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EXERCÍCIOS
PC-RJ
Polícia Civil do Rio de Janeiro
INVESTIGADOR
Língua Portuguesa
Conhecimentos Básicos de
Informática
Noções de Direito Constitucional
Noções de Direito Administrativo
Noções de Direito Penal
Noções de Direito
Processual Penal (On-line)
Leis Extravagantes (On-line)
CONTEÚDO
ON-LINE
CURSO COM 10H
DE VIDEOAULAS
Polícia Civil do Rio de Janeiro
PC-RJ
Investigador
NV-005-ST-21
Cód.: 7908428801021
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Paloma da Silveira Leite,
Gabriela Coelho e Isabella Ramiro
LEIS ESPECIAIS (ON-LINE) • Samantha Rodrigues , Renato Philippini, Ana Philippini, Nathan Pilonetto e
Antônio Pequeno
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL (ON-LINE) • Renato Philippini, Eduardo Gigante, Samantha
Rodrigues, Nathan Pilonetto, Antônio Pequeno e Adenilton Almeida
Edição:
Setembro/2021
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BÔNUS:
• Curso On-line.
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
• Leis Extravagantes
• Noções de Direito Processual Penal
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LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO E SEU SENTIDO.......................................................... 11
SEMÂNTICA ........................................................................................................................................ 17
CAMPOS SEMÂNTICOS....................................................................................................................................19
MORFOLOGIA...................................................................................................................................... 21
SINTAXE............................................................................................................................................... 45
TERMOS DA ORAÇÃO........................................................................................................................................45
ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 63
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 64
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 66
REESCRITA DE FRASES...................................................................................................................... 68
ARQUIVOS DIGITAIS........................................................................................................................... 92
ARQUIVOS PDF.................................................................................................................................... 94
ENDEREÇAMENTO DE RECURSOS.................................................................................................................149
NAVEGAÇÃO SEGURA......................................................................................................................151
CACHE E COOKIES...........................................................................................................................................171
DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................187
NACIONALIDADE.............................................................................................................................................194
PARTIDOS POLÍTICOS.....................................................................................................................................198
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO......................................................................................................201
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA........................................................................................201
PODER EXECUTIVO.........................................................................................................................................234
SEGURANÇA PÚBLICA....................................................................................................................................240
DA ORDEM SOCIAL...........................................................................................................................242
DISPOSIÇÃO GERAL:.......................................................................................................................................242
SEGURIDADE SOCIAL......................................................................................................................................242
MEIO AMBIENTE..............................................................................................................................................247
DOS ÍNDIOS......................................................................................................................................................249
DA ORDEM SOCIAL:.........................................................................................................................................258
DA SEGURIDADE SOCIAL................................................................................................................................258
DOS ÍNDIOS......................................................................................................................................................263
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA...........................................................................................................................279
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO...................................................................................................283
CONCEITO .......................................................................................................................................................284
PODERES ADMINISTRATIVOS.........................................................................................................287
PODER HIERÁRQUICO.....................................................................................................................................287
PODER REGULAMENTAR................................................................................................................................289
PODER DE POLÍCIA..........................................................................................................................................290
CONCEITO........................................................................................................................................................292
REQUISITOS.....................................................................................................................................................292
ATRIBUTOS......................................................................................................................................................293
CLASSIFICAÇÃO..............................................................................................................................................294
ESPÉCIES.........................................................................................................................................................295
AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................297
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS..........................................................................................297
DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS.......................................................................................................................297
Conceito.......................................................................................................................................................... 297
ESPÉCIES.........................................................................................................................................................298
SERVIDOR PÚBLICO........................................................................................................................................298
LICITAÇÃO.........................................................................................................................................338
PRINCÍPIOS .....................................................................................................................................................340
Dispensa e Inexigibilidade..............................................................................................................................339
MODALIDADES.................................................................................................................................................342
PROCEDIMENTO..............................................................................................................................................345
CRITÉRIOS DE JULGAMENTO.........................................................................................................................347
CONTROLE JUDICIAL......................................................................................................................................354
CONTROLE LEGISLATIVO...............................................................................................................................354
CRIME IMPOSSÍVEL..........................................................................................................................378
CONCURSO DE PESSOAS.................................................................................................................382
ESPÉCIES DE PENAS........................................................................................................................387
APLICAÇÃO DA PENA.......................................................................................................................388
CONCURSO DE CRIMES....................................................................................................................390
LÍNGUA PORTUGUESA
âmbito das necessidades da comunicação social,
podendo ser encontrada na ciência, na técnica, no jor-
nalismo e na conversação entre os falantes.
Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
duas formas:
ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO
TEXTO E SEU SENTIDO LINGUAGEM NÃO
LINGUAGEM LITERÁRIA
LITERÁRIA
GÊNERO DO TEXTO (LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO,
NARRATIVO, DESCRITIVO E ARGUMENTATIVO) Intralinguística Extralinguística
Ambígua Clara/exata
Prosa e Poesia
Conotação Denotação
Os textos literários dividem-se em duas partes:
prosa e poesia. Neste tópico estudaremos a definição Sugestão Precisão
de cada uma. Transfiguração da realidade Realidade
A poesia é a linguagem subjetiva, metafísica, vaga
com o mundo interior do poeta. Quanto a sua forma, é Subjetiva Objetiva
um texto curto com orações e períodos curtos, em que
sobressaem a estética, a harmonia e o ritmo. Trata-se Ordem inversa Ordem direta
da mais antiga composição do mundo. Antes do surgi-
mento do papel, já existiam os textos literários. Com Gêneros Literários
os livros de argila e o uso de poemas, seria possível
transmitir muita coisa com pouco material. Na teoria literária, o estudo dos gêneros literários
A prosa, por sua vez, é a linguagem objetiva, usual, ocupa-se em agrupar as diversas modalidades de
veículo natural do pensamento humano. Ela possui expressão literária pelas suas características de forma
diversas formas, as quais são chamadas de subgê- e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um estilo
neros literários (ex.: romance; crítica; novela; conto; e uma função.
etc.). Vale destacar que a distinção entre os gêneros é
Vejamos as diferenças entre um texto em forma de bem flexível, sendo possível, às vezes, a mistura deles.
poesia e outro em forma de prosa: Para classificar uma obra, então, é necessário verifi-
car a predominância de um gênero. A classificação
Poema básica dos gêneros compreende: o lírico, o épico e o
dramático.
z Frases curtas.
z Destaque para a beleza dos versos. z Gênero Lírico – A poesia lírica surgiu na Grécia
z De rimas: Porta/importa, minha/vizinha. Antiga, sendo originalmente declamada ao som da
z Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas. lira (daí a origem da palavra lírico). A lira, pela tra-
z escrito em forma de versos. dição literária, passou a simbolizar a poesia.
Prosa
No gênero lírico predomina o sentimento, a emo-
ção, a subjetividade, a expressão do “eu”. Trata-se da
z Frases longas.
manifestação do mundo interior através de uma visão
z Não há beleza no texto, somente a informação.
pessoal do mundo.
z Texto objetivo: transmitir uma mensagem.
z Não há métrica, nem rima, nem ritmo. Quanto à temática, o tema lírico por excelência é
z Texto escrito em forma de parágrafos. o amor, sendo que a solidão, a angústia, a saudade, a
tristeza, entre outros, lhe são correlatos.
A linguagem lírica mostra-se densamente metafó-
Dica
rica, sendo predominante a exploração da sonoridade
Embora os nomes sejam parecidos, você deve se e o arranjo das palavras.
LÍNGUA PORTUGUESA
atentar para o fato de que poema e poesia não Aqui, estamos falando especificamente do lirismo
são a mesma coisa. Poema é um texto literário na Literatura, mas o lirismo se identifica com outras
composto de versos, estrofes e, às vezes, rima. formas de arte, podendo ser encontrado na poesia, em
Já a poesia é a própria manifestação artística, um romance, em um filme ou, ainda, em um quadro.
baseada na linguagem subjetiva e estética. Observe neste poema as características do gênero
lírico, o espírito subjetivo que aparece embalado por
A Linguagem Literária e a Não Literária emoções e sentimentos.
Antes de mais nada, é preciso saber que existem a Eu cantarei de amor tão docemente,
linguagem literária e a linguagem não literária, e elas Por uns termos em si tão concertados,
são bem diferentes. A linguagem literária é emotiva Que dois mil acidentes namorados
e sentimental, e abarca as figuras de linguagem e o Faça sentir ao peito que não sente. 11
Farei que amor a todos avivente, simbolizam as virtudes, os pecados, ou represen-
Pintando mil segredos delicados, tam anjos, demônios e santos. Um dos autos mais
Brandas iras, suspiros magoados, famosos na língua portuguesa é o “Monólogo do
Temerosa ousadia e pena ausente.
Vaqueiro ou Auto da Visitação”, de Gil Vicente.
Modernamente, encontramos textos notáveis que
Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa, revelam certa influência medieval, como é o caso
Contentar-me-ei dizendo a menor parte. do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
Porém, pera cantar de vosso gesto c) Gênero Épico ou Narrativo – O gênero narrativo
A composição alta e milagrosa estrutura-se pela narração, sendo característico a
Aqui falta saber, engenho e arte. narração das ações dos personagens em determi-
nado tempo e espaço.
Luís de Camões
A dedução
tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo Denotação
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimen-
to prévio que é essencial para a interpretação de O sentido denotativo da linguagem compreende
questões. o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
Organização e hierarquia das ideias objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
z Ideia Principal e Ideias Secundárias
ênfase à informação que se quer passar para o recep-
Em se tratando da organização das ideias em um tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
texto, podemos seguir por duas linhas de pensamento e isso, é muito utilizada em textos informativos, como
estudo: a primeira refere-se ao produtor de um texto, a notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
como o emissor deve organizar suas ideias, estabelecer ticos, entre outros. 17
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)
Conotação
z Absorver/absolver
A seguir, veremos exemplos de campos semânticos Ex.: Quando notei (passado), a água já transborda-
de algumas palavras da língua portuguesa: ra (ação anterior) da banheira.
Podemos concluir, portanto, que o campo semânti- Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma
co de determinada palavra ou expressão é um conjun- relação enunciada pelo verbo.
to de palavras que podem ser utilizadas para alcançar
o objetivo comunicativo. Essas palavras, por vezes, z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de
estão no nosso conhecimento prévio da língua. Utili- certeza.
zando esses conjuntos, torna-se mais simples a comu-
20 nicação cotidiana. Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
de dúvida, desejo ou possibilidade. isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
Dúzia: conjunto de doze unidades;
z Imperativo: O modo imperativo designa ordem, Novena: período de nove dias;
convite, conselho, súplica ou pedido. Década: período de dez anos;
Século: período de cem anos;
Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. Bimestre: período de dois meses.
Adjetivo de Relação
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer o aspecto morfológico designado como “adjetivo de relação”,
muito cobrado por bancas de concursos.
Para identificar um adjetivo de relação, observe as seguintes características:
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apresentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino bonito”, o
adjetivo não é de relação, já que é subjetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos de quem o descreve;
z Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de relação sempre são posicionados após o substantivo. Ex.:
Casa paterna, mapa mundial.
z Derivado do substantivo: Derivam-se do substantivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal — pai;
mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus comparativo e superlativo não são admitidos. Ex.: Não pode ser
mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”.
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presidente americano (não é subjetivo; posicionado após o substan-
tivo; derivado de substantivo; não existe a forma variada em grau “americaníssimo”); plataforma petrolífera;
economia mundial; vinho francês; roteiro carnavalesco.
z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível formar novos termos. Ex.:
útil, forte, bom, triste, mau etc.;
z Derivados: São palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.;
z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: Formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, amarelo-
-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
z Invariável:
Adjetivos Pátrios
Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializa-
vam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em
nosso país. 23
Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:
Advérbios
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
24 priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso. Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passi-
vidade, ou seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Colapso foi ameaçado. Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
LÍNGUA PORTUGUESA
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal. 25
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
GRAU -
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.
Pronomes
Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
26 sobre eles:
PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).
Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo a 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
LÍNGUA PORTUGUESA
reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais
que designam:
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel, tratamento cerimo-
nioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): Bispos. 27
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente
nomes de tratamento e suas respectivas designações ao termo “suficiente”.
sociais, conforme indica o Manual de Redação oficial
da Presidência da República. Portanto, essas designa- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- a festa.
ro textual abordado for um gênero oficial.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações: z Bastante (pronome indefinido): Concorda com
o substantivo, indicando grande, porém incerta,
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra- quantidade de algo.
tamento é importante destacar que o plural de
Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas,
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na Pronomes Demonstrativos
maioria das abreviaturas terminadas com a letra
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; apontam elementos a que se referem as pessoas do
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
tíssimo Juiz; da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú- textual.
blica nunca deve ser abreviado.
z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
Pronomes Indefinidos z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem Usamos este, esta, isto para indicar:
variar e podem ser invariáveis. Observe a seguinte
tabela: z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante.
PRONOMES INDEFINIDOS1
Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
Variáveis Invariáveis
como prova.
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
z Referência ao tempo presente.
Nenhum, nenhuma, nenhuns, Ninguém
nenhumas
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
Todo, toda, todos, todas Quem pagarei a última prestação da casa.
Outro, outra, outros, outras Outrem
z Referência ao espaço textual.
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
curava um presente para o marido (o pronome refere-
Certo, certa, certos, certas Nada
-se ao último termo mencionado).
Vários, várias Cada Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
Quanto, quanta, quantos, quantas Que me “este” refere-se ao próprio texto).
Tanto, tanta, tantos, tantas Usamos esse, essa, isso para indicar:
Qualquer, quaisquer z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
Qual, quais mento de algo de quem fala.
Um, uma, uns, umas
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
As palavras certo e bastante serão pronomes z Indicar distância que se deseja manter.
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome fia nesses políticos.
indefinido).
z Referência ao tempo passado.
Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- estive em São Paulo.
do. Por isso, atente-se ao seguinte:
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalen-
te ao termo “muito”. Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nessa
Ex.: Elas são bastante famosas. expressão utilizada.
1 Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
28 quanto-qual.htm>. Acesso em: 14 jul. de 2020.
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: z Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- vo; pode sofrer flexões.
to de quem fala e de quem ouve.
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta? Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
z Referência a um tempo muito remoto, um passa- z Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado
do muito distante. para indicar posse e aparecer relacionando dois
termos que devem ser um possuidor e uma coisa
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por- possuída.
tas abertas. Bons tempos aqueles!
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
z Referência a um afastamento afetivo. sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
matéria (coisa possuída).
Ex.: Não conheço mais aquela mulher. O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
ro com a coisa possuída.
z Referência ao espaço textual, indicando o pri- Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
meiro termo de uma relação expositiva. cujo: Cujo o, cuja a
Não podemos substituir cujo por outro pronome
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- relativo.
riu beber chá; aquela, refrigerante. O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Dica Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
gunta: “de quem/do que?”
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun- Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
ção demonstrativa referencial. Veja: do que? Do filme).
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
esqueceu de preencher o gabarito. quem? Do rapaz).
Correto: O candidato fez a prova, porém esque-
ceu de preencher o gabarito. z Emprego do pronome relativo onde: Empregado
para indicar locais físicos.
Pronomes Relativos
Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
pronomes relativos têm função muito importante na mindo as formas aonde e donde.
língua, refletida em assuntos de grande relevância Ex.: Irei aonde você for.
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, O relativo “onde” pode ser empregado sem
é essencial conhecer adequadamente a função desses antecedente.
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- z Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
nado anteriormente) chamamos de antecedente. do em substituição a outros pronomes relativos,
São pronomes relativos: sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
guísticos, como o “queísmo”.
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
quantas; guém se lembra.
z Invariáveis: Que, quem, onde, como. O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso- textual, desfazendo estruturas ambíguas.
ciado a pessoas, coisas ou objetos.
Pronomes Interrogativos
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O
cachorro que estava doente morreu. A caneta que São utilizados para introduzir uma pergunta ao
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes Possessivos
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo a uma
coisa.
Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação do pro-
nome é com o objeto da posse.
Outras funções dos pronomes possessivos:
Verbos
Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:
z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.
Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.
z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:
z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.
z Pronominais: Esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.
z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente.
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia mui-
tos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns bons anos
32 que não vejo Mariana”.
z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes-
nas formas compostas dos verbos e também nas mo tempo, porém há uma ação compartilhada
locuções verbais. Os principais verbos auxiliares entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
dos tempos compostos são ter e haver. lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
e sofrem a ação.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a
concordância verbal; porém, o verbo principal deter- Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-
mina a regência estabelecida na oração. mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
Apresentam forte carga semântica que indica cumprimentaram.
modo e aspecto da oração. São importantes na forma- A voz passiva é realizada a partir da troca de fun-
ção da voz passiva analítica. ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos
transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva
z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e
três formas nominais dos verbos: indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do
objeto direto.
Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor
durativo da ação e equivale a um advérbio ou Importante! Não confunda os verbos pronomi-
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei-
Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go,
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um
-so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi-
pronome que faz parte integrante do seu significado,
ficado em particípio regular e irregular, sendo diferentemente das vozes verbais, que acompanham
as formas regulares finalizadas em -ado e -ido. o pronome “se” com função sintática própria.
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- Outras Funções do “se”
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com
os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par- Como vimos, o “se” pode funcionar como item
ticípio irregular. essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele-
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / mento também acumula outras atribuições:
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
Infinitivo: Marca as conjugações verbais. é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar, o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é
passear); designado partícula apassivadora, nesse contexto.
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer,
pôr); Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, “Se” (partícula apassivadora).
O “se” exercerá essa função apenas:
sair).
Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
Dica Com verbos que concordam com o sujeito;
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- Com a voz passiva sintética.
ção, pois origina-se do verbo “poer”. Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire-
O mesmo acontece com verbos que que deste to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
derivam.
z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun-
Vozes Verbais cionará nessa condição quando não for possível
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
As vozes verbais definem o papel do sujeito na Além disso, não podemos confundir essa função
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em: ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
estar na voz ativa.
z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação Outra importante característica do “se” como índi-
verbal. ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
Ex.: O policial deteve os bandidos. verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
estar na 3ª pessoa do singular.
LÍNGUA PORTUGUESA
Verbo derivado é aquele que deriva de um ver- A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.
São conjugados da mesma forma os verbos dispor,
bo primitivo; para trabalhar a conjugação desses
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
verbos, é importante ter clara a conjugação de seus entrepor, supor.
“originários”.
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu- PRESENTE — INDICATIVO
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
relevantes em provas diversas: Eu Ponho
Tu Pões
z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor; Ele/Você Põe
z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
Nós Pomos
z Ver: Antever, rever, prever;
z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir. Vós Pondes
Eles/Vocês Põem
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
Preposições
preensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os São palavras invariáveis que ligam orações ou
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais outras palavras. As preposições apresentam funções
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina- importantes tanto no aspecto semântico quanto no
ção são, predominantemente, regulares. aspecto sintático, pois complementam o sentido de
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
PRESENTE — INDICATIVO sem a presença da preposição, modificando a transiti-
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
Eu Crio
sentido de palavras deverbais3.
Tu Crias As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
Ele/Você Cria com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
te, por, sem, sob, trás.
Nós Criamos Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
Vós Criais chamadas pois pertencem a outras classes grama-
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-
Eles/Vocês criam posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
3 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
34 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante, “Desde”
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
(quando equivaler a “por causa de”). z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem- z Tempo: Desde ontem ele não aparece.
plos de uso em diferentes situações:
“Em”
“A”
z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças; dólares;
z Conformidade: Escrever ao modo clássico; z Meio: Pagou a dívida em cheque;
z Destino (em correlação com a preposição de): De z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi
Santos à Bahia; bom;
z Meio: Voltarei a andar a cavalo; z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;
mãos em concha;
z Direção: Levantar as mãos aos céus;
z Transformação ou alteração: Transformou dóla-
z Distância: Cair a poucos metros da namorada;
res em reais;
z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;
z Lugar: Ir a Santa Catarina; z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;
z Modo: Falar aos gritos; z Fim: Pedir em casamento;
z Sucessão: Dia a dia; z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;
z Tempo: Nasci a três de maio; z Modo: Escrever em francês;
z Proximidade: Estar à janela. z Sucessão: De grão em grão;
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
“Após” z Especialidade: João formou-se em Engenharia.
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar; “Entre”
z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
“Com” z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
z Causa: Ficar pobre com a inflação; z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos; discórdia.
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
“Para”
nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Matéria: Vinho se faz com uva;
não cair em armadilhas;
z Modo: Andar com elegância;
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
comigo sempre é assim.
z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
“Contra” como nós estamos para as galinhas;
z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Direção: Olhar contra o sol; z Destino ou direção: Olhe para frente!
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho
contra o peito. “Perante”
“De” z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
z Causa: Chorar de saudade; “Por”
z Assunto: Falar de religião;
z Matéria: Material feito de plástico; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Conteúdo: Maço de cigarro; sorteio;
z Origem: Você descende de família humilde; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Posse: Este é o carro de João; z Conformidade: Copiar por original;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Tempo: Ela dorme de dia;
LÍNGUA PORTUGUESA
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. As preposições podem se ligar a outras palavras de
Pedro II; outras classes gramaticais por meio de dois processos:
z Lugar: Ficar sob o viaduto; combinação e contração.
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não
convincente. Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
ma redução.
“Sobre” a + o = ao
a + os = aos
z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
z Direção: Ir sobre o adversário; Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem
z Lugar: Cair sobre o inimigo. redução.
Ex.: Corria como um touro. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
38 Ela dança tanto quanto Carlos. Isso).
z Sempre haverá conjunção integrante em orações � Radical;
substantivas e, consequentemente, em períodos z Desinência;
compostos. z Vogal temática;
z Afixos;
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O z Consoantes e vogais de ligação.
quê? Isso).
O radical, também chamado de semantema, é o
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver- núcleo da palavra. Trata-se, portanto, de um elemento
bo e uma conjunção integrante. formador fixo, ao qual se anexam os demais morfe-
mas, criando-se, assim, as palavras derivadas (tema
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual que será abordado mais adiante).
(errado). Ainda, vale mencionar que o radical é também
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo). conhecido como morfema lexical, uma vez que ele
revela a significação dos vocábulos, isto é, designa a
Interjeições
natureza lexical.
As interjeições também fazem parte do grupo de
palavras invariáveis, tal como as preposições e as z Radical é o elemento básico, que carrega o signi-
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri- ficado das palavras. Trata-se de uma “peça” fixa
to e emoções; por isso, apresentam forte conotação independentemente das possíveis variações da
palavra;
semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
z Morfema é o menor elemento significativo da
uma frase. Ex.: Tchau!
palavra; corresponde às partes constituintes de
As interjeições indicam relações de sentido diversas.
um vocábulo.
A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos
e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:
As palavras dispostas a seguir apresentam realce
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO em seu radical. Analise-as, buscando reconhecer as
características já estudadas relativas a esse elemento.
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
Alívio Arre! Ufa! Ah! z Pastel — pastelaria — pasteleiro;
z Pedra — pedreiro — pedregulho;
Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
z Terra — aterrado — enterrado — terreiro.
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Atenção! As palavras da mesma família etimoló-
gica, ou seja, que apresentam o mesmo radical e, por
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena! isso, guardam o mesmo valor semântico são conheci-
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz! das como cognatas.
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Afixos ou Morfemas Derivacionais
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Os afixos ou morfemas derivacionais são estrutu-
É salutar lembrar que o sentido exato de cada ras morfológicas que se anexam ao radical das pala-
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- vras, desempenhando, pois, um papel fundamental
texto. Por isso, em questões que abordem essa classe no processo de formação de novos vocábulos. Ainda,
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a vale notar que algumas bancas organizadoras deno-
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido minam tais elementos de infixos.
expresso no texto. Na língua portuguesa, os afixos são de duas cate-
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati- gorias. Vejamos:
va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante-
por exemplo, que são interjeições por excelência, mas rior do radical
que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
alterado. Exemplos:
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras In-: infeliz
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! Anti-: antipatia
Ora bolas! Valha-me Deus! Pos-: posterior
LÍNGUA PORTUGUESA
Bis-: bisavô
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS Contra-: contradizer
As palavras são compostas por estruturas que z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
constituem formas básicas de sentido. Há, pois, uma rior do radical
vasta gama de combinações possíveis. Essas estrutu-
ras, ao se unirem, são capazes de modificar e criar Exemplos:
novos sentidos aos enunciados em contextos diversos.
Imagine que uma palavra é como uma peça de um -mente: Felizmente
quebra-cabeça, a que podemos unir outras peças para -dade: Lealdade
formar uma estrutura maior. Neste sentido, pode-se -eiro: Blogueiro
afirmar que as peças que formam as palavras da lín- -ista: Dentista
gua portuguesa possuem os seguintes nomes: -gudo: Narigudo 39
É importante destacar que essa pequena amostra, Exemplos:
objetivando explicitar alguns sufixos e prefixos da lín-
gua portuguesa, é meramente ilustrativa e serve ape- Amar – 1ª conjugação
nas para que você tenha consciência do quão rico é Comer – 2ª conjugação
o processo de formação de palavras por afixos. Além Partir – 3ª conjugação
disso, não é interessante que você decore esses morfe-
mas derivacionais, mas, sim, que compreenda o valor
Importante!
semântico que cada um deles estabelece na língua.
Como exemplo, podem-se citar os sufixos -eiro e � Não ocorre vogal temática em palavras que
-ista, que são usados, a depender do contexto, para apresentam flexão de gênero. Por exemplo, as
criar uma relação com o ambiente profissional de vogais finais o e a das palavras gato e gata, res-
alguma área, como nas palavras padeiro, costureiro, pectivamente, constituem desinências e, não,
blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista, entre vogais temáticas;
outras. � As palavras terminadas em vogais tônicas não
apresentam vogais temáticas (ex.: cajá, Pelé,
Desinências ou Morfemas Flexionais bobó, café, cupuaçu, filó etc.).
� Vogais temáticas nominais: são as vogais a, e e o Após compreender como as palavras se estruturam,
átonas das palavras nominais pode-se avançar para o estudo relativo aos processos
de formação das palavras. Tais processos se referem
Exemplos: à maneira da qual os morfemas se organizam, a fim
de formarem as palavras. Conforme mencionado ante-
riormente, há diversas possibilidades de organização
Leite: leit + -e
de morfemas, algo que se tornará mais nítido para você
Casa: cas + -a
a partir do conteúdo disposto neste tópico.
Amor: am + -o + -r
Processos de Derivação
z Vogais temáticas verbais: são as vogais a, e, e i,
que marcam as conjugações verbais, isto é, indi- Por meio dos processos de derivação, formam-se
cam se determinado verbo pertence a 1ª, a 2ª ou a novas palavras, as quais são denominadas de pala-
40 3ª conjugação. vras derivadas.
Exemplos:
Importante!
infelizmente (prefixo in- / sufixo -mente)
Não confunda palavras primitivas com palavras
deslealdade (prefixo des- / sufixo -dade)
derivadas. Vejamos alguns exemplos: ultrapassagem (prefixo ultra- / sufixo -agem)
Água (palavra primitiva) — aguaceiro, aguado, reconsideração (prefixo -re / sufixo -ção)
aguador (palavras derivadas);
Bicicleta (palavra primitiva) — bicicletaria, bici- Obs.: Ao retirar um dos afixos da palavra reconsi-
cletário (palavras derivadas); deração, por exemplo, tem-se “consideração” e “recon-
Flor (palavra primitiva) — floricultura, florista siderar” (a consoante final -r indica desinência verbal
(palavras derivadas); — modo infinitivo impessoal). Tais palavras possuem
Pedra (palavra primitiva) — pedreiro, pedraria, significado no idioma.
pedregulho (palavras derivadas).
z Derivação Parassintética
Como o próprio nome indica, as palavras forma- Obs.: Ao retirar um dos afixos da palavra ema-
das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci- grecer, por exemplo, tem-se “emagr” e “magrecer”,
mo de um prefixo à estrutura primitiva. ambas sem significado na língua portuguesa.
contra- contracapa
Morte (palavra primitiva) — morto, mortífero,
de- decair mortal, imortal, mortuário (palavras derivadas).
extra- extraconjugal
A partir das palavras primitivas, o falante pode
in-/im- infiltrar/imigrar
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala-
pre-/pré- prever/pré-eleitoral vras derivadas, assim chamadas, pois derivam de um
re- renascer dos seis processos derivacionais. Já as palavras com-
trans- transdisciplinar postas guardam sua independência semântica e orto-
gráfica, unindo-se a outras palavras para a formação
sub-/so- sublingual/soterrar de um novo sentido.
A seguir, separamos uma lista com alguns exem-
plos de palavras compostas. É importante conhecê-las,
SUFIXO EXEMPLO
mas não se preocupe em decorá-las. Tente identificar
-ada papelada os dois radicais presentes nas palavras. Vejamos:
-aria/-eria carpintaria/cafeteria
-eiro/-eira cabeleireiro/laranjeira Amor-perfeito Cavalo-marinho Roda-viva
Arco-íris Guarda-roupa Passatempo
-dade umidade
Beija-flor Peixe-espada Pontapé
-ez/-eza estupidez/fraqueza Bem-me-quer Fim de semana Vaivém
-dor/-tor/-sor vendedor/tradutor/professor Cachorro-quente Sala de jantar Varapau
-mento instrumento Segunda-feira Decreto-lei Cão de guarda
Arco-íris Café com leite Cor de vinho
-ino cristalino
-oso venenoso
MECANISMOS DE FLEXÃO DOS NOMES E VERBOS
-inho(a)/-zinho(a) sapatinho/casinha
Flexão de Gênero nos Substantivos
Processos de Composição
Os gêneros do substantivo são masculino e
Pelos processos de composição, forma-se uma feminino.
nova palavra a partir da junção de dois ou mais radi- Porém, alguns deles admitem apenas uma forma
cais. Essa nova palavra, por sua vez, estabelece um para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni-
sentido novo na língua, uma vez que, nesse processo, formes. Os substantivos uniformes podem ser:
há a junção de duas palavras que já existem para a
formação de um novo termo com um novo sentido.
z Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma-
A formação de palavras por composição pode
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O
ocorrer de duas formas. Vejamos:
pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien-
te / a cliente; O líder / a líder;
z Composição por justaposição: os radicais, ao se
z Epicenos: Designam geralmente animais que
unirem, não sofrem alterações.
apresentam distinção entre masculino e feminino,
mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo
Exemplos: pé de moleque, dia a dia, faz de con-
ta, navio-escola, malmequer, guarda-chuva, macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea;
girassol, passatempo, pé de galinha etc. onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá
fêmea; girafa macho / girafa fêmea;
z Composição por aglutinação: ao se unirem, um z Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e
dos radicais sofre alteração. não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne-
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
Exemplos: petróleo (petra + óleo); aguardente A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
(água + ardente); vinagre (vinho + agre); você
(vossa + mercê); planalto (plano + alto); embora Já os substantivos biformes designam os substan-
(em + boa + hora) etc. tivos que apresentam duas formas para os gêneros
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
Palavras Compostas e Derivadas Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
Recapitulando o conteúdo estudado até aqui, cabe- mas diferentes no masculino e no feminino:
-nos distinguir os conceitos de palavras compostas e Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
palavras derivadas. Outros substantivos modificam o radical para
As palavras compostas são aquelas que possuem designar formas diferentes no masculino e no femini-
mais de um radical, podendo ou não ser separadas no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
42 por hífen. Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Gênero e Significação dos Substantivos z Variam os dois elementos:
Alguns substantivos uniformes podem aparecer Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes-
com marcação de gênero diferente, ocasionando uma tres -salas;
modificação no sentido. Veja, por exemplo: Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-
das -noturnos;
z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime; Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
z O testemunho: Relato de experiência, associado a Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças
religiões. -feiras.
z Grau superlativo: Em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:
Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (o mais) ou de inferioridade (o menos).
Importante! Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais
alta, mais magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica referir-se a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
Flexões Verbais
Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo
principal no particípio.
Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
particípio.
Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal particípio.
� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo; Com verbos flexionados na 3ª
pessoa do plural
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
pelo verbo; INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
se (índice de indeterminação do
� o termo que pode ser substituído por um pronome
sujeito)
do caso reto;
� o termo com o qual o verbo concorda. Usado para fenômenos da
INEXISTENTE natureza ou com verbos
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
impessoais
da COVID-19.
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida. Ex.: Os professores concordaram com isso.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias) Verbo transitivo indireto: concordaram
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores. Preposição: com
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o
Classificação do Predicado verbo de sentido incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto
A classificação do predicado depende do significa- indireto (com preposição).
do e do tipo de verbo que apresenta. Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
tras.” (Machado de Assis)
z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig- Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
nificativo se concentra em um nome (corresponde Objeto direto 1: anedotas
a um predicativo do sujeito). Objeto indireto 1: lhe 47
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Objeto direto 2: outras dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Objeto indireto 2: lhe. ligação (foi e era, respectivamente).
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
Termos Integrantes da Oração
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
São vocábulos que se agregam a determinadas
oração.
estruturas para torná-las completas. De acordo com
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
a gramática da língua portuguesa, esses termos são
Verbo intransitivo: adormeciam.
divididos em:
Predicado Verbo-Nominal
Complementos Verbais
Ocorre quando há dois núcleos significativos:
São termos que completam o sentido de verbos
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
transitivos diretos e transitivos indiretos.
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
transitivo, predicativo do objeto).
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
panhado de preposição.
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Verbo intransitivo: parou
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
Predicativo do sujeito: atento
O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
aqueles)
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Pronomes e sua relação com o objeto direto
considerado predicativo do sujeito.
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem-
Verbo intransitivo: marchou
pre exercem função de objeto direto, os pronomes
Predicativo do sujeito: desorientado
oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer
essa função sintática.
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha- (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
do de Assis) Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
Verbo transitivo direto: achou “Convidaram quem? Ela”)
Objeto direto: o raciocínio Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
Predicativo do objeto: exato “Receberam quem? Nós”)
A formação do predicativo do objeto se dá por um Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
adjetivo ou por um substantivo. preposição no seu complemento, algumas palavras
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
Ex.: Consideramos o filme proveitoso. tido de “alvo” do sujeito.
Predicativo do objeto: proveitoso Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas. facultativos.
Predicativo do objeto: vitoriosa
Exemplos com ocorrência obrigatória de
Para facilitar a identificação do predicativo do preposição:
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres- Não entendo nem a ele nem a ti.
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí- Respeitava-se aos mais antigos.
fica é relacionar o predicativo ao nome. Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro.
O filme foi proveitoso. “Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
48 Ela era vitoriosa. feita.” (Ciro dos Anjos)
Exemplos com ocorrência facultativa de Complemento Nominal
preposição:
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
le templo. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
A escultura atrai a todos os visitantes. ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Não admito que coloquem a Sua Excelência num presença de um complemento nominal nos contextos
pedestal. de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
Ao povo ninguém engana. do do nome.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
sente para indicar parte de um todo, quando assim Para melhor identificar um complemento nomi-
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa nal, siga a instrução:
bebeu uma porção da água, e não ela toda. Nome + preposição + quem ou quê
Como diferenciar complemento nominal de com-
plemento verbal?
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
enfatizar um único significado.
diretamente ao verbo “obedecia”)
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
Andrade) ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
jetivo) tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
Homem desesperado, João sempre perde o con- Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
trole. “A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
(aposto; núcleo: homem – substantivo) morte.” (Laurindo Rabelo)
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou
Vocativo se excluem.
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ...
O vocativo é um termo que não mantém relação ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- ... talvez).
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para Ex.: Ora responde, ora fica calado.
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- Você quer suco de laranja ou refrigerante?
ja se comunicar. É um termo independente, pois
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica
não faz parte da estrutura da oração.
sobre um raciocínio.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta.
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con-
Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início
de frase).
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
semana.
outro termo da oração.
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
Mendes Campos)
O aposto se relaciona sintaticamente com outro
termo da oração. z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem
LÍNGUA PORTUGUESA
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
Sujeito: a cozinha de lufe. porquanto, pois.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao sujeito). Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale
a “pois”)
PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO Vamos almoçar de novo porque ainda estamos
com fome.
Período Composto por Coordenação
Período Composto por Subordinação
As orações são sintaticamente independentes. Isso
significa que uma não possui relação sintática com Formado por orações sintaticamente dependentes,
verbos, nomes ou pronomes das demais orações no considerando a função sintática em relação a um ver-
período. bo, nome ou pronome de outra oração. 51
Tipos de orações subordinadas: z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
z Substantivas; raramente, aposto explicativo). São introduzidas
z Adjetivas; por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
z Adverbiais. quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
Orações Subordinadas Substantivas
explicativas e restritivas.
São classificadas nas seguintes categorias: z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
z Orações subordinadas substantivas conectivas: tam uma explicação sobre o termo antecedente.
são introduzidas pelas conjunções subordinativas São consideradas termo acessório no período,
integrantes que e se. podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de das por vírgulas.
impostos. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
Não sei se poderei sair hoje à noite. cria trinta gatos.
z Orações subordinadas substantivas justapos- z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes especificam ou limitam a significação do termo
interrogativos (onde, como, quando, quanto, antecedente, acrescentando-lhe um elemento
quem etc.) indispensável ao sentido. Não são isoladas por
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias vírgulas.
roubadas. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
Não sei quem lhe disse tamanha mentira. incurável.
� Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com Dica
ele. Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Quando modificam o verbo: invariáveis. quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
sempre invariáveis.
irritados.
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas- O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
tante irritados. mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
Se ambos os termos puderem ser substituídos por
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi- Lista de Flexão dos Dois Elementos
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
� Nos substantivos compostos formados por pala-
� Tal qual
vras variáveis, especialmente substantivos e
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
adjetivos:
com o substantivo posterior.
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os segunda-feira – segundas-feiras;
pais. matéria-prima – matérias-primas;
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais couve-flor – couves-flores;
quais os pais. guarda-noturno – guardas-noturnos;
primeira-dama – primeiras-damas.
z S
ilepse (também chamada concordância figurada)
� Nos substantivos compostos formados por
É a que se opera não com o termo expresso, mas o
temas verbais repetidos:
que está subentendido.
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é corre-corre – corres-corres;
linda!) pisca-pisca – piscas-piscas;
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos pula-pula – pulas-pulas.
com o estabelecimento aberto no final de semana.) Nestes substantivos também é possível a flexão
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi- apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
54 leiros, estamos esperançosos.) -piscas, pula-pulas.
Flexão Apenas do Primeiro Elemento Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
z Nos substantivos compostos formados por subs- respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
tantivo + substantivo em que o segundo termo singular.
limita o sentido do primeiro termo: Destrinchando o período, temos que os termos
decreto-lei – decretos-lei; essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
cidade-satélite – cidades-satélite; “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
público-alvo – públicos-alvo; cado verbal.
elemento-chave – elementos-chave. Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Nesses substantivos, também é possível a flexão Ex.: Prefiro natação a futebol.
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, Verbo bitransitivo: Prefiro
públicos-alvos, elementos-chaves. Objeto direto: natação
z Nos substantivos compostos preposicionados: Objeto indireto: a futebol
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
Concordância Verbal com o Sujeito Simples
pôr do sol – pores do sol;
fim de semana – fins de semana; Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
pé de moleque – pés de moleque. sujeito.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
Flexão Apenas do Segundo Elemento exorbitante.
o cola-tudo – os cola-tudo.
Concordância Verbal
Importante!
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
É a adaptação em número – singular ou plural – verbo fica no singular ou no plural.
e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
sujeito.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra- de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
pois houve influências de todos os povos aqui: euro- Mais de um aluno compareceu à aula.
peus, asiáticos e africanos.” Mais de cinco alunos compareceram à aula. 55
A expressão mais de um tem particularidades: � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo mitivo (nada, tudo, ninguém)
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
Mais de um irmão se abraçaram.
nem um nem outro
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
Mais de um aluno, mais de um professor esta- � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
vam presentes. Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
foco nos estudos.
z Quando o sujeito é formado por um número per-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
numerado ou com o número inteiro, mas pode como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
concordar com o especificador dele. Se o numeral bem como, assim como, tanto quanto
vier precedido de um determinante, o verbo con- Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 final.
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
viver bem.
como; não só... mas também etc.)
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
popularidade em alta.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o co núcleo, o verbo fica no singular concordando
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a com o núcleo único. Mas, se houver determinante
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
chegou. (Duas horas deram...) sujeito passa a ser composto.
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
badaladas soaram) combustíveis aumentaram.
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
da escola soou dez badaladas) Concordância Verbal do Verbo Ser
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- PADRÕES GERAIS DE COLOCAÇÃO PRONOMINAL
reto; intransitivo NO PORTUGUÊS
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
indireto com sentido de “ser difícil”) Estudo da posição dos pronomes na oração.
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo.
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) Casos que atraem o pronome para próclise:
� Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos. Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.:
Esqueci-me dos acontecimentos. Não me submeto a essas condições.
Esqueceram-me os acontecimentos. Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel.
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
transitivo direto e indireto
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. apresente como um rico investidor, ele nada
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) tem.
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. Gerúndio, precedido da preposição em. Ex:
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má Em se tratando de futebol, Maradona foi um
disposição”) ídolo.
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na
direto e indireto com sentido de envolver-se”) esperança de sermos ouvidos, muito lhe
agradecemos.
� Informar: transitivo direto e indireto Orações interrogativas, exclamativas, opta-
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
sobre
z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver-
Informaram o réu de sua condenação.
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise:
Informaram o réu sobre sua condenação.
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos
sa: objeto indireto, com a preposição a
Informaram a condenação ao réu. que estejam conjugados no futuro, caso não
haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
LÍNGUA PORTUGUESA
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
reto, com as preposições em e por dos nossos estudantes.
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos
tivo direto e indireto que atraem o pronome para ênclise:
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
sitivo com sentido de “cortejar”) Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo to honrada com esse título.
indireto com sentido de “desejar muito”) Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar- favor.
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
“encantar-se”) quanto sou importante. 59
Casos proibidos: [...] Não está no texto em si; não nos é possível
apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / [...] numa dada situação comunicativa, na qual o
Dá-me esse caderno! (certo). leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem- tivos e interacionais e na materialidade linguística,
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou- confere sentido ao que lê (2013, p.31).
-se de nada (correto).
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). importantes para uma boa compreensão e elaboração
textual. É importante destacar que esses processos
de coesão não podem ser dissociados da construção
de sentidos implícita no processo de organização da
MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- com fins estritamente didáticos.
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
COESÃO REFERENCIAL
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
e por que buscar esse padrão é importante. A coesão é marcada por processos referenciais de
Os textos não são somente um aglomerado de pala- modo a relacionar termos e ideias a partir de meca-
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula- nismos que inserem ou retomam uma porção textual.
das e organizadas harmoniosamente de maneira que Os processos marcados pela referenciação caracteri-
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela- zam-se pela construção de referentes em um texto, os
ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se quais se relacionam com as ideias defendidas no texto.
chama de coesão textual. Os articuladores responsá- Esse processo é marcado por vocábulos gramaticais e
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto pode ser reconhecido pelo uso de algumas classes de
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser palavras, das quais falaremos a seguir.
articulados de forma que garanta uma relação lógica Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli- sos referenciais que envolvem o uso de expressões
gível e faça sentido em determinado contexto. A res- anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada “as expressões que retomam referentes já apresenta-
diretamente à significação do texto, aos sentidos que dos no texto por outras expressões são chamadas de
ele produz para o leitor. anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir:
COESÃO COERÊNCIA
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair-
Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa- ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de
perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro- sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky
na forma e na articulação dução de sentido/relação era um jovem promissor, mas nunca se interessou
entre as ideias lógica realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um
agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem
Podemos usar uma metáfora muito interessante manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de
quando se trata de compreender os processos de coe- Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju-
são e coerência. dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um primeira luta que fez com Apollo Creed.
prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí- 30/09/2020. Adaptado.
do depende da organização das nossas ideias, da forma
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre- A partir da leitura, podemos perceber que todos os
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
a fim de defendermos nossas ideias adequadamente. rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin- do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
cipais formas de marcação, em um texto, de processos
gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
Já os processos referenciais catafóricos apontam
palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
para porções textuais que ainda não foram mencio-
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
cas que os processos envolvendo a coerência. nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas a seguir: “Os documentos requeridos para os candi-
características da coerência em um texto e como esse datos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e
processo liga-se não apenas às formas gramaticais, reservista”.
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, Dica
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus- Em provas de concursos e seleções, ainda se
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico encontra a terminologia “expressões referenciais
que se encontra mais na mente que no texto”. catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) material. No entanto, é importante salientar que,
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e para linguistas e estudiosos, as anáforas são os
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe- processos referenciais que recuperam e/ou apon-
60 são. A autora afirma que a coerência: tam para porções textuais.
Uso de Pronomes ou Pronominalização processos coesivos visa analisar a capacidade do can-
didato de reconhecer qual elemento está construindo
Utilizar pronomes para manter a coesão de um as referências textuais.
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como Uso de Numerais
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
estudo os principais pronomes utilizados em recursos Conforme mencionamos anteriormente, o uso de
textuais para manter a coesão. categorias gramaticais concorre para a progressão tex-
A pronominalização é a base de recursos anafóri- tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro-
cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome cesso é o uso de numerais.
específico a que o autor faz referência no texto. Veja- Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
mos dois exemplos: essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-
vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe riores numa relação de coesão.
Biden foi quente, com diversas interrupções e acu- Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
a indicação de Trump da juíza conservadora Amy As formas destacadas são numerais ordinais que
Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de recuperam informação no texto, evitando a repetição
Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
tem esse direito, pois os republicanos têm maioria
no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou Uso de Advérbios
os democratas, dizendo “que eles ainda não aceita-
ram que perderam a eleição”. […]. Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
EUA são o país mais atingido pela pandemia - são processo de coesão. As formas adverbias que marcam
7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O tempo e espaço podem também ser denominadas de
âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
fariam até que uma vacina aparecesse. Biden ata- Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
cou o republicano dizendo que Trump “não tem um Percebam que esses advérbios só podem ser asso-
plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua ciados a um referente se forem instaurados no discur-
resposta atacando a China - “deveriam ter fechado so, isto é, se mantiverem associação com as pessoas
suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê
estatísticas da Rússia e da própria China e, com pou- “hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma
ca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho” sala compreenderá que a marcação temporal refere-
nesse momento dos EUA. -se ao momento em que a leitura foi realizada. Por
isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos.
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua- Independentemente de como são chamados, esses
debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
to, auxiliando também a construção da coesão textual.
Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-
peração da informação apresentada é feita a partir de
Uso de Nominalização
muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono-
mes destacados recupera o assunto informado e ajuda
As expressões que retomam ideias e nomes, já apre-
o leitor a construir seu posicionamento. É importante
sentados no texto, mediante outras formas de expressão,
buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe- podem ser analisadas como processos nominalizado-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal res, incluindo substantivos, adjetivos e outras classes
destacado no texto refere-se ao termo “republicanos”, nominais.
já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que Essas expressões recuperam informações median-
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex- uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs- Vejamos um exemplo:
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual
maior, fazendo referência ao momento de pandemia
pelo qual o mundo passa. Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel-
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção chior foi um cantor, compositor, músico, produtor,
artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem-
LÍNGUA PORTUGUESA
A ortografia é o ramo que estuda a forma corre- m início de palavras, o Ç e o SS não são usados.
z E
ta da escrita das palavras. Veja, por meio de algumas O “S” inicia palavras quando seguido de qualquer
regras, como acabar com suas dúvidas e escrever uma das vogais:
corretamente.
Ex.: Sapato, segurança, solteiro, sucesso.
Emprego do X e do CH
z O
“C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de
O “X” é utilizado: “S”) apenas com as vogais “e” e “i”:
Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema.
� Após os ditongos (encontro de duas vogais).
Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo, z O
“S” tem sempre som de /z/ quando está entre
encaixe, paixão, rouxa, frouxo vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva-
Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho; das de uma palavra com “S” no início passam a ser
escritas com “SS”, mantendo o som de /s/:
� Após as sílabas “en” e “me”.
E
x.: Sala – Antessala / Sol – Girassol / Seguir
Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar,
– Prosseguir.
enxugar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano,
enxovalho.
z O “SS” é utilizado somente entre vogais:
Algumas palavras formadas por prefixação (pre- Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível.
fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente,
encharcar etc.). Emprego do C e QU
Exceção: mecha (de cabelo);
É comum encontrarmos algumas palavras que nos
� Em palavras de origem indígena e africana e pala- colocam na dúvida: usar C ou QU?
vras inglesas aportuguesadas. Existem palavras que podem ser escritas tanto de
Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante; uma forma, como de outra. Veja:
� Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo, Catorze/ quatorze; cociente / quociente; cotidiano /
caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixa- quotidiano; cotizar / quotizar.
ba, xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo, As seguintes palavras só podem ser escritas de
graxa, puxar, rixa. uma forma:
Cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona.
Algumas palavras com “CH”: chicória, ficha, chi-
marrão, churrasco, chinelo, chicote, cachimbo, fanto- Emprego do K, W e Y
che, penacho, broche, salsicha, apetrecho, bochecha,
brecha, pechincha, inchar, flecha, chute, deboche, Símbolos e siglas
mochila, pichar, lincha, fechar, fachada, comichão,
chuchu, charque, cochicho. � Kg – quilograma;
� Km – quilômetro;
z Há, ainda, algumas palavras homófonas, que � k – potássio;
podem ser escritas das duas formas, porém têm z Nomes próprios e seus derivados originados de
significados diferentes. Veja algumas: língua estrangeira;
� Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo;
Brocha (pequeno prego); z Palavras estrangeiras não adaptadas para o
Broxa (pincel para caiação de paredes); português;
Chá (planta para preparo de bebida); � Feedback, hardware, hobby.
Xá (título do antigo soberano do Irã);
Chalé (casa campestre de estilo suíço);
Emprego do G e do J
Xale (cobertura para os ombros);
Chácara (propriedade rural); O “G” é utilizado em:
Xácara (narrativa popular em versos);
Cheque (ordem de pagamento); z Palavras terminadas em “–gio”;
LÍNGUA PORTUGUESA
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
enumeração. e vírgula (;):
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
arrastado pelo tsunami. � Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que ficou triste.
já apareceu na frase) do verbo
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
filmes de terror. to, exausto.
� Para separar palavras ou locuções explicativas, � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
retificativas Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 ouvinte.
anos. Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
sorvete.
� Para separar datas e nomes de lugar
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985. � Em enumerações, portarias, sequências
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto o Procurador-Geral da República;
e, nem, ou. o Colégio de Procuradores da República;
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
— Bom dia, Pedro! � É empregado para marcar o fim de uma frase com
entonação exclamativa:
� Serve também para colocar em relevo certas Ex.: Que linda mulher!
expressões, orações ou termos. Pode ser subs- Coitada dessa criança!
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou � Aparece após uma interjeição:
colchetes: Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) � Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada) � É repetido duas ou mais vezes quando se quer
marcar uma ênfase:
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui- Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”. metros em 20 segundos!!!
Parênteses Reticências
� É colocado à direita e no canto superior de uma Embora não existam regras muito definidas sobre
palavra do trecho para se fazer uma citação ou a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
comentário qualquer sobre o termo em uma nota qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
de rodapé: lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- REESCRITA DE FRASES
vo, o que origina um novo substantivo.
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão SUBSTITUIÇÃO, DESLOCAMENTO, PARALELISMO
ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
A substituição pode ser realizada por meio de
tuição a um substantivo próprio:
recursos, como sinônimos, antônimos, locução verbal,
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
voz verbal, conectivos, a troca de verbos por substan-
nhado aos responsáveis.
tivos e vice-versa, entre outros.
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto Sinônimos
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Palavras ou expressões que possuem significados
Ex.: Parecer, do latim *parescere.
iguais ou semelhantes.
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- Ex.:
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
da gramática. z O carro está com algum problema / O automóvel
68 * Edifício elaborou projeto o engenheiro. apresentou defeitos.
Antônimos
Importante!
Palavras que possuem significados diferentes, ou
Identifique a relação de sentido que cada conec-
seja, significados opostos que podem ser usados para
tor indica, pois, ao substituir um conector por
substituir a palavra anterior.
outro que não possui relação semântica, pode
Ex.: ocorrer mudança no sentido do texto.
Ao usar um conectivo para substituir outro, é
z O homem estava nervoso e inquieto / O homem
necessário que ambos estabeleçam o mesmo
não estava calmo.
tipo de relação.
Locução Verbal
A seguir, relembraremos algumas das principais
Em vez de usar a forma única do verbo, é possível
relações que os conectores expressam:
substituir o verbo por uma locução verbal e vice-versa.
Exs.: z Adição: E, também, além disso, mas também;
z Oposição: Mas, porém, contudo, entretanto, no
z Vou solicitar os documentos amanhã / Solicitarei entanto;
os documentos amanhã. z Causa: Por isso, portanto;
z Tempo: Atualmente, nos dias de hoje, na sociedade
Verbo por Substantivo e Vice-versa atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até que;
z Consequência: Logo, consequentemente, por con-
Pode-se usar um substantivo correspondente no sequência;
lugar de um verbo ou vice-versa, desde que isso faça z Confirmação / Reafirmação: Ou seja, nesse sen-
sentido dentro do contexto. tido, nessa perspectiva, em suma, em outras pala-
Exs.: vras, dessa forma;
z Hipótese / Probabilidade: A menos que, mesmo
z Caminhar: caminho; que, supondo que;
z Semelhança: Do mesmo modo, assim como, bem
z Resolver: resolução;
como;
z Trabalhar: trabalho;
z Finalidade: Afim de, para, para que, com a finali-
z Necessitar: necessidade; dade de, com o objetivo de;
z Estudar: estudos; z Exemplificação: Por exemplo, a exemplo de, isto é;
z Beijar: beijo; z Ênfase: Na verdade, efetivamente, certamente,
z O trabalho enobrece o homem / Trabalhar eno- com efeito;
brece o homem. z Dúvida: Talvez, por ventura, provavelmente,
possivelmente;
Voz Verbal z Conclusão: Portanto, logo, enfim, em suma.
É possível mudar a voz verbal sem mudar a men- Dentro de cada um dos grupos de conjunções cita-
dos é possível haver substituição entre as conjunções
sagem do enunciado.
sem que haja prejuízo no entendimento final do tre-
Exs.: cho reescrito.
z Eu fiz todo o trabalho / Todo o trabalho foi feito Deslocamento
por mim.
Deslocamento é um recurso linguístico bastante
Palavra por Locução Correspondente utilizado na atividade de reescrita, que consiste em
mudar de posição determinados elementos de um tex-
Pode-se, na reescrita, trocar uma palavra por locu- to, sem alterar seu sentido.
ção que corresponda a ela, ou vice-versa. Podemos citar como exemplo os períodos a seguir:
Ex.:
z Faleceu, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boechat;
z O jornalista Ricardo Boechat faleceu em São Paulo.
z O amor materno é singular / O amor de mãe é
singular. Para reescrever frases utilizando o deslocamen-
to, é necessário observar se há mudança de sentido
LÍNGUA PORTUGUESA
Conectivos com Mesmo Valor Semântico e se a correção gramatical foi mantida. Do mesmo
modo, para analisar uma questão de reescritura, é
Os conectivos são palavras ou expressões que necessário observar qual elemento foi deslocado e
se esse deslocamento provocou mudança de sentido
têm a função de ligar termos, frases e orações em um
ou inadequação gramatical.
período. Esse papel é desempenhado, principalmente,
É possível deslocar os seguintes termos em uma
pelas preposições, conjunções e advérbios (ou locu- oração:
ções adverbiais), recursos linguísticos responsáveis
por promover relação entre as partes de um texto. z Adjunto Adverbial
Por meio da substituição de conectivos, é possí- Ex.: Participei de todas as aulas da faculdade na
vel modificar e reescrever um trecho sem que haja semana passada. / Na semana passada, partici-
mudança de sentido. pei de todas as aulas da faculdade. 69
Note que o texto, ao ser reescrito, apresenta o mes- Paralelismo
mo sentido do original. No entanto, a fim de preservar
a correção gramatical, foi necessário utilizar a vírgu- Paralelismo é o estudo do uso adequado de estru-
la logo após o trecho deslocado. turas sintáticas e semânticas na língua portuguesa.
Isso se deve à mudança na ordem canônica da lín- Um texto deve ser compreendido como um todo coe-
gua portuguesa, isto é, na ordem natural em que os rente e coeso; dessa forma, as ideias debatidas devem
elementos são apresentados em nosso idioma — sujei- ser apresentadas, relacionando-se entre si e manten-
to, verbo, complementos verbais e adjuntos adver- do a devida correspondência.
biais. Todas as vezes que essa ordenação de elementos Ao organizar as ideias por meio de palavras, as
sofre alterações será preciso operar a vírgula. normas da gramática normativa prescrevem que
No exemplo dado, o uso da vírgula justifica-se pelo devemos coordenar frases que tenham os mesmos
deslocamento do adjunto adverbial na semana pas- tipos de constituintes, assim, correlacionando adje-
sada para o início do período. Portanto, vale a pena tivos com adjetivos; substantivos com substantivos;
frisar a importância das regras de pontuação na ativi- termos preposicionados com termos preposicionados;
dade de reescritura. orações desenvolvidas com orações desenvolvidas etc.
Dessa forma, tornam-se errados os seguintes exem-
z Adjetivo plos, por quebra de paralelismo sintático:
Ex.: Meu novo namorado trabalha com vendas. / “Tenho uma prima inteligente e que tem muito
Meu namorado novo trabalha com vendas. dinheiro.”
“Leio para me informar e porque objetivo me
Na frase original, o adjetivo “novo” está antes do tornar mais inteligente.”
substantivo “namorado” e, na segunda frase, depois
dele. No entanto, é possível perceber que não houve A primeira oração quebra o paralelismo sintático,
mudança de sentido e que a correção gramatical foi pois mistura constituintes diferentes, apresentando um
mantida, já que essa mudança não implica necessida- adjetivo e uma oração adjetiva. Devemos sempre man-
de de vírgula nem provoca erro gramatical. ter a relação de paralelo entre os constituintes, assim, a
Na língua portuguesa, os adjuntos adnominais forma correta é: “Tenho uma prima inteligente e rica.”
(artigos, adjetivos e locuções adjetivas, numerais e A segunda oração quebra o paralelismo pelo mes-
pronomes) estabelecem relação com o núcleo do sujei- mo motivo, pois apresenta constituintes diferentes;
to, que é sempre um substantivo, de modo que sua primeiro, uma oração reduzida seguida de uma ora-
ção desenvolvida. Para manter o paralelismo, deve-
posição não interfere na ordem canônica do idioma,
mos manter um único tipo de oração: “Leio para me
o que justifica a ausência da vírgula no texto reescrito.
informar e para me tornar mais inteligente”.
z Pronome Indefinido z Paralelismo sintático
Ex.: Não quero que alguma situação tire nossa paz. O paralelismo sintático observa as relações entre os
/ Não quero que situação alguma tire nossa paz. constituintes das orações, que devem manter uma estru-
tura semelhante, como vimos nos exemplos anteriores.
Neste caso, não há mudança de sentido e a cor- Os principais elementos coordenativos que estabe-
reção gramatical foi mantida, pois essa mudança não lecem a boa relação de paralelismo são:
implica necessidade de vírgula nem provoca erro
gramatical. Conectivos aditivos: e, nem.
Observe o quadro a seguir para sanar suas dúvidas Ex.: “É necessário que você estude e que estipu-
sobre as diferenças entre os recursos: le um horário de estudos”.
Correlação de valor aditivo: não só/somente;
DIFERENÇAS ENTRE OS RECURSOS mas/como também tanto/quanto.
Ex.: “Não só corrigiu os erros, como também
Deslocamento Substituição
ajudou a todos”.
Substitui determinado termo Correlação de valor alternativo: ou...ou;
Muda um termo de lugar den-
do trecho, mantendo o mes- quer...quer; seja...seja.
tro do próprio enunciado
mo sentido Ex.: “Seja na alegria, seja na tristeza, estarei ao
Antes seu lado”.
Ex.: Dessa forma, todos poderemos ir juntos ao local do evento
Vejamos alguns exemplos de quebra do paralelis-
Depois mo sintático:
Depois
Ex.: Todos poderemos, dessa
Ex.: Assim, todos poderemos “Não gosto de calor nem de que faça frio” (pri-
forma, ir juntos ao local do
ir juntos ao local do evento
evento meiro objeto indireto é um substantivo, segun-
do uma oração);
“João enriqueceu com investimentos arrisca-
Este tema da reescrita de textos pode ser aplicado dos, isto é, negociando day trade. (o comple-
tanto a questões de concursos quanto à produção de mento de enriquecer é uma expressão nominal,
redações e textos diversos. logo, a explicação após a partícula expletiva,
Nas questões, é necessário analisar as opções deve ser da mesma natureza);
dadas para encontrar aquela na qual a escrita esteja “Não só corrigiu os erros e ajudou a todos” (a
gramaticalmente correta e o sentido original do tex- correlação não só estabelece que o complemen-
to esteja presente, sem mudanças na compreensão. to seja mas/como também);
Já nas redações, a reescrita é essencial para corri- “Lamentei não ter feito nada pelo cãozinho e
gir erros e escrever de forma mais clara. Ela auxilia, que ele saísse tão humilhado” (mistura de ora-
também, para poder utilizar o texto-base como sub- ções reduzida e desenvolvida);
sídio para a escrita, fazendo modificações de alguns “Aspirei e gostei do ar” (o verbo aspirar é regido
70 trechos e adaptando-os para a sua escrita. pela preposição “a”, diferente do verbo gostar).
z Paralelismo semântico
HORA DE PRATICAR!
Assim como o paralelismo deve ser mantido entre
termos equivalentes, ele deve também ser observado 1. (FGV —2019) “Causam menos dano cem delinquen-
entre as ideias do texto, a fim de garantir a coerência tes do que um mau juiz”; no caso dessa frase, o
global do conteúdo. vocábulo MAU está corretamente grafado; a frase
Para cumprir com a organização das ideias tex- abaixo em que esse mesmo vocábulo deveria ser gra-
tuais, o conteúdo deve ser apresentado de forma fado com a forma mal é:
coerente; nesse aspecto, o paralelismo tem função
primordial. a) Mau é o juiz, se má é a sentença;
Ex.: Encontrei duas pessoas na rua: uma era sua b) O castigo é mau, se não é justo;
irmã, a outra estava de muletas. c) O crime é sempre mau feito;
A frase acima desrespeita o paralelismo, pois não d) Todos devem combater o mau juiz;
se direciona o enunciado para saber sobre o estado e) Nem sempre um mau homem é um mau jurado.
físico das pessoas encontradas na rua, mas sim sobre
possíveis parentescos entre elas e o falante. 2. (FGV — 2021) “É minha opinião que não se deve dizer
Para que as frases apresentem uma boa estrutura mal de ninguém, e ainda menos da polícia. A polícia é
paralela, é preciso buscar uma coordenação entre as uma instituição necessária à ordem e à vida da cida-
ideias defendidas no texto. de.” (Machado de Assis, A Semana – 1871)
A seguir, apresentamos algumas estruturas com o Ao redigirmos um texto devemos ter cuidado com a
paralelismo semântico prejudicado e algumas suges- grafia das palavras empregadas; no caso do pensa-
tões de correção. mento de Machado, há o emprego graficamente cor-
reto da palavra mal.
O coronel da polícia militar fez duas operações: A frase abaixo em que o emprego da mesma palavra
a primeira no Morro do sacramento, a segunda está incorreto é:
no pulmão. (errado)
Motivo: As ideias não mantêm relação de coor- a) O mal é combatido pela polícia;
denação. O correto seria relacionar dois locais b) O mal-educado nunca é bem-vindo;
ou dois órgãos. c) Desrespeitar as leis é um mal hábito;
O coronel da polícia militar fez uma operação d) Mal chegou a polícia, todos se retiraram;
no Morro do sacramento, posteriormente, pas- e) Não há mal que sempre dure.
sou por uma cirurgia no pulmão. (correto)
Maciel tem um carro a diesel e outro importa- 3. (FGV — 2021)
do. (errado)
Motivo: Não podemos relacionar a origem do ATENÇÃO: A QUESTÃO DEVE SER RESPONDIDA A
carro e o tipo de combustível. PARTIR DO TEXTO III.
Maciel tem um carro movido a diesel, ele pos-
sui um outro carro, importado. (correto) TEXTO III
A norma padrão diz respeito às regras organizadas Agora, na mesma rua, germinava outro cortiço ali
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras perto, o “Cabeça-de-Gato”. Figurava como seu dono
LÍNGUA PORTUGUESA
e preceitos que devem ser respeitados na utilização um português que também tinha venda, mas o legíti-
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs- mo proprietário era um abastado conselheiro, homem
trato, tendo em vista que também considera fatores de gravata lavada(b), a quem não convinha, por deco-
sociais, como a norma culta. ro social, aparecer em semelhante gênero de especu-
lações(d). E João Romão, estalando de raiva, viu que
Língua Formal aquela nova república da miséria prometia ir adiante
e ameaçava fazerlhe à sua perigosa concorrência.
A língua formal não está, diretamente, associada Pôs-se logo em campo, disposto à luta, e começou
a padrões sociais; embora saibamos que a influência a perseguir o rival por todos os modos, peitando fis-
social exerce grande poder na língua, a língua formal cais e guardas municipais, para que o não deixassem
busca formalizar em regras e padrões as suas normas respirar um instante com multas e exigências vexató-
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre rias; enquanto pela sorrelfa* plantava no espírito dos
a linguagem. seus inquilinos um verdadeiro ódio de partido, que os 71
incompatibilizava com a gente do “Cabeça- de-Ga- 5. (FGV — 2019) O vocábulo “maior” se refere prioritaria-
to(e)”. Aquele que não estivesse disposto a isso ia mente a realidades que tenham uma extensão física;
direitinho para a rua, “que ali se não admitiam meias nesse caso, a frase abaixo em que esse vocábulo foi
medidas a tal respeito! Ah! ou bem peixe ou bem car- bem empregado é:
ne! Nada de embrulho!”.
a) Para maiores informações, leia o Código Penal;
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço, 1890. Disponível em: http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em b) Um dos maiores freios aos delitos não é a crueldade
27 jul. 2020. das penas;
c) Não é a intensidade da pena, mas sua extensão, que
* sorrelfa: dissimulação silenciosa para enganar ou traz os maiores resultados;
iludir. d) A maior punição de um crime não provém da lei;
Assinale a opção que apresenta, em destaque, um e) Já está lotada a maior prisão do país.
vocábulo formado por derivação imprópria e outro
formado por derivação prefixal, respectivamente. 6. (FGV — 2021) “Não sei ver nada do que vejo; vejo bem
a) À proporção que alguns locatários abandonavam a apenas o que relembro.”
estalagem (…) A mesma relação entre as formas verbais sublinhadas
b) (…) mas o legítimo proprietário era um abastado con- se repete de forma correta em
selheiro, homem de gravata lavada (…)
c) (…) a casa que Dona Isabel esvaziou poucos dias a) fazer / faço.
depois do casamento de Pombinha. b) prover / provo.
d) (…) a quem não convinha, por decoro social, aparecer c) comprar / comprei.
em semelhante gênero de especulações. d) trazer / trazia.
e) (…) um verdadeiro ódio de partido, que os incompati- e) dizer / diz.
bilizava com a gente do “Cabeça-de-Gato”.
7. (FGV — 2019)
4. (FGV — 2021)
Ao notar a falta do boi, o fazendeiro pede para que As preposições, em língua portuguesa, ora são empre-
todos os empregados saiam em busca dele. gadas por uma exigência gramatical de um termo
Eles encontram o boi quase morto, mas com a ajuda de anterior, ora por necessidades semânticas, não sendo
um curandeiro ele se recupera. Noutras versões, o boi já de emprego obrigatório.
está morto e com o auxílio de um pajé, ele ressuscita.
No texto, o único exemplo de emprego obrigatório, exi-
A lenda, dessa maneira, está associada ao conceito
gido gramaticalmente, é:
de milagre do catolicismo ao trazer de volta o animal.
Ao mesmo tempo, mostra a presença de elementos
indígenas e africanos, tal como a cura pelo pajé ou a) “boa tradição da arquitetura portuguesa”;
curandeiro e a ressurreição. b) “ De Portugal, desde o descobrimento do Brasil”;
c) “fundamentos típicos da arquitetura colonial”;
A festa do Bumba meu boi é celebrada para comemo- d) “transplantação integral de gosto”;
rar esse milagre.” e) “uma feição um tanto diferente da arquitetura genuina-
“Empenhado em satisfazer a vontade de Catirina, Chi- mente portuguesa”.
co mata um dos bois do rebanho, que, no entanto, era
um dos preferidos do fazendeiro.” 8. (FGV — 2019)
Nesse segmento do texto 5 há uma relação vocabular
“O universo não é hostil nem amigável.
correta, ao escrever-se “um dos bois do rebanho”, já
É simplesmente indiferente.”
que “rebanho” é o vocábulo coletivo adequado para
“boi”. A opção abaixo em que o emprego do coletivo é
INADEQUADO é: As palavras sublinhadas exemplificam
11. (FGV — 2019) Na tentativa de dar concisão, muitas 13. (FGV — 2021) “É minha opinião que não se deve dizer
orações adjetivas podem ser substituídas por adje- mal de ninguém, e ainda menos da polícia. A polícia é
tivos; a opção abaixo em que essa substituição foi uma instituição necessária à ordem e à vida da cida-
corretamente realizada é: de.” (Machado de Assis, A Semana – 1871)
Nesse texto, Machado emprega corretamente o acen-
a) Não há bem que sempre dure / efêmero; to grave indicativo da crase; a frase abaixo em que
b) Nem tudo que reluz é ouro / iluminado; esse mesmo acento está empregado de forma ade-
c) Fatos que se repetem são cansativos / frequentes; quada é:
d) Sentimentos que duram pouco trazem dor / passageiros;
e) Muitas moedas que são guardadas perdem valor / a) Os clientes pagaram a compra à crédito;
resguardadas. b) A ordem é necessária à todo grupo social;
c) Ninguém abandonou o local à correr;
12. (FGV — 2021) d) O motorista deu à documentação ao policial;
e) Todos os policiais saíram à mesma hora.
Texto 1
14. (FGV — 2020) Atribuições do oficial de justiça: “Cum-
“A instituição policial brasileira, segundo documenta- prir mandados judiciais; preparar salas com livros e
ção existente no Museu Nacional do Rio de Janeiro, materiais necessários ao funcionamento das sessões
data de 1530, quando da chegada de Martim Afonso de julgamento; buscar, na Secretaria e nos Gabine-
de Sousa enviado ao Brasil – Colônia por D. João III. A tes, os processos de cada Relator, separando-os
pesquisa histórica revela que no dia 20 de novembro e ordenando-os, colhendo assinaturas, quando for
de 1530, a polícia brasileira iniciava as suas ações, o caso; atender e dar informações aos advogados,
promovendo justiça e organizando os serviços de partes e estagiários presentes na sessão, anotando
ordem pública, como melhor entendesse nas terras os pedidos de preferência pela ordem de chegada dos
conquistadas do Brasil. A partir de então a institui- interessados; auxiliar na manutenção da ordem e efe-
LÍNGUA PORTUGUESA
ção policial brasileira passou por seguidas reformula- tuar prisões, quando determinado; auxiliar o Secretá-
ções nos anos de 1534, 1538, 1557, 1565, 1566, 1603, rio de Câmara, quando solicitado o auxílio; cumprir as
e, assim, sucessivamente. Somente em 1808, com demais atribuições previstas em lei ou regulamento”.
a chegada do príncipe Dom João ao Brasil, a polícia Em cada opção a seguir foi destacado um substantivo
começou a ser estruturada, comandada por um dele- do texto acima; a opção em que o adjetivo referente
gado e composta por escrivães e agentes.” ao substantivo destacado está incorreto é:
TEXTO II
Ao longo do Texto II, encontram-se as seguintes figu- “Nunca serei juiz. Neste grande vale onde a espécie
ras de linguagem: humana nasce, vive, morre, se reproduz, se cansa, e
depois volta a morrer, sem saber como nem por quê,
a) onomatopeia e prosopopeia. distingo apenas felizardos e desventurados”.
b) antítese e comparação.
c) metáfora e eufemismo. Nessa frase do escritor italiano Ugo Foscolo, a função
d) catacrese e ironia. do segundo período é:
e) sinestesia e hipérbole.
a) contradizer o primeiro;
16. (FGV — 2021) b) explicar melhor o que é dito antes de forma vaga;
c) repetir o mesmo pensamento já dito;
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver pros- d) justificar a declaração anterior;
perar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de e) argumentar contra o primeiro período.
tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos
maus, // o homem chega a desanimar da virtude, a rir- 19. (FGV — 2021) A frase abaixo que não se refere a uma
-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.“ — Ruy outra frase bastante conhecida (intertextualidade) é:
Barbosa, político, escritor e jurista brasileiro (1849
– 1923). a) “A justiça tarda, mas não chega”;
b) “Depois da impunidade vem a bonança”;
Fonte: https://citacoes.in/citacoes-de-justica/?page=2 c) “Assim tropeça a humanidade”;
d) “Não existe o herói sem a plateia”;
Esse famoso texto de Ruy Barbosa pode ser segmen- e) “Saio da História para cair na vida”.
tado em duas partes, como indicam as duas barras
inclinadas. 20. (FGV — 2021) “O pessimismo, depois que você se acos-
Sobre essa segmentação, é correto afirmar que: tuma com ele, é tão agradável quanto o otimismo.”
Assinale a opção que mostra a maneira de reescrever
a) enquanto o primeiro segmento mostra aspectos nega- essa frase que modifica o seu sentido original.
tivos, o segundo segmento mostra aspectos positivos
opostos; a) O pessimismo, após acostumar-se com ele, é tão
b) o primeiro segmento mostra a situação política cau- agradável quanto o otimismo.
sada pelas atitudes do homem citadas no segundo b) Tão agradável quanto o otimismo é o pessimismo,
segmento; após acostumar-se com ele.
c) o segundo segmento indica as consequências negati- c) O pessimismo é tão agradável quanto o otimismo,
vas das causas citadas no primeiro segmento; depois que você se acostuma com ele.
d) o primeiro segmento apresenta várias explicações d) O pessimismo é tão agradável quanto o otimismo,
para os fatos citados no segundo segmento; desde que você se acostume com ele.
e) o segundo segmento enumera conclusões retiradas e) Depois que você se acostuma com o pessimismo, ele
74 dos pensamentos expressos no primeiro segmento. é tão agradável quanto o otimismo.
9 GABARITO
1 C
2 C
3 E
4 E
5 E
6 A
7 D
8 A
9 E
10 D
11 D
12 A
13 E
14 C
15 A
16 C
17 B
18 D
19 D
20 D
ANOTAÇÕES
LÍNGUA PORTUGUESA
75
ANOTAÇÕES
76
Em concursos públicos de cargos relacionados com
educação, é comum encontrar questões que tratam
deste aspecto histórico do computador e o seu impac-
to na sociedade. A maioria dos concursos de nível
BÁSICOS DE
lhes técnicos e aplicações das diferentes arquiteturas
computacionais.
Os equipamentos computacionais são apresentados
INFORMÁTICA em diferentes construções, como desktop, notebook,
tablet e smartphone, porém mantendo os princípios de
funcionamento fundamentais.
QUINTA
PRIMEIRA GE- SEGUNDA GE- TERCEIRA GE- QUARTA GE-
GERAÇÃO
RAÇÃO (1940 RAÇÃO (1956 RAÇÃO (1964 RAÇÃO (1971
(1985-ATUAL-
- 1956) - 1963) - 1971) - 1985)
MENTE)
Transistores são
Transistores
Utilizavam válvu- miniaturizados Surgem os
substituem as
Construção las para realizar e agrupados em microprocessa- Redes e Internet
válvulas nos
computação Circuitos Integra- dores
circuitos
dos (CIs)
Utilizavam car-
Mainframe da
Tambores mag- tões perfurados Magnético e
UFPB usou car- Eletrônico e
Armazenamento néticos para para entrada de ótico, sequencial
tão perfurado até remoto
memória dados e impres- e aleatório
1987
soras para saída
Preço do compu-
Utilizados tador despenca
Automatização Inteligência
Aplicação apenas para Computação em-
de processos artificial
cálculos barcada (carros,
mísseis etc.)
Programados
Surgem os
em linguagem Programação em Softwares de
Programação Sistemas App’s pessoais
de máquina, em Assembly alto nível
Operacionais
binário
Primeiras lingua-
gens de alto nível
Programação Instaladas e
Linguagens surgem: Fortran Nanotecnologia
gráfica remotas
(56), Cobol (59) e
Algol(58)
78
QUINTA
PRIMEIRA GE- SEGUNDA GE- TERCEIRA GE- QUARTA GE-
GERAÇÃO
RAÇÃO (1940 RAÇÃO (1956 RAÇÃO (1964 RAÇÃO (1971
(1985-ATUAL-
- 1956) - 1963) - 1971) - 1985)
MENTE)
ENIAC, EDVAC,
MIT TX0, PDP-1 e IBM/360, Guia da Apple II, IBM-PC, Internet das
Exemplos UNIVAC e
IBM 1401 Apolo 11 Z-80, Xerox Alto coisas
Colossus
QUINTA
QUARTA GE-
PRIMEIRA GERA- SEGUNDA GERAÇÃO TERCEIRA GERAÇÃO GERAÇÃO
RAÇÃO (1971
ÇÃO (1940 - 1956) (1956 - 1963) (1964 - 1971) (1985-ATUAL-
- 1985)
MENTE)
Utilizavam válvulas
Tecnologia dos Utilizavam Circuitos Integrados (de dezenas a centenas de mi-
(muita energia e Utilizavam transistores
Circuitos lhões de transistores num chip)
calor)
Tambores magnéti-
Núcleos magnéticos
Memória cos e linhas de retar- Circuitos integrados de memória volátil
de ferrite
do de mercúrio
Linguagem de
máquina direto na Linguagem de monta-
Forma de
CPU (sem programa gem (Assembly), For- Linguagens de alto nível de vários estilos
Programar
armazenado em tran e Cobol
memória)
SOs multiusuário,
Não havia, o progra- SOs em mainframes per- SOs monou- multitarefa com
Sistema ma em execução Apenas um programa mitiam vários programas suário (DOS, interface gráfica
Operacional tinha domínio total executava por vez executando simultanea- Windows) e em PCs (Linux,
do hardware mente a CPU monotarefa Windows 95, Mac
OS etc)
Diversos outros
dispositivos mul-
timídia (caixa de
Periféricos de Cartões perfurados para entrada som, mouse, tela
Teclado e Monitor, depois mouse
E/S Impressora para saída dos resultados touch)
Integração com
outros dispositi-
vos de E/S
Centenas de milhares Dezenas de milhares de Milhares de Centenas de
Atualmente, estamos utilizando equipamentos de 5ª geração, com foco em mobilidade e destaque para as
câmeras dos smartphones, cada vez mais potentes.
Você saberia dizer o que é que todas estas gerações possuem em comum? Elas seguem a arquitetura de von
Neumann, que se caracteriza por um dispositivo que armazena no mesmo espaço de memória os programas e
os dados. Seja um desktop no escritório da empresa ou o smartphone do funcionário da empresa, passando pelo
notebook do aluno na escola on-line ou pelo tablet de coleta de dados do censo do IBGE, todos eles seguem a arqui-
tetura de von Neumann.
Ela utiliza bits com valores declarados de 0 ou 1.
Uma nova tendência, que vem de encontro à inteligência artificial, são os computadores quânticos, que assu-
mem valores além dos bits 0 e 1.
Os computadores quânticos estão sendo desenvolvidos para executarem cálculos por meio da superposição e
interferência, que são propriedades da mecânica quântica. Enquanto o computador convencional da arquitetura
de von Neumann tem os valores de bits definidos como zero ou um, nos computadores quânticos a medida é o
qubit que poderá assumir vários valores de zero ou vários valores de um, acelerando exponencialmente a velo-
cidade de processamento. 79
Unidade Central de Processamento
Dados e
instruções
Registradores
Contador de
programa
Memória
Principal
Computador Desktop
Com componentes internos (instalados na unidade de sistema) e componentes externos (periféricos), os com-
putadores desktop evoluíram em capacidade de processamento, memória, armazenamento e recursos.
Os anúncios de computadores costumam seguir uma padronização de informações: processador, memória
principal (RAM) e memória de armazenamento de massa (HD ou SSD).
Algumas bancas organizadoras de concursos costumam pedir a identificação de um dos componentes listados
no anúncio.
“Computador Intel Core I5 8GB 240GB SSD” indica um computador com processador “Intel Core i5”, que possui
8GB de memória RAM, com 240GB de armazenamento de massa no modelo SSD (Solid State Disk).
“Computador ICC IV2361KM19 Intel Core I3 3.20 GHz 6GB HD 500GB” indica um computador com processador
Intel Core i3 de 3,20 GHz de velocidade máxima (sem overclock), 6 GB de memória RAM e disco rígido com 500GB
80 de capacidade.
Notebook
Com alto nível de integração dos componentes, um notebook reúne em um conjunto fabril os componentes de
entrada de dados (teclado e touch pad) com a tela de saída de dados, que também poderá ser do tipo touchscreen.
Possui bateria para garantir mobilidade, além de recursos de conectividade para qualquer tipo de trabalho,
seja estudantil, corporativo ou para lazer.
As unidades de disco óptico (CD, DVD, BD) caíram em desuso por causa do armazenamento removível via USB
(pendrives), que, por sua vez, caíram em desuso por causa do armazenamento de dados na nuvem. Entretanto,
mesmo sendo consideradas tecnologias ultrapassadas para os dias de hoje, continuam sendo questionadas em
provas de concursos.
Tablets e Smartphones
Os tablets são computadores completos, com recursos específicos (conexão 3G, expansão de memória com
memory card), teclado virtual, câmera fotográfica, câmera de vídeo conferência, sensor de luminosidade etc.
A Apple tem o seu próprio modelo iPad, a Samsung tem a linha Galaxy Tab e Galaxy Note, a Acer tem o Iconia,
a Lenovo tem o Yoga Tablet, e os demais fabricantes também oferecem suas opções.
Os smartphones, em relação aos computadores desktop, apresentam a vantagem da conectividade móvel para
acesso às redes de telefonia.
Os modelos portáteis, por causa da constante e frenética atualização de recursos, não costumam ser questio-
nados em provas de concursos. Sobre os dispositivos portáteis, os aplicativos e sistemas operacionais são mais
questionados.
COMPONENTE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
INTERNO
Cérebro do computador, composto de 3 unidades: Unidade
Principal item do computador. Ins-
Processador lógica e aritmética1, a unidade de controle2 e a unidade de
talado na placa mãe.
registradores3.
Cache L2 Memória rápida nível 2 (level 2). Na borda do processador, próximo à memória RAM4.
Processador
Memória RAM
Unidade de Registradores
Cache L1
Unidade
Unidade de Cache L2 Discos de
Lógico
Controle armazenamento
Aritmética
Cache L3
Memória RAM
Processador
chipset
Northbridge
Memória ROM
BIOS
Chipset
Southbridge
Responsável por construir as imagens. Poderá VGA, SVGA, XGA, conector DB15, via PCI/AGP
Placa de vídeo
ser onboard ou off-board são os padrões antigos
Responsável por construir as imagens. Possui As aceleradores de vídeo oferecem HDMI, DVI e
Aceleradora de vídeo mais memória e é mais rápida que a placa de RCA como conexão
vídeo padrão HDMI vídeo/áudio e S/PDIF para áudio
Em breve a tecnologia 5G será a opção para a comunicação móvel em nosso país, substituindo a tecnologia 4G.
Os periféricos de entrada e saída de dados, com interação direta do usuário, são os mais conhecidos e mais
questionados em provas.
COMPONENTE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
EXTERNO
CRT (tubo), LCD, LED, Plasma. Podem utili-
Responsável por exibir as imagens. É um perifé-
Monitor de vídeo zar conexões DB15 (VGA) até HDMI (mais
rico de saída de dados
moderna)
Responsável por exibir as imagens e receber a
Monitor de vídeo CRT (tubo), LCD, LED, Plasma
entrada de dados. É um periférico misto, de en-
touchscreen Tela capacitiva7 ou resistiva8
trada e saída de dados
Teclado Principal periférico de entrada de dados Layout ABNT2 via conexão USB ou Bluetooth
Dispositivo apontador, também para entrada de Conexão Serial via USB ou Bluetooth
Mouse
dados Existem modelos óticos, sem fio (wireless)
Matricial (impacto), jato de tinta, laser (toner), Conexão LPT (paralela), COM (serial), USB,
Impressora
cera ou térmica. Periférico de saída de dados RJ-45, wireless9 (Wi-Fi10)
Para digitalização de imagens. Periférico de en- COM (serial), USB
Scanner
trada de dados Reconhece textos com filtro OCR
Saiba:
As impressoras possuem diferentes modelos de impressão de acordo com a tecnologia utilizada. Confira no
capítulo sobre Dispositivos de Entrada e Saída detalhes sobre cada um dos modelos de impressoras disponíveis
no mercado.
Conforme estudado em Arquitetura de Computadores, o modelo von Neumann indica que o computador
moderno utiliza o armazenamento para guardar os programas (instruções) e os dados. Vejamos algumas formas
de armazenamento permanente de dados.
6 – USB – Universal Serial Bus – Barramento serial universal. Padrão atual de conexões para periféricos.
7 – A tela capacitiva, utilizada no iPhone e iPad, por exemplo, uma película é alimentada por uma tensão, e reage com a energia presente no
corpo humano, e a troca de elétrons produz um distúrbio de capacitância no local, sendo rápida e corretamente identificado. Tecnologia mais
cara e difícil de ser construído, presente em modelos topo de linha.
8 – A tela resistiva, presente em modelos de baixo custo de celulares, smartphones e tablets, com precisão em torno de 85%, resiste melhor
a quedas e variações de temperatura, necessitam de contato físico para determinar a posição do toque, ao coincidir os pontos de diferentes
camadas sobrepostas.
9 – Wireless – toda conexão sem fio é uma conexão wireless, incluindo o Wi-Fi, infravermelho, rádio, via satélite etc.
10 – Wi-Fi – Wireless Fidelity – conexão confiável sem fios. 83
COMPONENTE DE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
ARMAZENAMENTO
Memória secundária de armazenamento IDE, SATA, USB
Disco rígido
magnético11 Permanente, não-volátil, “unidade C:”, hard disk (HD)
SATA II, USB
Memória secundária de armazenamento me-
Disco rígido Permanente, não-volátil, “unidade C:”, SSD (Solid State
mória flash12
Disk)
Memória ‘terciária’, destinada a backup (có- IDE, SATA, USB
Disco óptico
pia de segurança. CD, DVD, BD
Conexão USB é expansível por hub USB para até 127
Memória portátil, e os pendrives são memória
Discos removíveis conexões
flash com conexão USB
Pen-drive, cartão de memória, HD externo
O fornecimento de energia para o dispositivo computacional precisa ser contínuo e estável. Quando o dis-
positivo não possui bateria própria, alguns equipamentos externos de apoio são altamente recomendados na
instalação.
COMPONENTE EXTERNO
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
DE APOIO
Recebe corrente alternada, entrega corrente estabilizada.
Usa baterias que alimentarão o dispositivo por um período
No-break Fornece energia em caso de falha da rede
de tempo suficiente para encerrar os processos abertos
com segurança
Elimina picos de tensão da rede elétrica. Estabiliza a cor-
Estabilizador Estabiliza o sinal elétrico
rente elétrica
‘Limpa o sinal elétrico’;
Filtro de linha Elimina ruídos da rede elétrica Ruídos são interferências, como motores e campos
magnéticos
Importante!
Os dispositivos de apoio já foram questionados no passado. Atualmente não têm aparecido em provas
de concursos, mas fica a recomendação: tenha pelo menos um filtro de linha para ligar o seu dispositivo
computacional.
De acordo com a arquitetura de von Neumann, os dados e programas estão armazenados na memória. Eles
são acessados pelo barramento, que localiza a informação no endereço de memória informado, e entrega para o
processador realizar o processamento.
Tanto o armazenamento de dados como a transferência de informações são medidas com siglas que identifi-
cam a quantidade de informação.
O bit é o sinal elétrico que armazena uma informação, com valor 0 ou 1. O conjunto de 8 bits forma um dado,
que é um byte.
Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
(GB) trilhão
Megabyte
(MB) bilhão
Kilobyte
(KB) mil milhão
Byte (B)
11 – Existem modelos de disco rígido sem disco, como os SSD (Solid State Drive), que é uma memória flash, armazenamento eletrônico.
12 – A memória flash permite que a troca de informação seja mais rápida, e quando o dispositivo é desligado, poderá voltar rapidamente onde
84 estava antes.
1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que vale
zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para representação de informações.
Portanto, quando um arquivo tem 15 KB, ele possui 15.000 bytes (de forma genérica) ou exatos 15.360 bytes.
Qual é a diferença?
O bit representa dois possíveis valores. Desta forma, os valores do sistema binário são em base 2.
Quando dizemos 1000 bytes, na verdade são 1024 bytes (2 elevado a 10).
Um quilobyte (1KB) é exatamente 1024 bytes.
Um megabyte (1MB) é exatamente 1.048.576 bytes (2 elevado a 20).
Um gigabyte (1GB) é exatamente 1.073.741.824 bytes (2 elevado a 30).
Um terabyte (1TB) é exatamente 1.099.511.627.776 bytes (2 elevado a 40).
E assim por diante.
Algumas bancas organizadoras de concursos pedem o valor exato, que será calculado multiplicando ou divi-
dindo por 1.024.
A conversão de medidas dentro do sistema internacional é simples e fácil, bastando dividir para ‘subir’ na
escala ou multiplicar para ‘descer’ na escala.
Se a sua conexão Wi-Fi opera em 150 ‘megas’, são 150 Mbps (megabits por segundo). Um modem para trans-
missão e recepção de dados pela linha telefônica convencional nos anos 90, operava em 56.6 Kbps (kilobits por
segundo). A porta USB 2.0 tem taxa de transmissão de 480 Mbps (megabits por segundo) e o USB 3.0 opera em 5
Gbps (gigabits por segundo).
Da mesma forma que na convenção do armazenamento de dados, as medidas de velocidades são múltiplas de
1024 (ou divisores de 1024 para ‘subir’ na escala).
Software
13 – ROM-BIOS – Read Only Memory – Basic Input Output System – sistema básico de entrada e saída, armazenado em uma memória somente leitura.
14 – POST – Power On Self Test – auto teste no momento em que for ligado.
15 – Trilha zero – primeira trilha do disco de inicialização. Toda numeração em computação inicia em zero.
16 – Drivers – arquivos do sistema operacional responsáveis pela comunicação com o hardware.
17 – Kernel – núcleo do sistema operacional com as rotinas para execução dos aplicativos.
18 – Graphics User Interface – Interface gráfica do usuário 85
SOFTWARE ONDE QUANDO
Após o carregamento do sistema operacional,
uma SHELL é exibida (interface). Os aplicativos
poderão ser executados, como editores de tex-
Aplicativos No computador.
tos, planilhas de cálculos, ferramentas de siste-
ma, além de programas desenvolvidos em uma
linguagem de programação.
Existem aplicativos pagos (proprietários, como o Microsoft Office), gratuitos (open source, ou de código aberto,
como o Mozilla Firefox), alpha (aplicação para testes da equipe de desenvolvimento), beta (aplicações de teste
distribuídas para beta-testers), freewares (gratuitos, porém de código fechado), sharewares (proprietários, que
poderá ser trial ou demo), trial (shareware, recursos completos por tempo limitado para avaliação), demo (sha-
reware, com recursos limitados por tempo indeterminado), e adwares (gratuitos, com propagandas obrigatórias
exibidas durante o uso).
Os softwares de inicialização são pouco questionados em provas. Já Sistemas Operacionais (software básico) e
Aplicativos, estes possuem editais totalmente dedicados a estes temas.
Os softwares instalados no computador, podem ser classificados de formas diferentes, de acordo com o ponto
de vista e sua utilização.
Vamos conhecer algumas delas.
No software básico, o sistema operacional, contém divisões para os arquivos componentes do sistema, como:
Os aplicativos são geralmente identificados pela característica de produzir arquivos para o usuário, como o
Microsoft Word, que produz documentos de textos com formatação no formato DOCX.
z Dispositivos de caractere - sua comunicação é feita por meio do envio e recebimento de um fluxo de carac-
teres. As operações não são bufferizadas, porque são enviadas em sequência, em fluxo. Impressoras e mouses
são exemplos de dispositivos com esta característica de comunicação;
z Dispositivos de bloco - modo de transmissão dos dados, que é feita na forma de blocos. As operações são buf-
ferizadas, para otimizar o desempenho, como nas unidades de armazenamento e conexões com redes.
O protocolo TCP/IP, que será estudado na parte de Redes de Computadores, utiliza o envio e recebimento de
dados em pacotes, que são blocos de informações enviados e recebidos por meio de um dispositivo como o modem
ou a placa de rede.
A comunicação dentro do computador, da CPU para os periféricos, e dos dispositivos com outros dispositivos
nas redes, é realizada por meio de padrões. No computador, o gerador de clock cuida da comunicação entre os
componentes internos e os protocolos de comunicação cuidam da comunicação com os dispositivos externos.
Um dos principais periféricos do computador é a impressora, que possui diferentes configurações de hardware
e software.
Importante!
Depois dos processadores, as impressoras são um dos itens de hardware mais questionados em provas de
concursos.
z Impressora padrão – quando um sistema operacional possui diversas impressoras instaladas, a impressora prefe-
88 rencial é conhecida como impressora padrão, e é a primeira na lista da caixa de diálogo Imprimir dos aplicativos;
z Impressora compartilhada – quando uma Disco Rígido
impressora está instalada em um único local, e está
compartilhada, poderá ser instalada nos demais O disco rígido é uma mídia de armazenamento de
computadores da rede de computadores. No Windo- dados magnética, que se popularizou nos anos 90 por
ws 7 aparecerá com o símbolo de grupo (usuários). sua capacidade e velocidade de acesso aos dados. Os
Nas outras versões de Windows, aparecerá com primeiros modelos populares não ofereciam contro-
uma mão sobre o dispositivo compartilhado. No le de erros e, caso ocorressem problemas na mídia,
Linux é com uma conexão BNC (cabo coaxial) abai- alguns softwares específicos seriam executados para
xo do ícone. Opcionalmente, ela será instalada no
o isolamento dos problemas.
servidor da rede de computadores, e acessada por
todos os computadores daquela rede diretamente; O disco rígido “clássico” possui um ou mais discos
z Impressora local – Impressora que está conec- metálicos com superfície magnetizável, que giram em
tada e instalada em um computador, que poderá velocidades de 5.400 rpm (rotações por minuto) em
ser compartilhada em rede caso seja configurada. torno de um eixo central. Os braços de leitura e gra-
A conexão poderá ser LPT (paralela), COM (serial), vação são posicionados acima da superfície do disco,
USB (atual e popular), Wi-Fi (sem fio), Bluetooth efetuando a coleta dos bits registrados ou gravando
(curto alcance); novas informações a cada giro do disco.
z Impressora de rede – impressora com conexão Os braços de leitura e gravação possuem atuadores
RJ-45 ou Wi-Fi que pode ser conectada diretamen-
que identificam a posição na qual a informação está ou
te ao hub ou switch da rede, sendo compartilhada
deverá ser gravada, girando os respectivos discos (ou
entre todos os computadores daquela rede;
z Impressora remota – É a impressora de rede que pratos) para o correto posicionamento. Quando posi-
não está instalada localmente. cionado no local correto, a cabeça de gravação trans-
fere as informações que precisam ser armazenadas, as
DISPOSITIVOS DE ARMAZENAGEM DE DADOS; quais permanecerão disponíveis por um bom tempo,
PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS mesmo sem o fornecimento de energia, tornando o
Fita disco rígido uma forma de armazenamento de dados
permanente por não ser volátil, como a memória RAM.
A fita de armazenamento de dados (ou, atualmen-
te, Fita DAT – Digital Audio Tape) é uma forma de
armazenamento magnético sequencial, que grava os
dados em uma mídia inserida em um leitor/gravador.
Muito usada no passado, em servidores de dados,
devido a sua alta capacidade de armazenamento de
dados e velocidade de leitura/gravação, atualmente
está obsoleta. Os servidores com discos rígidos ofere-
cem maior proteção às mídias de armazenamento se
comparados com as fitas magnéticas removíveis.
As fitas de armazenamento de dados, assim como
as fitas cassetes de áudio, populares nos anos 70 e 80,
demandam manutenção constante das mídias e de
seus leitores. Por serem cobertas por um composto
magnético, as cabeças de leitura e gravação tendem Figura 5 – Disco Rígido (sem a proteção externa).
a “sujar” com resíduos deste composto, prejudicando Fonte: Overbr. Disponível em <https://overbr.com.br > Acesso: 26
as novas leituras/gravações se os cabeçotes não forem mar. 2021.
COMPONENTE DE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
ARMAZENAMENTO
IDE, SATA, USB
Memória se-
Permanente,
cundária de
Disco rígido não-volátil, “uni-
armazenamen-
dade C:”, hard
to magnético19.
disk (HD).
SATA II, USB
Memória se-
Permanente,
cundária de
não-volátil,
Disco rígido armazenamen-
“unidade C:”,
to memória
SSD (Solid State
flash20.
Disk).
O CD veio para substituir as fitas cassetes de áudio e os discos de vinil, com a gravação digital do áudio em uma
mídia durável de alta qualidade. Com capacidade de 700 MB e algumas características de construção específicas, rapi-
damente se tornaram o padrão para distribuição de instaladores de softwares, substituindo inúmeros disquetes.
Os drives leitores de CD do final dos anos 90 eram substituídos por drives gravadores de CD, permitindo a gravação
de áudio digital e arquivos em computadores domésticos equipados com o “kit multimídia”.
Unidades 12x, 24x, 48x e 52x se popularizaram, indicando, com os números, a velocidade de rotação do disco e,
consequentemente, maior velocidade de leitura/gravação em relação aos outros modelos semelhantes.
TIPO USO
O DVD foi desenvolvido para substituir as fitas de vídeo, com maior qualidade de imagem e som, permitindo a
inclusão de vários conteúdos extras. Assim como os CDs, também existiram modelos ROM, R e RW de mídia DVD.
Na época dos DVDs, as mídias removíveis do tipo USB começaram a aparecer no mercado, oferecendo capa-
cidade semelhante ou superior aos DVDs. Pendrives com 512 MB (megabyte – milhão de bytes), 1 GB, 2 GB, 4 GB, 8
GB, 16 GB etc, rapidamente, se tornaram os preferidos dos usuários para o armazenamento portátil de dados em
detrimento das mídias ópticas do tipo DVD.
O padrão HD-DVD oferecia gravação de dados em mídias ópticas com densidade superior ao DVD e próximo
do Blu-Ray, mas nem chegou a “emplacar” no mercado.
O Blu-Ray foi desenvolvido para substituir o DVD, com maior capacidade de armazenamento de dados e a
possibilidade de gravações de vídeos em alta resolução (HD – High Definition), que ocupavam mais espaço que um
CD poderia armazenar.
Ainda foram propostos outros novos padrões de mídias ópticas, como o HVD (Holographic Versatile Disc), mas
a era dos discos refletivos já estava acabando.
Eles chegaram tarde, pois armazenavam 25 GB e os pendrives já estavam em 128 GB. Poucos usuários utiliza-
ram Blu-Ray em seus computadores, sendo mais usados em aparelhos leitores para a reprodução de filmes em
alta resolução.
Fonte: Wikipedia.
Disponível em < https://en.wikipedia.org/wiki/File:Comparison_CD_DVD_HDDVD_BD.svg> Acesso em 26 mar. 2021. 91
O armazenamento de dados em discos ópticos foi a opção ideal no momento errado. A demora na populariza-
ção das mídias com o público e o surgimento de outras formas de armazenamento de maior praticidade ou capa-
cidade tornaram as mídias ópticas as preferidas para o armazenamento de cópias de segurança por quase uma
década nas pequenas e médias empresas, porém sem tanta utilização pelos usuários domésticos.
