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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................6
1. DO DIREITO PENAL MILITAR .....................................................................................................................................6
1.1 Conceituação de Direito Penal Militar ................................................................................................................6
1.2 O Caráter especial do Direito Penal Militar ........................................................................................................ 6
1.3 Da aplicação da lei penal militar .........................................................................................................................7
2. DO CRIME..................................................................................................................................................................7
2.1 Elementos constitutivos do crime ......................................................................................................................7
2.1.1 Elementos não constitutivos do crime ............................................................................................................8
2.2 Crime militar e transgressão militar ...................................................................................................................8
2.3 Crime comum e crime militar .............................................................................................................................8
2.4 Crime doloso e crime culposo ............................................................................................................................9
2.5 Excludentes da ilicitude .....................................................................................................................................9
2.5 1 Do excesso e suas modalidades.......................................................................................................................9
a) Do excesso doloso ................................................................................................................................................9
2.6 Crimes militares em tempo de paz (Art. 9º, CPM) ...........................................................................................10
2.7 Crimes Militares em Tempo de Guerra (Art. 10, CPM).....................................................................................10
2.8 Crime militar próprio e impróprio ....................................................................................................................10
2.8.1 Crime militar próprio .....................................................................................................................................10
2.8.2 Crime militar impróprio ................................................................................................................................11
3. DAS PENAS ..............................................................................................................................................................11
3.1 Conceito ............................................................................................................................................................11
3.2 Finalidade .........................................................................................................................................................11
3.3 Classificação ......................................................................................................................................................11
3.3.1 Penas principais .............................................................................................................................................11
3.3.2 Penas acessórias ............................................................................................................................................11
4. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA AUTORIDADE OU DISCIPLINA ..................................................................................11
5. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA O SERVIÇO E O DEVER MILITAR ...............................................................................13
6. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA A PESSOA .................................................................................................................14
7. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ........................................................................................................15
8. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR ...................................................................................16
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................17
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Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Praças
Policiais Militares do Ceará - CFPCPPM
FUNDAMENTOS DO DIREITO PENAL MILITAR

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

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GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS

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SECRETÁRIO DA SSPDS

POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ - PMCE


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COMANDANTE-GERAL DA PMCE

ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE

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DIRETOR-GERAL DA AESP|CE

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CÉLULA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL AESP/CE

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SECRETARIA ACADÊMICA DA AESP/CE

CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A CARREIRA DE PRAÇAS


POLICIAIS MILITARES DO CEARÁ – CFPCPM

DISCIPLINA
Fundamentos do Direito Penal Militar

CONTEUDISTA(S)
Manuel OZAIR Santos Júnior – Maj PM
Marcos Antônio BARROS dos Santos – Cap PM

REVISÃO DE COERÊNCIA DIDÁTICA


José Walter de Andrade Junior – CAD PM
Francisco MATIAS Filho – ST PM
Leandro Gomes PIRES – SD PM

FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – SGT PM

• 2017•
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INTRODUÇÃO fazer com que o aluno possa adquirir conhecimentos


