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CÓD: SL-071AB-22

7908433220039

PC-MG
POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS

Técnico Assistente da Polícia Civil: Apoio Administrativo


EDITAL Nº 02/2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Interpretação e compreensão de textos Identificação de tipos textuais: narrativo, descritivo e dissertativo. Critérios de textualidade:
coerência e coesão. Recursos de construção textual: fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos. Princípios gerais de leitura e
produção de texto. Intertextualidade. Vozes discursivas: citação, paródia, alusão, paráfrase, epígrafe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Gêneros textuais da Redação Oficial. Princípios gerais. Uso dos pronomes de tratamento. Estrutura interna dos gêneros: ofício, mem-
orando, requerimento, relatório, parecer. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Conhecimentos linguísticos Conhecimentos gramaticais conforme padrão formal da língua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4. Tipos de discurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5. Semântica: construção de sentido; sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia; denotação e conotação . . . . . . . . . 31
6. Figuras de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7. Pontuação e efeitos de sentido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
8. Sintaxe: oração, período, termos das orações; articulação das orações: coordenação e subordinação; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
9. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
10. Regência verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Direitos Humanos
1. O processo histórico de construção e afirmação dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. A estrutura normativa do sistema global e do sistema interamericano de proteção aos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Declaração Universal dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. A Constituição brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Processo de incorporação de Tratados Internacionais de Direitos Humanos ao direito brasileiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
7. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Dos Princípios Fundamentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
8. Dos direitos e deveres individuais e coletivos. Dos direitos sociais. Da nacionalidade. Dos direitos políticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
9. Educação em Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Legislação Específica
1. Lei Orgânica da Polícia Civil de Minas Gerais (Lei Estadual 5.406, de 16 de dezembro de 1969 e Lei Complementar 129 de 08 de novem-
bro de 2013, e suas respectivas alterações) Lei Estadual n.º 5.406, de 16 de dezembro de 1969 Livro V - Estatuto do servidor policial
civil Título XVII - Regime Disciplinar Capítulo I - Transgressões Disciplinares Seção I - Classificação Seção II - Causas e Circunstâncias que
Influem no Julgamento Capítulo II - Penalidades Capítulo III - Competência para Imposição de Penalidades Capítulo IV - Prisão Adminis-
trativa e Suspensão Preventiva Capítulo V - Procedimento Administrativo Seção I - Instauração do Processo Seção II - Sindicância Seção
III - Comissões Processantes Permanentes Capítulo VI - Atos e Termos Processuais Capítulo VII - Processo por Abandono de Cargo ou
Função Capítulo VIII - Revisão de Processo Administrativo Livro VI - Disposições Finais e Transitórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei Complementar Estadual n.º 129, de 08 de novembro de 2013 Título I - Disposições Gerais Capítulo I - Disposições Preliminares
Capítulo II - Da Competência Título II – Da Organização Capítulo I - Da Estrutura Orgânica Capítulo II - Da Administração Superior
Seção I - Da Chefia da PCMG Seção II - Da Chefia Adjunta da PCMG Seção III - Do Conselho Superior da PCMG Subseção I - Do Órgão
Especial Subseção II - Da Câmara Disciplinar Subseção III - Da Câmara de Planejamento e Orçamento Seção IV - Da Corregedoria-Geral
de Polícia Civil Capítulo III - Da Administração Seção I - Do Gabinete da Chefia da PCMG Seção II - Da Academia de Polícia Civil Seção
III - Do Departamento de Trânsito de Minas Gerais Seção IV - Da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária Seção V - Da
Superintendência de Informações e Inteligência Policial Seção VI - Da Superintendência de Polícia Técnico-Científica Seção VII - da Su-
perintendência de Planejamento, Gestão e Finanças Título III - Do Estatuto dos Policiais Civis Capítulo I - Das Prerrogativas Capítulo II
- Dos Direitos Seção I - Dos Direitos dos Policiais Civis Seção II - Das Indenizações e das Gratificações Capítulo III - Da Remoção Capítulo
IV - Do Regime de Trabalho do Policial Civil Capítulo V - Das Licenças, dos Afastamentos e das Disponibilidades Seção I - Das Licenças
Seção II - Dos Afastamentos e das Disponibilidades Capítulo VI - Da Aposentadoria, dos Proventos e da Pensão Especial Seção I - Da
Aposentadoria Seção II - Dos Proventos Seção III - Da Pensão Especial Título IV - Das Carreiras Policiais Civis Capítulo I - Disposições
Gerais Capítulo II - Do Ingresso Capítulo III - Do Estágio Probatório Capítulo IV - Do Desenvolvimento na Carreira Capítulo V - Do Adi-
cional de Desempenho Título V - Disposições Finais Anexo I (a que se refere o art. 77 da Lei Complementar nº129, de 8 de novembro
de 2013) Anexo II (a que se refere o § 1º do art. 79 da Lei Complementar nº 129, de 8 de novembro de 2013) Anexo III (a que se refere
o art. 108 da Lei Complementar nº 129, de 8 de novembro de 2013) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
ÍNDICE
Noções de Informática
1. Sistema Operacional Windows 10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Microsoft Word 2016: Edição e formatação de textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. LibreOffice Writer 7.1.6: Edição e formatação de textos. LibreOffice Calc 7.1.6: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráfi-
cos. . LibreOffice Impress 7.1.6: estrutura básica de apresentações, edição e formatação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4. Microsoft Excel 2016: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
5. Microsoft PowerPoint 2016: estrutura básica de apresentações, edição e formatação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
6. Microsoft Outlook 2016: Correio Eletrônico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
7. Google Chrome 93.x ou superior: Navegação na Internet. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
8. Segurança: Tipos de vírus, Cavalos de Tróia, Malwares, Worms, Spyware, Phishing, Pharming, Ransomwares, Spam. . . . . . . . . . . . 46

Direito Administrativo
1. Direito administrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Administração pública. Conceito e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Administração pública direta e indireta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Lei de improbidade administrativa (lei 8.429/92) E alterações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Poderes da administração pública: poder hierárquico. Poder disciplinar. Poder regulamentar. Poder de polícia . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Serviços públicos: conceito. Princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Direito Civil
1. Da personalidade e da capacidade. Dos direitos da personalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Da pessoa jurídica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08

Direito Constitucional
1. Constituição da República Federativa do Brasil. Princípios Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos Individuais. Direitos Coletivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Funções essenciais à Justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

Direito Penal
1. Código Penal: Crimes contra a Administração Pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Direito Processual Penal


1. Investigação criminal policial - Inquérito Policial (artigos 4° ao 23° do CPP). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Teoria geral da prova penal. Cadeia de custódia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Interpretação e compreensão de textos Identificação de tipos textuais: narrativo, descritivo e dissertativo. Critérios de textualidade:
coerência e coesão. Recursos de construção textual: fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos. Princípios gerais de leitura e
produção de texto. Intertextualidade. Vozes discursivas: citação, paródia, alusão, paráfrase, epígrafe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Gêneros textuais da Redação Oficial. Princípios gerais. Uso dos pronomes de tratamento. Estrutura interna dos gêneros: ofício, me-
morando, requerimento, relatório, parecer. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Conhecimentos linguísticos Conhecimentos gramaticais conforme padrão formal da língua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4. Tipos de discurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5. Semântica: construção de sentido; sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia; denotação e conotação . . . . . . . . . 31
6. Figuras de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7. Pontuação e efeitos de sentido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
8. Sintaxe: oração, período, termos das orações; articulação das orações: coordenação e subordinação; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
9. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
10. Regência verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS IDEN- fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
TIFICAÇÃO DE TIPOS TEXTUAIS: NARRATIVO, DESCRI-
TIVO E DISSERTATIVO. CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE:
COERÊNCIA E COESÃO. RECURSOS DE CONSTRUÇÃO
TEXTUAL: FONOLÓGICOS, MORFOLÓGICOS, SINTÁTI-
COS E SEMÂNTICOS. PRINCÍPIOS GERAIS DE LEITURA
E PRODUÇÃO DE TEXTO. INTERTEXTUALIDADE. VOZES
DISCURSIVAS: CITAÇÃO, PARÓDIA, ALUSÃO, PARÁFRA-
SE, EPÍGRAFE

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto. lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. com a não-verbal.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-


tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto-
gráficas, gramaticais e interpretativas;

1
LÍNGUA PORTUGUESA
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po- Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
lêmicos; que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
Dicas para interpretar um texto: pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
– Leia lentamente o texto todo. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa- estudos?
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
– Sublinhe as ideias mais importantes. bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
principal e das ideias secundárias do texto.
– Separe fatos de opiniões. CACHORROS
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu- Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
tável). espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
– Retorne ao texto sempre que necessário. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
enunciados das questões. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
– Reescreva o conteúdo lido. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
picos ou esquemas. casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
distração, mas também um aprendizado. to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. As informações que se relacionam com o tema chamamos de
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
do texto. fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica- capaz de identificar o tema do texto!
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
prova. Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi- -secundarias/
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can-
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca TEXTOS VARIADOS
extrapole a visão dele.
Ironia
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo novo sentido, gerando um efeito de humor.
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia de situação NERO EM QUE SE INSCREVE
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que principal. Compreender relações semânticas é uma competência
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
morte. Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
Ironia dramática (ou satírica) fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que Busca de sentidos
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten- Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado apreensão do conteúdo exposto.
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo citadas ou apresentando novos conceitos.
da narrativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- como horas ou mesmo minutos.
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
Importância da interpretação guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- imagens.
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
específicos, aprimora a escrita. Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- vencer o leitor a concordar com ele.
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apre- de destaque sobre algum assunto de interesse.
ensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não
estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira alea- Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
tória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você berdade para quem recebe a informação.
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão,
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
Diferença entre compreensão e interpretação do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O Exemplo de fato:
leitor tira conclusões subjetivas do texto. A mãe foi viajar.

Gêneros Discursivos Interpretação


Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma sas, previmos suas consequências.
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
dárias. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
ças sejam detectáveis.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- Exemplos de interpretação:
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações tro país.
encaminham-se diretamente para um desfecho. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia-
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a Opinião
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um que fazemos do fato.
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
curto. cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
anteriores: ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- para a clareza do texto.
tro país. Ela tomou uma decisão acertada. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
do que com a filha. Ela foi egoísta. vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. sem coerência.
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
mos expressando nosso julgamento. trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, mais direto.
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
analisamos um texto dissertativo. NÍVEIS DE LINGUAGEM

Exemplo: Definição de linguagem


A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
com o sofrimento da filha. ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
e o do leitor. social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
Parágrafo e caem em desuso.
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- Língua escrita e língua falada
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
sentada na introdução. ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa-
Linguagem popular e linguagem culta
rágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria o diálogo é usado para representar a língua falada.
prova.
Linguagem Popular ou Coloquial
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- expressão dos esta dos emocionais etc.
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.

Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto-


res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí-
odo, e o tópico que o antecede.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Culta ou Padrão Exemplo:
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que Era uma casa muito engraçada
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- Não tinha teto, não tinha nada
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- Ninguém podia entrar nela, não
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem Porque na casa não tinha chão
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Ninguém podia dormir na rede
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Porque na casa não tinha parede
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- Ninguém podia fazer pipi
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Gíria Na rua dos bobos, número zero
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como (Vinícius de Moraes)
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os comportamentos, nas leis jurídicas.
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário Características principais:
de pequenos grupos ou cair em desuso. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
“mina”, “tipo assim”. do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
Linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar Exemplo:
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
comida”. ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
Linguagem regional nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, perior para formação de oficiais.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

Tipos e genêros textuais Tipo textual expositivo


Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais: de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora. Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipo textual dissertativo-argumentativo
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur- GÊNEROS TEXTUAIS
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in- texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
(leitor ou ouvinte). funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
Características principais: do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- ais que neles predominam.
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
gestão/solução). Descritivo Diário
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações Relatos (viagens, históricos, etc.)
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente Biografia e autobiografia
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e Notícia
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Currículo
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Lista de compras
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Cardápio
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Anúncios de classificados
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Injuntivo Receita culinária
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Bula de remédio
Manual de instruções
Exemplo: Regulamento
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Textos prescritivos
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
administração política (tese), porque a força governamental certa- Expositivo Seminários
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Palestras
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Conferências
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Entrevistas
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Trabalhos acadêmicos
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Enciclopédia
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Verbetes de dicionários
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Carta de opinião
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Resenha
cobrança efetiva (conclusão). Artigo
Ensaio
Tipo textual narrativo Monografia, dissertação de
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta mestrado e tese de doutorado
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
Narrativo Romance
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
Novela
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Crônica
Contos de Fada
Características principais:
Fábula
• O tempo verbal predominante é o passado.
Lendas
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo: INTERTEXTUALIDADE
Solidão A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre-
ais/4835684

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LÍNGUA PORTUGUESA
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
provérbios, charges, dentre outros. mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
Tipos de Intertextualidade domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- enunciador está propondo.
ticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
significa a “repetição de uma sentença”. admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha mento de premissas e conclusões.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) A é igual a B.
e “graphé” (escrita). A é igual a C.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Então: C é igual a B.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
que C é igual a A.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
Outro exemplo:
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Todo ruminante é um mamífero.
“citação” (citare) significa convocar.
A vaca é um ruminante.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Logo, a vaca é um mamífero.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são também será verdadeira.
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
ARGUMENTAÇÃO mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
propõe. vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o outro fundado há dois ou três anos.
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
vista defendidos. der bem como eles funcionam.
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur-
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
sos de linguagem.
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
escolher entre duas ou mais coisas”. zado numa dada cultura.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Argumento Argumento quase lógico
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
mento. Exemplo: chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
Argumento de Autoridade elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
dadeira. Exemplo: tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para indevidas.
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
cimento. Nunca o inverso. Argumento do Atributo
Alex José Periscinoto. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- que é mais grosseiro, etc.
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
acreditar que é verdade. tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.
Argumento de Quantidade Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
largo uso do argumento de quantidade. dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
Argumento do Consenso de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não por bem determinar o internamento do governador pelo período
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- tal por três dias.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
Argumento de Existência ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas texto tem sempre uma orientação argumentativa.
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
do que dois voando”. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa outras, etc. Veja:
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela vam abraços afetuosos.”
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
vios, etc., ganhava credibilidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
injustiça, corrupção). zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir ver as seguintes habilidades:
o argumento. - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e mente contrária;
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ria contra a argumentação proposta;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
outros à sua dependência política e econômica”. ta.

A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
o assunto, etc). não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
dades não se prometem, manifestam-se na ação. verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu da verdade:
comportamento. - evidência;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - divisão ou análise;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - ordem ou dedução;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - enumeração.
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
mica e até o choro. encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse caracteriza a universalidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
pesquisa.
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Fulano é homem (premissa menor = particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o ferro (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o bronze (particular) o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- sabiá, torradeira.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ados nos sentimentos não ditados pela razão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de dida;d
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é diferenças).
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
(Garcia, 1973, p. 302304.) consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- vra e seus significados.
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
de vista sobre ele. mentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
ma espécie. Exemplo: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
Elemento especiediferença causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
a ser definidoespecífica que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
virtude de, em vista de, por motivo de.
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...

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LÍNGUA PORTUGUESA
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
que, melhor que, pior que. to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade que gera o controle demográfico”.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- elaboração de um Plano de Redação.
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
caráter confirmatório que comprobatório. tecnológica
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse ta, justificar, criando um argumento básico;
caso, incluem-se - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
mortal, aspira à imortalidade); que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- (rever tipos de argumentação);
dos e axiomas); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se ência);
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
parece absurdo). argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
cretos, estatísticos ou documentais.
mento básico;
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
menos a seguinte:
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- Introdução
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - função social da ciência e da tecnologia;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - definições de ciência e tecnologia;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
gumentação: Desenvolvimento
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- vimento tecnológico;
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses condições de vida no mundo atual;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
dadeira; mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- desenvolvidos;
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
dade da afirmação; - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- sado; apontar semelhanças e diferenças;
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
ridade que contrariam a afirmação apresentada; banos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
mais a sociedade.

Conclusão
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
ências maléficas;

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LÍNGUA PORTUGUESA
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
apresentados. de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda- tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
ção: é um dos possíveis. imediato a coerência de um discurso.
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na A coerência:
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções tual;
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
é inserida. o aspecto global do texto;
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume Coesão
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
textos caracterizada por um citar o outro. fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um tem-se a coesão lexical.
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- nentes do texto.
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
mencionar um provérbio conhecido. do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou- A coesão:
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
zá-lo ou ao compará-lo com outros. - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum componentes do texto;
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
PONTO DE VISTA
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con-
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm
preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são
servador e o narrador-personagem.
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre-
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili- Primeira pessoa
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
Coerência do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na só descobrimos ao decorrer da história.
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
outra”). Segunda pessoa
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma quase como outro personagem que participa da história.
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
elementos formativos de um texto.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
elementos textuais.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Terceira pessoa – Dissílabas: as que têm duas sílabas (café, leite, noites, caí,
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser- bota, água...)
vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em – Trissílabas: as que têm três sílabas (caneta, cabeça, saúde,
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al- circuito, boneca...)
guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse. – Polissílabas: as que têm quatro ou mais sílabas (casamento,
jesuíta, irresponsabilidade, paralelepípedo...)
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada Classificação quanto à tonicidade
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para As palavras podem ser:
outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
leitura não fique confuso. -já, ra-paz, u-ru-bu...)
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
Fonética e Fonologia sa-bo-ne-te, ré-gua...)
Muitas pessoas acham que fonética e fonologia são sinônimos. – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Mas, embora as duas pertençam a uma mesma área de estudo, elas (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
são diferentes.
Lembre-se que:
Fonética Tônica: a sílaba mais forte da palavra, que tem autonomia fo-
Segundo o dicionário Houaiss, fonética “é o estudo dos sons da nética.
fala de uma língua”. O que isso significa? A fonética é um ramo da Átona: a sílaba mais fraca da palavra, que não tem autonomia
Linguística que se dedica a analisar os sons de modo físico-articula- fonética.
dor. Ou seja, ela se preocupa com o movimento dos lábios, a vibra- Na palavra telefone: te-, le-, ne- são sílabas átonas, pois são
ção das cordas vocais, a articulação e outros movimentos físicos, mais fracas, enquanto que fo- é a sílaba tônica, já que é a pronun-
mas não tem interesse em saber do conteúdo daquilo que é falado. ciada com mais força.
A fonética utiliza o Alfabeto Fonético Internacional para representar
cada som. Agora que já sabemos essas classificações básicas, precisamos
entender melhor como se dá a divisão silábica das palavras.
Sintetizando: a fonética estuda o movimento físico (da boca,
lábios...) que cada som faz, desconsiderando o significado desses Divisão silábica
sons. A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja,
pela pronúncia. Sempre que for escrever, use o hífen para separar
Fonologia uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas neste pro-
A fonologia também é um ramo de estudo da Linguística, mas cesso:
ela se preocupa em analisar a organização e a classificação dos Não se separa:
sons, separando-os em unidades significativas. É responsabilidade • Ditongo: encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma
da fonologia, também, cuidar de aspectos relativos à divisão silábi- sílaba (cau-le, gai-o-la, ba-lei-a...)
ca, à acentuação de palavras, à ortografia e à pronúncia. • Tritongo: encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semi-
vogal na mesma sílaba (Pa-ra-guai, quais-quer, a-ve-ri-guou...)
Sintetizando: a fonologia estuda os sons, preocupando-se com • Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na pala-
o significado de cada um e não só com sua estrutura física. vra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu (fa-cha-da, co-
-lhei-ta, fro-nha, pe-guei...)
Bom, agora que sabemos que fonética e fonologia são coisas • Encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, psi-có-lo-
diferentes, precisamos de entender o que é fonema e letra. -go, pa-trão...)

Fonema: os fonemas são as menores unidades sonoras da fala. Deve-se separar:


Atenção: estamos falando de menores unidades de som, não de sí- • Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizinhas
labas. Observe a diferença: na palavra pato a primeira sílaba é pa-. (sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...)
Porém, o primeiro som é pê (P) e o segundo som é a (A). • Os dígrafos rr, ss, sc, e xc (car-ro, pás-sa-ro, pis-ci-na, ex-ce-
Letra: as letras são as menores unidades gráfica de uma pa- -ção...)
lavra. • Encontros consonantais separáveis: in-fec-ção, mag-nó-lia,
rit-mo...)
Sintetizando: na palavra pato, pa- é a primeira sílaba; pê é o
primeiro som; e P é a primeira letra. CLASSES DE PALAVRAS
Agora que já sabemos todas essas diferenciações, vamos en-
tender melhor o que é e como se compõe uma sílaba. Substantivo
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que emi- nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
tido em um só impulso de voz e que tem como base uma vogal. timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.
A sílabas são classificadas de dois modos:

Classificação quanto ao número de sílabas:


As palavras podem ser:
– Monossílabas: as que têm uma só sílaba (pé, pá, mão, boi,
luz, é...)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação dos substantivos b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
sua estrutura. macaco/João/sabão para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
o/a estudante, o/a colega.
SUBSTANTIVOS Macacos-prego/ • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
COMPOSTOS: são formados porta-voz/ – Singular: anzol, tórax, próton, casa.
por mais de um radical em sua pé-de-moleque – Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
estrutura.
SUBSTANTIVOS Casa/ • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
PRIMITIVOS: são os que dão mundo/ diminutivo.
origem a outras palavras, ou população – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
seja, ela é a primeira. /formiga – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/ – Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.
DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro
por outros radicais da língua. Adjetivo
SUBSTANTIVOS Rodrigo É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo:
PRÓPRIOS: designa /Brasil imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão com-
determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua posta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por
da mesma espécie. São da Liberdade preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo:
sempre iniciados por letra golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vesper-
maiúscula. tino).
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Flexão do Adjetivos
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
• Gênero:
uma mesma espécie.
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
SUBSTANTIVOS Leão/corrente no: homem feliz, mulher feliz.
CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
com existência própria. Esses /lobisomem para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
seres podem ser animadoso /saci-pererê japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.
ou inanimados, reais ou
imaginários. • Número:
SUBSTANTIVOS Mistério/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
ABSTRATOS: nomeiam bondade/ número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
ações, estados, qualidades confiança/ res, japonês/ japoneses.
e sentimentos que não tem lembrança/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
existência própria, ou seja, só amor/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
existem em função de um ser. alegria
• Grau:
SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/ – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras rioso (do) que o seu.
conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores) – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
espécie, mesmo quando rioso (do) que o seu.
empregado no singular e – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
constituem um substantivo quanto o seu.
comum. – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS mo.
PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
moso.
Flexão dos Substantivos – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- mais famoso de todos.
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
uniformes nos famoso de todos.
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o Artigo
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em • Classificação e Flexão do Artigos
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. – Artigos Definidos: o, a, os, as.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá- O menino carregava o brinquedo em suas costas.
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira As meninas brincavam com as bonecas.
macho/palmeira fêmea. – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pou-
co, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:

18
LÍNGUA PORTUGUESA
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às ocul-
tas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portan-
Conclusivas
to...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante,
Conformativas
etc.

19
LÍNGUA PORTUGUESA

Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor,
Comparativas
etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que,
Consecutivas
etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

GÊNEROS TEXTUAIS DA REDAÇÃO OFICIAL. PRINCÍPIOS GERAIS. USO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO. ESTRUTU-
RA INTERNA DOS GÊNEROS: OFÍCIO, MEMORANDO, REQUERIMENTO, RELATÓRIO, PARECER

O que é Redação Oficial1


Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Inte-
ressa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de
linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no
artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a
impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
comunicações oficiais. Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impos-
sibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado
de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e
concisão. Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas para sua elabo-
ração que remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de
10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi
mantida no período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o
que exige o uso de certo nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são necessariamente unifor-
mes, pois há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso
de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de
tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para
comunicações oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio século
de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
buscou fazer das características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha a criação – ou
se aceite a existência – de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se chama burocra-
tês. Este é antes uma distorção do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático
e de formas arcaicas de construção de frases. A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à evolução da língua. É
que sua finalidade básica – comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de
maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas essas características funda-
mentais da redação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.

A Impessoalidade
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
a) alguém que comunique,
b) algo a ser comunicado, e
c) alguém que receba essa comunicação.

1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

20
LÍNGUA PORTUGUESA
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Di- de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o
visão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul-
relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal,
comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro ór- e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários
gão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Perce- do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do
be-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci-
assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo,
embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che- por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos
fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público os cidadãos.
que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro- Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade
nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex-
setores da Administração guardem entre si certa uniformidade; pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre-
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir,
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua-
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes- gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações
soal; oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for-
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con-
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre-
redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem-
gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de
indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo-
jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser
cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento
isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão,
por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado,
a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros
elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
alcançada a necessária impessoalidade. Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis-
mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem Formalidade e Padronização
nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca- As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é,
ráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalida- obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi-
de. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normati- gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é
vo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da-
sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível
se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento);
informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade
dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária
o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é
dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita, una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo
como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente nual, exige que se atente para todas as características da redação
uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extrema- oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza
mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a
costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de
normas específicas para cada tipo de expediente.
mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân-
cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma-
Concisão e Clareza
ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do
si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre-
texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máxi-
ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por mo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter- com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conheci-
minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema- mento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para
mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes
estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias
dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao
faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre-

21
LÍNGUA PORTUGUESA
gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de
forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de
não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e
inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com
foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se
todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia
secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de- eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência,
talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes
relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de-
clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em
já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes
claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida-
No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende des civis, militares e eclesiásticas.
estritamente das demais características da redação oficial. Para ela
concorrem: Concordância com os Pronomes de Tratamento
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra-
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni-
restrita, como a gíria e o jargão; cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres- concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo
cindível uniformidade dos textos; sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís- cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos
ticos que nada lhe acrescentam. referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
É pela correta observação dessas características que se redige so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero
com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e
texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in-
e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu- terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa-
ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente, do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa
deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por
terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de- Emprego dos Pronomes de Tratamento
corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece
que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre a secular tradição. São de uso consagrado:
é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni- Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa- a) do Poder Executivo;
riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu- Presidente da República;
nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro- Vice-Presidente da República;
ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. Ministros de Estado;
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe-
Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir. deral;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
As comunicações oficiais Embaixadores;
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se- Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de
guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da cargos de natureza especial;
Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo. Prefeitos Municipais.
Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns
a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego b) do Poder Legislativo:
dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação Deputados Federais e Senadores;
do signatário. Ministro do Tribunal de Contas da União;
Deputados Estaduais e Distritais;
Pronomes de Tratamento Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
Breve História dos Pronomes de Tratamento
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem c) do Poder Judiciário:
larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após Ministros dos Tribunais Superiores;
serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos, Membros de Tribunais;
“como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a Juízes;
palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis- Auditores da Justiça Militar.

22
LÍNGUA PORTUGUESA
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Magnífico Reitor,
Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec- (...)
tivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, hierarquia eclesiástica, são:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede-
ral. Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca-
tivo correspondente é:
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, Santíssimo Padre,
seguido do cargo respectivo: (...)
Senhor Senador,
Senhor Juiz, Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co-
Senhor Ministro, municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Senhor Governador, Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às (...)
autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
A Sua Excelência o Senhor dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se-
Fulano de Tal nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores
Ministro de Estado da Justiça religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos
70.064-900 – Brasília. DF e demais religiosos.

A Sua Excelência o Senhor Fechos para Comunicações


Senador Fulano de Tal O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
Senado Federal óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
70.165-900 – Brasília. DF para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Por-
taria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
A Sua Excelência o Senhor padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
Fulano de Tal estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to-
Juiz de Direito da 10a Vara Cível das as modalidades de comunicação oficial:
Rua ABC, no 123 a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
01.010-000 – São Paulo. SP pública:
Respeitosamente,
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in-
digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig- ferior:
nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, Atenciosamente,
sendo desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au-
para particulares. O vocativo adequado é: toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de-
Senhor Fulano de Tal, vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das
(...) Relações Exteriores.

No envelope, deve constar do endereçamento: Identificação do Signatário


Ao Senhor Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú-
Fulano de Tal blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e
Rua ABC, nº 123 o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina-
70.123 – Curitiba. PR tura. A forma da identificação deve ser a seguinte:

Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em- (espaço para assinatura)
prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem NOME
o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o Chefe da Secretária-geral da Presidência da República
uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor
não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo (espaço para assinatura)
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em NOME
comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem Ministro de Estado da Justiça
concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por
doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese- em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me-
jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma nos a última frase anterior ao fecho.
Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu-
nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
vocativo:

23
LÍNGUA PORTUGUESA
O Padrão Ofício – Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi- algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário,
o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero
que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de encaminhamento.
cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme-
lhanças. f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);

Partes do documento no Padrão Ofício g) assinatura do autor da comunicação; e


O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
partes: h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signa-
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que tário).
o expede:
Exemplos: Forma de diagramação
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte
forma de apresentação:
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha- a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
mento à direita: 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
Exemplo: b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman po-
13 der-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
Brasília, 15 de março de 1991. c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
da página;
c) assunto: resumo do teor do documento d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
Exemplos:
e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
espelho”);
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
cia da margem esquerda;
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en- mo, 3,0 cm de largura;
dereço. g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O
constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de
– Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o comportar tal recurso, de uma linha em branco;
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre- i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
-me informar que”, empregue a forma direta; letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
– Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas documento;
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
– Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen- branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
tada a posição recomendada sobre o assunto. e ilustrações;
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos Rich Text nos documentos de texto;
a estrutura é a seguinte: n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver veitamento de trechos para casos análogos;
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu- o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
produtividade ano 2002”
sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
segundo a seguinte fórmula:
Aviso e Ofício
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca-
— Definição e Finalidade
minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar- Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica-
tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servi- mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe-
dor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento, dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de
a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste. ” assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
no caso do ofício, também com particulares.

24
LÍNGUA PORTUGUESA
— Forma e Estrutura formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 medida ou submeta projeto de ato normativo.
Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula. No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen-
Exemplos: te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente da República sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Senhora Ministra Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre-
Senhor Chefe de Gabinete sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin- ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam
tes informações do remetente: também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentá-
– Nome do órgão ou setor; rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
– Endereço postal; apontar:
– telefone E endereço de correio eletrônico.
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
medida ou do ato normativo proposto;
Memorando
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
— Definição e Finalidade
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades tuais alternativas existentes para equacioná-lo;
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica- c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter
caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a ex- Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
posição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
determinado setor do serviço público. Sua característica principal é modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março
a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve de 2002.
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos buro- Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério
cráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comuni- ou órgão equivalente) nº de 200.
cações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. 1. Síntese do problema ou da situação que reclama providên-
Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim- cias
plificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, 2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na
e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no medida proposta
memorando. 3. Alternativas existentes às medidas propostas
Mencionar:
— Forma e Estrutura - Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão - Se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencio- - Outras possibilidades de resolução do problema.
nado pelo cargo que ocupa.
Exemplos: 4. Custos
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subche- Mencionar:
fe para Assuntos Jurídicos - Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
Exposição de Motivos
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário,
especial ou suplementar;
— Definição e Finalidade
- Valor a ser despendido em moeda corrente;
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da
República ou ao Vice-Presidente para:
a) informá-lo de determinado assunto; 5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente
b) propor alguma medida; ou se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo. tramitar em regime de urgência)
Mencionar:
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da - Se o problema configura calamidade pública;
República por um Ministro de Estado. - Por que é indispensável a vigência imediata;
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Mi- - Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te-
nistério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os nham sido previstos;
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi- - Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já
nisterial. prevista.

— Forma e Estrutura 6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medi-
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do da proposta possa vir a tê-lo)
padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a 7. Alterações propostas
exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente 8. Síntese do parecer do órgão jurídico
projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A ex- Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro-
posição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3.

25
LÍNGUA PORTUGUESA
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar- a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-
retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência
exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode
anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de
alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade: nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos,
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é
resolver; encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan-
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano plurianu-
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- al, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
cutivo (v. 10.4.3.). nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi-
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co-
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma-
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União.
o problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pes- Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da
soal (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição
reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem
exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), de encaminhamento ao Congresso.
b) encaminhamento de medida provisória.
não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à ex-
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição,
posição de motivos.
o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
Ressalte-se que:
dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
– A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada
não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
c) indicação de autoridades.
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação
comentários a serem ali incluídos.
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di-
a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, conci- plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci-
são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado,
a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da devidamente assinado, acompanha a mensagem.
República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden-
encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata-
ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em -se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a
parte. autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O
Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Mensagem ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada
Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
— Definição e Finalidade e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do
veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa- ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re- administrativo.
pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens
mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se-
guintes finalidades:

26
LÍNGUA PORTUGUESA
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante- — Forma e Estrutura
rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a As mensagens contêm:
abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon-
contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), talmente, no início da margem esquerda:
para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui- Mensagem no
ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci- do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno. Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons- horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais da República, não traz identificação de seu signatário.
porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em
forma de livro.
Telegrama
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio-
— Definição e Finalidade
nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou
a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san- comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por
ção. tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
i) comunicação de veto. e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
§ 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se
restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto) — Forma e Estrutura
j) outras mensagens. Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio
mensagens com: na Internet.
– Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-
cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); Fax
– Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera-
ções e prestações interestaduais e de exportação — Definição e Finalidade
(Constituição, art. 155, § 2o, IV); O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for-
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen-
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa-
– Pedido de autorização para operações financeiras externas gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
(Constituição, art. 52, V); e outros. conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
Entre as mensagens menos comuns estão as de: documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
– Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui- segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário
ção, art. 57, § 6o);
o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com
– Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida-
República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
mente.
– Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
lização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
– Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz — Forma e Estrutura
(Constituição, art. 84, XX); Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
– Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o); documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário
– Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons- com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
tituição, art. 137); me exemplo a seguir:
– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); Correio Eletrônico
– Proposta de modificação de projetos de leis financeiras
(Constituição, art. 166, § 5o); — Definição e finalidade
– Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade,
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re- transformou-se na principal forma de comunicação para transmis-
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, são de documentos.
§ 8o);
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi-
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc.

27
LÍNGUA PORTUGUESA
— Forma e Estrutura – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua e ôo(s).
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es-
trutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatí- Como era Como fica
vel com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e
Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio abençôo abençoo
eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a or- crêem creem
ganização documental tanto do destinatário quanto do remetente.
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, prefe- – Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
rencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha al- para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
gum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de Atenção:
leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pe- • Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
dido de confirmação de recebimento. • Permanece o acento diferencial em pôr/por.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
—Valor documental dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser • É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
aceito como documento original, é necessário existir certificação di- palavras forma/fôrma.
gital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida
em lei. Uso de hífen
Regra básica:
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS CONHECIMENTOS Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
GRAMATICAIS CONFORME PADRÃO FORMAL DA mem.
LÍNGUA
Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal:
ORTOGRAFIA OFICIAL – Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein- – Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
troduzidas as letras k, w e y. semicírculo.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O – Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
PQRSTUVWXYZ mo, antissocial, ultrassom.
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a – Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, das.
gui, que, qui.
2. Prefixo terminado em consoante:
Regras de acentuação – Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das -bibliotecário.
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
sílaba) persônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Como era Como fica
Observações:
alcatéia alcateia • Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
apóia apoia iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
apóio apoio
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
mirante.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
Como era Como fica a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
baiúca baiuca pontapé, paraquedas, paraquedista.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
bocaiúva bocaiuva usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
tuiuiú, tuiuiús, Piauí. muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
vamos passar para mais um ponto importante.

28
LÍNGUA PORTUGUESA
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons afirmar
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para concordar
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. consentir
Vejamos um por um: contestar
continuar
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre declamar
aberto. determinar
Já cursei a Faculdade de História. dizer
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre esclarecer
fechado. exclamar
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. explicar
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este gritar
caso afundo mais à frente). indagar
Sou leal à mulher da minha vida. insistir
interrogar
As palavras podem ser: interromper
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- intervir
-já, ra-paz, u-ru-bu...) mandar
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, ordenar, pedir
sa-bo-ne-te, ré-gua...) perguntar
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima prosseguir
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) protestar
reclamar
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: repetir
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, replicar
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) responder
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, retrucar
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, solicitar
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
dói, coronéis...) gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou-
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
nar e fixar as regras. Exemplo:
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos-
sas vidas.
TIPOS DE DISCURSO Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão)
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a
Discurso direto seguir:
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador,
ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa. Estilo 1:
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com- João perguntou:
pletamente bêbados, não é? — Que tal o carro?
Foi aí que um dos bêbados pediu:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é Estilo 2:
o seu marido que os outros querem ir para casa. João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
(Stanislaw Ponte Preta) Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)

Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro- Estilo 3:


duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará- Verbos de elocução no meio da fala:
grafo. — Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, carro.
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de — Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco-
etes pessoais. Verbos de elocução no fim da fala:
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou — Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente
declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa- João.
gem. — Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
acrescentar

29
LÍNGUA PORTUGUESA
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos: decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se.
filho. (Machado de Assis) Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
cadeia por que ele não sabe falar direito?
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse (Graciliano Ramos)
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis)

— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur-
e oito. (Machado de Assis) so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em
discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto
— Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis) livre: Era bruto, sim.

Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla- Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte-
mativas: rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen-
insistência. (Machado de Assis) tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente
— Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis) nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra-
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis) dor.

Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús- Transposição de discurso


culas depois dos pontos de exclamação e interrogação. Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se
a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O
Discurso indireto domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala corretamente os tipos de discurso na redação.
da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros
passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen- aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na
ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar, atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis-
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de- tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da dificuldade.
personagem na voz do narrador.

A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava


muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos)

Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa;
respondeu-me que não.
(Machado de Assis)
Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,
o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das
personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen-
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e
ritmo que confere ao texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Discurso Direto SEMÂNTICA: CONSTRUÇÃO DE SENTIDO; SINONÍMIA,


• Presente ANTONÍMIA, HOMONÍMIA, PARONÍMIA, POLISSEMIA;
A enfermeira afirmou: DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
– É uma menina.
Significação de palavras
• Pretérito perfeito As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação.
– Já esperei demais, retrucou com indignação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os
• Futuro do presente significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos
Pedrinho gritou: que compõem este estudo.
– Não sairei do carro.
Antônimo e Sinônimo
• Imperativo Começaremos por esses dois, que já são famosos.
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz. O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras.
Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signi-
Outras alterações ficado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com
• Primeira ou segunda pessoa homem que é antônimo de mulher.
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje. Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e
que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é mui-
• Vocativo to importante para produções textuais, porque evita que você fi-
– Você quer café, João?, perguntou a prima. que repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos
exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/conten-
• Objeto indireto na oração principal tamento e homem é sinônimo de macho/varão.
A prima perguntou a João se ele queria café.
Hipônimos e Hiperônimos
• Forma interrogativa ou imperativa Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa: uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperôni-
– E o amarelo? mo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, ca-
chorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais
• Advérbios de lugar e de tempo domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com
• Pronomes demonstrativos e possessivos substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das
essa(s), esta(s) palavras, beleza?!?!
esse(s), este(s)
isso, isto Outros conceitos que agem diretamente no sentido das pala-
meu, minha vras são os seguintes:
teu, tua
nosso, nossa Conotação e Denotação
Observe as frases:
Discurso Indireto Amo pepino na salada.
• Pretérito imperfeito Tenho um pepino para resolver.
A enfermeira afirmou que era uma menina.
• Futuro do pretérito As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa
Pedrinho gritou que não sairia do carro. palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo,
• Pretérito mais-que-perfeito não!
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha espera- Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja,
do) demais. a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionari-
• Pretérito imperfeito do subjuntivo zado.
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz. Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo cono-
Outras alterações tativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do
• Terceira pessoa contexto para ser entendida.
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia. Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e cono-
• Objeto indireto na oração principal tativo começa com C de contexto.
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propa-
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa gandas:
pelo amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia an-
terior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo,
seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de Linguagem
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso
linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tornando-o
poético.

As figuras de linguagem classificam-se em


- figuras de palavra;
- figuras de pensamento;
- figuras de construção ou sintaxe.

Figuras de palavra: emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um
efeito mais expressivo na comunicação.

Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos conectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente vem
com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.

Exemplos
...a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol.
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)

Encarnado e azul são as cores do meu desejo.


(Carlos Drummond de Andrade)

Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal como,
que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a comparação: parecer, assemelhar-se e outros.

Exemplo:
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou
qual não existe uma designação apropriada. na prosódia, mas diferentes no sentido.

Exemplos Exemplo:
– folha de papel Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
– braço de poltrona [erro
– céu da boca quero que você ganhe que
– pé da montanha [você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen- [mamãe.
tidos físicos. (Caetano Veloso)

Exemplo: Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-


Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) duzido por seres animados e inanimados.
mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade) Exemplo:
Vai o ouvido apurado
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste- na trama do rumor suas nervuras
sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen- inseto múltiplo reunido
ça gelada”. para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o. da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Exemplos
O filósofo de Genebra (= Calvino). Observação: verbos que exprimem os sons são considerados
O águia de Haia (= Rui Barbosa). onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.

Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que Figuras de sintaxe ou de construção: dizem respeito a desvios
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida. em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem,
possíveis repetições ou omissões.
Exemplos:
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) Podem ser formadas por:
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
Tomei um Danone. (iogurte) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné- ruptura: anacoluto;
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural. concordância ideológica: silepse.

Exemplo: Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período,


A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro frase ou verso.
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo
plural) Exemplo:
(José Cândido de Carvalho) Dentro do tempo o universo
[na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
Figuras Sonoras [do verão.
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral- Dentro da vida uma vida me
mente em posição inicial da palavra. [conta uma estória que fala
[de mim.
Exemplo: Dentro de nós os mistérios
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve- [do espaço sem fim!
ladas. (Toquinho/Mutinho)
(Cruz e Sousa)
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
verso ou poesia. vírgulas.

Exemplo: Exemplo:
Sou Ana, da cama, Não nos movemos, as mãos é
da cana, fulana, bacana que se estenderam pouco a
Sou Ana de Amsterdam. pouco, todas quatro, pegando-se,
(Chico Buarque) apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde- Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical. frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
Exemplo: função sintática definida.
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem
tuge, nem muge. Exemplos:
(Rubem Braga) E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter-
mo já expresso. Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
tassem as mãos.
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres- (José Lins do Rego)
são, dando ênfase à mensagem.
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
Exemplos: pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).
Não os venci. Venceram-me
eles a mim. Exemplo:
(Rui Barbosa) ...em cada olho um grito castanho de ódio.
(Dalton Trevisan)
Morrerás morte vil na mão de um forte. ...em cada olho castanho um grito de ódio)
(Gonçalves Dias)
Silepse:
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia-
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado. Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo
ou pronome com a pessoa a que se refere.
Exemplos:
Ouvir com os ouvidos. Exemplos:
Rolar escadas abaixo. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
Colaborar juntos. (Rachel de Queiroz)
Hemorragia de sangue.
Repetir de novo. V. Ex.a parece magoado...
(Carlos Drummond de Andrade)
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben-
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con- Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
junções, preposições e verbos. o sujeito da oração.

Exemplos: Exemplos:
Compareci ao Congresso. (eu) Os dois ora estais reunidos...
Espero venhas logo. (eu, que, tu) (Carlos Drummond de Andrade)
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver) Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
(Camões) (Machado de Assis)

Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior- Silepse de número: Não há concordância do número verbal
mente. com o sujeito da oração.

Exemplos: Exemplo:
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes. Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Camilo Castelo Branco) (Mário Barreto)

Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.


(Machado de Assis) PONTUAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO

Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen- Pontuação


tos na frase. Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a
Exemplos: organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das
Passeiam, à tarde, as belas na avenida. pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as
(Carlos Drummond de Andrade) funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE-
CHARA, 2009, p. 514)
Paciência tenho eu tido...
(Antônio Nobre)

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LÍNGUA PORTUGUESA
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon- mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). rem uma nova inserção.
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
Ponto ( . ) vernador)
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo Aspas ( “ ” )
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
reticências. particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
Estaremos presentes na festa. especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
Ponto de interrogação ( ? ) da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati- Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Você vai à festa? Vírgula
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
Ponto de exclamação ( ! ) ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
tiva. vírgula:
Ex: Que bela festa! 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
mos” o momento certo de fazer uso dela.
Reticências ( ... ) 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
Ex: Essa festa... não sei não, viu. tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois.
Dois-pontos ( : ) Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, Maria foi à padaria ontem.
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. Sujeito Verbo Objeto Adjunto
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
Ponto e vírgula ( ; ) re por alguns motivos:
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
ração (frequente em leis), etc. verbo e o adjunto.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
bém uma linda decoração e bebidas caras. Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
Travessão ( — ) é necessária:
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com Ontem, Maria foi à padaria.
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- Maria, ontem, foi à padaria.
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir À padaria, Maria foi ontem.
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
um diálogo, com ou sem aspas. sário:
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
ção.
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
serem observadas na redação oficial.
• Separa aposto.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
• Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
• Separa termos repetidos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Aquele aluno era esforçado, esforçado. A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- • Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transi-
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, tivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com preposição.
efeito, digo. Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, João gosta de beterraba.
ou seja, de fácil compreensão. • Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime
determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- um verbo, adjetivo ou advérbio.
tos). O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- Vamos sair do mar.
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) • Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem prati-
ca a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
• Separa orações coordenadas assindéticas. Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as • Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um subs-
ideias na cabeça... tantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação
de um verbo.
• Isola o nome do lugar nas datas. Um casal de médicos eram os novos moradores do meu pré-
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. dio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa no-
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa mes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões nado.
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor- A realização do torneio teve a aprovação de todos.
mações comprovam, etc. • Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao su-
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame- jeito da oração.
nizar o problema. A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao
objeto direto ou indireto da oração.
SINTAXE: ORAÇÃO, PERÍODO, TERMOS DAS ORAÇÕES; O médico considerou o paciente hipertenso.
ARTICULAÇÃO DAS ORAÇÕES: COORDENAÇÃO E SU- • Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou
BORDINAÇÃO identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equi-
valentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo • Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita quem se dirige a palavra.
coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al- Senhora, peço aguardar mais um pouco.
gumas questões importantes:
Tipos de orações
• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sen- As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça,
tido completo. não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, mo-
Os jornais publicaram a notícia. leza. Vamos comigo!!!
Silêncio! Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações
de um período são independentes (não dependem uma da outra
• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma para construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as ora-
locução verbal. ções de um período são dependentes (dependem uma da outra
Este filme causou grande impacto entre o público. para construir sentido completo).
A inflação deve continuar sob controle. As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas
uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam
• Período Simples: formado por uma única oração. da conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).
O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período.


Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo
direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da pre-
posição.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final.• Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não •
passa no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúr-
guer, ora quer comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá in-
de mau humor. veja.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito quinta, terão aula de reforço.
anteriormente. SEMPRE serão
acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de
Restringem o sentido de um termo quinta terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de
causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do
Assumem a função de advérbio de dia.
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar
Assumem a função de advérbio de na reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Orações Subordinadas Adverbiais Assumem a função de advérbio de previsto.
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de todos tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono
Assumem a função de advérbio de tinha.
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos
Assumem a função de advérbio de saem de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.

Casos Especiais de Concordância Nominal


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas:


Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quando
advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

38
LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância Verbal Deparar (encontrar) com
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Implicar (consequência) Não usa preposição
mes. Lembrar Não usa preposição

Concordância ideológica ou silepse Pagar (pagar a alguém) a


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Precisar (necessitar) de
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Proceder (realizar) a
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Responder a
Blumenau estava repleta de turistas. Visar ( ter como objetivo a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú- pretender)
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
texto. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau- QUE NÃO ESTÃO AQUI!
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
EXERCÍCIOS
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos.
1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL se fundamenta em intertextualidade é:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morri-
• Regência Nominal do há muito tempo.”
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar- mete onde não é chamada.”
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a
mento é estabelecida por uma preposição. gente mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
• Regência Verbal tudo bem.”
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).
Isto pertence a todos. Leia o texto abaixo para responder a questão.
A lama que ainda suja o Brasil
Regência de algumas palavras Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)

A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um


Esta palavra combina com Esta preposição dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
Acessível a ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
Apto a, para
Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
Atencioso com, para com peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
Coerente com pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
Conforme a, com ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
Dúvida acerca de, de, em, sobre que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
Empenho de, em, por
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
Fácil a, de, para, sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
Junto a, de se tornou uma bomba relógio na região.”
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
Pendente de de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
Preferível a do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
Próximo a, de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
Respeito a, com, de, para com, por gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
Situado a, em, entre
Ajudar (a fazer algo) a
Aludir (referir-se) a
Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição

39
LÍNGUA PORTUGUESA
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um que quem os cose sou eu, e muito eu?
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar- — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori- daço ao outro, dou feição aos babados…
dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com mando…
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer. — Também os batedores vão adiante do imperador.
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+- — Você é imperador?
QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
2. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
fato. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
gênero textual editorial. costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
que se trata de uma reportagem. orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
se trata de um editorial. isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Analise as assertivas e responda: Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
(A) Somente a I é correta. que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
(B) Somente a II é incorreta. e acima…
(C) Somente a III é correta A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
(D) A III e IV são corretas. agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
3. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ain- ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
da suja o Brasil”: tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
no desenvolvimento do assunto. costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
blemas no uso de conjunções e preposições. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
de palavras e da ordem sintática. dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
temática e bom uso dos recursos coesivos. alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
Analise as assertivas e responda: perguntou-lhe:
(A) Somente a I é correta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(B) Somente a II é incorreta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
(C) Somente a III é correta. vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
(D) Somente a IV é correta. a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
Leia o texto abaixo para responder as questões. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
UM APÓLOGO — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
Machado de Assis. que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: fico.
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
— Deixe-me, senhora. muita linha ordinária!
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?

40
LÍNGUA PORTUGUESA
4. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis 6. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003)
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona- Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em-
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique pregadas e grafadas.
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os (A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po-
elementos dos textos: der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de
qualquer excesso e violência.
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
isso, num modo de intervenção específico.
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol-
ta que ambos possam suscitar.
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
corpo dos supliciados.
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
organização em delinqüência.
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02) 7. (CÂMARA DE FORTALEZA - CE - CONSULTOR TÉCNICO LEGIS-
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. LATIVO- FCC – 2019)
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa Ver-
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço de. Eram furiosos, eram mansos, eram monomaníacos, era toda
e mando...” (L.14-15) a família dos deserdados do espírito. Ao cabo de quatro meses, a
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Casa Verde era uma povoação. Não bastaram os primeiros cubícu-
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; los; mandou-se anexar uma galeria de mais trinta e sete. O padre
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doidos
abaixo e acima.” (L.25-26) no mundo, e menos ainda o inexplicável de alguns casos. Um,
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela por exemplo, um rapaz bronco e vilão, que todos os dias, depois
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado de
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. tropos, de antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de grego e
Onde me espetam, fico.” (L.40-41) latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano. O vigário não
queria acabar de crer. Quê! um rapaz que ele vira, três meses antes,
5. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018) jogando peteca na rua!
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. − Não digo que não, respondia-lhe o alienista; mas a verdade é
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda- o que Vossa Reverendíssima está vendo. Isto é todos os dias.
mentem esses usos. − Quanto a mim, tornou o vigário, só se pode explicar pela con-
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: fusão das línguas na torre de Babel, segundo nos conta a Escritura;
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de provavelmente, confundidas antigamente as línguas, é fácil trocá-
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. -las agora, desde que a razão não trabalhe...
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª − Essa pode ser, com efeito, a explicação divina do fenômeno,
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime. concordou o alienista, depois de refletir um instante, mas não é
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona- impossível que haja também alguma razão humana, e puramente
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes científica, e disso trato...
de desferir os golpes. − Vá que seja, e fico ansioso. Realmente
(ASSIS, Machado de. O alienista. São Paulo: Companhia das
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso Letras, 2014, p. 24-25)
da vírgula em cada frase.
( ) Para destacar deslocamento de termos.
( ) Para separar adjuntos adverbiais.
( ) Para indicar um aposto.

A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:


(A) 1 – 2 – 3.
(B) 2 – 1 – 3.
(C) 3 – 1 – 2.
(D) 3 – 2 – 1.

41
LÍNGUA PORTUGUESA
No discurso indireto livre, a voz do personagem mistura-se à 11. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No
voz do narrador, a exemplo do que se observa em: trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são
(A) Ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação. classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se anexar uma “Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia,
galeria de mais trinta e sete. (1° parágrafo) mas nunca à custa de nossos filhos...”
(B) De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa (A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin-
Verde. Eram furiosos, eram mansos, eram monomaníacos, era dética adversativa;
toda a família dos deserdados do espírito. (1° parágrafo) (B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
(C) O vigário não queria acabar de crer. Quê! um rapaz que ele plicativa;
vira, três meses antes, jogando peteca na rua! (1° parágrafo) (C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
(D) – Quanto a mim, tornou o vigário, só se pode explicar pela bial concessiva;
confusão das línguas na torre de Babel, segundo nos conta a (D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada
Escritura... (3° parágrafo) sindética adversativa;
(E) – Essa pode ser, com efeito, a explicação divina do fenôme- (E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
no, concordou o alienista, depois de refletir um instante... (4° cessiva.
parágrafo)
12. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No perí-
8. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – odo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a
o seguinte par de palavras: história.”, a oração sublinhada é classificada como:
(A) estrondo – ruído; (A) coordenada assindética;
(B) pescador – trabalhador; (B) subordinada substantiva completiva nominal;
(C) pista – aeroporto; (C) subordinada substantiva objetiva indireta;
(D) piloto – comissário; (D) subordinada substantiva apositiva.
(E) aeronave – jatinho.
13. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
9. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX- des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
CELÊNCIA - 2019) nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
acima, na ordem dada, as expressões:
Em “Tempos Modernos”, fez-se o uso de figuras de linguagem, (A) a que – de que;
assinale a alternativa em que os termos destacados têm a classifi- (B) de que – com que;
cação corretamente: (C) a cujas – de cujos;
(D) à que – em que;
”Hoje o tempo voa, amor (E) em que – aos quais.
escorre pelas mãos
...Vamos viver tudo que há pra viver . 14. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
..eu vejo um novo começo de era Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
de gente fina, elegante, sincera (A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
com habilidade para dizer mais sim do que não crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe-
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
(A) Prosopopeia / pleonasmo / gradação / antítese. maior taxa registrada na última década.
(B) Metáfora / pleonasmo / gradação / antítese. (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
(C) Metáfora / hipérbole / gradação / antítese. serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
(D) Pleonasmo / metáfora / antítese / gradação. conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
(E) Nenhuma das alternativas. (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em
10. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de
padrão na seguinte sentença: novas fontes de petróleo.
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí-
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe. da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso. (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
que o do Brasil.

42
LÍNGUA PORTUGUESA
15. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – ______________________________________________________
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor-
reta. ______________________________________________________
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. ______________________________________________________
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
______________________________________________________
35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. ______________________________________________________
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
de lixo. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 E ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 E
5 C ______________________________________________________
6 B ______________________________________________________
7 C
______________________________________________________
8 E
9 A ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________
11 D
______________________________________________________
12 B
13 A ______________________________________________________
14 D ______________________________________________________
15 E
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
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DIREITOS HUMANOS
1. O processo histórico de construção e afirmação dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. A estrutura normativa do sistema global e do sistema interamericano de proteção aos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Declaração Universal dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. A Constituição brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Processo de incorporação de Tratados Internacionais de Direitos Humanos ao direito brasileiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
7. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Dos Princípios Fundamentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
8. Dos direitos e deveres individuais e coletivos. Dos direitos sociais. Da nacionalidade. Dos direitos políticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
9. Educação em Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
DIREITOS HUMANOS
Além disto, o modelo quase universalmente utilizado de tri-
O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO E
partição dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) também
AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
surgiu nesta época, o que levou a diversos desdobramentos, espe-
cialmente ao maior controle do Estado sobre seus próprios atos, na
medida em que não seria mais o mesmo órgão que elaboraria as
A afirmação histórica dos direitos humanos em nossa socieda- leis, executaria e julgaria as mesmas.
de estão relacionados aos acontecimentos históricos relevantes e Em 1948, após o mundo ter ficado consternado com tanta des-
que formaram o sistema jurídico protetivo que temos hoje. truição causada pela segunda guerra mundial, veio a Declaração
Tem-se como absolutamente importante conhecer o contexto Universal de Direitos Humanos em 10/12/1948 e que representou
histórico do desenvolvimento dos direitos humanos para compre- um imenso avanço na proteção dos direitos humanos.
ender sua exata dimensão e o papel desempenhado em importan- Surgiu naquela ocasião a Liga das Nações (que acabou extinta
tes conquistas sociais, especialmente porque é isto que garante um pouco tempo depois e, posteriormente, ressurgiu como as Nações
conhecimento mais abrangente sobre a matéria e, neste sentido, Unidas – ONU).
permite ao candidato responder mais questões, inclusive as menos Em 1969 foi assinado o Pacto de São José da Costa Rica, o qual
específicas. foi incorporado ao ordenamento jurídico em 1992, fazendo com
O primeiro marco histórico ao qual devemos fazer referencia é que o Brasil entrasse na Convenção Americana Sobre Direitos Hu-
o ano de 1215, em que ocorreu a edição da Carta Magna, reconhe- manos e que tivesse diversos respaldos no ordenamento jurídico.
cida como o primeiro esboço de Constituição e até hoje precursora Quanto à evolução dos direitos humanos, a partir de uma pro-
posta de 1979, tivemos uma proposta de classificação em relação às
de um modelo amplamente adotado séculos mais tarde de submis-
gerações dos direitos humanos e que até hoje é a mais amplamente
são dos governantes a um sistema jurídico.
aceita. Ela se baseia nos lemas da revolução francesa: igualdade,
Naquele momento, em plena Idade Média, uma das maneiras
fraternidade e liberdade.
de demonstrar força era pela terra, sendo que como o rei à época
São as chamadas dimensões ou gerações de direitos humanos
não tinha terra (e entrou para a história como sendo o João Sem e, até hoje, servem para embasar sua evolução histórica.
Terras) restou acuado por um grupo de nobres que desejavam limi- O principal parâmetro é o momento histórico ao qual cada um
tar seus poderes. dos direitos restou inserido (cronologicamente).
Assim, ao prestar juramento a um documento, o Rei reconhe- A primeira dimensão/geração está relacionado às revoluções
ceu a existência de uma série de normas jurídicas limitadoras de liberais, uma vez que tenta proteger o cidadão dos abusos cometi-
seu poder (uma vez que na época havia diversos poderosos que dos pelo Estado.
governavam sem limites, o que inclusive continuou existindo no pe- Até aquele momento, o indivíduo não podia demandar ne-
ríodo subsequente que entrou para a história como o absolutismo). nhum direito em face do Estado, sendo que este rompimento está
Com isso, tivemos pela primeira vez na história um documen- umbilicalmente às agitações iluministas e as revoluções liberais que
to que garantia uma limitação ao poder do soberano, o que serviu ocorre naquele momento.
como um embrião para as Constituições que viriam. Historicamente, temos o aparecimento das constituições escri-
Em 1628, com a edição do petition of rights tivemos um outro tas e que visavam delimitar os poderes e a atuação do Estado, espe-
marco importante no âmbito dos direitos humanos, uma vez que, cialmente em face da relação entre este e os indivíduos.
pela primeira vez, houve um requerimento por liberdades e direitos Neste contexto, vê-se o surgimento de direitos civis e políticos,
civis, pelos súditos, ao Rei. tais como vida e propriedade. Isto decorre porque o liberalismo sur-
Em 1679, com o habeas corpus act, tivemos a introdução de ge como um movimento que busca proteger o indivíduo em detri-
um mecanismo que visava a revogação de prisões injustas, sendo mento de outros valores sociais.
que até hoje esta figura se encontra prevista em diversos ordena- Ademais, o foco de tais estavam ligados intimamente à liberda-
mentos (inclusive no Brasil, que visa combater os atos de cercea- de e, de uma maneira geral, importavam em um dever de absten-
mento de liberdade praticados com ilegalidade e abuso de poder). ção do Estado em relação aos particulares (em termos não técnicos,
Em 1689, em um importante marco aos direitos humanos, um dever de “não fazer” e, com isso, garantir os direitos basilares
temos a edição da bill of right (declaração de direitos), que surgiu dos particulares).
após a revolução gloriosa e que submetia a monarquia à soberania Em outras palavras, trata-se de uma imposição ao Estado para
popular (antes se entendia que o poder vinha diretamente dos deus que este se abstenha de intervir indevidamente na vida das pesso-
as (deixar de cercear a liberdade, deixar de dominar a propriedade
aos monarcas).
etc.).
Trata-se do maior embrião da visão jurídica de que o poder
Os direitos de segunda dimensão surgem em um momento de
emana do Povo e que o mesmo poderia pleitear direitos em face
grande desigualdade social, o que leva ao questionamento acerca
do Estado.
da necessidade de uma outra espécie de atuação do Estado, rela-
Em 1776, com a declaração de independência dos Estados Uni- cionada a uma conduta POSITIVA e que tenha como norte a promo-
dos da América, houve uma grande influência dos ideais iluministas ção do bem-estar social e da igualdade (facere).
e importantes conquistas na promoção de uma sociedade em que Neste sentido, o Estado não só deveria se abster de intervir na
todos os cidadãos seriam iguais perante a lei. liberdade, mas também implantar determinadas medidas que pos-
Em 1779, no auge da Revolução Francesa, temos a Declaração sibilitem a reversão das desigualdades sociais.
Universal de Direitos Humanos, contemplando diversos e importan- Por exemplo, o Estado deve assumir o ônus de garantir uma
tes elementos que estruturam até hoje o estudo e aplicação dos educação acessível e de qualidade, assim como a saúde de toda a
direitos humanos. população e que todos tenham oportunidades e possam realizar o
A Revolução Francesa entrou para história, dentre outros mo- seu mínimo vital.
tivos, porque ela foi a responsável por encerrar a época absolutista É importante destacar que a medida da igualdade está rela-
na Europa e, por sua vez, por instaurar e disseminar a Constituição cionada à liberdade material e não meramente a forma (aquela do
como verdadeiro elemento fundante de um Estado. “somos todos iguais perante a lei”).

1
DIREITOS HUMANOS
A liberdade material surge quando se garante que os iguais Nesses casos, podemos encontrar progressos similares, seja
serão tratados de maneira igual, mas os desiguais serão tratados pela redefinição do conceito tradicional de soberania estatal, até
de maneira desigual (ex.: não dá pra dizer que há igualdade mate- então tida como absoluta e ilimitada, seja pelo reconhecimento de
rial entre um rico e um miserável, uma vez que o segundo não terá que o indivíduo também, e não apenas o Estado, é sujeito de Direito
acesso as mesmas coisas e nem às condições de vida que o rico, Internacional. Com efeito, à medida que se passa a admitir inter-
então neste contexto o Estado deve promover medidas que façam venções internacionais em prol do indivíduo por ocasião de viola-
com que o miserável possa ter condições de ter uma vida digna – ção aos direitos humanos no âmbito interno dos Estados, a noção
algo que não é preciso de se importar quando se fala do rico). tradicional de soberania absoluta dos Estados resulta prejudicada.
Então, ao passo que na primeira geração bastava que o Esta- A contribuição destes órgãos ao processo de universalização
do não atropelasse as liberdades individuais, na segunda ocorreu dos direitos humanos é inegável. Afinal, ao proteger os direitos
a imposição de uma obrigação do Estado de realizar prestações po- fundamentais em época de guerra, promover a paz e a seguran-
sitivas e equilibrar as situações sociais que são naturalmente dese- ça internacionais, e estabelecer um padrão global mínimo para as
quilibradas. condições de trabalho, deu-se o primeiro passo rumo ao reconhe-
Os direitos de terceira geração (fraternidade) são aqueles sur- cimento de que os direitos humanos devem ser protegidos inde-
gidos após a segunda guerra mundial e se relacionam aos direitos pendentemente de raça, credo, cor ou nacionalidade, podendo a
transindividuais (coletivos). comunidade internacional intervir no caso dos Estados furtarem-se
Após a destruição causada pela Grande Guerra, o mundo co- a fornecer tal proteção a seus nacionais.
meçou a perceber que era necessário criar um plexo de direitos que Com o advento daqueles institutos, prenuncia-se o fim da era
versasse sobre aquilo que fossem além dos indivíduos. em que a forma pela qual o Estado tratava os seus nacionais era
Por exemplo, temos o direito ao meio ambiente equilibrado,
concebida como um problema de jurisdição doméstica, restrito ao
posto que ele não pertence a uma ou outra pessoa individualmen-
domínio reservado do Estado, decorrência de sua soberania, auto-
te, mas a toda a coletividade.
nomia e liberdade.
Em suma, eles visam tutelar a própria existência humana (o
que faz bastante sentido considerada a comoção causada no pós-
-guerra). — Sistema global de direitos humanos. Organização das Na-
Esta é a ideia básica e que surgiu a partir do estudo consolida- ções Unidas: declarações, tratados, resoluções, comentários ge-
do e amplamente aceito (e que tem maiores chances de incidir na rais, relatórios e normas de organização e funcionamento dos ór-
prova). gãos de supervisão, fiscalização e controle. Órgãos convencionais
Contudo, existem os que afirmam a existência dos direitos de e extraconvencionais
quarta e quinta geração (apesar de não haver unanimidade a este Após as duas guerras mundiais ocorridas no século XX, em
respeito, é importante conhecer porque isso pode incidir na prova). que inúmeras atrocidades foram cometidas em nome da soberania
A quarta geração/dimensão aparece no contexto de democra- nacional, a criação de um sistema internacional de proteção dos
cia e universalização do acesso à informação e ampla integração direitos humanos foi a resposta para que se pudesse reconstruir
dos países (globalização política) sem prejuízo dos avanços tecnoló- a esperança de paz duradoura no mundo. Com o fim da segunda
gicos e do avanço da ciência o que acaba refletindo na necessidade guerra mundial, crescia a consciência de que os direitos humanos
de desenvolvimento do biodireito e dos direitos tecnológicos. são universais e indivisíveis. Universais na medida em que se busca
A quinta geração, por fim, defendido pelo professor Paulo Bo- a aquisição e o exercício de direitos para todos e todas e indivisíveis
navides como sendo o direito à paz (para Vazak é um direito de no sentido de que os direitos humanos devem possuir igual valida-
terceiro geração). de, independentemente de serem classificados como civis, políti-
cos, econômicos, sociais ou culturais2.
Com base nessa construção histórica, é crescente a demanda
O SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO
das Nações Unidas em torno dos direitos humanos. Entidades da
DOS DIREITOS HUMANOS
sociedade civil de todo o mundo acionam o sistema global de prote-
ção dos direitos humanos, diante da consciência de que os estados
A partir da Declaração Universal de 1948, desenvolveu-se um são, muitas vezes, coniventes ou ineficientes para dar respostas às
novo ramo do direito caracterizado como um direito de proteção: o violações dos direitos humanos. Por outro lado, o sistema da ONU
Direito Internacional dos Direitos Humanos. O processo de univer- tem sido uma grande possibilidade de prevenir conflitos internos,
salização dos Direitos Humanos iniciou a sua fase legislativa com a razão pela qual maior ênfase deveria ser dada para os recentes me-
elaboração de Pactos e Tratados que trouxeram caráter realmente
canismos de proteção dos direitos humanos, assim como ao fortale-
normativo aos direitos consagrados, e de avaliação e reafirmação
cimento de instituições nacionais para solucionar questões relacio-
dos princípios através de Conferências Mundiais sobre Direitos Hu-
nadas a direitos humanos.
manos1.
A utilização dos sistemas internacionais de proteção dos di-
Apesar dos primeiros passos rumo à construção de um Direi-
to Internacional dos Direitos Humanos terem sido dados logo após reitos humanos não implica, portanto, em abandonar o uso dos
o fim da Primeira Guerra Mundial, com o surgimento da Liga das sistemas nacionais. Ambos devem ser fortalecidos, na perspectiva
Nações e da Organização Internacional do Trabalho, a consolidação do pleno respeito aos direitos humanos. No plano internacional, o
deste novo ramo do Direito ocorre apenas com o fim da Segunda desafio é, através de instrumentos e mecanismos de proteção, am-
Guerra Mundial. pliar o respeito aos direitos humanos.
O sistema de proteção dos direitos humanos das Nações Uni-
das tem como principais órgãos:
→ a Assembleia Geral, a cujo organismo compete, principal-
mente, legislar em matéria de direitos humanos;

1 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4286318/mod_resource/content/1/ 2 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4286318/mod_resource/content/1/
Manual_de_Direitos_Acesso_aos_Sistemas_global_e_Regional.pdf Manual_de_Direitos_Acesso_aos_Sistemas_global_e_Regional.pdf

2
DIREITOS HUMANOS
→ o Conselho Econômico e Social (ECOSOC), a cujo organismo Os Pactos Internacionais, diga-se de passagem, deveriam ser
cabe promover o respeito dos direitos humanos; coordenar as ati- um só, a detalhar a Declaração Universal de Direitos Humanos, não
vidades da ONU e suas agências especializadas; elaborar estudos, o sendo em função da guerra fria, que impedia os blocos socialista e
relatórios e recomendações sobre assuntos de interesse social, eco- liberal de verem, como hoje não resta dúvida, os direitos humanos
nômico, cultural e educacional; numa perspectiva integral. De qualquer forma, os pactos represen-
→ o Conselho de Segurança, a cujo organismo compete desen- tam a juridicização da Declaração Universal de Direitos Humanos,
volver operações pela manutenção da paz; decidir sobre graves vio- na medida em que detalham e ampliam os direitos nela contidos.
lações aos direitos humanos que ponham em risco a paz mundial; e O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos enuncia os
estabelecer tribunais penais internacionais. seguintes direitos:
1) à igualdade;
Na estrutura do Conselho Econômico e Social, a Comissão de 2) às liberdades (de locomoção, de associação, de reunião e de
Direitos Humanos é o espaço através do qual a ONU monitora a expressão);
situação dos direitos humanos no mundo. Suas propostas, reco- 3) ao julgamento justo e ao devido processo legal;
mendações e relatórios são submetidos ao Conselho Econômico e 4) à vida;
Social, com o que a Comissão de Direitos Humanos presta assistên- 5) à integridade física e à segurança pessoal;
cia àquele na coordenação das atividades relacionadas a direitos 6) à privacidade;
humanos no sistema das Nações Unidas. 7) à paz;
O sistema da ONU de proteção dos direitos humanos é forma- 8) à família;
do por instrumentos normativos e mecanismos práticos de realiza- 9) ao casamento.
ção de tais direitos.
Além de detalhar e ampliar direitos em relação à Declaração
Principais instrumentos normativos do sistema global de pro-
Universal, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos institui
teção dos direitos humanos
o Comitê de Direitos Humanos, com a competência de monitorar a
São os principais instrumentos normativos de proteção dos di-
sua implementação, através do recebimento e análise de relatórios
reitos humanos, no plano das Nações Unidas, a saber:
periódicos dos estados e da apresentação de comunicações pelos
• a Declaração Universal de Direitos Humanos estados em relação a outros (que tenham aceitado formalmente
Em seu preâmbulo, a Declaração Universal de Direitos Hu- essa possibilidade).
manos (1948) assegura o princípio da indivisibilidade dos direitos Os dois Protocolos Facultativos foram adotados pelas Nações
humanos. Com base no princípio da indivisibilidade dos direitos Unidas com a finalidade de ampliar as conquistas em torno dos di-
humanos, a Declaração dedica os artigos 1º ao 21 aos direitos hu- reitos humanos civis e políticos: o Protocolo I, que estabelece a pos-
manos civis e políticos; e os artigos 22 a 27 aos direitos humanos sibilidade de apresentação de comunicações individuais ao Comitê
econômicos, sociais e culturais. de Direitos Humanos; e o Protocolo II, que proíbe a pena de morte.
Entre os direitos humanos civis e políticos estão relacionados o São os seguintes os direitos constantes do Pacto Internacional
direito às liberdades de locomoção, de associação, de reunião e de de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais:
expressão, à igualdade, à vida, à segurança pessoal e à integridade 1) ao trabalho;
física, à personalidade, ao julgamento justo e ao devido processo 2) à associação em sindicatos;
legal, ao respeito à privacidade, ao asilo, à nacionalidade, ao casa- 3) à greve;
mento, à propriedade e à livre escolha dos governantes. 4) à previdência social;
Entre os direitos humanos econômicos, sociais e culturais en- 5) à constituição e manutenção da família;
contram-se o direito à segurança social e ao bem estar social, direito 6) à proteção especial de crianças e adolescentes contra a ex-
ao trabalho, a condições justas de trabalho e igual e justa remune- ploração econômica e no trabalho;
ração para trabalho igual, assim como a proteção contra o desem- 7) à proteção contra a fome;
prego e a organização sindical para a proteção de seus interesses, 8) à cooperação internacional;
direito ao repouso e ao lazer, à limitação das horas de trabalho e 9) à saúde física e mental;
férias remuneradas, direito à saúde, à alimentação, ao vestuário, à 10) à educação;
habitação, a serviços sociais e previdência social, à proteção espe- 11) ao respeito à cultura de cada povo e região;
cial à maternidade e à infância, direito à educação, à gratuidade e 12) ao progresso científico e técnico:
obrigatoriedade do ensino fundamental, e educação para promover 13) alimentação:
a paz e a tolerância racial e religiosa, e direito à cultura e à proteção 14) vestuário;
histórica e promoção cultural.
15) moradia adequada.
Apesar da maior prevalência, inclusive em termos do número
de artigos, ao todo são 21, relacionados diretamente aos direitos
Diferentemente do que aconteceu com o Pacto Internacional
humanos civis e políticos, a Declaração Universal enuncia muitos
de Direitos Civis e Políticos, o Pacto Internacional de Direitos Econô-
dos direitos que hoje são considerados fundamentais direitos hu-
manos econômicos, sociais e culturais. micos, Sociais e Culturais (PIDESC) estabeleceu um sistema de mo-
nitoramento restrito à apresentação de relatórios periódicos elabo-
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, e o Pacto rados pelos estados, a serem apresentados, a partir do primeiro ano
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da entrada em vigor do Pacto, ao secretário geral, que encaminhará
Tanto o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos quan- cópia ao Conselho Econômico e Social.
to o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais Só em 1987, por meio de resolução, é que foi criado o Comi-
foram aprovados pela Assembleia Geral em 1966, e que entraram tê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais com a atribuição de
em vigor em 1976, reconhecendo e reforçando o princípio da indivi- monitorar a implementação do PIDESC, através da elaboração de
sibilidade dos direitos humanos, presente no preâmbulo de ambos. relatórios ou pareceres com conclusões e recomendações para os

3
DIREITOS HUMANOS
estados. Ao comitê foi dada também a prerrogativa de receber re- O art. 4º - 1 da Convenção, também conhecida por CEDAW
latórios alternativos da sociedade civil dos estados ratificantes do (conforme sigla em inglês), respalda a aplicação de políticas de ação
Pacto, o que resultou num aperfeiçoamento do sistema, num esfor- afirmativa, enquanto forma de reparar e superar injustiças cometi-
ço por atribuir igualdade aos direitos humanos econômicos, sociais das no passado.
e culturais, em relação aos direitos humanos civis e políticos, que Também importante é a definição do art. 10 da CEDAW, que
já contavam, e de modo convencional, com um sistema de moni- estabelece a igualdade de acesso à educação para as mulheres, em
toramento. todos os níveis, assim como os artigos 11 e 12, que, respectivamen-
O Protocolo Facultativo do Pacto Internacional de Direitos Eco- te, estabelecem a igualdade de acesso ao emprego e à saúde. A eli-
nômicos, Sociais e Culturais (PF-PIDESC) foi adotado pela Assem- minação de barreiras na esfera da vida econômica e social está pre-
bleia Geral das Nações Unidas no dia 10 de dezembro de 2008, 60 vista no art. 13 (benefícios familiares, comércio, recreação, cultura).
anos após a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A CEDAW criou o Comitê dos Direitos da Mulher, com prerro-
Foi aberto a assinatura em 24 de setembro de 2009. O Protocolo gativa de monitorar sua implementação. Formado por 18 mem-
Facultativo estabelece três procedimentos internacionais de prote- bros, o Comitê deve examinar relatórios oferecidos pelos estados
ção: membros da Convenção, informando sobre as medidas legislativas,
1) um de comunicações individuais; judiciárias, administrativas ou outras que adotarem para tornarem
2) outro de comunicações interestatais e; efetivas as disposições desta Convenção e dos progressos alcança-
3) procedimento de investigação das violações graves ou siste- dos a respeito, pelo menos a cada quatro anos ou sempre que o
máticas dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais - DESC. Comitê solicitar.
Em 2002, o Brasil ratificou o Protocolo Facultativo ao CEDAW,
A Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento que, entre outras medidas, estabelece a possibilidade de apresen-
A Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, de 1986, tação de comunicações individuais, por parte de qualquer pessoa
buscou ampliar as ferramentas direcionadas à proteção dos direitos do país membro da Convenção, ao Comitê. Esse importante passo
humanos econômicos, sociais e culturais, embora seja uma declara- do Brasil possibilitou um grande avanço na implementação dos di-
ção, e não um tratado, portanto, desprovida de capacidade jurídica reitos da mulher para os grupos de direitos humanos do país.
de obrigatoriedade em relação aos estados. Apesar dessa limitação,
a Declaração conta com a mais clara definição para o princípio da A Convenção sobre os Direitos da Criança
indivisibilidade dos direitos humanos contida num instrumento in- A Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989, que influen-
ternacional. ciou profundamente a legislação brasileira através da Constituição
Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente, dá destaque à
Em seu preâmbulo, a Declaração define desenvolvimento
necessidade de respeito aos direitos humanos civis, políticos, eco-
como um processo econômico, social, cultural e político abrangen-
nômicos, sociais culturais para as crianças, embora seja evidente a
te, com o que reafirma a ideia da indivisibilidade, que visa ao cons-
preocupação especial com dois desses direitos: o direito à saúde,
tante incremento do bem-estar de toda a população e de todos os
constante do art. 24 (inclusive em suas dimensões de redução da
indivíduos com base em sua participação ativa, livre e significativa
mortalidade infantil, universalização dos serviços básicos de saúde,
no desenvolvimento e na distribuição justa dos benefícios daí re-
assistência pré e pós-natal às mães, adoção de medidas de saúde
sultantes.
preventiva) e o direito à educação, constante do art. 28, mas desdo-
De igual importância é o reconhecimento, também contido no
brados em outras partes da Convenção.
preâmbulo do Pacto, de que violações massivas e flagrantes aos É importante mencionar, entre tantas normas com repercussão
direitos humanos são resultado do colonialismo, neocolonialismo, para os direitos humanos econômicos, sociais e culturais, os artigos
apartheid, de todas as formas de racismo e discriminação racial, 17, 18 e 23 da Convenção sobre os Direitos da Criança, que se refe-
dominação estrangeira e ocupação, agressão e ameaças contra a rem, respectivamente, à necessidade de encorajamento, por parte
soberania nacional, à unidade nacional e à integridade territorial de do poder público, dos meios de comunicação para a difusão da in-
ameaças de guerra. O reconhecimento é de grande importância na formação e dados de benefício social e cultural à criança; à neces-
perspectiva da construção de um futuro em que não sejam come- sidade de manutenção de serviços de assistência social e creches
tidos os erros do passado, no sentido em que abre caminho para a para crianças e adolescentes; e ao reconhecimento das crianças
validação das políticas de ação afirmativa. portadoras de deficiências físicas ou mentais como devendo des-
A Declaração consta ainda do reconhecimento de que a paz e a frutar de uma vida plena e decente em condições que garantam sua
segurança internacionais dependem do respeito aos direitos huma- dignidade, favoreçam sua autonomia e facilitem sua participação
nos econômicos, sociais e culturais e são essenciais para a garantia ativa na comunidade.
do direito ao desenvolvimento.
Em remissão ao art. 2º do PIDESC, o preâmbulo da Declaração No campo dos direitos humanos civis e políticos, a Convenção
sobre o Direito ao Desenvolvimento estabelece a responsabilidade sobre os Direitos da Criança define “criança” como todo ser humano
primária dos estados na criação das condições favoráveis ao desen- com idade abaixo de dezoito anos (art. 1º), digno de respeito sem
volvimento, em vinculação com a participação ativa das sociedades qualquer tipo de discriminação (art. 2º) e à atenção e à proteção
nacionais. especial (art. 3º, 11, 40) sempre que seu interesse estiver em jogo.
Encontram-se também entre essa categoria de direitos os direitos
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- a um nome e à nacionalidade (art. 7º), à preservação da identidade
minação contra a Mulher (art. 8º), a fazer parte de uma família (art. 5º, 9º, 10), ao respeito de
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- sua opinião e expressão (art. 12, 13, 14), à proteção da privacidade
minação contra a Mulher, CEDAW, de 1979, já em seu preâmbulo (art. 16), ao acesso à informação (art. 17), à integridade física e psi-
justifica os direitos da mulher como uma necessidade para a socie- cológica (art. 19, 23, 34, 35, 36, 37, 38, 39).
dade moderna se desenvolver, e demonstra a preocupação com a
situação de particular vulnerabilidade da mulher (incluindo a femi-
nilização da pobreza).

4
DIREITOS HUMANOS
Como dispõe a Convenção no seu art. 43, é criado o Comitê relatórios alternativos (também chamados relatórios paralelos ou
para os Direitos da Criança, integrado por dez especialistas, e dota- relatórios-sobra), elaborados por entidades da sociedade civil dos
do de competência para monitorar a implementação daquele ins- estados, os quais devem ser apreciados na qualidade de informação
trumento, examinando os relatórios que devem ser apresentados complementar à prestada por estes.
pelos estados-partes, ao Comitê, a cada cinco anos.
— Mecanismos do sistema global de proteção dos direitos
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as humanos
Formas de Discriminação Racial Os mecanismos de proteção dos direitos humanos podem ser
Respaldada pelas ideias de que a doutrina da superioridade de dois tipos: convencionais e extra convencionais. Seu funciona-
baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente mento está sob a responsabilidade direta da Comissão de Direitos
condenável, socialmente injusta e perigosa e de que a discrimina- Humanos da ONU. Esta, por sua vez, tem sua atuação balizada pelo
ção entre as pessoas por motivo de raça, cor ou origem étnica é Conselho Econômico e Social (ECOSOC).
um obstáculo às relações amistosas e pacíficas entre as nações e é Passamos a distinguir os mecanismos convencionais e não con-
capaz de perturbar a paz e a segurança entre os povos e a harmonia vencionais3:
de pessoas vivendo lado a lado, constantes de seu preâmbulo, a
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Mecanismos convencionais (treaty-monitoring bodies)
Discriminação Racial, de 1968, tem o grande mérito de convalidar Os mecanismos convencionais de proteção dos direitos hu-
as políticas de ação afirmativa enquanto remédios temporários de manos são assim chamados porque foram estabelecidos através
inclusão social de grupos étnicos e raciais. de convenções. De uma maneira geral, são organismos compostos
Entre os direitos humanos mencionados pela Convenção, no por especialistas que atuam em sua responsabilidade individual,
art. 5º, alínea e, encontram-se, a título exemplificativo, os direitos portanto, com independência em relação aos países dos quais são
ao trabalho, a fundar sindicatos e a eles se filiar, à habitação, à saú- provenientes.
de pública, à previdência social, à educação, à formação profissional À exceção do Comitê sobre os Direitos da Mulher, integrado
e à igual participação nas atividades culturais. por 23 membros, do Comitê sobre os Direitos da Criança e do Comi-
tê contra a Tortura, integrados por 10 membros, os demais comitês
Conforme descrito nos artigos 8º e 9º, a Convenção criou o Co-
são formados por 18 membros. Esses comitês têm a competência
mitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial, composto por de-
de examinar relatórios dos governos e da sociedade civil, na pers-
zoito especialistas, com o mandato de monitorar a implementação
pectiva do monitoramento da implementação dos tratados nos es-
do tratado, através do examine de relatórios dos países membros
tados-partes.
que devem ser apresentados a cada quatro anos.
São os seguintes os comitês responsáveis pelo monitoramento
dos tratados que constituem os treaty-monitoring bodies no âmbito
A Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
das Nações Unidas:
Cruéis, Desumanos ou Degradantes
Comitê de Direitos Humanos: Monitora a implementação do
Por fim, a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 28);
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984, parte da ideia, Comitê contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desu-
constante de seu preâmbulo, de que os direitos humanos emanam manos ou Degradantes: Monitora a implementação da Convenção
da dignidade inerente à pessoa humana e da necessidade de con- contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou De-
cretizar o artigo 5º da Declaração Universal de Direitos Humanos e gradantes (art. 22);
o artigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimina-
determinam que ninguém será sujeito a tortura ou a pena ou trata- ção Racial: Monitora a implementação da Convenção sobre a Elimi-
mento cruel, desumano ou degradante. nação de Todas as Formas de Discriminação Racial (art. 14);
A Convenção designa como tortura, nos termos do Art. 1º: “(...) Comitê sobre os Direitos da Criança: Monitora a implementa-
qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou men- ção da Convenção sobre os Direitos da Criança (art. 43);
tais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimi-
dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; castigá-la nação contra a Mulher: Monitora a implementação da Convenção
por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pesso- Mulher (art. 21);
as; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: Monitora
natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um a implementação do Pacto Internacional de Direitos Econômicos,
funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públi- Sociais e Culturais (criado por resolução do Conselho Econômico e
cas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquies- Social).
cência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos
que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que Ao serem responsabilizados pelo exame de relatórios forneci-
sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram”. dos pelos estados partes (e pela sociedade civil desses estados), os
O art. 14.1 da referida Convenção busca assegurar que os es- comitês de monitoramento dos tratados de direitos humanos ela-
tados estabeleçam em seus sistemas jurídicos o direito à reparação boram pareceres que têm a finalidade de auxiliar os países a me-
e à indenização justa e adequada para as vítimas ou familiares de lhorar a implementação daqueles tratados, no plano interno. Na
vítimas de tortura. avaliação do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
Conforme dispõe o art. 17.1, a Convenção cria o Comitê contra embora as observações finais do Comitê, em particular suas suges-
a Tortura, composto de dez membros especialistas no tema, com a tões e recomendações não sejam de caráter legalmente vinculante,
função de monitorar a implementação do tratado, através da aná- elas revelam a opinião do único órgão de especialistas encarregado
lise de relatórios periódicos fornecidos pelos estados. Além dos de fazer essas declarações e capaz de fazê-las.
relatórios dos estados-partes, os comitês de monitoramento dos
3 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4286318/mod_resource/content/1/
tratados de direitos humanos da ONU estão autorizados a receber Manual_de_Direitos_Acesso_aos_Sistemas_global_e_Regional.pdf

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DIREITOS HUMANOS
Em consequência, os estados-partes que menosprezarem es- – Observação nº 13 (1999), sobre o direito à educação;
sas opiniões ou que não as acatarem na prática estariam demons- – Observação nº 14 (2000), sobre o direito ao mais alto padrão
trando má fé no cumprimento de suas obrigações derivadas do de saúde.
Pacto. Em vários casos tem-se observado mudanças em matéria de
política, prática e legislação que se deveram pelo menos em parte Mecanismos extra-convencionais (Procedimentos especiais/
às observações finais do Comitê. special procedures)
Além de observações finais, os presidentes dos comitês podem Os mecanismos extra-convencionais de proteção dos direitos
dirigir cartas aos estados-partes com a finalidade de informá-los humanos são aqueles criados através de resolução de órgãos legis-
sobre as preocupações desses órgãos de monitoramento. Os comi- lativos da ONU, como a Comissão de Direitos Humanos, o Conselho
tês têm também a prerrogativa de adotar projetos de decisão para Econômico e Social ou a Assembleia Geral. Eles não resultam de
eventual aprovação pelo Conselho Econômico e Social. convenções, embora, em última instância, sejam autorizados por
Assim acontece, por exemplo, quando o Comitê pede a um es- elas, no sentido de que medidas devem ser tomadas pelos estados-
tado-parte que o convide a visitar o país e, assim, possa proporcio- -partes para assegurar o cumprimento dos tratados, nos termos,
nar ao governo a assistência técnica ou de outro tipo que venha por exemplo, do que estabelece o art. 2º do Pacto Internacional
a ser útil com vistas à plena aplicação dos tratados. O Comitê (de de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Constituem os meca-
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais) já pediu, por exemplo, em nismos, mandatos ou sistema de procedimentos especiais, através
duas ocasiões para que fosse convidado a visitar os territórios de do qual as Nações Unidas buscam avançar na implementação dos
estados-partes (a República Dominicana e o Panamá). Entretanto, direitos humanos.
só em um desses casos (Panamá) recebeu o convite necessário para
a missão, que se realizou em abril de 1995. — Relatores Especiais, Representantes Especiais, Experts In-
Outra função dos comitês é a de elaborar observações gerais dependentes
sobre os direitos e as disposições contidos nos tratados, com vis- Os mecanismos extra-convencionais das Nações Unidas datam
tas a assistir os estados-partes no cumprimento de suas obrigações de 1979, e foram criados com a finalidade de examinar violações
concernentes à apresentação de informes e contribuir para escla- cometidas pelos países. Na ocasião, havia a avaliação de uma certa
recer sobre a interpretação do significado e conteúdo dos tratados impotência da ONU diante das massivas e graves violações aos di-
de direitos humanos. A aprovação de observações gerais é uma reitos humanos ocorridas em diversas partes do mundo.
maneira de promover a aplicação dos tratados pelos estados-par- Os relatores especiais, representantes especiais ou experts in-
tes, na medida em que sejam apontadas as carências reveladas em dependentes têm seu mandato estabelecido pela Comissão de Di-
muitos informes e facilitar para que determinadas disposições dos reitos Humanos das Nações Unidas, órgão ao qual devem prestar
tratados recebam maior atenção dos estados, dos organismos das contas anualmente, durante a reunião da Comissão, em Genebra. A
Nações Unidas e de outras entidades, com a finalidade de que se Comissão estabelece dois tipos de mandatos: temáticos, quando se
possa alcançar progressivamente a plena efetividade dos direitos referem a situações específicas de direitos humanos, e por países,
proclamados nos tratados. quando se referem à situação dos direitos humanos em determina-
Além do mais, as observações gerais são um meio de criar ju- dos países.
risprudência em torno da interpretação das normas incorporadas Em termos gerais, aos relatores especiais, representantes es-
aos tratados de direitos humanos. Até o ano 2000, o Comitê de Di- peciais ou experts independentes são atribuídos os poderes de in-
reitos Econômicos, Sociais e Culturais adotou quatorze observações vestigar situações de direitos humanos, através de visitas in loco,
gerais, a saber: receber denúncias ou comunicações, e oferecer recomendações de
– Observação geral nº 1 (1989), sobre a apresentação de infor- como solucioná-las. São, assim, uma contribuição, no plano inter-
mes por parte dos estados-partes; nacional, para que os países consigam implementar seus compro-
– Observação geral nº 2 (1990), sobre as medidas de assistên- missos com os direitos humanos, resultado da ratificação de instru-
cia técnica internacional (artigo 22 do Pacto); mentos internacionais e dos seus próprios instrumentos nacionais
– Observação geral nº 3 (1990), sobre a índole das obrigações (constituições, leis ordinárias, programas e planos de direitos hu-
dos estados-partes (parágrafo 1º do artigo 2° do Pacto); manos) de proteção dos direitos humanos.
– Observação geral nº 4 (1991), sobre o direito à moradia ade- Embora sejam considerados mecanismos extra-convencionais
quada (parágrafo 1º do artigo 11 do Pacto); da ONU, os relatores especiais são os “experts em missão” previstos
– Observação geral nº 5 (1994), sobre as pessoas portadoras de na Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas,
necessidades especiais; de 1946, instrumento que, de alguma forma, respalda convencio-
– Observação geral nº 6 (1995), sobre os direitos econômicos, nalmente a sua ação.
sociais e culturais das pessoas idosas; Atualmente, existem os seguintes relatores especiais, repre-
– Observação geral nº 7 (1997), sobre o direito à moradia ade- sentantes especiais ou experts independentes relacionados a temas
quada (art. 11.1 do Pacto): despejos; de direitos humanos:
– Observação geral nº 8 (1997), sobre a relação entre sanções - Relator Especial sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Ex-
econômicas e o respeito aos direitos econômicos, sociais e cultu- trajudiciais;
rais; - Relator Especial sobre a Independência dos Juízes;
– Observação geral nº 9 (1998), sobre a aplicação doméstica - Relator Especial sobre a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis,
do Pacto; Desumanos ou Degradantes;
– Observação geral nº 10 (1998), sobre o papel das instituições - Representante Especial sobre Refugiados Internos;
nacionais de direitos humanos na proteção dos direitos econômi- - Relator Especial sobre Intolerância Religiosa;
cos, sociais e culturais; - Relator Especial sobre o Uso de Mercenários como Meio de
– Observação geral nº 11 (1999), sobre os planos de ação para Impedir o Exercício do Direito à Autodeterminação dos Povos;
a educação primária; - Relator Especial sobre Liberdade de Opinião e Expressão;
– Observação geral nº 12 (1995), sobre o direito à alimentação - Relator Especial sobre Racismo, Discriminação Racial e Xeno-
adequada; fobia;

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DIREITOS HUMANOS
- Relator Especial sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Por- O mecanismo de proteção é administrado pelo Grupo de Tra-
nografia Infantil; balho da Subcomissão de Direitos Humanos sobre a Promoção e a
- Relator Especial sobre a Eliminação da Violência contra a Mu- Proteção dos Direitos Humanos, composto por cinco experts. Re-
lher; centemente, foi amplamente utilizado em relação aos conflitos na
- Relator Especial sobre os Efeitos do Lixo Tóxico e Produtos Pe- Chechênia e o que envolve Israel e a Palestina.
rigosos para o Gozo dos Direitos Humanos;
- Relator Especial sobre o Direito à Educação; — Sistema interamericano de direitos humanos. Organização
- Relator Especial sobre Direitos Humanos e Extrema Pobreza; dos estados americanos: declarações, tratados, resoluções, rela-
- Relator Especial sobre o Direito à Alimentação; tórios, informes, jurisprudência (contenciosa e consultiva da corte
- Relator Especial sobre o Direito Moradia Adequada; interamericana de Direitos Humanos), opiniões consultivas, nor-
- Expert Independente sobre os Efeitos do Ajuste Estrutural nas mas de organização e funcionamento dos órgãos de supervisão,
Políticas de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e Direito ao De- fiscalização e controle. Relatorias temáticas e por países. Audiên-
senvolvimento; cias públicas
- Representante Especial sobre Defensores de Direitos Huma-
nos; A Convenção americana sobre direitos humanos (Pacto de
- Representante Especial sobre a Proteção de Crianças Afetadas San Jose da Costa Rica)
por Conflitos Armados; Apesar de ser uma eficiente ferramenta na efetivação de di-
- Relator Especial sobre o Direito à Saúde. reitos humanos, o Sistema Interamericano de Direitos Humanos é
pouco conhecido, estudado e utilizado no Brasil. O conteúdo dos
São exemplos de países que possuem relatores especiais: tratados internacionais é considerado disperso e confuso, sua utili-
Afeganistão, Guiné Equatorial, República Islâmica do Irã, Iraque, zação é reduzida, em comparação com outros países das Américas,
Myamar, Territórios Ocupados da Palestina, Sudão, Ex-Iugoslávia, e nem de longe é representativa das frequentes violações ocorri-
República Democrática do Congo, Ruanda, Burindi, Camboja, Haiti das4.
e Somália. Há países na América Latina nos quais as entidades de direitos
Os relatores especiais, representantes especiais ou experts in- humanos vêm, há mais de quinze anos, incluindo em sua estratégia
dependentes têm seu trabalho balizado por um termo de mandato de ação o trabalho nas instâncias internacionais de proteção aos
estabelecido pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Uni- direitos humanos e beneficiando-se das suas decisões, que visam
das. A depender do interesse da comissão, os relatores podem ter primordialmente fortalecer o ambiente democrático e alcançar a
mandatos mais ou menos amplos em relação aos poderes a serem plena efetividade.
exercidos e ao tempo de execução. Em 12 de fevereiro de 1969, os países-membros da Organiza-
ção dos Estados Americanos – OEA, adotaram a Convenção Intera-
Grupos de trabalho mericana de Direitos Humanos, um tratado internacional multila-
Os grupos de trabalho, no sistema das Nações Unidas, são cons- teral, também conhecido como “Pacto de San Jose da Costa Rica”,
tituídos com o objetivo de receber denúncias e elaborar propostas porque fruto de uma conferência da OEA realizada naquele País.
relacionadas a situações de direitos humanos, inclusive novos ins- A Convenção Americana só entrou em vigor em 1978, quando
trumentos internacionais de proteção dos direitos humanos. São o décimo primeiro país ratificou aquele tratado. Carecia de sentido
dois grupos de trabalho em funcionamento, vinculados à Comissão instituir um fórum internacional com jurisdição sobre reduzido nú-
de Direitos Humanos, ambos relacionados à proteção dos direitos mero de países, por isso a Convenção Americana demorou quase
humanos civis e políticos: uma década para entrar em vigor. Pode-se afirmar que seu objetivo
Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados ou Invo- primordial era instituir órgãos com competência para supervisionar
luntários (composto por cinco membros experts independentes); a atuação dos países integrantes em relação aos direitos humanos.
Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária (composto por A ratificação tardia da Convenção Americana sobre os Direitos
cinco membros experts independentes). Humanos, pelo Brasil, ocorrida apenas em 1992, coincidiu com o
retorno do país à tradição democrática, iniciado ao final da década
Nada impede, no entanto, que sejam estabelecidos grupos de de oitenta. Enquanto o país vivia sob a égide da ditadura militar, era
trabalho relacionados à proteção dos direitos humanos econômicos, inconcebível a adesão a um sistema de monitoramento supranacio-
sociais e culturais. Além da Comissão de Direitos Humanos, outros nal acerca do respeito aos direitos humanos. Com a consolidação
órgãos da ONU, como os comitês de monitoramento dos tratados do regime democrático, o Brasil passou a lentamente, ratificar os
de direitos humanos e a Subcomissão de Direitos Humanos, podem principais tratados internacionais.
estabelecer grupos de trabalho investigativos e propositivos. O Sistema Interamericano foi concebido contando com dois ór-
gãos de funções complementares, mas distintas: a Comissão Intera-
Procedimento 1503 mericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos
O Procedimento 1503 foi estabelecido, através da resolução Humanos. O primeiro desses órgãos possui a sede em Washington,
1503, de 27 de maio de 1970, pelo Conselho Econômico e Social das Estados Unidos, e o segundo em San José, na Costa Rica.
Nações Unidas (ECOSOC), com a finalidade de dar resposta à grande
quantidade de graves e sistemáticas violações de direitos humanos As atribuições concernentes a cada um dos órgãos do Sistema
que frequentemente chegam à ONU. estão previstas na Convenção Americana Sobre Direitos Humanos
O Procedimento não lida com casos individuais de violações e nos seus respectivos Regimentos Internos, recentemente remo-
aos direitos humanos, mas com situações que afetam grandes con- delados e em vigor a partir de 01 de maio e 01 de junho de 2001
tingentes populacionais. Embora tenha sido criado para responder (Regimentos da Comissão e da Corte, respectivamente).
mais que tudo a violações a direitos humanos civis e políticos, nada
impede que seja usado também para a proteção de direitos huma-
nos econômicos, sociais e culturais, com base no princípio da indi-
visibilidade dos direitos humanos, abraçado pelas Nações Unidas. 4 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4286318/mod_resource/content/1/
Manual_de_Direitos_Acesso_aos_Sistemas_global_e_Regional.pdf

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DIREITOS HUMANOS
Mesmo antes da instituição do Sistema Interamericano pelo Ao constatar a responsabilidade do Estado por uma violação,
Pacto de San José, a Comissão já estava em funcionamento desde a Comissão elabora um Relatório Final com recomendações ao Es-
1959, em função da adoção da Resolução de Santiago. No entanto, tado a fim de fazer retornar o status quo ante, ou fazer cessar ime-
prestava-se a um papel diverso e bem mais tímido que o atual por- diatamente a violação denunciada e indenizar a vítima por todos
que sequer havia previsão regimental para o recebimento de peti- os prejuízos sofridos, ou ainda, nas palavras do tratado “determina
ções individuais. que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade
Resumia-se a resguardar a “promoção” dos direitos humanos violados”.
nas Américas. A partir de 1965 a Comissão passou a receber peti-
ções individuais com a edição da Resolução do Rio de Janeiro, mas Requisitos da petição no sistema interamericano
apenas quando da entrada em vigor do Pacto de San José e do Pro- Para que uma petição seja considerada admissível perante o
tocolo de Buenos Aires, seu papel foi reformulado para ganhar as Sistema Interamericano, deve contemplar os requisitos previstos
feições que detém hoje, assumindo função de extrema relevância na Convenção Americana: o esgotamento dos recursos de direito
na promoção e defesa dos direitos humanos nas Américas. interno, a apresentação da petição em um prazo inferior a seis me-
ses da ciência da última decisão, e a proibição da litispendência in-
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos ternacional. A regra do prévio esgotamento dos recursos de direito
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos está sediada interno originou-se nas relações diplomáticas entre os Estados, mas
em Washington, EUA, na sede da Organização dos Estados Ameri- foi incorporada pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos.
canos. É integrada por sete membros eleitos a título pessoal, mas O Preâmbulo da Convenção Americana estabelece que os
provenientes de países integrantes da OEA. mecanismos internacionais “oferecem proteção internacional aos
Os comissários (comissionados) não representam seus países direitos essenciais da pessoa humana” de forma “coadjuvante ou
de origem ou mantém qualquer tipo de vínculo governamental, seu complementar da que oferece o direito interno dos Estados Ameri-
papel é o de assegurar o respeito aos direitos humanos pelos Es- canos”. Por conseguinte, os órgãos internacionais não têm legitimi-
tados-Membros. Os comissários são eleitos pela Assembleia Geral dade para conhecer de uma violação sem que antes se tenha dado
da OEA, para um mandato que dura quatro anos e é renovável por oportunidade ao Estado denunciado de solucioná-lo.
igual período. Por outro lado, o propósito da regra não é incentivar situações
A Comissão, na versão atual, exerce duplo papel no Sistema burocráticas insolúveis para que os peticionários nunca possam as-
Interamericano: é o órgão que recebe as petições individuais, re- cender ao sistema, mas como estímulo à solução das violações de
latando a violação a algum dos artigos da Convenção Americana direitos humanos pelo fortalecimento das vias internas. A proibi-
sobre Direitos Humanos ou de outros tratados de alcance regional ção da litispendência veda que um mesmo caso seja apresentado
de conteúdo específico; além de elaborar relatórios diversos sobre simultaneamente a duas instâncias internacionais de caráter con-
a situação dos direitos humanos nos países signatários. vencional.
Estes relatórios podem ser temáticos, focalizando um ponto Assim, uma denúncia pode ser levada a um dos mecanismos
específico, ou ainda, geográficos, no qual tratam da situação dos extra-convencionais das Nações Unidas e ao Sistema Interameri-
direitos humanos num único país. Deve, ainda, a Comissão produzir cano, pois os mandatos não são da mesma natureza. Os mecanis-
relatórios anuais sobre a situação dos direitos humanos, periodica- mos extra-convencionais possuem mandato de natureza política,
mente submetidos à Assembleia da OEA. enquanto os órgãos do Sistema Interamericano possuem natureza
A Comissão detém ainda, entre suas faculdades, o poder de jurisdicional ou quase-jurisdicional.
realizar visitas in loco, quando julgar indispensável que um de seus Há, no entanto, exceções ao requisito do esgotamento dos re-
membros faça pessoalmente uma verificação de condições a ela cursos de direito interno, previstos no art. 46.2. As exceções podem
relatadas, ou ainda, para fazer uma missão de verificação geral. O ser invocadas em três situações distintas: quando não existam re-
rol de atribuições da Comissão encontra-se descrito no art. 41 da cursos previstos na legislação interna; quando estes recursos exis-
Convenção Americana. tem, mas são ineficazes ou inacessíveis e quando haja demora injus-
No entanto, a função primordial da Comissão é receber as de- tificada na decisão de recursos interpostos.
núncias individuais de violações perpetradas por Estados-Partes da
OEA. A legitimidade ativa dos denunciantes é amplíssima: qualquer Os trâmites no sistema interamericano
pessoa ou grupo de pessoas, ou ainda entidades não governamen- O procedimento levado a cabo perante o Sistema Interameri-
tais legalmente constituídas podem levar um caso a Comissão. cano visa à verificação da responsabilidade internacional do Esta-
Não é necessária vinculação específica à violação ou ser vítima do frente a uma violação de um direito estabelecido na Convenção
para levar uma denúncia ao órgão A Comissão é competente para Americana. A responsabilidade internacional difere fundamental-
receber casos de violação perpetrados por Estados membros da mente das estabelecidas pelo direito interno e estão assentadas
OEA que ratificaram ou não a Convenção Americana. O Protocolo no compromisso de “respeitar” e “garantir” os direitos previstos no
de Buenos Aires dotou a Comissão de poderes para dar seguimento art. 1.1 da Convenção.
a denúncias de violações à Carta da OEA ou à Declaração America- O binômio “respeitar” e “garantir” impõe aos Estados deveres
na, agora dotadas de exigibilidade. Alguns casos brasileiros foram de abstenção e de implementação, ou como se diz, positivos e ne-
apresentados antes de 1992, com base na Declaração Americana, gativos. Os deveres de abstenção estão relacionados ao “respeito”,
como por exemplo o dos Yanomamis. de forma que o Estado deve se abster de cercear os indivíduos no
Necessário é que se cumpram os requisitos estabelecidos na exercício das liberdades individuais, seja expressão, locomoção ou
Convenção Americana para a apresentação de uma petição, que associação.
estão elencados no art. 46 do Pacto de San José. Paradoxalmente, Já o termo “garantir” impõe uma obrigação positiva de imple-
apesar de ser o órgão que recebe as denúncias individuais, a Comis- mentar ou de fazer. O Estado deve oferecer uma legislação harmô-
são não possui competência para emitir sentenças. nica com a Convenção Americana, em direitos e deveres.