ARQUIVOS DIGITAIS
DOCUMENTOS, PLANILHAS, IMAGENS, SONS, VÍDEOS; PRINCIPAIS PADRÕES E CARACTERÍSTICAS
No sistema Windows, a extensão do arquivo determina o seu tipo. Assim como a extensão, o ícone que repre-
senta o conteúdo é outra forma de conhecer e lembrar o significado e funcionalidade do arquivo.
Acompanhe na tabela a seguir as principais extensões usadas (e solicitadas) em concursos:
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
.avi Audio Video Interleave. Arquivo compatível com Windows, contém tanto vídeo como áudio
Backup = cópia de segurança. Alguns editores de textos produzem arquivos com informações dos
.bak
documentos que não estão gravados no disco, permitindo a recuperação
Formato de imagem popular e antigo. Ele foi usado amplamente como papel de parede em versões
.bmp do Windows. Possui até 16.7 milhões de cores sem compactação (que poderia reduzir o tamanho
do arquivo, como o JPG faz)
Arquivo executável de comandos em ambiente DOS, executados via Prompt de Comandos ou por
.com
atalhos no ambiente gráfico. Esta extensão pode conter comandos maliciosos, e ser bloqueada
Iniciais de “Comma Separated Values” (valores separados por vírgulas). Arquivos de texto que po-
.csv dem ser usados em diferentes programas e permitem a troca de informações entre documentos,
planilhas e até correio eletrônico
Arquivo de texto capaz de armazenar dados referentes ao formato do texto que contém. Para editá-
.doc
-lo, é preciso ter o Microsoft Word, o acessório Wordpad ou o LibreOffice Writer
Arquivo de texto capaz de armazenar dados referentes ao formato do texto que contém. Para editá-
.docx -lo, é preciso ter o Microsoft Word 2007 ou superior, LibreOffice Writer ou pacote de compatibilidade
instalado nas versões do Office 2002 (XP) e 2003
Arquivo executável. Qualquer programa que executa uma série de comandos para o qual foi programa-
.exe do. Acionando clique duplo sobre um arquivo com esta extensão, iniciamos um processo de instalação
ou a execução de um programa. Esta extensão pode conter comandos maliciosos, e ser bloqueada
Formato de imagem com 256 cores que permite uso de escala de cinza, interpolação e sequencia-
.gif
mento de imagens (GIFs animados)
Hiper Text Markup Language. Formato de páginas web. É capaz de dar formato a texto, acrescentar
.htm ou .html
vínculos a outras páginas, exibir imagens, reproduzir sons, entre muitas formatações
Arquivo de imagem com 16.7 milhões de cores e comprimido, que pode ser editado em qualquer
.jpg ou .jpeg
editor de imagens. Formato popular de fotos
Formato de áudio que utiliza compressão em vários níveis. Quanto maior a compressão, menor a
.mp3 qualidade e o tamanho do arquivo. Pode ser reproduzido pelo Windows Media Player e por uma
infinidade de outros aplicativos
.mpg ou .mpeg Moving Picture Experts Group. Arquivo de vídeo comprimido, reproduzido em qualquer programa multimídia
Open Document Format. Formato de documento aberto que é o padrão do pacote OpenOffice e
.odf
usado pelo BrOffice e LibreOffice
Open Document Presentation. Formato de documento de apresentações de slides usado pelo Im-
.odp press, que é um software do pacote OpenOffice e disponível no BrOffice e LibreOffice. Pode ser
editado pelo Microsoft PowerPoint
Open Document Sheet. Formato de pasta de planilha de cálculos usado pelo Calc, que é um software
.ods
do pacote OpenOffice, e disponível no BrOffice e LibreOffice. Pode ser editado pelo Microsoft Excel
Open Document Text. Formato de documento de texto usado pelo Writer, que é um software do pa-
.odt
cote OpenOffice, e disponível no BrOffice e LibreOffice. Pode ser editado pelo Microsoft Word
92
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
Documento eletrônico do padrão do programa Adobe Acrobat Reader, que é o preferido para distri-
.pdf
buição de conteúdo
Arquivo de imagem vetorial. Armazena informações que permitem a ampliação da imagem sem
.png
perda significativa de qualidade
.rar Formato de compressão de dados popular, mas que não possui suporte nativo no Windows
Rich Text Format (“formato de texto rico”). Desenvolvido pela Microsoft, é o padrão do acessório
.rtf
Wordpad e pode ser aberto pela maioria dos editores de textos
Arquivo de texto sem formatação padrão do acessório Bloco de Notas que pode ser editado por
.txt
qualquer editor de texto
.xls Pasta de Trabalho do Microsoft Excel 2003 ou anterior, que contém planilhas de cálculos
.xlsx Pasta de Trabalho do Microsoft Excel 2007 ou superior, que contém planilhas de cálculos
O formato para comprimir e descomprimir arquivos que é o formato padrão do Windows na compac-
.zip
tação automática de arquivos e pastas
A extensão do arquivo é uma forma usada para identificar a informação gravada. Para o computador (equi-
pamento), todas as informações armazenadas são “dados”. As extensões são úteis para os usuários identificarem
o conteúdo existente no arquivo.
Dica
A maioria das questões sobre arquivos digitais envolve a identificação correta de suas extensões. Para pra-
ticar, ative a visualização de extensões de arquivos em seu Windows. No Explorador de Arquivos, guia Exibir,
assinale “Extensões de nomes de arquivos” no grupo Mostrar/ocultar.
O sistema operacional Windows não costuma exibir as extensões dos arquivos, procurando mostrar ícones
(desenhos e símbolos) que indicam o conteúdo ou o programa associado para visualização e edição.
No sistema operacional, ao clicar duas vezes em um ícone XLSX, por exemplo, o aplicativo associado será acio-
93
Imagem: menu de contexto exibido ao clicar com o botão secundário do mouse em um arquivo, para escolha
de um programa diferente do programa padrão, que será usado para visualizar ou editar o item
Outra forma de escolha é através do menu de contexto, item “Abrir com” e na sequência “Escolher outro apli-
cativo”. O usuário poderá escolher outro programa para ser associado com a extensão do arquivo, e definir que
ele se tornará o “programa oficial” para as próximas vezes que for acionada aquela extensão de arquivo. Essa é
uma alteração do item “Programas Padrão”, do painel de Configurações (Painel de Controle).
Imagem: menu de contexto exibido ao clicar com o botão secundário do mouse em um arquivo, para escolha
de um programa diferente do programa padrão, que será usado para visualizar ou editar o item
O usuário poderá também escolher outro programa diferente, localizando uma opção na Microsoft Store. A
loja de aplicativos do Windows oferece programas de terceiros que desempenham funções específicas e extras.
Em concursos públicos, o que vale é a configuração padrão do sistema operacional; assim, a loja de aplicativos
não costuma ser questionada, por sua diversidade de opções e mudanças contínuas.
Quando o arquivo é baixado da Internet (download — transferência de um servidor remoto para o computa-
dor local), os aplicativos poderão alertar o usuário sobre a origem “não segura” da informação, exigindo que ele
habilite a edição antes de iniciar as alterações no seu conteúdo.
As Bibliotecas do Windows (Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos) organizam os arquivos mais questiona-
dos em provas. A tabela apresentada no início do tópico está resumida na próxima tabela, separada por categorias:
ARQUIVOS PDF
O PDF é um arquivo somente para leitura do Adobe Acrobat. As letras PDF são as iniciais de “Portable Docu-
ment Format” (formato portável de documento). Portável significa que o arquivo poderá ser usado em diferentes
sistemas operacionais, sem nenhuma adaptação extra.
O formato PDF é o preferido para distribuição de conteúdo e também em questões de provas de concursos.
Muitas empresas usam o formato PDF como padrão para seus documentos, como os processos eletrônicos nos
sistemas do judiciário brasileiro. Professores distribuem conteúdo em plataformas digitais em formato PDF, ope-
radoras financeiras compartilham extratos em formato PDF, e diversos outros exemplos de aplicação do formato.
O formato PDF pode ser visualizado pelo Adobe Acrobat Reader, por outros programas e também por navega-
dores de Internet.
Originalmente, esses arquivos não podem ser editados (modificados). Entretanto, através do Adobe Acrobat
Reader DC — a última versão disponível para download no site da Adobe — é possível editar o conteúdo e inserir
marcações e comentários no documento.
94
No Explorador de Arquivos do Windows 10, arqui- Arquivo, Propriedades, é possível consultar quais são as
vos com extensão PDF poderão ser mostrados na opções permitidas ou bloqueadas para o documento.
forma de ícones ou com a miniatura da primeira pági-
na, de acordo com as configurações do computador. OPÇÃO ARQUIVO PDF
Quando as configurações gráficas estão desativadas,
apenas o ícone será exibido. Pode ser visualizado, editado e
Sem restrições impresso em qualquer programa
compatível com o formato
Existem restrições que podem ser atribuídas ao PDF, Operações com pdfs
tornando-o somente leitura, proibindo a impressão, a
cópia do conteúdo, inserindo a atribuição de senhas etc. Além das ações básicas que esperamos de um
Apesar das restrições relacionadas ao formato PDF, é pos- documento, o formato PDF permite a realização de
sível liberar alguns bloqueios através de sites especializa- outras ações, que tornam o formato muito prático.
dos ou de programas desenvolvidos para essa finalidade. Confira algumas:
O formato PDF é muito popular para a distribuição
de conteúdo digital. Se você está usando este material em OPERAÇÃO AÇÕES
formato digital, certamente é um arquivo PDF que está
sendo visualizado. Unir dois ou mais arquivos PDF em
Juntar PDF
Suas características robustas para visualização do um novo arquivo
conteúdo tornaram-se o padrão quando se pensa em
Separar as páginas do arquivo, ex-
divulgar informações. O conteúdo do documento é “dese- Separar PDF
traindo intervalos específicos
nhado” pelo programa, exibindo alta qualidade mesmo
quando é ampliado. Apesar de ser um formato com-
Ao contrário das imagens que podem granular (per- pacto, os arquivos PDFs podem
der qualidade quando ampliadas) e dos documentos que Comprimir PDF reduzir a qualidade para redução
podem ficar sem formatação (quando abertos em dis- do tamanho, facilitando algumas
positivos ou programas diferentes), o PDF supera essas operações, como anexos de e-mail
limitações, garantindo a distribuição do conteúdo com
qualidade e fidelidade ao original. A formatação aplicada Adicionar senhas para a abertura
Proteger PDF
ao conteúdo do PDF será exibida em qualquer tela, inde- dos arquivos PDF
pendentemente do programa usado.
Para a criação de um arquivo PDF, o usuário pode Adicionar assinatura digital para
usar um programa especializado, como o Adobe Acrobat, Assinar PDF proteção do conteúdo e validação
O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até
trilhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI), já apresentados
anteriormente.
Importante!
O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exibido em modo de visualização de Detalhes, nas Propriedades
(botão direito do mouse, menu de contexto) e na barra de status do Explorador de Arquivos. Poderão ter as
unidades KB, MB, GB, TB, indicando quanto espaço ocupam no disco de armazenamento.
Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.
Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos
z Pastas
Estruturas do sistema operacional: Arquivos de Programas (Program Files), Usuários (Users), Windows.
A primeira pasta da undiade é chamada raiz (da árvore de diretórios), representada pela barra inverti-
da: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas
Músicas) – bibliotecas;
Estruturas do Usuário: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos),
Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas;
Área de Trabalho: Desktop, que permite acesso à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos, programas e
atalhos;
Lixeira do Windows: Armazena os arquivos de discos rígidos que foram excluídos, permitindo a recupe-
ração dos dados. 97
z Atalhos
Arquivos que indicam outro local: Extensão LNK, podem ser criados arrastando o item com ALT ou CTR-
L+SHIFT pressionado.
z Drivers
Arquivos de configuração: Extensão DLL e outras, usadas para comunicação do software com o hardware
O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (formatar
discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos.
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador de
Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Os atalhos são representados por ícones com uma seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para um
arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são independentes dos objetos que os referenciam, portanto, se
forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta ou unidade de disco que estão apontando.
Podemos criar um atalho de várias formas diferentes:
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.
ÁREA DE TRABALHO
A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A área de trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel de
parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.
Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do Windows (como Lixeira e Computador).
No canto inferior esquerdo encontraremos o botão Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou pela
combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o menu Iniciar será apresentado na interface de blocos que sur-
98 giu com o Windows 8, interface Metro.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativado nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.
Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos
Itens Excluídos
Barra de Tarefas
Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop)
99
Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.
Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.
Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.
1 +1 não está em
execução execução execução
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA
Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transfe-
rência é um espaço da memória RAM, que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada
poderá ser inserida em outro local, e ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação
de pastas e arquivos.
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo da Área de Transferência, acione o atalho de teclado Windo-
ws+V (View).
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inse-
rido em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.
Dica
As três teclas de atalhos mais questionadas em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C e Ctrl+V, que acio-
nam os recursos da Área de Transferência.
As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de teclado
Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano, e pressionar Del ou
Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem necessidade de acessar a
Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintS-
creen, o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no
Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de comandos, realização
100 de ações e controle das ações que serão desfeitas.
MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas para que a operação seja realizada com
sucesso.
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distinção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX;
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local;
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas),
? (interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador
de comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída);
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).
Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero à N
caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows como nos sites de busca na Internet.
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. As
bancas organizadoras costumam questionar ações práticas nas provas e, na maioria das vezes utilizam imagens
nas questões.
Lixeira
Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla Delete (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recuperar
com programas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão. 101
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.
Arrastar na mesma unidade, será movido. Arrastar entre unidades diferentes, será copiado.
Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, inde-
a tecla CTRL pressionada pendente da origem ou do destino da ação
Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, inde-
a tecla SHIFT pressionada pendente da origem ou do destino da ação
Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) gem ou do destino da ação
Um dos temas mais questionado em provas anteriores são os modos de exibição do Windows. Se tem um
computador com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos. Praticar
a disciplina no computador, ajuda na memorização dos recursos.
1. Barra de menus
6. Barra de Rolagem
1. Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para
seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento).
Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.
O botão direito do mouse exibe a janela pop-up chamada “Menu de Contexto”. Em cada local que for clicado,
uma janela diferente será mostrada.
As opções exibidas no menu de contexto contém as ações permitidas para o item clicado naquele local. 103
Através do menu de contexto da área de trabalho, podemos criar nova pasta (Ctrl+Shift+N), novo Atalho, ou
novos arquivos (Imagem de bitmap [BMP Paint], Documento do Microsoft Word [DOCX Microsoft Word], Formato
Rich Text [RTF WordPad], Documento de Texto [TXT Bloco de Notas], Planilha do Microsoft Excel [XLSX Microsoft
Excel], Pasta Compactada [extensão ZIP], entre outros).
Dica
Arquivos de imagens são editados pelo acessório do Windows Microsoft Paint, que no Windows 10 oferece
a versão Paint 3D.
Cada item (pasta ou arquivo) armazena uma série de informações relacionadas a si próprio. Estas informa-
ções podem ser consultadas em Propriedades, acessado no menu de contexto, exibido quando clicar com o botão
direito do mouse sobre o item.
Ao clicar com o botão direito sobre o ícone da Lixeira, será mostrado o menu de contexto, e escolhendo ‘Esva-
ziar Lixeira’, os itens serão removidos definitivamente, utilizando o Windows, não haverá meio de recuperá-los.
PROGRAMAS E APLICATIVOS
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos bási-
cos para anotações, edição de imagens e edição de textos.
Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as confi-
gurações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema opera-
cional, personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle chama-se Configurações,
e pode ser acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de tecla-
do Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades21 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters22), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).
Otimizar
21 Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
104 22 Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster.
No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas do Windows, encontraremos os outros programas, como
por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerenciamento do Computador, Limpeza de Disco etc. Na parte de segurança
encontramos o Firewall do Windows, um filtro das portas TCP do computador, que autoriza ou bloqueia o acesso
para a rede de computadores, e de acesso externo ao computador.
Firewall do Windows
Painel de controle
WINDOWS 10 O QUE
Explorador de Arquivos Gerenciamento de arquivos e pastas do computador.
Referência ao local no gerenciador de arquivos e pastas para unidades de discos
Este Computador
e pastas Favoritas.
Ferramenta de sistema para organizar os arquivos e pastas do computador, me-
Desfragmentar e Otimizar Unidades
lhorando o tempo de leitura dos dados.
Win+S Pesquisar
Envia imediatamente Pressionar DEL em um item selecionado.
Configurações Permite configurar software e hardware do computador.
Home, Pro, Enterprise, Education. Edições do Windows
Integração com xBox, modo multiplayer gratuito, streaming de jogos do xBox
xBox (Games, músicas = Groove)
One.
Com blocos dinâmicos (live tiles) Menu Iniciar
Hyperboot & InstantGo Inicialização rápida
Menu Iniciar, Barra de Tarefas e Blo-
Fixar aplicativos
cos Dinâmicos
Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas.
Acessar os documentos do OneDrive diretamente do Windows Explorer e Explo-
OneDrive integrado
rador de Arquivos
Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo
Continuum
ideal para dispositivos conversíveis.
Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10.
Com funcionamento análogo à Google Play Store e à Apple Store, o ambiente
Windows Store
permite comprar jogos, apps, filmes, músicas e programas de TV.
Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela.
Windows Update, Windows Update
Fornecimento do Windows como um serviço, para manter o Windows atualizado
for Business, Current Branch for Bu-
Windows as a Service – WaaS
105
Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.
O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
com extensão TXT.
O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto com alguma formata-
ção, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com recursos simplificados.
O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF.
106
A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte de
alguma tela em exibição.
Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick Notes) é um aplicativo do Windows 10, que permite a inserção
de pequenas notas de texto na área de trabalho do Windows, como recados do tipo Post-It.
As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um ende-
reço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de voo, as informações serão mostradas sobre a partida.
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para visualização de vídeos, assim como o “Windows Media Player”.
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para digitar comandos em um terminal de comandos.
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores, como
o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc.
O Windows Update (verificar se há atualizações) é o recurso do Windows para manter ele sempre atualizado.
Está em Configurações (atalho de teclado Windows+I), Atualização e segurança.
z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft Word 2010 possuem a extensão DOCX;
z Os documentos de texto habilitados para macros23, possuem a extensão DOCM;
z Um modelo24 de documento é um arquivo que pode ser usado para criar novos arquivos a partir de uma forma-
tação pré-estabelecida. A extensão é DOTX;
z Um modelo de documento habilitado para macros contém além da formatação básica para criação de outros
documentos, comandos programados para automatização de tarefas. A extensão é DOTM;.
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft Excel 2010 possuem a extensão XLSX;
z As pastas de trabalho habilitadas para macros possuem a extensão XLSM;
z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a extensão XLTX;
z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas para macros possuem a extensão XLTM;
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma planilha que não foi salva, que pode ser recuperada pelo
usuário, possui a extensão XLSB. (binário);
Dica
Os atalhos de teclado do Windows são de termos originais em inglês. Por serem atalhos de teclado do siste-
ma operacional, são válidos para os programas que estiverem sendo executados no Windows.
23 Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas
são escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o
programa perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
24 Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo. 107
ATALHO AÇÃO
Alt+Esc Alterna para o próximo aplicativo em execução
Alt+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução
Backspace Volta para a pasta anterior, que estava sendo exibida no Explorador de Arquivos.
Ctrl+A Selecionar tudo
Ctrl+C Copia o item (os itens) para a Área de Transferência
Ctrl+Esc Botão Início
Ctrl+E / Ctrl+F Pesquisar
Ctrl+Shift+Esc Gerenciador de Tarefas
Ctrl+V Cola o item (os itens) da Área de Transferência no local do cursor
Ctrl+X Move o item (os itens) para a Área de Transferência
Ctrl+Y Refazer
Desfaz a última ação. Se acabou de renomear um arquivo, ele volta ao nome original. Se acabou
Ctrl+Z
de apagar um arquivo, ele restaura para o local onde estava antes de ser deletado.
Del Move o item para a Lixeira do Windows
F1 Exibe a ajuda
F11 Tela Inteira
Renomear, trocar o nome: dois arquivos com mesmo nome e mesma extensão não podem estar
F2 na mesma pasta, se já existir outro arquivo com o mesmo nome, o Windows espera confirmação,
símbolos especiais não podem ser usados, como / | \ ? * “ < > :
F3 Pesquisar, quando acionado no Explorador de Arquivos. Win+S fora dele.
F5 Atualizar
Shift+Del Exclui definitivamente, sem armazenar na Lixeira
Win Abre o menu Início
Win+1 Acessa o primeiro programa da barra de tarefas
Win+2 Acessa o segundo programa da barra de tarefas
Win+B Acessa a Área de Notificação
Win+D Mostra o desktop (área de trabalho)
Win+E Abre o Explorador de Arquivos.
Win+F Feedback – hub para comentários sobre o Windows.
Win+I Configurações (Painel de Controle)
Win+L Bloquear o Windows (Lock, bloquear)
Win+M Minimiza todas as janelas e mostra a área de trabalho, retornando como estavam antes.
Selecionar o monitor/projetor que será usado para exibir a imagem, podendo repetir, estender ou
Win+P
escolher
Win+S Search, para pesquisas (substitui o Win+F)
Win+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução em 3D (Visão de Tarefas)
Win+X Menu de acesso rápido, exibido ao lado do botão Iniciar
MS – WORD
Os documentos produzidos com o editor de textos Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Microsoft Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos
108 editáveis pelo usuário, que podem ser compartilhados com outros usuários para edição colaborativa;
z Os Modelos (Template), com extensão DOTX contém formatações que serão aplicadas aos novos documentos
criados a partir dele. O modelo é usado para a padronização de documentos;
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM (Document Template Macros – modelo de documento com macros).
Os macros são códigos desenvolvidos em Visual Basic for Applications (VBA) para a automatização de tarefas;
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo a orientação, o tamanho do papel e margens. As princi-
pais definições estão na guia layout, mas é possível encontrar algumas definições na guia design;
z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem usa-
das configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho da página, orientação, cabeçalhos, numeração
de páginas, entre outras, as seções serão usadas;
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com a tecla Enter, contendo formata-
ção independente do parágrafo anterior e do parágrafo seguinte;
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
quebra de linha, a configuração atual permanece na próxima linha;
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação etc.
Os arquivos produzidos nas versões anteriores do Word são abertos e editados nas versões atuais. Arquivos de
formato DOC são abertos em Modo de Compatibilidade, todavia alguns recursos são suspensos. Para usar todos os
recursos da versão atual, é necessário “Salvar como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão ser editados pelas versões antigas do Office, desde que instale
um pacote de compatibilidade, disponível para download no site da Microsoft.
Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft Word, desde a ver-
são 2013, possui o recurso “Refuse PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fosse um documento do Word.
Durante a edição de um documento, o Microsoft Word:
z Faz a gravação automática dos dados editados enquanto o arquivo não tem um nome ou local de armazenamento
definidos. Depois, se necessário, o usuário poderá “Recuperar documentos não salvos”;
z Faz a gravação automática de auto recuperação dos arquivos em edição que tenham nome e local definidos,
permitindo recuperar as alterações que não tenham sido salvas;
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Salvamento automático”, associado à conta Microsoft, para
armazenamento na nuvem Microsoft OneDrive. Como na versão on-line, a cada alteração, o salvamento será
realizado;
z O formato de documento RTF (Rich Text Format) é padrão do acessório do Windows chamado WordPad, e por
ser portável, também poderá ser editado pelo Microsoft Word.
Dica
Em questões de informática, as extensões dos arquivos produzidos pelo usuário costumam ser questionadas
com regularidade.
z Ao iniciar a edição de um documento, o modo de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de Impressão”.
O documento será mostrado na tela da mesma forma que será impresso no papel;
z O Modo de Leitura permite visualizar o documento sem outras distrações, como, por exemplo, a Faixa de
Opções com os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a barra de título continua sendo exibida;
z O modo de exibição “Layout da Web” é usado para visualizar o documento como ele seria exibido se estivesse
publicado na Internet como página web;
109
z Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado;
z A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos, como será mostrado na tabela a seguir:
Recortar
Copiar
Área de Transferência
Colar
Tamanho da fonte 11
Fonte
Aumentar fonte A
Diminuir fonte A
Folha de Rosto
Quebra de Página
Imagem
Formas
Importante!
As bancas priorizam o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a produção de arquivos
(parte prática dos programas). Nas questões de editores de textos, a produção de documentos formatados
com imagens ilustrativas no formato antes/depois são os assuntos mais abordados.
z As guias possuem uma organização lógica sequencial das tarefas que serão realizadas no documento, desde o
início até a visualização do resultado final, como veremos na tabela a seguir:
BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, salvar e enviar
Tarefas iniciais: O início do documento, acesso à área de transferência, formatação de fontes,
Página Inicial
parágrafos e formatação do conteúdo da página
Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe no documento, tabela, ilustrações
Inserir
e instantâneos
Layout da Página Configuração da página: Formatação global do documento e formatação da página
Design Reúne formatação da página e plano de fundo
Referências Índices e acessórios: Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários etc.
Correspondências Mala direta: Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos
Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de
Revisão
alterações, comentários, comparar, proteger etc.
Exibir Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?
110
EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS
A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados por meio das opções da guia referências, que estão disponíveis, na Microsoft
Word, na guia Página Inicial.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o “modelo de formata-
ção no texto”, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação. O conteúdo
não será copiado, somente a formatação. Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários
locais até pressionar a tecla Esc ou iniciar uma digitação.
Seleção
Utilizando-se do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, pará-
grafos e até o documento inteiro.
Dica
Assim como no Windows, as operações com mouse e teclado também são questionadas nos programas do
Microsoft Office. Entretanto, por terem conteúdos distintos (textos, planilhas e apresentações de slides), a
seleção poderá ser diferente para algumas ações.
Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local
Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado
Dica
Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia a dia. Experimen-
te praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em
branco, ele criará um texto “aleatório” com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar
à vontade.
111
CABEÇALHOS
Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé25.
Poderá ser igual em toda a extensão do documento, diferente nas páginas pares e ímpares (para frente e verso),
mesmo que a seção anterior, diferente para cada seção do documento, não aparecer na primeira página, entre
várias opções de personalização.
Os cabeçalhos aceitam elementos gráficos, como tabelas e ilustrações.
A formatação de cabeçalho e rodapé, é diferente entre os programas do Microsoft Office. No Microsoft Word o
cabeçalho tem 1 coluna. No Excel, são 3 colunas. No Microsoft PowerPoint... depende, podendo ter 2 ou 3 colunas.
A numeração de páginas poderá ser inserida no cabeçalho e/ou rodapé.
(Digite aqui)
PARÁGRAFOS
Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:
25 O grupo Cabeçalho e Rodapé permite a inserção de um Cabeçalho (na margem superior), Rodapé (na margem inferior) e Número de Página
112 (no local do cursor, na margem superior, na margem inferior, na margem direita/esquerda)
Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns exemplos:
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo).
Ctrl+Shift+
Espaço em branco não separável
Espaço
- - Hifens opcionais
- - Âncoras de objetos
113
FONTES
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:
z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e
sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as
palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.
Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. As questões são independentes da versão, portanto poderá usar o Word 2007 ou
Word 365, para testar as questões de Word 2016.
COLUNAS
O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.
114
MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS
Biblioteca de Marcadores
Nenhum
Marcadores de Documento
Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.
Dica
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renume-
ração dos demais itens.
CORRETORES ORTOGRÁFICOS
Para iniciar uma verificação de ortografia e gramática no seu arquivo pressione F7 ou siga as seguintes etapas:
Abra a maioria dos programas do Office e clique na guia Revisão na faixa de opções.
Na guia Revisão, vá para Controle e selecione Controlar Alterações. Feito isso, tudo que for mudado no arquivo
aparecerá destacado e deverá ser aceito para que o arquivo incorpore as mudanças.
TABELAS
As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por
células, podendo conter, também, fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma
planilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de
Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma
única), Dividir células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando
elementos horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente esses
itens são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo “extrapola” os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos Somente o conteúdo da primeira célula será mantido
Em inglês, com referências direcionais
Tabela, Fórmulas Em português, com referências posicionais =SOMA(A1:A5)
=SUM(ABOVE)
Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente Recalcula automaticamente e manualmente (F9)
Disponível no menu Arquivo e pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Alt+I, Visualizar Impressão), a impressão
permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do Painel de Controle.
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Imprimir Seleção,
Imprimir Página Atual, imprimir as Propriedades), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/
vírgula indicam páginas individuais, separadas por traço uma sequência de páginas, com a letra s uma seção específi-
ca, e com a letra p uma página específica).
Havendo a possibilidade, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso automático, ou manual. O agru-
pamento das páginas permite que várias cópias sejam impressas uma a uma, enquanto Desagrupado, as páginas são
impressas em blocos.
As configurações de Orientação (Retrato ou Paisagem), Tamanho do Papel e Margens, podem ser escolhidas no
momento da impressão, ou antes, na guia Layout da Página. A última opção em Imprimir possibilita a impressão de
miniaturas de páginas (várias páginas por folha) em uma única folha de papel.
117
CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS
Dica
Se envolvem configurações diferentes, temos Quebras.
Cabeçalhos diferentes... quebras inseridas. Colunas diferentes... quebras inseridas. Tamanho de página dife-
rente... quebra inserida.
Numeração de Páginas
Disponível na guia Inserir permite que um número seja apresentado na página, informando a sua numeração
em relação ao documento.
Combinado com o uso das seções, a numeração de página pode ser diferente em formatação a cada seção do
documento, como no caso de um TCC.
118
Conforme observado na imagem acima, o número de página poderá ser inserido no Início da Página (cabeça-
lho), ou no Fim da página (rodapé), ou nas margens da página, e na posição atual do cursor.
LEGENDAS
Uma legenda é uma linha de texto exibida abaixo de um objeto para descrevê-lo. Podem ser usadas em Figuras
(que inclui Ilustrações) ou Tabelas.
Disponível na guia Referências (índices), as legendas podem ser inseridas na configuração padrão ou persona-
lizadas. Depois, podemos criar um índice específico para elas, que será o Índice de Ilustrações.
No final do grupo Legendas, da guia Referências, no Word, encontramos o ícone “Referência Cruzada”. Em
alguns textos, é preciso citar o conteúdo de outro local do documento. Assim, ao criar uma referência cruzada, o
usuário poderá ir para o local desejado pelo autor e a seguir retornar ao ponto em que estava antes.
ÍNDICES
Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
INSERÇÃO DE OBJETOS
Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:
z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter);
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela). 119
Na sequência dos objetos para serem inseridos em um documento, encontramos:
z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.
CAMPOS PREDEFINIDOS
Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e
fórmulas, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos
e referências.
120
CAIXAS DE TEXTO
Nova Concursos
ATALHO AÇÃO
Salvar: grava o documento com o nome atual, substituindo o anterior. Caso não tenha nome, será
Ctrl+B
mostrado “Salvar como”
Ctrl+J Justificar: alinhamento do texto distribuído uniformemente entre as margens esquerda e direita.
Ctrl+R Refazer
Pincel de Formatação: para copiar a formatação de um local e aplicá-la a outro, seja no mesmo
Ctrl+Shift+C
documento ou outro aberto. Para colar a formatação copiada, use Ctrl+Shift+V.
Ctrl+Z Desfazer
F1 Ajuda
SENHA NO DOCUMENTO
z Vá para Arquivo >Informações > Proteger Documentos > Criptografar com Senha;
z Digite uma senha e digite-a novamente para confirmá-la;
z Salve o arquivo para garantir que a senha entre em vigor.
LIBREOFFICE WRITER
A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interface da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um fundo
cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando mais parecido com o Word 2016.
A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N).
O LibreOffice Writer é integrado com os demais programas do pacote, permitindo a inserção de fórmulas avan-
çadas de cálculos do LibreOffice Calc em uma tabela do documento de textos, por exemplo.
O LibreOffice Writer grava documentos com a extensão ODT, mas também poderá gravar em outros formatos
como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos que são gravados pelo programa, também poderão ser abertos por ele.
Importante!
O que você faz no Word, você faz no Writer. Quase tudo tem correspondente entre os aplicativos. Alguns atalhos
de teclado são diferentes, alguns nomes de comandos são diferentes, mas a maioria dos itens são iguais.
abc
O botão é usado para fazer a verificação ortográfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação ortográfi-
ca o atalho é Shift+F7. A auto verificação ortográfica é para correção automática de todos os erros do documento
segundo as configurações pré-determinadas pelo editor de textos Writer.
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma pala-
vra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho) ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado verde). Já
a autocorreção é um recurso diferente, que permite substituir erros comuns, como a ausência de maiúscula no
início de uma frase, corrigir o uso acidental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre maiúscula e minúscu-
la), acentuação na palavra não (quando digitamos naõ), e principalmente a substituição de símbolos por palavras,
definidos pelo usuário, no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.
Os documentos do LibreOffice Writer possuem a seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos do Micro-
soft Word e conceitos:
z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text). Os documentos são arquivos editáveis pelo usuário. Os
Modelos, com extensão OTT (Open Template Text), contém formatações que serão aplicadas aos novos documen-
tos criados a partir dele;
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo o tamanho do papel e margens. Definições estão no menu
Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.
A4
122
z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem
usadas configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho, etc., as seções serão usadas. Disponível no
menu Inserir, item Seção;
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com Enter, contém formatação indepen-
dente do parágrafo anterior, e do parágrafo seguinte;
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
Quebra de Linha, a configuração de formatação atual permanece na próxima linha;
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação, etc. Podemos definir a formata-
ção do texto no menu Formatar, item Texto (nas versões anteriores era Caractere). E podemos escolher em Tex-
to. A novidade na versão 5 é que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos e efeitos disponíveis no editor.
A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos parágrafos e
nas páginas. O LibreOffice Writer tem todos estes recursos, como o Microsoft Word.
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração aplicada.
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.
Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).
Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situa-
ção. Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima
letra está disponível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.
26 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
27 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
28 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
124 arquivos que foram baixados (Downloads).
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS
Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador
Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)
Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.
z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:
29 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
30 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
31 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
32 O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
33 O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também. 125
MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO
Cabeçalhos
Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé.
Assim como no Word, é possível trabalhar com configurações diferentes dentro do mesmo documento. Para
isto, use as seções para dividir a formatação do documento.
Esta região aceitará qualquer elemento que seria usado no documento, como textos, imagens, tabelas, campos,
formas geométricas, hiperlinks, entre outros.
Inserir
Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.
MENU SIGNIFICADO
Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar,
Arquivo
imprimir, propriedades).
Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecio-
Editar
nar) e área de transferência do Windows/Linux,
Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização,
Exibir
interface do usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom
Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos
gráficos, elementos visuais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé.
Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e nume-
Formatar
ração, tabulações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento.
Os estilos são formatações pré-definidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser
Estilos
organizadas em um índice.
Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recur-
Tabelas
so. Ao incluir uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida.
Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).
Havendo a possibilidade disponível na impressora, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso
automático, ou manual. Ao contrário do Word, que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o Writer divide
em guias as opções da impressão.
MS-EXCEL
Importante!
As planilhas de cálculos não são bancos de dados. Muitos usuários armazenam informações (dados) em
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de dados, porém o Microsoft Access é o software do
pacote Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um banco de dados tem informações armazenadas
em registros, separados em tabelas, conectados por relacionamentos, para a realização de consultas.
127
Guias – Excel
BOTÃO/GUIA LEMBRETE
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar
Página Inicial Tarefas iniciais: O início do trabalho, acesso à Área de Transferência (Colar Especial),
formatação de fontes, células, estilos etc
Inserir Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe. Tabela, Ilustrações, Instantâ-
neos, Gráficos, Minigráficos, Símbolos etc
Dados Informações na planilha: Possibilitam obter dados externos, classificar e filtrar, além de ou-
tras ferramentas de dados
Revisão Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle
de alterações, comentários, proteger etc
Exibição Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?
Os atalhos de formatação (Ctrl+N para negrito, Ctrl+I para itálico, entre outros) são os mesmos do Word.
F4 Refazer
128
A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
resultou em 5 (como =10/2)
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
Célula
Linha
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas (nomea-
das de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante;
E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponível na guia Página Inicial:
z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células. 129
ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICO
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados).
Para a elaboração, poderemos:
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.
1 Fração: Ex.: 4
2
102 Cientifico. Ex.: 4,00E + 00
ab Texto: Ex.: 4
Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exem-
plo, na verdade é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.
Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00
130
O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)
1 100% 100,00%
2 200% 200,00%
0,004 0% 0,40%
O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.
1 R$1,00 1,00
,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.
Simbologia Específica
Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.
% (percentual) Percentual = 20% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por 100
z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração. 131
Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);
Identificar a simbologia básica do Excel (informática);
Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);
Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).
z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=
OPERADORES DE REFERÊNCIA
z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
132 referência absoluta ( $A$1 );
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2.
Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador
função ou os valo-
( ) parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.
O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.
Erros
Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos. 133
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
mulas. Com este recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:
Funções Básicas
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3;
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5;
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3;
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares;
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3;
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.
z SOMASE(valores;condição): realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for atendida.
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A5 que sejam maiores que 15;
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A10 que forem iguais a 10.
z MÉDIA(valores): realiza a operação de média nas células selecionadas e exibe o valor médio encontrado.
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valores,
serão somados e divididos por 5. Se existir uma célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vazias não
entram no cálculo da média.
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados e
o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5.
Se temos uma sequência de valores com quantidade par, a mediana será a média dos valores que estão no
meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A média de
4 e 8 é 6 ((4+8)/2).
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, apenas um
será mostrado.
Esta função é muito solicitada em todas as bancas. A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na primeira
parte, o que fazer caso seja verdadeiro na segunda parte, e o que fazer caso seja falso na última parte. Verdadeiro
ou falso. Uma ou outra. Jamais serão realizadas as duas operações, somente uma delas, segundo o resultado do teste.
A função SE usa operadores relacionais (maior, menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferente) para
construção do teste. As aspas são usadas para textos literais.
É possível encadear funções, ampliando as áreas de atuação. Por exemplo, um número pode ser negativo,
positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste), exibe a mensagem e finaliza a função, mas se não for igual
a zero, poderá ser menor do que zero (segundo teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encerrando a fun-
ção. Por fim, se não é igual a zero, e não é menor que zero, só poderia ser maior do que zero, e a mensagem final
“Valor é positivo” será mostrada.
Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é usado somente no início da digitação da célula.
As funções CONT são usadas para informar a quantidade de células, que atendem às condições especificadas.
CONT.VALORES(células): esta função conta todas as células em um intervalo, exceto as células vazias.
CONT.NÚM (células): conta todas as células em um intervalo, exceto células vazias e células com texto.
CONT.SE(células;condição): Esta função conta quantas vezes aparece um determinado valor (número ou
texto) em um intervalo de células (o usuário tem que indicar qual é o critério a ser contado)
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quantas células existem no intervalo de A1 até A10 contendo o
valor 5.
Efetua um teste nas células especificadas, e soma as correspondentes nas células para somar.
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos.
Verifica as células que atendem aos testes e soma as células correspondentes. 135
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos.
Efetua um teste nas células especificadas, e calcula a média das células correspondentes.
Os intervalos de teste e de média podem ser os mesmos.
A função PROCV é utilizada para localizar o valor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando encontrar,
retornar a enésima coluna informada em núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDADEIRO ou FALSO, é
usada para identificar se precisa ser o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
A função PROCV é um membro das funções de pesquisa e Referência, que incluem a função PROCH.
Use a função TIRAR ou a função ARRUMAR para remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.
ESQUERDA(texto;quantidade)
Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade de caracteres especificados, a partir do início (esquerda).
DIREITA(texto;quantidade)
Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade de caracteres especificados, a partir do final.
CONCATENAR(texto1;texto2; ... )
Esta função foi mantida por compatibilidade com as versões anteriores. Ela concatena apenas células individuais.
CONCAT(intervalo)
=CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1 até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona nas
versões antigas do Office.
NÚM.CARACT(célula)
INT(valor)
TRUNCAR(valor;casas decimais)
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
ARRED(valor;casas decimais)
Exibe um número com a quantidade de casas decimais, arredondando para cima ou para baixo.
136 =ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.
HOJE() Exibe a data atual do computador;
AGORA() Exibe a data e hora atuais do computador;
DIA(data)Extrai o número do dia de uma data;
MÊS(data) Extrai o número do mês de uma data;
ANO(data) Extrai o número do ano de uma data;
DIAS(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas;
DIAS360(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias);
POTÊNCIA(base;expoente).
FUNÇÕES LÓGICAS
Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula
Importante!
Foram apresentadas muitas funções neste material, não é verdade? Existem milhares de funções no Micro-
soft Excel e LibreOffice Calc. Em concursos públicos, estas são as mais questionadas.
IMPRESSÃO
A impressão no Excel é semelhante ao Word. Difere ao oferecer o item Área de Impressão, que permite ao
usuário escolher uma área de uma planilha para ser impressa.
Outro item que o Excel oferece que é exclusiva, a possibilidade de imprimir os títulos das colunas e linhas,
fazendo com que a impressão seja muito parecida com a tela que está sendo visualizada.
Ambos estão na guia Layout da Página.
E na caixa de diálogo de impressão (Ctrl+P) temos o ajuste da impressão (zoom), permitindo ajustar para caber em
uma página, ajustar apenas as linhas, apenas as colunas, e mudar as quebras de páginas arrastando a divisão na tela.
137
INSERÇÃO DE OBJETOS
A inserção de objetos contém os mesmos itens do Microsoft Word, mas o destaque são os Gráficos.
A tabela e o gráfico dinâmico possibilitam resumir os dados rapidamente, a partir de critérios padronizados no Excel.
Os gráficos são representações visuais de dados da planilha. De acordo com a opção escolhida, teremos uma
forma de apresentação. Alguns gráficos são indicados para situações específicas. Outros gráficos são generalistas.
Gráficos
Além da produção de planilhas de cálculos, o Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos com os
dados existentes nas células.
Gráficos são a representação visual de dados numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâmicas, são construídos com dados existentes em uma ou
várias pastas de trabalho, associando e agrupando informações para a produção de relatórios completos.
z Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas: Agrupada,
Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.
138
z Os gráficos de Linhas representam valores com linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de Linhas:
Linha, Linha Empilhada, 100% Empilhada, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, 100% Empilhada
com Marcadores, e 3D.
z Os gráficos de Pizza representam valores proporcionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza, Pizza 3D,
Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.
z Os gráficos de Barras representam dados de forma semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizontal. São
opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D Empilhadas, e 3D
100% Empilhadas.
z Os gráficos de Área representam dados de forma semelhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área: Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.
z Os gráficos de Dispersão representam duas séries de valores em seus eixos. São opções dos gráficos de Disper-
são: Dispersão, com Linhas Suaves e Marcadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e Marcadores, com
Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.
z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa Coroplético. CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA
z Os gráficos de Ações necessitam que os dados estejam organizados em preço na alta, preço na baixa e
preço no fechamento. Datas ou nomes das ações serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamento, e
Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.
139
z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos de Linhas, e preenchem a superfície com cores. São exem-
plos de gráficos de Superfície: 3D, 3D Delineada, Contorno e Contorno Delineado.
z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evolução de itens. São exemplos de gráficos de Radar: Radar,
Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mostrar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primeiro da série
de dados.
z Os gráficos do tipo Histograma são usados para séries de valores com evolução, como idades da população. São
exemplos de gráficos do tipo Histograma: Histograma e Pareto.
z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.
140
z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados. São
exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no Eixo Secun-
dário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação Personalizada.
CAMPOS PREDEFINIDOS
Semelhante ao Word, o Excel poderá operar com os mesmos campos. Campos são variáveis inseridas na plani-
lha de dados, que serão atualizadas segundo a necessidade.
Data e Hora, Linha de Assinatura, Cabeçalho e Rodapé, entre muitos.
Uma das principais diferenças entre o editor de textos e o editor de planilhas, é o Cabeçalho e Rodapé. Enquan-
to no editor de textos eles são únicos, no Excel estão dividido em 3 partes.
141
A numeração de páginas está associada ao Cabeçalho e Rodapé.
O Excel poderá trabalhar com as informações inseridas pelo usuário na planilha, e com dados provenientes
de outros locais. Disponível na guia Dados, o grupo ‘Obter Dados Externos’, apesar de figurar no edital de alguns
concursos, nunca foi questionado em provas de Noções de Informática, tanto nível médio como nível superior.
De Arquivo
De Text/CSV Da Pasta
De banco de dados
De serviços online
De Relatórios do Salesforce
Do Dynamics 365 (online)
De outras fontes
Do ODBC
De OLEDB
Da Lista do SharePoint
Do Arquivo do Hadoop(HDFS)
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo, cronologicamente
Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa
Classificar uma coluna em um inter- Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Con-
valo de células sem afetar as demais tinuar com a seleção atual”
A proteção da planilha é um processo de duas etapas: a primeira etapa é desbloquear células que outras pes-
soas possam editar,e a segunda é proteger a planilha com ou sem uma senha.
Em seguida, selecione as ações que os usuários devem ter permissão para fazer na planilha, como inserir ou
excluir colunas ou linhas, editar objetos, classificar ou usar AutoFilter, para nomear alguns. Além disso, você tam-
bém pode especificar uma senha para bloquear sua planilha. Uma senha impede que outras pessoas removam a
proteção da planilha — ela precisa ser inserida para desproteger a planilha.
Veja abaixo as etapas para proteger sua planilha.
Na guia Revisão, clique em Proteger Planilha.
Na lista Permitir que todos os usuários desta planilha possam, escolha os elementos que você deseja que os
usuários possam alterar.
Se desejar, digite uma senha na caixa Senha para desproteger a planilha e clique em OK. Digite novamente a
senha na caixa de diálogo Confirmar Senha e clique em OK.
LIBREOFFICE CALC
Impressão
O Apache OpenOffice Calc e o LibreOffice Calc possuem a opção Formatar/Intervalos de Impressão, que é exclu-
siva do aplicativo editor de planilhas de cálculos. Com essa opção, o usuário poderá definir um trecho de células
adjacentes de um intervalo para que sejam impressas, ignorando as demais.
O intervalo definido poderá ter novas células adicionadas, poderá ser removido (voltando a imprimir toda a
planilha) ou editado.
Importante!
Ao editar o intervalo de impressão, é possível escolher as linhas que serão repetidas em todas as páginas
impressas e as colunas que serão repetidas na impressão. Essas opções são especialmente úteis em planilhas com
muito conteúdo, por permitirem a identificação das informações impressas nas diversas páginas. Na planilha em
edição, isso não mudará a visualização, somente na impressão.
Figura: Caixa de diálogo “Editar intervalos de impressão”, para escolha dos elementos que serão impressos (células, linhas de título, colunas de título) 145
Inserção de Objetos
Assim como no Microsoft Excel, os intervalos e as células poderão ser nomeados. Portanto, ao invés de usar
o endereço ou referência da célula, será possível usar um nome. Essa opção não é muito comum em concursos
públicos, sendo mais utilizada no dia a dia de um colaborador em uma empresa ou repartição.
Outro elemento que é diferente do editor de textos é a opção Tabela Dinâmica. Uma tabela dinâmica é uma
tabela construída com elementos dinâmicos, como linhas, colunas e células, que poderão ser adicionados para a
elaboração de um novo cenário.
Figura: Caixa de diálogo para escolha da origem dos dados da Tabela Dinâmica
Para a criação de uma tabela dinâmica, o usuário poderá usar uma seleção da planilha atual, um interva-
lo nomeado (pela opção do menu Inserir, Intervalo nomeado) ou uma fonte de dados externa registrada no
LibreOffice/OpenOffice.
Com a atualização das informações nos locais de origem, a tabela dinâmica será atualizada “em tempo real”.
As demais opções do menu Inserir, para a adição de objetos no documento (planilha) em edição, são seme-
lhantes ao Writer.
Campos pré-definidos
No Writer, editor de textos do pacote de aplicativos, as opções de campos incluem elementos do documento como
informações exclusivas da edição. Nas planilhas de cálculos, os campos são restritos a Título, Nome da planilha e Data.
Como o Calc não considera algumas informações como campos, elas poderão ser adicionadas na planilha em
edição por atalhos de teclado ou comandos do menu Inserir. A hora do computador é um exemplo. Ela poderá ser
adicionada com o atalho de teclado Ctrl + Shift + vírgula e se torna um campo atualizável.
Com menos opções, o controle de quebras no Calc envolve apenas a “Quebra manual de linha” para inserir
várias linhas de textos em uma célula e a “Quebra manual de coluna”.
A numeração de páginas é muito diferente do Writer. Enquanto no editor de textos temos várias opções para
controle da numeração de páginas, inserindo no local desejado, no Calc (planilha de cálculos), ela é um elemento
dentro da Formatação de Página.
Após acessar o menu Formatar, opção Página, o usuário deve escolher a guia na qual deseja inserir o conteúdo
(Cabeçalho ou Rodapé), clicar no botão Editar e escolher o local para inserção do número da página.
O usuário poderá escolher a exibição do texto “Página x” ou “Página X de Y” com o total de páginas existentes,
ou ainda combinar a numeração de páginas com outro identificador (como o nome da planilha).
Figura: Caixa de diálogo Rodapé, para inserir número de página na planilha impressa
Disponível no menu Exibir, Fonte de Dados (atalho de teclado F4, no OpenOffice) e no menu Exibir, Fontes de
Dados (atalho de teclado Ctrl + Shift + F4, no LibreOffice), permite a escolha de um banco de dados externo para
fornecer informações para a planilha em edição.
Importante!
Quando o edital do concurso solicita Banco de Dados, Computação na Nuvem ou BigData (Transformação
Digital), o item “Obter dados externos” é questionado com exemplos práticos. Em outros editais, serão ape-
nas conceitos nas questões da prova.
Uma área de trabalho será exibida na parte superior da planilha, permitindo a escolha de banco de dados,
campos, tabelas e consultas que serão reutilizados na planilha atual. Antes da inserção dos registros, o usuário
poderá trabalhar com os dados, ordenando, filtrando, incluindo ou excluindo informações.
147
Observe a tabela a seguir, que mostra recursos semelhantes com nome ou localização diferenciados:
Classificação de Dados
Conforme observado na tabela comparativa, enquanto o LibreOffice chama de Ordenar, o OpenOffice chama de
Classificar. Entretanto, é a mesma opção, com os mesmos comandos.
Ao classificar, é possível escolher três chaves de ordenação. A chave de ordenação é a coluna, que poderá ser
ordenada de forma crescente (ou ascendente) e decrescente (ou descendente).
Nas opções, é possível diferenciar maiúsculas de minúsculas.
Na opção “O intervalo contém rótulos de coluna”, a primeira linha não entrará na ordenação, por ser conside-
rado o título de cada coluna.
A Direção define se ela será vertical (de cima para baixo por linhas) ou horizontal (da esquerda para a direita
por colunas).
Um pouco diferente do Microsoft Excel, a classificação de dados no Calc ordenará primeiro os valores lógicos
(Falso, Verdadeiro), depois os valores numéricos, as datas e, por último, os textos existentes nas células.
Usuário Modem
Internet
Provedor de Acesso
Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica
ENDEREÇAMENTO DE RECURSOS
A navegação na Internet é possível através da combinação de protocolos, linguagens e serviços, operando nas
camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5 camadas ou 4 camadas).
A Internet conecta diversos países e grandes centros urbanos através de estruturas físicas chamadas de
backbones. São conexões de alta velocidade que permitem a troca de dados entre as redes conectadas. O usuário
não consegue se conectar diretamente no backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou uma operadora
de telefonia através de um modem e a empresa se conecta na “espinha dorsal”.
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve utilizar programas específicos para realizar a navegação e o
acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.
Conhecido como nuvem e também como World Wide Web, ou WWW, a In-
Internet Conexão entre computadores ternet é um ambiente inseguro, que utiliza o protocolo TCP para conexão
em conjunto a outros para aplicações específicas.
Os editais costumam explicitar Internet e Intranet, mas também questionam Extranet. A conexão remota segu-
ra que conecta Intranet’s através de um ambiente inseguro que é a Internet é naturalmente um resultado das
redes de computadores.
Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet
Padrão de Criptografia em
Família TCP/IP
comunicação VPN
A Internet é transparente para o usuário. Qualquer usuário poderá acessá-la sem ter conhecimento técnico dos
equipamentos que existem para possibilitar a conexão.
Na Internet, as informações (dados) são armazenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os servidores
são computadores, que utilizam pastas ou diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao acessarmos uma
informação na Internet, estamos acessando um arquivo. Aqui, cabe-nos alguns questionamentos: como é a identi-
ficação desse arquivo? Como acessamos essas informações? Isso ocorre através de um endereço URL. O endereço 149
URL (Uniform Resource Locator) que define o endereço de um recurso na rede. Na sua tradução literal, é Localiza-
dor Uniforme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe:
protocolo://máquina/caminho/recurso
“Protocolo” é a especificação do padrão de comunicação que será usado na transferência de dados. Poderá
ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text Transfer
Protocol Secure – protocolo seguro de transferência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – protocolo de
transferência de arquivos), entre outros.
“://” faz parte do endereço URL, para identificar que é um endereço na rede, e não um endereço local como “/”
no Linux ou ‘:\’ no Windows.
“Máquina” é o nome do servidor que armazena a informação que desejamos acessar.
“Caminho” são as pastas e diretórios onde o arquivo está armazenado.
“Recurso” é o nome do arquivo que desejamos acessar.
ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS
URL FICTÍCIO
Usando o protocolo http, acessaremos o servidor abc, que é comercial (.com), no Brasil (.br). Acessaremos
h t t p : // w w w .
a divisão multimídia (www) com arquivos textuais, vídeos, áudios e imagens. O recurso acessado é o index.
abc.com.br/
html, entendido automaticamente pelo navegador, por não ter nenhuma especificação de recurso no fim.
h t t p s : // m a i l . Usando o protocolo https, acessaremos o servidor abc, que é comercial (.com) e pode estar registra-
abc.com/caixa do nos Estados Unidos. Acessaremos o diretório caixas, subdiretório inbox. Acessaremos o serviço
s/inbox/ mail no servidor.
ftp://ftp.abc.g Usando o protocolo de transferência de arquivos ftp, acessaremos o servidor ftp da instituição go-
ov.br/edital.pdf vernamental (gov) brasileira (br) chamada abc, que disponibiliza o recurso edital.pdf.
Outra forma de analisar um endereço URL é na sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites na Inter-
net, nos deparamos com aquelas combinações de símbolos que não parecem legíveis. No entanto, como tudo na
Internet está padronizado, vamos ver as partes de um endereço URL “completão”.
Confira:
esquema://domínio:porta/caminho/recurso? querystring#fragmento
Quando o usuário digita um endereço URL no seu navegador, um servidor DNS (Domain Name Server – servi-
dor de nomes de domínios) será contactado para traduzir o endereço URL em número de IP. A informação será
localizada e transferida para o navegador que solicitou o recurso.
Servidor DNS
Internet
Endereço URL
Usuário
Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas os dados são armazenados em servidores web com números de IP. O servidor DNS
traduz um URL em número de IP, permitindo a navegação na Internet.
150
NAVEGAÇÃO SEGURA
CUIDADOS NO USO DA INTERNET E AMEAÇAS
Sabe-se que ameaças e riscos de segurança estão presentes no mundo virtual. Assim como existem pessoas
boas e más no mundo real, existem usuários com boas ou más intenções no mundo virtual.
Os criminosos virtuais são genericamente denominados como hackers, porém o termo mais adequado seria
cracker. Um hacker é um usuário que possui muitos conhecimentos sobre tecnologia, podendo ser nomeado como
White Hat – hacker ético que usa suas habilidades com propósitos éticos e legais –, Gray Hat – aquele que comete
crimes, mas sem ganho pessoal (geralmente, para exposição de falhas nos sistemas) – e Black Hat – aquele que
viola a segurança dos sistemas para obtenção de ganhos pessoais.
Amadores ou inexperientes, profissionais ou experientes, todo usuário está sujeito aos riscos inerentes ao uso
dos recursos computacionais. São riscos de segurança digital:
Devido à crescente integração entre as redes de comunicação, conexão com novos e inusitados dispositivos
(IoT – Internet das Coisas) e criminosos com acesso de qualquer lugar do mundo, as redes de informações torna-
ram-se particularmente difíceis de se proteger. Profissionais altamente qualificados são formados e contratados
pelas empresas com a única função de proteger os sistemas informatizados.
Em concursos públicos, as ameaças e os ataques são os itens mais questionados.
Dica
Você conhece a Cartilha de Segurança CERT? Disponível gratuitamente na Internet, ela é a fonte oficial de
informações sobre ameaças, ataques, defesas e segurança digital. Ela pode ser acessada pelo link: <https://
cartilha.cert.br/>. (Acesso em: 13 nov. 2020).
Ameaças
As ameaças são identificadas como aquelas que possuem potencial para comprometer a oferta ou existência
dos ativos computacionais, tais como: informações, processos e sistemas. Um ransomware – software que seques-
tra dados, utilizando-se de criptografia e solicita o pagamento de resgate para a liberação das informações seques-
tradas – é um exemplo de ameaça.
É importante entender que, apesar de a ameaça existir, se não ocorrer uma ação deliberada para sua execução
ou se medidas de proteção forem implementadas, ela é eliminada e não se torna um ataque. As ameaças à segu-
rança da informação podem ser classificadas como:
� Tecnológicas: quando ocorre mudança no padrão ou tecnologia, sem a devida atualização ou upgrade;
z Humanas: intencionais ou acidentais, que exploram vulnerabilidades nos sistemas;
z Naturais: não intencionais, relacionadas ao ambiente, como as catástrofes naturais.
As empresas precisam fazer uma avaliação das ameaças que possam causar danos ao ambiente computacio-
Falhas
As falhas de segurança nos sistemas de informação poderão ser propositais ou involuntárias. Se o programa-
dor insere, no código do sistema, uma falha que produza danos ou permita o acesso sem autenticação, temos um
exemplo de falha proposital. Já se uma falha for descoberta após a implantação do sistema, sem que tenha sido
uma falha proposital, e tenha sido explorada por invasores, temos um exemplo de falha involuntária, inerente
ao sistema.
Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas empresas que desenvolveram o sistema por meio da dis-
tribuição de notificações e correções de segurança. O Windows Update, serviço da Microsoft para atualização do
Windows, distribui, mensalmente, os patches (pacotes) de correções de falhas de segurança.
Ataques
Sem dúvidas, o assunto de maior destaque, tanto em concursos como no mundo real, são os ataques. Coor-
denados ou isolados, os ataques procuram romper as barreiras de segurança definidas na Política de Segurança,
com o objetivo de anular o sistema ou capturar dados.
Os ataques podem ser classificados como: 151
z Baixa complexidade: exploram falhas de segurança de forma isolada e são facilmente identificados e anulados;
z Média complexidade: combinam duas ou mais ferramentas e técnicas, para obter acesso aos dados, sendo de
média complexidade para a solução, gerando impactos na operação dos sistemas, como a indisponibilidade;
z Alta complexidade: refinados e avançados, os ataques combinam o acesso às falhas do sistema, novos códigos
maliciosos desconhecidos e a distribuição do ataque com redes zumbis, tornando difícil a resolução do problema.
Dica
� Ameaças existem e podem afetar ou não os sistemas computacionais;
� Falhas existem e podem ser exploradas ou não pelos invasores;
� Ataques são realizados todo o tempo contra todos os tipos de sistemas.
Vírus de Computador
O vírus de computador é a ameaça digital mais popular. Tem esse nome por se assemelhar a um vírus orgâ-
nico ou biológico. O vírus biológico é um organismo que possui um código viral que infecta uma célula de outro
organismo. Quando a célula infectada é acionada, o código viral é duplicado e se propaga para outras células
saudáveis do corpo. Quanto mais vírus existirem no organismo, menor será o seu desempenho, fazendo com que
recursos vitais sejam consumidos, podendo levar o hospedeiro à morte.
O vírus de computador é um código malicioso que infecta arquivos em um dispositivo. Quando o arquivo é
executado, o código do vírus é duplicado, propagando-se para outros arquivos do computador. Quanto mais vírus
existirem no dispositivo, menor será o seu desempenho, fazendo com que recursos computacionais sejam consu-
midos, podendo levar o hospedeiro a uma falha catastrófica.
152
4. Ao executar o arquivo infectado, novos arquivos serão infectados
O vírus de computador poderá entrar no dispositivo do usuário por meio de um arquivo anexado em uma
mensagem de e-mail, ou por cópia de arquivos existentes em uma mídia removível, como o pen drive, recebidos
por alguma rede social, baixados de sites na Internet, entre outras formas de contaminação.
Todos os sistemas operacionais são vulneráveis aos vírus de computador. Quando um vírus de computador
é desenvolvido por um hacker, este procura elaborá-lo para um software que tenha uma grande quantidade de
usuários iniciantes, o que aumenta as suas chances de sucesso.
O Windows, por exemplo, possui muitos usuários e a maioria deles não tem preocupações com segurança. Por
isso, grande parte dos vírus de computadores são desenvolvidos para atacarem sistemas Windows.
Worms
O worm é um verme que explora de forma independente as vulnerabilidades nas redes de dispositivos. Geralmente,
eles deixam a comunicação na rede lenta, por ocuparem a conexão de dados ao enviarem cópias de seu código malicioso.
Um verme biológico parasita um organismo, consumindo seus recursos e deixando o corpo debilitado. Um
verme tecnológico parasita um dispositivo, consumindo seus recursos de memória e conexão de rede, deixando o
aparelho e a rede de dados lentos.
Os worms não precisam ser executados pelo usuário como os vírus de computador e a sua propagação será
rápida caso não existam barreiras de proteção que os impeçam. 153
1. Dispositivo infectado se conecta na rede do usuário
Smartphone
154
Dica
Os worms infectam dispositivos e propagam-se para outros dispositivos de forma autônoma, sem interferên-
cia do usuário.
Os worms podem ser recebidos automaticamente pela rede, inseridos por um invasor ou por ação de outro códi-
go malicioso. Assim como os vírus, ele poderá ser recebido por e-mail, transferido de sites na Internet, compartilhado
em arquivos, por meio do uso de mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por mensagens instantâneas.
Com o objetivo de explorar as vulnerabilidades dos dispositivos, os worms enviam cópias de si mesmos para
outros dispositivos e usuários conectados. Por serem autoexecutáveis, costumam consumir grande quantidade de
recursos computacionais, promovendo a instalação de outros códigos maliciosos e iniciando ataques na Internet
em busca de outras redes remotas.
Pragas Virtuais
As diversas pragas virtuais são, genericamente, chamadas de malwares (softwares maliciosos), por apresen-
tarem características semelhantes: oferecem alguma vantagem para o usuário, mas realizam ações danosas que
acabarão prejudicando-o.
É um código malicioso que realiza operações mal-intencionadas enquanto realiza uma operação desejada pelo
usuário, como um jogo on-line ou reprodução de um vídeo. Ele é enviado com o conteúdo desejado e, ao ser exe-
cutado, desativa as proteções do dispositivo, para que o invasor tenha acesso aos arquivos e dados.
Esse nome está, justamente, relacionado com a história do presente dado pelos gregos aos troianos, consis-
tindo em um cavalo de madeira, com soldados em seu interior. Após entrar nas fortificações de Troia, os gregos
desativaram as defesas e permitiram o acesso do seu exército.
Importante!
O Trojan ou Cavalo de Troia é apresentado, no enunciado de algumas questões de concursos, como um tipo
de vírus de computador.
155
3. Enquanto o usuário joga, o trojan desativado as proteções
z Spyware
É um programa malicioso que procura monitorar as atividades do sistema e enviar os dados capturados
durante a espionagem para terceiros. Existem softwares espiões considerados legítimos (instalados com o consen-
timento do usuário) e maliciosos (que executam ações prejudiciais à privacidade do usuário).
Os softwares espiões podem ser especializados na captura de teclas digitadas (keylogger), nas telas e cliques efe-
tuados (screenlogger) ou para apresentação de propagandas alinhadas com os hábitos do usuário (adware). Eles,
geralmente, são instalados por outros programas maliciosos, para aumentar a quantidade de dados capturados.
z Bot
É um programa malicioso que mantém contato com o invasor, permitindo que comandos sejam executados remo-
tamente. O dispositivo controlado por um bot poderá integrar uma rede de dispositivos zumbis, a chamada botnet.
Quando o invasor deseja atacar sites para provocar Negação de Serviço, ele aciona os bots que estão distri-
buídos nos dispositivos do usuário, para que façam a ação danosa. Além de esconder os rastros da identidade do
verdadeiro atacante, os bots poderão continuar sua propagação através do envio de cópias para outros contatos
do usuário afetado.
z Backdoor
É um código malicioso semelhante ao bot, mas que, além de executar comandos recebidos do invasor, realiza
ações para desativação de proteções e aberturas de portas de conexão. O invasor, ciente das portas TCP que estão
disponíveis, consegue acesso ao dispositivo para a instalação de outros códigos maliciosos e roubo de informações.
Assim como os spywares, existem backdoors legítimos (adicionados pelo desenvolvedor do software para fun-
156 cionalidades administrativas) e ilegítimos (para operarem independente do consentimento do usuário).
z Rootkit
É um código malicioso especializado em esconder e assegurar a presença de outros códigos maliciosos para o
invasor acessar o sistema. Essas pragas virtuais podem ser incorporadas em outras pragas, para que o código que
camufla a presença seja executado, escondendo os rastros do software malicioso.
Após a remoção de um rootkit, o sistema afetado não se recupera dos dados apagados, sendo necessária uma
cópia segura (backup) para restauração dos arquivos.
Dica
Cavalo de Troia, Spyware, Bot, Backdoor e Rootkit são as pragas digitais mais questionadas em concursos públicos.
Confira, na tabela a seguir, outras pragas digitais que ameaçam a Segurança da Informação e a privacidade
dos usuários de sistemas computacionais.
Uma das ações mais comuns que procuram comprometer a segurança da informação é o ataque Phishing. O
usuário recebe uma mensagem (por e-mail, rede social ou SMS no telefone) e é induzido a clicar em um link mali-
cioso. O link acessa uma página que pode ser semelhante ao site original, induzindo o usuário a fornecer dados
pessoais, como login e senha. Em ataques mais elaborados, as páginas capturam dados bancários e de cartões de
crédito. O objetivo é simples: roubar dinheiro das contas do usuário.
1. O usuário recebe um e-mail do “banco”, mas é falso
Usuário
157
2. O link direciona o usuário para um site falso
Usuário
Usuário
4. Seus dados são enviados para o invasor, que rouba $$$ das contas bancárias ou faz compras
no seu cartão de crédito
Usuário
Outra ação mais elaborada tecnicamente é o Pharming. O invasor ataca um servidor DNS, modificando as
tabelas que direcionam o tráfego de dados e o usuário acessa uma página falsa. Da mesma forma que o Phishing,
esse ataque procura capturar dados bancários do usuário e roubar o seu dinheiro.
Usuário
158
2. O link alterado direciona o usuário para um site falso
Usuário
Usuário
4. Seus dados são enviados para o invasor, que rouba $$$ das contas bancárias ou faz compras
no seu cartão de crédito
Usuário
159
z Placa de carro. Mesmo sendo uma placa de car- As senhas procuram proteger de forma passiva a
ro padrão Mercosul, ainda é uma senha previsí- informação.
vel dentro das combinações possíveis de letras e Os tokens procuram proteger de forma ativa a
números (além de estar publicamente divulgada transação.
quando você anda de carro pelas ruas); Bancos, aplicativos de delivery, sites na internet e
z Números de documentos. O acesso a vazamento de empresas com acesso virtual utilizam os tokens para
dados na Internet permite o acesso aos documen- proteger a transação. E não é nada de outro mundo,
tos das pessoas. Se a senha usada é um número de ao contrário, fazem parte de nosso dia a dia. Confira
documento, ela será facilmente quebrada. alguns exemplos:
Alguns sistemas possuem requisitos de senhas, z Aplicativo de delivery: um código é enviado para
que definem como elas deverão ser. Exigências como o smartphone do cliente. Ele deve informar este
“uso de maiúsculas e minúsculas”, comprimento código quando receber o pedido. O entregador tem
mínimo de 8 caracteres, uso de caracteres especiais e a garantia de que este é o cliente que fez o pedido e
proibição de uso repetido de senhas nas atualizações o cliente tem a garantia de que este é o entregador
são algumas das mais conhecidas. que está sendo informado no seu pedido;
Vejamos algumas combinações de senhas que são z Aplicativo de transporte: um código é enviado
recomendáveis. para o motorista do aplicativo. Ao chegar em seu
destino, quando o cliente embarcar, deve infor-
z Substituições de caracteres. Onde é zero, usar mar o código que está sendo exibido em seu smar-
letra O maiúscula, e vice-versa. Onde é letra, usar tphone. O motorista tem a garantia de que este é o
um número “parecido”. Exemplo: termo original usuário que solicitou o transporte, e o cliente tem
“monitores10S” terá uma senha “m0n1tOr3sl0$”; a garantia de que este é o motorista que está sendo
z Palavras grafadas propositalmente erradas. Exem- informado para a sua corrida;
plo: termo original “segurança54S” terá uma senha z Sites na internet: alguns sites oferecem a auten-
“Çegur4nSSa54$” ticação em duas etapas. Um dos mais usados é o
WhatsApp Web. Ao abrir o aplicativo no smart-
phone, pode ser solicitado um PIN ou realizado o
Dica reconhecimento biométrico do usuário. Ao acessar
A maioria das questões sobre senhas são práti- o aplicativo pelo navegador, um QR Code é exibido
cas. Procuram avaliar se o candidato reconhece para sincronizar o aparelho e conta;
senhas fracas e fortes. Use senhas fortes em z Bancos: um dos ativos mais protegidos é o dinhei-
ro. E, atualmente, o dinheiro está predominante-
suas contas e acertará as questões do tema nas
mente sendo transacionado em meio digital. Ao
provas de concursos.
realizar transações bancárias, é comum o envio de
um código por SMS, ou a leitura de um QR Code
Com os ataques às contas de usuários, seja por para a transação, ou informando uma validação
aplicativos de quebra de senhas por força bruta ou adicional;
por acesso à senha original decorrente de um descui- z Empresas: o acesso remoto dos colaboradores a
do do usuário, os sites implementaram outros níveis partir de suas residências se tornou uma realidade
de segurança. em muitos locais do mundo. Ao acessar o webmail
A “verificação em duas etapas”, adotada por ban- corporativo, o serviço pode solicitar uma contras-
cos na confirmação de operação bancária via internet, senha que identificará o dispositivo como seguro.
consiste em associar a transação ou acesso à um códi- Vamos comentar sobre o Microsoft Outlook corpo-
go aleatório enviado no momento da solicitação. rativo: o colaborador acessa o navegador de Inter-
Assim, em outro dispositivo do usuário, ele rece- net e entra no webmail da empresa. Após fornecer
berá o código exigido para continuar com a operação login e senha, é solicitado que execute o app Micro-
iniciada em outro aparelho. soft Autenticator em seu smartphone e informe o
Como é possível observar, as senhas são essenciais código gerado. O dispositivo é confirmado e o aces-
para a proteção do acesso às informações. E as infor- so é permitido;
mações armazenadas (arquivos) podem ter senhas? z E-mail pessoal: até serviços pessoais de correio
Sim e não. eletrônico como o Gmail já oferecem a autentica-
Alguns arquivos aceitam atribuição de senhas ção em duas etapas. Ao acessar o serviço em qual-
para abertura, leitura e edição. Outros arquivos não quer dispositivo pelo navegador, é solicitado que
possuem este tipo de suporte. o usuário execute o app Gmail em seu smartpho-
Para arquivos sem suporte nativo para senhas, ne, para obter o código de acesso. No navegador
outros mecanismos poderão ser usados para prote- de internet, deve informar o código que visualizou
ção, como a compactação com senhas e a criptogra- em seu app.
fia. Para compactar arquivos com senhas, acione o
programa (como o WinZIP ou WinRAR), selecione os Senhas nos arquivos, compactação de dados,
arquivos, defina a senha, e compacte. Para descom- tokens, entre outros, também se destaca um método,
pactar, a senha será solicitada. usado para proteção de dados, que opera com arqui-
vos em geral, com ou sem senha. É a criptografia.
MAIS SEGURANÇA: TOKENS
O QUE É CRIPTOGRAFIA?
Mesmo com o uso das senhas, a proteção poderá
ser quebrada e a informação acessada. Nas transações A criptologia é a ciência de “criar e violar os códi-
160 digitais, os tokens entram em ação. gos secretos”. É a maneira segura para armazenar e
transmitir dados, de forma que somente o destinatário possa ler ou processá-los. A criptografia usa algoritmos
seguros para manter as informações protegidas.
Ao ativá-la, os dados legíveis que contêm texto claro ou texto não criptografado, serão “embaralhados” para
produzir um texto criptografado ou texto codificado. A descriptografia reverterá o processo, tornando o texto
claro ou não criptografado.
A cifragem criptográfica pode proporcionar confidencialidade à comunicação, incorporando várias ferramen-
tas e protocolos que protegem os dados, as identidades e as conexões entre os usuários.
As chaves criptográficas codificam e decodificam os dados.
Alguns sistemas de criptografia usam a criptografia simétrica. Provavelmente você já viu estas siglas quando
configurou seu roteador wireless.
Padrões de criptografia comuns que usam criptografia simétrica:
z 3DES (triplo DES): Digital Encryption Standard (DES). O Triplo DES criptografa três vezes os dados e usa uma
chave diferente;
z IDEA: O Algoritmo de Criptografia de Dados (IDEA);
z AES: O Advanced Encryption Standard (AES).
Chave pré-compartilhada
A mesma chave usada para codificar os dados é usada para decodificar depois.
Na criptografia assimétrica, um par de chaves independentes torna esses algoritmos mais seguros que na
criptografia simétrica.
Os algoritmos assimétricos incluem:
z RSA (Rivest-Shamir-Adleman);
z Diffie-Hellman;
z ElGamal;
z Criptografia de curva elíptica (ECC).
Uma chave é usada para codificar os dados, e outra chave será usada para decodificar.
O comprimento de chave normal é de 80 a 256 bits O comprimento de chave normal é de 512 a 4.096 bits
161
COMPARAÇÃO DE TIPOS DE CRIPTOGRAFIA
Remetente e destinatário devem compartilhar uma cha- Remetente e destinatário não compartilham uma chave
ve secreta secreta
DES, 3DES, AES, IDEA, RC2/4/5/6 e Blowfish são alguns RSA, ElGamal, curvas elípticas e DH são alguns
exemplos exemplos
CARACTERÍSTICAS
Compartilha uma chave comum para criptografia e Normalmente requer um processamento de chaves
descriptografia de terceiros
Mais rápido e usa menos recursos de processamento Usado por aplicativos como IKE, SSH, PGP e SSL
O gerenciamento de chave pode ser um problema à medida Use uma chave pública para criptografar e uma
que o número de usuários aumenta chave privada para descriptografar
O sistema operacional Windows oferece dois níveis de proteção de arquivos com criptografia:
z NTFS: através do sistema de arquivos do Windows, os arquivos são protegidos e exibidos com cores/ícones
diferentes no Explorador de Arquivos;
z BitLocker: criptografia que protege os dados em um disco com o armazenamento de chaves em outro disco. A
unidade C pode ser protegida e a chave armazenada em um pendrive. Toda vez que for ler os dados na unidade
C, o pendrive com a chave precisa estar conectado no dispositivo.
A certificação digital com o uso de cartões com chip ou aplicativos de certificação trabalham com a mesma sis-
temática. Para autenticar uma transação, o cartão com chip que contém a assinatura digital ou certificado digital
deverá estar conectado no leitor. Para autenticar uma operação, o aplicativo da Autoridade Certificadora deve ser
aberto e confirmada a transação.
ASSINATURA DIGITAL
z A assinatura é autêntica;
z A assinatura não pode ser alterada;
z A assinatura não pode ser reutilizada;
z A assinatura não pode ser repudiada, ou seja, não se pode negar que um documento foi alterado.
CERTIFICADO DIGITAL
O certificado digital autentica e verifica se o emissor de uma mensagem é realmente quem ele diz ser. Os certi-
ficados digitais poderão proporcionar confidencialidade para o destinatário, ao criptografar a resposta recebida.
Caso alguém intercepte a informação, não conseguirá decodificar, sem as devidas chaves de decodificação.
162
Servidor remoto
Passo 3 - verificado
Certificado
Digital
Passo 4 - gerar chave de sessão
Passo 6 - dados serão
trocados de forma
segura
Passo 5 - sessão criptografada
Imagem – negociação entre o dispositivo do usuário e o servidor remoto que armazena uma loja virtual (com certificado digital)
Na imagem acima, podemos acompanhar a negociação inicial entre o dispositivo do usuário e o servidor
remoto, que hospeda uma loja virtual, onde o usuário pretende realizar uma compra. Com o certificado digital a
negociação entre os dispositivos será realizada, e o usuário poderá comprar de forma segura, pois a Loja Virtual
se identificou através do certificado digital, dizendo que ela é realmente quem ela diz ser.
z Passo 1 – o usuário digita em seu navegador o endereço URL do servidor remoto que armazena a Loja Virtual;
z Passo 2 – a Loja Virtual envia para o dispositivo do usuário (navegador de Internet) uma cópia do seu certificado
digital. Ela está dizendo: eu sou esta Loja Virtual, e o certificado digital garante que estou dizendo a verdade;
z Passo 3 – o certificado digital será verificado. Como? Ao consultar a entidade certificadora que emitiu o certifi-
cado, poderá verificar a sua autenticidade;
z Passo 4 – certificado verificado, será criada uma chave para a sessão. A chave será usada nas trocas de infor-
mações criptografadas;
z Passo 5 – o certificado é enviado com a chave para a loja virtual, identificando aquela sessão do usuário. As pró-
ximas trocas de informações serão realizadas de forma criptografada entre o servidor e o dispositivo do usuário;
z Passo 6 – as informações criptografadas são enviadas e recebidas. O servidor e o destinatário conhecem a cha-
ve de sessão. Somente eles podem descriptografar a mensagem trocada.
z Número da versão;
z Número de série;
z Identificador de algoritmo de certificado;
z Nome do remetente;
z Período de validade;
Ao acessar um site seguro, basta clicar no cadeado exibido na barra de endereços para visualizar as informa-
ções do Certificado Digital.
Mostrar: <Todas>
Os vírus de computadores, como conhecemos no tópico anterior, infecta um arquivo e propaga-se para outros
arquivos quando o hospedeiro é executado. O código que infecta o arquivo é chamado de assinatura do vírus.
Os programas antivírus são desenvolvidos para detectarem a assinatura do vírus existente nos arquivos do
computador. O antivírus precisa estar atualizado, com as últimas definições da base de assinaturas de vírus, para
que seja eficiente na remoção dos códigos maliciosos.
Usuário Arquivo
Usuário Arquivo
Arquivo Arquivo
desinfectado excluído
Usuário
Quarentena
164
Quando o antivírus encontra um código malicioso em algum arquivo, que tenha correspondência com a base
de assinaturas de vírus, ele poderá:
Assim, o antivírus poderá proteger o dispositivo através de três métodos de detecção: assinatura dos vírus
conhecidos, verificação heurística e comportamento do código malicioso quando é executado.
O que fazer quando o código malicioso do vírus não está na base de assinaturas?
A base de assinaturas é atualizada pelo fabricante do antivírus, com as informações conhecidas dos vírus
detectados. Entretanto, novos vírus são criados diariamente. Para a detecção desses novos códigos maliciosos, os
programas oferecem a Análise Heurística.
z Análise Heurística
O software antivírus poderá analisar os arquivos do dispositivo através de outros parâmetros, além da base
de assinaturas de vírus conhecidos, para encontrar novos códigos maliciosos que ainda não foram identificados.
Se o código enviado para análise for comprovadamente um vírus, o fabricante inclui sua assinatura na base
de vírus conhecidos. Assim, na próxima atualização do antivírus, todos poderão reconhecer e remover o novo
código descoberto.
1. Ele compara o código com sua base de assinaturas, mas não encontra correspondência com vírus conhecidos
Usuário Arquivo
2. O arquivo será isolado e uma cópia enviada para análise pelo fabricante do software antivírus
Usuário
Fabricante
165
Windows Defender
Em concursos públicos, as soluções de antivírus de terceiros, como Avast, AVG, Avira e Kaspersky raramente
são questionadas. Nós as usamos em nosso dia a dia, mas, em provas de concursos, as bancas trabalham com as
configurações padrões dos programas.
O Windows 10 possui uma solução integrada de proteção, que é o Windows Defender. Na época do Windows 7,
a Microsoft adquiriu e disponibilizou o programa Microsoft Security Essentials como antivírus padrão do sistema
operacional.
A seguir, foi desenvolvida a solução Windows Defender, para detecção e remoção de outros códigos maliciosos,
como os worms e Cavalos de Troia. Além disso, o Windows sempre ofereceu o firewall, um filtro de conexões para
impedir ataques oriundos das redes conectadas.
No Windows 10, o Windows Defender faz a detecção de vírus de computador, códigos maliciosos e opera o fire-
wall do sistema operacional, impedindo ataques e invasões.
Firewall
O firewall é um filtro de conexões que poderá ser um software, instalado em cada dispositivo, ou um hardware,
instalado na conexão da rede, protegendo todos os dispositivos da rede interna. O sistema operacional disponibi-
liza um firewall pré-configurado com regras úteis para a maioria dos usuários.
A maioria das portas comuns estão liberadas e a maioria das portas específicas estão bloqueadas.
Usuário
.
Figura 13. O firewall controla o tráfego proveniente de outras redes
O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, portanto ele permite que códigos maliciosos, como os vírus de
computadores, infectem o computador ao chegarem como anexos de uma mensagem de e-mail. O usuário deve
executar um antivírus e antispyware nos anexos antes de executá-los.
Firewall Usuário
Figura 14. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, então mensagens com anexos maliciosos passarão pela barreira e chegarão até o
usuário.
O firewall impede um ataque, seja de um hacker, de um vírus, de um worm, ou de qualquer outra praga digital
que procure acessar a rede ou o computador por meio de suas portas de conexão. Apenas o conteúdo liberado,
como e-mails e páginas web, não serão bloqueados pelo firewall.
166
E-mail Página web
Figura 15. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede os ataques provenientes da rede.
O firewall não é um antivírus e nem um antispyware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas portas
TCP do dispositivo. Sendo assim, sua utilização não dispensa o uso de outras ferramentas de segurança, como o
antivírus e o antispyware.
Importante!
O firewall não é um antivírus, mas ele impede um ataque de vírus. Ele impedirá, por ser um ataque e, não, por
ser um vírus.
Antispyware
Da mesma forma que existe a solução antivírus contra vírus de computadores, existe uma solução que procura
detectar, impedir a propagação e remover os códigos maliciosos que não necessitam de um hospedeiro.
Genericamente, malware é um software malicioso. Genericamente, spyware é um software espião. Assim,
quando os softwares maliciosos ganharam destaque e relevância para os usuários dos sistemas operacionais, os
spywares ganharam destaque. Comercialmente, tornou-se interessante nomear a solução como antispyware.
Na prática, um antispyware, ou um antimalware, detecta e remove vários tipos de pragas digitais.
Usuário Antispyware
Trojan Spyware
Figura 16. O antispyware é usado para evitar pragas digitais no dispositivo do usuário.
Figura 17. Para proteção: firewall ativado, antivírus atualizado e ativado, antispyware atualizado e ativado, atualizações de softwares instaladas
e uso de senha forte.
UTM
Unified Threat Management (UTM), ou “Gerenciamento Unificado de Ameaças”, são soluções abrangentes que
integram diferentes mecanismos de proteção em apenas um programa. Elas realizam, em tempo real, a filtragem
de códigos acessados, otimizam o tráfego de dados nas conexões, controlam a execução das aplicações, protegem
o dispositivo com um firewall, estabelecem uma conexão VPN segura para navegação e entregam relatórios de
fácil compreensão para o usuário.
Quando o ataque é direcionado ao e-mail e navegador de Internet, os filtros antispam e filtros antiphishing aten-
dem aos requisitos de proteção. Se o ataque chega disfarçado, medidas de prevenção devem ser adotadas, como:
Quando os ataques procuram atingir um servidor da empresa, como ataques DoS (negação de serviço), DDos
(ataque distribuído de negação de serviços) ou spoofing (fraude de identidade), uma das formas de proteção é o blo-
queio de pacotes externos não convencionais. Se o usuário está utilizando um dispositivo móvel e sofre um ataque,
ele deve aumentar o nível de proteção do aparelho e as senhas precisam ser redefinidas o mais breve possível.
Por fim, os ataques contra aplicativos poderão ser minimizados ou anulados se o usuário mantiver os progra-
mas atualizados em seu dispositivo, aplicando as correções de segurança tão logo elas sejam disponibilizadas.
Importante!
Quando o usuário é envolvido na perpetração de ataques digitais, ele é considerado o elo mais fraco da cor-
rente de segurança da informação, por estar sujeito a enganos e trapaças dos atacantes. A Engenharia Social
consiste no conjunto de técnicas e atividades que procuram estabelecer confiança mediante dados falsos,
ameaças ou dissimulação.
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm, como finalidade, apresentar os resultados de endereços
168 URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pesquisa da
atualidade. No passado, sites como Cadê, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a acessibilidade das
informações existentes na Internet, indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos navegadores de Internet e, na configuração dos browsers, temos a
opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite a busca dos termos digitados diretamente na barra de endereços do
cliente web. Essa funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox (caixa de pesquisa inteligen-
te), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de termos para completar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o Goo-
gle Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades, ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas
de letras minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
Além de todas essas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
esses são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, essa parte você consegue praticar até
no seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet e visualize os resulta-
dos obtidos.
@Instagram
Arroba Pesquisar em redes sociais
novaconcursos
Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.
Substituindo o Internet Explorer como navegador multiplataforma da Microsoft, padrão no Windows 10, atual-
mente é desenvolvido sobre o kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma série de itens semelhantes ao Goo-
gle Chrome. Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartScreen, permite o bloqueio de sites que contenham
phishing (códigos maliciosos que procuram enganar o usuário, como páginas que pedem login/senha do cartão
de crédito).
Outro recurso de proteção é usado para combater vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que favo-
recem o ataque de códigos maliciosos ao compartilhar dados entre sites sem permissão do usuário. Ele substi-
tuiu o aplicativo Leitor, tornando-se o visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows 10. Foram adicionados
recursos que permitem “Desenhar” sobre o conteúdo do PDF.
Além disso, mantém as características dos outros navegadores de Internet, como a possibilidade de instalação
de extensões ou complementos, também chamados de plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos espe-
cíficos para a navegação em determinados sites.
As páginas acessadas poderão ser salvas para acessar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, consul-
tadas no Histórico de Navegação ou salvas como PDF no dispositivo do usuário.
Coleções, no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo que permite que a navegação inicie em um dispositivo
e continue em outro dispositivo logado na mesma conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas nomeado
como Coleções, no Edge, permite adicionar sugestões do Pinterest.
Outro recurso específico do navegador é a reprodução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site Microsoft
Bing (buscador da Microsoft).
CACHE E COOKIES
z Os cookies são arquivos criados pelos sites que você visita. Eles facilitam sua experiência on-line salvando
dados de navegação;
z O cache lembra partes de páginas, como imagens, para ajudar a abri-las mais rapidamente durante sua pró-
xima visita.
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS
O eM Client é um cliente de e-mail gratuito para uso pessoal no ambiente Windows e Mac. Facilmen-
te configurável. Tem a versão Pro, para clientes corporativos
O Microsoft Outlook, integrante do pacote Microsoft Office, é um cliente de e-mail que permite a inte-
gração de várias contas em uma caixa de entrada combinada
O Microsoft Outlook Express foi o cliente de e-mail padrão das antigas versões do Windows. Ainda
aparece listado nos editais de concursos, porém não pode ser utilizado nas versões atuais do siste-
ma operacional
Webmail. Quando o usuário utiliza um navegador de Internet qualquer para acessar sua caixa de
mensagens no servidor de e-mails, ele está acessando pela modalidade webmai
171
O Microsoft Outlook possui recursos que permitem Os protocolos de e-mails são usados para a troca
o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização de mensagens entre os envolvidos na comunicação. O
das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha- usuário pode personalizar a sua configuração, mas, em
mento e também recursos relacionados a reuniões e concursos públicos, o que vale é a configuração padrão,
compromissos. a qual foi apresentada neste material.
Os eventos adicionados ao calendário poderão ser SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protocolo
enviados na forma de notificação por e-mail para os para Transferência Simples de E-mails usado pelo clien-
participantes. te de e-mail para enviar para o servidor de mensagens
O Outlook possui o programa para instalação no e entre os servidores de mensagens do remetente e do
computador do usuário e a versão on-line. A versão destinatário.
on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot- POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o Pro-
mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, inte- tocolo de Correio Eletrônico usado pelo cliente de e-mail
grante do Microsoft Office 365). para receber as mensagens do servidor remoto, remo-
vendo-as da caixa de entrada remota.
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol) é
o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet, o qual
Usuário
é usado pelo navegador de Internet (sobre os protocolos
HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail, para
transferir cópias das mensagens para a janela do nave-
gador, mantendo as originais na caixa de mensagens do
@
servidor remoto.
Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor de
e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador de
Internet
Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
Formas de Acesso ao Correio Eletrônico SMTP
Enviar – SMTP
Podemos usar um programa instalado em nosso Enviar e Receber
dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador Receber – POP3 IMAP4
de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem Remetente Destinatário
Cliente
suas características e protocolos. Confira: Webmail
Dica
RFC é Request for Comments, um documento
de texto colaborativo que descreve os padrões
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
usado nas redes de computadores.
Ação e Características
z Alta prioridade: Quando marca a mensagem como Alta Prioridade, o destinatário verá um ponto de exclama-
ção vermelho no destaque do título;
z Baixa prioridade: Quando o remetente marca a mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário verá uma
seta azul apontando para Baixo no destaque do título;
z Imprimir mensagem: O programa de e-mail ou navegador de Internet prepara a mensagem para ser impressa,
sem as pastas e opções da visualização do e-mail;
z Ver código fonte da mensagem: As mensagens possuem um cabeçalho com informações técnicas sobre o e-mail
as quais podem ser visualizadas pelo usuário;
z Ignorar: Disponível no cliente de e-mail e em alguns webmails, ao ignorar uma mensagem, as próximas men-
sagens recebidas do mesmo remetente serão excluídas imediatamente ao serem armazenadas na Caixa de
Entrada;
z Lixo Eletrônico: Sinalizador que move a mensagem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio eletrônico
para fazer o mesmo com as próximas mensagens recebidas daquele remetente;
z Tentativa de Phishing: Sinalizador que move a mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o serviço
de e-mail sobre o remetente da mensagem estar enviando links maliciosos que tentam capturar dados dos
usuários;
z Confirmação de Entrega: O servidor de e-mails do destinatário envia uma confirmação de entrega, informando
que a mensagem foi entregue na Caixa de Entrada dele com sucesso;
z Confirmação de Leitura: O destinatário pode confirmar ou não a leitura da mensagem que foi enviada para ele.
Recebendo a
confirmação de entrega
Destinatário
Webmail
Remetente
Cliente
Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails do destinatário,
informando que ela foi armazenada corretamente na Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.
Enviar e-mail
Remetente Destinatário
Cliente
Webmail
Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do conteúdo do
e-mail.
174
TRANSFERÊNCIA DE ARQUIVOS E DADOS: UPLOAD, DOWNLOAD, BANDA,
VELOCIDADES DE TRANSMISSÃO
A transferência de informação e arquivos baseia-se no paradigma cliente-servidor. As informações armazena-
das em servidores são transferidas para os clientes, como na internet. Um servidor web hospeda arquivos que são
transferidos para um cliente web (browser ou navegador) acionado pelo usuário.
Servidor web
Servidor e-maill Servidor FTP Servidor VoIP
A conexão de banda larga oferece altas taxas de envio (upload) e recebimento (download), sendo balanceada
pela operadora de telefonia.
A conexão dedicada oferece altas taxas de envio e recebimento em valores contratados e fixos.
Quando uma pessoa envia um arquivo de seu computador para um site na internet, a operação de transferên-
cia que está sendo executada é conhecida como upload.
Quando uma pessoa recebe um arquivo em seu computador proveniente de um site na internet, a operação de
transferência que foi executada é conhecida como download.
A transferência de dados poderá ser com o protocolo TCP, que possui controle da transmissão e retransmite
em caso de erro no pacote de dados, e com o protocolo UDP, que não possui conexão contínua e não faz retrans-
missão em caso de erro.
O TCP é usado nos sites de internet e o UDP é usado em transmissões ao vivo.
Quando enviamos ou recebemos informações da rede mundial, a taxa de transferência é um índice que infor-
Pausar
Mostrar na pasta
Cancelar
13563. zip
4,6/102 Mb, 3 minutos restantes
O envio de arquivos pela internet poderá apresentar limitação quanto ao tamanho da informação ou quanto
ao tempo que será dedicado para a transferência. Os e-mails, por exemplo, enviam arquivos anexos, mas com
limite de tamanho. 175
Uma das formas mais práticas para o envio de arquivos grandes é compactar em um formato ZIP ou RAR. A
compactação do arquivo reduz o seu tamanho; depois disso, em muitos casos, será possível anexar no e-mail.
Arquivos que, ainda depois de compactados, são maiores que o limite do e-mail, podem ser divididos em partes
e enviados separadamente. Entretanto, assim, quem envia tem mais trabalho para montar o arquivo compactado
separado e, do outro lado, o destinatário terá o mesmo problema para montar o arquivo com as partes recebidas.
Existem sites na internet que permitem o envio de arquivos grandes, sem ser por anexo de e-mail. Por exemplo:
o Microsoft OneDrive trabalha junto com o Hotmail (Outlook). Quando tentamos enviar um arquivo muito grande
por e-mail, o Hotmail sugere armazenar o arquivo na nuvem do OneDrive, e segue para o destinatário um link de
acesso ao arquivo.
Lembrar da minha escolha para arquivos do meu computador e anexá-los da mesma forma no futuro i
O Google Drive (que está mudando de nome para Google One) trabalha com o Gmail. Assim como no Hotmail,
ao tentar enviar um anexo muito grande pelo Gmail, ele sugere armazenar o arquivo na nuvem do Google, e segue
para o destinatário um link de acesso ao arquivo.
x
Anexando os arquivos
Seus arquivos tem mais de 25 MB. Eles serão enviados como links do Google Drive.
Cancelar
z Fluxo contínuo;
z Modo blocado;
z Modo comprimido.
176
Na transferência por fluxo contínuo, os dados são I. Arquivos downloaded pelo navegador;
transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres. II. Cookies;
III. Histórico de navegação;
IV. Imagens e arquivos armazenados no cache do navegador;
V. Páginas gravadas pelo comando “salvar como...”.
a) I, II, IV, V;
b) I, III, V;
c) II, III, IV;
No modo blocado, o arquivo é transferido como
d) II, III, V;
uma série de blocos precedidos por um cabeçalho
e) III, IV, V.
especial. Esse cabeçalho é constituído por um conta-
dor (2 bytes) e um descritor (1 byte).
3. (FGV — 2019) O Chrome é um dos navegadores mais
utilizados na Internet, e oferece uma operação pela
qual uma página é “adicionada às favoritas”. Conside-
re as seguintes afirmativas sobre essa operação.
7 C
a) formatação condicional;
b) inserção de formas; 8 A
c) pincel de formatação;
d) quebras de seção; 9 A
e) referência cruzada.
10 E
18. (FGV — 2021) No contexto das interfaces de servido- 11 E
res de e-mail, assinale a opção que descreve correta-
mente o significado do termo rascunho. 12 B
17 D
19. (FGV — 2021) Uma prática comum no MS Excel é a
definição de intervalos de células para uso em fórmu- 18 C
las. Nesse contexto, considere os intervalos exibidos
a seguir, definidos de acordo com a notação usada no 19 D
MS Excel. 20 D
B3:D9
C5:$C$7
A6:E6
A$1:G10 ANOTAÇÕES
Assinale o intervalo de células que está incluído em
todos os intervalos acima.
a) A6:C6
b) B5:D6
c) B:C6
d) C6:C6
e) C5:C7 179
ANOTAÇÕES
180
Note que, a constituição ao determinar o direito à
vida, possui dois aspectos, direito à integridade física
e psíquica.
Importante mencionar que o STF já se posicionou
NOÇÕES DE DIREITO
sobre gravidez de feto anencéfalo, decidindo, em
julgamento de grande repercussão, que não constitui
crime a interrupção da gravidez nestes casos. Ainda, o
CONSTITUCIONAL julgamento somente autorizou a interrupção da gravi-
dez de feto portador de anencefalia, não se estenden-
do a nenhuma outra deficiência.1
É importante ressaltar também que o STF decidiu
DOS DIREITOS E GARANTIAS pela legitimidade da realização de pesquisas com
a utilização de células-tronco2 embrionárias, obti-
FUNDAMENTAIS das de embriões humanos produzidos por fertilização
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
atendidas as condições estipuladas no art. 5º da Lei
Os direitos fundamentais estão localizados no títu- 11.105, de 25 de março de 2005, que estabelece as
lo II da CF/88, do art. 5º ao art. 17, e estão classifica- normas de segurança e maneiras de fiscalização das
dos em cinco grupos: direitos individuais e coletivos, atividades que envolvam organismos geneticamen-
direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos te modificados. Nesse sentido, o STF considerou que
políticos e direitos relacionados à existência, organi- as mencionadas pesquisas não violam direito à vida,
zação e participação em partidos políticos. vejamos o dispositivo mencionado:
Também são classificados em três dimensões de
direito, pois surgiram em épocas diferentes.
Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia,
DIREITOS DIREITOS DIREITOS a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS de embriões humanos produzidos por fertilização
DE 1º DIMENSÃO DE 2º DIMENSÃO DE 3º DIMENSÃO in vitro e não utilizados no respectivo procedimen-
to, atendidas as seguintes condições:
Direitos civis e po- Direitos sociais, eco-
Fraternidade I – sejam embriões inviáveis; ou
líticos nômicos e culturais
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou
mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já
Conforme prevê o art. 5º da CF/88 todos são iguais congelados na data da publicação desta Lei, depois
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, de completarem 3 (três) anos, contados a partir da
garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberdade, data de congelamento.
à igualdade, à segurança e à propriedade. § 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimen-
to dos genitores.
Direito à Vida § 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde
que realizem pesquisa ou terapia com células-tron-
A Constituição protege a vida, extrauterina e co embrionárias humanas deverão submeter seus
intrauterina – neste caso, com a proibição do aborto. projetos à apreciação e aprovação dos respectivos
Entretanto, o art. 128 do Código Penal prevê a autori- comitês de ética em pesquisa.
zação do aborto como exceção em duas hipóteses; são § 3º É vedada a comercialização do material bioló-
elas como único meio para salvar a vida da mulher e gico a que se refere este artigo e sua prática implica
no caso de gravidez resultante de estupro. o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de
fevereiro de 1997.
Art. 128 Não se pune o aborto praticado por
médico:
Importante!
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
z Aborto Necessário
As decisões do STF também são objeto de ques-
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; tionamento em provas.
Aqui temos um tema muito comentado, o isola- Agora que entendemos como funciona o estado
mento, ou seja, a proibição das pessoas de abrirem de calamidade pública, vamos à análise do direito de
suas próprias empresas, de permanecerem em pra- locomoção que foi restringido.
ças, lugares públicos, isto é, seu direito de ir e vir limi- Primeiramente, é importante mencionar que
tado. Entenda: nenhum direito fundamental pode ser considerado
absoluto (quando dizemos isso, significa que esse
Somente grupo de risco deve
direito pode ser violado, desde que se cumpra
ficar isolado em casa. (idosos alguns requisitos), e a proporcionalidade de cada
Vertical
e pessoas com problemas de situação deve ser observada.
saúde)
O interesse da coletividade deve ser sempre
Isolamento observado e ter preferência em relação ao direito
do particular, com o objetivo de aplicar o denomina-
Toda população deve ficar do princípio da supremacia do interesse público
Horizontal isolada em casa e empresas
fechadas sobre o particular, que inclusive é um dos principais
princípios do direito administrativo.
