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DEPEN

DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL

AGENTE PENITENCIÁRIO
FEDERAL - ÁREA 3

CONTEÚDO
GRÁTIS
- Língua Portuguesa CONTEÚDO ONLINE
- Atualidades
- Noções de Ética no Serviço Público
Interpretação de Texto
- Noções de Direitos Humanos e Participação Social - Tipologia Textual e Tipos
- Conhecimentos Complementares - Execução Penal de Discurso
Conhecimentos Específicos
Direitos Humanos - Direitos
e Garantias Fundamentais
na Constituição Federal

CONTEÚDO DE ACORDO COM O ÚLTIMO EDITAL

2020 COLEÇÃO PREPARATÓRIA


Departamento Penitenciário Nacional

DEPEN
Agente Penitenciário Federal - Área 3
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior,
para que o aluno antecipe seus estudos.

JN019-N0
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DEPEN - DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL

AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL - Área 3

Atualizada até 01/2020

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Atualidades - Profº Heitor Ferreira
Noções de Ética no Serviço Público - Profª Natasha Melo
Noções de Direitos Humanos e Participação Social - Bruna Pinotti
Conhecimentos Complementares - Profª Ricardo Razaboni
Conhecimentos Específicos - Profª Bruna Pinotti

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Aline Mesquita
Elaine Cristina
Josiane Sarto
Karina Fávaro
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Dayverson Ramon
Danna Silva
Higor Moreira
Rodrigo Bernardes
Willian Lopes

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos..................................................................................................................................................... 01


Tipologia textual.................................................................................................................................................................................................... 01
Ortografia oficial................................................................................................................................................................................................... 04
Acentuação gráfica............................................................................................................................................................................................... 10
Emprego das classes de palavras................................................................................................................................................................ 13
Emprego/correlação de tempos e modos verbais....................................................................................................................... 13
Emprego do sinal indicativo de crase............................................................................................................................................... 52
Sintaxe da oração e do período.......................................................................................................................................................... 54
Pontuação............................................................................................................................................................................................................... 63
Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................................... 73
Regência nominal e verbal............................................................................................................................................................................. 73
Significação das palavras................................................................................................................................................................................ 79
Redação de Correspondências oficiais (Manual de Redação da Presidência da República)................................................... 84
Adequação da linguagem ao tipo de documento............................................................................................................................. 84
Adequação do formato do texto ao gênero......................................................................................................................................... 84

ATUALIDADES

Sistema de Justiça Criminal............................................................................................................................................................................... 01


Sistema Prisional Brasileiro............................................................................................................................................................................... 04
Políticas Públicas de Segurança Pública e Cidadania............................................................................................................................. 07

NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Ética e moral. Ética, princípios e valores...................................................................................................................................................... 01


Ética e democracia: exercício da cidadania. Ética e função pública. Ética no Setor Público................................................... 01
Código de Ética Profissional do Serviço Público – Decreto nº 1.171/1994.................................................................................... 06
Regime disciplinar na Lei nº 8.112/1990: deveres e proibições, acumulação, responsabilidades, penalidades............. 17
Lei nº 8.429/1992: Improbidade Administrativa....................................................................................................................................... 23
Processo administrativo disciplinar............................................................................................................................................................... 32
Espécies de Procedimento Disciplinar: sindicâncias investigativa, patrimonial e acusatória; processo administrativo
disciplinar (ritos ordinário e sumário). Fases: instauração, inquérito e julgamento................................................................... 35
Comissão Disciplinar: requisitos, suspeição, impedimento e prazo para conclusão dos trabalhos (prorrogação e
recondução)............................................................................................................................................................................................................ 38
SUMÁRIO
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Declaração Universal dos Direitos Humanos (Resolução 217-A (III) – da Assembleia Geral das Nações Unidas,
1948).......................................................................................................................................................................................................................... 01
Direitos Humanos e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 (arts. 5º ao 15)............................................. 10
Regras mínimas da ONU para o tratamento de pessoas presas........................................................................................................ 19
Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto nº 7.037/2009)................................................................................................. 29
Política Nacional de Participação Social (Decreto nº 8.243/2014)..................................................................................................... 31
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (arts. 62 a 64 da Lei de Execução Penal)........................................ 32
Conselhos Penitenciários (arts. 69 e 70 da Lei de Execução Penal); Conselhos da Comunidade (arts. 80 e 81 da Lei
de Execução Penal).............................................................................................................................................................................................. 33

CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Lei de Execução Penal......................................................................................................................................................................................... 01


Sistema penitenciário federal (Lei nº 11.671/2008 e Decreto nº 6.877/2008).............................................................................. 21
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (Portaria MJ/
MS nº 1, de 02/01/2014).................................................................................................................................................................................... 21
Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional. (Decreto nº 7.626/2011).................................................... 25
Resoluções do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária: Resolução nº 4/2014 – Assistência à Saúde. 27
Resolução nº 1/2014 – Atenção em Saúde Mental................................................................................................................................. 28
Resolução nº 3/2009 – Diretrizes de Educação......................................................................................................................................... 31
Resolução nº 8/2011 – Assistência Religiosa............................................................................................................................................. 34
Resolução nº 5/2014 – Procedimentos para revista pessoal............................................................................................................... 36
Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional
(Portaria MJ/SPM nº 210/2014)....................................................................................................................................................................... 36

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sistema Penitenciário Federal. 1.1 Lei nº 11.671/2008........................................................................................................................... 01


Decreto nº 6.877/2008........................................................................................................................................................................................ 03
Regulamento Penitenciário Federal............................................................................................................................................................... 05
Organizações Criminosas e Lavagem de Dinheiro. Lei no 12.850/2013. 2.2 Lei no 9.613/1998.......................................... 12
Noções de Criminologia e Política Criminal. Teorias penais e teorias criminológicas contemporâneas. Mecanismos
institucionais de criminalização: Lei penal, Justiça Criminal e Prisão. Processos de criminalização e criminalidade.
Cifra oculta da criminalidade. Sistema penal e estrutura social. Políticas dos serviços penais no Estado Democrático
de Direito. Políticas de segurança pública no Estado Democrático de Direito e participação social. Mídia e crimina-
lidade......................................................................................................................................................................................................................... 22
Legislação especial. Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997 (Antitortura)........................................................................................... 23
Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 (Anticorrupção)...................................................................................................................... 26
Lei nº 4.898, de 09 de dezembro 1965 (Abuso de autoridade).......................................................................................................... 28
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e interpretação de textos.......................................................................................................................................................... 01
Tipologia textual......................................................................................................................................................................................................... 01
Ortografia oficial........................................................................................................................................................................................................ 04
Acentuação gráfica.................................................................................................................................................................................................... 10
Emprego das classes de palavras..................................................................................................................................................................... 13
Emprego/correlação de tempos e modos verbais........................................................................................................................... 13
Emprego do sinal indicativo de crase................................................................................................................................................... 52
Sintaxe da oração e do período.............................................................................................................................................................. 54
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 63
Concordância nominal e verbal........................................................................................................................................................................ 73
Regência nominal e verbal.................................................................................................................................................................................. 73
Significação das palavras..................................................................................................................................................................................... 79
Redação de Correspondências oficiais (Manual de Redação da Presidência da República)........................................................ 84
Adequação da linguagem ao tipo de documento.................................................................................................................................. 84
Adequação do formato do texto ao género.............................................................................................................................................. 84
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.E O texto diz que...
TIPOLOGIA TEXTUAL É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
ção...
Interpretação Textual O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- 3. Erros de interpretação


cionadas entre si, formando um todo significativo capaz
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi-  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai
ficar e decodificar). do contexto, acrescentando ideias que não estão
Contexto – um texto é constituído por diversas fra- no texto, quer por conhecimento prévio do tema
ses. Em cada uma delas, há uma informação que se liga quer pela imaginação.
com a anterior e/ou com a posterior, criando condições  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento um texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada insuficiente para o entendimento do tema desen-
de seu contexto original e analisada separadamente, po- volvido.
derá ter um significado diferente daquele inicial.  Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. questão.
Interpretação de texto - o objetivo da interpreta-
ção de um texto é a identificação de sua ideia principal. Observação:
A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a
damentações), as argumentações (ou explicações), que ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
prova. que o autor diz e nada mais.

Normalmente, em uma prova, o candidato deve: Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
 Identificar os elementos fundamentais de uma ar- si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
gumentação, de um processo, de uma época (nes- um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
quais definem o tempo). que se vai dizer e o que já foi dito.
 Comparar as relações de semelhança ou de dife- São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
renças entre as situações do texto. eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aque-
com uma realidade. le, do seu antecedente. Não se pode esquecer também de
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. que os pronomes relativos têm, cada um, valor semântico,
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- por isso a necessidade de adequação ao antecedente.
lavras. Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
1. Condições básicas para interpretar coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- cia, a saber:
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- te, mas depende das condições da frase.
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação qual (neutro) idem ao anterior.
e de síntese; capacidade de raciocínio. quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
2. Interpretar/Compreender o objeto possuído.
como (modo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretar significa: onde (lugar)


Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quando (tempo)
Através do texto, infere-se que... quanto (montante)
É possível deduzir que... Exemplo:
O autor permite concluir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Compreender significa aparecer o demonstrativo O).

1
3. Dicas para melhorar a interpretação de textos em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se,
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge- singulariza-se em sua individualidade. O direito é o ins-
ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há trumento da fraternização racional e rigorosa.
muitos candidatos na disputa, portanto, quanto O direito à vida é a substância em torno da qual todos
mais informação você absorver com a leitura, mais os direitos se conjugam, se desdobram, se somam para
chances terá de resolver as questões. que o sistema fique mais e mais próximo da ideia concre-
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- tizável de justiça social.
rompa a leitura. Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a re-
forem necessárias. velação da justiça. Quando os descaminhos não condu-
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma zirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
conclusão). vida mais digna para que a convivência política seja mais
 Volte ao texto quantas vezes precisar. fecunda e humana.
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo
do autor. 3.º. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Hu-
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- manos 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB,
lhor compreensão. Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1
 Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (com adaptações).
cada questão.
 O autor defende ideias e você deve percebê-las. Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser hu-
 Observe as relações interparágrafos. Um parágra- mano tem direito
fo geralmente mantém com outro uma relação de
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobre-
que muito bem essas relações. vivência das espécies.
 Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
seja, a ideia mais importante. para defender seus interesses.
 Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou c) de demandar ao sistema judicial a concretização de
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora seus direitos.
da resposta – o que vale não somente para Interpre- d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos
tação de Texto, mas para todas as demais questões! direitos de outros.
 Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi- e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão. essência de todos os direitos.
 Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, Resposta: Letra E. O ser humano tem direito a uma
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- vida digna, adequada, para que consiga gozar de seus
tem a outros vocábulos do texto. direitos – saúde, educação, segurança – e exercer seus
deveres plenamente, como prescrevem todos os di-
SITES reitos: (...) O direito à vida é a substância em torno da
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/por- qual todos os direitos se conjugam (...).
tugues/como-interpretar-textos
http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me- 2. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – SUPERIOR
lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas – CESPE – 2017)
http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-
-para-voce-interpretar-melhor-um.html Texto CG1A1BBB
http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
tao-117-portugues.htm Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição
da República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
EXERCÍCIOS COMENTADOS diretamente, nos termos desta Constituição.” Em virtude
desse comando, afirma-se que o poder dos juízes emana do
povo e em seu nome é exercido. A forma de sua investidura
1. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Cespe é legitimada pela compatibilidade com as regras do Estado
LÍNGUA PORTUGUESA

– 2017) de direito e eles são, assim, autênticos agentes do poder po-


pular, que o Estado polariza e exerce. Na Itália, isso é cons-
Texto CG1A1AAA tantemente lembrado, porque toda sentença é dedicada (in-
testata) ao povo italiano, em nome do qual é pronunciada.
A valorização do direito à vida digna preserva as duas Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do
faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com
do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro adaptações).

2
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação de-
marcados no tempo do universo narrado, como também
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel com de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, en-
fundamento no princípio da soberania popular. tre outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu.
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo Depois de muita conversa, resolveram...
voto popular, como ocorre com os representantes dos B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, descre-
demais poderes. vem características tanto físicas quanto psicológicas acer-
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, ca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
exercem o poder que lhes é conferido em nome de seus verbais aparecem demarcados no presente ou no preté-
nacionais. rito imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magistratu- da graúna...”
ra e o sistema democrático. C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um as-
e) os magistrados brasileiros exercem o poder constitucional sunto ou uma determinada situação que se almeje de-
que lhes é atribuído em nome do governo federal. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela acon-
tecer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o
Resposta: Letra A. A questão deve ser respondida segun- dia 02 de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo,
do o texto: (...) “Todo o poder emana do povo, que o exer- sob pena de perder o benefício.
ce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma modali-
termos desta Constituição.” Em virtude desse comando, dade na qual as ações são prescritas de forma sequencial,
afirma-se que o poder dos juízes emana do povo e em seu utilizando-se de verbos expressos no imperativo, infiniti-
nome é exercido (...). vo ou futuro do presente: Misture todos os ingrediente e
bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – SUPERIOR – E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-se pelo
CESPE – 2017 – ADAPTADA) No texto CG1A1BBB, o vocá- predomínio de operadores argumentativos, revelados
bulo ‘emana’ foi empregado com o sentido de por uma carga ideológica constituída de argumentos e
contra-argumentos que justificam a posição assumida
a) trata. acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo
b) provém. contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu
c) manifesta. espaço no mercado de trabalho, o que significa que os
d) pertence. gêneros estão em complementação, não em disputa.
e) cabe.
2. Gêneros Textuais
Resposta: Letra B. Dentro do contexto, “emana” tem o
sentido de “provém”. São os textos materializados que encontramos em nosso
cotidiano; tais textos apresentam características sócio-co-
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL municativas definidas por seu estilo, função, composição,
conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita culinária,
A todo o momento nos deparamos com vários textos, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, piada, de-
sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença bate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc.
do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que A escolha de um determinado gênero discursivo depende,
está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes inter- em grande parte, da situação de produção, ou seja, a finalidade
locutores são as peças principais em um diálogo ou em um do texto a ser produzido, quem são os locutores e os interlocu-
texto escrito. tores, o meio disponível para veicular o texto, etc.
É de fundamental importância sabermos classificar os Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esfe-
textos com os quais travamos convivência no nosso dia a ras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo,
dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais e são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais,
gêneros textuais. entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica são
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclo-
presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião pédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência.
sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar que
visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém que aca- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
bamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas situações
corriqueiras que classificamos os nossos textos naquela tra- Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
dicional tipologia: Narração, Descrição e Dissertação. Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
São Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

1. As tipologias textuais se caracterizam pelos aspec-


Português – Literatura, Produção de Textos & Gra-
tos de ordem linguística
mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Os tipos textuais designam uma sequência definida
pela natureza linguística de sua composição. São obser-
SITE
vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-textual.
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
htm
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.

3
Observação: Não foram encontradas questões B) O fonema z
abrangendo tal conteúdo. São escritos com S e não Z
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: fre-
guês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
ORTOGRAFIA OFICIAL
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta-
morfose.
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor- quiseste.
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som  Nomes derivados de verbos com radicais terminados
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender
língua são grafados segundo acordos ortográficos. - empresa / difundir – difusão.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras  Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções  Verbos derivados de nomes cujo radical termina com
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pes-
etimologia (origem da palavra). quisar.

São escritos com Z e não S


1. Regras ortográficas
 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
A) O fonema S Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
não termine com s): final - finalizar / concreto – con-
São escritas com S e não C/Ç cretizar.
 Palavras substantivadas derivadas de verbos com  Consoante de ligação se o radical não terminar com
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as- Exceção: lápis + inho – lapisinho.
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
submergir - submersão / divertir - diversão / im-
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir C) O fonema j
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / São escritas com G e não J
sentir - sensível / consentir – consensual.  Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
gesso.
São escritos com SS e não C e Ç  Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter-  Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
minem em gred, ced, prim ou com verbos ter- poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege,
foge.
minados por tir ou - meter: agredir - agressivo /
Exceção: pajem.
imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder
- cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /  Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, li-
regredir - regressão / oprimir - opressão / compro- tígio, relógio, refúgio.
meter - compromisso / submeter – submissão.  Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir,
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta mugir.
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-  Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir. gir.
 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.  Depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
Exemplos: ficasse, falasse. nado com j: ágil, agente.

São escritos com C ou Ç e não S e SS São escritas com J e não G


 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.  Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,  Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
Juçara, caçula, cachaça, cacique. manjerona.
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,  Palavras terminadas com aje: ultraje.
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car-
LÍNGUA PORTUGUESA

niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço. D) O fonema ch


 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / São escritas com X e não CH
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.  Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
 Após ditongos: foice, coice, traição. caxi, xucro.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,  Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab- lagartixa.
sorto – absorção.  Depois de ditongo: frouxo, feixe.
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.

4
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS

São escritas com CH e não X 1. Por que / por quê / porquê / porque
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal- POR QUE (separado e sem acento)
sicha.
É usado em:
E) As letras “e” e “i” 1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. gação) = Por que você não veio ontem?
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve- que faltara à aula ontem.
mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
e -uir: trai, dói, possui, contribui. Ignoro o motivo por que ele se demitiu.

POR QUÊ (separado e com acento)
FIQUE ATENTO!
Há palavras que mudam de sentido quando Usos:
substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área 1. como pronome interrogativo, quando colocado no
(superfície), ária (melodia) / delatar (denun- fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
ciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à tona), Você faltou. Por quê?
imergir (mergulhar) / peão (de estância, que 2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
anda a pé), pião (brinquedo). quê?

PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)


#FicaDica
Usos:
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto 1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
à ortografia de uma palavra, há a possibili- a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
dade de consultar o Vocabulário Ortográfi- ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado final) = Compre agora, porque há poucas peças.
pela Academia Brasileira de Letras. É uma 2. como conjunção subordinativa causal, substituível
obra de referência até mesmo para a criação por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
de dicionários, pois traz a grafia atualizada que se antecipou.
das palavras (sem o significado). Na Internet,
o endereço é www.academia.org.br. PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)

Usos:
2. Informações importantes 1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (por-
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro- quês). Geralmente é precedido por artigo = Não
núncias diferentes para palavras com a mesma significa- sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia de
ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, porquês.
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re- 2. ONDE / AONDE
lampejar/relampear/relampar/relampadar.
Os símbolos das unidades de medida são escritos Onde = empregado com verbos que não expressam
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar a ideia de movimento = Onde você está?
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
20km, 120km/h. Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L. que expressam movimento = Aonde você vai?
LÍNGUA PORTUGUESA

Na indicação de horas, minutos e segundos, não 3. MAU / MAL


deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi- Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
nutos e trinta e quatro segundos). como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é
O símbolo do real antecede o número sem espaço: um mau elemento.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
ra vertical ($). Mal = pode ser usado como

5
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
mal na prova? combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou -Hungria, Angola-Brasil, etc.
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
não compensa. per- quando associados com outro termo que é
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -racional, etc.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-dire-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. tor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
Paulo: Saraiva, 2010. pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- etc.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002. 10.Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
SITE pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
semi-hospitalar, super-homem.
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
ortografia 11.Nas formações em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
4. Hífen mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au-
to-observação, etc.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
para ligar os elementos de palavras compostas (como mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabili-
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto- tar.
nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; #FicaDica
compa-/nheiro). Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mu-
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma dança de linha), caso a última palavra a ser
Ortográfica: escrita seja formada por hífen, repita-o na
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
1. Em palavras compostas por justaposição que for- flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
que se unem para formam um novo significado: (hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- mação, pode ser que a repetição do hífen na
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, translineação não ocorra em meus conteú-
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. dos, mas saiba que a regra é esta!

2. Em palavras compostas por espécies botânicas e


zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, B) Não se emprega o hífen:
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefi-
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- xo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
LÍNGUA PORTUGUESA

ro, recém-casado. consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,


microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
gumas exceções continuam por já estarem con- 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
queima-roupa, deus-dará. cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-

6
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. à demanda e o trecho “tomem conhecimento dos atos
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos acontecidos no correr do procedimento” fosse, por sua
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” vez, substituído por conheçam os atos havidos no trans-
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. curso do acontecimento.

4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando ( ) CERTO ( ) ERRADO


o segundo elemento começar com “o”: coopera-
ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
coedição, coexistir, etc. intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a
primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in-
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no- correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há
ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, a necessidade de avaliar a segunda substituição.
paraquedista, etc.
LETRA E FONEMA
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
feito, benquerer, benquerido, etc. A palavra fonologia é formada pelos elementos gre-
gos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimen-
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon- to”). Significa literalmente “estudo dos sons” ou “estudo
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte, dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina- estuda os sons da língua quanto à sua função no sistema
do, pressuposto, propor. de comunicação linguística, quanto à sua organização e
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio- classificação. Cuida, também, de aspectos relacionados à
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre- divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da
-humano, super-realista, alto-mar. forma correta de pronunciar certas palavras. Lembrando
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, estes sons no ato da fala. Particularidades na pronúncia
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, de cada falante são estudadas pela Fonética.
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. Na língua falada, as palavras se constituem de fo-
nemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA por meio de símbolos gráficos, chamados de letras ou
grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significa-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. do entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os
fonemas que marcam a distinção entre os pares de pala-
SITE vras: amor – ator / morro – corro / vento - cento

http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/orto- Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua


grafia portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica
que você - como falante de português - guarda de cada
um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema.
Este forma os significantes dos signos linguísticos. Geral-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
mente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/,
/v/, etc.
1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE-
DERAL – CESPE – 2013 – ADAPTADA) O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta
é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo,
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concate- por exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê);
nados são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/
de comunicação, os quais são indispensáveis para que os (lê-se zê).
sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos acon- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por
tecidos no correr do procedimento e se habilitem a exercer mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/,
os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus que a lei que pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casa-
lhes impõe. mento, exílio.
LÍNGUA PORTUGUESA

Disponível em: <http://jus.com.br> (com adapta- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais
ções). de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:

No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes. A) o fonema /sê/: texto
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do B) o fonema /zê/: exibir
texto nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solu- C) o fonema /che/: enxame
cionar o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução D) o grupo de sons /ks/: táxi

7
O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.
Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1234567 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta.
Nestas palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema;
dança: o “n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

1 Classificação dos Fonemas

Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1.1 Vogais

As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa
língua, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única
vogal.
Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:
Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
/ã/: fã, canto, tampa
/ ẽ /: dente, tempero
/ ĩ/: lindo, mim
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum
Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, bola.
Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, bola.

Quanto ao timbre, as vogais podem ser:


Abertas: pé, lata, pó
Fechadas: mês, luta, amor
Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”).

1.2 Semivogais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma só
emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas são chamados de semivogais. A diferença fundamental entre
vogais e semivogais está no fato de que estas não desempenham o papel de núcleo silábico.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade,
história, série.

1.3 Consoantes

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca-
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verdadeiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Seu nome provém justamente desse fato, pois, em português, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: /b/,
/t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.

2. Encontros Vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante reco-
nhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo e o hiato.

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A) Ditongo

É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal: sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal: pai (a = vogal, i = semivogal)
Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais: mãe

B) Tritongo

É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba. Pode
ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tritongo nasal.

C) Hiato

É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia (po-e-si-a).

3. Encontros Consonantais

O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
Existem basicamente dois tipos:
A) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r” e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
a-tle-ta, cri-se.
B) os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo, psi-
-có-lo-go.

4. Dígrafos

De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras.
Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.
Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ foram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra).
Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos: con-
sonantais e vocálicos.

A) Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
LÍNGUA PORTUGUESA

xc /se/ exceção

B) Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

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Fonemas Letras Exemplos
/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

Observação:
“gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/: guitarra, aquilo. Nestes
casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” representa um fonema - se-
mivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há dígrafos quando são
seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo).

#FicaDica
Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /
agua/ pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em
guitarra = /gitara/ - não pronunciamos o “u”, então temos dígrafo (aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”). Portanto:
8 letras e 6 fonemas.

5. Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos!), existe letra que representa dois fonemas.
Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos de dífonos.
Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Saraiva,
2010.

SITE

http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php

Observação: Não foram encontradas questões abrangendo tal conteúdo.

ACENTUAÇÃO GRÁFICA
LÍNGUA PORTUGUESA

ACENTUAÇÃO

Quanto à acentuação, observamos que algumas palavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se dá
maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por isso, vamos às regras!

1. Regras básicas

10
A acentuação tônica está relacionada à intensida- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras. não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
com menos intensidade, são denominadas de átonas. #FicaDica
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
cadas como: esta palavra apresenta as terminações das
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – ficará mais fácil a memorização!
papel

Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-


ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan-
do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte).
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti- Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí-
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus tonas são acentuadas, independentemente de sua
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere.
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando 2.2 Regras especiais
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
2 Os acentos abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” palavras paroxítonas.
e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas
letras representam as vogais tônicas de palavras
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indi- FIQUE ATENTO!
ca, além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber-
(ditongos abertos). tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe- tuados: dói, escarcéu.
chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles Antes Agora
D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
assembléia assembleia
mente abolido das palavras. Há uma exceção: é
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios idéia ideia
estrangeiros: mülleriano (de Müller) geléia geleia
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
jibóia jiboia
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
apóia (verbo apoiar) apoia
2.1 Regras fundamentais paranóico paranoico

A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas 2.3 Acento Diferencial


terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do
plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per-
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do
LÍNGUA PORTUGUESA

Indicativo do mesmo verbo).


B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminadas em: terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
i, is: táxi – lápis – júri mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum para que saibamos se se trata de um verbo ou preposi-
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – ção.
fórceps
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos

11
Os demais casos de acento diferencial não são mais Repare:
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama- Elza lê bem! / Todas leem bem!
ticais são definidos pelo contexto. Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
Polícia para o trânsito para que se realize a operação garotos deem o recado!
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con- Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
junção (com relação de finalidade). Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à
tarde!
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz,
#FicaDica com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou
“i” não serão mais acentuadas:
Quando, na frase, der para substituir o “por”
por “colocar”, estaremos trabalhando com
Antes Depois
um verbo, portanto: “pôr”; nos demais ca-
sos, “por” é preposição: Faço isso por você. apazigúe (apaziguar) apazigue
/ Posso pôr (colocar) meus livros aqui? averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui

Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa


2.4 Regra do Hiato
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo
vir). A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun- reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles
da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm.
acento: saída – faísca – baú – país – Luís
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
verem seguidas do dígrafo nh: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja,
ra-i-nha, ven-to-i-nha. Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie- Saraiva, 2010.
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando SITE
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm

Antes Agora
bocaiúva bocaiuva EXERCÍCIOS COMENTADOS
feiúra feiura
Sauípe Sauipe 1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi conformidade com a mesma regra ortográfica.
abolido:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Antes Agora
Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona
crêem creem
terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa-
lêem leem roxítona terminada em ditongo
vôo voo Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona
terminada em ditongo.
enjôo enjoo Observação: nestes casos, admitem-se as separações
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxíto-
#FicaDica nas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os 2. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –


verbos que, no plural, dobram o “e”, mas 2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do
que não recebem mais acento como antes: acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
CRER, DAR, LER e VER.
( ) CERTO ( ) ERRADO

12
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / míni- de cabelo capilar
mos = proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mes-
ma regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”). de cabra caprino
de campo campestre ou rural
3. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE de chuva pluvial
– 2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência”
recebem acento gráfico com base na mesma regra de de criança pueril
acentuação gráfica. de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
( ) CERTO ( ) ERRADO
de falcão falconídeo
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada de farinha farináceo
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton- de fera ferino
go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os
de ferro férreo
três vocábulos são acentuados devido à mesma regra.
de fogo ígneo
4. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE de garganta gutural
– 2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de
de gelo glacial
acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
de guerra bélico
( ) CERTO ( ) ERRADO de homem viril ou humano
de ilha insular
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em
“o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = mo- de inverno hibernal ou invernal
nossílaba terminada em ditongo aberto “éu”. de lago lacustre
de leão leonino
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRA; EMPREGO/ de lebre leporino
CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
1. ADJETIVO de mestre magistral
de ouro áureo
É a palavra que expressa uma qualidade ou de paixão passional
característica do ser e se relaciona com o substantivo,
de pâncreas pancreático
concordando com este em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas. de porco suíno ou porcino
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos dos quadris ciático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de rio fluvial
Locução adjetiva de sonho onírico
de velho senil
Locução = reunião de palavras. Sempre que são
de vento eólico
necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a
mesma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição de vidro vítreo ou hialino
+ substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a de virilha inguinal
Locução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). de visão óptico ou ótico
Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
freio (paixão desenfreada). Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo
Observe outros exemplos: correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas
da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
LÍNGUA PORTUGUESA

de águia aquilino
de aluno discente Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de anjo angelical
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
de ano anual dentro de uma oração) relativas aos substantivos,
de aranha aracnídeo atuando como adjunto adnominal ou como predicativo
(do sujeito ou do objeto).
de boi bovino

13
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona
no feminino somente o último elemento: o moço
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. norte-americano, a moça norte-americana.
Observe alguns deles: Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Estados e cidades brasileiras: B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o


masculino como para o feminino: homem feliz e
Alagoas alagoano mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável
Amapá amapaense no feminino: conflito político-social e desavença político-
Aracaju aracajuano ou aracajuense social.
Amazonas amazonense ou baré
Número dos Adjetivos
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense A) Plural dos adjetivos simples
Cabo Frio cabo-friense
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
Campinas campineiro ou campinense
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
Adjetivo Pátrio Composto
ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja,
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente,
se a palavra que estiver qualificando um elemento for,
erudita. Observe alguns exemplos:
originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma
primitiva. Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um
África afro- / Cultura afro-americana substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento,
germano- ou teuto-/Competições funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo:
Alemanha camisas cinza, ternos cinza.
teuto-inglesas
Motos vinho (mas: motos verdes)
américo- / Companhia américo-
América Paredes musgo (mas: paredes brancas).
africana
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
belgo- / Acampamentos belgo-
Bélgica
franceses B) Adjetivo Composto
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português É aquele formado por dois ou mais elementos.
Normalmente, esses elementos são ligados por hífen.
Europa euro- / Negociações euro-americanas Apenas o último elemento concorda com o substantivo
franco- ou galo- / Reuniões franco- a que se refere; os demais ficam na forma masculina,
França
italianas singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo
Grécia greco- / Filmes greco-romanos composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o
adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro.
Flexão dos adjetivos
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Gênero dos Adjetivos
Observação:
LÍNGUA PORTUGUESA

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se


Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
referem (masculino e feminino). De forma semelhante
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
aos substantivos, classificam-se em:
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste,
vestidos cor-de-rosa.
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois
masculino e outra para o feminino: ativo e ativa,
elementos flexionados: crianças surdas-mudas.
mau e má.

14
Grau do Adjetivo • Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a
intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do Observe alguns superlativos sintéticos:
adjetivo: o comparativo e o superlativo.
benéfico beneficentíssimo
A) Comparativo
bom boníssimo ou ótimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou comum comuníssimo
mais características atribuídas ao mesmo ser. cruel crudelíssimo
O comparativo pode ser de igualdade, de difícil dificílimo
superioridade ou de inferioridade.
doce dulcíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de fácil facílimo
Igualdade fiel fidelíssimo

No comparativo de igualdade, o segundo termo da B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
ou quão. seres. Essa relação pode ser:
• De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de todas.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- • De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de todas.
perioridade
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
Inferioridade antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo formas: uma erudita - de origem latina – e outra popular
de superioridade, formas sintéticas, herdadas do - de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
latim. São eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/ radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo
pior, alto/superior, grande/maior, baixo/inferior. ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; a popular é
constituída do radical do adjetivo português + o sufixo
Observe que: -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
• As formas menor e pior são comparativos de Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
superioridade, pois equivalem a mais pequeno e com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os
mais mau, respectivamente. terminados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo,
• Bom, mau, grande e pequeno têm formas cheio – cheíssimo.
sintéticas (melhor, pior, maior e menor), porém, em
comparações feitas entre duas qualidades de um REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
mesmo elemento, deve-se usar as formas analíticas
mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Por exemplo: Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois – São Paulo: Saraiva, 2010.
elementos. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
duas qualidades de um mesmo elemento. Português: novas palavras: literatura, gramática,
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In- redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
ferioridade
Sou menos passivo (do) que tolerante. SITE

B) Superlativo Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/


O superlativo expressa qualidades num grau muito secoes/morf/morf32.php>
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou
relativo e apresenta as seguintes modalidades:
LÍNGUA PORTUGUESA

2. ADVÉRBIO

B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a Compare estes exemplos:


qualidade de um ser é intensificada, sem relação O ônibus chegou.
com outros seres. Apresenta-se nas formas: O ônibus chegou ontem.
• Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Advérbio é uma palavra invariável que modifica o
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado. sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de

15
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao
do próprio advérbio. lado, em volta.
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
(bem) antes, doravante, nunca, então, ora, jamais,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
adjetivo (claros) constantemente, entrementes, imediatamente,
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Quando modifica um verbo, o advérbio pode
quando, de quando em quando, a qualquer momento,
acrescentar ideia de:
de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Tempo: Ela chegou tarde. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
Lugar: Ele mora aqui. acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas,
Modo: Eles agiram mal. à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito,
Negação: Ela não saiu de casa. desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente,
Dúvida: Talvez ele volte. lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior parte dos
que terminam em “-mente”: calmamente, tristemente,
Flexão do Advérbio propositadamente, pacientemente, amorosamente,
docemente, escandalosamente, bondosamente,
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não generosamente.
apresentam variação em gênero e número. Alguns D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
advérbios, porém, admitem a variação em grau. Observe: efetivamente, certo, decididamente, deveras,
indubitavelmente.
A) Grau Comparativo E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
modo que o comparativo do adjetivo: F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente,
provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como):
quem sabe.
Renato fala tão alto quanto João.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão,
que): Renato fala menos alto do que João. tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo,
• de superioridade: quase, de todo, de muito, por completo, extremamente,
intensamente, grandemente, bem (quando aplicado a
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato propriedades graduáveis).
fala mais alto do que João. H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão,
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato somente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
fala melhor que João. Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
I)Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também.
B) Grau Superlativo Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante
O superlativo pode ser analítico ou sintético: a adolescência.
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
Renato fala muito alto. exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio meus amigos por comparecerem à festa.
de modo
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala Saiba que:
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
altíssimo.
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei o
mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos tarde
Observação:
possível.
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, em
comuns na língua popular. geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu calma
Maria mora pertinho daqui. (muito perto) e respeitosamente.
A criança levantou cedinho. (muito cedo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido
Classificação dos Advérbios
LÍNGUA PORTUGUESA

Há palavras como muito, bastante, que podem


De acordo com a circunstância que exprime, o aparecer como advérbio e como pronome indefinido.
advérbio pode ser de: Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém,
embaixo, externamente, a distância, à distância de,

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#FicaDica
Como saber se a palavra bastante é advérbio (não varia, não se flexiona) ou pronome
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” por “muito”,
estamos diante de um advérbio; se der para substituir por “muitos” (ou muitas), é um
pronome. Veja:
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei muitos capítulos) = pronome
indefinido

Advérbios Interrogativos

São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes às
circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:

Interrogação Direta Interrogação Indireta


Como aprendeu? Perguntei como aprendeu
Onde mora? Indaguei onde morava
Por que choras? Não sei por que choras
Aonde vai? Perguntei aonde ia
Donde vens? Pergunto donde vens
Quando voltas? Pergunto quando voltas

Locução Adverbial

Quando há duas ou mais palavras que exercem função de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expressar as
mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro, por aqui, etc.
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral, frente a frente, etc.
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em dia, nunca mais, etc.

A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:


Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
De repente correram para a rua. (verbo)

Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advérbio: Cheguei primeiro.

Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução adverbial desempenham na oração a função de adjunto adverbial,
classificando-se de acordo com as circunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensidade e de tempo, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE

Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.php>

17
3. ARTIGO Após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- candidato cuja nota foi a mais alta.
se como o termo variável que serve para individualizar ou
generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as variações CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
“a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações “uma”[s] e Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
“uns]). – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
determinados, expressos de forma individual: O SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
muito. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres Cochar - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
de modo vago, impreciso: Uma candidata foi – São Paulo: Saraiva, 2010.
aprovada! Umas candidatas foram aprovadas!
SITE
Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois gramatica/artigo.htm>
do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal
conteúdo. 4. CONJUNÇÃO
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Além da preposição, há outra palavra também
Janeiro, Veneza, A Bahia... invariável que, na frase, é usada como elemento de
Quando indicado no singular, o artigo definido pode ligação: a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. duas palavras de mesma função em uma oração:
No caso de nomes próprios personativos, denotando a
ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O Pedro é São Paulo.
o xodó da família. A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
No caso de os nomes próprios personativos estarem no
plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Morfossintaxe da Conjunção
Incas, Os Astecas...
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) As conjunções, a exemplo das preposições, não
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
exercem propriamente uma função sintática: são
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
conectivos.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
(qualquer classe) Classificação da Conjunção
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
vinte anos. pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse
O artigo também é usado para substantivar palavras isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o porquê de sentido que cada um dos elementos possui. Já no
de tudo isso. / O bem vence o mal. segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
conjunção depende da existência do outro. Veja:
Há casos em que o artigo definido não pode ser
usado: Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
LÍNGUA PORTUGUESA

conhecidas: O professor visitará Roma.


Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a presença
Temos acima um exemplo de conjunção (e,
do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela Roma.
consequentemente, orações coordenadas) coordenativa
– “mas”. Já em:
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria Espero que eu seja aprovada no concurso!
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa? Não conseguimos separar uma oração da outra, pois

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a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração Integrantes - Indicam que a oração subordinada
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período por elas introduzida completa ou integra o sentido
temos uma oração subordinada substantiva objetiva da principal. Introduzem orações que equivalem
direta (ela exerce a função de objeto direto do verbo da a substantivos, ou seja, as orações subordinadas
oração principal). substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De
e independente ou termos da oração que têm a mesma acordo com a circunstância que expressam, classificam-
função gramatical. Subdividem-se em: se em:

A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e ocorrência da oração principal. São elas: porque,
não), não só... mas também, não só... como também, que, como (= porque, no início da frase), pois que,
bem como, não só... mas ainda. visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
A sua pesquisa é clara e objetiva. que, etc.
Não só dança, mas também canta. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.

B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
expressando ideia de contraste ou compensação. ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda
no entanto, não obstante. que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. mais que, posto que, conquanto, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
C) Alternativas: ligam orações ou palavras,
expressando ideia de alternância ou escolha, C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
indicando fatos que se realizam separadamente. a hipótese ou a condição para ocorrência da
São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se,
seja... seja, talvez... talvez. a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. Se precisar de minha ajuda, telefone-me.

D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração


que expressa ideia de conclusão ou consequência. #FicaDica
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por Você deve ter percebido que a conjunção
conseguinte, por isso, assim. condicional “se” também é conjunção
Marta estava bem preparada para o teste, portanto integrante. A diferença é clara ao ler as
não ficou nervosa. orações que são introduzidas por ela. Acima,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. ela nos dá a ideia da condição para que
recebamos um telefonema (se for preciso
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração ajuda). Já na oração: Não sei se farei o
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São concurso. = Não há ideia de condição
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração
Não demore, que o filme já vai começar. principal (sei) pede complemento (objeto
Falei muito, pois não gosto do silêncio! direto, já que “quem não sabe, não sabe
algo”). Portanto, a oração em destaque
Conjunções Subordinativas exerce a função de objeto direto da oração
principal, sendo classificada como oração
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma subordinada substantiva objetiva direta.
delas dependente da outra. A oração dependente,
introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o
nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já D) Conformativas: introduzem uma oração que
tinha começado quando ela chegou. exprime a conformidade de um fato com outro.
LÍNGUA PORTUGUESA

O baile já tinha começado: oração principal São elas: conforme, como (= conforme), segundo,
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) consoante, etc.
ela chegou: oração subordinada O passeio ocorreu como havíamos planejado.

As conjunções subordinativas subdividem-se em E) Finais: introduzem uma oração que expressa


integrantes e adverbiais: a finalidade ou o objetivo com que se realiza a
oração principal. São elas: para que, a fim de que,

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que, porque (= para que), que, etc. 5. INTERJEIÇÃO
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
Interjeição é a palavra invariável que exprime
F) Proporcionais: introduzem uma oração que expressa emoções, sensações, estados de espírito. É um recurso da
um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada
do expresso na principal. São elas: à medida que, de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
à proporção que, ao passo que e as combinações sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
quanto mais... (mais), quanto menos... (menos), quanto decorrente de uma situação particular, um momento ou
menos... (mais), quanto menos... (menos), etc. um contexto específico. Exemplos:
O preço fica mais caro à medida que os produtos
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
escasseiam.
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em hum: expressão de um pensamento súbito =
que, na medida que e na medida em que. interjeição

G) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta O significado das interjeições está vinculado à maneira
uma circunstância de tempo ao fato expresso na como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde em que for utilizada. Exemplos:
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= assim
que), etc. Psiu!
A briga começou assim que saímos da festa. contexto: alguém pronunciando esta expressão
na rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te
H) Comparativas: introduzem uma oração que expressa chamando! Ei, espere!”
ideia de comparação com referência à oração
principal. São elas: como, assim como, tal como, como Psiu!
se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, contexto: alguém pronunciando em um hospital;
quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado
significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
com menos ou mais), etc.
silêncio!”
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.

I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de puxa: interjeição; tom da fala: euforia
modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito
que, que (tendo como antecedente na oração principal Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
exame. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo
alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito
FIQUE ATENTO! interessante!
Muitas conjunções não têm classificação B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
única, imutável, devendo, portanto, ser minha frente.
classificadas de acordo com o sentido que
apresentam no contexto (destaque da Zê!). As interjeições podem ser formadas por:
• simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
• palavras: Oba! Olá! Claro!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Deus! Ora bolas!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Classificação das Interjeições
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. Comumente, as interjeições expressam sentido de:
– São Paulo: Saraiva, 2010. A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
LÍNGUA PORTUGUESA

AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Atenção! Olha! Alerta!
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
SITE D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ Ânimo! Adiante!
secoes/morf/morf84.php> F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!

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G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente!
Essa não! Chega! Basta! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Queira Deus! CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
J) Desculpa: Perdão! - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
M)Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! SITE
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
Puxa! Pô! Ora! secoes/morf/morf89.php>
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! 6. NUMERAL
Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
Deus! Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa
determinada sequência.
Saiba que: Os numerais traduzem, em palavras, o que os números
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão
sofrem variação em gênero, número e grau como os é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se trata de
nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto numerais, mas sim de algarismos.
e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
algumas interjeições sofrem variação em grau. Não se a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
trata de um processo natural desta classe de palavra, mas palavras consideradas numerais porque denotam
tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. quantidade, proporção ou ordenação. São alguns
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.

Locução Interjetiva Classificação dos Numerais

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma A) Cardinais: indicam quantidade exata ou
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem determinada de seres: um, dois, cem mil, etc.
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Alguns cardinais têm sentido coletivo, como por
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exemplo: século, par, dúzia, década, bimestre.
exclamativo torna-se uma locução interjetiva, B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
dispensando análise dos termos que a compõem: ou alguma coisa ocupa numa determinada
Macacos me mordam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! sequência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
1. As interjeições são como frases resumidas,
sintéticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) final e penúltimo também indicam posição dos seres,
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
é o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
classes gramaticais podem aparecer como interjeições. C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! Francamente! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
(Advérbios) quintos, etc.
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto! foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou
imitativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Flexão dos numerais
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque!
Quá-quá-quá!, etc. Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
LÍNGUA PORTUGUESA

5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó» uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
com a sua homônima «oh!», que exprime admiração, duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do «oh!» quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
exclamativo e não a fazemos depois do «ó» vocativo. variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo cardinais são invariáveis.
Bilac)

21
Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro segundo milésimo


primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido.
É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de centenas,
dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto: 8.234.456
ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhecida
como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos e
noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos reais.
(R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e,
a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)

Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

22
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua
utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


Um Primeiro -
Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo
Onze Décimo Primeiro - Onze Avos
Doze Décimo Segundo - Doze Avos
Treze Décimo Terceiro - Treze Avos
Catorze Décimo Quarto - Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto - Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto - Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo - Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo - Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono - Dezenove Avos
Vinte Vigésimo - Vinte Avos
Trinta Trigésimo - Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo - Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo - Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo - Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo - Setenta Avos
Oitenta Octogésimo - Oitenta Avos
Noventa Nonagésimo - Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo - Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo - Trecentésimo
Quatrocentos Quadringentésimo - Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo - Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo - Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

Novecentos Nongentésimo ou Noningentésimo Nongentésimo


Mil Milésimo Milésimo
Milhão Milionésimo Milionésimo
Milhão Bilionésimo Bilionésimo

23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição
+ “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pronome “aquilo”).
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza O “a” pode funcionar como preposição, pronome
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
– São Paulo: Saraiva, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: para determiná-lo como um substantivo singular e
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. feminino: A matéria que estudei é fácil!
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
SITE termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é
secoes/morf/morf40.php> artigo; o segundo, preposição.

7. PREPOSIÇÃO Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o


lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
Preposição é uma palavra invariável que serve para apostila. = Nós a trouxemos.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece,
normalmente há uma subordinação do segundo termo Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
em relação ao primeiro. As preposições são muito por meio das preposições:
importantes na estrutura da língua, pois estabelecem
a coesão textual e possuem valores semânticos Destino = Irei a Salvador.
indispensáveis para a compreensão do texto. Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
Tipos de Preposição Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam Causa = Chorei de saudade.
exclusivamente como preposições: a, ante, perante, Fim ou finalidade = Vim para ficar.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Instrumento = Escreveu a lápis.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Posse = Vi as roupas da mamãe.
com. Autoria = livro de Machado de Assis
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Companhia = Estarei com ele amanhã.
gramaticais que podem atuar como preposições, Matéria = copo de cristal.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Meio = passeio de barco.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, Origem = Nós somos do Nordeste.
segundo, senão, visto. Conteúdo = frascos de perfume.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
valendo como uma preposição, sendo que a última Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de,
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por prepositiva por trás de.
cima de, por trás de.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a = pela. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Essa concordância não é característica da preposição, Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
mas das palavras às quais ela se une. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Esse processo de junção de uma preposição com AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
outra palavra pode se dar a partir dos processos de: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

• Combinação: união da preposição “a” com o artigo


“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. SITE
Os vocábulos não sofrem alteração.
• Contração: união de uma preposição com outra Disponível em: <http://www.infoescola.com/
palavra, ocorrendo perda ou transformação de portugues/preposicao/>
fonema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos,
de + aquele = daquele, em + isso = nisso.

24
8. PRONOME A) Pronome Reto

Pronome é a palavra variável que substitui ou Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na
acompanha um substantivo (nome), qualificando-o de sentença, exerce a função de sujeito: Nós lhe
alguma forma. ofertamos flores.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o Os pronomes retos apresentam flexão de número,
homem destrói a natureza... gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é essa última a principal flexão, uma vez que marca
superior à natureza, por isso ele a destrói... a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos pronomes retos é assim configurado:
(homem e natureza).
1.ª pessoa do singular: eu
Grande parte dos pronomes não possuem significados 2.ª pessoa do singular: tu
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 3.ª pessoa do singular: ele, ela
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar 1.ª pessoa do plural: nós
a referência exata daquilo que está sendo colocado 2.ª pessoa do plural: vós
por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com 3.ª pessoa do plural: eles, elas
exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
demais pronomes têm por função principal apontar para Esses pronomes não costumam ser usados como
as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
complementos verbais na língua-padrão. Frases como
lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
dessa característica, os pronomes apresentam uma forma
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem
específica para cada pessoa do discurso.
ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”,
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
“Trouxeram-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala]
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem Frequentemente observamos a omissão do pronome
se fala] reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
formas verbais marcam, através de suas desinências, as
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número boa viagem. (Nós)
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
através do pronome seja coerente em termos de gênero B) Pronome Oblíquo
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da sentença, exerce a função de complemento verbal
nossa escola neste ano. (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância Observação:
adequada] O pronome oblíquo é uma forma variante do pronome
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
concordância inadequada] que eles desempenham na oração: pronome reto marca o
sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, da oração. Os pronomes oblíquos sofrem variação de
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. acordo com a acentuação tônica que possuem, podendo
ser átonos ou tônicos.
Pronomes Pessoais
B.1 Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
são precedidos de preposição. Possuem acentuação
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes
LÍNGUA PORTUGUESA

tônica fraca: Ele me deu um presente.


“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se
Lista dos pronomes oblíquos átonos
dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à
1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala.
2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
funções que exercem nas orações, podendo ser do caso
1.ª pessoa do plural (nós): nos
reto ou do caso oblíquo.
2.ª pessoa do plural (vós): vos
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

25
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
FIQUE ATENTO! mim!
Os pronomes o, os, a, as assumem formas A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
especiais depois de certas terminações originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
verbais: conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou companhia: Ele carregava o documento consigo.
-r, o pronome assume a forma lo, los, la
ou las, ao mesmo tempo que a terminação A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: Ela
verbal é suprimida. Por exemplo: veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fiz + o = fi-lo
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
fazeis + o = fazei-lo
prova, até eu! (= inclusive eu)
dizer + a = dizê-la
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
2. Quando o verbo termina em som nasal,
“com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são
o pronome assume as formas no, nos, na, reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
nas. Por exemplo: todos, ambos ou algum numeral.
viram + o: viram-no Você terá de viajar com nós todos.
repõe + os = repõe-nos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
retém + a: retém-na notícias.
tem + as = tem-nas Ele disse que iria com nós três.

B.3 Pronome Reflexivo


B.2 Pronome Oblíquo Tônico
São pronomes pessoais oblíquos que, embora
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos funcionem como objetos direto ou indireto, referem-
por preposições, em geral as preposições a, para, se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica
de e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos e recebe a ação expressa pelo verbo.
exercem a função de objeto indireto da oração.
Possuem acentuação tônica forte. Lista dos pronomes reflexivos:
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo =
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco Guilherme já se preparou.
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Ela deu a si um presente.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas Antônio conversou consigo mesmo.

Observe que as únicas formas próprias do pronome 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. com esta conquista.
As preposições essenciais introduzem sempre pronomes 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da língua
formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
#FicaDica
Não há mais nada entre mim e ti. O pronome é reflexivo quando se refere à
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. mesma pessoa do pronome subjetivo (sujeito):
Não há nenhuma acusação contra mim. Eu me arrumei e saí.
Não vá sem mim. É pronome recíproco quando indica
reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /
Há construções em que a preposição, apesar de surgir Olhamo-nos calados.
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração O “se” pode ser usado como palavra expletiva
LÍNGUA PORTUGUESA

cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser necessária e sem função sintática: Os
do caso reto. exploradores riam-se de suas tentativas. / Será
que eles se foram?
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.

26
C) Pronomes de Tratamento possessivos e os pronomes oblíquos empregados em
relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
São pronomes utilizados no tratamento formal, Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
cerimonioso. Apesar de indicarem nosso para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
interlocutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam
o verbo na terceira pessoa. Alguns exemplos: 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar
religiosos em geral
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior terceira pessoa.
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
professores de curso superior, ministros de Estado Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
e de Tribunais, governadores, secretários de Estado, teus cabelos. (errado)
presidente da República (sempre por extenso)
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
universidades seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ou
oficiais até a patente de coronel, chefes de seção e
funcionários de igual categoria Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
de direito
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Pronomes Possessivos
cerimonioso
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
(coisa possuída).
Também são pronomes de tratamento o senhor,
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” singular)
são empregados no tratamento cerimonioso; “você”
e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são
largamente empregados no português do Brasil; em Número Pessoa Pronome
algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em Singular Primeira Meu(s), minha(s)
outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito Singular Segunda Teu(s), tua(s)
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Singular Terceira Seu(s), sua(s)
Observações: Plural Primeira Nosso(s), nossa(s)
Plural Segunda Vosso(s), vossa(s)
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes
de tratamento que possuem “Vossa(s)” são Plural Terceira Seu(s), sua(s)
empregados em relação à pessoa com quem
Note que:
falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a
compareça a este encontro.
que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto
possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito momento difícil.
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Observações:
República, agiu com propriedade.
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
3. Os pronomes de tratamento representam uma da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu
forma indireta de nos dirigirmos aos nossos José.
interlocutores. Ao tratarmos um deputado por 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse.
Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos Podem ter outros empregos, como:
LÍNGUA PORTUGUESA

endereçando à excelência que esse deputado


supostamente tem para poder ocupar o cargo que A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
ocupa. B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
anos.
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes

27
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
Excelência trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se
falou:
4. Referindo-se a mais de um substantivo, o Sua aprovação no concurso, isso é o que mais
possessivo concorda com o mais próximo: Trouxe- desejamos!
me seus livros e anotações.
Este e aquele são empregados quando se quer fazer
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais referência a termos já mencionados; aquele se
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou refere ao termo referido em primeiro lugar e este
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) para o referido por último:

6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
próprio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá- Paulo; este está mais bem colocado que aquele. (=
lo, para que não ocorra redundância: Coloque tudo este [São Paulo], aquele [Palmeiras])
nos respectivos lugares.
ou
Pronomes Demonstrativos
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
São utilizados para explicitar a posição de certa Paulo; aquele está mais bem colocado que este. (=
palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação este [São Paulo], aquele [Palmeiras])
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
A) Em relação ao espaço: invariáveis, observe:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
pessoa que fala: aquela(s).
Este material é meu. Invariáveis: isto, isso, aquilo.

Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu? • o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está aquilo.
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
com quem se fala: Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Aquele material não é nosso. indiquei.)
Vejam aquele prédio!
• mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s):
B) Em relação ao tempo: variam em gênero quando têm caráter reforçativo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
relação à pessoa que fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Esta manhã farei a prova do concurso! Elas mesmas fizeram isso.
Eles próprios cozinharam.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, Os próprios alunos resolveram o problema.
porém relativamente próximo à época em que se
situa a pessoa que fala: • semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!
• tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamento
no tempo, referido de modo vago ou como tempo 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
remoto: eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Naquele tempo, os professores eram valorizados. (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se
refere à pessoa mencionada em último lugar;
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se aquele, à mencionada em primeiro lugar.


falará ou escreverá): 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
se falará: em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
ortografia, concordância. que estava vendo. (no = naquilo)

28
Pronomes Indefinidos Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
Trabalho todo dia. (= todos os dias)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso,
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
quantidade indeterminada. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal
plantadas. qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
ou outra, etc.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa Cada um escolheu o vinho desejado.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser Pronomes Relativos
humano que seguramente existe, mas cuja identidade é
desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: São aqueles que representam nomes já mencionados
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o as orações subordinadas adjetivas.
lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, um grupo racial sobre outros.
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. (afirma a superioridade de um grupo racial sobre
Algo o incomoda? outros = oração subordinada adjetiva).
Quem avisa amigo é. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de O antecedente do pronome relativo pode ser o
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), pronome demonstrativo o, a, os, as.
certa(s). Não sei o que você está querendo dizer.
Cada povo tem seus costumes. Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
Certas pessoas exercem várias profissões. expresso.
Quem casa, quer casa.
Note que:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora Observe:
pronomes indefinidos adjetivos: Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, quantas.
nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), Note que:
vários, várias. O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
Menos palavras e mais ações. sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Alguns se contentam pouco. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
seu antecedente for um substantivo.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
variáveis e invariáveis. Observe: A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
• Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, a qual)
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quais)
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, as quais)
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras,
quantas. O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
nada, algo, cada. para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
(que podem ter várias classificações) são pronomes
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo relativos. Todos eles são usados com referência à
LÍNGUA PORTUGUESA

querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de
cujo plural é feito em seu interior). determinadas preposições: Regressando de São Paulo,
visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado.
Todo e toda no singular e junto de artigo significa O uso de “que”, neste caso, geraria ambiguidade. Veja:
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) me deixou encantado (quem me deixou encantado: o
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) sítio ou minha tia?).

29
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
utiliza-se o qual / a qual) gente que conversava, (que) ria, observava.
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas Pronomes Interrogativos
deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda São usados na formulação de perguntas, sejam
com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes
consequente (o ser possuído, com o qual concorda indefinidos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo
em gênero e número); não se usa artigo depois deste impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
pronome; “cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, (e variações), quanto (e variações).
das quais. Com quem andas?
Qual seu nome?
Existem pessoas cujas ações são nobres. Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
(antecedente) (consequente)
O pronome pessoal é do caso reto quando tem
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! oblíquo quando desempenha função de complemento.
(referiu-se a) 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
“Quanto” é pronome relativo quando tem por lhe ajudar.
antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações)
e tudo: Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao
Emprestei tantos quantos foram necessários. caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce
(antecedente) função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso.
Ele fez tudo quanto havia falado. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
(antecedente) para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
precedido de preposição. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
É um professor a quem muito devemos. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
(preposição) diferentemente dos segundos, que são sempre
precedidos de preposição.
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui
antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
casa onde morava foi assaltada. que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em mim o que eu estava fazendo.
que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as
palavras: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
• como (= pelo qual) – desde que precedida das CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
palavras modo, maneira ou forma: Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
Não me parece correto o modo como você agiu semana – São Paulo: Saraiva, 2010.
passada. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
• quando (= em que) – desde que tenha como CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
antecedente um nome que dê ideia de tempo: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
LÍNGUA PORTUGUESA

São Paulo: Saraiva, 2002.


Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. SITE
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
esporte. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. secoes/morf/morf42.php>

30
Colocação Pronominal • Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos • Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
pronomes oblíquos átonos na frase. era minha intenção machucá-la.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
inicia período com pronome oblíquo).
#FicaDica Vou-me embora agora mesmo.
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a Levanto-me às 6h.
função de complemento verbal (objeto). Por
isso, memorize: • Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
OBlíquo = OBjeto! no concurso, mudo-me hoje mesmo!
• Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
proposta fazendo-se de desentendida.
Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes
não seja rigorosamente seguida, algumas normas devem ser Colocação pronominal nas locuções verbais
observadas na linguagem escrita.
• Após verbo no particípio = pronome depois do
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A verbo auxiliar (e não depois do particípio):
próclise é usada: Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
• Quando o verbo estiver precedido de palavras que Eu me tenho deliciado com a leitura!
atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
jamais, etc.: Não se desespere! nas locuções verbais:
B) Advérbios: Agora se negam a depor. Vamos nos unir!
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem Iremos nos manifestar.
tudo!
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
• Quando há um fator para próclise nos tempos
esforçou.
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportunidade.
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos =
Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos
• Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem lhe preocupar”).
disse isso?
• Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto se Emprego de o, a, os, as
ofendem!
• Orações que exprimem desejo (orações optativas): Que • Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os
Deus o ajude. pronomes: o, a, os, as não se alteram.
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome Chame-o agora.
reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o material Deixei-a mais tranquila.
amanhã. / Tu sabes cantar?
• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
verbo. A mesóclise é usada: (Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou • Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
futuro do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
no, na, nos, nas.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em prol
da paz no mundo.
Chamem-no agora.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo Põe-na sobre a mesa.
“realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria.
#FicaDica
Veja: Não se realizará...
LÍNGUA PORTUGUESA

Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa
nessa viagem. “antes”! Pronome antes do verbo!
(com presença de palavra que justifique o uso de próclise: Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em
Não fossem os meus compromissos, EU te acompanharia Inglês – que significa “fim, final!). Pronome depois do
verbo!
nessa viagem).
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:

31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS B) Substantivos Concretos e Abstratos

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. o ser que existe, independentemente de outros
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar seres.
- Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo
SITE real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/ Brasília.
gramatica/colocacao-pronominal-.html> Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma.

9. SUBSTANTIVO B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres


que dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode ser
as quais denominam todos os seres que existem, sejam reais observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa
ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para
substantivos também nomeiam: se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
• lugares: Alemanha, Portugal abstrato.
• sentimentos: amor, saudade Os substantivos abstratos designam estados, qualidades,
• estados: alegria, tristeza ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
• qualidades: honestidade, sinceridade abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
• ações: corrida, pescaria rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

Morfossintaxe do substantivo • Substantivos Coletivos


Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções abelha, mais outra abelha.
diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcionar
como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi
núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como núcleo necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
do vocativo. Também encontramos substantivos como mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substantivo
- quando essas funções são desempenhadas por grupos de no singular (enxame) para designar um conjunto de seres da
palavras. mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Classificação dos Substantivos Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
A) Substantivos Comuns e Próprios da mesma espécie.

Observe a definição:
Substantivo coletivo Conjunto de:
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas casas assembleia pessoas reunidas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a alcateia lobos
sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
oposição aos bairros). acervo livros
trechos literários
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas antologia
selecionados
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
arquipélago ilhas
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
comum. banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
banca examinadores
LÍNGUA PORTUGUESA

uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,


homem, mulher, país, cachorro. batalhão soldados
Estamos voando para Barcelona. cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele cacho frutas
que designa os seres de uma mesma espécie de forma cancioneiro canções, poesias líricas
particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

32
colmeia abelhas A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
único elemento.
concílio bispos Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
congresso parlamentares, cientistas agora: O substantivo guarda-chuva é formado por
atores de uma peça ou dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo
elenco é composto.
filme
esquadra navios de guerra
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
enxoval roupas dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-
falange soldados, anjos flor, passatempo.
fauna animais de uma região
B) Substantivos Primitivos e Derivados
feixe lenha, capim
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
flora vegetais de uma região de nenhuma outra palavra da própria língua
frota navios mercantes, ônibus portuguesa. O substantivo limoeiro, por exemplo, é
girândola fogos de artifício derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina
horda bandidos, invasores de outra palavra.
médicos, bois, credores,
junta
examinadores Flexão dos substantivos
júri jurados
O substantivo é uma classe variável. A palavra é
legião soldados, anjos, demônios
variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino,
leva presos, recrutas por exemplo, pode sofrer variações para indicar:
malta malfeitores ou desordeiros Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
manada búfalos, bois, elefantes, meninão / Diminutivo: menininho
matilha cães de raça
A) Flexão de Gênero
molho chaves, verduras Gênero é um princípio puramente linguístico, não
multidão pessoas em geral devendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz
insetos (gafanhotos, respeito a todos os substantivos de nossa língua,
nuvem quer se refiram a seres animais providos de sexo,
mosquitos, etc.)
quer designem apenas “coisas”: o gato/a gata; o
penca bananas, chaves banco, a casa.
pinacoteca pinturas, quadros Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino
quadrilha ladrões, bandidos e feminino. Pertencem ao gênero masculino os
substantivos que podem vir precedidos dos artigos
ramalhete flores
o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
rebanho ovelhas O velho e o mar
peças teatrais, obras Um Natal inesquecível
repertório
musicais Os reis da praia
réstia alhos ou cebolas
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
romanceiro poesias narrativas
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
revoada pássaros A história sem fim
sínodo párocos Uma cidade sem passado
talha lenha As tartarugas ninjas
tropa muares, soldados Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos 1.Substantivos Biformes (= duas formas):
apresentam uma forma para cada gênero: gato –
gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito -
LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos


prefeita
A) Substantivos Simples e Compostos 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre forma, que serve tanto para o masculino quanto
a terra. para o feminino. Classificam-se em:
O substantivo chuva é formado por um único
elemento ou radical. É um substantivo simples. A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
se faz mediante a utilização das palavras “macho”

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e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
macho e o jacaré fêmea.
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes Epicenos:
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
divíduo. Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o forma para indicar o masculino e o feminino.
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
a artista. para designar os dois sexos. Esses substantivos são
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
Substantivos de origem grega terminados em ema houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o palavras macho e fêmea.
sintoma, o teorema. A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
• Existem certos substantivos que, variando de gêne-
ro, variam em seu significado: Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza.
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (di- A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
nheiro) e a capital (cidade); o coma (sono mórbido) masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse
e a coma (cabeleira, juba); o lente (professor) e a caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem
lente (vidro de aumento); o moral (estado de espí- identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
rito) e a moral (ética; conclusão); o praça (soldado A criança chorona chamava-se João.
raso) e a praça (área pública); o rádio (aparelho re- A criança chorona chamava-se Maria.
ceptor) e a rádio (estação emissora).
Outros substantivos sobrecomuns:
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
boa criatura.
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- aluna. Marcela faleceu
• Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa Comuns de Dois Gêneros:
• Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
de três formas:
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão - A distinção de gênero pode ser feita através da
sultana análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o
substantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante;
• Substantivos terminados em -or: um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora repórter francês - repórter francesa
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
A palavra personagem é usada indistintamente
• Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn- nos dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa se acentuada preferência pelo masculino: O menino
/ duque - duquesa / conde - condessa / profeta - descobriu nas nuvens os personagens dos contos de
profetisa carochinha.
• Substantivos que formam o feminino trocando o -e Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
final por -a: elefante - elefanta O problema está nas mulheres de mais idade, que não
• Substantivos que têm radicais diferentes no mascu- aceitam a personagem.
lino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
LÍNGUA PORTUGUESA

• Substantivos que formam o feminino de maneira Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras fotográfico Ana Belmonte.
anteriores: czar – czarina, réu - ré
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
proclama, o pernoite, o púbis.

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Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, Exceção: cânon - cânones.
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
em “ns”: homem - homens.
São geralmente masculinos os substantivos de origem Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, Atenção:
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o O plural de caráter é caracteres.
tracoma, o hematoma.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais;
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções, caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males,
nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto. / cônsul e cônsules.
A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Londres imensa e triste. duas maneiras:
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. 1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Gênero e Significação
Observação:
Muitos substantivos têm uma significação no A palavra réptil pode formar seu plural de duas
masculino e outra no feminino. Observe: maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), duas maneiras:
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam
a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), invariáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado de três maneiras.
na administração da crisma e de outros sacramentos),
a crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
a cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
estepe (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
guia outras), a guia (documento, pena grande das asas
das aves), o grama (unidade de peso), a grama (relva), Observação:
o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de dois – e até três – plurais:
aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião –
costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a anciões/anciães/anciãos
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva charlatão – charlatões/charlatães corrimão –
a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o corrimãos/corrimões
pala (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/
anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), vilões/vilães
o voga (remador), a voga (moda).
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
B) Flexão de Número do Substantivo o látex - os látex.
Em português, há dois números gramaticais: o
singular, que indica um ser ou um grupo de seres, Plural dos Substantivos Compostos
e o plural, que indica mais de um ser ou grupo de
LÍNGUA PORTUGUESA

seres. A característica do plural é o “s” final. A formação do plural dos substantivos compostos
depende da forma como são grafados, do tipo de
Plural dos Substantivos Simples palavras que formam o composto e da relação que
estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e hífen comportam-se como os substantivos simples:
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). pontapés, malmequer/malmequeres.

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O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões.
Algumas orientações são dadas a seguir:

A) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:


substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de:


verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos

C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados de:


substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo
anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espada -
peixes-espada.

D) Permanecem invariáveis, quando formados de:


verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas

Casos Especiais
o louva-a-deus e os louva-a-deus
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres
o joão-ninguém e os joões-ninguém.

Plural das Palavras Substantivadas

As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural,
as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.

Observação:
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
Plural dos Diminutivos

Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e acrescenta-se o sufixo diminutivo.

pãe(s) + zinhos = pãezinhos


animai(s) + zinhos = animaizinhos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
LÍNGUA PORTUGUESA

colhere(s) + zinhas = colherezinhas


flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos

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túnei(s) + zinhos = tuneizinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
pai(s) + zinhos = paizinhos as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
pé(s) + zitos = pezitos singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Nomes Próprios Personativos Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural: Aqui morreu muito negro.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
sempre que a terminação preste-se à flexão. improvisadas.
Os Napoleões também são derrotados.
As Raquéis e Esteres. C) Flexão de Grau do Substantivo

Plural dos Substantivos Estrangeiros Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres.
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” Classifica-se em:
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
shorts, os jazz. 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de considerado normal. Por exemplo: casa
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os do ser. Classifica-se em:
réquiens. Analítico = o substantivo é acompanhado de um
Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa
joga. grande.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
indicador de aumento. Por exemplo: casarão.
Plural com Mudança de Timbre
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
Certos substantivos formam o plural com mudança de do ser. Pode ser:
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
fonético chamado metafonia (plural metafônico). que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
Singular Plural indicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Corpo (ô) Corpos (ó)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Esforço Esforços
Fogo Fogos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Forno Fornos
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Fosso Fossos Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
Imposto Impostos – São Paulo: Saraiva, 2010.
Olho Olhos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Osso (ô) Ossos (ó) Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
Ovo Ovos São Paulo: Saraiva, 2002.
Poço Poços
SITE
Porto Portos
Posto Postos Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
Tijolo Tijolos secoes/morf/morf12.php>

10. VERBO
LÍNGUA PORTUGUESA

Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,


esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
Observação: tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
molho (ó) = feixe (molho de lenha). é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).

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Estrutura das Formas Verbais

Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar os seguintes elementos:

A) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical
fal-)

B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r. São
três as conjugações:
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).

C) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: falávamos ( indica
o pretérito imperfeito do indicativo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) w

D) Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (singular ou
plural): falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (indica a 3.ª pessoa do plural.)

FIQUE ATENTO!
O verbo pôr, assim como seus derivados (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois
a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desaparecido do infinitivo,
revela-se em algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.

Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos
com facilidade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por exemplo. Nas
formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical): opinei, aprenderão,
amaríamos.

Classificação dos Verbos

Classificam-se em:

A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às de todos
os verbos regulares da mesma conjugação. Por exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conjugados no
presente do Modo Indicativo:

Canto Falo
Cantas Falas
Canta Falas
Cantamos Falamos
Cantais Falais

#FicaDica
Observe que, retirando os radicais, as desinências modo-temporal e número-pessoal
mantiveram-se idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se repetirá o fato
(desde que o verbo seja da primeira conjugação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por
exemplo. Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do verbo andar). Viu? Fácil!

B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o fonema
permanece inalterado.

C) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Os principais são adequar, precaver, computar,
reaver, abolir, falir.

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D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, Principais verbos unipessoais:
normalmente, são usados na terceira pessoa do
singular. Os principais verbos impessoais são: • Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
ser (preciso, necessário):
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
realizar-se ou fazer (em orações temporais). bastante)
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
Existiam) É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão) • Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo,
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz) seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo) à Europa)
Faz invernos rigorosos na Europa. Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
Era primavera quando o conheci. vejo. (Sujeito: que não a vejo)
Estava frio naquele dia.
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da mais formas equivalentes, geralmente no particípio,
natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, em que, além das formas regulares terminadas em
trovejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo (particípio irregular).
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
impessoal, empregado em sentido figurado, deixa na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular
de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá é empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser,
conjugação completa. ficar e estar. Observe:
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) Particípio Particípio
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) Infinitivo
Regular Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
tempo: Já passa das seis. Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
Benzer Benzido Bento
“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices. Corrigir Corrigido Correto
Chega de promessas. Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem Envolver Envolvido Envolto
referência a sujeito expresso anteriormente (por Imprimir Imprimido Impresso
exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, Inserir Inserido Inserto
classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
tais verbos, pessoais. Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente Misturar Misturado Misto
de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo. Morrer Morrido Morto
Dá para me arrumar uma apostila? Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito,
Romper Rompido Roto
conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do
singular e do plural. São unipessoais os verbos Soltar Soltado Solto
constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os
LÍNGUA PORTUGUESA

Suspender Suspendido Suspenso


que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
Tingir Tingido Tinto
miar, latir, piar).
Vagar Vagado Vago
Os verbos unipessoais podem ser usados como
verbos pessoais na linguagem figurada: Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o
Teu irmão amadureceu bastante. particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
O que é que aquela garota está cacarejando? dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

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G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa
das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Fut. do
Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Pret. mais-que-perf. Fut.do Pres.
Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
LÍNGUA PORTUGUESA

40
SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
LÍNGUA PORTUGUESA

hás houveste havias houveras haverás haverias


há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

41
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
LÍNGUA PORTUGUESA

• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a
reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de

42
reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
e respectivos pronomes): exemplo:
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, É preciso ler este livro.
Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se Era preciso ter lido este livro.
arrependem
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às
• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular,
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre não apresenta desinências, assumindo a mesma forma do
o objeto representado por pronome oblíquo da impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma 2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os 1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e 2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
indiretos podem ser conjugados com os pronomes 3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
mencionados, formando o que se chama voz Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de
penteou-me. advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação
função sintática. em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Há verbos que também são acompanhados Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
de pronomes oblíquos átonos, mas que não são Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
essencialmente pronominais - são os verbos reflexivos.
Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se Quando o gerúndio é vício de linguagem
encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do
funções sintáticas. Por exemplo: gerúndio:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me 1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
(objeto direto) – 1.ª pessoa do singular futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Modos Verbais
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada,
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
Existem três modos: a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
estudo para o concurso. “verificarei” ou “vou verificar”.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade:
Talvez eu estude amanhã. C) Particípio: quando não é empregado na formação
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente,
Estude, colega! o resultado de uma ação terminada, flexionando-se
em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os
Formas Nominais exames, os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas pela turma.
nominais. Observe:

A) Infinitivo
LÍNGUA PORTUGUESA

A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de


modo vago e indefinido, podendo ter valor e
função de substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= (Ziraldo)
combate à)

43
Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
No próximo final de semana, faço a prova!
faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


LÍNGUA PORTUGUESA

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

44
Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
LÍNGUA PORTUGUESA

cantarIAS venderIAS partirIAS


cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

45
Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

Desinên. Pessoal Des. tem


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS


cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

46
C) Modo Imperativo Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito
oracional, correspondendo à construção: parece gostarem
Imperativo Afirmativo de você).

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do • O verbo pegar possui dois particípios (regular e
presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a irregular):
segunda pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. Elvis tinha pegado minhas apostilas.
As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do Minhas apostilas foram pegas.
subjuntivo. Veja:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Presente do Imperativo Presente do
Indicativo Afirmativo Subjuntivo SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Eu canto - Que eu cante CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Tu cantas CantA tu Que tu cantes Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
Ele canta Cante você Que ele cante – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras:
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem SITE

Imperativo Negativo Disponível em: http://www.soportugues.com.br/


secoes/morf/morf54.php
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar
a negação às formas do presente do subjuntivo. Vozes do Verbo

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a


Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
Que eu cante - se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
Que tu cantes Não cantes tu que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
as vozes verbais:
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
Que vós canteis Não canteis vós ação expressa pelo verbo:
Que eles cantem Não cantem eles Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª
pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo
ordem, pedido ou conselho só se aplicam diretamente à a ação expressa pelo verbo:
pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/ O trabalho foi feito por ele.
vocês. sujeito paciente ação agente da passiva
• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente:
sê (tu), sede (vós). C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
Infinitivo Pessoal O menino feriu-se.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


#FicaDica
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir Não confundir o emprego reflexivo do verbo
com a noção de reciprocidade:
cantarES venderES partirES
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
LÍNGUA PORTUGUESA

cantar vender partir Nós nos amamos. (um ama o outro)


cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES Formação da Voz Passiva
cantarEM venderEM partirEM
A voz passiva pode ser formada por dois processos:
• O verbo parecer admite duas construções: analítico e sintético.
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)

47
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte A apostila foi comprada pelo concurseiro.
maneira: (Voz Passiva)
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por Sujeito da Passiva Agente da Passiva
exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
os alunos pintarão a escola) o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) verbo ativo assumirá a forma passiva, conservando
o mesmo tempo.
Observações: Os mestres têm constantemente aconselhado os
alunos.
• O agente da passiva geralmente é acompanhado Os alunos têm sido constantemente aconselhados
da preposição por, mas pode ocorrer a construção pelos mestres.
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cer- Eu o acompanharei.
cada de soldados. Ele será acompanhado por mim.

• Pode acontecer de o agente da passiva não estar Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. não haverá complemento agente na passiva. Por
exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
• A variação temporal é indicada pelo verbo auxi- Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou
transformação das frases seguintes: reflexiva, porque o sujeito não pode ser visto como
agente, paciente ou agente paciente.
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
perfeito do Indicativo, assim como o verbo
principal da voz ativa) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
indicativo) – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Ele fará o trabalho. (futuro do presente) literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
SITE
• Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-
sume o mesmo tempo e modo do verbo principal Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
da voz ativa. Observe a transformação da frase se- secoes/morf/morf54.php>
guinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) EXERCÍCIOS COMENTADOS
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética -
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª 1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por CESGRANRIO-2018)
exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso. O ano da esperança
Destruiu-se o velho prédio da escola.
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de
Observação: amigos desempregados. E pedidos de empréstimos. Um
O agente não costuma vir expresso na voz passiva atrás do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações
sintética. de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o
dinheiro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava,
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva com a consciência de que era uma doação. A situação
LÍNGUA PORTUGUESA

foi piorando. Os argumentos também. No início era para


Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós
substancialmente o sentido da frase. doentes. Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso.
Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) Mas que sofreu um acidente e não tinha como pagar a
Sujeito da Ativa objeto Direto fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas
internações, remédios. A situação piorando, eu já

48
estava encomendando missa de sétimo dia. Falei com ção de notícias falsas é grave e muito atual.
um amigo médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se
caso gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para um sentimento generalizado de reprovação à prática
a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se de divulgação de inverdades.
consultava ou eu não ajudava mais. d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na Ale-
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita manha não aplica-se aos sites e redes sociais com me-
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca nos de 2 milhões de membros.
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter caído e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais
na história. Só que esse rapaz havia perdido o emprego após
eficaz para que adote-se a conduta correta em relação
o suposto acidente. Foi por isso que me deixei enganar. Mas,
à reputação das celebridades.
ao perder salário, muita gente perde também a vergonha.
Pior ainda. A violência aumenta. As pessoas buscam vagas
Resposta: Letra C
nos mercados em expansão. Se a indústria automobilística
Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países mobili-
vai bem, é lá que vão trabalhar.
zam-se = se mobilizam
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos boatos,
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão surgir.
sempre deve-se = sempre se deve
Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça de velhos?
Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet, consta-
Todos pedem que a gente tenha uma nova consciência para
ta-se um sentimento = correta
votar. Como? Num mundo em que as notícias são plantadas
Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada na
pela internet, em que muitos sites servem a qualquer
Alemanha não aplica-se = não se aplica
mentira. Digo por mim. Já contaram cada história a meu
Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo
respeito que nem sei o que dizer. Já inventaram casos de
mais eficaz para que adote-se = que se adote
amor, tramas nas novelas que escrevo. Pior. Depois todo
mundo me pergunta por que isso ou aquilo não aconteceu
3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO –
na novela. Se mudei a trama. Respondo: — Nunca foi para
ARQUITETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se
acontecer. Era mentira da internet.
substituíssemos os complementos dos verbos abaixo por
Duvidam. Acham que estou mentindo.
pronomes pessoais oblíquos enclíticos, a única forma
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez.
INADEQUADA seria:
2017, p.97. Adaptado.
a) impregna a vida cotidiana / impregna-a;
No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação
b) entender os debates / entendê-los;
do pronome átono em destaque está de acordo com a
c) ganha destaque / ganha-o;
norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre em:
d) supõe um conhecimento / supõe-lo;
e) marcaram sua história / marcaram-na.
a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo.
b) Perderia-se o dinheiro e o amigo.
Resposta: Letra D
c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se.
Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a = correta
d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo.
Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta
e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz.
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta
Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo = supõe-no
Resposta: Letra A
Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta
Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o pronome
= próclise)
4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito: per-
VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e a
der-se-ia (mesóclise)
colocação pronominal, a expressão em destaque no trecho
Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = tinham
– ... que cercam o sentido da existência humana... – está
se perdido
corretamente substituída pelo pronome, de acordo com a
Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com pronome
oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se) norma-padrão da língua portuguesa, na alternativa:
Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o pro-
nome (próclise): que se perdeu a) ... que cercam-lo...
b) ... que cercam-no...
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – c)... que o cercam...
CESGRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma- d) ... que lhe cercam...
padrão da língua portuguesa, o pronome destacado foi e) ... que cercam-lhe...
LÍNGUA PORTUGUESA

utilizado na posição correta em:


Resposta: Letra C
a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se Correções à frente:
para combater a disseminação de notícias falsas nas Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
redes sociais. o cercam)
b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos, sem- Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está cor-
pre deve-se ter em mente que o problema de divulga- reta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a sua
presença, teremos próclise, não ênclise)

49
Em “c”: que o cercam = correta Resposta: Letra D
Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo-
o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto = sição). A substituição deve utilizar outra de mesma
a ele/ela) classificação, para que se mantenha a ideia do perío-
Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam do. A correta é entretanto.

5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) 8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO -


Considerando apenas as regras de regência e de colocação ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016)
pronominal da norma-padrão da língua portuguesa, a ... para quem Manoel de Barros era comparável a São
expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam que Francisco de Assis...
raramente ou nunca têm informações sobre o impacto
ambiental do produto ou do comportamento da empresa. – O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que
pode ser corretamente substituída por o da frase acima está em:

a) ... nunca informam-se sob o impacto... a) Dizia-se um “vedor de cinema”...


b)... nunca se informam o impacto... b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
c) ... nunca informam-se ao impacto... paço...
d) ... nunca se informam do impacto... c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
e)... nunca informam-se no impacto... Charles Baudelaire.
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
Resposta: Letra D
ros na literatura...
Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome,
e) ... para depois casá-las...
teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D. Ago-
ra vamos ao verbo: quem se informa, informa-se sobre
Resposta: Letra A
algo = precisa de preposição. A alternativa que tem pre-
posição presente é a D (do = de+o). Teremos: nunca se “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati-
informam do impacto. vo. Procuremos nos itens:
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL – Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do In-
VUNESP-2013) Considerando a substituição da expressão dicativo
em destaque por um pronome e as normas da colocação Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
pronominal, a oração – … que abrem a cabeça … – equivale, to do Indicativo
na norma-padrão da língua, a: Em “d”, Quase meio século separa = presente do In-
dicativo
a) que abrem-a. Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
b) que abrem-na. elas)
c) que a abrem.
d) que lhe abrem. 9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC-2016)
e) que abrem-lhe.
Precisamos de um treinador que nos ajude a comer...
Resposta: Letra C O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que
Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo, então o sublinhado acima está também sublinhado em:
teremos que + pronome. Resta-nos identificar se o pro-
nome é objeto direto (a) ou indireto (lhe). Voltemos ao a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as
verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre o quê? Sem amas...
preposição! Portanto: objeto direto = que a abrem. b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
c) ... país que transformou a infância numa bilionária in-
7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO dústria de consumo...
ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO d) E, mesmo que se esforcem muito...
TRABALHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui e) Hoje há algo novo nesse cenário.
chegando à constatação de que todo perfil de rede
social é um retrato ideal de nós mesmos. Resposta: Letra D
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra que nos ajude = presente do Subjuntivo
alteração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo
LÍNGUA PORTUGUESA

substituído por: Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-


bém mais-que-perfeito) do Indicativo
a) ademais. Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do Indi-
b) conquanto. cativo
c) porquanto. Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo
d) entretanto. Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do In-
e) apesar. dicativo

50
10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC- = presente do Indicativo
2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo com Em “d”, Pense rápido: = Imperativo
a norma culta na seguinte frase: Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = presente
do Indicativo
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
não poderia receber qualquer tipo de retificação. 12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
b) Os documentos com assinatura digital disporam de algo- VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a palavra em
ritmos de criptografia que os protegeram. destaque na frase pertence à classe dos adjetivos (palavra
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam que qualifica um substantivo).
contar com a proteção de uma assinatura digital.
d) Quem se propor a alterar um documento criptografado a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de euta-
deve saber que comprometerá sua integridade. násia...
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
comprometer a integridade dos documentos. c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar a
morte.
Resposta: Letra E d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua autenti- e) E como seria a verdadeira boa morte?
cidade, o documento não poderia receber qualquer tipo
de retificação. Resposta: Letra E
Em “b”, Os documentos com assinatura digital disporam Em “a”, Existe grande confusão = substantivo
(dispuseram) de algoritmos de criptografia que os pro- Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a morte
tegeram. = pronome
Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos po- Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando dis-
deram (puderam) contar com a proteção de uma assina- tanciar a morte = substantivo
tura digital. Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar um docu- Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? = adjetivo
mento criptografado deve saber que comprometerá sua
integridade. 13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
Em “e”, Não é possível fazer as alterações que convie- DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE –
rem sem comprometer a integridade dos documentos = SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
correta

11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -


SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere as
seguintes frases:

Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.


Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


empregados nessas frases está em destaque em:

a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com


que o cérebro humano não considere útil gravar esses
dados...
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem- Disponível em: http://www.acharge.com.br/inde.htm
-número de informações. (acesso: 03/03/2010)
c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele... A palavra “oposição”, da charge, é classificada
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em morfologicamente como:
que morou quando era criança?
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- a) Substantivo concreto.
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky... b) Substantivo abstrato.
c) Substantivo coletivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra D d) Substantivo próprio.


Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo
e) Adjetivo.
(expressam ordem). Vamos aos itens:
Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem
Resposta: Letra B
= presente do Indicativo
O termo “oposição” é classificado – morfologicamente
Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do
– como substantivo abstrato, pois não existe por si só
Indicativo
– depende de outro ser para “se concretizar”.
Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos

51
#FicaDica
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
CRASE Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
quê?)
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as rerá crase. Veja:
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
à qual, às quais. Irei à Salvador de Jorge Amado.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - regente exigir complemento regido da preposição “a”.
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o Entregamos a encomenda àquela menina.
termo regido é aquele que completa o sentido do termo (preposição + pronome demonstrativo)
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). Iremos àquela reunião.
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela (preposição + pronome demonstrativo)
contratada recentemente.
Após a junção da preposição com o artigo (destaca- Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
dos entre parênteses), temos: criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contra- (preposição + pronome demonstrativo)
tada recentemente.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi- grave:
ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +
o pronome demonstrativo aquela (àquela).  locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
pressas, à vontade...
Observações importantes:  locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
cura de...
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos  locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: que.

 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
crase está confirmada. Eu adoro a noite!
Os dados foram solicitados à diretora. Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
Os dados foram solicitados ao diretor. objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
 No caso de nomes próprios geográficos, substitui- preposição.
-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resul-
te na expressão “voltar da”, há a confirmação da Casos passíveis de nota:
crase.
Faremos uma visita à Bahia.  A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
 Também é facultativa diante de pronomes posses-
Não me esqueço da viagem a Roma. sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja- empresa.
LÍNGUA PORTUGUESA

mais vividos.  Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja


ficará aberta até as (às) dezoito horas.
Nas situações em que o nome geográfico se apresen-  Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
confirmada. implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
praias. moda de Luís XV)

52
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução Os livros foram entregues a mim.
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana, Dei a ela a merecida recompensa.
observamos a queima de fogos a distância.
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes- uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
tre foi arremessado à distância de cem metros. de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade  Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
-, faz-se necessário o emprego da crase. em sentido genérico ou indeterminado:
Ensino à distância. Estamos sujeitos a críticas.
Ensino a distância. Refiro-me a conversas paralelas.
 Em locuções adverbiais formadas por palavras re-
petidas, não há ocorrência da crase. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ela ficou frente a frente com o agressor.
Eu o seguirei passo a passo. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Casos em que não se admite o emprego da crase: Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Antes de vocábulos masculinos. Paulo: Saraiva, 2010.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro. SITE

Antes de verbos no infinitivo. http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-


Ele estava a cantar. se-.html
Começou a chover.

Antes de numeral. EXERCÍCIOS COMENTADOS


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países.
1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
Observações: RAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA) O acento indicativo
de crase em “à humanidade e à estabilidade” é de uso
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun- facultativo, razão por que sua supressão não prejudicaria
cionando como uma locução adverbial feminina – a correção gramatical do texto.
ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove
horas. ( ) CERTO ( ) ERRADO
 Diante de numerais ordinais femininos a crase está
confirmada, visto que estes não podem ser empre- Resposta: Errado. Retomemos o contexto: (...) O uso
gados sem o artigo: As saudações foram direciona- indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e
das à primeira aluna da classe. persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando estruturas e valores políticos (...).
essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
dos exaustos a casa. O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já
que os termos “humanidade” e “estabilidade” comple-
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto mentam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?” =
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos a regência nominal pede preposição.
exaustos à casa de Marcela.
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa 2. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDI-
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa- TOR DE CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL –
ram a terra, já era noite. CESPE – 2016)

Contudo, se o termo estiver precedido por um de- Texto CB1A1BBB


LÍNGUA PORTUGUESA

terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá


crase. Estranhamente, governos estaduais cujas despesas
Paulo viajou rumo à sua terra natal. com o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou
O astronauta voltou à Terra. que estouraram o limite de gastos com pessoal fixado
pela Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei
 Não ocorre crase antes de pronomes que reque- de Responsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua
rem o uso do artigo. própria legislação destinada a assegurar, como alegam,

53
maior rigor na gestão de suas finanças. Querem uma nova
lei de responsabilidade fiscal para, segundo argumentam,
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
fortalecer a estrutura legal que protege o dinheiro público
do mau uso por gestores irresponsáveis.
Examinando-se a situação financeira dos estados que
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, fica FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, quan-
do entrou em vigor a LRF, esses estados, como os demais, 1. Sintaxe da Oração e do Período
estão sujeitos a regras precisas para a gestão do dinheiro
público, para a criação de despesas e, em particular, para Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
os gastos com pessoal. Por que, tendo descumprido algu- estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
mas dessas regras, estariam interessados em torná-las ain- dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
da mais rigorosas? toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis muito ontem à noite.
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum- Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa, (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais (sem a pre-
se nem nas condições atuais esses responsáveis estão sen- sença de verbos), feita a partir de seus elementos constituintes,
do capazes de cumpri-la? O problema não está na lei. Mu- elas podem ser classificadas a partir de seu sentido global:
dá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais rigorosa,
mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que a desfigure. A) frases interrogativas = o emissor da mensagem formula
O verdadeiro problema é a dificuldade do setor público de uma pergunta: Que dia é hoje?
adaptar suas despesas às receitas em queda por causa da B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz um
crise. pedido: Dê-me uma luz!
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adap- C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado
tações). afetivo: Que dia abençoado!
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A prova
da regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo será amanhã.
definido feminino determinando o substantivo “receitas”.
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo (ora-
( ) CERTO ( ) ERRADO ção) são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito
e predicado.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a
em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
dificuldade do setor público de adaptar suas despesas
tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
às receitas em queda por causa da crise = quem adap-
frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
ta, adapta algo/alguém A algo/alguém.
que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
a declaração do que se atribui ao sujeito.
3. (FNDE – TÉCNICO EM FINANCIAMENTO E EXE- Quando o núcleo da declaração está no verbo (que indi-
CUÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIO- que ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signifi-
NAIS – CESPE – 2012) O emprego do sinal indicativo de cativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
crase em “adequando os objetivos às necessidades” justi- em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
fica-se pela regência do verbo adequar, que exige com- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
plemento regido pela preposição “a”, e pela presença de que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
artigo definido feminino antes de “necessidades”. O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
(predicado verbal)
( ) CERTO ( ) ERRADO A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o núcleo
é “fácil” (predicado nominal)
Resposta: Certo. Adequar o quê? – os objetivos (ob- Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
jeto direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
necessidades – objeto indireto. A explicação do enun- completo. O período pode ser simples ou composto.
ciado está correta.
Período simples é aquele constituído por apenas
4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ- uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
RIO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) No trecho “deu Chove.
início à sua caminhada cósmica”, o emprego do acento A existência é frágil.
LÍNGUA PORTUGUESA

grave indicativo de crase é obrigatório. Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.

( ) CERTO ( ) ERRADO Período composto é aquele constituído por duas ou


mais orações:
Resposta: Errado. “deu início à sua caminhada cósmi- Cantei, dancei e depois dormi.
ca” – o uso do acento indicativo de crase, neste caso, é Quero que você estude mais.
facultativo (antes de pronome possessivo).

54
1.1. Termos da Oração “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
1.1.1 Termos essenciais do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
O sujeito e o predicado são considerados termos es- Abolimos todas as regras. = (nós)
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis Falaste o recado à sala? = (tu)
para a formação das orações. No entanto, existem ora-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
mo que estabelece concordância com o verbo. gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
O candidato está preparado. pronomes não estejam explícitos.
Os candidatos estão preparados. Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
to na desinência verbal “-mos”
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida- Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- sinência verbal “-ais”
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo Mas:
no singular: candidato = está). Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
A função do sujeito é basicamente desempenhada Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
por substantivos, o que a torna uma função substantiva
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais- O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
quer outras palavras substantivadas (derivação impró- ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
pria) também podem exercer a função de sujeito. refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
tantivo) Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- nado de duas maneiras:
plo: substantivo)
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo te:
do sujeito. Bateram à porta;
Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
Um sujeito é determinado quando é facilmente nistro.
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
nado pode ser simples ou composto. Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é ou composto:
possível identificar claramente a que se refere a concor- Os meninos bateram à porta. (simples)
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
Estão gritando seu nome lá fora. B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
Trabalha-se demais neste lugar. cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
ca dos verbos que não apresentam complemento
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- Vivia-se bem naqueles tempos.
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma de indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal.
O sujeito composto é o sujeito determinado que A mensagem está centrada no processo verbal. Os
LÍNGUA PORTUGUESA

apresenta mais de um núcleo. principais casos de orações sem sujeito com:


Alimentos e roupas custam caro.  os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo. Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. Está trovejando.
 os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o tempo em geral:

55
Está tarde. Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Já são dez horas. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Faz frio nesta época do ano. dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
Há muitos concursos com inscrições abertas. do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia relacionadas.
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado A função de predicativo é exercida, normalmente, por
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- um adjetivo ou substantivo.
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
Chove muito nesta época do ano. ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
Houve problemas na reunião. predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
objeto direto. nificativo, indicando processos. É também sempre por
As questões estavam fáceis! intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
Sujeito simples = as questões o termo a que se refere.
Predicado = estavam fáceis O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes.
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
Sujeito = uma ideia estranha No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Predicado = passou-me pelo pensamento duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
Para o estudo do predicado, é necessário verificar um verbal e outro nominal.
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
siderar também se as palavras que formam o predicado No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da o complemento homens com o predicativo “inconstan-
oração. tes”.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
de opinião. (Predicado) 1.2 Termos integrantes da oração

O predicado acima apresenta apenas uma palavra Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se complemento nominal são chamados termos integrantes
ligam direta ou indiretamente ao verbo. da oração.
A cidade está deserta.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refe- Os complementos verbais integram o sentido dos
re-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = plementos diretamente, sem a presença de preposição,
predicativo do sujeito). ou indiretamente, por intermédio de preposição.

O predicado verbal é aquele que tem como núcleo O objeto direto é o complemento que se liga direta-
significativo um verbo: mente ao verbo.
Chove muito nesta época do ano. Houve muita confusão na partida final.
Estudei muito hoje! Queremos sua ajuda.
Compraste a apostila?
O objeto direto preposicionado ocorre principal-
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem mente:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
LÍNGUA PORTUGUESA

processos. A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-


muns referentes a pessoas:
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou es- (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
tado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do su- na-se: objeto direto preposicionado)
jeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome
da oração por meio de um verbo (o verbo de ligação). B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes

56
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
cansar a Vossa Senhoria. verbo.
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri- O poeta português deixou uma obra originalíssima.
se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo O poeta deixou-a.
prejudica a crise) (originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
adjunto adnominal)
O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição. O poeta português deixou uma obra inacabada.
Gosto de música popular brasileira. O poeta deixou-a inacabada.
Necessito de ajuda. (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
do objeto)
1.2.1 Objeto Pleonástico
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos relaciona apenas ao substantivo.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal-
ves Dias) Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
objeto pleonástico termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
Ao traidor, nada lhe devemos. O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que com- A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
pleta por intermédio de preposição: nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala- com o mundo.
vra “necessária” B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo” coisas: amor, arte, ação.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo nho, tudo forma o carnaval.
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
Os termos acessórios recebem este nome por serem xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca- O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
oração. mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o tantivadas esse papel na linguagem.
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função João, venha comigo!
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais Traga-me doces, minha menina!
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
a pé àquela velha praça. 1.4 Períodos Compostos
1.4.1 Período Composto por Coordenação
O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun- O período composto se caracteriza por possuir mais
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas de uma oração em sua composição. Sendo assim:
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
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Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os oração)


numerais e os pronomes adjetivos. Estou comprando um protetor solar, depois irei à
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
amigo de infância. orações)
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o ções).

57
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
entre as orações de um período composto: uma relação Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
de coordenação ou uma relação de subordinação. mingo.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
de informações, marcado pela pontuação final), mas têm, 1.4.2 Período Composto Por Subordinação
ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. Quero que você seja aprovado!
(Período Composto) Oração principal oração subordinada
Podemos dizer:
Observe que na oração subordinada temos o verbo
1. Estou comprando um protetor solar. “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
2. Irei à praia. lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
Separando as duas, vemos que elas são independen- por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
tes. Tal período é classificado como Período Com- verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
posto por Coordenação. do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coor- explícitas.
denadas Sindéticas. Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado.
A) Coordenadas Assindéticas Oração Principal Oração Subordinada
São orações coordenadas entre si e que não são li-
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
justapostas. ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
B) Coordenadas Sindéticas disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
entre si, mas que são ligadas através de uma con- surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
junção coordenativa, que dará à oração uma clas- particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí-
sificação. As orações coordenadas sindéticas são citas (como no exemplo acima).
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas,
alternativas, conclusivas e explicativas. Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por con-
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção! junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin- mente, introduzidas por preposição.
cipais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
bém, não só... como, assim... como. A) Orações Subordinadas Substantivas
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia. A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
Comprei o protetor solar e fui à praia. tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjun-
ção integrante (que, se).
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, Não sei se sairemos hoje.
entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, senão. Oração Subordinada Substantiva
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi! Temos medo de que não sejamos aprovados.
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas Oração Subordinada Substantiva
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...
quer; seja...seja. Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. bém introduzem as orações subordinadas subs-
tantivas, bem como os advérbios interrogativos
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas (por que, quando, onde, como).
principais conjunções são: logo, portanto, por fim,
LÍNGUA PORTUGUESA

por conseguinte, consequentemente, pois (pos- O garoto perguntou qual seu nome.
posto ao verbo). Oração Subordinada Substantiva
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir. Não sabemos quando ele virá.
Oração Subordinada Substantiva
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicati-
vas: suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa-

58
1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas tas (desenvolvidas) são iniciadas por:
Substantivas
Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
Conforme a função que exerce no período, a oração “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
subordinada substantiva pode ser:
Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
verbo da oração principal: O pessoal queria saber quem era o dono do carro impor-
É fundamental o seu comparecimento à reu- tado.Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
nião. zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
Sujeito Eu não sei por que ela fez isso.

É fundamental que você compareça 3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
à reunião. verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
Oração Principal Oração Subordinada Substan-
tiva Subjetiva Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto

FIQUE ATENTO! Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai


Observe que a oração subordinada subs- insiste nisso)
tantiva pode ser substituída pelo pronome Oração Subordinada Substantiva
“isso”. Assim, temos um período simples: Objetiva Indireta
É fundamental isso ou isso é fundamental. Observação:
Desta forma, a oração correspondente a Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
“isso” exercerá a função de sujeito. oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora- Oração Subordinada Subs-
ção principal: tantiva Objetiva Indireta

- Verbos de ligação + predicativo, em constru- 4. Completiva Nominal = completa um nome que


ções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É pertence à oração principal e também vem marcada por
certo - Parece certo - É claro - Está evidente - Está preposição.
comprovado Sentimos orgulho de seu comportamento.
É bom que você compareça à minha festa. Complemento Nominal
Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Sou- Sentimos orgulho disso.)
be-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi Oração Subordinada Substantiva
anunciado, Ficou provado. Completiva Nominal
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
As orações subordinadas substantivas objetivas in-
- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que
- importar - ocorrer - acontecer orações subordinadas substantivas completivas nominais
Convém que não se atrase na entrevista. integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
Observação: tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti- plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa segundo, um nome.
do singular.
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois
do verbo da oração principal: do verbo ser.
Todos querem sua aprovação no concurso. Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito
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Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo
querem isso) era isso)
Oração Principal Oração Subordinada Substanti- Oração Subordinada Substantiva
va Objetiva Direta Predicativa

As orações subordinadas substantivas objetivas dire-

59
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
mo da oração principal. gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Oração subordinada jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
substantiva apositiva reduzida de infinitivo relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
me relativo e seu verbo está no infinitivo.
Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
B) Orações Subordinadas Adjetivas Na relação que estabelecem com o termo que carac-
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos- terizam, as orações subordinadas adjetivas podem
sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele atuar de duas maneiras diferentes. Há aquelas que
equivale. As orações vêm introduzidas por prono- restringem ou especificam o sentido do termo a
me relativo e exercem a função de adjunto adno- que se referem, individualizando-o. Nestas orações
minal do antecedente. não há marcação de pausa, sendo chamadas su-
bordinadas adjetivas restritivas. Existem também
Esta foi uma redação bem-sucedida. orações que realçam um detalhe ou amplificam
Substantivo Adjetivo (Adjunto Ad- dados sobre o antecedente, que já se encontra su-
nominal) ficientemente definido. Estas orações denominam-
-se subordinadas adjetivas explicativas.
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjeti-
vo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formar- Exemplo 1:
mos outra construção, a qual exerce exatamente o Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que
mesmo papel: passava naquele momento.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada No período acima, observe que a oração em desta-
Adjetiva que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração
Perceba que a conexão entre a oração subordinada limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou le momento.
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa Exemplo 2:
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede O homem, que se considera racional, muitas vezes
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun- age animalescamente.
ciona como sujeito). Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-


FIQUE ATENTO! tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
Vale lembrar um recurso didático para reco- explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
nhecer o pronome relativo “que”: ele sempre ceito de “homem”.
pode ser substituído por: o qual - a qual - os
quais - as quais Saiba que:
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta A oração subordinada adjetiva explicativa é separa-
oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o da da oração principal por uma pausa que, na escrita,
qual estuda. é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
FORMA DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati-
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vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.


Quando são introduzidas por um pronome relativo e
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as C) Orações Subordinadas Adverbiais: Uma ora-
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol- ção subordinada adverbial é aquela que exerce a
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad- função de adjunto adverbial do verbo da oração
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome principal. Assim, pode exprimir circunstância de
relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre- tempo, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc.

60
Quando desenvolvida, vem introduzida por uma A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
das conjunções subordinativas (com exclusão das sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
integrantes, que introduzem orações subordinadas teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
substantivas). Classifica-se de acordo com a con- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim qual ela se subordina. Repare:
como acontece com as coordenadas sindéticas).
1. Faltei à aula porque estava doente.
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
A oração em destaque agrega uma circunstância de fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
acessórios que indicam uma circunstância referente, via pois seus olhos ficaram vermelhos.
de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
bial depende da exata compreensão da circunstância que B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
exprime. cia, é efeito do que se declara na oração principal.
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
minha vida. estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
minha vida. Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela concretizando-os.
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol- Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina- zida de Infinitivo)
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
possível reduzi-la, obtendo-se: como necessário para a realização ou não de um
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi- nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
nha vida. se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
na oração principal.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não Principal conjunção subordinativa condicional: se.
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des-
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun- certamente o melhor time será campeão.
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela Caso você saia, convide-me.
oração.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
2. Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais da oração principal, isto é, admitem uma contra-
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces-
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada são está diretamente ligada ao contraste, à quebra
àquilo que provoca um determinado fato, ao moti- de expectativa. Principal conjunção subordinativa
vo do que se declara na oração principal. Principal concessiva: embora. Utiliza-se também a con-
conjunção subordinativa causal: porque. Outras junção: conquanto e as locuções ainda que, ainda
LÍNGUA PORTUGUESA

conjunções e locuções causais: como (sempre in- quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar
troduzido na oração anteposta à oração principal), de que.
pois, pois que, já que, uma vez que, visto que. Só irei se ele for.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
forte. ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Já que você não vai, eu também não vou. Compare agora com:
Irei mesmo que ele não vá.

61
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
irei de qualquer maneira, independentemente de Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
sua ida. A oração destacada é, portanto, subordi- minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
nada adverbial concessiva.
Observe outros exemplos: 3. Orações Reduzidas
Embora fizesse calor, levei agasalho.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- As orações subordinadas podem vir expressas como
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas
formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio)
E) Comparativa= As orações subordinadas adver- e sem conectivo subordinativo que as introduza.
biais comparativas estabelecem uma comparação É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
com a ação indicada pelo verbo da oração princi- É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
pal. Principal conjunção subordinativa comparati- sença do conectivo)
va: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
Você age como criança. (age como uma criança age) “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
É preciso estudar = oração subordinada substantiva
 geralmente há omissão do verbo. subjetiva reduzida de infinitivo
É preciso que se estude = oração subordinada subs-
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou tantiva subjetiva
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
para a execução do que se declara na oração prin- 4. Orações Intercaladas
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas: São orações independentes encaixadas na sequência
como, consoante e segundo (todas com o mesmo do período, utilizadas para um esclarecimento, um
valor de conforme). aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgu-
Fiz o bolo conforme ensina a receita. las ou travessões.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
direitos iguais. sunto.

G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


se declara na oração principal. Principal conjunção
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
finais: que, porque (= para que) e a locução con- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
juntiva para que. CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas. Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração SITE
principal. Principal locução conjuntiva subordinati-
va proporcional: à proporção que. Outras locuções http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo frase-periodo-e-oracao
que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan- EXERCÍCIOS COMENTADOS
to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto
menos...(menos).
À proporção que estudávamos mais questões acertá- 1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 –
vamos. ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en-
À medida que lia mais culto ficava. traram em campo em prol do programa “Pai Presente”,
nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o
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expresso na oração principal, podendo exprimir nome do pai em sua certidão de nascimento. (...)
noções de simultaneidade, anterioridade ou poste- A oração subordinada “que não possuem o nome do
rioridade. Principal conjunção subordinativa tem- pai em sua certidão de nascimento” não é antecedida por
poral: quando. Outras conjunções subordinativas vírgula porque tem natureza restritiva.
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que, ( ) CERTO ( ) ERRADO
depois que, sempre que, desde que, etc.

62
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome
PONTUAÇÃO
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan-
do a informação, o que dará a entender que TODAS as
pessoas não têm o nome do pai na certidão. Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
servem para compor a coesão e a coerência textual, além
2. (INSTITUTO RIO BRANCO – ADMISSÃO À CAR- de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
REIRA DE DIPLOMATA – CESPE – 2014 – ADAPTA- Um texto escrito adquire diferentes significados quando
DA) pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
depende, em certos momentos, da intenção do autor do
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos
e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a 1. Principais funções dos sinais de pontuação
um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-
mo que a crônica é um gênero menor. A) Ponto (.)
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo
assim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode  Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve cerrando o período.
de perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
composição solta, do ar de coisa sem necessidade que panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo de período, este não receberá outro ponto; neste
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi- ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra  Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
mão certa profundidade de significado e certo acaba- ponto, assim como após o nome do autor de uma
mento de forma, que de repente podem fazer dela uma citação:
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição. Haverá eleições em outubro
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recor- O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
tes. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
adaptações).  Os números que identificam o ano não utilizam
ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
“servir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos in- 17600-250.
diretos.
B) Ponto e Vírgula (;)
( ) CERTO ( ) ERRADO
 Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
Resposta: Errado. imagina uma literatura = transitivo importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os
direto ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos genero-
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo sos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão
(transitivo direto e indireto) pelo pão a alma...” (VIEIRA)
pode servir de caminho = intransitivo  Separa partes de frases que já estão separadas por
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
tros, montanhas, frio e cobertor.
 Separa itens de uma enumeração, exposição de
motivos, decreto de lei, etc.
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia;
Reunião com amigos.
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Dois pontos (:)

 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio


Coutinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.

63
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- 2. Para marcar inversão:
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
a rotina de sempre. A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
 Em frases de estilo direto ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
Maria perguntou: portas fechadas.
- Por que você não toma uma decisão? B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
D) Ponto de Exclamação (!) C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me ca- 3. Para separar entre si elementos coordenados
sar com você! (dispostos em enumeração):
 Depois de interjeições ou vocativos Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
Ai! Que susto! A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
João! Há quanto tempo! mais.
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
E) Ponto de Interrogação (?) remos comer pizza; e vocês, churrasco.

 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. 5. Para isolar:


“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
vedo) A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
sileira, possui um trânsito caótico.
F) Reticências (...) B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá- Observações:


pis, canetas, cadernos... Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
dizer... é verdad... Ah!” dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
mal... pega doutor? guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei- futebol, lazer, etc.
xa, depois, o coração falar...
As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
G) Vírgula (,) binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Você falou isso para ela?!
Não se usa vírgula Temos, ainda, sinais distintivos:
Separando termos que, do ponto de vista sintático,
ligam-se diretamente entre si:  a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
ração de siglas (IOF/UPC);
1. Entre sujeito e predicado:  os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
Todos os alunos da sala foram advertidos. pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
Sujeito predicado opção aos parênteses, principalmente na matemá-
tica;
2. Entre o verbo e seus objetos:  o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
O trabalho custou sacrifício aos nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
realizadores. um nome que não se quer mencionar.
V.T.D.I. O.D. O.I.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Usa-se a vírgula:
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
1. Para marcar intercalação: reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
LÍNGUA PORTUGUESA

abundância, vem caindo de preço. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
produzindo, todavia, altas quantidades de alimen- SITE
tos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir-
é, não querem abrir mão dos lucros altos. gula.htm

64
2. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
CIÁRIA – CESPE – 2017 – ADAPTADA)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Texto 1A1AAA
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
GO 1 – CESPE – 2018 – ADAPTADA) Após o processo de redemocratização, com o fim da
ditadura militar, em meados da década de 80 do sécu-
Texto CB1A1CCC lo passado, era de se esperar que a democratização das
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
revelaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transporta- sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
vam da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para mi- mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
nha cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles re- cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
latos sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam desemprego — que ameaça os direitos sociais.
à minha frente, por diversas vezes, me escoltaram até No Brasil, o crime aumentou significantemente a par-
minha casa e passaram a ser companheiras de noites de tir de 1980, impacto do processo de modernização pelo
insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. Era qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
pessoas que, mesmo ao fim do processo e com a senten- mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
ça prolatada, não me deixavam esquecê-las. ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, social mais anônimo, menos supervisionado.
filhas, esposas, namoradas, companheiras, todas tendo Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez
em comum a violência no corpo e na alma sofrida den- mais dissociada de justiça social e reconstrução da so-
tro de casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro ciedade. O objetivo em relação à criminalidade torna-se
para essas mulheres, havia se transformado no pior dos bem menos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais
mundos. importância na modernidade tardia, porque satisfaz uma
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen- dupla necessidade dessa nova cultura: castigo e controle
tavam à minha frente, os relatos se transformavam em do risco. Essa postura às vezes proporciona controle, po-
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi- rém não segurança, pois o Estado tem o poder limitado
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. de manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a dividir as tarefas de controle com organizações locais e
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não com a comunidade.
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa. Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma pública e garantia dos direitos individuais: os desafios da
força externa como se somente nós, juízes, promotores e polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei-
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. –
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).
violência invisível.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histó- No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-
rias além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 -pontos introduzem
(com adaptações).
a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o b) resultados da “consolidação da cidadania”.
sentido de “nós”. c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
algo “amplo”.
( ) CERTO ( ) ERRADO d) uma generalização do termo “direitos”.
e) objetivos do “processo de redemocratização”.
Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres
chegavam à Justiça buscando uma força externa como Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
se somente nós, juízes, promotores e advogados, pu- SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
déssemos não apenas cessar aquele ciclo de violência encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
(...). Os termos entre vírgulas servem para exemplificar gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
LÍNGUA PORTUGUESA

quem são os “nós” citados pela autora (juízes, promo- sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos
tores, advogados). direitos; apresenta-os.

65
3. (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
2010) Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
da indústria com relação ao futuro próximo. Um deles
refere-se às exportações. “O comércio mundial já está
voltando a se abrir para as empresas”, diz o gerente exe-
cutivo de pesquisas da Confederação Nacional da Indús- Os concurseiros estão apreensivos.
tria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a melhora Concurseiros apreensivos.
das expectativas dos industriais com relação ao mercado
externo. No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
Quanto ao mercado interno, as expectativas da in- terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
dústria não se modificaram. Mas isso não é um mau si- jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
nal, pois elas já eram francamente otimistas. Há algum “apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
tempo, a pesquisa da CNI, realizada mensalmente a par- e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
tir de 2010, registra grande otimismo da indústria com curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
relação à demanda interna. Trata-se de um sentimento número e gênero se correspondem. A correspondência
generalizado. Em todos os setores industriais, a expres- de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
siva maioria dos entrevistados acredita no aumento das ser verbal ou nominal.
vendas internas.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adap- 1. Concordância Verbal
tações).
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vír- seu sujeito.
gulas por tratar-se de um vocativo.
1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se
de fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) A prova para ambos os cargos será aplicada
diz o gerente executivo de pesquisas da Confederação às 13h.
Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
explicar a melhora das expectativas. O termo em des-
taque não está exercendo a função de vocativo, já que Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
não é utilizado para evocar, chamar o interlocutor do 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
diálogo. Sua função é de aposto – explicar quem é o
gerente executivo da CNI. 1.1.1. Casos Particulares

4. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
TRABALHO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) A correção partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
gramatical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cerve- metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
jas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após a no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
palavra “vinhos”. plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
( ) CERTO ( ) ERRADO Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
ram proposta.
Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos- Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que dos coletivos, quando especificados: Um bando de
requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O vândalos destruiu / destruíram o monumento.
Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
LÍNGUA PORTUGUESA

aos elementos que formam esse conjunto.

B) Quando o sujeito é formado por expressão que


indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.

66
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.  Se o número percentual estiver determinado por
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi- artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
mas Olimpíadas. -á com eles:

Observação: Os 30% da produção de soja serão exportados.


Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- Esses 2% da prova serão questionados.
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
ram um ao outro) o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
singular.
C) Quando se trata de nomes que só existem no
plural, a concordância deve ser feita levando-se Fui eu que paguei a conta.
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem Fomos nós que pintamos o muro.
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo És tu que me fazes ver o sentido da vida.
no plural, o verbo deve ficar o plural. Sou eu quem faz a prova.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Estados Unidos possui grandes universidades. Não serão eles quem será aprovado.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
As Minas Gerais são inesquecíveis. G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. mir a forma plural.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou taram os poetas.
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou Este candidato é um dos que mais estudaram!
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o  Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
pronome pessoal. dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
Quais de nós são / somos capazes? singular:
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
vadoras. Nem uma das que me escreveram mora aqui.

Observação:  Quando “um dos que” vem entremeada de subs-


Veja que a opção por uma ou outra forma indica a tantivo, o verbo pode:
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atra-
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso vessa o Estado de São Paulo. (já que não há outro
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de rio que faça o mesmo).
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- condição).
ver no singular, o verbo ficará no singular.
Qual de nós é capaz? H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Algum de vós fez isso. verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.

E) Quando o sujeito é formado por uma expressão Vossa Excelência está cansado?
que indica porcentagem seguida de substantivo, o Vossas Excelências renunciarão?
verbo deve concordar com o substantivo.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
85% dos entrevistados não aprovam a administração de acordo com o numeral.
do prefeito. Deu uma hora no relógio da sala.
1% do eleitorado aceita a mudança. Deram cinco horas no relógio da sala.
1% dos alunos faltaram à prova. Soam dezenove horas no relógio da praça.
LÍNGUA PORTUGUESA

Baterão doze horas daqui a pouco.


 Quando a expressão que indica porcentagem não
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar Observação:
com o número. Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
25% querem a mudança. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
1% conhece o assunto. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
Soa quinze horas o relógio da matriz.

67
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum 1.2.1. Casos Particulares
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de  Quando o sujeito composto é formado por nú-
existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi- cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica
cam fenômenos da natureza. Exemplos: no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
Havia muitas garotas na festa. A coragem e o destemor fez dele um herói.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
Chovia ontem à tarde.  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular:
1.2. Sujeito Composto Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
gundo me satisfaz.
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
bo, a concordância se faz no plural:  Quando os núcleos do sujeito composto são uni-
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no
Pai e filho conversavam longamente. plural, de acordo com o valor semântico das con-
Sujeito junções:

Pais e filhos devem conversar com frequência. Drummond ou Bandeira representam a essência da
Sujeito poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós) “adição”. Já em:
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por Juca ou Pedro será contratado.
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós) Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
outro”, a concordância costuma ser feita no sin-
Pais e filhos precisam respeitar-se. gular.
Terceira Pessoa do Plural (Eles) Um ou outro compareceu à festa.
Nem um nem outro saiu do colégio.
Observação:
Quando o sujeito é composto, formado por um ele-  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é no singular: Um e outro farão/fará a prova.
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
de “tomaríeis”.  Quando os núcleos do sujeito são unidos por
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os nú-
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, cleos recebem um mesmo grau de importância e
passa a existir uma nova possibilidade de concor- a palavra “com” tem sentido muito próximo ao de
dância: em vez de concordar no plural com a totali- “e”.
dade do sujeito, o verbo pode estabelecer concor- O pai com o filho montaram o brinquedo.
dância com o núcleo do sujeito mais próximo. O governador com o secretariado traçaram os planos
para o próximo semestre.
Faltaram coragem e competência. O professor com o aluno questionaram as regras.
Faltou coragem e competência.
Compareceram todos os candidatos e o banca. Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
Compareceu o banca e todos os candidatos. a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
LÍNGUA PORTUGUESA

O pai com o filho montou o brinquedo.