8
DIREITOS HUMANOS
Também deve garantir que seus agentes atuem em conformi- Em relação aos casos levados pela Comissão para o processo
dade com estas regras, já que não é suficiente haver consonância judicial na Corte, é necessário o cumprimento de todas as etapas
meramente aparente. A presença de normas hipoteticamente aptas previstas na Convenção Americana. A Corte Interamericana de Di-
a garantir os direitos humanos não elidem o descumprimento art. reitos Humanos não está vinculada aos trabalhos e/ou conclusões
1.1 da Convenção Americana, apenas o resultado adequado o faz. da Comissão.
A Corte Interamericana tem assentado entendimento sobre a Assim, pode optar por repetir toda a fase probatória, e concluí-
responsabilidade internacional, bem como sobre a importância do -las de forma diferenciada. Isto quer dizer que, hipoteticamente, a
art. 1.1 na sua configuração. Comissão pode decidir pelo reconhecimento de uma violação de
um dos direitos estabelecidos na Convenção Americana e, a Corte
Medidas cautelares e provisórias Interamericana de Direitos Humanos rejeitá-lo, posteriormente.
Embora o procedimento no Sistema Interamericano exija, via Além da função jurisdicional, a Corte Interamericana de Direi-
de regra, o esgotamento dos recursos de direito interno, há casos tos Humanos também produz os chamados Pareceres Consultivos
urgentes em que o risco a que a potencial vítima está submetida se- (Opiniones Consultivas). Esses são frutos da função hermenêutica
ria de dano irreparável. Não há como esperar proteção ou garantia do órgão.
do Estado. Nestes Pareceres a Corte Interamericana faz pública e obriga-
Nestas situações a Convenção Americana, bem como os Regi- tória a sua interpretação concernente a dispositivos previstos nos
mentos Internos da Comissão e da Corte, preveem procedimentos tratados regionais de direitos humanos, definindo sentido e alcance
urgentes de forma a “evitar danos irreparáveis as pessoas”, chama- das normas em questão; também se pronuncia sobre a compatibi-
dos de medidas cautelares e medidas provisórias. lidade de leis nacionais com os tratados interamericanos. A leitura
A Comissão, de acordo com o artigo 25 do seu Regimento In- dos Pareceres Consultivos permite utilizar, quando da apresentação
terno, está autorizada a solicitar ao Estado a adoção de medidas internacional de um caso, conceitos que foram estabelecidos pela
cautelares, por iniciativa própria ou a requerimento das partes própria Corte na busca de um resultado semelhante.
interessadas. Este procedimento, no entanto, carece de força con- A Corte Interamericana produz, como resultado de um proces-
vencional, uma vez que foi estabelecido pelo Regimento Interno so sob a sua jurisdição, uma sentença que, segundo a Convenção,
daquele órgão. deve ser executada internamente como se produzida em direito
Por outro lado, as medidas provisórias ordenadas pela Corte interno.
Interamericana, não estão apenas previstas no art. 25 do seu Regi-
mento, mas também no artigo 63.2 da Convenção Americana. Caso O litígio de direitos humanos econômicos, sociais e culturais
o Estado não cumpra estas medidas, isto se transforma em violação Recentemente as entidades que litigam na Corte Interamerica-
adicional da Convenção Americana, dado o seu caráter convencio- na vêm buscando o reconhecimento da superação das diferenças
nal. historicamente criadas entre os direitos humanos civis e políticos
As medidas provisórias podem ser adotadas ex officio em re- e os direitos humanos econômicos sociais e culturais. Isto porque
lação a casos sob análise da Corte ou a requerimento da Comissão a Convenção Americana não prevê o trâmite de casos individuais
nos casos que ainda não tenham chegado à Corte, desde que o Es- relativos a DhESC no sistema interamericano.
tado envolvido tenha reconhecido a competência da Corte. Há, na Convenção Americana, apenas um artigo, o art. 26, que
trata dos direitos humanos econômicos, sociais e culturais, mas
A Corte Interamericana de Proteção aos Direitos Humanos com as reservas de praxe: progressividade e capacidade econômica
A Corte Interamericana de Direitos Humanos é o órgão juris- de implementação de acordo com as possibilidades de cada Estado.
dicional do Sistema por excelência. Enquanto os membros da Co- Tal omissão foi parcialmente sanada com a edição do Protocolo
missão são chamados de Comissários, os membros da Corte detêm Adicional à Convenção Americana em Matéria de Direitos Econômi-
o título de Juízes; enquanto a Comissão elabora um relatório final cos, Sociais e Culturais, também conhecido como Protocolo de San
com “recomendações”, a Corte emite uma sentença “definitiva e Salvador, que entrou em vigor em 1988.
inapelável”, nas palavras da Convenção Americana. Ainda assim, tal Protocolo não equalizou a matéria de forma
As sentenças da Corte são, ainda, obrigatórias, não podendo ideal, uma vez que apenas dois artigos, o art. 8º e o 13, relativos à
os Estados recusar-se a cumpri-las. Enquanto o reconhecimento educação e direitos sindicais, estão expressamente previstos como
da competência da Comissão para conhecer de casos individuais passíveis de denúncia no Sistema Interamericano. Várias estratégias
decorre automaticamente da ratificação da Convenção Americana, para superar estas diferenciações estão sendo levadas a cabo por
o procedimento de aceitação da função contenciosa da Corte In- entidades peticionárias, com vistas a forçar os órgãos do Sistema a
teramericana depende de manifestação expressa em documento conhecer de violações aos direitos humanos em sua integralidade,
escrito depositado na sede da OEA. interdependência e indivisibilidade, como recomenda a Declaração
Embora o Brasil tenha ratificado a Convenção Interamericana de Viena, de 1993.
em 1992, e, portanto, automaticamente tenha se sujeitado ao mo- São utilizados os seguintes estratagemas para buscar o reco-
nitoramento pela Comissão Interamericana, o documento relativo nhecimento da indivisibilidade dos direitos humanos: a primeira
à Corte só foi depositado em dezembro de 1998. É importante lem- busca construir uma ponte argumentativa entre os direitos huma-
brar que os indivíduos não são aptos a recorrer diretamente à Corte nos civis e político estabelecidos na Convenção Americana e os do
Interamericana de Direitos Humanos, uma vez que não há tal previ- Protocolo de San Salvador. Desta forma, em alguns casos, uma vio-
são na Convenção Americana que os legitime para tanto. lação do direito à saúde pode ser litigada como direito à vida ou à
Apenas os Estados-Partes e a própria Comissão Interamericana integridade física; a segunda forma é feita com base no art. 24 da
podem decidir submeter ou não um caso à Corte Interamericana Convenção Americana que veda a discriminação, e em função disso
de Direitos Humanos. Em ambas as situações, o Estado denuncia- a Comissão não pode se recusar a conhecer de casos de violação
do deve expressamente haver reconhecido a competência daquele aos direitos humanos econômicos, sociais e culturais porque estaria
órgão. ela própria violando o preceito; e por fim, a terceira possibilidade

9
DIREITOS HUMANOS
diz respeito a uma interpretação do Protocolo de San Salvador, afi- casos de violações de direitos humanos ocorridos no país, através
nal este afirma que os direitos à educação e os sindicais ensejam do sistema de petições ou denúncias individuais. A possibilidade de
denúncias à Comissão Interamericana, mas não vedam expressa- acionar outros órgãos internacionais de supervisão, além da Comis-
mente outros direitos. são Interamericana de Direitos Humanos da OEA, seria uma garan-
E segundo o velho corolário jurídico, “tudo que não está proi- tia a mais da proteção dos direitos humanos no Brasil.
bido é permitido”. Abre-se, portanto, uma brecha na legislação.
Ultimamente, a Corte Interamericana vem editando sentenças nas Assim, no sistema global, além do sistema de denúncias indivi-
quais se percebe uma evolução da sua jurisprudência ampliando o duais, há também o sistema de investigações e o de relatórios. Ao
conceito dos direitos humanos. ratificar os tratados internacionais mencionados, o Brasil assumiu a
Como exemplos, os casos Aloeboetoe e outros contra o Suri- obrigação de enviar relatórios periódicos para os Comitês e de su-
name, no qual a Corte reconhece a organização social matriarcal jeitar-se a uma eventual investigação sobre a situação dos direitos
das vítimas para efeitos do recebimento e distribuição do montante humanos no seu território. Uma forma de participação e de inter-
indenizatório, reconhecendo a primazia dos direitos culturais da- venção das organizações de direitos humanos no sistema da ONU é
quela tribo para efeitos de sucessões; Villagrán Morales e outros o encaminhamento de relatórios próprios aos respectivos Comitês,
contra Guatemala, no qual redefine o direito à vida integrando di- para que sejam analisados juntamente com os relatórios enviados
reitos civis e econômicos, sociais e culturais, Baena Ricardo e outros pelos Estados.
contra Panamá, no qual são analisados direitos sociais relativos ao
trabalho, desligamentos ilegais e indenizações devidas. O sistema da ONU possui dois tipos de procedimento: os con-
vencionais e os não convencionais.
A ESTRUTURA NORMATIVA DO SISTEMA GLOBAL E O procedimento convencional requer a sua previsão expressa
DO SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS em tratados, pactos e convenções internacionais, e é supervisiona-
DIREITOS HUMANOS do pelos órgãos internacionais de supervisão, os Comitês (através
do sistema de denúncias, relatórios e investigações).
A ESTRUTURA NORMATIVA DO SISTEMA INTERNACIONAL DE
PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS Os procedimentos não convencionais são mecanismos não pre-
vistos em tratados que contribuem para a maior eficácia do sistema
O Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: instru- internacional de proteção. Os mecanismos não convencionais são
mentos de alcance geral e especial bastante específicos e são acionados em caso de não assinatura dos
tratados internacionais pelos países violadores de direitos huma-
O sistema global de proteção dos direitos humanos, da ONU, nos num caso específico, como por exemplo, o sistema de ações
contém normas de alcance geral e de alcance especial. As normas urgentes. Nestes casos, a ONU analisará as violações com base em
de alcance geral e destinadas a todos os indivíduos, genérica e abs- requisitos como a persistência, a sistematicidade, a gravidade e a
tratamente, são os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos prevenção, para decidir se intervirá através de um dos seus órgãos,
e o de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. tomando providências concretas.

As normas de alcance especial são destinadas a indivíduos ou O Sistema Regional Interamericano de Proteção aos Direitos
grupos específicos, tais como: mulheres, refugiados, crianças en- Humanos: instrumentos de alcance geral e especial
tre outros. Dentre as normas especiais do sistema global da ONU,
destacam-se a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos O sistema interamericano de proteção aos direitos humanos,
ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes, a Convenção para a do qual participam os estados membros da OEA, integra o sistema
Eliminação da Discriminação contra a Mulher, a Convenção para a regional de proteção juntamente com os sistema europeu e a siste-
Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial e a Conven- ma africano.
ção sobre os Direitos da Criança.
O sistema interamericano de promoção dos direitos humanos
Nos sistema global da ONU, o Brasil ratificou a maior parte teve início formal com a aprovação da Declaração Americana de Di-
dos instrumentos internacionais de proteção aos direitos huma- reitos e Deveres do Homem em 1948 na Colômbia. A Declaração
nos, tais como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, Americana é um instrumento de alcance geral que integra o siste-
em 24/01/92; o Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ma interamericano, destinada a indivíduos genéricos e abstratos,
24/01/92; a Convenção para a Eliminação de toda a Discriminação estabelecendo os direitos essenciais da pessoa independente de
contra a Mulher, em 01/02/84; a Convenção para a Eliminação de ser nacional de determinado Estado, tendo como fundamento os
todas as formas de Discriminação Racial, em 27/03/68; e a Con- atributos da pessoa humana. Além da Declaração Americana, há
venção sobre os Direitos da Criança, em 24/09/90. Porém, o Brasil outros instrumentos de alcance geral que fazem parte do sistema
ainda não reconhece a competência dos seus órgãos de supervisão interamericano, como a Convenção Americana sobre os Direitos
e monitoramento, os respectivos Comitê de Direitos Humanos, o Humanos ou “Pacto de San José”(1969), ratificada pelo Brasil em
Comitê contra a Discriminação Racial, o Comitê contra a Tortura, no 25/09/92
que tange à apreciação de denúncias de casos individuais de viola-
ção dos direitos humanos. Além dos instrumentos de alcance geral, os sistema interame-
ricano também é integrado por instrumentos de alcance especial,
Assim, o Brasil aderiu aos mencionados tratados internacio- tais como: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Cor-
nais, porém, ainda não reconhece a competências de seus órgãos te Interamericana de Direitos Humanos. Ao ratificar a Convenção
de supervisão, impede a fiscalização de suas obrigações interna- Americana, o Brasil aceitou compulsoriamente a competência da
cionais por parte daqueles órgãos. Na prática, tal fato representa a Comissão para receber denúncias de casos individuais de violações
impossibilidade de tais órgãos receberem denúncias individuais de de direitos humanos.

10
DIREITOS HUMANOS
Assim, no caso do Brasil, até o presente, o único órgão interna- A função consultiva da Corte foi usada com mais freqüência nos
cional que têm competência para aceitar denúncias de casos indi- seus primeiros anos de funcionamento, e as Opiniões Consultivas
viduais ;e a Comissão Interamericana conforme estabelece a Con- versaram sobre temas como: os limites de sua autoridade; os limi-
venção Americana no seu artigo 44: “Qualquer pessoa ou grupo de tes das ações dos Estados; discriminação; habeas corpus; garantias
pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida judiciais; pena de morte; responsabilidade do Estado, entre outros
em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar temas cruciais para a efetiva proteção dos direitos humanos.
à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de viola-
ção desta Convenção por um Estado-parte.” A Conjugação dos Sistemas Global e regional e a prevalência
da norma mais benéfica
Além do recebimento de denúncias, a Comissão tem duas fun-
ções: promover e estimular em termos gerais os direitos humanos Não existe hierarquia entre o sistema global e o sistema regio-
através da elaboração de relatórios gerais; elaborar estudos e rela- nal (interamericano) de proteção dos direitos humanos. A lógica do
tórios sobre a situação dos direitos humanos nos países membros sistema internacional é de somar e proteger de forma mais integral
da OEA; realizar visitas in loco aos países membros e, apresentar possível os direitos da pessoas humana. Neste sentido, o critério
um Relatório Anual na qual são reproduzidos relatórios finais dos adotado para evitar conflitos entre os vários instrumentos interna-
casos concretos, nos quais já houve uma decisão sobre a respon- cionais é da prevalência da norma mais benéfica para a vítima de
sabilidade internacional dos países denunciados. A publicação de violações de direitos humanos. Tal critério contribui para minimizar
um relatório final no Relatório Anual da Comissão divulgado para os conflitos e possibilitar uma maior coordenação entre os instru-
os Estados membros da Assembléia Geral da OEA é a sanção mais mentos de proteção.
forte a que pode estar submetido um Estado, que ainda não tenha
reconhecido a competência da jurisdição da corte Interamericana, Além disso, igualmente não existe hierarquia entre o sistema
proveniente do sistema interamericano. internacional, seja global ou interamericano, e o sistema jurídico
dos países. A tendência e o propósito da coexistência de distintos
A Corte Interamericana, diferentemente da Comissão, é um ór- instrumentos jurídicos que garantem os mesmos direitos é no senti-
gão de caráter jurisdicional, que foi criado pela Convenção Ameri- do de ampliar e fortalecer a proteção dos direitos humanos, impor-
cana sobre Direitos Humanos com o objetivo de supervisionar o seu tando em última análise o grau de eficácia da proteção. Assim será
cumprimento, como função complementar a função conferida pela aplicada ao caso concreto a norma que melhor proteger a vítima
mesma a Comissão. seja ela de direito internacional ou de direito interno.
Assim, a legitimidade processual para o envio de casos para a
Corte é somente concedida para a Comissão os Estado-parte, não Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/manuais/dh/mundo/
sendo permitido o envio de casos pelas próprias vítimas de viola- oea/cejil/aestruturanormativa.html
ções, seus representantes, familiares ou pelas organizações não-go-
vernamentais. Para que os casos não sejam encaminhados à Corte
primeiramente terão que passar pelo exame da Comissão, esgotan-
do o seu procedimento: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

“Art. 61-1. Somente os Estados-parte e a Comissão têm direito Declaração Universal dos Direitos Humanos
de submeter um caso à decisão da Corte”. Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações
Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
“Art. 62-1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito
de seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão Preâmbulo
a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhe- Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
ce como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
competência da Corte em todos os casos relativos à interpretação inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
ou aplicação desta Convenção.” mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu-
No caso do Brasil, recentemente em 07 de setembro de 1998, manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência
o Presidente da República aceitou a competência da Corte, após da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e
decorridos seis anos de ratificação da Convenção Americana pelo homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
Brasil (25/09/92). Porém a aceitação ainda terá que ser ratificada viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a
pelo Congresso Nacional para ter validade. Assim nos próximos mais alta aspiração do ser humano comum,
anos, a Corte poderá examinar casos sobre a s violações de direitos Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro-
humanos ocorridos no Brasil. tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe-
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
A Corte possui duas funções principais: a função contenciosa, Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de
que é a análise dos casos individuais de violações de direitos huma- relações amistosas entre as nações,
nos encaminhados pela Comissão ou pelos Estados-parte; e a fun- Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram,
ção consultiva. A sua função consultiva refere-se a sua capacidade na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig-
para interpretar a Convenção e outros instrumentos internacionais nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
de direitos humanos. Qualquer dos Estados partes da OEA podem homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e
solicitar à Corte uma opinião consultiva, mesmo os que não são melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
partes na Convenção Americana ou outros órgãos enumerados no
Capítulo X da Carta da Organização, conforme o artigo 64 da Con-
venção Americana.

11
DIREITOS HUMANOS
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a Artigo 9
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a
observância desses direitos e liberdades, Artigo 10
Considerando que uma compreensão comum desses direitos Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento e pública audiência por parte de um tribunal independente e im-
desse compromisso, parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla- quer acusação criminal contra ele.
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de Artigo 11
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa- de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo 1 Artigo 12
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.
Artigo 2
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as Artigo 13
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual- 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política residência dentro das fronteiras de cada Estado.
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen- 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in-
to, ou qualquer outra condição. clusive o próprio e a esse regressar.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que Artigo 14
pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi- procurar e de gozar asilo em outros países.
tação de soberania. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
Artigo 3 contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal.
Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
Artigo 4
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi-
nem do direito de mudar de nacionalidade.
dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 16
Artigo 5
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
go cruel, desumano ou degradante. ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma-
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação
Artigo 6 ao casamento, sua duração e sua dissolução.
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con-
reconhecido como pessoa perante a lei. sentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
Artigo 7 tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção Artigo 17
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie-
contra qualquer incitamento a tal discriminação. dade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo 8
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais Artigo 18
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons-
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli-
lei. gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.

12
DIREITOS HUMANOS
Artigo 19 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
Artigo 20 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- instrução que será ministrada a seus filhos.
ciação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo 27
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
Artigo 21 vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo progresso científico e de seus benefícios.
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
mente escolhidos. rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú- ria ou artística da qual seja autor.
blico do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; Artigo 28
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna-
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente
assegure a liberdade de voto. Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 22 Artigo 29
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na
segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera- qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada sível.
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva-
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
Artigo 23 dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigên-
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção democrática.
contra o desemprego. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma,
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações
remuneração por igual trabalho. Unidas.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí- Artigo 30
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter-
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes-
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
ingressar para proteção de seus interesses. ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades
aqui estabelecidos.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a li-
mitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas pe-
riódicas. A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL DE 1988 E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE
Artigo 25 PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen- “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adota-
indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen- dos, ou dos tratados internacionais em que a Republica Federativa
ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de do Brasil seja parte” [27]. Os direitos humanos chegam ao nosso
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. ordenamento jurídico com nível constitucional de aplicação imedia-
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên- ta, e como possuem nível constitucional, não podem ser revogadas
cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri- por leis ordinárias posteriores. Entende-se que os tratados interna-
mônio, gozarão da mesma proteção social. cionais que constam na CF são como se estivessem sido redigidos
em sua redação original.
Artigo 26 A CF de 1988 em seu art. 5º § 2º inovou ao reconhecer a dupla
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será forma normativa, a primeira que vem do direito interno e a segun-
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins- da do direito internacional dando eficácia e igualdade, e se caso
trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional ocorrer conflito deve optar pela norma mais favorável, podendo até
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada aplicar as duas conjuntamente aproveitando no que tem de melhor
no mérito. à proteção do direito da pessoa. Existem entendimentos em defesa

13
DIREITOS HUMANOS
de que os tratados internacionais por serem jus cogens internacio- A Constituição do Peru, anterior a 1979 dizia que os tratados in-
nal possuem status supraconstitucional, porém, é um assunto que ternacionais celebrados com eles formariam parte do ordenamento
nunca foi solucionado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). jurídico deles e que em caso de conflito entre tratado e lei, preva-
A divergência acerca do posicionamento dos tratados inter- lecia o tratado.
nacionais é em relação à forma de como este era incorporado ao Na Guatemala também dá se uma atenção especial aos trata-
ordenamento jurídico brasileiro, pois antes da Emenda Constitucio- dos internacionais de direitos humanos, concedendo prevalência
nal nº 45 de 2004 (EC45/2004) os tratados internacionais de direi- sobre a legislação ordinária.
tos humanos eram ratificados por meio de Decreto Legislativo por A Nicarágua faz integrar na sua Constituição vários direitos já
maioria simples no Congresso dando o entendimento para alguns consagrados: Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declara-
que as normas seriam infraconstitucionais. Para que a discussão ção Americana dos Direitos e Deveres do Homem, Pacto Internacio-
em relação aos tratados anteriores a EC45/2004 fosse sanada, es- nal dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, Pacto Internacional
tudiosos viram uma solução, incluir no ordenamento jurídico um sobre Direitos Civis Políticos e a Convenção Americana sobre Direi-
parágrafo abaixo do § 2º do art. 5º da CF que lhe confira uma inter- tos Humanos.
pretação, através de uma Emenda Constitucional, assim como fez a Na Constituição do Chile em seu art. 5º, inciso II fica claro que o
EC45/2004, e seria a seguinte: Estado tem que aceitar os tratados internacionais de qual faça parte
§ 3º. Os tratados internacionais referidos pelo paragrafo ante- em quanto estiverem vigentes.
rior, uma vez ratificados, incorporam-se automaticamente na or- A Colômbia segue o mesmo sentido, dizendo que os tratados
dem interna brasileira com hierarquia constitucional, prevalecendo, internacionais de direitos humanos têm prevalência na ordem in-
terna e que os direitos humanos já existentes são interpretados
no que forem suas disposições mais benéficas ao ser humano, às
como se tratados de direitos humanos fossem.
normas estabelecidas por esta Constituição.
A Constituição Argentina reformada em 1994 segue o senti-
Essa proposta, que ampliaria um parágrafo no art. 5º da CF co-
do de que os direitos humanos que lá se encontram têm hierar-
locaria fim nas discussões no STF relativas ao assunto.
quia constitucional, são eles: Declaração Americana dos Direitos e
As unidades federativas, por fazerem parte do Estado sobera- Deveres do Homem, Declaração Universal dos Direitos Humanos,
no e não terem autonomia em relação aos tratados internacionais, Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Pacto Internacio-
devem se submeter a respeitar tais tratados nos limites de sua com- nal sobre Direitos Civis Políticos, Convenção para a Prevenção e Re-
petência, sob a pena do Estado soberano responder internacional- pressão do Crime de Genocídio, Convenção Internacional sobre a
mente pelas suas violações. Exemplo disso é o Pacto dos Direitos Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, Convenção
Civis e Políticos no seu art. 50 que estabelece, “Aplicar-se-ão as dis- sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a
posições do presente Pacto, sem qualquer limitação ou exceção, a Mulher, Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
todas as unidades constitutivas dos Estados federativos”, e o Pacto Cruéis, Desumanos ou Degradantes, e Convenção sobre os Direi-
de São Jose da Costa Rica em seu art. 28, estabelece que o gover- tos da Criança. Esta reforma teve muita influencia em uma nova
no nacional deva fazer cumprir o Pacto em conformidade com sua jurisprudência que reconhece o principio da primazia dos tratados
Constituição. Por consequência surge o Incidente de Deslocamento internacionais de proteção dos direitos humanos, coisa que no Bra-
de Competência (IDC), que nos casos de grave violação de direitos sil não se fez.
humanos, o Procurador Geral da República (PGR) poderá ingressar A Constituição que mais se destaca pela sua evolução de prote-
perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o pedido de mu- ção aos direitos humanos é a da Venezuela com sua Carta de 1999,
dança de competência para a justiça federal (Art. 109 § 5º da CF). que dispõe em seu art. 23.
Os Estados que assinam um Tratado de Direitos Humanos po- Têm hierarquia constitucional e prevalecem na ordem interna,
dem o fazer com reservas, ou seja, consentirem em partes, ratifi- na medida em que contenham normas sobre seu gozo e exercício
cando o tratado e colocando observações sobre alguns pontos, são mais favoráveis às estabelecidas por esta Constituição e pela lei da
cláusulas que podem excluir ou modificar alguns dispositivos, po- República, e são de aplicação imediata e direita pelos tribunais e
rém nem sempre são permitidas, as reservas não podem ir contra demais órgãos do Poder Público.
aos pontos centrais do tratado, caso contrario poderiam desfigurar É o que vários internacionalistas buscam, “hierarquia consti-
o instrumento internacional. tucional, incorporação imediata e princípio da primazia da norma
mais favorável”.
OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NAS Com vistas nas Constituições citadas, tem se mostrado de-
senvolvimento nos países democráticos e o Brasil, segundo alguns
CONSTITUIÇÕES LATINO-AMERICANAS
pensamentos, ficou pra trás em relação às Constituições no que diz
respeito à eficácia interna dos tratados internacionais de proteção
Após a Segunda Guerra Mundial, quando da adoção da Carta
aos direitos humanos, mesmo após a EC45/2004, momento em que
da ONU, que o Direito Internacional dos Direito Humanos começou
teve oportunidade de reavaliar conceitos.
de fato se efetivar como um ramo autônomo do Direito Internacio-
nal Público, PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DOS DIREITOS HUMANOS NAS RELA-
O surgimento de uma nova ordem internacional que instaura ÇÕES INTERNACIONAIS
um novo modelo de conduta nas relações internacionais, com pre-
ocupações que incluem a manutenção da paz e segurança interna- O princípio da primazia dos direitos humanos nas relações in-
cional, o desenvolvimento de relações amistosas entre os Estados, ternacionais está previsto no art. 4º, inciso II da CF, serve de base
o alcance da cooperação internacional no plano econômico, social e para orientar o Brasil diante das relações internacionais.
cultural, o alcance de um padrão internacional de saúde, a proteção
ao meio ambiente, à criação de uma nova ordem econômica inter-
nacional e a proteção internacional dos direitos humanos.
Seguindo a tendência mundial, vários países latino-americanos
integram os direitos humanos às suas normas internas.

14
DIREITOS HUMANOS
Em relação às questões internacionais, o princípio obriga o O POSICIONAMENTO HIERÁRQUICO DOS TRATADOS DE DIREI-
Brasil a tratar a dignidade humana com suma importância, com TOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
prioridade, não só elaborando um sistema de proteção internacio-
nal dos direitos humanos, mas também na sua aplicabilidade, par- Como a CF de 1988 colocou a dignidade humana como um dos
ticipar das negociações de tratados de direitos humanos, fortalecer princípios fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 1º,
as estruturas internacionais e aplicar as normas protetivas à digni- III),[49] os direitos humanos tem lugar de prioridade no ordenamen-
dade humana em todo o mundo. to jurídico interno brasileiro, com status de direitos fundamentais.
O Brasil “consagra o primado dos direitos humanos como para- Como o § 2º do art. 5º da CF estabelece “Os direitos e garantias
digma propugnado para a ordem internacional”. expressos nesta Constituição não excluem outros, decorrente do
Portanto, fica estabelecida a prevalência das normas de prote- regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados interna-
ção direitos humanos sobre as normas de origem interna, gerando cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”, a cláu-
compromissos internos, que é onde a garantia de direitos humanos sula garanti a abertura para os tratados de direitos humanos, com
deve ser aplicada. Com isso, fazendo com que o princípio da não rapidez e agilidade na ordem constitucional, com isso aumentando
ingerência internacional em assuntos internos fique de forma relati- o rol de garantias e direitos constitucionalmente protegidos.
va, pois se analisa primeiro a norma internacional e depois a interna O STF, até pouco tempo atrás, entendia que os tratados de
ou as duas ao mesmo tempo. direitos humanos tinham status de lei ordinária, nesse sentido
O art. 4º da Carta Magna já mencionava sobre os direitos hu- afirmava o Ministro Sepúlveda Pertence “mesmo em relação às
manos, como a autodeterminação dos povos, a defesa da paz, o convenções internacionais de proteção de direitos fundamentais,
repúdio ao terrorismo e ao racismo, a cooperação entre os povos e
preserva a jurisprudência que a todos equipara hierarquicamente
a concessão de asilo político.
às leis ordinárias”.
Contudo, mesmo que à proteção da dignidade humana deva
Após o julgamento do RE 466.343-1/SP[52], onde se discutia
ser aplicada em caráter prioritário, nem sempre isso acontece.
prisão civil por dívida de alienação fiduciária, o Min. Gilmar Mendes
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS AO defendeu que os tratados de direitos humanos estariam em posição
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: PROCESSO LEGISLATIVO intermediária em relação à Constituição e as demais leis do orde-
DE INCORPORAÇÃO namento jurídico brasileiro, só que com caráter especial devido sua
maior importância diante dos demais tratados internacionais.
Exceto os tratados de direitos humanos aprovados fora do mar- A EC45/2004 deu um grande avanço para tentar solucionar
co estabelecido pelo parágrafo 3º do art. 5º da CF, o procedimento este problema, introduzindo o § 3º no art. 5º da Carta Magna, dis-
para a incorporação dos tratados de direitos humanos ao ordena- pondo o seguinte: “Os tratados e convenções internacionais sobre
mento jurídico brasileiro é o mesmo como se qualquer outro trata- direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do CN, em
do fosse. dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
A CF de 1988 estabelece o procedimento necessário para a serão equivalentes às emendas constitucionais”.
incorporação, primeiro precisa ser celebrado exclusivamente pelo Abriu-se, portanto, a possibilidade de normas internacionais de
Presidente da República após a celebração pelo Presidente, o direitos humanos terem status constitucional formal, contanto que
tratado só terá validade se aprovado pelos Poderes Legislativo e sejam aprovadas por um procedimento especial no CN, previsto no
Executivo, que por sinal também são responsáveis para “resolver art. 5º, § 3º da CF.
definitivamente sobre tratados, acordos e atos internacionais que Em relação aos tratados que haviam sido aprovados antes da
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio na- EC45/2004, ou fora de seus parâmetros, o STF, por entendimento
cional”, portanto o presidente não tem competência para decidir majoritário, concedeu a supralegalidade dos tratados, como por
sozinho sobre a homologação dos tratados internacionais. exemplo, no julgamento do HC 90.172/SP[56] pelo Ministro Gil-
Ministro Celso de Melo é claro ao afirmar que: mar Mendes. O segundo entendimento, porém minoritário, é do
O exame da vigente Constituição Federal permite constatar que Ministro Celso de Mello no HC 87.585/TO e após no HC 96.772/SP,
a execução dos tratados internacionais e a sua incorporação à or- no caso de prisão civil por infidelidade depositária, dando posição
dem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de constitucional aos tratados internacionais de direitos humanos. O
um ato subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas referido Ministro Celso de Mello atualmente vem defendendo, tam-
vontades homogêneas: a do Congresso Nacional, que resolve, defi- bém a aplicação do princípio da primazia da norma mais favorável.
nitivamente, mediante decreto legislativo, sobre tratados, acordos
O tema ainda é controvertido na doutrina e jurisprudência,
ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da República,
entretanto, a Suprema Corte Brasileira tem seu entendimento “de
que, além de poder celebrar esses atos de direito internacional (CF,
que os tratados de direitos humanos sempre prevalecerão diante
art. 84, VIII), também dispõe – enquanto chefe de Estado que é – da
da legislação ordinária”.
competência para promulgá-los mediante decreto.
Em síntese, os tratados de direitos humanos e os demais tra- Apesar do exposto, as normas internacionais de direitos huma-
tados internacionais, para que tenham eficácia no ordenamento ju- nos continuam passando pelo controle de constitucionalidade, por
rídico brasileiro, devem ser celebrados e assinados pelo Presidente ser supralegal, portanto infraconstitucional, ou por serem emendas
da República, após essa solenidade dependeram de aprovação nas constitucionais e não podendo confrontar cláusula pétrea (art. 60,
duas casas do Congresso Nacional (CN), que será por meio de De- § 4º da CF).
creto Legislativo, depois voltará para o Presidente da República que,
em ato discricionário, poderá ratificar ou não o tratado. CONFLITOS COM NORMAS INTERNAS

Os direitos humanos emanam de várias fontes, de nível inter-


nacional ou interno, de caráter obrigatório ou não, genérico ou es-
pecífico. Devido à grande variedade, as normas de direitos huma-
nos acabam por entrar em conflitos.

15
DIREITOS HUMANOS
Para começar a dirimir conflitos é necessário identificar o que Casos envolvendo o Brasil na Corte Interamericana de Direitos
são compromissos internacionais ou somente recomendações, pois Humanos
os primeiros, se devidamente incorporados pelo Estado, vinculam;
enquanto os segundos são orientações, com base nisso os compro- O Brasil já sofreu sanções pela Corte Interamericana de Direitos
missos prevalecem sobre as orientações. Humanos por desrespeitar garantias e deveres recorrentes de direi-
No direito internacional, os Estados têm o compromisso de tos humanos, foram vários casos.
cumprir os tratados internacionais, não podendo se valer de nor- O caso mais recente foi o “Caso Júlia Gomes Lund e outros”
mas internas para justificar o inadimplemento dos compromissos que diz respeito ao desaparecimento de pessoas na Guerrilha do
firmados, como consagra o princípio das normas internacionais so- Araguaia.
bre as internas, extraindo um entendimento de supraconstituciona- Primeiramente o caso foi para a Comissão Interamericana de
lidade do Direito Internacional. Direitos Humanos que decidiu submetê-lo para à Corte Interame-
A história do ordenamento jurídico brasileiro até 1988 mostra ricana de Direitos Humanos, oportunidade para trazer “a juris-
que os tratados internacionais de direitos humanos não possuem prudência interamericana sobre as leis de anistia com relação aos
essa hierarquia citada no parágrafo anterior, era somente dado o desaparecimentos forçados e as execuções extrajudiciais e a possi-
status supralegal até 1977, e após esse ano passaram a ser entendi- bilidade de o Tribunal afirmar a incompatibilidade da Lei de Anistia
dos como lei ordinária.
e das leis sobre sigilo de documentos com a Convenção Americana”
A CF de 1988 em seu art. 4º, inciso II, consagrou o princípio da
O caso refere-se à responsabilidade do Brasil pela detenção
primazia dos direitos humanos nas relações internacionais, dispon-
sem fundamento, tortura e desaparecimento de setenta pessoas,
do que o Estado deve fazer o máximo para efetivar os tratados de
em reflexo aos resultados de operações do Exército brasileiro que
direitos humanos no ordenamento jurídico interno e garantir, tão
logo, a proteção e a promoção de direitos das pessoas que vivem tinha como propósito, terminar com a Guerrilha do Araguaia. O pro-
em seu território, e sob a jurisdição brasileira. cesso também diz respeito à questão de o Brasil não ter realizado a
Com isso, têm o entendimento de que os tratados de direitos investigação penal para julgar e punir os responsáveis.
humanos deveriam ter o posto superior em relação às outras nor- A Corte entendeu que as normas da Lei da Anistia que não
mas que garantisse a sua efetiva aplicação antes de outra norma. deixam investigar e aplicar sanções sobre violações de direitos hu-
Na história recente do constitucionalismo brasileiro, não é isso manos são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de
que vem se observando, somente no ano de 2007 que a hierarquia efeitos jurídicos, não podem obstar as investigações do caso e não
dos tratados no ordenamento jurídico começou a ser revista, (ape- deve ter posição semelhante em relação a outros casos de violações
sar de já terem saído do mesmo patamar às demais leis ordinárias, de direitos humanos tipificados na Convenção Americana, ocorri-
ainda não possuem status definido), deu inicio ao caminho para dos no Brasil.
conseguir seu status apropriado, de especial importância. Foi decidido também que o Brasil violou os “direitos ao reco-
Uma questão bastante polêmica é de prisão civil de depositá- nhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal,
rio infiel. O artigo 5º, LXVII, da Constituição Federal de 1988 dispõe e à liberdade pessoal.”
que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo O importante desse julgamento, é que as condenações sofridas
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia pelo Brasil são consideradas normas de jus cogens, e fazem parte
e a do depositário infiel”, contudo, o Pacto de San Jose da Costa Rica dos deveres do Estado no sistema interamericano de direitos hu-
em seu art. 7º, § 7º dispõe que: manos.
Art. 7. Direito à liberdade pessoal A grande consequência acerca de Caso Júlia Lund foi a criação
§ 7º. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não da lei 12.528/11 (Comissão Nacional da Verdade) com o fim escla-
limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos recer as graves violações de direitos humanos relativos ao período
em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. descrito no art.8º do Ato de Disposições Transitórias (ADCT).
E o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos com seu Por enquanto o Brasil não sofreu nenhum tipo de sanção apli-
art. 11: “Art. 11. Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cada pala Corte Interamericana de Direitos Humanos, não por falta
cumprir com uma obrigação contratual.”, os dois da qual o Brasil
de oportunidade, pois já ocorreram vários casos em que a referi-
é signatário, derem entendimento contrário ao assunto e também
da Corte teve oportunidade de aplicar sanções contra o Brasil. En-
após a EC45/2004 que dava o entendimento “majoritário” à ques-
tretanto o STF vem adotando medidas em consonância com casos
tão, persistiam as discussões acerca da prisão de depositário infiel.
julgados pelo “principal tribunal de direitos humanos do sistema
A Constituição Federal é clara em seus motivos quando men-
ciona a prisão do depositário infiel, pelo grau de confiança que é interamericano”
depositada em tal figura e a mesma não poderia, simplesmente,
faltar com a obrigação, lesando terceiros. POSIÇÃO HIERÁRQUICA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMA-
O termo depositário infiel soa como gênero dando assim, ense- NOS APROVADOS FORA DO MARCO ESTABELECIDO PELO PARÁ-
jo para lei ordinária classificar vários tipos de depósito. A CF visa coi- GRAFO 3º DO ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
bir que o depositário infiel, de forma delituosa, aproprie-se de for-
ma indébita de algo, um comportamento desleal em face da grande Cabe ressaltar o procedimento adotado pelo Brasil para que
confiança nele depositada. A condenação tem caráter dissuasório, um tratado internacional seja aprovado. O Presidente da República
objetivando a restituição da coisa. é o responsável pelas relações internacionais incluindo a negocia-
Vale lembrar que por enquanto, no Direito Brasileiro, os tra- ção de um tratado, ele tem autonomia para iniciar uma negociação
tados de direitos humanos têm posição de acordo com o proce- ou jamais inicia-la, salvo algumas exceções, porém, o Presidente da
dimento de sua aprovação, distinguindo-se os aprovados pelo CN República não pode, de forma alguma, manifestar um posiciona-
com procedimento especial regido pela EC45/2004, dos demais, mento definitivo em relação à aprovação de um tratado internacio-
aprovados de formas distintas, que devem ser interpretados a égide nal, como dispõe o art. 5º, § 3º da CF:
do art. 5º, § 2º da CF.

16
DIREITOS HUMANOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- Basicamente o STF oscila entre três entendimentos desde 2007:
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- A equiparação dos tratados de direitos humanos à lei ordinária,
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à que foi abandonada; a supralegalidade, que é atualmente o enten-
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: dimento majoritário; e a constitucionalidade material, noção ainda
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- minoritária, mais que já apareceu em votos de Ministros do Pretó-
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, rio Excelso.
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem- Até 2007 o posicionamento dos tratados de direitos humanos
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. era entendimento pacífico, com hierarquia de lei ordinária. Esse
Isto significa que a vontade da nação, através de seus repre- posicionamento hierárquico dos tratados de direitos humanos no
sentantes, é que pode firmar um compromisso externo, isso diz res- ordenamento jurídico brasileiro era fundamentado na concepção
peito ao CN, nas suas duas casas, Câmara dos Deputados e Senado clássica de soberania estatal, onde a Constituição prevalece na or-
Federal. dem jurídica nacional.
Um tratado para ser ratificado é enviado pelo Presidente da A reavaliação do posicionamento dos tratados de direitos hu-
República ao Ministro das Relações Exteriores, a matéria será dis- manos ocorreu em um processo que era reexaminado a legalidade
cutida no CN separadamente, primeiro na Câmara dos Deputados da prisão civil do depositário infiel,[84] na qual é permitida pela atu-
e depois no Senado Federal, uma eventual aprovação do tratado
al Constituição (art. 5º, LXVIII), pelo Código Civil de 2002 (art.652) e
internacional precisa, necessariamente, ser aprovado nas duas ca-
proibida pela Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969
sas do Congresso, o que vale dizer que se ocorrer uma eventual
(art. 7º, §7º).
desaprovação na primeira casa, esta põe termo ao processo, não
Era de entendimento pacífico do STF a prisão civil do depositá-
havendo necessidade de se levar ao Senado Federal.
Caso ocorra a aprovação no CN, essa decisão é formalizada rio infiel, entretanto com o status supralegal adquirido pelos trata-
através de um decreto legislativo promulgado pelo presidente do dos de direitos humanos a prática deste tipo de restrição à liberda-
Senado, e posteriormente o faz publicar no Diário Oficial da União de passou a ser inadmissível.
(DOU). Cabe ressaltar que as normas supralegais são aquelas posicio-
O posicionamento dos tratados internacionais de direitos hu- nadas entre a Constituição Federal e as leis ordinárias, não podendo
manos sempre geraram muitas discussões em nosso ordenamen- ser por estas derrogadas. O posicionamento das normas supralegais
to jurídico, pois existem os tratados aprovados anteriormente e os de direitos humanos parte da ideia de que a Constituição Federal
aprovados posteriormente a EC45/2004, esta por sua vez acrescen- abriu um espaço claro para que as normas de tratados internacio-
tou o parágrafo 3º no art. 5º da CF que dispõe o seguinte: “Os trata- nais de direitos humanos fossem recebidas em nosso ordenamento
dos e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem jurídico, tornando-as assim normas de relevância maior perante as
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, leis ordinárias, com isso adquirindo um grau elevado na hierarquia
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva- do ordenamento jurídico brasileiro.
lentes às emendas constitucionais”. A tese defendida pelo Min. Gilmar Mendes no julgamento RE
O parágrafo 3º do art. 5º da CF deixou claro seu posicionamen- 466.343-1/SP gera discussão por criar uma duplicidade de regimes
to em relação a os tratados aprovados pelo Brasil. O conflito acon- jurídicos, em detrimento de tratados aprovados pela maioria no
tece em relação aos tratados que foram aprovados anteriormente a Congresso Nacional, uma vez que estabelece “categorias” para tra-
EC 45/2004. Onde seria o posicionamento ideal para eles? Existem tados de direitos humanos com o mesmo fundamento ético, são
os entendimentos majoritários e os minoritários em relação a esta “categorias” de tratados de direitos humanos de nível constitucio-
questão. nal e supralegal, essa tese de supralegalidade regulou de forma
Pedro Lenza comenta que os tratados internacionais de direitos desigual os iguais, colocando certos tratados de direitos humanos
humanos aprovados após a EC45/2004 equivalem a emendas cons- abaixo da Constituição e outros, também de direitos humanos,
titucionais e podem ser objetos de controle de constitucionalidade no mesmo nível dela, ou seja, desigualou os “iguais”, afrontando
enquanto os aprovados antes da reforma teriam paridade com leis o princípio constitucional da isonomia e invertendo a lógica con-
ordinárias, e também podem sofrer controle de constitucionalida- vencional dos direitos, como por exemplo, o instrumento acessório
de.
aprovado com equivalência de emenda constitucional e o instru-
Para que um tratado aprovado antes da reforma tenha hierar-
mento principal abaixo dela.
quia constitucional, deverá o CN ratificar tal tratado pelo quórum
Existe o entendimento de que esse posicionamento acima
qualificado, ampliando os direitos e garantias individuais. Tal proce-
descrito é insuficiente, que os tratados internacionais comuns ra-
dimento se justificaria em caso de denúncia (ato de retirada do tra-
tado), pois aqueles que seguiram o procedimento previsto no art. tificados pelo Brasil devem ter posicionamento hierárquico inter-
5º, § 3º da CF dependem de prévia autorização do CN enquanto os mediário, entre a Constituição e as leis infraconstitucionais que não
demais poderão ser denunciados pelo executivo sem prévia auto- poderão ser revogadas por lei posterior, enquanto os tratados de
rização do CN. direitos humanos teriam posicionamento paritário com a Constitui-
Flávia Piovesan afirma que: ção Federal.
A teoria da paridade entre o tratado internacional e a legisla- Independentemente do momento em que as normas definido-
ção federal não se aplica aos tratados de direitos humanos, tendo ras de direitos humanos foram ou serão ratificadas pelo Brasil, de
em vista que a Constituição de 1988 assegura a estes garantia de acordo com o parágrafo 1º do art. 5º da CF, eles tem ou terão aplica-
privilégio hierárquico, atribuindo-lhes a natureza de norma cons- ção imediata, portanto os tratados de direitos humanos ratificados
titucional. anteriormente ou posteriormente a EC45/2004, tem eficácia a par-
Contudo, essa constitucionalidade não foi reconhecida abso- tir do momento de sua ratificação, o que pode acontecer também
lutamente pelo STF, e com base nesse assunto veremos algumas com as normas de direitos humanos proveniente do Direito interno.
interpretações do Pretório Excelso quanto à forma em que os tra-
tados de direitos humanos se posicionam dentro do nosso ordena-
mento jurídico mais sem fixar posicionamento estável.

17
DIREITOS HUMANOS
A CF no art. 5º, § 2º dispõe que “Os direitos e garantias expres- Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
sos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e 1995
Erradicar a Violência contra a Mulher.
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte”. [93] Apesar da CF Protocolo à Convenção Americana referente à abolição
não especificar o termo seja parte a Convenção de Viena de 1969 o da Pena de Morte.
fez. Segundo a Convenção de Viena, ser parte é o mesmo que ratifi- 1996 Protocolo à Convenção Americana referente aos
car um tratado em vigor (art. 2º, § 1º, alínea g).[94] Assim, indepen- Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de
dentemente de promulgações e publicações oficiais, os tratados de San Salvador).
direitos humanos tem aplicabilidade imediata pelo poder judiciário
Reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana
sem prejuízo de futura promulgação e publicação. 1998
de Direitos Humanos.
A discussão acerca do posicionamento hierárquico dos tratados
de direitos humanos aprovados anteriormente ou posteriormente a Convenção Interamericana para a Eliminação de todas
EC45/2004, continua gerando muitas controvérsias, pois ainda não 2001 as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras
existe um posicionamento pacífico em relação questão. de Deficiência.
Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal
Internacional.
2002
PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DE TRATADOS INTER- Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação
NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS AO DIREITO BRA- de todas as formas de Discriminação contra a Mulher.
SILEIRO Protocolos Facultativos à Convenção sobre os Direitos
da Criança, referentes ao envolvimento de crianças em
As formalidades exigidas para a incorporação de normas in- 2004
conflitos armados e à venda de crianças e prostituição e
ternacionais em geral e tratados de direitos humanos pornografia infantis.
A incorporação das normas internacionais ao direito interno
brasileiro de modo geral, somente se dá após o cumprimento de Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura
um rito solene: negociação, assinatura do instrumento pelo Esta- 2007 e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou
do brasileiro; aprovação do Congresso Nacional mediante decreto Degradantes.
legislativo; ratificação, promulgação por decreto do Executivo e pu- Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
2008
blicação. Assim, a aprovação dos tratados no Brasil segue o mesmo Deficiência (inclui Protocolo Facultativo).
processo da elaboração da lei.
Tratado de Marraquexe para facilitar o acesso a obras
A promulgação e publicação incorporam os tratados interna- 2015
públicas às pessoas cegas.
cionais ao Direito interno, colocando-os, em regra, no mesmo nível
das leis ordinárias, a exceção dos Tratados Internacionais de Direi-
As posições doutrinárias
tos Humanos.
A Constituição Federal não estabelece por si só com clareza a
Com a Emenda Constitucional nº 45, que introduziu na Cons-
hierarquia entre tratados internacionais e as normas internas do di-
tituição de 1988 o § 3º do art. 5º, os tratados e convenções inter-
reito brasileiro. Coube, assim, à jurisprudência e à doutrina definir a
nacionais sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do
hierarquia entre normas internas e internacionais no ordenamento
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
jurídico brasileiro. O entendimento doutrinário não coadunava com
respectivos membros, passaram a ter status equivalentes às emen-
a ideia do STF (de antes da EC 45/04) da primazia absoluta do direi-
das constitucionais. No Brasil, apenas o Tratado de Marraquexe e
to internacional sobre o direito interno, adotando o monismo mo-
a Convenção internacional sobre os direitos das pessoas com defici-
derado ao tempo que alguns doutrinadores acreditavam ser permi-
ência e seu Protocolo Facultativo tem esse status.
tido o ingresso dos tratados internacionais de direitos humanos no
Os demais, a exemplo do Pacto de San José da Costa Rica, tem
ordenamento jurídico com status de norma constitucional.
status supralegal, e, os Tratados e Convenções Internacionais de as-
Hoje, com relação ao status dos Tratados e Convenções Inter-
sunto geral, que não tratam sobre Direitos Humanos tem status de
nacionais no direito interno brasileiro, a doutrina, embora nem
Lei ordinária.
sempre uníssona, acolhe em sua maioria, a classificação e o status
atribuído pelo STF.
Tratados Internacionais de Direitos Humanos no Brasil
A posição do Supremo Tribunal Federal
TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL APÓS Quanto à hierarquia entre tratados internacionais e normas de
A CONSTITUIÇÃO DE 1988 direito interno, antes, o STF adotava o entendimento de que todo e
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a qualquer tratado internacional, independentemente de seu conte-
Tortura. údo, tinha o status de lei ordinária (CF, artigo 102, III, b) e até 1977,
1989 os tratados internacionais sempre prevaleciam sobre o direito inter-
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos no. Dada a paridade normativa, em caso de conflito deve se resol-
Cruéis, desumanos ou degradantes. ver pela aplicação dos critérios cronológicos (lei posterior prevalece
1990 Convenção sobre os Direitos da Criança. à anterior) e da especialidade (lei especial prevalece sobre a geral.
Quanto ao status dos tratados internacionais, em 2008, no RE
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. 466.343-1 / SP, o STF julgou controvérsia envolvendo a prisão do
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e depositário infiel, revolucionando a jurisprudência.
1992
Culturais.
Convenção Americana de Direitos Humanos.

18
DIREITOS HUMANOS
A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão Princípio Federativo
civil por dívidas, salvo nos casos de não pagamento de pensão ali- Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal
mentícia e do depositário infiel. O Pacto Internacional dos Direitos e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um determi-
Civis e Políticos (PIDCP) e a Convenção Americana sobre Direitos nado grau de liberdade referente à sua organização, à sua adminis-
Humanos – Pacto de São José da Costa Rica vedam a prisão do de- tração, à sua normatização e ao seu Governo, porém limitada por
positário infiel. Ainda assim, restou mantida a jurisprudência pela certos princípios consagrados pela Constituição Federal.
constitucionalidade da prisão do depositário infiel, uma vez que o
Pacto ingressou no ordenamento jurídico na qualidade de norma Princípio Republicano
infraconstitucional. É uma forma de Governo fundada na igualdade formal entre as
Após a Emenda Constitucional 45, de 2004, que acrescentou o pessoas, em que os detentores do poder político exercem o coman-
parágrafo 3° ao inciso LXXVIII do artigo 5º, os tratados e convenções do do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário e com
internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil seja signatá- responsabilidade.
rio e que forem aprovados pelo Congresso Nacional, em votação
de dois turnos, por três quintos de seus membros, passaram a ter Princípio do Estado Democrático de Direito
status equivalente às Emendas Constitucionais. Contudo, o Pacto O Estado de Direito é aquele que se submete ao império da lei.
de San José da Costa Rica foi aprovado por maioria simples. Tal Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao
questão acerca do status dos tratados de direitos humanos gerou princípio fundamental da soberania popular, vale dizer, funda-se na
profundas discussões nos tribunais e o STF decidiu que os tratados noção de Governo do povo, pelo povo e para o povo.
internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil antes
das alterações trazidas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, ou Princípio da Soberania Popular
seja, sem passar pelo processo de aprovação previsto no art. 5º, § O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal reve-
3º deveriam ter status supralegal, hierarquicamente inferior às nor- la a adoção da soberania popular como princípio fundamental ao
mas constitucionais, mas superior às normas infraconstitucionais. prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
Assim, a prisão do depositário infiel não foi considerada inconsti- de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons-
tucional, pois sua previsão segue na Constituição, mas, na prática, tituição”.
passou a ser ilegal, uma vez que as leis que regulam tal medida
coercitiva estão abaixo dos tratados internacionais de direitos hu- Princípio da Separação dos Poderes
manos. Esse entendimento do que caráter supralegal dos tratados A visão moderna da separação dos Poderes não impede que
devidamente ratificados e internalizados na ordem jurídica brasi- cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além de
leira, sem submeter-se ao processo legislativo estipulado pelo art. sua função típica (preponderante), funções atribuídas a outro Po-
5º, § 3º, da CF/88 foi reafirmado pela edição da Súmula Vinculante der.
25, em 2009 que aduz: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais corresponden-
tes ao tema supracitado:
TRATADOS INTERNACIONAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
TRATADOS STATUS
Tratados Internacionais que versem sobre Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
Direitos Humanos aprovados em cada casa Emenda indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
do Congresso, em 2 turnos por 3/5 dos Constitucional tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
respectivos membros. I - a soberania;
II - a cidadania
Tratados Internacionais sobre Direitos III - a dignidade da pessoa humana;
Humanos, mas não aprovados em 2 turnos por Supralegal IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
3/5 dos membros de cada casa do Congresso. V - o pluralismo político.
Tratados internacionais que não versem sobre Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
Lei Ordinária meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Direitos Humanos.
Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-


A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
DE 1988. DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Objetivos Fundamentais da República
Forma, Sistema e Fundamentos da República
Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados no
Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo Artigo 3º da CF/88. Vejamos:
Os princípios abandonam sua função meramente subsidiária
na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de meio de Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e ve- rativa do Brasil:
tor interpretativo, e passam a ser dotados de elevada e reconhecida I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
normatividade. II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
gualdades sociais e regionais;

19
DIREITOS HUMANOS
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, Direitos Fundamentais de Segunda Geração
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Possuem as seguintes características:
a) surgiram no início do século XX;
Princípios de Direito Constitucional Internacional b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao
Estado Liberal;
Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão c) estão ligados ao ideal de igualdade;
elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos: d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
positiva do Estado;
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela- e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos.
ções internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional; Direitos Fundamentais de Terceira Geração
II - prevalência dos direitos humanos; Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
III - autodeterminação dos povos; pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
IV - não-intervenção; interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê-
V - igualdade entre os Estados; neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração.
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; Direitos Metaindividuais
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani- Natureza Destinatários
dade; Difusos Indivisível Indeterminados
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in- Coletivos Indivisível Determináveis liga-
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América dos por uma relação
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana jurídica
de nações. Individuais Homo- Divisível Determinados ligados
gêneos por uma situação fática
Referências Bibliográficas:
Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e guintes características:
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. a) surgiram no século XX;
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
DOS DIREITOS SOCIAIS. DA NACIONALIDADE. DOS bens da coletividade;
DIREITOS POLÍTICOS c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
interesse coletivo;
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de Direitos Fundamentais de Quarta Geração
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu-
Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
ratório.
tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais
Também são transindividuais.
Direitos Fundamentais de Primeira Geração
Direitos Fundamentais de Quinta Geração
Possuem as seguintes características:
Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução
taria o direito fundamental de quinta geração.
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina-
ram todo o século XIX;
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
ao Estado Absoluto; São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
c) estão ligados ao ideal de liberdade; a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado índole evolutiva;
em favor das liberdades públicas; b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
dentemente de características pessoais;
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
teção em face da ação opressora do Estado; d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
f) são os direitos civis e políticos. e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
do pelo decurso do tempo.

20
DIREITOS HUMANOS
Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais
Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura,
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
compatíveis com a sua natureza.
Direito à Liberdade
Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su- será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir-
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- privada.
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado. Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende,
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco-
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente expressão.
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- Direito à Igualdade
tituição (princípio da reserva legal). A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui-
ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- formal.
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos didos aos membros da coletividade por meio da norma.
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
constitucionalmente consagrados. jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
Os quatro status de Jellinek desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo encontra- Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
-se em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan- a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
do-se como detentor de deveres para com o Estado; que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos; formação social.
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em Direito à Privacidade
seu favor; Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. -se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
de sua violação.
Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Direito à Honra
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
tal motivo, são previstos no Código Penal.
Os individuais estão elencados no caput do Artigo 5º da CF. Ve-
jamos: Direito de Propriedade
É assegurado o direito de propriedade, contudo, com restri-
TÍTULO II ções, como por exemplo, de que se atenda à função social da pro-
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS priedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
CAPÍTULO I e o usucapião.
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer intelectual) e os direitos reativos à herança.
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen-
tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda- Referências Bibliográficas:
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (....) DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Direito à Vida
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.

O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem-


plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla-
rada).

21
DIREITOS HUMANOS
Os direitos sociais estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Ve- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
jamos: cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada incorrer em dolo ou culpa;
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
outros que visem à melhoria de sua condição social: dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária contrato de trabalho;
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá a) (Revogada).
indenização compensatória, dentre outros direitos; b) (Revogada).
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções
III - fundo de garantia do tempo de serviço; e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, civil;
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação intelectual ou entre os profissionais respectivos;
para qualquer fim; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
trabalho; anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
ou acordo coletivo; empregatício permanente e o trabalhador avulso.
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
percebem remuneração variável; res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
ou no valor da aposentadoria; atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
retenção dolosa; previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- integração à previdência social.
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
sa, conforme definido em lei; o seguinte:
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda-
dor de baixa renda nos termos da lei; ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di- das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de sindical;
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
coletiva de trabalho; em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- área de um Município;
mingos; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
mo, em cinquenta por cento à do normal; administrativas;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
terço a mais do que o salário normal; do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
com a duração de cento e vinte dias; dependentemente da contribuição prevista em lei;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in- sindicato;
centivos específicos, nos termos da lei; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no coletivas de trabalho;
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor- organizações sindicais;
mas de saúde, higiene e segurança; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
insalubres ou perigosas, na forma da lei; sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
XXIV - aposentadoria; mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

22
DIREITOS HUMANOS
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
as condições que a lei estabelecer. tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- brasileira.
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
resses que devam por meio dele defender. houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. tituição.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
da lei. natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
deliberação. III - de Presidente do Senado Federal;
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade V - da carreira diplomática;
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- VI - de oficial das Forças Armadas.
gadores. VII - de Ministro de Estado da Defesa.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo: que:
→ Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela im- I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
possibilidade de redução do grau de concretização dos direitos virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
sociais já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
determinado grau de concretização de um direito social, fica o le- a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
gislador proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que trangeira;
haja a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
compensatórias. brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
→ Princípio da reserva do possível: a implementação dos di- permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe-
óbice do financeiramente possível. derativa do Brasil.
→ Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e di- § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
o hino, as armas e o selo nacionais.
reitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, intrin-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
secamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa humana
símbolos próprios.
previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo existencial não
se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público
estrutura dos serviços púbicos essenciais.
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di-
mensão pessoal do Estado (o seu povo).
Referências Bibliográficas:
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
ros natos e naturalizados.
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Espécies de Nacionalidade
Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti- São duas as espécies de nacionalidade:
gos 12 a 13 da CF. Vejamos: a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá-
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento.
CAPÍTULO III Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do
DA NACIONALIDADE simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88.
Art. 12. São brasileiros: b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º
I - natos: grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti-
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- as duas:
tiva do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
Nacionalidade
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e Primária Secundária
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela Nascimento + Requisitos cons- Ato de vontade + Requisitos
nacionalidade brasileira; titucionais constitucionais
II - naturalizados:
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

23
DIREITOS HUMANOS
Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti-
O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio- gos 14 a 16. Seguem abaixo:
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
origem territorial (ius solis). CAPÍTULO IV
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie- DOS DIREITOS POLÍTICOS
dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas- Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer-
cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
nacionalidade dos genitores. termos da lei, mediante:
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili- I - plebiscito;
tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau- II - referendo;
tada no ius sanguinis. III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
Portugueses Residentes no Brasil I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos II - facultativos para:
portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu- a) os analfabetos;
ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos. b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Portugueses Equiparados § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du-
rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
Igual os Direitos Se houver 1) Residência permanente § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
dos Brasileiros no Brasil; I - a nacionalidade brasileira;
Naturalizados 2) Reciprocidade aos
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
brasileiros em Portugal.
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
V - a filiação partidária;
A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
VI - a idade mínima de:
zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re-
seguintes hipóteses:
pública e Senador;
Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
do Distrito Federal;
Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
Perda da Nacionalidade d) dezoito anos para Vereador.
O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade. Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
Dupla Nacionalidade período subsequente.
O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú-
por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan- blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida). devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do
Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade. pleito.
Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na- § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn-
cionalidade. juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado
Idioma Oficial e Símbolos Nacionais ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
Nacionais do Brasil. titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con-
dições:
Referências Bibliográficas: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e da atividade;
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi-
lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside-
rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta.

24
DIREITOS HUMANOS
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí-
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou Alistabilidade Elegibilidade
fraude. Direito de votar Direito de ser votado
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de Inelegibilidades
manifesta má-fé. A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man-
suspensão só se dará nos casos de: datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo.
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado; Inelegibilidade Absoluta
II - incapacidade civil absoluta; Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab-
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo
rarem seus efeitos; e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação cida na Constituição Federal.
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos.
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor Inelegibilidade Relativa
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi-
até um ano da data de sua vigência. nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se
encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas:
De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela- → Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do
cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais, Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF);
consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo → Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli-
de participação no processo político e nos órgãos governamentais. cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF);
São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra- → Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por
constitucionais que permitem o exercício concreto da participação motivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não
do povo nos negócios políticos do Estado. incide sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14,
§7º, CF).
Capacidade Eleitoral Ativa
Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é Condição de Militar
o direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências
cuja aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao na- previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber:
cional a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
políticos). da atividade;
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
Alistamento Eleitoral e Voto autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo
14, §2º Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares
Maiores de 18 e Maiores de 16 e me- Estrangeiros (com alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O
menores de 70 nores de 18 anos exceção aos portu- quadro abaixo serve como exemplo:
anos Maiores de 70 anos gueses equiparados,
Analfabetos constantes no Artigo Militares – Exceto os Conscritos
12, §1º da CF)
Conscritos (aqueles Menos de 10 anos Registro da candidatura →
convocados para o Inatividade
serviço militar obri- Mais de 10 anos Registro da candidatura →
gatório) Agregado
Na diplomação → Inatividade
Características do Voto
O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com Privação dos Direitos Políticos
valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre. De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado
dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo
Capacidade Eleitoral Passiva que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende-
Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas- rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista-
siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para mento eleitoral.
cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF. Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar
O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se
duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos: dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta-
ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão.
Vejamos:

25
DIREITOS HUMANOS

Privação dos Direitos Políticos De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par-
tido político é uma forma de agremiação de um grupo social que
Perda Suspensão se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular
Privação por prazo inde- Privação por prazo deter- com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de go-
terminado minado verno.
Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia-
Restabelecimento dos di- Restabelecimento dos
ção a partido político é uma das condições de elegibilidade.
reitos políticos depende de um direitos políticos se dá automa-
Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar
novo alistamento eleitoral ticamente
acima das características pessoais do candidato.
Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí-
Referências Bibliográficas: tico uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e ou agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. políticas, organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade.
Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti-
dos políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem
A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF. o partido político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a
Vejamos: assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do
sistema representativo e a defender os direitos fundamentais defi-
CAPÍTULO V nidos na Constituição Federal.
DOS PARTIDOS POLÍTICOS A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos,
uma vez que são instituições indispensáveis para concretização do
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de Estado democrático de direito, muito embora restrinja a utilização
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de- de organização paramilitar.
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
humana e observados os seguintes preceitos: Referências Bibliográficas:
I - caráter nacional; BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Cons-
titucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU.
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida- Salvador: Editora JusPODIVM.
de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-
lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada
a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade Educação e Cultura em Direitos Humanos
de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas A educação e a cultura em Direitos Humanos visam à formação
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda de nova mentalidade coletiva para o exercício da solidariedade, do
Constitucional nº 97, de 2017) respeito às diversidades e da tolerância. Como processo sistemático
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju- e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos,
rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal seu objetivo é combater o preconceito, a discriminação e a violên-
Superior Eleitoral. cia, promovendo a adoção de novos valores de liberdade, justiça e
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e igualdade.
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Consti- A educação em Direitos Humanos, como canal estratégico
tucional nº 97, de 2017) capaz de produzir uma sociedade igualitária, extrapola o direito à
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no educação permanente e de qualidade. Trata-se de mecanismo que
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo articula, entre outros elementos: a) a apreensão de conhecimentos
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% historicamente construídos sobre Direitos Humanos e a sua rela-
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído ção com os contextos internacional, nacional, regional e local; b)
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) a afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis- a cultura dos Direitos Humanos em todos os espaços da socieda-
tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In- de; c) a formação de consciência cidadã capaz de se fazer presente
cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) nos níveis cognitivo, social, ético e político; d) o desenvolvimento
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza- de processos metodológicos participativos e de construção coleti-
ção paramilitar. va, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; e)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos pre- o fortalecimento de políticas que gerem ações e instrumentos em
vistos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a fi- favor da promoção, da proteção e da defesa dos Direitos Humanos,
liação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingi- bem como da reparação das violações.
do, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

26
DIREITOS HUMANOS
O PNDH-3 dialoga com o Plano Nacional de Educação em Di-
reitos Humanos (PNEDH) como referência para a política nacional EXERCICIOS
de Educação e Cultura em Direitos Humanos, estabelecendo os ali-
cerces a serem adotados nos âmbitos nacional, estadual, distrital e
municipal. O PNEDH, refletido neste programa, se desdobra em 5 1. (Prefeitura de Pedrão/BA – Psicólogo – IDCAP/2021) Sobre
grandes áreas: gênero, violência e saúde analise as assertivas abaixo:
I. A violência contra a mulher é um fenômeno extremamente
Na educação básica, a ênfase do PNDH-3 é possibilitar, desde a complexo, com raízes profundas nas relações de poder baseado no
infância, a formação de sujeitos de gênero, na sexualidade, na autoidentidade e nas instituições sociais.
direito, priorizando as populações historicamente vulnerabi- II. Esta realidade da violência contra a mulher não se apresenta
lizadas. A troca de experiências de crianças de diferentes raças e em todas as classes sociais, grupos étnicos-raciais e culturas, sendo
etnias, imigrantes, com deficiência física ou mental, fortalece, des- questão especifica de um grupo social determinado.
de cedo, sentimento de convivência pacífica. Conhecer o diferente, III. Trata-se a violência doméstica de fenômeno democratica-
desde a mais tenra idade, é perder o medo do desconhecido, for- mente distribuído da mesma forma que acontece com a distribui-
mar opinião respeitosa e combater o preconceito, às vezes arraiga- ção da riqueza.
do na própria família. Após análise, assinale a alternativa CORRETA:
(A) Somente a alternativa III está correta.
No Programa, essa concepção se traduz em propostas de mu- (B) Somente a alternativa I está correta.
danças curriculares, incluindo a educação transversal e permanente (C) As alternativas I, II e III estão corretas.
nos temas ligados aos Direitos Humanos e, mais especificamente, o (D) As alternativas I e III estão corretas.
estudo da temática de gênero e orientação sexual, das culturas in-
dígena e afro-brasileira entre as disciplinas do ensino fundamental 2. (Prefeitura de Jacinto Machado/SC – Psicólogo – PS CON-
e médio. CURSOS/2021) Violência doméstica é um padrão de comportamen-
to que envolve violência ou outro tipo de abuso por parte de uma
No ensino superior, as metas previstas visam a incluir os Direi- pessoa contra outra num contexto doméstico, como no caso de um
tos Humanos, por meio de diferentes modalidades como discipli- casamento ou união de facto, ou contra crianças ou idosos. Quando
nas, linhas de pesquisa, áreas de concentração, transversalização é perpetrada por um cônjuge ou parceiro numa relação íntima con-
incluída nos projetos acadêmicos dos diferentes cursos de gradu- tra o outro cônjuge ou parceiro denomina-se:
ação e pós-graduação, bem como em programas e projetos de ex- (A) Violência marital.
tensão. (B) Violência moral.
(C) Violência conjugal.
A educação não formal em Direitos Humanos é orientada pe- (D) Violência mental.
los princípios da emancipação e da autonomia, configurando-se (E) Violência emocional.
como processo de sensibilização e formação da consciência crítica.
Desta forma, o PNDH-3 propõe inclusão da temática de Educação 3. (Prefeitura de Mata Grande/AL – Psicólogo - ADM&TEC/2020)
em Direitos Humanos nos programas de capacitação de lideranças Leia as afirmativas a seguir:
comunitárias e nos programas de qualificação profissional, alfabe- I. O trabalho de atendimento à mulher em situação de violência
tização de jovens e adultos, entre outros. Volta-se, especialmente, pressupõe necessariamente o fortalecimento de redes de serviços
para o estabelecimento de diálogo e parcerias permanentes como o que, tomando como base o território, possam articular saberes,
vasto leque brasileiro de movimentos populares, sindicatos, igrejas, práticas e políticas, pensando e viabilizando estratégias ampliadas
ONGs, clubes, entidades empresariais e toda sorte de agrupamen- de garantia de acesso, equidade e integralidade. Fazem-se neces-
tos da sociedade civil que desenvolvem atividades formativas em sários ainda investimentos constantes na sensibilização e na quali-
seu cotidiano. ficação dos profissionais envolvidos na rede para que as mulheres
sejam acolhidas e assistidas de forma humanizada e com garantia
A formação e a educação continuada em Direitos Humanos, de direitos.
com recortes de gênero, relações étnicoraciais e de orientação se- II. O atendimento psicológico nos serviços de atenção à mulher
xual, em todo o serviço público, especialmente entre os agentes em situação de violência deve ser direcionado para mulheres com o
do sistema de Justiça e segurança pública, são fundamentais para objetivo de preservar a confiança nas relações estabelecidas com o
consolidar o Estado Democrático e a proteção do direito à vida e profissional. No entanto, entende-se que a abordagem da violência
à dignidade, garantindo tratamento igual a todas as pessoas e o deve também incluir o autor da violência em espaço específico para
funcionamento de sistemas de Justiça que promovam os Direitos tal, conforme prevê a Lei Maria da Penha.
Humanos. Marque a alternativa CORRETA:
(A) As duas afirmativas são verdadeiras.
Por fim, aborda-se o papel estratégico dos meios de comuni- (B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
cação de massa, no sentido de construir ou desconstruir ambiente (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
nacional e cultura social de respeito e proteção aos Direitos Huma- (D) As duas afirmativas são falsas.
nos. Daí a importância primordial de introduzir mudanças que as-
segurem ampla democratização desses meios, bem como de atuar
permanentemente junto a todos os profissionais e empresas do
setor (seminários, debates, reportagens, pesquisas e conferências),
buscando sensibilizar e conquistar seu compromisso ético com a
afirmação histórica dos Direitos Humanos.

27
DIREITOS HUMANOS
4. (CFP – Especialista em Psicologia Social – QUADRIX/2020) Em 7. (UFCG – Assistente Social – UFCG/2019) O trabalho de assis-
uma universidade de renome, um professor reconhecido por sua tentes sociais tem relação direta com as demandas da população
empatia com os estudantes, respeitoso e tido como um excelen- negra que reside nos morros, nas favelas, no sertão, no campo e
te pesquisador em sua área, foi duramente criticado por dizer que na cidade. Assistentes sociais estão nos serviços públicos como os
negros não entram nos cursos mais concorridos da universidade de saúde, educação, habitação e assistência social, que devem ser
por uma lacuna na formação básica e não reúnem conhecimento garantidos para toda a população. O combate ao preconceito é in-
suficiente para obter notas excelentes no ENEM. Ele também se clusive um compromisso do Código de Ética dos/as Assistentes So-
manifestou contra cotas, por considerá-las como antidemocráticas, ciais. Sobre a questão do racismo e Serviço Social, marque a opção
já que não respeitam o critério do mérito. Ele ficou chocado com correta.
as críticas por se considerar uma pessoa aberta e não racista. Com (A) Historicamente, o debate acerca da questão étnico-racial
base nessa situação hipotética, é correto afirmar que o professor se no Serviço Social tem assumido uma centralidade diante da dis-
enquadra no(na) cussão da questão social, colocando-o como um dos principais
(A) incoerência dos professores universitários. temas de reflexão na produção teórica da profissão.
(B) racismo estrutural. (B) É posicionamento ético o empenho na eliminação de todas
(C) racismo institucional. as formas de preconceito, sejam por nacionalidade, gênero, et-
(D) discriminação provocada pelo ódio racial. nia, classe social e religião; enquanto questão não estrutural, o
(E) equívoco dos movimentos negros na universidade. racismo deve ser combatido no âmbito institucional, cultural e
ambiental.
5. (Prefeitura de Ministro Andreazza/RO – Assistente Social – (C) O Atlas de Violência (2017) afirma que a cada 100 pessoas
IBADE/2020) Recentemente a questão racial ganhou grande visibi- assassinadas no Brasil, 71 são jovens, negras e do sexo mas-
lidade em função do assassinato de George Floyd, cidadão norte- culino. Reitera que houve avanços nos indicadores socioeco-
-americano estrangulado por um policial branco em maio de 2020. nômicos (2005 a 2015) e diminuição da violência letal contra
Pode-se dizer que o racismo é um dos elementos fundamentais pessoas negras.
para compreender e enfrentar a violência policial nos Estados Uni- (D) A raiz latente da questão social no Brasil colônia é a escra-
dos e no Brasil. Sendo assim, assinale a expressão mais adequada vidão, baseada na extrema exploração da força de trabalho es-
para a análise desse fenômeno na realidade brasileira: cravizada; seu enfrentamento deu-se pelo abolicionismo, parti-
(A) democracia racial. cularizado na formação social brasileira.
(B) ações afirmativas. (E) O Conjunto CFESS-CRESS tem se posicionado contra as leis
(C) racismo estrutural. de cotas (nº 12.711/2012 e nº 12.990/14) pois, ao invés de
(D) transfobia. promoverem reparos sociais, têm produzido desigualdades e
(E) feminicídio. condições diferentes de oportunidades no âmbito das políticas
sociais.
6. (Prefeitura de Capim/PB - Agente Administrativo - FACET
CONCURSOS/2020) Leia texto a seguir: 8. (CRN-9 – Auxiliar Administrativo – QUADRIX/2019) Julgue o
No Brasil, os casos de homicídio de pessoas negras (pretas e item a respeito dos direitos sociais.
pardas) aumentaram 11,5% em uma década, de acordo com o Atlas O mínimo existencial está aquém do princípio da dignidade da
da Violência 2020 […] publicado pelo Instituto de Pesquisa Econô- pessoa humana, isto é, congrega parcela de direitos absolutamente
mica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública básicos, que, respeitados, ainda não chegam a assegurar uma exis-
(FBSP). Ao mesmo tempo, entre 2008 e 2018, período avaliado, a tência digna, mas, sim, existência, pura e simples.
taxa entre não negros (brancos, amarelos e indígenas) fez o cami- (....) CERTO
nho inverso, apresentando queda de 12,9% (Fonte:https://agencia- (....) ERRADO
brasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-08/atlas-da-violencia-assas-
sinatos-de-negros-crescem-115-em10-anos, acessado em outubro 9. (Prefeitura de Carneiros/AL – Nutricionista - ADM&TEC/2019)
de 2020). Leia as afirmativas a seguir e marque a opção CORRETA:
Sobre a questão do racismo no Brasil, marque V para Verdadei- (A) O direito à igualdade é vedado na Constituição Federal de
ro e F para Falso: 1988.
( ) O racismo é praticamente inexistente no Brasil, sendo mais (B) A Constituição Federal de 1988 procura assegurar o exercí-
forte em países como os Estados Unidos. cio dos direitos individuais.
( ) O racismo tem relação histórica com a escravidão no Brasil. (C) A República Federativa do Brasil busca promover o antisse-
( ) A miscigenação fez com que o país se transformasse num mitismo.
dos mais plurais do mundo. Apesar da desigualdade econômica no (D) A dignidade da pessoa humana não é um dos fundamentos
país, os negros conseguem ter, em termos proporcionais, a mesma da República Federativa do Brasil.
renda dos brancos no nosso país. (E) A República Federativa do Brasil busca promover os precon-
( ) O racismo institucional não existe no Brasil, apenas nos ceitos relacionados à cor.
Estados Unidos.
A alternativa que apresenta o termo correto é a letra:
(A) V, V, V, V.
(B) F, V, V, V.
(C) V, F, V, V.
(D) F, V, F, F.
(E) F, V, F, V.

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DIREITOS HUMANOS
10. (Prefeitura de Porto Nacional/TO – Assistente Social - COPE- 12. (DPE/RJ – Defensor Público – FGV/2021) Segundo a juris-
SE – UFT/2019) O advento da modernidade ressignificou vários âm- prudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, reforçada
bitos da vida cotidiana, e dentre eles podemos citar os tipos de or- no “Caso Ximenes Lopes vs. Brasil”, são fundamentos da responsa-
ganização familiar, o mundo do trabalho, o casamento, a concepção bilidade internacional do Estado:
de novos seres que foi dissociada da união entre um homem com (A) as ações atribuíveis aos órgãos ou funcionários do Estado;
uma mulher, assim como a violência. Esta última trata-se de um fe- (B) somente as ações dos particulares, desde que atribuíveis às
nômeno complexo e abrangente que abarca diferentes contextos omissões do Estado;
da vida humana, pois não é autoexplicável e é pluricausal. Destarte, (C) as ações dos particulares que violem qualquer direito con-
no Brasil evidencia-se que crianças, adolescentes e jovens sejam ví- sagrado na Convenção Americana de Direitos Humanos;
timas em potencial das mais diversas formas de violência, tanto no (D) as ações de qualquer pessoa ou órgão estatal que esteja
âmbito familiar, institucional, urbano, através do aliciamento pelo autorizado pela legislação do Estado a exercer autoridade go-
tráfico de drogas ou ainda sexual. Analise as afirmativas a seguir. vernamental, seja pessoa física ou jurídica, sempre e quando
I. As camadas pobres estão mais suscetíveis à violência, consi- estiver atuando na referida competência;
derando-se que muitas vezes os adolescentes e jovens que vivem (E) tanto as ações ou omissões atribuíveis aos órgãos ou funcio-
nas áreas periféricas estão expostos a maiores riscos, e mesmo nários do Estado, como a omissão do Estado em prevenir que
diante da intensificação do isolamento da vida pública e privada terceiros vulnerem os bens jurídicos que protegem os direitos
não é possível garantir a segurança dos mesmos e de suas famílias. humanos consagrados na Convenção Americana de Direitos
II. O aumento da violência no Brasil se coloca como prioridade Humanos.
na agenda das políticas sociais públicas, visto que a luta dos mo-
vimentos sociais por melhores condições de vida e garantia de di- 13. (DPE/RJ – Defensor Público – FGV/2021) Sobre o “Caso Fa-
reitos sociais tem alcançado reconhecimento em suas ações e de vela Nova Brasília”, é correto afirmar que:
seus interlocutores, atenuando a desigualdade social e elevando os (A) os representantes reclamaram que, se a investigação dos
níveis de mobilização da sociedade. fatos tivesse sido registrada como “auto de resistência”, teria
III. O individualismo exacerbado coloca-se como uma das con- sido diligente e efetiva;
sequências produzidas pela violência, pois está diante da impossibi- (B) para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o dever
lidade da construção de uma esfera pública marcada pela desregu- de investigar é uma obrigação de resultado que corresponde
lamentação do Estado e pela ausência ou insuficiência de políticas ao direito das vítimas à justiça e à punição dos perpetradores;
sociais universais. (C) para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o cum-
IV. A violência na sociedade brasileira tem seu recrudescimen- primento da obrigação de empreender uma investigação séria,
to também pela anulação da política que exclui o debate público, imparcial e efetiva do ocorrido, no âmbito das garantias do de-
responsabilizando a sociedade civil por suas agruras e mazelas, de- vido processo, implica também um exame do prazo da referida
legando as providências para o âmbito privado e atribuindo suas investigação e independe da participação dos familiares da víti-
causas aos aspectos socioeconômicos e culturais. ma durante essa primeira fase;
Com base nas afirmativas, assinale a alternativa CORRETA. (D) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos ressaltou
(A) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. que as investigações policiais foram realizadas pelas mesmas
(B) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. delegacias da Polícia Civil que haviam realizado as operações,
(C) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. o que gerou a falta de independência das autoridades encar-
(D) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. regadas pelas investigações, violando os artigos 7.1 e 25.1, em
relação ao artigo 1.1 da Convenção Americana de Direitos Hu-
11. (DPE/RJ - Técnico Superior Jurídico – FGV/2019) A comissão manos;
externa da Câmara dos Deputados criada para acompanhar as in- (E) a Corte Interamericana de Direitos Humanos considera es-
vestigações dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes sencial, em uma investigação penal sobre morte decorrente de
aprovou em dezembro de 2018 o seu relatório final, no qual cobra a intervenção policial, a garantia de que o órgão investigador seja
federalização do caso. Como é sabido, no Brasil é possível que haja independente dos funcionários envolvidos no incidente. Essa
federalização de casos de grave violação de direitos humanos. independência implica a ausência de relação institucional ou
Segundo a Constituição da República de 1988, qual seria a fina- hierárquica, bem como sua independência na prática.
lidade desse deslocamento de competência para a justiça federal é:
(A) garantir a Lei e a Ordem nos casos em que há o esgota- 14. (DPE/SC – Defensor Público Substituto – FCC/2017) O caso
mento das forças tradicionais de segurança pública, em graves Favela Nova Brasília em que o Estado Brasileiro foi julgado perante
situações de perturbação da ordem; a Corte Interamericana de Direitos Humanos, trata
(B) dar efetividade ao sistema de garantia de direitos funda- (A) do direito das minorias, especialmente negros e indígenas.
mentais previstos no âmbito da Constituição e da legislação (B) do direito de petição e o acesso à justiça.
federal; (C) de violações do direito à vida e à integridade física.
(C) promover a atuação integrada, no plano estadual e federal, (D) do direito à moradia em condições precárias nas grandes
de administradores e responsáveis pelas investigações de casos cidades.
que envolvam violação de direitos humanos; (E) da convivência entre o direito ao meio ambiente e a inter-
(D) combater a eventual morosidade dos agentes do sistema venção humana.
de justiça que comprometa a imagem do país junto aos orga-
nismos multilaterais de cooperação internacional;
(E) assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte.