necessários à boa convivência militar.
O Direito Penal Militar, assim como os demais Para tanto, esta apostila divide-se em nove
ramos do Direito, tem sua origem no Direito Romano. capítulos. No primeiro, estuda-se a conceituação do
No Brasil o Direito Penal Militar passou a ser direito penal militar, seu caráter especial e a aplicação
aplicado efetivamente, com a vinda da família real da lei penal militar. No segundo, aborda-se o crime e
portuguesa, em 1808, quando foi criado o Supremo seus elementos constitutivos e não constitutivos, crime
Conselho Militar e de Justiça, primeiro Tribunal militar e transgressão; crime militar e comum; crime
instalado no Brasil. Atualmente, esta função é doloso e culposo; as excludentes da criminalidade; o
desempenhada pelo Superior Tribunal Militar, com excesso; crime militar em tempo de paz e de guerra;
sede em Brasília e jurisdição em todo o território propriamente e impropriamente militar.
nacional. No terceiro capítulo, apresenta-se o conceito, a
A primeira legislação penal militar no Brasil finalidade e a classificação das penas. Do quarto ao
refere-se aos Artigos de guerra do Conde de Lippe, nono capítulo, são enfocados: os crimes contra a
aprovados em 1763, época em que vigiam as autoridade ou disciplina; contra o serviço e o dever
Ordenações do Reino, as Filipinas, com o seu terrível militar; contra a pessoa; contra o patrimônio; contra a
Livro Quinto. incolumidade pública e contra a administração militar.
A pena de morte era imposta, por exemplo, ao
Oficial que ao ser atacado pelo inimigo, abandonasse 1. DO DIREITO PENAL MILITAR
seu posto sem ordem, bem como ao militar que se
escondesse ou fugisse do combate. 1.1 Conceituação de Direito Penal Militar
Aqueles que desrespeitassem as sentinelas ou
outros guardas eram fuzilados. Já os cabeças de motim “É o complexo de normas jurídicas destinadas a
ou traição, assim como os que tendo conhecimento do assegurar a ordem e a realização dos fins das
crime não o denunciassem eram enforcados. instituições militares”.
Os que faltassem ao serviço de guarda ou A preservação dessa ordem jurídica militar, onde
comparecessem à parada, tão bêbados que não preponderam à hierarquia e a disciplina, exige
pudessem montar, eram punidos com pancadas de obviamente do Estado, um elenco de sanções de
prancha de espadas. Esta pena foi abolida em 1871. naturezas diversas, de acordo com os diferentes bens
O Código Penal Militar (CPM), Decreto-Lei nº. tutelados: administrativas (disciplinares), civis e penais.
1001, de 21 de outubro de 1969, alcança os As penais surgem com o Direito Penal Militar.
integrantes das Forças Armadas, das Polícias Militares
e dos Corpos de Bombeiros Militares, cabendo a estes 1.2 O Caráter especial do Direito Penal Militar
o fiel cumprimento e respeito às regras contidas no
CPM e nos demais regulamentos militares. Esse caráter especial deve-se ao fato de que
Ademais, pela própria característica das Polícias grande parte de suas normas, diferentemente do
Militares, cujos integrantes foram denominados Direito Penal comum, aplicam-se exclusivamente aos
militares estaduais pela Constituição Federal (de 1988), militares, em vista da característica peculiar desta
torna-se imprescindível levar-se o conhecimento sobre categoria de agentes públicos para com o Estado.
o Direito Militar nos cursos de formação, haja vista que O caráter especial do Direito Penal Militar,
o mencionado ramo do Direito se constitui como um também está consubstanciado na Constituição Federal,
dos elementos norteadores da vida profissional de onde nos arts. 122 a 126, atribui a exclusividade da
seus integrantes. Justiça Militar Federal para processar e julgar os crimes
(Ao longo da história, diversas foram as militares definidos em lei, bem como à Justiça Militar
alterações ocorridas no âmbito da Justiça Militar, Estadual para processar e julgar os militares estaduais.
consignadas nos textos constitucionais do Brasil e a No entanto, deve-se fazer uma ressalva, quanto
mais recente foi introduzida, dentre outras, por meio ao processo e o julgamento dos crimes dolosos contra
da EC/45/2004, que transferiu a competência para a a vida praticados por militar contra civil, cuja
Justiça Militar Estadual para processar e julgar as competência é do (Tribunal do) júri. Assim, tais fatos
ações judiciais contra atos disciplinares, que continuam possuindo a classificação de crime militar,
anteriormente era de competência da Fazenda e, portando, devem ser apurados por meio de
Pública). Inquérito Policial Militar - IPM, contudo, será a Justiça
Nesta perspectiva, elaborou-se a presente Comum e não a Justiça Militar, no âmbito do Estado, a
apostila, com os conteúdos programáticos capazes de

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competente para o processamento e o julgamento de definição nominal, ou seja, relação de um termo aquilo
tais crimes. que o designa. O conceito material corresponde à
definição real, que procura estabelecer o conteúdo do
1.3 Da aplicação da lei penal militar fato punível. O conceito analítico indica as
características ou elementos constitutivos do crime,
As normas de Direito Penal Militar são portanto, de grande importância técnica.
conhecidas como de direito penal material ou O crime, portanto, passou a ser definido como
substantivo e as de Direito Processual Penal Militar toda a ação ou omissão, típica, antijurídica e culpável.
como de direito penal formal ou adjetivo, ou, Vejamos então, os seus elementos:
simplesmente, de direito processual. a) Ação ou omissão: Significa que o crime
As normas de Direito Penal Militar são as sempre resulta de uma conduta positiva (ação),
reunidas no Código Penal Militar (CPM – Decreto Lei comissiva. Ou, de uma conduta negativa (omissão). É o
nº. 1.001, de 21 de outubro de 1969) e as de Direito não fazer. A inércia. Tanto é criminoso o fato do
Processual Penal Militar, no Código Processual Penal marginal esfaquear uma pessoa até matá-la (ação),
Militar (CPPM - Decreto Lei nº. 1.002, de 21 de outubro como o fato de uma mãe, por preguiça ou comodidade,
de 1969). não retirar de cima da mesa de sua casa (omissão) o
veneno para matar baratas, que foi posteriormente
Anterioridade da lei – Não há crime sem lei ingerido pelo seu filho de três anos, provocando-lhe a
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação morte, enquanto aquela, assistia sua novela preferida.
legal ( Art. 1º do CPM).
Lei penal no tempo – Ninguém pode ser punido b) típica: Significa que a ação ou omissão
por fato que lei posterior deixa de considerar crime, praticada pelo sujeito, deve ser tipificada. Isto é,
cessando, em virtude dela, a execução e os efeitos descrita em lei como delito. A conduta praticada deve
penais da sentença condenatória. ajustar-se à descrição do crime criado pelo legislador e
Lei excepcional ou temporária – Embora previsto em lei. Assim, pode a conduta não ser crime,
decorrido o período de sua duração ou cessadas as e, não sendo crime, denomina-se conduta atípica (não
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato punida, tendo em vista que não existe um dispositivo
praticado durante a sua vigência. penal que a incrimine).
Tempo do crime - Considera-se praticado o Mas, cumpre lembrar, que uma conduta atípica,
crime no momento da ação ou omissão, ainda que pode ser tipificada como contravenção penal. Não se
outro seja o do resultado. pode confundir de modo algum, crime com
Lugar do crime – Considera-se praticado o fato, contravenção penal. Esta, como definia HUNGRIA, é um
no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, "crime anão", é menos grave que o delito (ou crime) e
no todo ou em parte, e ainda que sob forma de possui legislação própria (Decreto-lei n.º 3.688/41),
participação, bem como onde se produziu ou deveria com tipificação e características próprias.
produzir-se o resultado.
Territorialidade – Aplica-se a lei penal militar, c) antijurídica: Significa que a ação ou omissão,
sem prejuízos de convenções, tratados e regras de além de típica, deve ser antijurídica, contrária ao
direito internacional, ao crime cometido, no todo ou direito. É a oposição ou contrariedade entre o fato e o
em parte, no território nacional, ou fora dele, ainda direito. Será antijurídica a conduta que não encontrar
que neste caso, o agente esteja sendo processado ou uma causa que venha a justificá-la. Desta forma, uma
tenha sido julgado pela justiça estrangeira. pessoa pode ser morta, e ficar constatado, a título de
exemplificação, que:
2. DO CRIME 1º) Ela foi morta injustificadamente. Portanto foi
vítima de um homicídio (art. 205 CPM).
2.1 Elementos constitutivos do crime 2º) Ela foi morta justificadamente, porque estava
de posse de uma pistola carregada e prestes a matar
O "crime" passou a ser definido diferentemente seu desafeto, quando foi morto por este, que agiu em
pelas dezenas de escolas penais. E, dentro destas legítima defesa (art. 42, II do CPM), uma excludente de
definições, havia ainda subdivisões, levando-se em ilicitude (antijuridicidade).
conta o foco de observação do jurista. Surgem então, 3º) Ela foi morta justificadamente, porque
os conceitos: formal, material e analítico do crime, mesmo não estando armado, ele havia ameaçado de
como expressões mais significativas, dentre outras de morte seu desafeto, que, por erro plenamente
menor expressão. O conceito formal corresponde à justificado pelas circunstâncias, supôs que na realidade