D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- O governador com o secretariado traçou os planos
dância é feita no plural. Observe: para o próximo semestre.
O professor com o aluno questionou as regras.
Abraçaram-se vencedor e vencido.
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
composto. O sujeito é simples, uma vez que as ex-

68
pressões “com o filho” e “com o secretariado” são
adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é #FicaDica
como se houvesse uma inversão da ordem. Veja:
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
“O governador traçou os planos para o próximo semes-
te transformar a frase para a voz passiva. Se
tre com o secretariado.”
a frase construída for “compreensível”, esta-
“O professor questionou as regras com o aluno.”
remos diante de uma partícula apassivadora;
se não, o “se” será índice de indeterminação.
Casos em que se usa o verbo no singular: Veja:
Café com leite é uma delícia! Precisa-se de funcionários qualificados.
O frango com quiabo foi receita da vovó. Tentemos a voz passiva:
Funcionários qualificados são precisados (ou
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expres- precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
sões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não destacado é índice de indeterminação do
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto... sujeito.
quanto”, o verbo ficará no plural. Agora:
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o Vendem-se casas.
Nordeste. Voz passiva: Casas são vendidas. Constru-
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula
notícia. apassivadora. (Dá para eu passar para a voz
passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
Quando os elementos de um sujeito composto são semelhança? Agora é só memorizar!)
resumidos por um aposto recapitulativo, a concor-
dância é feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa- O Verbo “Ser”
tia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o su-
na vida das pessoas. jeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância pode
ocorrer também entre o verbo e o predicativo do sujeito.
1.2.2 Outros Casos
Quando o sujeito ou o predicativo for:
O Verbo e a Palavra “SE”
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há SER concorda com a pessoa gramatical:
duas de particular interesse para a concordância verbal: Ele é forte, mas não é dois.
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; Fernando Pessoa era vários poetas.
B) quando é partícula apassivadora. A esperança dos pais são eles, os filhos.
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos in- B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
diretos e de ligação, que obrigatoriamente são no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
conjugados na terceira pessoa do singular: mente, com o que estiver no plural:
Precisa-se de funcionários. Os livros são minha paixão!
Confia-se em teses absurdas. Minha paixão são os livros!

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha Quando o verbo SER indicar


verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in-
diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes-  horas e distâncias, concordará com a expressão
se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. numérica:
Exemplos: É uma hora.
São quatro horas.
Construiu-se um posto de saúde. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô-
Construíram-se novos postos de saúde. metros.
Aqui não se cometem equívocos  datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
LÍNGUA PORTUGUESA

Alugam-se casas. estar expressa ou subentendida:

Hoje é dia 26 de agosto.


Hoje são 26 de agosto.

 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-


de e for seguido de palavras ou expressões como

69
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
fica no singular: seguintes regras gerais:
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
Duas semanas de férias é muito para mim. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
denunciavam o que sentia.
 Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
concordará o verbo. a concordância pode variar. Podemos sistematizar
No meu setor, eu sou a única mulher. essa flexão nos seguintes casos:
Aqui os adultos somos nós.
 Adjetivo anteposto aos substantivos:
Observação: O adjetivo concorda em gênero e número com o subs-
tantivo mais próximo.
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
sentados por pronomes pessoais, o verbo concor-
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
da com o pronome sujeito.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Eu não sou ela.
Ela não é eu. Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu- Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
A grande maioria no protesto eram jovens.  Adjetivo posposto aos substantivos:
O resto foram atitudes imaturas. O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
ou com todos eles (assumindo a forma masculina
O Verbo “Parecer” plural se houver substantivo feminino e masculino).
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân- A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
cias: A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.

 Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle- Observação:


xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
desenho. pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere
aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infini- flexionado no plural masculino, que é o gênero pre-
tivo sofre flexão: dominante quando há substantivos de gêneros di-
As crianças parece gostarem do desenho. ferentes.
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adje-
aas crianças) tivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).
FIQUE ATENTO!
Com orações desenvolvidas, o verbo PARE- C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
CER fica no singular. Por exemplo: As pare- O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
des parece que têm ouvidos. (Parece que as vo não for acompanhado de nenhum modificador:
paredes têm ouvidos = oração subordinada Água é bom para saúde.
substantiva subjetiva). O adjetivo concorda com o substantivo, se este for mo-
dificado por um artigo ou qualquer outro determi-
nativo: Esta água é boa para saúde.
CONCORDÂNCIA NOMINAL D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
A concordância nominal se baseia na relação entre
LÍNGUA PORTUGUESA

trou-as muito felizes.


nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno- masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
minal. terioso.

70
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
função adjetiva e concorda normalmente com o Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Quite
nome a que se refere:
Cristina saiu só. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e número
Cristina e Débora saíram sós. com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas.
Observação: A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape- Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Seguem inclusos os papéis solicitados.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, inva-
Estamos quites com nossos credores.
riável: Eles só desejam ganhar presentes.
Bastante - Caro - Barato - Longe
#FicaDica
Estas palavras são invariáveis quando funcionam como
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan-
Se a frase ficar coerente com o primeiro, do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu-
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se merais.
houver coerência com o segundo, função de As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
adjetivo, então varia: Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro-
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo nome adjetivo)
Ele está só descansando. (apenas descansan- Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
do) - advérbio As casas estão caras. (adjetivo)
Achei barato este casaco. (advérbio)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
depois de “só”, haverá, novamente, um ad-
jetivo: Meio - Meia
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
descansando) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
meia porção de polentas.
G) Quando um único substantivo é modificado por dois Quando empregada como advérbio permanece invariá-
ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as vel: A candidata está meio nervosa.
construções:

 O substantivo permanece no singular e coloca-se o #FicaDica


artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura es-
panhola e a portuguesa. Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
 O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo saberei que se trata de um advérbio, não de
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e por- adjetivo: “A candidata está um pouco nervo-
tuguesa. sa”.

1. Casos Particulares
Alerta - Menos
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É permi-
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
tido
sempre invariáveis.
 Estas expressões, formadas por um verbo mais um Os concurseiros estão sempre alerta.
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se Não queira menos matéria!
referem possuir sentido genérico (não vier precedido
de artigo). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
É proibido entrada de crianças.
Em certos momentos, é necessário atenção. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
No verão, melancia é bom. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
É preciso cidadania. Paulo: Saraiva, 2010.
Não é permitido saída pelas portas laterais. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
LÍNGUA PORTUGUESA

Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.


 Quando o sujeito destas expressões estiver determi- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
nado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o ver- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
bo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças. SITE
Esta salada é ótima.
A educação é necessária.
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php
São precisas várias medidas na educação.

71
a) não existe e não têm.
b) não existe e inexiste.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) inexiste e não há.
d) inexiste e não acontece.
1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE- e) não tem e não têm.
DERAL – CESPE – 2013) Formas de tratamento como
Vossa Excelência e Vossa Senhoria, ainda que sejam em- Resposta: Letra C. Busquemos o contexto:
pregadas sempre na segunda pessoa do plural e no femi- - sem direitos humanos reconhecidos e protegidos,
nino, exigem flexão verbal de terceira pessoa; além disso, não há democracia = poderíamos substituir por “não
o pronome possessivo que faz referência ao pronome existe”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sen-
de tratamento também deve ser o de terceira pessoa, e tido de “existir”)
o adjetivo que remete ao pronome de tratamento deve - sem democracia, não existem as condições míni-
concordar em gênero e número com a pessoa — e não mas para a solução pacífica dos conflitos = sentido
com o pronome — a que se refere. de “existir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no
plural, já que devemos concordar com “as condições
( ) CERTO ( ) ERRADO mínimas”. A única “troca” adequada seria o verbo “ha-
ver” – que pode ser utilizado com o sentido de “exis-
Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân- tir”. Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos e
cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata- protegidos, inexiste democracia; sem democracia, não
mento devem ser na terceira pessoa e concordar em há as condições mínimas para a solução pacífica dos
gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem conflitos.
se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
cordará com quem está se falando: uma mulher ou um 3. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚS-
homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” / TRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO
“Vossas Senhorias gostariam de um café?”. ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Em “Vossa Exce-
lência deve estar satisfeita com os resultados das nego-
2. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN- ciações”, o adjetivo estará corretamente empregado se
TOS BÁSICOS CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – dirigido a ministro de Estado do sexo masculino, pois o
NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017) termo “satisfeita” deve concordar com a locução prono-
minal de tratamento “Vossa Excelência”.
Texto CB3A2BBB
( ) CERTO ( ) ERRADO
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
estão na base das Constituições democráticas modernas. Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re- do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto;
conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá fle-
em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo xão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento
tempo, o processo de democratização do sistema in- é apenas a maneira como tratar a autoridade, não re-
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca gendo as demais concordâncias.
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção 4. (ABIN – AGENTE TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos CESPE – 2010 – ADAPTADA) (...) Da combinação entre
humanos, democracia e paz são três elementos funda- velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilida-
mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos de surge a noção contemporânea de agilidade, transfor-
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra- mada em principal característica de nosso tempo.
cia; sem democracia, não existem as condições mínimas A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo grama-
para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras, tical para o texto, ser flexionada no plural, para concor-
a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se dar com “velocidade, persistência, relevância, precisão e
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns flexibilidade”
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que
não tenha a guerra como alternativa, somente quando ( ) CERTO ( ) ERRADO
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
Estado, mas do mundo. Resposta: Errado. O verbo está concordando com o
LÍNGUA PORTUGUESA

Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nel- termo “combinação”, por isso deve ficar no singular.
son Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com
adaptações). 5. (TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDE-
Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A- RAL-DF – CONHECIMENTOS BÁSICOS – ANALISTA
2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA
substituídos, respectivamente, por – CESPE – 2014 – ADAPTADA) (...) Há décadas, países
como China e Índia têm enviado estudantes para países

72
centrais, com resultados muito positivos.(...) diferentes formas em frases distintas.
A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substi-
tuída por Fazem. A) Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
( ) CERTO ( ) ERRADO importante, no entanto, destacar alguns detalhes
relativos aos adjuntos adverbiais que costumam
Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre- acompanhá-los.
gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão.
Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas”. Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos
adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL usadas para indicar destino ou direção são: a, para.

Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
Ricardo foi para a Espanha.
(regência nominal) e seus complementos.
Adjunto Adverbial de Lugar
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
A regência verbal estuda a relação que se estabelece
por em ou a.
entre os verbos e os termos que os complementam
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam
último jogo.
(adjuntos adverbiais). Há verbos que admitem mais
de uma regência, o que corresponde à diversidade
B) Verbos Transitivos Diretos
de significados que estes verbos podem adquirir
Os verbos transitivos diretos são complementados
dependendo do contexto em que forem empregados.
por objetos diretos. Isso significa que não exigem
preposição para o estabelecimento da relação de
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
regência. Ao empregar esses verbos, lembre-se de
contentar.
que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
objetos diretos. Esses pronomes podem assumir
agrado ou prazer”, satisfazer.
as formas lo, los, la, las (após formas verbais
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
(após formas verbais terminadas em sons nasais),
“agradar a alguém”.
enquanto lhe e lhes são, quando complementos
verbais, objetos indiretos.
O conhecimento do uso adequado das preposições
São verbos transitivos diretos, dentre outros:
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar,
verbal (e também nominal). As preposições são capazes
acompanhar, acusar, admirar, adorar, alegrar,
de modificar completamente o sentido daquilo que está
ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
sendo dito.
condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar,
Cheguei ao metrô.
prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver,
Cheguei no metrô.
visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
como o verbo amar:
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a.
A voluntária distribuía leite às crianças.
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
A voluntária distribuía leite com as crianças.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
Observação:
LÍNGUA PORTUGUESA

como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto


Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
adnominais):
adverbial).
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Para estudar a regência verbal, agruparemos os
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém,
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de

73
C) Verbos Transitivos Indiretos
Os verbos transitivos indiretos são complementados O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos com particular cuidado:
exigem uma preposição para o estabelecimento Agradeci o presente. / Agradeci-o.
da relação de regência. Os pronomes pessoais do Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, Paguei minhas contas. / Paguei-as.
os, a, as como complementos de verbos transitivos Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
indiretos. Com os objetos indiretos que não
representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos Informar
tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
pronomes átonos lhe, lhes. indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Informe os novos preços aos clientes.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os
Consistir - Tem complemento introduzido pela novos preços)
preposição “em”: A modernidade verdadeira
consiste em direitos iguais para todos. Na utilização de pronomes como complementos, veja
as construções:
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos
complementos introduzidos pela preposição “a”: preços.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
Eles desobedeceram às leis do trânsito. sobre eles)

Responder - Tem complemento introduzido pela Observação:


preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto A mesma regência do verbo informar é usada para
para indicar “a quem” ou “ao que” se responde. os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar,
Respondi ao meu patrão. prevenir.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura. Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo
Observação: admite as preposições “a” ou “com” para
O verbo responder, apesar de transitivo indireto introduzir o complemento indireto: Comparei seu
quando exprime aquilo a que se responde, admite comportamento ao (ou com o) de uma criança.
voz passiva analítica:
O questionário foi respondido corretamente. Pedir
Todas as perguntas foram respondidas Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
satisfatoriamente. na forma de oração subordinada substantiva) e
indireto de pessoa.
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus
complementos introduzidos pela preposição Pedi-lhe favores.
“com”. Objeto Indireto Objeto Direto
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
governam para uma minoria privilegiada. Objeto Indireto Oração Subordinada
Substantiva Objetiva Direta
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
Os verbos transitivos diretos e indiretos são cotidiana, deve ter emprego muito limitado na
acompanhados de um objeto direto e um indireto. língua culta. No entanto, é considerada correta
Merecem destaque, nesse grupo: agradecer, quando a palavra licença estiver subentendida.
perdoar e pagar. São verbos que apresentam
objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
LÍNGUA PORTUGUESA

relacionado a pessoas. casa.

Agradeço aos ouvintes a audiência. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
Objeto Indireto Objeto Direto uma oração subordinada adverbial final reduzida
de infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em
Paguei o débito ao cobrador. casa).
Objeto Direto Objeto Indireto

74
Preferir Assistimos ao documentário.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto Não assisti às últimas sessões.
indireto introduzido pela preposição “a”: Essa lei assiste ao inquilino.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus. No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto
Observação: adverbial de lugar introduzido pela preposição
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem “em”: Assistimos numa conturbada cidade.
termos intensificadores, tais como: muito, antes,
mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é Chamar
dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre). Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Mudança de Transitividade - Mudança de Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
Significado chamá-la.
Há verbos que, de acordo com a mudança de Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
transitividade, apresentam mudança de significado.
O conhecimento das diferentes regências desses Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
verbos é um recurso linguístico muito importante, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se
pois além de permitir a correta interpretação refere predicativo preposicionado ou não.
de passagens escritas, oferece possibilidades A torcida chamou o jogador mercenário.
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os A torcida chamou ao jogador mercenário.
principais, estão: A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Agradar
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
carinhos, acariciar, fazer as vontades de. Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes. Custar
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege adverbial: Frutas e verduras não deveriam custar
complemento introduzido pela preposição “a”. muito.
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: oração reduzida de infinitivo.
O cantor desagradou à plateia.
Muito custa viver tão longe da família.
Aspirar Verbo Intransitivo Oração Subordinada
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
(o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Custou-me (a mim) crer nisso.
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Objeto Indireto Oração Subordinada
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
(Aspirávamos a ele)
A Gramática Normativa condena as construções que
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado
as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são por pessoa: Custei para entender o problema.
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a = Forma correta: Custou-me entender o problema.
ela(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência
melhor. (= Aspiravam a ela) Implicar
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Assistir A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
LÍNGUA PORTUGUESA

Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar implicavam um firme propósito.


assistência a, auxiliar. B) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Como transitivo direto e indireto, significa
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista
presenciar, estar presente, caber, pertencer. em questões econômicas.

75
(pronominal)
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
indireto e rege com preposição “com”: Implicava No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou
com quem não trabalhasse arduamente. seja, exigem complemento sem preposição: Ele
esqueceu o livro.
Namorar No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc)
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois e exigem complemento com a preposição “de”.
anos. São, portanto, transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Obedecer - Desobedecer Eu me esqueci da chave.
Sempre transitivo indireto: Eles se esqueceram da prova.
Todos obedeceram às regras. Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Ninguém desobedece às leis.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a sofre leve alteração de sentido. É uma construção
elas. muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil
encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros
Proceder como portugueses. Machado de Assis, por
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
ter cabimento, ter fundamento ou comportar- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
se, agir. Nessa segunda acepção, vem sempre Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
acompanhado de adjunto adverbial de modo. Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
As afirmações da testemunha procediam, não havia momentos é sujeito)
como refutá-las.
Você procede muito mal. Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege Não simpatizei com os jurados.
a preposição “de”) e fazer, executar (rege Simpatizei com os alunos.
complemento introduzido pela preposição “a”) é
transitivo indireto. Importante:
O avião procede de Maceió. A norma culta exige que os verbos e expressões
Procedeu-se aos exames. que dão ideia de movimento sejam usados com a
O delegado procederá ao inquérito. preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Querer Cláudia desceu ao segundo andar.
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento. Regência Nominal
Queremos um país melhor.
É o nome da relação existente entre um nome
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. regidos por esse nome. Essa relação é sempre
intermediada por uma preposição. No estudo
Visar da regência nominal, é preciso levar em conta
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de que vários nomes apresentam exatamente o
mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. mesmo regime dos verbos de que derivam.
O homem visou o alvo. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses
O gerente não quis visar o cheque. casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como correspondentes: todos regem complementos
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição introduzidos pela preposição a. Veja:
“a”. Obedecer a algo/ a alguém.
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O ensino deve sempre visar ao progresso social. Obediente a algo/ a alguém.


Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-
estar público. Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
seja, exercer a função de complemento nominal,
Esquecer – Lembrar ela será completiva nominal (subordinada
Lembrar algo – esquecer algo substantiva).
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo

76
Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

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77
c) Podemos esperar um futuro melhor
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) Podemos esperar todavia um futuro melhor

1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- Resposta: Letra C


GRANRIO-2018) Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po-
demos esperar o quê?
O ano da esperança Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po-
demos esperar o quê?
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de ami- Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta
gos desempregados. E pedidos de empréstimos. Um Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me-
atrás do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações lhor = sentido de “porque”
de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o di- Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor =
nheiro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada
com a consciência de que era uma doação. A situação anteriormente)
foi piorando. Os argumentos também. No início era para A única frase correta – e coerente - é podemos esperar
pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós um futuro melhor.
doentes. Lamentavelmente, aprendi a não ser genero-
so. Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente. 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
Mas que sofreu um acidente e não tinha como pagar a GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança-
fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re-
internações, remédios. A situação piorando, eu já estava sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
encomendando missa de sétimo dia. Falei com um ami- desses produtos”. A utilização da preposição destacada
go médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso a é obrigatória para atender às exigências da regência
gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para a do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da
consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se con- língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma
sultava ou eu não ajudava mais. preposição antecedendo o pronome que destacado em:
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma
receita de suplementos para ficar com o corpo atlético. a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que qua-
Nunca conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota se ninguém possui, recém-lançado no mercado, pas-
por ter caído na história. Só que esse rapaz havia perdido sam a ter uma sensação de superioridade.
o emprego após o suposto acidente. Foi por isso que me b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
deixei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As em relação ao modelo anterior.
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. realizou foi importante para mostrar que o vício em
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova sentirem recompensadas.
consciência para votar. Como? Num mundo em que as e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites do que o seu orçamento permite em aparelhos que
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram elas não necessitam.
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- Resposta: Letra E
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um produto
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. que (= o qual) quase ninguém possui, recém-lançado
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da no mercado, passam a ter uma sensação de superio-
internet. ridade.
Duvidam. Acham que estou mentindo. Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
2017, p.97. Adaptado. seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
LÍNGUA PORTUGUESA

Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
melhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
conservando-se o conteúdo informacional, o trecho aci- cada vez mais.
ma está corretamente reescrito em: Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
a) Podemos esperar para um futuro melhor levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
b) Podemos esperar com um futuro melhor Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-

78
to mais do que o seu orçamento permite em apare- Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo
lhos de que (= das quais) elas não necessitam. se ateve = ao qual/ a que

3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) 5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA)


A pobreza é um dos fatores mais comumente res- Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen-
ponsáveis pelo baixo nível de desenvolvimento huma- chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor-
no e pela origem de uma série de mazelas, algumas das rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas.
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes.
crianças e adolescentes a participarem do processo de d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer.
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Resposta: Letra A
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, temos acento indicativo de crase antes de pronome
ele continua sendo grave problema nos países mais po- pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, pode-
bres. mos usar a construção: verbo + preposição + prono-
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adapta- me pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de “dar-
ções). -lhes”).

O emprego de preposição em “a participarem” é exi-


gido pela regência da forma verbal “obriga”.

( ) CERTO ( ) ERRADO SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

Resposta: Certo
Semântica é o estudo da significação das palavras
(...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem,
e das suas mudanças de significação através do tempo
obriga crianças e adolescentes a participarem = quem
ou em determinada época. A maior importância está em
obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes – ob-
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia)
jeto direto) a algo (a participarem – objeto indireto:
e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
com preposição – no caso, uma oração com a função
de objeto indireto).
1. Sinônimos
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013)
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al-
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar -
ternativa correta.
abolir.
Duas palavras são totalmente sinônimas quando
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo
são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto
comentou de que o livro estava acabando.
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas
b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros
quando, ocasionalmente, podem ser substituídas,
de papel, o autor aderiu o livro digital.
uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair
esperar).
para jantar.
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para
Observação:
armazenar livros e CDs.
A contribuição greco-latina é responsável pela
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve
existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
foi o número de estantes.
antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
Resposta: Letra C
transformação e metamorfose; oposição e antítese.
Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o
LÍNGUA PORTUGUESA

amigo comentou de (X) que = comentou que


2. Antônimos
Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando
livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao
São palavras que se opõem através de seu significado:
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
seria sair para jantar = correta
mal - bem.
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a
que

79
Observação: significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
A antonímia pode se originar de um prefixo de sen- Veículos é um hiperônimo de carros.
tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e antico- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
munista; simétrico e assimétrico. a repetição desnecessária de termos.

3. Homônimos e Parônimos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Homônimos = palavras que possuem a mesma SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados di- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ferentes. Podem ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Paulo: Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
e denuncia (verbo); providência (subst.) e providen- Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
cia (verbo).
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e SITE
diferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmo- http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-
nizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e -antonimos,-homonimos-e-paronimos
sela (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo);
paço (palácio) e passo (andar).
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pro- Exemplos de variação no significado das palavras:
núncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo). literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
 Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po- figurado)
rém de formas relativamente próximas. São pala- Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
vras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (re- As variações nos significados das palavras ocasionam
ceptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre) (conotação) das palavras.
e iminente (que está para ocorrer), osso (substan-
tivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo A) Denotação= Uma palavra é usada no sentido de-
“ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimen- notativo quando apresenta seu significado original,
to (medida) e cumprimento (saudação), autuar independentemente do contexto em que aparece.
(processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e Refere-se ao seu significado mais objetivo e co-
infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (diver- mum, aquele imediatamente reconhecido e muitas
gir), suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender vezes associado ao primeiro significado que apa-
(conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de), rece nos dicionários, sendo o significado mais li-
tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi- teral da palavra. A denotação tem como finalidade
mento, trânsito), mandato (procuração) e manda- informar o receptor da mensagem de forma clara e
do (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir objetiva, assumindo um caráter prático. É utilizada
(mergulhar, afundar). em textos informativos, como jornais, regulamen-
tos, manuais de instrução, bulas de medicamentos,
4. Hiperonímia e Hiponímia textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, por
exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- pedaço de madeira. Outros exemplos:
LÍNGUA PORTUGUESA

cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo O elefante é um mamífero.


o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o As estrelas deixam o céu mais bonito!
hiperônimo, mais abrangente.
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- B) Conotação= Uma palavra é usada no sentido co-
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- notativo quando apresenta diferentes significados,
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- sujeitos a diferentes interpretações, dependendo
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de do contexto em que esteja inserida, referindo-se

80
a sentidos, associações e ideias que vão além do computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co-
sentido original da palavra, ampliando sua signi- mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de
ficação mediante a circunstância em que a mes- “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
ma é utilizada, assumindo um sentido figurado e que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
simbólico. Como no exemplo da palavra “pau”: em ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
seu sentido conotativo ela pode significar castigo é o formato quadriculado que têm.
(dar-lhe um pau), reprovação (tomei pau no con-
curso). A conotação tem como finalidade provocar 1. Polissemia e homonímia
sentimentos no receptor da mensagem, através
da expressividade e afetividade que transmite. É A confusão entre polissemia e homonímia é bastante co-
utilizada principalmente numa linguagem poética mum. Quando a mesma palavra apresenta vários significados,
e na literatura, mas também ocorre em conversas estamos na presença da polissemia. Por outro lado, quando
cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- duas ou mais palavras com origens e significados distintos
blicitários, entre outros. Exemplos: têm a mesma grafia e fonologia, temos uma homonímia.
Você é o meu sol! A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
Minha vida é um mar de tristezas. significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
Você tem um coração de pedra! é polissemia porque os diferentes significados para a
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
#FicaDica do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de um
Procure associar Denotação com Dicionário: determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes signifi-
trata-se de definição literal, quando o termo cados estão interligados porque remetem para o mesmo
é utilizado com o sentido que consta no di- conceito, o da escrita.
cionário.
2. Polissemia e ambiguidade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto


na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma in-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. terpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- colocação específica de uma palavra (por exemplo, um
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Paulo: Saraiva, 2010. Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre-
quentemente são felizes.
SITE Neste caso podem existir duas interpretações diferentes:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/ felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi-
librada.
POLISSEMIA De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de importante saber qual o contexto em que a frase é pro-
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, ferida.
mas que abarca um grande número de significados den- Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
tro de seu próprio campo semântico. do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per- comicidade. Repare na figura abaixo:
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
-se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
ocorrência da polissemia:
LÍNGUA PORTUGUESA

O rapaz é um tremendo gato.


O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico. (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-
-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de

81
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, O discurso em si é uma construção linguística atre-
mas duas seriam: lada ao contexto social no qual o texto é desenvolvido.
Corte e coloração capilar Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são
ou diretamente determinadas pelo contexto político-social
Faço corte e pintura capilar em que vive o seu autor. Mais que uma análise textual, a
análise do Discurso é uma análise contextual da estrutura
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS discursiva em questão.
Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- como uma construção de características sociais. A so-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São ciedade que promove o contexto do discurso analisado
Paulo: Saraiva, 2010. é a base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa modo, todo e qualquer elemento que possa fazer parte
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. do sentido do discurso. O texto só pode assim ser cha-
mado se o seu receptor for capaz de compreender o seu
SITE sentido, e isto cabe ao autor do texto e à atenção que o
mesmo der ao contexto da construção de seu discurso. É
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia. a relação básica para a existência da comunicação verbal:
htm emissão – recepção – compreensão.
As práticas discursivas geram também outros âmbitos
de análise do discurso, como o Universo de Concorrên-
EXERCÍCIO COMENTADO cias, que consiste na competição entre vários emissores
para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto, os
emissores precisam inteirar-se do contexto da vida do
1. (SUSAM-AM – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FGV
– 2014) “o país teve de recorrer a um programa de raciona- seu receptor, para que deste modo possam interpelá-lo
mento”. Assinale a opção que apresenta a forma de reescre- segundo sua própria ideologia, fazendo com que sua
ver esse segmento, que altera o seu sentido original. mensagem seja recebida e assimilada pelo receptor sem
que o mesmo perceba que está sendo alvo de uma ten-
a) O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de ra- tativa de convencimento, por assim dizer.
cionamento. Dentro da análise do Discurso há também o discurso
b) O país teve como recurso recorrer a um programa de estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o
racionamento. indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao
c) O Brasil foi levado a recorrer a um programa de raciona- seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo
mento. se define a partir do que, ao longo de sua vida, torna-se
d) O país obrigou‐se a recorrer a um programa de raciona- importante e desperta-lhe sentimentos. Com isto, pode-
mento. mos analisar as artes produzidas em diferentes épocas
e) O Brasil optou por um programa de racionamento. da história em todo o mundo e perceber as diferentes
formas de interpelação e contextualidade presentes nas
Resposta: Letra E. “o país teve de recorrer a um progra- mesmas. O discurso estético tem a mesma capacidade
ma de racionamento”. Assinale a opção que apresenta a ideológica que o discurso verbal, com a vantagem de
forma de reescrever esse segmento, que altera o seu
atingir o indivíduo esteticamente, o que pode render
sentido original.
muito mais rapidamente o sucesso do discurso aplicado.
Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa
de racionamento = mesmo sentido.
A partir na análise de todos os aspectos do discurso
Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um progra- chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do
ma de racionamento = mesmo sentido. discurso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto,
Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa de pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma de
racionamento = mesmo sentido. construção. O sentido do discurso encontra-se sempre
Em “d”: O país obrigou‐se a recorrer a um programa de em aberto para a possibilidade de interpretação do seu
racionamento = mesmo sentido. receptor. O efeito do discurso é, claramente, transmitir
Em “e”: O Brasil optou por um programa de racionamen- uma mensagem e alcançar um objetivo premeditado
to = mudança de sentido (segundo o enunciado, o país através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo.
não teve outra opção a não ser recorrer. Na alternativa,
provavelmente havia outras opções, e o país escolheu a 1. Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto livre
de “recorrer”).
LÍNGUA PORTUGUESA

1.1. Vozes do Discurso


Análise e Tipo de Discurso
Ao lermos um texto, observamos que há um narrador
A Análise do Discurso é uma prática da linguística no - que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estru- introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
tura de um texto e, a partir disto, compreender as cons- Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a
truções ideológicas presentes no mesmo. voz principal ou privilegiada - o narrador - usa o que cha-

82
mamos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do 1.3. Norma culta
texto? É a forma como as falas são inseridas na narrativa.
Ele pode ser classificado em: direto, indireto e indireto A norma culta, forma linguística que todo povo civili-
livre. zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio-
nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importan-
A) Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo te do ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas
dito por alguém. Um bom exemplo de discurso di- escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ-
reto são as citações ou transcrições exatas da de- nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva
claração de alguém. e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:
 Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala,
usando aspas ou travessões para demarcar que Estou preocupado. (norma culta)
está reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não Tô preocupado. (língua popular)
gosto disso” – disse a menina em tom zangado. Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

B) Discurso indireto: o narrador, usando suas pró- Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín-
prias palavras, conta o que foi dito por outra pes- gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es-
soa. Temos então uma mistura de vozes, pois as pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para
falas dos personagens passam pela elaboração da viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
fala do narrador. Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
 Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa normas da língua culta.
sua própria voz, o que foi dito pela personagem
passa pela elaboração do narrador. Não há uma 1.4. O conceito de erro em língua
pontuação específica que marque o discurso in-
direto: A menina disse em tom zangado, que não Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
gostava daquilo. casos de ortografia. O que normalmente se comete são
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num
C) Discurso indireto livre: É um discurso no qual há momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele
uma maior liberdade, o narrador insere a fala do falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans-
personagem de forma sutil, sem fazer uso das mar- gride a norma culta.
cas do discurso direto. É necessário que se tenha Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
atenção para não confundir a fala do narrador com fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
a fala do personagem, pois esta surge de repente ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhista,
em meio à fala do narrador: A menina perambulava numa praia, vestido de fraque e cartola.
pela sala irritada e zangada. Eu não gosto disso! E Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
parecia que ninguém a ouvia. pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre
1.2. Níveis de Linguagem amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são conside-
radas perfeitamente normais construções do tipo:
A língua é um código de que se serve o homem para
Eu não vi ela hoje.
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
Ninguém deixou ele falar.
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
Deixe eu ver isso!
funcionais:
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
A) a língua funcional de modalidade culta, língua
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
culta ou língua-padrão, que compreende a lín-
gua literária, tem por base a norma culta, forma
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
linguística utilizada pelo segmento mais culto e
norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
a língua utilizada pelos veículos de comunicação
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções
serem aliados da escola, prestando serviço à socie-
se alteram:
dade, colaborando na educação;
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu não a vi hoje.
B) a língua funcional de modalidade popular; lín- Ninguém o deixou falar.
gua popular ou língua cotidiana, que apresenta Deixe-me ver isso!
gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí- Eu te amo, sim, mas não abuses!
ria e no calão. Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

83
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- trando as características e as vantagens de uma e outra,
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida-
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
transgressões da norma culta na pena ou na boca de Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
refletir serviço à causa do ensino. de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
poética, caracterizado por construções de rara beleza. to entre uma modalidade e outra.
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa borada que a língua falada, porque é a modalidade que
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem-
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) isso mesmo, processam-se lentamente e em número
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dalidade falada.
dispersar e Não vamos dispersar-nos) Importante é fazer o educando perceber que o nível
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
de sair daqui bem depressa) com a situação em que se desenvolve o discurso.
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
seu posto) gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são padre não fala com uma criança como se estivesse em
exemplos também de transgressões ou “erros” que se uma missa, assim como uma criança não fala como um
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso,
a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível
para se arcaizarem as formas então legítimas impido, des- de fala no recesso do lar e na sala de aula.
pido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolari- Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
zada tem coragem de usar. esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário tidiano, a que já fizemos referência.
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada (MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a REPÚBLICA). ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM
norma culta. AO TIPO DE DOCUMENTO E ADEQUAÇÃO DO
FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO
1.5. Língua escrita e língua falada - Nível de lin-
guagem
Redação oficial é o meio utilizado para o
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos estabelecimento de relações de serviço na administração
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua pública e corresponde ao modo uniforme de redigir atos
falada. normativos e comunicações oficiais. Para que se alcance
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação a efetividade dessas relações, são traçadas normas de
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no linguagem e padronização no uso de fórmulas e estética
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, para as comunicações escritas, as quais são revestidas de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda- certas peculiaridades restritas ao meio.
lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e As comunicações oficiais devem primar pela
natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor- objetividade, transparência, clareza, simplicidade e
LÍNGUA PORTUGUESA

mações e a evoluções. impessoalidade.


Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor- Nesse sentido, a redação oficial, da qual se deve
tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar extrair uma única interpretação, há de procurar ser
a língua falada com base na língua escrita, considerada compreensível por todo e qualquer cidadão brasileiro.
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as Com esses cuidados, é possível aprimorar um item
emendas, a que os professores sempre estão atentos. fundamental na profissionalização do servidor, na
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- racionalização do trabalho e na redução dos custos.

84
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a Não se concebe que um ato normativo de qualquer
maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista ou impossibilite sua compreensão. A transparência
do Poder Executivo. do sentido dos atos normativos, bem como sua
A redação oficial deve caracterizar-se pela inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de
impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, Direito: é inaceitável que um texto legal não seja
concisão, formalidade e uniformidade, clareza e entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois,
precisão, objetividade, coesão e coerência. necessariamente, clareza e concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma
dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
FIQUE ATENTO! para sua elaboração que remontam ao período de nossa
Essas quatro ultimas características foram história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade
acrescentadas no novo manual de redação – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro
oficial. de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o
número de anos transcorridos desde a Independência.
Essa prática foi mantida no período republicano.
Vejamos: Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza,
Precisão: o atributo da precisão complementa a uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
clareza e caracteriza-se Por: aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
- articulação da linguagem comum ou técnica para a permitir uma única interpretação e ser estritamente
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto. impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível
Mas cuidado, a linguagem técnica é permitida, desde de linguagem.
que usada de forma que não haja dúvidas na informação. Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
- manifestação do pensamento ou da ideia com as oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre
mesmas palavras, evitando o emprego de sinônimos um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
com proposito meramente estilístico. dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público
- escolha de expressão ou palavra que não confira (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro)
duplo sentido ao texto. – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de
forma homogênea (o público).
Objetividade: ser objetivo é ir diretamente ao Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
assunto que se deseja abordar, sem voltas e sem buscou fazer das características específicas da forma
redundâncias. Para conseguir isso, é fundamental que o oficial de redigir não deve ensejar o entendimento de
redator saiba de antemão qual é a ideia principal e quais que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
são as secundarias. uma forma específica de linguagem administrativa,
o que coloquialmente e pejorativamente se chama
Coesão e coerência: é indispensável que o texto tenha burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a
coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
a ligação, a harmonia entre os elementos de um texto. e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de
Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando construção de frases.
se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os A redação oficial não é, portanto, necessariamente
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade
aos outros. básica – comunicar com impessoalidade e máxima
clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
#FicaDica jornalístico, da correspondência particular, etc.
Todo o texto precisa estar conectado, para Apresentadas essas características fundamentais da
isso, fique atento à regência nominal e verbal, redação oficial, passemos à análise pormenorizada de
usando das preposições corretas de acordo cada uma delas.
com a intenção do texto.
- Uso do padrão culto de linguagem
A necessidade de empregar determinado nível de
Fundamentalmente esses atributos decorrem da
linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre,
Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
de um lado, do próprio caráter público desses atos
LÍNGUA PORTUGUESA

pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou
(...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que
fundamentais de toda administração pública, claro está só é alcançado se em sua elaboração for empregada
que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e a linguagem adequada. O mesmo se dá com os
comunicações oficiais. expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de

85
informar com clareza e objetividade. e mesmo o vocabulário próprio a determinada área,
As comunicações que partem dos órgãos públicos são de difícil entendimento por quem não esteja com
federais devem ser compreendidas por todo e eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros
há que evitar o uso de uma linguagem restrita a órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos
determinados grupos. Não há dúvida que um texto cidadãos.
marcado por expressões de circulação restrita, como a
gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, - Clareza e precisão
tem sua compreensão dificultada.
Ressalte-se que há necessariamente uma distância Clareza
entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente
dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
de costumes, e pode eventualmente contar com outros oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se
gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns concebe que um documento oficial ou um ato normativo
dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua de qualquer natureza seja redigido de forma obscura,
escrita incorpora mais lentamente as transformações, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas transparência é requisito do próprio Estado de Direito: é
de si mesma para comunicar. inaceitável que um texto oficial ou um ato normativo não
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes seja entendido pelos cidadãos. O princípio constitucional
níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por da publicidade não se esgota na mera publicação do
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer texto, estendendo-se, ainda, à necessidade de que o
de determinado padrão de linguagem que incorpore texto seja claro.
expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um Para a obtenção de clareza, sugere-se:
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do
vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sen-
um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz tido comum, salvo quando o texto versar sobre
da língua, a finalidade com que a empregamos. assunto técnico, hipótese em que se utilizará no-
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu menclatura própria da área;
caráter impessoal, por sua finalidade de informar com b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar
o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso as orações na ordem direta e evitar intercalações
do padrão culto da língua. Há consenso de que o excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambi-
padrão culto é aquele em que a) se observam as regras guidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da
da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário oração;
comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo
ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto o texto;
na redação oficial decorre do fato de que ele está d) não utilizar regionalismos e neologismos;
acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas e) pontuar adequadamente o texto;
regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias f) explicitar o significado da sigla na primeira referên-
linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a cia a ela; e
pretendida compreensão por todos os cidadãos. g) utilizar palavras e expressões em outro idioma ape-
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a nas quando indispensáveis, em razão de serem de-
simplicidade de expressão, desde que não seja confundida signações ou expressões de uso já consagrado ou
com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do de não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as
padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada, em itálico, conforme orientações do subitem 10.2
nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de deste Manual.
linguagem próprios da língua literária.
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente Precisão
um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso
do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É O atributo da precisão complementa a clareza e
claro que haverá preferência pelo uso de determinadas caracteriza-se por:
expressões, ou será obedecida certa tradição no a) articulação da linguagem comum ou técnica para a
emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
LÍNGUA PORTUGUESA

necessariamente, que se consagre a utilização de uma b) manifestação do pensamento ou da ideia com


forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, as mesmas palavras, evitando o emprego de
como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua sinonímia com propósito meramente estilístico; e
compreensão limitada. c) escolha de expressão ou palavra que não confira
A linguagem técnica deve ser empregada apenas duplo sentido ao texto.
em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso É indispensável, também, a releitura de todo o texto
indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos

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obscuros provém principalmente da falta da releitura, de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011a).
o que tornaria possível sua correção. Na revisão de Exemplo:
um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil Apurado, com impressionante agilidade e precisão,
compreensão por seu destinatário. O que nos parece naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à população
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio acreana, verificou-se que a esmagadora e ampla maioria
que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrência da população daquele distante estado manifestou-se
de nossa experiência profissional, muitas vezes, faz com pela efusiva e indubitável rejeição da alteração realizada
que os tomemos como de conhecimento geral, o que pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, inconformada e
nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, indignada, com a nova hora legal vinculada ao terceiro
precise os termos técnicos, o significado das siglas e das fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a
abreviações e os conceitos específicos que não possam ela seria melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco
ser dispensados. horas a menos que em Greenwich.
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários,
são elaboradas certas comunicações quase sempre abusou-se no emprego de adjetivos (impressionante,
compromete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há esmagadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe
assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, confere carga afetiva injustificável, sobretudo em texto
com sua indesejável repercussão no texto redigido. oficial, que deve primar pela impessoalidade. Eliminados
A clareza e a precisão não são atributos que se atinjam os excessos, o período ganha concisão, harmonia e
por si sós: elas dependem estritamente das demais unidade:
características da redação oficial, apresentadas a seguir. Exemplo:
Apurado o resultado da consulta à população
- Objetividade acreana, verificou-se que a maioria da população se
manifestou pela rejeição da alteração realizada pela Lei
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja no 11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora legal
abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir vinculada ao terceiro fuso, a maioria da população do
isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar
é a ideia principal e quais são as secundárias. ao quarto fuso, estando cinco horas menos que em
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe Greenwich.
em todo texto de alguma complexidade: as fundamentais
e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o - Coesão e coerência
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas
existem também ideias secundárias que não acrescentam É indispensável que o texto tenha coesão e coerência.
informação alguma ao texto, nem têm maior relação com Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto tem
que também proporcionará mais objetividade ao texto. coesão e coerência quando se lê um texto e se verifica que
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados,
com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, dando continuidade uns aos outros.
sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou coerência de um texto são: referência, substituição, elipse
torna o texto rude e grosseiro. e uso de conjunção.
A referência diz respeito aos termos que se relacionam
- Concisão a outros necessários à sua interpretação. Esse mecanismo
pode dar-se por retomada de um termo, relação com o
que é precedente no texto, ou por antecipação de um
A concisão é antes uma qualidade do que uma
termo cuja interpretação dependa do que se segue.
característica do texto oficial. Conciso é o texto que
Exemplos:
consegue transmitir o máximo de informações com
O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção.
o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma
Ele aguardou a decisão do Plenário.
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não
O TCU apontou estas irregularidades: falta de assinatura
se deve eliminar passagens substanciais do texto com e de identificação no documento.
o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, A substituição é a colocação de um item lexical no lugar
exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias de outro(s) ou no lugar de uma oração.
e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. Exemplos:
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder


evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjetivos Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A seguir, um O ofício está pronto. O documento trata da exoneração
exemplo1 de período mal construído, prolixo: do servidor.
1 O exemplo de período mal construído foi elaborado, Os governadores decidiram acatar a decisão. Em seguida,
para fins didáticos, a partir do exemplo de período os prefeitos fizeram o mesmo.
bem construído, por sua vez, extraído da Exposição de A elipse consiste na omissão de um termo recuperável
Motivos Interministerial no 51/MCTI/MRE/MPOG, de 21 pelo contexto.

87
Exemplo: - Formalidade e padronização
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os
particulares. (Na segunda oração, houve a omissão do As comunicações administrativas devem ser sem-
verbo “regulamenta”). pre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma
Outra estratégia para proporcionar coesão e (BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunica-
coerência ao texto é utilizar conjunção para estabelecer ções feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail , o
ligação entre orações, períodos ou parágrafos. documento gerado no SEI!, o documento em html etc.),
Exemplo: quanto para os eventuais documentos impressos.
O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento.
o interesse de seu Governo pelo assunto. Não se trata somente do correto emprego deste ou da-
quele pronome de tratamento para uma autoridade de
- Impessoalidade certo nível, mais do que isso: a formalidade diz respeito
à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
A impessoalidade decorre de princípio constitucional cuida a comunicação.
(Constituição, art. 37), e seu significado remete a dois A formalidade de tratamento vincula-se, também,
aspectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que a à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se
administração pública proceda de modo a não privilegiar a administração pública federal é una, é natural que as
ou prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O es-
sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da tabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a nual, exige que se atente para todas as características da
ação administrativa ser exercida por intermédio de seus redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação
servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal. dos textos.
A redação oficial é elaborada sempre em nome do A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes para
serviço público e sempre em atendimento ao interesse o texto definitivo, nas exceções em que se fizer necessá-
geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos ria a impressão, e a correta diagramação do texto são
dos expedientes oficiais não devem ser tratados de outra indispensáveis para a padronização. Consulte o Capítulo
forma que não a estritamente impessoal. II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas es-
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal pecíficas para cada tipo de expediente. Em razão de seu
que deve ser dado aos assuntos que constam das caráter público e de sua finalidade, os atos normativos e
comunicações oficiais decorre: os expedientes oficiais requerem o uso do padrão culto
do idioma, que acata os preceitos da gramática formal
a) da ausência de impressões individuais de quem e emprega um léxico compartilhado pelo conjunto dos
comunica: embora se trate, por exemplo, de um usuários da língua. O uso do padrão culto é, portanto,
expediente assinado por Chefe de determinada imprescindível na redação oficial por estar acima das di-
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do ferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas, regionais;
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável dos modismos vocabulares e das particularidades lin-
padronização, que permite que as comunicações guísticas.
elaboradas em diferentes setores da administração Recomendações:
pública guardem entre si certa uniformidade; - a língua culta é contra a pobreza de expressão e não
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- contra a sua simplicidade;
ção: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre - o uso do padrão culto não significa empregar a lín-
concebido como público, ou a uma instituição pri- gua de modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. próprias do estilo literário;
Em todos os casos, temos um destinatário conce- - a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa
bido de forma homogênea e impessoal; e na redação de um bom texto.
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: Pode-se concluir que não existe propriamente um pa-
se o universo temático das comunicações oficiais drão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma
se restringe a questões que dizem respeito ao in- padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
teresse público, é natural não caber qualquer tom haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
particular ou pessoal. ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
Não há lugar na redação oficial para impressões pes- consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
soais, como as que, por exemplo, constam de uma carta rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
LÍNGUA PORTUGUESA

a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mes- ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
mo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
da interferência da individualidade de quem a elabora. Classificação da correspondência
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais • Patente
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária • Confidencial ou secreta
impessoalidade.

88
A correspondência confidencial ou secreta nunca resposta imediata;
deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente á • Não se deve adiar a resolução de assuntos
direção. É conveniente, contudo, registrar a sua entrada, pendentes, tornando-os eternamente esquecidos.
de preferência em livro próprio. A execução de uma carta resposta implica
A correspondência particular, como é lógico, também disponibilidade de tempo e disponibilidade mental.
não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos
destinatários. Portanto, a redação da carta deve ser executada
A correspondência dita patente, é que vai entrar no por uma pessoa experiente, de forma a minimizar as
circuito de tratamento. perdas de tempo e conseguir uma boa qualidade de
comunicação.
Abertura
A resposta pode ser executada de diversas formas:
A abertura da correspondência é importante referir • Ditado direto, em que o processador de texto
a forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a executa diretamente o texto que lhe é transmitido;
inutilização do conteúdo. • Ditado indireto, onde o processador de texto
Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteúdo executa o texto através de uma minuta, um registro
para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida que estenografou ou um registro gravado.
abre-se pelas arestas opostas. Isto porque as cartas são
normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos Assinatura
subscritos ficam, por vezes, coladas no interior.
Depois de finalizada a correspondência deve ser de
Registro das entradas novo lida e em seguida assinada. A organização das
grandes empresas implica que o correio e expedição
Geralmente esta fase da correspondência concentra- esteja pronto até determinada hora, de forma a ser
se num só departamento. Tiram-se cópias dos originais levado a despacho.
recebidos, para um exemplar ficar no departamento e o
outro seguir para o respectivo destino. Mas a tiragem Registro de saída
das cópias não pode ser feita sem antes ser colocado
o respectivo carimbo da entrada contendo a data e o O registro das saídas também é normalmente feito
número da entrada. Nos serviços públicos e nas empresas, em livro próprio. Devem ser tiradas cópias aos originais e
mas tradicionalistas, utiliza-se o Livro de Registo para a encaminhadas devidamente.
correspondência recebida.
Expedição e Arquivo
Distribuição
Antes da correspondência ser inserida no sobrescrito
A distribuição da correspondência pode ser feita deve-se verificar se:
de diversas formas, mas sempre de forma a poder ser
controlada. E, para esse efeito utiliza-se o chamado • A carta está datada e assinada;
livro de protocolo. Muitas vezes é utilizada uma guia • Contém o material referido em anexo;
de remessa de documentos que os descreve e agrupa • O endereço corresponde ao do sobrescrito. E por
por destinos, acompanhando-os até a recepção. Aí é fim...
assinado um duplicado que comprova a entrega. • Toda a correspondência que é expedida da empresa
deve possuir em arquivo a respectiva cópia;
Resposta ou Arquivo • Quando a correspondência for registrada,
juntamente com a cópia, deve ser arquivado um
Depois de ser lida, a correspondência deve ser exemplar do talão de aceitação;
convenientemente tratada. • No caso do registro ser com aviso de recepção,
O que significa que: este, após ser devolvido pelo destinatário com a
respectiva assinatura, deve também ser arquivado
• Se não for necessário dar sequência ao assunto, com a cópia da correspondência.
a correspondência vai imediatamente para o
arquivo, com a devida indicação no canto superior Para se redigir uma boa correspondência, é necessária
esquerdo e a assinatura do ordenante; objetividade na exposição do pensamento, é preciso
LÍNGUA PORTUGUESA

• Se é necessária uma resposta, devem ser feitas buscar por clareza, coerência, concisão, nas palavras
as anotações necessárias para a sua execução empregadas, e assim estabelecer uma melhor relação
ou, então, se for o caso, o próprio destinatário entre as ideias.
encarregar-se-á de a escrever.

Não esquecer que:


• Toda a correspondência urgente deve ter uma

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tais como convites, participações, que serão lidos não
"Se escrever cartas é um sinal de boa só pelos interessados, mas por outras pessoas fora do
educação, escrever corretamente é prova de círculo de amizade do remetente), deixando para as
boa instrução e inteligência". (Jane S. Singer) cartas comerciais o estilo utilitário, direto, sem apelar para
aspectos afetivos, e para cartas ou documentos oficiais
reservar uma formulação impessoal, mais distanciada e
Há vários tipos de correspondência, e cada uma
formal, que veicule a mensagem de forma clara, mas sem
possui suas características, com suas normas e técnicas.
pessoalizá-la. Dessa forma, um pedido a um governador
O estilo e as técnicas aplicadas em correspondências
de Estado, por exemplo, sempre se fará mencionando-se
se atualizaram, tornando-se muito mais complexas. O
o cargo e não familiarmente o “prezado fulano”.
estilo depende dos conhecimentos dominados pelo
redator, e este é aperfeiçoado pelas técnicas, que serão
Atos Oficiais
apresentadas ao longo do trabalho.
Em suma, corresponder-se implica um ato de ir até
Os atos oficiais são entendidos como atos de caráter
outrem: seja para expor-lhe problemas, alegrias, seja
normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos
para fazer-lhe pedidos, convencer, dar-lhe boas ou más
cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos
notícias. Da habilidade social do remetente virá seu
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração
sucesso com o destinatário. Será preciso conhecer os
for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá
códigos de comportamento deste para que a mensagem
com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a
surta efeito.
de informar com clareza e objetividade. A necessidade
de empregar determinado nível de linguagem nos atos
Tipos de Correspondência
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio
caráter público desses atos e comunicações; de outro, de
Quando se fala de correspondência, pensa-se logo
sua finalidade.
em uma simples carta, em mensagem escrita para trata-
As comunicações que partem dos órgãos públicos
se de assuntos íntimos entre pessoas cujas relações são
federais devem ser compreendidas por todo e qualquer
bastante estreitas. Contudo a carta hoje tornou outros
cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
rumos, não perdendo suas características especiais. A
o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos.
correspondência tomou rumos diferentes, em diversas
Não há dúvida que um texto marcado por expressões
áreas. Pode ser utilizada no estabelecimento de contatos
de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos
utilitários, como os de um industrial e seus compradores,
vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão
ou os que dizem respeito à comunicação comercial,
dificultada.
bancária, judicial e de tantas instituições sociais.
A língua escrita, como a falada, compreende
Usualmente, divide-se a correspondência em:
diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça.
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter
a) Particular: quando é trocada entre pessoas mais
impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo
ou menos íntimas, sobre assuntos da vida priva-
de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão
da, tais como notícias do quotidiano, da família,
culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é
de viagens, agradecimentos, convites, pêsames. A
aquele em que:
espécie mais particular de todas é a chamada carta
Observam-se as regras da gramática formal;
de amor, onde se expressam as nuanças do senti-
Emprega-se um vocabulário comum ao conjunto dos
mento mais humano de todos.
usuários do idioma.
b) Comercial: que inclui toda espécie de cartas e do-
É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso
cumentos ligados a transações comerciais, indus-
do padrão culto na redação oficial decorre do fato de
triais e também financeiras, tais como assuntos
que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas
bancários, investimentos, empréstimos, câmbios,
ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das
etc.
idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão,
c) Oficial: quando provém de instituições do serviço
que se atinja a pretendida compreensão por todos os
público, tanto civis como militares, ou a elas se di-
cidadãos.
rige. Abrange atos dos poderes legislativo, execu-
Lembrar-se que o padrão culto nada tem contra a
tivo e judiciário, requerimento dos cidadãos, avisos
simplicidade de expressão, desde que não seja confundida
à população, etc.
com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do
padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada,
LÍNGUA PORTUGUESA

Por vezes, é difícil distinguir o tipo de determinadas


nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de
cartas, quando seu assunto concerne a duas esferas sociais
linguagem própria da língua literária.
diversas, como uma carta de um cidadão, solicitando um
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
favor comercial a um amigo pertencente a essa área de
um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
atividades. A distinção recomendável é utilizar nas cartas
padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
particulares uma linguagem mais espontânea, mais rica
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
em calor humano (salvo em comunicados impressos,
ou será obedecida certa tradição no emprego das formas

90
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que ATOS ENUNCIATIVOS
se consagre a utilização de uma forma de linguagem
burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, Apostila: Documento que complementa um ato
deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão oficial, em geral ligado à vida funcional dos servidores
limitada. públicos, fixando vantagens pecuniárias, retificando ou
alterando nomes ou títulos.
Os atos administrativos são classificados como: O ato deve ser publicado e registrado no
assentamento funcional. É sempre assinado pelo titular
ATOS DE CORRESPONDÊNCIA do órgão expedidor.
Despacho: Nota escrita pela qual uma autoridade dá
Aviso: Comunicação pela qual os titulares de órgãos, solução a um pedido ou encaminha a outra autoridade
entidades e presidentes de comissões da Administração pedido para que decida sobre o assunto.
do Município comunicam ao público assunto de seu O despacho pode ser interlocutório ou decisório:
interesse e solicitam a sua participação. O Interlocutório é breve e baseado em informações ou
Carta: Forma de correspondência por meio da qual parecer, e consta do corpo do processo (quando houver).
os dirigentes da Administração Municipal se dirigem a Em geral é manuscrito e assinado pela autoridade
personalidades e entidades públicas e particulares para competente, podendo, contudo, ser elaborado e assinado
tratar de assunto oficial. por outros servidores desde que lhes seja delegada
Circular: Correspondência oficial de igual teor, competência. Nesse caso, inicia-se pela expressão: “De
expedida por dirigentes de órgãos e entidades e chefes ordem”.
de unidades administrativas a vários destinatários. O decisório defere ou indefere solicitações.
Exposição de Motivos: Correspondência por meio Parecer: Manifestação de órgãos ou entidades sobre
da qual os secretários e autoridades de nível hierárquico assuntos submetidos à sua consideração. É um ato
equivalente expõem assuntos da Administração administrativo usado com mais frequência por conselhos,
Municipal para serem solucionados por atos do Prefeito. comissões, assessorias e equivalentes.
Quando a exposição de motivos tratar de assuntos Relatório: Documento em que se relata ao superior
que envolvam mais de uma Secretaria, esta deverá ser imediato a execução de trabalhos concernentes a
assinada pelos Secretários envolvidos. determinados serviços ou a um período relativo ao
Além do caráter informativo, a exposição de motivos exercício de cargo, função ou desempenho de atribuições.
pode propor medidas ou submeter projeto de ato
normativo à apreciação da autoridade competente. ATOS NORMATIVOS
Memorando: Correspondência utilizada pelas chefias
no âmbito de um mesmo órgão ou entidade para expor Decreto: Ato emanado do Poder Público, com força
assuntos referentes a situações administrativas em geral. obrigatória, que se destina a assegurar ou promover a
Pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em nível ordem política, social, jurídica e administrativa. É por
hierárquico diferente. meio de decretos que o chefe do Governo determina a
Mensagem: Instrumento de comunicação oficial do observância de regras legais.
Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal, expondo Ordem de Serviço: Ato pelo qual os titulares
sobre matérias que dependem de deliberação da Câmara. de Coordenações, Departamentos, Presidentes de
A mensagem versa sobre os seguintes assuntos, entre Comissões, além de outras autoridades de nível
outros: encaminhamento de projeto de lei complementar hierárquico equivalente, determinam providências a
ou financeira; pedido de autorização para o Prefeito e o serem cumpridas por unidades orgânicas e/ou servidores
Vice-Prefeito se ausentarem do Município por mais de 15 subordinados.
dias; encaminhamento das contas referentes ao exercício Portaria: Ato pelo qual o Prefeito ou os Secretários
anterior; abertura da sessão legislativa; comunicação de (por delegação do Prefeito) expedem determinações
sanção de veto. gerais ou especiais a seus subordinados; ou designam
Ofício: Meio de comunicação utilizado entre servidores para substituições eventuais e execução de
dirigentes de órgãos e entidades e titulares de unidades atividades.
da Prefeitura ou ainda destes para com a Administração Resolução: Ato emanado de órgãos colegiados, tendo
Estadual, Federal e Empresas Privadas. como característica fundamental o estabelecimento de
Telegrama: Forma de correspondência em que são normas, diretrizes e orientações para a consecução dos
transmitidas comunicações de absoluta urgência e com objetivos.
reduzido número de palavras, uma vez que a sua principal É válida para assuntos normativos ou de
LÍNGUA PORTUGUESA

característica é a síntese. reconhecimento de excepcionalidade.


Requerimento – deriva-se do verbo requerer, que, Edital: Ato de caráter obrigatório, emitido pelos
de acordo com seu sentido denotativo, significa solicitar, titulares de órgãos e entidades e presidentes de
pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o comissões, que se destina a fixar condições e prazos
pedido seja deferido, ou seja, aprovado. para a legitimação de ato ou fato administrativo, a ser
concretizado pela Administração Municipal.
Regimento: Ato que indica a categoria e a finalidade

91
dos órgãos e entidades, detalha sua estrutura em unidades dados de assentamentos funcionais com absoluta
organizacionais, especifica as respectivas competências, precisão.
define as atribuições de seus dirigentes e indica seus A certidão deve ser escrita sem abertura de parágrafos,
relacionamentos interno e externo. Os regimentos serão emendas ou rasuras. Quando houver engano ou
postos em vigor por decreto do Prefeito, referendado omissão, o certificante o corrigirá com “digo”, colocado
pelo titular da Secretaria a que diga respeito o ato. imediatamente após o erro.
Regulamento: Ato que explica a execução de uma lei Declaração: Documento de manifestação
ou provê situação ainda não disciplinada por lei. Tem sua administrativa, declaratório da existência ou não de um
aprovação por decreto do Prefeito. direito ou de um fato.
Os atos administrativos são compostos pelos
ATOS DE AJUSTE seguintes elementos:

Contrato: Acordo bilateral firmado por escrito entre 1. Competência - É a condição primeira para a vali-
a administração pública e particulares, vislumbrando, de dade do ato administrativo. Nenhum ato pode ser reali-
um lado, o objeto do acordo, e de outro, a contraprestação zado validamente sem que o agente disponha de poder
correspondente (remuneração). legal para praticá-lo.
Convênio: Acordo firmado por entidades públicas, ou 2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a
entre estas e organizações particulares, para realização atingir. Não se compreende ato administrativo sem fim
de objetivos de interesse comum dos partícipes. público.
Termo Aditivo: Ato lavrado para complementar um 3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o
ato originário - contrato ou convênio - quando verificada ato administrativo constitui elemento vinculado e indis-
a necessidade de alteração de uma das condições pensável à sua perfeição. A inexistência da forma induz
ajustadas. à inexistência do ato administrativo. A forma normal do
ato administrativo é a escrita, embora atos existam con-
ATOS COMPROBATÓRIOS substanciados em ordens verbais, e até mesmo em sinais
convencionais, como ocorre com as instruções momen-
Alvará: Documento firmado por autoridade tâneas de superior a inferior hierárquico, com as deter-
competente, certificando, autorizando ou aprovando minações da polícia em casos de urgência e com a sina-
atos ou direitos. lização do trânsito. No entanto, a rigor, o ato escrito em
Ata: Documento que registra, com o máximo de forma legal não se exporá à invalidade.
fidelidade, o que se passou em uma reunião, sessão 4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de direi-
pública ou privada, congresso, encontro, convenção e to ou de fato que determina ou autoriza a realização do
outros eventos, para comprovação, inclusive legal, das ato administrativo. O motivo como elemento integrante
discussões e resoluções havidas. da perfeição do ato, pode vir expresso em lei, como pode
A ata é lavrada por um secretário, indicado pelos ser deixado a critério do administrador. Em se tratando
membros da reunião. Sua redação obedece sempre às de motivo vinculado pela lei, o agente da administração,
mesmas normas, quer se trate de instituições oficiais ou ao praticar o ato, fica na obrigação de justificar a exis-
entidades particulares. Escreve-se seguidamente, sem tência do motivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo
rasuras e sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou menos invalidável por ausência da motivação.
espaços em branco. 5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a cria-
A linguagem utilizada na redação é bastante sumária ção, a modificação ou a comprovação de situações jurí-
e quase sem oportunidade de inovações, exatamente por dicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujei-
sua característica de simples resumo de fatos. Também, tas à atuação do Poder Público. Neste sentido, o objeto
em decorrência disso, os verbos são empregados sempre identifica-se com o conteúdo do ato e por meio dele a
no tempo passado e, tanto quanto possível, devem ser administração manifesta o seu poder e a sua vontade ou
evitados os adjetivos. Os números fundamentais, datas atesta simplesmente situações pré-existentes.
e valores, de preferência, são escritos por extenso. A
redação deve ser fiel, clara e precisa com relação aos AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
fatos ocorridos, sem que o relator emita opinião sobre
eles. Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as Concordância com os pronomes de tratamento
retificações feitas à anterior.
Para os erros constatados no momento da redação, Os pronomes de tratamento apresentam certas
consoante o tipo de ata, emprega-se a partícula peculiaridades quanto às concordâncias verbal,
LÍNGUA PORTUGUESA

retificativa “digo”. Se forem notados erros após a redação, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda
há o recurso da expressão “em tempo”. pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam
Atestado: Documento em que se comprova um fato a concordância para a terceira pessoa. Os pronomes
e se afirma a existência ou inexistência de uma situação Vossa Excelência ou Vossa Senhoria são utilizados para
de direito da qual se tenha conhecimento em favor de se comunicar diretamente com o receptor.
alguém.
Certidão: Documento oficial onde se transcrevem

92
#OBS.: Vossa Magnificência
Quanto às formas de tratamento não foi alterado
nessa última atualização do manual. É assim que manuais mais antigos de redação ensinam
a tratar os reitores de universidades. Uma forma muito
Concordância de gênero cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e pronunciar,
e em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento
Com as formas de tratamento, faz-se a concordância tão grande entre a pessoa do reitor e o corpo docente
com o sexo das pessoas a que se referem: e discente. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a
fórmula >Vossa Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser
• Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a simplesmente Senhor Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor.
assistir ao III Seminário da NOVA.
• Vossa Excelência será informada (mulher) a respeito Pronomes de Tratamento
das conclusões do III Seminário da NOVA.
O uso de pronomes e locuções pronominais de
Concordância de pessoa tratamento tem larga tradição na língua portuguesa.
De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao
Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão, português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento
as formas de tratamento exigem verbos e pronomes direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia à palavra”,
referentes a elas na terceira pessoa: passou-se a empregar, como expediente linguístico de
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
• Vossa Excelência solicitou... tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
• Vossa Senhoria informou... o autor:
• Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria “Outro modo de tratamento indireto consistiu em
e sua equipe para... Na oportunidade, teremos a fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade
honra de ouvi-los... eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei
A pessoa do emissor com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo, adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
poderá utilizar a primeira pessoa do singular ou a vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
primeira do plural (plural de modéstia). Não pode, no A partir do final do século XVI, esse modo de
entanto, misturar as duas opções ao longo do texto: tratamento indireto já estava em voga também para
os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê
• Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência... evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E
• Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência... o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa
• Cabe-me ainda esclarecer a Vossa Excelência... tradição que provém o atual emprego de pronomes de
• Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência... tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às
autoridades civis, militares e eclesiásticas.
Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua Umas das características do estilo da correspondên-
(Excelência, Senhoria, etc.) cia oficial e empresarial é a polidez, entendida como o
ajustamento da expressão às normas de educação ou
• Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento cortesia.
direto - usa-se para dirigir-se a pessoa com quem A polidez se manifesta no emprego de fórmulas
se fala, ou a quem se dirige a correspondência de cortesia (“Tenho a honra de encaminhar” e não,
(equivale a você): Na expectativa do atendimento simplesmente, “Encaminho...”; “Tomo a liberdade de
do que acaba de ser solicitado, apresento a Vossa sugerir...” em vez de, simplesmente, “Sugiro...”); no
Senhoria nossas atenciosas saudações. cuidado de evitar frases agressivas ou ásperas (até uma
• Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à pessoa carta de cobrança pode ter seu tom amenizado, fazendo-
de quem se fala (equivale a ele fala): Na abertura se menção, por exemplo, a um possível esquecimento...);
do Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor da no emprego adequado das formas de tratamento,
PUCRS falou sobre o Plano Estratégico. dispensando sempre atenção respeitosa a superiores,
colegas e subalternos.
Abreviatura das formas de tratamento No que diz respeito à utilização das formas de
LÍNGUA PORTUGUESA

tratamento e endereçamento, deve-se considerar não


A forma por extenso demonstra maior respeito, maior apenas a área de atuação da autoridade (universitária,
deferência, sendo de rigor em correspondência dirigida judiciária, religiosa, etc.), mas também a posição
ao Presidente da República. Fique claro, no entanto, hierárquica do cargo que ocupa.
que qualquer forma de tratamento pode ser escrita por Breve História dos Pronomes de Tratamento
extenso, independentemente do cargo ocupado pelo O uso de pronomes e locuções pronominais de
destinatário. tratamento tem larga tradição na língua portuguesa.

93
De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao utilizado no envelope que contém a correspondência
português os pronomes latinos tue vos, “como tratamento oficial.
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”,
passou-se a empregar, como expediente linguístico de Vocativo
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas
o autor: comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em de vírgula.
fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder,
eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela utiliza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei Excelentíssima Senhora e o cargo respectivo, seguidos
com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); de vírgula.
assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” FIQUE ATENTO!
A partir do final do século XVI, esse modo de Aqui temos outra mudança.
tratamento indireto já estava em voga também para O manual atualizado traz a possibilidade de se
os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê utilizar o vocativo “prezado/a”, quando o oficio
evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E estiver sendo direcionado para PARTICULAR.
o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa Senhor Governador... (para autoridades)
tradição que provém o atual emprego de pronomes de Prezado fulano de tal... (para particular)
tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às
autoridades civis, militares e eclesiásticas.
Como visto, o emprego destes obedece a secular
Concordância com os Pronomes de Tratamento tradição. São de uso consagrado:
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa
indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à a) do Poder Executivo;
concordância verbal, nominal e pronominal. Embora Presidente da República;
se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com Vice-Presidente da República;
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), Ministros de Estado;
levam a concordância para a terceira pessoa. É que o Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
verbo concorda com o substantivo que integra a locução Distrito Federal;
como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o Oficiais-Generais das Forças Armadas;
substituto»; «Vossa Excelência conhece o assunto». Embaixadores;
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos Secretários-Executivos de Ministérios e demais
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira ocupantes de cargos de natureza especial;
pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto» (e não Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
«Vossa ... vosso...”). Prefeitos Municipais.
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, b) do Poder Legislativo:
o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da Deputados Federais e Senadores;
pessoa a que se refere, e não com o substantivo que Ministro do Tribunal de Contas da União;
compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for Deputados Estaduais e Distritais;
homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
“Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
“Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve
estar satisfeita”. c) do Poder Judiciário:
Ministros dos Tribunais Superiores;
Emprego dos Pronomes de Tratamento Membros de Tribunais;
Juízes;
Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de
tratamento adota a segunda pessoa do plural, de maneira d) outros: Auditores da Justiça Militar.
indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se O vocativo a ser empregado em comunicações
LÍNGUA PORTUGUESA

dirige. Na redação oficial, é necessário atenção para o dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo
uso dos pronomes de tratamento em três momentos Senhor, seguido do cargo respectivo:
distintos: no endereçamento, no vocativo e no corpo Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
do texto. No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
no início do documento. No corpo do texto, pode-se Nacional,
empregar os pronomes de tratamento em sua forma Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo
abreviada ou por extenso. O endereçamento é o texto Tribunal Federal.

94
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte
forma:

A Sua Excelência o Senhor


Fulano de Tal
Ministro de Estado da Justiça
70.064-900 – Brasília. DF

A Sua Excelência o Senhor


Senador Fulano de Tal
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF

Senhor Ministro,
Submeto a Vossa Excelência projeto (...)

Em comunicações oficiais, ESTÁ ABOLIDO O USO DO TRATAMENTO DIGNÍSSMO (DD), às autoridades arroladas na lista
anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado e o endereçamento
que deve constar no envelope são:

Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua ABC, no 123
70.123 – Curitiba. PR

Senhor Fulano de Tal,

Escrevo a Vossa Senhoria (...)


Como se depreende do exemplo acima, FICA DISPENSADO O EMPREGO DO SUPERLATIVO ILUSTRÍSSIMO para as
autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento
Senhor.
Acrescente-se que DOUTOR NÃO É FORMA DE TRATAMENTO, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente.
Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído
curso universitário de doutorado. É costume indevido designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em
Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a
reitores de universidade.

Corresponde-lhe o vocativo:

Magnífico Reitor,

Agradeço a Vossa Magnificência por (...)

Os pronomes de tratamento e vocativos para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:
Em comunicações dirigidas ao Papa:

Santíssimo Padre,
LÍNGUA PORTUGUESA

Rogo a Vossa Santidade que (...)

Em comunicações aos Cardeais:


Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

Rogo a Vossa Eminência ( Reverendíssima ) que (...)

95
Em comunicações a Arcebispos e Bispos:
Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo / Bispo,

Rogo a Vossa Excelência Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Monsenhores, Côneco e superiores religiosos:


Reverendíssimo Senhor Monsenhor / Cônego / Superior religioso

Rogo a Vossa ( Senhoria ) Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Sacerdotes, Clérigos e Demais religiosos:


Reverendo Sacerdote / Clérigo / Demais religiosos,

Rogo a Vossa Reverência que (...)

Veja o quadro a seguir, que:


• Agrupa as autoridades em universitárias, judiciárias, militares, eclesiásticas, monárquicas e civis;
• Apresenta os cargos e as respectivas fórmulas de tratamento (por extenso, abreviatura singular e plural);
• Indica o vocativo correspondente e a forma de endereçamento.

Autoridades Universitárias

Cargo ou
Por Extenso Abreviatura Singular Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Função
Ao Magnífico Reitor
V. Mag.as ou V. Magnífico Reitor
ou
Magas.
Vossa Magnificência
V. Mag.ª ou V. Maga. ou
Reitores ou Ao Excelentíssimo
V. Exa. ou V. Ex.ª ou
Vossa Excelência Senhor Reitor
Excelentíssimo
Nome
V.Ex.as ou V.Exas. Senhor Reitor
Cargo
Endereço
Ao Excelentíssimo
Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor
Vice-Reitores Vossa Excelência V.Ex.ª, ou V.Exa. V.Ex.as ou V. Exas. Senhor Vice- Nome
Reitor Cargo
Endereço
Assessores
Ao Senhor
Pró-Reitores
V.S.ª ou Nome
Diretores Vossa Senhoria V.S.as ou V.Sas. Senhor + cargo
V.Sa. Cargo
Coord. de
Endereço
Departamento

Autoridades Judiciárias

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Auditores
Curadores
Defensores Públicos
Ao Excelentíssimo Senhor
Desembargadores
Vossa V.Ex.as ou V. Excelentíssimo Nome
Membros de Tribunais V.Ex.ª ou V. Exa.
Excelência Exas. Senhor + cargo Cargo
LÍNGUA PORTUGUESA

Presidentes de
Endereço
Tribunais
Procuradores
Promotores

96
Ao Meritíssimo Senhor
Juiz
Meritíssimo
Meritíssimo Senhor Juiz
ou
Juiz
M.Juiz ou V.Ex.ª,
Juízes de Direito ou V.Ex. as
ou
V. Exas. Ao Excelentíssimo Senhor
Vossa
Juiz
Excelência Excelentíssimo
Nome
Senhor Juiz
Cargo
Endereço

Autoridades Militares

Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
Ao Excelentíssimo Senhor
Oficiais Generais Vossa Excelentíssimo Nome
V.Ex.ª ou V. Exa. V.Ex. , ou V. Exas.
as
(até Coronéis) Excelência Senhor Cargo
Endereço
Ao Senhor
Vossa Nome
Outras Patentes V.S.ª ou V. Sa. V.S.as ou V. Sas. Senhor + patente
Senhoria Cargo
Endereço

Autoridades Eclesiásticas

Abreviatura
Cargo ou unção Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev. ou V.
ma
V.Ex. Rev. ou V.
as mas
Excelentíssimo
Arcebispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev.maou V. V.Ex.asRev.mas ou V. Excelentíssimo
Bispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Eminência
V.Em.ª, V. Ema. V.Em.as, V. Emas. Eminentíssimo
Vossa Eminência ou Reverendíssima
ou ou Reverendíssimo
Cardeais Vossa Eminência Nome
V.Em.ª Rev.ma, V. V.EmasRev.mas ou V. ou Eminentíssimo
Reverendíssima Cargo
Ema. Revma. Emas. Revmas. Senhor Cardeal
Endereço
Ao Reverendíssimo
Cônego
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Cônegos Nome
Reverendíssima ou V. Revma. V. Revmas. Cônego
Cargo
Endereço
Ao Reverendíssimo Frade
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo Nome
Frades
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Frade Cargo
Endereço
A Reverendíssima Irmã
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Nome
Freiras Reverendíssimo Irmã
LÍNGUA PORTUGUESA

Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Cargo


Endereço
Ao Reverendíssimo
Monsenhor
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Monsenhores Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Monsenhor
Cargo
Endereço
Papa Vossa Santidade V.S. - Santíssimo Padre A Sua Santidade o Papa

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Ao Reverendíssimo Padre
/ Pastor
ou
Sacerdotes em Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendo Padre / Ao Reverendo Padre /
geral e pastores Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Pastor Pastor
Nome
Cargo
Endereço

Autoridades Monárquicas

Cargo ou Abreviatura Abreviatura


Por Extenso Vocativo Endereçamento
Função Singular Plural
A Sua Alteza Real
Nome
Arquiduques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Duques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Nome
Imperadores Vossa Majestade V.M. VV. MM. Majestade
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Príncipes Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Nome
Reis Vossa Majestade V.M. VV. MM. Majestade
Cargo
Endereço

Autoridades Civis

Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
Chefe da Casa Civil e da
Casa Militar
Cônsules
Deputados
Embaixadores
Ao Excelentíssimo Senhor
Governadores
V.Ex.ª ou V.Ex.as Excelentíssimo Nome
Ministros de Estado Vossa Excelência
V. Exa. ou V. Exas. Senhor + Cargo Cargo
Prefeitos
Endereço
Presidentes da República
Secretários de Estado
Senadores
Vice-Presidentes de
Repúblicas
Ao Senhor
Demais autoridades
V.S.ª ou V.S.as Nome
não contempladas com Vossa Senhoria Senhor + Cargo
V. Sa. ou V. Sas. Cargo
tratamento específico
Endereço
LÍNGUA PORTUGUESA

Forma de Diagramação
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:

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FIQUE ATENTO!
- conforme as ultimas mudanças no manual de redação oficial, deve ser utilizada fonte do tipo Calibri ou
Carlito (antes era a Times New Roman), de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
rodapé;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo 3,0 cm de largura;
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,
bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada
apenas para gráficos e ilustrações;
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7
x 21,0 cm;
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
documento + número do documento + palavraschave do conteúdo.

Fechos para Comunicações

O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário.
Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de
1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego
de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição
próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

Identificação do Signatário

Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem
trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve
ser a seguinte:

(espaço para assinatura)


Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

(espaço para assinatura)


Nome
Ministro de Estado da Justiça
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Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

O Padrão Ofício

Antes das ultimas alterações do Manual de Redação, tínhamos 3 tipos de expediente: Ofício, Aviso e Memorando.
A distinção básica anterior entre os três era:

99
a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros 5.1.2 Identificação do expediente
de Estado, para autoridades de mesma hierarquia; Os documentos oficiais devem ser identificados da
b) ofício: era expedido para e pelas demais seguinte maneira:
autoridades; e a) nome do documento: tipo de expediente por ex-
c) memorando: era expedido entre unidades tenso, com todas as letras maiúsculas;
administrativas de um mesmo órgão. b) indicação de numeração: abreviatura da palavra
“número”, padronizada como No;
c) informações do documento: número, ano (com
FIQUE ATENTO! quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede
De acordo com essas alterações, os tipos o documento, da menor para a maior hierarquia,
memorando e aviso foram abolidos e separados por barra (/); e
passou-se a utilizar o termo ofício nas três d) alinhamento: à margem esquerda da página.
hipóteses.
Exemplo: OFÍCIO N° 652/2018/SAA/SE/MT
A diagramação proposta para esse expediente é
denominada padrão ofício. Local e data do documento
A seguir, será apresentada a estrutura do padrão
ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento Na grafia de datas em um documento, o conteúdo
aparece no documento oficial. deve constar da seguinte forma:
a) composição: local e data do documento;
Partes do documento no padrão ofício b) informação de local: nome da cidade onde foi ex-
pedido o documento, seguido de vírgula. Não se
Cabeçalho deve utilizar a sigla da unidade da federação de-
pois do nome da cidade;
O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página c) dia do mês: em numeração ordinal se for o pri-
do documento, centralizado na área determinada pela meiro dia do mês e em numeração cardinal para
formatação. os demais dias do mês. Não se deve utilizar zero à
No cabeçalho deverão constar os seguintes esquerda do número que indica o dia do mês;
elementos: d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minús-
cula;
a) brasão de Armas da República: no topo da página. e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e
Não há necessidade de ser aplicado em cores. O f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à
uso de marca da instituição deve ser evitado na margem direita da página.
correspondência oficial para não se sobrepor ao
Brasão de Armas da República. Exemplo: Brasília, 2 de fevereiro de 2018.
b) nome do órgão principal;
c) nomes dos órgãos secundários, quando Endereçamento.
necessários, da maior para a menor hierarquia; e
d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0). O endereçamento é a parte do documento que
informa quem receberá o expediente.
Exemplo: Nele deverão constar os seguintes elementos:
a) vocativo: na forma de tratamento adequada
para quem receberá o expediente;
b) nome: nome do destinatário do expediente;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá
o expediente, dividido em duas linhas:
primeira linha: informação de localidade/
logradouro do destinatário ou, no caso de ofício
ao mesmo órgão, informação do setor;
segunda linha: CEP e cidade/unidade da
federação, separados por espaço simples. Na
separação entre cidade e unidade da federação
LÍNGUA PORTUGUESA

pode ser substituída a barra pelo ponto ou pelo


travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão,
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, não é obrigatória a informação do CEP, podendo
endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico ficar apenas a informação da cidade/unidade da
oficial da instituição, podem ser informados no rodapé federação; e
do documento, centralizados. e) alinhamento: à margem esquerda da página.

100
O pronome de tratamento no endereçamento das b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado;
comunicações dirigidas às autoridades tratadas por se o texto contiver mais de uma ideia sobre o as-
Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência sunto, elas devem ser tratadas em parágrafos dis-
o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”. tintos, o que confere maior clareza à exposição; e
Quando o tratamento destinado ao receptor for c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o
Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao assunto.
Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a
expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senhoria II – quando forem usados para encaminhamento de
a Senhora”. documentos, a estrutura é modificada:
a) introdução: deve iniciar com referência ao expe-
Exemplos: diente que solicitou o encaminhamento. Se a re-
messa do documento não tiver sido solicitada,
A Sua Excelência o Senhor À Senhora deve iniciar com a informação do motivo da co-
Ao Senhor municação, que é encaminhar, indicando a seguir
[Nome] [Nome] os dados completos do documento encaminhado
[Nome] (tipo, data, origem ou signatário e assunto de que
Ministro de Estado da Justiça Diretora de se trata) e a razão pela qual está sendo encami-
Gestão de Pessoas Chefe da Seção de nhado;
Compras
Esplanada dos Ministérios Bloco T SAUS Q. 3 Exemplos:
Lote 5/6 Ed Sede I Diretoria de Material, Em resposta ao Ofício n o 12, de 1o de fevereiro de
Seção 2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de
70064-900 Brasília/DF 70070-030 abril de 2018, da Coordenação-Geral de Gestão de
Brasília. DF Brasília — DF Pessoas, que trata da requisição do servidor Fulano
de Tal.
Assunto Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia
do Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o Presidente da Confederação Nacional da Indústria,
documento, de forma sucinta. a respeito de projeto de modernização de técnicas
Ele deve ser grafado da seguinte maneira: agrícolas na região Nordeste.
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase b) desenvolvimento: se o autor da comunicação de-
que define o conteúdo do documento, seguida de sejar fazer algum comentário a respeito do docu-
dois-pontos; mento que encaminha, poderá acrescentar pará-
b) descrição do assunto: a frase que descreve o con- grafos de desenvolvimento. Caso contrário, não
teúdo do documento deve ser escrita com inicial há parágrafos de desenvolvimento em expediente
maiúscula, não se deve utilizar verbos e sugere-se usado para encaminhamento de documentos.
utilizar de quatro a cinco palavras;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclu- III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto
sive o título, deve ser destacado em negrito; do documento deve ser formatado da seguinte
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assun- maneira:
to; e a) alinhamento: justificado;
e) alinhamento: à margem esquerda da página. b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos:
Exemplos: - espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão cada parágrafo;
julho/2018. - recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem
Assunto: Aquisição de computadores. esquerda;
- numeração dos parágrafos: apenas quando o
Texto do documento documento tiver três ou mais parágrafos, desde o
primeiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e
O texto do documento oficial deve seguir a seguinte o fecho;
padronização de estrutura: d) fonte: Calibri ou Carlito;
I – nos casos em que não seja usado para - corpo do texto: tamanho 12 pontos;
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encaminhamento de documentos, o expediente - citações recuadas: tamanho 11 pontos; e


deve conter a seguinte estrutura: - notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da e) símbolos: para símbolos não existentes nas fon-
comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a hon- tes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e
ra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que. Wingdings;
Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito,
Comunico;

101
Fechos para comunicações Numeração das páginas
A numeração das páginas é obrigatória apenas a
O fecho das comunicações oficiais objetiva, além partir da segunda página da comunicação.
da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o Ela deve ser centralizada na página e obedecer à
destinatário. Os modelos para fecho anteriormente seguinte formatação:
utilizados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, a) posição: no rodapé do documento, ou acima da
do Ministério da Justiça, que estabelecia quinze padrões. área de 2 cm da margem inferior; e
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, este b) fonte: Calibri ou Carlito.
Manual estabelece o emprego de somente dois fechos
diferentes para todas as modalidades de comunicação Formatação e apresentação
oficial:
a) Para autoridades de hierarquia superior a do reme- Os documentos do padrão ofício devem obedecer à
tente, inclusive o Presidente da República: Respei- seguinte formatação:
tosamente, a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar- b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de lar-
quia inferior ou demais casos: Atenciosamente, gura;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações c) margem lateral direita: 1,5 cm;
dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem d) margens superior e inferior: 2 cm;
a rito e tradição próprios. e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir
da margem superior do papel;
O fecho da comunicação deve ser formatado da f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do
seguinte maneira: documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão
a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da pá- pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse
gina; caso, as margens esquerda e direita terão as dis-
b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem tâncias invertidas nas páginas pares (margem es-
esquerda; pelho);
c) espaçamento entre linhas: simples; h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta
d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após em papel branco, reservando-se, se necessário, a
cada parágrafo; e impressão colorida para gráficos e ilustrações;
e) não deve ser numerado. i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem
abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com
Identificação do signatário uso de itálico, sublinhado, letras maiúsculas, som-
breado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente forma de formatação que afete a sobriedade e a
da República, todas as demais comunicações oficiais padronização do documento;
devem informar o signatário segundo o padrão: j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado ser grafadas em itálico;
em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha k) arquivamento: dentro do possível, todos os docu-
acima do nome do signatário; mentos elaborados devem ter o arquivo de texto
b) cargo: cargo da autoridade que expede o docu- preservado para consulta posterior ou aproveita-
mento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. mento de trechos para casos análogos. Deve ser
As preposições que liguem as palavras do cargo utilizado, preferencialmente, formato de arquivo
devem ser grafadas em minúsculas; e que possa ser lido e editado pela maioria dos edi-
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser tores de texto utilizados no serviço público, tais
centralizada na página. como DOCX, ODT ou RTF.
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os no-
assinatura em página isolada do expediente. Transfira mes dos arquivos devem ser formados da seguinte
para essa página ao menos a última frase anterior ao maneira: tipo do documento + número do docu-
fecho. mento + ano do documento (com 4 dígitos) + pa-
lavras-chaves do conteúdo
Exemplo:
(espaço para assinatura) Exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

NOME Ofício 123_2018_relatório produtividade anual


Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidên-
cia da República Seguem exemplos de Ofício:
(espaço para assinatura)
NOME
Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas

102
LÍNGUA PORTUGUESA

103
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LÍNGUA PORTUGUESA

105
Tipos de documentos

FIQUE ATENTO!
Como vimos acima, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo ofício para todos
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os tipos, porém, conforme as alterações do manual, esse ofício pode apresentar algumas variações.

Essa variação não é obrigatória: PODE-SE acrescentar-se um “sobrenome” ao oficio. Vejamos abaixo as possíveis
variações:

106
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão receptor.
A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para
um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expe-
diente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
Exemplos:
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou
nomes dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de Motivos

Definição e finalidade

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:


a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o
assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros envolvidos,
sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das
exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:


a) apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou infor-
mar ao Presidente da República algum assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se solucionar
o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre o assunto
informado, quando for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.
As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que
permitam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;
b) ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a edição
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no
âmbito do Poder Executivo;
c) conferir transparência aos atos propostos;
d) resumir os principais aspectos da proposta; e
e) evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.
LÍNGUA PORTUGUESA

107
Exemplo de exposição de motivos:
LÍNGUA PORTUGUESA

108
#FicaDica
A exposição de motivos deve estar adequados ao sistema SIDOF (Sistema de Geração e Tramitação de Docu-
mentos Oficiais)

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos
com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, são substituídos pela assinatura eletrônica que
informa o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico
da Pasta.
Mensagem
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as
mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da administração
pública; para expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter ao Congresso
Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do
que seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias
caberá a redação final.

As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:

a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de lei comple-
mentar e os que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais:
Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode ser encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser objeto de
nova mensagem, com solicitação de urgência.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com ofício do
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados,
para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e
créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e os
respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição
impõe a deliberação congressual em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E, à frente
da Mesa do Congresso Nacional, está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que comanda as
sessões conjuntas.

b) Encaminhamento de medida provisória:


Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da República encaminha Mensagem
ao Congresso, dirigida a seus Membros, com ofício para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, juntando cópia da
medida provisória.

c) Indicação de autoridades:
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determinados cargos
(magistrados dos tribunais superiores, ministros do Tribunal de Contas da União, presidentes e diretores do Banco
Central, Procurador-Geral da República, chefes de missão diplomática, diretores e conselheiros de agências etc.) têm
em vista que a Constituição, incisos III e IV do caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
privativa para aprovar a indicação.
O curriculum vitae do indicado, assinado, com a informação do número de Cadastro de Pessoa Física, acompanha
a mensagem.

d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da República se ausentarem do país por mais de
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15 dias:
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, caput, inciso III e art. 83), e a autorização é da competência
privativa do Congresso Nacional. O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a ausência é por
prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.

e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de concessão de emissoras de rádio e TV:


A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do art. 49

109
da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a caput, inciso VI);
outorga ou a renovação da concessão após deliberação - Pedido de autorização para operações financeiras
do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
Descabe pedir na mensagem a urgência prevista na - Convocação extraordinária do Congresso Nacional
Constituição, art. 64, uma vez que o § 1o do art. 223 já (Constituição, art. 57, § 6o);
define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga ou - Pedido de autorização para exonerar o Procurador-
renovação, acompanha a mensagem o correspondente Geral da República (Constituição, art. 52, inciso XI, e art.
processo administrativo. 128, § 2o);
- Pedido de autorização para declarar guerra e
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84,
anterior: inciso XIX);
O Presidente da República tem o prazo de 60 dias - Pedido de autorização ou referendo para celebrar a
após a abertura da sessão legislativa para enviar ao paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício - Justificativa para decretação do estado de defesa ou
anterior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
exame e parecer da Comissão Mista permanente - Pedido de autorização para decretar o estado de
(Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos sítio (Constituição, art. 137);
Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art. - Relato das medidas praticadas na vigência do estado
51, caput, inciso II) em procedimento disciplinado no art. de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
215 do seu Regimento Interno. único);
- Proposta de modificação de projetos de leis que
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa: compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
Deve conter o plano de governo, exposição sobre a orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição,
situação do País e a solicitação de providências que julgar art. 166, § 5o);
necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI). O portador - Pedido de autorização para utilizar recursos que
da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência
República. Esta mensagem difere das demais, porque vai de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei
encadernada e é distribuída a todos os congressistas em orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
forma de livro. - Pedido de autorização para alienar ou conceder
terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição,
h) Comunicação de sanção (com restituição de autó- art. 188, § 1o).
grafos):
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Forma e estrutura
Nacional, encaminhada por ofício ao Primeiro-Secretário As mensagens contêm:
da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se a) brasão: timbre em relevo branco
informa o número que tomou a lei e se restituem dois b) identificação do expediente: MENSAGEM No,
exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais alinhada à margem esquerda, no início do texto;
o Presidente da República terá aposto o despacho de c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo
sanção. com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
com o recuo de parágrafo dado ao texto;
i) Comunicação de veto: d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
Dirigida ao Presidente do Senado Federal e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto,
(Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a alinhados à margem direita.
decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições A mensagem, como os demais atos assinados pelo
vetadas, e as razões do veto. Seu texto é publicado Presidente da República, não traz identificação de seu
na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrário das signatário.
demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia
do seu envio ao Poder Legislativo.

j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:


- Apreciação de intervenção federal (Constituição, art.
36, § 2º).
- Encaminhamento de atos internacionais que
LÍNGUA PORTUGUESA

acarretam encargos ou compromissos gravosos


(Constituição, art. 49, caput, inciso I);
- Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
às operações e prestações interestaduais e de exportação
(Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
- Proposta de fixação de limites globais para o
montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,

110
Exemplo de mensagem:

Correio eletrônico (e-mail)

#FicaDica
Correio eletrônico ainda é o meio mais célere (rápido) de envio de documentos, devendo atentar às
LÍNGUA PORTUGUESA

características de uma correspondência oficial, mesmo sendo ele digital.

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também
na administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode
significar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-

111
se evitar o uso de linguagem incompatível com uma Senhor”, “Prezada Senhora”.
comunicação oficial. Exemplos:
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores Senhor Coordenador,
públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a Prezada Senhora,
extensão “.gov.br”, por exemplo.
Como sistema de transmissão de mensagens Fecho
eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou- Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações
se na principal forma de envio e recebimento de oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso
documentos na administração pública. de abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como
“Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente
Valor documental usados, não são fechos oficiais e, portanto, não devem
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de ser utilizados em e-mails profissionais.
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
documental, isto é, para que possa ser aceito como uma saudação inicial e um fecho menos formais. No
documento original, é necessário existir certificação entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
digital que ateste a identidade do remetente, segundo deve ser formal, como a que se usaria em qualquer outro
os parâmetros de integridade, autenticidade e validade documento oficial.
jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira –
ICP-Brasil. Bloco de texto da assinatura
O destinatário poderá reconhecer como válido o Sugere-se que todas as instituições da administração
e-mail sem certificação digital ou com certificação digital pública adotem um padrão de texto de assinatura. A
fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, será assinatura do e-mail deve conter o nome completo, o
obrigatório a repetição do ato por meio documento cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela
ICP-Brasil. Exemplo:
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor Maria da Silva
a aceitação de documento eletrônico que não atenda os Assessora
parâmetros da ICP-Brasil. Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
(61)XXXX-XXXX
Forma e estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio Anexos
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir A possibilidade de anexar documentos, planilhas e
padronização da mensagem comunicada. No entanto, imagens de diversos formatos é uma das vantagens do
devem-se observar algumas orientações quanto à sua e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve
estrutura. trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é
Campo “Assunto” realmente indispensável e se seria possível colocá-lo no
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, corpo do correio eletrônico.
relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, Deve-se evitar o tamanho excessivo e o
quem irá receber a mensagem identificará rapidamente reencaminhamento de anexos nas mensagens de
do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, resposta.
localizar a mensagem na caixa do correio eletrônico. Os arquivos anexados devem estar em formatos
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
conteúdo completo da mensagem para que não pareça, Quando se tratar de documento ainda em discussão,
ao receptor, que se trata de mensagem não solicitada/ os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em
lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um assunto mais formato que possa ser editado.
preciso seria “Agendamento de reunião sobre a Reforma
da Previdência”. Recomendações
- Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso
Local e data de confirmação de leitura. Caso não esteja disponível,
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez deve constar da mensagem pedido de confirmação de
que o próprio sistema apresenta essa informação. recebimento;
- Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos
LÍNGUA PORTUGUESA

Saudação inicial/vocativo computadores, mantêm-se a recomendação de tipo de


O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado fonte, tamanho e cor dos documentos oficiais: Calibri ou
por uma saudação. Quando endereçado para outras Carlito, tamanho 12, cor preta;
instituições, para receptores desconhecidos ou para - Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem
particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da
“Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado mensagem eletrônica;

112
- A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam outros documentos
oficiais;
- O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser utilizados;
- Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das
conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
- Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota
agressividade de parte do emissor da comunicação.
- Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de logotipos
do ente público junto ao texto da assinatura.
- Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

FIQUE ATENTO!
Telegrama e Fax - Foram abolidos do Manual de Redação

No Manual de Redação Oficial, temos ainda um capítulo que trata dos ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRA-
MÁTICA.

Nesta seção aplicam-se os princípios da ortografia e de certos capítulos da gramática à redação oficial. Em sua
elaboração, levou-se em conta amplo levantamento feito das dúvidas mais frequentes com relação à ortografia, à
sintaxe e à semântica. Buscou-se, assim, dotar o Manual de uma parte eminentemente prática, à qual se possa recorrer
sempre que houver incerteza quanto à grafia de determinada palavra, à melhor forma de estruturar uma frase, ou à
adequada expressão a ser utilizada.
As noções gramaticais apresentadas neste capítulo referem-se à gramática formal, entendida como o conjunto de
regras fixado a partir do padrão culto de linguagem. Optou-se, assim, pelo emprego de certos conceitos da Gramática
dita tradicional (ou normativa). A aplicação de conceitos da Gramática gerativa implicaria, forçosamente, em discussão
de teoria linguística, o que não parece apropriado em um Manual que tem óbvia finalidade prática.
Sublinhemos, no entanto, que a Gramática tradicional, ou mesmo toda teoria gramatical, são sempre secundárias
em relação à gramática natural, ao saber intuitivo que confere competência linguística a todo falante nativo. Não há
gramática que esgote o repertório de possibilidades de uma língua, e raras são as que contemplam as regularidades
do idioma.
Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das regras gramaticais não é suficiente para que se escreva bem. No
entanto, o domínio da correção ortográfica, do vocabulário e da maneira de estruturar as frases certamente contribui
para uma melhor redação. Tenha sempre presente que só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo.

Ao acessar o link a seguir terá acesso a todo o conteúdo do Manual, podendo assim analisar a parte gramatical
abordada pelo mesmo, sendo que, dentre os conteúdo gramaticais que sugerimos uma atenção maior é o que se refere
ao uso do hífen.
Vamos aqui fazer uma breve abordagem sobre esse assunto e segue o link para análise do conteúdo do Manual na
íntegra:
http://www.licitotus.com.br/manual-de-redacao-oficial-e-atualizado-pela-casa-civil-da-presidencia-da-republica/

Hífen
O hífen é usado em palavras compostas, com pronomes oblíquos e para separar sílabas. Exemplos: abre-alas, pós-
moderno, encantei-lhe, amai-vos, a-le-gri-a, sa-ú-de.

Prefixos e Elementos de Composição

Usa-se o hífen com diversos prefixos e elementos de composição. Veja o quadro a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA

113
Usa-se hífen com os prefixos: Quando a palavra seguinte começa por:
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Exemplos com H: ante-hipófise,
anti-higiênico, anti-herói,
contra-hospitalar, entre-hostil,
extra-humano, infra-hepático,
Ante-, Anti-, Contra-, Entre-, Extra-, Infra-, Intra-,
sobre-humano, supra-hepático,
Sobre-, Supra-, Ultra-
ultra-hiperbólico.
Exemplos com vogal idêntica:
anti-inflamatório, contra-ataque,
infra-axilar, sobre-estimar,
supra-auricular, ultra-aquecido.
H/R
Exemplos: hiper-hidrose, hiper-raivoso, inter-humano,
Hiper-, Inter-, Super-
inter-racial,
super-homem, super-resistente.
B-H-R
Exemplos: sub-bloco, sub-hepático,
Sub- sub-humano, sub-região.
Obs.: as formas escritas sem hífen e sem “h”, como por
exemplo “subumano” e “subepático” também são aceitas.
B - R - D (Apenas com o prefixo “Ad”)
Exemplos: ab-rogar (pôr em desuso),
Ab-, Ad-, Ob-, Sob- ad-rogar (adotar)
ob-reptício (astucioso), sob-roda
ad-digital
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Ex- (no sentido de estado anterior), Sota-, Soto-, Vice-,
Exemplos: ex-namorada, sota-soberania (não total), soto-
Vizo-
mestre (substituto), vice-reitor, vizo-rei.
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Exemplos: pós-graduação, pré-escolar,
pró-democracia.
Pós-, Pré-, Pró- (tônicos e com significados próprios)
Obs.: se os prefixos não forem autônomos, não haverá
hífen. Exemplos: predeterminado, pressupor, pospor,
propor.
H / M / N / VOGAL
Exemplos: circum-meridiano,
Circum-, Pan- circum-navegação, circum-oral,
pan-americano, pan-mágico,
pan-negritude.
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Pseudoprefixos (diferem-se dos prefixos por Exemplos com H: geo-histórico,
apresentarem elevado grau de independência e mini-hospital, neo-helênico,
possuírem uma significação mais ou menos delimitada, proto-história, semi-hospitalar.
presente à consciência dos falantes.) Exemplos com vogal idêntica:
Aero-, Agro-, Arqui-, Auto-, Bio-, Eletro-, Geo-, Hidro-, arqui-inimigo, auto-observação,
Macro-, Maxi-, Mega, Micro-, Mini-, Multi-, Neo-, Pluri-, eletro-ótica, micro-ondas,
Proto-, Pseudo-, Retro-, Semi-, Tele- micro-ônibus, neo-ortodoxia,
semi-interno, tele-educação.
LÍNGUA PORTUGUESA

#Importante

1) Não se utilizará o hífen em palavras iniciadas pelo prefixo ‘co-’. Ele irá se juntar ao segundo elemento, mesmo
que este se inicie por ‘o’ ou ‘h’. Neste último caso, corta-se o ‘h’. Se a palavra seguinte começar com ‘r’ ou ‘s’,
dobram-se essas letras.
Exemplos: coadministrar, coautor, coexistência, cooptar, coerdeiro corresponsável, cosseno.

114
2) Com os prefixos pre- e re- não se utilizará o hífen, apenas quando houver função de substantivo (= de
mesmo diante de palavras começadas por ‹e›. associado).
Exemplos: preeleger, preexistência, reescrever, Exemplos: sócio-gerente / socioeconômico
reedição.
- Travessão e Hífen
3) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo Não confunda o travessão com o hífen: o travessão é
terminar em vogal e o segundo elemento começar um sinal de pontuação mais longo do que o hífen.
por r ou s, estas consoantes serão duplicadas e não
se utilizará o hífen. - Hífen e translineação
Exemplos: antirreligioso, antissemita, arquirrivalidade, Havendo coincidência de fim de linha com o hífen,
autorretrato, contrarregra, contrassenso, deve-se, por clareza gráfica, repeti-lo no início da linha
extrasseco, infrassom, eletrossiderurgia, seguinte.
neorrealismo, etc. Exemplos: ex-
- alferes
guarda-
FIQUE ATENTO! -chuva
Não confunda as grafias das palavras Por favor, diga-
autorretrato e porta-retrato. A primeira é -nos logo o que aconteceu.
composta pelo prefixo auto-, o que justifica
a ausência do hífen e a duplicação da Conheça algumas diferenças de significação que o
consoante ‘r’. ‘Porta-retrato’, por outro lado, uso (ou ausência) do hífen pode provocar:
não possui prefixo: o elemento ‘porta’ trata-
se de uma forma do verbo “portar”. Assim,
esse substantivo composto deve ser sempre Significado com uso
Significado sem uso do hífen
grafado com hífen. do hífen
Ao meio-dia = às 12h
4) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
terminar em vogal e o segundo elemento começar
por vogal diferente, não se utilizará o hífen. Meio dia = metade do dia
Exemplos: antiaéreo, autoajuda, autoestrada,
agroindustrial, contraindicação, infraestrutura,
intraocular, plurianual, pseudoartista,
semiembriagado, ultraelevado, etc.
Pão duro = pão envelhecido
5) Não se utilizará o hífen nas formações com os
prefixos des- e in-, nas quais o segundo elemento
Pão-duro = sovina
tiver perdido o “h” inicial.
Exemplos: desarmonia, desumano, desumidificar,
inábil, inumano, etc.

6) Não se utilizará o hífen com a palavra não, ao Cara suja = rosto sujo
Cara-suja = espécie de
possuir função prefixal.
periquito
Exemplos: não violência, não agressão, não
comparecimento.

Lembre-se:
Não se utiliza o hífen em palavras que possuem os
elementos “bi”, “tri”, “tetra”, “penta”, “hexa”, etc.
Exemplos: bicampeão, bimensal, bimestral, bienal,
tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão,
tetraplégico, pentacampeão, pentágono, etc. Copo de leite = copo com
leite Copo-de-leite = flor
LÍNGUA PORTUGUESA

Observações:
- Em relação ao prefixo “hidro”, em alguns casos pode
haver duas formas de grafia.
Exemplos:
“Hidroavião” e “hidravião”;
“hidroenergia” e “hidrenergia”

- No caso do elemento “socio”, o hífen será utilizado

115
Para ter acesso ao conteúdo completo da parte sua repetida evocação.
gramatical, acesse nosso site e adquira nossos materiais (...)
de Língua Portuguesa para complementar seus estudos. Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado
o emprego do superlativo ilustríssimo para as autori-
dades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria
e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
EXERCÍCIOS COMENTADOS
tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e
1. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016) sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente.
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da Como regra geral, empregue-o apenas em comunica-
República (MRPR), o aviso e o ofício são ções dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem
concluído curso universitário de doutorado. É costume
a) modalidades de comunicação entre unidades adminis- designar por doutor os bacharéis, especialmente os ba-
trativas de um mesmo órgão. charéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o
b) instrumentos de comunicação oficial entre os chefes tratamento Senhor confere a desejada formalidade às
dos poderes públicos. comunicações.
c) documentos que compartilham a mesma diagrama- Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
ção, uma vez que seguem o padrão ofício. manual.htm
d) expedientes utilizados para o tratamento de assuntos
oficiais entre órgãos da administração pública e par- 3. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços
ticulares. de Transportes Aquaviários – Superior - CESPE/2014)
e) correspondências usualmente remetidas por particula- Considerando aspectos estruturais e linguísticos das
res a órgãos do serviço público. correspondências oficiais, julgue os itens que se seguem,
de acordo com o Manual de Redação da Presidência da
Resposta: Letra C República.
De acordo com o Manual: O tratamento Digníssimo deve ser empregado para
O Padrão Ofício todas as autoridades do poder público, uma vez que a
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes dignidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e de cargos públicos.
o memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se
adotar uma diagramação única, que siga o que cha- ( ) Certo ( ) Errado
mamos de padrão ofício.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ Resposta: Errado
manual.htm Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a for-
ma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
2. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016) dignidade é condição primordial para que tais cargos
Considerando as disposições do MRPR, assinale a opção públicos sejam ocupados.
que apresenta o vocativo adequado para ser empregado Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
em um expediente cujo destinatário seja um Delegado cial_publicacoes_ver.php?id=2
de Polícia Civil.
5. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO
– MÉDIO - CESPE/2014) Em toda comunicação oficial,
a) Magnífico Delegado,
exceto nas direcionadas a autoridades estrangeiras,
b) Digníssimo Delegado,
deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou
c) Senhor Delegado,
Atenciosamente, de acordo com as hierarquias do
d) Excelentíssimo Senhor Delegado,
destinatário e do remetente.
e) Ilustríssimo Senhor Delegado,
( ) Certo ( ) Errado
Resposta: Letra C
Manual de Redação:
Resposta: Certo
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es-
Senhor, seguido do cargo respectivo:
tabelece o emprego de somente dois fechos diferen-
Senhor Senador,
tes para todas as modalidades de comunicação oficial:
Senhor Juiz,
A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
LÍNGUA PORTUGUESA

Senhor Ministro,
da República: Respeitosamente,
Senhor Governador,
B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
(...)
rarquia inferior: Atenciosamente,
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
tamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se
tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

116
4. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS
OS CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma
ata, devem-se relatar exaustivamente, com o máximo
HORA DE PRATICAR!
de detalhamento possível, incluindo-se os aspectos
subjetivos, as discussões, as propostas, as resoluções e 1. (MAPA – AUDITOR FISCAL FEDERAL AGROPE-
as deliberações ocorridas em reuniões e eventos que CUÁRIO – MÉDICO VETERINÁRIO – SUPERIOR –
exigem registro. ESAF – 2017) Assinale a opção que apresenta desvio de
grafia da palavra.
( ) Certo ( ) Errado A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional
chinesa que favorece a regularização dos processos fisioló-
Resposta: Errado gicos do corpo, no sentido de promover ou recuperar o es-
Ata é um documento administrativo que tem a fina- tado natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preven-
lidade de registrar de modo sucinto a sequência de tivamente (1) para evitar o desenvolvimento de doenças,
eventos de uma reunião ou assembleia de pessoas como terapia curativa no caso de a doença estar instalada
com um fim específico. É característica da Ata apresen- ou como método paliativo (2) em casos de doenças crôni-
tar um resumo, cronologicamente disposto, de modo cas de difícil tratamento. Tem também uma ação impor-
infalível, de todo o desenrolar da reunião. tante na medicina rejenerativa (3) e na reabilitação. O tra-
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_ tamento de acupuntura consiste na introdução de agulhas
redacao_oficial_ata/) filiformes no corpo dos animais. Em geral são deixadas
cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é
6. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário – dolorosa para os animais e é possível observar durante os
CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas tratamentos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras
direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer de que o tratamento está atingindo o efeito terapêutico
uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de (5) desejado.
acordo com as hierarquias do destinatário e do remetente. Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acu-
puntura-fitoterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em
( ) Certo ( ) Errado 28/11/2017. (Com adaptações)

Resposta: Certo a) (1)


Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es- b) (2)
tabelece o emprego de somente dois fechos diferentes c) (3)
para todas as modalidades de comunicação oficial: d) (4)
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente e) (5)
da República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- 2. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO
quia inferior: Atenciosamente, – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – 2017)
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- Respeitando-se as normas de redação do Manual da Pre-
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e sidência da República, a frase correta é:
tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilida-
de de implementação de projeto de treinamento de
7. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços de pessoal para operar os novos equipamentos gráficos
Transportes Aquaviários – CESPE/2014) Considerando a serem instalados em seu setor.
aspectos estruturais e linguísticos das correspondências b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em
oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo com o que Vossa Excelência pretende nomear vosso repre-
Manual de Redação da Presidência da República. sentante na Comissão Organizadora.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado,
todas as autoridades do poder público, uma vez que a informar, que será organizado seminário, sobre o uso
dignidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes
eficiente de recursos hídricos, em data ainda a ser de-
de cargos públicos.
finida.
d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o de-
( ) Certo ( ) Errado
senvolvimento do setor em questão, informamos, por
meio deste Ofício, que será amplamente analisado por
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Errado
especialistas.
Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vos-
forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal,
sa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que
a dignidade é condição primordial para que tais cargos
possam com- prometer vossa realização do projeto
públicos sejam ocupados.
mencionado.
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_
oficial_publicacoes_ver.php?id=2

117
3. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – 7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO
2014) Analise as assertivas abaixo: – 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir.
A macro-história da humanidade mostra que todos en-
I. O ladrão era de menor. caram os relatos pessoais como uma forma de se manterem
II. Não há regra sem exceção. vivos. Desde a idade do domínio do fogo até a era das mul-
III. É mais saudável usar menas roupa no calor. ticomunicações, os homens tem demonstrado que querem
IV. O policial foi à delegacia em compania do meliante. pôr sua marca no mundo porque se sentem superiores.
V. Entre eu e você não existe mais nada. A palavra que NÃO está grafada corretamente é

A opção que apresenta vícios de linguagem é: a) macro-história.


b) multicomunicações.
a) I e III. c) tem.
b) I, II e IV. d) pôr.
c) II e IV. e) porque.
d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V. 8. (LIQUIGÁS – PROFISSIONAL JÚNIOR – CIÊNCIAS
CONTÁBEIS – CEGRANRIO – 2014) O grupo em que
4. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – todas as palavras estão grafadas de acordo com a norma-
2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item -padrão da Língua Portuguesa é
em que todas as palavras estão corretas:
a) gorjeta, ogeriza, lojista, ferrujem
b) pedágio, ultrage, pagem, angina
a) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
c) refújio, agiota, rigidez, rabujento
b) supracitado – semi-novo – telesserviço.
d) vigência, jenipapo, fuligem, cafajeste
c) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
e) sargeta, jengiva, jiló, lambujem
d) contrarregra – autopista – semi-aberto.
e) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
9. (SIMAE – AGENTE ADMINISTRATIVO – ASSCON-
-PP – 2014) Assinale a alternativa que apresenta apenas
palavras escritas de forma incorreta.
5. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS –
2014) O uso correto do porquê está na opção: a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar;
b) Caixote, encher, análise, poetisa;
a) Por quê o homem destrói a natureza? c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa;
b) Ela chorou por que a humilharam. d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar;
c) Você continua implicando comigo porque sou pobre?
d) Ninguém sabe o por quê daquele gesto. 10. (RECEITA FEDERAL – AUDITOR FISCAL – ESAF –
e) Ela me fez isso, porquê? 2014) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical
ou de grafia de palavra inserido na transcrição do texto.
6. (TJ-PA – MÉDICO PSIQUIATRA – SUPERIOR – VU-
NESP – 2014) A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Se-
cretaria da Receita Federal é apenas a mais recente de-
nominação da Administração Tributária Brasileira nestes
cinco séculos de existência. Sua criação tornou-se (2) ne-
cessária para modernizar a máquina arrecadadora e fisca-
lizadora, bem como para promover uma maior integração
entre o Fisco e os Contribuintes, facilitando o cumprimento
expontâneo (3) das obrigações tributárias e a solução dos
eventuais problemas, bem como o acesso às (4) informa-
ções pessoais privativas de interesse de cada cidadão. O
surgimento da Secretaria da Receita Federal representou
Assinale a alternativa que completa, correta e respec- um significativo avanço na facilitação do cumprimento das
tivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão obrigações tributárias, contribuindo para o aumento da ar-
da língua portuguesa, considerando que o termo que recadação a partir (5) do final dos anos 60.
(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/
LÍNGUA PORTUGUESA

preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que


um evento está prestes a acontecer historico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.)

a) anúncio ... A ... Iminente. a) (1).


b) anuncio ... À ... Iminente. b) (2).
c) anúncio ... À ... Iminente. c) (3).
d) anúncio ... A ... Eminente. d) (4).
e) anuncio ... À ... Eminente. e) (5).

118
11. (ESTRADA DE FERRO CAMPOS DO JORDÃO-SP 15. (PRODAM-AM – ASSISTENTE – FUNCAB – 2014 –
– ANALISTA FERROVIÁRIO – OFICINAS – ELÉTRICA ADAPTADA) Assinale a opção em que o par de palavras
– IDERH – 2014) Leia as orações a seguir: foi acentuado segundo a mesma regra.
Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____
companhias. (mas/más) a) saúde-países
A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enor- b) Etíope-juízes
me. (cumprimento/comprimento) c) olímpicas-automóvel
Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ d) vocês-público
está vazia. (despensa/dispensa). e) espetáculo-mensurável

Completam, correta e respectivamente, as lacunas 16. (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM


acima os expostos na alternativa: CONTABILIDADE – IDECAN – 2014) Os vocábulos “cin-
quentenário” e “império” são acentuados devido à mesma
justificativa. O mesmo ocorre com o par de palavras apre-
a) mas – cumprimento – despensa.
sentado em
b) más – comprimento – despensa.
c) más – cumprimento – dispensa.
a) prêmio e órbita.
d) mas – comprimento – dispensa.
b) rápida e tráfego
e) más – comprimento – dispensa. c) satélite e ministério.
d) pública e experiência.
12. (TRT-2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO - e) sexagenário e próximo.
ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – 2014) Está
redigida com clareza e em consonância com as regras da 17. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVI-
gramática normativa a seguinte frase: DÊNCIA SOCIAL – CEPERJ – 2014) A palavra “conteúdo”
recebe acentuação pela mesma razão de:
a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a pa-
lavra final sobre a polêmica questão, que, diga-se de a) juízo
passagem, tem feito muitos exitarem em se pronun- b) espírito
ciar. c) jornalístico
b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar d) mínimo
atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico e) disponíveis
quanto a impossibilidade de rever sua posição.
c) Vossa Excelência leu o documento que será apresen- 18. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – ICMBIO –
tado em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua CESPE – 2014) A mesma regra de acentuação gráfica se
Excelência, o Senhor Ministro da Educação? aplica aos vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”.
d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
positiva para o público jovem que estava presente, de ( ) CERTO ( ) ERRADO
que se desculparam os idealizadores do programa.
e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer 19. (PREFEITURA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ-SC –
aos jovens ingressantes no curso o compartilhamento GUARDA MUNICIPAL – FEPESE – 2014 – ADAPTADA)
de projetos, com que serão também autores. Assinale a alternativa em que todas as palavras são oxíto-
nas.
13. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS –
2014) A acentuação correta está na alternativa: a) pé, lá, pasta
b) mesa, tábua, régua
c) livro, prova, caderno
a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
d) parabéns, até, televisão
b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
e) óculos, parâmetros, título
c) ponei – geléia – heroico.
d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
20. (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM
e) lingüiça – feiúra – idéia. COMUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN – 2014) Assinale a
alternativa em que a acentuação de todas as palavras está
14. (EBSERH – HUCAM-UFES – ADVOGADO – AOCP – de acordo com a mesma regra da palavra destacada: “Pro-
2014) A palavra que está acentuada corretamente é: curadorias comprovam necessidade de rendimento satisfa-
LÍNGUA PORTUGUESA

tório para renovação do FIES”.


a) Históriar.
b) Memórial. a) após / pó / paletó
c) Métodico. b) moído / juízes / caído
d) Própriedade. c) história / cárie / tênue
e) Artifício. d) álibi / ínterim / político
e) êxito / protótipo / ávido

119
21. (PREFEITURA DE BRUSQUE-SC – EDUCADOR d) o leitor estava à procura de seu destino;
SOCIAL – FEPESE – 2014) Assinale a alternativa em que e) o astrólogo previa o futuro passo à passo
só palavras paroxítonas estão apresentadas.
26. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO-SP – FARMA-
a) facilitada, minha, canta, palmeiras CÊUTICO – SUPERIOR – VUNESP – 2017) O sinal in-
b) maná, papá, sinhá, canção dicativo de crase está empregado corretamente nas duas
c) cá, pé, a, exílio ocorrências na alternativa:
d) terra, pontapé, murmúrio, aves
e) saúde, primogênito, computador, devêssemos a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadverti-
damente, tristeza à depressão.
22. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁ- b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento,
RIO – TÉCNICO EM AGRIMENSURA – FUNCAB – por isso almejam à pílula da felicidade.
2014) A alternativa que apresenta palavra acentuada por c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga,
regra diferente das demais é: pode-se, à primeira vista, pensar em depressão.
d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios
a) dúvidas. às pessoas antes da realização de exames acurados.
b) muitíssimos. e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que exis-
c) fábrica. tem 121 milhões de pessoas à serem tratadas de de-
d) mínimo. pressão.
e) impossível.
27. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO
23. (PRODAM-AM – ASSISTENTE DE HARDWARE – – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – 2017) É
FUNCAB – 2014) Assinale a alternativa em que todas as difícil planejar uma cidade e resistir à tentação de formu-
palavras foram acentuadas segundo a mesma regra. lar um projeto de sociedade.
O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o
a) indivíduos - atraí(-las) - período verbo sublinhado acima seja substituído por:
b) saíram – veículo - construído
c) análise – saudável - diálogo a) não acatar.
d) hotéis – critérios - através b) driblar.
e) econômica – após – propósitos c) controlar.
d) superar.
24. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO e) não sucumbir.
DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI – 2014) “O
evento promove a saúde de modo integral.” A regra que 28. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO
justifica o acento gráfico no termo destacado é a mesma – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – 2017)
que justifica o acento em: A frase em que há uso adequado do sinal indicativo de
crase encontra-se em:
a) “remédio”.
b) “cajú”. a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com
c) “rúbrica”. maior força na Hollywood do século 21.
d) “fráude”. b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agre-
e) “baú”. gou à máxima.
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem
25. (TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI- em histórias já testadas e aprovadas.
NISTRATIVA – MÉDIO – FGV – 2015) d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças
Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no de teatro.
signo de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos
à sua vida profissional e projetos de carreira. Os próximos em alguns estúdios.
dias serão ótimos para dar andamento a projetos que co-
meçaram há alguns dias ou semanas. Os resultados che- 29. (PREFEITURA DE MARÍLIA-SP – AUXILIAR DE
garão rapidamente”. ESCRITA – MÉDIO – VUNESP – 2017) Assinale a alter-
nativa em que o sinal indicativo de crase está empregado
O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do corretamente.
LÍNGUA PORTUGUESA

“a” com acento grave indicativo da crase – “diz respeito à


sua vida profissional”. A frase abaixo em que o emprego a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o
do acento grave da crase é corretamente empregado é: amor de infância.
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta
a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis; uma nova remessa de cartas.
b) começaram à chorar assim que leram as previsões; c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico-
c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer; lógico.