Aqui cabe mencionar também o art. 196 da CF, que
Se o direito à liberdade de locomoção é um direito prevê o direito à saúde como sendo um dever do Esta-
fundamental de ir e vir, pode-se proibir que a pessoas do (no sentido de nação politicamente organizada, ou
se locomovam? Mas e a constituição? seja, é um dever do País/Governo Federal).
3 STF RE/511961, Min. Gilmar Mendes, 17.06.2009.
4 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
182 2020.
Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Esta- z Igualdade na Lei x Igualdade Perante a Lei
do, garantido mediante políticas sociais e econômi-
cas que visem à redução do risco de doença e de A igualdade na lei obriga o legislador a tratar
outros agravos e ao acesso universal e igualitário todos da mesma forma ao criar as normas; já a igual-
às ações e serviços para sua promoção, proteção e dade perante a lei significa que quem administra o
recuperação. Estado também deve observar o princípio da igual-
dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis-
Ainda, cabe mencionar o princípio da propor- trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar
cionalidade, que tem como finalidade equilibrar os que o princípio da igualdade também tem efeitos aos
direitos individuais com os da sociedade, exatamente particulares.
como no caso que aqui estamos analisando.
Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, confor- z Igualdade Formal x Igualdade Material
me os requisitos demonstrados na situação atual para
provas: direito de ir e vir é um direito fundamen- A igualdade formal, também chamada de igual-
tal, mas fique atento: não é um direito absoluto! No dade jurídica, significa que todos devem ser tratados
caso da violação desse direito em face do covid-19, da mesma forma. Já a igualdade material significa
foi observado o princípio da proporcionalidade tratar igual os iguais e os desiguais com desigualda-
e o princípio da supremacia do interesse público de, na medida de suas desigualdades, ou seja, é uma
sobre o particular. forma de proteção a certos grupos sociais, certos gru-
Lembrando que o desrespeito a qualquer medida pos de pessoas que foram discriminadas ao longo da
imposta configura como crime contra a saúde públi- história do Brasil. Isso ocorre por meio das chamadas
ca prevista no art. 268 do código penal, que pune cri- ações afirmativas, que visam, por meio da política
minalmente a conduta de “infringir determinação do pública, reduzir os prejuízos.
poder público, destinada a impedir introdução ou pro- Por exemplo, temos o sistema de cotas para os
pagação de doença contagiosa”. afrodescendentes nas universidades públicas. Sobre
A liberdade de reunião, prevista no inciso XVI o tema, o STF já se posicionou pela constitucionalida-
do art. 5º da CF, deve ser pacífica e sem armas, bem de, e a decisão foi tomada no julgamento do Recurso
como não deve frustrar outra reunião anteriormente Extraordinário (RE 597.285), com repercussão geral,
convocada para aquele local. Tem preferência quem em que um estudante questionava os critérios adota-
avisar primeiro, chamado o aviso prévio à autoridade dos pela UFRGS para reserva de vagas.5
competente, o que é diferente de autorização, pois a
z Igualdade nos Concursos Públicos
reunião não depende de autorização.
Liberdade de associação tem previsão no inci-
Tem como base o também chamado princípio da
so XVII até o XXI do art. 5º da CF. É importante men-
isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado
cionar que todos esses incisos já foram cobrados em
sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo
provas em geral. Cuidado com o texto constitucional,
respectivo concurso público.
como por exemplo:
Entretanto, alguns concursos exigem, por exem-
plo, idade, altura etc. Note que todas as exigências
Art. 5º [...]
contidas no edital que façam distinção entre as pes-
XVII - é plena a liberdade de associação para fins
soas somente serão lícitas e constitucionais desde
lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
que preencham dois requisitos:
A expressão “plena”, utilizada no dispositivo, tem
Deve estar previsto em lei – igualdade formal;
o mesmo sentido de ser considera livre a liberdade de
Deve ser necessário ao cargo.
associação, desde que para fins lícitos.
Por conseguinte, o texto constitucional prevê a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Como por exemplo, concurso para contratação de
possibilidade de criação de associações e cooperati-
agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
vas, independente de autorização. Ainda, só pode-
tal constar que é permitido somente mulheres para
rão ser dissolvidas ou ter suspensas as atividades
investidura do cargo.
por decisão judicial. Ninguém pode ser obrigado a
Exemplo muito comentado também é sobre a proi-
associar-se ou permanecer associado. Por fim, o tex- bição de tatuagem contida nos editais de concurso
to constitucional autoriza, desde que expressamente público. Sobre o tema o STF assim entendeu:
autorizada, a representação dos associados pelas enti-
dades associativas. Editais de concurso público não podem estabelecer
restrição a pessoas com tatuagem, salvo situa-
Igualdade ções excepcionais, em razão de conteúdo que vio-
le valores constitucionais.6
Princípio da igualdade, previsto também no caput
do art. 5º da CF, é muito importante, e, deste princípio, Entenda: como situação excepcional tatuagem que
inúmeros outros decorrem diretamente, conforme viole os princípios constitucionais e os princípios do
veremos a seguir. Estado brasileiros. Ex.: Tatuagem de suástica nazista.
5 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.
6 Recurso Extraordinário 898450. 183
z União Estável Homoafetiva
Importante!
Tema muito comentado e, em 2011, o STF se posi- Memorize que como dia entende-se o período
cionou sobre o reconhecimento da união estável para das 6h às 18h.
casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argumen-
to que o inciso IV, art. 3° da CF veda qualquer discri-
minação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse Note que existem exceções à inviolabilidade: fla-
sentido, ninguém pode ser diminuído ou discrimi- grante delito, desastre, prestação de socorro e deter-
nado em função de sua orientação sexual. “O sexo minação judicial. Convém lembrar também que, de
das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o
para desigualação jurídica”: conclui-se, portanto, que conceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer com-
qualquer depreciação da união estável homoafetiva partimento habitado (casa, apartamento, trailer ou
barraca); qualquer aposento ocupado de habitação
colide com o inciso IV do art. 3º da CF.7
coletiva (hotel, apart-hotel ou pensão), bem como
qualquer compartimento privado onde alguém exerça
Legalidade profissão ou atividade, incluindo as pessoas jurídicas.
O STF, em relevante julgamento com repercussão
Princípio da legalidade está previsto no inciso II, geral (§ 3°, art. 102 da CF), firmou compreensão no
art. 5° da CF, e preceitua que “ninguém será obrigado a sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade mes-
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude mo no período noturno – fundamentada e devi-
de lei”. Note que, quando se fala em princípio da lega- damente justificada, se indicado que no interior na
lidade, se está falando no âmbito particular e não da casa se está praticando algum crime, ou seja, em esta-
administração pública. do de flagrante delito.
No tocante aos particulares, o princípio da lega- É importante frisar que, se o agente policial entrar
lidade quer dizer que apenas a lei tem legitimidade na residência e não constatar a ocorrência de crime
em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos
para criar obrigações de fazer, também chamadas de
agentes policiais se forem apresentadas fundadas
obrigações positivas, e também as chamadas obriga-
razões que os levaram a invadir aquela casa, o que,
ções de não fazer, chamadas obrigações negativas, e, sem dúvida, deve ser objeto de controle – mesmo que
nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu- posterior – por parte da própria polícia e, claro, pelo
ma, é dado ao particular fazer o que bem entender, Ministério Público (a quem compete exercer o contro-
ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em le externo da atividade policial, nos termos do inci-
lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse so VII, art. 129 da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao
ponto o princípio da autonomia da vontade. analisar-se a legitimidade de eventual prova colhida
Em refêrencia ao poder público, o conteúdo do durante essa entrada à residência.
princípio da legalidade é outro: tem a ideia de que o Sobre a entrada forçada em domicílio, o STF assim
Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo, de que considerou:
governar é atividade cuja realização exige a edição A entrada forçada em domicílio sem mandado
judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
de leis; assim, o poder público não pode atuar nem
quando amparada em fundadas razões, devida-
contrário às leis, nem na ausência da lei.
mente justificadas “a posteriori”, que indiquem
que dentro da casa ocorre situação de flagrante
Inviolabilidade delito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nuli-
Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da dade dos atos praticados.8
honra e da imagem das pessoas tem previsão no inci- Essa a orientação do Plenário, que reconheceu a
so X, art. 5° da CF; vejamos: repercussão geral do tema e, por maioria, negou pro-
vimento ao recurso extraordinário em que se discutia,
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, à luz do dos incisos XI, LV e LVI, art. 5º da Constitui-
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o ção, a legalidade das provas obtidas mediante invasão
direito a indenização pelo dano material ou moral de domicílio por autoridades policiais sem o devido
decorrente de sua violação; mandado de busca e apreensão. O acórdão impugna-
do assentou o caráter permanente do delito de tráfico
Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí- de drogas e manteve condenação criminal fundada
em busca domiciliar sem a apresentação de mandado
dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à
de busca e apreensão. A Corte asseverou que o texto
própria imagem frente aos meios de comunicação em
constitucional trata da inviolabilidade domiciliar e de
massa (televisão, jornais etc.). suas exceções no inciso XI, art. 5° (“a casa é asilo invio-
Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso lável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
XI do art. 5º da CF: consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
Art. 5º [...] o dia, por determinação judicial”). Seriam estabeleci-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém das, portanto, quatro exceções à inviolabilidade:
nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou a - flagrante delito;
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o b -desastre;
dia, por determinação judicial; c) - prestação de socorro; e
7 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011.
184 8 Recurso Extraordinário 603616.
d) - determinação judicial. Já o último requisito refere-se a uma lei que deve
prever as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a
A interpretação adotada pelo STF seria no sentido interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbi-
de que, se dentro da casa estivesse ocorrendo um cri- to de investigação criminal ou instrução processual
me permanente, seria viável o ingresso forçado pelas penal.
forças policiais, independentemente de determinação A regulamentação deste dispositivo veio com a
judicial. Isso se daria porque, por definição, nos cri- Lei 9.296, de 1996, que legitimou a interceptação das
mes permanentes haveria um interregno entre a con- comunicações como meio de prova, estendendo tam-
sumação e o exaurimento. Nesse interregno, o crime bém a sua regulamentação à interceptação de fluxo
estaria em curso. Assim, se dentro do local protegido o de comunicações em sistemas de informática e tele-
crime permanente estivesse ocorrendo, o perpetrador mática (combinação de meios eletrônicos de comuni-
estaria cometendo o delito. Caracterizada a situação cação com informática, e-mail e outros).
de flagrante, seria viável o ingresso forçado no domi-
cílio. (RE 603.616/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
Direito de Propriedade
em 5.11.2015 e DJe 13.11.2015)
A inviolabilidade das correspondências e comu-
Está amparado junto ao caput e inciso XXII do art.
nicações tem como previsão o inciso XII do art. 5º da
5º, bem como no inciso II do art. 170, ambos da CF.
CF, vejamos.
Art. 5º [...]
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comuni- XXII - é garantido o direito de propriedade;
cações telefônicas, salvo, no último caso, por Art. 170 A ordem econômica, fundada na valoriza-
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
estabelecer para fins de investigação criminal ou por fim assegurar a todos existência digna, con-
instrução processual penal; forme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
As correspondências são invioláveis, com exce- [...]
ção nos casos de decretação de estado de defesa II - propriedade privada;
e de sítio (arts. 136 e seguintes da CF). É importante
mencionar também que o STF já reconheceu a possi- O direito de propriedade assegurado na constitui-
bilidade de interceptar carta de presidiário, pois a ção como direito constitucional abrange tanto os bens
inviolabilidade de correspondência não pode ser usa- corpóreos quanto os incorpóreos.
da como defesa para atividades ilícitas.9 Bens corpóreos Os bens possuidores de existência
Possibilidade de interceptação telefônica: inter- física, concretos e visíveis, como por exemplo, uma
ceptação telefônica é a captação e gravação de conver- casa, um automóvel etc. Já os bens incorpóreos são
sa telefônica, no momento em que ela se realiza, por bens abstratos que não possuem existência física, ou
terceira pessoa, sem o conhecimento de qualquer um seja, não são concretos, mas possuem um valor eco-
dos interlocutores, conforme prevê exceção do inciso nômico, como por exemplo, propriedade intelectual,
XII do art. 5º da CF mencionado, que para ser lícita direitos do autor etc.
deve obedecer três requisitos: Em relação à propriedade de bens incorpóreos,
existe a específica proteção constitucional denomina-
Ordem Judicial; da propriedade intelectual, que abrange os direitos de
Para fins de investigação autor e os direitos relativos à propriedade industrial,
Interceptação telefônica criminal; como a proteção de marcas e patentes.
Hipóteses e formas que a
lei estabelecer.
Desapropriação
Instrumento de natureza administrativa derivado A nossa carta magna reconhece no seu inciso XXX-
do princípio da publicidade da atuação da adminis- VIII a instituição do júri, que é visto como uma prerro-
tração pública, tem como objetivo a atuação transpa- gativa democrática do cidadão, e que exige que o réu
rente em decorrência da própria indisponibilidade deve ser julgado pelos seus semelhantes.
do interesse público, disciplinado nos incisos XXXIII e O tribunal é composto por um juiz togado e vinte
LXXII do art. 5º da CF e Lei 9.507, de 1997, que regula cinco jurados que serão sorteados dentre os alistados.
o direito de acesso a informações e disciplina o rito
processual do habeas data. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos a) a plenitude de defesa;
públicos informações de seu interesse parti- b) o sigilo das votações;
cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão c) a soberania dos veredictos;
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi- d) a competência para o julgamento dos crimes
lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres- dolosos contra a vida;
cindível à segurança da sociedade e do Estado;
Destarte, a competência mencionada na alínea “d”
Direito de Certidão não é absoluta, pois não abrange os crimes pratica-
dos contra a vida perpetrados por detentores de foro
O Estado é obrigado a fornecer as informações especial por prerrogativa de função, que deverão ser
solicitadas, com exceção nas hipóteses de proteção julgados por tribunais específicos conforme previsto
por sigilo. Caso haja uma violação desse direito, que na Constituição.
é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o Ainda, o foro especial por prerrogativa de fun-
mandado de segurança, tema que também será abor- ção se refere ao órgão competente para julgar ações
dado no título Garantias Constitucionais. penais contra certas autoridades públicas, levando-se
O direito de certidão tem previsão no inciso XXXIV, em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de
“b” do art. 5º da CF, e assegura a todos, independente modo a proteger a função e a coisa pública, ou seja,
do pagamento de taxas, o seguinte: por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de
determinar o órgão julgador competente não acompa-
XXXIV - são a todos assegurados, independente- nha a pessoa após o fim do exercício do cargo.
mente do pagamento de taxas: [...]
b) a obtenção de certidões em repartições públi- Princípio da Legalidade Penal e da Retroatividade da
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de Lei
situações de interesse pessoal;
Princípio da legalidade penal, com previsão no
Importante frisar aqui que, conforme entendi- inciso XXXIX do art. 5º da CF, também chamado de
mento dos Tribunais, já se consolidou o entendimen- princípio da reserva legal, refere-se à aplicação do
to no sentido de que não se exige do administrado a princípio da legalidade, de forma mais específica no
186 demonstração da finalidade específica do pedido. âmbito do direito penal.
Nesse sentido, crime será a conduta delituosa pre- XLIV - constitui crime inafiançável e impres-
vista exclusivamente em lei, da mesma forma que a critível a ação de grupos armados, civis ou mili-
cominação da pena, que não é admissível à configura- tares, contra a ordem constitucional e o Estado
ção de crime baseado nos costumes. Democrático;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, Entenda: prescrição é a perda do direito de punir
nem pena sem prévia cominação legal; do Estado pelo seu não exercício em determinado lap-
so de tempo.
Princípio da retroatividade da lei tem previsão no Em 2015, duas leis incluíram, no rol de cri-
inciso XL do art. 5º da CF, consiste em analisar um fato mes hediondos, o assassinato de policiais e o
passado à luz de um direito presente, estabelece que feminicídio.
os fatos sejam apreciados com base na lei em vigor no Em 2019, houve alterações na legislação penal e
tempo do crime. Assim, a lei aplicável é a lei do tem- processual diante da aprovação da Lei nº 13.964, tam-
po do crime, ou seja, na regra geral, as normas penais bém chamada de Pacote Anticrime; nessa oportuni-
não retroagem, salvo se trouxerem algum tipo de dade houve a inclusão de crimes no rol dos crimes
benefício para o réu. hediondos.
Veja quais foram os crimes incluídos:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
ciar o réu; II – roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade
Cuidado, aqui temos um exemplo de “exceção da da vítima (inciso V, § 2°, art. 157);
exceção”: b) circunstanciado pelo emprego de arma de
Crimes praticados durante a vigência de lei tempo- fogo (inciso I, § 2° -A, art. 157) ou pelo emprego
rária ou excepcional não podem ser beneficiados pela de arma de fogo de uso proibido ou restrito (§
retroatividade da lei mais benéfica. 2° -B, art. 157);
Lei excepcional é a lei criada para regular fatos III – extorsão qualificada pela restrição da liber-
ocorridos dentro de uma situação irregular, a qual dade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou
perde seus efeitos após findar situação irregular que morte (§ 3°, art. 158);
IX – furto qualificado pelo emprego de explo-
a motivou.
sivo ou de artefato análogo que cause perigo
Lei temporária vigorou até extinguir-se o prazo
comum (§ 4° -A, art. 155).
de duração fixado pelo legislador, por exemplo, uma
III – o crime de comércio ilegal de armas de
lei que fixa a tabela de preços de artigos de consumo.
fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
Crimes IV – o crime de tráfico internacional de arma de
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18
O legislador originário também se preocupou em da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
mencionar e observar crimes de tortura, tráfico ilíci- V – o crime de organização criminosa, quando
to de drogas, terrorismo e a ação de grupos armados direcionado;
contra ordem constitucional.
Fique atento com os artigos mencionados acima
XLII - a prática do racismo constitui crime e as novidades legislativas, pois são temas utilizados
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de com frequência pelas bancas examinadoras.
reclusão, nos termos da lei;
DIREITOS SOCIAIS
A pena de reclusão é a pena prevista para os casos
mais graves, o qual o regime inicial será fechado, em Os direitos sociais estão disciplinados nos arts. 6º
prisão de segurança máxima. a 11 da CF/88. Esses direitos se dividem em direitos
sociais propriamente ditos (art. 6º), direitos trabalhis-
Art. 7º [...]
XXX - proibição de diferença de salários, de Importante!
exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; Não há previsão expressa do trabalho penoso
aos menores de 18 anos.
O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e
foi tratado anteriormente quando explanado acerca
do salário. Art. 7º [...]
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha-
Art. 7º [...] dor com vínculo empregatício permanente e o
XXXI - proibição de qualquer discriminação no trabalhador avulso
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
lhador portador de deficiência; O inciso XXXIV também decorre do princípio da
igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direi-
Também em decorrência do princípio da igualda- tos entre os trabalhadores com vínculo empregatício
de, a CF/88 veda qualquer tipo de discriminação do e os trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalha-
trabalhador com deficiência. A proibição estende-se dor avulso aquele que, de forma sindicalizada ou não,
desde a sua admissão. Assim sendo, o fato de o tra-
presta serviços tanto de natureza urbana como rural,
balhador possuir uma limitação, quer física, psíquica
sem possuir vínculo empregatício e a diversas empre-
ou intelectual, não tem o condão de permitir que o
sas, com intermediação obrigatória do sindicato da
empregador pague uma contraprestação diversa dos
demais funcionários por exemplo. categoria ou, quando se tratar de atividade portuária,
com intermediação do Órgão Gestor de Mão-de-Obra
Art. 7º [...] (OGMO).
XXXII - proibição de distinção entre trabalho
manual, técnico e intelectual ou entre os profis- Art. 7º [...]
sionais respectivos; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalhadores domésticos os direitos previstos
Mais um dispositivo que decorre do princípio nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
da igualdade e veda a distinção entre as atividades XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
desempenhadas, ou seja, a atividade manual não XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
poderá ser tida como mais ou menos importante que lei e observada a simplificação do cumprimento
a intelectual por exemplo. das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari-
Art. 7º [...] dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigo- e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
so ou insalubre a menores de dezoito e de qual- social.
quer trabalho a menores de dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de qua- Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos
torze anos; trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico
o trabalhador que presta serviços de natureza contí-
O inciso XXX estabelece os limites etários para o
nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí-
desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos não
lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo,
é possível o desempenho da atividade laboral, exceto
cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros.
no caso de aprendiz, que poderá desenvolver a ativi-
dade entre 14 e 24 anos. O dispositivo remete a determinados incisos, que já
Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá- foram trabalhados anteriormente, cuja leitura na
rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo- íntegra é imprescindível para a sua aprovação.
peração governamental, como, por exemplo, o SENAC Os direitos sindicais encontram-se disciplinados
e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a nos art. 8º a 11. Vejamos cada um deles:
formação profissional é desenvolvida no ofício. Por
outro lado, estagiário é o estudante que complemen- Art. 8º É livre a associação profissional ou sin-
ta, por meio do trabalho, o ensino do curso que está dical, observado o seguinte:
desenvolvendo. Estagiário não é empregado nem está I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
submetido a limite de idade. para a fundação de sindicato, ressalvado o regis-
Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno, tro no órgão competente, vedadas ao Poder Públi-
perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores co a interferência e a intervenção na organização
192 de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação. sindical;
O inciso I traz o princípio da liberdade sindical. Art. 8º [...]
Pelo dispositivo, é possível observar duas situações V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
distintas. A primeira refere-se à relação entre o Esta- ter-se filiado a sindicato;
do e o sindicato. Já a segunda, entre o sindicato e o
sindicalizado. Portanto, essa liberdade de associação O inciso V é um desdobramento do direito à liber-
sindical possui dupla dimensão, de modo a assegurar dade de associação, previsto no art. 5º, da CF/88.
o direito dos trabalhadores em geral de criarem enti-
dades sindicais, como também a liberdade de aderi- Art. 8º [...]
rem ou não ao sindicato, assim como se desfiliarem VI - é obrigatória a participação dos sindicatos
conforme sua vontade. nas negociações coletivas de trabalho;
De acordo com o STF, para que um sindicato possa
defender a categoria, não é preciso estar registrado As entidades sindicais possuem a denominada
no órgão competente (Ministério do Trabalho), bas-
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar
tando o registro no Cartório de Registro das Pessoas
melhores condições e direitos aos trabalhadores, o
Jurídicas.
inciso IV estabelece como obrigatória a participação
Art. 8º [...] dos sindicatos nas negociações coletivas.
II - é vedada a criação de mais de uma organi-
zação sindical, em qualquer grau, representativa Art. 8º [...]
de categoria profissional ou econômica, na mesma VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
base territorial, que será definida pelos trabalha- ser votado nas organizações sindicais;
dores ou empregadores interessados, não podendo
ser inferior à área de um Município; O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
do aposentado filiado à entidade sindical.
O inciso II traz o princípio da unicidade sindical,
ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais Art. 8º [...]
de uma organização sindical na mesma base territo- VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
rial. Por essa razão, a CF/88 definiu a base territorial dicalizado a partir do registro da candidatura
mínima, ou seja, o Município. No entanto, não especi- a cargo de direção ou representação sindical
ficou a base máxima, de modo que pode haver um sin- e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
dicato para a defesa da categoria no âmbito estadual final do mandato, salvo se cometer falta grave
ou nacional. nos termos da lei.
Art. 8º [...]
A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-
resses coletivos ou individuais da categoria, prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que
inclusive em questões judiciais ou administrativas; seus dirigentes atuem sem medo de represálias, ou
seja, de serem desligados do emprego devido à atua-
A representação e substituição do sindicato na ção. Trata-se, portanto, da regra que proíbe a dispen-
defesa dos direitos e interesses de seus membros está sa do empregado sindicalizado a partir do registro da
disciplinada no inciso III. candidatura a cargo de direção ou representação sin-
dical. No caso dos eleitos, mesmo que na condição de
Art. 8º [...] suplentes, a estabilidade perdura até um ano após o
IV - a assembleia geral fixará a contribuição final do mandato.
que, em se tratando de categoria profissional, será Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é
descontada em folha, para custeio do sistema
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
confederativo da representação sindical respec-
tiva, independentemente da contribuição prevista de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar
em lei; que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art.
Previsto no inciso LXX art. 5° da CF e no art. 21 da z Agente ativo: Qualquer cidadão brasileiro. Se este
Lei 12.016, de 2009, tem o objetivo de proteger certo abandonar ação, outro cidadão poderá assumir.
grupo de pessoas (corporativo). Os requisitos e o pra-
zo decadencial são os mesmos do Mandado de Segu- O Ministério Público não pode propor, mas
rança individual. pode assumir andamento e dar execução à decisão
da ação popular (legitimidade extraordinária ou
Agente ativo: Partido político com represen- superveniente).
tação no Congresso Nacional; ou organização
sindical, entidade de classe ou associação legal- z Agente passivo: administrador da entidade que
mente constituída e em funcionamento há pelo lesionou.
menos um ano, em defesa de seus membros
ou associados; deve demonstrar pertinência Lei 4.717, de 1965:
temática;
Agente passivo: autoridade coatora; [...]
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas
Liminar: cabimento conforme inciso III, art.
públicas ou privadas e as entidades referidas no
7° e § 2°, art. 22 da Lei 12.016, de 2009. Basta
art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou
representar os requisitos “fumus boni iuris” e administradores que houverem autorizado, apro-
“periculum in mora”. vado, ratificado ou praticado o ato impugnado,
ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à
200 Súmulas importantes do STF sobre o tema: lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
A descentralização é basicamente quando as fun-
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para plei- ções que antes eram atribuídas a um só poder passam
tear a anulação ou a declaração de nulidade de atos a ser repartidas, como, por exemplo, por meio da dele-
lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos
gação das competências.
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
Conforme § 1°, do art. 18, da CF, atualmente Bra-
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141,
sília é a Capital Federal, trata-se de uma inovação do
§ 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
legislador constituinte de 1988. Conforme preleciona
represente os segurados ausentes, de empresas públicas,
de serviços sociais autônomos, de instituições ou funda-
José Afonso da Silva (2017) Brasília tem uma posição
ções para cuja criação ou custeio o tesouro público haja jurídica específica no conceito de cidade até porque
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cen- não se enquadra no conceito geral de cidade pelo fato
to do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incor- de não ser sede de um Município.10
poradas ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas UNIÃO
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres
públicos. A União é a entidade federativa autônoma e exerce
as atribuições de soberania do Estado brasileiro. Confor-
z Liminar: Basta representar os requisitos “fumus me preleciona Pedro Lenza (2020) a União possui “dupla
boni iuris” e “periculum in mora”. personalidade” assumindo um papel internamente
como pessoa de direito público interno, componente da
Súmula 101 do STF: O mandado de segurança não Federação e detentora de autonomia financeira, admi-
substitui a ação popular. nistrativa e política e um papel internacionalmente,
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legiti- quando representa a República Federativa do Brasil11.
midade para propor ação popular. Neste último caso, a União representa o Estado bra-
sileiro nas relações internacionais perante os Estados
A Ação popular é isenta de custas judiciais e do estrangeiros. Neste caso, ela rege-se pelo princípio da
ônus de sucumbência. independência nacional, prevalência dos direitos huma-
Sobre o tema, vejamos também o § 4°, art. 5° da Lei nos, autodeterminação dos povos, não-intervenção,
4.717, de 1965: igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pací-
fica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo,
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é cooperação entre os povos para o progresso da humani-
competente para conhecer da ação, processá-la e dade e concessão de asilo político (art. 4º, CF/88).
julgá-la o juiz que, de acordo com a organização As competências da União estão elencadas no texto
judiciária de cada Estado, o for para as causas que constitucional, organizadas pelo legislador originário
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado com base no chamado princípio da predominância
ou ao Município.
do interesse público pelo particular. Neste sentido, as
[...]
atribuições de interesse nacional são de competência
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá à sus-
pensão liminar do ato lesivo impugnado. da União, por exemplo: declarar guerra e celebrar paz.
As competências da União são classificadas como
competências administrativas e legislativas, a pri-
Ainda, é possível requerer a condenação por per-
meira se relaciona com as funções de organização do
das e danos dos responsáveis pela lesão. Cabe a todos
Estado e a segunda consiste na competência de legis-
os cidadãos a fiscalização da vida pública, auxiliando
lar. Vejamos os exemplos:
o Estado na boa gestão da vida pública.
z Competência administrativa: é competência de
a União elaborar e executar planos nacionais e
regionais de ordenação do território e de desen-
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO volvimento econômico e social;
z Competência legislativa: é competência de a
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA União legislar sobre nacionalidade, cidadania e
naturalização.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS
E TERRITÓRIOS O estudo das competências será abordado de for-
ma mais aprofundada em tópico específico na sequên-
Federação é a organização política, administrativa cia deste material.
e jurídica formada por uma população em um territó- Cuidado para não confundir União com República
rio determinado. Federativa do Brasil:
O Estado federado é constituído por um conjunto
de Estados-membros, que são autônomos e unidos z A República Federativa do Brasil é um Estado
por uma Constituição. Federado, ou seja, é constituído por um conjunto
Os Estados-membros são autonômos, mas não de Estados-Membros. Vale ressaltar que os Esta-
soberanos, pois somente a Federação que é conside- dos-Membros são autônomos, pois são dotados de
rada soberana. autonomia e autogoverno, por outro lado, não são
Cada Estado membro é considerado uma unida- soberanos, uma vez que soberana é somente a Fede-
de federativa que possui poder político descentrali- ração como um todo. No nosso pacto federativo, o
zado. Sendo assim, são componentes da República poder é descentralizado, pois a Constituição prevê
Federativa: a União, os Estados, o Distrito Federal e os núcleos de poder e concede autonomia para os seus
Municípios. entes (União, Estados, Municípios e Distrito Federal);
10 SILVA, op. cit, p. 476.
11 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 497. 201
z A União é uma entidade federativa (pessoa jurídi- II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
ca de direito público interno) que integra a Repú- fronteiras, das fortificações e construções milita-
blica Federativa do Brasil. É através da União que o res, das vias federais de comunicação e à preserva-
Brasil é representado nas relações internacionais. ção ambiental, definidas em lei;
Os bens da União estão enumerados no art. 20 da As terras devolutas são terras que não tem destina-
Constituição Federal, que compreende: ção pública e também não integram o patrimônio de
um particular. Exemplo: as terras devolutas situadas
z Terrenos de marinha: Nos termos do Decreto nº na Amazônia.
9.760, de 05 de setembro de 1946:
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundi- terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
dade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizon- um Estado, sirvam de limites com outros países, ou
talmente, para a parte da terra, da posição da linha se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
do preamar-médio de 1831: nham, bem como os terrenos marginais e as praias
a) os situados no continente, na costa marítima e fluviais;
nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sen-
tir a influência das marés; Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o estado de
b) os que contornam as ilhas situadas em zona Santa Catarina e o estado do Rio Grande do Sul.
onde se faça sentir a influência das marés.
Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limí-
influência das marés é caracterizada pela oscilação trofes com outros países; as praias marítimas; as
periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as
nível das águas, que ocorra em qualquer época do que contenham a sede de Municípios, exceto aque-
ano. las áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
z Terreno acrescido de marinha: são terrenos
acrescidos de marinha os que se tiverem forma- Exemplo: a Ilha do Bananal, situada no estado de
do, natural ou artificialmente, para o lado do mar Tocantins, considerada a maior ilha fluvial do Brasil,
ou dos rios e lagoas, em seguimento nos terre- com 25.000 km².
nos de marinha (art. 2º da Lei nº 3.438, de 1941);
z Mar territorial: é a faixa de doze milhas náuticas V - os recursos naturais da plataforma continental
de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar e da zona econômica exclusiva;
do litoral continental e insular, no Brasil a costa é
banhada pelo oceano Atlântico; Exemplo: recursos minerais, como, por exemplo, o
z Zona contígua: é a faixa do mar que se estende petróleo extraído da plataforma continental.
das doze às vinte e quatro milhas marítimas, con-
tadas a partir das linhas de base que servem para VI - o mar territorial;
medir a largura do mar territorial;
z Zona econômica exclusiva: compreende uma Exemplo: os navios estrangeiros no mar territorial
faixa que se estende das doze às duzentas milhas brasileiro estão sujeitos aos regulamentos estabeleci-
marítimas, contadas a partir das linhas de base que dos pelo Brasil.
servem para medir a largura do mar territorial (da
faixa territorial do Atlântico). O Brasil tem sobe- VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
rania para fins de exploração e aproveitamento,
conservação e gestão dos recursos naturais, vivos Exemplo: os imóveis situados à beira-mar (até 33
ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do metros para a parte da terra).
mar, do leito do mar e seu subsolo (arts. 6º e 7º da
Lei 8.617, de 1993); e; VIII - os potenciais de energia hidráulica;
z Plataforma continental: é a faixa de terra do
fundo do mar, que vai até 200m de profundidade, Para efeito de exploração, os potencias hidráuli-
ou seja, compreende o leito e o subsolo das áreas cos dos rios pertencem à União, por exemplo, a Usina
submarinas que se estendem além do seu mar Hidrelétrica de Santo Antônio, que está localizada na
territorial, é uma importante área de exploração cidade de Porto Velho, no Estado de Rondônia.
e pesquisa de petróleo (art. 11 da Lei nº 8.617, de
1993). IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Vejamos o art. 20 do texto constitucional que enu- Exemplo: ferro, ouro, cobre etc.
mera os bens da União:
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie- arqueológicos e pré-históricos;
rem a ser atribuídos;
Exemplo: Sítio Arqueológico do Parque Nacional
Exemplo: as ilhas, rios, mar territorial, entre do Catimbau, localizado no Estado de Pernambuco.
outros, com exceção das terras de aldeamentos extin-
tos, ainda que ocupadas por indígenas em passado XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos
202 remoto, conforme dispõe a Súmula nº 650 do STF. índios.
Exemplo: a terra tradicionalmente ocupada pelos I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
indígenas no Oeste de Santa Catarina, localizada entre emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,
os rios Chapecó e Chapecósinho, a 70 km de Chapecó, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
denominada como terra indígena Xapecó. II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
Ainda, a redação do § 1º do mencionado dispositi- estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
vo foi modificada pela Emenda Constitucional nº 102, domínio da União, Municípios ou terceiros;
de 2019, conforme a atual redação, a Constituição pre- III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
União;
vê possibilidade da participação da União, dos Esta-
IV - as terras devolutas não compreendidas entre
dos, do Distrito Federal e dos Municípios no resultado
as da União.
da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
Art. 27 O número de Deputados à Assembléia Legis-
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de lativa corresponderá ao triplo da representação
outros recursos minerais. do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
A Constituição consagra, ainda, a terra designada número de trinta e seis, será acrescido de tantos
como faixa de fronteira, que consiste na faixa de até quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
cento e cinquenta quilômetros de largura ao longo das § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputa-
fronteiras terrestres. Esta área é considerada funda- dos Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta
mental para defesa do território nacional, por isso o Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilida-
texto constitucional determina que a sua ocupação e de, imunidades, remuneração, perda de mandato,
utilização devem ser reguladas em lei (§ 2°, do art. 20). licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas.
ESTADOS § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixa-
do por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa,
Os estados possuem autonomia para se orga- na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento
daquele estabelecido, em espécie, para os Deputa-
nizarem (auto-organização), que é composta pela
dos Federais, observado o que dispõem os arts. 39,
capacidade de autogoverno, autoadministração e
§ 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
autolegislação. No autogoverno o povo escolhe dire- § 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor
tamente os seus representantes no poder legislativo e sobre seu regimento interno, polícia e serviços
executivo local, sem que haja subordinação por parte administrativos de sua secretaria, e prover os res-
da União (arts. 27, 28 e 125 da CF). Como a democracia pectivos cargos.
brasileira é semidireta o povo escolhe os governantes § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no pro-
e estes governam. cesso legislativo estadual.
Art. 28 A eleição do Governador e do Vice-Gover-
z Autogoverno: autonomia política para eleger seus nador de Estado, para mandato de quatro anos,
representantes, por exemplo, eleição de Governa- realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em
dor (arts.27 e 28 da CF/88); primeiro turno, e no último domingo de outubro,
z Autoadministração:decorre das competências em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
administrativas conferidas aos Estados, por exem- término do mandato de seus antecessores, e a posse
plo, os Estados poderão, mediante lei complemen- ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subseqüen-
tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações te, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77.
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupa-
outro cargo ou função na administração pública
mentos de municípios limítrofes, para integrar a
direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude
organização, o planejamento e a execução de fun-
de concurso público e observado o disposto no art.
ções públicas de interesse comum (§ 3°, art. 25 da 38, I, IV e V.
CF); § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governa-
z Autolegislação: por meio da autolegislação, os dor e dos Secretários de Estado serão fixados por
Estados-mebros possuem a competência de elabo- lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, obser-
rar sua própria Constituição Estadual, entretanto vado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
esta deve sempre observar à lei maior — Constitui- 153, III, e 153, § 2º, I.
Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado
nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
[...]
VI - Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
Assembleias Legislativas;
Art. 235 Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão observadas as seguintes normas básicas:
I - a Assembléia Legislativa será composta de dezessete Deputados se a população do Estado for inferior a seiscentos
mil habitantes, e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse número, até um milhão e quinhentos mil;
II - o Governo terá no máximo dez Secretarias;
III - o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados, pelo Governador eleito, dentre brasileiros de comprovada
idoneidade e notório saber;
IV - o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores;
V - os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Governador eleito, escolhidos da seguinte forma:
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos de idade, em exercício na área do novo Estado ou do
Estado originário;
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de comprovada idoneidade e saber jurídico, com dez
anos, no mínimo, de exercício profissional, obedecido o procedimento fixado na Constituição;
VI - no caso de Estado proveniente de Território Federal, os cinco primeiros Desembargadores poderão ser escolhi-
dos dentre juízes de direito de qualquer parte do País;
VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Público
serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de provas e títulos;
VIII - até a promulgação da Constituição Estadual, responderão pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral e
pela Defensoria-Geral do Estado advogados de notório saber, com trinta e cinco anos de idade, no mínimo, nomea-
dos pelo Governador eleito e demissíveis “ad nutum”;
IX - se o novo Estado for resultado de transformação de Território Federal, a transferência de encargos financeiros
da União para pagamento dos servidores optantes que pertenciam à Administração Federal ocorrerá da seguinte
forma:
a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte por cento dos encargos financeiros para fazer face ao paga-
mento dos servidores públicos, ficando ainda o restante sob a responsabilidade da União;
b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acrescidos de trinta por cento e, no oitavo, dos restantes cinqüenta
por cento;
X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para os cargos mencionados neste artigo, serão disciplinadas na
Constituição Estadual;
XI - as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar cinqüenta por cento da receita do Estado.
z Fusão: quando dois ou mais Estados se unem e formam outro Estado, com outro nome e personalidade jurí-
dica própria.
Ex.: o Estado de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul resolvem se fundir, gerando o Estado X.
z Cisão: quando um Estado se divide em dois ou mais Estados, todos estes com nome e personalidade jurídicas
diferentes.
Ex.: o Estado do Rio Grande do Sul cinde em dois novos Estados, deixando de existir o Rio Grande do Sul para
criar os Estados X e Y.
Anexação: aqui, parte de um ou mais Estados é desmembrada para ser anexada a um Estado já existente,
ou seja, aqui não haverá a criação de um novo Estado, mas tão somente um realocamento.
Ex.: determinada cidade, situada no Rio Grande do Sul, especificamente na divisa entre os Estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina, não mais deseja fazer parte do Rio Grande do Sul, desejando, pois, anexar-se
à Santa Catarina. Neste caso, não houve a criação de um novo Estado, mas tão somente a diminuição de território
do Rio Grande do Sul e o consequente aumento em Santa Catarina.
204 Formação: neste caso, parte de um ou mais Estados é desmembrada para criar um novo Estado.
Ex.: a cidade de Chapecó, localizada no Estado de Os Municípios têm autonomia política, que confe-
Santa Catarina, se desmembra de Santa Catarina para re a eles a capacidade de eleger Prefeito, Vice-Prefei-
formar o Estado X. to e Vereadores, sem a intervenção do Estado ou da
Vejamos os requisitos e procedimento para a fusão, União.Possuem, ainda, autonomia administrativa, ou
cisão e o desmembramento do estado (§ 3°, do art. 18 seja, a capacidade de atuar sobre assuntos de interes-
da CF): se local. Ex.: cabe ao município promover a proteção
do patrimônio histórico-cultural local.
FAVORÁVEL
Formação de Novos Municípios
1º 2º
Os municípios também têm autorização cons-
Plebiscito Propositura de Projeto de Lei titucional para criação, incorporação, fusão e des-
Complementar membramento de municípios. Veja os requisitos e
Consulta prévias às popula- procedimentos para a incorporação, a subdivisão e o
ções diretamente interessadas. Caso a população seja favorável
(Expressão da vontade e da ao plebiscito, será proposto pro- desmembramento de município (§ 4°, do art. 18, da
opinião do povo, demonstrada jeto de lei complementar perante CF):
através de votação); qualquer uma das casas do Con-
Atenção! O plebiscito é condição gresso Nacional.
prévia, caso não houver aprova-
ção, não passará para a próxima 1º 2º
fase.
O inciso VIII estabelece a reserva de vagas para Súmula 679 (STF) A fixação de vencimentos dos
pessoas com deficiência. Trata-se de uma norma servidores públicos não pode ser objeto de conven-
constitucional de eficácia limitada, ou seja, que depen- ção coletiva.
de da edição de lei infraconstitucional para poder
gerar os efeitos. No que se refere à revisão, o dispositivo trata ape-
Com relação à reserva, cumpre salientar que as nas da revisão geral, ou seja, ao reajuste anual genéri-
atribuições do cargo devem ser compatíveis com a co, que tem por objetivo repor as perdas inflacionárias
deficiência. Ainda, a reserva é de até 20% (vinte por do período, sendo aplicável a todos os servidores. Por-
cento) das vagas oferecidas no concurso, conforme o tanto, não a confunda com reajuste específico, que é
§2º, do art. 5º da Lei 8.112, de 1990. aquele aplicado apenas a alguns cargos ou carreiras
funcionais, com a finalidade de evitar a defasagem
Art. 37 [...] remuneratória.
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade Art. 37 [...]
temporária de excepcional interesse público; XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicos da administra-
A contratação de servidor temporário encontra- ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
-se disciplinada no inciso IX. Trata-se de uma catego- de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
ria à parte, uma vez que não titulariza cargo público Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
nem possui qualquer vínculo trabalhista regido de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
pela CLT, sendo regida por regime especial veiculado e os proventos, pensões ou outra espécie remu-
por meio de lei específica de cada ente da federação. neratória, percebidos cumulativamente ou não,
O servidor público exerce funções públicas sem incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
ocupar cargos ou empregos públicos e sua contra- outra natureza, não poderão exceder o subsídio
tação é por tempo determinado e para atender mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
necessidade temporária de excepcional interesse Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
público. Por exemplo: agente sanitário em caso de Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Esta-
surto de dengue. dos e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o
Art. 37 [...] subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
X - a remuneração dos servidores públicos e no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio
o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
poderão ser fixados ou alterados por lei especí- limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési-
fica, observada a iniciativa privativa em cada caso, mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
data e sem distinção de índices; do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procura-
O inciso X trata da remuneração dos servidores dores e aos Defensores Públicos;
públicos. Cumpre esclarecer, no entanto, que remu-
neração é o gênero, do qual salário, vencimentos e Com relação ao teto do funcionalismo público,
subsídios são espécies. Salário é a contraprestação a CF estabeleceu duas regras. A primeira é a do teto
pecuniária paga aos empregados públicos, regidos geral, ou seja, o limite máximo de remuneração
pela CLT. Vencimentos são a modalidade remunera- que é o valor dos subsídios dos Ministros do Supre-
tória da maioria dos servidores submetidos a regime mo Tribunal Federal. Já a segunda regra trata do
jurídico estatutário, englobando o vencimento-base e denominado subteto, ou seja, o teto para os Estados,
as vantagens pecuniárias. Já subsídio é uma parcela Municípios e Distrito Federal.
única, sem qualquer acréscimo, obrigatória para as Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóte-
seguintes categorias: ses de subtetos: o teto único e o teto por Poder. O teto
único tem, como base, a fixação de um valor máximo
z Membros de Poder (chefes dos Poderes Executivos, estabelecido para fins remuneratórios.
senadores, deputados, vereadores, magistrados), Já o teto por Poderes faz com que cada ente político
detentores de mandato eletivo, Ministros de Esta- adote um subteto próprio para a fixação dos subsídios.
do e Secretários Estaduais e Municipais;
z Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas; z O Executivo tem, como subteto, os subsídios do
214 z Membros do Ministério Público; Governador.
z O Legislativo tem, como subteto, os subsídios dos Art. 37 [...]
deputados estaduais, que, por sua vez, não pode- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
rão exceder 75% dos subsídios dos deputados de cargos e empregos públicos são irredutíveis, res-
federais. salvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e
z O Judiciário tem como subteto os subsídios dos nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Desembargadores do Tribunal de Justiça ( limitado ao
valor de 90,25% dos subsídios do Supremo Tribu- A irredutibilidade dos subsídios e dos venci-
nal Federal). Ressalva-se que esse subteto se aplica mentos dos ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos encontra-se estabelecida no inciso XV. Trata-
tão somente aos seus servidores e, não, aos mem-
-se da impossibilidade de redução do valor nominal,
bros da Magistratura, pois a estes é aplicado o teto
ou seja, se a remuneração é de R$ 5.000,00, não pode-
do Supremo Tribunal Federal.
rá reduzi-lo para valor inferior. No entanto, é possível
z Aos membros do Ministério Público, Procura-
que ocorra a redução real, ou seja, que o poder aquisi-
dores e Defensores o subsídio dos servidores do
tivo desse valor seja atingido pela inflação.
Judiciário.
Art. 37 [...]
Art. 37 [...] XVI - é vedada a acumulação remunerada de
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis- cargos públicos, exceto, quando houver compa-
lativo e do Poder Judiciário não poderão ser tibilidade de horários, observado em qualquer
superiores aos pagos pelo Poder Executivo; caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
A isonomia dos vencimentos dos servidores dos b) a de um cargo de professor com outro técni-
três Poderes está disciplinada no inciso XII. É impor- co ou científico;
tante o texto da Súmula Vinculante nº 37, do STF: c) a de dois cargos ou empregos privativos
de profissionais de saúde, com profissões
Súmula Vinculante nº 37 Não cabe ao Poder Judi- regulamentadas;
ciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob fundamen- O inciso XVI trata da vedação de acumulação de
to de isonomia. cargos. Como regra, é vedada a acumulação remu-
nerada de cargos públicos. No entanto, é possível a
Art. 37 [...] acumulação se houver compatibilidade de horários
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de entre os cargos e somente em três hipóteses.
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito A primeira refere-se ao magistério e traz a possibili-
de remuneração de pessoal do serviço público; dade de acumular dois cargos de professor (ex.: cargo
de professor da rede municipal no período matutino e
A vedação à vinculação e à equiparação de cargo de professor da rede estadual no período noturno).
remunerações encontra-se prevista no inciso XIII. A segunda hipótese é a acumulação de um cargo
Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681: de professor com outro técnico ou científico (ex.:
cargo técnico em enfermagem em hospital estadual
Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vincula- com carga horária compatível com cargo de professor
ção do reajuste de vencimentos de servidores esta- de ensino médio estadual).
duais ou municipais a índices federais de correção Por fim, é possível a acumulação de dois cargos
monetária. privativos de profissionais da saúde, com profissões
regulamentadas (ex.: cargo de dentista, em um muni-
cípio, durante o período matutino com outro cargo de
Atenção! Há duas exceções à regra de não vincu-
dentista, em outro município, no período vespertino).
lação, quais sejam:
Assim como no inciso anterior, também depende O § 2º traz a responsabilidade do agente público
de autorização legislativa a criação de subsidiárias da pela não observância da regra de que, para contrata-
Administração indireta, assim como a participação de ção de pessoal, o concurso público é indispensável.
qualquer delas em empresa privada. Consequentemente, se houver ingresso de pessoal
sem o devido processo de seleção, haverá nulidade da
Art. 37 [...] nomeação, devendo a autoridade sofrer as punições
XXI - ressalvados os casos especificados na legisla- em conformidade com a norma infraconstitucional.
ção, as obras, serviços, compras e alienações Além disso, o prazo de validade do concurso também
serão contratados mediante processo de licitação
implica em nulidade da nomeação e responsabilidade
pública que assegure igualdade de condições a
todos os concorrentes, com cláusulas que esta- do agente.
beleçam obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o Art. 37 [...]
qual somente permitirá as exigências de qualifica- § 3º A lei disciplinará as formas de participação
ção técnica e econômica indispensáveis à garantia do usuário na administração pública direta e
216 do cumprimento das obrigações. indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos servi- Portanto, o Estado é responsável quando um de
ços públicos em geral, asseguradas a manutenção seus agentes, no desempenho da função, gera dano a
de serviços de atendimento ao usuário e a avalia- um terceiro, independentemente da comprovação
ção periódica, externa e interna, da qualidade dos de dolo ou culpa, sendo necessário, apenas, demons-
serviços;
trar o nexo causal da atividade do agente e o dano
II - o acesso dos usuários a registros administrati-
vos e a informações sobre atos de governo, obser- de terceiro.
vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; Cumpre mencionar, por necessário, que é possível
III - a disciplina da representação contra o exercí- ao Estado ingressar com ação regressiva para cobrar
cio negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun- do agente o valor que pagou a esse terceiro. No entan-
ção na administração pública. to, ao contrário do que ocorre com o Estado, a respon-
sabilidade do agente é subjetiva, ou seja, para que ele
O § 3º remete à preocupação do legislador para que seja responsabilizado civilmente, é preciso demons-
haja um controle social, de modo a estabelecer meios trar que houve dolo ou culpa.
para que qualquer pessoa comunique as irregularida- Entende-se por pessoa jurídica de direito privado
des ou ilegalidades praticadas pelos agentes públicos. prestadora de serviços públicos as empresas públicas,
Trata-se, portanto, da possibilidade de controle para
sociedades de economia mista e as concessionárias e
evitar os atos de improbidade administrativa, ou seja,
permissionárias, isto é, aquelas empresas seleciona-
de condutas ilegais, desonestas, abusivas e incorretas.
das por procedimento licitatório para desempenhar
Art. 37 [...] serviço público. Por exemplo: serviço de transporte
§ 4º Os atos de improbidade administrativa público urbano.
importarão a suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade Art. 37 [...]
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri-
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
penal cabível. tração direta e indireta que possibilite o acesso a
informações privilegiadas.
De acordo com o § 4º, as penalidades para os atos
de improbidade são as seguintes: suspensão dos O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de
direitos políticos; perda de função pública; indispo- conduta das autoridades da Administração Pública,
nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem de modo a tentar minimizar a possibilidade de con-
prejuízo da ação penal cabível, ou seja, aplica-se a flito entre o interesse privado e o dever funcional.
penalidade administrativa cumulativamente com a Ainda, objetiva-se a criação de mecanismos, a fim de
sanção penal (se o fato constituir crime).
regulamentar o acesso às informações.
Para memorizar os atos de improbidade adminis-
trativa, memorize o mnemônico PARIS:
Art. 37 [...]
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
Perda de função pública;
financeira dos órgãos e entidades da admi-
Ação penal cabível (sem prejuízo);
nistração direta e indireta poderá ser amplia-
Ressarcimento ao erário;
da mediante contrato, a ser firmado entre seus
Indisponibilidade de bens;
administradores e o poder público, que tenha por
Suspensão dos direitos políticos.
objeto a fixação de metas de desempenho para o
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
Art. 37 [...]
I - o prazo de duração do contrato;
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição
II - os controles e critérios de avaliação de desem-
para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
Art. 37 [...]
§ 16 Os órgãos e entidades da administração pública, individual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das
políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados alcançados, na forma da lei.
O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021, e tem como objetivo aprimorar o mecanismo
de participação da sociedade na Administração Pública.
Art. 38 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada
a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será conta-
do para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente
federativo de origem.
O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor público da Administração direta, autárquica e fundacional que
passar a desempenhar cargo eletivo, ou seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo.
SERVIDOR PÚBLICO
Eleito para cargo federal, estadual ou distrital Eleito para os Cargos
Prefeito Vereador
Com compatibilidade de horário:
�
Afastamento do cargo público e remuneração Afastamento do cargo e opção não se afasta do cargo, podendo
do cargo eletivo entre a remuneração eletiva ou receber as duas remunerações
do cargo Sem compatibilidade de horário: apli-
�
ca-se a mesma regra do prefeito
Para que a Administração Pública possa desempenhar suas atividades, ela necessita de pessoas que exerçam
as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de agentes públicos. A expressão agente público é utilizada como
gênero, designando toda e qualquer pessoa que exerça uma função pública, quer de forma remunerada
ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa, quer com investidura definitiva ou transitória.
Os agentes públicos dividem-se em quatro categorias, quais sejam:
Agente políticos
Servidores públicos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Agentes Públicos
Particulares em
colaboração
Militares
Os servidores da Administração Pública direta, das autarquias e das fundações públicas estão sujeitos ao regi-
me jurídico de direito público administrativo, instituído em lei, a qual também instituirá planos de carreira. O
regime adotado é o estatutário. Não obstante, lei assegurará aos servidores isonomia de vencimentos para cargos
de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, excetuadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. 219
Vale destacar que as regras sobre os servidores Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
públicos estão estabelecidas nos arts. 39 a 41, da CF/88. Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
Vejamos os dispositivos: cia, regime jurídico único e planos de carreira para
os servidores da administração pública direta, das
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os autarquias e das fundações públicas.
Municípios instituirão conselho de política de admi-
nistração e remuneração de pessoal, integrado por A CF/88 estabelece regras para a fixação dos
servidores designados pelos respectivos Poderes. padrões de vencimento e dos demais componentes
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos do sistema remuneratório, que deverá observar: a
demais componentes do sistema remuneratório natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
observará: xidade dos cargos que compõem cada carreira;
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a os requisitos para a investidura nos cargos e as
complexidade dos cargos componentes de cada demais peculiaridades dos cargos. Tais requisitos
carreira; poderão influenciar na fixação dos vencimentos e
II - os requisitos para a investidura; dependem de aprovação de lei específica, assim como
III - as peculiaridades dos cargos. para o seu aumento, alteração ou criação de nova
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal man- vantagem pecuniária. Por lei, também serão estabe-
terão escolas de governo para a formação e lecidos os reajustes diferenciados para corrigir equí-
o aperfeiçoamento dos servidores públicos, vocos, como no caso de servidores que desempenham
constituindo-se a participação nos cursos um atividades semelhantes, mas percebem valores muito
dos requisitos para a promoção na carreira, diferentes. Salienta-se que a revisão geral da remune-
facultada, para isso, a celebração de convênios ou ração dos servidores públicos, sem distinção de índi-
contratos entre os entes federados. ces entre civis e militares, será feita.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de car- Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do
go público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, profissional, o dispositivo estabelece a realização de
XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, cursos oficiais como requisito obrigatório para promo-
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados ção na carreira, sendo facultada, para tanto, a celebra-
de admissão quando a natureza do cargo o exigir. ção de convênios com os demais entes da federação.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de manda- Outra regra de extrema importância é a que
to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá- assegura ao servidor público civil da Administração
rios Estaduais e Municipais serão remunerados Pública direta, autárquica e fundacional os direitos
exclusivamente por subsídio fixado em parcela previstos nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,
única, vedado o acréscimo de qualquer gratifica- XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º, da
ção, adicional, abono, prêmio, verba de representa- CF/88 e aos direitos que, nos termos da lei, visem à
ção ou outra espécie remuneratória, obedecido, em melhoria de sua condição social e da produtividade
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. e da eficiência no serviço público, em especial o prê-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e mio por produtividade e o adicional de desempenho.
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre Atente-se aos limites de remuneração de
a maior e a menor remuneração dos servido- servidores:
res públicos, obedecido, em qualquer caso, o dis-
posto no art. 37, XI. z Mínimo: salário mínimo;
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário z Máximo: vide XI, art. 37, da CF (EC 41/2003).
publicarão anualmente os valores do subsí-
dio e da remuneração dos cargos e empregos É importante conhecer o texto da Súmula Vincu-
públicos. lante nº 6 do STF:
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Fede-
Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição
ral e dos Municípios disciplinará a aplicação
o estabelecimento de remuneração inferior ao salá-
de recursos orçamentários provenientes da
rio mínimo para as praças prestadoras de serviço
economia com despesas correntes em cada órgão,
militar inicial.
autarquia e fundação, para aplicação no desenvol-
vimento de programas de qualidade e produtivida- Art. 40 O regime próprio de previdência social
de, treinamento e desenvolvimento, modernização, dos servidores titulares de cargos efetivos terá
reaparelhamento e racionalização do serviço públi- caráter contributivo e solidário, mediante contri-
co, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de buição do respectivo ente federativo, de servidores
produtividade. ativos, de aposentados e de pensionistas, observa-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos orga- dos critérios que preservem o equilíbrio financeiro
nizados em carreira poderá ser fixada nos termos e atuarial.
do § 4º. § 1º O servidor abrangido por regime próprio de
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de previdência social será aposentado:
caráter temporário ou vinculadas ao exercício I - por incapacidade permanente para o tra-
de função de confiança ou de cargo em comis- balho, no cargo em que estiver investido, quando
são à remuneração do cargo efetivo. insuscetível de readaptação, hipótese em que será
obrigatória a realização de avaliações periódicas
para verificação da continuidade das condições que
No que tange ao art. 39, a primeira observação a
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma
ser feita é que o caput foi alterado pela Emenda Cons- de lei do respectivo ente federativo;
titucional nº 19, de 1998. No entanto, como sua eficá- II - compulsoriamente, com proventos propor-
cia encontra-se suspensa devido à decisão do STF na cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de
220 em vigor. Vejamos: idade, na forma de lei complementar;
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) § 9º O tempo de contribuição federal, estadual,
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e distrital ou municipal será contado para fins
cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e 9º A do art. 201, e o tempo de serviço correspon-
na idade mínima estabelecida mediante emenda às dente será contado para fins de disponibilidade.
respectivas Constituições e Leis Orgânicas, obser- § 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma
vados o tempo de contribuição e os demais de contagem de tempo de contribuição fictício.
requisitos estabelecidos em lei complementar do § 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
respectivo ente federativo. total dos proventos de inatividade, inclusive quando
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § públicos, bem como de outras atividades sujeitas
2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo esta- a contribuição para o regime geral de previdência
belecido para o Regime Geral de Previdência Social, social, e ao montante resultante da adição de pro-
observado o disposto nos §§ 14 a 16. ventos de inatividade com remuneração de cargo
§ 3º As regras para cálculo de proventos de acumulável na forma desta Constituição, cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
aposentadoria serão disciplinadas em lei do res-
neração, e de cargo eletivo.
pectivo ente federativo.
§ 12 Além do disposto neste artigo, serão observa-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité-
dos, em regime próprio de previdência social, no
rios diferenciados para concessão de benefícios
que couber, os requisitos e critérios fixados para o
em regime próprio de previdência social, ressalva-
Regime Geral de Previdência Social.
do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
§ 13 Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi-
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei comple- vamente, de cargo em comissão declarado em lei de
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem-
de contribuição diferenciados para aposentadoria porário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego
de servidores com deficiência, previamente sub- público, o Regime Geral de Previdência Social.
metidos a avaliação biopsicossocial realizada por § 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
equipe multiprofissional e interdisciplinar. Municípios instituirão, por lei de iniciativa do res-
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei comple- pectivo Poder Executivo, regime de previdência
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo complementar para servidores públicos ocupantes
de contribuição diferenciados para aposentadoria de cargo efetivo, observado o limite máximo dos
de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de benefícios do Regime Geral de Previdência Social
agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de para o valor das aposentadorias e das pensões em
que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso regime próprio de previdência social, ressalvado o
XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput disposto no § 16.
do art. 144. § 15 O regime de previdência complementar de que
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei comple- trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo na modalidade contribuição definida, observará o
de contribuição diferenciados para aposentadoria disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio
de servidores cujas atividades sejam exercidas com de entidade fechada de previdência complementar
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio- ou de entidade aberta de previdência complementar.
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses § 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção,
agentes, vedada a caracterização por categoria o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
profissional ou ocupação. servidor que tiver ingressado no serviço público até
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão ida- a data da publicação do ato de instituição do cor-
de mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação respondente regime de previdência complementar.
às idades decorrentes da aplicação do disposto § 17 Todos os valores de remuneração considera-
no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo dos para o cálculo do benefício previsto no § 3º
de efetivo exercício das funções de magistério na serão devidamente atualizados, na forma da lei.
educação infantil e no ensino fundamental e médio § 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
fixado em lei complementar do respectivo ente
Sessão legislativa ordinária: período de ativida- Art. 50 A Câmara dos Deputados e o Senado Fede-
de normal do Congresso (mencionado acima). ral, ou qualquer de suas Comissões, poderão con-
Sessão legislativa extraordinária: trabalho rea- vocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares
lizado durante o recesso parlamentar, median- de órgãos diretamente subordinados à Presidência
te convocação. da República para prestarem, pessoalmente, infor-
mações sobre assunto previamente determinado,
Recesso importando crime de responsabilidade a ausência
sem justificação adequada.
18 de julho a 31 de julho
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer
23 de dezembro a 01 de fevereiro
ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados,
ou a qualquer de suas Comissões, por sua ini-
ciativa e mediante entendimentos com a Mesa
Importante! respectiva, para expor assunto de relevância de
Não confundir sessão legislativa com legislatu- seu Ministério.
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
ra: legislatura é o período de quatro anos de exe-
Senado Federal poderão encaminhar pedidos
cução das atividades do Congresso Nacional. escritos de informações a Ministros de Estado ou
Vide § único, artigo 44 da CF. a qualquer das pessoas referidas no caput deste
artigo, importando em crime de responsabilidade a
recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias,
Art. 44 O Poder Legislativo é exercido pelo Con-
bem como a prestação de informações falsas.
gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Art. 55 Perderá o mandato o Deputado ou
Deputados e do Senado Federal.
Senador:
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração
I - que infringir qualquer das proibições esta-
de quatro anos.
belecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompa-
Cuidado com o § 3° do art. 57 da CF, que dispõe tível com o decoro parlamentar;
sobre as reuniões – referente à sessão Conjunta, o III - que deixar de comparecer, em cada sessão
qual ocorrerá em quatro casos, vejamos. legislativa, à terça parte das sessões ordiná-
rias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
Art. 57 O Congresso Nacional reunir-se-á, anual- missão por esta autorizada;
mente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de IV - que perder ou tiver suspensos os direitos
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. políticos;
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos
transferidas para o primeiro dia útil subseqüen- casos previstos nesta Constituição;
te, quando recaírem em sábados, domingos ou VI - que sofrer condenação criminal em sentença
feriados. transitada em julgado.
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar,
sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes além dos casos definidos no regimento interno, o
orçamentárias. abuso das prerrogativas asseguradas a membro do
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constitui- Congresso Nacional ou a percepção de vantagens
ção, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal indevidas.
reunir-se-ão em sessão conjunta para: § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do
I - inaugurar a sessão legislativa; mandato será decidida pela Câmara dos Deputa-
I - inaugurar a sessão legislativa; dos ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta,
II - elaborar o regimento retirar sublinhado e mediante provocação da respectiva Mesa ou de
colocar comum e regular a criação de serviços partido político representado no Congresso Nacio-
comuns às duas Casas; nal, assegurada ampla defesa.
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice- § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a
-Presidente da República; perda será declarada pela Mesa da Casa res-
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. pectiva, de ofício ou mediante provocação de
qualquer de seus membros, ou de partido político
Em relação ao guarde o seguinte: a sessão acontece representado no Congresso Nacional, assegurada
224 no primeiro ano do mandato do Presidente. ampla defesa.
Art. 103 Podem propor a ação direta de incons- Por exemplo, determinado Senador, ao discutir
titucionalidade e a ação declaratória de temas políticos com outro parlamentar, profere pala-
constitucionalidade: vras de injuria e acusa o parlamentar de praticar
I - o Presidente da República; fatos definidos como crime. Nesse caso, o parlamentar
II - a Mesa do Senado Federal;
ofendido não pode mover processo contra o Senador,
III - a Mesa da Câmara dos Deputados
pois as ofensas proferidas estão relacionadas ao exer-
O Presidente da mesa é o Presidente da sua res- cício da atividade parlamentar.
pectiva casa, cabe a este declarar a perda de mandato Parlamentar não pode renunciar à imunidade par-
(art. 55 da CF). lamentar e abrir mão do foro privilegiado.
Conforme o inciso VIII, art. 29 da CF/88, os verea-
Estadual e Distrital dores tem essa proteção, mas somente na circunscri-
ção do Município.
O âmbito Estadual e Distrital é composto pela
Assembleia Legislativa, através dos Deputados esta- Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica,
duais, eleitos pelo sistema proporcional (26 Deputados votada em dois turnos, com o interstício mínimo de
por Estado), com mandato de quatro anos, aplicando dez dias, e aprovada por dois terços dos membros
as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda os princípios estabelecidos nesta Constituição, na
de mandato, licença, impedimentos e incorporação Constituição do respectivo Estado e os seguintes
às Forças Armadas. Ainda, o subsídio dos Deputados preceitos:
Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assem- [...]
bleia Legislativa (art. 27 da CF). VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opi-
niões, palavras e votos no exercício do mandato e
Municipal na circunscrição do Município;
Na esfera municipal temos os Vereadores eleitos Imunidade Formal: Relativa propriamente dita.
pelo sistema proporcional, com mandato de quatro Na imunidade formal, há a possibilidade de sus-
anos – Unicameral. O número de vereadores que ocu- pensão da prisão e do processo para a maioria abso-
pam a Câmara Municipal é definido de acordo com o luta dos membros da respectiva casa, consiste no
número de habitantes da respectiva cidade, conforme julgamento pelo STF, desde a expedição do Diploma.
inciso IV, art. 29 da CF. Note que os vereadores não podem ser presos, salvo
Os vereadores apenas gozam da imunidade em flagrante de crime inafiançável.
material. A diplomação ocorre antes da posse, é um ato que
comprova que o candidato foi eleito e está apto para
Imunidade Parlamentar tomar a posse no respectivo cargo. É neste ato que
ocorre a entrega do documento (diploma) pela justiça
A imunidade parlamentar é também conheci- eleitoral.
da como imunidade legislativa, pode ser imunidade
material ou imunidade formal, vejamos: Imunidade Art. 53 Os Deputados e Senadores são invioláveis,
Material: absoluta inviolabilidade. civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
Parlamentares são imunes civil e penalmente para palavras e votos.
suas opiniões, palavras e votos, desde que no exer- [...]
cício da atividade parlamentar. Sendo que, não § 3º Recebida à denúncia contra o Senador ou
cometem no exercício da atividade parlamentar: inju- Deputado, por crime ocorrido após a diploma-
ria calúnia e difamação. Todos os parlamentares pos- ção, o Supremo Tribunal Federal dará ciência
suem essa imunidade. à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido
A imunidade material está consagrada no art. 53 do político nela representado e pelo voto da maioria de
texto constitucional, que prevê que Deputados e Sena- seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
dores são invioláveis civis e penalmente, vejamos. andamento da ação.
E
xemplo: fiscalização do repasse dos recursos z Medida provisória: tem iniciativa na Câmara dos
Federais transferidos aos Estados; Deputados, § 8°, art. 62 da CF;
z Iniciativa popular: a CF exige a subscrição de no
� Prestar as informações solicitadas pelo Congresso mínimo 1% do eleitorado, nacional, distribuído
Nacional: por pelo menos cinco estados, com não menos de
0,3% dos eleitores, cada um deles, e será apresen-
E
xemplo: emitir pronunciamento conclusivo tado perante a Câmara dos Deputados, art. 61, §2°
sobre os projetos de lei relativos ao plano plu- da CF. A tramitação é a mesma do projeto de lei
rianual, diretrizes orçamentárias e ao orça- ordinária. Exemplo de iniciativa popular para lei
mento anual; complementar – lei da ficha limpa. 227
Os projetos de lei começam a tramitar na Câmara z Sanção: concordância com o projeto de lei apre-
dos Deputados, com exceção de quando são apresen- sentado, podendo ser expressa (assinatura) ou
tados por Senador ou comissão do senado, nesses tácita (quando o Presidente não se manifesta sobre
dois casos, começam pelo Senado. Caso o projeto seja no prazo de 15 dias). Vide § 1°, art. 66 da CF.
aprovado por uma Casa, ele será revisto pela outra,
em um só turno de discussão e votação (em cada casa). Sanção expressa: se ocorrer a subscrição do
projeto de lei. Ou seja, quando o Presidente da
z Se tiver iniciado a tramitação na Câmara (regra), República manifestar concordância ao Projeto
o projeto segue para o Senado, onde será analisa- de Lei aprovado pelo Congresso Nacional, no
do e votado. Se for alterado, volta para a Câma- prazo de 15 dias úteis;
ra, que analisa apenas as alterações, podendo Sanção tácita: caso não ocorra veto (discor-
mantê-las ou recuperar o texto original; dância) no prazo de 15 dias. Ou seja, o Presiden-
z Em seguida, vai para sanção ou veto do presidente te não se manifestou dentro do prazo, inerte,
da República. entende pela sua concordância com o Projeto
de Lei aprovado.
Atenção! Se tiver vindo do Senado (exceção) e for
aprovado sem alterações, segue para sanção ou veto z Veto: é a discordância do Presidente com o projeto
do presidente da República. de lei aprovado, este deve ser manifestado obri-
gatoriamente de maneira expressa (diferente da
z Se for alterado, volta para o Senado, que analisa as sanção tácita que ocorre com a inércia do Presi-
mudanças da Câmara, podendo mantê-las ou recu- dente dentro do prazo de 15 dias), pode ser total
perar o texto original; ou parcial. Tem prazo de 15 dias para se apresen-
z Em seguida, vai para sanção ou veto do Presidente tar, ainda, deve no prazo de 48 horas comunicar os
da República. motivos do veto ao Presidente do Senado Federal:
Entenda: Na casa revisora, o projeto pode ser Veto será expresso, motivado, formalizado,
rejeitado (arquivado), se aprovado (depois de ser superável e supressivo;
enviado para o Presidente dar a sanção ou veto), ou O veto pode ser total, que atinge todo o pro-
emendado. jeto, ou parcial, que atinge somente alguns
dispositivos.
Iniciativa
Art. 66 A Casa na qual tenha sido concluída a vota-
ção enviará o projeto de lei ao Presidente da Repú-
Casa iniciadora blica, que, aquiescendo, o sancionará.
§ 1º Se o Presidente da República considerar o
Câmara dos
Deputados projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou
contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, conta-
Aprovado
dos da data do recebimento, e comunicará, dentro
Aprovado
de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado
Presidente da
Casa revisora Federal os motivos do veto.
República
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto inte-
Senado Federal gral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
15 dias
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do
Presidente da República importará sanção.
Art. 66 da CF
Alterado
Veto pode ser derrubado:
Volta para Câmara SANÇÃO Veto
Agora, vamos ao estudo de cada uma das espécies I - a forma federativa de Estado;
normativas enumeradas no art. 59 da Constituição II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
Federal. III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
I - Emenda Constitucional
A emenda constitucional é um mecanismo para
Conforme art. 60 da CF/88, a emenda constitucio- alteração da Constituição. Sendo que, as emendas pos-
nal é um mecanismo para alteração da Constituição. suem a mesma hierarquia que a Constituição Federal
Assim, as emendas possuem a mesma hierarquia que no ordenamento jurídico e necessitam de um procedi-
a Constituição Federal, sendo que as emendas são a mento especial para aprovação, até porque a CF/1988
única maneira de modificar a Constituição. é de difícil mudança, ou seja, também classificada
Bem como, o § 1º do mencionado dispositivo deter- como uma constituição rígida.
mina que a Constituição não poderá ser emendada na
Conforme o art. 60 da CF/88, a Constituição pode-
vigência de intervenção federal, de estado de defesa
rá ser emendada mediante proposta de um terço,
ou de estado de sítio.
Ainda, não pode ser objeto de deliberação as pro- no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados
posta de emenda constitucional que objetivem abolir ou do Senado Federal, do Presidente da República e
PODER EXEUTIVO
FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL
Presidente da República + Vice = Mandato de qua- Governador do Estado + Vice = Mandato de qua- Prefeito + Vice = Mandato de quatro anos
tro anos tro anos Auxiliar direto: Secretários Municipais. Sistema de
Auxiliar direto: Ministros do Estado Auxiliar direto: Estados - Secretários Estaduais eleição majoritário absoluto, para município com
Sistema de eleição majoritário absoluto Distrito Federal: Secretários Distritais mais de 200 mil eleitores
Sistema de eleição majoritário absoluto Sistema de eleição majoritário simples ou relativo,
para município com até 200 mil eleitores
O Presidente será eleito com um Vice-Presidente, companheiro de chapa. A eleição do Presidente implica na
eleição do Vice com ele registrado.
O Vice-Presidente tem função de auxiliar o Presidente sempre que convocado para missões especiais, bem
como, no caso de impedimento, o substituirá (art. 79 da CF).
Ainda, conforme determina o art. 80 da CF, em caso de impedimento concomitante do Presidente e do Vice, ou
vacância dos respectivos cargos, serão chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputa-
dos, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal, sucessivamente, nessa ordem.
Temporário Definitivo
Presidente da Câmara
Vice-Presidente
dos Deputados
Definitivamen-
Presidente do Senado
te ou temporário
Federal
- interinamente
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Presidente do STF
Conforme consagra o art. 81 da CF, vagando os cargos de Presidente e Vice, far-se-á eleição noventa dias para
complementar o mandato, depois de aberta a última vaga. Ainda, caso ocorra à vacância nos últimos dois anos
do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita em trinta dias depois da última vaga, pelo
Congresso Nacional.
Importante atentar que o dispositivo em comento só é aplicado se não houver definitivamente Presidente e
nem Vice-Presidente.
Linha do tempo da sucessão Presidencial:
CRIME DE
As funções de Chefe de governo, por sua vez, estão
CRIME COMUM previstas nos incisos I, II, III, IV, V, VI, IX a XXVII, do
RESPONSABILIDADE
art. 84 da CF.
Caso seja ação penal
DENÚNCIA Qualquer cidadão
pública, será o PGR
Art. 84 [...]
Dois terços da Dois terços da I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
QUEM
Câmara dos Câmara dos II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
RECEBE
Deputados Deputados
direção superior da administração federal;
JULGAMENTO Senado Federal STF III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos
casos previstos nesta Constituição;
Forma e Sistema de Governo IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
bem como expedir decretos e regulamentos para
z Forma de Estado sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
O federalismo refere-se a uma forma de Estado, VI - dispor, mediante decreto, sobre:
denominada federação ou Estado Federal, que é a a) organização e funcionamento da administração
forma de organização e de distribuição do poder esta- federal, quando não implicar aumento de despesa
tal em que a existência de um governo central não nem criação ou extinção de órgãos públicos;
impede que sejam divididas as responsabilidades e b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
competências entre ele e os Estados-membros. A Cons- vagos;
tituição brasileira determina quais as competências IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
de cada uma das partes que compõem a Federação X - decretar e executar a intervenção federal;
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal). XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitan-
z Sistema de Governo
do as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
O Brasil adota um sistema de governo presidencia-
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
lista. O presidencialismo pode ser definido como um
XIII - exercer o comando supremo das Forças
sistema de governo cujo chefe de estado e governo se
Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
concentram na figura do presidente, o qual possui um Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-
mandato fixo. Vejamos: -generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos;
O Presidente da República é chefe de estado e XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal,
Governo;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
O cargo de Presidente é unipessoal; Tribunais Superiores, os Governadores de Territó-
O presidente é eleito pelo povo; rios, o Procurador-Geral da República, o presidente
O Presidente terá mandato temporário de 4 e os diretores do banco central e outros servidores,
anos, podendo se reeleger uma única vez; quando determinado em lei;
Há a possibilidade de responsabilização XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
política. Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
Chefia de Estado e Chefia de Governo nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República,
Na composição da estrutura do Poder Executivo, é nos termos do art. 89, VII;
possível verificar a existência de duas funções indis- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República
pensáveis, quais sejam, a de Chefe de Estado e Chefe e o Conselho de Defesa Nacional;
de Governo.21 XIX - declarar guerra, no caso de agressão estran-
A Constituição Federal de 1988 adotou de maneira geira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
expressa o sistema de governo presidencialista, pro- referendado por ele, quando ocorrida no intervalo
clamando a junção das funções de Chefe de Estado e das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
Chefe de Governo, a serem realizadas pelo Presidente decretar, total ou parcialmente, a mobilização
da República. nacional;
21 Moraes, de Alexandre. Direito constitucional / Alexandre de Moraes. – 36. ed. – São Paulo: Atlas, 2020 237
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da
do Congresso Nacional; República:
XXI - conferir condecorações e distinções [...]
honoríficas; IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei com- Art. 136 O Presidente da República pode, ouvidos
plementar, que forças estrangeiras transitem o Conselho da República e o Conselho de Defesa
pelo território nacional ou nele permaneçam Nacional, decretar estado de defesa para preservar
temporariamente; ou prontamente restabelecer, em locais restritos
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plu- e determinados, a ordem pública ou a paz social
rianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentá- ameaçadas por grave e iminente instabilidade ins-
rias e as propostas de orçamento previstos nesta titucional ou atingidas por calamidades de grandes
Constituição; proporções na natureza.
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacio-
nal, dentro de sessenta dias após a abertura da 3º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
anterior; z Confirma: inciso IV, art. 49 da CF/88;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos fede- z Rejeita: § 4º, art. 136 da CF/88.
rais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
Controle político imediato – ocorre na decreta-
nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta ção ou caso persistirem as razões que justificaram o
Constituição. estado de defesa, este poderá ser prorrogado por mais
30 dias, então o Presidente da República no prazo de
Desta forma, o Chefe de Governo (Presidente da 24 horas submete a decisão ao Congresso Nacional,
República) exercerá a liderança da política nacional, que deverá decidir pelo voto da maioria absoluta e
pela orientação das decisões gerais e pela direção da mediante decreto legislativo, sobre a aprovação ou
máquina administrativa. 22 suspensão.
Caso o Congresso estiver em recesso, será convoca-
do no prazo de cinco dias – Sessão Legislativa Extraor-
dinária. Deverá, também, apreciar o decreto no prazo
de dez dias do seu recebimento (§§ 5º e 6º, art. 136, da
DA DEFESA DO ESTADO E DAS CF/88).
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS Controle político concomitante (ao mesmo
tempo) - Neste caso, cinco membros da mesa do Con-
ESTADO DE DEFESA gresso Nacional têm que acompanhar e fiscalizar as
medidas tomadas.
O Estado de Defesa e Estado de Sítio são legalida- Controle político sucessivo (no final) – Ocorre
des extraordinárias temporárias, criadas por Decreto nos termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual
do Presidente da República, consagrados no Título V determina que após cessar o estado de defesa as medi-
da Constituição Federal. das aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo
O estado de defesa tem o objetivo de preservar ou Presidente da República em mensagem ao Congresso
reestabelecer em locais restritos à ordem pública e a Nacional.
paz social ameaçada por grave e iminente instabilida- Caso o Congresso Nacional não aceite a justifica-
de institucional ou atingidas por calamidade de gran- tiva relada pelo Presidente da República no controle
de proporção da natureza, conforme dispõe art. 136 político sucessivo e se, caracterizado algum crime de
da CF/88. responsabilidade, poderá o Presidente ser submetido
É obrigatória análise pelo Conselho da República e ao processo, conforme a Lei 1.079, de 1956, e art. 85 da
pelo Conselho de Defesa Nacional (art. 89 a 91 da CF/88), CF/88. (controle jurídico)
ainda que a opinião dos Conselhos não seja vinculante.
O controle político ocorre após a decretação do Presi- ESTADO DE SÍTIO
dente deve no prazo de 24 horas enviar ao Congresso
Nacional para análise, para ser autorizado depende da O estado de sítio está consagrado no art. 137 a 139
autorização da maioria absoluta de seus membros. da CF/88 e será decretado diante da ineficácia do esta-
O tempo de duração não será superior a 30 dias, do de defesa, diante de comoção de grave repercus-
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual são nacional. E não pode ser decretado por mais de 30
período. Nesse período será limitado o direto de reu- dias, porém, se necessário, pode ser prorrogado por
nião, mesmo que exercida junto às associações, sigilo mais 30, se necessário de novo, mais 30, e assim por
de correspondência e sigilo de comunicação telegráfi- diante.
ca e telefônica. No caso de declaração de estado de guerra ou res-
Procedimento: posta a agressão armada estrangeira, o estado de sítio
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar
1º: Presidente da República consulta dois conselhos. a guerra ou a agressão armada estrangeira.
Procedimento:
z Conselho da República;
z Conselho da Defesa Nacional. 1º: Presidente da República consulta dois conselhos.
Autorização será por maioria absoluta e por decreto legislativo (inciso IV, do art. 49 da CF/88).
3º: Presidente da República decreta estado de sítio. Inciso XI, do art. 84 e caput do art. 137, da CF.
4º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
Controle político concomitante (ao mesmo tempo) – A partir do momento que o estado de sítio é autorizado,
o Congresso designa cinco membros da mesa do Congresso Nacional para acompanhar e fiscalizar as execuções
das medidas referente ao estado de sítio. Inciso IV, do art. 49 e art. 140 da CF/88.
Controle político sucessivo (no final) - Ocorre nos termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual determi-
na que após cessar o estado de defesa as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da
República em mensagem ao Congresso Nacional.
O direito de reunião pode ser limitado por decreto presidencial no estado de defesa e estado de sítio. A censura
também se torna possível no estado de sítio.
Ainda, caso decretado estado de sítio por comoção grave de repercussão nacional ou ineficácia da medida
tomada durante o estado de defesa, só poderão ser tomadas contra as pessoas as medidas consagradas no art. 139
da CF, vejamos:
FORÇAS ARMADAS
As forças armadas estão consagradas no título V da Constituição Federal, conforme art. 142, as forças armadas
são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, a qual são instituições nacionais permanentes e regula-
res, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob autoridade do Presidente da República. As funções das
forças armadas, além da defesa da pátria, também englobam a defesa do estado e das instituições democráticas
(garantidoras da lei e da ordem).
Dica
As forças armadas estão inseridas na estrutura do Poder Executivo.
Os membros das forças armadas são denominados como militares e tem função subsidiária, ou seja, desem-
penham funções que originalmente são de competência das forças da segurança pública (polícia federal, civil e
militar dos estados e DF). 239
Ainda, conforme dispõe o art. 142 do texto cons- A Constituição também prevê o serviço militar
titucional, as forças armadas estão sob a autoridade obrigatório, conforme art. 143, entretanto o inciso
suprema do Presidente da República, e destinam-se à VIII do art. 5º desobriga o alistado do serviço militar
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucio- por motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou
nais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da política, desde que cumpra prestação alternativa, que
ordem. é de competência das forças armadas atribuir.
A ordem social está consagrada no Título VIII da Todos os benefícios decorrentes da seguridade
Constituição, e tem como base o princípio do trabalho social devem ser irredutíveis;
e como objetivo o bem estar e a justiça sociais, é uma
extensão dos direitos fundamentais previstos no Títu- V - equidade na forma de participação no custeio;
lo II da Constituição.
A ideia é valorizar o trabalho humano e preservar Em suma, é a participação que cada contribuin-
a livre iniciativa, buscando um equilíbrio para as rela- te deve fazer com a seguridade social conforme sua
ções sociais, garantindo a todos uma existência digna. capacidade contributiva.
O conteúdo da ordem social foi relacionado em
oito Capítulos na Constituição, são temas que abor- VI - diversidade da base de financiamento, identifi-
dam diversos outros ramos do direito. Nesse sentido, cando-se, em rubricas contábeis específicas para
o professor José Afonso da Silva preleciona: cada área, as receitas e as despesas vinculadas a
ações de saúde, previdência e assistência social, pre-
A Constituição deu bastante realce à ordem social. servado o caráter contributivo da previdência social;
Forma ela com o título dos direitos fundamentais o
núcleo substancial do regimento democrático instituí- A seguridade será financiada por toda a sociedade,
do. Mas é preciso convir que o título da ordem social sendo que não terá apenas uma fonte de renda.
misturou assuntos que não se afinam com essa natu-
reza. Jogaram-se aqui algumas matérias que não tem VII - caráter democrático e descentralizado da admi-
um conteúdo típico de ordem social. (Curso de Direito nistração, mediante gestão quadripartite, com par-
Constitucional Positivo, 2017, p. 844). ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados;
Os assuntos abordados no Título VIII são: segurida-
de social (art. 194 a 204); educação, cultura e deporto Desta maneira, a seguridade terá a participação
(art. 205 a 217); ciência e tecnologia (art. 218 e 219); democrática e uma gestão descentralizada.
comunicação social (art. 220 a 224); meio ambiente Conforme dispõe o art. 195, a seguridade social
(art. 225); família, criança, adolescente, jovem e idoso será financiada por toda a sociedade, nos termos da
(art. 226 a 230) e dos índios (art. 231 a 232). Passaremos
lei, sendo direta (mediante o pagamento das contribui-
à análise desses assuntos ao decorrer deste capítulo.
ções sociais) ou indireta (previsão na lei orçamentária
anual) e mediante recursos provenientes da União,
SEGURIDADE SOCIAL
estados, DF e municípios e das contribuições sociais:
A seguridade social assegura os direitos relativos à
Art. 195 [...]
saúde, à previdência e à assistência social, é um con- I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
junto de ações dos poderes públicos e da sociedade, equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
consagrada nos arts. 194 a 204 da CF. a) a folha de salários e demais rendimentos do
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
SEGURIDADE SOCIAL pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vín-
culo empregatício;
Saúde Previdência Assistência b) a receita ou o faturamento;
Art. 196 a 200 Social Social c) o lucro;
Art. 201 a 202 Art. 203 a 204 II - do trabalhador e dos demais segurados da pre-
vidência social, podendo ser adotadas alíquotas
Os objetivos da seguridade social são de observân- progressivas de acordo com o valor do salário de
cia obrigatória e estão enumerados nos incisos do art. contribuição, não incidindo contribuição sobre
194 da CF. A seguir segue os dispositivos mencionados aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
seguido de breve explicação. Geral de Previdência Social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
Art. 194 [...] IV - do importador de bens ou serviços do exterior,
I - universalidade da cobertura e do atendimento; ou de quem a lei a ele equiparar. (grifos nossos)
24 - Família monoparental,
248 25 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 1512.
O casamento civil é de celebração gratuita, sen- DOS ÍNDIOS
do que, o religioso terá efeito civil, nos termos da lei.
No que tange à dissolução do casamento civil, o texto Ordenamento jurídico brasileiro valoriza as dife-
constitucional foi modificado pela Emenda Constitu- renças culturais, garantindo e respeitando o modo de
cional nº 66, de 2010, que então permitiu a dissolu- vida das comunidades indígenas. O texto constitucional
ção do casamento civil pelo divórcio, que antes só se foi um grande avanço referente os direitos indígenas,
dava após o cumprimento de alguns requisitos, agora garantindo a eles a preservação da sua organização
é imediato. social, costumes, crenças, língua e tradições.
É dever do Estado, da família e da sociedade asse- A Constituição também garantiu o direito origi-
gurar com prioridade os direitos fundamentais da nário sobre as terras que os índios tradicionalmente
ocupavam, cabendo à União demarcá-las e garantir
criança, do adolescente, do jovem, com prioridade na
que seus bens sejam respeitados, sendo inalienáveis
vida, saúde, alimentação, educação, lazer, profissiona-
e indisponíveis, bem como, os direitos sobre elas,
lização, cultura, dignidade, ao respeito, à liberdade e
imprescritíveis.
à convivência familiar e comunitária (art. 227 da CF).
Determina o § 6º, art. 231 da CF, que são nulos e
A Constituição também determina a promoção extintos os atos que tenham por objeto a ocupação, o
de programas de assistência à criança, adolescente e domínio e a posse das terras indígenas, ou a explora-
jovem, vejamos. ção das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes, com exceção ao relevante interesse
Art. 227 [...] público da União.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistên-
cia integral à saúde da criança, do adolescente e do
jovem, admitida a participação de entidades não Importante!
governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos: É de competência exclusiva do Congresso
I - aplicação de percentual dos recursos públicos Nacional autorizar, em terras indígenas, a explo-
destinados à saúde na assistência materno-infantil; ração e o aproveitamento de recursos hídricos e
II - criação de programas de prevenção e atendi- a pesquisa e lavra de riquezas minerais (art. 49,
mento especializado para as pessoas portadoras de XVI da CF).
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
integração social do adolescente e do jovem porta-
dor de deficiência, mediante o treinamento para o O art. 232 da CF, autoriza a participação dos índios
trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso e as suas comunidades e organizações como partes
aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de legítimas para ingressar em juízo para defender seus
obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de interesses, com a participação do Ministério Público
discriminação. em todos os atos do processo.
O art. 5º também decorre do decorre do art. 1º, da Os direitos e garantias fundamentais estão discipli-
CF, de 1988. Nele, consta a forma de Estado e a forma nados no Título II da CE. Em síntese, a norma constitu-
de governo, ou seja, Federação e República. cional divide os direitos e garantias fundamentais em
Conforme mencionado, adota-se a forma federa-
cinco grupos: direitos individuais e coletivos; direitos
tiva de Estado, sendo o Rio de Janeiro e seus municí-
sociais; família, criança, adolescente e idoso e defesa
pios entes da Federação. Já como forma de governo,
do consumidor. Portanto, direitos fundamentais são o
adota-se a forma republicana, tendo como carac-
terísticas a eletividade, a temporariedade dos mem- gênero do qual os direitos da família, criança, adoles-
bros do Poder Legislativo e Executivo e um regime cente e idoso são espécies.
de responsabilidade das pessoas que ocupam cargos A CF, de 1988, também divide os direitos e garan-
públicos. Desse modo, o Estado do Rio de Janeiro é tias fundamentais em grupos. No caso da CF, de 1988,
um dos entes políticos da República, razão pela qual são: direitos individuais e coletivos; direitos sociais;
lhe é garantida autonomia e o exercício de diversas direitos de nacionalidade; direitos políticos e partidos
competências. políticos. 251
É importante lembrar que direitos e garantias não Exemplo: mesmo possuindo o direito de locomo-
se confundem. Enquanto direitos são bens e vanta- ção, não é possível ingressar em uma propriedade
gens prescritos na norma constitucional, como, por alheia fora das hipóteses previstas da CF, de 1988
exemplo, o direito de ir e vir (liberdade de locomoção), (convite, desastre, flagrante delito, prestar socorro ou
as garantias são os instrumentos através dos quais se ordem judicial durante o dia), podendo isso, inclusive,
assegura o exercício do referido direito, tanto preven- caracterizar o crime de invasão de domicílio.
tivamente, como, por exemplo, o habeas corpus, como Passaremos, agora, a análise dos seus artigos pedi-
repressivamente, quando, por exemplo, busca assegu- dos pelo edital.
rar a sua reparação no caso de violação.
Antes de adentrar ao estudo dos direitos e garan- Da Família, Criança, Adolescente e Idoso
tias fundamentais propriamente ditos, é importante
estudar suas características. Sua primeira característi- O terceiro capítulo dos direitos e garantias funda-
ca é a universalidade, ou seja, os direitos e garantias mentais engloba os arts. 45 a 62, da CE, e disciplina
fundamentais se aplicam a todos os indivíduos. as regras acerca da família, criança, do adolescente e
Do seu caráter universal, decorre a garantia da dig- idoso. Vejamos os dispositivos:
nidade da pessoa humana, uma vez que o direito de
possuir condições mínimas para ter uma vida plena Art. 45 É dever da família, da sociedade e do
e digna é inerente a todos os indivíduos. Observa-se, Estado assegurar à criança, ao adolescente, ao
ainda, que o reconhecimento da dignidade traz con- jovem e ao idoso, com absoluta prioridade, o
sigo o fundamento da igualdade, por não comportar direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa-
distinções relacionadas a raça, sexo, língua, religião, ção, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
origem social ou nacional, entre outras. dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivên-
Outra característica importante é a historicida- cia familiar e comunitária, além de colocá-los a
de, uma vez que tais direitos e garantias são frutos salvo de toda forma de negligência, discriminação,
de um desenvolvimento histórico, ou seja, são traça- exploração, violência, crueldade e opressão.
dos e estruturados de acordo com o desenvolvimento
da própria sociedade. Por isso, entender o contexto O art. 45 reproduz, em parte, o art. 227, da CF, de
histórico é extremamente importante para entender 1988. Trata-se da proteção que deve ser implemen-
o porquê da proteção dada pelos direitos fundamen- tada pela família, sociedade e pelo Estado, para
tais. Exemplo: políticas afirmativas, como a política de garantir os direitos fundamentais de crianças, ado-
cotas em concursos públicos. lescentes, jovens e idosos. Cumpre esclarecer que é
Além disso, eles têm como característica a ina- da família que advém os indivíduos, ou seja, ela é o
lienabilidade, uma vez que, por terem como fun- núcleo natural e fundamental de onde emana a pró-
damento a liberdade, justiça e paz, não podem ser pria sociedade.
transferidos ou negociados. Os direitos são conferidos Salienta-se, ainda, que a proteção deve ser exerci-
a todos os indivíduos, que deles não podem se desfa- da de forma prioritária.
zer, porque são indisponíveis, tendo em vista a prote-
ção da pessoa humana. Dica
Os direitos fundamentais também têm como carac-
terística a imprescritibilidade, visto que não deixam De acordo com o Estatuto da Criança e do Ado-
de ser exigíveis em razão da falta de uso, ou seja, não lescente (ECA), criança é a pessoa com até 12
prescrevem. Exemplo: o fato de determinada pessoa anos de idade incompletos e adolescente é
passar grande parte de sua vida sem ter uma religião aquele entre 12 e 18 anos de idade. Já jovem é a
específica não a impede de optar por uma ou outra, pessoa com idade entre 15 e 29 anos de idade,
ou, até mesmo, por nenhuma, pois seu direito à liber- segundo o Estatuto da Juventude. Por fim, idoso
dade de crença e exercício de culto não se perde em é a pessoa que tenha completado 60 anos, em
razão do tempo. conformidade com o Estatuto do Idoso.
Verifica-se, ainda, a irrenunciabilidade como
outra característica importante, na medida em que Art. 46 É reconhecida como entidade familiar a
nenhum ser humano pode abrir mão de possuir direi- união estável entre homem e mulher e a comu-
tos fundamentais. Portanto, pode até não os utilizar nidade formada por pai, mãe ou qualquer dos
adequadamente, mas não se pode renunciar à possi- ascendentes ou descendentes.
bilidade de exercê-los.
Outra característica dos direitos fundamentais é O art. 46 é inspirado nos parágrafos 3º e 4º, do art.
a indivisibilidade desses direitos, ou seja, não existe 226, da CF, de 1988. A norma constitucional assegurou
hierarquia entre os direitos fundamentais, pois todos ampla proteção à unidade familiar, por ser esta a base
possuem o mesmo valor como direitos. Consequente- da sociedade. Observa-se que o conceito de família foi
mente, eles são indivisíveis na medida em que para a ampliado pelo próprio texto da CF, de 1988, de modo
garantia de um pressupõe a observância dos demais. a englobar no conceito de família, além da entida-
Portanto, quando um deles é violado, os outros tam- de constituída pelo casamento (civil ou religioso), a
bém o são. união estável e família monoparental.
Por fim, outra característica importante é a limi- Importa salientar que família biparental é o mode-
tabilidade, isto é, os direitos fundamentais não são lo de família constituído pelos filhos do mesmo pai
absolutos, de modo que podem ser limitados sem- e da mesma mãe. Já família monoparental é aque-
pre que houver uma hipótese de colisão de direitos la constituída por qualquer um dos pais e seu filho,
fundamentais. Da limitabilidade advém regra de que como, por exemplo, no caso de pai ou mãe divorciados
252 nenhum direito é absoluto. vivendo apenas com seus filhos ou de pais solteiros.
Atenção: embora a CE fale expressamente em Art. 49 A lei disporá sobre a criação de mecanis-
entidade constituída entre homem e mulher, é asse- mos que facilitem o trânsito e as atividades da
gurada proteção à família homoafetiva, seja esta gestante em qualquer local.
decorrente de união estável ou de casamento, em
decorrência do princípio da dignidade da pessoa O art. 49 estabelece que a proteção à gestante deve
humana. ser disciplinada por meio de lei.
Art. 47 Os filhos havidos ou não da relação de Art. 50 As pessoas jurídicas de direito público,
casamento, ou por adoção, terão os mesmos poderão receber menores de 14 a 18 anos incom-
direitos ou qualificações, proibidas quaisquer pletos, para estágio supervisionado, educativo e
profissionalizante.
designações discriminatórias relativas à filiação,
§ 1º Considera-se estágio supervisionado, educati-
garantindo o Estado o acesso gratuito aos meios ou
vo e profissionalizante, a atividade realizada sob
recursos necessários à determinação da paternida-
forma de iniciação, treinamento e encaminhamen-
de ou da maternidade.
to profissional do menor estagiário.
§ 2º À criança e ao adolescente trabalhadores,
O art. 47 decorre do princípio da igualdade. inclusive àqueles na condição de aprendiz, ficam
Importante mencionar que, antes da CF, de 1988, a assegurados todos os direitos sociais previstos na
proteção aos filhos concebidos no casamento era Constituição da República.
diferente dos gerados fora do matrimônio. É por essa
razão, por exemplo, que uma pessoa casada não pode- O art. 50 trata do estágio supervisionado promo-
ria registrar filhos havidos fora desse casamento (sen- vido pelas pessoas jurídicas de direito público, ou
do por essa razão chamados de bastardos) e que os seja, pelo Estado do Rio de Janeiro, seus Municípios,
filhos adotivos herdavam metade do valor herdado bem como suas autarquias e fundações públicas, aos
pelos filhos biológicos, entre outros exemplos. adolescentes entre 14 e 18 anos incompletos de ida-
Desse modo, assim como na CF, de 1988, a CE reco- de. Por estagiário, entende-se o estudante que com-
nhece que todos os filhos possuem os mesmos direi- plementa, por meio do trabalho, o ensino do curso
tos e as mesmas proteções. Consequentemente, não que está desenvolvendo. Assim sendo, estagiário não
deve existir distinção entre irmãos bilaterais, ou seja, é empregado e, por essa, razão não está submetido ao
nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, filhos uni- limite de idade previsto na CF, de 1988.
laterais, isto é, ligados somente por um dos genitores De acordo com a CF, de 1988, não é possível o
(pai ou mãe) e filhos adotivos. desempenho da atividade laboral aos menores de 16
A Lei Estadual nº 3.693, de 2001, e a Lei nº 12.010, anos, exceto na condição de aprendiz. Por aprendiz,
de 2009 (Lei da Adoção), estendem aos adotantes os entende-se o jovem entre 14 e 24 anos contratado por
mesmos direitos dos pais biológicos com relação às entes de cooperação governamental, como, por exem-
plo, o SENAC e SENAI, para aprender uma profissão, ou
licenças maternidade e paternidade.
seja, a formação profissional é desenvolvida no ofício.
Esse dispositivo encontra-se regulamentado pela Lei
Art. 48 Os direitos e deveres referentes à socie-
nº 1.752, de 1990, que estabelece as regras referentes aos
dade conjugal são exercidos igualmente pelo
homem e pela mulher.
estágios supervisionados em empresas estaduais.
Art. 53 É vedada ao Poder Público a transferên- Com relação ao art. 56 da CE, cabem algumas
cia compulsória, para outros Estados e Muni- observações. O inciso XXV, do art. 7º, da CF, de 1988,
cípios que não o de sua origem, de crianças e traz como direito do trabalhador a assistência em cre-
adolescentes atendidos direta ou indiretamente
che e pré-escola aos seus filhos ou dependentes desde
por instituições oficiais, visando garantir a uni-
o nascimento até os 5 anos. Além disso, o art. 208 da
dade familiar.