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estivesse armado, vindo a matá-lo. Tendo, desta forma, “Crime militar é todo aquele que a lei assim o
agido em legítima defesa putativa (uma excludente de reconhece como tal”.
culpabilidade, art.36 do CPM). O legislador penal brasileiro adotou o critério
legal para definir crime militar, isto é, apenas
d) culpável: a culpabilidade é o elemento enumerou taxativamente as diversas situações que
subjetivo do autor do crime. É aquilo que se passa na definem esse delito. Ou seja, um fato só poderá ser
mente daquela pessoa que praticou um delito. considerado crime militar se estiver previsto no Código
A culpabilidade, portanto, é a culpa em sentido Penal Militar (CPM).
amplo, que abrange o dolo (artigo 33, inciso I; CPM); e O Código Penal Militar dispõe em seu art. 19 que
a culpa em sentido estrito (artigo 33, inciso II; CPM). “este código não compreende as infrações dos
Estes seriam, então, os elementos integrantes do regulamentos disciplinares”. Dessa forma, fica claro
conceito jurídico, dogmático ou analítico de crime, que as transgressões disciplinares devem estar
segundo a doutrina prevalente. presentes nos respectivos regulamentos.

2.1.1 Elementos não constitutivos do crime “Considera-se transgressão disciplinar toda


infração administrativa caracterizada pela violação dos
Dispõe o Código Penal Militar em seu art. 47 deveres militares, cominando ao infrator as sanções
que: previstas nos Códigos Disciplinares, como no caso da
“Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos Polícia Militar do Ceará, ou nos respectivos
do crime”: Regulamentos, sem prejuízo das responsabilidades
I – a qualidade de superior ou de inferior, penal e civil”.
quando não conhecida do agente; As transgressões disciplinares compreendem
II – a qualidade de superior ou a de inferior, a de todas as ações ou omissões contrárias à disciplina
oficial do dia, de serviço ou de quarto, ou a de militar, especificadas nos Códigos Disciplinares,
sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada inclusive as condutas que resultem nos crimes
em repulsa a agressão. previstos no Código Penal ou Penal Militar.
Assim, exemplificando, se um cabo esbofeteia
um sargento, está praticando, em tese, o crime de 2.3 Crime comum e crime militar
“violência contra superior”, capitulado no art. 157 do
Código Penal Militar, desde que, é claro, o agressor Este é um dos pontos que exige esforço dos
saiba que a vítima é seu superior. aplicadores da lei e operadores do Direito,
Pode ocorrer, no entanto, que ambos, em trajes considerando que por vezes, é complicado distinguir se
civis, e após breve discussão, o cabo termina por o fato é crime comum ou militar, principalmente nos
agredir seu antagonista, desconhecendo a sua casos de ilícitos praticados por policiais militares.
qualidade de sargento, portanto de superior. A Tanto o Direito Penal comum quanto o militar,
evidência não poderá responder pelo crime em tela em respeito ao constitucional princípio da reserva
(violência contra superior), mas pelo art. 209 do Código legal, definem: "Não há crime sem lei anterior que o
Penal Militar, se em decorrência da agressão, ocasionar defina. Não há pena sem prévia cominação legal." (CP,
lesões corporais. Art. 1º) ou "Não há crime sem lei anterior que o defina,
Relevância de omissão - a omissão é relevante nem pena sem prévia cominação legal. (CPM, Art. 1º)";
desde que o omitente, ou seja, a pessoa que deixa de adiante vem a Lei de Introdução ao Código Penal
agir devia e podia agir para evitar o resultado. Podemos ditando: "Considera-se crime a infração penal a que a
então afirmar que se faz necessário a conjugação de lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
dois fatores, quais sejam: que a pessoa que se omite isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
tivesse o dever de agir e pudesse de fato agir. Para com a pena de multa". Assim, idênticas às definições
tanto, devem estar presentes e inafastáveis a obrigação legais de crime, tanto comum ou militar, deve-se
de agir e a possibilidade real de fazê-lo. recorrer, diante do caso concreto às regras de
Dessa forma, se o agente não agir para evitar o hermenêutica.
resultado, poderá ser responsabilizado por este, a título Desta forma, se a conduta não foi tipificada no
de dolo ou culpa. Código Penal Militar, mas em alguma lei penal especial,
esta prevalece. Se, todavia, o fato se subsume tanto na
2.2 Crime militar e transgressão militar norma penal militar quanto na comum, prepondera à
primeira em razão do princípio da especialidade.

