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Curso de Formação Profissional para a Carreira de Praças Policiais Militares do Ceará – CFPC/PM
FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Praças Policiais Militares do Ceará – CFPC/PM
FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL
DISCIPLINA
FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL
CONTEUDISTA
Adailton Sales dos Santos – Maj PM (Especialista)
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva
• 2017•
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
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FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.............................................................................................................................. 6
2. DEFINIÇÃO, FUNÇÃO E PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL ........................................................................................... 6
2.1 Definição: ............................................................................................................................................................ 6
2.2 Função: ............................................................................................................................................................... 6
2.3 Princípios: ........................................................................................................................................................... 7
2.3.1. Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal .................................................................................................. 7
2.3.2. Princípio da Anterioridade da Lei Penal ......................................................................................................... 7
2.3.3. Princípio da Culpabilidade .............................................................................................................................. 7
2.3.4. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana .................................................................................................... 7
2.3.5. Princípio da Irretroatividade da Lei Penal ...................................................................................................... 7
2.3.6. Princípio da Insignificância ............................................................................................................................. 7
2.3.7. Princípio do in dúbio pro réo .......................................................................................................................... 8
2.3.8. Princípio da Igualdade .................................................................................................................................... 8
2.3.9. Princípio da Presunção de Inocência .............................................................................................................. 8
2.3.10. Princípio do non bis in idem.......................................................................................................................... 8
3. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO.......................................................................................... 8
3.1. Conceito ............................................................................................................................................................. 8
3.2. Da Lei Penal no Tempo ...................................................................................................................................... 8
3.2.1. Irretroatividade, Retroatividade e Ultratividade da Lei Penal........................................................................ 8
3.2.2. Lei Excepcional ou Temporária ....................................................................................................................... 9
3.3. Da Lei Penal no Espaço ...................................................................................................................................... 9
4. TEORIA DO CRIME..................................................................................................................................................... 9
4.1. Conceito DE Crime ............................................................................................................................................. 9
4.2. Crime e Contravenção ....................................................................................................................................... 9
4.3. Conduta e Sujeito Ativo do Crime ..................................................................................................................... 9
4.4. Capacidade Penal do Sujeito Ativo .................................................................................................................. 10
4. 5. Sujeito Passivo do Crime.................................................................................................................................10
4.6. Objeto do Crime ..............................................................................................................................................10
4.7. Dolo..................................................................................................................................................................10
4.8 . Culpa ...............................................................................................................................................................10
4.9 Fato Típico ........................................................................................................................................................10
4.10 Crime Doloso e Crime Culposo ....................................................................................................................... 10
4.11. Iter criminis: Conceito e etapas (Crime Consumado e Crime Tentado) ........................................................11
4.12 Crime Impossível.............................................................................................................................................11
4.13 Excludentes de ilicitude ..................................................................................................................................11
5. DOS CRIMES ............................................................................................................................................................12
5.1 - Crimes Contra a Pessoa: .................................................................................................................................12
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2.3.2. Princípio da Anterioridade da Lei Penal Foi previsto na Constituição Federal de 1988, em
seu art. 1º, III, e segundo o mesmo, o homem antes de
Por expressa previsão na Constituição Federal de ser considerado como cidadão passa a valer como
1988, em seu art. 5º, XXXIX, e no Código Penal, em seu pessoa. Segundo o mesmo a intervenção jurídico-
art. 1º, “não há crime sem lei anterior que o defina, penal jamais deve servir-se de instrumento vexatório
nem pena sem prévia cominação legal”. ou repugnante, devendo ser respeitados sempre os
Pelo princípio da anterioridade a lei baliza o princípios que resguardam a dignidade e integridade
comportamento do cidadão mesmo antes de este se física e mental da pessoa humana.
verificar, traçando normas e regulando a sua conduta.