CF, de 1988, estabelece como dever do Estado o ensino
infantil em creche (de zero a 3 anos) e pré-escola (de 4
O art. 53 trata do direito de permanência da
criança e adolescente na sua família de origem até os 5 anos de idade).
(família natural). Assim, as instituições oficiais, tais Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006, o pri-
como de saúde e educação, deverão mantê-los próxi- meiro ano do Ensino Fundamental passou a ser cursa-
mos a sua entidade familiar para atenção e cuidado. do a partir dos 6 anos de idade. É por essa razão que o
Para tanto, é proibida a sua transferência compulsó- auxílio creche ou auxílio pré-escola é devido até os 5
ria para outros locais que não o de sua origem. Desse anos (cessa ao completar 6 anos, quando a criança já
dispositivo decorre, por exemplo, o direito de acesso pode frequentar a escola).
e permanência em escolas, de modo a assegurar que Por conseguinte, com o objetivo de implementar a
o aluno ingresse na escola sem distinção de qualquer norma constitucional, a CE estabelece crédito públi-
natureza, bem como nela permaneça. Consequente- co às empresas que fornecerem creche aos filhos de
mente, não se admite a exclusão da escola, por exem- seus funcionários.
plo, do aluno indisciplinado.
Art. 57 À criança e ao adolescente é garantido o
Art. 54 Cabe ao Poder Público estimular, através pleno e formal conhecimento de infração que
de assistência jurídica e incentivos fiscais, o lhes seja atribuída e a ampla defesa por profissio-
acolhimento de crianças ou adolescentes, sob a nais habilitados, na forma da lei.
forma de guarda, feito por pessoa física.
O art. 57 decorre de uma das proteções especiais
O art. 54 decorre de uma das proteções especiais trazidas pelo § 3º, do art. 227, da CF, de 1988. Trata-
trazidas pelo § 3º, do art. 227, da CF, de 1988. Assim, -se, também, de um dos desdobramentos do direito à
é dever da Administração Pública estimular o aco- segurança, por envolver as garantias processuais do
lhimento de crianças e adolescentes em famílias contraditório e da ampla defesa.
substitutas. Tal estímulo é feito por meio de incen- O princípio do contraditório e da ampla defesa
tivos fiscais e subsídios, bem como por meio de assis- objetiva garantir a igualdade das partes de uma rela-
tência jurídica. ção processual, uma vez que assegura à parte contrá-
Para que haja o acolhimento, o instituto utilizado é ria o direito de ser ouvida (audiatur et altera pars),
o da guarda, uma vez que a criança ou o adolescente pois não podem ser atribuídas a uma parte vantagens
são colocados em família substituta após os pais terem de que a outra não disponha. Como consequência, as
sido suspensos ou destituídos do poder familiar, ou
partes têm acesso a tudo que consta dos autos, como,
como meio preparatório para outros dois institutos: a
por exemplo, todas as provas produzidas pela outra
tutela (cuja finalidade é suprir a ausência dos genito-
parte, podendo se manifestar ou não. Além disso, a
res no caso de falecimento, declaração de ausência ou
defesa pode ser exercida de forma ampla (por exem-
quando estes decaíram do poder familiar) ou adoção
plo: é possível ao indivíduo optar pela autodefesa,
(medida excepcional e irrevogável em que a criança
ou adolescente passam a ter nova filiação adotiva). quando permitido, ou pela defesa técnica). Assim, a
ampla defesa garante ao agente a possibilidade de se
defender sem qualquer impedimento aos seus direi-
Dica tos constitucionais.
O ECA disciplina a colocação em família substi-
tuta em seus arts. 28 e seguintes. Art. 58 A família ou entidade familiar será sempre
o espaço preferencial para o atendimento da
Art. 55 Às crianças e aos adolescentes assegurar- criança, do adolescente e do idoso.
-se-á direito a juizado de proteção, com especia-
lização e competência exclusiva, nas comarcas De acordo com o art. 58, o sistema de garantia e
de mais de duzentos mil habitantes. direitos de crianças, adolescentes e idosos deve partir
da família, entendida esta em todos os seus conceitos,
O art. 55 decorre dos arts. 145 e seguintes do ECA, uma vez que é a família a base da sociedade.
que tratam da Justiça da Infância e da Juventude,
ou seja, de uma justiça especializada responsável por Art. 59 O Estado eliminará, progressivamente, à
cuidar de todos os casos que envolvam adoção, vagas medida que criar meios adequados que os substi-
em creches, julgamento de todos os atos infracionais, tuam, o sistema de internato para as crianças
254 entre outros. e adolescentes carentes.
Antes da edição do ECA, a legislação que discipli- Art. 62 O Estado garantirá na forma da lei a parti-
nava as crianças e adolescentes era o Código de Meno- cipação de entidades de defesa dos direitos da
res. Nele, existia a ideia de que as famílias carentes criança, do adolescente e do idoso na fiscaliza-
não dispunham de condições para cuidar de seus ção do cumprimento dos dispositivos previstos nes-
te capítulo, através da organização de Conselhos de
filhos, razão pela qual estes deveriam ser entregues Defesa dos seus direitos.
aos cuidados do Estado. Por esse motivo, existiam ins-
tituições chamadas de orfanatos, reformatórios, inter- Por fim, o art. 62 estabelece que o Sistema de
natos ou educandários, que eram caracterizadas por Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente
esse acolhimento. Muitas vezes, crianças possuíam constitui-se em uma rede formada pelos órgãos e ser-
pai e mãe, mas eram impossibilitadas de conviver viços governamentais e não governamentais.
com suas famílias em razão de suas condições econô-
micas. Ao ingressarem nessas instituições, entendia- DA SEGURANÇA PÚBLICA
-se que essas crianças necessitavam ser “reformadas”
por meio de rotina e educação rígidas. Com o advento Para traçar as regras mais importantes e a estrutu-
do ECA, as regras para o acolhimento de crianças e ra funcional da segurança pública no Estado do Rio de
adolescentes foram modificadas, passando a se pauta- Janeiro, a CE estabeleceu o Título V, que compreende
rem no cuidado e na garantia de direitos desses seres os arts. 183 a 191.
em desenvolvimento. Como consequência, o art. 59 da Cumpre esclarecer que na CF, de 1988, a prestação
CE trata da substituição e eliminação desse sistema. da segurança pública está prevista no art. 144, sendo
um dos deveres do Estado brasileiro. Por essa razão, a
Art. 60 Em caso de conduta anti-social, a criança Constituição Federal disciplina os órgãos encarrega-
e o adolescente deverão ser conduzidos a órgão dos de preservação da ordem pública e da incolumi-
especializado, que conte com a permanente assis- dade das pessoas e do patrimônio, que são:
tência de psicólogo e assistente social, atendo-
-se sempre à sua peculiar condição de pessoa em z Polícia Federal;
desenvolvimento, garantida a convocação imediata z Polícia Rodoviária Federal;
dos pais ou responsáveis, se houve, e, na falta des- z Polícia Ferroviária Federal;
tes, a notificação do Conselho Estadual de Defe- z Polícias Civis;
sa da Criança e do Adolescente. z Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares;
z Polícias Penais federal, estaduais e distrital.
O art. 60 decorre do Sistema de Garantia dos Direi-
tos da Criança e do Adolescente. Trata-se do direito de Assim, repetindo a norma constituicional, o art.
passar por um órgão especializado que disponha de 183 dispõe:
condições de ampará-las tanto psicologicamente como
Art. 183 A segurança pública, que inclui a vigi-
socialmente. Observa-se que a CE não conceitua nem
lância intramuros nos estabelecimentos penais,
exemplifica o que se entende por conduta anti-social. dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem
Dica pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, pelos seguintes órgãos estaduais:
O Conselho Estadual de Defesa da Criança e do I - Polícia Civil;
Adolescente (CEDCA/RJ) foi criado pela Lei nº II - Polícia Penal;
1.697, de 1990. Trata-se de um órgão normativo, III - Polícia Militar;
IV - Corpo de Bombeiros Militar.
consultivo, deliberativo, fiscalizador e formula- V - Departamento Geral de Ações Socioeducativas.
dor das políticas públicas de promoção e defesa
dos direitos da criança e do adolescente no Esta-
do do Rio de Janeiro. Importante!
Art. 61 A família, a sociedade e o Estado têm o A expressão “que inclui a vigilância intramuros
nos estabelecimentos penais”, presente no art.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
dever de amparar as pessoas idosas, assegu-
rando-lhes participação na comunidade, defen- 183, foi declarada inconstitucional pelo STF na
dendo-lhes a dignidade e o bem-estar, garantido o ADIN - 236-8/600, de 1990, por ser incompatível
direito à vida. com o art. 144, da CF/88.
Parágrafo único. Lei disporá sobre programas de
atendimento aos idosos, executados preferencial-
mente em seus lares, referentes à integração fami- Observa-se que, se no âmbito federal são seis os
liar e comunitária, saúde, habitação e lazer. órgãos de Segurança Pública, no âmbito estadual, a
CE faz menção a três dos órgãos constitucionais, ou
O art. 61 repete o art. 230, da CF, sendo decorren- seja, a Polícia Civil, a Polícia Militar e Corpo de Bom-
beiro Militar e a Polícia Penal (incisos I, II, III e IV, do
te dos princípios da solidariedade e proteção à
art. 183, da CE) e acrescenta o Departamento Geral de
família. Assim, é obrigação tanto da família quanto
Ações Socioeducativas.
da sociedade e do Estado garantir o envelhecimento,
Em termos gerais, enquanto compete à Polícia Civil
que é um direito personalíssimo de todas as pessoas. exercer as funções de polícia judiciária e a apuração
Como consequência, deve-se garantir a essas pessoas de infrações penais, exceto as infrações militares, ou
os direitos à vida, saúde, dignidade, participação e seja, investigar as infrações penais (crime e contra-
bem-estar, por meio de políticas públicas que permi- venções) após a sua ocorrência, cabe à Polícia Militar
tam o seu envelhecimento saúdavel e com dignidade. a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública,
É por essa razão que o programa de amparo ao idoso isto é, atuar preventivamente (por isso, a denominação
deve ser executado, de preferência, em seu lar. “ostensiva”) para que as infrações penais não ocorram. 255
Já aos Corpos de Bombeiros Militares compete O parágrafo 6º autoriza a criação do Fundo Esta-
a execução de atividades de defesa civil, e à Polícia dual de Investimentos e Ações de Segurança Pública e
Penal, antigamente denominada de Polícia Peniten- Desenvolvimento Social por meio de lei complemen-
ciária, incumbe a segurança dos estabelecimentos tar. O Fundo tem como finalidade apoiar os programas
penais. e projetos na área de segurança pública, de prevenção
à violência e desenvolvimento social. O Fundo Esta-
§ 1º Os municípios poderão constituir guardas dual de Investimentos e Ações de Segurança Pública
municipais destinadas à proteção de seus bens, e Desenvolvimento Social (FISED) foi criado por meio
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. da Lei Complementar nº 178, de 2017.
Art.188-B A Lei Orgânica da Polícia Penal dis- O art. 190 estabelece como forma de assegurar
porá sobre: a intimidade, vida privada, honra e imagem dos
I - estrutura, organização, funcionamento, carrei- envolvidos no crime, que a divulgação destes fatos
ra, formação, direitos e deveres, proibições e pro- e dos dados sejam feitos de modo a preservar tanto a
cesso disciplinar; vítima como as testemunhas do delito.
II - atribuições de segurança dos estabelecimentos
penais, fiscalização de medidas alternativas à pena Art. 191 Ao abordar qualquer cidadão no cum-
de prisão e outras correlatas ao sistema penal; primento de suas funções, o servidor policial
III - o Conselho de Polícia Penal e a Corregedoria de deverá, em primeiro lugar, identificar-se pelo
Polícia Penal. nome, cargo, posto ou graduação e indicar o órgão
onde esteja lotado.
O art. 188-B, que também foi acrescentado à CE por
meio da Emenda Constitucional nº 77, de 2020, esta- Por fim, o art. 191 impõe ao servidor policial o
belece quais as regras que devem obrigatoriamente dever de se identificar quando realizar qualquer
constar da Lei Orgânica da Polícia Penal. abordagem no cumprimento de suas funções. A fina-
lidade do dispositivo é evitar abusos de policiais no
Art. 189 Cabem à Polícia Militar a polícia osten-
exercício de sua atividade.
siva e a preservação da ordem pública; ao Cor-
po de Bombeiros Militar, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades DA ORDEM SOCIAL
de defesa civil.
§ 1º A lei disporá sobre os limites de competência Bases e Objetivos da Ordem Social
dos órgãos policiais mencionados no caput deste
artigo. O Título VIII da CE trata da Ordem Social. Nele, são
§ 2º As corporações militares do Estado serão encontradas as disposições relativas à Seguridade
comandadas por oficial combatente da ativa, Social e aos Índios. Acompanhe o seu estudo detalha-
do último posto dos respectivos quadros, salvo no do a seguir. Vejamos o que diz o art. 283 da Constitui-
caso de mobilização nacional. ção Estadual do Rio de Janeiro:
§ 3º É assegurada aos servidores militares esta-
duais isonomia de vencimentos com os servidores Art. 283 A ordem social tem como base o primado do
militares federais. trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
§ 1º As receitas do Estado e dos Municípios, destinados a seguridade social, constarão dos respectivos
orçamentos.
O parágrafo 1º estabelece que as receitas para o custeio da Seguridade Social no âmbito estadual e municipal
devem constar na lei orçamentária.
SISTEMA PREVIDENCIÁRIO
Regime Público Regime Privado
Regime Geral da Previ- Regime Próprio da Previdên- Regime Próprio da Previ-
Previdência Complementar
dência Social cia Social dos Servidores Civis dência Social dos Militares
Art. 285 Será garantida pensão por morte de servidor, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes.
Parágrafo único. A pensão mínima a ser paga aos pensionistas do Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janei-
ro - IPERJ, não poderá ser de valor inferior ao de 1 (um) salário mínimo.
O art. 285 trata da pensão por morte do servidor público, que é gerenciada pelo Instituto de Previdência do
Estado do Rio de Janeiro (IPERJ), e que não pode ter valor inferior a um salário mínimo.
Art. 286 É facultado ao servidor público que não tenha cônjuge, companheiro ou dependente, legar a pensão por
morte a beneficiários de sua indicação, respeitadas as condições e a faixa etária previstas em lei para a concessão
do benefício a dependentes.
Dica
O art. 286 foi declarado inconstitucional pelo STF na ADIN nº 240-6/600, de 1990. Portanto, não se preocupe
com ele.
Art. 287 A saúde é direito de todos e dever do Estado, assegurada mediante políticas sociais, econômicas e NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ambientais que visem a prevenção de doenças físicas e mentais, e outros agravos, o acesso universal e igualitário
às ações de saúde e a soberana liberdade de escolha dos serviços, quando esses constituírem ou complementarem
o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde, guardada a regionalização para sua promoção, proteção e
recuperação.
O art. 287, da CE, é inspirado no art. 196 da CF, de 1988, de modo a colocar a saúde como um direito de todas
as pessoas e uma obrigação do Estado, sendo assegurada por meio de ações que visem a redução dos riscos de
doença e seus agravamentos. Cumpre mencionar que o acesso a esses programas de Saúde Pública devem, neces-
sariamente, seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento.
Art. 288 As ações e serviços de saúde são de relevância pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da
lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita com prioridade, diretamente
ou através de terceiros, preferencialmente por entidades filantrópicas e, também, por pessoa física ou jurídica de
direito privado.
Do art. 197, da CF, de 1988, advém o art. 288, da CE, que reflete a importância das ações e dos serviços de
saúde. 259
Art. 289 As ações e serviços públicos de saúde inte- § 2º Aos serviços de saúde de natureza privada, que
gram uma rede regionalizada e hierarquizada descumpram as diretrizes do sistema único de saú-
e constituem um sistema único de saúde, de acor- de, ou os termos previstos nos contratos firmados
do com as seguintes diretrizes: com o Poder Público, aplicar-se-ão as sanções pre-
I - integração das ações e serviços de saúde dos vistas em lei.
Municípios ao Sistema Único de Saúde; § 3º É vedada a participação direta ou indireta de
II - descentralização político-administrativa, empresas estrangeiras ou de empresas brasileiras
com direção única em cada nível, respeitada a de capital estrangeiro na assistência à saúde no
autonomia municipal, garantindo-se os recursos Estado, salvo nos casos previstos em lei.
necessários; § 4º É vedada a destinação de recursos públicos
III - atendimento integral, universal e igualitário, para auxílios ou subvenções às instituições priva-
com acesso a todos os níveis dos serviços de saú- das com fins lucrativos.
de da população urbana e rural, contemplando
as ações de promoção, proteção e recuperação de O art. 291 reproduz o art. 199, da CF, de 1988, para
saúde individual e coletiva, com prioridade para as
disciplinar a participação da iniciativa privada nas
atividades preventivas e de atendimento de emer-
ações do SUS. Atenção: essas ações complementam as
gência e urgência, sem prejuízo dos demais serviços
assistenciais;
atividades do SUS, e não o substituem. Exemplo: pes-
IV - participação na elaboração e controle das soa que, necessitando de atendimento especializado, é
políticas e ações de saúde de membros de entida- atendida em um hospital ou clínica particular, porém
des representativas de usuários e de profissionais tal atendimento é custeado pelo SUS (pago com recur-
de saúde, através de conselho estadual de saú- sos públicos).
de, deliberativo e paritário, estruturado por lei
complementar; Dica
V - municipalização dos recursos, tendo como parâ-
metros o perfil epidemiológico e demográfico, e a Em geral, a participação do setor privado no SUS
necessidade de implantação, expansão e manuten- ocorre por meio de chamada pública ou creden-
ção dos serviços de saúde de cada Município; ciamento, ou seja, por meio de contratações de
VI - elaboração e atualização periódicas do Pla- serviços.
no Estadual de Saúde, em termos de prioridade e
estratégias regionais, em consonância com o Plano
Art. 292 O sistema único de saúde será finan-
Nacional de Saúde e de acordo com as diretrizes do
ciado com recursos do orçamento do Estado,
conselho estadual;
da seguridade social, da União e dos Municípios,
VII - outras, que venham a ser adotadas em legisla-
ção complementar. garantidos a destinação de 25% (vinte e cinco por
cento) dos recursos provenientes dos royalties de
petróleo, quando oriundos da produção realizada
Assim como ocorre na CF, de 1988, a CE não se limi- no horizonte geológico denominado pré-sal, decor-
tou apenas a estabelecer a criação de uma estrutura rentes de áreas cuja declaração de comercialidade
organizacional para garantir o direito à saúde. Assim, tenha ocorrido a partir de 3 de dezembro de 2012,
o art. 289 estabeleceu como seria a atuação desse além de outras fontes.
órgão e quais seriam os objetivos a atingir. Parágrafo único. Os recursos financeiros do sistema
Observa-se do dispositivo que há a expressão “rede de saúde serão administrados, em cada esfera, por
regionalizada e hierarquizada”, cujo objetivo é reme- fundos de natureza contábil, criados na forma da lei.
ter à descentralização do poder de decidir sobre o pla-
nejamento e a atuação nas ações e serviços de saúde, O art. 292 trata do financiamento do SUS, ou seja,
bem como a divisão simultânea de responsabilidades de como são obtidos os recursos financeiros para que
aos entes da federação. ele possa desempenhar as suas funções.
O artigo traça, ainda, as diretrizes que devem ser
seguidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 293 Ao sistema único de saúde compete,
além de outras atribuições estabelecidas na Lei
Art. 290 É assegurada, na área de saúde, a liberda- Orgânica da Saúde:
de de exercício profissional e de organização I - ordenar a formação de recursos humanos na
de serviços privados, na forma da lei, de acordo área de saúde, bem como a capacitação técnica e
com os princípios da política nacional de saúde e reciclagem permanente;
das normas gerais estabelecidas pelo conselho II - garantir aos profissionais da área de saúde um
estadual de saúde. plano de cargos e salários único, o estímulo ao regi-
me de tempo integral e condições adequadas de tra-
O art. 290 decorre do direito fundamental à balho em todos os níveis;
liberdade para assegurar a liberdade do exercício III - promover o desenvolvimento de novas tecno-
profissional daqueles que desempenham funções da logias e a produção de medicamentos, matérias-
área de saúde. -primas, insumos imunobiológicos e contraceptivos
de barreira por laboratórios oficias do Estado,
Art. 291 As instituições privadas poderão par- abrangendo também a homeopatia, a acupuntura,
ticipar de forma complementar do sistema a fitoterapia e outras práticas de comprovada base
único de saúde, mediante o contrato de direito científica, que serão adotadas pela rede oficial de
público ou convênio, tendo preferência as entidades assistência à população;
filantrópicas e as sem fins lucrativos. IV - criar e implantar sistema estadual público de
§ 1º A decisão sobre a contratação de serviços pri- sangue, componentes e derivados, para garantir a
vados deverá ser precedida de audiência dos conse- auto-suficiência do Estado no setor, assegurando a
lhos municipais de saúde, quando de abrangência preservação da saúde do doador e do receptor de
municipal, e do conselho estadual de saúde, quando sangue, bem como a manutenção de laboratórios e
260 de abrangência estadual. hemocentros regionais;
V - dispor sobre a fiscalização e normatização da XIV - implantar política de atendimento à saú-
remoção de órgãos, tecidos e substâncias, para fins de das pessoas consideradas doentes mentais, de
de transplantes, pesquisa, especialmente sobre a forma a garantir-lhes autonomia, inclusão social
reprodução humana e tratamento, vedada a sua e cidadania, devendo ser observados os seguintes
comercialização; princípios:
VI - participar na elaboração e atualização de pla- a) rigoroso respeito aos direitos humanos dos
no estadual de alimentação e nutrição; doentes;
VII - controlar, fiscalizar e inspecionar procedi- b) integração dos serviços de emergência psiquiá-
mentos, produtos e substâncias que compõem os tricos e psicológicos aos serviços de emergência
medicamentos, contraceptivos, imunobiológicos, geral;
alimentos, compreendido o controle de seu teor c) prioridade na atenção extra-hospitalar, incluin-
nutricional, bem como bebidas e águas para con- do atendimento ao grupo familiar e a políticas de
sumo humano, cosméticos, perfumes, produtos de desinstitucionalização de pacientes em situação de
higiene, saneantes, domissanitários, agrotóxicos, internação de longa permanência, bem como ênfa-
biocidas, produtos agrícolas, drogas veterinárias, se na abordagem interdisciplinar, sendo a interna-
sangue, hemoderivados, equipamentos médico- ção, em qualquer de suas modalidades, tratamento
-hospitalares e odontológicos, insumos, e outros de derradeiro e, quando necessário, será estruturada,
interesse para a saúde; exclusivamente, de forma a oferecer assistência
VIII - manter laboratório de referência de controle integral à pessoa portadora de transtornos mentais,
de qualidade; incluindo serviços médicos, de assistência social,
IX - participar na fiscalização das operações de pro- psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros;
d) ampla informação aos doentes, familiares e à
dução, transporte, guarda e utilização, executadas
sociedade organizada sobre os métodos de trata-
com substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
mento a serem utilizados;
radioativos;
e) garantia da destinação de recursos materiais e
X - desenvolver ações visando à segurança e à saú-
humanos para a proteção e tratamento adequado
de do trabalhador, integrando sindicatos e asso-
às pessoas em sofrimento mental através da Rede de
ciações técnicas, compreendendo a fiscalização,
Atenção Psicossocial, em especial na atenção psicos-
normatização e coordenação geral na prevenção,
social especializada, nas suas diferentes modalidades;
prestação de serviços e recuperação, mediante:
f) o desenvolvimento da política de saúde mental,
a) medidas que visem à eliminação de riscos de aci- a assistência e a promoção de ações de saúde aos
dentes, doenças profissionais e do trabalho, e que portadores de transtornos mentais, com a devida
ordenem o processo produtivo, para esse fim; participação da sociedade e da família.
b) informações aos trabalhadores a respeito de ati- XV - garantir destinação de recursos materiais e
vidades que comportem riscos à saúde e dos méto- humanos na assistência às doenças crônicas e à
dos para o seu controle; terceira idade, na forma da lei;
c) controle e fiscalização dos ambientes e processos XVI - estabelecer cooperação com a rede pública
de trabalhos nos órgãos ou empresas públicas e pri- de ensino, de modo a promover acompanhamento
vadas, incluindo os departamentos médicos; constante às crianças em fase escolar, prioritaria-
d) direito de recusa ao trabalho em ambientes sem mente aos estudantes do primeiro grau;
controle adequado de riscos, assegurada a perma- XVII - incentivar, através de campanhas promocio-
nência no emprego; nais educativas e outras iniciativas, a doação de
e) promoção regular e prioritária de estudos e pes- órgãos;
quisas em saúde do trabalho; XVIII - prover a criação de programa suplementar
f) proibição do uso de atestado de esterilização e que garanta fornecimento de medicação às pessoas
de teste gravidez como condição para admissão ou portadoras de necessidades especiais, no caso em
permanência no trabalho; que seu uso seja imprescindível à vida.
g) notificação compulsória, pelos ambulatórios Parágrafo único. O Estado, na forma da lei, con-
médicos dos órgãos ou empresas públicas ou pri- cederá estímulos especiais às pessoas que doarem
vadas, das doenças profissionais e dos acidentes de órgãos possíveis de serem transplantados, quando
trabalho; de sua morte, com o propósito de restabelecerem
h) intervenção, interrompendo as atividades em funções vitais à saúde.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
local de trabalho em que haja risco iminente ou
naqueles em que tenham ocorrido graves danos à Complementando o art. 289, o art. 293 traça um
saúde do trabalhador; esboço para a atuação do Sistema Único de Saúde
XI - coordenar e estabelecer diretrizes e estraté- (SUS), estabelecendo algumas de suas atribuições e
gias das ações de vigilância sanitária e epidemio- competências.
lógica e colaborar no controle do meio ambiente e
saneamento; Art. 294 O Estado garantirá assistência integral
XII - determinar que todo estabelecimento, público à saúde da mulher em todas as fases de sua
ou privado, sob fiscalização de órgãos do sistema vida através da implantação de política adequada,
único de saúde, seja obrigado a utilizar coletor sele- assegurando:
tivo de lixo hospitalar; I - assistência à gestação, ao parto e ao aleitamento;
XIII - formular e implantar política de atendimen- II - direito à auto-regulação da fertilidade como
to à saúde de portadores de deficiência, bem como livre decisão da mulher, do homem ou do casal, tan-
coordenar e fiscalizar os serviços e ações específi- to para exercer a procriação quanto para evitá-la;
cas, de modo a garantir a prevenção de doenças ou III - fornecimento de recursos educacionais, cientí-
condições que favoreçam o seu surgimento, asse- ficos e assistenciais, bem como acesso gratuito aos
gurando o direito à habilitação, reabilitação e inte- métodos anticoncepcionais, esclarecendo os resul-
gração social, com todos os recursos necessários, tados, indicações e contra-indicações, vedada qual-
inclusive o acesso aos materiais e equipamentos de quer forma coercitiva ou de indução por parte de
reabilitação; instituições públicas ou privadas; 261
IV - assistência à mulher, em caso de aborto, pro- O art. 299 trata da assistência farmacêutica como
vocado ou não, como também em caso de violência parte do sistema de saúde. A assistência farmacêu-
sexual, asseguradas dependências especiais nos tica é constituída por um conjunto de ações voltadas
serviços garantidos direta ou indiretamente pelo à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto
Poder Público; individual como coletiva, por meio do medicamento,
V - adoção de novas práticas de atendimento rela- de modo a considerá-lo insumo essencial à efetivação
tivas ao direito da reprodução mediante conside- do direito à saúde. Portanto, de nada adianta fornecer
ração da experiência dos grupos ou instituições de o atendimento médico-hospitalar se não é oferecida
defesa da saúde da mulher. também a medicação para o tratamento.
O art. 294 disciplina as políticas de assistência à Art. 300 O Estado só poderá adquirir medica-
mentos e soros imunobiológicos produzidos
saúde da mulher. Trata-se de um dispositivo voltado
pela rede privada, quando a rede pública, prio-
para as peculiaridades que envolvem a gestação. ritariamente a estadual, não estiver capacitada
a fornecê-lo.
Art. 295 O Estado, através dos órgãos competentes, Parágrafo único. O Estado garantirá o investimen-
determinará a fluoretização do cloreto de sódio, to permanente na produção estatal de medicamen-
na proporção fixada pela autoridade responsável. tos à qual serão destinados recursos especiais.
O art. 295 é voltado à saúde bucal coletiva por tra- O art. 300 traz a regra de que é a rede pública a
tar do processo de fluoretização ou fluoretação da responsável pelo fornecimento de medicamentos e
água. Tal processo envolve a adição controlada de um soros imunobiológicos. Tal obrigação incumbe prio-
composto de flúor na água distribuída à população do ritariamente o ente estadual. Assim sendo, a rede pri-
vada somente poderá fornecer esses insumos no caso
Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de auxiliar
de a rede pública não poder fornecê-los.
na saúde bucal.
Art. 301 O Poder Público, mediante ação conjunta
Art. 296 Será fiscalizado a produção, distribui- de suas áreas de educação e saúde, garantirá aos
ção e comercialização de processos químicos alunos da rede pública de ensino acompanha-
ou hormonais e artefatos de contracepção, mento médico-odontológico, e às crianças que
proibindo-se a comercialização e uso em fase de ingressem no pré-escolar exames e tratamentos
experimentação. oftalmológico e fonoaudiológico.
O art. 296 buscar traçar regras a respeito dos O art. 301 busca assegurar o acesso à saúde dos
meios contraceptivos, sendo eles químicos ou hor- alunos das redes públicas de ensino, tanto infantil
monais (exemplos: pílula ou adesivo contraceptivo e como fundamental e médio.
espermicida) e mecânicos ou de barreira (exemplos:
Art. 302 Os municípios deverão no âmbito de sua
preservativo, dispositivo intra-ulterino e diafragma).
competência, estabelecer medidas de proteção
à saúde dos cidadãos não fumantes em esco-
Art. 297 O Estado regulamentará em relação ao las, restaurantes, hospitais, transportes coletivos,
sangue, coleta, processamento, estocagem, tipa- repartições públicas, cinemas, teatros e demais
gem, sorologia, distribuição, transporte, descarte, estabelecimentos de grande afluência de público.
indicação e transfusão, bem como sua procedência
e qualidade ou componente destinado à industria- O art. 302 traz a política antitabagista dos locais
lização, seu processamento, guarda, distribuição e públicos como meio de proteção à saúde daqueles que
aplicação. não fumam.
O art. 297 estabelece a necessidade do Poder Públi- Art. 303 O Estado instituirá mecanismos de
co de regulamentação dos processos relacionados controle e fiscalização adequados para coibir
a imperícia, a negligência, a imprudência e a
ao sangue, tais como a tipagem, sorologia, coleta e
omissão de socorro nos estabelecimentos hospi-
distribuição. talares oficiais e particulares, cominando penalida-
des severas para os culpados.
Art. 298 O Estado assegurará a todo cidadão o Parágrafo único. Quando se tratar de estabeleci-
fornecimento de sangue, componentes e deriva- mento particular, as penalidades poderão variar
dos, bem como obter informações sobre o produto da imposição de multas pecuniárias à cassação da
do sangue humano que lhe tenha sido aplicado. licença de funcionamento.
Complementando o artigo anterior, o art. 298 O art. 303 decorre do direito à vida e visa garantir
decorre do direito à liberdade, tanto de informação a integridade física das pessoas que realizam aten-
como de doação de seu sangue. dimentos nos estabelecimentos hospitalares, quer
públicos quer privados.
Art. 299 A assistência farmacêutica faz parte
Art. 304 As empresas privadas prestadoras de
da assistência global à saúde, e as ações a ela
serviços de assistência médica, administra-
correspondentes devem ser integradas ao sistema
doras de planos de saúde, deverão ressarcir
único de saúde, garantindo-se o direito de toda a o Estado e os Municípios das despesas com o
população aos medicamentos básicos, que constem atendimento dos segurados respectivos em uni-
de lista padronizada dos que sejam considerados dades de saúde pertencentes ao poder público esta-
262 essenciais. dual ou municipal.
§ 1º O pagamento será de responsabilidade das empre- DA ORDEM ECONÔMICA FINANCEIRA E DO MEIO
sas a que estejam associadas as pessoas atendidas em AMBIENTE
unidades de saúde do Estado ou dos Municípios.
§ 2º Fica vedada, sob pena de responsabilidade, o O Título VII da CE trata da Ordem econômica,
tratamento preferencial, diferenciado ou exclu-
financeira e do meio ambiente, As regras acerca do
sivo dos pacientes de planos de saúde ou particu-
lar, inclusive quando efetuados por Organizações meio ambiente estão disciplinadas em seu Capítulo
Sociais, Organizações da Sociedade Civil de Interes- VIII, compreendendo os arts. 261 a 282, da CE.
se Público ou Fundações Públicas ou Privadas.
Do Meio Ambiente
Embora a saúde seja direito de todos e dever do
Estado, no caso de o indivíduo ser vinculado a uma Art. 261 Todos têm direito ao meio ambiente
empresa privada voltada a saúde, esta deverá ressar- ecologicamente saudável e equilibrado, bem de
cir os gastos despendidos pelo Poder Público com as uso comum do povo e essencial à qualidade de
despesas médicas de seus segurados. vida, impondo-se a todos, e em especial ao Poder
Público, o dever de defendê-lo, zelar por sua recupe-
Art. 305 O Estado e os Municípios prestarão ração e proteção, em benefício das gerações atuais
assistência social a quem dela necessitar, obe- e futuras.
decidos os princípios e normas da Constituição da
República. O art. 261, da CE, repete o caput do art. 225, da CF,
Parágrafo único. Será assegurada, nos termos da de 1988, ao trazer o direito ao equilíbrio ecológico,
lei, a participação da população, por meio de orga- uma vez que o meio ambiente é essencial para se ter
nizações representativas, na formulação das polí- qualidade de vida. O regime jurídico aplicado ao meio
ticas e no controle das ações de assistência social. ambiente é o regime jurídico de direito público, pois
se trata de um bem público de uso comum, essencial
O art. 305 trata da assistência social, ou seja, do à qualidade de vida de todos os seres humanos, ou
meio de proteção social que visa a garantia da vida, seja, o meio ambiente pertence à coletividade, de
a redução de danos e a prevenção da incidência de
modo que ele não integra o patrimônio disponível do
riscos, através da proteção à família, à maternidade,
Estado. É por essa razão que o dever de o preservar
à infância, à adolescência e à velhice, bem como aos
compete tanto ao Poder Público como a toda a cole-
deficientes e à reintegração ao mercado de trabalho
tividade, em um caráter eminentemente solidário e
daqueles que necessitarem. participativo. A titularidade do direito ao equilíbrio
ecológico pertence ao povo, tanto para as gerações
DOS ÍNDIOS presentes como para as futuras.
O Capítulo IV do Título VIII trata dos índios e com- § 1º Para assegurar a efetividade desse direito,
preende o art. 330, da CE. Vejamos o dispositivo: incumbe ao Poder Público:
I - fiscalizar e zelar pela utilização racional e
Art. 330 O Estado contribuirá, no âmbito da sua sustentada dos recursos naturais;
competência, para o reconhecimento, aos índios, II - proteger e restaurar a diversidade e a inte-
de sua organização social, costumes, línguas, gridade do patrimônio genético, biológico, eco-
crenças e tradições, e os direitos originários lógico, paisagístico, histórico e arquitetônico;
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, III - implantar sistema de unidades de conserva-
sua demarcação, proteção e o respeito a todos ção, representativo dos ecossistemas originais do
os seus bens, obedecendo-se ao que dispõe a Cons- espaço territorial do Estado, vedada qualquer utili-
tituição da República. zação ou atividade que comprometa seus atributos
essenciais;
A CE estabelece a responsabilidade do Estado flu- IV - proteger e preservar a flora e a fauna, as
minense no reconhecimento dos direitos dos índios. espécies ameaçadas de extinção, as vulneráveis e
No entanto, observa-se que o artigo não conceitua raras, vedadas as práticas que submetam os ani-
índio nem povos indígenas, o que dificulta a proteção, mais à crueldade, por ação direta do homem sobre
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
uma vez que ainda existe uma visão estereotipada os mesmos;
de índio como sendo um habitante da mata, “ser sel- V - estimular e promover o reflorestamento
vagem que vive isolado do mundo”, “sem roupas ou ecológico em áreas degradadas, objetivando
qualquer contato com a civilização”. especialmente a proteção de encostas e dos recur-
Em razão disso, surge um problema para a efeti- sos hídricos, a consecução de índices mínimos de
vação da proteção, uma vez que tais conceitos, por cobertura vegetal, o reflorestamento econômico em
serem generalizados, fundamentam-se mais na sua áreas ecologicamente adequadas visando a suprir
etimologia do que na antropologia. a demanda de matéria-prima de origem florestal e
O processo de miscigenação não tem o condão de a preservação das florestas nativas;
retirar das comunidades indígenas a qualidade de VI - apoiar o reflorestamento econômico inte-
índio ou comunidade, muito menos de desprovê-los grado, com essências diversificadas, em áreas eco-
de sua cultura. Desse modo, é importante saber que a logicamente adequadas, visando suprir a demanda
auto atribuição da identidade étnica é o meio de orga- de matérias-primas de origem vegetal;
nização política para que os grupos étnicos reivindi- VII - promover, respeitada a competência da União,
quem o reconhecimento dos seus direitos. Para tanto, o gerenciamento integrado dos recursos
tem-se o processo de etnogênese, ou seja, a autoatri- hídricos, na forma da lei, com base nos seguintes
buição de rótulos étnicos por grupos que, até determi- princípios:
nado momento, eram tomados indistintamente como a) adoção das áreas das bacias e sub-bacias hidro-
“sertanejos” ou “caboclos”, para que a proteção ao gráficas como unidades de planejamento e execu-
índio possa ser efetivada. ção de planos, programas e projetos; 263
b) unidade na administração da quantidade e da XIX - acompanhar e fiscalizar as concessões de
qualidade das águas; direitos de pesquisa e exploração de recursos
c) compatibilização entre os usos múltiplos, efeti- hídricos e minerais efetuadas pela União no ter-
vos e potenciais; ritório do Estado;
d) participação dos usuários no gerenciamento e XX - promover a conscientização da população
obrigatoriedade de contribuição para recuperação e a adequação do ensino de forma a incorporar
e manutenção da qualidade em função do tipo e da os princípios e objetivos de proteção ambiental;
intensidade do uso; XXI - implementar política setorial visando a
e) ênfase no desenvolvimento e no emprego de coleta seletiva, transporte, tratamento e dis-
método e critérios biológicos de avaliação da qua- posição final de resíduos urbanos, hospitala-
lidade das águas; res e industriais, com ênfase nos processos que
f) proibição do despejo nas águas de caldas ou envolvam sua reciclagem;
vinhotos, bem como de resíduos ou dejetos capazes XXII - criar o Conselho Estadual do Meio Ambien-
de torná-las impróprias, ainda que temporariamen- te, de composição paritária, no qual participarão os
te, para o consumo e a utilização normais ou para a Poderes Executivo e Legislativo, comunidades cientí-
sobrevivência das espécies; ficas e associações civis, na forma da lei;
VIII - promover os meios defensivos necessários XXIII - instituir órgãos próprios para estudar,
para evitar a pesca predatória; planejar e controlar a utilização racional do
IX - controlar e fiscalizar a produção, a estoca- meio ambiente;
gem, o transporte, a comercialização e a uti- XXIV - aprimorar a atuação na prevenção, apu-
lização de técnicas, métodos e instalações que ração e combate nos crimes ambientais, inclu-
comportem risco efetivo ou potencial para a sive através da especialização de órgãos;
qualidade de vida e o meio ambiente, incluindo XXV - fiscalizar e controlar, na forma da lei, a
formas geneticamente alteradas pela ação humana; utilização de áreas biologicamente ricas de
X - condicionar, na forma da lei, a implantação manguezais, estuários e outros espaços de
de instalações ou atividades, efetiva ou potencial- reprodução e crescimento de espécies aquáti-
mente causadoras de alterações significativas do cas, em todas as atividades humanas capazes de
meio ambiente à prévia elaboração de estudo de comprometer esses ecossistemas;
impacto ambiental, a que se dará publicidade; XXVI - criar, no Corpo de Bombeiros Militar, unida-
XI - determinar a realização periódica, preferencial- de de combate a incêndios florestais, asseguran-
mente por instituições científicas e sem fins lucrati- do a prevenção, fiscalização, combate a incêndios e
vos, de auditorias nos sistemas de controle de controle de queimadas.
poluição e prevenção de riscos de acidentes
das instalações e atividades de significativo O parágrafo 1º traz as incumbências do Poder
potencial poluidor, incluindo a avaliação deta- Público em assegurar a efetividade do direito ao
lhada dos efeitos de sua operação sobre a qualidade equilíbrio ecológico. Ele repete em parte o § 1º, do
física, química e biológica dos recursos ambientais; art. 225, da CF, de 1988. Trata-se de ferramentas e
XII - estabelecer, controlar e fiscalizar padrões de condutas com o objetivo de assegurar o direito a um
qualidade ambiental, considerando os efeitos ambiente ecologicamente saudável e equilibrado.
sinérgicos e cumulativos da exposição às fontes
Grande parte dessas incumbências está regula-
de poluição, incluída a absorção de substâncias
mentada por leis específicas. Alguns exemplos dessas
químicas através da dieta alimentar, com especial
atenção para aquelas efetiva ou potencialmente leis:
cancerígenas, mutagênicas e teratogênicas;
z Lei nº 9.985, de 2000, que cuida da preservação
XIII - garantir o acesso dos interessados às infor-
mações sobre as fontes e causas da degrada-
da integridade e da diversidade do patrimônio
ção ambiental; genético;
XIV - informar sistematicamente à população sobre z Lei nº 11.105, de 2005, que traz as normas de segu-
os níveis de poluição, a qualidade do meio rança e mecanismos de fiscalização de atividades
ambiente, as situações de risco de acidentes e a que envolvam organismos geneticamente modifi-
presença de substâncias potencialmente dano- cados (OGM) e seus derivados;
sas à saúde na água potável e nos alimentos; z Lei nº 9.985, de 2000, que regulamenta e institui o
XV - promover medidas judiciais e administra- Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
tivas de responsabilização dos causadores de Natureza;
poluição ou de degradação ambiental, e dos z Lei nº 9.795, de 1999, que trata da Educação
que praticarem pesca predatória; Ambiental e a Política Nacional de Educação
XVI - buscar a integração das universidades, cen- Ambiental;
tros de pesquisa, associações civis, organizações z Lei nº 9.605, de 1998, que dispõe sobre as sanções
sindicais para garantir e aprimorar o controle da
penais e administrativas derivadas de condutas e
poluição;
atividades lesivas ao meio ambiente.
XVII - estimular a pesquisa, o desenvolvimento e
a utilização de tecnologias poupadoras de energia,
bem como de fontes energéticas alternativas que
Importante!
possibilitem, em particular nas indústrias e nos veí-
culos, a redução das emissões poluentes. Estudos mais famosos com relação ao impacto
XVIII - estabelecer política tributária visando ambiental: Estudo Prévio de Impacto Ambiental
à efetivação do princípio poluidor-pagador e o (EIA) e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente
estímulo ao desenvolvimento e implantação de tec-
(RIMA). Atenção: o EIA e o RIMA não são exi-
nologias de controle e recuperação ambiental mais
aperfeiçoadas, vedada a concessão de financiamen- gíveis para todas as obras ou atividades poten-
tos governamentais e incentivos fiscais às ativida- cialmente causadoras de degradação do meio
des que desrespeitem padrões e normas de proteção ambiente, mas apenas para aquelas em que é
264 ao meio ambiente; significativa essa degradação.
§ 2º As condutas e atividades comprovadamen- § 1º Aos municípios que tenham seus recursos
te lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infrato- hídricos utilizados para abastecer de água potá-
res a sanções administrativas, com a aplicação vel a população do Estado do Rio de Janeiro é
de multas diárias e progressivas nos casos de con- assegurada participação na arrecadação tari-
tinuidade da infração ou reincidência, incluídas a fária ou compensação financeira em face da
redução do nível de atividade e a interdição, além exploração econômica dos mencionados recursos,
da obrigação de reparar, mediante restauração os devendo os respectivos resultados serem processa-
danos causados. dos separadamente em favor de cada um daqueles
Municípios, por volume de água fornecida, e calcu-
O parágrafo 2º reproduz o § 3º, do art. 225, da CF, lados em proporção compatível com os valores dos
de 1988, ao tratar da responsabilidade ambiental. royaltes pagos à outros Municípios pela exploração
Trata-se de responsabilidade fundamentada na teo- de petróleo e de gás natural.
ria do risco integral, ou seja, o poluidor é obrigado, § 2º Os resultados financeiros que venham a ser
obtidos em decorrência do disposto no parágrafo
independentemente da existência de culpa, a indeni-
anterior deverão ser aplicados integralmente
zar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e
em programas conjuntos com o Estado para tra-
aos terceiros afetados por essa atividade. tamento de despejos urbanos e industriais e de
Basta a existência do dano e do nexo de causali- resíduos sólidos, de proteção e de utilização
dade entre a conduta e o dano para que surja a obri- racional de água e de outros programas que
gação de indenizar, sem a possibilidade de alegar as garantam a fiscalização, a recuperação e a manu-
excludentes de sua responsabilidade (caso fortuito ou tenção dos padrões de qualidade ambiental nos
força maior e culpa exclusiva de terceiro). Municípios de que cogitam o artigo anterior.
A responsabilidade ambiental pode se efetivar nas § 3º Aos Municípios de Nova Iguaçú, Japeri, Quei-
três esferas: civil, penal e administrativa. mados, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, São João
de Meriti, Duque de Caxias, Guapimirim, Magé e
§ 3º Aquele que utilizar recursos ambientais outros que venham a integrar a Baixada Fluminen-
fica obrigado, na forma da lei a realizar progra- se, abrangendo inclusive os Municípios de Niterói,
mas de monitoragem a serem estabelecidos pelos São Gonçalo, Itaboraí e o Bairro de Paquetá, no
órgãos competentes. Município do Rio de Janeiro, integrantes do sis-
tema de abastecimento de água denominado
O parágrafo 3º é inspirado no § 2º, do art. 225, da IMUNA - LARANJAL, fica assegurada, no sistema
CF, de 1988. No entanto, a CF fala em exploração de de abastecimento de água à população do Estado
do Rio de Janeiro, uma distribuição prioritária
recursos minerais, enquanto a CE amplia para todos
correspondente a 30% (trinta por cento) do
os tipos de recursos. Além disso, a CF, de 1988, obriga a
volume de recursos hídricos provenientes dos
reparação do meio ambiente degradado, enquanto na
dois primeiros e do Município de Magé no pre-
CE a obrigação é apenas de monitoramento. sente referido.
As unidades de conservação dividem-se em dois grupos: unidades de proteção integral e unidades de uso
sustentável. Às unidades de proteção integral compete preservar a natureza, de modo a admitir somente o uso
indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. Em contrapartida, às unidades
de uso sustentável cabe compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus
recursos naturais.
Atenção: a Lei nº 9.985, de 2000, estabelece que:
Observa-se, portanto, que o art. 268 elenca uma das unidades de uso sustentável: as áreas de conservação
permanente do Estado do Rio de Janeiro, que são áreas destinadas à preservação dos recursos ambientais como
fauna, flora, solo e recursos hídricos.
Veja o que dispõe a Lei nº 9.985, de 2000, em seu art. 15:
Art. 15 A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e
o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
§ 1º A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.
§ 2º Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma
propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.
§ 3º As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão
estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.
§ 4º Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo
público, observadas as exigências e restrições legais.
§ 5º A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração
e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente,
conforme se dispuser no regulamento desta Lei.
Voltando ao estudo da Constituição Estadual do Rio de Janeiro, acompanhe o texto do art. 269:
Art. 269 São áreas de relevante interesse ecológico, cuja utilização dependerá de prévia autorização dos órgãos
competentes, preservados seus atributos essenciais:
I - as coberturas florestais nativas;
II - a zona costeira;
III - o Rio Paraíba do Sul;
IV - a Ilha Grande;
V - a Baía da Guanabara;
VI - a Baía de Sepetiba.
O art. 269, por sua vez, elenca outra unidade de uso sustentável: as áreas de relevante interesse ecológico do
Estado do Rio de Janeiro. A área de relevante interesse ecológico, ao contrário da área de preservação ambiental,
é uma área de pequena extensão e com pouca ou nenhuma ocupação humana, que é protegida por comportar
características naturais singulares ou por abrigar exemplares importantes da fauna e flora de uma região. Assim,
268 seu objetivo é preservar os ecossistemas naturais e regular o uso admissível dessas áreas.
Nesse sentido, o art. 16, da Lei nº 9.985, de 2000, O art. 274 estende a obrigatoriedade de atender ao
dispõe que: disposto na CE às pessoas jurídicas de direito privadas
prestadoras de serviço público, como, por exemplo,
Art. 16 A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma concessionária de uma rodovia estadual ou uma
uma área em geral de pequena extensão, com pouca permissionária de transporte público.
ou nenhuma ocupação humana, com característi-
cas naturais extraordinárias ou que abriga exem- Art. 275 Fica proibida a introdução no meio
plares raros da biota regional, e tem como objetivo ambiente de substâncias cancerígenas, mutagê-
manter os ecossistemas naturais de importância nicas e teratogênicas, além dos limites e das con-
regional ou local e regular o uso admissível dessas dições permitidas pelos regulamentos dos órgãos
áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos do controle ambiental.
de conservação da natureza.
§ 1º A Área de Relevante Interesse Ecológico é cons- O art. 275 decorre do princípio da precaução e tem
tituída por terras públicas ou privadas. como objetivo banir o uso de substâncias químicas
§ 2º Respeitados os limites constitucionais, podem classificadas como poluentes orgânicos persistentes.
ser estabelecidas normas e restrições para a utili-
zação de uma propriedade privada localizada em
uma Área de Relevante Interesse Ecológico..
Importante!
Continuando os estudos, observe o art. 271, da CE: Dois princípios importantes em matéria
ambiental:
Art. 271 A iniciativa do Poder Público de cria- � Princípio da prevenção: Relacionado à ideia da
ção de unidades de conservação, com a finali- existência de um perigo antevisto e comprovado
dade de preservar a integridade de exemplares
(perigo concreto), o qual deve ser evitado. Tra-
dos ecossistemas, será imediatamente segui-
da dos procedimentos necessários a regulariza-
ta-se, portanto, de adotar medidas para evitar a
ção fundiária, demarcação e implantação da atividade lesiva ao meio ambiente;
estrutura de fiscalização adequadas. � Princípio da precaução: Relacionado à uma
ação antecipada diante do risco ou perigo des-
A Lei nº 3.443, de 2000, é a norma que regulamenta conhecido (perigo abstrato). Trata-se, assim, de
o art. 271, da CE, e estabelece a criação dos conselhos providências acautelatórias relativas à atividade.
gestores para as unidades de conservação estaduais.
Art. 272 O Poder Público poderá estabelecer res- Art. 276 A implantação e a operação de ativi-
dades efetiva ou potencialmente poluidoras
trições administrativas de uso de áreas priva-
dependerão de adoção das melhores tecnolo-
das para fins de proteção de ecossistemas.
gias de controle para proteção do meio ambiente,
Parágrafo único. As restrições administrativas de
na forma da lei.
uso a que se refere este artigo deverão ser averba-
Parágrafo único. O Estado e os Municípios mante-
das no registro imobiliário no prazo máximo de
rão permanente fiscalização e controle sobre os
um ano a contar de seu estabelecimento.
veículos, que só poderão trafegar com equipamen-
tos antipoluentes, que eliminem ou diminuam ao
O art. 272 trata das limitações administrativas máximo o impacto nocivo da gaseificação de seus
como forma de a Administração Pública intervir na combustíveis.
propriedade e nas ações dos particulares para pro-
teção do meio ambiente. Tais restrições sujeitam ou O art. 276 decorre do poder de polícia ambien-
restrigem o pleno direito de propriedade, como, por tal, ou seja, do dever do Poder Público de disciplinar e
exemplo, aquelas que obrigam o proprietário a não restringir parte dos direitos individuais a fim de possi-
se utilizar economicamente de parte de sua proprie- bilitar a proteção efetiva do meio ambiente. Em razão
dade. Devido às restrições impostas, estas devem ser disso, criam-se ferramentas para o gerenciamento dos
averbadas no registro do imóvel para conhecimento riscos, com o uso de tecnologia para controle e fisca-
público da limitação e de modo a evitar, por exemplo, lização, como na emissão de gazes ao meio ambiente
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
que a propriedade seja vendida e que o novo proprie- pelos veículos automotores, por exemplo.
tário deixe de cumprir com a restrição imposta sob a
alegação de que a desconhecia. Art. 277 Os lançamentos finais dos sistemas públi-
cos e particulares de coleta de esgotos sanitários
Art. 273 As coberturas florestais nativas exis- deverão ser precedidos, no mínimo, de trata-
tentes no Estado são consideradas indispensáveis mento primário completo, na forma da lei.
ao processo de desenvolvimento equilibrado e à § 1º Fica vedada a implantação de sistemas de cole-
sadia qualidade de vida de seus habitantes e não ta conjunta de águas pluviais e esgotos domésticos
poderão ter suas áreas reduzidas. ou industriais.
§ 2º As atividades poluidoras deverão dispor de
O art. 273 tem como objetivo proteger a cober- bacias de contenção para as águas de drenagem,
tura florestal nativa por ser esta importante para na forma da lei.
o meio ambiente, uma vez que protege o solo contra
erosão, resguarda a flora e a fauna ali existentes, além O art. 277 trata do tratamento primário comple-
de equilibrar a temperatura. to de esgoto sanitário, ou seja, da separação e remo-
ção de sólidos em suspensão para seu processamento
Art. 274 As empresas concessionárias ou per- e disposição adequados. Para disciplinar tais exigên-
missionárias de serviços públicos deverão aten- cias mínimas de tratamento de esgoto e regulamentar
der aos dispositivos de proteção ambiental em o dispositivo, foi editada a Lei Estadual nº 2.661, de
vigor. 1996. 269
Art. 278 É vedada a criação de aterros sanitá- qualidade da água distribuída à população. A lei que
rios à margem de rios, lagos, lagoas, manguezais regulamenta o monitoramento e as ações relaciona-
e mananciais. das ao controle da potabilidade da água no Estado do
Rio de Janeiro é a Lei Estadual nº 4.930, de 2006.
O art. 278 traz a vedação de aterros sanitários
em áreas que envolvam margens de rios, lagos, man-
guezais e mananciais. Aterro sanitário é um local
desenvolvido por meio de uma obra de engenharia,
destinado ao depósito dos resíduos sólidos gerados por
HORA DE PRATICAR!
residências, indústrias, comércios, construções, entre
1. (FGV — 2019) Maria procurou atendimento no órgão da
outros. Seu objetivo é tratar a decomposição final des-
Defensoria Pública, pretendendo ajuizar ação de revi-
ses resíduos de forma ambientalmente correta.
são de alimentos, para majorar o valor da pensão ali-
Art. 279 O Estado exercerá o controle de utiliza- mentícia que seu ex- marido Mário paga para os filhos
ção de insumos químicos na agricultura e na menores em comum. Para provar que o pai das crian-
criação de animais para alimentação huma- ças possui elevada renda não declarada, Maria apre-
na, de forma a assegurar a proteção do meio sentou ao Defensor Público pen- drive contendo áudio
ambiente e a saúde pública. de ligação telefônica interceptada diretamente por ela,
Parágrafo único. O controle a que se refere este no qual Mário conversa com uma mulher, confessando
artigo será exercido, tanto na esfera da produ- auferir 50 mil reais por mês mediante trabalho informal.
ção quanto na de consumo, com a participação
do órgão encarregado da execução da política de No caso em tela, com base no texto constitucional, o
proteção ambiental. Defensor Público:
O art. 279 também decorre do poder de polícia
a) deve elaborar petição inicial com o pleito de Maria de
ambiental. Trata-se dos mecanismos criados para
majoração dos alimentos, com fundamento no áudio
promover a segurança química dos alimentos de ori-
trazido, que será imediatamente juntado aos autos,
gem animal e vegetal produzidos no Brasil.
para fins de comprovação do alegado, diante da indis-
Art. 280 A lei instituirá normas para coibir a polui- ponibilidade do direito dos filhos menores;
ção sonora. b) deve elaborar petição inicial com o pleito de Maria de
majoração dos alimentos, e requerer ao Juízo de Famí-
O art. 280 cuida da poluição sonora. Por poluição lia a interceptação de futuras comunicações telefô-
entende-se a degradação da qualidade ambiental que nicas de Mário, para tentar obter nova prova de sua
seja resultado direta ou indiretamente de atividades ampla possibilidade de prestar alimentos aos filhos
que prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar menores;
da população ou que afetem de forma desfavorável c) deve elaborar petição inicial com o pleito de Maria de
a biota ou criem condições desfavoráveis às ativida- majoração dos alimentos, e requerer ao Juízo de Famí-
des sociais e econômicas ou às condições estéticas ou lia a juntada do áudio contendo a interceptação feita
sanitárias, bem como lancem matérias ou energia em por ela da conversa telefônica em que Mário confes-
desacordo com o estabelecido. sou possuir renda extra não contabilizada;
Desse modo, considera-se poluição sonora o exces- d) não deve requerer a juntada do áudio ao processo,
so de ruídos que possa afetar a saúde física e mental por se tratar de prova ilícita, eis que a Constituição da
da população. É importante pontuar que a conduta de República de 1988 garante a inviolabilidade do sigilo
causar poluição, inclusive a sonora, está tipificada na das comunicações telefônicas, salvo por prévia ordem
Lei nº 9.605, de 1998 como crime ambiental. judicial, para fins de instrução de qualquer tipo de
processo;
Art. 281 Nenhum padrão ambiental do Estado e) não deve requerer a juntada do áudio ao processo,
poderá ser menos restritivo do que os padrões
por se tratar de prova ilícita, eis que a Constituição da
fixados pela Organização Mundial de Saúde.
República de 1988 garante a inviolabilidade do sigilo
O art. 281 estabelece como padrão a ser observado das comunicações telefônicas, salvo por prévia ordem
pelo Estado fluminense aquele fixado pela Organiza- judicial, para fins de investigação criminal ou instrução
ção Mundial de Saúde (OMS), de modo a vedar que processual penal.
as normas estaduais fixem padrões de menor prote-
ção ao meio ambiente. 2. (FGV — 2019) Pedro, morador de uma área carente,
recebeu uma carta informando-o que estava em débito
Art. 282 As empresas concessionárias do servi- com a anuidade da associação de moradores do seu
ço de abastecimento público de água deverão bairro. Ressalte-se que Pedro, no fim do ano anterior,
divulgar, semestralmente, relatório de moni- tinha solicitado o seu desligamento da associação, o
toragem da água distribuída à população, a ser que foi indeferido sob o argumento de que a associa-
elaborado por instituição de reconhecida capacida- ção atuava em benefício dos moradores.
de técnica e científica.
Parágrafo único. A monitoragem deverá incluir a À luz do ocorrido, Pedro procurou a Defensoria Pública
avaliação dos parâmetros a serem definidos pelos
e solicitou orientação, sendo-lhe informado, correta-
órgãos estaduais de saúde e meio ambiente.
mente, que o seu requerimento foi indeferido de:
O art. 282 traz uma obrigação às empresas pri-
a) modo correto, pois todos os moradores devem perma-
vadas prestadoras de serviço público de abasteci-
necer vinculados à referida associação;
mento de água (concessionárias). Trata-se do dever
b) forma equivocada, pois ninguém pode ser obrigado a
de divulgar, semestralmente, relatório a respeito da
270 permanecer associado;
c) modo correto, pois, como Pedro se associou de modo d) apenas a aquisição da cidadania lhe permitiria fruir os
voluntário, não poderia desligar-se da associação; direitos políticos e os direitos fundamentais;
d) forma equivocada, pois a associação de moradores e) por ser estrangeira, não lhe seriam assegurados direi-
deveria demonstrar que atuou em benefício de Pedro tos políticos ou direitos fundamentais.
durante o ano;
e) modo correto, pois o pedido de desligamento só teria 6. (FGV — 2021) João, brasileiro nato, e Pedro, brasileiro
eficácia 2 (dois) anos depois. naturalizado, foram acusados e condenados pela prá-
tica de um crime no País Beta, que solicitou a extradi-
3. (FGV — 2019) Antônio, pessoa hipossuficiente no ção de ambos ao Estado brasileiro.
plano econômico e morador de uma área carente do
Estado, procurou a Defensoria Pública e solicitou que À luz da sistemática constitucional vigente:
fosse ajuizada uma ação judicial para obrigar o Poder
Público a lhe fornecer certo medicamento indispensá- a) apenas Pedro pode ser extraditado, caso se trate de
vel à sua sobrevivência. crime comum praticado antes da naturalização ou de
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
À luz da sistemática constitucional, a ação a ser ajui- ma da lei;
zada buscará tutelar: b) João pode ser extraditado, caso se trate de tráfico ilíci-
to de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei, ou
a) um direito social; de crimes contra a humanidade;
b) um direito coletivo; c) apenas Pedro pode ser extraditado, caso se trate de
c) uma garantia coletiva; crime comum praticado antes da naturalização;
d) uma garantia individual; d) João e Pedro não podem ser extraditados, qualquer
e) uma liberdade individual. que seja o crime praticado;
e) João e Pedro podem ser extraditados, qualquer que
4. (FGV — 2020) Joana, servidora ocupante de cargo de seja o crime praticado.
provimento efetivo no âmbito do Poder Judiciário de
determinado Estado da Federação, foi comunicada 7. (FGV — 2019) Pedro, após o trâmite do processo
pelo sindicato da categoria que seriam iniciadas as judicial de interdição, teve a sua incapacidade civil
negociações coletivas de trabalho e era obrigatória
absoluta reconhecida. Apesar disso, tinha o sonho
a participação do sindicato. Por tal razão, era igual-
de infância de concorrer ao cargo eletivo de vereador.
mente obrigatória a filiação de todos os servidores ao
Por tal razão, procurou o seu advogado e perguntou
sindicato, de modo que a categoria não fosse sub-re-
se haveria óbice a que se candidatasse nas próximas
presentada em seus interesses.
eleições.
A narrativa afigura-se:
À luz da sistemática constitucional, o advogado res-
pondeu corretamente que Pedro:
a) incorreta em relação a Joana, pois a filiação é faculta-
tiva, e correta quanto ao sindicato, pois a sua partici-
a) somente poderia concorrer se tivesse autorização
pação é imposta pela Constituição;
expressa do seu curador;
b) correta em relação a Joana, por força do princípio da
b) poderia concorrer, pois as instâncias civil e política
solidariedade social, e incorreta quanto ao sindicato,
são independentes;
por ferir o princípio da liberdade de gestão;
c) correta em relação a Joana, já que a filiação dos ser- c) embora pudesse votar, não poderia concorrer nas elei-
vidores do Poder Judiciário é obrigatória, e incorreta ções, pois estava inelegível;
quanto ao sindicato, que tem autonomia gerencial; d) embora pudesse votar, não poderia concorrer nas elei-
d) incorreta em relação a Joana, pois os servidores do ções, pois estava inabilitado;
Poder Judiciário não podem filiar-se a sindicato, e cor- e) não poderia concorrer nas eleições, pois não estava
reta quanto ao sindicato, desde que haja determina- no exercício dos seus direitos políticos.
Trata-se de competência legislativa: a) todas devem ser exercidas pelo Ministro de Estado;
b) apenas a referida em (1) não deve ser exercida pelo
a) concorrente; Ministro de Estado, pois é privativa do Presidente da
b) privativa; República;
c) exclusiva; c) apenas a referida em (2) não deve ser exercida pelo
d) livre;
Ministro de Estado, pois é privativa do Presidente da
e) partilhada.
República;
11. (FGV — 2021) A Assembleia Legislativa do Estado Alfa d) apenas a referida em (3) não deve ser exercida pelo
aprovou e o governador sancionou e promulgou a Lei Ministro de Estado, pois é privativa do Presidente da
nº XX, que fixou a competência do Tribunal de Justiça República;
para o processo e o julgamento de mandados de segu- e) nenhuma delas deve ser exercida pelo Ministro de
rança impetrados contra atos de certas autoridades. Estado, pois são privativas do Presidente da República.
A assessoria jurídica respondeu corretamente que a À luz da sistemática constitucional, os referidos agen-
Constituição da República de 1988: tes devem integrar a:
a) veda a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
para a concessão de benefícios em regime próprio de pre- a) polícia militar, e a solicitação foi corretamente dire-
vidência social; logo, a pretensão não poderia ser atendida; cionada ao Secretário de Estado de Administração
b) só permite a adoção dos critérios diferenciados que Penitenciária;
ela própria estabeleceu, os quais não podem ser b) polícia penal, e a solicitação foi corretamente dire-
ampliados pela legislação infraconstitucional; logo, a cionada ao Secretário de Estado de Administração
272 pretensão não poderia ser atendida; Penitenciária;
c) polícia penal, mas a solicitação deveria ser direciona- c) não atenta contra a Constituição da República de 1988,
da ao Secretário de Estado de Segurança Pública; a emenda à Constituição que, objetivando adequar o
d) polícia civil, mas a solicitação deveria ser direcionada texto constitucional às variações ocorridas nos cam-
ao Secretário de Estado de Segurança Pública; pos político, econômico e social, retire os pisos míni-
e) polícia militar, mas a solicitação deveria ser direciona- mos de custeio das ações e serviços públicos de saúde,
da ao Governador. uma vez que permanece hígida a previsão constitucio-
nal (artigos 5º, 6º e 196) do dever do Estado de prote-
16. (FGV — 2021) O governador do Estado solicitou à sua ção ao direito fundamental à saúde e à vida;
assessoria que priorizasse, na proposta orçamentária d) a União aplicará, anualmente, em ações e serviços
para o próximo exercício financeiro, as áreas de atua- públicos de saúde no mínimo 15% da receita corrente
ção afetas à seguridade social. líquida do respectivo recurso financeiro. Os Estados e
os Municípios, por sua vez, aplicarão, anualmente, em
A assessoria, corretamente, priorizou as áreas de: ações e serviços públicos de saúde, 12% e 25%, respec-
tivamente, da receita vinculada prevista na Constitui-
a) saúde, educação, previdência social, segurança públi- ção da República de 1988, deduzidas, no primeiro caso,
ca e assistência social; as parcelas que forem transferidas aos Municípios. O
b) saúde, educação, segurança pública e assistência repasse dos recursos correspondentes ao piso mínimo
social; de custeio das ações e serviços públicos de saúde será
c) saúde, educação, previdência social e segurança
feito diretamente ao Fundo de Saúde do respectivo ente
pública;
da Federação e, no caso da União, também às demais
d) saúde, previdência social e assistência social;
unidades orçamentárias do Ministério da Saúde;
e) segurança pública.
e) com esteio no modelo de determinação social do
processo saúde-doença e para fins de apuração da
17. (FGV — 2021) Com o objetivo de conter o elevado défi-
aplicação dos recursos mínimos em saúde, consi-
cit orçamentário, foi editada a Lei Federal nº XX/2021,
que determinou, em seu Art. 1º, a redução, por um derar-se-ão como despesas com ações e serviços
período de doze meses, dos benefícios da segurida- públicos de saúde aquelas (i) destinadas às ações
de social. O Art. 2º dispôs que os benefícios pagos e serviços públicos de acesso universal, igualitário e
às populações rurais seriam inferiores, em 10%, àque- gratuito; (ii) que estejam em conformidade com objeti-
les pagos às populações urbanas, considerando a vos e metas explicitados nos Planos de Saúde de cada
demonstração de que ocorrera redução do custo de ente da Federação; e (iii) que sejam de responsabili-
vida nessas localidades. Por fim, o Art. 3º consagrou dade do setor de saúde, incluindo as despesas rela-
a gestão centralizada como forma de ganhos, em eco- cionadas a outras políticas públicas que atuam sobre
nomia de escala, nas decisões a serem tomadas. determinantes sociais e econômicas incidentes sobre
as condições de saúde da população.
À luz dos princípios constitucionais da seguridade
social, é correto afirmar que: 19. (FGV — 2021) Edna, Deputada Federal, foi procurada
por um grupo de ativistas políticas, que pretendiam a
a) apenas os Arts. 1º e 2º são constitucionais; alteração da legislação previdenciária, de modo que
b) todos os artigos são inconstitucionais; a outorga de pensão por morte, em razão do faleci-
c) todos os artigos são constitucionais; mento de servidor público do sexo feminino, sendo
d) apenas o Art. 3º é constitucional; devida ao cônjuge ou companheiro supérstite, do sexo
e) apenas o Art. 2º é constitucional. masculino, estivesse condicionada à comprovação de
invalidez e de dependência econômica desse último.
18.
(FGV — 2021) Nos últimos meses, os meios de Isso, no entanto, não ocorreria na hipótese inversa,
comunicação divulgaram amplamente que a versão vale dizer, quando o falecido fosse do sexo masculino
preliminar do relatório da PEC (Proposta de Emenda e o beneficiário do sexo feminino.
à Constituição) Emergencial previa a extinção dos
valores mínimos a serem aplicados em saúde e edu- Em razão da consulta formulada, a assessoria de Edna,
cação pela União, Estados e Municípios. à luz da sistemática constitucional, respondeu, correta-
Sobre o financiamento da saúde e a jurisprudência
mente, que a fruição da pensão por morte, pelo cônjuge NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ou companheiro varão, deve se dar em condições:
aplicável sobre o tema, é correto afirmar que:
a) idênticas às do cônjuge ou companheiro supérstite do
a) os planos de saúde são a base das atividades e pro-
sexo feminino, salvo permissivo veiculado em lei com-
gramações de cada nível de direção do SUS, e seu
plementar editada pela União;
financiamento será previsto na respectiva proposta
b) necessariamente distintas, mais restritivas, em rela-
orçamentária. É vedada a transferência de recursos
para o financiamento de ações não previstas nos pla- ção às do cônjuge ou companheiro supérstite do sexo
nos de saúde, exceto em situações emergenciais ou feminino, com o que se alcança a igualdade material;
de calamidade pública, na área da saúde; c) idênticas às do cônjuge ou companheiro supérstite do
b) os recursos destinados ao custeio de ações e serviços sexo feminino, o que decorre da necessária igualdade
públicos de saúde transferidos pela União aos Esta- formal que deve prevalecer entre ambos;
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, e pelos Esta- d) necessariamente distintas, mais restritivas, em rela-
dos a seus respectivos Municípios, são considerados ção às do cônjuge ou companheiro supérstite do sexo
transferência obrigatória. Por isso, é vedado o condi- feminino, enquanto verdadeira ação afirmativa;
cionamento dessas transferências à instituição e ao e) necessariamente distintas, mais favoráveis, em rela-
funcionamento do Fundo e do Conselho de Saúde no ção às do cônjuge ou companheiro supérstite do sexo
âmbito do ente da Federação e à elaboração do Plano feminino, o que decorre do fato de homens se aposen-
de Saúde; tarem mais tarde. 273
20. (FGV — 2021) Após um amplo estudo, as autoridades
competentes constataram que uma extensa área de
terras públicas, pertencente ao Estado Alfa e sem des-
tinação específica, mostrava-se indispensável à pre-
servação de um importante ecossistema natural.
9 GABARITO
1 E
2 B
3 A
4 A
5 A
6 A
7 E
8 E
9 D
10 A
11 C
12 D
13 D
14 C
15 B
16 D
17 B
18 A
19 C
20 E
ANOTAÇÕES
274
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode-
rão, se não houver impedimento legal, delegar par-
te da sua competência a outros órgãos ou titulares,
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de
NOÇÕES DE DIREITO circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
O Título III, da Constituição Federal, refere-se às COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato.
normas das orientações de atuação dos agentes admi-
OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide.
nistrativos, empregos públicos, responsabilidade
civil etc., ou seja, trata-se da administração de bens MOTIVO Razões fáticas e jurídicas.
e interesse público; assim, conclui-se que a adminis- Resultado que o ato deseja (interesse
FINALIDADE
tração pública tem natureza de “múnus público”. Por público).
exemplo, os agentes públicos são obrigados a velar FORMA Manifestação do ato.
pela estrita observância dos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos
assuntos que lhe são afetos, caso contrário o agente
estará cometendo ato de improbidade administrativa
sujeito as sanções e penalidades previstas na Lei nº NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO
8.429, de 1992. ADMINISTRATIVA
A palavra múnus tem origem no latim e signifi- Administração vem do latim administrare, que
ca dever, obrigação etc. O múnus público é uma significa direcionar ou gerenciar negócios, pessoas e
obrigação imposta por lei, em atendimento ao recursos, tendo sempre como objetivo alcançar metas
poder público, que beneficia a coletividade e não específicas. A noção de gestão de negócios está intima-
pode ser recusado, exceto nos casos previstos mente ligada com o ramo de Direito Administrativo.
em lei. Por exemplo: dever de votar, depor como Primeiramente, ressalta-se que na legislação brasi-
testemunha, atuar como mesário eleitoral, servi- leira inexiste uma codificação específica para o Direi-
to Administrativo. Este, por sua vez, é regulamentado
ço militar, entre outros.2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
por leis infraconstitucionais e esparsas, sendo que
cada delas dispões sobre matérias específicas, por
Toda vez que a administração pública pratica uma
exemplo, a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que
ação que produz um efeito jurídico, chamamos de ato
trata da improbidade administrativa; a Lei nº 8.666,
administrativo que produz efeitos que podem criar, de 21 de junho de 1993, que institui normas sobre
modificar ou extinguir direitos. licitações e contratos da Administração Pública; Lei
Os elementos dos atos administrativos são com- nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que institui o pre-
petência, objeto, motivo, finalidade e forma. Toda gão como modalidade de licitação para a aquisição
vez que um ato é praticado deve se observar qual é a de bens e serviços comuns etc. Estas leis são apenas
competência da pessoa que o praticou, ou seja, a com- algumas do vasto aparato legislativo que normatiza-
petência é a função atribuída a cada órgão ou autori- mo Direito Administrativo.
dade por lei, tem como característica ser irrenunciável, Isso se deve a própria lógica do sistema federalis-
imprescritível, inderrogável e improrrogável. ta, uma vez que os Estados possuem autonomia para
O art. 12 da Lei nº 9.784, de 1999 (Lei que regula criar as próprias leis. Assim, as normas de Direito
o processo administrativo no âmbito da administração Administrativo podem apresentar-se em vários âmbi-
pública), permite a delegação de competência, vejamos: tos da Federação.
1 SILVA, op. cit, p. 665.
2 Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico.> Acesso
em: 12 out 2020. 275
O ramo de Direito Administrativo, no Brasil, conta NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO
com um ponto positivo: a doutrina e a jurisprudência ADMINISTRATIVO
que são bastante amplas e muito bem detalhadas.
A doutrina possui divergências quanto ao concei- Determinar a natureza jurídica de um ramo do
to de Direito Administrativo. Enquanto uma corrente Direito significa, de modo geral, estabelecer em qual
doutrinária define Direito Administrativo tendo como grupo ele pertence. Podemos classificar os ramos de
Direito brasileiro em dois grandes grupos: os ramos
base a ideia de função administrativa, outros prefe-
de Direito Público e os de Direito Privado. Quanto à
rem destacar o objeto desse ramo jurídico, isso é, o
natureza jurídica, não há dúvida de que o Direito
Estado, a figura pública composta por seus órgãos e Administrativo é ramo de Direito Público. Isso por-
agentes. Há também uma terceira corrente de dou- que o Direito Administrativo regula as atividades esta-
trinadores que, ao conceituar Direito Administrativo, tais na gestão de seus negócios, recursos e pessoas. A
destacam as relações jurídicas estabelecidas entre as simples presença do Poder Público faz com que ele
pessoas e os órgãos do Estado. não se enquadre no grupo do Direito Privado, que são
Embora haja essa diferença de posições na doutri- os ramos jurídicos cujas regras disciplinam as ativida-
na, não há exatamente uma corrente predominante. des dos particulares.
Todos os elementos apontados fazem parte do Direito
Administrativo. Por isso, vamos conceituá-lo utilizan- ORIGEM HISTÓRICA DO DIREITO ADMINISTRATIVO
do todos esses aspectos em comum.
A origem histórica do Direito Administrativo se dá
Podemos definir Direito Administrativo como o
durante o fim do período conhecido como Absolutis-
conjunto de princípios e regras que regulam o exercí-
mo. Essa era uma época marcada pela concentração
cio da função administrativa exercida pelos órgãos e de todo o poder político nas mãos de uma única pes-
agentes estatais, bem como as relações jurídicas entre soa, o Rei ou o Monarca.
eles e os demais cidadãos. O Rei enquanto supostamente o “representante de
Não devemos confundir Direito Administrativo Deus na Terra”, tomava todas as decisões de ordem
com a Ciência da Administração. Apesar da nomen- política, e não podia ser questionado. Ele era intocável
clatura ser parecida, são dois campos bastante distin- e, por isso, a Lei era fruto de sua vontade.
tos. A administração, como ciência propriamente dita, Dessa forma, o Direito Administrativo não poderia
não é ramo jurídico. Consiste no estudo de técnicas e surgir se não com o fim do Absolutismo e a introdu-
estratégias de controle da gestão governamental. Suas ção de um Estado de Direito. A noção de Estado de
regras não são independentes, estão subordinadas Direito é bastante simples: significa que o governo, o
qual cria as suas próprias Leis, deve a elas estar sub-
às normas de Direito Administrativo. Os concursos
metido. A ideia do Estado de Direito é a de atribuir
públicos não costumam exigir que o candidato tenha
limitações ao Poder de Império do Estado. Para tanto,
conhecimentos de técnicas administrativas para res- todo Estado de Direito deve conter algumas caracte-
ponder questões de direito administrativo, mas reque- rísticas essenciais:
rem que conheçam a Administração como entidade
governamental, com suas prerrogativas e prestando z Ter uma Constituição: a Constituição é a base de
serviços para a sociedade. todo o ordenamento jurídico do Estado de Direi-
No momento, estamos nos referindo ao Direi- to e sua principal função é a de atribuir direitos,
to Administrativo, que é o ramo jurídico que regula liberdades e garantias para os cidadãos, de modo
as relações entre a Administração Pública e os seus que o Estado se absteria de agir de modo a pre-
cidadãos ou “administrados”. Administração Pública judicar esses direitos. Houve um crescimento das
é uma noção totalmente distinta, podendo ter uma constituições escritas. Outro aspecto importante
das constituições é que elas devem ser rígidas, o
acepção subjetiva e orgânica, ou objetiva e material.
que significa que a sua possibilidade de alteração
Na sua acepção subjetiva, orgânica e formal,
deve advir de um processo bastante longo e com-
a Administração Pública confunde-se com a própria
plexo. Óbvio, se a Constituição é a base de todas as
pessoa de seus agentes, órgãos, e entidades públicas outras Leis, então o seu processo de alteração deve
que exercem a função administrativa, o que signifi- ser mais difícil do que o processo de alteração de
ca que somente algumas pessoas e entes podem ser uma lei comum;
considerados como Administração Pública. É, por isso, z Separação dos Poderes: Outro ponto que está
uma acepção que tende a restringir sua definição. presente em todo Estado de Direito é que o Poder
Já na sua acepção objetiva e material da pala- do Estado não se encontra concentrado em uma
vra, podemos definir a administração pública (alguns pessoa/órgão, mas ele está dividido em Funções ou
doutrinadores preferem colocar a palavra em letras Poderes distintos. O modelo mais aceito da Separa-
minúsculas para distinguir melhor suas concepções), ção dos Poderes, e que é o mais utilizado, é a teoria
de Montesquieu, que busca separar o Poder Estatal
como a atividade estatal de promover concretamente
em três vertentes, ou Funções. Uma função é encar-
o interesse público. O caráter subjetivo da administra-
regada de criar as leis que vigoram no País (Poder
ção é irrelevante, pois o que realmente importa não
Legislativo), outra função tem o dever de promo-
é a pessoa, e sim a atividade que tal pessoa executa. ver a fiel execução das leis, bem como de gerir os
É, por isso, uma acepção mais abrangente, pois qual- negócios em que o Estado faz parte (Poder Execu-
quer pessoa que venha a exercer uma função típica tivo). Por último, há uma terceira função, encar-
da Administração será considerada uma pessoa que regada de dirimir os conflitos e as controvérsias
276 integra a mesma. presentes dentro da sociedade (Poder Judiciário);
z A legalidade como princípio fundamental: a Isso significa que todas as questões administrati-
ideia de que todos devem respeitar a vontade da vas podem ser apreciadas na esfera judicial sempre
Lei está contida na Declaração de Direitos Indi- que o processo administrativo não se mostrar sufi-
viduais do Homem e do Cidadão. Trata-se de um ciente para atender às demandas da sociedade.
documento de origem francesa muito importante, Utiliza-se bastante a noção de segurança jurídica
pois ele confere a todos os indivíduos (e não só ao para impedir que os atos da Administração possam
povo francês), uma maior proteção contra os atos intervir com os direitos e garantias dos cidadãos. A
abusivos do Estado. Pelo princípio da legalidade,
segurança jurídica, no Brasil, é um princípio de Direi-
o Estado só pode agir nos termos da Lei, porque é
to Administrativo, pois as decisões emitidas na esfera
esta que lhe dá forma e lhe confere seus Poderes.
administrativa, ou até mesmo as decisões proferidas
pelo Poder Judiciário, não podem prejudicar o ato
Importante! jurídico perfeito, o direito adquirido, bem como a
matéria que já foi objeto de discussão em outro pro-
Dissemos que o modelo mais aceito da Separa- cesso (coisa julgada).
ção dos Poderes é o modelo disposto na Teoria
de Montesquieu. Todavia, ele não foi o primeiro OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
a apresentar a ideia de separar o Poder Estatal
em diferentes Funções. Essa é uma noção errô- A determinação de um objeto de estudo do Direito
nea que pode aparecer em uma questão de pro- Administrativo possui grande importância para a sua
va como “pegadinha”. Podemos encontrar outras conceituação, bem como para estabelecê-lo como um
metodologias de Separação do Poder presentes ramo jurídico autônomo. Em sua obra3, o jurista e pro-
nas obras de Aristóteles, por exemplo. fessor Alexandre Mazza aponta que várias correntes
surgiram na tentativa de criar um conceito próprio de
Direito Administrativo, bem como a definição de seu
São esses contextos, considerando os princípios e
objeto. Essas correntes são:
as normas promulgadas nessa época, que servem de
bases do Direito Administrativo. Assim, esse ramo
jurídico vem como um conjunto de normas que regu- z Corrente legalista: o Direito Administrativo seria
lam as relações entre os indivíduos e o Estado. E, por o conjunto de normas administrativas existente
mais que o Estado ainda possua diversas prerrogati- dentro do país. Tal critério é bastante reducionis-
vas quando do exercício de suas funções, é importante ta, porque ele desconsidera a atuação da doutrina,
frisar que o seu poder não é mais absoluto: ele encon- que é muito importante para identificar princípios
tra limites dentro da esfera de liberdade de cada indi- desse ramo jurídico;
víduo, e também dentro da lei, a qual ele concorda em z Corrente do Poder Executivo: é o critério que
respeitar e se submeter a ela. Logo, o fato do Estado identifica o Direito Administrativo como o con-
ter prerrogativas não descaracteriza a sua noção de junto de normas que disciplinam a atuação do
um Estado de Direito. Poder Executivo. Também não é aceito, uma vez
Essa é a origem, de modo geral, do Direito Admi- que ignora o fato de que os órgãos dos Poderes
nistrativo. Porém, é evidente que alguns Estados Legislativos e Judiciários também exercem fun-
acabaram desenvolvendo o seu ramo de Direito Admi-
ções administrativas (funções atípicas), bem como
nistrativo de uma forma diferente dos demais, para
alguns particulares por meio da delegação de com-
melhor se ajustarem às necessidades de seus cidadãos.
petências, como é o caso dos concessionários e
Na França, por exemplo, o povo francês tinha uma
grande desconfiança de seus Juízes. Isso ocorria por- permissionários;
que muitos dos cargos públicos, naquela época, eram z Corrente das relações jurídicas: é a corrente que
herdados de pai para filho. Assim, como uma forma de destaca o Direito Administrativo como a disciplina
tentar “burlar” esse nepotismo do Judiciário, o direito das relações jurídicas estabelecidas entre a Admi-
francês acabou criando um contencioso administrati- nistração Pública e o particular. Todavia, essa não
vo. Isso significa que, dentro do direito francês, havia é uma característica única e singular do Direito
Como já mencionamos, o instrumento que regula essa relação do Poder Público com a OSCIP é o termo de par-
ceria, que discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias, prevendo especialmente
metas a serem alcançadas, prazo de duração, direitos e obrigações das partes e formas de fiscalização. Além disso,
outra diferença marcante entre a OSCIP da OS é que sua concessão é ato vinculado (§ 2º , do art. 1º, da Lei nº 9.790,
de 1999), podendo-se falar em um “direito adquirido” da empresa privada em obter a qualificação de OSCIP. O
requerimento deve ser encaminhado ao Ministro da Justiça, na forma do art. 5º da referida Lei.
Esquematicamente, podemos estabelecer as principais diferenças entre a OS e a OSCIP:
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização é a técnica em que a Administração Pública atribui suas competências a pessoas jurídicas
autônomas, criadas por ela própria para esse fim. É considerada um princípio fundamental da própria Administração,
nos termos do inciso III, do art. 6º, do Dec-Lei nº 200, de 1967.
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
[...]
III - Descentralização.
Por outro lado, a centralização é o fenômeno inverso, em que ocorre uma absorção de competências, de uma
pessoa jurídica autônoma sobre outra.
Na centralização/descentralização, costuma-se utilizar com bastante frequência o termo entidade. Nos termos
do inciso II, do § 2º , do art. 1º, da Lei nº 9.784/1999: “Para os fins desta Lei, consideram-se: II – entidade - a unidade
de atuação dotada de personalidade jurídica”. Entidade da Administração, assim, é qualquer pessoa jurídica autô-
noma cujo serviço público foi outorgado pela entidade federativa, isso é, pelas pessoas jurídicas de Direito Público
interno (União, Estados, Municípios, Distrito Federal etc.). Os membros federais, nesses casos, realizam apenas
uma tarefa de controle e fiscalização do serviço prestado pela entidade outorgada.
Formas de Descentralização
A descentralização poderá ocorrer por meio de três formas diferentes. Vejamos quais são:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
z Por outorga, por serviços, técnica ou funcional: ocorre quando o Estado cria entidade da administração
indireta para exercício de determinado serviço público. A criação da nova entidade é realizada por meio
de lei. Vejamos alguns exemplos: a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é uma autarquia, criada
pela Lei nº 9.472, de 1997, vinculada ao Ministério das Comunicações, com a função de órgão regulador das
telecomunicações; a Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL) é uma empresa pública, cuja criação foi
autorizada pela Lei nº 12.404, de 2011, vinculada ao Ministério da Infraestrutura, com o objetivo de planejar e
promover o desenvolvimento do serviço de transporte ferroviário de alta velocidade de forma integrada com
as demais modalidades de transporte.
z Delegação ou colaboração: realizada por meio de contrato ou ato unilateral, ocorrendo a transferência de
determinadas atribuições para o setor privado. Aqui, ocorre a transferência apenas da execução, permanecen-
do a competência com o ente público devido à imposição do texto constitucional. Trata-se de uma modalidade
de descentralização que acontece nas autorizações, concessões ou permissões, como serviços de telefonia
prestados pelas operadoras Tim, Oi, Claro e Vivo, por exemplo.
z Geográfica ou territorial: é uma das modalidades de descentralização prevista no § 2º, do art. 18, da Consti-
tuição Federal.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
crático de Direito e tem como fundamentos: bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 285
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO
(...) PÚBLICA
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesi- O princípio implícito ao ordenamento jurídico é
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o aquele que não está escrito em norma alguma, mas se
Estado participe, à moralidade administrativa, ao pode depreender do conjunto das normas deste orde-
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
namento. Em Direito Administrativo, a doutrina nos
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
trará inúmeros princípios. Uns são, naturalmente, mais
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
citados e importantes, e serão analisados a seguir.
Publicidade
Princípio da Autotutela
A importância do princípio da publicidade está na
Segundo o princípio da autotutela, a Administra-
própria existência e exercício da democracia. Como
ção Pública poderá rever seus atos, podendo revogá-
poderiam os cidadãos fiscalizar a atuação do Estado e
-los ou anulá-los conforme o caso.
seus governantes sem saber o que está acontecendo?
Esse direito não é irrestrito, encontrando limite no
A publicidade trará a transparência necessária para
art. 54, da Lei nº 9.784, de 1999, Processo Administrativo
que os administrados possam exercer a democracia.
Federal.
No entanto, devemos saber que tal princípio não
tem aplicação absoluta. Há situações em que o sigilo,
Art. 54 O direito da Administração de anular os
a título de exceção, deverá prevalecer.
atos administrativos de que decorram efeitos favo-
É o caso, por exemplo, de operações sigilosas de inves-
ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
tigações de ilícitos ou mesmo inquéritos cuja publicidade contados da data em que foram praticados, salvo
possa ofender a privacidade de uma eventual vítima. comprovada má-fé.
Há, por outro lado, atos que devem ser publicados
para que gerem efeitos, pois como poderiam ser os Os efeitos causados por essa revisão podem variar.
particulares cobrados a respeito de determinado ato Caso seja uma anulação, pois era viciado o ato admi-
ou norma do qual não tiveram a devida ciência? nistrativo, os efeitos serão, em regra, retroativos.
Nesse raciocínio, temos três tipos de atos conforme No caso de se tratar de revogação, que é quando
a necessidade ou não da sua publicidade. o ato não é viciado, mas se tornou inconveniente, os
efeitos não serão retroativos.
z Atos sigilosos: não podem ser publicados; Por fim, a revisão pode resultar em manutenção
z Atos internos: não precisam ser publicados, pois do ato anteriormente praticado, sendo mero exercício
não causam impacto nos administrados; da autotutela e poder hierárquico da estrutura admi-
z Atos externos: precisam ser publicados para ciên- nistrativa em questão.
cia dos interessados.
Princípio da Veracidade e da Legitimidade
Há ainda a possibilidade de obtenção de informa-
ções por parte dos administrados, trazida no art. 5º da
Visto também em atos administrativos, o princípio
CF, de 1988:
da veracidade e da legitimidade informa que a atua-
ção da Administração Pública estará conforme a lei e
Art. 5º [...]
conforme a verdade dos fatos.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
Trata-se de presunções relativas, ou seja, o par-
públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta- ticular que se julgar prejudicado poderá se insurgir
das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, contra os atos da Administração Pública. No entanto,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível tais presunções têm como consequência a inversão
à segurança da sociedade e do Estado; do ônus da prova, devendo o particular provar que a
XXXIV - são a todos assegurados, independente- Administração Pública está errada, seja em processo
mente do pagamento de taxas: administrativo ou judicial.
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
para defesa de direitos e esclarecimento de situa- Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade
ções de interesse pessoal;
Não há unanimidade na doutrina na forma como
Eficiência se correlacionam esses dois princípios. No entanto,
passaremos aqui a leitura que nos parece mais fre-
O princípio da eficiência foi introduzido no caput quente em provas.
do art. 37, da CF, de 1988, por meio da Emenda Cons- Entenderemos a proporcionalidade como um sub-
titucional de 1998, tendo como objetivo, juntamente princípio da razoabilidade. A proporcionalidade é
com a mudança de outros dispositivos, aumentar a fácil de ser entendida quando falamos da duração de
eficiência do Estado brasileiro. um processo judicial ou administrativo. Aliás, direito
A atuação da Administração Pública dentro desse constante do art. 5º da CF, de 1988.
contexto, tentando se aproximar do conceito de admi-
nistração gerencial, deverá buscar a maximização das Art. 5º [...]
receitas do Estado, economicidade do gasto público, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
corte de gastos desnecessários etc. são assegurados a razoável duração do processo e os
286 meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Já para entender a proporcionalidade eu vou pedir
que você imagine um outro cenário. Imagine uma mul- PODERES ADMINISTRATIVOS
tidão de manifestantes que possuem alguns objetos
que podem causar danos ou ferimentos, mas sabe-se NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
que não possuem arma de fogo. Caso haja necessidade
de conter os manifestantes, seria razoável por parte do A Administração Pública tem vários objetivos a
policiamento o uso de armamentos não letais. cumprir, sempre buscando o interesse público, sob
No entanto, dentro dessa escolha correta o agente diversas formas diferentes. Para o alcance desses
público deverá medir o correto uso desse meio. Não objetivos, lançará mão de instrumentos. Os atos admi-
poderá usar indiscriminadamente o material, uma nistrativos são, sem dúvida, um desses instrumentos.
vez que ele é adequado. O uso desproporcional de Neste material, veremos uma outra forma de
um material adequado àquela situação poderá trazer entender como a Administração Pública causa
problemas aos administrados. mudanças no mundo real. Os poderes administrativos
instrumentos dotados de prerrogativas, para que a
Princípio da Continuidade do Serviço Público Administração Pública possa executar determinadas
tarefas. Não são absolutos, pois encontram limitações
Os serviços públicos garantem serviços essenciais nos direitos dos particulares. Por outro lado, são mar-
à população, por isso não podem, como regra, serem cados pela irrenunciabilidade e pela obrigatorieda-
interrompidos, mas fornecidos permanentemente. de de exercício.
Tal importância traz impacto inclusive no direito Uma vez que eles são de exercício obrigatório, a
de greve de servidores públicos. doutrina vê esse poder como um poder-dever. Pois,
ao mesmo tempo em que há neles possibilidades de
Art. 37 [...] imposição perante o particular, há também a impo-
VII - o direito de greve será exercido nos termos e sição ao agente público competente do seu exercício
nos limites definidos em lei específica; para que seja alcançado o interesse público.
Passemos agora a conhecer os diferentes poderes
A Lei nº 8.987, de 1995, que trata de concessão administrativos.
de serviços públicos, traz a mitigação da exceção do
contrato não cumprido (exceptio non adimpleti con- PODER VINCULADO
tractus). Um concessionário que tenha perante si uma
Administração Pública inadimplente, só poderá rom- O poder vinculado se exterioriza quando a Adminis-
per o contrato depois da apreciação da Justiça, dife- tração Pública deve se manifestar diante de determina-
rentemente do que permite a lei entre particulares. da situação. Aqui não haverá margem de escolha para o
agente competente. Em outros termos, o mérito adminis-
trativo (margem de escolha) é reduzido ou inexistente.
Dica
Exceptio non adimpleti contractus: princípio PODER DISCRICIONÁRIO
decorrente do estudo de contratos em Direito
Civil que permite a uma parte contratante não Em oposição às características do poder vinculado,
cumprir seu contrato diante da inadimplência do aqui a manifestação da Administração Pública terá
outro contratante. margem de escolha, portanto teremos a manifestação
do mérito administrativo. Dentro das possibilidades
Segundo o mesmo diploma normativo, teremos colocadas pela lei ou ato normativo aplicável, haverá
três situações em que não restará caracterizada a des- margem de escolha para o agente competente.
continuidade dos serviços:
z Poder discricionário: há margem de escolha para a
z Interrupções ocasionadas por situações de atuação da Administração Pública;
emergência; z Poder vinculado: há pouca ou nenhuma margem de
escolha para a atuação da Administração Pública.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
z Interrupções após aviso prévio por razões técnicas
ou segurança das instalações;
PODER HIERÁRQUICO
z Interrupção após aviso prévio por inadimplemen-
to do usuário.
Poder hierárquico é o poder de que dispõe o Exe-
cutivo para organizar e distribuir as funções de seus
Princípio da Segurança Jurídica
órgãos, bem como ordenar e rever a atuação de seus
agentes, estabelecendo uma relação de subordinação
O princípio da segurança jurídica tem como obje-
entre os servidores do seu quadro de pessoas. As rela-
tivo conferir estabilidade às relações jurídicas. Por ções de hierarquia são características únicas, existem
meio dele busca-se proteger: somente no âmbito do Poder Executivo, isto é, não
existe hierarquia entre órgãos do Poder Legislativo e
z Direito adquirido; do Judiciário. Além disso, importante frisar que não
z Coisa julgada; existe poder hierárquico entre membros da Adminis-
z Ato jurídico perfeito. tração Indireta, pois estes são entidades autônomas,
que não se subordinam aos entes que o criaram. Pela
Tal princípio do Processo Administrativo Federal, em hierarquia, há a imposição ao subalterno da estrita
que há vedação expressa à aplicação retroativa de nova obediência às ordens e instruções legais superiores,
interpretação de norma, privilegia a estabilidade das além de definir a responsabilidade de cada um de
relações e situações jurídicas previamente estabelecidas. seus agentes e órgãos públicos. 287
Quanto as suas características, diz-se que o poder seu criador, com personalidade jurídica própria, com
hierárquico é interno e permanente. Interno é o patrimônio exclusivo e podendo se responsabilizar
poder que atinge apenas os próprios membros da em juízo sem o auxílio da Administração Direta.
Administração e não tem o condão de atingir as rela- O que existe para as entidades da Administração
ções dos particulares. É também um poder perma- Indireta é uma forma de controle fiscalizatório e fina-
nente porque não é exercido de modo esporádico e lístico de seus atos, o qual denomina-se supervisão
episódico, como acontece no poder disciplinar. ministerial. A supervisão é feita pelo ente controla-
Do poder hierárquico são decorrentes certas facul- dor, geralmente são os entes da Administração Direta
dades implícitas ao superior, tais como dar ordens e (União, Estados, Municípios, Distrito Federal e os seus
fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atri- órgãos, ministérios e secretarias). A supervisão não se
buições, bem como rever atos de seus inferiores. confunde com subordinação, pois entende-se que na
A delegação é a transferência temporária de com- supervisão o ente controlado possui uma maior mar-
petência administrativa de seu titular, a outro órgão gem de liberdade do que os órgãos hierarquicamente
ou agente público. A delegação poderá ser vertical subordinados. A supervisão ministerial não admite,
quando a matéria for outorgada a um outro órgão ou por exemplo, a possibilidade de revisão dos atos pra-
agente público subordinado à autoridade outorgante, ticados pela entidade controlada, pois a revisão é uma
permanecendo na mesma linha hierárquica. forma de controle de mérito dos atos administrativos.
Mas a delegação também poderá ser feita para Isso infere na autonomia garantida constitucional-
mente a essas entidades.
outro órgão ou agente que esteja fora da sua linha hie-
rárquica, hipótese que denominamos de delegação
horizontal.
O art. 12 da Lei n° 9.784, de 1999, dispõe do mesmo Importante!
modo: “Um órgão administrativo e seu titular poderão, Cuidado para não confundir alguns conceitos.