120
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo complemento que o da frase acima está em:
à diversas cartas.
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
novas amizades. b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
Idade Média.
30. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – TÉCNICO EM c) ... viajavam por cordilheiras...
SAÚDE – LABORATÓRIO – MÉDIO – VUNESP – 2014) d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
Reescrevendo-se o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
e a enfrentar o desconforto, ... –, de acordo com a regência
e o acento indicativo da crase, tem-se: 34. (CASAL-AL – ADMINISTRADOR DE REDE – CO-
PEVE – UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Padre
a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do descon- Vieira,
forto, ... “O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o
b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do desconforto, picaram a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o
... substantivo “espinhos” tem, respectivamente, função sin-
c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do desconforto, tática de,
...
d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do desconforto, a) objeto direto/objeto direto.
... b) sujeito/objeto direto.
e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do desconforto, c) objeto direto/sujeito.
.. d) objeto direto/objeto indireto.
e) sujeito/objeto indireto.
31. (CONAB – CONTABILIDADE – SUPERIOR – IADES
– 2014 – ADAPTADA) Considerando o trecho “atualizou 35. (CASAL-AL – ADMINISTRADOR DE REDE – CO-
os dados relativos à produção de grãos no Brasil.” e con- PEVE – UFAL – 2014) No texto, “Arranca o estatuário
forme a norma-padrão, assinale a alternativa correta. uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe;
e, depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e cin-
a) a crase foi empregada indevidamente no trecho. zel na mão para começar a formar um homem, primeiro
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo membro a membro e depois feição por feição.”
de crase. VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da
c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do Academia Brasileira de Letras
sinal indicativo de crase continuaria obrigatório. A oração sublinhada exerce uma função de
d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referen-
tes, o uso do sinal indicativo de crase passaria a ser a) causalidade.
facultativo. b) conclusão.
e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediata- c) oposição.
mente antes de “produção”, o uso do sinal indicativo d) concessão.
de crase seria facultativo. e) finalidade.

32. (SABESP-SP – ATENDENTE A CLIENTES – MÉDIO 36. (EBSERH – HUCAM-UFES – ADVOGADO – SUPE-
– FCC – 2014 – ADAPTADA) No trecho Refiro-me aos RIOR – AOCP – 2014) Em “Se a ‘cura’ fosse cara, apenas
livros que foram escritos e publicados, mas estão – talvez uma pequena fração da sociedade teria acesso a ela.”, a
para sempre – à espera de serem lidos, o uso do acento de expressão em destaque funciona como:
crase obedece à mesma regra seguida em:
a) objeto direto.
a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como b) adjunto adnominal.
evitá-la. c) complemento nominal.
b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido d) sujeito paciente.
efeito. e) objeto indireto.
c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à no-
vela. 37. (EBSERH – HUSM-UFSM-RS – ANALISTA ADMI-
d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha NISTRATIVO – JORNALISMO – SUPERIOR – AOCP
fórmula. – 2014)
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor- “Sinta-se ungido pela sorte de recomeçar. Quando seu
rigidas. filho crescer, ele irá entender - mais cedo ou mais tarde -...”
No período acima, a oração destacada:
33. (TRT-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – SUPERIOR
– FCC–2014) ... que acompanham as fronteiras ocidentais a) estabelece uma relação temporal com a oração que
chinesas... lhe é subsequente.
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de b) estabelece uma relação temporal com a oração que a

121
antecede. 42. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
c) estabelece uma relação condicional com a oração que MÉDIO – VUNESP – 2015) Leia o texto, para responder
lhe é subsequente. às questões.
d) estabelece uma relação condicional com a oração que O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para
a antecede. consegui-lo é a luta. Enquanto o direito estiver sujeito
e) estabelece uma relação de finalidade com a oração que às ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o
lhe é subsequente. mundo for mundo –, ele não poderá prescindir da luta.
A vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos,
38. (PRODAM-AM – ASSISTENTE DE HARDWARE – das classes sociais, dos indivíduos.
FUNCAB – 2014) O termo destacado em: “As pessoas es- Todos os direitos da humanidade foram conquista-
tão sempre muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte função dos pela luta; seus princípios mais importantes tiveram
sintática: de enfrentar os ataques daqueles que a ele se opunham;
todo e qualquer direito, seja o direito de um povo, seja
a) objeto direto.
o direito do indivíduo, só se afirma por uma disposição
b) objeto indireto.
ininterrupta para a luta. O direito não é uma simples
c) adjunto adverbial.
ideia, é uma força viva. Por isso a justiça sustenta numa
d) predicativo.
das mãos a balança com que pesa o direito, enquanto
e) adjunto adnominal.
na outra segura a espada por meio da qual o defende.
39. (TRT-13ª REGIÃO-PB – TÉCNICO JUDICIÁRIO A espada sem a balança é a força bruta, a balança
– TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – MÉDIO – FCC – sem a espada, a impotência do direito. Uma completa
2014) Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às ambições a outra, e o verdadeiro estado de direito só pode existir
passadas... quando a justiça sabe brandir a espada com a mesma
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- habilidade com que manipula a balança.
plemento que o grifado acima está empregado em: O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Po-
der Público, mas de toda a população. A vida do direito
a) Faltam-nos precedentes históricos para... nos oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo
b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro... de um esforço e de uma luta incessante, como o des-
c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si- pendido na produção econômica e espiritual. Qualquer
tuação... pessoa que se veja na contingência de ter de sustentar
d) As redes sociais eram atividades de difícil implementa- seu direito participa dessa tarefa de âmbito nacional e
ção... contribui para a realização da ideia do direito. É verdade
e) ... como se imitássemos o padrão de conforto... que nem todos enfrentam o mesmo desafio.
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tran-
40. (CIA DE SERVIÇOS DE URBANIZAÇÃO DE GUARA- quilamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados
PUAVA-PR – AGENTE DE TRÂNSITO – CONSULPLAM pelo direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta,
– 2014) Quanto à função que desempenha na sintaxe da não nos compreenderiam, pois só veem nele um estado
oração, o trecho em destaque “Tenho uma dor que passa de paz e de ordem.
daqui pra lá e de lá pra cá” corresponde a: (Rudolf von Ihering, A luta pelo direito)

a) Oração subordinada adjetiva restritiva. Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi em-
b) Oração subordinada adjetiva explicativa. pregada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como
c) Adjunto adnominal. ocorre na passagem – A espada sem a balança é a força
d) Oração subordinada adverbial espacial. bruta, a balança sem a espada, a impotência do direito.
41. (ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM
a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princí-
COMUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN – 2014) Acerca das
pios jurídicos manipulados pelo Estado.
relações sintáticas que ocorrem no interior do período a
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca
seguir “Policiais de Los Angeles tomam facas de criminosos,
chegaria ao fim.
perseguem bêbados na estrada e terminam o dia na dele-
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o
gacia fazendo seu relatório.”, é correto afirmar que
interesse pecuniário.
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do
a) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”.
direito está na ação.
b) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é com-
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das
LÍNGUA PORTUGUESA

posto.
faces, aos demais, a outra.
c) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de
sujeito.
43. TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
d) “facas” possui a mesma função sintática que “bêba-
NISTRATIVA – MÉDIO – FGV – 2015
dos” e “relatório”.
e) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são termos
Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço pro-
que indicam circunstâncias que caracterizam a ação verbal.
fundo desde o programa Apollo, da década 1970, com

122
o objetivo de enviar astronautas a Marte até 2030 está c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
sendo preparada pela Nasa (agência espacial norte-ame- acrescentado ao vocábulo “lia”.
ricana). O primeiro passo para a concretização desse de- d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da
safio será dado nesta sexta-feira (5), com o lançamento da vírgula entre elas poderia ser dispensado.
cápsula Orion, da base da agência em Cabo Canaveral, e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acentu-
na Flórida, nos Estados Unidos. O lançamento estava pre- ados graficamente rúbrica, filântropo e lúcida.
visto originalmente para esta quinta-feira (4), mas devido
a problemas técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05 46. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS –
no horário de Brasília).” 2014) Verifique a pontuação nas frases abaixo e marque
(Ciência, Internet Explorer). a assertiva correta:

“com o lançamento da cápsula Orion, da base da a) Céus: Que injustiça.


agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados b) O resultado do placar, não o abateu.
Unidos.” Os termos sublinhados se encarregam da loca- c) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava
lização do lançamento da cápsula referida; o critério para em pleno atendimento.
essa localização também foi seguido no seguinte caso: d) Comam bastantes frutas crianças!
Os protestos contra as cotas raciais ocorreram: e) Comprei abacate, e mamão maduro.

a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste; 47. (SAAE-SP – Fiscal Leiturista – VUNESP – 2014)
b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul;
c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão;
d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;
e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.

44. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO


– ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – 2017)
Está plenamente adequada a pontuação do seguinte pe-
ríodo:

a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre


bebeu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-
-se, independente das outras artes há mais de meio
século.
b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre con-
siderou a literatura como fonte de inspiração, mas o
cinema declarou-se independente das outras artes, há
mais de meio século.
c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se inde-
pendente das outras artes, embora a produção cine-
matográfica tenha sempre considerado a literatura
como fonte de inspiração. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a
d) O cinema declarou-se independente, das outras ar- pontuação está correta em:
tes, há mais de meio século; porém, sabe-se, que a
produção cinematográfica sempre bebeu na fonte da a) Hagar disse, que não iria.
literatura. b) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bifes
e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci- e lagostas, aos vizinhos.
nema, mas este, declarou-se independente das outras c) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas: para
artes há mais de meio século − como é sabido. Hagar e Helga
d) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Hagar
45. (CORREIOS – TÉCNICO EM SEGURANÇA DO à Helga.
TRABALHO JÚNIOR – MÉDIO – IADES – 2017 – e) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos
ADAPTADA) Quanto às regras de ortografia e de pon- Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
tuação vigentes, considere o período “Enquanto lia a car-
LÍNGUA PORTUGUESA

ta, as lágrimas rolavam em seu rosto numa mistura de 48. (PREFEITURA DE PAULISTA-PE – RECEPCIONIS-
amor e saudade.” e assinale a alternativa correta. TA – UPENET – 2014) Sobre os SINAIS DE PONTUAÇÃO,
observe os itens abaixo:
a) O uso da vírgula entre as orações é opcional.
b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam I. “Calma, gente”.
em seu rosto por que sentia um misto de amor e sau- II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”?
dade.” poderia substituir a original. III. “Sustentabilidade, paradigma de vida”

123
IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!” c) A investigação da morte de João Goulart, foi reaberta,
V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...” em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para
apuração da causa da morte do ex-presidente uma
Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA. vez que, para a família, Jango pode ter sido assassi-
nado.
a) No item I, a vírgula isola um aposto. d) A Comissão da Verdade, a pedido da família de João
b) No item II, a interrogação indica uma mensagem in- Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de
terrompida. sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é
c) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu descartada, pela viúva e filhos.
antecedente. e) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João Gou-
d) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação lart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado
e a exclamação, indicam surpresa. pediram a reabertura da investigação de sua morte,
e) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, ape- à Comissão da Verdade, esta, atendeu o pedido em
nas, por um ponto e vírgula após o termo “repente”. maio deste ano.

49. (PREFEITURA DE PAULISTA-PE – RECEPCIONIS- 52. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO


TA – UPENET – 2014 – ADAPTADA) TRABALHO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) A correção
“Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, gramatical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cerve-
de ideais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado jas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria
de dinheiro.” prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após a
(Millôr Fernandes) palavra “vinhos”.

Sobre as vírgulas existentes no texto, é CORRETO afir- ( ) CERTO ( ) ERRADO


mar que:
53. (PREFEITURA DE ARCOVERDE-PE – ADMINIS-
a) são facultativas. TRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS –
b) isolam apostos. 2014) Leia o texto a seguir:
c) separam elementos de mesma função sintática. “Pagar por esse software não é um luxo, mas uma ne-
d) a terceira é facultativa. cessidade”. O uso da vírgula justifica-se porque:
e) separam orações coordenadas assindéticas.
a) estabelece a relação entre uma coordenada assindéti-
50. (POLÍCIA MILITAR-SP – OFICIAL ADMINISTRA- ca e uma conclusiva.
TIVO – MÉDIO – VUNESP – 2014) A reescrita da frase b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad-
– Como sempre, a resposta depende de como definimos os versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está
termos da pergunta. – está correta, quanto à pontuação, subentendido.
em: c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um
luxo, mas uma necessidade”.
a) A resposta como sempre, depende de, como defini- d) indica que dois termos da mesma função estão ligados
mos os termos da pergunta. por uma conjunção aditiva.
b) A resposta, como sempre, depende de como defini- e) isola o aposto na segunda oração.
mos os termos da pergunta.
c) A resposta como, sempre, depende de como defini- 54. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
mos os termos da pergunta. MÉDIO – VUNESP – 2017)
d) A resposta, como, sempre depende de como defini- Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos execu-
mos os termos da pergunta. tivos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transfe-
e) A resposta como sempre, depende de como, defini- riu sua equipe para um chamado escritório aberto, sem
mos os termos da pergunta. paredes e divisórias.
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas
51. (EMPLASA-SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO ele queria que todos estivessem juntos, para se conec-
– VUNESP – 2014) Segundo a norma-padrão da língua tarem e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco
portuguesa, a pontuação está correta em: tempo ficou claro que Nagele tinha cometido um grande
erro. Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e
a) Como há suspeita, por parte da família de que João os nove empregados estavam insatisfeitos, sem falar do
LÍNGUA PORTUGUESA

Goulart tenha sido assassinado; a Comissão da Ver- próprio chefe.


dade decidiu reabrir a investigação de sua morte, em Em abril de 2015, quase três anos após a mudança
maio deste ano, a pedido da viúva e dos filhos. para o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa
b) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou o para um espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu pró-
pedido da família do ex-presidente João Goulart e re- prio espaço, com portas e tudo.
abriu a investigação da morte deste, visto que, para a Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
viúva e para os filhos, Jango pode ter sido assassinado. aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Unidos

124
são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ao res, maracatus, big bands, corredores evangélicos, góticos
modelo de espaços tradicionais com salas e portas. satanistas, praticantes de ioga, dançarinos de tango, barra-
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder quinhas de yakissoba e barris de cerveja artesanal.
até 15% da produtividade, desenvolver problemas graves Tenho estado atento às agruras e oportunidades da
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar cidade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos e
organização. assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Paulista
Desde que se mudou para o formato tradicional, Na- ou Minhocão e, durante a semana, venho testando dife-
gele já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem rentes percursos.
sentir falta do estilo de trabalho do escritório fechado. Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemité-
“Muita gente concorda – simplesmente não aguentam o rio da Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas
escritório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e encostas do Sumaré, até que, na última terça, sem querer,
é preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele. descobri um insuspeito parque noturno com bastante gen-
É improvável que o conceito de escritório aberto caia te, quase nenhum carro e propício a todo tipo de ativida-
em desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exem- des: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
plo de Nagele e voltando aos espaços privados. (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade é em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo tem- 13.04.2017. Adaptado)
po, e pequenas distrações podem desviar nosso foco por até Assinale a alternativa que dá nova redação à passa-
20 minutos. gem – O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha –
Retemos mais informações quando nos sentamos em prefere estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam
um local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e dois metros quadrados de chão. – atendendo à norma-pa-
design de interiores. drão de concordância.
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos po-
dem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1. a) Cem por cento dos paulistanos não joga a toalha –
folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado) acha preferível estendê-la para que se deite sobre elas,
caso seja dado a eles dois metros quadrados de chão.
Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando b) Os paulistanos não jogam a toalha – acham preferíveis
nos sentamos em um local fixo... (último parágrafo) – com o estendê-la e se deitar em cima, caso lhes deem dois
termo Talvez, indicando condição, a sequência que apresenta metros quadrados de chão.
correlação dos verbos destacados de acordo com a norma- c) Mais de um paulistano não são de jogar a toalha –
-padrão será: acham preferíveis estendê-la e se deitarem em cima,
caso se dê a eles dois metros de chão.
a) reteríamos ... sentarmos d) Para os paulistanos, não se joga a toalha – é preferível
b) retínhamos ... sentássemos que seja estendida, para que possam deitar-se sobre
c) reteremos ... sentávamos ela, caso lhes sejam dados dois metros quadrados de
d) retivemos ... sentaríamos chão.
e) retivéssemos ... sentássemos e) A maior parte dos paulistanos, contudo, não são de jo-
garem a toalha – acha preferível elas serem estendidas
55. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – e deitar-se em cima, caso lhe seja dado dois metros
MÉDIO – VUNESP – 2017) Leia o texto para responder de chão.
às questões.
O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você
anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomarmos
“Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômica. To-
mando “Ipanema” como um símbolo, no entanto, como
um exemplo de alívio, promessa de alegria em meio à vida
dura da cidade, a frase passa a ser de um triste realismo:
o problema de São Paulo é que você anda, anda, anda e
nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o parque do Es-
tado, o Jardim da Luz são uns raros respiros perdidos entre
LÍNGUA PORTUGUESA

o mar de asfalto, a floresta de lajes batidas e os Corcovados


de concreto armado.
O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
metros quadrados de chão. É o que vemos nas avenidas
abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta liberarem
um pedacinho do cinza e surgem revoadas de patinado-

125
42 E
GABARITO 43 A
44 C
1 C 45 D
2 A 46 C
3 D 47 E
4 A 48 C
5 C 49 C
6 A 50 B
7 C 51 B
8 D 52 CERTO
9 D 53 C
10 C 54 E
11 B 55 D
12 C
13 D
14 E
15 A
16 B
17 A
18 CERTO
19 D
20 C
21 A
22 E
23 E
24 E
25 C
26 C
27 E
28 D
29 B
30 A
31 E
32 D
33 E
34 C
35 E
36 C
LÍNGUA PORTUGUESA

37 A
38 D
39 A
40 A
41 D

126
ÍNDICE

ATUALIDADES

Sistema de Justiça Criminal.............................................................................................................................................................................................. 01


Sistema Prisional Brasileiro.............................................................................................................................................................................................. 04
Políticas Públicas de Segurança Pública e Cidadania............................................................................................................................................ 07
Plano Nacional de Segurança Pública, e tem por objetivo
SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL. apoiar projetos na área de segurança pública e projetos
sociais de prevenção à violência, tanto de estados quanto
de municípios, desde que atendam aos critérios estabe-
lecidos.
1 Sistema de justiça criminal. Desta forma, devemos lembrar ainda, a existência de
Ao analisarmos o sistema de justiça criminal, deve- conselhos ligados ao Ministério da Justiça, tais como o
mos compreender que ele abrange órgãos dos Poderes Conselho Nacional de Segurança Pública, que também
Executivo e Judiciário em todos os níveis da Federação. exercem papel importante para as definições e avalia-
ções da política. Ainda no âmbito do Ministério da Justi-
Assim sendo, o sistema se organiza em três frentes prin-
ça, o Departamento de Polícia Federal cumpre uma fun-
cipais de atuação: segurança pública, justiça criminal e
ção bem distinta. A norma constitucional define que cabe
execução penal. Ou seja, abrange a atuação do poder
à Polícia Federal “apurar infrações penais contra a ordem
público desde a prevenção das infrações penais até a
política e social ou em detrimento de bens, serviços e
aplicação de penas aos infratores. As três linhas de atua-
interesses da União (...) assim como outras infrações cuja
ção relacionam-se estreitamente, de modo que a eficiên-
prática tenha repercussão interestadual ou internacional
cia das atividades da Justiça comum, por exemplo, de- e exija repressão uniforme”. Cabe, ainda, “prevenir e re-
pende da atuação da polícia, que por sua vez também é primir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
chamada a agir quando se trata do encarceramento, para contrabando e o descaminho (...)”, “exercer as funções de
vigiar externamente as penitenciárias e se encarregar do polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras” e “exer-
transporte de presos. cer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
Deste modo, a Constituição Federal de 1988 traz as União” (Constituição Federal, art. 144, § 1º, incisos I a IV).
diretrizes gerais para o sistema, prevendo o papel dos Com isso, a Polícia Federal cumpre um importante
órgãos policiais e dos entes federativos em sua organiza- papel nas investigações que envolvem crimes contra o
ção. No art. 144, a Constituição Federal define a seguran- patrimônio da União, aí incluídos delitos cometidos por
ça pública como dever do Estado e responsabilidade de autoridades políticas, no policiamento de fronteira, e no
todos. Define, ainda, que os órgãos responsáveis por sua combate ao tráfico de drogas, atuando em todo o país
manutenção são a Polícia Federal, as Polícias Rodoviária e por meio de suas unidades regionalizadas, em 27 supe-
Ferroviária Federais, as Polícias Civis, as Polícias Militares rintendências regionais e 81 delegacias, além de postos
e os Corpos de Bombeiros Militares. avançados, centros especializados, e delegacias de imi-
gração, dentre outros.

FIQUE ATENTO! #FicaDica


A Constituição Federal é a responsável pela
fundamentação da Justiça Criminal, sendo A Polícia Federal é a responsável por inves-
assim, vale a pena fazer uma leitura efetiva tigar todos os crimes vinculados ao patri-
do art. 144, que define as obrigações do Es- mônio da União, sendo assim, ela fiscaliza
tado na segurança pública. todas as denúncias sobre delitos cometidos
pelas autoridades políticas.

Assim sendo, no âmbito do governo federal, a se- Ademais, a Polícia Federal atua também na fiscaliza-
gurança pública é assunto da área de competência do ção nos aeroportos, na emissão de passaportes e no re-
Ministério da Justiça, no qual se encontram vinculados gistro de armas de fogo. Seus principais órgãos centrais
os seguintes órgãos: SENASP - Secretaria Nacional de são: Comando de Operações Táticas, Academia Nacional
Segurança Pública, Departamento de Polícia Federal, e de Polícia, Diretoria Técnico-Científica, Coordenação-Ge-
Departamento de Polícia Rodoviária Federal. ral de Polícia de Imigração, e Coordenação-Geral de Con-
Ademais, a SENASP, criada em 1997, tem por prin- trole de Segurança Privada.
cipais atribuições: promover a integração dos órgãos Assim sendo, a Polícia Rodoviária Federal, que tam-
de segurança pública; planejar, acompanhar e avaliar as bém tem suas atribuições definidas constitucionalmen-
ações do governo federal na área; estimular a moder-
te, deve exercer o patrulhamento das rodovias federais.
nização e o reaparelhamento dos órgãos de segurança
Integram sua atuação: realizar patrulhamento ostensivo,
pública; estimular e propor aos órgãos estaduais e mu-
nicipais a elaboração de planos integrados de segurança inclusive operações relacionadas com a segurança públi-
e implementar e manter o INFOSEG - Sistema Nacional ca; exercer os poderes de autoridade de polícia de trân-
de Informações de Justiça e Segurança Pública, dentre sito; aplicar e arrecadar multas impostas por infrações de
outras. trânsito; executar serviços de prevenção, atendimento de
Portanto, é a SENASP que gerencia o programa SUSP acidentes e salvamento de vítimas; assegurar a livre cir-
ATUALIDADES

- Sistema Único de Segurança Pública, bem como a ad- culação nas rodovias federais; efetuar a fiscalização e o
ministração dos recursos do Fundo Nacional de Seguran- controle do tráfico de crianças e adolescentes; colaborar e
ça Pública, por meio do qual são apoiados projetos de atuar na prevenção e repressão aos crimes contra a vida,
estados e municípios. O Fundo Nacional de Segurança os costumes, o patrimônio, o meio ambiente, o contra-
Pública foi criado em 2000, logo após o lançamento do bando, o tráfico de drogas e demais crimes.

1
Deste modo, na esfera do governo federal, podemos Destarte, a Polícia Civil atende a população em de-
mencionar também a atuação do Gabinete de Segurança legacias ou distritos, nos quais são registradas as ocor-
Institucional da Presidência da República, que é o órgão rências de infrações. Em geral, cada delegacia de polícia
de coordenação das atividades de inteligência federal e, deve registrar e apurar os delitos de sua área de circuns-
juntamente com outros doze, compõe o Sistema Brasilei- crição. É o delegado de polícia que abre o inquérito poli-
ro de Inteligência, cujo órgão central é a ABIN - Agência cial para investigar os crimes e realiza os procedimentos
Brasileira de Inteligência, também responsável por ativi- relacionados à investigação, como interrogatório de tes-
dades relacionadas à segurança pública, e que atua mui- temunhas, solicitação de perícias, entre outras.
tas vezes em conjunto com a SENAD - Secretaria Nacio- Assim sendo, com vistas a subsidiar a investigação,
nal Antidrogas e com a Polícia Federal. entra em ação o trabalho da Polícia Científica, formada
Assim sendo, a SENAD, por sua vez, subordinada ao pelos especialistas que atuam nos institutos de crimina-
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da lística e institutos ou departamentos de medicina legal.
República, é “o órgão executivo das atividades de pre- Uma vez concluído, o inquérito policial (procedimento
venção do uso indevido de substâncias entorpecentes e administrativo anterior à ação penal) é encaminhado
drogas que causem dependência, bem como daquelas para o Judiciário, que o remete ao Ministério Público.
relacionadas com o tratamento, recuperação, redução de Este pode requerer seu arquivamento ou apresentar de-
danos e reinserção social de dependentes”. núncia.
Desta forma, a secretaria gerencia o Fundo Nacional Portanto, o Ministério Público tem competência
Antidrogas e, junto ao Conselho Nacional Antidrogas, privativa de promover a ação penal pública, fazendo a
atua na implementação da Política Nacional sobre as denúncia que dá início ao processo criminal. Ademais,
Drogas, lançada em 2005. Por fim, cumpre lembrar a ins- ainda, que as provas produzidas pela polícia, como os
tituição da Força Nacional de Segurança Pública, criada depoimentos, têm de ser refeitas no âmbito do Judiciá-
em novembro de 2004, por meio do Decreto nº. 5.289, rio, para que sejam respeitados os princípios do contra-
considerando “o princípio de solidariedade federativa
ditório, da ampla defesa e do devido processo legal. O
que orienta o desenvolvimento das atividades do sistema
inquérito policial não é obrigatório. Se já há elementos
único de segurança pública”, para exercer atividades rela-
para propor a ação penal, ele se torna dispensável.
cionadas com policiamento ostensivo no caso de solicita-
Portanto, no caso de infrações penais de menor po-
ção expressa de um governador de estado.
tencial ofensivo, a polícia pode lavrar termo circunstan-
Portanto, integram a Força Nacional servidores de
ciado, encaminhado ao Judiciário, no contexto dos pro-
órgãos de segurança pública estaduais e federais sele-
cedimentos mais simplificados para a conclusão judicial.
cionados e treinados para trabalhar conjuntamente. Os
estados podem aderir voluntariamente ao programa. O A relação da Polícia Civil com o Judiciário e o Ministério
emprego da Força Nacional será determinado pelo mi- Público se dá em diferentes circunstâncias, não somente
nistro da Justiça, sempre de forma episódica e planejada, ao longo da instrução do inquérito policial e do processo
e após solicitação do governador de estado. Portanto, a criminal, mas também para cumprir mandados de prisão,
Força Nacional não possui sede própria nem contingente de busca e apreensão, entre outros. Cada estado organi-
próprio – os policiais capacitados para integrá-la são con- za seu departamento de polícia civil de maneira indepen-
vocados para missões específicas, e tampouco, funciona dente, sendo que, na maioria das vezes, tal organização é
de maneira permanente. normatizada por uma lei orgânica.
Comumente há ainda, em separado, um estatuto,
Órgãos estaduais de segurança pública um regulamento disciplinar e um código de ética, todos
Ao analisar os órgãos estaduais, a Constituição Fede- publicados por lei estadual ou decreto governamental,
ral define o papel das Polícias Civil e Militar, que se subor- embora seja mais comum que a lei orgânica aborde to-
dinam ao Poder Executivo estadual. A Polícia Militar deve dos os aspectos relativos à organização da corporação,
realizar o policiamento ostensivo e garantir a preserva- finalidades, atribuições, regime disciplinar, cargos e car-
ção da ordem pública. A Polícia Civil tem como principal reiras etc. O governador deve publicar em lei o número
atribuição a investigação de crimes. Desta forma, cumpre de cargos existentes nas polícias, com base na proposta
a função de polícia judiciária, devendo apurar as infra- do comandante- -geral da corporação.
ções penais, com exceção das militares. As Polícias Civil Desta forma, as carreiras da Polícia Civil também en-
e Militar, o Corpo de Bombeiros e os órgãos de perícia contram diferenças de um estado para outro. A organi-
vinculam-se ao Poder Executivo estadual e organizam-se, zação da Polícia Militar também difere entre os estados,
sob o princípio da norma constitucional, de acordo com mas em geral é formada por batalhões e companhias.
a legislação local, havendo diferenças entre os estados Existem atualmente doze graus hierárquicos, de soldado
brasileiros. São as constituições estaduais que explicitam a coronel, em reprodução à organização do Exército, à
a organização das corporações policiais e da política de exceção do grau de general, inexistente na polícia. O co-
segurança pública local. mandante-geral da polícia no estado deve ter a patente
Deste modo, compõem as Secretarias Estaduais de de coronel. Os integrantes das polícias militares são de-
ATUALIDADES

Segurança Pública: Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de nominados pela Constituição Militar dos estados, consti-
Bombeiros, Polícia Técnico-Científica, quando separada tuindo força auxiliar do Exército.
da Polícia Civil, Departamento de Trânsito, conselhos co- Assim sendo, o trabalho de mais visibilidade da Polí-
munitários, instituto de identificação, além de Correge- cia Militar é o policiamento ostensivo, caracterizado pela
doria e Ouvidoria de Polícia. ação em que o agente é identificado pela farda, pelo

2
equipamento e pela viatura, podendo ser: ostensivo ge- Tribunais e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos
ral, urbano e rural; de trânsito; florestal e de mananciais; estados e do Distrito Federal e Territórios. Sendo assim,
rodoviário e ferroviário, nas vias estaduais; portuário; flu- observe as características de cada um deles.
vial e lacustre; de radiopatrulha terrestre e aérea; e de Supremo Tribunal Federal é o órgão máximo do Judi-
segurança externa dos estabelecimentos penais, entre ciário brasileiro. Sua principal função é zelar pelo cumpri-
outros, havendo necessariamente distinção entre carrei- mento da Constituição e dar a palavra final nas questões
ra de delegado de polícia e de agente, além de carreiras que envolvam normas constitucionais. É composto por
específicas ligadas às atividades de perícia. 11 ministros indicados pelo Presidente da República e
Outrossim, o ingresso em todas as carreiras se dá me- nomeados por ele após aprovação pelo Senado Federal.
diante concurso público, sendo necessário, para delega- Superior Tribunal de Justiça, está abaixo do STF, cuja
responsabilidade é fazer uma interpretação uniforme da
do, ser detentor de curso superior em Direito. Em alguns
legislação federal. É composto por 33 ministros nomea-
estados, a Polícia Científica, que trabalha nas atividades
dos pelo Presidente da República escolhidos numa lista
de perícia e medicina legal, constitui uma corporação es-
tríplice elaborada pela própria Corte. Os ministros do STJ
pecífica, independente da Polícia Civil. também têm de ser aprovados pelo Senado antes da no-
meação pelo Presidente do Brasil.
Justiça criminal
Ao analisarmos a estrutura judiciária brasileira, deve-
mos destacar que ela tem suas bases estabelecidas pelo #FicaDica
Capítulo III, do Título IV, da Constituição Federal. Sendo
O STJ julga causas criminais de relevância,
assim, no topo está o STF – Supremo Tribunal Federal,
e que envolvam governadores de estados,
abaixo dele, a Constituição estabelece também a compe-
Desembargadores e Juízes de Tribunais Re-
tência criminal ao STJ – Superior Tribunal de Justiça, TSE
gionais Federais, Eleitorais e Trabalhistas e
– Tribunal Superior Eleitoral e o STM – Superior Tribunal
outras autoridades.
Militar. Ademais, além da divisão da justiça brasileira em
Comum Federal e Comum. Deste modo, a Justiça Co-
mum é chamada de Justiça Ordinária. Deste modo, além dos tribunais superiores, a o sis-
Sendo assim, a Justiça Comum tem a seguinte orga- tema Judiciário federal é composto pela Justiça Federal
nização: Justiça Federal, dividida em 1º Grau – Juízes Fe- comum e pela Justiça especializada (Justiça do Trabalho,
derias, 2º Grau – Tribunais Regionais Federais e 3º Grau Justiça Eleitoral e Justiça Militar).
– Superior Tribunal de Justiça. Na esfera da Justiça Esta- A Justiça Federal comum pode processar e julgar cau-
dual, o 1º Grau – Juízes Estatuais e o 2 Grau – Tribunais sas em que a União, autarquias ou empresas públicas
de Justiça. federais sejam autoras, rés, assistentes ou oponentes –
exceto aquelas relativas a falência, acidentes de trabalho
e aquelas do âmbito da Justiça Eleitoral e à Justiça do
FIQUE ATENTO! Trabalho. É composta por juízes federais que atuam na
O 3º Grau da Justiça Federal, também se apli- primeira instância, nos tribunais regionais federais (se-
gunda instância) e nos juizados especiais, que julgam
ca a Justiça Estadual, desta forma, existe uma
causas de menor potencial ofensivo e de pequeno valor
semelhança entre elas.
econômico.
Já a Justiça do Trabalho julga conflitos individuais e
coletivos entre trabalhadores e patrões. É composta por
Deste modo, o Superior Tribunal de Justiça, é o grau juízes trabalhistas que atuam na primeira instância e nos
ou instância superior, tanto da Justiça Federal como da tribunais regionais do Trabalho (TRT), e por ministros que
Justiça Estadual comum, deste modo, também tem atua- atuam no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
ção na justiça criminal em âmbito federal, o Ministério No que tange à Justiça Eleitoral, ela tem como objeti-
Público Federal e a Defensoria Pública da União e, em vo de garantir o direito ao voto direto e sigiloso, preconi-
âmbito estadual, os Ministérios Públicos Estaduais e as zado pela Constituição, a Justiça Eleitoral regulamenta os
Defensorias Públicas Estaduais. Portanto, as competên- procedimentos eleitorais. Na prática, é responsável por
cias de cada uma dessas instituições são ditadas pela organizar, monitorar e apurar as eleições, bem como por
Constituição Federal de 1988 e por legislações específi- diplomar os candidatos eleitos. Também pode decretar
cas, sendo elas na esfera federal ou estaduais. a perda de mandato eletivo federal e estadual e julgar
irregularidades praticadas nas eleições.
Órgãos Federais de Justiça Criminal
Dentro dos Órgãos Federais de Justiça Criminal, po-
FIQUE ATENTO!
demos destacar que a função do Poder Judiciário é ga-
rantir os direitos individuais, coletivos e sociais e resolver Os juízes eleitorais atuam na primeira instân-
conflitos entre cidadãos, entidades e Estado. Para isso, cia e nos tribunais regionais eleitorais (TRE) e
tem autonomia administrativa e financeira garantidas os ministros que atuam no Tribunal Superior
ATUALIDADES

pela Constituição Federal. Eleitoral (TSE).


Deste modo, são órgãos do Poder Judiciário o Supre-
mo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça Ao analisar a Justiça Militar, podemos observar que
(STJ), além dos Tribunais Regionais Federais (TRF), Tri- ela é composta por juízes militares que atuam em pri-
bunais e Juízes do Trabalho, Tribunais e Juízes Eleitorais, meira e segunda instância e por ministros que julgam no

3
Superior Tribunal Militar (STM). Sua função é processar e
julgar os crimes militares. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO.
No âmbito da organização da Justiça Estadual, po-
demos destacar que é competência de cada estado e
do Distrito Federal. Nela existem os juizados especiais
cíveis e criminais. Nela atuam juízes de Direito (primeira Das Penas
instância) e desembargadores, (nos tribunais de Justiça, Antes de pensarmos no sistema prisional brasileiro,
segunda instância). Nos estados e no DF também exis- precisamos entender um pouco sobre os tipos de penali-
tem juizados especiais cíveis e criminais. Deste modo, a dades que estão previstas no Código Penal. Desta forma,
função da Justiça Estadual é processar e julgar qualquer as Penas no direito penal são punições definidas pelo
causa que não esteja sujeita à Justiça Federal comum, do legislador e normatizadas na parte especial do Código
Trabalho, Eleitoral e Militar. Penal. Sendo assim, é necessário que haja a regulamen-
Por fim, o STF e o STJ têm poder sobre a Justiça co- tação para que a convivência em sociedade não ultrapas-
mum federal e estadual. Em primeira instância, as causas se os direitos e os limites dos cidadãos. A lei tem a fina-
são analisadas por juízes federais ou estaduais. Recursos lidade de corrigir, de remediar o comportamento social.
de apelação são enviados aos Tribunais Regionais Fede- Deste modo, a lei sem punição se torna ineficaz, sendo
rais, aos Tribunais de Justiça e aos Tribunais de Segunda necessário que a lei estabeleça uma forma de punição
Instância, os dois últimos órgãos da Justiça Estadual.
para cada ato ilícito que possa ser praticado.
Outrossim, as Penas são de caráter preventivo, ou
#FicaDica seja, serve de exemplo para que outros não realizem
aquele comportamento. As Penas são específicas ao tipo
Às decisões dos tribunais de última instân-
que se refere à lei e não pode ser aplicada, por exemplo,
cia das justiças Militar, Eleitoral e do Traba-
lho cabe recurso, em matéria constitucio- a pena de estelionato a quem pratica um roubo.
nal, para o STF. Portanto, o Código Penal não possui todas as condu-
tas ilícitas nele inseridas, por isso são criadas leis que se
fazem valer do código para aplicação de suas Penas. Nes-
se sentido, existem as leis especiais que tratam da maté-
ria penal e que não fazem parte do Código Penal, como
EXERCÍCIO COMENTADO exemplo a Lei de armas e Lei dos entorpecentes, Código
do consumidor, Código de trânsito, dentre outros.
1. A segurança pública, dever do Estado, direito e res- Sendo assim, a Pena a ser aplicada deve corresponder
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ao tipo penal da condenação, sendo essas Penas de três
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patri- espécies:
mônio, através dos seguintes órgãos: a Polícia Federal, as 1) Privativa de liberdade, que se divide em: a) reclu-
Polícias Rodoviária e Ferroviária Federais, as Polícias Civis, são; b) detenção
as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares. 2) Restritiva de direito, que somente pode ser aplica-
Avalie se o item acima está certo ou errado. da em substituição às Penas privativas de liberdade nos
casos autorizados em lei.
( ) CERTO ( ) ERRADO 3) Multa, também conhecida como pena pecuniária.

Resposta: Certo. Os Princípios da pena


A Constituição Federal é a responsável pela funda- Personalidade (ou da responsabilidade pessoal), no
mentação da Justiça Criminal, sendo assim, vale a art. 5, XLV, da constituição Federal, que para este prin-
pena fazer uma leitura efetiva do art. 144, que define cípio, a pena não passa da pessoa do delinquente, ou
as obrigações do Estado na segurança pública. seja, apenas o delinquente pode ser responsabilizado
pela pena. Quando falamos em responsabilidade penal,
2- Supremo Tribunal Federal é o órgão máximo do Judi- estamos diante da apuração para verificar se o indivíduo
ciário brasileiro, sua principal função é zelar pelo cumpri- é ou não responsável por aquele crime. Se não houver
mento da Constituição e dar a palavra final nas questões responsabilidade penal, não há que se falar em Pena. São
que envolvam normas constitucionais, sendo composto responsáveis penais todos os maiores de 18 anos.
por 13 ministros escolhidos pelo povo e nomeados pelo
Presidente após aprovação pelo Senado Federal.
FIQUE ATENTO!
( ) CERTO ( ) ERRADO Caso os parentes do delinquente recebam al-
guma parcela ou quinhão do crime, deverão
ATUALIDADES

Resposta: Errado. ressarcir apenas o que receberam, não po-


Na verdade, o STF é composto por 11 ministros, sendo dendo ser contabilizado os seus bens pesso-
eles indicados pelo próprio Presidente da República e ais. Ou então, no mesmo sentido, o partícipe
nomeados por ele após aprovação pelo Senado Fe- tem a mesma importância daquele que co-
deral. meteu o crime.

4
O Princípio da Legalidade, no art. 5 XXXIX, da Cons- Desta forma, são Penas que limitam a liberdade de
tituição Federal, que não existe pena sem prévia comi- ir e vir do condenado, onde o indivíduo perde direitos
nação legal. Não existe pena, nem conduta, sem que as amplos dessa liberdade, conforme estampado na Cons-
mesmas estejam estabelecidas em lei. Portanto, não será tituição Federal, já que há uma restrição legal oriunda da
crime se não estiver previsto em lei. condenação pela prática de um fato ilícito. Essas Penas,
O Princípio da Inderrogabilidade, constatada a prática quanto à espécie, são definidas para serem cumpridas
delitiva, a pena deve ser aplicada. A pena deve atingir sua em sistema de reclusão ou detenção, para os crimes em
eficácia, e para isso é necessária a responsabilização do geral. Para os crimes mais brandos, tais Penas podem ser
agente pelo crime cometido. O Estado-juiz não pode dei- cumpridas em prisão simples, como é o caso das infra-
xar de aplicar e executar a pena ao culpado pela infração ções penais de menor potencial ofensivo, estampadas
penal, com apenas uma exceção: o perdão judicial art. em contravenções penais. Portanto, o sistema de reclu-
121, parágrafo 5° da Constituição Federal. são, detenção e também prisão simples deve obedecer a
certos regimes. Esses regimes são considerados doutri-
nariamente como fechado, semiaberto e aberto.
#FicaDica Regime Fechado é aquele imposto numa determina-
Exemplo de perdão judicial: o pai, que, di- da prisão onde existe rigorismo durante o cumprimento
rigindo pela estrada, passa por uma linha da pena. Os estabelecimentos prisionais que obedecem
férrea e culposamente é atingido pelo trem, a esse regime são os presídios de segurança máxima,
matando sua filha que estava no banco de como as penitenciárias, CDP’s e RDD’s, onde estão os
trás. O princípio do perdão judicial enten- condenados por crimes gravíssimos.
de que nenhuma pena pode atingir tanto Também podemos observar, o regime semiaberto é
o agente quanto o fato que ocasionou a aquele cumprido em Colônias Penais Agrícolas. Tais es-
crime. tabelecimentos são locais onde condenados trabalham
durante o dia em comum e se recolhem durante o pe-
ríodo noturno, assim como nos feriados e finais de se-
O Princípio da Proporcionalidade – art. 5, XLVI da mana. Não existe rigorismo, apesar de existir segurança,
Constituição Federal, sendo assim a pena deve guardar a qual não é máxima, havendo até possibilidade de fuga
proporcionalidade entre o crime e a sanção imposta. do condenado.
Tanto o juiz quanto o Ministério Público devem ter essa Contudo, no caso de o condenado não fazer jus à
noção de proporcionalidade. Sendo assim, a pena deve confiança que o Estado deposita na sua pessoa duran-
ser proporcional à gravidade do crime. te o cumprimento de pena, se ele fugir ou tentar fuga
Princípio da Individualização da pena, no art. 5, XLVI ou, ainda, praticar alguma falta disciplinar grave, perderá
da Constituição Federal, assim a pena será aplicada a essa regalia legal e será transferido para o regime mais
cada delinquente no concurso de agentes. Cada agente grave, que é o fechado. Esse procedimento, durante o
envolvido no crime pode ter uma pena diferente e indivi- cumprimento da pena é chamado de regressão prisional.
dualizada, já que respondem de acordo e na medida de Destarte, o regime aberto é aquele em que o conde-
sua participação no crime. nado não vai para a prisão, sendo ela substituída pela
casa do albergado. A Casa do Albergado é uma casa
comum onde o condenado deve permanecer aos feria-
FIQUE ATENTO! dos, sábados e domingos, bem como no período notur-
Ninguém será considerado culpado a não ser no, saindo para trabalhar no meio social, durante o dia,
com pena condenatória transitada em julga- das 6 às 18h. Tal regime é destinado àqueles que prati-
do. O trânsito em julgado ocorre após uma cam condutas brandas. Pode também ser o condenado
certificação feita no processo de que ocorreu transferido para regime mais rigoroso, que pode ser o
para o réu o prazo recursal. Enquanto houver semiaberto ou fechado, no caso de cometimento de ou-
apelação, não haverá trânsito em julgado. tro crime ou qualquer falta disciplinar grave. Neste caso,
é possível a transferência direta do regime aberto para o
fechado, não havendo necessidade de se passar primeiro
pelo regime semiaberto.
Princípio da Humanidade – art. 5 XLVII e XLIX da
Constituição Federal. Respeito à integridade física e mo-
ral. A Constituição Federal não admite Penas vexatórias e
#FicaDica
proíbe Penas insensíveis e dolorosas. Quando condena- Nos casos previstos em lei, o juiz pode de-
do e julgado, ao cumprir sua pena, o indivíduo deve ser cretar a pena em regime fechado, semia-
preservado física e moralmente. berto ou aberto sem ter que justificar o
Penas alternativas de liberdade, refere-se a pena pri- porquê. Mas, na maioria dos casos, terá que
vativa, que é considerada regra nos tipos definidos no justificar sua decisão baseados em fatos do
Código Penal, bem como em leis penais esparsas, sendo processo.
ATUALIDADES

leis penais existentes fora do Código Penal, tais como:


Lei de tóxicos, lei de armas, dentre outras. Assim sendo,
a pena privativa de liberdade deve ser cumprida em es- Ademais, as Penas restritivas de direito estão elenca-
tabelecimentos prisionais (cadeias, prisões de uma forma das nos artigos 43 e 48 da Código Penal. Essas Penas
geral). são autônomas entre si, e substituem as Penas privativas

5
de liberdade quando o acusado ou as condições legais ta deverá ser paga no prazo de 10 dias. No que se refere
estiverem de acordo com a lei, que autoriza a substitui- a pena de multa, ela é autônoma e pode ser encontrada
ção. Assim sendo, não existe pena restritiva de direitos nos tipos penais, de forma autônoma, cumulativa ou al-
de forma autônoma quanto ao tipo penal. Essas Penas ternativa.
são aplicadas pelo mesmo tempo de duração da pena  De forma autônoma, é quando o tipo penal ape-
privativa de liberdade substituída. Durante o prazo de nas faz referência à pena cominada em abstrato, a exem-
seu cumprimento é imposto ao réu certas condições que plo a pena de multa.
devem ser cumpridas integralmente sob pena de revoga-  De forma cumulativa, ocorre quando o tipo pe-
ção da substituição. nal definir outra espécie de pena, mais multa, a exemplo
Deste modo, o artigo 44 do Código Penal expõe re- no art. 155 do Código Penal, que se refere ao furto, es-
quisitos básicos para que o condenado possa usufruir da tabelecendo uma pena de reclusão de 01 a 04 anos e
substituição da pena privativa de liberdade aplicada por multa.
uma restritiva de direito. O primeiro critério é a pena até  De forma alternativa, quando o tipo penal per-
4 anos em crimes dolosos, menos aqueles aplicados me- mite ao magistrado aplicar uma ou outra pena, a exemplo
diante violência ou grave ameaça. O segundo critério diz no art. 135, que abrange o tema de omissão de socorro,
que o réu não pode ser reincidente em crime doloso. tendo uma pena de detenção, 1 a 6 meses, ou então, a
aplicação de uma multa. Desta forma, o juiz deve optar
pela pena privativa de liberdade ou pena de multa, nunca
FIQUE ATENTO!
poderá optar pelas duas, apenas por uma delas.
Reincidente é aquele que pratica um crime
anterior, onde é condenado com sentença
transitada em julgado, e contado como ten-
do sido a condenação anterior ocorrida den- #FicaDica
tro do prazo de cinco anos, sendo contada a A pena de multa não tem fração, não exis-
partir da data de trânsito em julgado do cum- te dízima periódica para pena de multa.
primento da pena ou da data de extinção da As operações sobre pena de multa e pena
punibilidade desta condenação. privativa de liberdade serão através das
quatro operações básicas (somar, subtrair,
multiplicar e dividir). Quando essa opera-
Uma das Penas restritivas de direito é a pena de pres- ção matemática que faremos para calcu-
tação de serviços à comunidade. Se não for possível apli- lar os dias/multa, NUNCA pode ter fração,
car uma das outras Penas, aplica-se a prestação de servi- mas se esse cálculo for para benefício do
ços à comunidade. A prestação pecuniária e a prestação réu (ex: usufruir de um desconto), devemos
de serviços à comunidade são Penas genéricas, diferen- acrescentar qualquer dízima para um núme-
temente das outras. Deste modo, a prestação de serviços ro inteiro. Quando for para prejuízo do réu
à comunidade é gratuita e ampla, pode ser em um hos- (ex: pagamento de uma dívida), a dízima é
pital, em uma escola, em qualquer estabelecimento que excluída e prevalece o número inteiro.
viva de subsídios e de ajuda da sociedade. A entrega de
cesta básica também é considerada uma prestação de
serviços à comunidade.
Sistema prisional brasileiro
Portanto, o juiz pode, por exemplo, resignar o acusa-
A realidade no sistema prisional brasileiro há muito
do que durante uma hora ofereça auxílio interno a deter-
tempo vem mostrando sinais de sua falência, com um ce-
minadas atividades, limpeza a alguma comunidade. Tudo
nário precário e desumano, passando longe da ideia de
depende das aptidões pessoais de cada condenado, po-
ressocialização e do cumprimento dos direitos do preso,
dendo aproveitar as características técnicas do acusado.
Por fim, a Pena de multa tem seus limites fixados le- que deveriam ser praticados nos presídios do país, pois
galmente, tem regra própria, a qual está definida nos ar- são regulamentados pela Constituição Federal e pela Lei
tigos 49 ao 52, 58 e 72 do Código Penal. A multa será de Execução Penal, mas que na realidade é negligenciado
sempre em dias/multa e não em valor pecuniário. Cada pelo Poder Público e por parte da administração dos pre-
dia/multa deverá ter o seu valor em pecúnia, o qual é cal- sídios e de certa forma pela sociedade que age com in-
culado sobre o salário mínimo vigente na data dos fatos. diferença à situação degradante em que se encontram as
Esses dias/multas serão de no mínimo 10 e no máximo penitenciárias brasileiras e as consequências são os ele-
360 dias/multa. O valor de cada dia/multa será de no mí- vados índices de violência que ocorrem nestes presídios.
nimo 1/30 e no máximo cinco vezes o valor do salário Deste modo, o encarceramento executado no Brasil
mínimo vigente na data dos fatos. é ineficiente para proporcionar a reintegração social do
Sendo assim, como esses dias/multa são calculados preso, assim como não promove a diminuição do cenário
com base na data do fato, quando de seu efetivo paga- da violência e a sensação de insegurança por parte da
ATUALIDADES

mento esses valores deverão ser reajustados monetaria- população, buscando como medida de resolução para
mente. Se essa multa for aplicada como pena restritiva a diminuição da violência apenas a segregação dessas
de direitos, o não pagamento acarretará a revogação da pessoas e pôr fim a anulação do convívio com a socie-
substituição e o condenado deverá cumprir integralmente dade. Esse problema não está só dentro dos presídios,
a pena estabelecida na condenação, na sentença. A mul- mas também na comunidade, pois nas atuais condições

6
o cárcere passa a ser uma escola para o crime, devolven-
do o preso para sociedade com maiores possibilidades
de cometer mais crimes. EXERCÍCIO COMENTADO

1. O objetivo da execução penal é efetivar as disposições


FIQUE ATENTO! de decisão criminal condenatória, ainda que não definiti-
va, de forma a proporcionar condições para a integração
A população carcerária do Brasil, é a TERCEI- social do condenado, e do menor infrator.
RA maior do mundo, perdendo apenas para
os Estados Unidos e China, segundo dados ( ) CERTO ( ) ERRADO
INFOPEN.
Resposta: Errado
O Sistema de Justiça Criminal é composto por três fren-
Portanto, o direito do preso deve ser respeitado se- tes ou subsistemas. A primeira delas é a de segurança
gundo a Lei de Execução Penal para que possa ser cum- pública, fase administrativa do sistema. A segunda é
prida a definição de ressocialização imposta pela Cons- da justiça criminal, fase judicial do sistema. A terceira
tituição Federal, respeitando o princípio da dignidade é a da execução penal, também, fase administrativa
humana e direitos fundamentais. A garantia mínima des- do sistema. A execução penal tem por objetivo efeti-
tes direitos será um avanço para se conseguir a humani- var as disposições de sentença ou decisão criminal e
zação e cidadania destes presidiários. proporcionar condições para a harmônica integração
Contudo na realidade o que acontece é a omissão do social do condenado e do internado. Deste modo, o
Estado ao não cumprir com suas obrigações básicas, pois erro da questão está em incluir o menor infrator no
falha em dois aspectos: com o indivíduo que vive à mar- escopo da aplicação da Lei de Execução Penal. Quem
gem da sociedade, que muitas vezes tem como causa a cuida do menor infrator é o ECA - Estatuto da Criança
ausência do Estado, e segundo ao não lhe proporcionar e do Adolescente.
o mínimo de dignidade, aplicando-lhe apenas o encar-
ceramento, com poucos investimentos em sua ressocia- 2. A penitenciária destina-se a condenados ‡ pena pri-
lização. vativa de liberdade de reclusão em regime fechado ou
Sendo assim, estes aspectos de omissão do Estado semiaberto.
têm contribuído com as superlotações, ocasionando,
com isso, as inúmeras rebeliões e mortes dentro dos pre- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sídios, além do aumento das reincidências oriundas de
poucos investimentos em ressocialização dos presidiá- Resposta: Errado
rios. Essa é uma situação de extrema preocupação com A penitenciária destina-se ao preso condenado ‡ pena
o sistema penitenciário tendo em vista que o número de de reclusão, mas em regime fechado, apenas.
pessoas presas vem aumentando consideravelmente no
decorrer dos anos e consequentemente ocasionando as
superlotações nos presídios em virtude do déficit do nú-
mero de unidades prisionais. A superlotação nos presí- POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA PÚ-
dios tem por consequências a violência, as dificuldades BLICA E CIDADANIA.
na ressocialização dos presos para o seu reingresso à
sociedade.
A violência no Brasil
O processo de violência no Brasil, é um dos maiores
#FicaDica
problemas atuais do nosso país, seja aquela praticada no
Os três Estados com maior população car- seio familiar, seja a que vimos crescer consideravelmente
cereira do Brasil são: Amazonas, Ceará e nas ruas nos últimos anos, nos presídios, em escolas e
Pernambuco, segundo dados do INFOPEN. nos próprios órgãos policiais, com o abuso de autorida-
de.
Sendo assim, desde a antiguidade o homem procura
Outrossim, frente a esse contexto, após tomar conhe- exterminar a violência e instaurar a paz, com as mais va-
cimento de inúmeras rebeliões nos presídios através da riadas formas, desde ações pacificadoras, medidas pre-
mídia, procurando razões porque esta realidade tem se ventivas e também corretivas. Durante muito tempo se
tornado cada dia mais presente, despertou o interesse acreditou que a modernização, a tecnologia e os estudos
de compreender esse fenômeno tão complexo que é a sociais seriam capazes de resolver a questão da violência
situação da precarização nos presídios e como se chegou em todas as esferas da sociedade. No entanto, aconte-
a tal ponto. ceu o contrário, pois a onda de crimes evoluiu na mesma
ATUALIDADES

proporção.
Destarte, do ponto de vista jurídico, a violência é uma
espécie de coação, de constrangimento com o uso da
força sempre do mais forte para o mais fraco. É bom lem-
brar que a violência se remete desde a uma briga física

7
até a troca ofensiva de palavras. Assim sendo, a OMS -
Organização Mundial da Saúde define a violência como #FicaDica
“o uso intencional de força ou de poder, real ou poten- A violência contra homens negros, deve re-
cial, contra si próprio ou outras pessoas ou até contra ceber uma atenção especial, uma vez, que
uma comunidade, que possa resultar em lesões, morte, eles são os mais violados.
dano psicológico, deficiência no desenvolvimento ou pri-
vação”.
Desta forma, isso quer dizer que a violência se mani- De modo geral, os assassinatos de civis por policiais
festa através do uso inadequado da força, da opressão aparecem nos boletins de ocorrência como “auto de
e da tirania, e também na obrigação de um indivíduo a resistência” ou “homicídios decorrentes de intervenção
fazer o que não quer. Sequestros, roubos, rebeliões em policial”, o que, em tese, caracterizaria mortes lícitas no
presídios, corrupção no governo com desvios do orça- entender da Justiça, decorrentes de confrontos. Ou seja,
mento fiscal, tráfico de drogas, atualmente são fatos que parte-se do pressuposto de que o policial agiu em legíti-
fazem parte da nossa realidade, pela complexidade das ma defesa. Mas isso nem sempre condiz com a realidade,
práticas criminosas que se intensificam a cada dia. já que a coleta dos dados é feita sem o rigor e a trans-
Portanto, nesse contexto, torna-se essencial a adoção parência necessários. Em muitos casos, essas situações
de políticas de segurança pública de prevenção e educa- acabam camuflando mortes de civis inocentes.
Portanto, também representam graves casos de vio-
cional. No entanto, os órgãos de segurança devem fazer
lações policiais as chamadas execuções extrajudiciais. A
jus ao seu papel na sociedade e, diante disso, a Inteligên-
truculência da Polícia Militar em diversos episódios re-
cia se torna uma grande aliada para prever e neutralizar centes acaba expondo a figura do agente policial, que,
atos criminosos. Assim sendo, a Inteligência de Seguran- na verdade, responde a uma cadeia de comando lidera-
ça Pública não está interessada apenas em prender crimi- da pelos governadores dos estados, que são os respon-
nosos, mas também em levantar informações sobre tudo sáveis diretos por garantir a segurança da população e
que ameace a ordem pública e aplicar métodos e técni- combater a criminalidade. Para muitos especialistas, os
cas operacionais que exterminem a violência de maneira governantes e as autoridades de segurança comportam-
vitalícia, organizada e racional. -se de forma passiva, tolerando os abusos e não punindo
devidamente os responsáveis. Em ˙última instância, são
Violência Policial os governadores que direcionam a atuação dos agentes
Ao pensar nos relatos referentes a violência policial, e impõe, ou não, os limites à repressão.
devemos pensar na letalidade da polícia brasileira, que
é alvo constante de críticas de entidades de defesa de Violência contra mulher
direitos humanos. Segundo o 11º Anuário Brasileiro de O processo de violência afeta mulheres de todas as
Segurança Pública, 4.224 pessoas morreram assassinadas classes sociais, etnias e regiões brasileiras. Atualmente a
em ações das polícias Civil e Militar em todo o país em violência contra as mulheres é entendida não como um
2016, um aumento de 25,8% em relação ao ano anterior. problema de ordem privada ou individual, mas como um
fenômeno estrutural, de responsabilidade da sociedade
Sendo assim, o número de pessoas mortas pela vio-
como um todo.
lência policial é considerado altíssimo nas comparações
Deste modo, apesar de os números relacionados à
internacionais, evidenciando o uso abusivo da força letal violência contra as mulheres no Brasil serem alarmantes,
como resposta pública ao crime e à violência. Em 2016, muitos avanços foram alcançados em termos de legisla-
a média diária de mortes foi de 11,5. Para efeito de com- ção, sendo a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) con-
paração, a média da polícia norte-americana é de pouco siderada pela ONU uma das três leis mais avançadas de
mais de 1 pessoa morta por dia. Segundo o Anuário, essa enfrentamento à violência contra as mulheres do mundo.
é uma “evidência empírica de que as polícias brasileiras A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
mantêm um padrão absolutamente abusivo do uso de Erradicar a Violência contra a Mulher, mais conhecida
força letal como resposta pública ao crime e à violência.” como Convenção de Belém do Pará, define violência con-
Desta forma, quase a totalidade das vítimas, em 2016, tra a mulher como “qualquer ato ou conduta baseada
é homem (99,3%), jovem (81,8%), e negra (76,2%). Estu- no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico,
do divulgado em 2014, pela Universidade Federal de São sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública
Carlos (UFSCar), mostra que a proporção de negros mor- como na esfera privada” (Capítulo I, Artigo 1°).
tos por ações da polícia Militar de São Paulo, entre 2010 Desta forma, a Lei Maria da Penha apresenta mais
e 2011, foi três vezes maior que a de brancos. A pes- duas formas de violência - moral e patrimonial -, que,
quisa também constatou que a própria vigilância policial somadas às violências física, sexual e psicológica, tota-
é operada de modo diferente. A taxa de flagrantes de lizam as cinco formas de violência doméstica e familiar,
conforme definidas em seu Artigo 7°.
negros é mais do que o dobro da verificada para brancos.
Ademais, em 2012, o STF – Supremo Tribunal Fede-
ATUALIDADES

Segundo os pesquisadores, os dados demonstram que a


ral decidiu que qualquer pessoa, não apenas a vítima
vigilância policial reconhece os negros como suspeitos
de violência, pode registrar ocorrência contra o agres-
criminais em potencial, flagrando em maior intensidade sor. Denúncias podem ser feitas nas DEAMs - Delegacias
as suas condutas ilegais, ao passo que os brancos gozam Especializadas de Atendimento à Mulher, ou através do
de menor vigilância da polícia. Disque 180.

8
Portanto, em 2015, a Lei 13.104 (Lei n° 13.104, de
2015) altera o Código Penal para prever o feminicídio FIQUE ATENTO!
como circunstância qualificadora do crime de homicídio, Apenas 28 em cada 100 processos têm uma
e inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos. O fe- solução definitiva no Brasil por ano.
minicídio, então, passa a ser entendido como homicídio
qualificado contra as mulheres “por razões da condição
de sexo feminino”. Portanto, de acordo com o Conselho Nacional de Jus-
tiça, a permanência de uma pessoa na prisão em nosso
país é de aproximadamente um ano (367 dias), enquanto
FIQUE ATENTO! nos Estados Unidos é de 2952 dias. Os presos brasileiros
ficam 8 vezes menos tempo reclusos que os presos ame-
No primeiro trimestre de 2019, os casos de ricanos.
feminicídio aumentaram 76% em São Paulo. Com isso, a informação que nossa justiça passa aos
criminosos é que ao ser preso ele perderá apenas um ano
de vida longe do convívio social e depois será solto. A lei
Impunidade no Brasil
que possui brechas que permitem que os presos sejam
A violência no Brasil atinge níveis alarmantes. Há mais soltos antes do tempo é a Lei de Execução Penal.
mortes aqui do que em qualquer guerra existente hoje Sendo assim, as regras que a justiça deve seguir até
no mundo e parece que nada pode ser feito. Além disso, que alguém seja punido pelo Código de Processo Penal
as regras básicas para punir aqueles que cometem cri- e as regras de depois que ele se torna um preso na Lei
mes nos parecem muito distantes quando comparadas de Execução Penal, são muito distorcidas no Brasil. Pre-
com a realidade mundial. cisamos que essas duas leis sejam mudadas para que a
Essencialmente, são três leis que determinam que justiça possa cumprir seu papel. Colocá-las em votação
uma pessoa possa ser presa no Brasil. Para você enten- no congresso é um passo importante. Para diminuir a
der: o Código Penal diz qual é a punição para cada crime, violência em nosso país, precisamos apenas que mais da
o Código de Processo Penal rege o encaminhamento do metade dos deputados e senadores presentes aprovem
processo, as medidas que podem ser aplicadas contra o a medida.
acusado assim como os direitos do réu dizem o que os
envolvidos podem ou não podem fazer e a Lei de Execu- SUSP - Sistema Único de Segurança Pública
ção Penal regula o direito de cada preso. No dia 31/08/2018 houve a publicação do decre-
Deste modo, apesar dessa similaridade, existem algu- to n° 9.489 que regulamenta o SUSP - Sistema Único
mas coisas que precisam mudar em nosso Código Penal, de Segurança Pública anteriormente criado pela Lei nº
13.675/2018. Segundo notícia no site do Planalto, fazem
como a previsão de grande redução de pena para réus
parte da política nacional o PNSP - Plano Nacional de
tendo em vista as condições de comportamento ou de
Segurança Pública e Defesa Social, que tem o objetivo de
primariedade. reduzir, especialmente, a morte de jovens brasileiros, o
Portanto, vemos que o nosso Código Penal, apesar Sistema Nacional de Informações e Gestão de Segurança
de merecer alguns reparos, não nos afasta tanto da rea- Pública e Defesa Social, e a atuação integrada dos dife-
lidade de outros países. O que separa o Brasil do resto rentes órgãos para o combate aos mais diversos crimes.  
do mundo são os índices gigantescos de criminalidade
constatados aqui. Com quase 60 mil assassinatos por
ano, o Brasil registra mais do que o dobro da soma de #FicaDica
mortes na Síria e Afeganistão, dois países que estão em
Entre os objetivos do plano estão, a redu-
guerra.
ção dos homicídios e demais crimes violen-
tos letais, todas as formas de violência con-
Número do crime no Brasil
tra mulher, em especial violência doméstica
O que pode ser feito para resolver isso? Claro que não
e sexual, promover o enfrentamento às
existe solução mágica. Existe muito a ser feito, por isso, estruturas do crime organizado, aprimorar
preferimos dar o foco na análise de nosso sistema penal. mecanismos de prevenção e repressão de
O incentivo para punir quem comete um crime é a eficá- crimes violentos patrimoniais, entre outros.
cia da lei e para diminuirmos a impunidade, acreditamos
que duas leis devem ser mudadas: o Código de Processo
Penal e a Lei de Execuções Penais.
Políticas públicas de segurança pública e cidadania
Deste modo, segundo o Conselho Nacional de Justi- Manual do Governo Federal explica o funcionamento
ça, por ano, somente 28% dos processos são resolvidos. do Pronasci - Programa Nacional de Segurança Pública
Por problemas de prazo ou nulidade, os nossos proces- com Cidadania. O programa tem o objetivo de contro-
sos levem em média 4 anos e 4 meses para serem jul- lar, prevenir e reprimir a criminalidade, “atuando em suas
ATUALIDADES

gados. Segundo a Associação Americana de Advogados, raízes socioculturais, além de articular ações de seguran-
em média um processo lá leva 2 anos para ser julgado. ça pública com políticas sociais por meio da integração
Esse problema está diretamente ligado à regra do jogo entre União, estados e municípios. As ações levarão em
presente no Código de Processo Penal. Ele é o grande conta as diretrizes do SUSP - Sistema Único de Segurança
freio na velocidade de julgamento do país. Pública”.

9
Quando falamos de Segurança Pública com as pes- de informações entre os jovens, com o intuito de debater
soas com quem trabalhamos nas comunidades, logo vem e refletir situações que são geradores de violências. Para
a imagem associada à polícia. Sendo que não é bem por além disso, os jovens estão constantemente aprendendo
aí. Falar desta temática é muito mais complexo do que através de formações específicas como reduzir esses ín-
parece, pois, é necessário trazer à tona uma reflexão de dices de violências.
como o Estado e a população devem garantir os Direi-
tos Humanos e agir de forma preventiva aos casos de
violência. Essa noção de Segurança Pública implica que
FIQUE ATENTO!
todos devem garantir proteção à vida e ao livre exercício O Grupo AdoleScER desenvolve dois Pro-
da cidadania. gramas que, integrados, contribuem para o
Desta forma, pensando nisto, o FBSP - Fórum Brasi- fortalecimento do desenvolvimento comuni-
leiro de Segurança Pública, lançou no ano de 2018, uma tário e da redução da violência Escolar: PazA-
agenda de prioridades para conter os altos índices de MIN – Por uma comunidade sem violência!
violência no Brasil: e CRIAPAZ – Formação de Educadores Pares
 Sistema eficiente para gerir a segurança pública; Mirins.
 Estruturas estatais coercitivas e regulatórias para
enfrentar o crime organizado;
 Efetividade e eficiência do trabalho policial;
 Reestruturação do sistema prisional;
 Programas de prevenção da violência; EXERCÍCIO COMENTADO
 Reorientação da política de drogas;
 Regulação e o controle das armas de fogo. 1. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, por ano, so-
mente 28% dos processos são resolvidos. Por problemas
de prazo ou nulidade, os nossos processos levem em
média 4 anos e 4 meses para serem julgados.
#FicaDica
Essas propostas visam o desenvolvimento ( ) CERTO ( ) ERRADO
de ações de prevenção à violência.
Resposta: Certo
Apenas 28 em cada 100 processos têm uma solução
definitiva no Brasil por ano.
Assim sendo, o Estado de Pernambuco, em sua atual
gestão, prega pela Secretaria Defesa Social (SDS/PE) do 2. No dia 31/08/2018 houve a publicação do decre-
Estado um modelo de atuação coercitiva de combate as to n° 9.489 que regulamenta o SUSP - Sistema Único
violências e de reforço policial, cujo o lema é “com pulso de Segurança Pública anteriormente criado pela Lei nº
firme combateremos a violência”. Esse modelo de atua- 13.675/2018. Segundo notícia no site do Planalto, fazem
ção teve um resultado catastrófico nos últimos anos, com parte da política nacional o PNSP - Plano Nacional de
um aumento desenfreado de diversos crimes. Para se ter Segurança Pública e Defesa Social, que tem o objetivo de
uma ideia, no ano de 2017 foram 5.427 pessoas assassi- reduzir, especialmente, a morte de jovens brasileiros, o
nadas no Estado. Deste dado, ainda podemos perceber Sistema Nacional de Informações e Gestão de Segurança
um recorte racial para os jovens negros e residentes de Pública e Defesa Social, e a atuação integrada dos dife-
comunidades. Existe uma atuação específica da polícia rentes órgãos para o combate aos mais diversos crimes.  
nas comunidades, que é a alta apreensão de usuários de
drogas e o encarceramento de pequenos traficantes. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Deste modo, estes recortes são importantes de se-
rem feitos para conscientizar a população para o enten- Resposta: Certo
dimento do que é Segurança Pública e como ela vem Entre os objetivos do plano estão, a redução dos ho-
sendo trabalhada. O Grupo AdoleScER, visa com essa micídios e demais crimes violentos letais, todas as for-
perspectiva, levantar estratégias para intervenções pre- mas de violência contra mulher, em especial violência
ventivas. Visamos que a redução da violência nas co- doméstica e sexual, promover o enfrentamento às es-
munidades pode se dar pela melhoria dos processos de truturas do crime organizado, aprimorar mecanismos
educação, com investimentos em setores de lazer, saúde, de prevenção e repressão de crimes violentos patri-
profissionalização e a ampliação do exercício da cidada- moniais, entre outros.
nia das pessoas que residem em comunidades através da
garantia de seus direitos.
Portanto, dessas estratégias que se lançou o Obser-
vatório Comunitário de Violência e o Fórum Comunitário,
ATUALIDADES

são projetos criados pelo Grupo AdoleScER para promo-


ver a ação autônoma de adolescentes e jovens na melho-
ria comunitária. São realizadas ações de vinculação para
articular o máximo de pessoas para entenderem uma de-
terminada situação de violência e diversas multiplicações

10
8. Considerando os princípios informativos da retroativi-
dade e ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica
HORA DE PRATICAR! será aplicada mesmo quando a ação penal tiver sido ini-
ciada antes da sua vigência.
1. A realidade no sistema prisional brasileiro há muito
tempo vem mostrando sinais de sua falência, com um ce- ( ) CERTO ( ) ERRADO
nário precário e desumano, passando longe da ideia de
ressocialização e do cumprimento dos direitos do preso,
que deveriam ser praticados nos presídios do país, pois
são regulamentados pela Constituição Federal e pela Lei
de Execução Penal. Ademais, o Brasil, ocupa a 4° coloca- GABARITO
ção em população carcerária no mundo.
1 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
2 CERTO
2. A violência no Brasil atinge níveis alarmantes. Há mais 3 CERTO
mortes aqui do que em qualquer guerra existente hoje
4 CERTO
no mundo e parece que nada pode ser feito. Além disso,
as regras básicas para punir aqueles que cometem cri- 5 ERRADO
mes nos parecem muito distantes quando comparadas 6 CERTO
com a realidade mundial.
7 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO 8 CERTO

3. O Sistema Penitenciário Federal, constituído pelos es-


tabelecimentos penais federais, subordinados ao Depen
do Ministério da Justiça, faz parte do arranjo institucional
do Sistema de Justiça Criminal.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento


dominante dos tribunais superiores acerca da Lei Maria
da Penha, dos princípios do processo penal, do inquérito,
da ação penal, das nulidades e da prisão. Conforme o
STF, viola o princípio da presunção de inocência a exclu-
são de certame público de candidato que responda a in-
quérito policial ou a ação penal sem trânsito em julgado
de sentença condenatória.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. A respeito dos princípios do direito penal e da aplica-


ção da lei penal no espaço e no tempo, assinale a opção
correta. É permitida a criação de tipos penais por meio de
medida provisória.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. A lei penal que beneficia o agente não apenas retro-


age para alcançar o fato praticado antes de sua entrada
em vigor, como também, embora revogada, continua a
reger o fato ocorrido ao tempo de sua vigência.

( ) CERTO ( ) ERRADO

7. No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubi-


ATUALIDADES

quidade, conforme a qual o lugar do crime é o da ação


ou da omissão, bem como o lugar onde se produziu ou
deveria produzir-se o resultado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11
ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES

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ÍNDICE

NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO


Ética e moral. Ética, princípios e valores.............................................................................................................................................................................. 01
Ética e democracia: exercício da cidadania. Ética e função pública. Ética no Setor Público........................................................................... 01
Código de Ética Profissional do Serviço Público – Decreto nº 1.171/1994............................................................................................................ 06
Regime disciplinar na Lei nº 8.112/1990: deveres e proibições, acumulação, responsabilidades, penalidades..................................... 17
Lei nº 8.429/1992: Improbidade Administrativa............................................................................................................................................................... 23
Processo administrativo disciplinar....................................................................................................................................................................................... 32
Espécies de Procedimento Disciplinar: sindicâncias investigativa, patrimonial e acusatória; processo administrativo disciplinar
(ritos ordinário e sumário). Fases: instauração, inquérito e julgamento................................................................................................................. 35
Comissão Disciplinar: requisitos, suspeição, impedimento e prazo para conclusão dos trabalhos (prorrogação e recondução)... 38
Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano
ÉTICA E MORAL. ÉTICA, PRINCÍPIOS E e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras
VALORES. orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os
seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo
ou errado, bom ou mau.
A ética tem sido um dos temas mais trabalhados nos No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é
últimos tempos, pois a corrupção, o descaso social e os muito semelhante. São ambas responsáveis por construir
constantes escândalos políticos e sociais expostos na mí- as bases que vão guiar a conduta do homem, determi-
dia diariamente suscitam que a sociedade exija o resgate nando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a
de valores morais em todas as suas instâncias, sejam elas melhor forma de agir e de se comportar em sociedade.
políticas, científicas ou econômicas. Desse conflito de in-
teresses pelo bem comum ergue-se a ética, tão discutida Princípios e valores
pelos filósofos de toda a história mundial. Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado
Ética é uma palavra com duas origens possíveis. A aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego,
primeira advém do grego éthos, literalmente “com e cur- e significa aquilo que pertence ao caráter.
to”, que pode ser traduzida por “costume”; a segunda Num sentido menos filosófico e mais prático podemos
também se escreve éthos, porém se traduz por “com e compreender um pouco melhor esse conceito examinando
longo”, que significa “propriedade do caráter”. certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos
Conceitua-se Ética como sendo o estudo dos juízos por exemplo, ao comportamento de alguns profissionais
de apreciação referentes à conduta humana, do ponto tais como um médico, jornalista, advogado, empresário,
de vista do bem e do mal. É um conjunto de normas e um político e até mesmo um professor. Para estes casos,
princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. é bastante comum ouvir expressões como: ética médica,
A Ética é a parte da filosofia que aborda o compor- ética jornalística, ética empresarial e ética pública.
tamento humano, seus anseios, desejos e vontades. É a A ética pode ser confundida com lei, embora que,
ciência da conduta humana perante o ser e seus seme- com certa frequência a lei tenha como base princípios
lhantes e de uma forma específica de comportamento éticos. Porém, diferente da lei, nenhum indivíduo pode
humano, envolvendo estudos de aprovação ou desapro- ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos a
vação da ação dos homens. É a consideração de valor cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção
como equivalente de uma medição do que é real e vo- pela desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa
luntarioso no campo das ações virtuosas. Ela ilumina a quanto a questões abrangidas pela ética.
consciência humana, sustenta e dirige as ações do ho- A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada
mem, norteando a conduta individual e social. à vertente profissional. Existem códigos de ética profis-
Como um produto histórico-cultural, define em cada sional, que indicam como um indivíduo deve se compor-
tar no âmbito da sua profissão. A ética e a cidadania são
cultura e sociedade o que é virtude, o que é bom ou mal,
dois dos conceitos que constituem a base de uma socie-
certo ou errado, permitido ou proibido.
dade próspera.
Segundo Reale (1999, p. 29), “ética é a ciência norma-
tiva dos comportamentos humanos”.
Já Maximiano (1974, p. 28) a define como “a discipli- ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA
na ou campo do conhecimento que trata da definição e CIDADANIA. ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA.
avaliação de pessoas e organizações, é a disciplina que ÉTICA NO SETOR PÚBLICO.
dispõe sobre o comportamento adequado e os meios de
implementá-lo, levando-se em consideração os enten-
dimentos presentes na sociedade ou em agrupamentos Ética e cidadania
sociais particulares”. As instituições sociais e políticas têm uma história. É
impossível não reconhecer o seu desenvolvimento e o
Ética e moral. seu progresso em muitos aspectos, pelo menos do ponto
No contexto filosófico, ética e moral possuem dife- de vista formal.
rentes significados. A ética está associada ao estudo fun- A escravidão era legal no Brasil até 120 anos atrás. As
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

damentado dos valores morais que orientam o compor- mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar ape-
tamento humano em sociedade, enquanto a moral são nas há 60 anos e os analfabetos apenas há alguns anos.
os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas Chamamos isso de ampliação da cidadania.
por cada sociedade. Existem direitos formais (civis, políticos e sociais) que
Os termos possuem origem etimológica distinta. nem sempre se realizam como direitos reais. A cidada-
A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa nia nem sempre é uma realidade efetiva e nem sempre
“modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem ori- é para todos. A efetivação da cidadania e a consciência
gem no termo latino “morales” que significa “relativo aos coletiva dessa condição são indicadores do desenvolvi-
costumes”. mento moral e ético de uma sociedade.
Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da Para a ética, não basta que exista um elenco de princí-
investigação do comportamento humano ao tentar ex- pios fundamentais e direitos definidos nas Constituições.
plicar as regras morais de forma racional, fundamentada, O desafio ético para uma nação é o de universalizar os
científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. direitos reais, permitido a todos cidadania plena, cotidiana

1
e ativa. É preciso fundar a responsabilidade individual numa ética construída e instituída tendo em mira o bem comum,
visando à formação do sujeito ético. Desse modo, será possível a síntese entre ética e cidadania, na qual possa prevalecer
muito mais uma ética de princípios do que uma ética do dever. A responsabilidade individual deverá ser portadora de
princípios e não de interesses particulares.

Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos


Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixam no paradigma do atendimento e do relacionamento que tem
como foco principal o usuário.
São eles:
A) atender com presteza ao público em geral, prestando as informações requeridas” e
B) “tratar com urbanidade as pessoas”.

Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma vez que não têm o mesmo sentido para todas as
pessoas, como demonstram as situações descritas a seguir.
• Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem não corresponder às reais necessidades dos usuários
quanto ao prazo.
• Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as
diferentes interpretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização do bom senso:
• Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a entrega dos serviços tanto para os usuários internos
quanto para os externos pode ajudar a resolver algumas questões.
• Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua tal valor entre aqueles que devem ser potencializados
nos setores em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram sobre a importância desse dever.

Uma parcela expressiva da humanidade tem demonstrado que não é mais aceitável tolerar condutas inadequadas
na prestação de serviços e nas relações interpessoais, essa parcela acredita que o século XXI exigirá mudanças de pos-
tura do ser humano.

Aos poucos, nasce a consciência de que precisamos abandonar velhas crenças, como “errar é humano”, “santo de
casa não faz milagres”, “em time que está ganhando não se mexe”, “gosto não se discute”, entre outras, substituindo-as
por:
A) “acertar é humano” – o ser humano tem demonstrado capacidade de eliminar desperdícios, erros, falhas, quando
é cobrado por suas ações;
B) “santo de casa faz milagres” – organizações e pessoas, quando valorizadas, têm apresentado soluções criativas
na identificação e resolução de problemas;
C) “em time que está ganhando se mexe sim” – em todas as atividades da vida profissional ou pessoal, o sucesso
pode ser conseguido por meio da melhoria contínua dos processos, das atitudes, do comportamento; a avaliação
daqueles que lidam diretamente com o usuário pode apontar os que têm perfil adequado para o desempenho
de atividades de atendimento ao público;
D) “gosto se discute” – profissões antes não aceitas ou pensadas, além de aquecerem o mercado de trabalho, con-
tribuem para que os processos de determinada atividade ou serviço sejam reformulados em busca da qualidade
total.
E) Além dessas mudanças, há necessidade da adoção de outros paradigmas em consonância com as transforma-
ções que a globalização e as novas tecnologias vêm trazendo para a humanidade. O desenvolvimento pessoal é
um deles e está entre os temas debatidos na atualidade, por se tratar de um valor indispensável à cidadania.
Autores de diversas áreas do conhecimento defendem que a humanidade deve conscientizar-se de que cada in-
divíduo é responsável pelo seu próprio desenvolvimento e que, para isso, cada cidadão necessita planejar e cuidar do
seu destino, contribuindo, de forma responsável, para o progresso da comunidade onde vive. O novo século exige a
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

harmonia e a solidariedade como valores permanentes, em resposta aos desafios impostos pela velocidade das trans-
formações da atualidade.
Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades intelectuais e comportamentais dos seus profissionais,
além de apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas habilidades incluem:
• atualização constante;
• soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças;
• decisões criativas, diferenciadas e rápidas;
• flexibilidade para mudar hábitos de trabalho;
• liderança e aptidão para manter relações pessoais e profissionais;
• habilidade para lidar com os usuários internos e externos.
Ética do exercício profissional
Diferença entre Ética E Moral
É de extrema importancia saber diferenciar a Ética da Moral. São duas ciências de conhecimento se diferenciam, no
entanto, tem muitas interligações entre elas.

2
A moral se baseia em regras que fornecem uma certa previsão sobre os atos humanos. A moral estabelece regras
que devem ser assumidas pelo homem, como uma maneira de garantia do seu bem viver. A moral garante uma identi-
dade entre pessoas que podem até não se conhecer, mas utilizam uma mesma refêrencia de Moral entre elas.
A Ética já é um estudo amplo do que é bem e do que é mal. O objetivo da ética é buscar justificativas para o cum-
primento das regras propostas pela Moral. É diferente da Moral, pois não estabelece regras. A reflexão sobre os atos
humanos é que caracterizam o ser humano ético.

#FicaDica
ÉTICA MORAL
Trata da reflexão filosófica sobre a moral. Tem caráter de força normativa.
É permanente. É temporária
É princípio Representa aspecto de conduta específica
Relacionada com hábitos e costumes de al-
Ciência que estuda a moral.
guns grupos sociais.

 Ter Ética é fazer a coisa certa com base no motivo certo.


 Ter Ética é ter um comportamento que os outros julgam como correto.

A noção de Ética é, portanto, muito ampla e inclui vários princípios básicos e transversais que são:

NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Abaixo, alguns Desafios Éticos com que nos defrontamos diariamente:


1) Se não é proibido/ilegal, pode ser feito – É óbvio que, existem escolhas, que embora, não estando especificamen-
te referidas, na lei ou nas normas, como proibidas, não devem ser tomadas.

3
2) Todos os outros fazem isso – Ao longo da histó- Atitudes comportamentais
ria da humanidade, o homem esforçou-se sem- O sucesso profissional e pessoal pode fazer grande
pre, para legitimar o seu comportamento, mesmo diferença quando se une competência técnica e compe-
quando, utiliza técnicas eticamente reprováveis. tência comportamental. De acordo com especialistas no
A postura ética e profissional é um componente im- assunto, se essas competências forem desenvolvidas, a
portante para imprimir qualidade ao atendimento, qual- organização ganha em qualidade e rapidez, e o servidor
quer que seja a modalidade: presencial, por telefone, por conquista o respeito dos usuários internos e externos.
carta ou por Internet. A competência técnica tem como base o conheci-
A postura ética também é fator que agrega valor à or- mento adquirido na formação profissional. É própria da-
ganização e que está diretamente relacionado às repre- queles cuja formação profissional é adequada à função
sentações positivas que os usuários venham a construir a que exercem. De modo geral, são profissionais que reve-
respeito da organização. lam a preocupação em se manterem atualizados.
A competência comportamental é adquirida na ex-
Ética e Serviço Público periência. Faz parte das habilidades sociais que exigem
O princípio básico da atuação do servidor público é atitudes adequadas das pessoas para lidar com situações
servir o cidadão. do dia-a-dia. De modo geral, o desenvolvimento dessa
Esta é sem dúvida uma vocação cujo exercício ético e competência é estimulado pela curiosidade, paixão, in-
tuição, razão, cautela, audácia, ousadia.
transparente é pressuposto básico para todo aquele que
Sabe-se que não é fácil alcançar o equilíbrio entre es-
é aprovado em concurso público.
ses dois tipos de competência. É comum se encontrar
Em mais alto nível, por meio de políticas públicas ou
pessoas capacitadas realizando diferentes atividades
no dia-a-dia de seu trabalho em níveis mais baixos na
com maestria, porém, com dificuldade em manterem
hierarquia, cabe ao servidor dedicar-se com zelo e mora-
relacionamentos interpessoais de qualidade. Tratam de
lidade na busca pelo bem comum.
forma grosseira tanto os usuários internos como os ex-
Em 1994 foi aprovado o Código de Ética Profissional ternos. Lutam para que suas ideias sempre prevaleçam.
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Não conversam, gritam. Falam alto ao telefone. Fingem
Algumas das orientações deste código indicam que: que não veem as pessoas.
 o trabalho do servidor público deve ser nortea- As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais
do pela dignidade, decoro, zelo, eficácia e consciência ter em seus quadros servidores com sólida formação téc-
dos princípios morais; nica que, capazes de cultivar valores éticos, como justiça,
 sua conduta deve conter o elemento ético, a respeito, tolerância e solidariedade, demonstrem atitu-
verdade, o sigilo, o zelo, a disciplina, a moralidade, a cor- des positivas e adequadas ao atendimento de qualidade.
tesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo necessário Para compor esse perfil, o profissional necessita saber
para o cumprimento de seus deveres; ouvir, conduzir uma negociação, participar de reuniões,
 apenas a distinção entre o bem e o mal não são vestir-se adequadamente, conversar educadamente, tra-
suficientes para a moralidade na Administração Pública, tar bem os usuários internos e externos.
mas deve ser acrescida da consciência de que a razão da As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais
atuação do servidor público é a busca pelo bem comum; ter em seus quadros servidores com sólida formação téc-
 o servidor deve ter sempre em mente que sua nica que, capazes de cultivar valores éticos, como justiça,
remuneração é proveniente dos tributos pagos pelos ci- respeito, tolerância e solidariedade, demonstrem atitu-
dadãos brasileiros, inclusive ele mesmo e que a contra- des positivas e adequadas ao atendimento de qualidade.
partida que a sociedade brasileira exige dele está voltada Para compor esse perfil, o profissional necessita saber
para a moralidade administrativa integrada ao que prevê ouvir, conduzir uma negociação, participar de reuniões,
as normas jurídicas; vestir-se adequadamente, conversar educadamente, tra-
 o sucesso do trabalho do servidor público refle- tar bem os usuários internos e externos.
te-se também nele próprio, como cidadão integrante da
sociedade brasileira; Comportamento Profissional
 os atos e fatos da vida privada do servidor pú- A ética está diretamente relacionada ao padrão de
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

blico têm influência em sua vida profissional, assim sen- comportamento do individuo e dos profissionais.
do sua conduta fora do órgão público deve ser tão ética A elaboração das leis serve para orientar o comporta-
quanto durante o exercício de seu trabalho diário; mento dos indivíduos frente às necessidades (direitos e
 danos ao patrimônio público pelo servidor são obrigações) e em relação ao meio social, entretanto, não
considerados seja por permitir sua deterioração ou por é possível para a lei ditar nosso padrão de comporta-
descuidar de sua manutenção porque, segundo o Códi- mento. Desta forma, outro ponto importante diz respeito
go de Ética que estamos estudando, “constitui uma ofen- a cultura e o contexto, ficando claro que não há cultura
sa (...) a todos os homens de boa vontade que dedicaram no sentido de quantidade de conhecimento adquirido,
sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus es- mas sim, a qualidade na medida em que esta pode ser
forços para construí-los”; usada em prol da função social e do bem estar, entre
 também são considerados danos morais aos outras coisas mais que referem-se ao bem maior do ser
usuários dos serviços públicos: deixar o cidadão espe- humano. Este é o ponto fundamental, a essência, o pon-
to mais controverso quando se trata da ética no serviço
rando em longas filas; maus tratos ao cidadão; e atraso
publico.
na prestação do serviço.

4
Para que ética? Os padrões são necessários para Resposta: Letra A - O Código de Ética do Servidor
manter o mínimo de coesão e estabilidade na comuni- Público é claro quando diz que o servidor não poderá
dade. No caso especifico do serviço publico, o padrão nunca desprezar e elemento ético de sua conduta, o que
é requisito para garantir a confiança do publico. Existe já justifica a alternativa A como correta, mas pensemos
uma relação entre a confiança depositada e a eficiência e um pouco.
eficácia do serviço prestado. A ética define o que é certo e o que é errado, e a moral
nos mostra os caminhos de como chegar a um ou a
Organização do Trabalho outro, portanto, fazer uso de conveniência, de eficiên-
O conceito de organização do trabalho procura ana- cia, de legalidade são formas que temos de exercer um
lisar se os diferentes elementos de uma organização tra- comportamento ético.
balham em conjunto, funcionam de forma eficiente e fo-
calizam as necessidades de ambos, clientes e prestadores 2) (CESPE/2018 – PC/MA) Julgue o item que se segue, a
respeito das atitudes do servidor público no desempenho
de serviços.
das suas funções.
Uma melhor organização do trabalho exige muitas
I. O fato de um servidor público deixar qualquer pes-
vezes pequenas mudanças de um processo ou procedi-
soa à espera de solução que compete ao setor em que
mento que resolvem importantes problemas relaciona- ele exerça suas funções, acarretando atraso na presta-
dos ao trabalho. ção do serviço, caracteriza atitude contra a ética, mas
O conceito de organização do trabalho pode ajudar não grave dano moral ao usuário dos serviços públicos.
a tratar de alguns elementos chaves que, se negligencia- II. Tratar mal uma pessoa que paga seus próprios
dos, interferirão com a facilidade de acesso e a qualidade tributos significa, direta ou indiretamente, causar-lhe
dos serviços. Os elementos são: dano moral.
A) práticas baseadas em evidências. III. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios
B) Capacidade de adaptação – apresentar flexibilidade por parte do servidor público tornam-se, às vezes, difíceis
C) Ligações com outros serviços e locais de corrigir e podem caracterizar negligência no desempe-
D) Informações maximizadas nho da função pública, mas não imprudência.
E) Estimulo de criatividade no uso de espaço e recursos IV. Toda ausência injustificada do servidor de seu local
F) Potencializar o fluxo de usuários, administrando de trabalho é fator de desmoralização do serviço públi-
tempo de espera e fluxo das pessoas co.
G) Divisão e definição do trabalho – funções e res- Estão certos apenas os itens
ponsabilidades
H) Estimular os fatores sociais a) I e II.
b) I e III.
Atitudes e Prioridades em Serviço c) II e IV.
As atitudes de um profissional no exercício de suas d) I, III e IV.
funções devem ser pautadas no seu comportamento éti- e) II, III e IV.
co.
A prioridade no serviço deve ser a satisfação e o bem- Resposta: Letra C - Afirmativa I – ERRADO – caracteriza
-estar do atendido. SIM grave dano moral
Nesse contexto, o Decreto nº 1.171/94, que aprovou Afirmativa II – CORRETO
Afirmativa III – ERRADO -dependendo da situação, ca-
o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil,
racteriza imprudência também.
que pontua o padrão ético do servidor público.
Afirmativa IV – CORRETO
O código traz as chamadas Regras Dentológicas,
Todas as afirmativas constam no Código de Ética Profis-
ou seja, os valores que devem nortear tanto o servidor sional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Fede-
quanto o serviço publico.1 ral (Decreto 1.171/94), portanto, sua leitura é extrema-
Acesse o link a seguir e veja as regras Deontológicas mente importante.
instituídas pelo decreto: www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/d11 3) (CESPE/2016 – TCE/PA) A respeito de comportamen-
to profissional, atitudes no serviço, organização do tra-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

balho e prioridade em serviço, julgue o próximo item.


EXERCÍCIOS COMENTADOS A publicidade de qualquer ato administrativo constitui
requisito de eficácia e moralidade, pois a omissão de in-
formação resulta em comprometimento ético contra o
1) (CESPE/2018 – PC/MA) No exercício do cargo, o ser- bem comum.
vidor público, quando decide entre o honesto e o deso-
nesto, vincula sua decisão à ( ) CERTO   ( ) ERRADO

a) ética. Resposta: Errado - Trata-se das Regras Deontológi-


b) impessoalidade. cas que disciplinam que:
c) conveniência. VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves-
d) eficiência. tigações policiais ou interesse superior do Estado e
e) legalidade. da Administração Pública, a serem preservados em
1 Texto adaptado de Anderson Leite/ Miriam Valente/ Cartilha de processo previamente declarado sigiloso, nos termos
Excelência no Atendimento e Boas Práticas (www.agu.gov.br)

5
da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis
sua omissão comprometimento ético contra o bem co- a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral
mum, imputável a quem a negar. abrange as relações com os utentes dos serviços, os co-
legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns
a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro-
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO fissão representam as variações entre os diversos estatu-
SERVIÇO PÚBLICO – DECRETO Nº 1.171/1994. tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível
a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O
DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994
sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 3.
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge-
blico Civil do Poder Executivo Federal.
nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a
Consolidando um padrão de comportamento ético,
informações privilegiadas no exercício do cargo.
merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de
Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
de Ética foi expedido pelo Presidente da República, con-
cutivo Federal), o qual será estudado a partir deste ponto.
Considerados os princípios administrativos basilares siderada a atribuição da Constituição Federal para dispor
do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma sobre a organização e o funcionamento da administra-
específico que estabelece a ação ética esperada dos ser- ção pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Consti-
vidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata- tuição Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar
-se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria sua fiel execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, so-
de profissionais, assemelhando-se no formato aos Có- bre: a) organização e funcionamento da administração
digos de Ética que costumam ser adotados para varia- federal, quando não implicar aumento de despesa nem
das categorias profissionais (médicos, contadores...), mas criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de
diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico,
funções ou cargos públicos, quando vagos”. Exatamen-
logo, coativo.
te por causa desta atribuição que o Código de Ética em
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um
estudo adota a forma de decreto e não de lei, já que
Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que
as leis são elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso
existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos
Nacional).
da conduta humana podem ser reunidas em um instru-
O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado
mento regulador. Tal conjunto racional, com o propósi-
exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo,
to de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação
que se perfaz em decretos regulamentares. Embora se-
desta ciência que se consubstancia em uma peça magna,
jam factíveis decretos autônomos4, não é o caso do de-
como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupa-
creto em estudo, o qual encontra conexão com diplomas
mentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera
como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores
o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização
públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade
do exercício passam a controlar a execução de tal peça
administrativa), além da Constituição Federal. Assim, o
magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um
Decreto nº 1.171/94 não é autônomo!
indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse
Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas
no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a
de conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de
ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória tor-
obrigatoriedade dele. Autores como Azevedo5 se posi-
na-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito
cionam pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decre-
geral. Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética
to 1171 é inconstitucional, na medida em que impõe re-
e de uma educação pertinente que conduza à vontade
gras de condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima
de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina
diz, no seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer
da atividade é antiga, já encontrada nas provas históricas
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’
mais remotas, e é uma tendência natural na vida das co-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

e que ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem


munidades. É inequívoco que o ser tenha sua individuali-
pena sem prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo art.
dade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o
5º é a norma primária, não podendo ser confundida com
é que uma norma comportamental deva reger a prática
a possibilidade de ser imposta normas de conduta pela
profissional no que concerne a sua conduta, em relação
norma secundária. Assim, não poderia ser imposta ne-
a seus semelhantes” 2. Logo, embora se reconheça que o
nhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é
indivíduo tem particularidades no desempenho de suas
uma norma secundária, porque só a norma primária tem
funções, isto é, que emprega algo de sua personalida-
esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova
de no exercício delas, cabe o estabelecimento de um rol
de condutas padronizadas genericamente, as quais cor- 3 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
respondem ao melhor desempenho profissional que se 4 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed.
pode ter, um desempenho ético. São Paulo: Saraiva, 2011.
“Para que um Código de Ética Profissional seja organi- 5 AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Disponível
2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/AulasOnli-
2010. ne_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.

6
redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Consti- DECRETA:
tucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possível
falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que
organização e funcionamento da Administração Pública com este baixa.
Federal, quando não houver aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos, e também para Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública
extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. So- Federal direta e indireta implementarão, em sessenta
mente uma grande força de interpretação, que chegaria dias, as providências necessárias à plena vigência do
a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da
CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de con- respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser-
duta para servidores públicos estaria inserta na organiza- vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou
ção e funcionamento da Administração Pública Federal. emprego permanente.
Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apare- Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
ceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional será comunicada à Secretaria da Administração Fede-
em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de ral da Presidência da República, com a indicação dos
22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamen- respectivos membros titulares e suplentes.
to jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o
Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação blicação.
às normas processuais, como a obrigação de criação de
Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos pú- Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência
blicos federais”. e 106° da República.
Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato
dos decretos autônomos terem surgido após o Decreto ITAMAR FRANCO
nº 1.171/94 não o transforma em norma primária, real- Romildo Canhim
mente. Contudo, trata-se de uma norma secundária que
Os principais elementos que podem ser extraídos do
encontra bases em normas primárias, quais sejam a Lei
preâmbulo do Código de Ética são:
nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas as di-
Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente
retrizes estabelecidas no Código de Ética são repetidas
da República à época e, como tal, permanece válido até
em leis federais e decorrem diretamente do texto cons-
que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteú-
titucional. Assim, a adoção da forma de decreto não sig-
do incompatível (revogação tácita) ou até outro decre-
nifica, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam
to ser expedido para substituí-lo (revogação expressa).
obrigatórias: o servidor público federal que desobede-
O decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais:
cê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou
a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações alguns incisos do Código e que será estudado oportu-
ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar namente.
até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de cen- Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do
sura nos casos menos graves. Não obstante, o respeito artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder
ao Código gera reconhecimento e é verificado para fins regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90
de promoção. Isso sem falar na total efetividade das re- referem-se aos deveres e proibições do servidor público
gras determinantes da instituição de Comissões de Ética. federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de
improbidade administrativa.
A partir da aprovação do Código de Ética, ele se tor-
#FicaDica
nou obrigatório a todas as esferas da atividade pública.
O Decreto nº 1.171/1994 não é autôno- Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu
mo e se vincula às disciplinas da Lei nº cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

8.112/1990 – Regime Jurídico dos Servi- de Ética, as quais não podem ser compostas por servido-
dores Públicos Civis Federais e da Lei nº res temporários.
8.429/1992 – Lei de Improbidade Adminis- O decreto conferiu um prazo para cada uma das en-
trativa. tidades da administração pública federal direta ou in-
direta para constituir em seu âmbito uma Comissão de
Ética que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições efeito, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como na administração direta quanto na indireta. A Comissão
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de Ética será composta por: três servidores ou emprega-
de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de dos titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. A
junho de 1992, constituição (quando foi criada) e a composição (quem a
compõe) da Comissão deverão ser informadas à Secretaria
da Administração Federal da Presidência da República.

7
ANEXO Para bem compreender o conteúdo dos incisos que
Código de Ética Profissional do Servidor Público se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa
Civil do Poder Executivo Federal buscando atendimento no órgão público em questão,
como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcio-
CAPÍTULO I nário que eu gostaria que fosse responsável pela solução
Seção I do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro
Das Regras Deontológicas da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se
racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da
O Direito como valor do justo é estudado pela Filosofia mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age
do Direito na parte denominada Deontologia Jurídica, ou, de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te
no plano empírico e pragmático, pela Política do Direito6. sempre como princípio de uma legislação universal”8.
Deontologia é uma das teorias normativas segundo as
quais as escolhas são moralmente necessárias, proibidas I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
ou permitidas. Portanto inclui-se entre as teorias mo- ciência dos princípios morais são primados maio-
rais que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser res que devem nortear o servidor público, seja no
feito, considerada a moral vigente. Por sua vez, a deon- exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
tologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres e dos refletirá o exercício da vocação do próprio poder
direitos dos operadores do Direito, bem como de seus fun- estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes se-
damentos éticos e legais, consolidando o valor do justo. Por rão direcionados para a preservação da honra e da
isso, os incisos que se seguem traduzem o comportamento tradição dos serviços públicos.
moral esperado do servidor público não só enquanto de-
sempenha suas funções, mas também em sua vida social. Primeiramente, vale compreender o sentido de algu-
Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz mas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender
respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a cer- autoridade moral; por decoro, compostura e decência;
tos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do
dizer ainda que a deontologia consiste no conjunto de efeito esperado.
regras e princípios que regem a conduta de um profis-
sional, uma ciência que estuda os deveres de uma de- Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama
terminada profissão. O profissional brasileiro está sujeito de consciência dos princípios morais: sei que devo agir
a uma deontologia própria a regular o exercício de sua de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto
profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O é, exatamente como o melhor cidadão de bem; no de-
Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em sempenho das minhas funções, devo me manter sério e
sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata comprometido, desempenhando cada uma das atribui-
de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujei- ções recebidas com o maior cuidado e atenção possível,
tos a especificidade destas normas. evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja
O Código de Ética cria regras deontológicas de ética, o melhor que eu puder prestar.
isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da mo- Não basta que o funcionário aja desta forma no exer-
ral, daí porque não se preocupa com a previsão de punição cício de suas funções, porque ele participa da sociedade
e processo disciplinar contra o servidor antiético, apesar de, e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público,
na maioria das vezes, haver coincidência entre a conduta por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma
antiética e a necessidade de punição administrativa. A ver- pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada,
dadeira intenção do Código de Ética foi estimular os órgãos ou seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a pa-
e entidades públicas federais a promoverem o debate so- lavra-chave para a vida particular do servidor público,
bre a ética, para que ela, e as discussões que dela se extrai, preservando a instituição da qual faz parte. Por exemplo,
permeie amiúde as repartições, até com naturalidade. quem se sentiria bem em ser atendido por um funcioná-
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter rio que é sempre visto embriagado em bares ou provo-
para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em ver- cando confusões familiares, por mais que os serviços por
dade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, desta- ele desempenhados sejam de qualidade?
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

cam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita a O comportamento ético do servidor público na sua
consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria dos vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo,
casos, o sucesso profissional se az acompanhar de condu- houver uma razoável exigência do servidor se comportar
tas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são comuns moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras
a quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas profissio- típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171,
nais são aquelas indispensáveis, sem as quais não se con- de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de
segue a realização de um exercício ético competente, seja todo e qualquer servidor, na sua vida particular, inde-
qual for a natureza do serviço prestado. Tais virtudes devem pendentemente da natureza do seu cargo? Quando tal
formar a consciência ética estrutural, os alicerces do caráter Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algu-
e, em conjunto, habilitarem o profissional ao êxito em seu mas “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor
desempenho” 7. público está envolto em um sistema onde a moral tem

6 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
2002. 8 KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Barre-
7 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, ra. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32.

8
forte influência no desenvolvimento da sua carreira pú- Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que
blica. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que
deveria saber que a promoção profissional e o adequado é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim,
cumprimento das atribuições do cargo estão condicio- o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor
nados também pela ética e, assim, pelo comportamento não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja,
particular do servidor. o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem
comum, sob pena de violar a moralidade.
II- O servidor público não poderá jamais desprezar
o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá IV-A remuneração do servidor público é custeada pe-
que decidir somente entre o legal e o ilegal, o jus- los tributos pagos direta ou indiretamente por to-
to e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o dos, até por ele próprio, e por isso se exige, como
oportuno e o inoportuno, mas principalmente en- contrapartida, que a moralidade administrativa se
tre o honesto e o desonesto, consoante as regras integre no Direito, como elemento indissociável
contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se,
Federal. como consequência, em fator de legalidade.
Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con- O servidor público deve colocar de lado seus inte-
ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servi- resses egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no
dor deve sempre escolher o conveniente, o oportuno, Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços
o justo e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendên-
menor relevância para aquelas fundamentais, que envol- cia do ser humano, como tem sido objeto de referência
vem a opção pelo justo e honesto. Estes são os principais de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar,
valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são
preciso escolher acima de tudo entre honesto e desones- de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos
to, evidencia-se que o Código busca mais do que o res-
problemas. Quando o trabalho é executado só para au-
peito à lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade.
ferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro
Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao
lado, nos serviços realizados com amor, visando ao be-
qual o inciso em estudo faz remissão.
nefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com
consciência do bem comum, passa a existir a expressão
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variá-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
vel de acordo com seu alcance em face da comunidade.
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente,
de e eficiência e, também, ao seguinte: [...] tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocor-
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da re com a sua comunidade e muito menos com a socieda-
função pública, a indisponibilidade dos bens e o res- de. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número
sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. destino de nações, partindo da ausência de conduta vir-
tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com
Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano
consequências dos atos de improbidade administra- tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses
tiva, que poderão variar conforme o grau de gravidade de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se
(uma das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas
devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que se enten- em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem
de por ressarcir o erário). condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o
caminho justo, adequado, para o benefício geral” 9.
III - A moralidade da Administração Pública não se
limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser V- O trabalho desenvolvido pelo servidor público
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem perante a comunidade deve ser entendido como
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finali- acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como
dade, na conduta do servidor público, é que pode- cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse
rá consolidar a moralidade do ato administrativo. trabalho pode ser considerado como seu maior
patrimônio.
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera
particular. O servidor público não deve pensar por uma O cidadão paga impostos e demais tributos apenas
pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor
agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so-
que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que
a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor
outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou público, é o que remunera os serviços por ele prestados.
seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve pre-
valecer sobre o particular. 9 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

9
Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um
aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito FIQUE ATENTO!
ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao O dispositivo autoriza que os atos adminis-
Estado. trativos não sejam públicos em situações
Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir con- excepcionais, quais sejam segurança nacio-
forme a moralidade administrativa, sob pena de mais que nal, investigações policiais e interesse supe-
violar a lei, também desrespeitar o bem comum e preju- rior do Estado e da Administração Pública.
dicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio.
No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser- VIII-Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor
vidor receba do particular qualquer verba extra: sua não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrá-
remuneração já é paga pelo particular, por meio dos im- ria aos interesses da própria pessoa interessada ou
postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto da Administração Pública. Nenhum Estado pode
não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo
do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que
seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana
do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em
quanto mais a de uma Nação.
que vive.
Mentir é uma atitude contrária à moralidade espe-
VI-A função pública deve ser tida como exercício pro- rada do servidor público, ainda mais se tal mentira se
fissional e, portanto, se integra na vida particular referir à função desempenhada, por exemplo, negando
de cada servidor público. Assim, os fatos e atos a prática de um ato ou informando erroneamente um ci-
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida dadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito:
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo
conceito na vida funcional. à Administração Pública.
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá
Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti- se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto
ca lembra que um funcionário público carrega consigo a ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação.
imagem da administração pública, ou seja, não é servi- Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros
dor público apenas quando está desempenhando suas ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá-
funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o -los e corrigi-los.
melhor funcionário público da repartição se a vida parti-
cular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição, IX-A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo
coerência, compostura e moralidade também na vida dedicados ao serviço público caracterizam o es-
particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma forço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que
pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor paga seus tributos direta ou indiretamente sig-
de seus deveres sociais. nifica causar-lhe dano moral. Da mesma forma,
causar dano a qualquer bem pertencente ao pa-
VII-Salvo os casos de segurança nacional, investiga- trimônio público, deteriorando-o, por descuido ou
ções policiais ou interesse superior do Estado e da má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao
Administração Pública, a serem preservados em equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a
processo previamente declarado sigiloso, nos ter- todos os homens de boa vontade que dedicaram
mos da lei, a publicidade de qualquer ato adminis- sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus
trativo constitui requisito de eficácia e moralidade, esforços para construí-los.
ensejando sua omissão comprometimento ético
contra o bem comum, imputável a quem a negar. Quem nunca chegou a uma repartição pública ou
cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um
Como visto, a publicidade é um princípio basilar da funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no
administração pública, ao lado da moralidade. Como tal, serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que
caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor pú- ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade,
fazendo tudo o possível para ajudá-lo, despendendo o
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

blico negar o acesso à informação por parte do cidadão,


tempo necessário e tomando as devidas cautelas.
salvo em situações especiais. Nota-se que “quando be-
O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
nefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para
grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só po-
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
demos justificar o não cumprimento quando fatores de
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
ordem muito superior o possam impedir, pois o descum- pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
primento será sempre uma lesão à consciência ética” 10. nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.11
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
os limites da herança, embora existam reflexos na ação
10 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Pau- 11 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
lo: Atlas, 2010. Paulo: Saraiva, 2005.

10
que apure a responsabilidade civil conforme o resultado X- Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera
na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega- de solução que compete ao setor em que exerça
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao suas funções, permitindo a formação de longas fi-
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz). las, ou qualquer outra espécie de atraso na pres-
Genericamente, os elementos da responsabilidade ci- tação do serviço, não caracteriza apenas atitude
vil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, contra a ética ou ato de desumanidade, mas prin-
por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru- cipalmente grave dano moral aos usuários dos ser-
dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que viços públicos.
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo
central do instituto da responsabilidade civil, que tem Este inciso é um desdobramento do inciso anterior,
como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como descrevendo um tipo específico de conduta imoral com
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou relação ao usuário do serviço público, qual seja a de dei-
dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma viola- xá-lo esperando por atendimento que seja de sua com-
ção de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal petência. Claro, a espera é algo natural, notadamente
(relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o
causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando
que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, o servidor enrola no atendimento, enfim, age com pre-
econômico e não econômico). guiça e desânimo.
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As
pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- XI-O servidor deve prestar toda a sua atenção às or-
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos dens legais de seus superiores, velando atenta-
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res- conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso
ponsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difí-
clara a formação de uma relação jurídica autônoma en- ceis de corrigir e caracterizam até mesmo impru-
tre o Estado e o agente público que causou o dano no dência no desempenho da função pública.
desempenho de suas funções. Nesta relação, a respon-
sabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado Dentro do serviço público há uma hierarquia, que
provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi deve ser obedecida para a boa execução das atividades.
anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual
é justamente o direito de acionar o causador direto do decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe
dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, con- o respeito ao que o superior determina, executando as
siderada a existência de uma relação obrigacional que se funções da melhor forma possível.
forma entre a vítima e a instituição que o agente compõe. “A razão pela qual se exige uma disciplina do homem
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- em seu grupo repousa no fato de que as associações
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equi-
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que líbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas
condutas incompatíveis com o comportamento ético que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada in-
dele esperado.12 divíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a so-
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- matória deles em classe profissional, tem seu comporta-
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado mento específico, guiado pela característica do trabalho
contraditório e ampla defesa. executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com uma ordem que permita a evolução harmônica do traba-
culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor lho de todos, a partir da conduta de cada um, através de
que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro uma tutela no trabalho que conduza a regularização do
(administrado), o servidor terá o dever de indenizar. individualismo perante o coletivo” 13.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é,
busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas
é, gerar tamanho abalo emocional e psicológico que im- negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros
plique num dano. Apesar deste dano não ser econômico, sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço
isto é, de a dor causada não ter meio de compensação e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua
financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo
a compense razoavelmente. ao serviço público.
Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteri-
za dano material. No caso, há um correspondente finan- XII-Toda ausência injustificada do servidor de seu lo-
ceiro direto, de modo que a condenação será no sentido cal de trabalho é fator de desmoralização do ser-
de pagar ao Estado o equivalente ao bem destruído ou viço público, o que quase sempre conduz à desor-
deteriorado. dem nas relações humanas.
12 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: 13 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
Método, 2011. 2010.

11
O servidor público tem obrigação de comparecer reli- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
giosamente em seu local de trabalho no horário determi- rendimento, pondo fim ou procurando prioritaria-
nado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando mente resolver situações procrastinatórias, prin-
inevitáveis, devem ser justificadas. cipalmente diante de filas ou de qualquer outra
Os demais funcionários e a sociedade sempre fi- espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
cam atentos às atitudes do servidor público e qualquer setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
percepção de relaxo no desempenho das funções será evitar dano moral ao usuário;
observada, notadamente no que tange a ausências fre-
quentes. O desempenho de funções deve se dar de forma
eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que
XIII-O servidor que trabalha em harmonia com a es- adiam a prestação do serviço público. Procrastinar signi-
trutura organizacional, respeitando seus colegas fica enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, ler-
e cada concidadão, colabora e de todos pode re- dear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o
ceber colaboração, pois sua atividade pública é a que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço
grande oportunidade para o crescimento e o en- quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive
para evitar dano moral ao cidadão.
grandecimento da Nação.
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
O bom desempenho das funções a o agir conforme o integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
esperado pela sociedade implica numa boa imagem do quando estiver diante de duas opções, a melhor e
servidor público, o que permite que ele receba apoio dos a mais vantajosa para o bem comum;
demais quando realmente precisar.
“É inequívoco que o trabalho individual influencia Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores
e recebe influências do meio onde é praticado. Não é, morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter
pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores,
contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade.
do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral,
pode realizar importantes feitos que alcançam repercus- d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
são ampla” 14. dição essencial da gestão dos bens, direitos e ser-
As regras ontológicas do Código de Ética trazem uma viços da coletividade a seu cargo;
concepção abrangente de deveres comportamentais do
servidor público, que adiante são aprofundadas de forma Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de
mais específica do inciso XIV. todos aqueles que cuidam de algo que não lhe perten-
ce. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do
Seção II Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito
Dos Principais Deveres do Servidor Público deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo
que ele seja preservado.
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
aperfeiçoando o processo de comunicação e con-
Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
tato com o público;
continuidade no tratamento do agir moral esperado do
servidor público. No caso, são elencados alguns deveres
A atitude ética esperada do servidor público consis-
essenciais que devem ser obedecidos.
te em exercer suas funções de forma adequada, sempre
“Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para
atendendo da melhor forma possível os usuários.
o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos.
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades perti- princípios éticos que se materializam na adequada
nentes à satisfação da necessidade, de quem requer a
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

prestação dos serviços públicos;


tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempe-
nho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida pro- Os funcionários públicos nunca podem perder de vis-
fissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a ta o dever ético que eles possuem com relação à socie-
execução de um trabalho” 15. dade como um todo, que é o de respeito à moralidade
insculpida no texto constitucional. “A consciência ética
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal
função ou emprego público de que seja titular; um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa
República, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é
Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri- de todos; isso requer vida administrativa e política trans-
buições inerentes à posição de que seja titular. parente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda
14 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, a coletividade”16.
2010.
15 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 16 AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São
2010. Paulo: FTD, 2010.

