido
além disso, era um modelo homocêntrico, o que estava em acor-
sofisticados métodos geométricos e o pensamento filosófico.
do com o demandado por escolas filosóficas e teológicas.
Não foi, pois, por acaso que eles propuseram uma cosmologia
Após a publicação da teoria de Copérnico, no entanto, al-
mais sofisticada do que a idéia do universo plano. Um univer-
guns avanços técnicos e científicos fizeram que ela se tornas-
so esférico, a Terra, circundado por objetos celestes que des-
creviam órbitas geométricas e previsíveis e também pelas es- se claramente superior ao sistema de Ptolomeu. Tycho Brahe
trelas fixas. Uma versão do modelo geocêntrico parece ter sido (1546-1601, astrônomo dinamarquês) teve um papel importan-
proposta inicialmente por Eudoxus de Cnidus (c.400-c.350 a.C., te ao avançar as técnicas de fazer medidas precisas com instru-
matemático e astrônomo grego, nascido na atual Turquia) e so- mentos a olho nu, pois lunetas e telescópios ainda não haviam
freu diversos aperfeiçoamentos. Um deles foi proposto por Aris- sido inventados. Essas medidas eram cerca de dez vezes mais
tóteles (384-322 a.C.), que demonstrou que a Terra é esférica; precisas do que as medidas anteriores. Em 1597 ele se mudou
ele chegou a essa conclusão a partir da observação da sombra para Praga, onde contratou, em 1600, Johannes Kepler (1571-
projetada durante um eclipse lunar. Ele calculou, também, o 1630, matemático e astrônomo alemão) como seu assistente.
seu tamanho – cerca de 50% maior do que o valor correto. O Mais tarde, Kepler usou as medidas de Tycho para estabelecer
modelo geocêntrico de Aristóteles era composto por 49 esferas suas leis de movimento dos planetas. Essas leis mostravam que
concêntricas que procuravam explicar os movimentos de todos as órbitas que os planetas descrevem são elipses, tendo o Sol em
os corpos celestes. A esfera mais externa era a das estrelas fixas um dos focos. Com isso, cálculos teóricos e medidas passaram a
e que controlava todas as esferas internas. Essa, por sua vez, era ter uma concordância muito maior do que no sistema antigo. Se
controlada por uma agência (entidade) sobrenatural. não por outro motivo, essa precisão e a economia que ela pro-
Esse modelo geocêntrico grego teve outros aperfeiçoamen- piciava seriam tão importantes para as grandes navegações que
tos. Erastóstenes (c.276-c.194 a.C., escritor grego, nascido na ela se imporia por razões práticas.
atual Líbia) mediu a circunferência da Terra por método expe- Galileu, ao desenvolver a luneta, criou um instrumento vital
rimental, obtendo um valor cerca de 15% maior do que o valor para a pesquisa astronômica, pois amplia, de forma extraordiná-
real. Já Ptolomeu (Claudius Ptolomeus, segundo século a.C., as- ria, a capacidade do olho humano. Apontando para o Sol, des-
trônomo e geógrafo egípcio) modificou o modelo de Aristóteles, cobriu as manchas solares; apontando para Júpiter, descobriu as
introduzindo os epiciclos, isto é, um modelo no qual os planetas quatro primeiras luas; e ao olhar para a Via-Láctea, mostrou que
descrevem movimentos de pequenos círculos que se movem so- ela é composta por miríades de estrelas.
bre círculos maiores, esses centrados na Terra.
A descoberta da galáxia
A teoria heliocêntrica
Foi exatamente com o desenvolvimento de técnicas ópticas,
A ideia de que o Sol está no centro do universo e de que a
mecânicas e fotográficas que se passou a determinar a distância
Terra gira em torno dele, conhecida como a teoria heliocêntrica,
das estrelas mais próximas, e com isso a idéia de esfera das es-
já havia sido proposta por Aristarco de Samos (c.320 – c.250 a.C.,
matemático e astrônomo grego); ele propôs essa teoria com base trelas fixas foi superada. Com a medida das distâncias das estre-
nas estimativas dos tamanhos e distâncias do Sol e da Lua. Con- las – extraordinariamente grandes –, estabeleceu-se a interpre-
cluiu que a Terra gira em torno do Sol e que as estrelas formariam tação de que o Sol e as estrelas são objetos da mesma natureza.
uma esfera fixa, muito distante. Essa teoria atraiu pouca atenção, Portanto, cada estrela poderia ter, em princípio, o “direito” de
principalmente porque contradizia a teoria geocêntrica de Aris- hospedar um sistema planetário.
tóteles, então com muito prestígio e, também, porque a idéia de Uma das primeiras concepções consistentes sobre a natu-
que a Terra está em movimento não era muito atraente. reza da galáxia – e surpreendentemente correta – foi feita por
Kant (Immanuel Kant, 1724-1804, filósofo alemão) que, aos 26

28
BIOLOGIA
anos e muito antes de se tornar a grande referência em filosofia, A outra explicação pode ser facilmente entendida se fizermos
tomou contato com os pensamentos de Newton e desenvolveu uma analogia bidimensional do universo. Costumamos dizer que vi-
a idéia de que o sistema solar teria se originado a partir da con- vemos num universo de três dimensões espaciais: podemos andar
densação de um disco de gás. Concebeu, também, a idéia de para a frente, para os lados e pular para cima. Além disso, existe a
que o sistema solar faz parte de uma estrutura achatada, maior, dimensão do tempo. Essas quatro dimensões compõem o espaço-
à qual hoje chamamos de galáxia, e de que muitas das nebulo- -tempo do universo em que vivemos. Poderíamos imaginar outros
sas então observadas como manchas difusas são sistemas seme- universos. Do ponto de vista matemático, podemos imaginar, por
lhantes, às quais ele denominou universos-ilhas. exemplo, universos bidimensionais. A superfície de uma bola é uma
Os avanços observacionais mais importantes que levaram à entidade de duas dimensões, assim como o é a superfície de uma
compreensão detalhada da distribuição das estrelas no céu fo- mesa. Poderíamos, agora, imaginar a superfície de uma bexiga de
ram feitos por Wilheilm Herschel (1738-1822, astrônomo e mú- aniversário como um universo bidimensional. Sobre a sua super-
sico inglês, nascido na Alemanha), primeiro construtor de gran- fície poderíamos desenhar galáxias bidimensionais, povoadas por
des telescópios com os quais podia detalhar os objetos fracos formigas também de duas dimensões. Algumas dessas formigas po-
com maior precisão. deriam ser astrônomas cuja tarefa seria observar outras galáxias,
Estrelas se distribuem no espaço tanto de forma dispersa medir suas distâncias e velocidades.
quanto, também, em grupos, chamados de aglomerados de es- Imaginemos, agora, que alguém sopre na bexiga de tal forma
trelas. No estudo de tais aglomerados, percebeu-se que eles não que ela se expanda. O que a formiga-astrônoma vai observar? Que
se distribuem ao acaso no espaço, mas definem uma configura- as galáxias próximas se afastam lentamente ao passo que as ga-
ção à qual chamamos de galáxia, visível a olho nu, como a Via- láxias distantes se afastam rapidamente do observador. Isto é, a
-Láctea. formiga descobriu a Lei de Hubble. Se, por hipótese, em vez de uma
O Sol, a estrela mais próxima de nós, está a 159 milhões bexiga em expansão, ela estivesse se esvaziando, em contração,
de quilômetros. É mais fácil dizer que ele está a oito minutos- a formiga verificaria que todas as galáxias se aproximam uma das
-luz. Afinal, a luz leva oito minutos para chegar do Astro-rei até a outras; um efeito contrário ao da Lei de Hubble. Portanto, essa lei
Terra. O mapa feito com os aglomerados globulares de estrelas mostra que nosso universo está em expansão! Isto é, no futuro ele
mostrou que a galáxia tem um diâmetro de aproximadamente será maior e no passado foi menor do que ele é hoje. Quanto mais
90 mil anos-luz e é composta de 100 bilhões de estrelas, todas no passado, menor. Até que poderíamos imaginar a bexiga tão pe-
girando em torno de um núcleo comum, que dista cerca de 25 quena que se reduziria a um ponto. A esse ponto inicial, a idéia de
mil anos-luz do Sol. Logo se percebeu que existe um grande nú- que o universo surgiu de uma explosão no passado, chamamos de
mero de formações semelhantes no universo. São as Nebulae, Big Bang. Desde então, ele está se expandindo, até hoje, e a lei de
que hoje chamamos, genericamente, de galáxias. Hubble é a confirmação disso. Há quanto tempo teria acontecido
isso? As indicações mais recentes são de que o Big Bang ocorreu há
Quando observamos a estrela mais próxima do sistema so- 13,7 (± 0,2) bilhões de anos.
lar, Alfa de Centauro, estamos enxergando o passado. Ela se en- De fato, trabalhos teóricos do abade belga Georges Lemai-
contra a 4,3 anos-luz de distância. Quer dizer que a luz que agora tre, de 1927, mostraram que a Teoria da Relatividade Geral de
observamos foi emitida 4,3 anos atrás e viajou todo esse tempo Albert Einstein é compatível com a recessão das Nebulae (como
para chegar até aqui. Estamos, de fato, observando o passado. eram então chamadas as galáxias) e ele foi o primeiro a propor
Quando olhamos para a nossa vizinha galáxia de Andrômeda, que o universo teria surgido de uma explosão, de um “átomo
vemos como ela era 2,4 milhões de anos atrás. Muitas estrelas primordial”.
que estamos vendo hoje já deixaram de existir há muito tempo. Uma pergunta imediata que poderia nos ocorrer é: para que
direção do espaço devemos olhar para enxergarmos onde essa
A teoria do Big Bang explosão ocorreu? Se o universo está se expandindo, dentro de
onde? Ora, no modelo de bexiga – universo de duas dimensões
Na década de 1920, o astrônomo americano Edwin Hubble – o Big Bang ocorreu no centro da bexiga, não na sua superfície.
procurou es-tabelecer uma relação entre a distância de uma ga- O espaço é a superfície. O interior é o passado, e o exterior, o
láxia e a velocidade com que ela se aproxima e se afasta de nós. futuro. O centro, a origem do tempo. Portanto, a explosão não
A velocidade da galáxia se mede com relativa facilidade, mas a ocorreu no espaço, mas no início do tempo, e o próprio espa-
distância requer uma série de trabalhos encadeados e, por isso, ço surgiu nessa singularidade temporal. Esse exemplo simples
é trabalhoso e relativamente impreciso. Após muito trabalho, nos mostra como o modelo bidimensional pode nos ilustrar, de
ele descobriu uma correlação entre a distância e a velocidade forma intuitiva, porém confiável, questões fundamentais de cos-
das galáxias que ele estava estudando. Quanto maior a distân- mologia; agregar uma terceira dimensão é apenas uma questão
cia, com mais velocidade ela se afasta de nós. É a chamada Lei de de habilidade matemática!
Hubble. Portanto, as galáxias próximas se afastam lentamente Podemos, agora, voltar à reflexão de que olhar para longe é
e as galáxias distantes se afastam rapidamente? Como explicar ver o passado. Seria possível observar o universo evoluir? Essa
essa lei? ideia parece interessante; quanto mais longe olhamos, mais ve-
Num primeiro momento, poderíamos pensar que, afinal, es- mos um universo mais jovem. Poderíamos, então, observar a
tamos no centro do universo, um lugar privilegiado. Todas as época em que as galáxias nasceram? Sim, basta que tenhamos
galáxias sabem que estamos aqui e por alguma razão fogem de tecnologia para isso. Basta que tenhamos instrumentos que nos
nós. Essa explicação parece pouco copernicana. A essa altura permitam observar o universo a 12 bilhões de anos-luz de dis-
dos acontecimentos, ninguém mais acreditava na centralidade tância. Essa tecnologia já é disponível com os novos e grandes
cósmica do homem. Precisamos achar, então, outra explicação. telescópios. Com isso é possível observar quando, como e por
que as galáxias nasceram – essa é uma das áreas mais palpitan-
tes da ciência contemporânea.

29
BIOLOGIA
Outra pergunta que naturalmente se faz é: o que foi o ins-
tante zero e o que havia antes? A teoria da relatividade prevê
que no instante zero a densidade teria sido infinita. Para tratar
essa situação, é necessária uma teoria de gravitação quântica,
que ainda não existe, e, portanto, essa questão não é passível de
tratamento científico até este momento. Entender essa fase da
história do universo é um dos maiores problemas não-resolvidos
da física contemporânea.

Teoria de evolução

3
Uma ideia bastante antiga, do tempo de Aristóteles, é a
de que os seres vivos podem surgir por geração espontânea
(abiogênese). Apesar de conhecer a importância da reprodução,
admitia-se que certos organismos vivos pudesse surgir esponta- Apesar da repercussão das experiências de Redi, a ideia de
neamente da matéria bruta. Observações do cotidiano mostra- geração espontânea ainda não havia sido derrubada. Ironica-
vam, por exemplo, que larvas de moscas apareciam no meio do mente, foram o uso crescente do microscópio e a descoberta
lixo e poças de lama podiam exibir pequenos animais. A conclu- dos micro-organismos os fatores que reforçaram a teoria da
são a que se chegava era a de que o lixo e a lama haviam gerado abiogênese: tais seres pequeninos, argumentava-se, eram tão
diretamente os organismos. simples, que não era concebível terem a capacidade de reprodu-
Entretanto, reconhecia-se que nem toda matéria bruta po- ção; como conclusão óbvia, só podiam ser formados por geração
dia gerar vida. Assim, de um pedaço de ferro ou pedra não surgia espontânea.
vida; mais de um pedaço de carne, uma porção de lama ou uma Em 1745, um estudioso chamado John Needham realizou
poça d´agua eram capazes de gerar vida. Explicava-se esta capa- experimento cujos resultados pareciam comprovar as ideias da
cidade de gerar ou não vida entre os distintos materiais brutos abiogênese. Nestes, vários caldos nutritivos, como sucos de fru-
alegando-se a necessidade de um “princípio ativo” que não es- tas e extrato de galinha, foram colocados em tubos de ensaio,
teja presente em qualquer matéria bruta. O princípio ativo não aquecidos durante um certo tempo e em seguida lacrados. A
era considerado algo concreto, mas uma capacidade ou poten- intenção de Needham, ao aquecer o caldo foi a de provocar a
cialidade de gerar vida. morte de organismos possivelmente existentes nestes; o fecha-
Aos ideias a respeito da geração espontânea perduraram mento dos frascos destinava-se a impedir a contaminação por
por muito tempo, apesar da sua forma original ter evoluído aos micróbios externos. Apesar disso, os tubos de ensaio, passados
poucos; ainda nos meados do século passado, havia numerosos alguns dias, estavam turvos e cheios de micro-organismos, o que
partidários dessa teoria, definitivamente destruída pelos traba- parecia demonstrar a verdade da geração espontânea.
lhos de Pasteur.
Vamos descrever a partir de agora, alguns marcos na evolu-
ção das ideias sobre geração espontânea.

Redi, Needhan e Spallanzani

Em meados do século XVII, Francesco Redi realizou uma


experiência que representou a primeira tentativa experimental
com finalidade de derrubar geração espontânea. Redi coloca pe-
daços de carne em dois grupos de frascos; um dos grupos per-
manece aberto, enquanto o outro é recoberto por um pedaço de
gaze. Sobre a carne dos frascos abertos, após alguns dias, sur-
gem larvas de moscas; nos frascos cobertos não aparecem lar- Cerca de 25 anos depois, o italiano Lazaro Spallanzani re-
vas. Redi concluiu que a carne não gera as larvas; moscas adultas petiu as experiências de Needham. A diferença no seu proce-
devem ter sido atraídas pelo cheiro de material em decomposi- dimento foi a de ferver os líquidos durante uma hora, não se
ção e desovaram sobre a carne. As larvas nasceram, portanto, limitando a aquecê-los; em seguida os tubos foram fechados
dos ovos postos pelas moscas. Essa ideia é ainda reforçada pela hermeticamente. Líquidos assim tratados mantiveram-se esté-
observação dos frascos cobertos: sobre a gaze, do lado externo reis, isto é, sem vida, indefinidamente. Desta forma, Spallanzani
do frasco, algumas larvas apareceram. À ideia de que os seres demonstrava que os resultados de Needham não comprovavam
vivos se originam sempre de seres vivos chamamos biogênese. a geração espontânea: pelo fato de aquecer por pouco tempo,
Needham não havia destruído todos os micróbios existentes,
dando-lhes a oportunidade de proliferar novamente.

3 Uzunian, A.; Pinseta, D.; Sasson, S. 1991. Biologia p.118

30
BIOLOGIA

Needham, porém, responde às críticas de Spallanzani com


argumentos aparentemente muito fortes:
“…Spallanzani… selou hermeticamente dezenove frascos
que continham diversas substâncias vegetais e ferveu-os, fecha-
dos, por uma hora. Mas, pelo método de tratamento pelo qual A Evolução das Substâncias Químicas
ele torturou suas dezenove infusões vegetais, fica claro que en-
fraqueceu muito ou até destruiu a força vegetativa das substân- Três teorias sobre a origem da vida
cias em infusão…”
O aquecimento excessivo, segundo Needham, havia des- Há três posições “filosóficas” em relação à origem da vida. A
truído o princípio ativo; sem princípio ativo, nada de geração primeira relaciona-se aos mitos da “criação”, ideia criacionista,
espontânea! É interessante notar que o próprio Spallanzani não que afirmam que a vida foi criada por uma força suprema ou ser
soube refutar esses argumentos, ficando as ideias da abiogêne- superior; essa hipótese, evidentemente, foge ao campo de ação
se consolidadas. do raciocínio científico, não podendo ser testada e nem refutada
pelos métodos usados pela ciência.
Os experimentos de Pasteur

Por volta de 1860, O cientista francês Louis Pasteur con-


seguiu derrubar definitivamente as ideias sobre geração espon-
tânea da vida. Seus experimentos foram bem semelhantes aos
de Spallanzani, porém com alguns aperfeiçoamentos. Vejamos
como Pasteur descreve suas experiências.
“Coloquei em frascos de vidro os seguintes líquidos, todos
facilmente alteráveis, em contato com o ar comum: suspensão
de lêvedo de cerveja em água, suspensão de lêvedo de cerveja
em água e açúcar, urina, suco de beterraba, água de pimenta.
Aqueci e puxei o gargalo do frasco de maneira a dar-lhe cur-
vatura; deixei o líquido ferver durante vários minutos até que
os vapores saíssem livremente pela estreita abertura superior
do gargalo, sem tomar nenhuma outra precaução. Em seguida,
deixei o frasco esfriar. É uma coisa notável, capaz de assombrar
qualquer pessoa acostumada com a delicadeza das experiências
A criação de Adão. Cena representa episódio do Livro do
relacionadas à assim chamada geração espontânea, o fato de
Gênesis, onde Deus origina o homem. (Foto: Michelangelo/Re-
o líquido em tal frasco permanecer imutável indefinidamente…
produção)
Parecia que o ar comum, entrando com força durante os pri-
meiros momentos (do resfriamento), deveria penetrar no frasco
Uma segunda posição, a panspermia, se refere à possibili-
num estado de completa impureza. Isto é verdade, mas ele en-
dade de a vida ter se originado fora do planeta Terra e ter sido
contra um líquido numa temperatura ainda próxima do ponto
de ebulição. “semeada” por pedaços de rochas, como meteoritos, que teriam
A entrada do ar ocorre, então, mais vagarosamente e, quan- trazido “esporos” ou outras formas de vida alienígena. Esses te-
do o líquido se resfriou suficientemente, a ponto de não mais riam evoluído nas condições favoráveis da Terra, até originar a
ser capaz de tirar a vitalidade dos germes, a entrada do ar será diversidade de seres vivos que conhecemos.
suficientemente lenta, de maneira a deixar nas curvas úmidas
do pescoço toda a poeira (e germes) capaz de agir nas infusões… Um dado interessante: chegam todos os anos, à superfície
Depois de um ou vários meses no incubador, o pescoço do da Terra, ao redor de mil toneladas de meteoritos. Em algumas
frasco foi removido por golpe dado de tal modo que nada, a não dessas rochas, foram encontradas substâncias orgânicas, como
ser as ferramentas, o tocasse, e depois de 24, 36 ou 48 horas, aminoácidos e bases nitrogenadas. Ficou bastante claro, a partir
bolores se tornavam visíveis, exatamente como no frasco aberto da década de 70, que a matéria orgânica é muito mais frequente
ou como se o frasco tivesse sido inoculado com poeira do ar.” no universo do que se acreditava antigamente. Um eminente
Com esta experiência engenhosa, Pasteur também demons- astrônomo inglês, sir Fred Hoyle, defende a ideia de que mate-
trava que o líquido não havia perdido pela fervura suas proprie- rial biológico, como vírus, poderia ter chegado do espaço; Hoyle
dades de abrigar vida, como argumentaram alguns de seus oposi- chega a aceitar que isso aconteceria ainda hoje e que de alguma
tores. Além disso, não se podia alegar a ausência do ar, uma vez forma esse material “genético” novo poderia ser incorporado
que este entrava e saía livremente (apenas estava sendo filtrado). aos organismos existentes, modificando assim sua evolução!

31
BIOLOGIA
De qualquer forma, essas ideias não são seriamente consi- Nessa teoria, a vida teve origem a partir da evolução de
deradas pela maioria dos cientistas; para começo de conversa, compostos químicos inorgânicos, que se combinaram formando
o aquecimento de qualquer corpo que entrasse na atmosfera diversos tipos de moléculas orgânicas simples, como aminoáci-
terrestre seria de tal ordem, que destruiria qualquer forma de dos, carboidratos, bases nitrogenadas, etc., que por sua vez se
vida semelhante às que conhecemos hoje. Por outro lado, acei- combinaram formando moléculas mais complexas como lipídios,
tar que a vida apareceu “fora” da Terra somente “empurraria” o ácidos nucléicos, proteínas, que se agruparam formando estru-
problema para diante, já que não esclareceria como a vida teria turas complexas, dando origem aos seres vivos.
surgido fora daqui. Segundo Oparin, a Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos
A terceira posição, a mais em voga hoje, aceita que a vida e no início sua temperatura era muito elevada. O resfriamento
pode ter surgido espontaneamente sobre o planeta Terra, atra- e a solidificação da crosta ocorreram mais tarde, por volta de
vés da evolução química de substâncias não vivas. Não é fácil 2,5 bilhões de anos. As temperaturas do planeta iam diminuindo
ou seguro verificar eventos que ocorreram há bilhões de anos, gradativamente, e com isso, a água que evaporava se condensa-
quando nosso planeta era muito diferente do que é hoje; no en- va na atmosfera e caía novamente, sob a forma de chuva, que
tanto, os cientistas conseguiram reproduzir algumas das condi- evaporavam novamente, pois as temperaturas ainda eram mui-
ções originais em laboratório e descobriram muitas evidências to elevadas. Nessa época aconteceram tempestades torrenciais
geológicas, químicas e biológicas que reforçam essa hipótese. todos os dias, durante milhões de anos.
Essa terceira posição foi defendida pela primeira vez pelo cien- Alguns cientistas acreditam que cerca de 1018 toneladas de
tista russo Oparin, em 1936, como veremos nos itens a seguir. matéria foram agregadas ao planeta Terra através de colisões
com asteróides. Essas colisões provocavam um aumento na tem-
Algumas pistas sobre o problema peratura.
A atmosfera primitiva era composta por átomos de carbono,
Nos últimos 120 anos, várias ideias sobre a origem da Terra, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, que se ligaram formando os
sua idade, as condições primitivas da atmosfera foram surgin- compostos amônia (NH3), metano (CH4), hidrogênio (H2) e vapor
do. Em particular, verificou-se que os mesmos elementos que de água (H2O). Nessa época ainda não havia gás oxigênio (O2),
predominam nos organismos vivos (carbono, hidrogênio, oxigê- nem nitrogênio (N2).
nio e nitrogênio) também existem fora deles; nos organismos Com o ciclo de chuvas e tempestades havia muitas descar-
vivos estes elementos estão combinados de maneira a formar gas elétricas. Essas descargas atuavam sobre as moléculas, pro-
moléculas complexas, como proteínas, polissacarídeos, lipídios movendo ligações químicas e formando moléculas mais comple-
e ácidos nucleicos. A diferença básica, então, entre matéria viva xas, como os aminoácidos.
e matéria bruta estaria sobretudo ao nível da organização des- Com o resfriamento da Terra, começou a formação de áreas
ses elementos. O químico Wöhler, em 1828, já havia fornecido alagadas e exposição das rochas. Essas imensas áreas alagadas
a seguinte pista: substâncias “orgânicas” ou complexas, como a deram origem aos oceanos. A água da chuva arrastava os com-
ureia, podem ser formadas em condições de laboratório a partir postos para as rochas. O calor das rochas promoveu ligações
de substâncias simples, “inorgânicas”. Se as condições adequa- químicas entre as moléculas presentes, originando proteinóides,
das surgiram da Terra, no passado, então a vida poderia ter apa- cadeias de aminoácidos, etc.
recido do inorgânico. Essa moléculas, conforme a temperatura da terra ia dimi-
Uma simples análise das características que os seres vivos nuindo, iam se tornando mais complexas e fazendo cada vez
exibem hoje mostra, independentemente de sua forma ou ta- mais ligações, transformando a água dos oceanos em grandes
manho, a presença dos mesmos “tijolos” básicos em todos eles: sopas orgânicas. As proteínas formadas foram se aglomerando,
açúcares simples, os 20 tipos de aminoácidos, os 4 nucleotídeos até formar os coacervados.
de DNA e os 4 de RNA, e os lipídios. Ora, depois da pista dada Em algum momento dessa evolução, os coacervados evo-
por Wöhler, a que nos referimos, os químicos descobriram que luíram e adquiriram a capacidade de se alimentar e reproduzir,
esses compostos podem ser feitos em laboratório, se houver dando origem a um ser vivo primitivo muito simples.
uma fonte de carbono, de nitrogênio, e uma certa quantidade
de energia disponível. Assim sendo, se as condições adequadas A comprovação experimental
tivessem estado presentes, no passado da Terra, essas substân-
cias poderiam ter se formado sem grandes dificuldades. O bioquímico Miller tentou reproduzir em laboratório algu-
Várias dessas ideias foram organizadas e apresentadas de mas das condições previstas por Oparin. Construiu um aparelho,
forma clara e coerente pelo bioquímico russo Aleksandr I. Opa- que era um sistema fechado, no qual fez circular durante 7 dias
rin, em 1936, no seu livro “A origem da vida. uma mistura de gases: metano, hidrogênio, amônia e vapor de
água estavam presentes. Um reservatório de água aquecido à
As ideias de Oparin temperatura de ebulição permitia a formação de mais vapor de
água, que circulava arrastando os outros gases.
4
Aleksandr Oparin (1894-1980) foi um bioquímico russo que
retomou e aprofundou os estudos sobre a origem da vida, por
volta de 1920, segundo a Teoria da evolução química, juntamen-
te com o biólogo inglês John Burdon S. Haldane (1892-1964).
Essa teoria foi proposta inicialmente por Thomas Huxley (1825-
1895).

4 Amabis, José Mariano. Biologia. Volume 1. Editora Moderna

32
BIOLOGIA
5
Ideias recentes sobre a origem da vida

Acredita-se hoje que, provavelmente, a composição da at-


mosfera primitiva foi diferente do que acreditava Oparin; ela
teria contido CO, CO2, H2, N2 e vapor de água (não haveria, por-
tanto, metano nem amônia; as fontes de carbono seriam o CO
e o CO2, enquanto a de nitrogênio seria o N2). Vapor de água e
de gás carbônico teriam sido produzidos pela intensa atividade
vulcânica. Mesmo assim, isso não invalida experimentos do tipo
“Miller”. Na realidade, foram feitas desde então muitas varian-
tes dessa experiência, modificando-se os gases utilizados e colo-
cando-se algumas substâncias minerais; os cientistas chegaram
a obter mais de 100 tipos de “tijolos” orgânicos simples, incluin-
do nucleotídeos e ATP.

O poder da argila

Num certo lugar do aparelho, a mistura era submetida a des- Algumas teorias recentes dão conta de que os longos polí-
cargas elétricas constantes, simulando os “raios” das tempesta- meros, como proteinoides e fitas de ácidos nucleicos, podem ter
des que se acredita terem existido na época. Um pouco adiante, se formado, como alternativa às rochas quentes da crosta, em
a mistura era esfriada e, ocorrendo condensação, tornava-se “moldes” de argila. De fato, para ocorrer polimerização, deve
novamente líquida. Ao fim da semana, a água do reservatório, haver uma alta concentração das unidades constituintes; na ar-
analisada pelo método da cromatografia, mostrou a presença de gila, essa concentração pode ter sido alta. Além disso, a argila
muitas moléculas orgânicas, entre as quais alguns aminoácidos. pode ter agido como “catalisadora” e promovido o aparecimen-
Miller, com esta experiência, não provava que aminoácidos to de ligações simples, como as peptídicas, com perda de água.
realmente se formaram na atmosfera primitiva; apenas demons- Alguns biólogos acreditam ainda que a argila foi o meio em que
trava que, caso as condições de Oparin tivessem se verificado, a se formaram moléculas RNA, a partir de nucleotídeos simples.
síntese de aminoácidos teria sido perfeitamente possível. A energia para essa polimerização poderia ter sido proveniente
Fox, em 1957, realiza a seguinte experiência: aquece uma do calor da crosta; ou do calor do sol, ou ainda da radiação ul-
mistura seca de aminoácidos e verifica que entre muitos deles travioleta.
acontecem ligações peptídicas, formando-se moléculas seme-
lhantes a proteínas (lembre-se de que na ligação peptídica ocor- Coacervados ou microesferas?
re perda de água ou desidratação). Os resultados de Fox refor-
çam a seguinte ideia: se, de fato, aminoácidos caíram sobre as Há mais de um modelo, além da ideia de coacervados, para
rochas quentes, trazidos pela água da chuva, eles poderiam ter explicar como moléculas grandes, tipo proteinoides, teriam se
sofrido combinações formando moléculas maiores, os proteinoi- agregado na água, formando estruturas maiores. O pesquisador
des, que acabariam sendo carregadas aos mares em formação. Fox, colocando proteinoides em água, obteve a formação de pe-
Percebe-se que Fox tenta testar parte das ideias de Oparin, e seu queninas esferas.
ponto de partida foi, sem dúvida, a experiência de Miller. Bilhões de microesferas podem ser obtidas a partir da mis-
A química dos coloides explica e prevê a reunião de gran- tura de um grama de aminoácidos aquecidos, algumas delas for-
des moléculas em certas condições, formando os agregados que mando cadeias, de forma muito semelhante a algumas bactérias
chamamos coacervados. atuais. Cada microesfera tem uma camada externa de moléculas
de água e proteínas e um meio interno aquoso, que mostra al-
É evidente, porém, que a última etapa da hipótese de Oparin gum movimento, semelhante à ciclose. Essas microesferas po-
nunca poderá ser testada em laboratório; em outros termos, dem absorver e concentrar outras moléculas existentes na solu-
para conseguirmos que um entre trilhões de coacervados ção ao seu redor. Podem também se fundir entre si, formando
se transformasse, por acaso, em um ser vivo muito simples, estruturas maiores; em algumas condições, aparecem na super-
teríamos de dispor de um laboratório tão grande quanto fície “brotos” minúsculos que podem se destacar e crescer.
os mares primitivos, que contivesse, portanto, um número Como apareceu o gene?
infinitamente grande de coacervados; além disso, teríamos de
dispor de um tempo infinitamente grande, que possibilitasse Uma coisa que é importante entender: na hipótese original
inúmeras colisões e reações químicas que foram necessárias de Oparin, não há referência aos ácidos nucleicos; não se sabia
para se obter pelo menos um sucesso. na época que eles constituem os genes. Muita gente então acre-
Será que, devido à impossibilidade de teste experimental, ditava que os genes fossem de natureza proteica; afinal, havia
devemos repelir “a priori” esta fase? Podemos pelo menos pen- sido demonstrada a enorme importância das proteínas como en-
sar nela em termos estatísticos. Vamos dar a palavra a um cé- zimas, material construtor e anticorpos. Dá para entender, por
lebre biólogo, George Wald, que examinou minuciosamente o isso, a ênfase que Oparin dá ao aparecimento da proteína. No
assunto. entanto a hipótese original foi readaptada quando ficou patente
a identidade entre genes e ácidos nucleicos.
5 Armênio Uzunian, Dan Edésio Pinseta, Sezar Sasson
fonte: Biologia; introdução à Biologia pp. 97-105. (Livro 1). São Paulo: Gráfica e
1991.

33
BIOLOGIA
Acredita-se hoje que a primeira molécula informacional tenha sido o RNA, e não o DNA. Foi feita a interessantíssima desco-
berta de que certos “pedaços” de RNA têm uma atividade catalítica: eles permitem a produção, a partir de um molde de RNA e de
nucleotídeos, de outras fitas de RNA idênticas ao molde! A esses pedaços de RNA com atividade “enzimática”, os biólogos chamam
de ribozimas. Isso permite explicar o eventual surgimento e duplicação dos ácidos nucleicos, mesmo na ausência das sofisticadas
polimerases que atuam hoje.
O DNA deve ter sido um estágio mais avançado na confecção de um material genético estável; evidentemente, os primeiros
DNA teriam sido feitos a partir de um molde de RNA original. Isso lembra bastante, você vai concordar, o modo de atuação do re-
trovírus, como o da AIDS!
De qualquer forma, esses “genes nus”, isto é, envolvidos por nada, mas livres na argila ou na água, podem ter num período
posterior “fixado residência” numa estrutura maior, como um coacervado ou uma microesfera…
Um dos problemas ainda mais perturbadores nessa história toda, relaciona-se ao surgimento do CÓDIGO GENÉTICO. Em outras
palavras, o aparecimento de proteínas ou de moléculas de ácidos nucleicos com a capacidade de duplicação, nas condições pos-
tuladas, pode ser imaginado sem muita dificuldade, mas permanece extremamente misterioso o método pelo qual as moléculas
de ácidos nucleicos teriam tomado conta do controle da produção de proteínas específicas, que tivessem um valor biológico e de
sobrevivência. Quem sabe o tempo se encarregará de nos fornecer novas evidências…

A evolução do metabolismo

Analisamos até agora o surgimento das primeiras formas vivas, e você deve ter notado que já mencionamos, para essas formas,
algumas características importantes para conceituar um ser vivo. Esses primeiros organismos possuem compostos orgânicos na
constituição de seus corpos, são celulares (unicelulares, no caso) e têm capacidade de reprodução.
Não discutimos ainda uma outra característica dos seres vivos: o metabolismo. Vamos, então, analisar como deve ter sido a
provável evolução das vias metabólicas nos seres vivos.

Todo o ser vivo precisa de alimentos, que são degradados nos processos metabólicos para a liberação de energia e realização
das funções. Esses alimentos degradados também podem ser utilizados como matéria-prima na síntese de outras substâncias orgâ-
nicas, possibilitando o crescimento e a reposição de perdas.
Vamos analisar, então, como esses primeiros seres conseguiam obter e degradar o alimento para a sua sobrevivência. Duas
hipóteses têm sido discutidas pelos cientistas: a hipótese heterotrófica e a autotrófica.
Para entender claramente esta discussão, é útil recordar as equações de três processos biológicos básicos, fermentação, respi-
ração e fotossíntese, que reproduzimos a seguir.
Existem duas hipóteses sobre a origem da vida: a hipótese autotrófica, que propõe que o primeiro ser vivo foi capaz de sin-
tetizar seu próprio alimento orgânico, possivelmente por fotossíntese, e a hipótese heterotrófica, que prevê que os primeiros
organismos se nutriam de material orgânico já pronto, que retiravam de seu meio. A maioria dos biólogos atuais acha a hipótese
autotrófica pouco aceitável devido a um fato simples: para a realização da fotossíntese, uma célula deve dispor de um equipamento
bioquímico mais sofisticado do que o equipamento de um heterótrofo. Como admitir que o primeiro ser vivo, produzido através
de reações químicas casuais, já possuísse esse grau de sofisticação? É claro que o primeiro ser vivo poderia ter surgido complexo;
porém é muito menos provável que isso tenha acontecido.
Por outro lado, se o primeiro organismo era heterótrofo, o que ele comeria? Hoje os heterótrofos dependem, para sua nutri-
ção, direta ou indiretamente, dos autótrofos autossintetizantes. No entanto não se esqueça de que, de acordo com a hipótese de
Oparin, o primeiro organismo surgiu num mar repleto de coacervados orgânicos, que não haviam chegado ao nível de complexidade
adequada. Esses coacervados representam então uma fonte abundante de alimento para nosso primeiro organismo, que passaria a
comer seus “irmãos” menos bem sucedidos.
Admitamos um primeiro organismo heterótrofo, para o qual alimento não era problema. Pode-se obter energia do alimento
através de dois processos: a respiração que depende de O2 molecular, inexistente na época, e a fermentação, processo mais sim-
ples, cuja realização dispensa a presença de oxigênio.
Estabeleçamos, a título de hipótese mais provável, que o primeiro organismo deva ter sido um heterótrofo fermentador. A
abundância inicial de alimento permite que os primeiros organismos se reproduzam com rapidez; não se esqueça também de que
todos os mecanismos da evolução biológica, como a mutação e seleção natural, estão atuando, adaptando os organismos e permi-
tindo o aparecimento de características divergentes.

Surge a fotossíntese

A velocidade de consumo do alimento, no entanto, cresce continuamente, já que o número de organismos aumenta; a repo-
sição desse alimento orgânico através das reações químicas que descrevemos é obviamente muito mais lenta que o seu consumo.
Perceba que, se não surgissem por evolução os autótrofos, a vida poderia ter chegado num beco sem saída por falta de alimento.
Em algum momento anterior ao esgotamento total do alimento nos mares, devem ter aparecido os primeiros organismos
capazes de realizar fotossíntese; possivelmente usaram como matéria prima o CO2 residual dos processos de fermentação. Sua
capacidade de produzir alimento fechava o ciclo produtor/consumidor e permitia o prosseguimento da vida.

34
BIOLOGIA
Surge a respiração

Um resíduo do processo fotossintético é o oxigênio molecular; por evolução devem ter surgido mais tarde os organismos capa-
zes de respirar aerobicamente, que utilizaram o O2 acumulado durante milhões de anos pelos primeiros autótrofos.

A respiração, não se esqueça, permite extrair do alimento maior quantidade de energia do que a fermentação. Seguramente o
modo de vida “respirador” representa, na maioria dos casos, uma grande vantagem sobre o método “fermentador”; não devemos
estranhar que a maioria dos organismos atuais respire, apesar de ter conservado a capacidade de fermentar.
Lembre-se, ainda, de que a presença de oxigênio molecular na atmosfera acaba permitindo o aparecimento na atmosfera da
camada de ozônio, que permite a filtração de grande parte da radiação ultravioleta emitida pelo sol. Essa radiação é fortemente
mutagênica; porém os organismos aquáticos estariam parcialmente protegidos, já que a água funciona como um filtro para ela. De
qualquer maneira, o aparecimento do ozônio prepara o terreno para uma futura conquista do ambiente seco, caso alguns organis-
mo um dia se aventurem a fazer experiência.

Vida multicelular

Como surgiram os seres multicelulares? Evidências obtidas de estudos geológicos sugerem que os primeiros multicelulares
simples surgiram na Terra há cerca de 750 milhões de anos! Antes disso houve o predomínio de vida unicelular, como formas euca-
rióticas simples. A partir dessa data, surgem os primeiros multicelulares, originados dos unicelulares eucariotos existentes.

Aparece a membrana celular

É muito provável que os primeiros organismos tenham sido mais complexos do que os vírus atuais, porém mais simples do que
as células mais simples que se conhecem.
Um citologista chamado Robertson acredita que, por evolução, os organismos iniciais devam ter “experimentado” vários tipos
de membranas. A vantagem de uma membrana envolvente é clara: ela fornece proteção contra choques mecânicos e, portanto,
maior estabilidade à estrutura; porém ela representa uma barreira entre o organismo e o alimento a seu redor, o que é uma des-
vantagem.
Assim, a membrana ideal deveria ser resistente, com um certo grau de elasticidade, sem deixar de ser suficientemente per-
meável. Num certo estágio da evolução dos seres vivos, apareceu a membrana lipoproteica, que reúne todos esses atributos e
certamente foi um sucesso total, já que todos os seres vivos atuais de estrutura celular a possuem.
Nesse estágio, pode-se falar em organismos procariontes, muito semelhantes às mais simples bactérias atuais.

Procariontes originam eucariontes

Uma membrana traz, entretanto, alguns problemas adicionais: ela se constitui, de certa forma, num obstáculo para o cresci-
mento da estrutura viva. Vamos explicar: à medida que a célula cresce, seu volume aumenta, assim como a superfície de sua mem-
brana; porém a superfície cresce MENOS proporcionalmente, do que o volume. Desse modo, a célula MAIOR se alimenta PIOR. A
única forma de restabelecer a relação favorável entre superfície e volume é a divisão da célula, que, assim, nunca pode passar de
um certo tamanho.
Portanto o volume dos primeiros organismos é limitado, já que a partir de um certo tamanho tem de acontecer divisão celular.
Robertson propõe que, por evolução biológica, alguns organismos devem ter adquirido a capacidade genética de dobrar sua mem-
brana para fora (evaginação). Dessa forma, sem mudanças apreciáveis de volume, aumentaria a superfície em contado como meio.
Perceba que na proposta de Robertson fica implícita a ideia de que todos os orgânulos celulares membranosos tiveram a mesma ori-
gem; membranas nucleares, do retículo, do Golgi e plasmática nada mais seriam do que dobramentos de uma primitiva membrana.
Na célula atual, de fato, verificam-se dois fatos que apoiam fortemente as ideias de Robertson:
Há comunicação entre todas as membranas celulares, que se apresentam formando um sistema membranoso único.
Todas as membranas celulares têm a mesma composição e são lipoproteicas.
Assim teriam aparecido, muito provavelmente, as primeiras células eucarióticas, que, em alguns casos, levaram vantagem
quando competiam com os procariontes. Apesar disso, os procariontes continuaram existindo: são, como sabemos, as inúmeras
espécies de bactérias e as cianofíceas atuais.

35
BIOLOGIA

A origem de algumas organelas celulares

Uma teoria muito em voga atualmente a respeito da origem das organelas celulares é a endossimbiose. Trata-se da seguinte
ideia: alguns organismos procariontes teriam sido “engolidos” por células maiores de eucariontes, ficando no interior da célula,
mas com capacidade de reprodução independente e realizando determinadas funções. Acredita-se que mitocôndrias e cloroplastos
possam ter se originado dessa forma. As mitocôndrias podem ter sido um dia bactérias independentes; os cloroplastos, talvez cia-
nofíceas ou baterias fotossintetizantes.

Os argumentos a favor dessa ideia são muito fortes: cloroplastos e mitocôndrias possuem material genético próprio, semelhan-
te ao DNA de bactéria. Esse DNA tem capacidade de duplicação, de transcrição; ribossomos existentes no interior desses orgânulos
produzem também proteínas próprias. Por fim, ambos os orgânulos têm a capacidade de se reproduzir no interior da célula “hos-
pedeira”.
Uma “troca de favores” poderia ter se estabelecido entre a célula maior e a menor. No caso da mitocôndria, que teria obtido
proteção e alimento, sua presença teria permitido que a célula maior aprendesse a RESPIRAR oxigênio, com todas as vantagens
inerentes. A simbiose com um procarionte fotossintetizante faria que os eucariontes hospedeiros tivessem síntese de alimento “em
domicílio”, obviamente um processo muito vantajoso.

A evolução biológica

Atualmente os seres vivos estão adaptados ao meio em que vivem, isto é, entre os seres vivos e o ambiente há um ajuste com
papel fundamental para a sua sobrevivência. O flamingo rosa se alimenta de cabeça para baixo, adaptando-se à procura de alimen-
to no lodo em que vive; os cactos suportam o meio desértico seco graças às adaptações nele existentes; os beija-flores, com seus
longos bicos, estão adaptados à coleta do néctar contido nas flores tubulosas que visitam. Esses e numerosos outros exemplos são
reveladores da perfeita sintonia que existe entre os seres e os seus ambientes de vida.

36
BIOLOGIA

Antigamente, a ideia de que as espécies seriam fixas e imu-


táveis foi defendida pelos filósofos gregos chamados de fixistas.
Estes propunham que as espécies vivas já existiam desde a ori-
gem do planeta e a extinção de muitas delas deveu-se a eventos
especiais como, por exemplo, catástrofes, que teriam extermi-
nado grupos inteiros de seres vivos. O filósofo grego Aristóte- Evolução biológica é a adaptação das espécies a meios con-
les, grande estudioso da natureza, não admitia a ocorrência de tinuamente em mudança. Entretanto, essa mudança das espé-
transformação das espécies, pois acreditava que os organismos cies nem sempre implica aperfeiçoamento ou melhora, poden-
eram distribuídos segundo uma escala de complexidade, em que do acarretar, em alguns casos a uma simplificação. É o caso das
cada ser vivo tinha seu lugar definido. tênias, vermes achatados parasitas: embora nelas não exista
tubo digestivo, estão perfeitamente adaptadas ao parasitismo
no tubo digestivo do homem e de muitos outros vertebrados.

Adaptação: a espécie em mudança

Dentre os exemplos que ilustram a adaptação das espécies


às mudanças do meio, três se destacam por seu caráter clássico:
a) a resistência de bactérias aos antibióticos;
b) a coloração protetora das mariposas da espécie Biston
betularia.

a) A resistência de bactérias aos antibióticos

O problema da resistência bacteriana a antibióticos carac-


teriza um caso de adaptação de um grupo de organismos frente
a mudanças ambientais. À medida que antibióticos são inade-
quadamente utilizados no combate a infecções causadas por
bactérias, o que na realidade se está fazendo é uma seleção de
indivíduos resistentes a determinado antibiótico. Sendo favo-
recidos, os indivíduos resistentes, pouco abundantes de início,
Visão aristotélica de que as espécies eram fixas e imutáveis proliferam, aumentando novamente a população de micro-or-
Entretanto, partir do século XIX, uma série de pensadores ganismos.
passou a admitir a ideia da substituição gradual de espécies por
outras através de adaptações a ambientes em contínuo proces-
so de mudança. Essa corrente de pensamento, transformista,
explicava a adaptação como um processo dinâmico, ao contrário
do que propunham os fixistas. Para o transformismo, a adapta-
ção das espécies é alcançada a medida que muda o meio. Nessa
concepção, os serres mais adaptados ao ambiente em mudança
sobrevivem, já os menos adaptados são eliminados. Essa ideia
deu origem ao evolucionismo.

b) A coloração protetora das mariposas

Em meados do século passado, a população de certo tipo


de mariposa nos arredores de Londres era constituída predomi-
nantemente por indivíduos de asas claras, embora entre elas se
encontrassem algumas de asas escuras. A explicação para esse

37
BIOLOGIA
fato fica lógica se lembrarmos que nessa época os troncos das Darwin
árvores eram recobertos por certo tipo de vegetais, os líque-
nes, que conferiam-lhes uma cor acinzentada. Na medida em A história do Darwinismo
que a industrialização provocou aumento de resíduos poluentes
gasosos, os troncos das árvores passaram a ficar escurecidos, Em meados de 1930, Charles Darwin visitou diferentes lo-
como consequência da morte dos líquenes e do excesso de fuli- cais da América do Sul (inclusive o Brasil) e da Austrália, além
gem. Nessa região, passou a haver predominância de mariposas de vários arquipélagos tropicais abordo do navio inglês H. S. S.
de asas escuras, o que denota outro caso de adaptação de um Beagle. Durante essa viagem, Darwin percebeu que na Argen-
grupo de indivíduos frente a uma mudança ambiental. Procure tina havia fósseis de espécies gigantes que eram semelhantes
entender a semelhança existente entre esses dois exemplos de às espécies existentes naquele período e que também notava
adaptação e o exemplo da resistência de insetos a inseticidas. algumas diferenças destacadas de acordo com a região em que
eram encontrados, originando a dúvida entre as semelhanças
das espécies antigas fossilizadas e de espécies atuais.
No Equador, mais precisamente no arquipélago de Galápa-
gos, havia inúmeras espécies de uma mesma ave localizadas em
diferentes regiões, o que levou Darwin a pensar que tais dife-
renças partiram de um mesmo ancestral que após migrar para
diferentes regiões com diferenciações climáticas e ecológicas
precisou se adaptar a estas, originando novas espécies.

As evidências da evolução

Durante a fase polêmica da discussão evolucionista, muitos


argumentos foram utilizados. Uma das evidências mais impor-
tantes da ocorrência de Evolução biológica é dada pelos fósseis,
que podem ser conceituados como “restos ou vestígios de seres
vivos de épocas remotas”. Por meio deles, verifica-se que havia
organismos completamente diferentes dos atuais, argumento Após recolher muitas informações e materiais no decorrer
poderoso para os defensores do transformismo. Outras evidên- de sua viagem, Darwin começou a organizar suas hipóteses so-
cias evolutivas podem ser citadas: a semelhança embriológica bre a origem das espécies. Assim, escreveu alguns ensaios ini-
e anatômica existente entre os componentes de alguns grupos ciais, mas manteve as questões mais revolucionárias em segredo
animais, notadamente os vertebrados; a existência de estrutu- e só as comentou com alguns amigos. Até que, em 1858, rece-
ras vestigiais, como, por exemplo, o apêndice vermiforme hu- beu uma carta que o fez mudar de ideia.
mano, desprovido de função quando comparado aos apêndices O remetente da carta era Wallace, que também usou as ob-
funcionais de outros vertebrados. servações de viagem para formular sua teoria da evolução por
A evidência molecular, nos mostra a semelhança na estru- meio da seleção natural. Quando leu a correspondência, Darwin
tura molecular de diversos organismos sendo que, quanto maior tomou um susto: as ideias eram praticamente iguais às dele!
as semelhanças entre as sequências das bases nitrogenadas dos Diante disso, Darwin contou o acontecido a amigos cientis-
ácidos nucleicos ou quanto maior a semelhança entre as proteí- tas, que sugeriram organizar uma sessão na qual os dois natura-
nas destas espécies, maior o parentesco e, portanto, a proximi- listas pudessem apresentar sua teoria. Ela aconteceu no dia 1 de
dade evolutiva entre as espécies. julho de 1858, na Sociedade Lineana da Londres, na Inglaterra.
Foram lidos manuscritos de Darwin e a carta de Wallace, sem a
Lamarck x Darwin presença dos autores.
No ano seguinte, Darwin publicou seu livro A Origem das
A partir do século XIX, surgiram algumas tentativas de ex- Espécies, que gerou burburinho e lhe rendeu muito mais fama
plicação para a Evolução biológica. Jean Baptiste Lamarck, fran- do que Wallace jamais teve. Os dois, no entanto, tornaram-se
cês, e Charles Darwin, inglês, foram os que mais coerentemente amigos por toda a vida – unidos pela teoria que formularam ao
elaboraram teorias sobre o mecanismo evolutivo. Foi Darwin, mesmo tempo e que até hoje esclarece a sociedade sobre o sur-
no entanto, o autor do monumental trabalho científico que re- gimento dos seres vivos no planeta.
volucionou a Biologia e que até hoje persiste como a Teoria da
Seleção Natural das espécies. A teoria de Darwin

A partir da ideia de adaptação de populações a seus ambien-


tes, fica fácil entender as propostas de Charles Darwin (1809-
1882), inglês, autor da teoria da Seleção Natural. Imaginando-
-se dois ratos, um cinzento e outro albino, é provável que em

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BIOLOGIA
muitos tipos de ambientes o cinzento leve vantagem sobre o
albino. Se isto realmente acontecer, é sinal de que o ambiente
em questão favorece a sobrevivência de indivíduos cinzentos ao
permitir que, por exemplo, eles fiquem camuflados entre as fo-
lhagens de uma mata. Os albinos, sendo mais visíveis, são mais
atacados por predadores. Com o tempo, a população de ratos
cinzentos, menos visada pelos atacantes, começa a aumentar,
o que denota seu sucesso. É como se o ambiente tivesse esco-
lhido, dentre os ratos, aqueles que dispunham de mais recursos
para enfrentar os problemas oferecidos pelo meio. A esse pro-
cesso de escolha, Darwin chamou Seleção Natural. Note que a
escolha pressupõe a existência de uma variabilidade entre orga-
nismos da mesma espécie. Darwin reconhecia a existência dessa
variabilidade. Sabia também que na natureza, a quantidade de
indivíduos de certa espécie que nascem é maior que aquela que
o ambiente pode suportar. Além disso, era conhecido o fato de
que o número de indivíduos da população fica sempre em torno
de uma certa quantidade ótima, estável, devido, principalmen-
te, a altas taxas de mortalidade. A teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo
É óbvio que a mortalidade seria maior entre indivíduos
menos adaptados a seu meio, pelo processo de escolha ou O trabalho de Darwin despertou muita atenção mas também
“seleção natural”. Perceba, então, que a ideia de Darwin parte suscitou críticas. A principal era relativa à origem da variabilida-
do princípio importante de que existe variabilidade entre os de existente entre os organismos de uma espécie. Darwin não
indivíduos de uma mesma espécie e que essa variabilidade pode teve recursos para entender por que os seres vivos apresentam
permitir que indivíduos se adaptem ao ambiente. diferenças individuais. Não chegou sequer a ter conhecimento
Assim, para Darwin, a adaptação é resultado de um proces- dos trabalhos que um monge chamado Mendel realizava, cru-
so de escolha dos que já possuem a adaptação. Essa escolha, zando plantas de ervilha. O problema só foi resolvido a partir do
efetuada pelo meio, é a Seleção Natural e pressupõe a existên- início do século XX, com o advento da ideia de gene. E só então
cia prévia de uma diversidade específica. Então, muda o meio. ficou fácil entender que mutações e recombinação gênica são
Havendo o que escolher (variabilidade), a seleção natural entra as duas importantes fontes de variabilidade entre as espécies.
em ação e promove a adaptação da espécie ao meio. Quem não Assim, o darwinismo foi complementado, surgindo o que os
se adapta, desaparece. evolucionistas modernos conhecem como Neodarwinismo ou
O Darwinismo, a conhecida teoria da “Evolução Biológica Teoria Sintética da Evolução e que se apoia nas ideias básicas
por adaptação das espécies aos meios em mudança através da de Darwin.
Seleção Natural”, pode ser assim esquematizado: Fica fácil entender, agora, o mecanismo da resistência bac-
teriana aos antibióticos usados para o seu combate. Partindo
do princípio da existência prévia de variabilidade, uma popula-
ção bacteriana deve ser formada por dois tipos de indivíduos: os
sensíveis e os resistentes. O uso inadequado de um antibiótico
deve eliminar as bactérias sensíveis, favorecendo as resisten-
tes, que são selecionadas. As bactérias resistentes proliferam
e promovem a adaptação da espécie ao ambiente modificado.
Qualquer outro problema de adaptação das espécies a ambien-
tes em modificação pode ser explicado utilizando-se o raciocínio
neodarwinista.

A ideia de Lamarck

Um dos primeiros adeptos do transformismo foi o biólogo fran-


cês Lamarck, que, como você verá, elaborou uma teoria da Evolução,
embora totalmente desprovida de fundamento científico.
É claro que, em ambientes diferentes, variações distintas No mesmo ano em que nascia Darwin, Jean Baptiste Lamarck
serão valorizadas. Isso explica por que duas populações da (1744-1829) propunha uma ideia elaborada e lógica. Segundo ele,
mesma espécie podem se adaptar de maneiras bastante uma grande mudança no ambiente provocaria numa espécie a ne-
diversificadas em ambientes diferentes. cessidade de se modificar, o que a levaria a mudanças de hábitos.
Se o vento e as águas podem esculpir uma rocha, modifican-
do consideravelmente sua forma, será que os seres vivos não po-
deriam ser também moldados pelo ambiente? Teria o ambiente
o poder de provocar modificações adaptativas nos seres vivos?
Lamarck acreditava que sim. Considerava, por exemplo, que
mudanças das circunstâncias do ambiente de um animal provo-
cariam modificações suas necessidades, fazendo que ele passas-

39
BIOLOGIA
se a adotar novos hábitos de vida para satisfazê-las. Com isso o animal passaria a utilizar mais frequentemente certas partes do
corpo, que cresceriam e se desenvolveriam, enquanto outras partes não seriam solicitadas, ficando mais reduzidas, até se atrofia-
rem. Assim, o ambiente seria o responsável direto pelas modificações nos seres vivos, que transmitiriam essas mudanças aos seus
descendentes, produzindo um aperfeiçoamento da espécie ao longo das gerações.
Com base nessa premissa, postulou duas leis. A primeira, chamada Lei do Uso e Desuso, afirmava que, se para viver em deter-
minado ambiente fosse necessário certo órgão, os seres vivos dessa espécie tenderiam a valorizá-lo cada vez mais, utilizando-o com
maior frequência, o que o levaria a hipertrofiar. Ao contrário, o não uso de determinado órgão levaria à sua atrofia e desapareci-
mento completo ao longo de algum tempo.
A segunda lei, Lamarck chamou de Lei da Herança dos Caracteres Adquiridos. Através dela postulou que qualquer aquisição
benéfica durante a vida dos seres vivos seria transmitida aos descendentes, que passariam a tê-la, transmitindo-a, por sua vez, às
gerações seguintes, até que ocorresse sua estabilização.
A partir dessas suas leis, Lamarck formulou sua teoria da evolução, apoiado apenas em alguns exemplos que observara na na-
tureza. Por exemplo, as membranas existentes entre os dedos dos pés das aves nadadoras, ele as explicava como decorrentes da
necessidade que elas tinham de nadar. Cornos e chifres teriam surgindo como consequência das cabeçadas que os animais davam
em suas brigas. A forma do corpo de uma planta de deserto seria explicada pela necessidade de economizar água.

Por que não podemos aceitar as teses de Lamarck?

Na verdade não podemos simplesmente achar erradas as ideias de Lamarck sem dizer exatamente o porquê do erro. É preciso
saber criticá-las com argumentos que evidenciam o erro nelas contido. Assim, pode-se dizer que a lei do uso e desuso só será válida
se a alteração que ela propõe estiver relacionada a alterações em órgãos de natureza muscular e, ainda, alterações que não envol-
vam mudanças no material genético do indivíduo. A cauda de um macaco sul-americano não cresceu porque o animal manifestou
o desejo de se prender os galhos de uma árvore. Tal mudança deveria envolver antes uma alteração nos genes encarregados da
confecção da cauda.
Com relação à lei da transmissão das características adquiridas, é preciso deixar bem claro que eventos que ocorrem durante a
vida de um organismo, alterando alguma sua característica, não podem ser transmissíveis à geração seguinte. O que uma geração
transmite à outra são genes. E os genes transmissíveis já existem em um indivíduo desde o momento em que ele foi um zigoto. E,
fatos que ocorram durante sua vida não influenciarão exatamente aqueles genes que ele deseja que sejam alterados.

Lamarck e Darwin frente a frente: o tamanho do pescoço das girafas:

40
BIOLOGIA
A Especiação

Especiação é o nome dado ao processo de surgimento de novas espécies a partir de uma espécie ancestral. De modo geral,
para que isso ocorra é imprescindível que grupos da espécie original se separem e deixem de se cruzar. Essa separação constitui o
isolamento geográfico e pode ocorrer por migração de grupos de organismos para locais diferentes e distantes, ou pelo surgimen-
to súbito de barreiras naturais intransponíveis, como rios, vales, montanhas, etc., que impeçam o encontro dos componentes da
espécie original. O isolamento geográfico, então, é a separação física de organismos da mesma espécie por barreiras geográficas
intransponíveis e que impedem o seu encontro e cruzamento.
A mudança de ambiente favorece a ação da seleção natural, o que pode levar a uma mudança inicial de composição dos grupos.
A ocorrência de mutações casuais do material genético ao longo do tempo leva a um aumento da variabilidade e permite a continui-
dade da atuação da seleção natural. Se após certo tempo de isolamento geográfico os descendentes dos grupos originais voltarem a
se encontrar, pode não haver mais a possibilidade de reprodução entre eles. Nesse caso, eles constituem novas espécies. Isso pode
ser evidenciado através da observação de diferenças no comportamento reprodutor, da incompatibilidade na estrutura e tamanho
dos órgãos reprodutores, da inexistência de descendentes ou, ainda, da esterilidade dos descendentes, no caso de eles existirem.
Acontecendo alguma dessas possibilidades, as novas espécies assim formadas estarão em isolamento reprodutivo, confirmando,
desse modo, o sucesso do processo de especiação.
Podemos dividir a especiação em três tipos, que serão explicados a seguir:
1. Especiação alopátrica;
2. Especiação simpátrica;
3. Especiação parapátrica.

1. Especiação alopátrica

A especiação alopátrica ocorre quando duas espécies são separadas por um isolamento geográfico. O isolamento pode ocorrer
devido à grande distância ou uma barreira física, como um deserto, rio ou montanha. A especiação bem-sucedida é vista na figura
abaixo. Os tentilhões observados por Darwin é um exemplo dessa especiação na qual ele observou que, nas ilhas Galápagos, eles se
diferenciavam pelo tipo de bico. Além disso, seria uma forma de adaptação à dieta alimentar de cada uma das 14 espécies.

Exemplo de especiação alopátrica (Foto: USP)

2. Especiação simpátrica

A especiação simpátrica diferencia-se da alopátrica pela ausência da separação geográfica. Nessa especiação, duas populações
de uma mesma espécie vivem na mesma área, mas não há cruzamento entre as mesmas, resultando em diferenças que levarão à
especiação, ou seja, a uma nova espécie. Isso pode ocorrer pelo fato dos indivíduos explorarem outros nichos, como insetos herbí-
voros que experimentam uma nova planta hospedeira.

Moscas que vivem no mesmo local, mas se alimentam de frutos diferentes. (Foto: USP)

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BIOLOGIA
3. Especiação parapátrica

A especiação parapátrica ocorre em duas populações da


mesma espécie que também não possuem nenhuma barreira fí-
sica, mas sim uma barreira ao fluxo gênico (migração de genes)
entre as espécies. É uma população contínua, mas que não se
cruza aleatoriamente, caso tenha o intercruzamento, o resulta-
do são descendentes híbridos. Um exemplo dessa especiação
é o caso das gramíneas Anthoxanthum, que se diferenciou por
certas espécies estarem fixadas em um substrato contaminado
com metais pesados.
Dessa forma, houve a seleção natural para esses indivíduos,
que foram se adaptando para genótipos tolerantes a esses me-
tais pesados. Ao longo prazo, essas espécies foram adquirindo
características diferentes, como a mudança de floração impos-
sibilitando o cruzamento, acabando com o fluxo gênico entre
esses grupos.

Convergência adaptativa

Processo que é resultante da adaptação de grupos de orga-


nismos de espécies diferentes a um mesmo hábitat. Por estarem
adaptados ao mesmo hábitat, possuem semelhanças em relação
à organização de corpo sem necessariamente possuírem grau de
parentesco.
Estes organismos, por viverem num mesmo tipo de ambien-
Espécie de gramínea à esquerda em um solo não contami- te e estarem adaptados ao mesmo, possuem estruturas que
nado e à direita, contaminada por metais pesados (Foto: USP) apresentam a mesma função que são chamadas órgãos análo-
gos, como, por exemplo as asas de um morcego e as patas de
Irradiação adaptativa um leão.

Há muitos indícios de que a evolução dos grandes grupos


de seres vivos foi possível a partir de um grupo ancestral cujos
componentes, através do processo de especiação, possibilita-
ram o surgimento de espécies relacionadas. Assim, a partir de
uma espécie inicial, pequenos grupos iniciaram a conquista de
novos ambientes, sofrendo uma adaptação que lhes possibilitou
a sobrevivência nesses meios. Desse modo teriam surgido no-
vas espécies que em muitas características apresentavam seme-
lhanças com espécies relacionadas e com a ancestral. Esse fenô-
meno evolutivo é conhecido como Irradiação Adaptativa, e um
dos melhores exemplos corresponde aos pássaros fringilídeos
de Galápagos estudados por Darwin. Originários do continente
sul-americano, irradiaram-se para diversas ilhas do arquipélago,
cada grupo adaptando-se às condições peculiares de cada ilha
e, consequentemente, originando as diferentes espécies hoje lá
existentes. São semelhantes pela função e não por terem uma mesma
Para que a irradiação possa ocorrer, é necessário em primei- origem embrionária ou pelos organismos possuírem ancestral
ro lugar que os organismos já possuam em seu equipamento ge- comum.
nético as condições necessárias para a ocupação do novo meio.
Este, por sua vez, constitui-se num segundo fator importante, já Homologia e analogia
que a seleção natural adaptará a composição do grupo ao meio
de vida. Agora que sabemos o que é irradiação adaptativa e conver-
gência adaptativa, fica fácil entender o significado dos termos
homologia e analogia. Ambos utilizados para comparar órgãos
ou estruturas existentes nos seres vivos. Por homologia enten-
de-se semelhança entre estruturas de diferentes organismos,
unicamente a uma mesma origem embriológica. As estruturas
homológicas podem exercer ou não a mesma função.

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BIOLOGIA
O braço do homem, a pata do cavalo, a asa do morcego e Com a interrupção desse processo, dava-se início a outros
a nadadeira da baleia são estruturas homológicas entre si, pois processos que empreenderiam a formação de manifestações e
todas têm a mesma origem embriológica. Nesses casos, não há organizações sociais mais completas. Depois disso, ocorreriam
similaridade funcional. as transformações que encerrariam o extenso Período Paleo-
Ao analisar, entretanto, a asa do morcego e a asa da ave, lítico, que termina em 8000 a.C. Logo em seguida, ocorreria o
verifica-se que ambas têm a mesma origem embriológica e estão desenvolvimento do Período Neolítico (8000 a.C. – 5000 a.C.)
ainda associadas a mesma função. e a Idade dos Metais, que vai de 5000 a.C. até o surgimento da
A analogia refere-se à semelhança morfológica entre estru- escrita, que encerra a Pré-história.
turas, em função de adaptação à execução da mesma função.
As asas dos insetos e das aves são estruturas diferentes
quanto à origem embriológica, mas ambas estão adaptadas à
execução de uma mesma função: o voo. São estruturas análoga

7
Genética de Populações

A ocorrência das mutações gênicas soma novos alelos ao


conjunto gênico de todas as populações. Graças à ocorrência
das permutações, esses novos alelos se misturam aos pré-exis-
6
Evolução humana tentes, determinando a enorme variabilidade verificada dentro
dos grupos de seres vivos. Sobre essa mistura de características,
De acordo com diversas pesquisas cientificas, o aparecimen- atua a seleção natural. Os organismos dotados das característi-
to dos primeiros ancestrais do homem surgiu a cerca de 3,5 – 4 cas mais adaptativas tendem a sobreviver e gerar descendentes
milhões de anos atrás. Os primeiros hominídeos pertenciam ao em maior número do que aqueles desprovidos dessas caracte-
gênero Australopithecus e se diferenciavam dos demais prima- rísticas. Como dissemos no capítulo anterior, a seleção natural
tas por conta de sua postura ereta, locomoção bípede e uma estabelece uma “taxa diferencial de reprodução”.
arcada mais próxima da atual espécie humana. Apesar de ser Pela atuação desses fatores (mutações e seleção natural,
considerado o primeiro ancestral humano, não existe um estudo principalmente), o equipamento genético das populações tende
conclusivo sobre a escala evolutiva. a se alterar, com o passar do tempo. Portanto, as populações
Segundo alguns estudos, os sucessores do Australopithecus não são imutáveis. Em 1950, o biólogo Theodosius Dobzhansky
foram os Homo habilis (2,4 milhões de anos) e o Homo erectus, postulou um conceito genético para as populações. Segundo ele,
o qual haveria surgido há aproximadamente 1,8 milhões de anos uma população é um conjunto de indivíduos que se reproduzem
atrás. O seu maxilar apresentaria uma consistência maior e seus sexuadamente, compartilhando um conjunto de informações
dentes seriam mais largos. Além disso, tinha uma caixa craniana genéticas e mantendo um patrimônio gênico comum. Em cima
de maior porte e uma postura mais ereta. Segundo consta, este do conceito genético de população, muitos postulados foram
teria habitado regiões diversas da África e da Ásia como o Java, lançados, todos partindo de uma “população ideal”. Essa popu-
China, Etiópia e Tanzânia. lação ideal foi chamada de população mendeliana, e apresenta
A partir do processo evolutivo sofrido por esse último espé- as seguintes características:
cime, haveria surgido o chamado Homo sapiens, uma espécie da - deve ser uma população muito grande.
qual descenderia o Homo neanderthalensis. Este integrante do - todos os cruzamentos podem ocorrer com igual probabi-
processo evolutivo humano teria vivido entre 230 e 30 mil anos lidade, casualmente, permitindo uma perfeita distribuição dos
atrás. De acordo com os estudos a seu respeito, o neandertha- seus genes entre todos os seus indivíduos. Uma população assim
lensis produzia armas e utensílios com maior sofisticação e rea- é conhecida como população panmítica (do grego pan, total, e
lizavam rituais funerários simples. Durante algum tempo, teria miscere, mistura).
vivido juntamente como o Homo sapiens moderno. - não deve estar sofrendo a ação da seleção natural, poden-
Este último corresponde a nossa espécie e teria surgido no do manter com igual chance qualquer gene do seu conjunto,
planeta há cerca de 150 mil anos atrás. De acordo com os estu- sem que nenhum tenha a tendência de ser eliminado.
dos sobre esse último estágio da escala evolutiva, o Homo sa- - não há a ocorrência de mutações, que acrescenta novos
piens moderno teve a incrível capacidade de se espalhar em ou- genes ao patrimônio gênico da espécie.
tras regiões do mundo em um relativo curto espaço de tempo. - não há fluxo migratório entrando ou saindo dessa popula-
Aproveitando das conquistas consolidadas por seus ancestrais, ção, pois eles acrescentam ou removem genes do grupo original.
teve a capacidade de desenvolver a linguagem, dominar o fogo
e construir instrumentos diversos.

6 http://www.mundoeducacao.com/ 7 http://www.biomania.com.br/

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BIOLOGIA
Uma população humana pode até ser grande, mas as outras Mutação e frequências gênicas
condições não são obedecidas. Os cruzamentos não são casuais,
e estão na dependência de fatores afetivos, sociais, étnicos, re- A mutação, processo pelo qual um alelo se transforma em
ligiosos, etc. Todas as populações humanas sofrem a ação da se- outro, pode alterar a frequência gênica de uma população. Se a
leção natural e, nelas, ocorrem mutações. Os fluxos migratórios taxa de mutação de um gene A para seu alelo a for maior do que
são intensos. Entretanto, vamos considerar que os postulados a taxa de mutação inversa (aa A), ocorrerá aumento na frequên-
da genética populacional sejam válidos e aplicáveis desde que cia do alelo a e a diminuição na frequência de A.
as populações sejam grandes.
Migração e frequências gênicas
O conceito de população mendeliana e as frequência gê-
As diferentes populações de uma mesma espécie nem sem-
nicas
pre são isoladas. Indivíduos podem migrar, incorporando-se a
uma população (imigração) ou saindo dela (emigração). As mi-
A base do estudo da genética de populações é o conceito grações podem alterar a constituição gênica de uma população.
de “pool gênico”, conjunto total de genes presentes em todos Por exemplo, se uma população constituída apenas por pessoas
os indivíduos de uma população. Tomemos como exemplo um de olhos azuis migrar para uma região onde a maioria das pes-
certo locus gênico que pode ser ocupado alternativamente pelos soas tenham olhos castanhos, haverá aumento da frequência do
alelos A e a. Em uma população de 100 000 pessoas, encontra- alelo que condiciona olhos azuis e diminuição correspondente
mos 49 000 homozigotos AA,42000 heterozigotos Aa e 9000 ho- na frequência do alelo que condiciona olhos castanhos
mozigotos aa. Vamos chamar de pool gênico ao total de genes
da população. Seleção e frequências gênicas

49 000 homozigotos AA______________ 98000 genes A Dependendo de sua constituição gênica, um indivíduo pode
42000heterozigotos Aa_______________42000 genes A e apresentar maior ou menor chance de sobreviver e se repro-
42 000 genes a duzir. Um exemplo disso é o melanismo industrial. Mariposas
9 000 homozigotos aa ________________ 18000 genes a portadoras de genótipo para a cor escura são mais intensamen-
TOTAL______________________________140000 genes A te caçadas pelos pássaros do que as mariposas claras, em áreas
não-poluídas. Por isso, a frequência do gene que condiciona cor
e 60000 genes a
escura permanece baixa. Nas áreas poluídas ocorre o contrário:
as mariposas mais intensamente caçadas pelos pássaros são as
Nessa população, há um total de 200 000 genes para esse lo-
de cor clara. Com isso, aumenta a frequência de mariposas es-
cus. Desses, 140 000 são o alelo dominante A e 60 000 são o ale- curas e a frequência do alelo que condiciona esta característica.
lo recessivo a. Portanto, as frequências gênicas correspondem a:
Deriva gênica
Frequência do alelo dominante
A = f(A) = 140 000/200 000 = 0,70 (ou 70%) A deriva genética corresponde a uma drástica alteração ca-
sual de ordem natural, que atinge as frequências genéticas numa
Frequência do alelo recessivo população pequena, de geração em geração. Pode surgir quando
a = f(a) = 60 000/200 000 = 0,30 (ou 30%) um pequeno número de indivíduos pioneiros, com algumas ca-
racterísticas genéticas específicas, coloniza novos ambientes, for-
Como não há outra forma alternativa de ocupação desse lo- mando uma nova população diferente da original. Também, por
cus, a soma das frequências gênicas é igual a 1,0 (ou 100%) deriva genética, um gene pode ser eliminado de uma população.
f(A) + f(a) = 1,0 (ou 100%)
Habitualmente, a frequência do alelo dominante, no caso a
frequência do gene A, é expressa por p, e a frequência do alelo
recessivo, por q. Portanto:
f(A) + f(a) = p + q = 1,0 (ou 100%)

O princípio de Hardy-Weiberg

No início do século XX, o alemão Weimberg e o britânico


Hardy lançaram um postulado segundo o qual, caso uma po-
pulação mendeliana não esteja sofrendo influência de nenhum
fator evolutivo (mutações, seleção natural, migrações, etc.), as
frequências gênicas de todos os seus alelos deveria permanecer
constante, ao longo das gerações. Esse postulado é conhecido
como princípio de Hardy-Weimberg, ou princípio do equilíbrio
gênico.

Fatores que alteram o equilíbrio gênico

Os principais fatores que afetam o equilíbrio gênico são a


mutação, a migração, a seleção e a deriva gênica.
Representação esquemática da deriva genética

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BIOLOGIA
Princípio do fundador reunidas, temos um tecido. Vários tecidos formam um órgão e
um conjunto de órgãos formam um sistema. Todos os sistemas
Um caso extremo de deriva gênica é o chamado princípio reunidos dão origem a um organismo. Quando vários organis-
do fundador. O princípio do fundador ocorre quando uma nova mos da mesma espécie estão reunidos numa mesma região,
população é iniciada por alguns poucos membros da população temos uma população. Várias populações num mesmo local
original. Essa população de tamanho pequeno significa que essa formam uma comunidade. Tudo isto reunido e trabalhando em
colônia pode ter: harmonia forma um ecossistema. Todos os ecossistemas reuni-
-Variação genética reduzida da população original. dos num mesmo sistema como aqui no Planeta Terra temos a
-Uma amostra não aleatória dos genes na população origi- biosfera.
nal. O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço ne-
cessário à sua sobrevivência e reprodução -- levando, por vezes,
Exemplo do princípio fundador no homem ao territorialismo -- mas também às suas funções vitais, incluin-
do o seu comportamento (estudado pela etologia, que também
Um exemplo do princípio do fundador na espécie humana analisa a evolução dos comportamentos), através do metabolis-
foi verificado em comunidades religiosas, originárias da Alema- mo. Por essa razão, o meio ambiente -- a sua qualidade -- deter-
nha, que se estabeleceram nos Estados Unidos. Devido a seus mina o número de indivíduos e de espécies que podem viver no
costumes e religião, os membros dessas comunidades, chama- mesmo habitat.
das Dunker, mantiveram-se isolados da população norte-ameri- Por outro lado, os seres vivos também alteram permanente-
cana. A análise da frequência de alguns genes nos membros da mente o meio ambiente em que vivem. O exemplo mais dramá-
comunidade Dunker mostrou diferenças significativas tanto em tico é a construção dos recifes de coral por minúsculos inverte-
relação à população norte-americana quanto em relação à po- brados, os pólipos coralinos.
pulação alemã. As diferenças de frequência gênica na população As relações entre os diversos seres vivos existentes num
Dunker não posem ser atribuídas a fatores seletivos ambientais, ecossistema incluem a competição pelo espaço, pelo alimento
pois esses também teriam agido sobre a população norte-ame- ou por parceiros para a reprodução, a predação de organismos
ricana. por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam
A explicação mais plausível é que os Dunker norte-america- para a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo
nos, oriundos da Alemanha, não eram amostra representativa e outras (ver a página Relações Ecológicas).
da população alemã, no tocante às frequências dos genes anali- Da evolução destes conceitos e da verificação das altera-
sados. Nos Estados Unidos, como eles se mantiveram isolados, ções de vários ecossistemas -- principalmente a sua degradação
suas frequências gênicas se mantiveram diferenciadas da popu- -- pelo homem, levou ao conceito da Ecologia Humana que es-
lação norte americana. tuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do
ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas
também social.
ECOLOGIA Por outro lado, apareceram também os conceitos de Con-
servação e do Conservacionismo que se impuseram na actuação
Ecologia é a parte da Biologia responsável pelo estudo das dos governos, quer através das acções de regulamentação do
relações entre indivíduos de uma mesma espécie, de espécies uso do ambiente natural e das suas espécies, quer através de
distintas e entre eles e o meio abiótico. É por esse motivo que as várias organizações ambientalistas que promovem a dissemina-
atividades humanas responsáveis por causar impactos negativos ção do conhecimento sobre estas interações entre o Homem e
no meio ambiente são estudadas nessa matéria. a Biosfera.
A Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, den-
e com o meio ambiente. tre elas a economia. Nosso modelo de desenvolvimento econô-
A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos”, que signi- mico baseia-se no capitalismo, que promove a produção de bens
fica casa, e “logos”, estudo. Logo, por extensão seria o estudo de consumo cada vez mais caros e sofisticados e isso esbarra na
da casa, ou de forma mais genérica, do lugar onde se vive. Foi ecologia, pois não pode haver uma produção ilimitada desses
o cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou bens de consumo na biosfera finita e limitada.
este termo para designar o estudo das relações entre os seres
vivos e o ambiente em que vivem, além da distribuição e abun- Para estudar Ecologia, conhecer alguns conceitos é funda-
dância dos seres vivos no planeta. mental:
A Ecologia divide-se em várias partes, tais como a Autoeco- - Biosfera: região do ambiente terrestre onde são encontra-
logia, a Demoecologia e a Sinecologia. dos os seres vivos.
Para os ecólogos, o meio ambiente inclui não só os fatores - Hábitat: local onde determinada espécie é encontrada.
abióticos como o clima e a geologia, mas também os seres vivos, - Nicho ecológico: relações que determinada espécie de-
as comunidades que habitam um determinado biótopo e os res- sempenha com outras e com o ambiente físico; modo de vida
petivos fatores bióticos. da espécie.
Para que possamos delimitar o campo de estudo em ecolo- - Cadeia alimentar: relação alimentar entre indivíduos de
gia devemos, em primeiro lugar, compreender os níveis de or- um ecossistema.
ganização entre os seres vivos. Portanto, podemos dizer, que - Produtores: organismos autotróficos de uma cadeia ali-
o nível mais simples é o do protoplasma, que é definido como mentar.
substância viva. O protoplasma é o constituinte da célula, por- - Consumidores primários: animais herbívoros de uma ca-
tanto, a célula é a unidade básica e fundamental dos seres vivos. deia alimentar.
Quando um conjunto de células, com as mesmas funções estão

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BIOLOGIA
- Consumidores secundários: animais que se alimentam de 3. Os carboidratos são substâncias orgânicas que atuam, prin-
animais herbívoros. cipalmente, fornecendo energia para a célula. O amido, por exem-
- Consumidores terciários, quaternários, e assim por dian- plo, é um carboidrato de origem vegetal amplamente disponível
te: animais que se alimentam de animais carnívoros. na natureza e também bastante consumido. Estima-se que cerca
- Decompositores: organismos que se alimentam de excre- de 80% das calorias que consumimos sejam oriundas desse car-
tas e restos mortais dos seres vivos. boidrato. A respeito do amido, marque a alternativa que indica
- Nível trófico: cada etapa da cadeia alimentar - produtores, corretamente sua classificação dentro do grupo dos carboidratos.
consumidores (...) decompositores. (A) Monossacarídeos.
- Ciclos biogeoquímicos: processo contínuo de retirada e (B) Dissacarídeos.
devolução de elementos químicos à natureza. (C) Oligossacarídeos.
- População: conjunto de indivíduos de uma mesma espécie. (D) Polissacarídeos.
- Relações intraespecíficas: relações entre indivíduos da (E) Trissacarídeos.
mesma espécie.
4. (UEMS) O corpo humano é constituído basicamente de
- Relações interespecíficas: relações entre indivíduos de es-
água, sais minerais e macromoléculas como carboidratos, pro-
pécies diferentes.
teínas e lipídios. Entre as afirmativas abaixo, assinale a que não
- Relações harmônicas: relações entre indivíduos em que
está relacionada com as propriedades das proteínas:
pelo menos um é beneficiado, sem causar prejuízo ao outro. (A) Colágeno, queratina e actina são exemplos de proteínas
- Relações desarmônicas: relações entre indivíduos em que com função de constituição e estruturação da matéria viva.
pelo menos um é prejudicado. (B) São constituídas por vários aminoácidos unidos por ligações
- Bioma: conjunto de ecossistemas com vegetação caracte- peptídicas.
rística e fisionomia típica, onde predomina certo tipo de clima. (C) Quando submetidas a elevadas temperaturas, sofrem o pro-
- Poluição: modificação indesejável do ambiente, causada cesso de desnaturação.
pela espécie humana. (D) Fornecem energia para as células e constituem os hormô-
nios esteroides.
(E) São catalisadores de reações químicas e participam do pro-
Fonte : cesso de defesa como anticorpos contra antígenos específicos.
www.biologiatotal.com.br/www.noticias.universia.com.br/
www.10emtudo.com.br/www.comoaprenderestudar.com.br/ 5. (UECE) A farinha de mandioca, muito usada no cardápio
www.extra.globo.com/www.educacao.uol.com.br/www.vesti- do sertanejo nordestino, é um alimento rico em energia. Entre-
bular.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.exercicios.brasiles- tanto, é pobre em componentes plásticos da alimentação. Quan-
do nos referimos ao componente energético, estamos falando
cola.uol.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.
daquela substância que é a reserva energética nos vegetais.
blogdoenem.com.br/www.sobiologia.com.br/www.todamate-
Quanto aos componentes plásticos, lembramo-nos das substân-
ria.com.br/www.portaleducacao.com.br/Por Juliana Santos/
cias químicas que participam da construção do corpo. Tais com-
Maria Vanessa dos Santos/Vanessa Sardinha dos Santos/Por
ponentes, energéticos e plásticos, são, respectivamente:
Mariana Araguaia (A) glicogênio e proteína
(B) vitamina e amido
(C) amido e proteína
EXERCÍCIOS (D) vitamina e glicogênio

6. Muitas pessoas não sabem diferenciar corretamente o


que é um ser vivo de um ser não vivo, entretanto, os organismos
1. As células são estruturas conhecidas como unidades es- vivos apresentam características marcantes que permitem essa
truturais e funcionais dos organismos vivos. Elas são formadas diferenciação. Uma dessas características é a capacidade de res-
basicamente por substâncias orgânicas e inorgânicas. São consi- ponder a estímulos, uma capacidade denominada de:
deradas substâncias inorgânicas: (A) irritabilidade.
(A) lipídios e proteínas. (B) flexibilidade.
(B) proteínas e água. (C) complexidade.
(C) sais minerais e vitaminas. (D) reação.
(D) água e sais minerais (E) metabolismo.
(E) lipídios e carboidratos.
7. É comum dizer que todos os organismos são formados
2. Muitas pessoas pensam que os lipídios trazem apenas por células, estruturas conhecidas como a unidade funcional e
malefícios à saúde e que podem ser facilmente excluídos da nos- estrutural dos seres vivos. Alguns organismos, no entanto, são
sa alimentação. Entretanto, essa substância orgânica é essencial acelulares e, por isso, alguns autores não os consideram vivos.
para o organismo. Nas células, os lipídios: Entre os seres listados abaixo, qual é o único que não possui
(A) fazem parte da composição das membranas celulares. células em sua constituição?
(B) são a única fonte de energia. (A) bactérias.
(C) estão relacionados principalmente com a função estrutural. (B) fungos.
(D) atuam na formação da parede celular. (C) protozoários.
(E) são as moléculas formadoras de grande parte das enzimas. (D) vírus.
(E) animais.

46
BIOLOGIA
8. Para um organismo ser considerado vivo, algumas carac-
terísticas devem estar presentes. Analise as alternativas a seguir ANOTAÇÕES
e marque o único atributo que não é encontrado em todos os
seres vivos.
(A) Hereditariedade. ______________________________________________________
(B) Capacidade de responder a estímulos.
(C)Corpo formado por várias células. ______________________________________________________
(D) Capacidade de evoluir.
(E) Metabolismo. ______________________________________________________
9. Todos os organismos vivos estão sujeitos a processos
______________________________________________________
evolutivos. Algumas características, por exemplo, surgem e são
passadas para os descendentes e outras são eliminadas da po-
pulação por meio de um processo denominado de: ______________________________________________________
(A) recombinação gênica.
(B) seleção natural. ______________________________________________________
(C) mimetismo.
(D) mutação. ______________________________________________________
(E) migração.
______________________________________________________
10. (FaZU) Na divisão dos seres vivos em cinco reinos, qual
deles é o mais inferior por conter organismos dotados de orga- ______________________________________________________
nização mais simples?
(A) Monera ______________________________________________________
(B) Protista
(C) Fungi ______________________________________________________
(D) Metaphyta
(E) Metazoa ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 D ______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 D
4 D ______________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 A
7 D ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 B
10 A ______________________________________________________

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47
BIOLOGIA

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48
FÍSICA
1. Sistema Internacional de Unidades, grandezas físicas escalares e vetoriais, medições das grandezas físicas e algarismos significati-
vos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Termologia e Termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4. Ondulatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5. Óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6. Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
FÍSICA
Como já dito anteriormente, uma grandeza física terá uma
SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES, GRANDE- quantidade (número) e uma unidade de medida (metros, segundos,
ZAS FÍSICAS ESCALARES E VETORIAIS, MEDIÇÕES DAS horas, por exemplo).
GRANDEZAS FÍSICAS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS Para as unidades de medidas foi criado um padrão, não só para
facilitar a comparação em diferentes regiões de um país ou entre
Na física, para descrever os fenômenos, muitas vezes uma ex- países, mas também para facilitar as relações comerciais, pois 5 kg
plicação basta. Há alguns casos envolvendo quantidades que de- (quilogramas) de batatas em Brasília tem que ter a mesma quanti-
vem ser medidas, comparadas. dade de massa que 5 kg de batatas em São Paulo, ou seja, 1 kg é
As grandezas físicas são responsáveis por esta descrição quan- a mesma quantidade de massa nos dois lugares, não importando
titativa dos fenômenos, pois quando alguém pergunta: qual a dis- por qual número é multiplicado. Para um certo comprimento de
tância de São Paulo ao Rio de Janeiro? Não basta dizer se é longe, uma barra, foi denominado 1 metro. Desta forma não importa por
perto, ou logo ali, é necessário um número que represente esta qual valor é multiplicado, o valor unitário do metro é o mesmo em
distância (quantidade), em uma unidade de medida que seja mais qualquer lugar.
próxima da realidade do fenômeno (quilômetros, por exemplo). Por ser padronizado um valor unitário (apenas 1 unidade) de
Imagina medir a distância de São Paulo ao Rio de Janeiro em mi- medida para cada grandeza, este padrão estabelecido chama-se
límetros? Além de estar fora de um contexto mais intuitivo, ficaria unidade de medida.
muito difícil de medir.
Este número com a unidade de medida (5 km, por exemplo) é a Unidades de medida
chamada Grandeza Física. Devido às características de cada povo, as grandezas eram me-
Grandeza física também é definida como tudo que pode ser didas em diversas unidades. No caso do comprimento, podemos
medido. O amor de um pai para com um filho pode ser medido? citar algumas unidades de medida como jardas, polegadas, pés bra-
Não! Logo não é uma grandeza física. A quantidade de refrigerante ças, metro, centímetro etc.
que será necessária para uma festa pode ser medida? Sim, em li- Com o desenvolvimento e maior integração das sociedades,
tros! Logo é uma grandeza física! surgiu a necessidade de padronizar as medidas das grandezas. No
As grandezas físicas podem ser classificadas em diretas (funda- início do século XIV, podia-se notar que a padronização tornara-se
mentais) ou indiretas (derivadas), e ainda como escalares ou veto- específica para cada tipo de atividade econômica, motivados, so-
riais. Veja a seguir as definições de cada uma delas: bretudo, por razões fiscais da autoridade política de cada região,
• Diretas (ou fundamentais): são aquelas que apenas com cuja uniformização dificilmente ultrapassava os limites das cidades
uma medida já se obtém o resultado, não precisando envolver ou- ou do país em que estava sendo utilizada. Estabeleceu-se um sem-
tra grandeza física na medição. Um exemplo seria ao medir a altura -número de sistema de medidas.
de uma mesa, basta usar uma trena e já se obtém a medida. Ou me- Ao se observar a larga utilização do chamado Sistema Interna-
dir o tempo para ir ao mercado, bastando apenas usar um relógio e cional de Unidades (SI) no cotidiano das pessoas, como reflexo das
já se tem a medida desejada. relações econômicas, dos processos industriais de fabricação de
• Indiretas (ou derivas): são aquelas que envolvem mais de produtos etc., pode não parecer mas a ideia de um sistema univer-
uma grandeza a ser medida e, por possuir duas grandezas físicas ou sal e coerente de unidades, baseado em grandezas físicas constan-
mais, são chamadas também de derivadas, pois serão compostas tes, é relativamente recente.
de grandezas diretas (ou fundamentais). A velocidade é um exem- Em 1791, na França, foi criado um sistema padrão para ser usa-
plo. Definida como a distância dividida pelo tempo, precisa-se cal- do no mundo todo, que é o chamado sistema métrico.
cular duas grandezas físicas, espaço e tempo, para depois dividi-las, Para medida de comprimento, inicialmente, definiu-se 1 metro
obtendo um novo resultado, uma nova grandeza física, derivada de como sendo a distância entre o Polo Norte e o Equador terrestre,
duas grandezas fundamentais. dividido por 107.
• Escalares: são aquelas em que basta o número e a unida- Hoje, existe uma barra de platina guardada no Museu de Pe-
de de medida para defini-la. Exemplos podem ser a medida de uma sos e Medidas, em Paris, cujo comprimento é de um metro e serve
febre de 40ºC, o tempo de caminhada de 30 minutos, 3 litros de como referência para o metro padrão. Cada país utiliza-se de uma
água, 5 kg de arroz, entre outros. cópia dessa barra para se fazerem, por exemplo, as réguas e as tre-
• Vetoriais: são aquelas em que só o número e a unidade de nas.
medida não são suficientes, é necessário saber também a direção
(horizontal, vertical, diagonal, etc.) e o sentido (direita, esquerda,
para cima, para baixo, a noroeste, horário, anti-horário, etc.). Nas
grandezas físicas vetoriais a direção e o sentido faz toda a diferença,
e, por isso, sempre haverá uma pergunta para fazer além da medida
a ser feita, por exemplo: Junior caminhou 6 m, mas para onde? Será
necessário responder a pergunta. No caso, suponha-se que Junior
caminhou 6m da porta da casa até a beira do mar. Contudo se é dito
que João tem 60 kg, já está claro, não há perguntas a se fazer, por
isso que massa é uma grandeza escalar e não vetorial.

1
FÍSICA
Sistema Internacional de Unidades Distâncias astronômicas:
O sistema de unidades de medida mais utilizado nos dias atuais • Ano-luz: distância percorrida pela luz no vácuo em 1 ano,
é o SI (Sistema Internacional de Unidades), que antigamente era igual a 9,46 trilhões de quilômetros ou 946 × 1010 km;
chamado de MKS (metro, quilograma e segundo). • parsec: 3,258 anos-luz ou 30,82 trilhões de quilômetros
ou 3. 082 × 10¹o km;
• unidade astronômica (uA): distância média entre a Terra e
o Sol igual a 150 milhões de quilômetros ou 150 × 106 km.

ÁREA
Metro quadrado (m²): área de um quadrado com lado igual a
um metro.
Unidades de área tradicionais:
• quilômetro quadrado (km²): 1.000.000 m²;
• hectare (ha): 10.000 m²;
• alqueire mineiro: 48.400 m²;
• alqueire paulista: 24.200 m².

Unidades de área inglesas:


• polegada quadrada: 6,4516 cm² ou 0,00064516 m²;
• pé quadrado: 929,03 cm² ou 0,092903 m².

Utilizamos, também, múltiplos e submúltiplos das grandezas


físicas. Observe a tabela abaixo.
VOLUME
Metro cúbico (m³): cubo com arestas iguais a um metro.
Unidade de volume tradicional:
• Litro (l): 0,001 m³.

Unidades de volume inglesas:


• Galão inglês: 4,546 l ou 0,004546 m³;
• Galão norte-americano: 3,785 l ou 0,003785 m³.

ÂNGULO PLANO
Radiano (rad ou rd): ângulo plano entre dois raios de um círculo
que forma um arco de circunferência com o comprimento igual ao
do raio.
Unidades de ângulo plano tradicionais –
• grau (º): /180 rad;
• minuto (‘): /10. 800;
• segundo (“): /648. 000 rad;
• número : 3,1416.

ÂNGULO SÓLIDO
Principais grandezas Esterradiano (sr): ângulo sólido que, tendo o vértice no centro
de uma esfera, leva a um corte em sua superfície com área igual a
COMPRIMENTO de um quadrado com lados iguais ao raio da esfera.
Metro (m): É o comprimento da trajetória percorrida pela luz
no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de se- MASSA
gundo (Unidade de Base ratificada pela 17ª CGPM – 1983). A velo- Quilograma (kg): massa do protótipo internacional do quilogra-
cidade da luz no vácuo é c = 299.792,458 km/s. ma, um padrão construído com uma liga de platina e irídio.
Unidades de comprimento tradicionais: Unidades de massa tradicionais:
• Quilômetro (km): 1.000 m, • quilate: 0,2 g ou 0,002 kg;
• palmo: 22 cm; • tonelada métrica (t): 1.000 kg.
• braça: 2,2m;
• légua: 6 km; Unidades de massa inglesas:
• légua brasileira: 6,6 km. • libra ou pound (lb): 453,59 g ou 0,453 kg;
• tonelada inglesa: 1.016 kg; tonelada norte-americana:
Unidades de comprimento inglesas: 907 kg;
• Polegada (in): 2,54 cm ou 0,0254 m; • onça (oz): 28,35 g ou 0,028 kg;
• pé (ft): 30,48 cm ou 0,3048 m; • onça troy: 31,10 g ou 0,031 kg.
• jarda (yd): 91,44 cm ou 0,9144 m;
• milha (mi): 1.609 m;
• milha náutica: 1.852 m.

2
FÍSICA
TEMPO INTENSIDADE ENERGÉTICA
Segundo (s): tempo correspondente a 9.192. 631.770 ciclos de Watt por esterradiano (W/sr): intensidade do fluxo de energia
radiações emitidas entre dois níveis de energia do átomo de césio no interior de um ângulo sólido igual a 1sr.
133.
Unidades de tempo tradicionais: PRESSÃO
• minuto (min): 60s; Pascal (Pa): força constante de 1N sobre uma superfície plana
• hora (h): 60min ou 3.600s; de 1m² (Pa N/m²).
• dia (d): 24h ou 1.440min ou 86. 400s; Unidades de pressão tradicionais:
• ano sideral: 365d 6h 9min 9,5s; • Milímetro de mercúrio (mmHg): 133,32 Pa;
• ano trópico: 365d 5h 48min 45,8s. • atmosfera (atm): 101. 325 Pa.

VELOCIDADE CORRENTE ELÉTRICA


Metro por segundo (m/s): distância percorrida em um segun- Ampère (A): corrente elétrica constante capaz de produzir uma
do. força igual a 2 × 10 N entre dois condutores de comprimento infini-
Unidades de velocidade tradicionais: to e seção transversal desprezível, situados no vácuo e com 1 m de
• quilômetro por hora (km/h): 1/3,6 m/s ou 0,27777 m/s. distância entre si.

Unidades de velocidade inglesas: CARGA ELÉTRICA


• milha por hora (mi/h): 1,609 km/h ou 0,4469 m/s; Coulomb (C): quantidade de eletricidade com intensidade
• nó (milha náutica por hora): 1,852 km/h ou 0,5144 m/s. constante de 1A que atravessa a seção de um condutor durante 1s
(C sA).
Velocidade da luz: 299. 792. 458 m/s. Unidade de carga elétrica tradicional:
• Ampère-hora (Ah): 3.600 C.
VELOCIDADE ANGULAR
Radiano por segundo (rad/s): velocidade de rotação de um cor- DIFERENÇA DE POTENCIAL
po. Volt (V): tensão elétrica existente entre duas seções transver-
Unidade de velocidade angular tradicional: sais de um condutor percorrido por uma corrente constante de 1A,
• Rotação por minuto (rpm): p/30 rad/s quando a frequência dissipada entre as duas seções é igual a 1W
(V W/A).
ACELERAÇÃO RESISTÊNCIA ELÉTRICA
• Metro por segundo ao quadrado (m/s²): constante de va- Ohm (Ω): resistência de um elemento de um circuito que, sub-
riação de velocidade. metido a uma diferença de potencial de 1V entre seus terminais, faz
• Radiano por segundo ao quadrado (rad/s²): constante de circular uma corrente constante de 1A ( V/A).
variação de velocidade angular.
CAPACITÂNCIA ELÉTRICA
FREQUÊNCIA Farad (F): capacitância de um elemento de um circuito que, ao
• Hertz (Hz): número de ciclos completos por segundo (Hz ser carregado com uma quantidade de eletricidade constante igual
s-¹) a 1C, apresenta uma tensão constante igual a 1V (F C/V).

FORÇA INDUTÂNCIA ELÉTRICA


Newton (N): força que imprime uma aceleração de 1 m/s² a Henry (H): indutância de um elemento passivo de um circuito
uma massa de 1 kg (kgm/s²), na direção da força. em cujos terminais se induz uma tensão constante de 1V quando
Unidade de força tradicional: percorrido por uma corrente que varia na razão de 1A por segundo
• Quilograma-força (kgf): 9,8N. (H Vs/A ou Ws).

ENERGIA TEMPERATURA
Joule (J): energia necessária para uma força de 1N produzir um Kelvin (K): fração de 1/273,16 da temperatura termodinâmica
deslocamento de 1m (J N/m). do ponto tríplice da água, que corresponde às condições de tempe-
Unidades de energia tradicionais: ratura e pressão em que a água em estado líquido, o vapor de água
• Watt-hora (Wh): 3. 600 J; e o gelo estão em perfeito equilíbrio. O ponto zero da escala (0°K) é
• quilowatt-hora (kWh): 3.600.000 J ou 3.600 kJ, igual ao zero absoluto (-273,15°C).
• eletrovolt (eV): 1,6021 × 10 J; Unidades de temperatura tradicionais –
• caloria (cal): 4,1 J; • Escala Celsius (°C): 0°C = 273°K e 1°C = 274°K;
• quilocaloria (kcal): 4. 184 J. • Escala Fahrenheit (F): 0°F = 255,33°K ou -17,77°C, 1°F =
255,78°K ou -17,22°C.
POTÊNCIA
Watt (W): potência necessária para exercer uma energia de 1 QUANTIDADE DE MATÉRIA
J durante um segundo (W J/s). O fluxo de energia (elétrica, sonora, Mol (símbolo mol): quantidade de matéria de um sistema que
térmica ou luminosa) também é medido em watt. reúne tantas entidades elementares (partículas que devem ser es-
Unidade de potência tradicional: pecificadas) quanto o número de átomos contidos em 0,012 kg de
• Horse-power (HP) ou cavalo-vapor (cv): 735,5 W. carbono.

3
FÍSICA
INTENSIDADE LUMINOSA
Candela (cd): intensidade luminosa emitida em uma determinada direção por uma fonte de radiação monocromática com frequência
igual a 540 × 10¹² Hz e com uma intensidade energética de 1/683 watt por esterradiano.

FLUXO LUMINOSO
Lúmem (lm): fluxo luminoso com intensidade de 1cd emitido no interior de um ângulo sólido igual a 1sr (lm cd/sr).

ILUMINAMENTO
Lux (lx): iluminamento de uma superfície plana de 1 m² que recebe um fluxo luminoso perpendicular de 1lm (lx lm/m²).

INFORMÁTICA
• Bit: menor unidade de armazenamento de informações em computadores e sistemas informatizados.
• Byte: é a unidade básica de memória de computadores, igual a 8 bits contíguos.
• Kilobit (kbit): 1.024 bits de informação. Kilobyte (kbyte): 1.024 bytes. Megabytes: 1.048.576 bytes.

Múltiplos e submúltiplos
Na página do Inmetro podemos ver a tabela apresentada a seguir. Os múltiplos quilo, k, (mil, igual a 103 ), mega, M, (milhão, igual a
106 ) e giga, G, (bilhão, igual a 109 ) são bem comuns. Há outros comuns em física, mas menos empregados no nosso dia a dia. O cresci-
mento vertiginoso da capacidade de memória dos computadores, por exemplo, está tornando popular o próximo múltiplo dessa sequên-
cia, o tera, T, (1012), com a palavra “terabytes”.

Múltiplos:

Submúltiplos:

Para formar o múltiplo ou submúltiplo de uma unidade, basta colocar o nome do prefixo desejado na frente do nome desta unidade.
O mesmo se dá com o símbolo.

Relações e múltiplos importantes

4
FÍSICA
A unidade da esquerda é sempre 10 vezes maior que sua vizi- Ordem de grandeza
nha da direita. Dizer a ordem de grandeza de um número significa indicar a
Os múltiplos do metro mais importantes são o centímetro e o potência de 10 (dez) mais adequada para representá-lo. Assim, a or-
quilômetro. dem de grandeza do número 90 será 102, pois a potência de 10 mais
1 km = 1000 m = 103 m perto de 90 é o número 100 (102). Porém, a ideia de “mais próximo”
1 cm = 0,01 m = 10-2 m não deve ser levada ao pé da letra, porque a ordem de grandeza
Em relação, principalmente, ao volume, existem unidades fora do número 40, por exemplo, é 102 apesar de 40 ser mais próximo
do SI que são importantes como o litro (L). de 10. A seguir, veremos como calcular corretamente a ordem de
1L = 1 dm3 = 10-3 m3 grandeza de um número.

Massa Notação Científica


O múltiplo mais importante do grama é o quilograma (kg). Escrever uma medida na notação científica é escrevê-la com
1 kg = 1000 g = 103 g apenas um algarismo, diferente de ZERO, antes da vírgula e fazer o
ajuste com potências de 10.
Exemplo: Colocar em notação científica os seguintes números:
120 = 1,20 . 102
1523 = 1,523 . 103
103,45 = 1,0345 . 102

Algarismos Significativos
A unidade da esquerda é sempre 10 vezes maior que sua vizi- Os Algarismos Significativos de uma medida são os algarismos
nha da direita. corretos mais o algarismo duvidoso, que será sempre o último.
Transformando-se uma medida de uma unidade maior para Vejamos um exemplo com uma fita métrica:
outra menor, deve-se dividir por 10 elevado ao número de níveis
percorridos, do contrário, deve-se multiplicar por 10 elevado ao nú-
mero de níveis percorridos.
n → número de casas percorridas

Você pode dizer que a medida do segmento acima é 3,7m. O


algarismo 3 é um algarismo correto, fornecido pelo aparelho com o
qual você está fazendo a medida.
O algarismo 7 decorreu de uma avaliação, por isso ele é o alga-
rismo duvidoso. Esta medida possui dois algarismos significativos.

Transformações de unidades:
Para transformar uma unidade em outra, basta muitas vezes
Tempo consultar uma tabela, ou usar um “fator”, como o 3,6 no caso de
Em nossa sociedade dividimos o tempo de várias formas: se- conversão de m/s em km/h. No entanto agora queremos que você
gundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos, mi- aprenda como essas tabelas são construídas, ou como esses fato-
lênios e etc. Sendo assim, no estudo da mecânica é essencial que res são calculados. É isso que vamos cobrar em provinhas e pro-
saibamos converter essas diversas formas. vas! Acostume-se a não usar a “regra de três”. Essa regra só pode
No SI, a unidade de tempo é o segundo (s). ser usada quando as grandezas são diretamente proporcionais – o
1 min = 60 s que nem sempre ocorre com transformações de unidades, princi-
1 h = 60 min = 3600 s palmente se não temos um “fator de conversão”, mas informação
sobre a relação entre as unidades uma a uma.
Transformar unidades é muito fácil: basta colocar, no lugar da
unidade, o seu valor na nova unidade desejada. Depois basta fazer
as contas. O resultado dessas contas é o tal “fator” de conversão,
presente nas inúmeras tabelas disponíveis.

Sistema Internacional de unidades, SI


O SI é definido a partir de 7 grandezas - e unidades - funda-
mentais:
1. distância, medida em metros, com símbolo m;
2. massa, medida em quilogramas, com símbolo kg;
3. tempo, medido em segundos, com símbolo s;
4. corrente elétrica, mediada em Ampères, símbolo A;
5. temperatura termodinâmica, medida em kelvins, com sím-
bolo K;
6. Quantidade de matéria, medida em mols, símbolo mol 1 ;
7. Intensidade luminosa, medida em candelas, símbolo cd.

5
FÍSICA
Em mecânica vamos lidar mais com as unidades de distância, As bases para o que chamamos de Mecânica Clássica foram
massa e tempo. Há várias unidades derivadas destas sete funda- lançadas por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton. Já
mentais, como a unidade de velocidade (m/s), força (N) ou área (m2 no século XX Albert Einstein desenvolveu os estudos da chamada
). Algumas dessas unidades derivadas têm nomes especiais, como Mecânica Relativística, teoria que engloba a Mecânica Clássica e
a unidade de força, chamada de newton, mas que no fundo corres- analisa movimentos em velocidades próximas ou iguais à da luz.
ponde a kg.m/s2 , a unidade de energia, o joule (J), que correspon- A chamada Mecânica Quântica é o estudo do mundo subatômico,
de a kg.m2 /s2 ou ainda a unidade de carga elétrica, o Coulomb, moléculas, átomos, elétrons etc.
que equivale a A.s (a carga que passa por um fio condutor , em um
segundo, quando a corrente nesse fio é um ampère). → Mecânica Clássica
Há várias unidades muito usadas no dia a dia (e como conse- A Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica.
quência em problemas de física e engenharia), mas que não fazem A Cinemática é o estudo matemático dos movimentos. As cau-
parte do SI, como calorias (unidade de energia), litro (unidade de sas que os originam não são analisadas, somente suas classificações
volume), tonelada (unidade de massa), quilômetros por hora (uni- e comparações são feitas. O movimento uniforme, movimento uni-
dade de velocidade) ou o byte (unidade de memória de computa- formemente variado e movimento circular são temas de Cinemá-
dor). Também, há outros sistemas de unidades, como o CGS, que tica.
adota para unidades fundamentais de distância, massa e tempo o A Dinâmica é o estudo das forças, agente responsável pelo mo-
centímetro, a grama e o segundo, e tem como unidade de força o vimento. As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmica.
dina.
→ Mecânica Relativística
Relações entre as Grandezas Físicas A Mecânica Relativística mostra que o espaço e o tempo em ve-
Normalmente a variação de uma grandeza acarreta a variação locidades próximas ou iguais à da luz não são conceitos absolutos,
de outras grandezas com ela relacionadas. Esta interdependência mas, sim, relativos. Segundo essa teoria, observadores diferentes,
pode ser descrita e analisada por meio de equações e gráficos. um parado e outro em alta velocidade, apresentam percepções di-
ferentes das medidas de espaço e tempo.
Grandezas diretamente proporcionais A Teoria da Relatividade é obra do físico alemão Albert Einstein
São aquelas grandezas onde a variação de uma provoca a va- e foi publicada em 1905, o chamado ano milagroso da Física, pois
riação da outra numa mesma razão. Se uma dobra a outra dobra, se foi o ano da publicação de preciosos artigos científicos de Einstein.
uma triplica a outra triplica, se uma é divida em duas partes iguais a
outra também é divida à metade. → Mecânica Quântica
A Mecânica Clássica é um caso-limite da Mecânica Quântica,
Grandezas inversamente proporcionais mas a linguagem estabelecida pela Mecânica Quântica possui de-
Uma grandeza é inversamente proporcional quando operações pendência da Mecânica Clássica. Em Quântica, o conceito básico de
inversas são utilizadas nas grandezas. Por exemplo, se dobramos trajetória (caminho feito por um móvel) não existe, e as medidas
uma das grandezas temos que dividir a outra por dois, se triplica- são feitas com base nas interações de elétrons com objetos deno-
mos uma delas devemos dividir a outra por três e assim sucessi- minados de aparelhos.
vamente. A velocidade e o tempo são considerados grandezas in- Os conceitos estudados em Mecânica Quântica mexem profun-
versas, pois aumentarmos a velocidade, o tempo é reduzido, e se damente com nosso senso comum e propõem fenômenos que po-
diminuímos a velocidade, o tempo aumenta. dem nos parecer estranhos. Como exemplo, podemos citar o caso
da posição e da velocidade de um elétron. Na Mecânica Clássica,
Análise dimensional as posições e as velocidades de um móvel são extremamente bem
A Análise dimensional é útil na previsão, verificação e resolução definidas, mas, em Quântica, se as coordenadas de um elétron são
de equações que relacionam as diversas grandezas físicas. Este pro- conhecidas, a determinação de sua velocidade é impossível. Caso a
cedimento auxilia também a minimizar a necessidade de memori- velocidade seja conhecida, torna-se impossível a determinação da
zação das equações e fórmulas. Quando fazemos análise dimensio- posição do elétron.
nal, estamos preocupados com as dimensões das grandezas físicas,
e nos baseamos no fato de que os dois lados de uma expressão CINEMÁTICA
algébrica que representa uma lei física devem sempre ter a mesma A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo princi-
dimensão (ou seja, devem ser medidos nas mesmas unidades). palmente os movimentos lineares e circulares os objetos do nos-
so estudo que costumar estar divididos em Movimento Retilíneo
Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variado
MECÂNICA (M.R.U.V)

A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos estar
movimentos dos corpos, bem como suas evoluções temporais e a par das seguintes variáveis:
as equações matemáticas que os determinam. É um estudo de ex- -Deslocamento (ΔS)
trema importância, com inúmeras aplicações cotidianas, como na -Velocidade ( V )
Geologia, com o estudo dos movimentos das placas tectônicas; na -Tempo (Δt)
Medicina, com o estudo do mapeamento do fluxo de sangue; na -Aceleração ( a )
Astronomi,a com as análises dos movimentos dos planetas etc.

6
FÍSICA
Movimento Uniformemente Variado (MUV) Energia cinética e as colisões
Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados a Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo partici-
enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizontais ou pante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada
oblíquos. ou totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do
É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas, como que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características
a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor reforça ainda dos materiais e as condições de ocorrência determinam o tipo de
que os problemas elencados pelo Enem são contextualizados. “São colisão que ocorrerá.
questões de movimento uniformemente variado, mas associadas a
situações cotidianas. Coeficiente de restituição
O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre
Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U) as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são
No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de direção, denominadas de velocidades relativas de aproximação e de afasta-
nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas gran- mento dos corpos.
dezas da seguinte forma:
ΔS= V.Δt

Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V)


No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele-
rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an-
daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas da
seguinte forma:
ΔS= V₀.t + ½.a.t²
Tipos de colisão
No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme al-
teramos as variáveis. • Colisão perfeitamente elástica
Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participan-
dada pela formula: tes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade relativa de
V²= V₀² + 2.a.ΔS aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará
com que o coeficiente de restituição seja igual a 1, indicando que
Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não te- toda a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é
mos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas ques- uma situação idealizada, sendo impossível a sua ocorrência no co-
tões, quando o tempo não é uma informação dada, por exemplo. tidiano, pois sempre haverá perca de energia.

Impulso e quantidade de movimento • Colisão parcialmente elástica


O impulso e a quantidade de movimento aparecem em ques- Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema,
tões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ). a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo, a
Uma dos modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em velocidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a
um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num trilho velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coeficiente
de ar, em um experimento feito em laboratório, conta o professor. de restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1.

Choques ou colisões mecânicas • Colisão inelástica


No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a
relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quanti- colisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse tipo
dade de movimento (momento linear) imediatamente antes e após de colisão, os objetos participantes permanecem grudados e exe-
a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam os ti- cutam o movimento como um único corpo. Como após a colisão
pos de colisões. não haverá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de
afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente de restitui-
Definição de sistema ção seja zero.
Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo,
de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo estudado
é considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas
entre os corpos que compõem o sistema são denominadas de for-
ças internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por
um agente externo são denominadas de forças externas.

Quantidade de movimento e as colisões


As forças externas são capazes de gerar variação da quantida-
de de movimento do sistema por completo. Já as forças internas
podem apenas gerar mudanças na quantidade de movimento in-
dividual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em
consideração apenas as forças internas existentes entre os objetos
que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimento
sempre será a mesma para qualquer tipo de colisão.

7
FÍSICA
A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações en- Agora fazemos o gráfico s x t.
tre os diferentes tipos de colisões:

Gráficos na cinemática
Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso es-
colhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo. O
espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis depen-
dentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas.

Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma ta-


bela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um
ponto no plano definido pelas variáveis independente e dependen-
te.
Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários
tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movimento O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade é
retilíneo uniformemente variado. constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se mantém
Exemplo 1 a mesma.

MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME


Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uni-
forme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega
a partir desse ponto em movimento progressivo e uniforme com
velocidade de 10km/h.

Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação


dos espaços é, para esse exemplo,
s = 5 + 10t
A velocidade podemos identificar como sendo:
v = 10km/h Note que:
E o espaço inicial: • As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espaça-
so = 5km mentos iguais.
• As grandezas representadas nos eixos estão indicadas com
Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por as respectivas unidades.
exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos os • Os pontos são claramente mostrados.
valores dos espaços correspondentes: • A reta representa o comportamento médio.
• As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é neces-
t(h) s(km) sário usar “todo o papel”
• com uma escala de difícil subdivisão.
0 5
1 15 Exemplo 2
2 25 MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
3 35 Considerando-se o movimento uniformemente variado, pode-
mos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em duas ca-
4 45
tegorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração.
5 55
6 65

Tabela 3 - MRU

8
FÍSICA
MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA A partir da tabela obtemos o gráfico s x t:
Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos do
movimento acelerado são

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA


Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são

Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim,


para o movimento observado temos:
v = 3 - 4t

obtendo assim a tabela abaixo:

v(m/s) t(s)
3 0
-1 0,5
5 0,75

Obtendo o gráfico v x t:
A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola.

A título de exemplo, consideremos o movimento uniforme-


mente variado associado à equação horária s = so + vot +at2/2, onde
o espaço é dado em metros e o tempo, em segundos, e obteremos:
s(t) = 2 + 3t - 2t2.

A velocidade inicial é, portanto:


vo = 3m/s
A aceleração:
ao = -4m/s2 (a < 0)

e o espaço inicial:
so = 2km

Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, construí-


mos a tabela de s x t (atribuindo valores a t).

s(m) t(s)
2,0 0
3,0 0,5
3,125 0,75
3,0 1
2,0 1,5
0 2,0
-3,0 2,5
-7,0 3

9
FÍSICA
Exemplo 3
Como exemplo de gráfico representando dados experimentais vamos usar os dados da tabela:

Tabela
Gráfico referente à tabela
Dados de um indivíduo andando

t(min) s(m)
0 0
1 62
2 158
3 220
4 283
5 335

Note:
• Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos podem ser representados por
• uma reta.
• Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamento.
• Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos de reta. Trace curvas
• médias lisas ou retas que representam comportamentos médios.

Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois para cima. A origem é um ponto experimental.

DINÂMICA
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem ele-
mentos como atrito e componentes da resultante, com a força centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimensões
curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente ligado à aceleração centrípeta.

As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo sobre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento, aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em que
todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as chamadas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que ocorre com corpos que estão em equilíbrio.
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica, que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilíbrio.
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o comportamento de dois corpos interagindo entre si.

Força Resultante
A determinação de uma força resultante é definida pela intensidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes
cálculos da força resultante:

Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido.

10
FÍSICA
Caso 2 – Forças perpendiculares. A terceira Lei de Newton
A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação
diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual
direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi-
gura a seguir.

Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos

ESTÁTICA
A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não
se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso especial
de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em
que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Por-
tanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo
deve ser nula.
Por exemplo, um edifício de apartamentos ou de escritórios
está sujeito à força peso de sua massa e dos móveis e utensílios
Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos em seu interior, além da força peso da massa de todos os seus ocu-
pantes. Existem também outras forças: a carga do vento, da chuva
e eventualmente, em países frios, a carga da neve acumulada em
seu teto. Todas essas forças devem ser absorvidas pelo solo e pelas
fundações do prédio, que exercem reações sobre ele de modo a
sustentá-lo, mantê-lo de pé e parado. A soma vetorial de todas es-
sas forças deverá ser nula.

1. Equilíbrio do Ponto Material


Define-se como ponto material todo corpo cujas dimensões,
para o estudo em questão, não são importantes, não interferem
A Segunda lei de Newton no resultado final. Por exemplo, o estudo da trajetória de um atleta
Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de de saltos ornamentais na piscina a partir de uma plataforma de 10
Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace- m. Se o estudo está focalizado na trajetória do atleta da plataforma
leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas até a piscina, e não nos seus movimentos em torno de si mesmo,
intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au- pode-se adotar o centro de massa do atleta, ignorar seu tamanho
mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor- e desenvolver o estudo. (Caso outros estudos, dos movimentos do
ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força atleta em torno do seu centro de massa, sejam necessários, eles
resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate- poderão ser realizados posteriormente.)
maticamente pela fórmula: Na Estática consideramos o ponto material como um corpo su-
ficientemente pequeno para podermos admitir que todas as forças
que agem sobre o corpo se cruzem num mesmo. Para que este pon-
to material esteja em equilíbrio a somatória vetorial das forças que
nele atuam tem necessariamente de ser nula.

Ou:
A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul-
tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e
sentido.

Unidades de força e massa no Sistema Internacional:


Força – newton (N).
Massa – quilograma (kg).

11
FÍSICA
No caso do estudo se restringir ao plano, podemos adotar dois A unidade do momento de uma força é o newton∙metro ou
eixos (x e y) como referência e estudar as componentes das forças: N∙m.
Então, para o corpo permanecer estático, além das duas equa-
ções do ponto:

2. Equilíbrio dos Corpos Rígidos


Quando as dimensões dos corpos não podem ser ignoradas Uma terceira condição deve ser imposta: a somatória dos mo-
(não podemos considerar as forças todas se cruzando num mesmo mentos deve ser nula:
ponto), o estudo passa a considerar movimentos de rotação. Por
exemplo, na figura:

Nota: considera-se que todas as forças e momentos pertençam


ao mesmo plano.

3. Alavancas
Ao se utilizar o princípio da estática e da somatória dos mo-
mentos nulos pode-se analisar uma das primeiras máquinas sim-
ples inventada pelo homem: a alavanca.
Sendo as forças de mesmo módulo, a resultante seria nula, mas Veja o esquema abaixo onde a barra está equilibrada:
isto seria insuficiente para o equilíbrio, pois existe uma tendência
de giro que pode ser representado por:

A essa tendência de giro dá-se o nome de momento da força, e


é igual à força multiplicada pela distancia ao centro de giro. No caso
acima, supondo que o comprimento da barra seja x, o momento de
cada força seria:
Nesse exemplo, ao se imaginar uma gangorra apoiada na dis-
tância de 8 m nota-se que uma força de 50N provoca uma ação na
outra ponta de 200 N ampliando em 4 vezes a ação inicial. Para isto,
basta comparar os momentos das duas forças nas extremidades em
relação ao apoio, e constatar que eles se equilibram, pois têm o
mesmo valor e sinais opostos (a força à esquerda tende a fazer a
barra girar no sentido anti-horário e a da extremidade direita no
O momento total seria o dobro sentido horário). Assim:
50 N x 8 m= 200 N x 2 m

Com isso pode-se amplificar ações de forças com a utilização


dessa máquina simples, provavelmente pré-histórica.

Hidrostática
O sinal será definido pelo sistema de referência adotado: no A Hidrostática é a parte da Física que estuda os fluídos (tanto
nosso caso, adotando um sistema em que os momentos sejam po- líquidos como os gasosos) em repouso, ou seja, que não estejam
sitivos no sentido horário, o momento total seria negativo, pois o em escoamento (movimento).
corpo tende a girar no sentido anti-horário: Além do estudo dos fluídos propriamente ditos, serão estuda-
das as forças que esses fluídos exercem sobre corpos neles imersos,
seja em imersão parcial, como no caso de objetos flutuantes, como
os totalmente submersos.

12
FÍSICA
1. Massa Específica; Densidade Uma das consequências do princípio de Stevin é:
Ao se afirmar que a massa específica da água é de 1000 kg/m³ “Em um líquido em equilíbrio, a pressões são iguais em todos
estamos informando que 1 m³ de água possui uma massa de 1000 os pontos da mesma horizontal”.
kg. Isto nos permite deduzir a definição de massa específica, que é a
relação entre a massa e o volume ocupado por essa massa: 4. Pressão atmosférica
No planeta Terra em qualquer parte de sua superfície os corpos
estão envoltos em um fluído gasoso, o ar. Como todo fluído ele cau-
sa uma pressão nos corpos nele imersos.

A pressão atmosférica deve ser expressa em Pa (N/m²). Mas


outras unidades podem ser encontradas:
– atmosfera (atm)
– milímetros de mercúrio (mmHg) ou centímetros de mercúrio
(cmHg)
– metros de coluna de água (mca).
A massa específica é definida para corpos homogêneos. Já para
os corpos não homogêneos essa relação é denominada densidade: Então, é possível relacionar as várias medidas comparando-se
os valores da pressão atmosférica ao nível do mar:
1 atm = 101325 Pa = 10,2 mca = 760 mmHg

5. Princípio de Pascal
O Princípio de Pascal afirma que: “Um acréscimo de pressão
exercido em qualquer ponto de um fluído é transmitido para todo o
fluído”. Com esse princípio é possível construir e dimensionar ma-
cacos hidráulicos, prensas hidráulicas, etc.

2. Pressão
A pressão é definida como a aplicação de uma força distribuída
sobre uma área:

Como a pressão é igual em todos os pontos do fluído e supon-


do a área do pistão da direita sendo 5 vezes maior que o da esquer-
A unidade de medida da pressão é newton por metro quadrado da tem-se:
(N/m²). A pressão pode também ser exercida entre dois sólidos. No
caso dos fluídos o newton por metro quadrado é também denomi-
nado pascal (Pa).

3. Princípio de Stevin
O princípio de Stevin nos permite calcular a pressão em um
líquido em repouso, estando com sua superfície livre em contato Dessa maneira uma força F_1 será, no exemplo, amplificada
com a atmosfera: (F_2 ) cinco vezes. Esse seria a versão hidráulica da alavanca mecâ-
nica concebida por Arquimedes.

13
FÍSICA
6. Princípio de Arquimedes “Dois corpos atraem-se por uma força que é diretamente
Deve-se também a Arquimedes a definição da força de Empuxo proporcional ao produto de suas massas e inversamente propor-
gerada por um corpo imerso em um fluído. “A força de empuxo de cional ao quadrado da distância que os separa.”
um corpo imerso em um fluído é igual ao peso do fluído deslocado”.
Por meio da proposição da Lei da Gravitação Universal, foi pos-
sível predizer o raio das órbitas planetárias, o período de asteroi-
des, eventos astronômicos como eclipses, determinação da massa
e raio de planetas e estrelas etc.

Fórmula da Gravitação Universal


A principal fórmula utilizada na gravitação universal estabelece
que o módulo da força gravitacional entre duas massas é propor-
cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância entre elas. A expressão utilizada para o cál-
culo da força gravitacional é esta:
Se o empuxo for maior que a força peso do corpo, a tendência
do corpo é de subir com aceleração. No caso de o peso ser menor
que o empuxo, a tendência é de o corpo descer com aceleração. No
caso do empuxo ser igual à força peso o corpo terá a tendência de
permanecer parado.
Nota: ao contrário do que se vê em muitos filmes e da crença Legenda:
geral, um submarino ao tentar emergir não solta subitamente toda
a água armazenada em seus tanques de lastro. Isso provocaria uma |F| – módulo da força de atração gravitacional (N – Newton)
subida acelerada difícil de ser controlada. A liberação do lastro de G – constante de gravitação universal (6,67408.10-11N.kg²/m²)
seus tanques é feita de forma controlada, de modo a manter a for- M – massa gravitacional ativa (kg – quilogramas)
ça de empuxo igual à força peso, e com isto conseguir uma subida m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
gradual, com velocidade constante. O controle é feito pela hélice de d² – distância entre as massas ao quadrado (m²)
propulsão em conjunto com as aletas controladoras de movimento
vertical. Chamamos de peso a força de atração gravitacional que uma
massa exerce sobre outra. Além disso, são denominadas de massa
Gravitação Universal gravitacional ativa e passiva a massa que produz um campo gravita-
A Lei da Gravitação Universal estabelece que, se dois corpos cional ao seu redor e a massa que é atraída por tal campo gravita-
possuem massa, eles sofrem a ação de uma força atrativa propor- cional, respectivamente.
cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional a
sua distância. A força peso, ou simplesmente o peso de um corpo sujeito a
uma gravidade de módulo g, é dada por:
Resumo sobre a Lei da Gravitação Universal
• Todos os corpos do universo atraem-se mutuamente com
uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado de sua distância; Legenda:
• A Lei da Gravitação Universal é definida em termos P – módulo da força peso (N – Newton)
da Constante de Gravitação Universal, cujo módulo é igual a m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
6,67408.10-11 N.kg²/m²; g – módulo da gravidade local (m/s² – metro por segundo ao
• A Lei da Gravitação Universal foi descoberta e desenvolvi- quadrado)
da pelo físico inglês Isaac Newton e foi capaz de prever os raios das
órbitas de diversos astros, bem como explicar teoricamente a lei Comparando as duas equações acima, podemos perceber que
empírica descoberta por Johannes Kepler que relaciona o período a gravidade de um corpo pode ser calculada pela fórmula a seguir:
orbital ao raio da órbita de dois corpos que se atraem gravitacio-
nalmente.

Introdução à Gravitação Universal


A Lei da Gravitação Universal é uma lei física que foi descoberta
pelo físico inglês Isaac Newton. Ela é utilizada para calcular o módu-
lo da atração gravitacional existente entre dois corpos dotados de
massa. A força gravitacional é sempre atrativa e age na direção de
uma linha imaginária que liga dois corpos. Além disso, em respeito A fórmula acima mostra que a gravidade de um planeta, es-
à Terceira Lei de Newton, conhecida como Lei da Ação e Reação, a trela ou qualquer que seja o corpo depende de sua massa (M), da
força de atração é igual para os dois corpos interagentes, indepen- constante de gravitação universal (G) e do inverso do quadrado da
dente de suas massas. De acordo com Isaac Newton: distância em que nos encontramos até o centro desse corpo (d),
que, no caso de corpos esféricos, é o seu próprio raio.
A Terra, por exemplo, possui massa de 5,972.1024 kg e raio mé-
dio de 6371 km (6,371.106 m), logo, podemos calcular o valor médio
da gravidade na sua superfície:

14
FÍSICA

Gravitação Universal e a Terceira Lei de Kepler


Um dos indicadores de sucesso da Lei da Gravitação Universal foi a sua capacidade de reproduzir a famosa relação matemática desco-
berta empiricamente por Johannes Kepler, conhecida como Lei Harmônica:

Para tanto, basta recordar que a força de atração gravitacional aponta sempre na direção que liga os dois corpos, tratando-se, portan-
to, de um tipo de força central, assim como a força centrípeta, que atua nos corpos em movimento circular. Assim:

Legenda:
v – velocidade de translação do corpo (m/s – metros por segundo)
ω – velocidade angular (rad/s – radianos por segundo)
T – período de translação (s – segundos)

A fórmula indica que a razão do quadrado do período de translação de um corpo em torno de sua massa gravitacional ativa (por
exemplo, a translação da Terra em torno do Sol) pelo cubo do raio médio da órbita (distância média entre a Terra e Sol, por exemplo) tem
módulo constante, que depende da constante de gravitação universal (G) e da massa gravitacional ativa M (a massa do Sol, por exemplo).

Constante de gravitação universal


A constante de gravitação universal é uma constante de proporcionalidade de módulo igual a 6,67408.10-11N.kg²/m², presente na Lei da
Gravitação Universal e usada para igualar a razão do produto da massa de dois corpos pelo quadrado de sua distância com o módulo da
força de atração entre eles. A constante de gravitação universal é dada, em unidades do Sistema Internacional de Unidades, em N.m²/kg².
A constante da gravitação universal foi determinada entre 1797 e 1798 pelo experimento da balança de torção, realizado pelo físico
e químico britânico Henry Cavendish. O experimento tinha como objetivo inicial a determinação da densidade da Terra, mas na época
também pôde determinar a constante da gravitação universal com menos de 1% de erro em relação ao valor conhecido atualmente.
Veja um exemplo:
A lua é um satélite natural que orbita o planeta Terra pela ação da grande força gravitacional exercida pela gravidade terrestre. Sendo
a massa da Terra igual a 5,972.1024 kg, a massa da lua 7,36.1022 kg e a distância média entre a Terra e a Lua igual a 384.400 km (3,84.108
m), determine:
Dados: G = 6,67408.10-11 N.m²/kg²
a) a força gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua
b) a força gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra
c) o módulo da aceleração adquirida pela Lua e pela Terra

15
FÍSICA
Resolução 1ª Lei de Kepler - Lei das Órbitas
a) Para calcular a atração gravitacional que a Terra exerce sobre Os planetas descrevem órbitas elipticas em torno do Sol, que
a Lua, usaremos a Lei da Gravitação Universal: ocupa um dos focos da elipse.

b) De acordo com a Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e


Reação, se a Terra exerce uma força de ação sobre a Lua, esta deve
exercer uma força atrativa sobre a Terra de mesmo módulo e dire-
ção, porém, no sentido oposto, logo, a força que a Lua faz sobre a
Terra também é de 20.1019 N.
c) Se nos lembrarmos da Segunda Lei de Newton, que nos diz
que o módulo da força resultante sobre um corpo é igual ao produ-
to de sua massa pela sua aceleração, podemos calcular a aceleração
adquirida pela Lua e pela Terra facilmente. Observe:

2ª Lei de Kepler - Lei das Áreas


O segmento que une o sol a um planeta descreve áreas iguais
em intervalos de tempo iguais.

Os valores de aceleração calculados acima mostram que, ape-


sar de as forças de atração serem iguais para a Terra e para a Lua, a
aceleração adquirida por cada uma é diferente. Além disso, fazendo
a razão entre os dois valores, vemos que a aceleração que a Lua
sofre é cerca de 81 vezes maior que a sofrida pela Terra.

Quando o ser humano iniciou a agricultura, ele necessitou de


uma referência para identificar as épocas de plantio e colheita.
Ao observar o céu, os nossos ancestrais perceberam que alguns
astros descrevem um movimento regular, o que propiciou a eles
obter uma noção de tempo e de épocas do ano.
Primeiramente, foi concluído que o Sol e os demais planetas
observados giravam em torno da Terra. Mas este modelo, chamado
de Modelo Geocêntrico, apresentava diversas falhas, que incentiva-
ram o estudo deste sistema por milhares de anos.
Por volta do século XVI, Nicolau Copérnico (1473-1543) apre- 3ª Lei de Kepler - Lei dos Períodos
sentou um modelo Heliocêntrico, em que o Sol estava no centro do O quociente dos quadrados dos períodos e o cubo de suas dis-
universo, e os planetas descreviam órbitas circulares ao seu redor. tâncias médias do sol é igual a uma constante k, igual a todos os
No século XVII, Johanes Kepler (1571-1630) enunciou as leis planetas.
que regem o movimento planetário, utilizando anotações do astrô-
nomo Tycho Brahe (1546-1601).
Kepler formulou três leis que ficaram conhecidas como Leis de
Kepler.

Tendo em vista que o movimento de translação de um planeta


é equivalente ao tempo que este demora para percorrer uma volta
em torno do Sol, é fácil concluirmos que, quanto mais longe o pla-
neta estiver do Sol, mais longo será seu período de translação e, em
consequência disso, maior será o “seu ano”.

16
FÍSICA
A terceira lei de Kepler e a velocidade orbital
Em uma de suas leis propostas, Johannes Kepler afirma que
as órbitas descritas pelos planetas são elípticas. Sempre em nossos
estudos consideramos que essas órbitas são circulares, portanto, se
considerarmos que realmente as órbitas dos planetas são circula-
res, a Segunda Lei de Kepler nos diz que a velocidade do planeta é
constante. Isso se dá pelo fato de a velocidade ser proporcional às
áreas varridas pelo raio vetor, sendo que, na circunferência, essas
áreas são iguais em intervalos de tempos iguais.
Sendo assim, esta afirmação nos permite estudar o movimento
dos planetas ao redor do Sol e nos permite também estudar o mo-
vimento dos satélites ao redor dos planetas de maneira bastante Se considerarmos que o corpo começa a vibrar partindo da li-
aproximada. Para isso, basta fazermos uso de expressões matemáti- nha mais escura, cada vez que a corda passar por esta linha, após
cas do movimento circular uniforme e deduzir uma nova expressão percorrer todas as outras linhas consideradas, dizemos que ela
matemática para a terceira Lei de Kepler, obtendo: completou um ciclo, uma oscilação ou uma vibração.
Da mesma forma que para o movimento periódico, o intervalo
decorrido para que se complete um ciclo é chamado período do
movimento (T) e o número de ciclos completos em uma unidade de
tempo é a frequência de oscilação.
Em que, na equação acima, T é o período de revolução do pla- Se você já esteve em um prédio alto, deve ter percebido que
neta ou o período de revolução do satélite, M é a massa do Sol e em dias de muito vento a sua estrutura balança. Não é só impres-
R é o raio da órbita. É interessante ressaltar que a equação acima são! Algumas construções de grandes estruturas como edifícios e
também nos permite determinar o valor da constante k da Terceira pontes costumam balançar em decorrência do vento. Estas vibra-
Lei de Kepler (T2=k.R3): ções, porém, acontecem com período de oscilação superior a 1
segundo, o que não causa preocupação. Uma construção só pode-
ria ser prejudicada caso tivesse uma vibração natural com período
igual à vibração do vento no local.

Da mesma maneira, também é possível determinar a veloci- Movimento harmônico simples


dade com que o planeta descreve sua órbita, isto é, temos a pos- Chamamos um movimento de harmônico quando este pode
sibilidade de determinar o valor da velocidade orbital de qualquer ser descrito por funções horárias harmônicas (seno ou cosseno),
planeta ou satélite. que são assim chamadas devido à sua representação gráfica:
Para isso, basta comparar a equação que define a lei da gravi-
tação universal com a equação da força centrípeta exercida sobre o Função Seno
planeta, ou satélite, em movimento circular uniforme. Sendo assim,
teremos:

A equação acima nos fornece o módulo da velocidade orbital


de um planeta ao redor do Sol. Perceba que a massa do planeta em
órbita não influencia na velocidade orbital, ou seja, a velocidade
orbital depende apenas do raio e da massa do Sol.

Movimento Oscilatório
Um movimento oscilatório acontece quando o sentido do mo-
vimento se alterna periodicamente, porém a trajetória é a mesma
para ambos os sentidos. É o caso dos pêndulos e das cordas de gui-
tarras e violões, por exemplo.
A figura abaixo representa uma corda em vibração, observe que
mesmo se deslocando para baixo e para cima do ponto de origem
ela sempre mantêm distâncias iguais de afastamento deste ponto.

17
FÍSICA
Função Cosseno Usando o que já conhecemos sobre MCU e projetando o des-
locamento angular no eixo x podemos deduzir a função horária do
deslocamento no Movimento Harmônico Simples:

Usando a relação trigonométrica do cosseno do ângulo para


obter o valor de x:

Quando isto acontece, o movimento é chamado Movimento


Harmônico Simples (MHS).
Para que o estudo desse movimento seja simplificado, é possí-
vel analisá-lo como uma projeção de um movimento circular unifor- Esta é a posição exata em que se encontra a partícula na figura
me sobre um eixo. Assim: mostrada, se considerarmos que, no MCU, este ângulo varia com o
tempo, podemos escrever φ em função do tempo, usando a função
Função horária da elongação horária do deslocamento angular:
Imagine uma partícula se deslocando sobre um circunferência
de raio A que chamaremos amplitude de oscilação.

Então, podemos substituir esta função na equação do MCU


projetado no eixo x e teremos a função horária da elongação, que
calcula a posição da partícula que descreve um MHS em um deter-
minado instante t.

Força no movimento harmônico simples


Assim como visto anteriormente, o valor da aceleração para
uma partícula em MHS é dada por:
Colocando o eixo x no centro do círculo que descreve o Movi-
mento Curvilíneo Uniforme e comparando o deslocamento no Mo-
vimento Harmônico Simples:
Então, pela 2ª Lei de Newton, sabemos que a força resultante
sobre o sistema é dada pelo produto de sua massa e aceleração,
logo:

18
FÍSICA
Como a massa e a pulsação são valores constantes para um de- (1) Um sistema é formado por uma mola pendurada vertical-
terminado MHS, podemos substituir o produto mω² pela constante mente a um suporte em uma extremidade e a um bloco de massa
k, denominada constante de força do MHS. 10kg. Ao ser posto em movimento o sistema repete seus movimen-
Obtendo: tos após cada 6 segundos. Qual a constante da mola e a freqüencia
de oscilação?
Para um sistema formado por uma massa e uma mola, a cons-
tante k é equivalente à constante elástica da mola, assim:
Com isso concluímos que o valor algébrico da força resultante
que atua sobre uma partícula que descreve um MHS é proporcional
à elongação, embora tenham sinais opostos.
Esta é a característica fundamental que determina se um corpo
realiza um movimento harmônico simples.
Chama-se a força que atua sobre um corpo que descreve MHS
de força restauradora, pois ela atua de modo a garantir o prossegui-
mento das oscilações, restaurando o movimento anterior.
Sempre que a partícula passa pela posição central, a força tem
o efeito de retardá-la para depois poder trazê-la de volta.