A conduta é predeterminada pelo legislador antes 2.3.5. Princípio da Irretroatividade da Lei Penal
mesmo de sua ocorrência. A doutrina aponta, ainda,
outros desdobramentos dos princípios da legalidade e Uma lei não alcança fatos ocorridos antes ou
da anterioridade, a saber: depois de sua vigência. Segundo o mesmo, tempus
- Nulla crimen, nulla poena sine lege previa (LEI regit actum (o tempo rege o ato). Exceto quando é
PRÉVIA), que proíbe a edição de leis retroativas que admitida a retroatividade da lei mais favorável ao réu.
fundamentem ou agravem a punibilidade do infrator;
- Nullam crimen, nulla poena sine lege scripta 2.3.6. Princípio da Insignificância
(LEI ESCRITA), significando que a lei incriminadora deve
ser escrita (resultado de um processo válido de Também chamado de princípio da bagatela,
elaboração, que assegure sua legitimidade), sendo analisa a proporcionalidade entre a gravidade da
conduta e a necessidade da intervenção estatal. Em
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alguns casos a lesão é tão insignificante que não há O Código Penal Brasileiro adotou a Teoria da
interesse para o Direito Penal. Exemplo: furto de um Atividade, segundo a qual:
alfinete. “Art. 4º - Considera-se praticado o crime no
2.3.7. Princípio do in dúbio pro réo momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado”. (CPB).
Corolário do campo das provas, tal princípio ALCANCE PRÁTICO DA TEORIA DA ATIVIDADE:
deve ser aplicado quando houver dúvida, acatando a serve para, dentre outras coisas:
interpretação mais favorável ao réu.
a) determinar a imputabilidade do agente do
2.3.8. Princípio da Igualdade delito;
b) fixar as circunstâncias do tipo penal;
Consubstanciado na Constituição Federal de c) possibilitar a eventual aplicação de anistia;
1988, art. 5º, caput segundo o qual “Todos são iguais d) dar oportunidade à prescrição.
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”,
implica na aplicação da norma penal de forma igual a Adotando-se a teoria da atividade, se houver,
todos. por exemplo, um homicídio (crime material), o mais
importante é detectar o instante da ação (desfecho
2.3.9. Princípio da Presunção de Inocência dos tiros), e não o momento do resultado (ocorrência
da morte). Assim fazendo, se o autor dos tiros for
Previsto na Constituição Federal de 1988, art. 5º, menor de 18 anos à época dos tiros, ainda que a vítima
LVII, “Ninguém será considerado culpado até o morra depois de ter completado a maioridade penal,
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. não poderá ele responder pelo delito.
Ou seja, o sujeito, mesmo que preso em flagrante,
indiciado em inquérito, ou sendo processada, não Obs.: crimes permanentes e continuados.
poderá ser considerado culpado, até o trânsito em Aplica-se a eles regra especial. No crime permanente, a
julgado do processo que venha a responder. consumação se prolonga no tempo. É considerado
tempo do crime todo o período em que se desenvolver
2.3.10. Princípio do non bis in idem a atividade criminosa. Assim, durante um seqüestro,
pode ocorrer de um menor de 18 anos completar a
Prevê a impossibilidade de haver duas ou mais maioridade, sendo considerado imputável para todos
punições criminais pela prática de uma única infração os fins penais. A mesma regra deve ser aplicada ao
penal. crime continuado, uma ficção jurídica idealizada para
beneficiar o réu, mas que é considerada uma unidade
3. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO delitiva.
ESPAÇO
3.2. Da Lei Penal no Tempo
3.1. Conceito
“Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que
A análise do âmbito temporal da aplicação da lei lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
penal necessita da fixação do momento em que se virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
considera o delito cometido (tempus commissi delicti). condenatória”.
A determinação do tempo em que se reputa
praticado o delito tem relevância jurídica não somente 3.2.1. Irretroatividade, Retroatividade e
para fixar a lei que o vai reger, mas também a Ultratividade da Lei Penal
imputabilidade do sujeito, dentre outros aspectos.
Para que se possa determinar o momento em “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
que é cometido o delito, é necessário tomar-se o réu.” (art. 5º, XL, da Constituição Federal).
conhecimento de três teorias: da atividade (reputa-se “ A lei posterior, que de qualquer modo favorece
praticado o delito no momento da conduta, não o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
importando o instante do resultado), do resultado decididos por sentença condenatória transitada em
(considera o tempus delicti o momento do resultado) e julgado.” (art. 2º, parágrafo único, do Código Penal).
mista (tempus delicti é, indiferentemente, o momento
da ação ou do resultado).