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Assim, poderemos encontrar no caso concreto, Inexistência do dever legal de afastar o perigo; 5)
perfeita subsunção do fato típico a duas espécies de Inevitabilidade do comportamento lesivo e 6)
normas penais (penal comum e penal militar), como se Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado.
observa nos crimes impropriamente militares, ou seja, A Legítima Defesa: 1) Agressão Injusta, atual ou
aqueles que sendo definidos como crimes militares, Iminente; 2) Direitos do agredido (em se defender
podem de igual forma ter como sujeito ativo um militar para proteger sua vida ou de outrem); 3) Uso dos
ou mesmo um civil (o homicídio, definido do artigo 205 meios necessários; 4) Moderação no uso dos meios
do CPM e no artigo 121 do CP, sem exigir qualquer dos necessários.
tipos penais à condição de militar ao sujeito ativo; da (legítima defesa com aberratio ictus: o sujeito,
mesma forma, o delito de lesões corporais: art. 209, ao repelir a agressão injusta, por erro na execução,
CPM e 129, CP; a Rixa: art. 211, CPM e art. 137, CP; o atinge bem de pessoa diversa da que o agrida).
furto: art. 240, CPM e 155, CP; etc.). Exemplo: A, para salvar sua vida, saca de uma arma de
Na verdade, quase todos os crimes tipificados no fogo, e atira em direção ao seu algoz, B; no entanto,
Código Penal "comum" de igual forma o são no Código erra o alvo e acerta C, que apenas passava pelo local. A
Penal Militar, tendo este último outro número de agiu sobre o abrigo da excludente e deverá ser
crimes que somente são por ele tipificados absolvido criminalmente).
(geralmente os crimes propriamente militares). O Exercício Regular de um Direito é composto
pelo exercício de uma prerrogativa conferida pelo
2.4 Crime doloso e crime culposo ordenamento jurídico. (Todo aquele que exerce um
direito amparado por lei não pratica ato ilícito.)
a) crime doloso Já o Estrito Cumprimento do Dever Legal é o
cometimento de um fato típico pelo desempenho de
É quando o agente quis o resultado ou assumiu o uma obrigação legal. Para que o cumprimento do deve
risco de produzi-lo. Vontade ou intenção de delinqüir. legal exclua a ilicitude da conduta, é preciso que
Dolo - É a união da vontade e da consciência de obedeça aos seguintes requisitos, dentre os quais a
realizar o tipo penal. existência prévia de um dever legal. Exemplo
castrense: execução de mandado de busca e
b) crime culposo apreensão e arrombamento; Soldado que fuzila
condenado a morte por crime militar em tempo de
É quando o agente, deixando de empregar guerra.
cautela, atenção, ou diligência ordinária ou especial, a
que estava obrigado em face das circunstâncias, não 2.5.1 Do excesso e suas modalidades
prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o,
supõe levianamente que não se realizaria ou que Ocorre o excesso quando o agente, após dar
poderia evitá-lo. Podemos assim dizer que o agente início a seu comportamento em conformidade a uma
deu causa ao resultado por imprudência, negligência causa de justificação (por exemplo, estado de
ou imperícia. necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do
Importante destacar que, salvo nos casos dever legal, exercício regular do direito) ultrapassa
expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato seus limites legais, excedendo-se, portanto, naquele
previsto como crime, senão quando o pratica comportamento, tornando-o reprovável.
dolosamente.
a) Do excesso doloso
2.5 Excludentes da ilicitude
Diz-se que o excesso é doloso quando o agente
As excludentes da ilicitude conforme quer deliberadamente um resultado além do permitido
estabelecido no art. 42 do Código Penal Militar, estão e do necessário. Por exemplo: o sujeito em legítima
enumeradas em quatro, a saber: Estado de defesa, após dominar seu agressor, passa a agredi-lo
Necessidade, Legítima Defesa, Estrito Cumprimento do violentamente. Responderá, evidentemente, pelas
Dever Legal e Exercício Regular de Direito. lesões corporais dolosas causadas. Na legislação penal
Cada uma das excludentes têm seus requisitos militar, ao tratar do excesso doloso, faculta ao juiz
próprios, a saber: “atenuar a pena ainda quando punível o fato por
O Estado de Necessidade exige: 1) Situação de excesso doloso” (art. 46).
Perigo Atual; 2) Ameaça a direito próprio ou alheio; 3)
Situação não causada voluntariamente pelo sujeito; 4 ) b) Do excesso culposo