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua Quando um ato administrativo é ilícito (contrário
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que à Lei), a hipótese de controle recai sobre a lega-
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
lidade do ato. Se o vício for insanável, a hipótese
quando for conveniente, em razão de circunstâncias
é de anulação, e pode ser realizada tanto pela
de índole técnica, social, econômica, jurídica ou terri-
Administração Pública quanto pelo Poder Judi-
torial”. Essa transferência de competência é sempre
provisória, o que significa que pode ser revogada a ciário. Por outro lado, quando o ato for conside-
qualquer tempo. rado inconveniente e inoportuno, discricionário,
A regra geral é sempre a delegabilidade das compe- o Poder Judiciário não pode exercer controle
tências. Todavia, a própria legislação (art. 13, da Lei nº de mérito, pois essa é uma tarefa exclusiva da
9.784, de 1999) assevera três matérias que não podem Administração, dentro da sua linha hierárquica.
ser delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato O método mais correto para o ato inconveniente,
de caráter normativo, pois constituem-se em regras neste caso, é o da revogação.
gerais aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com
a delegação; a decisão em recursos administrativos,
para evitar que a mesma autoridade possa julgar o Lembrando que são considerados entes da Admi-
mesmo processo mais de uma vez pela delegação; e nistração Indireta: as autarquias, as fundações, as
as matérias que forem consideradas de competência empresas públicas e as sociedades de economia mista.
exclusiva do órgão ou autoridade. Do mesmo modo, não há que se falar em Poder Hie-
A avocação encontra-se disposta no art. 15, da Lei rárquico quando estamos diante de pessoas e órgãos
nº 9.784, de 1999. Consiste na possibilidade da autori- independentes. Por exemplo: não há uma relação de
dade competente de chamar para si a competência de hierarquia entre as pessoas que ocupam cargos polí-
um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida ticos. Não há hierarquia, também, entre os membros
excepcional e temporária e somente pode ser realiza- dos Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário):
da dentro da mesma linha hierárquica, o que significa eles atuam de forma independente e harmônica entre
que a avocação só pode ser vertical, não se admite a si, um não se subordina ao outro.
avocação horizontal. Esquematicamente, temos:
PODER DISCIPLINAR
DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO
Distribuição de Absorção de O poder disciplinar consiste na faculdade da Admi-
competências competências nistração de punir seus agentes, nas hipóteses em que
estes tenham cometido alguma infração de ordem
Admite horizontal e funcional. Por exemplo: quando o servidor público se
Admite apenas vertical
vertical apresenta no serviço embriagado, não apenas uma vez,
mas constantemente, isso é uma transgressão discipli-
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos nar, uma conduta incompatível com a atuação dos ser-
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus vidores públicos. Por isso ele deve ser punido, mas essa
aspectos para a análise de sua manutenção ou inva- punição não advém de um processo penal (não enseja
lidação. É somente possível a revisão de atos prati- a prisão), é uma punição aplicável por pessoas de den-
cados pelos órgãos públicos e agentes subordinados tro da própria Administração, e geralmente envolve ou
hierarquicamente. a suspensão ou a demissão do cargo público.
Para as entidades da Administração Indireta, O poder disciplinar é correlato com o poder hierár-
realmente, não há como aplicar o poder hierárqui- quico, mas não se confunde com o mesmo. No poder hie-
co, uma vez que, por definição, elas não integram a rárquico, a Administração Pública distribui e escalona as
288 mesma linha de hierarquia. São entes diferentes do suas funções executivas. Já no uso do poder disciplinar,
a Administração simplesmente controla o desempenho disso, este poder pode ser exercido, por simetria, pelos
de funções e a conduta de seus servidores, responsabili- Governadores e Prefeitos. Assim, para fins didáticos,
zando-os pelas faltas porventura cometidas. costuma-se dizer que o poder regulamentar só pode ser
Em relação as suas características, o poder disci- delegado excepcionalmente, com algumas restrições.
plinar é interno, não-permanente ou temporário O artigo 84 traz, em regra, que as competências do
e discricionário. Assim como o poder hierárquico, a Presidente são exclusivas e indelegáveis. Excepcio-
imposição de sanções pela Administração não se apli- nalmente, a matéria disposta nos seguintes incisos:
ca aos particulares, somente a seus próprios servido-
res, salvo as hipóteses de estes serem contratados pela z VI (dispor mediante decreto sobre a organização e
Administração Pública. Todavia, distingue-se do poder funcionamento da administração federal quando
hierárquico na medida em que é não-permanente, isto não implicar aumento de despesa nem criação ou
é, só será aplicado se e quando o servidor cometer infra- extinção de órgãos públicos; e a extinção de fun-
ção funcional. Percebe-se, então, que o poder disciplinar ções ou cargos públicos, quando vagos);
apresenta caráter punitivo e sancionador, enquanto z XII (conceder indulto e comutar penas, com
o poder hierárquico advém da simples obediência dos audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
subalternos para com a entidade detentora deste poder. lei);
A discricionariedade do poder disciplinar traduz- z a primeira parte do inciso XXV (prover os cargos
-se na possibilidade da Administração em poder esco- públicos federais, na forma da lei) são competên-
lher qual a punição mais apropriada para cada caso, cias que podem ser transferidas para as pessoas
isto é, ela possui certa margem de liberdade para o públicas previstas no parágrafo único do refe-
seu exercício. rido artigo 84. Observe que a competência para
Claro que, dentre essas escolhas, o administrador extinguir o cargo público enquanto ainda ocupado
não pode escolher “não punir” o agente público. Por não pode ser delegada.
isso, costuma-se dizer que, quanto ao dever de punir,
esse tem natureza vinculada. A discricionariedade O regulamento é um ato administrativo que tem
atinge, somente, quanto à modalidade de punição que por escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao
deve ser aplicada. modo de aplicação dos dispositivos legais, dando maior
Os servidores públicos que cometerem qualquer concretude aos comandos gerais e abstratos presentes
infração no exercício de suas funções estão sujeitos na legislação. Não se confunde com o decreto, que é
às seguintes penalidades, dispostas no art. 127, da Lei outro ato administrativo que introduz o regulamento
nº 8.112, de 1990: advertência; suspensão; demissão; em si. Decreto representa a forma do ato administrati-
cassação de aposentadoria ou disponibilidade; desti- vo, enquanto o regulamento representa seu conteúdo.
tuição de cargo em comissão e destituição de função Ambos os decretos e regulamentos são atos em
comissionada. A aplicação de qualquer uma dessas posição de inferioridade em relação as leis e, por
penalidades depende de prévio processo administra- isso, não são capazes de criar direitos e obrigações
tivo, respeitada a garantia de contraditório e ampla aos particulares sem fundamento legal. Suas funções
defesa, sob pena de nulidade da sanção. Sobre qual primordiais, no entanto, são a redução da margem de
sanção será aplicada, isso vai depender de cada caso, interpretação das normas, pois se um decreto dispõe
considerando os danos que sua conduta causarem, se qual é a forma mais correta de aplicação da lei, esta
houve aspectos agravantes ou atenuantes, se o agente perde um pouco de seu caráter geral e abstrato, seu
público é primário ou reincidente, e os seus antece- campo de discricionariedade é reduzido a uma úni-
dentes funcionais (art. 128, Lei n° 8.112, de 1990). ca forma válida de aplicação no âmbito jurídico. Por
O processo disciplinar será visto, em maiores deta- isso, o poder regulamentar apresenta natureza
lhes, no capítulo referente aos Agentes Públicos. vinculada.
Existem diversas espécies de regulamentos
PODER REGULAMENTAR administrativos:
292
Forma Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os
requisitos vinculados, enquanto, no motivo, a finali-
A forma é o modo por meio do qual se exterioriza dade e a formalização são requisitos discricionários.
o ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito
à forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de ATRIBUTOS
ato vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário
quando a sua escolha couber ao próprio agente público. Atributos são as características dos atos adminis-
Em regra, os atos administrativos são sempre exte- trativos, que os distinguem dos demais atos jurídicos,
riorizados por escrito, mas podem também ser orais, pois estão submetidos ao regime jurídico administrativo.
gestuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O art. Essas características traduzem em prerrogativas concedi-
22, da Lei nº 9.784, de 1999, determina que “os atos do das à Administração Pública para que ela possa atender
processo administrativo não dependem de forma deter- de maneira adequada as necessidades da população.
minada senão quando a lei expressamente a exigir”. A doutrina moderna faz referência a cinco atri-
butos distintos: a) presunção de legitimidade e vera-
Motivo cidade; b) imperatividade; c) exigibilidade; d) auto
executoriedade; e) tipicidade.
O motivo é a circunstância de fato ou de direito que
determina ou autoriza a prática do ato, isto é, a situa- Veremos cada um desses atributos de modo mais
ção fática que justifica a realização do ato. Situação específico a seguir:
de fato é o conjunto de circunstâncias que motivam
a realização do ato; questões de direito é a previsão Presunção de Legitimidade e Veracidade
legal que leva à realização do ato.
O motivo pode ser tanto requisito vinculado como Também pode ser denominado presunção de
discricionário, dependendo do comando legal impos- legalidade. Significa que todo ato administrativo
to aos agentes. Assim, o motivo será vinculado quando é considerado válido no âmbito jurídico até surgir
a lei expressamente obrigar o agente a agir de um cer- prova em contrário. Se, pelo princípio da legalidade,
to modo, como na hipótese de lançamento tributário ao Administrador só cabe fazer o que a lei permite,
(o fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve então, presume-se que o fez respeitando a lei.
ou não fazer o lançamento). Nosso Direito admite duas formas de presunção:
Situação diversa é a do pedido de demissão de ser-
vidor público no caso de incontinência pública (inciso
z Presunção juris et de jure, que significa “de direito
V, do art. 132, da Lei nº 8.112, de 1990), hipótese em
e por direito”, é presunção absoluta, que não admi-
que a autoridade competente tem maior liberdade
te prova em contrário;
para avaliar se a demissão é realmente ato necessário
z Presunção juris tantum, resultante do próprio
ou não, dependendo do caso concreto.
direito e, embora por ele estabelecida como verda-
Não se confunde motivo com motivação; esta é a
deira, admite prova em contrário.
justificativa para a realização de determinado ato.
O motivo ocorre em momento anterior à prática do
ato, enquanto que a motivação, por ser uma série de A presunção dos atos administrativos é juris tan-
explicações que justificam a expedição do ato, ocorre tum. Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao
sempre em momento posterior. Assim, todo o ato tem particular que alegou a ilegalidade do ato administra-
seu motivo (Teoria dos Motivos Determinantes), mas tivo provar a carência de legitimidade do mesmo.
nem sempre é expedido adjunto com a motivação, A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles
que nada mais é do que a exteriorização dos motivos. praticados pela Administração com base no direito priva-
do. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Administra-
Finalidade ção Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro.
Para compreender melhor a diferença entre licen- De modo geral, pode-se dizer que ao servidor são
302 ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa. garantidos os seguintes benefícios previdenciários:
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Cons- Importante!
tituição Federal quanto da Lei nº 8.112, de 1990.
O Regime Próprio de Previdência dos Servidores Com a entrada em vigor da Emenda Constitucio-
(RPPS) também sofreu alterações na chamada nal n° 103, de 2019, as regras para a aposenta-
“reforma da previdência”, promulgada pela Emen- doria voluntária dos agentes públicos sofreram
da Constitucional n° 103, de 2019. Com isso, temos algumas alterações. As chances de uma questão
dois textos normativos que, até o presente momen- sobre essas novas regras caírem em uma prova
to, dispõem sobre a aposentadoria. no momento são pequenas, mas é importante
se prevenir. Existem também regras de transição
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor mais específicas, as quais devem ser conheci-
será aposentado: das pelo candidato, ao menos um pouco. Por
isso, uma leitura da Emenda Constitucional 103,
Por incapacidade permanente para o traba- de 2019, na íntegra, é altamente recomendada.
lho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação. O Texto Constitu-
cional explicita que será obrigatória a realiza- Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natali-
ção de avaliações periódicas para verificação dade é devido à servidora por motivo de nas-
cimento de filho, em quantia equivalente ao
da continuidade das condições que ensejaram
menor vencimento do serviço público, inclusi-
a concessão da aposentadoria, na forma de lei
ve no caso de natimorto;
do respectivo ente federativo;
Salário-Família (art. 197): o salário-família
Compulsoriamente, com proventos proporcio-
é devido ao servidor segundo o número de
nais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
dependentes econômicos deste. Para todos os
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos
efeitos, são considerados dependentes econô-
de idade, na forma da Lei Complementar nº 152,
micos, na forma do parágrafo único, do art. 197:
de 2015. Essa Lei Complementar dispõe sobre
a aposentadoria compulsória com proventos I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
proporcionais, sendo aplicável aos servidores os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
ocupantes de cargos públicos da União, Estados, estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
Municípios, Distrito Federal e suas autarquias do, de qualquer idade;
e fundações; aos membros do Poder Judiciário; II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
aos membros do Ministério Público; e aos mem- te autorização judicial, viver na companhia e às
bros da Defensoria Pública; expensas do servidor, ou do inativo;
Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 III - a mãe e o pai sem economia própria.
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, Licença para tratamento de saúde (art. 202),
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e essa licença dependente de perícia médica, sem
dos Municípios, na idade mínima estabelecida prejuízo da remuneração a que fizer jus. O ser-
mediante emenda às respectivas Constituições vidor precisa comprovar que realmente está
e Leis Orgânicas, observados o tempo de contri- doente e não pode trabalhar;
buição e os demais requisitos estabelecidos em Licença à gestante, à adotante e licença-pa-
lei complementar do respectivo ente federativo. ternidade (art. 207): a licença à gestante/ado-
tante/paternidade será concedida por prazo
não superior a 120 dias, sem prejuízo da remu-
Com base no art. 186, da Lei n° 8.112, de 1990, ao
neração. Todavia, a servidora gestante poderá
servidor federal poderá ser concedido aposentadoria:
prorrogar esse prazo, desde que o requeira até
o final do primeiro mês após o parto, e terá
Aposentadoria por invalidez permanente, sendo
duração de sessenta dias. Trata-se de uma ino-
os proventos integrais quando decorrente de aci-
vação trazida pelo Decreto n° 6.690, de 2008;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
dente em serviço, moléstia profissional ou doença
Licença por acidente em serviço (art. 211): o
grave, contagiosa ou incurável, especificada em
Estatuto considera como acidente em serviço o
lei, e proporcionais nos demais casos; dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que
Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de se relacione, mediata ou imediatamente, com as
idade, com proventos proporcionais ao tempo de atribuições do cargo exercido;
serviço; ou ainda; Pensão por morte (art. 215): esse é um dos
Aposentadoria voluntária, de acordo com raros benefícios que não é devido ao servidor
os seguintes critérios de idade e de contribui- (por motivos óbvios), mas a seus dependen-
ções: aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se tes, incluindo nesse grupo o cônjuge, o cônju-
homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com pro- ge divorciado ou separado judicialmente ou
ventos integrais; aos 30 (trinta) anos de efetivo de fato; o companheiro ou companheira que
exercício em funções de magistério se profes- comprove união estável como entidade fami-
sor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com pro- liar; ou ainda ao filho de qualquer condição, ou
ventos integrais; aos 30 (trinta) anos de serviço, seja, todos os entes equiparados a filho (entea-
se homem, e aos 25 (vinte e cinco) se mulher, do, menor tutelado), desde que preencha as
com proventos proporcionais a esse tempo; aos seguintes condições: a) seja menor de 21 (vinte
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e um) anos; b) seja inválido; c) tenha deficiên-
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos cia grave; ou ainda d) tenha deficiência intelec-
proporcionais ao tempo de serviço; tual ou mental; 303
Auxílio-reclusão (art. 229): outro benefício atribuição que seja de sua responsabilidade ou de
também devido aos dependentes do servidor, seu subordinado;
cujo valor poderá ser: VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
I - dois terços da remuneração, quando afastado a partido político;
por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
determinada pela autoridade competente, enquan- ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
to perdurar a prisão; parente até o segundo grau civil;
II - metade da remuneração, durante o afastamen- IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
to, em virtude de condenação, por sentença defini- ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
tiva, a pena que não determine a perda de cargo. ção pública;
X - participar de gerência ou administração de
Dos Deveres e Responsabilidades dos Servidores sociedade privada, personificada ou não personifi-
Públicos cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário,
Apesar da grande quantidade de direitos e vanta-
junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
gens, o Estatuto dos Servidores Públicos também atri- tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
bui aos mesmos diversos deveres, com base no regime de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a ins- companheiro;
tauração de processo disciplinar para a apuração de XII - receber propina, comissão, presente ou van-
infrações funcionais. tagem de qualquer espécie, em razão de suas
Nos termos do art. 116, da Lei nº 8.112, de 1990: atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
Art. 116 São deveres do servidor: do estrangeiro;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
cargo XV - proceder de forma desidiosa;
II - ser leal às instituições a que servir; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
III - observar as normas legais e regulamentares; repartição em serviços ou atividades particulares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
manifestamente ilegais; nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
V - atender com presteza; emergência e transitórias;
a) ao público em geral, prestando as informações XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
b) à expedição de certidões requeridas para defesa com o horário de trabalho;
de direito ou esclarecimento de situações de inte- XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
resse pessoal; quando solicitado.
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência Por fim, em relação à responsabilidade dos ser-
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade
vidores públicos, o art. 121, da Lei nº 8.112, de 1990,
superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
é bastante claro ao dispor que “O servidor responde
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade
competente para apuração; civil, penal e administrativamente pelo exercício irregu-
VII - zelar pela economia do material e a conserva- lar de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única
ção do patrimônio público; conduta praticada pelo referido servidor pode ense-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; jar em responsabilização em três esferas distintas. A
IX - manter conduta compatível com a moralidade responsabilidade civil do servidor público decorre
administrativa; da prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam
X - ser assíduo e pontual ao serviço; capazes de causar danos materiais ao erário (patrimô-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; nio público), ou a terceiros.
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou A responsabilidade penal do servidor tem seu
abuso de poder. fundamento na apuração de uma conduta criminal,
isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra-
Ao mesmo tempo, o art. 117 da mesma Lei impõe ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade
aos servidores públicos diversas proibições. Trata- penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma
-se de uma matéria que exige grande capacidade de vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto
memorização, ainda que não necessite de um alonga- pela condenação do servidor condenado, como pela
mento muito detalhado. sua absolvição pela falta de provas materiais ou pela
negação de sua autoria, sendo essas últimas hipóteses
Art. 117 Ao servidor é proibido: apenas exceções.
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem A responsabilidade administrativa, por outro
prévia autorização do chefe imediato; lado, consiste na instauração de processo discipli-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade
nar (arts. 116 e seguintes, da Lei 8.112, de 1990), pelo
competente, qualquer documento ou objeto da
qual haverá a verificação da conduta delituosa do
repartição;
III - recusar fé a documentos públicos; agente, bem como a aplicação da pena mais adequa-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de da. Imprescindível reforçar que a aplicação de qual-
documento e processo ou execução de serviço; quer pena ao servidor público pressupõe um processo
V - promover manifestação de apreço ou desapreço administrativo, sendo assegurado ao acusado direito
no recinto da repartição; ao contraditório e à ampla defesa, sendo obrigatória,
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, inclusive, a presença do advogado em todas as fases
304 fora dos casos previstos em lei, o desempenho de do referido processo (Súmula n° 343 do STJ). Todavia,
tal entendimento vem sofrendo alterações, pois o STF Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito,
já reconheceu em Súmula Vinculante n° 5 entendi- Princípios, Fases e Modalidades
mento de que a falta de defesa técnica no processo
administrativo disciplinar não é inconstitucional. O processo administrativo é o instrumento desti-
Em relação às penalidades administrativas apli- nado a apurar as responsabilidades do servidor por
cáveis aos servidores públicos, a Lei n° 8.112, de 1990 infração praticada no exercício de suas atribuições ou
(art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções: relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável A sindicância é definida como uma averiguação
por escrito para o servidor que cometer atos como: sumária promovida no intuito de obter informações
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar ou esclarecimentos necessários à determinação do
fé a documento público; retirar qualquer docu- verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
mento da repartição sem a devida autorização; rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
parente até o segundo grau; entre outros; o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a Segundo o art. 145, da Lei nº 8.112, de 1990, da sin-
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser dicância poderá resultar: I - arquivamento do processo;
aplicada por prazo maior a noventa dias; II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
são de até 30 (trinta) dias;III - instauração de processo
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri-
disciplinar.
buída ao servidor público, uma vez que tem o con-
Como forma de impedir que o servidor venha
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será
interferir de forma negativa durante a investigação
aplicada nos casos em que o servidor: cometer
da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o
crime contra a administração pública; abandonar
afastamento preventivo do mesmo: Como medida
seu cargo; improbidade administrativa; praticar
cautelar e a fim de que o servidor público não venha
conduta escandalosa na repartição; ofender fisica-
a influir na apuração da irregularidade ao mesmo
mente, em serviço, outro servidor; revelar segre-
atribuída, a autoridade instauradora do processo
do o qual obteve devido a sua função; corrupção; administrativo-disciplinar, verificando a existência de
receber propina, comissão, ou outra vantagem de veementes indícios de responsabilidades, poderá orde-
qualquer espécie em razão de suas atribuições; nar o seu afastamento do exercício do cargo.
etc. Muitas dessas hipóteses impedem que o infra- Uma vez encerrada a sindicância e, constatado
tor retorne ao serviço público federal, por isso tra- uma conduta irregular, temos o início do processo
tar-se de uma das penalidades mais gravosas; administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun-
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- do o art. 148, o processo administrativo ordinário é
lidade: o servidor inativo que houver praticado o instrumento destinado a apurar responsabilidade do
falta punível com a demissão terá a sua aposenta- servidor público pela infração praticada no exercício de
doria, ou sua disponibilidade cassada; suas atribuições ou que tenha relação com as atribui-
z Destituição de Cargo em Comissão ou Função ções do cargo em que se encontre investido.
Comissionada: caso o servidor ocupante de car- Segundo o art. 149, o processo será conduzido por
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da Comissão composta de três servidores estáveis desig-
pena de suspensão e demissão, poderá perder o nados pela autoridade competente, observado o dis-
seu cargo de confiança ou função comissionada. posto no § 3°, do art. 143, que indicará, dentre eles,
o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
Por fim, é importante ressaltar que ao servidor é efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
conferido direito de petição, na forma dos arts. 104 e escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
seguintes, da Lei 8.112, de 1990, para requerer direitos Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces-
O Decreto faz uma breve menção ao adicional por I – aos funcionários em exercício nos Gabinetes dos
tempo de serviço, dispondo que ele será objeto de Secretários de Estado, nos Gabinetes da Governa-
disciplina de legislação própria. doria e nos da Procuradoria Geral do Estado e Pro-
As gratificações estão previstas no art. 151, poden- curadoria Geral da Justiça;
do ser: II – Aos funcionários que, a critério dos titula-
res dos órgãos referidos no inciso anterior, assim
devam ser remunerados.
I – de função;
II – pelo exercício de cargo em comissão;
III – pela prestação de serviço extraordinário; Art. 169 A gratificação pela participação em órgão
IV – de representação de Gabinete; de deliberação coletiva destina-se a remunerar a
V – de representação de Gabinete; presença dos componentes dos órgãos colegiados
VI – pela participação em órgão de deliberação regularmente instituídos.
coletiva; § 1º A referida gratificação será fixada por decre-
VII – pelo exercício: to em base percentual calculada sobre o valor de
a) de encargos de auxiliar ou membro de banca ou símbolo de cargo em comissão ou função gratifica-
comissão examinadora de concurso; da, e paga por dia de presença às sessões do órgão
b) de atividade temporária de auxiliar ou professor colegiado.
de curso oficialmente instituído.
Pelo exercício de encargo de auxiliar ou membro
Gratificação de função é a que corresponde ao de banca ou comissão examinadora de concurso ou de
exercício de função gratificada. O exercício de função atividade temporária de auxiliar ou professor de curso
gratificada impede o recebimento da gratificação pela oficialmente instituído, ao funcionário será atribuída
prestação de serviço extraordinário (arts. 152 e 154). gratificação (art. 172).
A gratificação pelo exercício de cargo em comis-
são equivale a 70% do valor fixado para o símbolo a Art. 173 Entende-se como encargo de membro de
banca ou comissão examinadora de concurso a
ele correspondente e a ela faz jus o funcionário que, no
tarefa desempenhada, por designação especial de
exercício desse cargo, tenha optado pelo vencimento do
autoridade competente, no planejamento, organi-
seu cargo efetivo, conforme o estabelecido no art. 23, zação e aplicação de provas, correção e apuração
segunda parte (art. 156). dos resultados, revisão e decisão dos recursos inter-
A gratificação pela prestação de serviço extraordi- postos, até a classificação definitiva, nos concursos,
nário se destina a remunerar as atividades executadas provas de seleção ou de habilitação, quando even-
fora do período normal de trabalho a que estiver sujeito tualmente realizados pelos órgãos da Administra-
o funcionário, no desempenho de seu cargo efetivo (art. ção Direta do Estado para provimento de cargos,
158). preenchimento de empregos ou admissão a cursos
A prestação de serviço extraordinário poderá dar- oficialmente instituídos.
-se em outro órgão que não o de lotação do funcio-
nário, desde que se manifestem, favoravelmente, os Outras vantagens pecuniárias que, também, inte-
respectivos dirigentes (§ único, do art. 158). gram a remuneração do servidor estadual e aparecem
A jornada de trabalho dos servidores estaduais pode mais detalhadamente no Decreto são as indenizações,
sofrer acréscimos de horas extras, mas deve respeitar tais como a ajuda de custo e transporte.
o limite de duas horas diárias, não se admitindo recusa A ajuda de custo é concedida, nos termos do art.
por parte do funcionário em prestá-las (art. 159). 179, a título de compensação das despesas de viagem,
É o art. 161 que trata do cálculo da gratificação mudança e instalação, ao funcionário que, em razão de
pela prestação de serviços extraordinários: exercício em nova sede com caráter de permanência,
efetivamente deslocar sua residência. A ajuda de custo
Art. 161 A gratificação pela prestação de serviço corresponde a um mês do tempo de serviço do servi-
extraordinário será paga por hora de trabalho dor em seu cargo público.
prorrogado ou antecipado, ressalvados os casos O art. 182 trata das hipóteses em que não é cabí-
previstos neste regulamento. vel o servidor estadual perceber ajuda de custo. Não
§ 1º O valor da hora extraordinária será obtido
será concedido: I – ao funcionário que, em virtude de
dividindo-se o valor da referência correspondente
ao vencimento mensal, que regulou a duração nor-
mandato legislativo ou executivo, deixar ou reassumir
mal do trabalho, por 30 (trinta) vezes o número de o exercício do cargo; II – ao funcionário posto a servi-
horas da jornada normal, aumentado de 25% (vin- ço de qualquer outra entidade de direito público; III –
te e cinco por cento) o resultado, salvo em se tra- quando a designação para a nova sede se der a pedido.
tando de serviço extraordinário noturno, como tal Já o art. 183 trata das hipóteses em que o servi-
considerado o que for prestado entre as 22 (vinte e dor tem que restituir – ou seja, ele recebeu, mas deve
318 duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia devolver a quantia – a ajuda de custo: I – quando se
transportar para a nova sede ou local da missão, nos Do Direito de Petição
prazos determinados; II – quando, antes de decorridos
3 (três) meses do deslocamento ou do término da incum- O Decreto também acrescenta alguns detalhes a
bência, regressar, pedir exoneração ou abandonar o mais quanto ao direito de petição. O art. 199 é bas-
serviço. tante claro ao dispor que é assegurado ao funcionário
o direito de petição em toda a sua amplitude, assim
Art. 184 Independentemente da ajuda de custo como o de representar.
concedida ao funcionário, a este será assegurado O direito de petição abrange as seguintes peças:
transporte para a nova sede, inclusive para seus requerimento; pedido de reconsideração; e o recurso
dependentes. propriamente dito.
§ 1º O funcionário que utilizar condução própria no Dispõe, o art. 200, que o requerimento será diri-
deslocamento para nova sede fará jus, para indeniza- gido à autoridade competente para decidi-lo e enca-
ção da despesa de transporte, à percepção da impor- minhá-lo por intermédio daquela a quem estiver
tância integral correspondente ao valor da tarifa imediatamente subordinado o requerente.
rodoviária no mesmo percurso, acrescida de 50% Deve constar, dentro do requerimento, na forma
(cinquenta por cento) do referido valor por dependen- do § 2º do art. 200: 1 - o nome, cargo, matrícula, unida-
te que o acompanhe, até o máximo de 3 (três). de administrativa em que é lotado o funcionário, e sua
residência; 2 - os fundamentos, de fato e de direito, da
Por fim, temos, também, as diárias, com previsão pretensão; e 3 - o pedido, formulado com clareza.
no art. 193. Ao funcionário que se deslocar, tempora- O pedido de reconsideração é disciplinado pelo
riamente, em objeto de serviço, da localidade onde art. 201, sendo utilizado para atacar qualquer tipo de
estiver sediada sua unidade administrativa, conce- decisão prolatada.
der-se-á, além de transporte, diária, a título de com- O requerimento e o pedido de reconsideração terão
pensação das despesas de alimentação e pousada, ou prazo de 8 (oito) dias para sua instrução e encaminha-
somente de alimentação. mento. Ambos devem ser decididos no prazo máximo de
As diárias podem ser para alimentação e pousada, 30 (trinta) dias, salvo em caso que obrigue a realização
a depender de cada caso. Essas hipóteses estão previs- de diligência ou de estudo especial (§ 2º, do art. 201).
tas no artigo 194: E o recurso hierárquico é cabível quando:
gabinete patrimoniais;
Ajuda de custo z II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos,
e transporte
Participação órgão
ressalvados os previstos em leis especiais.
de deliberação
coletiva Da Previdência e Assistência Social
Diárias
Art. 25 A autoridade que tiver ciência de irregula- O procedimento ordinário (ou processo admi-
ridade no serviço público é obrigada a promover a nistrativo disciplinar ordinário) é tratado no artigo
sua apuração imediata, mediante sindicância ou 25-B. Será instaurado quando à transgressão discipli-
processo administrativo disciplinar, assegurada ao nar gerar a sanção de suspensão superior a 60 (ses-
acusado ampla defesa. senta) dias, ou demissão, ou, ainda, para a cassação 327
de aposentadoria ou de disponibilidade. Nestes casos, VIII – habilitação prévia, em concurso público de
os autos serão encaminhados ao Chefe da Polícia Civil, provas ou de prova e títulos, realizada na Acade-
que os remeterá ao Secretário de Estado de Segurança mia de Polícia;
Pública para instauração de processo administrativo IX – classificação do habilitado dentre o número de
disciplinar, por distribuição a uma das Comissões Per- vagas existentes na classe inicial da série de classes.
manentes de Inquérito Administrativo — CPIAs.
O processo administrativo disciplinar deverá ser De conteúdo novo, o § 3º, do art. 3º, apresenta ape-
ultimado pela Comissão respectiva, que será presidi- nas alguns requisitos a mais para o candidato poder
da por delegado de polícia, o qual atuará pelo prazo ingressar nos diversos cargos de Polícia Civil. Além dos
de 90 (noventa) dias, contados a partir da sua instau- requisitos enunciados nos incisos I e IX, será exigido dos
ração. Esse é o prazo que o processo disciplinar ordi- candidatos a cargos policiais por ocasião da inscrição no
nário tem para realizar todos os seus trabalhos (§ 1º). concurso público, o seguinte grau de escolaridade:
São causas de justificação, de acordo com o §1º: Dos Direitos, Vantagens e Autorizações
1 – motivo de força maior, plenamente comprovado;
A matéria referente aos direitos, benefícios, auto-
2 – Ter sido cometida a transgressão na prática de
rizações e demais vantagens está bem mais detalhada
ação meritória, no interesse do serviço, da ordem
ou da segurança pública. no Decreto Estadual. Por isso, daremos um enfoque
maior a esse assunto.
São circunstâncias atenuantes, ou que diminuem A princípio, o art. 36 enumera uma lista de direi-
a gravidade da transgressão, de acordo com o §2º: tos pessoais decorrentes do exercício da função
social. São os seguintes:
1 – boa conduta funcional;
2 – relevância de serviços prestados; Art. 36 [...]
3 – Ter sido cometida a transgressão em defesa de I – Garantia de uso do título em toda a sua plenitude,
direitos próprios ou de terceiros ou para evitar mal com as vantagens e prerrogativas a ele inerentes;
maior. II – Estabilidade, nos termos da legislação em vigor;
III – Uso das designações hierárquicas;
IV – Desempenho dos cargos e funções correspon-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Por outro lado, são circunstâncias agravantes,
dentes à condição hierárquica;
de acordo com o §3°, que aumentam a gravidade da
V – Percepção de vencimento correspondente ao
transgressão: padrão fixado em lei e das vantagens pecuniárias;
VI – Percepção de salário-família, diárias e ajuda de
1 – má conduta funcional; custo, na forma da legislação em vigor;
2 – prática simultânea de duas ou mais VII – Carteira funcional e insígnia na forma estabe-
transgressões; lecida em legislação própria;
3 – reincidência; VIII – Promoções regulares e por bravura, inclu-
4 – ser praticada a transgressão, em conluio, por sive post-mortem, ascensões regulares, inclusive
duas ou mais pessoas, durante a execução de ser- post-mortem.
viço, em presença de subordinados ou em público; IX – Medalhas “Mérito Policial” e “Mérito Espe-
5 – ter sido praticada a transgressão com preme- cial” e outras condecorações, na forma prevista
ditação ou abuso de autoridade hierárquica ou em lei, com anotações na folha de assentamentos
funcional. funcionais;
X – Assistência médico-hospitalar, social e judiciá-
Como já vimos, a apuração das condutas tidas ria, quando ferido ou acidentado em serviço ou em
como transgressões será feita mediante processo razão da função, submetido a processo em decor-
administrativo disciplinar (PAD) ou mediante sindi- rência do estrito cumprimento do dever legal;
cância. O Decreto apresenta alguns dispositivos sobre XI – Aposentadoria nos termos da lei, com pro-
o tema. Vejamos: ventos integrais, independentemente de tempo de 329
serviço, quando for reconhecida a invalidez per- O art. 41, por sua vez, trata da hipótese de inter-
manente, por motivo de acidente em serviço, ou em rupção de férias. Se for convocado por Secretário de
razão da função, ou ainda, em caso de moléstia gra- Estado da Polícia Civil, por motivos de situação de
ve adquirida em serviço ou em conseqüência dele; emergente necessidade de segurança nacional ou
XII – Trânsito: o período correspondente a cinco para manutenção de ordem pública, o policial deve
dias de afastamento total do serviço, concedido ao atender ao chamado, sendo obrigado a interromper
policial civil, quando desligado de uma sede para suas férias.
assumir exercício em outra situada em município
diferente e se destina a preparativos e à realização z Licenças
de viagem;
XIII – Concessão de auxílio-funeral; As licenças estão dispostas no art. 47. Conceder-
XIV – Prisão domiciliar cumprida na residência do -se-á licença:
infrator;
XV – Prisão domiciliar cumprida na residência do I – Para tratamento de saúde;
infrator; II – Por motivo de doença em pessoa da família;
XVI – Férias e licenças previstas em lei; III – Para repouso à gestante;
XVII – Gratificação adicional por tempo de serviço, IV – Para serviço militar;
na forma prevista no art. 90 e seus parágrafos; V – Para acompanhar o cônjuge;
XVIII – Ascensão e transferência, na forma da VI – A título de prêmio;
legislação; VII – Para desempenho de mandato legislativo ou
XIX – Garantias devidas ao resguardo da integri- executivo.
dade física do policial em caso de cumprimento de
pena em estabelecimento penal; conquanto sujeito
Salvo os casos previstos nos incisos IV, V e VII, a
ao sistema disciplinar penitenciário;
licença não pode ser concedida por período superior
XX – Portar arma, com discrição, mesmo quando
a 24 (vinte e quatro) meses (art. 48).
aposentado.
Ao policial provido em comissão, ou designado
para função gratificada, não serão concedidas as licen-
A principal e mais famosa prerrogativa, dentro do
ças para serviço militar; licença para acompanhar o
serviço público, diz respeito ao direito à estabilidade.
cônjuge; licença-prêmio e licença para desempenho
Essa é, também, uma prerrogativa do agente policial,
que, para adquiri-la, deve contar com um prazo de de mandato legislativo ou executivo (art. 52).
A licença para tratamento de saúde será con-
tempo em efetivo exercício. A Constituição Federal
cedida a pedido do policial ou de seu representante,
trata da estabilidade também, condicionando-a ao
quando ele não puder fazê-lo. Pode, também, ser con-
funcionário que, nomeado por concurso, contar mais
cedida ex officio, quando o policial contrair doença
de 3 (três) anos de efetivo exercício.
grave ou altamente contagiosa (art. 56).
Isso não significa que, uma vez que o agente poli- Em qualquer dos casos, para a concessão dessa
cial torna-se estável no seu cargo, poderá fazer o que licença é indispensável uma prévia inspeção médica,
quiser e não sofrerá nenhuma punição. A estabilidade que será realizada no local onde se encontrar o poli-
não lhe dá “carta branca” para agir como bem enten- cial. Tal inspeção é importante, pois deve-se verificar
der. O agente policial ainda pode ser exonerado ou se a doença do policial é temporária ou permanente.
demitido, mas apenas em virtude de sentença judicial Se a doença for permanente e o laudo constar que ele
ou mediante processo administrativo, assegurado o está incapaz de continuar a prestar serviços à Polícia
direito à ampla defesa. Civil, ele deverá ser aposentado.
Em relação aos direitos conferidos ao agente poli- Quando a licença para tratamento de saúde for
cial, podemos dividi-los, baseando-nos em aspectos concedida em decorrência de acidente em serviço
financeiros. Existem direitos de natureza pecuniá- ou de doença profissional, esta circunstância se fará
ria (que inferem sobre quanto ele recebe a título de expressamente consignada (art. 61). Nesse caso, a
remuneração) e direitos de natureza não-pecuniária. licença é concedida mediante acidente em serviço.
Primeiramente, veremos sobre esses benefícios não Para tanto, o Decreto determina quais circunstân-
pecuniários. cias caracterizam o acidente em serviço com policial
na ativa. Estão previstas no art. 62:
z Férias
I – No exercício de suas atribuições policiais, duran-
As férias estão dispostas no art. 38 e seguintes. te o expediente normal, ou quando determinado
O policial tem direito a gozar, obrigatoriamente, 30 por autoridade competente, em sua prorrogação
(trinta) dias de férias por ano, concedida de acordo ou antecipação;
com escala organizada pelo dirigente da unidade admi- II – No decurso de viagens em objetivo de serviço,
nistrativa a que estiver subordinada e comunicada ao previsto em regulamentos, programas de cursos ou
órgão central de pessoal da Secretaria de Estado da autorizadas por autoridade competente;
Polícia Civil, para fins de publicação e controle. III – No cumprimento de ordem emanada de autori-
dade competente;
IV – No decurso de viagens impostas por remoções;
As férias serão adquiridas após o policial ter
V – No deslocamento entre a sua residência e o
completado um ano de exercício (art. 43). órgão em que estiver lotado ou local de trabalho,
A acumulação de férias é vedada, exceto por ou naquele em que sua missão deva ter início ou
imperiosa necessidade de serviço. A acumula- prosseguimento e vice-versa; bem como o dano
ção não pode exceder a mais de dois períodos resultante da agressão não provocada, sofrida pelo
(ou 60 dias). É, também, vedado levar à conta policial no desempenho do cargo ou em razão dele;
de férias qualquer falta ao trabalho. (art. 39 e VI – Em ocorrência policial, na defesa e manutenção
330 44). da ordem pública mesmo sem determinação explícita;
VII – No exercício dos deveres previstos em leis, concedida, em caso de interesse de administração,
regulamentos ou instruções baixadas por autorida- permissão de exercício, enquanto ali durar sua
de competente. permanência.
Art. 63 A licença para tratamento de saúde será
concedida sempre com vencimentos e vantagens A ideia dessa licença é que o policial não pode se
integrais. prejudicar, no exercício de suas atividades, se o seu
cônjuge ou parceiro/a tiver de se mudar para outra
A licença por motivo de doença em pessoa da localidade. Para tanto, a licença deve ser requerida
família está prevista no art. 64. Ele determina quem pelo próprio policial, devendo ser renovada uma vez
é considerado “pessoa da família”. Segundo o disposi- a cada dois anos.
tivo, o policial poderá requerer licença por motivo de
doença na pessoa de ascendente, descendente, colate- Art. 73 [...] finda a sua causa, o policial deverá reas-
ral, consanguíneo ou afins, até o 2º grau civil, cônjuge sumir o exercício, dentro de trinta dias, a partir dos
do qual não esteja legalmente separado, ou pessoa que quais a sua ausência será computada como falta ao
viva às suas expensas e conste do respectivo assenta- trabalho.
mento individual, desde que prove ser indispensável Art. 74 Independentemente do regresso do cônjuge,
sua assistência pessoal e não possa ser prestada com o o policial poderá reassumir o exercício a qualquer
exercício do cargo, de forma simultânea. tempo, mas não poderá renovar o pedido de licença
A licença não poderá exceder prazo de vinte e qua- senão depois de dois anos da data da reassunção.
tro meses e será concedida com vencimentos e vanta-
gens integrais nos primeiros doze meses e com dois z Licença a título de prêmio
terços nos outros doze meses subsequentes (art. 66).
À policial gestante será concedida licença para A licença prêmio, por sua vez, é tratada no art. 76. Ela
repouso pelo prazo de quatro meses (art. 67). Essa tem um aspecto especial, pois ela considera o tempo de
licença deve ser concedida a partir do oitavo mês de serviço do agente policial.
gestação, salvo prescrição médica em contrário. A licença prêmio será concedida ao policial após
Quando a policial gestante tiver de prestar serviço cada quinquênio de efetivo exercício prestado ao
incompatível com seu estado, serão cometidos encar- Estado, pelo período de três meses, com todos os direi-
gos diversos daqueles que estiver exercendo, respeita- tos e vantagens de seu cargo efetivo.
das as atribuições da série de classes e que pertencer.
Essa licença é também concedida com vencimentos e Art. 76 [...]
vantagens integrais (arts. 68 e 69). § 4º Para apuração do quinquênio, computar-se-á,
também, o tempo de serviço prestado anteriormen-
z Licença para serviço militar te em outro cargo estadual, desde que entre um e
outro não haja interrupção do exercício.
Ao policial que for convocado para serviço mili-
tar ou outro encargo de segurança nacional, será Quem deve analisar os pedidos de concessão de
concedida licença pelo prazo que durar a sua incor- licença-prêmio (para depois concedê-la) é o Diretor
poração ou convocação (art. 70). Só será concedida a do Departamento de Administração da Secretaria de
licença à vista de documento oficial que comprove a Estado da Polícia Civil (art. 78).
incorporação ou convocação. (§ 1º).
Art. 82 A licença-prêmio poderá ser gozada inte-
Art. 70 [...]
gralmente, ou em períodos de um a dois meses.
§2° Do vencimento será descontada a importância
Parágrafo único: Se a licença for gozada em perío-
que o policial percebe na qualidade de incorporado,
dos parcelados, deve ser observado intervalo obri-
salvo se optar pelas vantagens do serviço militar.
gatório de um ano entre o término de um período e
o início de outro.
Essa licença é também concedida ao policial ofi-
cial da reserva das Forças Armadas, durante os está-
gios previstos pelos regulamentos militares. Quando É absolutamente vedado descontar da licença-prê-
Dica
Mandato de prefeito = servidor afastado pode optar entre as remunerações.
Mandato de Vereador = o servidor pode exercer os dois cargos e receber ambas remunerações, desde que a
carga de horários seja compatível (se incompatível, pode optar entre uma das remunerações).
É importante memorizar que as licenças são concedidas a interesse exclusivo do próprio servidor, ao con-
trário dos afastamentos em geral, em que é concedido em interesse comum, tanto do servidor, como da própria
Administração Pública. Além disso, os prazos das licenças são, geralmente, mais curtos (dias, semanas ou meses).
Já as autorizações costumam ter prazos mais longos (anos).
O Decreto Estadual prevê algumas hipóteses de afastamento, como o afastamento para missão oficial e o afas-
tamento para estudo no exterior ou em qualquer parte do território nacional (incisos XII e XIII, art. 259). Mas, de
modo geral, os afastamentos previstos em legislação federal também podem ser concedidos aos servidores esta-
duais, salvo se forem incompatíveis com as atribuições policiais.
O Decreto Estadual não faz essa diferenciação, mas algumas bancas de concurso público costumam cobrar em
questões de prova. Assim, para facilitar seus estudos, veremos, a seguir, tópicos, contendo as principais diferenças
entre licença e afastamento.
z Licença:
Sua finalidade é de interesse exclusivo do agente público. Ex.: doença do cônjuge/membro da família; para
exercer atividade política; para tratar de interesses particulares;
Possui prazos mais curtos (dias, semanas).
z Afastamento:
Também como forma de facilitar os seus estudos, trouxemos uma tabela destacando as principais diferenças
entre os diferentes tipos de licenças:
Temos, também, os direitos e vantagens de natureza pecuniária. São benefícios incorporados aos vencimentos
dos policiais civis.
Para facilitar seus estudos, veja esse esquema, indicando a remuneração do agente policial do Rio de Janeiro.
Trataremos, principalmente, das seguintes vantagens:
Vencimentos
De função
Adicional por
REMUNERAÇÃO DO AGENTE
tempo de serviço
Por exercício cargo em
comissão
Gratificações
POLICIAL
De representação de
gabinete
Ajuda de custo e
transporte
Participação órgão
deliberação coletiva
Diárias
Outras vantagens na
legislação estadual
Como vimos, a remuneração do policial civil é dividida em vencimentos, que é o que ele ganha por serviço
prestado, e as vantagens pecuniárias. Estas estão previstas no art. 89:
Nos termos do art. 90, adicional por tempo de serviço é o percentual calculado sobre o vencimento-base de NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cargo efetivo, a que faz jus o policial, por quinquênio de efetivo exercício, decorrente de antiguidade no serviço
público. A apuração do adicional é feita por regime quinquenal, sendo que a progressão será horizontal, até o limite
de sete graus.
Ocorre que, para os policiais mais antigos, a sua apuração era (e continua sendo feita) mediante regime trienal
(de 3 anos). O regime de quinquênio prevalecerá somente para o ingresso de novos servidores na carreira policial
(§ 2º, art. 90).
A progressão horizontal mediante regime trienal é feita até o limite de nove graus (art. 90, §6º).
O percentual correspondente a cada quinquênio ou triênio será de 5% do vencimento-base do policial até o
limite máximo de 35% ou 50% (§ 5º, art. 90).
z Gratificações
O art. 91 apresenta todas as gratificações as quais o policial tem direito. São as seguintes:
I – de função;
II – pelo exercício de cargo em comissão;
III – de representação de Gabinete; 333
IV – pelo participação em órgão de deliberação preenchimentos de empregos ou admissão a cursos
coletiva por: oficialmente instituídos.
a) encargo auxiliar ou membro de banca ou comis- Art. 104 A gratificação pelo exercício de ativida-
são examinadora de concurso, ou de temporária de auxiliar ou professor de curso
b) encargo de auxiliar ou professor em curso ofi- oficialmente instituído somente será atribuída ao
cialmente instituído. policial, se o trabalho for realizado além das horas
Art. 92 A gratificação de função de chefia, de expediente a que está sujeito.
assistência intermediária e secretariado é aque-
la definida no parágrafo único do artigo 9º deste
Por exemplo, se o agente policial possui uma jor-
Regulamento e correspondente ao exercício de fun-
ção gratificada, instituída e remunerada na forma nada, dentro da Polícia Civil, das 8 horas às 18 horas,
que se dispuser em lei. ele só terá direito à referida gratificação se ele exer-
cer essa atividade de auxiliar de professor em período
O referido art. 9º do Decreto Estadual estabelece noturno, após às 18 horas. A compatibilidade de horá-
as características e peculiaridades do exercício da rios é muito importante, pois caso contrário, ele não
função policial: caracteriza a função policial o exer- pode exercer essas duas funções — uma não pode
cício de atividades específicas desempenhadas pelas atrapalhar a outra.
autoridades, seus agentes e auxiliares, para assegurar Das vantagens pecuniárias, temos também aque-
o cumprimento da lei, manutenção da ordem pública, las de caráter indenizatório. São a ajuda de custo, o
proteção de bens e pessoas, prevenção da prática dos transporte e as diárias.
ilícitos penais e atribuições de polícia judiciária. Segundo o art. 109, a ajuda de custo será conce-
dida a título de compensação das despesas de via-
Art. 95 A gratificação pelo exercício de cargo gens, mudanças e instalação, ao policial que, em razão
em comissão é aquela definida no art. 7º deste de remoção, tenha que deslocar efetivamente sua
Regulamento e correspondente a 70% do valor fixa-
residência.
do para o cargo em comissão, que será paga jun-
tamente com o vencimento e vantagens do cargo A ajuda de custo não poderá ser inferior e nem
efetivo, quando o policial não optar pelo vencimen- superior a três vezes a importância do vencimento
to deste. policial, excetuando-se os casos de missão no exterior.
§ 1º Quando a opção não recair sobre o vencimento Esta é arbitrada pelo Secretário de Estado da Polícia
do cargo efetivo, perceberá o policial integralmen- Civil de acordo com o art. 110.
te o valor correspondente ao símbolo do cargo em O art. 113 apresenta casos em que o policial deve
comissão. restituir a ajuda de custo. São eles:
Art. 96 A gratificação de representação de gabi-
nete é a que tem por fundamento a compensação I – quando não se transportar para a nova sede ou
de despesas de apresentação inerentes ao local do
local da missão, nos prazos determinados;
exercício ou à remuneração de encargos especiais.
II – quando antes de decorridos três meses do deslo-
camento ou do término da incumbência, regressar,
A gratificação pela participação em órgão de
pedir exoneração ou abandonar o serviço.
deliberação coletiva destina-se a remunerar a pre-
sença dos componentes dos órgãos colegiados regular-
As diárias estão previstas no art. 122 e serão con-
mente instituídos (art. 99). A gratificação será fixada
cedidas ao policial que se deslocar, temporariamente,
por Resolução, em base percentual, calculada sobre o
valor do símbolo de cargo efetivo ou em comissão ou em objeto de serviço, da localidade onde estiver sedia-
função gratificada e paga por dia de presença às ses- da sua unidade administrativa. Em razão do desloca-
sões do órgão colegiado (parágrafo único). mento, será concedida além do transporte, a diária a
título de compensação das despesas de alimentação e
Art. 101 A gratificação pela participação em órgão pousada.
de deliberação coletiva é acumulável com quais- A diária será concedida nos casos previstos no art.
quer outras vantagens pecuniárias atribuídas ao 123, sendo:
policial.
Parágrafo único. Durante os afastamentos legais do I – de alimentação e pousada, nos deslocamentos
titular, apenas o suplente perceberá a gratificação superiores a 100km de distância da sede, desde que
pela participação em órgão de deliberação coletiva. o pernoite se realize por exigência do serviço;
II – de alimentação nos deslocamentos inferiores a
Pelo exercício de encargo de auxiliar ou membro 100km e superiores a 50km de distância da sede;
de banca ou comissão examinadora de concurso III – em qualquer outro caso:
ou de atividade temporária de auxiliar ou professor a) e alimentação e pousada quando o afastamento
de curso oficialmente instituído, ao policial será atri- da sede for inferior a oito horas;
buída gratificação, nos termos do art. 102. b) De alimentação, quando o afastamento da sede
for inferior a 18 (dezoito) e superior a 8 (oito) horas.
Art. 103 Entende-se como encargo de membro de
banca ou comissão examinadora de concurso a Por fim, o Decreto também elenca alguns bene-
tarefa desempenhada, por designação de autori-
fícios de natureza assistencial. O primeiro é o salá-
dade competente, no planejamento, organização
rio-família, previsto no art. 136. Salário-família é o
e aplicação da provas, correção e apuração dos
resultados, revisão e decisão dos recursos interpos- auxílio pecuniário concedido pelo Estado ao policial
tos, até a classificação definitiva, nos concursos, na ativa ou inativo, como contribuição ao custeio das
provas de seleção ou de habilitação e ascensão pela despesas de manutenção de sua família.
334 Academia de Polícia, para provimento de cargos,
Deve ser concedido o salário-família, nos termos z Auxílio Moradia
do artigo 137:
Será concedido auxílio-moradia, segundo o art.
I – por filho menor de vinte e um anos, que não exer- 154, ao policial que for designado “ex ofício” para ter
ça atividade remunerada; exercício definitivo em nova sede e nesta não vier a resi-
II – por filho inválido;
dir em imóvel pertencente ao Poder Público.
III – por filha solteira sem economia própria;
O auxílio-moradia corresponderá a 20% do venci-
IV – por filha estudante que frequente curso médio
ou superior e que não exerça atividade lucrativa, mento base do policial, sendo devido a partir da data
até a idade de 24 anos; em que o policial passar a ter exercício na nova sede
V – pelo ascendente, sem rendimento próprio, que e cessará:
viva às expensas do policial;
VI – pela esposa que não exerça atividade I – quando completar um ano na nova sede;
remunerada; II – quando passar a residir em imóvel pertencente
VII – pelo esposo que não exerça atividade remune- ao Poder Público (arts. 155 e 156).
rada por motivo de invalidez permanente;
VIII – pela companheira, mulher solteira, viúva,
z Pensão Especial
desquitada ou divorciada que não exerça atividade
remunerada, que com ele coabite há mais de cinco
anos, ou que com ele tenha filho que comprovada- Art. 159 Aos beneficiários do policial falecido em
mente tenha direito a alimentação. consequência de acidente ocorrido em serviço ou
§ 1º Compreende-se como filho de qualquer condi- doença nele adquirida, é assegurada uma pensão
ção, enteado, o adotivo e o menor que comprova- mensal equivalente ao vencimento mais as vanta-
damente viva sob a guarda e o sustento do policial. gens percebidas em caráter permanente, por oca-
§ 3º A cada dependente relacionado neste artigo sião do óbito.
corresponderá a cota de salário-família. Art. 160 A prova das circunstâncias do falecimento
Art. 138 Quando o pai e mãe forem policiais na ati- será feita por junta médica oficial, que se valerá, se
va ou inativos, ou um for policial e outro funcioná- necessário, de laudo médico-legal, além da compro-
rio estadual e viverem em comum, o salário-família vação a que se refere o § 5º do art. 62, quando for
será concedido exclusivamente ao pai. o caso.
§ 1º Se não viverem em comum, será concedido
ao que tiver os dependentes sob sua guarda; se
O art. 163 trata dos prêmios por sugestões de
ambos os tiverem, de acordo com a distribuição dos
dependentes.
interesse da administração.
§ 2º Quando pai e mãe forem ambos funcionários
ou servidores, um do Estado do Rio de Janeiro e Art. 163 A administração estimulará a apresenta-
outro de entidade diversa, o Estado pagará o salá- ção, por parte de policiais, de sugestões e trabalhos
rio-família ao seu funcionário ainda que o outro o que visem ao aumento da produtividade e à redu-
perceba da entidade a que estiver vinculado ção de custos operacionais do serviço público, de
trabalhos técnico-científicos de natureza policial ou
z Auxílio-doença jurídico-penais, julgados do interesse da Secretaria
de Estado da Polícia Civil.
Após cada período de doze meses consecutivos
de licença para tratamento de saúde, o policial terá As sugestões são julgadas por uma Comissão cria-
direito a um mês de vencimento, a título de auxílio- da especialmente para esse fim, sendo composta de
-doença. O auxílio-doença não pode sofrer descontos cinco membros de reconhecida competência em téc-
de qualquer espécie, ainda que para fins de assistência nica de administração policial (art. 165). O julgamento
e previdência (§ 2º, art. 148). da comissão será irrecorrível (§ 2º, art. 165).
Além dos princípios aplicáveis à Administração Tal princípio tem ligação íntima com o princípio da
Pública como um todo (estudados em outra oportu- isonomia. Segundo o princípio da impessoalidade, não
nidade), temos princípios específicos para o proce- deverá ocorrer diferença de tratamento entre os licitan-
dimento licitatório. Eles constam do art. 3º, da Lei nº tes, devendo o processo ser pautado no interesse público.
8.666, de 1993 – Lei de Licitações: Já o princípio do julgamento objetivo impõe o jul-
gamento segundo critérios claros e objetivos definidos
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a obser- no edital ou convite, sendo vedada a presença de cri-
vância do princípio constitucional da isonomia, a tério ou fator sigiloso.
seleção da proposta mais vantajosa para a adminis-
tração e a promoção do desenvolvimento nacional Publicidade
sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da lega-
lidade, da impessoalidade, da moralidade, A melhor definição para o presente princípio
da igualdade, da publicidade, da probidade tem por base o seguinte comando da própria Lei de
administrativa, da vinculação ao instrumento Licitações.
convocatório, do julgamento objetivo e dos que
lhes são correlatos. Art. 3º (...)
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
Vejamos a seguir cada um dos princípios: acessíveis ao público os atos de seu procedimento,
salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a res-
Isonomia pectiva abertura.
Dependerá de autorização legislativa para A licitação dispensável é aquela em que a lei deixa
órgãos da administração direta e entidades autárqui- ao agente público a possibilidade de decidir se faz ou
cas e fundacionais, e, para todos, inclusive as enti- dispensa o procedimento licitatório.
dades paraestatais, dependerá de avaliação prévia, Os casos aqui previstos também são exaustivos.
340 dispensada a licitação nos seguintes casos: Vejamos o art. 24. Leia com atenção agora, sem se
preocupar em decorar, ao final você terá uma dica de instituição dedicada à recuperação social do
para facilitar. preso, desde que a contratada detenha inquestio-
nável reputação ético-profissional e não tenha fins
Art. 24 É dispensável a licitação: lucrativos;
I - para obras e serviços de engenharia de valor XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos ter-
até R$ 33.000,00, desde que não se refiram a parcelas mos de acordo internacional específico aprovado
de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras pelo Congresso Nacional, quando as condições
e serviços da mesma natureza e no mesmo local que ofertadas forem manifestamente vantajosas para o
possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; Poder Público;
II - para outros serviços e compras de valor até XV - para a aquisição ou restauração de obras de
R$ 17.600,00 e para alienações, nos casos previstos arte e objetos históricos, de autenticidade certifica-
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de da, desde que compatíveis ou inerentes às finalida-
um mesmo serviço, compra ou alienação de maior des do órgão ou entidade.
vulto que possa ser realizada de uma só vez; XVI - para a impressão dos diários oficiais, de for-
III - nos casos de guerra ou grave perturbação mulários padronizados de uso da administração, e
da ordem; de edições técnicas oficiais, bem como para pres-
IV - nos casos de emergência ou de calamidade tação de serviços de informática a pessoa jurídica
pública, quando caracterizada urgência de aten- de direito público interno, por órgãos ou entidades
dimento de situação que possa ocasionar prejuízo que integrem a Administração Pública, criados
ou comprometer a segurança de pessoas, obras, para esse fim específico;
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou XVII - para a aquisição de componentes ou peças
particulares, e somente para os bens necessários ao de origem nacional ou estrangeira, necessários à
atendimento da situação emergencial ou calamito-
manutenção de equipamentos durante o período de
sa e para as parcelas de obras e serviços que pos-
garantia técnica, junto ao fornecedor original desses
sam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento
equipamentos, quando tal condição de exclusividade
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, conta-
for indispensável para a vigência da garantia;
dos da ocorrência da emergência ou calamidade,
XVIII - nas compras ou contratações de serviços
vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licita- para o abastecimento de navios, embarcações,
ção anterior e esta, justificadamente, não puder ser unidades aéreas ou tropas e seus meios de desloca-
repetida sem prejuízo para a Administração, manti- mento quando em estada eventual de curta duração
das, neste caso, todas as condições preestabelecidas; em portos, aeroportos ou localidades diferentes de
VI - quando a União tiver que intervir no domí- suas sedes, por motivo de movimentação operacio-
nio econômico para regular preços ou normalizar nal ou de adestramento, quando a exiguidade dos
o abastecimento; prazos legais puder comprometer a normalidade e
VII - quando as propostas apresentadas con- os propósitos das operações e desde que seu valor
signarem preços manifestamente superiores não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inci-
aos praticados no mercado nacional, ou forem so II do art. 23 desta Lei;
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais XIX - para as compras de material de uso pelas For-
competentes, casos em que, observado o parágrafo ças Armadas, com exceção de materiais de uso pes-
único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, soal e administrativo, quando houver necessidade de
será admitida a adjudicação direta dos bens ou ser- manter a padronização requerida pela estrutura de
viços, por valor não superior ao constante do regis- apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
tro de preços, ou dos serviços; mediante parecer de comissão instituída por decreto;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de XX - na contratação de associação de portadores
direito público interno, de bens produzidos ou ser- de deficiência física, sem fins lucrativos e de com-
viços prestados por órgão ou entidade que integre provada idoneidade, por órgãos ou entidades da
a Administração Pública e que tenha sido criado Administração Pública, para a prestação de servi-
para esse fim específico em data anterior à vigência ços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o
desta Lei, desde que o preço contratado seja compa- preço contratado seja compatível com o praticado
tível com o praticado no mercado; no mercado.
IX - quando houver possibilidade de comprometi- XXI - para a aquisição ou contratação de produto
mento da segurança nacional, nos casos estabeleci- para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso
dos em decreto do Presidente da República, ouvido
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por
o Conselho de Defesa Nacional; cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I
X - para a compra ou locação de imóvel destinado
do caput do art. 23;
ao atendimento das finalidades precípuas da admi-
XXII - na contratação de fornecimento ou supri-
nistração, cujas necessidades de instalação e locali-
mento de energia elétrica e gás natural com conces-
zação condicionem a sua escolha, desde que o preço
sionário, permissionário ou autorizado, segundo
seja compatível com o valor de mercado, segundo
as normas da legislação específica;
avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, ser- XXIII - na contratação realizada por empresa
viço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão pública ou sociedade de economia mista com suas
contratual, desde que atendida a ordem de classi- subsidiárias e controladas, para a aquisição ou
ficação da licitação anterior e aceitas as mesmas alienação de bens, prestação ou obtenção de servi-
condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclu- ços, desde que o preço contratado seja compatível
sive quanto ao preço, devidamente corrigido; com o praticado no mercado.
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e XXIV - para a celebração de contratos de prestação
outros gêneros perecíveis, no tempo necessário de serviços com as organizações sociais, qualifi-
para a realização dos processos licitatórios cor- cadas no âmbito das respectivas esferas de gover-
respondentes, realizadas diretamente com base no no, para atividades contempladas no contrato de
preço do dia; gestão.
XIII - na contratação de instituição brasileira incum- XXV - na contratação realizada por Instituição
bida regimental ou estatutariamente da pesquisa, Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de
do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou fomento para a transferência de tecnologia e para 341
o licenciamento de direito de uso ou de exploração licitação inexigível, trabalhando por exclusão para
de criação protegida. enquadrar uma questão que eventualmente aborde
XXVII - na contratação da coleta, processamento e hipótese de licitação dispensável.
comercialização de resíduos sólidos urbanos reci- Para diferenciar licitação dispensada de licitação
cláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de dispensável, se atenha ao significado das palavras
coleta seletiva de lixo, efetuados por associações para que não ocorra engano na hora da prova.
ou cooperativas formadas exclusivamente por pes- Quanto à discricionariedade das três hipóteses de
soas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder contratação direta, temos o seguinte.
público como catadores de materiais recicláveis,
com o uso de equipamentos compatíveis com as z Licitação inexigível: não é possível a concorrên-
normas técnicas, ambientais e de saúde pública. cia – ato vinculado;
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, z Licitação dispensada: é possível a concorrência –
produzidos ou prestados no País, que envolvam,
ato vinculado;
cumulativamente, alta complexidade tecnológica
z Licitação dispensável: é possível a concorrência
e defesa nacional, mediante parecer de comissão
especialmente designada pela autoridade máxima – discricionário.
do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de ser- MODALIDADES
viços para atender aos contingentes militares das
Forças Singulares brasileiras empregadas em ope- As modalidades de licitações são formas específi-
rações de paz no exterior, necessariamente justifi- cas por meio das quais será realizada a licitação. Cada
cadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou uma tem suas peculiaridades com base nos objetivos
executante e ratificadas pelo Comandante da Força. a serem atingidos.
XXX - na contratação de instituição ou organiza- A Lei de Licitações traz 5 modalidades diferentes,
ção, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, que são as seguintes: concorrência, tomada de preços,
para a prestação de serviços de assistência técnica convite, concurso e leilão. Há outras modalidades no
e extensão rural no âmbito do Programa Nacional ordenamento jurídico, mas que escapam ao escopo do
de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricul- nosso estudo.
tura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por A criação de modalidades está dentro da compe-
lei federal. tência para legislar sobre normas gerais de licitação e
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento contratações, por isso só poderá ser feita pela União.
do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, Vamos conhecer agora cada uma das modalidades
de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios de licitação.
gerais de contratação dela constantes.
XXXII - na contratação em que houver transferên-
Concorrência
cia de tecnologia de produtos estratégicos para o
Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no
8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elenca- Aqui temos a modalidade voltada para os contratos
dos em ato da direção nacional do SUS, inclusive de maior valor, portanto mais complexa. A lei impõe a
por ocasião da aquisição destes produtos durante concorrência para as seguintes hipóteses:
as etapas de absorção tecnológica.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem z Obras de engenharia com valor superior a R$
fins lucrativos, para a implementação de cisternas 3.300.000,00 e compras e outros serviços que não
ou outras tecnologias sociais de acesso à água para sejam de engenharia que tenham valor acima de
consumo humano e produção de alimentos, para R$ 1.400.000,00;
beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingi- z Compras e alienações de bens imóveis – exceto
das pela seca ou falta regular de água. adquiridos por meio de processo judicial ou dação
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de em pagamento, hipóteses em que poderá ser ado-
direito público interno de insumos estratégicos tada a modalidade de leilão;
para a saúde produzidos ou distribuídos por funda- z Concessões de direito real de uso;
ção que, regimental ou estatutariamente, tenha por z Para adoção do sistema de registro de preços;
finalidade apoiar órgão da administração pública z Concessão de serviços públicos;
direta, sua autarquia ou fundação em projetos de z Licitação internacional.
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento insti-
tucional, científico e tecnológico e estímulo à inova- Ainda segundo a lei, concorrência é a modalidade
ção, inclusive na gestão administrativa e financeira de licitação entre quaisquer interessados que, na fase
necessária à execução desses projetos, ou em par- inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir
cerias que envolvam transferência de tecnologia os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edi-
de produtos estratégicos para o Sistema Único de tal para execução de seu objeto.
Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste arti- Na concorrência o prazo do edital deve ser de 45
go, e que tenha sido criada para esse fim específico dias nos casos de contrato a celebrar segundo regi-
em data anterior à vigência desta Lei, desde que o
me de empreitada integral ou o tipo da licitação for
preço contratado seja compatível com o praticado
melhor técnica ou técnica e preço. Para os demais
no mercado.
casos o prazo será de 30 dias.
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma
e o aprimoramento de estabelecimentos penais,
desde que configurada situação de grave e iminente Veja a definição de empreitada integral constante
risco à segurança pública. da lei.
Como você mesmo viu, são muitos casos de licitação Empreitada integral: quando se contrata um
dispensável. Então a melhor forma de fixar o conhe- empreendimento em sua integralidade, compreenden-
342 cimento é decorar os casos de licitação dispensada e do todas as etapas das obras, serviços e instalações
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada No caso do convite, o instrumento convocatório é a
até a sua entrega ao contratante em condições de entra- carta-convite, não sendo imposta pela lei a publicação
da em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais de edital.
para sua utilização em condições de segurança estrutural Seguindo a lógica das modalidades anteriores,
e operacional e com as características adequadas às fina- aqui teremos valores menores do que vimos na toma-
lidades para que foi contratada (alínea “e”, inciso VIII, do da de preços. Ao final no tópico teremos um quadro
art. 6º, da Lei nº 8.666, de 1993). comparativo para uma visão geral. Vejamos:
Sobre os tipos de licitação, entenderemos cada um
deles mais adiante. z Obras e serviços de engenharia: R$ 330.000,00.
z Compras e outros serviços: R$ 176.000,00.
Tomada de Preços
Ainda, poderá ser usada esta modalidade quando,
Vamos entender a tomada de preços por meio da em licitações internacionais, não houver fornecedor
definição constante da Lei de Licitações. de bens no Brasil, obedecidos os limites anteriormen-
te definidos.
Art. 22 São modalidades de licitação: O prazo mínimo para o recebimento das propostas
II - tomada de preços; será de 5 dias úteis, sendo de 2 dias o prazo para apre-
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licita- sentação de recursos.
ção entre interessados devidamente cadastrados De acordo com o que vimos das três modalidades
ou que atenderem a todas as condições exigidas até então, vejamos um quadro resumo com os valores.
para cadastramento até o terceiro dia anterior à
data do recebimento das propostas, observada a
OBRAS E COMPRAS
necessária qualificação.
MODALIDADE SERVIÇOS DE E OUTROS
ENGENHARIA SERVIÇOS
Vemos que aqui teremos por um lado a existência
de um cadastro prévio e por outro um prazo máximo Concorrência Acima de R$ Acima de R$
para aqueles que desejem se cadastrar para participar 3.300.000,00 1.430.000,00
do certame. Tomada de Até de R$ Até de R$
Os limites impostos pela lei para o uso dessa moda- Preços 3.300.000,00 1.430.000,00
lidade estão logo abaixo do que conhecemos para a
Convite Até de R$ Até de R$
concorrência. São eles os seguintes:
330.000,00 176.000,00
z Obras e serviços de engenharia: R$ 3.300.000,00.
z Compras e outros serviços: R$ 1.430.000,00. Concurso
O prazo para recebimento das propostas será de Seguindo em frente com nossos estudos, vejamos a
trinta dias para tomada de preços, quando a licitação definição legal para a modalidade concurso.
for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”, sen-
do de 15 dias nos demais casos. Art. 22 São modalidades de licitação: [...]
IV – concurso; [...]
Convite § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados para escolha de traba-
lho técnico, científico ou artístico, mediante a
Vejamos mais uma vez a literalidade da lei para
instituição de prêmios ou remuneração aos
conhecermos a definição da presente modalidade.
vencedores, conforme critérios constantes de edi-
tal publicado na imprensa oficial com antecedên-
Art. 22 São modalidades de licitação:
cia mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
III - convite;
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre inte-
ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadas-
Diferentemente do que vimos para as três modali-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
trados ou não, escolhidos e convidados em dades anteriores, aqui não temos limitações de valo-
número mínimo de 3 (três) pela unidade adminis- res, mas apenas o direcionamento da finalidade do
trativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia procedimento (natureza do trabalho contratado).
do instrumento convocatório e o estenderá aos Segundo a Lei de Licitações, ressalvados os casos
demais cadastrados na correspondente espe- de inexigibilidade de licitação, os contratos para a
cialidade que manifestarem seu interesse com prestação de serviços técnicos profissionais especia-
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da lizados deverão, preferencialmente, ser celebrados
apresentação das propostas. mediante a realização de concurso, com estipulação
prévia de prêmio ou remuneração.
Aqui temos dois tipos de participantes: os convi- Cuidado com o termo utilizado pelo examinador
dados (em número mínimo de 3) e os não convidados na hora da prova. Não confunda preferencialmente
(limite de 24 horas de antecedência à apresentação com necessariamente, por exemplo.
das propostas). O concurso ser precedido de regulamento próprio,
A lei traz ainda que existindo na praça mais de 3 a ser obtido pelos interessados no local indicado no
possíveis interessados, a cada novo convite, realizado edital. O regulamento deverá indicar.
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o
convite a, no mínimo, mais um interessado, enquan- Art. 52 [...]
to existirem cadastrados não convidados nas últimas § 1º [...]
licitações. I- a qualificação exigida dos participantes; 343
II- as diretrizes e a forma de apresentação do supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva
trabalho; em geral e, em particular, para a elaboração de estudos
III- as condições de realização do concurso e os técnicos preliminares e projetos básicos e executivos
prêmios a serem concedidos.
A lei traz comando específico para a contração de
O julgamento será feito por uma comissão especial bens e serviços de informática. Vejamos:
integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhe-
cido conhecimento da matéria em exame, servidores Art. 45 [...]
públicos ou não. §4º Para contratação de bens e serviços de informá-
tica, a administração observará o disposto no art. 3o
Leilão da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em
conta os fatores especificados em seu parágrafo 2º e
Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer adotando obrigatoriamente o tipo de licitação “téc-
interessados para a venda de bens móveis inserví- nica e preço”, permitido o emprego de outro tipo de
veis para a administração ou de produtos legalmente licitação nos casos indicados em decreto do Poder
apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de Executivo.
bens imóveis cuja aquisição haja derivado de pro-
cedimentos judiciais ou de dação em pagamento, Nas licitações do tipo “melhor técnica” será ado-
a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao tado o seguinte procedimento claramente explicitado
valor da avaliação
no instrumento convocatório, o qual fixará o preço
Para o caso de alienação de bens móveis, a lei impõe
o limite de R$ 1.430.000,00, conforme § 6º, do art. 17. máximo que a Administração se propõe a pagar:
Não há limitação para o caso de bens imóveis, des-
de que derivados de procedimentos judiciais ou de Art. 46 [...]
dação em pagamento. Lembrando que a lei, em seu § 1º [...]
art. 19, impõe as seguintes regras: I - serão abertos os envelopes contendo as pro-
postas técnicas exclusivamente dos licitantes pre-
z Avaliação dos bens alienáveis; viamente qualificados e feita então a avaliação e
z Comprovação da necessidade ou utilidade da classificação destas propostas de acordo com os
alienação; critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado,
z Adoção do procedimento licitatório, sob a modali- definidos com clareza e objetividade no instrumen-
dade de concorrência ou leilão. to convocatório e que considerem a capacitação e a
experiência do proponente, a qualidade técnica da
Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado proposta, compreendendo metodologia, organiza-
pela Administração para fixação do preço mínimo de ção, tecnologias e recursos materiais a serem uti-
arrematação. lizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes
Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
II - uma vez classificadas as propostas técnicas,
e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local
proceder-se-á à abertura das propostas de preço
do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o
dos licitantes que tenham atingido a valorização
qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo
estipulado no edital de convocação, sob pena de per- mínima estabelecida no instrumento convocató-
der em favor da Administração o valor já recolhido. rio e à negociação das condições propostas, com
Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela a proponente melhor classificada, com base nos
à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. orçamentos detalhados apresentados e respectivos
O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, preços unitários e tendo como referência o limite
principalmente no município em que se realizará. representado pela proposta de menor preço entre
os licitantes que obtiveram a valorização mínima;
TIPOS III - no caso de impasse na negociação anterior, pro-
cedimento idêntico será adotado, sucessivamente,
Vejamos agora os tipos de licitação que são previs- com os demais proponentes, pela ordem de classifica-
tos na Lei nº 8.666, de 1993. Os tipos serão utilizados ção, até a consecução de acordo para a contratação;
no momento do julgamento de cada proposta. IV - as propostas de preços serão devolvidas intac-
tas aos licitantes que não forem preliminarmente
z Menor preço: quando o critério de seleção da habilitados ou que não obtiverem a valorização
proposta mais vantajosa para a Administração mínima estabelecida para a proposta técnica.
determinar que será vencedor o licitante que apre-
Nas licitações do tipo “técnica e preço” será ado-
sentar a proposta de acordo com as especificações
tado, adicionalmente ao constante acima, o
do edital ou convite e ofertar o menor preço;
seguinte procedimento claramente explicitado no
z Melhor técnica;
z Técnica e preço; instrumento convocatório:
z Maior lance ou oferta, nos casos de alienação/con- I - será feita a avaliação e a valorização das pro-
cessão de uso real de bem. postas de preços, de acordo com critérios objetivos
preestabelecidos no instrumento convocatório;
Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e II - a classificação dos proponentes far-se-á de acor-
preço” serão utilizados exclusivamente para serviços do com a média ponderada das valorizações das pro-
de natureza predominantemente intelectual, em espe- postas técnicas e de preço, de acordo com os pesos
344 cial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, preestabelecidos no instrumento convocatório.
PROCEDIMENTO b) cronograma de desembolso máximo por período,
em conformidade com a disponibilidade de recur-
Fases da Licitação sos financeiros;
c) critério de atualização financeira dos valores
O procedimento licitatório pode ser subdividido a serem pagos, desde a data final do período de
adimplemento de cada parcela até a data do efetivo
em duas fases: interna e externa. A fase interna inclui
pagamento;
todas as medidas das quais não participam os licitan-
d) compensações financeiras e penalizações, por
tes (formação da comissão de licitação, pesquisas de
eventuais atrasos, e descontos, por eventuais ante-
preços, preparação do instrumento convocatório). cipações de pagamentos;
Na fase externa, temos uma sequência de eventos e) exigência de seguros, quando for o caso;
que carecem de publicidade para que possam gerar XV - instruções e normas para os recursos previstos
efeitos. Em resumo, são os seguintes passos: con- nesta Lei;
vocação, recebimento de documentos e propostas, XVI - condições de recebimento do objeto da
habilitação, julgamento e classificação, homologação, licitação;
adjudicação e assinatura do contrato. XVII - outras indicações específicas ou peculiares
da licitação.
Edital
A lei também traz lista exemplificativa de docu-
O edital é a lei interna da licitação e vincula tanto mentos que podem ser anexos ao edital.
os licitantes, quanto a própria Administração Pública.
z O projeto básico e/ou executivo, com todas as suas par-
Art. 40 O edital conterá no preâmbulo o número de tes, desenhos, especificações e outros complementos;
ordem em série anual, o nome da repartição inte- z Orçamento estimado em planilhas de quantitati-
ressada e de seu setor, a modalidade, o regime de vos e preços unitários;
execução e o tipo da licitação, o local, dia e hora z A minuta do contrato a ser firmado entre a Admi-
para recebimento da documentação e proposta, nistração e o licitante vencedor;
bem como para início da abertura dos envelopes, e z As especificações complementares e as normas de
indicará, obrigatoriamente, o seguinte: execução pertinentes à licitação.
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
II - prazo e condições para assinatura do con- Vamos conhecer dois conceitos importantes, cita-
trato ou retirada dos instrumentos, para execução dos acima: projeto básico e projeto executivo , presen-
do contrato e para entrega do objeto da licitação; tes nos incisos IX e X, do art. 6º, da lei em estudo.
III - sanções para o caso de inadimplemento;
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o
Projeto Básico
projeto básico;
V - se há projeto executivo disponível na data
da publicação do edital de licitação e o local onde
Conjunto de elementos necessários e suficientes,
possa ser examinado e adquirido; com nível de precisão adequado, para caracterizar
VI - condições para participação na licitação e a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
forma de apresentação das propostas; objeto da licitação, elaborado com base nas indica-
VII - critério para julgamento, com disposições ções dos estudos técnicos preliminares, que assegu-
claras e parâmetros objetivos; rem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios impacto ambiental do empreendimento, e que possi-
de comunicação à distância em que serão fornecidos bilite a avaliação do custo da obra e a definição dos
elementos, informações e esclarecimentos relativos métodos e do prazo de execução, devendo conter os
à licitação e às condições para atendimento das obri- seguintes elementos:
gações necessárias ao cumprimento de seu objeto;
IX - condições equivalentes de pagamento entre z Desenvolvimento da solução escolhida de forma a
empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de lici- fornecer visão global da obra e identificar todos os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
tações internacionais; seus elementos constitutivos com clareza;
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e z Soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
global, conforme o caso, permitida a fixação de pre- mente detalhadas, de forma a minimizar a neces-
ços máximos e vedados a fixação de preços míni- sidade de reformulação ou de variantes durante
mos, critérios estatísticos ou faixas de variação em as fases de elaboração do projeto executivo e de
relação a preços de referência;
realização das obras e montagem;
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a
z Identificação dos tipos de serviços a executar e
variação efetiva do custo de produção, admitida a
de materiais e equipamentos a incorporar à obra,
adoção de índices específicos ou setoriais, desde a
bem como suas especificações que assegurem os
data prevista para apresentação da proposta, ou do
orçamento a que essa proposta se referir, até a data melhores resultados para o empreendimento, sem
do adimplemento de cada parcela; frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
XIII - limites para pagamento de instalação e mobi- z Informações que possibilitem o estudo e a dedução
lização para execução de obras ou serviços que de métodos construtivos, instalações provisórias e
serão obrigatoriamente previstos em separado das condições organizacionais para a obra, sem frus-
demais parcelas, etapas ou tarefas; trar o caráter competitivo para a sua execução;
XIV - condições de pagamento, prevendo: z Subsídios para montagem do plano de licitação e
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, gestão da obra, compreendendo a sua programa-
contado a partir da data final do período de adim- ção, a estratégia de suprimentos, as normas de fis-
plemento de cada parcela; calização e outros dados necessários em cada caso; 345
z Orçamento detalhado do custo global da obra, fun- A lei impõe um prazo mínimo entre a publicação
damentado em quantitativos de serviços e forneci- do aviso e a data da entrega das propostas. Vejamos
mentos propriamente avaliados; um quadro que resume os prazos impostos.
As alterações unilaterais são aquelas em que ape- Rescisão é o ato que visa a extinção do contrato. De
nas uma parte mexe nos termos do contrato. Para os novo, somente a Administração Pública pode rescin-
contratos administrativos, somente a Administração dir unilateralmente o contrato administrativo, mesmo
Pública pode alterar unilateralmente o instrumento que o particular não concorde com o ato. A rescisão
contratual, por razões óbvias (posição mais vantajosa unilateral pode ocorrer:
na relação).
O inciso I, do art. 65, apresenta todas as possibili- z Inadimplemento culposo: é a hipótese em que
dades de alteração unilateral do contrato. Todas essas particular comete um ato pela falta de cuidado,
hipóteses, de modo geral, permitem que o contrato isso é, ele age com culpa (não cumprimento ou
seja alterado, para melhor atender o interesse públi-
cumprimento irregular, atraso na entrega do pro-
co. Assim, a Administração pode alterar unilateral-
jeto, paralisação, faltas reiteradas etc.);
mente o contrato para:
z Inadimplemento involuntário: aqui não há a
presença da culpa, porque são questões alheias,
z Adequação técnica: é a modificação do projeto
mas que ainda assim fazem com que o particular
em si, ou de suas especificações;
fique impossibilitado de continuar com a execução
z Alteração do valor por acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto. contratual. É o caso do desaparecimento do parti-
cular, ou de sua insolvência;
z Razões de interesse público: pode ocorrer que
É importante ressaltar o conteúdo do § 1°, do art.
65, que diz respeito ao reajuste contratual: a execução do contrato deixe de fornecer as van-
tagens almejadas pela Administração. Assim, ela
Art. 65 [...] pode rescindir o contrato simplesmente porque
§ 1° O contratado fica obrigado a aceitar, nas não deseja mais continuar com sua execução, por-
mesmas condições contratuais, os acréscimos ou que não é mais interesse público continuar com
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou ele. Essa é uma hipótese em que é cabível indeni-
compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do zação, na forma do § 2º, do art. 79. Observe que a
valor inicial atualizado do contrato, e, no caso noção de “interesse público” é algo cambiante, que
particular de reforma de edifício ou de equipa- varia muito para quem está no Poder;
mento, até o limite de 50% (cinquenta por cen- z Caso fortuito ou força maior: são as hipóteses em que
to) para os seus acréscimos.
eventos alheios a ambas as partes impedem a execução
do contrato. Aqui temos uma diferença: o caso fortui-
O reajuste é um instrumento de alteração dos valo- to e/ou força maior, nos contratos administrativos, são
res econômicos, previstos tanto no edital da licitação
passíveis de indenização, na forma do § 2º, do art. 79.
como no próprio instrumento contratual. A sua fina-
Isso não acontece na esfera privada.
lidade é, simplesmente, estabelecer o equilíbrio eco-
nômico-financeiro existente na relação contratual.
Os contratos possuem prazos muito longos, e Fiscalização
podem ser prorrogados diversas vezes. Por isso, é bas-
tante comum que as condições estabelecidas durante De modo geral, é possível colocar um agente para
o início do contrato administrativo acabem se alteran- ficar de olho na execução do serviço avençado. Esse
do com o passar do tempo. Essa é a denominada Teo- agente fiscalizador pode ser da Administração, ou
ria da Imprevisão, que vigora em muitos contratos, alguém contratado pelo próprio particular.
e não apenas os contratos administrativos. A Teoria
da Imprevisão serve para equilibrar outra máxima Aplicação de Sanções
do Direito dos Contratos, que estabelece que todos os
contratos devem ser cumpridos não importa o que Em vez de rescindir o contrato de uma vez, pode
aconteça (ou pacta sunt servanda). a Administração impor sanções caso o particular não
A razão para estabelecer valores limites para os cumpra com todos os termos avençados. Mas o parti-
acréscimos e supressões que vierem a ocorrer com o cular pode sempre insurgir contra todas as penalida-
contrato advém justamente do fato de que a situação des, mediante recurso administrativo.
dos negócios pode mudar (“rebus sic stantibus”). O Sobre as sanções em espécie, são elas (art. 87):
legislador entende que esses limites são o máximo que
a pessoa particular pode suportar para continuar com z Advertência;
a execução do contrato, sem que ele fique no prejuízo.
z Multa, podendo ser cumulada com as demais;
O conteúdo do § 1°, do art. 65, assim, é importante
z Suspensão para nova licitação ou contrato por até
porque ele apresenta não somente uma prerrogativa
dois anos; e
da Administração Pública, de poder alterar o valor do
contrato, e impor essas alterações unilateralmente. z Declaração de inidoneidade para participar de lici-
Mas esse artigo também estabelece um valor limite tação ou contrato, enquanto perdurarem os moti-
para esses acréscimos e supressões: ele não está obri- vos ou ocorra a reabilitação, após o mesmo prazo
gado a aceitar as alterações que sobressaltem a esses da pena anterior.
limites de 25%, para as obras, serviços ou compras; e
de 50% para reformas de edifícios ou de equipamentos. A diferença da suspensão para a declaração de ido-
Por mais que seja essencial que a execução do contra- neidade é que, no primeiro caso, terminado o prazo
to não seja interrompida, o particular não pode ficar da suspensão, o particular adquire capacitação para
“preso” a um contrato que só está lhe causando prejuí- contratar automaticamente. Mas no caso da declara-
zo, isso seria muito injusto. Dessa forma, pode o parti- ção de idoneidade, o particular precisa de uma rea-
cular requerer a rescisão do contrato pela via judicial, bilitação para poder contratar com o Poder Público.
350 se a Administração Pública for contra a rescisão.
Retomada do Objeto contratado e a retribuição da administração para a
justa remuneração da obra, serviço ou fornecimen-
Alguns serviços públicos não podem parar, dada a to, objetivando a manutenção do equilíbrio eco-
sua grande importância para a população. Mas o que nômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese
ocorre quando o particular não pode mais continuar de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis
com a execução do contrato? porém de consequências incalculáveis, retardado-
Para essas hipóteses, a Administração pode assumir res ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
a atividade, por conta própria, para que a população ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato
não seja afetada. Para isso, a retomada do objeto exige do príncipe, configurando álea econômica extraor-
a assunção imediata do objeto do contrato; a ocupação dinária e extracontratual.
das instalações e pessoal; a execução da garantia con-
tratual; bem como a retenção dos créditos contratuais A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
até o limite dos prejuízos causados. Aquilo que a Admi- poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Rea-
nistração deveria pagar mensalmente ao particular juste é a terminologia que designa a atualização dos
deixa de fazer até o limite dos prejuízos. valores remuneratórios ante as perdas econômicas ou
majoração de insumos. As regras de reajuste, como já
Restrições à Exceção do Contrato não Cumprido vimos, devem estar previstas no próprio instrumento
contratual.
A exceptio non adimpleti contractus é uma outra A revisão, por sua vez, corresponde às altera-
forma de corrigir o mesmo problema apresentado ções no valor efetivo da tarifa, geralmente sem pre-
anteriormente. Aqui, o contratado deve continuar visão contratual, utilizado em circunstâncias em que
com a execução do pacto, não importa o que aconteça, a recomposição por reajuste se torna impossível. Há,
cabendo apenas a suspensão da execução do contrato nesse caso, um aumento real do valor pago ao contra-
se houver paralisação superior a 120 dias ou atraso tado, ao contrário do reajuste, que apenas atualiza o
nos pagamentos superior a 90 dias. aspecto pecuniário da remuneração.
As hipóteses mais comuns para a autorização da
recomposição econômico-financeira do contrato são:
Equilíbrio Econômico-Financeiro
Alteração Unilateral do Objeto
Este é um aspecto de natureza orçamentária e
financeira muito importante dos contratos adminis-
trativos. Também denominada equação econômico-fi- Qualquer modificação, pela Administração Públi-
nanceira, consiste em uma garantia estabelecida, no ca, seja quantitativa ou qualitativa, do objeto princi-
momento da celebração do contrato, para a manuten- pal do contrato, enseja a recomposição do equilíbrio
ção do equilíbrio dos encargos assumidos e da remu- econômico-financeiro. Trata-se de uma circunstância
neração percebida pelo particular, garantindo a este interna do contrato. Exemplo: aumento do número de
uma certa margem de lucro pela execução do negócio. estações de linha ferroviária a serem construídas.
Para compreender a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro nos contratos administrativos, Fato do Príncipe
é importante salientar a Teoria da Imprevisão. Tra-
ta-se de uma corrente, com aplicação também nos É evento externo ao contrato, de natureza geral,
ramos de Direito Privado, que admite que as condi- provocado pelo Poder Público. Ocorre quando o pró-
ções das partes podem sofrer alterações desde o início prio Estado, mediante ato legal, modifica as condições
da sua celebração. Pela ocorrência de algum even- do contrato, provocando prejuízo ao contratado. Tal
to imprevisto pelas partes, pode ocorrer um grande interferência gera indenização para o particular pre-
desequilíbrio na relação contratual, fazendo com que judicado com a alteração unilateral do Estado. Exem-
uma das partes tenha lucros excessivos, e a outra se plo: aumento da carga tributária.
prejudique ainda mais com a execução do contrato.
Por isso, admite-se a possibilidade de revisão de algu- Fato da Administração
mas cláusulas. Diz-se que os contratos que admitem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
revisão regem-se pelo vernáculo do rebus sic stantibus Traduz-se em uma conduta irregular praticada
(“enquanto as coisas se mantiverem nesse estado”), pelo Poder Público, que não necessariamente impede,
em oposição ao pacta sunt servanda (“os pactos devem mas pode retardar a execução do contrato. Trata-se de
ser cumpridos”). Nos contratos administrativos apli- ato com caráter específico, relacionado com o próprio
ca-se com maior frequência a rebus sic stantibus. contrato, o que distingue do fato do príncipe. Exem-
Possui previsão constitucional (inciso XXI, do art. plo: a construção de estrada em local residencial em
37, da CF, de 1988), que estabelece, no procedimento que a Administração não providencia mecanismos
licitatório, a manutenção das condições efetivas da essenciais à desapropriação daqueles imóveis.
proposta. A alínea “d”, do inciso II, do art. 65, da Lei
nº 8.666, de 1993, seguindo essa linha de raciocínio, Álea Econômica Extraordinária
dispõe que:
É o evento externo ao contrato e estranho à von-
Art. 65 Os contratos regidos por esta Lei poderão tade das partes. O que difere a álea extraordinária
ser alterados, com as devidas justificativas, nos para o fato do príncipe é que, no último, a alteração
seguintes casos: contratual é gerada por um ato feito pelo próprio
II - por acordo das partes: contratante.
[...] Já na álea extraordinária, temos um fato gerado
d) para restabelecer a relação que as partes por um membro do Estado que não é o contratan-
pactuaram inicialmente entre os encargos do te, mas que mesmo assim acaba ensejando em uma
351
alteração contratual. Por ser fato imprevisível e inevi- É aqui que temos a ocorrência de Fato do Príncipe,
tável capaz de causar desequilíbrio contratual, a álea ou de Fato da Administração, ou ainda algum outro
extraordinária enseja a revisão tarifária, desde que fato advindo de caso fortuito ou força maior.
comprovada a imprevisibilidade e estranheza do fato,
bem como o desequilíbrio anormal na equação econô- z Interrupção da execução do contrato ou diminui-
mico-financeira. Exemplo: em um contrato de trans- ção do ritmo de trabalho por ordem e no interesse
porte de materiais de construção elaborado entre um da Administração;
Município e um particular, houve aumento da carga z Aumento das quantidades inicialmente previstas
tributária sobre o ICMS, um imposto de competência no contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
do Estado onde se situa o Município e o contratado. z Impedimento de execução do contrato por fato ou
ato de terceiro reconhecido pela Administração
Interferências Imprevistas em documento contemporâneo a sua ocorrência.
São eventos ocorridos durante a execução do contrato, Se, por exemplo, o particular foi contratado para
de ordem material, que causem dificuldades no cumpri- realizar uma obra em um terreno que, supostamen-
mento das tarefas pactuadas, tornando insuportavelmente te, era de propriedade da Administração Pública, mas
onerosos para uma das partes. Exemplo: desabamento de eventualmente surge um terceiro que comprove ser
terras em área destinada à construção de imóvel público, o dono legítimo daquele terreno, então o contrato
devido a fortes chuvas. não pode mais prosseguir no mesmo ritmo. Por isso é
recomendada sua prorrogação.
DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DO CONTRATO
z Omissão ou atraso de providências a cargo da
Se os contratos administrativos são celebrados por Administração, inclusive quanto aos pagamentos
prazo determinado, isso significa que, eventualmente, previstos de que resulte, diretamente, impedimento
eles devem deixar de vigorar, ou se extinguir. Assim, o ou retardamento na execução do contrato, sem pre-
contrato administrativo admite as seguintes hipóteses juízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
de extinção: pela execução e conclusão do seu objeto,
pelo término de seu prazo, por anulação motivada por Em qualquer uma dessas hipóteses, é importan-
defeito que o macule, ou ainda por rescisão. te frisar que a prorrogação deverá ser justificada por
A execução do objeto é a forma sobre a qual se pre- escrito e previamente autorizada pela autoridade com-
tende que todos os contratos se encerrem. Uma vez petente para celebrar o contrato (§ 2º, do art. 57).
concluído o negócio, ambas as partes têm seus interes- O conteúdo do § 3° desse mesmo dispositivo não é
ses obtidos, e o assunto se encerra com um final positi- nenhuma novidade: É vedado o contrato com prazo de
vo. Isso, contudo, não tem como acontecer no caso de vigência indeterminado. Essa é uma regra máxima válida
contratos administrativos que preveem a prestação de para todo e qualquer contrato: o fato dele ter um prazo
serviços públicos, pois pela sua grande importância, para extinguir faz parte da própria natureza do contra-
esses serviços não podem parar, podendo se estender to. Caso contrário, o contrato seria um ato precário, e a
para além do período do ano financeiro. Nesses casos, Administração poderia revoga-lo a qualquer tempo.
o melhor caminho é a prorrogação do contrato, com Sobre a rescisão, o art. 79, da Lei nº 8.666, de 1993,
eventuais reajustes quando necessário. admite três tipos de rescisão contratual. Observe o
A prorrogação do contrato é disciplinada pelo § texto do dispositivo, in verbis:
1º, do art. 57, da Lei nº 8.666, de 1993. Segundo o refe-
rido dispositivo, os prazos de início da execução, da Art. 79 A rescisão do contrato poderá ser:
conclusão, e da entrega do objeto podem ser prorroga- I - determinada por ato unilateral e escrito da
dos, mas essa prorrogação não pode atingir as demais Administração, nos casos enumerados nos incisos
cláusulas do contrato, sendo assegurada, também, a I a XII e XVII do artigo anterior;
manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro. II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a
O artigo prevê, também, quais são as causas que justi- termo no processo da licitação, desde que haja con-
ficam a prorrogação do contrato administrativo. São elas: veniência para a Administração;
III - judicial, nos termos da legislação;
z Alteração do projeto ou especificações pela
Administração; A rescisão unilateral, decretada pela Administra-
ção Pública sem a necessidade de autorização judicial,
ensejando indenização do contratado, exceto se deu
A grande maioria dos motivos de prorrogação do
causa à rescisão. Na ocorrência da rescisão unilateral,
contrato consiste justamente na alteração de seu obje-
ocorrerá as seguintes consequências, todas elas pre-
to. Pode ser que, no início, o particular foi contratado
vistas nos incisos do art. 80:
para realizar uma construção em uma praça pública,
mas que, eventualmente, a Administração tenha inte-
I - assunção imediata do objeto do contrato, no
resse em realizar uma outra construção, exatamente
estado e local em que se encontrar, por ato próprio
igual, mas em outra área do Município.
da Administração;
II - ocupação e utilização do local, instalações, equi-
z Superveniência de fato excepcional ou imprevisí- pamentos, material e pessoal empregados na exe-
vel, estranho à vontade das partes, que altere funda- cução do contrato, necessários à sua continuidade,
mentalmente as condições de execução do contrato. na forma do inciso V do art. 58 desta Lei;
III - execução da garantia contratual, para ressarci-
mento da Administração, e dos valores das multas
e indenizações a ela devidos;
352
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE
até o limite dos prejuízos causados à Administração. CONTROLE
Porém, temos também a rescisão amigável, feita A doutrina não é unânime em relação ao tema.
de comum acordo entre ambas as partes, geralmente Todavia, boa parte dos autores costumam dividir os
não enseja indenização. Os motivos da rescisão ami- diversos tipos de instrumentos de controle dos atos
gável podem ser dos mais diversos. administrativos com base nos seguintes critérios:
Por fim, temos a rescisão judicial, promovida
pelo particular em hipótese que há a interferência Quanto ao Órgão Controlador
do Poder Judiciário em razão do inadimplemento por
parte do Poder Público. z Controle legislativo: é o controle realizado pelo
Para que o contratado tenha o direito de ser inde- Poder Legislativo, mais especificamente pelo parla-
nizado, provocado pela extinção do contrato admi- mento, com o auxílio do Tribunal de Contas. Exemplo:
nistrativo, precisa preencher alguns requisitos. as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs);
Primeiramente, a extinção contratual deve ser anteci- z Controle administrativo: é o controle dos atos
pada, pois seria ilógico pedir reparação de danos em administrativos feito pelos órgãos e entidades da
hipóteses em que o contrato se extinguiu naturalmen- própria Administração Pública. É, por isso, uma
te pelo regular adimplemento do negócio. Além disso, modalidade de controle interno, podendo ser fei-
sua relação jurídica com o Poder Público não pode to de ofício, ou mediante provocação. Exemplo:
ser precária, pois atos precários são revogáveis pelo recurso hierárquico;
Poder Público, a qualquer tempo. Por fim, o contrata- z Controle judicial: é o controle feito pelos magis-
do deve ter agido de boa-fé durante a execução con- trados integrantes do Poder Judiciário. Devido ao
tratual, pois se o particular tivesse agido com intenção princípio da inércia da jurisdição, jamais pode-
rá atuar de ofício, apenas mediante provocação.
de extinguir o negócio (agir de má-fé) não teria direito
Exemplo: mandado de injunção e as ações sobre
à indenização, haja vista que ninguém pode benefi-
controle de constitucionalidade.
ciar-se da própria torpeza.
Nos casos de anulação, o dever de indenizar per-
Quanto à Extensão
siste ainda que o contrato apresente algum vício de
ordem legal, devendo a Administração indenizar o
contratado pelo que este houver executado até a data z Controle interno: é o controle realizado por um
Poder sobre os seus próprios órgãos e agentes. É o
em que ela for declarada e por outros prejuízos regu-
caso do controle de chefia sobre os seus subordinados;
larmente comprovados, contanto que não lhe seja
z Controle externo: é o tipo de controle exercido
imputável, promovendo-se a responsabilidade de
por autoridade que se situa fora do âmbito do
quem lhe deu causa (§ único, do art. 59, da Lei nº 8.666,
órgão a ser controlado. É o caso da anulação do ato
de 1993). A anulação do contrato enseja, também, na
administrativo por decisão judicial.
aplicação das penalidades dispostas no art. 87.
Quanto à Natureza
9 GABARITO
1 D
2 D
3 D
4 A
5 C
6 B
7 E
8 C
9 D
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
10 A
11 E
12 B
13 C
14 A
15 A
16 B
17 A
18 C
19 E
20 A
363
364
O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma
vez que está analisando a aplicação da lei penal e
tendo por base a data do fato delituoso. Assim, temos
duas situações:
dimento previstas no Código Civil, especificamente no tecer de o próprio complemento da norma incompleta
seu art. 1521. Este caso é o que se chama de norma necessitar de outro complemento, ou seja, é preciso
penal em branco em sentido lato ou imprópria ou uma dupla complementação. Neste acaso, temos o
homogênea: a complementação do preceito primário que se usa chamar de normal penal em branco ao
é feita com auxílio de uma lei. quadrado.