Ponto de equilíbrio do MHS


No ponto médio da trajetória, a elongação é numericamente
igual a zero (x=0), conseqüentemente a força resultante que atua
neste momento também é nula (F=0).
Este ponto onde a força é anulada é denominado ponto de
equilíbrio do movimento. Lei de Hooke
A lei de Hooke consiste basicamente na consideração de que
Período do MHS uma mola possui uma constante elástica k. Esta constante é obede-
Grande parte das utilidades práticas do MHS está relacionado cida até um certo limite, onde a deformação da mola em questão se
ao conhecimento de seu período (T), já que experimentalmente é torna permanente. Dentro do limite onde a lei de Hooke é válida, a
fácil de medi-lo e partindo dele é possível determinar outras gran- mola pode ser comprimida ou elongada, retornando a uma mesma
dezas. posição de equilíbrio.
Como definimos anteriormente: Analiticamente, a lei de Hooke é dada pela equação:
k=mω² F = -k.x

A partir daí podemos obter uma equação para a pulsação do Neste caso, temos uma constante de proporcionalidade k e a
MHS: variável independente x. A partir da equação pode se concluir que a
força é negativa, ou seja, oposta a força aplicada. Segue que, quanto
maior a elongação, maior é a intensidade desta força, oposta a força
aplicada.
Veja o gráfico da lei de Hooke:

Mas, sabemos que:

Então, podemos chegar a expressão:

Como sabemos, a frequência é igual ao inverso do período, Note que as linhas em vermelho são as linhas que representam
logo: a força aplicada. Para a elongação da mola, ela é positiva, enquanto
que para a compressão da mola, ao longo do sentido negativo do
eixo x, esta força assume valores negativos. Já a força de reação
oferecida pela mola assume valores negativos para a elongação e
valores positivos para a compressão. Isso é muito fácil de observar
Exemplo: cotidianamente.

19
FÍSICA
É só colocar uma mola presa a um suporte, de modo que possa ser elongada ou comprimida na horizontal, conforme a figura 02.

Note que quando é aplicada uma força no sentido positivo do eixo x, a mola reagirá aplicando uma força de igual intensidade, porém
sentido contrário. No caso da compressão, a força aplicada é negativa, e a força de reação acaba por ser positiva, sempre contrária à força
aplicada.

Centro de Massa
Por Francisco José Correia de Alencar

Veja a figura a cima. Enquanto o cilindro, lançado para cima, gira, há um ponto seu que não gira, mas descreve uma trajetória para-
bólica. É o centro de massado cilindro.

Na figura anterior, o projétil descreve uma trajetória parabólica até explodir. Depois da explosão, cada fragmento tem trajetória dife-
rente, mas o centro de massa do projétil de antes da explosão mantém a trajetória parabólica.
O movimento de um corpo rígido, ou de um sistema de corpos rígidos, pode ser representado pelo movimento do centro de massa
desse corpo ou sistema. Pra isso, admite-se que toda a massa do corpo, ou do sistema, esteja concentrada no centro de massa e que nele
estejam aplicadas todas as forças externas.

Centro de massa
Considere um sistema de pontos materiais P1, P2,..., Pn e de massas m1, m2,..., mn, respectivamente. Vamos supor, por exemplo, que
estes pontos pertençam a um plano α. Admitamos, ainda, conhecidas as coordenadas de P1, P2,..., Pn em relação a um sistema cartesiano
ortogonal pertencente ao plano α (Figura): P1(x1, y1), P2 (x2, y2),..., Pn (xn, yn).

20
FÍSICA

O ponto C de coordenadas (xCM, yCM) obtidas através das médias ponderadas:

Recebe o nome de centro de massa do sistema de pontos materiais.

Propriedades do centro de massa


Se o sistema de pontos materiais admite um eixo (ou um centro de simetria), de modo que as massas dos pontos simétricos sejam
iguais, então o centro de massa pertence ao eixo (ou ao centro) de simetria.

Considere uma chapa homogênea, como por exemplo, a chapa homogênea em forma de T da Figura. Seu centro de massa C coincide
com o centro de massa dos pontos C’ e C” que são os centros de massa das chapas retangulares indicadas na figura. Pode-se generalizar a
propriedade anterior, subdividindo-se o sistema em mais de dois conjuntos parciais.

Estática dos Sólidos


Nem sempre é possível considerar um corpo como uma partícula pontual, em geral, quando estamos interessados não só no desloca-
mento de um objeto, mas também em sua rotação, a seguinte definição é importante:

21
FÍSICA
Corpo rígido ou sólido
O modelo adotado para objetos extensos considera que o ta-
manho e a forma destes praticamente não se alteram quando sub-
metidos a forças externas, apesar das ligações moleculares reais
não serem perfeitamente rígidas. Pontes, aviões e muitos outros
objetos podem ser considerados bons exemplos de corpos rígidos,
estes se deformam pouco, e, sobre a ação de forças muito intensas,
se quebram.
Os dois possíveis tipos de movimento de um corpo rígido po-
dem ser definidos como:

Translação
É o movimento onde se modifica a posição de um objeto, ou
seja, todos os pontos do corpo são movidos de uma distância fixa
em uma mesma direção.

Rotação
No movimento de rotação todos os pontos do corpo se movem Nos vasos comunicantes, a pressão para pontos de mesma
em arcos de circunferências, cujos centros estão no mesmo eixo, altura é a mesma
chamado de eixo de rotação.
Vasos comunicantes são recipientes geralmente em formato de
Lei de Stevin U que são utilizados para analisar as relações entre as densidades
Simon Stevin, físico e matemático belga, pesquisou o compor- de líquidos imiscíveis e executar estudos sobre a pressão exercida
tamento hidrostático da pressão e formulou o Princípio Fundamen- por líquidos.
tal da Hidrostática.
Lei de Stevin
Simon concluiu, através de experimentos, que a pressão rea- A lei de Stevin propõe que a pressão exercida por um líquido
lizada por um fluído (gases ou líquidos) depende da sua altura, ou depende apenas da densidade do líquido, da aceleração da gra-
seja, depois de encontrar seu equilíbrio, a altura dos líquidos será vidade e da altura da coluna de líquido existente acima do ponto
igual. analisado.

Essa lei é válida, na verdade, para líquidos em repouso.


Um exemplo clássico e cotidiano é apresentado em diversos
livros e também nas aulas de física. São os vasos comunicantes (a
ligação de dois ou mais recipientes por um conduto).

As caixas de distribuição de água das cidades são construídas


com base nos vasos comunicantes. É comum observar que os re-
servatórios de distribuição de água sempre estão localizados nos
pontos mais altos da cidade. Isso acontece porque os princípios dos
vasos comunicantes afirmam que:
• A altura das colunas líquidas será sempre igual.
• Os pontos localizados em uma mesma profundidade pos-
suem pressão também igual.

Obs.: Essas condições são aceitas quando analisado um único


líquido.
A lei de Stevin pode ser usada para determinar a pressão exer-
Um outro exemplo comum é o uso de mangueira transparen- cida pela água sobre o ponto P na figura acima.
te com água em seu interior, utilizada por pedreiros na construção
civil.

Essa engenhoca usa os princípios da hidrostática, especifica-


mente os vasos comunicantes, e serve para nivelar ou identificar se • P = Pressão no ponto P (pa);
a obra está num mesmo plano horizontal. • PATM = Pressão atmosférica (pa);
Vasos comunicantes • d = Densidade do líquido (kg/m3);
Vasos comunicantes são recipientes geralmente em formato de • g = Gravidade (m/s2);
U que são utilizados para estudos relativos à densidade e pressão • H = Altura da coluna de líquido acima do ponto analisado.
exercidas por líquidos.

22
FÍSICA
Por intermédio da lei de Stevin, pode-se observar que a pres-
são exercida por um líquido não depende do formato ou do volume
do recipiente no qual ele se encontra e que pontos de mesma altura
possuem mesma pressão. A imagem a seguir mostra um sistema de
vasos comunicantes formados por recipientes de formas e volumes
diferentes.

Conclui-se que o produto das densidades pela altura da coluna


de líquido deve ser igual para cada um dos fluidos dentro do reci-
piente. A igualdade será mantida se o líquido de menor densidade
possuir a maior altura e vice-versa.

Prensa hidráulica
Não é comum, mas sempre que paramos em um posto de com-
bustível, nos deparamos com elevadores enormes, como o da fi-
gura acima. Esse tipo de equipamento recebe o nome de elevador
hidráulico ou prensa hidráulica. Seu funcionamento se baseia no
Princípio de Pascal e ajuda a levantar grandes massas.
As prensas hidráulicas constituem-se de um tubo preenchido
por um líquido confinado entre dois êmbolos de áreas diferentes.
Quando aplicamos uma força no êmbolo de área A1, surge uma
pressão na região do líquido em contato com esse êmbolo. Como
o incremento de pressão é transmitido integralmente a qualquer
ponto do líquido, podemos dizer que ele também atua no êmbolo
Repare que a altura da coluna de líquido e o tipo de líquido são de A2 com uma força de intensidade proporcional à área do êm-
exatamente iguais para os três recipientes. Sendo assim, pode-se bolo 2. Vejamos a figura abaixo:
concluir, por meio da lei de Stevin, que as pressões exercidas nos
pontos 1, 2 e 3 são exatamente iguais (P1 = P2 = P3).

Mistura de líquidos
Quando dois líquidos imiscíveis são colocados em um recipien-
te em formato de U, pode-se aplicar a lei de Stevin para estabelecer
uma relação entre as densidades e as alturas das colunas de líquido.
Na imagem a seguir, dois líquidos com densidades D1 e D2 foram
colocados em um recipiente. As alturas das colunas de líquido são
proporcionais às densidades dos fluidos.

Na figura podemos identificar:


F1 – força aplicada no êmbolo 1;
F2 – força que surge no êmbolo 2;
A1 – área da seção transversal do cilindro 1;
A2 – área da seção transversal do cilindro 2.

O acréscimo de pressão (Δp) é dado a partir do Princípio de


Pascal. Portanto, temos:
∆p1= ∆p2
Aplicando a lei de Stevin e sabendo que pontos de mesma altu- Onde:
ra possuem mesma pressão, teremos:

23
FÍSICA
Assim que um objeto qualquer é mergulhado em um fluido, ele
começa a deslocá-lo. O empuxo corresponde ao peso do volume de
líquido deslocado pelo objeto, sendo assim, podemos definir mate-
maticamente o empuxo da seguinte forma:
De acordo com essa relação, vemos que força e área são gran- E = PDES
dezas diretamente proporcionais. Dessa forma, dizemos que o êm- E = mDES . g
bolo menor recebe uma força de menor intensidade, enquanto que
o êmbolo de maior área recebe maior força. Sabendo que a densidade é fruto da razão entre a massa e vo-
Em decorrência da equação enunciada acima (Princípio de Pas- lume de uma substância, podemos escrever que:
cal), inúmeros equipamentos foram construídos de forma a facili- d = m/V → m = d.V
tar o trabalho humano. Podemos encontrar a prensa hidráulica em
freios hidráulicos, na direção de um automóvel, em aviões, máqui- Reescrevendo a equação do empuxo, temos:
nas pesadas, etc. E = dL. VDES. g
Para o deslocamento do êmbolo podemos dizer que o decrés-
cimo de volume no êmbolo 1 é igual ao acréscimo do volume no Para essa equação, temos que:
êmbolo 2. Então, temos: dL= densidade do líquido;
∆V1= ∆V2 VDES= volume de líquido deslocado;
g = aceleração da gravidade.
Sabendo que a variação do volume é dada em função da área e
do deslocamento do êmbolo, temos: OBS.: O volume de líquido deslocado corresponde exatamente
∆V = A.d ao volume imerso do objeto no líquido.

Como a variação do volume é igual, temos: Como surge o Empuxo?


A1.d1= A2.A2 O empuxo surge por causa da diferença de pressão existente
entre a parte inferior e superior de um objeto mergulhado em um
fluido. A pressão na parte inferior, em virtude da maior profundi-
Corpos flutuantes. dade, é maior que a pressão na parte superior, o que resulta no
Os corpos ocos ou feitos de materiais menos densos que os surgimento de uma força vertical para cima, o empuxo.
líquidos, ficam numa situação chamada de flutuação. Nessa con-
dição o Peso e o Empuxo são iguais, pois o corpo fica apenas par- Quem explicou o empuxo?
cialmente imerso no líquido. Dessa forma o volume de líquido des- Essa força foi explicada por Arquimedes, matemático e en-
locado é menor que o volume do corpo. O estudo das condições genheiro grego que foi incumbido por um rei de mostrar se a sua
de flutuação é fundamental para a construção de embarcações de coroa era de ouro maciço ou se havia impurezas misturadas a ela.
qualquer espécie. Mesmo usando de materiais mais densos que a Enquanto tomava banho em uma banheira, ele reparou que a água
água, os cascos contém em seu interior um considerável volume saía da banheira quando ele entrava e que seu corpo estava sujeito
de ar, situado abaixo da linha de flutuação, o que faz a densidade a uma espécie de força. A partir daí, ele pôde desenvolver a sua
relativa ser menor, permitindo ao mesmo transportar cargas úteis, ideia sobre o empuxo e enunciar que:
tanto de mercadorias quanto de passageiros.
“Todo corpo mergulhado em um fluido sofre ação de uma
força vertical e para cima que corresponde ao volume de líquido
deslocado pelo corpo.”

Casos de flutuação
1) Corpo afunda:
Se um objeto mergulhado em um fluido afunda, podemos afir-
mar que a sua densidade é maior que a do líquido e que o seu peso
é superior ao empuxo.

2) Corpo em equilíbrio
Se as densidades do corpo e do fluido forem iguais, o corpo
permanecerá em equilíbrio no líquido e podemos afirmar que o
empuxo é igual ao peso do corpo.

3) Corpo boiando:
Empuxo Um objeto boia na superfície de um líquido sempre que sua
O que é empuxo? Trata-se da força que surge em todo objeto densidade é menor que a densidade do líquido. Nesse caso, o em-
mergulhado em um fluido. Ele corresponde ao peso do volume de puxo que atua sobre o corpo é maior que seu peso.
líquido deslocado pelo corpo.
Empuxo é o nome dado à força exercida por um fluidosobre um
objeto mergulhado total ou parcialmente nele. Também conhecido
como Princípio de Arquimedes, o empuxo sempre apresenta dire-
ção vertical e sentido para cima.

24
FÍSICA
Exemplo de aplicação
Os submarinos utilizados pelas Forças Armadas são um exemplo clássico de aplicação do empuxo. Enquanto o submarino mantém-se
flutuando na superfície da água, podemos afirmar que o empuxo é igual ao peso e a embarcação mantém-se em equilíbrio. Para submergir,
o submarino enche alguns reservatórios com água, assim, seu peso torna-se superior ao empuxo e ele afunda.

Linha de corrente
É uma linha contínua traçada no líquido, o lugar geométrico dos pontos, que, num mesmo instante t considerado, mantém-se tan-
gente em todos os pontos à velocidade V. Pode também ser definido como a família de curvas que, para cada instante de tempo, são as
envolventes do campo de velocidades num fluido.
A linha de corrente é correspondente diretamente à trajetória da partícula no fluido.
Em particular, a linha de corrente que se encontra em contato com o ar, num canal, duto ou tubulação se denomina linha d’água.
O conjunto de todas as linhas de corrente que passam por uma pequena curva fechada é definido como um tubo de corrente.

Vazão
Vazão ou caudal (ou ainda, «débito») é o volume e/ou massa de determinado fluido que passa por uma determinada seçãode um
conduto livre ou forçado, por unidade de tempo. Ou seja, vazão é a rapidez com a qual um volume e/ou massa escoa. Vazão corresponde à
taxa de escoamento, ou seja, quantidade de material transportado através de conduto livre ou forçado, por unidade de tempo.Ainda outra
definição é a de um fluxo volumétrico.
Um conduto livre pode ser um canal, um rio ou uma tubulação. Um conduto forçado pode ser uma tubulação com pressão positiva
ou negativa. Assim, pode-se escrever a vazão.
Com a área a em m² e a velocidade de escoamento v em m/s, vazão é dada em m³/s.
Equação da Continuidade
Antes de entender o que é a Equação da Continuidade, é necessário entender o conceito de fluxo.O termo pode ser aplicado nos mais
variados contextos. A abordagem feita aqui é aquela adotada do ponto de vista da Hidrodinâmica (Dinâmica dos Fluidos).
Se você pudesse ver cada partícula de ar atravessando a espira, poderia observar linhas que representariam as trajetórias das partícu-
las de ar. Em cada ponto, a tangente a cada linha daria a velocidade das gotas de água naquele ponto. Veja a sequência das figuras abaixo:

Pelas figuras, pode-se compreender Fluxo como sendo um campo vetorial através de uma superfície, isto é, a “quantidade” de algo
que, efetivamente, atravessa aquela superfície. Matematicamente, pode ser expresso da seguinte forma:
A letra Φ representa o Fluxo, é o vetor velocidade e A é o vetor área.

Um fato bastante corriqueiro mostra que é possível aumentar a velocidade da água que sai de uma mangueira de jardim fechando
parcialmente o bico da mangueira com o dedo. Esta alteração na velocidade está diretamente relacionada ao fato de alterarmos a secção
da área de saída de água da mangueira.
Observando a figura ao lado, é fato simples de compreender (principalmente quando consideramos o fluido incompressível) que a
quantidade de água que entra na mangueira com velocidade 1 deve ser a mesma que sai com velocidade 2, já que não há, no trans-
curso, nenhuma fonte nem sumidouro de fluido. Em outras palavras, o fluxo de líquido deve ser constante.
Sendo assim, pode-se escrever matematicamente:

25
FÍSICA
Efetivamente, como o fluxo é constante: Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode-se
Δt1 = Δt2 dizer que está se aumentando o estado de agitação de suas molé-
Logo, a equação fica reduzida à: culas.
A1 . v1 = A2 . v2 Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladeira ou ao
Esta relação entre a velocidade do fluido e a área de secção por retirar um bolo de um forno, percebemos que após algum tempo,
onde o fluido passa é chamada Equação da Continuidade. ambas tendem a chegar à temperatura do ambiente. Ou seja, a
De uma outra forma, a equação anterior pode ser escrita como: água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quando dois corpos ou sistemas
A . v = constante atingem o mesma temperatura, dizemos que estes corpos ou siste-
mas estão em equilíbrio térmico.
O produto anterior é chamado de Vazão (volume de fluido que
passa por uma secção na unidade de tempo). No Sistema Interna- • Escalas Termométricas
cional de Unidades, é medido em m³/s (metro cúbico por segundo). Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
Para entender um pouco mais sobre as consequências desta desenvolvido um aparelho chamado termômetro.
equação, confira o vídeo:
O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste em
Mas tem outra coisa: é comum alguns acreditarem que a água um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é ligado a
que sai da mangueira com maior velocidade em virtude da redução um tubo muito fino, chamado tubo capilar.
da área tem sua pressão aumentada. No entanto acontece exata- Quando a temperatura do termômetro aumenta, as molécu-
mente ao contrário. A pressão, nesta condição é menor. Mas isto é las de mercúrio aumentam sua agitação fazendo com que este se
outra história. É necessário analisarmos do ponto de vista da Equa- dilate, preenchendo o tubo capilar. Para cada altura atingida pelo
ção de Bernoulli. mercúrio está associada uma temperatura.
A escala de cada termômetro corresponde a este valor de al-
tura atingida.
TERMOLOGIA E TERMODINÂMICA
Escala Celsius
Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, oficiali-
encarregada de estudar o calor e seus efeitos sobre a matéria. A zada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-
termologia está intimamente ligada à energia térmica, estudando a 1744). Esta escala tem como pontos de referência a temperatura de
transmissão dessa energia e os efeitos produzidos por ela quando é congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e a temperatura
fornecida ou retirada de um corpo. de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).
Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação das
moléculas. Quanto mais quente estiver uma matéria, mais agitadas Escala Fahrenheit
estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator que mede Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países de
a agitação dessas moléculas, determinando se uma matéria está língua inglesa, criada em 1708 pelo físico alemão Daniel Gabriel
quente, fria, etc. Fahrenheit (1686-1736), tendo como referência a temperatura de
Calor é a energia que flui de um corpo com maior temperatura uma mistura de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a temperatura do
para outro de menor temperatura. Como sabemos, a unidade de corpo humano (100 °F).
representação de qualquer forma de energia é o joule (J), porém, Em comparação com a escala Celsius:
para designar o calor, é adotada uma unidade prática denominada 0 °C = 32 °F
caloria, em que 1 cal = 4,186 J. 100 °C = 212 °F
Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de dois ou
mais corpos são iguais. Assim, quando um corpo está em equilíbrio Escala Kelvin
térmico em relação a outro, cessam os fluxos de troca de calor en- Também conhecida como escala absoluta, foi verificada pelo
tre eles. Ex.: Quando uma xícara de café é deixada por certo tempo físico inglês William Thompson (1824-1907), também conhecido
sobre uma mesa, ela esfriará até entrar em equilíbrio térmico com como Lorde Kelvin.
o ambiente em que está. Esta escala tem como referência a temperatura do menor es-
tado de agitação de qualquer molécula (0 K) e é calculada a partir
TERMOMETRIA da escala Celsius.
Chamamos de Termologia a parte da física que estuda os fenô- Por convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0
menos relativos ao calor, aquecimento, resfriamento, mudanças de K, lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com a
estado físico, mudanças de temperatura, etc. escala Celsius:
Termometria é a parte da termologia voltada para o estudo da -273 °C = 0 K
temperatura, dos termômetros e das escalas termométricas. 0 °C = 273 K
100 °C = 373 K
• Temperatura
Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de • Conversões entre escalas
um corpo ou sistema. Para que seja possível expressar temperaturas dadas em uma
Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco dife- certa escala para outra qualquer deve-se estabelecer uma conven-
rente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos de- ção geométrica de semelhança.
finir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se Por exemplo, convertendo uma temperatura qualquer dada em
muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo escala Fahrenheit para escala Celsius:
frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.

26
FÍSICA
E para escala Kelvin:

Pelo princípio de semelhança geométrica:

Algumas temperaturas:

Exemplo:
Qual a temperatura correspondente em escala Celsius para a
temperatura 100 °F?

CALORIMETRIA

Calor
Quando colocamos dois corpos com temperaturas diferentes
em contato, podemos observar que a temperatura do corpo “mais
quente” diminui, e a do corpo “mais frio” aumenta, até o momento
em que ambos os corpos apresentem temperatura igual.
Esta reação é causada pela passagem de energia térmica do
corpo “mais quente” para o corpo “mais frio”, a transferência de
energia é o que chamamos calor.
Calor é a transferência de energia térmica entre corpos com
Da mesma forma, pode-se estabelecer uma conversão Celsius- temperaturas diferentes.
-Fahrenheit: A unidade mais utilizada para o calor é caloria (cal), embora sua
unidade no SI seja o joule (J). Uma caloria equivale a quantidade
de calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de
água pura, sob pressão normal, de 14,5 °C para 15,5 °C.
A relação entre a caloria e o joule é dada por:
1 cal = 4,186J

Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades


usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o seu
múltiplo, a quilocaloria.
1 kcal = 10³cal

27
FÍSICA
Calor sensível Calor latente
É denominado calor sensível, a quantidade de calor que tem Nem toda a troca de calor existente na natureza se detém a
como efeito apenas a alteração da temperatura de um corpo. modificar a temperatura dos corpos. Em alguns casos há mudança
Este fenômeno é regido pela lei física conhecida como Equação de estado físico destes corpos. Neste caso, chamamos a quantidade
Fundamental da Calorimetria, que diz que a quantidade de calor de calor calculada de calor latente.
sensível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da tem- A quantidade de calor latente (Q) é igual ao produto da massa
peratura e de uma constante de proporcionalidade dependente da do corpo (m) e de uma constante de proporcionalidade (L).
natureza de cada corpo denominada calor específico.
Assim:
Assim:

Onde: A constante de proporcionalidade é chamada calor latente de


Q = quantidade de calor sensível (cal ou J). mudança de fase e se refere a quantidade de calor que 1 g da subs-
c = calor específico da substância que constitui o corpo (cal/ tância calculada necessita para mudar de uma fase para outra.
g°C ou J/kg°C). Além de depender da natureza da substância, este valor numé-
m = massa do corpo (g ou kg). rico depende de cada mudança de estado físico.
Δθ = variação de temperatura (°C).
É interessante conhecer alguns valores de calores específicos: Por exemplo, para a água:

Calor latente de fusão 80cal/g


Substância c (cal/g°C) Calor latente de vaporização 540cal/g
Alumínio 0,219 Calor latente de solidificação -80cal/g
Água 1,000 Calor latente de condensação -540cal/g
Álcool 0,590
Quando:
Cobre 0,093 Q>0: o corpo funde ou vaporiza.
Chumbo 0,031 Q<0: o corpo solidifica ou condensa.
Estanho 0,055
Exemplo:
Ferro 0,119
Qual a quantidade de calor necessária para que um litro de
Gelo 0,550 água vaporize? Dado: densidade da água=1g/cm³ e calor latente de
Mercúrio 0,033 vaporização da água = 540 cal/g.
Ouro 0,031
Prata 0,056
Vapor d’água 0,480
Zinco 0,093

Quando:
Q>0: o corpo ganha calor.
Q<0: o corpo perde calor.
Exemplo:
Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer
uma barra de ferro de 2kg de 20°C para 200 °C? Dado: calor especí- Assim:
fico do ferro = 0,119cal/g°C.
2 kg = 2000 g

28
FÍSICA
Curva de aquecimento Capacidade térmica
Ao estudarmos os valores de calor latente, observamos que É a quantidade de calor que um corpo necessita receber ou
estes não dependem da variação de temperatura. Assim podemos ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
elaborar um gráfico de temperatura em função da quantidade de Então, pode-se expressar esta relação por:
calor absorvida. Chamamos este gráfico de Curva de Aquecimento:

Sua unidade usual é cal/°C.


A capacidade térmica de 1g de água é de 1cal/°C já que seu
calor específico é 1cal/g.°C.

Transmissão de Calor
Em certas situações, mesmo não havendo o contato físico en-
tre os corpos, é possível sentir que algo está mais quente. Como
Trocas de Calor quando chega-se perto do fogo de uma lareira. Assim, concluímos
Para que o estudo de trocas de calor seja realizado com maior que de alguma forma o calor emana desses corpos “mais quentes”
precisão, este é realizado dentro de um aparelho chamado calorí- podendo se propagar de diversas maneiras.
metro, que consiste em um recipiente fechado incapaz de trocar Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no
calor com o ambiente e com seu interior. sentido da maior para a menor temperatura.
Dentro de um calorímetro, os corpos colocados trocam calor Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguin-
até atingir o equilíbrio térmico. Como os corpos não trocam calor tes maneiras:
com o calorímetro e nem com o meio em que se encontram, toda a • condução;
energia térmica passa de um corpo ao outro. • convecção;
Como, ao absorver calor Q>0 e ao transmitir calor Q<0, a soma • irradiação.
de todas as energias térmicas é nula, ou seja:
ΣQ=0 Fluxo de Calor
(lê-se que somatório de todas as quantidades de calor é igual Para que um corpo seja aquecido, normalmente, usa-se uma
a zero) fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte capaz de
fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo.
Definimos fluxo de calor (Φ) que a fonte fornece de maneira
constante como o quociente entre a quantidade de calor (Q) e o
intervalo de tempo de exposição (Δt):
Sendo que as quantidades de calor podem ser tanto sensível
como latente.

Exemplo:
Qual a temperatura de equilíbrio entre uma bloco de alumínio Sendo a unidade adotada para fluxo de calor, no sistema inter-
de 200g à 20°C mergulhado em um litro de água à 80°C? Dados ca- nacional, o Watt (W), que corresponde a Joule por segundo, embo-
lor específico: água=1cal/g°C e alumínio = 0,219cal/g°C. ra também sejam muito usada a unidade caloria/segundo (cal/s)
e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocaloria/segundo
(kcal/s).

Exemplo:
Uma fonte de potência constante igual a 100W é utilizada para
aumentar a temperatura 100g de mercúrio 30°C. Sendo o calor es-
pecífico do mercúrio 0,033cal/g.°C e 1cal=4,186J, quanto tempo a
fonte demora para realizar este aquecimento?

Repare que, neste exemplo, consideramos a massa da água


como 1000g, pois temos 1 litro de água.

29
FÍSICA
Aplicando a equação do fluxo de calor: Estudo dos gases
Com exceção dos gases nobres, que são formados por áto-
mos isolados a maioria dos gases são compostos moleculares. Fi-
sicamente, os gases possuem grande capacidade de compressão e
expansão, não possuindo nem forma nem volume definidos, pois
ocupam o volume a forma do recipiente que os contém.
Há uma diferença entre gás e vapor: o vapor é capaz de exis-
tir em equilíbrio com a substância em estado líquido e até mesmo
sólido; o gás, por sua vez, é um estado fluido impossível de se li-
quefazer.

Gases
Gases são fluidos no estado gasoso. A característica que os dife-
re dos fluidos líquidos é que, quando colocados em um recipiente,
estes têm a capacidade de ocupá-lo totalmente. A maior parte dos
Condução Térmica elementos químicos não-metálicos conhecidos são encontrados no
É a situação em que o calor se propaga através de um «condu- seu estado gasoso, em temperatura ambiente.
tor». Ou seja, apesar de não estar em contato direto com a fonte de As moléculas do gás, ao se movimentarem, colidem com as ou-
calor um corpo pode ser modificar sua energia térmica se houver tras moléculas e com as paredes do recipiente onde se encontram,
condução de calor por outro corpo, ou por outra parte do mesmo exercendo uma pressão, chamada de pressão do gás.
corpo. Esta pressão tem relação com o volume do gás e à temperatura
Por exemplo, enquanto cozinha-se algo, se deixarmos uma co- absoluta.
lher encostada na panela, que está sobre o fogo, depois de um tem- Ao ter a temperatura aumentada, as moléculas do gás aumen-
po ela esquentará também. tam sua agitação, provocando mais colisões.
Este fenômeno acontece, pois, ao aquecermos a panela, suas Ao aumentar o volume do recipiente, as moléculas tem mais
moléculas começam a agitar-se mais, como a panela está em con- espaço para se deslocar, logo, as colisões diminuem, diminuindo a
tato com a colher, as moléculas em agitação maior provocam uma pressão.
agitação nas moléculas da colher, causando aumento de sua ener- Utilizando os princípios da mecânica Newtoniana é possível es-
gia térmica, logo, o aquecimento dela. tabelecer a seguinte relação:

Também é por este motivo que, apesar de apenas a parte infe-


rior da panela estar diretamente em contato com o fogo, sua parte
superior também esquenta.
Onde:
Convecção Térmica p=pressão
A convecção consiste no movimento dos fluidos, e é o princípio m=massa do gás
fundamental da compreensão do vento, por exemplo. v=velocidade média das moléculas
O ar que está nas planícies é aquecido pelo sol e pelo solo, as- V=volume do gás.
sim ficando mais leve e subindo. Então as massas de ar que estão
nas montanhas, e que está mais frio que o das planícies, toma o Gás perfeito ou ideal
lugar vago pelo ar aquecido, e a massa aquecida se desloca até os É considerado um gás perfeito quando são presentes as seguin-
lugares mais altos, onde resfriam. Estes movimentos causam, entre tes características:
outros fenômenos naturais, o vento. • o movimento das moléculas é regido pelos princípios da
Formalmente, convecção é o fenômeno no qual o calor se pro- mecânica Newtoniana;
paga por meio do movimento de massas fluidas de densidades di- • os choques entre as moléculas são perfeitamente elásti-
ferentes. cos, ou seja, a quantidade de movimento é conservada;
• não há atração e nem repulsão entre as moléculas;
Irradiação Térmica • o volume de cada molécula é desprezível quando compa-
É a propagação de energia térmica que não necessita de um rado com o volume total do gás.
meio material para acontecer, pois o calor se propaga através de Energia cinética de um gás
ondas eletromagnéticas. Devido às colisões entre si e com as paredes do recipiente, as
Imagine um forno microondas. Este aparelho aquece os ali- moléculas mudam a sua velocidade e direção, ocasionando uma va-
mentos sem haver contato com eles, e ao contrário do forno à gás, riação de energia cinética de cada uma delas. No entanto, a energia
não é necessário que ele aqueça o ar. Enquanto o alimento é aque- cinética média do gás permanece a mesma.
cido há uma emissão de microondas que fazem sua energia térmica Novamente utilizando-se conceitos da mecânica Newtoniana
aumentar, aumentando a temperatura. estabelece-se:
O corpo que emite a energia radiante é chamado emissor ou
radiador e o corpo que recebe, o receptor.

30
FÍSICA
Onde: Assim, quando um mesmo gás muda de temperatura ou volu-
n=número molar do gás (nº de mols) me, é válida a relação:
R=constante universal dos gases perfeitos (R=8,31J/mol.K)
T=temperatura absoluta (em Kelvin)

O número de mols do gás é calculado utilizando-se sua massa


molar, encontrado em tabelas periódicas e através da constante de
Avogadro. Exemplo:
Um gás de volume 0,5m³ à temperatura de 20ºC é aquecido até
a temperatura de 70ºC. Qual será o volume ocupado por ele, se esta
transformação acontecer sob pressão constante?
Utilizando-se da relação que em 1mol de moléculas de uma É importante lembrarmos que a temperatura considerada deve
substância há moléculas desta substância. ser a temperatura absoluta do gás (escala Kelvin) assim, o primeiro
passo para a resolução do exercício é a conversão de escalas ter-
Transformação Isotérmica mométricas:
A palavra isotérmica se refere à mesma temperatura. Logo,
uma transformação isotérmica de um gás ocorre quando a tempe- Lembrando que:
ratura inicial é conservada.
A lei física que expressa essa relação é conhecida com Lei de
Boyle e é matematicamente expressa por:

Onde:
p=pressão
V=volume Então:

=constante que depende da massa, temperatura e nature-


za do gás.
Como esta constante é a mesma para um mesmo gás, ao ser
transformado, é válida a relação:

Exemplo:
Certo gás contido em um recipiente de 1m³ com êmbolo exerce
uma pressão de 250Pa. Ao ser comprimido isotérmicamente a um
volume de 0,6m³ qual será a pressão exercida pelo gás?
Transformação Isométrica
A transformação isométrica também pode ser chamada isocó-
rica e assim como nas outras transformações vistas, a isométrica se
baseia em uma relação em que, para este caso, o volume se man-
tém.
Regida pela Lei de Charles, a transformação isométrica é mate-
maticamente expressa por:

Transformação Isobárica
Analogamente à transformação isotérmica, quando há uma
transformação isobárica, a pressão é conservada. Onde:
Regida pela Lei de Charles e Gay-Lussac, esta transformação p=pressão;
pode ser expressa por: T=temperatura absoluta do gás;
=constante que depende do volume, massa e da natureza
do gás.;

Onde:
V=volume; Como para um mesmo gás, a constante é sempre a mesma,
T=temperatura absoluta; garantindo a validade da relação:
=constante que depende da pressão, massa e natureza do
gás.

31
FÍSICA
Exemplo: Lei geral dos gases perfeitos
Um gás que se encontra à temperatura de 200K é aquecido até Através da equação de Clapeyron é possível obter uma lei que
300K, sem mudar de volume. Se a pressão exercida no final do pro- relaciona dois estados diferentes de uma transformação gasosa,
cesso de aquecimento é 1000Pa, qual era a pressão inicial? desde que não haja variação na massa do gás.
Considerando um estado (1) e (2) onde:

Através da lei de Clapeyron:


Equação de Clapeyron
Relacionando as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles
é possível estabelecer uma equação que relacione as variáveis de
estado: pressão (p), volume (V) e temperatura absoluta (T) de um
gás.
Esta equação é chamada Equação de Clapeyron, em homena-
gem ao físico francês Paul Emile Clapeyron que foi quem a estabe-
leceu.

Onde:
p=pressão;
V=volume;
n=nº de mols do gás;
R=constante universal dos gases perfeitos;
T=temperatura absoluta.
esta equação é chamada Lei geral dos gases perfeitos.
Exemplo: Termodinâmica
(1) Qual é o volume ocupado por um mol de gás perfeito sub- A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principalmente
metido à pressão de 5000N/m², a uma temperatura igual a 50°C? a transformação de energia térmica em trabalho.
A utilização direta desses princípios em motores de combustão
Dado: 1atm=100000N/m² e interna ou externa, faz dela uma importante teoria para os moto-
res de carros, caminhões e tratores, nas turbinas com aplicação em
aviões, etc.

Energia Interna
As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a
soma de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sis-
tema.
Para que este somatório seja calculado, são consideradas as
energias cinéticas de agitação , potencial de agregação, de ligação e
nuclear entre as partículas.
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser
fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação na
Substituindo os valores na equação de Clapeyron: energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os
princípios da termodinâmica.

Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação


for um gás perfeito, a energia interna será resumida na energia de
translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Jou-
le:

Onde:
U: energia interna do gás;
n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;
T: temperatura absoluta (kelvin).

32
FÍSICA

Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a


variação da energia interna dependerá da variação da temperatura
absoluta do gás, ou seja,
Quando houver aumento da temperatura absoluta ocorrerá
uma variação positiva da energia interna .
• Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há
uma variação negativa de energia interna .
• E quando não houver variação na temperatura do gás, a
variação da energia interna será igual a zero .

Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la a


equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos:

Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma tranfor-


mação com pressão constante, é dado pelo produto entre a pressão
e a variação do volume do gás.
Quando:
• o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou
seja, é realizado sobre o meio em que se encontra (como por exem-
Trabalho plo empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);
• o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou
Trabalho de um gás seja, é necessário que o sistema receba um trabalho do meio ex-
Considere um gás de massa m contido em um cilindro com área terno;
de base A, provido de um êmbolo. • o volume não é alterado, não há realização de trabalho
pelo sistema.
Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este
sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido Exemplo:
pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado. (1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação,
permenecendo sob pressão constante igual a 250Pa. Qual é o volu-
me do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ?

Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema


será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com o desloca-
mento do êmbolo no cilindro:

33
FÍSICA
Diagrama p x V Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).
É possível representar a transformação isobárica de um gás Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento
através de um diagrama pressão por volume: para cada uma das grandezas apresentadas:

Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza
um trabalho igual a 12J, sabendo que a Energia interna do sistema
antes de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o
recebimento?

Comparando o diagrama à expressão do cálculo do trabalho


realizado por um gás , é possível verificar que o trabalho
realizado é numericamente igual à área sob a curva do gráfico (em
azul na figura).
Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realizado
por um gás com pressão variável durante sua transformação, que
é calculado usando esta conclusão, através de um método de nível 2ª Lei da Termodinâmica
acadêmico de cálculo integral, que consiste em uma aproximação Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem
dividindo toda a área sob o gráfico em pequenos retângulos e tra- maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indús-
pézios. tria, pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da
Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck:

• Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de
temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de
calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que
o fluxo seja inverso é necessário que um agente externo realize um
trabalho sobre este sistema.

• Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em
um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor rece-
bido em trabalho.
Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo
1ª Lei da Termodinâmica térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que
Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da conser- seja, sempre há uma quantidade de calor que não se transforma
vação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível em trabalho efetivo.
prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma
transformação termodinâmica. Maquinas térmicas
Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecâni-
da termodinâmica: cos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do sé-
Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas culo XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para
armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como tra- transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão, que
balho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber por sua vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica
uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho e utilizável para as indústrias da época.
aumentar a energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas
matematicamente: fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em
energia mecânica (trabalho).

34
FÍSICA

Mas como constatado:

logo, podemos expressar o rendimento como:

A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não rea-
dispositivo transforma-se em trabalho mais uma quantidade de lizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse possível que a má-
calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho . quina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas como
visto, isto não é possível. Para sabermos este rendimento em per-
Assim é válido que: centual, multiplica-se o resultado obtido por 100%.

Exemplo:
Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é
fornecido uma quantidade de calor igual a 23kJ. Qual a capacida-
Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em de percentual que o motor tem de transformar energia térmica em
uma máquina que tem como objetivo o resfriamento, por exemplo, trabalho?
estes valores serão negativos.
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor
para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este flu-
xo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um
trabalho externo, assim:

Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a constru-
ção de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de transformar
toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento to-
tal (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês
Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica teórica
que se comportava como uma máquina de rendimento total, esta-
belecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais tarde passou
a ser chamado Ciclo de Carnot.
Este ciclo seria composto de quatro processos, independente
Rendimento das máquinas térmicas da substância:
Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação
entre a energia utilizada como forma de trabalho e a energia for-
necida:
Considerando:
=rendimento;

= trabalho convertido através da energia térmica fornecida;

=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimento;

=quantidade de calor não transformada em trabalho.

35
FÍSICA

ONDULATÓRIA

Ondulatória é a parte da Física que estuda as ondas. Qualquer


onda pode ser estudada aqui, seja a onda do mar, ou ondas eletro-
magnéticas, como a luz.

• Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe Conceito de Onda


uma quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M) Uma onda é um movimento causado por uma perturbação, e
• Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca esta se propaga através de um meio.
calor com as fontes térmicas (M-N) Um exemplo de onda é tido quando joga-se uma pedra em um
• Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede lago de águas calmas, onde o impacto causará uma perturbação na
calor para a fonte de resfriamento (N-O) água, fazendo com que ondas circulares se propagem pela superfí-
• Uma compressão adiabática reversível. O sistema não tro- cie da água.
ca calor com as fontes térmicas (O-L)

Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é forneci-


da pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte de res-
friamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim:

Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é:

Logo: Também existem ondas que não podemos observar a olho nu,
como, por exemplo, ondas de rádio, ondas de televisão, ondas ul-
travioleta e micro-ondas.
Além destas, existem alguns tipos de ondas que conhecemos
bem, mas que não identificamos normalmente, como a luz e o som.
Sendo: Mas o que elas têm em comum é que todas são energias pro-
pagadas através de um meio, e este meio não acompanha a propa-
= temperatura absoluta da fonte de resfriamento gação.

= temperatura absoluta da fonte de aquecimento Classificação das ondas


Conforme sua natureza as ondas são classificadas em:
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, • Ondas Mecânicas: são ondas que necessitam de um meio
todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser transforma- material para se propagar, ou seja, sua propagação envolve o trans-
do em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfria- porte de energia cinética e potencial e depende da elasticidade do
mento deverá ser 0K. meio. Por isto não é capaz de propagar-se no vácuo. Alguns exem-
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para plos são os que acontecem em molas e cordas, sons e em superfí-
um sistema físico. cies de líquidos.
Exemplo:
Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor,
cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a 200ºC?

36
FÍSICA
• Ondas Eletromagnéticas: são ondas geradas por cargas Componentes de uma onda
elétricas oscilantes e sua propagação não depende do meio em que Uma onda é formada por alguns componentes básicos que são:
se encontram, podendo propagar-se no vácuo e em determinados
meios materiais. Alguns exemplos são as ondas de rádio, de radar,
os raios x e as microondas.
Todas as ondas eletromagnéticas tem em comum a sua veloci-
dade de propagação no vácuo, próxima a 300000km/s, que é equi-
valente a 1080000000km/h.

Por que as ondas do mar quebram?


Sabendo que as ondas em geral têm como característica fun-
damental propagar energia sem que haja movimentação no meio,
como explica-se o fenômeno de quebra das ondas do mar, causan-
do movimentação de água, próximo à costa?
Em águas profundas as ondas do mar não transportam ma-
téria, mas ao aproximar-se da costa, há uma brusca diminuição
da profundidade onde se encontram, provocando a quebra destas
ondas e causando uma movimentação de toda a massa de água e
a formação de correntezas.
Sendo A a amplitude da onda.
Após serem quebradas, as ondas do mar deixam de compor- É denominado comprimento da onda, e expresso pela letra
tar-se como ondas.Quanto a direção de propagação as ondas são grega lambida (λ), a distância entre duas cristas ou dois vales con-
classificadas como: secutivos.
• Unidimensionais: que se propagam em apenas uma dire- Chamamos período da onda (T) o tempo decorrido até que
ção, como as ondas em cordas e molas esticadas; duas cristas ou dois vales consecutivos passem por um ponto e fre-
• Bidimensionais: são aquelas que se propagam por uma quência da onda (f) o número de cristas ou vales consecutivos que
superfície, como as água em um lago quando se joga uma pedra; passam por um mesmo ponto, em uma determinada unidade de
• Tridimensionais: são capazes de se propagar em todas as tempo.
dimensões, como a luz e o som. Portanto, o período e a frequência são relacionados por:

Quanto à direção da vibração as ondas podem ser classificadas


como:
• Transversais: são as que são causadas por vibrações per-
pendiculares à propagação da onda, como, por exemplo, em uma
corda: A unidade internacionalmente utilizada para a frequência é
Hertz (Hz) sendo que 1Hz equivale à passagem de uma crista ou de
um vale em 1 segundo.
Para o estudo de ondas bidimensionais e tridimensionais são
necessários os conceitos de:
• frente de onda: é a fronteira da região ainda não atingida
pela onda com a região já atingida;
• raio de onda: é possível definir como o raio de onda a li-
nha que parte da fonte e é perpendicular às frentes de onda, indi-
cando a direção e o sentido de propagação.

• Longitudinais: são ondas causadas por vibrações com
mesma direção da propagação, como as ondas sonoras.

37
FÍSICA
Velocidade de propagação das ondas Reflexão de ondas
Como não transportam matéria em seu movimento, é previsí- É o fenômeno que ocorre quando uma onda incide sobre um
vel que as ondas se desloquem com velocidade contínua, logo estas obstáculo e retorna ao meio de propagação, mantendo as caracte-
devem ter um deslocamento que valide a expressão: rísticas da onda incidente.
Independente do tipo de onda, o módulo da sua velocidade
permanece inalterado após a reflexão, já que ela continua propa-
gando-se no mesmo meio.
Que é comum aos movimentos uniformes, mas conhecendo a
estrutura de uma onda: Reflexão em ondas unidimensionais
Esta análise deve ser dividida em oscilações com extremidade
fixa e com extremidade livre:

Com extremidade fixa:


Quando um pulso (meia-onda) é gerado, faz cada ponto da
corda subir e depois voltar a posição original, no entanto, ao atin-
gir uma extremidade fixa, como uma parede, a força aplicada nela,
pelo princípio da ação e reação, reage sobre a corda, causando um
movimento na direção da aplicação do pulso, com um sentido inver-
so, gerando um pulso refletido. Assim como mostra a figura abaixo:

Podemos fazer que ΔS=λ e que Δt=T. Assim:

Esta é a equação fundamental da Ondulatória, já que é valida


para todos os tipos de onda.

É comum utilizar-se frequências na ordem de kHz (1quilohertz


= 1000Hz) e de MHz (1megahertz = 1000000Hz) Para este caso costuma-se dizer que há inversão de fase já que
o pulso refletido executa o movimento contrário ao do pulso inci-
Exemplo: dente.
(1) Qual a frequência de ondas, se a velocidade desta onde é de Com extremidade livre:
195m/s, e o seu comprimento de onda é de 1cm? Considerando uma corda presa por um anel a uma haste idea-
1cm=0,01m lizada, portanto sem atrito.
Ao atingir o anel, o movimento é continuado, embora não haja
deslocamento no sentido do pulso, apenas no sentido perpendicu-
lar a este. Então o pulso é refletido em direção da aplicação, mas
com sentido inverso. Como mostra a figura:

38
FÍSICA
Assim:

Como afirma a 2ª Lei, os ângulos têm valor igual, portanto:

Então pode-se imaginar que a reflexão das ondas aconteça


como se fosse refletida em um espelho posto perpendicularmente
ao ponto de incidência.
Considere a reflexão de ondas circulares:
Para estes casos não há inversão de fase, já que o pulso refle-
tido executa o mesmo movimento do pulso incidente, apenas com
sentido contrário.
É possível obter-se a extremidade livre, amarrando-se a corda a
um barbante muito leve, flexível e inextensível.

Reflexão de ondas bidimensionais


Quando uma frente de onda, propagando-se em superfície lí-
quida, incide sobre um obstáculo, cada ponto da frente reflete-se,
então é possível representá-las por seus raios de onda.
A reflexão dos raios de onda é regida por duas leis da reflexão,
que são apresentadas como:
• 1ª Lei da Reflexão: O raio incidente, o raio refletido e a
reta perpendicular à superfície refletora no ponto de incidência es- Refração de ondas
tão contidos sempre no mesmo plano; É o fenômeno que ocorre quando uma onda passa de um meio
• 2ª Lei da Reflexão: Os ângulos formados entre o raio inci- para outro de características distintas, tendo sua direção desviada.
dente e a reta perpendicular e entre o raio refletido e a reta perpen- Independente de cada onda, sua frequência não é alterada na
dicular têm sempre a mesma medida. refração, no entanto, a velocidade e o comprimento de onda po-
dem se modificar.
Através da refração é possíveis explicar inúmeros efeitos, como
o arco-íris, a cor do céu no pôr-do-sol e a construção de aparelhos
astronômicos.
A refração de ondas obedece duas leis que são:
• 1ª Lei da Refração: O raio incidente, a reta perpendicular
à fronteira no ponto de incidência e o raio refratado estão contidos
no mesmo plano.
• Lei de Snell: Esta lei relaciona os ângulos, as velocidades
e os comprimentos de onda de incidência de refração, sendo mate-
maticamente expressa por:

39
FÍSICA
Aplicando a lei:

Conforme indicado na figura:

Como exemplos da refração, podem ser usadas ondas propagando-se na superfície de um líquido e passando por duas regiões distin-
tas. É possível verificar experimentalmente que a velocidade de propagação nas superfícies de líquidos pode ser alterada modificando-se
a profundidade deste local. As ondas diminuem o módulo de velocidade ao se diminuir a profundidade.

Superposição de ondas
A superposição, também chamada interferência em alguns casos, é o fenômeno que ocorre quando duas ou mais ondas se encontram,
gerando uma onda resultante igual à soma algébrica das perturbações de cada onda.
Imagine uma corda esticada na posição horizontal, ao serem produzidos pulsos de mesma largura, mas de diferentes amplitudes, nas
pontas da corda, poderá acontecer uma superposição de duas formas:

Situação 1: os pulsos são dados em fase.

No momento em que os pulsos se encontram, suas elongações em cada ponto da corda se somam algebricamente, sendo sua ampli-
tude (elongação máxima) a soma das duas amplitudes:

40
FÍSICA

Numericamente:

Após este encontro, cada um segue na sua direção inicial, com suas características iniciais conservadas.

Este tipo de superposição é chamado interferência construtiva, já que a superposição faz com que a amplitude seja momentaneamen-
te aumentada em módulo.

Situação 2: os pulsos são dados em oposição de fase.

Novamente, ao se encontrarem as ondas, suas amplitudes serão somadas, mas podemos observar que o sentido da onda de ampli-
tude é negativo em relação ao eixo vertical, portanto <0. Logo, o pulso resultante terá amplitude igual a diferença entre as duas
amplitudes:

41
FÍSICA
Numericamente:

Sendo que o sinal negativo está ligado à amplitude e elongação da onda no sentido negativo.
Após o encontro, cada um segue na sua direção inicial, com suas características iniciais conservadas.

Este tipo de superposição é chamado interferência destrutiva, já que a superposição faz com que a amplitude seja momentaneamente
reduzida em módulo.

Superposição de ondas periódicas


A superposição de duas ondas periódicas ocorre de maneira análoga à superposição de pulsos.
Causando uma onda resultante, com pontos de elongação equivalentes à soma algébrica dos pontos das ondas sobrepostas.

A figura acima mostra a sobreposição de duas ondas com períodos iguais e amplitudes diferentes (I e II), que, ao serem sobrepostas,
resultam em uma onda com amplitude equivalente às suas ondas (III). Este é um exemplo de interferência construtiva.

Já este outro exemplo, mostra uma interferência destrutiva de duas ondas com mesma frequência e mesma amplitude, mas em opo-
sição de fase (I e II) que ao serem sobrepostas resultam em uma onda com amplitude nula (III).
Os principais exemplos de ondas sobrepostas são os fenômenos ondulatórios de batimento e ondas estacionárias.
• Batimento: Ocorre quando duas ondas periódicas de frequência diferente e mesma amplitude são sobrepostas, resultando em
uma onda com variadas amplitudes dependentes do soma de amplitudes em cada crista resultante.

42
FÍSICA
• Ondas estacionárias: É o fenômeno que ocorre quando são sobrepostas duas ondas com mesma frequência, velocidade e com-
primento de onda, na mesma direção, mas em sentidos opostos.

Superposição de ondas bidimensionais


Imagine duas ondas bidimensionais circulares, geradas respectivamente por uma fonte F1 e F2, com, amplitudes e frequências iguais,
e em concordância de fase.

Considere a esquematização da interferência causada como:

43
FÍSICA
Na figura a onda da esquerda tem cristas representadas por linhas contínuas pretas e vales por linhas tracejadas vermelhas e a onda
da direita tem cristas representadas por linhas contínuas verdes e vales por linhas tracejadas azuis.
Os círculos preenchidos representam pontos de interferência construtiva, ou seja, onde a amplitude das ondas é somada.
Os círculos em branco representam pontos de interferência destrutiva, ou seja, onde a amplitude é subtraída.

Ressonância
É o fenômeno que acontece quando um sistema físico recebe energia por meio de excitações de frequência igual a uma de suas fre-
quências naturais de vibração. Assim, o sistema físico passa a vibrar com amplitudes cada vez maiores.
Cada sistema físico capaz de vibrar possui uma ou mais frequências naturais, isto é, que são características do sistema, mais precisa-
mente da maneira como este é construído. Como por exemplo, um pêndulo ao ser afastado do ponto de equilíbrio, cordas de um violão
ou uma ponte para a passagem de pedestres sobre uma rodovia movimentada.
Todos estes sistemas possuem sua frequência natural, que lhes é característica. Quando ocorrem excitações periódicas sobre o siste-
ma, como quando o vento sopra com frequência constante sobre uma ponte durante uma tempestade, acontece um fenômeno de super-
posição de ondas que alteram a energia do sistema, modificando sua amplitude.
Conforme estudamos anteriormente, se a frequência natural de oscilação do sistema e as excitações constantes sobre ele estiverem
sob a mesma frequência, a energia do sistema será aumentada, fazendo com que vibre com amplitudes cada vez maiores.
Um caso muito famoso deste fenômeno foi o rompimento da ponte Tacoma Narrows, nos Estados Unidos, em 7 de novembro de
1940. Em um determinado momento o vento começou soprar com frequência igual à natural de oscilação da ponte, fazendo com que esta
começasse a aumentar a amplitude de suas vibrações até que sua estrutura não pudesse mais suportar, fazendo com que sua estrutura
rompesse.
O caso da ponte Tacoma Narrows pode ser considerado uma falha humana, já que o vento que soprava no dia 7 de Novembro de 1940
tinha uma frequência característica da região onde a ponte foi construída, logo os engenheiros responsáveis por sua construção falharam
na análise das características naturais da região. Por isto, atualmente é feita uma análise profunda de todas as possíveis características que
possam requerer uma alteração em uma construção civil.
Imagine que esta é uma ponte construída no estilo pênsil, e que sua frequência de oscilação natural é dada por:

Ao ser excitada periodicamente, por um vento de frequência:

A amplitude de oscilação da ponte passará a ser dada pela superposição das duas ondas:

44
FÍSICA

Se a ponte não tiver uma resistência que suporte a amplitude do movimento, esta sofrerá danos podendo até ser destruída como a
ponte Tacoma Narrows.

Princípio de Huygens
Christian Huygens (1629-1695), no final do século XVII, propôs um método de representação de frentes de onda, onde cada ponto de
uma frente de onda se comporta como uma nova fonte de ondas elementares, que se propagam para além da região já atingida pela onda
original e com a mesma frequência que ela. Esta ideia é conhecida como Princípio de Huygens.

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FÍSICA
Para um considerado instante, cada ponto da frente de onda comporta-se como fonte das ondas elementares de Huygens.
A partir deste princípio, é possível concluir que, em um meio homogêneo e com as mesmas características físicas em toda sua exten-
são, a frente de onda se desloca mantendo sua forma, desde que não haja obstáculos.

Desta forma:

Difração de ondas
Partindo do Princípio de Huygens, podemos explicar um outro fenômeno ondulatório, a difração.
O fenômeno chamado difração é o encurvamento sofrido pelos raios de onda quando esta encontra obstáculos à propagação.
Imagine a situação em que uma onda se propaga em um meio, até onde encontra uma fenda posta em uma barreira.

Este fenômeno prova que a generalização de que os raios de onda são retilíneos é errada, já que a parte que atinge a barreira é refle-
tida, enquanto os raios que atingem a fenda passam por ela, mas nem todas continuam retas.
Se esta propagação acontecesse em linha reta, os raios continuariam retos, e a propagação depois da fenda seria uma faixa delimitada
pela largura da fenda. No entanto, há um desvio nas bordas.
Este desvio é proporcional ao tamanho da fenda. Para o caso onde esta largura é muito inferior ao comprimento de onda, as ondas
difratadas serão aproximadamente circulares, independente da forma geométrica das ondas incidentes.

46
FÍSICA
Efeito Doppler
Efeito Doppler é um fenômeno ondulatório caracterizado pela
mudança do comprimento de onda ou da frequência de uma onda
emitida por uma fonte que se movimenta em relação a um obser-
vador.

Efeito Doppler é um fenômeno físico ondulatório que ocorre


quando existe aproximação ou afastamento relativo entre uma
fonte de ondas e um observador. Esse fenômeno acontece pelo fato
de que a velocidade de propagação de uma onda, seja ela qual for,
depende exclusivamente do meio pelo qual essa onda propaga-se.
Assim, mesmo que a fonte das ondas ou o observador mova-se, a
velocidade de propagação da onda não será alterada. No entanto,
ocorrerá uma variação no comprimento de onda e na frequência da
onda captada pelo observador. A imagem acima mostra uma fonte de ondas sonoras deslo-
A velocidade de propagação de uma onda qualquer, seja uma cando-se e a deformação sofrida pelas frentes de onda do som
onda mecânica (sonora), seja uma onda eletromagnética (luz), emitido.
guarda uma relação de proporcionalidade com seu comprimento
de onda e com sua frequência de oscilação. Observe: Quem descobriu o efeito Doppler?
O efeito Doppler foi completamente descrito pelo físico aus-
tríaco Johann Christian Doppler, em 1842. A comprovação expe-
rimental desse efeito foi feita três anos mais tarde por Buys Ballot.
Para isso, Ballot realizou um curioso experimento no qual uma ban-
v – velocidade de propagação da onda (m/s) da emitia diversas notas musicais em cima de uma locomotiva em
λ – comprimento de onda (m) movimento. Enquanto isso, um conjunto de observadores registra-
f – frequência de oscilação (Hz ou s-1) vam as notas ouvidas de acordo com as diferentes velocidades de
aproximação e de afastamento do trem.
Imagine a seguinte situação: uma ambulância com sua sirene
ligada desloca-se em uma rua afastando-se de um observador e Fórmula do efeito Doppler
aproximando-se de um outro observador. Observe a imagem abai- A fórmula geral utilizada para calcular a mudança de frequência
xo: no efeito Doppler é mostrada abaixo:

f’ – frequência observada (Hz)


f0 – frequência emitida (Hz)
v – velocidade da onda no meio (m/s)
v0 – velocidade do observador (m/s)
vF – velocidade da fonte emissora das ondas (m/s)

Para utilizarmos a fórmula mostrada acima, é necessário sa-


bermos se há afastamento entre a fonte emissora das ondas e o
observador. Para isso:
• Usamos o sinal de cima tanto no numerador (+) quanto
no denominador (-) se houver aproximação entre a fonte e o ob-
Como a velocidade de propagação das ondas sonoras depende servador;
apenas do meio (nesse caso, o ar), a velocidade relativa entre as • Usamos o sinal de baixo tanto no numerador (-) quanto
ondas sonoras e ambos observadores será igual, tanto em relação no numerador (+) se houver afastamento entre a fonte e o obser-
ao observador que se afasta quanto em relação ao observador que vador.
se aproxima da fonte das ondas. Dessa forma, para que a veloci-
dade permaneça constante para ambos os observadores, ocorrem Efeito Doppler na medicina
mudanças no comprimento de onda (espaço necessário para a O efeito Doppler é utilizado na medicina em diversos exames
onda completar uma oscilação) e na sua frequência. Como essas de imagem, como no ecocardiograma. Nesse exame, estudam-se
grandezas são inversamente proporcionais, pode-se dizer que: as propriedades anatômicas do coração em busca de anomalias em
• O observador que vê a ambulância afastando-se ouvirá seu funcionamento. Para isso, utiliza-se uma fonte emissora de ul-
um som com maior comprimento de onda e menor frequência, trassons (sons com frequência superior a 20 000 Hz). Esses sons são
portanto, mais grave; absorvidos, refratados e refletidos pelos diferentes tecidos e pelo
• O observador que vê a ambulância aproximando-se ou- fluxo de sangue, os quais se comportam como uma fonte secundá-
virá um som de maior frequência e menor comprimento de onda, ria de ondas refletidas em movimento. Dessa forma, é possível ma-
portanto, mais agudo. pear o bombeamento de sangue, observar o refluxo sanguíneo, etc.

47
FÍSICA

No ecocardiograma com Doppler, captam-se as ondas sonoras refletidas pelo sangue, que se afasta ou se aproxima da fonte de ul-
trassom.
Efeito Doppler da luz
O efeito Doppler também é observado nas ondas eletromagnéticas, como a luz. Assim como no caso do som, a velocidade da luz não
depende de seu observador, somente do meio no qual ela propaga-se. Portanto:
• Quando há aproximação entre a fonte de ondas eletromagnéticas e um observador, este perceberá um aumento nas frequências
observadas e uma diminuição do comprimento de onda;
• Quando há afastamento entre a fonte de ondas eletromagnéticas e um observador, este perceberá uma diminuição nas frequ-
ências observadas e um aumento do comprimento de onda.

O efeito Doppler da luz é um fenômeno largamente observado na Astronomia. A luz visível emitida pelas estrelas distribui-se em uma
estreita faixa de frequência chamada espectro visível. Quando vemos a luz emitida por estrelas de galáxias distantes, observamos frequen-
temente aumentos na frequência da luz, chamados pelos astrônomos de blue-shift, já que a luz visível tende a aproximar-se da frequência
da cor azul. Nos casos em que as estrelas afastam-se da Terra, o fenômeno é chamado de red-shift.

Quando uma estrela aproxima-se do observador em alta velocidade, seu brilho aparenta tornar-se azulado; ao afastar-se, seu brilho
fica avermelhado.

Efeito Doppler no radar de trânsito


Uma das aplicações do efeito Doppler é nos radares semafóricos, utilizados para medir a velocidade dos veículos automotivos. Nesses
radares, emite-se um feixe de luz cuja frequência encontra-se na faixa do infravermelho. Então, mede-se o tempo necessário para o feixe
retornar à fonte. Como a velocidade da luz é constante, é possível medir a velocidade que a fonte secundária refletora da luz (veículo)
desloca-se a cada instante, mesmo a grandes distâncias.

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FÍSICA

Os radares de infravermelho são usados para medir a velocidade instantânea dos veículos.

Resumo sobre efeito Doppler


• O efeito Doppler surge sempre que há aproximação ou afastamento entre uma fonte de ondas mecânicas ou eletromagnéticas
e um observador.
• No caso de aproximação, a frequência observada é maior que a frequência emitida pela fonte.
• No caso de afastamento, a frequência observada é menor que a frequência emitida pela fonte.

Som, acústica e suas variáveis


Quando você fala, as pessoas que estão em variadas posições próximas a você geralmente podem ouvi-lo.
Você pode experimentar ficar no meio do pátio da escola, dar um grito e verificar a localização de quem escutou o seu grito.

Esse “espalhamento” do som ocorre porque o som é uma onda que se propaga de forma semelhante àquelas que se formam na su-
perfície lisa de um lago quando uma pedra cai ali. A grande diferença é que se propaga no espaço, em todas as direções.
A produção do som está relacionada com as vibrações de materiais: ao falarmos vibramos as nossas cordas vocais; vibramos as cor-
das de um violão ao tocá-lo, a “pele” de um tambor é vibrada quando a batucamos, etc.

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FÍSICA

Das fontes sonoras até as nossas orelhas as vibrações produzem ondas que se propagam no meio material: sólido, líquido e gasoso.
O som movimenta as moléculas de ar e estas batem uma nas outras, transferindo, dessa forma, sua energia para outra molécula. As
vibrações transmitidas são chamadas de ondas sonoras.
As ondas sonoras são ondas mecânicas. O som precisa do meio (a, água, etc.) para ser produzido. Para além da atmosfera, no espa-
ço, o silêncio é absoluto, porque no vácuo (onde não há matéria) o som não se propaga.
Todo corpo capaz de oscilar ou vibrar tem a sua frequência natural de vibração. Isso acontece porque o corpo é constituído por molé-
culas que vibram. Essas moléculas vibrando em conjunto determinam uma frequência natural de vibração do corpo.
Uma vara de bambu, um copo, uma ponte. Todos os corpos têm a sua frequência natural de vibração.
Agora, imagine o que acontecerá se, próximo a esses corpos, for emitido um som exatamente na frequência natural de vibração do
corpo? A amplitude de vibração das moléculas vai aumentando, aumentando, aumentando... E temos a ressonância.
O que acontece com o corpo ao entrar em ressonância? Se for uma estrutura rígida vai acabar rachando!
A ressonância é responsável pela sintonia das estações de rádio e pelo aquecimento dos alimentos no forno de micro-ondas: as
moléculas do alimento entram em ressonância com as micro-ondas, aumentando a sua agitação térmica e, portanto, sua temperatura.

Velocidade do som
A propagação do som não é instantânea. Podemos verificar esse fato durante as tempestades: o trovão chega aos nossos ouvidos
segundos depois do relâmpago, embora ambos os fenômenos (relâmpago e trovão) se formem ao mesmo tempo.
A propagação da luz, neste caso o relâmpago, também não é instantânea, embora sua velocidade seja superior à do som.

Assim, o som leva algum tempo para percorrer determinada distância. Além disso, a velocidade de sua propagação depende do meio
em que ele se propaga e da temperatura em que esse meio se encontra.

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FÍSICA
No ar, a temperatura de 15ºC a velocidade do som é de cerca de 340m/s. Essa Velocidade varia em 55cm/s para cada grau de tempe-
ratura acima de zero. A 20ºC, a Velocidade do som é 342m/s, a 0ºC, é de 331m/s.
Na água a 20ºC, a velocidade do som é de aproximadamente 1130m/s. Nos sólidos, a velocidade depende da natureza das substâncias.

Qualidades fisiológicas do som


A todo instante distinguimos os mais diferentes sons. Essa diferenças que nossos ouvidos percebem se devem às qualidades fisiológi-
cas do som: altura, intensidade e timbre.

Altura – mesmo sem conhecer música, é fácil distinguir o som agudo (ou fino) de um violino do som grave (ou grosso) de um violon-
celo. Essa qualidade que permite distinguir um som grave de um som agudo se chama altura.
Assim, costuma-se dizer que o som do violino é alto e o do violoncelo é baixo. A altura de um som depende da frequência, isto é, do
número de vibrações por segundo. Quanto maior a frequência mais agudo é o som e vice versa. Por sua vez, a frequência depende do
comprimento do corpo que vibra e de sua elasticidade. Quanto maior a atração e mais curta for uma corda de violão, por exemplo, mais
agudo será o som por ela emitido.

Você pode constatar também a diferença de frequências usando um pente que tenha dentes finos e grossos. Passando os dentes do
pente na ponta de um cartão você ouvirá dois tipos de som emitidos pelo cartão: o som agudo, produzido pelos dentes finos (maior fre-
quência), e o som grave, produzido pelos dentes mais grossos (menor frequência).
Intensidade – é a qualidade que permite distinguir um som forte de um som fraco. Ele depende da amplitude de vibração: quanto
maior a amplitude mais forte é o som e vice versa.
Na prática não se usa unidades de intensidade sonora, mas de nível de intensidade sonora, uma grandeza relacionada à intensidade
sonora e à forma como o nosso ouvido reage a essa intensidade. Essas unidades são o bel e o seu submúltiplo o decibel (dB), que vale 1
décimo do bel.
O ouvido humano é capaz de suportar sons de até 120dB, como é o da buzina estridente de um carro. O ruído produzido por um motor
de avião a jato a poucos metros do observador produz um som de cerca de 140dB, capaz de causar estímulos dolorosos ao ouvido humano.
A agitação das grandes cidades provocam a chamada poluição sonora composta dos mais variados ruídos: motores e buzinas de auto-
móveis, martelos de ar comprimido, rádios, televisores e etc. Já foi comprovado que uma exposição prolongada a níveis maiores que 80dB
pode causar dano permanente ao ouvido. A intensidade diminui à medida que o som se propaga ou seja, quanto mais distante da fonte,
menos intenso é o som.

51
FÍSICA

Timbre – imagine a seguinte situação: um ouvinte que não entende de música está numa sala, ao lado da qual existe outra sala onde
se encontram um piano e um violino. Se uma pessoa tocar a nota dó no piano e ao mesmo tempo outra pessoa tocar a nota dó no violino,
ambas com a mesma força os dois sons terão a mesma altura (frequência) e a mesma intensidade. Mesmo sem ver os instrumentos, o ou-
vinte da outra sala saberá distinguir facilmente um som de outro, porque cada instrumento tem seu som caracterizado, ou seja, seu timbre.
Podemos afirmar, portanto, que timbre é a qualidade que nos permite perceber a diferença entre dois sons de mesma altura e inten-
sidade produzidos por fontes sonoras diferentes.

ÓPTICA

Óptica é o ramo da física que estuda os fenômenos relacionados à luz. Devido ao fato do sentido da visão ser o que mais contribui
para a aquisição do conhecimento, a óptica é uma ciência bastante antiga, surgindo a partir do momento em que as pessoas começaram
a fazer questionamentos sobre o funcionamento da visão e sua relação com os fenômenos ópticos.
Os princípios fundamentais da óptica são:
1º - Princípio da Propagação Retilínea: a luz sempre se propaga em linha reta;
2º - Princípio da Independência de raios de luz: os raios de luz são independentes, podendo até mesmo se cruzarem, não ocasionan-
do nenhuma mudança em relação à direção dos mesmos;
3º - Princípio da Reversibilidade da Luz: a luz é reversível. Por exemplo, se vemos alguém através de um espelho, certamente essa
pessoa também nos verá. Assim, os raios de luz sempre são capazes de fazer o caminho na direção inversa.

A luz pode ser propagada em três diferentes tipos de meios.


Os meios transparentes permitem a passagem ordenada dos raios de luz, dando a possibilidade de ver os corpos com nitidez. Exem-
plos: vidro polido, ar atmosférico, etc.
Nos meios translúcidos a luz também se propaga, porém de maneira desordenada, fazendo com que os corpos sejam vistos sem niti-
dez. Exemplos: vidro fosco, plásticos, etc.
Os meios opacos são aqueles que impedem completamente a passagem de luz, não permitindo a visão de corpos através dos mes-
mos. Exemplos: portas de madeira, paredes de cimento, pessoas, etc.

52
FÍSICA
Quando os raios de luz incidem em uma superfície, eles podem Feixe de luz
ser refletidos regular ou difusamente, refratados ou absorvidos É um conjunto de infinitos raios de luz; um feixe luminoso pode
pelo meio em que incidem. A reflexão regular ocorre quando um ser:
raio de luz incide sobre uma superfície e é refletido de forma cilín- • Cônico convergente: os raios de luz convergem para um
drica, diferentemente da reflexão difusa, onde os feixes de luz são ponto;
refletidos em todas as direções.
A refração da luz ocorre quando os feixes de luz mudam de
velocidade e de direção quando passam de um meio para outro.
A absorção é o fenômeno onde as superfícies absorvem parte ou
toda a quantidade de luz que é incidida.

FUNDAMENTOS

Luz - Comportamento e princípios


A luz, ou luz visível como é fisicamente caracterizada, é uma • Cônico divergente: os raios de luz divergem a partir de um
forma de energia radiante. É o agente físico que, atuando nos ór- ponto;
gãos visuais, produz a sensação da visão.

Para saber mais...


Energia radiante é aquela que se propaga na forma de ondas
eletromagnéticas, dentre as quais se pode destacar as ondas de
rádio, TV, micro-ondas, raios X, raios gama, radar, raios infraver-
melho, radiação ultravioleta e luz visível.
Uma das características das ondas eletromagnéticas é a sua
velocidade de propagação, que no vácuo tem o valor de aproxima-
damente 300 mil quilômetros por segundo, ou seja: • Cilíndrico paralelo: os raios de luz são paralelos entre si.

Podendo ter este valor reduzido em meios diferentes do


vácuo, sendo a menor velocidade até hoje medida para tais on-
das quando atravessam um composto chamado condensado de
Bose-Einstein, comprovada em uma experiência recente.

A luz que percebemos tem como característica sua frequência


que vai da faixa de (vermelho) até (viole- Fontes de luz
ta). Esta faixa é a de maior emissão do Sol, por isso os órgãos visuais Tudo o que pode ser detectado por nossos olhos, e por outros
de todos os seres vivos estão adaptados a ela, e não podem ver instrumentos de fixação de imagens como câmeras fotográficas, é a
além desta, como por exemplo, a radiação ultravioleta e infraver- luz de corpos luminosos que é refletida de forma difusa pelos cor-
melha. pos que nos cercam.
Fonte de luz são todos os corpos dos quais se podem receber
Divisões da Óptica luz, podendo ser fontes primárias ou secundárias.
Óptica Física: estuda os fenômenos ópticos que exigem uma • Fontes primárias: Também chamadas de corpos lumino-
teoria sobre a natureza das ondas eletromagnéticas. sos, são corpos que emitem luz própria, como por exemplo, o Sol,
as estrelas, a chama de uma vela, uma lâmpada acesa,...
Óptica Geométrica: estuda os fenômenos ópticos em que apre- • Fontes secundárias: Também chamadas de corpos ilumi-
sentam interesse as trajetórias seguidas pela luz.Fundamenta-se na nados, são os corpos que enviam a luz que recebem de outras fon-
noção de raio de luz e nas leis que regulamentam seu comporta- tes, como por exemplo, a Lua, os planetas, as nuvens, os objetos
mento. O estudo em nível de Ensino Médio restringe-se apenas a visíveis que não têm luz própria,...
esta parte da óptica. Quanto às suas dimensões, uma fonte pode ser classificada
como:
• Conceitos básicos • Pontual ou puntiforme: uma fonte sem dimensões consi-
deráveis que emite infinitos raios de luz.
Raios de luz
São a representação geométrica da trajetória da luz, indicando
sua direção e o sentido da sua propagação. Por exemplo, em uma
fonte puntiforme são emitidos infinitos raios de luz, embora apenas
alguns deles cheguem a um observador.
Representa-se um raio de luz por um segmento de reta orienta-
do no sentido da propagação.

53
FÍSICA
• Extensa: uma fonte com dimensões consideráveis em re- Refração
lação ao ambiente. A luz incide e atravessa a superfície, continuando a se propagar
no outro meio. Ambos os raios (incidentes e refratados) são parale-
los, no entanto, os raios refratados seguem uma trajetória inclinada
em relação aos incididos. Ocorre quando a superfície separa dois
meios transparentes.

Absorção
A luz incide na superfície, no entanto não é refletida e nem
refratada, sendo absorvida pelo corpo, e aquecendo-o. Ocorre em
corpos de superfície escura.

Ampliação
Ampliação óptica é a razão entre o tamanho aparente de um
Meios de propagação da luz objeto (ou seu tamanho em uma imagem) e seu tamanho verdadei-
Os diferentes meios materiais comportam-se de forma diferen- ro, então é um número adimensional
te ao serem atravessados pelos raios de luz, por isso são classifica- • Linear — Para imagens reais, como as projetadas em uma
dos em: tela, tamanho significa uma dimensão linear (medida, por exemplo,
em milimetros ou polegadas
- Meio transparente • Ampliação angular — Para instrumentos ópticos com uma
É um meio óptico que permite a propagação regular da luz, ou lente ocular, a dimensão linear da imagem vista na lente (imagem
seja, o observador vê um objeto com nitidez através do meio. Exem- virtual em distância infinita) não pode ser dada, então tamanho
plos: ar, vidro comum, papel celofane, etc... significa o ângulo subtendido pelo objeto no ponto focal (tamanho
angular). Estritamente falando, um poderia usar a tangente daquele
- Meio translúcido ângulo (na prática, isso só faz diferença se o ângulo é maior que
É um meio óptico que permite apenas uma propagação irregu- poucos graus). Então, ampliação angular é dada por:
lar da luz, ou seja, o observador vê o objeto através do meio, mas
sem nitidez.

Onde:

é o ângulo subtendido pelo objeto no ponto focal da frente


da lente objetiva e é o ângulo subtendido pela imagem pelo ponto
focal «de trás» da lente ocular.

• Exemplo: o tamanho angular da lua cheia é 0.5°. Em binó-


culos com ampliação de 10x o ângulo subtendido parece ser de 5°.
- Meio opaco Por convenção, para lupas e microscópios ópticos, onde o ta-
É um meio óptico que não permite que a luz se propague, ou manho do objeto é uma dimensão linear e o tamanho aparente é
seja, não é possivel ver um objeto através do meio. um ângulo, a ampliação é a razão entre o tamanho aparente visto
pela lente ocular e o tamanho angular do objeto visto quando posto
• Fenômenos ópticos a distância convencional do observador de 25 cm do olho.
Ao incidir sobre uma superfície que separa dois meios de pro- Ampliação óptica é geralmente referido como “poder” (por
pagação, a luz sofre algum, ou mais do que um, dos fenômenos a exemplo “poder de 10x”), no entanto isso pode gerar confusão com
seguir: poder óptico.

Reflexão regular Princípio da independência dos raios de luz


A luz que incide na superfície e retorna ao mesmo meio, re- Quando os raios de luz se cruzam, estes seguem independente-
gularmente, ou seja, os raios incidentes e refletidos são paralelos. mente, cada um a sua trajetória.
Ocorre em superfícies metálicas bem polidas, como espelhos.

Reflexão difusa
A luz que incide sobre a superfície volta ao mesmo meio, de
forma irregular, ou seja, os raios incidentes são paralelos, mas os
refletidos são irregulares. Ocorre em superfícies rugosas, e é res-
ponsável pela visibilidade dos objetos.

54
FÍSICA
Princípio da propagação retilínea da luz • Fonte de luz extensa
Todo o raio de luz percorre trajetórias retilíneas em meios
transparentes e homogêneos.

Para saber mais...


Um meio homogêneo é aquele que apresenta as mesmas ca-
racterísticas em todos os elementos de volume.
Um meio isótropo, ou isotrópico, é aquele em que a velocida-
de de propagação da luz e as demais propriedades ópticas inde-
pendem da direção em que é realizada a medida.
Um meio ordinário é aquele que é, ao mesmo tempo, trans- Câmara escura de orifício
parente, homogêneo e isótropo, como por exemplo, o vácuo. Uma câmara escura de orifício consiste em um equipamento
formado por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que
A dispersão óptica (chamada também de dispersão cromáti- no meio de uma das faces existe um pequeno orifício.
ca por causa das diferentes cores associadas aos comprimentos de Ao colocar-se um objeto, de tamanho o, de frente para o orifí-
onda) é um resultado direto da refração e importantíssimo para o cio, a uma distância p, nota-se que uma imagem refletida, de tama-
nosso cotidiano. nho i, aparece na face oposta da caixa, a uma distância p’, mas de
Esse fenômeno é, de certa forma, famoso por conta do arco- foma invertida. Conforme ilustra a figura:
-íris, que é o exemplo mais comum da dispersão cromática. Como
visto na figura ao lado, um feixe de luz branca (formado por todas
ou quase todas as cores) é separado em feixes de cores diferentes
por causa da dispersão. O índice de refração é uma propriedade
que muda de um meio para outro; logo, a dispersão cromática é
mais acentuada em alguns materiais do que outros.

Difração e interferencia
A Óptica Física (interferência e difração) estuda os comprimen-
tos de onda luz (como onda) comparáveis às dimensões dos objetos
estudados. Desta forma, a partir de uma semelhança geométrica pode-se
A difração é o espalhamento da onda. expressar a seguinte equação:
Quando uma onda encontra um obstáculo que possui uma
abertura de dimensões comparáveis ao comprimento de onda, par-
te da onda que passa pela abertura se espalha – é difratada – na
região que fica do outro lado do obstáculo.
Interferência é um fenômeno descrito pelo cientista inglês
Thomas Young, sendo que este fenômeno representa a superpo- Esta é conhecida como a equação da câmara escura.
sição de duas ou mais ondas num mesmo ponto.Esta superposição Polarização da Luz
pode ter um caráter de aniquilação, quando as fases não são as As ondas polarizadas podem ser produzidas a partir de ondas
mesmas (interferência destrutiva) ou pode ter um caráter de refor- não polarizadas através de fenômenos como: absorção, espalha-
ço quando estão em fase (interferência construtiva). mento, reflexão e birrefringência.
Existem diversas substâncias, materiais que ao serem atingidos
Sombra e penumbra pelos feixes de luz deixam passar apenas uma parte da onda lu-
Quando um corpo opaco é colocado entre uma fonte de luz e minosa, esse acontecimento é denominado como polarização da
um anteparo, é possível delimitar regiões de sombra e penumbra. luz. A luz que antes estava perturbada, se propagando em diversos
A sombra é a região do espaço que não recebe luz direta da planos e passa a propagar em apenas um único plano.
fonte. Penumbra é a região do espaço que recebe apenas parte da
luz direta da fonte, sendo encontrada apenas quando o corpo opa-
co é posto sob influência de uma fonte extensa. Ou seja:

• Fonte de luz puntiforme

Exemplo de filtros de polarização posicionados sobre uma


página de revista, com ângulo não perpendicular.

55
FÍSICA
Os filtros polarizadores trabalham como uma fenda, onde a luz • Ponto objeto impróprio (POI): é o vértice de um feixe de
normal que incide ao atravessar passe em somente um plano. Caso luz cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.
sejam utilizados dois polarizadores como na figura 1 e seja feito o Chama-se ponto imagem, relativamente a um sistema óptico,
alinhamento dos mesmos em ângulo não perpendicular, ou seja, o vértice de um feixe de luz emergente, ou seja, após ser incidido.
que os ângulos não estejam defasados de 90°, a luz que passar pelo • Ponto imagem real (PIR): é o vértice de um feixe de luz
primeiro e atinge o segundo filtro, poderemos ver o texto um pou- emergente convergente, sendo formado pelo cruzamento efeitivo
co mais escuro, devido a polarização, mas em todo caso é possível dos raios de luz.
observar o texto. • Ponto imagem virtual (PIV): é o vértice de um feixe de luz
emergente divergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário
Tipos de reflexão e refração do prolongamento dos raios de luz.
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se • Ponto imagem impróprio (PII): é o vértice de um feixe de
propagar no meio de origem, após incidir sobre uma superfície de luz emergente cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.
separação entre dois meios.
Refração é o fenômeno que consiste no fato de a luz passar de Sistemas ópticos
um meio para outro diferente. Há dois principais tipos de sistemas ópticos: os refletores e os
Durante uma reflexão são conservadas a frequência e a veloci- refratores.
dade de propagação, enquanto durante a refração, apenas a frequ- O grupo dos sistemas ópticos refletores consiste principalmen-
ência é mantida constante. te nos espelhos, que são superfícies de um corpo opaco, altamente
polidas e com alto poder de reflexão.
Reflexão e refração regular
Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atin-
ge uma superfície totalmente lisa, ou tranquila, desta forma, os fei-
xes refletidos e refratados também serão cilíndricos, logo os raios
de luz serão paralelos entre si.

Reflexão e refração difusa


Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atinge
uma superfície rugosa, ou agitada, fazendo com que os raios de luz
refletidos e refratados tenham direção aleatória por todo o espaço.

Reflexão e refração seletiva


A luz branca que recebemos do sol, ou de lâmpadas fluorescen-
tes, por exemplo, é policromática, ou seja, é formada por mais de No grupo dos sistemas ópticos refratores encontram-se os
uma luz monocromática, no caso do sol, as sete do arco-íris: verme- dioptros, que são peças constituídas de dois meios transparentes
lho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. separados por uma superfície regular. Quando associados de for-
Sendo assim, um objeto ao ser iluminado por luz branca “sele- ma conveniente os dioptros funcionam como utensílios ópticos de
ciona” no espectro solar as cores que vemos, e as refletem de forma grande utilidade como lentes e prismas.
difusa, sendo assim, vistas por nós.
Se um corpo é visto branco, é porque ele reflete todas as cores
do espectro solar.
Se um corpo é visto vermelho, por exemplo, ele absorve todas
as outras cores do espectro, refletindo apenas o vermelho.
Se um corpo é “visto” negro, é por que ele absorve todas as
cores do espectro solar.
Chama-se filtro de luz a peça, normalmente acrílica, que deixa
passar apenas um das cores do espectro solar, ou seja, um filtro
vermelho, faz com que a única cor refratada de forma seletiva seja
a vermelha.

Para saber mais... Sistemas ópticos estigmáticos, aplanéticos e ortoscópicos


É muito comum o uso de filtros de luz na astronomia para • Um sistema óptico é estigmático quando cada ponto obje-
observar estrelas, já que estas apresentam diferentes cores, con- to conjuga apenas um ponto imagem.
forme sua temperatura e distância da Terra, principalmente. • Um sistema óptico é aplanético quando um objeto plano
e frontal também conjuga uma imagem plana e frontal.
Ponto imagem e ponto objeto • Um sistema óptico é ortoscópico quando uma imagem é
Chama-se ponto objeto, relativamente a um sistema óptico, o conjugada semelhante a um objeto.
vértice do feixe de luz que incide sobre um objeto ou uma superfí- O único sistema óptico estigmático, aplanético e ortoscópico
cie, sendo dividido em três tipos principais: para qualquer posição do objeto é o espelho plano.
• Ponto objeto real (POR): é o vértice de um feixe de luz di-
vergente, sendo formado pelo cruzamento efetivo dos raios de luz.
• Ponto objeto virtual (POV): é o vértice de um feixe de luz
convergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário do pro-
longamente dos raios de luz.

56
FÍSICA
REFLEXÃO DA LUZ As principais propriedades de um espelho plano são a simetria
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte da reflexão
se propagar no meio de origem, após incidir sobre um objeto ou que acontece é regular.
superfície.
É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir Para saber mais...
uma superfície polida, da seguinte forma: Os espelhos geralmente são feitos de uma superfície metálica
bem polida. É comum usar-se uma placa de vidro, onde se deposi-
ta uma fina camada de prata ou alumínio em uma das faces, tor-
nando a outra um espelho.

Construção das imagens em um espelho plano


Para se determinar a imagem em um espelho plano, basta ima-
ginarmos que o observador vê um objeto que parece estar atrás
do espelho. Isto ocorre porque o prolongamento do raio refletido
passa por um ponto imagem virtual (PIV), “atrás” do espelho.
Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm sem-
pre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro deve ser
virtual. Portanto, para se obter geometricamente a imagem de um
objeto pontual, basta traçar por ele, através do espelho, uma reta e
marcar simétricamente o ponto imagem.

Translação de um espelho plano


AB = raio de luz incidente Considerando a figura:
BC = raio de luz refletido
N = reta normal à superfície no ponto B
T = reta tangente à superfície no ponto B
i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a reta
normal.
r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta nor-
mal.

Leis da reflexão
Os fenômenos em que acontecem reflexão, tanto regular quan-
to difusa e seletiva, obedecem a duas leis fundamentais que são:

1ª lei da reflexão
O raio de luz refletido e o raio de luz incidente, assim como a A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma distân-
reta normal à superfície, pertencem ao mesmo plano, ou seja, são cia do espelho, logo a imagem aparece a uma distância em
coplanares. relação ao espelho.

2ª Lei da reflexão Na parte inferior da figura, o espelho é transladado para a di-


O ângulo de reflexão (r) é sempre igual ao ângulo de incidência reita, fazendo com que o observador esteja a uma distância do
(i). espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x para a direita.
Pelo desenho podemos ver que:
Espelho Plano
Um espelho plano é aquele em que a superfície de reflexão é
totalmente plana. Que pode ser reescrito como:
Os espelhos planos têm utilidades bastante diversificadas,
desde as domésticas até como componentes de sofisticados instru-
mentos ópticos. Mas pela figura, podemos ver que:
Representa-se um espelho plano por:

Logo:

Assim pode-se concluir que sempre que um espelho é transla-


dado paralelamente a si mesmo, a imagem de um objeto fixo sofre
translação no mesmo sentido do espelho, mas com comprimento
equivalente ao dobro do comprimento da translação do espelho.
Se utilizarmos esta equação, e medirmos a sua taxa de varia-
ção em um intervalo de tempo, podemos escrever a velocidade de
translação do espelho e da imagem da seguinta forma:

57
FÍSICA

Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual ao


dobro da velocidade de deslocamento do espelho.
Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser
considerada é a a velocidade relativa entre o observador e o espe-
lho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja:

Associação de dois espelhos planos Reflexão da luz em espelhos esféricos


Dois espelhos planos podem ser associados, com as superfícies Assim como para espelhos planos, as duas leis da reflexão tam-
refletoras se defrontando e formando um ângulo entre si, com bém são obedecidas nos espelhos esféricos, ou seja, os ângulos de
valores entre 0° e 180°. incidência e reflexão são iguais, e os raios incididos, refletidos e a
Por razões de simetria, o ponto objeto e os pontos imagem fi- reta normal ao ponto incidido.
cam situados sobre uma circunferência.
Para se calcular o número de imagens que serão vistas na asso-
ciação usa-se a fórmula:

Sendo o ângulo formado entre os espelhos.


Por exemplo, quando os espelhos encontra-se perpendicular-
mente, ou seja =90°:

Aspectos geométricos dos espelhos esféricos


Para o estudo dos espelhos esféricos é útil o conhecimento dos
elementos que os compõe, esquematizados na figura abaixo:

Portanto, nesta configuração são vistas 3 pontos imagem.

Espelhos esféricos
Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que seja
polida e possua alto poder de reflexão.

• C é o centro da esfera;
• V é o vértice da calota;
• O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é
É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz parte chamado eixo principal.
tem duas faces, uma interna e outra externa. Quando a superfície • As demais retas que cruzam o centro da esfera são chama-
refletiva considerada for a interna, o espelho é chamado côncavo. das eixos secundários.
Já nos casos onde a face refletiva é a externa, o espelho é chamado • O ângulo , que mede a distância angular entre os dois ei-
convexo. xos secundários que cruzam os dois pontos mais externos da calota,
é a abertura do espelho.
• O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de
curvatura do espelho.

58
FÍSICA
Um sistema óptico que consegue conjugar a um ponto obje- Equação fundamental dos espelhos esféricos
to, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os espelhos
esféricos normalmente não são estigmáticos, nem aplanéticos ou
ortoscópicos, como os espelhos planos.
No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para os
raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma pequena
inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho com essas pro-
priedades é conhecido como espelho de Gauss.
Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (incidência
próxima do vértice e pequena inclinação em relação ao eixo princi-
pal) é dito astigmático. Um espelho astigmático conjuga a um ponto
uma imagem parecendo uma mancha.

Focos dos espelhos esféricos


Para os espelhos côncavos de Gauss, pode-se verificar que to-
dos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma direção para- Dadas a distância focal e posição do objeto, é possível deter-
lela ao eixo secundário passam por (ou convergem para) um mesmo minar analiticamente a posição da imagem através da equação de
ponto F - o foco principal do espelho. Gauss, que é expressa por:

Equação dos pontos conjugados


No estudo das características dos espelhos esféricos vimos
que é possível construir graficamente a imagem conjugada por um
dado espelho esférico. Nesse momento, vamos determinar algebri-
camente a imagem formada em um espelho esférico côncavo, sua
posição e altura. Para isso, basta conhecer a posição e a altura do
objeto.

Um sistema de coordenadas conveniente é o chamado referen-


cial de Gauss, um referencial cartesiano que se faz coincidir com o
esquema de espelho, de forma que:
No caso dos espelhos convexos, a continuação do raio refletido - O eixo das abscissas coincide com o eixo principal do espelho
é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios refletidos se - O eixo das ordenadas coincide com o espelho
originassem do foco. - A origem coincide com o vértice do espelho
O eixo das abscissas é orientado em sentido contrário ao da luz
incidente, de modo que os elementos reais tenham abscissas posi-
tivas, e os elementos virtuais tenham abscissas negativas. Na figura
abaixo, para um espelho côncavo de Gauss (cuja parte refletora é a
interna, indicando por p a abscissa do objeto e por p’ a abscissa da
imagem), temos:

Determinação de imagens
Analisando objetos diante de um espelho esférico, em posição
perpendicular ao eixo principal do espelho podemos chegara algu-
mas conclusões importantes.
Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos espelhos, dize-
mos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do espelho. No
caso de espelhos esféricos a imagem de um objeto pode ser maior,
menor ou igual ao tamanho do objeto. A imagem pode ainda apa-
recer invertida em relação ao objeto. Se não houver sua inversão
dizemos que ela é direita.

59
FÍSICA
Objeto real: p > 0; objeto virtual: p < 0; imagem real: p’ > 0; imagem virtual: p’ < 0.
Com as convenções adotadas, o foco principal tem abscissa positiva se o espelho é côncavo – foco real; e negativa para os espelhos
convexos – foco virtual.
-Espelho côncavo: f > 0
- Espelho convexo: f < 0

A equação que relaciona as abscissas do objeto (p), da imagem (p’) e do foco (f) é chamada de equação de Gauss ou equação dos
pontos conjugados:

Para a demonstração da equação de Gauss, vamos considerar um objeto e sua correspondente imagem conjugada por
um espelho esférico côncavo, conforme a figura abaixo.

Objeto AB e sua correspondente imagem A’B’ em um espelho esférico.


Os triângulos ABV e A’B’V são semelhantes:

mas VB’ = p’ e VB = p. Portanto,

Os triângulos FDV e FA’B’ também são semelhantes. Mas DV = AB, FB’ = p’- f e FV = f. Logo,

Das equações (I) e (II),

Dividindo ambos os membros por pp’f, temos:

60
FÍSICA
Portanto,

REFRAÇÃO DA LUZ
Refração da luz é o fenômeno em que ela é transmitida de um meio para outro diferente. Nesta mudança de meios a frequência da
onda luminosa não é alterada, embora sua velocidade e o seu comprimento de onda sejam. Com a alteração da velocidade de propagação
ocorre um desvio da direção original.

Cor e frequência
No intervalo do espectro eletromagnético que corresponde à luz visível, cada frequência equivale à sensação de uma cor.
Conforme a frequência aumenta, diminui o comprimento de onda, assim como mostra a tabela e o trecho do espectroeletromagné-
tico abaixo.

Quando recebemos raios de luz de diferentes frequências podemos perceber cores diferentes destas, como combinações. A luz branca
que percebemos vinda do Sol, por exemplo, é a combinação de todas as sete cores do espectro visível.

Luz mono e policromática


De acordo com sua cor, a luz pode ser classificada como monocromática ou policromática.
Chama-se luz monocromática aquela composta de apenas uma cor, como por exemplo a luz amarela emitida por lâmpadas de sódio.
Chama-se luz policromática aquela composta por uma combinação de duas ou mais cores monocromáticas, como por exemplo a luz
branca emitida pelo sol ou por lâmpadas comuns.
Usando-se um prisma, é possível decompor a luz policromática nas luzes monocromáticas que a formam, o que não é possível para as
cores monocromáticas, como o vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
Um exemplo da composição das cores monocromáticas que formam a luz branca é o disco de Newton, que é uma experiência com-
posta de um disco com as sete cores do espectro visível, que ao girar em alta velocidade, “recompõe” as cores monocromáticas, formando
a cor policromática branca.

61
FÍSICA

Cor de um corpo
Ao nosso redor é possível distinguir várias cores, mesmo quando estamos sob a luz do Sol, que é branca.
Esse fenômeno acontece pois quando é incidida luz branca sobre um corpo de cor verde, por exemplo, este absorve todas as outras
cores do espectro visível, refletido de forma difusa apenas o verde, o que torna possível distinguir sua cor.
Por isso, um corpo de cor branca é aquele que reflete todas as cores, sem absorver nenhuma, enquanto um corpo de cor preta absorve
todas as cores sobre ele incididas, sem refletir nenhuma, o que causa aquecimento.

Luz - Velocidade
Há muito tempo sabe-se que a luz faz parte de um grupo de ondas, chamado de ondas eletromagnéticas, sendo uma das característi-
cas que reune este grupo a sua velocidade de propagação.
A velocidade da luz no vácuo, mas que na verdade se aplica a diversos outros fenômenos eletromagnéticos como raios-x, raios gama,
ondas de rádio e tv, é caracterizada pela letra c, e tem um valor aproximado de 300 mil quilômetros por segundo, ou seja:

No entanto, nos meios materiais, a luz se comporta de forma diferente, já que interage com a matéria existente no meio. Em qualquer
um destes meios a velocidade da luz v é menor que c.
Em meios diferentes do vácuo também diminui a velocidade conforme aumenta a frequência. Assim a velocidade da luz vermelha é
maior que a velocidade da luz violeta, por exemplo.

Índice de refração absoluto


Para o entendimento completo da refração convém a introdução de uma nova grandeza que relacione a velocidade da radiação mono-
cromática no vácuo e em meios materiais, esta grandeza é o índice de refração da luz monocromática no meio apresentado, e é expressa
por:

Onde n é o índice de refração absoluto no meio, sendo uma grandeza adimensional.


É importante observar que o índice de refração absoluto nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade possível em um
meio é c, se o meio considerado for o próprio vácuo.
Para todos os outros meios materiais n é sempre maior que 1.
Alguns índices de refração usuais:

62
FÍSICA
Índice de refração relativo entre dois meios Onde:
Chama-se índice de refração relativo entre dois meios, a rela- • Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e comprimento
ção entre os índices de refração absolutos de cada um dos meios, de onda característico;
de modo que: • Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e comprimento
de onda característico;
• A reta tracejada é a linha normal à superfície;
• O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o ângulo
Mas como visto: de incidência;
• O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o ângulo
de refração;
• A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano.
Então podemos escrever:
Conhecendo os elementos de uma refração podemos entender
o fenômeno através das duas leis que o regem.

1ª Lei da Refração
A 1ª lei da refração diz que o raio incidente (raio 1), o raio refra-
Ou seja: tado (raio 2) e a reta normal ao ponto de incidência (reta tracejada)
estão contidos no mesmo plano, que no caso do desenho acima é
o plano da tela.

2ª Lei da Refração - Lei de Snell


Observe que o índice de refração relativo entre dois meios A 2ª lei da refração é utilizada para calcular o desvio dos raios
pode ter qualquer valor positivo, inclusive menores ou iguais a 1. de luz ao mudarem de meio, e é expressa por:

Refringência
Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando
seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é
mais refringente que a água. No entanto, sabemos que:
De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais refrin-
gente que outro quando a luz se propaga por ele com velocidade
menor que no outro.

Leis da Refração da Luz


Chamamos de refração da luz o fenômeno em que ela é trans- Além de que:
mitida de um meio para outro diferente.
Nesta mudança de meios a frequência da onda luminosa não
é alterada, embora sua velocidade e o seu comprimento de onda
sejam.
Com a alteração da velocidade de propagação ocorre um des- Ao agruparmos estas informações, chegamos a uma forma
vio da direção original. completa da Lei de Snell:
Para se entender melhor este fenômeno, imagine um raio de
luz que passa de um meio para outro de superfície plana, conforme
mostra a figura abaixo:

63
FÍSICA
Reflexão total da luz
A reflexão total da luz é um fenômeno óptico que ocorre quando a luz incide sobre uma superfície com o ângulo-limite L e é comple-
tamente refletida.
Quando a luz incide sobre uma superfície de separação entre dois meios, uma parte dela sofre refração e a outra, reflexão, conforme
mostra a figura a seguir:

Diagrama demonstrando o comportamento da luz ao incidir sobre a superfície entre


dois meios de índices de refração diferentes

A figura mostra a reflexão e a refração quando a luz passa de um meio menos refringente para um meio mais refringente, por exemplo,
passa do ar para a água.
Veja agora o que acontece quando a luz passa do meio mais refringente para outro menos refringente. Podemos considerar como
exemplo a luz passando da água para o ar. Observe o que acontece na figura, em que a fonte de luz é colocada embaixo de um aquário
com água:

A partir do ponto P, a luz é totalmente refletida

64
FÍSICA
Observe que todos os raios de luz que atravessam o aquário, Os raios de luz incidem na camada de ar mais quente, passan-
nos pontos à esquerda do ponto P, têm uma parte refletida e outra do primeiro pela camada mais fria e com maior índice de refração.
refratada. Mas quando o ângulo entre os raios de luz incidentes e a Dependendo do ângulo de visão do observador, a luz refletirá na su-
reta normal à superfície do aquário é igual a L, o ângulo-limite, não perfície de separação entre essas duas camadas a imagem do céu,
ocorre mais a refração, e sim a reflexão total da luz. dando a impressão de que o asfalto está molhado.
Veja agora um diagrama representando a reflexão total da luz:
Dioptro
É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e trans-
parentes.
Quando esta separação acontece em um meio plano, chama-
mos então, dioptro plano.
A figura abaixo representa um dioptro plano, na separação en-
tre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e transparentes.

A figura mostra que, quando o ângulo de incidência é igual a


L, o ângulo de reflexão é 90º

O ângulo-limite é definido como o “menor ângulo de incidência Formação de imagens através de um dioptro
da luz em uma superfície de separação entre dois meios a partir dos Considere um pescador que vê um peixe em um lago. O peixe
quais ela é totalmente refletida”. Ele pode ser calculado a partir da encontra-se a uma profundidade H da superfície da água. O pesca-
lei de Snell-Descartes: dor o vê a uma profundidade h. Conforme mostra a figura abaixo:
n1 . Sen i = n2 . Sen r
Sendo:
n1 – índice de refração do meio 1;
n2 – índice de refração do meio 2;
i – ângulo de incidência
r – ângulo de reflexão.

No caso da reflexão total da luz, sabemos que n1 > n2, uma vez
que esse fenômeno ocorre apenas quando a luz passa de um meio
mais refringente para outro menos refringente. Além disso, o ângu-
lo de incidência i é o ângulo-limite L, e o ângulo de reflexão é 90º:
i = L e r = 90

Substituindo esses dados na Lei de Snell-Descartes, teremos:


n1 . Sen L = n2 . Sen 90º A fórmula que determina estas distância é:

Sen 90º = 1, portanto:


n1 . Sen L = n2 . 1
Sen L = n2
n1 Prisma
Um prisma é um sólido geométrico formado por uma face su-
Uma consequência da reflexão total da luz é a impressão que perior e uma face inferior paralelas e congruentes (também cha-
temos de que a superfície do asfalto está molhada em dias quentes, madas de bases) ligadas por arestas. As laterais de um prisma são
fato que caracteriza um tipo de miragem. A luz proveniente do Sol paralelogramos.
atravessa várias camadas de ar com temperaturas diferentes. O ar No entanto, para o contexto da óptica, é chamado prisma o
que está perto do asfalto é mais quente e, acima dele, existe outra elemento óptico transparente com superfícies retas e polidas que
camada de ar com temperatura um pouco menor. Essa diferença é capaz de refratar a luz nele incidida. O formato mais usual de um
de temperatura faz com que o ar tenha densidades diferentes e, prisma óptico é o de pirâmide com base quadrangular e lados trian-
consequentemente, as duas camadas terão índices de refração di- gulares.
ferentes.

65
FÍSICA
Tipos de lentes
Dentre as lentes esféricas que são utilizadas, seis delas são de
maior importância no estudo de óptica, sendo elas:

- Lente biconvexa

A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para separar a


luz branca policromática nas sete cores monocromáticas do espec-
tro visível, além de que, em algumas situações poder refletir tais É convexa em ambas as faces e tem a periferia mais fina que a
luzes. região central, seus elementos são:

Funcionamento do prisma •
Quando a luz branca incide sobre a superfície do prisma, sua
velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz branca tem um •
índice de refração diferente, e logo ângulos de refração diferentes,
chegando à outra extremidade do prisma separadas. •

Tipos de prismas •
o Prismas dispersivos são usados para separar a luz em suas
cores de espectro. •
o Prismas refletivos são usados para refletir a luz.
o Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz em com- •
ponentes de variadas polaridades.

LENTES ESFÉRICAS
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre - Lente plano-convexa
cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esféri-
ca e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.
Dentre todas as aplicações da óptica geométrica, a que mais se
destaca pelo seu uso no cotidiano é o estudo das lentes esféricas,
seja em sofisticados equipamentos de pesquisa astronômica, ou em
câmeras digitais comuns, seja em lentes de óculos ou lupas.
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre
cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esférica
e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.
Para um estudo simples consideraremos que o segundo meio
é a lente propriamente dita, e que o primeiro e terceiro meios são
extamente iguais, normalmente a lente de vidro imersa em ar.

É plana em uma das faces e convexa em outra, tem a perferia


mais fina que a região central, seus elementos são:

66
FÍSICA
• Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor ín-
dice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente com
• comportamento convergente é o de uma lente bicôncava (com bor-
das espessas):

- Lente côncavo-convexa

Lentes esféricas divergentes


Tem uma de suas faces côncava e outra convexa, tem a perife- Em uma lente esférica com comportamento divergente, a luz
ria mais fina que a região central. Seus elementos são: que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
que divergem a partir de um único ponto.
• Tanto lentes de bordas espessas como de bordas finas podem
ser divergentes, dependendo do seu índice de refração em relação
• ao do meio externo.
O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
• maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um
exemplo de lente com comportamento divergente é o de uma lente
• bicôncava (com bordas espessas):

Lentes convergentes
Em uma lente esférica com comportamento convergente, a luz
que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
que convergem a um único ponto.
Tanto lentes de bordas finas como de bordas espessas podem
ser convergentes, dependendo do seu índice de refração em rela-
ção ao do meio externo.
O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor
exemplo de lente com comportamento convergente é o de uma len- índice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente
te biconvexa (com bordas finas): com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa (com
bordas finas):

67
FÍSICA
Vergência Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de -2di
ou que ela tem divergência de 2di.
Focos de uma lente
Associação de lentes
- Focos principais Duas lentes podem ser colocadas de forma que funcionem
Uma lente possui um par de focos principais: foco principal ob- como uma só, desde que sejam postas coaxialmente, isto é, com
jeto (F) e foco principal imagem (F’). Ambos localizam-se a sobre o eixos principais coincidentes. Neste caso, elas serão chamadas de
eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou seja, a distân- justapostas, se estiverem encostadas, ou separadas, caso haja uma
cia OF é igual a distância OF’. distância d separando-as.
- Foco imagem (F’) Estas associações são importantes para o entendimento dos
É o ponto ocupado pelo foco imagem, podendo ser real ou vir- instrumentos ópticos.
tual. Quando duas lentes são associadas é possível obter uma len-
te equivalente. Esta terá a mesma característica da associação das
- Foco objeto (F) duas primeiras.
É o ponto ocupado pelo foco objeto, podendo ser real ou vir- Lembrando que se a lente equivalente tiver vergência positiva
tual. será convergente e se tiver vergência negativa será divergente.

Distância focal Associação de lentes justapostas


É a medida da distância entre um dos focos principais e o cen- Quando duas lentes são associadas de forma justaposta, utili-
tro óptico, esta medida é caracterizada pela letra f. za-se o teorema das vergências para definir uma lente equivalente.
Como exemplo de associação justaposta temos:
Pontos antiprincipais
São pontos localizados a uma distância igual a 2f do centro óp-
tico (O), ou seja, a uma distância f de um dos focos principais (F ou
F’). Esta medida é caracterizada por A (para o ponto antiprincipal
objeto) e A’ (para o ponto antiprincipal imagem).

Vergência
Dada uma lente esférica em determinado meio, chamamos
vergência da lente (V) a unidade caracterizada como o inverso da
distância focal, ou seja:

Este teorema diz que a vergência da lente equivalente à asso-


ciação é igual à soma algébrica das vergências das lentes compo-
A unidade utilizada para caracterizar a vergência no Sistema In- nentes. Ou seja:
ternacional de Medidas é a dioptria, simbolizado por di.
Um dioptria equivale ao inverso de um metro, ou seja:

Que também pode ser escrita como:


Uma unidade equivalente a dioptria, muito conhecida por
quem usa óculos, é o “Grau”.
1di = 1grau

Quando a lente é convergente usa-se distância focal positiva


(f>0) e para uma lente divergente se usa distância focal negativa Associação de lentes separadas
(f<0). Quando duas lentes são associadas de forma separada, utiliza-
Por exemplo: -se uma generalização do teorema das vergências para definir uma
1) Considere uma lente convergente de distância focal 25cm = lente equivalente.
0,25m. Um exemplo de associação separada é:

Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de +4di


ou que ela tem convergência de 4di.
2) Considere uma lente divergente de distância focal 50cm =
0,5m.

68
FÍSICA
A generalização do teorema diz que a vergência da lente equi- O olho humano
valente à tal associação é igual a soma algébrica das vergências dos É formado basicamente por três partes:
componentes menos o produto dessas vergências pela distância Cristalino: funciona como uma lente biconvexa. Ele está situa-
que separa as lentes. Desta forma: do na região anterior do globo ocular;

Retina: localizada no “fundo” do globo ocular e funciona como


um anteparo sensível à luz;
Nervo óptico: parte que recebe as sensações luminosas rece-
Que também pode ser escrito como: bidas pela retina.
Quando olhamos para um objeto, a imagem é percebida pelo
cristalino, que forma uma imagem real e invertida, ou seja, de “ca-
beça para baixo”. Essa imagem deve ser focalizada exatamente
sobre a retina para que seja enxergada nitidamente. A imagem é
“enviada” para o cérebro através do nervo óptico. O cérebro, ao
receber a imagem, processa sua inversão, de forma que possamos
Instrumentos ópticos observar o objeto em sua posição real.
Os instrumentos ópticos baseiam-se em princípios da óptica e
têm a finalidade de facilitar a visualização de determinados objetos.

As principais partes do olho humano

Se a imagem recebida pelo cristalino não se formar exatamente


sobre a retina, então a pessoa não enxergará nitidamente os obje-
tos, o que caracteriza um defeito da visão. De acordo com a posição
onde a imagem é formada, podemos classificar três tipos de defei-
tos da visão. São eles:

Miopia: a imagem do objeto forma-se antes da retina, pois o


globo ocular das pessoas que apresentam esse defeito é mais alon-
gado. Nesse caso, a pessoa enxerga os objetos sem nitidez. Para
corrigir o problema, é necessário utilizar óculos com lentes diver-
O microscópio é um instrumento óptico que tem como finali- gentes.
dade a ampliação de objetos
Hipermetropia: As pessoas com esse problema na visão apre-
Os instrumentos ópticos são utilizados no nosso cotidiano e sentam o globo ocular mais curto que o normal, o que faz com que
baseiam-se nos princípios da óptica para permitir, facilitar ou aper- a imagem se forme atrás da retina. Esse defeito é corrigido com o
feiçoar a visualização de determinados objetos, que vão desde se- uso de óculos com lentes convergentes.
res minúsculos, como alguns tipos de bactérias, até enormes plane-
tas e estrelas. Presbiopia: Chamado popularmente de “vista cansada”, é um
problema que ocorre em virtude do envelhecimento natural do
Existe uma infinidade de instrumentos ópticos, podemos ci- nosso organismo, quando o cristalino fica mais rígido e não acomo-
tar: microscópio, telescópio, projetores, lupa, câmera fotográfica, da imagens de objetos próximos. Nesse caso, a imagem forma-se
óculos, lentes etc. Veja a seguir como ocorre o funcionamento de atrás da retina. Esse problema também pode ser corrigido por len-
alguns dos instrumentos ópticos que são utilizados no nosso coti- tes convergentes.
diano.

69
FÍSICA
Máquina fotográfica Nessa época, portanto, ganha luz a teoria eletromagnética, que
É um instrumento óptico que projeta e armazena uma imagem afirmava justamente que quaisquer repulsões de cunho magnético
sobre um anteparo e funciona de forma semelhante ao olho hu- e/ou elétrico são resultado de ação de corpos a alguma distância.
mano. Possui um sistema de lentes, denominado objetiva, que se Era imprescindível, portanto, que fosse encontrada a causa
comporta como uma lente convergente e forma uma imagem real de tais forças, com base na teoria da massa gravitacional, de Isaac
e invertida do material fotografado. Para que a imagem fique nítida Newton, ao mesmo tempo em que se poderia explicar, com rigor,
sobre o filme fotográfico, a câmera possui uma série de sistemas exatamente tais mecanismos de relação eletromagnética entre cor-
que aproximam ou afastam a objetiva, focalizando a imagem. pos e objetos.
Se essa focalização não for bem feita, a imagem não se forma
sobre o filme e, portanto, não fica nítida. Quando se aciona o bo-
tão para a foto, o diafragma da câmera é aberto, permitindo que a
luz proveniente do objeto incida sobre o filme. Como o filme foto-
gráfico é fabricado com um material sensível à luz, ele “gravará” a
imagem recebida.

A lupa
É o instrumento óptico mais simples, sendo constituída por
uma lente convergente que produz uma imagem virtual e ampliada
de um objeto.

Para que a imagem formada pela lupa seja nítida, é necessário


que o objeto seja colocado entre o foco F e o centro óptico. Caso
contrário, a imagem forma-se desfocada.

O estudioso Ampère, que se dedicava àquela altura a corren-


tes elétricas, expos uma teoria bastante interessante: existência de
determinadas partículas de eletricidade, que fossem elementares
e, ao se movimentar enquanto estivessem nas substâncias, auxi-
liariam a provocar relação magnética. Contudo, mesmo que fosse
uma teoria interessante, Ampère jamais conseguiu comprovar a
existência das partículas.
Faraday, a seguir, acabou trazendo uma outra noção, que aju-
A imagem formada pela lupa é maior que o objeto dou a avançar com os estudos sobre o tema. Trata-se da noção de
campo.
Segundo esse conceito, qualquer espaço detém uma série de
ELETRICIDADE linhas de força, isto é, correntes que não podem ser vistas a olho nu.
Mesmo assim, essas forças seriam as administradoras do movimen-
O eletromagnetismo é a área da Física responsável por analisar to de todo objeto, sendo criadas, também, pela presença de cada
e estudar as propriedades magnéticas e elétricas da matéria. Sobre- um dos corpos em um mesmo momento.
tudo, em particular, as relações entre tais propriedades. Desse modo, uma carga de eletricidade, móvel, faz com que se-
Segundo uma lenda da Grécia, um pastor, de nome Magnes, jam produzidas perturbações eletromagnéticas no espaço ao redor.
ficou muito surpreso ao perceber como a bola de ferro que estava Assim, qualquer carga mais próxima é capaz de identificar a presen-
em seu cajado ficava atraída por uma pedra específica e bem mis- ça justamente pelas linhas de força do campo. Matematicamente,
teriosa: o âmbar – ou “elektron” do grego. Essa pequena história, essa ideia foi desenvolvida pelo inglês James Clerk Maxwell, o que
independente de ser fato ou ficção, expõe claramente o interesse ajudou a por abaixo a ideia, muito forte naquele tempo, de que
que o homem tem, desde sempre, pelos fenômenos relativos à área forças agiam sob uma espécie de “controle remoto”.
da eletromagnética. Em 1897, o eletromagnetismo foi finalmente comprovado, no
A seguir explicaremos um pouco mais sobre os fenômenos que momento em que a descoberta do elétron foi feita por Sir Joseph
envolvem esse tópico científico, bem como sua importância para a John Thomson. Assim, pode-se verificar a força magnética no mo-
nossa vida, nos dias de hoje. vimento orbital comum a elétrons, que ficavam ao redor de núcleo
Desde o tempo em que as primeiras descobertas inovadoras de átomos.
do grande cientista Isaac Newton começaram a ser divulgadas, che- O eletromagnetismo é utilizado, hoje em dia, em múltiplas fi-
gou-se a uma interpretação, amplamente aceita naquele momento, nalidades, tais como:
de causalidade do universo. Segundo essa visão, todo efeito que • Construção de geradores de energia elétrica;
pudesse ser observado, deveria obedecer a forças que estivessem • Radiografias,
sendo exercidas por objetos a uma distância relativa. • Fornos de microondas, entre muitos outros.

70
FÍSICA
Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua vida, se
não existisse?
Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e tudo pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, alguns aparelhos
de telefone, o aparelho de som, o computador, o microondas, os elevadores etc.

Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das estações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na tomada. Mas há
muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada, como o celular, o rádio,
os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem energia de pilhas e baterias.
Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter registros armaze-
nados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as bússolas para nos localizarmos etc.
A revolução que a humanidade experimentou advinda das aplicações da eletricidade e do magnetismo se intensificou quando os
cientistas perceberam a relação entre ambos.

Cargas elétricas
Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez, são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e
elétrons.
Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletrosfera. Os
prótons e os elétrons possuem uma propriedade denominada carga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos. Por isso a do próton
foi convencionada como positiva e a do elétron como negativa.

71
FÍSICA
Corpos carregados
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positivamente carregado.
Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao núme-
ro de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da eletricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado por um
barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã, notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o deixarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que tenha
sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os bastões se repelem.

Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os materiais vidro
e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga elétrica negativa. Os
sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são uma convenção científica.

Cargas elétricas interagem


Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica positiva,
e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anteriormente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elétricas
de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter cargas
elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair. Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de mesmo sinal,
passam a se repelir.

A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação


A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação). Sobre cada
um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo módulo) e a mesma
direção (mesma linha de atuação), mas diferentes sentidos.

Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as forças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois corpos
possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se afastar.

Eletrização por atrito


Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais adqui-
rem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito.
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir carga elé-
trica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como a mostrada abaixo.

72
FÍSICA
Condutores elétricos Corrente elétrica
Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos
uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletrizada. Se condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é chamado de
um bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifi- corrente elétrica.
ca-se que parte da carga elétrica é transferida para a outra esfera. A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos apa-
Porém, se utilizarmos um bastão de madeira, a carga permaneceria relhos elétricos; estes somente funcionam quando a corrente passa
na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa por eles.
carga. Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho
se este pertencer a um circuito fechado.

Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando liga-


dos corretamente, formam um circuito fechado. Quando ligamos
os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos
garantir que fazem parte de um circuito fechado quando passa cor-
rente elétrica através de seus fios.

Entendendo a corrente elétrica


Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se-
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou de
metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos
trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas que pas-
sam por minuto.
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas
passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pessoas, você
responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma
média melhor, você pode contar por mais tempo. Digamos que te-
nha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
nuto.
Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas
que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.
Esse experimento evidencia que o metal é o material condu- Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver
tor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico. isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre consideram
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os me- a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência
tais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. Entre eles, fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou
o cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação 700 kg”).
elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além Massa média
da madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura e pressão
ambientes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de
plástico).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um des-
ses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há, contudo, Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de
certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual a
duas categorias, mas sim em um grupo intermediário, conhecidos 1,6.10- 19 C .
como semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germânio,
empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que
em aparelhos eletrônicos. atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia afirmar
que a intensidade da corrente elétrica é:
Eletrização por contato
Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neu-
tro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferida para
ele, que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletri-
zação por contato.

73
FÍSICA
Se contasse por um período qualquer, e representando a Exemplo
carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar: Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito per-
corrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram
(nó):

Esta é a expressão matemática associada à intensidade da cor-


rente elétrica.

A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb


por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode ser
contínua ou alterada.
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo
dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu
movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse tipo de
corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede
doméstica. A razão de a corrente ser alternada está relacionada a
forma como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas
casas. Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão che-
gando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos:
Leis de Kirchhoff i1 + i 2 = i 3 + i 4
As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensida-
des das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzi- Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei
dos a circuitos simples. dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo,
Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1).
em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887),
quando ele era estudante na Universidade de Königsberg. Lei das Malhas
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da ener-
aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja, gia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado
nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós). sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou ten-
Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos ca- são) é igual a zero.
minhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido
que iremos percorrer o circuito.
A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sen-
tido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito.
Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor
é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mes-
mo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário.

Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de en-


trada no sentido que adotamos para a malha.
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo:

Lei dos Nós


A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
soma das correntes que saem.
Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja
soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado per-
manece constante.

74
FÍSICA
Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, tere- Solução
mos: Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes
UAB + UBE + UEF + UFA = 0 e também o sentido que iremos seguir na malha.
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abai-
Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os xo:
sinais das tensões:
• ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário
(sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
• R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
• ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horá-
rio (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo;
• R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; O próximo passo é escrever um sistema com as equações esta-
belecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos:
Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode- Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3
mos escrever a equação desta malha como: por i1 - i2 nas demais equações:
ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0 Resolvendo o sistema por soma, temos:
Passo a Passo Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda
Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes equação o valor encontrado para i2:
passos: Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na pri-
1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e esco- meira equação, para encontrar o valor de i3:
lher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Es-
sas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são:
para escolher de forma coerente esses sentidos. 3A, 8A e 5A.
• 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e
Lei das Malhas. Diferença de potencial
• 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso
das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores des- ocorre porque existe uma diferença de energia potencial entre o
conhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao local em que o corpo estava e o solo.
número de incógnitas. Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim
como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular, en-
Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que fim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual
percorrem os diferentes ramos do circuito. se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que precisa de
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a elétrons e o outro que os tem sobrando.
sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé-
contrário. trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se ligásse-
Exemplo mos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entra-
No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em riam em movimento e uma corrente surgiria no fio.
todos os ramos.

Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada na


pilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto situado
a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento.
Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio.
A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada pelo
volt (V).

75
FÍSICA
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece Resistência elétrica
12 V. Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade
O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade é de-
nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependendo da re- nominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são
gião do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligar bons condutores, apresentam resistência. A unidade de medida da
os aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para resistência é o ohm ( ).
funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem queimar e Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são
até provocar acidentes graves. denominados resistores. Os resistores são usados em um circuito
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica que
essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, por o percorre.
isso tome cuidado!
Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras
que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com obs-
táculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média
dos corredores. Em um circuito acontece da mesma forma: quanto
mais resistência elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio
condutor.
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elé-
trica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que se mo-
vem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerando
calor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em nosso dia-a-
-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elé-
tricos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”.

Devido a diferença de potencial, podemos levar choques.


Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocarmos
em dois pontos que existe diferença de potencial, uma corrente
atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade dessa cor-
rente e do caminho que ela percorrer no corpo um choque pode até
mesmo levar à morte.

A própria lâmpada incandescente converte mais energia elé-


trica em energia térmica do que em energia luminosa, sendo essa
última a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é
transformada em calor. Ao contrário, as lâmpadas fluorescentes,
consideradas “lâmpadas frias”, têm uma parte bem menor da ener-
gia elétrica convertida em calor e por isso são econômicas.

Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A ten- Primeira lei de Ohm
são nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não brinque Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que a
próximo a postes de energia elétrica. corrente estabelecida em um circuito é diretamente proporcional
à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência dos
E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam dispositivos do circuito e dos fios que os conectavam. Ou seja:
nesses cabos não são eletrocutados? quanto maior a tensão do gerador, maior a corrente e quanto maior
a resistência, menor a corrente. Essa relação é expressa matemati-
camente por:

em que: U é a tensão
R é a resistência
i é a corrente
Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma
das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial entre Vejamos um exemplo:
elas. Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V.
Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios Sabendo que a sua resistência, é de determine a corrente que
de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo, tocar percorre a lâmpada.
em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um
choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver diferença Sabemos que .
de potencial significativa entre os pontos tocados.

76
FÍSICA
Como ,

Temos que:

Potência elétrica
Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dispositivos elétricos que compramos que existe uma etiqueta especifi-
cando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa essa informação?
Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A energia elétrica que é convertida nesses aparelhos para várias finali-
dades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar calor (resistores), gerar energia luminosa (lâmpadas), dividida pelo tempo
que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na mecânica, medimos em Watts (joules/segundo

A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente.

Matematicamente, temos:

Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede de 110V, podemos calcular a corrente que o percorre:

77
FÍSICA
Os ímãs
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma
região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz
parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair
pedaços de ferro.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de
minério de ferro).

Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a


direção geográfica Norte-Sul.
Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte
geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. Normal-
mente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo
Sul do imã.

A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou


simplesmente ímã.
Forças magnéticas
Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a pro-
priedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é denomina-
da de magnetismo.
A força magnética do imã atua sobre certos metais como o
ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denominados
ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os
metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o
cobre não são atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã,
nela fica representada a área de influência desse imã.

Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola,


que, desde o século XI, tem sido usada para orientar navegadores
e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússo-
la, desempenhou papel fundamental na orientação pelos mares até
então desconhecidos.

Eletroímãs
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É
As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado em
agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência um pedaço de ferro e que se comporta como um imã.
desses polos é uma das importantes características dos imãs. Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã co-
O imã apresenta sempre dois polos. meça com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de energia)
Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará e um fio. O que a pilha produz são os elétrons.
novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca isolar
um dos polos do imã.

78
FÍSICA
As linhas de indução existem também no interior do ímã, por-
tanto são linhas fechadas e sua orientação interna é do polo sul ao
polo norte. Assim como as linhas de força, as linhas de indução não
podem se cruzar e são mais densas onde o campo é mais intenso.

Campo Magnético Uniforme


De maneira análoga ao campo elétrico uniforme, é definido
como o campo ou parte dele onde o vetor indução magnética
é igual em todos os pontos, ou seja, tem mesmo módulo, direção
e sentido. Assim sua representação por meio de linha de indução é
feita por linhas paralelas e igualmente espaçadas.

Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por


exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
(-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pilha
e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positi-
vo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado
positivo o mais rápido que puderem;

2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minutos).


Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia conectar os 2 ter-
minais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente, você
conecta algum tipo de carga no meio do fio. Essa carga pode ser um
motor, uma lâmpada, um rádio; A parte interna dos imãs em forma de U aproxima um campo
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pe- magnético uniforme.
queno campo magnético que é a base de um eletroímã.
Efeitos de um campo magnético sobre cargas
Campo Magnético Como os elétrons e prótons possuem características magnéti-
É a região próxima a um ímã que influencia outros ímãs ou ma- cas, ao serem expostos à campos magnéticos, interagem com este,
teriais ferromagnéticos e paramagnéticos, como cobalto e ferro. sendo submetidos a uma força magnética .
Compare campo magnético com campo gravitacional ou campo Supondo:
elétrico e verá que todos estes têm as características equivalentes. • campos magnéticos estacionários, ou seja, que o vetor
Também é possível definir um vetor que descreva este campo, campo magnético em cada ponto não varia com o tempo;
chamado vetor indução magnética e simbolizado por . Se pu- • partículas com uma velocidade inicial no momento da
dermos colocar uma pequena bússola em um ponto sob ação do interação;
campo o vetor terá direção da reta em que a agulha se alinha e • e que o vetor campo magnético no referencial adotado é
sentido para onde aponta o polo norte magnético da agulha. ;
Se pudermos traçar todos os pontos onde há um vetor indução Podemos estabelecer pelo menos três resultados:
magnética associado veremos linhas que são chamadas linhas de
indução do campo magnético. estas são orientados do polo norte Carga elétrica em repouso
em direção ao sul, e em cada ponto o vetor tangencia estas li- “Um campo magnético estacionário não interage com cargas
nhas. em repouso.”
Tendo um Ímã posto sobre um referencial arbitrário R, se uma
partícula com carga q for abandonada em sua vizinhança com ve-
locidade nula não será observado o surgimento de força magnética
sobre esta partícula, sendo ela positiva, negativa ou neutra.

Carga elétrica com velocidade na mesma direção do campo


“Um campo magnético estacionário não interage com cargas
que tem velocidade não nula na mesma direção do campo magné-
tico.”
Sempre que uma carga se movimenta na mesma direção do
campo magnético, sendo no seu sentido ou contrário, não há apare-
cimento de força eletromagnética que atue sobre ela. Um exemplo
deste movimento é uma carga que se movimenta entre os polos de
um Ímã. A validade desta afirmação é assegurada independente-
mente do sinal da carga estudada.

79
FÍSICA
Carga elétrica com velocidade em direção diferente do campo elétrico
Quando uma carga é abandonada nas proximidades de um campo magnético estacionário com velocidade em direção diferente do
campo, este interage com ela. Então esta força será dada pelo produto entre os dois vetores, e e resultará em um terceiro vetor
perpendicular a ambos, este é chamado um produto vetorial e é uma operação vetorial que não é vista no ensino médio.
Mas podemos dividir este estudo para um caso peculiar onde a carga se move em direção perpendicular ao campo, e outro onde a
direção do movimento é qualquer, exceto igual a do campo.
• Carga com movimento perpendicular ao campo
Experimentalmente pode-se observar que se aproximarmos um ímã de cargas elétricas com movimento perpendicular ao campo
magnético, este movimento será desviado de forma perpendicular ao campo e à velocidade, ou seja, para cima ou para baixo. Este será o
sentido do vetor força magnética.
Para cargas positivas este desvio acontece para cima:

E para cargas negativas para baixo.

A intensidade de será dada pelo produto vetorial , que para o caso particular onde e são perpendiculares é calculado
por:

80
FÍSICA
A unidade adotada para a intensidade do Campo magnético é
o tesla (T), que denomina , em homenagem ao físico iu- Para cargas positivas, vetor terá a direção de uma linha
goslavo Nikola Tesla. que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai da
palma da mão.

Consequentemente a força será calculada por: Para cargas negativas, vetor terá a direção de uma linha
que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai do
dorso da mão, isto é, o vetor que entra na palma da mão.
Indução Eletromagnética
Medida em newtons (N) Quando uma área delimitada por um condutor sofre variação
• Carga movimentando-se com direção arbitrária em rela- de fluxo de indução magnética é criado entre seus terminais uma
ção ao campo força eletromotriz (fem) ou tensão. Se os terminais estiverem liga-
Como citado anteriormente, o caso onde a carga tem movi- dos a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente esta força
mento perpendicular ao campo é apenas uma peculiaridade de eletromotriz ira gerar uma corrente, chamada corrente induzida.
interação entre carga e campo magnético. Para os demais casos a Este fenômeno é chamado de indução eletromagnética, pois é
direção do vetor será perpendicular ao vetor campo magnético causado por um campo magnético e gera correntes elétricas.
e ao vetor velocidade . A corrente induzida só existe enquanto há variação do fluxo,
chamado fluxo indutor

Lei de Lenz
Segundo a lei proposta pelo físico russo Heinrich Lenz, a partir
de resultados experimentais, a corrente induzida tem sentido opos-
to ao sentido da variação do campo magnético que a gera.
• Se houver diminuição do fluxo magnético, a corrente indu-
zida irá criar um campo magnético com o mesmo sentido do fluxo;
• Se houver aumento do fluxo magnético, a corrente indu-
zida irá criar um campo magnético com sentido oposto ao sentido
do fluxo.

Se usarmos como exemplo, uma espira posta no plano de uma


página e a submetermos a um fluxo magnético que tem direção
perpendicular à página e com sentido de entrada na folha.
• Se for positivo, ou seja, se a fluxo magnético aumen-
tar, a corrente induzida terá sentido anti-horário;
• Se for negativo, ou seja, se a fluxo magnético dimi-
nuir, a corrente induzida terá sentido horário.

Lei de Faraday-Neumann
Também chamada de lei da indução magnética, esta lei, ela-
borada a partir de contribuições de Michael Faraday,Franz Ernst
Neumann e Heinrich Lenz entre 1831 e 1845, quantifica a indução
Para o cálculo da intensidade do campo magnético se conside- eletromagnética.
ra apenas o componente da velocidade perpendicular ao campo, A lei de Faraday-Neumann relaciona a força eletromotriz ge-
ou seja, , sendo o ângulo formado entre e então rada entre os terminais de um condutor sujeito à variação de fluxo
substituindo v por sua componente perpendicular teremos: magnético com o módulo da variação do fluxo em função de um
intervalo de tempo em que esta variação acontece, sendo expressa
matematicamente por:

Aplicando esta lei para os demais casos que vimos anterior-


mente, veremos que:
• se v = 0, então F = 0 O sinal negativo da expressão é uma consequência da Lei de
• se = 0° ou 180°, então sen = 0, portanto F = 0 Lenz, que diz que a corrente induzida tem um sentido que gera um
• se = 90°, então sen = 1, portanto . fluxo induzido oposto ao fluxo indutor.

Regra da mão direita


Um método usado para se determinar o sentido do vetor
é a chamada regra da mão direita espalmada. Com a mão aberta,
se aponta o polegar no sentido do vetor velocidade e os demais
dedos na direção do vetor campo magnético.

81
FÍSICA
Transformadores
Os transformadores de tensão, chamados normalmente de
transformadores, são dispositivos capazes de aumentar ou reduzir
valores de tensão.
Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um
material altamente imantável, e duas bobinas com número dife-
rente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobina que
recebe a tensão da rede) e secundário (bobina em que sai a tensão
transformada).
O seu funcionamento é baseado na criação de uma corrente Porém, se a diferença de potencial variar com o tempo, o fluxo
induzida no secundário, a partir da variação de fluxo gerada pelo de cargas elétricas vai mudar, de acordo com a variação na tensão.
primário. Quando esta variação da tensão oscila entre valores positivos e ne-
gativos, ou seja, a polaridade alterna-se entre positiva e negativa,
A tensão de entrada e de saída são proporcionais ao número de pode-se dizer que a corrente elétrica gerada é uma corrente alter-
espiras em cada bobina. Sendo: nada.

As correntes elétricas alternadas em geral obtidas variam de


forma senoidal com o tempo. Ou seja, oscila senoidalmente entre
valores máximos e mínimos. A expressão para a força eletromotriz
Onde: tem a forma:
ε = εm . senω . t
• é a tensão no primário;
• εm é a amplitude máxima da força eletromotriz e ω é a frequ-
• é a tensão no secundário; ência angular em rad/s. Conforme mudam os valores do tempo, a
• amplitude da força eletromotriz também muda. Para os diferentes
• é o número de espiras do primário; n inteiros a partir de 0, a força eletromotriz é nula. Os valores mí-
• nimos ocorrem para os n.π, com n variando de 0 a ∞. Os valores
• é o número de espiras do secundário. máximos da força eletromotriz ocorrem para os (n + ½).π, com n
inteiros variando de 0 a ∞.
Imediatamente após aplicada a tensão, a corrente elétrica varia
Por esta proporcionalidade concluímos que um transformador de maneira irregular com o tempo. Este é o chamado efeito tran-
reduz a tensão se o número de espiras do secundário for menor que siente. Após cessar o transiente, a corrente elétricaoscila de manei-
o número de espiras do primário e vice-verso. ra senoidal da mesma forma que a tensão aplicada.
Se considerarmos que toda a energia é conservada, a potência A expressão para a intensidade da corrente elétrica tem a mes-
no primário deverá ser exatamente igual à potência no secundário, ma forma da equação para a tensão, embora agora seja necessário
assim: introduzir a constante de fase Φ, entre a força eletromotriz e a cor-
rente. Deste modo, podemos escrever:

i = im. sen(ωt – Φ)

Para a análise das correntes alternadas, usa-se um circuito RLC


com ambos os componentes, resistor, indutor e capacitor em série,
conectados a uma fonte de força eletromotriz alternada. O símbolo
Corrente Alternada utilizado para corrente alternada, assim como para força eletromo-
Chama-se corrente elétrica o movimento ordenado das cargas triz alternada ε, é representado pelo símbolo ~:
elétricas em um condutor. Estas cargas são aceleradas pela diferen-
ça de potencial a que estão submetidas. Se a diferença de potencial
for constante, o movimento das cargas elétricas terá um único sen-
tido e velocidade constante, em circuitos comuns com certa resis-
tência. Ou seja, neste caso o fluxo de cargas elétricas em uma área
de seção transversal é constante ao longo do tempo. O sentido real
da corrente elétrica é o sentido do movimento dos elétrons, confor-
me mostra a figura abaixo:

Mas o sentido convencional adotado no meio científico é o sen-


tido do movimento das cargas positivas:

82
FÍSICA
AS LEIS DA ELETRODINÂMICA E O PRINCÍPIO DARELATIVIDADE A segunda possibilidade consiste em considerar as equações de
Maxwell falsas e tentar modificá-las de tal modo que com a passa-
Essência da teoria da relatividade gem de um sistema inercial para outro (de acordo com os habituais
O desenvolvimento da eletrodinâmica levou à revisão das no- conceitos clássicos de espaço e de tempo) não se alterem. Tal ten-
ções de espaço e tempo. tativa foi feita, em particular, por G.HERTZ. Segundo Hertz, o éter
é arrastado totalmente pelos corpos em movimento e por isso os
A teoria da relatividade especial de Einstein é um novo estudo fenômenos eletromagnéticos decorrem igualmente, independente-
do espaço e do tempo, vindo substituir as noções antigas (clássicas). mente do fato do corpo estar parado ou em movimento. O princípio
da relatividade é verdadeiro.
O princípio da relatividade na mecânica e na eletrodinâmica. Finalmente, a terceira possibilidade da resolução das dificul-
dades consiste na rejeição das noções clássicas sobre o espaço e
Depois de Maxwell, na segunda metade do séc. XIX, ter for- tempo para que se mantenha o princípio da relatividade e as leis de
mulado as leis fundamentais da eletrodinâmica, surgiu a seguinte Maxwell. Este é o caminho mais revolucionário, visto que significa
questão: será que o princípio da relatividade, verdadeiro para os a revisão das mais profundas e importantes noções da física. De
fenômenos mecânicos, se estende aos fenômenos eletromagnéti- acordo com este ponto de vista, não são as equações do campo
cos? Por outras palavras, decorrerão os processos eletromagnéticos magnético que estão incorretas, mas sim as leis da mecânica de
(interação das cargas e correntes, propagação das ondas eletromag- Newton, as quais estão de acordo com a antiga noção de espaço
néticas, etc.) igualmente em todos os sistemas inerciais? Ou ainda, e tempo. É necessário alterar as leis da mecânica, e não as leis de
o movimento uniforme e retilíneo, não influenciando os fenômenos eletrodinâmica de Maxwell.
mecânicos, exercerá alguma influência nos processos eletromagné- Só a terceira possibilidade é que é correta. Einstein desenvol-
ticos? veu-a gradualmente e criou uma nova concepção do espaço e do
Para responder a esta questão era necessário verificar se mo- tempo. As duas primeiras possibilidades vieram a ser rejeitadas
dificariam as leis principais da eletrodinâmica na passagem de um pela experiência.
sistema inercial para outro ou se, à semelhança das leis de Newton, Quando Hertz tentou mudar as leis da eletrodinâmica de Ma-
elas se conservariam. Só no último caso seria possível deixar de du- xwell verificou-se que as novas equações não podiam explicar mui-
vidar sobre a veracidade do princípio da relatividade nos processos tos fatos observados. Assim, de acordo com a teoria de Hertz, a
eletromagnéticos e considerar este princípio como uma lei geral da água em movimento deverá arrastar completamente consigo a luz
Natureza. que se propaga nela, visto que ela arrasta o éter, onde a luz se pro-
paga. A experiência mostrou que na realidade isso não se passava.
A experiência de Michelson. O ponto de vista de Lorentz, de
acordo com o qual deve existir um certo sistema de referência, vin-
As leis da eletrodinâmica são complexas e a resolução deste culado ao éter mundial, que se mantém em repouso absoluto, tam-
problema não era nada fácil. No entanto, raciocínios simples pa- bém foi rejeitado por experiências diretas.
reciam ajudar a encontrar a resposta certa. De acordo com as leis Se a velocidade da luz só fosse igual a 300 000 km/s num sis-
da eletrodinâmica, a velocidade de propagação das ondas eletro- tema vinculado ao éter, então, medindo a velocidade da luz em
magnéticas no vácuo é igual em todas as direções e o seu valor é qualquer outro sistema inercial, poder-se-ia observar o movimento
c = 3.1010 cm/s. Mas, por outro lado, de acordo com o princípio da deste sistema em relação ao éter e determinar a velocidade deste
composição de velocidades da mecânica de Newton, a velocidade movimento. Tal como num sistema que se mova em relação ao ar
só pode ser igual a c num dado sistema. Em qualquer outro sistema, surge vento, quando se dá o movimento em relação ao éter (isto,
que se mova em relação ao sistema dado com velocidade v , a velo- claro, admitindo que o éter existe) deveria surgir “vento de éter”.
cidade da luz deveria ser igual a A experiência para verificação do “vento de éter” foi realizada em
1881 pelos cientistas americanos A. MICHELSON e E. MORLEY, se-
gundo uma ideia avançada 12 anos antes por Maxwell.
Nesta experiência compara-se a velocidade da luz na direção
do movimento da Terra e numa direção perpendicular. A medição
Isto significa que se é verdadeiro o princípio da composição de foi feita com grande exatidão com o auxílio de um instrumento es-
velocidades, então, na passagem de um sistema inercial para outro, pecial - interferômetro de Michelson. As experiências foram realiza-
as leis da eletrodinâmica deverão alterar-se de tal modo que neste das a diferentes horas do dia e em diferentes épocas do ano. Mas
sistema a velocidade da luz, em vez de ser igual a c, será igual a obteve-se sempre um resultado negativo: não foi possível observar
De forma verificou-se que existiam algumas contradições en- o movimento da Terra em relação ao éter.
tre a eletrodinâmica e a mecânica de Newton, cujas leis estão de Esta situação é semelhante à que se verificaria se, deitando a
acordo com o princípio da relatividade. As tentativas de resolver as cabeça de fora pela janela de um automóvel à velocidade de 100
dificuldades que surgiram foram feitas em três direções diferentes. km/h, não sentíssemos o vento soprando contra nós.
A primeira possibilidade consistia em declarar que o princípio Deste modo, a hipótese da existência de um sistema de refe-
da relatividade não se podia aplicar aos fenômenos eletromagnéti- rência privilegiado também foi rejeitada experimentalmente. Por
cos. Este ponto de vista foi defendido pelo grande físico holandês G. sua vez, isto significava que não existe nenhum meio especial,
LORENTZ, fundador da teoria eletrônica. Os fenômenos eletromag- “éter”, ao qual se possa vincular esse tal sistema privilegiado.
néticos eram vistos, desde o tempo de Faraday, como processos
que decorriam num meio especial, que penetra em todos os corpos
e ocupa todo o espaço - “ o éter mundial “. Um sistema inercial
parado em relação ao éter é, segundo Lorentz, um sistema privile-
giado. Nele, as leis da eletrodinâmica de Maxwell são verdadeiras e
têm uma forma mais simples. Só neste sistema a velocidade da luz
no vácuo é igual em todas as direções.