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3.3. Da Lei Penal no Espaço Adotando o critério quantitativo, o art. 1.º da Lei
de Introdução ao Código Penal dispõe:
A lei penal se aplica no espaço em conformidade
com dois princípios, quais sejam: o da territorialidade e - Crime: infração penal a que a lei comina pena
o da extraterritorialidade. A lei penal brasileira tem de reclusão ou detenção, quer isolada, alternativa ou
por regra o princípio da territorialidade, segundo o cumulativamente à pena de multa;
qual: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, - Contravenção penal: infração penal a que a lei
ao crime cometido no território nacional. comina, isoladamente, pena de prisão simples ou
multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
§ 1.º. Para os efeitos penais, consideram-se
como extensão do território nacional as embarcações e 4.3. Conduta e Sujeito Ativo do Crime
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, É a ação ou omissão humana consciente dirigida
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, a uma finalidade.
mercantes ou de propriedade provada, que se achem, O sujeito ativo do crime é o ser humano que
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou pratica a conduta descrita na lei e o que, de qualquer
em alto mar. forma, com ele colabora (é o sujeito que pratica a
infração penal). Algumas vezes, a lei exige do sujeito
§ 2.º. É também aplicável a lei brasileira aos ativo uma capacidade especial, ou seja, uma posição
crimes praticados a bordo de aeronaves ou jurídica ou de fato inserida no tipo penal (ser
embarcações estrangeiras de propriedade privada, funcionário público, médico, gestante, etc.). Ex. no
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou peculato (art. 312), na corrupção passiva (art. 317), na
em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em prevaricação (art. 319), só o funcionário público pode
porto ou mar territorial do Brasil.” ser sujeito ativo do crime, entretanto, pode haver
participação de terceiros desprovidos desta qualidade,
4. TEORIA DO CRIME etc.
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no caso de crimes praticados contra a ordem humana (vida, integridade corporal, honra, patrimônio,
econômica e financeira e contra a economia popular etc, incluindo-se os interesses sociais cujo titular é o
(arts. 175, §5º) e contra os crimes ambientais (art. 225, Estado (saúde pública, paz pública, administração
§ 3º). pública). No caso homicídio, por exemplo, o objeto
jurídico é a vida. No furto, o patrimônio, no roubo, é o
complexo, incluindo o patrimônio, posse, liberdade
Quanto à conduta, os crimes podem ser: individual e integridade física.
b) Objeto material ou substancial – é a coisa ou
Crimes comissivos são os praticados mediante pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa.
ação. Exemplo: o objeto material do crime de furto é a coisa
Ex: homicídio móvel alheia.
Crimes omissivos são os praticados mediante
omissão. 4.7. Dolo
A caracterização da omissão depende de:
- dever de agir; É a consciência e vontade na realização da
- possibilidade de realização da conduta. conduta típica.
a) Objeto Jurídico – é o bem-interesse protegido Crime Culposo – é aquele praticado com culpa,
pela lei penal. Quer dizer: é o atributo do titular sobre que consiste na prática não intencional do fato descrito
tudo o que é indispensável ou satisfaz á necessidade na Lei Penal. Ela é causada pela falta ao dever de
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atenção e de cuidado. Sua essência está na atual, que não provocou por sua vontade, nem podia
previsibilidade. Se o agente devia, mas não podia de outro modo evitar, cujo sacrifício, nas
prever as consequências de sua ação, não há culpa. A circunstâncias, não era razoável exigir-se (Art. 24 do
Lei Penal diz que o crime é culposo quando o agente código Penal).
deu causa ao resultado por imprudência, negligência Seus requisitos são: perigo atual; perigo a direito
ou imperícia – Art. 18, II, do Código Penal. A culpa pode próprio ou alheio; não ter o agente, por sua vontade,
existir sob três formas: a) por negligência – é a provocado o perigo; necessidade de salvar o direito
displicência, o relaxamento, a falta de atenção devida. próprio ou alheio; comportamento lesivo inevitável do
Ex: deixar arma ao alcance de uma criança. b) por agente.
imprudência – é a conduta precipitada; é a criação Exemplos: a disputa de náufragos pela posse de
desnecessária de um perigo que ocasiona a existência uma tábua de salvação, danos materiais produzidos em
de um crime. Ex.: dirigir em excesso de velocidade. c) propriedade alheia para extinguir um incêndio e salvar
por imperícia – é a falta de habilidade técnica para pessoas que se encontram em perigo; furto famélico;
certas atividades. Ex.: paciente que vai a óbito por etc.
remédio que lhe foi ministrado erroneamente. Legítima Defesa: entende-se em legítima defesa
quem, usando moderadamente dos meios necessários,
4.11. Iter criminis: Conceito e etapas (Crime repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
Consumado e Crime Tentado) ou de outrem (Art. 25 do Código Penal).