Norma penal em branco é um assunto dos mais Ainda, em relação às normas penais em branco,
cobrados em concursos. É importante guardar não vale lembrar que é importante saber diferenciá-las
só suas relações com o direito temporal, mas também dos tipos penais abertos. O tipo penal aberto, assim
suas classificações. Assim, vamos incluir mais três em como na norma em branco, é uma norma incomple-
nosso vocabulário jurídico-penal: ta que necessita de complementação. A diferença, no
entanto, é que no tipo penal aberto a complementa-
z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Homo- ção é feita por meio de um juízo de valoração reali-
vitelina: o complemento encontra-se no mesmo zado pelo próprio juiz, isto é, o complemento vem da
diploma legal da norma incompleta (exemplo: valoração feita pelo magistrado e não de uma outra
vários tipos do Código Penal tratam de crimes norma. 367
Agora que já vimos o conceito de norma penal em O Direito Penal brasileiro adotou, em relação ao
branco e suas particularidades, vamos fazer uma rela- tempo do crime, a Teoria da Atividade, por isso,
ção dela com a questão do “direito no tempo”. considera-se praticado o crime no momento da
Vamos voltar ao exemplo do art. 33 da Lei nº conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o
11.343, de 2006 (tráfico ilícito de drogas). momento do resultado (art. 4º, CP).
O que ocorreria, por exemplo, se houvesse a Ilustrando: no caso de um homicídio, é essencial
retirada de certa substância psicoativa da portaria que se determine o instante da ação (momento dos
da ANVISA, que define as drogas para efeito da Lei tiros, por exemplo) e não o momento do resultado
nº 11.343? (morte). Pois, se o autor for menor de 18 anos à época
Imagine um sujeito que é pego vendendo a droga dos tiros, ainda que a vítima morra depois do atirador
“X”, que consta na Portaria, e passa a responder pelo ter completado a maioridade penal, ele não pode res-
crime de tráfico de drogas. Com a retirada da substân- ponder criminalmente pelo ato.
cia da norma complementar, como ficaria a situação A teoria adotada pelo CP em seu art. 4º, em rela-
do agente? ção ao tempo do crime, é a teoria da atividade. Leva-
-se em conta, pois, o momento da conduta (ação ou
Neste caso, acontecerá a retroatividade benéfica,
omissão), pouco importando o instante do resultado.
descriminalizando o comportamento, por força da
Veja o esquema a seguir como exemplo:
abolitio criminis. Veja que o fato passa a ser atípico
não pela revogação da Lei que considerava o fato típi-
co, mas sim por conta de seu complemento. Tempo do Crime (Art. 4º)
Tal foi o que ocorreu no caso do art. 237 do CP. O
Código Civil de 1916, em seu inciso VII, do art. 183,
Conduta Resultado
previa que um dos impedimentos absolutamente diri-
mentes era o casamento do cônjuge adúltero com o
Sentença Morte da
corréu condenado por tal crime. No entanto, o Código
Vítima
Civil de 2002 não trouxe tal impedimento, ocorren-
do, pois, abolitio criminis, que retroagiu em favor de
eventuais réus. Vítima
A retroação benéfica, por outro lado, não ocor- Considera-se hospitalizada
re quando se tratar de complementos que tenham praticado no tempo
caráter excepcional ou temporário, como foi o caso, da conduta (Teoria da
por exemplo, da Lei nº 1.521, de 1951 (Lei de Crimes Atividade, art. 4º)
Contra a Economia Popular):
Na época, o comerciante que fosse flagrado ven-
dendo produto com preço acima do que constasse em É na data da conduta, portanto, que:
tabela oficial respondia pelo ato, ainda que o congela-
mento, com a respetiva revogação da tabela, se encer- z Verifica-se a imputabilidade penal: no nosso
rasse antes da conclusão do inquérito policial ou do exemplo, o fato de ser o autor maior ou menor de
processo penal. 18 anos;
z Fixam-se as circunstâncias do crime: qualifica-
Tempo do Crime doras, causas de aumento ou diminuição de pena,
agravantes ou atenuantes.
Como vimos anteriormente, logo em seus primei-
ros artigos, o Código Penal se preocupa em tratar da Por exemplo, ser a vítima criança ou maior de 60
aplicação da lei penal no tempo. Mas qual a importân- anos (agravante); ou ser o autor menor de 21 anos (o
cia de se conhecer o tempo do crime? que vai servir como atenuante).
Determinar o tempo do crime é essencial para
saber qual lei será aplicada no caso concreto. Da Tempo do Crime nas Infrações Permanentes e
mesma forma, é imprescindível para verificar a Continuadas
imputabilidade do agente (que pode ser menor de
18 anos no momento da conduta), fixar as circuns- Nestes casos, será aplicada regra especial, que
tâncias do tipo penal, verificar a prescrição, dentre consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave
outros aspectos. aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
Existem três teorias que podem ser consideradas
ou da permanência”.
para se determinar o tempo do crime:
Crime permanente é aquele cuja consumação se
prolonga no tempo pela vontade do sujeito ativo como,
Considera-se praticado o crime por exemplo, no caso de um sequestro. Neste caso, é
TEORIA DA considerado tempo do crime todo o período em que
no momento da conduta (ação
ATIVIDADE se desenrolar a atividade criminosa. Assim sendo, se
ou omissão)
um sequestrador, menor de 18 anos quando do início
TEORIA DO Considera-se praticado o crime da prática do crime, atinge a maioridade ainda com
RESULTADO no momento do resultado o delito em curso, é considerado imputável (capaz de
receber pena) para os fins penais.
Considera-se praticado o cri-
Por sua vez, crime continuado é uma ficção jurí-
TEORIA MISTA OU me tanto no momento da con-
dica criada para beneficiar o réu, a qual está previs-
DA UBIQUIDADE duta quanto no momento do
ta no art. 71 do CP, e será estudada mais adiante. Por
resultado
368 enquanto, basta saber que o crime continuado ocorre
quando o agente pratica dois ou mais crimes da mes- Como regra, o Brasil adota o princípio da terri-
ma espécie, mediante duas ou mais condutas, sendo torialidade temperada e 4 outros princípios como
que, pelas condições de tempo, lugar, modo de execu- exceção:
ção, são tidos uns como continuação dos outros.
Por exemplo, um empregado de uma loja de fer- z Real, de proteção ou da defesa: a lei penal leva
ramentas, visando subtrair um kit de ferramentas em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado
do estabelecimento, resolve furtar uma ferramenta pelo delito, sem se importar com local de sua práti-
por dia, até ter em suas mãos o kit completo. 60 dias ca ou com a nacionalidade do sujeito ativo (alíneas
depois, o sujeito vai conseguir completar o conjunto e a, b e c, inciso I, do art. 7º, da CF).
vai ter cometido 60 furtos! Não fosse a regra benéfica
do art. 71 do CP, a pena mínima neste caso somaria 120 Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
anos de reclusão! Reconhecendo-se a ocorrência de cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
crime continuado, ocorrerá a chamada exasperação:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
no nosso exemplo específico, será aplicada ao agente
República;
a pena de um só dos furtos aumentada de 1/6 até 2/3. b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
No entanto, não nos interessa, neste momento, ingres- Distrito Federal, de Estado, de Território, de Muni-
sar no tema do crime continuado; basta-nos apenas cípio, de empresa pública, sociedade de economia
a noção do fenômeno para que possamos discutir a mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
questão do tempo do crime quando de sua ocorrência. Público;
Assim sendo, temos que a mesma regra aplicá- c) contra a administração pública, por quem está a
vel ao crime permanente (Súmula 711 do STF) deve seu serviço;
ser aplicada ao crime continuado, com uma ressalva [...]
quanto às condutas praticadas pelos menores de 18
anos, por força do art. 228 da CF, que determina sua � Justiça penal universal, princípio universal,
inimputabilidade: Na hipótese de um sujeito que pos- da universalidade da justiça cosmopolita, da
sui 17 anos cometer quatro furtos, possuindo 17 anos jurisdição mundial, da repressão universal ou
quando do cometimento dos dois primeiros e 18 anos da universalidade do direito de punir: o agente
no momento da prática dos dois últimos, pelos dois ficará sujeito à Lei do Estado em que for encontra-
primeiros o sujeito responderá perante o ECA e pelos do, independentemente da nacionalidade do autor
dois últimos, perante o Código Penal, neste último ou da vítima, assim como do local em que o crime
aplicando-se a continuidade delitiva. foi praticado. Pode-se citar os tratados internacio-
nais de cooperação na repressão de determinados
A LEI PENAL NO ESPAÇO delitos de alcance transnacional.
Art. 7º [...]
Agora, iremos estudar a aplicação da lei penal no
I - os crimes:
espaço, ou seja, onde ela é aplicada. [...]
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
Territorialidade domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
O princípio adotado para tratar do âmbito da apli- a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
cação da lei penal brasileira é o princípio da Terri- gou a reprimir;
torialidade, que se encontra disposto no art. 5º do CP:
z Nacionalidade ativa ou princípio da persona-
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de lidade: segundo o princípio da nacionalidade, a
convenções, tratados e regras de direito internacio- lei penal do Estado se aplica a seus cidadãos onde
nal, ao crime cometido no território nacional. quer que se encontrem.
Em relação aos rios internacionais que constituem Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasilei-
limites entre dois países, normalmente existe tratado ra aos crimes cometidos fora do Brasil. Sua sistema-
sobre o tema que, ou determina que a divisa se encontra tização encontra-se nos arts. 7º e 8º do CP.
na linha mediana do leito do rio ou que a divisa acom- Tal fenômeno se justifica por dois motivos:
panhe a linha de maior profundidade da corrente. Se o
rio não for divisa, mas sucessivo, como o Amazonas, é
indiviso, cada Estado exerce soberania sobre ele. z Para proteger certos bens jurídicos (como, por
No caso dos lagos, salvo acordo em contrário, o exemplo, o patrimônio público);
limite é fixado pela linha da meia distância entre as z Para impedir que certos delitos fiquem sem res-
margens do lago ou lagoa, que separa dois ou mais posta da lei penal. Não se aplica a extraterrito-
Estados. rialidade a todas as infrações penais (crimes e
contravenções): de acordo com o art. 2º da Lei
Dica de Contravenções Penais, não se aplica a lei
brasileira às contravenções ocorridas fora do
Por se relacionarem aos assuntos que estamos ven- território nacional. Ou seja, não há extraterrito-
do, vale a pena estudar as hipóteses de não incidên- rialidade de contravenção.
cia da lei a fatos cometidos no Brasil:
� as imunidades diplomáticas; A aplicação da lei brasileira no estrangeiro pode
� as imunidades parlamentares; ocorrer sem que seja necessária qualquer condi-
� a inviolabilidade do advogado. ção, recebendo o nome de extraterritorialidade
Esses assuntos geralmente são tratados em Direito incondicionada:
Constitucional, Direito Processual Penal e no estudo
do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
z Hipóteses do inciso I, do art. 7º, do CP:
Território por Extensão
Art. 7º [...]
De acordo com o § 1º, do art. 5º, do Código Penal, I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
para fins penais, são consideradas território por
República;
extensão:
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
z As embarcações e aeronaves brasileiras, de Município, de empresa pública, sociedade de eco-
natureza pública ou a serviço do governo brasilei- nomia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
ro onde quer que se encontrem; Poder Público;
z As aeronaves e as embarcações brasileiras, mer- c) contra a administração pública, por quem
cantes ou de propriedade privada, que se achem, está a seu serviço;
respectivamente, no espaço aéreo corresponden- d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
te ou em alto-mar. domiciliado no Brasil;
Nestes casos, a aplicação da lei brasileira depende Frações Não Computáveis da Pena
do preenchimento das seguintes condições:
z Frações de penas: não são computadas as horas
nas penas privativas de liberdade e restritivas de
z entrar o agente no território nacional;
direitos, nem os centavos na pena pecuniária.
z ser o fato punível também no país em que foi
praticado;
z estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a Importante!
lei brasileira autoriza a extradição;
z não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou Para fins de prescrição e decadência, os prazos são
não ter aí cumprido a pena; contados de acordo com a regra do art. 10, do CP.
z não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
grafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; z Possui em sua definição legal todos os elementos
b) houve requisição do Ministro da Justiça. típicos que constam na geral;
z Apresenta mais alguns elementos (de natureza
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO objetiva ou subjetiva), chamados de especializan-
tes, que a tornam mais ou menos severa do que a
A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena geral.
imposta no Brasil pelo mesmo crime quando as
penas forem diversas, ou nela é computada quando Vamos exemplificar. O tipo penal do homicídio
idênticas. simples descrito a seguir é lei geral:
sociedade e deixa de ser entendida como lesiva a a segunda leitura da questão e identificar as palavras
algum bem jurídico). que diferenciam o dolo eventual da culpa consciente.
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual ao dolo z Evasão mediante violência contra a pessoa (art.
da consumação: o sujeito quer o resultado! 352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido
Exemplo: “A” quer subtrair o celular de “B”. Na à medida de segurança detentiva, usando de vio-
consumação, “A” consegue subtrair. Na tentativa, lência contra a pessoa, recebe igual punição quan-
quando “A” consegue colocar a mão no celular, é sur- do se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento
preendido por “C” que, à distância, percebeu a ação de em que se encontra privado de sua liberdade;
“A”. Neste momento, “A” deixa o celular e foge do local. z Lei nº 4.737, de 1965 — Código Eleitoral, art. 309,
A vontade de “A” era: subtrair o celular. no qual se sujeita à igual pena o eleitor que vota
O inciso II, do art. 14, do CP, não tem autonomia, ou tenta votar mais de uma vez, ou em lugar de
pois a tentativa não existe por si só, isoladamente. Sua outrem.
aplicação exige a realização de um tipo incriminador,
previsto na Parte Especial do CP ou pela legislação Crimes Punidos Apenas na Forma Tentada
penal especial.
O CP e a legislação extravagante não preveem, A regra vigente no sistema penal brasileiro é a
para cada crime, a figura da tentativa, mesmo que a punição dos crimes nas modalidades consumada e
maioria deles seja com ela compatível. Isso explica o tentada.
motivo pelo qual não encontramos na descrição do Mas em algumas situações não se admite a tendên-
crime uma pena prevista em caso de consumação e cia, seja pela natureza da infração penal, seja em obe-
outra pena para a hipótese de tentativa. diência a determinado mandamento legal, razão pela
A tentativa de furto é a combinação de “subtrair, qual apenas é possível a imposição de sanção penal
para si ou para outrem, coisa alheia móvel” com a exe- para a forma consumada do delito ou da contraven-
cução iniciada, mas que não se consumou por circuns- ção penal.
tâncias alheias à vontade do agente. É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes
E a pena para o caso de crime tentado? culposos (salvo na culpa imprópria) e nos crimes
A punibilidade da tentativa está disciplinada no unissubsistentes (em que não há como dividir o inter
parágrafo único, do art. 14, do CP. criminis).
O CP acolheu como regra a teoria objetiva, realísti- Relembrando:
ca ou dualista, que determina que a pena da tentativa
deve corresponder à pena do crime consumado, dimi- z Culpa: O agente não quer nem assume o risco de
nuída de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). produzir o resultado. Ocorrerá por negligência
Como o desvalor do resultado é menor quando (conduta negativa), imprudência (conduta positiva
comparado ao do crime consumado, o agente deve de exceder o limite) ou imperícia (falta de habili-
suportar uma punição mais branda. dade técnica);
Vamos exemplificar: z Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitá-
vel nas descriminantes putativas ou do excesso
z “A” subtrai o celular de “B” e foi condenado à pena nas causas de justificação. O agente quer o resulta-
de 2 anos; do em razão de sua vontade encontrar-se viciada
z “A” tentou subtrair o celular de “B” e foi condenado por um erro que, com mais cuidado, poderia ser
376 à pena de 8 meses. evitado.
O conceito da discriminante putativa está descrito consumação. É o caso, por exemplo, do sujeito que
no § 1º, do art. 20, do Código Penal: ingressa na casa da vítima e, voluntariamente, desiste
da subtração que pretendia efetuar. Veja que, no caso
Art. 20 O erro sobre elemento constitutivo do tipo do exemplo, se o sujeito desiste do furto pelo risco de
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição ser surpreendido em flagrante diante do funciona-
por crime culposo, se previsto em lei.
mento do sistema de alarme, não se fala em desistên-
Descriminantes putativas
cia, mas sim em tentativa punível.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de Já o arrependimento eficaz se dá após esgotado
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não o processo executório imaginado, mas resolve agir
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e voluntariamente atuar para evitar, com sucesso, a
o fato é punível como crime culposo. consumação.
Nos dois casos, conforme art. 15, do CP, a conse-
O parágrafo § 1º do citado artigo dispõe sobre as dis- quência é que o sujeito deve responder apenas pelos
criminantes putativas. A palavra putativa deve ser enten- resultados já produzidos.
dida no sentido de aparentar ou parecer. Por exemplo: Esses dois institutos são incompatíveis com os cri-
mes culposos, pela sua própria natureza, salvo na cul-
Catarina foi ameaçada por Beatriz, a qual disse que pa imprópria.
iria lhe dar uma facada. A partir deste dia, Catari-
na, assustada pelas ameaças de Beatriz, passou a
andar sempre com um canivete de bolso. Na sema- MOTIVOS ALHEIOS À VONTADE DO AGENTE
na seguinte, Catarina desapercebida encontra-se
com Beatriz numa rua sem saída. Beatriz então, z Antes de esgotar a execução:
com movimentos suspeitos, inclina-se para dar um
abraço em Catarina e dar-lhe uma flor como pedido Tentativa
de desculpas. Entretanto, Catarina desfere de ime- imperfeita ou
diato uma facada em Beatriz. inacabada
Estamos aqui diante de uma tese de legítima defesa z Depois de esgotar a Execução:
putativa. A verdade é que havia uma falsa percepção de
realidade, que se passava somente na mente de Catari- Tentativa perfeita ou acabada ou crime falho
na, que acreditava que seria esfaqueada por Beatriz.
Art. 11 Tentar desmembrar parte do território tória de diminuição de pena para os crimes pratica-
nacional para constituir país independente. dos sem violência ou grave ameaça dolosa à pessoa,
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos. nos quais o prejuízo é reparado por ato voluntário do
infrator até o momento do recebimento da denúncia
ou queixa.
O art. 16, do CP, estabelece redução de um a dois
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E terços, e prevalece que a redução será tanto maior
quando mais célere a reparação.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
Casos Excepcionais de Arrependimento Posterior no
A desistência voluntária e o arrependimento efi- Código Penal
caz encontram-se previstos no art. 15 CP.
A desistência voluntária se configura quando A reparação do dano no crime de estelionato por
o sujeito inicia o processo executório, mas desis- meio de cheque, até o recebimento da denúncia, tem
te voluntariamente de nele prosseguir, evitando a efeito diverso. 377
No peculato culposo (§ 2º, art. 312, do CP), a repara- z O agente deve saber que se encontra em estado de
ção do dano até a sentença definitiva extingue a puni- necessidade (requisito subjetivo);
bilidade, e se posterior ainda reduz a pena em metade z Não deve haver o dever legal do agente de enfren-
(§ 3º, art. 312, do CP). tar o perigo (§ 1º, do art. 24, do CP).
necessário.
de, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio
A legítima defesa fica afastada se for excluído um educativos prevista no ECA;
dos seus requisitos essenciais. z Características pessoais do agente, como a falta de
convivência social (surdo que ainda não aprendeu
z Após a reação justa (meio e moderação) por impre- a se comunicar).
vidência ou conscientemente continua desneces-
Desenvolvimento Mental Retardado
sariamente na ação.
Configura aqui, o indivíduo que tem uma capa-
Estará agindo com excesso o agente que intensi- cidade que não corresponde às experiências para
fica demasiada e desnecessariamente a reação ini- aquele momento de vida, o que significa que a plena
cialmente justificada. O excesso poderá ser doloso ou potencialidade jamais será atingida. Os inimputáveis
culposo. O agente responderá pela conduta constituti- aqui tratados não possuem condições de entender o
va do excesso. crime que cometeram. 379
Como acabamos de ver, ao menor de 18 anos se mental incompleto ou retardado não era inteira-
aplicam regras próprias. Ao completar 18 anos, a lei mente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
presume que todos os indivíduos são imputáveis. de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Porém, tal presunção é relativa, ou seja, é passível de
aferição. Assim, existem três possíveis critérios para a Menores de dezoito anos
verificação da inimputabilidade:
Art. 27 Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
z Sistema psicológico: interessa é somente o momen- mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
to da ação ou omissão delituosa, se ele tinha ou não estabelecidas na legislação especial.
condições de avaliar o caráter criminoso do fato e Emoção e paixão
de orientar-se de acordo com esse entendimento,
ou seja, o momento da pratica do crime. A emoção No caso de embriaguez acidental completa, temos:
não excluir a imputabilidade. E pessoa que comete
crime, com integral alternação de seu estado físico- Art. 28 Não excluem a imputabilidade penal:
-psíquico responde pelos seus atos; I - a emoção ou a paixão;
z Sistema biológico: interessa saber se o agente é Embriaguez
portador de alguma doença mental ou desenvolvi- II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
mento mental incompleto ou retardo, caso positivo ou substância de efeitos análogos.
é considerado inimputável. Tal sistema é usado pela § 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez
doutrina: Código Penal, sobre a menoridade penal; completa, proveniente de caso fortuito ou força
z Sistema biopsicológico: exige-se que a causa maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira-
geradora esteja prevista em lei e que, além disso, mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
atue efetivamente no momento da ação delituo- de determinar-se de acordo com esse entendimento.
sa, retirando do agente a capacidade de entendi- § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
mento e vontade. Desta forma, será inimputável se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
aquele que, em razão de uma causa prevista em lei fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
(doença mental, incompleto ou retardado), atue no ação ou da omissão, a plena capacidade de enten-
momento da pratica da infração penal sem capaci- der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
dade de entender o caráter criminoso do fato. acordo com esse entendimento.
Art. 26 É isento de pena o agente que, por doença men- Erro de Tipo
tal ou desenvolvimento mental incompleto ou retarda-
do, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente Como bem explicam André Estefam e Victor
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de Eduardo Gonçalves1, o erro, corresponde à falsa per-
determinar-se de acordo com esse entendimento. cepção da realidade dos fatos, ou seja, há uma per-
cepção errônea pela qual o agente que comete o fato
Redução de pena
acredita piamente não estar diante de um dos elemen-
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de tos essenciais que constituem o crime. Exemplo, Carol
um a dois terços, se o agente, em virtude de per- pega a chave do carro de Josiane, acreditando que a
turbação de saúde mental ou por desenvolvimento chave era dela.
1 Estefam, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito penal esquematizado® – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios
380 Gonçalves. – Coleção esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, p. 516, 2020.
Neste caso, sem analisar corretamente os fatos era com movimentos suspeitos, inclina-se para dar um
de se pensar que Carol teria cometido o crime de furto, abraço em Catarina e lhe dar uma flor como pedi-
vez que preenchia quase todos os elementos da condu- do de desculpas. Mas Catarina desfere de imediato
ta tipificada no art. 155, do Código Penal. Todavia, esta uma facada em Beatriz.
interpretação seria errônea, pois pendia do elemento
de vontade, já que que para Carol o objeto não alheio. Estamos aqui, diante de uma tese de legítima defe-
Após este introito, acredito que você já deve pos- sa putativa. A verdade é que havia uma falsa percep-
suir uma noção do que é um erro. Agora iremos apro- ção de realidade, que se passava somente na mente
fundar nos conceitos de erro de tipo escusável e erro de Catarina, que acreditava que seria esfaqueada por
de tipo inescusável. Beatriz.
Como veremos no próximo parágrafo, do mes-
ERRO ESCUSÁVEL ERRO INESCUSÁVEL mo artigo, o erro também pode ser determinado por
terceiro.
É aquele que deriva de É aquele que deriva de
fato imprevisível, que pe- fato evitável, que pelas Erro determinado por terceiro
las circunstâncias concre- circunstâncias concre-
tas, qualquer pessoa de tas qualquer pessoa de
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
discernimento mediano discernimento médio, te-
o erro.
incorreria em tal erro. Por ria percebido o equívoco
consequência, neste caso e teria assim o evitado.
exclui-se o dolo – por Esta espécie de erro é Para entender este dispositivo nada melhor que
inexistir o elemento von- conhecida também por um clássico exemplo:
tade – e a culpa, por ser erro de tipo permissi-
imprevisível. Esta espécie vo, pois recai sobre cir- Maciel é pai de Carolina. Sua filha só possui 16
de erro também pode ser cunstâncias fáticas de anos de idade, no entanto aparenta ser mais velha,
conceituada como erro uma causa de justifica- podendo ser facilmente confundida por uma pessoa
de tipo penal incrimina- ção, ou seja, excludente maior de idade. Maciel sempre frequenta determi-
dor, pois recaí sobre uma de ilicitude (tipo penal nado bar, por isso já é conhecido pelo garçom, que
situação fática elementar permissivo). como de costume lhe serve um chope. Certo dia,
do crime. Maciel comparece no bar com sua filha, o garçom
de prontidão lhe serve o seu chope, mas Maciel
Agora, vamos ao estudo do que dispõe o art. 20, do pede mais um para Carolina.
Código Penal Brasileiro:
Sabe-se que é proibida a venda e o consumo de
Erro sobre elementos do tipo bebidas alcoólicas para menores de 18 anos de idade.
Aqui, estamos diante de um típico caso de erro deter-
Art. 20 O erro sobre elemento constitutivo do tipo minado por terceiro, pelas circunstâncias do caso –
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição Carolina aparentava ser mais velha e seu próprio pai
por crime culposo, se previsto em lei. que pediu o chopp – não era exigível que o garçom
tivesse conhecimento sobre o fato, já que não é costu-
Descriminantes putativas me de os bares solicitarem a carteira identidade para
aferir a idade. Neste caso, reponde quem determinou
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
o erro, in casu, Maciel.
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não Vamos conhecer agora, o erro sobre a pessoa (§ 3º,
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e do art. 20, do Código Penal):
o fato é punível como crime culposo.
Erro sobre a pessoa
Pela redação do art. 20 é possível aferir que o erro
de tipo pode ou não excluir o dolo, isto é, o elemento § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime
vontade. Mas qual é a importância da vontade para o é praticado não isenta de pena. Não se consideram,
estudo do erro de tipo? Tal elemento é de fundamen- neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
tal importância, uma vez que se inexistir a forma cul- senão as da pessoa contra quem o agente queria
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
posa de algum crime, o agente que praticou o fato não praticar o crime.
cometerá crime algum, a contrário sensu, se existir
forma culposa este agente será punido pela prática do Esta figura pode ser conhecida também por error
crime na sua forma culposa. in persona ou, ainda, por erro de tipo acidental. No
O parágrafo § 1º do citado artigo dispõe sobre as erro sobre a pessoa existe o crime, o agente quer o
discriminantes putativas. A palavra putativa deve ser resultado, todavia confunde a pessoa visada, isto é,
entendida no sentido de aparentar ou parecer. Por quem ela queria realmente atingir. Por esta razão,
exemplo: nesta hipótese inexiste isenção de pena.
É importante diferenciar a figura erro de tipo
Catarina foi ameaçada por Beatriz, que disse que
acidental da figura de erro na execução, apesar de
iria lhe dar uma facada. A partir deste dia, Catari-
na, assustada pelas ameaças de Beatriz, passou a muito parecidas são conceitos distintos, a diferença
andar sempre com um canivete de bolso. Na sema- principal desta última é que, como o próprio nome
na seguinte, Catarina desapercebida se encontra diz, o erro é na execução. Exemplo: por não saber ati-
com Beatriz numa rua sem saída. Beatriz então, rar acerta pessoa diversa. 381
Vamos para a tabela: z Erro sobre a Ilicitude Evitável:
Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora z Moral: a conduta do agente se restringe a induzir
ambos dentro da teoria objetiva, formal ou normati- ou instigar terceira pessoa a cometer uma infração
va, vejamos: penal. Não há colaboração com meios materiais,
mas apenas com ideias de natureza penalmente
z Teoria Formal: autor é o agente que pratica a ilícitas. Induzir é fazer surgir na mente de outrem
figura típica descrita no tipo penal, e partícipe é a vontade criminosa, até então inexistente. Insti-
aquele que comete ações não contidas no tipo, res- gar é reforçar a vontade criminosa que já existe na
pondendo apenas pelo auxílio que prestou (enten- mente de outrem;
dimento majoritário). O agente que furta os bens z Material: o agente presta auxílio ao autor do cri-
de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do me. O partícipe que auxilia é chamado pela dou-
CP, enquanto aquele que o aguarda com o car- trina de cúmplice. Auxiliar é facilitar a execução
ro para ajudá-lo a fugir, responderá apenas pela do crime sem, porém, executar o núcleo do tipo. O
colaboração; auxílio pode-se dar durante os atos preparatórios
z Teoria Normativa: autor é o agente que, além de ou executórios. Vamos exemplificar o auxílio na
praticar a figura típica, comanda a ação dos demais participação material:
(“autor executor” e “autor intelectual”).
emprestar o dinheiro para a compra de remé-
O partícipe é aquele que colabora para a prática dio abortivo;
da conduta delitiva, mas sem realizar a figura típica ensinar a fórmula do veneno que se irá minis-
descrita, e sem ter controle das ações dos demais. trar à vítima; e
Aquele que planeja o delito e aquele que o executa vigiar o local do crime para o agente executar
são coautores. o roubo.
Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária
teoria formal, o executor de reserva é apenas partí- z Participação de menor importância: Partici-
cipe, ou seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo pação de menor importância, ou mínima, é a de
após Mário também desfere tiros em Pedro, Mário reduzida eficiência causal. Por quê? Porque con-
(executor de reserva) responderá apenas pela partici- tribui para a produção do resultado, mas de forma
menos decisiva. Entendeu? Apenas participa.
pação, pois não praticou a conduta matar, já que ati-
rou em um cadáver.
O melhor critério para constatar a participa-
O juiz poderá aplicar penas iguais para autor e
ção de menor importância é o da equivalência dos
partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este últi-
antecedentes.
mo, quando, por exemplo, for o mentor do crime.
A participação de menor importância está prevista
no § 1°, art. 29 do CP, com pena pode ser diminuída de
Sobre o assunto, ver o que preceitua o art. 29 do
1/6 a 1/3.
CP:
Encontramos em algumas doutrinas que a redu-
ção é mera faculdade do juiz, mas oriento que outras
[...] quem, de qualquer modo, concorre para o crime
doutrinas têm a tese de que quando a lei concede ao
incide nas penas a este cominadas, na medida de
agente a possibilidade de obter certos benefícios, tal
sua culpabilidade
possibilidade ingressa nos chamados direitos públicos
de liberdade do réu.
Dessa forma deve-se analisar cada caso concreto
É necessário saber que a participação de menor
de modo a verificar a proporção da colaboração (Nuc-
importância somente se aplica à participação. A atua-
ci, 2018).
ção do coautor é sempre relevante.
A participação é a modalidade de concurso de
Além disso, a participação de menor importância
pessoas em que o sujeito não realiza diretamente o descreve uma causa de diminuição da pena, aplicável
núcleo do tipo penal, mas de qualquer modo concorre na terceira fase da fixação da pena. Trata-se de direito
para o crime. subjetivo do réu.
Trata-se de qualquer tipo de colaboração, desde Lembre-se de que a diminuição da pena se relacio-
que não relacionada à prática do verbo contido na na à participação, ou seja, ao comportamento adotado
descrição da conduta criminosa. pelo sujeito, e não à sua pessoa.
Exemplo: é partícipe de um homicídio aquele que, A redução da pena não alcançará o coautor nem
ciente do propósito criminoso do autor, e disposto a o partícipe intelectual, isto é, o que planejou o crime,
com ele colaborar, empresta uma arma de fogo muni- porque em tal caso não se pode falar em participação
ciada para ser utilizada na execução do delito. de somenos importância.
É relevante saber que a menor importância da
A participação possui dois requisitos: cooperação pode ocorrer na preparação ou execução
do crime, embora seja mais frequente durante os atos
z propósito de colaborar para a conduta do autor preparatórios.
(principal); e As condições pessoais, referentes ao autor ser pri-
z colaboração efetiva, por meio de um compor- mário ou reincidente, perigoso ou não, não impedem
tamento acessório que concorra para a conduta a redução da pena, se tiver contribuído minimamente
386 principal. para a produção do resultado.
Agravante z Prevenção geral (direcionada à sociedade)
O Código Penal, no art. 61, trata das circunstâncias
negativa: intimidação pela pena;
agravantes, ou seja, reincidência, ter o agente come-
positiva: demonstra a vigência da lei penal;
tido o crime, por exemplo, por motivo fútil ou torpe,
dentre outras hipóteses legal.
Aqui vamos dedicar o estudo do art. 62 do CP, pois z Prevenção especial (direcionada ao condenado)
se trata das agravantes aplicáveis no caso de concurso
de pessoas. negativa: evita a reincidência;
positiva: busca a ressocialização.
Art. 62 A pena será ainda agravada em relação ao
agente que: Após o trânsito em julgado, o juiz das execuções
I- promove, ou organiza a cooperação no crime ou assume o processo, de maneira que é ele quem irá
dirige a atividade dos demais agentes; aplicar os institutos da execução penal, por exemplo:
II- coage ou induz outrem à execução material do remição de pena pelo trabalho e pelo estudo. Os deta-
crime; lhes da execução da pena são tratados na Lei 7.210,
III- instiga ou determina a cometer o crime alguém
de 1984.
sujeito à sua autoridade ou não punível em virtude
Existem as seguintes espécies de penas: privativa
de condição ou qualidade pessoal;
de liberdade; restritiva de direitos; multa.
IV- executa o crime, ou nele participa, mediante
paga ou promessa de recompensa. Dentro da pena privativa de liberdade, existe a
possibilidade da reclusão ou detenção. A reclusão
Vamos estudar: pode ser cumprida no regime fechado, semiaberto ou
aberto. Já a detenção só pode iniciar-se nos regimes
z quem promove ou organiza a cooperação no crime, semiaberto ou aberto, podendo regredir para regime
ou dirige a atividade dos demais agentes. São os auto- fechado. Observe as diferenças entre os regimes:
res intelectuais. O agente é organizador do delito;
z quem coage outrem à execução material do crime. z Regime fechado: A execução da pena acontece em
Veja, a coação pode ser física ou moral, resistível ou
estabelecimento de segurança máxima ou média.
irresistível. Se a coação for resistível, coator e coagi-
Exige-se exame criminológico. Há trabalho no
do respondem pelo delito. Se a coação for irresistí-
período diurno (em comum dentro do estabeleci-
vel, só o coator responde pelo crime, sem a aludida
agravante. Nessa coação não há propriamente con- mento) e isolamento durante o repouso noturno.
curso de pessoas, e, sim, autoria mediata. Observação: o trabalho externo é admissível em
serviços/obras públicas;
Coagir alguém a praticar crime configura delito de z Regime semiaberto: A execução da pena acontece
tortura, pois o coator será responsabilizado pelo deli- em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
to praticado pelo coagido em concurso material com o similar. Há trabalho comum durante o dia, sendo
crime de tortura da alínea “b”, inciso I, art. 1° da Lei possível, também, o trabalho externo e a frequên-
n° 9.455, de 1997. cia a cursos;
z Regime aberto: A execução da pena acontece em
z quem instiga ou determina a cometer o crime
casa de albergado ou estabelecimento adequado.
alguém sujeito à sua autoridade ou não punível em
Baseia-se na autodisciplina e é de responsabilidade
virtude de condição ou qualidade pessoal;
do condenado, que precisará trabalhar, frequentar
z quem induz ou instiga a cometer crime pessoa não
punível, como o doente mental. curso ou exercer outra atividade autorizada (fora
e sem vigilância); deve, também, permanecer reco-
lhido durante o período noturno e nos dias de fol-
Importante! ga. Regredirá de regime se praticar crime doloso,
frustrar os fins da execução ou não pagar a multa;
Aquele que induz menor de dezoito anos a praticar z Regime especial: Consiste no cumprimento de pena
crime contra determinada vítima será participe do em estabelecimento próprio, destinado somente às
delito e ainda responderá pelo crime de corrupção mulheres, e devidamente adequado às condições
de menores previsto no art. 244-B do ECA. necessárias ao sexo feminino.
pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se
do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorren-
sentença; tes resultam de desígnios autônomos, consoante o
II - o desconhecimento da lei; disposto no artigo anterior.
III - ter o agente: Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que
a) cometido o crime por motivo de relevante valor seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com Crime continuado
eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, Art. 71 Quando o agente, mediante mais de uma
reparado o dano; ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
ou em cumprimento de ordem de autoridade supe- maneira de execução e outras semelhantes, devem
rior, ou sob a influência de violenta emoção, provo- os subseqüentes ser havidos como continuação do
cada por ato injusto da vítima; primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, 389
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumen- Há três sistemas de aplicação da pena, a saber:
tada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. cúmulo material, exasperação e absorção.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra víti-
mas diferentes, cometidos com violência ou grave z Sistema do cúmulo material: aplica-se ao réu o
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a
somatório das penas de cada uma das infrações
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
penais pelas quais foi condenado:
personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos cri-
mes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o Concurso material (art. 69 do Código Penal);
triplo, observadas as regras do parágrafo único do Concurso formal imperfeito ou impróprio (2ª
art. 70 e do art. 75 deste Código. parte do caput do art. 70 do CP);
Concurso das penas de multa (art. 72 do CP).
Multas no concurso de crimes
z Sistema da exasperação: aplica-se somente a
Art. 72 No concurso de crimes, as penas de multa pena da infração penal mais grave praticada pelo
são aplicadas distinta e integralmente. agente, aumentada de determinado percentual:
Art. 76 No concurso de infrações, executar-se-á pri- Requisitos do concurso de crimes material: plura-
meiramente a pena mais grave. lidade de condutas e de crimes. O concurso de crimes
material pode ser:
CONDENAÇÃO CONDENAÇÃO POR z O agente realiza a conduta sem atuar com desíg-
DE RECLUSÃO E PENAS RESTRITIVA DE nios autônomos;
DETENÇÃO DIREITOS z É o caso de concurso formal entre crimes culposos
ou entre um crime doloso e outro culposo;
Se o agente é condenado Se o agente for condenado
z Adota-se o sistema da exasperação, aplicando-se a
a pena de reclusão por à pena restritiva de direi-
pena do crime mais grave, ou, se iguais, somente
um crime e a pena de tos, o condenado cumprirá
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de
detenção por outro crime, simultaneamente as que
aplica-se primeiro a pena forem compatíveis entre si um sexto até a metade;
de reclusão e depois a e sucessivamente as de- z O critério de aumento é o número de crimes:
pena de detenção mais (§ 2º do art. 69)
(2ª parte do art. 69 do CP) CONCURSO FORMAL PRÓPRIO OU PERFEITO
(SISTEMA DA EXASPERAÇÃO)
Aplica-se entre
crimes dolosos
culposos
Perfeito ou
Próprio
Sistema da
exasperação
CONCURSO
FORMAL Aplica-se
somente nos
Imperfeito crimes de dolo
ou Impróprio
Sistema de
cumulação
Se a intenção do agente é direcionada à subtração de um Praticado o crime de roubo mediante uma só ação, contra
único patrimônio, estará configurado apenas um crime, ain- vítimas diferentes, não há se falar em crime único, mas
da que, no modus operandi, seja utilizada violência ou gra- sim em concurso formal, visto que violados patrimônios
ve ameaça contra mais de uma pessoa2 para a consecução distintos (STJ). Por exemplo: o agente entra no ônibus e
do resultado (STJ). Por exemplo: o agente entra no ônibus e rouba 7 aparelhos de celular de 7 vítimas distintas (con-
subtrai apenas os bens que estavam em posse do cobrador curso formal impróprio)
O roubo qualificado pela morte é conhecido como latrocínio e é crime hediondo (inciso II do art. 1º da Lei nº 8.072, de 1990)
A pluralidade de vítimas atingidas pela violência no crime Incide o concurso formal impróprio (2ª parte do art. 70
de roubo com resultado morte ou lesão grave, embora do CP) no crime de latrocínio, nas hipóteses em que o
único o patrimônio lesado, não altera a unidade do crime, agente, mediante uma única subtração patrimonial, busca
devendo essa circunstância ser sopesada na individua- alcançar mais de um resultado morte, caracterizados os
lização da pena, que, no caso, à de 20 a 30 anos.3 Para desígnios autônomos4
o STF, haverá concurso de crimes apenas se a intenção
do agente for direcionada à subtração de mais de um
patrimônio
CRIME CONTINUADO
Art. 71 Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como conti-
nuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa,
poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
O crime continuado se caracteriza quando o agente, mediante mais de uma conduta, pratica dois ou mais cri-
mes da mesma espécie, e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro (caput do art. 71 do CP).
Há três teorias sobre a natureza jurídica do crime continuado:
2 (AgRg no REsp 1.490.894-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/2/2015, Dje 23/2/2015).
3 (HC 96736 DF. Rel. Min. Teori Zavaski).
392 4 (REsp 1.282.171/MG, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta turma, DJe 29/6/2016).
z Teoria da unidade real: Crime continuado é a z Conexão modal: O modus operandi utilizado pelo
existência de um só delito; agente na prática dos delitos deve ser semelhan-
z Teoria da unidade jurídica ou mista: Crime te, isto é, normalmente o agente segue o mesmo
continuado é um terceiro crime, com caracteres padrão de comportamento;
próprios; z Conexão ocasional: O agente, na prática do crime
z Teoria da ficção jurídica (Teoria da unidade posterior, deve aproveitar-se da mesma ocasião ou
fictícia limitada): Crime continuado é uma plura- da mesma situação propícia nascida com o crime
lidade de crimes, considerando a unidade apenas anterior.
para efeito de aplicação da pena. Há vários crimes,
e não crime único. Essa é a teoria adotada pelo Há três espécies de crimes continuados:
Código Penal.
z Simples ou comum: As penas dos diversos delitos
A unidade do crime continuado é apenas para são idênticas. Por exemplo: em três furtos simples,
fixar a pena. A prescrição punitiva e a decadência são o juiz aplica a pena de um só, aumentando-a de um
analisadas separadamente em relação a cada crime. sexto a dois terços. Vejamos a tabela:
Para efeito de coisa julgada, descaracteriza-se a ficção
jurídica. CRIME CONTINUADO (SISTEMA DA EXASPERAÇÃO)
Ou seja, se o agente for absolvido de diversos cri-
Número
mes (por exemplo, vários furtos), em continuidade 2 3 4 5 6 7 ou +
de crimes
delitiva no mesmo processo e, posteriormente, desco-
bre-se, após o trânsito em julgado, outros crimes (por Aumento
exemplo, furtos integrantes da sequência delituosa), 1/6 1/5 1/4 1/3 1/2 2/3
da pena
instaura-se novo processo, uma vez que sobre esses
novos fatos não se opera a coisa julgada, visto que não
foram objeto de decisão. z Qualificado: As penas são diversas. Por exemplo:
São pressupostos do crime continuado: a plurali- dois furtos simples e um qualificado. Neste caso, o
dade de condutas, a pluralidade de crimes da mesma juiz aplica a pena do crime mais grave, aumentan-
espécie e a conexão de continuação temporal, espa- do-a de um sexto a dois terços, conforme o número
cial, modal e ocasional. de crimes;
E o pressuposto da unidade de desígnio? O Código z Específico: Crimes dolosos contra vítimas dife-
Penal não faz qualquer menção à unidade ou plurali- rentes, cometidos com violência ou grave ameaça
dade de desígnio, adotando a teoria objetiva. à pessoa (parágrafo único do art. 71 do CP). Neste
A doutrina aponta duas teorias: objetiva e subjeti- caso, o juiz aplica a pena de um só dos crimes, se
va. Vejamos: idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentan-
do-a até o triplo.
z Teoria objetiva: Não há necessidade da unidade
de desígnio, porque o crime continuado se caracte- Dica
riza pela homogeneidade dos elementos exteriores
à conduta, sem qualquer questionamento sobre o Momento da unificação das penas:
propósito do agente; � Mesmo processo: juízo da sentença;
z Teoria subjetiva: Há necessidade de unidade de � Processos diversos: juízo da execução.
desígnio, pois o criminoso tem o propósito de rea- Aplica-se a regra do art. 71 do CP.
lizar um plano antes de atuar, deixando de fora do
benefício os delinquentes que atuam sem prévia Não há tentativa no crime continuado. Vejamos:
deliberação, mas que, diante das oportunidades
surgidas, não resistem à tentação de delinquir. z Teoria da unidade real: Crime continuado tem
evento próprio, consumando-se quando o agente
Requisitos cumulativos: realiza o último crime da série em continuação;
z Teoria da ficção jurídica: Não admite a existência
z Pluralidade de condutas: Várias condutas, e não de um momento consumativo próprio para o cri-
apenas uma pluralidade de atos; me continuado, porque cada um dos delitos que o
z Crimes da mesma espécie: Tem-se duas correntes: compõem conserva sua autonomia.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Primeira corrente: Mesmas espécies previstas Dentro das diversas infrações que compõem o cri-
no mesmo tipo legal, seja em sua forma sim- me continuado, nada obsta que se figure uma tenta-
ples, privilegiada, qualificada, consumada ou tiva. Porém, o crime continuado em si não admite a
tentada. Por exemplo: crime de furto (simples, forma tentada, apenas as condutas isoladas realiza-
com chaves falsas no período noturno); das durante a sua prática.
Segunda corrente: Ofender o mesmo bem jurí-
dico. Por exemplo: crimes contra o patrimônio. MULTAS NO CONCURSO DE CRIMES
z Conexão temporal: Não pode haver tempo muito Art. 72 No concurso de crimes, as penas de multa
grande entre um delito e outro. A jurisprudência são aplicadas distinta e integralmente.
dominante diz que não pode decorrer mais do que
trinta dias entre os crimes; Em uma interpretação simples do art. 72 do CP, é
z Conexão especial: Circunstância de lugar entre possível compreender que, quanto às penas de multas
um e outro delito também deve ser semelhante; no concurso de crimes, o sistema aplicado é do cúmulo
por exemplo, mesma cidade ou cidades vizinhas; material. 393
A doutrina é unânime quando se trata de concurso V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a
material e concurso formal. Porém, quando se trata um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
de crime continuado, a interpretação é questionada, VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior
e temos, portanto, duas correntes (MASSON, 2016): a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de
2010).
z Primeira corrente: “as multas cominadas aos
Prescrição das penas restritivas de direito
diversos delitos praticados pelo agente devem ser
somadas, ou então aplicada somente uma delas,
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas
com aumento de determinado percentual.” A tese
de direito os mesmos prazos previstos para as pri-
se baseia no fato de que o art. 72 do CP “foi taxativo
vativas de liberdade. (Redação dada pela Lei nº
ao determinar a soma das penas de multa no con- 7.209, de 11.7.1984)
curso de crimes, pouco importando a sua moda-
lidade, ou seja, se concurso material, formal, ou, Prescrição depois de transitar em julgado sentença
ainda, crime continuado”; final condenatória
z Segunda corrente: “a adoção da teoria da ficção
jurídica pelo art. 71 do CP implica na aplicação de Art. 110 - A prescrição depois de transitar em jul-
uma única pena de multa, por se tratar de crime gado a sentença condenatória regula-se pela pena
único para fins de dosimetria da sanção penal. Não aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo
teria sentido aplicar-se uma só pena privativa de anterior, os quais se aumentam de um terço, se o
liberdade, e várias penas de multa, para um cri- condenado é reincidente. (Redação dada pela Lei nº
me continuado. É a posição majoritária no âmbito 7.209, de 11.7.1984)
jurisprudencial.” § 1° A prescrição, depois da sentença condenatória
com trânsito em julgado para a acusação ou depois
de improvido seu recurso, regula-se pela pena apli-
cada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por
termo inicial data anterior à da denúncia ou quei-
PUNIBILIDADE E SUAS CAUSAS DE xa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).
EXTINÇÃO
Termo inicial da prescrição antes de transitar em
Extinção da punibilidade
julgado a sentença final
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em jul-
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
gado a sentença final, começa a correr: (Redação
I - pela morte do agente;
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - pela anistia, graça ou indulto;
I - do dia em que o crime se consumou; (Redação
III - pela retroatividade de lei que não mais conside-
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ra o fato como criminoso;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a ati-
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
vidade criminosa; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo per- de 11.7.1984)
dão aceito, nos crimes de ação privada; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a a permanência; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
lei a admite; de 11.7.1984)
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou altera-
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) ção de assentamento do registro civil, da data em
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. que o fato se tornou conhecido. (Redação dada pela
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstân- V - nos crimes contra a dignidade sexual de crian-
cia agravante de outro não se estende a este. Nos ças e adolescentes, previstos neste Código ou em
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um legislação especial, da data em que a vítima com-
deles não impede, quanto aos outros, a agravação pletar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já
da pena resultante da conexão. (Redação dada pela houver sido proposta a ação penal. (Redação
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dada pela Lei nº 12.650, de 2012)
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Termo inicial da prescrição após a sentença conde-
natória irrecorrível
Art. 109 A prescrição, antes de transitar em julga-
do a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescri-
110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena ção começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
privativa de liberdade cominada ao crime, veri- de 11.7.1984)
ficando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de I - do dia em que transita em julgado a sentença con-
2010). denatória, para a acusação, ou a que revoga a suspen-
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior são condicional da pena ou o livramento condicional;
a doze; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é supe- II - do dia em que se interrompe a execução, salvo
rior a oito anos e não excede a doze; quando o tempo da interrupção deva computar-se na
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a Prescrição no caso de evasão do condenado ou de
394 dois anos e não excede a quatro; revogação do livramento condicional
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revo- § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do
gar-se o livramento condicional, a prescrição é regula- inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr,
da pelo tempo que resta da pena. (Redação dada pela novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais
Prescrição da multa graves. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isolada-
(Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) mente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única comi-
nada ou aplicada; (Incluído pela Lei nº 9.268, de Perdão judicial
1º.4.1996)
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não
da pena privativa de liberdade, quando a multa for será considerada para efeitos de reincidência. (Reda-
alternativa ou cumulativamente cominada ou cumu- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
lativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de
1º.4.1996)
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; z Crime plurissubsistente: pode ser praticado por
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) meio de um ou mais atos de execução;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão con- z Crime unissubjetivo: pode ser praticado por um ou
denatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº mais agentes.
11.596, de 2007).
V - pelo início ou continuação do cumprimento da É importante que você saiba as classificações aqui
pena; (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
descritas, já que elas são bastante cobradas em provas.
VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268,
O crime de homicídio é dividido em:
de 1º.4.1996)
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste arti-
go, a interrupção da prescrição produz efeitos rela- z Homicídio Doloso:
tivamente a todos os autores do crime. Nos crimes
conexos, que sejam objeto do mesmo processo, esten- Homicídio simples (caput do art. 121 do CP);
de-se aos demais a interrupção relativa a qualquer Homicídio privilegiado (§ 1º, art. 121, do CP);
deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Homicídio qualificado (§ 2º, art. 121, do CP); 395
z Homicídio culposo (§ 3º, art. 121, do CP). Relevante valor social – possível e compreensí-
vel para a sociedade. Ex.: indivíduo acaba com
Veremos a seguir cada um deles. a vida de malfeitor em prol da sociedade;
Relevante valor moral – referente ao valor
z Homicídio Simples moral individual. Temos como exemplos ações
movidas por compaixão, beneficiação, amparo.
O homicídio simples está previsto no caput do art. 121. Ex.: eutanásia;
Sob o domínio de violenta emoção, logo em
Art. 121 Matar alguém: seguida à injusta provocação da vítima – como
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. o próprio nome diz, a ação tem que ter acon-
tecido logo após o ato, e o agente estando sob
Tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo do condições de grandes emoções. Ex.: O marido
homicídio simples podem ser qualquer pessoa. A con- chega em casa e pega sua companheira em fla-
duta é praticada mediante dolo (vontade consciente grante com outro indivíduo; dominado pela rai-
do sujeito). O crime se consumará quando ocorrer a va, sem pensar, e sem controle, acaba matando
efetiva morte da vítima. Admite-se a forma tentada. o indivíduo.
Ele é bastante difícil de ser configurado, já que difi-
cilmente ocorre este crime sem que alguma qualifica- Quando reconhecido o privilégio, no crime de
dora (que veremos a seguir) seja aplicada. Podemos homicídio, quais as consequências? O juiz pode redu-
entender, então, que o homicídio simples é residual. zir a pena do agente de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
Será simples o homicídio quando ele não for
qualificado.
Sobre o homicídio simples, a informação mais Importante!
importante é que, em regra, ele não é crime hedion-
Atente-se ao patamar de redução da pena.
do; entretanto, se for praticado em atividade típica de
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só
agente, será crime hediondo. Sobre o homicídio privilegiado, algumas conside-
O homicídio simples só será crime hediondo quan- rações são muito importantes para a sua prova:
do praticado em atividade típica de grupo de extermí-
nio, ainda que cometido por um só agente, conforme Não é considerado crime hediondo;
a primeira parte do inciso I do art. 1º da Lei nº 8.072, Não se comunica para coautores ou partícipes.
de 1990.
Exemplo: o crime de homicídio é cometido por 2
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes (dois) agentes (Vicente e Gabriel). Gabriel o pratica
crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consuma-
à injusta provocação da vítima; Vicente, não. Nesta
dos ou tentados:
hipótese, Gabriel responderá por homicídio privile-
I - homicídio (art. 121), quando praticado em ativida-
giado e Vicente, por homicídio.
de típica de grupo de extermínio, ainda que cometido
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, §
2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); [...] Homicídio Qualificado
Atenção: a segunda parte do inciso I do art. 1º da No homicídio qualificado, o agente estará subme-
Lei nº 8.072, de 1990, com redação dada por meio da tido a uma pena maior, mais grave. As qualificado-
Lei nº 13.964, de 2019, trata de hipóteses de homicídio ras são fatores que tornam a conduta praticada pelo
qualificado. agente, de alguma forma, mais reprovável por parte
da sociedade. A pena do homicídio qualificado está
z Homicídio Privilegiado prevista entre 12 (doze) e 30 (trinta) anos.
O Código Penal, no § 2º do art. 121, estabelece as
Art. 121 [...] seguintes qualificadoras:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domí- Art. 121 [...]
nio de violenta emoção, logo em seguida a injusta § 2º [...]
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
um sexto a um terço. por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
Segundo Nucci, privilégios são circunstâncias III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
legais específicas, vinculadas ao tipo penal incrimi-
que possa resultar perigo comum;
nador, provocadoras da diminuição da faixa de apli-
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
cação da pena, em patamares prévia e abstratamente lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos-
estabelecidos pelo legislador, alterando o mínimo e o sível a defesa do ofendido;
máximo previstos para o crime. V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
Para fins do nosso estudo, vamos entender o homi- nidade ou vantagem de outro crime:
cídio privilegiado como uma modalidade mais branda Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
do crime de homicídio. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
O homicídio privilegiado está previsto no § 1º do VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
396 art. 121 e se configura em uma das seguintes situações: feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. Temos aqui qualificadoras relacionadas aos meios
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do empregados pelo agente para praticar o crime, que
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança podem estar relacionadas a meios insidiosos (empre-
Pública, no exercício da função ou em decorrência go de veneno), cruéis (asfixia, tortura) ou que possam
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- resultar em perigo comum (fogo, explosivo).
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
Em relação ao emprego de veneno, segundo a
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
doutrina majoritária, tal qualificadora só irá se con-
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
figurar se ficar comprovado que a vítima ingeriu o
veneno sem saber que o fazia. Caso a vítima saiba que
Atenção: a segunda parte do inciso I do art. 1º da
está ingerindo veneno, outra qualificadora poderá ser
Lei nº 8.072, de 1990, com redação dada por meio da
aplicada, a de meio cruel.
Lei nº 13. 964, de 2019, diz que será hediondo o homi-
cídio qualificado em todas as hipóteses dos incisos I,
II, III, IV, V, VI, VII e VIII do § 2º do art. 121 do CP.
Agora, vamos esclarecer cada um dos incisos do § 2º
Importante!
do art. 121 do CP: No Direito Penal, o agente é punido, em regra,
Se o homicídio é cometido: pelo crime que queria praticar. Assim, caso o
agente queira torturar, mas se exceda e acabe
Art. 121 [...]
matando a vítima, irá responder por tortura qua-
§ 2º [...]
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
lificada pelo resultado morte. Se o agente queria
por outro motivo torpe; matar e usa a tortura como meio para atingir a
sua finalidade, irá responder por homicídio quali-
Motivo torpe refere-se a algo repugnante, nojento, ficado pela tortura.
abjeto.
O Código Penal nos exemplifica o que vem a ser moti-
Art. 121 [...]
vo torpe: mediante paga ou promessa de recompensa.
§ 2º [...]
Os demais casos de torpeza serão interpretados ana-
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
logicamente pela autoridade judicial.
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos-
O homicídio praticado mediante paga ou promessa sível a defesa do ofendido;
de recompensa é conhecido doutrinariamente como
homicídio mercenário.
As qualificadoras mencionadas no inciso IV tam-
Ele fica configurado quando o agente pratica o
bém estão relacionadas aos meios empregados pelo
crime motivado por alguma recompensa (segundo a
agente. Quando o agente comete um homicídio, pra-
doutrina, deve ser de natureza econômica), que pode
ticando-o de forma que a defesa da vítima seja difi-
ser anterior (na modalidade paga) ou posterior (na
cultada ou se torne impossível, ele responderá na
modalidade promessa de recompensa).
modalidade qualificada.
A 6ª Turma do STJ entende que a comunicabilida-
de da qualificadora “mediante paga ou promessa de
Art. 121 [...]
recompensa” não é automática, tratando-se de qualifi-
§ 2º [...]
cadora de natureza pessoal, que não irá se comunicar
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
automaticamente ao mandante do crime, responden-
nidade ou a vantagem de outro crime;Nesta forma
do este na modalidade qualificada se torpe for o moti-
qualificada, o agente pratica o homicídio para,
vo que o levou a pagar pela morte da vítima.
de alguma forma, garantir uma vantagem rela-
Assim, por exemplo, se Alessandro, que tem a
cionada a um outro crime. A doutrina chama
intenção de matar um desafeto, chamado Antoniel,
esta qualificadora de conexão instrumental,
pagar R$ 1.000,00 (mil reais) a Fabrício para que este
que pode ser teleológica ou consequencial.
mate Antoniel, a qualificadora será aplicada a Fabrí-
cio; já para Alessandro, o mandante, o homicídio não
Conexão instrumental teleológica assegura a exe-
será necessariamente qualificado.
cução futura de um outro crime.
Art. 121 [...]
Conexão instrumental consequencial assegura a
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2º [...]
II - por motivo fútil; praticado anteriormente.
Segundo a doutrina majoritária, não é necessário
Motivo fútil refere-se a um motivo pequeno, des- que o crime anterior ou posterior possa ter sido pra-
proporcional, banal. Há desproporcionalidade entre a ticado por uma outra pessoa, não existindo a obriga-
conduta praticada e a motivação. toriedade de que seja o próprio autor do homicídio.
O homicídio será qualificado por motivo fútil
quando, por exemplo, for motivado por uma dívida Art. 121 [...]
de uma carteira de cigarro. § 2º [...]
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
Art. 121 [...] feminino.
§ 2º [...]
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- Fique atento, pois este dispositivo tem grande
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de incidência em provas de concursos públicos. Estamos
que possa resultar perigo comum; falando do feminicídio. 397
Você acertará todos os itens correspondentes Ele decide que não quer mais um jarro de plantas e,
quando entender que nem toda morte de mulher será para se livrar do objeto, joga-o pela janela. O jarro cai
considerada feminicídio, mas sim a morte de mulher na cabeça de Beltrano, que morre imediatamente.
praticada devido a sua condição de sexo feminino. Observe que Ciclano não queria a morte de Beltra-
O Código Penal estabelece que se considera que há no, nem assumiu o risco de matá-lo, mas, por ter sido
razões de condição de sexo feminino quando a morte imprudente (praticado uma ação não recomendável),
da mulher envolver violência doméstica ou familiar ou acabou causando a morte da vítima.
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Nesse caso, a negligência fica configurada quando
O feminicídio ficará configurado com a morte da o agente é omisso ou relapso. Ele não faz algo que a
mulher devido à violência de gênero e não quando vida em sociedade recomenda.
ocorrer a morte da mulher em qualquer situação. Além disso, a imperícia é a falta de aptidão técnica
para o desempenho de determinada atividade.
Art. 121 [...] Nos exemplos a seguir, que a doutrina apresen-
§ 2º [...] ta com mais frequência, poderemos ver a diferença
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. entre a negligência e a imperícia:
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Ex.: Adolfo é médico-cirurgião. Certo dia, ao
Pública, no exercício da função ou em decorrência fazer uma cirurgia renal, ele deixa um bisturi
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren-
dentro do paciente, que vem a óbito;
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
Ex.: Teobaldo é médico clínico geral em período
condição.
de residência. Ele vai fazer uma cirurgia renal,
erra no procedimento e a vítima morre.
O homicídio será qualificado quando praticado
contra os seguintes agentes ou autoridades:
No primeiro exemplo: Adolfo irá responder por
homicídio culposo por negligência. Observe que ele é
Integrantes das Forças Armadas (Marinha,
médico-cirurgião, logo, tem perícia para a realização
Exército ou Aeronáutica);
de cirurgias, mas foi omisso ao esquecer o equipa-
Integrantes dos órgãos de segurança pública:
mento dentro do paciente.
Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal;
No segundo exemplo: Teobaldo irá responder por
Polícia Ferroviária Federal; Polícias Civis; Poli-
homicídio culposo por imperícia, já que faltava a ele
ciais Militares; Corpo de Bombeiros Militares;
aptidão necessária para realizar perícias.
Polícias Penais federal, estadual e municipal.
No caso do homicídio culposo, é possível a aplica-
ção do instituto do perdão judicial, previsto no § 5º do
Mais uma vez, você deve ficar atento e levar para a
art. 121 do CP:
sua prova que não é a morte de qualquer dos agentes
ou autoridades citados que irá qualificar o homicídio,
Art. 121 [...]
mas sim se a morte deles for praticada no exercício
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz pode-
da função (enquanto eles trabalham) ou em razão da rá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da
função (devido ao cargo que eles ocupam ou função infração atingirem o próprio agente de forma tão
que eles exercem). grave que a sanção penal se torne desnecessária.
A qualificadora também será aplicada se o homi-
cídio for praticado contra o cônjuge, companheiro Você pode entender a aplicação do perdão judicial
ou parente consanguíneo até o 3º (terceiro) grau dos ao seguinte caso: pai que, por imprudência, provoca
agentes ou autoridades que vimos, também motivado um acidente de trânsito e mata o próprio filho. Nes-
pela função que os agentes ou autoridades exercem. te caso, as consequências da infração penal (homi-
É possível que o homicídio seja privilegiado e qua- cídio) atingem o pai de forma tão grave (a morte de
lificado ao mesmo tempo? Sim. seu filho) que é desnecessária a aplicação de sanção
É possível, porém, é necessário que a qualificado- penal, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
ra seja de natureza objetiva, ou seja, relacionada aos O instituto do perdão judicial se aplica apenas aos
meios empregados pelo agente para executar o crime. casos de homicídio culposo.
Segundo a doutrina majoritária, o homicídio pri- Falaremos agora das causas de aumento de pena
vilegiado-qualificado não será considerado hediondo, aplicadas ao homicídio.
porque o privilégio afasta a hediondez.
z Homicídio Majorado
z Homicídio Culposo
As causas de aumento de pena estão previstas nos
Art. 121 [...]
§ 4º, 6º e 7º, art. 121. Vejamos:
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Art. 121 [...]
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de
O homicídio culposo é aquele em que o agente não 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
quer como o resultado a morte, nem assume o risco de de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se
realizá-la, mas acaba causando a morte de alguém por o agente deixa de prestar imediato socorro à víti-
imprudência, negligência ou imperícia. ma, não procura diminuir as conseqüências do seu
A imprudência fica configurada quando o agente ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
é afoito, praticando conduta não recomendada pela doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
vida em sociedade. Exemplo: Ciclano está mudando terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
398 alguns móveis em apartamento, que fica no 4º andar. de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
[...] Art. 122 [...]
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
metade se o crime for praticado por milícia priva- resulta lesão corporal de natureza grave ou gravís-
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu- sima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste
rança, ou por grupo de extermínio. Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Quanto ao feminicídio, o aumento será de 1/3 até § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutila-
metade, quando praticado nas circunstâncias do § 7º ção resulta morte:
do art. 121: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Art. 121 [...] Essa redação (§ 1º do art. 122 do CP) citada põe fim
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um à discussão sobre a possibilidade de tentativa para o
terço) até a metade se o crime for praticado: induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio.
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste-
Hoje, a lei diz que o crime de induzimento, instiga-
riores ao parto;
ção ou auxílio ao suicídio e, agora, da automutilação,
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora
admite tentativa.
de doenças degenerativas que acarretem condição Porém, em caso de consumação do suicídio ou da
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; automutilação resultar morte, a pena prevista é de
III - na presença física ou virtual de descendente ou reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de z Forma qualificada
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Com a redação da Lei nº 13.968, de 2019, a pena
para o crime de induzimento, instigação e auxílio ao
As causas de aumento de pena aplicáveis ao homi- suicídio e de automutilação é duplicada em dois casos.
cídio culposo também merecem atenção especial. Para Vejamos:
tanto, dividimos a disposição do § 4º, art. 121, a seguir:
Art. 122 [...]
Se o crime resulta de inobservância de regra § 3º A pena é duplicada:
técnica de profissão, arte ou ofício – aumento I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe
de 1/3 (um terço); ou fútil;
Se o agente deixa de prestar imediato socorro II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
à vítima, não procura diminuir as consequên- quer causa, a capacidade de resistência.
cias do seu ato ou foge para evitar prisão em
flagrante – aumento de 1/3 (um terço). z Aumento de Pena
Induzimento, Instigação ou Auxílio a Suicídio ou a Art. 122 [...]
Automutilação § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta
é realizada por meio da rede de computadores, de
No Direito Penal Brasileiro, não se pune a autole-
rede social ou transmitida em tempo real.
são, ou seja, uma pessoa não será punida penalmente § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é
caso provoque mal somente a si própria. O tipo penal líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
que iremos estudar não pune o suicídio, que consis-
te na eliminação da própria vida, mas sim a conduta Não é caso de crime de induzimento, instigação
daquele que induz, instiga ou auxilia a prática de um ou auxílio ao suicídio e da automutilação quando a
suicídio ou a automutilação. vítima não tem algum discernimento para a prática
Art. 122 Induzir ou instigar alguém a suicidar-se
do suicídio e da autolesão. Caso a conduta seja prati-
ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio cada contra alguém sem qualquer discernimento, por
material para que o faça: exemplo, uma criança de 10 anos de idade, não esta-
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. remos diante do crime de induzir, instigar ou auxi-
liar a prática de suicídio, mas sim diante do crime de
Inicialmente, devemos entender o que significa homicídio.
cada um dos verbos que configuram o tipo penal:
Art. 122 [...]
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z Induzir: é criar uma ideia que não existe. A vítima § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
nunca pensou em se suicidar e o agente faz surgir cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
essa ideia na cabeça dela; contra quem não tem o necessário discernimento
z Instigar: é reforçar uma ideia que já existe. A víti- para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
ma pensa ou já pensou em se suicidar e o agente causa, não pode oferecer resistência, responde o
reforça essa ideia; agente pelo crime de homicídio, nos termos do art.
z Auxiliar: o agente presta auxílio material à vítima. 121 deste Código.
Por exemplo, emprestando uma arma, uma corda,
entre outras formas de auxílio. Neste sentido, o Código Penal trata, com a inclusão
da redação dada por meio da Lei nº 13.968, de 2019, da
Com o advento da Lei nº 13.968/2019, na hipótese hipótese da automutilação ou da tentativa de suicídio
de a automutilação ou de a tentativa de suicídio resul- resultarem em lesão corporal de natureza gravíssima.
tarem em lesão corporal de natureza grave ou gravíssi- Se for cometido contra menor de 14 (quatorze) anos
ma, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 do CP, a pena ou contra quem, por enfermidade ou deficiência men-
cominada é de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. tal, não tem o necessário discernimento para a prática 399
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode O infanticídio deve ocorrer durante o parto ou logo
oferecer resistência, responde o agente pelo crime após, ou seja, logo em seguida ao parto, sem intervalo.
lesão corporal gravíssima. Antes do início do parto, a morte do feto será aborto, e
se não ocorrer logo após o parto, será homicídio.
Art. 122 [...] A expressão “logo após o parto” compreende todo
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resul- o período em que permanecer a influência do esta-
ta em lesão corporal de natureza gravíssima e é do puerperal. Sobrevindo a fase da bonança, em que
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou predomina o instinto materno, cessa a influência do
contra quem, por enfermidade ou deficiência men- estado puerperal. Se, não permanecendo o estado
tal, não tem o necessário discernimento para a prá- puerperal, a mãe matar o filho, não estaremos diante
tica do ato, ou que, por qualquer outra causa, não do crime de infanticídio, mas de homicídio.
pode oferecer resistência, responde o agente pelo O delito só admite o dolo, que pode ser direto ou
crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. eventual.
Se houver a hipótese de a conduta de a mãe, em
Por fim, se o crime de suicídio se consuma ou se estado puerperal, logo após o parto, culposamente
da automutilação resulta morte e a vítima é menor de matar o filho, estaremos diante de homicídio culposo.
14 (quatorze) anos ou se o crime for praticado con- Há certos casos em que a mulher, após o parto, se
tra quem não tem o necessário discernimento para a vê acometida da chamada psicose puerperal, que é
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não uma doença mental que lhe tira totalmente o poder
pode oferecer resistência, responde o agente pelo cri- de autodeterminação. Nesta hipótese, a mãe é consi-
me de homicídio. derada absolutamente inimputável, conforme o caput
do art. 26 do CP.
Infanticídio Se, em outra hipótese, a mãe, além da influência do
estado puerperal, tiver outra causa de semi-imputabi-
Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe- lidade, consistente em perturbação da saúde mental,
ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após: que lhe retire a inteira capacidade de entendimento
Pena - detenção, de dois a seis anos. ou autodeterminação, deverá ser aplicada a regra do
parágrafo único do art. 26 do Código Penal, ou seja,
O infanticídio é classificado pela doutrina como a pena do infanticídio poderá ser reduzida de um a
crime bipróprio, já que ele exige qualidades especiais dois terços, ou poderá ser substituída por medida de
tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo. segurança.
É necessário que o sujeito ativo – quem pratica a
conduta – seja a própria mãe e que o sujeito passivo – HOMICÍDIO
quem é ameaçado pela conduta criminosa – seja o pró-
prio filho, para que este tipo penal fique configurado. A parturiente mata o filho
São outros requisitos que devem estar presentes sem estar influenciada pelo Homicídio, art. 121 do CP
para configuração do crime de infanticídio: estado puerperal
Art. 125 Provocar aborto, sem o consentimento da z Aborto Consentido e Aborto Consensual
gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos. O aborto consentido ocorre quando a gestante per-
mite que outrem o provoque.
Já no art. 126 do CP, o crime de aborto é praticado É essencial ao crime o concurso dos dois elementos:
por terceiro, mas com o consentimento da gestante.
Aqui temos na condição de sujeito ativo o terceiro e Consentimento da gestante;
a gestante, e a vítima, sujeito passivo, apenas o feto. Execução do aborto por terceiro.
Art. 126 Provocar aborto com o consentimento da Observe-se, porém, desde logo, que o aborto con-
gestante: sentido é crime bilateral, exigindo a presença de duas
Pena - reclusão, de um a quatro anos. pessoas: a gestante e o terceiro executor.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo ante- O terceiro responde pelo art. 126 do CP (aborto
rior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou consensual), enquanto a gestante, pela 2ª parte do art.
é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é 124 do CP (aborto consentido).
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. O aborto consentido é crime de mão própria ou de
atuação pessoal, podendo ser cometido apenas pela
O Código Penal não define aborto. Cabe à juris- gestante. Mas, evidentemente, admite a presença do
prudência e à doutrina definir o crime de aborto. De partícipe, consistente na conduta acessória do tercei-
acordo com termos relacionados à medicina, aborto é ro que se limita a induzir, instigar ou auxiliar a ges-
a expulsão do produto da concepção. tante a consentir na realização do aborto.
O aborto consiste na interrupção da gravidez com
a morte do produto da concepção. Dessa definição z Aborto Praticado sem Consentimento da
sobressaem os seguintes elementos necessários à Gestante
constituição do delito:
O art. 125 do CP comina pena de reclusão de 3
z Estado fisiológico da gravidez; (três) a 10 (dez) anos ao aborto provocado sem o con-
z Emprego de meios dirigidos à provocação do sentimento da gestante.
aborto; O não consentimento da gestante é o elemento
z Morte do produto da concepção; essencial à configuração do delito e pode ser:
z Dolo.
Expresso;
O aborto é crime de forma livre, admitindo uma Presumido.
infinidade de meios executórios.
Os meios abortivos mais citados são: Expresso, também conhecido como real, ocorre
quando a gestante se opõe ao aborto, mas é vencida
z Processos químicos: introdução de certas subs- pela violência física, grave ameaça e fraude, ou seja,
tâncias químicas no organismo, como o fósforo, respectivamente, chute na barriga, ameaça de matar
chumbo, álcool, ácido etc.; a gestante se não abortar e colocar substância aborti-
z Processos físicos-mecânicos: curetagem, jogos va na alimentação da gestante, sem consentimento da
esportivos, quedas voluntárias etc.; vítima, mãe.
z Processos físicos-térmicos: bolsas de água quente Presumido é quando a gestante está incapaz de
e bolsas de gelo; consentir nas formas previstas no parágrafo único do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
todas elas são graves. Esta divisão é uma construção vilegiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pes-
doutrinária. soas se lesionam umas às outras), o juiz poderá ainda
substituir a pena de detenção pela de multa.
Lesão Corporal Seguida de Morte
Art. 129 [...]
Art. 129 [...] § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias eviden- descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
ciam que o agente não quis o resultado, nem assu- com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
miu o risco de produzi-lo: prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
A lesão corporal seguida de morte dar-se-á quando
ficar configurado que o agente não queria o resultado O Código Penal traz disposições específicas para os
morte (dolo direto no resultado morte) ou assumiu o casos de lesão corporal praticada no âmbito de violên-
risco de produzi-lo (dolo eventual no resultado morte). cia doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais 403
grave, estando ele submetido a auto de prisão em fla- PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
grante e não somente a mero termo circunstanciado
(salvo nos casos de lesão grave, gravíssima ou seguida A periclitação da vida e da saúde é considerada como
de morte). crime de perigo, sendo criada, pelo autor do fato, uma
Considera-se lesão corporal no âmbito de violência situação de perigo a que é exposta a vítima.
doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou Crimes de perigo são aqueles que não exigem a efeti-
nos seguintes casos: va ocorrência de dano, apesar de poder acontecer, para
que se configurem.
z Ascendente; Os crimes de perigo são divididos em:
z Descendente;
z Cônjuge ou companheiro; z Crimes de perigo concreto: é exigida uma comprova-
ção de que realmente aconteceu um risco de perigo
z Quem conviva ou tenha convivido.
ou lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal;
z Crimes de perigo abstrato: Não se exige nenhuma
É importante mencionar que, caso a vítima seja
comprovação, já que o perigo é presumido. Ex.: Um
mulher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha
indíviduo dirigir após ter ingerido álcool.
e, mesmo que seja caso de lesão corporal leve, a ação
penal será pública incondicionada.
Iremos analisar os seguintes crimes: perigo de con-
Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime
tágeo venéreo; perigo de contágio de moléstia grave;
de lesões corporais. Há diversas causas de aumento de
abandono de incapaz; exposição ou abandono de recém-
pena para este crime, portanto, leia-as com bastante
-nascido e omissão de socorro.
atenção.
Nos casos de lesão corporal culposa:
Perigo de Contágio Venéreo
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se:
Art. 130 Expor alguém, por meio de relações sexuais
z O crime resulta de inobservância de regra técnica ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia vené-
de profissão, arte ou ofício; rea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
z O agente deixa de prestar imediato socorro à Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
vítima; § 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
z O autor não procura diminuir as consequências do Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
seu ato; § 2º Somente se procede mediante representação.
z O agente foge para evitar prisão em flagrante.
Este crime fica configurado quando o agente expõe
Nos casos de lesão corporal dolosa: alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe
ou deve saber que está contaminado.
z A vítima é menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 A forma qualificada deste crime se dá se o agente tem
(sessenta) anos; a intenção de transmitir a moléstia venérea. Este crime
z For hipótese de lesão corporal grave, gravíssima somente se procede mediante representação, ou seja, tra-
ou seguida de morte, praticada em quaisquer dos ta-se de crime promovido mediante ação penal pública
casos de violência doméstica vistos; condicionada.
z Se a vítima, enquadrada em um dos casos de vio- Moléstia venérea, segundo a doutrina, refere-se ao
lência doméstica vistas, for pessoa portadora de nome genérico dado a qualquer doença que possa ser
deficiência. transmitida por meio de relação sexual, como sífilis.
O crime se consuma com a prática do ato sexual,
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a capaz de transmitir a moléstia venérea. Caso a vítima seja
metade: contaminada, tal fato será mero exaurimento do crime.
O crime é de conduta vinculada, exigindo a conjunção
z Se a lesão corporal for praticada por milícia priva- carnal, o coito anal, o sexo oral ou qualquer outro ato de
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu- libidinagem que sirva para a satisfação da libido.
rança, ou por grupo de extermínio. Caso a contaminação provenha de outra ação física,
como o aperto de mão ou a ingestão de alimentos, ine-
xistirá o crime de perigo de contágio venéreo, podendo
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
subsistir o delito de lesão corporal, dolosa ou culposa, ou
(dois terços):
os crimes dos arts. 131 e 132 do CP.
z Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen-
te das forças armadas (Marinha, Exército ou Aero-
Importante!
náutica), das forças de segurança pública (Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer- É importante mencionar, pela própria natureza do
roviária Federal, Policiais Civis, Polícias Militares tipo penal, que não se exige, para a sua configura-
ou Corpo de Bombeiros Militares), integrantes do ção simples, dolo específico do agente em trans-
sistema prisional (agentes penitenciários) e da For- mitir a doença venérea (caso ocorra esta hipótese,
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da o crime será qualificado), bastando que ele tenha
função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge, a intenção de ter a relação sexual, sabendo ou
companheiro ou parente consanguíneo até o ter- devendo saber que está contaminado.
404 ceiro grau, em razão dessa condição.
Como o fato se relaciona a uma ou mais pessoas deter- Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem
minadas, estamos diante de um delito de perigo indivi-
dual, o qual deve ser averiguado diante do caso concreto. O art. 132 do CP trata do crime de perigo para a vida
Isso porque da simples relação sexual do agente com a ou saúde de outrem:
vítima não decorre presunção absoluta da existência des-
se perigo. Art. 132 Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
A presunção é relativa, admitindo prova em contrá- direto e iminente:
rio, como no caso de a vítima já ser portadora de doença Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
constitui crime mais grave.
venérea.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem
Perigo de Contágio de Moléstia Grave
a perigo decorre do transporte de pessoas para a pres-
tação de serviços em estabelecimentos de qualquer
Art. 131 Praticar, com o fim de transmitir a outrem natureza, em desacordo com as normas legais.
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
produzir o contágio:
A conduta nuclear é expor, ou seja, colocar em perigo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
a vida, a integridade física ou a saúde de alguém. O perigo
é concreto, direto, iminente e anormal.
Este crime se configura quando o agente praticar,
Perigo concreto diz que a mera prática do compor-
com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que
tamento ilícito não é suficiente para a caracterização do
está contaminado, ato capaz de transmitir o contágio.
crime, sendo imprescindível que, em face da conduta do
É necessário que o sujeito passivo, que pode ser qual-
agente, a vítima tenha a sua vida, a sua integridade corpo-
quer pessoa, não seja contaminado pela moléstia grave
ral ou a sua saúde exposta a risco de lesão.
que o sujeito ativo pretende transmitir.
Perigo direto visa a pessoa ou pessoas determinadas.
A moléstia grave, neste caso, não precisa, necessa-
Perigo iminente está prestes a ocorrer. Se a possibili-
riamente, ser transmitida por meio de relação sexual,
dade de ocorrência do perigo é futura ou presumida, não
podendo, entretanto, ser transmitida por qualquer
outro meio. estará caracterizada a infração penal do art. 132 do CP.
Temos como exemplo o agente que, de qualquer for- Perigo anormal não decorre da atividade de profissio-
ma ou por qualquer meio, intencionalmente (exige-se o nais que trabalham com o risco, como o policial e o bom-
dolo específico de transmitir a doença) transmite à vítima beiro. Portanto, se o patrão não toma providências para
a tuberculose (moléstia grave). a segurança e proteção dos operários que trabalham na
Trata-se de norma penal em branco, complementada fábrica de explosivos, e dessa inação resulta uma situação
por meio dos atos praticados por órgãos administrativos concreta de perigo, estará configurado o crime do art. 132
da área de saúde. do CP, na sua modalidade omissiva.
Mais uma vez, reitero: exige-se para a configuração
deste tipo penal o dolo específico, que consiste na inten- Abandono de Incapaz
ção do agente de transmitir a moléstia grave.
A doutrina não admite, para este crime, o dolo even- O crime de abandono de incapaz se configura quan-
tual, quando o agente não quer diretamente transmi- do o agente abandona pessoa que está sob seu cuidado,
tir a doença, mas assume o risco de transmiti-la. guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer moti-
Trata-se de crime formal, que se consuma com a vo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
prática do ato destinado a transmitir a moléstia grave, abandono.
não se exigindo, para fins de consumação, a efetiva São formas qualificadas do crime de abandono de
transmissão da moléstia. incapaz:
Ao contrário do crime de Perigo de Contágeo Venéreo,
procede-se mediante ação penal pública incondicionada. z Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
Antes de passarmos para a análise de outros tipos grave;
penais, é importante que façamos uma distinção entre z Se do abandono resulta a morte.
os dois tipos penais que acabamos de ver:
Incapaz refere-se a qualquer pessoa que não tenha
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO condições de se proteger sozinha, podendo ficar exposta,
em razão do abandono, à situação de perigo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A pena prevista para o crime de abando de incapaz é: Não se aplica este tipo penal ao agente que cau-
sou o perigo. Assim, se um indivíduo, com a intenção
Art. 133 Abandonar pessoa que está sob seu cuida- de causar lesões corporais, arremessa uma pedra na
do, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer vítima e foge, não poderá ele ser responsabilizado por
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes omissão de socorro por não ter prestado socorro à
do abandono: vítima ou por não ter comunicado o fato à autoridade.
Pena - detenção, de seis meses a três anos. Fique atento às seguintes informações sobre a
§ 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza omissão de socorro:
grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos. z Não admite tentativa (é crime omissivo próprio);
§ 2º Se resulta a morte: z Não admite a modalidade culposa.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Dica
As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
terço:
Fique bastante atento às causas de aumento de
pena do crime de omissão de socorro.
z Se o abandono ocorre em lugar ermo;
z Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
Em 2012, foi inserido no Código Penal um novo tipo
irmão, tutor ou curador da vítima;
penal, chamado de condicionamento de atendimento
z Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
médico-hospitalar emergencial, que se configura quan-
do o agente exigir cheque-caução, nota promissória ou
Exposição ou Abandono de Recém Nascido qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
de formulários administrativos, como condição para o
Art. 134 Expor ou abandonar recém-nascido, para atendimento médico-hospitalar emergencial.
ocultar desonra própria:
Suponha que um indivíduo ingresse em um hos-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
pital necessitando de atendimento médico emergen-
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
cial. O funcionário do hospital exige que ele deixe um
Pena - detenção, de um a três anos.
cheque-caução para que o atendimento médico seja
§ 2º Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos. realizado. Pronto, a situação configurou-se como tipo
penal de condicionamento de atendimento médico-
-hospitalar emergencial.
O crime de exposição ou abandono de recém-nascido
É necessário que o atendimento médico seja emer-
se configura quando o agente expõe ou abandona recém-
gencial. Assim, este crime não ira se configurar caso
-nascido, para ocultar desonra própria.
o atendimento médico seja algo rotineiro, com uma
Este crime será praticado na modalidade qualificada
simples consulta, por exemplo.
se do fato resultar:
O crime de omissão de socorro apresenta causas
de aumento de pena.
z Lesão corporal de natureza grave;
A pena será aumentada até o dobro se da negativa
z Morte.
de atendimento resulta lesão corporal grave.
A pena será aumentada até o triplo se da negativa
Este crime exige dolo específico, ou seja, um espe- de atendimento resulta morte.
cial fim de agir, que consiste na prática da conduta
para ocultar desonra própria. Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar
Segundo a doutrina majoritária, é exigido que o Emergencial
recém-nascido fique exposto à situação concreta de
perigo para que o crime se consume. Art. 135-A Exigir cheque-caução, nota promissória ou
Ainda, conforme doutrina majoritária, trata-se de qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
crime próprio, que somente poderá ser praticado pelo de formulários administrativos, como condição para
pai ou pela mãe que buscam ocultar desonra própria. o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Ex.: Mãe que expõe ou abandona o filho recém- Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
-nascido numa lata de lixo para ocultar uma desonra Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
(sua infidelidade). da negativa de atendimento resulta lesão corporal
O crime será promovido mediante ação penal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
pública incondicionada.
O crime é próprio, pois somente poderá ser prati-
Omissão de Socorro cado por representantes ou funcionários hospitalares
(sócios, administradores, atendentes, seguranças) ou
Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando pos- profissionais da área da saúde (médicos, enfermeiros)
sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abando- incumbidos do atendimento emergencial.
nada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, O sujeito ativo deve ser a pessoa com poderes para
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade garantia, bem como o preenchimento prévio de for-
pública: mulários administrativos, como condição para o aten-
406 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. dimento médico-hospitalar emergencial.
Para esse crime, a pena cominada é detenção, de Estamos diante de crime de concurso necessário,
três meses a um ano, e multa. que só irá existir caso presentes no mínimo 3 (três)
A pena é aumentada até: pessoas, umas contra as outras. Caso seja possível
definir dois grupos específicos (grupo A x grupo B),
z O dobro se da negativa de atendimento resulta este tipo penal não irá existir.
lesão corporal de natureza grave; Para que a rixa se configure, exige-se que haja no
z O triplo se resulta a morte. mínimo três grupos distintos (independentemente
da quantidade de pessoas que integre cada grupo) se
Maus-Tratos agredindo mutuamente.
No caso de ocorrer uma briga entre a torcida do Corin-
Art. 136 Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa thians e a torcida do Palmeiras, não há que se falar no
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim crime de rixa, já que temos 2 (dois) grupos bem definidos.
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer Aquele que participa da rixa, apenas com a fina-
privando-a de alimentação ou cuidados indispen- lidade de separar os contendores, não irá responder
sáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou por este tipo penal.
inadequado, quer abusando de meios de correção O crime de rixa não admite a forma culposa.
ou disciplina: Sobre este crime, é importante que você fique
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. atento aos posicionamentos da doutrina dominante.
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave:
z Não admite tentativa;
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
z Consuma-se quando se inicia a rixa ou, caso já ini-
§ 2º Se resulta a morte:
ciada, quando o agente entra na rixa;
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é z Pode ser praticado à distância, não se exigindo
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. que necessariamente ocorra contato físico.
Ex.: Rixa em que os agentes jogam pedras, garra-
O crime de maus-tratos consuma-se com a efetiva fas ou mesas uns nos outros.
exposição da vítima a perigo, que deverá ser demons-
trada no caso concreto. Não há, portanto, necessidade A rixa será qualificada quando ocorrer, devido
de resultado material, com dano efetivo à vítima. à rixa, lesão corporal de natureza grave ou a morte.
É crime permanente, na modalidade privação de Segundo a doutrina majoritária, salvo no caso de ser
cuidados ou alimentos e sujeição a trabalho excessivo possível se identificar corretamente o autor da lesão
ou inadequado; o delito é permanente, hipótese em grave ou da morte, todos os agentes que participaram
que a consumação se prolonga no tempo, já que há da rixa irão responder pela modalidade qualificada,
contínua e incessante agressão ao bem jurídico. exceto, também, se tiverem ingressado na rixa após a
Também é crime instantâneo; na modalidade ocorrência da lesão grave ou da morte.
abuso de meios de correção ou disciplina o delito é
instantâneo, já que a consumação se dá em momento CRIMES CONTRA A HONRA
determinado, sem continuidade no tempo. No entan-
to, entendemos que se o pai, com o fim de aplicar Os crimes contra a honra estão entre aqueles que
castigo ao filho, trancá-lo por tempo excessivamente mais são cobrados em provas de concurso público,
prolongado, haverá crime permanente. então vamos aprendê-los passo a passo.
A tentativa somente será possível nas formas Eles estão previstos entre os arts. 138 e 145 do Códi-
comissivas, como no caso do agente que amarra a go Penal e se dividem em 3 (três) crimes diferentes:
vítima e apanha um porrete, a fim de agredi-la, sendo
neste exato momento surpreendido. As modalidades z Calúnia;
omissivas não aceitarão a forma tentada. z Difamação;
O crime é qualificado se resulta: z Injúria.
z Lesão corporal de natureza grave; Antes de analisarmos cada um dos tipos penais, é
z Morte. importante que você compreenda que se protege a hon-
ra da pessoa, na sua modalidade objetiva e subjetiva.
Porém, aumenta-se a pena de um terço se o cri- A honra é classificada em:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Veja as hipóteses de exclusão dos crimes contra a Súmula 714 do STF É concorrente a legitimidade
honra. do ofendido, mediante queixa e do Ministério Públi-
co, condicionada à representação do ofendido, para
a ação penal por crime contra a honra de servidor
Art. 142 Não constituem injúria ou difamação
público em razão do exercício de suas funções.
punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
sa, pela parte ou por seu procurador; Logo, atente-se a esta informação: nos casos de cri-
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artís- mes contra a honra de funcionário público em razão
tica ou científica, salvo quando inequívoca a inten- de suas funções, a ação penal será privada ou con-
ção de injuriar ou difamar; dicionada à representação do ofendido. A doutrina
III - o conceito desfavorável emitido por funcioná- dominante também entende desta forma.
rio público, em apreciação ou informação que pres- A ação será pública condicionada à requisição do
te no cumprimento de dever do ofício. Ministro da Justiça caso a conduta que configura cri-
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, res- me contra a honra seja praticada contra o Presidente
ponde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.
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CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL E CRIMES
Para encerrarmos o assunto referente aos crimes CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
contra a honra, iremos tratar da retratação e da ação
penal. Segundo o Código Penal, a retratação, quando
O caput do art. 5º da Constituição Federal assegura
admitida, constitui excludente de punibilidade.
a todos o direito à liberdade. A partir dessa afirmação,
extrai-se que qualquer espécie de violação à liberdade
Art. 143 O querelado que, antes da sentença, se
do ser humano reclama punição.
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,
fica isento de pena. O objeto jurídico é a liberdade do ser humano para
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado agir dentro dos limites legais.
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizan- Já o objeto material é a pessoa sobre a qual recai a
do-se de meios de comunicação, a retratação dar- conduta criminosa.
-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos Estudaremos, então, os crimes contra a liberdade
410 meios em que se praticou a ofensa. individual.
Constrangimento Ilegal o agente constranja a vítima, por meio de violência,
para que ela deixa de fazer alguma coisa, com o fim
Art. 146 Constranger alguém, mediante violência de obter para si vantagem econômica, não irá cometer
ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
constrangimento ilegal, mas sim o crime de extorsão.
por qualquer outro meio, a capacidade de resistên-
O constrangimento ilegal admite tentativa, já que é
cia, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ela não manda: crime plurissubsistente; é crime comum, que pode ser
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. praticado por qualquer pessoa.
Além das penas previstas para o constrangimen-
Trata-se de crime comum que não admite a moda- to ilegal, o agente irá responder pelas penas corres-
lidade culposa. É a imposição ilegal à vítima de um pondentes à violência; assim, caso o agente pratique
comportamento certo e determinado, comissivo ou o crime por meio de violência, provocando lesões
omissivo. corporais na vítima, responderá por constrangimen-
Consuma-se o crime de constrangimento ilegal no to ilegal em concurso material com o crime de lesões
instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algo, corporais.
em decorrência da violência ou grave ameaça utiliza- A pena será aplicada cumulativamente, nos termos
da pelo agente. Admite tentativa. do § 1º, art. 146, quando, para a execução do crime:
Ação penal: pública incondicionada. z Reúnem-se mais de 3 (três pessoas) – deve haver
no mínimo 4 (quatro) pessoas;
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra- z Há emprego de arma – segundo a doutrina domi-
ta-se de crime comum. nante, pode ser qualquer arma e não necessaria-
Se o sujeito ativo for funcionário público, e o fato mente arma de fogo.
for cometido no exercício de suas funções, responderá
por abuso de autoridade, na forma na Lei 13.869, de Não serão enquadrados como constrangimento
2019. ilegal:
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde
que dotada de capacidade de autodeterminação. Art. 146 [...]
A Lei nº 10.741, de 2003. Estatuto do Idoso, em seu § 3º Não se compreendem na disposição deste
art. 107, pune com reclusão, de 2 a 5 anos, aquele que artigo:
coage, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
testar ou outorgar procuração. timento do paciente ou de seu representante legal,
A Lei nº 7.170, de 1983, Crimes contra a Seguran- se justificada por iminente perigo de vida;
ça Nacional, no art. 28, sujeita à pena de reclusão, de II - a coação exercida para impedir suicídio.
4 a 12 anos, a conduta de atentar contra a liberdade
pessoal do Presidente da República, do Senado Fede- Ameaça
ral, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal
Federal. O crime de ameaça, previsto no art. 147 do Códi-
A Lei nº 8.078, de 1990, Código de Defesa do Con- go Penal, irá se configurar quando o agente ameaçar
sumidor, no art. 71, prevê a pena de detenção, de 3 alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
a 1 ano, e multa, para quem utilizar, na cobrança de outro meio simbólico, de lhe causar mal injusto e
dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou grave.
moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas, ou O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberda-
de qualquer outro procedimento que exponha o con- de da pessoa humana, notadamente no tocante à paz
sumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira de espírito, ao sossego, à tranquilidade e ao sentimen-
com seu trabalho, descanso ou lazer. to de segurança. É a pessoa contra a qual se dirige a
Irá se configurar como constrangimento ilegal
ameaça.
quando o agente constranger alguém, mediante
Consuma-se quando a vítima toma conhecimento
violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
do conteúdo da ameaça, pouco importando sua efe-
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
tiva intimidação e a real intenção do autor em fazer
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer
valer sua promessa.
o que ela não manda.
O crime é formal, de consumação antecipada ou de
Exemplo: Jorge e Luís são vizinhos. Jorge é um
resultado cortado. Basta o agente querer intimidar e
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Quanto mais longa a supressão da liberdade, maio- A doutrina classifica-o como crime de ação
res as possibilidades de a vítima sofrer danos físicos e múltipla.
psíquicos. O tipo penal apresenta duas hipóteses equipara-
Trata-se de crime a prazo. O período legalmente das, respondendo o agente com as mesmas penas do
exigido deve ser computado em conformidade com tipo penal principal.
a regra traçada pelo art. 10 do CP, compreendendo o Incorrerá nas mesmas penas aquele que cerceia o
intervalo entre a consumação do delito e a libertação uso de qualquer meio de transporte por parte do tra-
do ofendido. balhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho, e
aquele que mantém vigilância ostensiva no local de
z Se o crime é praticado contra menor de dezoito trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pes-
anos: soais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
trabalho.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Irá praticar o crime de tráfico de pessoas o agen- Por fim, para encerramos os estudos dos crimes
te que agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transfe- contra a liberdade pessoal, é importante mencionar
rir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave que o crime de tráfico de pessoas apresenta causa de
ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a fina- diminuição de pena, desde que o agente preencha os
2 (dois) requisitos, que são cumulativos.
lidade de remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do cor-
A pena é reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois ter-
po; submetê-la a trabalhos em condições análogas à de
ços) se o agente:
escravo; submetê-la a qualquer tipo de servidão; ado-
ção ilegal ou exploração sexual (incisos I ao V do art.
z For primário;
149-A do CP).
z Não integrar organização criminosa.
O tipo penal de tráfico de pessoas é misto alterna-
tivo, podendo ser praticado mediante a execução de
CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
qualquer um dos seus 8 (oito) verbos.
DOMICÍLIO
Importante levar em consideração que, para com-
preender este tipo penal, é importante conhecer os
Violação de Domicílio
verbos, os meios empregados para a prática do crime
e as finalidades. Art. 150 Entrar ou permanecer, clandestina ou
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
MEIOS tácita de quem de direito, em casa alheia ou em
VERBOS FINALIDADES
EMPREGADOS suas dependências:
Remover órgãos, Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
tecidos ou § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em
partes do corpo lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de
arma, ou por duas ou mais pessoas:
Agenciar Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
Submeter a
Aliciar trabalhos em pena correspondente à violência.
Grave Ameaça condições
Recrutar O agente que entrar ou permanecer, clandesti-
Violência análogas à de
Transportar escravo na ou astuciosamente, ou contra vontade expressa
Coação ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em
Transferir Submeter a suas dependências irá cometer o crime de violação de
Fraude
Comprar qualquer tipo de domicílio.
Abuso servidão O crime de violação de domicílio é crime de mera
Alojar conduta, já que a lei descreve a conduta, mas não
Adotar descreve resultado naturalístico; é, também, crime
Acolher
ilegalmente comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Tutela-se, nesse crime, a tranquilidade doméstica,
Explorar abrangente da intimidade, da segurança e da vida pri-
414 sexualmente vada proporcionadas pelo domicílio.
A incriminação da violação de domicílio não pro- Há atipicidade, por ausência de dolo, nas condutas
tege a posse ou a propriedade. de entrar em casa alheia para esconder-se da polícia ou
Não configura o delito em análise o ingresso em casa quando o sujeito supõe ingressar em local diverso do proi-
abandonada ou desabitada, podendo restar caracteriza- bido (erro de tipo). Não se admite a modalidade culposa.
do o crime de esbulho possessório, previsto no inciso II do Crime de mera conduta ou de simples atividade.
§ 1º do art. 161 do CP (crime contra o patrimônio). Consuma-se quando o sujeito ingressa completa-
mente na casa da vítima, ou então quando, ciente de
que deve sair do local, não o faz por tempo juridica-
Importante! mente relevante. É imprescindível a entrada concreta
em casa alheia.
Casa desabitada não deve ser confundida com casa
Cabe tentativa? É possível na conduta “entrar”
na ausência de seus moradores, pois nesse caso é
(crime comissivo), e incabível no núcleo “permane-
possível o crime de violação de domicílio, uma vez cer” (crime omissivo próprio ou puro).
que subsiste a proteção da tranquilidade doméstica. Este crime apresenta forma qualificada:
Art. 152 Abusar da condição de sócio ou emprega- Observamos que o inciso X do art. 5º da CF/88 é
do de estabelecimento comercial ou industrial para, responsável por assegurar a inviolabilidade de dois
no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou direitos fundamentais do ser humano: honra e vida
suprimir correspondência, ou revelar a estranho privada.
seu conteúdo: Reserva-se a toda pessoa o direito de manter segre-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. do acerca de fatos afetos à sua vida privada. Nessa
Parágrafo único. Somente se procede mediante seara, a norma constitucional resguarda os segredos
representação. pessoais.