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b) em lugar sujeito à administração militar


O excesso é culposo, quando o agente, embora contra militar em situação de atividade ou
não querendo o resultado, provoca-o por deixar de assemelhado, ou contra funcionário de Ministério
observar a atenção e cautela a que estava obrigado em militar ou da Justiça Militar, no exercício de função
face das circunstâncias, e vai além do que era inerente a seu cargo;
necessário. Responderá, então, pelo excesso, se o fato
for previsto como crime culposo, de acordo com o c) contra militar em formatura, ou durante o
estabelecido no art. 45 do Código Penal Militar. período de prontidão, vigilância, observação,
exploração, exercício, acampamento, acantonamento
2.6 Crimes militares em tempo de paz (Art. 9º, ou manobras;
CPM)
d) ainda que fora do lugar sujeito à
“Art. 9º. Consideram-se crimes militares, em administração militar, contra militar em função de
tempo de paz: natureza militar, ou no desempenho de serviço de
I – os crimes de que trata este Código, quando vigilância, garantia e preservação da ordem pública,
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela administrativa e judiciária, quando legalmente
não previstos, qualquer que seja o agente, salvo requisitado para aquele fim, ou em obediência a
disposição especial; determinação legal superior.
II – os crimes previstos neste Código, embora Parágrafo único – Os crimes de que trata este
também o sejam com igual definição na lei penal artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos
comum, quando praticados: contra civil, serão da competência da justiça comum.

a) por militar em situação de atividade ou


assemelhado, contra militar na mesma situação ou 2.7 Crimes Militares em Tempo de Guerra (Art.
assemelhado; 10, CPM)

b) por militar em situação de atividade ou Art. 10. Consideram-se crimes militares, em


assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, tempo de guerra:
contra militar da reserva, ou reformado ou
assemelhado ou civil. I - os especialmente previstos neste Código para
o tempo de guerra;
c) por militar em serviço, em comissão de II - os crimes militares previstos para o tempo de
natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do paz;
lugar sujeito à administração militar, contra militar da III - os crimes previstos neste Código, embora
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; também o sejam com igual definição na lei penal
comum ou especial, quando praticados, qualquer que
d) por militar durante o período de manobras ou seja o agente:
exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil; a) em território nacional, ou estrangeiro,
militarmente ocupado;
e) por militar em situação de atividade, ou b) em qualquer lugar, se comprometem ou
assemelhado, contra o patrimônio sob a administração podem comprometer a preparação, a eficiência ou as
militar, ou a ordem administrativa militar; operações militares ou, de qualquer outra forma,
atentam contra a segurança externa do País ou podem
III – os crimes praticados por militar da reserva, expô-la a perigo;
ou reformado, ou por civil, contra as instituições IV - os crimes definidos na lei penal comum ou
militares, consideram-se como tais não só os especial, embora não previstos neste Código, quando
cometidos no inciso I, como os do inciso II, nos praticados em zona de efetivas operações militares ou
seguintes casos: em território estrangeiro, militarmente ocupado.

a) contra o patrimônio sob a administração 2.8 Crime militar próprio e impróprio


militar, ou contra a ordem administrativa militar;
2.8.1 Crime militar próprio

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Os delitos propriamente militares nunca podem