83
FÍSICA
5. (VUNESP, 2011) Considere um carrinho de brinquedo (B)
EXERCÍCIOS que seja capaz de exercer uma força F, constante e paralela ao plano
inclinado, sobre uma caixinha de fósforos (C), enquanto sobe uma
rampa inclinada de um ângulo α, conforme indica a figura:
1. (IFGO) Podemos dizer que uma partícula se encontra em mo-
vimento quando suas posições sofrem alterações no decorrer do
tempo em relação a um dado referencial. Estando em movimento,
ainda podemos dizer que a partícula pode estar em movimento uni-
forme ou em movimento variado. Acerca de um satélite geoestacio-
nário que se encontra sobre a linha do equador terrestre, podemos
afirmar corretamente que
(A) não possui aceleração pelo fato de sua velocidade ter mó- Considere as seguintes afirmações sobre as forças atuantes so-
dulo constante. bre a caixinha de fósforos:
(B) a aceleração tangencial é nula e a aceleração centrípeta de- I. a força de atrito depende da massa da caixinha de fósforos;
penderá da altitude que se encontrar em relação à superfície II. a força de atrito independe da inclinação α;
da Terra. III. a força resultante depende da massa da caixinha.
(C) possui aceleração escalar constante e diferente de zero. É (são) verdadeira(s) a(s) afirmação(ões)
(D) sua aceleração resultante é a própria aceleração tangencial. (B) I, apenas.
(E) a aceleração vetorial desse satélite não pode ser nula, pois (B) I e II, apenas.
o satélite deverá possuir velocidade tangencial muito grande. (C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
2. (MACKENZIE) Quando misturamos 1,0 kg de água (calor es- (E) I, II e III.
pecífico sensível = 1,0 cal/g°C) a 70°C com 2,0 kg de água a 10°C,
obtemos 3,0 kg de água a: 6. . (FCC/2018 – SABESP) Energia interna de um sistema (U) é
(A) 10°C a soma das energias cinética e potencial das partículas que consti-
(B) 20°C tuem um gás. Esta energia é uma característica do estado termodi-
(C) 30°C nâmico e deve ser considerada como mais uma variável que pode
(D) 40°C ser expressa em termos de pressão, volume, temperatura e número
(E) 50°C de mols.
Equação da energia interna
3. Quando a luz branca atravessa um prisma transparente, ela
decompõe-se, tornando evidente o espectro de cores que se unem
para formá-la. O fenômeno descrito refere-se à:
(A) dispersão da luz.
(B) reflexão da luz. Onde:
(C) absorção da luz. U: energia interna do gás
(D) difração da luz. n: número de mol do gás
(E) polarização da luz. R: constante universal dos gases perfeitos
T: temperatura absoluta (kelvin)
4. (FCC 2011) Um lustre, cujo peso tem intensidade P, está sus-
penso no teto por meio de dois fios de mesmo comprimento, que A energia interna em kJ de 2 mols de um gás perfeito na tem-
formam com o teto ângulos de 30°, como mostra a figura. peratura de 27°C é, em kJ,
Dado:
R = 8,31 J/mol . K
(A) 6805
(B) 0,673
(C) 6,80
(D) 7,47
(E) 7479

7. (NUCEPE/2018 – PC/PI) O gráfico abaixo representa a mu-


As intensidades das forças que tracionam os fios, em relação dança de um gás, num processo reversível. É CORRETO afirmar:
a P, valem (A) a mudança A é isobárica, a mudança B é isocórica e a mu-
(A) P/3 dança C é isotérmica.
(B) P/2 (B) a mudança A é isotérmica, a mudança B é isocórica e a mu-
(C) 2P/3 dança C é isobárica.
(D) 3P/4 (C) a mudança A é isotérmica, a mudança B é isobárica e a mu-
(E) P dança C é isocórica.
(D) a mudança A é isocórica, a mudança B é isobárica e a mu-
dança C é isotérmica.
(E) a mudança A é isocórica, a mudança B é isotérmica e a mu-
dança C é isobárica.

84
FÍSICA
8. (CESPE/2010 - SEDU-ES) O estudo dos fenômenos ondulató-
rios constitui parte importante da física, tendo reflexos em diver-
ANOTAÇÕES
sas áreas como a óptica, a acústica, o eletromagnetismo e a teoria
quântica. Com relação aos movimentos ondulatórios e à propaga- ______________________________________________________
ção de ondas, julgue oitemseguinte.
A aceleração de um corpo que executa um movimento harmô- ______________________________________________________
nico simples é inversamente proporcional ao seu deslocamento.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
9. (FCC/2018 – SABESP) A ausência de movimento é um caso
______________________________________________________
especial de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma
situação em que todas as forças que atuam sobre um corpo se equi- ______________________________________________________
libram. Portanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre
o corpo deve ser nula. ______________________________________________________
A definição supracitada refere-se ao ramo da física denomina-
do ______________________________________________________
(A) eletromagnetismo.
(B) termodinâmica. ______________________________________________________
(C) mecânica dos fluidos.
______________________________________________________
(D) ondulatória.
(E) estática. ______________________________________________________
10. (CESGRANRIO/2010 – Petrobras) ______________________________________________________
Toda matéria é descontínua, por mais compacta que pareça.
PORQUE ______________________________________________________
Na matéria existem espaços intermoleculares que podem ser
maiores ou menores. ______________________________________________________

A esse respeito, conclui-se que ______________________________________________________


(A) as duas afirmações são falsas.
______________________________________________________
(B) a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira.
(C) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. ______________________________________________________
(D) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a
primeira. ______________________________________________________
(E) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica
a primeira. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
______________________________________________________
2 C
3 A _____________________________________________________
4 E _____________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 D
______________________________________________________
7 C
8 ERRADO ______________________________________________________
9 E ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

85
FÍSICA
______________________________________________________ ______________________________________________________

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86
QUÍMICA
1. Materiais e suas propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estrutura atômica e Classificação Periódica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Ligação Química . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Relações entre massa e quantidade de matéria - Estequiometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Energia nas transformações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Cinética química e Equilíbrio químico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
8. Funções da Química Inorgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9. Eletroquímica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
10. Princípios básicos da análise química. Fundamentos de química orgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
QUÍMICA

MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES

Substância e Mistura
Analisando a matéria qualitativamente (qualidade) chamamos
a matéria de substância.
Substância – possui uma composição característica, determi-
nada e um conjunto definido de propriedades.
Pode ser simples (formada por só um elemento químico) ou
composta (formada por vários elementos químicos).
Exemplos de substância simples: ouro, mercúrio, ferro, zinco.
Exemplos de substância composta: água, açúcar (sacarose), sal Propriedades da matéria
de cozinha (cloreto de sódio). O que define a matéria são suas propriedades.Existem as pro-
Mistura – são duas ou mais substâncias agrupadas, onde a priedades gerais e as propriedades específicas.As propriedades
composição é variável e suas propriedades também. gerais são comuns para todo tipo de matéria e não permitem dife-
Exemplo de misturas: sangue, leite, ar, madeira, granito, água renciar uma da outra. São elas: massa, peso, inércia, elasticidade,
com açúcar. compressibilidade, extensão, divisibilidade, impenetrabilidade.
Massa – medida da quantidade de matéria de um corpo. De-
Corpo e Objeto termina a inércia e o peso.
Analisando a matéria quantitativamente chamamos a matéria Inércia – resistência que um corpo oferece a qualquer tentati-
de Corpo. va de variação do seu estado de movimento ou de repouso. O corpo
Corpo - São quantidades limitadas de matéria. Como por que está em repouso, tende a ficar em repouso e o que está em
exemplo: um bloco de gelo, uma barra de ouro. movimento tende a ficar em movimento, com velocidade e direção
Os corpos trabalhados e com certo uso são chamados de ob- constantes.
jetos. Uma barra de ouro (corpo) pode ser transformada em anel, Peso – é a força gravitacional entre o corpo e a Terra.
brinco (objeto). Elasticidade – propriedade onde a matéria tem de retornar
ao seu volume inicial após cessar a força que causa a compressão.
Fenômenos Químicos e Físicos Compressibilidade – propriedade onde a matéria tem de redu-
Fenômeno é uma transformação da matéria. Pode ser química zir seu volume quando submetida a certas pressões.
ou física. Extensão – propriedade onde a matéria tem de ocupar lugar
Fenômeno Químico é uma transformação da matéria com alte- no espaço.
ração da sua composição. Divisibilidade – a matéria pode ser dividida em porções cada
Exemplos: combustão de um gás, da madeira, formação da fer- vez menores. A menor porção da matéria é a molécula, que ainda
rugem, eletrólise da água. conserva as suas propriedades.
Impenetrabilidade – dois corpos não podem ocupar o mesmo
espaço ao mesmo tempo.
As propriedades específicas são próprias para cada tipo de ma-
téria, diferenciando-as umas das outras. Podem ser classificadas em
organolépticas, físicas e químicas.
As propriedades organolépticas podem ser percebidas pelos
órgãos dos sentidos (olhos, nariz, língua). São elas: cor, brilho, odor
e sabor.
As propriedades físicas são: ponto de fusão e ponto de ebuli-
ção, solidificação, liquefação, calor específico, densidade absoluta,
propriedades magnéticas, maleabilidade, ductibilidade, dureza e
tenacidade.
Ponto de fusão e ebulição – são as temperaturas onde a ma-
téria passa da fase sólida para a fase líquida e da fase líquida para a
Química – é a ciência que estuda os fenômenos químicos. Es- fase sólida, respectivamente.
tuda as diferentes substâncias, suas transformações e como elas Ponto de ebulição e de liquefação – são as temperaturas onde
interagem e a energia envolvida. a matéria passa da fase líquida para a fase gasosa e da fase gasosa
Fenômenos Físicos - é a transformação da matéria sem altera- para a líquida, respectivamente.
ção da sua composição. Calor específico – é a quantidade de calor necessária para au-
Exemplos: reflexão da luz, solidificação da água, ebulição do mentar em 1 grau Celsius (ºC) a temperatura de 1grama de massa
álcool etílico. de qualquer substância. Pode ser medida em calorias.
Física – é a ciência que estuda os fenômenos físicos. Estuda Densidade absoluta – relação entre massa e volume de um
as propriedades da matéria e da energia, sem que haja alteração corpo.
química. d=m:V

Propriedade magnética – capacidade que uma substância tem


de atrair pedaços de ferro (Fe) e níquel (Ni).
Maleabilidade – é a propriedade que permite à matéria ser
transformada em lâmina. Característica dos metais.

1
QUÍMICA
Ductibilidade – capacidade que a substância tem de ser trans- Mistura Heterogênea – é formada por duas ou mais fases. As
formada em fios. Característica dos metais. substâncias podem ser diferenciadas a olho nu ou pelo microscópio.
Dureza – é determinada pela resistência que a superfície do Exemplos:
material oferece ao risco por outro material. O diamante é o mate- - água + óleo
rial que apresenta maior grau de dureza na natureza. - granito
- água + enxofre
- água + areia + óleo

Tenacidade – é a resistência que os materiais oferecem ao


choque mecânico, ou seja, ao impacto. Resiste ao forte impacto
sem se quebrar.
As propriedades químicas são as responsáveis pelos tipos de
transformação que cada substância é capaz de sofrer. Estes proces-
sos são as reações químicas. Os sistemas monofásicos são as misturas homogêneas.
Os sistemas polifásicos são as misturas heterogêneas. Os siste-
Mistura e Substância mas homogêneos, quando formados por duas ou mais substâncias
Mistura – é formada por duas ou mais substâncias puras. As miscíveis (que se misturam) umas nas outras chamamos de solu-
misturas têm composição química variável, não expressa por uma ções.
fórmula. São exemplos de soluções: água salgada, vinagre, álcool hidra-
Algumas misturas são tão importantes que têm nome próprio. tado.
São exemplos: Os sistemas heterogêneos podem ser formados por uma única
- gasolina – mistura de hidrocarbonetos, que são substâncias substância, porém em várias fases de agregação (estados físicos)
formadas por hidrogênio e carbono. .Exemplo: Água líquida, sólida (gelo),vapor
- ar atmosférico – mistura de 78% de nitrogênio, 21% de oxigê-
nio, 1% de argônio e mais outros gases, como o gás carbônico. Separação de mistura
- álcool hidratado – mistura de 96% de álcool etílico mais 4% Os componentes das misturas podem ser separados. Há algu-
de água. mas técnicas para realizar a separação de misturas. O tipo de sepa-
Substância – é cada uma das espécies de matéria que constitui ração depende do tipo de mistura.
o universo. Pode ser simples ou composta. Alguns dos métodos de separação de mistura são: catação, le-
vigação, dissolução ou flotação, peneiração, separação magnética,
Sistema e Fases dissolução fracionada, decantação e sedimentação, centrifugação,
Sistema – é uma parte do universo que se deseja observar, filtração, evaporação, destilação simples e fracionada e fusão fra-
analisar. Por exemplo: um tubo de ensaio com água, um pedaço de cionada.
ferro, uma mistura de água e gasolina, etc.
Fases – é o aspecto visual uniforme. Separação de Sólidos
As misturas podem conter uma ou mais fases. Para separar sólidos podemos utilizar o método da catação, le-
Mistura Homogênea – é formada por apenas uma fase. Não se vigação, flotação ou dissolução, peneiração, separação magnética,
consegue diferencias a substância. ventilação e dissolução fracionada.
Exemplos: - CATAÇÃO – consiste basicamente em recolher com as mãos
- água + sal ou uma pinça um dos componentes da mistura.
- água + álcool etílico Exemplo: separar feijão das impurezas antes de cozinhá-los.
- água + acetona
- água + açúcar - LEVIGAÇÃO – separa substâncias mais densas das menos den-
- água + sais minerais sas usando água corrente.
Exemplo: processo usado por garimpeiros para separar ouro
(mais denso) da areia (menos densa).

- DISSOLUÇÃO OU FLOCULAÇÃO – consiste em dissolver a mis-


tura em solvente com densidade intermediária entre as densidades
dos componentes das misturas.
Exemplo: serragem + areia
Adiciona-se água na mistura. A areia fica no fundo e a serragem
flutua na água.

- PENEIRAÇÃO – separa sólidos maiores de sólidos menores ou


ainda sólidos em suspensão em líquidos.

2
QUÍMICA
Exemplo: os pedreiros usam esta técnica para separar a areia
mais fina de pedrinhas; para separar a polpa de uma fruta das suas
sementes, como o maracujá.
Este processo também é chamado de tamização.

- DECANTAÇÃO – é a remoção da parte líquida, virando cui-


dadosamente o recipiente. Pode-se utilizar um funil de decantação
para remover um dos componentes da mistura.
Exemplo: água + óleo; água + areia

- SEPARAÇÃO MAGNÉTICA – usado quando um dos componen-


tes da mistura é um material magnético.
Com um ímã ou eletroímã, o material é retirado.
Exemplo: limalha de ferro + enxofre; areia + ferro

- CENTRIFUGAÇÃO – é o processo de aceleração da sedimenta-


ção. Utiliza-se um aparelho chamadocentrífuga ou centrifugador,
que pode ser elétrico ou manual.
Exemplo: Para separar a água com barro.

- VENTILAÇÃO – usado para separar dois componentes sólidos


com densidades diferentes. É aplicado um jato de ar sobre a mis-
tura.
Exemplo: separar o amendoim torrado da sua casca já solta;
arroz + palha.

- DISSOLUÇÃO FRACIONADA - consiste em separar dois compo-


nentes sólidos utilizando um líquido que dissolva apenas um deles.
Exemplo: sal + areia
Dissolve-se o sal em água. A areia não se dissolve na água. Po-
de-se filtrar a mistura separando a areia, que fica retida no filtro da
água salgada. Pode-se evaporar a água, separando a água do sal
Separação de Sólidos e Líquidos
Para separar misturas de sólidos e líquidos podemos utilizar o
método da decantação e sedimentação, centrifugação, filtração e
evaporação.

- SEDIMENTAÇÃO – consiste em deixar a mistura em repouso


até o sólido se depositar no fundo do recipiente.
Exemplo: água + areia

3
QUÍMICA
- FILTRAÇÃO – processo mecânico que serve para separar mistura sólida dispersa com um líquido ou gás. Utiliza-se uma superfície
porosa (filtro) para reter o sólido e deixar passar o líquido. O filtro usado é um papel-filtro.

O papel-filtro dobrado é usado quando o produto que mais interessa é o líquido. A filtração é mais lenta.
O papel-filtro pregueado produz uma filtração mais rápida e é utilizada quando a parte que mais interessa é a sólida.
Exemplo: água + areia

- EVAPORAÇÃO – consiste em evaporar o líquido que está misturado com um sólido.


Exemplo: água + sal de cozinha (cloreto de sódio).
Nas salinas, obtém-se o sal de cozinha por este processo. Na realidade, as evaporações resultam em sal grosso, que se for purificado
torna-se o sal refinado (sal de cozinha), que é uma mistura de cloreto de sódio e outras substâncias que são adicionadas pela indústria.

4
QUÍMICA
Separação de Misturas Homogêneas
Para separar os componentes das substâncias de misturas homogêneas usamos os métodos chamados defracionamento, que se ba-
seiam na constância da temperatura nas mudanças de estados físicos. São eles: destilação e fusão.

- DESTILAÇÃO – consiste em separar líquidos e sólidos com pontos de ebulição diferentes. Os líquidos devem ser miscíveis entre si.
Exemplo: água + álcool etílico; água + sal de cozinha
O ponto de ebulição da água é 100°C e o ponto de ebulição do álcool etílico é 78°C. Se aquecermos esta mistura, o álcool ferve pri-
meiro. No condensador, o vapor do álcool é resfriado e transformado em álcool líquido, passando para outro recipiente, que pode ser um
frasco coletor, um erlenmeyer ou um copo de béquer. E a água permanece no recipiente anterior, separando-se assim do álcool.
Para essa técnica, usa-se o aparelho chamado destilador, que é um conjunto de vidrarias do laboratório químico. Utiliza-se: termôme-
tro, balão de destilação, haste metálica ou suporte, bico de Bunsen, condensador, mangueiras, agarradores e frasco coletor.
Este método é a chamada Destilação Simples.
Nas indústrias, principalmente de petróleo, usa-se a destilação fracionada para separar misturas de dois ou mais líquidos. As torres de
separação de petróleo fazem a sua divisão produzindo gasolina, óleo diesel, gás natural, querosene, piche.
As substâncias devem conter pontos de ebulição diferentes, mas com valores próximos uns aos outros.

Fonte: http://www.infoescola.com/Modules/Articles/Images/destilacao-simples.gif

FUSÃO FRACIONADA – separa componentes de misturas homogêneas de vários sólidos. Derrete-se a substância sólida até o seu ponto
de fusão, separando-se das demais substâncias.
Exemplo: mistura sólida entre estanho e chumbo.
O estanho funde-se a 231°C e o chumbo, a 327°C. Então, funde-se primeiramente o estanho.

Energia
Energia é algo um pouco mais complicado de definir do que foi a matéria. Esta, ao contrário da matéria, não tem peso, e somente
é possível medir quando for transformada, ou ao ser liberada ou absorvida. Ela não possui unidades físicas próprias, sendo expressa em
termos das unidades de trabalho que realiza. Com isso, podemos ter uma definição mais simples: energia nada mais é do que a capaci-
dade de realizar trabalho. De acordo com a lei da conservação da energia, esta não pode ser criada nem destruída, portanto somente se
transformará.
É a partir da energia, ainda, que é possível modificar a matéria, anular ou provocar movimentos e causar deformações. Existem algu-
mas formas de energia. De acordo com a lei da conservação da energia, esta não pode ser criada nem destruída.
Formas de energia
Energia cinética: associada ao movimento. Esta depende da massa e da velocidade de um corpo.
Energia potencial: encontra-se armazenada em um sistema e pode ser usada a qualquer momento. São elas a energia potencial gravi-
tacional – relacionada a altura de um corpo em relação a um determinado nível de referência – e a energia potencial elástica, relacionada
a uma mola ou a um corpo elástico.
Energia mecânica total: a energia mecânica total e dada pela soma das energias cinética e potencial.

Matéria e Energia
A matéria é formada por moléculas, que por sua vez, é formada por átomos, que ao se agruparem, dão forma a tudo que conhecemos.
É importante salientar que o átomo não é a menor porção de matéria como acreditavam os gregos, que foram os primeiros a supor sua
existência.
A matéria pode se apresentar em três diferentes estados, o solido, o líquido e o gasoso, e as diferenças entre eles são apenas o modo
como estes átomos e moléculas estão organizados, sua interação e agitação. Como podemos ver na imagem.

5
QUÍMICA
faz com que as interações diminuam, e as moléculas fiquem mais
livres. Se essa energia for fornecida na forma de calor, podemos
descobrir quando ocorrerá a mudança do estado físico por meio
dos pontos de fusão e ebulição, que são diferentes para cada tipo
de material. A energia altera a temperatura do corpo, até chegar a
um desses pontos.
Quando o material está no ponto de fusão (pf) ou no ponto
de ebulição (pe), é necessário que haja uma troca de energia para
mudar seu estado, essa energia também é diferente para cada ma-
terial, essa quantidade é chamada de calor latente e podemos ver
alguns valores de materiais bem conhecidos na tabela abaixo

Substância Pf (ºC) Lf (cal/g) Pe (ºC) Le (cal/g)


Água 0 79,71 100 539,6
Cobre 1039 51 2582 1290
Um corpo no estado sólido apresenta sempre uma forma e um
Etanol -114 24,9 78,3 204
volume bem definidos, assim como uma rigidez que pode variar de
um sólido para outro. De forma geral, os átomos de um corpo neste Ferro 1535 64,9 2800 1515
estado estão muito próximos, e fortemente ligados, mantendo as- Freon - - -29 38
sim sua forma e posição.
Na maioria dos casos estes átomos estão organizados em es- Mercúrio -39 2,82 356,5 68
truturas cristalinas, ou seja, muito bem definidas, como o sal de Ouro 1063 15,8 2660 377
cozinha (NaCl), no qual os átomos de cloro estão posicionados nos zinco 419 28,13 906 -
vértices de um cubo.
Os corpos no estado líquido possuem um volume bem defini- Enquanto o corpo está no ponto de fusão ou ebulição, a ener-
do, entretanto sua forma se adapta ao recipiente no qual está inse- gia térmica fornecida para que mude seu estado não altera sua tem-
rido. Não apresentam a rigidez características do solido, por isso a peratura.
tensão superficial encontrada neles é extremamente baixa. É possível alterar o ponto de fusão e ebulição de um material
Os átomos e moléculas neste estado se encontram mais afas- variado a pressão sobre ele.
tadas e fora de uma estrutura estática como vimos nos sólidos, pois Entretanto, podemos nos perguntar: “se recebendo energia, as
a força de interação entre elas é mais fraca, permitindo que outras moléculas de um corpo ficam cada vez mais agitadas, o que aconte-
forças alterem sua estrutura, fazendo com que sua forma se altere. ce quando eu forneço energia para um gás?”
Isso faz com que os líquidos possam escoar, por exemplo, quando Quando é fornecida energia o suficiente para um gás, as mo-
afetados pela força gravitacional. léculas começam a se romper, fazendo com alguns átomos percam
Os gases, por outro lado, não possuem forma ou volume defi- seus elétrons, assim, eles ficam eletricamente carregados e se tor-
nido, eles assumem a forma e o volume do local onde estão, fican- nem íons. Este é um estado chamado de plasma, ou seja, um gás
do mais ou menos densos, pois seu volume pode ser alterado mais aquecido, eletricamente carregado e com elétrons livres.
facilmente. A mudança de estado de um corpo então depende de ele ab-
Neste estado, os átomos e moléculas estão extremamente sorver ou liberar energia.
afastados entre si, e possuem poucas interações uns com os outros,
assim, eles podem facilmente se desprender e ocupar um grande
volume quando liberados.
ESTRUTURA ATÔMICA E CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA
Abaixo podemos ver melhor a forma de organização de cada
um destes estados. A estrutura atômica é composta por três partículas fundamen-
tais: prótons (com carga positiva), nêutrons (partículas neutras) e
elétrons (com carga negativa).
Toda matéria é formada de átomo sendo que cada elemento
químico possui átomos diferentes.
A eletricidade chega às nossas casas através de fios e da mo-
vimentação de partículas negativas que fazem parte dos elétrons,
que circulam pelos fios.

Modelos Atômicos
Os modelos atômicos são os aspectos estruturais dos átomos
que foram apresentados por cientistas na tentativa de compreen-
der melhor o átomo e a sua composição.
Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/estados-fisicos-da-mate-
Em 1808, o cientista inglês John Dalton propôs uma explicação
ria/
para a propriedade da matéria. Trata-se da primeira teoria atômica
que dá as bases para o modelo atômico conhecido atualmente.
Mas se o estado da matéria depende dessas interações e da A constituição da matéria é motivo de estudos desde a antigui-
agitação das moléculas, é possível alterá-lo? Sim. Quando forne- dade. Os pensadores Leucipo (500 a.C.) e Demócrito (460 a.C.) for-
cemos energia o suficiente para o corpo, a agitação das moléculas mularam a ideia de haver um limite para a pequenez das partículas.

6
QUÍMICA
Eles afirmavam que elas se tornariam tão pequenas que não Ele descobriu essa mínima partícula e assim estabeleceu a teo-
poderiam ser divididas. Chamou-se a essa partícula última de áto- ria da natureza elétrica da matéria. Concluiu que os elétrons eram
mo. A palavra é derivada dos radicais gregos que, juntos, significam constituintes de todos os tipos de matéria, pois observou que a re-
o que não se pode dividir. lação carga/massa do elétron era a mesma para qualquer gás em-
pregado em suas experiências.
O Modelo Atômico de Dalton Em 1897, Thomson tornou-se reconhecido como o “pai do elé-
tron”.

Modelo Atômico de Rutherford

Modelo atômico de Dalton

O Modelo Atômico de Dalton, conhecido como o modelo bola


de bilhar, possui os seguintes princípios:
1. Todas as substâncias são formadas de pequenas partículas
chamadas átomos; Modelo atômico de Rutherford
2. Os átomos de diferentes elementos têm diferentes proprie-
dades, mas todos os átomos do mesmo elemento são exatamente Em 1911, o físico neozelandês Rutherford colocou uma folha de
iguais; ouro bastante fina dentro de uma câmara metálica. Seu objetivo era
3. Os átomos não se alteram quando formam componentes analisar a trajetória de partículas alfa a partir do obstáculo criado
químicos; pela folha de ouro.
4. Os átomos são permanentes e indivisíveis, não podendo ser Nesse ensaio de Rutherford, observou que algumas partículas
criados nem destruídos; ficavam totalmente bloqueadas. Outras partículas não eram afeta-
5. As reações químicas correspondem a uma reorganização de das, mas a maioria ultrapassava a folha sofrendo desvios. Segundo
átomos. ele, esse comportamento podia ser explicados graças às forças de
repulsão elétrica entre essas partículas.
Modelo Atômico de Thomson Pelas observações, afirmou que o átomo era nucleado e sua
parte positiva se concentrava num volume extremamente pequeno,
que seria o próprio núcleo.
O Modelo Atômico de Rutherford, conhecido como modelo
planetário, corresponde a um sistema planetário em miniatura, no
qual os elétrons se movem em órbitas circulares, ao redor do nú-
cleo.

Modelo de Rutherford – Bohr

Modelo Atômico de Thomson

O Modelo Atômico de Thomson foi o primeiro a realizar a di-


visibilidade do átomo. Ao pesquisar sobre raios catódicos, o físico
inglês propôs esse modelo que ficou conhecido como o modelo pu-
dim de ameixa.
Ele demonstrou que esses raios podiam ser interpretados Modelo Atômico de Rutherford-Bohr
como sendo um feixe de partículas carregadas de energia elétrica
negativa. O modelo apresentado por Rutherford foi aperfeiçoado por
Em 1887, Thomson sugeriu que os elétrons eram um consti- Bohr. Por esse motivo, o aspecto da estrutura atômica de Bohr tam-
tuinte universal da matéria. Ele apresentou as primeiras ideias rela- bém é chamada de Modelo Atômico de Bohr ou Modelo Atômico
tivas à estrutura interna dos átomos. de Rutherford-Bohr.
Thomson indicava que os átomos deviam ser constituídos de A teoria do físico dinamarquês Niels Bohr estabeleceu as se-
cargas elétricas positivas e negativas distribuídas uniformemente. guintes concepções atômicas:

7
QUÍMICA
1. Os elétrons que giram ao redor do núcleo não giram ao aca- Acreditava-se, na Antiguidade, que os átomos eram indivisíveis
so, mas descrevem órbitas determinadas. e maciços. No século XX ficou provado que os átomos são formados
2. O átomo é incrivelmente pequeno, mesmo assim a maior por outras partículas. São três partículas fundamentais: elétrons,
parte do átomo é espaço vazio. O diâmetro do núcleo atômico é prótons e nêutrons.
cerca de cem mil vezes menor que o átomo todo. Os elétrons giram O átomo se divide em duas partes: o núcleo e a eletrosfera. Os
tão depressa que parecem tomar todo o espaço. prótons e nêutrons ficam no núcleo do átomo e os elétrons ficam
3. Quando a eletricidade passa através do átomo, o elétron na eletrosfera.
pula para a órbita maior e seguinte, voltando depois à sua órbita
usual.
4. Quando os elétrons saltam de uma órbita para a outra resul-
ta luz. Bohr conseguiu prever os comprimentos de onda a partir da
constituição do átomo e do salto dos elétrons de uma órbita para
a outra.

ÁTOMO
Toda matéria é formada por partículas muito pequenas. Essas
partículas chamamos de átomo.
ÁTOMO – É uma partícula indivisível.
Há cerca de 2,5 mil anos, o filósofo grego Demócrito disse que
se dividirmos a matéria em pedacinhos cada vez menores, chegare-
mos a grãozinhos indivisíveis, que são os átomos (a = não e tomo
= parte). Em 1897, o físico inglês Joseph Thompson (1856-1940)
descobriu que os átomos eram divisíveis: lá dentro havia o elétron, Fonte: http://www.infoescola.com/Modules/Articles/Images/full-
partícula com carga elétrica negativa. -1-3d6aba4843.jpg

Essas partículas são caracterizadas pelas suas cargas elétricas.


O elétron tem carga -1 e massa desprezível (sendo aproximadamen-
te 1/1836 a massa do próton). A massa do próton seria então igual
a 1 e a carga +1. O nêutron não possui carga elétrica e sua massa é
igual a do próton.
Observe a tabela entre as relações de massa das partículas fun-
damentais do átomo. Adota-se como padrão o próton com massa
igual a 1:

PARTÍCULA MASSA CARGA


ELÉTRICA
Em 1911, o neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937) mos-
trou que os átomos tinham uma região central compacta chamada p 1 +1
núcleo e que lá dentro encontravam-se os prótons, partículas com n 1 0
carga positiva.
é 1/1836 -1

Note que a massa do elétron é 1.836 vezes menor que a do


próton, por isso desconsidera-se a sua massa.

Tamanho do Átomo
O tamanho do átomo é medido em angstrons (Å).
1 angstron = 10-10metros
O diâmetro médio do núcleo de um átomo fica entre 10-4 Å e
10 Å e o da eletrosfera é de 1Å.
-5

A eletrosfera de um átomo é entre 10000 e 100000 vezes maior


que o seu núcleo. Essa diferença de tamanho nos leva a admitir que
o átomo é quase feito de espaço vazio.
Em termos práticos, se o núcleo tivesse o tamanho de uma bola
Fonte: http://static.hsw.com.br/gif/atom-rutherford.jpg de tênis, o primeiro elétron estaria a uma distância de 1 km.

Em 1932, o físico inglês James Chadwick (1891-1974) desco- Camadas Eletrônicas / Níveis de Energia
briu o nêutron, partícula neutra, companheira do próton no núcleo Na eletrosfera, os elétrons giram em torno do núcleo ocupando
atômico. o que chamamos de NÍVEIS DE ENERGIA ou CAMADAS ELETRÔNI-
No início dos anos 60, os cientistas já achavam que prótons e CAS. Cada nível possui um número inteiro de 1 a 7 ou pelas letras
nêutrons eram formados por partículas ainda menores. Murray maiúsculas K,L,M,N,O,P,Q. Nas camadas, os elétrons se movem e
Gell-Mann, nascido em 1929 sugere a existência dos quarks, que quando passam de uma camada para outra absorvem ou liberam
seriam essas partículas menores. Os quarks são mantidos juntos energia.
por outras partículas denominadas gluons.

8
QUÍMICA
Quando um elétron salta para uma camada mais interna ele Pode-se dizer que o número atômico é igual ao número de
libera energia. prótons do núcleo. Se o átomo for neutro, é igual ao número de
Quando um elétron salta para uma camada mais externa ele elétrons também.
absorve energia. Z=p=é
A energia emitida é em forma de luz. Chamamos essa energia
de “quantum” de energia. O “quantum” também é chamado de fó- Número de Massa (A)
ton. Número de massa é o peso do átomo. É a soma do número de
prótons (Z) e de nêutrons (n) que existem num átomo.

A=p+n ou A=Z+n

É este número que informa se o átomo é mais “leve” ou mais


“pesado”. São os prótons e nêutrons quem dão a massa do átomo,
já que os elétrons são muito pequenos, com massa desprezível em
relação a estas partículas.

Exemplos:
Cada camada eletrônica pode conter certo número máximo de Na (sódio) A = 23
elétrons.
Se o Na tem A = 23 e Z = 11, qual o número de n (nêutrons)?
Observe a tabela: A = 23
Z=p=é
NOME DA CAMADA NÍVEL Nº MÁX. DE É NA CAMADA A=p+n
23 = 11 + n
K 1 2 n = 12
L 2 8
A partir do Z, temos o número de prótons e de elétrons do
M 3 18 átomo. A partir da fórmula A = p + n, isolamos o n para achá-lo,
N 4 32 substituindo o A e o p na fórmula. Então podemos utilizar também
a fórmula:
O 5 32
n=A–p
P 6 18 Observe o modelo:
Q 7 8 a) K (potássio)
A = 39
O número de camadas ou níveis de energia varia de acordo Z = 19
com o número de elétrons de cada átomo. p = 19
Em todo átomo (exceto o paládio – Pd) o número máximo de é = 19
elétrons em uma camada K só suporta 2 elétrons. n = 20
A penúltima camada deve ter no máximo 18 elétrons.
Para os átomos com mais de 3 camadas, enquanto a penúltima Encontramos estes valores na Tabela Periódica dos Elementos.
não estiver com 18 elétrons, a última terá no máximo 2 elétrons. Toda tabela possui a sua legenda informando o número atômico
e o número de massa. Aplicando a fórmula correta, conseguimos
Observe algumas distribuições: encontrar o valor de nêutrons.
H (hidrogênio) nº de é = 1 K=1
K (potássio) nº de é =19 K = 2 L=8 M=8 N=1 ÍON
Be (berílio) nº de é = 4 K=2 L=2 O átomo que possui p = é, ou seja, o número de prótons igual
Zr (zircônio) nº de é = 40 K = 2 L = 8 M = 18 N = 10 O = 2 ao número de elétrons é eletricamente neutro.
Átomo neutro = p = é
Número Atômico (Z) Se o átomo tiver elétrons a mais ou a menos, então não será
Cada átomo possui o seu número atômico. Ele indica o número mais um átomo neutro. Este átomo passará a ser chamado de ÍON.
de elétrons e prótons do átomo. Se ele estiver com sua carga elétri- Íon = p ≠ é
ca zero ele está neutro, ou seja, é um átomo neutro. Íon é um átomo que perde ou ganha elétrons. Ele pode ficar
O número atômico é indicado pela letra (Z). negativo ou positivo. Então:
Número Atômico é o número de prótons e elétrons (átomo Íon positivo (+) doa elétrons – íon cátion. Ex. Na+
neutro) que existem no átomo. Íon negativo (-) recebe elétrons – íon ânion. Ex. Cl-
Quando um cátion doa elétrons, ele fica positivo.
Exemplos: Quando um ânion ganha elétrons, ele fica negativo.
Na (sódio) Z=11
He (hélio) Z=2 ISÓTOPO, ISÓBARO E ISÓTONO
V (vanádio) Z=23 Se observarmos o número atômico, número de massa e de
Br (bromo) Z=84 nêutrons de diferentes átomos podemos encontrar conjuntos de
Po (polônio) Z=84 átomos com outro número igual.
Os isótopos são átomos que possuem o mesmo número de
prótons (p) e diferente número de massa (A).

9
QUÍMICA
Exemplo: o hidrogênio (H)

¹H ²H ³H
¹ ¹ ¹
hidrogênio deutério trítio
Z=1 Z=1 Z=1
A=1 A=2 A=3

Este fenômeno é muito comum na natureza. Quase todos os elementos químicos naturais são formados por mistura de isótopos.
Os isóbaros são átomos que possuem o mesmo número de massa (A) e diferente número de prótons.
Exemplo:

K
40
Ca
40
19 20

A = 40 A = 40
Z = 19 Z = 20

São átomos de elementos químicos diferentes, mas que tem o mesmo número de massa.
Os isótonos são átomos que possuem o mesmo número de nêutrons e com diferentes números de prótons e de massa. São átomos
de diferentes elementos químicos.
Exemplo:

A = 37Cl A = 40Ca
Z = 17 Z = 20
__________ __________
n = 20 n = 20

Os isótonos têm propriedades químicas e físicas diferentes.

Diagrama de Pauling
O diagrama de Pauling ou princípio de Aufbau nada mais é do que um método de distribuir os elétrons na eletrosfera do átomo e
dos íons. Este método foi desenvolvido pelo físico alemão Erwin Madelung (no Brasil, em muitos livros de química, o modelo é atribuído
à Linus Pauling; entretanto, não há evidências de que tenha sido ele o criador desse método). Ele provou experimentalmente que os
elétrons são dispostos nos átomos em ordem crescente de energia, visto que todas as vezes que o elétron recebe energia ele salta para
uma camada mais externa a qual ele se encontra, e no momento da volta para sua camada de origem ele emite luz, em virtude da energia
absorvida anteriormente. Baseado na proposição de Niels Borh de que os elétrons giram ao redor do núcleo, como a órbita dos planetas
ao redor do sol.
Uma lâmpada fluorescente, por exemplo, ela contém uma substância química em seu interior, obviamente formada por átomos, os
elétrons presentes na eletrosfera destes átomos, ao receber a energia elétrica são excitados, e começam a saltar para outras camadas e
ao retornarem emitem a luz.

1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d104p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d106p6 7s2 5f146d10 7p6 ...

Ordem crescente de energia

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QUÍMICA

Número Quântico Principal (n): também conhecido como nível energético são representados pelos números inteiros correspondentes
a:
• K= 1 s
• L= 2 s p
• M= 3 s p d
• N= 4 s p d f
• O= 5 s p d f g
• P= 6 s p d f g h
• Q= 7 s p d f g h i...

Número Quântico Azimutal(l): é comumente conhecido como subnível energético e representado pelas (“s, p, d, f,”...), respectivamen-
te, “s(Sharp), p(Principal), d(difuse) e f(fundamental)”. Os subníveis energéticos são formados por orbitais, que comportam 2 elétrons
com spins opostos segundo o Princípio da exclusão de Pauli.

• s²= 1 orbital e 2 spins


• p6= 3 orbitais e 6 spins
• d10= 5 orbitais e 10 spins
• f14= 7 orbitais e 14 spins

Número Quântico Magnético(m): o número quântico magnético é útil para identificação dos orbitais. Onde o orbital da direita tem
valor (+) e os da esquerda valor (-). Por exemplo, utilizando o subnível f que possui um maior número de orbitais, temos:

Número Quântico de Spin (Ms): são representações em forma de seta dos elétrons distribuídos nos orbitais. O valor dos de cada spin é:
↑ Para cima é positivo Ms=+½(meio) e ↓ Para baixo é negativo e Ms=-½(meio)

Exemplo: é necessário fazer a distribuição eletrônica do átomo de Praseodímio:


Passo 1: procurar o elemento na tabela periódica e observar seu número atômico.
Utilizando o diagrama de Pauling e seguindo pelas diagonais obtém-se:

No átomo de Pr as camadas possuem:


K=2 elétrons, L=8 elétrons, M=18 elétrons, N=21elétrons, O=8 elétrons e P=2 elétrons.

11
QUÍMICA
Passo 2: dispor os spins em orbitais(aqui representados pelos quadrinhos) sendo

Para os íons a distribuição é diferente, visto que íons são átomos que possuem carga e são subdividos em Cátions - tem tendência de
perder seus elétrons e Ânions – tem tendência de ganhar elétrons.
Para o Cátion de Pr+2 por exemplo, a distribuição passa a ser para 57 elétrons pois ele perde 2 em virtude de sua valência:

K=2 elétrons, L=8 elétrons, M=18 elétrons, N=19 elétrons, O=8 elétrons e P=2 elétrons.

Para um átomo de cloro, por exemplo, a distribuição é 17, porém para o ânion cloreto passa a ser de 18 elétrons por que ele ganha 1
elétron:
17
Cl:
1s2
2s2 2p6
3s2 3p5 ou 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
K=2, L=8 e M=7 elétrons

17
Cl-1:
1s2

2s2 2p6

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QUÍMICA
3s2 3p6 ou 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
K=2, L=8 e M=8 elétrons

É importante salientar que no texto acima existem reticências demonstrando a continuação das camadas, níveis, subníveis etc. Sim-
plesmente por que Pauling seguiu o raciocínio de Mendeleyev, sabendo que novos elementos ainda serão descobertos e ocuparão, por
exemplo, a camada R nível 8 e subníveis s,p,d,f,g,h,i, j e assim por diante.

Princípio da Exclusão de Pauli


De acordo com a Química Quântica, para cada elétron em um átomo poderá ser associado um conjunto de valores referente aos qua-
tro números quânticos, que determinarão a posição ocupada pelo elétron, incluindo o orbital, assim como a orientação em que executa
seu movimento de rotação.
“Existe uma restrição, todavia, quanto aos valores que esses números podem ter. Esta restrição é o Princípio de Exclusão de Pauli,
que estabelece que dois elétrons em um átomo não podem ter todos os quatro números quânticos iguais. Isto significa que, se escolher-
mos um conjunto particular de valores para n, l e ml correspondente a um orbital particular (por exemplo, n=1, l=0, ml=0; o orbital 1s),
poderemos ter apenas dois elétrons com valores diferentes do número quântico de spin, ms (isto é, s= +1/2 ou s= -1/2). Com efeito, isso
limita a dois o número de elétrons em um dado orbital, também requer que os spins destes dois elétrons estejam em direções opostas”.
Portanto, os valores dos quatro números quânticos podem ser atribuídos para cada elétron em um átomo, de acordo com as regras
precedentes e o Princípio da Exclusão de Pauli. Uma maneira objetiva de prever a localização provável de um elétron no interior de um
átomo (sua camada, subcamada e orbital) é através de um conjunto matemático de valores denominado números quânticos.

a) NÚMERO QUÂNTICO PRINCIPAL (n)


Representa a camada atômica em que o elétron se encontra. Seus valores são números inteiros positivos, sendo experimentalmente
determinado com variação de 1 a 7. Representa a distância média do elétron em relação ao núcleo do átomo, sendo assim, quanto maior
for o valor de n mais afastado este elétron estará.

b) NÚMERO QUÂNTICO AZIMUTAL (l)


Representa a subcamada, assim, a forma do orbital. Pode apresentar valores inteiros de zero até n-1. Quando l=0, tem-se a subcamada
s e forma simetricamente esférica para o orbital, l=1 designa uma subcamada p e um orbital apresentando uma forma típica de dois lobos
de um orbital p. De forma idêntica, l=2 representa uma subcamada d e l=3 uma subcamada f.

c) NÚMERO QUÂNTICO MAGNÉTICO (ml)


“O termo magnético é relativo ao fato de que os orbitais de uma dada subcamada possuem diferentes energias quantizadas, na pre-
sença de um campo magnético”. O valor deste número quântico oferece informações a respeito da orientação de um orbital no espaço.
Para a subcamada s apresenta valor zero, para a subcamada p pode assumir valores inteiros no intervalo de –1 a +1, para a subcamada d
valores de –2 a +2 e para a subcamada f valores de –3 a +3.

d) NÚMERO QUÂNTICO SPIN (ms)


O quarto número quântico, denominado muitas vezes apenas de spin, representa o eixo de rotação do elétron no orbital. Possui valor
de +1/2 e –1/2, “sendo atribuido o primeiro a uma rotação em sentido anti-horário e o segundo em sentido horário”.
Na Tabela 1 há um sumário referente aos valores para os quatro números quânticos obtidos por algumas informações.

Nome Símbolo Característica especificada Informação fornecida Valores possíveis


Principal n Camada Distância média do núcleo 1, 2, 3, 4,...
Azimutal l Subcamada Forma do orbital 0, 1, 2,...(n-1)
Magnético ml Orbital Orientação do orbital -l, (-l+1),...0,...(l-1), l
Spin ms Spin Spin -1/2, +1/2

Em Química, os critérios utilizados para a organização dos elementos químicos foram estabelecidos ao longo do tempo. No ano de
1869, Dimitri Mendeleev iniciou os estudos a respeito da organização da tabela periódica através de um livro sobre os cerca de 60 ele-
mentos conhecidos na época, cujas propriedades ele havia anotado em fichas separadas. Ao trabalhar com esses dados ele percebeu
que organizando os elementos em função da massa de seus átomos, determinadas propriedades se repetiam diversas vezes, e com uma
mesma proporção, portanto era uma variável periódica. Lembrando que periódico é tudo o que se repete em intervalos de tempo bem
definidos, como é o caso das estações do ano e das fases da lua, por exemplo.
Ela foi criada com o intuito de organizar as informações já constatadas a fim de facilitar o acesso aos dados. Quando foi proposta mui-
tos elementos ainda não haviam sido descobertos, muito embora seu princípio seja seguido até hoje com 118 elementos. Alguns outros
modelos de tabela vêm sendo propostos, como por exemplo a que apresenta forma de espiral proposta por Philip Stewart com base na
natureza cíclica dos elementos químicos, porém a mais utilizada ainda é a de Mendeleev.

13
QUÍMICA
Dimitri Ivanovich Mendeleev nasceu na Sibéria e era professor da Universidade de São Petersburgo quando descobriu a lei periódica.
O elemento de número atômico 101 da tabela periódica tem o nome em homenagem a ele, o Mendelévio.
A tabela tem os elementos químicos dispostos em ordem crescente de número atômico e são divididos em grupos (ou famílias) devido
a características que são comuns entre eles. Cada elemento químico é representado por um símbolo, por exemplo a prata é representada
por Ag devido a seu nome no latim argentum. Cada elemento possui ao lado de seu símbolo o número atômico e o número de massa.

Classificação dos elementos


• Metais: São bons condutores de calor e eletricidade. São sólidos nas CNTP (com exceção do mercúrio), além de maleáveis e
dúcteis.
• Não metais: São maus condutores de corrente elétrica e calor. Podem assumir qualquer estado físico na temperatura ambiente.
• Gases nobres: Apresentam baixa reatividade, sendo até pouco tempo considerados inertes.

Os elementos podem ser classificados em representativos ou de transição (interna e externa). Os representativos são aqueles cuja
distribuição eletrônica termina em s ou p. Os elementos de transição externa são aqueles cuja distribuição acaba em d, e os de transição
interna acabam em f. A localização de um elemento na tabela periódica pode ser indicada pelo seu grupo e seu período. Os elementos
de transição interna são os que se encontram nas duas linhas bem embaixo na tabela e na verdade é como se estivessem localizados no
sexto e sétimo período do grupo três.
Cada linha no sentido horizontal da tabela periódica representa um período. Eles são em número de sete, e o período em que o ele-
mento se encontra indica o número de níveis que possui. Por exemplo o sódio (Na) está no período três, o que significa que o seu átomo
possui três camadas eletrônicas.
Já os grupos são as linhas verticais que apresentam elementos químicos que compartilham propriedades. Por exemplo o flúor (F) e
o cloro (Cl) estão no grupo 17 (ou 7A) por possuírem alta tendência de receber elétrons, o que chamamos de eletronegatividade. Alguns
grupos possuem nomes específicos como os listados abaixo e os demais recebem o nome do primeiro elemento de seu grupo.
Grupo 1: Metais alcalinos: esses elementos são muito reativos principalmente com a água. Esta reatividade aumenta conforme aumenta o
número atômico e o raio do átomo. Todos os elementos desse grupo são eletropositivos, metais bons condutores de eletricidade, e formam bases
fortes. São sólidos a temperatura ambiente, apresentam brilho metálico e quando expostos ao ar oxidam facilmente. São utilizados na iluminação
no caso das lâmpadas de sódio, na purificação de metais e na fabricação de sabões sendo combinados com a gordura.

14
QUÍMICA
Grupo 2: Metais alcalino-terrosos: Possuem esse nome por Na tabela periódica, o raio atômico aumenta de cima para bai-
serem geralmente encontrados na terra. São bastante reativos, po- xo e da direita para a esquerda.
rém menos que os metais do grupo 1. Também são eletropositivos Isso acontece porque em uma mesma família (coluna), as ca-
e são mais duros e densos do que os metais alcalinos. São utilizados madas eletrônicas vão aumentando conforme se desce uma “casa”
em ligas metálicas como é o caso por exemplo do Berílio (Be), na e, consequentemente, o raio atômico aumenta. Em um mesmo pe-
composição do gesso e do mármore sendo o caso do cálcio (Ca) e ríodo (linha), o número de camadas eletrônicas é o mesmo, mas a
em fogos de artifício magnésio (Mg) e estrôncio (Sr). quantidade de elétrons vai aumentando da esquerda para a direita
Grupo 16 (ou 6A): Calcogênios: Os elementos desse grupo re- e, com isso, a atração pelo núcleo aumenta, diminuindo o tamanho
cebem esse nome derivado do grego que significa “formadores de do átomo.
cobre”. Neste grupo pode-se perceber facilmente analisando todos
os elementos do grupo a presença de características metálicas e
não metálicas. Os elementos mais importantes deste grupo são o
oxigênio (O) e o enxofre (S) sendo o primeiro o gás utilizado inclu-
sive em nossa respiração e o último é responsável inclusive pelo
fenômeno da chuva ácida.
Grupo 17 (ou 7A): Halogênios: São os elementos mais eletro-
negativos da tabela periódica, ou seja, possuem a tendência de
receber elétrons em uma ligação. Podem se combinar com quase
todos os elementos da tabela periódica. O flúor por exemplo possui
aplicação na higiene bucal.
Grupo 18 (ou 8A): Gases nobres: possuem essa intitulação
devido a ser constatado antigamente que não possuíam tendência
alguma a formarem ligações. Isto ocorre devido à estabilidade de
seus orbitais da camada mais externa completamente preenchidos.
Hoje alguns compostos conseguiram ser preparados com estes ele-
mentos e incluem geralmente o Xenônio (Xe) que possui a primeira Ordem de crescimento do raio atômico na Tabela Periódica
energia de ionização muito próxima do oxigênio.
2. Energia ou potencial de ionização: é a energia mínima ne-
Propriedades químicas cessária para remover um elétron de um átomo ou íon no estado
A Tabela Periódica organiza os elementos químicos até então gasoso.
conhecidos em uma ordem crescente de número atômico (Z – Esse elétron é sempre retirado da última camada eletrônica,
quantidade de prótons no núcleo do átomo). que é a mais externa e é conhecida como camada de valência.
Muitas propriedades químicas e físicas dos elementos e das Quanto maior o raio atômico, mais afastados do núcleo os elé-
substâncias simples que eles formam variam periodicamente, ou trons da camada de valência estarão, a força de atração entre eles
seja, em intervalos regulares em função do aumento (ou da dimi- será menor e, consequentemente, menor será a energia necessária
nuição) dos números atômicos. As propriedades que se comportam para retirar esses elétrons e vice-versa. Por isso, a energia de io-
dessa forma são chamadas de propriedades periódicas. nização dos elementos químicos na Tabela Periódica aumenta no
As principais propriedades periódicas químicas dos elementos sentido contrário ao aumento do raio atômico, isto é, de baixo para
são: raio atômico, energia de ionização, eletronegatividade, ele- cima e da esquerda para a direita:
tropositividade e eletroafinidade. Já as físicas são: pontos de fusão
e ebulição, densidade e volume atômico.

A seguir, veja mais detalhadamente as propriedades periódicas


químicas:
1- Raio atômico: pode ser definido como a metade da distância
(r = d/2) entre os núcleos de dois átomos de um mesmo elemento
químico, sem estarem ligados e assumindo os átomos como esferas:

Ordem de crescimento da energia de ionização na Tabela


Periódica

3. Eletronegatividade: representa a tendência que um átomo


tem de atrair elétrons para si em uma ligação química covalente em
uma molécula isolada.
Ilustração de raio atômico Os valores das eletronegatividades dos elementos foram de-
terminados pela escala de Pauling. Foi observado que, conforme o
raio aumentava, menor era atração do núcleo pelos elétrons com-

15
QUÍMICA
partilhados na camada de valência. Por isso, a eletronegatividade
também aumenta no sentido contrário ao aumento do raio atômi-
co, sendo que varia na Tabela Periódica de baixo para cima e da
esquerda para a direita:

Ordem de crescimento da afinidade eletrônica na Tabela


Periódica

Resumidamente, temos:

Ordem de crescimento da eletronegatividade na Tabela Perió-


dica

4. Eletropositividade: é a capacidade que o átomo possui de


se afastar de seus elétrons mais externos, em comparação a outro
átomo, na formação de uma substância composta.
Visto que é o contrário da eletronegatividade, a sua ordem
crescente na tabela periódica também será o contrário da mostra-
da para a eletronegatividade, ou seja, será de cima para baixo e da
direita para a esquerda:

LIGAÇÃO QUÍMICA

Segundo um levantamento feito pelo professor Antonio Mario


Salles, o Enem cobrou, em suas provas anteriores, seis questões so-
bre ligações químicas.
A ênfase, de acordo com ele, foi no princípio de solubilidade,
na polaridade de moléculas, na geometria molecular, nas forças in-
termoleculares (“notadamente ligação de hidrogênio”) e na aplica-
Ordem de crescimento da eletropositividade na Tabela Perió- ção do princípio de solubilidade aos sabões e detergentes.
dica Átomos que se unem para criar moléculas e a formação básica
dos compostos constituem o centro desse tipo de estudo.
5. Eletroafinidade ou afinidade eletrônica: corresponde à Primeiramente precisamos saber que a Química estuda a ma-
energia liberada por um átomo do estado gasoso, quando ele cap- téria, a matéria é formada por átomos e os átomos não vivem so-
tura um elétron. zinhos, eles se unem através das ligações espontâneas para formar
Essa energia é chamada assim porque ela mostra o grau de substâncias que nos cercam. Essas ligações espontâneas são extre-
afinidade ou a intensidade da atração do átomo pelo elétron adi- mamente importantes, pois é através de uma forte atração que se
cionado. ligam criando estabilidade e imitando os gases nobres.
Infelizmente, não são conhecidos todos os valores para as ele- A grande diversidade de substâncias que existem na natureza
troafinidades de todo os elementos, mas os que estão disponíveis deve-se à capacidade de combinação dos átomos de um mesmo
permitem generalizar que essa propriedade aumenta de baixo para elemento ou elementos diferentes.
cima e da esquerda para a direita na Tabela Periódica:
Teoria das colisões
Quanto mais choques com energia e geometria adequada hou-
ver, maior a velocidade da reação, formando as Ligações Químicas.

16
QUÍMICA

Esta estabilidade está relacionada com a configuração ele-


trônica na última camada de valência que poderá ser de 2, 8,18 e
32e-, essas combinações entre os elementos ocorrem de algumas
maneiras: pela perda, pelo ganho ou, também, pelo simples com- Exemplo: NaCl → cloreto de sódio (sal de cozinha)
partilhamento de elétrons da última camada de valência do átomo,
portanto os elementos químicos que não adquiriram esta estabi- Obs.: Íons são átomos que possuem uma carga elétrica por adi-
lidade procuram espontaneamente com outro elemento imitar os ção ou perda de um ou mais elétrons.
gases nobres. Na ligação iônica o resultado final é eletricamente neutro.
Na fórmula dos compostos iônicos a quantidade de elétrons
Os tipos de ligação são: cedidos é igual à quantidade de elétrons recebidos.
Regra do octeto: A partir da observação dos gases nobres que
possuem 8 elétrons em sua última camada (com exceção do Hélio
que possui 2 elétrons), formulou-se a regra de que os átomos se
estabilizam eletronicamente quando atingem esse valor. Essa regra
não abrange todos os casos de ligações atômicas, mas auxilia preli- Uma regra prática é que os coeficientes da fórmula final sejam
minarmente no estudo do assunto. o inverso dos índices de carga elétrica.
1. Ligação iônica ou eletrovalente Normalmente os elementos que se ligam ironicamente são os
2. Ligação covalente ou molecular das famílias IA, IIA e IIIA com os das famílias VA, VIA e VIIA da tabela
3. Ligação covalente dativa ou coordenada periódica.
4. Ligação metálica
Ligações covalentes – (não metal + não metal)
Ligações iônicas – (metal + não metal)
São elementos que gostam de receber elétrons, portanto são
Os Metais tendem a doar elétrons, portanto tendem a possuir átomos que ao se unirem, o elétron da última camada de valência
cargas positivas. de cada átomo irá sobrepor uns aos outros formando uma nuvem
Os Não Metais tendem a receber elétrons, portanto tendem a eletrônica comum compartilhando elétrons.
possuir cargas negativas.
Exemplos:
Regra básica.

Metais Não Metais ou Ametais


1,2,3 e- camada de valências 4,5,6,7e- camada de valências
(cv) (cv)
Doar e- Íons (+) positivos Receber e- Íons (-) negativos
Chamados cátions Chamados ânions.

Exemplos: 11Na e 17Cl distribuição eletrônica Linus Pauling Tipos de ligações

11
Na 1s2 2s2 2p6 3s1 cv (metal) tendem a doar e-
17
Cl 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 cv ( não metal) tendem a receber e-

Íons formados = 1[Na]+1 1[Cl]-1 Ligações covalente dativas


Essa ligação é semelhante a molecular, com a diferença de que
Resumo: só um dos núcleos cede o par de elétrons compartilhados.
Ligação entre íons, de natureza eletromagnética Obs.: dessa maneira os núcleos estão estabilizados eletronica-
mente.
Exemplo: O = S → O

17
QUÍMICA

Só podem ser realizada se o átomo que ceder o par de elétrons estiver estabilizado de acordo com a regra do octeto (com oito elétrons
na camada de valência). Ou seja, um átomo torna-se apto a “doar” elétrons se estiver na condição de gás nobre.

Ligações Metálicas – (metal + metal)

Ambos gostam de doar elétrons, portanto tendem perder estes elétrons são sólidos cristalinos, exceto o mercúrio que se encontra no
estado líquido.
Os metais tendem a doar elétrons na última camada de valência, formando nuvens de íons com carga positivas chamadas de cátions
livres, facilitando a condução de corrente elétrica.

Suas propriedades físicas são:


- Brilho – Características dos metais.
- Densidade elevada - Normalmente os metais são densos, em virtude das estruturas compactas dos retículos cristalinos.
- Altos pontos de fusão e ebulição.
- Condutibilidade elétrica e térmica.
- Maleabilidade – É a capacidade de moldar os metais em lâminas finas, por martelar o metal aquecido ou passá-lo por cilindros
laminadores.
- Ductibilidade - é a transformação de fios.

Suas propriedades químicas - possuem relativa estabilidade como:


- Ouro (Au) e platina (Pt), não apresentando transformações mesmo expostos na presença da umidade, não perdendo o seu brilho.
- Ferro (Fe), alumínio (Al) e zinco (Zn), estes já sofrem processos de corrosão na presença de água ou do oxigênio do ar.

Ligas metálicas
Os metais não são usados na sua forma pura, devido processos de corrosão na presença da água ou do ar atmosférico, portanto cos-
tumam misturar a outros metais para melhorar a qualidade e suas propriedades como:
1.Ferro (Fe) + Cromo (Cr) = aço inoxidável
2.Ferro (Fe) + carbono ( C) = aço são comumente utilizados em molas, engrenagens,
componentes agrícolas sujeitos ao desgaste, pequenas ferramentas, etc..
3.Ferro (Fe) + tungstênio (W) = dureza utilizadas para obtenção de ligas de metais pesados exemplo laminas de turbinas de foguetes.

Observação:
Como os metais possuem a tendência de formar cátions pela cessão de elétrons, esses cátions formam um retículo cristalino envolto
em uma nuvem eletrônica.

18
QUÍMICA

Exemplo: Ferro (Fe), Alumínio (Al), Cobre (Cu).

Fórmulas Estruturais Fórmula de Couper


Os compostos químicos podem ser representados de diver- Neste tipo de fórmula retira-se os pontos e representa-se os
sas formas, no entanto cada um tem sua estrutura diferenciada, elétrons da camada de valência por traços. Exemplo: outra forma
pois depende de quantos elétrons possuem na camada de valên- de representar a molécula do gás metano.
cia, entre outras particularidades. Dentre diversas maneiras de re-
presentar uma molécula existe a fórmula estrutural apresentada a
seguir.

Fórmula Estrutural
Esse é o tipo de apresentação detalhada de como os átomos
de uma molécula estão ligados entre si. Por exemplo, a molécula
de água, onde dois átomos de Hidrogênio se unem a um átomo de
Oxigênio.

Para escolher a fórmula estrutural adequada, deve levar em


consideração os detalhes que deseja apresentar, pois algumas for-
mas são simples porém outras mais complexas.

Reatividade dos metais


Os metais em geral são muito reativos, eles reagem com a
água, com ácidos, com bases, entre outros. Vejamos exemplos de
Na fórmula estrutural além de fornecer o número de átomos cada uma dessas ocorrências:
ligados, pode observar também como eles estão ligados entre si.
Reação com ácidos
Tipos de fórmula estrutural O ouro é um exemplo de metal que sofre esse tipo de reação,
Fórmula Condensada mas possui uma condição: não reage com ácidos isolados. Para que
Nesse tipo de fórmula as ligações entre os átomos não são o ataque aconteça é preciso uma mistura de ácidos, é a chamada
representadas. Exemplo de fórmula condensada: água régia. Esta solução se forma da junção de ácido clorídrico (HCl)
Hexano: (C6H14) e ácido nítrico (HNO3). Acompanhe a reação:
CH3 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3
No entanto, se algum índice se repetir deve-se colocá-lo entre Au (s) + 3 HNO3 (aq) + 4 HCl (aq) → HAuCl4 (aq) + 3 H2O (l) + 3
colchetes e indicar quantas vezes ele aparece na fórmula: NO2 (g)
CH3 [CH2]4 CH3
Reação com água
Fórmula Condensada Linear A água reage com alguns metais originando como produto gás
Os carbonos são representados em forma de linhas em zigue- hidrogênio (H2) e hidróxido de sódio (NaOH). Estes metais são per-
zague. Cada extremidade da linha há um carbono. Como o carbono tencentes à classe de Metais alcalinos e Metais alcalino-terrosos,
faz quatro ligações o restante é hidrogênio. Exemplo: Na ponta e no como: Lítio (Li), Bário (Ba), Césio (Cs), Potássio (K), Rádio (Ra), Cálcio
fim da reta, o carbono está fazendo três ligações então há três hi- (Ca), Estrôncio (Sr), entre outros.
drogênios. No fim e início de cada reta o carbono está fazendo duas Equação do processo:
ligações por isso tem dois hidrogênios. 2 Ba (s) + 2 H2O (l) → 2 BaOH (aq) + H2 (g)

Reação com bases


Somente alguns metais possuem a propriedade de reagir com
bases, são eles: Zinco (Zn), Chumbo (Pb), Estanho (Sn), Alumínio
(Al).
Zn (s) + 2 NaOH (aq) → Na2ZnO2 (aq) + H2 (g)
O produto será um sal e gás hidrogênio (H2).
Fórmula eletrônica ou de Lewis
Esta fórmula apresenta os elétrons da camada de valência por
pontos, e o elemento químico no centro. Exemplo: molécula do gás
metano:

19
QUÍMICA

RELAÇÕES ENTRE MASSA E QUANTIDADE DE MATÉRIA - ESTEQUIOMETRIA

O termo “valência” começou a ser utilizado no estudo das ligações químicas por volta do século XIX. Os cientistas buscavam uma ex-
plicação para a capacidade que os átomos dos elementos tinham de se combinarem, formando as substâncias.
Então, como mostra o texto Regra do octeto nas ligações químicas, os cientistas Lewis e Kossel propuseram uma explicação. Eles nota-
ram que os únicos elementos que não realizavam ligações químicas e que eram encontrados de forma isolada na natureza eram os gases
nobres (elementos da família 18 ou VIII A da Tabela Periódica).
Os cientistas já haviam discernido também que, por exemplo, os átomos do hidrogênio só realizavam uma ligação, nunca mais do que
isso. Por outro lado, o oxigênio realizava sempre duas ligações e o nitrogênio, três ligações.
Os elementos das famílias desses elementos realizavam a mesma quantidade de ligações que eles. Isso mostrou que a capacidade de
combinação dos elementos era baseada em regras empíricas. O que todos os gases nobres tinham em comum, que os outros elementos
não tinham, era que na última camada eletrônica deles sempre havia oito elétrons (com exceção do hélio, que possui dois elétrons porque
só tem uma camada (K)).
Então, surgiu a teoria eletrônica de valência, que dizia que os átomos dos elementos tendem a realizar ligações químicas, perdendo,
recebendo ou compartilhando elétrons com a finalidade de adquirirem a configuração eletrônica dos gases nobres, isto é, para ficarem
com oito elétrons na sua última camada e, assim, ficarem estáveis.
Desse modo, o termo “valência” passou a ser usado para se referir ao poder de combinação que um átomo tem, ou seja, à quantida-
de de ligações que ele deve realizar para ficar estável. Por exemplo, se o hidrogênio só realiza uma ligação química, ele é monovalente, o
oxigênio que realiza duas ligações é divalente e o nitrogênio é trivalente, pois realiza três ligações.
É muito comum as pessoas saberem que o carbono (a base da Química Orgânica) é tetravalente, o que quer dizer que ele realiza qua-
tro ligações químicas. É por isso que existem milhares de compostos orgânicos, pois ele pode realizar essas quatro ligações com átomos de
outros elementos ou com outros carbonos.

É óbvio concluir então que o que determina a valência de um elemento químico representativo é a quantidade de elétrons que ele
já possui na sua última camada eletrônica. É inclusive por isso que essa camada mais externa é chamada de camada ou nível de valência.

Observe isso abaixo:

A seguir, temos um exemplo de elemento químico de cada família. Observe a camada de valência de cada um:

20
QUÍMICA
Quando o elemento realiza uma ligação iônica, perdendo um Ela indica que “volumes iguais de dois gases quaisquer nas
ou mais elétrons, tornando-se um cátion (íon positivo), ou ganhan- mesmas condições de pressão e temperatura contêm o mesmo nú-
do elétrons e tornando-se um ânion (íon negativo), a valência é cha- mero de mols de moléculas de gás.” É representada pelo símbolo
mada de eletrovalência, sendo a carga elétrica do íon. Por exemplo, NA (ou L).
o sódio tem a tendência de fazer somente uma ligação, por isso sua
valência é igual a 1. Mas quando ele perde um elétron e torna-se o O Número de Avogadro é o 6,022 x 1023 mol-1 e a indicação
cátion Na+1, diz-se que sua eletrovalência é a +1. matemática da Lei de Avogadro é a seguinte:
Alguns elementos, porém, possuem valência variável. Um
exemplo é o fósforo (P) que pode apresentar valências 3 e 5 em
diferentes compostos.

Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/quimica/o-que-valencia.html

LEIS ESTEQUIOMÉTRICAS E SUAS INTERPRETAÇÕES

LEIS PONDERAIS • V é o volume do gás


• n é a quantidade de substâncias do gás
LEI DE LAVOISIER (LEI DA CONSERVAÇÃO DA MASSA) • k é uma constante de proporcionalidade.
Numa reação química em um sistema fechado, a soma das
massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos. A O Número de Avogadro é um número padrão para representar
partir disso, lembra-se da célebre frase dita por Lavoisier: um mol de quaisquer entidades elementares de átomos, moléculas,
“Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” íons e elétrons. A consequência mais importante da Lei de Avoga-
Exemplo: dro é a constante do gás ideal e tem o mesmo valor para todos os
gases.

Assim, a Constante de Avogadro é apontada a seguinte manei-


ra:

LEI DE PROUST (LEI DAS PROPORÇÕES CONSTANTES, DEFINI-


DAS OU FIXAS)
Quando, em várias experiências, duas substâncias se reúnem
para formar um composto, sempre o fazem numa mesma propor-
ção. Essa proporção é característica de cada reação, isto é, indepen-
Onde:
de da quantidade de reagentes utilizados.
• P é a pressão do gás
Exemplo: • t é a temperatura do gás
• c é a constante

O número de Avogadro tem o mesmo valor para todos os ga-


ses, independente do tamanho ou massa das moléculas de gás.

Fonte: todamateria.com.br/lei-de-avogadro/

SOLUÇÕES
Observe que proporcionalmente todas as massas das substân-
cias foram reduzidas pela metade proporcionalmente.
PROPRIEDADES COLIGATIVAS
LEI DE GAY LUSSAC (LEI DAS PROPORÇÕES PARA SUBSTÂNCIAS Propriedades coligativas das soluções são propriedades que
GASOSAS) dependem apenas do número de partículas dispersas na solução,
Numa reação onde só participam gases e nas mesmas condi- independentemente da natureza dessas partículas, podendo ser
ções de temperatura e pressão existe uma proporção de números moléculas ou íons. As propriedades coligativas incluem pressão má-
inteiros e pequenos entre volumes dos gases participantes da rea- xima de vapor, ebulição, ponto de fusão e pressão osmótica.
ção. 1 A(q) + 3 B(q) → 2 C(q)
Efeitos coligativos
1V:3V:2V A água em seu estado puro à pressão de 1 atm possui pon-
to de fusão de 0oC e ponto de ebulição de 100oC. Porém, quando
Relação 1 : 3 : 2 adicionamos um soluto à água, o soluto modifica as propriedades
físicas da água. Agora a água congela abaixo de 0oC e ferve acima
PRINCÍPIO DE AVOGADRO de 100oC. Estas alterações das propriedades físicas da água devido à
A Lei de Avogadro, também conhecida como Constante de Avo- adição do soluto são denominadas de efeitos coligativos. Para cada
gadro, é um princípio estabelecido em 1811 pelo químico italiano propriedade física que modifica temos uma propriedade coligativa
Amedeo Avogadro (1776-1856). que estuda este efeito:

21
QUÍMICA

-Pressão Máxima de Vapor (PMV)


A pressão máxima de vapor é pressão exercida pelo vapor quando está em equilíbrio dinâmico com o liquido correspondente.
A PMV depende da temperatura e da natureza do líquido. Observa-se experimentalmente que, numa mesma temperatura, cada líqui-
do apresenta sua pressão de vapor, pois esta está relacionada com a volatilidade do líquido.

Fatores que Influenciam


A pressão máxima de vapor depende de alguns fatores:
- Natureza do Líquido - Líquidos mais voláteis como éter, acetona etc. evaporam-se mais intensamente, o que acarreta uma pressão
de vapor maior. Quanto maior a pressão de vapor de um líquido, ou melhor, quanto mais volátil ele for, mais rapidamente entrará em
ebulição.
- Temperatura - Aumentando a temperatura, qualquer líquido irá evaporar mais intensamente, acarretando maior pressão de vapor.

Tonoscopia (ou Tonometria)


A tonoscopia estuda os efeitos do abaixamento da pressão de vapor máxima de certo líquido, cujo responsável é uma solução não-
-volátil adicionada à solução.
Em uma solução, quanto maior for o número de mols do soluto, menor será a pressão máxima de vapor dessa solução.

Ebulioscopia
A ebulioscopia é uma propriedade coligativa que ocasiona a elevação da temperatura de um líquido quando a ele se adiciona um
soluto não-volátil e não-iônico.
A temperatura em que se inicia a ebulição do solvente em uma solução de soluto não-volátil é sempre maior que o ponto de ebulição
do solvente puro (sob mesma pressão).
Isso acontece porque a água, por exemplo, só entrará em ebulição novamente se receber energia suficiente para que sua pressão de
vapor volte a se igualar à pressão externa (atmosférica), o que irá acontecer numa temperatura superior a 100°C.

Exemplo:
Água pura: P.E. = 100°C
Água com açúcar: P.E. maior que 100°C

Quanto maior a quantidade de partículas em uma solução, maior será o seu P.E.

Diagrama de Fases e o Ponto Triplo


A transformação de cada estado físico possui um nome. Observe:

Existe um gráfico que representa as curvas de variação da temperatura de ebulição e da variação da temperatura de solidificação de
uma substância qualquer em função da pressão de vapor. Essas curvas coincidem num ponto específico de cada substância.

Fonte: http://estadofisico.blogspot.com/2007/08/as-substncias-podem-mudar-de-estado.html

22
QUÍMICA
As curvas de variação das temperaturas de ebulição e de solidificação da água em função da pressão de vapor coincidem no ponto
em que a pressão é igual a 4,579mmHg e a tempertura é 0,0098°C. Esta coordenada representa o Ponto Triplo da água e o equilíbrio
das fases. Isto quer dizer que a substância pode ser encontrada, neste ponto exato da curva, nos três estados físicos ao mesmo tempo:
sólido, líquido e gasoso.

Equilíbrio das fases:

Crioscopia
É uma propriedade coligativa que ocasiona a diminuição na temperatura de congelamento do solvente. É provocado pela adição de
um soluto não-volátil em um solvente. Esta relacionado com o ponto de solidificação (PS) das substâncias.
Esta propriedade pode ser chamada também de criometria. Quando se compara um solvente puro e uma solução de soluto não-volá-
til, é possível afirmar que o ponto de congelamento da solução sempre será menor que o ponto de congelamento do solvente puro.

Osmometria
A osmose está relacionada à passagem espontânea de um solvente por uma membrana semipermeável, por causa da diferença de
concentração entre dois meios.

Um exemplo comum é evidenciado ao se temperar verduras com sal de cozinha. Nota-se que as verduras murcham após certo tempo
de exposição ao tempero. Isso ocorre em função da saída do líquido (solvente) do ve­getal, que é um meio menos concentrado em relação
ao sal.
A osmometria mede a pressão máxima de vapor: o líquido com maior pressão máxima de vapor tende a atra­vessar uma membrana
semipermeável com maior facili­dade e intensidade que aquele que possui baixa pressão máxima de vapor.
A pressão osmótica equivale à pressão que deve ser aplicada sobre a solução mais concentrada do sistema para bloquear a entrada
de água nela (osmose), por meio de uma membrana semipermeável. O sistema a seguir mostra a pressão aplicada n sobre a solução, para
bloquear o fluxo osmótico.

Para o cálculo da pressão osmótica, usa-se a seguinte expressão:

Para as soluções iônicas:

Onde:
π= pressão osmótica (atm)
V= volume (L)

23
QUÍMICA
n= número de mol (n) A velocidade pode ser calculada a partir da Δconcentração dos
T= temperatura (K) reagentes ou produtos pela Δtempo.
M= molaridade (mol/L) Fatores que alteram a velocidade de uma reação
R= Constante de Clapeyron=0,082 atm.L/mol.K A velocidade de uma reação depende:
I= fator de correção Van´t Hoff *número de choques entre as moléculas dos reagentes;
*energia com que as moléculas colidem entre si. (E at)
As soluções podem ser classificadas quanto às suas pressões
osmóticas. 1 – Pressão (gases)
O aumento da pressão causa uma diminuição do volume ocu-
Sendo duas soluções A e B com mesma temperatura: pado, aumentando o número de choques entre os reagentes, que
aumenta sua velocidade.

2 – Superfície de contato
O aumento da superfície de contato causa maior número de
choques entre os reagentes e aumenta a velocidade da reação.
Ex: Álcool líquido queima mais rápido que o álcool gel.

3 – Temperatura
O aumento da temperatura aumenta a agitação molecular (Ec),
aumentando o número de colisões entre os reagentes, aumentan-
do velocidade da reação.

4 – Catalisador
É uma substância que aumenta a velocidade da reação pela di-
Hipertônica, isotônica e hipotônica refere-se à solução A em minuição da E at da reação.
relação à solução B. É importante lembrar que o catalisador não participa da rea-
ção, apenas altera sua velocidade. E ele não o altera a entalpia da
Verifique a Figura abaixo: reação.

Cálculo de velocidade de reação


A Cinética Química tem como principal objetivo o estudo da
velocidade em que uma determinada reação química processa-se.
A partir desse estudo, temos condição de especificar se uma reação
ocorreu de forma rápida ou lenta.
Ao falarmos de velocidade (v), devemos relembrar que a Física
trabalha essa grandeza por meio da relação entre a variação do es-
ENERGIA NAS TRANSFORMAÇÕES paço (ΔS) e a variação do tempo (Δt):
v = ΔS
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado Δt
em tópicos anteriores.
Na Química, não avaliamos o espaço que uma reação percorre,
já que ela não se desloca de um lugar para outro. Na verdade, da-
mos ênfase na variação das quantidades de reagentes e produtos
CINÉTICA QUÍMICA E EQUILÍBRIO QUÍMICO durante uma reação expressa em termos de molaridade (concen-
tração em mol/L). A variação da concentração é dada pela simbo-
Cinética química é a parte da química que estuda as velocida- logia Δ[ ].
des das reações e os fatores que a influenciam. Durante uma reação química, os reagentes são consumidos
* Velocidade média de uma reação (Vm) para que os produtos sejam formados. Por essa razão, podemos
calcular a velocidade em que um reagente é consumido ou a ve-
Assim como na física, a velocidade da reação é calculada pela locidade em que um produto é formado, por exemplo. Em ambos
expressão: os casos, sempre vamos realizar o cálculo a partir da relação entre a
• Vm = Δconcentração/Δtempo, ou; variação da concentração e a variação do tempo:
• Vm = Δmassa/Δtempo, ou; v = |Δ[ ]|
• Vm = Δnúmero de mols/Δtempo. Δt

24
QUÍMICA
Observação: O módulo |Δ[ ]| é necessário porque a velocida- Δ[ ] = |0,2 – 0|
de não pode ser negativa. Além disso, existe a possibilidade de, ao Δ[ ] = 0,2 mol/L
calcular a variação da concentração (Δ[ ]), o resultado ser negativo
(principalmente nos reagentes, pois a concentração final é menor → O tempo varia de:
que a inicial). Δt = 2 – 0
Para determinar a velocidade média em que uma reação (vr) é Δt = 2 min
processada, devemos obrigatoriamente conhecer a velocidade (vx)
de qualquer um dos participantes da reação e dividi-la pelo seu coe- → A velocidade de formação de NH3 será, então:
ficiente estequiométrico da reação: v = |Δ[ ]|
vr = vx Δt
n v = 0,2
Para exemplificar os cálculos da velocidade em uma reação quí- 2
mica, vamos utilizar como base a equação que representa a reação v = 0,1 mol.L-1.min-1
de formação da amônia.
1 N2 + 3 H2 → 2 NH3 A velocidade média da reação de formação do NH3 pode ser
Nessa reação, o N2 e o H2 são reagentes, enquanto o NH3 é o determinada por meio de qualquer uma das velocidades conheci-
produto. À medida que o tempo passa, a quantidade de reagentes das de qualquer um dos participantes da reação. Nós dividiremos a
diminui e a quantidade de produtos aumenta, de acordo com a ta- velocidade deles pelo coeficiente da reação. A tabela a seguir traz
bela a seguir: o cálculo feito com as velocidades e os coeficientes dos três parti-
cipantes:

Utilizando os dados acima, é possível determinar a velocidade


de cada um deles em qualquer intervalo de tempo. Para exemplifi- Analisando a tabela, podemos concluir que o resultado do cál-
car, determinaremos a velocidade de cada um no intervalo de 0 a 2 culo da velocidade média de uma reação será o mesmo indepen-
minutos de reação: dentemente do participante utilizado no cálculo.

Para o N2
→ A concentração varia de:
Δ[ ] = |0,1 – 0,2| FUNÇÕES DA QUÍMICA INORGÂNICA
Δ[ ] = 0,1 mol/L
Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de
→ O tempo varia de: substâncias inorgânicas, os cientistas começaram a observar que
Δt = 2 – 0 alguns desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com
Δt = 2 min propriedades semelhantes: as funções inorgânicas.
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: áci-
→ A velocidade de consumo de N2 será, então: dos, bases, sais e óxidos. As primeiras três funções são definidas
v = |Δ[ ]| segundo o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos
Δt que constituem cada grupo:
v = 0,1
2 → Ácidos:
v = 0,05 mol.L-1.min-1 São compostos covalentes que reagem com água (sofrem io-
nização) e formam soluções que apresentam como único cátion o
Para o H2 hidrônio (H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece
→ A concentração varia de: até hoje para fins didáticos, o cátion H1+.
Δ[ ] = |0,3 – 0,6|
Δ[ ] = 0,3 mol/L a) Equações de ionização de ácidos
H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4-
→ O tempo varia de: HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1-
Δt = 2 – 0
Δt = 2 min b) Ácidos principais:
• Ácido Sulfúrico (H2SO4)
→ A velocidade de consumo de N2 será, então: • Ácido Fluorídrico (HF)
v = |Δ[ ]| • Ácido Clorídrico (HCl)
Δt • Ácido Cianídrico (HCN)
v = 0,3 • Ácido Carbônico (H2CO3)
2 • Ácido fosfórico (H3PO4)
v = 0,15 mol.L-1.min-1 • Ácido Acético (H3CCOOH)
• Ácido Nítrico (HNO3)
Para o NH3
→ A concentração varia de:

25
QUÍMICA
→ Bases
São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, ELETROQUÍMICA
mesmo em pequena porcentagem, e o único ânion liberado é o hi-
dróxido (OH1-). Eletroquímica é uma área da química que estuda as reações
que produzem corrente elétrica através de reações chamadas de
a) Equações de dissociação de bases oxidação e redução.
NaOH(s) → Na1+ + OH1- Também estuda as reações que ocorrem por intermédio do for-
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1- necimento de corrente elétrica, conhecidas como eletrólise. Nessas
situações, ocorrem trocas de elétrons entre os átomos e os íons.
b) Exemplos de bases A eletroquímica está muito presente no nosso dia a dia. Está
• Hidróxido de sódio (NaOH) presente basicamente em pilhas e baterias utilizadas em aparelhos
• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) eletrônicos, como celular, controle remoto, lanternas, filmadoras,
• Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2) calculadoras, brinquedos eletrônicos, rádios à pilha, computadores
• Hidróxido de amônio (NH4OH) e muitos outros.

→ Sais
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons,
mesmo em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion
é diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-.

a) Equações de dissociação de sais


Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após
serem adicionados à água.

NaCl → Na1+ + Cl1-


Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31-
(NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-
As reações de oxirredução (oxidação e redução) também estão
b) Exemplos de sais presentes no cotidiano, como na oxidação do ferro (formação da
Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de for- ferrugem), redução de minérios metálicos para a produção de me-
ma direta ou indireta: tais, formação do aço, corrosão de navios, etc.
• Cloreto de Sódio (NaCl)
• Fluoreto de sódio (NaF)
• Nitrito de sódio (NaNO3)
• Nitrato de amônio (NH4NO3)
• Carbonato de sódio (Na2CO3)
• Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
• Carbonato de cálcio (CaCO3)
• Sulfato de cálcio (CaSO4)
• Sulfato de magnésio (MgSO4)
• Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
• Hipoclorito de sódio (NaClO)

→ Óxidos
São compostos binários (formados por apenas dois elementos
químicos), e o oxigênio é o elemento mais eletronegativo. A conversão de energia química em energia elétrica é um pro-
cesso espontâneo, chamado de pilha ou célula galvânica.
a) Fórmulas de óxidos A conversão de energia elétrica em energia química é um pro-
Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc. cesso não-espontâneo, chamado de eletrólise.

b) Principais óxidos:
• Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cál-
cio – CaO);
• Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de car-
bono - CO2); Número de oxidação (NOX)
• Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxi- Para a compreensão da eletroquímica, é necessário saber cal-
do de alumínio - Al2O3). cular o número de oxidação das substâncias envolvidas em uma
reação química.
O número de oxidação ou NOX deve ser calculado da seguinte
maneira:

26
QUÍMICA
1) Substância Simples: ZERO (porque não há perda e nem ga-
nho de elétrons). 13) Superóxidos: -

Exemplos: Exemplo:
H2 NOX H = 0 K2O4 NOX O = -
Fe NOX Fe = 0
O3 NOX O = 0 Cálculo de NOX
Para as substâncias com dois ou mais elementos químicos:
2) Átomo como íon simples: Sua própria carga. - soma do NOX de todos os átomos = zero
Exemplos: - soma do NOX de todos os átomos em um íon composto = sua
Na+ NOX Na = 1+ carga
S2- NOX S = 2- Exemplo: para encontrar o NOX do H na água, sabendo apenas
H+ NOX H = 1+ o NOX do O, pode-se colocar em cima da fórmula o NOX e embaixo
o somatório. Assim:
3) Metais alcalinos à esquerda da fórmula: 1+ 1+ 2- → NOX
Exemplos: H2O → elemento químico
NaCl NOX Na = 1+ ______
LiF NOX Li = 1+
K2S NOX K = 1+ 2+ 2- = 0 → somatório

4) Metais alcalino-terrosos à esquerda da fórmula: 2+ Neste caso, o NOX do O é 2-. Multiplica-se o NOX pelo número
Exemplos: de átomos de O, então 2-
CaO NOX Ca = 2+ Como a água é uma substância que está no seu estado neutro
MgS NOX Mg = 2+ (não é um íon), o somatório de cargas é zero. O H soma 2+, por este
SrCl2 NOX Sr = 2+ motivo.
Para achar o NOX do H, divide-se o número do somatório do H
5) Halogênios: 1- pelo número de átomos de H. Como existem dois átomos de H, o
Exemplos: NOX será 1+
NaCl NOX Cl = 1-
KF NOX F = 1- Oxirredução
K2Br NOX Br = 1- É a reação química que se caracteriza pela perda ou ganho de
elétrons. É a transferência de elétrons de uma espécie química para
6) Calcogênios: 2- a outra. Ocorrem dois fenômenos: oxidação e redução.
Exemplos: Oxidação – perda de elétrons, onde aumenta o NOX. Agente
CaO NOX O = 2- redutor.
ZnO NOX O = 2- Redução – ganho de elétrons, onde diminui o NOX. Agente oxi-
MgS NOX S = 2- dante.

7) Ag, Zn e Al: 1+, 2+, 3+ Pilhas de Daniell


Exemplos: Observe a seguinte reação química de oxirredução:
AgCl NOX Ag = 1+
ZnS NOX Zn = 2+
Al2S3 NOX Al = 3+
8) Hidrogênio em composto: 1+
Exemplo: Esta reação pode ser feita muito facilmente colocando um pe-
H2O NOX H = 1+ daço de zinco metálico (Zn°) em um copo com uma solução aquosa
de sulfato de cobre (CuSO4), que é um líquido azul translúcido.
9) Hidreto metálico (hidrogênio do lado direito da fórmula): 1- Após alguns tempo, cerca de 20 minutos, pode-se observar que
Exemplo: o pedaço de metal ficou avermelhado. A parte que ficou vermelha
NaH NOX H = 1- é o cobre (Cu°) que se depositou sobre a placa de zinco. E no fun-
do do copo há a formação de sulfato de zinco (ZnSO4), conforme a
10) Oxigênio em composto (regra dos calcogênio): 2- reação acima.
Exemplo: Esta experiência que pode ser feita até mesmo em casa, de-
H2O NOX O = 2- mostra as reações de oxirredução.
A experiência feita pelo meteorologista e químico inglês John
11) Oxigênio com flúor: 1+ e 2+ Frederic Daniell, em 1836, constitui uma pilha formada a partir de
Exemplos: reações de oxirredução.
O2F2 NOX O = 1+ Pilha – São reações químicas que produzem corrente elétrica.
OF2 NOX O = 2+ Daniell montou um sistema com dois eletrodos interligados.
Um eletrodo era constituido de uma placa de zinco imersa em um
12) Peróxidos (oxigênio + alcalino / alcalino terroso): 1- copo com uma solução com íons de zinco, no caso, sulfato de zinco.
Exemplos: O outro eletrodo era constituído de uma placa de cobre imersa
H2O2 NOX 0 = 1- em um copo com uma solução com íons de cobre, no caso, sulfato
Na2O NOX 0 = 1- de cobre.

27
QUÍMICA
Chamou o eletrodo de Zinco de ânodo, com carga negativa. Daniell colocou uma ponte salina constituída de um tubo de
Chamou o eletrodo de Cobre de cátodo, com carga positiva. vidro em U contendo solução de KCl aquoso.

A sua função é permitir a migração de íons de uma solução para


a outra, de modo que o número de íons positivos e negativos na
solução de cada eletrodo permaneça em equilíbrio.
Acompanhe a seguir uma tabela resumida da Pilha de Daniell.

ELETRODO REAÇÃO POLO LÂMINA SOLUÇÃO


ÂNODO OXIDA- POLO CORRÓI CONCENTRA
ÇÃO NEGATIVO
(-)
CÁTODO REDUÇÃO POLO AUMENTA DILUI
POSITIVO
(+)
Fonte: educar.sc.usp.br/licenciatura/2006/Pilha_de_Daniel/
pilha_de_Daniell.html Força eletromotriz, potencial de redução e de oxidação
Antes de realizar a montagem de uma pilha, é necessário saber
Ânodo ou polo negativo é o eletrodo onde saem os elétrons. qual metal vai perder e qual metal vai ganhar elétrons. Para con-
Ocorre a reação de oxidação. seguir responder a esta questão, devemos conhecer o conceito de
potencial de redução e o potencial de oxidação.
Os potenciais de redução e de oxidação são medidos em volt
(V), sendo representados pelo símbolo E°.

Cátodo ou polo positivo é o eletrodo para onde vão os elétrons.


Ocorre a reação de redução.

Com o passar do tempo, os elétrons da placa de zinco vão para Onde:


a solução, aumentando a concentração da solução e corroendo a
placa de zinco. variação de potencial
No outro eletrodo, ocorre o contrário. Os elétrons da solução E° = diferença de potencial (padrão)
de sulfato de cobre se depositam na placa de cobre, diminuindo a E°RED = potencial de redução
concentração da solução e aumentando a massa da placa metálica. E°OX = potencial de oxidação
Padrão: 25°C e 1atm

Pode-se utilizar qualquer uma destas fórmulas, dependendo


dos dados que são fornecidos. A diferença de potencial pode ser
chamada também de força eletromotriz (fem).
Quanto maior o E°RED, mais o metal se reduz.
Quanto maior o E°OX, mais o metal se oxida.

Reação espontânea e não espontânea


A reação na pilha (ou célula eletrolítica) pode ser espontânea
ou não.
Fonte: cabarequimico.blogspot.com/2008/11/eletroqumica-abrange- Quando o potencial padrão da célula eletrolítica é positivo, a
-todos-processo.html reação é espontânea.
Quando o potencial padrão da célula eletrolítica é negativo, a
Veja como montar as reações que ocorrerem na Pilha de Da- reação é não espontânea.
niell:
1°) montar a reação do ânodo
2°) montar a reação do cátodo
3°) somar as reações, formando a reação global da pilha.

Representação IUPAC
De acordo com a União Internacional de Química Pura e Apli-
cada (IUPAC), a representação de uma pilha deve ser da seguinte
maneira:
Obs.: Os termos semelhantes se anulam. No caso, na reação
acima, os 2é.

28
QUÍMICA
A reação acima mostra a formação de íons Na+ e íons Cl-.
Quando estes íons entrarem em contato com os eletrodos, o íons
positivo (Na+) irá para o eletrodo negativo. O íon negativo (Cl-) irá
para o eletrodo positivo.
No eletrodo negativo, haverá formação de sódio metálico
(Na°). No eletrodo positivo, formará gás cloro (Cl2). Percebe-se a
formação de bolhas.
O eletrodo positivo é chamado de ânodo e nele ocorre a reação
de oxidação.
Eletrólise O eletrodo negativo é chamado de cátodo e nele ocorre a rea-
Eletrólise é uma reação não espontânea provocada pelo forne- ção de redução.
cimento de energia elétrica, proveniente de um gerador (pilhas). É Reações:
o inverso das pilhas.
A eletrólise possui muitas aplicações na indústria química, na
produção de metais, como sódio, magnésio, potássio, alumínio, etc.
Também na produção de não metais, como o cloro, o flúor e ainda
substâncias como o hidróxido de sódio (soda cáustica) e peróxido
de hidrogênio (água oxigenada), e a deposição de finas películas de
metais sobre peças metálicas ou plásticas. A reação do cátodo deve ser multiplicada por 2 para poder can-
Essa técnica de deposição em metais é conhecida como galva- celar com a reação do ânodo, já que forma gás cloro (Cl2).
nização. As mais comuns são a deposição de cromo (cromagem),
níquel (niquelagem), prata (prateação) e ouro (dourar), usados em
grades, calotas de carros, emblemas, peças de geladeira, joias e
aparelhos de som.
É utilizada também na purificação ou refino eletrolítico de mui-
tos metais, como cobre e chumbo. E em processo de anodização,
que nada mais é do que uma oxidação forçada da superfície de um
metal para que seja mais resistente à corrosão. É feita a anodização
em alumínio.
Na eletrólise, usa-se eletrodos inertes (que não regem), como
o carbono grafite (grafita) ou platina. Para que a eletrólise ocorra
deve haver:
- corrente elétrica contínua e voltagem suficiente para provo-
car a eletrólise; Fonte: alfaconnection.net/pag_avsf/fqm0302.htm
- íons livres ( por fusão ou dissolução)
Existe a eletrólise ígnea e a eletrólise aquosa. Eletrólise Aquosa
É uma eletrólise onde há a dissociação de um composto iônico
Eletrólise Ígnea em solução aquosa. O eletrodo deve ser inerte.
É uma eletrólise onde não há presença de água. Metais iônicos É necessário considerar a reação de autoionização da água,
são fundidos (derretidos). Ao se fundirem, eles se ionizam, forman- onde são produzidos íon H+ e íon OH-. O composto iônico é dissol-
do íons. A partir desses íons, é formada a corrente elétrica. vido em água, ocorrendo a formação de íons livres, que produzirão
Reação de fusão (transformação do estado físico sólido para
a corrente elétrica. Devem ser montadas as quatro reações para ob-
líquido) do NaCl a 808°C:
ter a reação global desta eletrólise.

Os eletrodos devem ser inertes. Pode ser carbono grafite ou


platina.
Estes eletrodos são polarizados, um com carga negativa e o ou-
tro com carga positiva e são colocados em uma cubeta com o metal
NaCl já fundido.

Nesta cuba eletrolítica, deve haver água e o composto iônico


dissolvidos. Da autoionização da água, serão formados íons H+ e
íons OH-.
Se o composto for um sal, o NaCl, em contato com a água, for-
mará o íon Na+ e o íon Cl-. Os íons positivos serão atraídos pelo
eletrodo negativo e os íons negativos serão atraídos pelo eletrodo
positivo. Cada par de íons (positivo e negativo) competirão entre si
Observe que no desenho há dois eletrodos carregados eletri- para ver qual se formará ao redor do seu respectivo eletrodo.
camente, o polo positivo e o polo negativo, mergulhados em um Existe uma tabela de facilidade de descarga elétrica, entre cá-
metal fundido. tions e ânions:

29
QUÍMICA
Cátions: Primeira lei da eletrólise ou Lei de Faraday
Alcalinos “A massa da substância eletrolisada em qualquer dos elemen-
Alcalinos Terrosos tos é diretamente proporcional à quantidade de carga elétrica que
Al3+ < H+ < demais cátions atravessa a solução.”
Ordem crescente de facilidade de descarga dos cátions

Ânions:
Ânions Oxigenados < OH- < ânions não oxigenados <
halogênios Onde:
Ordem crescente de facilidade de descarga dos ânions m = massa da substância
Observando a tabela, deve-se comparar então os seguintes k = constante de proporcionalidade
íons: Q = carga elétrica (Coulomb)
- Cl- e OH-
- H+ e Na+ Segunda lei da eletrólise
“Empregando-se a mesma quantidade de carga elétrica (Q) em
De acordo com a tabela, o íon Cl- (halogênio) tem mais facilida- diversos eletrólitos, a massa da substância eletrolisada, em qual-
de do que o íon OH-. quer dos eletrodos, é diretamente proporcional ao equivalente-gra-
De acordo com a tabela, o íon H+ tem mais facilidade do que ma da substância.”
o íon Na+.
Então, formam-se nos eletrodos, o gás hidrogênio (H2) e o gás
cloro (Cl2).
No polo (-) = H+ m = massa da substância (g)
No polo (+) = Cl- k2 = constante de proporcionalidade
Reações: E = equivalente-grama

Unindo as duas leis, temos:

Estudamos na Física que:

Observe que são formados o H2 e Cl2.


Também forma 2Na+ e 2OH-. Juntando estes dois íons, forma- Onde:
-se 2NaOH. Q = carga elétrica (C)
i = intensidade da corrente elétrica (A)
t = tempo (s)
Então, temos a seguinte expressão:

A constante K chamada de constante de Faraday é equivalente


a

Resumo de pilhas e eletrólise

Pilha de Daniell Polo + Polo -


Unindo todas estas informações, temos a equação geral da ele-
Cátodo Ânodo trólise:
Redução Oxidação
Aumenta a lâmina Corrói a lâmina
Dilui concentração Aumenta concentra-
ção A carga elétrica de 96500 coulomb recebe o nome de faraday
Eletrólise Ânodo Cátodo (F).
Oxidação Redução
1 Faraday
Leis da eletrólise - É a carga elétrica que produz um equivalente-grama de qual-
As leis que regem a eletrólise são as leis que relacionam as quer elemento em uma eletrólise.
massas das substâncias produzidas nos eletrodos e as quantidades - Equivale aproximadamente a 96.500 Coulomb
de energia gastas na eletrólise. - Equivale a carga de um mol (6,02.1023) de elétrons ou de pró-
Essas leis foram estabelecidas pelo físico-químico inglês Mi- tons.
chael Faraday, em 1834.

30
QUÍMICA
Cl
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ANÁLISE QUÍMICA. FUNDA- │
MENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA H─C─H

A química pode ser dividida em seis áreas do conhecimento: H
química geral e inorgânica (estuda os compostos inorgânicos e a
estrutura da matéria), química orgânica (estuda os compostos de 3º postulado: Encadeamento constante. Átomos de carbono
carbono, suas reações e propriedades), química analítica (estuda ligam-se diretamente entre si, formando estruturas denominadas
técnicas de identificação e quantificação de substâncias químicas), cadeias carbônicas.
físico-química (estuda os aspectos termodinâmicos e cinéticos das
substâncias e reações) e bioquímica (estuda a interação das subs- Essa propriedade é comum para o nitrogênio, enxofre, fósforo
tâncias químicas com organismos vivos). e oxigênio. Só que no caso do carbono essa capacidade de formar
A primeira utilização de compostos orgânicos pelo homem quatro ligações é mais pronunciada, a prova disso é que existem
foi na descoberta do fogo; quase tudo que sofre combustão é um extensas cadeias carbônicas, e também uma variedade enorme de
composto orgânico. Em resumo, toda a vida é baseada no carbono, compostos orgânicos.
desde o combustível que queimamos, até a constituição do nosso Um experimento bem simples pode comprovar a existência
próprio corpo. Cerca de 60% da massa corpórea de um indivíduo é do carbono em um determinado composto como, por exemplo, na
de compostos orgânicos (desconsiderando-se a água). A diversida- substância orgânica sacarose (açúcar comum).
de dos compostos orgânicos existentes também é grande, cerca de Procedimento: Separe uma porção de açúcar e pingue algumas
20 milhões, entre naturais e sintéticos. gotas de ácido sulfúrico (H2SO4) e observe: o açúcar se transformará
Entre o final do século XVIII e início do século XIX os cientis- em carvão, mas como isso ocorre?
tas começaram a dedicar tempo para entender a química dos or- A sacarose é constituída por carbono, hidrogênio e oxigênio,
ganismos vivos, isolando e identificando substâncias presentes nos sua fórmula molecular é C12H22O11. O ácido sulfúrico concentrado é
corpos. Nessa época, acreditava-se na Teoria da Força Vital de Ber- higroscópico: retira H e O na forma de H2O, resta então somente o
zelius, que postulava que os compostos orgânicos só poderiam ser C na forma de carvão.
produzidos por organismos vivos, dai o termo ‘química orgânica’. Al-
guns anos mais tarde, em 1828, Friedrich Wöhler conseguiu sinteti- Equação do processo:
zar em laboratório a substância ureia a partir de um composto inor- C12H22O11 = C12 (H2O)11
gânico, derrubando a Teoria de Berzelius. Hoje, a química orgânica C12 (H2O)11 + H2SO4 (conc) → 12C + H2SO4 + 11 H2O
é a área que estuda os compostos de carbono com propriedades
características, suas diferentes funções, comportamento espacial e Neste conteúdo também estudamos a classificação das cadeias
reações. de carbono e os princípios básicos de nomenclatura de cadeias.
A química orgânica pode ser subdividida em: Abaixo temos um resumo da regra de nomenclatura de cadeias
orgânicas.
Estudo do carbono Nomenclatura: PREFIXO + INFIXO + SUFIXO (depende da função
É a parte da química orgânica que estuda o elemento carbono, orgânica)
utilizando o conhecimento de ligações químicas para determinar os
tipos de ligações possíveis para o elemento e sua hibridização em Sufixo Infixo
cada caso, bem como sua capacidade de encadeamento e seu com-
portamento dentro das moléculas orgânicas. N° de Carbonos Saturação da Cadeia
Na segunda metade do século XIX, a estrutura do carbono co- 1C MET
meçou a ser estudada por Archibald Scott Couper (1831-1892) e Saturadas AN
2C ET
Friedrich August Kekulé (1829-1896), e posteriormente esses estu-
dos foram denominados de postulados de Couper-Kekulé que estu- 3C PROP
dam o comportamento químico do carbono, eles são subdivididos Insaturadas
4C BUT
em três:
5C PENT 1 dupla EN
1º postulado: Tetravalência constante. O átomo de carbono 6C HEX 2 duplas DIEN
é tetravalente, essa propriedade permite que esse elemento esta-
7C HEPT 3 duplas TRIEN
beleça quatro ligações covalentes, ele tem dois pares eletrônicos
disponíveis. Exemplo: 8C OCT 1 tripla IN
9C NON 2 triplas DIIN
H
│ 10C DEC 3 triplas TRIIN
H─C─H 11C UNDEC

H Estudo das funções orgânicas
Metano O estudo das funções orgânicas é a área onde aprende-se a
identificar as funções, seus grupamentos funcionais e sua nomen-
2º postulado: As quatro valências do carbono são iguais. Esse clatura oficial.
postulado explica por que existe, por exemplo, somente um clo- A tabela abaixo apresenta as principais funções orgânicas e
rometano. Qualquer que seja a posição do cloro, obtém-se um só seus respectivos grupamentos funcionais.
composto: H3CCl.

31
QUÍMICA

Função Grupo Funcional Reações orgânicas


As reações orgânicas ocorrem tanto em processos orgânicos
Hidrocarboneto H, C quanto industriais, sendo assim, é importante o seu estudo para
Álcool ‒OH entendermos a bioquímica, os processos metabólicos e interações
que ocorrem nos seres vivos. É uma área de grande incentivo de
Fenol Ar‒OH Caromático
pesquisa em laboratórios e universidades pois é a base do desen-
Éter ‒O‒ volvimento de remédios, processos da indústria alimentícia, dentre
outros.
As reações orgânicas são divididas em substituição, adição e
Aldeído eliminação.
Reações de substituição: É uma reação de dupla troca onde um
átomo ou grupo de átomos é substituído.
Exemplo:
CH4 + Cl2 → CH3Cl + HCl
Cetona
Reações de adição: é a reação onde dois ou mais reagentes se
unem para formar um só produto. Ocorre geralmente em compos-
tos insaturados ou cíclicos.
Exemplo:
Ácido carboxílico H2C=CH2 + H2 → H3C‒CH3

Reações de eliminação: É o oposto da reação de adição. Nes-


te caso, um único reagente sofre um processo onde a molécula é
quebrada em duas ou mais moléculas menores. Geralmente ocorre
Éster com utilização de um catalisador ou calor.
Exemplo:
CH3‒CH3 → CH2=CH2 + H2
Haleto orgânico ‒X (F,Cl, Br, I)
Haleto de ácido (F, Cl, Br, I) Polímeros
Polímeros são macromoléculas formadas após uma reação de
Amina ‒NH2 polimerização entre monômeros. Existem polímeros naturais, como
as proteínas, a celulose e o látex, e existem polímeros sintéticos,
que são sintetizados em laboratório de forma a “copiar” os natu-
Amida rais. Exemplos de polímeros sintéticos são os plásticos, o isopor e
o nylon.
Dentre os polímeros sintéticos temos dois tipos: polímeros de
adição e de condensação.
Nitrocomposto ‒NO2
Polímeros de adição: os monômeros utilizados na produção
Nitrila ‒CN desses polímeros devem apresentar pelo menos uma dupla ligação
Ácido sulfônico ‒SO3H entre carbonos. Durante a polimerização, ocorre a ruptura da liga-
ção π e a formação de duas novas ligações simples.
Composto de Grignard ‒MgX (F, Cl, Br, I) Exemplos: PET, PVC, PVA e borrachas sintéticas.
Propriedades dos compostos orgânicos Polímeros de condensação: são formados pela polimerização
Estuda as propriedades inerentes a cada classe de funções e de dois monômeros diferentes, liberando uma molécula pequena
como estas interagem entre si. Dentre as propriedades estudadas (geralmente a água) durante a condensação. Não é necessário que
estão temperatura de fusão, temperatura de ebulição, solubilidade, haja dupla ligação em um dos monômeros, mas é preciso que os
acidez e basicidade. dois sejam de funções diferentes.
Em geral, todas as propriedades físicas dependem das intera- Exemplos: poliéster, silicone, fórmica (baquelite).
ções intermoleculares presentes nos compostos. Vale lembrar a or-
dem de força das interações intermoleculares: Ligação Hidrogênio > Bioquímica
Dipolo-dipolo > Van der Waals. Neste ramo da química orgânica estudamos com mais aprofun-
damento as moléculas responsáveis pela constituição e manuten-
Isomeria ção da vida dos seres vivos. Dentre as principais biomoléculas estão
A isomeria é o fenômeno onde duas ou mais substâncias di- os carboidratos, as proteínas e os lipídios.
ferentes apresentam a mesma fórmula molecular e possuem di-
ferentes fórmulas estruturais. Este ramo da química estuda as Carboidratos: são polissacarídeos (açúcares), como a glicose e
semelhanças entre cadeias carbônicas e funções, bem como seu a frutose. Tem como função principal a de fornecer energia ao nos-
comportamento espacial. A isomeria é dividida em plana (considera so organismo.
apenas a fórmula estrutural plana) e espacial (considera a fórmula
estrutural espacial e a simetria da molécula). Proteínas: são polímeros de condensação naturais formados de
É um campo importante pois a isomeria está presente princi- até 20 aminoácidos diferentes. Tem como função constituir fibras
palmente em medicamentos, onde muitas vezes temos isômeros musculares, cabelo e pele. Algumas funcionam como catalisadores
ativos (aqueles que tem interesse farmacológico) e inativos. em reações do organismo, sendo chamadas de enzimas.

32
QUÍMICA
Lipídios: são formados a partir da reação de um ácido graxo H = 1.2 = 2
com o glicerol. Os mais importantes são os óleos e as gorduras. O O =16. 1 = 16______
triglicerídeo é um lipídeo que possui três grupamentos éster na sua Massa de CH2O = 30
estrutura.
Mas a fórmula empírica não indica por si só qual será a fór-
Petróleo mula molecular, afinal de contas essa proporção de 1:2:1 se dá em
O petróleo possui em sua composição principalmente hidro- todos os casos a seguir: CH2O (conservante em solução de formali-
carbonetos e seus componentes são de grande importância eco- na), C2H4O2 (ácido acético do vinagre), C 3H6O3 (ácido láctico), entre
nômica. Aproximadamente 85% dos materiais obtidos a partir do outros.
petróleo são usados como combustíveis e os outros 15% na indús- Assim, outro dado importante que precisamos saber é a massa
tria petroquímica, como por exemplo, na produção de plásticos e molar desse composto, que normalmente é determinada por um
asfalto. Por ser um material de tamanha importância, o estudo de espectrômetro de massas.
seu processo de refino e craqueamento é um dos ramos de estudo
da química orgânica.

Análise orgânica elementar: determinação de fórmulas mo-


leculares.

Os compostos orgânicos não se encontram de forma pura na


natureza, sendo assim, é preciso procedê-los a um tratamento pré-
vio de purificação para só então utilizá-los isoladamente. Os proces-
sos mecânicos e físicos de separação como destilação, cristalização,
análise cromatográfica, são definidos como análise orgânica ime- Aparelho espectrômetro de massas utilizado para medir a
diata. O método permite separar os componentes da mistura sem massa molar das substâncias.
alterar a natureza dos mesmos.
Após separar os componentes é preciso determinar quais são No caso da glicose, sua massa molar é de 180 g/mol. Depois,
os elementos presentes e a quantidade respectiva, para isso utiliza- podemos calcular quantas vezes a massa da fórmula empírica
-se a análise orgânica elementar que se subdivide em: “cabe” na massa molecular da substância:
Análise elementar qualitativa: permite identificar os elementos 180/30 = 6
químicos presentes no composto orgânico. Multiplicando as proporções em que cada elemento aparece
Análise elementar quantitativa: dosagem dos elementos que na molécula por 6, temos a proporção de cada um na fórmula mo-
foram identificados. lecular:
Em alguns casos o composto orgânico que foi isolado passa por C = 1. 6= 6
um fracionamento e o produto resulta em compostos inorgânicos H = 2.6=12
ou minerais, dessa forma fica fácil dosar os componentes. Esse pro- O=1. 6= 6
cedimento é conhecido como “Mineralização da substância orgâ- Com a proporção definida (6:12:6), temos a fórmula molecular
nica”. da glicose: C6H12O6.
Através da mineralização é possível obter sulfetos e sulfatos
através do Enxofre, haletos de prata (AgBr, AgCl, AgI) a partir de Funções Orgânicas
halogênios (Cl, Br, I), H2O a partir de hidrogênio, etc.
Notação, Nomenclatura e Propriedades Físicas e Químicas de
Fórmula Molecular Hidro Carboneto, Álcool, Éter, Cenol, Cetonas, Aldeídos, Ácido Car-
Fórmula Molecular é a combinação de símbolos químicos e ín- boxílicos, Amina e Amida (Contendo de 1 a 8 Carbonos)
dices que expressam os números reais dos átomos de cada elemen-
to presente em uma molécula. Para se chegar à fórmula molecular As substâncias orgânicas com propriedades semelhantes são
é necessário saber a fórmula mínima ou empírica da substância e agrupadas, elas podem até possuir características estruturais co-
sua massa molar. muns, mas se diferenciam pelo grupo funcional.
A fórmula molecular corresponde à quantidade de átomos de Estas substâncias recebem a denominação de funções orgâni-
cada elemento em uma molécula. cas, conheça nesta seção algumas delas e seus respectivos grupos
Fórmula Molecular é a combinação de símbolos químicos e ín- funcionais:
dices que expressam os números reais dos átomos de cada elemen- Funções oxigenadas – aldeídos, cetonas, ácidos carboxílios, és-
to presente em uma molécula. teres, éteres, álcoois;
Para a determinação da fórmula molecular é necessário primei- Funções nitrogenadas – aminas, amidas;
ro obter a fórmula empírica, que é a fórmula que mostra os núme- Funções halogenadas – haletos;
ros relativos de átomos de cada elemento em um composto. Ela Função hidrogenada – hidrocarbonetos.
expressa a proporção dos átomos; por exemplo, na glicose a pro-
porção é de um átomo de carbono, para dois de hidrogênio, para A seguir apresentamos as principais funções orgânicas, o gru-
um de oxigênio, ou seja, CH2O (1:2:1). O passo seguinte é calcular po funcional que identifica cada uma, as regras de nomenclatura
a massa dessa fórmula empírica. Sabendo que as massas atômicas segundo a IUPAC e exemplos de compostos pertencentes a essas
desses elementos são iguais a: C = 12, H = 1 e O=16. funções:
A partir da fórmula empírica (CH2O), calculamos a massa dessa
fórmula multiplicando as massas atômicas pelas suas respectivas 1- Função Orgânica: Hidrocarbonetos;
massas: - Grupo Funcional: Possui somente átomos de carbono e hi-
C = 12. 1= 12 drogênio: C, H;

33
QUÍMICA
- Nomenclatura: Prefixo + infixo + o; O
- Exemplos: Metano, butano, eteno (etileno) e etino (acetile- //
no). ─C
H

- Nomenclatura: Prefixo + infixo + al;


- Exemplos: Metanal (em solução aquosa é o formol) e etanal
(acetaldeído).

5- Função Orgânica: Cetonas;


- Grupo Funcional: Possui a carbonila entre dois carbonos:

O

C─C─C
A principal fonte de hidrocarbonetos na natureza é o petróleo
- Nomenclatura:Prefixo + infixo + ona;
2- Função Orgânica: Álcoois; - Exemplo: Propanona (acetona).
- Grupo Funcional: Possui a hidroxila ligada a um carbono sa-
turado:

OH

─C─

- Nomenclatura: Prefixo + infixo + ol;


- Exemplos: Metanol, etanol e propanol.
A acetona usada para retirar esmalte das unhas é a propanona

6- Função Orgânica: Ácidos carboxílicos;


- Grupo Funcional: Possui a carbonila ligada a um grupo hidro-
xila (grupo carboxila):

O
//
─C
OH
O álcool gel e a aguardente possuem o etanol como principal
constituinte - Nomenclatura: Ácido + prefixo + infixo + oico.
- Exemplos: Ácido metanoico (ácido fórmico) e ácido etanoico
3- Função Orgânica: Fenóis; (ácido acético que forma o vinagre).
- Grupo Funcional: Possui a hidroxila (OH) ligada a um carbono
insaturado de um anel benzênico (núcleo aromático): 7- Função Orgânica: Ésteres;
- Grupo Funcional: Deriva dos ácidos carboxílicos, em que há a
substituição do hidrogênio da carboxila (- COOH) por algum grupo
orgânico:

O
//
─C
O─C

Grupo funcional dos fenóis - Nomenclatura: Prefixo + infixo + o + ato / de / nome do radical
- Exemplos: Etanoato de pentila (aroma de banana), butanoato
- Nomenclatura: localização do grupo OH + hidróxi + nome do de etila (aroma de morango) e etanoato de isopentila (aroma de
aromático; pera).
- Exemplos: benzenol e 1-hidroxi-2-metilbenzeno. 8- Função Orgânica: Éteres;
- Grupo Funcional: Possui o oxigênio entre dois carbonos: C ─
4- Função Orgânica: Aldeídos; O ─ C;
- Grupo Funcional: Possui a carbonila ligada a um hidrogênio: - Nomenclatura: grupo menor + oxi + hidrocarboneto de radi-
cal maior;
- Exemplos: metoxietano e etoxietano.

34
QUÍMICA
9- Função Orgânica: Aminas;
- Grupo Funcional: Deriva da substituição de um ou mais hidrogênios do grupo amônia por cadeias carbônicas:
│ │
─ NH2 ou ─ NH ou ─ N ─
- Nomenclatura: Prefixo + infixo + amina
- Exemplos: Metilamina, etilamina e trimetilamina.

10- Função Orgânica: Amidas;


- Grupo Funcional: Deriva teoricamente da amônia pela substituição de um de seus hidrogênios por um grupo acila:

O
//
─C
NH2

- Nomenclatura: Prefixo + infixo + amida.


- Exemplos: metanamida e etanamida.

11- Função Orgânica: Nitrocompostos;

- Grupo Funcional: Possui o grupo nitro (NO2) ligado a uma cadeia carbônica:
O
│ │
─C─N═O

- Nomenclatura: nitro + prefixo + infixo + o;


- Exemplos: nitrometano, nitroetano, 1- nitropropano e 2-metil-1,3,5-trinitrobenzeno (TNT).

O TNT é um explosivo que é um nitrocomposto

12- Função Orgânica: Haletos Orgânicos;


- Grupo Funcional: Possui um ou mais halogênios ligados a uma cadeia carbônica:
X

─C─
X = F, Cl, Br ou I.

- Nomenclatura: quantidade de halogênios + nome do halogênio + nome do hidrocarboneto;


- Exemplos: 2-bromopropano, clorobenzeno e 1,3-difluorobutano.

Sais orgânicos
Os sais orgânicos são compostos obtidos por meio da reação entre um ácido carboxílico e uma base inorgânica, em que o hidrogênio
do grupo carboxila do ácido reage com o ânion hidróxido da base, formando água; enquanto o ânion orgânico une-se ao cátion da base
para formar esse sal.
Isso significa que os sais orgânicos sempre possuem o grupo funcional:

A IUPAC estipulou algumas regras oficiais para a nomenclatura desses compostos, mostradas abaixo:

35
QUÍMICA

Veja os exemplos:

Se houver ramificações ou insaturações na cadeia carbônica será necessário numerá-la começando do carbono do grupo carboxila,
como mostrado nos exemplos a seguir:

Além disso, quando um diácido carboxílico produzir sais orgânicos com substituição das duas extremidades da cadeia, basta colocar o
prefixo di na nomenclatura, como no exemplo abaixo:

Um exemplo desse tipo de sal orgânico é o etanodiato de cálcio, que é um dos componentes mais comuns das pedras nos rins ou
cálculos renais. O nome usual desse sal é oxalato de cálcio.
A nomenclatura usual dos sais orgânicos segue a mesma regra usada em Química Geral, sendo que quando um ácido inorgânico reage
com uma base e dá origem a um sal, o nome do sal é feito partindo-se do nome do ácido de origem e mudando apenas a terminação.
Quando termina com ico, mudamos para ato. Isso também é feito com os sais orgânicos, veja os exemplos:

36
QUÍMICA
(A) II e III.
(B) I e IV.
(C) II, III e VI.
(D) I, IV e V.
(E) I, III e V.

4. Em relação ao equilíbrio químico


2 NO(g)+ 1 O2(g) ↔ 2 NO2(g) + 27 kcal
pode-se afirmar:
(A) Aumentando a quantidade de O2(g), o equilíbrio se desloca
para a esquerda;
(B) Diminuindo a quantidade de NO2(g), o equilíbrio se desloca
para a esquerda;
(C) Aumentando ou diminuindo as quantidades das espécies
químicas dessa equação, o equilíbrio não se altera;
(D) Diminuindo a quantidade de NO(g), o equilíbrio se desloca
Fonte: para a esquerda;
www.materias.com.br/www.todamateria.com.br/www.soq.com.br/ (E) Diminuindo a quantidade da espécie química NO(g), o equi-
www.soq.com.br/www.guiaestudo.com.br/www.pt.wikipedia.org/ líbrio se desloca para a direita.
www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.brasilescola.uol.com.br/
www.colegioweb.com.br/Mayara Cardoso Quando a quantidade de um dos reagentes ou produtos é alte-
rada, o equilíbrio tende a ser restaurado, mantendo as proporções
entre eles, assim, o equilíbrio tende para a esquerda caso algum
reagente seja retirado, e para a direita caso algum produto seja re-
EXERCICIOS tirado, e ao contrário se um deles for adicionado.

1. Um técnico em química teve a tarefa de armazenar diferen- 5. De modo geral, os compostos que possuem ligações iônicas:
tes substâncias. Para tanto, resolveu separá-las de acordo com as (A) são formados pela ligação entre ametais e o hidrogênio.
respectivas funções químicas. As substâncias eram: NaCl, CaCO3, (B) são encontrados na natureza no estado líquido.
Ca(OH)2, CaO, Na2O, NaOH, H2SO4 e HCl. (C) apresentam baixos pontos de fusão e ebulição.
A alternativa que apresenta apenas as substâncias classificados (D) são duros e resistentes a impactos.
como óxidos é: (E) apresentam alta condutividade elétrica em solução aquosa.
(A) CaO e Na2O.
(B) Na2O e NaOH. Quando compostos iônicos são dissolvidos em soluções aquo-
(C) H2SO4 e HCl. sas, eles são dissociados em íons, sendo assim, a efetividade da
(D) Ca(OH)2 e CaO. condução elétrica é aumentada.
(E) CaO, Na2O e NaOH.
6. Reações químicas dependem de energia e colisões eficazes
As substâncias NaOH e Ca(OH)2 não são óxidos, e sim bases, que ocorrem entre as moléculas dos reagentes. Em sistema fecha-
enquanto o HCl e o H2SO4 são ácidos. do, é de se esperar que o mesmo ocorra entre as moléculas dos
produtos em menor ou maior grau até que se atinja o chamado
2. Um sal possui várias características. “equilíbrio químico”.
NÃO constitui uma dessas características O valor da constante de equilíbrio em função das concentra-
(A) ter ponto de fusão elevado. ções das espécies no equilíbrio, em quantidade de matéria, é um
(B) ter, na forma sólida, rede cristalina formada por cátion e dado importante para se avaliar a extensão (rendimento) da reação
ânion. quando as concentrações não se alteram mais.
(C) ser um sólido formado por apenas dois elementos, sendo Considere a tabela com as quantidades de reagentes e produ-
um deles o oxigênio. tos no início e no equilíbrio, na temperatura de 100°C, para a se-
(D)ser uma substância iônica. guinte reação:
(E) tender a se dissociar em água (mesmo que em pequena es-
cala) liberando pelo menos um cátion de um elemento metálico.

Sais são compostos iônicos, nos quais o cátion não pode ser o
H+ e o ânion não pode ser o OH-. Logo, não é obrigatória a presença
do oxigênio.

3. Considere as reações abaixo e marque a alternativa que indi-


ca corretamente as reações endotérmicas: Tabela com quantidade de reagentes e produto
I. CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + H2O(l) + 889,5 kJ (Foto: Reprodução)
II. Fe2O3(s) +3 C(s) → 2 Fe(s) +3 CO(g) ΔH = + 490 kJ
III. 6 CO2(g) + 6 H2O(l) + 2 813 → C6H12O6(g) + 6 O2(g) A constante de equilíbrio tem o seguinte valor:
IV. HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O(l) ΔH = - 57,7 kJ (A) 0,13
V. 1 H2(g) + 1/2 O2(g) → 2 H2O(l) + 68,3 kcal (B) 0,27
VI. 1 H2(g) + 1 I2(g) → 2 HI(g) ΔH = + 25,96 kJ/mol (C) 0,50

37
QUÍMICA
(D) 1,8
(E) 3,0 GABARITO

7. Em quais das passagens a seguir está ocorrendo transforma-


1 A
ção química?
1) “ O reflexo da luz nas águas onduladas pelos ventos lembra- 2 C
va-lhe os cabelos de seu amado”. 3 C
2) “ A chama da vela confundia-se com o brilho nos seus olhos”.
3) “Desolado, observava o gelo derretendo em seu copo e iro- 4 D
nicamente comparava-o ao seu coração.” 5 E
4) “Com o passar dos tempos começou a sentir-se como a velha
tesoura enferrujando no fundo da gaveta.” 6 B
7 D
Estão corretas apenas:
8 D
(A) 1 e 2
(B) 2 e 3
(C) 3 e 4
(D) 2 e 4 ANOTAÇÕES
(E) 1 e 3
______________________________________________________
8. A energia térmica liberada em processos de fissão nuclear
pode ser utilizada na geração de vapor para produzir energia me- ______________________________________________________
cânica que, por sua vez, será convertida em energia elétrica. Abai-
xo está representado um esquema básico de uma usina de energia ______________________________________________________
nuclear.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
A partir do esquema são feitas as seguintes afirmações:
I. a energia liberada na reação é usada para ferver a água que, ______________________________________________________
como vapor a alta pressão, aciona a turbina.
II. a turbina, que adquire uma energia cinética de rotação, é ______________________________________________________
acoplada mecanicamente ao gerador para produção de energia elé-
______________________________________________________
trica.
III. a água depois de passar pela turbina é pré-aquecida no con- ______________________________________________________
densador e bombeada de volta ao reator.
______________________________________________________
Dentre as afirmações acima, somente está(ão) correta(s):
(A) I. ______________________________________________________
(B) II.
(C)III. ______________________________________________________
(D)I e II.
(E) II e III. ______________________________________________________

______________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

38
MATEMÁTICA
1. Teoria dos conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Geometrias Plana e Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Análise combinatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Noções básicas de estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Sequências e progressões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
8. Matrizes, determinantes e sistemas lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
9. Geometria analítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
10. Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
11. Trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
MATEMÁTICA
Igualdade
TEORIA DOS CONJUNTOS
Propriedades básicas da igualdade
Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U,
cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjun- temos que:
tos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da (1) A = A.
semana ou simplesmente fazer grupos. (2) Se A = B, então B = A.
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos. (3) Se A = B e B = C, então A = C.
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra (4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B.
maiúscula. Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C.

Representações Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
Pode ser definido por: mente os mesmos elementos. Em símbolo:
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9} Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos apenas quais são os elementos.
temos: Não importa ordem:
B={0,1,2,3,4,5,6,7} A={1,2,3} e B={2,1,3}

– Diagrama de Venn Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Classificação

Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao
número de elementos que ele possui.

Exemplo
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4.

Definições
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi-
nal.
Há também um conjunto que não contém elemento e é repre- Um conjunto diz-se
sentado da seguinte forma: S = c ou S = { }. a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele-
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem tam- mentos
bém a outro conjunto B, dizemos que: b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos
A é subconjunto de B c) singular quando é formado por um único elemento
Ou A é parte de B d) vazio quando não tem elementos
A está contido em B escrevemos: A ⊂ B
Exemplos
Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi-
B: A ⊄ B nito (∞));
A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
Símbolos B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
∈: pertence { } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)
∉: não pertence
⊂: está contido Pertinência
⊄: não está contido O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de perti-
⊃: contém nência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas designam
⊅: não contém os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos. Assim,
/: tal que o conjunto das vogais (V) é:
⟹: implica que V={a,e,i,o,u}
⇔: se,e somente se A relação de pertinência é expressa por: a∈V
∃: existe A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
∄: não existe mento b não pertence ao conjunto V.
∀: para todo(ou qualquer que seja)
∅: conjunto vazio Inclusão
N: conjunto dos números naturais A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Z: conjunto dos números inteiros Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub-
Q: conjunto dos números racionais conjunto dele mesmo.
Q’=I: conjunto dos números irracionais Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B
R: conjunto dos números reais Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C.

1
MATEMÁTICA
Operações Exemplo
A={1,2,3} B={1,2,3,4,5}
União CBA={4,5}
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a Representação
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B. -Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5}
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈ A ou x ∈ B} -Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses elemen-
tos temos:
Exemplo: B={3,4,5,6,7}
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6} - por meio de diagrama:

Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con-


junto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Exemplo: Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} mente os mesmos elementos. Em símbolo:
A∩B={d,e}

Diferença
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por: Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- apenas quais são os elementos.
mentar de B em relação a A. Não importa ordem:
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- A={1,2,3} e B={2,1,3}
cem a B.
A\B = {x : x∈A e x∉B}. Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A

Relações de Inclusão
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(contém),
⊅ (não contém)

Exemplo: A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A Exemplo:
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B. {1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. {0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}

Complementar Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-
Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple- ta para o maior conjunto.
mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto
cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per- Subconjunto
tencem a A. O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam-
A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A bém elemento de B.

2
MATEMÁTICA
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x∈B}
Exemplo:
Exemplo: A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
A={1,2,3,4} e B={5,6} Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
A∪B={1,2,3,4,5,6} menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
elementos do conjunto universo que não pertencem a A.

Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer


Exemplo: todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.
A∩B={d,e} Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
Diferença uma forma ou outra.
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por: Exemplo
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- (MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um
mentar de B em relação a A. grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos
cem a B. homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que
existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
A\B = {x : x ∈A e x∉B}. Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos
nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

B-A = {x : x ∈B e x∉A}. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela


interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um

3
MATEMÁTICA
Carecas são 16

7+y+5=16
Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas ho- Y=16-12
mens carecas e altos. Y=4
Homens altos e barbados são 6
Então o número de barbados que não são altos, mas são care-
cas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia-
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil.

Exemplo
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha
que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal:
1) 80 sejam formados em Física;
2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são 5) 23 sejam formados em Química e Física;
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas 6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
e não são altos e nem barbados 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa correta.


(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos
nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados ape-
nas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados,
a probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e
Química, é inferior a 0,05.
Sabemos que 18 são altos
Resolução
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos
que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n (F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-
-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88
Resposta: A.

Quando somarmos 5+x+6=18


X=18-11=7

4
MATEMÁTICA
Triângulo
GEOMETRIAS PLANA E ESPACIAL
Elementos
Geometria Plana
Mediana
Ângulos Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se- vértice ao ponto médio do lado oposto.
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la- Na figura, é uma mediana do ABC.
dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo. Um triângulo tem três medianas.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o


Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º. lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de


um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um


ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.

Na figura, é uma altura do .


Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas. Um triângulo tem três alturas.

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.
Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a
esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .

5
MATEMÁTICA
Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo


que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes. Triângulo retângulo: tem um ângulo reto

Classificação
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso
Quanto aos lados
Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.


Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que
a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao maior ângulo
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Triângulo equilátero: três lados iguais. Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes

6
MATEMÁTICA
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus) Número de Diagonais
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter- Ângulos Internos
nos (dividem os ângulos ao meio). A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con-
vexo de n lados é (n-2).180
Áreas Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es-
colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu-
1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b é a los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos
medida da base menor e h é medida da altura. internos dos n-2 triângulos.
2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é a
medida da altura.

3 - Retângulo: A = b.h

4 - Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e d


é a medida da diagonal menor.

5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

Polígono
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
Ângulos Externos
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.

A soma dos ângulos externos=360°


Teorema de Tales
Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
são vértices não-consecutivos desse polígono. razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à ra-
zão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são váli-
das as seguintes proporções:

7
MATEMÁTICA
Exemplo Área
Área da base: Sb=πr²

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α, um pon-
to V que não pertence ao plano.
A figura geométrica formada pela reunião de todos os segmen-
tos de reta que tem uma extremidade no ponto V e a outra num
ponto do círculo denomina-se cone circular.
GEOMETRIA ESPACIAL

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de centro O
contido num deles, e uma reta s concorrente com os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião de to-
dos os segmentos paralelos a s, com extremidades no círculo e no
outro plano.

Classificação
-Reto: eixo VO perpendicular à base;
Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângulo em tor-
no de um de seus catetos. Por isso o cone reto é também chamado
de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é denomi-
nado cone equilátero.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando as geratri-
zes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é equilá-
tero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.
g2 = h2 + r2

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

8
MATEMÁTICA
Área

Volume

Pirâmides Assim, um prisma é um poliedro com duas faces congruentes e


As pirâmides são também classificadas quanto ao número de paralelas cujas outras faces são paralelogramos obtidos ligando-se
lados da base. os vértices correspondentes das duas faces paralelas.

Classificação
Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares às bases
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

PRISMA RETO PRISMA OBLÍQUO

Área e Volume
Área lateral: Sl = n. área de um triângulo

Onde n = quantidade de lados

Stotal = Sb + Sl

Classificação pelo polígono da base

Prismas TRIANGULAR QUADRANGULAR


Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R contido
em α e uma reta r concorrente aos dois.

E assim por diante...

Paralelepípedos
Os prismas cujas bases são paralelogramos denominam-se pa-
ralelepípedos.
Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião de todos
os segmentos paralelos a r, com extremidades no polígono R e no PARALELEPÍPEDO RETO PARALELEPÍPEDO OBLÍQUO
plano β.

9
MATEMÁTICA
Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces quadra- São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n:
das. ak = b k

Redução de Termos Semelhantes


Assim como fizemos no caso dos monômios, também podemos
fazer a redução de polinômios através da adição algébrica dos seus
termos semelhantes.
No exemplo abaixo realizamos a soma algébrica do primeiro
com o terceiro termo, e do segundo com o quarto termo, reduzindo
um polinômio de quatro termos a um outro de apenas dois.
3xy+2a²-xy+3a²=2xy+5a²

Polinômios reduzidos de dois termos também são denomina-


Prisma Regular dos binômios. Polinômios reduzidos de três termos, também são
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regulares, o denominados trinômios.
prisma é dito regular.
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases são con- Ordenação de um polinômio
gruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...) A ordem de um polinômio deve ser do maior para o menor
expoente.
Área 4x4+2x³-x²+5x-1
Área cubo: St = 6a2 Este polinômio não está ordenado:
3x³+4x5-x²
Área paralelepípedo: St = 2(ab + ac + bc)
Operações
Adição e Subtração de Polinômios
A área de um prisma: St = 2Sb + St
Para somar dois polinômios, adicionamos os termos com ex-
poentes de mesmo grau. Da mesma forma, para obter a diferença
Onde: St = área total
de dois polinômios, subtraímos os termos com expoentes de mes-
Sb = área da base
mo grau.
Sl = área lateral, soma-se todas as áreas das faces laterais.
Exemplo
Volume
Paralelepípedo: V = a . b . c
Cubo: V = a³

Demais: V = Sb . h

POLINÔMIOS
Multiplicação de Polinômios
Denomina-se polinômio a função: Para obter o produto de dois polinômios, multiplicamos cada
termo de um deles por todos os termos do outro, somando os coe-
ficientes.

Exemplo
Grau de um polinômio
Se an ≠0, o expoente máximo n é dito grau do polinômio. Indi-
camos: gr(P)=n
Exemplo
P(x)=7 gr(P)=0
P(x)=7x+1 gr(P)=1

Valor Numérico
O valor numérico de um polinômio P(x), para x=a, é o número
que se obtém substituindo x por a e efetuando todas as operações.
Exemplo Divisão de Polinômios
P(x)=x³+x²+1 , o valor numérico para P(x), para x=2 é: Considere P(x) e D(x), não nulos, tais que o grau de P(x) seja
P(2)=2³+2²+1=13 maior ou igual ao grau de D(x). Nessas condições, podemos efetuar
O número a é denominado raiz de P(x). a divisão de P(x) por D(x), encontrando o polinômio Q(x) e R(x):
P(x)=D(x)⋅Q(x)+R(x)
Igualdade de polinômios P(x)=dividendo
Os polinômios p e q em P(x), definidos por: Q(x)=quociente
P(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn D(x)=divisor
Q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn R(x)=resto

10
MATEMÁTICA
Método da Chave
Passos
1. Ordenamos os polinômios segundo as potências decrescentes de x.
2. Dividimos o primeiro termo de P(x) pelo primeiro de D(x), obtendo o primeiro termo de Q(x).
3. Multiplicamos o termo obtido pelo divisor D(x) e subtraímos de P(x).
4. Continuamos até obter um resto de grau menor que o de D(x), ou resto nulo.