Requisitos para configuração da legítima defesa:
O iter criminis é o conjunto de fases pelas quais atualidade ou iminência da agressão a direito próprio
passam o delito, está divido em: ou alheio; injusta agressão; meios necessários; uso
moderado desses meios. Exemplo: alguém aponta uma
a) Fase interna: cogitação arma para matar alguém que, para se proteger
b) fase externa: atos preparatórios, atos de também, saca de sua arma e atira atingindo seu
execução e consumação agressor.
Crime Consumado é quando foram realizados Estrito Cumprimento de Dever Legal: não há
todos os elementos constantes na definição legal do crime quando o agente pratica o fato em estrito
crime. cumprimento de dever legal. (Art. 23, III, primeira
Crime Tentado é quando não há a consumação parte, do CP). Trata-se de ação praticada em
do crime; a conduta delituosa é interrompida por cumprimento de um dever imposto por lei, penal ou
circunstâncias alheias à vontade do agente. extrapenal, mesmo que cause lesão a bem jurídico de
Curiosidade: Salvo disposição em contrário, pune-se a terceiro. Ex.: a execução de pena de morte feita pelo
tentativa com a pena correspondente ao crime carrasco; a morte do inimigo no campo de batalha
consumado, diminuída de um a dois terços. produzida pelo soldado em tempo de guerra; a prisão
em flagrante delito realizada pelos agentes policiais; a
4.12 Crime Impossível prisão militar do desertor; a realização de busca
pessoal, nas hipóteses autorizadas pelo Código de
Crime impossível é aquele que, pela ineficácia Processo Penal; o arrombamento e a entrada forçada
absoluta do meio empregado ou pela impropriedade em residência para efetuar a prisão de alguém,
absoluta do objeto material, é impossível de se durante o dia, com mandado judicial, a violência
consumar. Ex.: Envenenar alguém com gelatina necessária utilizada pela polícia ou outro agente
pensando ser veneno. público para prender alguém em flagrante ou em
virtude de mandado judicial, quando houver
4.13 Excludentes de ilicitude resistência ou fuga, etc.
Existem condutas ilícitas que, embora contrárias Exercício Regular de Direito: não há crime
ao direito, não são consideradas como crimes. quando o agente pratica o fato no exercício regular do
Vejamos: direito. Consiste no exercício de uma prerrogativa
conferida pelo ordenamento jurídico, caracterizada
Estado de Necessidade: considera-se em Estado como fato típico. Ou ainda, é o desempenho de uma
de Necessidade quem pratica o fato contrário ao atividade ou a prática de uma conduta autorizada por
direito para salvar, direito próprio ou alheio, de perigo lei, que torna lícito um fato típico.
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Qualquer direito, público ou privado, penal ou Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou
extra-penal, regularmente exercido, afasta a consentir que outrem lho provoque:
antijuricidade. Mas, o exercício deve ser regular, isto é, Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
deve obedecer a todos os requisitos objetivos exigidos
pela ordem jurídica. Ex.: intervenção médica-cirúrgica; Aborto provocado por terceiro
violência desportiva; desforço imediato na defesa da
posse; prisão em flagrante realizada por particular Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento
(flagrante facultativo); o porte legal de arma de fogo; o da gestante:
direito de greve sem violência; a esterilização nos Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
termos da lei; a crítica literária, artística ou científica; a Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento
doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano da gestante:
para fins de transplante, sem fins comerciais; a Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
correção disciplinar dos pais aos filhos menores, Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por
quando moderada; o aborto, quando a gravidez resulte médico:
de estupro, havendo o consentimento da gestante, etc.
Aborto necessário
5. DOS CRIMES
I - se não há outro meio de salvar a vida da
Para o estudo dos crimes, abordaremos os tipos gestante;
penais mais comumente encontrados quando do
desenvolvimento das atividades policiais; quais sejam: Aborto no caso de gravidez resultante de
estupro
5.1 - Crimes Contra a Pessoa: II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando
Homicídio simples incapaz, de seu representante legal.
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Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando Descrito no artigo 155 do Código Penal
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, para si ou
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, de 1
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. O crime de furto
ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pode ser de quatro espécies: furto simples, furto
pública: noturno, furto privilegiado e furto qualificado.
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou São as seguintes as hipóteses de furto
multa. qualificado:
• se o crime é cometido com destruição ou
Maus-tratos rompimento de obstáculos à subtração da coisa;
• quando o crime é cometido com abuso de
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza.