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DIREITOS HUMANOS
15. (DPE/RJ – Defensor Público – FGV/2021) No âmbito da 18. (DPE/RJ - Técnico Superior Especializado – Psicologia –
ADPF 635 se questionam a política de segurança pública do governo FGV/2019) A expressão “ideologia de gênero” passou a ser usada
do Estado do Rio de Janeiro, os índices injustificáveis de letalidade por setores conservadores da sociedade brasileira, embora não cor-
promovida pelas intervenções policiais nas favelas e o uso despro- responda a nenhuma linha de pensamento, e sim a um slogan que
porcional da força por parte dos agentes de segurança contra a po- tende a reafirmar valores morais tradicionais e negar a igualdade de
pulação negra e pobre. direitos às mulheres e pessoas LGBTI+. Por sua vez, os estudos de
Diante de dados que comprovam que os efeitos de determina- gênero têm como objetivo mapear diferenças sociais entre gêneros
das políticas públicas violam desproporcionalmente os direitos fun- e mostrar como surgem as desigualdades, jamais impor um estilo
damentais de grupos vulneráveis identificáveis, é correto afirmar de vida.
que tais políticas podem ser questionadas com fundamento no(a): De acordo com o glossário proveniente desses estudos, se a
(A) princípio da moralidade administrativa; pessoa se identifica com o gênero feminino apesar de ter sido biolo-
(B) princípio da igualdade formal; gicamente designada ao nascer como pertencente ao sexo masculi-
(C) teoria da discriminação indireta; no, e sente atração sexual e afetiva por pessoas do gênero feminino,
(D) princípio da legalidade; ela é denominada:
(E) princípio da impessoalidade. (A) mulher trans homossexual;
(B) homem trans homossexual;
16. (CFP - Especialista em Psicologia – Social – QUADRIX/2020) (C) homem trans heterossexual;
O jornal Folha de São Paulo do dia 29/12/2019 entrevistou Guilher- (D) agênero pansexual;
me Terreri, que se apresenta como a drag queen Rita Von Hunty. (E) não binário heterossexual.
Segundo a matéria, Guilherme está mais para a turma queer, “uma
galera que entendeu que o gênero é uma construção social”, afirma 19. (TJ/AP - Estagiário - Nível Superior – TJ/AP/2019) “A sessão
o entrevistado. A temática LGBT, questão atualmente muito estuda- desta quinta foi iniciada com a votação da ministra Cármen Lúcia.
da pela psicologia social, enfrenta uma de suas últimas barreiras de Ao apresentar o voto, afirmou que o STF deve proteger o direito
inclusão, representada pelo T da sigla. Alguns consideram que a si- do ser humano à convivência pacífica. Também destacou que ‘todo
gla deveria ser LGBTQI+, representando, além das lésbicas, dos gays preconceito é violência e causa de sofrimento’” (Revista Veja on
e dos bissexuais, os transexuais, travestis e transgêneros, os queers line, 13 jun. 2019). Nessa sessão, ocorrida no dia 13/6/2019, o Ple-
e os intersexuais; o + incluiria a assexualidade e a pansexualidade, nário do Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento da Ação
resumindo uma sigla com doze possibilidades de expressão de gê- Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26 e do Man-
nero e sexualidade. Considerando os estudos psicossociais sobre dado de Injunção (MI) 4733, entendendo que houve omissão in-
esse fenômeno, assinale a alternativa correta. constitucional do Congresso Nacional e que, até que seja editada
(A) O movimento LGBT ganhou expressão a partir de lutas con-
lei específica, devem ser consideradas criminosas as condutas de:
tra a discriminação e o preconceito e suas conquistas permiti-
(A) racismo e homofobia.
ram uma maior expressão da diversidade sexual humana, fa-
(B) racismo e intolerância religiosa.
zendo valer a expressão do entrevistado de que gênero é uma
(C) homofobia e transfobia.
construção social, mas há muito a ser conquistado e essa é uma
(D) nenhuma das anteriores.
batalha que está no seu início.
(B) Os estudos psicossociais não são conclusivos e não há com-
20. (Prefeitura de Cerquilho/SP - Auxiliar de Escritório – VU-
provação científica para a expressão LGBTQI+, que representa
NESP/2019) Em 13 de junho, com a decisão de enquadrar a homo-
apenas interesses dos militantes mais radicais desse campo.
(C) Os transexuais, travestis e transgêneros não podem ser in- fobia e a transfobia no racismo, o Brasil se tornou o 43º país a cri-
cluídos na temática homoafetiva, por corresponderem apenas minalizar as práticas. (G1-Globo – https://glo.bo/2ZDZ8Es – Acesso
a uma expressão de cunho comportamental. em 15.06.2019. Adaptado)
(D) Evidentemente, a fala do entrevistado pela FSP representa A decisão foi tomada
uma realidade, mas pessoas como ele deveriam se expressar (A) pela Câmara dos Deputados.
em lugares fechados e protegidos para preservar a moral de (B) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
crianças e pessoas idosas. (C) pelo Senado Federal.
(E) O preconceito e a discriminação sexual são um câncer so- (D) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
cial e a psicologia social deveria assumir claramente a bandeira (E) pelo Congresso Nacional.
LGBTQI+.
21. (Câmara de Petrolina/PE - Agente Administrativo –
17. (Prefeitura de Valinhos/SP – Psicólogo – VUNESP/2019) No IDIB/2019) Várias são as nuances da criminalidade e suas manifes-
contexto atual, o termo gênero é usado em contraste com os ter- tações se diferenciam a depender das regiões do país e dos esta-
mos sexo e diferença sexual com o objetivo de criar um espaço no dos. É imprescindível salientar a seriedade da violência doméstica
qual as diferenças de comportamento entre homens e mulheres, e da violência de gênero contra as mulheres, assim como de crimes
mediadas socialmente, possam ser como o racismo e a homofobia. Esses crimes são menos conheci-
(A) exploradas independentemente das diferenças biológicas. dos, publicamente, porque:
(B) eliminadas, para o surgimento de um padrão único de con- (A) Algumas manifestações de afeto são compreendidas como
duta. assédio.
(C) desvinculadas das ordens social, econômica e política esta- (B) São menos delatados e oficialmente registrados.
belecidas. (C) A homossexualidade é elencada como doença no CID - Có-
(D) atribuídas às características determinadas pela bagagem digo Internacional de Doenças.
genética. (D) Os órgãos oficiais manipulam quais dados devem ser divul-
(E) entendidas como uma inabilidade para o desempenho dos gados.
papéis sociais.

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DIREITOS HUMANOS
22. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - INSTITUTO AOCP/2021) 25. (Prefeitura de Cariacica/ES – Guarda Municipal – IBA-
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) prevê, em seu DE/2020) Sobre “Garantias Judiciais”, a Convenção Americana de
art. 5º, que “Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento Direitos Humanos (“Pacto de San José da Costa Rica”), prevê que
ou castigo cruel, desumano ou degradante”. Da mesma forma, o toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua
art. 5º, III, da Constituição Federal Brasileira (1988) reitera o referi- inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Duran-
do texto. Com o Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991, o Brasil te o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, de:
internalizou a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou (A) ser torturada.
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes adotada em 1984 pela (B) ficar por pelo menos 5 (cinco) dias incomunicável.
ONU em Assembleia Geral. Acerca da referida Convenção, assinale (C) confessar o crime, mesmo que seja coagida a fazê-lo.
a alternativa correta. (D) não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-
(A) A Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Pe- -se culpada.
nas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984) não pode servir (E) não ser assistido por um defensor, ainda que deseje o au-
de base legal à extradição de acusado de crime de tortura se xílio de um.
não houver entre os Estados envolvidos tratado de extradição
prevendo, dentre as hipóteses extraditáveis, o crime de tortu- 26. (DPE/SP – Defensor Público – FCC/2019) Com relação às
ra. garantias penais e processuais penais no âmbito do Sistema Intera-
(B) Entende o Supremo Tribunal Federal que o sistema peni- mericano de Direitos Humanos, é correto afirmar:
tenciário brasileiro se encontra em um “estado de coisas in- (A) O direito de recorrer de sentença criminal a juiz ou tribunal
constitucional” que desrespeita a Convenção Contra a Tortura superior tem como exceção os casos de competência originária
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degra- da Suprema Corte de um Estado, pela impossibilidade prática
dantes (1984). inerente.
(C) A Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Pe- (B) Toda prisão, salvo aquela decorrente de ordem judicial pré-
nas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984), em razão do via, enseja o direito da pessoa a ela submetida a ser conduzida,
seu status constitucional de tratado de direitos humanos, al- sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade auto-
cança anistias anteriormente à sua vigência consumadas, de rizada por lei a exercer funções judiciais.
forma que a Lei nº 6.683/79 – Lei da Anistia – deixou de vigorar
(C) De acordo com o texto da Convenção Americana de Direitos
no Brasil a partir da internalização da Convenção ao ordena-
Humanos, toda pessoa acusada de um delito tem direito a que
mento jurídico brasileiro em 1991.
se presuma sua inocência até o trânsito em julgado da senten-
(D) Segundo o entendimento pacífico do Supremo Tribunal Fe-
ça penal condenatória.
deral, o crime de tortura praticado pelo policial militar que, a
pretexto de exercer atividade de repressão criminal em nome (D) O direito à proteção judicial previsto na Convenção Ameri-
do Estado, inflige, mediante desempenho funcional abusivo, cana de Direitos Humanos engloba a proteção contra violação
danos físicos à pessoa eventualmente sujeita ao seu poder de de direitos previstos na Constituição e na lei, além da própria
coerção, valendo-se desse meio executivo para intimidá-lo e Convenção.
coagi-lo à confissão de determinado delito, fica sujeito a julga- (E) O Estado ocupa a posição de garantidor dos direitos huma-
mento de competência da Justiça Militar do Estado-membro. nos de todas as pessoas privadas de liberdade, salvo daquelas
(E) A Convenção nada prevê sobre a obrigação dos Estados sig- em prisão administrativa decorrente de serviço militar.
natários de reparar danos provocados por atos de tortura.
27. (SBMG/PR – Auxiliar Administrativo – FAUEL/2019) Quando
23. (ANM - Técnico em Segurança de Barragens – CESPE/CE- analisamos os Direitos e Garantias Fundamentais, encontramos al-
BRASPE/2021) No que diz respeito aos direitos e às garantias fun- guns ligados a liberdade e a igualdade, e que estão positivados no
damentais, bem como aos direitos do servidor público, assegurados plano internacional. Estes tipos de direitos são conhecidos como:
na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir. (A) Direitos Humanos.
(B) Direitos Administrativos.
As práticas de tortura e de racismo são consideradas crimes (C) Direitos Organizacionais.
inafiançáveis, porém, entre esses dois, apenas o crime de tortura (D) Direitos Corporativos.
deve ser considerado, pela lei, insuscetível de graça ou de anistia. (E) Direitos Empresariais.
(....) CERTO
(....) ERRADO 28. (Prefeitura de Jacutinga/MG – Guarda Municipal –
IBGP/2019) De acordo com a Convenção Americana de Direitos Hu-
24. (PRF - Policial Rodoviário Federal – CESPE/CEBRASPE/2021) manos (“Pacto de San José da Costa Rica”), é CORRETO afirmar que:
A respeito da identificação criminal, do crime de tortura, do abuso (A) Em alguns casos é permitida a pena de morte ser aplicada
de direito, da prevenção do uso indevido de drogas, da comerciali- a delitos políticos e a delitos comuns, desde que conexos com
zação de armas de fogo e dos crimes hediondos, julgue o item que delitos políticos.
se segue.
(B) Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade
Praticam o crime de tortura policiais rodoviários federais que,
física, psíquica e moral.
dentro de um posto policial, submetem o autor de crime a sofri-
(C) As torturas e as penas cruéis, podem ser liberadas por au-
mento físico, independentemente de sua intensidade.
toridades judiciárias.
(....) CERTO
(....) ERRADO (D) Os processados não precisam ficar separados dos condena-
dos, mas devem ser submetidos a tratamento adequado à sua
condição de pessoas não condenadas.

31
DIREITOS HUMANOS
29. (Prefeitura de Barra dos Coqueiros/SE – Educador Social -
CESPE / CEBRASPE/2020) Entre os princípios da Política Nacional GABARITO
para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento, instituídos pelo Decreto n.º
7.053/2009, estão incluídos 1 B
(A) o direito à convivência familiar e comunitária bem como a
garantia de formação e capacitação permanente da população 2 C
de rua. 3 A
(B) a liberdade de pensamento e o pluralismo de ideias.
4 B
(C) a valorização e o respeito à vida e à cidadania bem como o
respeito à dignidade da pessoa humana. 5 C
(D) o atendimento humanizado e universalizado e a moradia 6 D
provisória.
(E) o direito a habilitação e reabilitação e a reestruturação de 7 D
serviços de acolhimento. 8 ERRADO
9 B
30. (AVAREPREV/SP – Assistente Social – VUNESP/2020) A po-
pulação em situação de rua não é um segmento homogêneo na me- 10 C
dida em que, cada vez mais, a rua é ocupada por indivíduos diversos 11 E
e que trazem consigo histórias múltiplas e diferentes formas de vi-
12 E
ver. De outra parte, a rua tem seu ritmo, sua constituição cultural,
contextual e política e os processos envolvidos nessa situação são 13 E
complexos e dinâmicos. A preocupação com o enfrentamento da 14 C
problemática que afeta a população em situação de rua está pre-
sente nas várias políticas públicas brasileiras, prevendo a constru- 15 C
ção de ações intersetoriais, acesso pleno aos direitos e a integra- 16 A
lidade no atendimento a esse segmento populacional. Trata-se de 17 A
uma lógica de intervenção social, que compreende os sujeitos
(A) como necessitados. 18 A
(B) na condição de apartados. 19 C
(C) como dependentes.
20 D
(D) na sua totalidade.
(E) potencialmente engajados. 21 B
22 B
31. (Prefeitura de Barra dos Coqueiros/SE – Educador Social -
CESPE / CEBRASPE/2020) No texto introdutório da Política Nacional 23 CERTO
para a Inclusão Social da População em Situação de Rua, apresenta- 24 ERRADO
da à sociedade brasileira pelo governo federal em 2008, são men- 25 D
cionados alguns fatores que motivam a existência de pessoas em
situação de rua. Entre os fatores chamados estruturais incluem-se 26 D
(A) ausência de moradia e inexistência de trabalho e renda. 27 A
(B) ausência de moradia e rompimento dos vínculos familiares.
28 B
(C) alcoolismo e mudanças econômicas e institucionais de forte
impacto social. 29 C
(D) drogadição e perda dos bens. 30 D
(E) enchentes, incêndios e inexistência de trabalho e renda.
31 A

32
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
1. Lei Orgânica da Polícia Civil de Minas Gerais (Lei Estadual 5.406, de 16 de dezembro de 1969 e Lei Complementar 129 de 08 de novem-
bro de 2013, e suas respectivas alterações) Lei Estadual n.º 5.406, de 16 de dezembro de 1969 Livro V - Estatuto do servidor policial
civil Título XVII - Regime Disciplinar Capítulo I - Transgressões Disciplinares Seção I - Classificação Seção II - Causas e Circunstâncias que
Influem no Julgamento Capítulo II - Penalidades Capítulo III - Competência para Imposição de Penalidades Capítulo IV - Prisão Adminis-
trativa e Suspensão Preventiva Capítulo V - Procedimento Administrativo Seção I - Instauração do Processo Seção II - Sindicância Seção
III - Comissões Processantes Permanentes Capítulo VI - Atos e Termos Processuais Capítulo VII - Processo por Abandono de Cargo ou
Função Capítulo VIII - Revisão de Processo Administrativo Livro VI - Disposições Finais e Transitórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei Complementar Estadual n.º 129, de 08 de novembro de 2013 Título I - Disposições Gerais Capítulo I - Disposições Preliminares
Capítulo II - Da Competência Título II – Da Organização Capítulo I - Da Estrutura Orgânica Capítulo II - Da Administração Superior
Seção I - Da Chefia da PCMG Seção II - Da Chefia Adjunta da PCMG Seção III - Do Conselho Superior da PCMG Subseção I - Do Órgão
Especial Subseção II - Da Câmara Disciplinar Subseção III - Da Câmara de Planejamento e Orçamento Seção IV - Da Corregedoria-Geral
de Polícia Civil Capítulo III - Da Administração Seção I - Do Gabinete da Chefia da PCMG Seção II - Da Academia de Polícia Civil Seção
III - Do Departamento de Trânsito de Minas Gerais Seção IV - Da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária Seção V - Da
Superintendência de Informações e Inteligência Policial Seção VI - Da Superintendência de Polícia Técnico-Científica Seção VII - da Su-
perintendência de Planejamento, Gestão e Finanças Título III - Do Estatuto dos Policiais Civis Capítulo I - Das Prerrogativas Capítulo II
- Dos Direitos Seção I - Dos Direitos dos Policiais Civis Seção II - Das Indenizações e das Gratificações Capítulo III - Da Remoção Capítulo
IV - Do Regime de Trabalho do Policial Civil Capítulo V - Das Licenças, dos Afastamentos e das Disponibilidades Seção I - Das Licenças
Seção II - Dos Afastamentos e das Disponibilidades Capítulo VI - Da Aposentadoria, dos Proventos e da Pensão Especial Seção I - Da
Aposentadoria Seção II - Dos Proventos Seção III - Da Pensão Especial Título IV - Das Carreiras Policiais Civis Capítulo I - Disposições
Gerais Capítulo II - Do Ingresso Capítulo III - Do Estágio Probatório Capítulo IV - Do Desenvolvimento na Carreira Capítulo V - Do Adi-
cional de Desempenho Título V - Disposições Finais Anexo I (a que se refere o art. 77 da Lei Complementar nº129, de 8 de novembro
de 2013) Anexo II (a que se refere o § 1º do art. 79 da Lei Complementar nº 129, de 8 de novembro de 2013) Anexo III (a que se refere
o art. 108 da Lei Complementar nº 129, de 8 de novembro de 2013) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
III – Chefe de Departamentos Policiais e unidades equiparadas;
LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS IV – Delegados de Polícia, observado em ordem descendente, o
(LEI ESTADUAL 5.406, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1969). escalonamento da série de classes correspondentes;
LIVRO V - ESTATUTO DO SERVIDOR POLICIAL CIVIL. V – Médicos-Legistas, Peritos Criminais Especialistas, Inspeto-
TÍTULO XVII - REGIME DISCIPLINAR. CAPÍTULO I - res Gerais e Chefes de Serviços Policiais;
TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES. SEÇÃO I - CLASSIFI- VI – Ocupantes das demais chefias policiais, na escala descen-
CAÇÃO. SEÇÃO II - CAUSAS E CIRCUNSTÂNCIAS QUE dente de níveis de vencimentos;
INFLUEM NO JULGAMENTO. CAPÍTULO II - PENALIDA- VII – cargos das demais classes policiais, segundo o mesmo cri-
DES. CAPÍTULO III - COMPETÊNCIA PARA IMPOSIÇÃO tério consignado no item anterior.
DE PENALIDADES. CAPÍTULO IV - PRISÃO ADMINIS- Parágrafo único – Para desempate no grau de hierarquia, ob-
TRATIVA E SUSPENSÃO PREVENTIVA. CAPÍTULO V servar-se-á o seguinte:
- PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. SEÇÃO I - INS- I – em igualdade de cargo de chefia ou de classe, é considerado
TAURAÇÃO DO PROCESSO. SEÇÃO II - SINDICÂNCIA. superior aquele que contar com mais antigüidade num ou noutro;
SEÇÃO III - COMISSÕES PROCESSANTES PERMANEN- II – quando a antigüidade de cargo ou classe for a mesma, pre-
TES. CAPÍTULO VI - ATOS E TERMOS PROCESSUAIS. valecerá a do cargo ou classe anterior e assim, sucessivamente, até
CAPÍTULO VII - PROCESSO POR ABANDONO DE CARGO o maior tempo de serviço na classe e, por fim, de idade.
OU FUNÇÃO. CAPÍTULO VIII - REVISÃO DE PROCESSO (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
ADMINISTRATIVO. LIVRO VI - DISPOSIÇÕES FINAIS E de 8/11/2013.)
TRANSITÓRIAS Art. 146 – As ordens superiores devem ser prontamente exe-
cutadas, quando não sejam manifestamente ilegais, cabendo a res-
LEI 5406 DE 16/12/1969 - TEXTO ATUALIZADO ponsabilidade a quem as determinar, respondendo o agente pelos
excessos que cometer.
Contém a Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de Minas Ge- Parágrafo único – Quando a ordem parecer obscura ou de difícil
rais. entendimento, compete ao agente solicitar os esclarecimentos ne-
cessários, no ato de recebê-la.
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lei: de 8/11/2013.)
Art. 147 – São deveres do servidor policial, observadas as suas
LIVRO V atribuições, além dos que lhe cabem pelo cargo, os constantes dos
ESTATUTO DO SERVIDOR POLICIAL regulamentos vigentes especiais, os das normas comuns a todos os
TÍTULO XVII funcionários e os que vierem a ser consignados em nova regula-
REGIME DISCIPLINAR mentação.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
Art. 142 – As disposições constantes deste título aplicam-se a de 8/11/2013.)
todos os servidores no exercício de funções de natureza policial. Art. 148 – Além de outras proibições vigentes ou que constarão
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, de regulamento, é vedado ao servidor policial:
de 8/11/2013.) I – participar de atividades político-partidárias, salvo se licen-
Art. 143 – A disciplina policial fundamenta-se na subordinação ciado para tratar de interesses particulares;
hierárquica e funcional, no cumprimento das leis, regulamentos e II – exercer outras ocupações, em detrimento do exercício nor-
normas de serviços. mal e imparcial de suas funções específicas;
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, III – recusar-se a aceitar encargos ao cargo ou função para os
de 8/11/2013.) quais for designado;
Art. 144 – Além de outros a serem enumerados em regulamen- IV – fomentar discussões ou antagonismo entre os integrantes
tação, são princípios básicos da disciplina policial: das diferentes carreiras ou corporações policiais, a qualquer pre-
I – subordinação hierárquica; texto;
II – obediência aos superiores; V – aceitar presentes ou donativos por motivo de cumprimento
III – respeito às leis vigentes e às normas éticas; de missão policial;
VI – censurar, através de veículos de divulgação, as autoridades
IV – cooperação e respeito às autoridades de corporações poli-
constituídas ou criticar os atos da administração, ressalvado o tra-
ciais diversas e de outros poderes ou Secretarias de Estado;
balho de cunho doutrinário e que tenha sentido de colaboração e
V – apuração ou comunicação à autoridade competente, pela
cooperação com esta;
via hierárquica respectiva, da prática de transgressão disciplinar;
VII – quebrar sigilo de assuntos policiais, de modo a prejudicar
VI – observância das condições e normas necessárias para a
o andamento das investigações ou outros trabalhos policiais.
boa execução das atividades policiais;
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
VII – espírito de camaradagem e de cooperação, mesmo quan-
de 8/11/2013.)
do de folga o servidor policial;
VIII – atendimento ao público em geral dentro das normas de CAPÍTULO I
urbanidade e sem preferência. TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.) Art. 149 – Toda ação ou omissão contrária às disposições e aos
Art. 145 – A hierarquia no serviço policial é fixada do seguinte deveres do servidor policial, ainda que constitua infração penal,
modo: será considerada transgressão disciplinar.
I – Secretário de Estado da Segurança Pública; (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
II – Dirigentes dos Órgãos Superiores da Polícia Civil; de 8/11/2013.)

1
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 150 – São transgressões disciplinares, além de outras enu- XXVI – indicar ou insinuar nomes de advogados para assistir
meradas nos regulamentos dos órgãos policiais e das aplicáveis aos pessoa que figura em inquérito policial ou qualquer outro proce-
servidores públicos em geral: dimento;
I – concorrer para a divulgação, através da imprensa falada, es- XXVII – em razão do serviço ou fora dele, desrespeitar ou mal-
crita, televisionada, de fatos ocorridos na repartição, suscetíveis de tratar superior hierárquico, mesmo que este não esteja, na ocasião,
provocar escândalo e desprestígio à organização policial; no exercício de suas funções;
II – indispor subordinados contra os seus superiores; XXVIII – ordenar ou executar medida privativa da liberdade in-
III – deixar de pagar dívidas legítimas ou assumir compromissos dividual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
superiores às suas possibilidades financeiras, de modo a compro- XXIX – provocar a paralisação, total ou parcial, do serviço poli-
meter o bom nome da instituição; cial ou dela participar;
IV – manter relações de amizade com pessoas de notórios e XXX – não desempenhar a contento, intencionalmente, ou por
desabonadores antecedentes criminais ou apresentar-se publica- negligência, as missões de que for incumbido;
mente com elas, salvo se por motivo de serviço; XXXI – faltar ou chegar atrasado ao serviço ou deixar de parti-
V – transferir encargos que lhe competirem ou a seus subordi- cipar, com antecedência, à autoridade a que estiver subordinado, a
nados, a pessoa estranha aos quadros da repartição, ressalvadas as impossibilidade do comparecimento, salvo por motivo justo;
exceções legais; XXXII – apresentar-se embriagado ou sob ação de entorpecen-
VI – faltar com a verdade, por má-fé ou malícia, no exercício de te, em serviço ou fora dele;
suas funções; XXXIII – entregar-se à prática de vícios ou atos atentatórios à
VII – utilizar-se do anonimato; moral e aos bons costumes;
VIII – deixar de comunicar à autoridade competente, informa- XXXIV – cobrar carceragem, custas, emolumentos ou qualquer
ções de que tenha conhecimento, sobre fatos que interessem à atu-
outra despesa que não tenham apoio em lei; e
ação policial, especialmente em casos de iminente perturbação da
XXXV – deixar de atender imediatamente à convocação de au-
ordem pública;
toridade policial corregedora, bem assim de prestar-lhe diretamen-
IX – apresentar, maliciosa ou tendenciosamente, partes, quei-
te as informações solicitadas e julgadas necessárias.
xas ou reclamações;
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
X – dificultar, retardar ou, de qualquer forma, frustrar o cumpri-
de 8/11/2013.)
mento de ordens legais da autoridade competente;
XI – permutar serviço sem expressa permissão da autoridade
SEÇÃO I
competente;
CLASSIFICAÇÃO
XII – abandonar o serviço para qual tenha sido designado;
XIII – atribuir-se qualidade ou posição de hierarquia policial di-
versas das que efetivamente lhe correspondem; Art. 151 – As transgressões disciplinares classificam-se, segun-
XIV – freqüentar, exceto em razão de serviço, lugares incompa- do a intensidade de dolo ou do grau da culpa, em:
tíveis com o decoro da função policial; I – leves;
XV – fazer uso indevido de arma ou equipamento que lhe haja II – médias; e
sido confiado para o serviço; III – graves.
XVI – submeter a maus-tratos, vexames ou a constrangimen- (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
tos não autorizados em lei, preso sob sua guarda ou custódia, bem de 8/11/2013.)
como usar de violência desnecessária no exercício das funções po- Art. 152 – A classificação a que se refere o artigo anterior será
liciais; feita pela autoridade competente para impor a penalidade, tendo
XVII – permitir que presos conservem em seu poder instrumen- em vista o fato, suas condições e os antecedentes pessoais do trans-
tos com que possam causar danos nas dependências em que este- gressor.
jam recolhidos, ferir-se ou produzir lesões em terceiros; § 1º – Só se torna necessária e eficaz a aplicação da pena quan-
XVIII – omitir-se no zelo da integridade física ou moral de preso do dela advém benefício ao punido, pela sua reeducação, ou à clas-
sob sua guarda; se a que pertence, pelo fortalecimento da disciplina e da justiça.
XIX – desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão § 2º – Será sempre classificada como grave a transgressão que
ou ordem judicial ou da autoridade policial corregedora, bem como for:
criticá-las; I – de natureza infamante e desonrosa;
XX – dirigir-se ou referir-se a superior hierárquico e autoridades II – ofensiva à dignidade policial ou profissional;
públicas de modo desrespeitoso; III – atentatória às instituições ou à ordem legal;
XXI – publicar, sem ordem expressa da autoridade competente, IV – decorrente da prática de ação ou omissão deliberada, pre-
ou dar oportunidade que se divulguem, documentos oficiais, ainda judicial ao serviço policial; e
que não classificados como reservados; V – contrária aos preceitos da hierarquia e de respeito à auto-
XXII – negligenciar no cumprimento de prazos para conclusão ridade.
de inquéritos policiais e processos disciplinares, bem como no que (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
toca às demais obrigações deles decorrentes; de 8/11/2013.)
XXIII – prevalecer-se, abusivamente, da condição de policial;
XXIV – negligenciar a guarda de objetos e valores que, em de- SEÇÃO II
corrência da função ou para o seu exercício, lhe tenham sido confia- CAUSAS E CIRCUNSTÂNCIAS QUE INFLUEM NO JULGAMENTO
dos, possibilitando, assim, que se danifiquem ou extraviem;
XXV – lançar em livros e registros oficiais dados intencional- Art. 153 – Influem no julgamento das transgressões as causas
mente errôneos, incompletos ou que possam induzir a erro, bem justificativas e as circunstâncias atenuantes e agravantes.
como inserir neles anotações indevidas; § 1º – São causas justificativas:

2
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I – ignorância, plenamente comprovada, quando não atente Parágrafo único – A aplicação das penas administrativas não se
contra os sentimentos normais de patriotismo, humanidade e pro- sujeita à seqüência estabelecida neste artigo, mas é autônoma, se-
bidade; gundo cada caso, e consideradas a natureza e a gravidade de infra-
II – motivo de força maior plenamente comprovado e justifi- ção e os danos que dela provierem para o serviço público.
cado; (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
III – ter sido cometida a transgressão na prática de ação meritó- de 8/11/2013.)
ria, no interesse do serviço, da ordem ou do sossego público; Art. 155 – A pena de repreensão será aplicada por escrito e, em
IV – ter sido cometida a transgressão em obediência a ordem princípio, corresponderá às faltas de cumprimento de deveres e às
superior; transgressões consideradas de natureza leve.
V – ter sido cometida a transgressão em legítima defesa própria Parágrafo único – Havendo dolo ou má-fé, as faltas de cumpri-
ou de outrem; e mento de deveres são punidas com a pena de suspensão.
VI – uso imperativo de meios violentos a fim de compelir o su- (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
bordinado a cumprir rigorosamente o seu dever; em caso de perigo, de 8/11/2013.)
necessidade urgente, calamidade pública, manutenção da ordem e Art. 156 – A pena de suspensão, que não excederá de noventa
da disciplina. dias, será aplicada no caso da falta grave ou de reincidência.
§ 2º – São circunstâncias atenuantes: § 1º – O servidor policial suspenso perderá todas as vantagens
I – bom comportamento anterior;
e direitos decorrentes do exercício do cargo.
II – relevância de serviços prestados;
§ 2º – A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá
III – falta de prática de serviço;
converter essa penalidade em multa, na base de cinqüenta por cen-
IV – ter sido cometida a transgressão em defesa própria, de
to por dia de vencimento ou remuneração, sendo o servidor, nesse
outrem ou de seus respectivos direitos;
V – ter sido cometida a transgressão para evitar mal maior; caso, obrigado a permanecer em serviço.
VI – ter sido de somenos importância a participação do indicia- (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
do na transgressão disciplinar; de 8/11/2013.)
VII – aceitável ignorância ou errônea compreensão das disposi- Art. 157 – A pena de multa será aplicada na forma e nos casos
ções legais e administrativas; expressamente previstos em lei ou regulamentos.
VIII – ter o transgressor procurado diminuir as conseqüências (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
das faltas, antes da pena, reparando o dano; e de 8/11/2013.)
IX – ter o transgressor confessado espontaneamente a falta pe- Art. 158 – Será aplicada a pena de demissão, nos casos de:
rante a autoridade sindicante, de modo a facilitar a sua apuração. I – abandono de cargo;
§ 3º – São circunstâncias agravantes, quando não constituírem II – procedimento irregular de natureza grave;
ou qualificarem outra transgressão disciplinar: III – ineficiência no serviço;
I – reincidência específica ou genérica; IV – aplicação indevida de dinheiros públicos;
II – mau comportamento anterior; V – ausência do serviço, sem causa justificável, por mais de
III – a prática simultânea ou a conexão de duas ou mais trans- quarenta e cinco dias, interpoladamente, durante um ano; e
gressões; VI – exercício de qualquer atividade remunerada, estando o
IV – concurso de dois ou mais agentes na prática de transgres- servidor licenciado para tratamento de saúde.
são; § 1º – Considerar-se-á abandono de cargo o não-compareci-
V – prática da transgressão durante a execução do serviço poli- mento do servidor ao serviço, por mais de trinta dias consecutivos.
cial ou em prejuízo deste; § 2º – A pena de demissão por ineficiência no serviço só será
VI – abuso de autoridade ou poder; aplicada quando verificada a impossibilidade de readaptação.
VII – uso indevido de meios de coerção e intimidação; (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
VIII – coação, instigação ou determinação para que outro poli- de 8/11/2013.)
cial, subordinado ou não, pratique a transgressão ou dela participe; Art. 159 – Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço
IX – impedir ou dificultar, de qualquer maneira, a apuração de público ao servidor policial que:
falta;
I – for dado à incontinência pública e escandalosa, ao vício de
X – ter sido cometida a falta em presença de subordinados;
jogos proibidos, à embriaguez habitual, bem como ao uso de subs-
XI – ter sido praticada a transgressão com premeditação e;
tâncias entorpecentes que determine dependência física ou psíqui-
XII – ter sido praticada a transgressão em lugar público;
ca;
§ 4º – Não haverá punição quando, no julgamento da trans-
gressão, for reconhecida qualquer causa justificativa. II – praticar crime contra a boa ordem, a administração pública
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, e a Fazenda Estadual, ou previstos nas leis relativas à segurança e à
de 8/11/2013.) defesa nacional;
III – revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do
CAPÍTULO II cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo para o Estado
PENALIDADES ou particulares;
IV – praticar insubordinação grave;
Art. 154 – São penas disciplinares: V – praticar, em serviço ou em decorrência deste, ofensas físi-
I – repreensão; cas contra funcionários ou particulares, salvo em legítima defesa;
II – suspensão; VI – lesar os cofres públicos ou dilapidar o patrimônio do Es-
III – multa; tado;
IV – demissão; VII – receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou
V – demissão a bem do serviço público; e vantagens de qualquer espécie, direta ou indiretamente, em razão
VI – cassação de aposentadoria ou disponibilidade. de cumprimento de missão policial;

3
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
VIII – pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores a § 2º- São competentes para a aplicação das medidas de que
pessoas que tratem de interesse ou os tenham na repartição do trata o parágrafo anterior:
servidor, ou estejam sujeitos à sua fiscalização; I – o Secretário de Estado da Segurança Pública, quanto à prisão
IX – praticar qualquer crime que, pela sua natureza e configu- administrativa e à suspensão preventiva; e
ração, seja considerado infamante, de modo a incompatibilizar o II – o Órgão Disciplinar da Polícia Civil e o Corregedor Geral de
servidor para o exercício da função policial; Polícia, quanto à suspensão preventiva.
X – exercer advocacia administrativa; (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
XI – for contumaz na prática de transgressões disciplinares; de 8/11/2013.)
XII – praticar a usura em qualquer de suas formas;
XIII – incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabota- CAPÍTULO V
gem contra o regime ou o serviço público; e PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
XIV – apresentar, com dolo, declaração falsa em matéria de SEÇÃO I
abono familiar ou de outro qualquer benefício, sem prejuízo da res- INSTAURAÇÃO DO PROCESSO
ponsabilidade civil e do procedimento criminal, que no caso couber.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, Art. 163 – A aplicação do disposto neste capítulo se fará sem
de 8/11/2013.) prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei ante-
Art. 160 – Será aplicada a pena de cassação de aposentadoria rior.
ou disponibilidade se ficar provado que o servidor policial inativo: (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
I – praticou, quando em atividade, falta grave e que é comina- de 8/11/2013.)
da nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do serviço Art. 164 – O procedimento administrativo para apuração das
público; transgressões disciplinares dos servidores da Polícia Civil compre-
II – aceitou ilegalmente cargo ou função pública; ende os seguintes feitos:
III – aceitou representação de Estado estrangeiro, sem prévia I – sindicância administrativa; e
autorização do Presidente da República; e II – processo administrativo.
IV – praticou, quando convocado para o exercício efetivo de (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
funções policiais, nos termos legais e regulamentares, quaisquer de 8/11/2013.)
transgressões puníveis com demissão a bem do serviço público. Art. 165 – Instaura-se processo administrativo ou sindicância,
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, a fim de apurar ação ou omissão de servidor policial civil puníveis
de 8/11/2013.) disciplinarmente.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
CAPÍTULO III de 8/11/2013.)
COMPETÊNCIA PARA IMPOSIÇÃO DE PENALIDADES Art. 166 – Será obrigatório o processo administrativo quando
a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar a pena de
Art. 161 – Para a aplicação das penalidades previstas no artigo demissão.
154, são competentes:
Parágrafo único – O processo será precedido de sindicância,
I – o Governador do Estado, em qualquer caso;
quando não houver elementos suficientes para se concluir pela
II – o Secretário da Segurança Pública, até a de suspensão por
existência da falta ou de sua autoria.
noventa dias;
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
III – o órgão disciplinar de Polícia Civil, até a de suspensão por
de 8/11/2013.)
sessenta dias;
Art. 167 – Nos casos do art. 150, poder-se-á aplicar a pena pela
IV – o Corregedor Geral de Polícia, até a de suspensão por trinta
verdade sabida, salvo se, pelas circunstâncias da falta, for conve-
dias;
niente instaurar-se sindicância ou processo.
V – os Superintendentes, Diretor da Academia de Polícia, Dire-
tor da Casa de Detenção “Antônio Dutra Ladeira” e Chefes de De- Parágrafo único – Entende-se por verdade sabida o conheci-
partamentos, até a de suspensão por trinta dias; mento pessoal e direto da falta por parte da autoridade competen-
VI – os Delegados Gerais de Polícia, Delegados de Polícia de te para aplicar a pena.
Classe Especial e Delegados Regionais de Polícia, até a de suspensão (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
por dez dias; e de 8/11/2013.)
VII – os demais Delegados de Polícia de Carreira, até a de sus- Art. 168 – São competentes para determinar a instauração do
pensão por cinco dias. processo administrativo as autoridade enumeradas no art. 161, até
Parágrafo único – A competência das autoridades referidas nos o item IV, inclusive, e, para determinar a instauração de sindicân-
itens V, VI e VII deste artigo é limitada ao pessoal que lhes é direta- cias, as autoridades enumeradas no mesmo artigo, até o número
mente subordinado. VII.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.) de 8/11/2013.)

CAPÍTULO IV SEÇÃO II
PRISÃO ADMINISTRATIVA E SUSPENSÃO PREVENTIVA SINDICÂNCIA

Art. 162 – No curso do processo administrativo disciplinar po- Art. 169 – A sindicância meio sumário e, o quanto possível sigi-
derão ser aplicadas, como medidas acessórias, a prisão administra- loso, de verificação, será cometida a funcionário ou a comissão de
tiva e a suspensão preventiva, nos termos de lei e regulamentos. funcionários, de condição hierárquica nunca inferior à do indiciado,
§ 1º – A prisão administrativa e a suspensão preventiva não ou à Comissão Processante Permanente a que se refere o art. 173
poderão exceder de noventa dias. e seguintes.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, Parágrafo único – Nas comissões não permanentes, também
de 8/11/2013.) compostas de três membros, somente por expressa determinação
Art. 170 – A Comissão ou o funcionário incumbido da sindicân- da autoridade que as designar, poderão seus integrantes ser afasta-
cia, dando-lhe início imediato, procederá às seguintes diligências: dos do exercício dos cargos, durante a realização do processo.
I – ouvirá testemunhas para esclarecimento dos fatos referidos (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
na portaria ou despacho de designação, e, sempre que possível, o de 8/11/2013.)
acusado; e Art. 177 – As Comissões Processantes Permanentes e Especiais
II – colherá as demais provas que houver, concluindo pela pro- terão jurisdição em todo o Estado, para o bom desempenho de seus
cedência ou não, da argüição feita contra o servidor. trabalhos.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.) de 8/11/2013.)
Art. 171 – Poderão, a critério da autoridade superior, ser consi-
deradas como meio sumário de verificação de falta disciplinar, e te- CAPÍTULO VI
rão valor de sindicância administrativa, as provas colhidas contra o ATOS E TERMOS PROCESSUAIS
servidor policial civil em inquérito policial instaurado contra o mes-
mo e das quais resultem, também, responsabilidade administrativa Art. 178 – O processo administrativo terá a forma prevista nes-
a que caiba pena de suspensão. te capítulo, iniciando-se no prazo de oito dias, contados da data do
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, ato que determinou sua instauração.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.)
de 8/11/2013.)
Art. 172 – A critério da autoridade que o designar, o funcio-
Art. 179 – É assegurado ao funcionário o direito de ampla defe-
nário incumbido de proceder à sindicância poderá dedicar todo o
sa, podendo, pessoalmente ou por procurador, acompanhar todos
seu tempo àquele encargo, ficando, em conseqüência e automati-
os atos processuais, indicar e inquirir testemunhas, requerer junta-
camente, dispensado do serviço da repartição, durante a realização da de documentos, vista dos autos em mãos da Comissão, e o mais
dos trabalho. que julgar necessário, observadas as normas processuais estabele-
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, cidas nesta lei.
de 8/11/2013.) § 1º – Entende-se por direito de ampla defesa a oportunidade
que se confere ao acusado de praticar todos os atos previstos no
SEÇÃO III artigo anterior, na fase instrutória do processo.
COMISSÕES PROCESSANTES PERMANENTES § 2º – A autoridade processante não será obrigada a suprir
“ex-officio” a omissão do acusado na fase de que trata o parágrafo
Art. 173 – Na Superintendência de Polícia Judiciária e Correi- anterior.
ções haverá Comissões Processantes Permanentes, destinadas a (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
realizar os processos administrativos. de 8/11/2013.)
§ 1º – Os membros das Comissões Processantes Permanentes, Art. 180 – Na portaria que der início ao processo, o Presidente
serão designados pelo Secretário de Estado da Segurança Pública. da Comissão ordenará a citação do acusado para se ver processar,
§ 2º – O disposto neste artigo não impede a designação de Co- até julgamento final, e nomeará um dos membros da Comissão
missões Especiais pelo Secretário, Corregedor Geral ou órgão disci- para secretariar os trabalhos.
plinar da Polícia Civil. § 1º – A citação do acusado será feita em mandado próprio e
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, será instruída com a cópia da portaria inicial.
de 8/11/2013.) § 2º – Se for desconhecido o paradeiro do acusado ou este se
Art. 174 – As Comissões Processantes Permanentes serão cons- ocultar para evitar a citação, esta será feita com o prazo de dez dias,
tituídas de três servidores estáveis da Polícia Civil, devendo a sua mediante edital publicado por cinco vezes seguidas no órgão oficial,
presidência recair em Delegado de Polícia de Carreira. findo o qual prosseguir-se-á no processo à sua revelia.
Parágrafo único – Haverá tantas Comissões Processantes Per- § 3º – Será considerado revel o funcionário que, citado ou inti-
manentes quantas forem julgadas necessárias. mado para os atos processuais, deixar de comparecer ou de se fazer
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, representar.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.)
de 8/11/2013.)
Art. 175 – Não poderá ser encarregado de proceder a sindicân-
Art. 181 – Feita a citação, terá prosseguimento o processo, em
cia, nem fazer parte da Comissão Processante Permanente, mesmo
sua fase de instrução, designando o Presidente dia e hora para o
como secretário desta, parente, consangüíneo ou afim, em linha
interrogatório do acusado e a inquirição de testemunhas, devendo
reta ou colateral, até o terceiro grau inclusive, do denunciante ou este ser notificado a apresentar, caso queira, rol de testemunhas
indiciado, bem como o subordinado deste. até o máximo de dez, no prazo de cinco dias.
Parágrafo único – Ao funcionário designado incumbirá, desde Parágrafo único – Poderá o acusado, respeitado o limite previs-
logo, comunicar, à autoridade competente, o impedimento que to neste artigo, durante a fase instrutória, substituir as testemunhas
houver, de acordo com este artigo. ou indicar outras no lugar das que não comparecerem.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.) de 8/11/2013.)
Art. 176 – Os membros das Comissões Processantes Perma- Art. 182 – Proceder-se-á à tomada de depoimentos das teste-
nentes, bem como os respectivos secretários, dedicarão todo o seu munhas arroladas pela Comissão e, a seguir, os das testemunhas
tempo aos trabalhos pertinentes aos processos administrativos e indicadas pelo acusado.
às sindicâncias de que forem encarregados, ficando dispensados de § 1º – Na audiência das testemunhas será dada a palavra ao
outros serviços da repartição durante todo o prazo da designação. defensor do acusado ou a este, para reperguntar às testemunhas.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º – Se o acusado ou seu defensor não comparecer, será de- § 2º – O Secretário de Estado da Segurança Pública, em casos
signado o fato no respectivo termo. especiais e mediante representação do Presidente da Comissão, po-
§ 3º – O Presidente poderá indeferir as perguntas que não ti- derá autorizar nova e última prorrogação do prazo, por tempo não
verem conexão com a falta, consignando-se no termo as que forem excedente ao do parágrafo anterior.
indeferidas. (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
§ 4º – Ocorrendo a necessidade do testemunho de servidores de 8/11/2013.)
públicos ou militares, as respectivas solicitações deverão ser feitas Art. 189 – Ultimado o processo e, recebendo os autos conclu-
a seus chefes ou comandantes imediatos. sos, a autoridade que houver determinado a sua instauração deverá
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, proferir julgamento no prazo de trinta dias, prorrogáveis por igual
de 8/11/2013.) período.
Art. 183 – Durante a fase instrutória de processo, poderá o Parágrafo único – Se o processo não for julgado no prazo indi-
Presidente da Comissão ordenar toda e qualquer diligência que se cado neste artigo, o acusado, caso esteja suspenso preventivamen-
lhe afigure conveniente, facultando-se ao acusado, nos termos do te, reassumirá automaticamente o cargo ou função e aguardará em
artigo 182, requerer o que for necessário à sua defesa, desde que exercício o julgamento, salvo nos casos de prisão administrativa que
não constitua recurso protelatório, prejudicial ao andamento nor- ainda perdure e abandono de cargo ou função.
mal dos trabalhos ou de nenhum interesse para o esclarecimento (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
dos fatos em apuração. de 8/11/2013.)
Parágrafo único – O Presidente, entendendo descabida a pre- Art. 190 – Quando escaparem à sua alçada as penalidades e
tensão do acusado, recusará a diligência em despacho fundamen- providências que lhe parecerem cabíveis, a autoridade que deter-
tado. minou a instauração do processo administrativo deverá propô-las,
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, justificadamente, dentro do prazo marcado para julgamento, à au-
de 8/11/2013.) toridade competente.
Art. 184 – É permitido à Comissão tomar conhecimento, na (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
fase instrutória, de argüições novas que surgirem contra o acusado, de 8/11/2013.)
caso em que este terá o direito de produzir contra elas as provas Art. 191 – As decisões serão sempre publicadas no órgão ofi-
que tiver. cial, dentro do prazo de oito dias.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.) de 8/11/2013.)
Art. 185 – Encerrada a fase instrutória, em que serão praticados Art. 192 – O processo administrativo não poderá ser sobresta-
os atos concernentes à prova, o acusado não mais poderá requerer do para o fim de aguardar a decisão de ação penal ou civil.
diligências no processo e, dentro de quarenta e oito horas, deverá (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
ser citado para apresentar, por escrito, as razões finais de sua de- de 8/11/2013.)
fesa. Art. 193 – Não será declarada a nulidade de nenhum ato pro-
Parágrafo único – Terá o acusado o prazo de dez dias para apre- cessual que não houver influído na apuração de verdade substan-
sentação da defesa a que se refere este artigo. Neste prazo lhe será cial ou, diretamente, na decisão do processo ou da sindicância, e os
dada vista dos autos em presença do secretário ou de qualquer dos atos que forem declarados nulos não afetarão o processo em seu
membros da Comissão, no lugar do processo. todo, mas tão somente a diligência que contenham.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.) de 8/11/2013.)
Art. 186 – No caso de revelia do acusado ou ainda de perda de
prazo para apresentação de defesa, o Presidente nomeará um fun- CAPÍTULO VII
cionário, sempre que possível bacharel em Direito, para produzi-la, PROCESSO POR ABANDONO DE CARGO OU FUNÇÃO
na forma do artigo 185 e seu parágrafo único.
§ 1º – Neste relatório, a Comissão apreciará, em relação a cada Art. 194 – No caso de abandono de cargo ou função, instaurado
acusado, separadamente, as faltas administrativas e irregularidades o processo e feita a citação, na forma dos artigos 168 e 180, compa-
que lhe forem atribuídas, as provas colhidas no processo, e as ra- recendo o acusado e tomadas as suas declarações, terá ele o prazo
zões da defesa, propondo, então, a absolvição ou a punição, indi- de cinco dias para oferecer defesa ou requerer a produção da prova
cando, neste caso, a pena que couber. que tiver, que só pode versar sobre força maior ou coação ilegal.
§ 2º – Deverá também a Comissão, em seu relatório, sugerir § 1º – Observar-se-á, então, no que couber, o disposto nos ar-
quaisquer outras providências que lhe parecerem de interesse do tigos 182 e seguintes.
serviço público. § 2º – No caso de revelia, será designado pelo Presidente um
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, funcionário para servir de defensor, observando-se o disposto na
de 8/11/2013.) parte final deste artigo e, no que couber, o disposto nos artigos 182
Art. 187 – Findo o prazo para a defesa e juntadas aos autos as e seguintes.
peças que a contiverem, a Comissão, no prazo de dez dias, apreciará (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
a prova e a defesa produzidas, representando o seu relatório. de 8/11/2013.)
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
de 8/11/2013.) CAPÍTULO VIII
Art. 188 – O processo administrativo deverá ser concluído no REVISÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
prazo de sessenta dias, a contar da citação do acusado.
§ 1º – Poderá a autoridade que determinou a instauração do Art. 195 – Dar-se-á revisão dos processos findos, mediante re-
processo prorrogar-lhe o prazo até mais sessenta dias, por despa- curso do punido, quando:
cho, em representação circunstanciada que lhe fizer o Presidente I – a decisão for contrária a textos expressos de lei ou à evidên-
da Comissão. cia dos autos;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
II – a decisão se fundar em depoimento, exames ou documen- (Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
tos comprovadamente falsos ou errados; e de 8/11/2013.)
III – após a decisão, se descobrirem novas provas da inocência
do punido ou de circunstâncias que autorizem pena mais branda. LIVRO VI
§ 1º – Os pedidos que não se fundarem nos casos enumerados DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
no artigo e que não vierem documentados de provas, serão indefe-
ridos “in limine”. Art. 206 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
§ 2º – O pedido será sempre dirigido à autoridade que aplicou mentar nº 129, de 8/11/2013.)
a pena ou que a tiver confirmado em grau de recurso. “Art. 206 – A Reforma Administrativa da Secretaria de Estado
§ 3º – Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fun- da Segurança Pública, que se inicia com a presente lei, será realiza-
dado em novas provas. da gradualmente, com a orientação seletiva para problemas exis-
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, tentes em órgãos e atividades afins.
de 8/11/2013.) § 1º – Observadas as disposições constitucionais e as desta lei,
Art. 196 – A revisão, que poderá verificar-se a qualquer tempo, para os efeitos do artigo, o Poder Executivo expedirá progressiva-
não autoriza a agravação da pena. mente os atos de reorganização, reestruturação, lotação, definição
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, de competência, revisão de funcionamento e quantos outros se fa-
de 8/11/2013.) çam necessários ao processo da Reforma Administrativa.
Art. 197 – A revisão poderá ser pedida pelo próprio punido, ou § 2º – Por força desta lei e à medida em que sejam expedidos
procurador legalmente habilitado, ou, no caso de morte do punido, os atos a que o parágrafo anterior se refere, considerar-se-ão revo-
pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. gadas as disposições legais que com aqueles atos forem colidentes
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, ou incompatíveis.
de 8/11/2013.) § 3º – O Secretário de Estado da Segurança Pública atribuirá
Art. 198 – Não constitui fundamento para revisão a simples ale- à Fundação Escritório Técnico de Racionalização Administrativa –
gação de injustiça da penalidade.
ETRA – mediante ajuste, o assessoramento necessário à preparação
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129,
e execução dos atos exigidos pela reforma administrativa determi-
de 8/11/2013.)
nada por este artigo e nos termos da Lei nº 5.036, de 22 de novem-
Art. 199 – A revisão será processada por Comissão Processante
bro de 1968.”
Permanente, ou, a juízo do Secretário de Estado da Segurança Pú-
Art. 207 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
blica, por Comissão Especial.
mentar nº 129, de 8/11/2013.)
§ 1º – Será impedido de funcionar na revisão quem houver in-
“Art. 207 – Fica mantido o Departamento Médico da Polícia Ci-
tegrado a comissão de processo administrativo.
vil, unidade específica de assistência médico-hospitalar e odontoló-
§ 2º – O Presidente designará um funcionário para secretariar
gica para os servidores ocupantes de cargos estritamente policial,
a Comissão.
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, bem como para os lotados nos órgãos de apoio e assessoramento,
de 8/11/2013.) até que seja implantado o sistema de assistência Médico-Hospitalar
Art. 200 – Ao processo de revisão será apensado o processo ad- da Administração Pública Estadual.”
ministrativo ou sua cópia, marcando o Presidente o prazo de cinco Art. 208 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
dias para que o requerente junte as provas que tiver, ou indique as mentar nº 129, de 8/11/2013.)
que pretenda produzir. “Art. 208 – O Poder Executivo adotará medidas para a organiza-
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, ção de entidade, com autonomia administrativa e financeira, desti-
de 8/11/2013.) nada à realização dos serviços de medicina de urgência, atualmente
Art. 201 – Concluída a instrução do processo, será aberta vista executados pelo Departamento do Pronto Socorro, para esse fim
ao requerente, perante o secretário da comissão, pelo prazo de dez podendo:
dias, para apresentação de alegações. I – celebrar convênios para a participação de municípios como
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, instituidores ou mantenedores da entidade;
de 8/11/2013.) II – para uso da entidade, concluir obras de construção de
Art. 202 – Decorrido esse prazo, ainda que sem alegações, será hospital e doar terrenos, edificações, benfeitorias, equipamentos
o processo encaminhado, com o relatório fundamentado da Comis- hospitalares, móveis e veículos atualmente ocupados ou utilizados
são e dentro do prazo de quinze dias, à autoridade competente para pelo Departamento de Pronto Socorro, mediante especificação em
julgamento. decreto;
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, III – comprometer-se a subvencionar a entidade com recursos
de 8/11/2013.) financeiros, até o valor total das dotações consignadas ao Departa-
Art. 203 – Será de trinta dias o prazo para esse julgamento, sem mento de Pronto Socorro no orçamento para o exercício de 1970 e
prejuízo das diligências que a autoridade entenda necessárias ao nos limites fixados em orçamentos para os exercícios anteriores.”
melhor esclarecimento do processo. Art. 209 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, mentar nº 129, de 8/11/2013.)
de 8/11/2013.) “Art. 209 – Até que se cumpram as determinações desta lei no
Art. 204 – Julgada procedente a revisão, a Administração deter- sentido da reforma estrutural da Secretaria de Estado da Segurança
minará a redução ou cancelamento da pena. Pública e observadas as alterações que estabelece, prevalecerá a
(Vide parágrafo único do art. 116 da Lei Complementar nº 129, atual estrutura orgânica e correspondentes atribuições.”
de 8/11/2013.) Art. 210 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
Art. 205 – Ao processo de revisão aplicam-se as regras comina- mentar nº 129, de 8/11/2013.)
das no art. 178 e seguintes, no que couber.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
“Art. 210 – Para efeito de nomeação para cargo de igual hierar- “Art. 216 – Identificação policial que atribua prerrogativas da
quia, ficam dispensados da exigência estabelecida pelo art. 90 desta Polícia Civil somente poderá ser concedida a quem, permanente-
lei os atuais ocupantes de cargos de chefia ou direção de unidade mente, exerça cargo de natureza estritamente policial e, a juízo do
ao nível de imediata subordinação aos Órgãos Superiores da Polícia secretário de Estado de Segurança Pública e sob sua responsabili-
Civil.” dade, a quem exerça missões policiais especiais e temporárias, en-
Art. 211– (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple- quanto as exercer.”
mentar nº 129, de 8/11/2013.) Art. 217 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
“Art. 211 – Quando não contrárias às disposições desta lei, nor- mentar nº 129, de 8/11/2013.)
mas reguladoras do regime jurídico dos servidores civis do Poder “Art. 217 – Será fixado em decreto o valor da remuneração de
Executivo aplicam-se, subsidiariamente, aos ocupantes de cargos aulas na Academia de Polícia Civil de Minas Gerais.”
de natureza estritamente policial.” Art. 218 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
Art. 212 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple- mentar nº 129, de 8/11/2013.)
mentar nº 129, de 8/11/2013.) “Art. 218 – Para os efeitos dos artigos 60, 118 e 119, será com-
“Art. 212 – Os Anexos I e II, que fazem parte integrante desta putado, como de natureza estritamente policial, o tempo de serviço
lei, contêm a estrutura e a nova composição de classes do Serviço exercido anteriormente a esta lei por ocupante de cargo daquela
de Segurança Pública e, em virtude deles, ficam alterados os Anexos natureza em qualquer cargo de direção ou chefia dos órgãos poli-
I e II da Lei nº 3.214, de 16 de outubro de 1964.” ciais.”
Art. 213 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple- Art. 219– (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
mentar nº 129, de 8/11/2013.) mentar nº 129, de 8/11/2013.)
“Art. 213 – Ficam criados, para atendimento da estrutura da “Art. 219 – As classes iniciais das séries de classes de Fotógra-
Secretaria de Estado da Segurança Pública: fo, Motorista e Rádio Operador, do Quadro Geral do Estado, são
I – no Anexo III, III.b., da Lei nº 3.214, de 16 de outubro de acrescidas de, respectivamente, 20 (vinte) 100 (cem)e 60 (sessenta)
1964, dois cargos de Assessor de Secretário de Estado; cargos, lotados na Secretaria de Estado da Segurança Pública.”
II – no Anexo III, III.c., da Lei nº 3.214, de 16 de outubro de Art. 220 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
1964; mentar nº 129, de 8/11/2013.)
a) quatro cargos de Chefe de Departamento e um de Diretor de “Art. 220 – Objetivando a integração e a harmonia dos diversos
Ensino Policial símbolo C-11; órgãos de segurança pública, fica o Poder Executivo autorizado a
b) quatorze cargos de Chefe de Serviço, símbolo C-8; estruturar em decreto, o sistema de Segurança e Ordem Pública da
c) três cargos de Inspetor Geral da Guarda-Civil, símbolo C-8; Administração Estadual, estabelecendo as atribuições e o funciona-
d) um cargo de Inspetor Auxiliar de Trânsito, símbolo C-7; mento coordenado dos organismos componentes.
e) vinte e oito cargos de Chefe de Seção, símbolo C-6; Parágrafo único – Para efeito deste artigo, o Governador do Es-
f) sessenta e dois cargos de Chefe de Cartório, símbolo C-6; tado constituirá uma comissão especial que se incumbirá da elabo-
g) dez cargos de Inspetor de Detetives, símbolo C-6; ração da minuta do respectivo decreto de estruturação.”
h) seis cargos de Inspetor de Divisão de Policiamento da Guar- Art. 221 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
da-Civil, símbolo C-6; mentar nº 129, de 8/11/2013.)
i) dois cargos de Chefe de Distrito de Trânsito, símbolo C-6; “Art. 221 – Para ocorrer às despesas da presente lei, fica o Po-
j) trinta cargos de Inspetor de Policiamento da Guarda-Civil, der Executivo autorizado a suplementar dotações orçamentárias,
símbolo C-5; podendo, para tanto, anular total ou parcialmente dotações do or-
l) um cargo de Diretor de Estabelecimento de Ensino Médio, çamento em vigor.”
símbolo C-5; Art. 222 – Revogam-se as disposições em contrário, entrando
m) trinta cargos de Subinspetor de Detetives, símbolo C-5; esta lei em vigor na data de sua publicação.
n) quarenta cargos de Subinspetor de Policiamento da Guarda-
-Civil, símbolo C-4;
o) vinte e cinco cargos de Fiscal de Turma de Trânsito, símbolo
C-4;
p) um cargo de Secretário de Estabelecimento de Ensino Mé-
dio, símbolo C-4.”
Art. 214 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
mentar nº 129, de 8/11/2013.)
“Art. 214 – Em caso de vacância, falta ou impedimento de seu
ocupante efetivo, o cargo de Carcereiro será exercido por cidadão
designado pelo Delegado de Polícia da respectiva jurisdição, me-
diante condições a serem estabelecidas em decreto.
Parágrafo único – Durante o exercício eventual e temporário do
cargo de Carcereiro, o cidadão designado receberá a remuneração
atribuída ao mencionado cargo.”
Art. 215 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
mentar nº 129, de 8/11/2013.)
“Art. 215 – As autoridades policiais e os ocupantes de cargo de
natureza estritamente policial, no exercício de suas atribuições, te-
rão direito ao porte de armas de defesa, vedado o seu uso indevido
ou o do equipamento que lhes haja sido confiado para o serviço.”
Art. 216 – (Revogado pelo inciso I do art. 123 da Lei Comple-
mentar nº 129, de 8/11/2013.)

8
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
TÍTULO I
LEI COMPLEMENTAR 129 DE 08 DE NOVEMBRO DE DISPOSIÇÕES GERAIS
2013, E SUAS RESPECTIVAS ALTERAÇÕES. LEI COM- CAPÍTULO I
PLEMENTAR ESTADUAL N.º 129, DE 08 DE NOVEMBRO DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
DE 2013. TÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS. CAPÍTULO
I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES. CAPÍTULO II - DA Art. 1º Esta Lei Complementar organiza a Polícia Civil do Estado
COMPETÊNCIA. TÍTULO II – DA ORGANIZAÇÃO. CAPÍ- de Minas Gerais - PCMG -, define sua competência e dispõe sobre o
TULO I - DA ESTRUTURA ORGÂNICA. CAPÍTULO II - DA regime jurídico dos integrantes das carreiras policiais civis.
ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR. SEÇÃO I - DA CHEFIA Art. 2º A PCMG, órgão autônomo, essencial à segurança públi-
DA PCMG. SEÇÃO II - DA CHEFIA ADJUNTA DA PCMG. ca, à realização da justiça e à defesa das instituições democráticas,
SEÇÃO III - DO CONSELHO SUPERIOR DA PCMG. SUB- fundada na promoção da cidadania, da dignidade humana e dos
SEÇÃO I - DO ÓRGÃO ESPECIAL. SUBSEÇÃO II - DA CÂ- direitos e garantias fundamentais, tem por objetivo, no território do
MARA DISCIPLINAR. SUBSEÇÃO III - DA CÂMARA DE Estado, em conformidade com o art. 136 da Constituição do Estado,
PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO. SEÇÃO IV - DA COR- dentre outros, o exercício das funções de:
REGEDORIA-GERAL DE POLÍCIA CIVIL. CAPÍTULO III -
I - proteção da incolumidade das pessoas e do patrimônio;
DA ADMINISTRAÇÃO. SEÇÃO I - DO GABINETE DA CHE-
II - preservação da ordem e da segurança públicas;
FIA DA PCMG. SEÇÃO II - DA ACADEMIA DE POLÍCIA
III - preservação das instituições políticas e jurídicas;
CIVIL. SEÇÃO III - DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO
DE MINAS GERAIS. SEÇÃO IV - DA SUPERINTENDÊNCIA IV - apuração das infrações penais e dos atos infracionais, exer-
DE INVESTIGAÇÃO E POLÍCIA JUDICIÁRIA. SEÇÃO V cício da polícia judiciária e cooperação com as autoridades judiciá-
- DA SUPERINTENDÊNCIA DE INFORMAÇÕES E INTE- rias, civis e militares, em assuntos de segurança interna.
LIGÊNCIA POLICIAL. SEÇÃO VI - DA SUPERINTENDÊN- Art. 3º A PCMG reger-se-á pelos princípios constitucionais da
CIA DE POLÍCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA. SEÇÃO VII - DA legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e
SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E deve ainda observar, na sua atuação:
FINANÇAS. TÍTULO III - DO ESTATUTO DOS POLICIAIS I - a promoção dos direitos humanos;
CIVIS. CAPÍTULO I - DAS PRERROGATIVAS. CAPÍTULO II - a participação e interação comunitária;
II - DOS DIREITOS. SEÇÃO I - DOS DIREITOS DOS POLI- III - a mediação de conflitos;
CIAIS CIVIS. SEÇÃO II - DAS INDENIZAÇÕES E DAS GRA- IV - o uso proporcional da força;
TIFICAÇÕES. CAPÍTULO III - DA REMOÇÃO.CAPÍTULO V - o atendimento ao público com presteza, probidade, urba-
IV - DO REGIME DE TRABALHO DO POLICIAL CIVIL. CA- nidade, atenção, interesse, respeito, discrição, moderação e obje-
PÍTULO V - DAS LICENÇAS, DOS AFASTAMENTOS E DAS tividade;
DISPONIBILIDADES. SEÇÃO I - DAS LICENÇAS. SEÇÃO VI - a hierarquia e a disciplina;
II - DOS AFASTAMENTOS E DAS DISPONIBILIDADES. VII - a transparência e a sujeição a mecanismos de controle in-
CAPÍTULO VI - DA APOSENTADORIA, DOS PROVENTOS terno e externo, na forma da lei;
E DA PENSÃO ESPECIAL. SEÇÃO I - DA APOSENTADO- VIII - a integração com órgãos de segurança pública do Sistema
RIA. SEÇÃO II - DOS PROVENTOS. SEÇÃO III - DA PEN- de Defesa Social.
SÃO ESPECIAL. TÍTULO IV - DAS CARREIRAS POLICIAIS Art. 4º Além dos princípios referidos no art. 3º, orientam a in-
CIVIS. CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS. CAPÍTULO vestigação criminal e o exercício das funções de polícia judiciária, a
II - DO INGRESSO. CAPÍTULO III - DO ESTÁGIO PRO- indisponibilidade do interesse público, a finalidade pública, a pro-
BATÓRIO. CAPÍTULO IV - DO DESENVOLVIMENTO NA porcionalidade, a obrigatoriedade de atuação, a autoridade, a ofi-
CARREIRA. CAPÍTULO V - DO ADICIONAL DE DESEM- cialidade, o sigilo e a imparcialidade, observando-se ainda:
PENHO. TÍTULO V - DISPOSIÇÕES FINAIS. ANEXO I (A I - a investidura em cargo de carreira policial civil;
QUE SE REFERE O ART. 77 DA LEI COMPLEMENTAR II - a inevitabilidade da atuação policial civil;
Nº129, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2013). ANEXO II (A QUE
III - a inafastabilidade da prestação do serviço policial civil;
SE REFERE O § 1º DO ART. 79 DA LEI COMPLEMENTAR
IV - a indeclinabilidade do dever de apurar infrações criminais;
Nº 129, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2013). ANEXO III (A
V - a indelegabilidade da atribuição funcional do policial civil;
QUE SE REFERE O ART. 108 DA LEI COMPLEMENTAR Nº
129, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2013) VI - a indivisibilidade da investigação criminal;
VII - a interdisciplinaridade da investigação criminal;
VIII - a uniformidade de procedimentos policiais;
LEI COMPLEMENTAR 129 DE 08/11/2013 - TEXTO ATUALIZADO IX - a busca da eficiência na investigação criminal e a repressão
das infrações penais e dos atos infracionais.
Contém a Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de Minas Art. 5º À PCMG é assegurada autonomia administrativa e finan-
Gerais - PCMG -, o regime jurídico dos integrantes das carreiras
ceira, cabendo-lhe, especialmente:
policiais civis e aumenta o quantitativo de cargos nas carreiras da
I - elaborar a sua programação financeira anual e acompanhar
PCMG.
e avaliar sua implantação, segundo as dotações consignadas no or-
çamento do Estado;
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS,
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, II - executar contabilidade própria;
decretou e eu, em seu nome, promulgo a seguinte Lei Complemen- III - adquirir materiais, viaturas e equipamentos específicos.
tar: Parágrafo único. As atividades de planejamento e orçamento e
de administração financeira e contabilidade subordinam-se admi-
nistrativamente ao Chefe da PCMG e tecnicamente às Secretarias
de Estado de Planejamento e Gestão e de Fazenda, respectivamen-
te.

9
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 6º A investigação criminal tem caráter técnico-jurídico- CAPÍTULO II
-científico e produz, em articulação com o sistema de defesa social, DA COMPETÊNCIA
conhecimentos e indicadores sociopolíticos, econômicos e culturais
que se revelam no fenômeno criminal. Art. 14. À PCMG, órgão permanente do poder público, dirigi-
Art. 7º O exercício da investigação criminal tem início com o do por Delegado de Polícia de carreira e organizado de acordo com
conhecimento de ato ou fato passível de caracterizar infração penal os princípios da hierarquia e da disciplina, incumbem, ressalvada a
e se encerra com a apuração da infração penal ou ato infracional competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração,
ou com o exaurimento das possibilidades investigativas, compreen- no território do Estado, das infrações penais e dos atos infracionais,
dendo: exceto os militares.
I - a pesquisa técnico-científica a respeito de autoria, de mate- Parágrafo único. São atividades privativas da PCMG a polícia
rialidade, de motivos e de circunstâncias da infração penal; técnico-científica, o processamento e arquivo de identificação civil
II - a articulação ordenada dos atos notariais do inquérito poli- e criminal, bem como o registro e licenciamento de veículo automo-
cial e demais procedimentos de formalização da produção probató- tor e a habilitação de condutor.
ria da prática de infração penal; Art. 15. A PCMG subordina-se diretamente ao Governador do
III - a minimização dos efeitos do delito e o gerenciamento da Estado e integra, para fins operacionais, o Sistema de Defesa Social.
crise dele decorrente. Art. 16. À PCMG compete:
Art. 8º A investigação criminal se destina à apuração de infra- I - planejar, coordenar, dirigir e executar, ressalvada a compe-
ções penais e de atos infracionais, para subsidiar a realização da tência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração, no
função jurisdicional do Estado, e à adoção de políticas públicas para território do Estado, das infrações penais, exceto as militares;
a proteção de pessoas e bens para a boa qualidade de vida social. II - preservar locais de crime com cenários e bens, apreender
Art. 9º A função de polícia judiciária consiste, precipuamente, objetos, colher provas, intimar, ouvir e acarear pessoas, requisitar e
no auxílio ao sistema de justiça criminal para a aplicação da lei pe- realizar exames periciais, proceder ao reconhecimento de pessoas
nal e processual, bem como nos registros e fiscalização de natureza e coisas e praticar os demais atos necessários à adequada apuração
regulamentar. das infrações penais e dos atos infracionais, na forma da legislação
Art. 10. A função de polícia judiciária compreende: processual penal;
I - o exame preliminar a respeito da tipicidade penal, ilicitude, III - representar ao Poder Judiciário, por meio do Delegado de
culpabilidade, punibilidade e demais circunstâncias relacionadas à Polícia, pela decretação de medidas cautelares pessoais e reais,
infração penal; como prisão preventiva e temporária, busca e apreensão, quebra
II - as diligências para a apuração de infrações penais e atos de sigilo e interceptação de dados e de telecomunicações, além de
infracionais; outras inerentes à investigação criminal e ao exercício da polícia
III - a instauração e formalização de inquérito policial, de termo judiciária, destinadas a colher e a resguardar provas da prática de
circunstanciado de ocorrência e de procedimento para apuração de infrações penais e de atos infracionais;
ato infracional; IV - organizar, cumprir e fazer cumprir os mandados judiciais de
IV - a definição sobre a autuação da prisão em flagrante e a prisão e de busca domiciliar;
concessão de fiança; V - cumprir as requisições do Poder Judiciário e do Ministério
V - a requisição da apresentação de presos do sistema prisional Público;
em órgão ou unidade da PCMG, para fins de investigação criminal; VI - realizar correições e inspeções, em caráter permanente ou
VI - a representação judicial para a decretação de prisão provi- extraordinário, em atividades e em repartições em que atue, bem
sória, de busca e apreensão, de interceptação de dados e de comu- como responsabilizar-se pelos procedimentos disciplinares destina-
nicações, em sistemas de informática e telemática, e demais medi- dos a apurar eventual prática de infrações atribuídas a seus servi-
das processuais previstas na legislação; dores;
VII - a presença em local de ocorrência de infração penal, na VII - formalizar o inquérito policial, o termo circunstanciado de
forma prevista na legislação processual penal; ocorrência e o procedimento para apuração de ato infracional;
VIII - a elaboração de registros, termos, certidões, atestados e VIII - exercer o controle e a fiscalização de suas armas e muni-
demais atos previstos no Código de Processo Penal ou em leis es- ções, de explosivos, fogos de artifício e demais produtos controla-
pecíficas. dos, observada a legislação federal específica;
Parágrafo único. No desempenho de suas atribuições, o Dele- IX - exercer o registro de controle policial, especialmente no
gado de Polícia, com sua equipe, comparecerá a local de crime e que tange a estabelecimentos de hospedagem, diversões públicas,
praticará diligências para apuração da autoria, materialidade, mo- comercialização de produtos controlados e o prévio aviso relativo
tivos e circunstâncias, formalizando inquéritos policiais e outros à realização de reuniões e eventos sociais e políticos em ambien-
procedimentos. tes públicos, nos termos do inciso XVI do art. 5º da Constituição da
Art. 11. A direção da polícia judiciária cabe, em todo o Estado, República;
aos Delegados de Polícia de carreira, nos limites de suas circunscri- X - desenvolver atividades de ensino, extensão e pesquisa, em
ções. caráter permanente, objetivando o aprimoramento de suas compe-
Parágrafo único. Os atos de polícia judiciária serão fiscalizados tências institucionais;
direta ou indiretamente pelo Corregedor-Geral de Polícia Civil. XI - organizar e executar as atividades de registro, controle e
Art. 12. São símbolos institucionais da PCMG o hino, o brasão, licenciamento de veículos automotores, a formação e habilitação
a logomarca, a bandeira e o distintivo. de condutores, o serviço de estatística, a educação de trânsito e o
Art. 13. Os policiais civis terão carteira funcional, com identifi- julgamento de recursos administrativos;
cação das respectivas carreiras e validade em todo o território na- XII - cooperar com os órgãos municipais, estaduais e federais
cional, cujo modelo será regulamentado em decreto. de segurança pública, em assuntos relacionados com as atividades
de sua competência;

10
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
XIII - promover interações para uso dos bancos de dados dis- § 3º O Instituto de Criminalística, o Instituto Médico-Legal, os
poníveis com os órgãos públicos municipais, estaduais e federais, Postos de Perícia Integrada, os Postos Médico-Legais e as Seções
bem como para uso de bancos de dados disponíveis com a iniciativa Técnicas Regionais de Criminalística subordinam-se à Superinten-
privada, observado o disposto nos incisos X e XII do art. 5º da Cons- dência de Polícia Técnico-Científica e o Instituto de Identificação
tituição da República; subordina-se à Superintendência de Informações e Inteligência Po-
XIV - organizar e executar os serviços de identificação civil e licial.
criminal, bem como gerir o acervo e o banco de dados correspon- § 4º As demais unidades administrativas da estrutura orgânica
dentes, inclusive para as atividades de perícia criminal; complementar e a distribuição e descrição das competências das
XV - promover o recrutamento, seleção, formação, aperfeiço- unidades administrativas da PCMG serão estabelecidas em decreto.
amento e o desenvolvimento profissional e cultural de seus servi- § 5º O Hospital da Polícia Civil, resultado da transformação do
dores; Departamento de Saúde da Polícia Civil, conforme disposto na Lei
XVI - organizar e realizar ações de inteligência, bem como par- nº 11.724, de 30 de dezembro de 1994, terá estrutura administrati-
ticipar de sistemas integrados de informações de órgãos públicos va no nível de superintendência, na forma de regulamento.
municipais, estaduais, federais e de entidades privadas; § 6º As Delegacias de Polícia Civil, de âmbito territorial e de
XVII - organizar estatísticas criminais e realizar análise criminal; atuação especializada, são dirigidas por Delegados de Polícia de
XVIII - promover outras políticas de segurança pública e defesa carreira, e as Delegacias Regionais de Polícia Civil e as Divisões de
social, nos limites de sua competência. Polícia Especializada, por Delegados de Polícia de, no mínimo, nível
Parágrafo único. As funções constitucionais da PCMG são inde- especial.
legáveis e somente podem ser desempenhadas por ocupantes das § 7º A direção das Superintendências, dos Departamentos de
carreiras que a integram. Polícia Civil de âmbito territorial e atuação especializada, da Acade-
mia de Polícia Civil, do Departamento de Trânsito de Minas Gerais,
TÍTULO II da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, do Instituto de Identificação,
DA ORGANIZAÇÃO do Gabinete da Chefia da PCMG, da Chefia Adjunta da PCMG e o
CAPÍTULO I cargo de Delegado Assistente da Chefia da PCMG serão exercidos
DA ESTRUTURA ORGÂNICA exclusivamente por Delegados-Gerais de Polícia, observado o dis-
posto no § 1º do art. 41.
Art. 17. São órgãos da PCMG: § 8º Os titulares dos cargos a que se referem a alínea “d” do
I - da administração superior: inciso I e as alíneas do inciso II do caput, bem como o Delegado As-
a) Chefia da PCMG; sistente da Chefia da PCMG, serão escolhidos pelo Chefe da PCMG
b) Chefia Adjunta da PCMG; e nomeados pelo Governador do Estado dentre os integrantes, em
c) Conselho Superior da PCMG; atividade, do nível final da respectiva carreira que possuam, no mí-
d) Corregedoria-Geral de Polícia Civil nimo, quinze anos de efetivo serviço policial.
II - de administração: § 9º Os titulares dos cargos a que se referem os incisos XII e XIII
a) Gabinete da Chefia da PCMG; do art. 25 serão escolhidos pelo Chefe da PCMG dentre os integran-
b) Academia de Polícia Civil; tes, em atividade, do nível final da respectiva carreira que possuam,
c) Departamento de Trânsito de Minas Gerais; no mínimo, quinze anos de efetivo serviço policial.
d) Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária;
e) Superintendência de Informações e Inteligência Policial; CAPÍTULO II
f) Superintendência de Polícia Técnico-Científica; DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR
g) Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças. SEÇÃO I
§ 1º Integram, ainda, a estrutura orgânica da PCMG as seguin- DA CHEFIA DA PCMG
tes unidades administrativas:
I - Instituto de Criminologia; Art. 18. A Chefia da PCMG, órgão da administração superior da
II - Departamentos de Polícia Civil: PCMG, será exercida pelo Chefe da PCMG.
a) Delegacias Regionais de Polícia Civil: Parágrafo único. O Chefe da PCMG será nomeado pelo Gover-
a.1) Circunscrições Regionais de Trânsito - Ciretrans; nador do Estado dentre os integrantes, em atividade, do nível final
a.2) Delegacias de Polícia Civil; da carreira de Delegado de Polícia que possuam, no mínimo, vinte
b) Divisões Especializadas: anos de efetivo serviço policial, vedada a nomeação daqueles ine-
b.1) Delegacias Especializadas; legíveis em razão de atos ilícitos, nos termos da legislação federal.
III - Instituto de Criminalística; Art. 19. O Chefe da PCMG tem prerrogativas, vantagens e pa-
IV - Instituto Médico-Legal; drão remuneratório do cargo de Secretário de Estado.
V - Postos de Perícia Integrada, Postos Médico-Legais e Seções Art. 20. O Chefe da PCMG será substituído, automaticamen-
Técnicas Regionais de Criminalística;
te, em seus afastamentos ou impedimentos eventuais, pelo Chefe
VI - Instituto de Identificação:
Adjunto da PCMG e, nos afastamentos ou impedimentos eventuais
a) Postos de Identificação;
deste, na seguinte ordem, pelo:
VII - Hospital da Polícia Civil;
I - Corregedor-Geral de Polícia Civil;
VIII - Colégio Ordem e Progresso;
II - Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária;
IX - Divisão de Polícia Interestadual - Polinter;
III - Chefe de Gabinete da PCMG;
X - Casa de Custódia da Polícia Civil.
IV - Diretor do Departamento de Trânsito de Minas Gerais;
§ 2º Os Departamentos de Polícia Civil, a Divisão de Polícia In-
V - Diretor da Academia de Polícia Civil;
terestadual e a Casa de Custódia da Polícia Civil subordinam-se à
Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária e o Instituto VI - Superintendente de Informações e Inteligência Policial;
de Criminologia e o Colégio Ordem e Progresso subordinam-se à VII - Superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças;
Academia de Polícia Civil. VIII - Delegado Assistente da Chefia da PCMG.

11
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 21. O Chefe da PCMG ficará afastado de suas funções pelo Parágrafo único. O Chefe Adjunto da PCMG tem prerrogativas,
cometimento de infração penal cuja sanção cominada seja de re- vantagens e padrão remuneratório do cargo de Secretário de Esta-
clusão, observado o disposto no § 1º do art. 21 da Constituição do do Adjunto.
Estado.
Parágrafo único. Na hipótese a que se refere o caput, assumirá SEÇÃO III
a Chefia da PCMG o Chefe Adjunto da PCMG. DO CONSELHO SUPERIOR DA PCMG
Art. 22. Ao Chefe da PCMG compete:
I - exercer a direção superior, o planejamento estratégico e a Art. 24. O Conselho Superior da PCMG é órgão da administra-
administração geral da PCMG, por meio da coordenação, do con- ção superior da PCMG, que tem a função de assessorar e auxiliar a
trole e da fiscalização das funções policiais civis e da observância do Chefia da PCMG, e possui a seguinte estrutura:
disposto nesta Lei Complementar; I - Órgão Especial;
II - presidir o Conselho Superior da PCMG e integrar o Conselho II - Câmara Disciplinar;
de Defesa Social; III - Câmara de Planejamento e Orçamento.
III - propor ao Governador do Estado o aumento do efetivo e Art. 25. Compõem o Conselho Superior da PCMG:
prover, mediante delegação, os cargos dos quadros de pessoal da I - o Chefe da PCMG, que o presidirá;
PCMG, bem como deferir o compromisso de posse aos servidores II - o Chefe Adjunto da PCMG;
da PCMG; III - o Corregedor-Geral de Polícia Civil;
IV - promover a movimentação de servidores, proporcionando IV - o Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária;
equilíbrio entre os órgãos e unidades da PCMG, observado o qua- V - o Chefe de Gabinete da PCMG;
dro de distribuição de pessoal, nos termos de regulamento; VI - o Diretor do Departamento de Trânsito de Minas Gerais;
V - autorizar servidores da PCMG a afastar-se, em serviço, do VII - o Diretor da Academia de Polícia Civil;
Estado, sem sair do País, observado o disposto no art. 68; VIII - o Superintendente de Informações e Inteligência Policial;
VI - determinar a instauração de processo administrativo disci- IX - o Superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças;
plinar e aplicar sanções disciplinares; X - o Delegado Assistente da Chefia da PCMG;
VII - decidir, em último grau de recurso, sobre a instauração de XI - o Superintendente de Polícia Técnico-Científica;
inquérito policial e de outros procedimentos formais; XII - o Inspetor-Geral de Escrivães de Polícia;
VIII - decidir sobre a situação funcional e administrativa dos po- XIII - o Inspetor-Geral de Investigadores de Polícia.
liciais civis, bem como editar atos de promoção, exceto se esta for Art. 26. Ao Conselho Superior da PCMG compete:
por ato de bravura ou para o último nível da carreira; I - conhecer, fomentar e manifestar-se sobre propostas de pro-
IX - suspender o porte de arma de policial civil, por recomenda- gramas, projetos e ações da PCMG;
ção médica ou como medida cautelar em processo administrativo II - deliberar sobre o planejamento estratégico e subsidiar a
disciplinar, assegurado o contraditório e a ampla defesa; proposta orçamentária anual da PCMG;
X - editar resoluções e demais atos normativos para a consecu- III - examinar ou elaborar atos normativos pertinentes ao ser-
ção das funções de competência da PCMG, observada a legislação viço policial civil;
pertinente; IV - deliberar sobre a localização de unidades da PCMG e sobre
XI - designar, em cada departamento da PCMG, o respectivo o quadro de distribuição de pessoal da PCMG;
coordenador entre os chefes das Seções Técnicas Regionais de Cri- V - estudar e propor inovações visando à eficiência da atividade
minalística, o qual se reportará ao Chefe de Divisão de Perícia do policial civil;
Interior; VI - propor ao Chefe da PCMG a remoção ex officio de policial
XII - decidir sobre remoção por conveniência da disciplina de civil, por conveniência da disciplina ou no interesse do serviço po-
policial civil, na forma desta Lei Complementar; licial;
XIII - promover a motivação do ato de remoção ex officio de VII - pronunciar-se sobre atribuições e conduta funcional de
policial civil no interesse do serviço, comprovada a necessidade. servidores da PCMG;
VIII - deliberar sobre promoção de policial civil, nos termos do
SEÇÃO II regulamento do respectivo plano de carreira;
DA CHEFIA ADJUNTA DA PCMG IX - outorgar a Medalha do Mérito Policial Civil Delegado Luiz
Soares de Souza Rocha, criada pela Lei nº 7.920, de 8 de janeiro de
Art. 23. O Chefe Adjunto da PCMG, escolhido pelo Chefe da 1981, e demais condecorações e distinções honoríficas;
PCMG dentre os integrantes, em atividade, do nível final da carrei- X - deliberar, atendida a necessidade do serviço, sobre o afasta-
ra de Delegado de Polícia que possuam, no mínimo, vinte anos de mento remunerado de servidores da PCMG para frequentar curso
efetivo serviço policial, e nomeado pelo Governador do Estado, tem ou estudos, no País ou no exterior, observado o interesse da insti-
por função auxiliar o Chefe da PCMG no exercício de suas atribui- tuição e o disposto no art. 68;
ções, competindo-lhe: XI - examinar e subsidiar a formulação da proposta orçamentá-
I - substituir o Chefe da PCMG em suas ausências, férias, afasta- ria da PCMG, propor a priorização de programas, projetos e ações
mentos e impedimentos eventuais; da PCMG e acompanhar a execução do orçamento da PCMG.
II - cooperar com o exercício das funções do Chefe da PCMG, Art. 27. O Presidente do Conselho Superior da PCMG será subs-
acompanhar a execução de atividades por órgãos e unidades da tituído nas suas ausências, férias, afastamentos ou impedimentos
PCMG, requisitar informações e determinar ações de interesse do eventuais pelo Chefe Adjunto da PCMG e, sucessivamente, na or-
serviço policial civil; dem estabelecida no art. 20.
III - participar, como membro, das reuniões do Conselho Supe- Art. 28. O Conselho Superior da PCMG elaborará seu regimento
rior da PCMG; interno, dispondo sobre o funcionamento, a estrutura, o quórum de
IV - exercer atribuições que lhe sejam delegadas por ato do deliberações, a divulgação de atos e a competência de sua Secreta-
Chefe da PCMG. ria Executiva.