Exemplo
Divida os polinômios P(x)=6x³-13x²+x+3 por D(x)=2x³-3x-1

Método de Descartes
Consiste basicamente na determinação dos coeficientes do quociente e do resto a partir da identidade:

Exemplo
Divida P(x)=x³-4x²+7x-3 por D(x)=x²-3x+2

Solução
Devemos encontrar Q(x) e R(x) tais que:

Vamos analisar os graus:

Como Gr( R) < Gr(D), devemos impor Gr(R )=Gr(D)-1=2-1=1

Para que haja igualdade:

Algoritmo de Briot-Ruffini
Consiste em um dispositivo prático para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por um binômio D(x)=x-a

11
MATEMÁTICA
Exemplo
Divida P(x)=3x³-5x+x-2 por D(x)=x-2

Solução
Passos
– Dispõem-se todos os coeficientes de P(x) na chave
– Colocar a esquerda a raiz de D(x)=x-a=0.
– Abaixar o primeiro coeficiente. Em seguida multiplica-se pela raiz a e soma-se o resultado ao segundo coeficiente de P(x), obtendo
o segundo coeficiente. E assim sucessivamente.

Portanto, Q(x)=3x²+x+3 e R(x)=4

Produtos Notáveis

1. O quadrado da soma de dois termos.


Verifiquem a representação e utilização da propriedade da potenciação em seu desenvolvimento.
(a + b)2 = (a + b) . (a + b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos

2. O quadrado da diferença de dois termos.


Seguindo o critério do item anterior, temos:
(a - b)2 = (a - b) . (a - b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos:

12
MATEMÁTICA
3. O produto da soma pela diferença de dois termos. Agrupar os termos de modo que em cada grupo haja um fator
Se tivermos o produto da soma pela diferença de dois termos, comum.
poderemos transformá-lo numa diferença de quadrados. (ax + ay) + (bx + by)

Colocar em evidência o fator comum de cada grupo


a(x + y) + b(x + y)

Colocar o fator comum (x + y) em evidência (x + y) (a + b) Este


produto é a forma fatorada da expressão dada

Exemplos Diferença de Dois Quadrados: a² − b² = (a + b) (a − b)


(4c + 3d).(4c – 3d) = (4c)2 – (3d)2 = 16c2 – 9d2
(x/2 + y).(x/2 – y) = (x/2)2 – y2 = x2/4 – y2 Trinômio Quadrado Perfeito: a²± 2ab + b² = (a ± b)²
(m + n).(m – n) = m2 – n2
Trinômio do 2º Grau: Supondo x1 e x2 raízes reais do trinômio,
4. O cubo da soma de dois termos. temos: ax² + bx + c = a (x - x1) (x - x2), a≠0
Consideremos o caso a seguir:
(a + b)3 = (a + b).(a + b)2 → potência de mesma base. MDC e MMC de polinômios
(a + b).(a2 + 2ab + b2) → (a + b)2 Mínimo Múltiplo Comum entre polinômios, é formado pelo
produto dos fatores com os maiores expoentes.
Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anterio- Máximo Divisor Comum é o produto dos fatores primos com o
res, teremos: menor expoente.
(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3
Exemplo
Exemplos: X²+7x+10 e 3x²+12x+12
(2x + 2y)3 = (2x)3 + 3.(2x)2.(2y) + 3.(2x).(2y)2 + (2y)3 = 8x3 + 24x2y
+ 24xy2 + 8y3 Primeiro passo é fatorar as expressões:
(w + 3z)3 = w3 + 3.(w2).(3z) + 3.w.(3z)2 + (3z)3 = w3 + 9w2z + 27wz2 X²+7x+10=(x+2)(x+5)
+ 27z3 3x²+12x+12=3(x²+4x+4)=3(x+2)²
(m + n)3 = m3 + 3m2n + 3mn2 + n3 Mmc=3(x+2)²(x+5)
Mdc=x+2
5. O cubo da diferença de dois termos
Acompanhem o caso seguinte: Operação com frações algébricas
(a – b)3 = (a - b).(a – b)2 → potência de mesma base.
(a – b).(a2 – 2ab + b2) → (a - b)2 Adição e subtração de frações algébricas
Da mesma forma que ocorre com as frações numéricas, as fra-
Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anterio- ções algébricas são somadas ou subtraídas obedecendo dois casos
res, teremos: diferentes.
(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3
Caso 1: denominadores iguais.
Exemplos Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denomina-
(2 – y)3 = 23 – 3.(22).y + 3.2.y2 – y3 = 8 – 12y + 6y2 – y3 ou y3– 6y2 dores iguais, as mesmas regras aplicadas às frações numéricas aqui
+ 12y – 8 são aplicadas também.
(2w – z)3 = (2w)3 – 3.(2w)2.z + 3.(2w).z2 – z3 = 8w3 – 12w2z + (2x2-5)/x2 -(x2+3)/x2 +(9-x2)/x2
6wz – z3
2
(2x2-5-x2-3+9-x2)/x2 =1/x2

(c – d)3 = c3 – 3c2d + 3cd2 – d3 Caso 2: denominadores diferentes.


Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denominado-
Fatoração res diferentes, siga as mesmas orientações dadas na resolução de
Fatorar uma expressão algébrica significa escrevê-la na forma frações numéricas de denominadores diferentes.
de um produto de expressões mais simples. (3x+1)/(2x-2)-(x+1)/(x-1)
(3x+1)/2(x-1) -2(x+1)/2(x-1)
Casos de fatoração (3x+1-2x-2)/(2(x-1))=(x-1)/2(x-1) =1/2
Fator Comum:
Ex.: ax + bx + cx = x (a + b + c) Multiplicação de frações algébricas
Para multiplicar ou dividir frações algébricas, usamos o mesmo
O fator comum é x. processo das frações numéricas. Fatorando os termos da fração e
Ex.: 12x³ - 6x²+ 3x = 3x (4x² - 2x + 1) simplificar os fatores comuns.
2x/(x-4)∙3x/(x+5)
O fator comum é 3x
Multiplica-se os denominadores e os numeradores.
Agrupamento: (6x2)/((x-4)(x+5))=(6x2)/(x2+x-20)
Ex.: ax + ay + bx + by

13
MATEMÁTICA
Divisão de frações algébricas Observe que os números obtidos diferem entre si:
Multiplica-se a primeira pelo inverso da segunda. Pela ordem dos elementos: 56 e 65
7x/(3-4x) ∶x/(x+1) Pelos elementos componentes: 56 e 67
7x/(3-4x)∙((x+1))/x Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
7x(x+1)/(3-4x)x=(7x2+7x)/(3x-4x²) 3 elementos tomados 2 a 2.

Indica-se A3,2
ANÁLISE COMBINATÓRIA

Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos
problemas de contagem. Permutação Simples
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
Princípio Fundamental da Contagem agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de O número de permutações simples de n elementos é indicado
um evento composto de duas ou mais etapas. por Pn.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2 Pn = n!
pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se
tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2. Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Exemplo Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças).


3(blusas)=6 maneiras
Exemplo
Fatorial Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu- Solução
tivos. Para facilitar adotamos o fatorial. Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N) Como temos uma letra repetida, esse número será menor.

Arranjo Simples Temos 3P, 2A, 2L e 3 E


Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
sequência de p elementos distintos de E.

Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2 Combinação Simples
algarismos distintos podemos formar? Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos.

Solução

14
MATEMÁTICA
Números Binomiais Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de
O número de combinações de n elementos, tomados p a p, Pascal.
também é representado pelo número binomial .

Binomiais Complementares
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de-
nominadores é igual ao numerador são iguais:
PROBABILIDADE

Experimento Aleatório
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível,
por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamento
Relação de Stifel de um dado.

Espaço Amostral
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face voltada para
Triângulo de Pascal cima, tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}

No lançamento de uma moeda, observando a face voltada para


cima:
E={Ca,Co}

Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que
E={1,2,3,4,5,6}

Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer


um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas
para cima em três lançamentos de uma moeda.
LINHA 0 1
a) Quantos elementos tem o espaço amostral?
LINHA 1 1 1 b) Descreva o espaço amostral.
LINHA 2 1 2 1
Solução
LINHA 3 1 3 3 1
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento,
LINHA 4 1 4 6 4 1 há duas possibilidades.
LINHA 5 1 5 10 10 5 1 2x2x2=8
LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1 b)
E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(C,R,R),(R,R,R)}
Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a + Probabilidade
b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios: Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com
n = 0 → (a + b)0 = 1 n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.
n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3

Eventos complementares
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
formado por todos os elementos de E que não pertencem a A.

15
MATEMÁTICA
A={2}

Note que Eventos Simultâneos


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amos-
tral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:

Exemplo
Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
é .Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
seja vermelha.

Solução NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA

Estatística descritiva
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
São complementares. racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
e resumos numéricos.

Noções de estatística
A estatística torna-se a cada dia uma importante ferramenta de
Adição de probabilidades apoio à decisão. Resumindo: é um conjunto de métodos e técnicas
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não que auxiliam a tomada de decisão sob a presença de incerteza.
vazio. Tem-se:
Estatística descritiva (Dedutiva)
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
e resumos numéricos. Fazemos uso de:
Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter Tabelas de frequência
um número par ou menor que 5, na face superior? Ao dispor de uma lista volumosa de dados, as tabelas de fre-
quência servem para agrupar informações de modo que estas pos-
Solução sam ser analisadas. As tabelas podem ser de frequência simples ou
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6 de frequência em faixa de valores.

Sejam os eventos Gráficos


A={2,4,6} n(A)=3 O objetivo da representação gráfica é dirigir a atenção do analista
B={1,2,3,4} n(B)=4 para alguns aspectos de um conjunto de dados. Alguns exemplos de
gráficos são: diagrama de barras, diagrama em setores, histograma, bo-
xplot, ramo-e-folhas, diagrama de dispersão, gráfico sequencial.

Resumos numéricos
Por meio de medidas ou resumos numéricos podemos levantar
importantes informações sobre o conjunto de dados tais como: a
tendência central, variabilidade, simetria, valores extremos, valores
discrepantes, etc.

Probabilidade Condicional Estatística inferencial (Indutiva)


É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o Utiliza informações incompletas para tomar decisões e tirar
evento B, definido por: conclusões satisfatórias. O alicerce das técnicas de estatística infe-
rencial está no cálculo de probabilidades. Fazemos uso de:

Estimação
A técnica de estimação consiste em utilizar um conjunto de da-
dos incompletos, ao qual iremos chamar de amostra, e nele calcular
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6 estimativas de quantidades de interesse. Estas estimativas podem
B={2,4,6} n(B)=3 ser pontuais (representadas por um único valor) ou intervalares.

16
MATEMÁTICA
Teste de Hipóteses Dados brutos: é uma sequência de valores numéricos não or-
O fundamento do teste estatístico de hipóteses é levantar su- ganizados, obtidos diretamente da observação de um fenômeno
posições acerca de uma quantidade não conhecida e utilizar, tam- coletivo.
bém, dados incompletos para criar uma regra de escolha.
Rol: é uma sequência ordenada dos dados brutos.
População e amostra

SEQUÊNCIAS E PROGRESSÕES

Sequências
Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos de
um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a uma
posição, temos uma sequência.
O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo por
a2, e o n-ésimo por an.
É o conjunto de todas as unidades sobre as quais há o interesse de Termo Geral de uma Sequência
investigar uma ou mais características. Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei de
formação. Isso significa que podemos obter um termo qualquer da
Variáveis e suas classificações sequência a partir de uma expressão, que relaciona o valor do ter-
Qualitativas – quando seus valores são expressos por atribu- mo com sua posição.
tos: sexo (masculino ou feminino), cor da pele, entre outros. Dize- Para a posição n(n ϵ N*), podemos escrever an=f(n)
mos que estamos qualificando.
Quantitativas – quando seus valores são expressos em núme-
Progressão Aritmética
ros (salários dos operários, idade dos alunos, etc). Uma variável
Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que
quantitativa que pode assumir qualquer valor entre dois limites
cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma
recebe o nome de variável contínua; e uma variável que só pode
constante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da
assumir valores pertencentes a um conjunto enumerável recebe o
PA.
nome de variável discreta.
an = an-1 + r(n ≥ 2)
Fases do método estatístico
— Coleta de dados: após cuidadoso planejamento e a devida Exemplo
determinação das características mensuráveis do fenômeno que se A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5:
quer pesquisar, damos início à coleta de dados numéricos necessá- a1 = 2
rios à sua descrição. A coleta pode ser direta e indireta. a2 = 2 + 5 = 7
— Crítica dos dados: depois de obtidos os dados, os mesmos a3 = 7 + 5 = 12
devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possível falhas
e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou Classificação
de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. A As progressões aritméticas podem ser classificadas de acordo
crítica pode ser externa e interna. com o valor da razão r.
— Apuração dos dados: soma e processamento dos dados ob- r < 0, PA decrescente
tidos e a disposição mediante critérios de classificação, que pode r > 0, PA crescente
ser manual, eletromecânica ou eletrônica. r = 0, PA constante
— Exposição ou apresentação de dados: os dados devem ser
apresentados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando Propriedades das Progressões Aritméticas
mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento -Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média
estatístico. aritmética entre o anterior e o posterior.
— Análise dos resultados: realizadas anteriores (Estatística
Descritiva), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através
dos métodos da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por
base a indução ou inferência, e tiramos desses resultados conclu-
sões e previsões. -A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à
soma dos extremos.
Censo a1 + an = a2 + an-1 = a3 + an-2
É uma avaliação direta de um parâmetro, utilizando-se todos os
componentes da população. Termo Geral da PA
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
Principais propriedades: seguinte forma:
- Admite erros processual zero e tem 100% de confiabilidade; a2 = a1 + r
- É caro; a3 = a2 + r = a1 + 2r
- É lento; a4 = a3 + r = a1 + 3r
- É quase sempre desatualizado (visto que se realizam em pe-
ríodos de anos 10 em 10 anos);
- Nem sempre é viável.

17
MATEMÁTICA
Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro Progressão Geométrica
número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade. Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em que
an = a1 + (n - 1)r se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o anterior
por uma constante q, chamada razão da PG.
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética
Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34). Exemplo
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40 Dada a sequência: (4, 8, 16)
a1 = 4
a2 = 4 . 2 = 8
a3 = 8 . 2 = 16

Classificação
Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extre- As classificações geométricas são classificadas assim:
mos é igual à soma dos extremos. - Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
Soma dos Termos - Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto
Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite cal- ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
cular a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética. - Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao
do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
Sn - Soma dos primeiros termos quando a1 = 0 ou q = 0.
a1 - primeiro termo
an - enésimo termo Termo Geral da PG
n - número de termos Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é
obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
Exemplo a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é menos uma unidade.
igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo?
a2 = a1 . q2-1
Solução a3 = a1 . q3-1
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua Portanto, o termo geral é:
direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão: an = a1 . qn-1

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita


Seja a PG finita (a1, a1q, a1q2, ...)de razão q e de soma dos ter-
mos Sn:

1º Caso: q=1
Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes Sn = n . a 1
dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extremos.
Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo 2º Caso: q≠1
central tem exatamente o valor de metade da soma dos extremos.
Em notação matemática temos:

Exemplo
Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
a) A soma dos 6 primeiros termos
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja
29524

Solução:
a1 = 1; q = 3; n = 6

Assim sendo:
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.

18
MATEMÁTICA
Representação genérica de uma matriz
Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula
(A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra.
Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso
de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz
pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a
coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no lado
inferior direito do elemento. Exemplo: a11.

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita


1º Caso:-1 < q < 1

Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série é


convergente.
Exemplo
2º Caso: |q| > 1 (PM/SE – Soldado 3ª Classe – FUNCAB) A matriz abaixo regis-
A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é di- tra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade durante
vergente uma semana.

3º Caso: |q| = 1
Também não possui soma finita, portanto divergente

Produto dos termos de uma PG finita

Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o núme-


ro de ocorrência no turno i do dia j da semana.
O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando
como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
(A) 61
(B) 59
MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES (C) 58
(D) 60
Matriz (E) 62
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo
linhas horizontais e colunas verticais. Resolução:
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é de- Turno i –linha da matriz
nominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de Turno j- coluna da matriz
elemento da matriz. 2º turno do 2º dia – a22=18
3º turno do 6º dia-a36=25
Tipo ou ordem de uma matriz 1º turno do 7º dia-a17=19
As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de Somando:18+25+19=62
linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é deno- Resposta: E.
minada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois
tem três linhas e quatro colunas. Exemplo: Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma
ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

Operações com matrizes


Adição: somamos os elementos correspondentes das matri-
zes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem.
A=[aij]m x n; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.

19
MATEMÁTICA

Exemplo
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10
Resposta: D.

Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
elementos de A por k.

Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

De modo geral, temos:

20
MATEMÁTICA
Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abaixo:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:

Resposta: B.

Casos particulares
Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais elemen-
tos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a ordem da matriz.

Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m x n,
obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de transposta de A. Indica-se por At.

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta At
em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

21
MATEMÁTICA
Resolução:

2a=1
a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2
Resposta: E.

Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:

Determinantes
Determinante é um número real associado a uma matriz quadrada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma matriz
quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal pelo
produto dos elementos da diagonal secundária.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2
Resposta: C.

Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

22
MATEMÁTICA
Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO)

Dada a matriz , onde , assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é


(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9
Resposta: A.

Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo teo-
rema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de uma
coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores.

Exemplo:
Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.

Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

23
MATEMÁTICA
Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

Resolução:

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores.
Dica: pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: Para o determinante é usado os números que
sobraram tirando a linha e a coluna.

A13=2.23=46

A43=1.2=2
D = 46 + 2 = 48
Resposta: D.

Determinante de uma matriz de ordem n > 3


Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus. Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

24
MATEMÁTICA

Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒ det A = 565
Propriedades dos determinantes
a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são nulos, o determinante é nulo.

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais, então o determinante é nulo.

c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mesmo
número k.

d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a seguinte propriedade:


det (A. B) = det A + det B.

e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu determinante for diferente de zero.

Sistema de equações lineares


Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.

25
MATEMÁTICA
Em que: O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois

Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as


duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e
Determinado), pois possui uma única solução.
Sistema Linear 2 x 2
Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equações li- 2. Sistema Possível e Indeterminado
neares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:

a1 x + b1 y = c1
 Esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x
a2 + b2 y = c2 e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y
podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.
Sistema Linear 3x3
3. Sistema Impossível

Sistemas Lineares equivalentes Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas
Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.
são ditos equivalentes. Por exemplo:
Sistema Escalonado
Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas
das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º
coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficien-
te não-nulo da equação anterior.
São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução
Exemplo
S={(1,2)}
Sistema 2x2 escalonado.
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or-
denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as
equações do sistema.
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equa-
ções do sistema.
Sistema 3x3
Matriz Associada a um Sistema Linear A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda
Dado o seguinte sistema: tem dois e a terceira, apenas um.

Matriz incompleta
Sistema 2x3

Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento


Classificação Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro
1. Sistema Possível e Determinado equivalente pelas seguintes transformações elementares, realiza-
das com suas equações:
– Trocas as posições de duas equações
– Multiplicar uma das equações por um número real diferente
de 0.

26
MATEMÁTICA
– Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o Que é um sistema impossível.
resultado a outra equação. Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
Exemplo a = 6 → SI (Sistema impossível)

Regra de Cramer

Consideramos os sistema .

Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve- Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta
niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação. desse sistema é , cujo determinante é indicado por D =
ad – bc.

Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela


coluna dos coeficientes independentes, obteremos ,cujo de-
terminante é indicado por Dy = af – ce.
Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação
Multiplicando a equação por -2: Assim, .

Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e consideran-


do a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf,
obtemos , D ≠ 0.

Somando as duas equações:


GEOMETRIA ANALÍTICA

Estudo do Ponto

Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de In-


cógnitas
Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº
de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos
o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e:
– Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
– Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível.

Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou


impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente
pelo método de eliminação de Gauss.
Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um
Exemplos sistema de eixos cartesianos.
- Discutir, em função de a, o sistema: - A é a abscissa do ponto P
- B é a ordenada do ponto P
- P ϵ 1ºQuad

Resolução

1 3
D= = a−6
2 a

D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6

Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado.


Para a ≠ 6, temos: Fonte: www.matematicadidatica.com.br

1º Quadrante: x>o e y>o


x + 3 y = 5
 x + 3 y = 5 2º Quadrante: x<0 e y>0
2 x + 6 y = 1 ~
 ← −2 0 x + 0 y = −9 3º Quadrante: x<0 e y<0
 4º Quadrante: x>0 e y>0

27
MATEMÁTICA
Para representar o par ordenado P(x,y)
Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o
eixo y de ordenada.

Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante?


x>0 e y<0 IV quadrante.

Distância entre Dois Pontos


Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles é
uma função das coordenadas de P e Q: Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos uti-
lizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo com
suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar o alinha-
mento dos pontos é através do cálculo do determinante pela regra
de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.

Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determinar
se estão alinhados.

Ponto Médio (14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


72 – 72 = 0

Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da


matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e B(x2,y2),
com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de medida a.

1º caso: 0° < a < 90°

Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto


M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das
coordenadas de P e Q.

O ponto M terá as seguintes coordenadas:

Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem à


mesma reta.

Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos:

28
MATEMÁTICA

2º caso: 90° < a < 180°

a=0→m=0

Do triângulo retângulo ABC, vem:

a = 90° → m

Portanto, para os dois casos, temos:

Coeficiente angular
Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao eixo
é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta.
A equação fundamental de r é dada por:
m = tan a

Equação Geral da Reta


Ax + by + c = 0

Equação Segmentária

O valor do coeficiente angular m varia em função de a.

0 < a < 90° → m > 0

29
MATEMÁTICA
Equação reduzida da reta
Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q) e
tem coeficiente angular m = tan a:

y - q = m(x - 0)
y - q = mx
y = mx + q

Retas perpendiculares
Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e so-
Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação reduzi- mente se, os seus coeficientes angulares são tais que
da da reta, em que m é o coeficiente.
Posições relativas de duas retas
Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

De fato:

Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas
As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

ar = as ↔ mr = ms

Como:

Então:

Assim, para r // s, temos:

E, reciprocamente, se

Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes.
Logo,
ar ≠ as ↔ mr ≠ ms

Assim, para r e s concorrentes, temos:

Distância de ponto a reta


Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto
P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distância
entre P e r( dPr ) é dada por:

30
MATEMÁTICA

Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer da


circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circunferên-
cia. Então:
Ângulo entre duas retas
Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas, r
e s, não paralelas aos eixos , podemos determinar o ângu-
lo 0 agudo formado entre elas:

Se uma das retas for vertical, teremos:

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circunfe-


rência e permite determinar os elementos essenciais para a cons-
trução da circunferência: as coordenadas do centro e o raio.
Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na ori-
gem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2.

Equação Geral
Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação geral
da circunferência:

Circunferência: Equações da circunferência e Equação reduzi-


da Como exemplo, vamos determinar a equação geral da circunfe-
Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano rência de centro C(2, -3) e raio r = 4.
equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denominado
centro da circunferência: A equação reduzida da circunferência é:
( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16

31
MATEMÁTICA
Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos: Gráfico Cartesiano

Determinação do centro e do raio da circunferência, dada a


equação geral
Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o pro-
cesso de fatoração de trinômio quadrado perfeito para transformá-
-la na equação reduzida e, assim, determinamos o centro e o raio
da circunferência.
Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições:
- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1;
- Não deve existir o termo xy.

Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem uma
cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0. relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta de luz
Observando a equação, vemos que ela obedece às duas con- depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem
dições. de automóvel depende da velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o domí-
Assim: nio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos definir com
1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e isola- mais rigor o que é uma função matemática utilizando a linguagem
mos o termo independente da teoria dos conjuntos.
x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6
Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma rela-
2º passo: determinamos os termos que completam os quadra- ção de A em B.
dos perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os membros as Essa relação f é uma função de A em B quando a cada elemen-
parcelas correspondentes to x do conjunto A está associado um e apenas um elemento y do
conjunto B.

Notação: f: A→B (lê-se função f de A em B)

Domínio, contradomínio, imagem


O domínio é constituído por todos os valores que podem ser
atribuídos à variável independente. Já a imagem da função é forma-
3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos da por todos os valores correspondentes da variável dependente.
( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16
O conjunto A é denominado domínio da função, indicada por D.
4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o centro O domínio serve para definir em que conjunto estamos trabalhan-
e o raio do, isto é, os valores possíveis para a variável x.
O conjunto B é denominado contradomínio, CD.
Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no con-
tradomínio. A esse valor de y damos o nome de imagem de x pela
função f. O conjunto de todos os valores de y que são imagens de
valores de x forma o conjunto imagem da função, que indicaremos
por Im.

Exemplo
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}criamos
FUNÇÕES a função f: A→B. definida por f(x) = x + 5 que também pode ser
representada por y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos,
desta função, é:
Diagrama de Flechas

32
MATEMÁTICA
No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contradomínio é
= {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im = {6, 9, 12}

Classificação das funções


Injetora: Quando para ela elementos distintos do domínio
apresentam imagens também distintas no contradomínio.

Função Decrescente: a < 0


Nesse caso, os valores de y, caem.

Sobrejetora: Quando todos os elementos do contradomínio fo-


rem imagens de pelo menos um elemento do domínio.

Bijetora: Quando apresentar as características de função inje- Raiz da função


tora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja, elementos dis- Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em que a
tintos têm sempre imagens distintas e todos os elementos do con- reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y igual a zero,
tradomínio são imagens de pelo menos um elemento do domínio. pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y = 0. Observe a
representação gráfica a seguir:

Função 1º grau
A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos
de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim, a fun- Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz
ção f(x) = ax + b. de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base
na própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando
Estudo dos Sinais o valor de x (raiz da função).
Definimos função como relação entre duas grandezas repre- X=-b/a
sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de
formação possui a seguinte característica: y = ax + b ou f(x) = ax + Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema com duas
b, onde os coeficientes a e b pertencem aos reais e diferem de zero. equações para acharmos o valor de a e b.
Esse modelo de função possui como representação gráfica a figura
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do domínio e da Exemplo:
imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor do coeficien- Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.
te a. Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, e
caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente. F(1)=1a+b
3=a+b
Função Crescente: a > 0 F(3)=3a+b
De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráfico que os 5=3a+b
valores de y vão crescendo.

Isolando a em I
a=3-b

33
MATEMÁTICA
Substituindo em II Raízes

3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2

Portanto,
a=3-b
a=3-2=1
Assim, f(x)=x+2

Função Quadrática ou Função do 2º grau


Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo
grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0 Vértices e Estudo do Sinal
f(x)=a(x-x1)(x-x2) Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e
um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavidade
É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e voltada para baixo e um ponto de máximo V.
deve ser o maior termo.
Em qualquer caso, as coordenadas de V são .
Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se Veja os gráficos:
a<0

Discriminante(∆)
∆ = b²-4ac
∆>0

A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois pontos dis-


tintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equação ax²+bx+c=0

∆=0

Quando ∆=0 , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no


ponto

Repare que, quando tivermos o discriminante ∆ = 0, as duas


raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais
∆<0

A função não tem raízes reais

34
MATEMÁTICA
Equação Exponencial
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoente de
uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1.

Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.

Solução

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)

O número e é um número irracional e positivo e em função da


definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1

Este número é denotado por e em homenagem ao matemático


suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
propriedades desse número.

O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:


e = 2,7182818284

Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser


Função exponencial escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
A expressão matemática que define a função exponencial é ex = exp(x)
uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e
diferente de 1 e o expoente é uma variável. Propriedades dos expoentes
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número
Função crescente racional, então:
Se a > 1 temos uma função exponencial crescente, qualquer - ax ay= ax + y
que seja o valor real de x. - ax / ay= ax - y
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida - (ax) y= ax.y
que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos - (a b)x = ax bx
que a curva da função é crescente. - (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax

Logaritmo
Considerando-se dois números N e a reais e positivos, com a
≠1, existe um número c tal que:

A esse expoente c damos o nome de logaritmo de N na base a

Ainda com base na definição podemos estabelecer condições


Função decrescente de existência:
Se 0 < a < 1 temos uma função exponencial decrescente em
todo o domínio da função.
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
menta, y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
é decrescente.

35
MATEMÁTICA
Exemplo Solução
a) Log 6=log 2⋅3=log2+log3=0,3010+0,4771=0,7781

Função Logarítmica
Uma função dada por , em que a constante
a é positiva e diferente de 1, denomina-se função logarítmica.

Consequências da Definição

Propriedades
TRIGONOMETRIA

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Mudança de Base

Exemplo
Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule: 2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
a) log 6 Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
b) log1,5 nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
c) log 16 ses dois triângulos são semelhantes.

36
MATEMÁTICA

Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.
3º Caso: LLL (lado - lado - lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo


Considerando o triângulo retângulo ABC.

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

Temos:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

37
MATEMÁTICA
Relações Métricas no Triângulo Retângulo
Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa


pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela


altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

EXERCÍCIOS
4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos
catetos (Teorema de Pitágoras). 1. (CRF/MT - AGENTE ADMINISTRATIVO – QUADRIX/2017)
Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de música, esporte e leitu-
ra; 48 gostam de música e esporte; 60 gostam de música e leitura;
44 gostam de esporte e leitura; 12 gostam somente de música; 18
Posições Relativas de Duas Retas gostam somente de esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao
Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano. escolher ao acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele
Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também não não gostar de nenhuma dessas atividades?
estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas rever- (A) 1/75
sas. (B) 39/75
(C) 11/75
Retas Coplanares (D) 40/75
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum (E) 76/75

2. (CRMV/SC – RECEPCIONISTA – IESES/2017) Sabe-se que


17% dos moradores de um condomínio tem gatos, 22% tem cachor-
ros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). Qual é o percentual de
condôminos que não tem nem gatos e nem cachorros?
(A) 53
(B) 69
(C) 72
(D) 47
-Duas retas concorrentes podem ser:
3. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Na figura
1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto. abaixo, encontra-se representada uma cinta esticada passando em
2. Oblíquas: r e s não são perpendiculares. torno de três discos de mesmo diâmetro e tangentes entre si.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci-


dentes.
Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o comprimen-
to da cinta acima representada é
(A) 8/3 π + 8 .
(B) 8/3 π + 24.
(C) 8π + 8 .

38
MATEMÁTICA
(D) 8π + 24. 7. (MPE/GO – SECRETÁRIO AUXILIAR – MPEGO/2017) Um
(E) 16π + 24. recipiente na forma de um prisma reto de base quadrada, com di-
mensões internas de 10 cm de aresta da base e 25 cm de altura,
4. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Na figura está com 20% de seu volume total preenchido com água, conforme
abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H são pontos mostra a figura. (Figura fora de escala)
médios dos lados do quadrado ABCD e são os centros de quatro
círculos tangentes entre si.

Para completar o volume total desse recipiente, serão despe-


jados dentro dele vários copos de água, com 200 mL cada um. O
número de copos totalmente cheios necessários para completar o
volume total do prisma será:
(A) 8 copos
(B) 9 copos
(C)10 copos
A área da região sombreada, da figura acima apresentada, é (D) 12 copos
(A)100 - 5π . (E)15 copos
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π . 8. (CELG/GT/GO – ANALISTA DE GESTÃO – CSUFG/2017) fi-
(D)100 - 20π . gura a seguir representa um cubo de aresta a.
(E)100 - 25π .

5. (PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO/2012) Assinale a alter-


nativa que apresenta o valor da medida do lado AB do triângulo
abaixo.

Considerando a pirâmide de base triangular cujos vértices são


os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é dado por
(A) a³/6
(B) a³/3
(A) 20. (C) a³/3√3
(B) 28. (D) a³/6√6
(C) 30.
(D) 32. 9. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Os valo-
res numéricos do quociente e do resto da divisão de p(x) = 5x4 – 3x2
6. (ESCOLA DE SARGENTO DAS ARMAS – COMBATENTE/LO- + 6x – 1 por d(x) = x2 + x + 1, para x = -1 são, respectivamente,
GÍSTICA – TÉCNICA/AVIAÇÃO – EXÉRCITO BRASILEIRO/2012) A (A) -7 e -12
soma dos valores de m que satisfazem a ambas as igualdades sen- (B) -7 e 14
x=(m+1)/m e cos x=(m+2)/m (C) 7 e -14
(A) 5 (D) 7 e -12
(B) 6 (E) -7 e 12
(C) 4
(D) -4 10. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Na
(E) -6 equação

Sendo a e b números reais não nulos, o valor de a/b é


(A) 0,8
(B) 0,7

39
MATEMÁTICA
(C) 0,5 (C) 33.
(D) 0,4 (D) 39.
(E) 0,3 (E) 36.

11. (UFES - Assistente em Administração – UFES/2017) Uma 17. (EMBASA – ASSISTENTE DE LABORATÓRIO – IBFC/2017)
determinada família é composta por pai, por mãe e por seis filhos.
Eles possuem um automóvel de oito lugares, sendo que dois lugares Substituindo o valor da raiz da função , na fun-
estão em dois bancos dianteiros, um do motorista e o outro do ca- ção g(x) = x2 - 4x + 5, encontramos como resultado:
rona, e os demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no (A) 12
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um dos dois (B) 15
bancos dianteiros. O número de maneiras de dispor os membros da (C) 16
família nos lugares do automóvel é igual a: (D) 17
(A) 1440
(B) 1480 18. (PETROBRAS - TÉCNICO DE ENFERMAGEM DO TRA-
(C) 1520 BALHO JÚNIOR -CESGRANRIO/2017) Quantos valores reais de x
(D) 1560 fazem com que a expressão assuma valor nu-
(E) 1600 mérico igual a 1?
(A) 2
12. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Tomando os al- (B) 3
garismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números pares de 4 algarismos (C) 4
distintos podem ser formados? (D) 5
(A) 120. (E) 6
(B) 210.
(C) 360. 19. (IF/ES – ADMINISTRADOR – IFES/2017) O gráfico que
(D) 630. melhor representa a função y = 2x , para o domínio em R+ é:
(E) 840.
(A) (B) (C)
13. (UPE – TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO – UPENET/2017)
Qual a probabilidade de, lançados simultaneamente dois dados ho-
nestos, a soma dos resultados ser igual ou maior que 10?
(A) 1/18
(B) 1/36
(C) 1/6
(D) 1/12
(E) ¼

14. (UPE – TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO – UPENET/2017) (D) (E)


Uma pesquisa feita com 200 frequentadores de um parque, em que
50 não praticavam corrida nem caminhada, 30 faziam caminhada e
corrida, e 80 exercitavam corrida, qual a probabilidade de encontrar
no parque um entrevistado que pratique apenas caminhada?
(A) 7/20
(B) 1/2
(C)1/4
(D) 3/20
(E) 1/5 20. (PETROBRAS - TÉCNICO DE ENFERMAGEM DO TRA-
BALHO JÚNIOR -CESGRANRIO/2017) Qual o maior valor de k na
15. (ARTESP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO equação log(kx) = 2log(x+3) para que ela tenha exatamente uma
DE TRANSPORTE – FCC/2017) Em um experimento, uma planta raiz?
recebe a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebido no (A) 0
dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas de água, no 1° dia (B) 3
do experimento ela recebeu (C) 6
(A) 64 gotas. (D) 9
(B) 49 gotas. (E) 12
(C) 59 gotas.
(D) 44 gotas.
(E) 54 gotas.

16. (ARTESP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO


DE TRANSPORTE – FCC/2017) Mantido o mesmo padrão na se-
quência infinita 5, 6, 7, 8, 9, 7, 8, 9, 10, 11, 9, 10, 11, 12, 13, 11, 12,
13, 14, 15, . . . , a soma do 19° e do 31° termos é igual a :
(A) 42.
(B) 31.

40
MATEMÁTICA

GABARITO

1. Resposta: C

O lado AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o ponto Médio


X²=5²+5²
X²=25+25
X²=50
X=5√2
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, temos
2 círculos inteiros.
32+10+12+18+16+28+12+x=150
X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades A área de um círculo é
P=22/150=11/75

2. Resposta: B

A sombreada=100-25π

5. RESPOSTA: “A”.

!!! = 12! + 16!


!!! = 144 + 256
!!! = 400
!" = 20
!
6. RESPOSTA: “E”.

9+8+14+x=100 !"!! ! + !"! ! ! = 1


X=100-31
X=69% ! !
!+1 !+2
+ =1
3. Resposta: D ! !
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente a mesma
medida da parte reta da cinta. !! + 2! + 1 !! + 4! + 4
+ −1=0
!! !!
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado esticado
tem 8x3=24 m !! + 2! + 1 + !! + 4! + 4 − !! = 0
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo, como são
três partes, é a mesma medida de um círculo. !! + 6! + 5 = 0
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π !
Portanto, a cinta tem 8π+24
S = -b/a
4. Resposta: E S = -6/1 = -6
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.
7. Resposta: C
V=10.10.25=2500 cm³
2500.0,2=500cm³ preenchidos.
Para terminar de completar o volume:

41
MATEMÁTICA
2500-500=2000 cm³ 13. Resposta: C.
2000/200=10 copos P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
8. Resposta: A 4+6
A base é um triângulo de base a e altura a 5+5
5+6
6+4
6+5
6+6

14. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50
9. Alternativa D Apenas caminhada: x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20

15. Resposta: E
a65 = a1 + 64r
374 = a1 + 64 . 5

A1 = 374-320
A1 = 54

16. Resposta: B
Observe os números em negrito:
9, 11, 13, 15,...

São os números ímpares, a partir do 9 e a cada 5 números.


Para x=-1 Ou seja, o 9 está na posição 5
Q(-1)=5(-1)²-5(-1)-3=7 O 11 está na posição 10 e assim por diante.
R(-1)=14(-1)+2=-12 O 19º termo, já temos na sequência que é o 14

10. Alternativa C Seguindo os termos:


25º termo é o 17
30º termo é 19

Como o número seguinte a esses, abaixa duas unidades


O 31º termo é o 17.
14+17=31

17. Resposta: D.

3a=a+b
2a=b -2x=-12
a/b=1/2 X=6
Substituindo em g(x)
11. Resposta: A. G(6)=6²-4(6)+5=36-24+5=17
P2.P6=2!.6!=2.720=1440
18. Resposta: D.
12. Resposta: C. Para assumir valor 1, o expoente deve ser igual a zero.
__ ___ __ __ X²+4x-60=0
6. 5.4. 3=360 ∆=4²-4.1.(-60)

42
MATEMÁTICA
∆=16+240
∆=256
ANOTAÇÕES

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______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
A base pode ser igual a 1:
X²-5x+5=1 ______________________________________________________
X²-5x+4=0
∆=25-16=9 ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
A base for -1 desde que o expoente seja par: ______________________________________________________
X²-5x+5=-1
X²-5x+6=0 ______________________________________________________

∆=25-24=1 ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
Vamos substituir esses dois valores no expoente
X=2: ______________________________________________________
X²+4x-60
2²+8-60==48 ______________________________________________________
X=3
3²+12-60=-39 ______________________________________________________
Portanto, serão 5 valores.
______________________________________________________
19. Resposta: A. ______________________________________________________
Um gráfico de função exponencial não começa do zero, é uma
curva. ______________________________________________________

20. Resposta: E. _____________________________________________________


Kx=(x+3)²
Kx=x²+6x+9 _____________________________________________________
X²+(6-k)x+9=0
Para ter uma raiz, ∆=0 ______________________________________________________
∆=b²-4ac
______________________________________________________
∆=(6-k)²-36=0
36-12k+k²-36=0 ______________________________________________________
k²-12k=0
k=0 ou k=12 ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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______________________________________________________

43
MATEMÁTICA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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44
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
1. Artigos 1.º a 5.º e 144 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
TÍTULO I
ARTIGOS 1.º A 5.º E 144 DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
1988 indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
PREÂMBULO I - a soberania;
II - a cidadania
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- III - a dignidade da pessoa humana;
bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, V - o pluralismo político.
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e Constituição.
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Objetivos Fundamentais da República
Forma, Sistema e Fundamentos da República Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados no
Artigo 3º da CF/88. Vejamos:
Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
Os princípios abandonam sua função meramente subsidiária rativa do Brasil:
na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de meio de I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e ve- II - garantir o desenvolvimento nacional;
tor interpretativo, e passam a ser dotados de elevada e reconhecida III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
normatividade. gualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
Princípio Federativo raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal
e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um determi- Princípios de Direito Constitucional Internacional
nado grau de liberdade referente à sua organização, à sua adminis- Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão
tração, à sua normatização e ao seu Governo, porém limitada por elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos:
certos princípios consagrados pela Constituição Federal. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
ções internacionais pelos seguintes princípios:
Princípio Republicano I - independência nacional;
É uma forma de Governo fundada na igualdade formal entre as II - prevalência dos direitos humanos;
pessoas, em que os detentores do poder político exercem o coman- III - autodeterminação dos povos;
do do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário e com IV - não-intervenção;
responsabilidade. V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
Princípio do Estado Democrático de Direito VII - solução pacífica dos conflitos;
O Estado de Direito é aquele que se submete ao império da lei. VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
princípio fundamental da soberania popular, vale dizer, funda-se na dade;
noção de Governo do povo, pelo povo e para o povo. X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in-
Princípio da Soberania Popular tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal reve- Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
la a adoção da soberania popular como princípio fundamental ao de nações.
prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons- Referências Bibliográficas:
tituição”. DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Princípio da Separação dos Poderes
A visão moderna da separação dos Poderes não impede que
cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além de Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais
sua função típica (preponderante), funções atribuídas a outro Po- Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi-
der. cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são
Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais corresponden- estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de
tes ao tema supracitado: proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu-
ratório.

1
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
Direitos Fundamentais de Primeira Geração a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
Possuem as seguintes características: índole evolutiva;
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- dentemente de características pessoais;
ram todo o século XIX; c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
ao Estado Absoluto; e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
c) estão ligados ao ideal de liberdade; possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
em favor das liberdades públicas; do pelo decurso do tempo.
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro-
teção em face da ação opressora do Estado; Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais
f) são os direitos civis e políticos. Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
Direitos Fundamentais de Segunda Geração compatíveis com a sua natureza.
Possuem as seguintes características:
a) surgiram no início do século XX; Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
Estado Liberal; bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega-
c) estão ligados ao ideal de igualdade; dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven-
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado.
positiva do Estado;
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos. Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente
Direitos Fundamentais de Terceira Geração consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu- ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons-
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados tituição (princípio da reserva legal).
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê-
neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração. Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade-
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a
Direitos Metaindividuais
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos
Natureza Destinatários na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con-
Difusos Indivisível Indeterminados creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais
constitucionalmente consagrados.
Coletivos Indivisível Determináveis ligados
por uma relação Os quatro status de Jellinek
jurídica a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo encontra-
Individuais Divisível Determinados ligados -se em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan-
Homogêneos por uma situação fática do-se como detentor de deveres para com o Estado;
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se- de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
guintes características: c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
a) surgiram no século XX; víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade), seu favor;
que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for-
bens da coletividade; mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi-
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto.
povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
interesse coletivo; Referências Bibliográficas:
d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente, DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani- cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.

Direitos Fundamentais de Quarta Geração Os individuais estão elencados no caput do Artigo 5º da CF. Ve-
Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his- jamos:
tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
Também são transindividuais.

Direitos Fundamentais de Quinta Geração


Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
taria o direito fundamental de quinta geração.

2
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
TÍTULO II Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
intelectual) e os direitos reativos à herança.
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen-
tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (....) Os direitos sociais estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Ve-
jamos:
Direito à Vida CAPÍTULO II
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito DOS DIREITOS SOCIAIS
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem- Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla- o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
rada). dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
Direito à Liberdade I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém será ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia privada.
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, den-
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado,
tre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de locomoção,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
de consciência, de crença, de reunião, de associação e de expressão.
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
Direito à Igualdade
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constituição
para qualquer fim;
Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve ser en- V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
carada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade formal. trabalho;
A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce- VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
didos aos membros da coletividade por meio da norma. ou acordo coletivo;
Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o percebem remuneração variável;
jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e ou no valor da aposentadoria;
desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam. IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis retenção dolosa;
que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com- XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
formação social. sa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
Direito à Privacidade dor de baixa renda nos termos da lei;
Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero, XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima- diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura- horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
-se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente coletiva de trabalho;
de sua violação. XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
Direito à Honra XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti- mingos;
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
tal motivo, são previstos no Código Penal. mo, em cinquenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
Direito de Propriedade terço a mais do que o salário normal;
É assegurado o direito de propriedade, contudo, com restri- XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
ções, como por exemplo, de que se atenda à função social da pro- com a duração de cento e vinte dias;
priedade. Também se enquadram como espécies de restrição do XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
e o usucapião. centivos específicos, nos termos da lei;

3
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor- sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
mas de saúde, higiene e segurança; mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
insalubres ou perigosas, na forma da lei; nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
XXIV - aposentadoria; as condições que a lei estabelecer.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba-
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte-
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de resses que devam por meio dele defender.
trabalho; § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando da lei.
incorrer em dolo ou culpa; Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do deliberação.
contrato de trabalho; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-
a) (Revogada). segurada a eleição de um representante destes com a finalidade
b) (Revogada). exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções gadores.
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
civil; Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo:
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário → Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela im-
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; possibilidade de redução do grau de concretização dos direitos
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e sociais já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado
intelectual ou entre os profissionais respectivos; determinado grau de concretização de um direito social, fica o le-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a gislador proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis haja a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; compensatórias.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo → Princípio da reserva do possível: a implementação dos di-
empregatício permanente e o trabalhador avulso. reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- óbice do financeiramente possível.
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, → Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e di-
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, reitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, intrin-
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi- secamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa humana
cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces- previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo existencial não
sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
estrutura dos serviços púbicos essenciais.
integração à previdência social.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
Referências Bibliográficas:
o seguinte:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti-
sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba- CAPÍTULO III
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à DA NACIONALIDADE
área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- Art. 12. São brasileiros:
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou I - natos:
administrativas; a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan- pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
dependentemente da contribuição prevista em lei; tiva do Brasil;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
sindicato; sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
coletivas de trabalho; optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas nacionalidade brasileira;
organizações sindicais; II - naturalizados:

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Repú- origem territorial (ius solis).
blica Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie-
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas-
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons- nacionalidade dos genitores.
tituição. A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili-
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau-
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. tada no ius sanguinis.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; Portugueses Residentes no Brasil
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos
III - de Presidente do Senado Federal; portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos.
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas. Portugueses Equiparados
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Igual os Direitos Se houver 1) Residência permanente no Brasil;
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
dos Brasileiros 2) Reciprocidade aos brasileiros
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
Naturalizados em Portugal.
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
trangeira;
zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
seguintes hipóteses:
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe- Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
derativa do Brasil. Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
o hino, as armas e o selo nacionais. Perda da Nacionalidade
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que
símbolos próprios. apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas
na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade.
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di- Dupla Nacionalidade
mensão pessoal do Estado (o seu povo). O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei- por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan-
ros natos e naturalizados. do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).
Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.
Espécies de Nacionalidade Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na-
São duas as espécies de nacionalidade: cionalidade.
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá-
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento. Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado Nacionais do Brasil.
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88.
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti- Referências Bibliográficas:
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre


as duas: Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti-
gos 14 a 16. Seguem abaixo:
Nacionalidade
CAPÍTULO IV
Primária Secundária DOS DIREITOS POLÍTICOS
Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos
constitucionais constitucionais Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer-
sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado termos da lei, mediante:

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
I - plebiscito; II - incapacidade civil absoluta;
II - referendo; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
III - iniciativa popular. rarem seus efeitos;
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
II - facultativos para: V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
a) os analfabetos; Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
b) os maiores de setenta anos; na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. até um ano da data de sua vigência.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du-
rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela-
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais,
I - a nacionalidade brasileira; consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo
II - o pleno exercício dos direitos políticos; de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
III - o alistamento eleitoral; São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; constitucionais que permitem o exercício concreto da participação
V - a filiação partidária; do povo nos negócios políticos do Estado.
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re- Capacidade Eleitoral Ativa
pública e Senador; Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é o
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja
do Distrito Federal; aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao nacional a
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos políticos).
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador. Alistamento Eleitoral e Voto
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi- 14, §2º
tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único Maiores de 18 e Maiores de 16 e Estrangeiros
período subsequente. menores de 70 menores de 18 anos (com exceção
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- anos Maiores de 70 anos aos portugueses
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos Analfabetos equiparados,
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do constantes no Artigo
pleito. 12, §1º da CF)
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- Conscritos (aqueles
juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou convocados para
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado o serviço militar
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja obrigatório)
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Características do Voto
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com
dições: valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre.
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade; Capacidade Eleitoral Passiva
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas-
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para
da diplomação, para a inatividade. cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi- O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as
lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos:
administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside-
rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou Alistabilidade Elegibilidade
indireta. Direito de votar Direito de ser votado
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí-
Inelegibilidades
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito
fraude.
de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man-
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo.
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé.
Inelegibilidade Absoluta
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab-
suspensão só se dará nos casos de:
soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele-
julgado;
cida na Constituição Federal.

6
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos. CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Inelegibilidade Relativa
Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi- Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas: mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
→ Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do humana e observados os seguintes preceitos:
Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF); I - caráter nacional;
→ Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli- II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida-
cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF); de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
→ Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
motivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
incide sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
§7º, CF). sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
Condição de Militar organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber: a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
da atividade; distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato Constitucional nº 97, de 2017)
da diplomação, para a inatividade. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju-
rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares Superior Eleitoral.
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
quadro abaixo serve como exemplo: acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 97, de 2017)
Militares – Exceto os Conscritos
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
Menos de 10 anos Registro da candidatura → mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
Inatividade menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
Mais de 10 anos Registro da candidatura → (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído
Agregado pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
Na diplomação → Inatividade II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis-
tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
Privação dos Direitos Políticos
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza-
De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado
ção paramilitar.
dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos pre-
que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende-
vistos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a fi-
rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista-
liação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingi-
mento eleitoral.
do, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar por recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se dará e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
automaticamente, ou seja, independentemente de manifestação do
suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão. Vejamos: De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par-
tido político é uma forma de agremiação de um grupo social que
Privação dos Direitos Políticos se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular
com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de go-
Perda Suspensão
verno.
Privação por prazo Privação por prazo Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia-
indeterminado determinado ção a partido político é uma das condições de elegibilidade.
Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar
políticos depende de um novo direitos políticos se dá acima das características pessoais do candidato.
alistamento eleitoral automaticamente Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí-
tico uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união
Referências Bibliográficas: ou agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- políticas, organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade.
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti-
dos políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem
o partido político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a
A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF. assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do
Vejamos: sistema representativo e a defender os direitos fundamentais defi-
nidos na Constituição Federal.

7
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos, § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o
uma vez que são instituições indispensáveis para concretização do tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
Estado democrático de direito, muito embora restrinja a utilização indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo-
de organização paramilitar. rarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
Referências Bibliográficas: a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu- b) sigilo de correspondência;
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
Editora JusPODIVM. II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. e custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
TÍTULO V persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS § 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe-
O Título V da Carta Constitucional consagra as normas per- cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
tinentes à defesa do Estado e das instituições democráticas, pre- competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso re-
vendo medidas excepcionais para manter ou restabelecer a ordem querer exame de corpo de delito à autoridade policial;
constitucional em momentos de anormalidade da vida política do II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au-
Estado, é o chamado sistema constitucional das crises, composto toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua
pelo estado de defesa (Artigo 136, da CF) e pelo estado de sítio (Ar- autuação;
tigos 137 a 139, da CF). III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
Ademais, prevê o Texto Maior o perfil constitucional das insti- superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
tuições responsáveis pela defesa do Estado, quais sejam, as Forças IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
Armadas (Artigos 142 e 143, da CF) e os órgãos de segurança públi- § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presi-
ca (Artigo 144, da CF). dente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato
Com efeito, os estados de defesa e de sítio são momentos de com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá
crise constitucional de legalidade extraordinária, em que são per- por maioria absoluta.
mitidas a suspensão ou a diminuição do alcance de certos direitos § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convoca-
fundamentais, mitigando a proteção dos cidadãos em face da ação do, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
opressora do Estado. § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.
Sistema Constitucional das Crises
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de de-
Estado de Defesa Estado de Sítio fesa.

Estado de Defesa Estado de Sítio


Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por
tempo certo, em locais restritos e determinados, mediante decreto tempo determinado (que poderá ser no território nacional inteiro),
do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional,
Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional
a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institu- ou por situação de beligerância com Estado estrangeiro (Artigo 49,
cional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da na- II c/c Artigo 84, XIX, da CF).
tureza. É mais grave que o estado de defesa, no sentido em que as me-
Vejamos o dispositivo constitucional que o representa: didas tomadas contra os direitos individuais serão mais restritivas,
conforme faz ver o Artigo 139, da CF.
TÍTULO V Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
SEÇÃO II
CAPÍTULO I DO ESTADO DE SÍTIO
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
SEÇÃO I da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso
DO ESTADO DE DEFESA Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es-
da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de tado de defesa;
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais res- II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar-
tritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas mada estrangeira.
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por ca- Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autori-
lamidades de grandes proporções na natureza. zação para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio-
nal decidir por maioria absoluta.

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, Os órgãos de segurança pública são: polícia federal, polícia ro-
as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio- doviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias
nais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da militares e corpos de bombeiros militares e polícias penais federal,
República designará o executor das medidas específicas e as áreas estaduais e distrital.
abrangidas.
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser Segue abaixo os Artigos da CF, correspondentes aos referidos
decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, temas:
por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo
o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. CAPÍTULO II
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du- DAS FORÇAS ARMADAS
rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob
até o término das medidas coercitivas. a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda- à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
seguintes medidas: § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem
I - obrigação de permanência em localidade determinada; adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Ar-
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condena- madas.
dos por crimes comuns; § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições discipli-
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao nares militares.
sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados milita-
de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; res, aplicando-se lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as
IV - suspensão da liberdade de reunião; seguintes disposições:
V - busca e apreensão em domicílio; I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine-
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas
VII - requisição de bens. em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sen-
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu- do-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os
são de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Ca- demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
sas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em-
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no
SEÇÃO III art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos
DISPOSIÇÕES GERAIS termos da lei;
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes par- cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ain-
tidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros da que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no
para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro
estado de defesa e ao estado de sítio. e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser pro-
movido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço ape-
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, ces- nas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo
sarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. para a reserva, nos termos da lei;
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado
Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, a partidos políticos;
com especificação e justificação das providências adotadas, com VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado in-
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. digno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal
militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es-
Forças Armadas e Segurança Pública pecial, em tempo de guerra;
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena pri-
Forças Armadas vativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em
Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII,
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem
do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à ga- como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art.
rantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer des- 37, inciso XVI, alínea “c”;
tes, da lei e da ordem. IX - (Revogado)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites
Segurança Pública de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mi-
Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer- litar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
cida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das prerrogativas e outras situações especiais dos militares, considera-
pessoas e do patrimônio. das as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpri-
das por força de compromissos internacionais e de guerra.

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór-
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir servi- gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
ço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem eficiência de suas atividades.
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des-
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximi- tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
rem de atividades de caráter essencialmente militar. dispuser a lei.
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço mili- § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
tar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
que a lei lhes atribuir. art. 39.
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem
CAPÍTULO III pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias
DA SEGURANÇA PÚBLICA públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân-
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res- sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
seguintes órgãos: Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
I - polícia federal; agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal; Referências Bibliográficas:
IV - polícias civis; DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen-
te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, des- EXERCÍCIOS
tina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou 1. [...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas possam ser aplicados e protegidos da mesma forma, embora todos
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in- eles estejam sob a guarda de um regime jurídico reforçado, conferi-
frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio- do pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Manda-
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; do de Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.)
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen- (A)É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obs-
dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- tante o reconhecimento do princípio da aplicabilidade imediata
tência; das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais,
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de há peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de
fronteiras; cada direito fundamental, haja vista existirem distintos níveis
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária de proteção.
da União. (B)É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhe-
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organiza- cimento do princípio da aplicabilidade imediata das normas
do e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na definidoras de direitos e garantias fundamentais no sistema
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. constitucional brasileiro.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi- (C) O autor se refere particularmente à distinção existente
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, entre direitos fundamentais políticos e direitos fundamentais
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. sociais, haja vista a mais ampla proteção constitucional aos pri-
meiros, que não estão limitados ao mínimo existencial.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
(D) O autor se refere particularmente à distinção entre os di-
reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
reitos fundamentais que consistem em cláusulas pétreas e os
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as mi-
direitos fundamentais que não estão protegidos por essa cláu-
litares.
sula, sendo que a maior proteção dada aos primeiros os torna
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
imunes à incidência da reserva do possível.
vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
(E) O autor se refere particularmente à distinção entre os di-
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
reitos fundamentais que estão expressos na Constituição de
de defesa civil.
1988 e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador por ela adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de
do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a se- proteção estabelecido em nível constitucional para esses dois
gurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda grupos de direitos.
Constitucional nº 104, de 2019)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares,
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
2. De acordo com a Constituição Federal de 1988, é certo di- define a Constituição como norma positiva suprema, dentro de um
zer que quando a propriedade rural atende, simultaneamente, se- sistema escalonado e hierarquizado de normas, em que aquela ser-
gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos se- ve de fundamento de validade para todas as demais.
guintes requisitos: aproveitamento racional e adequado; utilização IV. “Constituição-dirigente ou registro” é aquela que traça di-
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio retrizes objetivando nortear a ação estatal, mediante a previsão de
ambiente; observância das disposições que regulam as relações de normas programáticas. Marcante em nações socialistas, visa reger o
trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários ordenamento jurídico de um Estado durante certo período de tem-
e dos trabalhadores, está cumprida a: po nela estabelecido, cujo decurso implicará a elaboração de uma
(A) Função econômica. nova Constituição ou adaptação de seu texto.
(B) Reforma agrária. V. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é
(C) Desapropriação. classificada, pela doutrina majoritária, como sendo de ordem de-
(D) Função social. mocrática, nominativa, analítica, material e super-rígida.

3. Assinale a única alternativa que não contemple um direito Assinale a alternativa correta.
social previsto na Constituição Federal. (A)Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas
(A)direito ao lazer (B) . Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas
(B) . direito à previdência social (C)Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas
(C) direito à alimentação (D) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
(D)direito à ampla defesa
(E) direito à educação 7. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República,
auxiliado pelos Ministros de Estado. No que se refere às disposi-
4. Segundo as disposições do Art. 12 da Constituição Federal, é ções constitucionais sobre o Poder Executivo, analise as afirmativas
privativo de brasileiro nato o cargo de: abaixo:
(A)Ministro do Supremo Tribunal Federal. I. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições
(B)Ministro de Estado da Justiça e da Segurança Pública. que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presi-
(C) Ministro do Superior Tribunal de Justiça. dente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
(D) Deputado Federal. II. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presiden-
(E) Senador da República. te, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente cha-
mados ao exercício da Presidência o Presidente do Supremo Tribu-
5. Com base nas disposições constitucionais sobre os direitos e nal Federal, da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal.
garantias fundamentais, analise as afirmativas a seguir: III. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período
I. Os cargos de Vice-Presidente da República e Senador são pri- presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias
vativos de brasileiro nato. depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
II. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
III. Os partidos políticos não estão subordinados a nenhum tipo Assinale a alternativa correta.
de governo, mas podem receber recursos financeiros de entidades (A)As afirmativas I, II e III estão corretas
nacionais ou estrangeiras. (B)Apenas as afirmativas I e II estão corretas
(C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
Assinale (D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta. 8. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabili-
(C) se somente a afirmativa III estiver correta dade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. órgãos, EXCETO:
(A) Polícia Federal.
6. Doutrinariamente, o conceito e a classificação das constitui- (B) Polícia Rodoviária Federal.
ções podem variar de acordo com o sentido e o critério adotados (C) Defesa Civil.
para sua definição. A respeito dessa temática, leia as afirmativas (D) Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
abaixo:
I. Para o sociólogo Ferdinand Lassalle, “Constituição” seria a 9. De acordo com as disposições constitucionais acerca da Or-
somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade, en- dem Social, assinale a afirmativa incorreta.
quanto reflexo do embate das forças econômicas, sociais, políticas e (A)A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata-
religiosas de um Estado. Nesse sentido, por ser uma norma jurídica, mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o
ainda que não efetiva, uma Constituição legítima é aquela escrita progresso da ciência, tecnologia e inovação.
em uma “folha de papel”. (B)A educação básica pública terá como fonte adicional de fi-
II. O alemão Carl Schmitt define “Constituição” como sendo nanciamento a contribuição social do salário-educação, reco-
uma decisão política fundamental, cuja finalidade precípua é orga- lhida pelas empresas na forma da lei.
nizar e estruturar os elementos essenciais do Estado. Trata-se do (C) A União, os Estados e o Distrito Federal estão obrigados a
sentido político delineado na teoria decisionista ou voluntarista, em vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públi-
que a Constituição é um produto da vontade do titular do Poder cas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
Constituinte. (D) Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental
III. Embasada em uma concepção jurídica, “Constituição” é em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
uma norma pura, a despeito de fundamentações oriundas de ou- preservação do meio ambiente.
tras disciplinas. Através do sentido jurídico-positivo, Hans Kelsen

11
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
(E) Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensi- Assinale a alternativa CORRETA:
no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou (A)Apenas as assertivas I e II estão corretas.
responsáveis, pela frequência à escola. (B)Apenas as assertivas I e III estão corretas.
(C) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
10. A Constituição Brasileira instituiu um modelo de proteção (D) Todas as assertivas estão corretas.
social aos brasileiros que inclui a assistência social como um direi-
to de seguridade social reclamável juridicamente e traduzível em 13. Sobre o Poder Legislativo da União, assinale a alternativa
proteção social não contributiva devida ao cidadão (BRASIL, 2013). INCORRETA.
Sobre a assistência social como direito à seguridade social é COR- (A)A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do
RETO afirmar que: povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada estado, em
(A) A confguração da assistência social como política pública cada território e no Distrito Federal.
lhe atribui um campo específico de ação, no caso, a proteção (B) O Senado Federal compõe-se de representantes dos esta-
social não contributiva como direito de cidadania, aos que dela dos e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majori-
necessitar, os pobres. tário.
(B)A política de assistência social, como política de seguridade (C) Cada estado, território e o Distrito Federal elegerão três se-
social, é responsável pela provisão de direitos sociais. nadores, com mandato de oito anos.
(C) Na condição de prática, a política de assistência social pode (D) O número total de deputados, bem como a representação
ter múltiplas expressões, ser realizada em direções e abrangên- por estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
cias diferentes, desenvolver experiências, fazer uma ou outra complementar, proporcionalmente à população, procedendo-
atenção. -se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
(D)A atenção prestada não se refere ao escopo de um indivíduo que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de oito
ou uma família, mas deve ter presente que sua responsabilida- ou mais de setenta deputados.
de exige que se organize para que a ela tenham acesso todos
aqueles que estão na mesma situação. 14. Referente ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta.
(E) Atenções prestadas de modo focalizadas a grupos de pobres (A)O ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por
e miseráveis, de forma subalternizadora, constituindo um pro- interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria
cesso de assistencialização das políticas sociais. do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as-
segurada ampla defesa.
11. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op- (B)Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado-
ção CORRETA. res, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de
(A)Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício
norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da
regra, são ex nunc. competência do tribunal pleno, provendo-se metade das va-
(B)O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re- gas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal
gulamentar deve ser realizado pela via difusa. pleno.
(C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de (C) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal
Inconstitucionalidade. do qual se afastou, antes de decorridos 02 (dois) anos do afas-
(D) Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali- tamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
dade é admissível a desistência. (D) As custas e emolumentos serão destinados, preferencial-
(E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto mente, ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas
formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada da Justiça.
à Constituição. (E)O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução.
12. Sobre a aplicabilidade das normas constitucionais, examine
as assertivas seguintes: 15. O Ministério Público da União compreende:
I – Para Hans Kelsen, eficácia é a possibilidade de a norma jurí- (A)o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
dica, a um só tempo, ser aplicada e não obedecida, obedecida e não lho e o Ministério Público Militar.
aplicada. Para se considerar um preceito como eficaz deve existir a (B) o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Traba-
possibilidade de uma conduta em desarmonia com a norma. Uma lho e o Ministério Público Militar.
norma que preceituasse um certo evento que de antemão se sabe (C) o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
que necessariamente se tem de verificar, sempre e em toda parte, lho e o Ministério Público do Distrito Federal.
por força de uma lei natural, será tão absurda como uma norma que (D)o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
preceituasse um certo fato que de antemão se sabe que de forma lho e o Ministério Público Militar, do Distrito Federal e territó-
alguma se poderá verificar, igualmente por força de uma lei natural. rios.
II – O fenômeno relativo à desconstitucionalização, ou seja, a (E) o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
retirada de temas do sistema constitucional e a sua inserção em lho e o Ministério Público Militar e territórios.
sede de legislação ordinária, pode ser observado no Brasil.
III – A norma constitucional com eficácia relativa restringível 16. Com base nas disposições constitucionais sobre a Advoca-
tem aplicabilidade direta e imediata, podendo, todavia, ter a am- cia Pública e a Defensoria Pública, analise os itens abaixo:
plitude reduzida em razão de sobrevir texto legislativo ordinário ou I. Aos advogados públicos são assegurados a inamovibilidade,
mesmo sentença judicial que encurte o espectro normativo, como a independência funcional e a estabilidade após três anos de efeti-
é, por exemplo, o direito individual à inviolabilidade do domicílio, vo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos
desde que é possível, por determinação judicial, que se lhe promo- próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.
va restrição.

12
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
II. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral perigoso ou insalubre aos menores de dezesseis anos e de qual-
da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre quer trabalho aos menores de quatorze anos, salvo na condição de
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e aprendiz, a partir de doze anos.
reputação ilibada.
III. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à Marque a alternativa CORRETA:
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, dentre outras atri- (A) . As duas afirmativas são verdadeiras.
buições, a orientação jurídica aos necessitados. (B)A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
Assinale: (D)As duas afirmativas são falsas.
(A)se apenas a afirmativa I estiver correta.
(B) se apenas a afirmativa II estiver correta. 21. De acordo com as disposições constitucionais acerca da Or-
(C) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. dem Social, assinale a afirmativa incorreta.
(D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (A)A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata-
mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o
17. A respeito do controle de constitucionalidade preventivo progresso da ciência, tecnologia e inovação.
no direito brasileiro, é correto afirmar que (B) A educação básica pública terá como fonte adicional de fi-
(A)é exercido pelo Legislativo ao sustar os atos normativos do nanciamento a contribuição social do salário-educação, reco-
Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos lhida pelas empresas na forma da lei.
limites de delegação legislativa. (C) A União, os Estados e o Distrito Federal estão obrigados a
(B)é praticado, por exemplo, quando o Senado suspende a exe- vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públi-
cução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional cas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. (D) Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental
(C) não cabe ao Poder Judiciário exercer esse tipo de controle, em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
Poder este que tem competência apenas para exercer o con- preservação do meio ambiente.
trole repressivo. (E) Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensi-
(D) as comissões parlamentares têm competência para exer- no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
cer esse tipo de controle ao examinar os projetos de lei a elas responsáveis, pela frequência à escola.
submetidos.
(E) o veto presidencial, que é uma forma de controle preven- 22. A Constituição Federal de 1988 traz uma nova concepção
tivo de constitucionalidade, é sujeito à apreciação e anulação para a Assistência Social brasileira. Incluída no âmbito da Segurida-
pelo Poder Judiciário. de Social e regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), como política social pública, a assistência social inicia seu
18. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op- trânsito para um campo novo: o campo dos direitos, da universali-
ção CORRETA. zação dos acessos e da responsabilidade estatal. Entre as diretrizes
(A)Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da traçadas para a Assistência Social encontra-se:
norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em (A) participação da população, por meio de organizações repre-
regra, são ex nunc. sentativas, na formulação das políticas e no controle das ações
(B)O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re- em todos os níveis.
gulamentar deve ser realizado pela via difusa. (B) centralização político-administrativa, cabendo a coordena-
(C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de ção e as normas gerais à esfera municipal com a participação
Inconstitucionalidade. de outras entidades.
(D)Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali- (C)primazia da responsabilidade da sociedade civil na condu-
dade é admissível a desistência. ção da Política de Assistência Social em cada esfera de governo.
(E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto (D) centralidade nas pessoas em situação de risco para con-
formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada cepção e implementação dos benefícios, serviços, programas
à Constituição. e projetos.
(E) gestão dos recursos financeiros pela Câmara Municipal lo-
19. A luz da Constituição Federal de 1988, é CORRETO afirmar cal, a quem cabe definir as prioridades para a distribuição.
que é um princípio da República Federativa do Brasil, em que irá
reger-se em suas relações internacionais.
(A) Soberania.
(B)Garantir o desenvolvimento nacional. GABARITO
(C) A dignidade da pessoa humana.
(D) Auto determinação dos povos. 1 A
20. Leia as afirmativas a seguir: 2 D
I. De acordo com o artigo 20 da Constituição da República Fe- 3 D
derativa do Brasil de 1988, são bens da União as terras devolutas
dispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções 4 A
militares, das vias internacionais de comunicação e à degradação 5 B
ambiental, definidas em lei.
6 D
II. A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 7º, a idade
inicial e as condições em que é permitido trabalhar no Brasil. O dis- 7 D
positivo constitucional estabelece a proibição de trabalho noturno,

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
8 C ANOTAÇÕES
9 C
10 D ______________________________________________________
11 E ______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 C
14 B ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 D
______________________________________________________
17 D
______________________________________________________
18 E
19 D ______________________________________________________
20 D ______________________________________________________
21 C
______________________________________________________
22 A
______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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14
CÓDIGO PENAL
1. Código Penal 6.2.1. Dos Crimes Contra a Vida – artigos 121 a 128 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Dos Contra o Patrimonio – artigos 155 a 183 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral – artigos 312 a 327. Dos Crimes contra a Administra-
ção da Justiça – artigos 338 a 359 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis – artigos 293 a 295 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
CÓDIGO PENAL
Por outro lado, já foi reconhecido o dolo eventual por estar diri-
CÓDIGO PENAL. DOS CRIMES CONTRA A VIDA – ARTI- gindo na contramão embriagado, uma vez que, o condutor assumiu
GOS 121 A 128 o risco de causar lesões/morte de outrem. Inclusive, a tentativa é
compatível com o dolo eventual.
Os crimes contra a pessoa protegem os bens jurídicos vida e Quanto a qualificadora do motivo fútil, o STJ não a enquadra
integridade física da pessoa, encontram-se entre os artigos 121 ao nos casos de racha. Todavia, aplica-se a qualificadora do meio cruel
154 do Código Penal. A jurisprudência é vasta sobre tais tipos pe- no caso de reiteração de golpes na vítima. Ademais, a qualificadora
nais e muitas vezes repleta de polêmicas, como, por exemplo, no do motivo fútil é compatível com o homicídio praticado com dolo
caso do aborto. eventual. Mas a qualificadora da traição/emboscada/dissimulação
não é compatível com dolo eventual, pois exige-se um planejamen-
Homicídio to do crime que o dolo eventual não proporciona.
• O homicídio simples consiste em matar alguém. A qualificadora do feminicídio é compatível com o motivo tor-
• O homicídio privilegiado recebe causa de diminuição de pena pe, pois está solidificado nos tribunais superiores o entendimento
de 1/6 a 1/3, desde que o motivo seja de relevante valor moral ou que o feminicídio é uma qualificadora objetiva que combina com
social (ex. matou o estuprador da filha); sob domínio de violenta as qualificadoras subjetivas (motivo do crime), bem como com o
emoção logo após injusta provocação da vítima (ex. matou o aman- homicídio privilegiado.
te da esposa ao pegá-los no flagra).
• O homicídio é qualificado e recebe pena-base maior nos ca- Por fim, lembre-se que a jurisprudência considera que algumas
sos de paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe situações merecem a extinção da punibilidade pelo perdão judicial,
(ex. matar por dinheiro); emprego de veneno, fogo, explosivo, as- quando o homicídio é culposo e o agente já sofreu suficientemente
fixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (ex. queimar a pes- as consequências do crime. Exemplo: pai atropela o filho.
soa viva), ou de que possa resultar perigo comum (ex. incendiar um Ainda sobre o homicídio culposo, a causa de aumento não é
prédio para matar seu desafeto); traição, emboscada, dissimulação afastada se o agente deixa de prestar socorro em caso de morte
ou outro recurso que dificulte a defesa do ofendido (ex. mata-lo em instantânea da vítima, salvo se o óbito realmente for evidente.
rua sem saída); para assegurar a execução, ocultação, impunidade
ou vantagem de outro crime (ex. matar a testemunha de um crime). ▪ Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Obs.: O feminicídio é uma espécie de homicídio qualificado, no Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
qual o agente mata a mulher por razões da condição de sexo fe-
minino, isto é, no contexto de violência doméstica ou familiar, ou, • Caso de diminuição de pena
menosprezo/discriminação à condição de mulher. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção,
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir
Causas de aumento Causas de
Causas de aumento a pena de um sexto a um terço.
do homicídio aumento do
do feminicídio
culposo homicídio doloso
▪ Homicídio qualificado
Ocorrer durante a § 2° Se o homicídio é cometido:
gestação ou nos 3 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
meses posteriores Vítima menor de motivo torpe;
ao parto; contra 14 anos ou maior II - por motivo fútil;
menor de 14 anos de 60 anos; crime III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ou maior de 60 Se ocorrer a praticado por ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
anos ou pessoa inobservância milícia privada, comum;
portadora de de regra técnica sob o pretexto IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou ou-
deficiência/doença profissional; deixar de prestação tro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
degenerativa; de prestar socorro. de serviço V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
na presença de de segurança vantagem de outro crime:
ascendente ou ou grupo de Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
descendente; extermínio.
descumprindo ▪ Feminicídio
medida protetiva. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:      
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
Obs.: O homicídio contra autoridade da Segurança Pública, no da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For-
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
companheiro ou parente até 3º grau qualifica o homicídio. decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     
É interessante que recentemente o STJ entendeu que o sim- VIII - (VETADO):      
ples fato do condutor do automóvel estar embriagado não gera a Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
presunção de que tenha havido dolo eventual, no caso de acidente § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino
de trânsito com o resultado morte. O STF, no mesmo sentido, con- quando o crime envolve:      
siderou que não havia homicídio doloso na conduta de um homem I - violência doméstica e familiar;      
que entregou o seu carro a uma mulher embriagada para que esta II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.      
dirigisse o veículo, mesmo tendo havido acidente por causa da em-
briaguez, resultando a morte da mulher condutora.

1
CÓDIGO PENAL
▪ Homicídio culposo § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
 § 3º Se o homicídio é culposo:  morte:     (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - detenção, de um a três anos. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.    (Incluído pela Lei
nº 13.968, de 2019)
▪ Aumento de pena § 3º A pena é duplicada:    (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
 § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter- I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fú-
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis- til;    (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa,
à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge a capacidade de resistência.    (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.  em tempo real.    (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coor-
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio denador de grupo ou de rede virtual.    (Incluído pela Lei nº 13.968,
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desneces- de 2019)
sária.  § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em le-
  § 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o são corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
metade se o crime for praticado:       responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par- Código.    (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
to;       § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (ses- contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o ne-
senta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerati- cessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
vas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo
ou mental;    crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.  
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascen-
dente da vítima;    O crime consiste em colocar a ideia ou incentivar a ideia do
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência suicídio ou automutilação, bem como prestar auxílio material (ex.
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de emprestar a faca). As penas são diferentes, a depender do resultado
7 de agosto de 2006.   do crime.
• Lesão corporal de natureza grave ou gravíssima: Reclusão de
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automuti- 1 a 3 anos;
lação • Resultado morte: Reclusão de 2 a 6 anos.
Este crime sofreu alteração com o Pacote Anticrime, em razão
do episódio da “Baleia Azul”, jogo desenvolvido entre jovens, no Ademais, as penas são duplicadas se o crime é praticado por
qual incitava-se a automutilação e o suicídio. motivo egoístico, torpe ou fútil (motivo banal), bem como se a ví-
tima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade
▪ Antes do Pacote Anticrime de resistência. No mesmo sentido, a pena é aumentada até o do-
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe bro se a conduta é realizada por meio da internet (ex. jogo baleia
auxílio para que o faça: azul). Ademais, aumenta-se a pena em metade se o agente é o líder
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou (quem manda).
reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão Se o resultado é lesão corporal de natureza gravíssima e é co-
corporal de natureza grave. metido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
Parágrafo único - A pena é duplicada: enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discerni-
mento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
Aumento de pena pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de Lesão
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; Corporal qualificada como gravíssima.
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, Se o resultado é a morte e o crime é cometido contra menor
a capacidade de resistência. de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discer-
nimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
Após o Pacote Anticrime não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar homicídio.
automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:    (Re-
dação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) Infanticídio
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.    (Redação Consiste em matar o filho sob influência dos hormônios (esta-
dada pela Lei nº 13.968, de 2019) do puerperal), durante o parto ou logo após.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ filho, durante o parto ou logo após:
1º e 2º do art. 129 deste Código:    (Incluído pela Lei nº 13.968, de Pena - detenção, de dois a seis anos.
2019)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.    (Incluído pela Lei nº Aborto
13.968, de 2019) O Código Penal divide o aborto em:

2
CÓDIGO PENAL
▪ Aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimen- Qualificadora de natureza Qualificadora de natureza
to: Consiste em provocar o aborto em si mesma, ex. mediante chás. grave gravíssima
Ou, consentir que alguém o provoque, ex. ir em uma clínica abor-
tiva. Incapacidade para as
Incapacidade permanente para
▪ Aborto provocado por terceiro: No aborto provocado por ocupações habituais por mais
o trabalho, ex. não consegue
terceiro, pode existir ou não o consentimento da gestante. No pri- de 30 dias, ex. passar roupa.
mais trabalhar.
meiro caso perceba que cada um vai responder por um crime, a Perigo de vida, ex. correu risco
Enfermidade incurável, ex.
gestante por consentir, o terceiro por abortar. na cirurgia.
adquire deficiência mental.
Debilidade permanente de
Deformidade permanente, ex.
É considerado aborto sem o consentimento da gestante se ela membro, sentido ou função,
rosto queimado.
é menor de 14 anos, sofre de problemas mentais, se o consenti- ex. não consegue escrever
Aborto.
mento é obtido mediante fraude/grave ameaça/violência. como antes.
Perda de membro, sentido ou
Tanto no aborto com ou sem o consentimento da gestante exis- Aceleração do parto, ex. nasce
função, ex. fica cego.
te causa de aumento de pena se ela morre ou sofre lesão corporal prematuro.
grave.
▪ Aborto necessário: Não se pune o aborto praticado por médi- No caso de lesão corporal seguida de morte, a morte é culposa
co caso não haja outro meio se salvar a vida da gestante. e a lesão corporal dolosa. A morte qualifica a lesão corporal. Ex.
▪ Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: Não se João tem a intenção de espancar seu desafeto, que acaba falecen-
pune o aborto praticado por médico se a gravidez resulta de estu- do.
pro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou seu
representante legal, no caso de incapacidade. A lesão corporal é privilegiada se o agente comete o crime im-
pelido por motivo de relevante valor moral ou social (ex. espanca
A grande polêmica do aborto circunda na questão da inter- o estuprador de sua filha); sob o domínio de violenta emoção logo
rupção da gravidez no primeiro trimestre. O STF já decidiu que não após injusta provocação da vítima (ex. espanca o amante da esposa
há crime se existe o consentimento da gestante ou trata-se de au- ao pegá-los no flagra). Resultado: O juiz pode diminuir a pena, ou,
toaborto. A Suprema Corte fundamentou que a criminalização, nes- não sendo grave a lesão, o juiz pode substituir a pena de detenção
sa hipótese, viola os direitos fundamentais da mulher e o princípio por multa. No mesmo sentido, se a lesão não é grave e as lesões
da proporcionalidade. são recíprocas, o juiz pode substituir a pena de detenção por multa.
São causas de aumento:
▪ Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento • Na lesão corporal culposa – inobservância de regra técnica
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou- profissional, deixar de prestar socorro.
trem lho provoque:       • Na lesão corporal dolosa – vítima menor de 14 anos ou maior
Pena - detenção, de um a três anos. de 60 anos, praticado por milícia privada ou grupo de extermínio.

▪ Aborto provocado por terceiro Obs.: Causar lesão contra autoridade de segurança pública no
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: exercício de função ou em decorrência dela, bem como contra pa-
Pena - reclusão, de três a dez anos. rente até 3º grau dessas pessoas enseja causa de aumento.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:      
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Bem como no homicídio culposo, a lesão corporal culposa pos-
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges- sibilita a aplicação do perdão judicial e a isenção da pena. Ex. ma-
tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, chucou o filho sem querer.
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou A lesão corporal praticada contra o cônjuge, ascendente, des-
violência cendente e irmão, com quem conviva ou tenha convivido, ou, pre-
valecendo-se das relações domésticas enseja aumento na pena do
▪ Forma qualificada crime qualificado por lesão grave ou gravíssima. Ademais, aumenta
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são a pena o crime de lesão corporal em âmbito doméstico se a vítima
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos é portadora de deficiência.
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal A jurisprudência caminha no sentido que a qualificadora da
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas cau- deformidade permanente não é afastada em razão de posterior ci-
sas, lhe sobrevém a morte. rurgia plástica reparadora. Ademais, perda de dois dentes configura
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:       lesão grave, uma vez que, ocasiona debilidade permanente (dificul-
dade para mastigar).
▪ Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
▪ Aborto no caso de gravidez resultante de estupro Pena - detenção, de três meses a um ano.
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu represen- Lesão corporal de natureza grave
tante legal. § 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trin-
Lesão Corporal
ta dias;
Consiste em ofender a integridade corporal ou saúde de ou-
II - perigo de vida;
trem. A pena é aumentada em caso de violência doméstica, como
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
forma de prestígio à Lei Maria da Penha. Ademais, qualifica o crime
IV - aceleração de parto:
a depender do resultado das lesões:

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CÓDIGO PENAL
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qual-
§ 2° Se resulta: quer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou
I - Incapacidade permanente para o trabalho; deve saber que está contaminado:
II - enfermidade incurável; Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
IV - deformidade permanente; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
V - aborto: § 2º - Somente se procede mediante representação.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
• Perigo de contágio de moléstia grave: consiste em praticar
Lesão corporal seguida de morte ato capaz de produzir contágio, tendo o dolo se transmitir a outrem
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o a moléstia (doença) de que está contaminado. Ex. sabendo que es-
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: tou com coronavírus espirro na face do meu desafeto.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Diminuição de pena Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, • Perigo para a vida ou saúde de outrem: consiste em expor
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente. A pena é
a pena de um sexto a um terço. aumentada se o perigo ocorre em transporte de pessoas. Ex. trans-
portar crianças de uma creche sem que o automóvel respeite as
Substituição da pena normas de segurança.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos iminente:
de réis: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não consti-
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; tui crime mais grave.
II - se as lesões são recíprocas.  Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço
se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
Lesão corporal culposa transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabeleci-
§ 6° Se a lesão é culposa:  mentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. 
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
• Abandono de incapaz: Abandonar a pessoa que está sob o
Aumento de pena seu cuidado/guarda/vigilância/autoridade incapaz de se defender
 § 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer dos riscos do abandono. Ex. deixo meu sobrinho menor de idade
das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.  em uma viela perigosa. Eventual lesão corporal ou morte qualificam
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. o crime. Aumenta a pena se o abandono ocorrer em local ermo,
entre parentes próximos/tutor/curador, se a vítima é maior de 60
Violência Doméstica     anos.
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descenden- Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
te, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen-
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- der-se dos riscos resultantes do abandono:
ticas, de coabitação ou de hospitalidade:  Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.  § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as cir- Pena - reclusão, de um a cinco anos.
cunstâncias são as indicadas no § 9o  deste artigo, aumenta-se a § 2º - Se resulta a morte:
pena em 1/3 (um terço).  Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de Aumento de pena
deficiência.  § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente terço:
descrito nos  arts. 142  e  144 da Constituição Federal,  integrantes I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, tutor ou curador da vítima.
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão  III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos 
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
• Exposição de abandono de recém nascido: consiste em ex-
Periclitação da vida e da saúde por/abandonar o recém nascido para ocultar desonra própria. Ex.
• Perigo de contágio venéreo: Consiste em expor outrem por tenho um filho fora do casamento e o abandono para o meu esposo
meio de relações sexuais a contágio de moléstia venérea, quando não saber. Eventual lesão corporal ou morte do recém-nascido qua-
sabe ou deve saber que está contaminado. Ex. João sabe que tem lificam o crime.
AIDS, mas insiste em ter relações sexuais com a sua esposa de ma- Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar de-
neira desprotegida. sonra própria:
Se a intenção do agente é transmitir a moléstia venérea o crime Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
qualifica-se, isto é, possui uma pena mais severa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos.

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CÓDIGO PENAL
§ 2º - Se resulta a morte: ▪ Crimes contra a honra
Pena - detenção, de dois a seis anos. • Calúnia: Atribuir a outrem um fato criminoso que o sabe fal-
so. Ex. Eu digo que Juquinha subtraiu o relógio de Joana enquanto
• Omissão de socorro: crime omissivo, no sentido de deixar de ela dormia, mesmo sabendo que isso não é verdade.
prestar assistência quando possível fazê-lo a criança abandonado, Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato de-
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, em grave ou iminente pe- finido como crime:
rigo. Se não for possível o socorro direto, o agente deve, pelo me- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
nos, pedir socorro à autoridade pública, para não cometer o crime § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa-
de omissão de socorro. A lesão corporal grave e a morte aumentam ção, a propala ou divulga.
a pena. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo Para se livrar do crime de calúnia o agente pode provar que
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa realmente está certo no fato criminal que contou. Esse é o instituto
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou da exceção da verdade, mas que não pode ser usado em alguns
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: casos:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis- ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
a morte. nº I do art. 141 (contra o Presidente da República, ou contra chefe
de governo estrangeiro);
• Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emer- III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido
gencial: exigir garantia, bem como preenchimento de formulários foi absolvido por sentença irrecorrível.
administrativos, como condição para o atendimento médico hos-
pitalar emergencial. Ex. chego no PS infartando e me mandam dar • Difamação: Atribuir a outrem um fato desabonador. Ex. Eu
uma garantia financeira para que ocorra o meu atendimento. Au- digo que Joana se prostitui nas horas vagas.
mentam a pena eventual morte ou lesão corporal grave. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qual- reputação:
quer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
administrativos, como condição para o atendimento médico-hospi- Exceção da verdade
talar emergencial:   Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.  o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
Parágrafo único.  A pena é aumentada até o dobro se da nega- de suas funções.
tiva de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até Motivo: é do interesse da Administração Pública saber sobre a
o triplo se resulta a morte. conduta dos seus funcionários.

• Maus tratos: Expor a perigo de vida/saúde uma pessoa que • Injúria: É o famoso xingar outrem. Ex. palavrões.
está sob sua autoridade/guarda/vigilância, tendo como finalidade Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
educação, ensino, tratamento, custódia, privando-a de alimentação coro:
ou cuidados indispensáveis, sujeitando-a a trabalho excessivo ou Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
inadequado, abusando dos meios de correção e disciplina. Ex. pai Não cabe exceção da verdade. Mas o juiz pode deixar de aplicar
espanca o filho com a intenção de educá-lo. Caso ocorra lesão cor- a pena se o ofendido provocou a injúria ou no caso de retorsão ime-
poral grave ou morte da vítima a pena é aumentada, bem como se diata que consista em outra injúria (um injuria o outro).
ela possui menos de 14 anos de idade.
Obs.: A injúria possui duas qualificadoras: 1) se há violência/
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua vias de fato, ex. puxão de orelha para dizer que Juquinha é burro;
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tra- 2) Injúria racial, ex. dizer que Juquinha é um macaco em razão da
tamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados sua cor.
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa-
do, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Em qualquer dos 3 crimes a pena é aumentada quando prati-
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. cado contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: estrangeiro; contra funcionário público, em razão de suas funções;
Pena - reclusão, de um a quatro anos. na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação
§ 2º - Se resulta a morte: da calúnia, da difamação ou da injúria; contra pessoa maior de 60
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injú-
 § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
ria (neste caso qualifica). Se o crime é cometido mediante paga ou
contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.  
promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.   
Existe a exclusão do crime de injúria ou difamação se:
▪ Rixa: Consiste em participar da rixa, salvo se a intenção do
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte
agente é separar a briga. Qualifica o crime eventual lesão corporal
ou por seu procurador (ex. discussões nas sessões de julgamento);
grave ou morte.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cientí-
fica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar (ex.
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. crítica de um especialista no assunto);
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu- III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público,
reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
detenção, de seis meses a dois anos. do ofício (ex. avaliação de funcionário).

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CÓDIGO PENAL
Todavia, nos casos dos nº I e III, responde pela injúria ou pela Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro
difamação quem lhe dá publicidade. ou cárcere privado: 
Por fim, cabe retratação, isto é, o agente antes da sentença se Pena - reclusão, de um a três anos.
retrata cabalmente da calúnia ou difamação. A consequência é que § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
ficará isento de pena. Outra opção para evitar a responsabilização I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa-
criminal é se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, di- nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;  
famação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em
em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as casa de saúde ou hospital;
dá satisfatórias, responde pela ofensa. III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
Quanto ao entendimento dos tribunais, algumas decisões me- IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;   
recem destaque: V – se o crime é praticado com fins libidinosos.   
• Em uma única carta pode estar configurado o crime de calú- § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu-
nia, difamação e injúria. reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
• Configura difamação edição e publicação de vídeo que faz Pena - reclusão, de dois a oito anos.
parecer que a vítima está falando mal de negros e pobres.
• A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra • Redução à condição análoga a de escravo: consiste em sub-
autor de postagem que sugere relação extraconjugal do marido meter alguém a trabalhos forçados ou jornada exaustiva, condições
com outro homem. degradantes de trabalho, restringindo a sua locomoção em razão de
• Deputado que em entrevista afirma que determinada depu- dívida contraída. Responde pela mesma pena quem cerceia o meio
tada não merece ser estuprada pratica, em tese, crime de injúria. de transporte para reter a vítima no local de trabalho, mantém vi-
• Não deve ser punido deputado federal que profere palavras gilância ou se apodera de documentos da vítima com o fim retê-la.
injuriosas contra adversário político que também o ofendeu ime- Aumenta a pena se existe motivo de preconceito ou se é contra
diatamente antes. criança/adolescente.
• O advogado não comete calúnia se não ficar provada a sua
intenção de ofender a honra, ainda que contra magistrado. Obs.: Não é requisito para a configuração do crime a restrição
da liberdade de locomoção dos trabalhadores.
Crimes contra a liberdade pessoal
• Constrangimento ilegal: Consiste em constranger alguém me- Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
diante violência ou grave ameaça, ou depois de reduzir a sua capaci- submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer
dade de resistência, para não fazer o que a lei permite ou a fazer o sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringin-
que ela não mandar. Além da pena do constrangimento, é aplicada a do, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
pena da violência. Exceções: intervenção médica ou cirúrgica, sem o com o empregador ou preposto: 
consentimento do paciente ou seu representante legal, se justificada Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
por iminente perigo de vida, e no caso de impedimento de suicídio. correspondente à violência. 
Aumento de pena: reunião de mais de 3 pessoas ou emprego de arma. § 1o Nas mesmas penas incorre quem:   
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;  
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apo-
fazer o que ela não manda: dera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. de retê-lo no local de trabalho. 
Aumento de pena § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: 
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quan- I – contra criança ou adolescente;   
do, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
há emprego de armas. origem.    
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corresponden-
tes à violência. •Tráfico de Pessoas: Consiste em agenciar/ aliciar/recrutar/
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: transportar/transferir/comprar/alojar/acolher, mediante violência,
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do grave ameaça, coação, fraude ou abuso uma pessoa tendo a finali-
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente dade de remover partes do corpo, submetê-la a trabalho em con-
perigo de vida; dições análogas a de escravo, submetê-la a servidão, adoção ilegal
II - a coação exercida para impedir suicídio. ou exploração sexual. Aumenta a pena se o crime é cometido por
funcionário público; contra criança/adolescente/idoso/deficiente;
• Ameaça: Ameaçar alguém de lhe causar mal injusto e grave. se há retirada do território nacional; se prevalece da relação que
Ex. vou te matar. tem com a vítima. A pena é diminuída caso o agente seja primário e
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou não integre organização criminosa.
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir,
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violên-
cia, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
• Sequestro e cárcere privado: Consiste em privar alguém da I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
sua liberdade. Ex. Juquinha prende Maria no quarto por dias. Qua- II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
lifica o crime se a vítima é maior de 60 anos ou menor de 18 anos, III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
parente, o modus operandi é a internação da vítima, se dura mais IV - adoção ilegal; ou 
de 15 dias, se há fins libidinosos, resulta grave sofrimento físico ou V - exploração sexual.
moral. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 

6
CÓDIGO PENAL
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:  Crimes contra a inviolabilidade dos segredos
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de
suas funções ou a pretexto de exercê-las; 
Violação do segredo
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa Divulgação de segredo
profissional
idosa ou com deficiência; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domés- Divulgar alguém, sem justa causa,
ticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, conteúdo de documento particular
de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício ou de correspondência confidencial, Revelar alguém, sem
de emprego, cargo ou função; ou  de que é destinatário ou detentor, e justa causa, segredo,
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território na- cuja divulgação possa produzir dano de que tem ciência
cional.  a outrem. em razão de função,
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for pri- Qualifica divulgar, sem justa causa, ministério, ofício
mário e não integrar organização criminosa.  informações sigilosas ou reservadas, ou profissão, e cuja
assim definidas em lei, contidas ou revelação possa produzir
Crimes contra a inviolabilidade do domicílio - Violação de do- não nos sistemas de informações ou dano a outrem.
micílio banco de dados da Administração
Entrar ou permanecer em casa alheia, de maneira clandestina/ Pública.
astuciosa, contra a vontade de quem de direito (ex. proprietário).
Qualifica quando o crime é cometido no período da noite, lugar Por fim, configura o crime de invasão de dispositivo informá-
ermo, mediante violência ou arma, 2 ou mais pessoas. Aumenta tico o indivíduo que invade dispositivo informático alheio, conecta-
se o agente é funcionário público. Não configura o crime se é caso do ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de
de prisão em flagrante ou efetuar prisão/diligências durante o dia. mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou des-
truir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do
titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vanta-
É casa Não é casa
gem ilícita. Ex. Hacker.
I - qualquer compartimento Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende
habitado; I - hospedaria, estalagem ou ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito
II - aposento ocupado de qualquer outra habitação de permitir a prática da conduta. Aumenta-se a pena de um sexto
habitação coletiva; coletiva, enquanto aberta; a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. Qualifica o
III - compartimento não aberto II - taverna, casa de jogo e crime se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunica-
ao público, onde alguém outras do mesmo gênero. ções eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, infor-
exerce profissão ou atividade. mações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não
autorizado do dispositivo invadido. Nesse último caso, aumenta-se
Em recente decisão, o STJ entendeu que configura o crime de a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização
violação de domicílio o ingresso e permanência, sem autorização, ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informa-
em gabinete de delegado de polícia, embora faça parte de um pré- ções obtidas.   
dio/repartição pública. Obs.: Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
praticado contra: Presidente da República, governadores e prefei-
Crimes contra a inviolabilidade de correspondências tos; Presidente do Supremo Tribunal Federal; Presidente da Câmara
• Violação de correspondência: Devassar indevidamente o dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de
conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem. Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Mu-
•   Sonegação ou destruição de correspondência: Se apossa nicipal; ou dirigente máximo da administração direta e indireta fe-
indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, deral, estadual, municipal ou do Distrito Federal.   
no todo ou em parte, a sonega ou destrói.
•  Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou tele-
fônica: Quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza
abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a DOS CONTRA O PATRIMÔNIO – ARTIGOS 155 A 183
terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
Em primeiro lugar, é importante conhecer as alterações que o
Quem impede a comunicação ou a conversação referidas no Pacote Anticrime fez nos crimes contra o patrimônio:
número anterior; • No crime de roubo, a pena passou a ser aumentada de 1/3
Quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico. até 1/2 se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de
• Correspondência comercial:   Abusar da condição de sócio ARMA BRANCA. Ademais, a pena aumenta-se de 2/3 se a violên-
ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no cia ou ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO. Por
todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspon- fim, aplica-se a pena em DOBRO se a violência ou grave ameaça é
dência, ou revelar a estranho seu conteúdo. exercida com emprego de ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU
PROIBIDO.
Obs.:  As penas aumentam-se de metade, se há dano para ou- • O crime de estelionato passou a ter como regra de Ação Penal
trem. Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço Pública Condicionada a Representação. Exceção: Será de Ação pe-
postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico o crime qualifica-se. nal pública INCONDICIONADA quando a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz.

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CÓDIGO PENAL
• A pena do crime de concussão também mudou: De Reclusão, § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
de 2 a 8 anos, e multa, passou para Reclusão, de 2 a 12 anos, e mul- a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
ta. Essa é uma novatio legis in pejus, logo, não retroage. de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
ou para terceiro.
Furto
Consiste na subtração de bem alheio, sem violência nem grave — Causa de aumento
ameaça. § 2º  A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:  II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância.
— Causa de aumento  IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado duran- transportado para outro Estado ou para o exterior;  
te o repouso noturno. Ex. enquanto os moradores da casa esta- V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
vam dormindo o agente furta o lar. sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de aces-
— Qualificadoras sórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é montagem ou emprego.
cometido: VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração de arma branca;  
da coisa; § 2º-A  A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma
destreza; de fogo;
III - com emprego de chave falsa; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum.  
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa,
se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause — Qualificadora
perigo comum. § 2º-B.  Se a violência ou grave ameaça é exercida com empre-
A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de go de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado a pena prevista no caput deste artigo.  
ou para o exterior.   § 3º Se da violência resulta:
A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração  I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou (dezoito) anos, e multa; 
dividido em partes no local da subtração.    II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, e multa.
se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem Extorsão e Extorsão mediante sequestro
ou emprego.  Os dois tipos penais não se confundem. Na extorsão, constran-
ge-se alguém, de forma violenta ou com grave ameaça, para obter
▪ Furto privilegiado vantagem econômica. Na extorsão, mediante sequestro, seques-
Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, tra-se a pessoa para obter qualquer vantagem, como condição ou
o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí- preço do resgate.
-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Obs.
outros crimes patrimoniais sem violência/grave ameaça, também, ▪ Extorsão
recebem o benefício. Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
▪ Furto de Coisa Comum vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si alguma coisa:
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
§ 1º - Somente se procede mediante representação. emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis-
valor não excede a quota a que tem direito o agente. posto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º  Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
Roubo da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
É a subtração de bens alheios violenta, com grave ameaça ou gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
reduzindo a possibilidade de resistência da vítima (ex. boa noite além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se
cinderela). as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, ▪ Extorsão mediante sequestro
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê- Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.  Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

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CÓDIGO PENAL
 § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se Alteração de local especialmente protegido
o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.   aspecto de local especialmente protegido por lei:
 Pena - reclusão, de doze a vinte anos. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
 Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.   Apropriação indébita
§ 3º - Se resulta a morte:   O agente apropria-se de coisa alheia, valendo-se da posse ou
 Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.  detenção que tem dela. Ex. o motoboy que ia levar a sua pizza por
 § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que delivery, aproveita para apropriar-se dela. A pena é aumentada de
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, um terço, quando o agente recebeu a coisa: em depósito neces-
terá sua pena reduzida de um a dois terços. sário; na qualidade de tutor, curador, síndico (atual administrador
judicial), liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário
▪ Extorsão indireta judicial; em razão de ofício, emprego ou profissão.
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando Atenção: O STF, já decidiu que ressarcimento em acordo homo-
da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedi- logado no juízo cível é fundamento válido para trancar a ação penal.
mento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Obs. a apropriação indébita previdenciária (forma qualificada)
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. caracteriza-se por deixar de repassar à previdência social as con-
tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
Usurpação convencional, independente de dolo específico.
Dentro do capítulo usurpação estão inseridos os seguintes cri-  
mes: § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
• Alteração de limites: suprimir ou deslocar tapume, marco, ou I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga-
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;  
• Usurpação de águas: desviar ou represar, em proveito próprio II – recolher contribuições devidas à previdência social que te-
ou de outrem, águas alheias. nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de
• Esbulho possessório: invadir, com violência a pessoa ou grave produtos ou à prestação de serviços;  
ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Obs. Se a pro- cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre-
priedade é particular, e não há emprego de violência, somente se vidência social.  
procede mediante queixa. § 2o  É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
• Supressão ou alteração de marca em animais: Suprimir ou declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, impor-
alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal tâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência
indicativo de propriedade. social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal. 
Dano § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
No crime de dano, os verbos núcleos do tipo são 3 - Destruir, mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
inutilizar ou deteriorar (coisa alheia). Ademais, em 4 situações o cri- desde que:  
me é qualificado: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
• com violência à pessoa ou grave ameaça; oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previden-
• com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato ciária, inclusive acessórios; ou  
não constitui crime mais grave; II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
• contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de servi- execuções fiscais. 
ços públicos;    § 4o  A faculdade prevista no § 3o  deste artigo não se aplica
• por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a víti- aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos
ma (somente se procede mediante queixa). acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente,
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
No mesmo capítulo, o Código Penal traz mais algumas figuras
típicas: Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força
da natureza
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu po-
(somente se procede mediante queixa) der por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte Apropriação de tesouro
prejuízo: I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio.

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico Apropriação de coisa achada


Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possui-
ou histórico: dor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. quinze dias.

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CÓDIGO PENAL
Estelionato e outras fraudes Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O estelionato caracteriza-se por obter, para si ou para outrem, § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Outras fraudes
Após o Pacote Anticrime a ação passou a ser pública condicio- Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel
nada à representação, salvo: se a vítima for a Administração Públi- ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
ca, criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental, maior efetuar o pagamento:
de 70 anos de idade ou incapaz. Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
O Código Penal determina que deve incorrer na mesma pena Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
do estelionato quem comete: ção, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a
• Disposição de coisa alheia como própria; pena.
• Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria;
• Defraudação do penhor; Fraudes e abusos na fundação ou administração de socieda-
• Fraude na entrega de coisa; de por ações
• Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro; Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazen-
• Fraude no pagamento por meio de cheque. do, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia,
afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
Estelionato contra idoso fraudulentamente fato a ela relativo:
§ 4º  Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não
idoso. constitui crime contra a economia popular.
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a  § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
vítima for: contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)
I - a Administração Pública, direta ou indireta; I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que,
II - criança ou adolescente; em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao pú-
III - pessoa com deficiência mental; ou blico ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco-
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em
O Código Penal, inclusive, se preocupa em tipificar algumas ou- parte, fato a elas relativo;
tras fraudes, menos incidentes em prova: II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
Duplicata simulada III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres so-
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualida- ciais, sem prévia autorização da assembleia geral;
de, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta
27.12.1990) da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.  (Reda- V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social,
ção dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que fal- VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desa-
sificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplica- cordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou divi-
tas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) dendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa,
Abuso de incapazes ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou pa-
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessida- recer;
de, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato susce- IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori-
tível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
Induzimento à especulação
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiên-
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.
cia ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzin-
do-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou «warrant»
mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em de-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
sacordo com disposição legal:
Fraude no comércio Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad-
quirente ou consumidor: Fraude à execução
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi- Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo
cada ou deteriorada; ou danificando bens, ou simulando dívidas:
II - entregando uma mercadoria por outra: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou Alguns pontos merecem atenção:
o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por • Adulterar o sistema de medição de energia elétrica para pagar
falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadei- menos que o devido é estelionato (e não furto mediante fraude);
ra; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: • Uso de processo judicial para obter lucro é figura atípica;

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CÓDIGO PENAL
• É justificável a exasperação da pena-base em caso de confian-
ça da vítima no autor do crime de estelionato; DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLI-
• O delito de estelionato não é absorvido pelo roubo de talão CO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL – ARTIGOS
de cheque. 312 A 327. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
DA JUSTIÇA – ARTIGOS 338 A 359
Receptação
Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito Neste ponto algumas informações são essenciais:
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir ● A elementar do crime de peculato se comunica aos coau-
para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Perceba tores e partícipes estranhos ao serviço público;
que no crime de receptação, o agente tem contato com um bem ● Consuma-se o crime de PECULATO-DESVIO no momento
obtido por meio de crime anterior, ex. objeto furtado. em que o funcionário efetivamente desvia o dinheiro, valor ou ou-
tro bem móvel, em proveito próprio ou de terceiro, ainda que NÃO
▪ Receptação Qualificada obtenha a vantagem indevida;
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em ● Configura o crime de CONCUSSÃO a conduta do funcioná-
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou rio público que, fora do exercício de sua função, mas em razão dela,
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer- exige o pagamento de uma verba indevida (“taxa de urgência), para
cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser a aprovação de uma obra que sabe irregular;
produto de crime:     ● O EXCESSO DE EXAÇÃO – funcionário exige tributo ou con-
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.    tribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará- devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei
grafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandesti- NÃO autoriza;
no, inclusive o exercício em residência.    ● O crime de CORRUPÇÃO PASSIVA possui natureza FOR-
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela MAL e independe de resultado, NÃO se exigindo a prática de ato
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a de ofício;
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:   ● Para o STJ, ao contrário do que ocorre no peculato culposo,
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as a reparação do dano antes do recebimento da denúncia NÃO exclui
penas.     o crime de peculato doloso, diante da ausência de previsão legal,
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento mas pode configurar arrependimento posterior (v. HC 239127/RS);
de pena o autor do crime de que proveio a coisa.      ● Nos crimes contra a Administração Pública não incide o
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o princípio da insignificância.
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.     Peculato-Apropriação e Peculato-Desvio
§ 6o  Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qual-
do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, quer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa conces- em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
sionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista
no caput deste artigo. Ex. receptação de bens do correio. Obs. É peculato-furto, se o funcionário público, embora não
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre
▪ Receptação de Animal para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
Art. 180-A.  Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comer-
cialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido Peculato Culposo
ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime:    § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.  outrem:
Nos crimes patrimoniais existem causas de isenção de pena, Pena - detenção, de três meses a um ano.
e causas que a ação deixa de ser pública incondicionada, para ser § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
tratada como ação penal pública condicionada à representação: precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
 Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes posterior, reduz de metade a pena imposta.
previstos neste título, em prejuízo:     
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; Peculato mediante erro de outrem
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que,
ou ilegítimo, seja civil ou natural. no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
crime previsto neste título é cometido em prejuízo:   
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; Inserção de dados falsos em sistema de informações
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser-
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre-
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra-
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; outrem ou para causar dano: 
II - ao estranho que participa do crime. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos.    

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CÓDIGO PENAL
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor- § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
mações emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor- empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação execução de atividade típica da Administração Pública.      (Incluído
de autoridade competente:  pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.   § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os auto-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a res dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi- em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão
nistração Pública ou para o administrado. da administração direta, sociedade de economia mista, empresa
• Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou docu- pública ou fundação instituída pelo poder público. 
mento: Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem Quanto aos crimes praticados por particular contra a Admi-
a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou par- nistração temos: usurpação de função pública; resistência; deso-
cialmente. bediência; desacato; tráfico de influência; corrupção ativa; des-
• Emprego irregular de verbas ou rendas pública: Dar às caminho; contrabando; impedimento, perturbação ou fraude de
verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. concorrência; inutilização de edital ou sinal; subtração de inutiliza-
• Concussão: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi- ção de livro ou documento; sonegação de contribuição previden-
retamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em ciária.
razão dela, vantagem indevida. Obs. é crime formal, se consuma Aqui é importante memorizar que resistência, desobediência e
com a exigência da vantagem indevida. desacato não se confundem:
• Excesso de exação: Se o funcionário exige tributo ou con-
tribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando Resistência
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
não autoriza. ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
• Corrupção passiva: Solicitar ou receber, para si ou para esteja prestando auxílio:
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou an- Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
tes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
promessa de tal vantagem. Obs. configura corrupção passiva rece- Pena - reclusão, de um a três anos.
ber propina sob o disfarce de doações eleitorais. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
• Facilitação de contrabando ou descaminho: Facilitar, com correspondentes à violência.
infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descami-
nho. Desobediência
• Prevaricação: Retardar ou deixar de praticar, indevida- Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Obs. Deixar o Dire-
tor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de Desacato
vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente ou em razão dela:
externo. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
• Condescendência criminosa: Deixar o funcionário, por O tráfico de influência consiste em: Solicitar, exigir, cobrar ou
indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
fato ao conhecimento da autoridade competente. exercício da função (qualquer funcionário público). A pena é au-
• Advocacia administrativa: Patrocinar, direta ou indireta- mentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
mente, interesse privado perante a administração pública, valendo- também destinada ao funcionário.
-se da qualidade de funcionário. É importante conhecer a literalidade do crime de corrupção
•   Violência arbitrária: Praticar violência, no exercício de ativa:
função ou a pretexto de exercê-la.
•  Abandono de função: Abandonar cargo público, fora dos Corrupção ativa
casos permitidos em lei. Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
• Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolon- nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
gado: Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as de ofício:
exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em ra-
suspenso. zão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
• Violação de sigilo funcional: Revelar fato de que tem de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou De acordo com o STJ, a inépcia da denúncia de corrupção ativa
facilitar-lhe a revelação. não induz, por si só, o trancamento da ação penal de corrupção
Por fim, é importante conhecer a descrição de quem é funcio- passiva. Os dois crimes estão em tipos penais autônomos, e um não
nário público, para as leis penais: pressupõe o outro.
Ademais, o CP elenca os crimes praticados por particular contra
Funcionário público a Administração Pública Estrangeira:  Corrupção ativa em transação
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- comercial internacional; Tráfico de influência em transação comer-
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cial internacional. E, também, estabelece os crimes contra a Admi-
cargo, emprego ou função pública. nistração da Justiça:

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CÓDIGO PENAL
• Reingresso de estrangeiro expulso;
• Denunciação caluniosa; DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS – ARTI-
• Comunicação falsa de crime ou contravenção; GOS 293 A 295
• Auto-acusação falsa;
• Falso Testemunho ou falsa perícia; Os crimes contra a fé pública atingem a confiança que as pes-
• Coação no Curso do Processo; soas depositam no país. Ex. moeda falsa.
• Exercício arbitrário das próprias razões;
• Fraude processual; Moeda Falsa
• Favorecimento pessoal;
• Favorecimento real; Atenção: inaplicável arrependimento posterior, em razão da
• Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de seguran- impossibilidade material de ocorrer a reparação do dano (a vítima
ça; é a coletividade).
• Evasão mediante violência contra a pessoa;
• Arrebatamento de preso; Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metáli-
• Motim de presos; ca ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
• Patrocínio infiel; Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
• Patrocínio simultâneo ou tergiversação; § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
• Sonegação de papel ou objeto de valor probatório; alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
• Exploração de prestígio; guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
• Violência ou fraude em arrematação judicial; § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moe-
• Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspen- da falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a fal-
são de direitos. sidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o
Aqui, o mais importante é ter em mente que denunciação ca- funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emis-
luniosa exige dolo direto do agente. Ou seja, o agente saiba que a são que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
pessoa é inocente: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em
lei;
Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de pro- II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
cedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular
administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbi- moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada
dade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração
ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente:  Crimes assimilados ao de moeda falsa
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros;
de anonimato ou de nome suposto. suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de res-
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prá- tituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à
tica de contravenção. circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhi-
Ademais, tanto no falso testemunho como na falsa perícia: O dos para o fim de inutilização:
fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos
É importante saber diferenciar o favorecimento real do favore- e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na
cimento pessoal: repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
 Exemplo de favorecimento real: um amigo do criminoso ingresso, em razão do cargo.
guarda em sua casa o proveito do crime (um objeto furtado).
 Exemplo de favorecimento pessoal: um amigo do crimino- Petrechos para falsificação de moeda
so esconde o foragido em sua casa. Se quem presta o auxílio é as-
cendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento Atenção: basta que o agente detenha a posse dos petrechos
de pena. destinados à falsificação da moeda, sendo dispensável que o ma-
quinário seja de uso exclusivo para esse fim.
Por fim, vale diferenciar patrocínio infiel de patrocínio simultâ-
neo ou tergiversação: Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gra-
tuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou
Patrocínio infiel qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o de- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
ver profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo,
lhe é confiado: Emissão de título ao portador sem permissão legal
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale
ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao
portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva
Patrocínio simultâneo ou tergiversação ser pago:
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qual-
sucessivamente, partes contrárias. quer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de de-
tenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

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CÓDIGO PENAL
No capítulo sobre a falsidade de títulos e outros papeis públi- (C) Princípio da Legalidade: A norma basilar do Direito Penal é
cos há o crime de falsificação de papeis públicos e o crime de petre- a não existência de crime sem lei anterior que o defina. Isto é,
chos de falsificação. Já no capítulo de falsidade documental, há os para que uma conduta seja considerada um delito, é preciso
seguintes crimes: que seu dispositivo e sua hipótese de incidência estejam pre-
   Falsificação do selo ou sinal público; vistos em um documento escrito que superou todas as etapas
   Falsificação de documento público; do processo legislativo.
 Falsificação de documento particular; (D) Princípio da Presunção da Inocência: Ninguém será consi-
 Falsificação de cartão; derado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
   Falsidade ideológica; condenatória.
   Falso reconhecimento de firma ou letra; (E) Princípio da Responsabilidade Pessoal: Qualquer que seja
   Certidão ou atestado ideologicamente falso; a pena aplicada, ela estará restrita à liberdade, ao patrimônio
   Falsidade material de atestado ou certidão; e à pessoa do condenado. A exceção é o uso do patrimônio
   Falsidade de atestado médico; transferido em herança para quitar obrigação de decretação de
   Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica; perdimento de bens e de reparação de dano.
   Uso de documento falso;
   Supressão de documento.  2. (FGV - 2019 - MPE-RJ - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
PROCESSUAL) Renato, Bruno e Diego praticaram diferentes crimes
É importante diferenciar os documentos públicos dos particu- de roubo com emprego de armas brancas. Renato, no ano de 2017,
lares: Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o foi condenado definitivamente pelo crime de roubo majorado pelo
emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmis- emprego de arma, pois, em 2015, teria, com grave ameaça exercida
sível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mer- com emprego de faca, subtraído um celular. Bruno foi condenado,
cantis e o testamento particular. em primeira instância, em março de 2018, também pelo crime de
Para o STJ, na falsificação de papeis públicos é desnecessária roubo majorado pelo emprego de arma, já que teria utilizado um
a constituição definitiva do crédito tributário, porque é um crime canivete para ameaçar a vítima e subtrair sua bolsa. A decisão ain-
formal. da está pendente de confirmação diante de recurso do Ministério
Para o STF, o prefeito que, no momento de sancionar lei, acres- Público, apenas. Diego, por sua vez, responde à ação penal pela su-
ce artigo pratica o crime de falsificação de documento público. posta prática de crime de roubo majorado pelo emprego de arma,
Os tribunais sempre entenderam que a conduta de clonar car- que seria um martelo, por fatos que teriam ocorrido em fevereiro
tão amolda-se no crime de falsificação de documento particular. de 2018, estando o processo ainda em fase de instrução probatória.
Por fim, o CP, ainda, traz outras falsidades, como, por exemplo, Ocorre que, em abril de 2018, entrou em vigor lei alterando o art.
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou 157 do CP, sendo revogado o inciso I do parágrafo 2º, e passando
na fiscalização alfandegária, ou para outros fins; Falsa identidade; a prever que apenas o crime de roubo com emprego de arma de
Fraude de lei sobre estrangeiro; Adulteração de sinal identificador fogo funcionaria como causa de aumento de pena. Considerando
de veículo automotor. apenas as informações expostas e que a inovação legislativa não
A fraude em certames de interesse público precisa ser com- teria inconstitucionalidades, as novas previsões:
preendida com cuidado, pois a lei de licitações trata sobre crimes (A) seriam aplicáveis a Diego, que ainda não possui sentença
correlatos. condenatória em seu desfavor, com base no princípio da re-
Para encerrar vale deixar claro alguns pontos: troatividade da lei penal benéfica, mas não seriam aplicáveis a
 Falsa declaração de hipossuficiência não configura falsida- Renato e Bruno;
de ideológica (atípico); (B) não seriam aplicáveis a Renato, que já possui condenação
 Inserir informação falsa em currículo lattes é atípico; com trânsito em julgado, aplicando-se o princípio da irretroa-
 Comete falsidade ideológica o candidato que deixa de tividade da lei penal, mas deveriam ser aplicadas a Bruno e
contabilizar despesas em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral; Diego;
 Consiste em falsificação de documento particular a falsi- (C) não seriam aplicáveis a Renato, Bruno nem a Diego, já que
dade em contrato social para ocultar verdadeiro sócio; os fatos imputados teriam ocorrido antes de sua entrada em
 Desnecessária prova pericial para condenar por uso de vigor, aplicando-se o princípio da irretroatividade da lei penal;
documento falso. (D) seriam aplicáveis a Renato, Bruno e Diego, em razão do
princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica;
(E) seriam aplicáveis apenas a Bruno e Diego, mas não a Rena-
EXERCÍCIOS to, diante do princípio do tempus regit actum.

3. (VUNESP - 2018 - PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Segun-


1. (AV MOREIRA - 2020 - PREFEITURA DE NOSSA SENHORA DE do o disposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Se
NAZARÉ - PI - PROCURADOR MUNICIPAL) Marque a alternativa em
depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena
que o princípio constitucional do direito penal NÃO corresponde ao
mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.” Essa norma de
seu conceito.
direito penal é representada pelo Princípio
(A) Princípio da Individualização da Pena: Qualquer que seja
(A) da Individualização da Pena.
a pena aplicada, ela estará restrita à liberdade, ao patrimônio
(B) da Legalidade.
e à pessoa do condenado. A exceção é o uso do patrimônio
(C) da Norma Penal em Branco.
transferido em herança para quitar obrigação de decretação de
(D) da Presunção da Inocência.
perdimento de bens e de reparação de dano.
(B) Princípio da Irretroatividade: Enquanto as leis em geral go- (E) da Retroatividade.
zam de retroatividade mínima – alcançam obrigações vencidas
não pagas e por vencer –, a lei definidora de crime não retroage
senão para beneficiar o réu.

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CÓDIGO PENAL
4. (CESPE - 2019 - TJ-DFT - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE 8 (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - PERITO OFICIAL CRIMINAL
REGISTROS – REMOÇÃO) Acerca das regras de territorialidade e de - ÁREA 8) O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual,
extraterritorialidade da lei penal, assinale a opção correta. que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evi-
(A) Crime de genocídio praticado fora do território brasileiro tar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não
poderá ser julgado no Brasil quando cometido contra povo alie- era razoável exigir-se, age amparado por qual causa excludente de
nígena por estrangeiro domiciliado no Brasil. ilicitude?
(B) O brasileiro que praticar crime em território estrangeiro po- (A) Legítima defesa.
derá ser punido, devendo ser aplicada ao fato a lei penal brasi- (B) Estado de necessidade.
leira, ainda que o agente não mais ingresse no Brasil. (C) Estrito cumprimento de dever legal.
(C) Crime contra a administração pública nacional praticado no (D) Exercício regular de direito.
exterior ficará sujeito à lei brasileira quando o agente criminoso (E) Consentimento do ofendido.
que estava a serviço da administração regressar ao Brasil. 9. (VUNESP - 2019 - TJ-AL - NOTÁRIO E REGISTRADOR – REMO-
(D) Crime praticado em embarcação de propriedade de gover- ÇÃO) No tocante ao concurso do pessoas, é correto afirmar que
no estrangeiro, quando se encontrar em mar territorial brasilei- (A) se entende por participe aquele que pratica a conduta des-
ro, ficará sujeito à lei penal brasileira. crita no verbo núcleo do tipo penal.
(E) Crime praticado em aeronave brasileira de propriedade pri- (B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
vada em território estrangeiro não se sujeita à lei penal brasi- penas para este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
leira, mesmo que não seja julgado no exterior. (C) a participação de menor Importância conduz à exclusão da
culpabilidade.
5. (CONSULPLAN - 2019 - TJ-MG - TITULAR DE SERVIÇOS DE NO- (D) se algum dos agentes quis participar de crime menos grave,
TAS E DE REGISTROS – REMOÇÃO) A norma penal incriminadora é responderá por este ainda que fosse previsível o resultado mais
formada basicamente por dois preceitos: o preceito primário (ou grave.
preceptum juris), em que se prevê a conduta abstrata que a socie-
dade pretende punir, o preceito secundário (ou sanctio juris), em 10. (GUALIMP - 2020 - PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DE MA-
que se fixa a sanção penal correspondente. As normas que necessi- CABU - RJ – PROCURADOR) O Código Penal Brasileiro define que
tam de complementação no preceito secundário, por não trazerem as penas privativas de liberdade deverão ser executadas de forma
a cominação da pena correspondente à prática da conduta típica progressiva, segundo o mérito do condenado, observados determi-
são chamadas de normas penais: nados critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
(A) Explicativas. mais rigoroso, poderá, desde o início, cumprir sua pena em regime
(B) Em branco homogêneas. semiaberto, o condenado:
(C) Em branco heterogêneas. (A) Não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)
(D) Imperfeitas (ou incompletas strictu sensu). anos.
(B) A pena superior a 8 (oito) anos.
6. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Ocorrido um (C) Não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 2 (dois)
fato criminoso, às vezes duas ou mais normas se apresentam para anos.
regulá-lo, surgindo o chamado conflito aparente de normas. A res- (D) Não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e
peito de tal questão, assinale a afirmativa incorreta. não exceda a 8 (oito) anos.
(A) A pluralidade de fatos e a pluralidade de normas são pressu-
postos do conflito, que aparentemente com eles se identificam. 11. (CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) O be-
(B) O princípio da subsidiariedade atua como “soldado de re- nefício da suspensão condicional da pena — sursis penal —
serva”, aplicando a norma subsidiária menos grave quando im- (A) pode ser concedido a condenado a pena privativa de liber-
possível a aplicação da norma principal mais grave. dade, desde que esta não seja superior a quatro anos e que
(C) A questão da progressão criminosa e do crime progressivo é aquele não seja reincidente em crime doloso.
resolvida pelo princípio da absorção ou consunção. (B) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou
(D) Na progressão criminosa, o agente inicialmente pretender grave ameaça, desde que a pena privativa de liberdade aplica-
praticar um crime menos grave, e, depois, resolve progredir da não seja superior a dois anos.
para o mais grave. (C) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de mul-
(E) No crime progressivo, o sujeito, para alcançar o crime queri- ta, casos em que se suspenderá, também, a execução dessas
do, passa necessariamente por outro menos grave que aquele penas.
desejado. (D) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da super-
veniência de sentença condenatória irrecorrível por crime do-
7. (MPE-GO - 2019 - MPE-GO - PROMOTOR DE JUSTIÇA – REA- loso, culposo ou contravenção contra o beneficiário.
PLICAÇÃO) A clássica frase a seguir inaugurou uma nova fase na (E) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao
dogmática jurídico-penal: « O caminho correto só pode ser deixar beneficiário, seja proferida sentença para declarar a extinção
as decisões valorativas político-criminais introduzirem-se no siste- da punibilidade do agente.
ma de direito penal” . Assinale a alternativa em que consta o autor
da referida afirmação, bem como o sistema jurídico-penal a que se 12. (FCC - 2019 - DPE-AM - ANALISTA JURÍDICO DE DEFENSORIA
refere: - CIÊNCIAS JURÍDICAS) O concurso formal de crimes ocorre quando
(A) Edmund Mezger - neokantismo penal (A) o agente pratica dois ou mais crimes mediante uma só ação
(B) Claus Roxin - funcionalismo teleológico racional ou omissão.
(C) Günther Jakobs - funcionalismo sistêmico radical (B) as circunstâncias pessoais do crime se comunicam aos
(D) Hans Welzel - finalismo penal coautores.
(C) a sentença aplica pena privativa de liberdade e pena de
multa para o mesmo crime.

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CÓDIGO PENAL
(D) praticam-se dois ou mais crimes, mediante mais de uma 16. (CESPE - 2020 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA DE EN-
ação ou omissão. TRÂNCIA INICIAL) Acerca do delito de homicídio doloso, assinale a
(E) um crime é praticado por duas ou mais pessoas previamen- opção correta.
te ajustadas para tanto. (A) Constitui forma privilegiada desse crime o seu cometimen-
to por agente impelido por motivo de relevante valor social ou
13. (INSTITUTO AOCP - 2020 - PREFEITURA DE BETIM - MG - ANA- moral, ou sob influência de violenta emoção provocada por ato
LISTA JURÍDICO) Segundo o Código Penal, assinale a alternativa correta. injusto da vítima.
(A) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, (B) A qualificadora do feminicídio, caso envolva violência do-
aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decididos por sentença méstica, menosprezo ou discriminação à condição de mulher,
condenatória transitada em julgado. não é incompatível com a presença da qualificadora da moti-
(B) A pena pode ser reduzida em um sexto, se o agente, em vir- vação torpe.
tude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento (C) A prática desse crime contra autoridade ou agente das for-
mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz ças de segurança pública é causa de aumento de pena.
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de (D) É possível a aplicação do privilégio ao homicídio qualificado
acordo com esse entendimento. independentemente de as circunstâncias qualificadoras serem
(C) No concurso de pessoas, se a participação for de menor im- de ordem subjetiva ou objetiva.
portância, a pena pode ser diminuída de um a dois terços. (E) Constitui forma qualificada desse crime o seu cometimento
(D) São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) segurança, ou por grupo de extermínio.
anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
(E) A prescrição da pena de multa ocorrerá em um ano, quando 17. (IBFC - 2020 - EBSERH – ADVOGADO) O atual Código de Di-
a multa for a única cominada ou aplicada. reito Penal, recepcionado pela Constituição de 1988, inicia a Parte
Especial tratando dos crimes contra a pessoa. Sobre eles, assinale a
14. (FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS) - 2019 - MPE-MG - alternativa incorreta.
PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Analise as assertivas sobre a (A) Também é crime se a lesão corporal for praticada contra
prescrição e marque a alternativa correta: ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
I. Os prazos fornecidos pelos incisos do artigo 109 do Código com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecen-
Penal servirão não só para o cálculo da prescrição, considerando-se do-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
a pena máxima em abstrato, como também para aqueles relativos à hospitalidade
pena já concretizada na sentença condenatória. (B) Trata-se de homicídio qualificado aquele cometido contra a
II. A prescrição superveniente ou intercorrente ocorre depois mulher por razões da condição do sexo feminino
do trânsito em julgado para a acusação, ou quando improvido seu (C) É crime o aborto de feto com anencefalia
recurso, tomando-se por base a pena fixada na sentença penal con- (D) É crime contra a pessoa praticar, com o fim de transmitir a
denatória, e permite a confecção do título executivo judicial. outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
III. O parâmetro para o limite da suspensão do curso do prazo produzir contágio
prescricional, em caso de suspensão do processo nos termos do ar- (E) É crime abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guar-
tigo 366 do Código de Processo Penal, é aquele determinado pelos da, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de
incisos do artigo 109 do Código Penal, adotando-se o máximo da defender-se dos riscos resultantes do abandono
pena abstratamente cominada ao delito.
IV. Em relação às hipóteses previstas no artigo 117 do Código Pe- 18. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ LEIGO) Márcio e Pedro
nal, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos eram amigos havia anos. Tendo descoberto que Pedro estava saindo
os autores do crime, exceto nos casos de reincidência e pronúncia. com a sua ex-esposa, Márcio planejou matar Pedro durante uma pes-
V. As causas de aumento e de diminuição de pena influenciam caria que fariam juntos. Durante uma tempestade, em alto-mar, Már-
no cálculo da prescrição, que deverá ser feito considerando o per-
cio aproveitou-se de um deslize de Pedro para de fato matá-lo. Logo
centual de maior elevação, nas hipóteses de causas de aumento de
após a conduta, Márcio percebeu que na canoa onde estavam só havia
pena de quantidade variável, e o de menor redução, nas hipóteses
um colete salva-vidas e que, em razão disso, a eliminação de Pedro foi
de causas de diminuição de pena de quantidade variável.
sua única chance de sobreviver. A canoa afundou e Márcio sobreviveu
ao naufrágio. Nessa situação hipotética, Márcio
(A) As assertivas I, III e IV estão corretas.
(A) cometeu crime de homicídio qualificado.
(B) As assertivas II, III, IV e V estão corretas.
(B) não cometeu crime, porque agiu em legítima defesa da
(C) As assertivas I, III e V estão corretas.
(D) As assertivas I, II e V estão corretas. honra.
(C) cometeu crime, mas sua conduta será justificada pelo esta-
15. (CESPE - 2019 - TJ-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL do de necessidade putativo.
DE JUSTIÇA AVALIADOR) Pedro, com vinte e dois anos de idade, e (D) não cometeu crime, porque agiu em estado de necessida-
Paulo, com vinte anos de idade, foram denunciados pela prática de de.
furto contra Ana. A defesa de Pedro alegou inimputabilidade. Paulo (E) cometeu crime, mas sua pena será diminuída porque agiu
confessou o crime, tendo afirmado que escolhera a vítima porque, em estado de necessidade.
além de idosa, ela era sua tia. Com relação a essa situação hipoté-
tica, julgue o item subsecutivo, a respeito de imputabilidade penal, 19. (VUNESP - 2020 - EBSERH – Advogado) O crime de roubo
crimes contra o patrimônio, punibilidade e causas de extinção e tem pena aumentada (CP, art. 157, § 2° e 2° A) se
aplicação de pena: Em relação a Paulo, o prazo prescricional será (A) o bem subtraído é de propriedade de ente público Munici-
reduzido à metade. pal, Estadual ou Federal.
( ) CERTO (B) a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
( ) ERRADO conhece tal circunstância.

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CÓDIGO PENAL
(C) praticado em transporte público ou coletivo. 24. (CESPE - 2015 - DPE-RN - DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO)
(D) cometido por quem, embora transitoriamente ou sem re- Vanessa foi presa em flagrante enquanto vendia e expunha à venda
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública. cerca de duzentos DVDs piratas, falsificados, de filmes e séries de
(E) cometido por quem for ocupante de cargos em comissão ou televisão. Realizada a devida perícia, foi confirmada a falsidade dos
de função de direção ou assessoramento de órgão de empresa objetos. Incapaz de apresentar autorização para a comercialização
pública. dos produtos, Vanessa alegou em sua defesa que desconhecia a
ilicitude de sua conduta. Com relação a essa situação hipotética,
20. (FAFIPA - 2019 - CREA-PR - AGENTE PROFISSIONAL – ADVO- assinale a opção correta à luz da jurisprudência dominante dos tri-
GADO) Considerando o seguinte fato: Tício finge ser cliente da loja bunais superiores.
X e ali efetua a compra de um par de meias no valor de R$ 10,90. (A) Vanessa é isenta de culpabilidade, pois incidiu em erro de
No momento do pagamento, faz confusão dentro da loja, finge que proibição.
paga pelo produto e induz o funcionário a lhe devolver troco. Esse (B) O MP deve comprovar que os detentores dos direitos au-
fato típico enquadra-se como o delito de: torais das obras falsificadas sofreram real prejuízo para que a
(A) Furto. conduta de Vanessa seja criminosa.
(B) Furto mediante fraude. (C) A conduta de Vanessa ofende o direito constitucional que
(C) Apropriação indébita. protege a autoria de obras intelectuais e configura crime de
(D) Estelionato. violação de direito autoral.
(E) Roubo. (D) A conduta de vender e expor à venda DVDs falsificados é
atípica em razão da incidência do princípio da adequação so-
21. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – INVESTIGADOR) Em rela- cial.
ção aos crimes contra o patrimônio, assinale a alternativa correta. (E) A conduta de vender e expor à venda DVDs falsificados é
(A) É isento de pena o agente que pratica o crime de roubo con- atípica em razão da incidência do princípio da insignificância.
tra seu cônjuge, na constância da sociedade conjugal.
(B) É isento de pena o agente que pratica o crime de furto em 25. (ADVISE - 2019 - PREFEITURA DE JUAREZ TÁVORA - PB - EN-
prejuízo de seu cônjuge, que possui 50 anos de idade, na cons- FERMEIRO PSF) O crime de “Invasão do estabelecimento industrial,
tância da sociedade conjugal. comercial ou agrícola. Sabotagem” é caracterizado pela conduta
(C) A pena do delito de receptação é reduzida de um a dois típica de:
terços se o crime for praticado contra descendente, seja o pa- (A) Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho,
rentesco legítimo ou ilegítimo. praticando violência contra pessoa ou contra coisa
(D) A pena do delito de furto é aumentada de um terço se o (B) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
crime for praticado em prejuízo do cônjuge, na constância da a participar ou deixar de participar de determinado sindicato
sociedade conjugal. ou associação profissional.
(E) É isento de pena quem pratica o crime de extorsão em pre- (C) Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou
juízo do cônjuge judicialmente separado. agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso nor-
mal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabeleci-
22. (CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Assi- mento ou as coisas nele existentes ou delas dispor.
nale a opção correta no que se refere aos crimes contra a proprie- (D) Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal rela-
dade imaterial. tiva à nacionalização do trabalho.
(A) A violação de direito autoral qualificada se configura com o (E) Exercer atividade, de que está impedido por decisão admi-
dolo genérico. nistrativa.
(B) O plágio de obras literárias, científicas ou artísticas é regido
por lei própria, não sendo abrangido pelo tipo de violação de 26. (ADVISE - 2019 - PREFEITURA DE JUAREZ TÁVORA - PB - EN-
direito autoral nas suas formas simples ou qualificadas. FERMEIRO PSF) O professor de Direito Penal, Juliano, deu aula so-
(C) A materialidade do crime de violação de direito autoral bre “Os crimes contra a organização do trabalho” e passou uma ati-
pode ser provada mediante perícia por amostragem sobre os vidade para os alunos responderem em casa. A atividade consistia
aspectos externos do material apreendido. em uma pergunta que buscava a resposta sobre qual seria o crime
(D) A absolvição do réu no crime de violação de direito autoral praticado pela conduta típica de “Aliciar trabalhadores, com o fim
é possível com base na teoria da adequação social e no princí- de levá-los de uma para outra localidade do território nacional”. De
pio da insignificância. acordo com o Código Penal, trata-se do crime de:
(E) A violação de direitos autorais é crime processado mediante (A) Aliciamento para o fim de emigração.
ação pública condicionada à representação, quando cometida (B) Aliciamento sexual.
na forma simples. (C) Aliciamento para o fim de imigração.
(D) Aliciamento de trabalhadores para o fim de exploração de
23. (MPE-SP - 2017 - MPE-SP - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBS- mão de obra.
TITUTO) A simples exposição à venda de cópias não autorizadas de (E) Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do ter-
filmes sob a forma de DVD constitui ritório nacional.
(A) apenas um ilícito civil.
(B) mero ato preparatório. 27. (TRF - 2ª REGIÃO - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
(C) fato atípico. SUBSTITUTO) Assinale a resposta certa:
(D) crime contra a propriedade imaterial. (A) Para a configuração típica do crime de frustração de direi-
(E) contravenção relativa à violação de objeto. to assegurado por lei trabalhista, a lei penal prevê apenas a
ação delituosa de ilusão mediante fraude, destinada a impedir
o exercício de direitos trabalhistas, ou o desligamento do servi-
ço através da simulação de dívidas contraídas pelo empregado.