ser crimes comuns. Assim, o crime propriamente Conforme estabelecido no art. 55 do Código
militar é o que só (pode ser praticado por militares), Penal Militar, as penas classificam-se em principais e
isto é, aquele que constitui uma infração específica e acessórias.
funcional do militar.
São exemplos de crimes propriamente militares 3.3.1 Penas principais
dentre outros: a Cobardia, o motim, a revolta, a
violência contra superior, o desrespeito a superior. As penas principais compreendem a pena de
Não existe previsão de tais fatos no Código Penal morte, considerada na doutrina como pena corporal,
comum ou em qualquer outra lei de caráter penal, daí pela privação da vida; reclusão, detenção, prisão e
dizer que são crimes propriamente militares. impedimento, consideradas na doutrina como
privativas da liberdade, pois afastam o criminoso do
2.8.2 Crime militar impróprio ambiente social, em face de sua segregação; suspensão
do exercício do posto, graduação, cargo ou função e
O crime impropriamente militar é, por sua vez, reforma, consideradas na doutrina como privativas ou
aquele que, pela condição militar do culpado, ou pela restritivas de direitos.
espécie militar do fato, ou pela natureza militar do A pena de morte é aplicada em caso de guerra
lugar, ou, finalmente, pela anormalidade do tempo em declarada.
que é praticado, acarreta dano à segurança ou a A pena de reclusão tem o mínimo de um ano e o
economia, ao serviço ou a disciplina das instituições máximo de trinta anos (art. 58 do CPM).
militares. A pena de detenção tem o mínimo de trinta dias
O crime impropriamente militar é, em linhas e o máximo de dez anos (art. 58 do CPM).
gerais, aquele crime comum cujas circunstâncias A pena de prisão resulta da conversão das penas
alheias ao elemento constitutivo do fato delituoso o de reclusão ou de detenção até dois anos, aplicada a
transformam em crime militar transportando-o para o militar quando não for cabível a suspensão condicional
CPM. da pena (art. 59 do CPM).
Desta forma, podemos dizer que o fato definido A pena de impedimento é aplicada nos delitos
como crime impropriamente militar também está de insubmissão (art. 183 do CPM). Sujeita o condenado
previsto no Código Penal comum. a permanecer no recinto da Unidade, sem prejuízo da
instrução militar.
3. DAS PENAS A pena da suspensão do exercício do posto,
graduação, cargo ou função consiste na agregação, no
3.1 Conceito afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade
do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem
Segundo Damásio de Jesus, pena “é a sanção prejuízo de seu comparecimento regular à sede do
aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao serviço (Art. 64, CPM).
autor de uma infração (no caso de nosso estudo penal
militar), como retribuição pela prática de seu ato ilícito, 3.3.2 Penas acessórias
consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo
objetivo é evitar o cometimento de novos delitos”. As penas acessórias estão discriminadas no art.
98 do Código Penal Militar, a saber: perda do posto ou
3.2 Finalidade patente; a indignidade para o oficialato; a exclusão; a
perda da função pública, ainda que eletiva, a
De acordo com Loureiro Neto, sua finalidade é inabilitação para o exercício de função pública, a
eminentemente preventiva, pois evita a prática de suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela e a
novas infrações. Nesse sentido, a prevenção pode ser suspensão dos poderes políticos.
considerada em seus aspectos geral e especial. No
aspecto geral, o fim intimidativo da pena visa toda a 4. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA AUTORIDADE OU
sociedade, enquanto que no aspecto especial visa DISCIPLINA
apenas o autor do delito. No sentido não apenas de
corrigi-lo, como também de impedi-lo de praticar Motim - Reunirem-se militares ou assemelhados: (Art.
novos delitos. 149)

3.3 Classificação

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I - agindo contra a ordem recebida de superior,


ou negando-se a cumpri-la;
II - recusando obediência a superior, quando
estejam agindo sem ordem ou praticando
violência;
III - assentindo em recusa conjunta de
obediência, ou em resistência ou violência,
em comum, contra superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica
ou estabelecimento militar, ou dependência
de qualquer deles, hangar, aeródromo ou
aeronave, navio ou viatura militar, ou
utilizando-se de qualquer daqueles locais ou
meios de transporte, para ação militar, ou
Desrespeitar superior diante de outro militar:
prática de violência, em desobediência a
ordem superior ou em detrimento da ordem
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não
ou da disciplina militar.
constitui crime mais grave.
PENA – Reclusão de 04 a 08 anos, com aumento de 1/3
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o Cmte da
para os cabeças.
OM a que pertence, oficial general, oficial de dia, de
serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade.1
Se os agentes estavam armados caracteriza-se a
Recusa de Obediência - Recusar obedecer à ordem do
Revolta.
superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
Apologia de fato criminoso ou de seu autor - Fazer
relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou
apologia de fato que a lei militar considera crime, ou
instrução. (Art. 163)
do autor do mesmo, em lugar sujeito à administração
militar. (Art. 156)
Oposição a Ordem de Sentinela - Opor-se às ordens da
sentinela. (Art. 164)
PENA – detenção, de 06 meses a 01 ano.
Uso Indevido de Uniforme, Distintivo ou Insígnia
Fazer apologia significa elogiar, louvar, defender. Para
Militar por Qualquer Pessoa (Art.172 CPM)
que se consume tal crime esta apologia tem que
ocorrer em local sujeito a administração militar, ou
seja em uma Organização militar.

Violência Contra Superior - Praticar violência contra


superior. (157)

É uma agressão, via de regra, sem a configuração de


lesão corporal, consiste geralmente em se aplicar
empurrões, tapas, puxões de orelha, pontapés.

A pena varia de acordo com a gravidade do resultado e


com a função exercida pelo superior.

Violência contra militar de serviço - Praticar violência Usar indevidamente uniforme, distintivo ou insígnia
contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou militar a que não tenha direito:
contra sentinela, vigia ou plantão. (Art. 158)
Pena – detenção, até seis meses.2
Desrespeito a Superior (Art. 160 CPM)

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Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que


Violência Contra Inferior (Art. 175 CPM) serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais
de oito dias:

Pena – detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a


pena é agravada.4

Deserção especial

Deixar o militar de apresentar-se no momento da


partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou
do deslocamento da unidade ou força em que serve.
(Art. 189, II)

Praticar violência contra inferior: Deserção por Evasão ou Fuga

Pena – detenção, de três meses a um ano. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de recinto
de detenção ou de prisão, ou fugir em seguida à prática
Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal de crime para evitar prisão, permanecendo ausente
ou morte é também aplicada à pena do crime contra a por mais de oito dias. (Art. 192)
pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao disposto
no art. 159.3
Favorecimento a Desertor
Amotinamento - Amotinarem-se presos, ou
Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a seu serviço, ou
internados, perturbando a disciplina do recinto de
proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte ou meio de
prisão militar. (Art. 182)
ocultação, sabendo ou tendo razão para saber que
5. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA O SERVIÇO E O DEVER cometeu qualquer dos crimes previstos no CPM contra
MILITAR o serviço ou o dever militar. (Art. 193).