12
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Parágrafo único. O regimento referido no caput será aprovado II - realizar e determinar correições e inspeções, de caráter ge-
por maioria absoluta e submetido à apreciação do Chefe da PCMG, ral ou parcial, ordinário ou extraordinário, nas atividades de com-
que o instituirá por meio de resolução. petência da PCMG;
III - determinar a instauração de processo administrativo disci-
SUBSEÇÃO I plinar, bem como concluir e decidir sobre o mesmo, instaurar sin-
DO ÓRGÃO ESPECIAL dicância, inquérito policial, termos circunstanciados de ocorrência
e outros procedimentos para apurar transgressões disciplinares e
Art. 29. Ao Órgão Especial, composto exclusivamente por De- infrações penais imputadas a servidores da PCMG;
legados-Gerais de Polícia titulares dos órgãos constantes no art. 25 IV - atuar, preventiva e repressivamente, em face às infrações
e pelo Delegado Assistente da Chefia da PCMG, compete pronun- penais e disciplinares atribuídas aos policiais civis e servidores da
ciar-se, por determinação do Chefe da PCMG, sobre recurso contra PCMG, bem como em requisições e solicitações dos órgãos e enti-
decisão que negar a instauração de inquérito policial e sobre recur- dades de controle interno e externo;
so contra ato de Delegado-Geral de Polícia ou de órgão de adminis- V - assumir, motivadamente, mediante ato do Chefe da PCMG,
tração da PCMG que avocou, excepcional e fundamentadamente, após a aprovação da maioria dos membros do Conselho Superior, a
inquéritos policiais ou outros procedimentos formais, bem como administração de órgãos e unidades da PCMG;
sobre o previsto nos incisos VI a X do art. 26 quando relacionado VI - avocar inquéritos policiais e outros procedimentos, para
com a carreira de Delegado de Polícia. fins de correição, podendo concluí-los, se for o caso, ou delegar sua
presidência a outra autoridade policial;
SUBSEÇÃO II VII - articular-se, no âmbito de sua competência, com o Poder
DA CÂMARA DISCIPLINAR Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e órgãos con-
gêneres;
Art. 30. A Câmara Disciplinar será presidida pelo Chefe Adjun- VIII - aplicar, sem prejuízo da competência dos demais titulares
to da PCMG e integrada pelos membros do Conselho Superior da de órgãos e unidades, nos termos desta Lei Complementar, penali-
PCMG titulares de unidades, à exceção do Chefe da PCMG, e julgará dades disciplinares, observados os princípios da ampla defesa e do
recursos contra atos emanados do Corregedor-Geral de Polícia Civil, contraditório;
competindo-lhe: IX - ampliar, excepcionalmente, a competência correicional de
I - recomendar ao Corregedor-Geral de Polícia Civil a instaura-
Delegado de Polícia para o exercício de suas atribuições funcionais
ção de procedimento administrativo disciplinar contra servidor da
em unidade da PCMG diversa de sua lotação;
PCMG e a realização de inspeções e correições em órgãos e unida-
X - propor ao Chefe da PCMG, mediante despacho devidamen-
des da PCMG, sem prejuízo das competências do Chefe da PCMG e
te fundamentado, o afastamento preliminar de servidores da PCMG
do Corregedor-Geral de Polícia Civil;
II - propor ao Chefe da PCMG a remoção ex officio de policial pelo prazo máximo de até noventa dias, na hipótese de indícios su-
civil, por conveniência da disciplina, por maioria simples dos mem- ficientes de eventual prática de transgressão
bros do Conselho Superior da PCMG, mediante trâmite de sindicân- disciplinar, para fins de correição ou outro procedimento inves-
cia ou processo disciplinar e solicitação fundamentada do Correge- tigatório afim;
dor-Geral de Polícia Civil; XI - propor ao Chefe da PCMG, expressa e motivadamente, a
III - conhecer e julgar recurso contra decisão em procedimento remoção ou a transferência de servidores da PCMG, para fins disci-
administrativo disciplinar. plinares, nos termos desta Lei Complementar;
Parágrafo único. O recurso contra decisão que negar a instau- XII - dirimir conflitos de competência funcional e circunscricio-
ração de inquérito policial ou outros procedimentos formais, bem nal no âmbito da PCMG, inclusive com caráter normativo, quando
como sobre o previsto nos incisos VI a X do art. 26 quando relacio- necessário;
nado com a carreira de Delegado de Polícia, será apreciado exclu- XIII - manter atualizado o registro e o controle dos anteceden-
sivamente por Delegados-Gerais de Polícia integrantes do órgão a tes funcionais e disciplinares dos servidores da PCMG e determinar,
que se refere o art. 29. nas hipóteses legais, o cancelamento das respectivas anotações;
XIV - acompanhar o estágio probatório dos servidores da
SUBSEÇÃO III PCMG;
DA CÂMARA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO XV - convocar servidor da PCMG para atos e procedimentos de
correição, na forma da lei;
Art. 31. À Câmara de Planejamento e Orçamento, composta na XVI - coordenar o cumprimento de mandado judicial de prisão
forma do regimento, competirá examinar e subsidiar a formulação de servidor da PCMG e cumprir mandado de busca e apreensão re-
da proposta orçamentária da PCMG, propor a priorização de pro- lacionado a procedimentos de competência da Corregedoria-Geral
gramas, projetos e ações da PCMG e acompanhar a execução do de Polícia Civil;
orçamento da PCMG. XVII - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades logísticas
e de pessoal para a realização das atividades de sua competência e
SEÇÃO IV subsidiar as atividades de suprimento de recursos pela Superinten-
DA CORREGEDORIA-GERAL DE POLÍCIA CIVIL
dência de Planejamento, Gestão e Finanças.
§ 1º Acolhida a proposta de que trata o inciso X do caput, en-
Art. 32. A Corregedoria-Geral de Polícia Civil é órgão orienta-
quanto durar o afastamento, o servidor da PCMG poderá ser desig-
dor, fiscalizador e correicional das atividades funcionais e de condu-
nado, provisoriamente, mantida a sua lotação, para exercer a sua
ta de servidores da PCMG.
Art. 33. À Corregedoria-Geral de Polícia Civil compete: atividade em unidade ou órgão diverso daquele em que se encontra
I - praticar atos de correição, promover o controle de qualidade lotado, bem como poderá ser convocado a participar de cursos de
dos serviços e zelar pela correta execução das funções de compe- qualificação profissional promovidos pela Academia de Polícia Civil.
tência da PCMG;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º O afastamento de servidor da PCMG por período superior VII - admitir certificações de cursos e de titulações acadêmicas
a noventa dias e inferior a cento e oitenta dias, para fins disciplina- obtidas por servidor da PCMG em instituições de ensino e pesquisa,
res, será determinado por ato do Chefe da PCMG, mediante deli- para incorporação no seu histórico funcional, atendidos os requisi-
beração de maioria simples dos membros do Conselho Superior da tos legais;
PCMG, na forma de seu regimento, e poderá implicar no impedi- VIII - promover o aprimoramento de técnicas policiais e ofe-
mento para o exercício funcional. recer suporte às atividades de ensino, de pesquisa e de operação,
§ 3º Findo o prazo de cento e oitenta dias de afastamento pre- simuladas e reais, para a padronização de normas e de procedimen-
visto no § 2º, caso os procedimentos instrutórios não tenham sido tos de investigação criminal, de atividade notarial, de manejo e de
concluídos, caberá ao Corregedor-Geral de Polícia Civil submeter os emprego de armas de fogo, explosivos e técnicas de defesa pessoal;
autos à deliberação do Conselho Superior da PCMG. IX - propor e viabilizar, junto aos órgãos estaduais e federais, o
Art. 34. A competência da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, reconhecimento dos cursos que realiza;
para fins de atividade correicional, poderá ser delegada aos titu- X - difundir estratégias de polícia comunitária;
lares dos órgãos e unidades da PCMG e aos Delegados de Polícia. XI - colaborar em políticas psicopedagógicas destinadas à pre-
Parágrafo único. O procedimento correicional terá a participa- paração do policial civil para a aposentadoria;
ção de, no mínimo, um representante da respectiva carreira policial. XII - manter intercâmbio com outras instituições de ensino e
pesquisa, nacionais e estrangeiras;
CAPÍTULO III XIII - conceder aos servidores da PCMG diplomas e certificados
DA ADMINISTRAÇÃO relativos às atividades acadêmicas de sua competência;
SEÇÃO I XIV - organizar e manter biblioteca especializada em matéria de
DO GABINETE DA CHEFIA DA PCMG interesse dos serviços policiais civis;
XV - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades logísticas
Art. 35. O Gabinete da Chefia da PCMG tem por finalidade ga- e de pessoal para a realização das atividades de sua competência e
rantir assessoramento direto ao Chefe da PCMG e ao Chefe Adjunto subsidiar as atividades de suprimento de recursos pela Superinten-
da PCMG em assuntos políticos e administrativos, competindo-lhe: dência de Planejamento, Gestão e Finanças.
I - encaminhar os assuntos pertinentes a órgãos e unidades da § 1º A Academia de Polícia Civil manterá o Instituto de Crimi-
PCMG e articular o fornecimento de apoio técnico, sempre que ne- nologia como órgão de articulação científica com outros centros de
cessário;II - encarregar-se do relacionamento da PCMG com órgãos pesquisa e universidades interessados no estudo e pesquisa apli-
públicos federais, estaduais e municipais, dos diversos Poderes, e cados ao sistema de justiça criminal, com ênfase no processo da
com organismos da sociedade civil; investigação criminal e no exercício da polícia judiciária.
III - planejar, dirigir e coordenar as atividades do Gabinete e § 2º Os servidores da PCMG poderão concorrer ao credencia-
unidades a este vinculadas, mantendo o respectivo controle sobre mento para o magistério policial.
os documentos e atos oficiais correspondentes; § 3º Os coordenadores das áreas temáticas da matriz curricular
IV - acompanhar o desenvolvimento das atividades de comuni- da Academia de Polícia Civil, indicados pelo seu diretor, terão seus
cação social da PCMG; nomes referendados pelo Chefe da PCMG.
V - manter diálogo com os servidores da PCMG, estabelecendo § 4º O ensino, o treinamento, o recrutamento e a seleção de
permanente canal de comunicação com os representantes sindicais pessoal são privativos da Academia de Polícia Civil, que poderá de-
eleitos e associações de classe; cidir, atendidas as disposições legais, por sua terceirização, sob sua
VI - coordenar e executar atividades de atendimento e informa- supervisão, vedado o exercício dessas atividades por qualquer ou-
ção ao público e às autoridades. tro órgão ou unidade da PCMG.
§ 5º A Academia de Polícia Civil poderá credenciar órgãos ou
SEÇÃO II entidades para a realização de exames biomédicos e psicotécnicos,
DA ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL necessários à consecução de concurso público, com observância
das normas legais pertinentes.
Art. 36. A Academia de Polícia Civil tem por finalidade o de-
senvolvimento profissional e técnico-científico dos servidores da SEÇÃO III
PCMG, competindo-lhe: DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DE MINAS GERAIS
I - realizar o recrutamento, a seleção, a formação técnico-pro-
fissional e o aperfeiçoamento dos servidores da PCMG; Art. 37. O Departamento de Trânsito de Minas Gerais - Detran-
II - planejar e realizar treinamento, aperfeiçoamento e especia- -MG -, órgão executivo de trânsito do Estado, tem por finalidade di-
lização para servidores da PCMG; rigir as atividades e serviços relativos ao registro e ao licenciamento
III - realizar o acompanhamento educacional e assegurar o apri- de veículo automotor e à habilitação de condutor, nos termos do
moramento continuado de servidores da PCMG, aperfeiçoar a dou- Código de Trânsito Brasileiro, competindo-lhe:
trina, a normalização e os protocolos de atuação profissional; I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito,
IV - executar pesquisas técnico-científicas sobre métodos de in- no âmbito das respectivas atribuições;
vestigação criminal para fundamentar a edição de normas; II - planejar, executar, coordenar, normatizar, orientar, contro-
V - produzir e difundir conhecimentos acadêmicos de interesse lar, fiscalizar e avaliar as ações e atividades pertinentes ao serviço
policial e desenvolver a uniformidade de procedimentos didáticos público de trânsito que envolvam:
e pedagógicos; a) a formação e a habilitação de condutor de veículo automo-
VI - selecionar, credenciar e manter o quadro docente prepa- tor;
rado e capacitado, interna e externamente às carreiras da PCMG, b) a infração e o controle relacionados ao condutor de veículo
visando atender às especificidades das disciplinas das diversas áre- automotor;
as do conhecimento, relacionadas às funções de competência da c) a vistoria, o registro, o emplacamento, o controle e o licen-
PCMG; ciamento de veículo automotor;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
d) a remoção e guarda de veículo automotor apreendido em I - manter uniformidade de procedimentos no âmbito das uni-
razão de infração de trânsito ou por constituir objeto de crime; dades da PCMG sob sua subordinação, zelando pela eficiência das
e) o leilão de veículos apreendidos; ações técnico-científicas da investigação criminal, no âmbito de sua
f) a avaliação psicológica e o exame de aptidão física e mental atuação;
para habilitação de condutor de veículo automotor; II - incumbir o Delegado de Polícia, ou outro policial sob sua su-
g) o funcionamento de clínicas médico-psicológicas e de cen- bordinação, da realização de diligências necessárias à apuração de
tros de formação de condutores; infrações penais, por até trinta dias, propondo ao Corregedor-Geral
III - credenciar órgãos, entidades, instituições e agentes para de Polícia Civil, quando for o caso, a ampliação de competência fun-
a execução de atividades previstas na legislação de trânsito, com cional ou circunscricional;
observância das normas pertinentes; III - decidir, sem prejuízo da competência do Corregedor-Ge-
IV - vistoriar e inspecionar quanto às condições de segurança ral de Polícia Civil, sobre conflito de competência em matéria de
veicular, registrar, emplacar, selar a placa e licenciar veículos, expe- investigação criminal e exercício da polícia judiciária, bem como a
dindo os correspondentes certificados; respeito do encaminhamento, a quem de direito, de inquéritos e
V - realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, aper- procedimentos cuja instauração determinar;
feiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores, expedir e cas- IV - inspecionar, periodicamente, unidades policiais subordina-
sar a Licença de Aprendizagem, a Permissão para Dirigir e a Carteira das, mandando lavrar termo em que se consignem anotações sobre
Nacional de Habilitação; irregularidades encontradas a serem comunicadas ao Corregedor-
VI - estabelecer, em conjunto com os demais órgãos de trânsi- -Geral de Polícia Civil;
to, diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito, bem como V - remover Investigadores de Polícia e Escrivães de Polícia, a
fiscalizar, autuar e aplicar as medidas administrativas e penalidades pedido ou por permuta, nos limites de determinado Departamento
de competência do órgão conforme estabelece o Código de Trânsito de Polícia Civil, bem como propor ao Chefe da PCMG a remoção de
Brasileiro; servidores entre Departamentos de Polícia Civil;
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre aciden- VI - propor ao Chefe da PCMG a remoção de Delegados de Po-
tes de trânsito e suas causas; lícia, nos termos desta Lei Complementar, bem como controlar a
VIII - realizar investigação criminal e exercer a função de polícia distribuição de servidores em unidades da PCMG sob sua subordi-
judiciária no âmbito de sua atuação; nação;
IX - subsidiar o planejamento, a organização, a manutenção, o VII - orientar, acompanhar e supervisionar atividades gerenciais
gerenciamento e a supervisão da Escola Pública de Trânsito de Mi- executadas pelos titulares de Departamentos de Polícia Civil, Dele-
nas Gerais; gacias Regionais de Polícia Civil, Divisões Especializadas, Delegacias
X - gerenciar os bancos de dados sob sua responsabilidade e de Polícia Civil e Delegacias Especializadas, no âmbito de sua com-
assegurar a disponibilidade de informações e de acesso a dados petência;
para suporte às ações de caráter investigativo para a promoção da VIII - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades logísticas
segurança pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio; e de pessoal para a realização das atividades de polícia judiciária e
XI - coordenar, no âmbito do Estado, os registros nacionais de investigação criminal e subsidiar as atividades de suprimento de re-
condutores habilitados, de veículos, de infrações, de acidentes e es- cursos pela Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças;
tatísticas, de motores, dentre outros; IX - atuar em matérias relacionadas ao cumprimento de cartas
XII - articular-se com os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito precatórias, fornecer informações às unidades policiais de outros
para o cumprimento das normas de trânsito no Estado; entes da Federação, apoiar o cumprimento de solicitações de cap-
XIII - disponibilizar suporte técnico e logístico às Juntas Admi- tura de pessoas com ordem de prisão e oferecer suporte para a
nistrativas de Recursos de Infrações - Jaris; realização de diligências promovidas por policiais de outros entes
XIV - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades logísticas da Federação, por meio da Polinter;
e de pessoal para a realização das atividades de sua competência e X - receber, recolher e custodiar o policial civil da ativa ou apo-
subsidiar as atividades de suprimento de recursos pela Superinten- sentado, mesmo aquele que tenha sido demitido do cargo ou tenha
dência de Planejamento, Gestão e Finanças; cassada a aposentadoria em virtude de condenação, submetido a
XV - promover e orientar a realização de cursos, ações e proje- procedimento de natureza judicial ou contingenciamento de ordem
tos educativos de trânsito, sob responsabilidade de unidade especí- legal, na Casa de Custódia da Polícia Civil.
fica a ser identificada em decreto.
§ 1º Integram a estrutura do Detran-MG as Circunscrições Re- SEÇÃO V
gionais de Trânsito - Ciretrans -, subordinadas às Delegacias Regio- DA SUPERINTENDÊNCIA DE INFORMAÇÕES E INTELIGÊNCIA
nais de Polícia Civil. POLICIAL
§ 2º Poderão ser delegadas diretamente ao Detran-MG, nos
termos do regulamento, competências da Superintendência de Art. 39. A Superintendência de Informações e Inteligência Poli-
Planejamento, Gestão e Finanças, necessárias ao exercício de suas cial tem por finalidade coordenar e executar as atividades de gestão
atividades operacionais. de inteligência, por meio da captação, análise e difusão de dados,
informações e conhecimentos, competindolhe:
SEÇÃO IV I - organizar, dirigir, executar, orientar, supervisionar, norma-
DA SUPERINTENDÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO E POLÍCIA JUDICI- tizar e integrar as atividades de inteligência, visando subsidiar a
ÁRIA apuração de infrações penais, o exercício das funções de polícia
judiciária, a proteção de pessoas e a preservação das instituições
Art. 38. A Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária político-jurídicas, em assuntos de segurança interna;
tem por finalidade planejar, coordenar e supervisionar a execução II - realizar as atividades de inteligência e contrainteligência;
de investigação criminal, bem como o exercício das funções de polí- III - assessorar, orientar e informar o Chefe da PCMG sobre as-
cia judiciária, competindo-lhe: suntos de interesse institucional;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
IV - dirigir as atividades de estatística, telecomunicações e in- exercício da atividade pericial;
formática no âmbito da PCMG; VII - manter intercâmbio com órgãos e instituições relacionadas
V - realizar a gestão de bancos de dados e sistemas automatiza- às áreas técnico-científicas correspondentes;
dos em operação na PCMG; VIII - divulgar estudos e trabalhos científicos relativos a exames
VI - articular-se com unidades de inteligência de outras institui- periciais;
ções públicas; IX - propor a elaboração de convênios com órgãos e instituições
VII - disponibilizar para os Delegados de Polícia informações congêneres;
que possam subsidiar investigações criminais; X - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades logísticas e
VIII - ter acesso a dados oriundos do serviço de identificação ci- de pessoal para a realização das atividades de perícia técnica e de
vil e criminal, de registro de veículos e cadastro de condutores, para medicina legal e subsidiar as atividades de suprimento de recursos
fins notariais e de composição das informações relevantes para os pela Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças;
atos de investigação criminal e de polícia judiciária; XI - acompanhar e avaliar as atividades desenvolvidas por Peri-
IX - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades logísticas tos Criminais e por Médicos-Legistas, bem como fiscalizar o cumpri-
e de pessoal para a realização das atividades de sua competência e mento do regime do trabalho policial civil e do regime disciplinar a
subsidiar as atividades de suprimento de recursos pela Superinten- que estão sujeitos, no que for pertinente.
dência de Planejamento, Gestão e Finanças. § 1º A Superintendência de Polícia Técnico-Científica será dirigi-
Art. 40. Para os efeitos desta lei, considera-se gestão de inte- da, alternadamente, por Médico-Legista ou Perito Criminal que es-
ligência de segurança pública o conjunto de atividades que objeti- teja em atividade e no último nível da carreira, exigidos, no mínimo,
vam identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais quinze anos de efetivo exercício.
à segurança pública e produzir informações e conhecimentos que § 2º Os Peritos Criminais e os Médicos-Legistas lotados nas
subsidiem ações para prevenir, neutralizar, coibir e reprimir infra- Seções Técnicas Regionais de Criminalística, nos Postos de Perícia
ções de qualquer natureza, exceto as militares. Integrada e nos Postos Médico-Legais estão subordinados, admi-
Parágrafo único. Estão compreendidos na gestão de inteligên- nistrativamente, à Superintendência de Polícia Técnico-Científica,
cia de segurança pública os seguintes aspectos policiais, dentre ou- cabendo a esta, ainda:
tros: I - o suporte consistente no provimento dos recursos logísticos;
I - ocorrência criminal e seu desdobramento na esfera de com- II - a avaliação de desempenho operacional de Peritos Crimi-
petência da PCMG; nais e de Médicos-Legistas, em conjunto com os coordenadores das
II - registro dos atos de investigação criminal, desde a notícia Seções Técnicas Regionais de Criminalística;
sobre infração penal até o encerramento da respectiva apuração e III - a avaliação de desempenho no cumprimento de normas
sua formalização em procedimento legal; técnicas pertinentes ao exercício das funções periciais;
III - análise sobre cenário criminal e sobre a atuação policial IV - o acompanhamento das atividades desenvolvidas por Peri-
civil; tos Criminais e por Médicos-Legistas;
IV - coleta de dados para subsidiar plano, programa, projeto e V - a fiscalização a respeito do cumprimento do regime de tra-
ação governamental; balho a que estão sujeitos os Peritos Criminais e os Médicos-Legis-
V - elaboração da estatística criminal e sua análise qualitativa. tas.
§ 3º A atribuição prevista no inciso V do § 2º será exercida em
SEÇÃO VI conjunto com a chefia de Departamento.
DA SUPERINTENDÊNCIA DE POLÍCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA § 4º A perícia oficial criminal é constituída pelas carreiras de
Médico-Legista e de Perito Criminal, com formação superior especí-
Art. 41. A Superintendência de Polícia Técnico-Científica, ór- fica, detalhada em regulamento.
§ 5º O Instituto de Criminalística tem por finalidade dirigir, gerir,
gão de caráter permanente, é unidade administrativa, técnica e de
planejar, orientar, coordenar, avaliar, controlar, fiscalizar e executar
pesquisa que tem por finalidade coordenar e articular ações para a
as atividades de perícia criminal e assessorar o Superintendente de
realização de exames periciais criminais e médico-legais, promover
Polícia Técnico-Científica em assuntos pertinentes à criminalística.
estudos e pesquisas inerentes à produção de provas objetivas para
§ 6º O Instituto Médico-Legal tem por finalidade dirigir, gerir,
o suporte às atividades de investigação criminal, ao exercício da po-
planejar, orientar, coordenar, avaliar, controlar, fiscalizar e executar
lícia judiciária e ao processo judicial criminal, competindo-lhe:
as atividades pertinentes às áreas da medicina legal e da odontolo-
I - gerir, planejar, coordenar, orientar, administrar o funciona-
gia legal, bem como assessorar o Superintendente de Polícia Técni-
mento, dirigir, supervisionar, controlar e avaliar a gestão e a exe-
co-Científica nos assuntos correspondentes.
cução do serviço de perícia oficial de natureza criminal no Estado;
§ 7º A direção do Instituto Médico-Legal e do Instituto de Cri-
II - estabelecer técnicas e métodos relativos à perícia técnica minalística será exercida, respectivamente, por Médico-Legista e
e à medicina legal para maior eficiência, eficácia e efetividade dos por Perito Criminal que estejam em efetivo exercício e no último
exames periciais; nível da carreira, por proposta do Superintendente de Polícia Técni-
III - promover a articulação entre o Instituto de Criminalística co-Cientifica ao Chefe da PCMG.
e o Instituto Médico-Legal, bem como entre os demais órgãos da § 8º A chefia dos Postos de Perícia Integrada será exercida por
polícia técnico-científica, no âmbito nacional e internacional; um Perito Criminal ou Médico-Legista, a chefia das Seções Técnicas
IV - propor ao Chefe da PCMG a remoção de Médicos-Legistas Regionais de Criminalística, por um Perito Criminal e a chefia dos
e de Peritos Criminais, bem como controlar a distribuição de inte- Postos Médico-Legais, por um Médico-Legista, por proposta do Su-
grantes das referidas carreiras em unidades da PCMG; perintendente de Polícia Técnico-Científica ao Chefe da PCMG.
V - auxiliar os órgãos da administração superior, de administra- Art. 42. À Superintendência de Polícia Técnico-Científica será
ção e das unidades da PCMG, quanto à medicina legal e à perícia destinada parcela do orçamento total da PCMG compatível e ade-
técnica; quada para custear e investir na perícia oficial criminal, sem prejuí-
VI - assegurar a autonomia técnica, científica e funcional no zo de eventuais recursos oriundos de outras fontes.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 43. No exercício da atividade de perícia oficial criminal, é V - ter prioridade em qualquer serviço de transporte e comu-
assegurada autonomia técnica, científica e funcional ao Perito Cri- nicação, público e privado, quando em serviço de caráter urgente;
minal e ao Médico-Legista, cabendo-lhe a realização de perícias VI - exercer poder de polícia, inclusive a realização de busca
relacionadas à investigação criminal de competência da PCMG, no pessoal e veicular, no caso de fundadas suspeitas de prática crimi-
âmbito de inquéritos policiais, termos circunstanciados de ocorrên- nosa ou para fins de cumprimento de mandado judicial;
cia, processos, sindicâncias e demais procedimentos administrati- VII - convocar pessoas para testemunhar diligência policial;
vos, ficando vinculado operacionalmente ao Delegado responsável VIII - ter aposentadoria especial, nos termos da lei;
pela investigação criminal, na forma do Código de Processo Penal. IX - requisitar, em caso de iminente perigo público, bens ou ser-
viços, públicos ou particulares, em caráter excepcional, quando in-
SEÇÃO VII viável outro procedimento, assegurada indenização ao proprietário,
DA SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FI- em caso de dano;
NANÇAS X - ser recolhido em prisão especial, à disposição da autoridade
competente, quando sujeito a prisão antes e após a condenação
Art. 44. A Superintendência de Planejamento, Gestão e Finan- definitiva, conforme disposto no Código de Processo Penal e nos
ças tem por finalidade coordenar e executar o planejamento lo- termos da Lei federal nº 5.350, de 6 de novembro de 1967;
gístico, gerenciar o orçamento, a contabilidade e a administração XI - receber, no ato de sua primeira designação, munições e
financeira, gerir os recursos materiais e a administração de pessoal, colete balístico dentro do prazo de validade, arma de fogo, algemas
e distintivo oficial individualizado;
competindo-lhe:
XII - exercer as funções em instalações que ofereçam condições
I - elaborar a proposta orçamentária da PCMG e acompanhar
adequadas de segurança, higiene e saúde.
sua execução financeira, bem como viabilizar a prestação de contas
Parágrafo único. A carteira de identidade funcional do policial
da PCMG;
civil consignará as prerrogativas constantes nos incisos III a V do
II - coordenar, orientar e executar as atividades de administra- caput .
ção e pagamento de pessoal, expedir certidões funcionais, realizar Art. 46. O Delegado de Polícia, no exercício de sua função, tem
averbações e preparar atos de posse e de aposentadoria; ainda as seguintes prerrogativas:
III - controlar o cadastro de pessoal, a lotação e a vacância de I - expedir notificações, mandados policiais e outros atos neces-
cargos da PCMG; sários ao fiel desempenho de suas atribuições;
IV - admitir, organizar, orientar e supervisionar a prestação de II - ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em fla-
serviços terceirizados de apoio administrativo para os órgãos e uni- grante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará, no
dades da PCMG, consistentes nas atividades de conservação, lim- prazo máximo de vinte e quatro horas, a comunicação e a apresen-
peza, segurança e vigilância patrimonial, transportes, copeiragem, tação do Delegado de Polícia ao Chefe da PCMG;
reprografia, abastecimento de energia e água, manutenção de ins- III - requisitar, diretamente, de entidades públicas ou privadas,
talações e suas dependências; informações, dados cadastrais, objetos, papéis, documentos, exa-
V - guardar e manter controle de bens apreendidos ou arreca- mes e perícias necessários à instrução de inquérito policial e demais
dados que não se vinculem a inquérito policial ou termo circuns- procedimentos legais, determinando o prazo para sua apresenta-
tanciado de ocorrência e realizar os respectivos leilões, inclusive de ção, observadas as disposições legais pertinentes.
bens inservíveis para a PCMG, nas hipóteses legais, com a contabili- § 1º O Delegado de Polícia goza de autonomia e independência
zação e destinação dos recursos para manutenção da PCMG; no exercício das funções de seu cargo.
VI - coordenar o sistema de administração de material, patri- § 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
mônio e logística, inclusive adquirir, controlar e prover bens e servi- penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica,
ços para órgãos e unidades da PCMG; essenciais e exclusivas de Estado.
VII - manter a gestão de arquivo e de documentos e atuar na § 3º O cargo de Delegado de Polícia é privativo de bacharel em
preservação da memória institucional da PCMG; direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento proto-
VIII - prover a atualização, a manutenção e o abastecimento da colar dado aos magistrados, aos membros da Defensoria Pública e
frota de veículos da PCMG; do Ministério Público e aos advogados, nos termos da legislação
IX - gerenciar a elaboração e celebração dos termos de doação, específica.
Art. 47. O policial civil será afastado do exercício das funções,
convênio, contrato e instrumento congênere.
até decisão final transitada em julgado, quando for preso proviso-
riamente pela prática de infração penal, sem prejuízo de sua remu-
TÍTULO III
neração.
DO ESTATUTO DOS POLICIAIS CIVIS
§ 1º O policial civil em liberdade provisória retornará ao exer-
CAPÍTULO I cício das funções.
DAS PRERROGATIVAS § 2º No caso de condenação que não implique demissão, o po-
licial civil:
Art. 45. O policial civil goza das seguintes prerrogativas: I - será afastado a partir da decisão de mérito transitada em jul-
I - desempenhar funções correspondentes à condição hierár- gado até o cumprimento total da pena privativa da liberdade, com
quica; direito apenas a um terço de sua remuneração; ou
II - usar privativamente distintivo e documento de identidade II - perceberá a remuneração integral atribuída ao cargo, quan-
funcional, válido em todo território nacional; do permitido o exercício da função pela natureza da pena aplicada
III - ter porte livre de arma, em todo o território nacional, nos ou por decisão judicial.
termos de legislação específica; § 3º É vedado reter ou descontar vencimentos ou proventos
IV - ter livre acesso a locais públicos ou particulares sujeitos a do policial civil em decorrência de processo ou sindicância adminis-
intervenção policial, no exercício de suas atribuições, observada a trativa enquanto houver a possibilidade de recurso administrativo
legislação vigente; da decisão.

17
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 4º O afastamento a que se refere o caput compete ao Chefe V - auxílio-funeral, mediante a comprovação da execução de
da PCMG. despesas com o sepultamento de servidor, no valor de até um mês
de vencimento ou provento percebido na data do óbito;
CAPÍTULO II VI - translado ou remoção quando ferido, acidentado ou fale-
DOS DIREITOS cido em serviço;
SEÇÃO I VII - adicional de desempenho, nos termos da legislação em
DOS DIREITOS DOS POLICIAIS CIVIS vigor;
VIII - prêmio de produtividade, nos termos da legislação espe-
Art. 48. São direitos do policial civil os expressos na Constitui- cífica;
ção da República, nesta Lei Complementar e ainda: IX - décimo terceiro salário, correspondente a um doze avos
I - ter respeitado o regime do trabalho policial civil; da remuneração a que fizer jus no mês de dezembro por mês de
II - receber instrução e treinamento frequentes a respeito do exercício no respectivo ano;
uso dos equipamentos de proteção individual; X - adicional de férias regulamentares correspondente a um
III - ter assegurados os direitos da policial civil feminina, relati- terço da remuneração do servidor;
vamente à gestação, amamentação e às exigências de cuidado com XI - gratificação por risco de contágio, com a amplitude e condi-
filhos menores, nos termos de regulamento; ções estabelecidas em lei específica;
IV - ter acesso a serviços de saúde permanentes e de boa qua- XII - indenização securitária para policial civil que for vítima
lidade; de acidente em serviço que ocasione aposentadoria por invalidez
V - ter acompanhamento e tratamento especializado em caso ou morte, no valor de vinte vezes o valor da remuneração mensal
de lesões ou quando acometido de alto nível de estresse; percebida na data do acidente, até o limite de 9.993,6041 Ufemgs
VI - ter acesso à reabilitação e a mecanismos de readaptação (nove mil novecentos e noventa e três vírgula seis mil e quarenta e
na hipótese de traumas, deficiências ou doenças ocupacionais em uma Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais);
decorrência da atividade policial; XIII - percepção do valor referente à diferença de vencimento
VII - ter respeitado seus direitos e garantias fundamentais, tan- entre o seu cargo e aquele para o qual vier a ser designado para fins
to no cotidiano como em atividades de formação ou de treinamen- de substituição, nos termos de decreto;
to; XIV - auxílio-natalidade, devido pelo nascimento de filho ou
VIII - ser recolhido somente em unidade prisional própria e adoção, no valor da remuneração percebida pelo servidor na oca-
especial ou em sala especial da unidade em que sirva, sob a res- sião do nascimento ou da adoção, a ser paga à vista de certidão,
ponsabilidade do seu dirigente, quando preso em flagrante delito admitida uma única percepção no caso de pai e mãe serem dos
ou por força de decisão judicial, sendo-lhe defeso exercer atividade quadros da PCMG.
funcional ou sair da repartição sem expressa autorização do juízo a Art. 50. Ao policial civil da ativa será assegurado pelo Estado,
cuja disposição se encontre; a título de indenização para aquisição de vestimenta necessária ao
IX - ter a garantia de que todos os atos decisórios de superiores desempenho de suas funções, o valor correspondente a 40% (qua-
hierárquicos que disponham sobre punições, lotação e remoção se- renta por cento) do vencimento básico do nível I da carreira de In-
jam motivados e fundamentados; vestigador de Polícia, a ser pago anualmente no mês de abril.
X - receber equipamentos de proteção individual e mobiliários Art. 51. Salvo por imposição legal, ordem judicial ou autoriza-
adequados ao tipo de trabalho desenvolvido; ção do servidor, nenhum desconto incidirá sobre os vencimentos,
XI - ter assistência médico-hospitalar na instituição a que se re- provento ou pensão.
fere o inciso VII do § 1º do art. 17, na forma de regulamento. Parágrafo único. As reposições e indenizações em favor do erá-
Parágrafo único. Os direitos relacionados à utilização de armas rio serão descontadas em parcelas mensais de valor não excedente
de fogo e de veículos da PCMG durante o curso de habilitação técni- à décima parte dos vencimentos, provento ou pensão, salvo com-
co-profissional, ressalvada a finalidade acadêmica, são condiciona- provada má-fé, regularmente apurada em processo judicial, que
dos à qualificação e ao acompanhamento do policial civil por outro definirá o percentual do desconto.
declarado apto e designado para o exercício das funções de seu car-
go em unidade da PCMG. CAPÍTULO III
DA REMOÇÃO
SEÇÃO II
DAS INDENIZAÇÕES E DAS GRATIFICAÇÕES Art. 52. O policial civil só poderá ser removido de um município
para outro, com prévia publicação de edital, observada a existência
Art. 49. Aos integrantes das carreiras da PCMG serão atribuídas de vaga no quadro de distribuição de pessoal da PCMG e, ainda,
verbas indenizatórias e de gratificação, observados os respectivos excepcionalmente:
critérios e requisitos, em especial: I - a pedido ou por permuta;
I - ajuda de custo, em caso de remoção ex officio ou designação II - para acompanhamento de cônjuge ou companheiro com
para serviço ou estudo que importe em alteração do domicílio, no declaração de união estável, se servidor público, em caso de remo-
valor de um mês de vencimento do servidor; ção ex officio ;
II - diárias, nos termos de decreto; III - por motivo de saúde do policial civil, filhos, cônjuges, com-
III - transporte pessoal e de dependentes, em caso de remoção panheiros, pais ou irmãos com comprovada dependência financei-
ex officio, compreendidos o cônjuge ou companheiro, os filhos e os ra, e atestada a necessidade clínica e nos termos de regulamento;
enteados; IV - ex officio, no interesse do serviço policial, comprovada a
IV - gratificação por encargo de curso ou concurso, por hora- necessidade, mediante ato motivado e fundamentado;
-aula proferida em cursos, inclusive para atuação em bancas exa- V - por conveniência da disciplina.
minadoras, em processo de habilitação, controle e reabilitação de § 1º As remoções a que se referem os incisos I, II e V do caput
condutor de veículo automotor, de competência da Academia de não geram direito para o policial civil à percepção de auxílio ou
Polícia Civil ou do Detran-MG, nos termos de decreto; qualquer outra forma de indenização.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º O edital a que se refere o caput será publicado na forma e II - no prévio aviso a respeito da escala de plantão que deve ser
período definidos pelo Conselho Superior da PCMG. cumprida pelo policial civil;
§ 3º A remoção a que se refere o inciso V do caput não depen- III - no descanso, imediato e subsequente, pelo período mínimo
de de existência de vaga no quadro de distribuição de pessoal da de doze horas;
PCMG. IV - no cumprimento de carga horária semanal de trabalho de
§ 4º Na hipótese do inciso V do caput, poderá ocorrer, além quarenta horas;
da remoção, a transferência do policial civil para unidade ou órgão V - compensação financeira ou em dias de folga, nos termos de
da PCMG diverso daquele em que se encontra lotado, dentro do lei específica a ser encaminhada à Assembleia Legislativa.
mesmo município. § 3º O período em trânsito para a realização de diligências poli-
Art. 53. A remoção ou transferência de lotação de Delegado ciais em localidade diversa da lotação do policial civil, em qualquer
de Polícia por conveniência da disciplina somente ocorrerá após a região do Estado ou fora dele, considera-se como tempo efetiva-
abertura da sindicância ou processo administrativo que observarão mente trabalhado.
a ampla defesa, cabendo seu processamento à Corregedoria-Geral
de Polícia Civil, e depois de aprovada a proposta de remoção por CAPÍTULO V
maioria simples dos membros do Órgão Especial do Conselho Supe- DAS LICENÇAS, DOS AFASTAMENTOS E DAS DISPONIBILIDA-
rior da PCMG, observado o interesse da administração. DES
Art. 54. É assegurado ao policial civil, quando comprovar não SEÇÃO I
ter sido o autor da infração disciplinar, o direito de revisão do ato DAS LICENÇAS
de remoção ou transferência, com a consequente percepção dos
auxílios correspondentes, nos termos desta Lei Complementar, caso Art. 59. Conceder-se-á licença:
requeira, formalmente, a lotação na unidade de origem. I - para tratamento de saúde;
Art. 55. A remoção de Delegado de Polícia, ex officio, no inte- II - por motivo de doença em pessoa da família;
resse do serviço policial, depende da existência de vaga no quadro III - por motivo de maternidade ou paternidade, guarda ou ado-
de distribuição de pessoal da PCMG e somente ocorrerá depois de ção, nos termos da lei;
fundamentadas as razões e de aprovada a proposta de remoção por IV - por acidente em serviço;
maioria simples dos membros do Órgão Especial do Conselho Supe- V - para exercer mandato eletivo em diretoria de entidade sin-
rior da PCMG. dical representativa de carreiras policiais civis, constituída na forma
Art. 56. A remoção ex officio de policial civil durante o gozo de da Constituição do Estado, pelo período do mandato, sendo con-
férias regulamentares, férias-prêmio ou licença para tratamento de
siderada como de efetivo exercício das funções e sem prejuízo da
saúde somente produzirá efeitos após o término do afastamento.
percepção da remuneração integral do cargo.
§ 1º A licença para tratamento de saúde não impedirá a remo-
Art. 60. A licença para tratamento de saúde será concedida a
ção ex officio, desde que já iniciado o processo disciplinar.
pedido do policial civil ou ex officio, sem prejuízo dos vencimentos
§ 2º O policial civil poderá ser removido para a unidade de re-
e demais vantagens, sendo indispensável a avaliação médica.
cursos humanos da PCMG em casos de licença, afastamento ou dis-
Art. 61. O policial civil licenciado para tratamento de saúde não
ponibilidade que inviabilizem o exercício pleno das atividades por
poderá dedicar-se a qualquer atividade remunerada.
período superior a cento e oitenta dias.
Art. 62. A licença para tratamento de saúde depende de inspe-
Art. 57. A distribuição de policial civil no âmbito interno de atu-
ação da unidade policial, no mesmo município em que se encontra ção por junta médica oficial, até para o caso de prorrogação.
em exercício, pode ser determinada pelo seu titular e não implica § 1º A licença concedida dentro do prazo de sessenta dias do
remoção, desde que formalizada por ato fundamentado. término da anterior é considerada prorrogação.
§ 2º O policial civil que, no curso de doze meses imediatamente
CAPÍTULO IV anteriores ao requerimento de nova licença, houver se licenciado
DO REGIME DO TRABALHO POLICIAL CIVIL por período contínuo ou descontínuo de três meses deverá subme-
ter-se à verificação de invalidez.
Art. 58. Os ocupantes de cargos das carreiras policiais civis su- § 3º Declarada a incapacidade definitiva para o serviço, o poli-
jeitam-se ao regime do trabalho policial civil, que se caracteriza: cial civil será afastado de suas funções e aposentado, ou, se consi-
I - pela prestação de serviço em condições adversas de segu- derado apto, reassumirá o exercício das funções imediatamente ou
rança, cumprimento de jornadas normais e excepcionais, sujeito a ao término da licença.
plantões noturnos e a convocações a qualquer hora e dia, inclusive Art. 63. O policial civil acometido de doença grave definida em
durante o repouso semanal e férias, garantidas, em caso de se exce- portaria ministerial ou legislação específica será compulsoriamen-
der a carga horária prevista em lei, as compensações devidas; te licenciado, com vencimento ou remuneração integral e demais
II - pelo dever de imediata atuação, sempre que presenciar vantagens.
a prática de infração penal, independentemente da carga horária Parágrafo único. Para verificação da doença referida no caput, a
semanal de trabalho, do repouso semanal e férias, respeitadas as inspeção médica será feita obrigatoriamente por uma junta médica
normas técnicas de segurança; oficial, composta de três membros.
III - pela realização de diligências policiais em qualquer região Art. 64. A licença será convertida em aposentadoria, antes do
do Estado ou fora dele. prazo estabelecido de dois anos ininterruptos, quando assim opinar
§ 1º Na hipótese do inciso II do caput, diante da impossibilida- a junta médica, por considerar definitiva para o serviço público a
de de atuação decorrente de condições adversas, por exposição a invalidez do policial civil.
risco desproporcional à incolumidade do policial civil ou de tercei- Art. 65. A licença por motivo de doença em pessoa da famí-
ros, deverá aquele acionar apoio para o atendimento do evento. lia, não renovável no período de doze meses após a sua concessão,
§ 2º A prestação de serviço em regime de plantão implica: será concedida, com vencimentos integrais, pelo prazo máximo de
I - no efetivo exercício das funções do cargo ocupado pelo poli- noventa dias, sendo admitida a prorrogação, sem remuneração, por
cial civil em atividades de competência da PCMG; até cento e vinte dias.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º A licença a que se refere o caput somente será concedida § 4º O policial civil que tenha se afastado das funções para es-
se a assistência direta do policial civil for indispensável e não puder tudo, especialização ou aperfeiçoamento, sem prejuízo da remune-
ser dada simultaneamente com o exercício do cargo. ração ou com ônus para a PCMG, ficará obrigado a prestar serviços
§ 2º O requerimento da licença por motivo de doença em pes- pelo menos por mais três anos após o período do afastamento ou a
soa da família deverá ser instruído com laudo expedido por junta ressarcir o Estado da importância despendida, inclusive com o cus-
médica oficial. teio da viagem, em conformidade com o disposto em regulamento.
§ 3º Considera-se, para o efeito deste artigo, como pessoa da § 5º Na hipótese de afastamento para participar de curso, con-
família, pais, filhos, cônjuge ou companheiro com declaração de gresso ou seminário no exterior ou para frequentar curso no País
união estável, para a qual seja indispensável a assistência pessoal em prazo superior a seis meses, o policial civil dependerá de autori-
do policial civil e esta não possa ser prestada simultaneamente com zação do Governador do Estado.
o exercício de suas funções. Art. 69. O policial civil afastado não pode exercer nenhuma de
Art. 66. Será concedida licença por acidente em serviço, sem suas funções, ou outra, pública ou particular, diversa da que moti-
prejuízo dos vencimentos e vantagens inerentes ao exercício do car- vou o ato, sob pena de cassação do ato de afastamento e do ime-
go, pelo prazo máximo de dois anos, observado o seguinte: diato retorno às atividades.
I - configura acidente em serviço o dano físico ou mental que Art. 70. O policial civil poderá, ainda, afastar-se das funções do
se relacione, mediata ou imediatamente, com as funções exercidas; cargo para:
II - equipara-se ao acidente em serviço o dano decorrente de I - exercer cargo público eletivo;
agressão sofrida no exercício funcional, bem como o dano sofrido II - concorrer a cargo público eletivo;
em trânsito a ele pertinente; III - exercer cargo:
III - caso o acidentado em serviço necessite de tratamento es- a) de Secretário de Estado, de Secretário Adjunto ou de Subse-
pecializado comprovadamente não disponível em instituição públi- cretário na Secretaria de Estado de Defesa Social ou cargos corres-
ca, poderá ter tratamento em instituição privada à conta de recur- pondentes na Controladoria-Geral do Estado;
sos da PCMG, desde que recomendado por junta médica oficial; b) de direção da Polícia Federal;
IV - a prova do acidente deverá ser feita no prazo de trinta dias c) de Ministro de Estado;
contado de sua ocorrência, prorrogável quando as circunstâncias o d) de direção da Agência Brasileira de Informação - Abin;
exigirem, na forma de regulamento. IV - tratar de interesses particulares, pelo prazo máximo de dois
Parágrafo único. Aplicam-se à licença por acidente em serviço anos.
as disposições pertinentes à licença para tratamento de saúde. § 1º Não será concedido, nas hipóteses previstas nos incisos III
e IV do caput, o afastamento de policial civil submetido a processo
SEÇÃO II administrativo disciplinar, que esteja em estágio probatório ou que
DOS AFASTAMENTOS E DAS DISPONIBILIDADES reúna as condições previstas para aposentadoria.
§ 2º O estágio probatório será interrompido nas hipóteses de
Art. 67. Sem prejuízo da remuneração, o policial civil poderá afastamento previstas nos incisos I e II do caput .
afastar-se de suas funções, por oito dias consecutivos, por motivo § 3º Na hipótese de afastamento prevista no inciso III do caput,
de: o policial civil deverá optar pela percepção dos vencimentos e van-
I - casamento; tagens de uma das funções públicas exercidas.
II - falecimento de cônjuge ou companheiro, ascendente, des- § 4º O afastamento previsto no inciso IV do caput não será
considerado como efetivo exercício e dar-se-á sem vencimentos e
cendente, ou irmão.
vantagens.
Parágrafo único. No caso do inciso I do caput, o policial civil
§ 5º O afastamento do policial civil para concorrer a cargo pú-
comunicará seu afastamento, com antecedência, ao Delegado de
blico eletivo dar-se-á sem prejuízo da percepção de vencimentos e
Polícia ou ao titular da unidade a que esteja subordinado.
vantagens, na forma da Lei Complementar federal nº 64, de 18 de
Art. 68. O Chefe da PCMG poderá conceder afastamento ao po-
maio de 1990.
licial civil, sem prejuízo da remuneração:
§ 6º Na hipótese do exercício de mandato eletivo, o policial civil
I - para frequentar cursos relacionados com o exercício das fun-
não poderá exercer, no âmbito da PCMG, cargos de direção, chefia,
ções do cargo ocupado pelo policial civil, pelo prazo de três meses,
assessoramento e coordenação, observado o disposto no inciso IX
prorrogável até o máximo de três meses;
do art. 29 e no art. 38 da Constituição da República.
II - para participar de congressos, seminários ou encontros re-
lacionados com o exercício da função, pelo prazo estabelecido no CAPÍTULO VI
ato que o autorizar § 1º O afastamento a que se refere o inciso I DA APOSENTADORIA, DOS PROVENTOS E DA PENSÃO ESPE-
do caput não será concedido ao policial civil em estágio probatório CIAL
ou que esteja submetido a sindicância ou processo administrativo SEÇÃO I
disciplinar. DA APOSENTADORIA
§ 2º O afastamento previsto nos incisos I e II do caput obriga ao
atendimento dos interesses institucionais, à apresentação de rela- Art. 71. O policial civil será aposentado:
tório circunstanciado e certificados que comprovem as atividades I - compulsoriamente;
desenvolvidas. II - voluntariamente;
§ 3º O policial civil que não comprovar o aproveitamento da III - por invalidez.
atividade desempenhada, na forma do § 2º, nos trinta dias subse- § 1º A aposentadoria compulsória do policial civil ocorre aos
quentes ao seu término, perderá o direito de computar o tempo de setenta anos de idade, nos termos da Constituição da República.
afastamento como tempo de serviço. § 2º É adotado regime especial de aposentadoria, nos termos
dos incisos II e III do § 4º do art. 40 da Constituição da República,
para o policial civil, cujo exercício é considerado atividade de risco.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 3º A aposentadoria por invalidez será sempre precedida de SEÇÃO III
licença por período não excedente a dois anos, salvo quando o lau- DA PENSÃO ESPECIAL
do médico concluir, anteriormente àquele prazo, pela incapacidade
definitiva para o serviço. Art. 74. À família do policial civil que falecer em consequência
Art. 72. O policial civil será aposentado voluntariamente, inde- de acidente no desempenho de suas funções ou de ato por ele pra-
pendentemente da idade: ticado no estrito cumprimento do dever é assegurada pensão espe-
I - se homem, após trinta anos de contribuição, desde que con- cial, que não poderá ser inferior ao vencimento e demais vantagens
te, pelo menos, vinte anos de efetivo exercício nos cargos das car- que percebia à época do evento.
reiras a que se refere o art. 76; Parágrafo único. A pensão especial de que trata o caput será
II - se mulher: reajustada nas mesmas bases do reajustamento que for concedido
a) após trinta anos de contribuição, desde que conte, pelo me- à remuneração do cargo equivalente.
nos, vinte anos de efetivo exercício nos cargos das carreiras a que Art. 75. Disposições relativas à concessão de pensão especial e
se refere o art. 76; seus beneficiários serão tratadas em lei específica.
b) após vinte e cinco anos de contribuição e de efetivo exercício
nos cargos das carreiras a que se refere o art. 76. TÍTULO IV
§ 1º Considera-se no efetivo exercício dos cargos das carreiras DAS CARREIRAS POLICIAIS CIVIS
a que se refere o art. 76 a execução de funções de cargo comissio- CAPÍTULO I
nado da PCMG para o qual tenha sido nomeado ou designado o DISPOSIÇÕES GERAIS
policial civil.
§ 2º Para a obtenção do prazo mínimo de efetivo exercício nos Art. 76. As carreiras policiais civis são as seguintes:
cargos das carreiras policiais civis, poderá ser considerado o tempo I - Delegado de Polícia;
de serviço prestado como militar integrante dos quadros da Polícia II - Escrivão de Polícia;
Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, III - Investigador de Polícia;
bem como de instituições congêneres de outros estados da Fede- IV - Médico-Legista;
ração. V - Perito Criminal.
Parágrafo único. Integram ainda o quadro de pessoal da PCMG
SEÇÃO II as carreiras administrativas, instituídas na forma de lei específica.
DOS PROVENTOS Art. 77. A estrutura das carreiras de que trata o art. 76 e o nú-
mero de cargos de cada uma delas são os constantes no Anexo I
Art. 73. O policial civil, ao ser aposentado, perceberá provento: desta Lei Complementar.
I - integral: Art. 78. Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se:
a) se contar com tempo para a aposentadoria especial; I - carreira o conjunto de cargos de provimento efetivo agrupa-
b) se for julgado, mediante laudo de junta médica oficial, in- dos segundo sua natureza e complexidade e estruturados em níveis
capaz para o desempenho de suas atividades, em decorrência e graus, escalonados em função do grau de responsabilidade e das
de acidente no serviço ou por moléstia profissional ou alienação atribuições da carreira;
mental, artrite reumatoide, lúpus eritematoso disseminado (sis- II - cargo de provimento efetivo a unidade de ocupação funcio-
têmico), pênfigo foliáceo, cegueira, estados avançados da doença nal do quadro de pessoal privativa de servidor público aprovado em
de Paget (osteíte deformante), paralisia irreversível e incapacitan- concurso, com criação, remuneração e quantitativo definidos em lei
te, cardiopatia grave, esclerose múltipla, hanseníase, tuberculose ordinária, e, ainda, com atribuições, responsabilidades, direitos e
ativa, nefropatia grave, contaminação por radiação, síndrome de deveres de natureza estatutária estabelecidos em Lei Complemen-
imunodeficiência adquirida, fibrose cística (mucoviscidose), doença tar;
de Parkinson, neoplasia maligna, espondilartrose ancilosante, he- III - quadro de pessoal o conjunto de cargos de provimento efe-
patopatia grave ou doença que o invalide inteiramente, qualquer tivo e de provimento em comissão de órgão ou de entidade;
que seja o tempo de serviço; IV - nível a posição do servidor no escalonamento vertical den-
II - proporcional, à razão de tantas quotas de 1/30 (um trinta tro da mesma carreira, contendo cargos escalonados em graus, com
avos) do vencimento básico quantos forem os anos de serviço, nos os mesmos requisitos de capacitação e mesma natureza, complexi-
demais casos. dade, atribuições e responsabilidades;
§ 1º Ao policial civil aposentado em razão de invalidez perma- V - grau a posição do servidor no escalonamento horizontal no
nente, considerado incapaz para o exercício de serviço de natureza mesmo nível de determinada carreira.
policial civil, em consequência de acidente no desempenho de suas Art. 79. As atribuições dos cargos de provimento efetivo que
funções ou de ato por ele praticado no cumprimento do dever pro- integram as carreiras policiais civis são essenciais, próprias e típicas
fissional, é assegurado o pagamento mensal de auxílio-invalidez, de de Estado, têm natureza especial e caráter técnico-científico-jurídi-
valor igual à remuneração de igual nível, incorporado ao seu pro- co para a carreira de Delegado de Polícia e caráter técnico-científico
vento para todos os fins. para as demais, derivados da aplicação dos conhecimentos das ci-
§ 2º O provento integral a que se refere o inciso I do caput ências humanas, sociais e naturalísticas, na forma da Constituição
corresponderá à totalidade da remuneração do cargo efetivo em da República.
que se deu a aposentadoria e será reajustado, na mesma data e em § 1º Ao policial civil são conferidas, além das atribuições es-
idêntico percentual, sempre que se modificar, a qualquer título, a pecíficas de seus cargos estipuladas no Anexo II desta Lei Comple-
remuneração dos policiais civis em atividade, sendo estendido ao mentar, as funções de polícia judiciária e de investigação criminal
policial civil aposentado todo benefício ou vantagem posteriormen- para o estabelecimento das causas, circunstâncias, motivos, autoria
te atribuídos ao cargo ou função em que se deu a aposentadoria, e materialidade das infrações penais, administrativas e disciplina-
inclusive os decorrentes de transformação ou reclassificação do res, inclusive os atos de formalização em inquérito policial, termo
cargo ou função em que se deu a aposentadoria, nos termos da circunstanciado de ocorrência, laudos periciais ou outros procedi-
Constituição da República. mentos, instrumentos e atos oficiais, incumbindo-lhe ainda:

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I - realizar busca pessoal e veicular, no caso de fundada suspeita 139 da Constituição do Estado, ressalvado aquele exercido pelos
de prática de infração penal ou de cumprimento de mandados, bem titulares de unidades na esfera da Superintendência de Polícia Téc-
como efetuar prisões; nico-Científica, do Instituto Médico-Legal, do Instituto de Crimina-
II - exercer atividades relativas à gestão científica de dados, de lística e do Hospital da Polícia Civil.
inteligência, de informações e de conhecimentos pertinentes à ati- § 1º A hierarquia e a disciplina são valores de integração e oti-
vidade investigativa; mização das atribuições dos cargos e competências organizacionais
III - desenvolver conteúdo pedagógico e disseminar conheci- pertinentes às atividades da PCMG e objetivam assegurar a unidade
mentos em cursos realizados pela Academia de Polícia Civil; técnico-científica da investigação criminal.
IV - operar os sistemas corporativos, registrar informações, ela- § 2º A hierarquia constitui instrumento de controle e eficácia
borar estudos de suporte a decisão, bem como alimentar os pro- dos atos operacionais, com a finalidade de sustentar a disciplina e a
gramas e as fontes de informações de sua unidade, mantendo-os ética e de desenvolver o espírito de mútua cooperação em ambien-
atualizados, na forma designada; te de estima, harmonia, confiança e respeito.
V - exercer funções pertinentes à identificação civil e criminal § 3º A disciplina norteia o exercício efetivo das atribuições fun-
e ao registro e licenciamento de veículo automotor e à habilitação cionais em face das disposições legais e das determinações funda-
de condutor; mentadas e emanadas da autoridade competente, estimulando a
VI - cumprir, fazer cumprir e executar as determinações e dire- cooperação, o planejamento sistêmico, a troca de informações, o
trizes superiores e atividades de competência da unidade em que compartilhamento de experiências e a desburocratização das ativi-
tenha exercício para o cumprimento das funções da PCMG; dades policiais civis.
VII - sistematizar elementos e informações para fins de apura- § 4º O regime hierárquico não autoriza imposições sobre o con-
ção das infrações penais, administrativas e disciplinares; vencimento do policial civil, desde que devidamente fundamenta-
VIII - formalizar relatórios sobre os resultados das ações poli- do, ficando garantida sua autonomia nas respostas às requisições.
ciais civis, diligências e providências adotadas no curso das inves- § 5º Para fins de elaboração da política de remuneração das
tigações; carreiras a que se refere o art. 76, o princípio da hierarquia será
IX - conduzir, no exercício da função policial civil, veículos ofi- gradativamente aplicado.
ciais, inclusive aeronaves e embarcações, para os quais esteja ha- § 6º Não há subordinação hierárquica entre o Escrivão de Polí-
bilitado; cia, o Investigador de Polícia, o Médico-Legista e o Perito Criminal.
X - atuar no desenvolvimento e no aperfeiçoamento das técni- Art. 82. A carga horária semanal de trabalho dos policiais civis
cas de trabalho; é de quarenta horas, vedado o cumprimento de jornada diária su-
XI - observar os prazos e formas estabelecidos para a elabora- perior a oito horas e em regime de plantão superior a doze horas
ção e entrega de documentos oficiais produzidos em decorrência ininterruptas, salvo, em caráter excepcional, para a conclusão de
de suas atribuições, justificando formalmente os casos de impos- determinada atividade policial civil.
sibilidade; § 1º O Chefe da PCMG, mediante aprovação do Conselho Su-
XII - realizar a proteção, a guarda e o registro formal da mo- perior da PCMG poderá estabelecer regras complementares para
vimentação cronológica de procedimentos, documentos, substân- cumprimento da jornada de trabalho dos policiais civis.
cias, objetos, bens e valores arrecadados ou apreendidos, mediante § 2º O funcionamento do plantão de Delegacias de Polícia Civil
recibo, durante o período em que com eles permanecer; ocorrerá no período noturno, finais de semana e feriados, nos ter-
XIII - colaborar com o fornecimento de dados e informações mos de instrução do Conselho Superior da PCMG.
para a realização de estatísticas da unidade policial, na redação de § 3º Aplica-se o disposto neste artigo aos servidores da PCMG
ofícios e expedientes de interesse administrativo e no controle, ar-
que, na data da publicação desta Lei Complementar, forem deten-
quivamento e organização de folhas e atestados de frequência, do-
tores de função pública.
cumentos e formulários do respectivo setor.
§ 2º Para o desempenho de suas funções, o Delegado de Polícia
CAPÍTULO II
disporá dos serviços e recursos técnico-científicos da PCMG e dos
DO INGRESSO
servidores e policiais civis a ele subordinados, podendo requisitar,
observadas as limitações legais, quando necessário, o auxílio de
Art. 83. O ingresso nas carreiras a que refere o art. 76 depende
unidades e órgãos do Poder Executivo.
de aprovação em concurso público de provas e títulos, e dar-se-á no
§ 3º A coleta de vestígios em locais de crime compete, com
primeiro grau do nível inicial da carreira.
primazia, ao Perito Criminal, assegurada a máxima preservação por
parte daqueles que primeiro chegarem ao local, o qual, depois de § 1º Caberá privativamente à Academia de Polícia Civil a rea-
liberado, sujeita-se à análise dos Investigadores de Polícia para a lização:
obtenção de outros elementos que possam subsidiar a investigação I - na forma do edital, do concurso público a que se refere o
criminal. caput, admitida a terceirização, no todo ou em parte, sob supervi-
§ 4º O exercício das atribuições dos cargos das carreiras a que são da Academia da Polícia Civil;
se refere o art. 76 é incompatível com qualquer outra atividade, II - nas condições estabelecidas em regulamento, do curso de
com exceção daquelas previstas na legislação. formação técnico-profissional.
Art. 80. Os cargos das carreiras a que se refere o art. 76 são § 2º O candidato aprovado nas etapas a que se refere o caput
lotados no quadro de pessoal da PCMG. do art. 84 será, depois da nomeação e posse, matriculado automa-
Parágrafo único. São vedadas a mudança de lotação dos cargos ticamente no curso de formação técnico-profissional, fazendo jus
das carreiras a que se refere o art. 76 e a transferência de seus ocu- à percepção do valor correspondente à remuneração atribuída ao
pantes para os demais órgãos e entidades da administração pública. primeiro grau do nível inicial da carreira para a qual tenha se can-
Art. 81. As carreiras policiais civis obedecem à ordem hierárqui- didatado.
ca estabelecida entre os níveis que as compõem, mantido o poder Art. 84. O concurso público para ingresso em cargo das carrei-
hierárquico e disciplinar do Delegado de Polícia, nos termos do art. ras policiais civis é constituído das seguintes etapas:

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I - provas e títulos; CAPÍTULO III
II - exame psicotécnico para avaliar os aspectos de cognição, DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
aptidões específicas e características de personalidade adequadas
para o exercício do cargo pretendido; Art. 87. O policial civil submeter-se-á a estágio probatório, pelo
III - exames biomédicos para aferir a higidez física e mental; prazo de três anos, a partir do ato da posse, durante o qual será ava-
IV - exames biofísicos, por testes físicos específicos, para apurar liada, em caráter permanente, sua aptidão para fins de declaração
as condições para o exercício profissional e a existência de deficiên- de estabilidade na carreira.
cia física que o incapacite para o exercício da função; Parágrafo único. Na avaliação a que se refere o caput, serão
V - investigação social para verificar a idoneidade do candidato, observados, entre outros critérios estabelecidos em regulamento:
sob os aspectos moral, social e criminal. I - idoneidade moral;
§ 1º As etapas previstas nos incisos II a V do caput, de caráter II - conduta compatível com as atribuições do cargo;
eliminatório, serão realizadas para os aprovados na etapa prevista III - dedicação no cumprimento dos deveres e das atribuições
no inciso I. do cargo;
§ 2º A etapa a que se refere o inciso I do caput, de caráter eli- IV - eficiência, pontualidade, assiduidade e comprometimento
minatório e classificatório, poderá ser constituída de prova objetiva no desempenho de suas atribuições;
de múltipla escolha, prova escrita discursiva e títulos para todos os V - presteza e segurança na atuação profissional;
cargos, além de prova oral para o cargo de Delegado de Polícia e de VI - referências em razão da atuação funcional;
digitação para Escrivão de Polícia, devendo ser satisfeitos os demais VII - publicação de livros, teses, estudos e artigos, premiação,
requisitos e exigências estabelecidos em regulamento e no edital concessões de comendas, títulos e condecorações;
do concurso. VIII - contribuição para a melhoria dos serviços da instituição;
§ 3º As regras do concurso serão publicadas em edital, que de- IX - integração comunitária no que estiver afeto às atribuições
verá conter: do cargo;
I - o número de vagas existentes; X - frequência e a avaliação em cursos promovidos pela PCMG.
II - as matérias sobre as quais versarão as provas e os respecti- Art. 88. O policial civil, no período do estágio probatório, será
vos programas; avaliado por comissão de acompanhamento e avaliação especial de
III - o desempenho mínimo exigido para aprovação nas provas; desempenho composta por policiais civis estáveis, instituída por ato
IV - os critérios de avaliação dos títulos; do Chefe da PCMG.
V - o caráter eliminatório e classificatório de cada etapa do con- § 1º A comissão a que se refere o caput será composta:
curso; I - para a carreira a que se refere o inciso I do art. 76, por um
Delegado de Polícia da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, por um
VI - os requisitos para a inscrição, com exigência mínima de
Delegado de Polícia da Superintendência de Investigação e Polícia
comprovação pelo candidato:
Judiciária e por um Delegado de Polícia da Academia de Polícia Civil;
a) da escolaridade exigida para a nomeação;
II - para as carreiras a que se referem os incisos II a V do art. 76,
b) de estar no gozo dos direitos políticos;
por um Delegado de Polícia da Corregedoria-Geral de Polícia Civil,
c) de estar em dia com as obrigações militares, se do sexo mas-
por um Delegado de Polícia da Superintendência de Investigação e
culino.
Polícia Judiciária, por um Delegado de Polícia da Academia de Po-
§ 4º O concurso para ingresso na carreira de Delegado de Po-
lícia Civil e por um ocupante da carreira do policial civil, de nível
lícia far-se-á, nas provas de conhecimento, com a participação da
da carreira superior àquele em que estiver posicionado o servidor
Ordem dos Advogados do Brasil. avaliado.
Art. 85. O ingresso em cargo das carreiras a que se refere o art. § 2º A permanência na carreira e a estabilidade do policial civil
76, a realizar-se conforme o disposto no art. 83, depende da com- serão deliberadas pelo Conselho Superior da PCMG.
provação de habilitação mínima em nível superior: Art. 89. O Corregedor-Geral de Polícia Civil poderá, a qualquer
I - correspondente a graduação em direito, para ingresso na tempo do estágio probatório, ex officio ou mediante provocação,
carreira de Delegado de Polícia; impugnar, fundamentadamente, a permanência do policial civil no
II - correspondente a graduação em medicina, para ingresso na cargo efetivo de carreira para o qual foi nomeado.
carreira de Médico-Legista; Parágrafo único. Fica suspenso, até o definitivo julgamento da
III - conforme definido no edital do concurso público, para in- impugnação a que se refere o caput, o período de estágio probató-
gresso nas carreiras de Escrivão de Polícia, de Investigador de Polí- rio do policial civil.
cia e de Perito Criminal. Art. 90. O Corregedor-Geral de Polícia Civil, em até noventa
Parágrafo único. Para fins do disposto nesta Lei Complementar, dias antes do término do estágio probatório, apresentará
considera-se nível superior a formação em educação superior, que ao Conselho Superior da PCMG parecer sobre a homologação
compreende curso ou programa de graduação, na forma da Lei de de estágio probatório de policial civil.
Diretrizes e Bases da Educação. § 1º A proposta de homologação de estágio probatório implica
Art. 86. Constitui motivo para a exclusão do candidato, durante a expedição da declaração de estabilidade do policial civil.
o concurso, a verificação das seguintes ocorrências, mediante inves- § 2º Quando o Conselho Superior da PCMG decidir, em caráter
tigação social, assegurada ampla defesa: definitivo, pela maioria simples de seus membros, pela não homo-
I - a constatação de incapacidade moral, física ou inaptidão logação do estágio probatório do policial civil no cargo efetivo para
para o cargo almejado; o qual foi nomeado, o Chefe da PCMG proporá a sua exoneração,
II - o envolvimento em fato que o comprometa moral ou pro- mediante conclusão de processo administrativo próprio, assegura-
fissionalmente; dos o contraditório e a ampla defesa.
III - o registro de antecedentes criminais, a demissão de outra Art. 91. Ao Chefe da PCMG compete o ato declaratório de es-
instituição policial, bem como a omissão desses dados na ficha de tabilidade, no qual constará a nova condição do policial civil para o
informações destinada à investigação social. desenvolvimento na carreira.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPÍTULO IV V - comprovar a escolaridade mínima exigida para o nível ao
DO DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA qual pretende ser promovido.
§ 6º A promoção por merecimento observará, além do previsto
Art. 92. O desenvolvimento do policial civil nas carreiras a que no § 5º, critérios objetivos que levem em conta desempenho e ca-
se refere o art. 76 dar-se-á mediante progressão ou promoção. pacitação profissional, os quais serão regulamentados por decreto.
Parágrafo único. Decreto disporá sobre as regras de desenvolvi- § 7º O limite de vagas por nível para a promoção nas carreiras
mento do policial civil nas carreiras a que se refere o art. 76, obser- de Delegado de Polícia, de Médico-Legista e de Perito Criminal é o
vados os requisitos estabelecidos nesta Lei Complementar. constante no Anexo I desta Lei Complementar.
Art. 93. Progressão é a passagem do policial civil do grau em § 8º O limite de vagas por nível para a promoção nas carreiras
que se encontra para o grau subsequente, no mesmo nível da car- de Escrivão de Polícia e de Investigador de Polícia será definido na
reira a que pertence. forma de decreto.
§ 1º A progressão do policial civil posicionado até o penúltimo § 9º O posicionamento do policial civil no nível para o qual for
nível hierárquico da carreira está condicionada ao preenchimento promovido dar-se-á no primeiro grau cujo vencimento básico seja
dos seguintes requisitos: superior ao percebido pelo policial civil no momento da promoção,
I - encontrar-se em efetivo exercício; ressalvada a promoção para o último nível, cujo posicionamento
II - ter cumprido o interstício mínimo de um ano de efetivo ocorrerá no grau “A”, garantida a irredutibilidade remuneratória,
exercício no mesmo grau; nos termos da Constituição da República.
III - ter recebido avaliação periódica de desempenho individual Art. 95. O Delegado de Polícia será promovido de Delegado de
satisfatória durante o período aquisitivo, nos termos do § 3º do art. Polícia Substituto para Delegado de Polícia Titular “A” após a publi-
31 da Constituição do Estado. cação da declaração de estabilidade.
§ 2º A progressão do policial civil do grau “A” do último nível Art. 96. Farão jus a promoção especial, a que se refere a alínea
hierárquico da carreira para o grau subsequente está condicionada “a” do inciso I do § 1º do art. 94, o Escrivão de Polícia e o Investiga-
ao preenchimento dos seguintes requisitos: dor de Polícia que preencherem os seguintes requisitos:
I - ter cumprido os requisitos para a aposentadoria especial, a I - estar em efetivo exercício;
que se refere o § 2º do art. 71; II - ter permanecido no mesmo nível da respectiva carreira pelo
II - ter cumprido um ano de efetivo exercício no último nível prazo de oito anos de efetivo exercício;
hierárquico da carreira a que pertence; III - ter obtido resultado satisfatório nas avaliações de desem-
III - ter recebido avaliação periódica de desempenho individual penho individual durante o período aquisitivo, nos termos do § 3º
satisfatória no último nível hierárquico da carreira a que pertence; do art. 31 da Constituição do Estado;
IV - ter requerido a aposentadoria, em caráter irretratável, e ter IV - comprovar participação e aprovação em atividades de
se beneficiado da faculdade prevista no § 24 do art. 36 da Consti- aperfeiçoamento.
tuição do Estado. Art. 97. Após a conclusão do estágio probatório, o policial civil
Art. 94. Promoção é a passagem do policial civil do nível em que considerado apto será posicionado no grau “D” do nível de ingresso
se encontra para o nível subsequente, na carreira a que pertence. na carreira, ressalvado o disposto no art. 95.
§ 1º A promoção dar-se-á: Art. 98. A contagem do prazo para fins da segunda promoção
I - por antiguidade, conforme os seguintes critérios: terá início após a conclusão e homologação do estágio probatório,
desde que o policial civil tenha sido aprovado.
a) especial;
Art. 99. Perderá o direito à progressão e à promoção o policial
b) aposentadoria;
civil que, no período aquisitivo:
II - por merecimento, conforme os seguintes critérios:
I - sofrer punição disciplinar em que seja suspenso por trinta
a) mérito profissional;
dias ou mais;
b) por ato de bravura;
II - afastar-se das funções específicas de seu cargo, excetuados
III - por invalidez;
os casos previstos como de efetivo exercício nas normas estatutá-
IV - post mortem .
rias vigentes e em legislação específica.
§ 2º A promoção pelos critérios alternados de antiguidade e
§ 1º É assegurado ao policial civil absolvido em processo admi-
merecimento ocorrerá, anualmente, nos meses de junho e dezem- nistrativo ou reabilitado o direito de computar o tempo de suspen-
bro, na forma de regulamento. são a que se refere o inciso I do caput como período aquisitivo para
§ 3º Os períodos previstos no § 2º podem se aplicar para a pro- fins de progressão e de promoção.
moção por ato de bravura e para a promoção especial. § 2º Na hipótese prevista no inciso II do caput, o afastamento
§ 4º As promoções por invalidez, post mortem e por aposenta- ensejará a suspensão do período aquisitivo para fins de promoção e
doria poderão ocorrer em qualquer época do ano e independem da progressão, contando-se, para tais fins, o período anterior ao afas-
existência de vagas. tamento, desde que tenha sido concluída a respectiva avaliação pe-
§ 5º Fará jus à promoção por merecimento e por antiguidade o riódica de desempenho individual.
policial civil que atender às exigências estabelecidas em regulamen- Art. 100. As promoções previstas no § 1º do art. 94 terão requi-
to e preencher os seguintes requisitos: sitos definidos na forma de decreto.
I - encontrar-se em efetivo exercício; Art. 101. Para desempate no processo de promoção, serão apu-
II - ter cumprido o interstício mínimo de dois anos de efetivo rados, sucessivamente:
exercício no mesmo nível; I - a maior média de resultados obtidos nas avaliações de de-
III - ter recebido no mínimo duas avaliações periódicas de de- sempenho no respectivo período aquisitivo;
sempenho individual satisfatórias desde a sua promoção anterior, II - o maior tempo de serviço no nível;
nos termos das normas legais pertinentes e do § 3º do art. 31 da III - o maior tempo de serviço na carreira;
Constituição do Estado; IV - o maior tempo no serviço público estadual;
IV - comprovar participação e aprovação em atividades de V - o maior tempo em serviço público;
aperfeiçoamento; VI - o policial civil de maior idade.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 102. As atividades acadêmicas para o desenvolvimento do VI - para vinte e cinco AEDs e ADIs com resultado satisfatório:
policial civil na carreira serão promovidas pela Academia de Polícia 50% (cinquenta por cento);
Civil ou qualquer outra instituição de ensino reconhecida pelo Mi- VII - para trinta AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 60%
nistério da Educação. (sessenta por cento).
§ 1º O policial civil que fizer jus à percepção do ADE continu-
CAPÍTULO V ará percebendo o adicional no percentual adquirido até atingir o
DO ADICIONAL DE DESEMPENHO número necessário de AEDs e ADIs com resultado satisfatório para
alcançar o nível subsequente definido nos incisos do caput .
Art. 103. O Adicional de Desempenho - ADE - constitui vanta- § 2º O valor do ADE não será cumulativo, devendo o percentual
gem remuneratória concedida mensalmente ao policial civil que apurado a cada nível substituir o percentual anteriormente perce-
tenha ingressado no serviço público após a publicação da Emenda bido pelo policial civil.
à Constituição nº 57, de 15 de julho de 2003, ou que tenha feito a § 3º O policial civil que não for avaliado, por estar totalmente
opção prevista no art. 115 do Ato das Disposições Constitucionais afastado de suas atividades por mais de cento e vinte dias, devido a
Transitórias da Constituição do Estado e que cumprir os requisitos problemas de saúde, terá o resultado de sua AED ou ADI fixado em
estabelecidos nesta Lei Complementar. 70% (setenta por cento), enquanto perdurar essa situação.
§ 1º O valor do ADE será determinado a cada ano, levando-se § 4º Se o afastamento previsto no § 3º for decorrente de aci-
em conta o número de avaliações de desempenho individual - ADIs dente de serviço ou de doença profissional, o policial civil estável
- e de avaliações especiais de desempenho - AEDs - satisfatórias ob- permanecerá com o resultado da sua última AED ou ADI, se este for
tidas pelo policial civil. superior a 70% (setenta por cento).
§ 2º A ADI e a AED serão realizadas em conformidade com ins- § 5º Ao policial civil submetido a readaptação de função, a ou-
trução do Conselho Superior da PCMG.
tras restrições decorrentes de problemas de saúde, ou que tenha
§ 3º O policial civil da ativa que fizer a opção a que se refere
sofrido acidente no exercício de suas atividades, serão asseguradas,
o caput fará jus ao ADE a partir do exercício subsequente, desde
pelo Chefe da PCMG, condições especiais para a realização da AED
que obtenha resultado satisfatório na ADI realizada no ano em que
e da ADI, observadas suas limitações.
manifestar a referida opção.
§ 4º A partir da data da opção pelo ADE, não serão concedidas § 6º O policial civil afastado do exercício de suas funções por
novas vantagens por tempo de serviço ao policial civil, asseguradas mais de cento e vinte dias, contínuos ou não, durante o período
aquelas já concedidas. considerado para a AED e para a ADI não será avaliado, quando o
§ 5º O somatório de percentuais de ADE e de adicionais por afastamento for devido a:
tempo de serviço, na forma de quinquênio ou trintenário, não po- I - licença para tratar de interesse particular, sem vencimento;
derá exceder a 90% (noventa por cento) do vencimento básico do II - ausência, conforme a legislação civil;
policial civil. III - privação ou suspensão de exercício de cargo ou função, nos
§ 6º O policial civil poderá utilizar, para fins de aquisição do casos previstos em lei;
ADE, o período anterior à sua opção por esse adicional, que será IV - cumprimento de sentença penal ou de prisão judicial, sem
considerado de resultado satisfatório, salvo o período já computa- o exercício das funções;
do para obtenção de adicional por tempo de serviço na forma de V - exercício temporário de cargo público de outra esfera de
quinquênio. governo.
Art. 104. São requisitos para a obtenção do ADE: Art. 106. O ADE será incorporado aos proventos do policial civil
I - a conclusão do estágio probatório pelo policial civil; quando de sua aposentadoria, em valor correspondente a um per-
II - ter obtido resultado satisfatório na ADI ou na AED. centual de seu vencimento básico, estabelecido conforme o núme-
§ 1º Para fins do disposto no inciso II do caput, considera-se ro de avaliações de desempenho com resultado satisfatório por ele
satisfatório o resultado igual ou superior a 70% (setenta por cento). obtido, respeitados os seguintes percentuais máximos:
§ 2º O período anual considerado para a AED terá início no dia I - para trinta ADIs e AEDs com resultado satisfatório: até 70%
e no mês do ingresso do policial na PCMG. (setenta por cento);
§ 3º Na ADI e na AED, será considerado fator de avaliação, para II - para vinte e nove ADIs e AEDs com resultado satisfatório: até
concessão do ADE, o aproveitamento em curso profissional realiza- 66% (sessenta e seis por cento);
do pela Academia de Polícia Civil. III - para vinte e oito ADIs e AEDs com resultado satisfatório: até
§ 4º A regulamentação da ADI e da AED, no que se refere ao 62% (sessenta e dois por cento);
disposto no § 3º, será efetivada por instrução do Conselho Superior IV - para vinte e sete ADIs e AEDs com resultado satisfatório:
da PCMG.
até 58% (cinquenta e oito por cento);
Art. 105. Os valores máximos do ADE correspondem a um per-
V - para vinte e seis ADIs e AEDs com resultado satisfatório: até
centual do vencimento básico do policial civil, estabelecido confor-
54% (cinquenta e quatro por cento).
me o número de AEDs e ADIs com resultado satisfatório por ele
§ 1º O valor do ADE a ser incorporado aos proventos do policial
obtido, assim definidos:
I - para três AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 6% (seis civil será calculado por meio da multiplicação do percentual defini-
por cento); do nos incisos I a V do caput pela centésima parte do resultado da
II - para cinco AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 10% (dez média aritmética simples dos resultados satisfatórios obtidos nas
por cento); ADIs e AEDs durante a carreira.
III - para dez AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 20% (vinte § 2º Para fins de incorporação aos proventos do policial civil
por cento); que não alcançar o número de resultados satisfatórios definido nos
IV - para quinze AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 30% incisos do caput, o valor do ADE será calculado pela média aritméti-
(trinta por cento); ca das últimas sessenta parcelas do ADE percebidas anteriormente
V - para vinte AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 40% (qua- à sua aposentadoria ou à instituição da pensão.
renta por cento);

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
TÍTULO V Art. 115. Até a extinção do cargo, o Chefe Adjunto Institucio-
DISPOSIÇÕES FINAIS nal da Polícia Civil, nomeado pelo Governador do Estado, tem por
função auxiliar o Chefe da PCMG no exercício de suas atribuições,
Art. 107. O policial civil que tiver sido designado para a função competindo-lhe:
de Delegado Especial de Polícia, atendida, então, a condição de ba- I - substituir, nos afastamentos e impedimentos do Chefe Ad-
charel em direito, e que, na data de publicação desta Lei Comple- junto da PCMG, o Chefe da PCMG em seus afastamentos e impedi-
mentar, fizer jus à percepção de vantagem pessoal equivalente à di- mentos eventuais;
ferença entre o vencimento básico do cargo de Delegado de Polícia II - realizar estudos sobre a modernização da estrutura organi-
Substituto e o vencimento básico do cargo efetivo por ele ocupado, zacional da PCMG;
acrescido dos adicionais por tempo de serviço, terá esse valor incor- III - exercer atribuições que lhe sejam delegadas por ato do
porado aos proventos. Chefe da PCMG.
§ 1º Estende-se ao policial civil aposentado o direito de incor- § 1º Aplica-se ao cargo de Chefe Adjunto Institucional da Polícia
poração de que trata o caput, desde que tenha percebido a vanta- Civil a ressalva constante no caput do art. 109.
gem pessoal durante a atividade, na condição descrita. § 2º O Chefe Adjunto Institucional da Polícia Civil integra o Con-
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, o policial civil da ativa ou selho Superior da PCMG.
aposentado será identificado em decreto. Art. 116. O Poder Executivo encaminhará à Assembleia Legisla-
Art. 108. O quantitativo de cargos das carreiras a que se refere tiva, em até noventa dias contados da data de publicação desta Lei
o art. 76 correspondentes à função pública a que se refere a Lei nº Complementar, projeto de lei complementar contendo o Estatuto
10.254, de 20 de julho de 1990, cujos detentores foram efetivados Disciplinar da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais.
em decorrência do disposto nos arts. 105 e 106 do Ato das Dispo- Parágrafo único. Até a publicação do estatuto de que trata o
sições Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado, bem caput, aplica-se o disposto nos arts. 142 a 205 da Lei nº 5.406, de 16
como os não efetivados que foram posicionados nas estruturas das de dezembro de 1969, e normas complementares.
carreiras a que se refere o art. 76, é o constante no Anexo III desta Art. 117. Ficam criados:
Lei Complementar. I - seiscentos e setenta e oito cargos de provimento efetivo da
Art. 109. Os cargos de provimento em comissão e as funções carreira de Delegado de Polícia;
II - setenta e dois cargos de provimento efetivo da carreira de
de confiança da estrutura da PCMG, ressalvados os cargos de Chefe
Médico-Legista;
da PCMG e Chefe Adjunto da PCMG, são privativos de policiais civis
III - duzentos e dezesseis cargos de provimento efetivo da car-
que não tenham excedido em cinco anos o tempo exigido para a
reira de Perito Criminal;
aposentadoria voluntária.
IV - um mil e doze cargos de provimento efetivo da carreira de
§ 1º Os cargos cujos titulares compõem o Conselho Superior da Escrivão de Polícia I;
PCMG a que se refere o art. 25 somente poderão ser ocupados por V - três mil quatrocentos e trinta e quatro cargos de provimen-
um mesmo servidor pelo período máximo de sete anos, ininterrup- to efetivo da carreira de Investigador de Polícia I.
tos ou não, observado o disposto no § 2º. § 1º Em virtude da criação dos cargos a que se refere o caput, a
§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º aos titulares dos cargos de quantidade de cargos das carreiras constantes no Anexo I desta Lei
Chefe da PCMG e Chefe Adjunto da PCMG. Complementar passa a ser:
§ 3º Os cargos de Chefe de Departamento de Polícia Civil, de I - Delegado de Polícia, um mil novecentos e oitenta e sete car-
Delegado Regional de Polícia Civil e de Chefe de Divisão Especiali- gos;
zada somente poderão ser ocupados por um mesmo servidor, na II - Médico-Legista, quatrocentos e trinta e seis cargos;
mesma unidade, pelo período máximo de cinco anos, ininterruptos III - Perito Criminal, novecentos e três cargos;
ou não. IV - Escrivão de Polícia I, um mil e doze cargos;
§ 4º Os períodos a que se referem os §§ 1º e 3º serão contados V - Escrivão de Polícia II, um mil oitocentos e setenta e oito
a partir da data de publicação desta Lei Complementar. cargos;
Art. 110. A verificação do nexo causal entre o exercício das fun- VI - Investigador de Polícia I, três mil quatrocentos e trinta e
ções e a consequente invalidez ou morte do policial civil, bem como quatro cargos;
das circunstâncias fáticas para aferição do direito à promoção por VII - Investigador de Polícia II, sete mil oitocentos e sessenta e
invalidez, post mortem ou por ato de bravura, ocorrerá por meio de sete cargos.
sindicância de competência da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, a § 2º Serão transformados, com a vacância, os cargos de pro-
ser apreciada pelo Conselho Superior da PCMG. vimento efetivo da carreira de Investigador de Polícia II em cargos
Art. 111. Até a completa assunção da gestão da custódia de de provimento efetivo da carreira de Investigador de Polícia I e os
presos pelo órgão competente, a PCMG auxiliará na referida gestão. cargos de provimento efetivo da carreira de Escrivão de Polícia II em
Art. 112. Aplica-se aos integrantes das carreiras policiais civis, cargos de provimento efetivo da carreira de Escrivão de Polícia I.
nas matérias não disciplinadas nesta Lei Complementar, subsidia- Art. 118. O policial civil que tenha cumprido as exigências para
riamente, o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado de Mi- aposentadoria voluntária no âmbito do regime especial de aposen-
tadoria adotado para os ocupantes dos cargos de provimento efe-
nas Gerais.
tivo que integram as carreiras policiais civis e que opte por perma-
Art. 113. Cabe à Corregedoria-Geral de Polícia Civil o proces-
necer em atividade fará jus a gratificação de incentivo ao exercício
samento da correição dos servidores administrativos do quadro de
continuado equivalente ao valor de 1/3 (um terço) de seus venci-
pessoal da PCMG, nos termos do Estatuto dos Servidores Públicos
mentos, até completar as exigências previstas na alínea “a” do inci-
Civis do Estado de Minas Gerais. so III do § 1º do art. 40 da Constituição da República.
Art. 114. O cargo de Chefe Adjunto Institucional da Polícia Civil,
criado pelo art. 8º da Lei nº 20.312, de 27 de julho de 2012, será
extinto em 31 de dezembro de 2014.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 119. O policial civil ocupante de cargo de nível intermediário da respectiva carreira fará jus a promoção por antiguidade, inde-
pendentemente de vaga, ao nível imediatamente superior quando completar as exigências para aposentadoria voluntária no âmbito do
regime especial de aposentadoria adotado para os ocupantes dos cargos de provimento efetivo que integram as carreiras policiais civis.
Art. 120. Os policiais civis que, na data de publicação desta lei, forem ocupantes dos cargos de provimento efetivo da carreira de Dele-
gado de Polícia terão a denominação do cargo alterada conforme o item I.1 do Anexo I desta Lei Complementar, mantidos o nível e o grau
de posicionamento em que se encontrarem na data de publicação desta lei.
Art. 121. Os cargos de provimento em comissão de que trata o Decreto nº 17.826, de 2 de abril de 1976, mantidos suas funções e
vencimentos, terão denominação e atribuições complementares fixadas por meio de decreto.
Art. 122. O policial civil que tenha se aposentado no último nível da respectiva carreira, mesmo aquele que tenha alcançado o último
nível em virtude do pedido de aposentadoria, será classificado no grau subsequente, conforme tabela constante no Anexo I desta Lei
Complementar.
Art. 122-A O Governador do Estado poderá nomear, em caráter temporário, pelo prazo de até três anos, para os cargos de Chefe da
Polícia Civil, Chefe Adjunto da Polícia Civil e Chefe de Gabinete da Polícia Civil, servidores integrantes do nível final da carreira de Delegado
de Polícia, observadas as exigências previstas na legislação em vigor.
§ 1º Para a nomeação a que se refere o caput, será exigido tempo de efetivo serviço policial superior a:
I – vinte anos, para o cargo de Chefe da Polícia Civil;
II – quinze anos, para o cargo de Chefe Adjunto da Polícia Civil
§ 2º Para a nomeação para o cargo de Chefe de Gabinete da Polícia Civil, não será exigido tempo mínimo de efetivo serviço policial.
(Artigo acrescentado pelo art. 4º da Lei Complementar nº 138, de 28/4/2016)
Art. 123. Ficam revogados:
I - os arts. 1º a 74, 76 a 102, 104 a 141 e 206 a 221 da Lei nº 5.406, de 1969;
II - os arts. 1º a 3º, 5º a 10, 12 a 20-F, 30, 37, 38, 40, 42 e os Anexos I e IV da Lei Complementar nº 84, de 25 de julho de 2005;
III - os arts. 1º a 6º, 12 a 15 e os Anexos I e II da Lei Complementar nº 113, de 29 de junho de 2010;
IV - a Lei Complementar nº 98, de 6 de agosto de 2007;
V - o art. 3º da Lei Complementar nº 23, de 26 de dezembro de 1991.
Art. 124. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, ressalvado o disposto no inciso II do art. 96, o disposto no
art. 97 e o disposto no art. 122, todos com vigência a partir de 1º de janeiro de 2015.

ANEXO I
(a que se refere o art. 77 da Lei Complementar nº129, de 8 de NOVEMBRO de 2013)

ESTRUTURA DAS CARREIRAS POLICIAIS CIVIS


I.1 - Estrutura da Carreira de Delegado de Polícia
Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Escolaridade Quantidade Graus


Substituto Substituto
Substituto Superior 1.174 Substituto C Substituto D Substituto E
A B
Titular Superior Titular A Titular B Titular C Titular D Titular E
Especial Superior 622 Especial A Especial B Especial C Especial D Especial E
Geral Superior 191 Geral A Geral B

I.2 - Estrutura da Carreira de Médico-Legista


Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Escolaridade Quantidade Graus


I Superior 236 I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior 121 II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior 62 III-A III-B III-C III-D III-E
Especial Superior 17 Especial A Especial B

27
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I.3 - Estrutura da Carreira de Perito Criminal
Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Escolaridade Quantidade Graus


I Superior 368 I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior 343 II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior 105 III-A III-B III-C III-D III-E

Especial Superior 87 Especial A Especial B

I.4 - Estrutura da Carreira de Escrivão de Polícia


I.4.1 - Escrivão de Polícia I
Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Escolaridade Quantidade Graus


I Superior I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior 1.012 III-A III-B III-C III-D III-E

Especial Superior Especial A Inspetor de Escrivão

I.4.2 - Escrivão de Polícia II


Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Escolaridade Quantidade Graus


I Médio I-A I-B I-C I-D I-E
II Médio II-A II-B II-C II-D II-E
III Médio 1.878 III-A III-B III-C III-D III-E

Especial Médio Especial A Inspetor de Escrivão

I.5 - Estrutura da Carreira de Investigador de Polícia


I.5.1 - Investigador de Polícia I
Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Escolaridade Quantidade Graus


I Superior I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior 3.434 III-A III-B III-C III-D III-E

Especial Superior Especial A Inspetor de Investigação

I.5.2 - Investigador de Polícia II


Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Escolaridade Quantidade Graus


T Fundamental 7.867 T-A T-B T-C T-D T-E
I Médio I-A I-B I-C I-D I-E
II Médio II-A II-B II-C II-D II-E
III Médio III-A III-B III-C III-D III-E
Especial Médio Especial A Inspetor de Investigação

28
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
ANEXO II p) dirigir os serviços de trânsito e a identificação civil e criminal
(a que se refere o § 1º do art. 79 da Lei Complementar nº 129, no âmbito do Estado;
de 8 de NOVEMBRO de 2013) q) determinar o cumprimento de mandados de prisão e o cum-
primento de alvarás de soltura expedidos pelo Poder Judiciário;
ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DOS CARGOS DAS CARREIRAS PO- r) requisitar a condução de preso de unidades do sistema pri-
LICIAIS CIVIS sional para Delegacia de Polícia Civil para a prática de atos relativos
à investigação criminal e ao exercício da polícia judiciária.
II.1 - Ao Delegado de Polícia, na qualidade de autoridade poli- II.2 - Ao Escrivão de Polícia cabe:
cial, cabe: a) registrar em termo declarações, depoimentos e informações
a) presidir a investigação criminal de acordo com seu livre con- de autores, suspeitos, vítimas, testemunhas, adolescente infrator e
vencimento técnico-jurídico, com isenção e imparcialidade; demais pessoas envolvidas nos procedimentos de polícia judiciária,
b) decidir sobre o indiciamento, desde que seja realizado por mediante inquirição do Delegado de Polícia competente, cooperan-
ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do na formulação das perguntas a serem respondidas;
do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas cir- b) lavrar os autos de prisão em flagrante, sob a presidência e
cunstâncias; direção do Delegado de Polícia, e expedir as respectivas comunica-
c) requisitar a realização de exames periciais, informações, ca- ções pertinentes às prisões;
dastros, documentos e dados, bem como colher provas e praticar os c) realizar a autuação, movimentação, remessa e recebimento
demais atos necessários à adequada apuração de infração penal e dos inquéritos policiais, processos e demais procedimentos legais;
do ato infracional, observados os limites legais; d) formalizar autos e termos de apreensões, depósitos, restitui-
d) decidir sobre a lavratura do auto de prisão em flagrante; ções, fianças, acareações e reconhecimentos de pessoas e coisas,
e) representar à autoridade judiciária para a decretação de me- dentre outros previstos na legislação processual penal, alusivos aos
didas cautelares reais e pessoais, como prisão preventiva e tempo- procedimentos investigatórios, utilizando-se de técnicas de digita-
rária, busca e apreensão, quebra de sigilo, interceptação de tele- ção, ressalvados os atos próprios da autoridade policial;
comunicações, em sistemas de informática e telemática, e outras e) realizar a guarda, conservação e controle do fluxo dos livros,
medidas inerentes à investigação criminal e ao exercício da polícia procedimentos, documentos, objetos, bens e valores apreendidos
judiciária, destinadas a colher e a resguardar provas de infrações relacionados a inquéritos policiais, termos circunstanciados de
penais; ocorrência, processos e procedimentos disciplinares que estejam
f) presidir inquéritos policiais, a lavratura de autos de prisão em sob sua responsabilidade, no âmbito do cartório de sua unidade
flagrante delito, de termos circunstanciados de ocorrência, de inter- policial, dando-lhes a destinação ou encaminhamentos legais;
rogatórios, de oitivas e demais atos e procedimentos de natureza f) providenciar e formalizar a juntada nos procedimentos legais
investigativa, penal ou administrativa; de laudos, relatórios, ofícios e outros documentos requisitados pelo
g) expedir ordens de serviço, intimações e mandados de con- Delegado de Polícia;
dução coercitiva de pessoas, na hipótese de não comparecimento g) realizar o registro, a autuação e ações para o cumprimento
sem justificativa, nos termos da legislação; das portarias e cartas precatórias;
h) formalizar o ato de indiciamento, fundamentando a partir h) expedir certidões e atestados de comparecimento referen-
dos elementos de fato e de direito existentes nos autos; tes aos registros e atividades cartorárias;
i) realizar ou determinar a busca pessoal e veicular no caso de i) expedir e subscrever notificações, intimações, ofícios, ordens
fundada suspeita de prática criminosa ou de cumprimento de man- de serviço, requisições e outros atos atinentes ao desenvolvimen-
dado judicial; to dos inquéritos policiais, termos circunstanciados de ocorrência,
j) promover ações para a garantia da autonomia ética, técni- processos e procedimentos de ato infracional e disciplinares, por
ca, científica e funcional de seus subordinados, no que se refere ordem escrita do Delegado de Polícia competente;
ao conteúdo dos serviços investigatórios, bem como a garantia da j) lavrar ou orientar a lavratura dos termos de abertura e encer-
coesão da equipe policial e, quando necessário, a requisição formal ramento dos livros cartorários, bem como sua escrituração;
de esclarecimentos sobre contradição, omissão ou obscuridade em k) dar vista dos autos dos procedimentos de polícia judiciária
laudos, relatórios de serviço e outros; às partes, advogados, procuradores e autoridades competentes,
k) promover o bem-estar geral, a garantia das liberdades pú- quando autorizado pelo Delegado de Polícia presidente dos feitos;
blicas, o aprimoramento dos métodos e procedimentos policiais, a l) certificar a autenticidade de documentos no âmbito da
polícia comunitária e a mediação de conflitos; PCMG;
l) manter atualizadas, nos sistemas utilizados pela PCMG, as in- m) receber e recolher fiança, se fora do horário de expediente
formações pertinentes à unidade policial sob sua responsabilidade; bancário, e emitir guia para o seu recolhimento, prestando contas à
m) avocar, quando necessário e por ato motivado, inquéritos autoridade superior;
policiais e demais procedimentos presididos por Delegado de Po- n) cooperar com as investigações em curso na unidade policial
lícia de hierarquia inferior, admitido recurso no prazo de dez dias por meio do efetivo desempenho de atividades técnicas de gestão
para a autoridade superior; e análise técnico-científica e do processamento eletrônico dos da-
n) realizar a articulação técnico-científica entre as provas teste- dos e informações existentes em bancos de dados e outros registros
munhais, documentais e periciais, para a maior eficiência, eficácia cartorários;
e efetividade do ato investigativo, visando subsidiar eventual pro- o) assessorar o Delegado de Polícia ao qual estiver subordinado
cesso criminal; quanto aos prazos, técnicas e formalidades legais dos procedimen-
o) exercer o registro de controle policial, especialmente no que tos de polícia judiciária e demais atividades jurídicas desenvolvidas
tange a estabelecimentos de hospedagem, diversões públicas e co- no âmbito do cartório policial;
mercialização de produtos controlados e receber o aviso relativo à p) coordenar, sob a direção e presidência do Delegado de Po-
realização de reuniões e eventos sociais e políticos em ambientes lícia, os atos dos procedimentos investigatórios previstos em lei e
públicos, nos termos do inciso XVI do art. 5º da Constituição da Re- adotar normas técnicas e jurídicas para o cumprimento das forma-
pública; lidades processuais;

29
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
q) acompanhar o Delegado de Polícia em operações policiais e o) determinar as fundamentais, os subtipos e os pontos carac-
outras diligências externas, quando determinado; terísticos das impressões digitais, para fins de identificação huma-
r) atuar como secretário em sindicâncias e outros procedimen- na, e proceder à pesquisa monodactilar, decadactilar e onomástica,
tos disciplinares; ressalvada a atuação do Perito Criminal em caso de necessidade
s) gerir e organizar a agenda de intimados do cartório policial; da emissão de laudo pericial para auxilar na apuração de infração
t) realizar a gestão do cartório policial sob sua responsabilida- penal.
de; II.4 - Ao Médico-Legista cabe:
u) proceder aos despachos ordinatórios, de modo a tramitar e a) realizar exames macroscópicos, microscópicos e de labora-
executar os despachos realizados pela autoridade policial. tório, em cadáveres e em vivos, para subsidiar a determinação da
II.3 – Ao Investigador de Polícia cabe: causa mortis ou da natureza de lesões, no âmbito da investigação
a) cumprir e formalizar diligências policiais, mandados e outras criminal;
determinações do Delegado de Polícia competente, analisar, pes- b) realizar exames e análises pertinentes à identificação antro-
quisar, classificar e processar dados e informações para a obtenção pológica de natureza biológica, no âmbito da medicina legal;
de vestígios e indícios probatórios relacionados a infrações penais c) diagnosticar, avaliar e constatar a situação de pessoa sub-
e administrativas; metida a efeito de substância de qualquer espécie além de avaliar
b) obter elementos para a identificação antropológica de pes- o seu estado psíquico e psiquiátrico, com o objetivo de subsidiar
soas, no que se refere às características sociais e culturais que com- a instrução de inquérito policial, procedimento administrativo ou
põem a vida pregressa e o perfil do submetido à investigação cri- processo judicial criminal;
minal; d) cumprir requisições médico-legais no âmbito das investiga-
c) colher as impressões digitais para fins de identificação civil ções criminais e do exercício da polícia judiciária, com a emissão
e criminal, inclusive de cadáveres, para a realização do exame da- dos respectivos laudos para viabilização de provas periciais;
e) sistematizar no laudo pericial, os elementos objetivos de
tiloscópico;
prova no âmbito da medicina legal que subsidiem a apuração de
d) desenvolver as ações necessárias para a segurança das in-
infrações penais, administrativas e disciplinares, sob a garantia da
vestigações, inclusive a custódia provisória de pessoas no curso dos
autonomia funcional, técnica e científica a ser assegurada pelo De-
procedimentos policiais, até o seu recolhimento na unidade res-
legado de Polícia;
ponsável pela guarda penitenciária; f) gerir, planejar, organizar, coordenar, executar, controlar e
e) captar e interceptar dados, comunicações e informações avaliar unidades periciais sob sua responsabilidade.
pertinentes aos indícios e vestígios encontrados em bens, objetos II.5 - Ao Perito Criminal cabe:
e locais de infrações penais, inclusive em veículos, conforme deter- a) realizar exames e análises, no âmbito da criminalística, rela-
minação do Delegado de Polícia, com a finalidade de estabelecer a cionados à física, química, biologia, odontologia legal, papiloscopia
sua identificação, elaborando autos de vistoria e de constatação, e demais áreas do conhecimento científico e tecnológico, observa-
descrevendo as suas características, circunstâncias e condições; da a formação acadêmica específica para o exercício da função, nos
f) realizar inspeções e operações policiais, além de adotar, sob termos da Lei federal nº 12.030, de 17 de setembro de 2009;
a coordenação e presidência do Delegado de Polícia, medidas ne- b) analisar documentos, objetos e locais de crime de qualquer
cessárias para a realização de exames periciais e médico-legais; natureza para colher vestígios, ou em laboratórios, para subsidiar
g) controlar, em prontuários apropriados, o registro geral, os a instrução de inquérito policial, procedimento administrativo ou
antecedentes criminais e a qualificação de pessoas identificadas ofi- processo judicial criminal;
cialmente no Estado; c) emitir laudos periciais para determinação da identificação
h) coletar impressões papilo-digitais para que os Peritos Crimi- criminal por meio da datiloscopia, quiroscopia, podoscopia ou ou-
nais procedam ao confronto individual datiloscópico para a identifi- tras técnicas, aplicadas em objetos com marcas encontrados em lo-
cação de pessoas e de cadáveres; cal de crime, com a finalidade de instruir procedimentos e formar
i) preparar, examinar e arquivar as fichas datiloscópicas civis e elementos indicativos de autoria de infrações penais;
criminais, bem como manter o arquivo de fragmentos e impressões d) cumprir requisições periciais, expedidas pelo Delegado de
papilares; Polícia, pertinentes às investigações criminais e ao exercício da polí-
j) operacionalizar a captura e a pesquisa em sistema automa- cia judiciária, no que se refere à aplicação de conhecimentos oriun-
tizado de leitura, comparação e identificação de fragmentos e im- dos da criminalística, com a elaboração e a sistematização dos cor-
pressões papilares, à exceção de locais de crime, em que o Perito respondentes laudos periciais para a viabilização de provas periciais
Criminal se fará presente; que subsidiem a apuração de infrações penais e administrativas;
k) identificar indiciados em infrações penais e autores de atos e) examinar elementos materiais existentes em locais de crime,
com prioridade de análise, orientar a abordagem física correspon-
infracionais, conforme estabelecido em lei;
dente e a interação com os demais integrantes da equipe investi-
l) formalizar relatórios circunstanciados sobre os resultados das
gativa;
ações policiais, diligências e providências cumpridas no curso das
f) constatar a idoneidade de local, bens e objetos submetidos
investigações;
a exame pericial, sob a garantia da autonomia funcional, técnica e
m) promover a mediação de conflitos no âmbito da Delegacia científica a ser assegurada pelo Delegado de Polícia;
de Polícia Civil e a pacificação entre os envolvidos em infrações pe- g) proceder à coleta de padrões caligráficos;
nais; h) gerir, planejar, organizar, coordenar, executar, controlar e
n) realizar o registro formal e a conferência de ocorrências poli- avaliar unidades periciais sob sob sua responsabilidade.
ciais, de pedidos de providências e de representações de partes re-
ferentes a fatos tidos como delituosos, bem como de documentos,
substâncias, objetos, bens e valores neles arrecadados, realizando
o manuseio, a identificação, a proteção, a guarda provisória e o en-
caminhamento ao setor ou órgão competente;

30
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
ANEXO III
(a que se refere o art. 108 da Lei Complementar nº 129, de 8 de NOVEMBRO de 2013)

Quantitativo de Funções Públicas e Cargos Resultantes de Efetivação pela Emenda à Constituição nº 49, de 13 de junho de 2001

Órgão Carreira Quantitativo


Polícia Civil do Estado de Minas Gerais Investigador de Polícia II 70

ANOTAÇÕES

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31
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Sistema Operacional Windows 10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Microsoft Word 2016: Edição e formatação de textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. LibreOffice Writer 7.1.6: Edição e formatação de textos. LibreOffice Calc 7.1.6: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráfi-
cos. . LibreOffice Impress 7.1.6: estrutura básica de apresentações, edição e formatação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4. Microsoft Excel 2016: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
5. Microsoft PowerPoint 2016: estrutura básica de apresentações, edição e formatação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
6. Microsoft Outlook 2016: Correio Eletrônico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
7. Google Chrome 93.x ou superior: Navegação na Internet. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
8. Segurança: Tipos de vírus, Cavalos de Tróia, Malwares, Worms, Spyware, Phishing, Pharming, Ransomwares, Spam. . . . . . . . . . . . 46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS 10

Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One e
produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens1.