12
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten- Os três incisos acima reiteram deveres constantemen-
ção, respeitando a capacidade e as limitações in- te enumerados pelo Código de Ética como o de com-
dividuais de todos os usuários do serviço público, parecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o
sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de comunicação de atos contrários ao interesse públi-
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, co (inclusive os praticados por seus superiores) e o de
cunho político e posição social, abstendo-se, dessa preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e
forma, de causar-lhes dano moral; organizado).

Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com o) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale nem com a melhoria do exercício de suas funções,
lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educa- tendo por escopo a realização do bem comum;
do caracteriza dano moral, cabendo reparação.
Frequentemente, são promovidos cursos de aperfei-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te- çoamento pela própria instituição, sem contar aqueles
mor de representar contra qualquer comprometi- disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe
mento indevido da estrutura em que se funda o ao servidor público participar sempre que for benéfico à
Poder Estatal;
melhoria de suas funções.
“O valor do exercício profissional tende a aumentar à
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- medida que o profissional também aumentar sua cultu-
quicos, de contratantes, interessados e outros que ra, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos
visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta- os demais, como são os relativos às culturas filosóficas,
gens indevidas em decorrência de ações imorais, matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em
ilegais ou aéticas e denunciá-las; elites cultas te garantida sua posição social, porque se
habilita às lideranças e aos postos de comando no po-
O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú- der. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo
blico, pois se ele não existisse as atividades seriam de- impossível negar tal evidência [...]”17.
sempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente.
Isso não significa, contudo, que o servidor deva obede- p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
cer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente quadas ao exercício da função;
quando perceber que a atitude de seu superior contraria
os interesses do bem comum, nem que deva ter medo A roupa vestida pelo servidor público também refle-
de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou te sua autoridade moral no exercício das funções. Por
colegas. exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizan-
São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos do bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de des-
superiores ou de pessoas que contratem ou busquem caso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias,
serviços do poder público: obtenção de favores, benefí- compatíveis com a seriedade esperada da Administração
cios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas. Pública e de seus funcionários.
Ao se deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.
q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
onde exerce suas funções;
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
A regulamentação das funções exercidas pelos ór-
públicos possuem o direito de greve, devendo se aten-
gãos administrativos está sempre mudando, cabendo ao
tar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En-
servidor público se manter atualizado.
quanto não for elaborada uma legislação específica para
os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral
de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20). instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou


função, tanto quanto possível, com critério, segu-
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de rança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde- ordem.
nado, refletindo negativamente em todo o sistema;
A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo do servidor público, refletindo a prestação do serviço
e qualquer ato ou fato contrário ao interesse públi- com eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem co-
co, exigindo as providências cabíveis; mum.

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra- s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua quem de direito;
organização e distribuição; 17 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Pau-
lo: Atlas, 2010.

13
As atividades de fiscalização são usuais no serviço b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
público e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, servidores ou de cidadãos que deles dependam;
cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atri- Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a
buídas estão sendo prestadas conforme a lei determina. ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento
é uma clara violação ao dever ético.
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coni-
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se vente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses Código de Ética de sua profissão;
dos usuários do serviço público e dos jurisdiciona-
dos administrativos; Como visto, é dever do servidor público denunciar
aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir o
erro do outro é algo solidário, porque todos os erros co-
lei ao servidor público para que ele possa bem desempe-
metidos numa função pública são prejudiciais à sociedade.
nhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito,
é preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
invocá-las, o servidor público será levado a sério. exercício regular de direito por qualquer pessoa, cau-
sando-lhe dano moral ou material;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de
ao interesse público, mesmo que observando as forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou
formalidades legais e não cometendo qualquer material aos usuários e ao Estado.
violação expressa à lei; Na esfera penal, pode incidir no crime de prevaricação
(art. 319, CP):
O servidor público deve agir conforme a lei determi-
na, observando-a estritamente, preservando assim os in- Prevaricação
teresses da sociedade.
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa
classe sobre a existência deste Código de Ética, es- de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
timulando o seu integral cumprimento. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao
O Código de Ética é o principal instrumento jurídico seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento
que trata das atitudes do servidor público esperadas e do seu mister;
vedadas. É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar
a sua leitura àqueles que o desconheçam. A incorporação da tecnologia aos serviços públicos,
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança
Seção III eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com
Das Vedações ao Servidor Público tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do servi-
ço prestado.
XV - É vedado ao servidor público;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca-
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter-
Nesta seção, são descritas algumas atitudes que con- firam no trato com o público, com os jurisdicionados
trariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um rol administrativos ou com colegas hierarquicamente su-
exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por um juí- periores ou inferiores;
zo de interpretação das regras éticas até então estudadas.
O funcionário público deve agir com impessoalidade
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual-
tempo, posição e influências, para obter qualquer mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho.
favorecimento, para si ou para outrem;
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-


O cargo público é para a sociedade, não para o indi- quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, co-
víduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevi- missão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para
damente. A esta descrição corresponde o tipo criminal si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento
da corrupção passiva, prescrito no Código Penal em seu da sua missão ou para influenciar outro servidor para
artigo 317 nos seguintes termos: o mesmo fim;

Corrupção passiva A remuneração do servidor público já é paga pelo Es-


tado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não cabe
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação de seus
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou an- serviços, seja solicitando (caso que caracteriza crime de
tes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restando presente
ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o faça, se sujei-
2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. tará às penas cíveis, penais e administrativas.

14
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
encaminhar para providências; abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apre-
ciável economicamente, para proveito próprio ou alheio,
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, por servidor público que o administra ou guarda.
incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (mo-
dificar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
dados de documentos pode configurar o crime previsto âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
no artigo 313-A, do Código Penal: parentes, de amigos ou de terceiros;

Inserção de dados falsos em sistema de informações As informações que são acessadas pelo funcionário
público somente devem ser aproveitadas para o bom
desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autoriza-
que sem nenhum interesse de obter privilégio econômi-
do, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir in-
co, ou seja, apenas para aparentar importância por mera
devidamente dados corretos nos sistemas informati-
vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio-
zados ou bancos de dados da Administração Pública lação de sigilo funcional pois utilizar-se de informações
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para obtidas no âmbito interno da administração, nos casos
outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime,
(dois) a 12 (doze) anos, e multa. previsto no artigo 325, do Código Penal:
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
do atendimento em serviços públicos; Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
Como visto, o funcionário público deve atender com cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor- -lhe a revelação:
mações da maneira mais correta e verdadeira possível, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
sem mentiras ou ilusões. se o fato não constitui crime mais grave.
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
j) desviar servidor público para atendimento a interes- habitualmente;
se particular; Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, va-
lore morais inerentes à boa prestação do serviço pú-
Todos os servidores públicos são contratados pelo Es- blico.
tado, devendo prestar serviços que atendam ao seu inte- o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten-
resse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subor- te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da
dinado que lhe preste serviços particulares, por exemplo, pessoa humana;
pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
para consultórios para agendar consultas, fazer compras nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
num supermercado.
O servidor público, seja na vida privada, seja no exer-
cício das funções, não deve se filiar a instituições que
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
contrariem a moral, por exemplo, que incitem o precon-
autorizado, qualquer documento, livro ou bem perten- ceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é
cente ao patrimônio público; um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valo-
res tradicionais.
Os bens que se encontram no local de trabalho per-
tencem à máquina estatal e devem ser utilizados exclu- CAPÍTULO II
sivamente para a prestação do serviço público, não po- DAS COMISSÕES DE ÉTICA
dendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde
civil e administrativamente, bem como criminalmente XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

por peculato (art. 312, CP). Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional,
ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições
Peculato delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Co-
missão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar so-
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di- bre a ética profissional do servidor, no tratamento com as
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe co-
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou nhecer concretamente de imputação ou de procedimento
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: suscetível de censura.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú- “Estabelecido um código de ética, para uma classe,
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, incorrer em transgressão, punível pelo órgão competen-
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili- te, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A
fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de
dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

15
classe compreende as fases preventiva (ou educacional)
e executiva (ou de direta verificação da qualidade das FIQUE ATENTO!
práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se
em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou - Todas entidades da administração pública
seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem menor, federal direta ou indireta devem constituir
deriva-se de atos propositadamente praticados. Os ór- em seu âmbito uma Comissão de Ética que
gãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um pa- irá apurar as infrações ao Código de Ética.
pel relevante de garantia sobre a qualidade dos serviços - A Comissão será composta por três ser-
prestados e da conduta humana dos profissionais” 18. vidores ou empregados titulares de cargo
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função efetivo ou emprego permanente.
de orientação e aconselhamento, devendo se fazer - A constituição (quando foi criada) e a
presentes em todo órgão ou entidade da administração composição (quem a compõe) da Comissão
direta ou indireta. deverão ser informadas à Secretaria da Ad-
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar ministração Federal da Presidência da Re-
sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito pública.
pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar
a instauração desses processos, mediante trabalho de
orientação e aconselhamento. A finalidade do código de
ética consiste em produzir na pessoa do servidor público XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
a consciência de sua adesão às normas ético-profissio- ético, entende-se por servidor público todo aquele
nais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais jurídico, preste serviços de natureza permanente,
por parte de cada um e, em consequência, o resgate do temporária ou excepcional, ainda que sem retribui-
respeito ao serviço público e à dignidade social de cada ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
dos deveres e das vedações previstas, através de um tra- as autarquias, as fundações públicas, as entidades
balho de cunho educativo com os servidores públicos paraestatais, as empresas públicas e as sociedades
federais. de economia mista, ou em qualquer setor onde
prevaleça o interesse do Estado.
XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
Este último inciso do Código de Ética é de fundamen-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or- tal importância para fins de concurso público, pois define
ganismos encarregados da execução do quadro de quem é o servidor público que se sujeita a ele.
carreira dos servidores, os registros sobre sua con-
duta ética, para o efeito de instruir e fundamentar “Uma classe profissional caracteriza-se pela homoge-
promoções e para todos os demais procedimentos neidade do trabalho executado, pela natureza do conhe-
próprios da carreira do servidor público. cimento exigido preferencialmente para tal execução e
pela identidade de habilitação para o exercício da mes-
Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética ma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da
fornecerá as informações sobre os funcionários a ela sociedade, específico, definido por sua especialidade de
submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para desempenho de tarefa” 19.
alimentar processo administrativo disciplinar. Elementos do conceito de servidor público:
XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art.
25). a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por
exemplo, prestação de serviços como jurado ou
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co- mesário), contrato (contratação direta, sem con-
missão de Ética é a de censura e sua fundamenta- curso público, para atender a uma urgência ou
ção constará do respectivo parecer, assinado por emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o
todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

caso da nomeação por aprovação em concurso


público) - enfim, não importa o instrumento da
A única sanção que pode ser aplicada diretamente vinculação à administração pública, desde que es-
pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena teja realmente vinculado;
mais branda pela prática de uma conduta inadequada b) Serviço prestado: permanente, temporário ou
que seja praticada no exercício das funções. Nos demais excepcional - isto é, ainda que preste o serviço só
casos, caberá sindicância ou processo administrativo dis- por um dia, como no caso do mesário de eleição, é
ciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá ele- servidor público, da mesma forma que aquele que
mentos para instrução. foi aprovado em concurso público e tomou posse;
Censura é o poder do Estado de interditar ou res- com ou sem retribuição financeira - por exem-
tringir a livre manifestação de pensamento, oral ou plo, o jurado não recebe por seus serviços, mas
escrito, quando se considera que tal pode ameaçar a não deixa de ser servidor público;
ordem pública vigente.
18 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 19 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

16
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à ad- Resposta: Errado. Preconiza o Decreto nº 1.171/1994
ministração direta ou indireta, isto é, a qualquer em seu inciso XIV, “p”: “São deveres fundamentais do
órgão que tenha algum vínculo com o poder servidor público: [...] p) apresentar-se ao trabalho com
estatal. O conceito é o mais amplo possível, abran- vestimentas adequadas ao exercício da função”.
gendo autarquias, fundações públicas, empresas
públicas, sociedades de economia mista, enfim,
qualquer entidade ou setor que vise atender o in- REGIME DISCIPLINAR NA LEI Nº 8.112/1990:
teresse do Estado. DEVERES E PROIBIÇÕES, ACUMULAÇÃO,
RESPONSABILIDADES, PENALIDADES.

EXERCÍCIOS COMENTADOS DO REGIME DISCIPLINAR


TÍTULO IV
DO REGIME DISCIPLINAR
1. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ADMI-
NISTRAÇÃO – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, O regime disciplinar do servidor público civil federal
relativo ao regime dos servidores públicos federais e à está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
ética no serviço público. e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am-
Comissões de ética são obrigatórias para todos os ór- bos deveres e proibições são normas protetivas da boa
gãos da administração pública federal direta, sendo fa- Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
cultativas para entidades da administração indireta. cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os de-
veres constam da lei como ações, como conduta positiva;
( ) CERTO   ( ) ERRADO as proibições, ao contrário, são descritas como condutas
vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de
Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não
expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI: de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a
“Em todos os órgãos e entidades da Administração todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso
Pública Federal direta, indireta autárquica e funda- III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma
cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça disciplinar em branco.
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser “Estes dispositivos preveem, basicamente, um con-
criada uma Comissão de Ética [...]”. junto de normas de conduta e de proibições impostas
pela lei aos servidores por ela abrangidos, tendo em
2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CONHECIMENTOS vista a prevenção, a apuração e a possível punição de
BÁSICOS – CESPE – 2018) Considerando os conceitos, atos e omissões que possam por em risco o funciona-
princípios e valores da ética e da moral, bem como o dis- mento adequado da administração pública, do posto de
posto na Lei nº 8.429/1992, julgue o item a seguir. vista ético, do ponto de vista da eficiência e do ponto
A consciência moral deve nortear o comportamento do de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositivos, do
servidor público, que deve sempre apresentar conduta denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido à
ética, ainda que receba ordem hierárquica superior que Administração com o objetivo de manter sua disciplina
lhe imponha conduta imoral e antiética. interna, na medida em que lhe atribui instrumentos para
punir seus servidores (e também àqueles que estejam a
( ) CERTO   ( ) ERRADO ela vinculados por um instrumento jurídico determinado
- particulares contratados pela Administração). [...]“O dis-
Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em posto no Título IV da lei nº 8.112/90 prevê basicamente
um conjunto de obrigações impostas aos servidores por
sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode
ela regidos. Tais obrigações, ora positivas (os denomina-
desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores.
dos Deveres – art. 116), ora negativas (as denominadas
A previsão decorre ainda do dever previsto no Decreto
Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas ensejam sua
nº 1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas as
imediata apuração (art. 143) e uma vez comprovadas im-
pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, portam na responsabilização administrativa, a desafiar,
interessados e outros que visem obter quaisquer favo-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

então, a aplicação de uma das sanções administrativas


res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”. que a responsabilidade administrativa resulta da prática
de ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os
3. (SEDF – ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL – deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola proi-
ADMINISTRAÇÃO – CESPE – 2017) À luz da legisla- bição) praticado no desempenho do cargo ou função”.
ção que rege os atos administrativos, a requisição dos
servidores distritais e a ética no serviço público, julgue o CAPÍTULO I
seguinte item. DOS DEVERES
Servidor público apresentar-se ao trabalho com vesti-
mentas inadequadas ao exercício do cargo não constitui Art. 116.  São deveres do servidor:
vedação relativa a comportamento profissional e atitu- Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90
des éticas no serviço. são em muito compatíveis com os previstos no Código
de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder
( ) CERTO   ( ) ERRADO Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algu-

17
mas das condutas esperadas do servidor público quando estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o
do desempenho de suas funções. Em resumo, o servidor que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierarquia
público deve desempenhar suas funções com cuidado, existe para que do alto escalão até a prática dos admi-
rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição que com- nistrados as coisas funcionem. Disso decorre que quando
põe, respeitando as ordens de seus superiores que sejam é emitida uma ordem para o servidor subordinado, este
adequadas às funções que desempenhe e buscando con- deve dar cumprimento ao comando. Porém quando a or-
servar o patrimônio do Estado. No tratamento do público, dem é visivelmente ilegal, arbitrária, inconstitucional ou
deve ser prestativo e não negar o acesso a informações absurda, o servidor não é obrigado a dar seguimento ao
que não sejam sigilosas. Caso presencie alguma ilegalida- que lhe é ordenado. Quando a ordem é manifestamente
de ou abuso de poder, deve denunciar. Tomam-se como ilegal? Há uma margem de interpretação, principalmente
base os ensinamentos de Lima a respeito destes deveres: se o servidor subordinado não tiver nenhuma formação
de ordem jurídica. Logo, é o bom senso que irá margear o
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; que é flagrantemente inconstitucional”.
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta-
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui- V - atender com presteza:
ções funcionais e também ao cuidado com a economia a) ao público em geral, prestando as informações re-
do material, os bens da repartição e o patrimônio públi- queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens b) à expedição de certidões requeridas para defesa
de direito ou esclarecimento de situações de interesse
e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
pessoal;
com dedicação no desempenho das funções do cargo
que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car- “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even- ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen-
tual menor capacidade de desempenho, para não con- to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta
figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O
ser compensada com um maior esforço e dedicação de servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio-
sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do
vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo administrado, dificultando a vida de quem necessita de
falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon-
se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo
ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri- ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos
buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter públicos, o que deve necessariamente passar por crité-
zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a rios de valorização dos servidores bons e de treinamento
imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o e qualificação permanente dos quadros de pessoal”.
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e
interesses patrimoniais do Estado”. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe-
rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
II - ser leal às instituições a que servir;
ta, ao conhecimento de outra autoridade competente
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas
para apuração;
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
à instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucio- to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
nal é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
o dever de lealdade está inserido no Estatuto como nor- Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis-
ma programática, orientadora da conduta dos servido- tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias
res”. ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor-
rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a
III - observar as normas legais e regulamentares; devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

“A função desta norma é de não deixar sem resposta um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros.
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a ne- Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas
cessária correlação nesses casos que temos de fazer do reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran-
art. 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em ça nacional e mesmo da sociedade”.
outra lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou porta-
ria”. VII - zelar pela economia do material e a conservação
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- do patrimônio público;
nifestamente ilegais; “Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco-
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór- nomia e pela conservação dos bens públicos presta um
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não
cumprir o presente dever, quando por descumprimento
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e
dele a gravidade do fato implicar a infração a normas
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente
mais graves”.

18
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; que comparece no horário para as reuniões de trabalho
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se e demais atividades relacionadas com o exercício do car-
passa na repartição, principalmente quanto aos assun- go que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o
tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de dever violado, seja por impontualidade, seja por inassidui-
2011, hoje está regulamentado o acesso às informações. dade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de 60
Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de ad-
fornecimento ou divulgação das informações exigem um vertência, com fins educativos e de correção do servidor”.
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a
informação possa expor a intimidade da pessoa huma- XI - tratar com urbanidade as pessoas;
na. As informações pessoais dos administrados em geral “No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur-
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes- bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se- da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em públicos”.
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden-
do ter autorizada a divulgação ou o acesso por tercei- XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
ros quando haja previsão legal. Outra exceção é quando de poder.
há o consentimento expresso da pessoa a que elas se
Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso
referirem. No caso de cumprimento de ordem judicial,
XII será encaminhada pela via hierárquica e aprecia-
para a defesa de direitos humanos, e quando a prote-
da pela autoridade superior àquela contra a qual é
ção do interesse público e geral preponderante o exigir,
também devem ser fornecidas as informações. Portan- formulada, assegurando-se ao representando ampla
to, o servidor há que ter reserva no seu comportamento defesa.
e fala, esquivando-se de revelar o conteúdo do que se Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
passa no seu trabalho. Se o assunto pululante é uma ir- esta representação será encaminhada a alguém que seja
regularidade absurda, deve então reduzir a escrito e re- superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi-
presentar para que se apure o caso. Deveriam diminuir to à ampla defesa.
as conversas de corredor e se efetivar a apuração dos “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
fatos através do processo administrativo disciplinar. Os às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
assuntos objeto do serviço merecem reserva. Devem ficar ciência em razão do cargo, principalmente no processo
circunscritos aos servidores designados para o respectivo em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
trabalho interno, não devendo sair da seção ou setor de suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
trabalho, sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se te com uma irregularidade administrativa e fique inerte.
o assunto ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
ampla, deve ser contatado o órgão de assessoria de co- seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
municação social, que saberá proceder de forma oficial, círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
obedecendo ao bom senso e às leis vigentes”. presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
informar acerca de irregularidades anda de braço dado
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí-
ministrativa; cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de-
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o ver de representar. O dever de representação não deixa
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de
compatível com a moralidade administrativa. O agente um múnus público importante, constituindo o servidor
deve se comportar em seus atos de maneira proba, es- em um curador legal do ente público. O mais humilde
correita, séria, não atuando com intenções escusas e des- servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por
É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
exemplo, para satisfação de interesses menores, como
do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou
realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma
abuso de poder”. De modo que também a omissão pode
amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir
ensejar a representação. A omissão do agente que ile-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

com comportamento incompatível com a moralidade


administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar. galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode
Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des- até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de
vio de poder, que é totalmente abominável no Direito representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado
Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalida-
judicialmente através da ação popular, ação de ressarci- des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza-
mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re-
coletivo ou transindividual”. presentante de autor a réu por prática de abuso de poder
ou denunciação caluniosa”.
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o

19
Capítulo II II - gozo de licença para o trato de interesses parti-
Das Proibições culares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a
legislação sobre conflito de interesses. (Incluído
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida pela Lei nº 11.784, de 2008
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem Capítulo III
prévia autorização do chefe imediato; Da Acumulação
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição,
III - recusar fé a documentos públicos; é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
IV - opor resistência injustificada ao andamento de § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
documento e processo ou execução de serviço; pregos e funções em autarquias, fundações públicas,
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no empresas públicas, sociedades de economia mista da
recinto da repartição; União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos dos Municípios.
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-
seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; cionada à comprovação da compatibilidade de horários.
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi- § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo
liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
com proventos da inatividade, salvo quando os cargos
partido político;
de que decorram essas remunerações forem acumulá-
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
veis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527,
função de confiança, cônjuge, companheiro ou paren-
de 10.12.97)
te até o segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
X - participar de gerência ou administração de so- grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela parti-
ciedade privada, personificada ou não personificada, cipação em órgão de deliberação coletiva. (Re-
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cotista ou comanditário; (Redação dada pela
Lei nº 11.784, de 2008 Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a à remuneração devida pela participação em conselhos
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- de administração e fiscal das empresas públicas e so-
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o ciedades de economia mista, suas subsidiárias e con-
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; troladas, bem como quaisquer empresas ou entidades
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem em que a União, direta ou indiretamente, detenha
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; participação no capital social, observado o que, a res-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado peito, dispuser legislação específica. (Redação
estrangeiro; dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa; Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei,
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti- que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
ção em serviços ou atividades particulares; investido em cargo de provimento em comissão, ficará
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó-
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- tese em que houver compatibilidade de horário e local
cia e transitórias; com o exercício de um deles, declarada pelas autori-
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais Capítulo IV
quando solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de Das Responsabilidades
10.12.97)
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra-
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis-
I - participação nos conselhos de administração e fis- sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
cal de empresas ou entidades em que a União dete- prejuízo ao erário ou a terceiros.
nha, direta ou indiretamente, participação no capital § 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado
social ou em sociedade cooperativa constituída para ao erário somente será liquidada na forma prevista
prestar serviços a seus membros; e (Incluído no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a
execução do débito pela via judicial.
pela Lei nº 11.784, de 2008

20
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá § 1 Será punido com suspensão de até 15 (quinze)
o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos ser submetido a inspeção médica determinada pela
sucessores e contra eles será executada, até o limite do autoridade competente, cessando os efeitos da penali-
valor da herança recebida. dade uma vez cumprida a determinação.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e penalidade de suspensão poderá ser convertida em
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia
de vencimento ou remuneração, ficando o servidor
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa re- obrigado a permanecer em serviço.
sulta de ato omissivo ou comissivo praticado no de-
sempenho do cargo ou função. Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen-
são terão seus registros cancelados, após o decurso de
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respecti-
poderão cumular-se, sendo independentes entre si. vamente, se o servidor não houver, nesse período, pra-
ticado nova infração disciplinar.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
negue a existência do fato ou sua autoria. surtirá efeitos retroativos.

Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên- I - crime contra a administração pública;
cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita II - abandono de cargo;
de envolvimento desta, a outra autoridade competen- III - inassiduidade habitual;
te para apuração de informação concernente à prática IV - improbidade administrativa;
de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen- V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
to, ainda que em decorrência do exercício de cargo, repartição;
emprego ou função pública. (Incluído pela Lei VI - insubordinação grave em serviço;
nº 12.527, de 2011) VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a parti-
cular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
Capítulo V VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
Das Penalidades IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra-
zão do cargo;
Art. 127. São penalidades disciplinares: X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
I - advertência; mônio nacional;
II - suspensão; XI - corrupção;
III - demissão; XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; ções públicas;
V - destituição de cargo em comissão; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
VI - destituição de função comissionada.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumula-
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão conside- ção ilegal de cargos, empregos ou funções públicas,
radas a natureza e a gravidade da infração cometida, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o
os danos que dela provierem para o serviço público, as servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antece- apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias,
dentes funcionais. contados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
adotará procedimento sumário para a sua apuração
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade men- e regularização imediata, cujo processo administra-
cionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

tivo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:


disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - instauração, com a publicação do ato que constituir
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos
a comissão, a ser composta por dois servidores está-
casos de violação de proibição constante do art. 117,
veis, e simultaneamente indicar a autoria e a materia-
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcio-
lidade da transgressão objeto da apuração; (In-
nal previsto em lei, regulamentação ou norma interna,
cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
que não justifique imposição de penalidade mais grave.
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
fesa e relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reinci-
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
dência das faltas punidas com advertência e de viola-
10.12.97)
ção das demais proibições que não tipifiquem infração
§ 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exce-
dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma-
der de 90 (noventa) dias.

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terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata
funções públicas em situação de acumulação ilegal, este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35
dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de será convertida em destituição de cargo em comissão.
ingresso, do horário de trabalho e do correspondente
regime jurídico. (Redação dada pela Lei nº 9.527, Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co-
de 10.12.97) missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
§ 2º A comissão lavrará, até três dias após a publi- implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
cação do ato que a constituiu, termo de indiciação ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
em que serão transcritas as informações de que trata
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em
o parágrafo anterior, bem como promoverá a cita-
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
ção pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do
processo na repartição, observado o disposto nos arts. Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço pú-
163 e 164. (Redação dada pela Lei nº 9.527, blico federal o servidor que for demitido ou destituído
de 10.12.97) do cargo em comissão por infringência do art. 132,
§ 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela- incisos I, IV, VIII, X e XI.
tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabili-
dade do servidor, em que resumirá as peças principais Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência
dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em intencional do servidor ao serviço por mais de trinta
exame, indicará o respectivo dispositivo legal e reme- dias consecutivos.
terá o processo à autoridade instauradora, para julga-
mento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a fal-
§ 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimen- ta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias,
to do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua interpoladamente, durante o período de doze meses.
decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto
no § 3o do art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas-
de 10.12.97) siduidade habitual, também será adotado o procedi-
mento sumário a que se refere o art. 133, observando-
§ 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo
-se especialmente que: (Redação dada pela Lei
para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que
nº 9.527, de 10.12.97)
se converterá automaticamente em pedido de exone- I - a indicação da materialidade dar-se-á: (In-
ração do outro cargo. (Incluído pela Lei nº 9.527, cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 10.12.97) a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a precisa do período de ausência intencional do servidor
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ao serviço superior a trinta dias; (Incluído pela Lei
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em nº 9.527, de 10.12.97)
relação aos cargos, empregos ou funções públicas em b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
regime de acumulação ilegal, hipótese em que os ór- dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por
gãos ou entidades de vinculação serão comunicados. período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) mente, durante o período de doze meses; (In-
§ 7º O prazo para a conclusão do processo adminis- cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não ex- II - após a apresentação da defesa a comissão elabo-
cederá trinta dias, contados da data de publicação do rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à res-
ato que constituir a comissão, admitida a sua prorro- ponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
gação por até quinze dias, quando as circunstâncias principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo
o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so-
bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
10.12.97)
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade ins-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposi-


tauradora para julgamento. (Incluído pela Lei nº
ções deste artigo, observando-se, no que lhe for apli- 9.527, de 10.12.97)
cável, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV
e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.527, de Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
10.12.97) I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponi- pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar
bilidade do inativo que houver praticado, na ativida- de demissão e cassação de aposentadoria ou dispo-
de, falta punível com a demissão. nibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
órgão, ou entidade;
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos imediatamente inferior àquelas mencionadas no inci-
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão so anterior quando se tratar de suspensão superior
e de demissão. a 30 (trinta) dias;

22
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na a) Ato de improbidade administrativa que importe
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, enriquecimento ilícito;
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 b) Ato de improbidade administrativa que importe
(trinta) dias; lesão ao erário;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, c) Ato de improbidade administrativa que atente
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. contra os princípios da administração pública.

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: Os atos de improbidade administrativa não são cri-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com mes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili- cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure simul-
dade e destituição de cargo em comissão; taneamente um ato de improbidade administrativa des-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; ta lei e um crime previsto na legislação penal, o que é
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à adver- comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por
tência. ambos, nas duas esferas.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte
em que o fato se tornou conhecido. forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal passivo) e daqueles que podem praticar os atos de im-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas tam- probidade administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a
bém como crime. reparação do dano ao lesionado e o ressarcimento ao
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de im-
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de- probidade administrativa, isto é, enumera condutas de
cisão final proferida por autoridade competente. tal natureza; seguindo-se à definição das sanções aplicá-
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo come- veis; e, finalmente, descreve os procedimentos adminis-
çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. trativo e judicial.
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públi-
cos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
LEI Nº 8.429/1992: IMPROBIDADE mandato, cargo, emprego ou função na administra-
ADMINISTRATIVA. ção pública direta, indireta ou fundacional e dá outras
providências.
O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elemen-
LEI 8.429/92 E ALTERAÇÕES (LEI DE IMPROBIDADE tos importantes para a sua boa compreensão:
ADMINISTRATIVA).
a) O agente público pode estar exercendo mandato,
A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa, quando for eleito para tanto; cargo, no caso de
que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo um conjunto de atribuições e responsabilidades
de desonestidade administrativa. A improbidade é uma conferido a um servidor submetido a regime esta-
lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita- tutário (é o caso do ingresso por concurso); em-
do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo prego público, se o servidor se submeter a regime
sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo celetista (CLT); função pública, que corresponde
qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, sin- à categoria residual, valendo para o servidor que
ceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”20. tenha tais atribuições e responsabilidades mas não
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada exerça cargo ou emprego público. Percebe-se que
devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes o conceito de agente público que se sujeita à lei é
do serviço público que se intensificavam com a ineficá- o mais amplo possível.
cia do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. b) O exercício pode se dar na administração direta,
Decorreu, assim, da necessidade de acabar com os atos indireta ou fundacional. A administração públi-
atentatórios à moralidade administrativa e causadores de ca apresenta uma estrutura direta e outra indire-
prejuízo ao erário público ou ensejadores de enriqueci- ta, com seus respectivos órgãos. Por exemplo, são
mento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

órgãos da administração direta os ministérios e


Com o advento da Lei nº 8.429/92, os agentes públi- secretarias, isto é, os órgãos que compõem a es-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos trutura do Executivo, Legislativo ou Judiciário; são
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos integrantes da administração indireta as autar-
9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A existên- quias, fundações públicas, empresas públicas e so-
cia de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal ciedades de economia mista.
e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em- CAPÍTULO I
bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização Das Disposições Gerais
em esferas distintas do Direito.
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qual-
improbidade administrativa em três categorias: quer agente público, servidor ou não, contra a admi-
nistração direta, indireta ou fundacional de qual-
20 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

23
Federal, dos Municípios, de Território, de empresa in- Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta
corporada ao patrimônio público ou de entidade lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido mente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
ou concorra com mais de cinquenta por cento do designação, contratação ou qualquer outra forma de
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na for- investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ma desta lei. ou função nas entidades mencionadas no artigo an-
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida- terior.
des desta lei os atos de improbidade praticados contra
o patrimônio de entidade que receba subvenção, be- Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que
nefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
público bem como daquelas para cuja criação ou cus- induza ou concorra para a prática do ato de impro-
teio o erário haja concorrido ou concorra com menos bidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta
de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ou indireta.
anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimo-
nial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos Os sujeitos ativos do ato de improbidade administra-
cofres públicos. tiva se dividem em duas categorias: os agentes públicos,
definidos no art. 2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°.
“Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como ví- “Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato
tima do ato de improbidade administrativa”. A lei adota de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai
uma noção ampla, pela qual são abrangidas entidades vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em
que, sem integrarem a Administração, possuem alguma alguns casos, não pratica o ato em si, mas oferece sua
espécie de conexão com ela.21 colaboração, ciente da desonestidade do comportamen-
to, Em outros, obtém benefícios do ato de improbidade,
O agente público pode ser ou não um servidor públi- muito embora sabedor de sua origem escusa”22.
co. O conceito de agente público é melhor delimitado no A ampla denominação de agentes públicos conferida
artigo seguinte. pela lei de improbidade administrativa apenas tem efeito
Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição para os fins desta lei, ou seja, visando a imputação dos
ou órgão que desempenhe diretamente o interesse do atos de improbidade administrativa. Percebe-se a ampli-
Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes da tude pelos elementos do conceito:
administração direta, indireta e fundacional, conforme o a) Tempo: exercício transitório ou definitivo;
preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma en- b) Remuneração: existente ou não;
tidade privada que desempenhe tais fins, desde que a c) Espécie de vínculo: por eleição, nomeação, desig-
verba de criação ou custeio tenha sido ou seja pública nação, contratação ou qualquer outra forma de
em mais de50% do patrimônio ou receita anual. investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
Caso a verba pública que tenha auxiliado uma entida- ou função;
de privada a qual o Estado não tenha concorrido para d) Local do exercício: em qualquer entidade que pos-
criação ou custeio, também haverá sujeição às penali- sa ser sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário
dades da lei. Em caso de custeio/criação pelo Estado de uma ONG criada pelo Estado é considerado
que seja inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, agente público para os efeitos desta lei.
a legislação ainda se aplica. Entretanto, nestes dois ca-
sos, a sanção patrimonial se limitará ao que o ilícito O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as con-
repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Sig- dutas de induzir ou concorrer em relação ao agente pú-
nifica que se o prejuízo causado for maior que a efetiva blico, ou seja, incentivando-o ou mesmo participando
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento diretamente do ilícito. Este terceiro jamais será pessoa
terá que ser buscado por outra via que não a ação de jurídica, deve necessariamente ser pessoa física.
improbidade administrativa.
Basicamente, o dispositivo enumera os principais su- Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hie-
jeitos passivos do ato de improbidade administrativa, di- rarquia são obrigados a velar pela estrita observância
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

vidindo-os em três grupos: a) pessoas da administração dos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
direta, diretamente vinculados a União, Estados, Distrito ralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe
Federal ou Municípios; b) pessoas da administração in- são afetos.
direta, isto é, autarquias, fundações públicas, empresas
públicas e sociedades de economia mista; c) pessoa cuja Trata-se de referência expressa aos princípios do art.
criação ou custeio o erário tenha contribuído com mais 37, caput, CF. Não se menciona apenas o princípio da efi-
de 50% do patrimônio ou receita naquele ano. ciência, o que não significa que possa ser desrespeitado,
No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passivos afinal, ele é abrangido indiretamente.
secundários, que são: a) entidades que recebam subven-
ção, benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b) pes- Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por
soa cuja criação ou custeio o erário tenha contribuído com ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de
menos de 50% do patrimônio ou receita naquele ano. terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- 22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

24
Integral ressarcimento do dano é a devolução corrigi- Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de impro-
da monetariamente de todos os valores que foram retira- bidade administrativa, os herdeiros arcarão com o dever
dos do patrimônio público. No entanto, destaca-se que a de ressarcir o dano, claro, nos limites dos bens que ele
lei garante não só o integral ressarcimento, mas também deixar como herança.
a devolução do enriquecimento ilícito: mesmo que a pes-
soa não cause prejuízo direto ao erário, mas lucre com CAPÍTULO II
um ato de improbidade administrativa, os valores devem Dos Atos de Improbidade Administrativa
ir para os cofres públicos.
Como não é possível ser desonesto sem saber que se
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o está agindo desta forma, o elemento comum a todas as
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou va- hipóteses de improbidade administrativa é o dolo, que
lores acrescidos ao seu patrimônio. consiste na intenção do agente em praticar o ato deso-
nesto (alguns entendem como inconstitucionais todas as
Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que, referências a condutas culposas - inclusive parte do STJ).
por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru- Os atos de improbidade administrativa foram dividi-
dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que dos, originalmente, em três grupos, nos artigos 9°, 10 e
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo 11, conforme a gravidade do ato, indo do grupo mais
central do instituto denominado responsabilidade civil, grave ao menos grave. Em seguida, foi inserido um novo
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária grupo no artigo 10-A. A cada grupo é aplicada uma es-
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), pécie diferente de sanção no caso de confirmação da
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer prática do ato apurada na esfera administrativa.
uma violação de direito e culpa é a falta de diligência), Nos três grupos originais do capítulo II, enquanto o
nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/omis- caput traz as condutas genéricas, os incisos delimitam
são e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido condutas específicas, que nada mais são do que exem-
pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral plos de situações do caput, logo, os incisos são uma re-
ou material, econômico e não econômico). É a este ins- lação meramente exemplificativa23, sendo suficiente bem
tituto que se relacionam as sanções da perda de bens e compreender como encontrar os requisitos genéricos
valores e de ressarcimento integral do dano. para fins de provas. No grupo acrescido posteriormen-
O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado te, o legislador não discriminou em incisos as condutas
é o material. No caso, há um correspondente financeiro praticáveis.
direto, de modo que a condenação será no sentido de
pagar ao Estado o equivalente ao prejuízo causado.
O agente público e o terceiro que com ele concor- #FicaDica
ra responderão pelos danos causados ao erário público Todos os atos de improbidade descritos nos
com seu patrimônio. Inclusive, perderão os valores patri- artigos 9o, 10 e 11 contam com um rol de
moniais acrescidos devido à prática do ato ilícito. O dano condutas que se enquadram nos elementos
causado deverá ser ressarcido em sua totalidade. do caput. Contudo, basta o enquadramento
no caput para se caracterizar o ato de
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao improbidade administrativa. Significa dizer
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, que o rol é apenas exemplificativo em cada
caberá a autoridade administrativa responsável pelo um dos artigos.
inquérito representar ao Ministério Público, para a
indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o Seção I
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o Dos Atos de Improbidade Administrativa que Impor-
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo tam Enriquecimento Ilícito
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Será oferecida representação ao Ministério Público importando enriquecimento ilícito auferir qualquer
para que ele postule a indisponibilidade dos bens do in- tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
diciado, de modo a garantir que ele não aliene seu pa- exercício de cargo, mandato, função, emprego ou ati-
trimônio para não reparar o ilícito. Por indisponibilidade vidade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
entende-se bloquear os bens para que não sejam vendi- e notadamente:
dos ou deteriorados, garantindo que o dano possa ser
reparado quando da condenação judicial. O grupo mais grave de atos de improbidade adminis-
A indisponibilidade será suficiente para dar integral trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento
ressarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo patri- + ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial
monial resultante do ilícito. indevida + em razão do exercício de cargo, mandato,
emprego, função ou outra atividade nas entidades do
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimô- artigo 1°:
nio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
cominações desta lei até o limite do valor da herança.
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

25
a) O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado
não se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior,
obedeça aos ditames morais, notadamente no de- na qual o fim visado é permitir a aquisição, alienação, tro-
sempenho de função de interesse estatal. ca ou locação de bem móvel ou imóvel por preço diverso
b) Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- ao de mercado. Percebe-se um ato de improbidade que
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamen- causa prejuízo direto ao erário.
te tenha ocorrido dano aos cofres públicos (por
exemplo, quando um policial recebe propina pra- No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem
tica ato de improbidade administrativa, mas não móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de
atinge diretamente os cofres públicos). mercado; no inciso III, um bem móvel ou imóvel perten-
c) É preciso que a conduta se consume, ou seja, que cente ao Estado é vendido, trocado ou alugado em preço
realmente exista o enriquecimento ilícito decor- inferior ao de mercado.
rente de uma vantagem patrimonial indevida.
d) Como fica difícil imaginar que alguém possa se en- IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
riquecer ilicitamente por negligência, imprudência máquinas, equipamentos ou material de qualquer na-
ou imperícia, todas as condutas configuram atos tureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
dolosos (com intenção). das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
e) Não cabe prática por omissão.24 como o trabalho de servidores públicos, empregados
ou terceiros contratados por essas entidades;
Entende Carvalho Filho25 que no caso do art. 9° o re-
quisito é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o pres- Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender
suposto exigível do tipo é a percepção de vantagem pa- ao Estado e, consequentemente, à preservação do bem
trimonial ilícita obtida pelo exercício da função pública comum na sociedade. Logo, quando um servidor público
em geral. Pressuposto dispensável é o dano ao erário”. O utiliza esta estrutura material ou pessoal para atender aos
elemento subjetivo é o dolo, pois fica difícil imaginar que seus próprios interesses, causa prejuízo direto aos cofres
um servidor obtenha vantagem indevida por negligência, públicos e obtém uma vantagem indevida (a natural van-
imprudência ou imperícia (culpa). Da mesma forma, é in- tagem decorrente do uso de algo que não lhe pertence).
compatível com a conduta omissiva, aceitando apenas a
comissiva (ação). V - receber vantagem econômica de qualquer nature-
Todas as condutas descritas abaixo são meros exem- za, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a
plos de condutas compostas pelos elementos genéricos prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico,
da cabeça do artigo. Com efeito, estando eles presentes, de contrabando, de usura ou de qualquer outra ativi-
não importa a ausência de dispositivo expresso no rol dade ilícita,
abaixo.
Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem omitido para facilitar condutas como lenocínio (explorar,
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco- estimular ou facilitar a prostituição), narcotráfico (envol-
nômica, direta ou indireta, a título de comissão, per- ver-se em atividades no mundo das drogas, como venda
centagem, gratificação ou presente de quem tenha e distribuição), contrabando (importar ou exportar mer-
interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou cadoria proibida), usura (agiotagem, fornecer dinheiro
amparado por ação ou omissão decorrente das atri- a juros absurdos) ou qualquer outra atividade ilícita. Se,
buições do agente público; ainda por cima, se obter vantagem indevida pela tole-
rância da prática do ilícito, resta caracterizado um ato de
Significa receber qualquer vantagem econômica, in- improbidade administrativa da espécie mais grave, ora
clusive presentes, de pessoas que tenham interesse dire- descrita neste art. 9° em estudo.
to ou indireto em que o agente público faça ou deixe de
fazer alguma coisa. VI - receber vantagem econômica de qualquer nature-
za, direta ou indireta, para fazer declaração falsa so-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, bre medição ou avaliação em obras públicas ou qual-
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem quer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas qualidade ou característica de mercadorias ou bens
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no
valor de mercado; art. 1º desta lei;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, Da mesma forma, é vedado o recebimento de vanta-
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem gens para fazer declarações falsas na avaliação de obras
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal e serviços em geral.
por preço inferior ao valor de mercado;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
24 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
Método, 2011. qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

26
A desproporção entre o rendimento percebido no O grupo intermediário de atos de improbidade admi-
exercício das funções e o patrimônio acumulado é um for- nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao
te indício da percepção indevida de vantagens. Claro, se erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo-
comprovada que a desproporção se deu por outros moti- nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como
vos lícitos, não há ato de improbidade administrativa (por o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e
exemplo, ganhar na loteria ou receber uma boa herança). os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam
o seu conteúdo.26
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade
de consultoria ou assessoramento para pessoa física a) Perda patrimonial é o gênero, do qual são espé-
ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingi- cies: desvio, que é o direcionamento indevido;
do ou amparado por ação ou omissão decorrente das apropriação, que é a transferência indevida para
atribuições do agente público, durante a atividade; a própria propriedade; malbaratamento, que sig-
nifica desperdício; e dilapidação, que se refere a
O agente público não pode trabalhar em funções in- destruição.27
compatíveis com as que desempenha para o Estado, no- b) É preciso que seja causado dano a uma das pes-
tadamente quando isso influenciar nas atitudes por ele soas do art. 1° da lei. No entanto, o enriquecimen-
tomadas no exercício das funções públicas. Afinal, acei- to ilícito é dispensável.
tando uma posição que comprometa sua imparcialidade, c) O crime pode ser praticado por ação ou omissão.
o agente prejudicará o interesse público.
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio públi-
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a co, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
natureza; Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp
Para que as verbas públicas sejam liberadas ou aplica- n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucio-
das há todo um procedimento estabelecido em lei, não nalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ con-
cabendo ao servidor violá-lo e muito menos receber van- solidou a tese de que é indispensável a existência de dolo
tagem por tal violação. Há improbidade, por exemplo, na nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos de
fraude em licitação. culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao erário
precisa ser comprovado. De acordo com o ministro Castro
X - receber vantagem econômica de qualquer nature- Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente não pre-
za, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, tende atingir o resultado danoso, mas atua com negligên-
providência ou declaração a que esteja obrigado; cia, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”28. Para
Carvalho Filho29, não há inconstitucionalidade na modalida-
A percepção de vantagem econômica para omitir de culposa, lembrando que é possível dosar a pena confor-
qualquer ato que seja obrigado a praticar caracteriza ato me o agente aja com dolo ou culpa.
de improbidade administrativa. O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer- indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados
desta lei; se aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in-
valores integrantes do acervo patrimonial das entida- corporação ao patrimônio particular, de pessoa física
des mencionadas no art. 1° desta lei. ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores inte-
grantes do acervo patrimonial das entidades mencio-
Como visto, todo o aparato material e financeiro pro- nadas no art. 1º desta lei;
piciado para o desempenho das funções públicas perten-
cem à máquina estatal e devem servir ao bem comum, II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

não cabendo a utilização em proveito próprio, o que jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valo-
gera uma natural vantagem econômica, sob pena de in- res integrantes do acervo patrimonial das entidades
cidir em improbidade administrativa. mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
Seção II à espécie;
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam 26 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Prejuízo ao Erário Método, 2011.
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
28 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administra-
que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
tiva: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, des- em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
vio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º des- 29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
ta lei, e notadamente: trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

27
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou as- autorizadas em lei ou regulamento;
sistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimô-
nio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º Todas as despesas que podem ser assumidas pelo Po-
desta lei, sem observância das formalidades legais e der Público encontram respectiva previsão em alguma lei
regulamentares aplicáveis à espécie; ou diretriz orçamentária.

Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
a estrutura da administração pública somente devem ser renda, bem como no que diz respeito à conservação
utilizados por ela. Por isso, não cabe a incorporação de seu do patrimônio público;
patrimônio ao acervo de qualquer pessoa física ou jurídica
e mesmo a simples utilização deve obedecer aos ditames A arrecadação de tributos é essencial para a manu-
legais. Quem agir, aproveitando da função pública, de tenção da máquina estatal, não podendo o agente públi-
modo a permitir tais situações, incide em ato de improbi- co ser negligente (se omitir, deixar de ser zeloso) no que
dade administrativa, ainda que não receba nenhuma van- tange ao levantamento desta renda.
tagem por seu ato (havendo enriquecimento ilícito, está
presente um ato do art. 9°, categoria mais grave). XI - liberar verba pública sem a estrita observância
Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser para a sua aplicação irregular;
preservado e sua transmissão/utilização deve obedecer
a legislação vigente. Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso
obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou lo- interesse estatal.
cação de bem integrante do patrimônio de qualquer Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta catego-
das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a ria intermediária de atos de improbidade administrativa:
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior que seja causado prejuízo ao erário, sem que o agen-
ao de mercado; te responsável pelo dano receba vantagem indevida. A
questão é preservar o interesse estatal, garantindo que
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação os bens e verbas públicas sejam corretamente utilizados,
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado; arrecadados e investidos.
Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro
artigo anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não per- se enriqueça ilicitamente;
ceber vantagem indevida pela sua conduta. Aliás, é exa-
tamente pela falta deste elemento que o ato se enquadra Como visto, quanto o agente público obtém vanta-
na categoria intermediária, e não mais grave, dentro da gem própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais
classificação das improbidades. graves do artigo anterior. Caso concorde com o enri-
quecimento ilícito de terceiro, por exemplo, seu superior
VI - realizar operação financeira sem observância das hierárquico, ou colabore para que ele ocorra, também
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia cometerá ato de improbidade administrativa, embora de
insuficiente ou inidônea; menor gravidade.
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço parti-
observância das formalidades legais ou regulamenta- cular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de
res aplicáveis à espécie; qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta
A realização de operações financeiras, como a libe- lei, bem como o trabalho de servidor público, emprega-
ração de verbas e o investimento destas, e a concessão dos ou terceiros contratados por essas entidades.
de benefícios são papéis muito importantes desempe-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

nhados pelo agente público, que deverá cumprir estrita-


Não se deve permitir que terceiros utilizem do apa-
mente a lei.
rato da máquina estatal, tanto material quanto pessoal,
mesmo que não se obtenha vantagem alguma com tal
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de pro-
concessão.
cesso seletivo para celebração de parcerias com entida-
des sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que te-
nha por objeto a prestação de serviços públicos por
Processo licitatório é aquele em que se realiza a li-
meio da gestão associada sem observar as formalida-
citação, procedimento detalhado prescrito em lei pelo
des previstas na lei;
qual o Estado contrata serviços, adquire produtos, aliena
bens, etc. A finalidade de cumprir o procedimento legal
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público
de forma estrita é garantir a preservação do interesse da
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem
sociedade, não cabendo ao agente público passar por
observar as formalidades previstas na lei.
cima destas regras (Lei n° 8.666/93).

28
A celebração de contratos de qualquer natureza com- Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
promete diretamente o orçamento público, causando pre- evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municí-
juízo ao erário. Por isso, deve-se obedecer as prescrições pios, fixando-se a alíquota mínima em 2%.
legais que disciplinam a celebração de contratos adminis- Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro
trativos, deliberando com responsabilidade a respeito das de sua competência constitucional alíquotas inferiores a
contratações necessárias e úteis ao bem comum. 2% para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo
fiscal), prejudicando os municípios vizinhos.
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física administrativa a eventual concessão do benefício abaixo
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públi- da alíquota mínima.
cos transferidos pela administração pública a entidades
privadas mediante celebração de parcerias, sem a ob- Seção III
servância das formalidades legais ou regulamentares Dos Atos de Improbidade Administrativa que Aten-
aplicáveis à espécie; tam Contra os Princípios da Administração Pública

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores que atenta contra os princípios da administração pú-
públicos transferidos pela administração pública a enti- blica qualquer ação ou omissão que viole os deveres
dade privada mediante celebração de parcerias, sem a de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade
observância das formalidades legais ou regulamenta- às instituições, e notadamente:
res aplicáveis à espécie;
O grupo mais ameno de atos de improbidade admi-
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com nistrativa se caracteriza pela simples violação a prin-
entidades privadas sem a observância das formalidades cípios da administração pública, ou seja, aplica-se a
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; qualquer atitude do sujeito ativo que viole os ditames
éticos do serviço público. Isto é, o legislador pretende a
XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para cele- preservação dos princípios gerais da administração pú-
bração de parcerias da administração pública com en- blica.30
tidades privadas ou dispensá-lo indevidamente; a) O objeto de tutela são os princípios constitucionais;
b) Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dis-
XX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e pensáveis o enriquecimento ilícito e o dano ao erário;
análise das prestações de contas de parcerias firmadas c) Somente é possível a prática de algum destes atos
pela administração pública com entidades privadas; com dolo (intenção);
d) Cabe a prática por ação ou omissão.
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela admi-
nistração pública com entidades privadas sem a estrita Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida-
observância das normas pertinentes ou influir de qual- de para não permitir a caracterização de abuso de poder,
quer forma para a sua aplicação irregular. diante do conteúdo aberto do dispositivo.
Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que
Seção II-A se aplica quando o ato de improbidade administrativa
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes não tiver gerado obtenção de vantagem indevida ou
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi- dano ao erário.
nanceiro ou Tributário
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamen-
to ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar de ofício;
ou manter benefício financeiro ou tributário con- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

trário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Ser- VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado
viços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). a fazê-lo;
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isen- VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento
ções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor
inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito de medida política ou econômica capaz de afetar o
presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma preço de mercadoria, bem ou serviço.
que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributá- VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fis-
ria menor que a decorrente da aplicação da alíquota calização e aprovação de contas de parcerias firmadas
mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços pela administração pública com entidades privadas.
a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista
30 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
anexa a esta Lei Complementar.
Método, 2011.

29
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor
acessibilidade previstos na legislação. do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído
X - transferir recurso a entidade privada, em razão da pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
prestação de serviços na área de saúde sem a prévia Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta
celebração de contrato, convênio ou instrumento con- lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado,
gênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (Lei do SUS).
As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são
É possível perceber, no rol exemplificativo de condu- de natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil.
tas do artigo 11, que o agente público que pratique qual-
quer ato contrário aos ditames da ética, notadamente os Como visto, no caso do art. 9°, categoria mais gra-
originários nos princípios administrativos constitucionais, ve, o agente obtém um enriquecimento ilícito (vantagem
pratica ato de improbidade administrativa. econômica indevida) e pode ainda causar dano ao erário,
Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos vi- por isso, deverá não só reparar eventual dano causado
sando o bem comum, agir com efetividade e rapidez, mas também colocar nos cofres públicos tudo o que ad-
manter sigilo a respeito dos fatos que tenha conheci- quiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o
mento devido a sua função, tornar públicos os atos ofi- que enriqueceu indevidamente ou este valor acrescido
ciais, zelar pela boa realização de atos administrativos em do valor do prejuízo causado aos cofres públicos (quanto
geral (como a realização de concurso público), prestar o Estado perdeu ou deixou de ganhar). No caso do artigo
contas, entre outros. 10, não haverá enriquecimento ilícito, mas sempre existi-
rá dano ao erário, o qual será reparado (eventualmente,
CAPÍTULO III ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor adqui-
Das Penas rido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo
que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido res-
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis sarcimento. Na hipótese do artigo 10-A, não se denota
e administrativas previstas na legislação específica, nem enriquecimento ilícito e nem dano ao erário, pois no
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às máximo a prática de guerra fiscal pode gerar
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isola- Em todos os casos há perda da função pública.
da ou cumulativamente, de acordo com a gravidade
do fato: Nas três categorias iniciais, são estabelecidas sanções
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarci- contratação ou percepção de vantagem, graduadas con-
mento integral do dano, quando houver, perda da forme a gravidade do ato, enquanto que na quarta cate-
função pública, suspensão dos direitos políticos de goria apenas se prevê a suspensão de direitos políticos
oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três e a multa.
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções
contratar com o Poder Público ou receber benefícios por atos de improbidade administrativa, que se encontra
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta- no art. 37, § 4º, CF:
mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica Os atos de improbidade administrativa importarão a
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; suspensão dos direitos políticos, a perda da função públi-
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral ca, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erá-
do dano, perda dos bens ou valores acrescidos rio, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta cir- ação penal cabível.
cunstância, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento Carvalho Filho31 tece considerações a respeito de al-
de multa civil de até duas vezes o valor do dano e gumas das sanções:
proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou a) Perda de bens e valores: “tal punição só incide so-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa bre os bens acrescidos após a prática do ato de
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de improbidade. Se alcançasse anteriores, ocorreria
cinco anos; confisco, o que restaria sem escora constitucional.
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do Além disso, o acréscimo deve derivar de origem
dano, se houver, perda da função pública, suspensão ilícita”.
dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento b) Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração que engloba dano moral. Cabe acréscimo de cor-
percebida pelo agente e proibição de contratar com o reção monetária e juros de mora.
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais c) Perda de função pública: “se o agente é titular de
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por mandato, a perda se processa pelo instrumento de
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majori- cassação. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á
tário, pelo prazo de três anos. à demissão do serviço público. Havendo contrato
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

30
de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a perda da função pública se consubstancia pela rescisão do
contrato com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função pública, fora de tais situações, a per-
da se dará pela revogação da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam a procedimento
especial para perda da função pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
d) Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados
nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato de
improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração do agente).
A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter indenizatório, mas punitivo.
e) Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos
sócio majoritário da instituição vitimada.
f) Proibição de contratar: o agente punido não pode participar de processos licitatórios.

#FicaDica
Artigo 9° Artigo 10 Artigo 10-A Artigo 11
Suspensão
de direitos 8 a 9 anos 5 a 8 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
políticos
Até 3X o valor do
Até 3X o Até 100X o valor
Até 2X o dano benefício financeiro
Multa enriquecimento da remuneração do
causado. ou tributário
experimentado agente
concedido
Vedação de
contratação ou 10 anos 5 anos – 3 anos
vantagem

CAPÍTULO IV
Da Declaração de Bens

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores
que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de
bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores pa-
trimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do
declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do man-
dato, cargo, emprego ou função.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.

Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de agente público deve apresentar declaração de bens que
deverá ser renovada anualmente (§2°) sob pena de demissão (§3°). Assim, trata-se de condição para o exercício das
atribuições de agente público.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A finalidade é a de assegurar que o agente público não receba vantagens indevidas, possuindo instrumento para
fiscalizá-lo caso o faça.
Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os do agente público, mas também os de seus dependentes.
Por isso, não adiantará nada o agente colocar os bens decorrentes do enriquecimento ilícito em nome de pessoas que
dele dependam, e não em seu nome.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - FUMARC/2018) Está CORRETO o que se afirma em:

a) A Lei n. 8.429/1992 veda, expressamente, transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade administrativa.
b) A violação a quaisquer dos princípios da Administração Pública pode constituir ato de improbidade administrativa,
independente da aferição de culpa ou dolo do agente.

31
c) Embora o ato de improbidade administrativa, quando praticado por servidor público, também corresponda a um
ilícito administrativo, não há obrigatoriedade de instauração do procedimento adequado à apuração da responsa-
bilidade pela autoridade administrativa competente, haja vista que as sanções previstas no artigo 37, § 4º, da CR/88
somente podem ser aplicadas após o trânsito em julgado de sentença condenatória
d) Entre os legitimados ativos para propor a ação de improbidade administrativa figuram o Ministério Público, empresa
incorporada ao patrimônio público e entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual.

Resposta: Letra A.
Disciplina a Lei nº 8.429/1992: “Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro
dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. § 1º É
vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput”.
B. Os atos administrativos que atentam contra princípios da administração devem ser dolosos (artigo 11, LIA).
C. Nada impede a instauração concomitante de processo administrativo, até porque são independentes as esferas.
D. “Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar” (LIA).
2. (CBTU - TÉCNICO INDUSTRIAL - TIN - EDIFICAÇÕES - FUMARC/2016) Constitui ato de improbidade adminis-
trativa que atenta contra os princípios da administração pública:

a) Celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão
associada sem observar as formalidades previstas na lei.
b) Celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie.
c) Permitir que se utilizem, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° dessa lei, bem como o
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
d). Revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo.

Resposta: Letra D. Neste sentido, a Lei nº 8.429/1992: “Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: [...] III - revelar fato ou circunstância de que tem
ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo”.
A, B e C. São todos atos de improbidade que implicam em lesão ao erário, previstos no artigo 10, respectivamente,
nos incisos XIV, XVIII e XIII.

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.

1. Processo Administrativo Disciplinar

A necessidade de se instaurar um processo, isso é, uma sequência de atos para o exercício da jurisdição, tem seu
fundamento no princípio constitucional do devido processo legal. O devido processo legal pode ser compreendido
como o “escudo da humanidade” contra a prática de atos abusivos por parte do Estado. Seu fundamento legal está
previsto no art. 5º, LIV, da Constituição Federal, o qual assegura que ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A obrigatoriedade do devido processo legal não se aplica somente à seara judicial, mas também vincula a Adminis-
tração Pública e o Poder Legislativo, pois no moderno Estado de Direito, a validade das decisões praticadas por órgãos
e agentes governamentais está condicionada ao cumprimento de um rito procedimental previamente estabelecido.
Por isso, é de grande importância o estudo do processo administrativo disciplinar, que visa a dar maior transparência e
garantia do exercício de uma boa Administração para os particulares.

32
F) Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma
#FicaDica linha lógica e adequação entre o fim almejado e o
meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar
Processo ou procedimento administrativo? exageros.
Embora sejam termos similares, não são si-
G) Obrigatória motivação: as decisões tomadas pe-
nônimos. “Processo” é o termo utilizado para
las autoridades devem conter pressupostos de fato
designar a relação jurídica estabelecida entre
e de direito que justifiquem as mesmas.
as partes e, por isso, denomina-se processo
H) Segurança jurídica: exige que a interpretação das
administrativo o vínculo estabelecido entre o
normas administrativas seja sempre a que melhor
Poder Público e o particular para a tomada
de uma decisão. “Procedimento”, por sua vez, atenda aos interesses dos administrados, sendo
refere-se a uma sequência ordenada de atos vedada sua aplicação retroativa, pois isso feriria o
que culminam na tomada da decisão. Proce- ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
dimento é o meio pelo qual se atende aos fins julgada.
do processo. I) Contraditório e ampla defesa: para cada ato e
cada alegação feita no processo em questão, é as-
segurado o direito de manifestação da parte con-
trária, principalmente nos processos em que resul-
1.1 Processo Administrativo e a Lei nº 9.784/1999 tem em sanções e nas situações de litígio.
Com o objetivo de regulamentar a disciplina consti- 1.1.2 Direitos e deveres dos administrados
tucional do processo administrativo, a Lei nº 9.784/1999,
denominada “Lei do Processo Administrativo”, dispõe O termo “administrado”, hoje com pouca utilização,
sobre normas básicas sobre o referido processo no âm- é usado na referida Lei para designar o usuário ou ci-
bito da Administração Federal direta e indireta, visando dadão que é administrado pelo Poder Público. A Lei nº
a proteção dos direitos dos administrados e ao melhor 9.784/1999 elenca uma série de direitos e deveres aos
cumprimento dos fins da Administração Pública. Trata- referidos administrados.
-se de lei federal, aplicável somente no âmbito da União, Assim, os usuários e cidadãos possuem as seguintes
com incidência no Poder Executivo, e também nos Pode- garantias (art. 3º): a) ser tratado com respeito pelas auto-
res Legislativo e Judiciário, no exercício de suas funções ridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de
atípicas. Entretanto, o STJ pacificou entendimento de que seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; b) ter
a referida Lei de Processo Administrativo pode ser aplicá- ciência da tramitação dos processos administrativos em
vel, subsidiariamente, às demais entidades federais que que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos,
não possuam lei própria versando sobre o tema. obter cópias de documentos neles contidos e conhecer
Com base nessas considerações, passemos a desta- as decisões proferidas; c) formular alegações e apresen-
car alguns pontos importantes da referida legislação. De tar documentos antes da decisão, os quais serão obje-
início, o art. 1º, § 2º da Lei nº 9.784/1999 procura deli- to de consideração pelo órgão competente; d) fazer-se
mitar três importantes conceitos. Órgão é a unidade de assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando
atuação integrante da estrutura da Administração direta obrigatória a representação, por força de lei.
e da estrutura da Administração indireta; entidade é a Por outro lado, o art. 4º da Lei de Processo Adminis-
unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; e trativo elenca os deveres a ser cumpridos pelos adminis-
autoridade é o servidor ou agente público dotado de trados no decurso do processo: a) expor os fatos con-
poder de decisão. forme a verdade; b) proceder com lealdade, urbanidade
e boa-fé; c) não agir de modo temerário; e d) prestar as
1.1 Princípios do processo administrativo informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o
esclarecimento dos fatos.
O caput do art. 2º da Lei nº 9.784/1999 elenca os prin-
cípios pelos quais a Administração Pública tem o dever
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

de obedecer e que regem o processo administrativo. São


eles: EXERCÍCIO COMENTADO
A) Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e
o direito positivado. 1. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
B) Impessoalidade: tem por objetivo vedar a promo- IDECAN – 2018) De acordo com a Lei 9.784/99, o admi-
ção pessoal de agentes e autoridades nistrado tem os seguintes direitos perante a Administra-
C) Finalidade: a persecução do interesse público é ção, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
primordial na conduta dos agentes administrati- I.- formular alegações e apresentar documentos, os
vos, pois é o seu objetivo maior. quais serão objeto de consideração pelo órgão compe-
D) Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve tente no prazo máximo de 10 (dez) dias;
seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé. II.- ser tratado com respeito pelas autoridades e ser-
E) Publicidade: o dever de transparência que resulta vidores, que deverão facilitar o exercício de seus direi-
a publicação dos atos administrativos de relevante tos e o cumprimento de suas obrigações;
interesse para a população. III.- não haver cobrança por despesas processuais.

33
Assinale: A avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de
competências, hipótese em que o órgão ou o titular cha-
a) se somente o item I estiver correto. ma para si atribuições de competência de órgão hierar-
b) se somente o item II estiver correto. quicamente inferior.
c) se somente o item III estiver correto. Em relação a forma, a lei citada não atribui nenhum
d) se somente os itens I e III estiverem corretos. requisito solene para o processo administrativo, apenas
e) se somente os itens II e III estiverem corretos. exige que os atos processuais deverão ser produzidos
por escrito, em vernáculo, com data e local de sua rea-
Resposta: Letra B. A assertiva I está incorreta, pois a lização e assinatura da autoridade responsável. Os atos
Lei nº 9.784/1999 não dispõe de prazo para o órgão são realizados em dias úteis, no horário de funcionamen-
apreciar as alegações do administrado. A assertiva II to da repartição na qual tramita o processo.
está correta, é o texto do art. 3º, I, da Lei de Processo
Administrativo. A assertiva III está incorreta, pois a re- 1.1.5 Dever de decidir e desistência
ferida Lei admite a hipótese de cobrança de despesas
processuais, desde que estejam previstas em lei (art. A Administração Pública tem o dever de emitir deci-
2º, XI, idem). são expressa nos processos administrativos e sobre as
solicitações e reclamações que receber, uma vez que faz
1.1.3 Instauração e legitimidade parte de sua competência. Trata-se de uma consequência
lógica do direito de petição, constitucionalmente garan-
A Administração Pública apresenta uma dinamicida- tido a todo cidadão. Encerrada a instrução, terá o prazo
de muito maior do que o Judiciário, uma vez que pode de até 30 (trinta) dias para decidir, salvo prorrogação por
agir de ofício, isso é, sem a provocação do interessado. É igual período expressamente motivada.
possível, evidentemente, que o processo administrativo Admite-se a desistência do processo, por parte do in-
possa ser instaurado a requerimento, o qual deverá ser teressado, nos termos do art. 51 da referida Lei. Para tan-
formulado por escrito e constar os seguintes elementos: to, deverá o interessado manifestar-se por escrito, com o
a) órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; b) pedido de desistência total ou parcial do pleito, ou ainda
identificação do interessado ou de quem o represente; renunciar direitos disponíveis. A desistência ou renúncia
c) domicílio do requerente ou local para recebimento de do interessado, conforme o caso, não prejudica o pros-
comunicações; d) formulação do pedido, com exposição seguimento do processo, se a Administração considerar
dos fatos e de seus fundamentos; e e) data e assinatura que o interesse público assim o exige.
do requerente ou de seu representante.
Quanto à legitimidade para a instauração do proces- 1.1.6 Recursos administrativos
so, o art. 9º da mesma Lei elenca um rol taxativo de in-
teressados: Todas as decisões adotadas em processo administra-
tivo são passíveis de recurso, em que haverá um reexame
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titu- quanto a questões de legalidade e de mérito dos atos
lares de direitos ou interesses individuais ou no exercí- administrativos objeto do litígio. O recurso deve ser di-
cio do direito de representação; rigido à autoridade que proferiu a decisão para que, no
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm prazo de 5 dias, tenha a oportunidade de reconsiderar
direitos ou interesses que possam ser afetados pela sua decisão. Se não o fizer, encaminhará a peça recursal
decisão a ser adotada; I para a autoridade hierarquicamente superior, se for re-
II - as organizações e associações representativas, no curso hierárquico próprio, ou para a entidade que exerce
tocante a direitos e interesses coletivos; tutela sobre a que proferiu a decisão, tratando-se de re-
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituí- curso hierárquico impróprio. O prazo para a interposição
das quanto a direitos ou interesses difusos. Em termos do recurso cabível é de 10 (dez) dias, contados a partir da
de capacidade processual, o art. 10 dispõe que são divulgação oficial da decisão administrativa. Vejamos, em
considerados capazes os maiores de dezoito anos, res- detalhes, os principais recursos administrativos:
salvada previsão especial em ato normativo próprio. A) Representação: é uma denúncia formal de irregu-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

laridade, feita por qualquer indivíduo, com previsão


1.1.4 Competência, forma, tempo e lugar no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que gera à Adminis-
tração o dever-poder de apurar a irregularidade, se
Nos termos do art. 11 da Lei de Processo Adminis- houver. Trata-se, por isso, de ato vinculado.
trativo, a competência é irrenunciável e se exerce pelos B) Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, administrado, particular ou servidor público, deduz
salvo os casos de delegação e avocação legalmente ad- uma pretensão perante a administração pública,
mitidos. A delegação é o fenômeno pelo qual uma au- visando obter o reconhecimento de um direito ou
toridade distribui suas competências para uma entidade a correção de um ato que lhe cause ou na iminên-
ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha hie- cia de causar lesão. A interposição da reclamação
rárquica ou não, embora haja alguns casos em que a de- não impede a apreciação do pleito pelo Judiciário,
legação é legalmente vedada, como a edição de atos de mas a reclamação interposta dentro do prazo de
caráter normativo, a decisão de recursos administrativos, 1 ano, contado da ocorrência do ato, suspende a
e as matérias de competência exclusiva da autoridade. prescrição quinquenal deste.

34
C) Pedido de reconsideração: é uma solicitação feita à Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois há
autoridade que já expediu o ato, para que o modifique um rol de legitimados para a interposição do recurso
ou o invalide, nos moldes do requerente. A reconside- hierárquico próprio, o que significa que não pode ser
ração não suspende a prescrição do Judiciário. pleiteado por terceiro. A letra C está incorreta, pois o
D) Recurso hierárquico próprio: é aquele endereça- endereçamento do recurso hierárquico próprio é feito
do a autoridade superior à que praticou o ato re- à autoridade que se situa na mesma linha organiza-
corrido. Pode ser interposto sem a necessidade de cional da autoridade recorrida, em posição hierarqui-
previsão legal, uma vez que a revisão dos atos pela camente superior. A letra D está incorreta, pois o re-
autoridade hierarquicamente superior àquela que curso hierárquico impróprio é aquele dirigido ao ente
praticou o ato é uma de suas tarefas inerentes. Vale da Administração Direta que exerce poder de tutela
ressaltar que o recurso hierárquico independe de sobre a autoridade ente da Administração Indireta. A
caução ou qualquer tipo de garantia em dinheiro, letra E está incorreta pois o recurso hierárquico tra-
conforme dispõe a Súmula Vinculante nº 21 do STF. duz-se em um pedido, um pleito. A denúncia forma é
E) Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido característica da representação administrativa.
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia
em relação ao ente que praticou o ato. É o caso, por
exemplo, de recurso interposto para o ente federati- ESPÉCIES DE PROCEDIMENTO DISCIPLINAR:
vo membro da Administração Direta, sobre alguma SINDICÂNCIAS INVESTIGATIVA, PATRIMO-
entidade da Administração Indireta. Esse tipo de re- NIAL E ACUSATÓRIA; PROCESSO ADMINIS-
curso deve possuir previsão legal, uma vez que os TRATIVO DISCIPLINAR (RITOS ORDINÁRIO E
poderes inerentes à tutela não se presumem. SUMÁRIO). FASES: INSTAURAÇÃO, INQUÉRI-
Detalhe importante que merece destaque é o expos- TO E JULGAMENTO.
to no art. 64 da Lei nº 9.784/1999: “O órgão competente
para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se 1 ESPÉCIES DE PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
a matéria for de sua competência”. Logo, percebe-se que
o referido dispositivo legal permite a reformatio in pejus Sindicâncias Investigativas
da decisão administrativa, o que pode acarretar em uma
decisão que agrave ainda mais a situação do recorrente.
Todavia, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que O servidor público, no ato de suas tarefas, possui res-
ponsabilidade e normas a serem seguidas, conforme o Di-
o recorrente, nessa hipótese, deverá ser cientificado para
reito Administrativo dispõe e regulamenta os atos a serem
que formule suas alegações antes da decisão.
praticados.
A Lei n o 8.112/90 estabelece rito próprio em obser-
vância ao princípio do devido processo legal. Neste diapa-
EXERCÍCIO COMENTADO são, o art. 143 informa que qualquer autoridade ciente de
irregularidade no serviço público, deverá apurar e através
de sindicância ou processo disciplinar, garantir a ampla
1. (DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) O
defesa ao acusado.
recurso administrativo é meio hábil para propiciar o ree-
O art. 145, II, do mesmo diploma legal à cima, es-
xame da atividade da Administração por razões de lega-
tabelece que da sindicância poderá resultar aplicação de
lidade ou de mérito. O recurso hierárquico impróprio é
penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
aquele dirigido:
dias. Nesta hipótese, a sindicância adquire todas as carac-
terísticas do processo disciplinar. No entanto, deverá ser
a) à autoridade ou instância superior do mesmo órgão conduzida com estrita observância ao princípio do contra-
administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido ditório, e assegurando-se ao acusado ampla defesa.
por terceiro interessado. A autoridade instauradora e os sindicantes da Sin-
b) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti- dicância Investigativa, possuem liberdade para desem-
ção que expediu o ato recorrido, mas com competên- penharem suas atividades como melhor entenderem,
cia julgadora expressa.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

no entanto, devendo trazer a verdade material ao caso,


c) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti- podendo utilizar-se de formulação de pedidos de infor-
ção que expediu o ato recorrido, sem a necessidade mações, onde fará referência expressa ao fim a que se
de competência julgadora expressa, bastando estar, destinam, realizar colheita de dados informativos, através
de alguma forma, em posição hierárquica superior em de diligências junto aos setores da repartição, promover
relação à autoridade recorrida. audiência de testemunhas e informantes, coletar provas,
d) à mesma autoridade que expediu o ato, para que o requisitando documentos em poder dos setores da repar-
invalide ou o modifique, e, por isso, apesar de consistir tição ou obtendo, através de expediente próprio, dentre
em reanálise é imprópria, pois não é dirigida à autori- outros.
dade ou órgão hierarquicamente superior. Apesar de não ter uma regra especifica para rea-
e) em forma de denúncia formal, à autoridade superior, lizar a sindicância, uma das etapas mais importantes da
dando conta de irregularidades internas ou abuso qual o investigador deverá realizar, é a citação do servidor
de poder na prática de atos da Administração, feita faltoso para que ele possa acompanhar todo o processo,
pela parte atingida diretamente pela irregularidade ou como provas e audiências, afim de que ele possa realizar o
abuso de poder. devido procedimento do contraditório.

35
O prazo para o servidor apresentar sua defesa, no pro- Essa sindicância desempenha papel de destaque na
cesso disciplinar é de 10 (dez) ou 20 (vinte) dias, quando o apuração das infrações administrativas potencialmente
prazo de conclusão dos trabalhos é de 60 (sessenta) dias. causadoras de enriquecimento ilícito do agente público,
Porém, quando trata-se de sindicância, o marco temporal pois, conforme há evolução no patrimônio do agente,
é reduzido pela metade, ou seja, o prazo para defesa es- poderá ser extraído indícios de incompatibilidade pa-
crita é de 5 (cinco) dias para um indiciado e 10 (dez) dias trimonial capazes de instruir a deflagração do processo
para mais de um. Quando não se conhece a autoria do administrativo disciplinar propriamente dito (podendo
ilícito, não há que se falar em direito de defesa ou punição. acarretar até em demissão).
Através da publicação do Boletim de Serviço, a sin- Com previsão legal no art. 9º, VII, da Lei nº 8.429/92,
dicância será determinada através de ato da autoridade no Decreto nº 5.483/05, e na Portaria CGU nº 335/06, o
competente em portaria, com o prazo para conclusão enriquecimento ilícito consiste em adquirir, para si ou
contado da data da publicação da portaria, não poden- para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego
do ultrapassar 30 (trinta) dias (exceto motivo relevante e ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor
justificado, podendo o prazo ser prorrogado apenas uma seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à ren-
vez por igual período). da do agente público.
De acordo com o art. 238, os prazos serão contados Havendo o indicio e ou a suspeita do enriquecimen-
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluin-
to ilícito, a autoridade investigativa deverá utilizar-se da
do-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o pri-
sindicância investigativa patrimonial para analisar a cres-
meiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que
cente evolução patrimonial do servidor, com o fim de
não haja expediente.
confirmar ou não o teor denunciativo e fundamentar a
No final do processo o servidor ou comissão sindicante
apresentar relatório circunstanciado e conclusivo dos traba- decisão pelo arquivamento ou pela instauração do pro-
lhos, o qual deverá ser constituído, em três partes: cesso contraditório.
A sindicância inicia-se com a emissão da portaria rea-
a) Deverá conter a narração dos fatos (informando lizada pelo investigador, devendo constar o(s) servidor(es)
qualquer incidente que tenha ocorrido); designado(s) para compor a comissão sindicante, o núme-
b) Em segundo, deverá ocorrer o estudo das provas, ro do processo no qual constam os fatos que serão objeto
com análise crítica dos documentos com manifesta- de apuração e o prazo para a realização dos trabalho.
ção da própria impressão sobre a credibilidade das O procedimento de sindicância patrimonial será con-
respectivas declarações, para orientação do julgador; duzido por comissão composta por dois ou mais servi-
c) Por último, realizar o parecer, fundamentando sua dores efetivos ou empregados públicos de órgãos ou
decisão conforme as provas do processo, podendo, entidades da Administração Pública Federal.
por fim, arquivar o processo, instaurar o processo O prazo para a sindicância é de 30 (trinta) dias, confor-
disciplinar, aplicar o Termo de Compromisso de Ajus- me a sindicância investigativa, tendo as mesmas regras.
tamento de Conduta ou optar pela aplicação de ad- A comissão sindicante poderá requerer o depoimen-
vertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias. to do investigado, bem como, deverá realizar todas as
diligências postas ao seu alcance no sentido de elucidar
Com os autos da sindicância em mãos, o instaurador o fato sob investigação, podendo colher informações
deverá encaminhar os documentos ao órgão de assesso- através dos Cartórios de Registros Imobiliários, Cartórios
ramento jurídico local, para análise e emissão de parecer
de Registros de Títulos e Documentos, Departamentos
e, em seguida, à Corregedoria para manifestação e pro-
de Trânsito, Juntas Comerciais, Capitania de Portos, entre
vidências quanto ao julgamento.
O julgador irá decidir sobre o caso, fundamentando outros, inclusive de outros entes da Federação.
seu parecer, decidindo através de sua própria convicção
de acordo com a livre apreciação das provas constantes
#FicaDica
do processo, não estando vinculada ao relatório. Entre-
tanto, se decidir em sentido contrário, esta deverá ser A comissão poderá solicitar o afastamento
motivada conforme as provas dos autos. do sigilo fiscal (art. 198 do Código Tributá-
rio Nacional) e bancário (art. 3º, §2º da Lei
Sindicância Investigativa Patrimonial
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Complementar nº 105, de 10 de janeiro de


2001 ) do servidor investigado, através de
Essa modalidade de sindicância, conforme os demais solicitação ao órgão integrante da Advoca-
procedimentos investigativos, é um procedimento inqui- cia-Geral da União, para o ajuizamento de
sitorial, sigiloso, não contraditório e não “punitivo” (pode processo de afastamento de sigilo bancário
ser aplicado advertência ou suspensão) objetivando a
perante o órgão judiciário.
colheita de dados e informações suficientes para serem
levados a autoridade competente na decisão sobre a de-
flagração de processo administrativo disciplinar. Desta forma a comissão irá analisar os bens e direitos
A sindicância patrimonial, como característica pró- que integram o patrimônio do servidor e o valor de cada
pria, possui escopo delimitado, constituindo importan- um deles, cotejando o resultado obtido com a renda au-
te instrumento de apuração prévia de práticas corrup- ferida pelo servidor investigado e a evolução do seu pa-
tivas envolvendo servidores públicos, na hipótese em trimônio declarado, verificando se há eventual acréscimo
que o patrimônio destes aparente ser superior à renda ou evolução anormal desse patrimônio.
licitamente auferida.

36
Por fim, o relatório deverá apontar o conteúdo de- Resposta Letra D. De acordo com a Lei nº 8112 Art.
nunciativo encontra, ou não, guarida na evolução patri- 221 - Da sindicância poderá resultar: I - arquivamento,
monial apurada do servidor, sugerindo, em consequên- por falta de prova da existência do fato ou da sua au-
cia, a instauração de processo administrativo disciplinar toria; II - arquivamento, por falta de prova suficiente à
ou o seu arquivamento. aplicação da penalidade administrativa; III - absolvição,
por existência de prova de não ser o acusado o autor
Sindicância Investigativa Acusatória do fato; IV - absolvição, por existência de prova da não-
-ocorrência do fato ou por este não constituir infração
Esta sindicância é aberta para apurar responsabili- de natureza disciplinar; V - aplicação de penalidade de
dade de menor potencial ofensivo, o qual, comumente, repreensão ou suspensão de até 30 (trinta) dias; VI -
deverá respeita o devido processo legal, por meio da am- instauração de processo administrativo disciplinar.
pla defesa, do contraditório e da produção de todos os
meios de provas admitidos em direito. Processo Administrativo Disciplinar
Com a instauração da sindicância, a comissão deve
ater-se se o procedimento será investigativo ou punitivo. a) Rito Ordinário
No caso do processo acusatório ou punitivo, a comissão No rito ordinário, o processo se divide em:
é obrigada a respeitar os princípios constitucionais do
a.1) Instauração: essa fase se inicia com a publi-
contraditório e da ampla defesa, sob pena de invalidade
cação da portaria pela autoridade competente, demons-
e de sua posterior declaração de nulidade pela própria
trando o processo do ilícito administrativo a se apurar
Administração Pública ou pelo Poder Judiciário.
(sem exposição dos fatos e autoria), possibilidade de
A sindicância investigativa dispensa autoria e mate-
rialidade definidas, respeitando o contraditório e a ampla apurar atos conexos, bem como, prazos e os membros a
defesa, podendo ser conduzida por um ou mais sindican- comporem a comissão.
tes, não possui etapas pré-definidas. Enfim, é um proce-
dimento preparatório para a instauração de um processo a.2) Inquérito Administrativo: essa fase processual
administrativo disciplinar ou mesmo de uma sindicância se subdivide ainda em:
acusatória/punitiva. - Instrução: produção de provas documentais, teste-
Já a sindicância acusatória/punitiva deve ser condu- munhais e eventuais diligências. Nesta fase ainda a
zida por comissão composta por dois ou mais servido- comissão averigua se o caso tem potencial para ser
res estáveis (de preferência três), e observar as etapas julgado ou arquivado.
dispostas no rito ordinário do processo administrativo - Defesa: se na produção de provas fora constatado o
disciplinar, ou seja, inquérito administrativo: instrução, ato ilícito, a comissão deverá citar o servidor inves-
defesa e relatório. tigado para se defender dentro do prazo legal de
O processo de sindicância acusatória tem como início forma escrita.
a publicação da portaria de instauração pela autoridade - Relatório: após a produção de provas e a resposta
investigadora, devendo conter os nomes dos sindican- do servidor, a comissão deverá elaborar um relató-
tes, o prazo para conclusão dos trabalhos e o número do rio conclusivo, inocentando ou não o indiciado, de
processo que contém os fatos a serem apurados. forma fundamentada e justificando a decisão.
A comissão deverá seguir o princípio da verdade ma-
terial, buscando provas materiais e testemunhas, tomada a.3) Julgamento: o prazo de julgamento é de 20
de depoimentos, acareações, investigações e diligências (vinte) dias contados a partir da data do recebimento do
cabíveis, objetivando a coleta de provas, recorrendo relatório final, podendo ser decidido igual a comissão em
quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a per- seu relatório ou diferente. A decisão pode ser ao contrá-
mitir a completa elucidação dos fatos. ria da comissão, uma vez que é regido pelo livre conven-
Todos os atos das comissões deverão estar constados cimento, podendo, motivadamente, agravar, abrandar
em Atas. Ao final, entrega-se do termo de indiciação ao ou isentar o servidor da responsabilidade e penalidade
sindicado ou com o relatório final da comissão sugerindo prevista no relatório final.
o arquivamento do feito. No primeiro caso, se o processo
tiver apenas um indiciado, o prazo será de dez dias para b) Rito Sumário
apresentação de defesa escrita. Sendo dois ou mais indi-
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Tutelado pela Lei nº 9.527/97, nos artigos 133 e


ciados, o prazo será comum de 20 dias. 140, o processo administrativo sumário é uma nova es-
pécie de processo administrativo, podendo ser aplica-
do somente nos casos de acumulação ilegal de cargos,
EXERCÍCIO COMENTADO abandono de cargo e inassiduidade habitual.
Neste rito, o processo inicia-se pela publicação do
1. (IFC-SC – RADIOLOGIA – IESES – 2014) Assinale a ato pela comissão investigativa, composta de por dois ser-
alternativa INCORRETA. Da sindicância poderá resultar: vidores estáveis, os quais deverão instaurar o processo in-
dicando a autoria, materialidade do ilícito administrativo.
a) Aplicação de penalidade de advertência ou sus- O rito sumário há indicação do autor do ato, para
pensão de até 30 (trinta) dias. que ele possa ter o direito de realizar o contraditório e
b) Arquivamento do processo. gozar da ampla defesa, finalizando com relatório da co-
c) Instauração de processo disciplinar. missão, sendo julgado posteriormente no prazo de 5 dias
d) Aplicação da penalidade de demissão. a contar do recebimento dos autos.

37
A fase apuratória deverá se desenvolver em no 4. Verificar se a portaria está correta e perfeita, sem
máximo 30 dias, podendo haver prorrogação por mais 15 vício que a inquine de nulidade.
dias, conforme texto do art. 133, §7º da Lei nº 8.112/90.
Importante ressaltar que as normas do processo 5. Providenciar para que a autoridade determinado-
disciplinar ordinário aplicam-se subsidiariamente ao pro- ra da instauração de procedimento disciplinar, por
cedimento sumário, assim expõe o art. 133, §8º, da Lei nº despacho, faça constar que os membros da comissão
8.112/90, e supletivamente a Lei nº 9.784/99. dedicar-se-ão às apurações, com ou sem prejuízo das
suas funções normais, em suas respectivas sedes de
exercício (§ 1º, do art. 149 da Lei nº 8.112/90).
EXERCÍCIO COMENTADO 6. Designar o secretário, por portaria (§ 1º, do art. 149
da Lei nº 8.112/90).
1. No processo administrativo pelo rito sumário, pode 7. Determinar a lavratura do termo de compromisso
ser aplicado somente nos casos de de fidelidade do secretário.
a) acumulação ilegal de cargos, abandono de cargo e
8. Determinar a lavratura do termo de instalação da
inassiduidade habitual.
comissão e início dos trabalhos, assim como o registro
b) abandono de cargo e desídia.
detalhado, em ata, das demais deliberações adotadas
c) acumulação ilegal de cargos, inassiduidade habitual e
((§ 2º, do art. 152 da Lei nº 8.112/90).
desídia.
d) inassiduidade habitual, abandono de cargo e violação
de segredo 9. Decidir sobre as diligências e as provas que devam
ser colhidas ou juntadas e que sejam de real interesse
Resposta Letra A. Somete é possível instaurar o pro- ou importância para a questão (§§ 1º e 2º, do art. 156
cesso disciplinar pelo rito sumário, se for acerca da da Lei nº 8.112/90).
matéria de acumulação ilegal de cargos, abandono de
cargo e inassiduidade habitual. 10. Providenciar para que o acusado ou, se for o caso,
seu advogado, esteja presente a todas as audiências.

COMISSÃO DISCIPLINAR: REQUISITOS, 11. Notificar o acusado para conhecer a acusação, as


SUSPEIÇÃO, IMPEDIMENTO E PRAZO diligências programadas e acompanhar o procedi-
PARA CONCLUSÃO DOS TRABALHOS mento disciplinar (arts. 153 e 156 da Lei nº 8.112/90).
(PRORROGAÇÃO E RECONDUÇÃO).
12. Intimar, se necessário, o denunciante para ratificar
a denúncia e oferecer os esclarecimentos adicionais.
De acordo com o voto do Ministro relator Joa-
quim Barbosa, as atribuições dos membros de comissão 13. Intimar as testemunhas para prestarem depoi-
de processo administrativo disciplinar não possuem hie- mento.
rarquia de competência de nenhum cargo específico. Ser
membro de comissão de processo administrativo não é
14. Intimar o acusado para especificar provas, apre-
cargo nem função. É atribuição legal excepcionalmente
sentar rol de testemunhas e submeter-se a interroga-
conferida na esfera de atribuições de servidores estáveis,
tório (art. 159).
que, ao integrarem a comissão, não se afastam de seus
cargos nem de suas funções. Tanto é assim que o art. 152,
§ 1º, da Lei 8.112/1990, dispõe: ‘Sempre que necessário, 15. Citar o indiciado, após a lavratura do respectivo
a comissão dedicará tempo integral aos seus trabalhos, termo de indiciamento para oferecer defesa escrita
ficando seus membros dispensados do ponto, até a en- (art. 161 e seus parágrafos da Lei nº 8.112/90).
trega do relatório final.
Destaca-se, atribuições do presidente da comis- 16. Exigir e conferir o instrumento de mandato, quan-
são, de acordo com Guimarães, 2007, p. 119 a 123. do exibido, observando se os poderes nele consignados
são os adequados.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

1. Receber o ato de designação da comissão incumbi-


da da sindicância ou do processo disciplinar, tomando
conhecimento do teor da denúncia e ciência da sua 17. Providenciar para que sejam juntadas as provas
designação, por escrito. Providenciar o local dos tra- consideradas relevantes pela comissão, assim como as
balhos e a instalação da comissão. requeridas pelo acusado e pelo denunciante.

2. Verificar se não ocorre algum impedimento ou sus- 18. Solicitar a nomeação de defensor dativo, após a
peição quanto aos membros da comissão (§ 2º, do art. lavratura do termo de revelia (§ 2º, do art. 164 da Lei
149 da Lei nº 8.112/90). nº 8.112/90).

3. Se for o caso, após a ciência da designação, formu- 19. Deferir ou indeferir, por termo de deliberação fun-
lar expressa recusa à incumbência, indicando o motivo damentado, os requerimentos escritos apresentados
impeditivo de um ou de todos os membros (§ 2º, do pelo acusado, pelo advogado, e pelo defensor dativo
art. 149 da Lei nº 8.112/90). (§§ 1º e 2º, do art. 156 da Lei nº 8.112/90).

38
20. Presidir e dirigir, pessoalmente, todos os trabalhos a) Suspeição e Impedimento
internos e os públicos da comissão e representá-la).
A integração ao corpo da comissão é de cunho obrigató-
21. Qualificar, civil e funcionalmente, aqueles que fo- rio ao servidor, porém, em caso de suspeição e impedi-
rem convidados e intimados a depor. mento, o servidor será isento do oficio.
O caso de suspeição e impedimento refere-se a relação
22. Indagar, pessoalmente, do denunciante e das tes- de parentesco (consanguinidade ou afim) entre o ser-
temunhas, se existem impedimentos legais que os im- vidor que irá compor a comissão e o servidor que está
possibilitem de participar no feito. sendo investigado.
O impedimento ocorre através de uma situação objetiva
23. Compromissar os depoentes, na forma da lei, aler- e gera presunção absoluta de parcialidade, não admitin-
tando-os sobre as normas legais que se aplicam aos do prova em contrário. Uma vez configurada uma das
que faltarem com a verdade, ou emitirem conceitos hipóteses de impedimento, não há possibilidade de re-
falsos sobre a questão. futação pelo próprio impedido ou pela autoridade a que
se destina a alegação, devendo se afastar ou ser afasta-
24. Proceder à acareação, sempre que conveniente ou do do processo. Portanto, o integrante da comissão fica
necessária (§ 2º, do art. 158 da Lei nº 8.112/90). proibido de atuar no processo, devendo obrigatoriamen-
te comunicar o fato à autoridade instauradora.
Neste diapasão, o art. 149, § 2º da Lei nº 8.112/90, dispõe
25. Solicitar designação e requisitar técnicos ou peri-
que, não poderá participar de comissão de sindicância ou
tos, quando necessário.
de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusa-
do, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
26. Tomar medidas que preservem a independência
terceiro grau, bem como, os servidores que tenha interesse
e a imparcialidade e garantam o sigilo necessário à
direto ou indireto na matéria, tenha participado ou venha
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da admi-
a participar como perito, testemunha ou representante, ou
nistração (art. 150 da Lei nº 8.112/90). se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro
ou parente e afins até o terceiro grau ou esteja litigando
27. Indeferir pedidos e diligências considerados imper- judicial ou administrativamente com o interessado ou res-
tinentes, meramente protelatórios e sem nenhum in- pectivo cônjuge ou companheiro.
teresse para os esclarecimentos dos fatos (§1º, do art.
156 da Lei nº 8.112/90).
FIQUE ATENTO!
28. Assegurar ao servidor o acompanhamento do pro-
cesso, pessoalmente ou por intermédio de procurador, Outra modalidade de impedimento é para
bem assim a utilização dos meios e recursos admitidos os integrantes da comissão, isto é, servidores
em direito, para comprovar suas alegações (art. 156 ocupantes exclusivos de cargo ou função de
da Lei nº 8.112/90). confiança, demissíveis, não poderão compor a
comissão de PAD ou sindicância acusatória por
29. Conceder vista final dos autos, na repartição, ao estarem na situação de impedidos.
denunciado ou seu advogado, para apresentação de
defesa escrita (§ 1º do art. 161 da Lei nº 8.112/90).
Desta forma, o servidor impedido deve de ofício, in-
dependentemente de provocação do acusado, comu-
30. Obedecer, rigorosamente, os prazos legais vigen-
nicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de
tes, providenciando sua prorrogação, em tempo hábil,
atuar no processo. Caso não o faça, o mesmo incorrerá
sempre que comprovadamente necessária (parágrafo
em falta grave e sofrerá efeitos disciplinares, bem como,
único dos arts. 145 e 152 da Lei nº 8.112/90).
caso já tenha participado de atos processuais, todos os
atos se tornaram nulos.
31. Formular indagações e apresentar quesitos. Já no caso da suspeição, a mesma ocorre de através
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

de uma situação subjetiva e gera uma presunção relativa


32. Tomar decisões de urgência, justificando-as peran- de parcialidade, admitindo prova em contrário. Ou seja,
te os demais membros. ainda que haja indícios de configuração de uma das hi-
póteses de suspeição, há possibilidade de refutação pelo
33. Reunir-se com os demais membros da comissão próprio suspeito ou pela autoridade instauradora.
para a elaboração do relatório, com ou sem a decla- Nessa modalidade, não há a necessidade do agente
ração de voto em separado (§§ 1º e 2º, do art. 165 da arguir sua suspeição, sendo que, caso o acusado não o
Lei nº 8.112/90). relate, o vício dará por sanado, não podendo ser anulado
seus atos, pois, o mesmo é competente para a função.
34. Zelar pela correta formalização dos procedimentos. A exceção de suspeição pode ser arguida até a de-
cisão final sobre a matéria, depois disso o defeito deixa
35. Encaminhar o processo, por expediente próprio, de produzir qualquer consequência jurídica no processo
à autoridade instauradora do feito, para julgamento, disciplinar, convalidando-se o vício.
por quem de direito (art. 166 da Lei nº 8.112/90).

39
São considerados suspeitos o amigo íntimo do acu- REFERÊNCIAS
sado, inimigo, credor ou devedor, interessado no julga-
mento, dentre outros. BRASIL. Ministério da Saúde Manual de Procedi-
mentos Administrativos em Sindicância e Proces-
so Disciplinar - Brasília: MS/Funasa, 1000 - 3 ª ed.
#FicaDica
CGU. Ministério da Transparência, Fiscalização e
A alegação de suspeição não possui apti-
Controladoria-Geral da União.Manual de Processo
dão para interromper o andamento do pro-
Administrativo Disciplinar. Brasilia: Esplanada dos
cesso. No entanto, o impedimento possui
Ministérios, 2017.
a habilidade de paralisar o processo e até
anular ele por inteiro.
Processo Administrativo Disciplinar e as espécies
procedimentais que instruem seu Andamento.
b) Prazo para conclusão Âmbito Jurídico, 2015. Disponível em: https://
Conforme o art. 152 da Lei nº 8.112/90: “o prazo ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-adminis-
para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 trativo/o-processo-administrativo-disciplinar-e-
(sessenta) dias, contados da data de publicação do ato -as-especies-procedimentais-que-instruem-seu-
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação -andamento/. Acesso em: 10/01
por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem”.
O prazo estipulado pelo artigo fora aplicado de
forma geral a todos os processos disciplinares. Porém, HORA DE PRATICAR!
ainda de acordo com o artigo a cima, o mesmo pode-
rá ser prorrogado de acordo com a dificuldade de cada
caso. 1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
No entanto, importante lembrar que referido arti- VA – CESPE/2018). Tendo em vista as convergências e
go não poderá ser utilizado para procrastinação dos tra- divergências entre a gestão pública e a gestão privada,
balhos nos casos, pois, é assegurado pela Constituição julgue o item que se segue.
Federal a razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII) Na gestão pública, o foco das ações é o cliente, indivíduo
uma vez que, em função da existência do instituto da que manifesta seus interesses no mercado; na gestão
prescrição, a dilação do prazo pode tirar o direito da Ad- privada, é o cidadão, membro da sociedade, que possui
ministração Pública em aplicar a devida punição a um direitos e deveres.
eventual servidor autor de infração disciplinar.
( ) CERTO   ( ) ERRADO

2. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-


EXERCÍCIO COMENTADO TRATIVA - CESPE/2018) Acerca da administração pú-
blica no Brasil, julgue o item a seguir.
1. (UFOP – ASSISTENTE – UFOP – 2018) Em relação aos Na administração pública, ao contrário da gestão priva-
impedimentos e à suspeição de que tratam as disposi- da, a otimização de recursos é prioridade secundária com
ções constantes da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de relação à execução de políticas governamentais voltadas
1990, e da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, assinale ao atendimento do interesse público.
a afirmativa correta.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
a) É impedido de atuar em processo administrativo ser-
vidor ou autoridade cujo primo participou como teste- 3. (TCE-PE - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS
munha nos autos. 1 E 2 – CESPE/2017) Acerca das agências reguladoras e
b) Servidor efetivo estável pode participar como membro da construção de agendas de políticas públicas, julgue o
de comissão disciplinar que investigue ato de superior item a seguir.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

hierárquico. No processo de construção da agenda de políticas públi-


c) Pode participar de comissão de processo administrati- cas, define-se a lista dos problemas ou dos assuntos que
vo disciplinar ou de sindicância servidor que seja cunha- chamam a atenção de atores governamentais e cidadãos
do do acusado. em geral.
d) Servidor que estiver impedido deverá comunicar o
fato à autoridade competente ao término das apurações, ( ) CERTO   ( ) ERRADO
constituindo falta grave a omissão desse dever.
4. (TRT - 10ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - AD-
Resposta Letra D. Conforme o art. Art. 149, §2º Não MINISTRATIVO - CESPE/2013) Julgue os itens a se-
poderá participar de comissão de sindicância ou de guir, relativos à administração pública.
inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acu- A administração pública é una, sendo descentralizadas as
sado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou cola- suas funções, para melhor atender ao bem comum.
teral, até o terceiro grau. O cunhado é colateral de
segundo grau. ( ) CERTO   ( ) ERRADO

40
5. (TRE-ES - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- É possível a constituição de fundação pública de direito
TRATIVA - CESPE/2011) Julgue os itens a seguir, com público ou de direito privado para a exploração direta de
relação à excelência nos serviços públicos e ao paradigma atividade econômica pelo Estado, quando relevante ao
do cliente na gestão pública. interesse público.
O Estado do bem-estar, ao buscar o atendimento ao cida-
dão- cliente pela gestão pública, preconiza a intervenção ( ) CERTO   ( ) ERRADO
estatal como mecanismo de mercado válido para proteger
determinados grupos. 12. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Com relação à ad-
( ) CERTO   ( ) ERRADO
ministração direta e indireta, centralizada e descentrali-
zada, julgue o item a seguir.
6. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No tocante Administração direta remete à ideia de administração
às organizações da sociedade civil de interesse público e centralizada, ao passo que administração indireta se re-
aos consórcios públicos, julgue o item subsequente. laciona à noção de administração descentralizada.
O instrumento que estabelece o vínculo entre o poder
público e as organizações da sociedade civil de interesse ( ) CERTO   ( ) ERRADO
público é o termo de parceria.
13. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -
( ) CERTO   ( ) ERRADO CONHECIMENTOS GERAIS - CESPE/2018) No que se
refere a atos administrativos, julgue o item que se segue.
7. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI- Na discricionariedade administrativa, o agente possui al-
PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018) guns limites à ação voluntária, tais como: o ordenamento
Acerca da organização da administração direta e indireta, jurídico estabelecido para o caso concreto, a competên-
centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir. cia do agente ou do órgão. Qualquer ato promovido fora
Autarquia é pessoa jurídica criada por lei específica, com desses limites será considerado arbitrariedade na ativida-
personalidade jurídica de direito público. de administrativa.
( ) CERTO   ( ) ERRADO ( ) CERTO   ( ) ERRADO
8. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI-
14. (ABIN - AGENTE DE INTELIGÊNCIA - CES-
PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
PE/2018) No que tange aos atos administrativos, julgue
Acerca da organização da administração direta e indireta,
centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir. o item seguinte.
As sociedades de economia mista sujeitam-se ao regime Uma diferença entre a revogação e a anulação de um
trabalhista próprio das empresas privadas. ato administrativo é a de que a revogação é medida pri-
vativa da administração, enquanto a anulação pode ser
( ) CERTO   ( ) ERRADO determinada pela administração ou pelo Poder Judiciá-
rio, não sendo, nesse caso, necessária a provocação do
9. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI- interessado.
PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
Acerca da organização da administração direta e indireta, ( ) CERTO   ( ) ERRADO
centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir.
Define-se desconcentração como o fenômeno adminis- 15. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -
trativo que consiste na distribuição de competências de ÁREA 2 - CESPE/2018) Com relação aos atos adminis-
determinada pessoa jurídica da administração direta para trativos discricionários e vinculados, julgue o item que
outra pessoa jurídica, seja ela pública ou privada. se segue.
Em decorrência da própria natureza dos atos administra-
( ) CERTO   ( ) ERRADO
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

tivos discricionários, não se permite que eles sejam apre-


ciados pelo Poder Judiciário.
10. (CGM de João Pessoa/PB - Técnico Municipal de
Controle Interno - Geral - CESPE/2018) Acerca da orga-
( ) CERTO   ( ) ERRADO
nização da administração direta e indireta, centralizada e
descentralizada, julgue o item a seguir.
A empresa pública, entidade da administração indireta, 16. (STM - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
possui personalidade jurídica de direito público. PE/2018) A respeito do direito administrativo, dos atos
administrativos e dos agentes públicos e seu regime, jul-
( ) CERTO   ( ) ERRADO gue o item a seguir.
A imperatividade é o atributo pelo qual o ato administra-
11. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI- tivo é presumido verídico até que haja prova contrária à
PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018) sua veracidade.
Acerca da organização da administração direta e indireta,
centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir. ( ) CERTO   ( ) ERRADO

41
17. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA - 23. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA
CESPE/2018) Considerando a doutrina majoritária, jul- JUDICIÁRIA - CESPE/2017) Considerando o disposto
gue o próximo item, referente ao poder administrativo, à nas Leis n° 8.112/1990 e n° 8.429/1992, julgue o item que
organização administrativa federal e aos princípios bási- se segue, acerca dos agentes públicos.
cos da administração pública. Servidor público estável poderá perder o seu cargo em
De acordo com o princípio da autoexecutoriedade, os virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de
atos administrativos podem ser aplicados pela própria processo administrativo disciplinar no qual lhe seja asse-
administração pública, de forma coativa, sem a necessi- gurada ampla defesa.
dade de prévio consentimento do Poder Judiciário.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
24. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFI-
18. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO CIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL - CES-
DE SISTEMAS - CESPE/2018) Acerca do acesso à in- PE/2017) Com base na Lei nº 8.112/1990 e no regime
formação, dos servidores públicos e do processo admi- jurídico aplicável aos agentes públicos, julgue o item a
nistrativo no âmbito federal, julgue o item que se segue. seguir.
Caso edite ato administrativo que remova, de ofício, um A destituição de servidor de cargo em comissão ou de
servidor público federal e, posteriormente, pretenda re- função comissionada não pode ser aplicada como pena-
vogar esse ato administrativo, a autoridade pública de- lidade disciplinar.
verá explicitar os motivos de sua segunda decisão, com a
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos. ( ) CERTO   ( ) ERRADO

( ) CERTO   ( ) ERRADO
25. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
19. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) A respeito dos
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Com re- agentes públicos, julgue o item seguinte.
lação ao controle no âmbito da administração pública, Para que pessoas físicas que colaboram com o poder pú-
julgue o item seguinte. blico sejam consideradas agentes públicos é necessário
A competência do Poder Judiciário quanto ao controle que elas, obrigatoriamente, tenham vínculo empregatí-
restringe-se ao mérito e à legalidade do ato impugnado. cio com a administração pública e sejam por esta remu-
neradas, como ocorre, por exemplo, com os leiloeiros,
( ) CERTO   ( ) ERRADO tradutores e intérpretes públicos.

20. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU- ( ) CERTO   ( ) ERRADO


NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES-
PE/2018) Em relação à anulação e à revogação dos atos 26. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
administrativos, julgue o item seguinte. VA - CESPE/2018) Acerca dos poderes da administração
O Poder Judiciário e a própria administração pública pos- pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o
suem competência para anular ato administrativo. item a seguir.
Em razão da discricionariedade do poder hierárquico,
( ) CERTO   ( ) ERRADO não são considerados abuso de poder eventuais exces-
sos que o agente público, em exercício, sem dolo, venha
21. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- a cometer.
TRATIVA - CESPE/2018) Acerca do direito administrati-
vo, dos atos administrativos e dos agentes públicos, jul- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
gue o item a seguir.
Os empregados das empresas públicas submetem-se ao 27. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE - PROCURA-
regime celetista e, por isso, estão fora do rol de agentes DOR DO MUNICÍPIO - CESPE/2017) Com relação a
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

públicos. processo administrativo, poderes da administração e ser-


viços públicos, julgue o item subsecutivo.
( ) CERTO   ( ) ERRADO Situação hipotética: Um secretário municipal removeu
determinado assessor em razão de desentendimentos
22. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS pessoais motivados por ideologia partidária. Assertiva:
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No que se Nessa situação, o secretário agiu com abuso de poder, na
refere às características do poder de polícia e ao regime modalidade excesso de poder, já que atos de remoção
jurídico dos agentes administrativos, julgue o item que de servidor não podem ter caráter punitivo.
se segue.
A garantia constitucional de permanecer no cargo pú- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
blico após três anos de efetivo exercício denomina-se
efetividade. 28. (SEDF - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGO 2
- CESPE/2017) Acerca de administração pública, organi-
( ) CERTO   ( ) ERRADO zação do Estado e agentes públicos, julgue o item a seguir.

42
O abuso de poder pelos agentes públicos pode ocorrer 34. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
tanto nos atos comissivos quanto nos omissivos. CESPE/2018) Julgue o item subsequente de acordo com
a orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993.
( ) CERTO   ( ) ERRADO Quando da aquisição de bens e serviços de informática
e automação por parte dos órgãos e das entidades da
29. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - administração pública federal, direta ou indireta, das fun-
ÁREA ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Alguns dações instituídas e mantidas pelo poder público e das
meses após a assinatura de contrato de concessão de demais organizações sob o controle direto ou indireto
geração e transmissão de energia elétrica, a falta de da União, a preferência pelos bens e serviços com tecno-
chuvas comprometeu o nível dos reservatórios, o que logia desenvolvida no Brasil é uma exceção legal à regra
deteriorou as condições de geração de energia, elevan-
estabelecida na lei em questão.
do os custos da concessionária. A agência reguladora
promoveu, então, alterações tarifárias visando resta-
belecer o equilíbrio econômico-financeiro firmado no ( ) CERTO   ( ) ERRADO
contrato. Todavia, sem que houvesse culpa ou dolo da
concessionária, o fornecimento do serviço passou a ser 35. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
intermitente, o que provocou danos em eletrodomésti- CESPE/2018) Julgue o item subsequente de acordo com
cos de usuários de energia elétrica. a orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item Em toda licitação, é indispensável a celebração de con-
que se segue. trato, sendo esse instrumento insubstituível, porque, no
A alteração tarifária promovida pela agência reguladora direito administrativo, prevalece a formalização do pro-
é exemplo de exercício do poder hierárquico da agência cesso licitatório.
sobre as concessionárias.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
36. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
30. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA CESPE/2018) Julgue o próximo item, relativo às modali-
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Com referência aos dades de licitação.
poderes administrativos, julgue o item subsecutivo. Convite é a modalidade de licitação entre interessados
Em regra, o poder regulamentar é dotado de originarie- devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
dade e, por conseguinte, cria situações jurídicas novas,
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
não se restringindo apenas a explicitar ou complementar
anterior à data do recebimento das propostas, observada
o sentido de leis já existentes.
a necessária qualificação.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
31. (SEDF - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS
1, 3 A 26 - CESPE/2017) No que se refere aos poderes 37. (EBSERH - ENGENHEIRO CLÍNICO - CESPE/2018)
administrativos, aos atos administrativos e ao controle da Acerca dos princípios do processo licitatório, julgue o
administração, julgue o item seguinte. item que se segue.
A avocação se verifica quando o superior chama para si Durante a execução de um contrato, a fim de garantir
a competência de um órgão ou agente público que lhe o princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
seja subordinado. Esse movimento, que é excepcional e para qualquer alteração contratual que modifique con-
temporário, decorre do poder administrativo hierárquico. dições previstas inicialmente no edital de licitação, é
necessário consultar os licitantes à época da licitação a
( ) CERTO   ( ) ERRADO respeito dessas alterações.

32. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- ( ) CERTO   ( ) ERRADO


TRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes admi-
nistrativos, de licitações e contratos e do processo admi- 38. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
nistrativo, julgue o item subsequente.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

VA - CESPE/2018) Considerando a legislação pertinente


Embora o poder de polícia da administração seja coer-
a licitação e contratos administrativos, julgue o item sub-
citivo, o uso da força para o cumprimento de seus atos
sequente.
demanda decisão judicial.
A garantia da observância do princípio da isonomia, a
( ) CERTO   ( ) ERRADO seleção da proposta mais vantajosa para a administração
pública e a promoção do desenvolvimento nacional sus-
33. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE - PROCURA- tentável são objetivos da licitação.
DOR DO MUNICÍPIO - CESPE/2017) Acerca do direito
administrativo, julgue o item que se segue. ( ) CERTO   ( ) ERRADO
O exercício do poder de polícia reflete o sentido objetivo
da administração pública, o qual se refere à própria ativi- 39. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
dade administrativa exercida pelo Estado. VA - CESPE/2018) Considerando a legislação pertinente
a licitação e contratos administrativos, julgue o item sub-
( ) CERTO   ( ) ERRADO sequente.

43
É possível estabelecer margem de preferência adicional de que houve exorbitância do poder regulamentar. Asser-
no caso de produtos manufaturados nacionais resultan- tiva: Nesse caso, o Poder Legislativo agiu errado, haja vista
tes de desenvolvimento e inovação tecnológica realiza- que a competência para sustar atos do Poder Executivo é
dos no país. exercida pelo Poder Judiciário, mediante provocação.

( ) CERTO   ( ) ERRADO ( ) CERTO   ( ) ERRADO

40. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - 45. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
ÁREA 2 - CESPE/2018) Considerando que a ABIN es- BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No que se
colha a modalidade licitatória convite para contratar em- refere a tipos e formas de controle, julgue o item a seguir.
presa de engenharia para modernizar suas instalações, Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser admi-
julgue o item que se segue, com base nas disposições da nistrativo, legislativo ou judicial.
Lei nº 8.666/1993.
A comissão de licitação poderá ser substituída por um ( ) CERTO   ( ) ERRADO
servidor formalmente designado para essa finalidade.
46. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
( ) CERTO   ( ) ERRADO BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Com re-
lação ao controle no âmbito da administração pública,
julgue o item seguinte.
41. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -
A competência do Congresso Nacional para sustar atos
ÁREA 2 - CESPE/2018) Considerando que a ABIN es-
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
colha a modalidade licitatória convite para contratar em- regulamentar constitui hipótese de controle parlamentar.
presa de engenharia para modernizar suas instalações,
julgue o item que se segue, com base nas disposições da ( ) CERTO   ( ) ERRADO
Lei nº 8.666/1993.
Se não for alcançado o número mínimo legalmente exi- 47. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU-
gido de empresas qualificadas no certame, estará confi- NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES-
gurada hipótese de dispensa de licitação. PE/2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos,
tipos e formas de controle na administração pública.
( ) CERTO   ( ) ERRADO Quanto ao aspecto controlado, o controle classifica-se
em controle de legalidade ou de correção.
42. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes ( ) CERTO   ( ) ERRADO
administrativos, da contratação com a administração pú-
blica e do processo administrativo – Lei nº 9.784/1999 –, 48. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU-
julgue o item seguinte. NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES-
Será inexigível a licitação, caso os agentes administrati- PE/2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos,
vos com competência técnica para tanto concluam que tipos e formas de controle na administração pública.
a característica de determinado objeto atende melhor ao A administração pública, no exercício de suas funções,
interesse público. controla seus próprios atos e se sujeita ao controle dos
Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
43. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ-
RIA - CESPE/2018) Considerando o disposto na Lei nº 49. (EBSERH - TECNÓLOGO EM GESTÃO PÚBLICA
8.666/1993, julgue o seguinte item, a respeito da licita- - CESPE/2018) No que concerne a direitos, deveres e
ção e dos contratos administrativos. responsabilidades dos servidores públicos, julgue o pró-
É possível que a administração pública autorize o início ximo item.
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Em caso de dano causado a terceiros, responderá o servi-


da execução de obra contratada antes da aprovação do
dor perante a fazenda pública, em ação regressiva.
respectivo projeto executivo, desde que o projeto básico
já tenha sido aprovado.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
50. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
TRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo
44. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- à responsabilidade civil do Estado.
NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes As empresas prestadoras de serviços públicos respon-
administrativos, da contratação com a administração pú- derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
blica e do processo administrativo – Lei nº 9.784/1999 –, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
julgue o item seguinte. contra o responsável exclusivamente no caso de dolo.
Situação hipotética: O Poder Legislativo sustou decreto
editado pelo presidente da República, sob o entendimento ( ) CERTO   ( ) ERRADO

44
51. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
TRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo GABARITO
à responsabilidade civil do Estado.
A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos
abrange os danos morais e materiais. 1 ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO 2 CERTO
3 CERTO
52. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
4 CERTO
NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito do direito ad-
ministrativo, dos atos administrativos e dos agentes pú- 5 CERTO
blicos e seu regime, julgue o item a seguir. 6 CERTO
No direito brasileiro, constitui objeto do direito adminis-
trativo a responsabilidade civil das pessoas jurídicas que 7 CERTO
causam danos à administração. 8 CERTO
9 ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
10 ERRADO
53. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ- 11 ERRADO
RIA - CESPE/2018) João, servidor público civil, motoris-
ta do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo ofi- 12 CERTO
cial, no exercício da sua função, colidiu com o automóvel 13 CERTO
de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder
14 ERRADO
público. Após a devida apuração, ficou provado que os
dois condutores agiram com culpa. 15 ERRADO
A partir dessa situação hipotética e considerando a dou- 16 ERRADO
trina majoritária referente à responsabilidade civil do Es-
tado, julgue o item que se segue. 17 CERTO
A União tem direito de regresso em face de João, con- 18 CERTO
siderando que, no caso, a responsabilidade do agente
19 ERRADO
público é subjetiva.
20 CERTO
( ) CERTO   ( ) ERRADO 21 ERRADO

54. (UFBA – CONTADOR – UFBA – 2013) Constitui fal- 22 ERRADO


ta grave do servidor público a omissão do dever de co- 23 CERTO
municar seu próprio impedimento de atuar em processo
24 ERRADO
administrativo.
25 ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO 26 ERRADO

55. (IF-GO – ASSISTENTE – CS UFG – 2014) O 27 ERRADO


documento oficial pelo qual um chefe de um órgão pú- 28 CERTO
blico determina a abertura de uma sindicância é 29 ERRADO
a) o despacho. 30 ERRADO
b) a resolução. 31 CERTO
c) a portaria.
32 ERRADO
NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

d) o memorando.
33 CERTO
56. (IF-GO – ASSISTENTE – CS UFG – 2014) An- 34 CERTO
dré, servidor de um Ministério, revelou segredo do qual
se apropriou em face das atribuições funcionais. Após o 35 ERRADO
regular procedimento administrativo-disciplinar próprio, 36 ERRADO
comprovada a autoria e a materialidade, a autoridade
competente acatou o relatório da comissão e aplicou-lhe 37 ERRADO
a sanção proposta, que deve ter sido a de 38 CERTO
a) advertência.
39 CERTO
b) censura.
c) suspensão por até trinta dias. 40 CERTO
d) suspensão por até noventa dias. 41 ERRADO
e) demissão.