De fato, um segredo inerente a alguém, quando
O objeto jurídico desse crime é a inviolabilidade divulgado ou revelado sem justa causa, tem o condão
de correspondência. A lei penal tutela a liberdade de de acarretar sérios danos às pessoas em geral.
comunicação do pensamento transmitida por meio de Vejamos, o Código Penal, nos arts. 153 e 154, res-
correspondência comercial. guarda o conhecimento público segredos cuja revela-
É o objeto material é a correspondência comercial ção possa produzir danos a uma pessoa.
que suporta a conduta criminosa. No conceito de cor- Não ingressa na proteção penal, consequentemen-
respondência comercial se encaixa toda e qualquer te, a punição pela revelação ou divulgação de fatos
carta, bilhete ou telegrama inerente à atividade mer- secretos incapazes de proporcionar consequências
cantil. Deve relacionar-se às atividades exercidas pelo jurídicas ao seu titular.
estabelecimento comercial ou industrial. Secreto é o fato da vida privada que se tem interes-
O núcleo do tipo é abusar, que significa utilizar de se em ocultar.
forma excessiva ou inadequada. Pressupõe dois elementos:
Os sócios ou empregados, no exercício de suas
atividades, geralmente têm acesso a informações z Negativo – ausência de notoriedade;
contidas em correspondências endereçadas ao esta- z Positivo – vontade determinante de sua custódia ou
418 belecimento comercial ou industrial. preservação.
Crimes contra a inviolabilidade de correspon- Sujeito passivo é aquele a quem a divulgação do
dência: o legislador busca coibir o conhecimento segredo possa produzir dano, remetente, destinatário
do conteúdo de uma missiva sem autorização para ou qualquer outra pessoa.
tanto; tutela-se unicamente a inviolabilidade de Esse crime é praticado na modalidade dolosa.
correspondência. Não se admite a forma culposa.
Crimes contra a inviolabilidade dos segredos: pro-
Consuma-se no instante em que o segredo é divul-
tege-se um segredo nela contido, capaz de, se divulga-
gado para um número indeterminado de pessoas.
do ou revelado, causar danos a outrem. Além disso, o
bem jurídico resguardado pela lei penal é a inviolabi- É possível a tentativa.
lidade dos segredos.
Art. 153 [...]
Divulgação de Segredo § 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigi-
losas ou reservadas, assim definidas em lei, conti-
Art. 153 Divulgar alguém, sem justa causa, conteú- das ou não nos sistemas de informações ou banco
do de documento particular ou de correspondência de dados da Administração Pública:
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
cuja divulgação possa produzir dano a outrem: multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de
trezentos mil réis a dois contos de réis. A qualificadora, denominada de divulgação de
§ 1º Somente se procede mediante representação. sigilo funcional de sistemas de informações, foi ins-
tituída pela Lei Nº 9.983, de 2000, com o fim de tutelar
O objeto jurídico é a inviolabilidade da intimidade
as informações sigilosas ou reservadas de interesse
ou da vida privada. Veda-se a divulgação de segredos
da Administração Pública, notadamente as relativas à
cujo conhecimento por terceiros pode trazer prejuízos
ao seu titular. Previdência Social.
O objeto material é o conteúdo secreto de docu- É necessário que a informação sigilosa ou reserva-
mento particular ou de correspondência confidencial. da tenha conteúdo material.
Vejamos que o núcleo do tipo é divulgar, vulgari- Logo, não há crime quando se tratar de informação
zar, tornar público ou conhecido um fato ou informa- meramente verbal, ainda que sigilosa ou reservada.
ção. Não basta a comunicação a uma só pessoa ou a
um número reduzido e limitado, exige-se propagação,
difusão, possibilitando o conhecimento do fato a um Importante!
número indeterminado de pessoas.
A conduta de divulgar pode ser praticada por Informações são os dados sobre alguém ou algo.
variados meios – crime de forma livre. Veda-se que Sigilosa é a informação confidencial, secreta.
uma pessoa, destinatária de um documento particular Reservada é a informação merecedora de cuida-
ou de uma correspondência confidencial, possa divul- dos especiais relativamente às pessoas que dela
gá-la a terceiros, provocando danos a alguém. possam ter ciência.
Esse tipo penal não se aplica ao documento públi-
co, por ausência de previsão legal. A revelação do seu
conteúdo pode, contudo, caracterizar o crime de vio- Trata-se de crime comum: pode ser praticado por
lação de sigilo funcional, previsto no art. 325 do CP. qualquer pessoa.
O elemento do tipo está contido na expressão sem Se o sujeito ativo for funcionário público, a ele será
justa causa. Não é qualquer divulgação de conteúdo
imputado o crime de violação de sigilo funcional, con-
de documento particular ou de correspondência con-
forme art. 325 do CP.
fidencial que caracteriza o delito de divulgação de
segredo – a divulgação deve ser realizada sem justa O sujeito passivo é o Estado.
causa. Nada impede a existência de um particular como
A justa causa conduz à exclusão da tipicidade sujeito passivo, desde que possa ser prejudicado pela
do fato. Há justa causa, entre outras, nas seguintes divulgação das informações sigilosas ou reservadas.
hipóteses:
Art. 153 [...]
z Comunicação à autoridade policial, ao Ministério § 2° Quando resultar prejuízo para a Administra-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Público ou ao Poder Judiciário de infração penal; ção Pública, a ação penal será incondicionada.
z Consentimento do interessado, para servir de pro-
va da existência de uma infração penal ou de sua No caput, a ação penal é pública condicionada à
autoria; representação.
z Dever de testemunhar em juízo; Não se aplica a regra prevista no § 2º do art. 153
z Defesa de interesse legítimo. do CP, pois o tipo fundamental fala somente em dano
a outrem, excluindo, portanto, a eficácia penal da con-
Também não há crime quando alguém entrega à
duta criminosa em relação à Administração Pública.
autoridade policial, ao Ministério Público ou à autori-
Na figura qualificada, em regra, é pública condicio-
dade judiciária uma missiva recebida de outrem, con-
tendo a confissão de um delito pelo verdadeiro autor. nada à representação.
Por se tratar de crime próprio, observa-se que Nesse caso, somente o particular é ofendido pela
o sujeito ativo somente pode ser o destinatário ou conduta criminosa. No entanto, se do fato resultar
detentor do documento particular ou correspondên- prejuízo para a Administração Pública, a ação penal
cia de conteúdo confidencial. será pública incondicionada. 419
Violação do Segredo Profissional Os dispositivos informáticos dividem-se basica-
mente em quatro grupos:
Acompanhe o que dispõe o art. 154:
z Dispositivos de processamento: são responsá-
Art. 154 Revelar alguém, sem justa causa, segredo, veis pela análise de dados, com o fornecimento
de que tem ciência em razão de função, ministério, de informações, visando a compreensão de uma
ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir informação do dispositivo de entrada para envio
dano a outrem: aos dispositivos de saída ou de armazenamen-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa to. Exemplos: placas de vídeo e processadores de
de um conto a dez contos de réis. computadores e smartphones;
Parágrafo único. Somente se procede mediante z Dispositivos de entrada: relacionam-se à capta-
representação. ção de dados escritos, orais ou visuais (exemplos:
teclados, microfones e webcam);
O objeto jurídico é a inviolabilidade da intimidade z Dispositivos de saída: fornecem uma interface des-
e da vida privada das pessoas, relativamente ao segre- tinada ao conhecimento ou captação, para outros
do profissional. O dever de guardá-lo, contudo, não é dispositivos, da informação escrita, oral ou visual
absoluto. produzida no processamento (exemplos: impres-
Já o objeto material é o assunto transmitido ao pro- soras e monitores);
fissional em caráter sigiloso. z Dispositivos de armazenamento: dizem respeito
O núcleo do tipo é revelar, no sentido de delatar à guarda de dados ou informações para posterior
análise (exemplos: pendrives, HDs – hard disks e
ou denunciar.
CDs – discos compactos).
O crime é de forma livre, comportando qualquer
meio de execução.
Só há crime quando a conduta recai em dispositivo
Por ser crime próprio, somente pode ser cometido informático alheio.
por quem teve conhecimento do segredo em razão de O fato será atípico quando o sujeito devassa um
sua função, ministério, ofício ou profissão. dispositivo próprio, ainda que não esteja sob sua pos-
Qualquer pessoa está suscetível a ser sujeito pas- se. É irrelevante se o dispositivo informático alheio se
sivo prejudicado pela revelação do segredo, seja seu encontra ou não conectado à rede de computadores.
titular ou até mesmo um terceiro. Não se exige sua interligação com outro disposi-
Esse crime é praticado na modalidade dolosa, tivo informático, possibilitando o compartilhamento
abrangente da ciência da ilegitimidade da conduta de dados ou informações. O núcleo do tipo é invadir,
e da possibilidade de causar dano a outrem. Não se no sentido de devassar dispositivo informático alheio,
admite a modalidade culposa, e não se exige nenhu- conectado ou não à rede de computadores.
ma finalidade específica. Por se tratar de crime comum ou geral, o sujeito
Consuma-se no instante em que o confidente ativo pode ser cometido por qualquer pessoa. Embora
necessário revela a terceira pessoa o segredo de que esta condição não seja exigida pelo tipo penal, nor-
malmente o crime é praticado por sujeitos dotados de
tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou
especiais conhecimentos de informática, conhecidos
profissão. Basta seja contado o conteúdo do segredo
como crackers.
a uma única pessoa, desde que esta conduta possa
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, física
causar dano a alguém, patrimonial ou moral. Prescin- ou jurídica.
de-se da produção do resultado naturalístico. O cri- Esse crime é praticado na modalidade dolosa,
me é formal, de resultado cortado ou de consumação acrescido de um especial fim de agir representado
antecipada. pela expressão e com o fim de obter, adulterar ou des-
É admissível a tentativa na revelação do segredo truir dados ou informações sem autorização expressa
por escrito, tal como na carta que se extravia (delito ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnera-
plurissubsistente). bilidades para obter vantagem ilícita.
É pública condicionada à representação, a teor do Consuma-se com o simples ato de invadir dispo-
parágrafo único do art. 154 do CP. sitivo informático alheio, conectado ou não à rede
de computadores, mediante violação indevida de
Invasão de Dispositivo Informático mecanismo de segurança, com a finalidade de obter,
adulterar ou destruir dados ou informações sem auto-
Art. 154-A Invadir dispositivo informático alheio, rização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
conectado ou não à rede de computadores, median- instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita,
te violação indevida de mecanismo de segurança e pouco importando se este objetivo vem a ser efetiva-
com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou mente alcançado.
informações sem autorização expressa ou tácita do É possível a tentativa, em face do caráter pluris-
titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades subsistente do delito, permitindo o fracionamento do
para obter vantagem ilícita: iter criminis.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. Art. 154-A [...]
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
O objeto jurídico é a liberdade individual, especi- de computador com o intuito de permitir a prática
ficamente no tocante à inviolabilidade dos segredos. da conduta definida no caput.
E o objeto material é o dispositivo informático alheio, § 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
420 conectado ou não à rede de computadores. da invasão resulta prejuízo econômico.
Cuida-se de causa de aumento da pena, a ser uti- Isso é justificado pela disponibilidade do interesse
lizada na terceira e última fase da aplicação da pena atacado pelo delito, vinculado precipuamente à esfera
privativa de liberdade. de intimidade da vítima.
Diversos fatores podem proporcionar o prejuízo Reserva-se ao ofendido ou ao seu representante
econômico: divulgação de informações capazes de a oportunidade (ou conveniência) para autorizar ou
macular a honra da vítima, tempo de trabalho neces- não o início da persecução penal.
sário para a reprodução dos dados ou informações Excepcionalmente, a ação penal será pública
destruídos ou adulterados, valores gastos para livrar incondicionada, nas hipóteses em que o delito envol-
o dispositivo informático de vírus etc. ver a Administração Pública, pois nesses casos há
Em qualquer dos casos, a elevação da pena será ofensa a valores de natureza indisponível.
obrigatória.
REFERÊNCIAS
Art. 154-A [...]
§ 3° Se da invasão resultar a obtenção de conteú- CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol . 1,
do de comunicações eletrônicas privadas, segredos 19ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
comerciais ou industriais, informações sigilosas,
CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrimes – Lei
assim definidas em lei, ou o controle remoto não
13.964/2019: Comentários às Alterações no CP, CPP
autorizado do dispositivo invadido:
e LEP. Salvador: Juspodium, 2020.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal
esquematizado: parte especial. 6ª ed. São Paulo:
A pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa, Saraiva, 2016.
se a conduta não constitui crime mais grave. JESUS, Damásio de. Código Penal Anotado. 22ª.
Evidentemente, não há crime se existia permissão Ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
para tanto, como ocorre nos computadores instalados MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2ª.
em escolas infantis, pelos quais os pais acompanham à Ed. São Paulo: Método, 2014.
distância as atividades desenvolvidas pelos seus filhos.
Destruir é desfazer, demolir, por exemplo, o agen- z Com emprego de chave falsa:
te destrói algo para subtrair a coisa, a exemplo daque-
le que arromba o portão de uma casa para entrar e No emprego de chave falsa, para subtrair a coisa, o
subtrair uma televisão. agente faz uso de chave distinta da chave original ou obje-
Romper é abrir brecha, arrombar, arrebentar, ser- to capaz de abrir um cadeado ou fechadura, por exemplo,
rar, forçar, rasgar etc. Por exemplo, o agente abre a gazuas, pedaço de arame, micha, clips etc. Anote-se que a
porta da casa com um pé de cabra para entrar e sub- chave falsa pode ou não ter formato de chave.
trair uma televisão. A jurisprudência não é unânime no caso de se a liga-
Nos dois casos, o delito deixa vestígios, sendo ção direta do veículo caracteriza ou não chave falsa.
imprescindível o exame de corpo delito. A abertura com a chave verdadeira, obtida ilicita-
Em ambos há uma danificação, que é total no ver- mente pelo agente, não caracteriza chave falsa.
bo “destruir”, sendo parcial no verbo “romper”. A cópia da chave verdadeira, quando obtida licita-
O delito de dano é absorvido pelo furto qualificado, mente, não é chave falsa. Se, no entanto, for tirada clan-
por força do princípio da subsidiariedade implícita. destinamente, incide a qualificadora do crime de furto.
A destruição e o rompimento devem ser praticados
contra obstáculo, e não sobre a própria coisa furtada, z Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas:
por exemplo, o agente rompe a porta do veículo para
subtraí-lo. O reconhecimento da qualificadora depende de
Obstáculo é aquilo que protege a coisa para difi- pelo menos duas pessoas.
cultar a sua subtração, por exemplo, matar o cão de Computam-se os inimputáveis (menores e doentes
guarda da residência, destruir as telhas para adentrar mentais) e os desconhecidos.
na residência, ou mesmo cortar os fios do alarme do Detalhe, se o comparsa é menor de dezoito anos, o
automóvel ou da cerca eletrificada. agente responderá por furto qualificado em concurso
A mera remoção de obstáculo, quando destituída material com o delito de corrupção de menores, pre-
da danificação, não qualifica o furto, por exemplo, visto no art. 244-B do ECA, desde que haja prova da
desparafusar o farol do automóvel e desatar o nó da efetiva corrupção do menor.
corda que prende a canoa. Sobre a presença no local do crime, basta a simples
participação, independentemente da presença na fase
z Com abuso de confiança, ou mediante fraude, da execução.
escalada ou destreza: A absolvição do coautor nem sempre exclui a qua-
lificadora. De fato, havendo prova da pluralidade de
No abuso de confiança, o agente se vale da confian- agentes, a qualificadora deve ser reconhecida.
ça que o dono da coisa tem nele para poder subtrair, No delito de roubo, o concurso de pessoas gera
como, por exemplo, quando o agente é amigo do dono aumento de pena de um terço até metade. No furto,
da casa, que deixa sua carteira sobre a mesa e vai ao a pena dobra.
banheiro despreocupado, momento em que o agente, Há doutrina que sustenta a violação do princípio
aproveitando desta confiança, subtrai a carteira. da proporcionalidade da pena, porque o roubo é mais
O uso de fraude fica configurado quando o agente grave, de modo que o furto qualificado pelo concurso
usa de artifício para enganar a vítima, para subtrair a de pessoas deveria sofrer apenas o aumento de um
coisa, a exemplo do agente que se passa por funcioná- terço até metade.
rio de empresa de telefonia para conseguir entrar numa O STJ editou a Súmula 442: “É inadmissível aplicar
casa e subtrair um aparelho celular que nela estava. no furto qualificado pelo concurso de agentes a majo-
rante do roubo”.
Dica
z Furto Qualificado pelo Emprego de Explosivo
Não confunda o furto mediante fraude com o
estelionato. O § 4º-A, art. 155, do CP, foi introduzido por meio
No furto mediante fraude, o agente usa a fraude da Lei nº 13.654, de 2018, e dispõe que: “A pena é de
sobre a vítima para subtrair a coisa. reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se hou-
No estelionato, o agente emprega a fraude para ver emprego de explosivo ou de artefato análogo que
ludibriar a vítima e fazer com que ela mesma cause perigo comum”.
entregue a coisa. É o único furto que é crime hediondo (inciso IX,
art. 1º, da Lei 8072, de 1990, com redação dada pelo
No furto qualificado pela escalada, segundo o STJ, a inciso IX, art. 1º, da Lei).
entrada em um local se dá por um meio anormal, que O meio utilizado, explosivo ou artefato análogo,
exige do agente esforço físico incomum. Para a dou- torna o fato mais grave, justificando-se o rigor da
trina majoritária, não é relevante se ocorre por cima reprimenda penal, em razão da provocação de perigo
ou por baixo, desde que o agente não pratique nenhu- coletivo.
ma forma de destruição ou rompimento de obstáculo, Meio explosivo é o que causa estrondo, por exem-
424 quando aplicaremos outra qualificadora ao fato. plos, dinamite, pólvora.
Importante destacar que o tipo penal, ao contrário Admite-se a tentativa quando o agente realiza a
do art. 251, do CP, não se refere à substância explosiva, subtração e é preso em flagrante, próximo à trans-
mas, sim, a meio explosivo. O meio explosivo utiliza- posição da fronteira, antes de obter a posse pacífica.
do para explodir caixas eletrônicos de agências ban- Sabemos que a jurisprudência considera o furto con-
cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo sumado como o simples apossamento do bem, inde-
do § 4º-A, art. 155, do CP. Já no crime do art. 251, do CP, pendentemente da posse pacífica. Porém, a tentativa
podemos trazer a hipótese de o agente que lança um tornou-se impossível, pois, com o início da remoção do
artefato explosivo num ponto de ônibus e que expõe bem, o furto já se consuma nas modalidades anterio-
as pessoas a risco. res, ainda que o agente seja preso próximo à fronteira.
O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua-
lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja z Furto de semovente domesticável (animais,
ela oriunda de substância explosiva ou não explosiva, como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
mas o assunto certamente enseja polêmica. ainda que abatido ou dividido em partes no
Sobre o artefato explosivo, trata-se de qualquer local de subtração:
objeto confeccionado por trabalho mecânico ou à mão,
por exemplo, as denominadas “bombas caseiras”. A pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
Para a incidência da qualificadora, é preciso se a subtração for de semovente domesticável (ani-
que seja um explosivo ou artefato que cause perigo mais, como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
comum, ou seja, que coloque em risco um número ainda que abatido ou dividido em partes no local de
indeterminado de pessoas ou de patrimônios. subtração.
O agente que se utiliza de um explosivo com poten- O bem jurídico primário é o patrimônio do produ-
cial para causar perigo comum que, entretanto, mes- tor e, o secundário é a saúde pública. Isso porque o
mo diante da explosão, não se concretiza, responderá, animal poderá ser comercializado pelo criminoso sem
em caso de destruição ou rompimento de obstáculo,
que haja fiscalização do poder público, principalmen-
pelo furto qualificado do inciso I, § 4º, art. 155, do CP, e
te sanitária. Pode-se incluir o sistema tributário na
não pela qualificadora em análise, prevista no § 4º-A.
condição de patrimônio lesado.
O explosivo geralmente é utilizado em furtos de
Na prática, dificilmente esta qualificadora será
caixas eletrônicos de bancos, sendo que, diante do
aplicada, pois este tipo de delito geralmente é prati-
advento desta nova qualificadora, encerra-se o anti-
cado por mais de uma pessoa e, diante disso, incidirá
go debate travado acerca da adequação típica, que
a qualificadora do inciso IV, § 4º, art. 155, do CP, que é
dividia as opiniões entre o furto qualificado pela
mais grave.
destruição ou rompimento de obstáculo (inciso I, §
Com efeito, presente uma das qualificadoras do §
4º, art. 155, do CP) e a explosão com intuito de obter
4º, exclui-se a incidência da qualificadora em apreço,
vantagem pecuniária (§ 2º, art. 251, do CP). O enqua-
pois sua pena é mais branda, podendo funcionar, nes-
dramento do § 4º-A, art. 155, do CP, absorve delitos de
explosão e de dano, pois já funciona como causa de se caso, como circunstância judicial do art. 59, do CP,
aumento de pena, aplicando-se o princípio da subsi- servindo de parâmetro apenas para dosagem da pena-
diariedade tácita. -base. Entretanto, existe outra corrente mais favorável
ao réu que, com base no princípio da especialidade,
z Furto de veículo automotor que venha a ser afasta a qualificadora do § 4º quando se tratar de
transportado para outro Estado ou para o semovente domesticável de produção, impondo-se,
exterior: nesse caso, a qualificadora específica do § 6º, conside-
rando-a novatio legis in melius.
A pena será de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos O objeto material é o animal domesticável de pro-
se a subtração for de veículo automotor que venha a dução, ainda que abatido ou dividido em partes no
ser transportado para outro Estado ou para o exterior. local da subtração.
Não basta, porém, para a incidência da qualifica- Trata-se de um tipo penal aberto, porquanto a defi-
dora, o furto de veículo automotor, pois ainda se exige nição desse elemento normativo é complementada
o efetivo transporte para outro Estado ou exterior. pelo juiz.
Veículo automotor engloba, por exemplo, carros, Para a incidência da qualificadora, é necessário
motos, lanchas, aviões etc. que o agente subtraia o animal por inteiro ou na sua
Não é necessário que o transporte para outro Esta- essência. O tipo penal refere-se à subtração de semo-
do ou exterior seja realizado pelo próprio agente. vente e, não, de partes dele, de modo que, quando o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Basta que o agente saiba da intenção de eventual animal já estava abatido ou dividido em partes, a inci-
receptador transportar o veículo para outro Estado ou dência da qualificadora estará condicionada à subtra-
exterior. ção do todo ou das partes substanciais. Na hipótese
Quem realiza o transporte após a consumação do de o agente deixar no local apenas as patas do boi e
furto responde pelo crime de receptação. Por conse- subtrair o restante, persiste a qualificadora. Não teria
quência, o agente que é contratado para realizar o cabimento, por exemplo, qualificar o delito pelo fur-
transporte responde pelo furto, se o contrato for ante- to de uma picanha extraída de um animal já abatido.
rior à subtração, e por receptação, se só foi contratado Também não incide a qualificadora quando o próprio
após a consumação. agente abate o animal, subtraindo-lhe apenas uma de
Consuma-se o transporte quando o veículo trans- suas partes.
põe os limites das fronteiras do Estado ou do país, com Observa-se que, ao tempo da conduta, é necessário
intuito de ali permanecer. que o animal ainda pertença ao produtor, posto que o
A mera condução do veículo para outro Estado ou intuito da lei foi protegê-lo.
exterior, com o intuito de retornar ao local de origem, A subtração, por exemplo, de um porco que se
é insuficiente para a caracterização da qualificadora. encontra no açougue não qualifica o delito. 425
Não há que se falar, também, no delito em estudo encontra dormindo e desprotegida. Neste caso,
quando se subtrai o leite da vaca ou outro bem produzi- restringe o aumento da pena ao furto cometido em
do pelo animal, porquanto o tipo penal se refere à sub- casa habitada com os moradores repousando;
tração do semovente e, não, dos bens que ele produz. z Teoria objetiva: o fundamento do aumento da pena
Nessas hipóteses, o furto será simples. é a proteção do patrimônio, que, nesse período,
encontra-se vulnerável à subtração. A finalidade
z A subtração for de substâncias explosivas ou de da lei visa proteger primordialmente o patrimô-
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possi- nio, e depois, a tranquilidade.
bilitem sua fabricação, montagem ou emprego:
As duas teorias são aceitas, mas devemos com-
O objeto material consiste em substâncias explosi- preender que incide o aumento de um terço não só
vas ou acessórios que possibilitem a fabricação, mon- em furtos de residência, mas também em bancos, joa-
tagem ou emprego de substância explosiva. lherias, casas comerciais, bem como de automóveis
O que é substância explosiva? Substância explosi- estacionados na rua, de gado (abigeato).
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre- Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o
bentação, por exemplo, pólvora ou dinamite. local seja área comercial ou local desabitado.
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em
conjunto ou isoladamente, são capazes de se transfor- Furto Privilegiado
mar quimicamente numa substância explosiva; aqui
podemos exemplificar com o estopim, a espoleta e o Art. 155 [...]
cordel detonante. São estes acessórios que possibili- § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
tam a fabricação, montagem ou emprego da substân- a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
cia explosiva. reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
A fabricação é a produção ou confecção. terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Montagem é a junção dos componentes.
Emprego é a utilização. Está previsto no § 2º, art. 155, do CP. Ocorre, por
O tipo penal não se refere aos maquinários e exemplo, no caso de agente primário que subtraiu
outros objetos que também são utilizados para fabri- uma pequena bolsa vazia de uma loja, cujo valor é
car, montar ou utilizar os explosivos, mas tão somen- inferior ao salário mínimo.
te aos acessórios que compõem a própria substância
explosiva. São características do furto privilegiado:
É bom lembrar que configura crime, nos termos do
inciso III, do § único, art. 16, da Lei nº 10.846, de 2003, z Réu primário;
Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar z Coisa furtada de pequeno valor — Segundo a juris-
ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem prudência, até 1 (um) salário mínimo.
autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar. No caso do furto privilegiado, o juiz poderá ado-
Esse delito será absorvido pelo crime do § 7º, art. tar uma das seguintes medidas:
155, do CP, pois já funciona como qualificadora.
A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) z Substituir a pena de reclusão pela de detenção;
anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou z Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços);
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi- z Aplicar somente a pena de multa.
litem sua fabricação, montagem ou emprego.
Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilégio
Furto Majorado para o furto simples ou para o furto qualificado; entre-
tanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser de natu-
O furto será majorado quando a ele for aplicada a reza objetiva (emprego de chave falsa, por exemplo).
causa de aumento de pena prevista no § 1º, art. 155,
do CP. Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do
privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos
Art. 155 [...] de crime de furto qualificado, se estiverem presen-
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é tes a primariedade do agente, o pequeno valor da
praticado durante o repouso noturno. coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
Sobre o repouso noturno, considere que, segundo O termo “pequeno valor da coisa” é entendido,
o STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de pela jurisprudência, como o valor que não excede ao
pena se aplica ao furto simples e ao furto qualificado. valor do salário mínimo. É necessário o auto de ava-
O furto majorado ocorre, por exemplo, quando o liação. É claro que o referencial do salário mínimo
agente, aproveitando-se do repouso noturno, entra não é tão rígido, admitindo-se o privilégio quando a
numa casa para furtar os eletroportáteis. coisa excede modicamente esse valor.
Há discussão sobre a necessidade de a casa estar Considera-se “ordem subjetiva” a hipótese de furto
habitada e os moradores repousando, para que incida qualificado por abuso de confiança. Deve-se identifi-
o aumento de um terço. car a confiança da vítima para com o agente. Por isso,
Duas teorias tratam da discussão: não se trata de furto privilegiado.
A regra é que as qualificadoras do crime de fur-
z Teoria subjetiva: a razão de ser do aumento da pena to são objetivas, por exemplo, emprego de chave
é a maior proteção à tranquilidade dos que repou- falsa. Nesta regra, há compatibilidade com o furto
426 sam, bem como à incolumidade da vítima, que se qualificado.
Furto de Uso Dica
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar, O furto de coisa comum não é tão cobrado em
para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel provas de concursos públicos. Porém, quando
que foi subtraída. cobrado, tentam misturar suas características
O furto de uso é fato atípico; tal instituto não se com as características do furto tradicional.
aplica ao crime de roubo.
Por exemplo, se o agente subtrai a coisa com a z Furto: coisa alheia, crime comum e ação penal
incondicionada;
intenção de usar e devolver depois, não cometerá o
z Furto de coisa comum: coisa comum, crime pró-
crime de furto.
prio e ação penal condicionada.
Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta,
devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não
Outras Hipóteses
se configura crime de furto.
Não há furto na hipótese de o credor subtrair bens
O reconhecimento do furto de uso necessita da do devedor para ressarcir-se, pois se trata de um cri-
presença de dois requisitos: me específico, previsto no art. 345, do CP, exercício
arbitrário das próprias razões. Vejamos: “A” deve uma
z Uso momentâneo de coisa infungível, ou seja, o quantia em dinheiro para “B”. “B”, cansado de cobrar o
uso duradouro constitui crime de furto. Tratando- valor da dívida, subtrai a bicicleta de “A” para quitá-la.
-se de coisa fungível, como o dinheiro, nem o uso O furto famélico é aquele em que o agente bus-
momentâneo seguido da pronta restituição exclui ca saciar a fome, não é estado de necessidade, salvo
o delito; se a subtração for o único meio de se alimentar. Por
z Restituição imediata e integral da coisa. Nesta exemplo, a mãe, diante da necessidade de alimentar o
hipótese, o ladrão, para beneficiar-se do furto de filho, subtrai uma maçã de uma barraca de feira para
uso, deve deixar a coisa no mesmo lugar de onde a alimentá-lo.
subtraiu ou nas proximidades. O furto em estado de precisão, aquele em que o
agente está desempregado e subtrai alimentos, ele-
trodomésticos etc. constitui crime. Por exemplo, o pai,
Furto de Coisa Comum
estando desempregado e sem condições de manter o
sustento da família, subtrai alimentos e eletroportá-
Art. 156 Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
teis de um hipermercado para suprir o sustento do lar.
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamen-
te a detém, a coisa comum:
ROUBO E EXTORSÃO
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º Somente se procede mediante representação.
Roubo
§ 2º Não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
O roubo é a subtração de, por exemplo, um reló-
direito o agente.
gio alheio, para si ou para outrem, mediante violência
contra pessoa.
Acabamos de dizer que é necessário que a coisa
O roubo pode ser simples, majorado ou qualifica-
seja alheia no crime de furto. Entretanto, agora esta- do. Veremos sobre esses assuntos mais adiante!
mos diante de um crime específico, o furto de coisa O roubo é delito pluriofensivo, isto é, ofende mais
comum. de um bem jurídico.
O furto de coisa comum irá se configurar quando A incriminação do roubo visa a tutela do patri-
o agente for condômino, coerdeiro ou sócio, e sub- mônio, integridade fisiopsíquica, a saúde e a
trair, para si ou para outrem, a quem legitimamente a tranquilidade.
detém, coisa comum. Na forma qualificada como latrocínio, tutela-se
Temos aqui um crime próprio, que somente pode- também a vida.
rá ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
É crime de ação penal pública condicionada à podendo ser praticado por qualquer pessoa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Para que incida a redução da pena, a delação deve ter sido feita à autoridade, devendo essa expressão ser
tomada em sentido amplo para abranger qualquer agente encarregado do combate à criminalidade, por exemplo,
juiz, autoridade policial etc.
Quanto maior a contribuição, maior a redução da pena.
Trata-se de causa obrigatória de redução de pena.
O art. 13 da Lei nº 9.807, de 1999, dispõe sobre a extinção da punibilidade pelo perdão judicial ao acusado que,
sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que
dessa colaboração tenha resultado cumulativamente a identificação dos demais agentes, a localização da vítima
com sua integridade física preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Presente apenas um desses requisitos, a pena ainda poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, independentemente da
primariedade do réu, por força do art. 14, da Lei nº 9.807, de 1999.
Extorsão Indireta
Art. 160 Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar
causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
A extorsão indireta constitui forma mais branda de extorsão, que se configurará quando o agente exigir ou
receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimen-
to criminal contra a vítima ou contra terceiro.
Como dito, é uma forma mais branda de extorsão, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
enquanto a extorsão, em sua modalidade simples, tem como pena a reclusão de 4 (quatro) a 10 (anos).
É um crime que exige dolo específico, já que o agente pratica os verbos descritos no tipo penal (exigir ou rece-
ber) como garantia de dívida.
É necessário que o agente abuse da condição de alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota, apro-
veitando-se da condição de desespero pela qual se passa aquele que solicita um empréstimo, já que o filho deste
se encontra internado em estado grave e ele precisa do dinheiro para pagar o tratamento, exija documento que
possa dar causa a procedimento criminal — pronto, teremos configurada a extorsão indireta, já que o agiota abu-
sou da condição da vítima.
No verbo exigir, este crime é formal, consumando-se com a exigência do documento.
Já no verbo receber, é crime material, consumando-se com o efetivo recebimento do documento.
É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter criminis fracionado.
É crime comum, já que não se exige qualquer condição especial do sujeito.
USURPAÇÃO
Alteração de Limites
Art. 161 Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-
-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 168 [...] z É crime omissivo, como dito, já que o agente não
§ 1º A pena é aumentada de um terço, quando o pratica a conduta que se espera dele (repassar);
agente recebeu a coisa: z Não admite a modalidade culposa; 437
z Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o Para encerrarmos o crime de apropriação indébita
STF, não é necessário dolo específico (especial fim previdenciária, vamos verificar uma hipótese de perdão
de agir); judicial e de crime privilegiado.
z Não admite tentativa. A Lei nº 13.606, de 2018, lei bastante atual, diga-se
de passagem (importante atentar-se a isso), acrescentou
O entendimento majoritário na doutrina é o de que
dispositivo ao Código Penal que estabelece que a facul-
a apropriação indébita previdenciária é crime formal
dade atribuída ao juiz de deixar de aplicar a pena ou de
e, por isso, dispensa-se o enriquecimento indevido por
aplicar somente a pena de multa não se aplica aos casos
parte do agente ou o efetivo prejuízo ao erário.
Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive
o crime de apropriação indébita previdenciária é dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, admi-
material, pois, quando o agente omitiu o repasse, con- nistrativamente, como sendo mínimo para ajuizamento
figurou-se o enriquecimento indevido e o consequen- de suas execuções fiscais.
te prejuízo ao Erário. Faculta-se ao juiz:
Essa decisão corrobora com o entendimento exa-
rado na Súmula Vinculante nº 24. z Deixar de aplicar a pena (perdão judicial);
z Aplicar somente a pena de multa (crime privilegiado).
Súmula Vinculante nº 24: Na linha da jurispru-
dência deste Tribunal Superior, o crime de apropria- Essas situações poderão ocorrer se o agente for
ção indébita previdenciária, previsto no art. 168-A,
primário e de bons antecedentes, desde que:
ostenta natureza de delito material. Portanto, o
momento consumativo do delito em tela correspon-
Art. 168-A [...]
de à data da constituição definitiva do crédito tri-
§ 3° É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
butário, com o exaurimento da via administrativa
aplicar somente a de multa se o agente for primário
(ut, (RHC 36.704/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
Quinta Turma, DJe 26/02/2016). Nos termos do art. e de bons antecedentes, desde que:
111, I, do CP, este é o termo inicial da contagem do I – tenha promovido, após o início da ação fiscal
prazo prescricional” (AgRg no REsp 1.644.719/SP, e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
DJe 31/05/2017). contribuição social previdenciária, inclusive aces-
sórios; ou
Importante estudar também o tema do princípio II – o valor das contribuições devidas, inclusive
da insignificância no crime de apropriação indébita acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele-
previdenciária. cido pela previdência social, administrativamente,
Neste caso, a Portaria nº 296, de 2007, da Previ- como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
dência Social diz que o INSS não executa, não move, execuções fiscais.
ação de execução fiscal por dívida de até R$ 10 mil,
de modo que, se o indivíduo pagasse débitos até esse De acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda
valor, a punibilidade estaria extinta pelo perdão judi- Nacional, o valor mínimo para ajuizar execuções fis-
cial, obviamente, desde que ele seja primário e de cais por débito para com o fisco é de R$ 20 mil.
bons antecedentes.
Não se trata de aplicação do princípio da insigni- Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito
ficância, porque a dívida tem um valor significativo, ou Força da Natureza
mas se o valor for irrisório, por exemplo, R$ 100, R$
200 ou R$ 300, ele poderá ser absolvido pelo princípio Art. 169 Apropriar-se alguém de coisa alheia vin-
da insignificância. da ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
Quando o valor da dívida atinge uma cifra razoá- natureza:
vel de até R$ 10 mil, mas o INSS diz que não é preciso Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
mover a execução fiscal, nesse caso o réu poderá rece-
ber o perdão judicial ou então ser condenado apenas Neste crime, a apropriação se dá não devido à rela-
na pena de multa, conforme o § 3º, art. 168, do CP.
ção de confiança existente entre autor e vítima, mas,
A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da
sim, porque a coisa chegou ao poder do agente por
punibilidade), caso o agente, espontaneamente, decla-
re, confesse e efetue o pagamento das contribuições, erro, caso fortuito ou força da natureza.
importâncias ou valores e preste as informações devi- Ex.: “A” recebe em sua casa, por erro do entregador
das à previdência social, na forma definida em lei ou de uma loja, uma televisão de 50 polegadas. O agente
regulamento, antes do início da ação fiscal. se apropria da coisa havida por erro.
Caso “A” tenha recebido a coisa de boa-fé, mas,
Art. 168-A [...] posteriormente, altere a posse da coisa, apropriando-
§ 2° É extinta a punibilidade se o agente, esponta- -se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa
neamente, declara, confessa e efetua o pagamento havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
das contribuições, importâncias ou valores e presta Entretanto, para configuração do delito, o agente
as informações devidas à previdência social, na for- não pode ter induzido nem mantido a pessoa em erro
ma definida em lei ou regulamento, antes do início no momento do recebimento da coisa, caso contrário,
da ação fiscal.
tendo em vista a fraude, haverá o crime de estelionato.
Apesar de o Código Penal estabelecer que a condu- Na apropriação de coisa havida por erro, ao tempo
ta do agente, para que sua punibilidade seja extinta, do recebimento da coisa, o agente procede de boa-fé,
seja praticada antes do início da ação fiscal, o STF e não percebe o erro. Este é constatado após o recebi-
o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da puni- mento da coisa.
bilidade com o pagamento efetuado a qualquer tem- Necessário, portanto, o dolo subsequente, isto é, o
po, desde que antes do trânsito em julgado (sentença agente recebe, identifica que não lhe pertence, mas
438 definitiva). fica com o patrimônio.
O erro deve ser alheio, isto é, de quem concede a Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
disponibilidade da coisa ao sujeito ativo. É necessário II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apro-
que o agente não perceba o aludido erro. pria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la
Há uma duplicidade de erros, de quem entrega e ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à
de quem recebe a coisa. autoridade competente, dentro no prazo de quinze
Quanto à distinção entre caso fortuito e força da dias.
natureza, uma parcela significativa da doutrina consi-
dera as expressões equivalentes. Mesmo assim, vamos O que dizer sobre “achado não é roubado”, ditado
estabelecer uma diferenciação. popular muito conhecido?
Força da natureza é o acontecimento de eventos O crime de apropriação de coisa achada não é cos-
físicos ou naturais, de índole ininteligente, como o gra- tuma ser mencionado, mas existe.
nizo, o raio, a inundação, a tempestade e o terremoto. Este crime será aplicado a quem achar coisa alheia
Caso fortuito deriva de fatos humanos, como a gre- perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente,
ve, o motim, a guerra, a queda de um avião etc. deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor
No delito em apreço, a coisa chega ao agente por ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do
meio de um evento imprevisível. prazo de 15 (quinze) dias.
Exemplo clássico: um vendaval lança as roupas do Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para
varal do vizinho ao quintal da casa de B e este apro- sua consumação, exige que transcorra determinado
pria-se delas. Ou uma mala despenca de um avião, período (15 dias).
caindo na chácara de B, que dela se apropria. Ainda, Sujeito ativo é aquele que acha a coisa perdida.
o animal de uma fazenda passa para a fazenda de B, Trata-se de crime próprio, pois é praticado por
que dele se apropria. aquele que acha a coisa perdida.
Observe que a coisa não é entregue pela vítima ao Na hipótese de o sujeito ativo emprestar a coisa
agente, originando-se o apossamento de um aconteci- à uma outra pessoa, vindo esta a apropriar-se, não
mento imprevisível.
cometerá o delito em apreço, e sim o crime de apropria-
Este crime não admite a modalidade culposa,
ção indébita, previsto no art. 168, do CP.
podendo ser praticado apenas a título de dolo.
Se, por outro lado, o proprietário achar a própria
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado
coisa e deixar de restitui-la ao legítimo possuidor, que
por qualquer pessoa.
a havia perdido, também não se configura o delito, por-
O Código Penal apresenta duas hipóteses asseme-
lhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de que o tipo penal exige que a coisa seja alheia.
tesouro e a apropriação de coisa achada. Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor.
O objeto material é coisa alheia perdida.
Apropriação de Tesouro Trata-se de elemento normativo do tipo, cujo signifi-
cado requer um juízo de valor do magistrado.
Art. 169 [...] Coisa perdida é a que se encontra em lugar públi-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. [...] co ou de uso público em circunstâncias indicativas do
Parágrafo único. Na mesma pena incorre: extravio, por exemplo, uma carteira exposta no meio da
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apro- rua.
pria, no todo ou em parte, da quota a que tem direi- No caso de coisa abandonada (res derelicta) ou coi-
to o proprietário do prédio; sa sem dono (res nullius), não haverá crime algum por
parte de quem apropriar-se. Este torna-se dono da coisa.
Irá praticar este crime o agente que achar tesouro O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente na
em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte, vontade de apropriar-se da coisa.
da quota a que tem direito o proprietário do prédio. Quanto à consumação, ocorre quando o agente deixa
Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha de restituir a coisa ao dono ou legítimo possuidor ou de
tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de
apropria da quota-parte que o proprietário do prédio quinze dias.
tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabe- O crime de apropriação de coisa achada poderá se
lece que o tesouro deve ser dividido igualmente entre configurar:
aquele que achou e entre o proprietário do local em
que ele foi achado.
z Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao dono
O Código Civil conceitua tesouro como depósito
ou legítimo possuidor;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z Crime comum: não se exige características especí- Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria
ficas do sujeito ativo;
Art. 171 [...]
z Crime material: o crime consuma-se com a ocor-
§ 2º [...]
rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garan-
acarretando prejuízo a terceiro; tia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
z Não admite a forma culposa: só se pratica a título litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
de dolo; mediante pagamento em prestações, silenciando
z Admite a modalidade tentada. sobre qualquer dessas circunstâncias;
O estelionato privilegiado é aquele em que o Este crime está previsto no inciso II, § 2º, art. 171,
agente é primário e é de pequeno valor o prejuízo. do CP, que consiste no agente que vende, permuta,
Poderá o juiz, neste caso, substituir a pena de reclusão dá em pagamento ou em garantia coisa própria ina-
pela pena de detenção, diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou lienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
aplicar somente a pena de multa. prometeu vender a terceiro, mediante pagamento
em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
Art. 171 [...] circunstâncias.
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Temos que destacar que o objeto material do crime
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o pode ser bem móvel ou imóvel.
disposto no art. 155, § 2º. Vejamos:
Coisa própria inalienável — os bens inalienáveis
Vejamos as formas equiparadas do crime de este- são: bem de família do Código Civil, bem doado com
lionato, que serão submetidas às mesmas penas. cláusula de inalienabilidade e bem deixado por testa-
mento com cláusula de inalienabilidade.
Disposição de Coisa Alheia como Própria Coisa própria gravada de ônus, por exemplo: pe-
nhor, hipoteca, anticrese, enfiteuse, servidão, superfí-
Art. 171 [...] cie, uso, usufruto, habitação e superfície.
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: Coisa própria litigiosa: bem sub-judice é aquele
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação em que há uma ação judicial acerca da titularidade da
440 ou em garantia coisa alheia como própria; propriedade.
Imóvel próprio que prometeu vender a terceiro, Lembre-se de que o agente não é punido penal-
mediante pagamento em prestações. mente por causar mal somente a si mesmo, sendo
Observa-se que a lei é omissa em relação a imóvel assim, caso ele se lesione sem o fim de receber seguro,
que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento ele não será sujeito passivo do crime.
à vista. Também é omissa sobre o compromisso que O sujeito passivo será a seguradora.
recai sobre bens móveis, ainda que em prestações.
Fraude no Pagamento por Meio de Cheque
Defraudação de Penhor
Art. 171 [...]
Art. 171 [...] § 2º [...]
§ 2º [...] VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
III - defrauda, mediante alienação não consentida em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno-
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Leve em consideração que, para configuração des-
ta forma equiparada de estelionato, é necessário que
Este crime está previsto no inciso III, § 2º, art. 171, do o agente saiba desde o início que não dispõe de fundos
CP, e consiste na conduta de o agente defraudar, mediante para cobrir o cheque, não se englobando nesta moda-
alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, lidade criminosa os casos de não pagamento de che-
a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto que por motivos cotidianos (sem má-fé).
empenhado. É importante conhecer duas súmulas do STF, referen-
É essencial a fraude, isto é, a falta de autorização do tes ao crime de fraude no pagamento por meio de cheque.
credor. O consentimento deste exclui o crime.
A consumação ocorre com a efetiva defraudação, Súmula 521: O foro competente para o processo e
isto é, com a alienação, ocultação, abandono etc. da coisa julgamento dos crimes de estelionato, sob a modali-
dade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
empenhada.
fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento
A defraudação parcial é suficiente para a consumação,
pelo sacado.
porque diminui a garantia do credor, gerando prejuízo. Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem
provisão de fundos, após o recebimento da denún-
Fraude na Entrega de Coisa cia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Art. 171 [...] Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que
§ 2º [...] se o agente pagar os valores referentes ao cheque emi-
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade tido sem fundos antes do recebimento da denúncia,
de coisa que deve entregar a alguém;
será impedido o início da ação penal.
Vejamos também a Súmula 17 do STJ: “Quando o
Este crime está previsto inciso IV, § 2º, art. 171, do falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade
CP, em que o agente defrauda substância, qualidade lesiva, é por este absorvido”.
ou quantidade, de coisa que deve entregar a alguém. Entenda da seguinte forma: se o uso do documento
Vejamos, o tipo penal faz a seguinte alusão: “coisa falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato,
que deve entregar a alguém”, pressupondo-se, portan- este crime absorverá aquele.
to, uma obrigação de prestação de dar entre as partes. Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois
A obrigação deve ser a título oneroso. Se for gratui- crimes em concurso formal.
ta, como o comodato e a doação, desaparece o delito, Observe as causas de aumento de pena previstas
porque não há prejuízo ao credor. Nos negócios gra- no Código Penal para o estelionato:
tuitos, não se pode reclamar sequer vício redibitório,
de modo que o devedor não é sancionado nem na Art. 171 [...]
esfera cível. § 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
Se não houver uma obrigação antecedente, a cometido em detrimento de entidade de direito
entrega de coisa defraudada pode configurar o delito público ou de instituto de economia popular, assis-
do caput do art. 171. tência social ou beneficência.
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Seguro me é praticado:
Aqui, também é admitido o dolo eventual (que A segunda causa de imunidade, crime contra o
deve saber ser produto de crime). patrimônio praticado em prejuízo de ascendente, inci-
Semovente domesticável de produção pode ser de também nos casos de adoção.
entendido como animais de bando, como bovinos e Porém, se o filho adotivo furta o pai biológico, este
suínos, que constituem patrimônio de alguém, domes- responderá pelo delito e vice-versa, pois a adoção
ticados com finalidade produtiva. extingue os vínculos com a família de sangue.
Ex.: Fulano adquire, no exercício do comércio em Tratando-se de vínculo de afinidade, como sogro,
seu açougue, gado abatido após ser furtado em uma sogra, genro, nora, padrasto, madrasta, enteado e
fazenda, com a finalidade de comercializar a carne. enteada, não há imunidade, tendo em vista a vedação
Fulano praticou o crime de receptação de animal. da analogia.
A última causa de imunidade absoluta, quando se
DISPOSIÇÕES GERAIS pratica crime contra o patrimônio em prejuízo de des-
cendente, é aplicada também nos casos de adoção.
Imunidades nos Crimes Contra o Patrimônio
Art. 182 Somente se procede mediante representa-
ção, se o crime previsto neste título é cometido em
As disposições gerais dos crimes contra o patrimô-
prejuízo:
nio versam sobre as:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
z Imunidades
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
z Ao crime de roubo, ainda que o roubo seja com Art. 213 Constranger alguém, mediante violência
violência imprópria, como a subtração ocorrida ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a pra-
após o ladrão hipnotizar a vítima, exclui-se a imu- ticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
nidade, pois a lei não abre qualquer exceção ao libidinoso:
delito de roubo; Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
z Ao crime de extorsão, ainda que se trate da extor-
são indireta, onde não há violência ou grave amea- No caput do art. 213 encontra-se a modalidade
ça, exclui-se a imunidade; simples. Constranger significa forçar, coagir alguém
z Aos delitos cometidos com emprego de grave usando de violência (vis absoluta) ou grave ameaça
ameaça ou violência à pessoa;
(vis compulsiva). No caso do estupro a coação tem a
z Ao estranho que participa do crime, pois, a imuni-
finalidade de se obter:
dade é uma circunstância pessoal, logo, incomuni-
cável. Por exemplo, o terceiro que auxilia o marido
a furtar a esposa responde pelo crime de furto; z a conjunção carnal, que é a introdução do pênis
z Aos delitos praticados contra pessoa com idade na vagina (cópula vagínica); ou
igual ou superior a 60 anos. z outro ato libidinoso (diverso da conjunção carnal
como, por exemplo, sexo oral, sexo anal, toques
íntimos ou sobre a roupa, masturbação e o beijo
lascivo). A conjunção carnal é um tipo de ato libi-
dinoso (gênero).
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL
Atos libidinosos
Bem Jurídico Tutelado (gênero)
Art. 213 Constranger mulher à conjunção carnal, z consumação e tentativa. Observe os dois exemplos:
mediante violência ou grave ameaça.
Só mulher poderia ser vítima e somente o homem o
agente aborda sua vítima na rua e a leva para
poderia ser sujeito ativo, uma vez que só se consu- um local ermo com a intenção de estuprá-la;
mava o crime pela conjunção carnal. lá chegando começa a tirar a roupa da vítima,
Os demais atos libidinosos eram protegidos pelo momento que é interrompido pela chegada da
tipo do atentado violento ao pudor, que se encon- polícia, antes da prática de algum ato libidinoso
trava no art. 214, CP, hoje revogado: ou de conjunção carnal. Neste caso vai respon-
Art. 214 Constranger alguém, mediante violência ou der pelo estupro na forma tentada.
grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se vamos modificar um pouco o exemplo acima.
pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Nesta situação, ao retirar as roupas da vítima, o
Atenção: não houve abolitio criminis, pois, apesar sujeito toca e beija suas partes íntimas, quando
do art. 214 de ter sido revogado, as condutas por é surpreendio pela polícia. Muito embora não
ele tratadas encontram-se hoje previstas no art. tenha praticado a conjunção carnal, que era
213, CP (houve, portanto, o que chamamos de con- seu dolo, antes de ser interropido pela polícia
tinuidade típico-normativa). praticou atos libidinosos ao tocar as partes ínti-
mas da vítima. Neste caso, vai responder pelo
O estupro tem, também, duas formas qualifica- estupro consumado.
das pelo resultado. A primeira pela ocorrência de
lesão corporal grave (tanto faz as graves quanto as z “curra” é o nome vulgarmente dado para a situa-
gravíssímas) ou pela idade da vítima: ção na qual dois ou mais agentes se revezam
na prática do estupro contra a mesma vítima.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de Ocorre, por exemplo, quando um agente segura
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 a vítima, enquanto o outro mantém com ela con-
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: junção carnal; logo após, eles se revezam. Neste
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. caso, cada um dos agentes vai responder por
dois crimes (um como autor e outro como coau-
E a outra forma é qualificada pela morte: tor, como no nosso exemplo; ou ainda como partí-
cipe, dependendo da situação).
§ 2º Se da conduta resulta morte: z a presença de lesões na vítima não é requisito
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. necessário, uma vez que certos atos libidinosos
não deixam marcas visíveis que sejam passíveis
São, assim, três as formas qualificadas: de serem apuradas por meio de exame de corpo
de delito. Na verdade, em algumas situações, o
z Estupro com resultado lesão corporal grave (§ 1º)
contato físico entre a vítima e o agressor não é
z Estupro contra vítima menor de 18 e maior de 14 (§ 1º)
necessário para que haja consumação do estu-
z Estupro com resultado morte (§ 2º)
pro (com relação aos atos libidinosos). O tipo do art.
Todos dos tipos de estupro (caput e parágrafos) são 213, menciona “praticar” ou “permitir” [a vítima],
considerados hediondos, confome o art. 1º, V, da Lei que com ela se pratique ato libidinoso diverso da
conjunção carnal. Imagine a situação hipotética
nº 8.072, de 1990.
na qual o agente constrage a vítima mediante gra-
z Hediondos: ve ameaça a tocar seu próprio corpo de maneira
erótica (automasturbação). Neste caso o agente vai
Art. 213, caput (estupro simples) responder pelo estupro, uma vez que constrangeu
Art. 213, § 1º (qualif. pela lesão grave/ idade) a vítima a praticar ato libidinoso, mediante grave
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018, o art. 215-A
revogou o art. 61 da Lei de Contravenções Penais (que
A atual redação do art. 215, CP, deu-se com as previa conduta semelhante), criando o tipo penal de
modificações da Lei nº 12.015, de 2009, da qual já fala- importunação sexual:
mos quando estudamos o estupro. Aqui houve nova
continuidade típico-normativa: o tipo do 216 foi revo- Art. 215-A Praticar contra alguém e sem a sua
gado e a conduta incluída no art. 215, CP. anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer
a própria lascívia ou a de terceiro:
Art. 215 Ter conjunção carnal ou praticar outro Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou não constitui crime mais grave.
outro meio que impeça ou dificulte a livre manifes-
tação de vontade da vítima: Exemplo de conduta tratada por este tipo penal
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. foi objeto de destaque na mídia em tempos recentes,
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim que se materializava quando o sujeito, dentro de um
de obter vantagem econômica, aplica-se também transporte coletivo, ejaculava na vítima ou se esfre-
448 multa. gava nela.
Os principais aspectos sobre esse crime são: z a paixão do agente pela vítima não exclui o crime
(veja o inciso I, do art. 28, CP, que afirma expres-
z não é hediondo; samente que a emoção e a paixão não afastam a
z é crime subsidiário (só vai se aplicar se não consti- responsabilidade penal);
tuir crime mais grave); z conforme a doutrina majoritária é crime instantâneo,
z é bicomum (homem e mulher podem ser sujeitos não exigindo a prática de atos de forma reiterada;
ativos/passivos); z não se exige que o assédio ocorra dentro do ambiente
z se praticado contra menor de 14 anos, é afastado, de trabalho;
incindo o tipo do art. 217-A; z por último temos a questão da relação professor e
� deve ser praticado contra vítima(s) determina(s); aluno. Existe o crime, por exemplo, quando o pro-
se não é praticado contra pessoa específica, cons- fessor, ao afirmar a uma aluna que precisava de
titui ato obsceno (art. 233, CP) como por exemplo, pontos para ser aprovada em sua disciplina, apro-
quando o agente se masturba no meio de um par- xima-se e toca sua barriga e seus seios? Neste caso
que, sem se dirigir a ninguém de forma particular. temos duas posições: a primeira corrente afirma
que não, por não haver hierarquia ou ascendência
ASSÉDIO SEXUAL do docente em relação ao aluno (já foi o entendi-
mento predominante e ainda prevalece na dou-
O assédio sexual encontra-se previsto no art. 216-A: trina); já pela segunda corrente, adotada pelo STJ
em 2019 (ao analisar exatemente um caso como
Art. 216-A Constranger alguém com o intuito de o do exemplo), afirma que, apesar de não haver
obter vantagem ou favorecimento sexual, prevale- relação de hierarquia, há um domínio do docen-
cendo-se o agente da sua condição de superior hie- te sobre o aluno, sendo aplicável o tipo do assédio
rárquico ou ascendência inerentes ao exercício de sexual. Essa discussão se aplica na relação entre
emprego, cargo ou função. líderes religiosos, como pastores e padres, e seus
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos fiéis; neste caso, aplica-se a posição da doutrina
Parágrafo único. que afirma não ser possível.
§ 2º o A pena é aumentada em até um terço se a
vítima é menor de 18 (dezoito) anos. Em relação à configuração de crime de assédio na
relação entre professor e aluno:
O párágrafo único foi vetado. Temos apenas o § 2º.
A palavra constranger, no caso do art. 216-A, não tem z n uma prova objetiva, o mais indicado é seguir a
o mesmo sentido do que no estupro: o assédio sexual posição do STJ, no sentido de que é possível o assé-
tem a ideia de intimidar alguém a fazer alguma coisa dio sexual entre professores e alunos;
(atos sexuais, libidinosos) sem o uso de violência ou z numa prova discursiva, explique as duas posições.
grave ameaça. O intuito do agente é obter favorecimen- Veja o posicionamento, por exemplo, de Guilher-
to sexual de qualquer forma (pode ser até um beijo), me Nucci.
mediante uma ameaça (quer pode ser explícita ou não)
ou de uma promessa (de promoção, por exemplo), que Lembre-se que em relação à hipótese de assédio
também pode ser explícita ou implícita. sexual entre líderes religiosos: não cabe.
O sujeito ativo está em posição hierarquicamente
superior à vitima (tem maior autoridade na estrutura REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE
administrativa) ou que tem ascendência inerente ao SEXUAL
emprego, cargo ou função que exerce (setor privado);
por sua vez, o sujeito passivo é o subordinado (assédio
vertical). É o que se chama de crime bipróprio (exige Incluído em dezembro de 2018, no CP, pela Lei nº
carecterísticas especiais do sujeito ativo e do passivo). 13.772, de 2018, é o único crime que consta do Capí-
tulo I-A do Título VI:
Não há assédio sexual entre funcionários do mes-
mo nível (assédio horizontal). Também não se confi- Art. 216-B Produzir, fotografar, filmar ou registrar,
gura quando o subordinado assedia o superior. por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
sem autorização dos participantes:
São aspectos relevantes relativos ao tipo do art. 216-A: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Formas Equiparadas
z p
raticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso
apto a satisfazer o prazer sexual, na frente de víti-
De acordo com o § 2º, incorre nas mesmas penas:
ma menor de 14 anos;
z induzir menor de 14 a presenciar tais atos. z quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidi-
noso com vítima vulnerável em situação de pros-
Aspectos que merecem destaque: tiuição ou exploração sexual
z o proprietário, gerente ou responsável do local em
z d
e acordo com a maior parte da doutrina não se que ocorre a prática do delito do caput, lembran-
exige a presença física da vítima no mesmo local do, claro, que devem ter conhecimento (pois não
onde ocorre a conjunção ou o ato libidonoso. Ou há responsabilidade objetiva). Neste caso a cassa-
seja, pode ser praticado por meio virtual; ção da licença do local é efeito obrigatório (§ 3º).
z é
tipo misto alternativo: se o sujeito induz a pre-
senciar e também pratica os atos, responde por um Trata-se de crime hediondo, em todas as formas:
só crime. caput, § 2º, I e II. Agora já sabemos quais são os três os
crimes contra a dignidade sexual que são hediondos:
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE
z Art.213, caput e §§:
OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE
CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VUNERÁVEL
Estupro.
O art. 218-B tem seis núcleos:
z Art.217-A, caput e §§:
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostitui-
Estupro de vulnerável.
ção ou outra forma de exploração sexual alguém
menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade z Art.218-B, caput e §§:
ou deficiência mental, não tem o necessário discer-
nimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir Favorecimento da prostituição ou outra forma
ou dificultar que a abandone: Pena – reclusão, de 4 de exploração sexual de vulnerável.
(quatro) a 10 (dez) anos.
DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA
O art, 218-B visa punir o sujeito que insere (subme- DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO
te, induz ou atrai) o menor de 18 anos ou o vulnerável OU DE PORNOGRAFIA
(homem ou mulher) no âmbito da exploração sexual
O tipo do art. 218-C é um crime subsidiário, que
(prostituição e turismo sexual), tráfico para fins se-
possui seis núcleos (tipo misto alternativo):
xuais e pornografia) ou facilita sua permanência ou
impede ou dificulta sua saída. Em resumo é trazer
Art. 218-C Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi-
a vítima vulnerável para a prostituição (ou outra tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
forma de exploração) ou impedir que a vítima divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
saia desse meio (neste último caso trata-se de crime comunicação de massa ou sistema de informática
permanente). ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
Existem 4 formas de exploração sexual: de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
z Prostituição; Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
z Turismo sexual; não constitui crime mais grave.
z Tráfico para fins sexuais;
z Pornografia. Visa coibir qualquer tipo de divulgação de mate-
rial que contenha:
O art. 218-B só cuida da prostiuição e do turismo
sexual envolvendo vulnerável. O tráfico é tratado pelo z c ena de estupro ou estupro de vulnerável ou que
inciso V, art. 149-A, CP (tráfico de pessoas); a pornogra- faça apologia ou induza a prática de tais crimes;
fia envolvendo vulnerável, pelos arts. 240, 241, 241-A z c ena de sexo, nudez ou pornografia, sem o consen-
452 e 241-e, do ECA. timento da vítima.
Para os fins do art. 218-C são vulneráveis: pessoas a) transmite à vítima doença sexualmente
com enfermidades ou doença mental ou que não pos- transmissível de que sabe ou deveria saber ser
sam, por qualquer razão, oferecer resistência. Veja portador;
bem: estas devem ter mais de 18 anos! No caso da b) ou se a vítima é idosa (igual ou maior de 60 anos)
divulgação de imagens de estupro, estupro de vulne- ou pessoa com deficiência.
rável ou cenas de pornografia, nudez ou sexo, apli-
cam-se as disposições do ECA. Correm em segredo de justiça. (234-B)
Bem, agora sabemos quais são os crimes contra a
dignidade sexual mais importantes (Capítulos I e II) e E assim finalizamos o estudo dos crimes contra a
quais as divergências doutrinárias e jurisprudenciais dignidade sexual.
que são aplicados a eles. O Capítulo III, que tratava
sobre o Rapto, está revogado.
O Capítulo IV, nos arts. 225 e 226, apresenta dis- CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
posições gerais que se aplicam aos crimes que já
vimos até agora (do art. 213 ao 218-C). Veja: CRIMES CONTRA O CASAMENTO
Pratica crime contra a família o agente que se atri- Registro de Nascimento Inexistente
buir falsamente autoridade para celebração de casa-
mento, conforme disposto no art. 238, do CP. O rol dos crimes contra o estado de filiação inicia
Este crime diz respeito ao presidente da celebração. com a tipificação do registro de nascimento inexistente.
Por exemplo, Vitor e Andresa estão se casando. Pratica esse delito o agente que promove no regis-
Cumpriram todos os requisitos da legislação civil. tro civil a inscrição de nascimento inexistente, confor-
Porém, o celebrante não pode comparecer e para não me disposto no art. 241, do CP.
deixarem de se casarem na data marcada, o irmão da
O bem jurídico penalmente tutelado é o estado de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z f requente casa de jogo ou mal afamada, ou convi- Esse crime é de natureza mista alternativa e
va com pessoa viciosa ou de má vida; cumulativa. Guilherme Nucci ensina que dependen-
z frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de do da hipótese concreta, o agente pode responder por
lhe ofender o pudor, ou participe de representação um delito ou pela prática de dois crimes A primeira
de igual natureza; conduta (induzir menor ou interdito a fugir) pode
z resida ou trabalhe em casa de prostituição; ser associada à segunda, que é alternativa (confiar a
z mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comi- outrem ou deixar de entregá-lo).
seração pública.
Dica
Assim, temos que:
Adverte Rogério Grecco:
A ordem do pai, do tutor ou do curador e a justa
z O objeto jurídico é a assistência familiar, no que
causa são consideradas elementos normativos
diz respeito ao direito de acesso ao ensino obriga-
do tipo, que, se presentes, farão com que o fato
tório do filho em idade escolar.
seja considerado atípico.
z O objeto material do crime é a instrução primária
do filho em idade escolar.
O objeto material do crime é a pessoa menor de 18
z O sujeito ativo, por ser o delito do art. 246, do CP,
(dezoito) anos de idade ou interditada judicialmente.
crime próprio, somente pode ser cometido pelos
Temos aqui três núcleos dos tipos penais:
pais cujo filho esteja em idade escolar e carente de
instrução primária.
z Induzimento à fuga: fazer nascer na mente do
menor de 18 (dezoito) anos de idade ou interdito
Adverte Cleber Masson que o crime de abando
a vontade de fugir do lugar em que se acha por
intelectual (art. 246, do CP) não se admite a analogia
determinação de quem sobre ele exerce autorida-
in malam partem no direito penal, os tutores ou qual-
de, em virtude de lei ou decisão judicial;
quer outra espécie de responsável legal pela guarda z Entrega arbitrária: entregar a outrem, sem ordem
da criança ou adolescente não podem figurar como dos pais, do tutor ou do curador, a pessoa menor
sujeito ativo do delito. de 18 (dezoito) anos de idade ou interditada
judicialmente;
z Sujeito passivo é o filho dependente de instrução z Sonegação de incapazes: deixar, recusar-se a
primária e em idade escolar; entregar o menor de 18 (dezoito) anos ou interdito
z O crime é doloso; a quem legitimamente o reclame, comportando-se
z Não se admite a modalidade culposa, como na desta forma sem justa causa.
hipótese dos pais que negligentemente se esque-
cem de promover a matrícula do filho em idade Temos então as seguintes características:
escolar no estabelecimento de ensino;
z O crime se consuma quando os pais deixam de z O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa;
efetuar a matrícula do filho em idade escolar em z Já o sujeito passivo, são, imediatamente os pais,
estabelecimento de ensino após encerrado o prazo tutores ou curadores e, mediatamente, a pessoa
para matrícula e os genitores permanecem inertes; menor de 18 (dezoito) anos de idade ou judicial-
z Consuma-se também quando, por decisão dos pais, mente interditada;
o filho em idade escolar definitivamente para de z O crime é doloso;
frequentar o estabelecimento de ensino; z Não se admite a modalidade culposa;
z A consumação prescinde da comprovação de efeti- z Admite-se a tentativa no induzimento à fuga e na
vo prejuízo à criança ou adolescente; entrega arbitrária;
z Não se admite tentativa; z Não se admite a tentativa na sonegação de incapazes;
z Ação penal é pública incondicionada. z Ação penal é pública incondicionada.
Inundação
Fabricação, Fornecimento, Aquisição, Posse ou
Transporte de Explosivos ou Gás Tóxico ou Asfixiante Inundação é a invasão de determinado lugar por
águas que nele não deveriam estar, porque não é o
O art. 253, do CP, trata-se da conduta de fabricar, for- lugar destinado à sua contenção, ao seu depósito ou
necer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da curso natural.
autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico
ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação. Art. 254 Causar inundação, expondo a perigo a vida,
a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso
Art. 253 Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou
de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no
transportar, sem licença da autoridade, substância
caso de culpa.
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou
material destinado à sua fabricação: Pratica o delito aquele que dá origem à inundação,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. expondo efetivamente em perigo a vida, a integridade
física ou o patrimônio da coletividade.
O objeto jurídico é a incolumidade pública. Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O objeto material é a substância ou engenho Sujeito passivo é a coletividade.
explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material desti-
nado à sua fabricação. INUNDAÇÃO USURPAÇÃO DE ÁGUAS
Trata-se de crime de perigo abstrato.
Art. 254, do CP
É fundamental a elaboração de exame pericial Inciso I, do § 1º, do art.
O agente causa inundação,
para demonstrar a natureza explosiva, tóxica ou asfi- 161, do CP
colocando efetivamente em
xiante da substância fabricada, fornecida, transpor- O agente desvia ou repre-
perigo a vida, a integridade
tada ou possuída pelo sujeito ativo, sem licença da sa em proveito próprio ou
física ou o patrimônio da
autoridade competente. de outrem águas alheias
coletividade
Aqui devemos ter atenção em relação às substân-
cias e engenhos explosivos.
O Estatuto do Desarmamento revogou parte do art. O crime de inundação é consumado quando o
253 do CP, que trata de substâncias e engenhos explosivos. agente, depois de praticar a conduta descrita no art.
E como ficam as “substâncias e engenhos 254, do CP, ou por omissão, deixar de praticar con-
explosivos”? duta que impeça que as águas inundem um local e
Vejamos o inciso II, do art. 16, da Lei nº 10.826, de e coloque em perigo efetivo e comprovado a morte,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z Desabamento: derrubada de obras produzidas Todos os crimes estudados até aqui possuem for-
pela ação humana, por exemplo, agente que, com mas qualificadas.
um trator, derruba uma casa;
z Desmoronamento: derrubada ou fazer vir abaixo Art. 258 Se do crime doloso de perigo comum resul-
as partes do solo, como, por exemplo, durante as ta lesão corporal de natureza grave, a pena privati-
obras de construção de linhas de metrô, o solo vem va de liberdade é aumentada de metade; se resulta
morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do
abaixo.
fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de
metade; se resulta morte, aplica-se a pena comina-
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. da ao homicídio culposo, aumentada de um terço.
Sujeito passivo imediato é a coletividade e media-
to, a pessoa física ou jurídica prejudicada pelo desaba- Se o crime doloso de perigo comum resulta lesão
mento ou desmoronamento. corporal de natureza grave, a pena privativa de liber-
O crime é doloso. dade aumenta metade; se resulta morte, é aplicada
Admite modalidade culposa. em dobro.
Exige-se perícia para comprovação da efetiva pro- No caso de culpa, se resultar em lesão corporal, a
babilidade do dano. pena aumenta metade; se resultar em morte, aplica-se
Admite-se tentativa. a pena cominada ao homicídio culposo, aumentando
462 Ação penal é pública incondicionada. um terço (1/3).
Se o incêndio provocado dolosamente pelo agen- z Instalação: objeto dotado de utilidade à estrada de
te resultar em lesão corporal de natureza grave, aí ferro, por exemplo, sinais da linha férrea, placas,
se inclui lesão corporal gravíssima (§§ 1º e 2º, do art. cabos, cancelas, cabines de bloqueio, chaves de
129, do CP), aumenta pela metade a pena privativa desvio etc.;
de liberdade; caso resulte morte, aplica-se a pena em z Telégrafo: sistema de transmissão de mensa-
dobro. gens entre dois ou mais pontos distantes entre si,
O resultado agravador, que importa na configura- mediante sinais;
ção de crime preterdoloso, constitui-se em causa de z Telefone: aparelho destinado a transmitir a dis-
aumento da pena, aplicável na terceira fase de aplica- tância a palavra falada;
ção da pena privativa de liberdade. z Radiotelegrafia: telegrafia sem fio por meio de
Por outro lado, se do incêndio culposo resul- ondas eletromagnéticas.
tar lesão corporal, qualquer que seja sua natureza,
aumenta a pena pela metade. E, se resultar morte, As condutas são as seguintes:
aplica a pena cominada ao homicídio culposo, aumen-
tando em um terço (1/3).
z Destruir é arruinar, extinguir, fazer desaparecer;
Nesse caso, observa um crime culposo qualificado
z Danificar significa deteriorar, estragar, prejudicar;
por resultado de igual natureza.
z Desarranjar equivale a tirar da ordem, desorde-
nar, prejudicar o bom funcionamento;
Difusão de Doença ou Praga
z Colocar é pôr algo em determinado lugar, por
exemplo o sujeito insere obstáculo, ou seja, barrei-
Este crime foi revogado tacitamente pelo art. 61,
ra, empecilho ou impedimento na linha, impedin-
da Lei nº 9.605, de 1998, Lei dos Crimes Ambientais.
O tipo penal contido na Lei dos Crimes Ambientais, do ou perturbando serviço de estrada de ferro;
além de ser mais recente, é também especial. z Transmitir significa expedir, enviar, mandar algo
Na modalidade dolosa, estamos diante de novatio de um lugar para outro, ou de uma pessoa para
legis in mellius, pois a pena estabelecida pela nova lei outra;
é inferior à que estabelecia o Código Penal. z Interromper é suspender a continuidade, fazer
cessar;
CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS z Finalmente, embaraçar é dificultar, estorvar.
DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS
SERVIÇOS PÚBLICOS O sujeito ativo pode ser cometido por qualquer
pessoa.
Perigo de Desastre Ferroviário Sujeito passivo é a coletividade.
Trata-se de crime doloso.
O crime de perigo de desastre ferroviário tutela a A modalidade culposa é admitida.
incolumidade pública, relativamente à segurança do Consuma-se quando restar comprovada a situação
transporte ferroviário. de perigo a pessoas indeterminadas, independente-
mente da efetiva ocorrência do desastre.
Art. 260 Impedir ou perturbar serviço de estrada Detalhe: neste delito, o agente pode praticar o cri-
de ferro: me pelos mais variados meios, pois se trata de crime
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total de ação livre.
ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou Admite-se a tentativa.
de tração, obra-de-arte ou instalação; Ação penal é pública incondicionada.
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimen-
Desastre Ferroviário
to dos veículos ou interrompendo ou embara-
çando o funcionamento de telégrafo, telefone ou
radiotelegrafia; Os mesmos elementos do crime de perigo de
IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre ferroviário se aplicam ao crime de desastre
desastre: ferroviário.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Art. 260 [...]
Tem por objetos materiais a linha férrea, o mate- § 1º Se do fato resulta desastre:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
rial rodante ou de tração, a obra de arte ou instalação, Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
o telégrafo, o telefone e a radiotelegrafia: § 2º No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
z Linha férrea: estrada composta por trilhos e § 3º Para os efeitos deste artigo, entende-se por
dormentes, reservada à circulação de material estrada de ferro qualquer via de comunicação em
rodante; que circulem veículos de tração mecânica, em tri-
z Material rodante: veículos ferroviários, assim lhos ou por meio de cabo aéreo.
compreendidos como os de tração, por exemplo,
locomotivas, e os rebocados, como: carros de pas- Desastre é o acontecimento calamitoso, o acidente
sageiros e vagões de carga; provocado pelo impedimento ou perturbação do ser-
z Material de tração: veículo ferroviário usado viço de estrada de ferro.
especificamente para tracionar os demais, por Sua caracterização reclama a criação de uma
exemplo, locomotiva ou automotriz; situação de dano grave, extenso e complexo a pessoas,
z Obra de arte: expressão que inclui as pontes, os por exemplo, passageiros ou funcionários do trem, ou
túneis e os viadutos; coisas, neste caso, por exemplo, cargas. 463
Atentado Contra a Segurança de Transporte E detalhe: a competência para processar e julgar
Marítimo, Fluvial ou Aéreo o crime de atentado contra a segurança de transporte
marítimo, fluvial ou aéreo é da Justiça Federal.
Outro crime importante é o atentado contra a
segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo, Atentado Contra a Segurança de Outro Meio de
em que o agente expõe em perigo a embarcação ou Transporte
aeronave, própria ou alheia, ou pratica qualquer ato
tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, Os arts. 260 e 261, do CP, tratam dos transportes
fluvial ou aérea. ferroviários, marítimos, fluviais e aéreos.
Agora, de modo subsidiário, o objeto material do
Art. 261 Expor a perigo embarcação ou aeronave, crime é qualquer outro meio de transporte, excluin-
própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tenden-
do, portanto, os transportes ferroviários, marítimos,
te a impedir ou dificultar navegação marítima, flu-
fluviais e aéreos.
vial ou aérea:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo Art. 262 Expor a perigo outro meio de trans-
§ 1º Se do fato resulta naufrágio, submersão porte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o
ou encalhe de embarcação ou a queda ou des- funcionamento:
truição de aeronave: Pena - detenção, de um a dois anos.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 1º Se do fato resulta desastre, a pena é de reclu-
Prática do crime com o fim de lucro são, de dois a cinco anos.
§ 2º Aplica-se, também, a pena de multa, se o § 2º No caso de culpa, se ocorre desastre:
agente pratica o crime com intuito de obter Pena - detenção, de três meses a um ano.
vantagem econômica, para si ou para outrem.
Modalidade culposa
§ 3º No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Importante!
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
A expressão “meio de transporte público” englo-
ba o serviço prestado diretamente pelo Poder
O objeto material deste crime é a embarcação ou
aeronave, obrigatoriamente destinadas ao transporte Público ou mediante concessão, bem como toda
coletivo, por exemplo, as barcas que fazem as traves- e qualquer atividade desta natureza efetuada
sias entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, ou as em prol da coletividade, ainda que realizada por
aeronaves que fazem a rota São Paulo - Rio de Janeiro particulares, por exemplo, transporte de ônibus
(ponte aérea). municipal e táxi.
É importante destacar que as embarcações lacus-
tres não estão abrangidas neste tipo penal.
O núcleo do tipo penal são os verbos relacionados
z Embarcação é a construção, de qualquer porte, com a segurança do transporte público:
destinada a navegar sobre a água;
z Aeronave é todo aparelho manobrável em voo, z Expor: no sentido de colocar em perigo;
que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, z Impedir: significa embaraçar ou servir de obstáculo;
mediante reações aerodinâmicas, apto a transpor- z Dificultar: tornar mais custosa a realização de
tar pessoas ou coisas. algo.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
o proprietário da embarcação ou aeronave. o proprietário do transporte público.
Já o sujeito passivo é a coletividade. O sujeito passivo é a coletividade.
O crime pode ser doloso ou culposo. O dolo, inde- Em caso de desastre, o sujeito passivo também
pende de qualquer finalidade específica. A culpa é será as pessoas, vítimas lesionadas.
admitida nas hipóteses em que se verifica o sinistro (§ Independentemente de qualquer finalidade espe-
3º, do art. 261, do CP). cífica, o crime é doloso.
Admite-se a tentativa. O crime se consuma com a prática de expor a peri-
A ação penal é pública incondicionada. go o meio de transporte, ou de impedir ou dificultar o
Quando a lei trata de sinistro, segundo o § 1º, do funcionamento do transporte, independente do desas-
art. 261, do CP, estamos diante da hipótese de figura tre. Exige-se a comprovação da exposição de pessoas
qualificada que se constitui em crime preterdoloso. indeterminadas à probabilidade de dano.
Portanto, se do atentado contra a segurança de trans- Por exemplo, o funcionário da empresa que admi-
porte marítimo ou fluvial resultar naufrágio, submer- nistra os bondes turísticos na cidade não faz, por
são ou encalhe de embarcação, ou ainda, no caso de vontade própria, a manutenção dos freios das compo-
atentado contra a segurança de aeronaves resultar em sições, colocando em risco a integridade dos usuários
queda ou destruição, a pena será de reclusão de 4 a do transporte.
12 anos. Há parte da doutrina que entende que não Tentativa: é possível.
se trata de qualificadora, mas de causa de aumento A modalidade culposa somente é admitida se do
de pena. crime resultar desastre.
Contudo, conforme disposto no § 2,º do art. 261, do Aproveitando o exemplo acima, se o funcionário
CP, se o agente praticar o crime de atentado contra a não realiza, por negligência, a manutenção nos freios
segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo das composições dos bondes turísticos da cidade e
com intuito de obter vantagem econômica, para si ou causa desastre, este responderá pelo crime na modali-
para outrem, será aplicada pena de multa, além da dade culposa, sendo vítimas tanto quem estava expos-
464 sanção de reclusão já prevista. ta ao perigo quanto aqueles que sofreram lesões.
Forma Qualificada Se o projétil consistir em munição de arma de fogo
e for lançado em lugar habitado ou em suas adja-
Se de qualquer desses crimes contra o transporte cências, em via pública ou em direção a ela, estará
público que cause desastre ou sinistro resultar lesão caracterizado o crime de disparo de arma de fogo,
corporal ou morte, aplica-se também a pena pelo previsto no art. 15, da Lei nº 10.826, de 2003, Estatuto
resultado lesão ou morte. do Desarmamento.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Art. 263 Se de qualquer dos crimes previstos nos O sujeito passivo é a coletividade.
arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, O crime é doloso, independentemente de qualquer
resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o dispos- finalidade específica.
to no art. 258. Não se admite a modalidade culposa.
Arremesso de projétil e intenção de matar ou de
Estudamos os arts. 260, 261 e 263 que tratam, lesionar:
respectivamente, dos delitos de perigo de desastre
ferroviário e desastre ferroviário, atentado contra a z Se o arremesso de projétil visar à morte de pes-
segurança de transporte marítimo, fluvial e aéreo e soa determinada, estará caracterizado o crime de
atentado contra a segurança de outro meio de trans- homicídio;
porte. Agora estudaremos as causas genéricas de z Se o arremesso de projétil visar a lesionar pes-
aumento das penas destes crimes, previstas no art. soa determinada, estará caracterizado o crime de
263, do CP. Vejamos: lesão corporal.
z Se ao fato doloso sobrevier lesão corporal de natu- Nessas hipóteses, não há crime contra a incolumi-
reza grave em alguém, a pena privativa de liberda- dade pública, e sim crime doloso contra a pessoa.
de será aumentada de metade; Consuma-se o delito com o arremesso do projétil
z Se ao fato doloso sobrevier a morte de alguém, a contra um veículo em movimento, destinado ao trans-
pena privativa de liberdade será aplicada em dobro; porte público por terra, pela água ou pelo ar, pres-
z Se da conduta culposa resultar lesão corporal, a cindindo-se da comprovação da situação de perigo, a
pena aumenta-se de metade; qual é presumida de forma absoluta pela lei.
z Se da conduta culposa resultar a morte, aplica-se a Admite-se a tentativa.
A ação penal é pública incondicionada.
pena cominada ao homicídio culposo, aumentada
Figuras qualificadas pelo resultado, previstas no
de um terço.
parágrafo único, do art. 264, do CP, mostram que a
pena é maior nos casos em que o arremesso de projé-
Arremesso de Projétil til resultar em lesão corporal ou morte. Segundo Cle-
ber Masson (2018), no caso de lesão corporal, a pena é
O crime consiste em arremessar projétil contra veí- de detenção, de seis meses a dois anos, constituindo-se
culo em movimento, destinado ao transporte público por em infração penal de menor potencial ofensivo. E, no
terra, por água ou pelo ar, conforme o disposto a seguir: caso de morte, a pena é a do § 3,º do art. 121, relati-
va ao homicídio culposo, detenção de um a três anos,
Art. 264 Arremessar projétil contra veículo, em aumentada de um terço. De acordo com o autor cita-
movimento, destinado ao transporte público por do, são hipóteses de crimes preterdoloso.
terra, por água ou pelo ar: Observe que a vontade do agente é de arremessar
Pena – detenção, de um a seis meses. projétil contra veículo de transporte público em movi-
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal, mento, e não a lesão ou morte.
a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) São hipóteses de crimes preterdolosos; em síntese,
anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, o agente tem o dolo direto no crime de arremesso de
aumentada de um terço. projétil e culpa no resultado lesão corporal ou morte.
Este crime tutela a incolumidade pública, especi- Atentado Contra a Segurança de Serviço de Utilidade
ficamente no que diz respeito à segurança dos meios Pública
de transporte.
A expressão “veículo destinado ao transporte O Código Penal tipifica o atentado contra a segu-
público” relaciona-se com qualquer meio de trans- rança de serviço de utilidade pública, bem como a
porte coletivo de pessoas ou coisas, cargas em geral, interrupção ou perturbação de serviço telegráfico,
de um lugar para outro. Por isso, o objeto material do telefônico, informático, telemático ou de informação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
produto falsificado, corrompido ou adulterado. O crime é doloso, sem qualquer finalidade especí-
§ 1º Está sujeito às mesmas penas quem pratica as
fica, exceto na conduta de “ter em depósito para ven-
ações previstas neste artigo em relação a bebidas,
da”, na qual o propósito de transmissão onerosa da
com ou sem teor alcoólico.
Modalidade culposa propriedade representa o especial fim de agir busca-
§ 2º Se o crime é culposo: do pelo agente.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Não se admite a modalidade culposa.
No geral, as figuras equiparadas constituem-se em
O objeto material no caput é a substância ou pro- crimes instantâneos, salvo nas variantes expor à ven-
duto alimentício destinado a consumo. da e ter em depósito para venda, em que se notam
No § 1º-A o objeto material é a substância alimentí- crimes permanentes, pois a consumação se prolonga
cia ou produto falsificado, corrompido ou adulterado. no tempo, por vontade do agente.
É imprescindível que acarrete a conduta em noci- A tentativa é possível, em razão do caráter pluris-
vidade à saúde ou redução do valor nutritivo. subsistente do delito.
Tutela-se a saúde pública. A ação penal é pública incondicionada. 469
Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de A figura equiparada do § 1º, do art. 273, do CP, tem
Produto Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais por objeto material o produto já falsificado, corrompi-
do, adulterado ou alterado. Por sua vez, os núcleos do
Art. 273 Falsificar, corromper, adulterar ou alterar tipo derivado são idênticos aos contidos no § 1º-A, do
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: art. 272, do CP.
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. Na figura equiparada do § 1º-B, do art. 273, do CP,
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem importa, ven- temos condutas de natureza administrativa, em face
de, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, do elevado risco proporcionado à saúde pública. Res-
de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo salta-se que a incriminação de tais condutas não difi-
o produto falsificado, corrompido, adulterado ou culta a responsabilização simultânea do infrator no
alterado. âmbito administrativo.
§ 1º-A Incluem-se entre os produtos a que se refe- A modalidade culposa está contida no § 2º, do art.
re este artigo os medicamentos, as matérias-pri- 273, do CP. Responde pelo delito, em sua forma culpo-
mas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os sa, a pessoa que, de modo negligente, imprudente ou
saneantes e os de uso em diagnóstico. imperito, em inobservância do dever geral de cuidado
§ 1º-B Está sujeito às penas deste artigo quem prati- objetivo, e sendo previsível o resultado, realiza qual-
ca as ações previstas no § 1º em relação a produtos quer das condutas previstas no caput, colocando em
em qualquer das seguintes condições: perigo a saúde pública.
I – sem registro, quando exigível, no órgão de vigi-
lância sanitária competente;
II – em desacordo com a fórmula constante do
registro previsto no inciso anterior; Importante!
III – sem as características de identidade e qualida- A Lei nº 9.695/1998 incluiu o inciso VII-B no art. 1º
de admitidas para a sua comercialização;
da Lei nº 8.072/1990, para o fim de definir como
IV – com redução de seu valor terapêutico ou de sua
atividade;
hediondos os crimes tipificados no caput e nos
V – de procedência ignorada §§ 1º, 1º-A e 1º-B, do art. 273, do CP, com todas as
consequências gravosas daí decorrentes.
Arguição de inconstitucionalidade. Somente a modalidade culposa do crime de
Preceito secundário do art. 273, § 1º-B, V, do CP. [...] falsificação, corrupção, adulteração ou altera-
O crime de ter em depósito, para venda, produto des- ção de produto destinado a fins terapêuticos ou
tinado a fins terapêuticos ou medicinais de proce- medicinais, definida no § 2º, do art. 273, do CP,
dência ignorada é de perigo abstrato e independe da não possui a nota da hediondez.
prova da ocorrência de efetivo risco para quem quer
que seja. E a indispensabilidade do dano concreto à
saúde do pretenso usuário do produto evidencia ain- Emprego de Processo Proibido ou de Substância não
da mais a falta de harmonia entre o delito e a pena Permitida
abstratamente cominada (de 10 a 15 anos de reclu-
são) se comparado, por exemplo, com o crime de trá- Art. 274 Empregar, no fabrico de produto destina-
fico ilícito de drogas — notoriamente mais grave e do a consumo, revestimento, gaseificação artificial,
cujo bem jurídico também é a saúde pública. [...] (STJ matéria corante, substância aromática, antissépti-
— AI no HC 239.363/PR — Rel. Min. Sebastião Reis ca, conservadora ou qualquer outra não expressa-
Júnior — Corte Especial — julgado em 26-2-2015 — mente permitida pela legislação sanitária:
DJe 10-4-2015). Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Vamos ver o que dispõe o inciso XIII, do art. 5º, da Este crime é mais um exemplo de lei penal em bran-
Constituição Federal: co homogênea, pois é preciso analisar os limites de atua-
ção conferidos a cada profissional pelas leis atinentes às
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício áreas da Medicina, da Odontologia e da Farmácia.
ou profissão, atendidas as qualificações profissio- Sobre o sujeito ativo, na primeira conduta, “exer-
nais que a lei estabelecer. cer, ainda que a título gratuito, a profissão de médi-
co, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal”,
A regra é a liberdade de trabalho, ofício ou pro- esse é um crime comum ou geral, uma vez que pode
fissão, mas o próprio constituinte originário admitiu ser cometido por qualquer pessoa. Na prática, nor-
a imposição de exigências, pelo legislador ordinário, malmente, o agente possui conhecimentos da profis-
para o desempenho de tais atividades. são, ainda que a título precário, pois somente assim
Nesse contexto, há requisitos legais para o exer- reúne condições para ludibriar um número indeter-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O sujeito deve possuir ciência da falsidade do z Inciso II – usando gestos, palavras ou qualquer
meio secreto ou infalível por ele inculcado ou outro meio:
anunciado, pois nesse ponto repousa sua fraude.
Não se exige a finalidade de obtenção de vanta- Gestos consistem no emprego de movimentos
gem econômica, mesmo que essa seja a meta corporais, especialmente dos membros supe-
buscada pelo charlatão. riores e da cabeça, que podem servir para
474 manifestar ideias ou sentimentos;
Palavras são os meios utilizados para facilitar É necessário que a incitação provocada pelo agen-
a comunicação interpessoal, mediante lingua- te seja crime. A incitação deve ser pública para gerar
gem escrita ou falada, tais como as rezas, ben- risco à paz social. A paz pública é o bem juridicamen-
zeduras, encomendações e esconjuros; te protegido pelo delito de incitação ao crime.
Qualquer outro meio abarca atos análogos Rogério Greco (2018) esclarece que a incitação públi-
aos gestos e às palavras criados pela imagina- ca pode ocorrer além das palavras pronunciadas pelo
ção humana e impossíveis de serem esgotados agente, também por escritos, gestos ou qualquer meio
no plano abstrato. capaz de fazer com que sejam produzidos sentimentos de
medo, insegurança, quebra da paz pública no meio social.
z Inciso III – fazendo diagnósticos:
Art. 291 Fabricar, adquirir, fornecer, a título one- z Exige-se que o agente não tenha permissão legal
roso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, para a emissão;
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial- z Se o agente tem permissão para emitir o título ao
mente destinado à falsificação de moeda: portador, o fato será atípico;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. z O delito é doloso;
z Não admite a modalidade culposa;
O objeto material deste crime é o maquinismo, z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa.
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado z Faz o uso de selo ou de sinal falsificado, isto é, não
seja verdadeiro e que o uso seja indevido, resultando,
mediante à execução de quaisquer um dos verbos
por exemplo, na obtenção de vantagem econômica;
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, fornecer, z Utiliza indevidamente o selo ou o sinal verdadeiro em
possuir ou guardar; prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio;
z É crime comum, que poderá ser praticado por qual- z Só incorre no uso do selo ou do sinal quem não foi
quer agente; responsável pela falsificação;
z Entretanto, caso o crime seja praticado por funcioná- z Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
rio público, prevalecendo-se este do cargo, a pena será logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti-
lizados ou identificadores de órgãos ou entidades
aumentada da sexta parte (1/6);
da Administração Pública.
z Assim como o crime de petrecho para falsificação de
moeda, o objeto deve ser destinado especialmente Sobre esse crime, é importante que você leve
para falsificar os papéis previstos no art. 293 em consideração as seguintes disposições:
z Caso o objeto possua outras finalidades (tem outras
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
utilidades e também serve para falsificar papéis), não
quer pessoa;
há que se falar na prática deste tipo penal; z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
z Só poderá ser praticado dolosamente; co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
z Admite a modalidade tentada; tada da sexta parte (aumento de 1/6);
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, z Só pode ser praticado dolosamente;
protraindo-se a conduta no tempo. z Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime
plurissubsistente (quando o delito, para ser praticado,
necessita de vários atos para atingir o resultado);
FALSIDADE DOCUMENTAL
z A falsificação pode dar-se de duas formas: com a
fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos ou
particulares. Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
O CPP estabelece requisitos para que um papel seja ticado de qualquer modo pelo agente.
considerado documento: forma escrita, autor certo, pos-
suir conteúdo de relevância jurídica e valor probatório.
Dica
Observe que inciso I, do art. 293, também trata
Falsificação do Selo ou Sinal Público de selos, bem como o art. 303. Assim, para que
você não se confunda, tenha em mente que o art.
Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 293 deverá fazer menção à temática de selo na
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais seara tributária; já o presente art. 296 tratará dos
selos referentes à autenticação efetuada pelas
da União, de Estado ou de Município;
pessoas jurídicas de direito público ou pelas
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de
autoridades (ex.: juiz, delegado etc.) e o art. 303
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tratará dos selos comuns, os quais são/eram
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em z O crime é comum, podendo ser praticado por qual-
parte, documento público, ou alterar documento pú- quer pessoa;
blico verdadeiro. z Na hipótese de o agente ser funcionário público e,
O crime pode ser praticado das seguintes formas: ainda, se prevalecer do cargo para praticar o deli-
to, a pena será aumentada em um sexto;
z O delito é doloso, não exige fim especial;
Falsificar, total z Não admite a modalidade culposa;
Alterar documento
ou parcialmente, z Admite a tentativa;
público verdadeiro
documento público z O objeto material do crime é o documento público.
z Firma = assinatura; No § 1º, art. 301, do CP, temos um outro tipo penal: Cer-
z Letra = manuscrito daquele que assina. tidão ou Atestado Ideologicamente Falso.
O crime de certidão ou atestado ideologicamente falso
A pena do crime será distinta conforme a natureza irá se configurar quando o agente falsificar, no todo ou
do documento: em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de cer-
tidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou
SE DOCUMENTO PÚBLICO SE DOCUMENTO PRIVADO circunstância que habilite alguém a obter cargo público,
isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
Reclusão de um a cinco anos Reclusão de um a três anos e
e multa multa
quer outra vantagem.
Sobre esse crime, é importante levar em conside-
ração o seguinte:
Sobre o crime de falso reconhecimento de firma
ou letra, você deve ficar atento ao seguinte: z É crime comum, que poderá ser praticado por
qualquer pessoa;
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo fun- z Só pode ser praticado dolosamente – não admite a
cionário público que pode reconhecer firma ou letra; forma culposa;
z Admite a participação de particular, desde que conhe- z Admite a modalidade tentada;
ça a condição de funcionário público do agente. z É crime de ação múltipla, que pode ser pratica-
z Só poderá ser praticado dolosamente; do mediante a execução de quaisquer uma das
z Não exige fim especial de agir (dolo específico); seguintes condutas:
z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se
de crime plurissubsistente, que admite, portanto, a Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
tentativa; certidão;
z A ação penal será pública incondicionada. Alterar o teor de certidão ou atestado verdadeiro.
Dica
Documento Público Documento Particular
Reclusão, de dois a “Falsificar, fabricando-o ou alterando-o” admite
Reclusão, de um a
seis anos, e multa tentativa.
cinco anos, e multa
“Usar” não admite tentativa.
Sobre esse crime, faz-se necessário conhecer as O crime pode ser praticado das seguintes formas:
seguintes informações:
FALSA IDENTIDADE
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer agente;
z Não admite a modalidade culposa; Atribuir-se Atribuir a terceiro
z É necessário que o agente pratique as condutas des-
critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio
ou em prejuízo alheio (finalidade específica); O agente atribuiu falsa
z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o O agente atribui a falsa
identidade a uma outra
agente não possa dispor do documento público ou identidade a si próprio
pessoa
particular;
z Admite a tentativa.
Nesse crime, o agente se passa por uma outra pessoa.
OUTRAS FALSIDADES Por exemplo, um indivíduo, chamado Carlos
Eduardo Diogo, sabendo que se encontra, em seu des-
Falsificação do sinal empregado no contraste de favor, um mandado de prisão em aberto, com a fina-
metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou lidade de não ser preso e de que não se descubra a
para outros fins: sua condição de procurado, ao ser abordado por uma
equipe policial, atribui a si próprio o nome de Antô-
nio Carlos dos Céus, contra quem não existe nenhuma
Art. 306 Falsificar, fabricando-o ou alterando-
medida judicial.
-o, marca ou sinal empregado pelo poder público
Nesse sentido, configurou-se o crime de falsa iden-
no contraste de metal precioso ou na fiscalização
tidade, já que o agente, com a finalidade de obter pro-
alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa nature-
veito próprio, atribuiu a si mesmo falsa identidade. No
za, falsificado por outrem:
entanto, o fato de Carlos Eduardo Diogo atribuir a si
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
falsa identidade para evitar prisão não está de acordo
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é
com o princípio do Direito Processual Penal que per-
o que usa a autoridade pública para o fim de fisca-
mite que o indivíduo não seja compelido a produzir
lização sanitária, ou para autenticar ou encerrar
provas contra si mesmo, podendo, inclusive, mentir?
determinados objetos, ou comprovar o cumprimen-
Caso ele seja responsabilizado penalmente, não have-
to de formalidade legal:
ria violação ao princípio da não autoincriminação?
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
Por muito tempo, este assunto foi divergente.
O entendimento que predomina atualmente é o de
Trata-se de crime de ação múltipla, que pode ser
que a responsabilização penal por falsa identidade,
praticado mediante a execução dos verbos:
ainda que diante de situação de alegada autodefesa,
não viola o princípio da não autoincriminação, sen-
z Falsificar;
do, portanto, fato típico.
z Usar.
Súmula 522 (STJ): A conduta de atribuir-se falsa iden-
Responderá o agente com uma pena mais branda, tidade perante autoridade policial é típica, ainda que
podendo ser reclusão ou detenção, de um a três anos, em situação de alegada autodefesa.
e multa, se a marca ou sinal falsificado é o que usa a
autoridade pública para o fim de: Sobre o crime de falsa identidade, é importante
que você leve em consideração:
z Fiscalização sanitária;
z Autenticar ou encerrar determinados objetos; z É crime comum, que pode ser praticado por qualquer
486 z Comprovar o cumprimento de formalidade legais. pessoa;
z Não admite a modalidade culposa – o elemento subjetivo exigido é sempre o dolo;
z Exige dolo específico: o agente deve praticar a conduta com o fim de obter vantagem, em proveito próprio ou alheio,
ou para causar dano;
z Não admite tentativa. Parte da doutrina a admite, ainda que de difícil configuração, caso o crime seja praticado de
forma escrita;
z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o agente por ele apenas se o fato não constituir elemento de crime mais
grave;
z Não se exige que o agente atribua a si ou a terceiro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o nome seja inexistente;
z É crime formal, que se consuma independentemente de o agente conseguir obter a vantagem ou efetivamente causar
dano.
Apesar de o CP não dispor de um nome específico para o art. 308, a doutrina majoritária utiliza o nome supramencio-
nado para referir-se a ele.
Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade
alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
O tipo penal apresenta hipótese de interpretação analógica, já que exemplifica quais são os documentos de identida-
de, a exemplo do passaporte, título de eleitor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas) e, por fim, amplia as possi-
bilidades ao utilizar a expressão “qualquer documento de identidade” (fórmula genérica).
Sobre esse crime, é importante que você leve para a sua prova o seguinte:
Os crimes a seguir apresentam condutas bastante parecidas. Cuidado para não as confundir:
Falsa identidade
Conduta: atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
dano a outrem
Art. 309 Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 487
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Trata-se de crime bastante parecido com o crime de falsa identidade, porém, com este não se confunde.
DIFERENÇAS
Crime comum, que pode Finalidade específica: ob- Crime próprio, que só Finalidade específica: en-
ser praticado por qualquer ter vantagem, em proveito pode ser praticado pelo trar ou permanecer no ter-
pessoa próprio ou alheio, ou para estrangeiro ritório nacional
causar dano a outrem
Este crime apresenta uma modalidade qualificada, que irá se configurar quando o agente atribuir a estrangei-
ro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional.