Versões do Windows 10

– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para
o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.2

1 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf
2 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Glass (Efeito Vidro)
Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.3

Aero Flip (Alt+Tab)


Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

3 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Shake (Win+Home)
Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)


Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.


Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.4


4 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Nova Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.5

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

5 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

Cortana no Windows 10.6

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visu-
alizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.

6 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por
Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.

Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.7


7 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.8

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de
arquivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

8 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e seguran-
ça > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.9

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho do
HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.

9 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de-
7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Desabilitar a lixeira (Propriedades). Trouxe pouquíssimas novidades, seguiu as tendências atuais
da computação, permitindo o compartilhamento de documentos
Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na e possuindo integração direta com vários outros serviços da web,
área de trabalho do Windows 10. como Facebook, Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.

Outros Acessórios do Windows 10 Novidades no Word 2016


– Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a
Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados, realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui
mas os relacionados a seguir são os mais populares: a caixa Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um ter-
– Alarmes e relógio. mo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que
– Assistência Rápida. procurar.
– Bloco de Notas.
– Calculadora.
– Calendário.
– Clima.
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes fí-
sicos).
– Ferramenta de Captura.
– Gravador de passos.
– Internet Explorer.
– Mapas.
– Mapa de Caracteres.
– Paint.
– Windows Explorer.
– WordPad.
– Xbox.

Principais teclas de atalho


CTRL + F4: fechar o documento ativo.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela. – Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários
CTRL + Y: refazer. usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas.
WIN + A: central de ações.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos.
WIN + H: compartilhar.
WIN + I: configurações.
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido. Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no Sha-
F1: ajuda. rePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou
Word On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no
documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, cli-
MICROSOFT WORD 2016: EDIÇÃO E que em Compartilhar para gerar um link ou enviar um convite por
FORMATAÇÃO DE TEXTOS e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em
compartilhar automaticamente as alterações, você vê o trabalho
em tempo real.
Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e
novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe docu-
mentos de maneira fácil e prática10.
O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo
tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de do-
cumentos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar
um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos.
10 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre qualquer
palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela do programa
e lista todas as entradas na internet relacionadas com a palavra digitada.
– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o dedo
ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhecer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

– Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento
e para acessar versões anteriores.
– Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no
OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.

– Formatação de formas mais rápida: quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.

– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão 2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout11.

11 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.12

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 201613.

Área de trabalho do Word 2016.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

12 https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
13 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.
– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).
– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamento

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
de texto, entre outras.

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transferên-
cia.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transferên-
cia para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto
pode haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista
ou que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está
em uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente estiver
sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Parágrafo

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar
um uma palavra ou trecho dentro do texto.

CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por
outro de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados dife-
rentes estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em tabela
e vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

LIBREOFFICE WRITER 7.1.6: EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS. LIBREOFFICE CALC 7.1.6: ELABORAÇÃO, CÁLCULOS
E MANIPULAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS. LIBREOFFICE IMPRESS 7.1.6: ESTRUTURA BÁSICA DE APRESENTAÇÕES,
EDIÇÃO E FORMATAÇÃO

LibreOffice

O LibreOffice é uma suíte de escritório livre compatível com os principais pacotes de escritório do mercado. O pacote oferece todas as
funções esperadas de uma suíte profissional: editor de textos, planilha, apresentação, editor de desenhos e banco de dados14. Ele é uma
das mais populares suítes de escritório multiplataforma e de código aberto.

O LibreOffice é um pacote de escritório assim como o MS Office15. Embora seja um software livre, pode ser instalado em vários sis-
temas operacionais, como o MS Windows, Mac OS X, Linux e Unix. Ao longo dos anos, passou por várias modificações em seu projeto,
mudando até mesmo de nome, mas mantendo os mesmos aplicativos.

Aplicativos do LibreOffice
Writer: editor de textos.
Exatensão: .odt
Calc: planilhas eletrônicas.
Extensão: .ods
Impress: apresentação de slides.
Extensão: .odp
Draw: edição gráfica de imagens e figuras.
Extensão: .odg
Base: Banco de dados.
Extensão: .odb
Math: fórmulas matemáticas.
Extensão: .odf

ODF (Open Document Format)


Os arquivos do LibreOffice são arquivos de formato aberto e, por isso, pertencem à família de documentos abertos ODF, ou seja, ODF
não é uma extensão, mas sim, uma família de documentos estruturada internamente pela linguagem XML.

LibreOffice Writer
Writer é o editor de textos do LibreOffice. Além dos recursos usuais de um processador de textos (verificação ortográfica, dicionário
de sinônimos, hifenização, autocorreção, localizar e substituir, geração automática de sumários e índices, mala direta e outros), o Writer
fornece importantes características:
- Modelos e estilos;
- Métodos de layout de página, incluindo quadros, colunas e tabelas;
- Incorporação ou vinculação de gráficos, planilhas e outros objetos;
- Ferramentas de desenho incluídas;
- Documentos mestre para agrupar uma coleção de documentos em um único documento;
- Controle de alterações durante as revisões;
- Integração de banco de dados, incluindo bancos de dados bibliográficos;
14 https://www.edivaldobrito.com.br/libreoffice-6-0/
15 FRANCESCHINI, M. LibreOffice – Parte I.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Exportação para PDF, incluindo marcadores.
Principais Barras de Ferramentas

16

– Barra de Títulos: exibe o nome do documento. Se o usuário não fornecer nome algum, o Writer sugere o nome Sem título 1.
– Barra de Menu: dá acesso a todas as funcionalidades do Writer, categorizando por temas de funcionalidades.
– Barra de ferramentas padrão: está presente em todos os aplicativos do LibreOffice e é igual para todos eles, por isso tem esse nome
“padrão”.
– Barra de ferramentas de formatação: essa barra apresenta as principais funcionalidades de formatação de fonte e parágrafo.
– Barra de Status: oferece informações sobre o documento e atalhos convenientes para rapidamente alterar alguns recursos.

Principais Menus
Os menus organizam o acesso às funcionalidades do aplicativo. Eles são praticamente os mesmos em todos os aplicativos, mas suas
funcionalidades variam de um para outro.

Arquivo
Esse menu trabalha com as funcionalidades de arquivo, tais como:
– Novo: essa funcionalidade cria um novo arquivo do Writer ou de qualquer outro dos aplicativos do LibreOffice;
– Abrir: abre um arquivo do disco local ou removível ou da rede local existente do Writer;
– Abrir Arquivo Remoto: abre um arquivo existente da nuvem, sincronizando todas as alterações remotamente;
– Salvar: salva as alterações do arquivo local desde o último salvamento;
– Salvar Arquivo Remoto: sincroniza as últimas alterações não salvas no arquivo lá na nuvem;
– Salvar como: cria uma cópia do arquivo atual com as alterações realizadas desde o último salvamento;

Para salvar um documento como um arquivo Microsoft Word17:


1. Primeiro salve o documento no formato de arquivo usado pelo LibreOffice (.odt).
Sem isso, qualquer mudança que se tenha feito desde a última vez em que se salvou o documento, somente aparecerá na versão
Microsoft Word do documento.
2. Então escolha Arquivo → Salvar como. No menu Salvar como.
3. No menu da lista suspensa Tipo de arquivo (ou Salvar como tipo), selecione o tipo de formato Word que se precisa. Clique em Salvar.
A partir deste ponto, todas as alterações realizadas se aplicarão somente ao documento
Microsoft Word. Desde feito, a alterado o nome do documento. Se desejar voltar a trabalhar com a versão LibreOffice do documento,
deverá voltar a abri-lo.

16 https://bit.ly/3jRIUme
17 http://coral.ufsm.br/unitilince/images/Tutoriais/manual_libreoffice.pdf

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvando um arquivo no formato Microsoft Word.

– Exportar como PDF: exporta o arquivo atual no formato PDF. Permite definir restrições de edição, inclusive com senha;
– Enviar: permite enviar o arquivo atual por e-mail no formato.odt,.docx,.pdf. Também permite compartilhar o arquivo por bluetooth;
– Imprimir: permite imprimir o documento em uma impressora local ou da rede;
– Assinaturas digitais: assina digitalmente o documento, garantindo sua integridade e autenticidade. Qualquer alteração no docu-
mento assinado viola a assinatura, sendo necessário assinar novamente.

Editar
Esse menu possui funcionalidades de edição de conteúdo, tais como:
– Desfazer: desfaz a(s) última(s) ação(ões);
– Refazer: refaz a última ação desfeita;
– Repetir: repete a última ação;
– Copiar: copia o item selecionado para a área de transferência;
– Recortar: recorta ou move o item selecionado para a área de transferência;
– Colar: cola o item da área de transferência;
– Colar Especial: cola o item da área de transferência permitindo escolher o formado de destino do conteúdo colado;
– Selecionar Tudo: seleciona todo o documento;
– Localizar: localiza um termo no documento;
– Localizar e Substituir: localiza e substitui um termo do documento por outro fornecido;
– Ir para a página: permite navegar para uma página do documento.

Exibir
Esse outro menu define as várias formas que o documento é exibido na tela do computador. Principais funcionalidades:
– Normal: modo de exibição padrão como o documento será exibido em uma página;
– Web: exibe o documento como se fosse uma página web num navegador;
– Marcas de Formatação: exibe os caracteres não imprimíveis, como os de quebra de linha, de parágrafo, de seção, tabulação e espa-
ço. Tais caracteres são exibidos apenas na tela, não são impressas no papel (CTRL+F10);
– Navegador: permite navegar nos vários objetos existentes no documento, como tabelas, links, notas de rodapé, imagens etc.

(F5);

– Galeria: exibe imagens e figuras que podem ser inseridas no documento;


– Tela Inteira: suprime as barras de ferramenta e menus (CTRL+SHIFT+J).

Inserir
Nesse menu, é possível inserir inúmeros objetos ao texto, tais como:
– Quebra de página: insere uma quebra de página e o cursor é posicionado no início da próxima página a partir daquele ponto em
que a quebra foi inserida;
– Quebra manual: permite inserir uma quebra de linha, de coluna e de página;
– Figura: insere uma imagem de um arquivo;
– Multimídia: insere uma imagem da galeria LibreOffice, uma imagem digitalizada de um scanner ou vídeo;
– Gráfico: cria um gráfico do Calc, com planilha de dados embutida no Writer;
– Objeto: insere vários tipos de arquivos, como do Impress e do Calc dentre outros;
– Forma: cria uma forma geométrica, tipo círculo, retângulo, losango etc.;

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Caixa de Texto: insere uma caixa de texto ao documento;
– Anotação: insere comentários em balões laterais;
– Hiperlink: insere hiperlink ou link para um endereço da internet ou um servidor FTP, para um endereço de e-mail, para um documen-
to existente ou para um novo documento (CTRL+K);
– Indicador: insere um marcador ao documento para rápida localização posteriormente;
– Seção: insere uma quebra de seção, dividindo o documento em partes separadas com formatações independentes;
– Referências: insere referência a indicadores, capítulos, títulos, parágrafos numerados do documento atual;
– Caractere Especial: insere aqueles caracteres que você não encontra no teclado do computador, tais como ©, ≥, ∞;
– Número de Página: insere numeração nas páginas na posição atual do cursor;
– Campo: insere campos de numeração de página, data, hora, título, autor, assunto;
– Cabeçalho e Rodapé: insere cabeçalho e rodapé ao documento;

Formatar
Esse menu trabalha com a formatação de fonte, parágrafo, página, formas e figuras;
– Texto: formata a fonte do texto;
Pode-se aplicar vários formatos de caracteres usando os botões da barra de ferramentas Formatação.

Barra de Formatação, mostrando ícones para formatação de caracteres.

– Espaçamento: formata o espaçamento entre as linhas, entre os parágrafos e também o recuo do parágrafo. A
– Alinhar: alinha o parágrafo uniformemente em relação às margens.
Pode-se aplicar vários formatos para parágrafos usando os botões na barra de ferramentas Formatação.

Ícones para formatação de parágrafos.

– Listas: transforma os parágrafos em estrutura de tópicos com marcadores ou numeração.


– Clonar Formatação: essa ferramenta é chamada de “pincel de formatação” no MS Word e faz a mesma função, ou seja, clona a
formatação de um item selecionado e a aplica a outro ;

– Limpar Formatação Direta: limpa a formatação do texto selecionado, deixando a formatação original do modelo do documento;
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;
– Caractere...: diferentemente do MS Word, o Write chama a fonte de caractere.
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;
– Parágrafo...: abre a caixa de diálogo de formatação de parágrafo.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Marcadores e Numeração: abre a caixa de diálogo de forma- – Mala Direta: cria uma mala direta, que é uma correspondên-
tação de marcadores e de numeração numa mesma janela. Perceba cia endereçada a vários destinatários. É formada por uma corres-
que a mesma função de formatação já foi vista por meio dos botões pondência (carta, mensagem de e-mail, envelope ou etiqueta) e
de formatação. Essa mesma formatação é encontrada aqui na caixa por uma lista de destinatários (tabela, planilha, banco de dados ou
de diálogo de marcadores e numeração; catálogo de endereços contendo os dados dos destinatários).
– Página...: abre a caixa de diálogo de formatação de páginas.
Aqui, encontramos a orientação do papel, que é se o papel é hori- Principais teclas de atalho
zontal (paisagem) ou vertical (retrato); CTRL+A: selecionar todo o documento (all).
– Figura: formata figuras inseridas ao texto; CTR+B: negritar (bold).
– Caixa de Texto e Forma: formata caixas de texto e formas CTRL+C: copiar.
inseridas no documento; CTRL+D: sublinhar.
– Disposição do Texto: define a disposição que os objetos como CTRL+E: centralizar alinhamento.
imagens, formas e figuras ficarão em relação ao texto. CTRL+F: localizar texto (find).
– Estilos: esse menu trabalha com estilos do texto. Estilos são CTRL+G: sem ação.
o conjunto de formatação de fonte, parágrafo, bordas, alinhamen- CTRL+H: localizar e substituir.
to, numeração e marcadores aplicados em conjunto. Existem esti- CTRL+I: itálico.
los predefinidos, mas é possível também criar estilos e nomeá-los. CTRL+J: justificar.
Também é possível editar os estilos existentes. Os estilos são usados CTRL+K: adicionar hiperlink.
na criação dos sumários automáticos. CTRL+L: alinhar à esquerda (left).
CTRL+M: limpar formatação.
Tabelas CTRL+N: novo documento (new).
Esse menu trabalha com tabelas. As tabelas são inseridas por CTRL+ O: abrir documento existente (open).
aqui, no menu Tabelas. As seguintes funcionalidades são encontra- CTRL+P: imprimir (print).
das nesse menu: CTRL+Q: fechar o aplicativo Writer.
– Inserir Tabela: insere uma tabela ao texto; CTRL+R: alinhar à direita (right).
– Inserir: insere linha, coluna e célula à tabela existente; CTRL+S: salvar o documento (save).
– Excluir: exclui linha, coluna e tabela; CTRL+T: sem ação.
– Selecionar: seleciona célula, linha, coluna e tabela; CTRL+U: sublinhar.
– Mesclar: mescla as células adjacentes de uma tabela, trans- CTRL+V: colar.
formando-as em uma única tabela. Atenção! O conteúdo de todas CTRL+X: recortar.
as células é preservado; CTRL+W: fechar o arquivo.
– Converter: converte texto em tabela ou tabela em texto; CTRL+Y: refazer última ação.
– Fórmulas: insere fórmulas matemáticas na célula da tabela, CTRL+Z: desfazer última ação.
tais como soma, multiplicação, média, contagem etc.
LibreOffice Calc
Ferramentas O Calc é o aplicativo de planilhas eletrônicas do LibreOffice. As-
Esse menu trabalha com diversas ferramentas, tais como: sim como o MS Excel, ele trabalha com células e fórmulas.
– Ortografia e Gramática: essa ferramenta aciona o corretor Outras funcionalidades oferecidas pelo Calc incluem18:
ortográfico para fazer a verificação de ocorrências de erros em todo – Funções, que podem ser utilizadas para criar fórmulas para
o documento. Ela corrige por alguma sugestão do dicionário, permi- executar cálculos complexos;
te inserir novos termos ao dicionário ou apenas ignora as ocorrên- – Funções de banco de dados, para organizar, armazenas e fil-
cias daquele erro (F7); trar dados;
– Gráficos dinâmicos; um grande número de opções de gráficos
– Verificação Ortográfica Automática: marca automaticamen- em 2D e 3D;
te com um sublinhado ondulado vermelho as palavras que possuem – Macros, para a gravação e execução de tarefas repetitivas; as
erros ortográficos ou que não pertencem ao dicionário (SHIF- linguagens de script suportadas incluem LibreOffice Basic, Python,
T+F7); BeanShell, e JavaScript;
– Capacidade de abrir, editar e salvar planilhas no formato Mi-
– Dicionário de Sinônimos: apresenta sinônimos e antônimos crosoft Excel;
da palavra selecionada; – Importação e exportação de planilhas em vários formatos,
– Idioma: define o idioma do corretor ortográfico; incluindo HTML, CSV, PDF e PostScript.
– Contagem de palavras: faz uma estatística do documento,
contando a quantidade de caracteres, palavras, linhas, parágrafos Planilhas e células
e páginas; O Calc trabalha como elementos chamados de planilhas. Um
– Autocorreção: substitui automaticamente uma palavra ou arquivo de planilha consiste em várias planilhas individuais, cada
termo do texto por outra. O usuário define quais termos serão subs- uma delas contendo células em linhas e colunas. Uma célula parti-
tituídos; cular é identificada pela letra da sua coluna e pelo número da sua
– Autotexto: insere automaticamente um texto por meio de linha.
atalhos, por exemplo, um tipo de saudação ou finalização do do- As células guardam elementos individuais – texto, números,
cumento; fórmulas, e assim por diante – que mascaram os dados que exibem
e manipulam.
18 WEBER, J. H., SCHOFIELD, P., MICHEL, D., RUSSMAN, H., JR, R. F.,
SAFFRON, M., SMITH, J. A. Introdução ao Calc. Planilhas de Cálculo no
LibreOffice

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Cada arquivo de planilha pode ter muitas planilhas, e cada uma delas pode conter muitas células individuais. No Calc, cada planilha
pode conter um máximo de 1.048.576 linhas e 1024 colunas.

Janela principal
Quando o Calc é aberto, a janela principal abre. As partes dessa janela estão descritas a seguir.

Janela principal do Calc e suas partes, sem a Barra lateral.

Principais Botões de Comandos

Assistente de Função: auxilia o usuário na criação de uma função. Organiza as funções por categoria.

Autossoma: insere a função soma automaticamente na célula.

Formatação de porcentagem: multiplica o número por 100 e coloca o sinal de porcentagem ao final dele.

Formatação de número: separa os milhares e acrescenta casas decimais (CTRL+SHIFT+1).

Formatação de data: formata a célula em formato de data (CTRL+SHIFT+3).

Adiciona casas decimais.

Diminui casas decimais.

Filtro: exibe apenas as linhas que satisfazem o critério do filtro da coluna.

Insere gráfico para ilustrar o comportamento dos dados tabulados.

Ordena as linhas em ordem crescente ou decrescente. Pode ser aplicada em várias colunas.

Mesclar e centralizar células: transforma duas ou mais células adjacentes em uma única célula.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alinhar em cima: alinha o conteúdo da célula na parte superior dela.

Centralizar verticalmente: alinha o conteúdo da célula ao centro verticalmente.

Alinhar embaixo: alinha o conteúdo da célula na parte inferior dela.

Congelar linhas e colunas: fixa a exibição da primeira linha ou da primeira coluna ou ainda permite congelar as linhas
acima e as colunas à esquerda da célula selecionada. Não é proteção de células, pois o conteúdo das mesmas ainda pode ser
alterado.

Insere linha acima da linha atual.

Insere linha abaixo da linha atual.

Exclui linhas selecionadas.

Insere coluna à esquerda.

Insere coluna à direita.

Exclui colunas selecionadas.

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém-criada, seu nome é Sem
título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome de sua escolha.

Barra de Menu
A Barra de menu é onde você seleciona um dos menus e aparecem vários submenus com mais opções.
– Arquivo: contém os comandos que se aplicam a todo o documento, como Abrir, Salvar, Assistentes, Exportar como PDF, Imprimir,
Assinaturas Digitais e assim por diante.
– Editar: contém os comandos para a edição do documento, tais como Desfazer, Copiar, Registrar alterações, Preencher, Plug-in e
assim por diante.
– Exibir: contém comandos para modificar a aparência da interface do usuário no Calc, por exemplo Barra de ferramentas, Cabeçalhos
de linhas e colunas, Tela Inteira, Zoom e assim por diante.
– Inserir: contém comandos para inserção de elementos em uma planilha; por exemplo, Células, Linhas, Colunas, Planilha, Figuras e
assim por diante.

Inserir novas planilhas


Clique no ícone Adicionar planilha para inserir uma nova planilha após a última sem abrir a caixa de diálogo Inserir planilha. Os se-
guintes métodos abrem a caixa de diálogo Inserir planilha onde é possível posicionar a nova planilha, criar mais que uma planilha, definir
o nome da nova planilha, ou selecionar a planilha de um arquivo.
– Selecione a planilha onde deseja inserir uma nova e vá no menu Inserir > Planilha; ou
– Clique com o botão direito do mouse na aba da planilha onde você deseja inserir uma nova e selecione Inserir planilha no menu de
contexto; ou
– Clique no espaço vazio no final das abas das planilhas; ou
– Clique com o botão direito do mouse no espaço vazio no final das abas das planilhas e selecione Inserir planilha no menu de con-
texto.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Caixa de diálogo Inserir planilha.

– Formatar: contém comandos para modificar o leiaute de uma planilha; por exemplo,
Células, Página, Estilos e formatação, Alinhamento e assim por diante.
– Ferramentas: contém várias funções que auxiliam a verificar e personalizar a planilha, por exemplo, Ortografia, Compartilhar docu-
mento, Macros e assim por diante.
– Dados: contém comandos para manipulação de dados em sua planilha; por exemplo, Definir intervalo, Selecionar intervalo, Classi-
ficar, Consolidar e assim por diante.
– Janela: contém comandos para exibição da janela; por exemplo, Nova janela, Dividir e assim por diante.
– Ajuda: contém links para o sistema de ajuda incluído com o software e outras funções; por exemplo, Ajuda do LibreOffice, Informa-
ções da licença, Verificar por atualizações e assim por diante.

Barra de ferramentas
A configuração padrão, ao abrir o Calc, exibe as barras de ferramentas Padrão e Formatação encaixadas no topo do espaço de trabalho.
Barras de ferramentas do Calc também podem ser encaixadas e fixadas no lugar, ou flutuante, permitindo que você mova para a po-
sição mais conveniente em seu espaço de trabalho.

Barra de fórmulas
A Barra de fórmulas está localizada no topo da planilha no Calc. A Barra de fórmulas está encaixada permanentemente nesta posição
e não pode ser usada como uma barra flutuante. Se a Barra de fórmulas não estiver visível, vá para Exibir no Menu e selecione Barra de
fórmulas.

Barra de fórmulas.

Indo da esquerda para a direita, a Barra de Fórmulas consiste do seguinte:


– Caixa de Nome: mostra a célula ativa através de uma referência formada pela combinação de letras e números, por exemplo, A1. A
letra indica a coluna e o número indica a linha da célula selecionada.

– Assistente de funções : abre uma caixa de diálogo, na qual você pode realizar uma busca através da lista de funções disponí-
veis. Isto pode ser muito útil porque também mostra como as funções são formadas.

– Soma : clicando no ícone Soma, totaliza os números nas células acima da célula e então coloca o total na célula selecionada. Se
não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.

– Função : clicar no ícone Função insere um sinal de (=) na célula selecionada, de maneira que seja inserida uma fórmula na Linha
de entrada.

– Linha de entrada: exibe o conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) e permite que você edite o conteúdo da célu-
la. Você pode editar o conteúdo da célula diretamente, clicando duas vezes nela. Quando você digita novos dados numa célula, os ícones
de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e Aceitar .

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Operadores aritméticos

Operadores aritméticos.

Operadores aritméticos.

Operadores comparativos

Operadores comparativos.

• Principais fórmulas
=HOJE(): insere a data atual do sistema operacional na célula. Essa data sempre será atualizada toda vez que o arquivo for aberto.
Existe uma tecla de atalho que também insere a data atual do sistema, mas não como função, apenas a data como se fosse digitada pelo
usuário. Essa tecla de atalho é CTRL+;.
=AGORA(): insere a data e a hora atuais do sistema operacional. Veja como é seu resultado após digitada na célula.

=SOMA(): apenas soma os argumentos que estão dentro dos parênteses.


=POTÊNCIA(): essa função é uma potência, que eleva o primeiro argumento, que é a base, ao segundo argumento, que é o expoente.
=MÁXIMO(): essa função escolhe o maior valor do argumento.
=MÍNIMO(): essa função faz exatamente o contrário da anterior, ou seja, escolhe o menor valor do argumento.
=MÉDIA(): essa função calcula a média aritmética ou média simples do argumento, que é a soma dos valores dividida pela sua quan-
tidade.
Atenção! Essa função será sempre a média aritmética. Essa função considera apenas valores numéricos e não vazios.
=CONT.SE(): essa função é formada por dois argumentos: o primeiro é o intervalo de células que serão consideradas na operação; o
segundo é o critério.
=SE(): essa função testa valores, permitindo escolher um dentre dois valores possíveis. A sua estrutura é a seguinte:

A condição é uma expressão lógica e dá como resultado VERDADEIRO ou FALSO. O resultado1 é escolhido se a condição for verdadeira;
o resultado2 é escolhido se a condição for falsa. Os resultados podem ser: “texto” (entre aspas sempre), número, célula (não pode inter-
valo, apenas uma única célula), fórmula.
A melhor forma de ler essa função é a seguinte: substitua o primeiro “;” por “Então” e o segundo “;” por “Senão”. Fica assim: se a
condição for VERDADEIRA, ENTÃO escolha resultado1; SENÃO escolha resultado2.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
=PROCV(): a função PROCV serve para procurar valores em um intervalo vertical de uma matriz e devolve para o usuário um valor de
outra coluna dessa mesma matriz, mas da mesma linha do valor encontrado.

Essa é a estrutura do PROCV, na qual “valor” é o valor usado na pesquisa; “matriz” é todo o conjunto de células envolvidas; “coluna_re-
sultado” é o número da coluna dessa matriz onde o resultado se encontra; “valor_aproximado” diz se a comparação do valor da pesquisa
será apenas aproximada ou terá que ser exatamente igual ao procurado. O valor usado na pesquisa tem que estar na primeira coluna da
matriz, sempre! Ou seja, ela procurará o valor pesquisado na primeira coluna da matriz.

Entendendo funções
Calc inclui mais de 350 funções para analisar e referenciar dados19. Muitas destas funções são para usar com números, mas muitos
outros são usados com datas e hora, ou até mesmo texto.
Uma função pode ser tão simples quanto adicionar dois números, ou encontrar a média de uma lista de números. Alternativamente,
pode ser tão complexo como o cálculo do desvio-padrão de uma amostra, ou a tangente hiperbólica de um número.
Algumas funções básicas são semelhantes aos operadores. Exemplos:
+ Este operador adiciona dois números juntos para um resultado. SOMA(), por outro lado adiciona grupos de intervalos contíguos de
números juntos.
* Este operador multiplica dois números juntos para um resultado. MULT() faz o mesmo para multiplicar que SOMA() faz para adicionar

Estrutura de funções
Todas as funções têm uma estrutura similar.
A estrutura de uma função para encontrar células que correspondam a entrada de critérios é:
=BDCONTAR(Base_de_dados;Campo_de_Base_de_dados;CritériosdeProcura)
Uma vez que uma função não pode existir por conta própria, deve sempre fazer parte de uma fórmula. Consequentemente, mesmo
que a função represente a fórmula inteira, deve haver um sinal = no começo da fórmula. Independentemente de onde na fórmula está a
função, a função começará com seu nome, como BDCONTAR no exemplo acima. Após o nome da função vem os seus argumentos. Todos
os argumentos são necessários, a menos que especificados como opcional. Argumentos são adicionados dentro de parênteses e são sepa-
rados por ponto e vírgula, sem espaço entre os argumentos e o ponto e vírgula.

LibreOffice Impress
O Impress é o aplicativo de apresentação de slides do LibreOffice. Com ele é possível criar slides que contenham vários elementos
diferentes, incluindo texto, listas com marcadores e numeração, tabelas, gráficos e uma vasta gama de objetos gráficos tais como clipart,
desenhos e fotografias20.
O Impress também é compatível com o MS PowerPoint, permitindo criar, abrir, editar e salvar arquivos no formato.PPTX.

Janela principal do Impress


A janela principal do Impress tem três partes: o Painel de slides, Área de trabalho, e Painel lateral. Além disso, várias barras de ferra-
mentas podem ser exibidas ou ocultas durante a criação de uma apresentação.

Área de trabalho
A Área de trabalho (normalmente no centro da janela principal) tem cinco abas: Normal, Estrutura de tópicos, Notas, Folheto e Clas-
sificador de slides. Estas cinco abas são chamadas de botões de visualização A área de trabalho abaixo da visualização de botões muda
dependendo da visualização escolhida. Os pontos de vista de espaço de trabalho são descritos em “Visualização da Área de trabalho”’.

19 Duprey, B.; Silva, R. P.; Parker, H.; Vigliazzi, D. Douglas. Guia do Calc, Capítulo 7. Usando Formulas e Funções.
20 SCHOFIELD, P.; WEBER, J. H.; RUSSMAN, H.; O’BRIEN, K.; JR, R. F. Introdução ao Impress. Apresentação no LibreOffice

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Janela principal do Impress; ovais indicam os marcadores Ocultar/Exibir.

Painel de slides
O Painel de slides contém imagens em miniaturas dos slides em sua apresentação, na ordem em que serão mostradas, a menos que
você altere a ordem de apresentação de slides. Clicando em um slide neste painel, este é selecionado e colocado na Área e trabalho. Quan-
do um slide está na Área de trabalho, você pode fazer alterações nele.
Várias operações adicionais podem ser realizadas em um ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
– Adicionar novos slides para a apresentação.
– Marcar um slide como oculto para que ele não seja exibido como parte da apresentação.
– Excluir um slide da apresentação se ele não for mais necessário.
– Renomear um slide.
– Duplicar um slide (copiar e colar)

Também é possível realizar as seguintes operações, embora existam métodos mais eficientes do que usar o Painel de slides:
– Alterar a transição de slides seguindo o slide selecionado ou após cada slide em um grupo de slides.
– Alterar o design de slide.

Barra lateral
O Barra lateral tem cinco seções. Para expandir uma seção que você deseja usar, clique no ícone ou clique no pequeno triângulo na
parte superior dos ícones e selecione uma seção da lista suspensa. Somente uma seção de cada vez pode ser aberta.

PROPRIEDADES

Mostra os layouts incluídos no Impress. Você pode escolher o que você quer e usá-lo como ele é, ou modificá-lo para atender às
suas necessidades. No entanto, não é possível salvar layouts personalizados.

PÁGINAS MESTRE

Aqui você define o estilo de página (slide) para sua apresentação. O Impress inclui vários modelos de páginas mestras (slide mestre).
Um deles – Padrão – é branco, e o restante tem um plano de fundo e estilo de texto.

ANIMAÇÃO PERSONALIZADA

Uma variedade de animações podem ser usadas para realçar ou melhorar diferentes elementos de cada slide. A seção Animação
personalizada fornece uma maneira fácil para adicionar, alterar, ou remover animações.

TRANSIÇÃO DE SLIDES

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Fornece acesso a um número de opções de transição de slides. O padrão é definido como Sem transição, em que o slide seguinte
substitui o existente. No entanto, muitas transições adicionais estão disponíveis. Você também pode especificar a velocidade de tran-
sição (Lenta, Média, Rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e escolher quanto tempo o slide selecionado será
mostrado (somente transição automática).

ESTILOS E FORMATAÇÃO

Aqui você pode editar e aplicar estilos gráficos e criar estilos novos, mas você só pode editar os estilos de apresentação existentes.
Quando você edita um estilo, as alterações são aplicadas automaticamente a todos os elementos formatados com este estilo em sua
apresentação. Se você quiser garantir que os estilos em um slide específico não sejam atualizados, crie uma nova página mestra para o
slide.

GALERIA

Abre a galeria Impress, onde você pode inserir um objeto em sua apresentação, quer seja como uma cópia ou como um link. Uma
cópia de um objeto é independente do objeto original. Alterações para o objeto original não têm efeito sobre a cópia. Uma ligação per-
manece dependente do objeto original. Alterações no objeto original também são refletidas no link.

NAVEGADOR

Abre o navegador Impress, no qual você pode mover rapidamente para outro slide ou selecionar um objeto em um slide. Recomen-
da-se dar nomes significativos aos slides e objetos em sua apresentação para que você possa identificá-los facilmente quando utilizar a
navegação.

• Principais Funcionalidades e Comandos

Inicia a apresentação do primeiro slide (F5).

Inicia a apresentação do slide atual (SHIFT+F5).

Insere áudio e vídeo ao slide.

Insere caixa de texto ao slide.

Insere novo slide, permitindo escolher o leiaute do slide que será inserido.

Exclui o slide selecionado.

Altera o leiaute do slide atual.

Cria um slide mestre.

Oculta o slide no modo de apresentação.

Cronometra o tempo das animações e transições dos slides no modo de apresentação para posterior exibição automática
usando o tempo cronometrado.

Configura as transições dos slides, ou seja, o efeito de passagem de um para o outro.

Configura a animação dos conteúdos dos slides, colocando efeitos de entrada, ênfase, saída e trajetória.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MICROSOFT EXCEL 2016: ELABORAÇÃO, CÁLCULOS E MANIPULAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS

É o principal software de planilhas eletrônicas entre as empresas quando se trata de operações financeiras e contabilísticas21.
O Microsoft Excel 2013 tem um aspeto diferente das versões anteriores.

Tela inicial do Excel 2013.

As cinco principais funções do Excel são:


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.
Barra de ferramentas de acesso rápido
Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

21 http://www.prolinfo.com.br

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As linhas de uma planilha são representadas em números, formam um total
de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical esquerda da planilha.

Linhas e colunas.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao
MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO
: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de prioridade de cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

• Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

• Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

MICROSOFT POWERPOINT 2016: ESTRUTURA BÁSICA DE APRESENTAÇÕES, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO

O aplicativo Power Point 2016 é um programa para apresentações eletrônicas de slides. Nele encontramos os mais diversos tipos de
formatações e configurações que podemos aplicar aos slides ou apresentação de vários deles. Através desse aplicativo, podemos ainda,
desenvolver slides para serem exibidos na web, imprimir em transparência para projeção e melhor: desenvolver apresentações para pa-
lestras, cursos, apresentações de projetos e produtos, utilizando recursos de áudio e vídeo.
O MS PowerPoint é um aplicativo de apresentação de slides, porém ele não apenas isso, mas também realiza as seguintes tarefas22:
– Edita imagens de forma bem simples;
– Insere e edita áudios mp3, mp4, midi, wav e wma no próprio slide;
– Insere vídeos on-line ou do próprio computador;
– Trabalha com gráficos do MS Excel;
– Grava Macros.

Tela inicial do PowerPoint 2016.

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor, tipos
de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;

22 FRANCESCHINI, M. Ms PowerPoint 2016 – Apresentação de Slides.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a apre-
sentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esquemas
personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
– Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar informa-
ções entre si através do documento, através de comentários.

Novos Recursos do MS PowerPoint


Na nova versão do PowerPoint, alguns recursos foram adicionados. Vejamos quais são eles.
• Diga-me: serve para encontrar instantaneamente os recursos do aplicativo.
• Gravação de Tela: novo recurso do MS PowerPoint, encontrado na guia Inserir. A Gravação de Tela grava um vídeo com áudio das
ações do usuário no computador, podendo acessar todas as janelas do micro e registrando os movimentos do mouse.

• Compartilhar: permite compartilhar as apresentações com outros usuários on-line para edição simultânea por meio do OneDrive.
• Anotações à Tinta: o usuário pode fazer traços de caneta à mão livre e marca-texto no documento. Esse recurso é acessado por
meio da guia Revisão.

• Ideias de Design: essa nova funcionalidade da guia Design abre um painel lateral que oferece sugestões de remodelagem do slide
atual instantaneamente.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Guia Arquivo
Ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar, Enviar, Publicar e
Fechar23.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido24


Localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de
comandos independentes da guia exibida no momento. É possível adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra
de um dos dois locais possíveis.

Barra de Título
Exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.

Botões de Comando da Janela

Acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa PowerPoint.
23 popescolas.com.br/eb/info/power_point.pdf
24 http://www.professorcarlosmuniz.com.br

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Faixa de Opções
A Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os comandos são organiza-
dos em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação ou disposição de uma página.
Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia Ferramentas de Imagem
somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a produti-
vidade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos25.

Painel de Anotações
Nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.

Barra de Status
Exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

Nível de Zoom
Clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O PowerPoint
2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.

25 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde


você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 englo- Então basta começar a digitar.
ba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo;
escolher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando Formatar texto
o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para
e criar efeitos, como transições de slides animados. selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
Ao iniciarmos o aplicativo Power Point 2016, automaticamente sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão
é exibida uma apresentação em branco, na qual você pode começar pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o bo-
a montar a apresentação. Repare que essa apresentação é montada tão esquerdo.
sem slides adicionais ou formatações, contendo apenas uma caixa Para formatar nossa caixa de texto temos os grupos da guia
de texto com título e subtítulo, sem plano de fundo ou efeito de Página Inicial. O primeiro grupo é a Fonte, podemos através deste
preenchimento. Para dar continuidade ao seu trabalho e criar uma grupo aplicar um tipo de letra, um tamanho, efeitos, cor, etc.
outra apresentação em outro slide, basta clicar em Página Inicial e Fonte: altera o tipo de fonte.
em seguida Novo Slide. Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecio-
nado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre
caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para
MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também
pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+E.
Layout Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode
O layout é o formato que o slide terá na apresentação como ser acionado através do comando Ctrl+G.
títulos, imagens, tabelas, entre outros. Nesse caso, você pode esco- Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
lher entre os vários tipos de layout. nando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, pro-
Para escolher qual layout você prefere, faça o seguinte proce- movendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita
dimento: da página.
1. Clique em Página Inicial;
2. Após clique em Layout;
3. Em seguida, escolha a opção.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

Excluir slide
Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam desde
listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações como
plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por exemplo, na
imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é a numeração
da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada layout
de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm o mesmo
tema (esquema de cor, fontes e efeitos).

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de
em Slide Mestre. e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicial-
mente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever
sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente
de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui
o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar,
nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comu-
nicando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser
enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do desti-
natário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora
de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio,
o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servi-
dor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa
SMTP deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe
MICROSOFT OUTLOOK 2016: CORREIO ELETRÔNICO naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue
ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de
E-mail e-mail do destinatário.
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men- Ações no correio eletrônico
sagem atualmente26. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode Independente da tecnologia e recursos empregados no correio
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
e-mail, não importando a distância ou a localização. – Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru- recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido – Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descarta-
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso. dos pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de
O resultado é algo como: Lixeira. Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na
lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as
maria@apostilassolucao.com.br mensagens definitivamente (este é um processo de segurança para
garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por en-
Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio gano). Para apagar definitivamente um e-mail é necessário entrar,
eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook. de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário existentes.
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun- – Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensa-
to de regras para o uso desses serviços. gem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em
Correio Eletrônico geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor- de destino separados por ponto-e-vírgula.
reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um – CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repas-
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio samos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais
e recebimento de mensagens27. Estas mensagens são armazenadas da mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas – CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repas-
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos samos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destina-
e extração de cópias das mensagens. tários principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também
foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
Funcionamento básico de correio eletrônico – Assunto: título da mensagem.
Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois pro- – Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte
gramas funcionando em uma máquina servidora: da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de ao usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men- de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente
sagens. ele será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso,
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiá-
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de veis e, em geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem
correio internet), ambos protocolos para recebimento de mensa- ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus
gens. e pragas. Alguns antivírus permitem analisar anexos de e-mails an-
tes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por
exemplo, o Gmail, permitem analisar preliminarmente se um anexo
contém arquivos com malware.

26 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20
Avan%E7ado.pdf
27 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-
-webmail-e-mozilla-thunderbird/

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

28

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um
servidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

28 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

29

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

GOOGLE CHROME 93.X OU SUPERIOR: NAVEGAÇÃO NA INTERNET

Microsoft Edge versão 91


Um navegador de internet é um programa que mostra informações da internet na tela do computador do usuário. São conhecidos
como browser ou web browser, e funcionam em computadores, notebooks, dispositivos móveis, aparelhos portáteis, videogames e tele-
visores conectados à internet.
Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo inter-
nauta.

— Barra de Endereço: É o espaço em branco que fica localizado no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar a URL
(ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer página na web.
— Botões de Início, Voltar e Avançar: Botões clicáveis básicos que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do nave-
gador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte.
— Favoritos: É a aba que armazena as URLs de preferência do usuário.
— Atualizar: Botão básico que recarrega a página aberta naquele momento, atualizando o conteúdo nela mostrado.
— Histórico: Opção que mostra o histórico de navegação do usuário usando determinado navegador. É muito útil para recuperar links,
páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser apagado, caso o usuário queira.
— Gerenciador de Downloads: Permite administrar os downloads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pausar por
tempo indeterminado.
— Extensões: Já é padrão dos navegadores de internet terem um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades. Com
alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plugins com novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre outros.
— Central de Ajuda: Espaço para verificar a versão instalada do navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também existam
em português) de como realizar tarefas ou ações específicas no navegador.

• As Funcionalidades de um Navegador de Internet


A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador. Ele
decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta.
O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser interpre-
tado pelos navegadores.
Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF, imagens e outros tipos de dados.

29 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Microsoft Edge versão 91
O Edge é o navegador padrão do Windows 10, que é desenvolvido pela Microsoft usando o mesmo motor do Chrome. Ele é a evolu-
ção natural do antigo Explorer. Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário convertendo sites complexos em páginas mais
amigáveis para leitura.

Outras características do Edge são:


- Experiência de navegação com alto desempenho;
- Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qualquer lugar conectado à internet;
- Funciona com a assistente de navegação Cortana;
- Disponível em desktops e mobile com Windows 10;
- Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.

A versão estável de número 91 do programa, além de trazer funções melhoradas, é a versão mais rápida de seu navegador desenvol-
vida até hoje para Windows 10.

• Principais ferramentas da versão 91

— Mais opções de personalização


Suporte para temas, mas agora é possível personalizá-lo ainda mais. Na opção “Aparência” encontrada em suas “Configurações”, o
próprio Edge passou a trazer mais opções temas coloridos para mudar a sua interface.

— Auto-play de vídeos bloqueados por padrão


Ao acessar alguns sites da internet, não é incomum que os usuários se deparem com vídeos rodando sem a sua intervenção. Para
evitar estes possíveis incômodos, o Edge agora bloqueia que vídeos sejam executados sem seus usuários pedirem.

— Modo leitura otimizado para a Wikipédia


O Edge já tinha um modo para isso, mas agora foi otimizado para funcionar melhor com os conteúdos vistos na Wikipédia.

— Melhorias no leitor de PDF


Além de servirem para navegar na internet, a maioria dos browsers também vem com o suporte para abrir documentos no formato
PDF. Já a versão 91 do Edge melhorou diversos aspectos referentes a esta funcionalidade.
Além do mais ficou mais fácil selecionar o texto ou conteúdo de um documento e também conferir sua autenticidade. Não somente
isso, a Microsoft também suavizou a rolagem dos documentos, ou seja, ficará mais agradável fazer a leitura de artigos grandes.

— Outras melhorias do Microsoft Edge


A Microsoft também melhorou o reconhecimento de comandos por voz, que podem ser dados, por exemplo, para fazer uma busca
no Google.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Mozilla Firefox versão 78 ESR – Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o compu-
O Firefox é um dos navegadores de internet mais popular, tam- tador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
bém é conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da – Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos
média. A ferramenta também não exige o armazenamento de da- em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em
dos do usuário e nem os vende para terceiros, justamente por sua páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do
origem não ter fins lucrativos (ele é de código-aberto). compartilhamento de recursos).

Algumas características de destaque do Firefox são: Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso
— Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente; aos dados armazenados no computador e podem executar ações
— Não exige um hardware poderoso para rodar; em nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usu-
— Grande quantidade de extensões para adicionar novos re- ário.
cursos; Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver
— Interface simplificada facilita o entendimento do usuário; e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens fi-
— Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri- nanceiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de au-
vacidade; topromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são
— Disponível em desktop e mobile. muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a prática
de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais
Versão 78.0esr, oferecida pela primeira vez aos usuários do ca- detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na Internet e
nal ESR em 30 de junho de 2020. O Firefox 78 ESR inclui todos os Spam, respectivamente).
aprimoramentos desde o Firefox 68, juntamente com muitos novos A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos ma-
recursos para tornar suas implantações corporativas mais fáceis e liciosos existentes.
ainda mais flexíveis.
Vírus
Alguns dos destaques da nova Versão de Suporte Estendido
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador,
são:
normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mes-
— Modo quiosque;
mo e se tornando parte de outros programas e arquivos.
— Certificados de cliente;
— As APIs service Worker e Push estão agora habilitadas; Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo
— O recurso Block Autoplay está ativado; de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo
— Suporte de imagem na imagem; hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é
— Exibir e gerenciar certificados web em cerca de certificado. preciso que um programa já infectado seja executado.
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os
Além do mais ele adiciona a capacidade de abrir documentos disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e
PDF baixados diretamente no Firefox através de uma nova opção começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atu-
que aparecerá em novos downloads de PDF. Há várias melhorias almente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal
no mecanismo Gecko, a capacidade de definir a posição da janela meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente,
na linha de comando e uma Visualização do Leitor renovada que pelo uso de pen-drives.
corresponde à interface do usuário do Photon. Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul-
O Firefox agora pode restaurar várias abas fechadas através da tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi-
opção Desfazer abas fechadas após uma operação de várias abas, dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem
permite que os usuários desativem os Top Sites em foco por meio inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em
de uma nova opção em about:preferences e adiciona suporte ao datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
recurso link rel=”preload”recurso de desempenho da web. – Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane-
xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre
este arquivo, fazendo com que seja executado.
SEGURANÇA: TIPOS DE VÍRUS, CAVALOS DE TRÓIA, – Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS-
MALWARES, WORMS, SPYWARE, PHISHING, PHAR- cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por
MING, RANSOMWARES, SPAM e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail
escrito em formato HTML.
– Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em
Códigos maliciosos (Malware) linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por
Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente
aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que
desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas
compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre ou-
em um computador30. Algumas das diversas formas como os códi-
tros).
gos maliciosos podem infectar ou comprometer um computador
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para
são:
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos progra- celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS
mas instalados; (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usu-
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como ário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa.
pen-drives;
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegado- Worm
res vulneráveis; Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen-
te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para
computador.
30 https://cartilha.cert.br/malware/

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu- – Adware: projetado especificamente para apresentar propa-
são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas gandas.
sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto-
mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em Backdoor
computadores. Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor
Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços
recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que criados ou modificados para este fim.
costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem- Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que
penho de redes e a utilização de computadores. tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes,
que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados
Bot e botnet no computador para invadi-lo.
Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu-
com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente. turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces-
Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova-
seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne- mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção
rabilidades existentes em programas instalados em computadores. e, na maioria dos casos, sem que seja notado.
A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo
bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo Cavalo de troia (Trojan)
P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que,
instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des- além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje-
ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam. tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e
Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de sem o conhecimento do usuário.
zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente, Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém
sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani-
spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros.
de e-mails e o utiliza para o envio de spam. Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne-
Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com- cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados
putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas no computador.
executadas pelos bots. Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após
invadirem um computador, alteram programas já existentes para
Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela
que, além de continuarem a desempenhar as funções originais,
será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios
também executem ações maliciosas.
ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que
desejem que uma ação maliciosa específica seja executada.
Rootkit
Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite
por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código
propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta
malicioso em um computador comprometido.
de informações de um grande número de computadores, envio de
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in-
spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro- vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri-
xies instalados nos zumbis). vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados
na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou
Spyware dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa-
Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida- dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili-
des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros. zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem
Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de- ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis-
pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de mos de proteção.
informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as
informações coletadas. Pode ser considerado de uso: Ransomware
– Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí-
próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri- veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan-
ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para
autorizado. restabelecer o acesso ao usuário31.
– Malicioso: quando executa ações que podem comprometer
a privacidade do usuário e a segurança do computador, como mo- O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins.
nitorar e capturar informações referentes à navegação do usuário Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns
ou inseridas em outros programas (por exemplo, conta de usuário sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que
e senha). induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades
Alguns tipos específicos de programas spyware são: em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de
– Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas segurança.
pelo usuário no teclado do computador.
– Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po-
sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em
que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o
mouse é clicado.
31 https://cartilha.cert.br/ransomware/

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Antivírus 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um
O antivírus é um software de proteção do computador que eli- novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi- erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
car o computador. baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có- tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados. adicionada para resolver o problema constatado por João.
O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa- (A) Placa de som
drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em (B) Placa de fax modem
algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com (C) Placa usb
isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro- (D) Placa de captura
vidência. (E) Placa de vídeo
O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro-
cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos 3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
os dias são criados vírus novos. riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail um exemplo de periférico somente de entrada.
ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou (A) Monitor
mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma (B) Impressora
contaminação. (C) Caixa de som
Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze- (D) Headphone
namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de- (E) Mouse
vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes.
Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa- 4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado-
gas. Entre as principais estão: res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
– Avast; bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados
– AVG; URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
– Norton; reço válido na Internet é:
– Avira; (A) http:@site.com.br
– Kaspersky; (B) HTML:site.estado.gov
– McAffe. (C) html://www.mundo.com
(D) https://meusite.org.br
Filtro anti-spam (E) www.#social.*site.com
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici-
tados, que geralmente são enviados para um grande número de 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
pessoas. Spam zombies são computadores de usuários finais que res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
foram comprometidos por códigos maliciosos em geral, como wor- localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
ms, bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez presencial, chamamos esse serviço de:
instalados, permitem que spammers utilizem a máquina para o en- (A) Computação On-Line.
vio de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam (B) Computação na nuvem.
máquinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam (C) Computação em Tempo Real.
a identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam (D) Computação em Block Time.
zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o (E) Computação Visual
anonimato que tanto os protege.
Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese- 6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos
jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail. de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen-
tos associados à Internet, julgue o próximo item.
Anti-malwares Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa- áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no
dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos Youtube (http://www.youtube.com).
de ferramentas deste tipo. ( ) Certo
( ) Errado
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a
EXERCÍCIOS execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar
danos ao computador do usuário.
( ) Certo
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como ( ) Errado
principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
versões em papel para o formato digital, é denominado
(A) joystick.
(B) plotter.
(C) scanner.
(D) webcam.
(E) pendrive.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
cia de vírus. quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser ( ) Certo
adotado no exemplo acima. ( ) Errado
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
ao administrador de rede. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
de vírus. (A) init 0.
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. (B) init 6.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- (C) exit
toramento. (D) ls.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (E) cd.
analisá-lo posteriormente.
16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows minúsculas
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- ( ) Certo
são para processadores de 64 bits. ( ) Errado
( ) Certo
( ) Errado 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
uma versão oficial do Microsoft Windows meros e letras.
(A) Windows 7 (B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
(B) Windows 10 e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(C) Windows 8.1 (C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
(D) Windows 9 útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
(E) Windows Server 2012 que o Excel.
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do gens de correio eletrônico.
Windows: (E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
(A) Windows Gold. e recebimento de páginas web.
(B) Windows 8.
(C) Windows 7. 18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-
(D) Windows XP. ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
na Inicial” do Word 2010.
12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e (A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe- (B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
cuta? do documento.
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho. (C) Definir o alinhamento do texto.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner. (D) Inserir uma tabela no texto
(C) Capturar uma janela inteira
(D) Capturar uma seção retangular da tela. 19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou 2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
uma caneta eletrônica cativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
assinale a alternativa INCORRETA:
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
pela Microsoft.
(B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
pre visível ao usuário.
(C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
Kapersky. ( ) Certo
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado- ( ) Errado
res x86 e 64 bits.

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so- ______________________________________________________
noros à apresentação em elaboração.
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 E
3 E ______________________________________________________

4 D ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 ERRADO
______________________________________________________
7 CERTO
8 C ______________________________________________________
9 CERTO ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 A
12 B ______________________________________________________

13 D ______________________________________________________
14 CERTO ______________________________________________________
15 D
______________________________________________________
16 CERTO
17 A ______________________________________________________
18 D ______________________________________________________
19 CERTO
______________________________________________________
20 CERTO
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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______________________________________________________
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50
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Direito administrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Administração pública. Conceito e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Administração pública direta e indireta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Lei de improbidade administrativa (lei 8.429/92) E alterações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Poderes da administração pública: poder hierárquico. Poder disciplinar. Poder regulamentar. Poder de polícia . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Serviços públicos: conceito. Princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceito
De início, convém ressaltar que o estudo desse ramo do Direito, denota a distinção entre o Direito Administrativo, bem como
entre as normas e princípios que nele se inserem.
No entanto, o Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a surgir com a instituição do
Estado de Direito, no momento em que o Poder criador do direito passou também a respeitá-lo. Tal fenômeno teve sua origem com
os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu no final do século XVIII. Por meio do novo sistema, o Estado passou a ter órgãos
específicos para o exercício da Administração Pública e, por isso, foi necessário a desenvoltura do quadro normativo disciplinante
das relações internas da Administração, bem como das relações entre esta e os administrados. Assim sendo, pode considerar-se que
foi a partir do século XIX que o mundo jurídico abriu os olhos para a existência do Direito Administrativo.
Destaca-se ainda, que o Direito Administrativo foi formado a partir da teoria da separação dos poderes desenvolvida por Mon-
tesquieu, L’Espirit des Lois, 1748, e acolhida de forma universal pelos Estados de Direito. Até esse momento, o absolutismo reinante
e a junção de todos os poderes governamentais nas mãos do Soberano não permitiam o desenvolvimento de quaisquer teorias que
visassem a reconhecer direitos aos súditos, e que se opusessem às ordens do Príncipe. Prevalecia o domínio operante da vontade
onipotente do Monarca.
Conceituar com precisão o Direito Administrativo é tarefa difícil, uma vez que o mesmo é marcado por divergências doutri-
nárias, o que ocorre pelo fato de cada autor evidenciar os critérios que considera essenciais para a construção da definição mais
apropriada para o termo jurídico apropriado.
De antemão, ao entrar no fundamento de algumas definições do Direito Administrativo,
Considera-se importante denotar que o Estado desempenha três funções essenciais. São elas: Legislativa, Administrativa e Ju-
risdicional.
Pondera-se que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes, porém, em tese, harmônicos entre si. Os po-
deres foram criados para desempenhar as funções do Estado. Desta forma, verifica-se o seguinte:

Funções do Estado
> Legislativa
>> Administrativa
>>> Jurisdicional

Poderes criados para desenvolver as funções do estado


> Legislativo
>> Executivo
>>> Judiciário

Infere-se que cada poder exerce, de forma fundamental, uma das funções de Estado, é o que denominamos de FUNÇÃO TÍPICA.

PODER LEGISLATIVO PODER EXECUTIVO PODER JUDICIÁRIO


FUNÇÃO TÍPICA Legislar Administrativa Judiciária
Redigir e organizar o regramento Administração e gestão Julgar e solucionar conflitos por intermé-
ATRIBUIÇÃO
jurídico do Estado estatal dio da interpretação e aplicação das leis.

Além do exercício da função típica, cada poder pode ainda exercer as funções destinadas a outro poder, é o que denominamos
de exercício de FUNÇÃO ATÍPICA. Vejamos:

PODER LEGISLATIVO PODER EXERCUTIVO PODER JUDICIÁRIO


Tem-se por função atípica desse
Tem-se como função atípica desse Tem-se por função atípica desse
poder, por ser típica do Poder
poder, por ser típica do Poder poder, por ser típica do Poder
Executivo: Fazer licitação para
FUNÇÃO ATÍPICA Judiciário: O julgamento do Presi- Legislativo: A edição de Medida
realizar a aquisição de equipa-
dente da República por crime de Provisória pelo Chefe do Execu-
mentos utilizados em regime
responsabilidade. tivo.
interno.

Diante da difícil tarefa de conceituar o Direito Administrativo, uma vez que diversos são os conceitos utilizados pelos autores
modernos de Direito Administrativo, sendo que, alguns consideram apenas as atividades administrativas em si mesmas, ao passo
que outros, optam por dar ênfase aos fins desejados pelo Estado, abordaremos alguns dos principais posicionamentos de diferentes
e importantes autores.

1
DIREITO ADMINISTRATIVO
No entendimento de Carvalho Filho (2010), “o Direito Admi-
Oswaldo Aranha Bandeira de Mello aduz, em seu conceito
nistrativo, com a evolução que o vem impulsionando contempo-
analítico, que o Direito Administrativo juridicamente falando,
raneamente, há de focar-se em dois tipos fundamentais de rela-
ordena a atividade do Estado quanto à organização, bem como
ções jurídicas, sendo, uma, de caráter interno, que existe entre
quanto aos modos e aos meios da sua ação, quanto à forma da
as pessoas administrativas e entre os órgãos que as compõem
sua própria ação, ou seja, legislativa e executiva, por intermédio
e, a outra, de caráter externo, que se forma entre o Estado e a
de atos jurídicos normativos ou concretos, na consecução do seu
coletividade em geral.” (2010, Carvalho Filho, p. 26).
fim de criação de utilidade pública, na qual participa de forma
Como regra geral, o Direito Administrativo é conceituado
direta e imediata, e, ainda como das pessoas de direito que fa-
como o ramo do direito público que cuida de princípios e regras
çam as vezes do Estado.
que disciplinam a função administrativa abrangendo entes, ór-
gãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração
— Observação importante: Note que os conceitos classi-
Pública na consecução do interesse público.
ficam o Direito Administrativo como Ramo do Direito Público
Vale lembrar que, como leciona DIEZ, o Direito Administrati-
fazendo sempre referência ao interesse público, ao inverso do
vo apresenta, ainda, três características principais:
Direito Privado, que cuida do regulamento das relações jurídicas
entre particulares, o Direito Público, tem por foco regular os in-
1 – constitui um direito novo, já que se trata de disciplina
teresses da sociedade, trabalhando em prol do interesse público.
recente com sistematização científica;
2 – espelha um direito mutável, porque ainda se encontra
Por fim, depreende-se que a busca por um conceito comple-
em contínua transformação;
to de Direito Administrativo não é recente. Entretanto, a Admi-
3 – é um direito em formação, não se tendo, até o momento,
nistração Pública deve buscar a satisfação do interesse público
concluído todo o seu ciclo de abrangência.
como um todo, uma vez que a sua natureza resta amparada a
partir do momento que deixa de existir como fim em si mesmo,
Entretanto, o Direito Administrativo também pode ser con-
passando a existir como instrumento de realização do bem co-
ceituado sob os aspectos de diferentes óticas, as quais, no des-
mum, visando o interesse público, independentemente do con-
lindar desse estudo, iremos abordar as principais e mais impor-
ceito de Direito Administrativo escolhido.
tantes para estudo, conhecimento e aplicação.
• Ótica Objetiva: Segundo os parâmetros da ótica objetiva,
Objeto
o Direito Administrativo é conceituado como o acoplado de nor-
De acordo com a ilibada autora Maria Sylvia Zanella Di Pie-
mas que regulamentam a atividade da Administração Pública de
tro, a formação do Direito Administrativo como ramo autôno-
atendimento ao interesse público.
mo, fadado de princípios e objeto próprios, teve início a partir
• Ótica Subjetiva: Sob o ângulo da ótica subjetiva, o Direito
do instante em que o conceito de Estado de Direito começou a
Administrativo é conceituado como um conjunto de normas que
ser desenvolvido, com ampla estrutura sobre o princípio da le-
comandam as relações internas da Administração Pública e as
galidade e sobre o princípio da separação de poderes. O Direito
relações externas que são encadeadas entre elas e os adminis-
Administrativo Brasileiro não surgiu antes do Direito Romano, do
trados.
Germânico, do Francês e do Italiano. Diversos direitos contribuí-
Nos moldes do conceito objetivo, o Direito Administrativo é
ram para a formação do Direito Brasileiro, tais como: o francês, o
tido como o objeto da relação jurídica travada, não levando em
inglês, o italiano, o alemão e outros. Isso, de certa forma, contri-
conta os autores da relação.
buiu para que o nosso Direito pudesse captar os traços positivos
O conceito de Direito Administrativo surge também como
desses direitos e reproduzi-los de acordo com a nossa realidade
elemento próprio em um regime jurídico diferenciado, isso ocor-
histórica.
re por que em regra, as relações encadeadas pela Administração
Atualmente, predomina, na definição do objeto do Direito
Pública ilustram evidente falta de equilíbrio entre as partes.
Administrativo, o critério funcional, como sendo o ramo do di-
Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade de
reito que estuda a disciplina normativa da função administrativa,
Coimbra, Fernando Correia, o Direito Administrativo é o sistema
independentemente de quem esteja encarregado de exercê-la:
de normas jurídicas, diferenciadas das normas do direito priva-
Executivo, Legislativo, Judiciário ou particulares mediante dele-
do, que regulam o funcionamento e a organização da Adminis-
gação estatal”, (MAZZA, 2013, p. 33).
tração Pública, bem como a função ou atividade administrativa
Sendo o Direito Administrativo um ramo do Direito Públi-
dos órgãos administrativos.
co, o entendimento que predomina no Brasil e na América Lati-
Correia, o intitula como um corpo de normas de Direito Pú-
na, ainda que incompleto, é que o objeto de estudo do Direito
blico, no qual os princípios, conceitos e institutos distanciam-se
Administrativo é a Administração Pública atuante como função
do Direito Privado, posto que, as peculiaridades das normas de
administrativa ou organização administrativa, pessoas jurídicas,
Direito Administrativo são manifestadas no reconhecimento à
ou, ainda, como órgãos públicos.
Administração Pública de prerrogativas sem equivalente nas re-
De maneira geral, o Direito é um conjunto de normas, prin-
lações jurídico-privadas e na imposição, em decorrência do prin-
cípios e regras, compostas de coercibilidade disciplinantes da
cípio da legalidade, de limitações de atuação mais exatas do que
vida social como um todo. Enquanto ramo do Direito Público, o
as que auferem os negócios particulares.
Direito Administrativo, nada mais é que, um conjunto de princí-
Entende o renomado professor, que apenas com o apareci-
pios e regras que disciplina a função administrativa, as pessoas
mento do Estado de Direito acoplado ao acolhimento do princí-
e os órgãos que a exercem. Desta forma, considera-se como seu
pio da separação dos poderes, é que seria possível se falar em
objeto, toda a estrutura administrativa, a qual deverá ser voltada
Direito Administrativo.
para a satisfação dos interesses públicos.

2
DIREITO ADMINISTRATIVO
São leis específicas do Direito Administrativo a Lei n. Incluindo tratados internacionais.
8.666/1993 que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constitui- Desta maneira, sendo a Lei a fonte primária, formal e pri-
ção Federal, institui normas para licitações e contratos da Admi- mordial do Direito Administrativo, acaba por prevalecer sobre as
nistração Pública e dá outras providências; a Lei n. 8.112/1990, demais fontes. E isso, prevalece como regra geral, posto que as
que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis demais fontes que estudaremos a seguir, são consideradas fon-
da União, das autarquias e das fundações públicas federais; a tes secundárias, acessórias ou informais.
Lei n. 8.409/1992 que estima a receita e fixa a despesa da União A Lei pode ser subdividida da seguinte forma:
para o exercício financeiro de 1992 e a Lei n. 9.784/1999 que
regula o processo administrativo no âmbito da Administração — Lei em sentido amplo
Pública Federal. Refere-se a todas as fontes com conteúdo normativo, tais
O Direito Administrativo tem importante papel na identifi- como: a Constituição Federal, lei ordinária, lei complementar,
cação do seu objeto e o seu próprio conceito e significado foi de medida provisória, tratados internacionais, e atos administrati-
grande importância à época do entendimento do Estado francês vos normativos (decretos, resoluções, regimentos etc.).
em dividir as ações administrativas e as ações envolvendo o po-
der judiciário. Destaca-se na França, o sistema do contencioso — Lei em sentido estrito
administrativo com matéria de teor administrativo, sendo deci- Refere-se à Lei feita pelo Parlamento, pelo Poder Legislativo
dido no tribunal administrativo e transitando em julgado nesse por meio de lei ordinária e lei complementar. Engloba também,
mesmo tribunal. Definir o objeto do Direito Administrativo é im- outras normas no mesmo nível como, por exemplo, a medida
portante no sentido de compreender quais matérias serão julga- provisória que possui o mesmo nível da lei ordinária. Pondera-se
das pelo tribunal administrativo, e não pelo Tribunal de Justiça. que todos mencionados são reputados como fonte primária (a
Depreende-se que com o passar do tempo, o objeto de lei) do Direito Administrativo.
estudo do Direito Administrativo sofreu significativa e grande
evolução, desde o momento em que era visto como um sim- B) Doutrina
ples estudo das normas administrativas, passando pelo perío- Tem alto poder de influência como teses doutrinadoras nas
do do serviço público, da disciplina do bem público, até os dias decisões administrativas, como no próprio Direito Administrati-
contemporâneos, quando se ocupa em estudar e gerenciar os vo. A Doutrina visa indicar a melhor interpretação possível da
sujeitos e situações que exercem e sofrem com a atividade do norma administrativa, indicando ainda, as possíveis soluções
Estado, assim como das funções e atividades desempenhadas para casos determinados e concretos. Auxilia muito o viver diá-
pela Administração Pública, fato que leva a compreender que rio da Administração Pública, posto que, muitas vezes é ela que
o seu objeto de estudo é evolutivo e dinâmico acoplado com conceitua, interpreta e explica os dispositivos da lei.
a atividade administrativa e o desenvolvimento do Estado. Des-
tarte, em suma, seu objeto principal é o desempenho da função Exemplo:
administrativa. A Lei n. 9.784/1999, aduz que provas protelatórias podem
ser recusadas no processo administrativo. Desta forma, a doutri-
Fontes na explicará o que é prova protelatória, e a Administração Públi-
Fonte significa origem. Neste tópico, iremos estudar a ori- ca poderá usar o conceito doutrinário para recusar uma prova no
gem das regras que regem o Direito Administrativo. processo administrativo.
Segundo Alexandre Sanches Cunha, “o termo fonte provém
do latim fons, fontis, que implica o conceito de nascente de C) Jurisprudência
água. Entende-se por fonte tudo o que dá origem, o início de Trata-se de decisões de um tribunal que estão na mesma
tudo. Fonte do Direito nada mais é do que a origem do Direito, direção, além de ser a reiteração de julgamentos no mesmo sen-
suas raízes históricas, de onde se cria (fonte material) e como tido.
se aplica (fonte formal), ou seja, o processo de produção das
normas. São fontes do direito: as leis, costumes, jurisprudên- Exemplo:
cia, doutrina, analogia, princípio geral do direito e equidade.” O Superior Tribunal de Justiça (STJ), possui determinada ju-
(CUNHA, 2012, p. 43). risprudência que afirma que candidato aprovado dentro do nú-
mero de vagas previsto no edital tem direito à nomeação, adu-
Fontes do Direito Administrativo: zindo que existem diversas decisões desse órgão ou tribunal com
o mesmo entendimento final.
A) Lei
A lei se estende desde a constituição e é a fonte primária e — Observação importante: Por tratar-se de uma orienta-
principal do Direito Administrativo e se estende desde a Cons- ção aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração
tituição Federal em seus artigos 37 a 41, alcançando os atos Pública, a jurisprudência não é de seguimento obrigatório. En-
administrativos normativos inferiores. Desta forma, a lei como tretanto, com as alterações promovidas desde a CFB/1988, esse
fonte do Direito Administrativo significa a lei em sentido amplo, sistema orientador da jurisprudência tem deixado de ser a regra.
ou seja, a lei confeccionada pelo Parlamento, bem como os atos
normativos expedidos pela Administração, tais como: decretos, Exemplo:
resoluções, Os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo Supremo
Tribunal Federal na ação direta de inconstitucionalidade (ADI),
na ação declaratória constitucionalidade (ADC) e na arguição de
descumprimento de preceito fundamental, e, em especial, com
as súmulas vinculantes, a partir da Emenda Constitucional nº.

3
DIREITO ADMINISTRATIVO
45/2004. Nesses ocorridos, as decisões do STF acabaram por
vincular e obrigar a Administração Pública direta e indireta dos ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONCEITO E PRINCÍPIOS
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios, nos termos dispostos no art. 103-A da CF/1988. Estado
Conceito, Elementos e Princípios
D) Costumes Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio
Costumes são condutas reiteradas. Assim sendo, cada país, a surgir por intermédio do antigo conceito de cidade, da polis
Estado, cidade, povoado, comunidade, tribo ou população tem grega e da civitas romana. Em meados do século XVI o vocábulo
os seus costumes, que via de regra, são diferentes em diversos Estado passou a ser utilizado com o significado moderno de for-
aspectos, porém, em se tratando do ordenamento jurídico, não ça, poder e direito.
poderão ultrapassar e ferir as leis soberanas da Carta Magna que O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de
regem o Estado como um todo. direitos, que possui como elementos: o povo, o território e a
soberania. Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino
Como fontes secundárias e atuantes no Direito Administra- (2010, p. 13), “Estado é pessoa jurídica territorial soberana, for-
tivo, os costumes administrativos são práticas reiteradas que mada pelos elementos povo, território e governo soberano”.
devem ser observadas pelos agentes públicos diante de deter- O Estado como ente, é plenamente capacitado para adqui-
minadas situações. Os costumes podem exercer influência no rir direitos e obrigações. Ademais, possui personalidade jurídica
Direito Administrativo em decorrência da carência da legislação, própria, tanto no âmbito interno, perante os agentes públicos
consumando o sistema normativo, costume praeter legem, ou e os cidadãos, quanto no âmbito internacional, perante outros
nas situações em que seria impossível legislar sobre todas as si- Estados.
tuações. Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que
Os costumes não podem se opor à lei (contra legem), pois compõem o Estado:
ela é a fonte primordial do Direito Administrativo, devendo so-
mente auxiliar à exata compreensão e incidência do sistema nor- POVO: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre
mativo. por que é do povo que origina todo o poder representado pelo
Estado, conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo úni-
Exemplo: co, da Constituição Federal:
Ao determinar a CFB/1988 que um concurso terá validade Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
de até 2 anos, não pode um órgão, de forma alguma, atribuir por por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.
efeito de costume, prazo de até 10 anos, porque estaria contra-
O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula ju-
riando disposição expressa na Carta Magna, nossa Lei Maior e
ridicamente ao Estado, de forma estabilizada.
Soberana.
Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas,
diferentemente da população, que tem sentido demográfico e
Ressalta-se, com veemente importância, que os costumes
quantitativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem
podem gerar direitos para os administrados, em decorrência dos
sob sua jurisdição territorial, sendo desnecessário haver quais-
princípios da lealdade, boa-fé, moralidade administrativa, den-
quer tipos de vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado.
tre outros, uma vez que um certo comportamento repetitivo da
Administração Pública gera uma expectativa em sentido geral de
Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina
que essa prática deverá ser seguida nas demais situações pare- como sinônimo de nação e, ainda, no sentido de subordinação a
cidas uma mesma autoridade política.
No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determi-
— Observação importante: Existe divergência doutrinária nada pela nacionalidade, que nada mais é que o vínculo jurídico
em relação à aceitação dos costumes como fonte do Direito Ad- estabelecido pela Constituição entre os cidadãos e o Estado.
ministrativo. No entanto, para concursos, e estudos correlatos, O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o
via de regra, deve ser compreendida como correta a tese no sen- conjunto de pessoas que detém o poder, a soberania, conforme
tido de que o costume é fonte secundária, acessória, indireta e já foi explicitado por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88
imediata do Direito Administrativo, tendo em vista que a fonte dispondo que “Todo poder emana do povo, que exerce por meio
primária e mediata é a Lei. de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”.
Nota - Sobre Súmulas Vinculantes
Nos termos do art. 103 - A da Constituição Federal, ‘‘o Su- TERRITÓRIO: pode ser conceituado como a área na qual o
premo Tribunal Federal poderá, de ofício ou mediante provoca- Estado exerce sua soberania. Trata-se da base física ou geográfi-
ção, por decisão de dois terços de seus membros, após decisões ca de um determinado Estado, seu elemento constitutivo, base
reiteradas que versam sobre matéria constitucional, aprovar sú- delimitada de autoridade, instrumento de poder com vistas a di-
mulas que terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos rigir o grupo social, com tal delimitação que se pode assegurar à
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta”. eficácia do poder e a estabilidade da ordem.
O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez,
podem ser naturais ou convencionais. O território como elemen-
to do Estado, possui duas funções, sendo uma negativa limitante
de fronteiras com a competência da autoridade política, e outra
positiva, que fornece ao Estado a base correta de recursos ma-
teriais para ação.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o Direito Constitucional. Nesse sentido, a soberania surge nova-
território é elemento essencial à existência do Estado, sendo, mente em discussão, procurando resolver ou atribuir o poder
desta forma, pleno objeto de direitos do Estado, o qual se en- originário e seus limites, entrando em voga o poder constituinte
contra a serviço do povo e pode usar e dispor dele com poder originário, o poder constituinte derivado, a soberania popular,
absoluto e exclusivo, desde que estejam presentes as caracterís- do parlamento e do povo como um todo. Depreende-se que o
ticas essenciais das relações de domínio. O território é formado fundo desta problemática está entranhado na discussão acerca
pelo solo, subsolo, espaço aéreo, águas territoriais e plataforma da positivação do Direito em determinado Estado e seu respec-
continental, prolongamento do solo coberto pelo mar. tivo exercício.
Assim sendo, em síntese, já verificados o conceito de Estado
A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa Na- e os seus elementos. Temos, portanto:
cional, órgão de consulta do presidente da República, competên-
cia para “propor os critérios e condições de utilização de áreas ESTADO = POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA
indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre
seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas rela- Obs. Os elementos (povo + território + soberania) do Estado
cionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais não devem ser confundidos com suas funções estatais que nor-
de qualquer tipo”. (Artigo 91, §1º, III,CFB/88). malmente são denominadas “Poderes do Estado” e, por sua vez,
são divididas em: legislativa, executiva e judiciária
Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais Em relação aos princípios do Estado Brasileiro, é fácil encon-
próprias da vida do Estado é uma porção da superfície terrestre, tra-los no disposto no art. 1º, da CFB/88. Vejamos:
projetada desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
porção territorial e suas projeções adquiram significado políti- indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
co e jurídico, é preciso considerá-las como um local de assenta- tui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
mento do grupo humano que integra o Estado, como campo de I - a soberania;
ação do poder político e como âmbito de validade das normas II - a cidadania;
jurídicas. III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
SOBERANIA: Trata-se do poder do Estado de se auto admi- V - o pluralismo político.
nistrar. Por meio da soberania, o Estado detém o poder de regu-
lar o seu funcionamento, as relações privadas dos cidadãos, bem Ressalta-se que os conceitos de soberania, cidadania e plu-
como as funções econômicas e sociais do povo que o integra. ralismo político são os que mais são aceitos como princípios do
Por meio desse elemento, o Estado edita leis aplicáveis ao seu Estado. No condizente à dignidade da pessoa humana e aos va-
território, sem estar sujeito a qualquer tipo de interferência ou lores sociais do trabalho e da livre inciativa, pondera-se que es-
dependência de outros Estados. tes constituem as finalidades que o Estado busca alcançar. Já os
Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está conceitos de soberania, cidadania e pluralismo político, podem
ligada à força e ao poder. Se antes, o direito era dado, agora é ser plenamente relacionados com o sentido de organização do
arquitetado, anteriormente era pensado na justiça robusta, ago- Estado sob forma política, e, os conceitos de dignidade da pes-
ra é engendrado na adequação aos objetivos e na racionalidade soa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa,
técnica necessária. O poder do Estado é soberano, uno, indivisí- implicam na ideia do alcance de objetivos morais e éticos.
vel e emana do povo. Além disso, todos os Poderes são partes de
um todo que é a atividade do Estado. Governo
Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos Conceito
parâmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania é elemento es- Governo é a expressão política de comando, de iniciativa pú-
sencial e fundamental à existência da República Federativa do blica com a fixação de objetivos do Estado e de manutenção da
Brasil. ordem jurídica contemporânea e atuante.
A lei se tornou de forma essencial o principal instrumento O Brasil adota a República como forma de Governo e o fe-
de organização da sociedade. Isso, por que a exigência de justiça deralismo como forma de Estado. Em sua obra Direito Adminis-
e de proteção aos direitos individuais, sempre se faz presente na trativo da Série Advocacia Pública, o renomado jurista Leandro
vida do povo. Por conseguinte, por intermédio da Constituição Zannoni, assegura que governo é elemento do Estado e o expla-
escrita, desde a época da revolução democrática, foi colocada na como “a atividade política organizada do Estado, possuindo
uma trava jurídica à soberania, proclamando, assim, os direitos ampla discricionariedade, sob responsabilidade constitucional e
invioláveis do cidadão. política” (p. 71).
O direito incorpora a teoria da soberania e tenta compatibi- É possível complementar esse conceito de Zannoni com a
lizá-la aos problemas de hoje, e remetem ao povo, aos cidadãos afirmação de Meirelles (1998, p. 64-65) que aduz que “Governo
e à sua participação no exercício do poder, o direito sempre ten- é a expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de
de a preservar a vontade coletiva de seu povo, através de seu or- objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente”.
denamento, a soberania sempre existirá no campo jurídico, pois Entretanto, tanto o conceito de Estado como o de governo po-
o termo designa igualmente o fenômeno político de decisão, de dem ser definidos sob diferentes perspectivas, sendo o primeiro,
deliberação, sendo incorporada à soberania pela Constituição. apresentado sob o critério sociológico, político, constitucional,
A Constituição Federal é documento jurídico hierarquica- dentre outros fatores. No condizente ao segundo, é subdividi-
mente superior do nosso sistema, se ocupando com a organi- do em sentido formal sob um conjunto de órgãos, em sentido
zação do poder, a definição de direitos, dentre outros fatores. material nas funções que exerce e em sentido operacional sob a
Nesse diapasão, a soberania ganha particular interesse junto ao forma de condução política.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
O objetivo final do Governo é a prestação dos serviços pú- A finalidade de todas essas funções é executar as políticas
blicos com eficiência, visando de forma geral a satisfação das de governo e desempenhar a função administrativa em favor do
necessidades coletivas. O Governo pratica uma função política interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom an-
que implica uma atividade de ordem mediata e superior com re- damento da Administração Pública como um todo com o incen-
ferência à direção soberana e geral do Estado, com o fulcro de tivo das atividades privadas de interesse social, visando sempre
determinar os fins da ação do Estado, assinalando as diretrizes o interesse público.
para as demais funções e buscando sempre a unidade da sobe- A Administração Pública também possui elementos que a
rania estatal. compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de
Administração pública direito privado por delegação, órgãos e agentes públicos que
Conceito exercem a função administrativa estatal.
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativi- — Observação importante:
dade que o Estado pratica sob regime público, para a realização Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais
dos interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imedia-
órgãos e agentes públicos. to da coletividade. Em se tratando do direito público externo,
A Administração Pública pode ser definida em sentido am- possuem a personalidade jurídica de direito público cometida
plo e estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. à diversas nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a
57), como “a atividade concreta e imediata que o Estado desen- organismos internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42
volve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a do CC).
consecução dos interesses coletivos”. No direito público interno encontra-se, no âmbito da admi-
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a nistração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Esta-
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais dos, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II
e órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subje- e III, do CC).
tivo, sendo ainda subdividida pela sua função política e adminis- No âmbito do direito público interno encontram-se, no cam-
trativa em sentido objetivo. po da administração indireta, as autarquias e associações públi-
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide cas (art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas,
em órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam pessoas jurídicas de direito público interno dispostas no inc. IV
funções administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividi- do art. 41 do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas
da também na atividade exercida por esses entes em sentido para auxiliar ao consórcio público a ser firmado entre entes pú-
objetivo. blicos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
Em suma, temos:
Princípios da administração pública
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e órgãos De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
SUBJETIVO administrativos}. princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais
de um sistema. Sua função é informar e materializar o ordena-
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e agen- mento jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e
SUBJETIVO tes públicos}. intérpretes do direito, sendo que a atribuição de informar de-
SENTIDO corre do fato de que os princípios possuem um núcleo de valor
Sentido amplo {função política e administrativa}.
OBJETIVO essencial da ordem jurídica, ao passo que a atribuição de enfor-
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por esses mar é denotada pelos contornos que conferem à determinada
OBJETIVO entes}. seara jurídica.
Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
Existem funções na Administração Pública que são exercidas aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que
são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa Referente à função hermenêutica, os princípios são ampla-
e serviço público. mente responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâ-
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos metros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no
cada uma das funções. Vejamos: ato de tutela dos casos concretos. Por meio da função integrati-
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do va, por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventu-
desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de ais lacunas legais observadas em matérias específicas ou diante
utilidade ou de interesse público. das particularidades que permeiam a aplicação das normas aos
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia adminis- casos existentes.
trativa. São os atos da Administração que limitam interesses in-
dividuais em prol do interesse coletivo. Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Ad- integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os disposi-
ministração Pública executa, de forma direta ou indireta, para tivos legais disseminados que compõe a seara do Direito Admi-
satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob nistrativo, dando-lhe unicidade e coerência.
o regime jurídico e com predominância pública. O serviço pú-
blico também regula a atividade permanente de edição de atos Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem
normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de ser expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos,
forma implementativa de políticas de governo. não positivados e não escritos na lei de forma expressa.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
— Observação importante: – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação adminis-
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implí- trativa deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, ho-
citos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios nestidade, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não
que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramen- corrupção na Administração Pública.
te implícitos.
O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Ad- costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que
ministrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois obedecer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que
princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do o agente atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja prati-
Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público. cado apenas nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à
moralidade.
Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO controle dos atos administrativos por meio da sociedade. A pu-
os individuais.
blicidade está associada à prestação de satisfação e informação
Sua principal função é orientar a da atuação pública aos administrados. Via de regra é que a atu-
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que ação da Administração seja pública, tornando assim, possível o
DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes- controle da sociedade sobre os seus atos.
PÚBLICO
ses da Administração Pública. Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é ab-
soluto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas previstas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo,
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in- devam ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais coletivo e intimidade, honra e vida privada, o princípio da publi-
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- cidade deverá ser afastado.
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam-
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos admi-
em concurso público para o provimento dos cargos públicos. nistrativos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os
mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não forem pu-
Princípios Administrativos blicados.
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal,
a Administração Pública deverá obedecer aos princípios da Le- – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá
galidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e
Vejamos: economicidade. Anteriormente era um princípio implícito, po-
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- rém, hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito CFB/88, com a EC n. 19/1998.
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é São decorrentes do princípio da eficiência:
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo,
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial,
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir. orçamentária e financeira de órgãos, bem como de entidades
— Observação importante: O princípio da legalidade consi- administrativas, desde que haja a celebração de contrato de ges-
dera a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se tão.
como lei, toda e qualquer espécie normativa expressamente dis-
posta pelo art. 59 da Constituição Federal. b. A real exigência de avaliação por meio de comissão es-
pecial para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas termos do art. 41, § 4º da CFB/88.
óticas:

a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em re-


lação aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA
pautar na não discriminação e na não concessão de privilégios
àqueles que o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na Administração direta e indireta
neutralidade e na objetividade. A princípio, infere-se que Administração Direta é corres-
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve pondente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas fe-
executar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o pa- derativas que executam a atividade administrativa de maneira
rágrafo primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publi- centralizada. O vocábulo “Administração Direta” possui sentido
cidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos abrangente vindo a compreender todos os órgãos e agentes dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de entes federados, tanto os que fazem parte do Poder Executivo,
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário, que são os respon-
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou sáveis por praticar a atividade administrativa de maneira cen-
servidores públicos.’’ tralizada.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídi- que se trata do decreto. Caso o Poder Executivo Federal desejar
cas criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as criar um Ministério a mais, o presidente da República deverá en-
Administrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função adminis- caminhar projeto de lei ao Congresso Nacional. Porém, caso esse
trativa de maneira descentralizada. órgão seja criado, sua estruturação interna deverá ser feita por
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser decreto. Na realidade, todos os regimentos internos dos minis-
exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com térios são realizados por intermédio de decreto, pelo fato de tal
personalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribui- ato se tratar de organização interna do órgão. Vejamos:
ções a particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas,
de direito público ou de direito privado para esta finalidade. Op- ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
tando pela segunda opção, as novas entidades passarão a com- ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO,
por a Administração Indireta do ente que as criou e, por possuí- desde que não provoque aumento de despesas, bem como a
rem como destino a execução especializado de certas atividades, criação ou a extinção de outros órgãos.
são consideradas como sendo manifestação da descentralização
por serviço, funcional ou técnica, de modo geral. ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar
e controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo:
Desconcentração e Descentralização Tribunal de Contas da União.
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição
interna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Pessoas administrativas
Assim sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é Explicita-se que as entidades administrativas são a própria
distribuído entre os órgãos que integram a mesma instituição, Administração Indireta, composta de forma taxativa pelas autar-
fato que ocorre de forma diferente na descentralização admi- quias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
nistrativa, que impõe a distribuição de competência para outra economia mista.
pessoa, física ou jurídica. De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na adminis- são reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder
tração direta como na administração indireta de todos os entes político e encontram-se vinculadas à entidade política que as
federativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de des- criou. Não existe hierarquia entre as entidades da Administra-
concentração administrativa no âmbito da Administração Direta ção Pública indireta e os entes federativos que as criou. Ocorre,
da União, os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da nesse sentido, uma vinculação administrativa em tais situações,
República; em âmbito estadual, o Ministério Público e as secre- de maneira que os entes federativos somente conseguem man-
tarias estaduais, dentre outros; no âmbito municipal, as secre- ter-se no controle se as entidades da Administração Indireta es-
tarias municipais e as câmaras municipais; na administração tiverem desempenhando as funções para as quais foram criadas
indireta federal, as várias agências do Banco do Brasil que são de forma correta.
sociedade de economia mista, ou do INSS com localização em
todos os Estados da Federação. Pessoas políticas
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários As pessoas políticas são os entes federativos previstos na
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pesso- Constituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Fe-
as jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses deral e os Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são
órgãos estarem dispostos de forma interna, segundo uma rela- regidos pelo Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela
ção de subordinação de hierarquia, entende-se que a descon- do poder político. Por esse motivo, afirma-se que tais entes são
centração administrativa está diretamente relacionada ao prin- autônomos, vindo a se organizar de forma particular para alcan-
cípio da hierarquia. çar as finalidades avençadas na Constituição Federal.
Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania,
de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Es- pois, ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de
tado transfere a execução dessas atividades para particulares e, cada um dos entes federativos organizar-se de forma interna,
ainda a outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado. elaborando suas leis e exercendo as competências que a eles são
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distri- determinadas pela Constituição Federal, a soberania nada mais
buindo suas atribuições e detenha controle sobre as atividades é do que uma característica que se encontra presente somente
ou serviços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a no âmbito da República Federativa do Brasil, que é formada pe-
pessoa que transfere e a que acolhe as atribuições. los referidos entes federativos.

Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos pú- Autarquias


blicos As autarquias são pessoas jurídicas de direito público inter-
Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a cria- no, criadas por lei específica para a execução de atividades es-
ção e a extinção de órgãos da administração pública dependem peciais e típicas da Administração Pública como um todo. Com
de lei de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem com- as autarquias, a impressão que se tem, é a de que o Estado veio
pete, de forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a a descentralizar determinadas atividades para entidades eivadas
organização e funcionamento desses órgãos públicos, quando de maior especialização.
não ensejar aumento de despesas nem criação ou extinção de As autarquias são especializadas em sua área de atuação,
órgãos públicos (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que dando a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos
haja a criação e extinção de órgãos, existe a necessidade de lei, de forma mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira
no entanto, para dispor sobre a organização e o funcionamento, contundente a sua finalidade, que é o bem comum da coletivi-
denota-se que poderá ser utilizado ato normativo inferior à lei, dade como um todo. Por esse motivo, aduz-se que as autarquias

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DIREITO ADMINISTRATIVO
são um serviço público descentralizado. Assim, devido ao fato da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que ex-
de prestarem esse serviço público especializado, as autarquias plorem atividade econômica de produção ou comercialização de
acabam por se assemelhar em tudo o que lhes é possível, ao bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
entidade estatal a que estiverem servindo. Assim sendo, as au- I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e
tarquias se encontram sujeitas ao mesmo regime jurídico que pela sociedade;
o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, as autarquias II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são executoras de das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação a que trabalhistas e tributários;
estão vinculadas. III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma alienações, observados os princípios da Administração Pública;
obrigacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Ad-
do ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também ministração e fiscal, com a participação de acionistas minoritá-
que a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida rios;
tipicamente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsa-
em regime totalmente atípico pelos demais Poderes da Repúbli- bilidade dos administradores
ca. Em tais situações, infere-se que é possível que sejam criadas
autarquias no âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, Vejamos em síntese, algumas características em comum das
oportunidade na qual a iniciativa para a lei destinada à sua cria- empresas públicas e das sociedades de economia mista:
ção, deverá, obrigatoriamente, segundo os parâmetros legais, • Devem realizar concurso público para admissão de seus
ser feita pelo respectivo Poder. empregados;
• Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
Empresas Públicas constitucional;
Sociedades de Economia Mista • Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Con-
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o tas, bem como ao controle do Poder Legislativo;
direito privado, sendo também chamadas pela maioria doutriná- • Não estão sujeitas à falência;
ria de empresas estatais. • Devem obedecer às normas de licitação e contrato admi-
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de econo- nistrativo no que se refere às suas atividades-meio;
mia mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos pre-
divididas entre prestadoras diversas de serviço público e plena- vista constitucionalmente;
mente atuantes na atividade econômica de modo geral. Assim • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder
sendo, obtemos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de Legislativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
sociedades de economia mista.
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explora- Fundações e outras entidades privadas delegatárias
doras de atividade econômica estão sob a égide, no plano cons- Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
titucional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra duas características que se encontram presentes de forma con-
regida pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas tundente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um ins-
estatais prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mes- tituidor e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
mo diploma legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de
regida de forma exclusiva e prioritária pelo direito público. 1988 conceituam Fundação Pública como sendo um ente de di-
reito predominantemente de direito privado, sendo que a Cons-
Observação importante: todas as empresas estatais, sejam tituição Federal dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade às Sociedades de Economia Mista e às Empresas Públicas, que
econômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. permite autorização da criação, por lei e não a criação direta por
lei, como no caso das autarquias.
O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ati- Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a
vidade econômica das empresas estatais prestadoras de serviço Fundação Pública poderá ser criada de forma direta por meio
público é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de lei específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica
de serviço público, a atividade desempenhada é regida pelo di- de direito público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou
reito público, nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal Fundação Autárquica.
que determina que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre Observação importante: a autarquia é definida como ser-
através de licitação, a prestação de serviços públicos.” Já se for viço personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é
exploradora de atividade econômica, como maneira de evitar conceituada como sendo um patrimônio de forma personificada
que o princípio da livre concorrência reste-se prejudicado, as destinado a uma finalidade específica de interesse social.
referidas atividades deverão ser reguladas pelo direito privado,
nos ditames do artigo 173 da Constituição Federal, que assim Vejamos como o Código Civil determina:
determina: Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...)
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
permitida quando necessária aos imperativos da segurança na-
cional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública,

9
DIREITO ADMINISTRATIVO
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
distinção entre as Fundações de direito público ou de direito pri- VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente
vado. O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do
fundações da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de voluntariado;
ligação com a Administração Pública. VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, combate à pobreza;
como por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é des- IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos so-
tinada somente às entidades de direito público como um todo. cioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio,
Registra-se que o foro de ambas é na Justiça Federal. emprego e crédito;
X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
Delegação Social direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
Organizações sociais XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
As organizações sociais são entidades privadas que recebem humanos, da democracia e de outros valores universais;
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades cria- XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
das por particulares sob a forma de associação ou fundação que alternativas, produção e divulgação de informações e conheci-
desempenham atividades de interesse público sem fins lucrati- mentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades
vos. Ao passo que algumas existem e conseguem se manter sem mencionadas neste artigo.
nenhuma ligação com o Estado, existem outras que buscam se A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não po-
aproximar do Estado com o fito de receber verbas públicas ou dem receber a qualificação. Vejamos:
bens públicos com o objetivo de continuarem a desempenhar Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
sua atividade social. Nos parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem
Executivo Federal poderá constituir como Organizações Sociais de qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
pessoas jurídicas de direito privado, que não sejam de fins lu- I – as sociedades comerciais;
crativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa II – os sindicatos, as associações de classe ou de representa-
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preser- ção de categoria profissional;
vação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos os requi- III – as instituições religiosas ou voltadas para a dissemina-
sitos da lei. Ressalte-se que as entidades privadas que vierem a ção de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessio-
atuar nessas áreas poderão receber a qualificação de OSs. nais;
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro trans- IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive
ferir os serviços que não são exclusivos do Estado para o setor suas fundações;
privado, por intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a V – as entidades de benefício mútuo destinadas a propor-
substituí-los por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido cionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou
como publicização. Com a publicização, quando um órgão pú- sócios;
blico é extinto, logo, outra entidade de direito privado o substi- VI – as entidades e empresas que comercializam planos de
tui no serviço anteriormente prestado. Denota-se que o vínculo saúde e assemelhados;
com o poder público para que seja feita a qualificação da entida- VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e
de como organização social é estabelecido com a celebração de suas mantenedoras;
contrato de gestão. Outrossim, as Organizações Sociais podem VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
receber recursos orçamentários, utilização de bens públicos e gratuito e suas mantenedoras;
servidores públicos. IX – as Organizações Sociais;
X – as cooperativas;
Organizações da sociedade civil de interesse público
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito priva- Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entida-
do, sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas de e o Estado é denominado termo de parceria e que para a
estatutárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo qualificação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta
art. 3º da Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de tenha sido constituída e se encontre em funcionamento regular
competência do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação há, pelo menos, três anos nos termos do art. 1º, com redação
é parecido com o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos: dada pela Lei n. 13.019/2014. O Tribunal de Contas da União
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em tem entendido que o vínculo firmado pelo termo de parceria por
qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no órgãos ou entidades da Administração Pública com Organizações
respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será da Sociedade Civil de Interesse Público não é demandante de
conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucra- processo de licitação. De acordo com o que preceitua o art. 23
tivos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguin- do Decreto n. 3.100/1999, deverá haver a realização de concurso
tes finalidades: de projetos pelo órgão estatal interessado em construir parceria
I – promoção da assistência social; com Oscips para que venha a obter bens e serviços para a rea-
II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimô- lização de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica
nio histórico e artístico; e assessoria.
III – promoção gratuita da educação, observando-se a for-
ma complementar de participação das organizações de que trata Entidades de utilidade pública
esta Lei; O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe
IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma em seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços
complementar de participação das organizações de que trata estatais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços
esta Lei; para o setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.

10
DIREITO ADMINISTRATIVO
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Tercei-
ro Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI 8.429/92)
pública, os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, E ALTERAÇÕES
por exemplo, as organizações sociais (OS) e as organizações da
sociedade civil de interesse público (OSCIP). Conceito
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor Para uma melhor compreensão acerca das disposições re-
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarie- lativas à lei da improbidade administrativa, adentraremos à ori-
dade na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio gem da prática dos atos desses atos.
da subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às Fazendo-se menção ao princípio da moralidade, relembre-
organizações civis o atendimento dos interesses individuais e co- mo-nos que este comporta em seu bojo os subprincípios da
letivos. Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária boa-fé, probidade e decoro. Sendo a moralidade um princípio
nas demandas que, devido à sua própria natureza e complexida- estabelecido pela Constituição federal de 1.988, de forma a ser
de, não puderam ser atendidas de maneira primária pela socie- cumprido pelos órgãos e entidades de todos os entes federa-
dade. Dessa maneira, o limite de ação do Estado se encontraria tivos, o fato de inadimplir no respeito à moralidade ou seus
na autossuficiência da sociedade. subprincípios, de consequência, virá a causar a anulação do ato
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho administrativo praticado.
do Estado previa de forma explícita a publicização de serviços
públicos estatais que não são exclusivos. A expressão publiciza- Assim, podemos conceituar a improbidade administrativa
ção significa a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou como um designativo técnico que aduz corrupção administrati-
seja um setor público não estatal, da execução de serviços que va, sendo contrário à boa-fé, à honestidade, à correção de atitu-
não são exclusivos do Estado, vindo a estabelecer um sistema de de e, ainda, contra a honradez. Nem sempre o ato de improbida-
parceria entre o Estado e a sociedade para o seu financiamento de será um ato administrativo, podendo ser configurado como
e controle, como um todo. Tal parceria foi posteriormente mo- quaisquer tipos de conduta comissiva ou omissiva praticadas no
dernizada com as leis que instituíram as organizações sociais e as exercício da função ou, ainda, fora dela.
organizações da sociedade civil de interesse público.
O termo publicização também é atribuído a um segundo Nesse diapasão, auferindo um pouco mais de segurança ao
sentido adotado por algumas correntes doutrinárias, que cor- respeito do subprincípio da probidade, a Carta Magna paramen-
responde à transformação de entidades públicas em entidades tou, em seu artigo 37, § 4º, as consequência a seguir, elencadas,
privadas sem fins lucrativos. para configurar a prática dos atos de improbidade:
No que condizente às características das entidades que com- § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a
põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
entende que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- Trata-se o referido artigo, de norma constitucional com efi-
nham sido autorizadas por lei; cácia limitada, que requer regulamentação para que produza
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse efeitos jurídicos.
público (serviços sociais não exclusivos do Estado); Assim sendo, com a edição da Lei n. 8.429/1992, Lei da Im-
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; probidade Administrativa de observância obrigatória por parte
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, da administração direta e indireta de todos os entes federati-
por isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à vos, o legislador infraconstitucional veio a estabelecer as regras
Administração e procedimentos a serem observados quando ocorrer a prática
5. Pública e ao Tribunal de Contas; de atos de improbidade.
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derro-
gado parcialmente por normas direito público; Sujeitos da Ação de Improbidade – sujeitos ativos, sujeitos
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato passivos
de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas Sujeitos ativos da ação de improbidade administrativa são
e também porque não integram a Administração Pública Direta aqueles que estão sujeitos ao cometimento dos atos de impro-
ou Indireta. bidade administrativa, vindo a figurar no polo passivo da corres-
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Se- pondente ação. Já os sujeitos passivos, são as pessoas jurídicas
tor são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito vítimas dos atos de improbidade vindo a figurar no polo ativo
privado, seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de da ação.
direito privado. Acontece que pelo fato de estas gozarem nor-
malmente de algum incentivo do setor público, também podem Assim, temos:
lhes ser aplicáveis algumas normas de direito público. Esse é o
motivo pelo qual a conceituada professora afirma que o regime SUJEITOS São os que cometem atos de improbidade admi-
jurídico aplicado às entidades que integram o Terceiro Setor é de ATIVOS nistrativa e figuram no polo passivo da ação.
direito privado, podendo ser modificado de maneira parcial por
normas de direito público. São os que sofrem as consequências dos atos de
SUJEITOS
improbidade administrativa e figuram no polo ati-
PASSIVOS
vo da ação.

11
DIREITO ADMINISTRATIVO
Sujeitos Ativos As mencionadas entidades, são as que podem vir a ser le-
Nos trâmites do art. 2º da Lei n. 8.429/1992, encontramos sadas com a prática de atos de improbidade administrativa, po-
a relação de pessoas vinculadas ao Poder Público que são passí- dendo figurar no polo ativo da demanda de improbidade admi-
veis se tornar sujeito passivo da ação de improbidade. nistrativa.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, Ressalte-se que o Ministério Público, mesmo não sendo uma
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re- das entidades relacionadas pela Lei n. 8.429/1992, é passível de
muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou figurar como polo ativo da lide da mesma forma que as demais
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, pessoas jurídicas. Vejamos o fundamento legal, no art. 127 da
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo ante- Constituição Federal:
rior. Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, es-
sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a de-
Cuida-se de um conceito amplo de agente público, de ma- fesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
neira que mesmo os que exerçam suas atribuições em caráter sociais e individuais indisponíveis.
transitório ou mesmo sem remuneração, como os estagiários Atos de Improbidade Administrativa
voluntários, pro exemplo, são considerados, para efeitos legais, Nos ditames da Lei 8.429/1992, quatro são as espécies de
como possíveis sujeitos ativos. atos de improbidade administrativa, sendo elas:
Nesse diapasão, prevê o art., 3º da Lei n. 8.429/1992: 1) atos que importam em enriquecimento ilícito;
Art. 3º - As disposições desta lei são aplicáveis, no que cou- 2) atos que causam prejuízo ao erário;
ber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou 3) atos que atentam contra os princípios da administração
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se bene- pública; e
ficie sob qualquer forma direta ou indireta. 4) atos que violam a legislação do ISS no que se refere aos
Ante o estudo do mencionado artigo, entende-se que duas benefícios financeiros ou tributários.
são as classes de pessoas passíveis de figurar como sujeito ati- A eventual necessidade de o candidato memorizar todas as
vo dos atos de improbidade administrativa, sendo elas: as que condutas previstas em lei.
mantenham algum vínculo com o Poder Público, mesmo que
transitório ou sem remuneração, bem como os particulares que Vejamos algumas condutas que ensejam os atos de improbi-
induzam ou concorram para a prática de improbidade dade administrativa:
Para que o agente público atue na condição de sujeito ativo, Enriquecimento ilícito: aqui, o agente público recebe van-
deverá ter agido com dolo ou com culpa por negligência, impe- tagem indevida.
rícia ou imprudência. Prejuízo ao erário: um terceiro que não se trata do agente
No condizente ao particular que tenha induzido ou concor- público, recebe a vantagem ou alguma norma prevista em lei ou
rido para a improbidade, figurar como sujeito ativo, é preciso de regulamento não observada.
forma obrigatória, que ele tenha agido com dolo. Violação aos princípios: tais situações não criam e nem ge-
Ressalta-se que todos os agentes administrativos encon- ram, por si só, vantagem indevida ao agente público ou a tercei-
tram-se subordinados às disposições da Lei n. 8.429/1992 no ros.
condizente aos atos de improbidade administrativa. Assim te- Violação da legislação do ISS: trata-se de situações condi-
mos: zentes a benefícios financeiros e de tributos.
• Os agentes políticos, em consonância com recente enten-
dimento do STF, estão sujeitos a uma dupla responsabilização Atos que Importam Enriquecimento Ilícito
no crime de responsabilidade e nos atos de improbidade admi- São atos resultantes da mais gravosa espécie de improbida-
nistrativa. de administrativa, nos termos do art. 9º da Lei n. 8.429/1992:
• O Presidente da República, em exceção, não está sujeito à Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa impor-
dupla responsabilização, mas responde ao regulamento estabe- tando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
lecido na Constituição Federal de 1.988. patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no
• Sujeitos Passivos art. 1º desta lei, e notadamente:
Os sujeitos passivos são as pessoas jurídicas lesadas pela 1– receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
prática de improbidade administrativa, vindo a figurar no polo imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou in-
ativo da lide. Nos termos do art. 1º da Lei n. 8.429/1992, podem direta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou pre-
figurar como sujeitos passivos nas ações de improbidade admi- sente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
nistrativa: atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atri-
buições do agente público;
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer 2 – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
agente público, servidor ou não, contra a administração direta, facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imó-
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos vel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de em- art. 1º por preço superior ao valor de mercado;
presa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
serão punidos na forma desta lei. valor de mercado;

12
DIREITO ADMINISTRATIVO
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui- IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprie- bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referi-
dade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no das no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte
art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, delas, por preço inferior ao de mercado;
empregados ou terceiros contratados por essas entidades; V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de
V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, di- bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
reta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos VI – realizar operação financeira sem observância das nor-
de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou
ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal inidônea;
vantagem; VII – conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob-
VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, di- servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
reta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou à espécie;
avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de proces-
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mer-
so seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins
cadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades menciona-
lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
das no art. 1º desta lei;
IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não auto-
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de man-
dato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natu- rizadas em lei ou regulamento;
reza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou ren-
à renda do agente público; da, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de público;
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que XI – liberar verba pública sem a estrita observância das nor-
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplica-
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, duran- ção irregular;
te a atividade; XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se en-
IX – perceber vantagem econômica para intermediar a libe- riqueça ilicitamente;
ração ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, di- veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer na-
reta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou tureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entida-
declaração a que esteja obrigado; des mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades.
entidades mencionadas no art. 1º desta lei; XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo- objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso-
res integrantes do acervo patrimonial das entidades menciona- ciada sem observar as formalidades previstas na lei;
das no art. 1º desta lei. XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as
Atos de Prejuízo ao Erário formalidades previstas na lei.
As condutas que causam prejuízo ao erário estão dispostas XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in-
no artigo 10 da Lei n. 8.429/1992. corporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica,
Esse tipo de ato poder resultar tanto de condutas omissivas de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela ad-
quanto comissivas do agente público, podendo dar margem à
ministração pública a entidades privadas mediante celebração
lesão ao erário de atos dolosos, ou culposos nos quais houve a
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou re-
imperícia, a negligência ou a imprudência do agente do Estado.
gulamentares aplicáveis à espécie;
Vejamos:
XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou cul- ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos trans-
posa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, mal- feridos pela administração pública a entidade privada mediante
baratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades celebração de parcerias, sem a observância das formalidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpo- XVIII – celebrar parcerias da administração pública com en-
ração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de tidades privadas sem a observância das formalidades legais ou
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimo- regulamentares aplicáveis à espécie;
nial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; XIX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi- análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela ad-
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do ministração pública com entidades privadas;
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta XX – liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamenta- ção pública com entidades privadas sem a estrita observância
res aplicáveis à espécie; das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- aplicação irregular.
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das ção pública com entidades privadas sem a estrita observância
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; aplicação irregular.

13
DIREITO ADMINISTRATIVO
Atos Contra os Princípios da Administração Pública Em apoio à disposição constitucional, a Lei n. 8.429/1992
Denota-se que mesmo que não tenha ocorrido a vantagem dispõe em seu artigo 7º, que a indisponibilidade dos bens será
do agente público ou de terceiros, determinados princípios ou declarada sempre que o ato de improbidade administrativa ficar
deveres do Poder Público deixaram de ser cumpridos ou obser- caracterizado como enriquecimento ilícito ou lesão ao patrimô-
vados pelo agente público. nio público. Confirmemos:
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao pa-
atenta contra os princípios da administração pública qualquer trimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a au-
ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, impar- toridade administrativa responsável pelo inquérito representar
cialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do in-
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento diciado.
ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de A indisponibilidade a que aduz o caput do referido artigo
ofício; recairá sobre bens que possam assegurar o integral ressarcimen-
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em ra- to do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial que resultou do
zão das atribuições e que deva permanecer em segredo; enriquecimento ilícito.
IV – negar publicidade aos atos oficiais; Em consonância com boa parte da doutrina, dois são os
V – frustrar a licitude de concurso público; requisitos que devem estar presentes para que ocorra a deter-
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fa- minação da indisponibilidade dos bens no decurso da ação de
zê-lo; improbidade administrativa, sendo eles o fumus boni juris e o
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de periculum in mora.
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida Assim, temos:
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, • Fumus boni juris: é a probabilidade de os fatos imputados
bem ou serviço; ao agente público serem verdadeiros, ou ao menos, haver uma
VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscaliza- grande possibilidade da ocorrência do ato de improbidade ad-
ção e aprovação de contas de parcerias firmadas pela adminis- ministrativa.
tração pública com entidades privadas. • Periculum in mora: é o perigo de dano iminente e irrepa-
IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibili- rável. Consiste na possibilidade do indiciado dilapidar o seu pa-
dade previstos na legislação. trimônio, tornando impossível a devolução dos valores devidos
X – transferir recurso a entidade privada, em razão da pres- aos cofres públicos.
tação de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de Estando presentes estas duas características, a autoridade
contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do pa- administrativa representa ao Ministério Público que analisará os
rágrafo único do art. 24 da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de fatos, pugnando ao juiz responsável pela ação a decretação da
1990. indisponibilidade dos bens.

Atos advindos de Concessão ou Aplicação Indevida de Be- Das Penas passíveis de aplicação
nefício Financeiro ou Tributário A Lei n. 8.429/1992 dita um rol de sanções de natureza ad-
São uma modalidade de atos de improbidade administrativa ministrativa, civil e política para cada uma das condutas que dão
advindos da Lei Complementar 157, de 2016. ensejo às quatro diferentes espécies de improbidade administra-
Nos parâmetros da Lei 8.429/1992, encaixa-se nesta moda- tiva, sendo que estas sanções estão classificadas em consonân-
lidade qualquer ação ou omissão destinada a conceder, aplicar cia com a gravidade da conduta, de maneira que as ações que
ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dão causa ao enriquecimento ilícito, tem como consequência as
determina o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar n. sanções mais graves, as que causam lesão ao patrimônio públi-
116, de 31 de julho de 2003. co possuem sanções intermediárias e as que atentam contra os
princípios da administração pública, encontram-se eivadas de as
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de sanções de menor gravidade.
Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). (Incluído pela Lei Ressalte-se que as sanções de natureza civil, implicam na
Complementar nº 157, de 2016) obrigação explícita de pagar ou devolver algo ao poder público.
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, in- Sendo elas de acordo com as normas da Lei n. 8.429/1992:
centivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de re- • ressarcimento ao Erário;
dução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, • perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patri-
ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamen- mônio;
te, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da • multa.
alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços
a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a Relativo às sanções de natureza política, afirma-se que as
esta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, aplicam em restrições aos direitos políticos, sendo, nos termos
de 2016) do dispositivo legal, apenas uma:
• suspensão dos direitos políticos;
Da Indisponibilidade dos Bens
O artigo 37, § 4º, da Constituição Federal estabelece Um rol Temos também as sanções administrativas que implicam na
de consequências para os atos de improbidade administrativa, supressão da possibilidade de ser mantido vínculo com a admi-
dentre os quais, pode-se incluir a possibilidade da decretação da nistração pública. Em suma, são:
indisponibilidade dos bens.

14
DIREITO ADMINISTRATIVO
• perda da função pública; Denota-se que qualquer pessoa é parte devidamente com-
• proibição de contratar com o Poder Público; petente para representar à autoridade administrativa pugnando
• proibição de receber incentivos fiscais ou creditícios por pela instauração das investigações para a apuração de ato de
parte do Poder Público. improbidade administrativa.
Registre-se que, via de regra, a representação deverá ser
Esquematicamente, temos: feita por escrito ou reduzida a termo, eivada, ainda, com a qua-
lificação e demais dados do denunciante. Feito isso, com os
• Ressarcimento ao erário. pressupostos legais, a autoridade competente instaurará o pro-
SANÇÃO • Perda dos bens e valores acrescidos ilici- cedimento administrativo disciplinar e acordo com o estatuto de
CÍVEL tamente ao patrimônio. cada categoria funcional.
• Multa.
É importante ressaltar que mesmo que a autoridade admi-
• Perda da função pública. nistrativa seja competente para a apuração das eventuais faltas
• Proibição de contratar com o Poder Pú-
SANÇÃO funcionais arremetidas por servidores públicos, restando a con-
blico.
ADMINISTRATIVA duta em questão caracterizada como improbidade, a autoridade
• Proibição de receber incentivos fiscais
administrativa não deterá o poder de aplicar a penalidade, de-
ou creditícios por parte do Poder Público.
vendo, desta forma, formular representação junto ao Ministério
SANÇÃO Público, que representará ao Poder Judiciário para o ajuizamen-
• Suspensão dos direitos políticos.
POLÍTICA to da lide, bem como da aplicação da penalidade cabível.
Destaque-se que em todas as ações destinadas ao apura-
Estas sanções, não importando a da natureza, seja adminis- mento de improbidade administrativa, obrigatoriamente deverá
trativa, civil ou política, são aplicadas de acordo com a gravidade haver a participação do Ministério Público, conforme determina
da conduta praticada pelo agente público ou por terceiro, con- o artigo 17, § 4º, da Lei n. 8.429/1992:
forme menciona o artigo 12 da Lei 8.429/92: § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como
Art.12 Independentemente das sanções penais, civis e ad- parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de
ministrativas previstas na legislação específica, está o respon- nulidade.
sável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações,
que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo Competência
com a gravidade do fato. Esse tema não se encontra pacificado na doutrina. Isso ocor-
re pelo motivo da existência das inúmeras controvérsias dos tri-
Da Declaração de Bens bunais superiores em relação à possibilidade ou não de aplica-
Nos parâmetros legais, o agente público deverá declarar de ção do foro por prerrogativa de função no âmbito das ações em
bens na posse e no exercício da função pública. questão.
Desta forma, o tomar posse em cargo público, deverá o ser- Sendo o foro por prerrogativa de função, ou foro privilegia-
vidor apresentar a declaração dos bens que constituem o seu do, uma prerrogativa concedida a autoridades detentoras de po-
patrimônio, medida esta que deverá ser feita anualmente, até der, como os Magistrados, os Chefes do Poder Executivo, dentre
que ocorra a sua saída do respectivo cargo, mandato, emprego outras, depreende-se que estas autoridades possuem a prerro-
ou função. gativa de serem processadas e julgadas no campo das ações de
O objetivo de tal medida é dar a oportunidade para que a natureza penal, por tribunais e juízes especializados, livrando-se
autoridade administrativa possa averiguar a evolução patrimo- assim do julgamento realizado pela justiça comum.
nial do agente público, posto que, quando incompatível com a Desde os primórdios, o entendimento do STF foi no sentido
soma das remunerações do servidor, constitui um dos principais de que o foro por prerrogativa de função referia-se à prerroga-
indícios de improbidade administrativa. A comprovação dos va- tiva de que apenas poderia ser realizada no campo das ações
lores pode ser feita mediante cópia de sua declaração do Impos- penais, dentre as quais não é inclui a ação de improbidade admi-
to de Renda à repartição pública. nistrativa da área cível.
Não cumprindo o servidor a mencionada obrigação, ou, Da mesma maneira, o entendimento do tribunal menciona-
caso apresente falsa declaração, restará ensejada, nos ditames do, era no sentido de que tal prerrogativa somente poderia ser
do § 3º do art. 13 da Lei n. 8.429/1992, a demissão a bem do exercida durante o período em que o seu titular estivesse no
serviço público, sem sofrer prejuízo das demais sanções previs- exercício no mandato, não se estendendo, após a quebra do vín-
tas pela legislação pertinente. culo com o Estado.
§ 3º - Será punido com a pena de demissão, a bem do ser- Em consonância com os referidos entendimentos, e levan-
viço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente do em conta que a ação de improbidade administrativa possui
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do natureza cível, a competência para processar e julgar sempre foi
prazo determinado, ou que a prestar falsa. designada à justiça comum ao juiz de primeiro grau.
Com a aprovação da Lei 10.628/2002, houve a alteração de
Procedimento: Administrativo e Judicial vários artigos do Código de Processo Penal, de maneira que pas-
No âmbito do procedimento administrativo e judicial desti- sou a existir no ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade do
nado a investigar a ocorrência de improbidade administrativa, foro por prerrogativa de função ser estendido para as ações de
infere-se que a Lei n. 8.429/1992 estabelece regras processuais improbidade administrativa.
a serem cumpridas. Porém, o STF através da ADIN 2.797, manifestou seu parecer
de que era impossível ao legislador ordinário opor-se a um en-
tendimento diverso, ao até então definido pelo tribunal superior.

15
DIREITO ADMINISTRATIVO
Entretanto, surgiram controvérsias quando o STF decidiu, no
julgamento da Questão de Ordem 3.211/DF, que caberia a ele PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PODER
mesmo o julgamento das ações de improbidade administrativa HIERÁRQUICO. PODER DISCIPLINAR. PODER REGULA-
em face de seus próprios membros: MENTAR. PODER DE POLÍCIA
1. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ação de im-
probidade contra seus membros. Poder Hierárquico
2. Arquivamento da ação quanto ao Ministro da Suprema Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autorida-
Corte e remessa dos autos ao Juízo de 1º grau de jurisdição no de administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de
tocante aos demais. seus órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e
subordinação entre os servidores que estiverem sob a sua hie-
Prescrição rarquia.
Da mesma maneira como acontece com as demais penali- A estrutura de organização da Administração Pública é ba-
dades que são aplicadas no Direito Administrativo, as sanções seada em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição
previstas pela prática de improbidade administrativa somente de competências e a hierarquia.
podem ser propostas até certo período de tempo específico, Em decorrência da amplitude das competências e das res-
sendo que pós esse decurso de tempo, ocorrerá a prescrição e o ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda
fim da possibilidade da aplicação de pena ao agente público ou a função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão
terceiro beneficiado. ou agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distri-
Nos ditames da Lei n. 8.429/1992, esse lapso temporal en- buição dessas competências e atribuições entre os diversos ór-
contra-se previsto no artigo 23, que dispõe: gãos e agentes integrantes da Administração Pública.
Art.23 As ações destinadas a levar a efeitos as sanções pre- Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma-
vistas nesta lei podem ser propostas: neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados
I – até cinco anos após o término do exercício de mandato, em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que
de cargo em comissão ou de função de confiança; se encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir
II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica ordens e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa rela-
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço ção de subordinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas
público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. sequelas, como o dever de obediência dos subordinados, a pos-
III – até cinco anos da data da apresentação à administração sibilidade de o imediato superior avocar atribuições, bem como
pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no a atribuição de rever os atos dos agentes subordinados.
parágrafo único do art. 1º desta Lei. Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordi-
De acordo com o artigo 37, § 5º, da Constituição Federal nado não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais,
Brasileira, as ações de ressarcimento de prejuízos causados ao advindas de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do
erário, quando advindas de improbidade administrativa, são art. 116, XII, da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação
imprescritíveis e possuem a prerrogativa de serem propostas a funcional de representar contra o seu superior caso este venha a
qualquer tempo. agir com ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
A legislação estabelecerá os prazos de prescrição para ilí- Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani-
citos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que ve- festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir
nham a causar prejuízos ao erário, com exceção às respectivas a outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte
ações de ressarcimento. dos atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely
O fundamento legal para esta possibilidade, é a indisponi- Lopes Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete
bilidade do interesse público que permeia toda a atividade do a algumas regras, sendo elas:
Poder Público. A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po-
Assim sendo, pelo fato da administração somente gerar a der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto
coisa alheia pertencente ao povo, o que motiva as ações de res- da Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada,
sarcimento de prejuízos causados aos cofres públicos, é o ressar- que ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo
cimento dos danos causados à própria coletividade. a delegar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
Contudo, a imprescritibilidade das ações de ressarcimentos B) É impossível a delegação de atos de natureza política.
advindas de ilícitos civis, sofreu alterações depois do julgamento Exemplos: o veto e a sanção de lei;
do Recurso Extraordinário 669069, realizado pelo STF no mês de C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determi-
fevereiro de 2016. nada autoridade, não podem ser delegadas;
Infere-se que se até aquele instante, todas as ações de D) O subordinado não pode recusar a delegação;
ressarcimento advindas de ilícitos cíveis, eram consideradas E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
imprescritíveis, a jurisprudência, mas depois do julgado em autorização do delegante.
questão, posiciona-se no sentido de admitir que as ações de res- Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da de-
sarcimento, exceto as hipóteses expressamente ressalvadas, são legação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabe-
prescritíveis. lece os ditames do processo administrativo federal, estabeleceu
as seguintes regras relacionadas a esse assunto:
• A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
delegada se não houver impedimento legal;
• A delegação de competência é sempre exercida de forma
parcial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu ti-
tular não detém o poder de delegar todas as suas atribuições;

16
DIREITO ADMINISTRATIVO
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamen- à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do
te, e, a nível de delegação horizontal, também pode ser feita Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas
para órgãos e agentes não subordinados à hierarquia. funções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Po-
Não podem ser objeto de delegação: deres Judiciário e Legislativo também estão submetidos à rela-
• A edição de atos de caráter normativo; ção de hierarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas
• A decisão de recursos administrativos; ou administrativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não
• As matérias de competência exclusiva do órgão ou auto- é legalmente obrigado a adotar o posicionamento do Presidente
ridade; do Tribunal no julgamento de um processo de sua competência,
porém, encontra-se obrigado, por ditames da lei a cumprir or-
Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua re- dens daquela autoridade quando versarem a respeito do horário
vogação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da de funcionamento dos serviços administrativos da sua Vara.
lei. Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação
e os poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subor-
a duração e os objetivos da delegação e também o recurso de- dinação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito
vidamente cabível à matéria que poderá constar a ressalva de da mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de
exercício da atribuição delegada. supervisão ou do poder de tutela que a Administração Direta
O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo detém sobre as entidades da Administração Indireta.
pela autoridade delegante como forma de transferência não de- Esquematizando, temos:
finitiva de atribuições, devendo as decisões adotadas por dele-
gação, mencionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser
considerada como editada pelo delegado.
No condizente à avocação, afirma-se que se trata de pro-
cedimento contrário ao da delegação de competência, vindo a
ocorrer quando o superior assume ou passa a desenvolver as
funções que eram de seu subordinado. De acordo com a dou-
trina, a norma geral, é a possibilidade de avocação pelo supe-
rior hierárquico de qualquer competência do subordinado, res-
saltando-se que nesses casos, a competência a ser avocada não
poderá ser privativa do órgão subordinado.
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências
do órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional
e temporário com a prerrogativa de que existam motivos rele-
vantes e impreterivelmente justificados. Poder conferido à autoridade administra-
O superior também pode rever os atos dos seus subordi- tiva para distribuir e dirimir funções em
nados, como consequência do poder hierárquico com o fito de PODER escala de seus órgãos, que estabelece
mantê-los, convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina-
provocação do interessado. Convalidar significa suprir o vício de ção entre os servidores que estiverem sob
um ato administrativo por intermédio de um segundo ato, tor- a sua hierarquia.
nando válido o ato viciado. No tocante ao desfazimento do ato
administrativo, infere-se que pode ocorrer de duas formas: A edição de atos de caráter normativo
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do NÃO PODEM SER
A decisão de recursos administrativos
ato válido se tornar inconveniente ou inoportuna; OBJETO
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios. DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva do
órgão ou autoridade
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre
poderá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior Por revogação: quando a manutenção do
dos atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutri- DESFAZIMENTO ato válido se tornar inconveniente ou ino-
nários, a revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato DO ATO portuna
não tiver se tornado definitivo para a Administração Pública e, ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresentar
ainda, se houver sido criado o direito subjetivo para o particular. vícios

Observação importante: “revisão” do ato administrativo Poder Disciplinar


não se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A re- O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder
visão de ato é condizente à avaliação por parte da autoridade de autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalida-
superior em relação à manutenção ou não de ato que foi prati- des aos servidores público, bem como às demais pessoas sujei-
cado por seu subordinado, no qual o fundamento é o exercício tas à disciplina administrativa em decorrência de determinado
do poder hierárquico. Já na reconsideração, a apreciação relati- vínculo específico. Assim, somente está sujeito ao poder disci-
va à manutenção do ato administrativo é realizada pela própria plinar o agente que possuir vínculo certo e preciso com a Ad-
autoridade que confeccionou o ato, não existindo, desta forma, ministração, não importando que esse vínculo seja de natureza
manifestação do poder hierárquico. funcional ou contratual.

17
DIREITO ADMINISTRATIVO
Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar • A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada
é decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de de processo administrativo no qual sejam assegurados o direi-
distribuição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a to ao contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação
uma mesma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico para que seja aplicada a penalidade disciplinar cabível;
determinar o cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe • Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre
for subordinado, o cumprimento destas. Não atendendo o su- sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação.
bordinado às determinações do seu superior ou descumprindo o
dever funcional, o seu chefe poderá e deverá aplicar as sanções Poder regulamentar
dispostas no estatuto funcional. Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, con-
Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder siste o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes
de alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com do Poder Executivo para que venham a editar normas gerais e
o Poder Público, a exemplo daqueles contratados para prestar abstratas destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel
serviços à Administração Pública. Nesse sentido, como não exis- regulamento e eficaz execução.
te relação de hierarquia entre o particular e a Administração, o A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão
pressuposto para a aplicação de sanções de forma direta não é poder regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, as-
o poder hierárquico, mas sim o princípio da supremacia do inte- semelhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta
resse público sobre o particular. expressão somente para se referirem à faculdade de editar re-
Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar gulamentos conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores,
e punir crimes e contravenções penais não se referem ao mes- a usam com conceito mais amplo, acoplando também os atos
mo instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é gerais e abstratos que são emitidos por outras autoridades, tais
aplicado somente àqueles que possuem vínculo específico com como: resoluções, portarias, regimentos, deliberações e instru-
a Administração de forma funcional ou contratual, o segundo é ções normativas. Há ainda uma corrente que entende essas pro-
exercido somente sobre qualquer indivíduo que viole as leis pe- vidências gerais e abstratas editadas sob os parâmetros e exigên-
nais vigentes. cias da lei, com o fulcro de possibilitar-lhe o cumprimento em
forma de manifestações do poder normativo.
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também
No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, preva-
não se confunde com as penalidades decorrentes do poder disci-
lece como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássi-
plinar, que, embora ambos possuam natureza administrativa, es-
ca, que utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir
tas deverão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando
somente à competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo
transtornos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de
para editar regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão
polícia, denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e
“poder normativo” para os demais atos normativos emitidos por
o administrado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades
outras espécies de autoridades da Administração Direta e Indi-
decorrentes do poder disciplinar, somente são atingidos os que
reta, como por exemplo, de dirigentes de agências reguladoras
possuem relação funcional ou contratual com a Administração.
e de Ministros.
Em suma, temos: Registra-se que os regulamentos são publicados através de
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; ad- decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
vém do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que pos- pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode
suem vínculo específico com a Administração Pública. ser por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou,
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; ad- ainda, a pela adoção de providências distintas. A título de exem-
vém do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobe- plo desta última situação, pode-se citar um decreto que dá a
deçam às regulamentações de polícia administrativa. designação de determinado nome a um prédio público.
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder Em razão de os regulamentos serem editados sob forma
geral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que come- condizente de decreto, é comum serem chamados de decretos
tem crimes ou contravenções penais. regulamentares, decretos de execução ou regulamentos de exe-
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o cução.
poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirma- Podemos classificar os regulamentos em três espécies dife-
ção deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu al- rentes:
cance como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina A) Regulamento executivo;
administrativa cometer infração, a única opção que restará ao B) Regulamento independente ou autônomo;
gestor será aplicar á situação a penalidade devidamente prevista c) Regulamento autorizado.
na lei, pois, a aplicação da pena é ato vinculado. Quando exis- Vejamos a composição de cada em deles:
tente, a discricionariedade refere-se ao grau da penalidade ou
à aplicação correta das sanções legalmente cabíveis, tendo em Regulamento Executivo
vista que no direito administrativo não é predominável o prin- Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
cípio da pena específica que se refere à necessidade de prévia suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um
definição em lei da infração funcional e da exata sanção cabível. regulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qual-
Em resumo, temos: quer lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem,
até mesmo aquelas cuja execução não dependa de regulamento.
Poder Disciplinar Para isso, suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda
• Apura infrações e aplica penalidades; conveniente detalhar a sua execução.
• Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata.
preciso que possua vínculo funcional com a administração; Sendo geral pelo fato de não possuir destinatários determinados
ou determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que este-

18
DIREITO ADMINISTRATIVO
jam nas situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre para o efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que,
hipóteses que, se e no momento em que forem verificadas no diante da regulamentação, erigiu a existência de vinculação da
mundo concreto, passarão a gerar as consequências abstrata- autoridade administrativa referente ao percentual considerado
mente previstas. Desta forma, podemos afirmar que o regula- satisfatório para o efeito de promoção dos servidores, critério
mento possui conteúdo material de lei, porém, com ela não se que inclusive já foi uniformizado.
confunde sob o aspecto formal. Embora exista uma enorme importância em termos de pra-
O ato de regulamento executivo é constituído por importan- ticidade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de
tes funções. São elas: hierarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem
jurídica, criando direitos ou obrigações, nem contrariando, am-
1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa pliando ou restringindo as disposições da lei regulamentada.
Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade São, em resumo, atos normativos considerados secundários que
quando a lei confere ao agente público determinada quantidade são editados pelo Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar
de liberdade para o exercício da função administrativa. Tal quan- a execução dos atos normativos primários elaborados pelas leis.
tidade e margem de liberdade termina sendo reduzida quando Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executi-
da editação de um regulamento executivo que estipula regras de vos à lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Con-
observância obrigatória, vindo a determinar a maneira como os gresso Nacional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar
agentes devem proceder no fiel cumprimento da lei. nos parâmetros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o chama de “veto legislativo”, dentro de uma analogia com o veto
exercício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder que o Chefe do Executivo poderá apor aos projetos de lei apro-
Executivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a esta- vados pelo Parlamento.
belecer autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o Pondera-se que a aproximação terminológica possui limita-
espaço para a discussão de casos e fatos sem importância para a ções, uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode
administração pública. ocorrer em função de o Presidente da República entender que
o projeto de lei é incompatível com a Constituição Federal, que
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei configuraria o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse pú-
É interpretada no contexto da primeira, posto que o regu- blico, que seria o veto político. Por sua vez, o veto legislativo
lamento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente só pode ocorrer por exorbitância do poder regulamentar, sen-
cumprida, estipula os critérios a serem adotados nessa ativida- do assim, sempre jurídico. Melhor dizendo, não há como imagi-
de, fato que impede variações significativas nos casos sujeitos nar que o Parlamento venha a sustar um decreto regulamentar
à lei aplicada. Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos por entendê-lo contrário ao interesse público, uma vez que tal
servidores na carreira de Policial Rodoviário Federal. norma somente deve detalhar como a lei ao ser elaborada pelo
Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei próprio Legislativo, será indubitavelmente cumprida. Destarte,
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a inves- se o Parlamento entende que o decreto editado dentro do poder
tidura no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar regulamentar é contrário ao interesse público, deverá, por sua
no padrão único da classe de Agente, na qual o titular deverá vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento.
permanecer por pelo menos três anos ou até obter o direito à Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao
promoção à classe subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º. controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos da exorbitância do poder regulamentar também está passível de
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entan- ser reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do
to, o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato Poder Executivo no exercício da autotutela.
que abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promo-
ção dos servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir Regulamento independente ou autônomo
com base em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam-
perseguições e privilégios. E é por esse motivo que existe a ne- bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento
cessidade de regulamentação dos requisitos de promoção, como executivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei,
demonstra o próprio estatuto dos servidores públicos civis fede- detendo o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma manei-
rais em seu art. 10, parágrafo único da Lei 8.112/1990. ra que uma lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo)
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decre- é considerado ato normativo primário porque retira sua força
to 8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos exclusivamente e diretamente da Constituição.
e estabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou
Rodoviários Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de a figura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto,
“resultado satisfatório na avaliação de desempenho no interstí- com a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi no-
cio considerado para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. vamente inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
Da mesma forma, a expressão “resultado satisfatório” também é Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na
eivada de subjetividade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dis- doutrina é no sentido de que a única hipótese de regulamento
positivo regulamentar designou que para o efeito de promoção, autônomo que o direito brasileiro permite é a contida no men-
seria considerado satisfatório o alcance de oitenta por cento das cionado dispositivo constitucional, que estabelece a competên-
metas estipuladas em ato do dirigente máximo do órgão. cia do Presidente da República para dispor, mediante decreto,
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do diri- sobre organização e funcionamento da administração federal,
gente máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o isso, quando não implicar em aumento de despesa nem mesmo
estabelecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no con- criação ou extinção de órgãos públicos.
dizente à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores

19
DIREITO ADMINISTRATIVO
Por oportuno, registarmos que a autorização que está pre- Regulamento autorizado ou delegado
vista na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que Denota-se que além das espécies anteriores de regulamen-
o Presidente da República, mediante decreto, possa extinguir to apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também
cargos públicos vagos, não se trata de caso de regulamento au- menciona a respeito da existência do regulamento autorizado
tônomo. Cuida-se de uma xucra hipótese de abandono do prin- ou delegado.
cípio do paralelismo das formas. Isso por que em decorrência do De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
princípio da hierarquia das normas, se um instituto jurídico for não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
criado por intermédio de determinada espécie normativa, sua forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legisla-
extinção apenas poderá ser veiculada pelo mesmo tipo de ato, tivo, aos órgãos administrativos.
ou, ainda, por um de superior hierarquia. Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
parâmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a
extingui-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretan- doutrina maior tem aceitado que as competências para regular
to, deixando de lado essa premissa, o legislador constituinte de- determinadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio
rivado permitiu que, estando vago o cargo público, a extinção legislador para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fe-
aconteça por decreto. Poderíamos até dizer que foi autorizado nômeno da deslegalização, por meio do qual a normatização sai
um decreto autônomo, mas nunca um regulamento autônomo, da esfera da lei para a esfera do regulamento autorizado.
isso posto pelo fato de tal decreto não gozar de generalidade e No entanto, o regulamento autorizado não se encontra li-
abstração, não regulamentando determinada matéria. Cuida-se, mitado somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na
nesse sentido, de um ato de efeitos concretos, amplamente des- verdade, ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar
provido de natureza regulamentar. normas técnicas não contidas na lei, ato que realiza em decor-
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento rência de expressa determinação legal.
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
destaca-se que o decreto autônomo ou regulamento indepen- confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
dente, encontra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O
ao passo que este último retira sua força jurídica da Constitui-
que justifica a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito
ção, aquele é amplamente dependente de expressa autorização
entre um decreto regulamentar e a lei que lhe atende de fun-
contida na lei. Além disso, também se diverge do decreto de exe-
damento vir a configurar ilegalidade, não cabendo o argumento
cução porque, embora seja um ato normativo secundário que
de que o decreto é inconstitucional porque exorbitou do poder
retira sua força jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem
regulamentar. Assim, havendo agressão direta à Constituição,
jurídica, ao contrário do que ocorre com este último no qual sua
a lei, com certeza pode ser considerada inconstitucional, mas
destinação é apenas a de detalhar a lei para que seja fielmente
não o decreto que a regulamenta. Agora, em se tratando do de-
executada.
creto autônomo, infere-se que este é norma primária, vindo a
Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de
fundamentar-se no próprio texto constitucional, de forma a ser
possível uma agressão direta à Constituição Federal de 1988, le- regulamento autorizado para matéria reservada à lei, um exem-
gitimando desta maneira, a instauração de processo de controle plo disso é a criação de tributos ou da criação de tipos penais,
de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição do tendo em vista que afrontaria o princípio da separação dos Po-
Supremo Tribunal Federal: deres, pelo fato de estar o Executivo substituindo a função do
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto Poder Legislativo.
do Chefe do Executivo advém de competência direta da Cons- Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa
tituição, ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa determinação constitucional estabelecendo reserva legal, tem
sentido, caso o regulamento não se amolde ao figurino consti- sido admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde
tucional, caberá, por conseguinte, análise de constitucionalida- que a lei venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem
de pelo Supremo tribunal Federal. Se assim não for, será apenas como os limites da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido
vício de inconstitucionalidade reflexa, afastando desta forma, que eles têm sido adotados com frequência para a fixação de
o controle concentrado em ADI porque, como adverte Carlos normas técnicas, como por exemplo, daquelas condições deter-
Velloso: “é uma questão de opção. Hans Kelsen, no debate com minadas pelas agências reguladoras.
Carl Schmitt, em 1929, deixou isso claro. E o Supremo Tribunal
fez essa opção também no controle difuso, quando estabeleceu Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
que não se conhece de inconstitucionalidade indireta. Não há A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
falar-se em inconstitucionalidade indireta reflexa. É uma opção fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos
da Corte para que não se realize o velho adágio: ‘muita jurisdi- e os regulamentos administrativos ou de organização.
ção, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387-0/DF, Rel. Min. Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos,
Marco Aurélio). criam regras ou normas para o exterior da Administração Pú-
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar blica, que passam a vincular todos os cidadãos de forma geral,
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de- como acontece com as normas inseridas no poder de polícia. No
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção condizente aos regulamentos administrativos ou de organização,
a essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acon- denota-se que estes estabelecem normas sobre a organização
tece com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a administrativa ou que se relacionam aos particulares que pos-
ser objeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador suem um vínculo específico com o Estado, como por exemplo, os
Geral da República e ao Advogado concessionários de serviços públicos ou que possuem um con-
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo úni- trato com a Administração.
co do art. 84 da Constituição Federal.

20
DIREITO ADMINISTRATIVO
De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possi-
destaque em relação à distinção entre os mencionados institu- bilidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre
tos, é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referi- no curso do processo, quando o procedimento administrativo vir
rem à liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação a ficar paralisado por mais de três anos, desde que pendente
específica com a Administração, são, por sua vez, elaborados de despacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão
com menor grau de discricionariedade em relação aos regula- arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte inte-
mentos administrativos. ressada, sem que haja prejuízo da apuração da responsabilidade
Esquematicamente, temos: funcional decorrente da paralisação, se for o caso, nos parâme-
tros do art. 1.º, § 1.º.
ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da
REGULAMENTO ação punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no
QUANTO AOS Regulamentos administrativos ou de orga- decurso das seguintes hipóteses:
DESTINATÁRIOS nização A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive
por meio de edital;
Poder de Polícia B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Esta- do fato; pela decisão condenatória recorrível;
do para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exer- C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifesta-
cício de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista ção expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito in-
o interesse público. terno da Administração Pública Federal.
Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de
Limites em determinadas situações específicas, quando o interessado
No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim interromper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a sus-
como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está pensão do prazo prescricional para aplicação das sanções de po-
eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, lícia, nos parâmetros do art. 3.º.
aos fins, aos motivos ou ao objeto. Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de 9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e
polícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de aos processos e procedimentos de natureza tributária, nos ter-
proporcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sen- mos do art. 5.º.
do, a medida de polícia não poderá ir além do necessário com
o fito de atingir a finalidade pública a que se destina. Imagine- Atributos
mos por exemplo, a hipótese de um estabelecimento comercial Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder
que somente possuía licença do poder público para atuar como de polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coer-
revenda de roupas, mas que, além dessa atividade, funcionava cibilidade. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas carac-
como atelier de costura. Caso os fiscais competentes, na cons- terísticas estão presentes de forma simultânea em todos os atos
tatação do fato, viessem a interditar todo o estabelecimento, de polícia.
pondera-se que tal medida seria desproporcional, tendo em vis- Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada
ta que, para por fim à irregularidade, seria suficiente somente atributo:
interditar a parte da revenda de roupas.
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que es- Discricionariedade
tejam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem des- Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em
proporcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder relação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de
Judiciário por meio do controle judicial, ou, pela própria admi- polícia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de
nistração no exercício da autotutela. polícia seja a regra, em determinadas situações o exercício do
poder de polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para
Prescrição que a autoridade responsável possa executar qualquer tipo de
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública opção.
Federal, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare-
punitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
polícia, desde que contados da data da prática do ato ou, em se respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença,
tratando de infração de forma permanente ou continuada, do depreende-se que o ato é vinculado, significando que a licença
dia em que tiver cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto não poderá ser negada quando o requerente estiver preenchen-
da ação punitiva da Administração também for considerado cri- do os requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem,
me, a prescrição deverá se reger pelo prazo previsto na lei penal que isso ocorre com a licença para dirigir, para construir bem
em seu art. 1.º, § 2.º. como para exercer certas profissões, como a de enfermagem,
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a por exemplo. Referente à hipótese de alvará de autorização,
ação de execução da administração pública federal relativa a cré- mesmo o requerente atendendo aos requisitos da lei, a Adminis-
dito não tributário advindo da aplicação de multa por infração à tração Pública poderá ou não conceder a autorização, posto que
legislação em vigor, desde que devidamente contados da cons- esse ato é de natureza discricionária e está sujeito ao juízo de
tituição definitiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. conveniência e oportunidade da autoridade administrativa. É o
1.º-A, com sua redação incluída pela Lei 11.941/2009. que ocorre, por exemplo, coma autorização para porte de arma,
bem como para a produção de material bélico.

21
DIREITO ADMINISTRATIVO
Autoexecutoriedade Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da au- como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba
toexecutoriedade consiste na “faculdade de a Administração de- se confundindo com a definição dada de exigibilidade que resul-
cidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, ta do desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.
sem intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento
comercial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Poder de polícia originário e poder de polícia delegado
Público poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá- Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário
-los, sendo desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, é aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos,
também, que tal fato não impede ao particular, que se sentir pre- tendo como fundamento a própria repartição de competências
judicado pelo excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do materiais e legislativas constante na Constituição Federal Brasi-
Poder Judiciário para fazer cessar o ato de polícia abusivo. leira de 1988.
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este
são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afir- faz referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direi-
ma que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, to público da Administração Indireta, posto que esta delegação
sendo elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou deve ser feita por intermédio de lei do ente federativo que pos-
mesmo não estando prevista expressamente em lei, se houver sua o poder de polícia originário.
situação de urgência que demande a execução direta da medida. Como uma das mais claras manifestações do princípio se-
O que infere que, não sendo cumprido nenhum desses requisi- gundo o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse priva-
tos, o ato de polícia autoexecutado será considerado abusivo. do, no exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particu-
Cite-se como exemplo, o de ato de polícia que não contém auto- lares ações e omissões independentemente das suas vontades.
executoriedade, como o caso de uma autuação por desrespeito Tal possibilidade envolve exercício de atividade típica de Estado,
à normas sanitárias. Nesse caso específico, se o poder público com clara manifestação de potestade (poder de autoridade). As-
tiver a pretensão de cobrar o mencionado valor, não poderá fa- sim, estão presentes características ínsitas ao regime jurídico de
zê-lo de forma direta, sendo necessário que promova a execução direito público, o que tem levado o STF a genericamente negar
judicial da dívida. a possibilidade de delegação do poder de polícia a pessoas jurí-
A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afir- dicas de direito privado, ainda que integrantes da administração
ma que alguns autores dividem o atributo da autoexecutorieda- indireta (ADI 1717/DF).
de em dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) Esquematizando, temos:
e a executoriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão,
a exigibilidade ensejaria a possibilidade de a Administração to-
mar decisões executórias, impondo obrigações aos administra- ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA
dos mesmo sem a concordância destes, e a executoriedade, que DISCRICIONARIE- AUTOEXECUTORIE-
consiste na faculdade de se executar de forma direta todas essas COERCIBILIDADE
DADE DADE
decisões sem que haja a necessidade de intervenção do Poder Liberdade de esco- Faculdade de a Ad-
Judiciário, usando-se, quando for preciso, do emprego direto da lha da autoridade ministração decidir e
força pública. Imaginemos como exemplo, um depósito antigo Faz com que o ato
pública em relação executar diretamente
de carros que esteja ameaçado de desabar. Nessa situação es- seja imposto ao
à conveniência e sua decisão por seus
pecífica, a Administração pode ordenar que o proprietário pro- particular, concor-
oportunidade do próprios meios, sem
mova a sua demolição (exigibilidade). E não sendo a ordem cum- dando este, ou não.
exercício do poder intervenção do Judi-
prida, a própria Administração possui o poder de mandar seus de polícia. ciário.
servidores demolirem o imóvel (executoriedade).
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo Uso e abuso de poder
que a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de De antemão, depreende-se que o exercício de poder acon-
meios indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a im- tece de forma legítima quando desempenhado pelo órgão com-
possibilidade de licenciamento de veículo enquanto não forem petente, desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem
pagas as multas de trânsito, a executoriedade irá se consubstan-
como em atendimento à consecução dos fins públicos.
ciar no uso de meios diretos de coação, como por exemplo dis-
No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
solução de reunião, da apreensão de mercadorias, da interdição
venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para
de estabelecimento e da demolição de prédio.
fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presen-
que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor-
te em todas as medidas de polícia, ao contrário da executorieda-
re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa
de, que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de
que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por
lei ou em situações de urgência.
meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito.
Coercibilidade Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são
É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato elas:
seja imposto ao particular, concordando este, ou não. Em ou-
tras termos, o ato de polícia, como manifestação do ius imperi • Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que
estatal, não está consignado à dependência da concordância do a autoridade atua extrapolando os limites da sua competência.
particular para que tenha validade e seja eficaz. Além disso, a • Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando
coercibilidade é indissociável da autoexecutoridade, e o ato de a autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência,
polícia só poderá ser autoexecutável pelo fato de ser dotado de porém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou
força coercitiva. contrária ao interesse público como um todo.

22
DIREITO ADMINISTRATIVO
Convém mencionar que o ato praticado com abuso de po- Assim sendo, em razão dessas inovações, os autores passa-
der pode ser devidamente invalidado pela própria Administra- ram, por sua vez, a comentar em crise na noção de serviço pú-
ção por intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob blico. Hodiernamente, os critérios anteriormente mencionados
controle judicial. continuam sendo utilizados para definir serviço público, porém,
não é exigido que os três elementos se façam presentes ao mes-
mo tempo para que o serviço possa ser considerado de utilidade
SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO. PRINCÍPIOS pública, passando a existir no campo doutrinário diversas defini-
ções, advindas do uso isolado de um dos elementos ou da com-
Conceito binação existente entre eles.
De modo geral, não havendo a existência de um conceito Registra-se, que além da enorme variedade de definições
legal ou constitucional de serviço público, a doutrina se encar- advindas da combinação dos critérios subjetivo, material e for-
regou de buscar uma definição para os contornos do instituto, mal, é de suma importância compreendermos que o vocábulo
ato que foi realizado com a adoção, sendo por algumas vezes “serviço público” pode ser considerado sob dois pontos de vista,
isolada, bem como em outras, de forma combinadas, vindo a sendo um subjetivo e outro objetivo. Façamos um breve estudo
utilizar-se dos critérios subjetivo, material e formal. Vejamos a de cada um deles:
definição conceitual de cada em deles:
Sentido objetivo
Critério subjetivo Infere-se que tal expressão é usada para fazer alusão ao su-
Aduz que o serviço público se trata de serviço prestado pelo jeito responsável pela execução da atividade. Exemplo: determi-
Estado de forma direta. nada autarquia com o dever de prestar de serviços para a área
da educação.
Critério material
Sob esse crivo, serviço público é a atividade que possui Sentido objetivo ou material
como objetivo satisfazer as necessidades coletivas. Nesse sentido, a administração pública está coligada à diver-
sas atividades que são exercidas pelo Estado, por intermédio de
Critério formal seus agentes, órgãos e entidades na diligência eficaz da função
Segundo esse critério, serviço público é o labor exercido sob administrativa estatal.
o regime jurídico de direito público denegridor e desmesurado Destaque-se, por oportuno, que o vocábulo serviço público
sempre está se referindo a uma atividade, ou, ainda, a um con-
do direito comum.
junto de atividades a serem exercidas, sem levar em conta qual
o órgão ou a entidade que as exerce.
Passando o tempo, denota-se que o Estado foi se distancian-
Mesmo com os aspectos expostos, boa parte da doutrina
do dos princípios liberais, passando a desenvolver também ativi-
ainda usa de definições de caráter amplo e restrito do vocábulo
dades comerciais e industriais, que, diga se de passagem, ante-
serviço público. Para alguns, tal vocábulo se presta a designar
riormente eram reservadas somente à iniciativa privada. De outro
todas as funções do Estado, tendo em vista que nesse rol estão
ângulo, foi verificado em determinadas situações, que a estrutura
inclusas as funções administrativa, legislativa e judiciária. Já ou-
de organização do Estado não se encontrava adequada à execução
tra corrente doutrinária, utiliza-se de um conceito com menor
de todos os serviços públicos. Por esse motivo, o Poder Público
amplitude, vindo a incluir somente as funções administrativas
veio a delegar a particulares com o intuito de responsabilidade, e excluindo, por sua vez, as funções legislativa e judiciária. Des-
a prestação de alguns serviços públicos. Em outro momento, tais tarte, infere-se que dentre aquelas doutrinas que adotam um
serviços públicos também passaram a ter sua prestação delegada sentido mais restrito, existem ainda as que excluem do conceito
a outras pessoas jurídicas, que por sua vez, eram criadas pelo pró- atividades importantes advindas do exercício do poder de polí-
prio Estado para esse fim específico. Eram as empresas públicas e cia, de intervenção e de fomento.
sociedades de economia mista, que possuem regime jurídico de Denota-se com grande importância, que o direito brasileiro
direito privado, cujo serviço era mais eficaz para que fossem exe- acaba por diferenciar de forma expressa o serviço público e o
cutados os serviços comerciais e industriais. poder de polícia. Em campo tributário, por exemplo, no disposto
Esses acontecimentos acabaram por prejudicar os critérios em seus arts. 77 e 78, o Código Tributário Nacional dispõe do
utilizados pela doutrina para definir serviço público como um ensino e determinação de duas atuações como fatos geradores
todo. Denota-se que o elemento subjetivo foi afetado pelo fato diversos do tributo de nome taxa. Nesse diapasão de linha di-
de as pessoas jurídicas de direito público terem deixado de ser ferenciadora, a ESAF, na aplicação da prova para Procurador do
as únicas a prestar tais serviços, posto que esta incumbência Distrito Federal/2007, veio a considerar como incorreta a afir-
também passou a ser delegada aos particulares, como é o caso mação: “o exercício da atividade estatal de polícia administrativa
das concessionárias, permissionárias e autorizatárias. Já o ele- constitui a prestação de um serviço público ao administrado”.
mento material foi atingido em decorrência de algumas ativida- De forma geral, a doutrina entende que os elementos sub-
des que outrora não eram tidas como de interesse público, mas jetivo, material e formal tradicionalmente utilizados para definir
que passaram a ser exercidas pelo Estado, 8como por exemplo, serviço público, continuam de forma ampla a servir a esse pro-
como se deu com o serviço de loterias. O elemento formal, por pósito, desde que estejam combinados e harmonizados com o
sua vez, também foi bastante atingido, na forma que aduz que fito de acoplar de forma correta, as contemporâneas figuras ju-
nem todos os serviços públicos são prestados sob regime de ex- rídicas que vêm sendo inseridas e determinadas pelo legislador
clusividade pública, como por exemplo, a aplicação de algumas com força de lei, com o fulcro de oferecer conveniência e utilida-
normas de direito do consumidor e de direito civil a contratos des, bem como de atender as constantes necessidades da popu-
feitos entre os particulares e a entidade prestadora de serviço lação que sempre acontecem de forma mutante, a exemplo das
público de forma geral. parcerias público-privadas, das OSCIPs e organizações sociais.

23
DIREITO ADMINISTRATIVO
Nesse sentido, com o objetivo de reinterpretar o elemento Formal: A princípio, o regime jurídico é de Direito Público,
subjetivo em consonância com o atual estágio de evolução do ou parcialmente público, sob o manto do qual o serviço público
direito administrativo, podemos afirmar que a caracterização de deverá ser prestado. No entanto, quando particulares prestam
um serviço como público, em tempos contemporâneos passou a seus serviços em conjunto com o Poder Público, ressalta-se que
não exigir mais que a prestação seja realizada pelo Estado, mas o regime jurídico é considerado como híbrido. Isso por que nesse
apenas que ele passe a deter, nos termos legais dispostos na caso, poderá haver a permanência do Direito Público ou do Direi-
Constituição Federal de 1988, a titularidade de tal serviço. Em to Privado nos ditames da lei. Porém, em ambas as situações, a
relação a esse aspecto, destacamos a importância de não vir a responsabilidade será sempre objetiva.
confundir a expressiva titularidade do serviço com sua efetiva
prestação. Registe-se que o titular do serviço, trata-se do sujeito Material: Por intermédio desse elemento, o serviço público
que detém a atribuição legal constitucional para vir a prestá-lo. deverá sempre prestar serviços condizentes a uma atividade de
Via de regra, aquele que detém a titularidade do serviço não se interesse público como um todo. Denota-se que por meio da apli-
encontra obrigado a prestá-lo de forma direta através de seus cação desse elemento, o objetivo do serviço público será sempre
órgãos, mas tem o dever legal de promover-lhe a prestação, de o de satisfazer de forma concreta as necessidades da coletividade.
forma direta por meio de seu aparato administrativo, ou, ainda, Esquematizando, temos:
mediante a legal delegação a particulares realizada por meio de
concessão, permissão ou autorização. Elementos constitutivos dos serviços públicos
De maneira igual, contemporaneamente, o critério material
considerado de forma isolada não é suficiente para definir um Subjetivo - determina que o serviço público deve ser prestado
serviço como público. Isso ocorre pelo fato de existirem deter- pelo Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pessoas
minadas atividades relativas aos direitos sociais como saúde e jurídicas criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a
educação, por exemplo, que apenas podem ser enquadradas no terceiros para que possam prestá-lo.
conceito quando forem devidamente prestadas pelo Estado, le-
vando em conta que a execução desses serviços por particulares Formal - o regime jurídico é de Direito Público, ou parcialmente
deve ser denominada como serviço privado. público, sob o manto do qual o serviço público deverá ser pres-
Finalmente, em relação ao critério formal, nos tempos mo- tado.
dernos, infere-se que não é mais necessário que o regime jurí-
dico ao qual está submetido o serviço público seja realizado de Material - o serviço público deverá sempre prestar serviços con-
maneira integral de direito público, sendo que em algumas situ- dizentes a uma atividade de interesse público como um todo.
ações, acaba existindo um sistema híbrido que é formado por
regras e normas de direito público e privado, principalmente em Subjetivo - é o próprio Estado que escolhe os serviços que são
se tratando de caso de serviços públicos nos quais sua prestação considerados serviços públicos. Como exemplo, podemos citar:
tenha sido delegada a terceiros. os Correios, a radiodifusão e a energia elétrica, dentre outros
serviços pertinentes à Administração Pública.
Observação importante: Com o entendimento acima men-
cionado, a ilustre Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro acaba Formal - poderá haver a permanência do Direito Público ou do
por definir serviço público como sendo toda a atividade material Direito Privado nos ditames da lei. Porém, em ambas as situa-
que a lei atribui ao Estado, para que este a exerça de forma di- ções, a responsabilidade será sempre objetiva.
reta ou por intermédio de seus delegados, com o condão de sa-
Material - por meio da aplicação desse elemento, o objetivo do
tisfazer de forma concreta as necessidades da coletividade, sob
serviço público será sempre o de satisfazer de forma concreta as
regime jurídico total ou parcialmente público.
necessidades da coletividade.
Elementos Constitutivos
Regulamentação e Controle
Os elementos do serviço público podem ser classificados
Tanto a regulamentação quanto o controle do serviço pú-
sob os seguintes aspectos:
blico são realizados de maneira regular pelo Poder Público. Isso
Subjetivo: Por meio do qual o serviço público está sempre
ocorre em qualquer sentido, ainda que o serviço esteja delegado
sob a total responsabilidade do Estado. No entanto, registra-se
por concessão, permissão ou autorização, uma vez que nestas
que ao Estado como um todo, é permitido delegar determina-
situações, deverá o Estado manter sua titularidade e, ainda que
dos serviços públicos, desde que sempre por intermediação
haja situações adversas e problemas durante a prestação, po-
dos parâmetros da lei e sob regime de concessão ou permissão,
derá o Poder Público interferir para que haja a regularização do
bem como por meio de licitação. Denota-se que nesse caso, é
seu funcionamento, com fundamento sempre na preservação do
o próprio Estado que escolhe os serviços que são considerados
interesse público.
serviços públicos. Como exemplo, podemos citar: os Correios, a
Ressalta-se que esses serviços são controlados e também
radiodifusão e a energia elétrica, dentre outros serviços perti-
fiscalizados pelo Poder Público, que deve intervir em caso de má
nentes à Administração Pública. Esse elemento determina que
prestação, sendo que isso é uma obrigação que lhe compete se-
o serviço público deve ser prestado pelo Estado ou pelos seus
gundo parâmetros legais.
entes delegados, ou seja, por pessoas jurídicas criadas pelo Esta-
A esse respeito, dispõe a Lei 8997 de 1995 em seus arts. 3º
do ou por concessões e permissões a terceiros para que possam
e 32, respectivamente:
prestá-lo.
Art. 3º. As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscali-
zação pelo poder concedente responsável pela delegação, com a
cooperação dos usuários.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, nado serviço público, embora continue mantendo a sua titularida-
com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, de, termina por transferir a pessoas diferentes e desconhecida à
bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regula- sua estrutura administrativa, a responsabilidade pela prestação.
mentares e legais pertinentes. Lembremos que o ente político, mesmo ao transferir a res-
ponsabilidade pela prestação de serviços públicos a terceiros,
Deve-se registrar também, que outro aspecto que deve ser sempre poderá conservar a sua titularidade, fato que lhe garante
enfatizado com destaque em relação à regulamentação e ao con- a manutenção da competência para regular e controlar a presta-
trole dos serviços públicos, são os requisitos do serviço e direito ção dos serviços delegados a outrem.
dos usuários, sendo que o primeiro deles é a permanência, que A descentralização dos serviços públicos pode ocorrer de
possui como atributo, impor a continuidade do serviço. Logo duas maneiras:
após, temos o requisito da generalidade, por meio do qual, os 1. Por meio de outorga ou delegação legal: por meio da qual
serviços devem ser prestados de maneira uniforme para toda o Estado cria uma entidade que poderá ser autarquia, fundação
a coletividade. Em seguida, surge o requisito da eficiência, por pública sociedade de economia mista ou empresa pública, trans-
intermédio do qual é exigida a eficaz atualização do serviço pú- ferindo-lhe, por meios legais a execução de um serviço público.
blico. Em continuidade, vem a modicidade, por meio da qual, 2. Por meio de delegação ou delegação negocial: por inter-
infere-se que as tarifas que são cobradas dos usuários devem médio da qual, o Poder Público detém o poder de transferir por
ser eivadas de valor razoável e por fim, a cortesia, que por seu contrato ou ato unilateral a execução ampla do serviço, desde
intermédio, entende-se que o tratamento com o usuário público que o ente delegado preste o serviço em nome próprio e por
em geral, deverá ser oferecido com presteza. sua conta e risco, sob o controle do Estado e dentro da mesma
Havendo descumprimento de quaisquer dos requisitos retro pessoa jurídica.
mencionados, afirma-se que o usuário do serviço terá em suas Esclarece-se ainda, a título de conhecimento, que a delega-
mãos o direito pleno de recorrer ao Poder Judiciário para exigir ção negocial admite a titularidade exclusiva do ente delegante
a correta prestação desses serviços. Neste mesmo sentido, des- sobre o serviço a ser delegado. Em se tratando de serviços nos
taca-se que a greve de servidores públicos, não poderá jamais quais a titularidade não for exclusiva do Poder Público, como
ultrapassar o direito dos usuários dos serviços essenciais, que se educação e saúde, por exemplo, o particular que tiver a preten-
tratam daqueles que por decorrência de sua natureza, colocam são de exercê-lo não estará dependente de delegação do Estado,
a sobrevivência, a vida e a segurança da sociedade em risco se uma vez que tais atos de exercício de educação e saúde, quando
estiverem ausentes. forem prestados por particulares, não serão mais considerados
como serviços públicos, mas sim como atividade econômica da
Formas de prestação e meios de execução iniciativa privada.
O art. 175 da Constituição Federal de 1988 determina, que Em outras palavras, os serviços públicos podem ser execu-
compete ao Poder Público, nos parâmetros legais, de forma di- tados nas formas:
reta ou sob regime de concessão ou permissão a prestação de Direta: Quando é prestado pela própria administração públi-
serviços públicos de forma geral. De acordo com esse mesmo ca por intermédio de seus próprios órgãos e agentes.
dispositivo, as concessões e permissões de serviços públicos de- Indireta: Quando o serviço público é prestado por intermé-
verão ser sempre precedidas de licitação. dio de entidades da Administração Pública indireta ou, ainda,
Entretanto, o parágrafo único do art. 175 da Carta Magna de particulares, por meio de delegação, concessão, permissão
dispõe a implementação de lei para regulamentar as seguintes e autorização. Esta forma de prestação de serviço, deverá ser
referências: sempre sobrepujada de licitação, formalizada por meio de con-
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias trato administrativo, seguida de adesão com prazo previamente
de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua estipulado e que por ato bilateral, buscando somente transferir
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização a execução, porém, jamais a titularidade que deverá sempre per-
e rescisão da concessão ou permissão; manecer com o poder outorgante.
II – os direitos dos usuários; Em resumo, temos:
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.
Considera-se que a Lei Federal 8.987/1995, em obediência
ao mandamento constitucional foi editada estabelecendo nor-
mas generalizadas como um todo em matéria de concessão e
permissão de serviços públicos, devendo tais normas, ser apli-
cáveis à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, da mes-
ma forma que a Lei Federal 9.074/1995, que, embora tenha o
condão de estipular regras especificamente voltadas a serviços
de competência da União, trouxe também em seu bojo, pouquís-
simas regras gerais que podem ser aplicadas a todos os entes
federados. Transferência da execução do servi-
Em relação à forma de prestação dos serviços públicos, de- DESCENTRALIZAÇÃO ço para outra pessoa física ou jurí-
preende-se que estes podem ser prestados de forma centrali- dica.
zada ou descentralizada, sendo a primeira forma caracterizada
quando o serviço público for prestado pela própria pessoa jurí- Divisão interna do serviço com ou-
dica federativa que detém a sua titularidade e a segunda forma, DESCONCENTRAÇÃO tros órgãos da mesma pessoa jurí-
dica.
quando, em várias situações, o ente político titular de determi-

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Delegação concedente e o concessionário para que certa obra pública seja
Concessão executada. Em relação ao segundo, a prestação do serviço públi-
Ocorre a delegação negocial de serviços públicos mediante: co existe na exploração amplamente econômica do serviço ou
concessão, permissão ou autorização. da obra.
Nesse tópico, não esgotaremos todas as formas de conces-
sões existentes e suas formas de aplicação e execução nos ser- • Direitos e obrigações dos usuários
viços públicos, porém destacaremos as mais importantes e mais Nos ditames do art. 7º da Lei 8.987/1995, os direitos e obri-
cobradas em provas de concursos públicos e áreas afins. gações dos usuários dos serviços públicos delegados são os se-
Conforme o Ordenamento Jurídico Brasileiro, as concessões guintes:
de serviços públicos podem ser divididas em duas espécies: a) Receber serviço adequado;
1ª) Concessões comuns, que estão sob a égide das leis b) Receber do poder concedente e da concessionária infor-
8.987/1995 e 9.074/1995 e 2ª, que subdividem em: concessão mações para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
de serviços públicos e concessão de serviço público precedida da c) Obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre
execução de obra pública. vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as
2ª) Concessões especiais, que são as parcerias público-pri- normas do poder concedente;
vadas previstas na Lei 11.079/2004, sujeitas a alguns dispositi- d) Levar ao conhecimento do poder público e da concessio-
vos da Lei 8.987/1995. Se subdividindo em duas categorias: con- nária as irregularidades de que tenham conhecimento, referen-
cessão patrocinada e concessão administrativa. tes ao serviço prestado;
A concessão comum de serviço público é uma modalidade e) Comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos
de contrato administrativo por intermédio do qual a Adminis- praticados pela concessionária na prestação do serviço;
tração Pública transfere delegação a pessoa jurídica ou, ainda, a f) Contribuir para a permanência das boas condições dos
consórcio de empresas a execução de certo serviço público per- bens públicos pelos quais lhes são prestados os serviços.
tencente à sua titularidade, na qual o concessionário é obrigado, Ademais, as concessionárias de serviços públicos, de direito
por meio de contratos legais a executar o serviço delegado em público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são legal-
nome próprio, por sua conta e risco, sendo sujeito a controle e mente obrigadas a dispor ao consumidor e ao usuário, desde
fiscalização do poder concedente e remunerado através de tari- que dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas como
fa paga pelo usuário ou outra modalidade de remuneração ad- opção para escolherem os dias de vencimento de seus débitos a
vinda da exploração do serviço. Exemplo: as receitas adquiridas serem adimplidos, nos termos do art. 7º-A, da Lei 8.987/1995.
por empresas de transporte coletivo que cobram por comerciais
constantes na parte traseira dos ônibus. 1. Serviço adequado
Conforme mencionado, existem duas modalidades de con- Os usuários detêm o direito de receber um serviço público
cessão comum, quais sejam: a concessão de serviço público, adequado. Esse direito encontra-se regulamentado pelo seguin-
também conhecida como concessão simples e a concessão de te dispositivo:
serviço público antecedida de execução por meio de obra pú-
blica. Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação
A concessão de serviço público ou concessão simples, pode de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, confor-
ser definida pela lei como a “delegação da prestação de servi- me estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respec-
ço público, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na tivo contrato.
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de re-
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por gularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, ge-
sua conta e risco e por prazo determinado” (art. 2º, II). neralidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
Já a concessão de serviço público antecedida de execução
de obra pública pode ser como “a construção, total ou parcial, Denota-se que além do conhecimento da previsão no citado
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quais- dispositivo, é importante compreendermos o significado prático
quer obras de interesse público, delegada pelo poder conceden- de cada condição citada, com o objetivo de garantir que cada
te, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa exigência legal seja cumprida para a qualificação do serviço
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade como adequado. Desta forma, temos:
para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o in- 1 – Regularidade: exige que os serviços públicos sejam pres-
vestimento da concessionária seja remunerado e amortizado tados de forma a garantir a estabilidade e a manutenção dos re-
mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo deter- quisitos essenciais, sendo prestados em perfeita harmonia com
minado” (art. 2º, III). Como hipótese de exemplo, citamos a con- a lei e com o regulamento que disciplina a matéria.
cessão a particular, vitorioso de processo licitatório por constru- 2 – Continuidade: impõe que o serviço público, uma vez ins-
ção e conservação de rodovia, com o consequente pagamento tituído, seja prestado de forma permanente e sem interrupção,
realizado mediante a cobrança de pedágio aos particulares que com exceção de situações de emergência, bem como a que ad-
vierem a utilizar da via. vém de razões de ordem técnica ou de segurança das instalações
Pondera-se que a diferença entre as duas modalidades de elétricas, por exemplo.
concessão comum está apenas no objeto. Perceba que na con- 3 – Eficiência: refere-se à obtenção de resultados eficazes na
cessão simples, o objeto do contrato é somente a execução de prestação do serviço público, exigindo que o serviço seja reali-
atividade que foi caracterizada como sendo serviço público, ao zado de acordo com uma adequada relação de custo/benefício,
passo que na concessão de serviço público antecedida da exe- para, com isso, evitar desperdícios.
cução de obra pública existe uma duplicidade de objeto, sendo
que o primeiro deles se refere ao ajuste existente entre o poder

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DIREITO ADMINISTRATIVO
4 – Segurança: deverão os serviços públicos respeitar pa- Infere-se que as cláusulas podem ser divididas em: cláusu-
drões, bem como normas de segurança, de forma a preservar las essenciais obrigatórias em qualquer contrato de concessão,
a integridade da população de modo geral e dos equipamentos quer seja concessão simples, quer seja concessão de serviço
utilizados. público precedida de obra pública, cláusulas obrigatórias ape-
5 – Atualidade: possui como foco o impedimento de que o nas nos contratos de concessão de serviço público precedida da
prestador se encontre alheio às inovações tecnológicas, supri- execução de obra pública e cláusulas facultativas. Vejamos, em
mindo o investimento em termos de disponibilização aos usuá- síntese:
rios das melhorias de qualidade e amplitude do serviço.
6 – Generalidade: deve oferecer a garantia de que o serviço (São obrigatórias nas concessões):
seja ofertado da forma mais abrangente possível. I – objeto, área e prazo da concessão;
7 – Cortesia: o prestador do serviço deverá tratar o usuário II – modo, forma e condições de prestação do serviço;
de forma educada e gentil. III – critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definido-
8 – Modicidade das tarifas: aduz que o valora a ser pago res da qualidade do serviço;
pela prestação dos serviços, deverá, nos parâmetros legais, ser IV – preço do serviço, critérios e procedimentos para o rea-
estabelecido de acordo com os padrões de razoabilidade, bus- juste e a revisão das tarifas;
cando evitar que os prestadores de serviços venham o obter lu- V – direitos, garantias e obrigações do poder concedente e
cros extraordinários causando prejuízo aos usuários econômico- da concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis neces-
-financeiros do contrato firmado com a administração. sidades de futura alteração e expansão do serviço e consequente
modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos
Observação importante: A celebração de qualquer espé- e das instalações;
cie de contrato de concessão ou permissão de serviço público VI – direitos e deveres dos usuários para obtenção e utiliza-
deve ser realizada mediante licitação, conforme previsto no art. ção do serviço;
175 da Constituição Federal. Concernente às concessões, a Lei VII – forma de fiscalização das instalações, dos equipamen-
8.987/1995 determinou que a delegação dependerá da realiza- tos, dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a
ção de prévio procedimento licitatório para que seja escolhido indicação dos órgãos competentes para exercê-la; simples e nas
o concessionário, na modalidade obrigatória da concorrência. concessões de serviço público precedida da execução de obra
Sendo a modalidade licitatória regulada pela Lei de Licitações e pública (art. 23,caput);
Contratos, Lei 8.666/1993, e tema dos próximos tópicos de es- VIII – penalidades contratuais e administrativas a que se su-
tudo, mais adiante, detalharemos com maior aprofundamento jeita a concessionária e sua forma de aplicação;
sobre este importante tema. IX – casos de extinção da concessão;
X – bens reversíveis;
Passemos a abordar a respeito do prazo que a Administração XI – critérios para o cálculo e a forma de pagamento das in-
Pública permite à concessão na execução dos serviços públicos denizações devidas à concessionária, quando for o caso;
como um todo. A Lei 8.987/1995 estabelece que a concessão XII – condições para prorrogação do contrato;
simples de serviço público ou a concessão de serviço público XIII – à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação
precedida de obra pública deverá ser realizada por prazo de- de contas da concessionária ao poder concedente;
terminado, mas não define quais seriam os limites desse prazo. XIV – exigência da publicação de demonstrações financeiras
Assim sendo, caberá à lei reguladora específica de cada serviço periódicas da concessionária; e
público, devidamente editada pelo ente federado detentor de XV – o foro e o modo amigável de solução das divergências
competência para prestá-lo, aditar definindo qual o prazo de du- contratuais.
ração do contrato de concessão. Caso o legislador competente
não estabeleça qualquer prazo, deverá, por conseguinte, o po- Cláusulas obrigatórias somente nas concessões de serviços
der concedente fixá-lo no ato da minuta do contrato de conces- públicos precedidas de obras públicas (art. 23, parágrafo único)
são, que se encontra afixado como anexo no edital da licitação. I – estipular os cronogramas físico-financeiros de execução
Denota-se que o prazo deve ser razoável, de forma a permitir o das obras vinculadas à concessão; e
abatimento dos investimentos a serem realizados pelo conces- II – exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária,
sionário. das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.
Referente às concessões advindas de parceria público-priva-
da, infere-se que a vigência de tais contratos deverá ser sempre Cláusulas facultativas (art. 23-A)
compatível com o abatimento dos investimentos realizados, não I – o contrato de concessão poderá prever o emprego de
podendo ser sendo inferior a 5 e nem superior a 35 anos, já res- mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou
tando-se incluído nesse prazo eventual prorrogação nos termos relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada
da Lei 11.079/2004, art. 5º, I. no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307, de
23.09.1996;
Cláusulas do contrato de concessão II – qualquer outra que não seja obrigatória.
Nos ditames dos arts. 23 e 23-A da Lei 8.987/1995, as cláu-
sulas do contrato de concessão tratam de modo geral sobre o É importante, demonstrar que o contrato de concessão é
modo, a forma e as condições de prestação dos serviços; os di- firmado tendo em vista, não apenas oferecimento da melhor
reitos e as obrigações do concedente, do concessionário e dos proposta, mas incluindo também as características referentes à
usuários; os poderes de fiscalização do concedente; a obrigação pessoa contratada, devendo o concessionário demonstrar capa-
do concessionário de prestar contas; ou e disciplinam aspectos cidade técnica e econômico-financeira que faça haver a presun-
relativos à extinção da concessão. ção de que haverá a perfeita execução do serviço. A esse aspec-

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DIREITO ADMINISTRATIVO
to, a doutrina denomina de contrato firmado intuitu personae, F) A concessionária não atender a intimação do poder con-
que se trata da prática de eventual transferência da concessão cedente para, em 180 dias, apresentar a documentação relativa
para outra pessoa jurídica, bem como do controle societário da à regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29
concessionária, sem prévia aviso ou autorização do poder con- da Lei 8.666, de 21.06.1993.
cedente, vindo a implicar a caducidade que nada mais é do que
a extinção da concessão. 3 – Rescisão
De acordo com a Lei 8.987/1995 a rescisão é a forma de
Intervenção na concessão extinção da concessão, por iniciativa da respectiva concessioná-
A intervenção na concessão encontra-se submetida a um ria, quando esta se encontrar motivada pelo descumprimento
procedimento formal. De antemão, o poder concedente, por de normas contratuais advindas do poder concedente, nos di-
meio de ato do Chefe do Poder Executivo, ao tomar conhecimen- tames do art. 39. Nesta hipótese, sendo a autoexecutoriedade
to da falta de adequação da prestação do serviço ou do descum- privilégio aplicável somente à Administração Pública, para que o
primento pela concessionária das normas pertinentes, edita o concessionário possa rescindir o contrato de concessão, deverá
decreto de intervenção que deverá conter a designação do inter- fazê-lo por intermédio de ação judicial, sendo que os serviços
ventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida prestados pela concessionária não deverão ser interrompidos e
nos ditames do legais pertinentes. nem mesmo paralisados em hipótese alguma, até que a decisão
Declarada a intervenção por intermédio de decreto, o poder judicial que determine a rescisão transite em julgado.
concedente deverá, no prazo de até 30 dias, realizar a instaura-
ção de procedimento administrativo com o fito de comprovar as 4 – Anulação
causas determinadas na medida e apurar as responsabilidades. Trata-se de hipótese de extinção do contrato de concessão
Esse procedimento administrativo deverá ser concluído em até em decorrência de vício de legalidade, que pode, via de regra,
180 dias, sob pena de ser considerada inválida a intervenção, ser declarado por via administrativa ou judicial.
nos termos do art. 33, § 2º da Lei 8987/95.
5 – Falência ou extinção da empresa concessionária e faleci-
Extinção da concessão mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual
A concessão pode ser extinta por várias causas, colocando A Lei 8.987/1995, embora a Lei 8.987/95 mencione esse tó-
fim à prestação dos serviços pelo concessionário. O art. 35 da pico como formas de extinção da concessão no art. 35, VI, nada
Lei 8.987/1995, prevê de forma expressa algumas causas de ex- dispõe em relação aos efeitos dessas hipóteses de extinção. No
tinção da concessão. Sendo elas: o advento do termo contratual; entendimento de José dos Santos Carvalho Filho, tais fatos aca-
a encampação; a caducidade; a rescisão; a anulação; e a falência bam por provocar a extinção de pleno direito do contrato, pelo
ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapa- fato de que tornam inviável a execução do serviço público objeto
cidade do titular, em se tratando de empresa individual. do ajuste.
Pondera-se que além das causas anteriores, previstas na le-
gislação e adotadas pela doutrina, a extinção da concessão de 6 – Desafetação do serviço público
serviço público também pode ocorrer por: desafetação do servi- A Lei 8.987/1995 não se refere e nem minucia a desafeta-
ço; distrato; ou renúncia da concessionária. ção de serviço público como causa de extinção da concessão.
Vejamos: Entretanto, no entender de Diógenes Gasparini, a desafetação
do serviço público em decorrência de lei também é hipótese de
1 – Encampação (ou resgate) extinção da concessão, tendo em vista que a desafetação ocorre
Consiste na extinção da concessão em decorrência da reto- no momento em que uma lei torna público um serviço.
mada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da con-
cessão, por motivos de interesse público. 7 – Distrato (acordo)
Mesmo não havendo referência legal à extinção da conces-
2 – Caducidade (ou decadência) são por intermédio de acordo ou distrato entre o poder conce-
Consiste na extinção do contrato de concessão de serviço dente e a concessionária, esta hipótese não foi vedada pela le-
público em decorrência de inexecução total ou parcial do contra- gislação. Por esse motivo, boa parte da doutrina vem admitindo
to, por razões que devem ser imputadas à concessionária. Pode- a extinção antecipada da concessão de forma amigável e tam-
rá ser declarada pelo poder concedente pelas seguintes manei- bém consensual.
ras, nos termos do art. 38, § 1º, I a VII:
A) O serviço estiver sendo prestado de forma inadequada 8 – Renúncia da concessionária
ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e Nesse caso, a lei também não menciona essa hipótese como
parâmetros definidores da qualidade do serviço; maneira de extinção da concessão. Porém, o ilustre Diogo de Fi-
B) A concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dis- gueiredo Moreira Neto, a renúncia da concessionária será aceita
posições legais ou regulamentares concernentes à concessão; como forma de extinção da concessão, a partir do momento em
C) A concessionária paralisar o serviço ou concorrer para que houver previsão contratual nesse sentido vindo a discipli-
tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou nar-lhe as devidas consequências.
força maior;
D) A concessionária perder as condições econômicas, téc- Nota importante acerca da concessão:
nicas ou operacionais para manter a adequada prestação do • Outro efeito da extinção da concessão é a assunção ime-
serviço concedido; a concessionária não cumprir as penalidades diata do serviço pelo poder concedente, ficando este autorizado
impostas por infrações, nos devidos prazos; a ocupar as instalações e a utilizar todos os bens reversíveis, ten-
E) A concessionária não atender a intimação do poder con- do em vista a necessidade de dar continuidade à prestação do
cedente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e serviço público nos parâmetros do art. 35, §§ 2º e 3º.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
• Independente da causa da extinção da concessão, os bens re- Direcionado à segunda observação a ser feita, trata-se de
versíveis que ainda não se encontrem amortizados ou depreciados uma relação à precariedade do vínculo, que de antemão, pode
deverão ser indenizados ao concessionário, sob pena de, se não o vir a ser extinto a qualquer tempo, havendo ou não indenização.
fizer, haver enriquecimento sem causa do poder concedente. Registra- se que o texto da lei acabou por usar designação im-
própria de revogação do contrato, tendo em vista que este não
Permissão é revogado, é rescindido, o que se dá de forma contrária do ato
O art. 175 da Constituição Federal Brasileira determina que administrativo que é sujeito à revogação. De qualquer maneira,
“incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob a precariedade do vínculo encontra-se relacionada à possibilida-
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, de de extinção sem o pagamento de indenização.
a prestação de serviços públicos”. Pondera-se que todo e qualquer tipo de contrato adminis-
Passível de observação, o ditado dispositivo constitucional trativo, desde que esteja justificado pelo interesse público, pode
não faz nenhum tipo de referência relativa à autorização de ser- ser rescindido de forma unilateral pela Administração Pública,
viços públicos. Entretanto, denota-se que existe a admissão da não configurando esse aspecto apenas uma particularidade do
delegação de serviços públicos por intermédio de autorização contrato de permissão de serviços públicos.
com fulcro nos art. 21, XI e XII, e art. 223 da Constituição Fede- Infere-se que quando a rescisão do contrato de concessão
ral. Desta forma, infere-se que a delegação de serviços públicos não for causada pelo concessionário, acarretará em direito a
pode ser realizada por meio de concessão, permissão ou auto- percepção de indenização pelos prejuízos sofridos, uma vez que
rização. Tratada anteriormente, passemos a explorar os demais a concessão é impreterivelmente celebrada por prazo certo. No
institutos. tocante à permissão, existem contradições, pois existem dou-
Infere-se que a Lei 8.987/1995 não traz em seu bojo muitos trinadores que entendem que a permissão sempre ocorre, via
dispositivos relacionados à permissão de serviços públicos, vin- de regra, por prazo certo e determinado, ao passo que outros
do a limitar-se a estabelecer o seu conceito. A permissão de ser- doutrinadores defendem que a permissão ocorre, de antemão,
viço público, nos ditames da lei, pode ser conceituada como “a por prazo indeterminado, porém, também admitem que ocorre
delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de prazo determinado, desde que tal dispositivo esteja fixado no
serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou edital da correspondente licitação. Essa última posição, é a que
jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende, para quem a
sua conta e risco” (art. 2º, IV). Já o art. 40 da mesma Lei dispõe: fixação de prazo de vigência da permissão faz com que desapa-
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada me- reçam as diferenças existentes entre os institutos da permissão e
diante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, da concessão. Por conseguinte, em se tratando da permissão por
das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive prazo determinado, ressalta-se que não existe a precariedade do
quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato vínculo, vindo, desta forma, o permissionário obter o direito de
pelo poder concedente. indenização quando não der causa à rescisão deste.
Proveniente do exposto, podemos expor com destaque as
principais características da permissão de serviço público. São Em síntese, vejamos as principais características da conces-
elas: são e da permissão de serviços públicos:
a) É uma forma de delegação de serviços públicos;
b) Deve ser precedida de licitação pública, mas a Lei não PERMISSÃO DE CONCESSÃO DE
determina a modalidade licitatória a ser seguida (diferencia-se SERVIÇO PÚBLICO SERVIÇO PÚBLICO
da concessão de serviço público que exige a licitação na modali-
dade concorrência); • Forma de delegação de servi-
c) É formalizada por meio de um contrato de adesão, de na- ço público; • Forma de delegação de servi-
• Depende de licitação, mas a ço público;
tureza precária, uma vez que a lei prevê que pode ser revogado
lei não • Depende de licitação na mo-
de maneira unilateral pelo poder concedente (diferencia-se das
• Predetermina a modalidade dalidade obrigatória da con-
concessões de serviço público que não possuem natureza pre-
licitatória; corrência;
cária); e
• Possui natureza precária, ha- • Não possui natureza precá-
d) Os permissionários podem ser pessoas físicas ou jurídicas vendo controvérsias na doutri- ria;
(diferencia-se das concessões de serviço público em razão de os na; • Os concessionários só po-
concessionários somente poderem ser pessoa jurídica ou con- • Os permissionários podem dem ser pessoa jurídica ou
sórcio de empresas). ser pessoa física ou pessoa ju- consórcio de empresas.
Por motivos importantes relacionados às características an- rídica.
teriores, destacamos algumas observações.
Relativo a primeira, aduz-se que todo contrato administra- Autorização
tivo é um contrato de adesão, posto que a minuta do contrato De acordo com o entendimento da doutrina, a autorização
deve ser redigida pela Administração, bem como integra todos se constitui em ato administrativo unilateral, discricionário e
os anexos do edital de licitação apresentado. Desta maneira, precário por intermédio do qual, o poder público detém o poder
aquele que vence a licitação e, por sua vez, assina o contrato, de delegar a execução de um serviço público de sua titularidade,
passa a aderir somente ao que foi estipulado pela Administração possibilitando que o particular o realize em seu próprio bene-
Pública, não podendo haver discussões sobre as cláusulas con- fício. Nos ditames de Hely Lopes Meirelles, “serviços autoriza-
tratuais. Assim ocorrendo, tanto a concessão quanto a permis- dos são aqueles que o Poder Público, por ato unilateral, precário
são de serviço público estarão se constituindo em contrato de e discricionário, consente na sua execução por particular para
adesão, sendo que essa circunstância, não serve para diferenciar atender a interesses coletivos instáveis ou emergência transitó-
os dois institutos. ria”.