45
42 ERRADO ANOTAÇÕES
43 CERTO
44 ERRADO
________________________________________________
45 CERTO
46 CERTO _________________________________________________
47 ERRADO _________________________________________________
48 CERTO _________________________________________________
49 CERTO
_________________________________________________
50 ERRADO
51 CERTO _________________________________________________

52 CERTO _________________________________________________
53 CERTO _________________________________________________
54 CERTO
_________________________________________________
55 C
_________________________________________________
56 E
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

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NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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46
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Declaração Universal dos Direitos Humanos (Resolução 217-A (III) – da Assembleia Geral das Nações Unidas, 1948)................. 01
Direitos Humanos e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 (arts. 5º ao 15)................................................................. 10
Regras mínimas da ONU para o tratamento de pessoas presas............................................................................................................................ 19
Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto nº 7.037/2009)..................................................................................................................... 29
Política Nacional de Participação Social (Decreto nº 8.243/2014)......................................................................................................................... 31
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (arts. 62 a 64 da Lei de Execução Penal)............................................................ 32
Conselhos Penitenciários (arts. 69 e 70 da Lei de Execução Penal); Conselhos da Comunidade (arts. 80 e 81 da Lei de Execução
Penal)............................................................................................................................................................................................................................................. 33
eram considerados seres humanos perante aquele regi-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS me político se amontoavam. Aquelas pessoas não eram
HUMANOS (RESOLUÇÃO 217-A (III) – DA consideradas iguais às demais por possuírem alguma ca-
racterística, crença ou aparência que o Estado não apoia-
ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS,
va. Daí a importância de se atentar para os antecedentes
1948).
históricos e compreender a igualdade de todos os ho-
mens, independentemente de qualquer fator.
Considerando essencial que os direitos humanos se-
jam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HU-
MANOS não seja compelido, como último recurso, à rebelião con-
tra tirania e a opressão,
Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da Por todo o mundo se espalharam, notadamente du-
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários al-
de 1948 tamente opressivos, não só por parte das Potências do
Eixo (Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos
Preâmbulo Aliados (Rússia e o regime de Stálin).
O preâmbulo é um elemento comum em textos cons- Considerando essencial promover o desenvolvimento
titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jor- de relações amistosas entre as nações,
ge Miranda1 define: “[...] proclamação mais ou menos Depois de duas grandes guerras a humanidade con-
solene, mais ou menos significante, anteposta ao arti- seguiu perceber o quanto era prejudicial não manter re-
culado constitucional, não é componente necessário de lações amistosas entre as nações, de forma que o ideal
qualquer Constituição, mas tão somente um elemento de paz ganhou uma nova força.
natural de Constituições feitas em momentos de ruptura Considerando que os povos das Nações Unidas rea-
histórica ou de grande transformação político-social”. Do firmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos funda-
conceito do autor é possível extrair elementos para de- mentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na
finir o que representam os preâmbulos em documentos igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que
internacionais: proclamação dotada de certa solenidade decidiram promover o progresso social e melhores condi-
e significância que antecede o texto do documento inter- ções de vida em uma liberdade mais ampla,
nacional e, embora não seja um elemento necessário a Considerando que os Estados-Membros se compro-
ele, merece ser considerada porque reflete o contexto de meteram a desenvolver, em cooperação com as Nações
ruptura histórica e de transformação político-social que Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e li-
levou à elaboração do documento como um todo. No berdades fundamentais e a observância desses direitos e
caso da Declaração de 1948 ficam evidentes os antece- liberdades,
dentes históricos inerentes às Guerras Mundiais. Considerando que uma compreensão comum desses
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine-
direitos e liberdades é da mais alta importância para o
rente a todos os membros da família humana e de seus
pleno cumprimento desse compromisso,
direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade,
Todos os países que fazem parte da Organização das
da justiça e da paz no mundo,
O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
qual todos os seres humanos são dotados da mesma os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos
dignidade e para que ela seja preservada é preciso que demais países do mundo), totalizando 193, assumiram
os direitos inerentes à pessoa humana sejam garantidos, o compromisso de cumprir a Carta da ONU, documen-

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


já aparece no preâmbulo constitucional, sendo guia de to que a fundou e que traz os princípios condutores da
todo documento. ação da organização.
Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não A Assembleia Geral proclama
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos
intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
do comércio, o que evidencia uma limitação do princípio todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e
da autonomia privada. cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di- Declaração, se esforce, através do ensino e da educação,
reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja- por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e,
ram a consciência da Humanidade e que o advento de um pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a
de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos
do homem comum,
territórios sob sua jurisdição.
A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo
quando da abertura dos campos de concentração na-
zistas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não das Nações Unidas, no qual há representatividade de to-
dos os membros e por onde passam inúmeros tratados
1 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição. internacionais.
Lisboa: Petrony, 1978.

1
Artigo I Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dig- de 1789 e na Constituição Francesa de 1791, quais
nidade e direitos. São dotadas de razão e consciência sejam igualdade, liberdade e fraternidade. Embora
e devem agir em relação umas às outras com espírito de os direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que se baseiam
fraternidade. nesta tríade, tenham surgido de forma paulatina,
O primeiro artigo da Declaração é altamente repre- devem ser considerados em conjunto proporcio-
sentativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o nando a plena realização do homem4.
documento: Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta
a) Princípios da universalidade, presente na palavra a igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar
todos, que se repete no documento inteiro, pelo esta igualdade de forma a ser possível que todo homem
qual os direitos humanos pertencem a todos e por atinja um grau satisfatório de dignidade.
isso se encontram ligados a um sistema global Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
(ONU), o que impede o retrocesso. verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir-
Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do
a igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre
esta igualdade de forma a ser possível que todo homem outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes
atinja um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, condições, iguais possibilidades, protegendo e respei-
as discriminações legais asseguram a verdadeira igualda- tando suas diferenças.
de, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção
especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias Artigo II
aos portadores de deficiência, entre outras medidas que Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos
atribuam a pessoas com diferentes condições, iguais pos- e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
sibilidades, protegendo e respeitando suas diferenças.2 distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dig- língua, religião, opinião política ou de outra natureza, ori-
nidade é um atributo da pessoa humana, segundo gem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer
o qual ela merece todo o respeito por parte dos outra condição.
Estados e dos demais indivíduos, independente- Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da
mente de qualquer fator como aparência, religião, dignidade da pessoa humana, de forma que todos se-
sexualidade, condição financeira. Todo ser humano res humanos são iguais independentemente de qualquer
é digno e, por isso, possui direitos que visam ga- condição, possuindo os mesmos direitos visando a pre-
rantir tal dignidade. servação de sua dignidade.
c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, O dispositivo traz um aspecto da igualdade que im-
os direitos humanos dividem-se em três dimensões, pede a distinção entre pessoas pela condição do país ou
cada qual representativa de um momento históri- território a que pertença, o que é importante sob o as-
co no qual se evidenciou a necessidade de garantir pecto de proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra,
direitos de certa categoria. A primeira dimensão, pessoas perseguidas politicamente, nacionais de Estados
presente na expressão livres, refere-se aos direitos que não cumpram os preceitos das Nações Unidas. Não
civis e políticos, os quais garantem a liberdade do obstante, a discriminação não é proibida apenas quan-
homem no sentido de não ingerência estatal e de to a indivíduos, mas também quanto a grupos humanos,
participação nas decisões políticas, evidenciados sejam formados por classe social, etnia ou opinião em
historicamente com as Revoluções Americana e comum5. “A Declaração reconhece a capacidade de gozo
Francesa. A segunda dimensão, presente na ex- indistinto dos direitos e liberdades assegurados a todos
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

pressão iguais, refere-se aos direitos econômicos, os homens, e não apenas a alguns setores ou atores so-
sociais e culturais, os quais garantem a igualdade ciais. Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é
material entre os cidadãos exigindo prestações po- suficiente para que este realmente se efetive. É funda-
sitivas estatais nesta direção, por exemplo, assegu- mental aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados
rando direitos trabalhistas e de saúde, possuindo viabilizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim
como antecedente histórico a Revolução Industrial. de que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto
A terceira dimensão, presente na expressão fra- se dá não somente com a igualdade material diante da
ternidade, refere-se ao necessário olhar sobre o lei, mas também, e principalmente, através do reconhe-
mundo como um lugar de todos, no qual cada qual cimento e respeito das desigualdades naturais entre os
deve reconhecer no outro seu semelhante, digno homens, as quais devem ser resguardadas pela ordem
de direitos, olhar este que também se lança para jurídica, pois é somente assim que será possível propiciar
as gerações futuras, por exemplo, com a preserva- a aludida capacidade de gozo a todos”6.
ção do meio ambiente e a garantia da paz social, 4 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
sendo o marco histórico justamente as Guerras Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
Mundiais.3 Assim, desde logo a Declaração estabe- 2008
lece seus parâmetros fundamentais, com esteio na 5 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
2 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, Fortium, 2008.
2008. 6 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
3 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 2008.

2
Artigo III A abolição da escravidão foi uma luta histórica em
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segu- todo o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos
rança pessoal. princípios da liberdade, da igualdade e da dignidade se
Segundo Lenza7, “abrange tanto o direito de não ser admitir que um ser humano pudesse ser submetido ao
morto, privado da vida, portanto, direito de continuar outro, ser tratado como coisa. O ser humano não possui
vivo, como também o direito de ter uma vida digna”. Na valor financeiro e nem serve ao domínio de outro, razão
primeira esfera, enquadram-se questões como pena de pela qual a escravidão não pode ser aceita.
morte, aborto, pesquisas com células-tronco, eutanásia,
entre outras polêmicas. Na segunda esfera, notam-se des- Artigo V
dobramentos como a proibição de tratamentos indignos, a Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
exemplo da tortura, dos trabalhos forçados, etc. ou castigo cruel, desumano ou degradante.
A vida humana é o centro gravitacional no qual orbitam Tortura é a imposição de dor física ou psicológica
todos os direitos da pessoa humana, possuindo reflexos ju- por crueldade, intimidação, punição, para obtenção de
rídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí exis- uma confissão, informação ou simplesmente por prazer
tir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, da pessoa que tortura. A tortura é uma espécie de tra-
tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor ou
tamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. A
sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem
Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e Outros
principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
todos os seres humanos. Trata-se de um direito que pode
ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) direito de nascer; b) tes (Resolução n° 39/46 da Assembleia Geral das Nações
direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma vida digna Unidas) foi estabelecida em 10 de dezembro de 1984 e
quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado da ratificada pelo Brasil em 28 de setembro de 1989. Em
vida através da pena de morte8. destaque, o artigo 1 da referida Convenção:
Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consec- Artigo 1º, Convenção da ONU contra Tortura e Ou-
tário do direito à vida, pois ela depende da liberdade para tros Tratamentos ou Penas Cruéis
o desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...] liber- 1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tor-
dade é assim a faculdade de escolher o próprio caminho, tura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofri-
sendo um valor inerente à dignidade do ser, uma vez que mentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos in-
decorre da inteligência e da volição, duas características da tencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou
pessoa humana”9. de uma terceira pessoa, informações ou confissões;
O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa
medo, protegido pela solidariedade e liberto de agressões, tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de
logo, é uma maneira de garantir o direito à vida10. intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou
por qualquer motivo baseado em discriminação de
Artigo IV qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a são infligidos por um funcionário público ou outra
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua
as suas formas. instigação, ou com o seu consentimento ou aquies-
“O trabalho escravo não se confunde com o trabalho cência. Não se considerará como tortura as dores ou
servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem sofrimentos que sejam consequência unicamente de
sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito próprio, sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais san-
do trabalho alheio. Os escravos eram considerados seres ções ou delas decorram.
humanos sem personalidade, mérito ou valor. A servidão, 2. O presente Artigo não será interpretado de ma-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
por seu turno, é uma alienação relativa da liberdade de
neira a restringir qualquer instrumento internacional
trabalho através de um pacto de prestação de serviços ou
ou legislação nacional que contenha ou possa conter
de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já que a
dispositivos de alcance mais amplo.
servidão era uma instituição típica das sociedades feudais.
A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo.
O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela Artigo VI
utilização do solo, que superava a metade da colheita”11. Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
reconhecida como pessoa perante a lei.
7 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional “Afinal, se o Direito existe em função da pessoa hu-
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. mana, será ela sempre sujeito de direitos e de obriga-
8 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
ções. Negar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
direitos e contrair obrigações, equivale a não reconhecer
2008.
9 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
sua própria existência. [...] O reconhecimento da perso-
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, nalidade jurídica é imprescindível à plena realização da
2008. pessoa humana. Trata-se de garantir a cada um, em to-
10 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à dos os lugares, a possibilidade de desenvolvimento livre
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, e isonômico”12.
2008.
11 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à 12 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
2008. 2008.

3
O sistema de proteção de direitos humanos estabe- Artigo X
lecido no âmbito da Organização das Nações Unidas é Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
global, razão pela qual não cabe o seu desrespeito em audiência justa e pública por parte de um tribunal in-
qualquer localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro dependente e imparcial, para decidir de seus direitos e
que visite outro país não pode ter seus direitos humanos deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
violados, independentemente da Constituição daquele contra ele.
país nada prever a respeito dos direitos dos estrangei- “De acordo com a ordem que promana do preceito
ros. A pessoa humana não perde tal caráter apenas por acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
sair do território de seu país. Em outras palavras, deno- um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
ta-se uma das facetas do princípio da universalidade. direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de
acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios
Artigo VII da isonomia, do devido processo legal, da publicidade
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem dos atos processuais, da ampla defesa e do contraditório
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm di- e da imparcialidade do juiz”13.
reito a igual proteção contra qualquer discriminação que Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de
exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamen-
o julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser
to a tal discriminação.
escolhido imparcialmente, de acordo com as regras de
Um dos desdobramentos do princípio da igualdade organização judiciária que valem para todos. Não obs-
refere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada tante, o juízo deve ser independente, isto é, poder julgar
de caráter genérico e abstrato que evidencia não apli- independentemente de pressões externas para que o jul-
car-se a uma pessoa determinada, mas sim a todas as gamento se dê num ou noutro sentido. O juízo também
pessoas que venham a se encontrar na situação por ela deve ser imparcial, não possuindo amizade ou inimizade
descrita. Não significa que a legislação não possa esta- em graus relevantes para com o acusado. Afinal, o direito
belecer, em abstrato, regras especiais para um grupo de à liberdade é consagrado e para que alguém possa ser
pessoas desfavorecido socialmente, direcionando ações privado dela por uma condenação criminal é preciso que
afirmativas, por exemplo, aos deficientes, às mulheres, esta se dê dentro dos trâmites legais, sem violar direitos
aos pobres - no entanto, todas estas ações devem res- humanos do acusado.
peitar a proporcionalidade e a razoabilidade (princípio
da igualdade material). Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o
Artigo VIII direito de ser presumida inocente até que a sua
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos na- culpabilidade tenha sido provada de acordo
cionais competentes remédio efetivo para os atos que com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
nham sido asseguradas todas as garantias necessá-
violem os direitos fundamentais que lhe sejam reco-
rias à sua defesa.
nhecidos pela constituição ou pela lei.
O princípio da presunção de inocência ou não culpa-
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios
bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocor-
para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Es- ra a condenação criminal transitada em julgado, isto é,
tados-partes o dever de estabelecer em suas legislações processada até o último recurso interposto pelo acusado,
internas instrumentos para proteção dos direitos huma- este deve ser tido como inocente. Durante o processo
nos. Geralmente, nos textos constitucionais são estabe- penal, o acusado terá direito ao contraditório e à ampla
lecidos os direitos fundamentais e os instrumentos para
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

defesa, bem como aos meios e recursos inerentes a estas


protegê-los, por exemplo, o habeas corpus serve à pro- garantias, e caso seja condenado ao final poderá ser con-
teção do direito à liberdade de locomoção. siderado culpado. A razão é que o estado de inocência é
inerente ao ser humano até que ele viole direito alheio,
Artigo IX caso em que merecerá sanção.
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou “Através desse princípio verifica-se a necessidade de
exilado. o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presu-
Prisão e detenção são formas de impedir que a pessoa mido inocente. Está diretamente relacionado à questão
saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privando- da prova no processo penal que deve ser validamente
produzida para ao final do processo conduzir a culpabi-
-a de sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão ou
lidade do indivíduo admitindo-se a aplicação das penas
mudança forçada de uma pessoa do país, sendo assim
previamente cominadas. Entretanto, a presunção de ino-
também uma forma de privar a pessoa de sua liberdade cência não afasta a possibilidade de medidas cautelares
de locomoção em um determinado território. Nenhuma como as prisões provisórias, busca e apreensão, quebra
destas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, de sigilo como medidas de caráter excepcional cujos re-
sem o respeito aos requisitos previstos em lei. quisitos autorizadores devem estar previstos em lei”14.
Não significa que em alguns casos não seja aceita a 13 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
privação de liberdade, notadamente quando o indivíduo Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
tiver praticado um ato que comprometa a segurança ou 2008.
14 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
outro direito fundamental de outra pessoa. Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,

4
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou Artigo XIII
omissão que, no momento, não constituíam deli- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção
to perante o direito nacional ou internacional. e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
Tampouco será imposta pena mais forte do que Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
aquela que, no momento da prática, era aplicável próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar
ao ato delituoso. que a legislação interna pode estabelecer casos em que
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei pe- tal direito seja relativizado, por exemplo, obrigando um
nal in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual funcionário público a residir no município em que está
uma lei penal elaborada posteriormente não pode se sediado ou impedindo o ingresso numa área de interesse
aplicar a atos praticados no passado - nem para um ato estatal.
que não era considerado crime passar a ser, nem para São exceções à liberdade de locomoção: decisão ju-
que a pena de um ato que era considerado crime seja dicial que imponha pena privativa de liberdade ou limi-
aumentada. Evidencia não só o respeito à liberdade, mas tação da liberdade, normas administrativas de controle
também - e principalmente - à segurança jurídica. de vias e veículos, limitações para estrangeiros em certas
regiões ou áreas de segurança nacional e qualquer situa-
Artigo XII ção em que o direito à liberdade deva ceder aos interes-
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida ses públicos18.
privada, na sua família, no seu lar ou na sua corres- 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país,
pondência, nem a ataques à sua honra e reputação. inclusive o próprio, e a este regressar.
Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais inter- A nacionalidade é um direito humano, assim como
ferências ou ataques. a liberdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não
A proteção aos direitos à privacidade e à personali- menciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim
dade se enquadra na primeira dimensão de direitos fun- o de deixá-lo.
damentais no que tange à proteção à liberdade. Enfim,
o exercício da liberdade lega-se também às limitações a
Artigo XIV
este exercício: de que adianta ser plenamente livre se a
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de
liberdade de um interfere na liberdade - e nos direitos
procurar e de gozar asilo em outros países.
inerentes a esta liberdade - do outro.
“O direito à intimidade representa relevante manifes- 2. Este direito não pode ser invocado em caso de per-
tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como seguição legitimamente motivada por crimes de
expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste direito comum ou por atos contrários aos propósitos
em reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um e princípios das Nações Unidas.
espaço indevassável destinado a protegê-la contra in- O direito de asilo serve para proteger uma pessoa
devidas interferências de terceiros na esfera de sua vida perseguida por suas opiniões políticas, situação racial,
privada”15. convicções religiosas ou outro motivo político em seu
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimi- país de origem, permitindo que ela requeira perante a
dade, ao abordar a proteção da vida privada - que, em autoridade de outro Estado proteção. Claro, não se pro-
resumo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do tege aquele que praticou um crime comum em seu país
domicílio e de círculos de amigos -, Silva16 entende que e fugiu para outro, caso em que deverá ser extraditado
“o segredo da vida privada é condição de expansão da para responder pelo crime praticado.
personalidade”, mas não caracteriza os direitos de perso- O direito dos refugiados é o que envolve a garan-
nalidade em si. “O direito à honra distancia-se levemente tia de asilo fora do território do qual é nacional por al-
dos dois anteriores, podendo referir-se ao juízo positivo gum dos motivos especificados em normas de direitos
que a pessoa tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positi-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
humanos, notadamente, perseguição por razões de raça,
vo que dela fazem os outros (honra objetiva), conferindo- religião, nacionalidade, pertença a um grupo social de-
-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à imagem terminado ou convicções políticas. Diversos documentos
também possui duas conotações, podendo ser entendido internacionais disciplinam a matéria, a exemplo da De-
em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da claração Universal de 1948, Convenção de 1951 relativa
pessoa, por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou ao Estatuto dos Refugiados, Quarta Convenção de Ge-
em sentido subjetivo, significando o conjunto de quali-
nebra Relativa à Proteção das Pessoas Civis em Tempo
dades cultivadas pela pessoa e reconhecidas como suas
de Guerra de 1949, Convenção relativa ao Estatuto dos
pelo grupo social”17.
O artigo também abrange a proteção ao domicílio, Apátridas de 1954, Convenção sobre a Redução da Apa-
local no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e tridia de 1961 e Declaração das Nações Unidas sobre a
pode desenvolver sua personalidade; e à correspondên- Concessão de Asilo Territorial de 1967. Não obstante, a
cia, enviada ao seu lar unicamente para sua leitura e não constituição brasileira adota a concessão de asilo político
de terceiros, preservando-se sua privacidade. como um de seus princípios nas relações internacionais
(art. 4º, X, CF).
2008. “A prática de conceder asilo em terras estrangeiras
15 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso a pessoas que estão fugindo de perseguição é uma das
de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. características mais antigas da civilização. Referências
16 SILVA, José Afonso da. Curso de direito
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 18 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
17 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 2008.

5
a essa prática foram encontradas em textos escritos há quadrem na definição da Convenção relativa ao Estatuto
3.500 anos, durante o florescimento dos antigos grandes dos Refugiados. Esta Convenção refere-se a vítimas de
impérios do Oriente Médio, como o Hitita, Babilônico, perseguição por razões de raça, religião, nacionalidade,
Assírio e Egípcio antigo. pertença a um grupo social determinado ou convicções
Mais de três milênios depois, a proteção de refugia- políticas. [...]
dos foi estabelecida como missão principal da agência Existe uma relação evidente entre o problema dos re-
de refugiados da ONU, que foi constituída para assistir, fugiados e a questão dos direitos humanos. As violações
entre outros, os refugiados que esperavam para retornar dos direitos humanos constituem não só uma das princi-
aos seus países de origem no final da II Guerra Mundial. pais causas dos êxodos maciços, mas afastam também a
A Convenção de Refugiados de 1951, que estabele- opção do repatriamento voluntário enquanto se verifica-
ceu o ACNUR, determina que um refugiado é alguém rem. As violações dos direitos das minorias e os conflitos
que ‘temendo ser perseguida por motivos de raça, re- étnicos encontram-se cada vez mais na origem quer dos
ligião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, êxodos maciços, quer das deslocações internas. [...]
se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não Na sua segunda sessão, no final de 1946, a Assem-
pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da bleia Geral criou a Organização Internacional para os
proteção desse país’. Refugiados (OIR), que assumiu as funções da Agência
Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e das Nações Unidas para a Assistência e a Reabilitação
assistência para dezenas de milhões de refugiados, en- (ANUAR). Foi investida no mandato temporário de regis-
contrando soluções duradouras para muitos deles. Os trar, proteger, instalar e repatriar refugiados. [...] Cedo se
padrões da migração se tornaram cada vez mais com- tornou evidente que a responsabilidade pelos refugiados
plexos nos tempos modernos, envolvendo não apenas merecia um maior esforço da comunidade internacional,
refugiados, mas também milhões de migrantes econô- a desenvolver sob os auspícios da própria Organização
micos. Mas refugiados e migrantes, mesmo que viajem das Nações Unidas. Assim, muito antes de terminar o
da mesma forma com frequência, são fundamentalmente mandato da OIR, iniciaram-se as discussões sobre a cria-
distintos, e por esta razão são tratados de maneira muito ção de uma organização que lhe pudesse suceder.
diferente perante o direito internacional moderno. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refu-
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, de-
giados (ACNUR) Na sua Resolução 319 A (IV) de 3 de De-
cidem deslocar-se para melhorar as perspectivas para si
zembro de 1949, a Assembleia Geral decidiu criar o Alto
mesmos e para suas famílias. Já os refugiados necessitam
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O
deslocar-se para salvar suas vidas ou preservar sua liber-
Alto Comissariado foi instituído em 1 de Janeiro de 1951,
dade. Eles não possuem proteção de seu próprio Estado
como órgão subsidiário da Assembleia Geral, com um
e de fato muitas vezes é seu próprio governo que amea-
mandato inicial de três anos. Desde então, o mandato
ça persegui-los. Se outros países não os aceitarem em
do ACNUR tem sido renovado por períodos sucessivos
seus territórios, e não os auxiliarem uma vez acolhidos,
poderão estar condenando estas pessoas à morte ou à de cinco anos [...]”.
uma vida insuportável nas sombras, sem sustento e sem
direitos”19. Artigo XV
As Nações Unidas20 descrevem sua participação no 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
histórico do direito dos refugiados no mundo: 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua na-
“Desde a sua criação, a Organização das Nações Uni- cionalidade, nem do direito de mudar de naciona-
das tem dedicado os seus esforços à proteção dos re- lidade.
fugiados no mundo. Em 1951, data em que foi criado o Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugia- um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

dos (ACNUR), havia um milhão de refugiados sob a sua


responsabilidade. Hoje este número aumentou para 17,5 assim de direitos e obrigações. Não é aceita a figura do
milhões, para além dos 2,5 milhões assistidos pelo Orga- apátrida ou heimatlos, o indivíduo que não possui ne-
nismo das Nações Unidas das Obras Públicas e Socorro nhuma nacionalidade.
aos Refugiados da Palestina, no Próximo Oriente (ANUA- É possível mudar de nacionalidade nas situações pre-
TP), e ainda mais de 25 milhões de pessoas deslocadas vistas em lei, naturalizando-se como nacional de outro
internamente. Em 1951, a maioria dos refugiados eram Estado que não aquele do qual originalmente era nacio-
Europeus. Hoje, a maior parte é proveniente da África e nal. Geralmente, a permanência no território do pais por
da Ásia. Atualmente, os movimentos de refugiados assu- um longo período de tempo dá direito à naturalização,
mem cada vez mais a forma de êxodos maciços, diferen- abrindo mão da nacionalidade anterior para incorporar
temente das fugas individuais do passado. Hoje, oitenta a nova.
por cento dos refugiados são mulheres e crianças. Tam-
bém as causas dos êxodos se multiplicaram, incluindo Artigo XVI
agora as catástrofes naturais ou ecológicas e a extrema 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qual-
pobreza. Daí que muitos dos atuais refugiados não se en- quer restrição de raça, nacionalidade ou religião,
19 http://www.acnur.org/t3/portugues/a- têm o direito de contrair matrimônio e fundar
quem-ajudamos/refugiados/ uma família. Gozam de iguais direitos em relação
20 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ao casamento, sua duração e sua dissolução.
ONU. Direitos Humanos e Refugiados. Ficha normativa nº 20. 2. O casamento não será válido senão com o livre e
Disponível em: <http://www.gddc.pt/direitos-humanos/Ficha_ pleno consentimento dos nubentes.
Informativa_20.pdf >. Acesso em: 13 jun. 2013.

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O casamento, como todas as instituições sociais, varia No que tange à exteriorização da liberdade de reli-
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas gião, ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é
culturas. Há quem o defina como um ato, outros como um devida nenhuma perseguição, assim como é garantido o
contato. Basicamente, casamento é a união, devidamente direito de praticá-la em grupo ou individualmente.
formalizada conforme a lei, com a finalidade de construir
família. A principal finalidade do casamento é estabele- Artigo XIX
cer a comunhão plena de vida, impulsionada pelo amor e Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e
afeição existente entre o casal e baseada na igualdade de expressão; este direito inclui a liberdade de, sem inter-
direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.21 ferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
Não é aceitável o casamento que se estabeleça à força para informações e ideias por quaisquer meios e independente-
algum dos nubentes, sendo exigido o livre e pleno con- mente de fronteiras.
sentimento de ambos. Não obstante, é coerente que a lei Silva25 entende que a liberdade de expressão pode
traga limitações como a idade, pois o casamento é uma ser vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de
comunicação, ou liberdade de informação, que consiste
instituição séria, base da família, e somente a maturidade
em um conjunto de direitos, formas, processos e veículos
pode permitir compreender tal importância.
que viabilizam a coordenação livre da criação, expressão
e difusão da informação e do pensamento. Contudo, o a
Artigo XVII manifestação do pensamento não pode ocorrer de forma
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em ilimitada, devendo se pautar na verdade e no respeito
sociedade com outros. dos direitos à honra, à intimidade e à imagem dos de-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua mais membros da sociedade.
propriedade.
“Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo Artigo XX
o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e
aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade, associação pacíficas.
constitucionalmente assegurado, garante que dela nin- O direito de reunião pode ser exercido independen-
guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”22. O direito temente de autorização estatal, mas deve se dar de ma-
à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos neira pacífica, por exemplo, sem utilização de armas.
humanos, garantindo que cada qual tenha bens materiais 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
justamente adquiridos, respeitada a função social. associação.
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lí-
Artigo XVIII citos, vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto,
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, ninguém poderá ser compelido a associar-se e, uma vez
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de associado, será livre, também, para decidir se permanece
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar associado ou não”26.
essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo cul-
to e pela observância, isolada ou coletivamente, em públi- Artigo XXI
co ou em particular. 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no gover-
Silva23 aponta que a liberdade de pensamento, que no de seu país, diretamente ou por intermédio de
também pode ser chamada de liberdade de opinião, é representantes livremente escolhidos.
considerada pela doutrina como a liberdade primária, eis 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
público do seu país.
que é ponto de partida de todas as outras, e deve ser en-
3. A vontade do povo será a base da autoridade
tendida como a liberdade da pessoa adotar determinada
do governo; esta vontade será expressa em eleições
atitude intelectual ou não, de tomar a opinião pública
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por
que crê verdadeira. Tal opinião pública se refere a diver- voto secreto ou processo equivalente que assegure
sos aspectos, entre eles religião e crença. a liberdade de voto.
A liberdade de religião atrela-se à liberdade de cons- “Na sociedade moderna, nascida de transformações
ciência e à liberdade de pensamento, mas o inverso não que culminaram na Revolução Francesa, o indivíduo é
ocorre, porque é possível existir liberdade de pensamen- visto como homem (pessoa privada) e como cidadão
to e consciência desvinculada de cunho religioso. Aliás, a (pessoa pública). O termo cidadão designava original-
liberdade de consciência também concretiza a liberdade mente o habitante da cidade. Com a consolidação da
de ter ou não ter religião, ter ou não ter opinião políti- sociedade burguesa, passa a indicar a ação política e a
co-partidária ou qualquer outra manifestação positiva ou participação do sujeito na vida da sociedade”27.
negativa da consciência24. Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime
21 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil
de governo em que o poder de tomar decisões políti-
brasileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6. cas está com os cidadãos, de forma direta (quando um
22 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles tomam a
fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º 25 SILVA, José Afonso da. Curso de direito
da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. 26 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
23 SILVA, José Afonso da. Curso de direito esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 27 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e
24 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à política. In: CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo:
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Scipione, 2000.

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decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
o poder de eleger um representante). Uma democracia por si só o sentimento de importância para a sociedade
pode existir num sistema presidencialista ou parlamen- por parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a
tarista, republicano ou monárquico - somente importa geração de empregos não se dá automaticamente, caben-
que seja dado aos cidadãos o poder de tomar decisões do aos Estados desenvolverem políticas econômicas para
políticas (por si só ou por seu representante eleito), nos diminuir os índices de desemprego o máximo possível.
termos que este artigo da Declaração prevê. A principal A remuneração é a retribuição financeira pelo traba-
classificação das democracias é a que distingue a direta lho realizado. Nesta esfera também é necessário o res-
da indireta - a) direta, também chamada de pura, na qual peito ao princípio da igualdade, por não ser justo que
o cidadão expressa sua vontade por voto direto e indi- uma pessoa que desempenhe as mesmas funções que a
vidual em casa questão relevante; b) indireta, também outra receba menos por um fator externo, característico
chamada representativa, em que os cidadãos exercem dela, como sexo ou raça. No âmbito do serviço público
individualmente o direito de voto para escolher repre- é mais fácil controlar tal aspecto, mas são inúmeras as
sentante(s) e aquele(s) que for(em) mais escolhido(s) re- empresas privadas que pagam menor salário a mulheres
presenta(m) todos os eleitores. e que não chegam a ser levadas à justiça por isso. Não
Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So- obstante, a remuneração deve ser suficiente para pro-
cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação porcionar uma existência digna, com o necessário para
de serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão manter assegurados ao menos minimamente todos os
de direitos humanos, referentes aos direitos econômi- direitos humanos previstos na Declaração.
cos, sociais e culturais - sem os quais não se consolida a Os sindicatos são bastante comuns na seara traba-
igualdade material. lhista e, como visto, a todos é garantida a liberdade de
associação, não podendo ninguém ser impedido ou for-
Artigo XXII çado a ingressar ou sair de um sindicato.
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito
à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, Artigo XXIV
pela cooperação internacional e de acordo com a organi- Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive
zação e recursos de cada Estado, dos direitos econômi- a limitação razoável das horas de trabalho e férias
cos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e periódicas remuneradas.
ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem
Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma,
segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto assegura-se horários livres para que a pessoa desfrute de
internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Cultu- momentos de lazer e descanso, bem como impede-se
rais de 1966 é o documento que especifica e descreve a fixação de uma jornada de trabalho muito exaustiva.
tais direitos. de uma maneira geral, são direitos que não São medidas que asseguram isto a previsão de descanso
dependem puramente do indivíduo para a implementa- semanal remunerado, a limitação do horário de trabalho,
ção, exigindo prestações positivas estatais, geralmente a concessão de férias remuneradas anuais, entre outras.
externadas por políticas públicas (escolhas políticas a Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é forneci-
respeito de áreas que necessitam de investimento maior do “[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhado-
ou menos para proporcionar um bom índice de desen- res. De forma geral, os dispositivos em comento versam
volvimento social, diminuindo desigualdades). Entre ou- sobre o direito ao trabalho, principal meio de sobrevi-
tros direitos, envolvem o trabalho, a educação, a saúde, a vência dos indivíduos que ‘vendem’ força de trabalho em
alimentação, a moradia, o lazer, etc. Como são inúmeras troca de uma remuneração justa. Ademais, estabelecem
as áreas que necessitam de investimento estatal, natural- a liberdade do cidadão de escolher o trabalho e, uma vez
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

mente o atendimento a estes direitos se dá de maneira obtido o emprego, o direito de nele encontrar condições
gradual. justas, tanto no tocante à remuneração, como no que diz
respeito ao limite de horas trabalhadas e períodos de re-
Artigo XXIII pouso (disposição constante do artigo XXIV da Declara-
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre esco- ção). Garantem ainda o direito dos trabalhadores de se
lha de emprego, a condições justas e favoráveis unirem em associação, com o objetivo de defesa de seus
de trabalho e à proteção contra o desemprego. interesses”28.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
igual remuneração por igual trabalho. Artigo XXV
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu- 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz
neração justa e satisfatória, que lhe assegure, as- de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar,
sim como à sua família, uma existência compatível inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuida-
com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, dos médicos e os serviços sociais indispensáveis, e
se necessário, outros meios de proteção social. direito à segurança em caso de desemprego, doen-
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e ça, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de per-
neles ingressar para proteção de seus interesses. da dos meios de subsistência fora de seu controle.    
O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro- 28 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
2008.

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O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão exige-se um critério justo para a seleção dos ingressos,
de vida suficiente para garantir sua dignidade em todas o qual seja baseado no mérito (os mais capacitados
as esferas: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. conseguirão as vagas de ensino técnico-profissional e
Bem se sabe que é um objetivo constante do Estado De- superior).
mocrático de Direito proporcionar que pessoas cheguem Ainda, a Declaração de 1948 deixa clara que a edu-
o mais próximo possível - e cada vez mais - desta cir- cação não envolve apenas o aprendizado do conteúdo
cunstância. programático das matérias comuns como matemática,
Fala-se em segurança no sentido de segurança públi- português, história e geografia, mas também a com-
ca, de dever do Estado de preservar a ordem pública e a preensão de abordagens sobre assuntos que possam
incolumidade das pessoas e do patrimônio público e pri- contribuir para a formação da personalidade da pessoa
vado29. Neste conceito enquadra-se a seguridade social, humana e conscientizá-la de seu papel social.
na qual o Estado, custeado pela coletividade e pelos co- Não obstante, da parte final da Declaração extrai-se
fres públicos, garante a manutenção financeira dos que a consciência de que a educação não é apenas a formal,
por algum motivo não possuem condição de trabalhar. aprendida nos estabelecimentos de ensino, mas também
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados a informal, transmitida no ambiente familiar e nas demais
e assistência especiais. Todas as crianças nascidas áreas de contato da pessoa, como igreja, clubes e, no-
dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma tadamente, a residência. Por isso, os pais têm um papel
proteção social. direto na escolha dos meios de educação de seus filhos.
A proteção da maternidade tem sentido porque sem
isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se- Artigo XXVII
jam protegidas com atenção especial para que se tor- 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente
nem adultos capazes de proporcionar uma melhora no da vida cultural da comunidade, de fruir as artes
planeta. e de participar do processo científico e de seus be-
nefícios.
Artigo XXVI 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução morais e materiais decorrentes de qualquer pro-
será gratuita, pelo menos nos graus elementares e dução científica, literária ou artística da qual seja
fundamentais. A instrução elementar será obrigató- autor.
ria. A instrução técnico-profissional será acessível a Os conflitos que se dão entre a liberdade e a pro-
todos, bem como a instrução superior, esta baseada priedade intelectual se evidenciam, principalmente, sob
no mérito. o aspecto da liberdade de expressão, na esfera específica
2. A instrução será orientada no sentido do pleno da liberdade de comunicação ou informação, que, nos
desenvolvimento da personalidade humana e do dizeres de Silva30, “compreende a liberdade de informar e
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos a liberdade de ser informado”. Sob o enfoque do direito
e pelas liberdades fundamentais. A instrução pro- à liberdade e do direito de acesso à cultura, seria livre
moverá a compreensão, a tolerância e a amizade a divulgação de toda e qualquer informação e o aces-
entre todas as nações e grupos raciais ou religio- so aos dados disponíveis, independentemente da fonte
sos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas ou da autoria. De outro lado, há o direito de proprieda-
em prol da manutenção da paz. de intelectual, o qual possui um caráter dualista: moral,
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gê- que nunca prescreve porque o autor de uma obra nun-
nero de instrução que será ministrada a seus filhos. ca deixará de ser considerado como tal, e patrimonial,
A Declaração Universal de 1948 divide a disponibili- que prescreve, perdendo o autor o direito de explorar

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


dade e a obrigatoriedade da educação em níveis. Aquela benefícios econômicos de sua obra31. Cada vez mais esta
educação que é considerada essencial, qual seja, a ele- dualidade entre direitos se encontra em conflito, uma vez
mentar, deve ser gratuita e obrigatória. Já a educação que a evolução tecnológica trouxe meios para a cópia
fundamental, de grande importância, deve ser gratuita, em massa de conteúdos protegidos pela propriedade
mas não é obrigatória. Esta nomenclatura adotada pela intelectual.
Declaração equipara-se ao ensino fundamental e ao en-
sino médio no Brasil, sendo elementar o primeiro e fun- Artigo XVIII
damental o segundo. A educação técnico-profissional Toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter-
refere-se às escolas voltadas ao ensino de algum ofício, nacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na
não complexo a ponto de exigir formação superior e, presente Declaração possam ser plenamente realizados.
justamente por isso, possuem menor duração e menor Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos
custo; ao passo que a educação superior é a que se dá humanos tem caráter global e cada Estado que assumiu
no âmbito das universidades, formando profissionais de compromisso perante a ONU ao integrá-la deve garantir
maior especialidade numa área profissional, com am- o respeito a estes direitos no âmbito de seu território.
plo conhecimento, razão pela qual dura mais tempo e é Com isso, a pessoa estará numa ordem social e interna-
mais onerosa. As duas últimas são de maior custo e não cional na qual seus direitos humanos sejam assegurados,
podem ser instituídas de tal forma que sejam garantidas 30 SILVA, José Afonso da. Curso de direito
vagas para todas as pessoas em sociedade, entretanto, constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
31 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet:
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional liberdade de informação, privacidade e responsabilidade civil.
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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preservando-se sua dignidade. Em outras palavras, “de- direitos humanos não podem ser utilizados como um
vidamente emparelhadas, portanto, a ordem social e a escudo para práticas ilícitas ou como argumento para
ordem internacional se manifestam, a seu modo, como afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos
as duas faces das instituições humanitárias, tanto estatais ilícitos, assim os direitos humanos não são ilimitados e
quanto particulares, orientando seus passos a serviço da encontram seus limites nos demais direitos igualmente
comunidade humana”32. consagrados como humanos. Isto vale tanto para os in-
divíduos, numa atitude perante os demais, quanto para
Artigo XXIX os Estados, ao externar o compromisso global assumido
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, perante a ONU.
em que o livre e pleno desenvolvimento de sua per-
sonalidade é possível. #FicaDica
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
O direito de reunião deve ser pacífico e poderá
estará sujeita apenas às limitações determinadas
sofrer restrições previstas em lei. O intuito é
pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o
preservação da segurança nacional e da ordem
devido reconhecimento e respeito dos direitos e li-
pública.
berdades de outrem e de satisfazer às justas exigên-
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de
uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
alguma, ser exercidos contrariamente aos propósi- DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDA-
tos e princípios das Nações Unidas.
MENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE
Explica Canotilho33 que “a ideia de deveres funda-
mentais é suscetível de ser entendida como o ‘outro
1988 (ARTS. 5º AO 15).
lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um
direito fundamental corresponde um dever por parte de
um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular está
vinculado aos direitos fundamentais como destinatário Com a promulgação da Constituição Federal de 1988,
o Brasil foi definido como um Estado Democrático de Di-
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito
reito.
fundamental, enquanto protegido, pressuporia um de-
Em razão disto, é certo que a Constituição trouxe
ver correspondente”. Esta é a ideia que a Declaração de
importantes direitos e garantias. No art. 5º, os direitos
1948 busca trazer: não será assegurada nenhuma liber-
fundamentais, dos arts. 6º ao 11, os direitos sociais e nos
dade que contrarie a lei ou os demais direitos de outras
arts. 14 e 15, os direitos políticos.
pessoas, isto é, os preceitos universais consagrados pelas
A inserção destes direitos em nosso ordenamento
Nações Unidas.
jurídico decorre de o Brasil ter aderido a tratados e con-
venções internacionais como a Declaração Universal dos
Artigo XXX Direitos Humanos, Pacto de Direitos Civil e Políticos da
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser ONU, Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, O direito à vida e a preservação à integridade física e
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer ativida- moral, bem como à liberdade igualdade, propriedade e
de ou praticar qualquer ato destinado à destruição de segurança constituem os direitos e garantias fundamen-
quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. tais que estão previstos no art. 5º, caput da Constituição
“A colidência entre os direitos afirmados na Declara- Federal.
ção é natural. Busca-se com o presente artigo evitar que,
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Estes direitos e garantias constitucionais correspon-


no eventual choque entre duas normas garantistas, os dem aos direitos humanos previstos em pactos, dos
sujeitos nela mencionados se valham de uma interpre- quais o Brasil tornou-se signatário.
tação tendente a infirmar qualquer das disposições da Diante disto, tornou-se necessária a inclusão destes
Declaração ao argumento de que estão respeitando um direitos em nosso ordenamento jurídico, o que ocorreu
direito em detrimento de outro”34. Nenhum direito hu- pela Constituição Federal de 1988.
mano é ilimitado: se o fossem, seria impossível garantir Importante dizer que assim como os direitos huma-
um sistema no qual todas as pessoas tivessem tais di- nos, os direitos fundamentais supramencionados pos-
reitos plenamente respeitados, afinal, estes necessaria- suem algumas características, quais sejam:
mente colidiriam com os direitos das outras pessoas, os • universalidade: são direitos garantidos a todos que
quais teriam que ser violados. Este é um dos sentidos estejam sob a égide, ou seja, vivendo no território
do princípio da relatividade dos direitos humanos - os brasileiro e, portanto, sob a vigência da Constitui-
32 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à ção Federal;
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, • irrenunciáveis: o titular dos direitos e garantias fun-
2008. damentais não pode deles renunciar. Poderá, con-
33 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. tudo, não exercer o direito, mas jamais dele abrir
Direito constitucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: mão;
Almedina, 1998. • inalienabilidade: ainda como consequência da ca-
34 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à racterística acima, o titular de um direito funda-
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, mental, também não poderá aliená-lo, ou seja, não
2008.

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pode realizar qualquer tipo de transação abrindo que tenha havido sua autorização para tanto, terá direito
mão de seu direito, pois não há conteúdo econô- a buscar junto ao Poder Judiciário, indenização pelos da-
mico; nos sofridos.
• imprescritibilidade: estes direitos são imprescrití- Isto porque tal proteção decorre da garantia funda-
veis. Diante disto, a qualquer tempo, aquele que mental de que todos gozam de ter preservada sua inte-
sofrer uma lesão a um de seus direitos ou garantias gridade, física ou moral.
fundamentais, poderá buscar a reparação diante do Caso ocorra qualquer violação, a pessoa ofendida,
Poder Judiciário. Assim, o lapso temporal não terá terá garantido seu direito a ingressar em juízo e obter
o condão de impedir que a pessoa lesada busque indenização pelos prejuízos materiais (econômicos) que
exigir a proteção de seu direito. tenham decorrido desta ofensa, bem como morais.
Após esta breve introdução, passemos a analisar alguns Por dano moral, entende-se qualquer violação que
direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. uma pessoa sofra que lhe cause mágoa, tristeza, intenso
sofrimento, desgosto, vergonha, enfim, que seja capaz de
Como já vimos acima, os direitos e garantias funda- gerar sentimentos extremamente negativos.
mentais estão previstos no art. 5º da Constituição Federal Portanto, ninguém poderá expor o nome, a honra, a
que traz a seguinte redação: imagem, a intimidade e a vida privada do outro, sem que
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de haja a devida autorização da pessoa envolvida.
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es- Esta situação é fácil de ser exemplificada quando lem-
trangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à bramos daqueles quadros veiculados em programas te-
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, levisivos conhecidos popularmente como “pegadinhas”.
nos seguintes termos: A pessoa exposta àquela situação autorizou a veicula-
Necessário verificar as particularidades e desdobra- ção daquelas imagens. Se não o tivesse feito, certamente
mentos de alguns destes direitos e garantias fundamentais. poderia buscar diante de um juiz, indenização por danos
Direito à vida: é possível dizer que o direito à vida ga- materiais e morais que teriam surgido daquela situação.
rante à pessoa, o direito de preservação de sua vida, bem Em tempos atuais, as redes sociais também se tornam
como o de poder viver de forma digna. um importante meio de possíveis violações.
Como desdobramento deste direito, é possível men- Diariamente internautas se envolvem em situações
cionar a vedação à pena de morte, exceto em situação de que podem constituir possíveis danos aos direitos funda-
guerra declarada. mentais da pessoa. É o caso dos chamados haters, pes-
Inclusive, importa frisar, que por se tratar de uma de- soas que acessam a rede com o exclusivo intuito de ofen-
corrência do direito à vida, referida proibição constitui cláu- der o outro, expondo seu nome, imagem e intimidade.
sula pétrea, ou seja, assim como os demais direitos e ga- Estas situações certamente constituem violações que
rantias fundamentais, não poderá ser objeto de alteração serão levadas ao Poder Judiciário para a responsabiliza-
ou supressão. ção dos ofensores e reparação de danos (indenização por
Além disso, em razão deste direito, é garantido a to- dano material e moral).
dos viver de forma digna, ou seja, ter acesso a serviços de Lembre-se sempre que isto decorre da garantia cons-
saúde, saneamento básico, medicamentos e também, a ga- titucional de preservação da integridade física e moral a
rantia de um valor mínimo para sua sobrevivência (como o que todos fazem jus.
benefício decorrente da assistência social, conhecido po- Direito à igualdade: o direito à igualdade está previs-
pularmente como LOAS). to também no caput do art. 5º da Constituição Federal.
Também relaciona-se ao direito à vida, a previsão do Assim, é definido:
aborto como um crime. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
Assim, é certo que, com exceção dos casos previstos no
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
quer natureza (...).
Código Penal, a interrupção de uma gestação é considera- Trata-se da igualdade formal, ou seja, a garantia, pre-
da um crime. vista na Lei (Constituição Federal) de que todas as pes-
Há grande controvérsia em torno do assunto atual- soas, independentemente de sua raça, gênero ou qual-
mente. Porém, a previsão do aborto como uma conduta quer outra característica física ou comportamental, são
criminosa decorre do direito ora estudado. iguais, tendo os mesmos direitos e garantias assegura-
Preservação da integridade física e moral (honra, ima- dos pela Constituição Federal.
gem, nome, intimidade e vida privada): o art. 5º, inciso X da Porém, a igualdade também é analisada sobre outro
Constituição Federal preceitua o seguinte: aspecto: o material.
Art. 5º (...). Por igualdade material temos que a lei deve tratar os
X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, a iguais de forma igual e os desiguais, de forma desigual,
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização na medida de sua desigualdade.
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Num primeiro momento, isto parece bastante confuso.
Em razão disto, todos terão a garantia de que sua in- Mas vamos entender como todos são iguais, mas po-
tegridade física e moral será respeitada. Porém, caso sofra dem ser tratados de forma desigual quando houver uma
qualquer forma de violação, poderá buscar a reparação, desigualdade que justifique.
tendo garantido o direito a ser indenizado pelo dano ma- A Constituição Federal traz alguns exemplos de situa-
terial ou moral decorrente de sua violação. ções que são tratadas de forma desigual, pois há uma
Assim, aquele que tenha sua honra, imagem, nome, in- desigualdade que justifique: por exemplo, a licença-
timidade e vida privada expostos de qualquer forma, sem -maternidade e licença-paternidade, previstas respecti-

11
vamente, no art. 7º, incisos XVIII e XIX da Constituição Alguns aspectos devem ser destacados em relação à
Federal, ou ainda, o serviço militar obrigatório, que isenta liberdade:
as mulheres e os eclesiásticos (art. 143, § 2º). Pela liberdade de locomoção:
Percebe-se assim, que embora estes sejam exemplos Art. 5º (...)
de possíveis direitos desiguais, eles se justificam em ra- XV- é livre a locomoção no território nacional em tem-
zão da desigualdade que envolve os detentores dos di- pos de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
reitos. lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Também podemos falar sobre o direito à igualdade Assim, em decorrência da liberdade, também é ga-
no tocante às cotas previstas para ingresso nas univer- rantido pela Constituição Federal, que todos vivam con-
sidades. forme suas convicções, seguindo a crença religiosa que
Atualmente, os vestibulares para ingresso nas uni- melhor lhe convier, bem como tendo respeitado seu pen-
versidades, estabelecem cotas específicas para pessoas samento em relação à política ou convicções filosóficas.
egressas do ensino público. Isto está previsto no art. 5º, inciso VIII:
Justificam-se porque, ao longo dos tempos, verificou- Art. 5º (...)
-se que os alunos que frequentaram escolas de ensino VIII-ninguém será privado de direitos por motivo de
público apresentam maiores dificuldades para ingresso crença religiosa ou convicção filosófica ou política, sal-
em universidades públicas do que aqueles que frequen- vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
taram o ensino privado. todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
Além disso, hoje também é comum que existam cotas nativa, fixada em lei.
nos Editais de concursos públicos para negros. Assim, é certo que cabe a cada indivíduo fazer suas
Isto se justifica porque os negros em virtude de pre- escolhas de vida e manter seus pensamentos, não po-
conceito perpetrado na sociedade, encontram, ainda dendo o Estado, criar qualquer óbice ou punir aqueles
hoje, diversas barreiras que impedia-os o acesso aos que pensem de forma diversa.
estudos e posteriormente ao mercado de trabalho em Também merece ser mencionado o inciso IV do mes-
igualdade de condições com pessoas brancas. mo art.:
Tratam-se das chamadas ações afirmativas. IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo veda-
E o que são referidas ações? do o anonimato;
São medidas pontuais e que serão adotadas por certo E ainda, o inciso IX:
período de tempo com o objetivo de amenizar ou mes- IX- é livre a expressão da atividade intelectual, artísti-
mo cessar as diferenças históricas havidas entre os indi- ca, científica e de comunicação, independentemente de
víduos. censura ou licença;
Vale dizer que as ações afirmativas estão previstas no Assim, também decorrem da liberdade, o direito de
Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288 de 20 de julho manifestação do pensamento e de qualquer atividade in-
de 2010), em seu art. 1º, inciso VI): telectual, artística, científica e de comunicação.
Art. 1º. Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, Portanto, não pode ser estabelecida qualquer forma
destinado a garantir à população negra a efetivação da de censura pelo Poder Público. Ademais, todos os indiví-
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos duos podem expor sua atividade intelectual ou artística
individuais, coletivos e difusos e o combate à discrimina- de forma livre, sem necessitar de eventual aval dos go-
ção e às demais formas de intolerância étnica: vernantes.
Também são previstos nos Editais de concursos públi- Destaca-se que é em razão disto que são livres quais-
cos vagas destinadas exclusivamente para pessoas que quer manifestações.
tenham alguma deficiência. Ainda, sobre o direito à liberdade, cabe mencionar,
Trata-se, portanto, de uma discriminação positiva. ainda que brevemente, um fato notório ocorrido a pouco
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Ou seja, em razão de uma desigualdade em relação tempo atrás.


aos demais ocasionada pela deficiência, aquele que plei- Uma associação de artistas ingressou com uma ação
tear uma vaga em concurso público, deverá concorrer no STF (Supremo Tribunal Federal) com o objetivo de im-
conforme suas condições. pedir que fossem publicas biografias não autorizadas. A
Diante disto, verifica-se que a igualdade está presen- alegação deles era de que estas biografias ofendiam a
te ainda que em situações que aparentam uma possí- integridade moral dos biografados, visto que expunham
vel desigualdade, pois, em verdade, deve ser observado fatos desconhecidos pelas pessoas ou mesmo situações
todo o contexto ao redor destes direitos, de forma que que lhes poderiam causar constrangimentos se viessem
se garanta efetivamente que todos sejam tratados da ao conhecimento público.
mesma forma perante a lei, consoante prevê o art. 5º da
Contudo, a Corte entendeu que eles não tinham ra-
Constituição Federal.
zão, pois, ao necessitar de autorização para a publica-
Direito à liberdade: a liberdade também é uma decor-
ção das biografias, os artistas teriam violado seu direito
rência do direito à vida.
à liberdade de manifestação e à liberdade intelectual e
O direito à liberdade previsto no art. 5º se manifesta
artística.
em diversos pontos da Constituição Federal e em muitos
aspectos: liberdade de locomoção (inciso XV); liberdade É importante atentar para este fato, pois poderá ser
de pensamento (inciso IV); liberdade de expressão (in- objeto de prova.
ciso IX); liberdade de associação (inciso XVII); liberdade Finalmente, é necessário dizer que diante da garantia
religiosa (inciso VI), liberdade de exercício de trabalho de liberdade, o indivíduo apenas poderá ser preso em
(inciso XIII). situação de flagrante delito ou por meio de ordem es-

12
crita e fundamentada da autoridade competente, salvo Ademais, a função social também inclui um importan-
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente te elemento subjetivo daqueles que estão relacionados
militar, conforme estabelece o art. 5º, inciso LXI. na propriedade, qual seja: devem ser respeitadas as re-
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou lações trabalhistas daqueles que trabalhem na proprie-
por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju- dade, bem como seu bem-estar, além do bem-estar do
diciária competente, salvo nos casos de transgressão proprietário.
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; Finalmente, o direito de propriedade pode ser relati-
Direito à propriedade: o direito à propriedade embora vizado pela desapropriação.
previsto na Constituição Federal, não é absoluto. Prevista no art. 5º, inciso XXIV, a desapropriação po-
Em primeiro lugar porque o direito está condicionado derá ser ordenada pelo Poder Público em razão de ne-
ao atendimento da função social. cessidade, utilidade pública e interesse social.
A Constituição Federal, em dois dispositivos, arts. 182, Nestes casos, será determinada a perda da proprieda-
§ 2º e 186 fala sobre o tema: de da pessoa em favor do Poder Público mediante o pa-
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, exe- gamento de uma indenização justa e prévia, que deverá
cutada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes ser paga em dinheiro.
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno de- Direitos sociais: o art. 6º da Constituição Federal pre-
senvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o ceitua os direitos sociais.
Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
bem-estar de seus habitantes.
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
(...)
segurança, a previdência social, a proteção à maternida-
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social
de e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
quando atende às exigências fundamentais da or-
desta Constituição.
denação da cidade expressas no plano diretor. Conforme se verifica, tratam-se daqueles direitos mí-
Art. 186. A função social é cumprida quando a pro- nimos necessários para que a pessoa viva com dignidade
priedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios num Estado de Direito.
e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes Estes direitos constituem prestações positivas que o
requisitos: Estado deve garantir a todos os cidadãos. Terão eficácia
I- aproveitamento racional e adequado; imediata, à medida que não podem depender de outra
II- utilização adequada dos recursos naturais disponí- norma para sua implementação pelo Poder Público.
veis e preservação do meio ambiente; Destaque para o direito à saúde, por meio do qual,
III- observância das disposições que regulam as rela- o Poder Público deverá promover ações de promoção,
ções de trabalho; proteção e recuperação da saúde:
IV- exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- Art. 5º (...)
tários e dos trabalhadores. XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapro
Segundo previsto nestes dois dispositivos, em rela- priação por necessidade ou utilidade pública, ou por
ção à propriedade urbana, a função social estará sendo interesse social, mediante justa e prévia indenização
cumprida quando atendidas às exigências de ordenação em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Cons-
da cidade constante no plano diretor estiverem sendo tituição.
observadas. Art. 196 CF. A saúde é direito de todos e dever do Esta-
Por sua vez, quanto à propriedade rural, a função so- do, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
cial será preenchida quando os seguintes requisitos esti- visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
verem sendo cumpridos: aproveitamento racional e ade- ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


quado da área; utilização adequada dos recursos naturais sua promoção, proteção e recuperação.
disponíveis e preservação do meio ambiente; observân- Ou seja, a obrigação do Estado com a população, em
cia das disposições que regulam as relações de trabalho, princípio, é de manter políticas públicas que previnam
e protejam de doenças. Num segundo momento, se a
ou seja, daqueles que estiverem prestando serviços na
pessoa já apresenta uma doença, cabe ao Estado prestar-
propriedade; exploração que favoreça o bem-estar dos
-lhe atendimento médico e fornecer medicamentos para
proprietários e dos trabalhadores.
a recuperação de sua saúde.
Assim, embora o direito de propriedade seja garanti-
Necessário dizer que todos os direitos sociais são uni-
do na Constituição Federal, ele não é absoluto. versais. Portanto, caberá ao Poder Público, implementá-
Como visto, a função social deve ser atendida. -los sem qualquer distinção.
Entende-se, por função social, como visto acima, no Assim, mesmo que a pessoa não apresente uma si-
caso da propriedade urbana, que sejam atendidos e res- tuação de vulnerabilidade econômica, poderá buscar
peitados as determinações do plano diretor. atendimento hospitalar público ou mesmo matricular-se
Em breve síntese, o plano diretor é um documento em uma escola estadual ou municipal.
que deve ser elaborado por cada município para o orde-
namento das cidades.
No caso da propriedade para que seja efetivamente #FicaDica
aproveitada, necessário serem utilizados os recursos na- Direitos sociais são universais.
turais de forma consciente e adequada, sem desperdício
e depredação ambiental.

13
FIQUE ATENTO!
EXERCÍCIOS COMENTADOS É necessário ressalvar, porém, o caso da pes-
soa que nasceu no Brasil, mas é filho de pais
1. (Prefeitura de Rio de Janeiro-RJ – Guarda Munici- estrangeiros e que estejam à serviço de seu
pal – Nível Médio – BD – 2011) país. Este sujeito não será brasileiro.
Em texto expresso a Constituição Federal assegura que,
no território nacional, ninguém será privado da liberdade
sem que se respeite: Isto porque, a Constituição Federal, ainda no art. 12,
inciso I, letra “a” é clara ao dizer que também será brasi-
a) a segurança jurídica leiro, aquele que tiver nascido aqui, mesmo filho de es-
b) o devido processo legal trangeiros, desde que os pais não estejam a serviço do
c) o direito adquirido seu país.
d) o ato jurídico perfeito Também será considerado brasileiro aquele que tem
pai ou mãe brasileiros, mas nasceu no estrangeiro quan-
Resposta: Letra B - Trata-se de uma garantia cons- do um deles estava no exterior a serviço do Brasil.
titucional, o devido processo legal previsto no art. 5º,
inciso LIV. Assim, ninguém poderá ser privado de sua
liberdade ou de seus bens sem que tenha havido um #FicaDica
processo legal, inclusive garantindo-se a ampla defesa É necessário que apenas um dos genitores seja
e o contraditório à pessoa que esteja sofrendo a ameaça brasileiro.
de privação.

2. (Polícia Civil SP-Escrivão de Polícia – Nível Médio – Esta situação está definida no art. 12, inciso I, letra “b”.
VUNESP – 2013) Finalmente, a letra “c” também deste dispositivo defi-
Assinale a alternativa cujo texto esteja em consonância ne que será brasileiro nato aquele nascido no estrangei-
com as disposições constitucionais no que respeita aos ro, filho de pai ou mãe brasileiros quando:
direitos e deveres individuais e coletivos. - for registrado em repartição brasileira competente:
ou seja, quando do nascimento, seus pais o regis-
a) A criação de associações e, na forma da lei, a de coo- traram perante consulado brasileiro no exterior;
perativas independem de autorização, sendo vedada a - venham a residir no Brasil e, após atingida a maiori-
interferência estatal em seu funcionamento. dade, optem pela nacionalidade brasileira.
b) É livre a manifestação do pensamento, sendo permiti- Nesta última hipótese, mesmo que a pessoa tenha
do o anonimato. nascido no exterior e lá tenha sido registrada, se, seu pai
c) Por crime político ou de opinião, será concedida a ex- ou mãe forem brasileiros e o sujeito tenha vindo morar
tradição de estrangeiro. no Brasil, poderá, após completar dezoito anos, optar
d) É plena a liberdade de associação, para fins lícitos, in- pela nacionalidade.
clusive a de caráter paramilitar. Vale ressaltar que deve atingir a maioridade para fa-
e) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, zer esta escolha, tendo em vista ser este o momento em
científica e de comunicação, na dependência de prévia que alcança a capacidade jurídica plena.
censura ou licença. Ademais, o sujeito poderá ser brasileiro naturalizado.
Será naturalizado, conforme determina o art. 12, inciso II:
Resposta: Letra A - Constitui uma garantia dos bra- - a pessoa nascida em país cujo idioma seja a língua
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

sileiros ou dos estrangeiros residentes no país, a liber- portuguesa, tendo para tanto que comprovar a resi-
dade de associar-se independentemente de qualquer dência em solo brasileiro por um ano ininterrupto e
autorização estatal, estando isto previsto no art. 5º, idoneidade moral (art. 12, inciso II, letra “a”);
inciso XVIII da Constituição Federal. Decorre do valor - a pessoa nascida em qualquer país, desde que re-
da liberdade. sidente no Brasil há mais de quinze anos ininter-
ruptos e sem condenação penal (art. 12, inciso III,
Nacionalidade e Direitos políticos letra “b”).
Nacionalidade, conforme bem nos define o ilustre ju- Assim, a pessoa poderá requerer a naturalização bra-
rista Pedro Lenza: “(...) pode ser definida como o vínculo sileira, desde que enquadre em alguma das situações
jurídico-político que liga um indivíduo a determinado Es- acima e preencha os requisitos determinados pela Cons-
tado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o tituição Federal.
povo daquele Estado e, por consequência, desfrute de Ademais, existe uma situação peculiar que correspon-
direitos e submeta-se a obrigações”. de ao português.
Diante disto, temos que um sujeito pode ser brasileiro Conforme preceitua o art. 12, § 1º da Constituição Fe-
nato ou naturalizado: deral, o português terá os mesmos direitos do brasileiro,
O brasileiro nato, conforme preceitua o art. 12, inciso desde que tenha residência permanente no Brasil e se
I, letra “a” da Constituição Federal é qualquer pessoa cujo houver reciprocidade de Portugal em relação aos brasi-
nascimento ocorreu em território brasileiro. Assim, per- leiros, ou seja, se no país europeu, o brasileiro gozar do
cebe-se que a regra adotada no país é do jussolis. mesmo privilégio.

14
O art. 12, § 4º nos define que perderão a nacionalida- O comércio de armas de fogo e munição deve ser proi-
de o brasileiro que: bido no Brasil?
- o inciso I traz a situação daquele que tiver cancela- Importa destacar que estava vigente desde 2003 o Es-
da sua naturalização por sentença judicial motivada tatuto do Desarmamento em que já havia sido proibido o
por atividade nociva ao interesse nacional; comércio de armas de fogo e munições. Contudo, havia
- o inciso II define que deixará de ser brasileiro o su- previsão legal que para entrada em vigor, seria necessária
jeito que adquirir outra nacionalidade, exceto: se a ratificação da população por meio de um referendo,
houver o reconhecimento de nacionalidade origi- podendo é claro, também rejeitar o dispositivo que en-
nária (brasileira) pela lei estrangeira ou ainda se a tão não vigoraria.
pessoa tiver que se naturalizar, em virtude de nor- A maioria dos cidadãos votou pela ratificação do dis-
ma estrangeira, como condição para permanência positivo, respondendo, portanto, não à questão formula-
em seu território ou exercício de direitos civis. da (mencionada acima) e, portanto, passando a vigorar o
Finalmente necessário dizer que, a lei, não poderá fa- art. que proibia o comércio de armas de fogo e munições
zer qualquer distinção entre o brasileiro nato e o natu- no Brasil.
ralizado. A Constituição Federal, no art. 12, § 2º, porém, Outro dos direitos políticos que deve ser mencionado
determina que alguns cargos são privativos de brasileiros é a iniciativa popular. Trata-se da iniciativa que é garanti-
natos, quais sejam: Presidente e vice-Presidente da Repú- da a todo cidadão de apresentar um projeto de lei. Este
blica; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente direito está regulamentado pelo art. 61, § 2º da Constitui-
do Senado Federal; Ministro do Supremo Tribunal Fede- ção Federal, cabendo para tanto, serem preenchidos os
ral; carreira diplomática, de oficial das Forças Armadas e requisitos ali previstos, conforme a seguir mencionado:
de Ministro do Estado de Defesa. Art. 61 (...) § 2º. A iniciativa popular pode ser exercida
Direitos Políticos: Os direitos políticos estão previstos pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal, em seu Capítulo lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
IV, no Título II. nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
O art. 14 preceitua o seguinte: não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio um deles.
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para Importa dizer que os direitos políticos são divididos
todos, e, nos termos da lei, mediante: entre: capacidade eleitoral ativa e capacidade eleitoral
I- plebiscito; passiva.
II referendo; A capacidade eleitoral ativa se refere ao direito de vo-
III- iniciativa popular; tar.
Assim, estão compreendidos dentre os direitos políti- A capacidade eleitoral passiva se refere ao direito de
cos, o mais conhecido deles, qual seja: o sufrágio univer- ser votado. Assim, em regra, todos os brasileiros podem
sal que nada mais é do que o voto, estabelecido como votar e ser votados.
direto e secreto e também o direito de ser votado Inclusive, o art. 15 da Constituição Federal estabelece
Percebe-se o que o voto de todos tem o mesmo valor, que é vedada a cassação de direitos políticos.
superada a questão que já permeou constituições ante- Porém, é possível que uma pessoa sofra a perda ou
riores em que o voto tinha valor diverso dependendo da suspensão de seus direitos políticos.
posição social de seu titular. Isto pode ocorrer nas seguintes situações previstas no
Por sua vez, plebiscito e referendo se referem a for- art. 15:
mas por meio das quais o cidadão é instado a se mani- - por meio do cancelamento da naturalização por
festar sobre algum assunto de grande relevância para o sentença transitada em julgado (inciso I);

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


país. Assim, por meio de decretos legislativos, as pessoas Necessário lembrar que a perda da naturalização de-
são convocadas para expressar sua opinião sobre um correrá de sentença motivada que reconheça ter a pes-
tema colocado em pauta. soa praticado atividade nociva ao interesse nacional.
Divergem no seguinte: enquanto o plebiscito é esta- - incapacidade civil absoluta: aquele que tenha sua
belecido de forma prévia e a população se manifesta a incapacidade reconhecida, terá seus direitos sus-
favor ou contrária a um tema que lhe é apresentado, o pensos (inciso II);
referendo é convocado posteriormente sobre um assun- - condenação criminal transitada em julgado en-
to que já faça parte do dia-a-dia dos cidadãos, cabendo quanto durarem seus efeitos (inciso III);
a eles ratificá-lo ou rejeitá-lo. - recusa de cumprimento de obrigação a todos im-
Na história recente brasileira houve um plebiscito em posta ou prestação alternativa, nos termos do art.
21-04-1993 em que os cidadãos foram chamados a se 5º, VIII (inciso IV);
manifestar sobre a forma e sistema de governo. Foram - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
colocadas as opções: forma de governo  monarquia § 4º (inciso V).
ou república e sistema de governo  presidencialismo
ou parlamentarismo. Prevaleceu que a forma deveria ser A Lei
mantida como uma república e o sistema presidencia- 1. Direitos e garantias fundamentais: Direitos e
lista. deveres individuais e coletivos, direito à vida, à liber-
Por sua vez, o referendo ocorreu em 23-10-2005, ten- dade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Direi-
do a população sido instada a se posicionar sobre a se- tos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos sociais
guinte questão: e políticos.

15
Os direitos fundamentais são os direitos huma- 16. a prática do racismo constitui crime inafiançável
nos positivados na Constituição Federal de 1988, os e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
quais devem ser garantidos e protegidos pelo Estado. da lei;
No tocante as garantias fundamentais, elas são uma 17. não haverá penas:
forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir a - de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
efetivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a pro- termos do art. 84, XIX;
teção aos direitos fundamentais e por isso ficou conheci- - de caráter perpétuo;
da como Constituição cidadã. - de trabalhos forçados;
Os direitos e garantias fundamentais possuem aplica- - de banimento;
bilidade imediata, isto é, a existência deles é suficiente- - cruéis;
mente para produzirem os devidos efeitos. Eles estão tu- 18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
telados no Título II da Constituição Federal, nos art. 5º por meios ilícitos;
ao 17. Ainda assim, destaca-se que os direitos citados 19. ninguém será considerado culpado até o trânsito
nesses artigos não proíbem a existência de outros. em julgado de sentença penal condenatória;
O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto 20. o civilmente identificado não será submetido a
Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos, identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
tutelando os direitos coletivos e os direitos indivi- 21. será admitida ação privada nos crimes de ação
duais nos seus 78 incisos. Vejamos alguns: pública, se esta não for intentada no prazo legal;
1. homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- 22. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
ções, nos termos desta Constituição; processuais quando a defesa da intimidade ou o interes-
2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer se social o exigirem, DENTRE OUTROS.
alguma coisa senão em virtude de lei; Do art. 6º ao 11º, a Carta Magna trata dos direitos so-
3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- ciais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança,
to desumano ou degradante; a previdência social, a proteção à maternidade e à infân-
4. é livre a manifestação do pensamento, sendo veda- cia, a assistência aos desamparados, dando o enfoque
do o anonimato; nos direitos dos trabalhadores.
5. é assegurado o direito de resposta, proporcional Tanto os trabalhadores urbanos como os rurais tem
ao agravo, além da indenização por dano material, moral o direito a seguro-desemprego, em caso de desempre-
ou à imagem; go involuntário, fundo de garantia do tempo de serviço,
6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, salário mínimo, fixado em lei, garantia de salário, décimo
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e terceiro salário, remuneração do trabalho noturno supe-
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto rior à do diurno, salário-família para os seus dependen-
e a suas liturgias; tes, gozo de férias anuais, licença à gestante, aposenta-
7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de as- doria, proibição de qualquer discriminação no tocante a
sistência religiosa nas entidades civis e militares de inter- salário e critérios de admissão do trabalhador portador
nação coletiva; de deficiência, proibição de distinção entre trabalho ma-
8. ninguém será privado de direitos por motivo de nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais res-
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, pectivos, dentre outros.
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a fi-
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- liar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória a
tiva, fixada em lei; participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artísti- trabalho, é vedada a dispensa do empregado sindicaliza-
ca, científica e de comunicação, independentemente de do a partir do registro da candidatura a cargo de direção
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

censura ou licença; ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,


10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon- até um ano após o final do mandato, salvo se cometer
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a inde- falta grave nos termos da lei e etc.
nização pelo dano material ou moral decorrente de sua Ainda assim, importante informar que o Direito Co-
violação; letivo compõe-se de direitos transindividuais de pessoas
11. é livre a locomoção no território nacional em tem- que se conectam por uma relação jurídica, tendo base de
po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, si mesmo ou com outro indivíduo, podendo as pessoas
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; ser determinadas ou determináveis.
12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, Isto é, os Direitos Coletivos abrange todo o grupo
em locais abertos ao público, independentemente de da categoria que possuem uma relação jurídica já pré-
autorização, desde que não frustrem outra reunião ante- -existente ao dano ou a lesão, pois, esse direito irá tutelar
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas esse grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não
exigido prévio aviso à autoridade competente; se enquadram na relação.
13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem No tocante ao Direito Individual, estes são os inte-
pena sem prévia cominação legal; resses que têm a mesma origem e também a mesma cau-
14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o sa. Eles acontecem de acordo com uma mesma situação
réu; que se aplica a cada um individualmente, e, ainda que
15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória contenham características “individuais”, no fim possuem
dos direitos e liberdades fundamentais; origem comum.

16
DIREITOS INDIVIDUAIS DIRITOS SOCIAIS
Vida Saúde
Liberdade de expressão Trabalho e Lazer
Liberdade de locomoção Educação
Liberdade de consciência Transporte
Propriedade Privada Trabalho e Habitação

a) Direito à vida: o direito à vida que traz o texto Constitucional, não faz referência apenas o direito que todos pos-
suem de viver, mas sim de viver com dignidade. Toda a sociedade tem o direito de viver com o mínimo de dignidade,
saúde, educação, lazer, votar e etc.
b) Direito à liberdade: este direito tutela a liberdade do cidadão de locomoção, a liberdade de expressão, de reu-
nião, associação, dentre outros. A Constituição Federal assegura a sociedade essas formas de liberdade, sendo restritas,
apenas em casos excepcionais.
c) Direito à igualdade: o direito a igualdade traz a ideia de que todos são iguais perante a lei, ou seja, não a dis-
tinção de raça, cor, gênero e etc. Ainda assim, vale ressaltar, que pelo princípio da igualdade ainda, devemos tratar os
desiguais desigualmente, por exemplo: Sistemas de Cotas – o aluno da escola pública não teve as mesmas oportunida-
des que o aluno da escola particular.
d) Direito à segurança: todos os indivíduos possuem o direito a ter segurança na sociedade. O Estado é o respon-
sável por garantir a segurança a todos.
e) Direito à propriedade privada: tendo em vista ao conceito “liberal” a propriedade privada do cidadão é intocá-
vel, constituindo um direito absoluto.

FIQUE ATENTO!
A propriedade privada é intocável, porém possui exceções como a desapropriação.

Dos Direitos Sociais


Conforme tutela a Constituição Federal de 1988 em seus artigos 6º ao 11º, os direitos sociais são todos os direitos
fundamentais/ básicos que devem ser compartilhados por todos da sociedade, sem distinção de gênero, etnia,
sexo, classe econômica, religião, e etc.
A finalidade e objetivo do direito social é buscar sempre resolver as questões sociais. Isto é, todas as situações que
representam as desigualdades da sociedade, para que todas as pessoas tenham e vivam com o mínimo de qualidade
de vida e dignidade.

#FicaDica
Os direitos sociais são tutelados e protegidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), sendo
que, apenas neste momento histórico (pós 2ª guerra mundial) que o mundo começou a trabalhar com esses
direitos.
O art. 6º da CF prevê que o direito a saúde, educação, alimentação, trabalho, lazer, segurança, assistência,
previdência, proteção a maternidade e a infância, dentre outros, são direitos essenciais e básicos que todos

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


devem ter.
O art. 7º da CF prevê os direitos dos trabalhadores, seja eles rurais ou urbanos, todos possuem direitos
como: seguro desemprego, FGTS, adicional noturno, férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, licen-
ça maternidade e paternidade, aposentadoria, aviso prévio, dentre outros.
Já o art. 8º da CF, tutela sobre os direitos e deveres dos sindicatos, e o art. 9º protege o direito de greve dos
trabalhadores.

Cidadania
A cidadania está ligada na relação que existe entre o povo e o direito de participar nas decisões do Estado. O cida-
dão possui vínculos com o Estado, os quais ele possui direitos políticos, bem como, econômicos.
O cidadão tem é portador dos direitos individuais como: direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade pe-
rante a lei, bem como, aos direitos sociais: saúde, educação, assistência social, lazer, votar, ser votado, e etc.
No Brasil, o é considerado cidadão, o brasileiro NATO ou NATURALIZADO que possui pleno gozo dos direitos polí-
ticos. Ou seja, os estrangeiros não fazem parte.

#FicaDica
Os precitados “direitos políticos” não podem estar perdidos ou suspensos para ser considerado cidadão
brasileiro.

17
Da Nacionalidade - trinta anos para Governador e Vice-Governador de
Os brasileiros natos são: Estado e do Distrito Federal;
- os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda - vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
serviço de seu país; - dezoito anos para Vereador.
- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil; FIQUE ATENTO!
- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe São inelegíveis os inavistáveis e os analfabe-
brasileira, desde que sejam registrados em repartição tos, e também, são inelegíveis para os mesmos
brasileira competente, ou venham a residir na Repúbli- cargos, no período subsequente, o Presidente
ca Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada da República, os Governadores de Estado e do
esta, optem em qualquer tempo pela nacionalidade bra- Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sileira; sucedido ou substituído nos seis meses ante-
riores ao pleito.
Os naturalizados são:
- os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
idoneidade moral; República, os Governadores de Estado e do Distrito Fe-
- os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes deral e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
na República Federativa do Brasil há mais de 15 anos inin- mandatos até seis meses antes do pleito.
terruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda
nacionalidade brasileira. No entanto, este período pode ser ou suspensão só se dará nos casos de:
drasticamente reduzido até 4 anos, se o estrangeiro possuir - cancelamento da naturalização por sentença tran-
residência permanente no Brasil, tiver conhecimento sufi- sitada em julgado;
ciente da língua Portuguesa (falada, escrita e lida), estiver - incapacidade civil absoluta;
empregado ou apresentar fundos monetários suficientes - condenação criminal transitada em julgado, en-
para se sustentar a si e à sua família. quanto durarem seus efeitos;
- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
FIQUE ATENTO! - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
Os portugueses com residência permanente § 4º.
no País, se houver reciprocidade em favor
dos brasileiros, serão atribuídos os direitos
inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos
previstos nesta Constituição. EXERCÍCIO COMENTADO
1. (PREFEITURA DE NITERÓI – ANALISTA DE POLÍTI-
Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repúbli- CAS PÚBLICAS – FGV – 2018) O ar que cada cidadão
ca, de Presidente da Câmara dos Deputados, de Presidente respira é um exemplo de bem
do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribunal Fede-
ral, da carreira diplomática e de oficial das Forças Armadas, a) privado, pois é passível de cobrança.
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

são cargos que apenas os brasileiros NATO podem exercer. b) natural, pois aplica-se o fenômeno da Tragédia dos
O brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por Comuns.
c) público, pois não é rival nem excludente.
sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao inte-
d) semipúblico, pois pode ser fornecido pelo setor pri-
resse nacional ou adquirir outra nacionalidade por natu-
vado.
ralização voluntária, perderá a nacionalidade de brasileiro.
e) coletivo, pois pode ser restrito a um grupo.
Dos Direitos Políticos Resposta: Letra C. O ar é considerado bem público,
O voto será direto e secreto, com valor igual para to- pois todos possuem direito a ele. Ou seja, não poden-
dos, e, nos termos da lei, mediante: plebiscito, referendo, do ser privado nem semipúblico, nem coletivo e natu-
iniciativa popular. ral como dispõe as outras assertivas.
O voto é obrigatório para os maiores de dezoito anos
e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta
anos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Para ter elegibilidade a pessoa deve ter a nacionali-
dade brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos, o
alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscri-
ção, a filiação partidária, a idade mínima de:
- trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
te da República e Senador;

18
ção etc.). Todavia, de um modo geral, pode-se conside-
REGRAS MÍNIMAS DA ONU PARA O TRATA- rar que a primeira parte destas regras mínimas também
MENTO DE PESSOAS PRESAS. é aplicável a esses estabelecimentos.

5.1.A categoria de prisioneiros juvenis deve com-


preender, em qualquer caso, os menores sujeitos à juris-
Adotadas pelo 1º Congresso das Nações Unidas so- dição de menores. Como norma geral, os delinquentes
bre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes, juvenis não deveriam ser condenados a penas de prisão.
realizado em Genebra, em 1955, e aprovadas pelo Con-
selho Econômico e Social da ONU através da sua resolu- PARTE I
ção 663 C I (XXIV), de 31 de julho de 1957, aditada pela Regras de aplicação geral
resolução 2076 (LXII) de 13 de maio de 1977. Em 25 de Princípio Fundamental
maio de 1984, através da resolução 1984/47, o Conselho
Econômico e Social aprovou treze procedimentos para a 6. As regras que se seguem deverão ser aplicadas
aplicação efetiva das Regras Mínimas (anexo). imparcialmente. Não haverá discriminação alguma ba-
seada em raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
Observações preliminares ou qualquer outra opinião, origem nacional ou social,
1. O objetivo das presentes regras não é descrever fortuna, nascimento ou em qualquer outra situação.
detalhadamente um sistema penitenciário modelo, mas 6.1 Ao contrário, é necessário respeitar as crenças
apenas estabelecer - inspirando-se em conceitos geral- religiosas e os preceitos morais do grupo a que pertença
mente admitidos em nossos tempos e nos elementos o preso.
essenciais dos sistemas contemporâneos mais adequa-
dos - os princípios e as regras de uma boa organização Registro
penitenciária e da prática relativa ao tratamento de pri- 7..Em todos os lugares em que haja pessoas deti-
sioneiros. das, deverá existir um livro oficial de registro, atualizado,
2. É evidente que devido a grande variedade de contendo páginas numeradas, no qual serão anotados,
condições jurídicas, sociais, econômicas e geográficas relativamente a cada preso:
existentes no mundo, todas estas regras não podem ser a. A informação referente a sua identidade;
aplicadas indistintamente em todas as partes e a todo b. As razões da sua detenção e a autoridade compe-
tempo. Devem, contudo, servir para estimular o esforço tente que a ordenou;
constante com vistas à superação das dificuldades prá- c. O dia e a hora da sua entrada e da sua saída.
ticas que se opõem a sua aplicação, na certeza de que 7.1 Nenhuma pessoa deverá ser admitida em um
representam, em seu conjunto, as condições mínimas estabelecimento prisional sem uma ordem de detenção
admitidas pelas Nações Unidas. válida, cujos dados serão previamente lançados no livro
3. Por outro lado, os critérios que se aplicam às ma- de registro.
térias referidas nestas regras evoluem constantemente
e, portanto, não tendem a excluir a possibilidade de ex- Separação de categorias
periências e práticas, sempre que as mesmas se ajustem 8. As diferentes categorias de presos deverão ser
aos princípios e propósitos que emanam do texto das mantidas em estabelecimentos prisionais separados ou
regras. De acordo com esse espírito, a administração em diferentes zonas de um mesmo estabelecimento pri-
penitenciária central sempre poderá autorizar qualquer sional, levando-se em consideração seu sexo e idade,

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


exceção às regras. seus antecedentes, as razões da detenção e o tratamen-
4. A primeira parte das regras trata das matérias re- to que lhes deve ser aplicado. Assim é que:
lativas à administração geral dos estabelecimentos peni- a. Quando for possível, homens e mulheres deverão
tenciários e é aplicável a todas as categorias de prisionei- ficar detidos em estabelecimentos separados; em estabe-
ros, criminais ou civis, em regime de prisão preventiva ou lecimentos que recebam homens e mulheres, o conjunto
já condenados, incluindo aqueles que tenham sido obje- dos locais destinados às mulheres deverá estar completa-
to de medida de segurança ou de medida de reeducação mente separado;
ordenada por um juiz. b. As pessoas presas preventivamente deverão ser
4.1.A segunda parte contém as regras que são apli- mantidas separadas dos presos condenados;
cáveis somente às categorias de prisioneiros a que se re- c. Pessoas presas por dívidas ou por outras questões
fere cada seção. Entretanto, as regras da seção A, aplicá- de natureza civil deverão ser mantidas separadas das pes-
veis aos presos condenados, serão igualmente aplicáveis soas presas por infração penal;
d. Os presos jovens deverão ser mantidos separados
às categorias de presos a que se referem as seções B, C
dos presos adultos.
e D, sempre que não sejam contraditórias com as regras
específicas dessas seções e sob a condição de que sejam Locais destinados aos presos
proveitosas para tais prisioneiros. 9. As celas ou quartos destinados ao isolamento no-
5..Estas regras não estão destinadas a determinar a turno não deverão ser ocupadas por mais de um preso.
organização dos estabelecimentos para delinquentes ju- Se, por razões especiais, tais como excesso temporário da
venis (estabelecimentos Borstal, instituições de reeduca- população carcerária, for indispensável que a administra-

19
ção penitenciária central faça exceções a esta regra, deverá 18. Quando um preso for autorizado a vestir suas
evitar-se que dois reclusos sejam alojados numa mesma próprias roupas, deverão ser tomadas medidas para se
cela ou quarto individual. assegurar que, quando do seu ingresso no estabeleci-
9.1 Quando se recorra à utilização de dormitórios, mento penitenciário, as mesmas estão limpas e são uti-
estes deverão ser ocupados por presos cuidadosamente lizáveis.
escolhidos e reconhecidos como sendo capazes de serem 19. Cada preso disporá, de acordo com os costumes
alojados nessas condições. Durante a noite, deverão estar locais ou nacionais, de uma cama individual e de roupa
sujeitos a uma vigilância regular, adaptada ao tipo de esta- de cama suficiente e própria, mantida em bom estado
belecimento prisional em que se encontram detidos. de conservação e trocada com uma frequência capaz de
10. Todas os locais destinados aos presos, especial- garantir sua limpeza.
mente aqueles que se destinam ao alojamento dos presos
durante a noite, deverão satisfazer as exigências da higiê- Alimentação
ne, levando-se em conta o clima, especialmente no que 20. A administração fornecerá a cada preso, em ho-
concerne ao volume de ar, espaço mínimo, iluminação, ras determinadas, uma alimentação de boa qualidade,
aquecimento e ventilação. bem preparada e servida, cujo valor nutritivo seja sufi-
11. Em todos os locais onde os presos devam viver ou ciente para a manutenção da sua saúde e das suas forças.
trabalhar: 20.1 Todo preso deverá ter a possibilidade de dispor
a. As janelas deverão ser suficientemente grandes para de água potável quando dela necessitar.
que os presos possam ler e trabalhar com luz natural, e
deverão estar dispostas de modo a permitir a entrada de ar Exercícios físicos
fresco, haja ou não ventilação artificial. 21. O preso que não trabalhar ao ar livre deverá ter,
b. A luz artificial deverá ser suficiente para os presos se o tempo permitir, pelo menos uma hora por dia para
poderem ler ou trabalhar sem prejudicar a visão. fazer exercícios apropriados ao ar livre.
12. As instalações sanitárias deverão ser adequadas para 21.1 Os presos jovens e outros cuja idade e condição
que os presos possam satisfazer suas necessidades naturais física o permitam, receberão durante o período reser-
no momento oportuno, de um modo limpo e decente. vado ao exercício uma educação física e recreativa. Para
13. As instalações de banho deverão ser adequadas este fim, serão colocados à disposição dos presos o espa-
para que cada preso possa tomar banho a uma tempera- ço, as instalações e os equipamentos necessários.
tura adaptada ao clima, tão frequentemente quanto neces-
sário à higiene geral, de acordo com a estação do ano e a Serviços médicos
região geográfica, mas pelo menos uma vez por semana
em um clima temperado. 22. Cada estabelecimento penitenciário terá à sua
14. Todos os locais de um estabelecimento peniten- disposição os serviços de pelo menos um médico quali-
ciário frequentados regularmente pelos presos deverão ser ficado, que deverá ter certos conhecimentos de psiquia-
mantidos e conservados escrupulosamente limpos. tria. Os serviços médicos deverão ser organizados em
estreita ligação com a administração geral de saúde da
Higiene pessoal comunidade ou nação. Deverão incluir um serviço de psi-
quiatria para o diagnóstico, e em casos específicos, para
15. Será exigido que todos os presos mantenham-se o tratamento de estados de anomalia.
limpos; para este fim, ser-lhes-ão fornecidos água e os arti- 22.1. Os presos doentes que necessitem tratamento
gos de higiene necessários à sua saúde e limpeza. especializado deverão ser transferidos para estabeleci-
16. Serão postos à disposição dos presos meios para mentos especializados ou para hospitais civis. Quando
cuidarem do cabelo e da barba, a fim de que possam se
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

existam facilidades hospitalares em um estabelecimento


apresentar corretamente e conservem o respeito por si prisional, o respectivo equipamento, mobiliário e produ-
mesmos; os homens deverão poder barbear-se com regu- tos farmacêuticos serão adequados para o tratamento
laridade. médico dos presos doentes, e deverá haver pessoal devi-
damente qualificado.
Roupas de vestir, camas e roupas de cama 22.2. Cada preso poderá servir-se dos trabalhos de
um dentista qualificado.
17. Todo preso a quem não seja permitido vestir suas 23. Nos estabelecimentos prisionais para mulheres
próprias roupas, deverá receber as apropriadas ao clima devem existir instalações especiais para o tratamento de
e em quantidade suficiente para manter-se em boa saú- presas grávidas, das que tenham acabado de dar à luz
de. Ditas roupas não poderão ser, de forma alguma, de- e das convalescentes. Desde que seja possível, deverão
gradantes ou humilhantes. ser tomadas medidas para que o parto ocorra em um
17.1. Todas as roupas deverão estar limpas e man- hospital civil. Se a criança nascer num estabelecimento
tidas em bom estado. A roupa de baixo será trocada e prisional, tal fato não deverá constar no seu registro de
lavada com a frequência necessária à manutenção da hi- nascimento.
giêne. 23.1. Quando for permitido às mães presas conser-
17.2. Em circunstâncias excepcionais, quando o pre- var as respectivas crianças, deverão ser tomadas medidas
so necessitar afastar-se do estabelecimento penitenciá- para organizar uma creche, dotada de pessoal qualifica-
rio para fins autorizados, ele poderá usar suas próprias do, onde as crianças possam permanecer quando não
roupas, que não chamem atenção sobre si. estejam ao cuidado das mães.

20
24. O médico deverá ver e examinar cada preso o 30. Nenhum preso será punido senão de acordo com
mais depressa possível após a sua admissão no estabe- a lei ou regulamento, e nunca duas vezes pelo mesmo
lecimento prisional e depois, quando necessário, com o crime.
objetivo de detectar doenças físicas ou mentais e de to- 30.1. Nenhum preso será punido a não ser que tenha
mar todas as medidas necessárias para o respectivo tra- sido informado do crime de que é acusado e lhe seja
tamento; de separar presos suspeitos de doenças infec- dada uma oportunidade adequada para apresentar de-
ciosas ou contagiosas; de anotar deformidades físicas ou fesa. A autoridade competente examinará o caso exaus-
mentais que possam constituir obstáculos à reabilitação tivamente.
dos presos, e de determinar a capacidade de trabalho de 30.2 Quando necessário e possível, o preso será au-
cada preso. torizado a defender-se por meio de um intérprete.
25. O médico deverá tratar da saúde física e mental 31. Serão absolutamente proibidos como punições
dos presos e deverá diariamente observar todos os pre- por faltas disciplinares os castigos corporais, a detenção
sos doentes e os que se queixam de dores ou mal-estar, em cela escura e todas as penas cruéis, desumanas ou
e qualquer preso para o qual a sua atenção for chamada. degradantes.
25.1. O médico deverá informar o diretor quando 32.
considerar que a saúde física ou mental de um preso te- a. As penas de isolamento e de redução de alimen-
nha sido ou venha a ser seriamente afetada pelo pro- tação não deverão nunca ser aplicadas, a menos que o
longamento da situação de detenção ou por qualquer médico tenha examinado o preso e certificado por escri-
condição específica dessa situação de detenção. to que ele está apto para as suportar.
26. O médico deverá regularmente inspecionar e b. O mesmo se aplicará a qualquer outra punição
aconselhar o diretor sobre: que possa ser prejudicial à saúde física ou mental de um
a.A quantidade, qualidade, preparação e serviço da preso. Em nenhum caso deverá tal punição contrariar ou
alimentação; divergir do princípio estabelecido na regra 31.
b.A higiene e limpeza do estabelecimento prisional c. O médico visitará diariamente os presos sujeitos
e dos presos; a tais punições e aconselhará o diretor caso considere
c.As condições sanitárias, aquecimento, iluminação e necessário terminar ou alterar a punição por razões de
ventilação do estabelecimento prisional; saúde física ou mental.
d.A adequação e limpeza da roupa de vestir e de
cama dos presos; Instrumentos de coação
e.A observância das regras concernentes à educação
física e aos desportos, quando não houver pessoal técni- 33. A sujeição a instrumentos tais como algemas,
co encarregado destas atividades. correntes, ferros e coletes de força nunca deve ser aplica-
26.1. O diretor levará em consideração os relatórios da como punição. Correntes e ferros também não serão
e os pareceres que o médico lhe apresentar, de acordo usados como instrumentos de coação. Quaisquer outros
com as regras 25(2) e 26, e no caso de concordar com
instrumentos de coação não serão usados, exceto nas se-
as recomendações apresentadas tomará imediatamente
guintes circunstâncias:
medidas no sentido de pôr em prática essas recomen-
a. Como precaução contra fuga durante uma transfe-
dações; se as mesmas não estiverem no âmbito da sua
rência, desde que sejam retirados quando o preso com-
competência, ou caso não concorde com elas, deverá
parecer perante uma autoridade judicial ou administra-
imediatamente enviar o seu próprio relatório e o parecer
tiva;
do médico a uma autoridade superior.
b. Por razões médicas e sob a supervisão do médico;
c. Por ordem do diretor, se outros métodos de con-
Disciplina e sanções
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
trole falharem, a fim de evitar que o preso se moleste a
27. A disciplina e a ordem serão mantidas com firme- si mesmo, a outros ou cause estragos materiais; nestas
za, mas sem impor mais restrições do que as necessárias circunstâncias, o diretor consultará imediatamente o mé-
à manutenção da segurança e da boa organização da dico e informará à autoridade administrativa superior.
vida comunitária. 34. As normas e o modo de utilização dos instru-
28. Nenhum preso pode ser utilizado em serviços mentos de coação serão decididos pela administração
que lhe sejam atribuídos em consequência de medidas prisional central.
disciplinares. Tais instrumentos não devem ser impostos senão
28.1. Esta regra, contudo, não impedirá o convenien- pelo tempo estritamente necessário.
te funcionamento de sistemas baseados na autogestão,
nos quais atividades ou responsabilidades sociais, edu- Informação e direito de queixa dos presos
cacionais ou esportivas específicas podem ser confiadas,
sob adequada supervisão, a presos reunidos em grupos 35. Quando for admitido, cada preso receberá in-
com objetivos terapêuticos. formação escrita sobre o regime prisional para a sua
29. A lei ou regulamentação emanada da autoridade categoria, sobre os regulamentos disciplinares do es-
administrativa competente determinará, para cada caso: tabelecimento e os métodos autorizados para obter
a.O comportamento que constitua falta disciplinar; informações e para formular queixas; e qualquer outra
b.Os tipos e a duração da punição a aplicar; informação necessária para conhecer os seus direitos e
c.A autoridade competente para impor tal punição. obrigações, e para se adaptar à vida do estabelecimento.

21
35.1. Se o preso for analfabeto, tais informações ser- celebrar serviços religiosos regulares e a fazer visitas pas-
-lhe-ão comunicadas oralmente. torais particulares a presos da sua religião, em ocasiões
36. Todo preso terá, em cada dia de trabalho, a apropriadas.
oportunidade de apresentar pedidos ou queixas ao di- 41.2. Não será recusado o acesso de qualquer preso
retor do estabelecimento ou ao funcionário autorizado a um representante qualificado de qualquer religião. Por
a representá-lo. outro lado, se qualquer preso levantar objeções à visita
36.1 As petições ou queixas poderão ser apresenta- de qualquer representante religioso, sua posição será in-
das ao inspetor de prisões durante sua inspeção. O pre- teiramente respeitada.
so poderá falar com o inspetor ou com qualquer outro 42. Tanto quanto possível, cada preso será autori-
funcionário encarregado da inspeção sem que o diretor zado a satisfazer as necessidades de sua vida religiosa,
ou qualquer outro membro do estabelecimento se faça assistindo aos serviços ministrados no estabelecimento
presente. ou tendo em sua posse livros de rito e prática religiosa
36.2. Todo preso deve ter autorização para encami- da sua crença.
nhar, pelas vias prescritas, sem censura quanto às ques-
tões de mérito mas na devida forma, uma petição ou Depósitos de objetos pertencentes aos presos
queixa à administração penitenciária central, à autorida- 43. Quando o preso ingressa no estabelecimento
de judicial ou a qualquer outra autoridade competente. prisional, o dinheiro, os objetos de valor, roupas e outros
36.3. A menos que uma solicitação ou queixa seja bens que lhe pertençam, mas que não possam permane-
evidentemente temerária ou desprovida de fundamento, cer em seu poder por força do regulamento, serão guar-
a mesma deverá ser examinada sem demora, dando-se dados em um lugar seguro, levantando-se um inventário
uma resposta ao preso no seu devido tempo. de todos eles, que deverá ser assinado pelo preso. Serão
tomadas as medidas necessárias para que tais objetos se
Contatos com o mundo exterior conservem em bom estado.
43.1 Os objetos e o dinheiro pertencentes ao pre-
37. Os presos serão autorizados, sob a necessária
so ser-lhe-ão devolvidos quando da sua liberação, com
supervisão, a comunicar-se periodicamente com as suas
exceção do dinheiro que ele foi autorizado a gastar, dos
famílias e com amigos de boa reputação, quer por cor-
objetos que tenham sido remetidos para o exterior do
respondência quer através de visitas.
estabelecimento, com a devida autorização, e das roupas
38. Aos presos de nacionalidade estrangeira, serão
cuja destruição haja sido decidida por questões higiêni-
concedidas facilidades razoáveis para se comunicarem
cas. O preso assinará um recibo dos objetos e do dinhei-
com os representantes diplomáticos e consulares do Es-
ro que lhe forem restituídos.
tado a que pertencem.
43.2. Os valores e objetos enviados ao preso do ex-
38.1 A presos de nacionalidade de Estados sem
terior do estabelecimento prisional serão submetidos às
representação diplomática ou consular no país, e a re- mesmas regras.
fugiados ou apátridas, serão concedidas facilidades se- 43.3. Se o preso estiver na posse de medicamentos
melhantes para comunicarem-se com os representantes ou de entorpecentes no momento do seu ingresso no es-
diplomáticos do Estado encarregado de zelar pelos seus tabelecimentoprisional, o médico decidirá que uso será
interesses ou com qualquer entidade nacional ou inter- dado a eles.
nacional que tenha como tarefa a proteção de tais indi-
víduos. Notificação de morte, doenças e transferências
39. Os presos serão mantidos regularmente infor- 44. No caso de morte, doença ou acidente grave, ou
mados das notícias mais importantes através da leitura da transferência do preso para um estabelecimento para
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

de jornais, periódicos ou publicações especiais do esta- doentes mentais, o diretor informará imediatamente o
belecimento prisional, através de transmissões de rádio, cônjuge, se o preso for casado, ou o parente mais próxi-
conferências ou quaisquer outros meios semelhantes, mo, e informará, em qualquer caso, a pessoa previamen-
autorizados ou controlados pela administração. te designada pelo preso.
44.1.Um preso será informado imediatamente da
Biblioteca morte ou doença grave de qualquer parente próximo. No
40. Cada estabelecimento prisional terá uma biblio- caso de doença grave de um parente próximo, o preso
teca para o uso de todas as categorias de presos, devi- será autorizado, quando as circunstâncias o permitirem,
damente provida com livros de recreio e de instrução, e a visitá-lo, escoltado ou não.
os presos serão estimulados a utilizá-la. 44.2. Cada preso terá o direito de informar imedia-
tamente à sua família sobre sua prisão ou transferência
Religião para outro estabelecimento prisional.
41. Se o estabelecimento reunir um número sufi-
ciente de presos da mesma religião, um representante Transferência de presos
qualificado dessa religião será nomeado ou admitido. Se 45. Quando os presos estiverem sendo transferidos
o número de presos o justificar e as condições o permiti- para outro estabelecimento prisional, deverão ser vistos
rem, tal serviço será na base de tempo completo. o menos possível pelo público, e medidas apropriadas
41.1. Um representante qualificado, nomeado ou serão adotadas para protegê-los contra qualquer forma
admitido nos termos do parágrafo 1, será autorizado a de insultos, curiosidade e publicidade.

22
45.1. Será proibido o traslado de presos em trans- 50.2. O diretor deverá residir no estabelecimento
portes com ventiliação ou iluminação deficientes, ou que prisional ou perto dele.
de qualquer outro modo possam submetê-los a sacrifí- 50.3 Quando dois ou mais estabelecimentos este-
cios desnecessários. jam sob a autoridade de um único diretor, este os visi-
45.2. O transporte de presos será efetuado às ex- tará com frequência. Cada um desses estabelecimentos
pensas da administração, em condições iguais para to- estará dirigido por um funcionário responsável residente
dos eles. no local.
51. O diretor, o subdiretor e a maioria do pessoal
Pessoal penitenciário do estabelecimento prisional deverão falar a língua da
46. A administração penitenciária escolherá cuidado- maior parte dos reclusos ou uma língua compreendida
samente o pessoal de todas as categorias, posto que, da pela maior parte deles.
integridade, humanidade, aptidão pessoal e capacidade 51.1. Recorrer-se-á aos serviços de um intérprete
profissional desse pessoal, dependerá a boa direção dos toda vez que seja necessário.
estabelecimentos penitenciários. 52. Nos estabelecimentos prisionais cuja importân-
46.1. A administração penitenciária esforçar-se-á cia exija o serviço contínuo de um ou vários médicos,
constantemente por despertar e manter no espírito do pelo menos um deles residirá no estabelecimento ou nas
pessoal e na opinião pública a convicção de que a função suas proximidades.
penitenciária constitui um serviço social de grande im- 52.1. Nos demais estabelecimentos, o médico visi-
portância e, sendo assim, utilizará todos os meios apro- tará diariamente os presos e residirá próximo o bastante
priados para ilustrar o público. do estabelecimento para acudir sem demora toda vez
46.2. Para lograr tais fins, será necessário que os que se apresente um caso urgente.
membros trabalhem com exclusivadade como funcioná- 53. Nos estabelecimentos mistos, a seção das mu-
rios penitenciários profissionais, tenham a condição de lheres estará sob a direção de um funcionário respon-
funcionários públicos e, portanto, a segurança de que a sável do sexo feminino, a qual manterá sob sua guarda
estabilidade em seu emprego dependerá unicamente da todas as chaves de tal seção.
sua boa conduta, da eficácia do seu trabalho e de sua 53.1. Nenhum funcionário do sexo masculino in-
aptidão física. A remuneração do pessoal deverá ser ade- gressará na seção feminina desacompanhado de um
quada, a fim de se obter e conservar os serviços de ho- membro feminino do pessoal.
mens e mulheres capazes. Determinar-se-á os benefícios 53.2. A vigilância das presas será exercida exclusiva-
da carreira e as condições do serviço tendo em conta o mente por funcionários do sexo feminino. Contudo, isto
caráter penoso de suas funções. não excluirá que funcionários do sexo masculino, espe-
47. Os membros do pessoal deverão possuir um ní- cialmente os médicos e o pessoal de ensino, desempe-
vel intelectual satisfatório. nhem suas funções profissionais em estabelecimentos
47.1. Os membros do pessoal deverão fazer, antes ou seções reservadas às mulheres.
de ingressarem no serviço, um curso de formação geral e 54. Os funcionários dos estabelecimentos prisionais
especial, e passar satisfatoriamente pelas provas teóricas não usarão, nas suas relações com os presos, de força,
e práticas. exceto em legítima defesa ou em casos de tentativa de
47.2. Após seu ingresso no serviço e durante a car- fuga, ou de resistência física ativa ou passiva a uma or-
reira, os membros do pessoal deverão manter e melho- dem fundamentada na lei ou nos regulamentos. Os fun-
rar seus conhecimentos e sua capacidade profissionais cionários que tenham que recorrer à força, não devem
fazendo cursos de aperfeiçoamento, que se organizarão usar senão a estritamente necessária, e devem informar
periodicamente. imediatamente o incidente ao diretor do estabelecimen-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
48. Todos os membros do pessoal deverão condu- to prisional.
zir-se e cumprir suas funções, em qualquer circunstância, 54.1. Será dado aos guardas da prisão treinamento
de modo a que seu exemplo inspire respeito e exerça físico especial, a fim de habilitá-los a dominarem presos
uma influência benéfica sobre os presos. agressivos.
49. Na medida do possível dever-se-á agregar ao 54.2. Exceto em circunstâncias especiais, os funcio-
pessoal um número suficiente de especialistas, tais como nários, no cumprimento de funções que impliquem con-
psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, professores e tato direto com os presos, não deverão andar armados.
instrutores técnicos. Além disso, não será fornecida arma a nenhum funcio-
49.1 Os serviços dos assistentes sociais, dos profes- nário sem que o mesmo tenha sido previamente ades-
sores e instrutores técnicos deverão ser mantidos perma- trado no seu manejo.
nentemente, sem que isto exclua os serviços de auxiliares
a tempo parcial ou voluntários. Inspeção
50. O diretor do estabelecimento prisional deverá 55. Haverá uma inspeção regular dos estabeleci-
estar devidamente qualificado para sua função por seu mentos e serviços prisionais por inspetores qualificados
caráter, sua capacidade administrativa, uma formação e experientes, nomeados por uma autoridade competen-
adequada e por sua experiência na matéria. te. É seu dever assegurar que estes estabelecimentos es-
50.1 O diretor deverá consagrar todo o seu tempo tão sendo administrados de acordo com as leis e regula-
à sua função oficial, que não poderá ser desempenhada mentos vigentes, para prosseguimento dos objetivos dos
com restrição de horário. serviços prisionais e correcionais.

23
PARTE II 62. Os serviços médicos do estabelecimento prisional
Regras aplicáveis a categorias especiais se esforçarão para descobrir e deverão tratar todas as de-
A. Presos condenados ficiências ou enfermidades físicas ou mentais que consti-
tuam um obstáculo à readaptação do preso. Com vistas
Princípios mestres a esse fim, deverá ser realizado todo tratamento médico,
56. Os princípios mestres enumerados a seguir têm cirúrgico e psiquiátrico que for julgado necessário.
por objetivo definir o espírito segundo o qual devem ser 63. Estes princípios exigem a individualização do tra-
administrados os sistemas penitenciários e os objetivos a tamento que, por sua vez, requer um sistema flexível de
serem buscados, de acordo com a declaração constante classificação dos presos em grupos. Portanto, convém
no ítem 1 das que os grupos sejam distribuidos em estabelecimentos
distintos, onde cada um deles possa receber o tratamento
Observações preliminares das presentes regras. necessário.
57. A prisão e outras medidas cujo efeito é separar 63.1. Ditos estabelecimentos não devem adotar as
um delinquente do mundo exterior são dolorosas pelo mesmas medidas de segurança com relação a todos os
próprio fato de retirarem do indivíduo o direito à auto- grupos. É conveniente estabelecer diversos graus de se-
-determinação, privando-o da sua liberdade. Logo, o sis- gurança conforme a que seja necessária para cada um
tema prisional não deverá, exceto por razões justificáveis dos diferentes grupos. Os estabelecimentos abertos - nos
de segregação ou para a manutenção da disciplina, agra- quais inexistem meios de segurança física contra a fuga
var o sofrimento inerente a tal situação. e se confia na autodisciplina dos presos - proporcionam,
58. O fim e a justificação de uma pena de prisão ou a presos cuidadosamente escolhidos, as condições mais
de qualquer medida privativa de liberdade é, em última favoráveis para a sua readaptação.
instância, proteger a sociedade contra o crime. Este fim 63.2. É conveniente evitar que nos estabelecimentos
somente pode ser atingido se o tempo de prisão for apro- fechados o número de presos seja tão elevado que cons-
veitado para assegurar, tanto quanto possível, que depois titua um obstáculo à individualização do tratamento. Em
do seu regresso à sociedade o delinquente não apenas alguns países, estima-se que o número de presos em tais
queira respeitar a lei e se auto-sustentar, mas também estabelecimentos não deve passar de quinhentos. Nos
que seja capaz de fazê-lo. estabelecimentos abertos, o número de presos deve ser o
59. Para alcançar esse propósito, o sistema peniten- mais reduzido possível.
ciário deve empregar, tratando de aplicá-los conforme as 63.3. Ao contrário, também não convém manter es-
necessidades do tratamento individual dos delinquentes,
tabelecimentos demasiadamente pequenos para que se
todos os meios curativos, educativos, morais, espirituais
e de outra natureza, e todas as formas de assistência de possa organizar neles um regime apropriado.
que pode dispor. 64. O dever da sociedade não termina com a liberta-
60. O regime do estabelecimento prisional deve ten- ção do preso. Deve-se dispor, por conseguinte, dos servi-
tar reduzir as diferenças existentes entre a vida na prisão ços de organismos governamentais ou privados capazes
e a vida livre quando tais diferenças contribuirem para de prestar à pessoa solta uma ajuda pós-penitenciária efi-
debilitar o sentido de responsabilidade do preso ou o res- caz, que tenda a diminuir os preconceitos para com ela e
peito à dignidade da sua pessoa. permitam sua readaptação à comunidade.
60.1. É conveniente que, antes do término do cum-
primento de uma pena ou medida, sejam tomadas as Tratamento
providências necessárias para assegurar ao preso um 65. O tratamento dos condenados a uma punição ou
retorno progressivo à vida em sociedade. Este propósito medida privativa de liberdade deve ter por objetivo, en-
pode ser alcançado, de acordo com o caso, com a adoção quanto a duração da pena o permitir, inspirar-lhes a von-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

de um regime preparatório para a liberação, organizado tade de viver conforme a lei, manter-se com o produto do
dentro do mesmo estabelecimento prisional ou em outra seu trabalho e criar neles a aptidão para fazê-lo. Tal trata-
instituição apropriada, ou mediante libertação condicio- mento estará direcionado a fomentar-lhes o respeito por
nal sob vigilância não confiada à polícia, compreendendo si mesmos e a desenvolver seu senso de responsabilidade.
uma assistência social eficaz.
66. Para lograr tal fim, deverá se recorrer, em parti-
61. No tratamento, não deverá ser enfatizada a ex-
cular, à assistência religiosa, nos países em que ela seja
clusão dos presos da sociedade, mas, ao contrário, o fato
possível, à instrução, à orientação e à formação profissio-
de que continuam a fazer parte dela. Com esse objetivo
deve-se recorrer, na medida ao possível, à cooperação nais, aos métodos de assistência social individual, ao as-
de organismos comunitários que ajudem o pessoal do sessoramento relativo ao emprego, ao desenvolvimento
estabelecimento prisional na sua tarefa de reabilitar so- físico e à educação do caráter moral, em conformidade
cialmente os presos. Cada estabelecimento penitenciário com as necessidades individuais de cada preso. Deverá
deverá contar com a colaboração de assistentes sociais ser levado em conta seu passado social e criminal, sua
encarregados de manter e melhorar as relações dos pre- capacidade e aptidão físicas e mentais, suas disposições
sos com suas famílias e com os organismos sociais que pessoais, a duração de sua condenação e as perspectivas
possam lhes ser úteis. Também deverão ser feitas gestões depois da sua libertação.
visando proteger, desde que compatível com a lei e com 66.1. Em relação a cada preso condenado a uma
a pena imposta, os direitos relativos aos interesses civis, pena ou medida de certa duração, que ingresse no esta-
os benefícios dos direitos da previdência social e outros belecimento prisional, será remetida ao diretor, o quanto
benefícios sociais dos presos. antes, um informe completo relativo aos aspectos men-

24
cionados no parágrafo anterior. Este informe será acom- 73. As indústrias e granjas penitenciárias deverão
panhado por o de um médico, se possível especializado ser dirigidas preferencialmente pela administração e não
em psiquiatria, sobre o estado físico e mental do preso. por empreiteiros privados.
66.2. Os informes e demais documentos pertinen- 73.1 Os presos que se empregarem em algum tra-
tes formarão um arquivo individual. Estes arquivos serão balho não fiscalizado pela administração estarão sempre
mantidos atualizados e serão classificados de modo que sob a vigilância do pessoal penitenciário. A menos que
o pessoal responsável possa consultá-los sempre que o trabalho seja feito para outros setores do governo, as
seja necessário. pessoas por ele beneficiadas pagarão à administração o
salário normalmente exigido para tal trabalho, levando-
Classificação e individualização -se em conta o rendimento do preso.
67. Os objetivos da classificação deverão ser: 74. Nos estabelecimentos penitenciários, serão to-
a. Separar os presos que, por seu passado criminal madas as mesmas precauções prescritas para a prote-
ou sua má disposição, exerceriam uma influência nociva
ção, segurança e saúde dos trabalhadores livres.
sobre os companheiros de detenção;
74.1. Serão tomadas medidas visando indenizar os
b. Repartir os presos em grupos, a fim de facilitar o
presos que sofrerem acidentes de trabalho e enfermi-
tratamento destinado à sua readaptação social.
68. Haverá, se possível, estabelecimentos prisionais dades profissionais em condições similares às que a lei
separados ou seções separadas dentro dos estabeleci- dispõe para os trabalhadores livres.
mentos para os distintos grupos de presos. 75. As horas diárias e semanais máximas de trabalho
69. Tão logo uma pessoa condenada a uma pena ou dos presos serão fixadas por lei ou por regulamento ad-
medida de certa duração ingresse em um estabelecimen- ministrativo, tendo em consideração regras ou costumes
to prisional, e depois de um estudo da sua personalida- locais concernentes ao trabalho das pessoas livres.
de, será criado um programa de tratamento individual, 75.1. As horas serão fixadas de modo a deixar um
tendo em vista os dados obtidos sobre suas necessida- dia de descanso semanal e tempo suficiente para a edu-
des individuais, sua capacidade e suas inclinações. cação e para outras atividades necessárias ao tratamen-
to e reabilitação dos presos.
Privilégios 76. O trabalho dos reclusos deverá ser remunerado
70. Em cada estabelecimento prisional será instituído de uma maneira equitativa.
um sistema de privilégios adaptado aos diferentes gru- 76.1. O regulamento permitirá aos reclusos que uti-
pos de presos e aos diferentes métodos de tratamento, a lizem pelo menos uma parte da sua remuneração para
fim de estimular a boa conduta, desenvolver o sentido de adquirir objetos destinados a seu uso pessoal e que en-
responsabilidade e promover o interesse e a cooperação viem a outra parte à sua família.
dos presos no que diz respeito ao seu tratamento. 76.2. O regulamento deverá, igualmente, prever que
a administração reservará uma parte da remuneração
Trabalho para a constituição de um fundo, que será entregue ao
71. O trabalho na prisão não deve ser penoso. preso quando ele for posto em liberdade.
71.1. Todos os presos condenados deverão trabalhar,
em conformidade com as suas aptidões física e mental, Educação e recreio
de acordo com a determinação do médico. 77. Serão tomadas medidas para melhorar a edu-
71.2. Trabalho suficiente de natureza útil será dado
cação de todos os presos em condições de aproveitá-
aos presos de modo a conservá-los ativos durante um
-la, incluindo instrução religiosa nos países em que isso
dia normal de trabalho.
for possível. A educação de analfabetos e presos jovens
71.3. Tanto quanto possível, o trabalho proporciona-
será obrigatória, prestando-lhe a administração especial
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
do será de natureza que mantenha ou aumente as capa-
cidades dos presos para ganharem honestamente a vida atenção.
depois de libertados. 77.1. Tanto quanto possível, a educação dos presos
71.4. Será proporcionado treinamento profissional estará integrada ao sistema educacional do país, para
em profissões úteis aos presos que dele tirarem proveito, que depois da sua libertação possam continuar, sem di-
especialmente aos presos jovens. ficuldades, a sua educação.
71.5. Dentros dos limites compatíveis com uma se- 78. Atividades de recreio e culturais serão propor-
leção profissional apropriada e com as exigências da cionadas em todos os estabelecimentos prisionais em
administração e disciplina prisionais, os presos poderão benefício da saúde física e mental dos presos.
escolher o tipo de trabalho que querem fazer.
Relações sociais e assistência pós-prisional
72. A organização e os métodos de trabalho peni- 79. Será prestada especial atenção à manutenção e
tenciário deverão se assemelhar o mais possível aos que melhora das relações entre o preso e sua família, que se
se aplicam a um trabalho similar fora do estabelecimento mostrem de maior vantagem para ambos.
prisional, a fim de que os presos sejam preparados para 80. Desde o início do cumprimento da pena de um
as condições normais de trabalho livre. preso, ter-se-á em conta o seu futuro depois de liberta-
72.1. Contudo, o interesse dos presos e de sua for- do, devendo ser estimulado e auxiliado a manter ou esta-
mação profissional não deverão ficar subordinados ao belecer relações com pessoas ou organizações externas,
desejo de se auferir benefícios pecuniários de uma in- aptas a promover os melhores interesses da sua família e
dústria penitenciária. da sua própria reabilitação social.