17
CÓDIGO PENAL
(B) Para a configuração típica do crime de aliciamento de tra- (C) No crime de bigamia, a data do fato constitui o termo inicial
balhadores de um local para outro do território nacional, é ne- do prazo prescricional.
cessária a ação de recrutar seduzindo, mais de um trabalhador, (D) Comete o crime de concussão o empregado de empresa
com o fim de levá-los para qualquer lugarejo, mas desde que pública que, utilizando-se de grave ameaça, exige para si van-
afastado daquele em que ocorreu o aliciamento. tagem econômica.
(C) Para a configuração típica do crime de redução a condição (E) Ao contrário do que ocorria com a Parte Geral do Código
análoga a de escravo, o consentimento da vítima é elemento Penal de 1940, o Código Penal atual não prevê, expressamente,
essencial a ser aferido, haja vista que não incide a punição em a aplicabilidade das regras de excesso punível às quatro causas
hipótese alguma, quando tal consentimento tenha sido dado, de exclusão de ilicitude.
expressa ou tacitamente, pelo ofendido.
(D) Para a configuração típica do crime de redução a condição 31.(VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Tícia, de 16
análoga a de escravo basta que a vítima tenha sido submetida, anos, há dois anos namora Caio, de 19 anos. Tícia é virgem e está de-
eventualmente, a apenas uma jornada exaustiva de trabalho, cidida a apenas manter relação sexual após o casamento, já marcado
ou a um episódio degradante de trabalho, casos em que há evi- para ocorrer no dia em que ela completará 18 anos. Quando estavam
dente violação da dignidade humana. sozinhos, na sala, assistindo TV, Caio, aproveitando-se que Tícia cochila-
(E) Para a configuração típica do crime de atentado contra a va, masturbou-se e ejaculou no corpo da namorada que, imediatamen-
liberdade de trabalho, a grave ameaça capaz de constranger te, acordou. Sentindo-se profundamente violada e agredida, Tícia grita
alguém a trabalhar durante certo período de tempo ou em e acorda os pais, que dormiam no quarto da casa. Os pais, vendo a filha
determinados dias, pode se consubstanciar na promessa, pelo suja e em pânico, impedem Caio de fugir e decidem chamar a polícia.
empregador, de rescisão do contrato de trabalho. Acionada a polícia, Caio é preso, em flagrante delito e, encerradas as
investigações, denunciado pelo crime sexual praticado. Diante da situa-
28. (CESPE - 2017 - DPE-AL - DEFENSOR PÚBLICO) No que tange ção hipotética, Caio poderá ser processado pelo crime de
aos crimes contra o sentimento religioso, assinale a opção correta. (A) corrupção de menores, tratando-se de ação penal pública
(A) Para que configure crime, a prática do escárnio deve expres- incondicionada.
sar o fim específico de ofender o sentimento religioso de um (B) violação sexual mediante fraude, haja vista que Tícia estava
indivíduo, como elemento subjetivo do injusto. dormindo, sem possibilidade de resistir, tratando-se de crime
(B) A caracterização desse tipo de crime exige que a prática de de ação penal pública condicionada.
escárnio seja efetuada na presença do sujeito passivo. (C) importunação sexual, tratando-se de ação penal pública in-
(C) Em caso de escárnio por motivo religioso acompanhado de condicionada.
ofensa a honra individual, o agente responderá em concurso (D) estupro de vulnerável, haja vista que Tícia é menor, tratan-
formal de crimes. do-se de crime de ação penal pública incondicionada.
(D) Em se tratando de escárnio por motivo religioso, a pena (E) estupro, incidindo causa de aumento em virtude de a vítima
será acrescida de um terço caso se verifique o exercício de vio- ser menor de 18, tratando-se de ação penal pública condicionada.
lência, desde que voltada contra objetos e esculturas sagradas.
(E) Constitui infração penal o ato de escarnecer, em público, um 32.(FGV - 2019 - MPE-RJ - Analista do Ministério Público – Pro-
grupo religioso. cessual) Tício, padrasto de Lourdes, criança de 11 anos de idade,
praticou, mediante violência consistente em diversos socos no ros-
29. (CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO) Acerca da disci- to, atos libidinosos diversos da conjunção carnal com sua enteada.
plina legal dos crimes previstos na parte especial do CP, assinale a A vítima contou o ocorrido à sua mãe, apresentando lesões no ros-
opção correta. to, de modo que a genitora de Lourdes, de imediato, compareceu
(A) A conduta de subtrair cadáver de sua sepultura configura com a filha em sede policial e narrou o ocorrido. Recebidos os autos
crime de furto qualificado. do inquérito policial, o promotor de justiça com atribuição deverá
(B) O ato de escarnecer de alguém publicamente em razão de sua cren- oferecer denúncia imputando a Tício o crime de:
ça ou de sua função religiosa configura crime de injúria qualificada. (A) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), podendo o em-
(C) Nas figuras qualificadas do crime de direito autoral, é des- prego de violência real ser considerado na pena base para fins
necessário que haja o intuito de obter lucro para que seja con- de aplicação da sanção penal, bem como cabendo reconheci-
figurado o referido crime. mento da causa de aumento de pena pelo fato de o autor ser
(D) No crime de impedimento ou perturbação de enterro ou padrasto da ofendida;
cerimônia funerária, constitui causa de aumento de pena o fato (B) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não podendo o
de o agente praticar o referido crime mediante violência. emprego de violência real ser considerado na pena base por já
(E) A ação penal para os crimes contra a propriedade intelec- funcionar como elementar do delito, mas cabendo reconheci-
tual é de iniciativa privada e deverá ser ajuizada mediante quei- mento da causa de aumento de pena pelo fato de o autor ser
xa do ofendido. padrasto da ofendida;
(C) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do CP),
30. (CESPE - 2014 - TJ-CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO diante da violência real empregada, de modo que a idade da víti-
DE MANDADOS) Com relação ao excesso punível, aos crimes contra ma não poderá funcionar como agravante, apesar de presente a
a dignidade sexual, aos crimes contra o sentimento religioso e o causa de aumento pelo fato de o autor ser padrasto da ofendida;
respeito aos mortos, aos crimes contra a família e aos crimes contra (D) estupro simples (art. 213 do CP), diante da violência real
a administração pública, assinale a opção correta. empregada, funcionando a idade da vítima como agravante da
(A) No estupro de vulnerável, a presunção de violência é ab- pena, não havendo previsão de causa de aumento de pena,
soluta, segundo a jurisprudência do STJ, sendo irrelevante a que somente seria aplicável se o autor fosse pai da ofendida;
aquiescência do menor ou mesmo o fato de já ter mantido re- (E) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do
lações sexuais anteriormente. CP), sem causa de aumento por ser o autor padrasto da ofen-
(B) As cinzas humanas não podem ser objeto material do crime dida, diante da violência real empregada, podendo a idade da
de vilipêndio a cadáver. vítima funcionar também como agravante da pena.

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CÓDIGO PENAL
33.(Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) 38.(Prova: MetroCapital Soluções - 2019 - Prefeitura de Nova
A profissional do sexo Gumercinda atende a seus clientes no local Odessa - SP - Procurador Jurídico) Incitar, publicamente, a prática de
onde reside juntamente com seu filho Joaquim de dez anos. O local crime constitui o crime previsto no artigo 286 do Código Penal, isto é:
é bastante exíguo, tendo pouco mais de quinze metros quadrados, (A) Incitação ao crime.
onde existem apenas um quarto e um banheiro, ficando a cama (B) Apologia ao crime.
onde Joaquim dorme ao lado da cama da mãe. Em uma determi- (C) Instigação criminosa.
nada madrugada, Gumercinda acerta um “programa sexual” com (D) Condescendência criminosa.
Caio e o leva até sua casa. Durante o ato sexual, Joaquim acorda (E) Associação criminosa.
e presencia tudo, sem que Gumercinda ou Caio percebam que ele
está assistindo à cena. No dia seguinte, Joaquim vai para a escola e 39.(IESES - 2019 - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Re-
conta o fato a um amigo, o qual, por sua vez, relata a história para gistros – Provimento) Acerca do delito de associação criminosa, do
Joana, sua mãe. Esta, abismada com a história, procura a delegacia art. 288 do Código Penal, é correto afirmar:
do bairro e narra os fatos acima descritos. Diante desta situação (A) Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas
hipotética, assinale a alternativa correta do ponto de vista legal. para o fim específico de cometer crimes, consumando-se inde-
(A) Gumercinda e Caio responderão pelo delito de satisfação de pendentemente de prévia condenação de quaisquer de seus
lascívia mediante a presença de criança ou adolescente. membros pela prática de quaisquer dos crimes para os quais a
(B) Gumercinda e Caio não cometeram nenhum crime. associação foi estabelecida.
(C) Gumercinda e Caio praticaram exploração sexual de criança (B) Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas
ou adolescente. para o fim específico de cometer crimes e a condenação de ao
(D) Gumercinda e Caio praticaram crime previsto no Estatuto menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes
da Criança e do Adolescente. para os quais a associação foi estabelecida, ainda que não se
(E) Apenas Gumercinda responderá pelo delito de satisfação de comprove a reiteração criminosa.
lascívia mediante a presença de criança ou adolescente. (C) Sua configuração exige a associação de três ou mais pessoas
para o fim específico de cometer crimes e a condenação de ao
34.(FUNDATEC - 2021 - Prefeitura de Porto Alegre - RS - Médico menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes
Especialista - Emergencista) À luz do disposto no Código Penal Brasi- para os quais a associação foi estabelecida, ainda que não se
leiro – Decreto-Lei nº 2.848/1940, assinale a alternativa INCORRETA. comprove a reiteração criminosa.
(A) Comete crime de inserção de dados falsos em sistema de (D) Sua configuração exige a associação de três ou mais pes-
informações o funcionário que modificar ou alterar sistema de soas para o fim específico de cometer crimes, consumando-se
informações ou programa de informática sem autorização ou independentemente de prévia condenação de quaisquer de
solicitação de autoridade competente. seus membros pela prática de quaisquer dos crimes para os
(B) No crime de epidemia, se da propagação de germes patogê- quais a associação foi estabelecida.
nicos resultar morte, aplica-se a pena em dobro.
(C) A infração de medida sanitária preventiva, determinada pelo 40.(UNIFAL-MG - 2021 - UNIFAL-MG - Médico – Pediatria) João
poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de Paulo, devidamente aprovado dentro do número de vagas ofertadas
doença contagiosa, quando praticada por agente que exerce a no Edital do concurso para o cargo de médico, técnico-administrativo
profissão de médico, tem a pena aumentada de um terço. em educação, realizado pela Universidade Federal de Alfenas, já convo-
(D) Comete crime quem fornece substância medicinal em desa- cado para a posse a ser realizada em 10 (dez) dias, recebe do Diretor do
cordo com receita médica. campus responsável pelo espaço físico da Universidade, uma oferta da
(E) A corrupção passiva compreende o ato de solicitar ou re- melhor sala disponível dentre as existentes para os médicos, desde que
ceber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda ele emita atestados médicos em favor do Diretor, quando esse precisar
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, faltar ao trabalho sem justificativa. João Paulo, que ainda não entrou
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. em exercício na função de médico, aceita a promessa do Diretor do
campus. Nesse caso, João Paulo incorreu naquele momento:
35.(Quadrix - 2020 - CRO-DF - Fiscal I) À luz do Código Penal (A) Em crime de corrupção passiva, uma vez que, ainda que
brasileiro, julgue o item: Curandeirismo é o ato de exercer, ainda João Paulo não estivesse no exercício da função, aceitou vanta-
que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêuti- gem em razão dela, condição suficiente para a configuração do
co sem autorização legal ou excedendo‐lhe os limites. crime de corrupção passiva.
( ) CERTO (B) Em crime de falsidade de atestado médico, considerando
( ) ERRADO que a mera promessa do atestado falso já configura a efetiva-
ção da infração penal.
36.(Quadrix - 2020 - CRO-DF - Fiscal I) À luz do Código Penal
(C) Em tentativa de falsidade de atestado médico, porque não
brasileiro, julgue o item: Entende‐se por charlatanismo o ato de in-
houve a concretização do ato ilícito, mas ainda sim João Paulo
culcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível.
está sujeito a uma punição mais branda.
( ) CERTO
(D) Em nenhuma infração penal, haja vista que João Paulo ain-
( ) ERRADO
da não havia assumido a função de médico na Universidade, e
a mera conversa entre ele e o Diretor não configura ato ilícito.
37.(CESPE / CEBRASPE - 2020 - PRF - Policial Rodoviário Federal
- Curso de Formação - 3ª Turma - 2ª Prova) Quanto a conceitos e defi-
nições legais relativos ao tráfico ilícito de drogas e afins e a fatores que
o impulsionam no contexto brasileiro, julgue o item a seguir: No direito
penal, o termo associação criminosa é sinônimo de organização crimi-
nosa e, por isso, ambos os termos referem-se ao mesmo tipo penal.
( ) CERTO
( ) ERRADO

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CÓDIGO PENAL
41.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle 3 E
Externo - Especialidade: Direito) Com relação aos crimes contra a
administração pública, julgue o item subsequente: A oposição ma- 4 A
nifestada pelo indivíduo, mediante resistência passiva, sem o uso 5 D
da violência, contra ordem emanada por autoridades policiais que
pretendessem levá-lo à delegacia, sem que houvesse flagrante, é 6 A
suficiente para caracterizar o delito de resistência. 7 B
( ) CERTO
( ) ERRADO 8 B
9 B
42.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle
10 D
Externo - Especialidade: Direito) Com relação aos crimes contra a
administração pública, julgue o item subsequente: Servidor público 11 B
que, violando dever funcional, facilite a prática de contrabando res-
12 A
ponderá como partícipe pela prática desse crime.
( ) CERTO 13 D
( ) ERRADO 14 C
43.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle 15 CERTO
Externo - Especialidade: Direito) No que se refere aos crimes em 16 B
espécie, julgue o item que se segue: Chefe do Ministério Público
estadual que ordenar aumento de despesa total com pessoal nos 17 C
últimos sessenta dias do seu mandato poderá responder como su- 18 A
jeito ativo do crime de aumento de despesa total com pessoal.
( ) CERTO 19 B
( ) ERRADO 20 D
21 B
44.(ABCP - 2020 - Prefeitura de Bom Jesus dos Perdões - SP – Ad-
vogado) O professor de Direito Penal, Abílio Moreira, estava disposto 22 C
a propor um desafio aos seus alunos do 5º semestre da Universidade 23 D
Kappa Beta. A pergunta era em relação ao Código Penal, e os alunos
deveriam assinalar a alternativa que corresponde ao crime de “Inscri- 24 C
ção de despesas não empenhadas em restos a pagar”. Sendo um dos 25 C
alunos do professor Abílio, assinale a alternativa correta:
(A) Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois úl- 26 E
timos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, 27 B
cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro
ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não 28 A
tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa 29 D
(B) Ordenar despesa não autorizada por lei.
30 A
(C) Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de des-
pesa que não tenha sido previamente empenhada ou que ex- 31 C
ceda limite estabelecido em lei. 32 A
(D) Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento
de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anterio- 33 B
res ao final do mandato ou da legislatura. 34 A
45.(GUALIMP - 2020 - Prefeitura de Conceição de Macabu - RJ 35 ERRADO
– Procurador) De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa 36 CERTO
que traz o crime que prevê a conduta típica de “Deixar de ordenar,
de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de res- 37 ERRADO
tos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei”: 38 A
(A) Ordenação de despesa não autorizada.
39 D
(B) Prestação de garantia graciosa.
(C) Oferta pública ou colocação de títulos no mercado. 40 A
(D) Não cancelamento de restos a pagar. 41 ERRADO
42 ERRADO

GABARITO 43 CERTO
44 C
1 A 45 D
2 D

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
1. Do Inquérito Policial: Artigos 4.º A 23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Do Exame Do Corpo De Delito, E Das Perícias Em Geral: Artigos 155 A 184 Geral: Artigos 155 A 184 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Dos Indícios: Artigo 239 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Dos Peritos E Intérpretes: Artigos 275 A 281 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5. Lei Orgânica Da Polícia Do Estado De São Paulo (Lei Complementar N.º 207/79 E Lei Complementar N.º 922/02) . . . . . . . . . . . . . . 12
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a autori-
DO INQUÉRITO POLICIAL: ARTIGOS 4.º A 23 dade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do
fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Inquérito Policial Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso
O inquérito policial é um procedimento administrativo in- aos autos do inquérito o juiz, o promotor de justiça, e a autorida-
vestigatório, de caráter inquisitório e preparatório, consistente de policial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art.
em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investiga- 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94 - Estatuto da Ordem dos Advogados
tiva para apuração da infração penal e de sua autoria, presidido do Brasil - e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem
pela autoridade policial, a fim de que o titular da ação penal acesso aos atos já documentados nos autos, independentemen-
possa ingressar em juízo. te de procuração, para assegurar direito de assistência do preso
A mesma definição pode ser dada para o termo circunstan- e investigado.
ciado (ou “TC”, como é usualmente conhecido), que são instau- Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e
rados em caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, irrestrito. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas
a saber, as contravenções penais e os crimes com pena máxima nos autos, mas não em relação às diligências em andamento.
não superior a dois anos, cumulada ou não com multa, submeti- Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos
dos ou não a procedimento especial. já documentados, é cabível Reclamação ao STF para ter acesso
A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no às informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante),
item anterior, é de “procedimento administrativo investigató- habeas corpus em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido
rio”. E, se é administrativo o procedimento, significa que não que é o mandado de segurança em nome do próprio advogado,
incidem sobre ele as nulidades previstas no Código de Processo já que a prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele.
Penal para o processo, nem os princípios do contraditório e da Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há
ampla defesa. se chamar atenção para o parágrafo único, do art. 20, CPP, com
Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito poli- nova redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos
cial não afetam a ação penal a que der origem, salvo na hipótese atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autori-
de provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas dade policial não poderá mencionar quaisquer anotações refe-
que, excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzi- rentes à instauração de inquérito contra os requerentes.
das com observância do contraditório e da ampla defesa, como Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da
uma produção antecipada de provas, por exemplo. doutrina, no sentido de que o inquérito, justamente por sua ca-
A finalidade do inquérito policial é justamente a apuração racterística da pré-judicialidade, não deve ser sequer menciona-
do crime e sua autoria, e à colheita de elementos de informação do nos atestados de antecedentes. Já para outro entendimento,
do delito no que tange a sua materialidade e seu autor. agora contra a lei, tal medida representa criticável óbice a que
se descubra mais sobre um cidadão em situações como a inves-
“Notitia criminis” tigação de vida pregressa anterior a um contrato de trabalho.
É o conhecimento, pela autoridade policial, acerca de um - Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem
fato delituoso que tenha sido praticado. São as seguintes suas ampla defesa. Por tal motivo não é autorizado ao juiz, quando
espécies: da sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de in-
A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autori- formação colhidos durante tal fase administrativa para emba-
dade policial toma conhecimento do fato por meio de suas ati- sar seu decreto (art. 155, caput, CPP). Ademais, graças a esta
vidades corriqueiras (exemplo: durante uma investigação qual- característica, não há uma sequência pré-ordenada obrigatória
quer descobre uma ossada humana enterrada no quintal de uma de atos a ocorrer na fase do inquérito, tal como ocorre no mo-
casa); mento processual, devendo estes ser realizados de acordo com
B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autori- as necessidades que forem surgindo.
dade policial toma conhecimento do fato por meio de um ex- - Peça Discricionária. A autoridade policial possui liberdade
pediente escrito (exemplo: requisição do Ministério Público; re- para realizar aquelas diligências investigativas que ela julga mais
querimento da vítima); adequadas para aquele caso.
C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autori- - Peça oficiosa/oficial. Pode ser instaurada de oficio.
dade policial toma conhecimento do fato delituoso por intermé- - Peça indisponível. Uma vez instaurado o inquérito policial
dio do auto de prisão em flagrante. ele se torna indisponível. O delegado não pode arquivar o in-
quérito policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade
“Delatio criminis” judicial, mediante requerimento do promotor de justiça.
Nada mais é que uma espécie de notitia criminis, consiste na
comunicação de uma infração penal à autoridade policial, feita Valor probatório
por qualquer pessoa do povo. Fernando Capez ensina que, “o inquérito tem valor proba-
tório meramente relativo, pois serve de base para a denúncia
Características do inquérito policial e para as medidas cautelares, mas não serve sozinho para sus-
- Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Pe- tentar sentença condenatória, pois os elementos colhidos no in-
nal, todas as peças do inquérito policial serão, num só processo, quérito o foram de modo inquisitivo, sem contraditório e ampla
reduzidas a escrito (ou a termo) ou datilografadas e, neste caso, defesa.”
rubricadas pela autoridade policial. Vale lembrar, contudo, que
o fato de ser peça escrita não obsta que sejam os atos produ-
zidos durante tal fase sejam gravados por meio de recurso de
áudio e/ou vídeo;

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Grau de Cognição Aplicação do Princípio da Insignificância no Inquérito Po-
Consiste no valor probatório a criar um juízo de verossimi- licial
lhança, assim, não é um juízo de certeza da autoria delitiva a O princípio da insignificância tem origem no Direito Roma-
fase de inquérito policial. Compete à fase processual a análise no. E refere-se, então, à relevância ou à insignificância dos ob-
probatória de autoria. jetos das lides. Vale analise sobre a relevância jurídica do ato
praticado pelo autor do delito e sua significância para o bem
Identificação criminal jurídico tutelado.
Envolve a identificação fotográfica e a identificação dati- No caso do Direito Penal, não se trata de um princípio pre-
loscópica. Antes da atual Constituição Federal, a identificação visto na legislação. É, por outro lado, uma construção doutriná-
criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, anterior a 1988, ria. E foi assimilado, então, pela jurisprudência.
inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual Lei Funda- A depender da natureza do fato, os prejuízos ocasionados
mental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o civilmente identi- podem ser considerados ínfimos ou insignificante. E, desse
ficado não será submetido à identificação criminal, “salvo nas modo, incidir o princípio da bagatela para absolvição do réu.
hipóteses previstas em lei”. Nessa perspectiva, dispõe, então, o art. 59 do Código Penal:
A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Es- Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos anteceden-
tatuto da Criança e do Adolescente”), em seu art. 109, segun- tes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos,
do o qual a identificação criminal somente será cabível quando às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao com-
houver fundada dúvida quanto à identidade do menor. portamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Cri- suficiente para reprovação e prevenção do crime...
minosas”) dispôs em seu art. 5º que a identificação criminal de
pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações crimi- Como o Princípio da Insignificância decorre de uma cons-
nosas será realizada independentemente de identificação civil. trução histórica, doutrinária e jurisprudencial, o Supremo Tri-
Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para bunal Federal houve por bem fixar critérios que direcionem a
tratar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe um rol taxativo de aplicabilidade ou não da ‘insignificância’ aos casos concretos.
delitos em que a identificação criminal deveria ser feita obriga- Para tanto, estabeleceu os seguintes critérios, de observação
toriamente, sem mencionar, contudo, os crimes praticados por cumulativa:
organizações criminosas, o que levou parcela da doutrina e da - a mínima ofensividade da conduta do agente;
jurisprudência a considerar o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcial- - a ausência de periculosidade social da ação;
mente revogado. - o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei - a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
nº 12.037/09, que também trata especificamente apenas sobre
o tema “identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol ta- Não há qualquer dúvida de que o princípio da insignificância
xativo de delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas pode ser aplicado pelo magistrado ou tribunal quando verificada
sim um art. 3º com situações em que ela será possível: a presença dos mencionados requisitos autorizadores e se tratar
A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de crimes que admitam a sua aplicação.
de falsificação (inciso I); No entanto, apesar de ainda controverso, a jurisprudência
B) Quando o documento apresentado for insuficiente para atual vem sendo direcionada no sentido de que não é possível
identificar o indivíduo de maneira cabal (inciso II); a analise jurídica da conduta do acusado, em sede de inquérito
C) Quando o indiciado portar documentos de identidade dis- policial, para então aplicar desde logo o princípio da insignifi-
tintos, com informações conflitantes entre si (inciso III); cância diante de eventual atipicidade da conduta imputada ao
D) Quando a identificação criminal for essencial para as in- autor do ilícito.
vestigações policiais conforme decidido por despacho da auto- Para o STJ, a resposta é negativa. A análise quanto à insigni-
ridade judiciária competente, de ofício ou mediante represen- ficância ou não do fato seria restrita ao Poder Judiciário, em juí-
tação da autoridade policial/promotor de justiça/defesa (inciso zo, a posteriori. Cabe à autoridade policial o dever legal de agir
IV). Nesta hipótese, de acordo com o parágrafo único, do art. 5º em frente ao suposto fato criminoso. Este entendimento consta
da atual lei (acrescido pela Lei nº 12.654/2012), a identificação do Informativo 441 do STJ:
criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a ob-
tenção do perfil genético; A Turma concedeu parcialmente a ordem de habeas corpus
E) Quando constar de registros policiais o uso de outros no- a paciente condenado pelos delitos de furto e de resistência,
mes ou diferentes qualificações (inciso V); reconhecendo a aplicabilidade do princípio da insignificância
F) Quando o estado de conservação ou a distância tempo- somente em relação à conduta enquadrada no art. 155, caput,
ral ou da localidade da expedição do documento apresentado do CP (subtração de dois sacos de cimento de 50 kg, avaliados
impossibilitar a completa identificação dos caracteres essenciais em R$ 45). Asseverou-se, no entanto, ser impossível acolher o
(inciso VI). argumento de que a referida declaração de atipicidade teria o
Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do per- condão de descaracterizar a legalidade da ordem de prisão em
fil genético deverão ser armazenados em banco de dados de flagrante, ato a cuja execução o apenado se opôs de forma vio-
perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia cri- lenta.
minal (art. 5º-A, acrescido pela Lei nº 12.654/2012). Tais bancos Segundo o Min. Relator, no momento em que toma conhe-
de dados devem ter caráter sigiloso, respondendo civil, penal e cimento de um delito, surge para a autoridade policial o dever
administrativamente aquele que permitir ou promover sua utili- legal de agir e efetuar o ato prisional. O juízo acerca da inci-
zação para fins diversos do previsto na lei ou em decisão judicial. dência do princípio da insignificância é realizado apenas em
momento posterior pelo Poder Judiciário, de acordo com as

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
circunstâncias atinentes ao caso concreto. Logo, configurada Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministério
a conduta típica descrita no art. 329 do CP, não há de se falar Público
em consequente absolvição nesse ponto, mormente pelo fato de
que ambos os delitos imputados ao paciente são autônomos e Recebido o inquérito policial, tem o agente do Ministério
tutelam bens jurídicos diversos. HC 154.949-MG, Rel. Min. Felix Público as seguintes opções:
Fischer, julgado em 3/8/2010. A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça
é o titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos elementos
Indiciamento colhidos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial
O ato de “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma in- desta ação por intermédio da denúncia;
fração penal. Trata-se de ato privativo do delegado policial. B) Requerimento de diligências. Somente quando forem in-
dispensáveis;
Condução Coercitiva no Inquérito Policial C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investi-
A condução coercitiva é o meio pelo qual determinada pes- gado não constitui qualquer infração penal, ou, ainda que cons-
soa é levada à presença de autoridade policial ou judiciária. É titua, encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o
comando impositivo, que independente da voluntariedade da processo se desenvolva por atenção ao “Princípio da Insignifi-
cância”, por exemplo, o agente ministerial pode solicitar o arqui-
pessoa, admitindo-se o uso de algemas nos limites da Súmula 11
vamento do inquérito à autoridade judicial;
do Supremo Tribunal Federal.
D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua
competência, o membro do MP suscita a questão, para que a
Incomunicabilidade do indiciado preso
autoridade judicial remeta os autos à justiça competente;
De acordo com o art. 21, do Código de Processo Penal, seria E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. Con-
possível manter o indiciado preso pelo prazo de três dias, quan- forme o art. 114, do Código de Processo Penal, o “conflito de
do conveniente à investigação ou quando houvesse interesse da competência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais ór-
sociedade gãos jurisdicionais. Já o “conflito de atribuições” é aquele que se
O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser o estabelece entre órgãos do Ministério Público.
Código de Processo Penal da década de 1940, não foi o mesmo
recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Logo, preva- Arquivamento do inquérito policial
lece de forma maciça, atualmente, que este art. 21, CPP está No arquivamento, uma vez esgotadas todas as diligências
tacitamente revogado. cabíveis, percebendo o órgão do Ministério Público que não há
Prazo para conclusão do inquérito policial indícios suficientes de autoria e/ou prova da materialidade de-
De acordo com o Código de Processo Penal, em se tratando litiva, ou, em outras palavras, em sendo caso de futura rejeição
de indiciado preso, o prazo é de dez dias improrrogáveis para da denúncia (art. 395 do CPP) ou de absolvição sumária (397
conclusão. Já em se tratando de indiciado solto, tem-se trinta do CPP), deverá ser formulado ao juiz pedido de arquivamento
dias para conclusão, admitida prorrogações a fim de se realizar do inquérito policial. Quem determina o arquivamento é o juiz
ulteriores e necessárias diligências. por meio de despacho. O arquivamento transmite uma ideia de
Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze “encerramento” do IP.
dias para acusado preso, admitida duplicação deste prazo (art. Assim, quem determina o arquivamento do inquérito é a au-
66, da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de toridade judicial, após solicitação efetuada pelo membro do Mi-
trinta dias admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral. nistério Público. Disso infere-se que, nem a autoridade policial,
Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é de nem o membro do Ministério Público, nem a autoridade judicial,
trinta dias para acusado preso, e de noventa dias para acusado podem promover o arquivamento de ofício. Ademais, em caso
solto. Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo. de ação penal privada, o juiz pode promover o arquivamento
Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Eco- caso assim requeira o ofendido.
nomia Popular”), o prazo, esteja o acusado solto ou preso, será
Desarquivamento
sempre de dez dias.
Quem pode desarquivar o Inquérito Policial é do Ministério
E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo
Público, quando surgem fatos novos. Assim, deve a autoridade
processual, isto é, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do
policial representar neste sentido, mostrando-lhe que existem
vencimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de
fatos novos que podem dar ensejo a nova investigação. Vejamos
Processo Penal. o mencionada na Súmula 524do STF:
“Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a re-
Conclusão do inquérito policial querimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser
De acordo com o art. 10, §1º, CPP, o inquérito policial é con- iniciada, sem novas provas”.
cluído com a confecção de um relatório pela autoridade policial,
no qual se deve relatar, minuciosamente, e em caráter essen- Trancamento do inquérito policial
cialmente descritivo, o resultado das investigações. Em seguida, Trata-se de medida de natureza excepcional, somente sen-
deve o mesmo ser enviado à autoridade judicial. do possível nas hipóteses de atipicidade da conduta, de causa
Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no rela- extintiva da punibilidade, e de ausência de elementos indiciários
tório, em regra, com exceção da Lei nº 11.343/06 (“Lei de Dro- relativos à autoria e materialidade. Ou seja, é cabível quando
gas”), em cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de a investigação é absolutamente infundada, abusiva, não indica
valor quanto à tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de o menor indício de prova da autoria ou da materialidade. Aqui
drogas. a situação é de paralisação do inquérito policial, determinada
Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável, através de acórdão proferido no julgamento de habeas corpus
logo, a sua falta não tornará inquérito inválido. que impede o prosseguimento do IP.

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Investigação pelo Ministério Público § 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre
Apesar do atual grau de pacificação acerca do tema, no sen- que possível:
tido de que o Ministério Público pode, sim, investigar - o que se a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
confirmou com a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi-
nº 37/2011, que acrescia um décimo parágrafo ao art. 144 da cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor
Constituição Federal no sentido de que a apuração de infrações da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
penais caberia apenas aos órgãos policiais -, há se disponibilizar c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua pro-
argumentos favoráveis e contrários a tal prática: fissão e residência.
A) Argumentos favoráveis. Um argumento favorável à possi- § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura
bilidade de investigar atribuída ao Ministério Público é a chama- de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
da “Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da Suprema Corte § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
Norte-americana, segundo a qual “quem pode o mais, pode o existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
menos”, isto é, se ao Ministério Público compete o oferecimento verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
da ação penal (que é o “mais”), também a ele compete buscar os esta, verificada a procedência das informações, mandará instau-
rar inquérito.
indícios de autoria e materialidade para essa oferta de denúncia
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
pela via do inquérito policial (que é o “menos”). Ademais, o pro-
de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
cedimento investigatório utilizado pela autoridade policial seria
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial so-
o mesmo, apenas tendo uma autoridade presidente diferente,
mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem te-
no caso, o agente ministerial. Por fim, como último argumento, nha qualidade para intentá-la.
tem-se que a bem do direito estatal de perseguir o crime, atri- Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração
buir funções investigatórias ao Ministério Público é mais uma penal, a autoridade policial deverá:
arma na busca deste intento; I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alte-
B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro argumento rem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peri-
desfavorável à possibilidade investigatória do Ministério Públi- tos criminais;
co, tem-se que tal função atenta contra o sistema acusatório. II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
Ademais, fala-se em desequilíbrio entre acusação e defesa, já após liberados pelos peritos criminais;
que terá o membro do MP todo o aparato estatal para conseguir III - colher todas as provas que servirem para o esclareci-
a condenação de um acusado, restando a este, em contraparti- mento do fato e suas circunstâncias;
da, apenas a defesa por seu advogado caso não tenha condições IV - ouvir o ofendido;
financeiras de conduzir uma investigação particular. Também, V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
fala-se que o Ministério Público já tem poder de requisitar di- do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
ligências e instauração de inquérito policial, de maneira que a respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te-
atribuição para presidi-lo seria “querer demais”. Por fim, ale- nham ouvido a leitura;
ga-se que as funções investigativas são uma exclusividade da VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca-
polícia judiciária, e que não há previsão legal nem instrumentos reações;
para realização da investigação Ministério Público. VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de cor-
po de delito e a quaisquer outras perícias;
Controle externo da atividade policial VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da-
O controle externo da atividade policial é aquele realizado tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de an-
pelo Ministério Público no exercício de sua atividade fiscaliza- tecedentes;
tória em prol da sociedade (art. 127 e 129, II, da Constituição IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
Federal de 1988) e em virtude de mandamento constitucional vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
expresso (art. 129, VII, da Constituição Federal de 1988).
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a aprecia-
ção do seu temperamento e caráter.
Vejamos o que estabelece a norma processual em relação
X - colher informações sobre a existência de filhos, respecti-
ao Inquérito Policial nos termos do Código de Processo Penal.
vas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
TÍTULO II pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
DO INQUÉRITO POLICIAL Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá contrarie a moralidade ou a ordem pública.
por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o dis-
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não posto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só
cometida a mesma função. processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso,
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será rubricadas pela autoridade.
iniciado: Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se
I - de ofício; o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso pre-
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi- ventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias,
qualidade para representá-lo. quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido como sinais, informações e outros – que permitam a localização
apurado e enviará autos ao juiz competente. da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata co-
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas municação ao juiz.
que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde pos- Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indicia-
sam ser encontradas. do poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado não, a juízo da autoridade.
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às insti-
dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no tuições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem
prazo marcado pelo juiz. como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal pra-
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou ticados no exercício profissional, de forma consumada ou ten-
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. tada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações neces- poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
sárias à instrução e julgamento dos processos; § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o inves-
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi- tigado deverá ser citado da instauração do procedimento inves-
nistério Público; tigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (qua-
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autori- renta e oito) horas a contar do recebimento da citação. (Incluído
dades judiciárias; pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - representar acerca da prisão preventiva. § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com au-
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, sência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade
no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que
dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei nº 8.069, estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá defensor para a representação do investigado. (Incluído pela Lei
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas nº 13.964, de 2019)
da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: § 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos
I - o nome da autoridade requisitante; servidores militares vinculados às instituições dispostas no art.
II - o número do inquérito policial; e 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsá- digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
vel pela investigação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos cri- Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
mes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério pela autoridade policial.
Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de te- Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolu-
lecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediata- ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligên-
mente os meios técnicos adequados – como sinais, informações cias, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar
do delito em curso.(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) autos de inquérito.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posiciona- Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
mento da estação de cobertura, setorização e intensidade de pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia,
radiofrequência. a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: outras provas tiver notícia.
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, con- do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguar-
forme disposto em lei; darão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces-
uma única vez, por igual período; sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe
será necessária a apresentação de ordem judicial. forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito con-
deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) tra os requerentes.
horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sem-
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 pre de despacho nos autos e somente será permitida quando o
(doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exi-
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que gir.
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados –

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada
três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. (Incluí-
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério do pela Lei nº 13.964, de 2019)
Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo  
89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei Exame de Corpo de Delito e Perícias em Geral.
n. 4.215, de 27 de abril de 1963) O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal,
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver sobre cuja análise é realizada a perícia criminal a fim de deter-
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício minar fatores como autoria, temporalidade, extensão de danos,
em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, etc., através do exame de corpo de delito.
ordenar diligências em circunscrição de outra, independente- Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não
mente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, transeunte”), o exame de corpo de delito se torna indispensá-
até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer vel, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar,
fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. contudo, que não sendo possível o exame de corpo de delito,
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal po-
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Iden- derá suprir-lhe a falta (art. 167, CPP).
tificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o Muitos confundem o “corpo de delito” com o “exame de
juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infra- corpo de delito”. Explico. Dá-se o nome de “corpo de delito” ao
ção penal e à pessoa do indiciado. local do crime com todos os vestígios materiais deixados pela
infração penal. Trata-se dos elementos corpóreos sensíveis aos
sentidos humanos, ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc.
Contudo, “corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM vida, mas a tudo que possa estar envolvido com o delito, como
GERAL: ARTIGOS 155 A 184 GERAL: ARTIGOS 155 A 184 um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma janela que-
brada, uma porta arrombada etc. Em outras palavras, “corpo de
TÍTULO VII delito” é o local do crime com todos os seus vestígios; “exame
DA PROVA de corpo de delito” é o laudo técnico que os peritos fazem nesse
determinado local, analisando-se todos os referidos vestígios.
CAPÍTULO I Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova es-
DISPOSIÇÕES GERAIS pécie, fica claro que a confissão do acusado, antes considerada
a “rainha das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação vista uma ampla gama de vícios que podem maculá-la, como a
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fun- coação e a assunção de culpa meramente para livrar alguém de
damentar sua decisão exclusivamente nos elementos informati- um processo-crime.
vos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,  
não repetíveis e antecipadas.  Corpo de delito direto e indireto.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas se- a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados
rão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.  pelo fato criminoso. São os elementos materiais, perceptíveis
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sen- pelos nossos sentidos, resultante da infração penal. Esses ele-
do, porém, facultado ao juiz de ofício:  mentos sensíveis, objetivos, devem ser objetos de prova, obtida
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produ- pelos meios que o direito fornece. Os técnicos dirão da sua na-
ção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, tureza, estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão, pelo
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da qual se incrimina o acusado. O corpo de delito deve realizar-se o
medida;  mais rapidamente possível, logo que se tenha conhecimento da
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir existência do fato.
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre O perito dará atenção a todos os elementos, que se vincu-
ponto relevante.  lem ao fato principal, sobretudo o que possa influir na aplicação
  da pena.
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em vio-
lação a normas constitucionais ou legais.  b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilíci- torna impossível, admite-se a prova testemunhal, por haverem
tas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre desaparecido os elementos materiais. Essa substituição do exa-
umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por me objetivo pela prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois
uma fonte independente das primeiras.  não há corpo, embora haja o delito. Cabe ressaltar que o exame
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, indireto somente deve ser realizado caso não seja possível à rea-
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação lização do exame direto.
ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito
prova.  poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova de-  
clarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial,
facultado às partes acompanhar o incidente.
§ 4° (VETADO)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Perícia Criminal seja, a diferença entre testemunha e perito é que a primeira é
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica previs- solicitada porque já tem conhecimento do fato e o segundo para
ta no Código de Processo Penal, indispensável para elucidação que conheça e explique os fundamentos da questão discutida,
de crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada por por meio de uma análise técnica científica.
meio da ciência forense, responsável por auxiliar na produção A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas
do exame pericial e na interpretação correta de vestígios. Os causas criminais, dois peritos. Em se tratando de peritos não ofi-
peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das re- ciais, assinarão estes um termo de compromisso cuja aceitação
quisições de perícias provenientes de delegados, procuradores e é obrigatória com um “compromisso formal de bem e fielmente
juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais. A pe- desempenharem a sua missão, declarando como verdadeiro o
rícia criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes ciências que encontrarem e descobrirem e o que em suas consciências
forenses: química, biologia, geologia, engenharia, física, medici- entenderam”. 
na, toxicologia, odontologia, documentoscopia, entre outras, as Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias para ela-
quais estão em constante evolução. boração do laudo pericial, podendo este prazo ser prorrogado,
A perícia requisitada pela Autoridade Policial, Ministério em casos excepcionais, a requerimento dos peritos, conforme
Público e Judiciário, é a base decisória que direciona a inves- dispõe o parágrafo único do artigo 160 do Código de Processo
tigação policial e o processo criminal. Como já mencionado, a Penal. Apenas em casos de suspeição comprovada ou de impedi-
prova pericial é indispensável nos crimes que deixam vestígio, mento previsto em lei é que se eximem os peritos da aceitação. 
não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso confes-
sa a prática do delito. A perícia é uma modalidade de prova que Atividades Desenvolvidas
requer conhecimentos especializados para a sua produção, rela- As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande
tivamente à pessoa física, viva ou morta, implicando na aprecia- complexidade e de natureza especializada, tendo por objeto
ção, interpretação e descrição escrita de fatos ou de circunstân- executar com exclusividade os exames de corpo de delito e to-
cias, de presumível ou de evidente interesse judiciário. das as perícias criminais necessárias à instrução processual pe-
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a in- nal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor,
fração penal, devidamente estudados por profissionais especia- exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes
lizados, permite provar a ocorrência de um crime, determinan- de Trânsito, Auditoria Forense, Balística Forense, Documen-
do de que forma este ocorreu e, quando possível e necessário, toscopia, Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Foren-
identificando todas as partes envolvidas, tais como a vítima, o se, Identificação Veicular, Informática, Local de Crime Contra
criminoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter re- a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio Ambiente,
lação com o crime, assim como o meio pelo qual se perpetrou o Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função mais relevan-
crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utili- te do Perito Criminal é a busca da verdade material com base
zada no delito. Apesar de o laudo pericial não ser a única prova, exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar
e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na prática, a ou suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Des-
prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se ventrar todos os aspectos inerentes aos elementos investigados,
dá pela imparcialidade e objetividade da prova técnico-científi- do ponto exclusivamente técnico.
ca enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma Responsabilidades Civil e Penal do Perito
série de erros, desde a simples falta de capacidade da pessoa em Aos peritos oficiais ou inoficiais são exigidas obrigações de
relatar determinado fato, até o emprego de má-fé, onde exista a ordem legal e a ilicitude de suas atividades caracteriza-se como
intenção de distorcer os fatos. violação a um dever jurídico, algumas delas com possíveis re-
percussões a danos causados a terceiros. Em tese, pode-se di-
Perito  zer que os peritos na área civil são considerados auxiliares da
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo o que justiça, enquanto na perícia criminal são os servidores públicos.
prevê o Código de Processo Penal em seu artigo 159, vejamos: Quanto ao fiel cumprimento do dever de ofício, os primeiros
“O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados prestam compromissos a cada vez que são designados pelo juiz
por perito oficial, portador de diploma de curso superior”. Na e, os segundos, o compromisso está implícito com a posse no
falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas cargo público, a não ser nos casos dos chamados peritos nomea-
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencial- dos ad hoc.
mente na área especifica, dentre as que tiveram habilitação téc-
nica relacionada com a natureza do exame. Estes prestarão o Laudo pericial. 
compromisso de e finalmente desempenhar o cargo. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, dias, podendo este prazo ser prorrogado em casos excepcionais
quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos para esclarecerem a a requerimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descre-
prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intima- verão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos
ção e os quesitos ou questões a serem esclarecidos sejam enca- eventuais quesitos formulados. Tratando-se de perícia comple-
minhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo xa, isto é, aquela que abranja mais de uma área de conhecimen-
apresentar as respostas em laudo complementar.  to especializado, será possível designar a atuação de mais de um
A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do processo perito oficial, bem como à parte será facultada a indicação de
ou mesmo após a sentença, em situações especiais. Sua função mais de um assistente técnico;
não termina com a reprodução de sua análise, mas se continua  
além dessa apreciação, por meio do juízo de valor sobre os fa-
tos, o que se torna o diferencial da função de testemunha. Ou

7
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Autópsia.  dúvida (inciso II); a autoridade, quando necessário, requisitará,
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis horas após para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou es-
o óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, tabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí
julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que deverão não puderem ser retirados (inciso III); quando não houver es-
declarar no auto (art. 162, caput, CPP). No caso de morte vio- critos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a
lenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado,
houver infração penal que apurar ou quando as lesões externas valendo lembrar que, se estiver ausente a pessoa, mas em lugar
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em
de exame interno para a verificação de alguma circunstância re- que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a es-
levante (art. 162, parágrafo único, CPP); crever (inciso IV);
  Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao laudo,
Exumação de cadáver.  podendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 182, CPP).
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade providen-  
ciará que, em dia e hora previamente marcados, se realize a dili- CAPÍTULO II
gência, da qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE
CPP). Neste caso, o administrador do cemitério público/parti- CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL
cular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.964, DE 2019)
Agora, havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado,  
se procederá ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispen-
e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de tes- sável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não poden-
temunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identida- do supri-lo a confissão do acusado.
de, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indi- Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame
cações (art. 166, CPP); de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluí-
  do pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído
Fotografia dos cadáveres. 
pela Lei nº 13.721, de 2018)
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa
forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as
com deficiência. (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018) 
lesões externas e vestígios deixados no local do crime (art. 164,
CPP). Para representar as lesões encontradas no cadáver, os pe-
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de
ritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas foto-
todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a
gráficas, esquemas ou desenhos, todos devidamente rubricados
história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas
(art. 165, CPP);
de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
 
reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Crimes cometidos com destruição/rompimento de obstácu- 2019)
lo à subtração da coisa.  § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos
obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os pe- quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei
ritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instru- nº 13.964, de 2019)
mentos, por quais meios e em que época presumem ter sido o § 2º O agente público que reconhecer um elemento como de
fato praticado (art. 171, CPP); potencial interesse para a produção da prova pericial fica res-
  ponsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Material guardado em laboratório para nova perícia.  2019)
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou la-
suficiente para a eventualidade de nova perícia. Ademais, sem- tente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração pe-
pre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas nal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
fotográficas, provas microfotográficas, desenhos ou esquemas
(art. 170, CPP); Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamen-
to do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964,
Incêndio. de 2019)
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para potencial interesse para a produção da prova pericial; (Incluído
a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu pela Lei nº 13.964, de 2019)
valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coi-
do fato (art. 173, CPP); sas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e
relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº
Exame para reconhecimento de escritos. 13.964, de 2019)
Deve-se observar, de acordo com o art. 174, da Lei Adjetiva, III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se
o seguinte: a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o es- encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posi-
crito será intimada para o ato (se for encontrada) (inciso I); para ção na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias,
a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no lau-
pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconheci- do pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento;
dos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar
à análise pericial, respeitando suas características e natureza; suas características, impedir contaminação e vazamento, ter
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) grau de resistência adequado e espaço para registro de informa-
ções sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai
vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acor- proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada.
do com suas características físicas, químicas e biológicas, para (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar
realizou a coleta e o acondicionamento; (Incluído pela Lei nº na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula
13.964, de 2019) do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as infor-
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para mações referentes ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº
o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veícu- 13.964, de 2019)
los, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manuten- § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior
ção de suas características originais, bem como o controle de do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter
vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informa- uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestí-
ções referentes ao número de procedimento e unidade de polícia gios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão cen-
judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transpor- tral de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº
tou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo 13.964, de 2019)
do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o re-
cebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de
vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas carac- materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação
terísticas biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resul- e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e
tado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido apresentar condições ambientais que não interfiram nas carac-
por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) terísticas do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio
condições adequadas, do material a ser processado, guardado deverão ser protocoladas, consignando-se informações sobre a
para realização de contraperícia, descartado ou transportado, ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela
com vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído Lei nº 13.964, de 2019)
pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio ar-
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, mazenado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a
respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, to-
das as ações deverão ser registradas, consignando-se a identi-
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada pre- ficação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e
ferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento horário da ação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
necessário para a central de custódia, mesmo quando for neces-
sária a realização de exames complementares. (Incluído pela Lei Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá
nº 13.964, de 2019) ser devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
processo devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua es-
órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável paço ou condições de armazenar determinado material, deverá
por detalhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de
13.964, de 2019) depósito do referido material em local diverso, mediante reque-
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a rimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza
remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da li- criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
beração por parte do perito responsável, sendo tipificada como
fraude processual a sua realização.  (Incluído pela Lei nº 13.964, Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias se-
de 2019) rão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso
superior. 
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
será determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
nº 13.964, de 2019) preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem ha-
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, bilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabi- § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem
lidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído e fielmente desempenhar o encargo. 
pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formula-
ção de quesitos e indicação de assistente técnico. 

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão  Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de
pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.  Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela in-
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às par- quirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento
tes, quanto à perícia:  e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova sinais e indicações.
ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de inti- Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e au-
mação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam en- tenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis
caminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo para a identificação do cadáver.
apresentar as respostas em laudo complementar;   
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pa- Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por
receres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em au- haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
diência.  suprir-lhe a falta.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probató-  
rio que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame
do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame comple-
de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for im- mentar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de
possível a sua conservação.  ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de do acusado, ou de seu defensor.
uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a § 1o No exame complementar, os peritos terão presente o
atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou re-
um assistente técnico.  tificá-lo.
  § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do deli-
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde des- to no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que
creverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
quesitos formulados.  § 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo prova testemunhal.
máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em ca-  
sos excepcionais, a requerimento dos peritos.  Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido
  praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos
qualquer dia e a qualquer hora. peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, dese-
  nhos ou esquemas elucidativos. 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alte-
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, rações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conse-
julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que decla- quências dessas alterações na dinâmica dos fatos. 
rarão no auto.  
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
simples exame externo do cadáver, quando não houver infração material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sem-
penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem pre- pre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas foto-
cisar a causa da morte e não houver necessidade de exame inter- gráficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
no para a verificação de alguma circunstância relevante.  
  Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompi-
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a mento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escala-
autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente da, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circuns- instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido
tanciado. o fato praticado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou  
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobe- Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de
diência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepul- coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do
tura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a crime.
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos
que tudo constará do auto. procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos
  autos e dos que resultarem de diligências.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posi-  
ção em que forem encontrados, bem como, na medida do pos- Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa
sível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver re-
crime.  sultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do
  dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, à elucidação do fato.
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas  
fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-
comparação de letra, observar-se-á o seguinte: -lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito  
será intimada para o ato, se for encontrada; Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, obser-
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documen- var-se-á o disposto no art. 19.
tos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmen-  
te reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz
não houver dúvida; ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes,
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabele-
cimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não
puderem ser retirados; DOS INDÍCIOS: ARTIGO 239
IV - quando não houver escritos para a comparação ou fo-
rem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pes-
soa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, Dos Indícios
mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por É todo e qualquer fato sinal, marca ou vestígio, conhecido e
precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será provado, que, possua relação necessária ou possível com outro
intimada a escrever. fato, que se desconhece, prova ou leva a presumir a existência
  deste último.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos emprega- O Art 239 do CPP define indício como: “a circunstância co-
dos para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natu- nhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por
reza e a eficiência. indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstân-
  cias”.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos  
até o ato da diligência. Quando falamos em “indícios” temos que ter cuidado para
  não confundir estes com os “vestígios”, posto que para os leigos
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos em criminalística e na linguagem destituída de características
far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação jurídicas, depreende-se que vestígios e indícios praticamente se
privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo constituem em sinônimos.
juiz deprecante. Para Aurélio Buarque de Holanda Pereira, em seu novo Di-
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão cionário da Língua Portuguesa, vestígio é: “Sinal que homem ou
transcritos na precatória. animal deixa com os pés no lugar por onde passa; rastro, rasto,
  pegada, pista; no sentido figurado, indício, sinal, pista, rastro,
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela rasto”.
autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o Entretanto, sob o enfoque criminalístico e também proces-
laudo assinado pelos peritos. sualístico, há que se ter em mente a perfeita delimitação e dife-
renciação entre cada um dos vocábulos. Assim, qualquer marca,
  fato, sinal, que seja detectado em local onde haja sido praticado
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o um fato delituoso é, em princípio, um vestígio.
auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente Se tal vestígio, após devidamente analisado, interpretado
ao exame, também pela autoridade. e associado com os minuciosos exames laboratoriais e dados
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o lau- da investigação policial do fato, enquadrando-se em toda a sua
do, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em moldura, tiver estabelecida a sua inequívoca relação com o fato
suas folhas por todos os peritos. delituoso e com as pessoas com este relacionadas, aí ele terá se
  transformado em indício.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão con-
signadas no auto do exame as declarações e respostas de um e Atesta-se, dessa forma, o que, com muita precisão, proprie-
de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a dade e singeleza distingue o eminente mestre Professor Gilberto
autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a Porto, em seu já referido Manual de Criminalística: “o vestígio
autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros encaminha; o indício aponta”.
peritos.  
  CAPÍTULO X
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no DOS INDÍCIOS
caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade  
judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou es- Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e
clarecer o laudo.  provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução,
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conve-
niente.
 

11
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL

DOS PERITOS E INTÉRPRETES: ARTIGOS 275 A 281 LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
(LEI COMPLEMENTAR N.º 207/79 E LEI COMPLEMEN-
TAR N.º 922/02)
Peritos e Intérpretes 
São os auxiliares do juízo, isto é, agentes que, embora não
servidores da justiça propriamente ditos, fornecem esclareci- LEI COMPLEMENTAR Nº 207, DE 05 DE JANEIRO DE 1979
mentos e conhecimentos específicos acerca de determinados (ATUALIZADA ATÉ A LEI COMPLEMENTAR N° 1.282, DE 18
temas quando consultados. DE JANEIRO DE 2016)
Os peritos e intérpretes, ainda quando não-oficiais, estão
sujeitos à disciplina judiciária, e as partes não intervirão em sua Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo
nomeação. Em contrapartida, o perito/intérprete não poderá se O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
furtar de seu ofício de forma injustificável, sob pena de multa, e, Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu pro-
se for o caso, condução coercitiva (também incorrerão em multa mulgo a seguinte lei complementar:
se deixarem de atender à intimação ou a chamado de autorida-
de, se não comparecerem no dia e local designados para o exa- TÍTULO I
me, ou se não derem o laudo ou concorrerem para que a perícia DA POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
não seja feita nos prazos estabelecidos).
Ademais, de acordo com o art. 279, do Código de Processo, Artigo 1.º - A Secretaria de Estado dos Negócios da Segu-
não poderão ser peritos os que estiverem sujeitos à interdição rança Pública responsável pela manutenção, em todo o Estado,
de direito mencionada no art. 47, I (proibição de exercício de da ordem e da segurança pública internas, executará o serviço
cargo, função ou atividade pública) e II (proibição do exercício policial por intermédio dos órgãos policiais que a integram.
de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação Parágrafo único - Abrange o serviço policial a prevenção e
especial, de licença ou autorização do poder público), do Código investigação criminais, o policiamento ostensivo, o trânsito e a
Penal (inciso I); os que tiverem prestado depoimento no proces- proteção em casos de calamidade pública, incêndio e salvamen-
so ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia (inciso to.
II); bem como os analfabetos e menores de vinte e um anos (in- Artigo 2.º - São órgãos policiais, subordinados hierárquica,
ciso III). administrativa e funcionalmente ao Secretário da Segurança Pú-
Por fim, há se lembrar que é extensivo aos peritos e intér- blica:
pretes, no que lhes for aplicável, o disposto sobre suspeição de
I - Polícia Civil;
juízes (art. 280, CPP).
II - Polícia Militar.
 
§ 1.º - Integrarão também a Secretaria da Segurança Pública
CAPÍTULO VI
os órgãos de assessoramento do Secretário da Segurança, que
DOS PERITOS E INTÉRPRETES
constituem a administração superior da Pasta.
 
§ 2.º - A organização, estrutura, atribuições e competência
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à
pormenorizada dos órgãos de que trata este artigo serão esta-
disciplina judiciária.
belecidos por decreto, nos termos desta lei e da legislação fede-
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
ral pertinente.
 
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a Artigo 3.º - São atribuições básicas:
aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil- I - Da Polícia Civil - o exercício da Polícia Judiciária, adminis-
-réis, salvo escusa atendível. trativa e preventiva especializada;
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, II - Da Polícia Militar - o planejamento, a coordenação e a
sem justa causa, provada imediatamente: execução do policiamento ostensivo, fardado e a prevenção e
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; extinção de incêndios.
b) não comparecer no dia e local designados para o exame; Artigo 4.º - Para efeito de entrosamento dos órgãos policiais
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja contará a administração superior com mecanismos de planeja-
feita, nos prazos estabelecidos. mento, coordenação e controle, pelos quais se assegurem, tan-
  to a eficiência, quanto a complementaridade das ações, quando
Art. 278. No caso de não comparecimento do perito, sem necessárias a consecução dos objetivos policiais.
justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução. Artigo 5.º - Os direitos, deveres, vantagens e regime de tra-
  balho dos policiais civis e militares, bem como as condições de
Art. 279. Não poderão ser peritos: ingresso as classes, séries de classes, carreiras ou quadros são
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencio- estabelecidos em estatutos.
nada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal; Artigo 6.º - É vedada, salvo com autorização expressa do Go-
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opi- vernador em cada caso, a utilização de integrantes dos órgãos
nado anteriormente sobre o objeto da perícia; policiais em funções estranhas ao serviço policial, sob pena de
III - os analfabetos e os menores de 21 anos. responsabilidade da autoridade que o permitir.
  Parágrafo único - É considerado serviço policial, para to-
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o dos os efeitos inclusive arregimentação, o exercido em cargo,
disposto sobre suspeição dos juízes. ou funções de natureza policial, inclusive os de ensino a esta
  legados.
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equipa-
rados aos peritos.

12
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Artigo 7.º - As funções administrativas e outras de nature- III - na Tabela III (SQC-III)
za não policial serão exercidas por funcionário ou por servidor, a) os das séries de classe de:
admitido nos termos da legislação vigente não pertencente às 1. Delegado de Polícia;
classes, séries de classes, carreiras e quadros policiais. 2. Escrivão de Polícia;
Parágrafo único - Vetado. 3. Investigador de Polícia;
Artigo 8.º - As guardas municipais, guardas noturnas e os b) os das seguintes classes:
serviços de segurança e vigilância, autorizados por lei, ficam su- 1. Perito Criminal;
jeitos à orientação, condução e fiscalização da Secretaria da Se- 2. Técnico em Telecomunicações Policial;
gurança Pública, na forma de regulamentada específica. 3. Operador de Telecomunicações Policial;
4. Fotógrafo (Técnica Policial);
TÍTULO II 5. Inspetor de Diversões Públicas;
DA POLÍCIA CIVIL 6. Auxiliar de Necrópsia;
7. Pesquisador Dactiloscópico Policial;
CAPÍTULO I 8. Carcereiro;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 9. Dactiloscopista Policial;
10. Agente Policial; (NR)
Artigo 9.º - Esta lei complementar estabelece as normas, os - Item 10 com redação dada pela Lei Complementar n.º 456,
direitos, os deveres e as vantagens dos titulares de cargos poli- de 12/5/1986.
ciais civis do Estado. 11. Atendente de Necrotério Policial.
Artigo 10. - Consideram-se para os fins desta lei comple- § 1.º - Vetado.
mentar: § 2.º - O provimento dos cargos de que trata o inciso II deste
I - classe: conjunto de cargos públicos de natureza policial artigo far-se-á por transposição, na forma prevista no artigo 27
da mesma denominação e amplitude de vencimentos; da Lei Complementar n.º 180, de 12 de maio de 1978.
II - série de classes: conjunto de classes da mesma natureza § 3.º - Vetado.
de trabalho policial, hierarquicamente escalonadas de acordo
com o grau de complexidade das atribuições e nível de respon- CAPÍTULO II
sabilidade; VETADO
III - carreira policial: conjunto de cargos de natureza policial
civil, de provimento efetivo. Artigo 13 - Vetado.
Artigo 11 - São classes policiais civis aquelas constantes do Artigo 14 - Vetado:
anexo que faz parte integrante desta lei complementar. I - vetado;
Artigo 12 - As classes e as séries de classes policiais civis in- II - vetado;
tegram o Quadro da Secretaria da Segurança Pública na seguinte III - vetado;
conformidade: IV - vetado;
I - na Tabela I (SQC-I): V - vetado.
a) Delegado Geral de Polícia; § 1.º - vetado.
b) Diretor Geral de Polícia (Departamento Policial); § 2.º - vetado.
c) Assistente Técnico de Polícia; § 3.º - Vetado.
d) Delegado Regional de Polícia;
e) Diretor de Divisão Policial;
f) Vetado; CAPÍTULO III
g) Vetado; DO PROVIMENTO DE CARGOS
h) Assistente de Planejamento e Controle Policial;
i) Vetado; SEÇÃO I
j) Delegado de Polícia Substituto; DAS EXIGÊNCIAS PARA PROVIMENTO
l) Escrivão de Polícia Chefe II;
m) Investigador de Polícia Chefe II; Artigo 15 - No provimento dos cargos policiais civis, serão
n) Escrivão de Polícia Chefe I; exigidos os seguintes requisitos:
o) Investigador de Polícia Chefe I; I - Para o de Delegado Geral de Polícia, ser ocupante do car-
II - na Tabela II (SQC-II): go de Delegado de Polícia de Classe Especial (vetado);
a) Chefe de Seção (Telecomunicação Policial); II - Para os de Diretor Geral de Polícia, Assistente Técnico de
b) Encarregado de Setor (Telecomunicação Policial); Polícia e Delegado Regional de Polícia, ser ocupante do cargo de
c) Chefe de Seção (Pesquisador Dactiloscópico Policial); Delegado de Polícia de Classe Especial;
d) Encarregado de Setor (Pesquisador Dactiloscópico Policial) III - vetado;
e) Encarregado de Setor (Carceragem); IV - vetado;
f) Chefe de Seção (Dactiloscopista Policial); V - para os de Diretor de Divisão Policial: ser ocupante, no
g) Encarregado de Setor (Dactiloscopista Policial); mínimo. do cargo de Delegado de Polícia de 1.ª Classe;
VI - para os de Assistente de Planejamento e Controle Poli-
h) Perito Criminal Chefe; (NR) cial: ser ocupante, no mínimo, de cargo de Delegado de Polícia
i) Perito Criminal Encarregado. (NR) de 2.ª Classe;
- Alíneas “h” e “i” acrescentadas pela Lei Complementar n°
247, de 06/04/1981.

13
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
VII - para os de Escrivão de Polícia Chefe II: ser ocupante do II - ter no mínimo 18 (dezoito) anos, e no máximo 45 (qua-
cargo de Escrivão de Polícia III; renta e cinco) anos incompletos, à data do encerramento das
VIII - para os de Investigador de Polícia Chefe II: ser ocupan- inscrições;
te do cargo de Investigador de Polícia III; III - não registrar antecedentes criminais;
IX - para os de Escrivão de Polícia Chefe I: ser ocupante do IV - estar em gozo dos direitos políticos;
cargo de Escrivão de Polícia III ou II; V - estar quite com o serviço militar;
X - para os de Investigador de Polícia Chefe I: ser ocupante VI - Revogado.
do cargo de Investigador de Polícia III ou II; - Inciso VI revogado pela Lei Complementar n° 538, de
XI - para os de Delegado de Polícia de 5.ª Classe; ser porta- 26/05/1988.
dor de Diploma de Bacharel em Direito; Parágrafo único - Para efeito de inscrição, ficam dispensa-
XII - para os de Delegado de Polícia de Classe Especial e de dos do limite de idade, a que se refere o inciso II, os ocupantes
2.ª Classe: ser portador de certificado de curso específico minis- de cargos policiais civis. (NR)
trado pela Academia de Polícia de São Paulo; - Parágrafo único com redação dada pela Lei Complementar
n° 350, de 25/06/1984.
XII - Revogado. Artigo 19 - Observada a ordem de classificação pela média
- Inciso XII revogado pela Lei Complementar n° 238, de aritmética das notas obtidas nas provas escrita e oral (incisos I
27/06/1980. e II do artigo 16), os candidatos, em número equivalente ao de
XIII - para os de Escrivão de Polícia e Investigador dc Policia: cargos vagos, serão matriculados no curso de formação técnico-
ser portador de certificado de conclusão de curso de segundo -profissional específico. (NR)
grau. - Artigo 19 com redação dada pela Lei Complementar n°
268, de 25/11/1981.
XIV - para os de Agente Policial: ser portador de certificado Artigo 20 - Os candidatos a que se refere o artigo anterior
de conclusão de curso de segundo grau. (NR) serão admitidos, pelo Secretário da Segurança Pública, em ca-
- Inciso XIV com redação dada pela Lei Complementar n° ráter experimental e transitório para a formação técnico-pro-
858, de 02/09/1999. fissional.
- Parágrafo único acrescentado pela Lei Complementar n° § 1.º - A admissão de que trata este artigo far-se-á com re-
238, de 27/06/1980. tribuição equivalente a do vencimento e demais vantagens do
Parágrafo único - Revogado. cargo vago a que se candidatar o concursando.
- Parágrafo único revogado pela Lei Complementar n° 503, § 2.º - Sendo funcionário ou servidor, o candidato matri-
de 06/01/1987. culado ficara afastado do seu cargo ou função-atividade, até o
término do concurso junto à Academia de Polícia de São Paulo,
SEÇÃO II sem prejuízo do vencimento ou salário e demais vantagens, con-
DOS CONCURSOS PÚBLICOS tando-se-lhe o tempo de serviço para todos os efeitos legais.
§ 3.º - É facultado ao funcionário ou servidor, afastado nos
Artigo 16 - O provimento mediante nomeação para cargos termos do parágrafo anterior, optar pela retribuição prevista no
policiais civis, de caráter efetivo, será precedido de concurso pú- § 1.º.
blico, realizado em 3 (três) fases eliminatórias e sucessivas: (NR) Artigo 21 - O candidato terá sua matricula cancelada e será
I - a de prova escrita ou, quando se tratar de provimento de dispensado do curso de formação, nas hipóteses em que:
cargos em relação aos quais a lei exija formação de nível univer- I - não atinja o minimo de frequência estabelecida para o
sitário, de prova escrita e títulos; (NR) curso;
II - a de prova oral; (NR) II - não revele aproveitamento no curso;
III - a de freqüência e aproveitamento em curso de formação III - não tenha conduta irrepreensível na vida pública ou pri-
técnico-profissional na Academia de Polícia. (NR) vada.
- Artigo 16 com redação dada pela Lei Complementar n° Parágrafo único - Os critérios para a apuração das condições
268, de 25/11/1981. constantes dos incisos II e III serão fixados em regulamento.
Artigo 17 - Os concursos públicos terão validade máxima de Artigo 22 - Homologado o concurso pelo Secretário da Segu-
2 (dois) anos e reger-se-ão por instruções especiais que estabe- rança Pública, serão nomeados os candidatos aprovados, expe-
lecerão, em função da natureza do cargo: dindo-se lhes certificados dos quais constará a média final.
I - tipo e conteúdo das provas e as categorias dos títulos; Artigo 23 - A nomeação obedecerá a ordem de classificação
II - a forma de julgamento das provas e dos títulos; no concurso.
III - cursos de formação a que ficam sujeitos os candidatos
classificados; SEÇÃO III
IV - os critérios de habilitação e classificação final para fins DA POSSE
de nomeação;
V - as condições para provimento do cargo, referentes a: Artigo 24 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo
a) capacidade, física e mental; público polícia civil.
b) conduta na vida pública e privada e a forma de sua apu- Artigo 25 - São competentes para dar posse:
ração; I - O Secretário da Segurança Pública, ao Delegado Geral de
c) diplomas e certificados. Polícia;
Artigo 18 - São requisitos para a inscrição nos concursos: II - O Delegado Geral de Polícia, aos Delegados de Polícia;
I - ser brasileiro; III - O Diretor do Departamento de Administração da Polícia
Civil, nos demais casos.

14
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Artigo 26 - A autoridade que der posse deverá verificar, sob Parágrafo 2.º - Será tornada sem efeito a reversão “ex of-
pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições es- fício” e cassada a aposentadoria do policial civil que reverter e
tabelecidas em lei ou regulamento para a investidura no cargo não tomar posse ou não entrar em exercício injustificadamente,
policial civil. dentro do prazo legal.
Artigo 27 - A posse verificar-se-á mediante assinatura de Artigo 35 - A reversão far-se-á no mesmo cargo.
termo em livro próprio, assinado pelo empossado e pela auto-
ridade competente, após o policial civil prestar solenemente o CAPÍTULO IV
respectivo compromisso, cujo teor será definido pelo Secretário DA REMOÇÃO
da Segurança Pública.
Artigo 28 - A posse deverá verificar-se no prazo de 15 (quin- Artigo 36 - O Delegado de Polícia só poderá ser removido, de
ze) dias, contados da publicação do ato de provimento, no órgão um para o outro município (vetado):
oficial. I - a pedido;
§ 1.º - O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado II - por permuta;
por mais 15 (quinze) dias, a requerimento do interessado. III - com seu assentimento, após consulta.
§ 2.º - Se a posse não se der dentro do prazo será tornado IV - no interesse do serviço policial, com a aprovação de dois
sem efeito o ato de provimento. terça do Conselho da Polícia Civil (vetado).
Artigo 37 - A remoção dos integrantes das demais séries de
classe e cargos policiais civis, de uma para outra unidade poli-
Artigo 29 - A contagem do prazo a que se refere o artigo an- cial, será processada:
terior poderá ser suspensa até o máximo de 120 (cento e vinte) I - a pedido;
dias, a critério do órgão médico encarregado da inspeção res- II - por permuta;
pectiva, sempre que este estabelecer exigência para a expedição III - no interesse do serviço policial.
de certificado de sanidade. Artigo 38 - A remoção só poderá ser feita, respeitada a lota-
Parágrafo único - O prazo a que se refere este artigo reco- ção cada unidade policial.
meçara a fluir sempre que o candidato, sem motivo justificado, Artigo 39 - O policial civil não poderá, ser removido no inte-
deixar de cumprir as exigências do órgão médico. resse serviço, para município diverso do de sua sede de exercí-
cio, no período de 6 (seis meses antes e até 3 (três) meses após
SEÇÃO IV a data das eleições.
DO EXERCÍCIO Parágrafo único - Esta proibição vigorará no caso de eleições
federal estaduais ou municipais, isolada ou simultaneamente
Artigo 30 - O exercício terá início dentro de 15 (quinze) dias,
realizadas.
contados
Artigo 40 - É preferencial, na união de cônjuges, a sede de
I - da data da posse,
exercício do policial civil, quando este for cabeça do casal.
II - da data da publicação do ato no caso de remoção.
Parágrafo 1.º - Quando o acesso, remoção ou transposição
CAPÍTULO V
não importar mudança de município, deverá o policial civil en-
DO VENCIMENTO E OUTRAS VANTAGENS DE ORDEM PECU-
trar em exercício no prazo de 5 (cinco) dias.
NIÁRIA
Parágrafo 2.º - No interesse do serviço policial o Delegado
Geral de Polícia poderá determinar que os policiais civis assu-
SEÇÃO I
mam imediatamente o exercício do cargo.
Artigo 31 - Nenhum policial civil poderá ter exercício em DO VENCIMENTO
serviçou ou unidade diversa daquela para o qual foi designado,
salvo autorização do Delegado Geral de Polícia. Artigo 41 - Aos cargos policiais civis aplicam-se os valores
Artigo 32 - O Delegado de Polícia só poderá chefiar unida- dos grau das referências numéricas fixados na Tabela I da escala
de ou serviço de categoria correspondente à sua classe, ou, em de vencimentos do funcionalismo público civil do Estado.
caso excepcional, à classe imediatamente superior. - Vide Lei Complementar n° 219, de 10/07/1979.
Artigo 33 - Quando em exercício em unidade ou serviço de Artigo 42 - O enquadramento das classes na escala de venci-
categoria superior, nos termos deste artigo, terá o Delegado de mentos bem como a amplitude de vencimentos, e a velocidade
Polícia direito à percepção da diferença entre os vencimentos do evolutiva correspondente, cada classe policial, são estabeleci-
seu cargo e os do cargo de classe imediatamente superior. dos na conformidade do Anexo que faz parte Integrante desta
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo aplicam-se as dis- lei complementar.
posições do artigo 195 da Lei Complementar n. 180, de 12 de
maio de 1978. - Vide Lei Complementar n° 219, de 10/07/1979.
- Vide Lei Complementar nº 247, de 06/04/1981.
SEÇÃO V
DA REVERSÃO “EX OFFÍCIO”

Artigo 34 - Reversão “ex offício” é o ato pelo qual o apo-


sentado reingressa no serviço policial quando insubsistentes as
razões que determinaram a aposentadoria por invalidez.
Parágrafo 1.º - A reversão só poderá efetivar-se quando, em
inspeção médica, ficar comprovada à capacidade para o exercí-
cio do cargo.

15
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
SEÇÃO II SUBSEÇÃO III
DAS VANTAGENS DE ORDEM PECUNIÁRIA DA AJUDA DE CUSTO EM CASO DE REMOÇÃO

SUBSEÇÃO I Artigo 46 - Ao policial civil removido no interesse do serviço


DAS DISPOSIÇÕES GERAIS policial de um para outro município, será concedida ajuda de
custo correspondente a um mês de vencimento.
Artigo 43 - Além do valor do padrão do cargo e sem prejuízo § 1.º - A ajuda de custo será paga à vista da publicação do
das vantagens previstas na Lei n.º 10.261, de 28 de outubro de ato de remoção no Diário Oficial.
1978, e demais legislação pertinente, o policial civil fará jus as § 2.º - A ajuda de custo de que trata este decreto não será
seguintes vantagens pecuniárias. devida. quando a remoção se processar a pedido ou por permu-
I - gratificação por regime especial de trabalho policial; ta.
II - ajuda de custo, em caso de remoção.
SEÇÃO III
SUBSEÇÃO II DAS OUTRAS CONCESSÕES
DA GRATIFICAÇÃO PELO REGIME ESPECIAL DE TRABA-
LHO POLICIAL Artigo 47 - Ao policial civil licenciado para tratamento de
saúde, em razão de moléstia profissional ou lesão recebida em
Artigo 44 - O exercício dos cargos policiais civis dar-se-á, ne- serviço, será concedido transporte por conta do Estado para ins-
cessariamente, em Regime Especial de Trabalho Policial - RETP, tituição onde deva ser atendido.
o qual é caracterizado: (NR) Artigo 48 - A família do policial civil que falecer fora da sede
I - pela prestação de serviços em condições precárias de se- de exercício e dentro do território nacional no desempenho de
gurança, cumprimento de horário irregular, sujeito a plantões serviço, será concedido transporte para, no máximo, 3 (três)
noturnos e a chamadas a qualquer hora; (NR) pessoas do local de domicílio ao do óbito (ida e volta).
II - pela proibição do exercício de atividade remunerada, ex- Artigo 49 - O Secretário da Segurança Pública, por proposta
ceto aquelas: (NR) do Delegado Geral de Polícia, ouvido o Conselho da Polícia Civil,
a) relativas ao ensino e à difusão cultural; (NR) poderá conceder honrarias ou prêmios aos policiais autores de
b) decorrentes de convênio firmado entre Estado e municí- trabalhos de relevante interesse policial ou por atos de bravura,
pios ou com associações e entidades privadas para gestão asso- na forma em que for regulamentado.
ciada de serviços públicos, cuja execução possa ser atribuída à Artigo 50 - O policial civil que ficar inválido ou que vier a
Polícia Civil; (NR) falecer em conseqüência de lesões recebidas ou de doenças
III - pelo risco de o policial tornar-se vítima de crime no exer- contraídas em razão do serviço será promovido à classe imedia-
cício ou em razão de suas atribuições. (NR) tamente superior. (NR)
§ 1º - O exercício, pelo policial civil, de atividades decorren- § 1º - Se o policial civil estiver enquadrado na última classe
tes do convênio a que se refere a alínea “b” do inciso II deste da carreira, ser-lhe-á atribuída a diferença entre o valor do pa-
artigo dependerá: (NR) drão de vencimento do seu cargo e o da classe imediatamente
1 - de inscrição voluntária do interessado, revestindo-se de inferior. (NR)
obrigatoriedade depois de publicadas as respectivas escalas; § 2º - A concessão do benefício será precedida da compe-
(NR) tente apuração, retroagindo seus efeitos à data da invalidez ou
2 - de estrita observância, nas escalas, do direito ao descan- da morte. (NR)
so mínimo previsto na legislação em vigor. (NR)
§ 2º - À sujeição ao regime de que trata este artigo corres- § 3º - O policial inválido nos termos deste artigo será apo-
ponde gratificação que se incorpora aos vencimentos para todos sentado com proventos decorrentes da promoção, observado o
os efeitos legais. (NR); disposto no parágrafo anterior. (NR)
- Artigo 44 com redação dada pela Lei Complementar n° § 4º - Aos beneficiários do policial civil falecido nos termos
1.249, de 03/07/2014. deste artigo será deferida pensão mensal correspondente aos
Artigo 45 - Pela sujeição ao regime de que trata o artigo vencimentos integrais, observado o disposto nos parágrafos an-
anterior, os titulares de cargos policiais civis fazem jus a grati- teriores. (NR)
ficação calculada sobre o respectivo padrão de vencimento, na - Artigo 50 com redação dada Lei Complementar n° 765, de
seguinte conformidade: (NR) 12/12/1994.
I - de 140% (cento e quarenta por cento), os titulares de car-
gos da série de classes de Delegado de Polícia, bem como titular Artigo 51 - Ao cônjuge, companheiro ou companheira ou, na
do cargo de Delegado Geral de Polícia; (NR) falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em virtude
II - de 200% (duzentos por cento), os titulares de cargos das do falecimento do policial civil, ativo ou inativo, será concedido
demais classes policiais civis. (NR) auxílio-funeral, a título de benefício assistencial, de valor corres-
- Artigo 45 com redação dada pela Lei Complementar n° pondente a 1 (um) mês da respectiva remuneração. (NR)
491, de 23/12/1986. § 1º - O pagamento será efetuado pelo órgão competente,
mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas indi-
cadas no “caput” deste artigo, ou procurador legalmente habili-
tado, feita a prova de identidade. (NR)
§ 2º - No caso de ficar comprovado, por meio de competen-
te apuração que o óbito do policial civil decorreu de lesões rece-
bidas no exercício de suas funções ou doenças delas decorren-

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
tes, o benefício será acrescido do valor correspondente a mais Parágrafo único - Os elogios nos casos dos incisos II e III do
1 (um) mês da respectiva remuneração, cujo pagamento será artigo 59 serão obrigatoriamente considerados para efeito de
efetivado mediante apresentação de alvará judicial. (NR) avaliação de desempenho.
§ 3º - O pagamento do benefício previsto neste artigo, caso
as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em virtude da CAPÍTULO VIII
contratação de planos funerários, somente será efetivado me- DOS DEVERES, DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES E
diante apresentação de alvará judicial. (NR) DAS RESPONSABILIDADES
- Artigo 51 com redação dada pela Lei Complementar n°
1.123, de 01/07/2010. SEÇÃO I
Artigo 52 - O policial civil que sofrer lesões no exercício de DOS DEVERES
suas funções deverá ser encaminhado a qualquer hospital, pú-
blico ou particular às expensas do Estado. Artigo 62 - São deveres do policial civil:
Artigo 53 - Ao policial civil processado por ato praticado no I - ser assíduo e pontual;
desempenho de função policial, será prestada assistência judi- II - ser leal as instituições;
ciária na forma que dispuser o regulamento. III - cumprir as normas legais e regulamentares;
Artigo 54 - Vetado. IV - zelar pela economia e conservação dos bens do Estado,
Parágrafo único - Vetado. especialmente daqueles cuja guarda ou utilização lhe for con-
fiada;
CAPÍTULO VI V - desempenhar com zelo e presteza as missões que lhe
DO DIREITO DE PETIÇÃO forem contidas, usando moderadamente de força ou outro meio
adequado de que dispõe, para esse fim;
Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídi- VI - informar incontinente toda e qualquer alteração de en-
ca, independentemente de pagamento, o direito de petição con- dereço da residência e número de telefone, se houver;
tra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR) VII - prestar informações corretas ou encaminhar o solici-
Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Administração
tante a quem possa prestá-las;
poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a peti-
VIII - comunicar o endereço onde possa ser encontrado,
ção, sob pena de responsabilidade do agente. (NR)
quando dos afastamentos regulamentares;
- Artigo 55 com redação dada pela Lei Complementar n°
IX - proceder na vida pública e particular de modo a dignifi-
922, de 02/07/2002.
car a função policial;
Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso,
X - residir na sede do município onde exerça o cargo ou fun-
erro, omissão ou conduta incompatível no serviço policial. (NR)
ção, ou onde autorizado;
- Artigo 56 com redação dada pela Lei Complementar n°
XI - frequentar, com assiduidade, para fins de aperfeiçoa-
922, de 02/07/2002.
mento e atualização de conhecimentos profissionais, cursos ins-
Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de reque-
rer ou representar, bem como, nos termos desta lei complemen- tituídos periodicamente pela Academia de Polícia;
tar, pedir reconsideração e recorrer de decisões. (NR) XII - portar a carteira funcional;
- Artigo 57 com redação dada pela Lei Complementar n° XIII - promover as comemorações do «Dia da Policia» a 21
922, de 02/07/2002. de abril, ou delas participar, exaltando o vulto de Joaquim José
da Silva Xavier, o Tiradentes, Patrono da Polícia;
CAPÍTULO VII XIV - ser leal para com os companheiros de trabalho e com
DO ELOGIO eles cooperar e manter espirito de solidariedade;
XV - estar em dia com as normas de interesse policial;
Artigo 58 - Entende-se por elogio, para os fins desta lei, a XVI - divulgar para conhecimento dos subordinados as nor-
menção nominal ou coletiva que deva constar dos assentamen- mas referidas no inciso anterior;
tos funcionais do policial civil por atos meritórios que haja pra- XVII - manter discrição sobre os assuntos da repartição e,
ticado. especialmente, sobre despachos, decisões e providências.
Artigo 59 - O elogio destina-se a ressaltar:
I - morte, invalidez ou lesão corporal de natureza grave, no SEÇÃO II
cumprimento do dever; DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
II - ato que traduza dedicação excepcional no cumprimento
do dever, transcendendo ao que e normalmente exigível do po- Artigo 63 - São transgressões disciplinares:
licial civil por disposição legal ou regulamentar e que importe ou I - manter relações de amizade ou exibir-se em público com
possa importar risco da própria segurança pessoal; pessoas de notórios e desabonadores antecedentes criminais,
III - execução de serviços que, pela sua relevância e pelo que salvo por motivo de serviço;
representam para a instituição ou para a coletividade, mereçam II - constituir-se procurador de partes ou servir de interme-
ser enaltecidos como reconhecimento pela atividade desempe- diário, perante qualquer repartição pública, salvo quando se tra-
nhada. tar de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau;
Artigo 60 - Não constitui motivo para elogio o cumprimento III - descumprir ordem superior salvo quando manifesta-
dos deveres impostos ao policial civil. mente ilegal, representando neste caso; IV - não tomar as pro-
Artigo 61 - São competentes para determinar a inscrição de vidências necessárias ou deixar de comunicar, imediatamente, à
elogios nos assentamentos do policial o Secretário da Segurança autoridade competente, faltas ou irregularidades de que tenha
e o Delegado Geral de Polícia, ouvido, no caso deste, o Conselho conhecimento;
da Polícia Civil.

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
V - deixar de oficiar tempestivamente nos expedientes que XXXII - negligenciar na revista a preso;
lhe forem encaminhados; XXXIII - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de de-
VI - negligenciar na execução de ordem legítima; cisão ou ordem judicial;
VII - interceder maliciosamente em favor de parte; XXXIV - tratar o superior hierárquico, subordinado ou colega
VIII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de sem o devido respeito ou deferência;
obrigação; XXXV - faltar à verdade no exercício de suas funções;
IX - faltar, chegar atrasado ou abandonar escala de serviço XXXVI - deixar de comunicar incontinente à autoridade com-
ou plantões, ou deixar de comunicar, com antecedência, à auto- petente informação que tiver sobre perturbação da ordem pú-
ridade a que estiver subordinado, a impossibilidade de compa- blica ou qualquer fato que exija intervenção policial;
recer à repartição, salvo por motivo justo; XXXVII - dificultar ou deixar de encaminhar expediente à au-
X - permutar horário de serviço ou execução de tarefa sem toridade competente, se não estiver na sua alçada resolvê-lo;
expressa permissão da autoridade competente; XXXVIII - concorrer para o não cumprimento ou retardamen-
XI - usar vestuário incompatível com o decoro da função; to de ordem de autoridade competente;
XII - descurar de sua aparência física ou do asseio; XXXIX - deixar, sem justa causa, de submeter-se a inspeção
XIII - apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob efeito de médica determinada por lei ou pela autoridade competente;
substância que determine dependência física ou psíquica; XL - deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo justo,
XIV - lançar intencionalmente, em registros oficiais, papeis procedimento de polícia judiciária, administrativos ou discipli-
ou quaisquer expedientes, dados errôneos, incompletos ou que nares;
possam induzir a erro, bem como inserir neles anotações inde- XLI - cobrar taxas ou emolumentos não previstos em lei;
vidas; XLII - expedir identidade funcional ou qualquer tipo de cre-
XV - faltar, salvo motivo relevante a ser comunicado por es- dencial a quem não exerça cargo ou função policial civil;
crito no primeiro dia em que comparecer à sua sede de exercí- XLIII - deixar de encaminhar ao órgão competente, para tra-
cio, a ato processual, judiciário ou administrativo, do qual tenha tamento ou inspeção médica, subordinado que apresentar sin-
sido previamente cientificado; tomas de intoxicação habitual por álcool, entorpecente ou outra
XVI - utilizar, para fins particulares, qualquer que seja o pre- substância que determine dependência física ou psíquica, ou de
texto, material pertencente ao Estado; comunicar tal fato, se incompetente, à autoridade que o for;
XVII - interferir indevidamente em assunto de natureza poli- XLIV - dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, ne-
cial, que não seja de sua competência; gligência ou sem habilitação;
XVIII - fazer uso indevido de bens ou valores que lhe che- XLV - manter transação ou relacionamento indevido com
guem as mãos, em decorrência da função, ou não entregá-los, preso, pessoa em custódia ou respectivos familiares;
com a brevidade possível, a quem de direito; XLVI - criar animosidade, velada ou ostensivamente, entre
XIX - exibir, desnecessariamente, arma, distintivo ou alge- subalternos e superiores ou entre colegas, ou indispô-los de
ma; qualquer forma;
XX - deixar de ostentar distintivo quando exigido para o ser- XLVII - atribuir ou permitir que se atribua a pessoa estranha
viço; à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de
XXI - deixar de identificar-se, quando solicitado ou quando encargos policiais;
as circunstâncias o exigirem; XLVIII - praticar a usura em qualquer de suas formas;
XXII - divulgar ou propiciar a divulgação, sem autorização da XLIX - praticar ato definido em lei como abuso de poder;
autoridade competente, através da imprensa escrita, falada ou L - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autori-
televisada, de fato ocorrido na repartição. zação do Presidente da República;
XXIII - promover manifestações contra atos da administra- LI - tratar de interesses particulares na repartição;
ção ou movimentos de apreço ou desapreço a qualquer auto- LII - exercer comércio entre colegas, promover ou subscre-
ridade; ver listas de donativos dentro da repartição;
XXIV - referir-se de modo depreciativo às autoridades e a LIII - exercer comércio ou participar de sociedade comercial
atos da administração pública, qualquer que seja o meio empre- salvo como acionista, cotista ou comanditário;
gado para esse fim; LIV - exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer outro em-
XXV - retirar, sem prévia autorização da autoridade compe- prego ou função, exceto atividade relativa ao ensino e à difusão
tente, qualquer objeto ou documentos da repartição; cultural, quando compatível com a atividade policial;
XXVI - tecer comentários que possam gerar descrédito da LV - exercer pressão ou influir junto a subordinado para for-
instituição policial; çar determinada solução ou resultado.
Artigo 64 - É vedado ao policial civil trabalhar sob as ordens
XXVII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando se tratar
obter proveito de qualquer natureza para si ou para terceiros; de função de confiança e livre escolha, não podendo exceder de
XXVIII - deixar de reassumir exercício sem motivo justo, ao 2 (dois) o número de auxiliares nestas condições.
final dos afastamentos regulares ou, ainda depois de saber que
qualquer deste foi interrompido por ordem superior; SEÇÃO III
XXIX - atribuir-se qualidade funcional diversa do cargo ou DAS RESPONSABILIDADES
função que exerce;
XXX - fazer uso indevido de documento funcional, arma, al- Artigo 65 - O policial responde civil, penal e administrativa-
gema ou bens da repartição ou cedê-los a terceiro; mente pelo exercício irregular de suas atribuições, ficando sujei-
XXXI - maltratar ou permitir maltrato físico ou moral a preso to, cumulativamente, às respectivas cominações.
sob sua guarda;

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 1º - A responsabilidade administrativa é independente da § 2º - Compete às autoridades enumeradas neste artigo, até
civil e da criminal. (NR) o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a Delegado de Polícia.
§ 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocu- (NR)
pava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor ab- § 3º - Para o exercício da competência prevista nos incisos I
solvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. (NR)
em julgado de decisão que negue a existência de sua autoria ou § 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é com-
do fato que deu origem à sua demissão. (NR) petente o Delegado Geral de Polícia. (NR)
§ 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado - Artigo 70 com redação dada pela Lei Complementar n°
para aguardar decisão judicial por despacho motivado da autori- 922, de 02/07/2002.
dade competente para aplicar a pena. (NR) Artigo 71 - A pena de advertência será aplicada verbalmen-
- §§1º ao §3º acrescentados pela Lei Complementar n° 922, te, no caso de falta de cumprimento dos deveres, ao infrator
de 02/07/2002. primário.
Artigo 66 - A responsabilidade civil decorre de procedimen- Parágrafo único - A pena de advertência não acarreta perda
to doloso ou culposo, que importe prejuízo à Fazenda Pública ou de vencimentos ou de qualquer vantagem de ordem funcional,
a terceiros. mas contará pontos negativos na avaliação de desempenho.
Parágrafo único - A importância da indenização será descon- Artigo 72 - A pena de repreensão será aplicada por escrito,
tada dos vencimentos e vantagens e o desconto não excederá à no caso de transgressão disciplinar, sendo o infrator primário e
décima parte do valor destes. na reincidência de falta de cumprimento dos deveres.
Parágrafo único - A pena de repreensão poderá ser transfor-
CAPÍTULO IX mada em advertência, aplicada por escrito e sem publicidade.
DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Artigo 73 - A pena de suspensão, que não excederá de 90
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (NR) (noventa) dias, será aplicada nos casos de:
- CAPÍTULO IX COM REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLE- I - descumprimento dos deveres e transgressão disciplinar,
MENTAR N° 922, DE 02/07/2002. ocorrendo dolo ou má fé;
II - reincidência em falta já punida com repreensão.
SEÇÃO I Parágrafo 1.º - O policial suspenso perderá, durante o perío-
do da suspensão, todos os direitos e vantagens decorrentes do
Artigo 67 - São penas disciplinares principais: exercício do cargo.
I - advertência; Parágrafo 2.º - A autoridade que aplicar a pena de suspen-
II - repreensão; são poderá convertê-la em multa, na base de 50% (cinquenta
III - multa; por cento), por dia, do vencimento e demais vantagens, sendo o
IV - suspensão; policial, neste caso, obrigado a permanecer em serviço.
V - demissão; Artigo 74 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de:
VI - demissão a bem do serviço público; I - abandono de cargo;
VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade. II - procedimento irregular, de natureza grave;
Artigo 68 - Constitui pena disciplinar a remoção compulsó- III - ineficiência intencional e reiterada no serviço;
ria, que poderá ser aplicada cumulativamente com as penas pre- IV - aplicação indevida de dinheiros públicos;
vistas nos incisos II, III e IV do artigo anterior quando em razão V - insubordinação grave.
da falta cometida houver conveniência nesse afastamento para VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de
o serviço policial. 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante um ano.
Parágrafo único - Quando se tratar de Delegado de Polícia, (NR)
para a aplicação da pena prevista neste artigo deverá ser obser- - Inciso VI acrescentado pela Lei Complementar n° 922, de
vado o disposto no artigo 36, inciso IV. 02/07/2002.
Artigo 69 - Na aplicação das penas disciplinares serão con-
siderados a natureza, a gravidade, os motivos determinantes e Artigo 75 - Será aplicada a pena de demissão a bem do ser-
a repercussão da infração, os danos causados, a personalidade viço público, nos casos de:
e os antecedentes do agente, a intensidade do dolo ou o grau I - conduzir-se com incontinência pública e escandalosa e
de culpa. praticar Jogos proibidos;
Artigo 70 - Para a aplicação das penas previstas no artigo 67 II - praticar ato definido como crime contra a Administração
são competentes: (NR) Pública, a Fé Pública e a Fazenda Pública ou previsto na Lei de
I - o Governador; (NR) Segurança Nacional;
II - o Secretário da Segurança Pública; (NR) III - revelar dolosamente segredos de que tenha conheci-
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão; (NR) mento em razão do cargo ou função, com prejuízo para o Estado
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até a de ou particulares;
suspensão limitada a 60 (sessenta) dias; (NR) IV - praticar ofensas físicas contra funcionários, servidores
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, até a de ou particulares, salvo em legitíma defesa;
repreensão. (NR) V - causar lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres públicos;
VI - exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, direta-
§ 1º - Compete exclusivamente ao Governador do Estado, mente ou por intermédio de outrem, ainda que fora de suas fun-
a aplicação das penas de demissão, demissão a bem do serviço ções, mas em razão destas;
público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Dele-
gado de Polícia. (NR)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
VII - provocar movimento de paralisação total ou parcial do 2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a
serviço policial ou outro qualquer serviço, ou dele participar; ser restabelecido. (NR)
VIII - pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou valor de § 5º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição
pessoas que tratem de interesses ou os tenham na repartição, deverá determinar, desde logo, as providências necessárias à
ou estejam sujeitos à sua fiscalização; apuração da responsabilidade pela sua ocorrência. (NR)
IX - exercer advocacia administrativa. - Artigo 80 com redação dada pela Lei Complementar n°
X - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, trá- 922, de 02/07/2002.
fico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo; (NR) Artigo 81 - Extingue-se, ainda, a punibilidade:
XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema Fi- I - Pela morte do agente;
nanceiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou va- II - Pela anistia administrativa;
lores; (NR) III - Pela retroatividade da lei que não considere o fato como
XII - praticar ato definido em lei como de improbidade. (NR) falta
- Incisos X a XII acrescentados pela Lei Complementar n° Artigo 82 - O policial civil que, sem justa causa, deixar de
922, de 02/07/2002. atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja mar-
Artigo 76 - O ato que cominar pena ao policial civil mencio- cado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu vencimen-
nará, sempre, a disposição legal em que se fundamenta. to ou remuneração até que satisfaça essa exigência.
§ 1.º - Desse ato será dado conhecimento ao órgão do pes- Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em disponi-
soal, para registro e publicidade, no prazo de 8 (oito) dias, desde bilidade o disposto neste artigo.
que não se tenha revestido de reserva. Artigo 83 - Deverão constar do assentamento individual do
§ 2.º - As penas previstas nos incisos I a IV do artigo 67, policial civil as penas que lhe forem impostas.
quando aplicadas aos integrantes da carreira de Delegado de Po-
lícia, revestir-se-ão sempre de reserva. SEÇÃO III
Artigo 77 - Será aplicada a pena de cassação de aposentado- DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (NR)
ria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo: - SEÇÃO III COM REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLE-
I - praticou, quando em atividade, falta para a qual é co- MENTAR N° 922, DE 02/07/2002.
minada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do
serviço público; Artigo 84 - A autoridade policial que, por qualquer meio,
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; tiver conhecimento de irregularidade praticada por policial ci-
III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem previa vil, comunicará imediatamente o fato ao órgão corregedor, sem
autorização do Presidente da República. prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir. (NR)
Artigo 78 - Constitui motivo de exclusão de falta disciplinar a Parágrafo único - Ao instaurar procedimento administrati-
não exigibilidade de outra conduta do policial civil. vo ou de polícia judiciária contra policial civil, a autoridade que
Artigo 79 - Independe do resultado de eventual ação penal a o presidir comunicará o fato ao Delegado de Polícia Diretor da
aplicação das penas disciplinares previstas neste Estatuto. Corregedoria. (NR)
- Artigo 84 com redação dada pela Lei Complementar n°
SEÇÃO II 922, de 02/07/2002.
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Artigo 85 - A autoridade corregedora realizará apuração
preliminar, de natureza simplesmente investigativa, quando a
Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição: (NR) infração não estiver suficientemente caracterizada ou definida
I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, multa autoria. (NR)
ou suspensão, em 2 (dois) anos; (NR) § 1º - O início da apuração será comunicado ao Delegado de
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser concluída e a este
serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilida- encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias. (NR)
de, em 5 (cinco) anos; (NR) § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade de-
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo verá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia Diretor
de prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 da Corregedoria relatório das diligências realizadas e definir o
(cinco) anos. (NR) tempo necessário para o término dos trabalhos. (NR)
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) § 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deve-
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) rá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela ins-
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a perma- tauração de sindicância ou processo administrativo. (NR)
nência, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) - Artigo 85 com redação dada pela Lei Complementar n°
§ 2º - Interrompe a prescrição a portaria que instaura sindi- 922, de 02/07/2002.
cância e a que instaura processo administrativo. (NR) Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicância ou
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) processo administrativo, ou no seu curso, havendo conveniên-
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena cia para a instrução ou para o serviço policial, poderá o Dele-
efetivamente aplicada; (NR) gado Geral de Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em seguintes providências: (NR)
tese cabível. (NR) I - afastamento preventivo do policial civil, quando o reco-
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) mendar a moralidade administrativa ou a repercussão do fato,
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oi-
aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 65; (NR) tenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; (NR)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
II - designação do policial acusado para o exercício de ativi- - Artigo 90 com redação dada pela Lei Complementar n°
dades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedi- 922, de 02/07/2002.
mento; (NR)
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e Artigo 91 - Instaurada a sindicância, a autoridade que a pre-
algemas; (NR) sidir comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia Civil e ao
IV - proibição do porte de armas; (NR) órgão setorial de pessoal. (NR)
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser es- - Artigo 91 com redação dada pela Lei Complementar n°
tabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. (NR) 922, de 02/07/2002.
§ 1º - O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, ou Artigo 92 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas nes-
qualquer autoridade que determinar a instauração ou presidir ta lei complementar para o processo administrativo, com as se-
sindicância ou processo administrativo, poderá representar ao guintes modificações: (NR)
Delegado Geral de Polícia para propor a aplicação das medidas I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar
previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração. até 3 (três) testemunhas; (NR)
(NR) II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 (ses-
§ 2º - O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer mo- senta) dias; (NR)
mento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as
medidas previstas neste artigo. (NR) III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade
§ 3º - O período de afastamento preventivo computa- se competente para a decisão. (NR)
como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de - Artigo 92 com redação dada pela Lei Complementar n°
suspensão eventualmente aplicada. (NR) 922, de 02/07/2002.
- Artigo 86 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 93 - O Delegado Geral de Polícia poderá, quando en-
922, de 02/07/2002. tender conveniente, solicitar manifestação do Conselho da Polí-
cia Civil, antes de opinar ou proferir decisão em sindicância. (NR)
CAPÍTULO X - Artigo 93 com redação dada pela Lei Complementar n°
DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR (NR) 922, de 02/07/2002.
- CAPÍTULO X COM REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLE-
MENTAR N° 922, DE 02/07/2002. SEÇÃO III
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 94 - São competentes para determinar a instauração
de processo administrativo as autoridades enumeradas no arti-
Artigo 87 - A apuração das infrações será feita mediante sin- go 70, até o inciso IV, inclusive. (NR)
dicância ou processo administrativo, assegurados o contraditó- Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado
rio e a ampla defesa. (NR). de Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no ar-
- Artigo 87 com redação dada pela Lei Complementar n° tigo 70, até o inciso III, inclusive. (NR)
922, de 02/07/2002. - Artigo 94 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 88 - Será instaurada sindicância quando a falta disci- 922, de 02/07/2002.
plinar, por sua natureza, possa determinar as penas de adver-
tência, repreensão, multa e suspensão. (NR) Artigo 95 - O processo administrativo será presidido por De-
- Artigo 88 com redação dada pela Lei Complementar n° legado de Polícia, que designará como secretário um Escrivão de
922, de 02/07/2002. Polícia. (NR)
Artigo 89 - Será obrigatório o processo administrativo quan- Parágrafo único - Havendo imputação contra Delegado de
do a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar a pena Polícia, a autoridade que presidir a apuração será de classe igual
de demissão, demissão a bem do serviço público, cassação de ou superior à do acusado. (NR)
aposentadoria ou disponibilidade. (NR) - Artigo 95 com redação dada pela Lei Complementar n°
§ 1º - Não será instaurado processo para apurar abandono 922, de 02/07/2002.
de cargo, se o servidor tiver pedido exoneração. (NR) Artigo 96 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem
§ 2º - Extingue-se o processo instaurado exclusivamente atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente con-
para apurar abandono de cargo, se o indiciado pedir exoneração sangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
até a data grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do
designada para o interrogatório, ou por ocasião deste. (NR) núcleo familiar do denunciante ou do acusado, bem assim o su-
- Artigo 89 com redação dada pela Lei Complementar n° bordinado deste. (NR)
922, de 02/07/2002. Parágrafo único - A autoridade ou o funcionário designado
deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o im-
SEÇÃO II pedimento que houver. (NR)
DA SINDICÂNCIA - Artigo 96 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002.
Artigo 90 - São competentes para determinar a instauração Artigo 97 - O processo administrativo deverá ser instaurado
de sindicância as autoridades enumeradas no artigo 70. (NR) por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do recebi-
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado mento da determinação, e concluído no de 90 (noventa) dias da
de Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no ar- citação do acusado. (NR)
tigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR)

21
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 1º - Da portaria deverá constar o nome e a identificação § 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos
do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição sucin- atos e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer no-
ta dos fatos e indicação das normas infringidas. (NR) tificação. (NR)
§ 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, a au- § 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário
toridade deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Po- Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de inscrição
lícia Diretor da Corregedoria relatório indicando as providências na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os dados neces-
faltantes e o tempo necessário para término dos trabalhos. (NR) sários à identificação do procedimento. (NR)
§ 3º - Caso o processo não esteja concluído no prazo de 180 § 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negan-
(cento e oitenta) dias, o Delegado de Polícia Diretor da Correge- do-se a constituir advogado, o presidente nomeará advogado
doria deverá justificar o fato circunstanciadamente ao Delegado dativo. (NR)
Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública. (NR) § 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir advo-
- Artigo 97 com redação dada pela Lei Complementar n° gado para prosseguir na sua defesa. (NR)
922, de 02/07/2002. - Artigo 102 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças preexistentes, 922, de 02/07/2002.
designará o presidente dia e hora para audiência de interroga- Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao interroga-
tório, determinando a citação do acusado e a notificação do de- tório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a produção
nunciante, se houver. (NR) de provas, ou apresentálas. (NR)
§ 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR) § 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco) testemu-
1 - cópia da portaria; (NR) nhas. (NR)
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser § 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita exclusi-
acompanhado pelo advogado do acusado; (NR) vamente por documentos, até as alegações finais. (NR)
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, § 3º - Até a data do interrogatório, será designada a audiên-
que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; (NR) cia de instrução. (NR)
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por ad- - Artigo 103 com redação dada pela Lei Complementar n°
vogado dativo, caso não constitua advogado próprio; (NR) 922, de 02/07/2002.
5 - informação de que o acusado poderá arrolar testemu- Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela
nhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a data ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em número
designada para seu interrogatório; (NR) não superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR)
6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu com-
pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar exclusi- parecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior ime-
vamente de abandono de cargo. (NR) diato com as indicações necessárias. (NR)
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no mí- - Artigo 104 com redação dada pela Lei Complementar n°
nimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do 922, de 02/07/2002.
respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde possa ser Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de depor,
encontrado. (NR) salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que le-
§ 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado à cita- galmente separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai,
ção ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á por edital, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quando não for possí-
publicado uma vez no Diário Oficial do Estado, no mínimo 10 vel, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de
(dez) dias antes do interrogatório. (NR) suas circunstâncias. (NR)
- Artigo 98 com redação dada pela Lei Complementar n° § 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o de-
922, de 02/07/2002. nunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a exceção
Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar de- deste artigo. (NR)
clarações, no interregno entre a data da citação e a fixada para § 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa cau-
o interrogatório do acusado, sendo notificado para tal fim. (NR) sa, será pela autoridade competente aplicada a sanção a que se
§ 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada pelo refere o artigo 82, mediante comunicação do presidente. (NR)
advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR) § 3º - O policial civil que tiver de depor como testemunha
§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante; fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e diárias
antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência das declara- na forma da legislação em vigor, podendo ainda expedir-se pre-
ções que aquele houver prestado. (NR) catória para esse efeito à autoridade do domicílio do depoente.
- Artigo 99 com redação dada pela Lei Complementar n° (NR)
922, de 02/07/2002. § 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por despa- função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
cho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
termos do processo. (NR) seu testemunho. (NR)
- Artigo 100 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 105 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002. 922, de 02/07/2002.
Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advogado da- Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca diversa
tivo. (NR) poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua residência,
- Artigo 101 com redação dada pela Lei Complementar n° expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoá-
922, de 02/07/2002. vel, intimada a defesa. (NR)
Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado que o § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação e
representará em todos os atos e termos do processo. (NR) os esclarecimentos pretendidos. (NR)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução Artigo 112 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
do procedimento. (NR) autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá pros- de 7 (sete) dias. (NR)
seguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações
devolvida, será juntada aos autos. (NR) finais, o presidente designará advogado dativo, assinando-lhe
- Artigo 106 com redação dada pela Lei Complementar n° novo prazo. (NR)
922, de 02/07/2002. - Artigo 112 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado com- 922, de 02/07/2002.
parecerão à audiência designada independente de notificação. Artigo 113 - O relatório deverá ser apresentado no prazo
(NR) de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alegações finais.
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento (NR)
for relevante e que não comparecer espontaneamente. (NR) § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada acu-
§ 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá sado, separadamente, as irregularidades imputadas, as provas
substitui-la, se quiser, levando na mesma data designada para a colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou puni-
audiência outra testemunha, independente de notificação. (NR) ção e indicando, nesse caso, a pena que entender cabível. (NR)
- Artigo 107 com redação dada pela Lei Complementar n° § 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de
922, de 02/07/2002. quaisquer outras providências de interesse do serviço público.
Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o presi- (NR)
dente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar diligên- - Artigo 113 com redação dada pela Lei Complementar n°
cias que entenda convenientes. (NR) 922, de 02/07/2002.
§ 1º - As informações necessárias à instrução do processo Artigo 114 - Relatado, o processo será encaminhado ao De-
serão solicitadas diretamente, sem observância de vinculação legado Geral de Polícia, que o submeterá ao Conselho da Polícia
hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos au- Civil, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. (NR)
tos. (NR) § 1º - O Presidente do Conselho da Polícia Civil, no prazo
§ 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de diligência,
oficiais, o presidente os requisitará, observados os impedimen- sempre que necessário ao esclarecimento dos fatos. (NR)
tos do artigo 105. (NR) § 2º - Determinada a diligência, a autoridade encarregada
- Artigo 108 com redação dada pela Lei Complementar n° do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) dias para
922, de 02/07/2002. seu cumprimento, abrindo vista à defesa para manifestar-se em
Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do procedimento 5 (cinco) dias. (NR)
administrativo permanecerão na repartição competente. (NR) § 3º - Cumpridas as diligências, o Conselho da Polícia Civil
§ 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante emitirá parecer conclusivo, no prazo de 20 (vinte) dias, encami-
simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do pro- nhando os autos ao Delegado Geral de Polícia. (NR)
cedimento. (NR) § 4º - O Delegado Geral de Polícia, no prazo de 10 (dez) dias,
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para emitirá manifestação conclusiva e encaminhará o processo ad-
manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, ministrativo à autoridade competente para decisão. (NR)
mediante publicação no Diário Oficial do Estado. (NR) § 5º - A autoridade que proferir decisão determinará os atos
§ 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os autos dela decorrentes e as providências necessárias a sua execução.
da repartição, mediante recibo, durante o prazo para manifesta- (NR)
ção de seu representado, salvo na hipótese de prazo comum, de
processo sob regime de segredo de justiça ou quando existirem - Artigo 114 com redação dada pela Lei Complementar n°
nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer 922, de 02/07/2002.
circunstância relevante que justifique a permanência dos autos Artigo 115 - Terão forma processual resumida, quando pos-
na repartição, reconhecida pela autoridade em despacho moti- sível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais sejam:
vado. (NR) autuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento,
- Artigo 109 com redação dada pela Lei Complementar n° bem como certidões e compromissos. (NR)
922, de 02/07/2002. Parágrafo único - Toda e qualquer juntada aos autos se fará
Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo presi- na ordem cronológica da apresentação, rubricando o presidente
dente, mediante decisão fundamentada, os requerimentos de as folhas acrescidas. (NR)
nenhum interesse para o esclarecimento do fato, bem como as - Artigo 115 com redação dada pela Lei Complementar n°
provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. 922, de 02/07/2002.
(NR) Artigo 116 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato
- Artigo 110 com redação dada pela Lei Complementar n° processual que não houver influído na apuração da verdade
922, de 02/07/2002. substancial ou diretamente na decisão do processo ou sindicân-
Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, surgirem cia. (NR)
fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a - Artigo 116 com redação dada pela Lei Complementar n°
instauração de novo procedimento para sua apuração, ou, caso 922, de 02/07/2002.
conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de Artigo 117 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios
defesa. (NR) de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interes-
- Artigo 111 com redação dada pela Lei Complementar n° se da Administração, a juízo do Delegado Geral de Polícia. (NR)
922, de 02/07/2002. - Artigo 117 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002.

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Artigo 118 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício, - Artigo 122 com redação dada pela Lei Complementar n°
contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem cometi- 922, de 02/07/2002.
mento de nova infração, não mais poderá aquela ser considera- Artigo 123 - A pena imposta não poderá ser agravada pela
da em prejuízo do infrator, inclusive para efeito de reincidência. revisão. (NR)
(NR) - Artigo 123 com redação dada pela Lei Complementar n°
- Artigo 118 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, de 02/07/2002.
922, de 02/07/2002. Artigo 124 - A instauração de processo revisional poderá ser
requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido
SEÇÃO IV (NR)DOS RECURSOS (NR) ou incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascenden-
- SEÇÃO INSERIDA PELA LEI COMPLEMENTAR N° 922, DE te, descendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado.
02/07/2002. (NR)
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que
Artigo 119 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão o requerente possuir ou com indicação daquelas que pretenda
que aplicar penalidade. (NR) produzir. (NR)
§ 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, contados - Artigo 124 com redação dada pela Lei Complementar n°
da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do Estado. 922, de 02/07/2002.
(NR) Artigo 125 - O exame da admissibilidade do pedido de revi-
§ 2º - Tratando-se de pena de advertência, sem publicidade, são será feito pela autoridade que aplicou a penalidade, ou que
o prazo será contado da data em que o policial civil for pessoal- a tiver confirmado em grau de recurso. (NR)
mente intimado da decisão. (NR) - Artigo 125 com redação dada pela Lei Complementar n°
§ 3º - Do recurso deverá constar, além do nome e qualifi- 922, de 02/07/2002.
cação do recorrente, a exposição das razões de inconformismo. Artigo 126 - Deferido o processamento da revisão, será este
(NR) realizado por Delegado de Polícia de classe igual ou superior à
§ 4º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou do acusado, que não tenha funcionado no procedimento disci-
a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente, plinar de que resultou a punição do requerente. (NR)
manter sua decisão ou reformá-la. (NR) - Artigo 126 com redação dada pela Lei Complementar n°
§ 5º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será 922, de 02/07/2002.
imediatamente encaminhada a reexame pelo superior hierár- Artigo 127 - Recebido o pedido, o presidente providencia-
quico. (NR) rá o apensamento dos autos originais e notificará o requerente
§ 6º - O recurso será apreciado pela autoridade competente para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou
ainda que incorretamente denominado ou endereçado. (NR) requerer outras provas que pretenda produzir. (NR)
- Artigo 119 com redação dada pela Lei Complementar n° Parágrafo único - No processamento da revisão serão obser-
922, de 02/07/2002. vadas as normas previstas nesta lei complementar para o pro-
Artigo 120 - Caberá pedido de reconsideração, que não po- cesso administrativo. (NR)
derá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador do Esta- - Artigo 127 com redação dada pela Lei Complementar n°
do em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) 922, de 02/07/2002.
- Artigo 120 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 128 - A decisão que julgar procedente a revisão po-
922, de 02/07/2002. derá alterar a classificação da infração, absolver o punido, mo-
Artigo 121 - Os recursos de que trata esta lei complementar dificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos
não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar atingidos pela decisão reformada. (NR)
às retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do - Artigo 128 com redação dada pela Lei Complementar n°
ato punitivo. (NR) 922, de 02/07/2002.
- Artigo 121 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002. CAPÍTULO XII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS

CAPÍTULO XI Artigo 129 - Vetado.


DA REVISÃO (NR) Artigo 130 - Contar-se-ão por dias corridos os prazos previs-
- CAPÍTULO XI COM REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLE- tos nesta lei complementar.
MENTAR N° 922, DE 02/07/2002. Parágrafo único - Computam-se os prazos excluindo o dia
do começo e incluindo o do vencimento, prorrogando-se este,
Artigo 122 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de quando incidir em sábado, domingo, feriado ou facultativo, para
punição disciplinar, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda o primeiro dia útil seguinte.
não apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento, que pos- Artigo 131 - Compete ao órgão Setorial de Recursos Huma-
sam justificar redução ou anulação da pena aplicada. (NR) nos da Polícia Civil, o planejamento, a coordenação, a orienta-
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não consti- ção técnica e o controle, sempre em integração com o órgão
tui fundamento do pedido. (NR) central, das atividades de administração do pessoal policial civil.
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo Artigo 132 - O Estado fornecerá aos policiais civis carteira de
fundamento. (NR) identidade funcional, distintivo, algema, armamento e munição,
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo para o efetivo exercício de suas funções. (NR)
serão indeferidos. (NR)
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 1º - A carteira de identidade funcional dos policiais civis Artigo 6.º - Vetado.
será elaborada com observância das diretrizes básicas previs- a) vetado;
tas na legislação federal para emissão da carteira de identidade b) vetado;
pelo órgão estadual de identificação, dará direito ao porte de c) vetado;
arma e ao uso de distintivo, e terá fé pública e validade como d) vetado.
documento de identificação civil. (NR) Palácio dos Bandeirantes, 5 de janeiro de 1979.
§ 2º - Aplica-se, no que couber, à carteira de identidade fun-
cional instituída para os policiais civis aposentados o disposto no
§1º deste artigo. (NR) LEI COMPLEMENTAR Nº 922, DE 02 DE JULHO DE 2002
- Artigo 132 com redação dada pela Lei Complementar n°
1.282, de 18/01/2016. Altera a Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979
Artigo 133 - É proibida a acumulação de férias, salvo por - Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, e dá providên-
absoluta necessidade de serviço e pelo prazo máximo de 3 (três) cias correlatas.
anos consecutivos.
Artigo 134 - O disposto nos artigos 41, 42, 44 e 45 desta lei O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
complementar aplica-se aos integrantes da série de classes de
Agente de Segurança Penitenciária da Secretaria da Justiça. (NR) Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu pro-
- Artigo 134 com redação dada pela Lei Complementar n° mulgo a seguinte lei complementar:
498, de 29/12/1986. Artigo 1º - Passam a vigorar com a seguinte redação os dis-
Artigo 135 - Aplicam-se aos funcionários policiais civis, no positivos adiante enumerados da Lei Complementar nº 207, de
que não conflitar com esta lei complementar as disposições da 5 de janeiro de 1979:
Lei n º 199, de 1.º de dezembro de 1948, do Decreto-lei n.º 141, I - os artigos 55, 56 e 57:
de 24 de julho de 1969, da Lei n.º Lei Complementar n.º 180, de “Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídi-
12 de maio de 1978, bem como o regime de mensal, instituído ca, independentemente de pagamento, o direito de petição con-
pela Lei n.º 4.832, de 4 de setembro de 1958, com alterações tra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
posteriores. Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Administração
Artigo 136 - Esta lei complementar aplica-se, nas mesmas poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a peti-
bases, termos e condições, aos inativos. ção, sob pena de responsabilidade do agente. (NR)
Artigo 137 - As despesas decorrentes da aplicação desta lei Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso,
complementar, correrão à conta de créditos suplementares que erro, omissão ou conduta incompatível no serviço policial. (NR)
o Poder Executivo fica autorizado a abrir, até o limite de Cr$ Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de reque-
270.000.000,00 (duzentos e setenta milhões de cruzeiros). rer ou representar, bem como, nos termos desta lei complemen-
Parágrafo único - O valor do crédito autorizado neste artigo tar, pedir reconsideração
será coberto com recursos de que trata o artigo 43 da Lei Fede- e recorrer de decisões.” (NR);
ral n.º 4.320, de 17 de março de 1964. II - o artigo 70, passando o CAPÍTULO IX a denominar-se
Artigo 138 - Esta lei complementar e suas disposições tran- “Das Penalidades, da Extinção da Punibilidade das Providências
sitórias entrarão em vigor em 1.º de março de 1979 revogadas Preliminares” (NR):
as disposições em contrário, especialmente a Lei n.º 7.626, de “Artigo 70 - Para a aplicação das penas previstas no artigo
6 de dezembro de 1962, o Decreto-lei n.º 156, de 8 de outubro 67 são competentes:
de 1969, bem como a alínea “a” do inciso III do artigo 64 e o I - o Governador; (NR)
artigo 182, ambos da Lei Complementar n.º 180, de 12 de maio II - o Secretário da Segurança Pública; (NR)
de 1978. III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão; (NR)
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até a de
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS suspensão limitada a 60 (sessenta)dias; (NR)
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, até a de
Artigo 1.º - Somente se aplicará esta lei complementar às repreensão. (NR)
infrações disciplinares praticadas na vigência da lei anterior, § 1º - Compete exclusivamente ao Governador do Estado,
quando: a aplicação das penas de demissão, demissão a bem do serviço
I - o fato não for mais considerado infração disciplinar; público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Dele-
II - de qualquer forma, for mais branda a pena cominada. gado de Polícia. (NR)
Artigo 2.º - Os processos em curso, quando da entrada em § 2º - Compete às autoridades enumeradas neste artigo, até
vigor desta lei complementar, obedecerão ao rito processual es- o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a Delegado de Polícia.
tabelecido pela legislação anterior. (NR)
Artigo 3.º - Os atuais cargos de Delegado de Polícia Substitu- § 3º - Para o exercício da competência prevista nos incisos I
to serão extintos na vacância. e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. (NR)
§ 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é com-
Parágrafo único - Os ocupantes dos cargos a que alude este petente o Delegado Geral de Polícia.” (NR);
artigo, serão inscritos nos concursos de ingresso na carreira de III - o artigo 80:
Delegado de Polícia. “Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
Artigo 4.º - Vetado. I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, multa
Artigo 5.º - Vetado. ou suspensão, em 2 (dois) anos; (NR)
Parágrafo único - Vetado.

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do II - designação do policial acusado para o exercício de ativi-
serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilida- dades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedi-
de, em 5 (cinco) anos; (NR) mento; (NR)
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e
de prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 algemas; (NR)
(cinco) anos. (NR) IV - proibição do porte de armas; (NR)
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser es-
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) tabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. (NR)
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a perma- § 1º - O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, ou
nência, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) qualquer autoridade que determinar a instauração ou presidir
§ 2º - Interrompe a prescrição a portaria que instaura sindi- sindicância ou processo administrativo, poderá representar ao
cância e a que instaura processo administrativo. (NR) Delegado Geral de Polícia para propor a aplicação das medidas
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) 1 - na hipó- previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração.
tese de desclassificação da infração, ao da pena efetivamente (NR)
aplicada; (NR) § 2º - O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer mo-
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em mento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as
tese cabível. (NR) medidas previstas neste artigo. (NR)
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) § 3º - O período de afastamento preventivo computa- se
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de
aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 65; (NR) suspensão eventualmente aplicada. (NR)
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a
ser restabelecido. (NR) CAPÍTULO X
§ 5º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR (NR)
deverá determinar, desde logo, as providências necessárias à
apuração da responsabilidade pela sua ocorrência.” (NR);
SEÇÃO I
IV - os artigos 84 a 128, agrupados nas seções e capítulos a
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
seguir indicados:
Artigo 87 - A apuração das infrações será feita mediante sin-
“SEÇÃO III
dicância ou processo administrativo, assegurados o contraditó-
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (NR)
rio e a ampla defesa. (NR).
Artigo 88 - Será instaurada sindicância quando a falta disci-
Artigo 84 - A autoridade policial que, por qualquer meio,
plinar, por sua natureza, possa determinar as penas de adver-
tiver conhecimento de irregularidade praticada por policial ci-
tência, repreensão, multa e suspensão. (NR)
vil, comunicará imediatamente o fato ao órgão corregedor, sem
prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir. (NR) Artigo 89 - Será obrigatório o processo administrativo quan-
Parágrafo único - Ao instaurar procedimento administrati- do a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar a pena
vo ou de polícia judiciária contra policial civil, a autoridade que de demissão, demissão a bem do serviço público, cassação de
o presidir comunicará o fato ao Delegado de Polícia Diretor da aposentadoria ou disponibilidade. (NR)
Corregedoria. (NR) § 1º - Não será instaurado processo para apurar abandono
Artigo 85 - A autoridade corregedora realizará apuração de cargo, se o servidor tiver pedido exoneração. (NR)
preliminar, de natureza simplesmente investigativa, quando a § 2º - Extingue-se o processo instaurado exclusivamente
infração não estiver suficientemente caracterizada ou definida para apurar abandono de cargo, se o indiciado pedir exoneração
autoria. (NR) até a data designada para o interrogatório, ou por ocasião deste.
§ 1º - O início da apuração será comunicado ao Delegado de (NR)
Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser concluída e a este
encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) SEÇÃO II
§ 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade de- DA SINDICÂNCIA
verá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia Diretor
da Corregedoria relatório das diligências realizadas e definir o Artigo 90 - São competentes para determinar a instauração
tempo necessário para o término dos trabalhos. (NR) de sindicância as autoridades enumeradas no artigo 70. (NR)
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deve- Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado
rá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela ins- de Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no ar-
tauração de sindicância ou processo administrativo. (NR) tigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR)
Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicância ou Artigo 91 - Instaurada a sindicância, a autoridade que a pre-
processo administrativo, ou no seu curso, havendo conveniên- sidir comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia Civil e ao
cia para a órgão setorial de pessoal. (NR)
instrução ou para o serviço policial, poderá o Delegado Ge- Artigo 92 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas nes-
ral de Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as seguin- ta lei complementar para o processo administrativo, com as se-
tes providências: (NR) guintes modificações: (NR)
I - afastamento preventivo do policial civil, quando o reco- I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar
mendar a moralidade administrativa ou a repercussão do fato, até 3 (três) testemunhas; (NR)
sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oi- II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 (ses-
tenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; (NR) senta) dias; (NR)

26
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade § 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no mí-
competente para a decisão. (NR) nimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do
Artigo 93 - O Delegado Geral de Polícia poderá, quando en- respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde possa ser
tender conveniente, solicitar manifestação do Conselho da Polí- encontrado. (NR)
cia Civil, antes de opinar ou proferir decisão em sindicância. (NR) § 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado à cita-
ção ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á por edital,
SEÇÃO III publicado uma vez no Diário Oficial do Estado, no mínimo 10
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO (dez) dias antes do interrogatório. (NR)
Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar de-
Artigo 94 - São competentes para determinar a instauração clarações, no interregno entre a data da citação e a fixada para
de processo administrativo as autoridades enumeradas no arti- o interrogatório do acusado, sendo notificado para tal fim. (NR)
go 70, até o inciso IV, inclusive. (NR) § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada pelo
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR)
de Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no ar- § 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante;
tigo 70, até o inciso III, inclusive. (NR) antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência das declara-
Artigo 95 - O processo administrativo será presidido por De- ções que aquele houver prestado. (NR)
legado de Polícia, que designará como secretário um Escrivão de Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por despa-
Polícia. (NR) cho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e
Parágrafo único - Havendo imputação contra Delegado de termos do processo. (NR)
Polícia, a autoridade que presidir a apuração será de classe igual Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advogado da-
ou superior à do acusado. (NR) tivo. (NR)
Artigo 96 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado que o
atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente con- representará em todos os atos e termos do processo. (NR)
sangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro § 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos
grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do atos e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer no-
núcleo familiar do denunciante ou do acusado, bem assim o su- tificação. (NR)
bordinado deste. (NR) § 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário
Parágrafo único - A autoridade ou o funcionário designado Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de inscrição
deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o im- na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os dados neces-
pedimento que houver. (NR) sários à identificação do procedimento. (NR)
Artigo 97 - O processo administrativo deverá ser instaurado § 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negan-
por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do recebi-
do-se a constituir advogado, o presidente nomeará advogado
mento da determinação, e concluído no de 90 (noventa) dias da
dativo. (NR)
citação do acusado. (NR)
§ 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir advo-
§ 1º - Da portaria deverá constar o nome e a identificação
gado para prosseguir na sua defesa. (NR)
do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição sucin-
Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao interroga-
ta dos fatos e indicação das normas infringidas. (NR)
tório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a produção
§ 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, a au-
de provas, ou apresentá-las. (NR)
toridade deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Po-
§ 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco) testemu-
lícia Diretor da Corregedoria relatório indicando as providências
nhas. (NR)
faltantes e o tempo necessário para término dos trabalhos. (NR)
§ 3º - Caso o processo não esteja concluído no prazo de 180 § 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita exclusi-
(cento e oitenta) dias, o Delegado de Polícia Diretor da Correge- vamente por documentos, até as alegações finais. (NR)
doria deverá justificar o fato circunstanciadamente ao Delegado § 3º - Até a data do interrogatório, será designada a audiên-
Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública. (NR) cia de instrução. (NR)
Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças preexistentes, Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela
designará o presidente dia e hora para audiência de interroga- ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em número
tório, determinando a citação do acusado e a notificação do de- não superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR)
nunciante, se houver. (NR) Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu com-
§ 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR) parecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior ime-
1 - cópia da portaria; (NR) diato com as indicações necessárias. (NR)
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de depor,
acompanhado pelo advogado do acusado; (NR) salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que le-
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, galmente separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai,
que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; (NR) mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quando não for possí-
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por ad- vel, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de
vogado dativo, caso não constitua advogado próprio; (NR) suas circunstâncias. (NR)
5 - informação de que o acusado poderá arrolar testemu- § 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o de-
nhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a data nunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a exceção
designada para seu interrogatório; (NR) deste artigo. (NR)
6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado § 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa cau-
pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar exclusi- sa, será pela autoridade competente aplicada a sanção a que se
vamente de abandono de cargo. (NR) refere o artigo 82, mediante comunicação do presidente. (NR)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 3º - O policial civil que tiver de depor como testemunha fora Artigo 112 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
da sede de seu exercício, terá direito a transporte e diárias na for- autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo
ma da legislação em vigor, podendo ainda expedir-se precatória de 7 (sete) dias. (NR)
para esse efeito à autoridade do domicílio do depoente. (NR) Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de finais, o presidente designará advogado dativo, assinando-lhe
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, novo prazo. (NR)
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o Artigo 113 - O relatório deverá ser apresentado no prazo
seu testemunho. (NR) de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alegações finais.
Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca diversa (NR)
poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua residência, § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada acu-
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoá- sado, separadamente, as irregularidades imputadas, as provas
vel, intimada a defesa. (NR) colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou puni-
§ 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação e ção e indicando, nesse caso, a pena que entender cabível. (NR)
os esclarecimentos pretendidos. (NR) § 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de
§ 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução quaisquer outras providências de interesse do serviço público.
do procedimento. (NR) (NR)
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá pros- Artigo 114 - Relatado, o processo será encaminhado ao De-
seguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez legado Geral de Polícia, que o submeterá ao Conselho da Polícia
devolvida, será juntada aos autos. (NR) Civil, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. (NR)
Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado com- § 1º - O Presidente do Conselho da Polícia Civil, no prazo
parecerão à audiência designada independente de notificação. de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de diligência,
(NR) sempre que necessário ao esclarecimento dos fatos. (NR)
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento § 2º - Determinada a diligência, a autoridade encarregada
for relevante e que não comparecer espontaneamente. (NR) do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) dias para
§ 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá seu cumprimento, abrindo vista à defesa para manifestar-se em
substituí-la, se quiser, levando na mesma data designada para a 5 (cinco) dias. (NR)
audiência outra testemunha, independente de notificação. (NR) § 3º - Cumpridas as diligências, o Conselho da Polícia Civil
Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o presi- emitirá parecer conclusivo, no prazo de 20 (vinte) dias, encami-
dente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar diligên- nhando os autos ao Delegado Geral de Polícia. (NR)
cias que entenda convenientes. (NR) § 4º - O Delegado Geral de Polícia, no prazo de 10 (dez) dias,
§ 1º - As informações necessárias à instrução do processo emitirá manifestação conclusiva e encaminhará o processo ad-
serão solicitadas diretamente, sem observância de vinculação
ministrativo à autoridade competente para decisão. (NR)
hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos au-
§ 5º - A autoridade que proferir decisão determinará os atos
tos. (NR)
dela decorrentes e as providências necessárias a sua execução.
§ 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos
(NR)
oficiais, o presidente os requisitará, observados os impedimen-
Artigo 115 - Terão forma processual resumida, quando pos-
tos do artigo 105. (NR)
sível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais sejam:
Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do procedimento
autuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento,
administrativo permanecerão na repartição competente. (NR)
bem como certidões e compromissos. (NR)
§ 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante
Parágrafo único - Toda e qualquer juntada aos autos se fará
simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do pro-
cedimento. (NR) na ordem cronológica da apresentação, rubricando o presidente
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para as folhas acrescidas. (NR)
manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, Artigo 116 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato
mediante publicação no Diário Oficial do Estado. (NR) processual que não houver influído na apuração da verdade
§ 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os autos substancial ou diretamente na decisão do processo ou sindicân-
da repartição, mediante recibo, durante o prazo para manifesta- cia. (NR)
ção de seu representado, salvo na hipótese de prazo comum, de Artigo 117 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios
processo sob regime de segredo de justiça ou quando existirem de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interes-
nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer se da Administração, a juízo do Delegado Geral de Polícia. (NR)
circunstância relevante que justifique a permanência dos autos Artigo 118 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
na repartição, reconhecida pela autoridade em despacho moti- contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem cometimen-
vado. (NR) to de nova infração, não mais poderá aquela ser considerada em
Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo presi- prejuízo do infrator, inclusive para efeito de reincidência. (NR)
dente, mediante decisão fundamentada, os requerimentos de
nenhum interesse para o esclarecimento do fato, bem como as SEÇÃO IV
provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. DOS RECURSOS
(NR)
Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, surgirem Artigo 119 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão
fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a que aplicar penalidade. (NR)
instauração de novo procedimento para sua apuração, ou, caso § 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, contados
conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do Estado.
defesa. (NR) (NR)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
§ 2º - Tratando-se de pena de advertência, sem publicidade, Artigo 128 - A decisão que julgar procedente a revisão po-
o prazo será contado da data em que o policial civil for pessoal- derá alterar a classificação da infração, absolver o punido, mo-
mente intimado da decisão. (NR) dificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos
§ 3º - Do recurso deverá constar, além do nome e qualifi- atingidos pela decisão reformada. (NR)”
cação do recorrente, a exposição das razões de inconformismo. Artigo 2º - Ficam acrescentados à Lei Complementar nº 207,
(NR) de 5 de janeiro de 1979, os seguintes dispositivos:
§ 4º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou I - ao artigo 65, os §§ 1º, 2º e 3º:
a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente, § 1º - A responsabilidade administrativa é independente da
manter sua decisão ou reformá-la. (NR) civil e da criminal.
§ 5º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocu-
imediatamente encaminhada a reexame pelo superior hierár- pava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor ab-
quico. (NR) solvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito
§ 6º - O recurso será apreciado pela autoridade competente em julgado de decisão que negue a existência de sua autoria ou
ainda que incorretamente denominado ou endereçado. (NR) do fato que deu origem à sua demissão.
Artigo 120 - Caberá pedido de reconsideração, que não po- § 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado
derá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador do Esta- para aguardar decisão judicial por despacho motivado da autori-
do em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) dade competente para aplicar a pena.”
Artigo 121 - Os recursos de que trata esta lei complementar II - ao artigo 74, o inciso VI:
não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar “VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de
às retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante um ano.”
ato punitivo. (NR) III - ao artigo 75, os incisos X, XI e XII:
“X - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, trá-
CAPÍTULO XI fico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo;
DA REVISÃO XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema Finan-
ceiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores;
Artigo 122 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de XII - praticar ato definido em lei como de improbidade.”
punição disciplinar, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda Artigo 3º - Esta lei complementar entra em vigor na data de
não apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento, que pos- sua publicação.
sam justificar redução ou anulação da pena aplicada. (NR) DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não consti-
tui fundamento do pedido. (NR) Artigo 1º - A nova tipificação acrescentada aos artigos 74
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo e 75 da Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979, só
fundamento. (NR) se aplica aos atos praticados após a entrada em vigor desta lei
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo complementar.
serão indeferidos. (NR) Artigo 2º - As demais disposições desta lei complementar
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR) aplicam-se imediatamente, sem prejuízo da validade dos atos
Artigo 123 - A pena imposta não poderá ser agravada pela realizados na vigência da legislação anterior.
revisão. (NR) Artigo 3º - Serão adaptados os procedimentos em curso na
Artigo 124 - A instauração de processo revisional poderá ser data da entrada em vigor desta lei complementar, cabendo ao
requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido presidente tomar as providências necessárias, ouvido o acusado.
ou incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascenden- Parágrafo único - O presidente da Comissão Processante as-
te, descendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado. sumirá a condução do processo administrativo em curso, poden-
(NR) do propor, motivadamente, ao Delegado de Polícia Diretor da
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que Corregedoria, sua substituição por outro membro.
o requerente possuir ou com indicação daquelas que pretenda Artigo 4º - Os policiais civis que tiverem recebido punição
produzir. (NR) da qual ainda caiba recurso ou pedido de reconsideração, terão
Artigo 125 - O exame da admissibilidade do pedido de revi- prazo decadencial de 30 (trinta) dias para a respectiva interposi-
são será feito pela autoridade que aplicou a penalidade, ou que ção, na forma desta lei complementar.
a tiver confirmado em grau de recurso. (NR) Parágrafo único - A Administração publicará aviso, por 3
Artigo 126 - Deferido o processamento da revisão, será este (três) vezes, no Diário Oficial do Estado, quanto ao disposto no
realizado por Delegado de Polícia de classe igual ou superior à “caput”, contando-se o prazo do primeiro dia útil após a terceira
do acusado, que não tenha funcionado no procedimento disci- publicação.
plinar de que resultou a punição do requerente. (NR) Palácio dos Bandeirantes, 2 de julho de 2002.
Artigo 127 - Recebido o pedido, o presidente providencia-
rá o apensamento dos autos originais e notificará o requerente
para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou
requerer outras provas que pretenda produzir. (NR)
Parágrafo único - No processamento da revisão serão obser-
vadas as normas previstas nesta lei complementar para o pro-
cesso administrativo. (NR)

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Após 19 dias, concluídas as investigações, o Delegado se pre-
EXERCÍCIOS para para apresentar relatório final. Ao tomar conhecimento dos
fatos, Gabriel procura seu advogado para assistência jurídica.
1. (TRE-PA - ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA Considerando as informações narradas e o Enunciado 704
- IBFC – 2020) No que se refere às disposições do Código de da Súmula de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (É
Processo Penal sobre a ação penal, analise as afirmativas abaixo concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do
e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F): Ministério Público, condicionada à representação do ofendido,
( ) Nos crimes de ação pública, esta será promovida por de- para a ação penal por crime contra a honra de servidor público
núncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exi- em razão do exercício de suas funções), o advogado de Gabriel
gir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do deverá esclarecer que:
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. (A) a denúncia por parte do Ministério Público depende de
( ) O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. representação do ofendido, a ser oferecida no prazo de 06
( ) Qualquer pessoa poderá intentar a ação privada. (seis) meses a contar do conhecimento da autoria, ainda
que o inquérito policial possa ser instaurado independente-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de mente da manifestação de vontade de Gabriel;
cima para baixo. (B) as investigações em inquérito policial não poderiam
(A) V, V, V ocorrer pelo prazo inicial de 20 (vinte) dias, considerando
(B) V, V, F a previsão legislativa de que o inquérito deve ter prazo má-
(C) V, F, V ximo de 10 (dez) dias, apenas podendo ser prorrogado por
(D) F, F, V igual prazo;
(C) o inquérito policial não poderia ter sido instaurado pela
2. (TJ-PA - AUXILIAR JUDICIÁRIO - CESPE – 2020) A ação autoridade policial sem a concordância do ofendido, con-
penal pública pode ser incondicionada ou condicionada à repre- siderando a natureza da ação penal do crime investigado;
sentação. Em relação à ação penal pública condicionada à re- (D) a queixa, caso Gabriel opte por apresentá-la, deverá ser
presentação, há a exigência da manifestação do ofendido ou de oferecida no prazo máximo de 06 (seis) meses a contar da
quem tenha qualidade para representá-lo. Acerca da ação penal data do fato, ainda que outra data seja a do conhecimento
pública condicionada à representação, assinale a opção correta. da autoria;
(A) A representação é uma condição de procedibilidade da (E) a autoridade policial poderá, entendendo pela ausência
ação penal, e sua ausência impede o Ministério Público de de materialidade delitiva, arquivar diretamente o inquérito
oferecer a denúncia. policial.
(B) Opera-se a decadência da ação penal condicionada à re-
presentação se o direito de representar não for exercido no 5. (MPE-MT - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO -
prazo de seis meses, a contar da data do fato criminoso.
FCC – 2019) Ao tratar da iniciativa da ação penal, o Código de
(C) O ofendido pode, a qualquer tempo, exercer o direito de
Processo Penal, estabelece, como regra, que a iniciativa será do
se retratar da representação, sendo a extinção da punibili-
Ministério Público. Todavia, mesmo nos crimes de ação pública,
dade sem resolução de mérito o efeito da retratação.
por vezes, a lei exige a representação do ofendido. Declarado
(D) A ação penal pública condicionada à representação é es-
judicialmente ausente o ofendido, terão qualidade para repre-
sencialmente de interesse privado e regida pelos princípios
sentá-lo APENAS
da conveniência e oportunidade.
(A) os herdeiros necessários, o curador especial ou advoga-
(E) A irretratabilidade da representação inicia-se com a ins-
do constituído.
tauração do inquérito policial.
(B) o cônjuge, ascendente ou descendente.
3. (TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO - VUNESP – 2019) Oferecendo (C) o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
o ofendido ação penal privada subsidiária da pública, o Ministé- (D) os sucessores ou curador.
rio Público, nos exatos termos do art. 29 do CPP, (E) os sucessores ou tutor.
(A) perde interesse processual e deixa de intervir nos autos.
(B) pode intervir em todos os termos do processo, contudo, 6. Acerca da aplicação da lei processual no tempo e no espa-
sem capacidade recursal. ço e em relação às pessoas, julgue os itens a seguir.
(C) perde a possibilidade de representar pelo arquivamento I O Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual pe-
do inquérito e não pode repudiar a queixa. nal no tempo, o sistema da unidade processual.
(D) pode aditar a queixa. II Em caso de normas processuais materiais — mistas ou hí-
(E) deixa de ser parte e passa a atuar como custos legis e não bridas —, aplica-se a retroatividade da lei mais benéfica.
pode, por exemplo, fornecer elementos de prova. III Para o regular processamento judicial de governador de
estado ou do Distrito Federal, é necessária a autorização da res-
4. (TJ-CE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - pectiva casa legislativa — assembleia legislativa ou câmara dis-
FGV – 2019) Gabriel, funcionário público do Tribunal de Justiça trital.
do Ceará, foi vítima de um crime de injúria, sendo a ofensa rela-
cionada ao exercício de sua função pública. Optou, porém, por Assinale a opção correta.
nada fazer em desfavor do autor da ofensa. Ocorre que a chefia (A) Apenas o item I está certo.
imediata de Gabriel, informada sobre o ocorrido, e revoltada (B) Apenas o item II está certo.
com o desrespeito, compareceu à delegacia e narrou o fato para (C) Apenas os itens I e III estão certos.
autoridade policial, que instaurou procedimento e fixou prazo (D) Apenas os itens II e III estão certos.
inicial de 20 dias para investigações. (E) Todos os itens estão certos.