Deserção (Art. 187 CPM) Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge


ou irmão do criminoso, fica isento de pena. (Art. 193,
parágrafo único).

Abandono de Posto (Art. 195 CPM)

2
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Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de


serviço que lhe tenha sido designado ou o serviço que
lhe cumpria, antes de terminá-lo:

Pena – detenção, de três meses a um ano.5

Dormir em Serviço (Art. 203 CPM)

Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


(lesão leve).

Pena – detenção, de três meses a um ano.

Art. 210 CPM


Se a lesão é culposa:
Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de Pena - detenção, de dois meses a um ano7
quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, Lesão grave - Se se produz, dolosamente, perigo de
não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, vida, debilidade permanente de membro, sentido ou
plantão ‘as máquinas, ao leme, de ronda ou em função, ou incapacidade para as ocupações habituais,
qualquer serviço de natureza semelhante: por mais de trinta dias. (Art. 209 § 1º)

Pena – detenção, de três meses a um ano.6 Lesão levíssima - No caso de lesões levíssimas, o juiz
pode considerar a infração como disciplinar. (Art. 209 §
6. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA A PESSOA 6º)

Homicídio simples - Matar alguém. (Art. 205) Participação em rixa - Participar de rixa, salvo para
separar os contendores: (Art. 211)
Homicídio qualificado - Se o homicídio é cometido por
motivo fútil, mediante paga ou promessa de Calúnia - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
recompensa, por cupidez, para excitar ou saciar desejos fato definido como crime (Art. 214)
sexuais, ou por outro motivo torpe, com emprego de Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer
outro meio dissimulado ou cruel, ou de que possa Difamação - Difamar alguém, imputando-lhe fato
resultar perigo comum, à traição, de emboscada, com ofensivo à sua reputação (Art. 215)
surpresa ou mediante outro recurso insidioso, que
dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, para Injúria - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou
assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou o decoro. (Art.216)
vantagem de outro crime, prevalecendo-se o agente da
situação de serviço. Injúria real - Se a injúria consiste em violência, ou
outro ato que atinja a pessoa, e, por sua natureza ou
Lesão Corporal (Art.209 CPM) pelo meio empregado, se considera aviltante. (Art. 217)

Constrangimento ilegal - Constranger alguém,


5
Figura retirada do Manual do Soldado. Disponível em: mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
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6 7
Figura retirada do Manual do Soldado. Disponível em: Figura retirada do Manual do Soldado. Disponível em:
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haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade 7. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
fazer ou a tolerar que se faça o que ela não manda. Furto Simples (Art. 240 CPM)
(Art. 222)

Ameaça - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou


gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de lhe causar
mal injusto e grave. (Art. 223)

Pederastia ou Outro Ato de Libidinagem - Praticar, ou


permitir o militar que com ele se pratique ato
libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a
administração militar. (Art. 235)

Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena – reclusão, até seis anos.
Ato Obsceno (Art. 238 CPM)

Furto Qualificado

Se o furto é praticado durante a noite:


Pena – reclusão, de dois a oito anos.

Se a coisa furtada pertence à fazenda nacional:


Pena- reclusão, de dois a seis anos.

Se o furto é praticado: com destruição ou rompimento


de obstáculo à subtração da coisa, com abuso da
confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza,
com emprego de chave falsa, mediante concurso de
duas ou mais pessoas;
Pena – reclusão, de três a dez anos.9

Furto de Uso (Art. 241 CPM)


Praticar ato obsceno em lugar sujeito à administração
militar:

Pena – detenção, de três meses a um ano.

Parágrafo único – A pena é agravada, se o fato é


praticado por militar em serviço ou por oficial.8

8 9
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Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e


o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de
detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.

Extorsão simples - Obter para si ou para outrem


indevida vantagem econômica, constrangendo alguém,
mediante violência ou grave ameaça. (Art. 243)

Apropriação indébita simples - Apropriar-se de coisa


alheia móvel, de que tem a posse ou detenção. (Art.
248)

Dano (Art. 262 CPM)

Se a coisa é subtraída para o fim de uso momentâneo


e, a seguir, vem a ser imediatamente restituída ou
reposta no lugar onde se achava:

Pena – detenção, até seis meses.