25
81. Serviços ou organizações, governamentais ou do exterior às expensas próprias, quer através da admi-
não, que prestam assistência a presos libertados, aju- nistração, quer através da sua família ou amigos. Caso
dando-os a reingressarem na sociedade, assegurarão, na contrário, a administração fornecer-lhes-á alimentação.
medida do possível e do necessário, que sejam forneci- 88. O preso não julgado será autorizado a usar a sua
dos aos presos libertados documentos de identificação própria roupa de vestir, se estiver limpa e for adequada.
apropriados, casas adequadas e trabalho, que estejam 88.1. Se usar roupa da prisão, esta será diferente da
conveniente e adequadamente vestidos, tendo em conta fornecida aos presos condenados.
o clima e a estação do ano, e que tenham meios materiais 89. Será sempre dada ao preso não julgado oportu-
suficientes para chegar ao seu destino e para se manter nidade para trabalhar, mas não lhe será exigido trabalhar.
no período imediatamente seguinte ao da sua libertação. Se optar por trabalhar, será pago.
81.1. Os representantes oficiais dessas organizações 90. O preso não julgado será autorizado a adquirir,
terão todo o acesso necessário ao estabelecimento pri- às expensas próprias ou às expensas de terceiros, livros,
sional e aos presos, sendo consultados sobre o futuro do jornais, material para escrever e outros meios de ocupa-
preso desde o início do cumprimento da pena. ção compatíveis com os interesses da administração da
81.2. É recomendável que as atividades dessas or- justiça e a segurança e a boa ordem do estabelecimento
ganizações estejam centralizadas ou sejam coordenadas, prisional.
tanto quanto possível, a fim de garantir a melhor utiliza- 91. O preso não julgado será autorizado a receber a
ção dos seus esforços. visita e ser tratado por seu médico ou dentista pessoal,
desde que haja motivo razoável para tal pedido e que ele
B. Presos dementes e mentalmente enfermos possa suportar os gastos daí decorrentes.
82. Os presos considerados dementes não deverão 92. O preso não julgado será autorizado a infor-
ficar detidos em prisões. Devem ser tomadas medidas mar imediatamente à sua família sobre sua detenção,
para transferí-los, o mais rapidamente possível, para ins- e ser-lhe-ão dadas todas as facilidades razoáveis para
tituições destinadas a enfermos mentais. comunicar-se com sua família e amigos e para receber
82.1. Os presos que sofrem de outras doenças ou as visitas deles, sujeito apenas às restrições e supervisão
anomalias mentais deverão ser examinados e tratados
necessárias aos interesses da administração da justiça e
em instituições especializadas sob vigilância médica.
à segurança e boa ordem do estabelecimento prisional.
82.2. Durante sua estada na prisão, tais presos deve-
93. O preso não julgado será autorizado a reque-
rão ser postos sob a supervisão especial de um médico.
rer assistência legal gratuita, onde tal assistência exista,
82.3. O serviço médico ou psiquiátrico dos estabele-
e a receber visitas do seu advogado para tratar da sua
cimentos prisionais proporcionará tratamento psiquiátri-
defesa, preparando e entregando-lhe instruções confi-
co a todos os presos que necessitam de tal tratamento.
denciais. Para esse fim ser-lhe-á fornecido, se ele assim
83. Será conveniente a adoção de disposições, de
o desejar, material para escrever. As conferências entre o
acordo com os organismos competentes, para que, caso
necessário, o tratamento psiquiátrico prossiga depois da preso não julgado e o seu advogado podem ser vigiadas
libertação do preso, assegurando-se uma assistência so- visualmente por um policial ou por um funcionário do
cial pós-penitenciária de caráter psiquiátrico. estabelecimento prisional, mas a conversação entre eles
não poderá ser ouvida.
C. Pessoas detidas ou em prisão preventiva
84. As pessoas detidas ou presas em virtude de acu- D. Pessoas condenadas por dívidas ou à prisão ci-
sações criminais pendentes, que estejam sob custódia vil
policial ou em uma prisão, mas que ainda não foram sub- 94. Nos países em que a legislação prevê a possibi-
metidas a julgamento e condenadas, serão designados lidade de prisão por dívidas ou outras formas de prisão
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

por “presos não julgados” nestas regras. civil, as pessoas assim condenadas não serão submetidas
84.1. Os presos não julgados presumem-se inocen- a maiores restrições nem a tratamentos mais severos que
tes e como tal devem ser tratados. os necessários à segurança e à manutenção da ordem. O
84.2. Sem prejuízo das normas legais sobre a pro- tratamento dado a elas não será, em nenhum caso, mais
teção da liberdade individual ou que prescrevem os rígido do que aquele reservado às pessoas acusadas, res-
trâmites a serem observados em relação a presos não salvada, contudo, a eventual obrigação de trabalhar.
julgados, estes deverão ser beneficiados por um regime E. Pessoas presas, detidas ou encarceradas sem acu-
especial, delineado na regra que se segue apenas nos sação
seus requisitos essenciais.
95. Sem prejuízo das regras contidas no artigo 9 do
85. Os presos não julgados serão mantidos separa-
Pacto de Direitos Civis e Políticos, será dada às pessoas
dos dos presos condenados.
detidas ou presas sem acusação a mesma proteção con-
85.1. Os presos jovens não julgados serão mantidos
separados dos adultos e deverão estar, a princípio, deti- cedida nos termos da Parte I e da seção C da Parte II. As
dos em estabelecimentos prisionais separados. regras da seção A da Parte II serão do mesmo modo apli-
86. Os presos não julgados dormirão sós, em quartos cáveis sempre que beneficiarem este grupo especial de
separados. indivíduos sob detenção; todavia, medida alguma será
87. Dentro dos limites compatíveis com a boa ordem tomada se considerado que a reeducação ou a reabilita-
do estabelecimento prisional, os presos não julgados ção são, por qualquer forma, inapropriadas a indivíduos
podem, se assim o desejarem, mandar vir alimentação não condenados por qualquer crime.

26
ANEXO Comentário:
Procedimentos para a aplicação efetiva das Regras Para se alcançar o objetivo das Regras Mínimas, é
Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros necessário que as Regras, assim como as leis e as regula-
mentações nacionais destinadas a dar-lhes aplicação, se-
Procedimento 1 jam postas à disposição dos presos e de todas as pessoas
Todos os Estados cujas normas de proteção a todas detidas (regra 95), a fim de que todos eles saibam que as
as pessoas submetidas a qualquer forma de detenção ou Regras representam as condições mínimas aceitas pelas
prisão não estiverem à altura das Regras Mínimas para o Nações Unidas. Assim, este procedimento complemen-
Tratamento de Prisioneiros, adotarão essas regras míni- ta o disposto no procedimento 3. Um requisito análogo
mas. - que as Regras sejam colocadas à disposição das pes-
soas para cuja proteção foram elaboradas - figura já nos
Comentário: quatro Convênios de Genebra, de 12 de agosto de 1949,
A Assembléia Geral, em sua Resolução 2.858 (XXVI), cujos artigos 47 do primeiro Convênio, 48 do segundo,
de 20 de dezembro de 1971, chamou a atenção dos Es- 127 do terceiro e 144 do quarto contêm a mesma dispo-
tados membros para as Regras Mínimas e recomendou sição: “As Altas Partes contratantes comprometem-se a
que eles as aplicassem na administração das instituições difundir, o mais amplamente possível, em tempo de paz
penais e correcionais e que considerassem favoravel- e em tempo de guerra, o texto do presente Convênio em
mente a possibilidade de incorporá-las em sua legislação seus respectivos países, e especialmente a incorporar seu
nacional. É possível que alguns Estados tenham normas estudo aos programas de instrução militar e, em sendo
mais avançadas que as Regras e, portanto, não se pede possível, também civil, de modo que seus princípios se-
aos mesmos que as adotem. jam conhecidos pelo conjunto da população, particular-
Quando os Estados considerarem que as Regras ne- mente das forças armadas combatentes, do pessoal da
cessitam ser harmonizadas com seus sistemas jurídicos saúde e dos capelães.”
e adaptadas à sua cultura, devem ressaltar a intenção e
não a letra fria das Regras. Procedimento 5
Os Estados informarão a cada cinco anos, ao Secretá-
Procedimento 2 rio-Geral das Nações Unidas, em que medida cumpriram
Adaptadas, se necessário, às leis e à cultura existen- as Regras Mínimas e os progressos que se realizaram em
tes, mas sem distanciar-se do seu espírito e do seu obje- sua aplicação, assim como os fatores e inconvenientes,
tivo, as Regras Mínimas serão incorporadas à legislação se existirem, que afetam sua aplicação, respondendo a
nacional e demais regulamentos. questionário do Secretário Geral. Tal questionário, que se
baseará em um programa específico, deveria ser seleti-
Comentário: vo e limitar-se a perguntas concretas visando permitir o
Este procedimento ressalta a necessidade de se in- estudo e o exame aprofundado dos problemas selecio-
corporar as Regras Mínimas à legislação e aos regula- nados. O Secretário-Geral, levando em conta os informes
mentos nacionais, com o que se abrange também alguns dos governos, assim como todas as demais informações
aspectos do procedimento 1. pertinentes, disponíveis dentro do sistema das Nações
Unidas, preparará um informe periódico independente
Procedimento 3 sobre os progressos realizados na aplicação das Regras
As Regras Mínimas serão postas à disposição de to- Mínimas. Na preparação desses informes, o Secretário-
das as pessoas interessadas, em particular dos funcioná- -Geral também poderá obter a cooperação de organis-
rios responsáveis pela aplicação da lei e do pessoal pe- mos especializados das organizações intergovernamen-

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


nitenciário, a fim de permitir sua aplicação e execução tais e não-governamentais competentes, reconhecidas
dentro do sistema de justiça penal. pelo Conselho Econômico e Social como entidades con-
sultivas. O Secretário-Geral apresentará os informes ao
Comentário: Comitê de Prevenção do Delito e Luta contra a Delin-
Este procedimento lembra que as Regras Mínimas, quência para sua consideração e para a adoção de novas
assim como as leis e os regulamentos nacionais relativos medidas, se for o caso.
à sua aplicação, devem ser colocados à disposição de to-
das as pessoas que participem na sua aplicação, em es- Comentário:
pecial dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei Como se recorda, o Conselho Econômico e Social,
e do pessoal penitenciário. É possível que a aplicação das em sua Resolução 663 C (XXIV), de 31 de julho de 1957,
Regras exija, ademais, que o organismo administrativo recomendou que o Secretário-Geral fosse informado, a
central encarregado dos aspectos correcionais organize cada período de cinco anos, sobre os progressos alcan-
cursos de capacitação. A difusão dos presentes procedi- çados na aplicação das Regras Mínimas, e autorizou o
mentos é examinada nos procedimentos 7 a 9. Secretário-Geral a tomar as providências cabíveis para a
Procedimento 4 publicação, quando fosse o caso, da informação recebida
As Regras Mínimas, na forma em que se incorpora- e para que solicitasse, se necessário, informações com-
ram à legislação e demais regulamentos nacionais, tam- plementares. É prática generalizada nas Nações Unidas
bém serão colocadas à disposição de todos os presos e rogar a cooperação dos organismos especializados e das
de todas as pessoas detidas ao ingressarem em institui- organizações intergovernamentais e não-governamen-
ções penitenciárias e durante sua reclusão. tais competentes. Na preparação do seu informe inde-

27
pendente sobre os progressos realizados em relação à contatos com tais organizações e colocar à sua disposi-
apliicação das Regras Mínimas, o Secretário-Geral leva- ção a informação e os dados pertinentes. Deverá, tam-
rá em conta, dentre outras coisas, a informação de que bém, incentivá-las a difundir informação sobre as Regras
dispõem os órgãos das Nações Unidas dedicados aos Mínimas e os procedimentos de aplicação.
direitos humanos, incluindo a Comissão de Direitos Hu-
manos, a Subcomissão de Prevenção de Discriminações Procedimento 8
e Proteção às Minorias, o Comitê de Direitos Humanos O Secretário-Geral divulgará seus informes sobre
criado em virtude do Pacto Internacional de Direitos Civis a aplicação das Regras Mínimas, incluídos os resumos
e Políticos e o Comitê para a Eliminação da Discrimina- analíticos dos estudos periódicos, os informes do Comi-
ção Racial. Também poderia ser considerado o trabalho tê de Prevenção do Delito e Luta contra a Delinquência,
de aplicação relacionado com a futura convenção contra os informes preparados pelos congressos das Nações
a tortura, bem como toda a informação que possa ser Unidas sobre a prevenção do crime e o tratamento dos
reunida com referência ao conjunto de princípios para
delinquentes, assim como os informes desses congres-
a proteção das pessoas presas e detidas que está sendo
sos, as publicações científicas e demais documentação
atualmente preparado pela Assembléia Geral.
pertinente se necessário naquele momento para promo-
ver a aplicação das Regras Mínimas.
Procedimento 6
Como parte da informação mencionada no proce-
dimento 5, os Estados fornecerão ao Secretário-Geral: a) Comentário:
cópias ou resumos de todas as leis, regulamentos e dis- Este procedimento reflete a prática atual de divulgar
posições administrativas relativas a aplicação das Regras os informes de referência como parte da documentação
Mínimas a pessoas detidas e aos lugares e programas dos órgãos competentes das Nações Unidas ou como
de detenção; b) quaisquer dados e materiais descritivos artigos no Anuário de Direitos Humanos, na Revista In-
sobre os programas de tratamento, o pessoal e o nú- ternacional de Política Criminal, no Boletim de Preven-
mero de pessoas detidas, qualquer que seja o tipo de ção do Delito e Justiça Penal e em outras publicações
detenção, assim como estatísticas, se dispuserem delas; pertinentes.
c) qualquer outra informação pertinente à aplicação das
Regras, assim como informação sobre as possíveis difi- Procedimento 9
culdades em sua aplicação. O Secretário-Geral zelará para que, em todos os
programas pertinentes das Nações Unidas, incluídas as
Comentário: atividades de cooperação técnica, se mencione e se uti-
Este requisito tem origem na Resolução 663 C (XXIV) lize da forma mais ampla possível o texto das Regras
do Conselho Econômico e Social e nas recomendações Mínimas.
dos congressos das Nações Unidas sobre a prevenção
do crime e o tratamento do delinquente. Embora os ele- Comentário:
mentos de informação solicitados neste procedimento Deveria se garantir que todos os órgãos pertinen-
não estejam expressamente previstos, parece factível tes das Nações Unidas incluíssem as Regras e os pro-
recolher tal informação com o objetivo de auxiliar os cedimentos de aplicação, ou fizessem referência a eles,
Estados membros a superar as dificuldades mediante contribuindo desse modo para uma maior difusão e um
o intercâmbio de experiências. Além disso, um pedido maior conhecimento, entre os organismos especializa-
de informação dessa natureza tem como predecessor o dos, os órgãos governamentais, intergovernamentais e
sistema existente de apresentação periódica de informa-
não-governamentais e o público em geral, das Regras
ções sobre direitos humanos, estabelecida pelo Conselho
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

e do empenho do Conselho Econômico e Social e da


Econômico e Social em sua Resolução 624 B (XXII), de 1º
Assembléia Geral em assegurar sua aplicação. À medi-
de agosto de 1956.
da em que as Regras têm efeitos práticos nas instân-
Procedimento 7 cias correcionais depende consideravelmente da forma
O Secretário-Geral divulgará as Regras Mínimas e os como se incorporam às práticas legislativas e adminis-
presentes procedimentos de aplicação no maior número trativas locais. É indispensável que uma ampla gama de
possível de idiomas e se colocará a disposição de todos profissionais e de não profissionais em todo o mundo
os Estados e organizações intergovernamentais e não- conheça e compreenda estas Regras. Por conseguinte,
-governamentais interessadas, a fim de lograr que as Re- é sumamente importante dar-lhes a maior publicidade
gras Mínimas e os procedimentos de aplicação recebam possível, objetivo esse que também pode ser alcançado
a maior difusão possível. mediante frequentes referências às Regras e campanhas
de informação pública.
Comentário:
É evidente a necessidade de dar-se uma maior divul- Procedimento 10
gação possível às Regras Mínimas. É importante estabe- Como parte de seus programas de cooperação técni-
lecer uma íntima relação com todas as organizações in- ca e desenvolvimento, as Nações Unidas:
tergovernamentais e não-governamentais competentes a. ajudarão os governos, quando estes solicitarem, a
para se lograr uma difusão e aplicação mais eficazes das criar e consolidar sistemas correcionais amplos e huma-
Regras. A Secretaria deverá, para tanto, manter estreitos nitários;

28
b. colocarão os serviços de peritos e de assessores gras ou os motivos pelos quais elas não são aplicadas
regionais e inter-regionais em matéria de prevenção de por outros meios, estabelecendo contatos com os juízes
delito e justiça penal à disposição dos governos que os e com os ministérios de Justiça dos países interessados
solicitarem; com vistas a sugerir medidas corretivas adequadas.
c. promoverão a celebração de seminários nacionais
e regionais e outras reuniões de nível profissional e não Procedimento 12
profissional para fomentar a difusão das Regras Mínimas O Comitê de Prevenção do Delito e Luta contra a De-
e dos presentes procedimentos de aplicação; linquência ajudará a Assembléia Geral, o Conselho Eco-
d. reforçarão o apoio que se presta aos institutos nômico e Social e todos os demais órgãos das Nações
regionais de investigação e capacitação em matéria de Unidas que se ocupam dos direitos humanos, segundo
prevenção de delito e justiça penal associados as Na- corresponda, formulando recomendações relativas aos
ções Unidas. Os institutos regionais de investigação e informes das comissões especiais de estudo, no que dis-
capacitação em matéria de prevenção de delito e justiça ser respeito a questões relacionadas com a aplicação e
penal das Nações Unidas deverão elaborar, em coope- com a implementação prática das Regras Mínimas.
ração com as instituições nacionais, planos de estudo e
material instrutivo, baseados nas Regras Mínimas e nos Comentário:
presentes procedimentos de aplicação, adequados para Já que o Comitê de Prevenção do Delito e Luta con-
seu uso em programas educativos sobre justiça penal em tra a Delinquência é o órgão competente para examinar
todos os níveis, assim como em cursos especializados em a aplicação das Regras Mínimas, também deveria prestar
direitos humanos e outros temas conexos. assistência aos órgãos antes mencionados.
Comentário: Procedimento 13
O objetivo deste procedimento é conseguir que os Nenhuma das disposições previstas nestes procedi-
programas de assistência técnica das Nações Unidas e mentos será interpretada no sentido de excluir a utiliza-
as atividades de capacitação dos institutos regionais das ção de quaisquer outros meios ou recursos disponíveis,
Nações Unidas sejam utilizados como instrumentos in-
de acordo com o direito internacional ou estabelecidos
diretos para a aplicação das Regras Mínimas e dos pre-
por outros órgãos e organismos das Nações Unidas, para
sentes procedimentos de aplicação. Afora os cursos or-
a reparação de violações dos direitos humanos, inclusi-
dinários de capacitação para o pessoal penitenciário, os
ve o procedimento relativo aos quadros persistentes de
manuais de instrução e outros textos similares, se deveria
manifestas violações dos direitos humanos, conforme a
dispor do necessário - particularmente a nível da elabo-
Resolução 1503 (XLVIII) do Conselho Econômico e Social,
ração de políticas e da tomada de decisões - para que se
de 27 de maio de 1970; o procedimento de comunica-
pudesse contar com o assessoramento de expertos em
ção previsto no Protocolo Facultativo do Pacto Interna-
relação às questões apresentadas pelos Estados mem-
bros, incluindo um sistema de remissão aos expertos à cional de Direitos Civis e Políticos, e o procedimento de
disposição dos Estados interessados. Tudo indica que tal comunicação previsto na Convenção Internacional sobre
sistema seja necessário sobretudo para garantir a aplica- a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial.
ção das Regras de acordo com o seu espírito e levando
em consideração a estrutura sócio-econômica dos países
que solicitam dita assistência.
Procedimento 11 PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HU-
O Comitê das Nações Unidas de Prevenção do Delito MANOS (DECRETO Nº 7.037/2009).

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


e Luta contra a Delinquência:
a. examinará regularmente as Regras Mínimas visan-
do a elaboração de novas regras, normas e procedimen- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
tos aplicáveis ao tratamento das pessoas privadas de sua que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Cons-
liberdade; tituição,
b. observará os presentes procedimentos de aplica-
ção, incluída a apresentação periódica de informes pre- DECRETA:
vista no procedimento 5, supra.
Art. 1o Fica aprovado o Programa Nacional de Direi-
Comentário: tos Humanos - PNDH-3, em consonância com as di-
Considerando-se que uma boa parte da informação retrizes, objetivos estratégicos e ações programáticas
reunida nas consultas periódicas e por ocasião das mis- estabelecidos, na forma do Anexo deste Decreto.
sões de assistência técnica será transmitida ao Comitê de Art. 2o O PNDH-3 será implementado de acordo com
Prevenção do Delito e Luta contra a Delinquência, a tare- os seguintes eixos orientadores e suas respectivas di-
fa de garantir a eficácia das Regras em relação à melhoria retrizes:
das práticas correcionais é responsabilidade do Comitê, I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Es-
cujas recomendações determinarão a orientação futura tado e sociedade civil:
da aplicação das Regras, juntamente com os procedi- a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e so-
mentos de aplicação. Em consequência, o Comitê deverá ciedade civil como instrumento de fortalecimento da
individualizar claramente as fendas na aplicação das Re- democracia participativa;

29
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos cação básica, nas instituições de ensino superior e nas
como instrumento transversal das políticas públicas e instituições formadoras;
de interação democrática; e c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não for-
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de mal como espaço de defesa e promoção dos Direitos
informações em Direitos Humanos e construção de Humanos;
mecanismos de avaliação e monitoramento de sua d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Hu-
efetivação; manos no serviço público; e
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação de-
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Hu- mocrática e ao acesso à informação para consolida-
manos: ção de uma cultura em Direitos Humanos; e
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimen-
to sustentável, com inclusão social e econômica, am- VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
bientalmente equilibrado e tecnologicamente respon- a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da ver-
sável, cultural e regionalmente diverso, participativo e dade como Direito Humano da cidadania e dever do
não discriminatório; Estado;
b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como su- b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e
jeito central do processo de desenvolvimento; e construção pública da verdade; e
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambien- c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada
tais como Direitos Humanos, incluindo as gerações com promoção do direito à memória e à verdade, for-
futuras como sujeitos de direitos; talecendo a democracia.
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além
III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um dos responsáveis nele indicados, envolve parcerias
contexto de desigualdades: com outros órgãos federais relacionados com os te-
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma mas tratados nos eixos orientadores e suas diretrizes.
universal, indivisível e interdependente, assegurando
a cidadania plena; Art. 3o As metas, prazos e recursos necessários para a
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e implementação do PNDH-3 serão definidos e aprova-
adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de dos em Planos de Ação de Direitos Humanos bianuais.
forma não discriminatória, assegurando seu direito de
opinião e participação; Art. 4o Fica instituído o Comitê de Acompanhamento
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e e Monitoramento do PNDH-3, com a finalidade de:
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade; I - promover a articulação entre os órgãos e entidades
envolvidos na implementação das suas ações progra-
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à máticas;
Justiça e Combate à Violência: II - elaborar os Planos de Ação dos Direitos Humanos;
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sis- III - estabelecer indicadores para o acompanhamento,
tema de segurança pública; monitoramento e avaliação dos Planos de Ação dos
b) Diretriz 12: Transparência e participação popular Direitos Humanos;
no sistema de segurança pública e justiça criminal; IV - acompanhar a implementação das ações e reco-
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminali- mendações; e
dade e profissionalização da investigação de atos cri- V - elaborar e aprovar seu regimento interno.
minosos; § 1o O Comitê de Acompanhamento e Monitoramen-
d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com to do PNDH-3 será integrado por um representante e
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

ênfase na erradicação da tortura e na redução da le- respectivo suplente de cada órgão a seguir descrito,
talidade policial e carcerária; indicados pelos respectivos titulares:
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de cri- I - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-
mes e de proteção das pessoas ameaçadas; dência da República, que o coordenará;
f) Diretriz 16: Modernização da política de execução II - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
penal, priorizando a aplicação de penas e medidas al- Presidência da República;
ternativas à privação de liberdade e melhoria do siste- III - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
ma penitenciário; e Igualdade Racial da Presidência da República;
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais IV - Secretaria-Geral da Presidência da República;
acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garan- V - Ministério da Cultura;
tia e a defesa de direitos; VI - Ministério da Educação;
VII - Ministério da Justiça;
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos VIII - Ministério da Pesca e Aqüicultura;
Humanos: IX - Ministério da Previdência Social;
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios X - Ministério da Saúde;
da política nacional de educação em Direitos Huma- XI - Ministério das Cidades;
nos para fortalecer uma cultura de direitos; XII - Ministério das Comunicações;
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da demo- XIII - Ministério das Relações Exteriores;
cracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de edu- XIV - Ministério do Desenvolvimento Agrário;

30
XV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate Parágrafo único. A aplicação deste Decreto abrange
à Fome; os colegiados instituídos por:
XVI - Ministério do Esporte; I - decreto, incluídos aqueles mencionados em leis nas
XVII - Ministério do Meio Ambiente; quais não conste a indicação de suas competências ou
XVIII - Ministério do Trabalho e Emprego; dos membros que o compõem;
XIX - Ministério do Turismo; II - ato normativo inferior a decreto; e
XX - Ministério da Ciência e Tecnologia; e III - ato de outro colegiado.
XXI - Ministério de Minas e Energia.
§ 2o O Secretário Especial dos Direitos Humanos da Art. 2º Para os fins do disposto neste Decreto, inclui-
Presidência da República designará os representantes -se no conceito de colegiado:
do Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do I - conselhos;
PNDH-3. II - comitês;
§ 3o O Comitê de Acompanhamento e Monitoramen- III - comissões;
to do PNDH-3 poderá constituir subcomitês temáti- IV - grupos;
cos para a execução de suas atividades, que poderão V - juntas;
contar com a participação de representantes de outros VI - equipes;
órgãos do Governo Federal. VII - mesas;
§ 4o O Comitê convidará representantes dos demais VIII - fóruns;
Poderes, da sociedade civil e dos entes federados para IX - salas; e
participarem de suas reuniões e atividades. X - qualquer outra denominação dada ao colegiado.
Parágrafo único. Não se incluem no conceito de cole-
Art. 5o Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios giado de que trata o caput :
e os órgãos do Poder Legislativo, do Poder Judiciário I - as diretorias colegiadas de autarquias e fundações;
e do Ministério Público, serão convidados a aderir ao II – as comissões de sindicância e de processo disci-
PNDH-3. plinar; e
III – as comissões de licitação.
Art. 6o Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação. Norma para criação de colegiadosintermininiste-
riais
Art. 7o Fica revogado o Decreto no 4.229, de 13 de
Art. 3º Os colegiados que abranjam mais de um ór-
maio de 2002.
gão, entidades vinculadas a órgãos distintos ou enti-
dade e órgão ao qual a entidade não se vincula serão
Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188o da Indepen-
criados por decreto.
dência e 121o da República.
Parágrafo único. É permitida a criação de colegiados
por meio de portaria interministerial nas seguintes hi-
Prezado candidato, para estudo dos anexos, sugeri-
póteses:
mos que acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2009/Decreto/D7037.htm I - quando a participação do outro órgão ou entidade
for na condição de convidado, sem direito a voto; ou
II - quando o colegiado:
a) for temporário e tiver duração de até um ano;
b) tiver até cinco membros;
POLÍTICA NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO c) tiver apenas agentes públicos da administração pú-
SOCIAL (DECRETO Nº 8.243/2014).
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
blica federal entre seus membros;
d) não tiver poder decisório e destinar-se a questões
do âmbito interno da administração pública federal; e
e) as reuniões não implicarem deslocamento de agen-
Prezado candidato, o decreto indicado foi revogado tes públicos para outro ente federativo.
pelo DECRETO Nº 9.759, DE 11 DE ABRIL DE 2019. Confira
o texto atual: Duração das reuniões e das votações
Art. 4º As convocações para reuniões de colegiados
Extingue e estabelece diretrizes, regras e limitações especificarão o horário de início e o horário limite de
para colegiados da administração pública federal. término da reunião.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição Parágrafo único. Na hipótese de a duração máxima
que lhe confere o art. 84, caput , inciso VI, alínea “a”, da da reunião ser superior a duas horas, será especificado
Constituição, um período máximo de duas horas no qual poderão
DECRETA : ocorrer as votações.

Objeto e âmbito de aplicação Extinção de colegiados


Art. 5º A partir de 28 de junho de 2019, ficam extintos
Art. 1º Este Decreto extingue e estabelece diretrizes, os colegiados de que trata este Decreto.
regras e limitações para colegiados da administração Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica
pública federal direta, autárquica e fundacional. aos colegiados:

31
I - previstos no regimento interno ou no estatuto de § 3º A relação de colegiados que o órgão ou a entida-
instituição federal de ensino; e de da administração pública federal presida, coordene
II - criados ou alterados por ato publicado a partir de ou participe será divulgada no sítio eletrônico do ór-
1º de janeiro de 2019. gão ou da entidade até 30 de agosto de 2019.
§ 4º A relação de que trata o § 3º será atualizada
Propostas relativas a colegiados mensalmente.
Art. 6º As propostas de criação de novos colegiados, § 5º O disposto neste artigo não se aplica a colegiados
de recriação de colegiados extintos em decorrência do cujos membros sejam agentes públicos do mesmo ór-
disposto neste Decreto ou de ampliação dos colegia- gão ou entidade.
dos existentes deverão:
I - observar o disposto nos art. 36 a art. 38 do Decreto Revogação das normas sobre os colegiados extintos
nº 9.191, de 1º de novembro de 2017 , ainda que o ato Art. 9º Até 1º de agosto de 2019, serão publicados os
não seja de competência do Presidente da República; atos, ou, conforme o caso, encaminhadas à Casa Civil
II - estabelecer que as reuniões cujos membros este- da Presidência da República as propostas de revoga-
jam em entes federativos diversos serão realizadas por ção expressa das normas referentes aos colegiados ex-
videoconferência; tintos em decorrência do disposto neste Decreto.
III - estimar os gastos com diárias e passagens dos
membros do colegiado e comprovar a disponibilidade Cláusula de revogação
orçamentária e financeira para o exercício em curso, Art. 10. Fica revogado o Decreto nº 8.243, de 23 de
na hipótese de ser demonstrada, de modo fundamen- maio de 2014 .
tado, a inviabilidade ou a inconveniência de se reali-
zar a reunião por videoconferência; Vigência
IV - incluir breve resumo das reuniões de eventual co- Art. 11. Este Decreto entra em vigor na data de
legiado antecessor ocorridas nos anos de 2018 e 2019, sua publicação.
com as medidas decorrentes das reuniões;
V - justificar a necessidade, a conveniência, a oportu- Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independência e
nidade e a racionalidade de o colegiado possuir nú- 131º da República.
mero superior a sete membros; e
VI - vedar a possibilidade de criação de subcolegiados
por ato do colegiado, exceto se a norma de criação do
colegiado principal houver: CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA
a) limitado o número máximo de seus membros; CRIMINAL E PENITENCIÁRIA (ARTS. 62 A 64
b) estabelecido caráter temporário e duração não su- DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL).
perior a um ano; ou
c) fixado o número máximo de subcolegiados que po-
derão operar simultaneamente. CAPÍTULO II
Parágrafo único. A mera necessidade de reuniões
eventuais para debate, articulação ou trabalho que Do Conselho Nacional de Política Criminal e Peni-
envolva agentes públicos da administração pública tenciária
federal não será admitida como fundamento para as
propostas de que trata o caput . Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, com sede na Capital da República, é su-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Tramitação de propostas para a Casa Civil bordinado ao Ministério da Justiça.


Art. 7º Na hipótese de o ato ser de competência do
Presidente da República, as propostas de recriação de Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e
colegiados, sem quebra de continuidade dos seus tra- Penitenciária será integrado por 13 (treze) membros
balhos, serão encaminhados à Casa Civil da Presidên- designados através de ato do Ministério da Justiça,
cia da República até 28 de maio de 2019, observado o dentre professores e profissionais da área do Direito
disposto neste Decreto e no Decreto nº 9.191, de 2017. Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências cor-
relatas, bem como por representantes da comunidade
Relação dos colegiados existentes e dos Ministérios da área social.
Art. 8º Os órgãos e as entidades da administração Parágrafo único. O mandato dos membros do Conse-
pública federal direta, autárquica e fundacional en- lho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um
caminharão a relação dos colegiados que presidam, terço) em cada ano.
coordenem ou de que participem à Casa Civil da Pre-
sidência da República até 28 de maio de 2019. Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e
§ 1º A relação referente às entidades vinculadas serão Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âm-
encaminhadas por meio do órgão ao qual se vincu- bito federal ou estadual, incumbe:
lam. I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre-
§ 2º A relação conterá o nome dos colegiados e os venção do delito, administração da Justiça Criminal e
atos normativos que os regem. execução das penas e das medidas de segurança;

32
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de
desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da CONSELHOS DA COMUNIDADE (ARTS. 80 E
política criminal e penitenciária; 81 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL).
III - promover a avaliação periódica do sistema cri-
minal para a sua adequação às necessidades do País;
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
V - elaborar programa nacional penitenciário de for- CAPÍTULO VIII
mação e aperfeiçoamento do servidor; Do Conselho da Comunidade
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e constru-
ção de estabelecimentos penais e casas de albergados; Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da es- Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) repre-
tatística criminal; sentante de associação comercial ou industrial, 1 (um)
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe- advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advoga-
nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do dos do Brasil, 1 (um) Defensor Público indicado pelo
Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros Defensor Público Geral e 1 (um) assistente social esco-
meios, acerca do desenvolvimento da execução penal lhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional
nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às de Assistentes Sociais. (Redação dada pela Lei nº
autoridades dela incumbida as medidas necessárias 12.313, de 2010).
ao seu aprimoramento;
IX - representar ao Juiz da execução ou à autorida- Parágrafo único. Na falta da representação prevista
de administrativa para instauração de sindicância ou neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a
procedimento administrativo, em caso de violação das escolha dos integrantes do Conselho.
normas referentes à execução penal;
X - representar à autoridade competente para a inter- Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal. I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimen-
tos penais existentes na comarca;
II - entrevistar presos;
CONSELHOS PENITENCIÁRIOS (ARTS. 69 E III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução
70 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL). e ao Conselho Penitenciário;
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu-
manos para melhor assistência ao preso ou internado,
em harmonia com a direção do estabelecimento.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO IX
Do Conselho Penitenciário
DA DEFENSORIA PÚBLICA
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e
fiscalizador da execução da pena.
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular
§ 1º O Conselho será integrado por membros nome-
ados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal execução da pena e da medida de segurança, ofician-
e dos Territórios, dentre professores e profissionais da do, no processo executivo e nos incidentes da execu-
área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário ção, para a defesa dos necessitados em todos os graus
e instâncias, de forma individual e coletiva. (In-

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


e ciências correlatas, bem como por representantes da
comunidade. A legislação federal e estadual regulará cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
o seu funcionamento. Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
§ 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenci- (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
ário terá a duração de 4 (quatro) anos. I - requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, de
2010).
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, mento do processo executivo; (Incluído pela Lei
excetuada a hipótese de pedido de indulto com base nº 12.313, de 2010).
no estado de saúde do preso; (Redação dada pela b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que
Lei nº 10.792, de 2003) de qualquer modo favorecer o condenado; (In-
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, c) a declaração de extinção da punibilidade; (In-
ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten- cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
ciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei nº
anterior; 12.313, de 2010).
IV - supervisionar os patronatos, bem como a assis- e) a detração e remição da pena; (Incluído pela
tência aos egressos. Lei nº 12.313, de 2010).
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de
execução; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

33
g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga-
ção, bem como a substituição da pena por medida de
segurança; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). HORA DE PRATICAR!
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a
suspensão condicional da pena, o livramento condi- 1. (DPE-ES – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2012)
cional, a comutação de pena e o indulto; (Inclu- Julgue os seguintes itens, sobre a teoria geral, a afirma-
ído pela Lei nº 12.313, de 2010). ção histórica, os fundamentos e a universalidade dos di-
i) a autorização de saídas temporárias; (Incluído reitos humanos.
pela Lei nº 12.313, de 2010). As três gerações de direitos humanos demonstram que
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento visões de mundo diferentes refletem-se nas normas jurí-
da situação anterior; (Incluído pela Lei nº 12.313, dicas voltadas à proteção da pessoa.
de 2010).
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança ( ) CERTO ( ) ERRADO
em outra comarca; (Incluído pela Lei nº 12.313,
de 2010). 2. (DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2015)
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais
§ 1o do art. 86 desta Lei; (Incluído pela Lei nº e históricos dos direitos humanos.
12.313, de 2010). O principal fundamento dos direitos humanos no Brasil
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a refere-se à dignidade da pessoa humana. Por essa ra-
cumprir; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). zão, além de haver consenso acerca do conteúdo desse
III - interpor recursos de decisões proferidas pela au- princípio, ele é válido somente para os direitos humanos
toridade judiciária ou administrativa durante a execu- consagrados explicitamente na CF.
ção; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
IV - representar ao Juiz da execução ou à autorida- ( ) CERTO ( ) ERRADO
de administrativa para instauração de sindicância ou
3. (DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2015)
procedimento administrativo em caso de violação das
Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais
normas referentes à execução penal; (Incluído
e históricos dos direitos humanos.
pela Lei nº 12.313, de 2010).
No Brasil, os entes federativos protegem automática e
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando provi-
integralmente os chamados direitos humanos de segun-
dências para o adequado funcionamento, e requerer,
da geração, ou direitos sociais, por força de consagração
quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
constitucional nesse sentido.
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
VI - requerer à autoridade competente a interdição, no ( ) CERTO ( ) ERRADO
todo ou em parte, de estabelecimento penal. (In-
cluído pela Lei nº 12.313, de 2010). 4. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATI-
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visi- VA – CESPE – 2015) Ainda com relação aos direitos hu-
tará periodicamente os estabelecimentos penais, re- manos, julgue o próximo item à luz da CF.
gistrando a sua presença em livro próprio. (Inclu- O Brasil não se submete à jurisdição do Tribunal Penal
ído pela Lei nº 12.313, de 2010). Internacional.

( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

5. (TCE-PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO –


ÁREA ADMINISTRATIVA – SERVIÇO SOCIAL – CES-
PE – 2016) A Declaração Universal dos Direitos Humanos
reconhece a liberdade, a justiça e a paz no mundo como
os fundamentos para que os direitos sejam iguais. A esse
respeito, julgue o item que se segue.
De acordo com o PNDH, toda pessoa tem direito a ins-
trução, que deverá ser gratuita em todos os níveis de es-
colaridade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATI-


VA – CESPE – 2015) No tocante à Declaração Universal
dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
É garantido o asilo em outros países àquele que for ví-
tima de perseguição, ainda que motivada por crimes de
direito comum.

( ) CERTO ( ) ERRADO

34
7. (DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2015)
Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais
e históricos dos direitos humanos.
GABARITO
As três vertentes da proteção internacional da pessoa
humana, a saber, os direitos humanos, o direito humani- 1 CERTO
tário e o direito dos refugiados, foram consagradas nas
2 ERRADO
conferências mundiais da última década de 90. Não obs-
tante, a implementação dessas vertentes deve atender às 3 ERRADO
demandas de cada região, mesmo que não haja sistemas 4 ERRADO
regionais de proteção. 5 ERRADO
6 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
7 CERTO
8. (FUB – TRADUTOR E INTERPRETE DE LINGUA- 8 CERTO
GEM DE SINAIS – CESPE – 2015) Com referência à 9 ERRADO
Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as
10 ERRADO
Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras
de Deficiência (Convenção de Guatemala), julgue o pró-
ximo item.
Considera-se discriminação contra a pessoa com defi-
ciência toda diferenciação ou exclusão que possa impe-
dir ou anular o exercício dos direitos humanos e das suas
liberdades fundamentais.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9. (DEPEN – AGENTE PENITENCIÁRIO – CESPE –


2013) A respeito dos direitos humanos à luz da Cons-
tituição Federal de 1988, julgue os itens que se seguem.
É possível a concessão de mandado de segurança na hi-
pótese de um preso sofrer, por abuso de poder, violência
em sua liberdade de locomoção.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2015)


Com relação aos tratados internacionais de proteção aos
direitos humanos, julgue o próximo item.
A tortura é um crime que viola o direito internacional,
porém, em circunstâncias excepcionais, como em casos
de segurança nacional, se comprovada grave ameaça à
segurança pública, pode ser exercida com limites.

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


( ) CERTO ( ) ERRADO

35
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

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36
ÍNDICE

CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Lei de Execução Penal.............................................................................................................................................................................................. 01


Sistema penitenciário federal (Lei nº 11.671/2008 e Decreto nº 6.877/2008)................................................................................... 21
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (Portaria MJ/
MS nº 1, de 02/01/2014)......................................................................................................................................................................................... 21
Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional. (Decreto nº 7.626/2011)......................................................... 25
Resoluções do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária: Resolução nº 4/2014 – Assistência à Saúde...... 27
Resolução nº 1/2014 – Atenção em Saúde Mental...................................................................................................................................... 28
Resolução nº 3/2009 – Diretrizes de Educação.............................................................................................................................................. 31
Resolução nº 8/2011 – Assistência Religiosa.................................................................................................................................................. 34
Resolução nº 5/2014 – Procedimentos para revista pessoal.................................................................................................................... 36
Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional
(Portaria MJ/SPM nº 210/2014)............................................................................................................................................................................ 36
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privati-
va de liberdade, em regime fechado, será submetido a
LEI DE EXECUÇÃO PENAL exame criminológico para a obtenção dos elementos
necessários a uma adequada classificação e com vis-
tas à individualização da execução.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo po-
Institui a Lei de Execução Penal.
derá ser submetido o condenado ao cumprimento da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de da-
TÍTULO I
dos reveladores da personalidade, observando a ética
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
profissional e tendo sempre presentes peças ou infor-
mações do processo, poderá:
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as
I - entrevistar pessoas;
disposições de sentença ou decisão criminal e propor-
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos pri-
cionar condições para a harmônica integração social
vados, dados e informações a respeito do condenado;
do condenado e do internado.
III - realizar outras diligências e exames necessários.
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolo-
Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será
samente, com violência de natureza grave contra pes-
exercida, no processo de execução, na conformidade
soa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da
desta Lei e do Código de Processo Penal.
Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submeti-
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao
dos, obrigatoriamente, à identificação do perfil gené-
preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral
tico, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonu-
ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito
cleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído
à jurisdição ordinária.
pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garan-
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegura-
tias mínimas de proteção de dados genéticos, obser-
dos todos os direitos não atingidos pela sentença ou
vando as melhores práticas da genética forense. (In-
pela lei.
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
natureza racial, social, religiosa ou política.
requerer ao juiz competente, no caso de inquérito ins-
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da co-
taurado, o acesso ao banco de dados de identificação
munidade nas atividades de execução da pena e da
de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654,
medida de segurança.
de 2012)
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéti-
TÍTULO II
cos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de
Do Condenado e do Internado
perfis genéticos, bem como a todos os documentos da
CAPÍTULO I
cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira
Da Classificação
que possa ser contraditado pela defesa. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput des-
seus antecedentes e personalidade, para orientar a in-
te artigo que não tiver sido submetido à identificação
dividualização da execução penal.
do perfil genético por ocasião do ingresso no estabe-
lecimento prisional deverá ser submetido ao procedi-
Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica
mento durante o cumprimento da pena. (Incluído
de Classificação que elaborará o programa individua-
pela Lei nº 13.964, de 2019)
lizador da pena privativa de liberdade adequada ao
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
condenado ou preso provisório. (Redação dada
2019)
pela Lei nº 10.792, de 2003)
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

§ 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de


2019)
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor
2019)
e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço,
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em
1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente
submeter-se ao procedimento de identificação do per-
social, quando se tratar de condenado à pena privati-
fil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
va de liberdade.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará
junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais
do serviço social.

1
CAPÍTULO II § 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local
Da Assistência apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Pú-
SEÇÃO I blico. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
Disposições Gerais § 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implemen-
tados Núcleos Especializados da Defensoria Pública para
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos
do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus familia-
retorno à convivência em sociedade. res, sem recursos financeiros para constituir advogado.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 11. A assistência será: SEÇÃO V


I - material; Da Assistência Educacional
II - à saúde;
III -jurídica; Art. 17. A assistência educacional compreenderá a ins-
IV - educacional; trução escolar e a formação profissional do preso e do
V - social; internado.
VI - religiosa.
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, inte-
SEÇÃO II grando-se no sistema escolar da Unidade Federativa.
Da Assistência Material
Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com
Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado formação geral ou educação profissional de nível
consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário médio, será implantado nos presídios, em obediên-
e instalações higiênicas. cia ao preceito constitucional de sua universalização.
(Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e § 1o O ensino ministrado aos presos e presas inte-
serviços que atendam aos presos nas suas necessi- grar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e
dades pessoais, além de locais destinados à venda de será mantido, administrativa e financeiramente, com
produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela o apoio da União, não só com os recursos destinados
Administração. à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou
administração penitenciária. (Incluído pela Lei nº
SEÇÃO III 13.163, de 2015)
Da Assistência à Saúde § 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e
às presas cursos supletivos de educação de jovens e
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado adultos. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
de caráter preventivo e curativo, compreenderá aten- § 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito
dimento médico, farmacêutico e odontológico. Federal incluirão em seus programas de educação à
§ 1º (Vetado). distância e de utilização de novas tecnologias de ensi-
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver apa- no, o atendimento aos presos e às presas. (Incluído
relhado para prover a assistência médica necessária, pela Lei nº 13.163, de 2015)
esta será prestada em outro local, mediante autoriza-
ção da direção do estabelecimento. Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível
§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino
extensivo ao recém-nascido. (Incluído pela Lei profissional adequado à sua condição.
nº 11.942, de 2009)
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de
SEÇÃO IV convênio com entidades públicas ou particulares, que
Da Assistência Jurídica instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-
aos internados sem recursos financeiros para consti- -á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso
tuir advogado. de todas as categorias de reclusos, provida de livros
instrutivos, recreativos e didáticos.
Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços
de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defenso- Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar:
ria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
(Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). I - o nível de escolaridade dos presos e das presas;
§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxí- (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
lio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no II - a existência de cursos nos níveis fundamental e
exercício de suas funções, dentro e fora dos estabeleci- médio e o número de presos e presas atendidos;
mentos penais. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)

2
III - a implementação de cursos profissionais em nível Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:
de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a
de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei contar da saída do estabelecimento;
nº 13.163, de 2015) IV - a existência de bibliotecas e II - o liberado condicional, durante o período de prova.
as condições de seu acervo; (Incluído pela Lei nº Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com
13.163, de 2015) o egresso para a obtenção de trabalho.
V - outros dados relevantes para o aprimoramento
educacional de presos e presas. (Incluído pela Lei CAPÍTULO III
nº 13.163, de 2015) Do Trabalho
SEÇÃO I
SEÇÃO VI Disposições Gerais
Da Assistência Social
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e
Art. 22. A assistência social tem por finalidade ampa- condição de dignidade humana, terá finalidade edu-
rar o preso e o internado e prepará-los para o retorno cativa e produtiva.
à liberdade. § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de tra-
balho as precauções relativas à segurança e à higiene.
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; Consolidação das Leis do Trabalho.
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimen-
to, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, me-
assistido; diante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas (três quartos) do salário mínimo.
e das saídas temporárias; § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá
atender:
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios dispo-
a) à indenização dos danos causados pelo crime, des-
níveis, a recreação;
de que determinados judicialmente e não reparados
V - promover a orientação do assistido, na fase final
por outros meios;
do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a
b) à assistência à família;
facilitar o seu retorno à liberdade;
c) a pequenas despesas pessoais;
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos be-
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas
nefícios da Previdência Social e do seguro por acidente
com a manutenção do condenado, em proporção a
no trabalho; ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família letras anteriores.
do preso, do internado e da vítima. § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será deposi-
tada a parte restante para constituição do pecúlio, em
SEÇÃO VII Caderneta de Poupança, que será entregue ao conde-
Da Assistência Religiosa nado quando posto em liberdade.
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, Art. 30. As tarefas executadas como prestação de ser-
será prestada aos presos e aos internados, permitin- viço à comunidade não serão remuneradas.
do-se-lhes a participação nos serviços organizados no
estabelecimento penal, bem como a posse de livros de SEÇÃO II
instrução religiosa. Do Trabalho Interno
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para
os cultos religiosos. Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões
a participar de atividade religiosa. e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho
SEÇÃO VIII não é obrigatório e só poderá ser executado no interior
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Da Assistência ao Egresso do estabelecimento.

Art. 25. A assistência ao egresso consiste: Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em em conta a habilitação, a condição pessoal e as neces-
liberdade; sidades futuras do preso, bem como as oportunidades
II - na concessão, se necessário, de alojamento e ali- oferecidas pelo mercado.
mentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo § 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o ar-
de 2 (dois) meses. tesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II po- de turismo.
derá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solici-
declaração do assistente social, o empenho na obten- tar ocupação adequada à sua idade.
ção de emprego. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exerce-
rão atividades apropriadas ao seu estado.

3
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior CAPÍTULO IV
a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
nos domingos e feriados. SEÇÃO I
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial Dos Deveres
de trabalho aos presos designados para os serviços de
conservação e manutenção do estabelecimento penal. Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por funda- de execução da pena.
ção, ou empresa pública, com autonomia adminis-
trativa, e terá por objetivo a formação profissional do Art. 39. Constituem deveres do condenado:
condenado. I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da
§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerencia- sentença;
dora promover e supervisionar a produção, com cri- II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pes-
térios e métodos empresariais, encarregar-se de sua soa com quem deva relacionar-se;
comercialização, bem como suportar despesas, inclu- III - urbanidade e respeito no trato com os demais
sive pagamento de remuneração adequada. (Re- condenados;
numerado pela Lei nº 10.792, de 2003) IV - conduta oposta aos movimentos individuais
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal pode- ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à
rão celebrar convênio com a iniciativa privada, para disciplina;
implantação de oficinas de trabalho referentes a seto- V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens
res de apoio dos presídios. (Incluído pela Lei nº recebidas;
10.792, de 2003) VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos VIII - indenização ao Estado, quando possível, das
Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência despesas realizadas com a sua manutenção, mediante
pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, desconto proporcional da remuneração do trabalho;
sempre que não for possível ou recomendável reali- IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
zar-se a venda a particulares. X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que
com as vendas reverterão em favor da fundação ou couber, o disposto neste artigo.
empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na
sua falta, do estabelecimento penal. SEÇÃO II
Dos Direitos
SEÇÃO III
Do Trabalho Externo Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à
integridade física e moral dos condenados e dos pre-
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os sos provisórios.
presos em regime fechado somente em serviço ou
obras públicas realizadas por órgãos da Administra- Art. 41 - Constituem direitos do preso:
ção Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde I - alimentação suficiente e vestuário;
que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
disciplina. III - Previdência Social;
§ 1º O limite máximo do número de presos será de IV - constituição de pecúlio;
10% (dez por cento) do total de empregados na obra. V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou trabalho, o descanso e a recreação;
à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada de- artísticas e desportivas anteriores, desde que compatí-
pende do consentimento expresso do preso. veis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacio-
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autori- nal, social e religiosa;
zada pela direção do estabelecimento, dependerá de VIII - proteção contra qualquer forma de
aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cum- sensacionalismo;
primento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de tra- X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
balho externo ao preso que vier a praticar fato defi- amigos em dias determinados;
nido como crime, for punido por falta grave, ou tiver XI - chamamento nominal;
comportamento contrário aos requisitos estabelecidos XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigên-
neste artigo. cias da individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do
estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade,
em defesa de direito;

4
XV - contato com o mundo exterior por meio de cor- SUBSEÇÃO II
respondência escrita, da leitura e de outros meios de Das Faltas Disciplinares
informação que não comprometam a moral e os bons
costumes. Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves,
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmen- médias e graves. A legislação local especificará as le-
te, sob pena da responsabilidade da autoridade judi- ves e médias, bem assim as respectivas sanções.
ciária competente. (Incluído pela Lei nº 10.713, Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção
de 2003) correspondente à falta consumada.
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X
e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena priva-
ato motivado do diretor do estabelecimento. tiva de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submeti- a ordem ou a disciplina;
do à medida de segurança, no que couber, o disposto II - fugir;
nesta Seção. III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de
ofender a integridade física de outrem;
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médi- IV - provocar acidente de trabalho;
co de confiança pessoal do internado ou do subme- V - descumprir, no regime aberto, as condições
tido a tratamento ambulatorial, por seus familiares impostas;
ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V,
tratamento. do artigo 39, desta Lei.
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução. telefônico, de rádio ou similar, que permita a comuni-
SEÇÃO III cação com outros presos ou com o ambiente externo.
Da Disciplina (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)
SUBSEÇÃO I VIII - recusar submeter-se ao procedimento de iden-
Disposições Gerais tificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a or- Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no
dem, na obediência às determinações das autoridades que couber, ao preso provisório.
e seus agentes e no desempenho do trabalho. Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restri-
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condena- tiva de direitos que:
do à pena privativa de liberdade ou restritiva de direi- I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
tos e o preso provisório. II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da
obrigação imposta;
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V,
expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. do artigo 39, desta Lei.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a inte-
gridade física e moral do condenado. Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. constitui falta grave e, quando ocasionar subversão
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso pro-
visório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da exe- prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar dife-
cução da pena ou da prisão, será cientificado das nor- renciado, com as seguintes características: (Redação
mas disciplinares. dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena pri- de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
vativa de liberdade, será exercido pela autoridade ad- espécie; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
ministrativa conforme as disposições regulamentares. II - recolhimento em cela individual; (Redação dada
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

pela Lei nº 13.964, de 2019)


Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a
o poder disciplinar será exercido pela autoridade ad- serem realizadas em instalações equipadas para im-
ministrativa a que estiver sujeito o condenado. pedir o contato físico e a passagem de objetos, por
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade re- pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
presentará ao Juiz da execução para os fins dos artigos judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Re-
118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei. dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas
diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (qua-
tro) presos, desde que não haja contato com presos do
mesmo grupo criminoso; (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)

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V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas SUBSEÇÃO III
com seu defensor, em instalações equipadas para im- Das Sanções e das Recompensas
pedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo
expressa autorização judicial em contrário; (Incluído Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
pela Lei nº 13.964, de 2019) I - advertência verbal;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; II - repreensão;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, pa-
VII - participação em audiências judiciais preferen- rágrafo único);
cialmente por videoconferência, garantindo-se a par- IV - isolamento na própria cela, ou em local adequa-
ticipação do defensor no mesmo ambiente do preso. do, nos estabelecimentos que possuam alojamento
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)§ 1º O regime coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
disciplinar diferenciado também será aplicado aos V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
presos provisórios ou condenados, nacionais ou es-
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
trangeiros: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão
I - que apresentem alto risco para a ordem e a se-
gurança do estabelecimento penal ou da sociedade; aplicadas por ato motivado do diretor do estabeleci-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) mento e a do inciso V, por prévio e fundamentado des-
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de en- pacho do juiz competente. (Redação dada pela
volvimento ou participação, a qualquer título, em or- Lei nº 10.792, de 2003)
ganização criminosa, associação criminosa ou milícia § 1o A autorização para a inclusão do preso em regi-
privada, independentemente da prática de falta grave. me disciplinar dependerá de requerimento circunstan-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)§ 2º (Revogado). ciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)§ 3º Exis- outra autoridade administrativa. (Incluído pela
tindo indícios de que o preso exerce liderança em or- Lei nº 10.792, de 2003)
ganização criminosa, associação criminosa ou milícia § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em re-
privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) gime disciplinar será precedida de manifestação do
ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo
diferenciado será obrigatoriamente cumprido em es- máximo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº
tabelecimento prisional federal. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
13.964, de 2019)§ 4º Na hipótese dos parágrafos an-
teriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser Art. 55. As recompensas têm em vista o bom compor-
prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 (um) tamento reconhecido em favor do condenado, de sua
ano, existindo indícios de que o preso: (Incluído pela colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao
Lei nº 13.964, de 2019) trabalho.
I - continua apresentando alto risco para a ordem e
a segurança do estabelecimento penal de origem ou Art. 56. São recompensas:
da sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - o elogio;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, II - a concessão de regalias.
associação criminosa ou milícia privada, considerados Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos
também o perfil criminal e a função desempenhada
estabelecerão a natureza e a forma de concessão de
por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do
regalias.
grupo, a superveniência de novos processos criminais
e os resultados do tratamento penitenciário. (Incluí-
do pela Lei nº 13.964, de 2019) SUBSEÇÃO IV
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regi- Da Aplicação das Sanções
me disciplinar diferenciado deverá contar com alta se-
gurança interna e externa, principalmente no que diz Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-
respeito à necessidade de se evitar contato do preso -se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstân-
com membros de sua organização criminosa, associa- cias e as conseqüências do fato, bem como a pessoa
ção criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. do faltoso e seu tempo de prisão. (Redação dada
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) pela Lei nº 10.792, de 2003)


§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as san-
artigo será gravada em sistema de áudio ou de áu- ções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei.
dio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
agente penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019) Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de di-
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disci- reitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a
plinar diferenciado, o preso que não receber a visita hipótese do regime disciplinar diferenciado. (Re-
de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, dação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
após prévio agendamento, ter contato telefônico, que Parágrafo único. O isolamento será sempre comunica-
será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) do ao Juiz da execução.
vezes por mês e por 10 (dez) minutos. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

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SUBSEÇÃO V II - contribuir na elaboração de planos nacionais de
Do Procedimento Disciplinar desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da
política criminal e penitenciária;
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser ins- III - promover a avaliação periódica do sistema cri-
taurado o procedimento para sua apuração, conforme minal para a sua adequação às necessidades do País;
regulamento, assegurado o direito de defesa. IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
Parágrafo único. A decisão será motivada. V - elaborar programa nacional penitenciário de for-
mação e aperfeiçoamento do servidor;
Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e constru-
o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até ção de estabelecimentos penais e casas de albergados;
dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar di- VII - estabelecer os critérios para a elaboração da es-
ferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação tatística criminal;
do fato, dependerá de despacho do juiz competente. VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe-
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros
preventiva no regime disciplinar diferenciado será meios, acerca do desenvolvimento da execução penal
computado no período de cumprimento da sanção nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às
disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 10.792, autoridades dela incumbida as medidas necessárias
de 2003) ao seu aprimoramento;
IX - representar ao Juiz da execução ou à autorida-
TÍTULO III de administrativa para instauração de sindicância ou
Dos Órgãos da Execução Penal procedimento administrativo, em caso de violação das
CAPÍTULO I normas referentes à execução penal;
Disposições Gerais X - representar à autoridade competente para a inter-
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
Art. 61. São órgãos da execução penal:
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e CAPÍTULO III
Penitenciária; Do Juízo da Execução
II - o Juízo da Execução;
III - o Ministério Público; Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado
IV - o Conselho Penitenciário; na lei local de organização judiciária e, na sua ausên-
V - os Departamentos Penitenciários; cia, ao da sentença.
VI - o Patronato;
VII - o Conselho da Comunidade. Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
VIII - a Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qual-
12.313, de 2010). quer modo favorecer o condenado;
II - declarar extinta a punibilidade;
CAPÍTULO II III - decidir sobre:
Do Conselho Nacional de Política Criminal e a) soma ou unificação de penas;
Penitenciária b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e d) suspensão condicional da pena;
Penitenciária, com sede na Capital da República, é su- e) livramento condicional;
bordinado ao Ministério da Justiça. f) incidentes da execução.
IV - autorizar saídas temporárias;
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e V - determinar:
Penitenciária será integrado por 13 (treze) membros a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direi-
designados através de ato do Ministério da Justiça, tos e fiscalizar sua execução;
dentre professores e profissionais da área do Direito b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências cor- em privativa de liberdade;


relatas, bem como por representantes da comunidade c) a conversão da pena privativa de liberdade em res-
e dos Ministérios da área social. tritiva de direitos;
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conse- d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
lho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um substituição da pena por medida de segurança;
terço) em cada ano. e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e anterior;
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âm- g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
bito federal ou estadual, incumbe: em outra comarca;
I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre- h) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
venção do delito, administração da Justiça Criminal e 1º, do artigo 86, desta Lei.
execução das penas e das medidas de segurança; i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

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VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da me- II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
dida de segurança; III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano,
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten-
penais, tomando providências para o adequado fun- ciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício
cionamento e promovendo, quando for o caso, a apu- anterior;
ração de responsabilidade; IV - supervisionar os patronatos, bem como a assis-
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento tência aos egressos.
penal que estiver funcionando em condições inade-
quadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei; CAPÍTULO VI
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. Dos Departamentos Penitenciários
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. SEÇÃO I
(Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003) Do Departamento Penitenciário Nacional

CAPÍTULO IV Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, su-


Do Ministério Público bordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo
da Política Penitenciária Nacional e de apoio adminis-
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da trativo e financeiro do Conselho Nacional de Política
pena e da medida de segurança, oficiando no processo Criminal e Penitenciária.
executivo e nos incidentes da execução.
Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciá-
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: rio Nacional:
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de reco- I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execu-
lhimento e de internamento; ção penal em todo o Território Nacional;
II - requerer: II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabe-
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- lecimentos e serviços penais;
mento do processo executivo; III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio implementação dos princípios e regras estabelecidos
de execução; nesta Lei;
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante
substituição da pena por medida de segurança; convênios, na implantação de estabelecimentos e ser-
d) a revogação da medida de segurança; viços penais;
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão V - colaborar com as Unidades Federativas para a rea-
nos regimes e a revogação da suspensão condicional lização de cursos de formação de pessoal penitenciá-
da pena e do livramento condicional; rio e de ensino profissionalizante do condenado e do
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento internado.
da situação anterior. VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades
III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto- federativas, o cadastro nacional das vagas existentes
ridade judiciária, durante a execução. em estabelecimentos locais destinadas ao cumpri-
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visi- mento de penas privativas de liberdade aplicadas pela
tará mensalmente os estabelecimentos penais, regis- justiça de outra unidade federativa, em especial para
trando a sua presença em livro próprio. presos sujeitos a regime disciplinar. (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 2003)
CAPÍTULO V VII - acompanhar a execução da pena das mulheres
Do Conselho Penitenciário beneficiadas pela progressão especial de que trata o
§ 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integra-
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e ção social e a ocorrência de reincidência, específica ou
fiscalizador da execução da pena. não, mediante a realização de avaliações periódicas e
§ 1º O Conselho será integrado por membros nomea- de estatísticas criminais. (Incluído pela Lei nº 13.769,
dos pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e de 2018)§ 1º Incumbem também ao Departamento
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

dos Territórios, dentre professores e profissionais da a coordenação e supervisão dos estabelecimentos pe-
área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário nais e de internamento federais. (Redação dada pela
e ciências correlatas, bem como por representantes da Lei nº 13.769, de 2018)§ 2º Os resultados obtidos por
comunidade. A legislação federal e estadual regulará meio do monitoramento e das avaliações periódicas
o seu funcionamento.§ 2º O mandato dos membros previstas no inciso VII do caput deste artigo serão uti-
do Conselho Penitenciário terá a duração de 4 (qua- lizados para, em função da efetividade da progressão
tro) anos. especial para a ressocialização das mulheres de que
trata o § 3º do art. 112 desta Lei, avaliar eventual des-
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: necessidade do regime fechado de cumprimento de
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, pena para essas mulheres nos casos de crimes come-
excetuada a hipótese de pedido de indulto com base tidos sem violência ou grave ameaça. (Incluído pela
no estado de saúde do preso; (Redação dada pela Lei nº 13.769, de 2018)
Lei nº 10.792, de 2003)

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SEÇÃO II CAPÍTULO VIII
Do Departamento Penitenciário Local Do Conselho da Comunidade

Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da
Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) repre-
estabelecer. sentante de associação comercial ou industrial, 1 (um)
advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advoga-
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão dos do Brasil, 1 (um) Defensor Público indicado pelo
similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar Defensor Público Geral e 1 (um) assistente social esco-
os estabelecimentos penais da Unidade da Federação lhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional
a que pertencer. de Assistentes Sociais. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste 12.313, de 2010).
artigo realizarão o acompanhamento de que trata o
Parágrafo único. Na falta da representação prevista
inciso VII do caput do art. 72 desta Lei e encaminharão
neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a
ao Departamento Penitenciário Nacional os resulta-
escolha dos integrantes do Conselho.
dos obtidos. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)

SEÇÃO III Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:


Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimen-
Penais tos penais existentes na comarca;
II - entrevistar presos;
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabeleci- III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução
mento deverá satisfazer os seguintes requisitos: e ao Conselho Penitenciário;
I - ser portador de diploma de nível superior de Direi- IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu-
to, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, manos para melhor assistência ao preso ou internado,
ou Serviços Sociais; em harmonia com a direção do estabelecimento.
II - possuir experiência administrativa na área;
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para CAPÍTULO IX
o desempenho da função. DA DEFENSORIA PÚBLICA
Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabele- (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
cimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo inte-
gral à sua função. Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular
execução da pena e da medida de segurança, ofician-
Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será orga- do, no processo executivo e nos incidentes da execu-
nizado em diferentes categorias funcionais, segundo ção, para a defesa dos necessitados em todos os graus
as necessidades do serviço, com especificação de atri- e instâncias, de forma individual e coletiva. (In-
buições relativas às funções de direção, chefia e asses- cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
soramento do estabelecimento e às demais funções.
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especia-
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
lizado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a
vocação, preparação profissional e antecedentes pes-
I - requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
soais do candidato.
§ 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
a progressão ou a ascensão funcional dependerão de mento do processo executivo; (Incluído pela Lei nº
cursos específicos de formação, procedendo-se à reci- 12.313, de 2010).
clagem periódica dos servidores em exercício. b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que
§ 2º No estabelecimento para mulheres somente se de qualquer modo favorecer o condenado; (In-
permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, sal- cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
vo quando se tratar de pessoal técnico especializado. c) a declaração de extinção da punibilidade; (In-
cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
CAPÍTULO VII d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei nº
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Do Patronato 12.313, de 2010).


e) a detração e remição da pena; (Incluído pela
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a Lei nº 12.313, de 2010).
prestar assistência aos albergados e aos egressos (ar- f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de
tigo 26). execução; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga-
Art. 79. Incumbe também ao Patronato: ção, bem como a substituição da pena por medida de
I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos; segurança; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação
de serviço à comunidade e de limitação de fim de h) a conversão de penas, a progressão nos regimes,
semana; a suspensão condicional da pena, o livramento con-
III - colaborar na fiscalização do cumprimento das dicional, a comutação de pena e o indulto; (Incluído
condições da suspensão e do livramento condicional. pela Lei nº 12.313, de 2010).

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i) a autorização de saídas temporárias; (Incluído pela § 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cur-
Lei nº 12.313, de 2010). sos do ensino básico e profissionalizante. (Incluído
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento pela Lei nº 12.245, de 2010)
da situação anterior; (Incluído pela Lei nº 12.313, de § 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Públi-
2010). ca. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança
em outra comarca; (Incluído pela Lei nº 12.313, de Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta
2010). as atividades materiais acessórias, instrumentais ou
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § complementares desenvolvidas em estabelecimentos
1o do art. 86 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.313, penais, e notadamente: (Incluído pela Lei nº 13.190,
de 2010). de 2015).
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a I - serviços de conservação, limpeza, informática, co-
cumprir; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). peiragem, portaria, recepção, reprografia, telecomu-
III - interpor recursos de decisões proferidas pela au- nicações, lavanderia e manutenção de prédios, insta-
toridade judiciária ou administrativa durante a execu- lações e equipamentos internos e externos; (Incluído
ção; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). pela Lei nº 13.190, de 2015).
IV - representar ao Juiz da execução ou à autorida- II - serviços relacionados à execução de trabalho pelo
de administrativa para instauração de sindicância ou preso. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
procedimento administrativo em caso de violação das § 1o A execução indireta será realizada sob supervi-
normas referentes à execução penal; (Incluído pela Lei são e fiscalização do poder público. (Incluído pela Lei
nº 12.313, de 2010). nº 13.190, de 2015).
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando provi- § 2o Os serviços relacionados neste artigo poderão
dências para o adequado funcionamento, e requerer, compreender o fornecimento de materiais, equipa-
quando for o caso, a apuração de responsabilidade; mentos, máquinas e profissionais. (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
nº 13.190, de 2015).
VI - requerer à autoridade competente a interdição, no
todo ou em parte, de estabelecimento penal. (In-
Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção,
cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
chefia e coordenação no âmbito do sistema penal,
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública vi-
bem como todas as atividades que exijam o exercício
sitará periodicamente os estabelecimentos penais,
do poder de polícia, e notadamente: (Incluído pela Lei
registrando a sua presença em livro próprio. (In-
cluído pela Lei nº 12.313, de 2010). nº 13.190, de 2015).
I - classificação de condenados; (Incluído pela Lei nº
TÍTULO IV 13.190, de 2015).
Dos Estabelecimentos Penais II - aplicação de sanções disciplinares; (Incluído pela
CAPÍTULO I Lei nº 13.190, de 2015).
Disposições Gerais III - controle de rebeliões; (Incluído pela Lei nº 13.190,
de 2015).
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao IV - transporte de presos para órgãos do Poder Ju-
condenado, ao submetido à medida de segurança, ao diciário, hospitais e outros locais externos aos esta-
preso provisório e ao egresso. belecimentos penais. (Incluído pela Lei nº 13.190, de
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separada- 2015).
mente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e
adequado à sua condição pessoal. (Redação Art. 84. O preso provisório ficará separado do conde-
dada pela Lei nº 9.460, de 1997) nado por sentença transitada em julgado.
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar § 1o Os presos provisórios ficarão separados de acor-
estabelecimentos de destinação diversa desde que de- do com os seguintes critérios: (Redação dada pela Lei
vidamente isolados. nº 13.167, de 2015)
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equi-
natureza, deverá contar em suas dependências com parados; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
áreas e serviços destinados a dar assistência, educa- II - acusados pela prática de crimes cometidos com
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

ção, trabalho, recreação e prática esportiva. violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estu- nº 13.167, de 2015)
dantes universitários. (Renumerado pela Lei nº III - acusados pela prática de outros crimes ou con-
9.046, de 1995) travenções diversos dos apontados nos incisos I e II.
§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mu- (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
lheres serão dotados de berçário, onde as condenadas § 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da
possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, Administração da Justiça Criminal ficará em depen-
no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. (Redação dência separada.
dada pela Lei nº 11.942, de 2009) § 3o Os presos condenados ficarão separados de acor-
§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste ar- do com os seguintes critérios: (Incluído pela Lei nº
tigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo 13.167, de 2015)
feminino na segurança de suas dependências internas. I - condenados pela prática de crimes hediondos ou
(Incluído pela Lei nº 12.121, de 2009). equiparados; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)

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II - reincidentes condenados pela prática de crimes Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; penitenciária de mulheres será dotada de seção para
(Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) gestante e parturiente e de creche para abrigar crian-
III - primários condenados pela prática de crimes co- ças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete)
metidos com violência ou grave ameaça à pessoa; anos, com a finalidade de assistir a criança desampa-
(Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) rada cuja responsável estiver presa. (Redação dada
IV - demais condenados pela prática de outros crimes pela Lei nº 11.942, de 2009)
ou contravenções em situação diversa das previstas Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e
nos incisos I, II e III. (Incluído pela Lei nº 13.167, de da creche referidas neste artigo: (Incluído pela Lei nº
2015) 11.942, de 2009)
§ 4o O preso que tiver sua integridade física, moral I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo
ou psicológica ameaçada pela convivência com os de- com as diretrizes adotadas pela legislação educacio-
mais presos ficará segregado em local próprio. (Incluí- nal e em unidades autônomas; e (Incluído pela Lei nº
do pela Lei nº 13.167, de 2015) 11.942, de 2009)
II – horário de funcionamento que garanta a melhor
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação assistência à criança e à sua responsável. (Incluído
compatível com a sua estrutura e finalidade. pela Lei nº 11.942, de 2009)
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Cri- Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em
minal e Penitenciária determinará o limite máximo local afastado do centro urbano, à distância que não
de capacidade do estabelecimento, atendendo a sua restrinja a visitação.
natureza e peculiaridades.
CAPÍTULO III
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser
executadas em outra unidade, em estabelecimento Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Simi-
local ou da União. lar destina-se ao cumprimento da pena em regime
§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento semi-aberto.
penal em local distante da condenação para recolher
os condenados, quando a medida se justifique no inte- Art. 92. O condenado poderá ser alojado em comparti-
resse da segurança pública ou do próprio condenado. mento coletivo, observados os requisitos da letra a, do
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele Parágrafo único. São também requisitos básicos das
poderão trabalhar os liberados ou egressos que se dependências coletivas:
dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de a) a seleção adequada dos presos;
terras ociosas. b) o limite de capacidade máxima que atenda os obje-
§ 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da tivos de individualização da pena.
autoridade administrativa definir o estabelecimento
prisional adequado para abrigar o preso provisório ou CAPÍTULO IV
condenado, em atenção ao regime e aos requisitos es- Da Casa do Albergado
tabelecidos. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumpri-
CAPÍTULO II mento de pena privativa de liberdade, em regime
Da Penitenciária aberto, e da pena de limitação de fim de semana.
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano,
Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-
pena de reclusão, em regime fechado. -se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distri-
to Federal e os Territórios poderão construir Peniten- Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa
ciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provi- do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposen-
sórios e condenados que estejam em regime fechado, tos para acomodar os presos, local adequado para
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos cursos e palestras.


do art. 52 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações
de 2003) para os serviços de fiscalização e orientação dos
condenados.
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual
que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. CAPÍTULO V
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade Do Centro de Observação
celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fa- Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os
tores de aeração, insolação e condicionamento térmi- exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão
co adequado à existência humana; encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas
pesquisas criminológicas.

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Art. 97. O Centro de Observação será instalado em IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de
unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento instrução;
penal. V - a data da terminação da pena;
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Co- ao adequado tratamento penitenciário.
missão Técnica de Classificação, na falta do Centro de § 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de
Observação. recolhimento.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre
CAPÍTULO VI que sobrevier modificação quanto ao início da execu-
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ção ou ao tempo de duração da pena.
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcioná-
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiá- rio da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na
trico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis guia, menção dessa circunstância, para fins do dispos-
referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Có- to no § 2°, do artigo 84, desta Lei.
digo Penal. Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida
o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei. pela autoridade judiciária.
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da exe-
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames cução passará recibo da guia de recolhimento para
necessários ao tratamento são obrigatórios para todos juntá-la aos autos do processo, e dará ciência dos seus
os internados. termos ao condenado.
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no arti- livro especial, segundo a ordem cronológica do re-
go 97, segunda parte, do Código Penal, será realizado cebimento, e anexadas ao prontuário do condenado,
no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou
aditando-se, no curso da execução, o cálculo das remi-
em outro local com dependência médica adequada.
ções e de outras retificações posteriores.
CAPÍTULO VII
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença men-
Da Cadeia Pública
tal será internado em Hospital de Custódia e Trata-
mento Psiquiátrico.
Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado
de presos provisórios.
será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) ca- por outro motivo não estiver preso.
deia pública a fim de resguardar o interesse da Ad-
ministração da Justiça Criminal e a permanência do SEÇÃO II
preso em local próximo ao seu meio social e familiar. Dos Regimes

Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime
será instalado próximo de centro urbano, observando- no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena
-se na construção as exigências mínimas referidas no privativa de liberdade, observado o disposto no artigo
artigo 88 e seu parágrafo único desta Lei. 33 e seus parágrafos do Código Penal.

TÍTULO V Art. 111. Quando houver condenação por mais de um


Da Execução das Penas em Espécie crime, no mesmo processo ou em processos distintos,
CAPÍTULO I a determinação do regime de cumprimento será feita
Das Penas Privativas de Liberdade pelo resultado da soma ou unificação das penas, ob-
SEÇÃO I servada, quando for o caso, a detração ou remição.
Disposições Gerais Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da
execução, somar-se-á a pena ao restante da que está
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Art. 105. Transitando em julgado a sentença que apli- sendo cumprida, para determinação do regime.
car pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier
a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de
recolhimento para a execução.
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escri- Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada
vão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará em forma progressiva com a transferência para regi-
com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa me menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quan-
incumbida da execução e conterá: do o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada
I - o nome do condenado; pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - a sua qualificação civil e o número do registro ge- I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado
ral no órgão oficial de identificação; for primário e o crime tiver sido cometido sem violên-
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condena- cia à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº
tória, bem como certidão do trânsito em julgado; 13.964, de 2019)

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II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for V - não ter integrado organização criminosa. (Incluí-
reincidente em crime cometido sem violência à pessoa do pela Lei nº 13.769, de 2018)
ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta
2019) grave implicará a revogação do benefício previsto no §
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o ape- 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
nado for primário e o crime tiver sido cometido com § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para
violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas pre-
Lei nº 13.964, de 2019) visto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
reincidente em crime cometido com violência à pessoa § 6º O cometimento de falta grave durante a execu-
ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de ção da pena privativa de liberdade interrompe o prazo
2019) para a obtenção da progressão no regime de cumpri-
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apena- mento da pena, caso em que o reinício da contagem
do for condenado pela prática de crime hediondo ou do requisito objetivo terá como base a pena remanes-
equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei nº cente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019) § 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado
for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equi- supõe a aceitação de seu programa e das condições
parado, com resultado morte, se for primário, veda- impostas pelo Juiz.
do o livramento condicional; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto
b) condenado por exercer o comando, individual ou o condenado que:
coletivo, de organização criminosa estruturada para I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou (In- de fazê-lo imediatamente;
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resul-
c) condenado pela prática do crime de constituição tado dos exames a que foi submetido, fundados indí-
de milícia privada; (Incluído pela Lei nº 13.964, de cios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso
2019) de responsabilidade, ao novo regime.
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho
for reincidente na prática de crime hediondo ou equi- as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei.
parado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais
for reincidente em crime hediondo ou equiparado com para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das
resultado morte, vedado o livramento condicional. seguintes condições gerais e obrigatórias:
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - permanecer no local que for designado, durante o
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à repouso e nos dias de folga;
progressão de regime se ostentar boa conduta carce- II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
rária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, III - não se ausentar da cidade onde reside, sem auto-
respeitadas as normas que vedam a progressão. (Re- rização judicial;
dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de suas atividades, quando for determinado.
regime será sempre motivada e precedida de mani-
festação do Ministério Público e do defensor, procedi- Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições esta-
mento que também será adotado na concessão de li- belecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Pú-
vramento condicional, indulto e comutação de penas, blico, da autoridade administrativa ou do condenado,
respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. desde que as circunstâncias assim o recomendem.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do be-
responsável por crianças ou pessoas com deficiência, neficiário de regime aberto em residência particular
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

os requisitos para progressão de regime são, cumulati- quando se tratar de:


vamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
I - não ter cometido crime com violência ou grave II - condenado acometido de doença grave;
ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de III - condenada com filho menor ou deficiente físico
2018) ou mental;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou de- IV - condenada gestante.
pendente; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade
no regime anterior; (Incluído pela Lei nº 13.769, de ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência
2018) para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, condenado:
comprovado pelo diretor do estabelecimento; (Incluí- I - praticar fato definido como crime doloso ou falta
do pela Lei nº 13.769, de 2018) grave;

13
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, I - comportamento adequado;
somada ao restante da pena em execução, torne inca- II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena,
bível o regime (artigo 111). se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto reincidente;
se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, III - compatibilidade do benefício com os objetivos da
frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a pena.
multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, Art. 124. A autorização será concedida por prazo não
deverá ser ouvido previamente o condenado. superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por
mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas § 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao
complementares para o cumprimento da pena priva- beneficiário as seguintes condições, entre outras que
tiva de liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do
entender compatíveis com as circunstâncias do caso e
Código Penal).
a situação pessoal do condenado: (Incluído pela Lei nº
12.258, de 2010)
SEÇÃO III
Das Autorizações de Saída I - fornecimento do endereço onde reside a família a
SUBSEÇÃO I ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante
Da Permissão de Saída o gozo do benefício; (Incluído pela Lei nº 12.258, de
2010)
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em re- II - recolhimento à residência visitada, no período no-
gime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios turno; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
poderão obter permissão para sair do estabelecimen- III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e
to, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes estabelecimentos congêneres. (Incluído pela Lei nº
fatos: 12.258, de 2010)
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, compa- § 2o Quando se tratar de frequência a curso profissio-
nheira, ascendente, descendente ou irmão; nalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo úni- tempo de saída será o necessário para o cumprimento
co do artigo 14). das atividades discentes. (Renumerado do parágrafo
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida único pela Lei nº 12.258, de 2010)
pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o § 3o Nos demais casos, as autorizações de saída so-
preso. mente poderão ser concedidas com prazo mínimo de
45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e
Art. 121. A permanência do preso fora do estabeleci- outra. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
mento terá a duração necessária à finalidade da saída.
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado
SUBSEÇÃO II quando o condenado praticar fato definido como cri-
Da Saída Temporária me doloso, for punido por falta grave, desatender as
condições impostas na autorização ou revelar baixo
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regi- grau de aproveitamento do curso.
me semi-aberto poderão obter autorização para saída
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída
temporária do estabelecimento, sem vigilância direta,
temporária dependerá da absolvição no processo pe-
nos seguintes casos:
nal, do cancelamento da punição disciplinar ou da de-
I - visita à família;
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, monstração do merecimento do condenado.
bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Co-
marca do Juízo da Execução; SEÇÃO IV
III - participação em atividades que concorram para o Da Remição
retorno ao convívio social.
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

utilização de equipamento de monitoração eletrôni- por estudo, parte do tempo de execução da pena. (Re-
ca pelo condenado, quando assim determinar o juiz dação dada pela Lei nº 12.433, de 2011).
da execução. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de § 1o A contagem de tempo referida no caput será
2019) feita à razão de: (Redação dada pela Lei nº 12.433,
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se refe- de 2011)
re o caput deste artigo o condenado que cumpre pena I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de fre-
por praticar crime hediondo com resultado morte. quência escolar - atividade de ensino fundamental,
(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou
ainda de requalificação profissional - divididas, no
Art. 123. A autorização será concedida por ato moti- mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433,
vado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público de 2011)
e a administração penitenciária e dependerá da satis- II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
fação dos seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

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§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o SEÇÃO V
deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma pre- Do Livramento Condicional
sencial ou por metodologia de ensino a distância e de-
verão ser certificadas pelas autoridades educacionais Art. 131. O livramento condicional poderá ser conce-
competentes dos cursos frequentados. (Redação dada dido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do
pela Lei nº 12.433, de 2011) artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal,
§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.
horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas
de forma a se compatibilizarem. (Redação dada pela Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as con-
Lei nº 12.433, de 2011) dições a que fica subordinado o livramento.
§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosse- § 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as
guir no trabalho ou nos estudos continuará a benefi- obrigações seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se
ciar-se com a remição.(Incluído pela Lei nº 12.433, de
for apto para o trabalho;
2011)
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
§ 5o O tempo a remir em função das horas de estudo
c) não mudar do território da comarca do Juízo da
será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão execução, sem prévia autorização deste.
do ensino fundamental, médio ou superior durante § 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicio-
o cumprimento da pena, desde que certificada pelo nal, entre outras obrigações, as seguintes:
órgão competente do sistema de educação.(Incluído a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz
pela Lei nº 12.433, de 2011) e à autoridade incumbida da observação cautelar e
§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aber- de proteção;
to ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional b) recolher-se à habitação em hora fixada;
poderão remir, pela frequência a curso de ensino re- c) não freqüentar determinados lugares.
gular ou de educação profissional, parte do tempo de d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
execução da pena ou do período de prova, observado
o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da
pela Lei nº 12.433, de 2011) comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da
§ 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde
prisão cautelar.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) ele se houver transferido e à autoridade incumbida da
§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, observação cautelar e de proteção.
ouvidos o Ministério Público e a defesa. (Incluído pela
Lei nº 12.433, de 2011) Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de
apresentar-se imediatamente às autoridades referidas
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar no artigo anterior.
até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o dis-
posto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra-
data da infração disciplinar. (Redação dada pela Lei nº mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para
12.433, de 2011) as providências cabíveis.

Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta


Art. 128. O tempo remido será computado como pena
de livramento com a cópia integral da sentença em 2
cumprida, para todos os efeitos.(Redação dada pela
(duas) vias, remetendo-se uma à autoridade adminis-
Lei nº 12.433, de 2011)
trativa incumbida da execução e outra ao Conselho
Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será
Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará men- realizada solenemente no dia marcado pelo Presi-
salmente ao juízo da execução cópia do registro de todos dente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento
os condenados que estejam trabalhando ou estudando, onde está sendo cumprida a pena, observando-se o
com informação dos dias de trabalho ou das horas de seguinte:
frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

deles. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) demais condenados, pelo Presidente do Conselho Pe-
§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabe- nitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta,
lecimento penal deverá comprovar mensalmente, por pelo Juiz;
meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a II - a autoridade administrativa chamará a atenção
frequência e o aproveitamento escolar. (Incluído pela do liberando para as condições impostas na sentença
Lei nº 12.433, de 2011) de livramento;
§ 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias III - o liberando declarará se aceita as condições.
remidos. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo libe-
Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Pe- rando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não
nal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço puder escrever.
para fim de instruir pedido de remição. § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
execução.

15
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal,
ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse-
que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à au- lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo
toridade judiciária ou administrativa, sempre que lhe o curso do livramento condicional, cuja revogação, en-
for exigida. tretanto, ficará dependendo da decisão final.
§ 1º A caderneta conterá:
a) a identificação do liberado; Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes-
b) o texto impresso do presente Capítulo; sado, do Ministério Público ou mediante representa-
c) as condições impostas. ção do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramen-
um salvo-conduto, em que constem as condições do to sem revogação.
livramento, podendo substituir-se a ficha de identifi-
cação ou o seu retrato pela descrição dos sinais que
Seção VI
possam identificá-lo.
Da Monitoração Eletrônica
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
espaço para consignar-se o cumprimento das condi-
ções referidas no artigo 132 desta Lei.
Art. 146-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.258,
Art. 139. A observação cautelar e a proteção reali- de 2010)
zadas por serviço social penitenciário, Patronato ou
Conselho da Comunidade terão a finalidade de: Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por
I - fazer observar o cumprimento das condições espe- meio da monitoração eletrônica quando: (Incluído
cificadas na sentença concessiva do benefício; pela Lei nº 12.258, de 2010)
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ati- II - autorizar a saída temporária no regime semiaber-
vidade laborativa. to; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Parágrafo único. A entidade encarregada da obser- III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
vação cautelar e da proteção do liberado apresentará IV - determinar a prisão domiciliar; (Incluído pela Lei
relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da re- nº 12.258, de 2010)
presentação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei. V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº
Art. 140. A revogação do livramento condicional dar- 12.258, de 2010)
-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do
Código Penal. Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos
cuidados que deverá adotar com o equipamento ele-
Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, trônico e dos seguintes deveres: (Incluído pela Lei nº
na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá 12.258, de 2010)
advertir o liberado ou agravar as condições. I - receber visitas do servidor responsável pela monito-
ração eletrônica, responder aos seus contatos e cum-
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração pe- prir suas orientações; (Incluído pela Lei nº 12.258, de
nal anterior à vigência do livramento, computar-se-á
2010)
como tempo de cumprimento da pena o período de
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
prova, sendo permitida, para a concessão de novo li-
danificar de qualquer forma o dispositivo de moni-
vramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
toração eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
se computará na pena o tempo em que esteve solto o
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
liberado, e tampouco se concederá, em relação à mes-
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
ma pena, novo livramento.
previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do
juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a de-
Art. 143. A revogação será decretada a requerimen-
fesa: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
to do Ministério Público, mediante representação do
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

I - a regressão do regime; (Incluído pela Lei nº 12.258,


Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido
de 2010)
o liberado.
II - a revogação da autorização de saída temporária;
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministé-
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
rio Público, da Defensoria Pública ou mediante repre-
IV - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
sentação do Conselho Penitenciário, e ouvido o libe-
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
rado, poderá modificar as condições especificadas na
VI - a revogação da prisão domiciliar; (Incluído pela
sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido
Lei nº 12.258, de 2010)
ao liberado por uma das autoridades ou funcionários
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em
indicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei,
que o juiz da execução decida não aplicar alguma das
observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o
medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
do mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.313,
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
de 2010).

16
Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revo- SEÇÃO III
gada: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Da Limitação de Fim de Semana
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a in-
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que timação do condenado, cientificando-o do local, dias
estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta e horário em que deverá cumprir a pena.
grave. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Parágrafo único. A execução terá início a partir da
data do primeiro comparecimento.
CAPÍTULO II
Das Penas Restritivas de Direitos Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, du-
SEÇÃO I rante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou
Disposições Gerais atribuídas atividades educativas.

Art. 147. Transitada em julgado a sentença que apli- Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
cou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de contra a mulher, o juiz poderá determinar o compa-
ofício ou a requerimento do Ministério Público, pro- recimento obrigatório do agressor a programas de re-
moverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, cuperação e reeducação. (Incluído pela Lei nº 11.340,
quando necessário, a colaboração de entidades públi- de 2006)
cas ou solicitá-la a particulares.
Art. 153. O estabelecimento designado encaminha-
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, rá, mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem
motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das assim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou
penas de prestação de serviços à comunidade e de li- falta disciplinar do condenado.
mitação de fim de semana, ajustando-as às condições
pessoais do condenado e às características do estabe- SEÇÃO IV
lecimento, da entidade ou do programa comunitário Da Interdição Temporária de Direitos
ou estatal.
Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à au-
SEÇÃO II toridade competente a pena aplicada, determinada a
Da Prestação de Serviços à Comunidade intimação do condenado.
§ 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47,
Art. 149. Caberá ao Juiz da execução: inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24
I - designar a entidade ou programa comunitário ou (vinte e quatro) horas, contadas do recebimento do
estatal, devidamente credenciado ou convencionado, ofício, baixar ato, a partir do qual a execução terá seu
junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuita- início.
mente, de acordo com as suas aptidões; § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Códi-
II - determinar a intimação do condenado, cientifi- go Penal, o Juízo da execução determinará a apreen-
cando-o da entidade, dias e horário em que deverá são dos documentos, que autorizam o exercício do
cumprir a pena; direito interditado.
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às
modificações ocorridas na jornada de trabalho. Art. 155. A autoridade deverá comunicar imedia-
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas se- tamente ao Juiz da execução o descumprimento da
manais e será realizado aos sábados, domingos e fe- pena.
riados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho, nos horários estabeleci- Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo
dos pelo Juiz. poderá ser feita por qualquer prejudicado.
§ 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
comparecimento. CAPÍTULO III
Da Suspensão Condicional
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de


serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execu- Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2
ção, relatório circunstanciado das atividades do con- (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa
denado, bem como, a qualquer tempo, comunicação de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma
sobre ausência ou falta disciplinar. prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal.

Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar


pena privativa de liberdade, na situação determinada
no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivada-
mente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda,
quer a denegue.

17
Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as Art. 163. A sentença condenatória será registrada,
condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo com a nota de suspensão em livro especial do Juízo a
fixado, começando este a correr da audiência prevista que couber a execução da pena.
no artigo 160 desta Lei. § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situa- fato averbado à margem do registro.
ção pessoal do condenado, devendo ser incluída entre § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo
as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou li- para efeito de informações requisitadas por órgão ju-
mitação de fim de semana, salvo hipótese do artigo diciário ou pelo Ministério Público, para instruir pro-
78, § 2º, do Código Penal. cesso penal.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a re-
querimento do Ministério Público ou mediante pro- CAPÍTULO IV
posta do Conselho Penitenciário, modificar as con- Da Pena de Multa
dições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o
condenado. Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, re- com trânsito em julgado, que valerá como título exe-
guladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por cutivo judicial, o Ministério Público requererá, em au-
normas supletivas, será atribuída a serviço social pe- tos apartados, a citação do condenado para, no prazo
nitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear
instituição beneficiada com a prestação de serviços, bens à penhora.
inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Mi- § 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou
nistério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execu- o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à
ção suprir, por ato, a falta das normas supletivas. penhora de tantos bens quantos bastem para garantir
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à a execução.
entidade fiscalizadora, para comprovar a observância § 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior exe-
das condições a que está sujeito, comunicará, também, cução seguirão o que dispuser a lei processual civil.
a sua ocupação e os salários ou proventos de que vive.
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar ime-
Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os au-
diatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais,
tos apartados serão remetidos ao Juízo Cível para
qualquer fato capaz de acarretar a revogação do be-
prosseguimento.
nefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das
condições.
Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
-á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164,
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
do local da nova residência, aos quais o primeiro de- desta Lei.
verá apresentar-se imediatamente.
Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for quando sobrevier ao condenado doença mental (arti-
concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as go 52 do Código Penal).
condições do benefício.
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribu- Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da
nal modificar as condições estabelecidas na sentença multa se efetue mediante desconto no vencimento ou
recorrida. salário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º,
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional do Código Penal, observando-se o seguinte:
da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execu-
ção a incumbência de estabelecer as condições do be- I - o limite máximo do desconto mensal será o da
nefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência quarta parte da remuneração e o mínimo o de um
admonitória. décimo;

Art. 160. Transitada em julgado a sentença condena- II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a
tória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, ad- quem de direito;
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

vertindo-o das conseqüências de nova infração penal


e do descumprimento das condições impostas. III - o responsável pelo desconto será intimado a reco-
lher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a impor-
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com tância determinada.
prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injus-
tificadamente à audiência admonitória, a suspensão Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o arti-
ficará sem efeito e será executada imediatamente a go 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz
pena. o pagamento da multa em prestações mensais, iguais
e sucessivas.
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da § 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar dili-
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão gências para verificar a real situação econômica do
na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Có- condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o nú-
digo Penal. mero de prestações.

18
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de CAPÍTULO II
situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimen- Da Cessação da Periculosidade
to do Ministério Público, revogará o benefício execu-
tando-se a multa, na forma prevista neste Capítulo, ou Art. 175. A cessação da periculosidade será averigua-
prosseguindo-se na execução já iniciada. da no fim do prazo mínimo de duração da medida
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumu- de segurança, pelo exame das condições pessoais do
lativamente com pena privativa da liberdade, enquanto agente, observando-se o seguinte:
esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes
mediante desconto na remuneração do condenado (ar- de expirar o prazo de duração mínima da medida, re-
tigo 168). meterá ao Juiz minucioso relatório que o habilite a re-
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de liber- solver sobre a revogação ou permanência da medida;
dade ou obtiver livramento condicional, sem haver res-
gatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
Capítulo.
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as di-
casos em que for concedida a suspensão condicional da ligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério
pena. Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três)
dias para cada um;
TÍTULO VI
Da Execução das Medidas de Segurança IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente
CAPÍTULO I que não o tiver;
Disposições Gerais
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar partes, poderá determinar novas diligências, ainda
que expirado o prazo de duração mínima da medida
medida de segurança, será ordenada a expedição de
de segurança;
guia para a execução.
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a
Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custó-
que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua
dia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamen-
decisão, no prazo de 5 (cinco) dias.
to ambulatorial, para cumprimento de medida de segu-
rança, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do
prazo mínimo de duração da medida de segurança,
Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento am- poderá o Juiz da execução, diante de requerimento
bulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em to- fundamentado do Ministério Público ou do interessa-
das as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida do, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para
à autoridade administrativa incumbida da execução e que se verifique a cessação da periculosidade, proce-
conterá: dendo-se nos termos do artigo anterior.
I - a qualificação do agente e o número do registro geral Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a
do órgão oficial de identificação; cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes
for aplicável, o disposto no artigo anterior.
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de libera-
do trânsito em julgado; ção (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o
disposto nos artigos 132 e 133 desta Lei.
III - a data em que terminará o prazo mínimo de interna-
ção, ou do tratamento ambulatorial; Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz ex-
pedirá ordem para a desinternação ou a liberação.
IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

ao adequado tratamento ou internamento. TÍTULO VII


§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de Dos Incidentes de Execução
recolhimento e de sujeição a tratamento. CAPÍTULO I
§ 2° A guia será retificada sempre que sobrevier modifi- Das Conversões
cações quanto ao prazo de execução.
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior
Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de segu- a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de
rança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e 9° direitos, desde que:
desta Lei.
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;

II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto)


da pena;

19
III - os antecedentes e a personalidade do condenado CAPÍTULO III
indiquem ser a conversão recomendável. Da Anistia e do Indulto

Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a re-
em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do querimento do interessado ou do Ministério Público,
artigo 45 e seus incisos do Código Penal. por proposta da autoridade administrativa ou do Con-
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade selho Penitenciário, declarará extinta a punibilidade.
será convertida quando o condenado: Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado
por petição do condenado, por iniciativa do Ministério
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade
sabido, ou desatender a intimação por edital; administrativa.

b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos do-
programa em que deva prestar serviço; cumentos que a instruírem, será entregue ao Conselho
Penitenciário, para a elaboração de parecer e poste-
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço rior encaminhamento ao Ministério da Justiça.
que lhe foi imposto;
Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos
d) praticar falta grave; do processo e do prontuário, promoverá as diligên-
cias que entender necessárias e fará, em relatório, a
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa narração do ilícito penal e dos fundamentos da sen-
de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa. tença condenatória, a exposição dos antecedentes do
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será con- condenado e do procedimento deste depois da prisão,
vertida quando o condenado não comparecer ao esta- emitindo seu parecer sobre o mérito do pedido e es-
belecimento designado para o cumprimento da pena, clarecendo qualquer formalidade ou circunstâncias
recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz omitidas na petição.
ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras «a»,
«d» e «e» do parágrafo anterior. Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com do-
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será cumentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a
convertida quando o condenado exercer, injustificada- petição será submetida a despacho do Presidente da
mente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das República, a quem serão presentes os autos do pro-
hipóteses das letras «a» e «e», do § 1º, deste artigo. cesso ou a certidão de qualquer de suas peças, se ele
o determinar.
Art. 182. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996)
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena pri- cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou
vativa de liberdade, sobrevier doença mental ou per- ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
turbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a reque- de comutação.
rimento do Ministério Público, da Defensoria Pública
ou da autoridade administrativa, poderá determinar a Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto
substituição da pena por medida de segurança. (Reda- coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessa-
ção dada pela Lei nº 12.313, de 2010). do, do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho
Penitenciário ou da autoridade administrativa, provi-
Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser con- denciará de acordo com o disposto no artigo anterior.
vertido em internação se o agente revelar incompati-
bilidade com a medida. TÍTULO VIII
Do Procedimento Judicial
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
internação será de 1 (um) ano. Art. 194. O procedimento correspondente às situações
previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se pe-
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

CAPÍTULO II rante o Juízo da execução.


Do Excesso ou Desvio
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício,
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre a requerimento do Ministério Público, do interessado,
que algum ato for praticado além dos limites fixados de quem o represente, de seu cônjuge, parente ou des-
na sentença, em normas legais ou regulamentares. cendente, mediante proposta do Conselho Penitenciá-
rio, ou, ainda, da autoridade administrativa.
Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou des-
vio de execução: Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-
I - o Ministério Público; -se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Públi-
II - o Conselho Penitenciário; co, quando não figurem como requerentes da medida.
III - o sentenciado; § 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal. decidirá de plano, em igual prazo.

20
§ 2º Entendendo indispensável a realização de prova
pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL (LEI
produção daquela ou na audiência designada.
Nº 11.671/2008 E DECRETO Nº 6.877/2008).
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá re-
curso de agravo, sem efeito suspensivo.
Prezado candidato, o tópico acima foi abordado
TÍTULO IX em Conhecimentos Específicos
Das Disposições Finais e Transitórias

Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execu-


ção penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTE-
que perturbe a segurança e a disciplina dos estabele- GRAL À SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS
cimentos, bem como exponha o preso à inconveniente DE LIBERDADE NO SISTEMA PRISIONAL
notoriedade, durante o cumprimento da pena. (PORTARIA MJ/MS Nº 1, DE 02/01/2014)
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por
decreto federal. (Regulamento)
A Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de
Art. 200. O condenado por crime político não está 2014, institui a Política Nacional de Atenção Integral à
obrigado ao trabalho. Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Pri-
sional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o (SUS). Trata-se de portaria integrada dos Ministérios da
cumprimento da prisão civil e da prisão administra- Saúde e da Justiça.
tiva se efetivará em seção especial da Cadeia Pública. A Portaria toma como antecedentes: a Lei de Execu-
ção Penal nº 7.210, de 11 de julho de 1984; a Lei nº 8.080,
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão de 19 de setembro 1990, que dispõe sobre as condições
da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qual-
organização e o funcionamento dos serviços corres-
quer notícia ou referência à condenação, salvo para
pondentes (Lei do SUS); a Lei nº 10.216, de 6 de abril
instruir processo pela prática de nova infração penal
de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das
ou outros casos expressos em lei.
pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecio-
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da pu- na o modelo assistencial em saúde mental; o Decreto nº
blicação desta Lei, serão editadas as normas comple- 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº
mentares ou regulamentares, necessárias à eficácia 8.080, de 1990; além de outras Portarias.
dos dispositivos não auto-aplicáveis. Basicamente, busca definir e implementar ações e
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades Fe- serviços que viabilizem uma atenção integral à saúde da
derativas, em convênio com o Ministério da Justiça, população compreendida pelo sistema prisional brasilei-
projetar a adaptação, construção e equipamento de ro, a qual deve ser prestada no âmbito do SUS.
estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei.
§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser providen- Abaixo, segue o teor de seus dispositivos, com grifos,
ciada a aquisição ou desapropriação de prédios para considerando seu teor puramente normativo:
instalação de casas de albergados. Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Atenção
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo po- Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade
derá ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema
Política Criminal e Penitenciária, mediante justificada Único de Saúde (SUS).
solicitação, instruída com os projetos de reforma ou de Art. 2º Entende-se por pessoas privadas de liberdade no
construção de estabelecimentos. sistema prisional aquelas com idade superior a 18 (de-
§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres esta- zoito) anos e que estejam sob a custódia do Estado em
belecidos para as Unidades Federativas implicará na caráter provisório ou sentenciados para cumprimento
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

suspensão de qualquer ajuda financeira a elas desti- de pena privativa de liberdade ou medida de seguran-
nada pela União, para atender às despesas de execu- ça, conforme previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
ção das penas e medidas de segurança. outubro de 1941 (Código Penal) e na Lei nº 7.210, de 11
Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente de julho de 1984 (Lei de Execução Penal).
com a lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, Art. 3º A PNAISP será regida pelos seguintes princípios:
revogadas as disposições em contrário, especialmente a
I - respeito aos direitos humanos e à justiça social;
Lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957.
II - integralidade da atenção à saúde da população
Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e
privada de liberdade no conjunto de ações de promo-
96º da República.
ção, proteção, prevenção, assistência, recuperação e
JOÃO FIGUEIREDO vigilância em saúde, executadas nos diferentes níveis
Ibrahim Abi-Ackel de atenção;
III - equidade, em virtude de reconhecer as diferenças
e singularidades dos sujeitos de direitos;

21
IV - promoção de iniciativas de ambiência humaniza- Art. 9º As ações de saúde serão ofertadas por serviços
da e saudável com vistas à garantia da proteção dos e equipes interdisciplinares, assim definidas:
direitos dessas pessoas; I - a atenção básica será ofertada por meio das equi-
V - corresponsabilidade interfederativa quanto à or- pes de atenção básica das Unidades Básicas de Saú-
ganização dos serviços segundo a complexidade das de definidas no território ou por meio das Equipes de
ações desenvolvidas, assegurada por meio da Rede Saúde no Sistema Prisional (ESP), observada a pactua-
Atenção à Saúde no território; e ção estabelecida; e
VI - valorização de mecanismos de participação po- II - a oferta das demais ações e serviços de saúde será
pular e controle social nos processos de formulação e prevista e pactuada na Rede de Atenção à Saúde.
gestão de políticas para atenção à saúde das pessoas Parágrafo único. A oferta de ações de saúde especiali-
privadas de liberdade. zada em serviços de saúde localizados em complexos
Art. 4º Constituem-se diretrizes da PNAISP: penitenciários e/ou unidades prisionais com popula-
I - promoção da cidadania e inclusão das pessoas pri-
ção superior a 1.000 (mil) pessoas privadas de liberda-
vadas de liberdade por meio da articulação com os
de será regulamentada por ato específico do Ministro
diversos setores de desenvolvimento social, como edu-
de Estado da Saúde.
cação, trabalho e segurança;
II - atenção integral resolutiva, contínua e de quali- Art. 10. Os serviços de saúde nas unidades prisionais
dade às necessidades de saúde da população pri- serão estruturados como pontos de atenção da Rede
vada de liberdade no sistema prisional, com ênfase de Atenção à Saúde e cadastrados no Sistema Cadas-
em atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços tro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).
assistenciais; Art. 11. A assistência farmacêutica no âmbito desta
III - controle e/ou redução dos agravos mais frequen- Política será disciplinada em ato específico do Ministro
tes que acometem a população privada de liberdade de Estado da Saúde.
no sistema prisional; Art. 12. A estratégia e os serviços para avaliação psi-
IV - respeito à diversidade étnico-racial, às limitações cossocial e monitoramento das medidas terapêuticas
e às necessidades físicas e mentais especiais, às con- aplicáveis às pessoas com transtorno mental em con-
dições econômicosociais, às práticas e concepções cul- flito com a lei, instituídos no âmbito desta Política, se-
turais e religiosas, ao gênero, à orientação sexual e à rão regulamentados em ato específico do Ministro de
identidade de gênero; e Estado da Saúde.
V - intersetorialidade para a gestão integrada e racio- Art. 13. A adesão à PNAISP ocorrerá por meio da pac-
nal e para a garantia do direito à saúde. tuação do Estado e do Distrito Federal com a União,
Art. 5º É objetivo geral da PNAISP garantir o acesso sendo observados os seguintes critérios:
das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional I - assinatura de Termo de Adesão, conforme modelo
ao cuidado integral no SUS. constante no anexo I a esta Portaria;
Art. 6º São objetivos específicos da PNAISP: II - elaboração de Plano de Ação Estadual para Aten-
I - promover o acesso das pessoas privadas de liber- ção à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade, de acordo
dade à Rede de Atenção à Saúde, visando ao cuidado com o modelo constante no anexo III a esta Portaria; e
integral; III - encaminhamento da respectiva documentação ao
II - garantir a autonomia dos profissionais de saúde Ministério da Saúde para aprovação.
para a realização do cuidado integral das pessoas pri- § 1º A adesão estadual, uma vez aprovada pelo Mi-
vadas de liberdade;
nistério da Saúde, será publicada no Diário Oficial
III - qualificar e humanizar a atenção à saúde no sis-
da União por ato específico do Ministro de Estado da
tema prisional por meio de ações conjuntas das áreas
Saúde.
da saúde e da justiça;
IV - promover as relações intersetoriais com as políti- § 2º Ao Estado e ao Distrito Federal que aderir à
cas de direitos humanos, afirmativas e sociais básicas, PNAISP será garantida a aplicação de um índice para
bem como com as da Justiça Criminal; e complementação dos valores a serem repassados pela
V - fomentar e fortalecer a participação e o controle União a título de incentivo, que será objeto de ato es-
social. pecífico do Ministro de Estado da Saúde.
Art. 7º Os beneficiários da PNAISP são as pessoas Art. 14. A adesão municipal à PNAISP será facultativa,
que se encontram sob custódia do Estado inseridas no devendo observar os seguintes critérios:
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

sistema prisional ou em cumprimento de medida de I - adesão estadual à PNAISP;


segurança. II - existência de população privada de liberdade em
§ 1º As pessoas custodiadas nos regimes semiaberto e seu território;
aberto serão preferencialmente assistidas nos serviços III - assinatura do Termo de Adesão Municipal, confor-
da rede de atenção à saúde. me modelo constante no anexo II a esta Portaria;
§ 2º As pessoas submetidas à medida de segurança, IV - elaboração de Plano de Ação Municipal para
na modalidade tratamento ambulatorial, serão assis- Atenção à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade, de
tidas nos serviços da rede de atenção à saúde. acordo com o modelo constante no anexo III; e
Art. 8º Os trabalhadores em serviços penais, os fami- V - encaminhamento da respectiva documentação ao
liares e demais pessoas que se relacionam com as pes- Ministério da Saúde para aprovação.
soas privadas de liberdade serão envolvidos em ações § 1º A adesão municipal, uma vez aprovada pelo Minis-
de promoção da saúde e de prevenção de agravos no tério da Saúde, será publicada no Diário Oficial da União
âmbito da PNAISP. por ato específico do Ministro de Estado da Saúde.