30
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
7. Sobre a aplicação da lei processual penal no tempo e no (C) A decisão que autoriza a interceptação telefônica deve
espaço, analise os itens a seguir. ser fundamentada, indicando a forma de execução da dili-
I. A lei processual penal entra em vigor e passa a ser aplicada gência, que não poderá exceder o prazo legal nem ser pror-
imediatamente, mesmo nas hipóteses em que o delito já tenha rogada, sob pena de nulidade.
sido cometido, o acusado já esteja sendo processado e extinga (D) A lei processual penal brasileira adota o princípio da ab-
modalidade de defesa. soluta territorialidade em relação a sua aplicação no espa-
II. Aplica-se a lei processual penal brasileira quando o crime ço: não cabe adotar lei processual de país estrangeiro no
é cometido por cidadão brasileiro no exterior e ali o autor passa cumprimento de atos processuais no território nacional.
a ser processado. (E) A lei processual penal não admite o uso da analogia ou
III. Nos crimes cometidos em embarcações estrangeiras pri- da interpretação extensiva, em estrita observância ao prin-
vadas estacionadas em portos brasileiros, aplica-se a lei proces- cípio da legalidade.
sual penal de seu país de origem.
IV. O cumprimento de sentença penal condenatória emitida 10. Acerca dos princípios aplicáveis ao direito processual pe-
por autoridade estrangeira não se submete a exame de legalida- nal e da aplicação da lei processual no tempo, no espaço, analise
de e correspondência de crimes, cabendo ao juiz criminal apli- as assertivas e indique a alternativa correta:
ca-la de imediato. I - A lei processual penal tem aplicação imediata, nos ter-
mos do art. 2º do Código de Processo Penal. O legislador pátrio
Assinale a alternativa correta. adotou o princípio do tempus reget actum, não existindo efeito
(A) Apenas I e II estão corretos retroativo.
(B) Apenas I e IV estão incorretos II - A lei processual penal se submete ao princípio da retroa-
(C) Apenas II e III estão incorretos tividade in mellius, devendo ter incidência imediata sobre todos
(D) Apenas III e IV estão corretos os processos em andamento, independentemente de o crime
(E) I, II, III e IV estão incorretos haver sido cometido antes ou depois de sua vigência, desde que
seja mais benéfica.
8. Com relação às regras da lei processual no espaço e no III - A busca pela verdade real constitui princípio que rege o
tempo, o Código de Processo Penal vigente adota, respectiva- Direito Processual Penal. A produção das provas, porque consti-
mente, os princípios da lex fori e da aplicação imediata. Com tui garantia constitucional, pode ser determinada, inclusive pelo
base nessa informação, é correto afirmar que Juiz, de ofício, quando julgar necessário.
(A) as normas do Código de Processo Penal vigente são
inaplicáveis, ainda que subsidiariamente, no âmbito da Jus- IV - O princípio da verdade real comporta algumas exceções,
tiça Militar e aos processos da competência do tribunal es- como o descabimento de revisão criminal contra sentença ab-
pecial. solutória.
(B) delegado de polícia estadual, que é informado , sobre a V - A lei processual penal não admitirá interpretação exten-
prática de crime cometido por promotor de justiça estadual, siva e aplicação analógica, mas admitirá o suplemento dos prin-
está autorizado expressamente por lei, a instaurar inquérito cípios gerais do direito.
policial para a apuração dos fatos.
(C) é possível a prisão em flagrante de magistrado estadual (A) Apenas as assertivas II, III e IV são verdadeiras.
por delegado de polícia estadual, quando se tratar de cri- (B) Apenas as assertivas I, II e IV são verdadeiras.
me inafiançável, sendo obrigatória apenas a comunicação (C) Apenas as assertivas I, III e IV são verdadeiras.
ao presidente do tribunal de justiça a que estiver vinculado (D) Apenas as assertivas III, IV e V são verdadeiras.
para evitar vício do ato. (E) Apenas as alternativas I, III, e V são verdadeiras.
(D) a lei processual penal tem aplicação aos processos em
trâmite no território brasileiro, contudo, uma hipótese de 11. (PC-MA - PERITO CRIMINAL – CESPE/2018) A respeito
exclusão da jurisdição pátria é a imunidade dos agentes di- do inquérito policial, assinale a opção correta.
plomáticos e seus familiares que com eles vivam. (A) O inquérito policial poderá ser iniciado apenas com base
(E) a lei processual penal atende a regra do tempus reígit ac- em denúncia anônima que indique a ocorrência do fato cri-
tum, porém a repetição de atos processuais anteriores é exi- minoso e a sua provável autoria, ainda que sem a verificação
gida por lei em observância da interpretação constitucional, prévia da procedência das informações.
além disso, não é possível alcançar os processos que apu- (B) Contra o despacho da autoridade policial que indeferir a
ram condutas delitivas consumadas antes da sua vigência. instauração do inquérito policial a requerimento do ofendi-
do caberá reclamação ao Ministério Público.
9. Em relação ao direito processual penal, assinale a opção (C) Sendo o inquérito policial a base da denúncia, o Ministé-
correta. rio Público não poderá alterar a classificação do crime defi-
(A) De acordo com o procedimento especial de apuração nida pela autoridade policial.
dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (D) O inquérito policial pode ser definido como um procedi-
contra a administração pública, previsto no CPP, recebida mento administrativo pré-processual destinado à apuração
a denúncia e cumprida a citação, o juiz notificará o acusa- das infrações penais e da sua autoria.
do para responder a acusação por escrito, dentro do prazo (E) Por ser instrumento de informação pré-processual, o
legal. inquérito policial é imprescindível ao oferecimento da de-
(B) A interceptação telefônica será determinada pelo juiz na núncia.
hipótese de o fato investigado constituir infração penal pu-
nida com pena de detenção.

31
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
12. (PC-SC - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – FEPESE/2017) (C) será instaurado de ofício pelo juiz se tratar-se de crime
É correto afirmar sobre o inquérito policial. de ação penal pública incondicionada.
(A) A notitia criminis deverá ser por escrito, obrigatoriamen- (D) será requisitado pelo ofendido ou pelo Ministério Públi-
te, quando apresentada por qualquer pessoa do povo co se tratar-se de crime de ação penal privada.
(B) A representação do ofendido é condição indispensável (E) é peça prévia e indispensável para a instauração de ação
para a abertura de inquérito policial para apurar a prática penal pública incondicionada.
de crime de ação penal pública condicionada.
(C) O Ministério Público é parte legítima e universal para 16. (TJ-MS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA FIM - PUC-
requerer a abertura de inquérito policial afim de investigar -PR/2017) Sobre a prova no direito processual penal, marque a
a prática de crime de ação penal pública ou privada. alternativa CORRETA.
(D) Apenas o agressor poderá requerer à autoridade policial (A) São também inadmissíveis as provas derivadas das ilíci-
a abertura de investigação para apurar crimes de ação penal tas, inclusive aquelas que evidenciam nexo de causalidade
privada. entre umas e outras, bem como aquelas que puderem ser
(E) O inquérito policial somente poderá ser iniciado de ofício obtidas por uma fonte independente das primeiras.
pela autoridade policial ou a requerimento do ofendido. (B) A confissão será indivisível e irretratável, sem prejuízo
do livre convencimento do juiz, fundado no exame das pro-
13. (SEJUS/PI - AGENTE PENITENCIÁRIO - NUCEPE/2016) vas em conjunto.
Pode-se afirmar que a autoridade policial, assim que tiver co- (C) Considera-se indício a circunstância conhecida e prova-
nhecimento da prática da infração penal deverá: da, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução,
(A) intimar às partes para formular quesitos sobre que dili- concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias;
gências periciais pretendem fazer. entretanto, tal espécie de prova não é aceita nos tribunais
(B) telefonar para o local, a fim de determinar que não se al- superiores por violar o princípio constitucional da ampla de-
terem o estado e a conservação das coisas, até sua chegada. fesa.
(C) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, (D) A prova emprestada, quando obedecidos os requisitos
depois que já tiverem sido liberados pelos peritos criminais. legais, tem sua condição de prova perfeitamente aceita no
(D) entregar os pertences do ofendido e do indiciado para processo penal; no entanto, ela não tem o mesmo valor pro-
seus respectivas familiares. batório da prova originalmente produzida.
(E) preparar um relatório assinado por, pelo menos, três tes- (E) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
temunhas que presenciaram o fato. prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos in-
formativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.

14. (PC/GO - ESCRIVÃO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - CES- 17. (PC/GO - AGENTE DE POLÍCIA SUBSTITUTO - CES-
PE/2016) Acerca de aspectos diversos pertinentes ao IP, assina- PE/2016) No que diz respeito às provas no processo penal, assi-
le a opção correta. nale a opção correta.
(A) O IP, em razão da complexidade ou gravidade do delito a (A) Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-se prova
ser apurado, poderá ser presidido por representante do MP, pericial médica, que não pode ser suprida por testemunho.
mediante prévia determinação judicial nesse sentido. (B) Se, no interrogatório em juízo, o réu confessar a autoria,
(B) A notitia criminis é denominada direta quando a própria ficará provada a alegação contida na denúncia, tornando-se
vítima provoca a atuação da polícia judiciária, comunican- desnecessária a produção de outras provas.
do a ocorrência de fato delituoso diretamente à autoridade (C) As declarações do réu durante o interrogatório deverão
policial. ser avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas para for-
(C) O indiciamento é ato próprio da autoridade policial a ser mar o livre convencimento do magistrado, quando ampara-
adotado na fase inquisitorial. das em outros elementos de prova.
(D) O prazo legal para o encerramento do IP é relevante in- (D) São objetos de prova testemunhal no processo penal
dependentemente de o indiciado estar solto ou preso, visto fatos relativos ao estado das pessoas, como, por exemplo,
que a superação dos prazos de investigação tem o efeito de casamento, menoridade, filiação e cidadania.
encerrar a persecução penal na esfera policial. (E) O procedimento de acareação entre acusado e testemu-
(E) Do despacho da autoridade policial que indeferir reque- nha é típico da fase pré-processual da ação penal e deve ser
rimento de abertura de IP feito pelo ofendido ou seu re- presidido pelo delegado de polícia.
presentante legal é cabível, como único remédio jurídico,
recurso ao juiz criminal da comarca onde, em tese, ocorreu 18. (PC/DF - PERITO CRIMINAL - IADES/2016) O Código de
o fato delituoso. Processo Penal elenca um conjunto de regras que regulamen-
tam a produção das provas no âmbito do processo criminal. No
15. (PC/PE - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - CESPE/2016) O in- tocante às perícias em geral, as normas estão previstas nos arti-
quérito policial gos 158 a 184 da lei em comento. Quanto ao exame de corpo de
(A) não pode ser iniciado se a representação não tiver sido delito, nos crimes
oferecida e a ação penal dela depender. (A) que deixam vestígios, quando estes desaparecerem, a
(B) é válido somente se, em seu curso, tiver sido assegurado prova testemunhal não poderá suprir-lhe a falta.
o contraditório ao indiciado. (B) que deixam vestígios, esse exame só pode ser realizado
durante o dia.

32
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
(C) de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver (A) o Vereador, o Magistrado e o Ministro de Confissão Re-
sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar ape- ligiosa.
nas por determinação da autoridade judicial. (B) o Ministro de Estado, o Governador e o Agente Munici-
(D) que deixam vestígios, será indispensável o exame de pal de Trânsito.
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a (C) o Prefeito Municipal, o Praça das Forças Armadas e o
confissão do acusado. Ministro do Tribunal de Contas.
(E) que deixam vestígios, será indispensável que as perícias (D) o Agente Fiscal de Posturas Públicas, o membro da As-
sejam realizadas por dois peritos oficiais. sembleia Legislativa dos Estados e os Delegados de Polícia.
(E) o Oficial das Forças Armadas, o diplomado por qualquer
19. (PC/GO - ESCRIVÃO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - CES- das faculdades superiores da República e o Agente Fiscal de
PE/2016) Quanto à prova pericial, assinale a opção correta. Rendas.
(A) A confissão do acusado suprirá a ausência de laudo pe-
ricial para atestar o rompimento de obstáculo nos casos de 22. (PC/AC - AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - IBADE/2017) So-
furto mediante arrombamento, prevalecendo em tais situa- bre o tema prisão preventiva assinale a alternativa correta.
ções a qualificadora do delito. (A) Não será permitido o emprego de força, salvo a indis-
(B) O exame de corpo de delito somente poderá realizar-se pensável no caso de resistência, de tentativa de fuga do pre-
durante o dia, de modo a não suscitar qualquer tipo de dúvi- so, dos reincidentes e dos presos de alta periculosidade por
da, sendo vedada a sua realização durante a noite. terem passado pelo regime disciplinar diferenciado.
(C) Prevê a legislação processual penal a obrigatória parti- (B) O mandado de prisão, na ausência do juiz, poderá ser
cipação da defesa na produção da prova pericial na fase in- lavrado e assinado pelo escrivão, ad referendum do juiz.
vestigatória, antes do encerramento do IP e da elaboração (C) O mandado de prisão mencionará a infração penal e ne-
do laudo pericial. cessariamente a quantidade da pena privativa e de multa,
(D) Os exames de corpo de delito serão realizados por um bem como eventual pena pecuniária.
perito oficial e, na falta deste, admite a lei que duas pessoas (D) A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qual-
idôneas, portadoras de diploma de curso superior e dotadas quer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilida-
de habilidade técnica relacionada com a natureza do exame, de do domicílio.
sejam nomeadas para tal atividade. (E) A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o res-
(E) Em razão da especificidade da prova pericial, o seu re- pectivo mandado, salvo quando, por questão de urgência,
sultado vincula o juízo; por isso, a sentença não poderá ser nos crimes inafiançáveis, poderá a prisão ocorrer por ordem
contrária à conclusão do laudo pericial. verbal do juiz.

20. (AL/MS - AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVO - 23. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE/2019)
FCC/2016) Sobre o exame de corpo de delito e as perícias em Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de
geral, nos termos preconizados pelo Código de Processo Penal, arma de fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados
é INCORRETO afirmar: de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado neces- veículo cuja placa e características foram informadas. O veículo
sariamente por três pessoas idôneas, portadoras de diplo- foi abordado por policiais rodoviários federais em um ponto de
ma de curso superior preferencialmente na área específica, bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com policiais acreditavam estar na rota de fuga do homicida. Dada
a natureza do exame. voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida arma de
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido
de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, utilizada no crime.
os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte
que instrumentos, por que meios e em que época presu- item.
mem ter sido o fato praticado. De acordo com a classificação doutrinária dominante, a situ-
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou ação configura hipótese de flagrante presumido ou ficto.
rejeitá-lo, no todo ou em parte. ( ) CERTO
(D) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o ( ) ERRADO
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado. 24. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CES-
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a PE/2019) Com relação aos meios de prova e os procedimentos
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, inerentes a sua colheita, no âmbito da investigação criminal, jul-
quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. gue o próximo item.
A entrada forçada em determinado domicílio é lícita, mes-
21. (CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA/SP - PRO- mo sem mandado judicial e ainda que durante a noite, caso es-
CURADOR JURÍDICO – VUNESP/2018) Nos expressos e literais teja ocorrendo, dentro da casa, situação de flagrante delito nas
termos do artigo 295 do CPP, têm direito à prisão especial – que modalidades próprio, impróprio ou ficto.
nada mais é do que o recolhimento em local distinto da prisão ( ) CERTO
comum – entre outros, ( ) ERRADO

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
25. (SEJUS/PI - AGENTE PENITENCIÁRIO - NUCEPE/2016) 28. Com base nas disposições da Lei nº 7.960/1989 sobre a
Samuel teve voz de prisão dada por Agostinho, seu vizinho que prisão temporária, analise os itens a seguir:
é alfaiate, quando tentava esfaquear sua madrasta. Neste caso I. A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
é possível dizer: representação da autoridade policial ou de requerimento do Mi-
(A) Agostinho jamais poderia prender Samuel, pois não é nistério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
policial. até 30 (trinta) dias em caso de extrema e comprovada necessi-
(B) Agostinho poderia prender Samuel em 48 (quarenta e dade.
oito) horas depois, se a polícia não tivesse chegado ao local. II. A prisão somente poderá ser executada depois da expedi-
(C) Em face do flagrante delito, Agostinho poderia sim ter ção de mandado judicial.
dado voz de prisão a Samuel. III. Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoria-
(D) Agostinho somente poderia dar voz de prisão a Samuel, mente, separados dos demais detentos.
se este tivesse cometido o crime contra sua genitora.
(E) Samuel somente poderia ser preso em flagrante, se ele Analisados os itens, pode-se afirmar corretamente que:
tivesse levado para a Delegacia de Polícia a faca com a qual (A) Apenas o item I está correto.
tentara esfaquear sua madrasta. (B) Apenas o item II está correto.
(C) Apenas o item III está correto.
26. Considere os seguintes casos hipotéticos: (D) Apenas os itens I e II estão corretos.
I. Paulo, funcionário público no exercício do seu cargo, come- (E) Apenas os itens II e III estão corretos.
teu crime de corrupção passiva ao exigir dinheiro de uma determi-
nada pessoa para deixar de praticar determinado ato de ofício. 29. No que concerne ao regramento legal do habeas corpus
II. Júlio cometeu crime de cárcere privado (artigo 148, do previsto no CPP, é correto afirmar:
Código Penal) ao invadir a casa da ex-namorada, que não queria (A) dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
reatar o relacionamento amoroso. achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na
III. Afonso cometeu crime de roubo (artigo 157, do Código sua liberdade de ir e vir, inclusive nos casos de punição dis-
Penal) contra um hipermercado situado na cidade de São Paulo, ciplinar.
em comparsaria com outros elementos.
(B) recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar ne-
IV. Manoel, funcionário público, cometeu crime de peculato
cessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe
após se apropriar de dinheiro de que teve a posse em razão do
seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
seu cargo.
(C) se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade
do processo, este será definitivamente arquivado.
Presentes todos os requisitos legais previstos na Lei n°
(D) a lei processual penal não prevê a possibilidade de os
7.960/1989, que dispõe sobre a prisão temporária, o magistrado
juízes e os tribunais expedirem de ofício ordem de habeas
competente poderá decretar a prisão temporária de:
corpus.
(A) Paulo, Júlio e Manoel, apenas.
(B) Paulo, Júlio, Afonso e Manoel. (E) não cabe habeas corpus quando negada a liberdade sob
(C) Paulo, Afonso e Manoel, apenas. fiança, mesmo que a lei autorize a liberdade no caso con-
(D) Júlio e Afonso, apenas. creto.
(E) Júlio e Manoel, apenas.
30. O habeas corpus é uma garantia constitucional em que
27. Mariana, tecnicamente primária e com endereço fixo, se obtém, por meio da ação, uma ordem escrita tutelando a li-
foi identificada, a partir de câmeras de segurança, como autora berdade de locomoção, o direito de ir e vir, e de não ser preso.
de um crime de furto simples (Pena: 01 a 04 anos de reclusão e Acerca do habeas corpus, assinale a alternativa correta.
multa) em um estabelecimento comercial. O inquérito policial (A) Pode ser paciente qualquer pessoa natural ou jurídica.
com relatório conclusivo, acompanhado da Folha de Anteceden- (B) É medida que tutela o direito de permanecer, de ir e vir
tes Criminais com apenas uma outra anotação referente à ação e de não ser preso em nenhuma situação.
penal em curso, sem decisão definitiva, foi encaminhado ao Po- (C) É medida que protege direito líquido e certo.
der Judiciário e, posteriormente, ao Ministério Público. (D) É medida que tutela o direito de permanecer, de ir e vir
Entendendo que existe risco de reiteração delitiva, já que e de não ser preso.
testemunhas indicavam que Mariana, que se encontrava solta, (E) É medida que tutela o direito patrimonial, mesmo quan-
já teria praticado delitos semelhantes, no mesmo local, em ou- do por ordem de autoridade judiciária incompetente.
tras ocasiões, poderá o Promotor de Justiça com atribuição re-
querer que seja: 31. Cabível habeas corpus quando
(A) o processo for manifestamente nulo, mas não para o re-
(A) fixada cautelar alternativa de comparecimento mensal conhecimento de extinção da punibilidade do paciente.
em juízo, proibição de contato com as testemunhas, mas (B) não houver justa causa para o inquérito policial, mas não
não o recolhimento domiciliar no período noturno por au- quando já extinta a pena privativa de liberdade.
sência de previsão legal; (C) relativo a processo em curso por infração penal a que a
(B) fixada cautelar alternativa de proibição de frequentar, pena pecuniária seja a única cominada, mas não quando já
por determinado período, o estabelecimento lesado, mas proferida decisão condenatória exclusivamente a pena de
não a decretação da prisão preventiva ou temporária; multa.
(C) fixada a cautelar alternativa de internação provisória, que gera (D) imposta pena de exclusão de militar ou de perda de pa-
detração da pena, mas não a prisão preventiva ou temporária; tente ou de função pública.
(D) decretada a prisão temporária da indiciada; (E) não for admitida a prestação de fiança e quando seu ob-
(E) decretada a prisão preventiva da indiciada. jeto consistir em resolução sobre o ônus das custas.

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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
32. Sobre o habeas corpus, é correto afirmar que (C) se não existe conexão entre o crime de porte ilegal de
(A) qualquer coação que parta de autoridade pública e cons- arma de fogo e o homicídio, o reconhecimento da incom-
tranja sujeito particular enseja a impetração de habeas corpus. petência do Tribunal do Júri para deliberar sobre o primeiro
(B) a concessão do habeas corpus consequentemente obs- e, por consequência, de nulidade de parte da sessão de jul-
tará o processo, pondo termo no seu prosseguimento juris- gamento, afeta a deliberação do Tribunal Popular sobre o
dicional. delito contra a vida.
(C) o habeas corpus, embora classificado pela legislação (D) ainda que não haja ligação entre o crime de posse irre-
processual penal brasileira como “recurso penal”, é uma gular de arma de fogo de uso permitido, que ocorreu em
ação de impugnação de natureza constitucional. contexto diverso da investigação relativa aos crimes contra
(D) o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer a Administração pública apurados, deve-se reconhecer a co-
pessoa, em seu favor ou de outrem, exceto pelo Ministério nexão pelo princípio da conveniência processual.
Público, órgão de natureza acusatória. (E) a garantia constitucional de vitaliciedade aos membros
(E) apenas os tribunais colegiados têm competência para ex- da magistratura lhes assegura o foro por prerrogativa mes-
pedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de mo após a aposentadoria.
processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência
de sofrer coação ilegal. 36. (CRAISA DE SANTO ANDRÉ/SP – ADVOGADO - CAI-
P-IMES/2016) Assinale a alternativa INCORRETA. Em processo
33. (MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA penal a competência jurisdicional será determinada pelo (a):
INICIAL - CESPE – 2020) Deputado federal eleito pelo estado do (A) o local da prisão sendo indiferente o lugar da infração.
Ceará que praticar crime de estelionato em São Luís – MA antes de (B) o domicílio ou residência do réu.
entrar em exercício no cargo eletivo deverá ser processado no(a) (C) a natureza da infração.
(A) Superior Tribunal de Justiça. (D) a distribuição.
(B) justiça federal do Ceará, em razão do cargo ocupado.
(C) justiça estadual comum do Ceará, na comarca de Forta- 37. (TJ/SC – JUIZ – TJSC) Examine as proposições abaixo e
leza.
assinale a alternativa correta:
(D) justiça estadual comum do Maranhão, na comarca de
I. Na sentença envolvendo réu primário, o juiz, após desclas-
São Luís.
sificar a infração penal para outra considerada como de menor
(E) Supremo Tribunal Federal.
potencial ofensivo, aplicará de imediato a pena correspondente
desde que estejam descritas na denúncia as elementares do cri-
34. (TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO - CESPE – 2019)
me resultante da desclassificação.
A respeito de jurisdição e competência no processo penal, assi-
II. Encerrada a instrução probatória, o juiz, se entender ca-
nale a opção correta.
bível nova definição jurídica para o fato, deverá determinar o
(A) Em caso de crime praticado por prefeito em concurso
envio dos autos ao Ministério Público para aditamento da de-
com partícipe que não tenha foro privilegiado, a separação
do processo será obrigatória, e a competência para julga- núncia, com posterior remessa ao Procurador-Geral de Justiça
mento será do tribunal de justiça. se isso não ocorrer. Todavia, mantida pelo Procurador-Geral a
(B) No caso de ter sido praticado mais de um crime, um de- capitulação inicial, o juiz, na sentença, verificando que há prova
les com o objetivo de se conseguir impunidade em relação da materialidade e da autoria, bem como que não estão presen-
ao outro, a competência será determinada pela conexão. tes causas de exclusão da antijuridicidade e da culpabilidade,
(C) Ocorrerá a conexão intersubjetiva por reciprocidade se estará obrigado a condenar o réu pelo crime atribuído na de-
duas ou mais infrações forem cometidas por duas pessoas núncia.
contra terceira pessoa sem unidade de desígnios. III. É requisito obrigatório da sentença a fixação do valor mí-
(D) A precedência da distribuição fixará a competência quan- nimo para a reparação dos danos causados pela infração, inde-
do em comarcas contíguas houver mais de um juiz compe- pendente de requerimento expresso na denúncia.
tente, face o início da execução ou o resultado do crime. IV. Aditada a denúncia, o juiz desde logo a receberá se es-
(E) É de competência da justiça estadual o julgamento dos tiverem presentes os requisitos legais, determinando, na sequ-
crimes de embriaguez ao volante e contrabando descober- ência, a continuidade da audiência de instrução e julgamento.
tos em diligência policial, por se tratar de competência por
conexão instrumental. (A) Somente as proposições I e IV estão corretas.
(B) Somente as proposições II e III estão corretas.
35. (DPE/AM - DEFENSOR PÚBLICO – FCC/2018) Em ma- (C) Somente as proposições I e II estão corretas.
téria de competência, (D) Somente as proposições III e IV estão corretas.
(A) a redação dos art. 76, II e 78, I do CPP permite a exten- (E) Todas as proposições estão incorretas.
são da competência do Tribunal do Júri a delitos conexos ao
crime contra a vida e não autoriza concluir que o Tribunal do 38. (MPE/SC - PROMOTOR DE JUSTIÇA MANHÃ - MPESC)
Júri esteja proibido de julgar réu acusado de praticar crime Analise o enunciado abaixo e assinale “verdadeiro” ou “falso”.
conexo na hipótese de não ter sido também acusado pela Segundo o Código de Processo Penal, o juiz, ao proferir sen-
prática do crime doloso contra a vida. tença condenatória, fixará valor máximo para reparação dos da-
(B) resta configurada a competência do Tribunal do Júri fe- nos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
deral se as vítimas da tentativa de homicídio são policiais pelo ofendido.
militares estaduais no exercício de suas funções e a motiva- ( ) CERTO
ção do delito foi evitar a prisão em flagrante pela prática de ( ) ERRADO
crime da competência federal.

35
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
39. (TJ/AM - ANALISTA JUDICIÁRIO II - OFICIAL DE JUS- 42. (TJ/SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO - VU-
TIÇA AVALIADOR - FGV) A principal consequência do trânsito NESP/2017) Estabelece o CPP em seu art. 353 que, quando o
em julgado da sentença condenatória é fazer com que o con- réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante,
denado cumpra a pena determinada, geralmente privativa de será citado mediante
liberdade, restritiva de direito ou de multa. Contudo, existem (A) precatória.
outros efeitos da condenação previstos na legislação penal. A (B) carta com aviso de recebimento, “de mão própria”.
esse respeito, analise as afirmativas a seguir. (C) edital.
I. É efeito genérico de a condenação tornar certa a obriga- (D) videoconferência.
ção de indenizar o dano causado pelo crime. (E) qualquer meio que o juiz entenda idôneo.
II. Um dos efeitos específicos da condenação é a perda do
cargo, função pública ou mandato eletivo, desde que a pena pri- 43. (PC/GO - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - CES-
vativa de liberdade aplicada seja superior a 2 anos, qualquer que PE/2017) Com referência a citação e intimação no processo pe-
seja o crime praticado pelo funcionário público. nal, assinale a opção correta.
III. Os efeitos de perda em favor da União dos instrumentos (A) A citação do réu preso poderá ser cumprida na pessoa do
do crime e da perda de cargo, função pública ou mandato eleti- procurador por ele constituído na fase policial.
vo, nas hipóteses previstas em lei, serão automáticos e indepen- (B) As intimações dos defensores públicos nomeados pelo
derão de previsão na sentença condenatória. juízo devem ser realizadas mediante publicação nos órgãos
incumbidos da publicidade dos atos judiciais da comarca, e
Assinale: não os havendo, pelo escrivão, por mandado ou via postal.
(A) se somente a afirmativa I estiver correta. (C) Os prazos para a prática de atos processuais contam-se
(B) se somente a afirmativa II estiver correta. da data da intimação e não da juntada aos autos do manda-
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. do ou da carta precatória ou de ordem.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (D) Em função dos princípios da simplicidade, informalida-
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas. de e economia processual, é admissível a citação por edital
e por hora certa nos procedimentos sumaríssimos perante
40. (DPE/TO - DEFENSOR PÚBLICO - CESPE) No que diz
juizado especial criminal.
respeito à sentença e à coisa julgada, assinale a opção correta.
(E) No procedimento comum, não se admite a citação ficta
(A) A cassação dos direito políticos, um dos efeitos da sen-
nem tampouco a contumácia do réu.
tença penal condenatória com trânsito em julgado, encon-
tra-se presente em qualquer condenação criminal e perdura
44. (TJ/RS - Assessor Judiciário - FAURGS/2016) Sobre cita-
enquanto o sentenciado estiver cumprindo pena em regime
ção, intimação e notificação, assinale a alternativa correta.
fechado ou semiaberto.
(A) Se o réu estiver preso, será citado por intermédio de seu
(B) Há, no CPP, regra expressa para os limites objetivos da
defensor.
coisa julgada da sentença penal condenatória, segundo a
qual, diferentemente do que dispõe a norma processual ci- (B) Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
vil, a motivação, o dispositivo e as questões prejudiciais, por constituir advogado, o processo seguirá sem sua presença,
se encontrarem ligados à definição do fato principal, devem devendo o juiz nomear defensor para patrocinar a sua defesa.
ser objeto da coisa julgada. (C) Se o acusado se oculta para não ser citado, o oficial de
(C) O reconhecimento, pelo juiz, de circunstância agravante justiça certificará a ocorrência e procederá à citação por
na sentença penal condenatória, não delineada expressa- edital.
mente na peça acusatória, exsurgida da instrução processu- (D) Será pessoal a intimação do Ministério Público e do de-
al, independe de pedido expresso da parte acusatória e da fensor nomeado.
submissão ao mutatio libelli. (E) No Código de Processo Penal, não há previsão de intima-
(D) As sentenças terminativas são as que encerram o pro- ção da sentença por edital.
cesso, com exame e julgamento do meritum causae, absol-
vendo ou condenando o réu, e que permitem a formação da
coisa julgada formal e material.
(E) A sentença penal absolutória com trânsito em julgado, en-
tre outros efeitos, obsta a arguição da exceção da verdade.

41. (SEJUS/PI - AGENTE PENITENCIÁRIO - NUCEPE/2017)


Quanto às citações e intimações, marque a alternativa CORRETA.
(A) a citação inicial do réu é realizada por publicação no diá-
rio da justiça ou em jornal de grande circulação.
(B) a citação inicial do réu é realizada por mandado, ou
quando o réu estiver no estrangeiro, por carta precatória.
(C) a citação inicial do réu é realizada por mandado, ou
quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz
processante, por carta precatória.
(D) no caso de réu preso, a sua citação será feita diretamen-
te ao diretor do estabelecimento penitenciário no qual esti-
ver cumprindo pena.
(E) a citação do militar dar-se-á pessoalmente.

36
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL

GABARITO ANOTAÇÕES
1 B
______________________________________________________
2 A
3 D ______________________________________________________
4 C
5 C ______________________________________________________
6 B
______________________________________________________
7 E
8 D ______________________________________________________
9 D
______________________________________________________
10 C
11 D ______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 C
14 C ______________________________________________________
15 A
16 E ______________________________________________________
17 C
______________________________________________________
18 D
19 D ______________________________________________________
20 A
______________________________________________________
21 A
22 D ______________________________________________________
23 CERTO
______________________________________________________
24 CERTO
25 C ______________________________________________________
26 D
27 B ______________________________________________________
28 E
______________________________________________________
29 B
30 D ______________________________________________________
31 B
______________________________________________________
32 C
33 A ______________________________________________________
34 B
______________________________________________________
35 A
36 A ______________________________________________________
37 E
38 ERRADO _____________________________________________________
39 A
_____________________________________________________
40 E
41 C ______________________________________________________
42 A
______________________________________________________
43 C
44 D ______________________________________________________

37
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
1. Conceito, método, objeto e finalidade da Criminologia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Teorias sociológicas da criminalidade; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Vitimologia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4. O Estado Democrático de Direito e a prevenção da infração penal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Socialização Secundária: são as lições sociais adquiridas no âm-
CONCEITO, MÉTODO, OBJETO E FINALIDADE bito da escola, grupo de amigos, ambiente de trabalho, etc.
DA CRIMINOLOGIA Cifra Negra: Todos os crimes que não chegam ao conhecimento
da Autoridade Policial. (PÁDUA, 2015)
Cifras Douradas: Representa a criminalidade de ‘colarinho
Ciência do ser que se dedica de forma interdisciplinar e me- branco’, definida como práticas antissociais impunes do poder polí-
diante análise das experiências humanas, de forma predominan- tico e econômico (a nível nacional e internacional), em prejuízo da
temente empírica, portanto esta ciência se reporta ao estudo do coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias econômi-
delito como fenômeno social, dos processos de elaboração das leis, co-financeiras. (CABETTE, 2013)
das várias formas de delinquência e das relações sociais do crime, Cifras Cinzas: São resultados daquelas ocorrências que até são
passando pelas causas da criminalidade, pela posição da vítima, e registradas porém não se chega ao processo ou ação penal por se-
percorrendo os sistemas de justiça criminal e as inúmeras formas de rem solucionadas na própria Delegacia de Polícia seja por concilia-
controle social. (castro, 2015) ção, seja por retratação.
A criminologia é uma ciência social, filiada à Sociologia, e não Cifras Amarelas: são aquelas em que as vítimas são pessoas
uma ciência social independente, desorientada. Em relação ao seu que sofreram alguma forma de violência cometida por um funcio-
objeto — a criminalidade — a criminologia é ciência geral porque nário público e deixam de denunciar o fato aos orgãos responsáveis
cuida dela de um modo geral. Em relação a sua posição, a Crimino- por receio, medo de represália. (PÁDUA, 2015)
logia é uma ciência particular, porque, no seio da Sociologia e sob Cifras Verdes: Consiste nos crimes não chegam ao conhecimen-
sua égide, trata, particularmente, da criminalidade. to policial e que a vítima diretamente destes é o meio ambiente.
Na concepção de Newton Fernandes e Valter Fernandes, crimi- (PÁDUA, 2015)
nologia é o “tratado do Crime”.
A interdisciplinaridade da criminologia é histórica, bastando, Método
para demonstrar isso, dizer que seusfundadores foram um médico Preponderantemente empírico. Indução através das experiên-
(Cesare Lombroso), um jurista sociólogo (Enrico Ferri) e um magis- cias, observações e análises sociais. Enquanto o operador do direi-
trado (Raffaele Garofalo). to parte de premissas corretas para deduzir delas suas conclusões
Assim, além de outras, sempre continuam existindo as três cor- (método dedutivo), o criminólogo analisa dados e induz as corres-
rentes: a clínica, a sociológica e a jurídica, que, ao nosso ver, antes pondentes conclusões (método indutivo).
de buscarem soluções isoladas, devem caminhar unidas e interre-
lacionadas. Objeto da criminologia
A criminologia radical busca esclarecer a relação crime/for- O objeto da moderna criminologia é o crime, suas circunstân-
mação econõmico-social, tendo como conceitos fundamentais re- cias, seu autor, sua vítima e o controle social. Deverá ela orientar a
lações de produção e as questões de poder econômico e político. política criminal na prevenção especial e direta dos crimes social-
Já a criminologia da reação social é definida como uma atividade mente relevantes, na intervenção relativa às suas manifestações
intelectual que estuda os processos de criação das normas penais e e aos seus efeitos graves para determinados indivíduos e famílias.
das normas sociais que estão relacionados com o comportamento Deverá orientar também a Política social na prevenção geral e indi-
desviante. reta das ações e omissões que, embora não previstas como crimes,
O campo de interesse da criminologia organizacional compre- merecem a reprovação máxima.
ende os fenômenos de formação de leis, o da infração às mesmas e Objeto da criminologia é o crime, o criminoso (que é o sujeito
os da reação às violações das leis. A criminologia clínica destina-se que se envolve numa situação criminógena de onde deriva o crime),
ao estudo dos casos particulares com o fim de estabelecer diag- os mecanismos de controle social (formais e informais) que atuam
nósticos e prognósticos de tratamento, numa identificação entre a sobre o crime; e, a vítima (que às vezes pode ter inclusive certa
delinquência e a doença. Aliás, a própria denominação já nos dá culpa no evento).
ideia de relação médico-paciente. A relevância da criminologia reside no fato de que não existe
sociedade sem crime. Ela contribui para o crescimento do conheci-
A criminologia estuda: mento científico com uma abordagem adequada do fenômeno cri-
1 - As causas da criminalidade e da periculosidade preparatória minal. O fato de ser ciência não significa que ela esteja alheia a sua
da criminalidade; função na sociedade. Muito pelo contrário, ela filia-se ao princípio
2 - As manifestações e os efeitos da criminalidade e da pericu- de justiça social.
losidade preparatória da criminalidade e,
3 - A política a opor, assistencialmente, à etiologia da criminali- Então lembre-se:
dade e da periculosidade preparatória da criminalidade, suas mani- - o delito (crime): Enquanto no Direito Penal o crime é anali-
festações e seus efeitos. sado em sua porção individualizada, a criminologia faz o estudo do
crime enquanto manifestação social ou de uma comunidade espe-
Conceitos criminológicos introdutórios importantes para se- cífica. A criminologia indaga os motivos pelos quais determinada
rem guardados: sociedade resolveu, em um momento histórico, criminalizar uma
Alteridade: é a ideia de que o indivíduo depende do outro, da conduta, ou procura uma forma de controle social mais efetivo para
sociedade para a satisfação plena de suas potencialidades. A velo- um determinado caso. A criminologia busca o porquê ideológico do
cidade e a pressa cotidiana vêm minando a solidariedade e a alte- apenamento de algumas condutas humanas.
ridade, substituindo tais conceitos para uma ideia de sobrevivência - a vítima: Vítima é o sujeito que sofreu delito, que foi pre-
e sucesso. judicada direta e indiretamente, ou seja, sofreu a ação danosa do
Socialização Primária: é a fase como momento inicial em que agente criminoso. Atualmente é esquecida do sistema de Justiça
a criança aprende os rudimentos de linguagem, a comunicação, a Criminal, entretanto, no inicio das civilizações (tempo da vingança
moral e os limites na família. Falhas nesse primeiro processo acar- privada) era ela quem decidia e aplicava o Direito de Punir. Passou-
retam problemas na fase subsequente de socialização secundária. -se para o Estado tal incumbência.

1
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
- o controle social: São mecanismos de freios e contrapesos cerebral, os traços de personalidade e temperamento, os backgrou-
que interferem direta ou indiretamente nas atitudes dos sujeitos nds cognitivos e os elementos de decisão racional dos indivíduos
no meio social. (BECKER, 1968; GOTTFREDSON ; HIRSCHI,1990; PATERNOSTER;
- Controle formal: aqueles instituídos e exercidos pelo Estado. BACHMAN,2001). O contexto mais amplo – geralmente – admiti-
P. ex. Polícia, Justiça, Forças Armadas, Administração Penitenciária, do nesta linha de investigação são as relações interpessoais com os
etc. familiares mais próximos (pais e irmãos), grupos de amigos da mes-
- Controle informal: mais implícitos, sutis e informais, p.ex. fa- ma faixa etária. No geral, fala-se de uma causa individual do crime.
mília, igreja, escola, no sentido de gradativamente incutir no ser hu- Como já foi dito, as miradas teóricas que explicam o comportamen-
mano as normas sociais tradicionais de uma comunidade. Quando to criminoso a partir de patologias individuais, sinalizam para três
mais controle informal, menos atividade do controle informal. grupos de variáveis: de natureza biológica (temperamento, traços
fisiológicos, etc.), psicológica (backgrounds cognitivos, trajetória de
Finalidade vida, etc.) e psiquiátrica (traços de personalidade, estrutura cere-
A criminologia tem por finalidade mostrar para o Direito Penal bral, patologias, etc.).
e para sociedade os abismos e as armadilhas aparentemente im-
perceptíveis, na coesão estatal. Segundo Antônio Garcia-Pablos de I - A TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL (APRENDIZAGEM
Molina e Luiz Flávio Gomes: SOCIAL) DE EDWIN H. SUTHERLAND
(...) A função básica da Criminologia consiste em informar a so-
ciedade e os poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima Apresentação
e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos - o mais Sutherland estava interessado em se afastar das explicações
seguro e contrastado - que permita compreender cientificamente biológicas e raciais sobre o crime (ROBERT, 2005). Sendo este o seu
o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo interesse, foi levado ao estudo da criminalidade sistemática. Numa
positivo no homem delinquente (...) de suas pesquisas fundamentais relatou – por meio de uma entre-
Os estudos em criminologia têm como finalidade, entre outros vista transformada num estudo de caso – a vida de um ladrão pro-
aspectos, determinar a etiologia do crime, fazer uma análise da fissional (The professional thief, 1937). Buscou afastar-se das pes-
personalidade e conduta do criminoso para que se possa puni-lo quisas de crime entre as classes populares e dedicou-se ao White
de forma justa (que é uma preocupação da criminologia e não do collar crime (1949). Assim, chegou à elaboração de sua teoria da
Direito Penal), identificar as causas determinantes do fenômeno associação diferencial (ou do aprendizado social). Sua teoria con-
criminógeno, auxiliar na prevenção da criminalidade; e permitir a sidera o crime como um comportamento aprendido pode meio da
ressocialização do delinquente. socialização/interiorização de comportamentos específicos basea-
Os estudos em criminologia se dividem em dois ramos que não dos da interação entre pares que adotam modelos culturais relacio-
são independentes, mas sim interdependentes. Temos de um lado nados à delinquência social.
a Criminologia Clínica (bioantropológica) - esta utiliza-se do méto- Influenciado pela ecologia urbana8, a qual apontava para a de-
do individual, (particular, análise de casos, biológico, experimental), sorganização social como elemento influenciador da criminalidade,
que envolve a indução. De outro lado vemos a Criminologia Geral Sutherland se utiliza da noção de “desorganização” em sua elabo-
(sociológica), esta utiliza-se do método estatístico (de grupo, esta- ração do conceito de organização social conduzia à aprendizagem
tístico, sociológico, histórico) que enfatiza o procedimento de de- social de normas e procedimentos. Deste modo, a socialização num
dução.1 grupo que adota modelos culturais contrários à honestidade e ao
respeito das leis engendra o criminoso. As teorias da subcultura fo-
ram igualmente úteis para Sutherland elaborar a sua própria teoria
do crime (ROBERT, 2005). Desta maneira, emerge a compreensão
TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE de se que o crime procede da “desorganização social”, mas de uma
organização diferencial e da aprendizagem num meio cultural es-
Os estudos sociológicos sobre as causas da criminalidade têm pecífico.
sido elaborados segundo duas direções, ora complementares, ora A partir das (nove) proposições elaboradas por Sutherland so-
opostas (PATERNOSTER ; BACHMAN,2001; ROBERT, 2005). Uma pri- bre a tua teoria, podemos deduzir que para Sutherland as bases
meira direção que os estudos sociológicos privilegiam é a macros- da conduta humana têm suas raízes na experiência cotidiana e no
sociológica. Neste sentido, são valorizadas as variáveis processuais, aprendizado que ela implica. O indivíduo atua de acordo com as
estruturais e institucionais que incidem sobre a etiologia5 dos cri- reações que sua própria conduta desperta nos outros e que o com-
mes cometidos. Uma primeira questão aqui é saber quais são os portamento dos outros desperta nele13. Assim, o comportamento
elementos macrossociais que pesam sobre o sujeito e o fazem cair individual acha-se permanentemente modelado pelas socializações
(ou o laçam) no mundo do crime. Uma segunda questão, ainda den- da vida cotidiana. Contrariando as perspectivas que ele denomina
tro desse arcabouço, é como esses elementos atuam. Aqui se anali- “convencionais”, Sutherland propõe que a conduta criminosa não
sa o peso dos determinantes políticos, culturais, econômicos e dos é algo anormal, não é sinal de uma personalidade imatura, de um
contextos sociais mais amplo e sua influência sobre os indivíduos déficit de inteligência, antes é um comportamento adquirido por
que cometem crimes. Fala-se de uma causa social da criminalidade. meio do aprendizado que resulta da socialização num determinado
Há, contudo, uma segunda direção que alguns sociólogos pri- meio social.
vilegiam para abordar os determinantes da entrada no mundo do Em suas investigações sobre o White collar crime, Sutherland
crime, neste segundo caminho os estudiosos (sociólogos ou não) aborda a delinquência econômica e profissional e o nível de inteli-
focalizam numa dimensão microssociológica, apontando – jun- gência do infrator, então conclui que a conduta desviada não pode
to com psicólogos, economistas e, até mesmo, psiquiatras – que ser imputada a déficits de inteligência dos infratores. Também não
são as características individuais e as motivações dos sujeitos que se trata de inadequação dos indivíduos das classes desfavorecidas
realizam os delitos que os encaminham para o mundo do crime. socioeconomicamente (SUTHERLAND, 2014 [1940], p.101), mas de
Neste limiar, interessam os elementos biopsicológicos, a estrutura uma aprendizagem efetiva dos valores criminais, algo que pode su-
ceder em qualquer meio de qualquer cultura.
1Fonte: www.brunobottiglieri.jusbrasil.com.br/Por Alexandre Herculano

2
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Finalmente, a conduta criminal é aprendida em interação com Sutherland, abertamente, está se opondo às criminologias in-
outras pessoas, mediante um processo de comunicação. Pelo que dividualistas e às estruturais, ele pretende que a sua elaboração te-
requer uma postura ativa da parte do indivíduo que aprende. O cri- órica esteja situada no nível interpessoal – cultural segundo Robert
me não é hereditário nem é algo fortuito ou irracional, é uma con- (2005) – da análise social.
duta aprendida. As pessoas se tornam delinquentes devido a um Há, particularmente no artigo sobre “A criminalidade de cola-
excesso de definições favoráveis à violação da lei, em detrimento rinho branco” (2014 [1940]), indícios de que há pontos de conver-
de definições não favoráveis à tal violação. O processo de aprendi- gência da perspectiva de Sutherland com teorias que precederam e
zado de comportamentos criminosos envolve todos os mecanismos sucederam a sua iniciativa teórica. Em consonância com a teoria da
que estão envolvidos em qualquer outro aprendizado – tais como trajetória de vida, Sutherland (2014 [1940]) assume que é legítimo
reforço diferencial, imitação, definições da situação e associação “considerar as histórias de vida de tais criminosos como base de
diferencial. Embora exista o suposto de uma hipersocialização, ad- dados.” (p.99). A trajetória de vida não seria um fundamento etioló-
verte-se que o criminoso não possui um sistema moral homogêneo gico para o cometimento de crime, mas seria uma “base de dados”
nem manifesta comportamento homogêneo. para a pesquisa criminológica.
Outro ponto importante, é que Sutherland, de maneira seme-
Análise Comparativa lhante ao da teoria das atividades rotineiras (ou das oportunida-
Conforme já apontado supra, Sutherland recebeu influência de des), concebe que existe uma “vulnerabilidade das vítimas” (SU-
ecologia urbana (Cf. FREITAS, 2004) e da teoria das subculturas. Da THERLAND (2014 [1940]), p.101).
primeira, ele se afastou pela recusa da noção de “desorganização”, Com alguma semelhança à teoria da escolha racional do cri-
assumindo a conceito de “organização diferencial”. Da segunda, ele me, de Gary S. Becker, Sutherland propõe que: “Grupos e pessoas
reteve a noção de “socialização cultural específica”, mas recusou a são individualistas; eles estão mais preocupados com os próprios
noção de imitação passiva. interesses do que com o bem-estar comum.” (SUTHERLAND, 2014
A teoria de Sutherland pode ser situada no nível interpessoal [1940], p.103)
de análise do crime. Por isso, Cerqueira e Lobão (2004) apontam Com efeito, a teorização de Sutherland complementa24 as
que: “Nesse sentido, a família, os grupos de amizade e a comunida- perspectivas que vêm na pobreza a origem dos crimes. Segundo
de ocupam papel central.” (p.241). Sutherland: (a) embora, tais teorias possam explicar os crimes vio-
Robert (2005) situa a teoria de Sutherland entre as “teorias lentos ou coercitivos, (b) elas não explicam os crimes de colarinho
culturalistas” (cf.pp.100-107) do crime e sugere que “a hipótese branco, os quais “não usam métodos coercitivos” (SUTHERLAND,
cultural, ao libertar o indivíduo das suspeitas da diferença indivi- 2014 [1940], p.99).
dual, transfere-as aos grupos com os quais o mesmo se identifica.” De um modo surpreendente, a concepção de Sutherland é de-
(ROBERT, 2005, pp.106-107). vedora da teoria da subcultura do crime, da criminologia ambien-
Da parte do próprio Sutherland, ele afirmar que pretende “inte-
tal26 e antecipa questões da teoria da eficácia coletiva27. Todas es-
grar [...] duas áreas de conhecimento” (SUTHERLAND, 2014 [1940],
sas influências podem ser detectadas na obra geral de Sutherland,
p.93), a sociológica (que era familiar ao crime, mas não habituada a
mas um trecho do seu artigo sobre o crime de colarinho branco
considerá-lo como manifestação nos negócios) e a econômica (que
evoca todas elas como se pode observar:
conhecia as técnicas de negócios, porém não acostumada a anali-
A associação diferencial culmina no crime porque a comunida-
sá-las do ponto de vista do crime). Outro objetivo de Sutherland
de não é organizada o bastante contra aquele comportamento. A
era demonstrar que as “teorias convencionais” sobre o crime eram
lei age em uma direção, enquanto outras forças atuam em sentido
inválidas, sobretudo, por serem fruto de amostras viciadas. Suther-
contrário. No mercado, as “regras do jogo” entram em conflito com
land (2014 [1940]) formula:
Os criminólogos têm utilizado estudos de caso e estatísticas as regras jurídicas. Um empresário que busca obedecer à lei é impe-
criminais derivados dessas agências da justiça criminal como sua lido por seus competidores a adotar os métodos deles. Isto é bem
principal base de dados. Assim, a partir dessas, eles formularam te- evidenciado pela persistência da corrupção privada em que pese os
orias gerais do comportamento criminoso e sustentam que, uma esforços extenuantes de organizações econômicas para eliminá-la.
vez que o crime está concentrado na classe baixa, ele é causado [...]. Consequentemente, não é possível para a comunidade oferecer
pela pobreza ou características pessoais e sociais que acreditam uma firme oposição ao crime. Os órgãos de defesa do consumidor
estar estatisticamente associadas com a pobreza, incluindo enfer- e comissões de prevenção ao crime, compostas por empresários e
midades mentais, desvios psicopáticos, bairros carentes e famílias outros profissionais, combatem furtos, roubos e fraudes inexpressi-
“degeneradas”. (p.94). vas, mas são negligentes em relação aos os crimes de seus próprios
Ele sustenta, então, que “o crime não se concentra tanto na membros. As forças que incidem sobre a classe baixa também estão
classe baixa como as estatísticas convencionais apontam.” (SU- em conflito. A desorganização social afeta as duas classes de ma-
THERLAND, 2014 [1940], p.97)21. E, ainda, que: “A teoria de que o neira semelhante. (SUTHERLAND, 2014 [1940], p.103, grifo nosso).
comportamento criminoso em geral se deve à pobreza ou às con- É deste modo que a teoria da associação diferencial traça um
dições psicopáticas e sociopáticas associadas com aquela, pode ser modelo teórico generalizador, capaz de explicar a criminalidade das
considerada inválida [...].”. (SUTHERLAND, 2014 [1940], p.101). Ele classes médias e da classe alta. Com ela Sutherland contribuiu para
apresenta como “razões”: fundamentar estudos que encontram na noção genérica de “apren-
1) “[...] a generalização é baseada em uma amostra enviesada dizagem” uma referência fundamental.
que omite quase que completamente o comportamento de crimi- Quanto aos crimes das classes baixas, Sutherland aponta a
nosos de colarinho branco.” (SUTHERLAND, 2014 [1940], p.101); “desorganização social” como fator determinante do crime entre
2) “[...] a generalização de que a criminalidade está estritamen- as classes desfavorecidas. Dados como os que são arrolados abaixo
te associada com a pobreza, obviamente, não se aplica aos crimino- são importantes na análise de Sutherland:
sos de colarinho branco.” (SUTHERLAND, 2014 [1940], p.101); (a) As “regiões violentas” consistem em bairros pobres e dete-
3) “[...] as teorias convencionais não explicam sequer a crimina- riorados localizados em regiões centrais das cidades;
lidade da classe baixa.” (SUTHERLAND, 2014 [1940], p.101). (b) As “comunidades violentas” consistem em regiões habita-
das por populações de origens variadas, principalmente imigrantes;

3
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
(c) Os bairros com grande incidência de criminalidade violenta consistem em regiões que mantinham altos níveis de rotatividade resi-
dencial, com baixo poder de fixação da população local por longos períodos.

A segregação residencial, portanto, é fator operante na conformação das “regiões violentas”. Deste modo, a diferenciação ecológica
do fenômeno do crime, não deixa de revelar as desigualdades socioeconômicas entre as populações favorecidas e desfavorecidas. Pelo que
as características sociais da população residente no território explicam as variações nas taxas de criminalidade.

II - TEORIA DO AUTOCONTROLE DE MICHAEL R. GOTTFREDSON E TRAVIS RIRCH.

Apresentação
Em “A general theory of crime” (1990), Michael Gottfredson e Travis Hirschi elaboraram – conforme encaminha o título de sua obra
– uma “teoria geral da criminalidade” que relaciona o ato criminoso às “diferenças individuais na propensão ao cometimento de atos crimi-
nosos.” (p.87). Eles pretendem apontar os requisitos comportamentais do ato criminoso sem, contudo, incorrerem numa visão determinís-
tica do criminoso.28 Esses autores tencionam, ainda, que a sua teoria seja, de algum modo, um aperfeiçoamento das “teorias clássicas [do
crime] ou teorias do controle” (GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990, p.86), presentes, significativamente, nos escritos de Jeremy Bentham. Eles
argumentam que: “De fato, a compatibilidade da visão clássica do crime e a ideia de que as pessoas diferem em autocontrole é, em nossa
visão, notável.” (GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990, p.87). Os autores, então, afirmam que a teoria clássica “é uma teoria do controle social ou
externo” (GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990, p.87), ao passo que teoria deles é sobre o autocontrole.
Gottfredson e Hirschi (1990), então, argumentam que é o grau de autocontrole apresentado por um indivíduo que irá determina sua
maior ou menor propensão ao crime. Para esses autores, a maior parte dos atos criminosos são banais e triviais, precisam apenas uma
preparação curta, têm poucas consequências permanentes e muitas vezes não produzem o resultado que o agressor esperava (GOTTFRED-
SON; HIRSCHI, 1990, p .16). Eles, ainda, observam que diferentes atos criminosos são intercambiáveis, porque estes mostram as mesmas
características como o imediatismo e baixo grau de esforço. Assim, as diferenças entre crimes instrumentais e expressivos, ou entre crimes
violentos e crimes não-coercitivos “são sem sentido e enganosas”. (GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990, p.22).
De acordo esses autores, os indivíduos adquirem (ou não) a capacidade de controle da impulsividade29 e imediatismo (autocontrole)
por meio da socialização familiar. Assim, os indivíduos com baixo autocontrole buscam a satisfação do prazer imediato sem considerar as
consequências negativas em longo prazo, apresentando uma propensão a ceder a oportunidades momentâneas e a não adiar gratificações.

De acordo com o mencionado supra, Gottfredson e Hirschi (1990) sustentam que: “[...] a principal causa do baixo autocontrole parece,
portanto, ser uma ineficaz criação de filhos [...] [,] “educação defeituosa” ou “negligência” na casa é a causa primária do crime.” (p.97). Eles
afirmam que é necessário levar em consideração “a relação entrecondição familiar e delinquência.” (GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990, p.97).
Assim, a instituição social fundamental para a prevenção do crime é a família.
Viapiana (2006) resume a teoria do autocontrole nos seguintes termos:
[...] a teoria do autocontrole combina uma teoria da natureza humana segundo a qual estão presentes no indivíduo tanto a tendência
para ações boas como para más, com a noção de que as pessoas aprendem valores morais e legais associados às boas ou más ações e,
ainda, reserva ao indivíduo certo espaço para uma decisão racional para certas atitudes em detrimento de outras, pelo crime ou pelo não
crime. (p.111).
Esse elemento de “cálculo”, contudo, é feito de maneira diferente de indivíduo para indivíduo. Mas, o tema o interesse próprio e do
egoísmo está presente na teoria do autocontrole. Gottfredson e Hirschi (1990) afirmam que: “pessoas com baixo autocontrole tendem a
ser egocêntricas, indiferentes ou insensíveis ao sofrimento e às necessidades dos outros.” (p.89). A premissa sobre a “natureza humana”
é de que as pessoas perseguem, naturalmente, os seus próprios interesses e, a menos que sejam socializadas em contrário (no seio da fa-
mília), elas usarão quaisquer que sejam os meios disponíveis para alcançar seus objetivos egocêntricos. É desta maneira que Robert (2005)
resume que a teoria do crime de Gottfredson e Hirschi termina por definir “[...] o crime como um auto de fraude ou de força no intuito de
satisfazer o próprio interesse.” (p.117).
A relação entre “natureza humana” e “socialização” está no fato de que:
(a) Premissa sobre a natureza humana: a pessoas tendem a ser egoístas e buscar os seus próprios interesses;
(b) Premissa sobre a socialização: uma socialização familiar bem sucedida encaminha as pessoas para não serem egoístas e para leva-
rem em conta o interesse das outras pessoas.

De modo que, Gottfredson e Hirschi (1990) sustentam que:


(a) “[...] a principal causa do baixo autocontrole parece, portanto, ser uma ineficaz criação de filhos [...] (p.97);
(b) [...] “educação defeituosa” ou “negligência” [da família] [...] é a causa primária do crime.” (p.97).

De maneira que, Gottfredson e Hirschi (1990) afirmam que é fundamental considerar a relação entre condição familiar e delinquência.

4
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Análise Comparativa Em síntese, a socialização intencional, nos grupos, não é rea-
Tal tese ocupa, na Criminologia, um lugar de destaque entre as lizada para reduzir o autocontrole de seus membros, mas para au-
teorias que remetem o crime à estrutura psíquica do indivíduo e à mentar autocontrole dos membros. Assim sendo, quando um indi-
dinâmica da socialização intrafamiliar. Aqui, também temos uma te- víduo manifesta baixo autocontrole é porque a sua socialização foi
oria que pode ser situada no nível interpessoal de análise do crime. deficiente, sobretudo em termos da socialização familiar. Tal tese
Embora, os autores não tirem, em nenhum momento de sua elabo- parece-nos frágil quando se sabe, com Peralva (2000) e Viapiana
ração, os olhos do indivíduo, o qual explica o crime sem, contudo, (2006) que a influência de grupos pares – entre os adolescentes
ser a “causa” do crime. – encaminha uma socialização intencionalmente elaborada para
Há uma aparência de aproximação à concepção de Becker reduzir o autocontrole dos seus membros. A regra é não se repri-
(1968) sobre a “teoria da escolha racional do crime”. Mas, tal apro- mir, quebrar as regras, superar os limites, assumir e desafiar o risco.
ximação não é automática. Embora permita “certo espaço para a Esse fato leva-nos a considerar um sério limite da teoria da sociali-
decisão racional” por parte dos indivíduos – conforme aponta Via- zação presente na teoria do crime de Gottfredson e Hirschi.
piana (2006) –, Gottfredson e Hirschi (1990) entendem que, ao con- Contra a teoria da anomia – de Merton e seus discípulos –,
trário de uma capacidade para tomar decisões, o baixo autocontro- mas, também, contra a teoria da associação diferencial de Suther-
le demarca uma incapacidade psíquica do indivíduo em controlar land, Gottfredson e Hirschi (1990) afirmam que:
impulsos de realização imediata dos desejos. Estaríamos, aqui, situ- Os traços que compõem baixo autocontrole são algo que não
ados não na esfera do indivíduo “calculista” que procura maximizar são propícios à realização de metas individuais de longo prazo. Pelo
seus ganhos, e sim no âmbito de um indivíduo que não tem habi- contrário, impedem a realização educacional e ocupacional, destro-
lidade de analisar as consequências nocivas (uma vez que se trata em as relações interpessoais e prejudicam a saúde física e o bem-
de um sujeito egocêntrico) dos seus atos. Temos aqui um sujeito -estar da economia. Tais fatos negam explicitamente a noção de
impulsivo, não um planejador. O elemento do autointeresse é mais que a criminalidade é uma rota alternativa para os objetivos obtidos
forte do que o elemento do “cálculo racional”. por meio de avenidas legítimas. (p.96).
Há também uma relação com a teoria de Sutherland (2014 No entanto, a explicitação de “tais fatos” nas citações de Got-
[1940]), uma vez que tanto Gottfredson e Hirschi (1990) quanto Su- tfredson e Hirschi (1990), acima, não são suficientes para desqualifi-
therland (2014 [1940]) dão importância à “supervisão familiar”. De car nem a teoria de Sutherland nem a de Merton, as quais explicam
fato, a teoria geral do crime pretende ser uma teoria afinada com as melhor que do que a teoria do autocontrole os crimes de chamados
teorias do controle social (Cf. GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990, p.85). de colarinho branco. Ao nosso modo de ver, a teoria do autocon-
Neste sentido, as crianças não diferem, original ou naturalmente, trole explica melhor os crimes expressivos, os crimes violentos e a
em seu autocontrole35, tal diferença é desenvolvida, sobretudo, “baixa” criminalidade. Ao passo que tanto a teoria de Sutherland
em sua educação familiar. A diferença em autocontrole é, princi- quanto a de Merton – mostraremos no decorrer deste texto a teoria
palmente, resultado da socialização familiar. O baixo autocontrole, do crime de Merton – explicam melhor os crimes não-coercitivos,
então, é explicado por déficits que resultam da “ausência de cultivo os crimes instrumentais e a “alta” criminalidade.
[nurturance], disciplina ou treino.” (GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990, Como mencionado acima, Gottfredson e Hirschi (1990) não de-
p.95). Deste modo: “A principal causa do baixo autocontrole pare- finiram o crime em termos jurídicos, uma vez que do ponto de vista
ce ser uma ineficaz criação de filhos.” (GOTTFREDSON; HIRSCHI, deles uma mesma ação, quando realizada em diferentes contextos,
1990,p. 97). pode ser definida como criminoso ou não criminoso (Cf. GOTTFRED-
Entre as condições consideradas necessárias para uma educa- SON; HIRSCHI, 1990, p. 175). Para eles, a definição de crime é o pon-
ção/socialização “bem-sucedida”, nos termos dos autores, estão: to inicial essencial de sua teoria: “O conceito central de uma teoria
(a) Supervisão parental: para que as crianças desenvolvam au- do crime deve ser o próprio crime.” (GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990,
tocontrole, elas precisam de pais que observem o seu comporta- p.175). Assim, o crime é, para Gottfredson e Hirschi (1990), com-
mento; posto por atos banais e triviais, que não exigem alta inteligência,
(b) Empenho parental: os pais devem ser capazes de reconhe- grandes habilidades ou preparação especializada, são, usualmente,
cer os comportamentos egoísticos, impulsivos e anti-sociais; investidas que têm poucas consequências permanentes e muitas
(c) Disciplina: os pais devem reprovar36 os comportamentos vezes não produzem o resultado que o agressor esperava (Cf. GOT-
egoísticos, impulsivos e antissociais, logo que a criança os manifeste TFREDSON; HIRSCHI, 1990, p.16). Isto é, atos criminosos demons-
(GOTTFREDSON; HIRSCHI, 1990). tram a característica de serem intercambiáveis, porque revelam
qualidades como a impulsividade e pequena parcela de esforço.
Para Gottfredson e Hirschi (1990) tais etapas educativas não Tal definição da natureza do crime não permaneceu indiscutí-
ocorreram quando se constata um indivíduo que possui baixo au- vel na literatura, conforme aposta Robert (2005):
tocontrole. Por isso – contrariando Sutherland (2014 [1940]) – eles Sua ambição de generalidade foi criticada: ela não convém a
formulam que: certos tipos de criminalidade (o crime organizado ou a delinquência
Nenhum grupo social conhecido, seja criminoso ou não crimi- econômico-financeira. [...] Ela sofreu, ainda, com a revitalização das
noso, tenta ativamente ou intencionalmente reduzir o autocontrole teorias anteriores – notadamente da elaboração mertoniana – que
de seus membros. A vida social não é reforçada pelo baixo autocon- ela havia considerado categoricamente refutada. (p.118).
trole e suas consequências. Pelo contrário, a exibição dessas ten- Portanto, o “crime de colarinho branco” é, geralmente, é re-
dências prejudica as relações de grupo harmoniosas e a capacidade putado como exemplo de um tipo de crime que não pode ser ex-
de alcançar fins coletivos. Esses fatos negam explicitamente que plicado pela teoria do autocontrole (Cf. FRIEDRICHS; SCHWARTZ,
uma tendência ao crime é um produto da socialização, da cultura 2008). Contudo, Friedrichs e Schwartz (2008) apontam que há com-
ou do aprendizado positivo de qualquer tipo. (GOTTFREDSON; HIRS- plementariedades entre a teoria do autocontrole – “teoria geral do
CHI, 1990, p.95-96, grifo nosso). crime” de Gottfredson e Hirschi (1990) – a teoria do “aprendizado
social” de Sutherland. Eles, ainda, entendem que há convergência
entre a teoria de Gottfredson e Hirschi (1990) e a teoria da desorga-

5
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
nização social. De fato, Matsueda (2008) sinaliza plena compatibi- O fato é que Merton (1970 [1949]) intenta demonstrar como
lidade entre a teoria do autocontrole e a teoria da desorganização determinadas estruturas sociais exercem uma pressão específica
social. Surpreendentemente, Rosenfeld e Messner (2008) deduzem sobre alguns membros da sociedade levando-lhes a adotar com-
complementaridades entre a teoria do autocontrole e a teoria da portamentos desviantes das normas dos comportamentos acei-
anomia de Merton, ensaiando uma correlação das duas em sua pró- tos. Nestes termos, para Merton (1970 [1949]), o “desvio” emerge
pria Institucional-Anomie-Theory. como uma reação normal de certos indivíduos a uma dada situação
De qualquer modo, Gottfredson e Hirschi (1990, p.180ss; 2001; social e a sua análise “pretende proporcionar um enforque siste-
2008, p.226ss) questionam a tese de que a sua teoria não explica os mático [...] [das] [...] fontes sociais e culturais do comportamento
“crimes de colarinho branco”, contra- argumentando, por exemplo, transviado.” (p.204).
de que esta modalidade de crimes tão somente exibe diferenças Então, Merton (1970 [1949]) apresenta a sua tese de que, en-
graduais em relação aos crimes habituais. tre os diversos elementos sociais e culturais (variáveis) importantes
Magalhães (2015) percebe que Gottfredson e Hirschi (1990) ao nessa situação do desvio criminal, dois são fundamentais:
formularem que habilidades especiais não são exigidas para a prá- O primeiro consiste em objetivos culturalmente definidos, de
tica de um crime, estão se fundamentando na teoria das atividades propósitos e interesses, mantidos como objetivos legítimos para to-
rotineiras de Cohen e Felson (1979). Assim, há uma afinidade entre dos, ou para membros diversamente localizados da sociedade. [...].
a teoria do autocontrole e a teoria das oportunidades ou teoria das Um segundo elemento da estrutura cultural define, regula
atividades rotineiras. Conforme ele explicita: e controla os modos aceitáveis de alcançar esses objetivos. Cada
Crimes como roubo, estupro e homicídio exigiriam apenas a grupo social, invariavelmente, liga seus objetivos culturais a regu-
aparência de força física superior ou a posse de algum instrumen- lamentos, enraizados nos costumes ou nas instituições, de procedi-
to de força (armas). Crimes contra propriedade podem exigir força mentos permissíveis para a procura de tais objetivos. Estas normas
física e destreza, mas, na maioria dos casos, nada mais que o que reguladoras não são necessariamente idênticas às normas técnicas
se exige para as atividades rotineiras da vida. A maioria dos crimes ou de eficiência. Muitos procedimentos que do ponto de vista de
aconteceria em locais próximos à residência do agente – o arromba- indivíduos isolados seriam os mais eficientes na obtenção ao dos
dor geralmente anda pela cena do crime e percebe a oportunidade valores desejados – o exercício da força, da fraude, do poder – estão
–, além disso, procura casas que estejam abertas e se concentra em excluídos da área institucional da conduta permitida. Por vezes os
bens portáteis independentemente do valor que tenham no merca- procedimentos desabonados incluem algo que seria eficiente para
do. Finalmente, os autores analisam as condições necessárias para o grupo em si mesmo, por exemplo, os tabus hist6ricos contra a
vivissecção, ou a respeito das experiências médicas, ou a análise
a ocorrência de um crime. Neste ponto pretendem fazer a articu-
sociológica das normas “sagradas” – desde que o critério de aceita-
lação entre a definição de crime que buscam nos clássicos, os pa-
bilidade não e a eficiência técnica, mas sim os sentimentos carrega-
drões empíricos da atividade criminosa e a noção de criminalidade,
dos de va1ores (apoiados pela maior parte dos membros do grupo,
ou de propensão individual para a prática de crimes. De uma defi-
ou por aqueles capazes de promover tais sentimentos através do
nição de crime, que foi esboçada acima, deduzem um perfil do cri-
uso simultâneo do poder e da propaganda). Em todos os casos, a
minoso. Para fazer a articulação, trabalham com a “abordagem das
escolha dos expedientes para se esforçar na obtenção dos objeti-
atividades rotineiras” (routine activity approach) de Cohen e Felson
vos culturais é limitada pelas normas institucionalizadas. (MERTON,
(1979). Nesta perspectiva, crimes requerem um ofensor motivado,
1970, p.205, grifo nosso).
ausência de vigilância eficiente e alvos disponíveis. (MAGALHÃES
Como podemos inferir do trecho, os dois elementos supra
,2015, p.40). referidos – (1) os objetivos culturais (realização pessoal, profissio-
nal, econômica, etc.) tidos por legítimos para todos e (2) os modos
Finalmente, toda a elaboração de Gottfredson e Hirschi (1990) aceitáveis de alcançar tais objetivos (as “regras do jogo”, os siste-
inicia apontando a sua derivação das: “teorias clássicas [que] no mas normativos de condutas, etc.) – não poucas vezes entram em
conjunto [...] são hoje denominadas teorias do controle.” (p.85, conflito, tanto no próprio sistema social quanto “na cabeça” dos
grifo original; Cf. HIRSCHI [2002 [1969]). O apelo de Gottfredson e indivíduos. Conforme apontam Cerqueira e Lobão (2004, p.259),
Hirschi (1990) para que o Estado supervisione a educação parental são frequentes as situações em que ocorrem a impossibilidade de
sobre os filhos não deixa de revelar certa relação – embora distante o indivíduo atingir metas por ele desejadas, por três fatores funda-
em vários termos – com a teoria da eficácia coletiva. mentais:
Com efeito, é uma fraqueza para este modelo explicativo o fato a) Diferenças de aspirações individuais e os meios disponíveis;
– nem sempre excepcional – de que pessoas criadas numa mesma b) Oportunidades bloqueadas;
família optarem por seguir caminhos divergentes em relação à pra- c) Privação relativa.
tica criminosa.
A articulação desses fatores – conforme uma expressão de
III - TEORIA DA ANOMIA (STRAIN) DE ROBERT K. MERTON. Merton (1970 [1949]): “[...] analiticamente separáveis embora se
misturem em situações concretas [...].” (pp,204-205) – ocasiona a
Apresentação prática de desvios pela tensão (strain) entre aquilo que é propos-
Merton (1970 [1949]) inicia o seu texto “Estrutura social e ano- to como objetivo legítimo ao alcance de todos numa mesma so-
mia” com a seguinte afirmação: ciedade e as chances reais de um determinado indivíduo situado
Até há pouco tempo – e outrora muito mais –, podia-se falar numa dada posição social alcançar tais metas pelos meios tidos
de uma acentuada tendência nas teorias psicológicas e sociológi- como legítimos. Algo semelhante à desigualdade das oportunida-
cas, de atribuir o funcionamento defeituoso das estruturas sociais des – estudada por Boudon (1981) – numa sociedade democrática
as falhas do controle social sabre os imperiosos impulsos biológicos baseada na meritocracia. Com efeito, Boudon – tal como Chinoy
do homem. A imagem das relações entre o homem e a sociedade (1975) apontara – enxerga que a meritocracia, numa sociedade do
insinuada por esta doutrina é bastante clara, mas é muito questio- achievement, contribui para aumentar a tensão e o descontenta-
nável. (p.203). mento de inúmeros indivíduos com a “justiça” e “justeza” do siste-

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ma social, levando alguns a optarem pela vida criminosa com vistas Quando uma norma está imbuída de [...] autoridade, o ator
a alcançarem os fins a despeito dos meios, conforme a noção de cumpre a norma porque o comportamento prescrito é “bom em
“tensão” de Merton. si mesmo” e não é meramente um meio para algum outro fim. A
Assim, essa tensão entre as metas socioculturais recomenda- autoridade moral das normas institucionais, no entanto, nunca é
das pelo sistema social e as reais condições de alcançá-las pelos perfeita. Um tipo de controle secundário e utilitário acompanha in-
meios legítimos, sobretudo, para certos indivíduos, apontaria para variavelmente o tipo moral nas sociedades em curso. Isso envolve
um rompimento – a anomia –; as normais sociais entrariam em con- um “cálculo da vantagem” enraizado em um apelo aos interesses
flito com os valores de um indivíduo ou uma subcultura, os valores (próprios), que pode assumir a forma de vantagens positivas, por
exigindo um comportamento que as normas legítimas dificultam. um lado, ou consequências desvantajosas de outro. (p,166, grifo
Pelo que o comportamento criminoso consiste, elementarmente, nosso).
num rompimento das normas. Os fins socioculturais passam ser to- Os autores – ao ampliarem o escopo da abrangência da teoria
mados – por alguns indivíduos e subculturas – como sendo mais da anomia – estão tornando explícito o papel do indivíduo, em sua
importantes do que as normas sobre a legitimidade dos meios utili- reação às normas sociais; papel esse que já estava na elaboração de
zados. Temos assim, a situação em que os alguns sujeitos se tornam Merton, de maneira implícita.
– na linguagem mertoniana – hiperconfomistas quanto aos fins e Peralva (2000) – em sua pesquisa qualitativa sobre a aumento
incorfomistas quantos aos meios. De sorte que temos a situação a
da criminalidade braseira pós-democratização política nos meados
qual Touraine (2000) chamou de “redefinição da anomia” (p.12) por
dos anos 80 – faz menções à teoria da anomia da Merton e “con-
Merton. Isto é, a “dissociação das condutas conforme sua orienta-
versa” com ela a partir de sua pesquisa empírica sobre a “cultura
ção em direção a fins, ou aos meios de atingi-los.” (TOURAINE,2000,
do crime” nos morros do Rio de Janeiro e nas favelas de São Paulo.
p.12). Por um lado, há a ambivalência das metas sociais e dos meios
de alcança-las legitimamente41. Por outro, tem-se que [...] a de- A autora articula uma interpretação própria do fenômeno por ela
composição das normas e dos vínculos tradicionais introduz um in- estudado, pela elaboração de sua concepção de “individualismo de
dividualismo destruidor, que se traduz, por sua vez, na prioridade da massa”. No entanto, Peralva (2000) comenta a teoria mertonina em
busca pelo dinheiro [ou sucesso profissional ou financeiro] a qual- algumas páginas do seu estudo (Cf. p.83ss, 84ss, 87ss, 126ss).
quer preço. Uma forte dessocialização faz desaparecer as normas e Opondo-se à tese do “ethos do ganho a qualquer preço” (p.83)
os grupos que as representam, e produz esse encontro direto entre Peralva (2000) propõe que:
as necessidades sociais e a recusa das regras. (TOURAINE, 2000, Seja qual for a força inegável do argumento de Merton, não é
p.12). exato que as desigualdades sociais no contexto do individualismo
Em síntese, os parâmetros morais que definem os limites da de massa conduzam necessariamente ao crime, por intermédio da
ambição individual se enfraquecem fazendo emergir uma raciona- revolta. Em todo caso, tal argumento não é suficiente para explicar
lidade instrumental direcionada por um individualismo renitente, a violência, porque, para a juventude pobre, a revolta se constrói
autointeressado e transgressor que afiança ao desviante que a rea- em termos muitos mais complexos que aqueles derivariam das de-
lização dos seus objetivos pessoais – amplamente solidário das me- sigualdades em matéria de consumo. (pp.83-84).
tas socioculturais – são justificáveis, mesmo se para alcançá-los ele No entanto, no conhecido “prefácio” ao livro de Peralva (2000),
se utilize dos meios socialmente reprovados. Touraine percebeu, aparentemente, mais dívida de Peralva para
com a teoria de Merton do que ela própria admite.
Análise Comparativa A teoria da anomia de Merton foi mobilizada por Albert K.
A teoria de Merton situa-se no nível estrutural da análise so- Cohen que a combinou com a teoria da associação diferencial de
ciológica42. Embora não deixe de lado – ao menos implicitamente, Sutherland – a primeira explicando a estatística da delinquência
como vai acontecer nas análises funcionalistas – a participação do entre os jovens e a segunda para explicar a transmissão social do
indivíduo no processo geral. Um elemento inconsciente (não-re- desvio – para que o próprio Cohen (1955) elaborasse a sua teoria
flexivo) aparece na teoria de Merton, trata-se de uma “frustação” da subcultura da delinquência. Desde os seus inícios a noção de
resultante da constatação de uma privação relativa à distância subcultura está presente da teoria da Merton, tanto em termos da
percebida (pelo indivíduo) entre o ideal de sucesso celebrado pelo tensão (strain) quanto em termos da anomia propriamente dita.
sistema social e assumido pelo ator, mas só alcançado por alguns,
Gottfredson e Hirschi (1990) foram críticos severos da teoria da
e a possibilidade de alcançar tais metas pelos meios socialmente
anomia, eles supõem que depois do aprofundamento do estudo do
aprovados. De tal frustração emana uma espécie de “cálculo” sobre
crime realizados por eles e outros sociólogos, a teoria da anomia
os “outros meios” possíveis (embora desabonados) para alcançar as
foi provada falsa e iria desvanecer no campo de estudo do crime.
metas socioculturais assumidas como pessoais.
Não é em vão que – em sua revisão/ampliação da teoria da No entanto outros sociólogos como Agnew e White (1992) e Agnew
anomia, Messner, Thome e Rosenfeld (2008) admitam o cálculo ra- (1992, 1993) trabalharam para ampliar a teoria da anomia e formu-
cional do indivíduo como elemento fundamental no processo de laram a general strain theory.
reformulação dos meios alternativos para alcançar as metas socio- Como já mencionado supra, Messner, Thome e Rosenfeld
culturais assumidas como suas: (2008) apresentaram uma versão ampliada da teoria da anomia em
Do ponto de vista subjetivo, as instituições desempenham um sua Institucional-Anomie Theory. Ao incluir considerações parsonia-
papel influente na orientação da “ação”, que geralmente envolve nas junto com a elaboração primitiva de Merton, a Institucional-
algum tipo de relacionamento “meios-fins “. Os atores formulam -Anomie Theory deixa espaço explícito para a atuação voluntarista
objetivos (fins), e escolhem meios “adequados” (ou maneiras) de dos indivíduos, junto com a ação também explícita das estruturas e
alcançar tais objetivos. A “adequação” dos meios pode ser deter- processos sociais.
minada com referência a um padrão de racionalidade especificado. Em relação à teoria do autocontrole, a teoria de Merton dis-
O padrão preciso de racionalidade invocado difere dependendo da tancia-se deste modelo ao supor – embora de maneira implícita,
natureza dos fins. (p.165). conforme dito anteriormente – um sujeito racional, cuja reação
Prosseguindo em sua formulação, Messner, Thome e Rosenfeld aos desequilíbrios do sistema social em que vive é “normal”44, e
(2008) afirmam que: que avalição dos meios alternativos para alcançar seus próprios fins

7
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
(egoísticos) demonstra uma habilidade cognitiva (ou inteligência) daria conta de explicar a complexidade transversal do fenômeno do
que o situa, no mínimo, na média dos homens inteligentes, e não crime. E, a partir deste ponto, elaboram a Institutional-Anomie The-
abaixo da média, como prevê a teoria do autocontrole. Isto é, espe- ory combinando a teoria do autocontrole, a teoria da associação
rada ou estruturalmente consequente. diferencial e a teoria da “tensão” para dar conta do amplo leque de
Em relação à teoria da associação diferencial (ou do aprendi- causas e consequências atuantes no complexo fenômeno do crime.
zado social), o elemento cultura e, até mesmo, subcultura presente Do nosso ponto de vista, as três teorias aqui selecionadas cum-
na teoria mertoniana apontam para alguma afinidade entre esses prem as funções de apresentarem algum mínimo grau transversa-
dois modelos teóricos. lidade. Certamente, colidem em alguns pontos. Ainda resta muito
por fazer. No entanto, parece-nos não haver dúvidas que estas três
Estabelecendo uma relação entre as três teorias, podemos pro- teorias conjuntamente dão conta da explicação dos fatores causais
por que a teoria do autocontrole, embora esteja situada no nível do fenômeno do crime, por complementarem umas às outras na-
interpessoal de análise sociológica, tem um forte apelo individua- queles casos em que se percebe uma “lacuna” explicativa que a ou-
lista. Assim, ela explicaria – dentro dos limites já apresentados an- tra preenche significativamente.2
teriormente neste texto – o papel do indivíduo, autointeressado,
calculista e atuante no cenário do crime. VITIMOLOGIA
A teoria associação diferencial está fundamentalmente situa-
da no nível interpessoal da análise sociológica. Seu apelo cultural
O que é vitimologia.
(aprendizado, socialização, etc.) e sua visada socioestrutural (neces-
Vitimologia pode ser definida como o estudo científico da ex-
sidade de controle social, aumento da eficácia coletiva, etc.) tor-
tensão, natureza e causas da vitimização criminal, suas consequên-
nam-na relevante na demonstração dos relacionamentos entre o
cias para as pessoas envolvidas e as reações àquela pela sociedade,
nível individual e o estrutural nos fenômenos criminais.
em particular pela polícia e pelo sistema de justiça criminal, assim
A teoria da tensão/anomia, pretende ser uma abordagem do como pelos trabalhadores voluntários e colaboradores profissio-
crime situada no nível estrutural da análise sociológica. Mas, impli- nais.
citamente, ela aponta para as dinâmicas individual e interpessoal A definição abrange tanto a vitimologia penal quanto a geral ou
(cultural, subcultural) do crime. vitimologia orientada para a assistência.
Cada uma dessas três teorias tem seus méritos e suas fraque- O termo “vitimologia” foi utilizado por primeiro pelo psiquia-
zas. Parece-nos, entretanto, que é possível correlacionar cada uma tra americano Frederick Wertham, mas ganhou notoriedade com o
delas para explicar níveis diferentes da análise do crime. Para nós, trabalho de Hans von Hentig “The Criminal an his Victim”, de 1948.
nenhuma delas sozinhas dá conta de explicar as múltiplas causas e Hentig propôs uma abordagem dinâmica, interacionista, de-
os múltiplos componentes da criminalidade, seja em seu aspecto safiando a concepção de vítima como ator passivo. Salientou que
instrumental ou expressivo, em termos violentos ou não-coerciti- poderia haver algumas características das vítimas que poderiam
vos. Cada uma apresenta seus próprios limites e cada uma preen- precipitar os fatos ou condutas delituosas. Sobretudo, realçou a ne-
che a lacuna explicativa deixada pela outra. cessidade de analisar as relações existentes entre vítima e agressor.
Assim, a tentativa de operacionalizar diferentes teorias explica- A vitimologia é hoje um campo de estudo orientado para a
tivas sobre os fenômenos do crime, parece-nos ser o caminho mais ação ou formulação de políticas públicas.
viável para o estudo sistemático e abrangente do crime. O certo é A vitimologia não deve ser definida em termos de direito penal,
que, cada teórico enxerga a sua teoria como a mais abrangente e mas de direitos humanos.
a mais explicativa dos fatos aos quais pretende estudar. No entan- Assim, a vitimologia deveria ser o estudo das consequências
to, ao compararmos uma teoria com outras, percebemos o quanto dos abusos contra os direitos humanos, cometidos por cidadãos ou
cada uma delas apresenta as “exceções” que a teoria concorrente agentes do governo.
não consegue explicar e a sua contribuição para a explicação desses As violações a direitos humanos são hoje consideradas questão
casos excepcionais, embora essa nova elaboração – quase sempre central na vitimologia.
– também deixe de fora outros casos que constituem uma exceção A expressão “vítimas” significa pessoas que, individual ou co-
dentro na nova teoria elaborada. letivamente, sofreram dano, incluindo lesão física ou mental, so-
A sociologia do crime está repleta de teorias sobre as “causas” frimento emocional, perda econômica ou restrição substancial dos
seus direitos fundamentais, através de atos ou omissões que con-
e os “fatores” do crime. O nosso contexto de descoberta está bem
sistem em violação a normas penais, incluindo aquelas que proscre-
suprido. É no contexto de justificação das teorias existentes que
vem abuso de poder.
a sociologia do crime está se desenvolvendo, nos anos recentes.
Na Declaração da ONU, de 1985, “victims” are defined in the
Como mostram os novos estudos que tentam ampliar e validar teo-
broad sense as persons who,individually or collectively, have suffe-
rias que já havia sido dadas por superadas. red harm, including physical or mental injury, emotional suffering,
É fato que precisamos aprender a selecionar aquelas que apre- economic loss or substantial impairment of their fundamental ri-
sentam certo grau de convergência e complementariedade para ghts, through acts or omissions that are violations of national crimi-
explicar os diferentes componentes presentes no cenário do crime nal laws or of internationally recognized norms relating to human
(indivíduo, contexto cultural, interações e estrutura social), elabo- rights.”
rando, deste modo, uma explicação dos “casos” mobilizando tais As vítimas de atos ilícitos, especialmente de delitos, passaram
teorias correlacionadas. por fases que, no dizer de Garcia-Pablos de Molina, correspondem
O que Messner, Thome e Rosenfeld (2008) e Rosenfeld e Mes- a um protagonismo, neutralização, e redescobrimento.
sner (2008) fizeram, recentemente, merece ser considerado como O protagonismo correspondeu ao período da vingança priva-
uma importante iniciativa de unificar teorias divergentes sobre o da, em que os danos produzidos sobre uma pessoa ou seus bens
crime a partir da cobertura das lacunas que uma teoria pode reali- eram reparados ou punidos pela própria pessoa.
zar em relação àquela que deixa a lacuna aberta. Esses autores, na
2Fonte: www.e-revista.unioeste.br/Jair Araújo de Lima/Juliane Ramalho dos
renovação da teoria da anomia, assumem que uma única teoria não
Santos/Polyanna Pinheiro Dal’Col/Samara Fiorio da Silva

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
As chamadas ciências criminais - Ciência do Direito Penal, Cri- O primeiro aspecto observado por Garcia-Pablos diz respeito à
minologia e Política Criminal, “abandonaram” a vitima, quando sua compreensão da dinâmica criminal, e da interação delinquente-víti-
atenção volta-se para o infrator. ma. Em que medida a vítima interfere para o desencadear da ação,
A resposta ao delito assume critérios vingativos e punitivos, ou sua precipitação. Em que medida suas ações ou reações condi-
quase nunca reparatórios. cionam ou direcionam as ações dos agressores. E em que delitos o
A ideia de neutralização da vítima entende que a resposta ao papel da vítima é de menor importância.
crime deve ser imparcial, desapaixonada, despersonalizando a ri- Análise sobre a vítima também se faz relevante para a preven-
validade. O problema daí decorrente é que a linguagem simbólica ção do delito. A introdução da chamada “prevenção vitimaria”, que
do direito e formalismo transformaram vítimas concretas em abs- se contrapõe à prevenção criminal, realça a importância de se evi-
trações. tar que delitos aconteçam, a partir da reorientação às vítimas, e
Observe-se, ainda, que a punição serviria como prevenção ge- aos próprios órgãos do estado, para que adotem condutas e pers-
ral. Pouca preocupação havia com a reparação. pectivas distintas, que reduzam ou eliminem as situações de risco.
O redescobrimento da vítima é um fenômeno do pós 2a Guerra A reflexão parte da constatação de que o crime é um fenômeno
Mundial. É uma resposta ética e social ao fenômeno multitudinário seletivo, e que atinge os mais vulneráveis, no momento de maior
da macrovitimização, que atingiu especialmente judeus, ciganos, vulnerabilidade. Assim, a prevenção é dirigida aos grupos mais vul-
homossexuais, e outros grupos vulneráveis. Esse redescobrimento neráveis ou mais propensos à vitimização. Além disso, essa preven-
não persegue nem retorno à vingança privada; nem quebra das ga- ção vitimaria exige adoção de políticas públicas sociais, ensejando
rantias para os delinquentes: a vítima quer justiça. intervenção não penal. Finalmente, co-responsabiliza todos. O que
A vitimologia vem, efetivamente, conferir novo status à vítima, é muito próprio, já que vivemos em uma sociedade de risco.
contribuindo para redefinir suas relações com o delinquente; com o Outro aspecto absolutamente relevante é que a vítima é fonte
sistema jurídico; com autoridades, etc. de informações.
A propósito, o próprio conceito de vítima precisou ser revisto, Com efeito, as pesquisas de vitimização fornecem imensos sub-
posto que já não corresponde apenas ao sujeito passivo (protago- sídios a respeito de como os delitos ocorrem, em que circunstâncias
nista) do fato criminoso. Exemplo de modo amplo de compreender de tempo e lugar, e por quais fatores desencadeantes. A partir da
vítima é trazido por Sue Moody, ao mencionar como o principal vítima, que é conhecida, e acessível de pronto, é possível identifi-
documento definidor de política pública para vítimas de delitos, car relações existentes ou não com a pessoa do agressor, e outros
na Escócia, trata a questão: Vítima é qualquer pessoa que tenha fatores relevantes.
sido sujeita a qualquer tipo de crime, como também sua família ou
aqueles que gozam de uma posição equivalente à de família. O medo do delito e o medo coletivo de ser a próxima vítima
Ao lado do conceito mais amplo de vítima, surgiu também o de são também objeto do estudo da vitimologia. O medo, percepção
vitimização, que examina tanto a propensão para ser vítima quan- e sentimento individual, mas com forte conteúdo de objetividade,
to os vários mecanismos de produção de danos diretos e indiretos ajuda a reconhecer a presença do risco, e orientar a conduta para
sobre a vítima. minimizá-lo ou mitigar seus efeitos. Mas também o medo aprisio-
Israel Charny entende que o processo de vitimização diz res- na, e termina sendo, ele mesmo, fator de vitimização. A sensação
peito a relações humanas, que podem ser compreendidas como re- de insegurança coletiva, que enseja a adoção de políticas criminais
lações de poder. Fattah (1979) identificava no crime como que uma fortemente repressoras, plenas de abusos de direitos, e destruição
transação em que agressor e vítima desempenhavam papéis. de prerrogativas dos cidadãos, encontra aí sua raiz.
Assim, a identificação de vulnerabilidade e de definibilidade Também o modo como a política criminal trata a vítima é tema
da vítima são essenciais no processo. de relevo. O modo tradicional tenta, quando o faz, uma ressocializa-
A vulnerabilidade da vítima decorre de diversos fatores (de or- ção do delinquente. Mas raramente se percebe que também a víti-
dem física, psicológica, econômica e outras), o que faz com que o ma precisa se encontrar, e ser reintroduzida ao convívio social. Não
risco de vitimização seja diferencial, para cada pessoa e delito. Nes- sendo percebida, torna-se esquecida em todas as fases das políticas
se sentido, o exame dos recursos sociais efetivos da vítima também criminais. A chave para sua inclusão está no respeito a seus direitos,
deve ser levados em conta. para evitar vitimização secundária. Esta termina acontecendo quan-
Kurt Vonnegut Jr., com uma certa ironia, afirma que “Os evan- do se tem a lesão e sua não reparação; o crime e sua impunidade;
gelhos ensinaram, de fato, o seguinte:” Antes de matar alguém, cer- a vitimização e a ausência de investigação, de processo e de conde-
tifique-se de que ele não é bem relacionado.” nação. Uma tendência que tem sido observada é a introdução de
Os judeus mataram Cristo. Mais de 2.000 anos depois, mais de programas de assistência à vítima, que incluem assistência strictu
um bilhão de pessoas diariamente escutam, em todas as partes do sensu, reparação pelo infrator, programas de compensação, e pro-
mundo, a narrativa de sua morte. “Não sabíamos que era o Filho gramas especiais de assistência, quando a vítima for declarante.
de Deus”, poderão responder. Como, em Brasília, os garotos que Talvez as maiores contribuições estejam sendo dadas a partir
brincaram de incendiários, e queimaram o índio Galdino Pataxó dis- das reflexões sobre as relações existentes entre a vítima e sistema
seram: “Não sabíamos que era um índio. Pensávamos que fosse só legal, e a vítima e a justiça penal.
um mendigo”. O sistema legal costuma realizar perseguição aos delitos noti-
ciados. Estudos revelam que há subnotificação. Ou seja, os delitos
Contribuições da vitimologia praticados são em número superior às ocorrências registradas. Por
Os estudos de vitimologia tem dado imensa contribuição para que se subnotifica? Quem melhor pode responder é a vítima, e o
a compreensão do fenômeno da criminalidade, contribuindo para sistema não pode ser indiferente às suas percepções.
melhor enfrentamento, a partir da introdução do enfoque sobre as Ora, a alienação em relação ao sistema diz tanto quanto a afir-
vítimas atingidas e os danos produzidos. mação de notificar. O certo é que a vivência da vítima, e suas ca-
racterísticas e atitudes são elementos e fatores relevantes para o
adequado funcionamento do sistema penal.

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A relação existente entre crimes conhecidos ou esclarecidos 4 - Vítima mais culpável que o infrator.
pela Polícia, ou processados, e o papel desempenhado pela vítima. Vítima provocadora: aquela que por sua própria conduta incita
Identificam que os crimes conhecidos ordinariamente resultam de o infrator a cometer a infração. Tal incitação cria e favorece a explo-
uma proatividade da polícia, ou de uma reatividade. Na pro-ativi- são prévia á descarga que significa o crime.
dade, a polícia seleciona suspeitos pelos estereótipos. Isso pode Vítima por imprudência: é a que determina o acidente por fal-
implicar em procedimentos discriminatórios por parte da polícia, ta de cuidados. Ex. quem deixa o automóvel mal fechado ou com as
desde que há grupos antecipadamente considerados como mais chaves no contato.
propensos à prática de delitos, e outros grupos imunes à suspeita, 5 - Vítima mais culpável ou unicamente culpável.
ou investigação. Vítima infratora: cometendo uma infração o agressor cai vítima
Na reatividade, a denúncia da vítima desempenha papel vital. exclusivamente culpável ou ideal, se trata do caso de legitima defe-
Mas eles advertem: nem toda vítima faz desencadear investigações. sa, em que o acusado deve ser absolvido.
Só as capazes de se justificarem como tais. Ou seja, não é toda víti- Vítima simuladora: o acusador que premedita e irresponsavel-
ma que consegue fazer com que a polícia inicie uma investigação. E mente joga a culpa ao acusado, recorrendo a qualquer manobra
é a polícia que define quem e o que investigar. com a intenção de fazer justiça num erro. Meldelsohn conclui que
As conclusões a que chegaram esses pesquisadores apontam as vítimas podem ser classificadas em 3 grandes grupos para efeitos
no sentido de que a polícia não investiga quando a vítima se opõe de aplicação da pena ao infrator:
fortemente, nem quando o investigado é muito poderoso. 1 – Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem
Por outro lado, o ministério público também constrói seu perfil outra forma de participação no delito, mas sim puramente vitimal.
de vítima ideal. Esta deve ser aquela que pode ser uma boa teste- 2 – Segundo grupo: estas vítimas colaboraram na ação nociva e
munha. existe uma culpabilidade reciproca, pela qual a pena deve ser me-
Finalmente, os estudos de vitimologia ajudam a melhor com- nor para o agente do delito(vítima provocadora)
preender a interação existente entre a vítima e justiça penal. O mo- 3 – Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que cometem
delo clássico, com efeito, tem a vítima como objeto, ou pretexto, por si a ação nociva e o não culpado deve ser excluído de toda pena.
para a investigação. Mas ordinariamente não leva em conta seus
interesses legítimos. Isso fez com que fossem identificados fatores Vitimologia, a Ciência Penal e o Iter Victimae - Processo de
que pudessem contribuir para mensurar a qualidade de uma justi- Vitimização.
ça criminal. Entre esses, são examinados como se concebe o fato Como aponta Edmundo de Oliveira, “Iter Victimae é o caminho,
delitivo e o papel dos protagonistas; como ou se se satisfaz a ex- interno e externo, que segue um indivíduo para se converter em
pectativa dos protagonistas; qual o custo social; qual a atitude dos vítima, o conjunto de etapas que se operam cronologicamente no
usuários da justiça. desenvolvimento de vitimização (Vitimologia e direito penal, p.103-
O Conselho de Ministros da União Européia publicou uma De- 4)”.
cisão Referencial sobre a Presença das Vítimas nos Procedimentos Fases do Iter Victimae, segundo a esquematização elaborada
Criminais. Como padrão mínimo é incluído o dever de informação pelo próprio Edmundo de Oliveira em sua obra Vitimologia e o Di-
sobre tipos de apoio disponíveis para a vítima; onde e como co- reito Penal – O crime precipitado pela vítima, 2001, p. 101, in verbis:
municar a queixa; os procedimentos criminais e o papel da vítima; Intuição (intuito) - A primeira fase do Iter Victimae é a intuição,
acesso a proteção e aconselhamento; elegibilidade para compensa- quando se planta na mente da vítima a idéia de ser prejudicado,
ção; resultado do julgamento e da sentença. hostilizada ou imolada por um ofensor.
Uma boa comunicação com a vítima é exigida em todas as fases Atos preparatórios (conatus remotus) - Depois de projetar
do processo criminal. mentalmente a expectativa de ser vítima, passa o indivíduo à fase
dos atos preparatórios (conatus remotus), momento em que des-
vela a preocupação de tornar as medidas preliminares para defen-
Tipologia das Vítimas
der-se ou ajustar o seu comportamento, de modo consensual ou
Classificações de Benjamín Mendelsohn (Tiplogias, Centro de
com resignação, às deliberações de dano ou perigo articulados pelo
Difusion de la Victímologia, 2002).
ofensor.
O vitimólogo israelita fundamenta sua classificação na correla-
Início da execução (conatus proximus) - Posteriormente, vem
ção da culpabilidade entre a vítima e o infrator. E o único que chega
a fase do início da execução (conatus proximus), oportunidade em
a relacionar a pena com a atitude vitimal. Sustenta que há uma re-
que a vítima começa a operacionalização de sua defesa, aprovei-
lação inversa entre a culpabilidade do agressor e a do ofendido, a
tando a chance que dispõe para exercitá-la, ou direcionar seu com-
maior culpabilidade de uma é menor que a culpabilidade do outro. portamento para cooperar, apoiar ou facilitar a ação ou omissão
1 - Vítima completamente inocente ou vítima ideal: é a vítima aspirada pelo ofensor.
inconsciente que se colocaria em 0% absoluto da escala de Men- Execução (executio) - Em seguida, ocorre a autêntica execução
delsohn. E a que nada fez ou nada provocou para desencadear a distinguido-se pela definitiva
situação criminal, pela qual se vê danificada. Ex. incêndio resistência da vítima para então evitar, a todo custo, que seja
2 - Vítima de culpabilidade menor ou vítima por ignorância: atingida pelo resultado pretendido por seu agressor, ou então se
neste caso se dá um certo impulso involuntário ao delito. O sujeito deixar por ele vitimizar.
por certo grau de culpa ou por meio de um ato pouco reflexivo cau- Consumação (consummatio) ou tentativa (crime falho ou co-
sa sua própria vitimização. Ex. Mulher que provoca um aborto por natus proximus) - Finalmente, após a execução, aparece a consu-
meios impróprios pagando com sua vida, sua ignorância. mação mediante o advento do efeito perseguido pelo autor, com ou
3 - Vítima tão culpável como o infrator ou vítima voluntária: sem a adesão da vítima. Contatando-se a repulsa da vítima durante
aquelas que cometem suicídio jogando com a sorte. Ex. roleta rus- a execução, aí pode se dar a tentativa de crime, quando a prática
sa, suicídio por adesão vítima que sofre de enfermidade incurável e do fato demonstrar que o autor não alcançou seu propósito (finis
que pede que a matem, não podendo mais suportar a dor (eutaná- operantis) em virtude de algum impedimento alheio à sua vontade.
sia) a companheira (o) que pactua um suicídio; os amantes deses- (Edmundo de oliveira. Vitimologia e dreito penal. 2001, p. 105)
perados; o esposo que mata a mulher doente e se suicida.

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Perigosidade Vitimal EMENTA – N° 71022 - ESTUPRO – Presunção de violência – Ví-
No importante estudo sobre o comportamento da vítima, é re- tima de mau comportamento menos de 14 anos – Relações sexuais
levante discorrermos brevemente mantidas anteriormente com outros homens – Circunstâncias que
sobre a perigosidade vitimal, que é a etapa inicial da vitimiza- elide presunção, de caráter relativo – Absolvição - Inteligência dos
ção. Perigosidade vitimal é um estado psíquico e comportamental arts. 213 e 224, “a”, do CP Ement.) RT 557/322.
em que a vítima se coloca estimulando a sua vitimização, ex., a mu- No tocante aos crimes sexuais, a participação ou consenti-
lher que usa roupas provocantes, estimulando a libido do estupra- mento da vítima, é algo muito mais sério do que imaginamos, pois
dor no crime de estupro (Lúcio Ronaldo Pereira Ribeiro. Vitimologia, mostramos anteriormente com algumas ementas que há casos de
2000, p. 36.) absolvição em processos que envolvam conjunção carnal, sedução,
A compreensão do conceito de “Perigosidade Vitimal” é de atentado violento ao pudor, estupro, etc.
suma importância para o
entendimento dos próximos textos, pois estaremos discorren- Direitos das vítimas
do dentre outras, da vítima provocadora e de casos de vitimização Basicamente os direitos das vítimas consistem em tratamen-
com o consentimento da vítima. to justo e respeito à sua dignidade e privacidade; proteção contra
agressor; informação sobre a tramitação processual, e garantia de
O Consentimento da Vítima (Ofendido). presença em corte; acesso ao acusador público; restituição das coi-
Um fato importantíssimo que deve ser investigado, é no tocan- sas indevidamente tomadas ou apreendidas; informação sobre a
te ao consentimento do ofendido condenação, a sentença, a prisão e a libertação do agressor.
(vítima). Dependendo do comportamento do ofendido, a con- A Declaração sobre os princípios fundamentais de justiça para
duta do sujeito ativo pode resultar em atípica e antijurídica. Uma as vítimas de delitos e do abuso de poder, da ONU, deram a direção
situação importante de consentimento da vítima, e que deve ser que foi seguida pela norma americana: garantia de ACESSO A JUS-
analisada pelo magistrado é que, nos delitos sexuais, não é raro a TIÇA E TRATAMENTO JUSTO; tratamento com compaixão e respeito;
contribuição, consciente ou inconsciente da vítima nesses tipos de Informação sobre seu papel e alcance; assistência apropriada (legal,
delitos (atentado violento ao pudor e estupro). medica, psicológica); ressarcimento dos danos; informação sobre a
José Eulálio Figueiredo de Almeida, comenta: “O consentimen- tramitação processual.
to ou aquiescência da ofendida,
insista-se, obtém nota de relevo nos crimes sexuais, desde que Direitos Humanos e Vitimologia
não tenha sido viciado, porque permite ao Juiz, diante da confirma- Direitos Humanos e vitimologia resultam de um novo olhar so-
ção de tal circunstância, declarar a atipicidade da conduta do acu- bre as vítimas, como consequência dos horrores da 2ª Guerra e do
sado ou a sua antijuridicidade. (..) Se, por outro lado, esse consenti- nazi-fascismo. Não é obra do acaso o fato de o primeiro instrumen-
mento é evidente exclui-se não apenas a ilicitude, mas a tipicidade to vinculante, promulgado no âmbito da ONU, ter sido a Convenção
da conduta, isto é, não há delito a punir - nullum crimen sine culpa” contra o Genocídio, em 9 de dezembro de 1948, um dia antes da
promulgação da Declaração Universal de Direitos Humanos.
(José Eulálio Figueiredo de Almeida. Sedução - Instituto lendário do
A vitimologia é uma espécie de “filha” da Criminologia, ou par-
código penal, 2002)
te dela. Integra com esta última os pilares das ciências criminais
(ciência do direito penal, criminologia e política criminal). Analisa
E a “vítima”, deve ser punida?
o sistema de justiça e segurança. O seu objeto de estudo faz par-
Como já apontado anteriormente, seja através das tipologias,
te (estando contido) no âmbito de atuação dos direitos humanos.
seja através dos casos estudados com consentimento da vítima,
O âmbito dos direitos humanos é mais amplo. Abrange os direitos
pudemos constatar que existem vítimas provocadoras, que atraem
civis e políticos (como vida, liberdade, integridade física e mental,
para si uma determinada situação ou desencadeiam algum proces-
julgamento justo, propriedade, etc.), mas também acrescenta os
so para que se torne vítima de algo ou alguém, o chamado processo direitos econômicos, sociais e culturais, conhecidos como DESCs.
de vitimização. Assim, vítimas de fome, despejos forçados e coletivos, desemprego,
Oportuno que sejam transcritas algumas ementas, para assim, discriminação, doenças, etc, são sujeitos de direitos no direito in-
demonstrar como a jurisprudência vem se pronunciando a respeito ternacional dos direitos humanos. O olhar solidário as enxerga, e as
de um tem tão relevante. traz para protagonizarem as lutas em defesa do reconhecimento e
EMENTA - N° 17876 - ESTUPRO – Não caracterização – Nos cri- respeito de seus direitos.
mes sexuais, a palavra da vítima, para gozar da presunção de vera- Quanto ao modo de atuar, a interdisciplinaridade caracteriza
cidade necessita ser verossímil, coerente e escudada no bom com- tanto a criminologia e a vitimologia quanto os estudos de direitos
portamento anterior – No caso o comportamento da vítima deixa humanos.3
muita a desejar – Absolvição decretada. (Relator: Celso Limongi –
Apelação Criminal 100.223-3 – Candido Mota – 23.01.91) EMENTA
- N° 28859 - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – Não caracterização
– Ausência de violência física – Atos praticados com consentimen- O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A PREVENÇÃO
to da vítima – Versões apresentadas por esta, que se mostram em DA INFRAÇÃO PENAL
contradições – Réu de porte físico menor que o da ofendida, e que
não se apresentava armado – Comportamentos dos quais não se A descoberta e o profundo estudo sobre novas formas que evi-
extrai violência reação – Absolvição decretada – Recurso provido. tem a irrupção de delitos é a principal finalidade deste estudo, já
Para que se configure o delito do artigo 224 do CP a oposição ao ato que esse assunto é conversa corrente em toda a área criminal, bem
libidinoso deve ser sincera e positiva, manifestando-se por inequí- como na sociedade em geral, a qual, estarrecida, assiste diariamen-
voca resistência, não bastando recusa meramente verbal ou oposi- te a novas e repetidas tragédias nessa selva de insegurança que vi-
ção passiva e inerte, apenas simbólica. (Ap. Criminal n. 182.101-3 vemos em nosso País.
– São Paulo – 2° Camara Criminal Férias Julho/95 – Relator: Prado
de Toledo – 12.07.95 – V.U.).
3Fonte: www.doraci.com.br – Instituto Marconi - Cristiano Menezes

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E O DELITO b) Aspecto formal: considera delito tudo aquilo que o legisla-
dor descreve como tal;
O Estado Democrático de Direito c) Aspecto analítico: considera-se delito todo fato típico, anti-
A designação de que a República Federativa do Brasil consti- jurídico.
tui-se num Estado Democrático de Direito encontra-se inserida nos
princípios fundamentais da nossa atual Constituição da República, Este aspecto analítico bipartido do crime é, segundo Delmanto
mais precisamente em seu artigo 1º (BRASIL, 2010), sendo uma (2010) e Andreucci (2008), o mais difundido, todavia, por não ser o
regra de balizamento para interpretação da Carta Magna, e esses mote de nosso estudo, deixamos de explanar mais sobre esse viés.
princípios, os norteadores das ações estatais e privadas no âmbito Contudo, para o cerne deste trabalho, faz-se necessário enten-
do Estado Brasileiro, conforme narra Dezen Júnior (2010). der como a dinâmica criminal deve ser tratada atualmente, e dessa
A definição mais aceita pela doutrina sobre Estado Democráti- forma temos em Capez, o qual dispõe que cabe ao Direito Penal ser
co de Direito nasce da formação do raciocínio de o que seja Estado um instrumento de controle social, como última e extrema ação.
de Direito. Para o recém-citado Dezen Júnior, Estado de Direito é a Assevera ainda Capez (p. 47):
oposição ao Estado Totalitário, pois neste o poder é exercido uni- O ilícito penal é o que traz mais graves consequências à vida
camente pela vontade de um soberano, então, na Inglaterra, em do agente, muito mais inclusive do que o ilícito civil, administrativo,
contraponto à situação vigente, nasceu a doutrina em que o rei go- tributário, [...], uma vez que naquele o seu autor poderá perder o
vernaria de acordo com o que estivesse previsto nas leis. seu status libertatis e o seu status dignitatis.
Para renovar esse conceito de governo vinculado ao sistema Então, temos uma situação em que o Direito Penal deve ser
legal, o constitucionalista Lenza (2011) nos traz que foi incorporada utilizado como última instância, em razão de que suas punições são
a palavra “Democrático” ao termo “Estado de Direito”, fazendo com segregadoras e de degradação, o que vem ao encontro do que já
que as leis continuassem sendo respeitadas pelo governo, porém prenunciava Berrini na década de 20 do século passado, o que, la-
elas deveriam exprimir a vontade do povo (a partir do povo, em mentavelmente, ainda hoje é aplicável para a realidade brasileira.
nome do povo e para o povo). Essa vontade popular é exercida de Berrini (1921), a seu tempo e em rápidas palavras, dizia que as
forma direta (por exemplo, por plebiscito, referendo, etc.) ou indi- penitenciárias têm sido universidades do crime, onde o Estado gas-
reta por meio da escolha de representantes. ta somas enormes para cultivar a periculosidade e a criminalidade
Sob a luz do Estado Democrático de Direito temos por definição dos delinquentes, restituindo à sociedade pessoas mais amedron-
o seguinte: tadoras do que antes.
a organização política em que o poder emana do povo, que o Em assim sendo, num nítido propósito abolicionista, o italia-
exerce diretamente ou através de representantes, escolhidos em no Francesco Antolisei (1955) já pregava que a criminalização de
eleições livres e periódicas, mediante sufrágio universal, voto dire- condutas deve ser evitada, pois a pena é um mal não somente ao
to e secreto, para o exercício de mandatos periódicos. (MENDES, apenado, mas também ao Estado, por arcar com o ônus na Polícia
2009, p. 171) Judiciária, no Poder Judiciário, no Ministério Público e, principal-
mente, nas prisões.
Diante do que foi rapidamente exposto, podemos verificar que Como prelúdio desse sub-tópico fica a indagação já estampada
desde 5 de outubro de 1988 o Brasil tem como um dos seus funda- por Cornelius Prittweitz em seu livro Direito Penal e Risco (1993, p.
mentos republicanos o Estado Democrático de Direito, o qual limita 132): “Estaria o Direito Penal em condições de fazer frente, com o
poderes ao Estado, vinculando-o ao sistema jurídico vigente, e este seu tradicional aparato ajustado ao Estado Democrático de Direito,
sistema está intrinsecamente ligado à vontade popular, a qual, por às novas demandas sociais?”.
meio de seus prepostos (eleitos) ou de forma direta, intervém na A pergunta do parágrafo anterior, poucos se atreveram a res-
gerência da coisa pública. ponder, contudo, o que nos parece lúcido neste trabalho é que a
De antemão, já podemos afirmar ser plausível essa interferên- reprodução do status quo tem seus dias contados, visto a falência
cia popular também no que tange à Segurança Pública, pois além do modelo de controle social exercido pelo Direito Penal, algo que,
de estar prevista como um Direito Fundamental no caput do artigo ratificamos, há quase um século, Berrini já indicava.
5º da Carta Política, o artigo 144 de nossa Lei Maior convoca todos Bem, pelo que vimos até aqui, o Direito Penal procura fazer um
os cidadãos a trabalharem em prol da segurança. Vale agora dizer controle social, algo que Calhau (2009) afirma manifestando que
que o aludido artigo 144 será melhor analisado no item 3.3.1 - A o Direito Penal, devido a seu objetivismo, não consegue observar
prevenção criminal como assunto estatal multisetorial. quais são os fatores que permeiam a concretização de um delito,
Observa-se ainda que o direito fundamental à segurança é um bem como também não se preocupa com as formas de prevenção
bem indisponível, pois “quando se impede alguém de dispor de seu alheias aos seus artigos, parágrafos, inciso e alíneas; logo, este será
direito à segurança ocorrerá, consequentemente, a restrição de o ponto a ser visualizado no próximo tópico.
uma ou mais liberdades do titular” (CAMARGO, 2008, p. 221).
Então, como já vimos, no Estado Democrático de Direito o povo Os fatores da criminalidade e a prevenção
tem o poder legalizado de interferir na gestão estatal. Logo, temos Já existiram várias tendências causais dos crimes. O criminó-
também que entender um pouco mais sobre a conceituação do logo José Flávio Braga Nascimento (2007) escreve que, baseado
fenômeno criminal, já que é este fenômeno que desejamos saber em Rousseau, a Criminologia deveria procurar a causa do delito na
melhor evitar. sociedade. Antigamente, pensou-se até que o criminoso já nascia
com o estigma da criminalidade, sendo seu único destino a delinqu-
O delito ência. Chegou-se até a definir o criminoso nato (Cesare Lombroso).
O Código Penal não nos traz o conceito de delito, entretanto
Capez (2008, p. 45) expõe que ele pode ser conceituado sob três
aspectos:
a) Aspecto material: considera delito todo fato humano que,
propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens tu-
telados juridicamente;

12
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Entretanto, nessa vereda, Brasil (2009) assinalou que: Doutro mote, a literatura narra quadros psíquicos em que os in-
[...] com minuciosos estudos nas searas da biologia, sociologia, divíduos acometidos por alguma anomalia ficam mais propensos ao
psicologia e demais ciências afins, Enrico Ferri verificou que não é cometimento de delitos, destacando-se psicopatia, esquizofrenia,
somente um fator que influencia na incidência da criminalidade. depressão, paranoia, psicose, estresse pós-traumático e comporta-
Fatores sociais (exógenos) e fatores internos (endógenos) incidem mento bipolar.
concomitantemente na trajetória de vida de uma pessoa, levando-a Registra-se que por não ser o norte deste artigo, deixaremos
ou não ao mundo da criminalidade. de fazer um comentário mais aprofundado sobre cada uma dessas
Então, temos que as vertentes sociológicas e humanistas são doenças psíquicas.
muito importantes para se explicar a consecução do delito, já que
destas se extraem as razões que levam uma pessoa ao cometimen- Fatores criminais exógenos
to de um ato delituoso e, além de dar explicações, fazem com que Fatores exógenos também são conhecidos como fatores so-
haja condições de atuar na figura do criminoso em potencial antes ciais, os quais foram reconhecidamente asseverados por Valter
que este venha a adentrar ou a reincidir na vida criminosa. Fernandes (2010, p. 319) como sendo aqueles que “alcançam ní-
Nessa linha de entendimento do delito, Schelavin (2011, p. 19) veis altíssimos de influência na gênese delitiva, já que a realidade
coloca da necessidade de ingerência popular nas coisas afetas à Se- social desencadeia um fator criminógeno, muitas vezes ausente no
gurança Pública e explica o poder corrosivo das facções criminosas homem”.
nos seguintes termos: Shecaira (2008, p. 253) considera que os fatores exógenos ou
O crime, embora se trate de um fenômeno mundial e intrínse- sociais mais comuns são:
co ao ser humano, não pode ser radicado. Desta forma, a sociedade a) Fatores sociofamiliares: menores carentes, violência intra-
não deve ficar inerte à sua ascensão, vez que dele derivam violên- familiar, crianças órfãs de pais e/ou mães, falta de planejamento
cias físicas e psíquicas de significativo impacto, criando facetas de familiar;
poder, ceifando vidas e provocando os mais diversos danos pessoais b) Fatores socioeconômicos: pobreza, desemprego, subempre-
e materiais, podendo destruir sonhos e projetos de vida. go, fome, desnutrição, migração;
c) Fatores sócio-ético-pedagógicos: falta de ensino-aprendiza-
Ante o exposto, sem o condão de espancar definitivamente o
gem, evasão escolar, falta de formação moral;
tema, faz-se necessário conhecer os principais fatores endógenos e
d) Fatores socioambientais: más companhias, senso de impuni-
exógenos que atuam na gênese da prática delitiva, conforme segue.
dade, desordenado crescimento populacional, péssima divisão de
renda.
Fatores criminais endógenos
A endogenia nos reporta a fatores biológicos que levam o indi- Ressaltamos que, apesar de considerar esse tema extrema-
víduo a delinquir e nos fazem melhor entender esse comportamen- mente significativo, deixaremos de fazer um comentário mais apro-
to, conforme a lavra de Nascimento (2007). Dessa forma, a conduta fundado sobre cada um desses fatores por respeito ao marco teó-
dos seres humanos, de modo geral, costuma ser classificada em rico deste artigo, algo que nos faria perder o foco desta pesquisa.
normal e desviante, conforme a classificação mais aceita pela Cri-
minologia. Prevenção criminal
Nascimento ainda dileta que a conduta normal é aquela que Em parcas palavras, Penteado Filho define prevenção como
se amolda aos padrões gerais aceitos pela comunidade. Outrossim, sendo um conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do deli-
mesmo dentro de uma concepção de normalidade, existem pessoas to, proporcionando a manutenção da paz e a harmonia social.
que têm um comportamento que as diferencia dos demais por uma Calhau enuncia que para o alcance desse estágio, o Estado lan-
forma distinta de vida ou em razão de serem possuidoras de uma ça mão de dois tipos de medidas: umas que atinjam indiretamente
personalidade diversa da comum. o delito e outras que o afetam de forma direta.
Esse desvio de conduta pode ser positivo, como no caso de ar-
tistas excêntricos, mas também pode ser negativo, no qual incidem Continua Calhau explanando que, via de regra, as ações indire-
os criminosos, ou seja, as pessoas que transgridem a lei penal. A tas visam às causas do crime, traduzindo-se num campo de ação in-
questão que se coloca atualmente para os criminólogos, e ainda tenso e extenso, de forma a erradicar ou diminuir as causas de pro-
sem uma resposta científica, é saber se essas pessoas possuem al- dução dos delitos. Age no indivíduo e no meio onde vive, algo que
guma tendência natural (lombrosiana, cromossômica) para o come- a Criminologia Moderna chama de prevenção primária e terciária.
timento de delitos. Já as ações diretas incidem sobre a infração penal in itinere,
Procurando desvendar esse mistério, o criminólogo Penteado aduz Penteado Filho. Dentro desse enfoque, encontra-se a ação es-
Filho (2010) nos traz que as teorias bioantropológicas modernas tatal na prevenção, repressão e investigação dos delitos, como as
narram que há pessoas predispostas para o crime, cuja explicação operações policiais, a abertura de Inquérito Policial, o oferecimento
depende de variáveis congênitas, em que o criminoso é um ser or- da peça acusatória em juízo, a deflagração do processo criminal e a
sentença penal condenatória. Por agir eminentemente nos delitos,
ganicamente diferente do cidadão normal. Essas teorias passaram a
as ações diretas são denominadas pela Criminologia de prevenção
ser melhor estudadas, verificando-se a hipótese da transmissão ge-
secundária.
nética de uma psique delituosa por meio dos cromossomos sexuais,
Então, em seguida temos que nos aprofundar um pouco mais
também chamados de gnomossomos.
nesses três níveis de prevenção, a fim de que possamos entender o
Essas teorias ainda não foram cientificamente comprovadas, trabalho de profilaxia que cabe ao Estado.
porém, Nascimento entende que melhoram a compreensão do es-
tudo bioantropológico do delinquente e são caminhos que a Crimi-
nologia Moderna examina com muita atenção, sendo que seu aban-
dono poderia frustrar futuros avanços nessa área, o que nos parece
bastante coerente, pois não há de se imaginar que o criminoso seja
um produto somente do meio social.

13
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Níveis de prevenção:
a) Prevenção Primária: Calhau diz que se trata de uma ação indireta ao delito, atacando a raiz do conflito antes que este se manifeste,
obrigando o Estado a implantar os direitos sociais reservados em vários instrumentos constitucionais e legais. São ações bem onerosas e
têm reflexo a médio e longo prazo, como incremento à educação, ao trabalho, à segurança, [...];
b) Prevenção Secundária: Calhau nos ensina que são ações voltadas a alguns grupos da sociedade que se encontram em situação de
vulnerabilidade criminal e, por isto, estão mais propensos a delinquir. Em assim sendo, urge a necessidade de ações pontuais (policiales-
cas) ou de reurbanização de certos bairros para que seja efetuado seu controle, tendo reflexos a curto e médio prazos;
c) Prevenção Terciária: voltada ao recluso a fim de que não volte a delinquir e alcance a ressocialização apregoada pela Lei de Execução
Penal (LEP), assim nos ensina Calhau. Todavia, tal prevenção encontra altos índices de ineficácia, visto a omissão estatal em pôr em prática
os direitos e deveres legais dos apenados e a mitigação da estigmatização por que passa o egresso do sistema prisional.

Bem, resta dizer que esses níveis de prevenção poderão atuar concomitantemente. Passada a fase dos níveis de prevenção, também
é importante citar e rapidamente analisar os destinatários dos atos de prevenção, os quais seguem.

Prevenção geral e específica


Santos (1999) diz que por meio da prevenção geral a pena se dirige à sociedade, intimidando aquelas pessoas que estejam propensas
a delinquir, como é o exemplo de uma sentença condenatória, que constitui verdadeira advertência a todos para não transgredirem a
norma penal.
Para a prevenção especial, Dultra atenta para o fato de que o delito é instado por fatores endógenos e exógenos, de modo que busca
a recuperação do indivíduo que foi condenado.
Para melhor aprendizagem da finalidade preventiva de uma sanção, didaticamente segue abaixo um quadro que sintetiza o assunto:

COMO FAZER A PREVENÇÃO AOS DELITOS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO?


Teoria da reação social
Penteado Filho (p. 86) diz que a ocorrência do crime gera uma reação criminal em sentido contrário, sendo que essa reação hodier-
namente possui três modelos:
- Dissuasório (modelo clássico): repressão por meio de punição ao agente criminoso, proporcionando uma prevenção geral pela pu-
nição exemplar aplicada;
- Ressocializador: possibilita a reinserção social do infrator, de forma a intervir na sua vida pessoal e social. Neste modelo a participa-
ção da sociedade é vital, não o estigmatizando;
- Restaurador (modelo neoclássico): denominado de Justiça Restaurativa, procura restabelecer o status quo ante, visando à reeduca-
ção do infrator, à assistência às vítimas e ao controle social afetado pelo crime.

Penteado Filho ainda diz que no Brasil a política criminal vem sendo pautada pela retaliação, tanto que a Lei n. 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal – LEP) veio a confirmar essa inclinação que já havia sido erigida pelo Código Penal e pelo Código de Processo Penal.
Todavia, os crescentes números do recrudescimento criminal e da população carcerária em nosso País fazem-nos refletir que algo
ocorre de errado, e este erro não reside somente nos problemas sociais, emergindo a necessidade de maior conhecimento e controle
sobre essa situação.
Nascimento (p. 215), por seu turno, diz que “com o aumento da criminalidade, além das mudanças político-sociais, faz-se necessária
a revisão de vários conceitos dentro da criminologia”. Indicadores para essa mudança são demonstrados pelo mesmo autor, dando conta
de que a sobrecarga de trabalho da justiça criminal, o sucateamento e a escassez das polícias, além de um Código Penal obsoleto, por
exemplo, forçam uma drástica mudança de modelo a ser empregado.

14
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Então, como pensa o processualista penal Eugênio Paccelli No Estado Democrático de Direito em que vivemos a preven-
de Oliveira (2009) e o espanhol Antonio García-Pablos de Molina ção criminal passa por todos os setores do Poder Público (multise-
(2009), acreditamos ser possível incorporar a concepção restaura- toriedade estatal na aplicação de políticas públicas de segurança),
tiva, por ser a mais abrangente na prevenção da criminalidade e da e não apenas pelos órgãos que compõem a Segurança Pública ou
violência como uma dimensão prioritária para uma política de se- pelo Poder Judiciário, e esse raciocínio advém do próprio caput do
gurança pública democrática e eficiente, a qual consiga começar a artigo 144 de nossa Carta Política (BRASIL), a qual corresponsabili-
reverter efetivamente os índices de criminalidade e violência, bem za os entes públicos dos três níveis (federal, estadual e municipal),
como reverter a fala do medo e a sensação de insegurança que, bem como o cidadão comum, para a melhoria da Segurança Públi-
infelizmente por ora, imperam. ca, já que esta é dever do Estado e, além de um direito, é também
de responsabilidade de todos.
Penologia Ao se observar essa tônica, Penteado Filho verifica que o dese-
Trata-se, segundo Penteado Filho (p. 87), da parte da Crimino- jado modelo de prevenção criminal deve se aproximar da já estuda-
logia que faz o conhecimento geral da pena e demais castigos im- da prevenção primária, onde haja alterações de espaços urbanos,
postos pelo Estado aos violadores das leis. aumento da iluminação pública, retorno de crianças e adolescentes
Atualmente, o referido autor traz em sua obra a existência de aos bancos escolares, abertura de vagas de trabalho, entre outras
três teorias sobre a pena: atitudes que não serão desencadeadas por órgãos de segurança,
- Teoria Absoluta: pune-se alguém sem fins utilitários; mas que elidem a gênese potencial da maioria dos delitos.
- Teoria Relativa: pune-se alguém para fins de prevenção geral Nesse norte, a sociedade, de uma forma geral, indaga-se qual
e específica; o instrumento capaz de reduzir a criminalidade, atestando-se que:
- Teoria Mista: pune-se alguém por retribuição ao mal causado, O penalismo não é o instrumento capaz de reduzir a crimina-
mas também com caráter de reeducação e intimidação. lidade e o que se conclama é a mudança para o prevencionismo
criminal, diferentemente da Teoria da Reação Social, onde o Ciclo de
Nossa LEP tem um vínculo com a Teoria Mista, basta visualizar Persecução Criminal não passa de corredor estigmatizante. (FARIAS
seus artigos 1º e 10, os quais trazem que cabe à execução penal efe- Jr., 2008, p. 243)
tivar as disposições da sentença, tendo como objetivos a prevenção
ao crime e a orientação do retorno do apenado à convivência em A Justiça Restaurativa como modelo moderno de prevenção
sociedade. criminal
Além da necessidade de interação dos outros órgãos públicos
Modelos modernos para a prevenção criminal e dos cidadãos com os problemas sociais, o método não judicial
Para início desta análise, vale a pena citar Rodrigues (2009), o de resolução dos conflitos vem sendo cada vez mais desenvolvido.
qual narra que a Criminologia Crítica atualmente está calcada, pre- Entre eles, vem se destacando a Justiça Restaurativa, a qual está
cipuamente, na multisetoriedade estatal na aplicação de políticas inserida no Minimalismo Penal.
públicas de segurança, no abolicionismo e no minimalismo penal Conceitualmente, Saliba (2009, p. 148) expõe que “a restaura-
(Direito Penal Mínimo), sendo que estes dois se estampam como a ção se trata, sobretudo, de um processo voluntário, distinguindo-se
necessidade da abolição de algumas condutas (abolito criminis) e a do modelo vingativo que é adotado pela Justiça Retributiva”.
desencarcerização de outros comportamentos tidos como ilegais, Saliba ainda expõe que, na Restaurativa, mediadores adotam
respectivamente. medidas despenalizadoras com base numa comunicação não vio-
Paradoxalmente, Penteado Filho (p. 92) alega que “no Brasil vi- lenta, tais como a mediação, a conciliação e reuniões coletivas
vemos um tempo de majoração de penas em condutas delitivas e a abertas à participação de pessoas da família e da comunidade, por
gradual diminuição dos gastos na área social”. O sociólogo Francisco exemplo, de forma que se entendam as consequências do conflito
de Oliveira (2008), quanto a este ponto, diz que o grande problema criminal e construa-se um acordo.
dos programas sociais é que eles não buscam mudança, mas sim Infelizmente somos obrigados a nos curvar ainda para uma re-
apaziguamento. alidade que prima pela vingança, pois como narra Rodrigues, ainda
há como letra-corrente nos Estados-Nação uma dupla regulação da
Noutro córner, conforme já visto em alguns apontamentos des- população, seja por meios assistenciais ou por meios penitenciários
te estudo, o modelo de retribuição ao mal causado não repercutiu, (retributivos).
e não repercute, num produto positivo. Dessa mesma sorte, sofre Num contraponto ao pensamento ainda reinante, temos o que
a Teoria Mista da pena, a qual, infelizmente, não passou de uma escreveu o criminólogo Penteado Filho (p. 157), o qual já insere “a
boa teoria, então, diante de um raciocínio objetivo e lógico, urge a Justiça Restaurativa como uma das hipóteses de reação social/es-
necessidade de termos novas alternativas para elidir um velho pro- tatal em contraponto ao delito, além de tratá-la como a mais mo-
blema. derna entre todas”, o que de fato entendemos ser verdade, visto o
fim utilitário da restauração, não somente promovendo a conhe-
A prevenção criminal como assunto estatal multisetorial cida prevenção geral, mas, precipuamente, a prevenção específica
A atual visão do fenômeno criminal foca em que este é um quanto à pessoa do infrator, sem esquecer que se estaria fazendo
grave problema social, o qual deve ser resolvido pela prevenção, um resgate à figura da vítima, geralmente tão esquecida no proces-
assim pontua Penteado Filho. Nesta linha, o autor coloca que a Cri- so criminal.
minologia Clássica vislumbra o crime como um enfrentamento feito Em apertada síntese, Saliba (2009, p. 143) expõe que “a supe-
pelo criminoso contra a sociedade, porém a Criminologia Moderna ração do paradigma retributivo pelo paradigma restaurativo está
observa o crime, via de regra, como uma conduta que necessita de embasado no saturado sistema penal, ante sua crise e consequente
várias ações interativas para sua erradicação ou mitigação. deslegitimação”.

15
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Toda a resignação elucidada por esta pesquisa fica bem eviden- 3. (VUNESP/2013 – PC/SP) Para a Criminologia, a prevenção
ciada nas palavras de Bayley (2002, p. 15) quando escreveu que “a geral positiva, como uma finalidade da pena, é;
frustração crônica da nação diante do sistema de justiça penal é (A) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio
facilmente percebida nas manchetes que nos agridem diariamente de sua segregação carcerária.
nas primeiras páginas dor jornais”. (B) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a
Diante dessa premissa, podemos verificar neste artigo a pro- formação e o fortalecimento da consciência social, mediante o
blemática da prevenção criminal nos dias de hoje, respeitando os estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.
regramentos constitucionais impostos pelo Estado Democrático de (C) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio
Direito e sem olvidar do caráter multifacetado dos fatores de onde de medidas que o desestimulem a novas práticas delitivas.
aflora a criminalidade. (D) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem
Fácil constatar por meio destas laudas que o sistema de con- por objetivo desestimular o cidadão da prática de delitos, por
trole ou de prevenção que até hoje está em voga não conseguiu dar meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
uma resposta positiva, tanto à sociedade quanto ao próprio infra- (E) uma espécie de consequência jurídica pelo comportamento
tor, visto que o Estado somente tratou de se vingar e não de tentar inclinado às infrações penais.
redimensionar a sua vida por meio do cometimento de um crime.
Sendo assim, existem ações que vêm ao encontro de novas formas 04. (VUNESP/2018 – PC/SP) Com relação às teorias sociológi-
de encaminhamento mais produtivo a algo tão emblemático, como cas da criminalidade, é correto afirmar que
as elencadas na Lei n. 9.099/1995 (Medidas Despenalizadoras) e na (A) a teoria do autocontrole sustenta que as falhas ou negligên-
Lei n. 12.403/2011 (Medidas Cautelares). cias na educação em casa, familiar não são causas preponde-
Conseguimos trabalhar os três capítulos e verificar, em suma, rantes do crime.
que nosso País ainda tem muito a crescer quanto à efetividade da (B) a teoria da anomia vê o delito como um fenômeno normal
cidadania no campo da Segurança Pública, já que nossa Carta Po- da sociedade e não como algo necessariamente ruim.
lítica nos dá essa liberdade, porém, o Estado e os cidadãos ainda (C) a teoria da associação diferencial foi a primeira a refutar a
costumam se utilizar de métodos antigos para lidar com algo que existência dos crimes de colarinho branco.
muda constantemente. (D) a teoria da anomia estabelece que a conduta criminal é algo
Por derradeiro, essas inovações legais somente ganharão corpo que se aprende.
com um pesado investimento em políticas públicas que abriguem, (E) a teoria da associação diferencial defende que os indivíduos
ao menos, os principais problemas sociais, pois onde não há escola, adquirem (ou não) a capacidade de controle da impulsividade
saneamento básico, água encanada, moradia digna, posto de saú- e imediatismo (autocontrole) por meio da socialização familiar.
de, transporte coletivo de qualidade, etc, não poderá o Estado se
fazer presente, manejando os órgãos policiais em uma das mãos e 5. (VUNESP/2013 – PC/SP) É considerado o pai da Vitimologia:
uma sentença condenatória noutra.4 (A) Cesare Lombroso.
(B) Raffaele Garofalo.
(C) Émile Durkheim.
(D) Benjamin Mendelsohn.
EXERCÍCIOS (E) Cesare Bonesana.