Forma Simples
z Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:
Forma Qualificada
Sobre esse crime, é importante que você leve em consideração as seguintes informações:
z É crime próprio;
z Não admite a modalidade culposa – só poderá ser praticado dolosamente;
z Exige finalidade especial de agir (dolo específico):
Art. 310 Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos
casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Esse crime tipifica a conduta daquele que figura como “laranja” de estrangeiro, que age como proprietário ou
possuidor de valores, ações ou títulos que, na verdade, pertencem a um estrangeiro, já que a lei proíbe a este a
propriedade ou a posse.
Por exemplo, a Constituição Federal estabelece que a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, não podendo o
estrangeiro ser proprietário de uma dessas empresas.
Suponha que Augusto, brasileiro nato, preste-se a figurar como proprietário de empresa jornalística e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens, que, na verdade, pertence a Alfred, estadunidense nato.
A conduta praticada por Augusto configura o tipo penal previsto no art. 310, do CP, podendo ele ser incurso nas
penas de detenção, de seis meses a três anos, e multa.
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por brasileiro, seja nato ou naturalizado;
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z É necessário que o agente saiba que a propriedade ou posse dos bens seja proibida por lei ao estrangeiro (lem-
bre-se de que o crime não admite a forma culposa);
z Admite tentativa.
Art. 311 Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu com-
ponente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
488 § 1º Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
que contribui para o licenciamento ou registro do veícu-
lo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente
material ou informação oficial. Conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade
do certame, conteúdo sigiloso de
Importante!
Esse crime apresenta uma causa de aumento de
pena, ou seja, a pena será aumentada de um ter- Processo
Exame ou
Avaliação seletivo para
ço se o agente cometer o crime no exercício da Concurso
ou exame ingresso
processo
público seletivo
função pública ou em razão dela. públicos no ensino
previstos em lei
superior
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
praticado dolosamente;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem permite ou
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
credibilidade do certame;
autorizadas às informações mencionadas no caput.
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
§ 2° Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
mera divulgação ou utilização das informações
tração pública: sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
§ 3° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é a credibilidade do certame público;
cometido por funcionário público. z Admite a forma tentada;
z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
Esse tipo penal foi editado para proteger a lisura das informações sigilosas devidamente (com justa
dos certames de interesse público. causa), não há que se falar na prática deste crime. 489
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu-
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO ra e número certo, além de possuir como instru-
PÚBLICA mento vinculativo o estatuto;
z Emprego público, por sua vez, é o vínculo regido pela
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS CLT entre o trabalhador e a Administração;
PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL z Função pública é tratada de forma residual, abar-
cando todas as demais pessoas que exercem algum
tipo de função de natureza pública. Assim, pode-
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem
mos citar como exemplo os jurados, os mesários, o
jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou
tabelião, o estagiário, dentre outros.
probidade administrativa.
Os crimes praticados por funcionário público con-
No § 2º , do art. 327, o Código Penal apresenta uma
tra a administração em geral são chamados de crimes
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes
funcionais. Os crimes funcionais são aqueles prati-
praticados por funcionário público contra a adminis-
cados contra a administração pública por indivíduo
tração em geral. Observe:
que se encontra investido em uma função pública. São
divididos em funcionais próprios ou puros e funcio-
Art. 327 [...]
nais impróprios ou impuros. § 2º A pena será aumentada da terça parte quan-
Os crimes funcionais próprios são aqueles que do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
serão atípicos caso não sejam praticados por funcio- lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor- função de direção ou assessoramento de órgão da
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta. administração direta, sociedade de economia mis-
Vejamos que a conduta que define o crime de pre- ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
varicação será atípica caso não seja praticada por um poder público.
funcionário público.
Os crimes funcionais impróprios são aqueles que É importante saber que a pena não será aumen-
serão desclassificados para outras infrações penais tada caso o funcionário público ocupe cargo em
caso não sejam praticados por funcionários públicos. comissão ou função de direção ou assessoramento em
Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se
hipótese de atipicidade relativa. de que o nosso ordenamento jurídico não admite a
Já a conduta que define o crime de peculato-furto, analogia para prejudicar o agente.
praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi- Os crimes funcionais admitem a coautoria de par-
ficada para o crime de furto, caso não seja praticada ticular, sendo possível que este venha a ser responsa-
por um funcionário público. bilizado por delito funcional contra a administração
O Código Penal, em seu § 1º, do art. 327, traz o pública, desde que pratique a infração penal em concur-
conceito do que se entende por funcionário público. so com funcionário público e conheça esta qualidade.
Vejamos: Vamos exemplificar: José, funcionário público, con-
vida seu amigo de infância, Jonas, para juntos, subtraí-
Art. 327 Considera-se funcionário público, para os rem um computador na repartição pública que aquele
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou trabalha. O funcionário público obteria facilidades para
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun- praticar o crime, já que havia ficado com a chave da
ção pública. repartição naquele período. No dia determinado, os
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce agentes vão ao local e subtraem o computador.
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
e quem trabalha para empresa prestadora de ser- responderão pelo crime de peculato (vamos estudar suas
viço contratada ou conveniada para a execução de características a seguir), já que praticaram a conduta em
atividade típica da Administração Pública. concurso de pessoas e a condição de caráter pessoal (ser
funcionário público) se comunica aos demais agentes (é
necessário que eles conheçam a condição).
A Lei de Improbidade Administrativa também traz
Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
um conceito de funcionário público. Veja o que dispõe
soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
o art. 2º, da Lei nº 8.429, de 1992: crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
cionário público.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos Em regra, não podem serem praticados por qual-
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran- quer pessoa, entretanto, admitem a participação e a
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição, coautoria, bem como a autoria mediata.
nomeação, designação, contratação ou qualquer Observe que o particular sozinho não pratica cri-
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, me funcional, mas, se unido com outro funcionário
cargo, emprego ou função nas entidades menciona- público, também responderá pelo delito.
das no artigo anterior. Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
ação, prevista nos arts. 29 e 30, do CP, na qual “todo
Veja que aqueles que exercem atividade transi- aquele que concorre para o crime responde para o
tória, mesmo sem remuneração, também são con- mesmo crime”.
siderados funcionários públicos. Logo, o mesário de Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
eleição, por exemplo, é funcionário público para efei- por peculato o particular que, a mando do funcionário
tos penais, à medida que exerce uma função pública. público subtrai bens da repartição pública. Igualmente,
O art. 327, do CP, faz menção a cargo público, enquadra-se na corrupção passiva a mulher do funcio-
490 emprego público e função pública, vamos distinguir: nário público que instiga o marido a aceitar a propina.
Peculato
Importante!
Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
É importante que você saiba que parte mino-
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
co ou particular, de que tem a posse em razão do ritarária da doutrina defende que, para que se
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: configure o peculato-desvio, não é necessário a
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. intenção de assenhoramento (apoderar-se) por
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi- parte do funcionário público, podendo se confi-
co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou gurar com o mero uso irregular da coisa pública,
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio.
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo Com base no que foi exposto, é importante men-
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o cionar que o peculato de uso, em regra, é considerado
crime de outrem: figura atípica.
Pena - detenção, de três meses a um ano. Segundo Cleber Masson,
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a o uso momentâneo de coisa infungível, sem a inten-
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a ção de incorporá-lo ao patrimônio pessoal ou de
pena imposta. terceiro, seguido da sua integral restituição a quem
de direito é atípico.
O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
dividido da seguinte forma: É importante saber no que consistem os bens
infungíveis. O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis
z Peculato-apropriação; os móveis que podem substituir-se por outros da mes-
z Peculato-desvio; ma espécie, qualidade e quantidade.
O Código Civil não define os bens infungíveis,
z Peculato-furto;
mas podemos compreender que são os bens que não
z Peculato culposo;
podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
z Peculato mediante erro de outrem.
quantidade e qualidade.
É importante mencionar que é necessário, para que
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte divisão não seja típica a conduta do peculato de uso, que o bem
para o crime de peculato: seja infungível e não consumível, a exemplo de um
carro oficial ou de um computador.
z Próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio; Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo
z Impróprio: peculato-furto. do dinheiro, a conduta será típica.
Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for
O peculato-apropriação configura-se quando o praticada por Prefeito, o fato será típico, independente-
mente da natureza do bem, por expressa previsão legal
funcionário público se apropriar de dinheiro, valor
no inciso II, do art. 1º, do Decreto-Lei nº 201, de 1967.
ou qualquer outro bem móvel, público ou particu-
O Peculato-furto irá se configurar quando o funcio-
lar, de que tem a posse em razão do cargo, como por
nário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
exemplo, vereador que se apropria de bens (aparelho valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja sub-
de celular, notebook) do qual tem posse em razão do traído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de faci-
cargo (eletivo) que ocupa. lidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
É muito importante atentar-se, em relação ao O peculato-furto pode ser praticado de duas formas:
peculato-apropriação, ao seguinte:
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
z Para que se configure, é necessário que o agente z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
tenha a posse do bem em razão do seu cargo; valor ou bem.
z O bem pode ser público ou particular (imagine um
objeto particular apreendido numa delegacia de É importante mencionar que:
polícia);
z O sujeito passivo é a administração pública, con- z Para que se configure este crime, é necessário que
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem o funcionário público não tenha a posse da coisa;
também será sujeito passivo do delito. z O primeiro é o verbo subtrair, que é o fato de o bem
ser arrebatado pelo próprio funcionário público;
O peculato-desvio configura-se quando o funcio- z O segundo é o verbo concorrer, que significa indu-
zir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a reali-
nário público desviar, em proveito próprio ou alheio,
zar a subtração, como, por exemplo, o funcionário
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
público que distrai os demais para que o seu amigo,
ou particular.
que é ladrão, ingresse na repartição com o objetivo
Segundo posicionamento majoritário, apesar de de surrupiar os bens;
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- z Para que se configure o peculato-furto, é necessário
trário, para que se configure o peculato-desvio, é que o ato seja doloso;
necessário que o bem seja desviado para integrar o z A qualidade de funcionário público deve acarretar
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter- alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra não haja facilidade, o agente responderá por furto
mero desvio de finalidade. normalmente. 491
Vamos trazer dois exemplos: z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Certo dia, poso ocorrer antes da sentença transitar em julga-
na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozinho na do, extingue a punibilidade;
repartição, ele subtrai um notebook do órgão público. z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
Está, certamente, configurado o crime de peculato-fur- poso ocorrer após a sentença transitar em julgado,
to, já que a condição de funcionário público do servi- a pena será reduzida da metade.
dor foi uma facilidade para que ele subtraísse o bem.
Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri- O peculato mediante erro de outrem está previs-
to no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcio-
bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
nário público se apropriar de dinheiro ou qualquer
escola que se encontra próxima à sua casa, Michele
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
de outrem.
aberta, estando próximo um aparelho celular da esco- Parte da doutrina chama esta modalidade de
la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não peculato-estelionato.
há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro de
de funcionária pública de Michele em nada contribuiu outrem, toma posse de um bem móvel, em razão da fun-
para a prática da subtração, podendo qualquer pessoa, ção, apropriando-se deste. O terceiro que induz o funcio-
na mesma situação, praticar essa conduta delituosa. nário a apropriar-se do bem que recebeu por erro será
Dessa forma, Michele responderá pelo crime de furto. partícipe deste delito de peculato mediante erro.
Observe que: O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente,
isto é, posterior ao recebimento da coisa.
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de Num primeiro momento, o funcionário público
crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro
autor entra no local subtrai a coisa); alheio, mas posteriormente, após detectar o erro,
z O bem subtraído pode ser público ou particular; apropria-se da coisa.
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso É importante levar em consideração as seguintes
o bem seja particular, também será sujeito passivo características do crime de peculato mediante erro de
da infração penal o dono do bem; outrem:
z É crime material.
z É crime material, que se consuma quando o agen-
O peculato culposo, previsto no § 2°, do art. 312, te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
configura-se quando o funcionário público concorre lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
culposamente para o crime de outrem. por erro de outra pessoa, passando a agir como se
Dos crimes praticados por funcionário público dono fosse;
contra a administração em geral, o peculato é o úni- z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
co que prevê expressamente a possibilidade de ser dade tentada;
cometido na modalidade culposa. z O funcionário público deve receber a coisa em
No peculato culposo, o funcionário público não razão do cargo que exerce;
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa, z O sujeito passivo é a administração pública. Caso o
acaba concorrendo para a subtração da coisa. bem seja particular, também será sujeito passivo o
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato dono do bem;
culposo podem ocorrer as seguintes situações: z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
induzida ao erro, irá se configurar o crime de este-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que lionato, previsto no art. 171, do CP, sendo neces-
outro funcionário cometa peculato (caput e § 1º); sário, portanto, para caracterização do crime de
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outro peculato mediante erro de outrem, que a vítima
funcionário ou um particular cometam o fato; entregue a coisa por erro próprio.
z Um funcionário, por culpa, concorre para que um
particular cometa o fato (furto etc.). Inserção de Dados Falsos em Sistemas de
Informação
Vejamos agora outro exemplo prático: José, agente
de polícia legislativa, esquece, por omissão, já que que- O crime de inserção de dados falsos em sistemas
ria assistir a um jogo de futebol, de trancar uma porta da de informação está previsto no art. 313-A, do CP.
Câmara Legislativa do Distrito Federal, ao qual somente
ele tem acesso. No ambiente em que a porta se encon- Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
tra, há vários objetos de valor considerável para o Poder zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
Legislativo distrital. João, também policial legislativo, indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
aproveitando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa matizados ou bancos de dados da Administração
no local e subtrai uma câmera fotográfica. Pública com o fim de obter vantagem indevida para
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza- si ou para outrem ou para causar dano:
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
que concorreu culposamente para o crime de outrem
(peculato-furto de João). O agente foi omisso ao deixar
de trancar a porta, fator que contribuiu para a prática Importante!
da subtração. Inserção de dados falsos em sistemas de infor-
Sobre o peculato culposo, é importante saber que no mação é chamado de peculato eletrônico.
492 § 3º, do art. 312, do CP, dispõe que:
Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto- Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário, sis-
rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros tema de informações ou programa de informáti-
funcionários, que não dispõem desta competência, ca sem autorização ou solicitação de autoridade
respondem pelo crime do art. 313-B, do CP. competente:
A fraude no sistema informatizado ou em bancos Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
de dados pelo funcionário competente, para obter
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
terço até a metade se da modificação ou alteração
em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime resulta dano para a Administração Pública ou para
menos grave, é absorvido. o administrado.
A conduta que define este tipo penal é a seguinte:
Este tipo penal irá se configurar quando o agente
z Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, modificar ou alterar sistema de informações ou pro-
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir grama de informática sem autorização ou solicitação
indevidamente dados corretos nos sistemas infor- de autoridade competente.
matizados ou bancos de dados da Administração Caso o funcionário público seja autorizado ou pra-
Pública com o fim de obter vantagem indevida tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
para si ou para outrem ou para causar dano. tente, o fato será atípico.
Para que este crime se configure, é necessário que A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um
as condutas descritas no tipo penal sejam pratica- terço) até metade: caso da modificação ou alteração
das por funcionário público autorizado a operar resulte dano para a Administração Pública ou para o
os sistemas informatizados ou bancos de dados da administrado.
administração pública. Atente-se às diferenças entre os tipos penais do cri-
me de inserção de dados falsos em sistemas de infor-
Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal mação e do crime de modificação ou alteração não
descreve vários verbos que podem ser praticados autorizada de sistemas de informação.
para a sua configuração.
Condutas: z Inserção de dados falsos em Sistemas de Informação:
temente do resultado. Trata-se de crime formal, que Este crime se configurará quando o agente extra-
se caracteriza ainda que a vantagem ou o dano alme- viar livro oficial ou qualquer documento, de que tem
jado não se verifique. a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser total ou parcialmente.
surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem- Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer
plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar
dados corretos. (tornar imprestável).
Sobre este crime, é importante que você saiba:
Modificação ou Alteração não Autorizada de Siste-
mas de Informação z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi-
do quando o fato constitui crime mais grave), res-
O crime de modificação ou alteração não autori- pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
zada de sistemas de informação está previsto no art. não se configurar crime mais grave;
313-B, do Código Penal. z Não admite a modalidade culposa; 493
z Admite tentativa; z Não exige a ocorrência de dano pela administra-
z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser ção pública para a sua configuração.
parciais ou totais.
Concussão
Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen- Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou
to. Se a conduta for praticada por outro funcionário indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
público o crime será o previsto no art. 337 do CP. Caso assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
seja praticado por advogado ou procurador, que inu- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
mento será no art. 356 do CP. No crime de concussão, o funcionário público,
O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli- valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais
cado se não houver outro crime mais grave. forte do que apenas pedir) o pagamento de vantagem,
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro não devida pela pessoa. O particular, por temer qual-
para destruir livro ou documento responderá apenas quer represália por parte do funcionário público pode
pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave. ou não pagar a vantagem indevida.
Por fim, quando se tratar de livros ou documentos Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
e praticou uma das condutas acima, responderá pelo 2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de
crime do inciso I, do art. 3º, da Lei nº 8.137, de 1990, levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
quando o fato acarretar pagamento indevido ou ine- A vantagem indevida, segundo posicionamento
xato de tributo. majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
ser qualquer outra vantagem.
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas É importante mencionar que a concussão se dará
em razão da função do agente público, não se exigindo
Previsto no art. 315, do CP, o crime de emprego que o fato seja praticado no efetivo desempenho das
irregular de verbas ou rendas públicas configura-se atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser
com a prática da seguinte conduta. cometido por funcionário público de férias e, segundo
a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado
Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica- (antes de assumi-la).
ção diversa da estabelecida em lei: A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. são elementos integrantes do crime de concussão.
Se o funcionário público exigir o pagamento de
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res- vantagem indevida, mediante violência ou grave
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
Decreto nº 201, de 1967. visto no art. 158 do Código Penal.
Exige que o emprego irregular se dê em benefí-
cio da própria administração pública, contrariando a Sobre a concussão, é importante que você
legislação, não podendo o agente desviar as verbas ou conheça as seguintes informações, frequentemen-
rendas em benefício próprio, sob pena de responder te cobradas em prova: não pode ser praticada na
por outro crime. modalidade culposa;
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
reais para construção de uma passarela. A autoridade prática da exigência, sendo o recebimento da van-
pública competente utiliza a verba mencionada para tagem mero exaurimento do crime; o particular,
a construção de uma escola. de quem se exigiu a vantagem indevida, é sujeito
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregu- passivo secundário deste crime. A administração
lar de verbas ou rendas públicas. O agente deu às ver- pública é o sujeito passivo primário.
bas públicas destinação diversa daquela estabelecida
em lei. Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
Observe que a destinação da verba se deu no inte- for possível fracionar o iter criminis, a exemplo
resse da administração, já que, caso se dê em benefí- da concussão praticada mediante carta endere-
cio próprio, o agente responderá por outro crime. çada à vítima;
É importante mencionar a aplicação da excludente É possível se praticar a concussão indiretamen-
de ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego te, quando, por exemplo, o funcionário público
se dê devido a uma situação de perigo iminente (uti- exige a vantagem indevida por intermédio de
lizou-se verba pública destinada ao esporte, para se outra pessoa.
construir um abrigo durante perigo de chuvas que
desabrigaram grande parte da população), o fato será É importante diferenciar concussão e corrupção
típico, mas não será antijurídico. passiva:
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas
públicas, é importante mencionar:
Tem no núcleo do tipo
z Este crime será praticado pelo funcionário público o verbo “exigir”, há um
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren- caráter intimidativo na
das públicas, podendo delas dispor; CONCUSSÃO conduta
z Não exige nenhum fim específico; O ato de exigir é algo
z Não admite a modalidade culposa; impositivo
494 z Admite a tentativa;
Sobre o excesso de exação, é importante mencionar:
Tem os verbos “solicitar
ou receber, ou aceitar”
z Não admite a modalidade culposa, pois a expres-
Solicitar é pedir, o que, são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia
portanto, não pressupõe saber” é dolo eventual;
intimidação z Admite a tentativa quando for possível fracionar o
CORRUPÇÃO PASSIVA iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati-
Receber e aceitar pressu- cado mediante carta endereçada à vítima;
põem uma conduta ativa z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
do particular, ou seja, de outrem, o que recebeu indevidamente para
além de não ocorrer inti- recolher aos cofres públicos, responderá por
midação, há uma conduta excesso de exação na modalidade qualificada.
inicial do terceiro
Quando observamos a forma qualificada do exces-
Excesso de Exação so de exação, é possível compreender que o tipo penal
previsto no § 1º não exige que o funcionário público
O excesso de exação, previsto no § 1º, do art. 316, tenha a intenção de ficar para si ou para outro aquilo
do CP, é uma forma de concussão. que recebeu. Caso o faça, responderá pelo crime na
forma qualificada.
Art. 316 [...] Na concussão propriamente dita, exige-se que o fun-
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição cionário público pratique a conduta visando obter a
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan- vantagem indevida para si ou para outrem, constituin-
do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou do-se, assim, elemento de distinção entre os tipos penais.
gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Corrupção Passiva
Exação significa correção, exatidão. Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
São dois os delitos que recebem o nome de excesso
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
de exação: vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
z Exigência indevida de tributo ou contribuição social; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
z Cobrança devida de tributo ou contribuição social, § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con-
mas de forma vexatória ou gravosa. sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferente- o pratica infringindo dever funcional.
mente do crime de concussão, não se atrela à intimi- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
dação, mas, sim, à simples cobrança indevida.
cedendo a pedido ou influência de outrem:
A cobrança é indevida quando o tributo ou con- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
tribuição social não existe ou então já foi pago, bem
como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-
valor maior que o devido. pria ou imprópria, antecedente ou subsequente.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste Corrupção passiva:
no fato de o agente ter consciência ou dúvida, que se
trata de uma cobrança indevida. z Própria: Quando o funcionário público pratica os
Na segunda modalidade criminosa, cobrança verbos do tipo penal para praticar ato ilícito, por
vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
é devido. O problema reside no modus operandi da retardar o cumprimento do mandado de citação;
cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante, z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas os verbos do tipo penal para praticar ato lícito, por
totalmente desnecessárias. exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a
O crime consuma-se com a simples cobrança vexa- certidão seja expedida dentro do prazo;
tória ou gravosa, independentemente do recebimento. z Antecedente: Quando a vantagem indevida é
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató- entregue ao funcionário público antes de sua ação
ou omissão, por exemplo, juiz recebe vantagem
ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir-
indevida para prolatar sentença absolutória;
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta
z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
antes que a vítima tomasse conhecimento.
entregue ao funcionário público depois de sua
Vejamos: ação ou omissão, por exemplo, após retardar o
José, funcionário público da prefeitura do Municí- processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
pio de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, vantagem indevida ao réu.
deve dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca
uma faixa enorme na entrada da rua, com a seguinte Observe que a corrupção passiva pode ser direta
escrita: Márcio, deixe de ser irresponsável e pague os ou indireta:
dez mil reais que você deve de tributo à prefeitura.
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo z Direta: quando é o próprio funcionário público
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
gurando-se, assim, o excesso de exação. gem indevida; 495
z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con- z Dolo direto (determinado): ocorre quando o agen-
luio com o funcionário público, solicita, recebe te prevê determinado resultado, dirigindo sua con-
ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse duta na busca de realizar esse mesmo resultado;
caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário z Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resul-
público responderão por corrupção passiva. tados, porém dirige sua conduta na realização de
um deles. Quer um resultado, mas aceita o outro.
Entende a doutrina majoritária que o mero pre-
sente recebido pelo funcionário público, por grati- Observa-se que o crime se consuma com a primei-
ra conduta que facilita o contrabando ou descaminho,
dão ou amizade, por exemplo, uma lembrancinha de
ainda que não haja efetivamente a entrada ou saída
natal, não configura o crime de corrupção passiva.
da mercadoria do território nacional.
A vantagem indevida, segundo posicionamento
Trata-se de crime formal, pois se consuma com a
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
conduta, independentemente da ocorrência do con-
ser qualquer outra vantagem.
trabando ou descaminho.
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração que:
Admite-se a tentativa quando o agente se empenha
para realizar a conduta de facilitar o contrabando ou
z Não pode ser praticada na modalidade culposa; descaminho, mas é surpreendido antes de concluí-la.
z Trata-se de crime formal, quando praticada por É possível se extrair da leitura do tipo penal que
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que o crime será praticado pelo funcionário público que
se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi- tem o dever funcional de evitar a prática dos crimes
mento da vantagem mero exaurimento do crime; de contrabando e descaminho.
z Quando praticada por meio do verbo receber, é A doutrina dominante entende que, caso o funcio-
crime material, que exige o efetivo recebimento nário público não tenha o dever funcional de evitar
para se consumar (§ 2°, art. 317 do CP); a prática do contrabando ou descaminho, responderá
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando for como partícipe do crime de contrabando ou do crime
possível fracionar o iter criminis, a exemplo da cor- de descaminho.
rupção passiva praticada mediante emprego de carta.
Sobre este crime, é pertinente saber:
O particular que paga a vantagem indevida soli-
citada pelo funcionário público não pratica crime z Pode ser praticado de forma comissiva (quando o
algum, por falta de tipicidade penal. funcionário indica uma forma de o contrabandista
desviar-se da fiscalização), ou omissiva (quando o
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada.
funcionário, ciente de que há produto de descami-
Observe que na corrupção passiva privilegiada
nho em um compartimento, não o inspeciona, libe-
o agente pratica a conduta não com a finalidade de
rando as mercadorias);
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com
z Não admite a modalidade culposa;
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro.
z É crime formal, que se consuma com a facilitação,
A pena da corrupção passiva será aumentada de 1/3
independente ou não de o agente conseguir prati-
(um terço) se, em consequência da vantagem ou promes- car o contrabando ou o descaminho;
sa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer z Admite a tentativa somente na forma comissiva,
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. quando o funcionário público indica o método
de se desviar da fiscalização, mas outro servidor
Dica impede o desvio;
z A competência é da Justiça Federal.
Não seja surpreendido por pegadinhas em prova:
a corrupção passiva e a concussão diferenciam- Prevaricação
-se nos verbos que configuram o tipo penal incri-
minador. Corrupção passiva: solicitar, receber ou Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida-
aceitar promessa. Concussão: exigir. mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
mento pessoal:
Facilitação de Contrabando ou Descaminho
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
O crime de facilitação de contrabando ou descami- agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
nho está previsto no art. 318, do CP. preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação com outros
Art. 318 Facilitar, com infração de dever funcional, presos ou com o ambiente externo:
a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
O crime de prevaricação é dividido em:
z Contrabando é a exportação ou a importação do
território nacional de uma mercadoria proibida; z Própria : prevista no art. 319 do Código Penal;
z Descaminho é a exportação ou importação do territó- z Imprópria : prevista no art. 319-A do Código Penal.
rio nacional de uma mercadoria lícita, mas mediante
sonegação dos direitos ou impostos devidos. O crime em estudo não se confunde com a corrup-
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa
O núcleo do tipo é o verbo facilitar, que significa viabi- de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
lizar, tornar mais simples o contrabando ou descaminho. Na prevaricação não existe este pedido ou
O elemento subjetivo é o dolo que pode ser direto influência. O agente toma a iniciativa de agir ou se
ou eventual. omitir para satisfazer interesse ou sentimento pes-
496 Lembre-se: soal. Assim, se um fiscal flagra um desconhecido
cometendo irregularidade e deixa de autuá-lo em z Quando o funcionário público, que não é compe-
razão de insistentes pedidos deste, há corrupção tente para responsabilizar aquele que cometeu
passiva privilegiada, mas, se o fiscal deixa de autuar infração no exercício do cargo, por indulgência,
porque percebe que a pessoa é um antigo amigo, con- não levar o fato ao conhecimento da autoridade
figura-se a prevaricação. competente.
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for-
mas diferentes: A doutrina majoritária entende que o crime de
condescendência criminosa só pode ser praticado por
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício; superior hierárquico.
z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício; Você pode entender indulgência como compaixão,
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa pena, piedade.
de lei. Há um requisito que deve ser cumprido para a
prática da condescendência criminosa: uma infração
O crime de prevaricação exige um fim específico funcional (que pode ser uma violação administrativa
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal. ou penal) praticada por subordinado no exercício das
Você pode entender interesse ou sentimento pes- atribuições do seu cargo.
soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio,
amizade, preguiça, entre outros. Sobre a condescendência criminosa, saiba:
Sobre a prevaricação, leve para a sua prova: z Não admite a forma culposa;
z É crime omissivo;
z Não admite tentativa.
z Não admite a forma culposa;
z Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou
deixar de praticar) ou comissiva (praticar); Como é possível observar, os crimes de corrupção
passiva privilegiada, prevaricação e condescendência
z Admite tentativa apenas quando praticado de for-
criminosa possuem características similares.
ma comissiva.
Vejamos as diferenças:
z Tentativa na prevaricação:
z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente dei-
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
xa de praticar ato de ofício cedendo a pedido ou
ato de ofício: não admite tentativa;
influência de outrem;
Praticar ato de ofício contra disposição expres-
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí-
sa de lei: admite tentativa. A prevaricação cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal;
imprópria configurar-se-á quando o diretor z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
de penitenciária e/ou agente público deixar de praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso no) por indulgência.
a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou Advocacia Administrativa
com o ambiente externo.
O crime de advocacia administrativa, previsto no
A prevaricação imprópria só poderá ser pratica- art. 321 do Código Penal, pode ser praticado na moda-
da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário lidade simples ou qualificada.
público que tem o dever funcional de impedir que o
preso tenha acesso a aparelho de comunicação com Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
outros presos ou com o ambiente externo. privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário
Sobre a prevaricação imprópria, é importante Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
ressaltar: Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
z Não admite a forma culposa;
z Não admite tentativa. z Modalidade simples: configura-se quando o funcio-
nário público patrocinar, direta ou indiretamente,
Condescendência Criminosa interesse privado perante à administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Este crime pode ser praticado de duas formas: z Modalidade qualificada: o crime de advocacia admi-
nistrativa será qualificado caso o interesse privado
z Quando o funcionário público, por indulgência, seja ilegítimo;
deixa de responsabilizar o subordinado que come- z Forma simples: interesse privado legítimo;
teu infração no exercício do cargo; z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo. 497
Sobre a advocacia administrativa, leve isso para De acordo com posicionamento doutrinário majoritá-
sua prova: rio, as hipóteses de greve não configuram este tipo penal.
As hipóteses em que o agente abandona o cargo públi-
z Não admite a modalidade culposa; co, admitidas em Lei, não configuram o crime de abando-
z É crime formal, que se consuma com a conduta, no de função.
não se exigindo que se atinja o interesse privado O crime de abandono de função tem circunstâncias
pleiteado; que o qualificam:
z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa quan-
do for possível se fracionar o iter criminis. z Se o fato resulta prejuízo público;
z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
Violência Arbitrária fronteira.
Art. 322 Praticar violência, no exercício de função ou a Cabe destacar a faixa de fronteira. Essa qualificadora
pretexto de exercê-la. é uma norma penal em branco, visto que a definição da
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da faixa de fronteira é fornecida pela Lei nº 6.634, de 1979,
pena correspondente à violência. compreendendo um raio de 150 (cento e cinquenta) qui-
lômetros ao longo das fronteiras nacionais.
Na vigência da antiga Lei de abuso de autoridade, O fundamento desta qualificadora é a proteção à
soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
encontrávamos alguns posicionamentos jurispruden-
vulnerável.
ciais, tanto do STF quanto do STJ, entendendo que este
Exige-se que o abandono se dê por um prazo relevan-
crime continua em vigência.
te, apesar de o Código Penal não fixar prazo determinado.
Agora, a nova Lei de Abuso de Autoridade admite a
Entende a doutrina que o prazo será fixado pelo estatuto
possibilidade de aplicação subsidiária do art. 322, do CP.
a que estiver submetido o funcionário público.
A prática da violência deve se dar em razão da fun-
Sobre o crime de abandono de função, leve para a
ção pública, não havendo a exigência de que seja pra-
sua prova:
ticado no efetivo desempenho das funções do cargo,
podendo, portanto, ser praticada, por exemplo, por um
z É crime omissivo;
funcionário público que se encontre de folga.
z Não admite tentativa;
O agente que fizer uso de violência arbitrária respon-
z Só pode ser praticado dolosamente – não admite a
derá por este crime e pelo crime correspondente à violên-
culpa.
cia praticada.
Apesar da divergência existente sobre a revogação ou
Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
não deste tipo penal, leve em consideração que:
Prolongado
z A violência arbitrária não admite a forma culposa,
Este crime está previsto no art. 324, do CP.
devendo ser praticado dolosamente;
z Admite tentativa;
Art. 324 Entrar no exercício de função pública antes de
z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-
administrado contra o qual é praticada a violência
-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que
arbitrária;
foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
z A violência tem que ser praticada arbitrariamente, não
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
se enquadrando neste tipo penal as hipóteses de uso
necessário e progressivo da força, admitidos em lei.
Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao seu
normal funcionamento, pois o exercício ilegal de função
Abandono de Função pública afeta a prestação de serviços públicos.
O crime de abandono de função está tipificado no art. Este crime pode ser praticado de duas formas:
323, do CP.
Entrar no exercício de função pública antes de
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos per- satisfeitas as exigências legais;
mitidos em lei: Continuar a exercer a função pública, sem auto-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. rização, depois de saber oficialmente que foi
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: exonerado, removido, substituído ou suspenso.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. É exigido que o funcionário público tenha sido
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa oficialmente comunicado sobre sua exonera-
de fronteira: ção, remoção, substituição ou suspensão.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Observe que no exercício funcional ilegalmente
A conduta típica é a de abandonar cargo público, fora antecipado ou prolongado somente pode ser praticado
dos casos permitidos em Lei. por funcionário público já nomeado, mas ainda sem
O nome do crime é abandono de função, porém, o tipo ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte), ou
penal fala em abandono de cargo público. É importante então pelo indivíduo que era funcionário público,
que você saiba que o conceito de função pública é mais porém deixou de ser em razão de ter sido oficialmente
amplo que o de cargo público (não há cargo sem função, exonerado, removido, substituído ou suspenso (parte
mas há função sem cargo). final).
Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero aban- Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria,
dono de função pública (apesar do nome) ou de emprego de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
público, mas tão somente no caso de abandono de cargo somente pode ser cometido pela pessoa expressamen-
498 público (não se admite a analogia in malam partem). te indicada no tipo penal.
Se um particular entrar no exercício da função Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concorrên-
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- cia pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de
ção de função pública (art. 328 do CP). devassá-lo:
Sobre o tipo penal em comento, é importante saber: Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
O crime de violação de sigilo funcional se encontra CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
previsto no art. 325 do Código Penal. A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão Os crimes praticados por particular contra a admi-
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou nistração pública estão previstos entre os arts. 328 e 337-
facilitar-lhe a revelação: A do Código Penal.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- Trata-se de crimes comuns, que não exigem nenhu-
ta, se o fato não constitui crime mais grave. ma condição ou qualidade especial do sujeito ativo,
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: podendo ser praticados por qualquer pessoa.
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne-
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra Usurpação de Função Pública
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
mas de informações ou banco de dados da Adminis- O crime de usurpação de função pública irá se con-
tração Pública; figurar quando o agente usurpar o exercício de função
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. pública.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis-
tração Pública ou a outrem: Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Este crime pode ser praticado de duas formas: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Há uma forma qualificada do crime de usurpação Portanto, caso o agente apenas resista, sem, contu-
de função pública: do, não ocasionar a frustração do ato a ser praticado,
responderá pelo delito descrito no caput. Entretanto,
z Usurpação de função pública qualificada: Se de se da resistência o funcionário público fica impossibi-
fato, o agente auferir vantagem (qualquer tipo de litado de exercer o ato, responderá pela forma qualifi-
vantagem e não necessariamente financeira).
cada prevista no § 1º.
Sobre o crime de usurpação de função pública,
Concurso Material Obrigatório
é importante que você leve em consideração:
Leve para a sua prova o seguinte: o agente respon-
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite tentativa; derá pela resistência e pela violência empregada.
z Pode ser praticado por funcionário público, segun- Vejamos: Se, para se opor à execução de ato legal
do posicionamento que prevalece, mas a função praticado por funcionário competente, o particular
usurpada deve ser totalmente alheia à função dele usa de violência, causando lesão corporal de nature-
(sendo ele considerado particular); za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e
z É crime formal, não se exigindo para a sua confi- lesão grave.
guração prejuízo ou dano à administração pública;
z Ação penal pública incondicionada. Desobediência
Sobre a resistência, é importante que você leve em A ordem deve ser legal. Caso se trate de ordem ilegal,
500 consideração: não há que se falar na configuração deste tipo penal.
Sobre a desobediência, é importante que você leve Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou o posicio-
em consideração: namento do tribunal no sentido de que o desacato
continua sendo crime, que não viola a liberdade de
z Não admite a culpa; expressão.
z Pode ser praticado tanto na forma omissiva quan-
to na forma comissiva; Tráfico de Influência
z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
comissiva, admite; O crime de tráfico de influência está previsto no
z Deve haver ordem emanada por funcionário públi-
art. 332 do Código Penal.
co, não caracterizando este crime a mera solicitação.
Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
Observe que o crime de resistência e de desobe- para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
diência se distinguem, na prática, no que tange ao uso a pretexto de influir em ato praticado por funcioná-
de violência ou ameaça. rio público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Desacato Parágrafo único - A pena é aumentada da metade,
se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-
O crime de desacato, previsto no art. 331 do Código bém destinada ao funcionário.
Penal, tem como conduta típica desacatar funcionário
público no exercício da função ou em razão dela. Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser prati-
cado com o exercício de qualquer um dos verbos pre-
Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí- vistos no tipo penal:
cio da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. z Solicitar;
z Exigir;
Desacatar = ofender, faltar com respeito. z Cobrar;
Não se exige que o funcionário público esteja no z Obter.
efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a Dica
ofensa se dê em razão da função pública.
Observe que as iniciais dos verbos nucleares for-
mam a palavra SECO.
Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
que estava no exercício de sua função, de “poli-
O agente não tem influência sobre o funcioná-
cialzinho de merda”, quando este estava prestes a rio público, mas passa a impressão de que a tem,
prender aquele. com a finalidade de obter vantagem ou promessa de
Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial vantagem.
civil, num restaurante em Porto Seguro, durante Caso o agente realmente tenha poder de influência
as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo sobre o funcionário público que praticará o ato, não
fato de Cássio tê-lo prendido no passado. há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, entanto, configurar-se corrupação ativa.
de “babaca sem noção”, numa partida de futebol, Sobre o tráfico de influência, é importante que
pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele. você tome cuidado com as seguintes informações:
Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desacato, z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
já que a ofensa proferida pelo agente se deu em razão da penal, por falta de previsão legal desta conduta;
função exercida pelo funcionário público. z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
No exemplo 3, não há que se falar em desacato. Embo- solicitação, exigência ou cobrança;
ra Cássio seja funcionário público, a ofensa proferida pelo z No caso do verbo obter, o crime é material;
agente em nada tem a ver com a função pública. z Só pode ser praticado dolosamente;
Sobre o desacato, é importante que você se z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
atente às seguintes considerações: promessa de vantagem para si ou para outrem.
z O desacato pode se dar por qualquer meio: insul- A pena do crime de tráfico de influência será
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida
pela descriminalização do crime de desacato, por a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
entender que este crime viola a liberdade de expres- omitir ou retardar ato de ofício
são do indivíduo, em julgamento de Habeas Corpus. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 501
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, Descaminho e Contrabando
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica Os crimes de descaminho e contrabando, previs-
infringindo dever funcional. tos nos arts. 334 e 334-A, respectivamente, do Código
Penal, constituem práticas distintas, que devem ser
Atente-se às informações a seguir, muito impor- observadas.
tantes em relação à corrupção ativa: Descaminho:
z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal Art. 334 Iludir, no todo ou em parte, o pagamento
prevê mais de um verbo para sua prática: ofere- de direito ou imposto devido pela entrada, pela saí-
cer e prometer, por exemplo, João oferece uma da ou pelo consumo de mercadoria.
quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
para não ser multado pela prática de infração de § 1° Incorre na mesma pena quem:
trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
dinheiro ao guarda municipal quando retornar ao permitidos em lei;
seu veículo que está estacionado em local proibido; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a
z É crime formal, que se consuma com a prática da descaminho;
conduta delituosa, não se exigindo que o funcio- III - vende, expõe à venda, mantém em depósito
nário público aceite a vantagem ou promessa de ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
vantagem; ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
z Não admite a forma culposa; industrial, mercadoria de procedência estrangeira
z Exige-se dolo específico a intenção de determinar que introduziu clandestinamente no País ou impor-
tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
o funcionário público a praticar, omitir ou retar-
introdução clandestina no território nacional ou de
dar ato de ofício;
importação fraudulenta por parte de outrem;
z O verbo pagar não faz parte do tipo penal. Portanto,
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
caso o particular pague vantagem solicitada ou exi-
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
gida por funcionário público, não praticará crime industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
algum;A pena da corrupção ativa será aumentada desacompanhada de documentação legal ou acom-
de 1/3 (um terço): se, em razão da vantagem ou pro- panhada de documentos que sabe serem falsos.
messa, o funcionário público retarda ou omite ato § 2° Equipara-se às atividades comerciais, para os
de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irre-
gular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
Você não pode confundir os crimes de corrupção inclusive o exercido em residências.
ativa, corrupção passiva e concussão: § 3° A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
CORRUPÇÃO ATIVA
Caso o crime seja praticado mediante violência, o Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcial-
agente responderá também por ela (detenção, de seis mente, livro oficial, processo ou documento confia-
meses a dois anos, ou multa, além da pena correspon- do à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou
dente à violência). de particular em serviço público:
Forma equiparada: responderá com a mesma pena Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
do impedimento, perturbação ou fraude de concor- constitui crime mais grave.
rência o agente que se abstém de concorrer ou licitar, III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou
lucros auferidos, remunerações pagas ou credi-
em razão da vantagem oferecida.
tadas e demais fatos geradores de contribuições
Responderá pelo crime em sua forma equiparada
sociais previdenciárias:
o agente que se abster de concorrer ou licitar, devido Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
à vantagem oferecida. Caso seja por algum outro moti- § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espon-
vo, como por violência ou grave ameaça, aquele que taneamente, declara e confessa as contribuições,
se abster não será responsabilizado criminalmente. importâncias ou valores e presta as informações
devidas à previdência social, na forma definida em
Sobre este crime, é importante que você leve lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
em consideração o seguinte: § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
aplicar somente a de multa se o agente for primário
z Não admite forma culposa; e de bons antecedentes, desde que:
z É crime comum; I – (vetado)
z É crime material nas seguintes condutas: impe- II – o valor das contribuições devidas, inclusive
dir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele-
venda em hasta pública, promovida pela adminis- cido pela previdência social, administrativamente,
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
tração federal, estadual ou municipal, ou por enti-
execuções fiscais.
dade paraestatal;
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
z É crime formal nas seguintes condutas: afastar folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
ou procurar afastar concorrente ou licitante, por 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofere- poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
cimento de vantagem; aplicar apenas a de multa.
z Admite tentativa. § 4° O valor a que se refere o parágrafo anterior será
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
Inutilização de Edital ou de Sinal do reajuste dos benefícios da previdência social.
Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar Extinção da punibilidade: caso o agente, de for-
ou conspurcar edital afixado por ordem de fun- ma espontânea, declare ou confesse as contribuições,
cionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal importâncias ou valores e preste as informações devi-
empregado, por determinação legal ou por ordem das à previdência social, na forma definida em lei ou
de funcionário público, para identificar ou cerrar regulamento, antes do início da ação fiscal (não se exi-
qualquer objeto:
ge o pagamento do tributo sonegado).
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
A declaração ou confissão e a prestação das infor-
mações deverão ocorrer antes do início da ação fiscal.
O crime de inutilização de edital ou de sinal, pre- Sobre o crime de sonegação de contribuição pre-
visto no art. 336 do Código Penal, é de ação múltipla, videnciária, é importante atentar-se ao seguinte:
podendo ser praticado da seguinte forma:
z Não admite a modalidade culposa;
z Rasgar ou, de qualquer forma inutilizar ou cons- z De acordo com o art. 34 da Lei nº 9.249, de 1995,
purcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não confirmado pela doutrina majoritária, o pagamen-
possa ser utilizado) edital afixado por ordem de to integral do tributo ou contribuição social, após a
funcionário público; ação fiscal, mas antes do recebimento da denúncia,
z Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por também acarretará a extinção da punibilidade.
determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar (encobrir) qual- Veremos esse artigo a seguir:
quer objeto.
Art. 34 Extingue-se a punibilidade dos crimes defi-
Sobre o crime de inutilização de edital ou de nidos na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na
sinal, leve em consideração: Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente
promover o pagamento do tributo ou contribuição
z É crime comum; social, inclusive acessórios, antes do recebimento
504 z Admite tentativa; da denúncia.
Será extinta a punibilidade se o agente, espon- O tipo encontra equivalência com o art. 89 da lei
taneamente, declarar e confessar as contribuições, anterior. Assim, é importante destacar que o STF e o
importâncias ou valores e prestar as informações STJ se posicionaram em relação ao dispositivo ante-
devidas à previdência social, na forma definida em lei rior pela necessidade de dolo específico, ou seja,
ou regulamento, antes do início da ação fiscal. vontade consciente de produzir o resultado lesivo ao
O termo final para o pagamento é o início da ação erário, além do dolo genérico (contratação fora das
fiscal. hipóteses legais). Com base nessas informações, é pro-
Se o agente for beneficiado pela concessão do par- vável que o entendimento seja o mesmo em relação ao
celamento dos valores devidos a título de contribui- novo dispositivo.
ção social previdenciária, ou qualquer acessório, o O crime é doloso não havendo previsão de modali-
pagamento integral do débito importará na extinção
dade culposa. É, ainda, plurissubsistente (a conduta é
da punibilidade (art. 83, § 4º, da Lei nº 9.430, de 1996).
fracionada em diversos atos) e, portanto, possibilita a
O Supremo Tribunal Federal entende, com amparo
punição pela tentativa.
no art. 69, da Lei nº 11.941, de 2009, que o pagamento
Em seguida, temos o tipo frustração do caráter
integral do débito fiscal acarreta na extinção da puni-
bilidade do agente, ainda que efetuado após o julga- competitivo de licitação no art. 337-F.
mento da ação penal, desde que antes do trânsito em
julgado da condenação. Art. 337-F Frustrar ou fraudar, com o intuito de
obter para si ou para outrem vantagem decorren-
Destaca-se:
te da adjudicação do objeto da licitação, o caráter
competitivo do processo licitatório:
z A competência para julgar o crime de sonegação
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos,
de contribuição previdenciária é da justiça federal;
e multa.
z Admite a forma tentada;
z É crime material;
z Este tipo penal admite a aplicação do princípio da Trata-se de hipótese de crime formal, não sendo
insignificância, excluindo-se, assim, a tipicidade necessária a obtenção de vantagem para que reste
material do crime; caracterizada a prática criminal. Aqui, também, exis-
z Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha te a hipótese de crime doloso. Trata-se de crime de
de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 tipo misto alternativo, pois existe mais de um núcleo.
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá A jurisprudência existente em relação ao tipo equiva-
reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar lente da lei anterior afirma que se trata de crime for-
apenas a de multa. mal. Vejamos:
to da pena condicionada à reparação do dano que Aqui, temos uma modalidade especial para o cri-
causou, ou à devolução do produto do ilícito prati- me de advocacia administrativa. É bom frisar que há
cado, com os acréscimos legais.
a necessidade de que o sujeito ativo seja agente públi-
co, sendo que o interesse eventualmente patrocinado
O art. 337-E traz a conduta penal chamada contra-
pode ser legítimo ou não. Trata-se, portanto, de crime
tação direta ilegal.
material, pois o tipo exige a instauração de licitação
ou celebração de contrato.
Art. 337-E Admitir, possibilitar ou dar causa à con-
tratação direta fora das hipóteses previstas em lei: Perceba que há, ainda, a necessidade de invalida-
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e ção, pelo Judiciário, do contrato administrativo. Caso
multa. seja invalidado pela própria Administração Públi-
ca, não sofrendo, desta forma, intervenção do Poder
Lembre-se de que a contratação direta deverá Judiciário, não haverá justa causa para a ação penal,
ocorrer nos casos em que a Lei permite que não seja conforme decidido pelo STJ. Assim, trata-se de crime
realizado o procedimento licitatório. próprio, doloso e material. 505
Vamos conhecer, agora, o tipo modificação ou Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
pagamento irregular em contrato administrativo. abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem
oferecida.
Art. 337-H Admitir, possibilitar ou dar causa
a qualquer modificação ou vantagem, inclusive Trata-se de delito de atentado ou de mero empreen-
prorrogação contratual, em favor do contratado, dimento, pois as formas tentada e consumada são
durante a execução dos contratos celebrados com a equivalentes. O Parágrafo Único traz a modalidade
Administração Pública, sem autorização em lei, no equiparada, em que um licitante se afasta mediante
edital da licitação ou nos respectivos instrumentos vantagem a ele oferecida. Já no caso do emprego de
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preteri- violência, há possibilidade de concurso de crimes.
ção da ordem cronológica de sua exigibilidade: Trata-se, portanto, de crime formal e comum e de
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, mero empreendimento, como vimos anteriormente.
e multa. Vejamos, agora, à fraude em licitação ou contrato.
Aqui, temos duas figuras distintas no tipo – modifi- Art. 337-L Fraudar, em prejuízo da Administra-
cação irregular de contrato e pagamento irregular de ção Pública, licitação ou contrato dela decorrente,
mediante:
contrato. Vale dizer que, sobre a ordem cronológica
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços
de pagamento, há regramento específico no art. 141 e
com qualidade ou em quantidade diversas das pre-
seguintes, da Lei nº 14.133, de 2021. Trata-se, portanto, vistas no edital ou nos instrumentos contratuais;
de norma penal em branco. II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de
Perceba, ainda, que há duas figuras dentro do mercadoria falsificada, deteriorada, inservível para
mesmo tipo. A primeira traz um tipo misto alternativo consumo ou com prazo de validade vencido;
(admitir, possibilitar ou dar causa). A prática de mais III - entrega de uma mercadoria por outra;
de uma dessas condutas configurará a prática de úni- IV - alteração da substância, qualidade ou quanti-
co crime. No entanto, caso a prática de uma ou mais dade da mercadoria ou do serviço fornecido;
dessas condutas seja combinada com a prática de con- V - qualquer meio fraudulento que torne injusta-
duta enquadrada na segunda figura do tipo, teremos mente mais onerosa para a Administração Pública
um concurso de crimes. a proposta ou a execução do contrato:
Ademais, o crime é próprio quanto a segunda figu- Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos,
ra (pagamento irregular), mas comum em relação a e multa.
primeira, pois alguns núcleos podem ser praticados
por sujeitos ativos que não são agentes públicos. Trata-se de crime de forma vinculada, pois a Lei,
Vamos, agora, ao tipo perturbação de processo por meio dos incisos dispostos, elencou as condutas
licitatório. nas quais incidirá no tipo o sujeito ativo. Ademais, é
crime comum, doloso e material, pois é exigido o pre-
Art. 337-I Impedir, perturbar ou fraudar a realiza- juízo à Administração Pública para a sua consumação,
ção de qualquer ato de processo licitatório: sendo admissível a tentativa.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, Vejamos, agora, a contratação inidônea.
e multa.
Art. 337-M Admitir à licitação empresa ou profis-
sional declarado inidôneo:
Aqui, temos um crime comum e de tipo misto alter-
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa.
nativo. Trata-se de crime material, sendo exigido o § 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional
impedimento, a perturbação ou a fraude para a sua declarado inidôneo:
consumação. Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa.
Em seguida, vejamos o tipo violação de sigilo em § 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo
licitação. aquele que, declarado inidôneo, venha a participar
de licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo,
Art. 337-J Devassar o sigilo de proposta apresenta- aquele que, declarado inidôneo, venha a contratar
da em processo licitatório ou proporcionar a tercei- com a Administração Pública.
ro o ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e Diferentemente da conduta constante do § 2º, a qual
multa. constitui crime comum, a conduta incriminada no caput
é um crime próprio, podendo ser praticada somente por
Trata-se de crime de tipo alternativo e comum, agente público. Já o § 1º traz forma qualificada do delito
podendo ser praticado por qualquer pessoa. Em rela- previsto no caput, ocorrendo a absorção da conduta de
ção à conduta de devassar, é exigido que seja quebra- admissão no caso da celebração do contrato.
Nas formas simples e qualificada, são normas
do o sigilo para a consumação, sendo o crime, nessa
penais em branco, por dependerem da definição da
hipótese, material.
declaração de inidoneidade. Ainda, trata-se de crime
Já em relação à hipótese de proporcionar que um doloso, não sendo admitida a forma culposa.
terceiro o faça, não será necessário o resultado natu- Vejamos, agora, o crime de impedimento indevido.
ralístico, sendo, portanto, hipótese formal.
Vejamos, agora, o tipo afastamento de licitante. Art. 337-N Obstar, impedir ou dificultar injusta-
mente a inscrição de qualquer interessado nos
Art. 337-K Afastar ou tentar afastar licitante registros cadastrais ou promover indevidamente a
por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofe- alteração, a suspensão ou o cancelamento de regis-
recimento de vantagem de qualquer tipo: tro do inscrito:
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
506 e multa, além da pena correspondente à violência. multa.
Nesse tipo penal, temos duas figuras distintas. Ambas Por fim, temos um regramento específico para a
configuram crime próprio. Dentre os verbos constantes aplicação de multas nos casos dos crimes constantes
do tipo, apenas “dificultar” será crime de mera condu- dos artigos que estudamos até aqui.
ta, sendo que, nos demais, há necessidade de resultado
naturalístico, tratando-se de crimes materiais. Cabe fri- Art. 337-P A pena de multa cominada aos crimes
sar que, em todas as modalidades, será cabível a ten- previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de
tativa. O crime poderá ser instantâneo (dificultar ou cálculo prevista neste Código e não poderá ser infe-
promover) ou permanente (obstar ou impedir). rior a 2% (dois por cento) do valor do contrato lici-
Vamos, agora, conhecer o tipo omissão grave de tado ou celebrado com contratação direta.”
dado ou de informação por projetista.
Vale destacar que a metodologia para o cálculo da
Art. 337-O Omitir, modificar ou entregar à Admi- multa será a constante do Código Penal, porém com
nistração Pública levantamento cadastral ou con- piso mínimo de 2% do valor do contrato licitado ou
dição de contorno em relevante dissonância com a celebrado por meio de contratação direta.
realidade, em frustração ao caráter competitivo da
licitação ou em detrimento da seleção da proposta CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
mais vantajosa para a Administração Pública, em A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
contratação para a elaboração de projeto básico,
projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo com- Os Crimes previstos acima dividem-se em dois
petitivo ou em procedimento de manifestação de tipos penais:
interesse:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e z Corrupção ativa em transação comercial internacional;
multa. z Tráfico de influência em transação comercial
§ 1º Consideram-se condição de contorno as infor- internacional.
mações e os levantamentos suficientes e necessá-
rios para a definição da solução de projeto e dos Inicialmente, é importante destacar quem é o fun-
respectivos preços pelo licitante, incluídos son- cionário público estrangeiro e quem se equipara a
dagens, topografia, estudos de demanda, condi- funcionário público estrangeiro.
ções ambientais e demais elementos ambientais
impactantes, considerados requisitos mínimos ou z Funcionário Público Estrangeiro:
obrigatórios em normas técnicas que orientam a
elaboração de projetos. Quem, ainda que transitoriamente ou sem
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefí- remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
cio, direto ou indireto, próprio ou de outrem, aplica- ção pública em entidades estatais ou em repre-
-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. sentações diplomáticas de país estrangeiro.
z Diálogo competitivo;
internacional:
z Procedimento de manifestação de interesse.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um
As formas de contração colocadas acima são pre- terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o
vistas na Lei nº 14.133, de 2021, por isso se trata de funcionário público estrangeiro retarda ou omi-
norma penal em branco. O § 2º traz a hipótese de te o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
majoração da pena. Como não há restrição, deve-se funcional.
interpretar que qualquer benefício será suficiente
para o enquadramento na hipótese. z Corrupção Ativa em Transação Comercial
Trata-se, portanto, de crime comum, pois, embora Internacional:
a Lei use o termo projetista, o verbo trazido constante
do caput (entregar) poderá ser praticado por qualquer Verbos: prometer, oferecer e dar;
pessoa. Ainda, é hipótese de delito formal, sendo pos- Fim específico: determinar o funcionário público
sível a tentativa, exceto na modalidade “omitir”, por estrangeiro a praticar, omitir ou retardar ato de ofí-
se tratar de crime omissivo próprio. cio relacionado à transação comercial internacional. 507
z Corrupção Ativa: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,
Verbos: oferecer e prometer; se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-
Fim específico: determinar o funcionário públi- bém destinada a funcionário estrangeiro.
co a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
O crime de tráfico de influência em transação comer-
O crime de corrupção ativa em transação comer- cial internacional, previsto no art. 337-C do Código Penal,
cial internacional terá sua pena aumentada de 1/3
é muito parecido com o crime de tráfico de influência,
(um terço) se:
crime praticado por particular contra a administração
z Em razão da vantagem ou promessa, o funcionário em geral, previsto no art. 332 do Código Penal.
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofí-
cio, ou o pratica infringindo dever funcional. z Tráfico de Influência em Transação Comercial
Internacional:
Sobre este crime, é importante mencionar que:
Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter;
z Só poderá ser praticado dolosamente; Pretexto: influir em ato praticado por funcio-
z É crime comum; nário público estrangeiro no exercício de suas
z Nos verbos oferecer e prometer, trata-se de crime
funções, relacionado a transação comercial
formal, de consumação antecipada;
internacional.
z No verbo dar, trata-se de crime material, que se
consuma com a obtenção do resultado;
z Admite tentativa, quando for possível fracionar z Tráfico de Influência:
o iter criminis, as fases do crime, da cogitação ao
exaurimento. Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter;
Pretexto: influir em ato praticado por funcioná-
rio público no exercício da função.
É a fase mental de preparação
Cogitação
do crime: idealização, O crime de tráfico de influência em transação comer-
ou
deliberação e resolução. cial internacional terá sua pena aumentada da metade se:
Fase
Não há conduta penalmente
Interna
relevante z Se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-
bém destinada ao funcionário público estrangeiro.
para que a denunciação caluniosa seja configurada. o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto.
Diferente da redação anterior, agora, a conduta No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a
abarcada pelo dispositivo é mais ampla quanto às pena será diminuída de metade, caso a imputação seja
formas de praticar. Podemos observar que o disposi- de prática de contravenção penal.
tivo se refere à imputação não somente de crime, mas Observe as principais diferenças entre a denuncia-
também de infração ético-disciplinar e ato ímprobo. ção caluniosa e o crime de calúnia.
Por outro lado o legislador colocou um segundo
requisito que restringe a configuração do tipo penal. z Denunciação Caluniosa:
Com a nova redação a denunciação caluniosa somen-
te será praticada se da conduta do agente resultar na É crime contra a administração da justiça;
instauração de inquérito policial, de PIC (procedimen- A ação penal é pública incondicionada, se dis-
to investigatório criminal, de competência do MP), de cute na doutrina e jurisprudência se o processo
processo judicial, de PAD (processo administrativo por denunciação caluniosa pode ser iniciado
disciplinar), de inquérito civil ou de ação de improbi- antes do desfecho do procedimento ou ação
dade administrativa. originários; 509
Punida pelo fato de o agente movimentar falsa- Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
mente o aparato estatal, tentando prejudicar a multa.
vítima perante o Estado;
É admitida a imputação falsa de crime, infração É possível a configuração deste tipo penal quando
ético-disciplinar, ato ímprobo ou contravenção o agente se acusar de:
penal.
z Crime não existente (a conduta criminosa sequer
z Calúnia: foi praticada, sequer existiu);
z Crime existente, mas praticado por outra pessoa
É crime contra a honra; (a conduta criminosa foi realmente realizada, mas
A ação penal é privada; foi outro indivíduo que a praticou).
Punida pelo fato de o agente ofender a honra
objetiva da vítima;
Sobre a autoacusação falsa, é importante levar
É admitida a imputação falsa apenas de crime.
em consideração:
Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção
z Só pode ser praticado dolosamente;
Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni- z Admite a modalidade tentada na forma escrita,
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven- quando a confissão falsa remetida se extravia;
ção que sabe não se ter verificado: z Não se exige que seja praticado apenas perante
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. autoridade policial, mas na presença de qualquer
autoridade competente (delegado de polícia, mem-
Ao contrário do que ocorre no crime de denun- bro do Ministério Público, autoridade judicial etc.);
ciação caluniosa, no crime de falsa comunicação de z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da
crime ou contravenção, o agente não individualiza autoridade para a consumação do crime, bastando
o autor, imputando a alguém o fato que não existiu, a autoacusação falsa.
mas apenas comunica à autoridade crime ou contra-
venção penal que sabe não ter ocorrido. Falso Testemunho ou Falsa Perícia
Sobre este crime, é importante mencionar que:
z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente O crime de falso testemunho ou falsa perícia está
comunica à autoridade, sem intenção, crime ou previsto no art. 342 do Código Penal.
contravenção penal, provocando a ação desta, este
Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar
tipo penal não estará configurado;
a verdade como testemunha, perito, contador, tra-
z É crime comum;
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi-
z Admite tentativa;
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
Se o fato imputado for infração administrativa
multa.
ou civil, não irá se configurar o crime;
§ 1° As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
Para a maioria da doutrina, não se configura o
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se
crime quando o agente se limita a comunicar cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
ilícito penal diverso do que realmente ocorreu, duzir efeito em processo penal, ou em processo civil
desde que o fato comunicado e o que realmente em que for parte entidade da administração pública
ocorreu sejam crimes da mesma natureza; direta ou indireta.
Se o agente faz a comunicação falsa para § 2° O fato deixa de ser punível se, antes da senten-
tentar ocultar outro crime por ele praticado ça no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
responde também pela comunicação falsa retrata ou declara a verdade.
de crime. Comunicação Falsa de Crime ou Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
Contravenção: qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
z O agente não aponta pessoa certa e determinada ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
como autora da infração penal, mas apenas comu- perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
nica fato inexistente. Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex-
Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face- to a um terço, se o crime é cometido com o fim de
book relacionada a um aborto. De imediato, ligou em obter prova destinada a produzir efeito em proces-
uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao dele- so penal ou em processo civil em que for parte enti-
gado de polícia, que iniciou as investigações sobre o dade da administração pública direta ou indireta.
fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o aborto
não existiu, já que a publicação se tratava de uma Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
brincadeira por parte daquele que a realizou. praticado mediante execução de quaisquer um dos
Não há que se falar em figura típica da comunica- verbos previstos no tipo penal.
ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão
comunicar falsamente o fato que não existiu. a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um
sexto) a 1/3 (um terço), se o crime é:
Autoacusação Falsa
z Praticado mediante suborno;
Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime z Cometido com o fim de obter prova destinada a
510 inexistente ou praticado por outrem: produzir efeito em processo penal;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a Sobre o crime de corrupção ativa de testemu-
produzir efeito em processo civil em que for par- nha contador, perito, intérprete ou tradutor, é
te entidade da administração pública direta ou importante saber o seguinte:
indireta.
z Não pode ser praticado culposamente;
Sobre o crime de falso testemunha ou falsa z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal;
perícia, é importante levar para a sua prova: z No verbo dar, é crime material;
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o
z Não admite a forma culposa; iter criminis;
z É crime de mão própria, que só poderá ser prati- z O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
cado por uma das pessoas previstas no tipo penal; no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
retrata ou declara a verdade.
Segundo posicionamento doutrinário dominante:
Coação no Curso do Processo
z O falso testemunho não admite coautoria, mas é
Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com
possível a participação;
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
z A falsa perícia admite coautoria e participação.
tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa
z O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos que funciona ou é chamada a intervir em proces-
verbos previstos no tipo penal não pratica o crime so judicial, policial ou administrativo, ou em juízo
de falso testemunho, já que ele não é testemunha; arbitral:
z Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
ter extinta a punibilidade do crime, desde que: da pena correspondente à violência.
Seja realizada no processo em que ocorreu o ilí- O crime de coação no curso do processo é aquele
cito (no processo em que se deu o falso e não no em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente
processo referente ao falso); emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas
Se realizada antes da sentença (ainda prevale- que participam do processo ou juízo arbitral.
ce o entendimento de que se trata da sentença
recorrível). Observe as duas hipóteses:
Não irá responder pelo crime de falso testemu- 1. Suponha que André tenha praticado um crime de
nho a pessoa que praticar as condutas descritas no roubo a um supermercado, estando ele sendo pro-
tipo penal incriminador com a finalidade de não se cessado por isso. Thaís, funcionária do supermer-
autoincriminar. cado, é testemunha, tendo sido marcado um dia
Lembre-se que ninguém será prejudicado por não para que ela comparecesse em juízo para dar seu
produzir provas contra si mesmo. depoimento. André, com a finalidade de favorecer
Quando a testemunha mente por estar sendo seus próprios interesses, vai à casa de Thaís e, uti-
ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não lizando-se de uma arma de fogo para ameaçá-la,
responde pelo crime de falso testemunho. exige que ela diga que não foi ele quem praticou o
O art. 343 do Código Penal apresenta um outro tipo fato, mas outra pessoa. André praticou o crime de
penal, chamado por parte da doutrina de corrupção coação no curso do processo, já que empregou de
grave ameaça contra a pessoa chamada a intervir
ativa de testemunha contador, perito, intérprete ou
em processo judicial.
tradutor.
2. Aproveitando a mesma hipótese acima, porém,
A figura típica é a de dar, oferecer ou prometer
agora André, sabendo sobre o que Thaís disse na
dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha,
inquirição, vai à casa de Thaís e, utilizando-se de
perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer
uma arma de fogo para ameaçá-la, dizendo que irá
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoi-
matá-la por não dizer que foi outra pessoa que pra-
mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
ticou o crime, mas que o incriminou. André, nesta
hipótese, praticou o crime de ameaça, uma vez que
z Verbos: dar, oferecer ou prometer; empregou de grave ameaça contra a pessoa após o
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra- depoimento, exaurindo-se a participação daquela
dutor ou intérprete;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
na ação.
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam
afirmação falsa, neguem ou calem a verdade Caso o agente utilize de violência para praticar o
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou crime de coação no curso do processo, responderá por
interpretação. este, além da pena correspondente à violência.
As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a Sobre a coação no curso do processo, atente-se
um terço), se o crime é: às seguintes informações:
z Cometido com o fim de obter prova destinada a z Pode ser praticado contra as autoridades respon-
produzir efeito em processo penal; sáveis pela condução do processo, como: juízes,
z Cometido com o fim de obter prova destinada a promotores, delegados de polícia, entre outros;
produzir efeito em processo civil em que for par- z Só pode ser praticado dolosamente;
te entidade da administração pública direta ou z Exige-se o dolo específico por parte do agente de
indireta. favorecer interesse próprio ou alheio; 511
z É crime formal, que se consuma com o uso de vio- Para consumação deste crime, existem duas correntes:
lência ou grave ameaça, independentemente de o
coagido ceder; z O crime é formal e se consuma quando o agente
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser emprega o meio executório;
praticou por escrito e há extravio. z O crime é material e só se consuma com a satisfa-
ção da pretensão visada.
Exercício Arbitrário das Próprias Razões
Fraude Processual
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan- Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
do a lei o permite: processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
além da pena correspondente à violência. juiz ou o perito:
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
somente se procede mediante queixa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produ-
Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi- zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-
sa própria, que se acha em poder de terceiro por do, as penas aplicam-se em dobro.
determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Aplica-se a pena em dobro, se a inovação se desti-
na a produzir efeito em processo penal, ainda que não
Observe a parte final da figura típica: salvo quan- indiciado o agente.
do a lei o permite. Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar
Vejamos mais um exemplo: Kelmon é proprietário Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com
a finalidade de simular uma hipótese de legítima defe-
de uma casa, que se encontra alugada para Diogo. O
sa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudu-
inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Kel-
lentamente, nas mãos da vítima, uma arma de fogo,
mon, indignado com a situação, vai até o local, troca
modificando o estado de pessoa.
todas as fechaduras e coloca os objetos pessoais de
Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
Diogo do lado de fora.
pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário
vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
das próprias razões, já que fez justiça com as próprias Sobre o crime de fraude processual, fique aten-
mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o to ao seguinte:
direito de receber os valores correspondentes ao alu-
guel de seu imóvel). z É crime comum;
A pretensão do agente deveria ter sido soluciona- z Não admite a modalidade culposa;
da pelos meios legais pertinentes. z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
perito;
Sobre o exercício arbitrário das próprias z É crime formal, que se consuma com a prática da
razões, atente-se ao seguinte: conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- z Admite a modalidade tentada.
quer pessoa;
z Só poderá ser praticado dolosamente; Favorecimento Pessoal
z Admite tentativa;
z Caso o agente pratique o crime com emprego de Art. 348 Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida-
violência, responderá também por ela. de pública autor de crime a que é cominada pena
de reclusão:
No art. 346 do Código Penal, há uma outra figura Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
típica, bastante parecida com o crime de exercício § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
arbitrário das próprias razões.
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen-
Observe: Tirar, suprimir, destruir ou danificar
dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
coisa própria, que se acha em poder de terceiro por de pena.
determinação judicial ou convenção.
Este tipo penal pode gerar algumas dúvidas em
Sobre este tipo penal, é importante salientar: você. Para esclarecê-las, vamos analisar alguns
exemplos:
z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com Exemplo 1: Júnior pratica o crime de roubo. O
a prática de quaisquer um dos verbos previstos no delegado de polícia da região está a sua procura.
tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar; O autor do crime pede para se esconder do dele-
z Exige-se que a coisa seja própria do agente que gado na casa de Danilo, seu amigo. Danilo, em sua
praticou a conduta delituosa; casa, esconde Júnior. Júnior responderá pelo cri-
z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter- me de roubo; Danilo, pelo crime de favorecimento
minação judicial ou convenção. Se for por outro pessoal, já que auxiliou a se subtrair da ação de
motivo, não se configurará este crime; autoridade pública autor de crime a que se comina
512 z Admite tentativa. pena de reclusão.
Exemplo 2: Francisco, Jefferson e César combi- Sobre o favorecimento real, é importante mencionar
nam um crime de roubo. Francisco e Jefferson vão que:
praticar o verbo descrito no tipo penal, César irá
dar fuga aos agentes. O crime é praticado, os poli- z Não admite a culpa;
ciais acabam tomando conhecimento da prática z Admite tentativa;
delituosa e vão atrás dos criminosos, contudo, eles z O auxílio não pode ter sido combinado previamen-
conseguem se evadir. Todos os agentes responde- te pelos agentes, caso os agente combinem antes,
rão apenas pelo crime de roubo. Não se aplicando o crime não será de favorecimento real, mas sim
a César, responsável pela fuga, o crime de favoreci- haverá participação;
mento pessoal, porque, para que se configure este z É crime comum;
crime, não pode o agente ter participado do crime z Há uma conduta típica, prevista no art. 349-A do
anterior e nem pode haver liame subjetivo prévio Código Penal, inserida no ano de 2009, chama-
entre os agentes, ou seja, ligação ou vínculo psico- do por parte da doutrina de favorecimento real
lógico e subjetivo entre os agentes do delito. impróprio.
Este crime apresenta uma forma privilegiada, ao Observe: ingressar, promover, intermediar, auxi-
qual se comina uma pena mais branda: se ao crime liar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
praticado não é cominada pena de reclusão (detenção, comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autori-
por exemplo). zação legal, em estabelecimento prisional.
Ficará isento de pena (escusa penal absolutória), Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
caso a conduta que configura o favorecimento pessoal praticado mediante execução de quaisquer um dos
seja praticado pelo: verbos descritos no tipo penal incriminador.
Ao favorecimento real, não se aplica a escusa penal Como se pode observar pela leitura da figura típi-
absolutória mesmo que a conduta seja praticada pelo ca, este tipo penal poderá ser praticado de 2 (duas)
ascendente, descendente, cônjuge ou irmão. formas: 513
z Com a promoção da fuga; Exemplo 2: Michele, presa em uma penitenciária
z Com a facilitação da fuga. feminina, aproveitando de um momento de des-
cuido dos agentes prisionais, quebra uma janela
Este crime apresenta, também, formas qualifica- com um soco e foge do estabelecimento prisional.
das e uma forma culposa. Exemplo 3: Michele, presa em uma penitenciária
Na forma culposa, é crime próprio, que será prati- feminina, ao verificar que os agentes prisionais
cado pelo funcionário incumbido da guarda ou custó- estão distraídos, foge, pulando o muro do estabe-
dia da pessoa presa. lecimento prisional.
Sobre o crime de fuga de pessoa presa ou sub-
Apenas no exemplo 1, haverá a configuração do
metida à medida de segurança, é importante levar
crime de evasão mediante violência contra pessoa, já
em consideração:
que no exemplo 2 a violência foi empregada contra
z Pode ser praticado tanto intramuros (no interior coisa e no exemplo 3 não houve emprego de violência.
de estabelecimento de natureza prisional) quando
extramuros (durante procedimento de escolta ou Dica
condução);
z Em regra, trata-se de crime comum, que pode ser Se da violência resultarem lesões, ainda que
praticado por qualquer pessoa; leves, ou morte, o agente responderá pelos dois
z Admite a forma culposa; crimes, e as penas serão somadas.
z É necessário, para configuração do crime, que a
prisão a que está submetida a pessoa seja legal; Arrebatamento de Preso
z Trata-se de crime material, que se consuma com a
efetiva fuga; Art. 353 Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
z Admite a forma tentada; poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
z Caso seja praticado mediante violência contra pes- Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
soa, responderá o agente também pela violência; correspondente à violência.
z É crime material, que se consuma quando se preju- outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
dicar o interesse do representado; órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
z Não admite forma culposa; perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
z Admite tentativa somente quando o advogado ou Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
procurador pretende cometer o crime na forma Parágrafo único - As penas aumentam-se de um
comissiva, uma vez que na forma omissiva não se terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
admite a tentativa; ou utilidade também se destina a qualquer das pes-
z É crime próprio; soas referidas neste artigo.
z Não admite a forma culposa;
z É crime formal, que não exige o prejuízo;Patrocí- Atenção à distinção desse tipo penal com o tipo
nio simultâneo ou tergiversação: defender, na penal previsto no art. 332 do CP (tráfico de influên-
mesma causa, o advogado ou procurador judicial, cia). O presente crime apresenta um rol específico de
simultânea (patrocínio simultâneo) ou sucessiva- pessoas, diferente do crime de tráfico de influência
mente (tergiversação ou patrocínio sucessivo), que generaliza colocando a expressão “funcionário
partes contrárias; público”. 515
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
Importante! ta, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
Muitos examinadores trazem na questão situa-
abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
ção hipotética envolvendo algum serventuário
oferecida.
da justiça. Atente-se a esses casos específi-
[...].
cos pois, apesar de serem funcionário público,
estão elencado expressamento no rol do art. 357
z No caso de emprego de violência, responderá o
(exploração de prestígio).
agente, também, por ela.
A pena do crime de exploração de prestígio será Desobediência a decisão judicial sobre Perda ou
aumentada de 1/3 (um terço): Suspensão de Direito
z Se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori-
utilidade também se destina ao juiz, ao jurado, dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
ao órgão do ministério público, ao funcionário de decisão judicial:
justiça, ao perito, ao tradutor, ao intérprete ou à Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
testemunha.
O crime de desobediência à decisão judicial sobre
Sobre o crime de exploração de prestígio, leve
perda ou suspensão de direito, inserido no Código
para a sua prova:
Penal entre os crimes contra a Administração da Jus-
tiça, representa uma modalidade especial do delito de
z É crime comum, que poderá ser praticado por
qualquer pessoa; desobediência, capitulado no art. 329 do CP entre os
z Só poderá ser praticado dolosamente; crimes praticados por particular contra a Administra-
z No verbo solicitar é crime formal; ção em Geral.
z No verbo receber é crime material; Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
z Admite tentativa. legal emanada de funcionário público. No entanto, o
crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
Violência ou Fraude em Arrematação Judicial especializantes, pois o agente não desobedece a uma
simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
Art. 358 Impedir, perturbar ou fraudar arrema- rio público.
tação judicial; afastar ou procurar afastar con- Neste crime vai além, exercendo função, atividade,
corrente ou licitante, por meio de violência, grave
direito, autoridade ou múnus de que estava suspenso
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
ou privado por decisão judicial.
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
além da pena correspondente à violência. Tutela-se a Administração da justiça.
Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata
Arrematação judicial, também conhecida como de crime próprio ou especial, pois somente pode ser
leilão ou praça, é o ato de transferência dos bens praticado pela pessoa que, por decisão judicial, foi
penhorados do devedor, em que um funcionário da suspensa ou privada relativamente ao exercício de
justiça apregoa e um interessado os adquire, em hasta determinada função, atividade, direito, autoridade ou
pública, pelo maior lance. múnus.
Trata-se de atividade inerente ao Poder Judiciário, O sujeito passivo é o Estado.
consistente em verdadeira expropriação destinada à Consuma-se com o simples exercício da função,
satisfação de crédito não cumprido voluntariamente. atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o
agente foi suspenso ou privado por decisão judicial,
Sobre este crime, é importante atentar-se ao ainda que desta conduta não seja produzido nenhum
seguinte:
resultado naturalístico.
Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
determinação emanada do Poder Judiciário.
quer pessoa;
z Não admite a forma culpada; Sobre este crime, é importante que você leve
z Admite tentativa quando o agente não consegue, em consideração as seguintes informações:
por circunstâncias alheias a sua vontade, impedir,
perturbar ou fraudar a arrematação judicial; z Só poderá ser praticado dolosamente;
z As condutas relacionadas ao licitante foram revo- z Admite a modalidade tentada;
gadas pela Lei nº 8.666/1993, Lei de Licitações, com z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
possível tipificação nos arts. 93 e 95 da citada lei, decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
vejamos: trativa, não irá se configurar este tipo penal.
Este crime está previsto no art. 359-B, do CP. z Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação,
nos dois últimos quadrimestres do último ano do
Art. 359-B Ordenar ou autorizar a inscrição em
restos a pagar, de despesa que não tenha sido pre- mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser
viamente empenhada ou que exceda limite estabe- paga no mesmo exercício financeiro;
lecido em lei: z Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. dois últimos quadrimestres do último ano do man-
dato ou legislatura, se restar parcela a ser paga no
Faz-se necessário compreender o empenho, a exercício seguinte, que não tenha contrapartida
liquidação e a ordem de pagamento: suficiente de disponibilidade de caixa. 517
A prática do crime não está apenas relacionada ao z Caso a despesa seja ordenada com autorização
mantado eletivo, mas também mandato decorrente legislativa, o fato será atípico;
de indicação. z É crime formal, segundo Nucci.
Trata-se de crime próprio ou especial, por isso, o
sujeito ativo somente pode ser cometido pelos agentes Prestação de Garantia Graciosa
públicos titulares de mandato ou legislatura, repre-
sentantes dos órgãos e entidades indicados no art. 20 Está previsto no art. 359-E, do CP.
da Lei Complementar nº 101, de 2000, Lei de Respon-
sabilidade Fiscal, pois apenas tais pessoas têm atribui- Art. 359-E Prestar garantia em operação de crédito
ção para assunção de obrigações. sem que tenha sido constituída contragarantia em
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí- valor igual ou superior ao valor da garantia pres-
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa- tada, na forma da lei:
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente, Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
a coletividade, em face do prejuízo causado pelo abalo
nas finanças públicas. O tipo penal pune a conduta do funcionário público
Consuma-se quando o sujeito ativo ordena ou auto- que presta garantia sem a observância do requisito legal.
riza a assunção de obrigação, nos últimos oito meses Quanto aos requisitos legais, devemos entender
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa que “prestar” tem o sentido de conceder ou autorizar
ser paga naquele exercício financeiro ou reste parte garantia, e isto está em conformidade com o art. 29,
a ser paga no exercício seguinte, sem contrapartida inc. IV, da Lei Complementar nº 101, de 2000, Lei de
suficiente para tanto, independentemente da compro- Responsabilidade Fiscal, concessão de garantia que é
vação de prejuízo aos cofres públicos. o compromisso de adimplência de obrigação financei-
Sobre este crime, é importante atentar-se às ra ou contratual assumida por algum ente da Federa-
seguintes disposições: ção ou entidade a este vinculada.
As condições para a concessão de garantia encon-
z Só pode ser praticado dolosamente; tram-se no art. 40 da citada lei. Destaca-se entre elas
z Este crime só se configura se as condutas típicas o oferecimento de contragarantia, em valor igual ou
forem praticadas nos dois últimos quadrimestres superior ao da garantia a ser concedida, visando o
(oito meses anteriores ao término do mandato) do equilíbrio das finanças públicas.
último ano do mandato ou legislatura; Sobre este crime, saiba:
z É crime de ação múltipla; e
z Este crime não admite a modalidade culposa;
z Admite a modalidade tentada, apesar de ser de difí-
z Não basta que seja constituída a contragarantia,
cil comprovação, segundo posicionamento doutri-
exige-se que ela seja igual ou superior ao valor da
nário majoritário.
garantia prestada.
Ordenação de Despesa não Autorizada Caso a contragarantia seja inferior ou não seja
prestada, este crime estará configurado.
O crime de ordenação de despesa não autorizada
está previsto no art. 359-D, do CP. Não Cancelamento de Restos a Pagar
Art. 359-D Ordenar despesa não autorizada por lei: Art. 359-F Deixar de ordenar, de autorizar ou de
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. promover o cancelamento do montante de restos a
pagar inscrito em valor superior ao permitido em
lei:
Ordenar tem o sentido de mandar, determinar que
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
se realize a despesa pública, a qual compreende os
desembolsos efetuados pelo Estado para fazer frente z Deixar de ordenar é não determinar a terceiro que
às suas diversas responsabilidades junto à sociedade. algo seja feito;
Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime próprio ou z Deixar de autorizar é não permitir que terceira
especial, pois somente pode ser cometido pelo funcio- pessoa faça algo; e
nário público com atribuição para ordenar despesas, z Deixar de promover equivale a não realizar direta-
conhecido como “ordenador de despesas”. mente alguma coisa.
O tipo penal não alcança o “realizador de despesas”,
compreendido como a pessoa que se limita a cumprir O administrador público que se depara com restos
ou executar a ordem expedida pelo ordenador. a pagar inscritos em valor superior ao limite permiti-
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni- do em Lei tem o dever legal de autorizar, ordenar ou
cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente promover o seu cancelamento, sob pena de incorrer
federativo prejudicado pela conduta criminosa, e, no crime de não cancelamento de restos a pagar.
secundariamente, a coletividade, em decorrência dos O sujeito ativo é o funcionário público com atribui-
prejuízos causados pela ordenação de despesas públi- ção para ordenar, autorizar ou promover o cancela-
cas não autorizadas em lei. mento do montante de restos a pagar indevidamente
Consuma-se o crime quando o funcionário público inscritos. Trata-se de crime próprio ou especial. Com
ordena a realização da despesa sem autorização legal, isso, o funcionário público que deixa o cargo será res-
independentemente da comprovação de efetiva lesão ponsabilizado pela “inscrição de despesas não empe-
ao erário. nhadas em restos a pagar” (art. 359-B), ao passo que
Sobre este tipo penal, é importante mencionar que: o funcionário público que assume o cargo deverá ser
responsabilizado por não ter determinado o “cance-
z Não admite a forma culposa; lamento do montante de restos a pagar” (art. 359-F),
518 z É crime de ação simples; inscrito em valor superior ao legalmente permitido.
Os dois agentes contribuem para o mesmo resul- O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí-
tado, mas a eles serão imputados crimes diversos, em pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
face do especial tratamento conferido pela lei penal. tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí- a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa- aumento de despesa total com pessoal no último ano
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente, do mandato ou legislatura.
a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo Consuma-se quando o agente público ordena,
não cancelamento de restos a pagar. autoriza ou executa o ato de aumento de despesa com
O crime consuma-se quando o sujeito ativo deixa pessoal, nos últimos 180 dias de mandato ou legislatu-
de ordenar, de autorizar ou de promover o cancela- ra, independentemente da comprovação de prejuízo
mento do montante de restos a pagar inscrito inde- econômico ao erário.
vidamente, independentemente de comprovação de
lesão patrimonial ao erário. Sobre este crime, leve em consideração o seguinte:
A omissão que não ultrapassa os limites de restos a
pagar não configura este crime. z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de ação múltipla;
Sobre este crime, atente-se ao seguinte: z Para sua configuração, deve ser praticado nos 180 dias
que antecedem o fim do mandato ou legislatura. Caso
z Só pode ser praticado dolosamente; realizado em outro período, não irá se configurar;
z É crime omissivo; z Admite tentativa.
z Não admite tentativa.
Oferta Pública ou Colocação de Títulos no Mercado
Aumento de Despesa Total com Pessoal no Último
Ano do Mandato ou Legislatura Este crime se encontra previsto no art. 359-H, do CP.
Art. 359-G Ordenar, autorizar ou executar ato que Art. 359-H Ordenar, autorizar ou promover a ofer-
acarrete aumento de despesa total com pessoal, ta pública ou a colocação no mercado financeiro
nos cento e oitenta dias anteriores ao final do man- de títulos da dívida pública sem que tenham sido
dato ou da legislatura: criados por lei ou sem que estejam registrados em
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
z Ordenar é determinar alguma coisa;
z Autorizar significa permitir que algo seja feito; e z Ordenar é determinar;
z Executar traz a ideia de realizar ou concretizar algo. z Autorizar equivale a permitir que algo seja feito;
z Promover traz a ideia de realizar, concretizar a
Este crime tem como finalidade evitar que se oferta pública ou colocação de títulos no mercado;
aumente as despesas totais com pessoal, concedendo
aumentos, contratando, alterações na carreira, entre O objeto material do crime são os títulos da dívida
outras formas, nos últimos dias do mandato ou legis- pública. Nos termos do art. 29, inciso II, da Lei Comple-
latura, deixando para outro funcionário público a res- mentar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal,
ponsabilidade de arcar com os compromissos. considera-se dívida pública mobiliária aquela repre-
A diferença entre o art. 359-G e o art. 359-C do sentada por títulos emitidos pela União, inclusive os
CP é que o crime em estudo não se relaciona com a do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.
infração penal tipificada no art. 359-C do CP, porque O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo
na assunção de obrigação no último ano do manda- funcionário público dotado da atribuição para orde-
to ou legislatura levam-se em conta despesas que não nar, autorizar ou promover oferta pública ou coloca-
podem ser pagas no mesmo exercício, ficando a obri- ção no mercado financeiro de títulos da dívida pública.
gação de pagamento ao sucessor, sem ter disponibili- O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni-
dade orçamentária para tanto. cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente
No art. 359-G, do CP, o aumento de despesa com pes- federativo atingido pela conduta criminosa, e, media-
soal é permanente, ou seja, irá ultrapassar o exercício tamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela
financeiro, atingindo anos futuros. Consequentemen- compra de títulos irregularmente emitidos.
te, o orçamento do ente federativo ou órgão público Consuma-se o crime em estudo no momento em
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ficará inevitavelmente comprometido, deixando de que o agente público ordena, autoriza ou promove a
propiciar ao administrador público futuro condições oferta pública ou a colocação no mercado financeiro
para gerir adequadamente a máquina estatal. de títulos da dívida pública sem que tenham sido cria-
Destaca-se que o elemento temporal do art. 359-G, dos por lei ou sem que estejam registrados em sistema
do CP, está consubstanciado na expressão “nos cento centralizado de liquidação e de custódia, independen-
e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da temente de efetivo prejuízo ao erário.
legislatura”.
Assim, fora do período legalmente indicado não há Sobre este crime, é importante mencionar:
o que se falar na prática do delito, ainda que exista
ilegal aumento da despesa total com pessoal. z Só pode ser praticado dolosamente;
O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo z É crime de ação múltipla;
funcionário público com atribuição para ordenar, z Caso os títulos da dívida pública tenham sido cria-
autorizar ou executar ato que acarrete aumento de dos por lei ou estejam registrados no sistema cen-
despesa total com pessoal, nos últimos 180 dias do tralizado de liquidação e de custódia, a prática da
mandato ou legislatura. conduta prevista no tipo penal irá ser atípico. 519
3. (FGV — 2018) Leandro, pretendendo causar a morte
HORA DE PRATICAR! de José, o empurra do alto de uma escada, caindo a
vítima desacordada. Supondo já ter alcançado o resul-
1. (FGV — 2018) Julia, nascida em 22 de maio de 2000, não tado desejado, Leandro pratica nova ação, dessa vez
mais aguentando o comportamento de sua prima, Renata, realiza disparo de arma de fogo contra José, pois,
que constantemente a vinha ofendendo, resolve por fim acreditando que ele já estaria morto, desejava simular
àquele comportamento. Para isso, no dia 21 de maio de um ato de assalto. Ocorre que somente na segunda
2018, pega, sem que ninguém perceba, as chaves do carro ocasião Leandro obteve o que pretendia desde o iní-
de seu pai que estava estacionado na garagem e, enquan- cio, já que, diferentemente do que pensara, José não
to a prima, de 18 anos, consertava a bicicleta, também estava morto quando foram efetuados os disparos.
na garagem, dá ré com o veículo e atropela Renata, que
é imediatamente encaminhada ao hospital pelos tios. Em Em análise da situação narrada, prevalece o entendi-
virtude de lesões internas sofridas, Renata vem a falecer mento de que Leandro deve responder apenas por um
em 25 de maio de 2018. Em procedimento administrativo crime de homicídio consumado, e não por um crime
para apurar os fatos, Julia, acompanhada de advogado, tentado e outro consumado em concurso, em razão da
confessa sua intenção de matar, apesar de se declarar aplicação do instituto do:
atualmente arrependida. Concluído o procedimento, os
autos são encaminhados ao Promotor de Justiça com a) crime preterdoloso;
atribuição exclusivamente criminal. b) dolo eventual;
c) dolo alternativo;
Com base nas informações expostas, o Promotor de d) dolo geral;
Justiça Criminal, em relação ao resultado morte, deverá: e) dolo de 2º grau.
a) reconhecer que a atribuição é da Promotoria da Infân- 4. (FGV — 2021) Jéssica, policial militar, após forte dis-
cia e Juventude infracional, pois o Código Penal ado- cussão com Maicon, seu marido, durante seu mês de
ta a Teoria da Ubiquidade para definir momento do férias, pega, na gaveta da cômoda, arma de fogo regis-
crime; trada em seu nome que regularmente possuía e, com
b) reconhecer que a atribuição é da Promotoria da Infân- animus necandi, efetua um disparo na sua direção.
cia e Juventude infracional, pois o Código Penal adota Jéssica se surpreende, pois o disparo não foi efetiva-
a teoria da Atividade para definir o momento do crime; do, descobrindo que a arma estava sem munição, vis-
c) oferecer denúncia em face de Julia, pois o Código to que Maicon, sem que sua esposa soubesse, havia
Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir o retirado e arremessado a munição em um rio, ao lado
momento do crime; do imóvel.
d) oferecer denúncia em face de Julia, pois o Códi- Diante da confusão instaurada, policiais foram chama-
go Penal adota a Teoria do Resultado para definir o
dos ao local e a encaminharam à unidade policial.
momento do crime;
e) oferecer denúncia em face de Julia, pois o Códi- Considerando os fatos narrados, o fato praticado por
go Penal adota a Teoria da Atividade para definir o Jéssica, conforme entendimento doutrinário majoritá-
momento do crime. rio, configura
2. (FGV — 2018) No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em a) crime impossível, diante da absoluta ineficácia do
03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra meio.
Ana, sua inimiga, em Santa Luzia do Norte, mas ter- b) tentativa de homicídio simples, pois a ineficácia do
ceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a meio era relativa.
levam para o hospital em Maceió. Após três dias inter-
c) tentativa de homicídio qualificado, pois Jéssica não
nada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude
tinha conhecimento que a arma estava desmuniciada.
exclusivamente das lesões causadas pelos disparos
d) tentativa de homicídio simples, pois presente elemen-
de Jéssica.
to subjetivo e a impropriedade do objeto era relativa.
Com base na situação narrada, é correto afirmar que e) crime impossível, diante da absoluta impropriedade
Jéssica: do objeto.
a) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que 5. (FGV — 2018) No curso de ação penal onde se imputa
o Código Penal adota a Teoria da Atividade para definir a prática de crime de roubo majorado, durante a oitiva
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para das testemunhas de defesa, ocasião em que se iden-
definir o lugar; tifica que a principal tese defensiva é de negativa de
b) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o autoria, o juiz verifica que, possivelmente, o réu seria
Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir inimputável. Suspenso o processo antes do interroga-
o momento do crime e a Teoria da Atividade para defi- tório e de encerrar a prova, realizado laudo pericial, é
nir o lugar; constatada a total inimputabilidade do agente na data
c) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o dos fatos.
Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para defi- Diante da constatação, juntado o laudo, caberá ao juiz:
nir o momento do crime e a Teoria da Atividade para
definir o lugar; a) de imediato, absolver impropriamente o réu, aplicando
d) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que medida de segurança, o que não gera reincidência;
o Código Penal adota a Teoria da Atividade para definir b) caso constatada a autoria e materialidade após instru-
o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado ção, condenar o réu, aplicando medida de segurança e
para definir o lugar; pena privativa de liberdade
e) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o c) caso constatada a autoria e materialidade após instru-
Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir ção, absolver impropriamente o réu, aplicando apenas
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para pena privativa de liberdade com causa de redução de
520 definir o lugar. pena;
d) caso constatada a autoria e materialidade após instru- b) a aplicação da pena privativa de liberdade e de mul-
ção, absolver impropriamente o réu, aplicando apenas ta, em não havendo desígnios autônomos, no con-
medida de segurança; curso formal de crimes, de acordo com as previsões
e) de imediato, condenar o réu, aplicando medida de do Código Penal, se dará com base no princípio da
segurança, o que gera reincidência. exasperação;
c) a sua condição de tecnicamente reincidente, por si só,
6. (FGV — 2018) No Direito Penal, a doutrina costuma reco- não impede de forma absoluta a substituição da pena
nhecer o concurso de pessoas quando a infração penal privativa de liberdade por pena restritiva de direitos;
é cometida por mais de uma pessoa, podendo a coope- d) a presença de uma circunstância agravante e de
ração ocorrer através de coautoria ou participação. uma causa de diminuição da pena faz com que o juiz
Sobre o tema, de acordo com o Código Penal, é correto deva compensá-las na segunda fase do processo
afirmar que: dosimétrico;
e) a reincidência, como circunstância agravante prepon-
a) o auxílio material é punível se o crime chegar, ao
derante, não poderá ser compensada com eventual
menos, a ser cogitado;
confissão.
b) as circunstâncias de caráter pessoal, diante de sua
natureza, não se comunicam, ainda que elementares 9. (FGV — 2018) Pretendendo matar seus dois irmãos
do crime; Mévio e Caio e, com isso, garantir-se como único her-
c) em sendo de menor importância a participação ou deiro de seus ricos pais, Tício se aproveita do fato de
coautoria, a pena poderá ser reduzida de um sexto a Mévio e Caio estarem enfileirados e efetua um único
um terço; disparo de fuzil em direção a estes, sabendo que, pelo
d) a teoria sobre concurso de agentes adotada pela legis- potencial lesivo do material bélico, aquele único tiro
lação penal brasileira, em regra, é a dualista; seria suficiente para causar a morte dos dois colate-
e) se algum dos concorrentes quis participar de crime rais, o que efetivamente ocorre.
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste.
Descobertos os fatos, caberá ao Promotor de Justiça
7. (FGV — 2021) Caio, primário, foi preso e condenado à oferecer denúncia contra Tício pela prática de dois cri-
pena privativa de liberdade de 5 anos e 4 meses, em mes de homicídio qualificado em
regime semiaberto, por infração ao Art. 157, § 2º, II,
do CP (roubo circunstanciado pelo concurso de pes- a) concurso material, diante dos dois resultados mortes,
soas). Cumpriu 3 anos da pena quando sobreveio devendo as penas serem somadas;
nova condenação, por fato praticado anteriormente, b) concurso formal próprio, devendo a pena de um deles
por infração ao Art. 157, § 2º, II, do CP (roubo circuns- (mais grave) ser aumentada;
tanciado pelo concurso de pessoas), à pena de 5 anos c) concurso formal impróprio, devendo a pena de um
e 4 meses de reclusão, em regime semiaberto. deles (a mais grave) ser aumentada;
Em atenção às regras previstas na Lei de Execução d) concurso formal impróprio, devendo as penas serem
Penal, bem como no Código Penal, que dispõem sobre somadas;
a unificação das penas e fixação do regime de cumpri- e) continuidade delitiva, devendo a pena de um deles (a
mento de pena (Art. 111 e parágrafo único, da LEP e mais grave) ser aumentada.
Art. 33, § 2º, do CP, respectivamente), o(a) Defensor(a)
Público(a) deverá requerer a unificação das penas e a 10. (FGV — 2015) Thiago, nascido em 10/10/90, foi denun-
fixação do regime: ciado pela prática do crime de tentativa de homicídio
qualificado (Art. 121, § 2º, inciso IV c/c Art. 14, inci-
a) integralmente fechado de cumprimento de pena; so II, ambos do Código Penal) por fato ocorrido em
b) fechado de cumprimento de pena; 01/11/10.
c) semiaberto de cumprimento de pena;
d) aberto de cumprimento de pena; A denúncia foi recebida em 05/05/14, tendo o feito
e) aberto de cumprimento de pena, sob a modalidade da regular prosseguimento. Em 12/10/14, foi publicada
prisão albergue domiciliar. decisão do juiz pronunciando o acusado. Inconforma-
da com essa decisão, a advogada do réu interpôs o
8. (FGV — 2019) Lúcio, reincidente em razão de condena- recurso cabível, mas a pronúncia foi confirmada em
ção definitiva anterior pela prática de crime de uso de decisão do Tribunal proferida e publicada em 12/12/14.
documento falso, foi denunciado pela suposta prática
de dois crimes de furto simples tentados, em concur- Considerando apenas essas informações, é correto
so formal. Encerrada a instrução, após confissão do afirmar que a prescrição da pretensão punitiva pela
réu em interrogatório, e estando o processo com o pena em abstrato ocorrerá em
juiz para a sentença, Lúcio procura o Defensor Público
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a) crime de falsidade material de documento público; Diante das informações narradas, a conduta de Bruno
b) crime de falsidade ideológica de documento público; configura crime de:
c) infração administrativa, mas conduta penalmente
atípica; a) corrupção passiva, consumada;
d) crime de falsidade material de documento particular; b) corrupção ativa, na modalidade tentada;
e) crime de falsidade material de atestado ou certidão. c) concussão, na modalidade tentada;
d) corrupção passiva, na modalidade tentada;
18. (FGV — 2019) Rogério, funcionário público municipal, e) corrupção ativa, consumada.
no exercício de cargo em comissão, por ser pessoa de
confiança dentro da estrutura da Administração Públi-
ca Direta, subtraiu, fora do horário de serviço, o laptop 9 GABARITO
da repartição em que trabalhava.
Para tanto, ele contou com a ajuda do primo João, que
não tinha qualquer vínculo com o Poder Público, mas 1 B
que, certamente, tinha conhecimento do cargo que 2 A
Rogério exercia e da facilidade que teriam em razão
do acesso ao local dos fatos. 3 D
Ocorre que a conduta dos primos foi registrada pelas
câmeras de segurança, sendo as imagens encaminha- 4 A
das para a autoridade policial. 5 D
Com base apenas nas informações narradas, é correto
afirmar que a conduta de Rogério configura crime de 6 E
20 E
19. (FGV — 2020) Oficial de justiça que deixa de dar cum-
primento integral a mandado de penhora em razão de
sentir pena do proprietário do bem penhorado comete,
em tese, o crime de:
524