22
§ 2º Ao Município que aderir a PNAISP será garantida no Conselho Nacional de Saúde (CNS), no Conselho
a aplicação de um índice para complementação dos Nacional de Justiça (CNJ) e no Conselho Nacional de
valores a serem repassados pela União a título de in- Política Criminal e Penitenciária (CNPCP); e
centivo financeiro, que será objeto de ato específico do n) apoiar, técnica e financeiramente, a construção, a
Ministro de Estado da Saúde. ampliação, a adaptação e o aparelhamento das unida-
Art. 15. Compete à União: des básicas de saúde em estabelecimentos prisionais; e
I - por intermédio do Ministério da Saúde: II - por intermédio do Ministério da Justiça:
a) elaborar planejamento estratégico para implemen- a) executar as ações de promoção, proteção e recu-
tação da PNAISP, em cooperação técnica com Estados, peração da saúde, no âmbito da atenção básica, em
Distrito Federal e Municípios, considerando as ques- todas as unidades prisionais sob sua gestão;
tões prioritárias e as especificidades regionais, de for- b) elaborar o plano de acompanhamento em saúde
ma contínua e articulada com o Plano Nacional de dentro dos instrumentos de planejamento e gestão
Saúde e instrumentos de planejamento e pactuação para garantir a continuidade da PNAISP, considerando
do SUS; as questões prioritárias e as especificidades regionais
b) garantir a continuidade da PNAISP por meio da in- de forma contínua e articulada com o SUS;
clusão de seus componentes nos Planos Plurianuais e c) repassar informações atualizadas ao Ministério da
nos Planos Nacionais de Saúde; Saúde acerca da estrutura, classificação dos estabe-
c) garantir fontes de recursos federais para compor o lecimentos prisionais, número de trabalhadores do
financiamento de programas e ações na rede de aten- sistema prisional e de pessoas privadas de liberdade,
ção à saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, dentre outras informações pertinentes à gestão;
transferindo de forma regular e automática, os recur- d) disponibilizar o acesso às informações do Sistema
sos do Fundo Nacional de Saúde; de Informação Penitenciária para as gestões federais,
d) definir estratégias para incluir de maneira fidedigna estaduais, distritais e municipais da área prisional e da
as informações epidemiológicas das populações pri- saúde com o objetivo de subsidiar o planejamento das
ações de saúde;
sionais nos sistemas de informação do Ministério da
e) apoiar a organização e a implantação dos sistemas
Saúde;
de informação em saúde a serem utilizados pelas ges-
e) avaliar e monitorar as metas nacionais de acordo
tões federais, estaduais, distritais e municipais da área
com a situação epidemiológica e as especificidades re-
prisional e da saúde;
gionais, utilizando os indicadores e instrumentos que
f) assistir técnica e financeiramente, no âmbito da sua
sejam mais adequados;
atribuição, na construção, na reforma e no aparelha-
f) prestar assessoria técnica e apoio institucional no
mento do espaço físico necessário à unidade de saúde
processo de gestão, planejamento, execução, monito- dentro dos estabelecimentos penais;
ramento e avaliação de programas e ações da PNAISP g) acompanhar a fiel aplicação das normas sanitárias
na rede de atenção à saúde; nacionais e internacionais, visando garantir as con-
g) apoiar a articulação de instituições, em parceria dições de habitabilidade, higiene e humanização das
com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito ambiências prisionais;
Federal e dos Municípios, para capacitação e educação h) elaborar e divulgar normas técnicas sobre seguran-
permanente dos profissionais de saúde para a gestão, ça para os profissionais de saúde dentro dos estabele-
planejamento, execução, monitoramento e avaliação cimentos penais;
de programas e ações da PNAISP no SUS; i) incentivar a inclusão dos agentes penitenciários nos
h) prestar assessoria técnica aos Estados, Distrito Fe- programas de capacitação/sensibilização em saúde
deral e Municípios na implantação dos sistemas de para a população privada de liberdade; e
informação em saúde que contenham indicadores es- j) colaborar com os demais entes federativos para a in-
pecíficos da PNAISP; serção do tema “Saúde da Pessoa Privada de Liberda-
i) apoiar e fomentar a realização de pesquisas consi- de” nos espaços de participação e controle social da jus-
deradas estratégicas no contexto desta Política, man- tiça, nas escolas penitenciárias e entre os custodiados.
tendo atualizada uma agenda de prioridades de pes- Art. 16. Compete ao Estado e ao Distrito Federal:
quisa para o SUS; I - por intermédio da Secretaria Estadual de Saúde:
j) promover, no âmbito de sua competência, a arti- a) executar, no âmbito da atenção básica, as ações de pro-
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

culação intersetorial e interinstitucional necessária à moção, proteção e recuperação da saúde da população


implementação das diretrizes da PNAISP; privada de liberdade, referenciada em sua pactuação;
k) promover ações de informação, educação e comu- b) coordenar e implementar a PNAISP, no âmbito do
nicação em saúde, visando difundir a PNAISP; seu território, respeitando suas diretrizes e promoven-
l) propor estratégias para o desenvolvimento de habi- do as adequações necessárias, de acordo com o perfil
lidades necessárias dos gestores e profissionais atuan- epidemiológico e as especificidades regionais e locais;
tes no âmbito da PNAISP, por meio dos processos de c) elaborar o plano de ação para implementação da
educação permanente em saúde, em consonância com PNAISP junto com a Secretaria de Justiça e a Adminis-
as diretrizes nacionais e realidades locorregionais; tração Penitenciária ou congêneres, considerando as
m) estimular e apoiar o processo de discussão sobre questões prioritárias e as especificidades regionais, de
as ações e programas em saúde prisional, com par- forma contínua e articulada com o Plano de Saúde do
ticipação dos setores organizados da sociedade nas Estado ou do Distrito Federal e instrumentos de plane-
instâncias colegiadas e de controle social, em especial jamento e pactuação do SUS;

23
d) implantar e implementar protocolos de acesso e m) viabilizar o acesso de profissionais e agentes pú-
acolhimento como instrumento de detecção precoce e blicos responsáveis pela realização de auditorias, pes-
seguimento de agravos, viabilizando a resolutividade quisas e outras formas de verificação às unidades pri-
no acompanhamento dos agravos diagnosticados; sionais, bem como aos ambientes de saúde prisional,
e) participar do financiamento para o desenvolvimen- especialmente os que tratam da PNAISP.
to das ações e serviços em saúde de que tratam esta Art. 17. Compete ao Distrito Federal e aos Municípios,
Portaria; por meio da respectiva Secretaria de Saúde, quando
f) prestar assessoria técnica e apoio institucional aos aderir à PNAISP:
Municípios e às regiões de saúde no processo de ges- I - executar, no âmbito da atenção básica, as ações de
tão, planejamento, execução, monitoramento e ava- promoção, proteção e recuperação da saúde da popula-
liação da PNAISP; ção privada de liberdade referenciada em sua pactuação;
g) desenvolver mecanismos técnicos e estratégias or- II - coordenar e implementar a PNAISP, no âmbito do
ganizacionais de capacitação e educação permanente seu território, respeitando suas diretrizes e promoven-
dos trabalhadores da saúde para a gestão, planeja- do as adequações necessárias, de acordo com o perfil
mento, execução, monitoramento e avaliação de pro- epidemiológico e as especificidades locais;
gramas e ações no âmbito estadual ou distrital, con- III - elaborar o plano de ação para implementação da
soantes a PNAISP, respeitando as diversidades locais; e PNAISP junto com a Secretaria Estadual de Saúde e a
h) promover, no âmbito de sua competência, as arti- Secretaria de Justiça, Administração Penitenciária ou
culações intersetorial e interinstitucional necessárias à congêneres, considerando as questões prioritárias e as
implementação das diretrizes da PNAISP, bem como especificidades regionais de forma contínua e articu-
a articulação do SUS na esfera estadual ou distrital; e lada com os Planos Estadual e Regionais de Saúde e
II - por intermédio da Secretaria Estadual de Justiça, os instrumentos de planejamento e pactuação do SUS;
da Administração Penitenciária ou congênere: IV - cadastrar, por meio dos programas disponíveis, as
a) executar, no âmbito da atenção básica, as ações de pessoas privadas de liberdade no seu território, assegu-
promoção, proteção e recuperação da saúde em todas rando a sua identificação no Cartão Nacional de Saúde;
as unidades prisionais sob sua gestão; V - elaborar e executar as ações de vigilância sanitária
b) assessorar os Municípios, de forma técnica, junto à e epidemiológica;
Secretaria Estadual de Saúde, no processo de discus- VI - implantar e implementar protocolos de acesso e
são e implantação da PNAISP; acolhimento como instrumento de detecção precoce e
c) considerar estratégias de humanização que aten- seguimento de agravos, viabilizando a resolutividade
dam aos determinantes da saúde na construção e na no acompanhamento dos agravos diagnosticados;
adequação dos espaços das unidades prisionais; VII - monitorar e avaliar, de forma contínua, os indica-
d) garantir espaços adequados nas unidades prisionais dores específicos e os sistemas de informação da saú-
a fim de viabilizar a implantação e implementação da de, com dados produzidos no sistema local de saúde;
PNAISP e a salubridade dos ambientes onde estão as VIII - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias
pessoas privadas de liberdade; organizacionais de capacitação e educação perma-
e) adaptar as unidades prisionais para atender às pes- nente dos trabalhadores da saúde para a gestão,
soas com deficiência, idosas e com doenças crônicas; planejamento, execução, monitoramento e avaliação
f) apoiar, técnica e financeiramente, a aquisição de de programas e ações na esfera municipal e/ou das
equipamentos e a adequação do espaço físico para regionais de saúde, com especial atenção na qualifi-
implantar a ambiência necessária ao funcionamento cação e estímulo à alimentação dos sistemas de infor-
dos serviços de saúde no sistema prisional, seguindo mação do SUS;
as normas, regulamentos e recomendações do SUS e IX - promover, junto à população do Distrito Federal
do CNPCP; ou do Município, ações de informação, educação e co-
g) atualizar e compartilhar os dados sobre a popula- municação em saúde, visando difundir a PNAISP;
ção privada de liberdade com a Secretaria Municipal X - fortalecer a participação e o controle social no
de Saúde; planejamento, na execução, no monitoramento e na
h) participar do financiamento das ações e serviços avaliação de programas e ações no âmbito do Con-
previstos na Política; selho de Saúde do Distrito Federal ou do Município e
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

i) garantir o acesso, a segurança e a conduta ética das equi- nas demais instâncias de controle social existentes no
pes de saúde nos serviços de saúde do sistema prisional; município; e
j) apoiar intersetorialmente a realização das ações de XI - promover, no âmbito de sua competência, a arti-
saúde desenvolvidas pelas equipes de saúde no siste- culação intersetorial e interinstitucional necessária à
ma prisional; implementação das diretrizes da PNAISP e a articula-
k) garantir o transporte sanitário e a escolta para que ção do SUS na esfera municipal.
o acesso dos presos aos serviços de saúde internos e Art. 18. O monitoramento e a avaliação da PNAISP, dos
externos se realize em tempo oportuno, conforme a serviços, das equipes e das ações de saúde serão realiza-
gravidade; dos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Justiça
l) participar do planejamento e da realização das por meio da inserção de dados, informações e documen-
ações de capacitação de profissionais que atuam no tos nos sistemas de informação da atenção à saúde.
sistema prisional; e

24
Art. 19. Será instituído Grupo Condutor da PNAISP no
âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, formado #FicaDica
pela respectiva Secretaria de Saúde, pela respectiva
Secretaria de Justiça ou congênere, pela Administra- Beneficiários: pessoas privadas de liberdade,
ção Prisional ou congênere, pelo Conselho de Secretá- que são aquelas com idade superior a 18
rios Municipais de Saúde (COSEMS) do respectivo Es- (dezoito) anos e que estejam sob a custódia
tado e pelo apoio institucional do Ministério da Saúde, do Estado em caráter provisório ou senten-
que terá como atribuições: ciados para cumprimento de pena privativa
I - mobilizar os dirigentes do SUS e dos sistemas pri- de liberdade ou medida de segurança.
sionais em cada fase de implantação e implementa- Funcionários e familiares de funcionários
ção da PNAISP; também receberão cuidados em relação
II - apoiar a organização dos processos de trabalho aos agravos.
voltados para a implantação e implementação da
PNAISP no Estado e no Distrito Federal;
III - identificar e apoiar a solução de possíveis pontos EXERCÍCIOS COMENTADOS
críticos em cada fase de implantação e implementa-
ção da PNAISP; e
IV - monitorar e avaliar o processo de implantação e 1. (DEPEN - SERVIÇO SOCIAL - CESPE – 2015) Julgue o
implementação da PNAISP. item seguinte, relacionado a políticas e programas sociais.
Art. 20. As pessoas privadas de liberdade poderão A atenção integral resolutiva, contínua e de qualidade às
trabalhar nos serviços de saúde implantados dentro necessidades de saúde da população privada de liberda-
das unidades prisionais, nos programas de educação de no sistema prisional constitui uma das diretrizes da
e promoção da saúde e nos programas de apoio aos Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pes-
serviços de saúde. soas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)
§ 1º A decisão de trabalhar nos programas de educa- no âmbito do SUS.
ção e promoção da saúde do SUS e nos programas de
apoio aos serviços de saúde será da pessoa sob custó- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
dia, com anuência e supervisão do serviço de saúde no
sistema prisional. Resposta: Certo. Conforme a Portaria MJ/MS nº
§ 2º Será proposta ao Juízo da Execução Penal a con- 1/2014, em seu artigo 4º, II: “constituem-se diretrizes
cessão do benefício da remição de pena para as pes- da PNAISP: [...] II - atenção integral resolutiva, contí-
soas custodiadas que trabalharem nos programas de nua e de qualidade às necessidades de saúde da po-
educação e promoção da saúde do SUS e nos progra- pulação privada de liberdade no sistema prisional,
mas de apoio aos serviços de saúde. com ênfase em atividades preventivas, sem prejuízo
Art. 21. Os entes federativos terão prazo até 31 de de- dos serviços assistenciais”.
zembro de 2016 para efetuar as medidas necessárias
de adequação de suas ações e seus serviços para que
seja implementada a PNAISP conforme as regras pre-
vistas nesta Portaria. PLANO ESTRATÉGICO DE EDUCAÇÃO
Parágrafo único. Enquanto não efetivada a implemen- NO ÂMBITO DO SISTEMA PRISIONAL.
tação da PNAISP conforme as regras previstas nesta (DECRETO Nº 7.626/2011)
Portaria, os entes federativos manterão o cumprimen-
to das regras previstas na Portaria Interministerial nº
1.777/MS/MJ, de 9 de setembro de 2003. Institui o Plano Estratégico de Educação no âm-
Art. 22. Esta Portaria entra em vigor na data de sua bito do Sistema Prisional. O direito à educação deve ser
publicação. garantidos aos detentos, especialmente porque sem
Art. 23. Ficam revogadas: educação dificulta-se o processo de ressocialização. Os
I - a Portaria Interministerial nº 1.777/MS/MJ, de 9 focos são na alfabetização e nos conhecimentos básicos
de setembro de 2003, publicada no Diário Oficial da (educação de jovens e adultos) e na profissionalização
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

União nº 176, Seção 1, do dia 11 de setembro de 2003, (educação técnica e profissionalizante). Sem prejuízo,
p. 39; e poderá ser ofertada a educação superior.
II - a Portaria nº 240/GM/MS, de 31 de janeiro de
2007, publicada no Diário Oficial da União nº 23, Se- Abaixo, seguem os dispositivos do Decreto, com
ção 1, do dia 1º de fevereiro de 2007, p. 65. destaques:
Art. 1º Fica instituído o Plano Estratégico de Educação
no âmbito do Sistema Prisional - PEESP, com a finali-
dade de ampliar e qualificar a oferta de educação nos
estabelecimentos penais.
Art. 2º O PEESP contemplará a educação básica na
modalidade de educação de jovens e adultos, a educa-
ção profissional e tecnológica, e a educação superior.
Art. 3º São diretrizes do PEESP:

25
I - promoção da reintegração social da pessoa em pri- III - realizar o acompanhamento dos indicadores esta-
vação de liberdade por meio da educação; tísticos do PEESP, por meio de sistema informatizado,
II - integração dos órgãos responsáveis pelo ensino pú- visando à orientação das políticas públicas voltadas
blico com os órgãos responsáveis pela execução penal; e para o sistema prisional.
III - fomento à formulação de políticas de atendimento Art. 8º O PEESP será executado pela União em colabo-
educacional à criança que esteja em estabelecimento ração com os Estados e o Distrito Federal, podendo en-
penal, em razão da privação de liberdade de sua mãe. volver Municípios, órgãos ou entidades da administra-
Parágrafo único. Na aplicação do disposto neste De- ção pública direta ou indireta e instituições de ensino.
creto serão observadas as diretrizes definidas pelo § 1º A vinculação dos Estados e do Distrito Federal
Conselho Nacional de Educação e pelo Conselho Na- ocorrerá por meio de termo de adesão voluntária.
cional de Política Criminal e Penitenciária. § 2º A União prestará apoio técnico e financeiro, me-
Art. 4º São objetivos do PEESP: diante apresentação de plano de ação a ser elaborado
I - executar ações conjuntas e troca de informações pelos Estados e pelo Distrito Federal, do qual parti-
entre órgãos federais, estaduais e do Distrito Federal ciparão, necessariamente, órgãos com competências
com atribuições nas áreas de educação e de execução nas áreas de educação e de execução penal.
penal; § 3º Os Ministérios da Justiça e da Educação anali-
II - incentivar a elaboração de planos estaduais de sarão os planos de ação referidos no § 2º e definirão
educação para o sistema prisional, abrangendo me- o apoio financeiro a partir das ações pactuadas com
tas e estratégias de formação educacional da popu- cada ente federativo.
lação carcerária e dos profissionais envolvidos em sua § 4º No âmbito do Ministério da Educação, as deman-
implementação; das deverão ser veiculadas por meio do Plano de Ações
III - contribuir para a universalização da alfabetização Articuladas - PAR de que trata o Decreto nº 6.094, de
e para a ampliação da oferta da educação no sistema 24 de abril de 2007.
prisional; Art. 9º O plano de ação a que se refere o § 2º do art.
IV - fortalecer a integração da educação profissional 8º deverá conter:
e tecnológica com a educação de jovens e adultos no I - diagnóstico das demandas de educação no âmbito
sistema prisional; dos estabelecimentos penais;
V - promover a formação e capacitação dos profis- II - estratégias e metas para sua implementação; e
sionais envolvidos na implementação do ensino nos III - atribuições e responsabilidades de cada órgão do
estabelecimentos penais; e ente federativo que o integrar, especialmente quanto à
VI - viabilizar as condições para a continuidade dos adequação dos espaços destinados às atividades edu-
estudos dos egressos do sistema prisional. cacionais nos estabelecimentos penais, à formação e
Parágrafo único. Para o alcance dos objetivos previs- à contratação de professores e de outros profissionais
tos neste artigo serão adotadas as providências neces- da educação, à produção de material didático e à in-
sárias para assegurar os espaços físicos adequados às tegração da educação de jovens e adultos à educação
atividades educacionais, culturais e de formação pro- profissional e tecnológica.
fissional, e sua integração às demais atividades dos Art. 10. Para a execução do PEESP poderão ser fir-
estabelecimentos penais. mados convênios, acordos de cooperação, ajustes ou
Art. 5º O PEESP será coordenado e executado pelos instrumentos congêneres, com órgãos e entidades da
Ministérios da Justiça e da Educação. administração pública federal, dos Estados, do Distrito
Art. 6º Compete ao Ministério da Educação, na execu- Federal e dos Municípios, com consórcios públicos ou
ção do PEESP: com entidades privadas.
I - equipar e aparelhar os espaços destinados às ativi- Art. 11. As despesas do PEESP correrão à conta das
dades educacionais nos estabelecimentos penais; dotações orçamentárias anualmente consignadas aos
II - promover a distribuição de livros didáticos e a Ministérios da Educação e da Justiça, de acordo com
composição de acervos de bibliotecas nos estabeleci- suas respectivas áreas de atuação, observados os li-
mentos penais; mites estipulados pelo Poder Executivo, na forma da
III - fomentar a oferta de programas de alfabetização legislação orçamentária e financeira, além de fontes
e de educação de jovens e adultos nos estabelecimen- de recursos advindas dos Estados e do Distrito Federal.
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

tos penais; e
IV - promover a capacitação de professores e profissio-
nais da educação que atuam na educação em estabe- #FicaDica
lecimentos penais.
No âmbito da União, o Ministério da Justiça
Art. 7º Compete ao Ministério da Justiça, na execução
e o Ministério da Educação desenvolverão
do PEESP:
ações integradas para promover a educa-
I - conceder apoio financeiro para construção, amplia-
ção dos detentos.
ção e reforma dos espaços destinados à educação nos
Sem prejuízo, a União poderá firmar acor-
estabelecimentos penais;
dos e parcerias com as demais unidades
II - orientar os gestores do sistema prisional para a im-
federativas em prol dos objetivos de edu-
portância da oferta de educação nos estabelecimentos
cação prisional.
penais; e

26
2.5. As equipes de saúde no sistema prisional (ESP) de-
EXERCÍCIO COMENTADO verão receber educação permanente para a execução
das ações de Atenção Básica, de acordo com as orien-
tações do SUS.
1. (DEPEN - SERVIÇO SOCIAL - CESPE – 2015) Julgue o 2.6. Deverá ser emitido o Cartão Nacional de Saúde
item seguinte, relacionado a políticas e programas sociais. para todas as pessoas privadas de liberdade no siste-
A oferta de educação nos estabelecimentos penais res- ma prisional que não o possuam,
tringe-se à educação básica, em sua modalidade de edu- 2.7. As ações das equipes de saúde no sistema prisio-
cação de jovens e adultos, e à educação profissional. nal deverão ser registradas eletronicamente nos siste-
mas de informação do SUS.
( ) CERTO   ( ) ERRADO 2.8. No momento do ingresso em qualquer unidade
prisional, toda pessoa privada de liberdade deverá re-
Resposta: Errado. O Decreto nº 7.626/2011 prevê em ceber adequado atendimento para avaliação da sua
seu art. 2º: “O PEESP contemplará a educação básica na condição geral de saúde, quando deverá ser aberto um
modalidade de educação de jovens e adultos, a educa- prontuário clínico onde serão registrados os resultados
ção profissional e tecnológica, e a educação superior”. do exame físico completo, dos exames básicos, o esta-
belecimento de possíveis diagnósticos e seu tratamento,
o registro de doenças e agravos de notificação compul-
sória e de ocorrência de violência cometida por agente
do estado ou outros, assim como ações de imunização,
RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL conforme o calendário de vacinação de adultos, de
DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA: acordo com as normas e recomendações do SUS.
RESOLUÇÃO Nº 4/2014 – ASSISTÊNCIA À 2.9. O registro das condições clínicas e de saúde das
SAÚDE pessoas privadas de liberdade deverá ser feito siste-
maticamente, utilizando-se, preferencialmente, os
prontuários clínicos disponibilizados eletronicamen-
te pelo SUS. Esta documentação deverá ser mantida
A Resolução nº 4 do Conselho Nacional de Política sob a responsabilidade do SUS, e o seu sigilo, acesso e
Criminal e Penitenciária, de 18 de julho de 2014, aprova traslado a outras unidades de saúde deverão ser ga-
as Diretrizes Básicas para Atenção Integral à Saúde das rantidos, conforme a legislação, normas e recomen-
Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional, con- dações vigentes.
forme anexo da Resolução, cujos dispositivos seguem 2.10. A atenção à saúde da mulher deverá ser prestada
abaixo com destaques: desde o seu ingresso no sistema penitenciário, quando
1. Estas diretrizes básicas se aplicam a quaisquer es- será realizada, além da consulta clínica mencionada,
tabelecimentos que mantenham pessoas privadas de também a consulta ginecológica, incluindo as ações
liberdade, em caráter provisório ou definitivo. programáticas de planejamento familiar e prevenção
2. As ações de saúde às pessoas privadas de liberda- das infecções de transmissão sexual, prevenção do
de no sistema prisional devem estar embasadas nos câncer cérvico-uterino e de mama, obedecendo, pos-
princípios e nas diretrizes do Sistema Único da Saú- teriormente, à periodicidade determinada pelo SUS.
de (SUS) e atender às peculiaridades dessas pessoas 2.11. Os casos que exijam complementação diagnósti-
e ao perfil epidemiológico da unidade prisional e da ca e/ou assistência de média e alta complexidade de-
região onde estes se encontram, atendendo às seguin- verão ser referenciados na Rede de Atenção à Saúde
tes orientações: do território.
2.12. A atenção à saúde das gestantes, parturientes,
2.1. Devem ser contempladas ações de prevenção,
nutrizes e dos seus filhos é garantida pelo SUS, segun-
promoção e cuidado em saúde, preconizadas na Po-
do as diretrizes e os protocolos da Política Nacional de
lítica Nacional de Atenção Básica (PNAB), constantes
Atenção Integral à Saúde da Mulher, à Política Nacio-
na Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde nal de Atenção Integral à Saúde da Criança e da Rede
(Renases), no âmbito do SUS. Cegonha.
2.2. Para a execução das ações de saúde integral, os 2.13. Será garantida ambiência adequada e salubre
sistemas prisionais deverão atuar em cooperação com ao binômio mãe-filho segundo as normas e recomen-
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

os serviços e equipes do SUS, organizados de acordo dações da Vigilância Sanitária.


com o consignado na norma de operacionalização da 2.14. A gestão estadual do sistema prisional e a dire-
PNAISP e na PNAB. ção dos estabelecimentos penais deverão cumprir os
2.3. As administrações prisionais deverão facilitar a regulamentos sanitários local, nacional e internacio-
implantação das equipes de saúde vinculadas ao SUS, nal, cabendo ao gestor do SUS a vigilância epidemio-
garantindo-lhes as infraestruturas adequadas e segu- lógica e sanitária e a colaboração para alcançar este
rança suficiente. objetivo.
2.4. As administrações prisionais deverão manter a 2.15. A atenção em saúde bucal deve contemplar, além
ambiência prisional em seus módulos de vivência, das ações da atenção básica, a inclusão de procedi-
administração e assistência, adequados às diretrizes mentos mais complexos, o aumento da resolutividade
para a arquitetura penal vigente e às normas e reco- no pronto-atendimento, e a prevenção e diagnóstico
mendações da Vigilância Sanitária. do câncer bucal, segundo as diretrizes da Política Na-
cional de Saúde Bucal.

27
2.16. As ações de saúde mental deverão considerar
as necessidades da população privada de liberdade RESOLUÇÃO Nº 1/2014 – ATENÇÃO EM
para prevenção, promoção e tratamento de agravos SAÚDE MENTAL;
psicossociais, decorrentes ou não do confinamento
e do uso abusivo de álcool e outras drogas. Para as
pessoas com qualquer transtorno mental suspeito ou
já diagnosticado, que se encontrem em conflito com A Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Política
a Lei, a atenção deverá ser orientada de acordo com Criminal e Penitenciária, de 10 de fevereiro de 2014, dis-
a Lei nº 10.216/2001 e as Portarias nº 3.088/2011 e ciplina a avaliação e o acompanhamento das medidas
nº 94/2014, mediante a adoção de projeto terapêutico terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental
singular e na rede de atenção psicossocial. em conflito com a lei, sendo que abaixo seguem os prin-
2.17. A aquisição e a dispensação de medicamentos às cipais dispositivos com destaques:
pessoas privadas de liberdade serão geridas pelo SUS Art. 1º O acesso ao programa de atendimento espe-
em cada território de localização das unidades penais, cífico apresentado pelos arts. 2º e 3º da Resolução
respeitando-se as normas consignadas pelo SUS. CNPCP nº 4/2010, dar-se á por meio do serviço de
2.18. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais avaliação e acompanhamento às medidas terapêu-
– Rename – deverá constituir a base de referência para ticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em
a definição dos medicamentos utilizados pelo sistema conflito com a Lei, consignado na Portaria MS/GM nº
penitenciário de cada estado. Os medicamentos es- 94, de 14 de janeiro de 2014.
pecializados e estratégicos devem seguir o que está § 1º O serviço referido no caput é composto pela equi-
pactuado no SUS. A aquisição destes medicamentos pe de avaliação e acompanhamento das medidas te-
deverá ser realizada de acordo com a padronização rapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno men-
de tratamento para as doenças prevalentes conforme tal em conflito com a lei (EAP), que tem o objetivo de
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, definidos apoiar ações e serviços para atenção à pessoa com
pelo SUS. transtorno mental em conflito com a Lei na Rede de
2.19. Os agentes penitenciários são cobertos pelas Atenção à Saúde (RAS), além de poder contribuir para
ações de prevenção de doenças e promoção da saú- que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o
de da PNAISP. Para melhor desenvolvimento destas Sistema de Justiça Criminal atuem no sentido de re-
ações, a equipe de saúde prisional deverá solicitar direcionar as medidas de segurança às disposições da
apoio das Equipes Técnicas e dos Centros de Referên- Lei nº 10.216/2001.
cia em Saúde do Trabalhador (Cerest), no âmbito da § 2º O Grupo Condutor Estadual da Política Nacional
Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Traba- de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
lhador (Renast). Liberdade no Sistema Prisional - PNAISP - deverá ela-
borar uma estratégia estadual para atenção à pessoa
com transtorno mental em conflito com a Lei e contri-
#FicaDica buir para a sua implementação.
Art. 2º O serviço de avaliação e acompanhamento de
O tratamento de saúde é garantido ao pre- medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com trans-
so, provisório ou definitivo, sendo prestado torno mental em conflito com a Lei observará as exi-
no âmbito do SUS. Deve ser feito acompa- gências do SUS que garantem o acesso à RAS, para
nhamento mediante prontuário. Os cuida- acompanhamento psicossocial integral, resolutivo e
dos devem ser também preventivos, não contínuo, e contará com a justiça criminal, nas seguin-
apenas se ofertando o tratamento de do- tes condições:
enças (os agentes prisionais também devem I - garantia de transporte sanitário e escolta para
ter acesso aos cuidados preventivos). Abran- atendimento;
ge aspectos diversos para além da saúde fí- II - garantia de acesso às unidades prisionais e estabe-
sica – saúde da mulher, saúde bucal, saúde lecimentos de custódia e tratamento psiquiátrico;
mental. Os medicamentos serão aqueles III - garantia do acesso às informações referentes à
ofertados pela base nacional de referência. pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei;
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

IV - garantia do cuidado adequado de acordo com os


Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) especificamen-
te elaborados para alicerçar a medida de segurança e
o processo terapêutico.

28
Art. 4º A escolha do lar em que a criança será abriga-
#FicaDica da deve ser realizada pelas mães e pais assistidos pe-
los profissionais de Serviço Social e Psicologia da uni-
EAP - equipe de avaliação e acompanha- dade prisional ou do Poder Judiciário, considerando
mento das medidas terapêuticas aplicáveis a seguinte ordem de possibilidades: família ampliada,
à pessoa com transtorno mental em confli- família substituta ou instituições.
to com a lei – apoio; Art. 5º Para abrigar as crianças de até dois anos os
SUS - Sistema Único de Saúde – fixa diretri- estabelecimentos penais femininos devem garantir es-
zes de acesso para a – RAS - Rede de Aten- paço de berçário de até quatro leitos por quarto para
ção à Saúde; as mães e para suas respectivas crianças, com banhei-
SUAS - Sistema Único de Assistência Social; ros que comportem banheiras infantis, espaço para
PNAISP - Política Nacional de Atenção Inte- área de lazer e abertura para área descoberta.
gral à Saúde das Pessoas Privadas de Liber- Art. 6º Deve ser garantida a possibilidade de crianças
dade no Sistema Prisional – Grupo Condutor com mais de dois e até sete anos de idade permanecer
Estadual elaborará estratégia estadual; junto às mães na unidade prisional desde que seja em
unidades materno-infantis, equipadas com dormitório
para as mães e crianças, brinquedoteca, área de lazer,
A Resolução nº 3 do Conselho Nacional de Política abertura para área descoberta e participação em cre-
Criminal e Penitenciária, de 15 de julho de 2009, discipli- che externa.
na a estada, a permanência e o posterior encaminhamen- Parágrafo único. Nesse caso, o Estado deve se habilitar
to das (os) filhas (os) das mulheres encarceradas, sendo junto ao DEPEN, informando às unidades que terão tal
que abaixo seguem os dispositivos com destaques: estrutura.
Art. 1º A estada, permanência e posterior encaminha- Art. 7º A alimentação fornecida deve ser adequada
mento das (os) filhas (os) das mulheres encarceradas às crianças conforme sua idade e com diversidade de
devem respeitar as seguintes orientações: itens, de acordo com Guia Alimentar das Crianças do
I - Ecologia do desenvolvimento humano, pelo qual os Ministério da Saúde no caso de crianças até dois anos
ambientes de encarceramento feminino devem con- e demais recomendações que compõem uma dieta
templar espaço adequado para permitir o desenvol- saudável para crianças entre dois a sete anos.
vimento infantil em padrões saudáveis e uma relação Art. 8º A visita de familiares e pais presos deve ser
de qualidade entre a mãe e a criança; estimulada visando à preservação do vínculo familiar
II - Continuidade do vínculo materno, que deve ser e do reconhecimento de outros personagens do círculo
considerada como prioridade em todas as situações; de relacionamento parental.
III - Amamentação, entendida como ato de impacto Art. 9º Para as presas gestantes que estiverem traba-
físico e psicológico, deve ser tratada de forma privi- lhando na unidade prisional deve ser garantido período
legiada, eis que dela depende a saúde do corpo e da de licença da atividade laboral durante seis meses de-
“psique” da criança.
vendo esse período ser considerado para fins de remição.
Art. 2º Deve ser garantida a permanência de crianças
Art. 10. A União e os Estados devem construir e manter
no mínimo até um ano e seis meses para as (os) filhas
unidades prisionais femininas, mesmo que de peque-
(os) de mulheres encarceradas junto as suas mães, vis-
na capacidade, nas suas diferentes macroregiões, de-
to que a presença da mãe nesse período é considerada
vendo assegurar no mínimo uma unidade nas regiões
fundamental para o desenvolvimento da criança, prin-
norte, sul, leste e oeste do seu território com berçário
cipalmente no que tange à construção do sentimento
de confiança, otimismo e coragem, aspectos que po- para abrigar crianças com até dois anos de idade.
dem ficar comprometidos caso não haja uma relação Art. 11. As Escolas Penitenciárias ou órgão similar
que sustente essa primeira fase do desenvolvimento responsável pela educação dos servidores públicos do
humano; esse período também se destina para a vin- sistema prisional devem garantir na sua grade curri-
culação da mãe com sua (seu) filha (o) e para a ela- cular formação relativa ao período gestacional, desen-
boração psicológica da separação e futuro reencontro. volvimento infantil, saúde de gestantes e bebês, entre
Art. 3º Após a criança completar um ano e seis me- outros aspectos que envolvam a maternidade.
ses deve ser iniciado o processo gradual de separação Art. 12. A partir de avaliação do Assistente Social e
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

que pode durar até seis meses, devendo ser elaboradas Psicólogo da unidade, do serviço de atendimento do
etapas conforme quadro psicossocial da família, con- Poder Judiciário ou similar devidamente submetido
siderando as seguintes fases: à decisão do Juiz de Direito Competente, os prazos e
a) Presença na unidade penal durante maior tempo condições de permanência de crianças na unidade pri-
do novo responsável pela guarda junto da criança; sional podem ser alterados.
b) Visita da criança ao novo lar;
c) Período de tempo semanal equivalente de perma-
nência no novo lar e junto à mãe na prisão;
d) Visitas da criança por período prolongado à mãe;
Parágrafo único. As visitas por período prolongado se-
rão gradualmente reduzidas até que a criança passe a
maior parte do tempo no novo lar e faça visitas à mãe
em horários convencionais.

29
Prazo de permanência de crianças: § 1° Será permitido o uso de símbolos e objetos reli-
giosos durante a atividade de cada segmento religio-
Regra: no mínimo até um ano e seis meses; so, salvo itens que comprovadamente oferecem risco
Exceção 1: crianças de até dois anos – devem garantir à segurança
espaço de berçário de até quatro leitos por quarto para § 2º A definição dos itens que oferecem risco à segu-
as mães e para suas respectivas crianças, com banheiros rança será feita pela secretaria estadual ou departa-
que comportem banheiras infantis, espaço para área de mento do sistema penitenciário, que deverá demons-
lazer e abertura para área descoberta. trar a absoluta necessidade da medida e a inexistência
Exceção 2: crianças com mais de dois e até sete anos de meio alternativo para atingir o mesmo fim.
de idade – em unidades materno-infantis, equipadas § 3º Caso o estabelecimento prisional não tenha local
com dormitório para as mães e crianças, brinquedoteca, adequado para a prática religiosa, as atividades de-
área de lazer, abertura para área descoberta e participa- verão se realizar no pátio ou nas celas, em horários
ção em creche externa. específicos.
Processo gradual de separação que pode durar até Art. 3º Será assegurado o ingresso dos representantes
seis meses: religiosos a todos os espaços de permanência das pes-
a) Presença na unidade penal durante maior tempo soas presas do estabelecimento prisional.
do novo responsável pela guarda junto da criança; § 1º O número de representantes religiosos deverá ser
b) Visita da criança ao novo lar; proporcional ao número de pessoas presas.
c) Período de tempo semanal equivalente de perma- § 2º Será vedada a revista íntima aos representantes
nência no novo lar e junto à mãe na prisão; religiosos.
d) Visitas da criança por período prolongado à mãe; § 3º A suspensão do ingresso de representantes reli-
e) Redução gradual de visitas à mãe até que se che- giosos por decisão da administração penitenciária de-
gue aos horários normais de visitas. verá ser comunicada com antecedência de 24 horas e
Licença-maternidade – 6 meses – garantido o direito só pode ocorrer por motivo justificado e registrada por
à remição da pena, como se estivesse trabalhando. escrito, dando-se ciência aos interessados.
Art. 4º A administração prisional deverá garantir
Os prazos da regulamentação podem ser alterados. meios para que se realize a entrevista pessoal privada
da pessoa presa com um representante religioso.
A Resolução nº 8 do Conselho Nacional de Política Parágrafo único. Será garantido o sigilo do atendi-
Criminal e Penitenciária, de 09 de novembro de 2011, mento religioso pessoal.
estabelece as diretrizes para a assistência religiosa nos Art. 5º Será vedada a comercialização de itens reli-
estabelecimentos prisionais, sendo que abaixo seguem giosos ou pagamento de contribuições religiosas das
os dispositivos com destaques: pessoas presas às organizações religiosas nos estabe-
Art. 1º Os direitos constitucionais de liberdade de lecimentos prisionais.
consciência, de crença e de expressão serão garanti- Art. 6º Será permitida a doação de itens às pessoas pre-
dos à pessoa presa, observados os seguintes princípios: sas por parte das organizações religiosas, desde que res-
I - será garantido o direito de profecia de todas as re- peitadas as regras do estabelecimento prisional quanto
ligiões, e o de consciência aos agnósticos e adeptos de ao procedimento de entrega e de itens autorizados.
filosofias não religiosas; Art. 7º São deveres das organizações que prestam as-
II - será assegurada a atuação de diferentes confissões sistência religiosa, bem como de seus representantes:
religiosas em igualdades de condições, majoritárias ou I - Agir de forma cooperativa com as demais denomi-
minoritárias, vedado o proselitismo religioso e qual- nações religiosas;
quer forma de discriminação ou estigmatização; II - Informar-se e cumprir os procedimentos normati-
III - a assistência religiosa não será instrumentalizada vos editados pelo estabelecimento prisional;
para fins de disciplina, correcionais ou para estabele- III - Comunicar a administração do estabelecimento
cer qualquer tipo de regalia, benefício ou privilégio, prisional sobre eventual impossibilidade de realização
e será garantida mesmo à pessoa presa submetida a de atividade religiosa prevista;
sanção disciplinar; IV - Comunicar a administração do estabelecimento
IV - à pessoa presa será assegurado o direito à ex- prisional sobre propostas de ampliação dos trabalhos
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

pressão de sua consciência, filosofia ou prática de sua de assistência humanitária, como oficinas de trabalho,
religião de forma individual ou coletiva, devendo ser escolarização e atividades culturais, bem como atuar de
respeitada a sua vontade de participação, ou de abs- maneira cooperativa com os programas já existentes.
ter-se de participar de atividades de cunho religioso; Art. 8º O cadastro das organizações será mantido pela
V - será garantido à pessoa presa o direito de mudar Secretaria de Estado ou Departamento do sistema pe-
de religião, consciência ou filosofia, a qualquer tempo, nitenciário e deve ser anualmente atualizado.
sem prejuízo da sua situação prisional; §1º As organizações religiosas e/ou não governamen-
VI - o conteúdo da prática religiosa deverá ser definido tais que desejem prestar assistência religiosa e huma-
pelo grupo religioso e pelas pessoas presas. na às pessoas presas deverão ser legalmente constituí-
Art. 2º Os espaços próprios de assistência religiosa das há mais de um ano.
deverão ser isentos de objetos, arquitetura, desenhos §2º Para o cadastro das organizações referidas no pa-
ou outros tipos de meios de identificação de religião rágrafo anterior, deverão ser apresentados os seguin-
específica. tes documentos ao órgão estatal responsável:

30
a) requerimento do dirigente da organização ou de
seu representante competente ou majoritário, acom- #FicaDica
panhado de cópia do documento de identidade pes-
soal, do tipo RG ou RNE (Registro Nacional de Estran- O direito à liberdade de crença, de culto
geiro), do CPF e Título de Eleitor, se for o caso; e de expressão é bastante amplo e deve
b) cópia autenticada dos estatutos sociais, da ata de permitir que o detento exerça sua religião
eleição da última diretoria e do CNPJ; individual e coletivamente, recebendo as-
c) cópia do comprovante de endereço atualizado da sistência religiosa. Os representantes reli-
organização. giosos passarão por devido cadastramen-
Art. 9º A prática religiosa deverá ser feita por repre- to e se vincularão a organização também
sentantes religiosos qualificados, maiores de 18 anos credenciada, podendo prestar atendimento
e residentes no país, devidamente credenciados pelas individual e coletivo. De preferência, haverá
organizações cadastradas. um local para culto que não identifique ne-
§1º O credenciamento dos representantes deverá ser nhuma religião (sendo permitida a inserção
solicitado mediante requerimento ao diretor do esta- temporária de elementos durante o culto).
belecimento, subscrito pelo dirigente da organização, Se não houver local próprio, as cerimônias
atestando a idoneidade do representante e relacio- poderão ocorrer nas celas e no pátio.
nando as unidades prisionais nas quais o representan-
te pretende prestar a assistência, acompanhado dos
seguintes documentos:
a) cópia do documento de identidade pessoal do tipo
RG ou RNE, se for o caso; RESOLUÇÃO Nº 3/2009 – DIRETRIZES DE
b) cópia do Cadastro de Pessoa Física; EDUCAÇÃO;
c) cópia do Título de Eleitor;
d) comprovante atualizado de endereço residencial;
e) 2 fotos 3x4 recentes. A Resolução nº 3 do Conselho Nacional de Política
§2º Problemas de conteúdo, prática ou de relaciona- Criminal e Penitenciária, de 15 de julho de 2009, discipli-
mento do representante religioso com as pessoas pre- na a estada, a permanência e o posterior encaminhamen-
sas deverão ser tratados pelas organizações religiosas to das (os) filhas (os) das mulheres encarceradas, sendo
em consonância com a administração prisional. que abaixo seguem os dispositivos com destaques:
Art. 10. A administração penitenciária deverá oferecer Art. 1º A estada, permanência e posterior encaminha-
informação e formação aos profissionais do sistema mento das (os) filhas (os) das mulheres encarceradas
prisional sobre as necessidades específicas relaciona- devem respeitar as seguintes orientações:
das às religiões, consciência e filosofia, bem como suas I - Ecologia do desenvolvimento humano, pelo qual os
respectivas práticas, incluindo rituais, objetos, datas ambientes de encarceramento feminino devem con-
sagradas e comemorativas, períodos de oração, higie- templar espaço adequado para permitir o desenvol-
ne e alimentação. vimento infantil em padrões saudáveis e uma relação
Parágrafo único. As escolas penitenciárias ou entida- de qualidade entre a mãe e a criança;
des similares deverão adaptar a matriz curricular dos II - Continuidade do vínculo materno, que deve ser
cursos de formação quanto aos temas desta Resolu- considerada como prioridade em todas as situações;
ção, no prazo de um ano. III - Amamentação, entendida como ato de impacto
Art. 11. A administração penitenciária considerará as físico e psicológico, deve ser tratada de forma privi-
necessidades religiosas na organização do cotidiano legiada, eis que dela depende a saúde do corpo e da
dos estabelecimentos prisionais, buscando adaptar as- “psique” da criança.
pectos alimentares, de higiene, de horários, de corte Art. 2º Deve ser garantida a permanência de crianças
de cabelo e de barba, entre outros. no mínimo até um ano e seis meses para as (os) filhas
Art. 12. Contra as decisões administrativas decorren- (os) de mulheres encarceradas junto as suas mães, vis-
tes desta resolução, observa-se-á o procedimento judi- to que a presença da mãe nesse período é considerada
cial previsto nos artigos 194 e seguintes da LEP. fundamental para o desenvolvimento da criança, prin-
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

cipalmente no que tange à construção do sentimento


de confiança, otimismo e coragem, aspectos que po-
dem ficar comprometidos caso não haja uma relação
que sustente essa primeira fase do desenvolvimento
humano; esse período também se destina para a vin-
culação da mãe com sua (seu) filha (o) e para a ela-
boração psicológica da separação e futuro reencontro.
Art. 3º Após a criança completar um ano e seis me-
ses deve ser iniciado o processo gradual de separação
que pode durar até seis meses, devendo ser elaboradas
etapas conforme quadro psicossocial da família, con-
siderando as seguintes fases:

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a) Presença na unidade penal durante maior tempo Prazo de permanência de crianças:
do novo responsável pela guarda junto da criança;
b) Visita da criança ao novo lar; Regra: no mínimo até um ano e seis meses;
c) Período de tempo semanal equivalente de perma- Exceção 1: crianças de até dois anos – devem garantir
nência no novo lar e junto à mãe na prisão; espaço de berçário de até quatro leitos por quarto para
d) Visitas da criança por período prolongado à mãe; as mães e para suas respectivas crianças, com banheiros
Parágrafo único. As visitas por período prolongado se- que comportem banheiras infantis, espaço para área de
rão gradualmente reduzidas até que a criança passe a lazer e abertura para área descoberta.
maior parte do tempo no novo lar e faça visitas à mãe Exceção 2: crianças com mais de dois e até sete anos
em horários convencionais. de idade – em unidades materno-infantis, equipadas
Art. 4º A escolha do lar em que a criança será abriga- com dormitório para as mães e crianças, brinquedoteca,
da deve ser realizada pelas mães e pais assistidos pe- área de lazer, abertura para área descoberta e participa-
los profissionais de Serviço Social e Psicologia da uni-
ção em creche externa.
dade prisional ou do Poder Judiciário, considerando
Processo gradual de separação que pode durar até
a seguinte ordem de possibilidades: família ampliada,
seis meses:
família substituta ou instituições.
Art. 5º Para abrigar as crianças de até dois anos os a) Presença na unidade penal durante maior tempo
estabelecimentos penais femininos devem garantir es- do novo responsável pela guarda junto da criança;
paço de berçário de até quatro leitos por quarto para b) Visita da criança ao novo lar;
as mães e para suas respectivas crianças, com banhei- c) Período de tempo semanal equivalente de perma-
ros que comportem banheiras infantis, espaço para nência no novo lar e junto à mãe na prisão;
área de lazer e abertura para área descoberta. d) Visitas da criança por período prolongado à mãe;
Art. 6º Deve ser garantida a possibilidade de crianças e) Redução gradual de visitas à mãe até que se che-
com mais de dois e até sete anos de idade permanecer gue aos horários normais de visitas.
junto às mães na unidade prisional desde que seja em Licença-maternidade – 6 meses – garantido o direito
unidades materno-infantis, equipadas com dormitório à remição da pena, como se estivesse trabalhando.
para as mães e crianças, brinquedoteca, área de lazer,
abertura para área descoberta e participação em cre- Os prazos da regulamentação podem ser alterados.
che externa.
Parágrafo único. Nesse caso, o Estado deve se habilitar A Resolução nº 8 do Conselho Nacional de Política
junto ao DEPEN, informando às unidades que terão tal Criminal e Penitenciária, de 09 de novembro de 2011,
estrutura. estabelece as diretrizes para a assistência religiosa nos
Art. 7º A alimentação fornecida deve ser adequada estabelecimentos prisionais, sendo que abaixo seguem
às crianças conforme sua idade e com diversidade de os dispositivos com destaques:
itens, de acordo com Guia Alimentar das Crianças do Art. 1º Os direitos constitucionais de liberdade de
Ministério da Saúde no caso de crianças até dois anos consciência, de crença e de expressão serão garanti-
e demais recomendações que compõem uma dieta dos à pessoa presa, observados os seguintes princípios:
saudável para crianças entre dois a sete anos. I - será garantido o direito de profecia de todas as re-
Art. 8º A visita de familiares e pais presos deve ser ligiões, e o de consciência aos agnósticos e adeptos de
estimulada visando à preservação do vínculo familiar filosofias não religiosas;
e do reconhecimento de outros personagens do círculo
II - será assegurada a atuação de diferentes confissões
de relacionamento parental.
religiosas em igualdades de condições, majoritárias ou
Art. 9º Para as presas gestantes que estiverem traba-
minoritárias, vedado o proselitismo religioso e qual-
lhando na unidade prisional deve ser garantido período
de licença da atividade laboral durante seis meses de- quer forma de discriminação ou estigmatização;
vendo esse período ser considerado para fins de remição. III - a assistência religiosa não será instrumentalizada
Art. 10. A União e os Estados devem construir e manter para fins de disciplina, correcionais ou para estabele-
unidades prisionais femininas, mesmo que de peque- cer qualquer tipo de regalia, benefício ou privilégio,
na capacidade, nas suas diferentes macroregiões, de- e será garantida mesmo à pessoa presa submetida a
vendo assegurar no mínimo uma unidade nas regiões sanção disciplinar;
norte, sul, leste e oeste do seu território com berçário IV - à pessoa presa será assegurado o direito à ex-
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

para abrigar crianças com até dois anos de idade. pressão de sua consciência, filosofia ou prática de sua
Art. 11. As Escolas Penitenciárias ou órgão similar religião de forma individual ou coletiva, devendo ser
responsável pela educação dos servidores públicos do respeitada a sua vontade de participação, ou de abs-
sistema prisional devem garantir na sua grade curri- ter-se de participar de atividades de cunho religioso;
cular formação relativa ao período gestacional, desen- V - será garantido à pessoa presa o direito de mudar
volvimento infantil, saúde de gestantes e bebês, entre de religião, consciência ou filosofia, a qualquer tempo,
outros aspectos que envolvam a maternidade. sem prejuízo da sua situação prisional;
Art. 12. A partir de avaliação do Assistente Social e VI - o conteúdo da prática religiosa deverá ser definido
Psicólogo da unidade, do serviço de atendimento do pelo grupo religioso e pelas pessoas presas.
Poder Judiciário ou similar devidamente submetido Art. 2º Os espaços próprios de assistência religiosa
à decisão do Juiz de Direito Competente, os prazos e deverão ser isentos de objetos, arquitetura, desenhos
condições de permanência de crianças na unidade pri- ou outros tipos de meios de identificação de religião
sional podem ser alterados. específica.

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§ 1° Será permitido o uso de símbolos e objetos reli- a) requerimento do dirigente da organização ou de
giosos durante a atividade de cada segmento religio- seu representante competente ou majoritário, acom-
so, salvo itens que comprovadamente oferecem risco panhado de cópia do documento de identidade pes-
à segurança soal, do tipo RG ou RNE (Registro Nacional de Estran-
§ 2º A definição dos itens que oferecem risco à segu- geiro), do CPF e Título de Eleitor, se for o caso;
rança será feita pela secretaria estadual ou departa- b) cópia autenticada dos estatutos sociais, da ata de
mento do sistema penitenciário, que deverá demons- eleição da última diretoria e do CNPJ;
trar a absoluta necessidade da medida e a inexistência c) cópia do comprovante de endereço atualizado da
de meio alternativo para atingir o mesmo fim. organização.
§ 3º Caso o estabelecimento prisional não tenha local Art. 9º A prática religiosa deverá ser feita por repre-
adequado para a prática religiosa, as atividades de- sentantes religiosos qualificados, maiores de 18 anos
verão se realizar no pátio ou nas celas, em horários e residentes no país, devidamente credenciados pelas
específicos. organizações cadastradas.
Art. 3º Será assegurado o ingresso dos representantes §1º O credenciamento dos representantes deverá ser
religiosos a todos os espaços de permanência das pes- solicitado mediante requerimento ao diretor do esta-
soas presas do estabelecimento prisional. belecimento, subscrito pelo dirigente da organização,
§ 1º O número de representantes religiosos deverá ser atestando a idoneidade do representante e relacio-
proporcional ao número de pessoas presas. nando as unidades prisionais nas quais o representan-
§ 2º Será vedada a revista íntima aos representantes te pretende prestar a assistência, acompanhado dos
religiosos. seguintes documentos:
§ 3º A suspensão do ingresso de representantes reli- a) cópia do documento de identidade pessoal do tipo
giosos por decisão da administração penitenciária de- RG ou RNE, se for o caso;
verá ser comunicada com antecedência de 24 horas e b) cópia do Cadastro de Pessoa Física;
só pode ocorrer por motivo justificado e registrada por c) cópia do Título de Eleitor;
escrito, dando-se ciência aos interessados. d) comprovante atualizado de endereço residencial;
Art. 4º A administração prisional deverá garantir e) 2 fotos 3x4 recentes.
meios para que se realize a entrevista pessoal privada §2º Problemas de conteúdo, prática ou de relaciona-
da pessoa presa com um representante religioso. mento do representante religioso com as pessoas pre-
Parágrafo único. Será garantido o sigilo do atendi- sas deverão ser tratados pelas organizações religiosas
mento religioso pessoal. em consonância com a administração prisional.
Art. 5º Será vedada a comercialização de itens reli- Art. 10. A administração penitenciária deverá oferecer
giosos ou pagamento de contribuições religiosas das informação e formação aos profissionais do sistema
pessoas presas às organizações religiosas nos estabe- prisional sobre as necessidades específicas relaciona-
lecimentos prisionais. das às religiões, consciência e filosofia, bem como suas
Art. 6º Será permitida a doação de itens às pessoas pre- respectivas práticas, incluindo rituais, objetos, datas
sas por parte das organizações religiosas, desde que res- sagradas e comemorativas, períodos de oração, higie-
peitadas as regras do estabelecimento prisional quanto ne e alimentação.
ao procedimento de entrega e de itens autorizados. Parágrafo único. As escolas penitenciárias ou entida-
Art. 7º São deveres das organizações que prestam as- des similares deverão adaptar a matriz curricular dos
sistência religiosa, bem como de seus representantes: cursos de formação quanto aos temas desta Resolu-
I - Agir de forma cooperativa com as demais denomi- ção, no prazo de um ano.
nações religiosas; Art. 11. A administração penitenciária considerará as
II - Informar-se e cumprir os procedimentos normati- necessidades religiosas na organização do cotidiano
vos editados pelo estabelecimento prisional; dos estabelecimentos prisionais, buscando adaptar as-
III - Comunicar a administração do estabelecimento pectos alimentares, de higiene, de horários, de corte
prisional sobre eventual impossibilidade de realização de cabelo e de barba, entre outros.
de atividade religiosa prevista; Art. 12. Contra as decisões administrativas decorren-
IV - Comunicar a administração do estabelecimento tes desta resolução, observa-se-á o procedimento judi-
prisional sobre propostas de ampliação dos trabalhos cial previsto nos artigos 194 e seguintes da LEP.
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

de assistência humanitária, como oficinas de trabalho,


escolarização e atividades culturais, bem como atuar de
maneira cooperativa com os programas já existentes.
Art. 8º O cadastro das organizações será mantido pela
Secretaria de Estado ou Departamento do sistema pe-
nitenciário e deve ser anualmente atualizado.
§1º As organizações religiosas e/ou não governamen-
tais que desejem prestar assistência religiosa e huma-
na às pessoas presas deverão ser legalmente constituí-
das há mais de um ano.
§2º Para o cadastro das organizações referidas no pa-
rágrafo anterior, deverão ser apresentados os seguin-
tes documentos ao órgão estatal responsável:

33
§ 1° Será permitido o uso de símbolos e objetos reli-
#FicaDica giosos durante a atividade de cada segmento religio-
so, salvo itens que comprovadamente oferecem risco
O direito à liberdade de crença, de culto à segurança
e de expressão é bastante amplo e deve § 2º A definição dos itens que oferecem risco à segu-
permitir que o detento exerça sua religião rança será feita pela secretaria estadual ou departa-
individual e coletivamente, recebendo as- mento do sistema penitenciário, que deverá demons-
sistência religiosa. Os representantes reli- trar a absoluta necessidade da medida e a inexistência
giosos passarão por devido cadastramen- de meio alternativo para atingir o mesmo fim.
to e se vincularão a organização também § 3º Caso o estabelecimento prisional não tenha local
credenciada, podendo prestar atendimento adequado para a prática religiosa, as atividades de-
individual e coletivo. De preferência, haverá verão se realizar no pátio ou nas celas, em horários
um local para culto que não identifique ne- específicos.
nhuma religião (sendo permitida a inserção Art. 3º Será assegurado o ingresso dos representantes
temporária de elementos durante o culto). religiosos a todos os espaços de permanência das pes-
Se não houver local próprio, as cerimônias soas presas do estabelecimento prisional.
poderão ocorrer nas celas e no pátio. § 1º O número de representantes religiosos deverá ser
proporcional ao número de pessoas presas.
§ 2º Será vedada a revista íntima aos representantes
religiosos.
§ 3º A suspensão do ingresso de representantes reli-
giosos por decisão da administração penitenciária de-
verá ser comunicada com antecedência de 24 horas e
RESOLUÇÃO Nº 8/2011 – ASSISTÊNCIA só pode ocorrer por motivo justificado e registrada por
RELIGIOSA escrito, dando-se ciência aos interessados.
Art. 4º A administração prisional deverá garantir
meios para que se realize a entrevista pessoal privada
da pessoa presa com um representante religioso.
A Resolução nº 8 do Conselho Nacional de Política
Parágrafo único. Será garantido o sigilo do atendi-
Criminal e Penitenciária, de 09 de novembro de 2011,
mento religioso pessoal.
estabelece as diretrizes para a assistência religiosa nos
Art. 5º Será vedada a comercialização de itens reli-
estabelecimentos prisionais, sendo que abaixo seguem
giosos ou pagamento de contribuições religiosas das
os dispositivos com destaques: pessoas presas às organizações religiosas nos estabe-
Art. 1º Os direitos constitucionais de liberdade de lecimentos prisionais.
consciência, de crença e de expressão serão garanti- Art. 6º Será permitida a doação de itens às pessoas
dos à pessoa presa, observados os seguintes princípios: presas por parte das organizações religiosas, desde
I - será garantido o direito de profecia de todas as re- que respeitadas as regras do estabelecimento prisio-
ligiões, e o de consciência aos agnósticos e adeptos de nal quanto ao procedimento de entrega e de itens
filosofias não religiosas; autorizados.
II - será assegurada a atuação de diferentes confissões Art. 7º São deveres das organizações que prestam as-
religiosas em igualdades de condições, majoritárias ou sistência religiosa, bem como de seus representantes:
minoritárias, vedado o proselitismo religioso e qual- I - Agir de forma cooperativa com as demais denomi-
quer forma de discriminação ou estigmatização; nações religiosas;
III - a assistência religiosa não será instrumentalizada II - Informar-se e cumprir os procedimentos normati-
para fins de disciplina, correcionais ou para estabele- vos editados pelo estabelecimento prisional;
cer qualquer tipo de regalia, benefício ou privilégio, III - Comunicar a administração do estabelecimento
e será garantida mesmo à pessoa presa submetida a prisional sobre eventual impossibilidade de realização
sanção disciplinar; de atividade religiosa prevista;
IV - à pessoa presa será assegurado o direito à ex- IV - Comunicar a administração do estabelecimento
pressão de sua consciência, filosofia ou prática de sua prisional sobre propostas de ampliação dos trabalhos
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

religião de forma individual ou coletiva, devendo ser de assistência humanitária, como oficinas de trabalho,
respeitada a sua vontade de participação, ou de abs- escolarização e atividades culturais, bem como atuar de
ter-se de participar de atividades de cunho religioso; maneira cooperativa com os programas já existentes.
V - será garantido à pessoa presa o direito de mudar Art. 8º O cadastro das organizações será mantido pela
de religião, consciência ou filosofia, a qualquer tempo, Secretaria de Estado ou Departamento do sistema pe-
sem prejuízo da sua situação prisional; nitenciário e deve ser anualmente atualizado.
VI - o conteúdo da prática religiosa deverá ser definido §1º As organizações religiosas e/ou não governamen-
pelo grupo religioso e pelas pessoas presas. tais que desejem prestar assistência religiosa e huma-
Art. 2º Os espaços próprios de assistência religiosa na às pessoas presas deverão ser legalmente constituí-
deverão ser isentos de objetos, arquitetura, desenhos das há mais de um ano.
ou outros tipos de meios de identificação de religião §2º Para o cadastro das organizações referidas no pa-
específica. rágrafo anterior, deverão ser apresentados os seguin-
tes documentos ao órgão estatal responsável:

34
a) requerimento do dirigente da organização ou de
seu representante competente ou majoritário, acom- #FicaDica
panhado de cópia do documento de identidade pes-
soal, do tipo RG ou RNE (Registro Nacional de Estran- O direito à liberdade de crença, de culto
geiro), do CPF e Título de Eleitor, se for o caso; e de expressão é bastante amplo e deve
b) cópia autenticada dos estatutos sociais, da ata de permitir que o detento exerça sua religião
eleição da última diretoria e do CNPJ; individual e coletivamente, recebendo as-
c) cópia do comprovante de endereço atualizado da sistência religiosa. Os representantes reli-
organização. giosos passarão por devido cadastramen-
Art. 9º A prática religiosa deverá ser feita por repre- to e se vincularão a organização também
sentantes religiosos qualificados, maiores de 18 anos credenciada, podendo prestar atendimento
e residentes no país, devidamente credenciados pelas individual e coletivo. De preferência, haverá
organizações cadastradas. um local para culto que não identifique ne-
§1º O credenciamento dos representantes deverá ser nhuma religião (sendo permitida a inserção
solicitado mediante requerimento ao diretor do esta- temporária de elementos durante o culto).
belecimento, subscrito pelo dirigente da organização, Se não houver local próprio, as cerimônias
atestando a idoneidade do representante e relacio- poderão ocorrer nas celas e no pátio.
nando as unidades prisionais nas quais o representan-
te pretende prestar a assistência, acompanhado dos
seguintes documentos:
a) cópia do documento de identidade pessoal do tipo EXERCÍCIO COMENTADO
RG ou RNE, se for o caso;
b) cópia do Cadastro de Pessoa Física; 1. (DEPEN - AGENTE E TÉCNICO - TODAS AS ÁREAS
c) cópia do Título de Eleitor; - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CESPE – 2015) Acom-
d) comprovante atualizado de endereço residencial; panhada de seu filho adolescente Rafael, Joana visita
e) 2 fotos 3x4 recentes. mensalmente seu marido, Jorge, que cumpre pena em
§2º Problemas de conteúdo, prática ou de relaciona- estabelecimento prisional. A partir dessa situação hipo-
mento do representante religioso com as pessoas pre- tética, julgue os itens a seguir, considerando os procedi-
sas deverão ser tratados pelas organizações religiosas mentos para revista pessoal estabelecidos pelo CNPCP.
em consonância com a administração prisional. A realização de revista pessoal em Rafael dependerá de
Art. 10. A administração penitenciária deverá oferecer autorização expressa de Joana, que, caso autorize esse pro-
informação e formação aos profissionais do sistema cedimento, deverá estar presente durante a sua execução.
prisional sobre as necessidades específicas relaciona-
das às religiões, consciência e filosofia, bem como suas ( ) CERTO   ( ) ERRADO
respectivas práticas, incluindo rituais, objetos, datas
sagradas e comemorativas, períodos de oração, higie- Resposta: Certo. Nos termos da Resolução nº 5, de
ne e alimentação. 28 de agosto de 2014, em seu artigo 4º: “a revista pes-
Parágrafo único. As escolas penitenciárias ou entida- soal em crianças e adolescentes deve ser precedida
des similares deverão adaptar a matriz curricular dos de autorização expressa de seu representante legal e
cursos de formação quanto aos temas desta Resolu- somente será realizada na presença deste”.
ção, no prazo de um ano.
Art. 11. A administração penitenciária considerará as
necessidades religiosas na organização do cotidiano
dos estabelecimentos prisionais, buscando adaptar as-
pectos alimentares, de higiene, de horários, de corte
de cabelo e de barba, entre outros.
Art. 12. Contra as decisões administrativas decorren-
tes desta resolução, observa-se-á o procedimento judi-
cial previsto nos artigos 194 e seguintes da LEP.
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

35
RESOLUÇÃO Nº 5/2014 – PROCEDIMENTOS POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS MU-
PARA REVISTA PESSOAL. LHERES EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LI-
BERDADE E EGRESSAS DO SISTEMA PRISIO-
NAL (PORTARIA MJ/SPM Nº 210/2014).
A Resolução nº 5 do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, de 28 de agosto de 2014, aborda
os procedimentos de revista pessoal, sendo que abaixo
A Portaria MJ/SPM nº 210, de 17 de janeiro de 2014,
seguem os dispositivos com destaques:
institui a Política Nacional de Atenção às Mulheres em
Art. 1º A revista pessoal é a inspeção que se efetua, Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema
com fins de segurança, em todas as pessoas que pre- Prisional, e dá outras providências.
tendem ingressar em locais de privação de liberdade
e que venham a ter contato direto ou indireto com Abaixo, seguem seus dispositivos, com destaques:
pessoas privadas de liberdade ou com o interior do es-
tabelecimento, devendo preservar a integridade física, Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Atenção
psicológica e moral da pessoa revistada. às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e
Parágrafo único. A revista pessoal deverá ocorrer me- Egressas do Sistema Prisional - PNAMPE, com o ob-
diante uso de equipamentos eletrônicos detectores de jetivo de reformular as práticas do sistema prisional
metais, aparelhos de raio-x, scanner corporal, dentre brasileiro, contribuindo para a garantia dos direitos
outras tecnologias e equipamentos de segurança capa- das mulheres, nacionais e estrangeiras, previstos nos
zes de identificar armas, explosivos, drogas ou outros arts. 10, 14, § 3º, 19, parágrafo único, 77, § 2º, 82, §
objetos ilícitos, ou, excepcionalmente, de forma manual. 1º, 83, §§ 2º e 3º, e 89 da Lei nº 7.210, de 11 de julho
Art. 2º São vedadas quaisquer formas de revista vexa- de 1984.
tória, desumana ou degradante.
Parágrafo único. Consideram-se, dentre outras, for- Art. 2º São diretrizes da PNAMPE:
mas de revista vexatória, desumana ou degradante: I - prevenção de todos os tipos de violência contra mu-
I - desnudamento parcial ou total; lheres em situação de privação de liberdade, em cum-
II - qualquer conduta que implique a introdução de primento aos instrumentos nacionais e internacionais
objetos nas cavidades corporais da pessoa revistada; ratificados pelo Estado Brasileiro relativos ao tema;
III - uso de cães ou animais farejadores, ainda que trei- II - fortalecimento da atuação conjunta e articulada
nados para esse fim; de todas as esferas de governo na implementação da
IV - agachamento ou saltos. Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situa-
Art. 3º O acesso de gestantes ou pessoas com qual- ção de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema
quer limitação física impeditiva da utilização de recur- Prisional;
sos tecnológicos aos estabelecimentos prisionais será III - fomento à participação das organizações da socie-
assegurado pelas autoridades administrativas, obser- dade civil no controle social desta Política, bem como
vado o disposto nesta Resolução. nos diversos planos, programas, projetos e atividades
Art. 4º A revista pessoal em crianças e adolescentes deve dela decorrentes;
ser precedida de autorização expressa de seu represen- IV - humanização das condições do cumprimento da
tante legal e somente será realizada na presença deste. pena, garantindo o direito à saúde, educação, alimen-
Art. 5º Cabe à administração penitenciária estabelecer tação, trabalho, segurança, proteção à maternidade e
medidas de segurança e de controle de acesso às uni- à infância, lazer, esportes, assistência jurídica, atendi-
dades prisionais, observado o disposto nesta Resolução. mento psicossocial e demais direitos humanos;
V - fomento à adoção de normas e procedimentos
adequados às especificidades das mulheres no que
#FicaDica tange a gênero, idade, etnia, cor ou raça, sexualidade,
orientação sexual, nacionalidade, escolaridade, ma-
A revista pessoal no ingresso de estabeleci- ternidade, religiosidade, deficiências física e mental e
mentos prisionais tem por objetivo impedir outros aspectos relevantes;
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

que o preso tenha acesso a objetos e con- VI - fomento à elaboração de estudos, organização e
teúdos proibidos pela administração. Con- divulgação de dados, visando à consolidação de in-
tudo, tal revista não pode expor a risco a formações penitenciárias sob a perspectiva de gênero;
saúde dos visitantes e também não pode ser VII - incentivo à formação e capacitação de profissio-
vexatória (o que envolve retirada de roupas, nais vinculados à justiça criminal e ao sistema prisio-
introdução de objetos em cavidades, saltos nal, por meio da inclusão da temática de gênero e en-
e agachamentos, cães farejadores). carceramento feminino na matriz curricular e cursos
periódicos;
VIII - incentivo à construção e adaptação de unidades
prisionais para o público feminino, exclusivas, regio-
nalizadas e que observem o disposto na Resolução nº
9, de 18 de novembro de 2011, do Conselho Nacional
de Política Criminal e Penitenciária - CNPCP;

36
IX - fomento à identificação e monitoramento da con- h) quantidade de mulheres que recebem assistência
dição de presas provisórias, com a implementação de jurídica regular, da Defensoria Pública, outro órgão ou
medidas que priorizem seu atendimento jurídico e tra- advogado particular, e frequência desses procedimen-
mitação processual; tos na unidade prisional;
X - fomento ao desenvolvimento de ações que visem i) quantidade e motivo de óbitos relacionados à mu-
à assistência às pré-egressas e egressas do sistema lher e à criança, no âmbito do sistema prisional;
prisional, por meio da divulgação, orientação ao aces- j) dados relativos à incidência de hipertensão, diabe-
so às políticas públicas de proteção social, trabalho e tes, tuberculose, hanseníase, Doenças Sexualmente
renda; Transmissíveis - DST, Síndrome da Imunodeficiência
Parágrafo único - Nos termos do inciso VIII, enten- Adquirida - AIDS-HIV e outras doenças;
de-se por regionalização a distribuição de unidades k) quantidade de mulheres inseridas em programas de
prisionais no interior dos estados, visando o fortaleci- atenção à saúde mental e dependência química;
mento dos vínculos familiares e comunitários. l) quantidade e local de permanência das mulheres
internadas em cumprimento de medidas de segurança
Art. 3º São objetivos da PNAMPE: e total de vagas; e
I - fomentar a elaboração das políticas estaduais de m) quantidade de mulheres que deixaram o sistema
atenção às mulheres privadas de liberdade e egressas prisional por motivos de alvará de soltura, indulto,
do sistema prisional, com base nesta Portaria; fuga, progressão de regime ou aplicação de medidas
II - induzir para o aperfeiçoamento e humanização do cautelares diversas da prisão.
sistema prisional feminino, especialmente no que con- II - incentivo aos órgãos estaduais de administração
cerne à arquitetura prisional e execução de atividades prisional para que promovam a efetivação dos direitos
e rotinas carcerárias, com atenção às diversidades e fundamentais no âmbito dos estabelecimentos prisio-
capacitação periódica de servidores; nais, levando em conta as peculiaridades relacionadas
III - promover, pactuar e incentivar ações integradas e a gênero, cor ou etnia, orientação sexual, idade, ma-
intersetoriais, visando à complementação e ao acesso ternidade, nacionalidade, religiosidade e deficiências
aos direitos fundamentais, previstos na Constituição física e mental, bem como aos filhos inseridos no con-
Federal e Lei de Execução Penal, voltadas às mulheres
texto prisional, que contemplem:
privadas de liberdade e seus núcleos familiares; e
a) assistência material: alimentação, vestuário e ins-
IV - aprimorar a qualidade dos dados constantes nos
talações higiênicas, incluindo itens básicos, tais como:
bancos de dados do sistema prisional brasileiro, con-
1. alimentação: respeito aos critérios nutricionais bási-
templando a perspectiva de gênero; e
cos e casos de restrição alimentar;
V - fomentar e desenvolver pesquisas e estudos relati-
2. vestuário: enxoval básico composto por, no mínimo,
vos ao encarceramento feminino.
uniforme específico, agasalho, roupa íntima, meias,
Art. 4º São metas da PNAMPE: chinelos, itens de cama e banho, observadas as con-
I - criação e reformulação de bancos de dados em âm- dições climáticas locais e em quantidade suficiente; e
bito estadual e nacional sobre o sistema prisional, que 3. itens de higiene pessoal: kit básico composto por,
contemplem: no mínimo, papel higiênico, sabonete, creme e escova
a) quantidade de estabelecimentos femininos e mistos dental, xampu, condicionador, desodorante e absor-
que custodiam mulheres, indicando número de mu- vente, em quantidade suficiente;
lheres por estabelecimento, regime e quantidade de b) acesso à saúde em consonância com a Política Na-
vagas; cional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Pri-
b) existência de local adequado para visitação, fre- vadas de Liberdade no Sistema Prisional, a Política
quência e procedimentos necessários para ingresso do Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e as
visitante social e íntimo; políticas de atenção à saúde da criança, observados
c) quantidade de profissionais inseridos no sistema os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saú-
prisional feminino, por estabelecimento e área de de - SUS, bem como o fomento ao desenvolvimento
atuação; de ações articuladas com as secretarias estaduais e
d) quantidade de mulheres gestantes, lactantes e municipais de saúde, visando o diagnóstico precoce
parturientes; e tratamento adequado, com implantação de núcleos
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

e) quantidade e idade dos filhos em ambiente intra e de referência para triagem, avaliação inicial e enca-
extramuros, bem como pessoas ou órgãos responsá- minhamentos terapêuticos, voltados às mulheres com
veis pelos seus cuidados; transtorno mental.
f) indicação do perfil da mulher privada de liberdade, c) acesso à educação em consonância com o Plano
considerando estado civil, faixa etária, cor ou etnia, Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisio-
deficiência, nacionalidade, religião, grau de instrução, nal e as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educa-
profissão, rendas mensais da família anterior ao apri- ção para Jovens e Adultos em Situação de Privação
sionamento e atual, documentação civil, tempo total de Liberdade nos Estabelecimentos Penais, associada
das penas, tipos de crimes, procedência de área rural a ações complementares de cultura, esporte, inclusão
ou urbana, regime prisional e reiteração criminal; digital, educação profissional, fomento à leitura e a
g) quantidade de mulheres inseridas em atividades programas de implantação, recuperação e manuten-
laborais internas e externas e educacionais, formais e ção de bibliotecas;
profissionalizantes;

37
d) acesso à assistência jurídica integral para garantir a 10. disponibilização de dias de visitação especial, di-
ampla defesa e o contraditório nos processos judiciais ferentes dos dias de visita social, para os filhos e de-
e administrativos relativos à execução penal, viabili- pendentes, crianças e adolescentes, sem limites de
zando o atendimento pessoal por intermédio da De- quantidade, com definição das atividades e do papel
fensoria Pública, outro órgão, advogado particular ou da equipe multidisciplinar;
pela realização de parcerias; i) respeito à dignidade no ato de revista às pessoas
e) acesso a atendimento psicossocial desenvolvido no que ingressam na unidade prisional, inclusive crianças
interior das unidades prisionais, por meio de práticas e adolescentes;
interdisciplinares nas áreas de dependência química, j) implementação de ações voltadas ao tratamento
convivência familiar e comunitária, saúde mental, vio- adequado à mulher estrangeira, observando:
lência contra a mulher e outras, as quais devem ser ar- 1. realização de parcerias voltadas à regularização da
ticuladas com programas e políticas governamentais; sua permanência em solo brasileiro, durante o período
f) assistência religiosa com respeito à liberdade de cul- de cumprimento da pena;
to e de crença; e 2. articulação de gestões entre as unidades prisionais
g) acesso à atividade laboral com desenvolvimento de e as embaixadas e consulados visando à efetivação
ações que incluam, entre outras, a formação de redes dos direitos da estrangeira em privação de liberdade;
cooperativas e a economia solidária, observando: 3. instituição de parcerias voltadas à emissão de Ca-
1. compatibilidade das horas diárias de trabalho e es- dastro de Pessoa Física - CPF provisório, com vistas à
tudo que possibilitem a remição; e abertura de conta bancária e ao acesso a programas
2. compatibilidade da atividade laboral com a con- de reintegração social e assistência à mulher presa;
dição de gestante e mãe, garantida a remuneração, 4. garantia de acesso à informação sobre direitos, pro-
a remição e a licença maternidade para as mulheres cedimentos de execução penal no território nacional,
que se encontravam trabalhando. questões migratórias, bem como telefones de contato
h) atenção específica à maternidade e à criança intra- de órgãos brasileiros, embaixadas e consulados es-
muros, observando:
trangeiros, preferencialmente no idioma materno;
1. identificação da mulher quanto à situação de ges-
5. instituição de procedimentos que permitam a ma-
tação ou maternidade, quantidade e idade dos filhos
nutenção dos vínculos familiares, por meio de contato
e das pessoas responsáveis pelos seus cuidados e de-
telefônico, videoconferência, cartas, entre outros;
mais informações, por meio de preenchimento de for-
6. incentivo do acesso à educação à distância, quando
mulário próprio;
disponibilizado pelo respectivo consulado, sem prejuí-
2. inserção da mulher grávida, lactante e mãe com fi-
zo da participação nas atividades educativas existen-
lho em local específico e adequado com disponibiliza-
ção de atividades condizentes à sua situação, contem- tes na unidade prisional; e
plado atividades lúdicas e pedagógicas, coordenadas 7. fomento à viabilização de transferência das presas
por equipe multidisciplinar; estrangeiras não residentes ao seu país de origem, es-
3. autorização da presença de acompanhante da pecialmente se nele tiverem filhos, caso haja tratados
parturiente, devidamente cadastrada/o junto ao es- ou acordos internacionais em vigência, após prévia
tabelecimento prisional, durante todo o período de requisição e o consentimento da presa.
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, con- l) promoção de ações voltadas à presa provisória,
forme disposto no art. 19-J da Lei nº 8.080, de 19 de observando:
setembro de 1990; 1. adoção de medidas adequadas, de caráter norma-
4. proibição do uso de algemas ou outros meios de tivo ou prático, para garantir sua segurança e integri-
contenção em mulheres em trabalho de parto e par- dade física;
turientes, observada a Resolução nº 3, de 1º de junho 2. garantia da custódia da presa provisória em local
de 2012, do CNPCP; adequado, sendo vedada sua manutenção em distritos
5. inserção da gestante na Rede Cegonha, junto ao policiais; e
SUS, desde a confirmação da gestação até os dois pri- 3. adoção de medidas necessárias para viabilização do
meiros anos de vida do bebê; exercício do direito a voto.
6. desenvolvimento de ações de preparação da saída III - garantia de estrutura física de unidades prisio-
da criança do estabelecimento prisional e sensibiliza- nais adequada à dignidade da mulher em situação
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

ção dos responsáveis ou órgãos por seu acompanha- de prisão, de acordo com a Resolução nº 9, de 18 de
mento social e familiar; novembro de 2011, do Conselho Nacional de Política
7. respeito ao período mínimo de amamentação e de Criminal e Penitenciária - CNPCP, com a implemen-
convivência da mulher com seu filho, conforme dis- tação de espaços adequados à efetivação dos direitos
posto na Resolução nº 3 de 15 de julho de 2009, do das mulheres em situação de prisão, tais como saúde,
CNPCP, sem prejuízo do disposto no art. 89 da Lei educação, trabalho, lazer, estudo, maternidade, visita
7.210 de 11 de julho de 1984; íntima, dentre outros;
8. desenvolvimento de práticas que assegurem a efeti- IV - promoção de ações voltadas à segurança e gestão
vação do direito à convivência familiar, na forma pre- prisional, que garantam:
vista na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; a) procedimentos de segurança, regras disciplinares
9. desenvolvimento de ações que permitam acesso e e escolta diferenciados para as mulheres idosas, com
permanência das crianças que estão em ambientes in- deficiência, gestantes, lactantes e mães com filhos, in-
tra e extramuros à rede pública de educação infantil; e clusive de colo;

38
b) desenvolvimento de práticas alternativas à revista privação de liberdade e egressas do sistema prisional.
íntima nas pessoas que ingressam na unidade prisio- Parágrafo único. No âmbito do Depen, o planejamen-
nal, especialmente crianças e adolescentes; e to institucional será coordenado pela Comissão Espe-
c) oferecimento de transporte diferenciado para mu- cial do Projeto Efetivação dos Direitos das Mulheres no
lheres idosas, com deficiência, gestantes, lactantes e Sistema Penal.
mães com filhos, sem utilização de algemas.
V - capacitação permanente de profissionais que Art. 9º O Depen prestará apoio técnico e financeiro
atuam em estabelecimentos prisionais de custódia de aos órgãos estaduais de administração prisional, com
mulheres, com implementação de matriz curricular ênfase nas seguintes áreas:
que contemple temas específicos, tais como: I - educação e capacitação profissional de servidores,
a) identidade de gênero; priorizando os projetos em estabelecimentos prisio-
b) especificidades da presa estrangeira; nais que custodiam mulheres;
II - trabalho, disponibilizando maquinários para ofici-
c) orientação sexual, direitos sexuais e reprodutivos;
nas laborais;
d) abordagem étnico-racial;
III - saúde, priorizando o aparelhamento de centros de
e) prevenção da violência contra a mulher;
referência à saúde materno-infantil, bem como articu-
f) saúde da mulher, inclusive mental, e dos filhos inse- lações voltadas à garantia da saúde da mulher presa;
ridos no contexto prisional; IV - aparelhamento, incentivando o desenvolvimento
g) acessibilidade; de novas tecnologias que possam ser adaptadas ao am-
h) dependência química; biente prisional, voltadas às especificidades da mulher; e
i) maternidade; V - engenharia, elaborando projetos referência para a
j) desenvolvimento infantil e convivência familiar; construção de unidades prisionais específicas femininas.
k) arquitetura prisional; e
l) direitos e políticas sociais. Art. 10 Fica instituído, no âmbito do Ministério da Jus-
VI - promoção de ações voltadas às pré-egressas e tiça, o Comitê Gestor da PNAMPE, para fins de moni-
egressas do sistema prisional, por meio de setor inter- toramento e avaliação de seu cumprimento.
disciplinar específico, observando: § 1º O Comitê Gestor de que trata o caput será com-
a) disponibilização, no momento da saída da egres- posto por representantes, titulares e suplentes, dos se-
sa do estabelecimento prisional, de seus documen- guintes órgãos:
tos pessoais, inclusive relativos à sua saúde, e outros I - Departamento Penitenciário Nacional:
pertences; a) Coordenação do Projeto Efetivação dos Direitos das
b) articulação da secretaria estadual de administração Mulheres no Sistema Penal;
prisional com os órgãos responsáveis, com vistas à re- b) Ouvidoria do Departamento Penitenciário Nacional;
tirada de documentos; e c) Coordenação-Geral de Reintegração Social e Ensino;
c) viabilização, por meio de parcerias firmadas pelo d) Coordenação-Geral do Fundo Penitenciário Nacional;
órgão estadual de administração prisional, de trata- e) Coordenação-Geral de Penas e Medidas Alternativas;
mento de dependência química, inclusão em progra- f) Coordenação-Geral de Pesquisas e Análise da
mas sociais, em cursos profissionalizantes, geração de Informação;
renda, de acordo com os interesses da egressa. g) Coordenação de Saúde; e
h) Coordenação de Educação;
II - Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presi-
Art. 5º Para a efetivação dos direitos de que trata esta
dência da República:
Portaria deverão ser assegurados recursos humanos e
a) Coordenação de Acesso à Justiça, da Secretaria de
espaços físicos adequados às diversas atividades para
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres.
a integração da mulher e de seus filhos. § 2º Serão convidados permanentes a integrar o Comitê
Gestor um representante de cada um dos seguintes órgãos:
Art. 6º As unidades prisionais deverão providenciar I - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
a documentação civil básica que permita acesso das República;
mulheres, inclusive das estrangeiras, à educação e ao II - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
trabalho. Racial da Presidência da República;
III - Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Art. 7º O Departamento Penitenciário Nacional - De- -Geral da Presidência da República;


pen deverá se articular com os órgãos estaduais de IV - Ministério da Saúde;
administração prisional para que sejam constituídas V - Ministério da Educação;
comissões intersetoriais específicas para tratar dos as- VI - Ministério do Trabalho e Emprego;
suntos relacionados às mulheres em situação de pri- VII - Ministério da Cultura;
vação de liberdade e egressas do sistema prisional. VIII - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome;
Art. 8º O Depen deverá se articular com os órgãos IX - Ministério do Esporte;
estaduais de administração prisional para que seja § 3º - Poderão ser convidados a participar das reu-
elaborado um planejamento institucional para o cum- niões do Comitê Gestor especialistas e representantes
primento gradual das estratégias estabelecidas nesta de outros órgãos ou entidades públicas e privadas,
Política e nas políticas estaduais, com vistas à melho- federais e estaduais, com atribuições relacionadas à
ria de práticas voltadas às mulheres em situação de PNAMPE.

39
§ 4º - Os representantes titulares e seus suplentes de
que tratam os §§ 1º e 2º serão designados por ato HORA DE PRATICAR
do Diretor-Geral do Depen, após indicação dos órgãos
que representam.
1. (DEPEN - AGENTE E TÉCNICO - TODAS AS ÁREAS
§ 5º - A participação no Comitê Gestor é conside- - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CESPE/2015) Com
rada prestação de serviço público relevante, não
relação ao sistema penitenciário federal e ao processo
remunerada.
de transferência de presos para esse sistema, julgue o
item a seguir.
Art. 11 A coordenação do Comitê Gestor será exercida
A permanência de um preso em estabelecimento penal
por um representante da Comissão Especial do Projeto
federal de segurança máxima persistirá enquanto dura-
Efetivação dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal
rem as razões que acarretarem seu recolhimento, sem
indicado pelo Depen, e um representante da Secreta-
prazo determinado.
ria de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres,
indicado pela SPM. ( ) CERTO   ( ) ERRADO
Art. 12 O Comitê Gestor realizará reuniões trimestrais,
2. (DEPEN - AGENTE E TÉCNICO - TODAS AS ÁREAS
podendo ser convocada reunião extraordinária pela - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CESPE/2015) Com
coordenação, e deverá apresentar:
relação ao sistema penitenciário federal e ao processo
I - no prazo de noventa dias, a contar da publicação
de transferência de presos para esse sistema, julgue o
desta Portaria, plano de trabalho de suas atividades
item a seguir.
com metas e prazos; e
A transferência de um preso para um estabelecimento
II - relatórios anuais de avaliação de cumprimento da
penal federal de segurança máxima pode ser requerida
PNAMPE, com sugestões de aperfeiçoamento de sua
pela autoridade administrativa, pelo próprio preso ou
implementação.
pelo Ministério Público.
Art. 13 O Depen e a Secretaria de Políticas para as Mu- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
lheres observarão a PNAMPE na celebração de convê-
nios e nos repasses de recursos aos órgãos e entidades
3. (DEPEN - AGENTE E TÉCNICO - TODAS AS ÁREAS
federais e estaduais do sistema prisional brasileiro. - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CESPE/2015) Com
relação ao sistema penitenciário federal e ao processo
#FicaDica de transferência de presos para esse sistema, julgue o
item a seguir.
“A Política estabelece diretrizes, metas e Os estabelecimentos penais federais de segurança máxi-
ações para qualificar a assistência às mu- ma destinam-se aos condenados por sentença já transi-
lheres em privação de liberdade e egressas tada em julgado, o que exclui os presos provisórios.
e promover a adaptação das políticas peni-
tenciárias às especificidades desse público. ( ) CERTO   ( ) ERRADO
A PNAMPE orienta os governos estaduais
na elaboração de ações para: i) atenção 4. (SEAP-MG - AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
à gestação e à maternidade na prisão; ii) CIÁRIO - IBFC/2018) Relativamente à classificação das
assistência material; iii) acesso à saúde, à unidades prisionais, assinale a alternativa correta:
educação e ao trabalho; iv) assistência ju-
rídica; v) atendimento psicológico; e vi) ca- a) médio porte especial: unidades prisionais existentes,
pacitação permanente de profissionais do ou as que vierem a ser criadas, com a finalidade de
sistema prisional feminino. [...] Ressalta-se a realizar perícia.
importância do sistema prisional em reco- b) pequeno porte I: unidades prisionais existentes, ou as
nhecer as especificidades relativas a gêne- que vierem a ser criadas, com capacidade para receber
ro, orientação sexual e identidade de gêne- entre sessenta e um e cento e noventa e nove indiví-
ro, condição de deficiência, geração, raça e duos privados de liberdade.
CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

etnia, religião, nacionalidade, condição de c) centro de remanejamento provisório do Sistema Pri-


moradia, tipo penal, condição de imputabi- sional: unidades prisionais existentes ou que vierem a
lidade e condição de saúde”1. ser criadas, com a finalidade de realizar remanejamen-
to provisório.
1 http://depen.gov.br/DEPEN/acesso-a-in- d) pequeno porte II: unidades prisionais existentes, ou as
formacao/acoes-e-programas/mulheres-e- que vierem a ser criadas, com capacidade para até ses-
-diversidades/mulheres-e-diversidades senta indivíduos privados de liberdade.
e) grande porte especial: unidades prisionais existentes,
ou as que vierem a ser criadas, com a finalidade de
realizar atendimento médico.

40
5. (SEAP-MG - AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
CIÁRIO - IBFC/2018) A respeito da disciplina exigida GABARITO
dos internos, durante o cumprimento da prisão provisó-
ria ou definitiva, segundo o disposto na Lei de Execuções
Penais, assinale a alternativa correta: 1 ERRADO
2 CERTO
a) no cumprimento de sanções disciplinares, admite-se o
emprego de cela escura. 3 ERRADO
b) na execução das penas privativas de liberdade, o po- 4 C
der disciplinar deverá ser exercido pelo agente peni- 5 E
tenciário de maior hierarquia.
c) o condenado à pena restritiva de direitos não se sujei- 6 B
ta à disciplina.
d) como decorrência do cometimento de transgres-
sões disciplinares, admite-se a aplicação de sanções
coletivas.
e) não deve haver falta nem sanção disciplinar sem ex-
pressa e anterior previsão legal ou regulamentar.

6. (SEAP-MG - AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-


CIÁRIO - IBFC/2018) Em conformidade com o previsto
na Lei de Execuções Penais, cumpre ao condenado, além
das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-
-se às normas de execução da pena. Dentre estas obriga-
ções, assinale a alternativa correta quanto ao que pode
ser citado como dever do condenado:

a) exercício das atividades profissionais, intelectuais, ar-


tísticas e desportivas, desde que compatíveis com a
execução da pena.
b) urbanidade e respeito no trato com os demais
condenados.
c) audiência especial com o diretor do estabelecimento.
d) entrevista pessoal e reservada com o advogado.
e) proteção contra qualquer forma de sensacionalismo.

CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

41
ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

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42
ÍNDICE

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL

Sistema Penitenciário Federal. 1.1 Lei nº 11.671/2008................................................................................................................................................... 01


Decreto nº 6.877/2008................................................................................................................................................................................................................ 03
Regulamento Penitenciário Federal....................................................................................................................................................................................... 05
Organizações Criminosas e Lavagem de Dinheiro. Lei no 12.850/2013. 2.2 Lei no 9.613/1998.................................................................. 12
Noções de Criminologia e Política Criminal. Teorias penais e teorias criminológicas contemporâneas. Mecanismos institucio-
nais de criminalização: Lei penal, Justiça Criminal e Prisão. Processos de criminalização e criminalidade. Cifra oculta da crimina-
lidade. Sistema penal e estrutura social. Políticas dos serviços penais no Estado Democrático de Direito. Políticas de segurança
pública no Estado Democrático de Direito e participação social. Mídia e criminalidade................................................................................ 22
Legislação especial. Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997 (Antitortura)................................................................................................................... 23
Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 (Anticorrupção).............................................................................................................................................. 26
Lei nº 4.898, de 09 de dezembro 1965 (Abuso de autoridade).................................................................................................................................. 28
§ 3o A instrução dos autos do processo de transferência
SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL. LEI Nº será disciplinada no regulamento para fiel execução
11.671/2008. desta Lei.
§ 4o Na hipótese de imprescindibilidade de diligências
complementares, o juiz federal ouvirá, no prazo de 5
(cinco) dias, o Ministério Público Federal e a defesa e,
A Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008, dispõe sobre a em seguida, decidirá acerca da transferência no mes-
transferência e inclusão de presos em estabelecimen- mo prazo.
tos penais federais de segurança máxima e dá outras § 5o A decisão que admitir o preso no estabelecimento
providências (artigo 1o). penal federal de segurança máxima indicará o período
de permanência.
Art. 2o A atividade jurisdicional de execução penal nos § 6o Havendo extrema necessidade, o juiz federal po-
estabelecimentos penais federais será desenvolvida derá autorizar a imediata transferência do preso e,
pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em após a instrução dos autos, na forma do § 2o deste
que estiver localizado o estabelecimento penal federal artigo, decidir pela manutenção ou revogação da me-
de segurança máxima ao qual for recolhido o preso. dida adotada.
A execução penal ficará a cargo do juízo federal da- § 7o A autoridade policial será comunicada sobre a
quela seção ou subseção onde se encontra o estabele- transferência do preso provisório quando a autoriza-
cimento, independentemente de onde foi processado o ção da transferência ocorrer antes da conclusão do
apenado pelo crime. inquérito policial que presidir.
Legitimados para pedir a transferência: a autoridade
administrativa, o Ministério Público e o próprio preso. Se
Art. 3o Serão recolhidos em estabelecimentos penais
não forem os requerentes, serão ouvidos no prazo de 5
federais de segurança máxima aqueles cuja medida
dias antes da decisão.
se justifique no interesse da segurança pública ou do
O juízo de origem (perante o qual está sendo ou foi
próprio preso, condenado ou provisório. processado o preso) faz a admissibilidade inicial do pe-
Justifica-se a prisão em penitenciária de segurança dido, mas a palavra final é do juízo federal de execução,
máxima: por interesse da segurança pública ou por inte- responsável pelo estabelecimento de segurança máxima.
resse do próprio preso. Na decisão será indicado o período de permanência.
A Defensoria Pública da União presta assistência jurí-
Art. 4o A admissão do preso, condenado ou provisório, dica aos presos nestes estabelecimentos penais.
dependerá de decisão prévia e fundamentada do juízo
federal competente, após receber os autos de transfe- Art. 6o Admitida a transferência do preso condenado,
rência enviados pelo juízo responsável pela execução o juízo de origem deverá encaminhar ao juízo federal
penal ou pela prisão provisória. os autos da execução penal.
§ 1o A execução penal da pena privativa de liberdade,
no período em que durar a transferência, ficará a car- Art. 7o Admitida a transferência do preso provisório,
go do juízo federal competente. será suficiente a carta precatória remetida pelo juízo
§ 2o Apenas a fiscalização da prisão provisória será de origem, devidamente instruída, para que o juízo fe-
deprecada, mediante carta precatória, pelo juízo de deral competente dê início à fiscalização da prisão no
origem ao juízo federal competente, mantendo aquele estabelecimento penal federal de segurança máxima.
juízo a competência para o processo e para os respec- No caso de preso condenado, os autos da execução
tivos incidentes. penal serão remetidos. No caso de preso provisório, bas-
Para a admissão se exige prévia e fundamentada de- ta o envio de carta precatória e os autos principais conti-
cisão do juízo federal competente. nuam no juízo de origem.

Art. 5o São legitimados para requerer o processo de Art. 8o As visitas feitas pelo juiz responsável ou por
transferência, cujo início se dá com a admissibilidade membro do Ministério Público, às quais se referem os
pelo juiz da origem da necessidade da transferência arts. 66 e 68 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984,
serão registradas em livro próprio, mantido no respec-
do preso para estabelecimento penal federal de segu-
tivo estabelecimento.
rança máxima, a autoridade administrativa, o Minis-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tério Público e o próprio preso.


Neste sentido, disciplina a LEP:
§ 1o Caberá à Defensoria Pública da União a assistên-
cia jurídica ao preso que estiver nos estabelecimentos Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da
penais federais de segurança máxima. pena e da medida de segurança, oficiando no processo
§ 2o Instruídos os autos do processo de transferência, executivo e nos incidentes da execução.
serão ouvidos, no prazo de 5 (cinco) dias cada, quando
não requerentes, a autoridade administrativa, o Minis- Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
tério Público e a defesa, bem como o Departamento Pe- I - fiscalizar a regularidade formal das guias de reco-
nitenciário Nacional – DEPEN, a quem é facultado in- lhimento e de internamento;
dicar o estabelecimento penal federal mais adequado. II - requerer:

1
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- § 1o O número de presos, sempre que possível, será
mento do processo executivo; mantido aquém do limite de vagas, para que delas o
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio juízo federal competente possa dispor em casos emer-
de execução; genciais.
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a § 2o No julgamento dos conflitos de competência, o tri-
substituição da pena por medida de segurança; bunal competente observará a vedação estabelecida
d) a revogação da medida de segurança; no caput deste artigo.
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos Não pode existir superlotação em estabelecimento pe-
regimes e a revogação da suspensão condicional da nal federal de segurança máxima.
pena e do livramento condicional;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento #FicaDica
da situação anterior.
III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto- O juízo federal é competente para decidir
ridade judiciária, durante a execução. sobre a transferência e permanência do
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará preso condenado ou provisório no esta-
mensalmente os estabelecimentos penais, registrando belecimento federal de segurança máxima,
independente de qual seja o juízo de ori-
a sua presença em livro próprio.
gem.
A transferência será excepcional (justifica-
Art. 9o Rejeitada a transferência, o juízo de origem
da por interesse da segurança pública ou
poderá suscitar o conflito de competência perante o
interesse do preso) e a permanência será
tribunal competente, que o apreciará em caráter prio- temporária (máximo de 360 dias, embora
ritário. seja renovável o pedido do juízo de origem,
O juízo de origem pode suscitar conflito de compe- não havendo um limite para pedidos de re-
tência em caso de rejeição da transferência pelo juízo novação).
federal.

Art. 10. A inclusão de preso em estabelecimento penal


federal de segurança máxima será excepcional e por EXERCÍCIO COMENTADO
prazo determinado.
§ 1o O período de permanência não poderá ser supe-
1. (PGR - Procurador da República - PGR/2012) Consi-
rior a 360 (trezentos e sessenta) dias, renovável, excep-
derando a transferência de presos para estabelecimentos
cionalmente, quando solicitado motivadamente pelo
penais federais de segurança máxima, e tendo por lastro
juízo de origem, observados os requisitos da transfe- o entendimento mais recente do STJ a respeito da maté-
rência. ria, é incorreto afirmar:
§ 2o Decorrido o prazo, sem que seja feito, imediata-
mente após seu decurso, pedido de renovação da per- a) a alteração do regime de execução penal estabeleci-
manência do preso em estabelecimento penal federal do pela Lei n. 11.671/08, permitindo a transferência e
de segurança máxima, ficará o juízo de origem obri- inclusão de preso oriundo de outro sistema penitenci-
gado a receber o preso no estabelecimento penal sob ário para o sistema penitenciário federal de segurança
sua jurisdição. máxima, constitui exceção e está inspirada em fatos e
§ 3o Tendo havido pedido de renovação, o preso, re- fundamentos a serem necessariamente considerados
colhido no estabelecimento federal em que estiver, por ocasião do pedido e da admissão correspondente.
aguardará que o juízo federal profira decisão. b) não cabe ao Juízo Federal da Seção Judiciária em que
§ 4o Aceita a renovação, o preso permanecerá no es- se localiza o estabelecimento penal federal exercer
tabelecimento federal de segurança máxima em que qualquer juízo de valor sobre a gravidade ou não das
estiver, retroagindo o termo inicial do prazo ao dia se- razões do Juízo solicitante, mormente quando se tra-
guinte ao término do prazo anterior. tar de preso provisório sem condenação, situação em
§ 5o Rejeitada a renovação, o juízo de origem pode- que, de resto, a Lei nº 11.671/08 encarrega o Juízo so-
licitante de dirigir o controle da prisão, fazendo-o por
rá suscitar o conflito de competência, que o tribunal
carta precatória.
apreciará em caráter prioritário.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) o período de permanência do preso em estabeleci-


§ 6o Enquanto não decidido o conflito de competência mento penal federal de segurança máxima não po-
em caso de renovação, o preso permanecerá no esta- derá exceder a 360 (trezentos o sessenta) dias, admi-
belecimento penal federal. tindo-se, excepcionalmente, a renovação do prazo de
Inclusão em estabelecimento de segurança máxima: permanência, que dar-se-á apenas uma única vez.
excepcional e temporária (máximo de 360 dias, reno- d) o Juízo Federal da Seção Judiciária em que se localiza
vável excepcionalmente, diante de pedido de renova- o estabelecimento penal federal somente pode justifi-
ção feito pelo juízo de origem). car a recusa em recolher o preso se evidenciadas con-
dições desfavoráveis ou inviáveis da unidade prisional,
Art. 11. A lotação máxima do estabelecimento penal tais como lotação ou incapacidade de receber novos
federal de segurança máxima não será ultrapassada. presos ou apenados.

2
Resposta: “C”. Não existe o limite para o número de I - ter desempenhado função de liderança ou partici-
pedidos de renovação de permanência no estabeleci- pado de forma relevante em organização criminosa;
mento penal federal de segurança máxima, conforme II - ter praticado crime que coloque em risco a sua in-
artigo 10, § 1o, Lei nº 11.671/2008: “o período de per- tegridade física no ambiente prisional de origem;
manência não poderá ser superior a 360 (trezentos e III - estar submetido ao Regime Disciplinar Diferen-
sessenta) dias, renovável, excepcionalmente, quando ciado - RDD;
solicitado motivadamente pelo juízo de origem, ob- IV - ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na
servados os requisitos da transferência”. prática reiterada de crimes com violência ou grave
A. Nos termos do artigo 10, caput, Lei nº 11.671/2008, ameaça;
“a inclusão de preso em estabelecimento penal fede- V - ser réu colaborador ou delator premiado, desde
ral de segurança máxima será excepcional e por prazo que essa condição represente risco à sua integridade
determinado”. física no ambiente prisional de origem; ou
B. O STJ decidiu no Conflito de Competência nº VI - estar envolvido em incidentes de fuga, de violên-
120.929/RJ que “não cabe ao Juízo Federal discutir as cia ou de grave indisciplina no sistema prisional de
razões do Juízo Estadual, quando solicita a transfe- origem.
rência de preso para estabelecimento prisional de se- Os requisitos descritos no artigo 3o para a inclusão ou
gurança máxima, assim quando pede a renovação do transferência do preso são alternativos – basta a pre-
prazo de permanência, porquanto este é o único ha- sença de um deles.
bilitado a declarar a excepcionalidade da medida”. No
mais, o artigo 7o da lei prevê: “admitida a transferência Art. 4o Constarão dos autos do processo de inclusão ou
do preso provisório, será suficiente a carta precatória de transferência, além da decisão do juízo de origem
remetida pelo juízo de origem, devidamente instruída, sobre as razões da excepcional necessidade da medi-
para que o juízo federal competente dê início à fisca- da, os seguintes documentos:
lização da prisão no estabelecimento penal federal de I - tratando-se de preso condenado:
segurança máxima”. a) cópia das decisões nos incidentes do processo de
D. Disciplina o artigo 11 da lei: “a lotação máxima do execução que impliquem alteração da pena e regime
estabelecimento penal federal de segurança máxima a cumprir;
não será ultrapassada. § 1o O número de presos, sem- b) prontuário, contendo, pelo menos, cópia da senten-
pre que possível, será mantido aquém do limite de va- ça ou do acórdão, da guia de recolhimento, do atesta-
gas, para que delas o juízo federal competente possa do de pena a cumprir, do documento de identificação
dispor em casos emergenciais. § 2o No julgamento dos pessoal e do comprovante de inscrição no Cadastro de
conflitos de competência, o tribunal competente ob- Pessoas Físicas - CPF, ou, no caso desses dois últimos,
seus respectivos números; e
servará a vedação estabelecida no caput deste artigo”.
c) prontuário médico; e
II - tratando-se de preso provisório:
a) cópia do auto de prisão em flagrante ou do manda-
do de prisão e da decisão que motivou a prisão cau-
DECRETO Nº 6.877/2008. telar;
b) cópia da denúncia, se houver;
c) certidão do tempo cumprido em custódia cautelar;
d) cópia da guia de recolhimento; e
O Decreto nº 6.877, de 18 de junho de 2009, regula- e) cópia do documento de identificação pessoal e do
menta a Lei nº 11.671/2008, estudada no tópico anterior, comprovante de inscrição no CPF, ou seus respectivos
assim prevendo seus principais dispositivos, que seguem números.
abaixo com destaques nos aspectos que complementam O requerimento deve estar instruído com documen-
a lei anterior: tos relacionados ao preso.
Art. 2o O processo de inclusão e de transferência, de Art. 5o Ao ser ouvido, o Departamento Penitenciário
caráter excepcional e temporário, terá início mediante Nacional do Ministério da Justiça opinará sobre a per-
requerimento da autoridade administrativa, do Minis- tinência da inclusão ou da transferência e indicará o
tério Público ou do próprio preso. estabelecimento penal federal adequado à custódia,
§ 1o O requerimento deverá conter os motivos que
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

podendo solicitar diligências complementares, inclusi-


justifiquem a necessidade da medida e estar acompa- ve sobre o histórico criminal do preso.
nhado da documentação pertinente. O DEPEN será ouvido diante do pedido de inclusão
§ 2o O processo de inclusão ou de transferência será ou transferência sobre a pertinência desta e indicará o
autuado em apartado. estabelecimento adequado à custódia.
O dispositivo detalha questões sobre o requerimento
de inclusão ou transferência do preso no sistema pe- Art. 6o Ao final da instrução do procedimento e após
nitenciário. a manifestação prevista no art. 5o, o juiz de origem,
admitindo a necessidade da inclusão ou da transfe-
Art. 3o Para a inclusão ou transferência, o preso deverá rência do preso, remeterá os autos ao juízo federal
possuir, ao menos, uma das seguintes características: competente.

3
Depois da instrução do pedido com documentos e da Art. 12. Mediante requerimento da autoridade admi-
manifestação do DEPEN, o juízo de origem remeterá os nistrativa, do Ministério Público ou do próprio preso,
autos ao juízo federal. poderão ocorrer transferências de presos entre estabe-
lecimentos penais federais.
Art. 7o Recebidos os autos, o juiz federal decidirá sobre § 1o O requerimento de transferência, instruído com os
a inclusão ou a transferência, podendo determinar di- fatos motivadores, será dirigido ao juiz federal corre-
ligências complementares necessárias à formação do gedor do estabelecimento penal federal onde o preso
seu convencimento. se encontrar, que ouvirá o juiz federal corregedor do
estabelecimento penal federal de destino.
Art. 8o Admitida a inclusão ou a transferência, o juízo § 2o Autorizada e efetivada a transferência, o juiz fe-
de origem deverá encaminhar ao juízo federal com- deral corregedor do estabelecimento penal federal em
petente: que o preso se encontrava comunicará da decisão ao
I - os autos da execução penal, no caso de preso con- juízo de execução penal de origem, se preso conde-
denado; e nado, ou ao juízo do processo, se preso provisório, e à
II - carta precatória instruída com os documentos pre- autoridade policial, se for o caso.
vistos no inciso II do art. 4o, no caso de preso provisório.

Art. 9o A inclusão e a transferência do preso poderão #FicaDica


ser realizadas sem a prévia instrução dos autos, desde
que justificada a situação de extrema necessidade. São atribuições DEPEN delimitadas no De-
§ 1o A inclusão ou a transferência deverá ser reque- creto:
rida diretamente ao juízo de origem, instruída com - Manifestar-se antes do envio do pedido
elementos que demonstrem a extrema necessidade da de inclusão ou transferência do juízo de
medida. origem para o juízo federal, opinando so-
§ 2o Concordando com a inclusão ou a transferência, bre a pertinência de tal inclusão ou transfe-
o juízo de origem remeterá, imediatamente, o reque- rência e indicando o estabelecimento ade-
rimento ao juízo federal competente. quado à custódia;
§ 3o Admitida a inclusão ou a transferência emergen- - Comunicar o juízo de origem sobre o
cial pelo juízo federal competente, caberá ao juízo de vencimento do prazo com 60 dias de an-
origem remeter àquele, imediatamente, os documen- tecedência, para possibilitar que seja feito
tos previstos nos incisos I e II do art. 4o. eventual pedido de renovação;
- Providenciar o retorno do preso ao local de
Art. 10. Restando sessenta dias para o encerramento origem ou a transferência para estabeleci-
do prazo de permanência do preso no estabelecimen- mento penal indicado no caso de obtenção
to penal federal, o Departamento Penitenciário Na- de liberdade ou progressão de regime.
cional comunicará tal circunstância ao requerente da
inclusão ou da transferência, solicitando manifestação
acerca da necessidade de renovação.
Parágrafo único. Decorrido o prazo estabelecido no §
1º do art. 10 da Lei nº 11.671, de 2008, e não havendo EXERCÍCIO COMENTADO
manifestação acerca da renovação da permanência, o
preso retornará ao sistema prisional ou penitenciário 1. (DPE-PE - Defensor Público - CESPE/2018) À luz da
de origem. Lei nº 11.671/2008 e do Decreto nº 6.877/2009 (Sistema
O DEPEN comunicará o juízo de origem sobre o ven- Penitenciário Federal), assinale a opção correta, a respei-
cimento do prazo com 60 dias de antecedência. to do cumprimento de pena em estabelecimento prisio-
nal federal de segurança máxima:
Art. 11. Na hipótese de obtenção de liberdade ou pro-
gressão de regime de preso custodiado em estabeleci- a) compete à Defensoria Pública estadual da região onde
mento penal federal, caberá ao Departamento Peni- estiver localizado o estabelecimento prisional federal
tenciário Nacional providenciar o seu retorno ao local a assistência jurídica dos detentos que lá cumprem
de origem ou a sua transferência ao estabelecimento penas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

penal indicado para cumprimento do novo regime. b) detento de alta periculosidade que cumpre pena em
Parágrafo único. Se o egresso optar em não retornar estabelecimento prisional federal de segurança máxi-
ao local de origem, deverá formalizar perante o diretor ma tem direito ao benefício da progressão de regime.
do estabelecimento penal federal sua manifestação de c) o detento possui legitimidade para requerer a própria
vontade, ficando o Departamento Penitenciário Na- transferência para estabelecimento prisional federal
cional dispensado da providência referida no caput. de segurança máxima.
O DEPEN também providenciará o retorno do preso d) detento que cumpria pena em estabelecimento pri-
ao local de origem ou a transferência para estabeleci- sional estadual e que fora transferido para estabeleci-
mento penal indicado no caso de obtenção de liberdade mento prisional federal continuará sob a jurisdição do
ou progressão de regime. juízo da execução penal estadual.

4
e) o prazo de permanência do preso em estabelecimento bordinados ao Departamento Penitenciário Nacional do
prisional federal de segurança máxima é de trezentos Ministério da Justiça” (artigo 1o), cabendo ao DEPEN a
e sessenta dias, improrrogável. supervisão, coordenação e administração dos estabeleci-
mentos penais federais (artigo 2o).
Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5o, caput, Lei nº A finalidade do sistema é “promover a execução ad-
11.671/2008, “são legitimados para requerer o proces- ministrativa das medidas restritivas de liberdade dos
so de transferência, cujo início se dá com a admissibi- presos, provisórios ou condenados, cuja inclusão se jus-
lidade pelo juiz da origem da necessidade da trans- tifique no interesse da segurança pública ou do próprio
ferência do preso para estabelecimento penal federal preso” (artigo 3o).
de segurança máxima, a autoridade administrativa, o As características são assim enumeradas no artigo 6o:
Ministério Público e o próprio preso”.
A. Nos termos do artigo 5o, § 1o, Lei nº 11.671/2008, I - destinação a presos provisórios e condenados em
“caberá à Defensoria Pública da União a assistência regime fechado;
jurídica ao preso que estiver nos estabelecimentos pe-
II - capacidade para até duzentos e oito presos;
nais federais de segurança máxima”.
III - segurança externa e guaritas de responsabilidade
B. Nos termos do Informativo nº 838 do STF, “conde-
dos Agentes Penitenciários Federais;
nado que cumpre pena em presídio federal não pode
IV - segurança interna que preserve os direitos do pre-
ser beneficiado com progressão de regime enquanto
persistirem os motivos que o levaram a ser transferido so, a ordem e a disciplina;
para esta unidade”. V - acomodação do preso em cela individual; e
D. Nos termos do artigo 2o, Lei nº 11.671/2008, “ati- VI - existência de locais de trabalho, de atividades
vidade jurisdicional de execução penal nos estabele- sócio-educativas e culturais, de esporte, de prática re-
cimentos penais federais será desenvolvida pelo juízo ligiosa e de visitas, dentro das possibilidades do esta-
federal da seção ou subseção judiciária em que estiver belecimento penal.
localizado o estabelecimento penal federal de segu-
rança máxima ao qual for recolhido o preso”. Já a estrutura, cuja disciplina se detalha no regimento
E. Nos termos do artigo 10, § 1o, Lei nº 11.671/2008, interno do Departamento Penitenciário Nacional, se dá
“a inclusão de preso em estabelecimento penal fede- na seguinte forma, nos termos do artigo 8o:
ral de segurança máxima será excepcional e por pra-
zo determinado. § 1o O período de permanência não I - Diretoria do Estabelecimento Penal;
poderá ser superior a 360 (trezentos e sessenta) dias, II - Divisão de Segurança e Disciplina;
renovável, excepcionalmente, quando solicitado moti- III - Divisão de Reabilitação;
vadamente pelo juízo de origem, observados os requi- IV - Serviço de Saúde; e
sitos da transferência”. V - Serviço de Administração.

TÍTULO II – DOS AGENTES PENITENCIÁRIOS FEDE-


RAIS
REGULAMENTO PENITENCIÁRIO FEDERAL.
Remete à Lei nº 10.693, de 25 de junho de 2003, que
disciplina a carreira, e à Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
de 1990, que traz o regime jurídico dos servidores pú-
blicos civis federais, sem prejuízo da edição de normas
O Decreto nº 6.049, de 27 de fevereiro de 2007, apro-
complementares dos procedimentos e das rotinas carce-
va o Regulamento Penitenciário Federal e pode ser aces-
rários pelo DEPEN.
sado na íntegra no seguinte link:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2007/Decreto/D6049.htm
TÍTULO III – DOS ÓRGÃOS AUXILIARES E DE FIS-
CALIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS FE-
O Regulamento penitenciário Federal corresponde ao DERAIS
anexo do referido Decreto, contando com 105 artigos di-
vididos em 13 títulos, a respeito dos quais delineamos os Os órgãos auxiliares do Sistema Penitenciário Federal
são enumerados no artigo 12:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

principais aspectos abaixo:

TÍTULO I – DA ORGANIZAÇÃO, DA FINALIDADE, I - Coordenação-Geral de Inclusão, Classificação e Re-


DAS CARACTERÍSTICAS E DA ESTRUTURA DOS ES- moção;
TABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS II - Coordenação-Geral de Informação e Inteligência
Penitenciária;
Os quatro pontos temáticos – organização, finalidade, III - Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário Fe-
características e estrutura – correspondem cada qual a deral;
um capítulo dentro deste título. IV - Ouvidoria; e
Sobre a organização, “o Sistema Penitenciário Federal V - Coordenação-Geral de Tratamento Penitenciário
é constituído pelos estabelecimentos penais federais, su- e Saúde.

5
Ainda, o título III aborda em dois capítulos a Correge- to penal; e o liberado condicional, durante o período
doria-Geral, unidade de fiscalização e correição, e a Ouvi- de prova) do sistema prisional consiste na orientação e
doria, órgão com o encargo de receber, avaliar, sugerir e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade.
encaminhar propostas, reclamações e denúncias.
TÍTULO VI – DO REGIME DISCIPLINAR ORDINÁRIO
TÍTULO IV – DAS FASES EVOLUTIVAS INTERNAS,
DA CLASSIFICAÇÃO E DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA Considerando o conteúdo puramente normativo e a
EXECUÇÃO DA PENA importância do conteúdo para a carreira de agente pe-
nitenciário, abaixo se transcreve com grifos o inteiro teor
A execução administrativa da pena possui duas fa- deste título:
ses, quais sejam: procedimentos de inclusão e avaliação
pela Comissão Técnica de Classificação para o desenvol- CAPÍTULO I
vimento do processo da execução da pena. DAS RECOMPENSAS E REGALIAS, DOS DIREITOS E
O objetivo é promover a individualização da execu- DOS DEVERES DOS PRESOS
ção penal, inclusive por meio de classificação dos conde-
nados segundo os seus antecedentes e personalidade. A Seção I
atribuição é da Comissão Técnica de Classificação. Das Recompensas e Regalias
Frisa-se a exigência de ordem judicial para a inclu-
são do preso em estabelecimento penal federal, sendo Art. 31. As recompensas têm como pressuposto o bom
exigida a conferência de dados e procedimentos de co- comportamento reconhecido do condenado ou do
municação à família do preso ou pessoa por ele indica- preso provisório, de sua colaboração com a disciplina
da, prestação de informações ao preso e certificação das e de sua dedicação ao trabalho.
condições físicas e mentais do preso. Parágrafo único. As recompensas objetivam motivar a
O preso transferido dos sistemas penitenciários dos boa conduta, desenvolver os sentidos de responsabili-
Estados ou do Distrito Federal devem estar acompanha- dade e promover o interesse e a cooperação do preso
dos de cópia do prontuário penitenciário, seus pertences
definitivo ou provisório.
e informações acerca do pecúlio disponível.
Se forem detectados indícios de violação da integri-
Art. 32. São recompensas:
dade física ou moral do preso no ato de inclusão ou se
I - o elogio; e
for verificado quadro de debilidade do seu estado de
II - a concessão de regalias.
saúde, tal fato deverá ser imediatamente comunicado ao
diretor do estabelecimento penal federal para que tome
Art. 33. Será considerado para efeito de elogio a prá-
as providências cabíveis.
tica de ato de excepcional relevância humanitária ou
TÍTULO V – DA ASSISTÊNCIA AO PRESO E AO do interesse do bem comum.
EGRESSO Parágrafo único. O elogio será formalizado em porta-
ria do diretor do estabelecimento penal federal.
O preso será assistido nos seguintes aspectos:
a) Assistência material: programa de atendimento às Art. 34. Constituem regalias, concedidas aos presos
necessidades básicas do preso. pelo diretor do estabelecimento penal federal:
b) Assistência à saúde: desenvolvimento de ações vi- I - assistir a sessões de cinema, teatro, shows e outras
sando garantir a correta aplicação de normas e diretrizes atividades socioculturais, em épocas especiais, fora do
da área de saúde, será de caráter preventivo e curativo horário normal;
e compreenderá os atendimentos médico, farmacêutico, II - assistir a sessões de jogos esportivos em épocas
odontológico, ambulatorial e hospitalar. especiais, fora do horário normal;
c) Assistência psiquiátrica e psicológica: prestada por III - praticar esportes em áreas específicas; e
profissionais da área, por intermédio de programas en- IV - receber visitas extraordinárias, devidamente au-
volvendo o preso e seus familiares e a instituição, com torizadas.
objetivo de: “ I - determinar o grau de responsabilidade Parágrafo único. Poderão ser acrescidas, pelo diretor
pela conduta faltosa anterior, ensejadora da aplicação do do estabelecimento penal federal, outras regalias de
regime diferenciado; e II - acompanhar, durante o pe- forma progressiva, acompanhando as diversas fases
de cumprimento da pena.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ríodo da sanção, os eventuais efeitos psíquicos de uma


reclusão severa, cientificando as autoridades superiores
das eventuais ocorrências advindas do referido regime”. Art. 35. As regalias poderão ser suspensas ou restrin-
d) Assistência educacional: instrução escolar, ensino gidas, isolada ou cumulativamente, por cometimento
básico e fundamental (obrigatório), profissionalização de conduta incompatível com este Regulamento, me-
(em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico) e diante ato motivado da diretoria do estabelecimento
desenvolvimento sociocultural. penal federal.
e) Liberdade de culto e de crença. § 1o Os critérios para controlar e garantir ao preso a
concessão e o gozo da regalia de que trata o caput
A assistência ao egresso (o liberado definitivo, pelo serão estabelecidos pela administração do estabeleci-
prazo de um ano a contar da saída do estabelecimen- mento penal federal.

6
§ 2o A suspensão ou a restrição de regalias deverá ter VI - não realizar manifestações coletivas que tenham
estrita observância na reabilitação da conduta faltosa o objetivo de reivindicação ou reclamação;
do preso, sendo retomada ulteriormente à reabilitação VII - indenizar ao Estado e a terceiros pelos danos ma-
a critério do diretor do estabelecimento penal federal. teriais a que der causa, de forma culposa ou dolosa;
VIII - zelar pela higiene pessoal e asseio da cela ou de
Seção II qualquer outra parte do estabelecimento penal fede-
Dos Direitos dos Presos ral;
IX - devolver ao setor competente, quando de sua sol-
Art. 36. Ao preso condenado ou provisório incluso no tura, os objetos fornecidos pelo estabelecimento penal
Sistema Penitenciário Federal serão assegurados to- federal e destinados ao uso próprio;
dos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. X - submeter-se à requisição das autoridades judiciais,
policiais e administrativas, bem como dos profissionais
Art. 37. Constituem direitos básicos e comuns dos pre- de qualquer área técnica para exames ou entrevistas;
sos condenados ou provisórios: XI - trabalhar no decorrer de sua pena; e
I - alimentação suficiente e vestuário;
XII - não portar ou não utilizar aparelho de telefonia
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
móvel celular ou qualquer outro aparelho de comuni-
III - Previdência Social;
cação com o meio exterior, bem como seus componen-
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o tes ou acessórios.
trabalho, o descanso e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, CAPÍTULO II
artísticas e desportivas anteriores, desde que compatí- DA DISCIPLINA
veis com a execução da pena;
VII - assistências material, à saúde, jurídica, educacio- Art. 39. Os presos estão sujeitos à disciplina, que con-
nal, social, psicológica e religiosa; siste na obediência às normas e determinações esta-
VIII - proteção contra qualquer forma de sensaciona- belecidas por autoridade competente e no respeito às
lismo; autoridades e seus agentes no desempenho de suas
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; atividades funcionais.
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
amigos em dias determinados; Art. 40. A ordem e a disciplina serão mantidas pelos
XI - chamamento nominal; servidores e funcionários do estabelecimento penal
XII - igualdade de tratamento, salvo quanto às exigên- federal por intermédio dos meios legais e regulamen-
cias da individualização da pena; tares adequados.
XIII - audiência especial com o diretor do estabeleci-
mento penal federal; Art. 41. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
em defesa de direito; e
XV - contato com o mundo exterior por meio de cor- CAPÍTULO III
respondência escrita, da leitura e de outros meios de DAS FALTAS DISCIPLINARES
informação que não comprometam a moral e os bons
costumes. Art. 42. As faltas disciplinares, segundo sua natureza,
Parágrafo único. Diante da dificuldade de comunica- classificam-se em:
ção, deverá ser identificado entre os agentes, os téc-
I - leves;
nicos, os médicos e outros presos quem possa acom-
II - médias; e
panhar e assistir o preso com proveito, no sentido de
III - graves.
compreender melhor suas carências, para traduzi-las
com fidelidade à pessoa que irá entrevistá-lo ou tratá- Parágrafo único. As disposições deste Regulamento
-lo. serão igualmente aplicadas quando a falta disciplinar
ocorrer fora do estabelecimento penal federal, durante
Seção III a movimentação do preso.
Dos Deveres dos Presos
Seção I
Art. 38. Constituem deveres dos presos condenados Das Faltas Disciplinares de Natureza Leve
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ou provisórios:
I - respeitar as autoridades constituídas, servidores pú- Art. 43. Considera-se falta disciplinar de natureza
blicos, funcionários e demais presos; leve:
II - cumprir as normas de funcionamento do estabele- I - comunicar-se com visitantes sem a devida autori-
cimento penal federal; zação;
III - manter comportamento adequado em todo o de- II - manusear equipamento de trabalho sem autoriza-
curso da execução da pena federal; ção ou sem conhecimento do encarregado, mesmo a
IV - submeter-se à sanção disciplinar imposta; pretexto de reparos ou limpeza;
V - manter conduta oposta aos movimentos individu- III - utilizar-se de bens de propriedade do Estado, de
ais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou forma diversa para a qual recebeu;
à disciplina; IV - estar indevidamente trajado;

7
V - usar material de serviço para finalidade diversa da XVI - transitar ou permanecer em locais não autori-
qual foi prevista, se o fato não estiver previsto como zados;
falta grave; XVII - não se submeter às requisições administrativas,
VI - remeter correspondência, sem registro regular judiciais e policiais;
pelo setor competente; XVIII - descumprir as datas e horários das rotinas esti-
VII - provocar perturbações com ruídos e vozerios ou puladas pela administração para quaisquer atividades
vaias; e no estabelecimento penal federal; e
VIII - desrespeito às demais normas de funcionamento XIX - ofender os incisos I, III, IV e VI a X do art. 39 da
do estabelecimento penal federal, quando não confi- Lei nº 7.210, de 1984.
gurar outra classe de falta.