29
DIREITO ADMINISTRATIVO
Depreende-se que a autorização de serviço público não é der Público. Exemplo: as instituições financeiras, de seguro e
dependente de licitação, posto que esta somente é exigível para previdência privada, dentre outros. Entretanto, a própria autora
a realização de contrato. Sendo a autorização ato administrati- explica que os serviços considerados impróprios pela retro men-
vo, entende- se que não deverá ser precedida de procedimento cionado corrente doutrinária, em sentido jurídico, sequer pode-
licitatório. Entretanto, se houver uma quantidade limitada de riam ser considerados serviços públicos, tendo em vista que a lei
autorizações a serem fornecidas e existindo determinada plura- não atribui a sua prestação ao Estado.
lidade de possíveis interessados, em atendimento ao princípio Hely Lopes Meirelles ensina que serviços próprios do Estado
da isonomia, é necessário que se faça um processo seletivo para “são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições
facilitar a escolha dos entes que serão autorizados pelo Poder do Poder Público, como: segurança, polícia, higiene e saúde pú-
Público. blicos etc., sendo que para a execução destes, a Administração
Caso o ato de autorização seja precário, pode de antemão, utiliza de seu poder de hierarquia sobre os administrados. Por
ser revogado a qualquer tempo, desde que seja por motivo de esse motivo, infere-se que só devem ser prestados por órgãos ou
interesse público, suprimindo o direito à indenização por par- entidades públicas, sem delegação a particulares”. Por sua vez,
te do eventual prejudicado. No entanto, a exemplo de exceção, os serviços impróprios do Estado “são os que não afetam subs-
existindo estabelecimento de prazo para a autorização, ressalta- tancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem
-se que o vínculo acaba por perder a precariedade, passando a interesses comuns de seus membros, e, por isso, a Administra-
ser cabível o direito de indenização em se tratando de caso de ção os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades
revogação da autorização. descentralizadas (autarquias, empresas públicas, sociedades
Demonstramos, por fim, que embora seja tradição se definir de economia mista, fundações governamentais), ou delega sua
a autorização como ato administrativo discricionário, a Lei Geral prestação a concessionários, permissionários ou autorizatários”.
de Telecomunicações determina que a autorização de serviço de
telecomunicações é ato administrativo vinculado, nos parâme- c) Serviços administrativos, econômicos (comerciais ou in-
tros da Lei 9.472/1997, art. 131, § 1º, de forma a não existir dustriais) e sociais
possibilidade de a administração denegar a prática da ativida- São constituídos por atividades promovidas pelo Poder Pú-
blico com o fulcro de atender às necessidades internas requeri-
de para os particulares que vierem a preencher devidamente as
das pela Administração. Também podem preparar outros servi-
condições objetivas e subjetivas necessárias
ços que deverão ser prestados ao público, como por exemplo, as
estações experimentais e a imprensa oficial.
Classificação
Nos ditames da lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o ser-
Existem vários critérios adotados para classificar os serviços,
viço comercial ou industrial é aquele que a Administração Pú-
dentre os quais, vale à pena destacar os seguintes:
blica executa, direta ou indiretamente, com o objetivo de aten-
der às necessidades coletivas de ordem econômica, tendo como
a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais) e ser-
supedâneo no art. 175 da Constituição Federal, a exemplo dos
viços de utilidade pública (não essenciais)
serviços de telecomunicações, dentre outros.
Em relação aos serviços públicos propriamente ditos, afir- Já o serviço público social, cuida-se daquele que atende a
ma-se que são serviços classificados como essenciais à sobrevi- necessidades coletivas, em áreas cuja atuação do Estado é con-
vência da sociedade e do próprio Estado. Como exemplo, pode- siderada de caráter essencial, a exemplo dos serviços de educa-
mos citar o serviço de Polícia Judiciária e Administrativa. Tendo ção, saúde e previdência. De acordo com a doutrina dominante,
em vista que tais serviços exigem a prática de atos de império tais serviços, quando são prestados pela iniciativa privada não
relacionados aos administrados, denota-se que os mesmos só são considerados como serviços públicos, mas sim como servi-
podem ser prestados de forma direta pelo Estado, sem a neces- ços de natureza privada.
sidade de delegação a terceiros. Concernente aos serviços de
utilidade pública, aduz-se que são aqueles cuja prestação é de d) Serviços uti singuli (singulares) e uti universi (coletivos)
bom proveito à coletividade, tendo em vista que, mesmo que Também chamados de serviços singulares ou individuais, os
estes visem a facilitação da vida do indivíduo na sociedade como serviços uti singuli são aqueles cuja finalidade é a satisfação in-
um todo, não são considerados essenciais, podendo, por esse dividual e direta das necessidades do indivíduo. Esses serviços
motivo, ser executados de forma direta pelo Estado ou ter sua têm usuários determinados, sendo, por esse motivo, possível a
prestação delegada a particulares. Exemplo: a água tratada, o mensuração de forma individualizada da utilização de cada usu-
transporte coletivo, dentre outros. ário. São incluídos nessa categoria os serviços de fornecimento
de água, energia elétrica, telefone, etc. que podem ser remune-
b) Serviços próprios e impróprios rados por intermédio de taxa ou tarifa.
A classificação de serviços públicos próprios e impróprios é Os serviços uti universi, também conhecidos como serviços uni-
apresentada com variações de sentido na doutrina. versais, coletivos ou gerais, são os serviços prestados à coletividade,
No entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a dou- porém, são usufruídos somente de forma indireta pelos indivíduos.
trina clássica classifica como serviços públicos próprios aque- Exemplos: serviço de iluminação pública, defesa nacional, dentre
les que, em decorrência de sua importância, o Estado passa a outros. Denota-se que os serviços uti universi, de modo geral são
assumir como seus e os coloca em execução de forma direta prestados a usuários indeterminados e indetermináveis, não sendo
por intermédio de seus agentes, ou, ainda, indireta que ocorre por esse motivo, passíveis de ter seu uso individualizado. Além disso
mediante delegação a terceiros concessionários ou permissio- são custeados através de impostos ou contribuições especiais. Por
nários. Referente aos serviços públicos impróprios, são aqueles esse motivo, o STF editou a Súmula 670 (posteriormente convertida
que, embora atendam às necessidades coletivas, não estão sen- na Súmula Vinculante 41), na qual predomina o entendimento de
do executados pelo Estado, nas suas formas direta ou indireta, que “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado me-
mas estão autorizados, regulamentados e fiscalizados pelo Po- diante taxa”, uma vez que se trata de serviço uti universi.

30
DIREITO ADMINISTRATIVO
Por fim, ressalta-se que há uma correlação entre a concei- Vejamos a definição e a importância de cada um deles:
tuação do serviço como uti universi ou uti singuli e o seu cus-
teio, pois, quando o serviço é uti singuli, é possível identificar Princípio da legalidade
o usuário e mencionar a utilização da expressão a “conta” deve Previsto no art. 37 da CRFB/1988, é conceituado como um
ser paga pelo próprio usuário, mediante o implemento de taxa, produto do Liberalismo, que pregava a superioridade do Poder
preço ou tarifa. Em se tratando de serviço uti universi, quando Legislativo na qual a legalidade se divide em dois importantes
não é possível saber quem são os usuários de forma individua- desdobramentos:
lizada, pois, o usuário é a “coletividade”, nem quantificar o uso, a) supremacia da lei: a lei acaba por prevalecer e tem prefe-
a “conta” é paga pela coletividade, mediante o recolhimento de rência sobre os atos da Administração;
impostos ou contribuições especiais. b) reserva de lei: o tratamento de determinadas matérias
deve ser formalizado pela legislação, excluindo o uso de outros
Princípios atos com caráter normativo.
Os princípios jurídicos solidificam os valores fundamentais Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado
da ordem jurídica. Em razão de sua fundamentalidade e abertura como o principal conceito para a configuração do regime jurídi-
linguística, os princípios se espalham sobre todo o sistema jurídi- co-administrativo, tendo em vista que segundo ele, a adminis-
co, vindo a garantindo-lhe harmonia e coerência. tração pública só poderá ser desempenhada de forma eficaz em
Os princípios jurídicos são classificados a partir de dois crité- seus atos executivos, agindo conforme os parâmetros legais vi-
rios. Partindo da amplitude de aplicação no sistema normativo, gentes. De acordo com o princípio em análise, todo ato que não
os princípios podem ser divididos em três espécies: possuir base em fundamentos legais é ilícito.
a) Princípios fundamentais: são princípios que representam
as decisões políticas de estrutura do Estado, servindo de base Princípio da impessoalidade
para todas as demais normas constitucionais, como por exem- Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988,
plo: princípios republicanos, federativo, da separação de pode- possui duas interpretações possíveis:
res, dentre outros; a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Pú-
b) Princípios gerais: via de regra, se referem a importantes blica deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonô-
especificações dos princípios fundamentais, embora possuam mico aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública,
menor grau de abstração e acabam por se espalhar sobre todo vedadas a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo:
o ordenamento jurídico. Exemplos: os princípios da isonomia e art. 37, II, da CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com res-
da legalidade; salvas ao tratamento que é diferenciado para pessoas que estão
c) Princípios setoriais ou especiais: se destinam à aplicação se encontram em posição fática de desigualdade, com o fulcro
de certo tema, capítulo ou título da Constituição. Exemplos: prin- de efetivar a igualdade material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB
cípios da Administração Pública dispostos no art. 37 da CRFB: le- e art. 5.0, § 2. °, da Lei 8.112/1990: reserva de vagas em cargos e
galidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. empregos públicos para portadores de deficiência.
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
Já a segunda classificação, acaba por levar em conta a men- públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas
ção expressa ou implícita dos princípios em seus textos norma- como feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pe-
tivos. São eles: los quais toda a publicidade dos atos do Poder Público deve pos-
a) Princípios expressos: são os que se encontram expressa- suir caráter educativo, informativo ou de orientação social, nos
mente mencionados no texto da norma. Exemplos: princípios da termos do art. 37, § 1.°, da CRFB : “dela não podendo constar
Administração Pública que são elencados no art. 37 da CRFB); nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pesso-
b) Princípios implícitos: são os reconhecidos pela doutrina al de autoridades ou servidores públicos” .
e pela jurisprudência advindo da interpretação sistemática do
ordenamento jurídico. Exemplos: princípios da razoabilidade e Princípio da moralidade
da proporcionalidade, da segurança jurídica. Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a
Em relação ao processo administrativo, denota-se que estes atuação administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria.
são regulados por leis infraconstitucionais e que também elen- Nesse diapasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999
cam outros princípios do Direito Administrativo. A nível federal, ordena ao administrador nos processos administrativos, a au-
registra-se que o art. 2. ° da Lei 9.784/1999 cita a existência dos têntica “atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro
seguintes princípios: legalidade, finalidade, motivação, razoabili- e boa-fé”. Exemplo: a vedação do ato de nepotismo inserido da
dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditó- Súmula Vinculante 13 do STF. Entretanto, o STF tem afastado a
rio, segurança jurídica, interesse público e eficiência. aplicação da mencionada súmula para os cargos políticos, o que
para a doutrina em geral não parece apropriado, tendo em vista
Sem qualquer tipo de dependência da quantidade de prin- que o princípio da moralidade é um princípio geral e aplicável
cípios elencados pelo ordenamento e pela doutrina, podemos a toda a Administração Pública, vindo a alcançar, inclusive, os
destacar, para fins de estudo os principais princípios do Direito cargos de natureza política.
Administrativo: legalidade, impessoalidade, moralidade, publi-
cidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, finalidade Princípio da publicidade
pública (supremacia do interesse público sobre o interesse pri- Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos
vado), continuidade, autotutela, consensualidade/participação, do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do
segurança jurídica, confiança legítima e boa-fé. art. 2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importân-
cia que a transparência dos atos administrativos guarda estreita
relação com o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da

31
DIREITO ADMINISTRATIVO
CRFB/1988), vindo a possibilitar o exercício do controle social sobre Embora haja polêmica em relação à existência ou não de
os atos públicos praticados pela Administração Pública em geral. diferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da
Denota-se que a atuação administrativa obscura e sigilosa é carac- proporcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da
terística típica dos Estados autoritários. Como se sabe, no Estado fungibilidade entre os mencionados princípios que se relacio-
Democrático de Direito, a regra determinada por lei, é a publicidade nam e forma paritária com os ideais igualdade, justiça material e
dos atos estatais, com exceção dos casos de sigilo determinados e racionalidade, vindo a consubstanciar importantes instrumentos
especificados por lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essen- de contenção dos excessos cometidos pelo Poder Público.
cial para a produção dos efeitos dos atos administrativos, é uma O princípio da proporcionalidade é subdividido em três
necessidade de motivação dos atos administrativos. subprincípios:
a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado
Princípio da eficiência será adequado quando vier a contribuir para a realização do re-
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC sultado pretendido.
19/1998, com o fito de substituir a Administração Pública bu- b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibi-
rocrática pela Administração Pública gerencial. O intuito de efi- ção do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para
ciência está relacionado de forma íntima com a necessidade de alcançar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Públi-
célere efetivação das finalidades públicas dispostas no ordena- co terá o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos
mento jurídico. Exemplo: duração razoável dos processos judicial fundamentais.
e administrativo, nos ditames do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma
inserido pela EC 45/2004), bem como o contrato de gestão no in- típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
terior da Administração (art. 37 da CRFB) e com as Organizações atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo
Sociais (Lei 9.637/1998). qual a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios justificada, tendo em vista importância do princípio ou direito
que garantem sua eficiência: fundamental que será efetivado.
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se tor-
na eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa Princípio da supremacia do interesse público sobre o inte-
sem piorar a situação de outrem. resse privado (princípio da finalidade pública)
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicio-
de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior núme- nal, tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em
ro de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos duas categorias:
de “Y”). a) interesse público primário: encontra-se relacionado com
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios menciona- a necessidade de satisfação de necessidades coletivas promo-
dos acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob vendo justiça, segurança e bem-estar através do desempenho
o prisma econômico, tendo em vista que a Administração possui de atividades administrativas que são prestadas à coletividade,
a obrigação de considerar outros aspectos fundamentais, como como por exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o
a qualidade do serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, fomento, dentre outros.
dentre outros aspectos. b) interesse público secundário: trata-se do interesse do
próprio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encon-
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade tra-se ligando de forma expressa à noção de interesse do erário,
Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Mag- implementado através de atividades administrativas instrumen-
na Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu tais que são necessárias ao atendimento do interesse público
no direito norte-americano por intermédio da evolução juris- primário. Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento,
prudencial da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas aos agentes público e ao patrimônio público.
5.’ e 14.’ da Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de
lado o seu caráter procedimental (procedural due process of law: Princípio da continuidade
direito ao contraditório, à ampla defesa, dentre outras garan- Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo
tias processuais) para, por sua vez, incluir a versão substantiva que tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não
(substantive due process of law: proteção das liberdades e dos pode ser interrompida, levando em conta a necessidade perma-
direitos dos indivíduos contra abusos do Estado). nente de satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem legislação.
sendo aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço
como da constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, público, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, pres-
demonstrando ser um dos mais importantes instrumentos de tador do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá
defesa dos direitos fundamentais dispostos na legislação pátria. prestar o serviço de forma adequada, em consonância com as
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das normas vigentes e, em se tratando dos concessionários, deven-
teorias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do mo- do haver respeito às condições do contrato de concessão. Em
mento no qual foi reconhecida a existência de direitos perdurá- resumo, a continuidade pressupõe a regularidade, isso por que
veis ao homem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramen- seria inadequado exigir que o prestador continuasse a prestar
te no âmbito do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, um serviço de forma irregular.
vindo a receber, na Alemanha, dignidade constitucional, a partir Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não
do momento em que a doutrina e a jurisprudência passaram a impor que todos os serviços públicos sejam prestados diaria-
afirmar que a proporcionalidade seria um princípio implícito ad- mente e em período integral. Na realidade, o serviço público
vindo do próprio Estado de Direito. deverá ser prestado sempre na medida em que a necessidade

32
DIREITO ADMINISTRATIVO
da população vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade Desta forma, o princípio constitucional da participação é
absoluta da necessidade relativa, onde na primeira, o serviço de- o pioneiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas
verá ser prestado sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista jurídico-políticas, sendo também uma forma de controle social,
que a população necessita de forma permanente da disponibi- devido aos seus institutos participativos e consensuais.
lidade do serviço. Exemplos: hospitais, distribuição de energia,
limpeza urbana, dentre outros. Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
boa-fé
Princípio da autotutela Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de e da boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham
rever os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício entre si.
de legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conve-
niência e de oportunidade, de acordo com a previsão contida O princípio da segurança jurídica está dividido em dois sen-
nas Súmulas 346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei tidos:
9.784/1999. Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades, em conta a necessidade de que sejam respeitados o direito ad-
bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI,
própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ile- da CRFB);
gal e revogação de ato inconveniente ou inoportuno. Subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas rela-
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se cionadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais.
que esta possui limites importantes que, por sua vez, são im-
postos ante à necessidade de respeito à segurança jurídica e à Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:
boa-fé dos particulares de modo geral. Objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos
particulares;
Princípios da consensualidade e da participação Subjetiva: está ligada à relação com o caráter psicológico
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta carac-
tornaram-se decisivas para as democracias contemporâneas, terização da confiança legítima depende em grande parte da bo-
pelo fato de contribuem no aprimoramento da governabilidade, a-fé do particular, que veio a crer nas expectativas que foram
vindo a fazer a praticar a eficiência no serviço público, propi- geradas pela atuação do Estado.
ciando mais freios contra o abuso, colocando em prática a le- Condizente à noção de proteção da confiança legítima, veri-
galidade, garantindo a atenção a todos os interesses de forma fica-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utili-
justa, propiciando decisões mais sábias e prudentes usando da zação abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que
legitimidade, desenvolvendo a responsabilidade das pessoas por terminam por surpreender os seus receptores.
meio do civismo e tornando os comandos estatais mais aceitá- Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança
veis e mais fáceis de ser obedecidos. jurídica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé,
Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre com supedâneo em fundamento constitucional que se encontra
o Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, implícito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art.
veio a assumir um importante papel no condizente ao processo 1.° da CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurí-
de identificação de interesses públicos e privados que se encon- dico perfeito e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI,
tram sob a tutela da Administração Pública. da CRFB/1988.
Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensu- Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
alidade e da participação, a administração termina por voltar- princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei
-se para a coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas 9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança le-
e aspirações da sociedade, passando a ter a ter atividades de gítima, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
mediação para resolver e compor conflitos de interesses entre a) ato da Administração suficientemente conclusivo para ge-
várias partes ou entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não rar no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes
mais colocando o ato como instrumento exclusivo de definição casos: confiança do afetado de que a Administração atuou corre-
e atendimento do interesse público, mas sim em forma de ativi- tamente; confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na
dade aberta para a colaboração dos indivíduos, passando a ter relação jurídica que mantém com a Administração; ou confiança
importância o momento do consenso e da participação. do afetado de que as suas expectativas são razoáveis;
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade ad-
tomada de decisões administrativas está refletido em alguns ministrativa, que, independentemente do caráter vinculante,
institutos jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de in- orientam o cidadão a adotar determinada conduta;
formações, conselhos municipais, ombudsman, debate público, c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma si-
assessoria externa ou pelo instituto da audiência pública. Salien- tuação jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao pa-
ta-se: a decisão final é do Poder Público; entretanto, ele deverá trimônio jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade
orientar sua decisão o mais próximo possível em relação à sínte- é confiável;
se extraída na audiência do interesse público. Nota-se que ocor- d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con-
re a ampliação da participação dos interessados na decisão”, o fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou
que poderá gerar tanto uma “atuação coadjuvante” como uma tolerância da Administração); e
“atuação determinante por parte de interessados regularmente e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obri-
habilitados à participação” (MOREIRA NETO, 2006, p. 337-338). gações no caso.

33
DIREITO ADMINISTRATIVO
( ) CERTO
EXERCÍCIOS ( ) ERRADO

1. (ESAF- 2012-CGU -ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE- 7. Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade
PROVA 3 -ADMINISTRATIVA) ou de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum
Quanto ao regime jurídico dos servidores públicos da União, vício, a decisão judicial será revertida no sentido de anulação do
é correto afirmar que: ato administrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que é
(A) consumado o suporte fático previsto na lei e preenchidos cabível no exercício da função jurisdicional a revogação do ato
os requisitos para o seu exercício, o servidor passa a ter di- administrativo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do
reito adquirido ao benefício ou à vantagem que o favorece. mérito do ato.
(B) além do estatuto legal específico, no tocante aos direitos ( ) CERTO
e deveres dos servidores, deve ser observado também o dis- ( ) ERRADO
posto na Consolidação das Leis do Trabalho CLT.
(C) os benefícios e as vantagens previstos na legislação no 8. O controle judicial possui abrangência tanto em relação
momento da posse do servidor público passam a ser direitos aos atos vinculados quanto aos discricionários, posto que ambos
adquiridos. não devem obedecer aos requisitos de validade como a compe-
(D) o cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi-
tência, a forma e a finalidade.
lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser
( ) CERTO
acometidas a um servidor e podem ser criados por lei ou por
( ) ERRADO
decreto do Presidente da República.
(E) a investidura em cargo público pode ocorrer com a posse
ou com a reintegração. 9. (FGV/TCE-BA/2013/AGENTE PÚBLICO) Dentre as medidas
a seguir, assinale aquela que pode ser imposta a quem pratica
2. (CESPE- 2012-TJ-RR- TÉCNICO JUDICIÁRIO) No que se re- ato de improbidade administrativa.
fere à classificação e às espécies de agentes públicos, julgue os (A) Prisão ainda que o fato não seja tipificado como crime.
itens seguintes. (B) Perda dos direitos políticos.
Os empregados públicos, embora sujeitos à legislação traba- (C) Perda dos direitos civis.
lhista, submetem-se às normas constitucionais referentes a con- (D) Perda da nacionalidade brasileira.
curso público e à acumulação remunerada de cargos públicos. (E) Ressarcimento ao erário, ainda que as sanções estejam
( ) CERTO prescritas.
( ) ERRADO
10. (FGV/CONDER/2013/ADVOGADO) No que concerne ao
3. Em âmbito tributarista, o Código Civil de 1916, em seu art. sujeito ativo do ato de improbidade administrativa, assinale a
15, dispôs: “As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmen- afirmativa correta.
te responsáveis por atos de seus representantes que nessa qua- (A) Aquele que não é considerado agente público pela Lei
lidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário n. 8.429/1992 poderá responder por improbidade adminis-
ao direito ou faltando a dever prescrito em lei, salvo o direito trativa.
regressivo contra os causadores do dano”. (B) A Lei de Improbidade aplica-se apenas a servidores pú-
( ) CERTO blicos.
( ) ERRADO (C) A Lei de Improbidade aplica-se apenas contra agentes
públicos que venham a lesar entidade na qual o poder pú-
4. A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969, blico contribua com mais de 50% para a criação ou custeio.
foi audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fa- (D) A pessoa que é vinculada a entidade pública sem remu-
zendo o acréscimo referente de que a ação regressiva contra o neração não pode ser considerada agente público para fins
funcionário ocorreria também nos casos de dolo, e não somente
de aplicação da Lei de Improbidade Administrativa.
nos casos de culpa, como era disposto na Constituição de 1946.
(E) A pessoa que é vinculada a entidade pública de forma
( ) CERTO
transitória não pode ser considerada agente público para
( ) ERRADO
fins de aplicação da Lei de Improbidade Administrativa.
5. O ato de delegação não poderá ser revogado a qualquer
tempo pela autoridade delegante como forma de transferência 11. A legalidade, que na sua visão moderna é chamado tam-
não definitiva de atribuições, não podendo as decisões adotadas bém de juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda
por delegação, mencionar de forma clara esta qualidade, que de- atividade de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimen-
verá ser considerada como editada pelo delegado. to licitatório. A lei serve para ser usada como limite de base à
( ) CERTO atuação do gestor público, representando, desta forma, uma ga-
( ) ERRADO rantia aos administrados contra as condutas abusivas do Estado.
A assertiva se encontra:
6. A avocação é um procedimento contrário ao da delegação ( ) CERTO
de competência, vindo a ocorrer quando o superior assume ou ( ) ERRADO
passa a desenvolver as funções que eram de seu subordinado.
De acordo com a doutrina, a norma geral, é a impossibilidade de 12. O princípio da segregação de funções é uma norma de
avocação pelo superior hierárquico de qualquer competência do controle interno com o fito de evitar falhas ou fraudes no pro-
subordinado, ressaltando-se que nesses casos, a competência a cesso de licitação, vindo a descentralizar o poder e criando in-
ser avocada poderá ser privativa do órgão subordinado. dependência para as funções de execução operacional, custódia

34
DIREITO ADMINISTRATIVO
física, bem como de contabilização. Assim sendo, cada setor ou
servidor incumbido de determinada tarefa, fará a sua parte no ANOTAÇÕES
condizente ao desempenho de funções, evitando que nenhum
empregado ou seção administrativa venha a participar ou con-
trolar todas as fases relativas à execução e controle da despesa
pública, vindo assim, a possibilitar a realização de uma verifica- ______________________________________________________
ção cruzada.
______________________________________________________
A assertiva se encontra:
( ) CERTO
______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
13. As organizações da sociedade civil de interesse público,
são conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatutá- ______________________________________________________
rias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da
Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competên- ______________________________________________________
cia do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido
com o da OS, entretanto, é mais amplo. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

14. O vínculo de união entre a entidade e o Estado é de- ______________________________________________________


nominado termo de parceria e que para a qualificação de uma
entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido constitu- ______________________________________________________
ída e se encontre em funcionamento regular há, pelo menos,
três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. ______________________________________________________
13.019/2014.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
15. O Tribunal de Contas da União tem entendido que o vín-
culo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades da
Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de ______________________________________________________
Interesse Público não é demandante de processo de licitação.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________

2 C ______________________________________________________
3 ERRADO
4 CERTO ______________________________________________________
5 ERRADO
______________________________________________________
6 ERRADO
7 ERRADO ______________________________________________________
8 ERRADO
______________________________________________________
9 E
10 A _____________________________________________________
11 CERTO
_____________________________________________________
12 CERTO
13 CERTO ______________________________________________________
14 CERTO
______________________________________________________
15 CERTO

35
DIREITO ADMINISTRATIVO

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36
DIREITO CIVIL
1. Da personalidade e da capacidade. Dos direitos da personalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Da pessoa jurídica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
DIREITO CIVIL
d) O Código Penal tipifica o crime de aborto;
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE. DOS DIREI- e) Como consequência da proteção garantida pelos direitos da
TOS DA PERSONALIDADE personalidade, o nascituro tem direito à realização do exame de
DNA, para efeito de verificação de paternidade;
f) Direito a alimentos gravídicos que compreendem todos os
— Das Pessoas Naturais gastos necessários à proteção do feto, por não ser justo que a ge-
Podemos conceituar as pessoas naturais como sendo as pesso- nitora suporte todos os encargos da gestação sem a colaboração
as físicas, haja vista serem o ser humano considerado como sujei- econômica do pai da criança que está irá nascer.
to de direitos e obrigações. Assim sendo, pondera-se que para ser
uma pessoa, basta existir, nascer com vida e adquirir personalidade Da Capacidade
jurídica. Após adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a
ser capaz de direitos e obrigações, vindo a possuir, desta forma, ca-
Personalidade Jurídica pacidade de direito ou de gozo.
Personalidade jurídica é a capacidade abrangente para titulari- Nesse diapasão, toda pessoa possui capacidade de direito ad-
zar direitos e contrair obrigações, ou, seja, é o atributo para ser su- vinda do fato de que a personalidade jurídica se trata de atributo
inerente à sua condição.
jeito de direito, sendo que após adquirida a personalidade, poderá
Ressalta-se que nem toda pessoa possui aptidão para exercer
atuar o ente na condição de sujeito de direito, tanto como pessoa
de forma pessoal os seus direitos com a prática de atos jurídicos,
natural quanto como pessoa jurídica, podendo operar com a prática
em decorrência de limitações orgânicas ou psicológicas. Assim sen-
de atos e negócios jurídicos de diferentes situações.
do, caso possam atuar pessoalmente, possuem, também, capacida-
No condizente à pessoa natural ou física, denota-se que o Códi- de de fato ou de exercício, sendo que reunidos esses dois atributos,
go Civil de 2002 determina no artigo 1º, o seguinte: possuirão capacidade civil plena. Desta forma, temos:
Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil. CAPACIDADE CIVIL PLENA = a pessoa não possui aptidão para
exercer de forma pessoal os seus direitos com a prática de atos jurí-
A determinação acima, é permissionária da inferência de que a dicos, por razão de limitações orgânicas ou psicológicas + podendo
personalidade é um atributo de toda e qualquer pessoa, indepen- as pessoas atuar pessoalmente, possuirão capacidade de fato ou
dentemente de ser ela natural ou jurídica, tendo em vista que a de exercício.
própria norma civil não faz tal distinção em seu caderno processual.
De acordo com o artigo 2º do Código Civil de 2002, a perso- Em relação à capacidade, aduz-se que nem toda pessoa capaz
nalidade jurídica, ocorre a partir do nascimento com vida. Desta pode estar apta à prática de determinado ato jurídico, sendo que a
maneira, no momento em que inicia o funcionamento do aparelho legitimação traduz uma capacidade específica.
cardiorrespiratório, clinicamente aferível pelo exame de docimasia Em decorrência de um interesse que se pretende preservar, ou
hidrostática de Galeno, o recém-nascido passa a adquirir personali- considerando a situação particular de determinada pessoa que se
dade jurídica, vindo a se tornar sujeito de direito, ainda que venha deseja proteger, foram criados impedimentos circunstanciais, que
a falecer minutos depois do seu nascimento. não podem ser confundidos com as hipóteses legais incapacidade.
Ao processo mencionado acima, de acordo com a Doutrina, A título de exemplo, podemos citar o tutor que mesmo sendo maior
dá-se o nome de teoria natalista, sendo que de acordo com essa e capaz, não poderá adquirir bens móveis ou imóveis do tutelado,
diretriz, caso o recém-nascido, cujo pai já tenha falecido, venha a segundo o artigo 1.749, I, do CC/2002).
falecer minutos após o parto, irá adquirir todos os direitos sucessó- Da mesma forma, depreende-se que dois irmãos, sendo maio-
rios do seu genitor deverão ser transferidos para a sua mãe. res e capazes, não poderão se casar, de acordo com o artigo 1.521,
IV, do CC/2002, sendo que em tais situações o tutor e os irmãos
Do nascituro estarão impedidos de praticar o ato por ausência de legitimidade
ou de capacidade específica para o ato.
Trata-se o nascituro do ser humano concebido, mas que ainda
O ilustre Sílvio Venosa se manifesta sobre o assunto, da seguin-
não nasceu.
te maneira: “Não se confunde o conceito de capacidade com o de
Nesse sentido, denota-se que o Código Civil trata do nascituro
legitimação. A legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa,
mesmo quando ele não é considerando exatamente uma pessoa,
perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para
colocando a salvo a proteção legal dos seus direitos desde a concep- estabelecê-la. A legitimação é uma forma específica de capacida-
ção, nos ditames do artigo 2º do Código Civil. Vejamos: de para determinados atos da vida civil. O conceito é emprestado
Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento da ciência processual. Está legitimado para agir em determinada
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do situação jurídica quem a lei determinar. Por exemplo, toda pessoa
nascituro. tem capacidade para comprar ou vender. Contudo, o art. 1.132 do
Denota-se que embora haja profunda controvérsia doutrinária, Código Civil estatui: ‘os ascendentes não podem vender aos descen-
no Brasil, é adotada a tradicional teoria natalista, por intermédio da dentes, sem que os outros descendentes expressamente consintam’.
qual a aquisição da personalidade é operada a partir do nascimento Desse modo, o pai, que tem a capacidade genérica para praticar,
com vida, sendo que não sendo pessoa, o nascituro possuiria so- em geral, todos os atos da vida civil, se pretender vender um bem
mente mera expectativa de direito. a um filho, tendo outros filhos, não poderá fazê-lo se não conse-
São direitos do nascituro: guir a anuência dos demais filhos. Não estará ele, sem tal anuência,
a) A titularidade de direitos personalíssimos: o direito à vida, o ‘legitimado’ para tal alienação. Num conceito bem aproximado da
direito à proteção pré-natal, dentre outros; ciência do processo, legitimação é a pertinência subjetiva de um ti-
b) Receber doação, sem que haja prejuízo do recolhimento do tular de um direito com relação a determinada relação jurídica. A
imposto de transmissão inter vivos; legitimação é um plus que se agrega à capacidade em determina-
c) O benefício do legado e da herança; das situações”.

1
DIREITO CIVIL
Desta maneira, de forma esquematizada, temos: VI — exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção,
como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com
CAPACIDADE as demais pessoas.
Capacidade de direito = capacidade genérica; (...)
Capacidade de fato, ou, de exercício = capacidade em sentido Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao
estrito que se trata da medida do exercício da personalidade; exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com
Capacidade específica = legitimidade com a ausência de impe- as demais pessoas.
dimentos jurídicos circunstanciais para a prática de determinados
atos. Em alusão aos mencionados dispositivos, verifica-se que que
o Estatuto, com o objetivo de prestigiar o princípio da dignidade
Da Incapacidade da pessoa humana, fez com que a pessoa com deficiência deixasse
Estando ausente a capacidade de fato, nos encontraremos de ser considerada como incapaz, para, dentro de uma perspecti-
diante da incapacidade civil absoluta ou relativa, que se tratam va constitucional isonômica ser considerada como possuidora de
de temas que passaram por significativas mudanças com a Lei n. plena capacidade legal, mesmo com a necessidade de acolhimento
13.146, de 6 de julho de 2015 — Estatuto da Pessoa com Deficiência de institutos assistenciais específicos, como a tomada de decisão
— após a sua entrada em vigor, em janeiro de 2016. apoiada, bem como a curatela, para a prática de atos na vida civil.
Em síntese, vejamos os principais pontos de destaque a respei-
Da Incapacidade absoluta to da incapacidade absoluta:
A previsão legal da incapacidade é a falta de aptidão para pra- – Nos termos do artigo 85, § 2º do CC/2002, “a curatela cons-
ticar pessoalmente atos da vida civil, haja vista encontrar-se nesta titui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões
condição a pessoa que não possua capacidade de fato ou de exer- e motivações de sua definição, preservados os interesses do cura-
cício, se encontrando impossibilitada de manifestar real e juridica- telado”.
mente a sua vontade. – A pessoa com deficiência é dotada de capacidade legal, mes-
Segundo o Código Civil de 2002 são absolutamente incapazes mo que se valha de institutos assistenciais para a condução da sua
de exercer pessoalmente os atos da vida civil: própria vida.
A) Os menores de 16 anos; – Em relação ao direito matrimonial, nos parâmetros do § 2º do
B) Os que por enfermidade, ou, doença mental, não tiverem o art. 1.550, a pessoa com deficiência mental ou intelectual, em idade
necessário discernimento para a prática desses atos; núbil, poderá contrair núpcias, podendo expressar sua vontade di-
C) Os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir retamente ou por meio do seu responsável ou curador.
sua vontade. – A pessoa com deficiência passou a ser considerada legalmen-
te capaz.
Obs. importante: A incapacidade jurídica não é excludente ab- – O art. 4º do Código Civil que se responsabiliza pela incapaci-
soluta de responsabilização patrimonial, tendo em vista que nos dade relativa, foi modificado no inciso I, no qual permaneceu a pre-
ditames do art. 928 do Código Civil de 2002, “o incapaz responde visão dos menores púberes, que são aqueles que possuem idade
pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não entre 16 anos completos e 18 anos incompletos;
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficien- – Já o inciso II do referido dispositivo acima, suprimiu a menção
tes”. à deficiência mental, fazendo referência somente aos “ébrios habi-
tuais e os viciados em tóxico”;
Com efeito, ressalta-se que a disciplina acima, foi dada desde a – Referente ao inciso III, do retro mencionado artigo, depreen-
entrada em vigor do atual Código Civil. No entanto, com a provação de-se que este passou a tratar, somente das pessoas que, “por cau-
da Lei nº. 13.146/2015 — Estatuto da Pessoa com Deficiência — sa transitória ou permanente, não possam exprimir a sua vontade”;
ocorreu uma verdadeira reconstrução jurídica. – O pródigo permaneceu como incapaz.
Nesse sentido, o Estatuto suprimiu a pessoa com deficiência
da categoria de incapaz, ou seja, a pessoa com deficiência, carac- Da Incapacidade Relativa
terizada como aquela que possui impedimento de longo prazo, de De antemão, infere-se que existe diferença entre a absoluta
natureza física, mental, intelectual ou sensorial. incapacidade e a plena capacidade civil, as capacidades de discer-
De acordo com o art. 2º do Estatuto da Pessoa com Deficiência, nimento e de autodeterminação, se referindo a legislação aos rela-
a pessoa com deficiência não deverá mais ser considerada civilmen- tivamente incapazes.
te incapaz, tendo em vista que os artigos 6º e 84 da mesma legisla- Quando da promulgação do Código Civil de 2002, foram consi-
ção determinam que a deficiência não afeta a plena capacidade civil derados como incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira
da pessoa. Vejamos: de os exercer:
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- a) Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos:
soa, inclusive para: b) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por de-
I — casar-se e constituir união estável; ficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
II — exercer direitos sexuais e reprodutivos; c) Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo;
III — exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de D) Os pródigos.
ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planeja-
mento familiar; Ocorre que a Lei n. 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com De-
IV — conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização ficiência - refez essa disciplina normativa, vindo a fazer mudanças
compulsória; no inciso II, retirando a menção à deficiência mental, passando a
V — exercer o direito à família e à convivência familiar e comu- prever apenas “os ébrios habituais e os viciados em tóxico”, alte-
nitária; e rando ainda, o inciso III, que mencionava sobre “o excepcional sem

2
DIREITO CIVIL
desenvolvimento mental completo”, vindo esse o dispositivo legal De acordo com o artigo 1.782 do código Civil de 2001, a inter-
a tratar, apenas das situações relativas às pessoas que, “por causa dição do pródigo apenas o privará de, sem curador, emprestar, tran-
transitória ou permanente, não possam exprimir a sua vontade”. sigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado,
e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração.
Dos maiores de dezesseis e menores de dezoito anos Por fim, registra-se que a legitimidade para promover a inter-
Nesse dispositivo, ressalta-se que a incapacidade relativa, em dição do pródigo, possui respaldo nos artigos 747 e 748 do Código
seguimento ao disposto no Projeto do Código Civil de 1965, não de Processo Civil, vindo a admitir, segundo boa parte da doutrina, a
mais se situou na faixa dos dezesseis aos vinte e um anos, passando “auto interdição”, fator contido no Estatuto da Pessoa com Deficiên-
a reduzir o seu limite etário máximo para os dezoito anos de idade. cia, em sua parte final, que acrescentou em seu caderno processu-
Assim, com o advento do Código Civil de 2.002, passou-se a al, a prerrogativa de a própria pessoa pleitear a curatela.
considerar a maioridade civil a partir dos dezoito anos de idade,
com o fito de chamar os jovens à responsabilidade um pouco mais Sobre a Capacidade Jurídica dos Indígenas
cedo, vindo, desta forma a igualá-la à maioridade criminal e traba- O atual Código Civil remeteu a responsabilidade sobre a capa-
lhista. cidade jurídica dos indígenas para a legislação especial, sendo que
o indígena passou a figurar entre as pessoas absolutamente incapa-
Dos Ébrios Habituais e dos Viciados em Tóxicos zes e privadas de discernimento para os atos da vida civil, fato que
não condiz de forma correta com a sua atual situação na sociedade
Sobre o tema em estudo, entendem da seguinte forma os
brasileira.
ilustres juristas Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangel:
“deparamos com diferentes períodos e ideologias em torno da pro-
Obs. importante: De acordo com a Lei n. 6.015, de 31 de de-
blemática da embriaguez. Em todos os tempos, o homem procurou
zembro de 1973, (Lei de Registros Públicos), “os índios, enquanto
fugir da realidade mediante a utilização de tóxicos. Em geral, as não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento.
pessoas que têm de suportar maior miséria e dor são aquelas que Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistên-
procuram fugir dessa realidade miserável ou dolorosa, decorra ela cia aos índios”.
de conflitos predominantemente individuais ou de condições sociais
(no fundo, sempre existem condições sociais, só que mais ou menos Vale a pena destacar que a Lei nº. 13.146/2015 - Estatuto da
mediatas). Quem fugir da realidade, na maioria dos casos, é quem Pessoa com Deficiência – fez alterações no parágrafo único do arti-
suporta as piores condições sociais, ou seja, os marginalizados e ca- go 4º do Código Civil para substituir a palavra “índios” por “indíge-
rentes. O uso de tóxicos visa o rompimento dos freios, ou criar as nas”, porém, o teor da norma, foi conservado.
condições para fazê-lo”.
Sensível ao fato de que a embriaguez se trata de mal que atinge Suprimento da Incapacidade – Representação e Assistência
parte da sociedade, o Código Civil de 2002 optou por promover ao De início convém destacar que o suprimento da incapacidade
nível de causa de incapacidade relativa, a embriaguez habitual que absoluta ocorre por meio da representação.
reduz, porém, não restringe por completo a capacidade de discer- Ressalta-se que no Código de 1916, os absolutamente incapa-
nimento do homem. zes atuavam através de seus representantes legais, como pais, tu-
Na mesma direção, os viciados em tóxicos com reduzida capa- tores ou curadores.
cidade de entendimento também são considerados relativamente No entanto, esta matéria não foi substancialmente modificada
incapazes. No entanto, para tal, necessário se faz com que seja ava- pelo Código Civil de 2002 em sua redação original, antes da entra-
liado o grau de intoxicação e dependência averiguando-se a exis- da em vigor do Estatuto da Pessoa com Deficiência, tendo em vista
tência de prática de atos na vida civil, bem como se há a necessida- que os menores de dezesseis anos seriam representados por seus
de de internação para tratamento. pais ou tutores; já os enfermos ou deficientes mentais, privados de
discernimento, além das pessoas impedidas de manifestar a sua
Aqueles que por causa transitória ou permanente, não pude- vontade, mesmo que por causa transitória, representados por seus
rem exprimir sua vontade curadores, nos termos do artigo 3º do Código Civil.
As pessoas que “mesmo por causa transitória, não puderem Em relação aos relativamente incapazes elencados no artigo 4º
do Código Civil, percebe-se que a forma de representação ocorre a
exprimir a sua vontade”, foram inseridas no caderno processual do
partir do momento em que o assistente não pratica o ato em nome
Código Civil de 2002, como absolutamente incapazes.
do representado, mas juntamente consigo. Desta forma, atuando
No entanto, a Lei n. 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Defi-
o absoluta ou relativamente incapaz sem o seu representante ou
ciência - converteu aqueles que eram considerados absolutamente
assistente, o ato praticado sofrerá de invalidade jurídica acarretan-
incapazes em relativamente capazes. do nulidade absoluta ou relativa, devendo, assim, o representante
praticar o ato no interesse do incapaz.
Os Pródigos Vale a pena mencionar que o Código Civil de 2002 reservou
Nos dizeres do ilustre Clóvis Beviláqua, pode se considerar na redação de sua Parte Geral, um capítulo que trata dos preceitos
como pródigo “aquele que desordenadamente gasta e destrói a sua genéricos a respeito da representação legal e a voluntária.
fazenda, reduzindo-se à miséria por sua culpa”. A respeito do assunto, denota-se que durante a Exposição de
Trata-se o comportamento do pródigo, de um desvio que re- Motivos do Anteprojeto de Código de Obrigações do ano de 1941,
fletindo-se no patrimônio individual, que acaba por prejudicar em Hahnemann Guimarães, Orozimbo Nonato e Philadelpho Azevedo,
demasia, mesmo que por meio de contrafeita, a estrutura familiar e aduziram: “O instituto da representação foi libertado da sua condi-
social, sendo que o indivíduo que age descontroladamente dilapida ção servil ao mandato, deixando-se à disciplina deste contrato ape-
o seu patrimônio e poderá, posteriormente vir a buscar a ajuda de nas as relações entre as próprias partes contratantes. A representa-
um parente próximo ou do próprio Estado, sendo por esta razão ção, seja qual for a sua origem, legal ou convencional, obedecerá a
que a lei justifica a interdição do pródigo e o reconhece com relativa princípios uniformes, que devem resguardar a boa-fé de terceiros,
capacidade. obrigados a tratar com interposta pessoa”.

3
DIREITO CIVIL
Por tais razões, em qualquer das formas de representação, de- Obs. importante: Mesmo com a obtenção da capacidade civil
nota-se que a comprovação é fator essencial pelo representante, da plena, o menor não se encontrará apto a exercer alguns direitos
sua qualidade, e também da extensão de seus poderes para que ele contidos em legislação específica para apenas maiores de 18 anos.
possa atuar em nome do representado, sendo que a punição para o Exemplos: A obtenção de Carteira Nacional de Habilitação
excesso de atuação, é a responsabilidade pessoal do representante
pelos atos que tiver excedido, de acordo com o artigo 118 do Códi- Direitos da Personalidade
go Civil de 2002, que predispõe: Os direitos da personalidade são uma das principais inovações
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com da Parte Geral do Código Civil de 2002, sendo dispostos em capítulo
quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a exten- próprio.
são de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos São direitos da personalidade aqueles que possuem por objeto,
atos que a estes excederem. os atributos físicos, morais e psíquicos da pessoa em si, bem como
em suas projeções sociais.
Emancipação Desse modo, infere-se que a pessoa humana é a titular da tu-
Trata-se a emancipação da aquisição da plena capacidade civil tela dos direitos da personalidade. No entanto, o instituto também
pelo menor. Sendo que a emancipação Judicial, se refere a instru- alcança os nascituros, que mesmo não possuindo personalidade
mento por intermédio do qual, o menor, sob tutela, poderá aden- jurídica, possuem seus direitos resguardados pela lei, desde a con-
trar com o ajuizamento de ação para conseguir ser emancipado cepção, o que inclui, também, os direitos da personalidade.
civilmente. Em relação às pessoas jurídicas, estabelece o artigo 52 do có-
Sobre a emancipação, dispõe o artigo 5º do Código Civil: digo Civil:
Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quan- Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a prote-
do a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. ção dos direitos da personalidade.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, São características dos direitos da personalidade:
mediante instrumento público, independentemente de homologa- a) Absolutos: Eivados de oponibilidade erga omnes, vindo a ir-
ção judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver radiar efeitos em todas as áreas e impondo à coletividade o dever
dezesseis anos completos; expresso de respeitá-los;
II - pelo casamento; b) Gerais/Necessários: São direitos outorgados a todas as pes-
III - pelo exercício de emprego público efetivo; soas pelo simples fato de existirem;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; c) Extrapatrimoniais: Se caracterizam pela falta de um conte-
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência údo patrimonial direto e conferido de forma objetiva, mesmo que
de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com sua lesão venha a gerar efeitos de ordem econômica:
dezesseis anos completos tenha economia própria. d) Indisponíveis: São aqueles que não se pode mudar de titular
nem mesmo por vontade própria do indivíduo, fato que faz com
De acordo com o dispositivo acima, a menoridade cessa aos 18
que os direitos da personalidade sejam elevados a um nível dife-
anos completos, sendo que desta forma, a pessoa ficará habilitada
renciado dentro dos direitos privados. Assim, a indisponibilidade
para praticar todos os atos da vida civil. Já em se tratando de obten-
dos direitos da personalidade engloba tanto a intransmissibilidade,
ção de emancipação judicial, se refere à aquisição da capacidade
quanto a irrenunciabilidade que se trata da impossibilidade de re-
civil antes da idade legal permitida.
conhecimento jurídico da manifestação por vontade de abandono
Desta maneira, a emancipação consiste na antecipação da
de direito;
aquisição da capacidade de fato ou de exercício, podendo, desta
e) Imprescritíveis: Não existe prazo determinando o seu exercí-
forma, a pessoa exercer, por si só, os atos da vida civil.
cio, sendo que não se extinguem por não serem usados;
A emancipação também pode advir de concessão dos pais ou
por sentença do juiz, e também por outros meios específicos que f) Impenhoráveis: são advindos da extrapatrimonialidade e in-
conferem emancipação civil. disponibilidade de direitos morais, porém, jamais poderão ser pe-
No condizente à emancipação judicial predisposta no artigo 5°, nhorados. Em se tratando de direitos patrimoniais corresponden-
parágrafo único, I, da segunda parte do Código Civil, trata-se de ins- tes, não existe impedimento legal na penhora;
tituto concedido pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com g) Vitalícios: São direitos que acompanham a pessoa desde a
16 anos completos. sua concepção de vida até a morte. São inerentes à pessoa e ex-
A emancipação se subdivide em três categorias. São elas: tinguem-se normalmente com o seu desaparecimento, sendo que
a) Voluntária: É aquela que acontece através da manifestação há direitos da personalidade que continuam tendo validade mesmo
de vontade dos pais em emancipar o filho, ou, também, de um de- após a morte da pessoa. Exemplo: Havendo lesão à honra da pes-
les na ausência do outro; soa após a morte, em atenção a sua memória, sendo que poderá,
b) Judicial: Predisposta no artigo 5°, parágrafo único, I, da se- nos termos do parágrafo único do art. 12 do CC/2002, o cônjuge
gunda parte do Código Civil, trata-se de instituto concedido pelo sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até
juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com 16 anos completos. Tal o quarto grau, exigir judicialmente que cesse a lesão ou ameaça.
espécie de emancipação será concedida por meio de sentença ou-
vindo-se o tutor que é o responsável pelo menor, bem como com Os principais direitos da personalidade são:
oitiva do Ministério Público. a) O direito à vida: Trata-se do direito mais valoroso do ser
c) Legal: Acontece a partir da realização das prerrogativas con- humano, vindo a sintetizar e concretizar em sim, todos os demais
tidas no artigo 5º do Código Civil, onde foi presumida a capacidade. direitos.
Pode ocorrer pelo casamento, pela colação de grau em Ensino Su- b) Direito à integridade física: O ser humano tem direito à inco-
perior, dentre outros. lumidade corpórea e intelectual, rejeitando-se as lesões causadas
ao correto funcionamento normal do corpo da pessoa.

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DIREITO CIVIL
c) Direito à voz: a voz do ser humano também encontra respal- k) Direito à imagem: Nesse padrão, englobam-se dois tipos de
do de proteção como direito da personalidade. Mesmo se tratando imagem que são a imagem-retrato, que se refere ao aspecto físico
de um componente físico, que se coaduna com a ideia de imagem, da pessoa, e a imagem-atributo, referente à exteriorização da per-
ganha individualidade, vindo a identificar pessoas e estilos. sonalidade do indivíduo e à maneira como ele é visto socialmente.
d) Direito à integridade psíquica: Considera a pessoa como ser O Código Civil atual consagra de maneira expressa, o direito à
psíquico atuante, que interage de modo social e que possui direito imagem através do artigo 20 da seguinte forma: “Art. 20. Salvo se
à liberdade de pensamento, de intimidade, privacidade, bem como autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à ma-
ao segredo, além do direito à criação intelectual; nutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão
e) Direito à liberdade: Trata-se do direito de agir de acordo da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem
com a sua consciência, observando os limites da liberdade alheia, de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem
sendo que o artigo 5º da CFB/1.988, enumera com especificidade prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa
vários aspectos referentes à liberdade em todas as suas formas, fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
anunciando a liberdade de locomoção, de trabalho, de estipulação Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são par-
contratual, de exercício de atividade, de comércio, de culto, dentre tes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes
outras. ou os descendentes”.
f) Direito à liberdade de pensamento: O direito de liberdade l) Direito à identidade: Traz a noção de proteção jurídica aos
compreende a liberdade de pensamento, referindo-se a direito au- elementos diferenciadores da pessoa natural ou jurídica dentro da
tônomo. Sobre o assunto, determina a CFB/1988 no inciso IV do sociedade. Sobre o assunto, vale a pena conferir os artigos 16, 17,
art. 5º que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 18 e 19 do Código Civil de 2002;
anonimato”. Advindo da primeira regra, a “manifestação do pensa- Sobre a proteção dos direitos da personalidade, verifica-se que
mento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, ocorre em diversas searas do ordenamento jurídico. De modo geral,
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição”, atentando-se a proteção dos direitos da personalidade poderá ser:
o disposto pela própria Carta Magna no artigo 220. a) Preventiva: Ocorre de forma especial através do ajuizamen-
g) Direito às criações intelectuais: Se refere à autoria científi- to de ação com postulação de tutela inibitória, com o fito de evitar
ca, artística e literária como manifestações diretas da liberdade de a concretização da ameaça de lesão ao direito da personalidade;
pensamento. Sendo que a CFB/1988, por meio do artigo 5º, dispõe b) Repressiva: Ocorre através da imposição de sanção civil com
sobre tais direitos. Exemplos: Inciso XXVII — aos autores pertence o adimplemento de indenização, ou em âmbito penal, no caso de a
o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas lesão já haver se efetivado.
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; inciso
XXVIII — são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às parti- Extinção da pessoa natural
cipações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem De acordo com o artigo 6º do Código Civil, termina a existência
e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de da pessoa natural com a morte.
fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem A extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo conjugal,
ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- a abertura da sucessão, a extinção de contrato personalíssimo, são
vas representações sindicais e associativas. exemplos dos efeitos da morte, valendo a pena explicitar também,
h) Direito à privacidade: Esse instituto também é considerado a existência de direitos da personalidade cuja atuação, efeito e efi-
inviolável pelo inciso X do art. 5º da CFB/1988, no qual a vida pri- cácia se projetam post mortem, sendo esse tipo, a morte real, como
vada é compreendida como a vida particular da pessoa natural, ou, extinção do sopro de vida no ser humano, porém, não da morte civil
right of privacy, como sendo uma de suas manifestações o direito que foi banida do ordenamento jurídico brasileiro.
à intimidade, sendo, assim, um direito da personalidade, no qual Vejamos, abaixo outras interpretações que a morte a partir do
a tutela jurídica foi consagrada pelo art. 21 do CC/2002, que aduz: âmbito jurídico possui:
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias Morte presumida
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma”. A atual legislação civil pátria aponta a existência da morte pre-
i) Direito ao segredo pessoal, profissional e doméstico: Abran- sumida, quanto aos ausentes, nas situações em que a lei autoriza a
ge três esferas, sendo elas: o segredo das comunicações, o segredo abertura da sucessão definitiva, nos termos do art. 6º do CC/2002.
doméstico reservado ao lar, e à vida privada como segredo profis- Nesse ponto, denota-se que a mesma legislação determina por
sional, referente ao direito da pessoa que revelou segredo da sua meio do art. 9º, IV, a inscrição da sentença declaratória de ausência
vida íntima a terceiro, por motivos da atividade profissional deste, e de morte presumida.
como é o caso dos padres, por exemplo; Assim sendo, ressalta-se que enquanto não ocorrer o reco-
j) Direito à honra: Esse direito acompanha a pessoa desde o nhecimento judicial da morte presumida, nas situações em que se
seu nascimento e até depois de sua morte, podendo ser manifesta- admite a sucessão definitiva, os bens do ausente não poderão ser
do de duas maneiras, sendo eles a honra objetiva que se refere à transferidos de forma definitiva aos seus sucessores.
reputação da pessoa, englobando o seu bom nome e a sua fama no Entretanto, a declaração de morte presumida não se dá somen-
seio da sociedade; e a honra subjetiva, que corresponde ao senti- te em hipóteses de ausência, haja vista a lei elencar outras hipóte-
mento pessoal de estima à própria dignidade. Esse direito também ses, através do artigo 7º, I e II. Vejamos:
se encontra ligado à condição de liberdade pública, com previsão Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação
expressa no inciso X do art. 5º da CF/88 aduzindo que “X — são de ausência:
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das I — se for extremamente provável a morte de quem estava em
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou perigo de vida;
moral decorrente de sua violação”. II — se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisionei-
ro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.

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DIREITO CIVIL
Parágrafo único. A declaração de morte presumida, nesses ca- algum fato ou relação jurídica, seja para simples documento e sem
sos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas caráter contencioso, seja para servir de prova em processo regular.
e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do fale-
cimento. c) Da morte simultânea ou comoriência: Prevista no artigo
8º do CC/2002, a comoriência se trata dos casos em quando dois
Nesse sentido, são hipóteses de morte presumida: ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
a) A ausência: A ausência é um estado de fato no qual a pessoa averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, quando,
desaparece de seu domicílio, não deixando quaisquer notícias, de- presumir-se-ão simultaneamente mortos.
vendo assim, a pedido de qualquer interessado direto ou mesmo do No caso da impossibilidade de apuração da ordem cronológica
Ministério Público, o Poder Judiciário reconhecer tal circunstância, das mortes dos comorientes, a legislação firmará a hipótese de ha-
com a devida declaração fática da ausência, nomear curador, que verem falecido no mesmo instante, situação que ocasiona consequ-
passará a gerir os negócios do ausente até seu eventual retorno, ências práticas destacantes.
providenciando-se a arrecadação de seus bens para o devido con- A título de exemplo, suponhamos que Roberto e Jane casados
trole. entre si, sem descendentes ou ascendentes vivos, venham a falecer
O Código Civil de 2002 aponta a ausência como uma morte pre- em decorrência do mesmo acidente. Assim, Paula, prima de Rober-
sumida, em seu art. 6º da seguinte forma: to, e Marcelo, primo de Jane, irão concorrer à herança dos falecidos.
Desta forma, atestando a perícia que Roberto veio a óbito antes de
Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; Jane, a herança daquele, com a aplicação do princípio da saisine
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei auto- e pela ordem de vocação legal, será transferida para a sua esposa
riza a abertura de sucessão definitiva. e, posteriormente, após se agregar ao patrimônio dela, arrecadada
por Marcelo. Situação inversa aconteceria caso Jane falecesse antes
Sendo a sucessão definitiva, o ausente terá direito aos seus de Roberto.
bens, se ainda ilesos, situação na qual, os sucessores não responde- No exemplo acima, havendo o falecimento sem que haja a
rão pelos bens havidos em sua integridade, de acordo com o dispos- possibilidade de saber o instante das mortes, a legislação firma a
to no art. 39 do Código Civil: presunção de morte simultânea, fato que irá ensejar a abertura de
cadeias sucessórias distintas, posto que não sendo os comorientes
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à aber-
tidos como sucessores entre si, não existirá a transferência de bens
tura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou as-
entre eles, de forma que Paula e Marcelo arrecadarão a meação
cendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado
pertencente a cada sucedido.
em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que
os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens
Para fins de melhor explanação do tema estudado, recomenda-
alienados depois daquele tempo.
-se também o estudo da lei seca sobre o assunto:
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o
Vejamos:
ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão
definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,
incorporando-se ao domínio da União, quando situados em territó- PARTE GERAL
rio federal.
LIVRO I
b) Justificação de óbito: O art. 88 da LRP consagra um procedi- DAS PESSOAS
mento de justificação, com a necessária intervenção do Ministério
Público, que tem por finalidade proceder ao assento do óbito em hi- TÍTULO I
póteses de campanha militar, desastre ou calamidade, em que não DAS PESSOAS NATURAIS
foi possível proceder a exame médico no cadáver:
Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o CAPÍTULO II
assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inunda- DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
ção, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando es-
tiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
encontrar-se o cadáver para exame. Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de nascituro.
ter sido feito o registro nos termos do art. 85 e os fatos que conven- Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente
çam da ocorrência do óbito. os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
O CC/2002, em verdade, em seu art. 7º, I e II, apenas amplia, I - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
generalizando tais hipóteses de morte presumida, que, de forma (Vigência)
bastante coerente, somente pode ser requerida “depois de esgo- II - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
tadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data (Vigência)
provável do falecimento”. III - (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
O procedimento judicial para essa declaração de morte presu- (Vigência)
mida, se dá da mesma forma que a produção antecipada da prova, Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira
conforme estabelecido pelo § 5º do art. 381 do CPC/2015, aplicável de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
a todas as situações em que se pretender justificar a existência de I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

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DIREITO CIVIL
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposi-
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) ção do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não pu- integridade física, ou contrariar os bons costumes.
derem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para
2015) (Vigência) fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
IV - os pródigos. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a dispo-
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada sição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois
por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) da morte.
(Vigência) Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revo-
Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quan- gado a qualquer tempo.
do a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com ris-
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: co de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos
mediante instrumento público, independentemente de homologa- o prenome e o sobrenome.
ção judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem
dezesseis anos completos; em publicações ou representações que a exponham ao desprezo pú-
II - pelo casamento; blico, ainda quando não haja intenção difamatória.
III - pelo exercício de emprego público efetivo; Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; propaganda comercial.
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da
de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com proteção que se dá ao nome.
dezesseis anos completos tenha economia própria. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração
Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de es-
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei auto- critos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a
riza a abertura de sucessão definitiva. utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atin-
de ausência: girem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destina-
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em rem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815)
perigo de vida; Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascen-
não for encontrado até dois anos após o término da guerra. dentes ou os descendentes.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses ca- Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
sos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas requerimento do interessado, adotará as providências necessárias
e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do fale- para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN
cimento. 4815)
Art. 8 o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião,
não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos CAPÍTULO III
outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. DA AUSÊNCIA
Art. 9 o Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; SEÇÃO I
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; DA CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qual-
casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da quer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
sociedade conjugal; nomear-lhe-á curador.
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reco- Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará cura-
nhecerem a filiação; dor, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não
III - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem
insuficientes.
CAPÍTULO II Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for
aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração
seu exercício sofrer limitação voluntária. da ausência, será o seu legítimo curador.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito § 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente in-
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de ou- cumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo
tras sanções previstas em lei. impedimento que os iniba de exercer o cargo.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação § 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais
para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevi- remotos.
vente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto § 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a es-
grau. colha do curador.

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DIREITO CIVIL
SEÇÃO II Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência,
DA SUCESSÃO PROVISÓRIA depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as
vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens
ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três a seu dono.
anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e
se abra provisoriamente a sucessão. SEÇÃO III
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se DA SUCESSÃO DEFINITIVA
consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente; Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessa-
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente dos requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções
de sua morte; prestadas.
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, pro-
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão pro- vando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco
visória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada datam as últimas notícias dele.
pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à aber-
abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos tura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou as-
bens, como se o ausente fosse falecido. cendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado
§ 1 o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que
interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens
requerê-la ao juízo competente. alienados depois daquele tempo.
§ 2 o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o
o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão
que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecada- definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município
ção dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,
1.823. incorporando-se ao domínio da União, quando situados em territó-
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, rio federal.
ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a
extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do
ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores DA PESSOA JURÍDICA
ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1 o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder — Das Pessoas Jurídicas
prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se
os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou Disposições Importantes
de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. Podemos conceituar a pessoa jurídica, como sendo determina-
§ 2 o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez pro- do grupo humano, criado de acordo com a legislação e composto
vada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns.
de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Destaca-se que a pessoa jurídica, enquanto sujeito de direito,
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo poderá através de seus órgãos e representantes legais, atuar no
por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes comércio e na sociedade, praticando atos e negócios jurídicos de
evitar a ruína. modo geral.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão As pessoas jurídicas possuem origem pelo artigo 45 do
representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra CC/2002. Vejamos:
eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de di-
movidas. reito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo regis-
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor tro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por
bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão que passar o ato constitutivo.
capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a cons-
no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e tituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato
prestar anualmente contas ao juiz competente. respectivo, contado o prazo da publicação e sua inscrição no regis-
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a tro.
ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do su-
cessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Denota-se que da mesma forma que a natural surge no mo-
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória po- mento do nascimento com vida, a pessoa jurídica também possui
derá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade um período de existência.
dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. A existência legal da pessoa jurídica no âmbito do sistema das
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata disposições normativas, exige a fiel observância da lei em vigor, que
do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a considera indispensável o registro para a aquisição de sua persona-
sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. lidade jurídica.

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DIREITO CIVIL
Desta forma, a inscrição do ato constitutivo ou do contrato so- Sobre o dispositivo acima, denota-se que a origem dos Estados
cial, se trata de requisito indispensável para a atribuição de perso- soberanos ou das entidades supraestatais, irá depender da ocorrên-
nalidade à pessoa jurídica, que deverá ser feito no registro com- cia de fatos históricos tais como as revoluções ou criações constitu-
petente, sendo a junta comercial, para as sociedades empresárias cionais, bem como pela edição de tratados internacionais.
em geral, e o Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, para as Já as pessoas jurídicas de direito público interno, nos termos do
fundações, associações e sociedades simples. art. 41 do CC/2002, são as seguintes:
Nos parâmetros do artigo 44 do CC/2002, são pessoas jurídicas Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
de direito privado: I - a União;
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
I - as associações; III - os Municípios;
II - as sociedades; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação
III - as fundações; dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
IV - as organizações religiosas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
V - os partidos políticos; Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas ju-
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. rídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito
privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento,
Para algumas espécies de pessoas jurídicas, independente- pelas normas deste Código.
mente do registro civil, em alguns casos, a lei impõe que se faça o
registro em algum outro órgão, com o objetivo único de cadastro e Das Pessoas Jurídicas de Direito Privado
de reconhecimento de validade de atuação. Um exemplo disso, é o O atual Código Civil brasileiro, classifica as pessoas jurídicas de
caso dos partidos políticos, que, nos moldes do § 2º do art. 17 da direito privado da seguinte forma:
CFB/1988, bem como dos parágrafos do art. 7º da Lei n. 9.096/1995, Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
devem ser inscritos no Tribunal Superior Eleitoral. I - as associações;
De igual modo, as entidades sindicais conseguem obter per- II - as sociedades;
sonalidade jurídica com o registro civil. Porém, deverão informar a III - as fundações.
sua criação ao Ministério do Trabalho para controle do sistema da IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de
unicidade sindical, que ainda vigora no País, de acordo com o art. 22.12.2003)
8º, I e II, da CFB/1988.
Entretanto, vale ressaltar que em alguns casos, será preciso V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
que haja autorização do Poder Executivo para o funcionamento das 22.12.2003)
pessoas jurídicas, observando-se desta maneira, que o registro da VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
pessoa jurídica possui natureza constitutiva, por ser atributivo de
sua personalidade, de modo diferente do registro civil de nascimen- Sobre o dispositivo legal retro mencionado, podemos extrair o
to da pessoa natural, que para tal, basta a declaração da condição seguinte entendimento:
de pessoa que já é adquirida no momento do nascimento com vida. – As sociedades civis ou empresárias, e as associações, são
De acordo com o Código Civil, o registro declarará, nos ditames consideradas corporações e são também o resultado da fusão de
do artigo 46: indivíduos, ou universitas personarum;
Art. 46. O registro declarará: – As fundações se compõem de simples patrimônio que possui
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo vínculo a uma finalidade e advém da afetação patrimonial deman-
social, quando houver; dada por seu instituidor universitas bonorum, incluindo-se, com
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, mais propriedade, na categoria das instituições;
e dos diretores; – Tanto as organizações religiosas, quanto os partidos políticos
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passiva- se encaixam no conceito jurídico de associação;
mente, judicial e extrajudicialmente; – A Lei nº 12.441/2011 alterou o Código Civil brasileiro, acres-
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administra- centando por meio do inciso VI, a empresa individual de responsa-
ção, e de que modo; bilidade limitada, (EIRELI);
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
obrigações sociais; Nesse diapasão analisemos nos próximos subtemas, cada uma
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do desses importantes tipos de pessoas jurídicas de direito privado.
seu patrimônio, nesse caso.
As associações
Da Classificação das Pessoas Jurídicas São entidades de direito privado, formadas pela união de in-
A doutrina informa a existência de pessoas jurídicas de direito divíduos com o objetivo de realizar fins de cunho não econômicos.
público, interno ou externo, e de direito privado nos moldes do ar- Assim determina o Código Civil de 2002 no artigo 53:
tigo 40 do CC/2002, que aduz: Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou que se organizem para fins não econômicos.
externo, e de direito privado. O marco principal relacionado às associações civis, é a sua fina-
lidade não econômica, sendo que poderá ser lúdica, educacional,
Das Pessoas Jurídicas de Direito Público religiosa, etc.
O artigo 42 do CC/2002 predispõe: De acordo com o referido dispositivo, as associações são o re-
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Esta- sultado da união de pessoas, normalmente em grande número, que
dos estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo Direito são os associados, e na forma estabelecida em seu ato constitutivo,
internacional público. chamado de estatuto.

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DIREITO CIVIL
Obs. importante: O fato de não buscar lucro, não significa que ou semelhantes, os bens remanescentes deverão, por força de lei
a associação está impedida de gerar renda para a manutenção de ser devolvidos à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União,
suas atividades, bem como do adimplemento do seu quadro funcio- nos termos do art. 61, § 2º do CC/2002.
nal, tendo em vista que em uma associação, os seus membros não
estão pretensos a partilhar lucros ou dividendos, como ocorre nas Obs. importante: Havendo cláusula do estatuto ou, ausente
sociedades simples e empresárias, sendo que a receita gerada, de- este, por ato dos associados, dispõe o § 1º do art. 61, a permissão
verá ser utilizada em benefício da própria associação com o objetivo aos respectivos membros, antes da destinação do remanescente a
da melhoria de sua atividade. entidades congêneres, receber em restituição, inclusive com valor
atualizado, as contribuições que houverem prestado ao patrimônio
Nos ditames do artigo 54 do CC/2002, pela redação alterada da entidade.
pela Lei n. 11.127/2005, o estatuto das associações deverá abran-
ger, sob pena de nulidade, os seguintes requisitos: As sociedades
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações con- Podemos conceituar a sociedade como uma espécie de cor-
terá: poração com personalidade jurídica própria, e instituída através de
I - a denominação, os fins e a sede da associação; um contrato social, com o fim de exercer atividade econômica e
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos as- partilhar lucros.
sociados; Nesse contexto, trata-se o contrato social, desde que devida-
III - os direitos e deveres dos associados; mente registrado, como sendo o ato constitutivo da sociedade.
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; Estabelece o artigo 981 do CC/2002:
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos de- Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reci-
liberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) procamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resulta-
e para a dissolução. dos.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das res- Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de
pectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) um ou mais negócios determinados.

Ante a verificação do mencionado dispositivo legal, ressalta-se A depender da espécie de atividade realizada, boa parte da
que a lei tratou de estabelecer o conteúdo mínimo necessário do doutrina entende que a sociedade poderá ser civil ou mercantil,
estatuto de uma associação, com o fim de evitar abusos de inidône- sendo que a sociedade mercantil pratica atos de comércio com o
os que constituem associações fraudulentas somente para causar objetivo de produção de lucros, e as sociedades civis, a despeito de
perseguirem proveito econômico, não realizam atividade mercantil.
danos à Fazenda Pública ou a terceiros de boa-fé.
O Código Civil de 2002, classifica as sociedades quanto ao ob-
Em relação à Assembleia Geral, órgão máximo da associação,
jeto social em:
em geral, o seu estatuto autoriza a composição de um Conselho
• Sociedades empresárias: De acordo com o art. 982 do
Administrativo ou Diretoria e de um Conselho Fiscal.
CC/2002, são as sociedades que possuem como objetivo, o exer-
Desta parte dispõe o Código Civil de 2002 da seguinte forma:
cício de atividade própria de empresário sujeita a registro na Junta
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:
Comercial, bem como à legislação falimentar. Podem assumir as se-
(Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
guintes formas, de acordo com os artigos 983 e 1.039 a 1.092 do
I – destituir os administradores; (Redação dada pela Lei nº
CC/2002:
11.127, de 2005) a) sociedade em nome coletivo;
II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de b) sociedade em comandita simples;
2005) c) sociedade limitada;
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os inci- d) sociedade anônima;
sos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especial- e) sociedade em comandita por ações.
mente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido
no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administrado- •Sociedades simples: São as pessoas jurídicas que, perseguem
res. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005). proveito econômico, porém, não empreendem atividade empresa-
rial. Podem ser comparadas às sociedades civis, e não possuem a
Além do exposto, denota-se que o Código Civil em vigor, prevê obrigação legal de inscrever os seus atos constitutivos no Registro
a exclusão do associado, desde que exista justa causa, e esteja na Público de Empresas Mercantis, mas apenas no Cartório de Registro
forma prevista no estatuto social, instrumento que controla a exis- Civil de Pessoas Jurídicas. Seu campo de atuação é vasto e é aplica-
tência de um procedimento que assegure direito de defesa e de do em sociedades de profissionais liberais, instituições de ensino,
recurso. Vejamos o que dispõe o artigo 57: entidades de assistência médica ou social, dentre outras pertinen-
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa tes.
causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de
defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Obs. importante: Em relação à sociedade de advogados, por
disposição de norma especial contida no art. 15, § 1º, da Lei n.
Por fim, vale mencionar que o Código Civil de 2002, determina 8.906, de 1994, o seu registro deverá ser realizado na Ordem dos
no artigo 61, que em situações de dissolução, o patrimônio líquido, Advogados do Brasil (OAB), respectivamente), em virtude de suas
desde que deduzidas as quotas ou frações ideais de propriedade peculiaridades.
do associado e também dos respectivos débitos sociais, deverá ser
aplicado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, As fundações
sendo que na omissão deste, por meio de deliberação dos associa- Vejamos no estudo das fundações, seus principais pontos de
dos, a instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos destaque.

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DIREITO CIVIL
As fundações resultam da afetação de um patrimônio, seja por – Nos ditames do artigo 68, quando a alteração não tiver sido
testamento ou por escritura pública, que faz o seu instituidor, espe- aprovada por votação unânime, os administradores da fundação,
cificando este, a finalidade para a qual se destina. ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requere-
Assim dispõe o art. 62, caput, do Código Civil de 2002: rão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser,
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por es- no prazo de dez dias;
critura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, espe- – Nos dizeres do artigo 69 do CC/2002: “Tornando-se ilícita, im-
cificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira possível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o
de administrá-la. prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu pa-
fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) trimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no
I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e ar- a fim igual ou semelhante”.
tístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) – A extinção da fundação privada coloca fim à personalidade
III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) jurídica, devendo ser liquidado o passivo com o ativo existente, sen-
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) do que depois de tal procedimento é que o resultado patrimonial
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº positivo será destinado à fundação com fim igual ou semelhante;
13.151, de 2015) – De acordo com o artigo 167 do CC/2002, qualquer interessa-
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e do ou o Ministério Público poderão promover em juízo a extinção
promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº da fundação quando se tornar ilícito o seu objeto; for impossível a
13.151, de 2015) sua manutenção; e; vencer o prazo de sua existência.
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alter-
nativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulga- As Organizações Religiosas
ção de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído
No âmbito jurídico, podem ser consideradas organizações re-
pela Lei nº 13.151, de 2015)
ligiosas todas as entidades de direito privado que forem formadas
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos
pela junção de indivíduos com o objetivo de culto em homenagem
direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
a determinada força ou forças sobrenaturais, por intermédio de
IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de
2015). doutrina e ritual próprios, envolvendo, normalmente, preceitos de
caráter ético.
Para que seja criada uma fundação, o instituidor deverá de for- Nesse sentido se encaixam as igrejas, seitas e até mesmo as
ma obrigatória, destacar determinada parcela de seu patrimônio comunidades leigas, como confrarias ou irmandades.
pessoal, que esteja acompanhada por bens móveis ou imóveis, com Nesse diapasão, vale mencionar o parágrafo 1º que foi inseri-
as devidas especificações, dando-lhes finalidade não econômica, in- do no art. 44 do CC/2002, pela Lei n. 10.825/2003, que determina
dicando também a forma de administração desses bens. serem livres a criação, a organização, a estruturação interna e o fun-
Duas são as formas de concretização do ato de dotação patri- cionamento das organizações religiosas, sendo proibido ao poder
monial: escritura pública ou testamento, sendo que em situações público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constituti-
de instituição por escritura pública, de acordo com o artigo 64 do vos e necessários ao seu funcionamento.
CC/2002, o instituidor é obrigado a transferir à fundação a proprie- Isso ocorre pelo fato do art. 19, I, da CFB/1988 já vedar à
dade, ou outro direito real que tenha sobre os bens dotados, sob União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios “estabele-
pena de a transcrição ou inscrição se efetivar por meio de ordem cer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
judicial; já a instituição por testamento poderá ocorrer por meio de funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações
qualquer modalidade testamentária de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colabora-
Vejamos outros importantes pontos que merecem destaque ção de interesse público”.
em relação às fundações: Trata-se, assim, do que se ajustou denominar de liberdade de
– O órgão responsável por aprovar estatutos da fundação, com organização religiosa, uma das formas de expressão da liberdade
recurso ao juiz competente, em caso de divergência é o Ministério religiosa, coincidindo com a liberdade de crença e de culto.
Público, (art. 66 CC/2002); Destaca-se, por fim, que a liberdade de organização e funciona-
– Poderá haver também atuação fiscalizatória de forma con- mento das entidades religiosas não as livra da averiguação judicial
junta do Ministério Público do Estado ou do Distrito Federal e Ter- de seus atos, tendo em vista que seria inconstitucional abrir uma
ritórios com o Ministério Público Federal, caso exista interesse que exceção ao princípio da indeclinabilidade do Poder Judiciário , nos
justifique a intervenção deste último; moldes do art. 5º, XXXV, da CFB/1988.
– Nos ditames do artigo 114 da Lei n. 6.015/1973 (Lei de Regis-
tros Públicos), da mesma forma que toda pessoa jurídica de direito
Os partidos políticos
privado, o ciclo constitutivo da fundação só se consuma com a ins-
A ilustre Maria Helena Diniz, conceitua os partidos políticos
crição de seus atos constitutivos no Cartório de Registro Civil das
como: “entidades integradas por pessoas com ideias comuns, tendo
Pessoas Jurídicas;
– Para que se possa alterar o estatuto da fundação, o artigo 67 por finalidade conquistar o poder para a consecução de um pro-
do CC/2002, exige a observância dos pressupostos de deliberação grama. São associações civis, que visam assegurar, no interesse do
de dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e
que haja respeito à finalidade da fundação; aprovação pelo órgão defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Fede-
do ministério público no prazo máximo de 45 dias, sendo que caso ral. Adquirem personalidade jurídica com o registro de seus estatu-
seja esgotado o lapso temporal, ou no caso de o ministério público tos mediante requerimento ao cartório competente do Registro Civil
denegar a aprovação, poderá o magistrado supri-la, a requerimento das pessoas jurídicas da capital federal e ao Tribunal Superior Elei-
do interessado; toral. Os partidos políticos poderão ser livremente criados, tendo

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DIREITO CIVIL
autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcio- – Não será considerado como empresário, aquele que exerce
namento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística,
e disciplina partidária. Ser-lhes-á proibido receber recursos financei- mesmo com o concurso de auxiliares ou colaboradores, exceto se o
ros de entidade ou governo estrangeiro, devendo prestar contas de exercício da profissão constituir elemento de empresa;
seus atos à Justiça Eleitoral”. – A matéria disciplinar jurídica das sociedades limitadas é apli-
Nesse sentido, o parágrafo 3º, inserido no art. 44 do CC/2002 cável, subsidiariamente, no que couber, às EIRELI, na forma do § 6º
pela Lei n. 10.825/2003, estabelece somente a informação de que do art. 980-A do CC/2002;
os “partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o – Nos moldes do § 7º do art. 980 do CC/2002, inserto pela Lei n.
disposto em lei específica”. 13.874/2019 - Lei da Declaração de Direitos de Liberdade Econômi-
Assim sendo, na ausência de norma posterior, esta legislação ca - “somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dí-
específica continua sendo a Lei nº. 9.096/95 que ao fundamentar vidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese
a respeito dos partidos políticos, veio também, a regulamentar os em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio
artigos 17 e 14, § 3º, V, da CFB/1988. do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude”.

As empresas individuais de responsabilidade limitada Desconsideração da Personalidade Jurídica


Sobre o tema, denota-se que a lei nº. 12.441/2011, consagrou, O instituto da desconsideração da personalidade da pessoa ju-
no ordenamento jurídico brasileiro uma possibilidade que anterior- rídica, disregard of legal entity, obteve notoriedade na década de
mente não era autorizada na criação de pessoa jurídica a ser com- 1950, com a publicação do trabalho de Rolf Serick, que à época era
posta por apenas uma pessoa natural, sem a necessidade de um professor da Faculdade de Direito de Heidelberg.
conjunto de vontades. Desta forma, com base em sua teoria, buscou-se justificar a
Nesse sentido, ressalta-se que antes as empresas eram consti- superação da personalidade jurídica da sociedade em situações
tuídas normalmente somente “no papel”. de abuso, vindo a permitir o reconhecimento da responsabilidade
Isso acontecia por causa da exigência de participação de mais ilimitada dos sócios. Porém, o precedente jurisprudencial com a
de uma pessoa, sendo que eram criadas pessoas jurídicas sem qual- permissão do desenvolvimento da teoria ocorreu na Inglaterra, em
quer espécie de affectio societatis, fato que era constatado de for- 1897 com o advento do famoso caso Salomon & Co.
ma fácil a partir do momento em que era averiguado que um dos Em sentido geral, a desconsideração objetiva a superação epi-
sócios possuía a maior parte das quotas de uma sociedade, ao pas- sódica da personalidade jurídica da sociedade, em situações de
so que o outro sócio, era figura titular sem significativa participação ocorrência de fraude, abuso, ou simples desvio de função, bus-
no capital social, além de não possuir qualquer interesse concreto cando satisfazer o terceiro que foi lesado junto ao patrimônio dos
no negócio.
próprios sócios, que, por sua vez, passam a ter responsabilidade
Desta forma, surgindo a EIRELI — Empresa Individual de Res-
pessoal pelo ilícito que causaram.
ponsabilidade Limitada — veio a novidade permissionária de uma
Ressalta-se que a medida de afastamento determinada pela
única pessoa natural poder constituir uma pessoa jurídica com res-
personalidade jurídica deverá ser temporária, permanecendo ape-
ponsabilidade limitada ao capital integralizado, sem ter a necessi-
nas na situação concreta, até que os credores se satisfaçam no pa-
dade de formar sociedade com outra pessoa, tendo em vista, ainda,
trimônio pessoal dos sócios infratores.
que outra grande vantagem da EIRELI, é o fato da sua responsabili-
No entanto, em situações de maior gravidade, a despersonali-
dade ser limitada ao capital constituído e integralizado.
zação da pessoa jurídica poderá ser justificada em regime definitivo,
Obs. importante: A EIRELI não é uma sociedade empresária, na forma de extinção compulsória, pela via judicial, da personalida-
mas, sim, uma pessoa jurídica unipessoal. de jurídica.
Assim sendo, cabe diferenciar o rigor terminológico que dife-
A respeito do nome empresarial, vale a pena mencionar que rencia a despersonalização, que se trata da própria extinção da per-
ele deverá ser formado pela incorporação da expressão “EIRELI”, sonalidade jurídica, da desconsideração, que diz respeito somente
após a firma ou a denominação social da empresa individual de à sua superação episódica, em decorrência de fraude, abuso ou
responsabilidade limitada, de acordo com o artigo 980-A, § 1º do desvio de finalidade, sendo que ambas não se confundem com a
CC/2002. responsabilidade patrimonial direta dos sócios, nem por ato pró-
Sobre a EIRELI, vejamos alguns outros importantes pontos que prio, e nem em relação às hipóteses de corresponsabilidade e soli-
merecem destaque: dariedade.
– De acordo com o artigo 980-A, § 2º do CC/2002, a pessoa Ademais, destaca-se o fato de a teoria da desconsideração da
natural que constituir empresa individual de responsabilidade limi- personalidade jurídica também pode ser aplicada de maneira “in-
tada, somente poderá figurar em uma única empresa dessa moda- versa”, fato que significa ir ao patrimônio da pessoa jurídica, quan-
lidade; do a pessoa física que a compõe esvazia de forma fraudulenta o seu
– A instituição da EIRELI pode ser originária, quando advir de patrimônio pessoal.
ato de vontade de criação específica desta modalidade de pessoa Na situação acima, haverá a possibilidade de o magistrado apli-
jurídica; ou, superveniente, se nos moldes do § 3º do art. 980-A, car a desconsideração da autonomia patrimonial da pessoa jurídica,
for o resultado da concentração das quotas de outra modalidade promovendo a busca de bens que estão em seu próprio nome, para
societária num único sócio, independentemente das razões que responder por dívidas que não são suas, mas são de seus sócios,
motivaram tal concentração; fator que de início, foi sendo aceito pela jurisprudência, passando
– Estabelece o artigo 5º do artigo 980 do CC/2002 que “Pode- tal matéria a ser prevista no Código de Processo Civil de 2015, por
rá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada meio do parágrafo 2º do artigo 133.
constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a re- Nesse diapasão, é importante frisar a importância da contri-
muneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor buição oferecida pelo Código de Defesa do Consumidor - Lei n.
ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da 8.078/90 - que incorporou em seu caderno processual, norma ex-
pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional”; pressa sobre a aplicação da teoria da desconsideração. Vejamos:

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DIREITO CIVIL
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade
da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e
de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração tam- § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de sepa-
bém será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, ração de fato entre os patrimônios, caracterizada por:
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do só-
administração. cio ou do administrador ou vice-versa;
II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contra-
Em observação aos pressupostos indicados pela norma acima, prestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e
depreende-se que ela foi influenciada por uma concepção objetivis- III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
ta, principalmente se em comparação, passarmos a analisar a pre- § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também
visão ainda mais genérica do parágrafo 5º do mesmo dispositivo, se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores
que assim dispõe: à pessoa jurídica.
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sem-
requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a descon-
pre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao res-
sideração da personalidade da pessoa jurídica.
sarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a
alteração da finalidade original da atividade econômica específica
A discussão acima tem sido conhecida pela doutrina e jurispru- da pessoa jurídica.
dência especializadas, como a dicotomia de teorias da Desconside-
ração da Jurídica que pode ser desmembrada em: Ante todo o enunciado do retro dispositivo, destaca-se prin-
– Teoria Maior: Exige a comprovação de desvio de finalidade cipalmente, o final do atual texto, com a expressão “beneficiados
da pessoa jurídica ou a confusão patrimonial; direta ou indiretamente pelo abuso”, porquanto a desconsideração
– Teoria Menor: Decorre da insolvência do devedor, e é aplica- se trata de instrumento de imputação de responsabilidade, não
da de forma especial no Direito Ambiental e do Consumidor. podendo, desta maneira, sob pena de se ignorar a exigência do
próprio nexo causal, atingir nenhum sócio que não tenha usufruído
Já o Código Civil de 2002, posicionando-se ao lado das legisla- de nenhum benefício direto ou indireto, por causa do ato abusivo
ções modernas, consagrou a teoria da desconsideração da persona- praticado por outrem.
lidade jurídica da seguinte forma: Vejamos no quadro elucidativo abaixo, outras importantes con-
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, carac- siderações acerca do assunto em deslinde:
terizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial,
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Públi- IMPORTANTE SABER
co quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas * A desconsideração inversa ou invertida vai de encontro ao
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens patrimônio da pessoa jurídica, quando a pessoa física que a com-
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. põe, esvazia fraudulentamente o seu patrimônio pessoal, sendo
Desta maneira, de acordo com a regra legal, a desconsideração que tal visão é desenvolvida notadamente nas relações de família;
será possível, a requerimento da parte ou do Ministério Público, * Na situação acima, poderá o magistrado desconsiderar a au-
quando lhe couber intervir, consistindo o abuso em: tonomia patrimonial da pessoa jurídica, buscando bens que estão
a) Desvio de finalidade: Onde foi desvirtuado o objetivo social em seu próprio nome, para responder por dívidas que não são suas
para a perseguição de fins não previstos contratualmente ou proi- e sim de seus sócios, fato que tem sido aceito pela jurisprudência;
bidos por lei; * Nenhuma desconsideração poderá ser decretada se os requi-
b) Confusão patrimonial: Nesse caso, a atuação do sócio ou sitos legais não forem obedecidos;
*Desconsideração indireta, é a desconsideração da perso-
administrador foi confundida com o funcionamento da própria
nalidade jurídica que possui como objetivo o alcance de quem se
sociedade, utilizada como verdadeiro escudo, não sendo possível
encontra por trás dela e não se afigura de forma suficiente, pois
identificar a separação patrimonial entre ambos.
poderá existir outra ou outras pessoas integrantes das constelações
societárias que possuem o objetivo encobrir algum fraudador;
Nesse sentido, ante as duas situações acima, denota-se a im- * Não constitui desvio de finalidade, a expansão ou a alteração
prescindibilidade da ocorrência de prejuízo tanto individual, quanto da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa
o que justifique a suspensão temporária da personalidade jurídica. jurídica;
Por fim, destaca-se dentre os pressupostos da desconsideração * A desconsideração da personalidade jurídica é aplicável
da personalidade jurídica, uma importante mudança no regramen- também para as empresas individuais de responsabilidade limi-
to ocorrida em 2019, que se trata da Lei da Declaração de Direitos tada;
de Liberdade Econômica, Lei nº. 13.874/2019, que teve como base * No âmbito do Direito Empresarial, de acordo com o art. 82-A
de criação a Medida da Lei de Falências e de Recuperação de Empresas (Lei n. 11.101,
Provisória nº. 881/2019, que fez com que o art. 50 do Código de 9-2-2005), com as alterações da Lei nº. 14.112/2020, é “vedada
Civil passasse a ter a seguinte redação: a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em parte, aos
Art. 50 do Código Civil. Em caso de abuso da personalidade jurí- sócios de responsabilidade limitada, aos controladores e aos admi-
dica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patri- nistradores da sociedade falida, admitida, contudo, a desconsidera-
monial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Públi- ção da personalidade jurídica”.
co quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam Da Extinção da Pessoa Jurídica
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios Da mesma forma que a pessoa natural, a pessoa jurídica com-
da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. pleta o seu ciclo existencial através da extinção.