1. (VUNESP/2018 – PC/SP) A criminologia 6. (VUNESP/2014 – PC/SP) A respeito dos fatores condicio-


(A) é uma ciência do dever ser, conceitual e teórica, que não se nantes e desencadeantes da criminalidade, é correto afirmar que
utiliza de métodos biológicos e sociológicos. (A) apenas os jovens pobres cometem crimes, o que não é o
(B) é uma ciência do dever ser, empírica e experimental, que se caso dos jovens de classes sociais mais abastadas.
utiliza de métodos biológicos e sociológicos. (B) a desagregação familiar vivida por uma criança ou adoles-
(C) é uma ciência do ser, empírica e experimental, que se utiliza cente necessariamente o conduzirá a uma carreira criminosa
de métodos biológicos e sociológicos. na vida adulta.
(D) não é uma ciência, sendo reconhecida como doutrina ali- (C) de acordo com as estatísticas, a mulher comete menos cri-
cerçada no ser e que se utiliza de métodos biológicos, socioló- mes que o homem.
gicos e empíricos. (D) não há qualquer constatação de aumento na prática de cri-
(E) é uma ciência do ser, conceitual e teórica, que não se utiliza mes em períodos de guerras ou revoluções.
de métodos biológicos e sociológicos. (E) a baixa produtividade escolar, o analfabetismo e o preco-
ce abandono escolar são características raramente observadas
2. (PC/SP – 2012 – PC/SP) Constituem objeto de estudo da nos criminosos de classes sociais baixas.
Criminologia
(A) o delinquente, a vítima, o controle social e o empirismo. 7. (VUNESP/2013 – PC/SP) Constituem medidas diretas de
(B) o delito, o delinquente, a interdisciplinaridade e o controle prevenção do delito, dentre outras:
social (A) o planejamento familiar e a alfabetização de adultos.
(C) o delito, o delinquente, a vitima e o controle social. (B) os programas de incentivo à qualificação profissional.
(D) o delinquente, a vitima, o controle social e a interdiscipli- (C) a campanha de prevenção de doenças e o incentivo à frequ-
naridade. ência a cultos religiosos
(E) o delito, o delinquente, a vítima e o método. (D) os programas de construção de moradias populares.
(E) as políticas públicas de desestímulo ao jogo de azar, à pros-
tituição e ao consumo de drogas ilícitas

4 Fonte: www.rop.emnuvens.com.br / Ronaldo da Silva Cruz

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
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GABARITO
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1 C ______________________________________________________
2 C
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3 B
______________________________________________________
4 B
5 D ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 C
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ANOTAÇÕES
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NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
1. Definições E Objetivos Áreas De Atuação Da Criminalística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Corpo De Delito – Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Locais De Crime – Definição E Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
4. Preservação De Locais De Crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
5. Vestígios E Indícios Encontrados Nos Locais De Crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
6. Modalidades De Perícias Criminais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Vamos ver agora algumas conceituações de criminalística:
DEFINIÇÕES E OBJETIVOS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CRI- (...) Conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribui-
MINALÍSTICA ções das várias ciências, indica os meios para descobrir crimes,
identificar os seus autores e encontrá-los, utilizando-se de sub-
O desvendar do crime sempre foi a pedra angular dos con- sídios da química, da antropologia, da psicologia, da medicina
tos policiais, de aventuras como as de C. Auguste Dupin, de Ed- legal, da psiquiatria, da datiloscopia, etc., que são consideradas
gar Allan Poe, às histórias de sir Arthur Conan Doyle, com seu ciências auxiliares do Direito penal. (ENCICLOPÉDIA SARAIVA DE
intrigante e mais famoso personagem, Sherlock Holmes. Hoje, DIREITO, v. 21, 1997:486).
inúmeros programas e séries televisivas sobre investigações cri- Segundo Gilberto Porto, Criminalística pode ser conceituada
minais fascinam milhões de pessoas no mundo todo. Milhões como:
de dólares são gastos com superproduções, a fim de reproduzir (...) sistema que se dedica à aplicação de faculdades de ob-
uma cena de crime, a atuação dos peritos e o uso da ciência na servação e de conhecimento científico que nos levem a descobrir,
solução de crimes. Alguns desses programas, como CSI: Crime defender, pesar e interpretar os indícios de um delito, de molde
Scene Investigation (Investigação da cena do crime), estão entre a sermos conduzidos à descoberta do criminoso, possibilitando à
os vinte mais vistos nos Estados Unidos da América3, batendo Justiça a aplicação da justa pena”. (PORTO, Gilberto, 1960, p.28)
recordes nos canais fechados da televisão brasileira.
No entanto, o despertar desse gênero de investigação cri- José Del Picchia Filho (1982), preferiu abordá-la como dis-
minal não surgiu aleatoriamente, mas foi fruto do interesse do ciplina
ser humano na busca da verdade nos fenômenos da vida cotidia- (...) que cogita do reconhecimento e análise dos vestígios
na, e neste sentido, na ciência, enquanto discurso racional com extrínsecos relacionados com o crime ou com a identifi cação de
pretensão à verdade. O conhecimento científico, de fato, tem seus participantes. (DEL PICCHIA FILHO, 1982, p.5).
papel fundamental no desenvolvimento de uma sociedade, nas
mais diversas áreas do saber humano, inclusive no Direito. Ora, Segundo Garcia, Criminalística
se o ser humano formula leis e teorias científicas na tentativa (...) trata da pesquisa, da coleta, da conservação e do exame
de explicar racionalmente os fenômenos da natureza, o mesmo dos vestígios, ou seja, da prova objetiva ou material no campo
ocorre com os eventos envolvendo o crime, sendo este um pon- dos fatos processuais, cujos encargos estão afetos aos órgãos
to onde ciência e direito interagem. A explicação de como um específi cos, que são os laboratórios de Polícia Técnica. (GARCIA,
fato criminoso ocorreu, quais os fatores que interviram em sua 2002, p.319).
ocorrência, qual a dinâmica e em que época se deu - ou seja,
se foi contemporâneo ao momento em que o local de crime foi A Criminalística é também denominada Polícia Científica,
analisado - isto só é possível por meio de métodos científicos. Polícia Técnica ou Policiologia, e difere da Criminologia que es-
A criminalística (mais conhecida como perícia criminal) hoje tuda o perfi l do criminoso, e os motivos que o levaram à prática
tem papel relevante na apuração das infrações penais, pois é por do crime.
meio dela que se pontua a materialidade do crime e a forma de São disciplinas que integram a Criminalística, dentre outras,
atuação do criminoso. No entanto, ela demorou a ser reconhe- Locais de Crime, Medicina Legal, Balística Forense, Papiloscopia,
cida como área do conhecimento, já que nos primórdios cabia à Documentoscopia, Odontologia Legal, Toxicologia Forense e He-
medicina legal a realização dos exames de integridade física do matologia Forense.
corpo humano, a pesquisa, busca e demonstração de elementos
relacionados com a materialidade do fato tido como delituoso e Objetivos da Criminalística:
o exame dos instrumentos do crime. O médico era o encarrega- Os objetivos da criminalísticas como ciências são:
do da realização dos exames médico-legais e do exame do local - dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrên-
do crime, onde posteriormente a figura do perito passou a ser cia do ilícito penal;
reconhecida e desvinculada da medicina legal. - verificar os meios e os modos como foi praticado um deli-
Tudo indica que a inserção da ciência nas investigações cri- to, visando fornecer a dinâmica do fenômeno;
minais como fator preponderante para se estabelecer a (possí- - indicar a autoria do delito, quando possível;
vel) dinâmica de um fato, e como ela modificou a forma de se - elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.
julgar (um acusado), ocorreu no século XIX, com os trabalhos do
juiz de instrução austríaco, Hans Gross (1847-1915), em 1893. No levantamento de local de crime, a finalidade é docu-
Tanto que, por ter sido adotado pela primeira vez por Hans mentar o local do crime quando do comparecimento do perito
Gross, ele é considerado o pai da criminalística. criminal, e nos processos técnicos de levantamento a descrição
Nesse período, começaram a surgir formas e métodos de escrita, o desenho (croquis), a fotografia, a filmagem e a coleta
identificação do criminoso, sua forma de atuação, a dinâmica de evidências.
do fato delituoso, os crimes mais frequentes, enfim, tudo aqui- As evidências são os vestígios e indícios, sendo que vestígio
lo próprio ao âmbito criminal. Contudo, foi somente na década pode vir a se tornar indício. O indício é o vestígio estudado e pro-
de 1900 que a criminalística tornou-se uma disciplina capaz de vado (art. 239. CPP). Os cadéveres são perinecroscopia e exame
modificar os rumos dos processos judiciais criminais.6 Nesse necroscópico. Os locais de crime podem ser quanto ao local em
sentido, convém chamar a atenção para o fato de que ela deve si; quanto à natureza do fato; quanto ao estado de preservação;
ser distinguida da criminologia, que consiste no estudo do crimi- quanto à posição de pessoas ou coisas.
noso e da vítima, incluindo os motivos/razões que levam um ser A preservação dos vestígios é fator importante para um lau-
humano cometer infrações penais. do conclusivo, devendo ser isolado o local do crime.

1
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Os princípios científicos da criminalística Este princípio, baseado na Cadeia de Custódia da prova ma-
No ambiente em que surgiu, no cultivo de sua etiologia cien- terial, visa proteger, seguramente, a fidelidade da prova mate-
tífica e no atendimento a seus bem definidos objetivos, a Crimi- rial, evitando a consideração de provas forjadas, incluídas no
nalística edificou-se como uma das ciências da prova material, conjunto das demais, para provocar a incriminação ou a inocên-
firmando-se através dos seguintes princípios: cia de alguém. Todo caminho do vestígio deve ser documentado
em cada passo, oficializando-o, de modo a não pairarem dúvidas
Princípio do Uso: os fatos apurados pela Criminalística são sobre tais elementos probatórios.
produzidos por agentes físicos, químicos ou biológicos;

Princípio da Produção: sobreditos agentes agem produzindo


vestígios indicativos de suas ocorrências, com uma grande varie- CORPO DE DELITO – CONCEITO
dade de naturezas, morfologias e estruturas;
Princípio do Intercâmbio: os objetos ou materiais, ao intera- Corpo de delito são os elementos imperceptíveis da infração
girem, permutam características ainda que microscópicas; penal, isto é, são os vestígios deixados pelo ilícito penal, os ele-
mentos através do dos quais podem ser verificados a ocorrência
Princípio da Correspondência de Características: a ação dos de um crime.
agentes mecânicos reproduzem morfologias caracterizadas pe- Assim, o exame de corpo de delito é aquele realizado sobre
las naturezas e modos de atuação dos agentes; tais vestígios, visando comprovar a ocorrência de um crime.
É a maneira pela qual se comprova a materialidade do delito
Princípio da Reconstrução: a aplicação de leis, teorias cientí- praticado.
ficas e conhecimentos tecnológicos sobre a complexão dos ves- Duas são as espécies de exame de corpo de delito: direto e
tígios remanescentes de uma ocorrência estabelecem os nexos indireto.
causais entre as várias etapas da ocorrência, culminando na re- a) Exame de corpo de delito direto é aquele realizado pelo
construção do evento; perito em contato direto e imediato com os vestígios do crime.
b) Exame de corpo de delito indireto é aquele realizado
Princípio da Certeza: sendo os princípios técnicos e cientí- através da análise de outros elementos que não propriamente
ficos que presidem os fatos criminalísticos inalteráveis e sufi- os vestígios deixados pela prática criminosa.
cientemente comprovados, atestam a certeza das conclusões
periciais; Para efeitos de realização do exame de corpo de delito, as
infrações penais subdividem-se em infrações penais que deixam
Princípio da Probabilidade: em todos os estudos da prova vestígios materiais ou infrações penais intranseuntes, e infra-
pericial, prepondera a descoberta no desconhecido de um nú- ções penais que não deixam vestígios, também chamadas de
mero de características que corresponda à característica do co- infrações penais transeuntes.
nhecido. Pela existência destas características comuns, o peri- Note-se que por força do artigo 158 do CPP, quando tratar-
to conclui que o conhecido e o desconhecido possuem origens -se de infrações penais intranseuntes a realização de exame de
comuns devido à impossibilidade de ocorrências independentes corpo de delito será necessária.
deste conjunto de características. Questão controvertida surge com relação ao que vem a ser
que o exame de corpo de delito indireto, tendo vista o disposto
Princípios fundamentais da Perícia criminalística no artigo 167 do CPP. Com efeito, o referido dispositivo legal
Outros são os princípios ditos como Princípios Fundamen- dispõe que não sendo possível o exame de corpo de delito, por
tais da Perícia Criminalística, referindo-se a observação, a aná- haver desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
lise, a interpretação, a descrição e à documentação da prova suprir-lhes a falta.
(STUMVOLL, 2010). Fernando da Costa Tourinho Filho, ao lado de Espínola Filho,
entende que referido artigo não exige nenhuma formalidade
Princípio da Observação: todo contato deixa uma marca (Ed- para a constituição do exame de corpo de delito indireto, sendo
mond Locard); o simples testemunho de que presenciou o crime ou viu seus
vestígios suficiente para suprir o exame direto.
Princípio da Análise: a análise pericial deve sempre seguir o Já para Guilherme de Souza Nucci e Hélio Tornaghi, uma
método cientifico; coisa não se confunde com a outra, sendo que o testemunho é
a prova pela qual os peritos deverão realizar o exame, apresen-
Princípio da Interpretação: dois objetos podem ser indistin- tando suas conclusões.
guíveis, mais nunca idênticos; Exames periciais – dispõe o artigo 159 do CPP, com a nova
redação que lhe foi dada pela lei 11.690/2008, que os exames
Princípio da Descrição: o resultado de um exame pericial é periciais devem ser realizados por um perito oficial, o qual deve
constante com relação ao tempo e deve ser exposto em lingua- portar diploma de curso superior.
gem ética e juridicamente perfeita; A finalidade da perícia é auxiliar o julgador em questões si-
Princípio da Documentação: Toda amostra deve ser docu- tuadas fora de sua área de conhecimento profissional, é o juízo
mentada, desde seu nascimento na cena do crime até sua análi- de valorização exercido por um especialista, o perito.
se e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico com-
pleto e fiel de sua origem.

2
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Perito vitima. Ele deve tentar descobrir também como as lesões foram
É o auxiliar da justiça, cuja função é fornecer ao juiz dados provocadas e se houve requintes de crueldade, como o uso de
instrutórios, de ordem técnica, realizando a verificação e a for- fogo, asfixia ou envenenamento. São levadas em conta ainda as
mação do exame do corpo de delito. consequências dos ferimentos, desde a incapacidade temporá-
A legislação prevê dois tipos de perito, o oficial e o não ofi- ria para trabalhar até uma deformidade permanente. As lesões
cial. O perito oficial é o concursado, com diploma superior. Já o são classificadas como leves, graves ou gravíssimas.
perito não oficial, é aquele que não integra os quadros da ad- O laudo final é encaminhado ao promotor público e ao juiz,
ministração pública, e que é nomeado diante do caso concreto, que usarão as informações no processo. O exame de corpo de
devendo prestar o compromisso de bem e fielmente desempe- delito também pode ser feito em pessoas mortas. Nesse caso, é
nhar a função. feita a necropsia, que ajuda o legista a encontrar as lesões que
levaram ao óbito. “Todos os casos de morte não natural, como
Realização das perícias as causadas por acidentes, homicídio e suicídio, devem passar
Para a realização da perícia, de acordo com o artigo 161, do pelo exame necroscópico”.1
CPP, pode ser designado qualquer dia e horário, de acordo com
a necessidade e disponibilidade dos peritos. Ressalte-se, contu-
do, que o perito não pode recusar a nomeação e tampouco dei-
xar de comparecer para a realização do exame, de acordo com o LOCAIS DE CRIME – DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
que dispõe os artigos 277 e 278 do CPP, salvo motivo justificável.
Lugar do crime
Exame necroscópico (autópsia) Art. 6º do Código Penal - Considera-se praticado o crime no
É o exame realizado por peritos das partes internas de um lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
cadáver, tendo como finalidade principal constatar a morte e bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
sua causa, servindo, contudo, para a verificação de outros as-
pectos, como por exemplo, a trajetória do projétil e o número de
ferimentos realizados, bem como os orifícios de entrada e saída
dos instrumentos utilizados. Classificação
Excepcionalmente, a autópsia pode ser dispensada, nos ter- Art. 70 do Código Processo Penal: A competência será, de
mos do parágrafo único do artigo 162 do CPP. regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
O artigo 162 do CPP determina que a autópsia deverá espe- ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o últi-
rar pelo menos 6 horas para que possa ser realizada, tempo este mo ato de execução.
necessário para o surgimento dos sinais tanatológicos, a não ser § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração
que o perito, com base nas evidências da morte, julgue que pos- se consumar fora dele, a competência será determinada pelo
sa ser realizado antes daquele prazo, o que deverá constar no lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de exe-
auto. cução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do
Outras perícias território nacional, será competente o juiz do lugar em que o
Outras perícias vêm discriminadas nos artigos 163 a 175 do crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir
CPP. São elas: seu resultado.
• Exumação; § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
• Exame de corpo de delito em caso de lesões corporais; jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração
• Exame de local; consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
• Exame laboratorial; competência firmar-se-á pela prevenção.
• Perícia furto qualificado e crimes afins; Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente,
• Laudo de avaliação; praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competên-
• Exame de local de incêndio; cia firmar-se-á pela prevenção.
• Exame grafotécnico;
• Exame dos instrumentos utilizados nos crimes. Isolamento e Preservação
Art. 6o do Código de Processo Penal:
Resumidamente, devemos nos lembrar que, não existe um Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
exame de corpo de delito padrão. Como o objetivo é detectar autoridade policial deverá:
lesões causadas por qualquer ato ilegal ou criminoso, ele pode I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alte-
ser aplicado em diversas situações, como após uma batida de rem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos pe-
carro, em casos de agressão ou quando um detento é transferi- ritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
do de presídio. O exame também é uma prova fundamental para II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
esclarecer casos de tentativa de suicídio, homicídio e estupro. após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei
“A vítima é analisada minuciosamente e todas as lesões encon- nº 8.862, de 28.3.1994)
tradas são descritas com fidelidade”. III - colher todas as provas que servirem para o esclareci-
O único profissional habilitado a realizar esse exame é o mento do fato e suas circunstâncias;
médico legista. O procedimento precisa ser solicitado por uma IV - ouvir o ofendido;
autoridade, como um delegado ou promotor. O médico legista
procura responder a perguntas básicas, que investigam a exten-
são e a gravidade dos danos físicos e psicológicos causados à 1 Fonte: www.super.abril.com.br/ Junior Campos Ozono

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NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, Considerações Finais
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo Verifica-se que a ineficiência para com a preservação das
o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe provas contidas nos locais de crime, não é algo recente, dificul-
tenham ouvido a leitura; tando, e até mesmo inviabilizando a análise probante dos fa-
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca- tos, principalmente, no que concerne a fase mais importante,
reações; ou seja, a persecutória penal. Contudo, frente a algumas falhas
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de operacionais dos setores de segurança pública, no que concerne
corpo de delito e a quaisquer outras perícias; à realização de treinamentos e cursos relativos à preservação
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo do local de crime, direcionados aos profissionais de segurança,
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de observa-se, atualmente, uma preocupação maior por parte des-
antecedentes; ses setores, quanto à orientação de seus profissionais, relativo
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de a importância dos aspectos atinentes a aplicabilidade efetiva da
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua localística em todos os crimes que deixam vestígios.
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a aprecia- Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_
ção do seu temperamento e caráter. link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8451
X - colher informações sobre a existência de filhos, respec-
tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o con-
tato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) MODALIDADES DE PERÍCIAS CRIMINAIS

Perícia, termo que advém do latim peritus, do verbo perior,


que significa experimentar, saber por experiência. Essa é uma
PRESERVAÇÃO DE LOCAIS DE CRIME modalidade de prova que exige conhecimento técnico-especiali-
zado para a produção de laudos ou autos, relativos às questões
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado sobre a pessoa física, viva ou morta; às coisas ou fatos e que
em tópicos anteriores. implicam em uma apreciação, interpretação e descrição das cir-
cunstâncias presumíveis ou de efetivo interesse judiciário.
Há duas classificações periciais:
1) a primeira, em que os exames são elaborados por pro-
VESTÍGIOS E INDÍCIOS ENCONTRADOS fissionais de áreas específicas e são destinados como meio de
NOS LOCAIS DE CRIME prova em juízo, é denominada simplesmente de Perícia;
2) a segunda, onde os exames elaborados por médicos (exa-
O perito criminal MALLMITH (2007), assim define vestígios: mes clínicos, laboratoriais ou necroscópicos) e que são destina-
“Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, obje- dos ao uso judicial, é denominada Perícia médico-legal.
to ou sinal sensível que possa ter relação com o fato investigado. Assim, classificamos as perícias como:
A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente • médica – envolve áreas psiquiátrica, psicológica, psicanalí-
provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um tica, necroscópica, traumatológica, entre outras;
suporte adequado para a sua ocorrência (local em que o vestígio • não médica – que abarca as áreas contábil, engenharia,
se materializou).” química, administrativa, entre outras.
Afirma-se que a importância dos vestígios não se encontra
adstrita somente ao que eles representam, mas, é de vital im- Objetivos e finalidades da perícia
portância, também, as posições em que se encontram e suas Perícia de retratação (percipiendi) – tem a finalidade apenas
possíveis relações com outros vestígios, que podem não serem de descrever por meio de uma narração, por vezes minuciosa, o
analisados de imediato. Todavia, apesar de ser extremamente que foi observado pelo perito, ou seja, visum et repertum, que,
evitado modificar o estado das coisas, ocorrem casos em que no bom e velho latim, se traduz em ver e repetir;
algumas medidas destas se fazem necessário, tais como cobrir o
cadáver, objetivando impedir que a chuva, ou outra intempérie Perícia interpretativa (deduciendi) – é aquela realizada em
destrua vestígios importantes como manchas de fluídos corpó- um processo científico que visa interpretar os fatos e as circuns-
reos ou esfumaçamento. tâncias em que ocorreram, no qual se chega a uma conclusão
Contudo, nos casos extremos, sendo aceitável a proteção técnica.
de vestígios, o policial que realizar este serviço deverá ter o má-
ximo zelo possível, evitando, tanto quanto possível, correr risco Perícia opinativa – composta de um parecer do especialista
de, na tentativa de proteger certos vestígios, causar dano a es- sobre determinado assunto. E o momento de realização ocorre
tes ou a outros vestígios. Salienta-se, que a inobservância das de duas formas:
regras relacionadas quanto à preservação dos vestígios poderá 1) as retrospectivas, onde os exames são realizados no pre-
ocasionar a destruição e/ou o não aproveitamento destes pela sente, mas relacionados com fatos passados com o objetivo de
perícia criminal, estando desta forma, prejudicado os trabalhos perpetuar os elementos de prova (maioria das perícias); e,
referente à apuração do evento criminoso. 2) as prospectivas, que tratam de situações presentes cujos
efeitos deverão ocorrer no futuro, por exemplo, o exame de ces-
sação de periculosidade (art. 775 CPP).

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NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Portanto, podemos afirmar que toda Perícia se refere à atua-
ção de um técnico, consubstanciada em um documento (laudo, EXERCÍCIOS
na maioria dos casos), para informar ou esclarecer a Justiça. Ela
é o meio probatório pelo qual se procura obter para juntar ao 1. (AOCP/2018 – ITEP/RN) A Criminalística pode ser defi-
processo uma opinião (informação), fundamentada em conheci- nida como
mentos técnico-científicos sobre uma questão de fato que é útil (A) uma disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos
para esclarecer um fato ou valorar um elemento de prova. do conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativa das
atividades policiais e judiciárias de investigação criminal, tendo
Conceitos de capacidade e incapacidade laborativa e inva- por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pes-
lidez soa física, no que tiver de útil à elucidação e à prova das infra-
O segurado portador de uma doença, seja alteração de or- ções penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos.
dem mental ou de algum outro órgão ou sistema do corpo que (B) a parte da jurisprudência que tem por objeto o estabeleci-
reduza ou impossibilite o seu funcionamento normal, agenda o mento de regras que dirigem a conduta do perito e na forma
seu exame médico a partir do primeiro dia de afastamento do que lhe cumpre dar às suas declarações verbais ou escritas.
trabalho, se contribuinte individual, avulso, facultativo, empre- (C) o conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos des-
gado doméstico ou segurado especial, ou a partir do 16° dia, se tinados a servir ao Direito, cooperando na elaboração, na inter-
pretação e na execução dos dispositivos legais, no campo de
contribuinte empregado, com carteira de trabalho assinada.
ação da ciência aplicada.
(D) o ramo das ciências que se ocupa em elucidar as questões
Nessa avaliação, o segurado deverá comprovar que tem
da administração da justiça civil e criminal que podem ser re-
uma doença e que ela determina incapacidade para o trabalho
solvidas somente à luz dos conhecimentos médicos.
que ele realiza, ou seja, a impossibilidade de desempenho das (E) a área do direito penal que se ocupa da doutrina criminal
funções específicas de sua ocupação ou profissão. envolvida na elucidação material do fato, sendo prescindível à
elucidação de crimes que deixam vestígios e regida por leis jurí-
Se o efetivo desenvolvimento das atividades laborais impli- dicas e ritos processuais rígidos e imutáveis e cujos resultados e
ca em risco de morte para o trabalhador física e psiquicamente apontamentos são de origem empírica, ambígua e inextricável.
saudável ou para terceiros ou em risco de agravamento de uma
doença da qual seja portador, sendo o risco palpável e indiscutí- 2. (FUNDATEC/2017 – IFP/RS) São princípios fundamentais
vel, tal condição equivale, tecnicamente, a incapacidade. da Perícia Criminalística:
(A) Observação, contextualização, descrição, discussão e docu-
Caso a doença incapacite o segurado, definitivamente, para mentação.
o exercício de sua profissão habitual e ele apresente capacidade (B) Comunicação, análise, interpretação, discussão e declaração.
laborativa residual para o exercício de outra profissão, o INSS (C) Observação, análise, interpretação, descrição e documentação.
promoverá a sua reabilitação para uma atividade diversa. Caso (D) Visualização, comunicação, análise, interpretação e documen-
a reabilitação não seja possível, será indicada a aposentadoria tação.
por invalidez. (E) Recomendação, verificação, descrição, discussão e declaração.

A condição de incapacidade tem que ser, comprovadamen- 3. Durante um levantamento de local de crime, o Perito Cri-
te, posterior à aquisição da qualidade de segurado, ou seja, o minal constatou um cadáver em situação de enforcamento por
segurado que já se encontra incapaz no momento da assinatura suspensão completa. Populares afirmavam que a vítima era de-
de sua carteira de trabalho, não terá direito ao benefício. pressiva e que já havia tentado o suicídio antes. O perito, entre-
O direito ao benefício só existe após o cumprimento do tanto, estranhou a escassez de petéquias na conjuntiva ocular
período de carência (12 meses depois do recolhimento da pri- da vítima e sangramento oriundo da cavidade oral. Diante da
meira contribuição previdenciária em dia). Para esse requisito, situação hipotética apresentada, assinale a alternativa correta.
ocorrerá exceção se a doença que acometer o segurado estiver (A)No enforcamento, como modalidade de asfixia por constri-
contida no rol daquelas que isentam de carência, conforme pre- ção do pescoço, o sulco decorrente do laço e presente no pes-
visão legal, tais como tuberculose ativa, hanseníase, paralisias coço da vítima é oblíquo e contínuo, portanto sem interrupção
irreversíveis, entre outras, bem como os acidentes de trabalho e na altura do nó.
os acidentes de qualquer natureza. (B)A afirmação de populares é suficiente para concluir pela
hipótese de suicídio, independentemente de qualquer outro
Entretanto, incapacidade para o trabalho não é sinônimo de elemento de ordem material ou médico legal que possa ser
aposentadoria. Se a incapacidade for parcial e relativa a uma ou ou- avaliado no local ou no cadáver.
tra profissão, o trabalhador que apresentar condições físicas, inte- (C)Petéquias são equimoses pontuais que eventualmente, po-
lectuais e sociais favoráveis pode ser encaminhado para Programa dem estar associadas ao enforcamento quando presentes, por
de Reabilitação Profissional para troca de função. A Previdência So- exemplo, na conjuntiva ocular.
cial, nesse caso, não é responsável pela sua reinserção no mercado (D)São sinônimos de enforcamento, a esganadura e o estran-
gulamento.
de trabalho. Somente será indicada aposentadoria por invalidez se
(E)Se o perito médico legista encontrar uma lesão perfurocon-
ficar comprovado que a doença incapacita o segurado para toda e
tusa, de entrada, no palato da vítima, então a hipótese de sui-
qualquer atividade e que ele não é suscetível de reabilitação.
cídio por asfixia será a mais provável.
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
medicina/classificacao-da-pericia-por-tipos-modelos-e-siste-
mas/52234

5
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
4. A respeito da classificação dos locais de crime e do isola-
mento de local, assinale a alternativa correta. ANOTAÇÕES
(A) A garagem de uma residência, onde haja ocorrido a subtra-
ção de várias mesas e cadeiras, quanto à natureza da área, é
local de crime externo. ______________________________________________________
(B) Se um homicídio foi praticado no interior do quarto da víti-
ma, a sala da residência, distante 5 metros do quarto, quanto à
______________________________________________________
divisão, é local imediato.
(C) Se, após uma colisão entre um veículo e uma motocicleta, o
condutor do veículo prestou imediato socorro ao motociclista, ______________________________________________________
levando-o ao hospital e retornando ao local do sinistro, com o
veículo, antes da chegada dos peritos, então o local da colisão, ______________________________________________________
quanto à preservação, é local idôneo.
(D) Se, no interior da residência, o marido desfecha vários gol- ______________________________________________________
pes de faca em sua esposa e, após matá-la, transporta o corpo
da vítima até um lote baldio, onde o joga, então o lote baldio, ______________________________________________________
quanto à divisão, é local relacionado.
(E) Embora imprescindível para garantir as condições de se ______________________________________________________
realizar um exame pericial da melhor forma possível, não há
norma legal que determine a tomada de iniciativas para o iso-
lamento e a preservação de locais de infrações penais, a fim de ______________________________________________________
resguardarem os vestígios conforme foram produzidos durante
a ocorrência do crime. ______________________________________________________

5. Com relação a local de crime e a exame pericial, assinale ______________________________________________________


a opção correta.
(A) O exame pericial de local destina-se, precipuamente, a de- ______________________________________________________
terminar a causa da morte da vítima.
(B) A vítima de homicídio, em regra, deve ser individualizada ______________________________________________________
ainda no local do crime e antes do exame pericial.
(C) Local relacionado abrange o corpo de delito, seu entorno e ______________________________________________________
espaços que contenham vestígios materiais do crime.
(D) O local do crime é dividido, para efeitos de preservação,
______________________________________________________
apenas em local imediato e em local relacionado.
(E) Em casos de morte violenta, o exame perinecroscópico deve
ser realizado pelo perito criminal ainda no local do crime. ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A
______________________________________________________
2 C
3 C ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 E
______________________________________________________

______________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

6
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
1. Medicina Legal: Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Traumatologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Toxicologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Sexologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Antropologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Tanatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Prova testemunhal: ou subjetiva. Trata-se da prova descri-
MEDICINA LEGAL: CONCEITOS ta/narrada por outrem;
Prova ilícita: inadmissível no processo.
É o estudo e a aplicação dos conhecimentos científicos da
Medicina para o esclarecimento de inúmeros fatos de interes- Vestígio: é tudo aquilo que pode ser encontrado no local do
se jurídico; é a ciência de aplicação dos conhecimentos médi- crime ou no cadáver;
co-biológicos aos interesses do Direito constituído, do Direito Indício: é todo vestígio relacionado diretamente com o
constituendo e à fiscalização do exercício médico-profissional. evento;
Corpo de delito: é o conjunto de vestígios materiais deixa-
A ampla abrangência do seu campo de ação e íntimo relacio- dos pelo crime;
namento entre o pensamento biológico e o pensamento jurídico Exame de corpo de delito: é o exame pericial, com a finali-
explicam por que até o momento não se definiu, com precisão, dade de se materializar o crime. Encontra-se regulado pelo CPP.
a Medicina Legal. Assim os autores têm, ao longo dos anos, in-
tentado inúmeras definições dentre as quais se destacam: A Medicina Legal atua:
“É a arte de fazer relatórios em juízo”. (Ambrósio Paré) Sobre o vivo: com a finalidade de determinar a idade, diag-
“É a aplicação de conhecimentos médicos aos problemas ju- nosticar doença ou deficiência mental, loucura, doença venérea,
diciais”. (Nério Rojas) lesão corporal, personalidades psicopáticas, conjunção carnal,
“É a ciência do médico aplicada aos fins da ciência do Direi- doenças profissionais, acidentes de trabalho...
to”. (Buchner)”É a arte de pôr os conceitos médicos ao serviço Sobre o morto: diagnostica a realidade da morte, determina
da administração da justiça”. (Lacassagne) a causa jurídica da morte, data da morte, diferencia lesões intra-
“É o estudo do homem são ou doente, vivo ou morto, so- vitam e post-mortem, examina toxicologicamente os fluídos e
mente naquilo que possa formar assunto de questões forense”. vísceras corporais, extração de projetis, exumação...
(De Crecchio) Exames sobre coisas: (objetos) roupas, panos, instrumen-
“É a disciplina que utiliza a totalidade das ciências médicas tos, manchados de substâncias (leite, sangue, urina, líquido am-
para dar respostas às questões jurídicas”. (Bonnet) niótico, massa cerebral, saliva, pus blenorrágico, colostro...)
“É a aplicação dos conhecimentos médico - biológicos na Exame clínico médico-legal: abrange o que é praticado no
elaboração e execução das leis que deles carecem”. (F. Favero) vivo e visa esclarecer os objetivos das perícias sobre pessoas;
“É a medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais”. (Ge- Exame necroscópico: exames realizados diretamente no ca-
nival V. de França) dáver;
“É o conjunto de conhecimentos médicos e para médicos Exame de exumação: refere-se à hipótese de haver a neces-
destinados a servir ao direito, cooperando na elaboração, auxi- sidade de examinar o cadáver já enterrado;
liando na interpretação e colaborando na execução dos disposi- Exames de laboratório: pesquisas técnicas diversas (toxico-
tivos legais, no seu campo de ação de medicina aplicada”. (Hélio lógica, microscópica, bioquímica, citológica...).
Gomes)
Divisão da Medicina Legal
Trata-se de uma especialidade que, utilizando-se os conhe- Relações: Serve mais a área Jurídica, do que à própria medi-
cimentos técnico-científicos das ciências que subsidiam a me- cina uma vez que foi criada em prol das necessidades do Direito.
dicina, tais como: a Biologia, Química, Física... Presta esclareci- Desta maneira, com as Ciências Jurídicas e Sociais relaciona-se,
mentos à atuação da Justiça. completando-se ambas sem nenhum embate.
“É o conjunto de conhecimentos médicos destinados a ser- Colabora com o Direito Penal, quando são realizados exa-
vir o Direito, cooperando na elaboração, auxiliando na interpre- mes periciais avaliando lesões corporais; analisando a realidade
tação e elaborando na execução dos dispositivos legais” Hélio ou não da ocorrência do infanticídio; examinando o cadáver in-
Gomes. terna e externamente em casos de homicídio; avaliando indícios
e vestígios em casos de estupro; apresenta interesse na consta-
Fundamentos. tação da periculosidade do sentenciado e da imputabilidade ple-
- No direito brasileiro: CP, artigo 1°: “Não há crime sem lei na, parcial ou nula do indiciado etc. Com o Direito Civil no que
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. tange a problemas de paternidade, comoriência, impedimentos
Crime: Infração penal a que a lei comina com pena de reclu- matrimoniais, gravidez, impotência .lato sensu., concepção de
são ou detenção. defeito físico irremediável etc.
O Código de Processo Penal em seu artigo 386 caput: “O Com o Direito do Trabalho quando cuida das doenças profis-
juiz absolverá o réu (...) se, parágrafo II: “não haver prova da
sionais, acidentes do trabalho, insalubridade e higiene. Quando
existência do fato” (...).
trata de questões sobre a dissolubilidade do matrimônio, a pro-
teção da infância e à maternidade se presta ao Direito Consti-
Prova: é o conjunto de meios regulares e admissíveis em-
tucional.
pregados para demonstrar a verdade ou falsidade de um fato
Com o Direito Processual Civil quando trata a concepção da
conhecido ou controvertido;
interdição e da avaliação da capacidade civil e, Penal quando
Prova penal: no processo penal, apura o fato delituoso e,
cuida da insanidade mental se estuda a psicologia da testemu-
sua autoria, para exata aplicação da Lei (“senctiu iuris”);
nha, da confissão e da acareação do acusado e da vítima.
O ônus da prova caberá a quem fizer a alegação do fato;
Prova objetiva: (prova pericial) é aquela que advém do exa- O Direito Penitenciário também não permanece fora do
me técnico-científico dos elementos materiais remanescentes campo de ação da Medicina Legal na medida em que trata da
da infração penal; psicologia do detento, concessão de livramento condicional bem
como da psicossexualidade nos presídios. É uma ciência social

1
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
vez que trata ainda dos diagnósticos e tratamentos de embria- a Medicina Legal um suporte para essa finalidade. A evolução
guez, toxicofilias. Relaciona-se ainda com o Direito dos Despor- tecnológica e das áreas do conhecimento humano, fizeram com
tos, Internacional Público, Internacional Privado, Direito Canôni- que o exercício do direito moderno dependa cada vez mais da
co e Direito Comercial. contribuição desta ciência e, os operadores da área jurídica não
Não raro uma perícia médico-legal, para a elucidação dos fa- têm como desprezar os conhecimentos técnicos de peritos pre-
tos ocorridos, necessita ainda dos préstimos da Química, Física, parados para dar o respaldo científico aos trabalhos forenses,
Biologia, Toxicologia, Balística, Dactiloscopia, Economia, Socio- pois somente assim é viável chegar-se o mais próximo possível
logia, Entomologia e Antropologia (FRANÇA, 2004, p. 02). da verdade dos fatos. No entanto, ela não vem recebendo a me-
recida atenção por parte dos profissionais do campo para o qual
Divisão Didática: A Medicina Legal possui uma parte geral, é destinada. Muitas vezes é preciso distinguir o certo do que
onde se estuda a Jurisprudência Médica, ou a Deontologia Mé- está duvidoso, explicar de maneira clara todos os indícios rela-
dica que ensina aos profissionais da área médica seus direitos e cionados ao ocorrido, não sendo omitidas particularidades, para
deveres. Tem também uma parte especial dividida nos seguintes que haja uma conclusão correta. Nem sempre tem valor para a
capítulos: medicina convencional algo, que para a Medicina Legal apresen-
Antropologia Forense ou Médico-legal: É o estudo da iden- ta extraordinária importância.
tidade e identificação médico-legal e judiciária. O juiz, não pode prescindir desta ciência auxiliar do direito,
Traumatologia Forense ou Médico-legal: Capítulo extenso e para ter condições de avaliar e sopesar a verdade, analisando os
denso que estuda as lesões corporais e os agentes lesivos. documentos resultantes das perícias, adquirindo uma consciên-
Tanatologia Forense ou Médico-legal: Estuda a morte e o cia técnica dos fatos que envolvem o problema jurídico. Para a
morto. Conceito, momento, realidade e causa da morte. Tipos maioria dos autores, a mais importante missão do exame pe-
de morte. Sinais de morte. Destino legal do cadáver, direito so- ricial é orientar e iluminar a consciência do magistrado. Erros
bre o cadáver etc. periciais podem ocorrer, mas conhecendo a Medicina Legal o
Asfixiologia Forense ou Médico-legal: Trata das asfixias de aplicador da lei terá novos elementos de convicção ao apre-
origem violenta. As asfixias mecânicas como enforcamento, es- ciar a prova, podendo analisar melhor as informações técnicas,
trangulamento, esganadura, afogamento, soterramento, sufo- prolatando sentenças, livres de relatórios viciados. Para França
cação direta e indireta e as asfixias por gases irrespiráveis. (2004, p.04-05), a necessidade de dar cumprimento às exigên-
Toxicologia Forense ou Médico-legal: Analisa os cáusticos cias penais, corroboram com a necessidade de conhecimento da
Medicina Legal,
e os venenos.
o juiz não deve apenas examinar o criminoso. Deve também
Sexologia Forense ou Médico-legal: É um capítulo social e
verificar as condições que o motivaram e os mecanismos da exe-
cultural. É informativo e analisa a sexualidade sob o ponto de
cução. Assim, deve ser analisada a gravidade do crime, os moti-
vista normal, patológico e criminoso.
vos, circunstâncias e a intensidade do dolo ou culpa. A qualidade
Psicologia Forense ou Médico-legal: Estuda as causas que
e quantidade do dano.
podem deformar um psiquismo normal, bem como, a capacida-
Deve ele ter um conhecimento humanístico e jurídico, uma
de de entendimento da testemunha, da confissão, do delinqüen-
sensibilidade na apreciação quantitativa e qualitativa da prova
te e da vítima.
(Idem, ibidem.).
Psiquiatria Forense ou Médico-legal: Neste capítulo a aná-
O advogado, no exercício da profissão, também precisa, e
lise é mais profunda, pois trata dos transtornos mentais e da muito, destes conhecimentos médico-legais, sendo um crítico da
conduta, da capacidade civil e da responsabilidade penal. Crimi- prova, não aceitando como absolutos certos resultados, somen-
nalística: Estuda a dinâmica do crime, analisando seus indícios e te pelo simples fato de constituírem avanços recentes da ciência
vestígios materiais. ou da tecnologia. Deve saber pedir aos peritos e por outro lado
Criminologia: Preocupa-se com o criminoso, com a vítima e precisa saber interpretar, e requisitar, em relação aos casos em
com o ambiente. Estuda a criminogênese. estudo. O pedido formulado deve estar dentro das possibilida-
Infortunística: Estuda os acidentes e doenças do trabalho, des da ciência e técnica médico-legal.
doenças profissionais, higiene e insalubridade laborativas. De- O promotor de justiça tendo o ônus da prova, justificando-a
vendo sempre lembrar-se da necessidade do exame pericial do e explicando-a, necessita mais do que ninguém dos conhecimen-
local do trabalho para que se estabeleça um nexo de causalidade tos médico-legais, para uma correta interpretação de todos os
entre acidente ou doença e o trabalho. laudos envolvidos nos casos a serem julgados.
Genética Forense ou Médico-legal: Especifica as questões Trata-se de uma contribuição de alta valia e é a soma de to-
ligadas à herança e ao vínculo genético da paternidade e ma- das as especialidades médicas, cada uma colaborando à sua ma-
ternidade. neira para que a ordem seja restaurada. Por tudo o que vimos a
Vitimologia: Analisa a vítima como elemento participativo Medicina Legal em seu estudo e aplicação, coopera na execução
na ocorrência do delito. de leis já existentes, interpretando os textos legais com signifi-
Policiologia Científica: Considera os métodos científicos- cado médico, bem como ajuda elaborar novas normas relacio-
-médico-legais usados pela polícia na investigação e elucidação nadas com a medicina. É uma ciência ímpar em seus aspectos
dos crimes. usuais, pois une o conhecimento biológico, cuidadoso e artesa-
nal a técnicas laboratoriais avançadas, com a finalidade de dar
Importância da Medicina Legal à Justiça elementos de convicção, para a solução das variadas
O Direito é uma ciência humana, desta forma mister se faz questões dos ramos do conhecimento humano. A perícia hoje
que os profissionais da área tenham um bom conhecimento do não é igual à de ontem, nem será igual à de amanhã. O papel de
que é o ser humano em sua totalidade. Para tanto não é preciso árbitro e perito, levando à decisões e sanando as dúvidas na so-
possuir conhecimentos como um profissional de biomédica, no ciedade e na justiça é que dão à Medicina Legal extensão e dela
entanto, o mínimo para essa compreensão é necessário, sendo se espera pronunciamentos claros, comprovados e inegáveis.

2
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Qualquer um que opere na área do direito, precisa reunir petus, 2001: “A Traumatologia Forense estuda os traumas, le-
condições para ler, interpretar e saber rejeitar um documento sões, instrumentos e ações vulnerantes, visando elucidar a di-
falho, incompleto ou que não traduza, com clareza e confiança nâmica dos fatos. Trauma é o resultado da ação vulnerante que
a realidade do espetáculo. Tudo tem que estar fiel. Num único possui energia capaz de produzir a lesão, como ensina Roberto
processo, não raro, há mais de um laudo, em mais de uma área Blanco. Lesão nada mais será que o dano tecidual temporário ou
e todas as dificuldades periciais surgem no dia-a-dia, caso a caso permanente, resultante do trauma.”
exigindo do advogado das partes, promotor público, delegado “Nas contusões ativas, o instrumento vulnerante vem de en-
de polícia e da justiça atenção para que não fiquem perguntas contro à superfície corpórea . Ex.: soco. Nas contusões passivas,
sem respostas. a superfície corpórea (a vítima) vai de encontro ao instrumento
Considerando seu extenso campo de ação, é claro que seria vulnerante. Ex.: a pessoa cai e bate a cabeça no solo. Assim, a
pretensão tentar esgotar o estudo acerca dessa matéria apai- atuação pode ser ativa/direta, passiva/indireta ou mista (a com-
xonante que nos assusta inicialmente, mas que depois nos abre binação de ambas)”.
uma longa cortina do tempo, demonstrando que está inexora-
velmente ligada com a própria história da humanidade.1 Quantificação do Dano: Lesões Corporais
O artigo 186, do código civil brasileiro, declara como lesão
corporal “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligên-
cia ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ain-
TRAUMATOLOGIA FORENSE da que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. O dano deve
resultar em alteração objetiva, mensurável, observável, mesmo
A Traumatologia Forense é o ramo da Medicina Legal que que fugaz na estrutura orgânica ou psíquica da pessoa, relacio-
estuda as lesões corporais resultantes de traumatismos de or- nada à ação causadora.
dem material ou moral, danoso ao corpo ou à saúde física ou As lesões corporais podem ser leves (sem consequência
mental (Croce; 115) para a vítima, são as mais comuns na perícia e as mais frequen-
Tem por objeto o estudo dos efeitos na pessoa das agres- tes são as causadas por ação contundente como edema trau-
sões físicas e morais, como também a determinação de seus mático, escoriações, equimoses), graves (lesões que ofendem a
agentes causadores. Este reconhecimento é feito através do integridade corporal, incapacitam por mais de um mês ou debi-
exame pericial na vítima, bem como no local do crime, denomi- litam permanentemente quaisquer de seus membros, sentidos,
nado exame de  corpo de delito, o corpo do delito ao contrario funções, acelera o parto, se mulher grávida, ou põe em perigo
do que muitos pensam não é apenas a vitima, mas todo o local a vida do indivíduo) e gravíssimas (resulta em incapacidade per-
e instrumentos utilizados para a pratica do delito, pelo qual se manente, enfermidade incurável, perda, inutilização de mem-
atribui a extensão dos danos provocados. bro, sentido, função, deformidade permanente e aborto, em
caso de grávidas), segundo a lei penal, sendo classificadas pelo
Exame pericial resultado (consequências) sob o critério anatômico e funcional,
O exame deve ser requerido por autoridade legalmente no organismo da vítima.
competente (p. ex., um delegado de polícia), dirigido a um mé-
dico legista competente (ou órgão do qual o mesmo seja fun- Outros tipos de lesão:
cionário). Este requerimento deve conter alguns elementos im- a) Lesões corporais seguida de morte: ofende a integridade
prescindíveis para a realização do laudo, tais como a completa corporal ou a saúde do paciente, provoca-lhe a morte sem que-
identificação da pessoa, a hora, local e finalidade do exame. rer esse resultado, nem assumir o risco de produzi-lo.
O laudo pericial tem como norma geral uma narrativa con- b) Lesão corporal qualificadora agravante: produzida por
tínua, que é feita à medida que o exame é realizado. Nele deve meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro
constar, de forma abreviada e sucinta, apenas constando-se o meio insidioso ou cruel.
que for essencial, a narrativa dos fatos proferida pela vítima. Os agentes lesivos – forma ou instrumento que resulta em
O perito deve assinalar as lesões ou sua ausência (hipótese lesão no organismo – podem ser classificados em natureza fí-
em que o perito esquivar-se de proceder a exame, expondo seus sica (mecânica, térmica, elétrica), química (tóxicos, venenos e
motivos), os locais e tipos de lesão. cáusticos), biológicas (agentes infecciosos) ou mistos (naturezas
diversas).
Exame complementar
Por diferir o Direito penal a natureza delituosa da lesão cor- Lesão corporal.
poral consoante sua gravidade, é mister um exame suplemen- Definição: qualquer simples alteração causada à integridade
tar, decorridos trinta dias do fato. Neste exame o perito assinala corporal de maneira culposa ou dolosa, na estrutura anatômica
a presença ou não das seqüelas da(s) lesão(ões), bem como o ou mesmo histológica de uma pessoa.
grau de incapacitação gerada por ela(s) na vítima. Um beliscão ou um tapa é o bastante para caracterizar uma
ofensa à integridade corporal de outrem.
Registros Lesão corporal leve: lesões resultantes da ofensa a integri-
O exame traumatológico deve ser indicado através de meio dade corporal ou à saúde de outrem, excetuando-se as lesões
físico apropriado - desde o preenchimento de planilhas impres- graves e gravíssimas.
sas, até a filmagem do examinado. Lesão corporal grave: quando resultam em incapacidade
Conforme asseveram William Douglas, Abouch V. Krymchan- para as ocupações habituais por mais de trinta dias, perigo de
towki & Flávio Granato Duque, na obra Medicina Legal à luz do vida, debilidade de membro, sentido ou função, deformidade
Direito Penal e Processual Penal, 2ª edição. Rio de Janeiro: Im- permanente, aceleração de parto.
1 Fonte: www.mackenzie.br – Por Irene Batista Muakad

3
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Lesão corporal gravíssima: incapacidade permanente para o trabalho, perda ou inutilização de membro, sentido ou função,
deformidade permanente, aborto.
Lesão corporal seguida de morte: resulta quando, o agente alheio ao dolo, lesa a vítima produzindo-lhe a morte. O agente não
assumiu quis o desfecho. A ação é dolosa, mas o resultado é culposo.2

Lesões e mortes por arma branca


As armas podem ser manuais (instrumentos perfurantes, cortantes, perfuro-cortantes e corto-contundentes, embora possam
ser arremessados) ou de arremesso, que podem ser simples (são totalmente jogadas contra o oponente) ou complexas (dispararam
projéteis contra o oponente).

Instrumentos Perfurantes
São instrumentos formados por uma ponta continuada com uma haste mais cilíndrica e de acordo com o diâmetro podem ser
de pequeno calibre (alfinetes, agulhas e espinhos) e médio calibre (pregos pequenos, furador de gelo e a sovela). Transformam a
energia cinética através de uma ponta, exercendo pressão e afastando as fibras dos tecidos conforme a penetração.
Para a ocorrência das lesões, a ação pode ser ativa, quando o instrumento atinge o corpo parado ou quase em repouso (picada
por agulha de injeção, agressões com furadores) e passiva, quando o corpo em movimento choca com o instrumento localizado em
um anteparo (pisar em um prego ou cair sobre grade com elemento pontiagudo).

Instrumentos cortantes
Nesta categoria destacam-se os instrumentos cortantes como cacos de vidro, pedaços de folha metálica e até mesmo folha de
papel. Transferem energia cinética por deslizamento e leve pressão através de uma borda aguçada (gume ou fio).
As lesões possuem predomínio da extensão em relação à profundidade. Podem ser superficiais, no entanto podem ser obser-
vadas feridas mais profundas penetrando em cavidades, pois dependem da região do corpo atingida e da força, bem como o estado
do gume. As lesões apresentam bordas regulares, com vertentes planas e ângulo muito agudo, com profundidade maior na porção
correspondente ao terço inicial. Podem causar mutilações em nariz, orelha, ponta dos dedos, pênis.
A gravidade está relacionada com a região atingida. As lesões mais graves são as de engorjamento podendo até levar ao óbito.
Em certos casos, o agressor não possui a intenção de matar e sim deformar a vítima.
Em relação aos aspectos médico-legais, a causa jurídica em caso de morte deve ser orientada pela disposição, número e locali-
zação das feridas. Nos casos que apresentam ferida incisa na face anterior do punho, existência de cicatrizes anteriores e presença
de lesões de defesa podem contribuir para a investigação de suicídio e homicídio. Dentro das lesões por instrumento cortante,
predominam as acidentais, principalmente as decorrentes de atividades profissionais.

2 Fonte: www.aulademedicinalegal.blogspot.com.br

4
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Intrumentos perfuro-cortantes 1-Agentes mecânicos ou instrumentais: denominam-se
Estes instrumentos possuem uma ponta e um ou mais gume como conjuntos de objetos, agidos de uma mesma maneira, pro-
e transferem a sua energia cinética por pressão através da ponta duzem lesões semelhantes, sendo divididos em:
e por deslizamento dos gumes que seccionam as fibras dos teci- a) Instrumento perfurante
dos. De acordo com as faces apresentadas no instrumento, lisas b) Instrumento cortante
ou ásperas, as bordas das feridas se apresentarão normais ou c) Instrumento contundente
escoriadas, respectivamente. As lesões possuem predominância d) Instrumento perfuro-cortante
da profundidade sobre a extensão, no entanto a sua forma varia e) Instrumento corto-contundente
com o número de gumes. f) Instrumento perfuro-contundente
As lesões em botoeira com um dos ângulos bem mais agudo
que o outro são ocasionadas por instrumentos que apresentam A) Instrumento perfurante:
apenas um gume. As lesões em fenda com ângulos bastante agu- Ação: por pressão, por meio de sua ponta, empurrados por
dos são ocasionadas por instrumentos de dois gumes. As lesões uma força cujo sentido corresponde ao seu eixo longitudinal.
estreladas com bordas curvas e convexas em direção ao centro Objetos longos e de pontas afiladas.
da ferida são ocasionadas por instrumentos com mais de dois Ex. Pregos, alfinetes, agulhas, estiletes, etc.
gumes. Ferimento: punctório ou puntiforme
As lesões podem ser classificadas em superficiais, pene- Características: a ferida apresenta uma forma da projeção
trante (mais graves) e transfixantes. O trajeto constitui-se por da secção transversa do objeto. Profundidade sobre a superfície
um túnel em forma de fenda nas feridas por instrumentos de externa, que é muito pequena.
um ou dois gumes. Observa-se retração dos tecidos, ao longo Atravessa-se o instrumento um segmento ou órgão do cor-
do trajeto, tendo a fenda bordas afastadas de modo desigual, po, chama-se punctório transfixaste.
principalmente nos planos musculares. Em superfícies ósseas, a
penetração pode deixar a sua forma impressa em baixo relevo B) Instrumento cortante:
e pode ocorrer da própria lamina quebrar e ficar parcialmente Ação: por pressão e deslizamento sobre o seu fio ou gume.
encravada. O aprofundamento depende da pressão ou fio, mas a extensão
O agravamento se dá pela penetração de grandes cavidades da lesão depende do deslizamento do instrumento. Deverá ser
do organismo ou acometimento de víscera ou vaso sanguíneo forte o bastante para vencer a resistência da pele. Objetos que
calibroso, mas nas feridas superficiais pode ocorrer secção de apresentem um bordo longo e fino.
vasos arteriais, nervos e tendões, principalmente se predominar Ex. Navalhas, lâminas de barbear, bisturi, faca, estilhaço de
a ação cortante. vidro, papel, capim-navalha, etc.
Em relação aos aspectos médico-legais, interessam os casos Ferimento: Inciso
de suicídio, com lesões em região precordial, punho ou pescoço. Características: a ferida apresenta forma linear reta ou cur-
No ato da perícia ou necrópsia, é importante deixar a pele des- vilínea, com predomínio do comprimento sobre a profundidade,
nuda para avaliar o golpe. Para o diagnóstico, é importante que margens nítidas e regulares; ausência de contusão em torno da
não haja lesões de defesa, porém a existência de apenas uma lesão, devido gume se limitar a secção dos tecidos, sem mortifi-
lesão não descarta a hipótese de homicídio. cação; predomínio sobre a largura e a profundidade, extremida-
de mais superficial e em forma de cauda de escoriação, ao qual
Instrumentos corto-contundentes é produzida na epiderme no instante que precede a ação final do
São associação de instrumento cortante + instrumento con- instrumento sobre a pele; corte perpendicular, aspecto angular
tundente = machado, guilhotina. em formato de um “v” de abertura externa, se o instrumento
Têm uma massa significativa e gume. cortante agiu linearmente; hemorragia abundante.
O mecanismo de ação = massa + pressão (ou vibração ou Tipos de lesões produzidas por instrumentos cortantes: Nos
velocidade) + deslizamento. instrumentos cortantes provocados por lesões no pescoço, po-
demos classificar em:
Massa + Pressão + Deslizamento = Decapitação 1) Esgorjamento,
2) Degolamento e
Traumatologia forense. 3) Decapitação
Estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tar-
dios, produzidos sobre o corpo humano. 1) Esgorjamento: São lesões incisas, de profundidade variá-
O meio ambiente pode impor ao ser humano, as mais diver- vel, situando-se na face anterior ou antero – lateral do pescoço,
sificadas formas de energias causadoras de danos pessoais. entre a laringe e o osso hióide, ou sobre a laringe, raramente aci-
ma ou abaixo desses limites. Pode ser única ou múltipla, e a pro-
Classificação: fundidade da lesão é variável, detendo-se, em geral, na laringe,
1- Agentes mecânicos (instrumentos) dependendo da intensidade do uso do instrumento, alcançando
2- Agentes físicos a coluna cervical.
3- Agentes químicos Deve-se observar também que, se o ferimento for numa di-
4- Agentes físico-químicos reção transversal ou obliqua, entende-se como elementar para
5- Agentes biológicos (contágios) determinar a causa jurídica da morte, daí, poderemos analisar
6- Agentes mistos se houve suicídio, ao qual o instrumento cortante é empunhado
pela mão direito, em que se predomina a direção transversal ou
descendente para a direita, também pode ocorrer em direção
oposta, se quando for canhoto.

5
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
A profundidade da lesão é maior no inicio e no final a vitima Há que mencionar também que as lesões tidas profundas
perde suas forças. são causadas pela forma do instrumento gerando uma violência
Nos homicídios, aparecem características distintas, pois o considerada grande. Assim, temos:
autor da lesão coloca-se por trás da vitima, provocando um fe- • Fratura: perda de continuidade óssea, parcial ou total
rimento da esquerda para a direita, se destro, em sentido hori- • Luxação perda de continuidade de articular, podendo ou
zontal, se voltado para cima. não se acompanhar de ruptura de ligamentos articulares.
2) Degolamento: São lesões provocadas por instrumento • Ruptura visceral: lesão que atinge órgãos das cavidades
cortante na região posterior do pescoço, na nuca. É indicio de cranianas, torácica e abdominal. Frequentemente, as vísceras
homicídio, principalmente se o ferimento for profundo e a lesão mais lesadas são o fígado e o baço.
encontra-se localizada na medula.
3) Decapitação: É a separação da cabeça do corpo, podendo D) Instrumento pérfuro-cortante:
ser oriunda de outras formas de ação além da cortante. Pode ser Ação: predomínio de profundidade sobre o comprimento;
acidental, suicida ou homicida. os bordos nítidos e lisos e as margens não apresentam traumas
de contusão. A lesão provocada chama-se “ferimento em boto-
C) Instrumento contundente: reira”, por apresentar-se um ângulo agudo e outro canto arre-
É todo agente mecânico, liquido gasoso ou sólido, rombo, dondado, nos instrumentos de gume só, ou ambos os ângulos
que, atuando violentamente por pressão, explosão, flexão, tor- agudos, como instrumentos com dois gumes, mas se houver três
ção, sucção, percussão, distensão, compressão, descompressão, gumes, a forma de ferimento poderá reproduzir a forma do ins-
arrastamento, deslizamento, contragolpe, ou mesmo de forma trumento quanto ao número de gumes.
mista, traumatiza o organismo (CROCE: 272). Há, portanto, uma classificação quanto aos ferimentos pode
Ação: por pressão e/ou deslizamento sobre uma superfície ser:
mais ou menos plana. • Penetrantes: atingem uma cavidade, com tórax ou abdô-
Ex. tijolos, pedras, mãos, pés, cassetetes, etc. Tais ferimen- men, e terminam em fundo-de-saco;
tos podem ter como conseqüência ações como explosão, com- • Transfixantes: atravessam um segmento do corpo, tendo
por característica física, uma pequena cauda no local do gume.
pressão, descompressão, tração, torção, contragolpe, ou, for-
Não poderemos nos esquecer que, o tamanho do ferimento
mas mistas.
nem sempre corresponde à largura da lâmina que o produzir,
podendo, inclusive ser menor, devido a elasticidade da pele, ou
Tipos de lesões:
maior devido a retração dos tecidos adjacentes.
- Contusão: é a denominada como genérica do derrama-
mento de sangue nos interstícios tissulares, sem qualquer efra-
E) Instrumento corto-contundente:
ção dos tegumentos, consequente a uma lesão traumática sobre
Ação: contunde por pressão devido a animação e corta pelo
o organismo. Trata-se de uma lesão fechada com comprometi-
fio ou gume grosseiro. São objetos pesados com superfície rom-
mento do tecido celular subcutâneo e integridade real ou apa-
ba e gume pouco afiado.
rente na pele e nas mucosas. Ex. Facão, machado, enxada, dentes, etc.
- Ferida contusa: é a contusão que adveio da continuidade Tipo de ferimento: Corto-contundente
pela ação traumática do instrumento vulnerante; é a contusão Características: apresentam bordos pouco regulares, sem
aberta. cauda, fundo anfractuoso e presença de equimose e edema
Características: apresenta forma irregular, por vezes estre- traumático junto às margens. São ferimentos extensos, profun-
lada, com bordos irregulares, anfractuosos e macerado, fundo dos e provocados por fraturas, conforme o peso do instrumento
irregular, com pontes de tecido unindo uma borda à outra. Os e da força com que conduziu o instrumento.
tecidos próximos apresentam-se também como traumatizados,
como às vezes esmagados, conforme o caso. F) Instrumento perfuro-contundente:
Ação: inicialmente “amassa” e afasta o os tecidos por ação
Há uma classificação médico-legal, portanto: de sua ponta romba devido sua extremidade, porém de diâme-
• Eritema: área avermelhada no local contundido devido a tro pequeno.
alteração local da circulação. É transitório, desaparecendo nas Ex. espeto sem ponta, chaves de fenda, ponteira de guarda-
próximas 24 horas. Temos como exemplo: tapas, empurrões, -chuva e, classicamente, projéteis de arma de fogo (balas)
bofetadas, etc. Ferimento: Pérfuro-contuso
• Edema traumático: aumento difuso de volume, por acu- Características: apresentam bordos irregulares, com maior
mulo de líquido intercelular. Por motivo de alteração traumática predomínio da profundidade sobre a superfície e caráter pene-
da permeabilidade dos vasos capilares ocorre um extravasamen- trante ou transfixante.
to de líquido nos espaços intersticiais. Podem desaparecer em Normalmente, as lesões tidas típicas são armas de fogo, ao
menos de 24 horas. qual, agem por impulsão e rotação, determinando a formação
• Equimose: extravasamento de sangue para dentro dos te- de um orifício e de zonas de contorno junto à pele em que de-
cidos, cujas malhas ficam aprisionadas as hemácias, formando pende da incidência do tiro, portanto, se for obliquo, perpendi-
uma mancha de coloração, de inicio, violácea. cular, ou mesmo tangencial, como também sua distancia.
• Hematoma: solução de continuidade superficial que atin- Podemos analisar uma breve classificação, quanto aos tipos
ge a epiderme e eventualmente parte da derme. Tem sua evolu- de zona, como:
ção, sem deixar cicatriz ou produzindo alterações muito discre- • Zona de contusão: caracteriza-se por uma aréola aperga-
tas na pele, formando manchas hipocrômicas como único sinal. minhada, escura, de poucos milímetros de largura, que circunda
o bordo do orifício, resultante do impacto e da pressão rotatória
feita pelo projétil contra a pele.

6
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
• Zona de equimose: é uma aréola violácea, originada du- Veneno é toda substância que incorporada ao organismo
rante a passagem do projétil através da pele, quando pequenos vivo, produz por sua natureza, sem atuar mecanicamente, e em
vasos sanguíneos e capilares são tracionados e rompidos, for- determinadas concentrações, alterações da fisico-química celu-
mando equimoses em torno do ferimento. Somente podem ser lar, transitórias ou definitivas, incompatíveis com a saúde ou a
produzidos quando a vitima estiver com vida. vida.
• Zona de tatuagem: trata-se de disparos à queima-roupa Paracelso, no século XVI já estabelecia o aforismo básico:
ou apoiados, pelos grânulos de pólvora combusta ou incombus- “Todas as coisas são venenosas, é a dose que transforma algo
ta, que acompanham a bala de perto, incrustando-se mais ou em veneno”.
menos profundamente na pele da região atingida. Além disso, é
uma incidência de que o orifício de entrada de tiro ser de curta Intoxicação Exógena ou Envenenamento:
distancia. É o resultado da contaminação de um ser vivo por um pro-
• Zona de esfumaçamento: Também conhecida pela doutri- duto químico, excluindo reações imunológicas tais como aler-
na, como zona de tatuagem falsa, resulta do depósito de fumaça gias e infecções.
e de partículas de carvão, muito leves, que se acumulam sobre a Para que haja a ocorrência do envenenamento são neces-
epiderme, mas tem ter força suficiente de penetração. Pode ser sários três fatores: substância, vítima em potencial e situação
removida simplesmente pela lavagem da pele. desfavorável.
• Zona de queimadura ou chamuscamento: decorre da ação Toxicidade é a capacidade de uma substância produzir efei-
do calor e dos gases quentes que saem do cano da arma, quei- tos prejudiciais ao organismo vivo.
mando pelos e a epiderme. Se localizado na região da pele, apre-
senta a aparência enrugada e seca, de aparência vermelho-es- Fases da Toxicologia
cura, e com cheiro característico. Já nos pelos, apresentam-se A Toxicologia tem sido caracterizada através dos séculos por
queimados e quebradiços. circunstâncias que podem situá-la em três fases:
Nos disparos de arma de fogo, o projétil ocasiona o orifício a) Descoberta dos tóxicos na natureza: alimentos, plantas
de entrada e elementos de vizinhança ou zona de contornos, e animais;
independente do tipo de tiro. b) Fins primitivos e homicidas: arsênico, cianeto, estricnina,
Assim, há três situações: etc;
1) Tiro encostado ou apoiado: neste caso, o projétil pode c) Toxicologia Moderna: Intoxicações profissionais, alimen-
penetrar ou mesmo refluir, produzindo o chamado efeito “mina” tares, iatrogênicas, etc.
Características: orifício de bordas denteadas, desarranjadas
e evertidas, este último decorre da violência da força de expan- Ciências Da Toxicologia
são dos gases. O diâmetro é maior que o projétil, com bordas A Toxicologia busca o conhecimento das manifestações pro-
voltadas para fora, devido à explosão dos tecidos subcutâneos. duzidas pelos venenos no organismo e tudo que se relaciona aos
Normalmente, não há a presença de zona de esfumaçamento e mesmos. Por suas variadas áreas de interesse é uma ciência mul-
de zona de tatuagem, eis que os elementos de disparo penetram tidisciplinar, pois é integrada por várias ciências:
no próprio ferimento. • Química Toxicológica: Estrutura Química e Identificação
dos Tóxicos.
2) Tiro a queima roupa ou de pequena distancia: o alvo é • Toxicologia Farmacológica: Efeitos Biológicos e Mecanis-
atingido pelos gases aquecidos dos disparos e pela chama resul- mos de Ação.
tante da queima da pólvora. • Toxicologia Clínica: Sintomatologia, Diagnóstico e Tera-
Características: ocorrência de calor, fumaça e grânulos de pêutica.
pólvora em combustão, bem como todas as impurezas provin- • Toxicologia Ocupacional: Prevenção, Higiene do Trabalho.
das do cano da arma. Predomina-se pelo arrancamento da epi- • Toxicologia Forense: Implicações de Ordem Legal e Social.
derme devido o movimento rotatório do projétil, enxugo, tatua- • Epidemiologia das Intoxicações.
gem, esfumaçamento e queimadura. • Toxicologia Ambiental.
• Toxicologia dos Alimentos.
3) Tiro a distancia: o alvo é atingido pelo projétil somente.
Características: a boca de fogo fica a mais de 50 centímetros Estas ciências interessam, portanto, aos profissionais de
do alvo e só projétil alcança o alvo, formando um orifício de bor- várias áreas: médicos, sanitaristas, farmacêuticos, ecologistas,
dos invertidos com orla de contusão e enxugo e orla equimotica. veterinários, biólogos, psicólogos, etc., cada um visualizando o
Não apresenta os efeitos secundários do tiro.3 veneno por uma determinada ótica.

Programas de Toxicovigilancia
Centros Antiveneno têm como missão e responsabilidade o
TOXICOLOGIA FORENSE controle, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das intoxi-
cações exógenas, e para isto devem desenvolver ações de toxi-
Toxicologia é a ciência que estuda a natureza e o mecanismo covigilância permanentes.
das lesões tóxicas nos organismos vivos expostos aos venenos.
Segundo definição de Casarett: “Toxicologia é a ciência que de- Ações de Toxicovigilância
fine os limites de segurança dos agentes químicos, entenden- 1. Identificação de problemas: estudos epidemiológicos,
do-se como segurança a probabilidade de uma substância não avaliação de riscos;
produzir danos em condições especiais”. 2. Medidas de controle dos produtos: proibição, restrição,
3 Por Luiz Fernando Pereira uso controlado;

7
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
3. Desenvolvimento de ações conjuntas com órgãos de Saú- Geralmente tem maior concentração, causando envenena-
de, Vigilância e Meio Ambiente públicos e privados, Justiça, Ór- mentos com maior freqüência e de maior gravidade que os fa-
gãos de Classe, etc.; bricados legalmente.
4. Capacitação de profissionais em Toxicologia;
5. Conscientização da população: campanhas educativas, di- Inseticidas de uso Doméstico:
vulgação das medidas de prevenção e controle. São pouco tóxicos quando usados de forma adequada.
Podem causar alergias e envenenamento, principalmente em
Epidemiologia das Intoxicações pessoas sensíveis. A desinsetização em ambientes domiciliar,
Os produtos químicos são indispensáveis para o desenvolvi- comercial, hospitalar, etc., por pessoa ou “empresa” não ca-
mento das atividades do homem, à prevenção e cura das doen- pacitada pode provocar envenenamento nos aplicadores, mo-
ças e ao aumento da produtividade agrícola. Entretanto, o uso radores, animais domésticos, trabalha-dores e principalmente
inadequado e abusivo tem causado efeitos adversos à saúde hu- em pessoas internadas, ao se utilizarem produtos tóxicos nestes
mana e à integridade do meio ambiente, ocasionando acidentes ambientes.
individuais, coletivos e de grandes proporções: as catástrofes
químicas. Pesticidas de Uso Agrícola:
A ocorrência de envenenamentos é um grave problema de São as principais causas de registro de óbitos no Brasil, prin-
saúde pública em todos os países do mundo, tendo duplicado cipalmente pelo uso inadequado e nas tentativas de suicídio.
nos últimos 10 anos, devido principalmente à grande quanti-
dade de produtos químicos lançados, anualmente, no mercado Raticidas:
para consumo das populações. No Brasil, só estão autorizados os raticidas à base de anti-
Nos países desenvolvidos pode atingir a 2% da população e coagulantes cumarínicos. São grânulos ou iscas, pouco tóxicos
naqueles em desenvolvimento a 3%. Os Estados Unidos estimam e mais eficazes que os clandestinos, porque matam o rato, eli-
a ocorrência anual de 4 milhões de exposições tóxicas, sendo minam as colônias. A utilização de produtos altamente tóxicos,
registrados cerca de 2 milhões, 50% em menores de 5 anos. No proibidos para o uso doméstico tem provocado envenenamen-
Brasil, as estimativas são de 3 milhões de intoxicações anuais, a tos graves e óbitos4
maioria sem registro devido à subnotificação e às dificuldades
de diagnóstico. As estatísticas variam em função dos padrões A toxicologia forense é uma ciência multidisciplinar que bus-
culturais, sociais e econômicos. Nos países desenvolvidos há ca mostrar a verdade de um fato perante a lei, mas também
maior ocorrência de intoxicações por produtos químicos e medi- identificar e quantificar os efeitos prejudiciais associados a pro-
camentos e nos países em desenvolvimento, além desses agen- dutos tóxicos, ou seja, qualquer substância que pode provocar
tes, por animais peçonhentos, plantas venenosas e pesticidas danos ou produzir alterações no organismo, no seguimento de
agrícolas. O Brasil, sendo um grande pólo industrial tem elevado solicitações processuais de investigação criminal, sendo apoiada
percentual de intoxicações por produtos químicos em todas as fundamentalmente na toxicologia analítica.
fases: fabricação, manipulação, transporte, e descarte. É grande Em 1958, Gisbert Calabuig o definiu como um conjunto de
consumidor de medicamentos sendo estas intoxicações provo- conhecimentos aplicáveis na resolução dos problemas toxico-
cadas por automedicação, superdosagens, iatrogenias, aciden- lógicos que levantam em sede do Direito; já Paul Matte, 1970
tes e tentativas de suicídio. Nosso país é também grande consu- disse que é um estudo e aplicação da toxicologia ao direito para
midor de pesticidas, e estas intoxicações ocorrem devido ao uso encontrar a verdade em causas civis, criminais e sociais com o
excessivo e indiscriminado destes produtos, desconhecimento objetivo de que não causem injustiças a nenhum membro da
dos trabalhadores rurais dos perigos dos mesmos, falta de equi- sociedade.
pamento de proteção individual (EPI) e principalmente pelo uso É uma ciência importantíssima e ligada diretamente ao Di-
doméstico de pesticidas de elevado potencial tóxico, fabricados reito, pois com ela e a partir dela, pode- se inocentar ou acusar
exclusivamente para fins agrícolas. um réu, no caso de suspeita de homicídio utilizando drogas ou
Há também elevada ocorrência de acidentes por animais pe- venenos, estabelecendo um nexo causal entre o evento e o efei-
çonhentos representando para alguns estados do Brasil o maior to tóxico. É essa ciência que determina o agente químico causa-
percentual de envenenamentos registrados. dor da morte, e possibilita quantificá-lo, dando a sociedade uma
resposta sobre o fato.
Alguns grupos de agentes que causam intoxicações e suas Mas, para que isso ocorra de forma idônea e segura, neces-
características sita de um procedimento anterior à análise que se chama cadeia
de custódia, que é um procedimento onde se documenta toda a
Medicamentos: ação desde o recipiente, coleta, até o descarte final da amostra.
Tipo mais freqüente de intoxicação em todo o mundo, inclu- Segundo CHASIN, ela se divide em duas fases, externa e interna:
sive no Brasil. Ocorre frequentemente em crianças e em tenta- a fase externa seria o transporte do local de coleta até a chega-
tivas de suicídio. da ao laboratório. A interna refere-se ao procedimento interno
no laboratório, realizado pelo toxicologista, até o descarte das
Domissanitários: amostras.
Produtos de composição e toxicidade variada, responsável Uma cadeia de custódia, realizada com seriedade faz com
por muitos envenenamentos. que todo o procedimento seja confiável. Com as amostras pre-
Alguns são produzidos ilegalmente por “fábricas de fundo servadas corretamente, a análise mostra um resultado real,
de quintal”, e comercializados de “porta em porta”. apontando como ocorreu o fato.

4 Fonte: www.saude.ba.gov.br

8
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Em uma morte súbita, por exemplo, primeiramente é acio- As substâncias coagulantes desidratem os tecidos, forman-
nada a polícia militar que irá até o local do crime para averi- do escaras endurecidas, de cores diferentes, dependendo da
guação e isolamento da área para preservação correta das evi- substância. Por exemplo, o ácido sulfúrico provoca escaras es-
dências para poder determinar o que é vestígio; a autoridade branquiçadas.
policial (delegado), chega em seguida e os últimos são os peritos As substâncias liquefacientes são os álcalis, soda cáustica,
criminais. liquefacientes provocam escara úmida, amolecidas pela liquefa-
Os peritos criminais iniciam a cadeia de custódia, que con- ção dos tecidos.
tribui para manter e documentar a história cronológica da evi- Sua ação depende não só da natureza química da substância
dência, para rastrear a posse e o manuseio da amostra a partir como também da sua concentração e da região atingida, assim
do preparo do recipiente coletor, da coleta, do transporte, do ácido e álcalis diluídos não danificam a pele. Uma substância
recebimento, da análise e do armazenamento. que não produz dano à pele pode lesar irreparavelmente a cór-
As amostras devem ser manuseadas de forma cautelosa, nea. Importa também o tempo de contato entre a substância e
para tentar evitar futuras alegações de adulteração ou má con- o tecido atingido.
duta que possam comprometer as decisões relacionadas ao caso As lesões provocadas por cáusticos são denominadas gene-
em questão. O detalhamento dos procedimentos deve ser minu- ricamente vitiolagem, qualquer que seja a substância usada, em
cioso, para tornar o procedimento robusto e confiável, deixando razão do nome popular do ácido sulfúrico, óleo de vitríolo, que
o laudo técnico produzido, com teor irrefutável. A sequência dos foi muito usado no passado.
fatos é essencial: quem e como manuseou, onde o vestígio foi Causa jurídica-geralmente a intenção é provocar lesão cor-
obtido, como armazenou. poral, deformar a vítima daí a região mais atingida ser a face,
Nas análises toxicológicas post mortem estabelece a causa o pescoço, tórax e escápulas. Esta eventualidade é hoje em dia
e a forma de intoxicação ou morte por meio da análise de vá- rara no nosso meio. São comuns os acidentes, domésticos e in-
rios fluidos e tecidos obtidos durante a necropsia. As amostras dustriais.
utilizadas neste caso são humor vítreo, conteúdo gástrico, san- A morte por ação cáustica é também eventualidade rara
gue periférico, sangue cardíaco, fígado, bile, cérebro, urina, que mas não impossível.
pode determinar se ocorreu uma overdose, suicídio, intoxicação
acidental, homicídio e qual a substância utilizada, seja fármaco Veneno
ou drogas lícitas ou ilícitas. A legislação atual não define o que seja venenoso, deixando
Ao final das análises toxicológicas, o profissional emite um a critério do perito esta conceituação.
laudo que deverá constar os resultados das análises e este será A Consolidação das Leis Penais diz em seu artigo 296 pa-
fundamental para encerrar o caso policial. rágrafo único: “Veneno é toda substância mineral ou orgânica
Essa é uma área de atuação que está em alta, pois os concur- que ingerida no organismo ou aplicada ao seu exterior, sendo
sos estão cada vez mais concorridos e as vagas cada vez maiores. absorvida, determine a morte, ponhe em perigo a vida ou altere
Para ser um toxicologista forense, necessita possuir graduação profundamente a saúde.” Esta definição satisfaz as exigências
em bacharel e realizar uma especialização em toxicologia, já médico legais.
para ser perito criminal, precisa ter diploma de graduação em Em outras palavras – Veneno é toda substância que absor-
bacharel nas áreas determinadas pelo edital e prestar concurso vida e atuando química ou bioquimicamente sobre o organismo
público.5 lesa a integridade corporal ou a saúde do indivíduo.
Envenenamento são as lesões mortais ou não, provocadas
Caustico e Veneno pelos venenos.
Da definição de veneno, podemos inferir diferença funda-
Energias de Ordem Química mental com os cáusticos. Para atuar como veneno, a substância
Segundo Flamínio Fávero, são aquelas que atuam por subs- precisa ser absorvida e por reação química ou bioquímica deter-
tâncias que entram em reação com os tecidos. minar uma lesão corporal ou perturbação funcional que pode
São as que agem através de reações químicas com os te- chegar à morte.
cidos. Encontramos substâncias venenosas nos 3 reinos da nature-
Modos de ação. za: mineral, vegetal e animal. Não se inclui no grupo de venenos
Podem agir de modo localizado ou de modo sistêmico, daí a ação de microorganismo e suas toxinas, incluímos porém a
a divisão em cáusticos e venenosos. secreção de certos animais, cobra, insetos, aracnídeos. Em me-
dicina legal, não se faz a clássica distinção da parasitologia entre
Cáusticos peçonha e veneno.
Cáustico é toda substância que quando colocada em conta-
to com um tecido, com ele reage desorganizando-o. Podem agir Vias de absorção dos venenos.
externamente ou internamente. Os venenos podem ser introduzidos no organismo pelas
mesmas vias que são introduzidas os medicamentos.
Classificação A ação de certas substâncias varia de acordo com a via de
Classificam-se em coagulantes e liquefacientes. São subs- penetração (curare veneno de cobra são inócuos por via oral,
tâncias coagulantes os ácidos fortes, como o sulfúrico, o clorídri- pois são digeridos no estômago).
co, nítrico, sais metálicos como nitrato de prata, permanganato
de potássio, essências como terebentina, sabina. A) Pele. A pele é impermeável à maioria das substâncias,
porém alguns inseticidas, gases de guerra podem ser absorvidos
pela pele íntegra.
5 Fonte: www.portaleducacao.com.br

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
B) Mucosas. Aparelho digestivo (gástrica, intestinal, retal) Potássio, por exemplo, é alimento, medicamento, porém se in-
Aparelho respiratório jetado na veia rapidamente e em quantidade grande causará a
Ocular morte. A própria água quando ingerida em grande quantidade
Nasal como acontece com alguns doentes mentais, causará distúrbios
Genito urinária eletrolíticos; será veneno.

C) Serosas. Forma de Administração


D) Tecido celular subcutâneo. Quanto mais solúvel, mais eficaz sua ação. Para ser absor-
E) Via muscular. vida e ser eficaz, a substância deve ser solúvel ou tornar-se so-
F) Via sanguínea. lúvel.

Eliminação dos Venenos Associação com Outras Substâncias ou Veículos


Absorvida a substância cai na corrente sanguínea, em tempo Esta associação poderá diminuir ou aumentar a ação do ve-
variável, de acordo com a substância e a via de introdução (mais neno. Associação de cianeto de potássio com ácido, fósforo com
rápida por via sanguínea e respiratória que por via oral e cutâ- gordura aumentam a ação dos venenos. Cianeto com açúcar
nea), distribuindo-se por todo o organismo, sendo metabolizada tem sua ação diminuída.
principalmente no fígado, fixando-se nos órgãos, de acordo com
as afinidades da substância com os diversos componentes do or- Via de Penetração
ganismo. Por exemplo: álcool com grande afinidade pela água Tem grande importância a via de penetração do veneno.
concentra-se mais no sangue e no liquor; fósforo com grande Curare, veneno de cobra, por via oral são inativos. Estricnina,
afinidade pela gordura é encontrado na medula óssea, embora tártaro hemético têm sua ação aumentada por via oral.
suas ações possam se fazer seletivamente em outros órgãos, de-
pendendo aí das alterações que provoquem nas funções destes. Com Relação ao Indivíduo
Serão então eliminados na forma da própria substância ou então
transformados. Idade
Como principais vias de eliminação, temos: De um modo geral, as idades extremas são mais sensíveis
A) Aparelho digestivo: aos venenos (criança e velhos). As crianças são mais sensíveis
aos opiáceos, porém são mais resistentes à atorpina.
vômito – (mercúrio,cobre)
diarréia – (mercúrio, cobre)
Estado de saúde
bile – (cobre, arsênico, mercúrio)
Doenças hepáticas, renais, pulmonares que prejudicarão a
metabolização ou a eliminação ou a eliminação do veneno au-
B) Urina (cobra, arsênico, antimônio, fósforo)
mentará a ação do veneno.
C) Pulmões – (arsênico, cobre, substâncias voláteis-álcool,
Tolerância
éter, gasolina, querosene, clorofórmio, ácido cianídrico, gás sul-
Algumas pessoas têm resistência a determinadas por uso re-
fídrico).
petido da substância. Viciados em morfinas fazem uso de dose
D) Suor – (chumbo, antimônio, arsênico)
muitas vezes maior que a dose letal para as pessoas não habi-
E) Saliva – (mercúrio, morfina, cocaína) tuadas ao seu uso.
F) Leite – (bismuto, mercúrio)
G) Cabelos – (arsênico) Idiossincrasia
H) Unhas – (arsênico) Do mesmo modo que uma pessoa pode ter sua resistência
I) Placenta – (sabina) aumentada, poderá tê-la diminuída.6

O tempo de eliminação do veneno varia conforme sua na- Drogas de uso e abuso
tureza, dose, via de absorção, estado de saúde da vítima, etc. Desde a antiguidade, o homem se interessa por substâncias,
Quanto à forma de eliminação, existem também variações como as drogas, que alteram o humor; seja pelo entorpecimento
conforme as substâncias. Assim, muitas substâncias são elimi- que causam, seja por seus rituais ou pela mística que envolve
nadas in natura (éter). Outras são oxidadas ou reduzidas e eli- seu uso. Na mitologia encontramos menção ao néctar, bebida
minadas após sua transformação (barbitúricos, cocaína); isto é dos Deuses, bem como a referência a Baco - Deus do vinho - que
muito importante em uma perícia. exercia um poder embriagador. Seu uso comedido, que visava o
deleite, o gozo e a realização das pessoas, sempre esteve pre-
Modificação da Ação dos Venenos sente e sempre ocupou um lugar importante na história da hu-
A ação ou efeito das substâncias sobre os indivíduos variam manidade. Mas aqueles que se entregavam ao uso desmedido
não só pela natureza da substância como também com outros ou compulsivo, eram considerados errantes, loucos ou degene-
fatores que podem modificar esta aça. Temos fatores que são rados.
ligados à própria substância, outros referentes ao individuo. O consumo de produtos que alteram o humor - que nos dei-
xam relaxados, anestesiados, “ligados” - surge na contempora-
Condições Modificadoras da Ação Referente ao Veneno: neidade de forma maciça e passa a ser causa de várias formas de
adoecimento que nos impressionam, não por serem novas, mas
Dose por seu volume e impacto social. Nunca se viu na história das
As substâncias só agem a partir de uma determinada quan- civilizações uma epidemia no uso patológico de drogas, como
tidade que é calculada por quilo de peso. Dependendo da dose, temos presenciado nos últimos 40 anos.
uma substância poderá ser alimento, medicamento ou veneno. 6 Fonte: www.juridicohightech.com.br

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
O uso de drogas lícitas ou ilícitas pode ser diferenciado em As drogas que afetam o SNC, algumas vezes denominadas
uso, abuso e compulsivo (que caracteriza a dependência quími- drogas de ação central, psicotrópicas ou psicoativas, são ampla-
ca). Não é possível, como nunca foi, ao longo de toda história da mente classificadas como depressores ou estimulantes ou tam-
civilização, viver em um mundo sem drogas. Não são as drogas bém perturbadoras (RANG et al., 2004; OBID, 2011).
que adoecem o sujeito, mas o contrário, o sujeito é que adoece Os depressores do SNC (álcool) produzem depressão geral
com as drogas. Muitas pessoas fazem uso de álcool, maconha, do SNC semelhante aos agentes anestésicos voláteis, produzin-
tranquilizantes e outras drogas e nunca se tornam dependentes do os efeitos familiares de intoxicação aguda (ABRAMS, 2006;
químicos. Existem drogas com um alto poder viciante, como o RANG et al., 2004, 2006). A depressão leve do SNC é caracte-
crack, por exemplo. Sem dúvida elas são perigosas! Mas não é rizada por ausência de interesse no ambiente e incapacidade
isso que determina a dependência de uma pessoa. de concentrar-se em um tópico (pequeno tempo de concentra-
Algumas pessoas fazem uso de substâncias ao longo de uma ção). À medida que a depressão progride, há letargia ou sono,
vida inteira e não se tornam dependentes; outras, usam e abu- diminuição do tônus muscular, diminuição da capacidade de se
sam de entorpecentes, ficam bêbadas, dormem demais ou de movimentar e diminuição da percepção de sensações como dor,
menos, perdem o apetite, o senso de realidade e etc. O abuso calor e frio. A depressão acentuada do SNC produz inconsciência
é sempre perigoso, mas não quer dizer que a pessoa seja um ou coma, perda de reflexos, insuficiência respiratória e morte
adicto. O perigo da adicção, da dependência química está exa- (ABRAMS, 2006).
tamente ao lado: ao mesmo tempo em que a droga pode ser Os estimulantes do SNC, como a cocaína, produzem vários
prazerosa ou recreativa, quando a pessoa vê já está adicta, com- efeitos. O estímulo leve é caracterizado por vigília, alerta mental
pulsiva em relação à droga. A adicção “não dá aviso prévio” de e diminuição da fadiga. O aumento da estimulação produz hi-
sua instalação. peratividade, loquacidade, nervosismo e insônia. A estimulação
A adicção é marcada pela obsessão, os pensamentos não excessiva pode causar convulsões, arritmias cardíacas e morte
param de girar em torno de uma mesma coisa: usar. Outra mar- (ABRAMS, 2006).
ca sofrida é a compulsão. A compulsão se determina pela ação, As drogas perturbadoras (também conhecidas como psico-
o uso compulsivo é o uso que a pessoa não pode parar, não con- tomiméticas, psicodélicas ou alucinógenas), como a maconha,
segue parar, quer sempre mais. A compulsão é semelhante a afetam o pensamento, a percepção e o humor, sem causar esti-
uma ordem a um imperativo que o sujeito “tem” que obedecer. mulação ou depressão psicomotora marcantes. Os pensamentos
Uma das características mais marcantes da dependência e as percepções tendem a se tornarem distorcidos e semelhan-
química é a perda do controle; o que o dependente químico tes a sonhos, ao invés de serem meramente nítidos ou entorpe-
mais recusa a aceitar. Ele nega e insiste em se iludir na idéia de cidos e a mudança no humor é de modo provável mais complexa
controle, quando já não mais o tem. Isso não quer dizer que ele do que um simples desvio na direção da euforia ou da depres-
tenha que usar todo dia. Não é isso. O intervalo de uso, quando são. De modo geral, essas substâncias não alteram a velocidade
há, é variável. Mas ele tem que usar! dos estímulos cerebrais, mas causam perturbações na mente do
A negação de sua situação provoca perdas em seu entorno; usuário. A classificação destas drogas ainda é imprecisa e não há
seja nas relações interpessoais, trabalho, família, dinheiro etc. linha nítida divisória entre os efeitos, por exemplo, da cocaína e
Ás vezes, só quando esse sujeito já perdeu muito, quando não daqueles da dietilamida do ácido lisérgico (LSD) ou da maconha
há como não ver sua destruição, é que ele vem procurar ajuda.7 (RANG et al., 2004, 2006; OBID, 2011).
Características gerais e classificação das drogas de abuso O consumo de drogas é um dos problemas que mais afetam
A Droga, segundo a definição da Organização Mundial de o contexto social atual.
Saúde – OMS é qualquer substância não produzida pelo organis- As drogas de abuso têm um papel importante nas atividades
mo, mas que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de violentas. O crime é visto como uma fonte de recursos para a
seus sistemas produzindo alterações em seu funcionamento. O compra de drogas pelos usuários dependentes (OLIVEIRA et al.,
uso continuado de drogas causa dano ao indivíduo, pois modi- 2009).
fica, aumenta, inibe ou reforça as funções fisiológicas, psicoló- Um estudo realizado em 2005, envolvendo as 108 maiores
gicas ou imunológicas do organismo de maneira transitória ou cidades do Brasil pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Dro-
permanente (OBID, 2011). gas (SENAD) em parceria com o Centro Brasileiro de Informações
Segundo Rang et al. (2004, 2006) o que une as pessoas ao sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) e o Departamento de Psico-
uso de drogas de abuso é o fato de produzirem efeitos agra- biologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) reve-
dáveis (hedônicos), que tendem a procurá-los para repetilos, lou que o álcool desponta em 1º lugar na estimativa de mortes
uma ação que reflete o efeito, comum a todas as drogas que associada ao consumo de drogas, seguido de maconha e cocaína
produzem dependência, da ativação dos neurônios dopaminér- (OBID, 2011).
gicos mesolímbicos. Este efeito hedônico torna-se um problema
quando a necessidade torna-se tão insistente a ponto de domi-
nar o estilo de vida do indivíduo e prejudicar sua qualidade de SEXOLOGIA FORENSE
vida. Além deste, o próprio hábito causa dano real ao indivíduo
ou à comunidade. Exemplos deste são incapacidade mental e A Sexologia Forense tem por objeto de estudo as incidências
lesão hepática causada pelo álcool e pelo sério risco de dosagem médico-legais relativos ao sexo.
excessiva com a maioria dos narcóticos e pela conduta criminosa No âmbito da sexologia e toda a sua complexidade, o tema
que se manifesta quando um viciado necessita financiar o pró- subdivide-se em três vertentes de estudo:
prio hábito. 1) Himeneologia, que tem por objeto de estudo o casamen-
to e demais aspectos decorrente da união de pessoas de sexo
diferentes, assim como questões de compatibilidades, doenças
7 Fonte: www.cpgls.pucgoias.edu.br - Por Luana Raquel Pinheiro de Sousa hereditárias, saúde da prole etc.;

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
2) Obstetrícia, cujo estudo se desenvolve no âmbito dos Entende-se que é necessário descobrir a nova dinâmica da
fenômenos da fecundação, da anticoncepção, da gestação, do realidade humana, social e política da saúde, que nos permita
aborto, do parto, do infanticídio, do puerpério e do estado puer- desenvolver processos de possível revolução e reforma social,
peral, além de aspectos ligados à investigação de paternidade; em benefício da autodeterminação humana e da compreensão
3) Erotologia, a parte da ciência Médico-legal que estuda os daquilo que é parte integrante e fator de determinação de seu
estados intersexuais, as perversões, os crimes sexuais,a prostitui- próprio destino.
ção e demais comportamentos de anormalidades ligados ao sexo. A sexualidade assume, num sentido amplo, um tríplice as-
pecto:
Assim dentro das suas vertentes de estudos específicos, a • Normal, ou seja, aquela que segue as injunções da Nature-
Sexologia também engloba as questões decorrentes de crimes za e se norteia no sentido da procriação;
sexuais como: estupro, sedução, atentado violento ao pudor, • Anômala, ou seja, a que sofre desvio no seu curso, quer
posse sexual, conceito de virgindade, himenologia e seus desdo- sob a forma de estados fisiológicos interssexuais que consiste
bramentos, aspectos do casamento e da separação, da fecunda- em desvios do comportamento;
ção, gestação, parto, aborto, infanticídio, eugenia, investigação • Criminosa, a que se apresenta com fator criminógeno, ou
de paternidade, anomalias sexuais, conjunção carnal etc. seja, tudo aquilo que pelas características ou condições, contri-
As implicações relativas ao sexo estão presentes tanto no Di- bui ou concorre para um resultado de natureza delituosa com
reito Penal quanto no Direito Civil, com reflexos também no Direi- sexualidade criminosa propriamente dita.
to Processual. Tais incidências, de regra, necessitam da produção
de prova material a ser elaborada no âmbito da Medicina Legal. Anomalias Sexuais:
No Direito Civil a Sexologia pode auxiliar na investigação de São comportamentos não convencionais ou pelo menos não
paternidade, nas questões de impotência, nas implicações do comuns, buscados por algumas pesas, em virtudes de problemas
casamento etc. mentais, psíquicos, emocionais ou sociais, para a satisfação dos
No âmbito do Direito Penal, as incidências parecem mais co- seus desejos sexuais.
muns nos crimes sexuais, no estudo da Himenologia, da virgin- No aspecto jurídico, principalmente no tocante à anulação
dade, da conjunção carnal etc. do casamento, a prática sexual anômala impede a sexualidade
normal, tornando-se forma exclusiva da manifestação sexual.
EROTOLOGIA FORENSE
A Erotologia Forense é a parte da Sexologia que se ocupa em Anomalias sexuais mais comuns:
estudar as perversões e crimes sexuais da exposição ao perigo • Pedofilia: é preferência sexual por crianças.
de contágio e da prostituição. • Sadismo: satisfação sexual pelo sofrimento causado ao
É evidente a contribuição da Erotologia Forense para o pro- parceiro ou à parceira.
gresso não só da Sexologia Forense como também dos obtidos • Fetichismo: é um desvio sexual através do qual a pes-
pela Psicologia e Psiquiatria Forense no estudo das origens se- soa sente prazer por meio de objetos pessoais de outra pessoa
xuais da conduta humana e dos variados desvios, tais como as (roupas, calçados etc.).
neuroses e as psicoses sexuais, que, como consequência, verifi- • Auto-erotismo: é o erotismo estimulado sem parceiro,
ca-se a imensa importância da evolução psicossexual na matura- substituído por objetos como fotografia, esculturas etc.
ção e integração da personalidade, no seu equilíbrio emocional, • Anafrodisia: é a diminuição do instinto sexual do ho-
no seu ajuste volitivo em razão das solicitações biossociais e em mem.
todo o seu estado de saúde mental. • Frigidez: é a diminuição do apetite sexual da mulher, ou
Tais estudos promoveram, de modo evidente e amparado também a falta de capacidade para o orgasmo.
por rica documentação de pesquisas clínicas, a influência de • Narcisismo: é o prazer pela auto admiração, ou seja, o
processos de anomalias e alterações de comportamento da vida prazer em admirar o seu próprio corpo.
sexual, uma gênese de inúmeras situações psicopatológicas, que • Mixoscopia: é a fantasia sexual de sentir prazer em vi-
variavam desde simples manifestações neuróticas até os mais sualizar a relação de seu parceiro com terceiro.
significativos quadros de psicoses declaradas. • Gerontofilia: é a atração sexual de pessoas jovens por
Em consequência destes importantes estudos, percebeu-se pessoas com idade avançada.
a necessidade de uma atenção maior ao papel da vida sexual e • Masoquismo: é a satisfação do prazer sexual por meio
as suas limitadas repercussões no desenvolvimento das inter-re- de humilhação, agressão do próprio parceiro.
lações humanas. • Sodomia: Prática de coito anal entre parceiros do mes-
Percebe-se, então, que, neste contexto, é necessário ser mo sexo ou de sexo diferentes.
promovido um extenso trabalho de orientação sexual, com o • Tribadismo: é a satisfação sexual entre mais de um par-
objetivo de remover de todo, ao menos diminuir os seus maus ceiro.
feitos derivados de erros, preconceitos, frustrações, temores e • Necrofilia ou Vampirismo: práticas sexuais com pessoas
dificuldade de toda sorte, na busca e conquista da plenitude fi- mortas.
siopsicossexual. • Lubricidade senil: é a manifestação sexual exacerbada e
A psiquiatria, que tem por objetivo desvendar as mais pro- incompatível com a idade.
fundas raízes dos fatos anormais do comportamento humano, • Riparofilia: é sentir a atração sexual por pessoas sujas
apurou, através de minuciosos estudos, que uma das funções ou mal tratadas.
mais freqüentes dos violentos impactos emocionais, de angústia • Urolagnia: é o prazer sexual pela excitação de ver al-
e dos mais diversos sintomas psicopáticos nos adultos de ambos guém no ato de urinar ou apenas de ouvir o ruído da urina.
os sexos residem na ausência de um pleno e perfeito equilíbrio • Coprolalia: é a satisfação sexual por meio de falar ou de
na atividade sexual. escutar palavrões e obscenidades.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
• Edipismo: é propensão ao incesto, o impulso do ato se- e) Dissimulação do próprio parto
xual por parentes próximos. f) Prazo para nova núpcias.
• Bestialismo ou Zoofilia: é a satisfação sexual por atos g) Licença para gestação
com animais domésticos8 h) Perturbações mentais que podem ocorrer na gravidez
i) Resguardo dos direitos do nascituro.
OBSTETRÍCIA FORENSE
Estuda os aspectos médico-legais relacionados com fecun- Diagnóstico:
dação, gestação, parto, puerpério, além dos crimes de aborto e
infanticídio. Sinais de presunção e probabilidade:
• Amenorréia
Fecundação • Aumento do ventre
É o união do óvulo, macrogameta produzido no ovário, com • Náuseas
o espermatozóide, microgameta produzido nas glândulas testi- • Dificuldades mecânicas
culares do homem, formando a célula ovo ou zigoto. • Hiperenese
• Sinal de Kluge (coloração arroxeada da vulva)
• a fecundação pode ser a consequência de : • Sialorréia
- conjunção carnal; • Lordose acentuada
- ato libidinoso diverso de conjunção carnal; • Galactorréia
- fecundação artificial: em união dos gameta fora do orga- • Sinal de Oseander (pulsação vaginal)
nismo materno ( proveta); • Modificação das mamas
- inseminação artificial: processo para a introdução do ar- • Sinal de Jacquemier (Cianose da vagina)
tificial ou do gameta masculino no sistema e genital feminina, • Línea negra
podendo ser: • Sinal de Puzos (rechaço fetal uterino)
a) o homóloga: feita com sêmen do próprio marido. é plena- • Cloasma gravídico
mente aceita pelo código de ética médica e pelo direito; • Sinal de Reil-Hegar (amolecimento do colo uterino)
b) heteróloga: feita com o sêmen de um doador, fora do
matrimônio; punida pelo código penal quando realizada sem o Sinais de certeza:
consentimento do marido. • Movimentos fetais (ativos e passivos)
• Batimentos cárdio-fetais
Anticoncepção • Sopro dos vasos uterinos
Para evitar a concepção e permitir a conjunção carnal, com
menores riscos de gravidez, podem ser utilizados os seguintes Exames complementares:
métodos: • Exame físico • Testes Biológicos
a) cirúrgicos: laqueadura o ligadura de trompas, nas mulher, • Ultra-sonografia • Testes químicos
ou dos ductos deferentes, no homem; • Raio X • Testes imunológicos
b) mecânicos: preservativo, diafragma, dispositivo intraute-
rino (DIU); Abortamento
c) químicos: espermaticidas, anticoncepcionais orais; Abortamento, sob o ponto de vista jurídico, é interrupção
d) fisiológicos: coito interrompido, tabelinha. da gravidez em qualquer fase da gestação, com morte do con-
cepto e sua consequente expulsão ou retenção.
Fisiologia: Do ponto de vista obstétrico, é a interrupção da gravidez
A) Ciclo Menstrual com feto ainda não viável, isto é, até vinte semanas de gestação,
a) Menarca: Primeira menstruação. pesando até 500 g e com altura calcâneo-occipital máxima de
b) Início do Ciclo: É aquele que inicia o fluxo menstrual. 16,5 sentimentos.
c) Último dia do Ciclo: Se dá coincidentemente com o início
do ciclo seguinte. Em média dura O aborto pode ser classificado:
quatro semanas ou 28 dias. a) Espontâneo ou acidental
O espontâneo ocorrem quando condições materno-fetais
B) Ciclo Gravídico endógenas impedem o procedimento da gestação, e o acidental
O óvulo é fecundado na trompa - ovo - processo de nidação quando fatores traumáticos, tóxicos o infecciosos, em circuns-
implanta-se na parede uterina - tâncias eventuais, provocam a morte do feto.
embriogênese - desenvolvimento fetal - parto - termina com
a expulsão do feto e dos anexos b) Provocado
(dequitação). Ocorre quando agentes externos, com intuito de interrom-
per a gestação de, são intencionalmente aplicados sobre a mu-
Importância do diagnóstico: lher grávida.
a) Prova de violência sexual
b) Investigação da paternidade • Podem ser divididos em:
c) Prova de adultério - Não-Puníveis:
d) Impossibilidade de anulação do casamento (Art. 285 do - necessário ou terapêutico: aborto realizado pelo médico
C.C.) para salvar a vida da gestante;
8 Fonte: www.educacaosexualonline.blogspot.com

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
- sentimental, piedoso ou moral: em caso de gravidez resul- HIMENOLOGIA FORENSE
tante de estupro; É a parte da Medicina Legal que estuda os hímens, suas es-
- Puníveis: pécies e classificação anatômica. Importante é não confundir
- procurado: resulta da própria ação da gestante; Himenologia com Himeneologia, esta é a parte da Medicina Le-
- sofrido: provocado sem consentimento da gestante; gal que estuda as questões referentes ao casamento.
- consentido: praticado por terceiro, com permissão da ges- O estudo do himem é de relevante importância para se ve-
tante. rificar com mais segurança quando da incidência de violências
sexuais, pois o formato anatômico de alguns tipos de hímens
O aborto eugênico, visando evitar o nascimento de criança pode gerar confusões para o perito, que poderá confundir suas
defeituosa, é considerado crime pela legislação brasileira, ape- características naturais com vestígios de violência.
sar de algumas associações médicas considerarem que o defeito A Medicina Legal classifica os hímens em: Acomissurados
genético e a malformação do feto justificam o aborto. e Comisssurados. Os primeiros, são denominados: semilunal,
O aborto social, praticada por motivos econômicos, morais helicoidal, septado, imperfurado (sem óstio) e cribriforme; os
ou até estéticos, não apresenta qualquer justificativa legal, ape- Comissurados são: bilabiado, trilabiado, multilabiado (polifor-
sar de sua alta incidência. me). Também pode ser encontrada ausência de himem, o que se
Quando se pretende interromper uma gravidez, como nos denomina de Agenesia himenal.
casos previstos em lei, a evacuação uterina por curetagem ou Himem e suas espécies: Hélio Gomes define hímem como
sucção, nas primeiras doze semanas ou menos de gestação, ten- sendo uma formação anatômica situada na parte anterior da va-
de a ser um método de escolha. A curetagem por sucção é asso- gina. Na verdade, trata-se de uma membrana situada no intrói-
ciada a menos complicações do que é curetagem crua cruenta. to vaginal, apresentando duas faces: anterior (posicionada do
Nas gestações mais avançadas, procura-se promover previa- lado de fora) e posterior (do lado de dentro). Possui duas bordas
mente a expulsão fetal, utilizando para isso o misoprostol. com funções anatômicas diferentes: uma ligando o himem ao
corpo e a segunda, formando o óstio, circulando o orifício do
Retenção fetal: próprio himem.
É a morte do feto e sua consequente retenção no útero ma- “Na maioria das vezes a borda tem certas ondulações, de tal
terno. modo que o diâmetro do óstio, em repouso, sem ser tracionado,
é um; uma vez tracionado, ele se apresenta maior. O diâmetro
Diagnóstico de Aborto Provocado do orifício, devido a sua ondulação, apresenta-se de uma ma-
a) realidade do abortamento neira; se forem esticadas todas as ondulações, esse diâmetro se
* sinais recentes apresentará de maneira diferente”(H. Gomes).
- sinais de gravidez pré existente; O diâmetro, pela ruptura, torna-se suficientemente largo,
- sinais de parto recente; permitindo o acesso do pênis no interior da vagina. Face às ca-
- sinais de puerpério imediato (primeira semana); racterísticas da irrigação sanguínea do hímen, ele se rompe e
- sinais de puerpério mediato (três semanas seguintes). permanece roto, cicatrizando-se a borda da ruptura, mas não
se refazendo. Até o 15.º dia da conjunção, as bordas sangram;
* sinais antigos: após esse tempo, as bordas se cicatrizam. O tecido vai se atro-
- sinais duradouros de gravidez preexistente; fiando até que, após algum tempo, os fragmentos são reduzidos
- sinais de parto antigo; a meros nódulos na parede vaginal, que recebem o nome de
carúnculas mirtiformes. As rupturas estendem-se da borda os-
b) manobras abortivas tial até a borda vaginal. Em alguns livros podemos encontrar a
* no colo do útero, identificando presença de corpo estra- terminologia “ruptura incompleta”, que significa que o hímen
nho ou sinais de pinçamento, no caso de curetagem; rompeu, mas a ruptura não foi até a borda vaginal.
* na superfície corporal, demonstrando a presença de con- Em algumas mulheres pode haver uma configuração do
tusões, queimadura ou eventuais lesões corporais; hímen que se apresenta com o óstio bastante irregular, cujas
* no sangue, pesquisando substâncias químicas. ondulações se aproximam bastante da borda vaginal. Quando
essas ondulações são mais acentuadas, recebem o nome de “en-
A natureza do aborto é de fundamental importância, já que talhes”.
uma parcela significativa dos abortamentos não apresenta qual- Na medida em que os entalhes se estendem até muito pró-
quer interesse jurídico, representando apenas uma complicação ximo da borda vaginal, quando nos deparamos com rupturas hi-
clinica da gestação. menais já totalmente cicatrizadas, poderá surgir a necessidade
de se fazer um diagnóstico diferencial entre o que é ruptura e o
Anomalias: que é entalhe.
A) Superfecundação - Consiste na fecundação de dois ou Existem vários tipos de hímens, cada um com características
mais óvulos na mesma ovulação, num único coito ou em diver- e tamanho diferentes, merecendo minucioso estudo de cada es-
sos. pécie, para melhor conhecimento e diagnóstico das situações a
Superfetação - Consiste na fecundação de dois ou mais óvu- serem verificadas.
los de ciclos diferentes. A Medicina Legal possui estatísticas comprovando que em
C) Gravidez ectópica - A nidação ocorre fora do útero. 80% das incidências investigadas, a penetração do pênis provoca
D) Gravidez molar - Produto degenerado da gravidez. Massa o rompimento da membrana himenal.
pastosa (Mola). O seu aspecto se assemelha a sagu.9 Himem complacente: é uma espécie de hímem cuja estrutu-
ra muscular pode resistir à conjunção carnal. Significa dizer que
9 Fonte: www.grupocienciascriminais.blogspot.com mesmo havendo a conjunção carnal, o hímem complacente não

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
se rompe, pois sua elasticidade permite expandir sua orla sem a) a presença de espermatozóide na parte mais profunda
romper a membrana, impossibilitando, apenas pelo estudo da da vagina (saco vaginal), o que pode ser examinado pelo perito,
ruptura, a constatação da conjunção carnal. É um tipo de himem com uso de uma espátula ou outro objeto similar, colhendo-se
que, resistindo à cópula sem se romper, pode esconder, aparen- substâncias para exames laboratoriais. A presença de esperma-
temente, a ocorrência de conjunção carnal. tozóide na vagina é presunção de conjunção carnal, vez que é um
O himem com ruptura leva cerca de até 21 dias para a cica- tipo de substância que independe do tipo de hímem;
trização completa, entretanto, os peritos legistas não possuem b) Outro fator importante de afirmação é a presença de
segurança para afirma a conjunção recente, se esta for anterior doenças venéreas, especialmente aquelas cujo contágio se dá
a sete dias. Assim recomendamos especialista que o exame de geralmente pelo contato sexual (sífilis, cancro, condilomas e ou-
conjunção carnal seja realizado o mais rápido possível, ou no ras).
prazo máximo de 7 dias, pra que sejam verificados os vestígios c) A fosfatase ácida: presente cm mais de 5 unidades na
com maior precisão, inclusive para responder sobre os dois pri- vagina;
meiros quesito comuns: sobre a virgindade da paciente e sobre
a recenticidade do ato sexual Nota: O Líquido da Ejaculação é formado por: Espermatozói-
Tempo da ruptura: quanto ao tempo da conjunção carnal, o de, Líquido Seminal (oriundo da vesícula seminal), Líquido Pros-
diagnóstico do perito poderá constatar as seguintes situações: tático (oriundo da próstata, mais a Fosfatase Ácida (presente no
1) Recentíssima tendo ocorrido no período de poucas ho- líquido seminal e no líquido prostático. Nos homem, há cerca de
ras, quando o legista anda poderá encontrar vestígios de sangra- 300 a 3000 unidades. Na mulher, até 5 unidades.), formando o
mento nas bordas do hímem; ESPERMA.
2) Recente: quando existem lesões em processo de cicatriza- A gravidez é um sinal de certeza de uma relação sexual. É
ção, indicando lapso temporal em torno de 10 a 15 dias; . claro que a gravidez também pode, em situações especiais, de-
3) Não recente ou antiga: quando não aparecem os sinais correr de ato libidinoso diverso da conjunção carnal, entretanto,
que encontramos nas duas hipóteses anteriores, demonstrando não havendo outro histórico do fato, servirá tal elemento para a
assim que o fato já ocorreu há mais de 15 dias, não sendo possí- afirmação da conjunção carnal.
vel determinar o seu tempo. Gonodatrofina Corionica: É um hormônio que é produzido
com o início da gravidez, permitindo por meio deste, constatar-
Himem roto - é o himem deflorado, seja por conjunção car- -se o estado gravídico.
nal ou por outro ato libidinoso ou de violência.
O himem roto não se confunde com himem com entalhe, O himem roto apresenta as seguintes características:
este decorrente de causas naturais. a) suas formas são assimétricas;
Características do himem roto: A ruptura himenal é uma b) a ruptura é completa;
lesão provocada. Diante de uma história de violência sexual, a c) é adquirida e cicatriza com o tempo.
constatação da ruptura himenal gera presunção de conjunção
carnal. É importante verificar que a lesão em comento pode ser Características do Entalhe: O entalhe é uma espécie de ano-
provocada por intermédio de outras manipulações, e somente
malia anatômica do himem. Ele apresenta um formato parecido
a sua presença, enfraquece a presunção. Entretanto, é conside-
com fragmentos da membrana himenal e, à primeira vista, pode
rado doutrinariamente como um elemento significativamente
confundir o perito menos avisado, a pensar que se trata de uma
importante, que associado a outras evidências, reforçam a hipó-
lesão decorrente de conjunção carnal. Entretanto, melhor ob-
tese de conjunção carnal.
servados, vão indicar que se trata de um sinal congênito. Suas
características principais são:
Exceções à ruptura do hímem: algumas situações existem
a) tem forma congênita, ou seja, é de nascença;
que podem admitir uma conjunção carnal sem o rompimento
b) suas alterações são de forma incompleta;
do hímem. É o que ocorre em cerca de 20%, das relações sexuais
c) são simétricas e não cicatrizam com o tempo.10
com mulheres virgens, segundo estatísticas dos Institutos e Me-
dicina Legal. Os especialistas apontam várias causas para esses
resultados, como por Exemplo:
a) Nas hipóteses de ausência do hímem (anomalias relativa- ANTROPOLOGIA FORENSE
mente raras);
b) Nas hipóteses pênis muito pequenos;
c) Em alguns casos em que o hímem possui o óstio himenal Tradicionalmente, a Antropologia Forense ocupa-se de vá-
com diâmetros bastante grandes; rios aspetos da investigação médico-legal relacionada com a
d) Hímem complacente; morte, nomeadamente quando o cadáver do individuo se en-
e) Nas situações em que o excesso de lubrificação durante contra em avançado estado de decomposição ou esqueletiza-
o ato sexual permita a penetração sem rompimento do hímem, dos. Nestes casos, o antropólogo forense aplica conhecimen-
dentre outras hipóteses. tos e princípios teóricos e práticos desenvolvidos e utilizados
pela antropologia biologia e pela arqueologia para responder a
Os especialistas recomendam que se observe com muito questões relacionadas com a identidade, como seja o sexo ou a
cuidado todas essas hipóteses, para impedir uma incidência de idade, assim como com as circunstâncias da morte, através da
simulação ou dissimulação de um crime sexual. análise e estudo detalhado dos restos ósseos e dentários do in-
dividuo e do contexto físico em que ele foi encontrado. Mais re-
Outros elementos de Investigação: Outros vestígios deixa- centemente, na Europa e noutras partes do mundo, a aplicação
dos por um ato de conjunção carnal podem ser verificados pelo de conhecimentos e princípios de antropologia biológica tem-se
perito, dentre eles: 10 Fonte: www.infoescola.com - Por Archimedes Jose Melo Marques

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
estendido a áreas da medicina-legal que envolvem indivíduos vi- Princípios da identificação:
vos. Nomeadamente a estimativa da idade em indivíduos sobre - Unicidade
os quais recai a suspeita de menoridade, em casos de investiga- - Imutabilidade
ção da imputabilidade criminal ou de atribuição de asilo politico. - Perenidade
É a aplicação prática de conhecimentos científicos básicos - Praticabilidade
como a anatomia, fisiologia, bioquímica, patologia, tanatologia - Classificabilidade
e criminalística, etc., no estudo analítico do corpo humano com-
pleto ou despojos, visando a identificação antropológica, a iden- Métodos de Identificação
tidade civil, data e causa provável da morte.
A pesquisa antropológica nos permite reconhecer, ou seja, Métodos Simples
conhecer de novo, afirmar, admitir como certo a identidade an- - Cédulas de identidade ou registros.
tropológica (pela antropometria); e a identidade civil em razão - Fotografias.
de informações peculiares e imutáveis que caracterizam cada - Testemunhas.
indivíduo (arcada dentária, papiloscopia, DNA, íris). - Retrato falado.
- Vídeo.
Análise Antropológica de Cadáver ou Restos - Sinais individuais.
Investigação e reconstituição do indivíduo ante mortem:
idade quando da morte, sexo, estatura, peso, filiação racial, pa- Métodos Complexos
tologias e história médica do indivíduo. - Estudo Antropológico (antropometria)
- Métodos laboratoriais, químico/físicos. DNA – cabelo, se-
creções, manchas e etc.
CAUSA MORTIS – homicídio - Superposição de imagens.
Nos grandes desastres e catástrofes os peritos têm que ten- - Estudos de pontos
tar responder com precisão às seguintes questões: - Datiloscopia (papiloscopia)
- São restos humanos? - Arcada dentária
- Íris
- Quantos são os corpos?
- Sexo, idade, cor (raça), estatura?
Identificação Odontolegal
- A quem pertence este corpo
Documentação produzida em função de atendimento odon-
- Qual a causa da morte?
tológico: prontuário odontológico, radiografias, modelos de ges-
- Qual o tempo de morte?
so, fotografias.
Por se tratar de uma metodologia comparativa, é dividida
Etapas da identificação
em três etapas:
1º etapa- Arqueologia forense. É feita uma escavação minu-
- exame dos arcos dentais do cadáver,
ciosa do local onde se encontra o corpo.
- exame da documentação odontológica
2º etapa- Antropologia social. Consiste na coleta de informa- - confronto odontolegal.
ções ao redor da área do crime (entrevistas às pessoas da região,
consulta em arquivos municipais, eclesiásticos e militares, etc.) A identificação odontolegal é um dos procedimentos mais ro-
3º etapa- Investigação laboratorial. Há uma aplicação de tineiramente executados nos departamentos de odontologia legal
técnicas como a osteologia humana (área que se debruça sobre situados nos inúmeros Institutos Médico-Legais do país. Entretanto,
o estudo dos ossos que compõe o esqueleto), paleopatologia para que esta metodologia de identificação proporcione resultados
(ramo da ciência que se dedica ao estudo das doenças do pas- confiáveis, torna-se necessário que dois requisitos sejam atendidos:
sado) e tafonomia (estudo sistemático da evolução de fósseis). 1) Os arcos dentários do cadáver, ou seja, os objetos alvos
Pode ainda ser feita uma reconstrução facial do cadáver e super- do exame pericial, devem apresentar-se satisfatoriamente ínte-
posição fotográfica. gros, permitindo que as particularidades anatômicas ou restau-
radoras/reabilitadoras possam ser adequadamente analisadas;
Exame de indivíduo vivo ou cadáver 2) A documentação odontológica produzida em vida deve
- Identidade - É o conjunto de caracteres físicos, funcionais apresentar-se registrada em detalhes quando confeccionada
ou psíquicos, normais ou patológicos, que individualizam deter- pelo Cirurgião-dentista, principalmente durante o preenchimen-
minada pessoa. (Ernani Simas Alves - 1965) to do prontuário odontológico. Além disso, as radiografias, mo-
- Identificação - conjunto de procedimentos diversos para delos em gesso, fotografias e outros exames complementares,
individualizar uma pessoa ou objeto. quando produzidos para subsidiar diagnóstico, planejamento
ou execução dos planos de tratamento odontológico, devem ser
Reconhecimento e Identificação devidamente confeccionados dentro dos padrões técnicos esta-
- Reconhecimento é a identificação empírica. belecidos, sendo os mesmos posteriormente arquivados junto
- Identificação é o reconhecimento científico. ao prontuário odontológico. 


A identificação pode ser: Fatores que atrapalham identificação odontolegal


- Identificação Genérica: Compreende a determinação da - inerentes à vítima (arcos dentários destruídos)
espécie, raça, sexo, idade, estatura etc. - ao profissional (documentação odontológica incompleta
- Identificação Específica: Compreende a pesquisa de tudo ou pobremente registrada), associadas às particularidades cir-
aquilo que passa individualizar o examinado; cicatrizes, tatua- cunstanciais, como a falta de informações sobre a vítima exami-
gens, sinais profissionais, mutilações etc.  nada ou sobre o dentista que a atendia.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Em ambas as situações, vivos e mortos, se pode investigar: - Presilha interna (fig. 23): é o datilograma com um delta
-averiguação da identidade de criminosos e alienados à direita do observador, apresentando linhas que, partindo da
-averiguação da idade verdadeira esquerda, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de
-averiguação da paternidade origem, formando laçadas. É representado pela letra I para os
-averiguação da maternidade polegares e o número 2 para os demais dedos.
-averiguação de consangüinidade
-averiguação do sexo

Exame de DNA
Pode ser realizado em qualquer tecido ou líquido orgânico.
A identificação pelo DNA tornou obsoleta quaisquer outras
técnicas prévias.

Métodos Dermopapiloscópicos
- Impressões digitais
- Impressões palmares
- Impressões plantares
- Poroscopia

DACTILOSCOPIA - Presilha externa ( fig. 24): é o datilograma com um del-


A polpa dos dedos, a palma das mãos e as plantas dos pés ta à esquerda do observador, apresentando linhas que, partido
têm linhas e saliências papilares de disposição variável. da direita, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de
Estes desenhos aparecem em torno do 6º mês de vida intra- origem, formando laçadas. É representado pela letra E para os
-uterina, permanecem durante toda a vida do indivíduo, e con- polegares e o número 3 para os demais dedos.
tinuam até algum tempo após a morte, quando são eliminados
pelo fenômeno putrefativo, diferindo gêmeos univitelinos.
Sistema de classificação de Vucetich

Tipos fundamentais
O sistema de classificação idealizado por Juan Vucetich con-
siste em quatro tipos fundamentais a saber:

Verticilo ( fig. 25): é o datilograma com um delta à direita e


outro à esquerda do observador, tendo pelo menos uma linha
livre e curva à frente de cada delta. É representado pela letra V
para os polegares e o número 4 para os demais dedos.

Arquivamento
No sistema de Vucetich, o arquivamento é do tipo decadac-
tilar, ou seja, são utilizadas as impressões dos dez dedos das
 - Arco (fig. 22): é o datilograma, geralmente adéltico, for- mãos do indivíduo para a classificação e arquivamento.
mado por linhas que atravessam o campo digital, apresentando Essas impressões são coletadas e dispostas em uma ficha
em sua trajetória formas mais ou menos paralelas e abauladas específica (fig. 26) que contém em um dos lados dez campos
ou alterações características. É representado pela letra A para na sequência polegar, indicador, médio, anular e mínimo, sendo
os polegares e número 1 para os demais dedos. os cinco da mão direita em cima e os cinco da mão esquerda
em baixo tendo para cada um dos dedos três campos na parte
superior onde é registrado o tipo fundamental, o subtipo e a
contagem das linhas de cada dedo respectivamente.
No verso da ficha, é colocado a qualificação do identificado,
ou seja, nome, filiação, data de nascimento etc., e a sequência
dos dedos indicador, médio, anular e mínimo de cada uma das
mãos, unidos em uma única impressão, bem como a impressão
de cada um dos polegares nos locais determinados. Esse pro-
cedimento serve para conferir a sequência das impressões dos
dedos coletada no anverso da ficha.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Figura 26: Ficha dactiloscópica.

A disposição das impressões digitais na ficha forma a ID, (individual dactiloscópica) que baseada nos tipos forma uma fração
alfanumérica sendo letras para os polegares e números para os demais dedos. Exemplo: V1343 / V2122 (fig.. 27).
O arquivamento das fichas é baseado na fórmula dactiloscópica da ID (individual dactiloscópica) sendo sua distribuição feita da
seguinte forma:
Primeira divisão: forma-se 4 grupos independentes de fichas com base no tipo fundamental encontrado no polegar direito.
Exemplo: grupo A, grupo I, grupo E , grupo V.
Segunda divisão: dentro de cada grupo, forma-se sub-grupos com base no tipo fundamental do polegar esquerdo. Exemplo:
1º Grupo A - A/A, A/I, A/E, A/V;
2º Grupo I - I/A, I/I, I/E, I/V;
3º Grupo E - E/A, E/I, E/E, E/V e
4º Grupo V - V/A, V/I, V/E, V/V.
Terceira divisão: dentro de cada subgrupo segue-se a ordem crescente da fração numérica formada pelos tipos dos dedos,
indicador, médio, anular e mínimo. Exemplo:
1º- 1111/1111, 2º-1111/1112 , 3º-1111/1113, 4º-1111/1114, 5º-1111/1121, 6º-1111/1122, ... .....256º- 1111 / 4444, 257º-
1112 / 1111, 258º- 1112 / 1112, ..............65.536º- 4444 / 4444.
Por exemplo, uma ficha dactiloscópica com a seguinte fórmula V3321 / I4233:
Coloca-se a ficha no grupo V (arquivo destinado às fichas que possuem impressão digital do tipo verticilo no polegar direito);
Dentro deste grupo V, coloca-se a ficha no sub-grupo I (posição destinada às fichas que possuem impressão digital do tipo pre-
silha interna no polegar esquerdo) e;

Figura 28: Desenho representando um arquivo decadactilar e a localização de uma ficha.

Finalmente, dentro do sub-grupo I, coloca-se a ficha na posição correspondente à fração numérica 3321/4233 que estará entre
os extremos 1111/1111 e 4444/4444 (fig. 28).
Com este sistema de arquivamento, formamos 4 grupos com os polegares direito, contendo 4 subgrupos de polegares esquer-
dos em cada grupo e 65.536 combinações numéricas formadas pelos demais dedos para cada subgrupo, perfazendo um total de
1.048.576 combinações possíveis.11

11 Fonte: www.papiloscopia.com.br

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Modo e causa da morte não é um puro e simples cessar das funções vitais, mas sim uma
A determinação da causa da morte é relativamente fácil gama de processos que se desencadeiam durante um período de
quando o cadáver ainda apresenta toda a sua estrutura de te- tempo, comprometendo diferentes órgãos.
cidos, músculos e carne. Técnicas como raio‐x são de máxima Atualmente prevalecem dois conceitos de morte: a morte
importância nestes processos, e neste caso toda uma gama de cerebral, indicada pela cessação da atividade elétrica do cérebro
características de interesse são exaltadas, como lesões ósseas, e a morte circulatória, indicada por parada cardíaca irreversível
restos de metais, dentes serrados ou fragmentos de balas. às manobras de ressuscitação e outras técnicas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define morte como:
Época da morte Cessação dos sinais vitais a qualquer tempo após o nascimento
Temperatura Corpórea: resfriamento de cerca de 1ºC a sem possibilidade de ressuscitamento. Como a morte se apre-
cada hora senta como um processo (dinâmico) e não como um evento (es-
Hipostases: localizam-se nas áreas de maior declive após 30 tático), quando se coloca a questão: “Quando ocorreu a morte?”
minutos. Fixam-se com aproximadamente 8 h. a resposta é dada quando se consegue definir o momento em
Tonus Muscular: RIGIDEZ inicia-se do pólo cefálico para o que o processo de morte atingiu o seu ponto irreversível
caudal cerca de 2 h após a morte. Regride no mesmo sentido
cerca de 24h depois da morte. Modalidades do Evento Morte:
Mancha Verde Abdominal: aparece na região inguinal di- - morte anatômica - É o cessamento total e permanente de
reita cerca de 18h após a morte. Tem origem na proliferação todas as grandes funções do organismo entre si e com o meio
das sulfobactérias, que degradam a bilirrubina em bileverdina, ambiente.
durante a decomposição orgânica pós-morte. - morte histolôgica - Não sendo a morte um momento, com-
Circulação Póstuma De Bourardel: aparece durante o pe- preende-se ser a morte histológica um processo decorrente da
ríodo de putrefação, ocorrendo pela tumefação dos vasos em anterior, em que os tecidos e as células dos órgãos e sistemas
razão da formação de gases no interior destes. Assemelha-se á morrem paulatinamente.
circulação colateral encontrada nas obstruções da cava e da veia - morte aparente – estados patológicos do organismo simu-
porta hepática. lam a morte, podendo durar horas, sendo possível a recupera-
Flictenas: ocorrem em razão da epidermólise em razão da ção pelo emprego imediato e adequado de socorro médico. O
putrefação. adjetivo “aparente” nos parece aqui adequadamente aplicado,
Ação da Flora & da Fauna Necrófaga: auxilia na estimativa pois o indivíduo assemelha-se incrivelmente ao morto, mas está
da data da morte e do local (algas, diatomáceas, fungos, inse- vivo, por débil persistência da circulação. O estado de morte
tos). aparente poderá durar horas. É possível a recuperação de indi-
Esqueletização: auxilia na estimativa da data da morte. Não víduo em estado de morte aparente pelo emprego de socorro
é muito precisa, pois depende de vários fatores como, por exem- médico imediato e adequado.
plo: se o cadáver está exposto ao tempo (insepulto), enterrado - morte relativa – estado em que ocorre parada efetiva e
(inumado) e submerso. A esqueletização, na maioria das vezes, duradora das funções circulatórias, respiratórias e nervosas,
ocorre com mais de 36 meses no corpo inumado.12 associada à cianose e palidez marmórea, porém acontecendo a
reanimação com manobras terapêuticas.
- morte intermédia - É admitida apenas por alguns autores.
é a que precede a absoluta e sucede a relativa, como verdadeiro
TANATOLOGIA estágio inicial da morte definitiva. Experiências fora do corpo
são relatadas neste tipo de morte.
A TANATOLOGIA vem do grego tanathos (morte) tem como - morte absoluta ou morte real – estado que se caracteriza
raiz o Indo-europeu dhwen, “dissipar-se, extinguir-se” + logia pelo desaparecimento definitivo de toda atividade biológica do
(estudo), MORTE: do latim “mors, mortis”, de “mori” (morrer) e organismo, podendo-se dizer que parece uma decomposição.
CADÁVER: do latim “caro data vermis” (carne dada aos vermes). Fim da vida inicio da decomposição.
Temos então Tanatologia a área da medicina legal que se ocupa
da morte e os fenômenos a ela relacionados. Tanotognose
A conceituação da morte é de extremamente dificultosa, É a parte da Tanatologia Forense que estuda o diagnóstico
assim como, em algumas oportunidades, o diagnóstico da rea- da realidade da morte. Esse diagnóstico será tanto mais difícil
lidade de morte. quanto mais próximo o momento da morte. Antes do surgimen-
Há 460 a .C., Hipócrates definia o quadro de morte: “Testa to dos fenômenos transformativos do cadáver. Então, o perito
enrugada e árida, olhos cavos, nariz saliente cercado de colora- observará dois tipos de fenômenos cadavéricos: os abióticos,
ção escura, têmporas endurecidas, epiderme seca e lívida, pêlos avitais ou vitais negativos, imediatos e consecutivos, e os trans-
das narinas e cílios encobertos por uma espécie de poeira, cór- formativos, destrutivos ou conservadores.
neas de um branco fosco, pálpebras semi-cerradas e fisionomia
nitidamente irreconhecível”. Durante muitos anos definiu-se Fenômenos abióticos ou imediatos ou avitais ou vitais ne-
morte como a cessação da circulação (morte circulatória) e da gativos
respiração (morte respiratória). Logo após a parada cardíaca e o colapso e morte dos ór-
gãos e estruturas, como o pulmão e o encéfalo, surgem os sinais
Até recentemente aceitava-se conceituar a morte como o abióticos imediatos ou precoces. Tais sinais são considerados de
cessar total e permanente das funções vitais. Atualmente, este probabilidade, ou seja, indicam a possibilidade de morte e são
conceito foi ampliado a partir do conhecimento de que a morte denominados por alguns autores como período de morte apa-
12 Fonte: www.profalessandraareas.blogspot.com rente, por outros são chamados de morte intermediária.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
1. perda da consciência; Fenômenos destrutivos
2. abolição do tônus muscular com imobilidade;
3. perda da sensibilidade; Autólise
4. relaxamento dos esfíncteres; Após a morte cessam com a circulação as trocas nutritivas
5. cessação da respiração; intracelulares, determinando lise dos tecidos seguida de acidi-
6. cessação dos batimentos cardíacos; ficação, por aumento da concentração iônica de hidrogênio e
7. ausência de pulso; conseqüente diminuição do pH. A vida só é possível em meio
8. fácies hipocrática; neutro; assim, por diminuta que seja a acidez, será a vida im-
9. pálpebras parcialmente cerradas. possível, iniciando-se os fenômenos intra e extracelulares de
decomposição.
Fenômenos consecutivos
Algum tempo depois aparecem os sinais abióticos mediatos, Putrefação
tardios ou consecutivos, indicativos de certeza da morte. Tais É uma forma de transformação cadavérica destrutiva, que
sinais constituem uma tríade – livor, rigor e algor –, ou seja, al- se inicia, logo após a autólise, pela ação de micróbios aeróbios,
terações de coloração, rigidez e de temperatura, indicativos de anaeróbios e facultativos em geral, sobre o ceco, porção inicial
certeza da morte (morte real). do grosso intestino muito próximo a parede abdominal; o sinal
1. resfriamento paulatino do corpo; mais precoce da putrefação é a mancha verde abdominal, a qual,
2. rigidez cadavérica; posteriormente, se difunde por todo o tronco, cabeça e membros,
3. espasmo cadavérico; a tonalidade verde-enegrecida conferindo ao morto aspecto bas-
4. manchas de hipóstase e livores cadavéricos; tante escuro. Os fetos e os recém-nascidos constituem exceção;-
5. dessecamento: decréscimo de peso, pergarninhamento neles a putrefação invade o cadáver por todas as cavidades natu-
da pele e das mucosas dos lábios; modificações dos globos ocu- rais do corpo, especialmente pelas vias respiratórias.
lares; mancha da esclerótica; turvação da córnea transparente; Na dependência de fatores intrínsecos e de fatores, a mar-
perda da tensão do globo ocular; formação da tela viscosa. cha da putrefação, se faz em quatro períodos:
1.º) Período de coloração - Tonalidade verde-enegrecida
De modo geral, admite-se em nosso meio o abaixamento da dos tegumentos, originada pela combinação do hidrogênio sul-
temperatura em 0,5°C nas três primeiras horas, depois 1°C por furado nascente com a hemoglobina, formando a sulfometemo-
hora, e que o equilíbrio térmico com o meio ambiente se faz em globina, surge, em nosso meio, entre 18 e 24 horas após a mor-
torno de 20 horas nas crianças, e de 24 à 26 horas nos adultos. te, durando, em média, 7 dias.
2.°) Período gasoso - Os gases internos da putrefação mi-
Os livores, alterações de coloração, variam da palidez a
gram para a periferia provocando o aparecimento na superfície
manchas vinhosas. São observados nas regiões de declive, devido
corporal de flictenas contendo líquido leucocitário hemoglobí-
ao acúmulo (deposição) sangüíneo por atração gravitacional. Apa-
nico. Confere ao cadáver a postura de boxeador e aspecto gi-
recem ½ hora após a parada cardíaca, podendo mudar de posição
gantesco, especialmente na face, no tronco, no pênis e bolsas
quando ocorrer mudança na posição do corpo. Após 12 horas não
escrotais. A compressão do útero grávido produz o parto de pu-
mudam mais de posição, fenômeno denominado de fixação.
trefação. As órbitas esvaziam-se, a língua exterioriza-se, o peri-
A rigidez, contratura muscular, tem início na cabeça, uma
crânio fica nu. O ânus se entreabre evertendo a mucosa retal.
hora após a parada cardíaca, progredindo para o pescoço, tron-
A força viva dos gases de putrefação inflando intensamente o
co e extremidades, ou seja, de cima para baixo (da cabeça para
cadáver pode fender a parede abdominal com estalo. O odor
os pés). O relaxamento se faz no mesmo sentido. Tal observação característico da putrefação se deve ao aparecimento do gás sul-
é denominada Lei de Nysten. O tempo de evolução é variável. fidrico. Esse período dura em média duas semanas.
3.°) Período coliquativo - A coliquação é a dissolução pútrida
Fenômenos Transformativos das partes moles do cadáver pela ação conjunta das bactérias e
Microscopicamente, horas após a parada cardíaca, ocorre da fauna necrófaga. O odor é fétido e o corpo perde gradativa-
um processo de auto-destruição celular denominado autólise, mente a sua forma. Pode durar um ou vários meses, terminando
caracterizada por auto-digestão determinada por enzimas pre- pela esqueletização.
sentes nos lisossomos, uma das organelas citoplasmáticas. 4.º) Período de esqueletização - A ação do meio ambiente
Macroscopicamente, o primeiro sinal de putrefação é o apa- e da fauna cadavérica destrói os resíduos tissulares, inclusive
recimento da mancha verde abdominal na região inguinal direi- os ligamentos articulares, expondo os ossos e deixando-os com-
ta (porção direita, inferior do abdome). Tal mancha é originada pletamente livres de seus próprios ligamentos, os cabelos e os
pela produção bacteriana de hidreto de enxofre que, por sua dentes resistem muito tempo à destruição. Os ossos também re-
vez, determina a formação de sulfohemoglobina, ou seja, na sistem anos a fio, porém terminam por perder progressivamente
morte o enxofre “ocupa” o lugar do oxigênio ou do dióxido de a sua estrutura habitual, tornando-se mais leves e frágeis.
carbono na hemoglobina.
A mancha aparece de 16 a 24 horas após a parada cardía- Maceração
ca, progride para as outras regiões abdominais e depois para o Ocorre quando os restos mortais ficam imersos em meio lí-
corpo todo, caracterizando a fase cromática da putrefação. Nos quido, sendo caracterizada por putrefação atípica, enrugamento
afogados a mancha verde pode aparecer no tórax. tecidual e exsangüinação (saída do sangue pela pele desnuda).
Os fenômenos transformativos compreendem os destruti- São conhecidas duas formas:
vos (autólise, putrefação e maceração) e os conservadores (mu- · Séptica: mais comum, ocorre geralmente nos corpos que
mificação e saponificação). Resultam de alterações somáticas permanecem, após a morte, em lagos, rios e mares.
tardias tão intensas que a vida se torna absolutamente impossí- · Asséptica: observada na morte e permanência do feto in-
vel. São, portanto, sinais de certeza da realidade de morte. tra-útero.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
É um fenômeno de transformação destrutiva em que a pele Tipos de Morte
do cadáver, que se encontra em meio contaminado, se torna Quanto ao modo, as mortes são classificadas em naturais,
enrugada e amolecida e facilmente destacável em grandes re- violentas ou suspeitas. Alguns autores incluem outros tipos,
talhos, com diminuição de consistência inicial, achatamento como a morte reflexa (“congestão”), determinada por mecanis-
do ventre e liberação dos ossos de suas partes de sustentação, mo inibitório, como nos casos de afogados brancos, estudados
dando a impressão de estarem soltos; ocorre quando o cadáver em Asfixiologia. As mortes violentas são divididas em acidentais,
ficou imerso em líquido, como os afogados, feto retido no útero homicidas e suicidas.
materno. Quanto ao tempo, as mortes são classificadas em:
Compreende três graus: no primeiro grau, a maceração está · Súbita: aquela que não é precedida de nenhum quadro,
representada pelo surgimento lento, nos três primeiros dias, de que é inesperada.
flictenas contendo serosidade sanguinolenta. No segundo grau, · Agônica: aquela precedida de período de sobrevida. Neste
a ruptura das flictenas confere ao líquido amniótico cor verme- item cabe lembrar das situações de sobrevivência, em que o in-
lho-pardacenta, e a separação da pele de quase toda a superfície divíduo realiza atos conscientes e elaborados no período de so-
corporal, a partir do oitavo dia, dá ao feto aspecto sanguinolen- brevida; por exemplo, após ter sido atingido mortalmente com
to. No terceiro grau, destaca-se o couro cabeludo, à maneira de um tiro no coração, o indivíduo tem tempo para reagir e ferir ou
escalpo, do submerso ou do feto retido intrauterinamente, e, matar o desafeto; ou então o suicida que, após ter dado um tiro
em torno do 15.° dia post mortem, os ossos da abóbada crania- na cabeça, escreve bilhete de despedida (situações não usuais,
na cavalgam uns sobre os outros, os ligamentos intervertebrais mas possíveis).
relaxam e a coluna vertebral torna-se mais flexível e, no feto
morto, a coluna adquire acentuada cifose, pela pressão uterina. O diagnóstico diferencial entre as formas “súbita” e “agôni-
ca” é possível com provas especiais, denominadas docimásticas,
Fenômenos conservadores que estudam as células, tecidos e substâncias presentes no or-
ganismo, como glicogênio e adrenalina.
Mumificação Nas mortes naturais, regra geral, o médico deverá fornecer
É a dessecação, natural ou artificial, do cadáver. Há de ser “Declaração de Óbito”, documento que contém o Atestado de
rápida e acentuada a desidratação. Óbito e que originará a Certidão de Óbito.
A mumificação natural ocorre no cadáver insepulto, em re- Nas mortes naturais, sem diagnóstico da causa básica (doen-
giões de clima quente e seco e de arejamento intensivo suficien- ça ou evento que deu início à cadeia de eventos que culminou
te para impedir ação microbiana, provocadora dos fenômenos com a morte), há necessidade de autópsia pelos Serviços de Ve-
putrefatívos. Assim podem ser encontradas múmias naturais, rificação de Óbitos e, nas mortes violentas, as autópsias devem
sem caixão. A mumificação por processo artificial foi praticada ser realizadas pelos Institutos Médico-Legais.
historicamente pelos egípcios e pelos incas, por embalsama-
mento, após intensa dessecação corporal. Morte natural
As múmias têm aspecto característico: peso corporal redu- É aquela que sobrevém por causas patológicas ou doenças,
zido em até 70%, pele de tonalidade cinzenta-escura, coriácea, como malformação na vida uterina.
ressoando à percussão, rosto com vagos traços fisionômicos e
unhas e dentes conservados. Morte suspeita
É aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de
Saponificação forma inesperada, sem causa evidente e com sinais de violência
É um processo transformativo de conservação em que o ca- definidos ou indefinidos, deixando dúvida quanto à natureza ju-
dáver adquire consistência untuosa, mole, como o sabão ou cera rídica, daí a necessidade da perícia e investigação.
(adipocera), às vezes quebradiça, e tonalidade amarelo-escura,
exalando odor de queijo rançoso; as condições exigidas para o Morte súbita
surgimento da saponificação cadavérica são: solo argiloso e úmi- É aquela que acontece de forma inesperada e imprevista,
do, que permite a embebição e dificulta, sobremaneira, a aera- em segundos ou minutos.
ção, e um estágio regularmente avançado de putrefação.
A saponificação atinge comumente segmentos limitados do Morte agônica
cadáver; pode, entretanto, raramente, comprometê-lo em sua É aquela em que a extinção desarmônica das funções vitais
totalidade. Tal processo, embora factível de individualidade, ha- ocorre em tempo longo e neste caso, os livores hipostáticos for-
bitualmente se manifesta em cadáveres inumados coletivamen- mam-se mais lentamente.
te em valas comuns de grandes dimensões.
Morte reflexa
Outros tipos É aquela em que se faz presente a tensão emocional, ou
São conhecidos outros fenômenos conservativos como: seja, uma irritação nervosa (excitação) de origem externa, exer-
· Refrigeração: em ambientes muito frios. cida em certas regiões, provoca, por via reflexa, a parada defini-
· Corificação: desidratação tegumentar com aspecto de cou- tiva das funções circulatórias e respiratórias.
ro submetido a tratamento industrial.
· Fossilização: fenômeno conservativo de longa duração. Cronotanatognose
· Petrificação: substituição progressiva das estruturas bioló- É a parte da Tanatologia que estuda a data aproximada da
gicas por minerais, dando um aspecto de pedra com manuten- morte. Com efeito, os fenômenos cadavéricos, não obedecendo
ção da morfologia dos restos mortais. ao rigorismo em sua marcha evolutiva, que difere conforme os
diferentes corpos e com a causa mortis e influência de fatores

21
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
extrínsecos, como as condições do terreno e da temperatura e São elas:
umidade ambiental, possibilitam estabelecer o diagnóstico da 1ª Legião: aparece entre o 8.º e o 15.º dia;
data da morte tão exatamente quanto possível, porém não com 2ª Legião: surge com o odor cadavérico, cerca de 15 à 20
certeza absoluta. O seu estudo importa no que diz respeito à dias;
responsabilidade criminal e aos processos civis ligados à sobre- 3ª Legião: aparece 3 a 6 meses após a morte;
vivência e de interesse sucessório. A cronotanatognose baseia- 4ª Legião: encontrada 10 meses após o óbito;
-se num conjunto de fenômenos, a saber: 5ª Legião: é encontrada nos cadáveres dos que morreram há
mais de 10 meses;
Resfriamento do cadáver 6ª Legião: desseca todos os humores que ainda restam no
Em nosso meio é de 0,5°e nas três primeiras horas; a seguir, cadáver, 10 à 12 meses;
o decréscimo de temperatura é de 1°e por hora, até o restabele- 7ª Legião: aparece entre 1 e 2 anos e destrói os ligamentos
cimento do equilíbrio térmico com o meio ambiente. e tendões deixando os ossos livres.
8ª Legião: consome, cerca de 3 anos após a morte, todos os
Rigidez cadavérica resquícios orgânicos porventura deixados pelas precedentes.13
Pode manifestar-se tardia ou precocemente. Segundo Nys-
ten-Sommer, ocorre obedecendo à seguinte ordem: na face, Premoriência
nuca e mandíbula, 1 a 2 horas; nos músculos tóraco-abdominais, Há situações que podem ser identificadas como a perda do
2 a 4 horas; nos membros superiores, 4 a 6 horas; nos mem- direito sucessório, um delas é a chamada premoriência, ou seja,
bros inferiores, 6 a 8 horas post mortem. A rigidez cadavérica a morte do herdeiro antos do falecimento do autor da herança,
desaparece progressivamente seguindo a mesma ordem de seu exemplo, morrendo o filho antes do pai, não há que se falar em
aparecimento, cedendo lugar à flacidez muscular, após 36 a 48 direito sucessório, pois o pré-morto esta excluído da sucessão.
horas de permanência do óbito. Segundo Maria Berenice, na sucessão legítima, somente os
descendentes do herdeiro pré-morto é que herdam, mas por di-
Livores reito de representação do pré-morto.
Podem surgir 30 minutos após a morte, mas surgem habi- Na sucessão testamentária, o falecimento do beneficiado
tualmente entre 2 a 3 horas, fixando-se definitivamente no pe- antes do testador não gera direito de representação, o legado
ríodo de 8 a 12 horas após a morte. caduca. Havendo outros herdeiros instituídos com relação ao
mesmo bem, a morte de um transfere o seu quinhão aos demais,
Mancha verde abdominal
ocorrendo o direito de acrescer. Se não houver a nomeação de
Influenciada pela temperatura do meio ambiente, surge en-
substitutos, o quinhão retorna a legítima.
tre 18 a 24 horas, estendendo-se progressivainente por todo o
Por fim, a premoriência é o evento determinante da época
corpo do 3.° ao 5.° dia após a morte
da morte de uma pessoa, que é anterior a o autor da herança.
Gases de putrefação
Comoriência
O gás sulfidrico, surge entre 9 a 12 horas após o óbito. Da mes-
Quando acontece o falecimento, no mesmo evento de dois
ma forma que a mancha verde abdominal, significa putrefação.
ou mais parentes ou de pessoas vinculadas por liame sucessório,
Decréscimo de peso a falta de precisão sobre o momento da morte de cada um pode
Tem valor relativo por sofrer importantes variações deter- trazer sérias complicações e dificultar a transmissão da herança
minadas pelo próprio corpo ou pelo meio ambiente. Aceita-se, aos herdeiros.
no entanto, nos recém-natos e nas crianças uma perda em geral A comoriência é a presunção de morte simultânea entre
de 8g/kg de peso nas primeiras 24 horas após o falecimento. duas ou mais pessoas.
De acordo com Maria Berenice, não havendo a possibilidade
Crioscopia do sangue de saber quem é o herdeiro de quem, a lei presume que a morte
O ponto crioscópico ou ponto de congelação do sangue é ocorreu simultaneamente, desaparecendo o vínculo sucessório
de -0,55°C a -0,57°C. A crioscopia tem valor para afirmar a causa entre ambos, assim, um não herda do outro e os bens de cada
jurídica da morte na asfixia-submersão e indicar a natureza do um passam aos seus respectivos herdeiros.
meio líquido em que ela ocorreu. Conforme Maria Berenice cita Carvalho dos Santos, susten-
tado que, ocorrendo o falecimentos mesmo de lugares diversos,
Cristais do sangue putrefato se existir mútuo direito sucessório entre os mortos, não haven-
São os chamados cristais de Westenhöffer-Rocha-Valverde, do meios de se verificar quem faleceu primeiro, é possível por
lâminas cristalóides muito frágeis, entrecruzadas e agrupadas, analogia reconhecer a comoriência.14
incolores, que adquirem coloração azul pelo ferrocianeto de
potássio, e castanha, pelo iodo, passíveis de ser encontradas a Morte Súbita
partir do 3.° dia no sangue putrefato. É a morte inesperada que acontece em pessoa considerada
saudável ou tida como tal, e pela forma como ocorre levanta
Fauna cadavérica suspeita de poder tratar-se de uma morte violenta.
O seu estudo em relação ao cadáver exposto ao ar livre tem Na maioria dos casos, no fim da autópsia chega-se à conclu-
relativo valor conclusivo na determinação da tanatocronognose, são que estas mortes súbitas são mortes de causa natural, por
embora os obreiros ou legionários da morte surjam, com certa se- processos patológicos mais ou menos insidiosos que nunca le-
qüência e regularidade, nas diferentes fases putrefativas adianta- varam a vítima ao médico ou a referenciar queixas objetivas ou
das do cadáver, as turmas precedentes preparando terreno para
13 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br
as legiões sucessoras, representadas por um grupo de oito. 14 Por Ricardo K. Foitzik

22
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
subjetivas a familiares e amigos. Estes, colhidos pelo inesperado Principais causas de morte no adulto
da situação, e perante a perda de um ente querido, colocam por • doença coronária/enfarte
vezes a hipótese de se tratar de uma morte violenta e daí que • cardiomiopatias
muitas destas mortes acabem por ser submetidas a autópsia • miocardites
médico-legal. • aneurisma dissecante da aorta
Infelizmente, muitos médicos, alguns por desconhecimento • arritmias
do conceito médico-legal de morte súbita, outros por um medo
atávico inexplicável de atribuir a causa de morte mais provável Principais causas de morte súbita com origem no sistema
face aos elementos clínicos e circunstânciais disponíveis, aca- nervoso central :
bam por escrever no certificado de óbito “morte súbita de causa • acidentes vasculares
indeterminada”. • meningites
Todos os dias, os serviços médico-legais são confrontados • estado de mal epiléptico
com a “morte súbita de causa indeterminada” na sequência de
mortes de indivíduos com antecedentes patológicos relevantes, Principais causas de morte morte súbita com origem no sis-
de doenças crónicas com agudizações potencialmente letais, tema respiratório:
de doenças neoplásicas em fases terminais, de doenças infec- • tromboembolia pulmonar
to-contagiosas em fase terminal, no decurso de internamentos • estado de mal asmático
hospitalares de dias ou semanas por doença de causa natural. • hemoptise
Este tipo de prática, leva a que os serviços médico-legais • aspiração de corpo estranho
acabem por ser confrontados por uma percentagem de “morte • pneumotórax espontâneo
súbita de causa indeterminada” que ronda os 40% do total das Principais causas de morte morte súbita com origem no sis-
autópsias realizadas, o que como é óbvio não deveria acontecer. tema digestivo:
É evidente que a maior parte desta percentagem não cor- • hematemeses (ruptura de varizes esofágicas, úlceras)
responde efetivamente à verdadeira situação médico-legal de • pancreatite aguda necro-hemorrágica
morte súbita, talvez nem 5% deste total corresponda a casos • peritonite
com verdadeiro interesse médico-legal. • enfarte intestinal

Questões médico-legais a responder pela autópsia em ca- Principais causas de morte morte súbita com origem no sis-
sos de morte súbita tema endócrino
• causa da morte • diabetes - bioquímica do humor vítreo ( glicose > 200
• morte natural ou violenta mg/dl )
• se morte violenta • insuficiência suprarrenal aguda (Sindrome de Wa-
• suicídio terhouse-Friederichesen)15
• homicídio
• acidente Morte Suspeita
As mortes de causa suspeita compreendem parte da morte
Principais causas de morte súbita por aparelhos e sistemas violenta, até que se prove em contrário, trazendo para a sua
no adulto compreensão a dúvida quanto ao nexo causal. Para que exista a
suspeição deve haver uma pergunta: suspeita de quê? Ou seja,
Morte súbita com origem no sistema cardio-vascular para que haja a suspeição, há que existir o interesse ativo de
É a causa de morte súbita mais frequente no mundo oci- quem suspeita, vinculado a uma justificativa. É o caso do fami-
dental. Em cerca de 25% dos casos, a morte súbita é a primeira liar ou de terceiros que conhecem desvios do contexto social e
manifestação de doença cardio-vascular. comportamental do falecido, ou mesmo suspeitam de peculiari-
Normalmente durante a autópsia dispensa-se uma atenção dades durante um tratamento médico e até de ação de tercei-
especial ao coração e ao estudo das artérias coronárias. Muitas ros. Em qualquer destes casos, o cidadão que protagoniza a sus-
destas mortes revelam doença coronária de pelo menos dois va- peição tem a obrigação de comunicar a uma autoridade policial
sos. ou ao Ministério Público, que solicitarão, pelos procedimentos
Nem sempre o diagnóstico macroscópico de enfarte agudo habituais, a perícia médico-legal.
de miocárdio é fácil (menos de 25% para alguns autores) e até o A morte de causa suspeita é bem diferente da morte por
exame histológico pode não dar grandes informações. causa desconhecida, mesmo que súbita. Esta é um tipo de morte
Dado que o tempo decorrido entre o início dos sintomas e natural que não compõe o rol de possibilidades com natureza ju-
a morte por vezes é muito curto, não permite um conjunto de rídica para classificação como morte suspeita. A “causa mortis”
alterações a nível celular que possibilite um diagnóstico histo- para ser conhecida, merecerá avaliação necroscópica clínica e
lógico. anátomo-patológica para a sua verificação e conclusão, porém
Algumas das alterações do ritmo cardíaco podem ser poten- nunca uma perícia médico-legal. A perícia oficial é desnecessária
cialmente mortais muito rapidamente se não forem prontamen- e somente será solicitada pela autoridade policial, nestes casos,
te revertidas (Ex. fibrilação ventricular). Nestes casos os achados por intuição ocasional, por desconhecimento de causa em sua
de autópsia são muito escassos, inespecíficos e há uma dificul- função ou por falta de mecanismo administrativo institucional
dade no diagnóstico. municipal de Serviço de Verificação de Óbitos.