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para • com emprego de chave falsa.
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer • quando ocorre mediante concurso de duas ou
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, mais pessoas.
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado,
quer abusando de meios de correção ou disciplina: Roubo
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano,
ou multa. Como expresso no artigo 157 do Código Penal
Brasileiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
5.2 Dos Crimes Contra a Honra: outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
Calúnia impossibilidade de resistência: pena – reclusão, de 4
(quatro) a 10 (dez) anos, e multa”.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe Trata-se de crime contra o patrimônio, em que
falsamente fato definido como crime: é atingido também a integridade física ou psíquica da
Pena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) vítima.
anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo Hipóteses de causas de aumento de pena,
falsa a imputação, a propaga ou divulga. popularmente chamadas de,“Roubo Qualificado”,
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descritas no §2º do artigo 157 do Código Penal As alterações trazidas pela lei provocam
Brasileiro: “a pena aumenta-se de um terço até mudanças substanciais no campo do estupro e no
metade” . Se a violência ou ameaça é exercida com atentado violento ao pudor, pois este foi incorporado
emprego de arma. por aquele, tendo ainda o homem passado a ser
Neste caso é necessário o efetivo emprego da considerado agente passivo desse crime (vítima).
arma, seja para caracterizar a ameaça, seja para a
violência. O fundamento da agravante reside no maior 5.5 - Crimes Contra a Administração Pública
perigo que o emprego da arma proporciona.
A jurisprudência tem debatido sobre o emprego Nesse sentido, o que nos interessa são os crimes
de arma de brinquedo, se caracteriza ou não a causa cometidos por funcionários públicos contra a
de aumento de pena. Para muitos doutrinadores armas Administração em geral; os crimes funcionais.
de brinquedo não passam de brinquedos que tem É possível que pessoa que não seja funcionário
forma de arma, sendo que a qualificadora destina-se a público e responda por crime funcional como co-autora
arma e não aos brinquedos. ou partícipe.
Já a segunda corrente tem entendido que a
intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o
aumento de pena.
• A segunda hipótese é se há o concurso de duas
ou mais pessoas.
• A terceira hipótese acontece se a vítima está
em serviço de transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância.
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Trazemos abaixo uma tabela desenvolvida para melhor compreensão dos tipos penais relacionados à
matéria:
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Exigir tributo ou
contribuição social
que sabe ou deveria
saber indevido, ou,
Reclusão
Excesso de exação quando devido,
de 3 a 8 anos, e multa
Empregar na cobrança
meio vexatório ou
gravoso, que a lei não
autoriza
Desviar, em proveito
próprio ou de outrem,
o que recebeu Reclusão
Excesso de exação
indevidamente para de 2 a 12 anos, e multa
recolher aos cofres
públicos:
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III - se o crime é cometido mediante seqüestro. Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, multa.
função ou emprego público e a interdição para seu Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. quem:
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e I - suprimir ou alterar marca, numeração ou
insuscetível de graça ou anistia. qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, artefato;
salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da II - modificar as características de arma de fogo,
pena em regime fechado.” de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
6.4 – Estatuto do Desarmamento qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito
ou juiz;
Trazemos os principais pontos do Estatuto do III - possuir,detiver, fabricar ou empregar artefato
Desarmamento, Lei n.º 10.826, de 22 de dezembro de explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
2003: desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou
DOS CRIMES E DAS PENAS fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado,
“Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma suprimido ou adulterado;
de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em V - vender, entregar ou fornecer, ainda que
desacordo com determinação legal ou regulamentar, gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
no interior de sua residência ou dependência desta, ou, explosivo a criança ou adolescente; e
ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem
ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e munição ou explosivo.
multa.
Art. 13. Deixar de observar as cautelas Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar,
necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de
apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio,
que seja de sua propriedade: no exercício de atividade comercial ou industrial, arma
de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, desacordo com determinação legal ou regulamentar.
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter multa.
sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou Parágrafo único. Equipara-se à atividade
munição, de uso permitido, sem autorização e em comercial ou industrial, para efeito deste artigo,
desacordo com determinação legal ou regulamentar. qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido
multa. em residência.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada
munição em lugar habitado ou em suas adjacências, ou saída do território nacional, a qualquer título, de
em via pública ou em direção a ela, desde que essa arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
conduta não tenha como finalidade a prática de outro da autoridade competente:
crime. Pena - reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que Art. 19. Nos crimes previstos nos artigos. 17 e 18,
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter a pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e
em desacordo com determinação legal ou Art. 20. Nos crimes previstos nos artigos. 14, 15,
regulamentar: 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem
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praticados por integrante dos órgãos e empresas coronha, etc. Cabe ao SINARM identificar e catalogar,
referidas nos artigos. 6º, 7º e 8º desta Lei. quando conveniente, estas alterações.