13
DIREITO CIVIL
A dissolução poderá ser: § 3 o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão con-
a) Convencional: É a dissolução deliberada entre os próprios forme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
integrantes da pessoa jurídica, desde que respeitado o estatuto ou 22.12.2003)
o contrato social; Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direi-
b) Administrativa: Advém da cassação da autorização de fun- to privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
cionamento, sendo exigida para determinadas sociedades se cons- precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Po-
tituírem e funcionarem; der Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
c) Judicial: Em observação a uma das hipóteses de dissolução passar o ato constitutivo.
determinadas pela lei ou no estatuto, o magistrado, por iniciativa de Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a cons-
qualquer um dos sócios, poderá, por meio de sentença, determinar tituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato
a sua extinção; respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no re-
gistro.
Por fim, em se tratando de dissolução da sociedade, os bens Art. 46. O registro declarará:
que excederem, deverão por força de lei, ser divididos entre os só- I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
cios, desde que observada a participação social de cada um deles. social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores,
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passiva-
TÍTULO II mente, judicial e extrajudicialmente;
DAS PESSOAS JURÍDICAS IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administra-
ção, e de que modo;
CAPÍTULO I V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
DISPOSIÇÕES GERAIS obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou seu patrimônio, nesse caso.
externo, e de direito privado. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores,
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
I - a União; Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as de-
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; cisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o
III - os Municípios; ato constitutivo dispuser de modo diverso.
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as deci-
dada pela Lei nº 11.107, de 2005) sões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto,
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas ju- Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o
rídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á admi-
privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, nistrador provisório.
pelas normas deste Código. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus só-
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Esta- cios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei
dos estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito nº 13.874, de 2019)
internacional público. Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídi-
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civil- cas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, es-
mente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade tabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos,
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefí-
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. cio de todos.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri-
I - as associações; zado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o
II - as sociedades; juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
III - as fundações. couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
22.12.2003) bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídi-
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de ca beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada
22.12.2003) pela Lei nº 13.874, de 2019)
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (In- § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade
cluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores
§ 1 o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela
e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao Lei nº 13.874, de 2019)
poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos cons- § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de sepa-
titutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº ração de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela
10.825, de 22.12.2003) Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2 o As disposições concernentes às associações aplicam-se I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do só-
subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte cio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874,
Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) de 2019)

14
DIREITO CIVIL
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contra- Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: (Redação
prestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I – destituir os administradores; (Redação dada pela Lei nº
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimo- 11.127, de 2005)
nial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também 2005)
se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administrado- Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os inci-
res à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) sos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especial-
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença mente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido
dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a des- no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administrado-
consideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei res. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
nº 13.874, de 2019) Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na for-
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a ma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direi-
alteração da finalidade original da atividade econômica específica to de promovê-la. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patri-
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada
mônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou fra-
a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de
ções ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à
liquidação, até que esta se conclua.
entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita,
este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, esta-
a averbação de sua dissolução.
§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam- dual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 1 o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por delibera-
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da ção dos associados, podem estes, antes da destinação do remanes-
inscrição da pessoa jurídica. cente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o res-
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a prote- pectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio
ção dos direitos da personalidade. da associação.
§ 2 o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal
CAPÍTULO II ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas con-
DAS ASSOCIAÇÕES dições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio
se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas
que se organizem para fins não econômicos. CAPÍTULO III
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obriga- DAS FUNDAÇÕES
ções recíprocos.
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações con- Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por es-
terá: critura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, espe-
I - a denominação, os fins e a sede da associação; cificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos as- de administrá-la.
sociados; Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para
III - os direitos e deveres dos associados; fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos de- II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e ar-
liberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) tístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
e para a dissolução.
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das res-
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº
pectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005)
13.151, de 2015)
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
poderá instituir categorias com vantagens especiais.
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatu- promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº
to não dispuser o contrário. 13.151, de 2015)
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alter-
ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não im- nativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulga-
portará, de per si , na atribuição da qualidade de associado ao ad- ção de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído
quirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos
causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de
dada pela Lei nº 11.127, de 2005) 2015)
Parágrafo único. (revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.127, X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
de 2005) Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer di- bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o ins-
reito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não tituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim
ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. igual ou semelhante.

15
DIREITO CIVIL
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, 3. A pessoa com deficiência é dotada de capacidade legal, mes-
o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro di- mo que se valha de institutos assistenciais para a condução da sua
reito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, própria vida.
em nome dela, por mandado judicial. A assertiva se encontra:
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do ( ) CERTO
patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acor- ( ) ERRADO
do com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada,
submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competen- 4. A emancipação judicial se encontra predisposta no artigo 5°,
te, com recurso ao juiz. parágrafo único, I, da segunda parte do Código Civil, tratando-se
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo as- de instituto concedido pelo juiz de paz, ouvido o tutor, se o menor
sinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta contar com 16 anos completos. Tal espécie de emancipação será
dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. concedida por meio de sentença ouvindo-se o tutor que é o res-
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado ponsável pelo menor, bem como com oitiva do Ministério Público.
onde situadas. A assertiva se encontra:
§ 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, ca- ( ) CERTO
berá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territó- ( ) ERRADO
rios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá 5. A instituição da EIRELI pode ser originária, quando advir de
o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. ato de vontade de criação específica desta modalidade de pessoa
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mis- jurídica; ou, superveniente, se nos moldes do § 3º do art. 980-A,
ter que a reforma: for o resultado da concentração das quotas de outra modalidade
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e societária num único sócio, independentemente das razões que
representar a fundação; motivaram tal concentração.
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; A assertiva se encontra:
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo ( ) CERTO
máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o ( ) ERRADO
Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento
do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por vo- GABARITO
tação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o
estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciên-
cia à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. 1 CERTO
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a
que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o ór- 2 ERRADO
gão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá 3 CERTO
a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
4 ERRADO
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. 5 CERTO

EXERCÍCIOS

1. Personalidade jurídica é a capacidade abrangente para titu-


larizar direitos e contrair obrigações, ou, seja, é o atributo para ser
sujeito de direito, sendo que após adquirida a personalidade, pode-
rá atuar o ente na condição de sujeito de direito, tanto como pessoa
natural quanto como pessoa jurídica, podendo operar com a prática
de atos e negócios jurídicos de diferentes situações.
A assertiva se encontra:
( ) CERTO
( ) ERRADO

2. O nascituro não possui o direito de receber alimentos graví-


dicos que compreendam todos os gastos necessários à proteção do
feto, por não ser justo que a genitora suporte todos os encargos da
gestação sem a colaboração econômica do pai da criança que está
irá nascer.
A assertiva se encontra:
( ) CERTO
( ) ERRADO

16
DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Constituição da República Federativa do Brasil. Princípios Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
1. Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos Individuais. Direitos Coletivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
1. Funções essenciais à Justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
DIREITO CONSTITUCIONAL
Fundamentos, também chamados de princípios fundamen-
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRA- tais (art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da
SIL. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS República Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os
fundamentos ou princípios fundamentais representam a essên-
— Princípios fundamentais cia, causa primária do texto constitucional e a base primordial
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união de nossa República Federativa, os objetivos estão relacionados
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- à destinação, ao que se pretende, às finalidades e metas traça-
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como funda- das no texto constitucional que a República Federativa do Estado
mentos: brasileiro anseia alcançar.
I - a soberania; O Estado brasileiro é democrático porque é regido por nor-
II - a cidadania mas democráticas, pela soberania da vontade popular, com elei-
III - a dignidade da pessoa humana; ções livres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide pelo respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias
Lei nº 13.874, de 2019). fundamentais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por
V - o pluralismo político. sua vez, o Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce seu sistema de normas pautado na preservação da segurança
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos jurídica, pela separação dos poderes e pelo reconhecimento e
desta Constituição. garantia dos direitos fundamentais, bem como pela necessidade
do Direito ser respeitoso com as liberdades individuais tuteladas
Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 pelo Poder Público.
estão previstos no art. 1º da Constituição e são:
A soberania, poder político supremo, independente inter-
nacionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DIREITOS
É o poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu INDIVIDUAIS. DIREITOS COLETIVOS
ordenamento jurídico.
A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Esta-
do, dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente — Direitos e deveres individuais e coletivos
a todo jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado. Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aque-
A dignidade da pessoa humana é valor moral personalís- les previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal.
simo inerente à própria condição humana. Fundamento consis-
tente no respeito pela vida e integridade do ser humano e na Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
garantia de condições mínimas de existência com liberdade, au- quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
tonomia e igualdade de direitos. residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
através do trabalho que o homem garante sua subsistência e
contribui para com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é Princípio da igualdade entre homens e mulheres:
um princípio que defende a total liberdade para o exercício de I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
atividades econômicas, sem qualquer interferência do Estado. nos termos desta Constituição;
O pluralismo político que decorre do Estado democrático de
Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, con- Princípio da legalidade e liberdade de ação:
substanciadas na existência multipartidária e não apenas dualis- II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
ta. O Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversi- coisa senão em virtude de lei;
ficada e não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e
direita ou democratas e republicanos. Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento
Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, desumano e degradante:
Municípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossi- III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
bilidade de secessão, característica essencial do Federalismo, desumano ou degradante;
decorrente da impossibilidade de separação de seus entes fede-
rativos, ou seja, o vínculo entre União, Estados, Distrito Federal Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do
e Municípios é indissolúvel e nenhum deles pode abandonar o anonimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela
restante para se transformar em um novo país. veiculação de ideias e práticas prejudiciais:
Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
governantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuí- anonimato;
do pelo povo.
Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e Direito de resposta e indenização:
Municípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes esta- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra-
tais – Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma carac- vo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
terística do Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de
autonomia e independência no exercício de suas funções, para Liberdade religiosa e de consciência:
que possam atuar em harmonia. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

1
DIREITO CONSTITUCIONAL
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis- XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
tência religiosa nas entidades civis e militares de internação co- manecer associado;
letiva; XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invo- ou extrajudicialmente;
car para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-
-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Direito de propriedade e sua função social:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
Liberdade de expressão e proibição de censura: XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou Intervenção do Estado na propriedade:
licença; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropria-
ção por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana: mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a casos previstos nesta Constituição;
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
dano material ou moral decorrente de sua violação; petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Proteção do domicílio do indivíduo:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po- Pequena propriedade rural:
dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, du- desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora
rante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produ-
2015) (Vigência). tiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvol-
vimento;
Proteção do sigilo das comunicações:
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica- Direitos autorais:
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, sal- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
vo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos her-
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instru- deiros pelo tempo que a lei fixar;
ção processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996). XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas
Liberdade de profissão: e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas ativida-
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro- des desportivas;
fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabe- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
lecer; das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
intérpretes e às respectivas representações sindicais e associa-
Acesso à informação: tivas;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissio- privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
nal; às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir: social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, Direito de herança:
permanecer ou dele sair com seus bens; XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
Direito de reunião: será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
locais abertos ao público, independentemente de autorização, pessoal do “de cujus”;
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autori- Direito do consumidor:
dade competente; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor;
Liberdade de associação:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, ve- Direito de informação, petição e obtenção de certidão jun-
dada a de caráter paramilitar; to aos órgãos públicos:
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-
perativas independem de autorização, sendo vedada a interfe- formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
rência estatal em seu funcionamento; geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon-
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dis- sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 12.527, de 2011).

2
DIREITO CONSTITUCIONAL
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa- XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
gamento de taxas: grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucio-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de nal e o Estado Democrático.
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; • Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de- grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado De-
fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pes- mocrático;
soal; • Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia:
Prática de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do e crimes hediondos.
controle jurisdicional:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário Princípio da intranscendência da pena:
lesão ou ameaça a direito; XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, po-
dendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdi-
Segurança jurídica: mento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídi- e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
co perfeito e a coisa julgada; transferido;

Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio ju- Individualização da pena:


rídico de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará,
ou tolhido. entre outras, as seguintes:
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e a) privação ou restrição da liberdade;
definitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente. b) perda de bens;
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen- c) multa;
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não poden- d) prestação social alternativa;
do, portanto, ser modificada.
e) suspensão ou interdição de direitos;
Tribunal de exceção:
Proibição de penas:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XLVII – não haverá penas:
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusi-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
vamente para o julgamento de um fato específico já acontecido,
do art. 84, XIX;
onde os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constitui-
b) de caráter perpétuo;
ção veda tal prática, pois todos os casos devem se submeter a
c) de trabalhos forçados;
julgamento dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas
d) de banimento;
competências pré-fixadas.
e) cruéis.
Tribunal do Júri:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organiza- Estabelecimentos para cumprimento de pena:
ção que lhe der a lei, assegurados: XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
a) a plenitude de defesa; de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos; Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con- XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade fí-
tra a vida; sica e moral;

Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroativida- Direito de permanência e amamentação dos filhos pela
de da lei penal: presidiária mulher:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena L – às presidiárias serão asseguradas condições para que
sem prévia cominação legal; possam permanecer com seus filhos durante o período de ama-
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; mentação;

Princípio da não discriminação: Extradição:


XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos di- LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturaliza-
reitos e liberdades fundamentais; do, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização,
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecen-
Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de gra- tes e drogas afins, na forma da lei;
ça e anistia: LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im- político ou de opinião;
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis Direito ao julgamento pela autoridade competente
de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entor- LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela
pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes autoridade competente;
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e
os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).

3
DIREITO CONSTITUCIONAL
Devido Processo Legal: Habeas corpus:
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sem o devido processo legal; sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Contraditório e a ampla defesa:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e Mandado de Segurança:
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou ha-
beas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
Provas ilícitas: poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por exercício de atribuições do Poder Público;
meios ilícitos; LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
Presunção de inocência: a) partido político com representação no Congresso Nacio-
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em nal;
julgado de sentença penal condenatória; b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
Identificação criminal: ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a iden-
tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regula- Mandado de Injunção:
mento). LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a fal-
ta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos di-
Ação Privada Subsidiária da Pública: reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
se esta não for intentada no prazo legal;
Habeas data:
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça: LXXII – conceder-se-á habeas data:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- a) para assegurar o conhecimento de informações relativas
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
exigirem; dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
Legalidade da prisão: por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária compe- Ação Popular:
tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria- LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
mente militar, definidos em lei; popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
Comunicabilidade da prisão: ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à famí- ônus da sucumbência;
lia do preso ou à pessoa por ele indicada;
Assistência Judiciária:
Informação ao preso: LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gra-
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado; Indenização por erro judiciário:
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
Identificação dos responsáveis pela prisão: assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; Gratuidade de serviços públicos:
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
Relaxamento da prisão ilegal: forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela au- a) o registro civil de nascimento;
toridade judiciária; b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
Garantia da liberdade provisória: data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cida-
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quan- dania (Regulamento).
do a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
Princípio da Celeridade Processual:
Prisão civil: LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon- assegurados a razoável duração do processo e os meios que ga-
sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação rantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
alimentícia e a do depositário infiel; Constitucional nº 45, de 2004).

4
DIREITO CONSTITUCIONAL
Aplicabilidade das normas de direitos e garantias funda- Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles des-
mentais: tinados a proteger a relação de trabalho contra uma profunda
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias funda- desigualdade, de modo a compatibilizar a função laboral com a
mentais têm aplicação imediata. dignidade e o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossufi-
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias fun- ciente da relação trabalhista.
damentais são autoaplicáveis.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
Rol é exemplificativo: de outros que visem à melhoria de sua condição social:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Fe- I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrá-
derativa do Brasil seja parte. ria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que pre-
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxati- verá indenização compensatória, dentre outros direitos;
vo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos
não excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de Seguro-Desemprego:
princípios constitucionais, do regime democrático, ou de trata- II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntá-
dos internacionais. rio;

Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos III – fundo de garantia do tempo de serviço;
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na-
cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos Salário mínimo:
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (In- IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifica-
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprova- do, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de
dos na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018). vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser sua vinculação para qualquer fim;
reconhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém,
somente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de Piso salarial:
seus membros em dois turnos de votação. V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade
do trabalho;
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacio-
nal: Irredutibilidadade do salário:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter- VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em conven-
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela ção ou acordo coletivo;
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal Proteção aos que percebem remuneração variável:
Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de que percebem remuneração variável;
junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004,
deu a esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é iden- Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
tificar e punir autores de crimes contra a humanidade. VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração inte-
— Direitos sociais gral ou no valor da aposentadoria;
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir
qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi- Remuneração superior por trabalho noturno:
mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
basilar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF. Proteção do salário contra retenção dolosa:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimenta- X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
ção, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, sua retenção dolosa;
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (Re- Participação nos lucros:
dação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015). XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da
Do direito ao trabalho empresa, conforme definido em lei;
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas
ordens: Salário-família:
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF; XII – salário-família pago em razão do dependente do tra-
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º balhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela
a 11, CF. Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Jornada de Trabalho: Proteção em face da automação:
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou conven- Seguro contra acidentes de trabalho:
ção coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do em-
pregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamen- quando incorrer em dolo ou culpa;
to:
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os tra-
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR): balhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda
domingos; Constitucional nº 28, de 2000).

Pagamentos de horas extras: Não discriminação:


XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
art. 59 § 1º). estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a sa-
Férias remuneradas: lário e critérios de admissão do trabalhador portador de defi-
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, ciência;
um terço a mais do que o salário normal;
Proibição de distinção do trabalho:
Licença à gestante: XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técni-
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do sa- co e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
lário, com a duração de cento e vinte dias;
Trabalho do menor:
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalu-
Licença-paternidade:
bre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de qua-
torze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
Proteção da mulher no mercado de trabalho:
de 1998).
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
• De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de apren-
incentivos específicos, nos termos da lei;
diz.
• De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
Aviso Prévio:
perigoso ou insalubre.
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo • A partir de 18 anos: Trabalho normal.
no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Igualdade ao trabalhador avulso:
Redução dos riscos do trabalho: XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com víncu-
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de lo empregatício permanente e o trabalhador avulso
normas de saúde, higiene e segurança;
Empregados domésticos:
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha-
XXIII – adicional de remuneração para as atividades peno- dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII,
sas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada
Aposentadoria: a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, prin-
XXIV – aposentadoria; cipais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas pe-
culiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
bem como a sua integração à previdência social (Redação dada
Assistência aos filhos pequenos: pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013).
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exer-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). cidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de
uma coletividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem:
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa
trabalho: dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos econômicos.
de trabalho; Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados

6
DIREITO CONSTITUCIONAL
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados Naturalização
totalmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundá-
(2017) entende que servidores que atuam diretamente na área ria da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apá-
de segurança pública não podem entrar em greve em nenhuma trida que preencher determinados requisitos.
hipótese. Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos não possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- que tem mais de uma nacionalidade.
blicos em que interesses profissionais ou previdenciários sejam A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata
objeto de discussão. de diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. naturalização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre bra-
11, CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é asse- sileiros natos e naturalizados.
gurada a eleição de um representante destes com a finalidade § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os em- natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constitui-
pregadores. ção.

— Direitos de nacionalidade Portugueses:


A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, Aos portugueses com residência permanente no país serão
que pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja
da nacionalidade se dá por dois critérios: reciprocidade.
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território
nacional; Art. 12
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
nascido no exterior. se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
critérios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elen- Constituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Re-
ca os direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois visão nº 3, de 1994).
grandes grupos: os brasileiros natos e os naturalizados.
Perda da Nacionalidade:
Art. 12 São brasileiros: § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
I - natos: que:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
seu país; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra- dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
Federativa do Brasil; estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe 3, de 1994).
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei- b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
ra competente ou venham a residir na República Federativa do ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maiori- para permanência em seu território ou para o exercício de direi-
dade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda tos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
Constitucional nº 54, de 2007). de 1994).
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra- Extradição, repatriação, deportação e expulsão
sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medi-
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; das do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na refugiada em seu território a outro Estado estrangeiro.
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter- Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um
ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona- ato de cooperação internacional que consiste na entrega de uma
lidade brasileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de pessoa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país
Revisão nº 3, de 1994). que a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Tam-
bém não será concedida extradição de estrangeiro por crime po-
Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF) lítico ou de opinião.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: Repatriação é medida administrativa consistente no pro-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; cesso de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; origem ou de cidadania, por estar impedida de permanecer em
III - de Presidente do Senado Federal; território brasileiro após determinado período.
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou es-
V - da carreira diplomática; tada irregular de estrangeiros no território nacional e a repatria-
VI - de oficial das Forças Armadas. ção ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda território nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária
Constitucional nº 23, de 1999). brasileira.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do
compulsória de migrante ou visitante do território nacional, con- Distrito Federal;
jugada com o impedimento de reingresso por prazo determina- c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
do, configurado pela prática de crimes em território brasileiro. Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julga- d) 18 anos para Vereador.
mento no exterior, prática comum na época da ditadura militar,
é vedado pela Constituição. Inelegibilidades:
— Direitos políticos A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóte-
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cida- ses de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
dão na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
o acesso à condução da coisa pública. Abrangem o poder que
qualquer cidadão tem na condução dos destinos de sua coletivi- Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do
dade, de uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou parentesco com o Presidente da República, com os Governado-
elegendo representantes junto aos poderes públicos. res de Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo na- quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao
cional é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pres- pleito.
suposto para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o
status de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
participar do processo governamental, sobretudo pelo voto. cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governa-
popular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secre- dor de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou
to, com valor igual para todos. Ademais, estabelece também os de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores
instrumentos de participação semidireta pelo povo. ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide reeleição.
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos,
é feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a Emenda
prévia à elaboração da lei. Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova chefe dos Poderes Executivos federal, estadual, distrital e muni-
ou rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou cipal. Ao contrário do sistema americano de reeleição, que per-
projeto de lei já existente. mite apenas a recondução por um período somente, no Brasil,
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população após o período de um mandato, o governante pode voltar a se
(1% do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto candidatar para o posto.
de lei que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também
podem usar deste instrumento em nível estadual e municipal. § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos): substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para
Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e um único período subsequente. (Redação dada pela Emenda
referendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de Constitucional nº 16, de 1997).
propor ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Re-
obrigatório para os maiores de dezoito anos e facultativo para os pública, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
maiores de dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
e para os maiores de setenta anos. meses antes do pleito.
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante ser-
viço militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requi-
exército e foram convocados a prestar serviço militar. sitos:
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos): condições:
Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
ser votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral da atividade;
passiva consistente na possibilidade de o cidadão pleitear de- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
terminados mandatos políticos, mediante eleição popular, desde autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
que preenchidos os devidos requisitos. ato da diplomação, para a inatividade.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
I - a nacionalidade brasileira; § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Jus-
II - o pleno exercício dos direitos políticos; tiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
III - o alistamento eleitoral; instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; corrupção ou fraude;
V - a filiação partidária; Regulamento.
VI - a idade mínima de: § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segre-
a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República do de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária
e Senador; ou de manifesta má-fé.

8
DIREITO CONSTITUCIONAL
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos e coletivos. O MP está fora da estrutura dos demais poderes da
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, República, consagrando sua total autonomia e independência
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorre- para o cumprimento de suas funções sempre em defesa dos di-
rá a perda quando houver cancelamento da naturalização por reitos, garantias e prerrogativas da sociedade.
sentença transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir Constitucionalmente, o Ministério Público abrange duas
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do grandes Instituições, sem que haja qualquer relação de hierar-
serviço militar obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direi- quia e subordinação entre elas: o Ministério Público da União,
tos políticos se dá enquanto persistirem os motivos desta, ou que compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Pú-
seja, enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo terá blico do Trabalho; o Ministério Público Militar, o Ministério Pú-
seus direitos políticos suspensos; readquirindo-a, alcançará, no- blico do Distrito Federal e Territórios; e o Ministério Público dos
vamente o status de cidadão. Também são passíveis de suspen- Estados.
são os condenados criminalmente (com sentença transitado em Os membros do Ministério Público Federal são os procura-
julgado). Cumprida a pena, readquirem os direitos políticos; no dores da República e os do Ministério Público dos Estados e do
caso de improbidade administrativa, a suspensão será, da mes- Distrito Federal são os Promotores e Procuradores de Justiça.
ma forma, temporária. São princípios institucionais do Ministério Público: a unida-
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda de, a indivisibilidade, a independência funcional e o princípio do
ou suspensão só se dará nos casos de: promotor natural. Ao Ministério Público compete a função de
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada custos legis (fiscal da lei), a defesa do patrimônio público e os di-
em julgado; reitos constitucionais do cidadão, além de ter poder investigati-
II - incapacidade civil absoluta; vo, dentre tantas outras funções de grande relevância elencadas
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto no art. 129, CF e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público
durarem seus efeitos; (Lei nº 8.625/93).
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta-
ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
da lei;
— Partidos Políticos II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos ser-
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia viços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Cons-
e interesses comuns, com a finalidade de exercer o poder a par- tituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
tir da vontade popular, determinando o governo e a orientação III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
política nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
pessoas jurídicas de direito privado, constituídas na forma da lei outros interesses difusos e coletivos;
civil, perante o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou represen-
de imunidade e autonomia para gerir sua organização interna. tação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da previstos nesta Constituição;
República, e diferente de outras nações aqui não foi instituído V - defender judicialmente os direitos e interesses das popu-
o dualismo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). lações indígenas;
Os partidos políticos têm liberdade de organização partidária, VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos
sendo livres a criação, fusão, incorporação e a sua extinção, de sua competência, requisitando informações e documentos
observados o caráter nacional, a proibição de subordinação e para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
recebimento de recursos financeiros de entidades ou governo VII - exercer o controle externo da atividade policial, na for-
estrangeiros, a vedação da utilização de organização paramilitar, ma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
além do dever de prestar contas à Justiça Eleitoral e do funcio- VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração
namento parlamentar de acordo com a lei. de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são manifestações processuais;
permitidas. IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re- que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a repre-
gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces- sentação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral. § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas
por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
Para a efetiva a prestação jurisdicional não basta que exis- respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição (Re-
tam os juízes e tribunais. O acesso à Justiça só é possível graças dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
a algumas funções essenciais: o Ministério Público, a Advocacia § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á
Pública, a Advocacia e a Defensoria Pública. mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realiza-
— Ministério público ção, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
O Ministério Público é instituição permanente e essencial ao atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de
Judiciário, atuando como custus legis – fiscal da lei, na defesa da classificação.   
ordem jurídica, regime democrático e dos interesses individuais

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DIREITO CONSTITUCIONAL
— Advocacia pública § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas au-
A Advocacia Pública é a instituição que representa a União, tonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta
judicial e extrajudicialmente, que, assim como todo ente jurídi- orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
co, tem seus problemas e interesses, que precisam ser defen- orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º (In-
didos perante o Poder Público. Assim, é a Advocacia-Geral da cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
União, chefiada por um Advogado-Geral da União, de livre no- § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da
meação pelo Presidente da República, entre cidadãos maiores União e do Distrito Federal (Incluído pela Emenda Constitucional
de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ili- nº 74, de 2013).
bada e integrada por muitos advogados que atuam vinculados e § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a
subordinados à defesa dos interesses da nação. unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplican-
É importante não confundir a Advocacia Pública com ad- do-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso
vocacia gratuita ou Assistência Judiciária. A assessoria jurídica II do art. 96 desta Constituição Federal (Incluído pela Emenda
prestada gratuitamente ao cidadão se dá pela Defensoria Pública Constitucional nº 80, de 2014).
ou por órgãos de assistência judiciária, normalmente municipais,
que contratam profissionais para tal fim, ou ainda, por nomea-
ção de advogados dativos feita pelos Tribunais. Também não se EXERCÍCIOS
pode confundir Procuradores do Estado com Procuradores de
Justiça ou Procuradores da República, que não são advogados, 1. (ADVISE – 2021) Após a aula de Direito Constitucional,
mas sim membros do Ministério Público Estadual e Federal. Samira, estudante do 4º período do curso de direito da Universi-
dade Kappa Beta, estava em dúvida sobre a definição dos princí-
— Defensoria Pública pios fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988. A
Função essencial individualizada da advocacia pela Emen- principal dúvida de Samira, dizia respeito à classificação consti-
da Constitucional nº 80/2014, a Defensoria Pública é instituição tucional do que dispõe a Constituição ao prever a expressão “ga-
permanente do Estado, que também tem como finalidade pri- rantir o desenvolvimento nacional”. Dessa forma, buscou auxílio
mordial a orientação jurídica e a defesa do cidadão em todos os com a professora Roberta, que prontamente lhe explicou que a
graus, caracteriza-se por garantir o acesso à justiça aos mais ne- garantia do desenvolvimento nacional, constitui:
cessitados. Possui autonomia funcional e administrativa, compe- (A) Um dos objetivos fundamentais da República Federativa
tindo-lhe a promoção dos direitos humanos, a defesa, em todos do Brasil.
os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coleti- (B) Um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
vos e a orientação jurídica dos cidadãos que não possuem recur- (C) Um dos princípios que rege a República Federativa do
sos financeiros suficientes para a contratação de um advogado Brasil nas relações internacionais.
particular. A independência funcional no desempenho de suas (D) Um dos princípios econômicos da Constituição.
atribuições, a inamovibilidade, a irredutibilidade de vencimen- (E) Um dos preceitos tributários.
tos e a estabilidade são também garantias dos defensores públi-
cos. São princípios institucionais da Defensoria Pública a unida- 2. (AVANÇA SP – 2021) De acordo com o artigo 1° da Consti-
de, a indivisibilidade e a independência funcional. O ingresso na tuição Federal, são fundamentos da República, EXCETO:
carreira de defensor também deve se dar por concurso público. (A) dignidade da pessoa jurídica.
Diante da omissão constitucional sobre a necessidade de o (B) cidadania.
defensor público continuar inscrito nos quadros da OAB, dada a (C) pluralismo político.
similitude das atividades da Defensoria Pública com a advocacia, (D) soberania.
se discute nos Tribunais superiores a obrigatoriedade da inscri- (E) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
ção na OAB para os defensores públicos.
3. (ALTERNATIVE CONCURSOS – 2021) De acordo com a
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, es- Constituição Federal de 1988, assinale a opção que contém a
sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como afirmação INCORRETA:
expressão e instrumento do regime democrático, fundamental- (A) A República Federativa do Brasil, formada pela união in-
mente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos neces- fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignida-
sitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição de da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e
Federal (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de da livre iniciativa; V - o pluralismo político.
2014). (B) São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da tre si, apenas o Executivo e o Judiciário.
União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá nor- (C) Constituem objetivos fundamentais da República Federa-
mas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de tiva do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e soli-
carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público dária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar
de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades so-
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atri- ciais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem precon-
buições institucionais (Renumerado pela Emenda Constitucional ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
nº 45, de 2004). formas de discriminação.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, ( ) Uma análise sistemática do texto constitucional faz ver
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a que um grande número de dispositivos constitucionais palmi-
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a lhou claramente o caminho do chamado estado do bem-estar
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. social, clarificando a intenção constitucional de evitar as desi-
(E) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos gualdades sociais que poderiam advir da consagração apenas da
Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub- livre iniciativa como princípio fundamental, sem compatibilizá-la
vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com os valores sociais do trabalho.
com eles ou seus representantes relações de dependência ( ) Consagrou-se, ainda, o princípio do pluralismo político,
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de in- segundo o qual devem ser compatibilizadas as opiniões políticas
teresse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III divergentes, para a melhor gestão do Estado Brasileiro, impedin-
- criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. do, entretanto, que o exercício do poder venha a ser exercido de
forma direta. A sequência está correta em:
4. (CESPE / CEBRASPE – 2021) Julgue o item a seguir, a res-
peito das normas constitucionais de eficácia plena, contida e li- (A) V, V, F.
mitada. (B) V, F, V.
Em se tratando de normas constitucionais de eficácia limi- (C) F, V, V.
tada, o legislador constituinte fixa rol restritivo para a atuação (D) V, V, V.
discricionária do poder público; seus efeitos são diretos e ime-
diatos, como é o caso do habeas corpus e do habeas data. 8. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Ao tratar dos princípios funda-
( ) CERTO mentais, a CF estabelece, em seu art. 1.º,
( ) ERRADO (A) a forma republicana de Estado, cláusula pétrea expressa,
caracterizada pela eletividade, temporariedade e responsa-
5. (NC-UFPR – 2021) Sobre a classificação das constituições bilidade do governante.
e das normas constitucionais, assinale a alternativa correta. (B) a forma republicana de governo, caracterizada pela eleti-
vidade, temporariedade e responsabilidade do governante.
(A) A vedação à censura prévia para a liberdade de expres-
(C) a forma federativa de Estado, cláusula pétrea implícita,
são confirma que as normas que expressam vedações e proi-
caracterizada pela tripartição dos poderes da União.
bições podem ser consideradas normas de eficácia imediata.
(D) a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista
(B) São consideradas formalmente constitucionais as dispo-
de governo.
sições que regulam o exercício das funções políticas, a estru-
(E) a forma republicana de governo e a forma federativa de
turação do sistema de governo e da federação, e os direitos
Estado, cláusulas pétreas expressas.
fundamentais.
(C) As constituições dirigentes correspondem a um ideal de
9. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa que apresenta um
Constituição típico do constitucionalismo liberal que pres-
dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil,
creve um Estado mínimo. segundo a Constituição Federal de 1988:
(D) As constituições garantias são a expressão de um consti- (A) Valorizar o trabalho e a livre iniciativa
tucionalismo social que defende a Constituição como forma (B) Defender o pluralismo político
de garantia dos direitos sociais e de um Estado interventor. (C) Garantir o desenvolvimento nacional
(E) São consideradas normas materialmente constitucionais (D) Permitir o exercício da cidadania
as disposições que estão escritas na Constituição, não im-
portando o seu tema e sua relevância para a comunidade 10. (IESES – 2019) Marque a alternativa INCORRETA sobre os
política. princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988:
(A) Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
6. (QUADRIX – 2021) Julgue o item no que diz respeito aos representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Cons-
princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988. tituição Federativa da República do Brasil de 1988.
A partir de meados do século XX, um novo direito constitu- (B) A República Federativa do Brasil, formada pela união in-
cional passou a reconhecer a força normativa dos princípios, en- dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
xergando‐os como as principais normas a veicular a supremacia constitui-se em Estado democrático de direito.
axiológica da Constituição. (C) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre
( ) CERTO si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Ministério Público.
( ) ERRADO (D) A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América
7. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2020) Considerando os princí- Latina, visando à formação de uma comunidade latino-ame-
pios fundamentais do Estado Brasileiro, segundo a Constituição ricana de nações.
da República Federativa do Brasil, marque V para as afirmativas
verdadeiras e F para as falsas. 11. (CESPE / CEBRASPE – 2021) A respeito dos direitos e de-
( ) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 veres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de
é, em toda a história constitucional brasileira, a mais preocu- 1988 (CF), julgue o item a seguir.
pada com a tutela dos direitos humanos, o que fica nítido pela São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e
escolha dos princípios fundamentais do Estado, quais sejam: a terrorismo, bem como a ação de grupos armados contra a ordem
cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do constitucional e o Estado democrático.
trabalho postos juntamente com a livre iniciativa. ( ) CERTO
( ) ERRADO

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DIREITO CONSTITUCIONAL
12. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Fede- (D) jornada de oito horas para o trabalho realizado em tur-
ral, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coleti-
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi- va.
dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à (E) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos, com a duração de 180 (cento e oitenta) dias.
entre outros:
I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, 16. (FGV – 2021) Ingrid nasceu no território da Bélgica à épo-
científica e de comunicação, independentemente de censura ou ca em que seu pai, brasileiro, ali atuava em uma indústria priva-
licença. da de conectores eletrônicos. Sua mãe era belga. Considerando
II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguarda- que Ingrid foi registrada apenas perante o órgão competente
do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. belga, não perante uma repartição brasileira, ela é considerada:
III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da corres- (A) estrangeira, somente lhe restando a opção de se natura-
pondência e das comunicações telefônicas, uma vez que, poderá lizar brasileira, na forma da lei;
ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual (B) brasileira nata, já que seu pai era brasileiro e se encon-
penal e, nos casos de investigação criminal, por determinação do trava em território belga a trabalho;
delegado responsável pela investigação. (C) brasileira nata, pois a ordem constitucional brasileira
adota, em caráter conjunto, os modelos do jus soli e do jus
Está(ão) CORRETO(S): sanguinis;
(A) Somente o item I. (D) estrangeira, mas, caso venha a residir no território bra-
(B) Somente o item II. sileiro e opte, a qualquer tempo, após atingir a maioridade,
(C) Somente os itens I e III. pela nacionalidade brasileira, adquiri-la-á em caráter nato;
(D) Somente os itens II e III. (E) estrangeira, mas pode adquirir a nacionalidade brasi-
(E) Todos os itens. leira, em caráter nato, caso o requeira, em território belga,
perante repartição consular brasileira, no ano seguinte à
13. (FUNDATEC – 2021) Conforme o Art. 5º da Constituição maioridade.
da República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa
INCORRETA. 17. (VUNESP – 2021) É um cargo público privativo de brasi-
(A) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o leiro nato:
anonimato.
(A) de Procurador Geral da República.
(B) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra-
(B) de Ministro do Tribunal de Contas da União.
vo, além da indenização por dano material, moral ou à ima-
(C) de Presidente da Câmara dos Deputados.
gem.
(D) de Presidente do Superior Tribunal de Justiça.
(C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
(E) de Senador da República.
são, independentemente das qualificações profissionais que
a lei estabelecer.
18. (CESPE / CEBRASPE – 2021) Com base no disposto na
(D) É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis-
Constituição Federal, julgue os seguintes itens, relativos a direi-
tência religiosa nas entidades civis e militares de internação
tos políticos e partidos políticos.
coletiva.
(E) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada I Direito político passivo corresponde ao direito do eleitor
a de caráter paramilitar. de votar.
II O cancelamento da naturalização por sentença transitada
14. (FGV – 2021) Conforme disposto na Constituição Federal em julgado implica perda dos direitos políticos.
é direito dos trabalhadores urbanos e rurais o décimo terceiro III Em se tratando de eleições proporcionais, o mandato per-
salário, que será baseado: tence ao candidato eleito, e não ao partido político sob cuja le-
(A) na remuneração integral ou no valor da aposentadoria. genda o candidato disputou o processo eleitoral.
(B) no valor suplementar do bônus de participação do lucro.
(C) na alíquota de encargos previdenciários do período vi- Assinale a opção correta.
gente. (A) Apenas o item I está certo.
(D) no maior salário mínimo do país ou conforme for estipu- (B) Apenas o item II está certo.
lado no estatuto da empresa. (C) Apenas os itens I e III estão certos.
(E) no salário completo ou no valor pago de imposto sobre a (D) Apenas os itens II e III estão certos.
renda retido na fonte. (E) Todos os itens estão certos.

15. (VUNESP – 2021) É um dos direitos constitucionais dos 19. (FUNDEP – 2021) De acordo com a Constituição da Re-
trabalhadores urbanos e rurais: pública Federativa do Brasil, encontra-se entre as condições de
(A) relação de emprego protegida contra despedida arbitrá- elegibilidade a idade mínima de
ria com ou sem justa causa, nos termos de lei complemen- (A) trinta anos para Presidente e Vice-Presidente da Repú-
tar, que preverá indenização compensatória. blica e Senador.
(B) participação nos lucros, ou resultados, vinculada à últi- (B) vinte e um anos para Governador e Vice-Governador de
ma remuneração do trabalhador. estado e do Distrito Federal.
(C) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o (C) dezoito anos para Deputado Federal e Deputado Esta-
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré- dual ou Distrital.
-escolas. (D) dezoito anos para Vereador.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
20. (IBGP – 2021) O voto é facultativo para brasileiros com: (C) Leis ordinárias da União e dos Estados, cuja iniciativa é
(A) 18 anos. facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelece-
(B) 20 anos. rão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Minis-
(C) 16 anos. tério Público.
(D) 19 anos. (D) É garantido ao membro do Ministério Público a vitali-
ciedade, após três anos de exercício, não podendo perder
21. (FUNDEP – 2021) De acordo com a Constituição da Re- o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado.
pública de 1988, não representa uma das funções essenciais à (E) É vedado ao membro do Ministério Público exercer a ad-
Justiça: vocacia.
(A) Tribunal de Contas.
(B) Ministério Público. 25. (MPE-GO – 2019) São funções institucionais do Ministé-
(C) Defensoria Pública. rio Público, EXCETO:
(D) Advocacia Pública. (A) Promover, privativamente, a ação penal pública, na for-
ma da lei.
22. (MPE-GO – 2021) Nos termos do artigo 129 da Carta da (B) Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
República, são funções institucionais do Ministério Público, ex- serviços de relevância pública aos direitos assegurados nes-
ceto: ta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua
(A) promover, privativamente, a ação penal pública, na for- garantia.
ma da lei; bem como zelar pelo efetivo respeito dos Poderes (C) Defender judicialmente os direitos e interesses das po-
Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos pulações ribeirinhas.
assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas (D) Requisitar diligências investigatórias e a instauração de
necessárias a sua garantia; inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
(B) promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a suas manifestações processuais.
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente (E) Exercer outras funções que lhe forem conferidas, des-
de que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
e de outros interesses difusos e coletivos;
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
(C) promover a ação de inconstitucionalidade ou represen-
públicas.
tação para fins de intervenção somente dos Municípios, nos
casos previstos nesta Constituição; bem como defender judi-
26. (CESPE/CEBRASPE – 2019) Com base nas normas consti-
cialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
tucionais que versem sobre as funções essenciais à justiça, assi-
(D) expedir notificações nos procedimentos administrativos
nale a opção correta.
de sua competência, requisitando informações e documen-
(A) A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional integra o Mi-
tos para instruí-los, na forma da lei complementar respec-
nistério Público Federal.
tiva; bem como requisitar diligências investigatórias e a
(B) Incumbe à Advocacia Geral da União representar a União,
instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos judicial e extrajudicialmente.
jurídicos de suas manifestações processuais; (C) A Defensoria Pública da União faz parte do Conselho Na-
cional do Ministério Público.
23. (IBADE – 2021) Conforme a Constituição da República (D) Aos membros da Defensoria Pública e aos integrantes da
Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa CORRETA. Advocacia Geral da União são asseguradas as prerrogativas
(A) É facultativo aos presos o respeito à integridade física e constitucionais da inamovibilidade e da vitaliciedade.
moral (Art. 5º, inciso XLIX) (E) A autonomia administrativa é garantida constitucional-
(B) O advogado é indispensável à administração da justiça, mente ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advo-
sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício cacia Pública.
da profissão, nos limites da lei (Art. 133)
(C) A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera- 27. (IBFC – 2019) Dentre as funções essenciais à Justiça en-
cional e patrimonial da União será exercida pelas Câmaras contra-se a Advocacia Pública. Sobre o assunto, assinale a alter-
Municipais (Art. 70) nativa que represente corretamente a instituição da Advocacia-
(D) A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial -Geral da União:
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa (A) É instituição permanente, essencial à função jurisdicional
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento
sociais e individuais indisponíveis (Art. 127) do regime democrático, fundamentalmente, a orientação ju-
(E) É obrigatório ao servidor público civil integrar associação rídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em to-
sindical (Art. 37, inciso VI) dos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais
e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados
24. (MPE-GO – 2019) Ainda sobre o Ministério Público, é (B) É a instituição que, diretamente ou através de órgão vin-
CORRETO afirmar que: culado, representa a União, judicial e extrajudicialmente,
(A) O Ministério Público da União compreende o Ministério cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
Público Federal, o Ministério Público do Trabalho e o Minis- sobre sua organização e funcionamento, as atividades de
tério Público do Distrito Federal e Territórios. consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo
(B) O Ministério Público Militar integra a Justiça Militar, sen- (C) É instituição permanente, essencial à função jurisdicio-
do que seus membros são nomeados pelo Presidente da nal do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
República depois de aprovadas as indicações pelo Senado do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
Federal. indisponíveis

13
DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) É a instituição que tem por chefe o Procurador-Geral da
República, nomeado pelo Presidente da República dentre in- GABARITO
tegrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros
do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a 1 A
recondução.
2 A
28. (FGV – 2019) Adélia praticou uma infração penal e, após 3 B
amplas investigações, a instituição com atribuição constitucional
4 ERRADO
ajuizou uma ação penal em face dela.
5 A
Essa instituição é: 6 CERTO
(A) o Ministério Público;
(B) a Defensoria Pública; 7 A
(C) a Procuradoria-Geral do Estado; 8 B
(D) a Polícia Judiciária; 9 C
(E) o Poder Judiciário.
10 C
29. (CESPE/CEBRASPE – 2019) De acordo com a Constituição 11 ERRADO
Federal de 1988, exercem função essencial à justiça
12 B
(A) os órgãos integrantes do sistema de controle interno.
(B) os tribunais de contas estaduais. 13 C
(C) as procuradorias dos estados. 14 A
(D) os juízes de paz.
15 C
(E) os órgãos da administração fazendária.
16 D
30. (PC-ES – 2019) A Constituição define dentre as funções 17 C
essenciais à justiça a existência do Ministério Público, da Advo-
cacia Pública, da Advocacia e da Defensoria Pública. Seguem-se 18 B
cinco afirmações sobre os órgãos citados: 19 D
I – É vedado a seus membros receber, saldo em casos excep-
20 C
cionais, honorários, percentagens ou custas processuais;
II – O Advogado Geral da União representa a União na exe- 21 A
cução da dívida ativa de natureza tributária; 22 C
III – O advogado é dispensável à administração da justiça,
23 B
sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
profissão, mesmo que fora dos limites da lei; 24 E
IV – A defesa dos direitos individuais e coletivos, de forma 25 C
integral e gratuita, aos necessitados, em todos os graus e apenas
no âmbito judicial, incumbe à Defensoria Pública; 26 B
V – A destituição do Procurador-Geral da República, por ini- 27 B
ciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de au- 28 A
torização da maioria absoluta do Senado Federal.
29 C
Marque a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) corre- 30 C
ta(s) com relação aos órgãos citados do enunciado.
(A) Quatro delas: II, III, IV e V.
(B) Quatro delas: I, II, III e IV.
(C) Apenas a V.
(D) Apenas a III.
ANOTAÇÕES

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14
DIREITO PENAL
1. Código Penal: Crimes contra a Administração Pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
DIREITO PENAL
Sujeito passivo
CÓDIGO PENAL: CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capítu-
PÚBLICA lo do Código Penal, trata-se do Estado e do particular prejudicado.

Dos crimes contra a administração pública Peculato Impróprio ou Peculato Furto (Art. 312, § 1º, CP)
A diferença entre este caso e o Peculato Próprio, é que aqui,
Dos crimes praticados por funcionário público contra a admi- apesar do funcionário público valer-se de seu cargo para subtrair
nistração em geral ou concorrer para que o bem se subtraia, ele não retém a posse
desse bem.
Peculato – Art. 312
Peculato Culposo (Art. 312, § 2º, CP)
O Título XI, Capítulo I do Código Penal refere-se aos crimes pró- Ocorre quando, de forma culposa (por negligência, imprudên-
prios de funcionários públicos contra a Administração em geral. cia ou imperícia), apesar de não possuir vontade para que se ocorra
No caso, particulares podem participar dos mesmos apenas a subtração ou apropriação do bem, o funcionário público cria uma
como coautores, caso concorram de qualquer modo para realização oportunidade para que um outro funcionário público ou um tercei-
de um desses crimes. ro pratique o crime.
Tais crimes são denominados de crimes funcionais, já que são
praticados por pessoas que se dedicam à realização das funções ou Peculato mediante erro de outrem - Art. 313
atividades estatais, exigindo a qualidade do sujeito ativo, como fun-
cionário público e a intenção de dolo. Também são denominados Este crime também é chamado de Peculato Estelionato, onde o
como crimes de responsabilidade. funcionário público, no exercício de seu cargo, se apropria de bens
Lembrando que o conceito de funcionário público para efeitos ou valores que recebeu de outrem, mediante erro.
penais encontra-se disposto no Art. 327 do CP.
Inserção de dados falsos em sistema de informações - Art.
Crimes Funcionais 313-A e Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
Dividem-se em: informações - Art. 313-B

→ Crime Funcional Próprio: para a caracterização do crime é É a principal diferença entre esses dois crimes, conhecidos
indispensável que o mesmo seja realizado por funcionário público como Peculato via informática, o fato do funcionário público, no
(função de cargo público). Exemplo: Crime de Prevaricação, previsto caso do Art. 313-A, ser autorizado para o exercício daquela função,
no Art. 319 do CP, se este crime não for praticado por funcionário onde aproveita-se para cometer o crime.
público, será inexistente, pois o fato torna-se irrelevante. Exemplo: o funcionário público autorizado a preencher o painel
eletrônico do Congresso Nacional, viola o mesmo e altera o cômpu-
→ Crime Funcional Impróprio: o sujeito ativo destes crimes é to dos votos dos parlamentares.
funcionário público, assim, eles recebem uma denominação espe- Já no caso do Art. 313-B, o funcionário público não possui au-
cífica pelo exercício da função. Porém, se tais crimes forem cometi- torização ou solicitação de autoridade competente para realização
dos por particulares, sem investimento de cargo público, receberão da atividade onde cometeu o crime.
outra denominação.
Exemplo: Crime de Peculato (Art. 312 do CP), quando não pra- Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento -
ticado por funcionário público no exercício de sua função, recebe a Art. 314
denominação de Apropriação Indébita (Art. 168 do CP).
No caso exemplificado acima, ambos crimes se caracterizam A ação física deste crime divide-se em três hipóteses:
pela apropriação de coisa alheia, sendo a Apropriação Indébita, cri- → Extraviar, ou seja, mudar o destino ou o fim, para onde o
me comum, praticado por qualquer pessoa, enquanto o Peculato, livro ou documento público deveria ser encaminhado;
trata-se de crime próprio, praticado apenas por funcionário público. → Sonegar, ou seja, não apresentar o livro ou documento pú-
blico no local devido, cometendo sua ocultação intelectual ou frau-
Peculato Próprio (Art. 312 CP) dulenta;
Cometerá o crime de Peculato, o funcionário público que, apro- → Inutilizar, ou seja, tornar o livro ou documento público im-
priar-se (para ele mesmo, ou desviar para outra pessoa), dinheiro prestável, estraga-lo, arruína-lo, seja no todo ou parcialmente.
ou qualquer outro bem, que recebeu em razão de seu cargo públi-
co. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - Art. 315
Neste caso, o funcionário público tem a posse, ou seja, o bem
específico encontra-se em suas mãos, de modo que, dolosamente, Neste crime, ao invés de ocorrer a destinação das verbas ou
ele transforma tal posse em domínio, para si mesmo ou para ou- rendas públicas, aos entes públicos determinados, ocorre um des-
trem, dando assim, ao objeto material, destinação diversa da que vio daquelas, dentro da própria administração, de modo que as
lhe foi confiada. mesmas se destinam para local diverso do previsto.

Sujeito ativo Concussão – Art. 316


Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capí-
tulo do Código Penal, trata-se do funcionário público, sendo cabível Este crime também é conhecido como extorsão praticada por
apenas a participação de pessoas que não o sejam. funcionário público no exercício de sua função, ou a pretexto da
mesma.

1
DIREITO PENAL
Ele ocorre quando o funcionário público exige, seja para si ção, recebimento de comissão legal, vantagem funcional na carrei-
mesmo ou para outrem, uma vantagem indevida de alguém, apro- ra, proteção de um direito seu, seja na vida particular, familiar ou de
veitando-se do cargo ou função que exerça para formular esta exi- amizade, etc.), indevidamente pratica, retarda ou deixa de praticar,
gência. algum ato de seu ofício, contrariamente a uma expressa disposição
Neste caso, mesmo que o funcionário público não esteja pre- de lei.
sente naquele momento no exercício de sua função, ou até mesmo É importante observarmos que se o funcionário público agir ce-
ainda não a tenha assumido, caso a exigência de vantagem indevida dendo a pedido de outrem e impelido por promessa de vantagem
tenha sido em razão desta função, já se configura o crime de con- indevida, ele cometerá o crime de Corrupção Passiva.
cussão.
A diferença entre os crimes de Concussão e Extorsão, é que Condescendência criminosa - Art. 320
apesar de ambos serem caracterizados pela exigência da vantagem
indevida, a Concussão trata-se de crime próprio, apenas podendo Condescendência refere-se à aceitação, conivência, indulgên-
ser praticada por funcionário público. cia, ou seja, consiste no superior hierárquico, prover-se de senti-
mento de pena, e a partir deste sentimento, omitir determinado
Corrupção Passiva – Art. 317 ato, que configurou um delito de seu subordinado, com a finalidade
de se evitar a punição do mesmo. Seria o vulgo “coleguismo” ou
Da mesma forma que o crime de Concussão seria a Extorsão “apadrinhamento”.
praticada por funcionário público no exercício da sua função, a Cor-
É importante se atentar ao fato de que o crime de Condescen-
rupção seria o Rufianismo (Art. 230 CP) praticado pelo mesmo.
dência é muito parecido com o crime de Prevaricação. Na verdade,
Para a caracterização do crime de Corrupção Passiva não é
este seria uma forma especial do outro, pois aqui também há uma
necessário que o funcionário público receba a vantagem indevida,
omissão (deixar de praticar) algo, com o objetivo de atender a um
bastando apenas solicitar a mesma. sentimento pessoal (indulgência, piedade, condescendência, etc.).
Aqui também não faz diferença se aquilo solicitado ou recebido
seja uma vantagem indevida, mas já é suficiente a simples aceitação Advocacia administrativa – Art. 321
da promessa de vantagem pelo servidor para a caracterização do
crime. A partir da análise doutrinária, pode-se verificar que a conduta
Há uma sutil diferença entre os crimes de Concussão e Corrup- praticada pelo agente, apta a configurar o crime de advocacia admi-
ção Passiva. Se há exigência, há Concussão, porém, se há simples nistrativa, não consiste em uma atividade de “advogado”, tal como
solicitação, há Corrupção Passiva. o termo “advocacia administrativa” em um primeiro momento su-
gere, mas sim em um ato de funcionário público que “advoga”, ou
Diferença entre Corrupção Passiva e Corrupção Ativa seja, patrocina, pleiteia em favor de outrem, valendo-se de sua con-
A Corrupção Passiva é um crime praticado por funcionário pú- dição, de funcionário público, em interesse de terceiro particular.
blico, onde o mesmo solicita ou recebe vantagem indevida de al- A conduta típica vem expressa pelo verbo “patrocinar”, que sig-
guém; nifica advogar, proteger, beneficiar, favorecer, defender. O agente
Já a Corrupção Ativa (Art. 333 CP), é um crime praticado por deve valer-se das facilidades que a qualidade de funcionário público
particular contra a administração, consistindo na oferta ou promes- lhe proporciona.
sa de vantagem indevida deste particular ao servidor público, para O patrocínio pode ser direto, quando o funcionário público
determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. pessoalmente advoga os interesses privados perante a Administra-
Em outras palavras, seria o suborno do funcionário público. ção Pública, ou indireto, quando o funcionário se vale de interposta
pessoa para a defesa dos interesses privados perante a Administra-
Facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318 ção Pública.
“Interesse privado” é qualquer vantagem a ser obtida pelo par-
Trata-se de crime próprio de funcionário público, que em sua ticular, legítima ou ilegítima, perante a Administração. Se o interes-
função, facilita a prática de contrabando ou descaminho. se for ilegítimo, a pena será maior.
Entretanto, prevalece na doutrina e na jurisprudência o en-
tendimento de que somente caracteriza o delito o patrocínio, pelo
→ Contrabando refere-se a entrada ou saída de produtos no
funcionário público, de interesse “alheio” perante a administração.
País, cuja comercialização dos mesmos não é permitida, ou seja,
Caso o interesse seja “próprio” do funcionário, não estará configu-
refere-se à importação ou exportação de mercadorias ilegais e proi-
rado o delito, podendo ocorrer mera infração funcional.
bidas.
→ Descaminho refere-se a comercialização permitida de pro- Violência arbitrária – Art. 322
dutos, no entanto, estes adentram o País de forma ilegal, com a
finalidade do não pagamento dos impostos devidos. O tipo penal que compõe o crime de violência arbitrária tutela
o bem jurídico Administração Pública, sobretudo no que diz respei-
Prevaricação – Art. 319 to à moralidade do serviço, bem como o bem jurídico, integridade
física.
Este crime consiste em praticar, ou deixar de praticar, indevi- O objeto material do delito será o administrado, submetido ao
damente, ato de ofício, ou praticar o mesmo contra disposição ex- poder estatal, contra o qual é praticada a violência ilegal perpetrada
pressa em lei, para a satisfação de interesse ou sentimento pessoal. pelo funcionário público.
O crime de Prevaricação é um crime demasiadamente come- Como núcleo do crime, temos o verbo praticar que é sinônimo
tido no funcionalismo público, verificando-se quando o funcioná- de exercer ou cometer. A violência, por sua vez, deve ser entendida
rio público, por qualquer sentimento pessoal (inveja, ciúmes, ódio, somente como a vis corporalis, abrangendo vias de fato, lesão cor-
amor, pena, etc.), ou para satisfazer seu interesse pessoal (promo- poral ou homicídio.

2
DIREITO PENAL
O emprego da violência deve ser arbitrário, não se englobando Por revogação tácita designa-se a eliminação da vigência de
situações, como por exemplo, de legitima defesa ou estrito cumpri- uma norma por apresentar-se incompatível com outra norma pos-
mento do dever legal. terior, em um determinado caso concreto. Assim, a revogação tácita
ocorre quando o aplicador constata que disposições contraditórias
Abandono de função – Art. 323 foram publicadas em momentos diferentes.
Desse modo, esta revogação tem lugar quando normas suces-
O crime de Abandono de função trata-se de crime contra a Ad- sivas no tempo apresentam contradição uma em relação à outra.
ministração Pública que se configura quando o funcionário público Para resolver o conflito, emprega-se o chamado critério cronológico
se afasta do seu cargo por tempo juridicamente relevante, colocan- (critério da lex posterior).
do em risco a regularidade dos serviços prestados. Conforme dispõe a LINDB, art. 2º, deve-se entender que a nor-
ma anterior foi revogada pela posterior, ainda que não expressa
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado – (descrita no tipo literal) esta revogação.
Art. 324
Funcionário público – Art. 327
Este crime pode ser tipificado por dois verbos: entrar ou con-
tinuar. São considerados funcionários públicos, para fins penais, quem
O verbo entrar no exercício, significa iniciar o desempenho de exerce cargo, emprego ou função pública.
determinada atividade pública antes mesmo de satisfeitas as exi-
gências legais, ou seja, antes da investidura (nomeação, posse) legal Cargos públicos: são as mais simples e indivisíveis unidades de
competência a serem expressadas por um agente, previstas em um
do cargo de funcionário público.
número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas
Já o verbo continuar a exercê-la, significa prosseguir no desem-
jurídicas de direito público e criadas por lei;
penho de determinada atividade, sem autorização, depois do fun-
cionário público ser oficialmente notificado de que foi exonerado,
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho a se-
removido, substituído ou suspenso daquele cargo. rem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los,
sob relação trabalhista. O regime jurídico é o trabalhista (contratu-
Violação de sigilo funcional – Art. 325 al), embora pontualmente derrogado por normas de direito públi-
co, sobretudo as que diretamente constam do texto constitucional.
O crime de Violação de sigilo funcional ocorre quando um fun- É a forma de contratação própria das pessoas jurídicas de direito
cionário público revela fato de que tem ciência em razão do cargo e privado;
que deva permanecer em segredo, ou facilita a sua revelação.
A conduta caracteriza-se quando o funcionário público revela Funções públicas: são as funções de confiança e as exercidas
o sigilo funcional de forma intencional (este crime não admite a pelos agentes públicos contratados por tempo determinado para
forma culposa), dando ciência de seu teor a terceiro, por escrito, atender à necessidade temporária de excepcional interesse público.
verbalmente, mostrando documentos, etc. Importante ressaltar que, ainda que a função pública seja exer-
A conduta de facilitar a divulgação do segredo, também deno- cida transitoriamente e sem remuneração, poderá o agente ser con-
minada divulgação indireta, dá-se quando o funcionário público, siderado funcionário público para fins penais. Por isso, jurados e
querendo que o fato chegue a conhecimento de terceiro, adota de- mesários eleitorais não estão afastados do conceito.
terminado procedimento que torna a descoberta acessível a outras
pessoas. Segue abaixo os dispositivos legais do Código Penal referentes
A Lei nº 9.983/2000 criou no § 1º do artigo 325 algumas in- ao presente tópico:
frações penais equiparadas, punindo com as mesmas penas do
“caput” quem: TÍTULO XI
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pesso- CAPÍTULO I
as não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da DOS CRIMES PRATICADOS
Administração Pública; POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
O § 2º estabelece uma qualificadora, prevendo pena de reclu-
Peculato
são, de dois a seis anos, e multa, se da ação ou omissão resultar
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-
dano à Administração ou a terceiro.
lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
Violação do sigilo de proposta de concorrência – Art. 326 alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Quanto ao crime de Violação do sigilo de proposta de concor- § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora
rência, devemos nos atentar ao fato de que, com o advento da Lei não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre
n° 8.666/93 (Lei de Licitações), o mesmo foi tacitamente revogado para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
por seu art. 94: de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedi-
mento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Peculato culposo
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

3
DIREITO PENAL
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
posterior, reduz de metade a pena imposta. qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
Peculato mediante erro de outrem de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in-
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, fluência de outrem:
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Inserção de dados falsos em sistema de informações Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser- de contrabando ou descaminho (art. 334):
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra-
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para Prevaricação
outrem ou para causar dano: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa-
zer interesse ou sentimento pessoal:
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
mações Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente públi-
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor- co, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho tele-
mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação fônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
de autoridade competente: presos ou com o ambiente externo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi- Condescendência criminosa
nistração Pública ou para o administrado. Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa-
bilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que autoridade competente:
tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui Advocacia administrativa
crime mais grave. Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de fun-
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas cionário:
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
estabelecida em lei: Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Concussão Violência arbitrária


Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen- Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretex-
te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão to de exercê-la:
dela, vantagem indevida: Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação respondente à violência.
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Abandono de função
Excesso de exação Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que em lei:
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na co- Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
brança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou- § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-
trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públi- teira:
cos: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Corrupção passiva Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa-
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori-
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal substituído ou suspenso:
vantagem: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

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DIREITO PENAL
Violação de sigilo funcional 2. (TJ/RS – OFICIAL DE JUSTIÇA – FGV/2020) Ao receber a in-
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e timação para efetuar pagamento decorrente de condenação judi-
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: cial, o réu, pessoa de baixa instrução, entrega o valor pertinente ao
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato oficial de justiça Roberto, que o utiliza para o pagamento de uma
não constitui crime mais grave. dívida própria.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Sobre a conduta praticada por Roberto, é correto afirmar que:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em- (A) o fato é atípico porque o Código Penal não pune o chamado
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas peculato de uso;
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da (B) foi cometido o crime de peculato mediante erro de outrem,
Administração Pública; já que o oficial de justiça não colaborou para o erro do sujeito
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. passivo;
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú- (C) Roberto deve responder pelo crime de peculato na modali-
blica ou a outrem: dade apropriação, definido no art. 312 do Código Penal;
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (D) Roberto cometeu o crime de corrupção passiva porque re-
cebeu vantagem indevida em razão do cargo;
Violação do sigilo de proposta de concorrência (E) não há crime devido ao exercício regular de um direito.
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi-
ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: 3. (PREFEITURA DE LINHARES/ES – PROFESSOR – IBADE/2020)
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. O funcionário público autorizado, que insere dados falsos nos siste-
mas informatizados da Administração Pública com o fim de obter
Funcionário público vantagem indevida para si, pratica crime contra o(a):
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe-
(A) administração em geral.
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
(B) saúde pública.
cargo, emprego ou função pública.
(C) patrimônio.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em-
(D) família.
prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a (E) dignidade sexual.
execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores 4. (PREFEITURA DE JUAREZ TÁVORA/PB – ADVISE/2019) Marce-
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em lo, analista de sistema de informações em uma repartição pública,
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da estava em uma grande dúvida sobre os crimes praticados por fun-
administração direta, sociedade de economia mista, empresa públi- cionário público contra a administração em geral. A principal dúvida
ca ou fundação instituída pelo poder público. de Marcelo era em relação à conduta típica de “modificar ou alterar,
o funcionário, sistema de informações ou programa de informática
sem autorização ou solicitação de autoridade competente”. Para
EXERCÍCIOS efeitos do Código Penal, a prática desta conduta configura o crime
de:
1. (PREFEITURA DE ITAPEMIRIM/ES - AUDITOR PÚBLICO IN- (A) Concussão.
TERNO - ÁREA ADMINISTRATIVA – IBADE/2019) Mévio é funcioná- (B) Inserção de dados falsos em sistema de informações.
rio público municipal e tem em sua posse, em razão do cargo que (C) Excesso de exação.
ocupa, uma alta quantia em dinheiro pertencente à Administração. (D) Modificação ou alteração não autorizada de sistema de in-
Como estava passando por dificuldades financeiras, ele decidiu se formações.
apropriar de apenas metade dessa quantia, para não desfalcar mui- (E) Peculato.
to os cofres públicos e não levantar suspeitas. Nesse caso, é possível
dizer que Mévio praticou o crime de: 5. (PREFEITURA DE SENADOR CANEDO/GO – PROCURADOR
(A) corrupção. MUNICIPAL – ITAME/2019) Sobre as alternativas a seguir, marque
(B) prevaricação. a correta:
(C) roubo. (A) O funcionário público que exige a entrega de vantagem in-
(D) peculato. devida, aproveitando-se dos poderes inerentes ao cargo para
(E) advocacia administrativa. intimidar a vítima, comete crime de corrupção passiva;
(B) O funcionário público que limita a se manifestar, perante
outrem, o desejo de receber alguma vantagem indevida come-
te crime de concussão;
(C) Tanto no crime de concussão quanto no de corrupção passi-
va o sujeito passivo principal será o Estado e mediatamente, a
pessoa física ou jurídica lesada pela conduta criminosa;
(D) Tanto no crime de concussão quanto no de corrupção pas-
siva o sujeito passivo principal será a pessoa física ou jurídica e
mediatamente o Estado lesado pela conduta criminosa.

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DIREITO PENAL
6. (PREFEITURA DE NOVO HAMBURGO/RS – GUARDA MUNICI-
PAL - INSTITUTO AOCP/2020) Está prevista como crime a conduta GABARITO
de “Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante
a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.”. 1 D
Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o crime a
que o funcionário público estará sujeito ao cometer tal conduta. 2 B
(A) Condescendência criminosa. 3 A
(B) Advocacia administrativa. 4 D
(C) Violência arbitrária.
(D) Prevaricação. 5 C
(E) Corrupção passiva. 6 B
7 B
7. (PREFEITURA DE AREAL/RJ – AUDITOR FISCAL – GUA-
LIMP/2019) Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabi- 8 B
lizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, 9 C
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente, é definido pelo Código Penal Brasileiro 10 C
como crime de:
(A) Prevaricação.
(B) Condescendência criminosa.
(C) Corrupção passiva. ANOTAÇÕES
(D) Corrupção ativa.
______________________________________________________
8. (PREFEITURA DE ITAPEMIRIM/ES - AGENTE FISCAL DO MEIO
AMBIENTE – IBADE/2019) Tício é funcionário público municipal e ______________________________________________________
recebeu para si, diretamente, em razão de sua função, vantagem in-
devida, consistente em dinheiro em espécie no valor de R$ 5.000,00 ______________________________________________________
(cinco mil reais), para que concedesse com rapidez um alvará para
um empreendimento irregular no município. Nesse caso, pode-se ______________________________________________________
dizer que Tício praticou o crime:
(A) enriquecimento ilícito. ______________________________________________________
(B) corrupção.
(C) condescendência criminosa. ______________________________________________________
(D) peculato. ______________________________________________________
(E) roubo.
______________________________________________________
9. (PREFEITURA DE SÃO FELIPE D`OESTE/RO – CONTADOR – IBA-
DE/2020) Suponha que Xeresto, servidor público municipal, tenha ______________________________________________________
solicitado a um cidadão de bem determinada quantia em dinhei-
ro para que “agilizasse” seu processo de concessão de alvará para ______________________________________________________
funcionamento de estabelecimento comercial junto à Prefeitura.
Assim, em razão de sua função, Xeresto prometeu ao cidadão que ______________________________________________________
seu processo seria organizado e juntado antes de todos os demais,
______________________________________________________
desde que recebesse a quantia em dinheiro solicitada (na verdade,
uma vantagem indevida). Diante dessa hipótese, é possível dizer ______________________________________________________
que Xeresto:
(A) cometeu infração de trânsito. ______________________________________________________
(B) cometeu infração ambiental.
(C) cometeu crime de corrupção. ______________________________________________________
(D) cometeu crime de homicídio.
(E) não cometeu qualquer irregularidade. ______________________________________________________

10. (Prefeitura de Juarez Távora/PB – Enfermeiro – ADVI- ______________________________________________________


SE/2019) Adriano, diretor de penitenciária, deixou de cumprir seu ______________________________________________________
dever de vedar aos presos o acesso a aparelho telefônico. De acor-
do com o Código Penal, Adriano praticou o crime de: ______________________________________________________
(A) Condescendência criminosa.
(B) Advocacia administrativa. ______________________________________________________
(C) Prevaricação.
(D) Violência arbitrária. ______________________________________________________
(E) Desvio de função.
______________________________________________________

______________________________________________________

6
DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. Investigação criminal policial - Inquérito Policial (artigos 4° ao 23° do CPP). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Teoria geral da prova penal. Cadeia de custódia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
DIREITO PROCESSUAL PENAL
— Se o caso envolver a lei de drogas, o prazo é de 30 dias pror-
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL POLICIAL - INQUÉRITO PO- rogável por mais 30 dias, em caso de réu preso, bem como, 90 dias
LICIAL (ARTIGOS 4° AO 23° DO CPP) prorrogável por mais 90 dias se o réu estiver solto;
— Crime contra a economia popular tem prazo máximo de con-
clusão do inquérito de 10 dias sempre;
— Inquérito Policial — Prisão temporária decretada em inquérito policial relativo a
O Inquérito Policial possui natureza de procedimento de natu- crimes hediondos e equiparados possui o prazo de 30 dias + 30 dias,
reza administrativa. Não é ainda um processo, por isso não se fala em caso de réu preso.
em partes, munidas de completo poder de contraditório e ampla
defesa. Ademais, por sua natureza administrativa, o procedimento O Pacote Anticrime trouxe novo procedimento para o arquiva-
não segue uma sequência rígida de atos. mento no âmbito da justiça estadual, justiça federal e justiça co-
Nesse momento, ainda não há o exercício de pretensão acu- mum do DF. De acordo com o art. 28 do CPP reformado, deixará de
satória. Não se trata, pois, de processo judicial, nem tampouco de haver qualquer controle judicial sobre a promoção de arquivamen-
processo administrativo. O inquérito policial consiste em um con- to apresentada pelo Ministério Público.
junto de diligências realizadas pela polícia investigativa. Ocorre que, a eficácia desse dispositivo foi suspensa em vir-
O Inquérito Policial é definido como um procedimento adminis- tude de medida cautelar concedida nos autos de Ação Direta de
trativo inquisitório e preparatório, presidido pelo Delegado de Polí- Inconstitucionalidade. Inclusive, foi determinado que o antigo art.
cia, com vistas a identificação de provas e a colheita de elementos 28 permaneça em vigor enquanto perdurar a cautelar.
de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal,
a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em PROCEDIMENTO DO IP
juízo. 1º O MP ordena o arquivamento do inquérito policial.
Para que se possa dar início a um processo criminal contra al- 2º O MP comunica a vítima, o investigado e a autoridade po-
guém, faz-se necessária a presença de um lastro probatório míni- licial.
mo, apontando no sentido da prática de uma infração penal e da 2º O MP encaminha os autos para a instância de revisão minis-
probabilidade de o acusado ser o seu autor. Daí a finalidade do in- terial para fins de homologação, na forma da lei.
quérito policial, instrumento usado pelo Estado para a colheita des- 3º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com
ses elementos de informação, viabilizando o oferecimento da peça o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 dias
acusatória quando houver justa causa para o processo. do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da
Muitas vezes o titular da ação penal (Ministério Público) não instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a
consegue formar uma opinião sobre a viabilidade da acusação sem respectiva lei orgânica.
as peças informativas do inquérito policial. Portanto, a finalidade 4º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimen-
do inquérito é colher esses elementos mínimos com vistas ao ajui- to da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do in-
zamento ou não da ação penal. quérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial.
CARACTERÍSTICAS DO IP
— Procedimento escrito. No antigo procedimento de arquivamento, o Ministério Públi-
— Dispensável, quando já há justa causa para o oferecimento co oferecia o arquivamento e o juiz decidia se acolhia ou não. Caso
da acusação. a autoridade judicial não acolhesse o arquivamento, remetia ao
— Sigiloso.
PGJ para que dele partisse a decisão final, no sentido de arquivar
— Inquisitorial, pois ainda não é um processo acusatório.
ou não. Caso não entendesse pelo arquivamento, o PGJ designava
— Discricionário, a critério do delegado que deve determinar
um longa manus para propor a ação penal ou ele mesmo o fazia.
o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso
Com a mudança trazida pelo Pacote Anticrime, o controle do
concreto.
arquivamento passa a ser realizado no âmbito exclusivo do Ministé-
— Oficial, incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou federal) a
rio Público, atribuindo-se à vítima a legitimidade para questionar a
presidência do inquérito policial.
correção da postura adotada pelo órgão ministerial.
— Oficioso, ao tomar conhecimento de notícia de crime de
ação penal pública incondicionada, a autoridade policial é obrigada
a agir de ofício. — Investigação Criminal pelo Ministério Público
— Indisponível, a autoridade policial não poderá mandar arqui- O procedimento investigativo inerente ao Inquérito Policial não
var autos de inquérito policial. é exclusivo da autoridade policial. O Ministério Público pode fazer
investigações, mesmo porque a ele quem mais interessa a investi-
Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse gação, visto que a finalidade desta é o acolhimento de lastro pro-
do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já batório mínimo para o ajuizamento da ação penal. Ademais, a CPI
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão também é uma forma de colher informações para futura responsa-
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício bilização pessoal.
do direito de defesa.
O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para
PRAZOS DO IP promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal,
— No CPP o prazo é de 10 dias, prorrogável por mais 15 dias se mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâ-
o réu estiver preso, ou, o limite máximo para a conclusão do IP é de metros que podem ser a seguir listados:
30 dias prorrogável, se o réu se encontra solto; 1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais
— No IP federal o prazo é de 15 dias, prorrogável por mais 15 dos investigados;
dias se o réu estiver preso, ou, possui o limite de 30 dias caso o réu 2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente docu-
esteja solto; mentados e praticados por membros do MP;

1
DIREITO PROCESSUAL PENAL
3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional Requisitos:
de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser • Não é caso de arquivamento;
autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim • Confissão;
exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc.); • Não há violência nem grave ameaça;
4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais assegu- • Pena mínima inferior a 4 anos.
radas por lei aos advogados; Condições: Reparar o dano; renunciar voluntariamente a bens
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculan- e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
te 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do representado, produto ou proveito do crime; prestar serviço à comunidade cor-
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em respondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a
procedimento investigatório realizado por órgão com competência dois terços (1/3 a 2/3); pagar prestação pecuniária a entidade pú-
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defe- blica ou de interesse social; cumprir, por prazo determinado, outra
sa”); condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional
6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável; e compatível com a infração penal imputada.
7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao Vedações: se é cabível transação penal no JECRIM; criminoso
permanente controle do Poder Judiciário. profissional; beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da
infração por acordo de não persecução penal, transação penal ou
A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério suspensão condicional do processo; violência doméstica contra a
Público dispõe de competência para promover, por autoridade pró- mulher.
pria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde
que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer in- A celebração ocorre por escrito, entre o MP, investigado e ad-
diciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observa- vogado. Posteriormente, o juiz irá homologar ou não. E, as possíveis
das, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucio- consequências são:
nal de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que • Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá
art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem pre- os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a propos-
juízo da possibilidade — sempre presente no Estado democrático ta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
de Direito — do permanente controle jurisdicional dos atos, neces- • Homologado judicialmente o acordo de não persecução pe-
sariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), nal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie
praticados pelos membros dessa Instituição.” sua execução perante o juízo de execução penal.
• Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Minis-
STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Za-
tério Público para a análise da necessidade de complementação das
vascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787).
investigações ou o oferecimento da denúncia.
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red.
p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 (repercus-
Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo
são geral) (Info 785).
de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao
juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denún-
— Inquérito Civil
cia. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
O Inquérito Civil é o instrumento utilizado para a apuração de
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público
elementos que embase futura Ação Civil Pública. como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão
Exclusivamente o Ministério Público poderá instaurar, sob sua condicional do processo.
presidência, inquérito civil. Se o órgão do Ministério Público, esgo- Por outro lado, cumprido integralmente o acordo de não per-
tadas todas as diligências, se convencer da inexistência de funda- secução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibi-
mento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento lidade.
dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
fundamentadamente. Os autos do inquérito civil ou das peças de o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer
informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer a remessa dos autos a órgão superior (instância de revisão minis-
em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do terial).
Ministério Público. Caberá RESE da decisão, despacho ou sentença que recusar
Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Públi- homologação à proposta de acordo de não persecução penal. Isso
co, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, se fundamenta, uma vez que o RESE é utilizado para impugnar de-
poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou cisões interlocutórias.
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexa-
dos às peças de informação.
A promoção de arquivamento será submetida a exame e de-
liberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme TEORIA GERAL DA PROVA PENAL. CADEIA
dispuser o seu Regimento. Deixando o Conselho Superior de homo- DE CUSTÓDIA
logar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. — Teoria Geral da Prova
Prova é o conjunto de elementos que visam à formação do
— Acordo de Não-Persecução Penal convencimento do juiz. Em regra, a prova é produzida durante o
Como exceção ao princípio da obrigatoriedade (o MP é obriga- processo, sob o manto do contraditório e ampla defesa. O que é
do a oferecer a denúncia), o Pacote Anticrime disciplinou o Acordo produzido durante o inquérito policial é denominado de elementos
de Não-Persecução Penal. de informação.

2
DIREITO PROCESSUAL PENAL
A prova é direito subjetivo das partes. Não precisam ser pro- • Busca e Apreensão
vados
– Fatos axiomáticos; Busca domiciliar Busca Pessoal
– Fatos notórios;
– Presunções legais; Razões que autorizam uma Quando há fundada suspeita
– Fatos inúteis. busca domiciliar: prender de que alguém oculte consigo
criminosos, apreender arma, coisas obtidas por meios
Atente-se que, mesmo que um fato seja incontroverso precisa coisas achadas ou obtidas criminosos, cartas, elementos
ser objeto de prova, pois não existe revelia no processo criminal. por meios criminosos, de convicção. No caso de prisão
Vale conhecer um pouco sobre as principais provas do CPP: apreender instrumentos ou quando houver fundada
de falsificação/objetos suspeita de que a pessoa esteja
Interrogatório do acusado falsificados, apreender armas na posse de arma proibida
O interrogatório exige entrevista prévia e reservada com de- e munições/instrumentos do ou de objetos ou papéis que
fensor, qualificação do acusado e cientificação do inteiro teor da crime, provas, cartas, vítimas, constituam corpo de delito,
acusação. O acusado deve ser informado sobre o direito ao silêncio elementos de convicção no ou quando a medida for
e interrogado na presença de seu defensor. geral. determinada no curso de busca
É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o domiciliar.
investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem Precedida de mandado Dispensa mandado judicial.
que tenha sido assegurado ao investigado o direito à prévia con- judicial.
sulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre
seu direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. As buscas domiciliares serão A busca em mulher será feita
Isso consiste em violação ao direito ao silêncio e à não autoincri- executadas de dia, salvo se por outra mulher, se não
minação. o morador consentir que se importar retardamento ou
realizem à noite, e, antes prejuízo da diligência.
• Confissão de penetrarem na casa, os
A confissão é divisível e retratável, de maneira que o juiz anali- executores mostrarão e lerão
sará de acordo com o exame das provas em seu conjunto. o mandado ao morador,
ou a quem o represente,
• Ofendido intimando-o, em seguida,
O ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstân- a abrir a porta. Em caso
cias da infração. A jurisprudência, inclusive, admite a condução co- de desobediência, será
ercitiva do ofendido. arrombada a porta e forçada
Para a sua proteção, O ofendido é comunicado sobre o ingresso a entrada. Quando ausentes
e saída do acusado da prisão, dia da audiência, resultado da senten- os moradores, deve, neste
ça/acórdão etc. Inclusive, na audiência o ofendido tem um espaço caso, ser intimado a assistir à
separado dos demais. O juiz sempre busca tomar as providências diligência qualquer vizinho, se
necessárias para a preservação da intimidade do ofendido. houver e estiver presente.

• Testemunhas
A testemunha deve ser qualificada e prometer dizer a verdade. • Perícia
O depoimento deve ser prestado oralmente, com exceção a consul- O Pacote Anticrime trouxe dentro da perícia a cadeia de custó-
ta a breves apontamentos escritos. Ex. lembrar data etc. dia como garantidora da autenticidade das evidências coletadas e
O CPP adota o “cross examination”, ou seja, as perguntas são examinadas, sem que haja espaço para adulteração. Assim, docu-
feitas diretamente para as testemunhas. Todavia, o juiz não permi- menta-se de maneira formal um procedimento destinado a manter
tirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo a história cronológica de uma evidência.
quando inseparáveis da narrativa do fato. A consequência da quebra da cadeia de custódia (break on the
O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do acusado chain of custody) é a proibição de valoração probatória com a con-
(CADI) podem se recusar a testemunhar, salvo quando não for pos- sequente exclusão dela e de toda a derivada. Em suma, preservar a
sível por outro modo obter a prova do fato e suas circunstâncias. fonte de prova garante a validade da prova.
Ademais, determinadas pessoas são proibidas de depor, em razão
do sigilo profissional (ex. padre). Exceção: Se forem desobrigadas — Meios de Prova e Meios de Obtenção de Prova em Espécie
pela parte interessada e quiserem dar o seu testemunho.
Quem não presta o compromisso de dizer a verdade? Meio de Prova Meio de Obtenção de Prova
• Doentes mentais
• Menores de 14 anos Corresponde à prova em si. Procedimento realizado para
• CADI se chegar à prova.

Ex. Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio ju-


rídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe uti-
lidade e interesse públicos.

3
DIREITO PROCESSUAL PENAL
5. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - AGENTE DE POLÍCIA)
EXERCÍCIOS Acerca do inquérito policial, julgue o item subsequente: O inquérito
policial pode ser dispensado com base em elementos colhidos em
inquérito civil instaurado para apurar ilícitos administrativos.
1. (MPE-RS - 2021 - MPE-RS - PROMOTOR DE JUSTIÇA) De acor- ( ) CERTO
do com a legislação processual penal brasileira, assinale a alterna- ( ) ERRADO
tiva correta.
(A) A legitimidade ativa do Ministério Público, para o ajuiza- 6. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - AGENTE DE POLÍCIA)
mento da ação civil “ex delicto”, depende de três fatores, quais Acerca do inquérito policial, julgue o item subsequente: Verificado
sejam, que o titular do direito à reparação seja pessoa pobre, equívoco na instauração de inquérito para apurar crime de ação pri-
que ele requeira a atuação do Ministério Público e não haja De- vada, deverá o delegado promover seu arquivamento.
fensoria Pública na comarca onde a ação deverá ser ajuizada. ( ) CERTO
(B) Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ( ) ERRADO
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima
defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou em estado 7. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - AGENTE DE POLÍCIA)
de violenta emoção. Acerca do inquérito policial, julgue o item subsequente: Em se tra-
(C) Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspen- tando de crime de ação privada, o inquérito poderá ser instaurado
der o curso desta, pelo prazo de 01 (um) ano. por requisição do Ministério Público.
(D) Transitada em julgado a sentença condenatória para a acu- ( ) CERTO
sação, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para ( ) ERRADO
o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante
legal ou seus herdeiros. 8. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - AGENTE DE POLÍCIA) No
(E) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. que se refere aos princípios constitucionais do processo penal, jul-
gue o item a seguir: Condenação baseada em elementos do inqué-
2. (MPE-RS - 2021 - MPE-RS - PROMOTOR DE JUSTIÇA) De acor- rito policial complementados por provas produzidas em juízo não
do com a legislação processual penal, assinale a alternativa correta. fere o princípio do contraditório.
(A) Na hipótese de inquérito policial instaurado para investi- ( ) CERTO
gar tráfico de drogas, a apuração será concluída no prazo de ( ) ERRADO
30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa)
dias, quando solto. 9. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - SEFAZ-CE - AUDITOR FISCAL JU-
(B) O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado pode- RÍDICO DA RECEITA ESTADUAL) Com a prisão em flagrante do autu-
rão requerer qualquer diligência, que será realizada pela auto- ado, foi instaurado inquérito pela Polícia Civil do Estado do Ceará
ridade policial, sob pena de responsabilização criminal, civil e para investigar crime de ação penal pública previsto no Código Pe-
administrativa. nal e punido com pena de reclusão. A vítima reconheceu o preso, e
(C) Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes rela- este permaneceu calado. Concluídas as diligências, o delegado ela-
cionados ao tráfico de pessoas, tráfico de armas e tráfico de borou o relatório final. Considerando essa situação hipotética, jul-
drogas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polí- gue o item a seguir: A instauração do inquérito policial depende de
cia poderão requisitar, de imediato e diretamente, às empresas manifestação da vítima, admitindo-se a renúncia ao direito de ação
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática quando formalizado por escrito antes do recebimento da denúncia.
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequa- ( ) CERTO
dos – como sinais, informações e outros – que permitam a loca- ( ) ERRADO
lização da vítima ou dos suspeitos dos delitos em curso.
(D) Nos casos de tráfico de pessoas, tráfico de armas e tráfico 10. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - SEFAZ-CE - AUDITOR FISCAL JU-
de drogas, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo RÍDICO DA RECEITA ESTADUAL) Com a prisão em flagrante do autu-
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da ado, foi instaurado inquérito pela Polícia Civil do Estado do Ceará
respectiva ocorrência policial. para investigar crime de ação penal pública previsto no Código Pe-
(E) Os instrumentos do crime, bem como os objetos que inte- nal e punido com pena de reclusão. A vítima reconheceu o preso,
ressam à prova, permanecerão sob responsabilidade da auto- e este permaneceu calado. Concluídas as diligências, o delegado
ridade policial, sendo disponibilizados ao juízo sempre que por elaborou o relatório final. Considerando essa situação hipotética,
ele forem requisitados. julgue o item a seguir: Com o autuado preso, o inquérito policial
deve ser concluído no prazo de quinze dias, prorrogáveis por igual
3. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - AGENTE DE POLÍCIA) período em caso de necessidade devidamente justificada.
Acerca do inquérito policial, julgue o item subsequente: Tratando- ( ) CERTO
-se de crime de lesão corporal leve, o inquérito policial só poderá ( ) ERRADO
ser iniciado mediante representação da vítima.
( ) CERTO
( ) ERRADO

4. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - AGENTE DE POLÍCIA)


Acerca do inquérito policial, julgue o item subsequente: Pode a
autoridade policial deferir ou indeferir pedido de prova feito pelo
indiciado ou pelo ofendido no inquérito.
( ) CERTO
( ) ERRADO

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
11. (FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE – ADVOGADO) O Ministério 15. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - ESCRIVÃO DE POLÍCIA)
Público do Estado do Ceará ofereceu denúncia em face de Douglas, Margarida foi indiciada pela prática de crime hediondo. Ao compa-
imputando-lhe a prática do crime de receptação, infração prevista recer na delegacia de polícia, ela apresentou a certidão de nasci-
no Art. 180 do Código Penal e punida com pena de reclusão de um mento, tendo alegado ter apenas esse documento. Durante a oitiva,
a quatro anos e multa. À época da prática delitiva, Douglas possuía espontaneamente confessou a autoria do fato. Com fundamento na
condenação anterior, transitada em julgado, pela prática do crime confissão, o delegado determinou algumas diligências. Consideran-
de extorsão. Por esse motivo, não foram feitas propostas de acor- do a situação hipotética apresentada, julgue o item seguinte: Ao de-
do de não persecução ou de suspensão condicional do processo. legado é permitido determinar busca no domicílio de Margarida no
Ao receber a denúncia, o juiz determinou a citação de Douglas. De intuito de procurar elementos que comprovem a autoria do crime,
acordo com os dados apresentados, é correto dizer que, ao oferecer independentemente do seu consentimento e do horário.
resposta à acusação, ( ) CERTO
(A) o denunciado poderá arrolar até 5 testemunhas, pois apli- ( ) ERRADO
ca-se, no caso, o rito comum sumário.
(B) o denunciado poderá arrolar até 8 testemunhas, pois apli- 16. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - ESCRIVÃO DE POLÍCIA)
ca-se, no caso, o rito comum sumário. Margarida foi indiciada pela prática de crime hediondo. Ao compa-
(C) o denunciado poderá arrolar até 5 testemunhas, pois aplica- recer na delegacia de polícia, ela apresentou a certidão de nasci-
-se, no caso, o rito comum ordinário. mento, tendo alegado ter apenas esse documento. Durante a oitiva,
(D) o denunciado poderá arrolar até 8 testemunhas, pois apli- espontaneamente confessou a autoria do fato. Com fundamento
ca-se, no caso, o rito comum ordinário. na confissão, o delegado determinou algumas diligências. Conside-
(E) o denunciado poderá arrolar até 6 testemunhas, pois aplica- rando a situação hipotética apresentada, julgue o item seguinte: O
-se, no caso, o rito comum ordinário. termo de confissão de Margarida, que poderia, se quisesse, ter per-
manecido em silêncio durante a oitiva, deve ser assinado por duas
12. (MPM - 2021 - MPM - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Ao oferecer testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura.
a denúncia o ministério público apresentará o rol de testemunhas ( ) CERTO
(numerárias e informantes). Caso deixe de apresentar o rol nessa ( ) ERRADO
oportunidade, quais os efeitos da omissão?
(A) Poderá apresentar o Rol de Testemunhas até a fase do art. 17. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - PROMOTOR DE JUSTI-
427 do CPPM – diligências. ÇA SUBSTITUTO - PROVA 1) A partir das disposições do ordenamen-
(B) Incorrerá em preclusão temporal e perderá a oportunidade to processual penal em vigor, julgue o próximo item: Nos termos do
de requerer prova testemunhal. Código de Processo Penal, o ônus da prova caberá integralmente à
(C) Poderá requerer a oitiva de testemunhas de acusação en- acusação, incluindo-se fatos alegados pela defesa, ainda que esta
quanto não interrogado o Acusado. não tenha trazido aos autos qualquer elemento de informação que
(D) O princípio da liberdade da prova permite ao MP apresen- embase essa alegação.
tar proposta de prova oral enquanto não encerrada a instrução ( ) CERTO
probatória, uma vez que a ação penal objetiva a busca da ver- ( ) ERRADO
dade real.
18. (FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO) Em relação à prova
13. (MPM - 2021 - MPM - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Em tema de no processo penal,
indispensabilidade do controle epistêmico da prova penal, assinale (A) o Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entende
a opção correta. legítimo o compartilhamento, com o Ministério Público e as au-
(A) A cadeia de custódia da prova penal é composta pela se- toridades policiais, para fins de investigação criminal, da inte-
quência das etapas de “coleta do vestígio”, “exame pericial” e gralidade dos dados bancários e fiscais do contribuinte obtidos
“elaboração do respectivo laudo”. pela Receita Federal e pelo Conselho de Controle de Atividade
(B) A coleta dos vestígios deve ser realizada obrigatoriamente Financeira, sem a necessidade de autorização prévia do Poder
por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para Judiciário.
a central de custódia. (B) as perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
(C) No exame toxicológico para constatar substância entorpe- testemunha, não admitindo o juiz apenas aquelas que pude-
cente proibida, a atuação de perito único revela quebra da ca- rem induzir a resposta.
deia de custódia, e resulta ilegalidade da prova produzida. (C) a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos
(D) A remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes ou acústicos poderá ser autorizada pelo juiz, para investigação
da liberação por parte do perito responsável, pode ser tipifica- ou instrução criminal, quando houver elementos probatórios
da como fraude processual. razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas
penas máximas sejam iguais ou superiores a quatro anos e a
14. (MPM - 2021 - MPM - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Segundo a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igual-
classificação doutrinária para o interrogatório do acusado, quando mente eficazes.
ocorre “confissão qualificada”? (D) a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investiga-
(A) Quando o Acusado confessa a prática da infração em sua ção depende de circunstanciada, motivada e sigilosa autoriza-
completude. ção do juiz competente, e poderá ser autorizada pelo prazo de
(B) Quando o Acusado confessa a prática do fato delituoso e até seis meses, vedada renovação.
delata coautor ou partícipe. (E) será admitida a interceptação de comunicações telefônicas
(C) Quando o Indiciado ou Acusado confessa a prática da infra- quando o fato investigado constituir infração penal punida com
ção na presença de seu Defensor. pena de detenção, desde que a pena máxima seja superior a
(D) Quando o Acusado confessa a prática do fato delituoso, to- dois anos.
davia alega excludente de ilicitude ou da culpabilidade.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
19. (NC-UFPR – 2021 – PC-PR – INVESTIGADOR DE POLÍCIA / PA- 15 ERRADO
PILOSCOPISTA) No dia 21 de abril de 2021, uma escola municipal foi
invadida e teve seu patrimônio subtraído. Em depoimento prestado 16 CERTO
junto à Delegacia de Polícia competente, o vigia da escola afirmou 17 ERRADO
que a invasão ocorreu via porta principal, arrombada com um pé de
cabra que foi abandonado no local do crime. Outras duas testemu- 18 A
nhas confirmaram a subtração bem como o dano causado à porta 19 C
principal da escola. Com base nos fatos narrados, é correto afirmar:
20 E
(A) O exame pericial é prescindível, tendo em conta o depoi-
mento unânime das testemunhas.
(B) O exame pericial pode ser substituído pela confissão do
acusado, caso ela ocorra.
ANOTAÇÕES
(C) A realização do exame pericial é imperiosa para a compro-
vação da qualificadora do rompimento da porta. ______________________________________________________
(D) A realização do exame pericial é facultativa, eis que no pro-
cesso penal o juiz formará sua convicção pela livre apreciação ______________________________________________________
da prova.
(E) A comprovação da qualificadora do rompimento da porta ______________________________________________________
pode ser admitida via relatório conclusivo da autoridade poli-
cial nos autos de inquérito. ______________________________________________________

20. (FCC - 2021 - DPE-GO - DEFENSOR PÚBLICO) Sobre as provas ______________________________________________________


no processo penal:
______________________________________________________
(A) O ônus da prova acerca da ocorrência de alguma excludente
de ilicitude cabe ao réu, em obediência à repartição da respon- ______________________________________________________
sabilidade probatória.
(B) Inexiste o sistema da íntima convicção do julgador na va- ______________________________________________________
loração das provas, em respeito ao princípio constitucional da
motivação das decisões. ______________________________________________________
(C) Vige, no Processo Penal brasileiro, o sistema tarifado de
provas, prevalecendo a confissão do réu em detrimento das ______________________________________________________
demais provas colhidas em contraditório.
______________________________________________________
(D) O juiz poderá fundamentar sentença condenatória em ele-
mentos de prova ilícitos colhidos durante o inquérito policial, ______________________________________________________
desde que corroborados por outras provas.
(E) Há prioridade na realização do exame de corpo de delito ______________________________________________________
quando o crime envolver violência doméstica e familiar contra
mulher. ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 E
______________________________________________________
2 A
3 CERTO ______________________________________________________
4 CERTO ______________________________________________________
5 CERTO
______________________________________________________
6 ERRADO
7 ERRADO ______________________________________________________

8 CERTO ______________________________________________________
9 ERRADO _____________________________________________________
10 ERRADO
_____________________________________________________
11 D
12 B ______________________________________________________
13 D ______________________________________________________
14 D
______________________________________________________

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