15 Fonte: www.medicina.med.up.pt

23
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
É importante que todo médico entenda que quando enga- Sinais macroscópicos
nado em sua boa fé, tendo ele exarado a Declaração de Óbito e, 1) Hemorragia - A hemorragia interna proveniente de lesão
após, surgir a descoberta de alguma causa violenta, ele, médico, produzida no vivo aloja-se no interior do corpo sob forma de
não terá culpa por ter sido enganado. Até dentro de hospitais grandes coleções hemáticas. No morto, a coleção hemática in-
isto pode acontecer, conforme casos recentemente estampados terna é sempre de reduzidíssima dimensão, ou não existe, e o
em noticiário. sangue não coagula..
O médico, quando responsável pelo paciente que falece, 2) Retração dos tecidos - Os ferimentos incisos e os corto-
não deverá gratuitamente alegar suspeição distância, ou criar contundentes mostram as margens afastadas, devido à retração
suspeita sem fundamentação. dos tecidos, o que não ocorre nos feitos no cadáver, pois neste
os músculos perdem a contratilidade.
Exemplos contumazes podem ser citados: 3) Escoriações - A presença de crosta recobrindo as escoria-
- Médico assiste há muitos meses paciente com doença crô- ções significa lesão intra vitam. Dessarte, pergaminhamento da
nica ou incurável, como neoplasias, vindo o doente a óbito longe pele escoriada é sinal seguro de lesão pos mortem.
das vistas do médico, geralmente no domicílio. O médico assis- 4) Equimoses - Sobrevêm de repente no vivo após o trau-
tente, conhecedor de todo o histórico do paciente, não poderá matismo, e se apagam lenta e paulatinamente. No cadáver não
se furtar a fornecer o atestado de óbito, pois se “suspeita” de ocorrem essas contínuas variações de tonalidades cromáticas.
alguma coisa tem a obrigação de pessoalmente avisar a autori- 5) Reações inflamatórias - Manifestadas pelos quatro sin-
dade policial do quê suspeita. tomas cardinais: dor, tumor, rubor e calor. Desse modo, é a
- No mesmo caso, situam-se pacientes de consultório e am- inflamação importante elemento afirmativo de que a lesão foi
bulatório hospitalar ou posto de saúde. Ninguém melhor do que produzida bem antes da morte.
o médico assistente para formular as hipóteses de “causa mor- 6) Embolias - São acidentes cujas principais manifestações
tis”. Não é porque o paciente não se encontra hospitalizado que dependem do órgão em que ocorrem. Chama-se embolia à obli-
o médico poderá classificar a morte como de causa suspeita. teração súbita de um vaso, especialmente uma artéria, por coá-
Suspeita de quê ? gulo ou por um corpo estranho líquido, sólido ou gasoso, cha-
- O paciente chega a um Pronto-Socorro em tempo de serem mado êmbolo.
verificadas as queixas e de se fazer um diagnóstico clínico ou 7) Consolidação das fraturas - O tempo de consolidação de
através de exames complementares, um infarto agudo do mio- uma fratura varia conforme o osso. Amiúde demanda 1 ou 2 me-
cárdio, por exemplo. O médico assistente é o único profissional ses.
que poderá atestar a veracidade dos fatos e é quem deverá for- 8) O eritema, simples e fugaz afluxo de sangue na pele, e as
necer o atestado de óbito, mesmo que o paciente tenha poucos flictenas contendo líquido límpido ou citrino, leucócitos, cloreto
minutos ou horas de hospital. Um infarto do miocárdio recente de sódio e albuminas (sinal de Chambert), e o retículo vasculo-
tem grande probabilidade de não ser macroscopicamente ob- cutâneo afirmam queimaduras intra vitam. No cadáver não se
servado e ter um fácil diagnóstico clínico (gráfico mais labora- forma nenhum desses sinais vitais. E as bolhas porventura exis-
torial).16 tentes assestam-se em áreas edemaciadas contendo gás e, às
vezes, líquido desprovido de albuminas e de glóbulos brancos.
Diagnose Diferencial Das Lesões “Ante” E “Post Mortem” 9) O cogumelo de espuma traduz fenômeno vital, pois só se
O legisperito esclarecerá à Justiça se as lesões encontradas forma nos afogados que reagiram à proximidade da morte cedo
foram causadas: a) bem antes da morte; b) imediatamente antes foram retirados do meio líquido.
da morte c) logo após a morte; d) certo tempo após a morte. 10) A diluição do sangue e a presença de líquido nos pul-
- Lesões Intra- Vitam- são lesões que ocorrem no corpo hu- mões e no estômago, nos asfixiados por submersão, de substân-
mano durante a vida, com características específicas como: in- cias sólidas no interior da traquéia e dos brônquios, no soterra-
filtração da malha tecidual, coagulação, presença abundante de mento, de fuligem nas vias respiratórias e monóxido de carbono
leucócitos,etc. Reação Vital. no sangue dos que respiraram no foco de incêndio, de aeração
- Lesões Post- Mortem- são lesões que ocorrem após a mor- pulmonar e conteúdo lácteo no tubo digestivo de recém-nascido
te, não possuem Reação Vital. são sinais certos de reação vital.17

As lesões adquiridas quando a pessoa estava viva (in vitam) Provas microscópicas
devem ser diferenciadas daquelas que adquiridas depois da Prova de Verderau: determinação de leucócitos/hemácias
morte (post mortem), principalmente para estimar a causa da no foco da lesão e em qualquer uma outra parte do corpo afas-
morte. tada dele.
A reação vital será o elemento diferencial entre as lesões Prova histológica: verificação microscópica da presença de
intra vitam e post mortem e consiste em um conjunto de sinais um infiltrado ou exsudato leucocitário em volta de lesão.
macroscópicos, microscópicos e químicos tissulares (histoquími-
cos, enzimáticos e bioquímicos) e que ocorrem somente quan- Avaliação histopatológica:
do as lesões forma provocadas com a vítima estando viva e não 4-8 horas: infiltração de leucócitos neutrófilos polimorfonu-
após a sua morte (Vanrell, 2007) cleares.
Utilizando-se como referência Vanrell (2007), resumi-se a 12 horas: presença de monócitos
seguir os sinais característicos de lesões ante mortem: 48 horas: máximo de exsudação (em traumatismos assép-
ticos)
30 dia: crescimento epitelial, proliferação de fibroblastos e
neoformação vascular (capilares de neoformação).
16 Fonte: www.portalmedico.org.br 17 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
40 a 50 dia: aparecimento de fibras colágenas (A) Para a configuração do infanticídio, são necessários dois
70 dia: tecido fibroso cicatricial (nas lesões de pequena ex- aspectos: o estado puerperal e a mãe matar o próprio filho.
tensão). (B) O crime de aborto configura-se com a expulsão prema-
tura do feto, independentemente de sua viabilidade e das
Prova histoquímicas enzimáticas: aumento de algumas enzi- causas da eliminação.
mas como a fosfatase alcalina, fosfatase ácida, aminopeptidade, (C) O crime de abandono de recém-nascidos, que consiste
esterase e ATP-ase podem auxiliar na estimativa da idade em na ausência de cuidados mínimos necessários à manutenção
horas da lesão, variando de 1 a 8 horas. das condições de sobrevivência ou exposição à vulnerabili-
Provas bioquímicas: análise quantitativa da presença de his- dade, só estará caracterizado se for cometido pela mãe.
tamina ou serotonina presentes em traumas teciduais, no en- (D) Para se determinar um estupro, é necessário que respos-
tanto, só são reconhecíveis se realizadas até uma hora antes da tas aos quesitos sobre a ocorrência de conjunção carnal ou
morte e estão presentes no corpo até 5 dias após a morte.18 ato libidinoso sejam afirmativas: essas ocorrências sempre
deixam vestígios.
(E) Para a resposta ao quesito sobre virgindade da paciente,
EXERCÍCIOS a integridade do hímen pode não ser necessária, desde que
outros elementos indiquem que a periciada nunca manteve
relação sexual.
1. (VUNESP/2018 – TJ/SP) Em relação à prova testemunhal,
é correto afirmar: 5. (CESPE/2016 - PC-PE) Psiquiatria forense é o ramo da
Parte superior do formulário medicina legal que trata de questões relacionadas ao funciona-
(A) a testemunha não é obrigada a comparecer para depor mento da mente e sua interface com a área jurídica. O estabe-
sobre fatos que lhe acarretem grave dano. lecimento do estado psíquico no momento do cometimento do
(B) ela não comporta a qualificação jurídica de prova nova delito e a capacidade de entendimento desse ato são dependen-
para efeito de ação rescisória. tes das condições de sanidade psíquica e desenvolvimento men-
(C) reputa-se impedido de depor sob compromisso legal tal, que também influenciam na forma de percepção e no relato
aquele que tiver interesse no litígio. do evento, com importância direta para o operador do direito,
(D) como regra, ela será indeferida quando o fato só puder na tomada a termo e na análise dos depoimentos. A respeito de
ser comprovado por documento ou prova pericial. psiquiatria forense e dos múltiplos aspectos ligados a essa área,
assinale a opção correta.
2. (VUNESP/2017 – DPE/RO) É correto afirmar sobre o exa- (A) A surdo-mudez é motivo de desqualificação do testemu-
me de corpo de delito e das perícias em geral: nho, da confissão e da acareação, pois, sendo causa de de-
Parte superior do formulário senvolvimento mental incompleto, impede a comunicação.
(A) o exame de corpo de delito e outras perícias serão rea- (B) Nos atos cometidos, pode haver variação na capacida-
lizados por dois peritos oficiais, portadores de diploma de de de entendimento, por doente mental ou por indivíduo
curso superior. sob efeito de substâncias psicotrópicas ou entorpecentes,
(B) não há previsão legal no Código de Processo Penal acerca do caráter ilícito do ato por ele cometido; cabe ao perito
da formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. buscar determinar, e assinalar no laudo pericial, o estado
(C) quando a infração deixar vestígios, é possível dispensar mental no momento do delito.
o exame de corpo de delito. (C) A perturbação mental, por ser de grau leve quando com-
(D) em caso de lesões corporais, a falta de exame comple- parada a doença mental, não reflete na capacidade cível
mentar não pode ser suprida pela prova testemunhal. nem na imputabilidade penal.
(E) se desaparecerem os vestígios, é possível que a prova (D) Em indivíduos com intoxicação aguda pelo álcool, obser-
testemunhal supra a ausência de exame de corpo de delito. vam-se estados de automatismos e estados crepusculares.
(E) O desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
3. (CESPE/2018 - PC-SE) A respeito de identificação médico- tecnicamente denominado oligofrenia, está diretamente re-
-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por lacionado à ocorrência de epilepsia.
ação elétrica, de modificadores da capacidade civil e de imputa-
bilidade penal, julgue o item que se segue. 6. (FUNCAB/PC-RO)Identidade médico-legal é o conjunto
O termo eletroplessão é utilizado para se referir a lesões de características apresentadas por um indivíduo que o torna
produzidas por eletricidade industrial, enquanto o termo fulgu- único. Assinale a opção INCORRETA acerca da identificação mé-
ração é empregado para se referir a lesões produzidas por ele- dico-legal.
tricidade natural. (A) O sistema de identificação dactiloscópica de Vucetich
é um processo de grande valia e de extraordinário efeito,
( ) CERTO porque apresenta os requisitos essenciais para um bom mé-
( ) ERRADO todo: unicidade, praticabilidade, imutabilidade e classifica-
bilidade; só não apresenta o requisito de perenidade.
4. (CESPE/2016 – PC-PE) Sexologia forense é o ramo da me- (B) Identificação médico-legal pode ser realizada em um in-
dicina legal que trata dos exames referentes aos crimes contra divíduo vivo ou em cadáver, inteiro, espostejado ou reduzi-
a liberdade sexual, além de tratar de aspectos relacionados à do a ossos.
reprodução. Acerca do exame médico-legal e dos crimes nessa (C) Na identificação médico-legal, são considerados os se-
área, assinale a opção correta. guintes parâmetros: idade, sexo, raça, estatura e peso, pois,
18 Fonte: www.portaleducacao.com.br partindo-se do geral, chega-se ao particular, ao indivíduo.

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NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
(D) Características ocasionais, tais como a presença de tatu- 9. (CESPE/2016 - PC-GO) No que diz respeito às provas no
agens, calos de fraturas ósseas e próteses dentárias, ósseas processo penal, assinale a opção correta.
ou de outros tipos, não possuem valor para a antropologia (A) Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-se prova
forense. pericial médica, que não pode ser suprida por testemunho.
(E) Medidas de dimensões de ossos longos e comparações (B) Se, no interrogatório em juízo, o réu confessar a autoria,
com tabelas podem dar ideia da estatura de indivíduos ficará provada a alegação contida na denúncia, tornando-se
quando vivos. desnecessária a produção de outras provas.
(C) As declarações do réu durante o interrogatório deverão
7. (FUNCAB/2015 - PC-AC) Acerca dos tipos de morte, assi- ser avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas para for-
nale a assertiva correta. mar o livre convencimento do magistrado, quando ampara-
(A) A morte natural é a que resulta da alteração orgânica ou das em outros elementos de prova.
perturbação funcional provocada por agentes naturais, de (D) São objetos de prova testemunhal no processo penal
causa externa. fatos relativos ao estado das pessoas, como, por exemplo,
(B) A causa médica da morte se divide em natural ou vio- casamento, menoridade, filiação e cidadania.
lenta. (E) O procedimento de acareação entre acusado e testemu-
(C) A morte súbita é aquela imprevista, que sobrevêm ins- nha é típico da fase pré-processual da ação penal e deve ser
tantaneamente e sem causa manifesta, atingindo pessoas presidido pelo delegado de polícia.
com estado de saúde delicado.
(D) A morte violenta é aquela que tem como causa determi- 10. (FUNDEP (Gestão de Concursos)/2019 - MPE-MG) Mar-
nante a ação abrupta e intensa, física ou química, sobre o que a alternativa incorreta:
organismo, de causa interna. (A) Em relação ao crime de infanticídio, a lei brasileira não
(E) A morte súbita é aquela imprevista, que sobrevêm ins- adotou o critério psicológico, mas sim o critério fisiopsicoló-
tantaneamente e sem causa manifesta, atingindo pessoas gico, levando em conta o desequilíbrio oriundo do processo
em aparente estado de boa saúde. do parto.
(B) A incidência da qualificadora do feminicídio, prevista no
8. (FUNDATEC/2018 - PC-RS) Em relação às asfixias por cons- artigo 121, § 2°, VI, do Código Penal, reclama situação de
trição cervical, analise as afirmações abaixo, assinalando V, se violência praticada por homem ou por mulher contra a mu-
verdadeiras, ou F, se falsas. lher em situação de vulnerabilidade, num contexto carac-
( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-le- terizado por relação de poder e submissão. Pode-se ainda
gal, quando diagnosticado indica a ocorrência de suicídio. afirmar que, segundo entendimento do Superior Tribunal de
( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-le- Justiça, a qualificadora em análise é de natureza subjetiva.
gal, necessita que o peso do corpo da vítima acione o laço. Desta (C) O perdão judicial constitui causa extintiva de punibilida-
forma, os casos descritos como enforcamento, mas nos quais a de que afasta os efeitos da sentença condenatória e, dife-
vítima não estava completamente suspensa (pés não tocando o rentemente do perdão do ofendido, não precisa ser aceito
solo) devem ser classificados como “montagem” (tentativa de para gerar efeitos.
ocultação de homicídio). (D) No que concerne ao crime de homicídio, é possível a co-
( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico- existência das circunstâncias privilegiadoras com as qualifi-
-legal, não necessita do peso do corpo da vítima para ocorrer. cadoras de natureza objetiva.
( ) A esganadura pode ser consequência de suicídio ou de
homicídio.
GABARITO
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima
para baixo, é:
(A) V – V – F – F. 1 D
(B) V – F – V – V.
(C) F – V – F – F. 2 E
(D) F – F – V – V. 3 CERTO
(E) F – F – F – F. 4 A
5 B
6 D
7 E
8 E
9 C
10 B

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CONHECIMENTOS EM LÓGICA
1. Conceitos Iniciais Do Raciocínio Lógico: Proposições, Valores Lógicos, Conectivos, Tabelas-Verdade, Tautologia, Contradição, Equivalência
Entre Proposições, Negação De Uma Proposição, Validade De Argumentos; Estruturas Lógicas E Lógica De Argumentação; Questões De
Associação; Verdades E Mentiras; Diagramas Lógicos (Silogismos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

CONCEITOS INICIAIS DO RACIOCÍNIO LÓGICO: PROPOSIÇÕES, VALORES LÓGICOS, CONECTIVOS, TABELAS-VERDADE,


TAUTOLOGIA, CONTRADIÇÃO, EQUIVALÊNCIA ENTRE PROPOSIÇÕES, NEGAÇÃO DE UMA PROPOSIÇÃO, VALIDADE
DE ARGUMENTOS; ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO; QUESTÕES DE ASSOCIAÇÃO; VERDADES E
MENTIRAS; DIAGRAMAS LÓGICOS (SILOGISMOS)

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das diferentes
áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte consiste nos
seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO

Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL

O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação tem-
poral envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envolvam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

RACIOCÍNIO VERBAL

Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.


Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma vaga.
Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do conhecimento
por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirmações,
selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

1
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

2
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V

3
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:

4
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

5
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

6
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tau-
tologia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que
sejam as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na
qual identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposi-
ções). No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mes-
ma solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

7
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO transforma: CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

8
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

9
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

10
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
Resolução: Exemplo:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta
o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é
representada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma
proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implica-
ção é uma proposição composta do tipo condicional (Se, então) é
representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES Observe:
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo- - Toda proposição implica uma Tautologia:
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a
sua tabela-verdade:

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo-
sição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.
Propriedades
Resolução: • Reflexiva:
Montando a tabela teremos que: – P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.
P ~p ~p ^p
• Transitiva:
V F F – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
V F F Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
F V F P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
F V F
Regras de Inferência
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante • Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de uma CONTRADIÇÃO. de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
Resposta: C tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira. Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica
que pode ou não existir entre duas proposições.

11
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
• Silogismo Disjuntivo Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético

Princípio da inconsistência
• Modus Ponens – Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
p ^ ~p ⇒ q
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
sição q.

A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a


condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam propo-
sições com quantificadores. Numa proposição categórica, é im-
• Modus Tollens portante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma
coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é
verdadeira ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

Tautologias e Implicação Lógica – Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


• Teorema categórica em afirmativa ou negativa.
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,- – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
q,r,...) uma proposição categórica em universal ou particular. A classifi-
cação dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.
Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

12
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B” Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o
Teremos duas possibilidades. conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo
que Algum B não é A.

• Negação das Proposições Categóricas


Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as
seguintes convenções de equivalência:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
uma proposição categórica particular.
Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no – Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposi-
conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam- ção categórica particular geramos uma proposição categórica uni-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de versal.
“Todo B é A”. – Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B” negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum uma proposição de natureza afirmativa.
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o Em síntese:
mesmo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte
diagrama (A ∩ B = ø):

• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”


Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
posição:

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto (C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
“A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. não miam alto.
Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem (D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. (E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B”
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três Resolução:
representações possíveis: Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

13
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
(A) Todos os não psicólogos são professores.
(B) Nenhum professor é psicólogo.
(C) Nenhum psicólogo é professor.
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo.

Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
menos um professor não é psicólogo.
nativas A, B e C.
Resposta: E
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
• Equivalência entre as proposições
Resposta: D
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.
Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual TODO
a cinco”? A
AéB
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco. Se um elemento pertence ao conjunto A,
(C) Todo número natural é diferente de cinco. então pertence também a B.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pe-
de-se a sua negação. NENHUM
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o E
AéB
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com Existe pelo menos um elemento que
Todos e Nenhum, que também são universais. pertence a A, então não pertence a B, e
vice-versa.

14
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura
Existe pelo menos um elemento co-
mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
ALGUM
I
AéB

- Existem teatros que não são cinemas

- Algum teatro é casa de cultura

ALGUM
O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
não são B (enquanto que, no “Algum A é Segundo as afirmativas temos:
B”, a atenção estava sobre os que eram B, (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
ou seja, na intercessão). diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
Temos também no segundo caso, a dife- menos um dos cinemas é considerado teatro.
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRA-
ÇÃO – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa
de cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro
é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

15
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes- Argumentos Válidos
mo princípio acima. Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado, construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos ria do seu conjunto de premissas.
afirma isso
Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi- ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior. TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor- independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema. • Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-
do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé-
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar
essa frase da seguinte maneira:

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de proposi-
ções iniciais redunda em outra proposição final, que será consequên-
cia das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa um
conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do argu-
mento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argumento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

16
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença


“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
comum.
Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa-
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:


NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não
Argumentos Inválidos
gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este ar-
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
gumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
(se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de cho-
são.
colate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não!
Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círcu-
Exemplo:
lo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círcu-
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
lo)! Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não garanti-
P2: Patrícia não é criança.
ram a veracidade da conclusão!
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.
Métodos para validação de um argumento
Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois
Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos
as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
de chocolate.
ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo ar-
quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocor-
tifício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela
re quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e
primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se
na construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para
cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a des-
vantagem de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve
várias proposições simples.

17
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.

18
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposi- Resolução:
ção simples ou uma conjunção? A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos A = Chove
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos: B = Maria vai ao cinema
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição C = Cláudio fica em casa
simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta D = Faz frio
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso E = Fernando está estudando
queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método! F = É noite
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
3º e pelo 4º métodos. Lembramos a tabela verdade da condicional:

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa,
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am-
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o utilizando isso temos:
argumento é ou NÃO VÁLIDO. O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernan-
do estava estudando. // B → ~E
Resolução pelo 4º Método Iniciando temos:
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Te- 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
remos: = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- tem que ser F.
deiro! 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
verdadeiras! Teremos: vai ao cinema tem que ser V.
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: sai de casa tem que ser F.
r é verdadeiro. 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! ser V ou F.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Resposta: Errado
Exemplos:
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
seguintes proposições sejam verdadeiras. JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. bruxa.
• Quando Fernando está estudando, não chove. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Durante a noite, faz frio. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
item subsecutivo. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
( ) Certo
( ) Errado Resolução:
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
o valor lógico (V), então:

19
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F) → V

(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro (F) → V


(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F) → V
(1) Tristeza não é uma bruxa (V)

Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que
ficam meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca
dos grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

20
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos sua
tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N

21
CONHECIMENTOS EM LÓGICA

Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro Patrícia
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia

Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, todos
para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba;
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza.

É correto concluir que, em janeiro,


(A) Paulo viajou para Fortaleza.
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba.

Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

22
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
− Paulo não viajou para Goiânia; Na representação do diagrama lógico, seria:

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N N
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é
− Luiz não viajou para Fortaleza. homem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Luiz N N N
Arnaldo N N A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
Mariana N N S N A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
Paulo N N (x) (A (x) → B).
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclu-
são de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicio-
Agora, completando o restante:
nal.
Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x
Luiz N S N N + 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira?
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,
Arnaldo S N N N
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
Mariana N N S N julgar, logo, é uma proposição lógica.
Paulo N N N S
• Quantificador existencial (∃)
Resposta: B O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:

Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica.

QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA


Exemplo:
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase é:
Tipos de quantificadores

• Quantificador universal (∀)


O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:

O quantificador existencial tem a função de elemento comum.


A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co-
Exemplo:
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica:
Todo homem é mortal.
(∃ (x)) (A (x) ∧ B).
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
mortal.
Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x)
∈ N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal
que x + 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a
sentença será verdadeira?
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica.

23
CONHECIMENTOS EM LÓGICA
ATENÇÃO:
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é
ANOTAÇÕES
B” é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é ______________________________________________________
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.
______________________________________________________
Forma simbólica dos quantificadores
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). ______________________________________________________
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B). ______________________________________________________
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). ______________________________________________________

Exemplos: ______________________________________________________
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo. ______________________________________________________
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal. ______________________________________________________
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo. ______________________________________________________

Resolução: ______________________________________________________
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
sões: ______________________________________________________
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal. ______________________________________________________
– Se é cavalo, então é um animal.
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça ______________________________________________________
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda for-
ma de conclusão). ______________________________________________________
Resposta: B
______________________________________________________
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi- ______________________________________________________
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
______________________________________________________
Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais ______________________________________________________
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x. ______________________________________________________
– 1º passo: observar os quantificadores. ______________________________________________________
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade. ______________________________________________________
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade. ______________________________________________________
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y. ______________________________________________________
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
_____________________________________________________
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x). _____________________________________________________
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0. ______________________________________________________
X + 0 = X.
Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de ______________________________________________________
x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
______________________________________________________
reto.
Resposta: CERTO ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

24
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
1. Sistemas Operacionais Ms Windows Xp, Vista E 7; Operação E Configuração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Softwares Aplicativos: Processadores De Texto, Planilhas Eletrônicas, Bancos De Dados, Multimídia, Armazenamento De Dados, Cópia
De Segurança, Geração E Digitalização De Material Escrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3. Softwares Utilitários Básicos Dos Sistemas Operacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Internet E Intranet: Navegadores, Correio Eletrônico, Transferência De Arquivos, Sistemas De Busca E Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Comunicação: Noções De Protocolos De Comunicação Em Redes; Acesso Remoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
6. Computadores Pessoais (Desktops, Notebooks, Tablets E Netbooks) E Periféricos: Classificação, Noções Gerais E Operação . . . . . 33
7. Segurança Da Informação: Hash, Criptografia, Códigos Maliciosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

SISTEMAS OPERACIONAIS MS WINDOWS XP, VISTA E 7; OPERAÇÃO E CONFIGURAÇÃO

WINDOWS XP
O Windows XP é um sistema operacional desenvolvido pela Microsoft. Sua primeira versão foi lançada em 2001, podendo ser
encontrado na versão Home (para uso doméstico) ou Professional (mais recursos voltados ao ambiente corporativo).
A função do XP consiste em comandar todo o trabalho do computador através de vários aplicativos que ele traz consigo, ofere-
cendo uma interface de interação com o usuário bastante rica e eficiente.
O XP embute uma porção de acessórios muito úteis como: editor de textos, programas para desenho, programas de entreteni-
mento (jogos, música e vídeos), acesso â internet e gerenciamento de arquivos.

Inicialização do Windows XP.

Ao iniciar o Windows XP a primeira tela que temos é tela de logon, nela, selecionamos o usuário que irá utilizar o computador 1.

Tela de Logon.

Ao entrarmos com o nome do usuário, o Windows efetuará o Logon (entrada no sistema) e nos apresentará a área de trabalho

1 https://docente.ifrn.edu.br/moisessouto/disciplinas/informatica-basica-1/apostilas/apostila-windows-xp/view

1
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Área de Trabalho

Área de trabalho do Windows XP.

Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens:

Ícones
Figuras que representam recursos do computador, um ícone pode representar um texto, música, programa, fotos e etc. você
pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir. Alguns ícones são padrão do Windows: Meu Computador,
Meus Documentos, Meus Locais de Rede, Internet Explorer.

Alguns ícones de aplicativos no Windows XP.

Barra de tarefas
A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas neste momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas
sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas ou entre programas com rapidez e facilidade.
A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine que você esteja criando um texto em um editor de texto e um de seus
colegas lhe pede para você imprimir uma determinada planilha que está em seu micro. Você não precisa fechar o editor de textos.
Apenas salve o arquivo que está trabalhando, abra a planilha e mande imprimir, enquanto imprime você não precisa esperar
que a planilha seja totalmente impressa, deixe a impressora trabalhando e volte para o editor de textos, dando um clique no botão
correspondente na Barra de tarefas e volte a trabalhar.

Barra de tarefas do Windows XP.

2
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Botão Iniciar
É o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode acessar outros menus que, por sua
vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Botão Iniciar.

Alguns comandos do menu Iniciar têm uma seta para a direita, significando que há opções adicionais disponíveis em um menu
secundário. Se você posicionar o ponteiro sobre um item com uma seta, será exibido outro menu.
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um programa que estiver instalado no computador, ou fazer alterações nas
configurações do computador, localizar um arquivo, abrir um documento.

Menu Iniciar

Menu Iniciar.

O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP, você pode optar por trabalhar com o novo menu Iniciar ou, se preferir,
configurar o menu Iniciar para que tenha a aparência das versões anteriores do Windows (95/98/Me). Clique na barra de tarefas
com o botão direito do mouse e selecione propriedades e então clique na guia menu Iniciar.
Esta guia tem duas opções:
• Menu iniciar: oferece a você acesso mais rápido a e-mail e Internet, seus documentos, imagens e música e aos programas
usados recentemente, pois estas opções são exibidas ao se clicar no botão Iniciar. Esta configuração é uma novidade do Windows XP
• Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com a aparência das versões antigas do Windows, como o Windows ME, 98 e 95.

3
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Propriedades de Barra de tarefas e do Menu Iniciar.

Todos os programas
O menu Todos os Programas, ativa automaticamente outro submenu, no qual aparecem todas as opções de programas. Para
entrar neste submenu, arraste o mouse em linha reta para a direção em que o submenu foi aberto. Assim, você poderá selecionar o
aplicativo desejado. Para executar, por exemplo, o desfragmentador de disco, basta posicionar o ponteiro do mouse sobre a opção
Acessórios. O submenu Acessórios será aberto. Então aponte para Ferramentas de Sistemas e depois para Desfragmentador de
disco.

Todos os programas.

4
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Desligando o Windows XP

Clicando-se em Iniciar, desligar, teremos uma janela onde é possível escolher entre três opções:
• Hibernar: clicando neste botão, o Windows salvará o estado da área de trabalho no disco rígido e depois desligará o compu-
tador. Desta forma, quando ele for ligado novamente, a área de trabalho se apresentará exatamente como você deixou, com os
programas e arquivos que você estava usando, abertos.
• Desativar: desliga o Windows, fechando todos os programas abertos para que você possa desligar o computador com segu-
rança.
- Reiniciar: encerra o Windows e o reinicia.
Acessórios do Windows
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos,
ferramentas para melhorar a performance do computador, calculadora e etc.

Acessórios Windows XP.

Meu Computador
No Windows XP, tudo o que você tem dentro do computador – programas, documentos, arquivos de dados e unidades de disco,
por exemplo – torna-se acessível em um só local chamado Meu Computador.
O Meu computador é a porta de entrada para o usuário navegar pelas unidades de disco (rígido, flexíveis e CD-ROM).

5
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Tela exibida ao clicar no ícone Meu Computador.

Windows Explorer
O Windows Explorer tem a mesma função do Meu Computador: Organizar o disco e possibilitar trabalhar com os arquivos fa-
zendo, por exemplo, cópia, exclusão e mudança no local dos arquivos.
Podemos criar pastas para organizar o disco de uma empresa ou casa, copiar arquivos para disquete, apagar arquivos indese-
jáveis e muito mais.
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe
o conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas).

Tela do Windows Explorer.

6
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Para abrir o Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção Todos os Programas/Acessórios e clique sobre Windows
Explorer ou clique sob o botão iniciar com o botão direito do mouse e selecione a opção Explorar.
Na figura, o painel da esquerda todas as pastas com um sinal de + (mais) indicam que contêm outras pastas. As pastas que con-
têm um sinal de – (menos) indicam que já foram expandidas (ou já estamos visualizando as subpastas).

Lixeira
A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se encontra na Área de trabalho, mas pode ser acessada através do Windows
Explorer.

Ícone Lixeira.

WordPad

O Windows traz junto dele um programa para edição de textos. O WordPad. Com o WordPad é possível digitar textos, deixan-
do-os com uma boa aparência.
O WordPad é um editor de textos que nos auxiliará na criação de vários tipos de documentos. Mas poderíamos dizer que o
Wordpad é uma versão muito simplificada do Word, pois tem um número menor de recursos.

Janela do WordPad.

Paint
O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento de imagens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos
trabalhos.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de parede, copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em
documentos de textos.
Para abrir o Paint, siga até os Acessórios do Windows. A seguinte janela será apresentada:

7
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Janela do Paint.

WINDOWS VISTA

Conceito de pastas e Diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, ar-
mazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

8
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e ata-
lhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos,
fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

9
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows Vista

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

10
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Música e Vídeo
Dentro deste item temos o Media Player, que é o player na-
tivo para ouvir músicas e assistir vídeos. É uma excelente expe-
riência de entretenimento, pode-se administrar bibliotecas de
música, fotografia, vídeo no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc.

Uso dos menus

Jogos

Programas e aplicativos
Neste contexto de programas e aplicativos, o Windows Vista
veio com uma série de melhorias e facilidades em relação ao
seu antecessor o Windows XP. Abaixo temos uma lista destas
funcionalidades:

• Media Player
• Media Center
• Movie Maker
• DVD Maker
• Os jogos do Windows.
• Mail
• Calendário
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
entendermos melhor as funções categorizadas.

11
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
E-mail WINDOWS 7

Calendário

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Cópia de dados

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro ar-


quivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

12
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava-
do na área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
criar pastas, criar atalhos etc.

Uso dos menus

Área de trabalho do Windows 7

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá- Programas e aplicativos
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. • Media Player
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + • Media Center
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária. • Limpeza de disco

13
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o


Capturador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, re-
cortar a parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músi-
cas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente
experiência de entretenimento, nele pode-se administrar biblio-
tecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media • O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito im-
center. portante, pois conforme vamos utilizando o computador os ar-
quivos ficam internamente desorganizados, isto faz que o com-
putador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows
se reorganiza internamente tornando o computador mais rápido
e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior
rapidez.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o
próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simples-
mente confirmar sua exclusão.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito


importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até
mesmo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim
uma cópia de segurança.

14
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

• Iniciando um novo documento

SOFTWARES APLICATIVOS: PROCESSADORES DE TEX-


TO, PLANILHAS ELETRÔNICAS, BANCOS DE DADOS,
MULTIMÍDIA, ARMAZENAMENTO DE DADOS, CÓPIA
DE SEGURANÇA, GERAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO DE MA-
TERIAL ESCRITO

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formata-
ções desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo
para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os
alinhamentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
Justificar (arruma a direito
e a esquerda de acordo Ctrl + J
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais com a margem
para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramen- Alinhamento à direita Ctrl + G
tas, mas em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor
de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Centralizar o texto Ctrl + E
Apresentações – PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização
mais comum: Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com • Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área
Vamos então apresentar suas principais funcionalidades. de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos
básicos de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou
• Área de trabalho do Word pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de recursos automáticos.
acordo com a necessidade.

15
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para
cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automá-
ticos, dentre outras funcionalidades importantes, que fazem
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO parte do dia a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
Tipo de letra – Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
Tamanho Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados
automaticamente.
Aumenta / diminui tamanho
• Mas como é uma planilha de cálculo?
– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados
Recursos automáticos de caixa-altas são calculados automaticamente mediante a aplicação de fór-
e baixas mulas específicas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
Limpa a formatação entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da
seguinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para ope-


rar diferentes tipos de marcadores automáticos:

– Podemos também ter o intervalo A1..B3

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar
Forma
Página - Mudar cor
inicial de Fundo
- Mudar cor
do texto

- Inserir
Tabelas – Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na
Inserir
- Inserir célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação bási-
Imagens ca de uma planilha.

Verificação e
Revisão correção ortográ-
fica

Arquivo Salvar

16
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Formatação células Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou
até mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já mo-
vemos as caixas, colocando um título na superior e um texto
na caixa inferior, também alinhamos cada caixa para ajustá-las
melhor.

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mes-
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) mo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o Po-
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) werPoint, o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante
DIVISÃO =(célulaX/célulaY) parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos.
Confira no tópico referente ao Word, itens de formatação básica
• Fórmulas de comum interesse de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias
de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso ampla-
MÉDIA (em um intervalo de mente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas
=MEDIA(célula X:célulaY)
células) que mudam a aparência básica de nossos slides, melhorando a
MÁXIMA (em um intervalo experiência no trabalho com o programa.
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresen-
tações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma
série de recursos avançados para a formatação das apresenta-
ções, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vá-


rios no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniatu-
ras, pelas quais podemos navegador, alternando entre áreas de
trabalho. A edição em cada uma delas, é feita da mesma manei-
ra, como já apresentado anteriormente.

17
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nu-
vem, desta forma documentos, configurações pessoais e aplica-
tivos podem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso atra-
vés de smartfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos ex-
tensos agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa
na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem
como editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjun-
to de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao
usuário melhores formas de apresentar dados.
Percebemos agora que temos uma apresentação com qua- – Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.
tro slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos
que se fizerem necessários. Além de copiar podemos mover • Atualizações no PowerPoint
cada slide de uma posição para outra utilizando o mouse. – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do
As Transições são recursos de apresentação bastante utili- Office2013 tem um grande número de templates para uso de
zados no PowerPoint. Servem para criar breves animações au- criação de apresentações profissionais;
tomáticas para passagem entre elementos das apresentações. – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo
o destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo sli-
de antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborati-
va de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar jun-
tamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma que permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente
apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la em um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com
bastando clicar no ícone correspondente no canto inferior di- outras ferramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 tam-
reito. bém roda em smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros pro-
dutos, mas no Word agora é real, de modo que é possível até
acompanhar quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo
de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibili- pesquisa inteligente;
dade de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresenta- – É possível escrever equações como o mouse, caneta de
ções, levando a experiência dos usuários a outro nível. toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando
assim a digitação de equações.
Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explo- • Atualizações no Excel
rar a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está dis- – O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos an-
ponível nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensí- teriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos
veis ao toque (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas móveis, além de ter aumentado o número de gráficos e melho-
em equipamentos com telas simples funciona normalmente. rado a questão do compartilhamento dos arquivos.

18
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, agora com uma maior integração com dispositivos mo-
veis, além de ter aumentado o número de templates melhorado
a questão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não
houve uma mudança tão significativa. Agora temos mais mode-
los em 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositi-
vos sensíveis ao toque, o que permite que se faça destaque em
documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um me-
lhor desenvolvimento de documentos;

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferra-
menta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apre-
sentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz


alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização
de algum mapa que deseja construir.
Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assina-
tura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz ne-
cessário sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e
utilizar o Word, Excel e PowerPoint.

19
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Observações importantes: Liberdade 3: a liberdade de distribuir cópias alteradas a ou-
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as tras pessoas. Isso permite que as demais pessoas tenham acesso
melhorias citadas constam nele; ao software em sua versão melhorada, se beneficiando de suas
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é mudanças.
responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre Software Gratuito
atualizados. Software gratuito (freeware) é um programa que pode ser
utilizado sem pagar por ele. Ou seja, um software pode ser gra-
tuito e livre, por outro lado, pode ser também gratuito e fecha-
SOFTWARES UTILITÁRIOS BÁSICOS DOS SISTEMAS do. Um software nesta condição é restrito, isto é, somente o au-
OPERACIONAIS tor ou a entidade que o desenvolve tem acesso ao código-fonte,
portanto você não pode alterá-lo ou simplesmente estudá-lo,
Software Livre refere-se a todo programa de computador somente usá-lo da forma como foi disponibilizado. Muitas vezes,
que pode ser executado, copiado, modificado e redistribuído há limitações também em sua distribuição.
sem que haja a necessidade da autorização do seu proprietário Portanto, software livre e software gratuito não são a mes-
para isso2. Esse tipo de software disponibiliza para seus usuários ma coisa.
e desenvolvedores o livre acesso ao código-fonte para que pos-
sam realizar alterações da maneira que desejarem. Software livre é gratuito?
O código-fonte são as instruções que formam um progra- Software livre consiste na ideia de que pode ser utilizado,
ma3. É baseado em uma linguagem de programação. Depois de distribuído, estudado o código-fonte e até modificado, sem ne-
concluído, esse código deve ser transformado em linguagem de cessidade de pedir autorização ao seu desenvolvedor. Softwares
máquina para que o computador efetivamente faça das instru- nestas condições geralmente não requerem pagamento, mas
ções um software. Tendo acesso ao código-fonte, uma pessoa isso não é regra: um programa pode ser livre, mas não necessa-
com conhecimentos para isso pode estudá-lo ou mesmo alterá- riamente gratuito.
-lo conforme sua necessidade ou interesse Uma pessoa pode pagar para receber um software livre ou
A FSF (Free Software Foundation - Fundação para o Software cobrar para distribuir um programa nesta condição, por exem-
Livre) é a criadora do conceito. Ela é uma organização sem fins plo, desde que esta ação não entre em conflito com as liberda-
lucrativos, fundada no ano de 1985 por Richard Stallman, ideali- des apontadas pela Free Software Foundation.
zador do GNU - sistema operacional tipo Unix. A filosofia da FSF Como exemplo, um programador pode desenvolver um apli-
apoia-se na liberdade de expressão e não nos lucros. Stallman cativo, disponibilizá-lo como software livre e vendê-lo em seu
acredita que os softwares proprietários (aqueles que não são site, desde que não impeça o comprador de acessar o código-
livres) são injustos, restritivos e de certa forma discriminatórios. -fonte, fazer alterações, redistribuir e assim por diante.
Em 1983, Stallman começou o Projeto GNU após ter sofrido
uma experiência negativa com um software comercial. Funcio- GNU Public License (GPL)
nário do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, ele identi- Quando um software é criado, o desenvolvedor o associa a
ficou uma falha no software de uma impressora Xerox e tentou um documento que determina quais ações o utilizador pode ou
consertá-la. No entanto, a empresa não liberou para Stallman o não executar. Esta é a licença de software. Por exemplo, ao ad-
código-fonte, motivando-o a criar um mecanismo legal que ga- quirir uma solução de ERP, é possível que ela seja implementada
rantisse que todos pudessem desfrutar dos direitos de copiar, em um número limitado de máquinas. Esta e outras condições
modificar e redistribuir um software. Isso gerou a criação da Li- devem ficar explícitas na licença.
cença GPL e, posteriormente, da FSF. A GNU Public License (GPL) nada mais é do que uma licença
Os usuários de software livre estão isentos dessas restrições, criada pela Free Software Foundation baseada nas liberdades
pois eles não necessitam pedir autorização ao proprietário, além que a entidade defende. Ou seja, quando um programa possui
de não serem obrigados a concordar com cláusulas restritivas de licença GPL, significa que é, de fato, um software livre.
outros, bem como licenças proprietárias, como cópias restritas. É importante frisar que um programa não necessita obriga-
Algumas licenças de utilização foram criadas para poder ga- toriamente de uma licença GPL para ser um software livre. É
rantir a equidade e a organização de direitos entre os usuários. possível o uso de outras licenças, desde que compatíveis com as
A mais utilizada delas é a GPL - General Public License (Licença liberdades em questão.
Pública do Uso Geral).
Um programa pode ser considerado software livre quando Copyleft
se enquadra nas quatro liberdades essenciais: A expressão copyleft (copy + left) é um trocadilho com o
Liberdade 0: a liberdade de execução do programa para termo copyright (copy + right), que se refere aos direitos de uso
qualquer finalidade; ou cópia de uma propriedade intelectual. No caso, a palavra left
Liberdade 1: a liberdade de estudar e entender como o pro- faz alusão a um contexto mais generoso: enquanto o copyright
grama funciona, além de poder adaptá-lo de acordo com as suas dá mais foco nas restrições, o copyleft se baseia nas permissões.
necessidades. Para isso, o acesso ao código-fonte do software No caso do software livre, o desenvolvedor poderia deixar
faz-se necessário; seu programa em domínio público, isto é, sujeito a toda e qual-
Liberdade 2: a liberdade de redistribuir cópias com o intuito quer forma de utilização, alteração e distribuição. Porém, esta
de ajudar outras pessoas; situação pode fazer com que indivíduos ou entidades modifi-
quem este software e o disponibilizem mediante uma série de
2 https://canaltech.com.br/software/o-que-e-software-livre-25494/ restrições, ignorando as liberdades que o tornariam livre.
3 https://www.infowester.com/freexopen.php

20
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
É para evitar problemas do tipo que o copyleft entra em
cena: com ele, as liberdades de modificação e distribuição são INTERNET E INTRANET: NAVEGADORES, CORREIO ELE-
garantidas, tanto em um projeto original quanto em um deriva- TRÔNICO, TRANSFERÊNCIA DE ARQUIVOS, SISTEMAS
do. Isso significa que uma pessoa ou uma organização não pode- DE BUSCA E PESQUISA
rá obter um software livre, modificá-lo e distribuí-lo de maneira
restrita, devendo compartilhar o programa - seja ele alterado ou Tipos de rede de computadores
não - pelas mesmas condições em que o obteve (compartilha- • LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
mento pela mesma licença). Exemplos: casa, escritório, etc.
Este cenário é válido para as licenças compatíveis com tais
condições, como é o caso da GPL.
Vale frisar, no entanto, que há licenças para software livre
que não contemplam as características do copyleft.

Open Source
É comum ver Software Livre e Código Aberto (Open Source)
sendo tratados como se fossem a mesma coisa. De igual ma-
neira, não é difícil encontrar a expressão “código aberto” como
mero sinônimo de “código-fonte aberto”. Não há, necessaria-
mente, erros aqui, mas há diferenças.
O Open Source é um movimento que surgiu em 1998 por
iniciativa principal de Bruce Perens, mas com o apoio de várias
outras pessoas que não estavam totalmente de acordo com os
ideais filosóficos ou com outros aspectos do Software Livre, re-
sultando na criação da Open Source Initiative (OSI).
A Open Source Initiative não ignora as liberdades da Free
Software Foundation, por outro lado, tenta ser mais flexível.
Para isso, a organização definiu dez quesitos para que um sof-
tware possa ser considerado Open Source: • MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por
1- Distribuição livre; exemplo.
2- Acesso ao código-fonte;
3- Permissão para criação de trabalhos derivados;
4- Integridade do autor do código-fonte;
5- Não discriminação contra pessoas ou grupos;
6- Não discriminação contra áreas de atuação;
7-Distribuição da licença;
8- Licença não específica a um produto;
9- Licença não restritiva a outros programas;
10- Licença neutra em relação à tecnologia.

Analisando as características da Free Software Foundation


e da Open Source Initiative, percebemos que, em muitos casos,
um software livre pode também ser considerado código aberto
e vice-versa.
A diferença está, essencialmente, no fato de a OSI ter recep-
tividade maior em relação às iniciativas de software do merca-
do. Assim, empresas como Microsoft e Oracle, duas gigantes do • WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior
software proprietário, podem desenvolver soluções de código que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para
aberto utilizando suas próprias licenças, desde que estas respei- entendermos o conceito.
tem os critérios da OSI. No Software Livre, empresas como estas
provavelmente enfrentariam algum tipo de resistência, uma vez
que suas atividades principais ou mesmo os programas ofere-
cidos podem entrar em conflito com os ideais morais da Free
Software Foundation.

21
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se
comunicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa-
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente
aponta para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Ex-
plorer, Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

22
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador
simplificado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://
www.gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.
gov.br/pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e ví-
deos que possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica
automaticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

23
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
4. Abas de Conteúdo Google Chrome
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e dispo-


nibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram imple-
mentadas por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, obje- No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas
to de nosso estudo: também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aber-
ta, se quisermos abrir outra para digitar ou localizar outro site,
temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da pá-
gina visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo
que ao digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca
do Google é acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox


Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos


1 Botão Voltar uma página
Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,
7
Menu e outros) 2 Botão avançar uma página
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8 3 Botão atualizar a página
detalhar adiante)

9 Mostra menu de contexto com várias opções 4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais
na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus 6 Usuário Atual
dados como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazena-
das, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
estar logado com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao uti- seguir.
lizar um computador público sempre desative a sincronização
para manter seus dados seguros após o uso. O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostu-
mados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, per-
cebemos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está ins-
talado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais
comum atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre
suas funcionalidades.

24
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Favoritos • Downloads
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
direita da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o Neste caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos
sugerido, e pronto. ver o progresso e os downloads concluídos.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de
Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua
lista. Para removê-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao • Sincronização
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é
acessá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar ata- importante para manter atualizadas nossas operações, desta
lho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma forma, se por algum motivo trocarmos de computador, nossos
nova aba, onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site dados estarão disponíveis na sua conta Google.
ou mesmo dia a dia se preferir. Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações esta-
rão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Goo-
gle.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto


do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e de-
sativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual Safari
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

25
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.
Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços.
Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e
pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para
removê-lo, basta clicar em excluir.

26
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é
um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens
de texto e outras funções adicionais como anexos junto com a
• Histórico e Favoritos mensagem.

Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar


conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua
rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre
o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuá-
rio na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso
este é nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrôni-
cos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maio-
ria das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hot-


mail.com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
• Pesquisar palavras – Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em ainda não enviadas;
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos – E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam
o atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual os e-mails que foram enviados;
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado. – Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não ter-
minou de redigir;
• Salvando Textos e Imagens da Internet – Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:
– Para: é o campo onde será inserido o endereço do desti-
• Downloads natário do e-mail;
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um – CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma
algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para
etc.). Neste caso, o Safari possui um item no menu onde pode- todos os destinatários envolvidos;
mos ver o progresso e os downloads concluídos.

27
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, • Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos do- – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coi-
nos da mensagem; sas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem; – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (ima- e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
gens, programas, música, textos e outros); Computação de nuvem (Cloud Computing)
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensa-
gem. • Conceito de Nuvem (Cloud)

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada
através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais so-
bre a criação de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um clien-
te de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird,
Opera Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os ser-
nos tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas viços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas
bastante parecidas. demandas de usuários e empresas.

• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado; A internet é a base da computação em nuvem, os servidores
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos
extremo dando muitas voltas; usuários e às empresas.
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio corre- A computação em nuvem permite que os consumidores
to de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados. aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor
de serviços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e
• Anexação de arquivos as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para
acessarem seus arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer
computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas
em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses
produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em
nuvem, mas os principais aplicativos da computação em nuvem
estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Ban-
cos, Empresas de TI, Telecomunicações.

Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-


xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente
com o texto.

28
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser
acessados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em ter-
mos de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem
que podem ser contratados.

OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook
também pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas,
contatos e anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail

29
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

5 Enviar Alt+S Botão enviar


6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este
é nome do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real:
joaodasilva@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos
os destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las
conforme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

30
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os bo-
A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de tões indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros
e-mail, referida no item “Endereços de e-mail”. de texto, para a indicação de endereços e digitação do corpo do
e-mail de resposta ou encaminhamento.
Criar nova mensagem de e-mail

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para


digitação do texto e colocar o destinatário, podemos preencher
também os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta),
porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destina-
tários.

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no
corpo do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão cor-
respondente, segundo a figura abaixo:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em
evidência para o envio de e-mails.

31
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Adicionar assinatura de e-mail à mensagem
Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida
a nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em
cada mensagem.

COMUNICAÇÃO: NOÇÕES DE PROTOCOLOS DE COMU-


NICAÇÃO EM REDES; ACESSO REMOTO

Acesso à distância (acesso remoto)


Acesso à distância ou acesso remoto é uma tecnologia que
permite que um computador consiga acessar um servidor pri-
vado – normalmente de uma empresa – por meio de um outro
computador que não está fisicamente conectado à rede4. A co-
nexão à distância é feita com segurança de dados em ambos os
lados e pode trazer diversos benefícios para manutenção, por
exemplo.
Na prática, essa tecnologia é o que permite acessar e-mails
e arquivos corporativos fora do local de trabalho, assim como
compartilhar a tela do seu computador em aulas ou palestras
à distância, de modo a fazer com que o receptor visualize exa-
tamente o que é reproduzido no computador principal e, por
vezes, faça edições e alterações mediante permissão no PC.
Acesso remoto conecta servidores de empresas e permite
controlar máquinas.
O acesso remoto também pode ocorrer via Internet, e con-
trolar computadores de terceiros. Seu uso mais frequente é para
suporte técnico de softwares, já que o técnico pode ver e até pe-
dir permissões para manipular a máquina completamente sem
estar diante do computador.
Utilizando as ferramentas adequadas, é possível acessar
computadores com qualquer sistema operacional, em qualquer
rede, a partir de desktop, smartphone ou tablet conectado.
A maneira mais comum de usar o acesso remoto é por meio
de uma VPN (Rede Privada Virtual, e português), que consegue
estabelecer uma ligação direta entre o computador e o servidor
de destino – criando uma espécie de “túnel protegido” na In-
ternet. Isto significa que o usuário pode acessar tranquilamente
seus documentos, e-mails corporativos e sistemas na nuvem, via
VPN, sem preocupação de ser interceptado por administradores
de outras redes.
Para criar uma VPN existem duas maneiras: por meio do
protocolo SSL ou softwares. Na primeira, a conexão pode ser
feita usando somente um navegador e um serviço em nuvem.
No entanto, sem o mesmo nível de segurança e velocidade dos
programas desktop. Já na segunda e mais comum forma de aces-
so remoto, é necessário um software que utiliza protocolo IPseg
Imprimir uma mensagem de e-mail para fazer a ligação direta entre dois computadores ou entre um
Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos computador e um servidor. Nesse caso, a conexão tende a ser
possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora mais rápida e a segurança otimizada.
ligada ao computador. Um recurso que se assemelha aos apre-
sentados pelo pacote Office e seus aplicativos.

4 https://bit.ly/3gmqZ4w

32
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

COMPUTADORES PESSOAIS (DESKTOPS, NOTEBOOKS,


TABLETS E NETBOOKS) E PERIFÉRICOS: CLASSIFICA-
ÇÃO, NOÇÕES GERAIS E OPERAÇÃO

Hardware
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são
os dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o
computador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse,
disco rígido, monitor, scanner, etc.

Fonte: https://www.kickidler.com/br/remote-access.html Software


Software, na verdade, são os programas usados para fazer
Transferência de informação e arquivos, bem como aplica- tarefas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de
tivos de áudio, vídeo e multimídia software são programadas em uma linguagem de computador,
Um meio recente e também uma ótima forma de exemplo traduzidas em linguagem de máquina e executadas por compu-
para explicar a transferência remota são os aplicativos e sites de tador.
“Nuvem” isso é, Cloud. Google Drive e Dropbox são exemplos O software pode ser categorizado em dois tipos:
conhecidos desses aplicativos, mas como isso funciona? A inter- – Software de sistema operacional
net serve nesse caso como conexão entre o usuário e o servidor – Software de aplicativos em geral
onde os arquivos estão guardados, um usuário cadastrado pode
acessar esses arquivos de qualquer lugar do mundo, pode baixá- • Software de sistema operacional
-los (download) ou até mesmo carregá-los (upload) na internet. O software de sistema é o responsável pelo funcionamento
O processo não funciona diferente de movimentar pastas do computador, é a plataforma de execução do usuário. Exem-
em seu computador ou smartphone, porém essas pastas estão plos de software do sistema incluem sistemas operacionais
localizadas em um computador ou servidor na maioria das vezes como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
muitos quilômetros longe do usuário.
• Software de aplicação
Upload e Download O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários
São termos utilizados para definir a transmissão de dados para execução de tarefas específicas. Exemplos de software de
de um dispositivo para outro através de um canal de comunica- aplicativos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access,
ção previamente estabelecido5. etc.

Para não esquecer:

HARDWARE É a parte física do computador


São os programas no computador (de
SOFTWARE
funcionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utili-
zados no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas
Fonte: https://www.cursosdeinformaticabasica.com.br/ funcionalidades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o
qual-a-diferenca-entre-download-e-upload/ teclado, ou aqueles que podem melhorar a experiencia do usuá-
rio e até mesmo melhorar o desempenho do computador, tais
Download como design, qualidade de som, alto falantes, etc.
Está relacionado com a obtenção de conteúdo da Internet, o
popular “baixar”, onde um servidor remoto hospeda dados que Tipos:
são acessados pelos clientes através de aplicativos específicos
que se comunicam com o servidor através de protocolos, como PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
é o caso do navegador web que acessa os dados de um servidor DE ENTRADA
web normalmente utilizando o protocolo HTTP. PERIFÉRICOS Utilizados para saída/visualização de da-
DE SAÍDA dos
Upload
O termo upload faz referência a operação inversa a do • Periféricos de entrada mais comuns.
download, isto é, ao envio de conteúdo à Internet. – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um
item essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergo-
nômicos para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde
muscular;
5 Hunecke, M. Acesso à Distância a Computadores, Transferência de
Informação e Arquivos.

33
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares
para uso no computador; – Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo
– O mouse também é um dispositivo importante, pois com protegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de se-
ele podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso gurança da informação, ainda que sem intenção
do computador. – Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da
vulnerabilidade existente para atacar a informação sensível ao
• Periféricos de saída populares mais comuns negócio.
– Monitores, que mostra dados e informações ao usuário; – Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade
– Impressoras, que permite a impressão de dados para ma- ser explorada por uma ameaça.
terial físico; – Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o
– Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do compu- conteúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
tador; – Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto,
– Fones de ouvido. ajudando a determinar onde concentrar investimentos em segu-
rança da informação.
Sistema Operacional
O software de sistema operacional é o responsável pelo Tipos de ataques
funcionamento do computador. É a plataforma de execução Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são
do usuário. Exemplos de software do sistema incluem sistemas eles8:
operacionais como Windows, Linux, Unix , Solaris etc. – Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gra-
var de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o
• Aplicativos e Ferramentas ataque passivo não é prejudicial, mas a informação coletada du-
São softwares utilizados pelos usuários para execução de ta- rante a sessão pode ser extremamente prejudicial quando utili-
refas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, zada (adulteração, fraude, reprodução, bloqueio).
Access, além de ferramentas construídas para fins específicos. – Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados co-
letados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sis-
tema, infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: HASH, CRIPTOGRAFIA, a partir da máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento
CÓDIGOS MALICIOSOS (Ex.: interceptação, monitoramento, análise de pacotes).

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO Política de Segurança da Informação


Segurança da informação é o conjunto de ações para prote- Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança
ção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, da organização através de regras de alto nível que representam
seja para um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para os princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo
uma organização6. com a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corpo- tático) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será
ração, sendo também fundamentais para as atividades do negócio. manter a segurança da informação. Todos os detalhes definidos
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata- nelas serão para informar sobre o que pode e o que é proibido,
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, incluindo:
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para • Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas
problemas. nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo,
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares7: regra de formação e periodicidade de troca.
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar dis- • Política de backup: define as regras sobre a realização de
ponível somente a pessoas autorizadas. cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam retenção e frequência de execução.
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou • Política de privacidade: define como são tratadas as in-
seja, de modo permanente a elas. formações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcio-
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou nários.
seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por • Política de confidencialidade: define como são tratadas
quem e nem em qual etapa, se no processamento ou no envio. as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repas-
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e sadas a terceiros.
autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada.
Mecanismos de segurança
Existem outros termos importantes com os quais um profis- Um mecanismo de segurança da informação é uma ação,
sional da área trabalha no dia a dia. técnica, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação preservar o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que Ele pode ser aplicado de duas formas:
se refere ao controle sobre quem acessa as informações; e a – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à
segurança da informação, rastreando as suas etapas e os res- informação ou infraestrutura que dá suporte a ela
ponsáveis por cada uma delas.
6 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/ 8 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da-
7 https://bit.ly/2E5beRr -informacao/

34
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um an-
tivírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por
métodos de encriptação, que transformam as informações em códigos que terceiros sem autorização não conseguem decifrar e,
há ainda, a certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente no exemplo antes apresentado da emissão da nota
fiscal eletrônica.

Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por profissional habilitado conforme o plano de segurança da infor-
mação da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.

Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de
uma chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação9.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma
sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto
o emissor quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer
pessoa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.

Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou
a ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de
dados podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste
basicamente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.10

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que
está acessando o sistema é quem ela diz ser11.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica
como os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema
operacional. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
9 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/
10 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
11 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção
é a recomendada. EXERCÍCIOS
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque. 1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
– Evite sites duvidosos. principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se as versões em papel para o formato digital, é denominado
tiver anexos (link). (A) joystick.
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades. (B) plotter.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso (C) scanner.
seja necessário, fornecer somente em sites seguros. (D) webcam.
– Cuidado com informações em redes sociais. (E) pendrive.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um
anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atuali- novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
zado. erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
NOÇÕES DE VÍRUS, ANTIVÍRUS tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
adicionada para resolver o problema constatado por João.
Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares) (A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados,
(C) Placa usb
isto é, programas maliciosos que servem pra danificar seu siste-
(D) Placa de captura
ma e diminuir o desempenho do computador;
(E) Placa de vídeo
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem inicia-
dos, é necessária uma ação (por exemplo um click por parte do
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de
usuário);
periféricos utilizados em um computador, como os periféricos
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do
de saída e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que
sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador
apresenta um exemplo de periférico somente de entrada.
se instalam e se replicam, não precisam de clique do mouse por (A) Monitor
parte do usuário ou ação automática do sistema. (B) Impressora
(C) Caixa de som
Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispywa- (D) Headphone
re etc.) (E) Mouse
• Antivírus 4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de compu-
O antivírus é um software que encontra arquivos e progra- tadores, Internet, os serviços de comunicação e informação são
mas maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce disponibilizados por meio de endereços e  links  com formatos
um papel fundamental protegendo o computador. O antivírus padronizados URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de
evita que o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou formato de endereço válido na Internet é:
até mesmo de uma ação inesperada em que o usuário aciona (A) http:@site.com.br
um executável que contém um vírus. Ele pode executar algumas (B) HTML:site.estado.gov
medidas como quarentena, remoção definitiva e reparos. (C) html://www.mundo.com
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos (D) https://meusite.org.br
potencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e (E) www.#social.*site.com
toma as medidas de segurança.
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
• Firewall res e armazenamento compartilhados, com software disponível
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele de- e localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos
termina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou cor- acesso presencial, chamamos esse serviço de:
porativa, bloqueando entradas indesejáveis e protegendo assim (A) Computação On-Line.
o computador. Pode ter regras simples ou complexas, depen- (B) Computação na nuvem.
dendo da implementação, isso pode ser limitado a combinações (C) Computação em Tempo Real.
simples de IP / porta ou fazer verificações completas. (D) Computação em Block Time.
(E) Computação Visual

• Antispyware 6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e mo-


Spyware é um software espião, que rouba as informações, dos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e pro-
em contrário, o antispyware protege o computador funcionando cedimentos associados à Internet, julgue o próximo item.
como o antivírus em todos os sentidos, conforme relatado aci- Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na
ma. Muitos antivírus inclusive já englobam tais funções em sua Internet para diversas finalidades, ainda não é possível extrair
especificação. apenas o áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por
exemplo, no Youtube (http://www.youtube.com).

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
( ) Certo 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
( ) Errado assinale a alternativa INCORRETA:
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, pela Microsoft.
a execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode pro- (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
vocar danos ao computador do usuário. ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
( ) Certo pre visível ao usuário.
( ) Errado (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
e-mail com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acu- Kapersky.
sa existência de vírus. (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
res x86 e 64 bits.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a
ser adotado no exemplo acima. 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema mul-
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo titarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, en-
ao administrador de rede. tre as quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo ( ) Certo
de vírus. ( ) Errado
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- de um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
toramento. (A) init 0.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (B) init 6.
analisá-lo posteriormente. (C) exit
(D) ls.
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Win- (E) cd.
dows 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não
possui versão para processadores de 64 bits. 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
( ) Certo minúsculas
( ) Errado ( ) Certo
( ) Errado
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões
do Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
não é uma versão oficial do Microsoft Windows (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
(A) Windows 7 nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
(B) Windows 10 de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
(C) Windows 8.1 meros e letras.
(D) Windows 9 (B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
(E) Windows Server 2012 e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
do Windows: que o Excel.
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
(A) Windows Gold.
gens de correio eletrônico.
(B) Windows 8.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
(C) Windows 7.
e recebimento de páginas web.
(D) Windows XP.
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apre-
12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
senta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba
Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não
“Página Inicial” do Word 2010.
executa?
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra par-
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
te do documento.
(C) Capturar uma janela inteira
(D) Capturar uma seção retangular da tela. (C) Definir o alinhamento do texto.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou (D) Inserir uma tabela no texto
uma caneta eletrônica

37
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse ANOTAÇÕES
aplicativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos
sonoros à apresentação em elaboração. ______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 E
______________________________________________________
3 E
4 D ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 ERRADO
7 CERTO ______________________________________________________
8 C
9 CERTO ______________________________________________________

10 D ______________________________________________________
11 A
12 B ______________________________________________________
13 D
______________________________________________________
14 CERTO
15 D ______________________________________________________
16 CERTO
______________________________________________________
17 A
18 D ______________________________________________________
19 CERTO
20 CERTO ______________________________________________________

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38
CONTABILIDADE
1. Contabilidade Geral: Conceito, Objeto E Finalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Patrimônio: Conceito, Aspectos Do Ativo, Do Passivo E Da Situação Líquida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Escrituração: Métodos E Processos De Escrituração, Formalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Demonstrações Financeiras Obrigatórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
5. Contabilidade Industrial E Comercial: Conceitos E Campo De Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
6. Impostos, Taxas E Tributos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
7. Matemática Financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
CONTABILIDADE
OBJETIVO
CONTABILIDADE GERAL: CONCEITO, OBJETO E FINALI- O Objetivo da Contabilidade é registrar, organizar e forma-
DADE lizar atos e fatos que afetam a entidade. Além de apresentar
de maneira estruturada, seus bens, direitos, obrigações e resul-
CONCEITO tados. As principais técnicas utilizadas para o alcance de seus
Contabilidade é a ciência social que estuda, interpreta e re- objetivos são: escrituração, demonstrações contábeis e análise
gistra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma entidade, de balanços.
observando seus aspectos quantitativos e por meio de técnicas,
suas variações no decorrer do tempo. FINALIDADE
Todas essas informações são úteis para a tomada de deci- A Finalidade da Contabilidade é fornecer a seus usuários o
sões, dentro e fora do ambiente da empresa, analisando, re- máximo possível de informações atualizadas sobre o patrimônio
gistrando e controlando o patrimônio. Através de relatórios da empresa e suas alterações, permitindo a transparência em
gerados pela Contabilidade, esses dados são entregues ao seu seu controle e tomada de decisões.
público de interesse. A Contabilidade tem um público com interesse principal-
Como ciência social, a Contabilidade pode ter seus métodos mente em seu desempenho financeiro e suas questões relacio-
aplicados nas pessoas físicas ou jurídicas, possuidoras ou não de nadas ao fisco. Entre eles:
finalidades lucrativas. • Concorrentes: Interesse na estrutura empresarial das
A Contabilidade pode ser dividida em algumas áreas: empresas rivais.
 Auditoria: Conjunto de métodos e técnicas encarre- • Órgãos do governo: Examinam os relatórios financeiros
gados de analisar e avaliar atividades, no sentido de apurar a e fazem a conciliação dos impostos devidos e pagos e de futuras
transparência dos registros contábeis e a exatidão da prática obrigações.
das operações para que seja emitida opinião formal sobre os as • Bancos, Capitalistas: Precisam saber se a empresa será
mesmas. capaz de pagar os juros das dívidas e saldar débitos.
 Perícia: Pela definição da Norma Brasileira de Contabi- • Diretoria, administração e funcionários em geral: Aná-
lidade, a perícia contábil é “o conjunto de procedimentos técni- lise freqüente e profunda para tomadas de decisões, garantindo
cos, que tem por objetivo a emissão de laudo ou parecer sobre a operação da empresa e sua competitividade.
questões contábeis, mediante exame, vistoria, indagação, inves- • Clientes e fornecedores: Interesse para saber se a em-
tigação, arbitramento, avaliação ou certificado”. presa é financeiramente sólida, pois assim há garantias de con-
 Contabilidade do terceiro setor: Possibilita demonstrar tinuidade no fornecimento de bens e serviços; capacidade de
clareza para a sociedade no trabalho desenvolvido por entida- pagamento por mercadorias.
des deste setor, gerando confiabilidade na captação de novos
recursos.
 Contabilidade Fiscal: Atua através de conhecimentos PATRIMÔNIO: CONCEITO, ASPECTOS DO ATIVO,
específicos, registrando e escriturando todos os fatos que inci- DO PASSIVO E DA SITUAÇÃO LÍQUIDA
dem nas obrigações tributárias.Muitas vezes, os serviços fiscais
são terceirizados através de escritórios contábeis que ficam res- O Patrimônio é um conjunto de Bens, Direitos e Obrigações
ponsáveis também pela apuração e contabilização das rotinas pertencentes a uma pessoa ou empresa e que podem ser avalia-
de departamento pessoal. dos em moeda.
 Contabilidade de seguros: Através de sistema de con-
trole e análise financeiros, contabiliza as atividades de uma se- COMPONENTES
guradora necessárias à tomada de decisão. Os componentes do Patrimônio são os Bens, Direitos e Obri-
 Contabilidade bancária: Responsável pela contabiliza- gações.
ção das instituições de crédito e finanças. Os Bens e Direitos, expressos em forma de moeda compõem
 Contabilidade Pública: Conjunto de normas e princípios o Ativo. No Ativo estão os bens tangíveis (aqueles que possuem
, aplicados para o controle do patrimônio das entidades do setor corpo e matéria), como automóveis, máquinas, etc.; e os intan-
público. gíveis (aqueles abstratos ou imateriais), como marcas, patentes,
 Contabilidade imobiliária: Área da Contabilidade que etc.
analisa e controla o patrimônio das empresas com atividades no Já as Obrigações compõem o Passivo, também conhecido
mercado imobiliário. como passivo exigível.
 Contabilidade digital: Concentração de órgãos do go- O Patrimônio Líquido é a diferença entre o valor do Ativo e
verno Federal na formalização dos registros de escrituração con- do Passivo, em um determinado momento.
tábil eletrônica com o objetivo de combater a sonegação fiscal.
 Contabilidade de Custos: Voltada para a análise dos EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO
custos que a empresa possui na produção de seus bens ou na A equação fundamental do patrimônio visa apontar o patri-
prestação de seus serviços. mônio em situação normal, ou seja, em Situação Líquida Positi-
 Consolidação de balanços: Técnica contábil utilizada va, o que representa o objetivo de todas as entidades. Veja na
para concentrar o patrimônio e os resultados de um grupo de equação:
empresas que tem o mesmo controle societário.

1
CONTABILIDADE
ATIVO=PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
ESCRITURAÇÃO: MÉTODOS E PROCESSOS
SITUAÇÃO LÍQUIDA DE ESCRITURAÇÃO, FORMALIDADES
A diferença entre o Ativo e o Passivo de uma entidade é cha-
mada de Situação Líquida ou Situação Líquida Patrimonial. No CONCEITOS
Gráfico Patrimonial, a Situação Líquida Patrimonial é apresenta- Escrituração é a técnica contábil que tem por objetivo o
da ao lado direito. Ela será somada ou subtraída das Obrigações, registro em livros específicos de todos os fatos que alteram o
de modo a igualar o Passivo com o Ativo. patrimônio. É a partir da escrituração que se desenvolvem as
técnicas de demonstração, análises, auditoria, etc., e também a
ATIVO PASSIVO gestão do Patrimônio das empresas.

LANÇAMENTOS CONTÀBEIS
Bens Obrigações Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração.
Caixa40.000 Duplicatas a pagar 65.000 Os fatos administrativos são registrados através do lança-
mento, primeiramente no livro Diário, mediante documentos
Móveis 80.000 Salários a pagar10.000 que comprovem a operação (Notas fiscais, recibos, contratos,
Estoque de mercadorias 30.000 Impostos a pagar 60.000 etc.).
ELEMENTOS ESSENCIAIS
O lançamento no livro Diário é realizado em ordem crono-
Direitos (+) Situação Líquida55.000 lógica e os elementos que o compõem obedecem a uma deter-
Duplicatas a receber 20.000 minada disposição:
Promissórias a receber20.000 a) Local e data da ocorrência do fato.
b) Veracidade do documento que foi emitido na operação.
c) Identificação de elementos envolvidos na operação.
Total190.000 Total190.000 d) Conta(s) de débito.
SL = A - P e) Conta(s) de crédito.
f) Histórico.
As três Situações Líquidas possíveis são: g) Valor.
Positiva ou Superavitária: Ativo > Passivo
Negativa ou Deficitária: Ativo < Passivo FÓRMULAS DE LANÇAMENTO
Nula: Ativo = Passivo Para a realização dos lançamentos existem quatro fórmulas:
1ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA e outra creditada.
O Patrimônio tem sua representação gráfica no formato de T: Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de
R$ 700,00.
Patrimônio
São Paulo, 30 de junho de XX
Bens Obrigações Direitos
No gráfico temos, de um lado, os Bens e os Direitos; que for- Caixa (Débito)
mam o grupo dos Elementos Positivos e do outro lado, as Obri- a Duplicatas a receber (Crédito)
gações, que formam então, o grupo dos Elementos Negativos. Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA. R$ 700,00
Os Elementos Positivos são chamados de Componentes Ati-
vos e seu conjunto forma o Ativo. São os Bens e os Direitos da
2ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada
entidade discriminados em moeda. Caixa, Bancos, Imóveis, Veí-
e diversas creditadas.
culos, Equipamentos, Mercadorias, Contas a Receber são alguns
Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de
dos Bens e Direitos que uma empresa geralmente dispõe.
R$ 700,00. Venda de mercadorias à vista, nº 8200, no valor de
Os Elementos Negativos são denominados Componentes
R$ 400,00.
Passivos e sua composição forma o Passivo. São as Obrigações
a pagar, ou seja, os valores que as empresas devem a terceiros.
Contas a Pagar, Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pa- São Paulo, 30 de agosto de XX
gar são algumas das Obrigações assumidas por uma empresa. Caixa(Débito)
a Diversos (Crédito)
Ativo Passivo
a Duplicatas a receber
Bens Obrigações
Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA. R$ 700,00
Móveis e Utensílios Salários a Pagar
a Vendas
Estoque de Mercadorias Duplicatas a Pagar
Vendas de mercadorias à vista conf. NF. 8200R$ 400,00 R$
Direitos 1.100,00
Duplicatas a Receber
3ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debi-
Promissórias a Receber
tadas e uma conta creditada.

2
CONTABILIDADE
Fato: pagamento da duplicata nº 1330, no valor de R$ a) Formalidades intrínsecas (internas): ser escriturado em
300,00. Pagamento do imposto predial, guia nº 223, no valor de idioma e moeda corrente nacionais; com linguagem contábil, de
R$ 200,00. forma individualizada e transparente; fundamentado em docu-
mentos verídicos que comprovem as operações registradas; sem
São Paulo, 30 de Julho de XX conter rasuras, emendas, intervalos, borrões; por ordem crono-
lógica (dia, mês e ano).
Diversos (Débito) b) Formalidades extrínsecas (externas): deve ser enca-
a Caixa(Crédito) dernado e conter numeração em todas as folhas de forma se-
qüencial; conter Termo de Abertura na primeira folha, Termo
Duplicatas a pagar
de Encerramento lavrado na última página do livro, e assinado
Pagamento de duplicata nº 1330 R$ 300,00 por profissional habilitado e por um dirigente da empresa e, ser
Impostos e Taxas Diversas registrado na Junta Comercial ou no Cartório em que foram ar-
quivados os atos constitutivos.
Pagamento de imposto predial Guia nº 223 R$ 200,00R$
500,00
Livro Razão: tem a função de registrar a movimentação indi-
vidual das contas contábeis. É obrigatório e deve ser escriturado
4ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debi-
sem rasuras, entrelinhas, borrões, rasuras ou qualquer indício
tadas e diversas contas creditadas.
que impeça a clareza dos registros.
Fato: pagamento de duplicata nº 3332, no valor de R$
Livro Caixa: a finalidade do Livro Caixa é registrar a movi-
450,00. Recebimento de duplicata nº 55, no valor de R$ 520,00.
mentação de entrada e saída de dinheiro da empresa.
Vendas de mercadorias a vista nº 3321 à 3328, no valor de R$
Livro Contas – Correntes: é o auxiliar o Razão, serve para
420,00. Pagamento de imposto predial guia nº 4567, no valor de
controlar as contas que representam Direitos e Obrigações para
R$ 310,00.
a empresa.
São Paulo, 30 de setembro de XX
Diversos(Débito)
MÉTODOS E PROCESSOS
a Diversos (Crédito) São as formas em que ocorrem as escriturações de fatos e
Duplicatas a pagar atos administrativos.
Duplicatas a pagar Métodos das partidas dobradas: Método de aceitação uni-
versal, que consiste em que o registro de qualquer operação im-
a Caixa plica que, um débito em uma ou mais contas, deverá correspon-
Pagamento de duplicata nº 3332 BetysR$ 450,00 der a um crédito de valor igual em uma ou mais contas. Dessa
maneira, a soma dos valores debitados sempre será a mesma
Caixa
dos valores creditados.
a Duplicatas a receber Método das partidas simples: Método que envolve os ele-
Recebimento da duplicata nº 55 Xfactor R$ 520,00 mentos de maneira individual (conta a conta), sem relacioná-las
entre si; registrando as operações através do controle de um só
Caixa elemento.
a Mercadorias
Vendas a vista Conf. Nf. 3321 à 3328 R$ 420,00 REGIME DE COMPETENCIA E REGIME DE CAIXA
Regime de Competência: O procedimento do registro de
Impostos e taxas diversas lançamentos contábeis é efetuado no período de competência
a Caixa da receita ou despesa, ou seja, quando estas forem de fato rea-
Pagamento de imposto predial guia 4567 R$ 310,00R$ lizadas.
1.700,00 Regime de Caixa: É considerado o registro dos documentos
apenas na data em que foram pagos ou recebidos.
LIVROS DE ESCRITURAÇÃO
Os livros de escrituração contábeis obrigatórios são o livro
Diário e o livro Razão. Cada um tem sua formalidade no que con- DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS OBRIGATÓRIAS
siste a estruturas e obrigatoriedades de conteúdos.
Existem ainda, alguns livros que são utilizados como apoio
aos lançamentos, que são os Livros Auxiliares do Diário e do Ra- As Demonstrações Financeiras são os relatórios mais impor-
zão, como o Caixa, o Contas-Correntes, Registro de Duplicatas, tantes apresentados pela contabilidade. Tem como objetivo for-
Contas a Pagar, etc. necer informações sobre a posição patrimonial e financeira da
empresa, seu desempenho financeiro e seus fluxos de caixa; dis-
Livro Diário: tem a função de registrar diariamente todos ponibilizando dados sobre os seguintes itens de uma entidade:
os fatos contábeis que afetam o Patrimônio da empresa. Os • Ativo (bens e direitos)
registros devem ser efetuados de maneira individualizada, em • Passivo (obrigações)
ordem cronológica de dia, mês e ano, todas as movimentações • Patrimônio líquido
que provocam alterações no Patrimônio. É obrigatório, devendo • Receitas e despesas
obedecer algumas formalidades: • Lucros obtidos
• Fluxos de caixa

3
CONTABILIDADE
Balanço Patrimonial São englobados custos como matéria-prima, bens subsidiá-
No Balanço Patrimonial estão os elementos do Ativo, Passi- rios, mão de obra, energia, transportes, produção, embalagem,
vo e Patrimônio líquido existentes em uma data específica. As- marketing, comercialização, entre outros.
sim, temos: Em uma indústria, são muitos os fatores que envolvem a
composição do custo do produto final e, por isso, a única forma
Bens, direitos = Ativo acurada de determinar esse custo final é uma contabilidade vol-
tada especialmente para tal finalidade.
Obrigações exigíveis = Passivo Sendo assim, a contabilidade industrial ou de custos permi-
Obrigações não exigíveis = Patrimônio Líquido te que uma instituição conheça exatamente o total de gastos
para produzir um determinado item, podendo utilizar esses da-
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) dos para calcular o valor de revenda e a margem de lucro.
Apresenta o resumo das receitas, custos, e despesas em um
período específico. Com base nessas informações, gera o resul- Surgimento da contabilidade industrial
tado, que pode ser lucro ou prejuízo. A contabilidade industrial, ou contabilidade de custos, ga-
nhou força na Revolução Industrial. Naquela época, a ativida-
de deixou de ter como foco principal os estoques e passou a se
Receita > Despesa = Lucro
ocupar das diferentes técnicas de custeio, ganhando também o
Receita < Despesa = Prejuízo nome de contabilidade analítica.
Nem sempre houve um consenso entre as nomenclaturas
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) e o conceito, mas uma coisa é certa: a contabilidade de custos
Apresenta o valor final entre os lucros ou prejuízos acumu- sempre foi a área mais sensível em uma indústria, fazendo toda
lados desde o início da empresa. a diferença nos resultados obtidos.

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) Conheça os benefícios da contabilidade de custos


Demonstração contábil que evidencia as movimentações A contabilidade de custos visa produzir informações para os
ocorridas com o caixa da empresa. Destaca as entradas e saídas diferentes níveis gerenciais de uma empresa. Alguns dos princi-
referentes as atividades que pode ser: pais benefícios gerados são:
– Operacionais
– De investimentos Planejamento e controle das operações
– De financiamento Em qualquer indústria, torna-se praticamente impossível
planejar — seja a curto, médio ou longo prazo — se a organi-
Pode ser elaborada por dois métodos: zação não tiver em mãos dados concretos e confiáveis. A partir
• Método direto – Parte da receita obtida através do cálculo das informações levantadas, a contabilidade industrial auxilia no
das entradas e saídas de dinheiro; definindo assim, a fonte e o uso planejamento e no controle das operações.
dos recursos.
• Método indireto – Parte do lucro líquido, comparando os va- Tomada de decisões estratégicas
lores das contas patrimoniais, para a dedução de entrada ou saída Informações de qualidade são o ponto de partida para qual-
de dinheiro do caixa da empresa. O Balanço Patrimonial, a DRE e a quer decisão assertiva. Quando a empresa documenta os custos
DLPA, servirão de modelo para elaboração por este método. e é capaz de fazer uma análise clara e inteligente sobre eles, as
tomadas de decisões estratégicas ficam muito mais simples.
Notas Explicativas
São informações adicionais, elaboradas para esclarecer si- Redução de custos
tuações que não puderam ser evidenciadas nas demonstrações Um dos objetivos de toda indústria é reduzir custos para, con-
financeiras. sequentemente, ampliar suas margens de lucro. Quando a em-
São posicionadas após as demonstrações financeiras e por presa pratica esse tipo de contabilidade, fica mais fácil identificar
isto, são conhecidas também como notas de rodapé. pontos de cortes de despesas, assim como oportunidades para
realizar ajustes e produzir mais com o mesmo investimento.
Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
Relatório contábil que apresenta o quanto de riqueza uma Confiabilidade
empresa produziu e como foi distribuída entre sócios, emprega- A contabilidade de custos utiliza métodos de custeio para
dos e governo. padronizar a coleta, a classificação e o processamento de dados.
Dessa maneira, as informações com as quais a empresa trabalha
passam a ser muito mais confiáveis, tanto para decisões internas
CONTABILIDADE INDUSTRIAL E COMERCIAL: CONCEI- como para apresentar a possíveis clientes e parceiros.
TOS E CAMPO DE APLICAÇÃO
Diferencial competitivo
A contabilidade industrial — também conhecida como con- No mercado brasileiro, boa parte das empresas ainda traba-
tabilidade analítica ou contabilidade de custos — consiste no lha com um sistema de custeio básico, simplificando a apuração
processo de identificar e tratar custos de produção que contri- dos valores que realmente são gastos no processo de produção.
buam para o produto final de uma organização. Por esse motivo, Ou seja, as organizações que optam por trabalhar com custos
esse tipo de contabilidade acaba sendo utilizado com mais ênfa- detalhados geram naturalmente uma vantagem competitiva em
se no setor industrial. relação à concorrência.

4
CONTABILIDADE
Tenha ferramentas para gestão de informações 2. Diferencie contabilidade comercial de contabilidade in-
A contabilidade industrial torna-se muito mais eficiente dustrial
quando a empresa conta com ferramentas adequadas, já que Para identificar o custo de uma mercadoria na contabilidade
elas auxiliam na determinação do custo dos produtos. comercial é só somar o valor pago por ela aos tributos não com-
Por isso, é fundamental que as equipes tenham à disposi- pensáveis, mais alguns custos acessórios como fretes e seguros.
ção ferramentas que ajudem a registrar dados sem dificuldades, Já na contabilidade industrial, o trabalho é mais complexo, uma
além de extrair informações confiáveis para que os exatos cus- vez que a transformação de matéria-prima em produto final en-
tos de produção sejam levantados. volve custos como energia elétrica, água, mão de obra etc.
Dessa maneira, todo o processo acaba ficando mais ágil, fa- Sendo assim, é necessário levar em conta não somente o
zendo com que os envolvidos encontrem rapidamente oportuni- valor investido em matéria-prima, mas também os custos de
dades para reduzir custos e melhorar processos. produção. Outro ponto é que o lucro só será conhecido depois
Alguns exemplos de ferramentas para facilitar a contabilida- que a venda for concluída, pois a ela aplicam-se ainda despesas
de industrial são: administrativas, financeiras e comerciais.

Sistemas de gestão 3. Conheça as terminologias da contabilidade industrial


Softwares de gestão empresarial ou sistemas específicos Mais do que palavras específicas, as terminologias ajudam
para gestão de custos podem ser extremamente úteis para orga- a implementar a contabilidade industrial nas empresas, pois en-
nizar e administrar a vasta quantidade de informações existen- globam as variáveis necessárias para os cálculos. São elas:
tes no processo de produção. - despesas: são os gastos de consumo sem ligação com o
Eles permitem que todos os dados sejam reunidos em um só processo produtivo, mas ligados ao comercial e administrativo;
lugar, facilitando o acesso e a visualização por todos os gestores - custos: são todos os gastos de consumo ligados ao proces-
ou colaboradores envolvidos, além de incentivar a alimentação so produtivo;
de dados no sistema. - investimentos: são os realizados com expectativa de um
Dentro de um sistema de gestão empresarial ou até mesmo futuro retorno financeiro;
em planilhas separadas, é possível implementar os sistemas su- - gastos: qualquer direito ou bem adquirido que esteja dire-
geridos a seguir. tamente ligado às despesas, custos e investimentos. São dividi-
dos em gastos por consumo (genéricos no processo produtivo)
Sistemas de estimativa de custo e gastos financeiros (valores para pagamentos de obrigações e
Permitem gerar, de forma rápida e consistente, estimativas aquisição de bens);
precisas sobre custos, sem necessariamente exigir um conheci- - desembolso: são valores gastos na aquisição de bens e ser-
mento especializado em produção. viços para a indústria, como materiais de escritório e produtos
de limpeza;
Sistemas de relatórios - perdas: são gastos indesejados e não propositais que ocor-
Podem ser usados para registrar e monitorar indicadores- rem eventualmente na empresa;
-chave de performance (KPIs) e metas de gestão de custos ao - desperdício: são gastos que ocorrem com frequência na
longo do tempo. empresa, podendo ser controlados.

Sistemas de análise Aplique estas 5 dicas para contabilidade industrial na sua


Possibilitam pesquisar grandes volumes de informações, empresa
identificar riscos e tendências de custos com maior facilidade.
Além disso, permitem rastrear custos com base em listas de ma- 1. Separe os gastos de acordo com as diferentes termino-
teriais e processos de produção. logias
Nem todos os gastos têm a mesma finalidade. Para ter um
Coloque em ação essas 3 dicas macro para atuar na conta- controle de custos bem apurado, separe-os de acordo com as ca-
bilidade industrial tegorias que mostramos no tópico anterior. Isso permitirá uma
análise eficaz das informações, podendo controlá-las de manei-
1. Aprofunde seus conhecimentos sobre o setor ra independente.
Na indústria, o lucro é obtido a partir da transformação de
matéria-prima em um produto final e isso envolve algumas par- 2. Conheça os custos diretos e indiretos
ticularidades. Na contabilidade industrial, o processo até o lucro Dentro dos custos, que são gastos de consumo ligados ao
final envolve funções supletivas específicas, como: processo produtivo, há custos diretos e indiretos. Para fabricar
- função mercantil: compra de matéria-prima e venda do uma caneta, por exemplo, a indústria precisa custear o valor da
produto final; matéria-prima, que é um custo direto.
- função técnica: transformação dos materiais; Porém, também precisa pagar outros custos comuns a fabri-
- função financeira: obtenção de financiamentos e aplicação cação de outros itens como salários e encargos dos funcionários
de capitais; e gastos com energia elétrica, configurando um custo indireto.
- função econômica: crescimento do patrimônio empresa- Sendo assim, a contabilidade industrial colabora para controlar
rial por meio dos lucros obtidos; o material, o custo da mão de obra entre outros.
- função social: geração de bens de utilidade e empregos.

5
CONTABILIDADE
3. Descubra o ponto de equilíbrio diferentes regras e alíquotas nas diferentes unidades federati-
Como você sabe, basicamente, o ponto de equilíbrio é o vas do país. As quais precisam ser conhecidas para calcular os
valor para “empatar” o negócio. Em uma indústria, ele vem do tributos e, assim, definir o preço final dos produtos.
valor de produção menos o valor dos custos indiretos. Além disso, o cálculo dos custos de empresas comerciais
também precisa atentar para dois fatores que costumam passar
4. Determine o preço de venda despercebidos: o custo de armazenagem (estoque) e o custo de
A partir do ponto de equilíbrio é possível determinar o valor distribuição (frete). Esses valores também pesam no preço final
de venda ideal para começar a ter lucro. Para isso, é fundamen- dos produtos.
tal que o preço cubra também os custos diretos de produção Então, a contabilidade comercial conhece todos esses de-
(além dos indiretos), caso contrário cada unidade produzida ge- talhes e sabe contabilizar corretamente as movimentações de
rará prejuízo. mercadorias no patrimônio empresarial, além de identificar as
Se a quantidade de itens vendidos for baixa demais, uma oportunidades de redução de custos.
das alternativas a seguir deverá ser adotada:
- o valor de cada item deverá ser aumentado; Qual é o campo de aplicação da contabilidade comercial?
- será necessário encontrar fornecedores com matéria-pri- O campo de aplicação da contabilidade comercial não é seg-
ma mais barata; mentado. Ele trabalha com as mais diversas empresas comer-
- a empresa deverá reduzir a produção até alcançar uma ciais, ou seja, negócios que trabalham com a comercialização
de mercadorias. Assim, seja a empresa de grande ou pequeno
margem de lucro satisfatória.
porte, você pode obter benefícios e otimizar seus processos co-
merciais.
5. Planeje o crescimento
Porém, suas atividades não envolvem qualquer tipo de pro-
Ao utilizar a contabilidade industrial, você conta com um
cesso produtivo, como a transformação de matérias-primas, mas
alto número de informações. Esses dados podem indicar a ne- pode envolver a prestação de serviços (uma loja de informática
cessidade de medidas como contratações e investimentos. que oferece serviços de reparo e manutenção, por exemplo).
Assim, a contabilidade industrial também deve ser usada Estas são chamadas de varejistas, quando vendem direta-
para elaborar um planejamento estratégico antes de adquirir mente ao consumidor final, ou de atacadistas, quando compram
crédito ou investir. do produtor e vendem aos varejistas. Estes são alguns exemplos
de empresas que a contabilidade comercial pode atender:
Fonte: https://www.blbbrasil.com.br/blog/contabilidade-indus- - Restaurantes;
trial/ - Supermercados;
- Lojas de roupas;
O que é a contabilidade comercial? - Lojas de eletrodomésticos;
A contabilidade comercial é a área da contabilidade que - Ferragens;
analisa e controla o patrimônio das empresas comerciais. Essas - Atacados de laticínios;
empresas são as que lidam com movimentações de mercadorias. - Atacados de produtos de limpeza.
Este ramo de contabilidade está ligado a venda de produtos e
serviços, mas não com suas matérias-primas. Qual a importância da contabilidade para empresas comer-
Assim como em qualquer empresa, a área da contabilidade ciais?
é responsável por elaborar as demonstrações contábeis, contro- Para muitas empresas, a contabilidade ainda é vista como a
lar o fluxo de caixa, auxiliar no planejamento tributário e finan- área responsável por emitir as guias de impostos ou calcular a
ceiro, organizar as rotinas de recolhimento de impostos e a folha folha de pagamento. Porém, o papel do contador pode ir muito
de pagamento. além e contribuir para a gestão financeira, fiscal e empresarial
No caso da contabilidade comercial, sua especificidade é como um todo.
que ela registra os fatos administrativos relacionados a:
- Compra e venda de mercadorias; Ao ter um contador registrado na sua empresa, ou contratar
- Tributos sobre compra e venda de mercadorias; um escritório de contabilidade online ou físico, você consegue
organizar todas as rotinas contábeis, sem perder prazos ou dei-
- Estoque de mercadorias;
xar de cumprir obrigações.
- Abatimentos e descontos sobre mercadorias;
Dessa maneira, a organização financeira da sua empresa
- Devoluções de mercadorias.
também tende a melhorar, já que a contabilidade registra as
movimentações de patrimônio. Portanto, permite controlar o
Portanto, escritórios que oferecem serviços de contabilida- que entra e o que sai do caixa, ter mais previsibilidade para o
de comercial devem entender e dominar essas particularidades planejamento financeiro e encontrar oportunidades de econo-
deste tipo de negócio. mizar recursos.

Quais são as especificidades da contabilidade comercial? Afinal, a contabilidade é uma obrigação empresarial?
Para cada segmento de atuação, e seus respectivos produ- Além disso, a contabilidade é uma obrigação para as empre-
tos ou serviços vendidos, há diferentes conceitos, custos, en- sas no Brasil. Todos os negócios constituídos no país (exceto o
quadramentos tributários e formas de incidência de impostos. MEI, embora esse empreendedor também possa se beneficiar
Para empresas de serviços e profissionais liberais, por exemplo, ao contar com um contador) precisam de um contador para res-
há alguns detalhes que merecem atenção. ponder por sua contabilidade perante o governo. Na entrega de
Para empresas comerciais, é preciso conhecer principal- balanços contábeis e da escrituração digital, é obrigatório a assi-
mente a incidência do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mer- natura de um contador com registro ativo no Conselho Regional
cadorias e Serviços). Trata-se de um imposto estadual, que tem de Contabilidade (CRC).

6
CONTABILIDADE
Portanto, a importância da contabilidade para empresas co- • ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza): tem
merciais está não apenas na gestão empresarial, para torná-la como fato gerador a prestação de serviços constantes.
mais segura e eficiente, mas também na sua obrigatoriedade,
para que suas atividades estejam dentro da lei. Taxas
De acordo com o artigo 77º do CTN, taxa é um tributo “que
A contabilidade comercial pode ser feita à distância? tem como fato gerador o exercício regulador do poder de polí-
A contabilidade comercial pode ser feita à distância — mais cia, ou a utilização efetiva e potencial, de serviço público espe-
especificamente, com a contabilidade online. Um escritório de cífico e divisível”.
contabilidade online realiza todas as tarefas de um escritório Algumas taxas são:
físico, mas por meio de uma plataforma, que permite enviar e •Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, esta-
receber documentos, manter o registro das movimentações, re- duais e federais): como por exemplo, para emissão de Carta de
ceber lembretes de pagamentos, falar com o contador e guardar Identidade, CPF e RG.
o histórico dessas conversas. •Taxa de Licenciamento Anual de Veículo – art. 130 da Lei
Os trâmites são realizados por profissionais especializados, 9.503/1997: esta taxa é cobrada para gerar, anualmente, o novo
com o diferencial de tudo ocorrer na esfera digital. Perceba documento do veículo.m
que, embora a contabilidade seja online, as empresas recebem •Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais): Taxa
o atendimento personalizado de um contador profissional, que cobrada para registro do Contrato Social de uma empresa, por
presta suporte para qualquer dúvida e orienta sobre a gestão exemplo.
contábil.
Contribuições de melhoria
Fonte: https://news.contabilivre.com.br/o-que-e-contabilidade- Segundo o artigo 81º do CTN, “é um tributo cobrado pela
-comercial-e-quais-suas-especificidades/ União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,
no âmbito de suas respectivas atribuições, para fazer face ao
custo de obras públicas de que decorra a valorização imobiliária,
tendo como limite total a despesa realizada e como limite indivi-
IMPOSTOS, TAXAS E TRIBUTOS dual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado”. É um tributo pouco usual.
Conceito de tributo e suas espécies
Segundo o artigo 3º do Código Tributário Nacional (CTN), Contribuições
um tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moe- Diferentemente do item acima, essas contribuições são um
da ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua san- tributo com destinação específica. Ou seja, são criados para
ção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade atender determinadas demandas.
administrativa plenamente vinculada”. A CF em seus arts. 145,
149, 149-A, classifica os tributos pela Pentapartição (impostos, Como exemplo, temos:
taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e •CIP: Contribuição destinada à iluminação pública, tributo
contribuições especiais). E o CTN em seu art. 5º segue a teo- cobrado diretamente na conta de energia elétrica.
ria da Tripartição (impostos, taxas e contribuições de melhoria): Contribuição Sindical Laboral: Contribuição destinada aos
“Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria”. sindicatos de cada classe, tributo cobrado diretamente na folha
de pagamento do colaborador.
Impostos
Segundo o artigo 16º do CTN, imposto “é o tributo cuja obri- Empréstimos Compulsórios
gação tem por fato gerador uma situação independente de qual- De acordo com o artigo 148 da Constituição Federal, esses
quer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. tributos “somente podem ser criados diante de situações espe-
É considerado o tributo mais importante, pois incide inde- cíficas (guerra externa ou sua iminência e calamidade pública,
pendentemente da vontade do contribuinte. Entre os principais ou investimento público de caráter relevante), e a aplicação dos
impostos do Brasil, podemos citar: recursos provenientes de sua arrecadação é vinculada à despesa
• ICMS (Imposto s/Circulação de Mercadorias e Serviços): correspondente, que justificou sua instituição”.
incide sobre prestações de serviços de transporte interestadual, Exemplos desse tipo de tributo foram os empréstimos com-
intermunicipal e de comunicação; pulsórios realizados durante o Plano Collor, em que as poupan-
• IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automoto- ças dos brasileiros foram confiscadas como um empréstimo ao
res): incide sobre os proprietários de veículos, devendo ser pago governo. Contudo, é um tributo pouco usual.
anualmente. Contribuições Parafiscais
• IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Esses tributos são utilizados para financiar atividades públi-
Urbana): é de competência dos municípios e incide sobre a pro- cas. Como exemplo, podemos citar: contribuições para alguma
priedade predial e territorial urbana, tendo por fato gerador a atividade desenvolvida pelo SENAI, SESC, SENAC, SEBRAE, etc.
propriedade.
• IR – pessoa física e jurídica (Imposto sobre a Renda e Pro-
ventos de Qualquer Natureza): incide sobre o produto do capital
ou trabalho dos contribuintes, ou seja, sobre o rendimento.
• IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): incide sobre
as pessoas físicas e jurídicas que realizarem operações de crédi-
to, câmbio e seguro ou afins.

7
CONTABILIDADE
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de apli-
MATEMÁTICA FINANCEIRA cação devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os
dois devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres,
Matemática Financeira anos... O que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em
A Matemática Financeira possui diversas aplicações no anos, ou qualquer outra combinação de períodos.
atual sistema econômico. Algumas situações estão presentes no
cotidiano das pessoas, como financiamentos de casa e carros, Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras
realizações de empréstimos, compras a crediário ou com cartão “JUROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
de crédito, aplicações financeiras, investimentos em bolsas de
valores, entre outras situações. Todas as movimentações finan- Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser
ceiras são baseadas na estipulação prévia de taxas de juros. Ao trabalhada de várias maneiras para se obter cada um de seus
realizarmos um empréstimo a forma de pagamento é feita atra- valores, ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir
vés de prestações mensais acrescidas de juros, isto é, o valor de o quarto, ou seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o
quitação do empréstimo é superior ao valor inicial do emprésti- Capital Inicial (C) e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação
mo. A essa diferença damos o nome de juros. (n). E isso vale para qualquer combinação.

Capital Exemplo
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação fi- Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista.
nanceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a
Presente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (in- oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações
dicado pela tecla PV nas calculadoras financeiras). de R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A
taxa de juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação
Taxa de juros e Tempo era de:
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao di- (A) 5,0%
nheiro emprestado, para um determinado período. Ela vem nor- (B) 5,9%
malmente expressa da forma percentual, em seguida da especi- (C) 7,5%
ficação do período de tempo a que se refere: (D) 10,0%
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano). (E) 12,5%
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre). Resposta Letra “e”.
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária,
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri-
que é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45)
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
e a parcela a ser paga de R$45.
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)
Aplicando a fórmula M = C + J:
45 = 40 + J
Montante
J=5
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Ca-
pital Inicial com o juro produzido em determinado tempo.
Aplicando a outra fórmula J = C i n:
Essa fórmula também será amplamente utilizada para resol-
5 = 40 X i X 1
ver questões.
M=C+J i = 0,125 = 12,5%
M = montante
C = capital inicial Juros Compostos
J = juros O juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do
M=C+C.i.n saldo no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de
M=C(1+i.n) cada intervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa
a render juros também.
Juros Simples
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo Quando usamos juros simples e juros compostos?
empréstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros
por um prazo determinado, produzida exclusivamente pelo ca- compostos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo,
pital inicial. compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, as apli-
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado cações financeiras usuais como Caderneta de Poupança e aplica-
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplica- ções em fundos de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso
ção. para o regime de juros simples: é o caso das operações de cur-
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situa- tíssimo prazo, e do processo de desconto simples de duplicatas.
ções envolvendo juros simples é a seguinte:
J = C i n, onde: O cálculo do montante é dado por:
J = juros
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
ano...)

8
CONTABILIDADE
Exemplo Respostas e soluções:
Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de 1) A taxa Nominal é 12% a.a; pois o capital não vai ser capi-
R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses talizado com a taxa anual.
C=25000 2) A taxa efetiva mensal a ser utilizada depende de duas con-
i=25%aa=0,25 venções: taxa proporcional mensal ou taxa equivalente mensal.
i=72 meses=6 anos a) Taxa proporcional mensal (divide-se a taxa anual por 12):
12%/12 = 1% a.m.
b) Taxa equivalente mensal (é aquela que aplicado aos R$
1.000,00, rende os mesmos juros que a taxa anual aplicada nes-
se mesmo capital).

Cálculo da taxa equivalente mensal:

M=C+J
J=95367,50-25000=70367,50 onde:
iq : taxa equivalente para o prazo que eu quero
Podemos definir a taxa nominal como aquela em que a uni- it : taxa para o prazo que eu tenho
dade de referência do seu tempo não coincide com a unidade q : prazo que eu quero
de tempo dos períodos de capitalização. É usada no mercado fi- t : prazo que eu tenho
nanceiro, mas para cálculo deve-se encontrar a taxa efetiva. Por
exemplo, a taxa nominal de 12% ao ano, capitalizada mensal-
mente, resultará em uma taxa mensal de 1% ao mês. Entretanto,
quando esta taxa é capitalizada pelo regime de juros compostos,
teremos uma taxa efetiva de 12,68% ao ano.
iq = 0,009489 a.m ou iq = 0,949 % a.m.
Taxa Nominal
A taxa nominal de juros relativa a uma operação financeira 3) Cálculo do montante pedido, utilizando a taxa efetiva
pode ser calculada pela expressão: mensal

Taxa nominal = Juros pagos / Valor nominal do empréstimo a) pela convenção da taxa proporcional:
M = c (1 + i)n
Assim, por exemplo, se um empréstimo de $100.000,00, M = 1000 (1 + 0,01) 18 = 1.000 x 1,196147
deve ser quitado ao final de um ano, pelo valor monetário de M = 1.196,15
$150.000,00, a taxa de juros nominal será dada por:
Juros pagos = Jp = $150.000 – $100.000 = $50.000,00 b) pela convenção da taxa equivalente:
Taxa nominal = in = $50.000 / $100.000 = 0,50 = 50% M = c (1 + i)n
M = 1000 (1 + 0,009489) 18 = 1.000 x 1,185296
Sem dúvida, se tem um assunto que gera muita confusão na M = 1.185,29
Matemática Financeira são os conceitos de taxa nominal, taxa
efetiva e taxa equivalente. Até na esfera judicial esses assuntos NOTA: Para comprovar que a taxa de 0,948% a.m é equi-
geram muitas dúvidas nos cálculos de empréstimos, financia- valente a taxa de 12% a.a, basta calcular o montante utilizando
mentos, consórcios e etc. a taxa anual, neste caso teremos que transformar 18 (dezoito)
Vamos tentar esclarecer esses conceitos, que na maioria meses em anos para fazer o cálculo, ou seja : 18: 12 = 1,5 ano.
das vezes nos livros e apostilas disponíveis no mercado, não são Assim:
apresentados de uma maneira clara. M = c (1 + i)n
M = 1000 (1 + 0,12) 1,5 = 1.000 x 1,185297
Temos a chamada taxa de juros nominal, quando esta não é M = 1.185,29
realmente a taxa utilizada para o cálculo dos juros (é uma taxa
“sem efeito”). A capitalização (o prazo de formação e incorpora- Conclusões:
ção de juros ao capital inicial) será dada através de outra taxa, - A taxa nominal é 12% a.a, pois não foi aplicada no cálculo
numa unidade de tempo diferente, taxa efetiva. do montante. Normalmente a taxa nominal vem sempre ao ano!
Como calcular a taxa que realmente vai ser utilizada; isto é, - A taxa efetiva mensal, como o próprio nome diz, é aquela
a taxa efetiva? que foi utilizado para cálculo do montante. Pode ser uma taxa
Vamos acompanhar através do exemplo proporcional mensal (1 % a.m.) ou uma taxa equivalente mensal
(0,949 % a.m.).
Taxa Efetiva - Qual a taxa efetiva mensal que devemos utilizar? Em se
Calcular o montante de um capital de R$ 1.000,00 (mil reais), tratando de concursos públicos, a grande maioria das bancas
aplicados durante 18 (dezoito) meses, capitalizados mensalmen- examinadoras utilizam a convenção da taxa proporcional. Em se
te, a uma taxa de 12% a.a. Explicando o que é taxa Nominal, tratando do mercado financeiro, utiliza-se a convenção de taxa
efetiva mensal e equivalente mensal: equivalente.

9
CONTABILIDADE
Taxa Equivalente Exemplo
Taxas Equivalentes são taxas que quando aplicadas ao mes- Numa operação financeira com taxas pré-fixadas, um
mo capital, num mesmo intervalo de tempo, produzem montan- banco empresta $120.000,00 para ser pago em um ano com
tes iguais. Essas taxas devem ser observadas com muita atenção, $150.000,00. Sendo a inflação durante o período do emprésti-
em alguns financiamentos de longo prazo, somos apenas infor- mo igual a 10%, pede-se calcular as taxas nominal e real deste
mados da taxa mensal de juros e não tomamos conhecimento da empréstimo.
taxa anual ou dentro do período estabelecido, trimestre, semes- Teremos que a taxa nominal será igual a:
tre entre outros. Uma expressão matemática básica e de fácil in = (150.000 – 120.000)/120.000 = 30.000/120.000 = 0,25
manuseio que nos fornece a equivalência de duas taxas é: = 25%
1 + ia = (1 + ip)n, onde: Portanto in = 25%
ia = taxa anual Como a taxa de inflação no período é igual a j = 10% = 0,10,
ip = taxa período substituindo na fórmula anterior, vem:
n: número de períodos (1 + in) = (1+r). (1 + j)
(1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,10)
Observe alguns cálculos: 1,25 = (1 + r).1,10
1 + r = 1,25/1,10 = 1,1364
Exemplo 1 Portanto, r = 1,1364 – 1 = 0,1364 = 13,64%
Qual a taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês?
Temos que: 2% = 2/100 = 0,02 Se a taxa de inflação no período fosse igual a 30%, teríamos
1 + ia = (1 + 0,02)12 para a taxa real de juros:
1 + ia = 1,0212 (1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,30)
1 + ia = 1,2682 1,25 = (1 + r).1,30
ia = 1,2682 – 1 1 + r = 1,25/1,30 = 0,9615
ia = 0,2682 Portanto, r = 0,9615 – 1 = -,0385 = -3,85% e, portanto tería-
ia = 26,82% mos uma taxa real de juros negativa.

A taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês é de 26,82%. Exemplo


$100.000,00 foi emprestado para ser quitado por
As pessoas desatentas poderiam pensar que a taxa anual $150.000,00 ao final de um ano. Se a inflação no período foi de
nesse caso seria calculada da seguinte forma: 2% x 12 = 24% ao 20%, qual a taxa real do empréstimo?
ano. Como vimos, esse tipo de cálculo não procede, pois a taxa Resposta: 25%
anual foi calculada de forma correta e corresponde a 26,82% ao
ano, essa variação ocorre porque temos que levar em conta o Taxas Proporcionais
andamento dos juros compostos (juros sobre juros). Para se compreender mais claramente o significado destas
taxas deve-se reconhecer que toda operação envolve dois pra-
Taxa Real zos:
A taxa real expurga o efeito da inflação. Um aspecto interes- - o prazo a que se refere à taxa de juros; e
sante sobre as taxas reais de juros, é que elas podem ser inclu- - o prazo de capitalização (ocorrência) dos juros. (ASSAF
sive, negativas. NETO, 2001).

Vamos encontrar uma relação entre as taxas de juros nomi- Taxas Proporcionais: duas (ou mais) taxas de juro simples
nal e real. Para isto, vamos supor que um determinado capital são ditas proporcionais quando seus valores e seus respectivos
P é aplicado por um período de tempo unitário, a certa taxa no- períodos de tempo, reduzidos a uma mesma unidade, forem
minal in uma proporção. (PARENTE, 1996). Exemplos
O montante S1 ao final do período será dado por S1 = P(1 + Prestação = amortização + juros
in). Há diferentes formas de amortização, conforme descritas a
Consideremos agora que durante o mesmo período, a taxa seguir.
de inflação (desvalorização da moeda) foi igual a j. O capital cor- Para os exemplos numéricos descritos nas tabelas, em to-
rigido por esta taxa acarretaria um montanteS2 = P (1 + j). das as diferentes formas de amortização, utilizaremos o mesmo
A taxa real de juros, indicada por r, será aquela aplicada ao exercício:uma dívida de valor inicial de R$ 100 mil, prazo de três
montante S2, produzirá o montante S1. Poderemos então escre- meses e juros de 3% ao mês.
ver: S1 = S2 (1 + r)
Substituindo S1 e S2 , vem: Pagamento único
P(1 + in) = (1+r). P (1 + j) É a quitação de toda a dívida (amortização + juros) em um
Daí então, vem que: único pagamento, ao final do período. Utilizamos a mesma fór-
(1 + in) = (1+r). (1 + j), onde: mula do montante:
in = taxa de juros nominal Nos juros simples:
j = taxa de inflação no período M = C (1 + i×n)
r = taxa real de juros M = montante
C = capital inicial
Observe que se a taxa de inflação for nula no período, isto i= taxa de juros
é, j = 0, teremos que as taxas nominal e real são coincidentes. n = período

10
CONTABILIDADE
Nos juros compostos:
M = C (1+i)n
M = montante
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = período

Nos juros simples:

Saldo
n Juros Amortização Prestação
devedor
0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - - 103.000,00
2 3.000,00 - - 106.000,00
3 3.000,00 100.000,00 109.000,00 -

Nos juros compostos:

Saldo
n Juros Amortização Prestação
devedor
0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - - 103.000,00
2 3.090,00 - - 106.090,00
3 3.182,70 100.000,00 109.272,70 -

Sistema Price (Sistema Francês)


Foi elaborado para apresentar pagamentos iguais ao longo do período do desembolso das prestações. A fórmula para encon-
trarmos a prestação é dada a seguir:
PMT = VP . _i.(1+i)n_ (1+i)n -1
PMT = valor da prestação
VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A fórmula foi desenvolvida, considerando-se apenas a capitalização por juros compostos. O resultado é listado a seguir:

Saldo
n Juros Amortização Prestação
devedor
0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 32.353,04 35.353,04 67.646,96
2 2.029,41 33.323,63 35.353,04 34.323,33
3 1.029,71 34.323,33 35.353,04 -

Sistema de Amortização Misto (SAM)


É a média aritmética das prestações calculadas nas duas formas anteriores (SAC e Price). É encontrado pela fórmula:

PMTSAM = (PTMSAC + PMTPRICE) / 2

Saldo
n Juros Amortização Prestação
devedor
0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 32.843,19 35.843,19 67.156,81
2 2.014,70 33.328,49 35.343,19 33.828,32
3 1.014,87 33.828,32 34.843,19 -

11
CONTABILIDADE
Sistema de Amortização Crescente (SACRE)
Este sistema, criado pela Caixa Econômica Federal (CEF), é uma das formas utilizadas para o cálculo das prestações dos finan-
ciamentos imobiliários. Usa-se, para o cálculo do valor das prestações, a metodologia do sistema de amortização constante (SAC)
anual, desconsiderando-se o valor da Taxa Referencial de Juros (TR). Esta é incluída posteriormente, resultando em uma amor-
tização variável. Chamar de “amortização crescente” parece-nos inadequado, pois pode resultar em amortizações decrescentes,
dependendo da ocorrência de TR com valor muito baixo.

Sistema Alemão
Neste caso, a dívida é liquidada também em prestações iguais, exceto a primeira, onde no ato do empréstimo (momento “zero”)
já é feita uma cobrança dos juros da operação. As prestações, a primeira amortização e as seguintes são definidas pelas três seguin-
tes fórmulas:

PMT = _ Vp.i_
1- (1+i)n
PMT = valor da prestação
VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A1 = PMT . (1- i)n-1


A1 = primeira amortização
PMT = valor da prestação
i = taxa de juros
n = período

An = An-1_
(1- i)
An = amortizações posteriores (2º, 3º, 4º, ...)
An-1 = amortização anterior
i = taxa de juros
n = período

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
1 2.030,30 32.323,34 34.353,64 67.676,66
2 1.030,61 33.323,03 34.353,64 34.353,63
3 - 34.353,64 34.353,64 (0,01)

OBS: os resíduos em centavos, como saldo devedor final na tabela anterior, são resultados de arredondamento do cálculo e
serão desconsiderados.

Sistema de Amortização Constante – SAC


Consiste em um sistema de amortização de uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em progressão
aritmética, em que o valor da prestação é composto por uma parcela de juros uniformemente decrescente e outra de amortização
que permanece constante.
Sistema de Amortização Constante (SAC) é uma forma de amortização de um empréstimo por prestações que incluem os juros,
amortizando assim partes iguais do valor total do empréstimo.
Neste sistema o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Desta forma, no sistema SAC o valor das
prestações é decrescente, já que os juros diminuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se o valor do
principal pelo número de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas.

O SAC é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A principal característica do SAC é
que ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento. Esse percentual de amortização é sempre
o mesmo, o que faz com que a parcela de amortização da dívida seja maior no início do financiamento, fazendo com que o saldo
devedor caia mais rapidamente do que em outros mecanismos de amortização.

Exemplo:
Um empréstimo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) a ser pago em 12 meses, a uma taxa de juros de 1% ao mês (em juros
simples). Aplicando a fórmula para obtenção do valor da amortização, iremos obter um valor igual a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Essa fórmula é o valor do empréstimo solicitado divido pelo período, sendo nesse caso: R$ 120.000,00 / 12 meses = R$ 10.000,00.
Logo, a tabela SAC fica:

12
CONTABILIDADE

Nº Prestação Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 120000
1 11200 1200 10000 110000
2 11100 1100 10000 100000
3 11000 1000 10000 90000
4 10900 900 10000 80000
5 10800 800 10000 70000
6 10700 700 10000 60000
7 10600 600 10000 50000
8 10500 500 10000 40000
9 10400 400 10000 30000
10 10300 300 10000 20000
11 10200 200 10000 10000
12 10100 100 10000 0

Note que o juro é sempre 10% do saldo devedor do mês anterior, já a prestação é a soma da amortização e o juro. Sendo assim,
o juro é decrescente e diminui sempre na mesma quantidade, R$ 100,00. O mesmo comportamento tem as prestações. A soma das
prestações é de R$ 127.800,00, gerando juros de R$ 7.800,00.

Outra coisa a se observar é que as parcelas e juros diminuem em progressão aritmética (PA) de r=100.

Sistema Americano
O tomador do empréstimo paga os juros mensalmente e o principal, em um único pagamento final.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
2 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
3 3.000,00 100.000,00 103.000,00 -

Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Hamburguês


O tomador do empréstimo amortiza o saldo devedor em valores iguais e constantes ao longo do período.
Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 33.333,33 36.333,33 66.666,67
2 2.000,00 33.333,33 35.333,33 33.333,34
3 1.000,00 33.333,34 34.333,34 -

Qual a melhor forma de amortização?


A tabela abaixo lista o fluxo de caixa nos diversos sistemas de amortização discutidos nos itens anteriores.

N Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (3.000,00) (36.333,33) (35.353,04) (35.843,19) (34.353,64)
2 - (3.000,00) (35.333,33) (35.353,04) (35.343,19) (34.353,64)
3 (109.272,70) (103.000,00) (34.333,34) (35.353,04) (34.843,19) (34.353,64)

13
CONTABILIDADE
As várias formas de amortização utilizadas pelo mercado brasileiro, em sua maioria, consideram o regime de capitalização por juros compos-
tos. A comparação entre estas, por meio do VPL (vide item 6.2), demonstra que o custo entre elas se equivale. Vejam: no nosso exemplo, todos,
exceto no sistema alemão, os juros efetivos cobrados foram de 3% ao mês (regime de juros compostos) ou 9,27% no acumulado dos três meses.

n Pgto único(jrs comp.) SistemaAmericano SAC PRICE SAM Alemão


0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.912,62) (35.275,08) (34.323,34) (34.799,21) (33.353,04)
2 - (2.827,79) (33.305,05) (33.323,63) (33.314,35) (32.381,60)
3 (100.000,00) (94.259,59) (31.419,87) (32.353,04) (31.886,45) (31.438,44)
VPL - - - - - (173,09)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 3% ao mês.
Considerando o custo de oportunidade de 2% ao mês, isto é, abaixo do valor do empréstimo, teríamos a tabela abaixo. Isso seria
uma situação mais comum: juros do empréstimo mais caro que uma aplicação no mercado. Neste caso, quanto menor (em módulo)
o VPL, melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema SAC seria o melhor sob o ponto de vista financeiro.

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.941,18) (35.620,91) (34.659,84) (35.140,38) (33.680,04)
2 - (2.883,51) (33.961,29) (33.980,24) (33.970,77) (33.019,64)
3 (102.970,11) (97.059,20) (32.353,07) (33.313,96) (32.833,52) (32.372,20)
VPL (2.970,11) (2.883,88) (1.935,28) (1.954,04) (1.944,67) (2.071,88)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 2% ao mês.

Outra situação seria considerarmos um empréstimo com taxa de juros abaixo do mercado. Neste exemplo a seguir, teremos
como custo de oportunidade a taxa de 4% ao mês. Isso, na vida real, não será comum: juros do empréstimo mais barato do que uma
aplicação no mercado. Assim, como no exemplo anterior, quanto maior o VPL, melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o
sistema de pagamento único, sob o ponto de vista financeiro, é o melhor, como no caso abaixo.

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.884,62) (34.935,89) (33.993,31) (34.464,61) (33.032,34)
2 - (2.773,67) (32.667,65) (32.685,87) (32.676,77) (31.761,87)
3 (97.143,03) (91.566,62) (30.522,21) (31.428,72) (30.975,47) (30.540,26)
VPL 2.856,97 2.775,09 1.874,24 1.892,10 1.883,16 1.665,53

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 4% ao mês.
M = C (1+i)n
M = montante
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = período

Nos juros simples:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - - 103.000,00
2 3.000,00 - - 106.000,00
3 3.000,00 100.000,00 109.000,00 -

Referências
Passei Direto. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/1599335/exercicios_matematica_finaceiraexercicios_mate-
matica_finaceiraNos juros compostos:

14
CONTABILIDADE
07. (CESPE/2018 – CAGE/RS) A respeito do regime de com-
EXERCÍCIOS petência e dos livros contábeis, julgue os itens a seguir.
I. No regime de competência, as receitas são reconhecidas
01. (IBADE/2018 - IPM - JP) O Plano de contas é um con- quando são ganhas, mesmo que não recebidas.
junto de contas, diretrizes e normas que disciplina as tarefas II. No lançamento em livro diário, devem−se descrever o tí-
do setor de contabilidade. Em relação ao conjunto de contas, tulo e o saldo da conta.
marque a alternativa que demonstra como as contas do Ativo III. No livro razão, o confronto dos créditos e dos débitos
Não Circulante deverão ser classificadas denomina−se saldo.
(A) Permanente, Investimento, Imobilizado e Intangível IV. De acordo com o regime de competência, as receitas e
(B) Permanente, Imobilizado e Intangível as despesas são consideradas em função dos recebimentos ou
(C) Realizável a LP, Permanente e Intangível dos pagamentos.
(D) Realizável a CP, Investimento, imobilizado e Intangível
(E) Realizável a LP, Investimentos, Imobilizado e Intangível Estão certos apenas os itens
(A) I e II.
02. (IBADE/2018 - Câmara de Vilhena - RO) O livro contábil (B) I e III.
que se caracteriza por apresentar os registros do movimento (C) III e IV.
individualizado de todas as contas é: (D) I, II e IV.
(A) Livro de Inventário. (E) II, III e IV.
(B) Livro Diário.
(C)Registro de entradas. 08. (CESPE/2018 – CAGE/RS) Sabendo que a contabilidade
(D) Livro Razão. registra apenas os eventos contábeis que impactam economi-
(E) Livro Caixa. camente a equação básica contábil: ativo = passivo + patrimô-
nio líquido, assinale a opção correspondente a evento que afe-
03. (IMA/2018 - Prefeitura de Caxias - MA) Na folha de pa- ta a equação contábil.
gamento, devem ser registrados mensalmente todos os valores (A) análise de proposta de fornecedor
referentes à remuneração dos empregados, sendo divido em (B) anúncio de imóveis para venda em sítios da Internet
duas partes: proventos e descontos. Não representa um pos- (C) cotação de empréstimos em estabelecimentos bancários
sível provento: (D) contratação de empregados
(A) Hora extra. (E) aquisição de materiais à vista
(B) Salário família.
(C)Contribuição sindical. 09. (CESPE / CEBRASPE/2020 - SEFAZ-AL) Conforme o dis-
(D) Adicional noturno. posto na NBC TSP — estrutura conceitual, julgue o item a se-
guir, acerca das restrições da informação a ser incluída nos re-
04. (IBADE/2019 - JARU-PREVI - RO) Em relação aos princí- latórios contábeis de propósito geral das entidades do setor
pios fundamentais de contabilidade, a alternativa correta que público (RCPG).
contém alguns desses princípios é a seguinte: Como não é possível identificar todos os custos e benefícios
(A) impessoalidade e discricionariedade. da informação incluída nos RCPG, avaliar se os benefícios da in-
(B) eficiência e legalidade. formação justificam seus custos é frequentemente uma questão
(C) prudência e oportunidade. de julgamento de valor.
(D) publicidade e discricionariedade. ( ) CERTO
(E) motivação e discricionariedade. ( ) ERRADO

05. (IESES/2017 – CEGÁS) Pelo método das partidas dobra- 10. (IF Sertão - PE/2016 – IF Sertão - PE) Considere as se-
das empregado na contabilidade sabe-se que: guintes afirmações e preencha como (V) as verdadeiras, ou (F)
(A) Para cada crédito há sempre um débito correspondente. as falsas.
(B) Dificilmente haverá relação de igualdade entre débitos e ( ) As variações patrimoniais podem ser classificadas em:
créditos. Variações Patrimoniais Aumentativas e Variações Patrimoniais
(C) O ideal é que os débitos sempre superem os créditos. Diminutivas.
(D) Sempre deve haver mais créditos do que débitos. ( ) O reconhecimento da variação patrimonial pode ocorrer
em três momentos: para a variação patrimonial aumentativa,
06. (VUNESP/2014 – Desenvolve/SP) Ao fim de cada exer- antes, depois ou no momento da arrecadação da receita orça-
cício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mentária e para a variação patrimonial diminutiva, antes, depois
mercantil da companhia, as demonstrações financeiras de que ou no momento da liquidação da despesa orçamentária.
trata a Lei n.º 6.404/76, que deverão exprimir com clareza a si- ( ) Fato Administrativo ou Fato Contábil é qualquer aconteci-
tuação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no mento que traz reflexos no patrimônio, alterando-o.
exercício. Das demonstrações financeiras publicadas, qual é a ( ) Fato Administrativo ou Fato Contábil, pode ou não trazer
dispensável para companhias de capital fechado? alterações no Patrimônio Líquido.
(A) DVA–Demonstração do Valor Adicionado. ( ) Os fatos mistos são os que combinam fatos permutativos
(B) DFC–Demonstração dos fluxos de caixa. com fatos modificativos, também podendo ser aumentativos ou
(C) DOAR–Demonstração das origens e aplicações de recursos. diminutivos. Ocorrem quando há, pelos fatos contábeis, altera-
(D) DMPL– Demonstração das mutações do patrimônio líquido. ções qualitativas e quantitativas do patrimônio.
(E) BS–Balanço social.

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CONTABILIDADE
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta de V
e F, de cima para baixo. ______________________________________________________
(A) F-V-V-V-V
(B) V-V-V-F-V ______________________________________________________
(C) F-V-V-F-V
(D) V-F-F-V-V ______________________________________________________
(E) F-V-F-V-F
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 E ______________________________________________________
2 D
3 C ______________________________________________________

4 C ______________________________________________________
5 A
6 A ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 E
9 CERTO ______________________________________________________
10 A
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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