#FicaDica
#FicaDica
Punem-se como faltas disciplinares de na-
O rol de faltas disciplinares de natureza tureza grave a ofensa aos deveres previstos
leve é exemplificativo, abrangendo não nos seguintes incisos da LEP:
apenas as enumeradas dos incisos I a VII, I - comportamento disciplinado e cumpri-
como também outros descumprimentos a mento fiel da sentença;
deveres e a normas de funcionamento do [...]
estabelecimento que não sejam punidos III - urbanidade e respeito no trato com os
como falta mais grave. demais condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos indivi-
duais ou coletivos de fuga ou de subversão à
Seção II
ordem ou à disciplina;
Das Faltas Disciplinares de Natureza Média
[...]
VI - submissão à sanção disciplinar impos-
Art. 44. Considera-se falta disciplinar de natureza mé-
ta;
dia:
VII - indenização à vitima ou aos seus su-
I - atuar de maneira inconveniente, faltando com os
cessores;
deveres de urbanidade frente às autoridades, aos fun-
VIII - indenização ao Estado, quando possí-
cionários, a outros sentenciados ou aos particulares
vel, das despesas realizadas com a sua ma-
no âmbito do estabelecimento penal federal;
nutenção, mediante desconto proporcional
II - fabricar, fornecer ou ter consigo objeto ou material
da remuneração do trabalho;
cuja posse seja proibida em ato normativo do Depar-
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alo-
tamento Penitenciário Nacional;
jamento;
III - desviar ou ocultar objetos cuja guarda lhe tenha
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
sido confiada;
IV - simular doença para eximir-se de dever legal ou
regulamentar; Seção III
V - divulgar notícia que possa perturbar a ordem ou Das Faltas Disciplinares de Natureza Grave
a disciplina;
VI - dificultar a vigilância em qualquer dependência Art. 45. Considera-se falta disciplinar de natureza gra-
do estabelecimento penal federal; ve, consoante disposto na Lei nº 7.210, de 1984, e le-
VII - perturbar a jornada de trabalho, a realização de gislação complementar:
tarefas, o repouso noturno ou a recreação; I - incitar ou participar de movimento para subverter
VIII - inobservar os princípios de higiene pessoal, da a ordem ou a disciplina;
cela e das demais dependências do estabelecimento II - fugir;
penal federal; III - possuir indevidamente instrumento capaz de
IX - portar ou ter, em qualquer lugar do estabeleci- ofender a integridade física de outrem;
mento penal federal, dinheiro ou título de crédito; IV - provocar acidente de trabalho;
X - praticar fato previsto como crime culposo ou con- V - deixar de prestar obediência ao servidor e respeito
travenção, sem prejuízo da sanção penal; a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XI - comunicar-se com presos em cela disciplinar ou VI - deixar de executar o trabalho, as tarefas e as or-
regime disciplinar diferenciado ou entregar-lhes qual- dens recebidas; e
quer objeto, sem autorização; VII - praticar fato previsto como crime doloso.
XII - opor-se à ordem de contagem da população car-
cerária, não respondendo ao sinal convencional da CAPÍTULO IV
autoridade competente; DA SANÇÃO DISCIPLINAR
XIII - recusar-se a deixar a cela, quando determinado,
mantendo-se em atitude de rebeldia; Art. 46. Os atos de indisciplina serão passíveis das se-
XIV - praticar atos de comércio de qualquer natureza; guintes penalidades:
XV - faltar com a verdade para obter qualquer van- I - advertência verbal;
tagem; II - repreensão;

8
III - suspensão ou restrição de direitos, observadas as CAPÍTULO V
condições previstas no art. 41, parágrafo único, da Lei DAS MEDIDAS CAUTELARES ADMINISTRATIVAS
nº 7.210, de 1984;
IV - isolamento na própria cela ou em local adequado; Art. 52. O diretor do estabelecimento penal federal po-
e derá determinar em ato motivado, como medida cau-
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. telar administrativa, o isolamento preventivo do preso,
§ 1o A advertência verbal é punição de caráter educa- por período não superior a dez dias.
tivo, aplicável às infrações de natureza leve.
§ 2o A repreensão é sanção disciplinar revestida de Art. 53. Ocorrendo rebelião, para garantia da segu-
maior rigor no aspecto educativo, aplicável em casos rança das pessoas e coisas, poderá o diretor do esta-
de infração de natureza média, bem como aos reinci- belecimento penal federal, em ato devidamente mo-
dentes de infração de natureza leve. tivado, suspender as visitas aos presos por até quinze
dias, prorrogável uma única vez por até igual período.
Art. 47. Às faltas graves correspondem as sanções de
suspensão ou restrição de direitos, ou isolamento. TÍTULO VII – DAS NORMAS DE APLICAÇÃO DO RE-
GIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
Art. 48. A prática de fato previsto como crime doloso
e que ocasione subversão da ordem ou da disciplina No RDD o preso é mantido em cela individual 22 ho-
internas sujeita o preso, sem prejuízo da sanção penal, ras por dia, podendo ser visitado por até duas pessoas
ao regime disciplinar diferenciado. em uma semana, tomando um banho de sol por dia de
duas horas no máximo.
Art. 49. Compete ao diretor do estabelecimento penal Haverá uso de algemas nas movimentações internas
federal a aplicação das sanções disciplinares referen- e externas. Não é permitido ao preso receber jornais ou
tes às faltas médias e leves, ouvido o Conselho Disci- ver televisão, ou qualquer contato com o mundo externo.
plinar, e à autoridade judicial, as referentes às faltas O preso poderá ficar sob este regime por 360 dias,
graves.
renováveis até o limite de 1/6 da pena a ser cumprida,
após o qual deve retornar ao regime prisional tradicional.
Art. 50. A suspensão ou restrição de direitos e o iso-
A solicitação de inclusão de preso no regime discipli-
lamento na própria cela ou em local adequado não
nar diferenciado é feita pelo diretor do estabelecimento
poderão exceder a trinta dias, mesmo nos casos de
penal federal, que instruirá o expediente com o termo de
concurso de infrações disciplinares, sem prejuízo da
declarações da pessoa visada e de sua defesa técnica, se
aplicação do regime disciplinar diferenciado.
possível. O mesmo diretor também poderá recomendar
§ 1o O preso, antes e depois da aplicação da sanção
disciplinar consistente no isolamento, será submetido ao diretor do Sistema Penitenciário Federal que requeira
a exame médico que ateste suas condições de saúde. à autoridade judiciária a reconsideração da decisão de
§ 2o O relatório médico resultante do exame de que incluir o preso no citado regime ou tenha por desneces-
trata o § 1o será anexado no prontuário do preso. sário ou inconveniente o prosseguimento da sanção.
Salvo se houver má conduta denotada no curso do
Art. 51. Pune-se a tentativa com a sanção correspon- regime e sua persistência no sistema comum, é possível
dente à falta consumada. que o RDD seja invocado para desprestigiar o mérito do
Parágrafo único. O preso que concorrer para o come- sentenciado.
timento da falta disciplinar incidirá nas sanções comi- Contudo, o cumprimento do regime disciplinar dife-
nadas à sua culpabilidade. renciado exaure a sanção e nunca poderá ser invocado
para fundamentar novo pedido de inclusão.

#FicaDica TÍTULO VIII – DO PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO


DE FALTAS DISCIPLINARES, DA CLASSIFICAÇÃO
Advertência verbal – faltas de natureza leve; DA CONDUTA E DA REABILITAÇÃO
Repreensão – faltas de natureza média e
reincidência em faltas de natureza leve; CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO
* Estas podem ser aplicadas diretamente DE FALTAS DISCIPLINARES
pelo diretor do estabelecimento. Não poderá atuar como encarregado ou secretário,
Suspensão ou restrição de direitos, ou iso-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

em qualquer ato do procedimento de apuração, amigo


lamento – faltas graves – limite de 30 dias, íntimo ou desafeto, parente consanguíneo ou afim, em
sem prejuízo de eventual cabimento do linha reta ou colateral, até o terceiro grau inclusive, côn-
RDD; juge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo fa-
Regime Disciplinar Diferenciado – prática miliar do denunciante ou do acusado.
de fato previsto como crime doloso e que O acusado tem direito de defesa.
ocasione subversão da ordem ou da disci- O procedimento será instaurado a partir de comuni-
plina internas. cado feito por servidor que presenciar ou tomar conhe-
* Para que o diretor aplique estas, precisa cimento de falta dirigido ao diretor do estabelecimen-
ouvir o Conselho Disciplinar e a autoridade to, sem prejuízo da comunicação às demais autoridades
judicial. competentes no caso de ilícito penal.

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A portaria do diretor que instaura o procedimento CAPÍTULO II – DA CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA E
deve conter: descrição sucinta dos fatos, constando o DA REABILITAÇÃO
tempo, modo, lugar, indicação da falta e demais infor- Classificação da conduta do preso:
mações pertinentes, bem como, sempre que possível, a a) Ótimo comportamento carcerário: decorrente de
identificação dos seus autores com o nome completo e a prontuário sem anotações de falta disciplinar, desde o
respectiva matrícula. ingresso do preso no estabelecimento penal federal até
O prazo para conclusão é de 30 dias. o momento da requisição do atestado de conduta, so-
Se necessário, antes da instauração, pode ser promo- mado à anotação de uma ou mais recompensas.
vida investigação preliminar. b) Bom comportamento carcerário: decorrente de
Quanto à instrução, prevê o artigo 66: prontuário sem anotações de falta disciplinar, desde o
ingresso do preso no estabelecimento penal federal até
Art. 66. Caberá à autoridade que presidir o procedi- o momento da requisição do atestado de conduta. Equi-
mento elaborar o termo de instalação dos trabalhos para-se ao bom comportamento carcerário o do preso
e, quando houver designação de secretário, o termo cujo prontuário registra a prática de faltas, com reabilita-
de compromisso deste em separado, providenciando ção posterior de conduta.
o que segue: c) Comportamento regular: preso cujo prontuário re-
I - designação de data, hora e local da audiência; gistra a prática de faltas médias ou leves, sem reabilita-
II - citação do preso e intimação de seu defensor, cien- ção de conduta.
tificando-os sobre o comparecimento em audiência na d) Mau comportamento carcerário: preso cujo pron-
data e hora designadas; e tuário registra a prática de falta grave, sem reabilitação
III - intimação das testemunhas. de conduta.
§ 1o Na impossibilidade de citação do preso definitivo Quanto aos prazos de reabilitação, estão previstos no
ou provisório, decorrente de fuga, ocorrerá o sobresta- artigo 81:
mento do procedimento até a recaptura, devendo ser
Art. 81. O preso terá os seguintes prazos para reabili-
informado o juízo competente.
tação da conduta, a partir do término do cumprimen-
§ 2o No caso de o preso não possuir defensor consti-
to da sanção disciplinar:
tuído, será providenciada a imediata comunicação à
I - três meses, para as faltas de natureza leve;
área de assistência jurídica do estabelecimento penal
II - seis meses, para as faltas de natureza média;
federal para designação de defensor público.
III - doze meses, para as faltas de natureza grave; e
IV - vinte e quatro meses, para as faltas de natureza
Será realizada audiência, facultada a apresentação de
grave que forem cometidas com grave violência à pes-
defesa preliminar, prosseguindo-se com o interrogatório
soa ou com a finalidade de incitamento à participação
do preso e a oitiva das testemunhas, seguida da defesa em movimento para subverter a ordem e a disciplina
final oral ou por escrito. que ensejarem a aplicação de regime disciplinar dife-
O acusado tem direito de permanecer calado e de renciado.
não responder às perguntas que lhe forem formuladas,
sendo que o silêncio não importará em confissão. Já a TÍTULO IX – DOS MEIOS DE COERÇÃO
testemunha tem o dever de depor, salvo se proibida ou Considerada a importância deste conteúdo para o
impedida. concurso em questão e seu texto puramente normativo,
Se o preso comparecer na audiência desacompanha- segue abaixo com grifos:
do de advogado, ser-lhe-á designado pela autoridade
defensor para a promoção de sua defesa. Art. 84. Os meios de coerção só serão permitidos
Ao final, a autoridade designada elaborará relatório quando forem inevitáveis para proteger a vida hu-
final, no prazo de 3 dias da audiência. O diretor do es- mana e para o controle da ordem e da disciplina do
tabelecimento penal federal proferirá a decisão final, to- estabelecimento penal federal, desde que tenham sido
mando as seguintes providências, nos termos do artigo esgotadas todas as medidas menos extremas para se
72: alcançar este objetivo.
Parágrafo único. Os servidores e funcionários que re-
I - ciência por escrito ao preso e seu defensor; correrem ao uso da força, limitar-se-ão a utilizar a
II - registro em ficha disciplinar; mínima necessária, devendo informar imediatamente
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - juntada de cópia do procedimento disciplinar no ao diretor do estabelecimento penal federal sobre o
prontuário do preso; incidente.
IV - remessa do procedimento ao juízo competente, nos
casos de isolamento preventivo e falta grave; e Art. 85. A sujeição a instrumentos tais como algemas,
V - comunicação à autoridade policial competente, correntes, ferros e coletes de força nunca deve ser apli-
quando a conduta faltosa constituir ilícito penal. cada como punição.
Parágrafo único. A utilização destes instrumentos será
No prazo de cinco dias, caberá recurso da decisão disciplinada pelo Ministério da Justiça.
de aplicação de sanção disciplinar consistente em isola-
mento celular, suspensão ou restrição de direitos, ou de Art. 86. As armas de fogo letais não serão usadas, salvo
repreensão. quando estritamente necessárias.

10
§ 1o É proibido o porte de arma de fogo letal nas áreas TÍTULO XI – DAS REVISTAS
internas do estabelecimento penal federal.
§ 2o As armas de fogo letais serão portadas pelos A revista consiste no exame de pessoas e bens que
agentes penitenciários federais exclusivamente em venham a ter acesso ao estabelecimento penal federal,
movimentações externas e nas ações de guarda e vi- com a finalidade de detectar objetos, produtos ou subs-
gilância do estabelecimento penal federal, das mura- tâncias não permitidos pela administração.
lhas, dos alambrados e das guaritas que compõem as
suas edificações. TÍTULO XII – DO TRABALHO E DO CONTATO EX-
TERNO
Art. 87. Somente será permitido ao estabelecimento
penal federal utilizar cães para auxiliar na vigilância e Disciplinam os artigos 98 a 100 do regulamento:
no controle da ordem e da disciplina após cumprirem
todos os requisitos exigidos em ato do Ministério da Art. 98. Todo preso, salvo as exceções legais, deverá
Justiça que tratar da matéria. submeter-se ao trabalho, respeitadas suas condições
individuais, habilidades e restrições de ordem de se-
Art. 88. Outros meios de coerção poderão ser adota- gurança e disciplina.
dos, desde que disciplinada sua finalidade e uso pelo
§ 1o Será obrigatória a implantação de rotinas de tra-
Ministério da Justiça.
balho aos presos em regime disciplinar diferenciado,
desde que não comprometa a ordem e a disciplina do
Art. 89. Poderá ser criado grupo de intervenção, com-
posto por agentes penitenciários, para desempenhar estabelecimento penal federal.
ação preventiva e resposta rápida diante de atos de § 2o O trabalho aos presos em regime disciplinar dife-
insubordinação dos presos, que possam conduzir a renciado terá caráter remuneratório e laborterápico,
uma situação de maior proporção ou com efeito pre- sendo desenvolvido na própria cela ou em local ade-
judicial sobre a disciplina e ordem do estabelecimento quado, desde que não haja contato com outros presos.
penal federal. § 3o O desenvolvimento do trabalho não poderá com-
prometer os procedimentos de revista e vigilância,
Art. 90. O diretor do estabelecimento penal federal, nem prejudicar o quadro funcional com escolta ou vi-
nos casos de denúncia de tortura, lesão corporal, gilância adicional.
maus-tratos ou outras ocorrências de natureza simi-
lar, deve, tão logo tome conhecimento do fato, pro- Art. 99. O contato externo é requisito primordial no
videnciar, sem prejuízo da tramitação do adequado processo de reinserção social do preso, que não deve
procedimento para apuração dos fatos: ser privado da comunicação com o mundo exterior na
I - instauração imediata de adequado procedimento forma adequada e por intermédio de recurso permiti-
apuratório; do pela administração, preservada a ordem e a disci-
II - comunicação do fato à autoridade policial para as plina do estabelecimento penal federal.
providências cabíveis, nos termos do art. 6o do Código
de Processo Penal; Art. 100. A correspondência escrita entre o preso e
III - comunicação do fato ao juízo competente, soli- seus familiares e afins será efetuada pelas vias regu-
citando a realização de exame de corpo de delito, se lamentares.
for o caso; § 1o É livre a correspondência, condicionada a sua ex-
IV - comunicação do fato à Corregedoria-Geral do Sis- pedição e recepção às normas de segurança e discipli-
tema Penitenciário Federal, para que proceda, quando na do estabelecimento penal federal.
for o caso, ao acompanhamento do respectivo proce- § 2o A troca de correspondência não poderá ser res-
dimento administrativo; e
tringida ou suspensa a título de sanção disciplinar.
V - comunicação à família da vítima ou pessoa por
ela indicada.
TÍTULO XIII – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSI-
TÍTULO X – DAS VISITAS E DA ENTREVISTA COM TÓRIAS
ADVOGADO

As visitas têm a finalidade de preservar e estreitar as


relações do preso com a sociedade, principalmente com EXERCÍCIO COMENTADO
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sua família, parentes e companheiros. As visitas comuns


poderão ser realizadas uma vez por semana, sendo que
os visitantes devem ser autorizados. O período é de 3 1. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 -
horas. A visita íntima tem por finalidade fortalecer as CESPE/2015) O agente penitenciário João foi escalado
relações familiares do preso e será regulamentada pelo de última hora, às nove horas da manhã, devido a uma
Ministério da Justiça. movimentação interna dos presos da ala sul que cum-
As entrevistas com advogado deverão ser previamen- priam regime disciplinar diferenciado e que iriam para o
te agendadas, mediante requerimento, escrito ou oral, à banho de Sol. Diante de atos de insubordinação dos pre-
direção do estabelecimento penal federal, que designará sos daquela ala, João equipou-se com sua arma de fogo
imediatamente data e horário para o atendimento reser- e deslocou-se para o local da movimentação, preparado
vado, dentro dos dez dias subsequentes. para conduzir eventual situação de violência e evitar, as-

11
sim, um efeito prejudicial sobre a disciplina e a ordem do A pena é agravada para quem exerce o comando, in-
estabelecimento penal federal. Ao chegar ao local, João dividual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que
adotou os procedimentos de revista pessoal e, em segui- não pratique pessoalmente atos de execução.
da, determinou que os presos se dirigissem ao pátio para A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
o banho de Sol. Sua ordem foi cumprida por nove presos; terços):
porém, um deles, faltando com os deveres de urbanida- – se há participação de criança ou adolescente.
de para com João, em aparente ato de rebeldia, recusou- – se há concurso de funcionário público, valendo-se a
-se a deixar a cela, o que foi presenciado por outro agen- organização criminosa dessa condição para a prática de
te penitenciário. Ao perceber que havia outro agente, o infração penal.
preso cumpriu a ordem e foi advertido verbalmente por – se o produto ou proveito da infração penal desti-
João, que informou que se o ato de indisciplina se repe- nar-se, no todo ou em parte, ao exterior.
tisse, o fato seria formalizado no livro de ocorrências e, – se a organização criminosa mantém conexão com
com isso, o preso se sujeitaria às penalidades legais. Ao outras organizações criminosas independentes.
término do banho de Sol, às onze horas da manhã, por – se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
determinação superior, os presos voltaram às celas. cionalidade da organização.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item subse- Se houver indícios suficientes de que o funcionário
cutivo com base no Regulamento Penitenciário Federal.
público integra organização criminosa, poderá o juiz de-
O período concedido para o banho de Sol foi adequada-
terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou
mente observado por João de acordo com o que precei-
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
tua o Regulamento Penitenciário Federal acerca da apli-
cação do regime disciplinar diferenciado. se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
A condenação com trânsito em julgado acarretará ao
( ) CERTO ( ) ERRADO funcionário público a perda do cargo, função, emprego
ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos sub-
Resposta: Certo. O Regulamento Penitenciário Fede-
sequentes ao cumprimento da pena.
ral, sobre a aplicação do regime disciplinar diferen-
Se houver indícios de participação de policial nos
ciado, prevê em seu artigo 58, II: “o cumprimento do
crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia
regime disciplinar diferenciado em estabelecimento
penal federal, além das características elencadas nos instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério
incisos I a VI do art. 6o, observará o que segue: [...] II - Público, que designará membro para acompanhar o feito
banho de sol de duas horas diárias”. até a sua conclusão.
Em qualquer fase da persecução penal, serão permi-
tidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os se-
guintes meios de obtenção da prova:
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E LAVAGEM – colaboração premiada.
DE DINHEIRO. LEI Nº 12.850/2013. – captação ambiental de sinais eletromagnéticos, óp-
ticos ou acústicos.
– ação controlada.
Considera-se organização criminosa a associação de – acesso a registros de ligações telefônicas e telemá-
4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e ticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informal- públicos ou privados e a informações eleitorais ou co-
mente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, merciais.
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de – interceptação de comunicações telefônicas e tele-
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores máticas, nos termos da legislação específica.
a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. – afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal,
Esta Lei se aplica também às infrações penais pre- nos termos da legislação específica.
vistas em tratado ou convenção internacional quando, – infiltração, por policiais, em atividade de investiga-
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou de- ção.
vesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente. E – cooperação entre instituições e órgãos federais,
também às organizações terroristas, entendidas como
distritais, estaduais e municipais na busca de provas e
aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo
informações de interesse da investigação ou da instrução
legalmente definidos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

criminal.
Quem promover, constituir, financiar ou integrar, pes-
soalmente ou por interposta pessoa, organização crimi- O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder
nosa, a pena cominada é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena
anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de di-
às demais infrações penais praticadas. reitos daquele que tenha colaborado efetiva e volunta-
Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qual- riamente com a investigação e com o processo criminal,
quer forma, embaraça a investigação de infração penal desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
que envolva organização criminosa. seguintes resultados:
As penas aumentam-se até a metade se na atuação – a identificação dos demais coautores e partícipes
da organização criminosa houver emprego de arma de da organização criminosa e das infrações penais por eles
fogo. praticadas.

12
– a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de Nos depoimentos que prestar, o colaborador renun-
tarefas da organização criminosa. ciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio
– a prevenção de infrações penais decorrentes das e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
atividades da organização criminosa. Em todos os atos de negociação, confirmação e exe-
– a recuperação total ou parcial do produto ou do cução da colaboração, o colaborador deverá estar assis-
proveito das infrações penais praticadas pela organiza- tido por defensor.
ção criminosa. Nenhuma sentença condenatória será proferida com
– a localização de eventual vítima com a sua integri- fundamento apenas nas declarações de agente colabo-
dade física preservada. rador.
Em qualquer caso, a concessão do benefício levará São direitos do colaborador:
em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as – usufruir das medidas de proteção previstas na legis-
circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato lação específica.
criminoso e a eficácia da colaboração. – ter nome, qualificação, imagem e demais informa-
Considerando a relevância da colaboração prestada, ções pessoais preservados.
o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado – ser conduzido, em juízo, separadamente dos de-
de polícia, nos autos do inquérito policial, com a mani- mais coautores e partícipes.
festação do Ministério Público, poderão requerer ou re- – participar das audiências sem contato visual com os
presentar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao outros acusados.
colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido – não ter sua identidade revelada pelos meios de
previsto na proposta inicial. comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua
O prazo para oferecimento de denúncia ou o proces- prévia autorização por escrito.
so, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até – cumprir pena em estabelecimento penal diverso
6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que dos demais corréus ou condenados.
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspen- – O termo de acordo da colaboração premiada deve-
dendo-se o respectivo prazo prescricional. rá ser feito por escrito e conter:
O Ministério Público poderá deixar de oferecer de- – o relato da colaboração e seus possíveis resultados.
núncia se o colaborador não for o líder da organização – as condições da proposta do Ministério Público ou
criminosa, e se for o primeiro a prestar efetiva colabora- do delegado de polícia.
– a declaração de aceitação do colaborador e de seu
ção.
defensor.
Se a colaboração for posterior à sentença, a pena
– as assinaturas do representante do Ministério Públi-
poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a
co ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu
progressão de regime ainda que ausentes os requisitos
defensor.
objetivos.
– a especificação das medidas de proteção ao colabo-
O juiz não participará das negociações realizadas en-
rador e à sua família, quando necessário.
tre as partes para a formalização do acordo de colabo-
O pedido de homologação do acordo será sigilosa-
ração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o inves- mente distribuído, contendo apenas informações que
tigado e o defensor, com a manifestação do Ministério não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público As informações pormenorizadas da colaboração se-
e o investigado ou acusado e seu defensor. rão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribui-
O juiz poderá recusar homologação à proposta que ção, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministé-
concreto. rio Público e ao delegado de polícia, como forma de ga-
Depois de homologado o acordo, o colaborador po- rantir o êxito das investigações, assegurando-se ao de-
derá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvi- fensor, no interesse do representado, amplo acesso aos
do pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado elementos de prova que digam respeito ao exercício do
de polícia responsável pelas investigações. direito de defesa, devidamente precedido de autoriza-
As partes podem retratar-se da proposta, caso em ção judicial, ressalvados os referentes às diligências em
que as provas autoincriminatórias produzidas pelo co- andamento.
laborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em Consiste a ação controlada em retardar a interven-
seu desfavor. ção policial ou administrativa relativa à ação praticada
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A sentença apreciará os termos do acordo homologa- por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que
do e sua eficácia. mantida sob observação e acompanhamento para que
Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não de- a medida legal se concretize no momento mais eficaz à
nunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a formação de provas e obtenção de informações.
requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade O retardamento da intervenção policial ou adminis-
judicial. trativa será previamente comunicado ao juiz competente
Sempre que possível, o registro dos atos de colabo- que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comuni-
ração será feito pelos meios ou recursos de gravação cará ao Ministério Público.
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclu- A comunicação será sigilosamente distribuída de for-
sive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das ma a não conter informações que possam indicar a ope-
informações. ração a ser efetuada.

13
Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos O agente que não guardar, em sua atuação, a devi-
será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado da proporcionalidade com a finalidade da investigação,
de polícia, como forma de garantir o êxito das investi- responderá pelos excessos praticados. Não é punível, no
gações. âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente in-
Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circuns- filtrado no curso da investigação, quando inexigível con-
tanciado acerca da ação controlada. duta diversa.
Se a ação controlada envolver transposição de fron- São direitos do agente:
teiras, o retardamento da intervenção policial ou admi- – recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada.
nistrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das – ter sua identidade alterada, bem como usufruir das
autoridades dos países que figurem como provável iti- medidas de proteção a testemunhas.
nerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os – ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz
riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento e demais informações pessoais preservadas durante a in-
ou proveito do crime. vestigação e o processo criminal, salvo se houver decisão
A infiltração de agentes de polícia em tarefas de in- judicial em contrário.
vestigação, representada pelo delegado de polícia ou re- – não ter sua identidade revelada, nem ser fotogra-
querida pelo Ministério Público, após manifestação téc- fado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua
nica do delegado de polícia quando solicitada no curso prévia autorização por escrito.
de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, O delegado de polícia e o Ministério Público terão
motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá acesso, independentemente de autorização judicial, ape-
seus limites. nas aos dados cadastrais do investigado que informem
Na hipótese de representação do delegado de polí- exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o en-
cia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Minis- dereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefô-
tério Público. nicas, instituições financeiras, provedores de internet e
Será admitida a infiltração se houver indícios de in- administradoras de cartão de crédito.
fração penal e se a prova não puder ser produzida por As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo
outros meios disponíveis. de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do
A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos
meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que de dados de reservas e registro de viagens.
comprovada sua necessidade. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel mante-
Findo o prazo, o relatório circunstanciado será apre- rão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, registros de identifica-
sentado ao juiz competente, que imediatamente cientifi- ção dos números dos terminais de origem e de destino
cará o Ministério Público. das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e
No curso do inquérito policial, o delegado de polícia locais.
poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Pú-
blico poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da
atividade de infiltração.
#FicaDica
O requerimento do Ministério Público ou a represen- A Lei nº 12.850/2013 define organização
tação do delegado de polícia para a infiltração de agen- criminosa e dispõe sobre a investigação
tes conterão a demonstração da necessidade da medida, criminal, os meios de obtenção de prova,
o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os as infrações penais correlatas e o procedi-
nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da mento criminal a ser aplicado.
infiltração.
O pedido de infiltração será sigilosamente distribuí-
do, de forma a não conter informações que possam in-
dicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente
que será infiltrado.
EXERCÍCIO COMENTADO
As informações quanto à necessidade da operação de
infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competen- 1. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CES-
te, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, PE/2013) Julgue os itens seguintes, relativos à lei do cri-
após manifestação do Ministério Público na hipótese de me organizado e a crimes resultantes de preconceitos de
representação do delegado de polícia, devendo-se ado- raça e cor.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tar as medidas necessárias para o êxito das investigações Durante o inquérito policial, é necessária a autorização
e a segurança do agente infiltrado. judicial para que um agente policial se infiltre em organi-
Os autos contendo as informações da operação de zação criminosa com fins investigativos.
infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Pú-
blico, quando serão disponibilizados à defesa, assegu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
rando-se a preservação da identidade do agente.
Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado Resposta: Certo. Disciplina a Lei nº 12.850/2013 em
sofre risco iminente, a operação será sustada mediante seu artigo 10: “a infiltração de agentes de polícia em
requisição do Ministério Público ou pelo delegado de tarefas de investigação, representada pelo delegado
polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após
e à autoridade judicial. manifestação técnica do delegado de polícia quando

14
solicitada no curso de inquérito policial, será precedi- ficação dos autores, coautores e partícipes, ou à loca-
da de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização lização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
judicial, que estabelecerá seus limites”.
Bem jurídico
Para a posição dominante, é a ordem econômico-fi-
nanceira.
LEI Nº 9.613/1998.
Tipo objetivo
Dissimular a natureza, origem, localização, disposi-
ção, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou
valores é a conduta de “lavagem” de dinheiro, do inglês,
Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de money laundering. A conduta envolve, geralmente, 3 fa-
bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sis- ses: colocação do dinheiro ilícito no sistema financeiro
tema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o dificultando-se a análise de procedência; realização de
Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, negócios e movimentações para impedir o rastreamento
e dá outras providências. e impedir a descoberta da origem ilícita; e incorporação
Basicamente, o papel da lei consiste em: dos bens ao sistema econômico conferindo-se aparência
- Tipificar os crimes de “lavagem” e ocultação de lícita (por exemplo, mediante transações, superfatura-
bens, direitos e valores; mentos e aquisição de bens).
- Criar medidas de prevenção do uso do sistema fi- O caput abrange também a conduta de ocultar a na-
nanceiro para a prática destes ilícitos; tureza, origem, localização, disposição, movimentação
- Criar o Conselho de Controle de Atividades Finan- ou propriedade de bens, direitos ou valores. Já o § 1o,
ceiras – COAF. I traz condutas fragmentadas que são usuais na prática
do delito descrito no caput, mas que não implicam em
CAPÍTULO I resultado material necessário. Assim, o caput traz crimes
Dos Crimes de “Lavagem” ou Ocultação de Bens, materiais e o § 1o, I traz crimes formais (se o resultado
Direitos e Valores ocorrer, incide-se no caput). O § 1o, II descreve a conduta
do receptador de bens, direitos e valores provenientes
Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, loca- de infração penal, responsável pelo encaminhamento do
lização, disposição, movimentação ou propriedade de patrimônio para a lavagem. O § 1o, III descreve a condu-
bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indi- ta de exportação e de importação com o propósito de
retamente, de infração penal. ocultação. Adiante, o § 2o tipifica no inciso I a conduta
I a VIII – (Revogados). de utilização dos bens, direitos e valores provenientes de
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. infração penal (cabe o dolo eventual, bastando a suspeita
§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou razoável do autor do fato acerca da ilicitude dos bens,
dissimular a utilização de bens, direitos ou valores direitos e valores); e no inciso II a de participação em
provenientes de infração penal: grupo, associação ou escritório ciente de que a atividade
I - os converte em ativos lícitos; primária ou secundária nele desenvolvida é de lavagem/
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe ocultação.
em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou Trata-se de crime derivado, pois depende da práti-
transfere; ca de outra infração penal. Na redação originária, as
III - importa ou exporta bens com valores não corres- infrações penais eram discriminadas em rol taxativo,
pondentes aos verdadeiros. mas em 2012 a legislação foi alterada para suprir o rol.
§ 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem: Logo, qualquer infração pode estar conexa à lavagem/
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, ocultação, sendo exemplos: corrupção passiva, tráfico de
direitos ou valores provenientes de infração penal; drogas, peculato, entre outros. Pode ser sido cometida
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo pela mesma pessoa que cometeu lavagem/ocultação
conhecimento de que sua atividade principal ou se- (selflaundering, cabendo concurso material – soma-se a
cundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta pena dos crimes) ou por outrem.
Lei. A tentativa é expressamente admitida (aplica-se o CP,
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo reduzindo de 1/3 a 2/3).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

único do art. 14 do Código Penal.


§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os Elemento subjetivo
crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma Dolo. Deve haver ciência de que o bem, direito ou
reiterada ou por intermédio de organização criminosa. valor objeto da lavagem é fruto de infração penal prévia.
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços Contudo, se a pessoa propositalmente, para evitar a im-
e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, fa- putabilidade, se esquiva de tomar conhecimento sobre
cultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a ilicitude do bem, direito ou valor responde como se
a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o tivesse conhecimento – aplica-se a teoria da cegueira de-
autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamen- liberada (willful blindness), conhecida como doutrina das
te com as autoridades, prestando esclarecimentos que instruções da avestruz (ostrich instructions) ou da evita-
conduzam à apuração das infrações penais, à identi- ção da consciência (conscious avoidance doctrine).

15
Causa de aumento de pena – 1/3 a 2/3 – forma rei- sob pena de atipicidade, mas não é necessário conde-
terada ou intermédio de organização criminosa. nar-se por prática dela e mesmo que quanto a ela ocorra
extinção de punibilidade ainda subsiste o delito de lava-
Causa de diminuição de pena – 1/3 a 2/3 + regi- gem/ocultação (STJ, HC no 36.837/GO).
me aberto/semiaberto, perdão judicial e substituição
por PRD (juiz no mínimo dará a redução e o regime mais Competência
favorável, mas facultativamente pode conceder perdão Regra – competência da justiça estadual; se atingir o
judicial ou comutar a pena) – COLABORAÇÃO PREMIADA sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, em
– colaboração espontânea com autoridades mediante detrimento de bens, serviços e interesses da União, se
esclarecimentos que permitam apurar as infrações, iden- a infração penal anterior for de competência da justiça
tificar envolvidos, localizar bens/valores/direitos. federal, ou se a lavagem/ocultação for praticada além do
território nacional – competência da justiça federal.

#FicaDica Procedimento
Código de Processo Penal, não se aplicando a regra
Considerando a ordem econômico-finan- de suspensão do processo nos casos de réu revel citado
ceira como bem jurídico protegido, aplica- por edital que não constitua advogado (o feito prosse-
-se o posicionamento do STF e do STJ sobre gue normalmente e é nomeado um defensor dativo).
a aplicabilidade do princípio da insignifi- A ação penal é pública incondicionada.
cância quando o valor lavado/ocultado for Não necessariamente precisa ser processado de for-
inferior a R$20.000,00 (STF, HC no 126191). ma conexa o processo penal que apure a infração penal
que deu origem ao patrimônio ilícito lavado/ocultado.

CAPÍTULO II Art. 3º (Revogado)


Disposições Processuais Especiais
Art. 4o O juiz, de ofício, a requerimento do Ministé-
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos rio Público ou mediante representação do delegado
nesta Lei: de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e
I - obedecem às disposições relativas ao procedimento quatro) horas, havendo indícios suficientes de infra-
comum dos crimes punidos com reclusão, da compe- ção penal, poderá decretar medidas assecuratórias de
tência do juiz singular; bens, direitos ou valores do investigado ou acusado,
II - independem do processo e julgamento das infra- ou existentes em nome de interpostas pessoas, que se-
ções penais antecedentes, ainda que praticados em jam instrumento, produto ou proveito dos crimes pre-
outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes vistos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes.
previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de pro- § 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para pre-
cesso e julgamento; servação do valor dos bens sempre que estiverem su-
III - são da competência da Justiça Federal: jeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação,
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
ordem econômico-financeira, ou em detrimento de § 2oO juiz determinará a liberação total ou parcial dos
bens, serviços ou interesses da União, ou de suas enti- bens, direitos e valores quando comprovada a licitude
dades autárquicas ou empresas públicas; de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens,
b) quando a infração penal antecedente for de compe- direitos e valores necessários e suficientes à reparação
tência da Justiça Federal. dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias,
§ 1o A denúncia será instruída com indícios suficien- multas e custas decorrentes da infração penal.
tes da existência da infração penal antecedente, sendo § 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem
puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desco- o comparecimento pessoal do acusado ou de interpos-
nhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a puni- ta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo
bilidade da infração penal antecedente. o juiz determinar a prática de atos necessários à con-
§ 2o No processo por crime previsto nesta Lei, não se servação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do
aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, disposto no § 1o.
de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), § 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

devendo o acusado que não comparecer nem cons- sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano
tituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o decorrente da infração penal antecedente ou da pre-
feito até o julgamento, com a nomeação de defensor vista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecu-
dativo. niária, multa e custas.
O dispositivo traz medidas cautelares de natureza pa-
Acessoriedade limitada (art. 2o, II e § 1o) trimonial e ao confisco de valores ilícitos.
O crime de lavagem/ocultação é autônomo, não de-
pendendo de condenação pela infração penal que lhe Art. 4o-A. A alienação antecipada para preservação
deu origem. Contudo, não existe absoluta independên- de valor de bens sob constrição será decretada pelo
cia porque a infração penal é elementar do crime, logo, é juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público
preciso comprovar que a infração penal anterior ocorreu, ou por solicitação da parte interessada, mediante peti-

16
ção autônoma, que será autuada em apartado e cujos § 9o Terão apenas efeito devolutivo os recursos inter-
autos terão tramitação em separado em relação ao postos contra as decisões proferidas no curso do pro-
processo principal. cedimento previsto neste artigo.
§ 1o O requerimento de alienação deverá conter a re- § 10. Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença
lação de todos os demais bens, com a descrição e a penal condenatória, o juiz decretará, em favor, confor-
especificação de cada um deles, e informações sobre me o caso, da União ou do Estado:
quem os detém e local onde se encontram. I - a perda dos valores depositados na conta remune-
§ 2o O juiz determinará a avaliação dos bens, nos au- rada e da fiança;
tos apartados, e intimará o Ministério Público. II - a perda dos bens não alienados antecipadamente
§ 3o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergên- e daqueles aos quais não foi dada destinação prévia; e
cias sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, ho- III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90
mologará o valor atribuído aos bens e determinará se- (noventa) dias após o trânsito em julgado da sentença
jam alienados em leilão ou pregão, preferencialmente condenatória, ressalvado o direito de lesado ou tercei-
eletrônico, por valor não inferior a 75% (setenta e cin- ro de boa-fé.
co por cento) da avaliação. § 11. Os bens a que se referem os incisos II e III do §
§ 4o Realizado o leilão, a quantia apurada será depo- 10 deste artigo serão adjudicados ou levados a leilão,
sitada em conta judicial remunerada, adotando-se a depositando-se o saldo na conta única do respectivo
seguinte disciplina: ente.
I - nos processos de competência da Justiça Federal e § 12. O juiz determinará ao registro público compe-
da Justiça do Distrito Federal: tente que emita documento de habilitação à circula-
a) os depósitos serão efetuados na Caixa Econômica ção e utilização dos bens colocados sob o uso e custó-
Federal ou em instituição financeira pública, mediante dia das entidades a que se refere o caput deste artigo.
documento adequado para essa finalidade; § 13. Os recursos decorrentes da alienação antecipada
b) os depósitos serão repassados pela Caixa Econômi- de bens, direitos e valores oriundos do crime de tráfico
ca Federal ou por outra instituição financeira pública ilícito de drogas e que tenham sido objeto de dissimu-
para a Conta Única do Tesouro Nacional, indepen- lação e ocultação nos termos desta Lei permanecem
dentemente de qualquer formalidade, no prazo de 24 submetidos à disciplina definida em lei específica (art.
(vinte e quatro) horas; e 62 da Lei no 11.343/06).
c) os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal O artigo 4o-A disciplina o procedimento judicial da
ou por instituição financeira pública serão debitados venda antecipada de bens (móveis ou imóveis), direitos
à Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de ou valores constritos em razão de medida cautelar patri-
restituição; monial ou que tenham sido apreendidos, havendo risco
II - nos processos de competência da Justiça dos Es- de perda do valor econômico pelo decurso do tempo ou
tados: dificuldade de manutenção. É necessária a presença de
a) os depósitos serão efetuados em instituição finan-
dois requisitos: bem sujeito a deterioração/depreciação
ceira designada em lei, preferencialmente pública, de
e dificuldade de manutenção do bem constrito.
cada Estado ou, na sua ausência, em instituição finan-
Legitimidade ativa – juiz, MP, parte interessada (assis-
ceira pública da União;
tente de acusação, acusado, terceiro interessado).
b) os depósitos serão repassados para a conta única de
cada Estado, na forma da respectiva legislação.
Art. 4o-B. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas
§ 5o Mediante ordem da autoridade judicial, o valor
assecuratórias de bens, direitos ou valores poderão ser
do depósito, após o trânsito em julgado da sentença
proferida na ação penal, será: suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quan-
I - em caso de sentença condenatória, nos processos do a sua execução imediata puder comprometer as
de competência da Justiça Federal e da Justiça do Dis- investigações.
trito Federal, incorporado definitivamente ao patri- As ordens de prisão e de medidas assecuratórias po-
mônio da União, e, nos processos de competência da dem ser suspensas, ouvido o MP, se a execução imediata
Justiça Estadual, incorporado ao patrimônio do Estado delas comprometer as investigações. Trata-se de ação
respectivo; controlada, que visa assegurar a efetividade da atuação
II - em caso de sentença absolutória extintiva de puni- na persecução penal.
bilidade, colocado à disposição do réu pela instituição
financeira, acrescido da remuneração da conta judi- Art. 5o Quando as circunstâncias o aconselharem, o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cial. juiz, ouvido o Ministério Público, nomeará pessoa fí-


§ 6o A instituição financeira depositária manterá con- sica ou jurídica qualificada para a administração dos
trole dos valores depositados ou devolvidos. bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecura-
§ 7o Serão deduzidos da quantia apurada no leilão to- tórias, mediante termo de compromisso.
dos os tributos e multas incidentes sobre o bem alie- Cabe a nomeação de administrador judicial.
nado, sem prejuízo de iniciativas que, no âmbito da
competência de cada ente da Federação, venham a Art. 6o A pessoa responsável pela administração dos
desonerar bens sob constrição judicial daqueles ônus. bens:
§ 8o Feito o depósito a que se refere o § 4o deste artigo, I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que
os autos da alienação serão apensados aos do proces- será satisfeita com o produto dos bens objeto da ad-
so principal. ministração;

17
II - prestará, por determinação judicial, informações § 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independente-
periódicas da situação dos bens sob sua administra- mente de tratado ou convenção internacional, quando
ção, bem como explicações e detalhamentos sobre in- o governo do país da autoridade solicitante prometer
vestimentos e reinvestimentos realizados. reciprocidade ao Brasil.
Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos § 2o Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos
bens sujeitos a medidas assecuratórias serão levados ou valores privados sujeitos a medidas assecuratórias
ao conhecimento do Ministério Público, que requererá por solicitação de autoridade estrangeira competente
o que entender cabível. ou os recursos provenientes da sua alienação serão re-
O administrador judicial será remunerado e presta- partidos entre o Estado requerente e o Brasil, na pro-
rá informações periódicas, sendo sua atuação fiscalizada porção de metade, ressalvado o direito do lesado ou
pelo MP. de terceiro de boa-fé.
A colaboração internacional se realizará por carta ro-
CAPÍTULO III gatória, seguindo a disciplina de tratados ou convenções
Dos Efeitos da Condenação internacionais celebrados entre os países ou mediante
acordos de reciprocidade.
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos
no Código Penal: CAPÍTULO V
I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos DAS PESSOAS SUJEITAS AO MECANISMO DE CON-
casos de competência da Justiça Estadual -, de todos TROLE
os bens, direitos e valores relacionados, direta ou in-
diretamente, à prática dos crimes previstos nesta Lei, O artigo 9o disciplina pessoas que são obrigadas a
inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, res- identificar clientes, manter registros e comunicar opera-
salvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; ções financeiras.
II - a interdição do exercício de cargo ou função públi-
ca de qualquer natureza e de diretor, de membro de Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts.
conselho de administração ou de gerência das pessoas 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em
caráter permanente ou eventual, como atividade prin-
jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da
cipal ou acessória, cumulativamente ou não:
pena privativa de liberdade aplicada.
I - a captação, intermediação e aplicação de recur-
§ 1o A União e os Estados, no âmbito de suas com-
sos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou
petências, regulamentarão a forma de destinação dos
estrangeira;
bens, direitos e valores cuja perda houver sido decla-
II - a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro
rada, assegurada, quanto aos processos de competên-
como ativo financeiro ou instrumento cambial;
cia da Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos
III - a custódia, emissão, distribuição, liquidação, ne-
federais encarregados da prevenção, do combate, da
gociação, intermediação ou administração de títulos
ação penal e do julgamento dos crimes previstos nesta ou valores mobiliários.
Lei, e, quanto aos processos de competência da Justiça Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
Estadual, a preferência dos órgãos locais com idêntica I - as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou
função. futuros e os sistemas de negociação do mercado de
§ 2o Os instrumentos do crime sem valor econômico balcão organizado;
cuja perda em favor da União ou do Estado for decre- II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as en-
tada serão inutilizados ou doados a museu criminal tidades de previdência complementar ou de capitali-
ou a entidade pública, se houver interesse na sua con- zação;
servação. III - as administradoras de cartões de credenciamento
Diferentemente do Código de Processo Penal, a lei ou cartões de crédito, bem como as administradoras
prevê a perda do valor dado em fiança como efeito da de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
condenação, não importando se o acusado quebrou a IV - as administradoras ou empresas que se utilizem
fiança ou se deixou de comparecer para o cumprimento de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magné-
de pena. Também se perdem outros bens, direitos e va- tico ou equivalente, que permita a transferência de
lores relacionados direta ou indiretamente ao ilícito. Sem fundos;
prejuízo, há interdição para exercício de cargo ou função V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing)
pública pelo dobro do tempo da pena aplicada.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e as de fomento comercial (factoring);


VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinhei-
CAPÍTULO IV ro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias,
Dos Bens, Direitos ou Valores Oriundos de Crimes serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aqui-
Praticados no Estrangeiro sição, mediante sorteio ou método assemelhado;
VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros
Art. 8o O juiz determinará, na hipótese de existência de que exerçam no Brasil qualquer das atividades lista-
tratado ou convenção internacional e por solicitação das neste artigo, ainda que de forma eventual;
de autoridade estrangeira competente, medidas asse- VIII - as demais entidades cujo funcionamento depen-
curatórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de da de autorização de órgão regulador dos mercados
crimes descritos no art. 1o praticados no estrangeiro. financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;

18
IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou es- de operações, que lhes permitam atender ao disposto
trangeiras, que operem no Brasil como agentes, diri- neste artigo e no art. 11, na forma disciplinada pelos
gentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer órgãos competentes;
forma representem interesses de ente estrangeiro que IV - deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atu-
exerça qualquer das atividades referidas neste artigo; alizado no órgão regulador ou fiscalizador e, na falta
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam ativi- deste, no Conselho de Controle de Atividades Finan-
dades de promoção imobiliária ou compra e venda de ceiras (Coaf), na forma e condições por eles estabe-
imóveis; lecidas;
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem V - deverão atender às requisições formuladas pelo
joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e an- Coaf na periodicidade, forma e condições por ele esta-
tiguidades. belecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem sigilo das informações prestadas.
bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a sua co- § 1º Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa
mercialização ou exerçam atividades que envolvam jurídica, a identificação referida no inciso I deste arti-
grande volume de recursos em espécie; go deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a
XIII - as juntas comerciais e os registros públicos; representá-la, bem como seus proprietários.
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mes- § 2º Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II
mo que eventualmente, serviços de assessoria, consul- deste artigo deverão ser conservados durante o perío-
toria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assis- do mínimo de cinco anos a partir do encerramento da
tência, de qualquer natureza, em operações: conta ou da conclusão da transação, prazo este que
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos poderá ser ampliado pela autoridade competente.
comerciais ou industriais ou participações societárias § 3º O registro referido no inciso II deste artigo será
de qualquer natureza; efetuado também quando a pessoa física ou jurídica,
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros seus entes ligados, houver realizado, em um mesmo
ativos; mês-calendário, operações com uma mesma pessoa,
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de pou- conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultra-
pança, investimento ou de valores mobiliários; passem o limite fixado pela autoridade competente.
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de
qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou Art. 10-A. O Banco Central manterá registro centra-
estruturas análogas; lizado formando o cadastro geral de correntistas e
e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e clientes de instituições financeiras, bem como de seus
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contra- procuradores.
tos relacionados a atividades desportivas ou artísticas
profissionais; CAPÍTULO VII
XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promo- Da Comunicação de Operações Financeiras
ção, intermediação, comercialização, agenciamento
ou negociação de direitos de transferência de atletas, Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:
artistas ou feiras, exposições ou eventos similares; I - dispensarão especial atenção às operações que, nos
XVI - as empresas de transporte e guarda de valores; termos de instruções emanadas das autoridades com-
XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comerciali- petentes, possam constituir-se em sérios indícios dos
zem bens de alto valor de origem rural ou animal ou crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;
intermedeiem a sua comercialização; e II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar
XVIII - as dependências no exterior das entidades ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela
mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e
Brasil, relativamente a residentes no País. quatro) horas, a proposta ou realização:
a) de todas as transações referidas no inciso II do art.
CAPÍTULO VI 10, acompanhadas da identificação de que trata o in-
Da Identificação dos Clientes e Manutenção de Re- ciso I do mencionado artigo; e
gistros b) das operações referidas no inciso I;
III - deverão comunicar ao órgão regulador ou fisca-
Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º: lizador da sua atividade ou, na sua falta, ao Coaf, na
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atu- periodicidade, forma e condições por eles estabele-
alizado, nos termos de instruções emanadas das auto- cidas, a não ocorrência de propostas, transações ou
ridades competentes; operações passíveis de serem comunicadas nos termos
II - manterão registro de toda transação em moeda do inciso II.
nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, § 1º As autoridades competentes, nas instruções re-
títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível feridas no inciso I deste artigo, elaborarão relação de
de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite operações que, por suas características, no que se re-
fixado pela autoridade competente e nos termos de fere às partes envolvidas, valores, forma de realização,
instruções por esta expedidas; instrumentos utilizados, ou pela falta de fundamen-
III - deverão adotar políticas, procedimentos e con- to econômico ou legal, possam configurar a hipótese
troles internos, compatíveis com seu porte e volume nele prevista.

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§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma pre- Caberá responsabilidade administrativa na falha dos
vista neste artigo, não acarretarão responsabilidade deveres de identificação de clientes, manutenção de re-
civil ou administrativa. gistros e comunicação de operações financeiras por par-
§ 3o O Coaf disponibilizará as comunicações recebidas te das pessoas jurídicas descritas no artigo 9o e de seus
com base no inciso II do caput aos respectivos órgãos administradores. A sanção aplicável será de advertência
responsáveis pela regulação ou fiscalização das pesso- nos casos menos graves, multa nos casos intermediários,
as a que se refere o art. 9o. inabilitação temporária nos casos mais sérios e cassação
da autorização nos casos de reincidência em infração pu-
Art. 11-A. As transferências internacionais e os saques nida com inabilitação temporária.
em espécie deverão ser previamente comunicados à
instituição financeira, nos termos, limites, prazos e CAPÍTULO IX
condições fixados pelo Banco Central do Brasil. Do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
CAPÍTULO VIII Art. 14. É criado, no âmbito do Ministério da Fazen-
Da Responsabilidade Administrativa
da, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
- COAF, com a finalidade de disciplinar, aplicar pe-
Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos
nas administrativas, receber, examinar e identificar as
administradores das pessoas jurídicas, que deixem de
ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas
cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão
aplicadas, cumulativamente ou não, pelas autorida- nesta Lei, sem prejuízo da competência de outros ór-
des competentes, as seguintes sanções: gãos e entidades.
I - advertência; § 1º As instruções referidas no art. 10 destinadas às
II - multa pecuniária variável não superior: pessoas mencionadas no art. 9º, para as quais não
a) ao dobro do valor da operação; exista órgão próprio fiscalizador ou regulador, serão
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivel- expedidas pelo COAF, competindo-lhe, para esses ca-
mente seria obtido pela realização da operação; ou sos, a definição das pessoas abrangidas e a aplicação
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de re- das sanções enumeradas no art. 12.
ais); § 2º O COAF deverá, ainda, coordenar e propor meca-
III - inabilitação temporária, pelo prazo de até dez nismos de cooperação e de troca de informações que
anos, para o exercício do cargo de administrador das viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à
pessoas jurídicas referidas no art. 9º; ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores.
IV - cassação ou suspensão da autorização para o § 3o O COAF poderá requerer aos órgãos da Adminis-
exercício de atividade, operação ou funcionamento. tração Pública as informações cadastrais bancárias e
§ 1º A pena de advertência será aplicada por irregu- financeiras de pessoas envolvidas em atividades sus-
laridade no cumprimento das instruções referidas nos peitas.
incisos I e II do art. 10.
§ 2o A multa será aplicada sempre que as pessoas re- Art. 15. O COAF comunicará às autoridades compe-
feridas no art. 9o, por culpa ou dolo: tentes para a instauração dos procedimentos cabíveis,
I - deixarem de sanar as irregularidades objeto de ad- quando concluir pela existência de crimes previstos
vertência, no prazo assinalado pela autoridade com- nesta Lei, de fundados indícios de sua prática, ou de
petente; qualquer outro ilícito.
II - não cumprirem o disposto nos incisos I a IV do art.
10; Art. 16. O Coaf será composto por servidores públi-
III - deixarem de atender, no prazo estabelecido, a re-
cos de reputação ilibada e reconhecida competência,
quisição formulada nos termos do inciso V do art. 10;
designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda,
IV - descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a
dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do
comunicação a que se refere o art. 11.
Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mo-
§ 3º A inabilitação temporária será aplicada quando
biliários, da Superintendência de Seguros Privados, da
forem verificadas infrações graves quanto ao cumpri- Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secreta-
mento das obrigações constantes desta Lei ou quando ria da Receita Federal do Brasil, da Agência Brasileira
ocorrer reincidência específica, devidamente caracte-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de Inteligência, do Ministério das Relações Exteriores,


rizada em transgressões anteriormente punidas com do Ministério da Justiça, do Departamento de Polícia
multa. Federal, do Ministério da Previdência Social e da Con-
§ 4º A cassação da autorização será aplicada nos troladoria-Geral da União, atendendo à indicação dos
casos de reincidência específica de infrações ante- respectivos Ministros de Estado.
riormente punidas com a pena prevista no inciso III § 1º O Presidente do Conselho será nomeado pelo
do caput deste artigo. Presidente da República, por indicação do Ministro de
Estado da Fazenda.
Art. 13. O procedimento para a aplicação das sanções § 2o Caberá recurso das decisões do Coaf relativas às
previstas neste Capítulo será regulado por decreto, as- aplicações de penas administrativas ao Conselho de
segurados o contraditório e a ampla defesa. Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

20
Art. 17. O COAF terá organização e funcionamento
definidos em estatuto aprovado por decreto do Poder
EXERCÍCIO COMENTADO
Executivo.
Regulamenta-se no Decreto no 2.799/1998. 1. (PC-MA - Investigador de Polícia - CESPE/2018) De-
terminada pessoa ocultou a origem de bens provenien-
CAPÍTULO X tes diretamente de infração penal. Provado o crime de
DISPOSIÇÕES GERAIS ocultação, foi instaurada ação penal contra essa pessoa
com fundamento nos dispositivos da Lei nº 9.613/1998,
Art. 17-A. Aplicam-se, subsidiariamente, as disposi- que dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de
ções do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 bens, direitos e valores.
(Código de Processo Penal), no que não forem incom- Nessa situação hipotética, conforme a lei nela referida,
patíveis com esta Lei.
a) cumulativamente à penalidade de reclusão, poderá o
Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público juiz aplicar multa ao agente, desde que a infração pe-
terão acesso, exclusivamente, aos dados cadastrais do nal tenha sido praticada contra o erário público.
investigado que informam qualificação pessoal, filia- b) a condenação pelo crime de ocultação de valores in-
ção e endereço, independentemente de autorização dependerá do julgamento das infrações penais ante-
judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empre- cedentes.
sas telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos c) se a pessoa acusada, citada por edital, não comparecer,
provedores de internet e pelas administradoras de nem constituir advogado, ficará suspenso o processo.
cartão de crédito. d) a competência para o processamento e o julgamento
será, em qualquer hipótese, da justiça federal.
Art. 17-C. Os encaminhamentos das instituições fi- e) haverá incidência de qualificadora, caso a infração pe-
nanceiras e tributárias em resposta às ordens judiciais nal tenha sido praticada por intermédio de organiza-
de quebra ou transferência de sigilo deverão ser, sem- ção criminosa.
pre que determinado, em meio informático, e apresen-
tados em arquivos que possibilitem a migração de in- Resposta: B. Disciplina a Lei nº 9.613/1998 em seu art.
formações para os autos do processo sem redigitação. 2º, II: “O processo e julgamento dos crimes previstos
nesta Lei: [...] II - independem do processo e julgamen-
Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor pú- to das infrações penais antecedentes, ainda que pra-
blico, este será afastado, sem prejuízo de remunera- ticados em outro país, cabendo ao juiz competente
ção e demais direitos previstos em lei, até que o juiz para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a
competente autorize, em decisão fundamentada, o unidade de processo e julgamento”.
seu retorno. A. Errada porque a lei não condiciona a aplicação da
Questiona-se a constitucionalidade do dispositivo, penalidade de multa a presença no caso concreto de
pois o mero indiciamento seria suficiente para afas- lesão ao patrimônio público – a pena é em todos ca-
tamento, não se examinando a real necessidade da sos de reclusão de 3 a 10 anos + multa.
medida cujo caráter é cautelar. C. Errada porque o processo segue com nomeação de
defensor dativo (art. 2o, § 2o).
Art. 17-E. A Secretaria da Receita Federal do Brasil D. Errada porque a competência em regra é da justiça
conservará os dados fiscais dos contribuintes pelo pra- estadual (art. 2o, III – casos de competência da justiça
zo mínimo de 5 (cinco) anos, contado a partir do início federal).
do exercício seguinte ao da declaração de renda res- E. Errada porque trata-se de causa de aumento de
pectiva ou ao do pagamento do tributo. pena a prática por meio de organização criminosa (art.
1o, § 4o).
Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
cação. 2. (ABIN - Oficial de Inteligência - CESPE/2018) Com
relação às leis penais especiais, julgue o item seguinte.
Brasília, 3 de março de 1998; 177º da Independência A caracterização do crime de lavagem de dinheiro de-
e 110º da República. pende de o agente dissimular a origem ou a propriedade
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de bens ou valores provenientes de infração penal pre-


vista em rol taxativo da lei que disciplina a matéria.

#FicaDica ( ) CERTO ( ) ERRADO


Em suma, a lavagem de dinheiro consiste
Resposta: Errado. Na redação originária, as infrações
em ocultar ou dissimular natureza, origem,
penais eram discriminadas em rol taxativo, mas em
localização, disposição, movimentação ou
2012 a legislação foi alterada para suprir o rol. Logo,
propriedades e bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, e qualquer infração pode estar conexa à lavagem/ocul-
infração penal. tação, sendo exemplos: corrupção passiva, tráfico de
drogas, peculato, entre outros.

21
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL. TEORIAS PENAIS E TEORIAS CRIMINOLÓ-
GICAS CONTEMPORÂNEAS. MECANISMOS INSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO: LEI PENAL,
JUSTIÇA CRIMINAL E PRISÃO. PROCESSOS DE CRIMINALIZAÇÃO E CRIMINALIDADE. CIFRA
OCULTA DA CRIMINALIDADE. SISTEMA PENAL E ESTRUTURA SOCIAL. POLÍTICAS DOS SER-
VIÇOS PENAIS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA
NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL. MÍDIA E CRIMINALIDADE.

FIQUE ATENTO!
O DEPEN cobrou este conteúdo com a banca CESPE em 2015, para o cargo de agente penitenciário federal.
Em suma, cobrou questões relacionadas às teorias das finalidades da pena mais conhecidas e conheci-
mentos superficiais de criminologia, os quais podem ser respondidos com as noções de política criminal
adquiridas no estudo desta legislação. Ao final, algumas destas questões estão comentadas.

“Teorias Justificacionistas da Pena


No Brasil atual, o assunto ‘poder punitivo do Estado’ está em alta. Devido aos acontecimentos políticos recentes, e
a alta da violência nas ruas, começou-se a discutir a legitimidade do Estado de punir, levando em conta aspectos legais
e morais.
Mas, quais são as teorias utilizadas para justificar a aplicação de uma pena a pessoa que comete algum fato ilícito?
Qual o modelo atuante no nosso país?
Para entender o assunto, antes precisamos compreender o conceito de pena e sua finalidade.

1. Conceito
A pena, nada mais é, do que a condição de punir qualquer pessoa que cometa alguma conduta ilícita, antijurídica
e culpável, desrespeitando a legislação penal. Há legisladores e juristas, que afirmam que a pena não é somente um
ato de punir o condenado, mas serve também como aviso aos demais, tentando assim amenizar as condutas culpáveis.

2. Finalidade
Para conceituar a finalidade de pena, a doutrina utiliza-se de 3 (três) teorias: Teoria Retributiva da Pena (Teoria Ab-
soluta), Teoria Preventiva da Pena (Teoria Relativa) e a Teoria Mista ou Unificada.
2.1 Teoria Retributiva da Pena (Teoria Absoluta)
A Teoria Absoluta, nada mais é do que retribuir a conduta ilícita com uma punição adequada ao delito, ‘olho por
olho, dente por dente’.
Essa teoria está relacionada com o preceito de justiça, combatendo o mal (conduta ilícita) com o mal (punição).
2.2 Teoria Preventiva da Pena (Teoria Relativa)
Nesta teoria, a teoria é aplicada como forma de intimidação, e prevê que se uma punição já é anteriormente prevista
na legislação, o possível delinquente não cometerá ato ilícito nem fatos criminais, com receio que o Estado execute seu
poder punitivo. A teoria também prevê, que esse a população se sentirá mais segura e com mais fé no poder público
caso este modelo seja utilizado.
A Teoria Preventiva é dividida em dois formatos:
2.2.1 Teoria Preventiva Especial
A Teoria Preventiva Especial se direciona ao delinquente concreto, ou seja, aquela que já cometeu conduta ilícita
e foi punido por tal ato, com a finalidade de que o sujeito não volte a cometer crimes. Surge com a idéia de punição
primária, aplicando severamente a legislação, para que não haja reincidência do mesmo condenado.
2.2.2 Teoria Preventiva Geral
A Teoria Preventiva Geral é voltada para a população em seu todo, prevendo penas a fim de que o criminoso em
potencial não chegue a concluir o fato ilícito, tornando a fé da sociedade no Estado mais forte. Sendo assim, a crimina-
lidade diminuiria e a sociedade se sentiria mais segura.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. Teoria Mista ou Unificada


Esta teoria, que une todas as outras, tendo em conta os aspectos relativos e absolutos da pena é a utilizada em
nosso ordenamento jurídico.
Os defensores dessa teoria, afirmam que seguir apenas um sentido para gerar um modelo de punição não abrange
toda a complexidade do assunto, tornando as teorias únicas ineficazes e incapazes de manter os direitos fundamentais
do homem.
Diante do disposto, vimos que a pena e suas teorias nada mais são elementos necessários para que a sociedade
siga uma boa convivência, tornando passível de punição qualquer atitude que fira o bom convívio e moral, dentro dos
limites aplicáveis em lei”1.

1 https://gessgaraujo.jusbrasil.com.br/artigos/579988734/as-teorias-justificacionistas-da-pena

22
A justiça criminal, além de aplicar as leis e delimitar o
#FicaDica direito, busca dar cumprimento ao decreto condenatório
e assegurar a devida proteção aos direitos e garantias
- Retributiva: a pena como um mal concre- fundamentais dos presos.
to em face de um mal concreto do crime,
ou seja, funciona como um castigo (art. 59/ ( ) CERTO ( ) ERRADO
CP). Esse sistema retributivo exige pena mí-
nima
- Preventivo: Resposta: Certo. A justiça criminal não tem apenas o
* Geral (sociedade): papel de aplicar as leis e delimitar o direito, até mesmo
a) Positivo: garante a legitimação do direito porque a pena tem várias funções. Assim, não apenas
penal. Dizer que o Estado está lá para resol- pretende fazer cumprir o decreto condenatório (apli-
ver o problema. car e executar a pena), como também busca preservar
b) Negativo: visa à intimidade da socieda- os direitos dos presos (como visto de forma ampla, o
de. Intimidar para conseguir a redução da preso tem direitos a serem preservados, como veda-
criminalidade. ção à tortura, acesso à assistência religiosa, à educa-
* Específica / Especial (réu): ção, à saúde, etc.).
a) Positiva: caráter de reeducação, reinser-
ção do condenado, ressocializar o réu.
b) Negativo: segregação, ou seja, tirar o réu
LEGISLAÇÃO ESPECIAL. LEI Nº 9.455, DE 07
de circulação (prisão).
DE ABRIL DE 1997 (ANTITORTURA).

No Brasil, o uso da tortura - seja como meio de ob-


EXERCÍCIO COMENTADO tenção de provas através da confissão, seja como forma
de castigo a prisioneiros - data dos tempos da Colônia.
Legado da Inquisição, a tortura nunca deixou de ser apli-
1. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 - cada durante os 322 anos de período colonial e nem
CESPE/2015) Julgue o item a seguir, referentes às teorias posteriormente - nos 67 anos do Império e no período
da finalidade da pena. republicano.
A teoria utilitarista da prevenção geral negativa age para Durante os chamados anos de chumbo, assim como
garantir a segurança social, com a concepção de que a na ditadura Vargas (período denominado Estado Novo
reintegração social é medida necessária para impedir ou, ou República Nova, em alusão à República Velha, que se
ao menos, diminuir a reincidência criminosa dos conde- findava), houve a prática sistemática da tortura contra
nados à pena privativa de liberdade. presos políticos - aqueles considerados subversivos, que
alegadamente ameaçavam a segurança nacional. Duran-
te o regime militar de 1964, os torturadores brasileiros
( ) CERTO ( ) ERRADO
eram em sua grande maioria militares das forças arma-
das, em especial do exército. Os principais centros de
Resposta: Errado. A reintegração social como aspec- tortura no Brasil, nesta época, eram os DOI/CODI, órgãos
to inerente à ressocialização do preso como um papel militares de defesa interna.
da pena é característica da teoria da prevenção espe- No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as dita-
cial positiva. duras militares do Brasil e de outros países da América do
Sul criaram a chamada Operação Condor, para perseguir,
2. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 - torturar e eliminar opositores. Receberam o suporte de
CESPE/2015) Julgue o item a seguir, referentes às teorias especialistas militares norte-americanos, ligados à CIA,
da finalidade da pena. que ensinaram novas técnicas de tortura para obtenção
A função preventiva especial, em razão do caráter abs- de informações.
trato da previsão legal dos delitos e das penas, enfoca o Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática
delito e não o infrator individualmente. da tortura com fins políticos. Mas as técnicas foram in-
corporadas por muitos policiais, que passaram a aplicá-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-las contra os presos comuns, “suspeitos” ou detentos.


( ) CERTO ( ) ERRADO
O artigo V da Declaração de 1948 prevê que “nin-
guém será submetido à tortura, nem a tratamento ou
Resposta: Errado. Quando se fala em prevenção es- castigo cruel, desumano ou degradante”, previsão repe-
pecial o foco é o infrator, individualmente. tida no artigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis
e Políticos e no artigo 5º da Convenção Americana sobre
3. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 - os Direitos Humanos. Vale lembrar que a tortura é o clás-
CESPE/2015) Em relação aos preceitos da criminologia sico tipo de tratamento cruel.
contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça Há uma preocupação especial da comunidade inter-
criminal, o sistema penal e a estrutura social, julgue o nacional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera
item que se segue. das Nações Unidas, tem-se a Declaração sobre a Prote-

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ção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Pe- Pela lei infraconstitucional, a tortura é disciplinada
nas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, pela Lei no 9.455, de 07 de abril de 1997, que tipifica o
adotada pela Assembleia Geral em 9 de dezembro de crime de tortura em seu artigo 1o, com pena de reclusão
1975, e a Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou de 2 a 8 anos.
Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adota- Diferentemente da disciplina internacional, a tortura
da pela Assembleia Geral em 10 de dezembro de 1984 e não é ato exclusivamente praticado por funcionário pú-
ratificada pelo Brasil em 28 de setembro de 1989. blico ou terceiro particular às suas ordens (seria crime
Na referida Declaração, o artigo 1º traz um conceito próprio) e sim ato que pode ser praticado, em regra, por
de tortura: “1. Sob os efeitos da presente declaração, será qualquer pessoa. Desta feita, o que distinguirá a tortura
entendido por tortura todo ato pelo qual um funcioná- de outros tipos penais não será a condição do agente,
rio público, ou outra pessoa a seu poder, inflija inten- mas sim a finalidade do ato ou mesmo a intensidade do
cionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos gra- sofrimento causado (esse é o critério para distinguir da
ves, sendo eles físicos ou mentais, com o fim de obter prática de maus-tratos, art. 136, CP).
dela ou de um terceiro informação ou uma confissão,
de castigá-la por um ato que tenha cometido ou seja LEI NO 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997
suspeita de que tenha cometido, ou de intimidar a essa Define os crimes de tortura e dá outras providências.
pessoa ou a outras. [...]”. No documento o conceito de
tortura pode ser assim subdividido: a) ação, não omis- Art. 1º Constitui crime de tortura:
são; b) praticada por funcionário público ou alguém sob I - constranger alguém com emprego de violência
sua autoridade; c) com dolo (intenção); d) contra uma ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
pessoa; e) consistente em penas ou sofrimentos graves, mental:
físicos ou mentais; f) visando - obtenção de informação a) com o fim de obter informação, declaração ou con-
ou confissão, castigo ou intimidação. fissão da vítima ou de terceira pessoa;
Pelo mesmo dispositivo, a pena privativa de liberdade Tortura-prova ou tortura-persecutória
que seja aplicada em obediência à lei, ou seja, sem arbi-
trariedade, em respeito aos direitos humanos consagra- b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
nosa;
dos nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos,
Tortura para a prática de crime ou tortura-crime
não é tortura. O que constitui tortura é “[...] uma forma
agravada e deliberada de tratamento ou de pena cruel,
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
desumana ou degradante”.
Tortura discriminatória ou tortura-racismo
Merece evidência, ainda, o artigo 3º da Declaração:
“Nenhum Estado poderá tolerar a tortura ou tratos ou
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa.
penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não po-
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
derão ser invocadas circunstâncias excepcionais tais
Elemento subjetivo: dolo, específico, variando para
como estado de guerra ou ameaça de guerra, instabilida- cada um dos três tipos.
de política interna ou qualquer outra emergência pública Tipo objetivo: constranger alguém mediante violência
como justificativa da tortura ou outros tratamentos ou ou grave ameaça, gerando sofrimento físico ou mental, é
penas cruéis, desumanos ou degradantes”. A tortura é conduta plurissubsistente, logo, admite tentativa.
uma ofensa tamanha à dignidade da pessoa humana que
em nenhuma hipótese pode ser praticada, suspendendo II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto-
ou excetuando as garantias que a envolvem. ridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
Os outros artigos da Declaração tratam dos deve- a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
res estatais de criminalização e punição da tortura, bem aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preven-
como de conscientização em treinamento de seus agen- tivo.
tes a respeito de sua vedação e de reparação dos danos
causados, encerrando com a invalidação de qualquer de- Tortura-castigo
claração ou confissão proferida nestas condições. Sujeito ativo: crime próprio, pois a pessoa deve ter
Em geral, a Convenção mencionada apenas amplia atributo especial consistente em guarda, poder ou auto-
as questões protetivas tratadas na Declaração, merecen- ridade sobre a outra.
do destaque o seu artigo 1º, que diferente do primeiro Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sob guar-
artigo da Declaração traz uma fórmula genérica para a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da, poder ou autoridade de outrem.


finalidade da tortura consistente em qualquer motivo Elemento subjetivo: dolo, específico pois deve ser for-
baseado em discriminação de qualquer natureza. Não ma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
obstante, exclui as sanções legítimas e lembra que se a Tipo objetivo: a conduta de submeter alguém a vio-
lei nacional ou internacional trouxer conceito mais amplo lência ou grave ameaça, intenso sofrimento físico ou
este prevalecerá. mental, é plurissubsistente e, como tal, admite tentativa.
No Brasil, a Constituição de 1988 prevê no artigo 5o, III
que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
to desumano ou degradante” e considera a prática de
tortura como crime inafiançável e insuscetível de graça § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
ou anistia (para o STF, a proibição se estende ao indulto). presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento

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físico ou mental, por intermédio da prática de ato não § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
previsto em lei ou não resultante de medida legal. graça ou anistia.
Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de se-
gurança Também é insuscetível de indulto.
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, mas na
prática será comumente cometido por quem tenha po- § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
deres no âmbito da detenção, como carcereiro ou agente hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
prisional, ou da medida de segurança, como enfermeiro. regime fechado.
Sujeito passivo: apenas pode ser pessoa presa ou su- Salvo no caso de omissão para a prática de tortura,
jeita a medida de segurança. o regime inicial de cumprimento da pena seria fechado.
Elemento subjetivo: dolo. Entretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de início de
Tipo objetivo: submeter a sofrimento físico ou mental pena em regime fechado para crimes hediondos e equi-
diverso de ato típico previsto em lei ou resultante de me- parados (HC 111.840/ES). Caberá ao juiz individualizar a
dida legal, que é plurissubsistente, admitindo tentativa. pena, inclusive quanto ao regime de cumprimento.
Evidente que a pena e a medida de segurança tipicamen-
te geram um tipo de sofrimento, não é este abrangido Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
pela conduta típica. crime não tenha sido cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, em local sob jurisdição brasileira.
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incor- Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondi-
re na pena de detenção de um a quatro anos. cionada da lei penal. O legislador quis garantir a punição
Omissão perante a tortura da prática repulsiva da tortura independentemente da
Sujeito ativo: pessoa que tivesse autoridade para evi- localização da vítima (sendo ela brasileira) ou da nacio-
tar ou apurar as condutas. nalidade do agente (estando ele sob jurisdição brasileira).
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Elemento subjetivo: dolo. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
Tipo objetivo: tratando-se de conduta omissiva, não cação.
admite tentativa.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e
Tortura qualificada 109º da República.
Tortura + lesão grave ou gravíssima = reclusão, 4 a
10 anos.
Tortura + morte = reclusão, 8 a 16 anos. #FicaDica
Em ambos casos, vai se verificar se o autor da condu-
ta realmente não quis nem assumiu o risco de produzir – Tortura-prova ou tortura persecutória –
o resultado da lesão grave/gravíssima ou da morte, ou infligida com a finalidade de obter infor-
seja, a lesão grave/gravíssima ou a morte não podem ter mação, declaração ou confissão da vítima
sido almejadas pelo autor, se forem, há concurso formal ou de terceira pessoa;
entre a tortura e a lesão (art. 129, §§ 1o e 2o, CP) ou então – Tortura para a prática de crime ou tortu-
homicídio qualificado pela tortura (art. 121, §2o, III, CP). ra-crime – infligida para provocar ação ou
omissão de natureza criminosa;
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: – Tortura discriminatória ou tortura-racis-
I - se o crime é cometido por agente público; mo – infligida em razão de discriminação
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, racial ou religiosa.
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Causas de aumento de pena
Se aplicam a todos os tipos anteriores.
EXERCÍCIO COMENTADO
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Se houver mais de uma causa presente, o juiz apenas


aumenta a pena uma vez, no montante máximo de 1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018)
1/3. Tendo como referência a legislação penal extravagante
e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun- julgue o item que se segue.
ção ou emprego público e a interdição para seu exer- A condenação pela prática de crime de tortura acarretará
cício pelo dobro do prazo da pena aplicada. a perda do cargo, função ou emprego público e a inter-
Se o sujeito ativo for funcionário público, perderá o dição para o seu exercício por prazo igual ao da pena
cargo, função ou emprego; se não for, ficará impedido de aplicada.
obtê-lo ou de tentar retornar a cargo diverso, pelo dobro ( ) CERTO ( ) ERRADO
do prazo da pena empregada.

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Resposta: Errado. Prevê a Lei nº 9.455/97, em seu O Ministério da Transparência e Controladoria-Geral
artigo 1o, § 5º: “A condenação acarretará a perda do da União (CGU) é responsável grande parte dos proce-
cargo, função ou emprego público e a interdição para dimentos como instauração e julgamento dos processos
seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada”. administrativos de responsabilização e celebração dos
acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo Fe-
2. (DPU - Defensor Público Federal - CESPE/2015) Em deral”2.
relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra O inteiro teor da legislação está disponível no seguin-
a administração pública, aos crimes de tortura e aos cri- te link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
mes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir. 2014/2013/lei/l12846.htm
Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a con-
duta consistente em, com emprego de grave ameaça, Acordo de Leniência
constranger outrem em razão de discriminação racial, “Compete à CGU celebrar acordos de leniência no
causando-lhe sofrimento mental. âmbito do Executivo Federal. Empresa deve ajudar a
identificar os envolvidos na infração, reparar o dano fi-
( ) CERTO ( ) ERRADO nanceiro e se comprometer a implementar ou melhorar
mecanismos internos de integridade.
Resposta: Certo. Nos termos do art. 1º, I, “c” da Lei nº O acordo de leniência pode ser celebrado com as
9.455/97: “Art. 1º Constitui crime de tortura: I – cons- pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos le-
tranger alguém com emprego de violência ou grave sivos previstos na Lei Anticorrupção, e dos ilícitos admi-
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: […] nistrativos previstos na Lei de Licitações e Contratos, com
c) em razão de discriminação racial ou religiosa”. vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções,
desde que colaborem efetivamente com as investigações
3. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 - e o processo administrativo.
CESPE/2015) Com base na Lei Antitortura e na Lei contra De acordo com a Lei Anticorrupção, compete ao Mi-
Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente. nistério da Transparência e Controladoria-Geral da União
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no (CGU) celebrar acordos de leniência no âmbito do Poder
exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a Executivo Federal e nos casos de atos lesivos contra a
saúde física de preso em virtude de excesso na imposi- administração pública estrangeira. Para isso, a empresa
ção da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida deve manifestar o interesse de fazer o acordo, com a
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nes- obrigação de identificar os demais envolvidos na infra-
sa situação, o referido agente responderá pelo crime de ção e ceder informações (provas) que comprovem o ilíci-
tortura. to. Além disso, a empresa deve reparar o dano financeiro
ao Erário e se comprometer a implementar ou melhorar
( ) CERTO ( ) ERRADO mecanismos internos de integridade.
O acordo isentará ou atenuará a empresa nos casos
Resposta: Errado. A Lei nº 9.455/97 prevê em seu art. de multas e penas mais graves, como a proibição de con-
1º, II: “Constitui crime de tortura: [...] II - submeter al- tratar com a Administração Pública (declaração de inido-
guém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com em- neidade). As negociações devem acontecer num período
prego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri- de 180 dias, prorrogáveis. Em caso de descumprimento
mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo há a perda dos benefícios acordados e a pessoa jurídica
pessoal ou medida de caráter preventivo”. Falta o ele- ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de
mento do sofrimento intenso dolosamente causado. três anos.
Os requisitos para o acordo são:
- Manifestar interesse em cooperar para a apuração
de ato lesivo específico, quando tal circunstância for re-
LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013 levante;
(ANTICORRUPÇÃO). - Cessar a prática da irregularidade investigada;
- Cooperar com as investigações, em face de sua res-
ponsabilidade objetiva, identificando os demais envolvi-
“A Lei nº 12.846/2013, também conhecida como Lei dos na infração, quando couber;
Anticorrupção, representa importante avanço ao prever - Fornecer informações e documentos que compro-
a responsabilização objetiva, no âmbito civil e adminis-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vem a infração;
trativo, de empresas que praticam atos lesivos contra a - Se comprometer a implementar ou a melhorar os
administração pública nacional ou estrangeira. mecanismos internos de integridade (compliance), audi-
Além de atender a compromissos internacionais as- toria, incentivo às denúncias de irregularidades e à apli-
sumidos pelo Brasil, a lei fecha uma lacuna no ordena- cação efetiva de código de ética e de conduta no âmbito
mento jurídico do país ao tratar diretamente da condu- organizacional.
ta dos corruptores. A Lei Anticorrupção prevê punições Os benefícios do acordo são:
como multa administrativa – de até 20% do faturamento - Isenção da obrigatoriedade de publicar a decisão
bruto da empresa – e o instrumento do acordo de leniên- punitiva;
cia, que permite o ressarcimento de danos de forma mais
2 http://www.cgu.gov.br/assuntos/responsabiliza-
célere, além da alavancagem investigativa.
cao-de-empresas/lei-anticorrupcao

26
- Isenção da proibição de receber de órgãos ou en- cadas pelo órgão ou entidade que sofreu a lesão, e, no
tidades públicos (inclusive bancos) incentivos, subsídios, caso de suborno transnacional, pela Controladoria-Geral
empréstimos, subvenções, doações, etc; da União.
- Redução de até dois terços do valor da multa admi- - Publicação extraordinária da decisão condenatória
nistrativa; em meios de grande circulação, a expensas da pessoa
- Isenção ou atenuação da proibição de contratar com jurídica.
a Administração Pública (declaração de inidoneidade). Esfera Judicial:
O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da - Perdimento de bens
obrigação de reparar integralmente o dano causado”3. - Suspensão de atividades e dissolução compulsória.
- Proibição de recebimento de incentivos, subsídios,
Processo Administrativo de Responsabilização subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou en-
“A CGU tem competência concorrente para instaurar tidades públicas e de instituições financeiras públicas ou
e julgar o processo administrativo, além de competência controladas pelo poder público, por prazo determinado.
exclusiva para avocar e examinar sua regularidade. A Lei estabelece, também, os critérios de gradação
A apuração da responsabilidade administrativa de da multa. Serão levados em consideração na aplicação
pessoa jurídica que possa resultar na aplicação das san- da multa diversos critérios, por exemplo, gravidade da
ções previstas no art. 6o da Lei no 12.846, de 2013, será infração, vantagem ilícita auferida ou pretendida pelo
efetuada por meio de Processo Administrativo de Res- infrator, consumação ou não da infração, situação eco-
ponsabilização (PAR). Confira em tópicos, as principais nômica do infrator, cooperação da pessoa jurídica para a
informações do processo. apuração das infrações (Acordo de Leniência), existência
Competência para instaurar e julgar o processo: de Programas de Compliance, com mecanismos e proce-
- Administração Direta - Ministro de Estado dimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à
- Administração Indireta - Autoridade máxima da en- denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de có-
tidade digos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica.
A CGU tem competência concorrente para instaurar A Lei tem um parâmetro muito importante: a punição
e julgar o processo administrativo, além de competên- nunca será menor do que o valor da vantagem auferida
cia exclusiva para avocar os processos instaurados para de forma ilícita pela empresa. Dessa forma, o decreto es-
exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o anda- pecifica o cálculo da multa a partir do resultado da soma
mento, inclusive promovendo a aplicação da penalidade e subtração de percentuais incidentes sobre o fatura-
administrativa cabível. mento bruto da empresa.
Prazo: Conclusão do processo em 180 dias, prorro- O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores
gáveis. correspondentes aos seguintes percentuais do fatura-
Processo único que apura as violações da Lei Anticor- mento bruto da pessoa jurídica do último exercício an-
rupção, a declaração de inidoneidade da Lei nº 8.666/93, terior ao da instauração do Processo Administrativo de
além de outras penalidades em normativos similares Responsabilização (PAR), excluídos os tributos:
(Regime Diferenciado de Contratações Públicas -RDC e a) 1% (um por cento) a 2,5% (dois e meio por cento)
Pregão). Eventual pedido de Reconsideração tem efeito havendo continuidade dos atos lesivos no tempo;
suspensivo sem recurso ao Presidente da República. b) 1% (um por cento) a 2,5% (dois e meio por cento)
Sanções: Multa de 0,1% a 20% do faturamento bruto para tolerância ou ciência de pessoas do corpo diretivo
do exercício anterior ao PAR, excluídos os tributos, além ou gerencial da pessoa jurídica;
de publicação extraordinária da decisão administrativa c) 1% (um por cento) a 4% (quatro por cento) no caso
sancionadora e proibição de contratação”4. de interrupção no fornecimento de serviço público ou na
execução de obra contratada;
Sanções e cálculo da multa d) 1% (um por cento) para a situação econômica do
“A Lei Anticorrupção inova ao responsabilizar a pes- infrator com base na apresentação de índice de Solvência
soa jurídica, que será alvo de processo administrativo e Geral (SG) e de Liquidez Geral (LG) superiores a 1 (um) e
civil para reparar danos relacionados à corrupção. de lucro líquido no último exercício anterior ao da ocor-
Essa responsabilidade das empresas é objetiva, isto é, rência do ato lesivo;
a condenação independe da comprovação de culpa do e) 5% (cinco por cento) no caso de reincidência, assim
agente que praticou o ato ou da própria pessoa jurídica. definida a ocorrência de nova infração, idêntica ou não à
Saiba mais sobre as penas que podem ser aplicadas, de anterior, tipificada como ato lesivo pelo art. 5º da Lei nº
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

acordo com a esfera legal. 12.846, de 2013, em menos de cinco anos, contados da
Esfera Administrativa: publicação do julgamento da infração anterior;
- Pena de multa de até 20% do faturamento bruto da No caso de os contratos mantidos ou pretendidos
empresa, ou até 60 milhões de reais, quando não for pos- com o órgão ou entidade lesado serão considerados, na
sível calcular o faturamento bruto. As penas serão apli- data da prática do ato lesivo, os seguintes percentuais:
3 http://www.cgu.gov.br/assuntos/responsabiliza- a) 1% (um por cento) em contratos acima de R$
cao-de-empresas/lei-anticorrupcao/acordo-leniencia/acor- 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
do-de-leniencia b) 2% (dois por cento) em contratos acima de R$
4 http://www.cgu.gov.br/assuntos/responsabiliza- 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
cao-de-empresas/lei-anticorrupcao/processo-administrati- c) 3% (três por cento) em contratos acima de R$
vo-de-responsabilizacao 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais);

27
d) 4% (quatro por cento) em contratos acima de R$ trinta dias, de prática de ato ilícito ocorrido durante lici-
250.000.000,00 (duzentos e cinquenta milhões de reais); tação no estado X.
e) 5% (cinco por cento) em contratos acima de R$ Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subse-
1.000.000.000,00 (um bilhão de reais). quente à luz da Lei nº 12.846/2013.
Atenuantes: Do resultado da soma dos fatores de Na situação descrita, o Ministério Público poderá des-
agravamento, serão subtraídos os valores corresponden- considerar, no acordo de leniência que vier a ser firmado,
tes aos seguintes percentuais do faturamento bruto da o perigo de lesão e a vantagem pretendida pelo infrator,
pessoa jurídica do último exercício anterior ao da instau- limitando-se a observar, no estabelecimento da sanção a
ração do PAR, excluídos os tributos: ser aplicada, a situação econômica do infrator e o valor
a) 1% (um por cento) no caso de não consumação da dos contratos mantidos com a entidade pública lesada.
infração;
b) 1,5% (um e meio por cento) no caso de compro- ( ) CERTO ( ) ERRADO
vação de ressarcimento pela pessoa jurídica dos danos a
que tenha dado causa; Resposta: Errado. De acordo com a Lei nº 12.846/2013
c) 1% (um por cento) a 1,5% (um e meio por cento) (Lei Anticorrupção), serão levados em consideração na
para o grau de colaboração da pessoa jurídica com a in- aplicação das sanções, nos termos do artigo 7º, a van-
vestigação ou a apuração do ato lesivo, independente- tagem auferida ou pretendida pelo infrator e o grau
mente do acordo de leniência; de lesão ou perigo de lesão, entre outros aspectos.
d) 2% (dois por cento) no caso de comunicação es- Sendo assim, estes fatores não podem ser desconsi-
pontânea pela pessoa jurídica antes da instauração do derados pelo Ministério Público.
PAR acerca da ocorrência do ato lesivo;
e) 1% (um por cento) a 4% (quatro por cento) para
comprovação de a pessoa jurídica possuir e aplicar um
programa de integridade, conforme os parâmetros esta- LEI Nº 4.898, DE 09 DE DEZEMBRO 1965
belecidos no Capítulo IV”5. (ABUSO DE AUTORIDADE).

#FicaDica Regula o Direito de Representação e o processo de


Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos ca-
As principais inovações da Lei Anticorrup- sos de abuso de autoridade.
ção são:
- Responsabilidade Objetiva: empresas Art. 1º O direito de representação e o processo de res-
podem ser responsabilizadas em casos de ponsabilidade administrativa civil e penal, contra as auto-
corrupção, independentemente da com- ridades que, no exercício de suas funções, cometerem
provação de culpa. abusos, são regulados pela presente lei.
- Penas mais rígidas: valor das multas pode Objeto da lei: direito de representação e processo de
chegar até a 20% do faturamento bruto responsabilidade contra autoridades que cometam abu-
anual da empresa, ou até 60 milhões de sos ao exercer suas funções.
reais, quando não for possível calcular o
faturamento bruto. Na esfera judicial, pode Art. 2º O direito de representação será exercido por
ser aplicada até mesmo a dissolução com- meio de petição:
pulsória da pessoa jurídica. a) dirigida à autoridade superior que tiver competên-
- Acordo de Leniência: Se uma empresa co- cia legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada,
operar com as investigações, ela pode con- a respectiva sanção;
seguir uma redução das penalidades. b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver
- Abrangência: Lei pode ser aplicada pela competência para iniciar processo-crime contra a autori-
União, estados e municípios e tem compe- dade culpada.
tência inclusive sobre as empresas brasileiras Parágrafo único. A representação será feita em duas
atuando no exterior. vias e conterá a exposição do fato constitutivo do
abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias,
a qualificação do acusado e o rol de testemunhas, no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

máximo de três, se as houver.


Direito de representação consiste na prerrogativa de
EXERCÍCIO COMENTADO apresentar denúncias administrativas contra pessoa de-
terminada, no caso, contra autoridade que tenha come-
1. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Conheci- tido abuso.
mentos Gerais - CESPE - 2018) A empresa e-Gráfica O instrumento para seu exercício é a petição, em duas
Ltda. manifestou interesse em formalizar acordo de le- vias, com os seguintes elementos formais:
niência com o Ministério Público, comprometendo-se a - Exposição do fato que caracterizou o abuso e suas
entregar os documentos comprobatórios, no prazo de circunstâncias;
- Qualificação do acusado;
5 http://www.cgu.gov.br/assuntos/responsabiliza-
- Rol de até 3 testemunhas.
cao-de-empresas/lei-anticorrupcao/sancoes

28
A petição será dirigida à autoridade superior daque- h) ao direito de reunião;
la que cometeu o abuso denunciado (pode ser um de- Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacifica-
legado ou outra autoridade policial, no caso de abuso mente, sem armas, em locais abertos ao público, inde-
cometido por policial; ou o juiz, no caso de abuso come- pendentemente de autorização, desde que não frustrem
tido por serventuário; ou ainda a corregedoria de justiça, outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
no caso de abuso cometido por juiz; etc...) ou ao órgão local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
do Ministério Público competente para a investigação. competente.
Nota-se que, diferente das infrações comuns, não se re-
presenta pura e simplesmente direto em delegacia – o i) à incolumidade física do indivíduo;
motivo é que a autoridade que cometeu o abuso, muitas Art. 5o, caput, CF – Garante o direito à vida – Abrange
vezes, poderá ser um policial ou o próprio delegado. incolumidade física.
A garantia do direito à representação não significa Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura
que a ação penal seja condicionada à representação. To- nem a tratamento desumano ou degradante.
dos crimes de abuso de autoridade são de ação penal
pública incondicionada. O objetivo do direito de repre- j) aos direitos e garantias legais assegurados ao
sentação é meramente informativo do ocorrido. exercício profissional.
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra-
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
atentado: profissionais que a lei estabelecer.
Colacionam-se aqui condutas atentatórias a direitos
fundamentais sagrados no texto constitucional e que ve- Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
nham a ser cometidas por autoridade que exceda seus Colacionam-se aqui condutas atentatórias a direitos
poderes. fundamentais sagrados no texto constitucional e que ve-
nham a ser cometidas por autoridade que exceda seus
poderes, em teor especificamente voltado às práticas de
a) à liberdade de locomoção;
abuso de autoridade de detenção ilegal e excesso nos
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
poderes de captura e detenção.
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
a) ordenar ou executar medida privativa da liber-
seus bens.
dade individual, sem as formalidades legais ou com
abuso de poder;
b) à inviolabilidade do domicílio;
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indiví-
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
duo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, transgressão militar ou crime propriamente militar, defi-
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina- nidos em lei.
ção judicial.
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
c) ao sigilo da correspondência; vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspon- Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
dência e das comunicações telegráficas, de dados e das à integridade física e moral.
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por or-
dem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabele- c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz
cer para fins de investigação criminal ou instrução proces- competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
sual penal. Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
d) à liberdade de consciência e de crença; juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
e) ao livre exercício do culto religioso; indicada.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de pri-
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção são ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

aos locais de culto e a suas liturgias. Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
relaxada pela autoridade judiciária.
f) à liberdade de associação;
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação e) levar à prisão e nela deter quem quer que se pro-
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. ponha a prestar fiança, permitida em lei;
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisó-
exercício do voto; ria, com ou sem fiança.
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade po-
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: [...] licial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer

29
outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio
em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu va- #FicaDica
lor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade po- A Lei nº 4.898/1965 trata do direito de re-
licial recibo de importância recebida a título de car- presentação e da responsabilidade admi-
ceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra nistrativa, civil e penal das autoridades que
despesa; cometem abusos (artigo 1o).
Autoridade é quem exerce cargo, empre-
Custas, emolumentos e outras despesas – Somente
go ou função pública, de natureza civil ou
podem ser cobradas nos casos previstos em lei e, carac-
militar, ainda que transitoriamente e sem
terizando-se um destes casos, o carcereiro ou o agente
remuneração (artigo 5o).
de autoridade policial têm o dever de receber as impor-
tâncias devidas.
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pes-
sanção administrativa civil e penal.
soa natural ou jurídica, quando praticado com abuso
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
ou desvio de poder ou sem competência legal;
com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade a) advertência;
ou de seus bens sem o devido processo legal. b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
i) prolongar a execução de prisão temporária, de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimen-
pena ou de medida de segurança, deixando de expe- tos e vantagens;
dir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente d) destituição de função;
ordem de liberdade. e) demissão;
Caracterizando-se excesso de prazo de prisão tem- f) demissão, a bem do serviço público.
porária, pena ou medida de seguraná, a pessoa deve ser § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
libertada. do dano, consistirá no pagamento de uma indeniza-
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- ção de quinhentos a dez mil cruzeiros.
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá
transgressão militar ou crime propriamente militar, defi- em:
nidos em lei. a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou b) detenção por dez dias a seis meses;
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisó- c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
ria, com ou sem fiança. qualquer outra função pública por prazo até três anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão
O uso de algemas em contrariedade à súmula vincu- ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
lante no 11 do STF caracteriza abuso de autoridade: “Só § 5º Quando o abuso for cometido por agente de auto-
é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de ridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade físi- poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória,
ca própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, de não poder o acusado exercer funções de natureza
policial ou militar no município da culpa, por prazo de
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
um a cinco anos.
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato proces-
Sanção administrativa
sual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade
- Advertência – verbal.
civil do Estado”. - Repreensão – escrita.
- Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos des- cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos
ta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, e vantagens – o agente não exercerá o cargo por um pe-
de natureza civil, ou militar, ainda que transitoria- ríodo determinado, sem receber remuneração.
mente e sem remuneração.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Destituição de função – o agente será destituído de


O sujeito ativo de todos os crimes descritos nesta lei função de confiança ou cargo em comissão.
é pessoa que exerça posição de autoridade, embora seja - Demissão – o servidor será desvinculado dos qua-
admissível coautoria e participação de terceiros particu- dros da Administração.
lares. Assim, o particular jamais pode agir sozinho come- - Demissão, a bem do serviço público – o servidor
tendo abuso de autoridade, precisa estar em concurso será desvinculado dos quadros da Administração.
com funcionário público.
A autoridade será qualquer pessoa que exerça car- Sanção civil
go, emprego ou função pública, civil ou militar, de forma Indenização – danos morais + danos materiais. Como
permanente ou transitória, de forma gratuita ou remu- o valor está desatualizado, em cruzeiros, o juiz arbitrará
nerada. caso a caso.

30
Sanção penal negativa de autoria. A absolvição criminal por falta de
- Multa – o juiz utilizará os critérios do Código Penal provas não gera exclusão da responsabilidade civil e ad-
para fixar o valor; ministrativa.
- Detenção, de 10 dias a 6 meses; A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada
- Perda do cargo e inabilitação ao exercício de função prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delic-
por até 3 anos. to, conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz
Podem ser aplicadas as três penas ou apenas uma de- coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer
las isoladamente. ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
Se a autoridade que cometeu o abuso for policial, legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal
será possível aplicar a pena de proibição do exercício de ou no exercício regular de direito” (excludentes de an-
funções policiais no município em que o ato foi pratica- tijuridicidade); “art. 66. não obstante a sentença abso-
do, por 1 a 5 anos. lutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a
Art. 7º Recebida a representação em que for solicita- inexistência material do fato”; “art. 386, IV – estar pro-
da a aplicação de sanção administrativa, a autoridade vado que o réu não concorreu para a infração penal”.
civil ou militar competente determinará a instauração Entendem Fuller, Junqueira e Machado6: “a absolvição
de inquérito para apurar o fato. dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas falta de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação con-
estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou fede- ferida ao CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito
rais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo da jurisdição civil, restando intocada a possibilidade de,
processo. na ação civil de conhecimento, ser provada e reconhe-
§ 2º Não existindo no município no Estado ou na le- cida a existência do direito ao ressarcimento, de acordo
gislação militar normas reguladoras do inquérito ad- com o grau de cognição e convicção próprios da seara
ministrativo serão aplicadas supletivamente, as dispo-
civil (na esfera penal, a decisão de condenação somente
sições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de
pode ser lastreada em juízo de certeza, tendo em vista o
outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos
princípio constitucional do estado de inocência)”.
Civis da União).
A responsabilidade civil e a penal são passíveis de
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobres-
apuração perante a justiça. No caso, em regra, a compe-
tado para o fim de aguardar a decisão da ação penal
tência será da justiça estadual, salvo se forem afetados
ou civil.
bens, serviços ou interesses da União ou de suas autar-
quias e fundações públicas (art. 109, CF).
Exercido o direito de representação, instaura-se in-
Em se tratando de funcionário público federal – civil
quérito no âmbito administrativo para apurar o fato. Não
havendo regra específica sobre o inquérito administrati- ou militar que pratique o abuso contra civil – a compe-
vo, aplica-se a legislação federal, no caso, o Estatuto dos tência é da justiça federal para a apuração penal. (súmula
Servidores Públicos Civis Federais – Lei no 8.112/1990 e 172, STJ).
a Lei do Processo Administrativo – Lei no 9.784/1999. O
processo administrativo corre independente dos proces- Art. 10. (Vetado).
sos cível e penal, justamente devido à independência das
esferas. Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có-
digo de Processo Civil.
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha fun- Sendo a ação civil, aplicam-se as normas processuais
cional da autoridade civil ou militar. civis, que são regidas pelo CPC.
A sanção aplicada será anotada na ficha funcional.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemen-
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigi- te de inquérito policial ou justificação por denúncia do
da à autoridade administrativa ou independentemen- Ministério Público, instruída com a representação da
te dela, poderá ser promovida pela vítima do abuso, a vítima do abuso.
responsabilidade civil ou penal ou ambas, da auto-
ridade culpada. Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a repre-
sentação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Destaca-se aqui a independência entre as esferas oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado
penal, civil e administrativa, sendo cabível a punição da constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a
autoridade que cometeu o abuso nas três esferas, cumu- sua citação, e, bem assim, a designação de audiência
lativamente. Se as responsabilidades se cumularem, tam- de instrução e julgamento.
bém as sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais § 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada
responsabilidades são independentes, ou seja, não de- em duas vias.
pendem uma da outra. 6 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEI-
Determinadas decisões na esfera penal geram exclu- RA, Gustavo Octaviano Diniz; MACHADO, Angela C.
são da responsabilidade nas esferas civil e administrati- Cangiano. Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Revista
va, quais sejam: absolvição por inexistência do fato ou dos Tribunais, 2010. (Coleção Elementos do Direito)

31
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre-
#FicaDica catória para a audiência ou a intimação de testemu-
nhas ou, salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”,
Oferecimento da representação da vítima
requerimentos para a realização de diligências, perí-
ao MP – apresentada ao MP a representa-
cias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
ção da vítima, aquele, no prazo de 48 horas,
denunciará o réu, desde que o fato narrado motivado, considere indispensáveis tais providências.
constitua abuso de autoridade, requerendo
ao juiz a sua citação, bem como a designa- Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o portei-
ção de audiência de instrução e julgamento ro dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta
(artigo 13). a audiência, apregoando em seguida o réu, as teste-
munhas, o perito, o representante do Ministério Pú-
blico ou o advogado que tenha subscrito a queixa e o
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- advogado ou defensor do réu.
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acu- Parágrafo único. A audiência somente deixará de rea-
sado poderá: lizar-se se ausente o Juiz.
a) promover a comprovação da existência de tais ves-
tígios, por meio de duas testemunhas qualificadas; Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da Juiz não houver comparecido, os presentes poderão
audiência de instrução e julgamento, a designação de retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de ter-
um perito para fazer as verificações necessárias. mos de audiência.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relató-
rio e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será
apresentarão por escrito, querendo, na audiência de pública, se contrariamente não dispuser o Juiz, e re-
instrução e julgamento. alizar-se-á em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18)
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a repre-
horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmente, no local
sentação poderá conter a indicação de mais duas tes-
temunhas. que o Juiz designar.

Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da o interrogatório do réu, se estiver presente.
representação, o Juiz, no caso de considerar improce- Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
dentes as razões invocadas, fará remessa da represen- advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor
tação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denún- para funcionar na audiência e nos ulteriores termos
cia, ou designará outro órgão do Ministério Público do processo.
para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual
só então deverá o Juiz atender. Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o
Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Pú-
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer blico ou ao advogado que houver subscrito a queixa e
a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida
ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze
ação privada. O órgão do Ministério Público poderá,
minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10),
porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva e intervir em todos os termos do proces- a critério do Juiz.
so, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de ne-
gligência do querelante, retomar a ação como parte Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
principal. mente a sentença.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em
ou rejeitando a denúncia. resumo, os depoimentos e as alegações da acusação e
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz da defesa, os requerimentos e, por extenso, os despa-
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de chos e a sentença.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

instrução e julgamento, que deverá ser realizada, im-


prorrogavelmente, dentro de cinco dias. Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representan-
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julga- te do Ministério Público ou o advogado que houver
mento final e para comparecer à audiência de instru-
subscrito a queixa, o advogado ou defensor do réu e
ção e julgamento, será feita por mandado sucinto que,
o escrivão.
será acompanhado da segunda via da representação
e da denúncia.
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa pode- forem difíceis e não permitirem a observância dos
rão ser apresentadas em juízo, independentemente de prazos fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-los,
intimação. sempre motivadamente, até o dobro.

32
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas A representação da vítima do abuso, mesmo que desa-
do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis companhada de inquérito policial, é documento hábil
com o sistema de instrução e julgamento regulado por para subsidiar a denúncia do Ministério Público e iniciar
esta lei. a ação penal.
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
caberão os recursos e apelações previstas no Código ( ) CERTO ( ) ERRADO
de Processo Penal.
Resposta: Certo. Nos termos da Lei nº 4.898/1965,
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário. prevê o artigo 12: “A ação penal será iniciada, inde-
pendentemente de inquérito policial ou justificação
Procedimento penal por denúncia do Ministério Público, instruída com a
- Denúncia do MP, em 48hs do recebimento de repre- representação da vítima do abuso”.
sentação que efetivamente relate abuso de autoridade,
em duas vias, instruída com representação da vítima;
2. (ABIN - Agente de Inteligência - CESPE/2018) Com
- Apuração de vestígios, por testemunhas ou perito,
base no disposto na Lei nº 4.898/1965, que trata do abu-
se existentes, conforme indicação na representação;
so de autoridade, julgue o item a seguir.
- Recebida a denúncia, o juiz em 48hs decidirá, rece-
As sanções penais previstas para o delito de abuso de
bendo ou rejeitando. Se receber, já designará a audiência
autoridade incluem multa e detenção e podem ser apli-
de instrução e julgamento para os próximos 5 dias;
- Citação do réu para comparecer à audiência; cadas autônoma ou cumulativamente.
- Na audiência, as testemunhas podem ser apresenta-
das independente de intimação e, salvo se indispensável, ( ) CERTO ( ) ERRADO
não caberá oitiva por carta precatória;
- Audiência: declarada aberta e apregoada; podendo Resposta: Certo. Disciplina o artigo 6º, Lei nº 4.898/65
as partes se retirarem se o juiz atrasar por mais de 30 em seus §§ 3o e 4o: “O abuso de autoridade sujeitará
minutos; será pública; em dia útil e horário das 10hs às o seu autor à sanção administrativa civil e penal. § 3º
18hs; o primeiro ato é a qualificação e o interrogatório A sanção penal será aplicada de acordo com as regras
do réu; possível a nomeação de defensor dativo; segue- dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a)
-se com oitiva de testemunhas e peritos e memoriais – multa de cem a cinco mil cruzeiros; b) detenção por
ouve-se a acusação, ouve-se a defesa, 15 minutos cada, dez dias a seis meses; c) perda do cargo e a inabilita-
prorrogáveis por mais 10 – e encerra-se com a sentença ção para o exercício de qualquer outra função pública
imediatamente proferida pelo juiz; o escrivão lavrará ter- por prazo até três anos. § 4º As penas previstas no
mo, subscrito pelos presentes; parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma
- Possível flexibilização de prazos; ou cumulativamente”.
- Aplica-se a Lei no 9.099/1995;
- Aplicação subsidiária do CPP. 3. (ABIN - Agente de Inteligência - CESPE/2018) Com
base no disposto na Lei nº 4.898/1965, que trata do abu-
so de autoridade, julgue o item a seguir.
#FicaDica Nos termos da lei, é possível a responsabilização civil,
hipótese em que a sanção consistirá no pagamento do
Recebida a denúncia, o MP pode pedir ar- valor do dano cumulado com quantia indenizatória arbi-
quivamento, cabendo ao Juiz homologar trada pelo juiz.
ou então remeter ao Procurador-Geral de
Justiça para que ofereça denúncia ou de-
signe quem o faça ou então para que insis- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ta no arquivamento.
Desrespeitado o prazo de 48hs, cabe ação Resposta: Errado. Nos termos do artigo 6o, § 2º, Lei nº
privada subsidiária da pública. O MP po- 4.898/65, “a sanção civil, caso não seja possível fixar o
derá neste caso aditar a queixa, repudiá-la valor do dano, consistirá no pagamento de uma inde-
e oferecer denúncia substitutiva e intervir nização de quinhentos a dez mil cruzeiros”.
nos autos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Indepen-


dência e 77º da República.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ABIN - Agente de Inteligência - CESPE/2018) Com


base no disposto na Lei nº 4.898/1965, que trata do abu-
so de autoridade, julgue o item a seguir.

33
As sanções administrativas previstas para o crime de
abuso de autoridade aplicam-se de acordo com a gravi-
HORA DE PRATICAR! dade da conduta praticada e incluem a perda do cargo e
a inabilitação para o exercício de qualquer outra função
1. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) Em pública pelo prazo legal.
cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situ-
ação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada ( ) CERTO ( ) ERRADO
com base no disposto na Lei nº 4.898/1965 e na Lei nº
9.455/1997. 6. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Conheci-
Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, mentos Gerais - CESPE/2018) A empresa e-Gráfica Ltda.
definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, manifestou interesse em formalizar acordo de leniência
por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da com o Ministério Público, comprometendo-se a entre-
referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida gar os documentos comprobatórios, no prazo de trinta
função pelo prazo de seis anos. dias, de prática de ato ilícito ocorrido durante licitação
no estado X.
( ) CERTO ( ) ERRADO Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subse-
quente à luz da Lei nº 12.846/2013.
2. (PC-DF - Escrivão de Polícia - CESPE/2013) Em rela- Caso perceba irregularidades nas atitudes do sócio admi-
ção aos crimes de tortura (Lei nº 9.455/1997), aos crimes nistrador da empresa, o Ministério Público poderá pror-
contra as relações de consumo (Lei nº 8.078/1990) e aos rogar por mais sessenta dias o prazo que vier a estabe-
juizados especiais criminais (Lei nº 9.099/1995), julgue os lecer para a comissão concluir o processo administrativo,
itens que se seguem. fundamentando seu ato, por exemplo, na necessidade de
Considere a seguinte situação hipotética. busca e apreensão de documentos que se encontrem na
O agente carcerário X dirigiu-se ao escrivão de polícia Y residência do referido sócio, bem como de novas entre-
para informar que, naquele instante, o agente carcerário
vistas e do processamento dessas informações.
Z estava cometendo crime de tortura contra um dos pre-
sos e que Z disse que só pararia com a tortura depois de ( ) CERTO ( ) ERRADO
obter a informação desejada.
Nessa situação hipotética, se nada fizer, o escrivão Y res-
7. (SUSIPE-PA - Agente Prisional - AOCP/2018) Segun-
ponderá culposamente pelo crime de tortura.
do a Lei nº 9.613/1998, havendo indícios do cometimen-
( ) CERTO ( ) ERRADO to de infração penal, poderão ser decretadas medidas as-
securatórias de bens, direitos ou valores do investigado
3. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) Em ou acusado. Nesse sentido, a alienação antecipada para
cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situ- preservação de valor de bens sob constrição será decre-
ação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada tada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
com base no disposto na Lei nº 4.898/1965 e na Lei nº Público ou por solicitação da parte interessada, median-
9.455/1997. te petição autônoma, que será autuada em apartado e
Um agente penitenciário federal determinou que José, cujos autos terão tramitação em separado em relação ao
preso sob sua custódia, permanecesse de pé por dez ho- processo principal. Assinale a alternativa correta acerca
ras ininterruptas, sem que pudesse beber água ou ali- da referida alienação antecipada:
mentar-se, como forma de castigo, já que José havia co-
metido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa a) o requerimento de alienação deverá conter a relação
situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda dos bens que se pretende assegurar, com a descrição
que não tenha utilizado de violência ou grave ameaça breve de cada um deles, resguardando-se as informa-
contra José. ções sobre quem os detém e lacração do local onde
se encontram.
( ) CERTO ( ) ERRADO b) o juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos
principais, e intimará o Ministério Público e os advo-
4. (ABIN - Agente de Inteligência - CESPE/2018) Com gados de defesa do investigado ou acusado.
base no disposto na Lei nº 4.898/1965, que trata do abu- c) feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências so-
bre o respectivo laudo, o juiz, por despacho, homolo-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

so de autoridade, julgue o item a seguir.


Havendo dúvidas quanto à possibilidade de condenação gará o valor atribuído aos bens e determinará que se-
na esfera criminal, o processo administrativo deve ser jam alienados em leilão ou pregão, preferencialmente
suspenso até o fim da ação penal, no intuito de se evita- presencial, por valor não inferior a 60% (sessenta por
rem decisões conflitantes. cento) da avaliação.
d) feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências
( ) CERTO ( ) ERRADO sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homo-
logará o valor atribuído aos bens e determinará que
5. (ABIN - Agente de Inteligência - CESPE/2018) Com sejam alienados, obrigatoriamente em pregão eletrô-
base no disposto na Lei nº 4.898/1965, que trata do abu- nico, por valor não inferior a 70% (setenta por cento)
so de autoridade, julgue o item a seguir. da avaliação.

34
e) proceder-se-á à alienação antecipada para preserva-
ção do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos ANOTAÇÕES
a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou
quando houver dificuldade para sua manutenção.
_________________________________________________
8. (DPE-AL - Defensor Público - CESPE/2017) No que
se refere à inclusão ou à transferência de preso para o __________________________________________________
sistema penitenciário federal, assinale a opção correta:
_________________________________________________
a) de acordo com a lei de regência, a Defensoria Pública __________________________________________________
da União deve prestar assistência jurídica ao preso em
ambas as etapas do incidente de inclusão ou de trans- __________________________________________________
ferência para o sistema penitenciário federal.
b) conforme o decreto regulamentar, se ocorrer pro- __________________________________________________
gressão de regime de preso custodiado em estabe-
__________________________________________________
lecimento penal federal, caberá ao diretor, de ofício,
providenciar, no estabelecimento penal, a transferên- __________________________________________________
cia do preso para a ala prisional adequada ao cumpri-
mento do novo regime. __________________________________________________
c) para que seja realizada a inclusão ou a transferência
do sentenciado para o sistema penitenciário federal, __________________________________________________
exige-se que ele se encontre no regime disciplinar di- __________________________________________________
ferenciado no sistema prisional de origem.
d) embora a inclusão de preso no sistema penitenciário __________________________________________________
federal seja medida de natureza excepcional e tem-
porária, são expressamente admitidas, nesses casos, __________________________________________________
renovações sucessivas, até o limite de cumprimento
__________________________________________________
da pena.
e) e Departamento Penitenciário Nacional deverá ser __________________________________________________
ouvido no juízo de origem, federal ou estadual, na
primeira etapa do incidente de inclusão ou da trans- __________________________________________________
ferência do preso, bem como deverá opinar sobre a
pertinência da medida, com a eventual indicação do __________________________________________________
estabelecimento penal federal adequado à custódia.
__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________
GABARITO
__________________________________________________

1 CERTO __________________________________________________
2 ERRADO __________________________________________________
3 CERTO
__________________________________________________
4 ERRADO
5 CERTO __________________________________________________

6 CERTO __________________________________________________
7 E __________________________________________________
8 E
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

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__________________________________________________

35
ANOTAÇÕES

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_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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