- As delegacias especializadas em armas de fogo
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 enviarão ao SINARM mensalmente informações sobre
são insuscetíveis de liberdade provisória.” toda a movimentação de armas de fogo, sejam
apreensões, compras, trocas de propriedade, etc.
- É necessário registrar qualquer arma de fogo. - As empresas que trabalham com produção,
- A emissão de portes de arma e o cadastro das venda, importação e exportação de armas de fogo
armas de fogo são feitos pela Policia Federal. O deverão, além da documentação normal solicitada por
SINARM é responsável por catalogar e manter em seu órgãos estaduais e federais, solicitar um Alvará de
banco de dados todas estas informações referentes aos Funcionamento para comércio de armas, portando
proprietários de armas, tipos de armas e pessoas com inclusive Certidão de Bons Antecedentes Criminais
porte autorizado. junto a Justiça Estadual e Federal.
- A autorização é pessoal e intransferível não - As Secretarias de Segurança Pública dos
podendo o requerente transferi-la para outra pessoa, Estados e do Distrito Federal receberão periodicamente
sob pena de responsabilidade criminal. informações das autorizações emitidas pelo SINARM,
- Qualquer ocorrência de furto, roubo, extravio e através da Polícia Federal, para que possa ser realizada
transferência de propriedade de uma arma de fogo a fiscalização em seus limites de território.
deve imediatamente ser comunicada às autoridades - As Forças Armadas compreendem o Exército, a
policiais para que sejam tomadas as providencias Marinha e a Aeronáutica; as armas destas entidades
cabíveis. não serão afetadas pelo trabalho do SINARM. As
- Os proprietários de empresas de transporte de Policias Militares e o Corpo de Bombeiros Militar, bem
valores e segurança privada, ao desativar uma empresa como as Guardas Municipais, apesar de não serem
deverão comunicar às autoridades e enviar as armas de consideradas entidades das Forças Armadas, também
seu uso para que sejam apreendidas, pois não poderão não sofrerão influencia do SINARM.
manter as armas em seu poder com a empresa - Ao Comando do Exército compete, o registro e
desativada. a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para
- As empresas de segurança privada e as de colecionadores, atiradores e caçadores e de
transporte de valores têm o direito de possuir armas representantes estrangeiros em competição
devido ao risco que correm nas suas atividades. Seus internacional oficial de tiro realizada no território
agentes não podem portar arma fora do serviço. As nacional. É que o colecionador não irá ter somente
armas que utilizam pertencem exclusivamente às uma arma em sua casa para sua coleção, portanto, é
empresas sendo todas registradas em nome delas. O uma exceção de lei nesse sentido.
extravio e a perda de arma da empresa devem ser - integrantes de Clubes de Tiro: habilitados de
comunicadas pela diretoria ou gerência das empresas à todos os pressupostos básicos para manejo de arma de
Polícia Federal que enviará as informações ao SINARM fogo, possuem autorização para, no interior do
a fim que sejam tomadas as providências cabíveis. A estabelecimento, utilizá-la.
omissão na comunicação lhes acarretará - Nos casos de arma de propriedade particular,
responsabilidade penal. estas devem ser registradas e cadastradas no SINARM,
- Os empregados das empresas de segurança através da Polícia Federal aos moldes das demais
privada e de transporte de valores responderão pessoas não beneficiadas pela Lei.
criminalmente pelo abuso que cometerem ao -Os militares, policiais federais, os militares dos
utilizarem arma. Os diretores e gerentes devem Estados e Distrito Federal que são os integrantes das
requerer o certificado de registro, a autorização de Polícias Militares quando ingressam na carreira são
porte à Polícia Federal, juntando cópia do contrato obrigados a freqüentar curso de formação profissional
empresarial firmado entre a empresa prestadora e as e técnico com diversas modalidades de ensino,
empresas para as quais prestará o serviço de segurança principalmente o de armamento e tiro e encerram o
e de transporte de valores. curso com experiência e prática de manuseio de armas
de todos os calibres.
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