A pena é aumentada de metade, se a coisa usada é


veículo motorizado; e de um terço, se é animal de sela
ou de tiro.10

Roubo simples - Subtrair coisa alheia móvel, para si ou Praticar dano em material ou aparelhamento de guerra
ou de utilidade militar, ainda que em construção ou
para outrem, mediante emprego ou ameaça de
fabricação, ou em efeitos recolhidos a depósito,
emprego de violência contra pessoa, ou depois de
pertencentes ou não às Forças Armadas:
havê-la, por qualquer modo, reduzido à
impossibilidade de resistência. (Art. 242)
Pena – reclusão, até 6 (seis) anos.11
Latrocínio - Se, para praticar o roubo, ou Estelionato - Obter, para si ou para outrem, vantagem
assegurar a impunidade do crime, ou a detenção da ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
coisa, o agente ocasiona dolosamente a morte de alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer
alguém, a pena será de reclusão, de quinze a trinta outro meio fraudulento. (Art. 251)
anos, sendo irrelevante se a lesão patrimonial deixa de
consumar-se. Se há mais de uma vítima dessa violência Receptação - Adquirir, receber ou ocultar em proveito
à pessoa, aplica-se o disposto no Art. 79. (Art. 242 § 3º) próprio ou alheio, coisa proveniente de crime, ou
influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais ou oculte. (Art. 254)
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, as penas privativas de liberdade 8. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
devem ser unificadas. Se as penas são da mesma MILITAR
espécie, a pena única é a soma de todas; se, de
espécies diferentes, a pena única e a mais grave, mas Desacato a Superior (Art. 298 CPM)
com aumento correspondente à metade do tempo
das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58.

10 11
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Falsidade ideológica - Omitir, em documento público


ou particular, declaração que dele devia constar, ou
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa
da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante, desde que o fato atente
contra a administração ou o serviço militar. (Art. 312)

Prevaricação - Retardar ou deixar de praticar,


indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal. (Art. 319)

Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o Condescendência criminosa - Deixar de responsabilizar


decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade: subordinado que comete infração no exercício do
cargo, ou, quando lhe falte competência, não levar o
Pena – reclusão, até quatro anos, se o fato não fato ao conhecimento da autoridade competente. (Art.
constituir crime mais grave.12 322)

Desacato a Militar - Desacatar militar no exercício de Violência arbitrária - Praticar violência, em repartição
função de natureza militar ou em razão dela. (Art. 299) ou estabelecimento militar, no exercício de função ou
a pretexto de exercê-la. (Art. 333)
Desobediência - Desobedecer à ordem legal de
autoridade militar. (Art. 301) Tráfico de influência - Obter para si ou para outrem,
vantagem ou promessa vantajosa, a pretexto de influir
Peculato - Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer em militar ou assemelhado ou funcionário de
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a repartição militar, no exercício de função. (Art. 336).
posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou
desviá-lo em proveito próprio ou alheio. (Art. 303)

Concussão - Exigir, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. (Art.
305)

Corrupção passiva - Receber, para si ou para outrem,


direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. (Art.
308)

Corrupção ativa - Dar, oferecer ou prometer dinheiro


ou vantagem indevida para a prática, omissão ou
retardamento de ato funcional. (Art. 309)

Falsificação de documento - Falsificar, no todo ou em


parte, documento público ou particular, ou alterar
documento verdadeiro, desde que o fato atente contra
a administração ou o serviço militar. (Art. 311) REFERÊNCIAS

• ASSIS, Jorge César de. Direito Penal Militar. Aspectos Penais,


12 Processuais Penais e Administrativos. 2ª edição, Editora Juruá,
Figura retirada do Manual do Soldado. Disponível em:
2007 – reimpressão em 2011.
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• BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República


Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.41.
ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
• _______. Decreto-Lei nº. 1001, de 21 de outubro de 1969
(Código Penal Militar).
• CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - Volume 1- 10 ed.
São Paulo: Saraiva, 2006.
• GIULIANI, Ricardo Henrique Alves. Direito Penal Militar. Porto
Alegre: Verbo Jurídico, 2007.
• LOBÃO, Célio. Direito Penal Militar. Brasília: Brasília Jurídica, 3ª
ed. 2006.
• NETO, José da Silva Loureiro. Direito Penal Militar. 5ª edição,
São Paulo: Atlas, 2010.
• NEVES, Cícero Robson Coimbra; STREIFINGER, Marcelo.
Apontamentos de direito Penal Militar, São Paulo: Saraiva,
2005.
• NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado, 7ª ed.
Ed. Revista dos Tribunais, 2007.
• ROSA, Paulo tadeu Rodrigues. Direito Administrativo Militar.
3ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
• SARAIVA, Alexandre José de Barros Leal. Inquérito Policial
Militar e Auto de prisão em Flagrante nos Crimes Militares. São
Paulo: Atlas, 1999.
• SARAIVA, Alexandre José de Barros Leal. Código Penal Militar
Comantado: parte geral. 2ª edição. São Paulo: Método Editora,
2009.
• SOUZA, Ione Cruz; AMIN, Cláudio Miguel. Elementos de Direito
Penal Militar. 2ª edição: Lumen Juris, 2009.
• BRASIL. Decreto-Lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969. Dispõe
sobre o Código Penal Militar. Vade mecum Direito Militar:
Coletânea de Legislação Militar. São Paulo, Suprema Cultura
Editora. 2004.
• _____. et. Al. Coletânea de Leis da Polícia Militar do Ceará.
Fortaleza: Inesp,2007.
• ACQUAVIVA, Marcos Cláudio. Dicionário Jurídico. São Paulo:
Ed. Rideel, 2007.
• _____CEARÁ. Polícia Militar do. Código Disciplinar da Polícia
Militar do Ceará e do Corpo de Bombeiros Militar do. Lei n. 13.407,
de 21 de novembro de 2003. Fortaleza: Inesp, 2004

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Policiais Militares da Polícia Militar do Ceará - CFPCSPMCPPM / Turma III
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